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Safety Pin


Última atualização: 10/07/2016

Capítulo 1


, acorde! – a garota sacudia o irmão desesperada. – Eu juro que vou jogar um balde de água na sua cabeça se você não se levantar AGORA!
– Merda, . O que foi? – se sentou no chão em que estava deitado e encarou a irmã com uma cara sonolenta.
– A mamãe vai chegar daqui a uma hora. Ela acabou de me mandar uma mensagem! E você não faz ideia do estado que está a nossa casa. Se ela vir isso tudo, eu não sei o que vai ser da gente. Sério. Por que nós fomos dar uma festa justo quando...? – andava de um lado para o outro, preocupada.
– Calma! – o irmão a parou, segurando-a pelos ombros. – Vamos arrumar isso e expulsar essas pessoas – indicou com os dedos duas garotas deitadas no sofá e um garoto de no máximo dezessete anos jogado em cima do tapete.
Sempre que a mãe deles ia viajar a trabalho, eles davam festas. Eram definitivamente as melhores do colégio, afinal, qualquer um podia ir e havia bebida de graça. Só que, dessa vez, a situação foi complicada. A mãe havia viajado no dia anterior e estava voltando um pouco antes do esperado.
Logo Daisy, amiga de , acordou e começou a ajudar a arrumar a casa que continuava uma zona. Diversos copos espalhados pelo chão, filtros de cigarro em qualquer canto do local, sem tirar que a cozinha estava um nojo... E tinha vômito em um dos tapetes.
– Eu vou limpar lá fora. Daisy, arrume a sala, por favor, e, ... Você cuida desse vômito aí – falou, saindo antes que o irmão respondesse.
Passaram-se trinta minutos e a situação não havia melhorado muito. Apesar de terem dado uma agilizada, a casa ainda estava com cara de pós-festa.
– CHEGUEI! – assim que Margaret, a mãe de e , gritou da porta de entrada, todos congelaram. fechou os olhos quase que instantaneamente, imaginando a desgraça que estava por vir, e não ligou muito. Afinal, o que a mãe poderia fazer? – Mas... Mas o que é isso? – botou a mão na testa ao dar uma olhada no local.
– Oi, Margaret – Daisy apareceu sorrindo.
– Oi, querida. Você pode me explicar o que foi que aconteceu aqui?
– E aí, mãe? – interrompeu as duas. – Você voltou meio cedo... – deu um sorriso amarelo.
– É, meio cedo – imitou a fala do filho, sacudindo a cabeça. – , VENHA AQUI! – gritou já irritada, andando até o gramado da parte de fora e percebendo que eles realmente haviam dado uma festa.
– Ah, oi, mãe – fingiu não ter percebido sua presença antes.
A mulher não respondeu. Apenas fez um sinal com o dedo para que a garota entrasse. Sentou-se ao lado do irmão, imaginando várias desculpas para a casa estar daquele jeito.
– Gente, eu vou indo. Qualquer coisa, me liguem! – Daisy acenou, percebendo que a situação iria ficar feia daqui para frente, e preferia não presenciar.
O silêncio reinou no local enquanto Margaret encarava os dois filhos com um olhar severo, aquele olhar que fazia qualquer um estremecer. Sempre foi uma mãe muito severa e exigente. Talvez esse fosse um motivo para os filhos serem tão rebeldes e, na maioria das vezes, não obedecer ao que ela mandava. Eram praticamente todas as vezes pegos e Margaret deixava claro que um dia sofreriam as consequências.
– Eu estou decepcionada com vocês – o tom de voz da mulher soou alto.
– É que, mãe...
, quieta. Não tem nenhuma desculpa para copos de bebidas e cigarros espalhados por essa casa. Eu já estou cansada das coisas que vocês me aprontam! – exclamou. – Dessa vez... – franziu as sobrancelhas com uma cara pensativa. – Dessa vez, vou pensar com calma sobre qual será a consequência – olhou no olho dos filhos. – Mas se preparem, porque coisa boa não vai ser, e tratem de deixar isso tudo limpo dentro de uma hora – saiu da sala, rumo à escada.
e se olharam confusos. Ué?!
– Que louca – o garoto falou, levantando-se.
– É mesmo.

(...)

estava sentada em sua cama, pintando a mão da unha de vermelho, concentrada. Havia botado um som alto no seu laptop já fazia uma meia hora e estranhou ninguém ter reclamado do volume. Afinal, era bem difícil fazer alguma coisa naquela casa sem que alguém reclamasse. Apesar de sua relação com o irmão ser consideravelmente boa, havia certas implicâncias entre eles, mas nada tão pesado. Um sabia que podia contar com o outro sempre.
Não demorou muito para que sua mãe batesse na porta de seu quarto, fazendo-a borrar sem querer o esmalte.
– Bosta – resmungou baixinho. – O que foi? – levantou-se em direção à porta.
– Quero conversar com vocês – com a expressão séria, Margaret os fez descer novamente e se sentar no sofá.
tinha certeza de que o seu castigo seria não poder mais ir a festas e ficar sem vídeo game. Ah, e provavelmente também seria proibido de pintar o cabelo. Era sempre isso. Por que não seria dessa vez? Já achava que ficaria sem sair com as amigas por um bom tempo.
– Eu vou colocar vocês em um colégio interno – a mãe falou, engolindo em seco. Por mais que não parecesse, era difícil para ela tomar aquela decisão. Era uma mãe solteira, os seus irmãos moravam em outra cidade e, por mais que muitas vezes quisesse, não tinha como sair de Sidney. Afinal, não podia ficar desempregada com dois filhos adolescentes totalmente dependentes dela.
– QUÊ?! – gritou. – Mãe, pare. Sério! Não tem graça.
– Você está brincando com a gente, né? – fez uma cara de desentendido, realmente não entendendo aonde a mulher queria chegar com isso.
– Eu estou falando sério. Já falei muitas vezes que não dou mais conta de ficar lidando com as palhaçadas de vocês dois. Não tenho como ficar em casa trabalhando. Tenho que passar o dia todo no escritório e não posso recusar viajar a trabalho, ou seja, não tenho condições de passar algum tempo vendo vocês e sabendo onde estão.
– É, disso eu sei bem – falou chateada. Fazia anos desde a última vez que passou algum tempo com a mãe. Depois que seu pai faleceu, as coisas mudaram completamente. A sua mãe se tornou muito ausente. E, apesar de ela nunca comentar isso com ninguém, aquilo a deixava abalada e destruída por dentro. A única pessoa com quem compartilhava esse sentimento era . Ele sempre a entendia profundamente e dava todo o carinho que muitas vezes precisava.
era um ano mais velho que a irmã e sempre teve esse instinto protetor por ela. Sabia o quão frágil a garota era. Mesmo com toda essa armadura que tinha em volta, parecendo afastar todos que se aproximassem demais, tinha um coração tão mole que ela mesma às vezes não conseguia lidar. Sentia muito pela perda do pai. Ele fora um homem muito bom e atencioso com os filhos, principalmente com . Os dois sempre pareceram ter uma ligação muito forte. E, mesmo tendo sofrido bastante com a morte do pai, ele conseguia lidar um pouco melhor que .
– Nesse tempo em que estive no meu quarto, eu entrei em contato com o colégio em que irão estudar. É o mesmo em que o filho da minha amiga, Liz, estuda. Vocês se lembram dele? O ! A Liz mesma que me indicou o colégio. Ela disse que é ótimo e que o filho dela adora – abriu a boca. As coisas podiam ficar piores? Ela definitivamente odiava aquele garoto! Sempre odiou. – Enfim, as aulas começarão daqui uma semana e a única coisa que peço a vocês é que passem de ano. Já estão no último ano do colegial e não quero nenhum dos dois repetindo. Ouviu, ? – firmou o nome do garoto que já havia repetido uma vez. Por isso que ambos estudavam juntos e na mesma série.
– Mãe, não! Você não pode fazer isso! Você não pode colocar a gente em um colégio inteiro! – gritava com raiva. – Você ficou louca?
, menos. Não adianta levantar o tom de voz e fazer birra. Vocês vão e pronto.
contemplava o fato com a cabeça entre as mãos. Sabia que não adiantaria nada pedir para que a mãe mudasse de ideia. Ela nunca voltava atrás após uma decisão.
– Você é a pior mãe do mundo! Não se importa em saber se a gente está bem. Não faz nem questão de passar pelo menos um dia, em um final de semana, sei lá, com os seus próprios filhos! E agora, para piorar ainda mais, decide que vai botar nós dois em um colégio INTERNO! – já eram aparentes lágrimas nos olhos da garota. Ela estava com raiva, magoada. – Mas, pensando bem, é até melhor, porque vou ficar longe de você e não precisarei ter que ouvi-la reclamando da sua vida de merda toda vez que chega bêbada de algum bar. Se a sua vida sempre foi uma merda, mãe, você não precisa transformar a nossa também em uma!
Subiu correndo para o quarto, limpando o canto dos olhos com as costas da mão. Abriu o armário e começou a tacar diversas roupas no chão fazendo uma grande zona. Se era para ir embora, ela queria ir agora.
Cansada de toda aquela adrenalina de fúria em suas veias, jogou-se na cama, deitando a cabeça no travesseiro e emitindo um berro.
? – entrou no quarto. Sentou-se na cama da garota e, ao ver a cara vermelha dela, puxou-a, fazendo deitar a cabeça em seu colo. – Calma...
– Como você quer que eu tenha calma, ? Parece que essa mulher faz sempre questão de foder com a gente!
– Pense que agora nós não vamos mais precisar morar com ela – tentou passar o lado positivo da situação para a caçula.
– Tá, mas eu não quero ir. Você tem noção do que é estudar em um colégio interno? – levantou a cabeça e ficou sentada de frente para o irmão.
– Não e você também não tem, até porque a gente nunca chegou a estudar em um.
– Eu sei, mas deve ser horrível – voltou a se deitar.
– Pelo menos nós vamos estar juntos nessa. Pior seria se ela decidisse que apenas um de nós fosse – fez carinho no cabelo de .
– Se o papai estivesse aqui, as coisas não teriam ido para esse caminho – murmurou com a voz chorosa. Odiava se sentir daquele jeito. Estava odiando toda aquela situação em si.
– Eu sei... – deitou-se ao lado da irmã.
– Eu sinto falta dele.
– Eu também.
Um silêncio se instalou no quarto. Um silêncio bom, daqueles que não era preciso palavras. Ambos cansados de tudo que ocorreu no dia, acabaram por cair no sono com a mente inundada de pensamentos sobre como tudo passaria a ser.


Capítulo 2


Faltava menos de uma hora para que chegassem ao novo colégio. não estava feliz, ansiosa ou nervosa. A única coisa que sentia a respeito de estar indo para esse lugar era raiva. Estava indo contra sua vontade. Sua mãe era uma idiota que fazia o que bem queria com os filhos quando bem entendesse, sem nem se importar com como eles se sentiam a respeito. não queria ir. E faria de tudo para Margaret se arrepender de arrastá-la até esse colégio.
– Chegamos – a mulher falou, dando um sorriso e estacionando o carro bem em frente ao grande portão.
– Isso aqui parece mais uma prisão do que uma escola – resmungou com a língua afiada de sempre.
escutava música no volume máximo em um fone que cobria praticamente sua orelha inteira. Ele já havia se conformado com a ideia de ter que estudar nesse local, diferente da irmã. Sempre fora mais calmo. Em sua casa, era sempre ele quem acalmava as brigas entre a mãe e a irmã, que tinham um temperamento muito forte. Brigavam direto, entravam em discussões geralmente bem feias que acabavam com a pouca harmonia da pequena família. E seria até mais fácil para ele também, pois pelo menos conhecia alguém dali, o , que fora seu amigo de infância e agora o reencontraria.
Todos desceram do carro. , com a expressão irritada, parou em frente a uma mulher que parecia ser a diretora e logo se juntou à garota, colocando um braço ao redor de seus ombros.
– Bem, vocês devem ser o e a , certo? Eu sou a Ruth. Prazer – cumprimentou-os com um aperto de mão. Os dois a encaravam de cara fechada, nem um pouco a fim de serem simpáticos.
– Sou a Margaret, mãe deles – sorriu para a Ruth que retribuiu o sorriso.
– Sigam-me, por favor. Vou levá-los até a secretaria, onde pegarão os horários e as chaves para os dormitórios.
A mulher seguiu, segurando uma pasta nas mãos. Ela era alta, tinha os cabelos enrolados na altura do ombro. Vestia uma saia apertada e uma blusa social, deixando-a consideravelmente elegante. Ninguém do colégio ia muito com a cara dela, pois, apesar de aparentar ser carismática, ela era a bruxa em pessoa. Arrogante desde o fio de cabelo até a ponta do pé.
– Eles estão vindo contra a vontade, então não sei como agirão nos primeiros dias. Irão tentar mostrar a revolta de estarem aqui – Margaret avisou, acompanhando os passos apressados de Ruth.
– Não se preocupe. A maioria dos jovens que estão aqui não veio porque queria. Estamos acostumados com o tipo de comportamento que, pelo que diz, seus filhos irão demonstrar. Sabemos lidar com isso. Pode ficar tranquila – sorriu sem expressão nos olhos.
Não demorou muito para que organizassem toda a papelada que precisavam. Logo pegaram todos os horários e as chaves, chegando à hora de se despedir da mãe que, apesar de estar sendo difícil deixá-los lá, não conseguia demonstrar tanto a falta que sentiria dos filhos.
– Tchau, mãe. Obrigada por me deixar nesse inferno – falou ironicamente.
– Não fique com raiva de mim – segurou o rosto da filha antes que ela se afastasse, depositando um beijo em sua testa. – Sentirei sua falta.
– A gente mal se via morando na mesma casa. Falta eu não fazia e nem vou fazer para você – respondeu chateada com as próprias palavras. Deu um abraço rápido na mãe, logo se afastando para que se despedisse.
– Vou sentir sua falta, filho – abraçou-o. – Cuide da sua irmã, por favor. Você sabe lidar com ela melhor do que eu.
– Pode deixar, mãe – deu um sorriso, passando certa confiança.
– Vocês vão poder ir para casa de quinze em quinze dias nos finais de semanas – Margaret disse. – Vou aguardá-los – mandou um beijo no ar enquanto saía do local.
Os dois olharam em volta, percebendo que estavam sozinhos. A diretora havia saído da sala já fazia um tempo, não se importando em mostrar a escola para eles. Afinal, uma hora se achariam.
– Vamos até o quarto? – sugeriu.
– Sim. A gente deixa nossa mala e depois sai para conhecer o colégio – concordou, já começando a arrastar a bagagem pelo chão.
O lugar era completamente gigante. Eles estavam dentro de um prédio enorme cheio de andares e salas. Assim que conseguiram achar a saída, viram-se no meio de um campus, onde havia diversas árvores, bancos e principalmente adolescentes. Vários olhares foram direcionados aos irmãos – olhares curiosos.
– Deve ser ali – apontou na direção de dois prédios enormes bem mais à frente.
Eles começaram a andar na direção de lá, atraindo ainda mais olhares, deixando-os até constrangidos. Ao chegarem, cansados por conta de todo peso que carregavam, pegaram o elevador.
– Eu estou no quinto andar e você, no terceiro – falou, clicando nos botões.
– Ok. Eu vou deixar minhas coisas e a encontro no seu quarto – acenou, andando no corredor longo.
Logo, a garota se viu em frente a uma porta de madeira pintada de branco. O número 57 em um tom dourado de metal se encontrava pendurado na parte de cima da porta. Sem hesitar, ela entrou no quarto, surpreendendo-se de cara. Esperava encontrar um lugar meio caindo aos pedaços com móveis velhos e cheio de poeira, mas na verdade era completamente o contrário. Bem no centro, havia uma cama grande para ela, tamanho viúva, ao lado um móvel com um abajur bonitinho, e, cobrindo uma das paredes inteiras, havia um armário enorme. Caminhou devagar, ainda admirada, até uma porta, dando de cara com o banheiro e, bem, era um banheiro normal.
Deixou a mala ao lado da cama e se jogou nela, cansada. Fechou os olhos por segundos até levar um susto quando a porta foi aberta.
– Demais os quartos, né? – se jogou ao seu lado.
– Sim! Eu imaginei que seriam horríveis, tipo celas de prisão – arregalou os olhos levemente, arrancando uma gargalhada do irmão.
– Então quer dizer que você realmente achava que nós viríamos para uma espécie de prisão? – perguntou com o tom brincalhão.
– É quase isso – deu uma risadinha. – Vamos conhecer o resto?
– É pra já!

(...)

O dia passou voando. Eles andaram por praticamente o colégio inteiro, perdendo-se inúmeras vezes. E, no final, até que gostaram de tudo que viram. Não parecia ser tão rígido. Talvez, no final, fosse até melhor eles terem saído de onde moravam um pouco.
se deitou na cama após tomar um banho bem quente, cobrindo-se até o pescoço com aquele frio que fazia no momento. Sua mente foi inundada de pensamentos. Sabia que não seria fácil se acostumar àquele lugar. Não estava na sua casa, não iria mais ver com frequência seus amigos... Seria uma mudança completa de vida e aquilo a assustava. Não estava tão acostumada com mudanças e muitas vezes até essa palavra ela temia. Preferia continuar na sua zona de conforto, em vez de ter que lidar com novas situações, e, mesmo sabendo que não podia evitá-las, tentava. Só que, dessa vez, nem tentar deu certo.

(...)

Despertou com um volume altíssimo vindo do lado de fora de seu quarto, em direção ao campus.
– Que merda é essa? – resmungou, cobrindo os ouvidos com o travesseiro, mas os descobrindo segundos após perceber que aquele som não pararia tão cedo.
Levantou-se já irritada e foi ao banheiro fazer sua higiene matinal. Não queria estudar, não queria ter que encarar todos aqueles rostos novos. Só queria continuar dormindo na sua cama e acordar na sua casa em Sidney. Era pedir muito?
Vestiu uma jeans skinny preta meio rasgada e um cropped de alcinha cinza. Calçou o famoso All Star branco que dificilmente largava, colocando por último alguns colares e anéis que também não costumava sair sem. Pegou sua mochila já arrumada e saiu do quarto, terminando de vestir um casaco que a esquentava e combinava com a roupa. Sentiu um frio na barriga ao dar de cara com diversas pessoas andando pelo corredor e rapidamente foi em direção ao elevador, com a intenção de ir até o andar de para buscá-lo.
– Eu estava indo até seu quarto! – disse, entrando no elevador ao lado do irmão.
– Sério? – levantou as sobrancelhas. A garota apenas sacudiu a cabeça em resposta.
Os dois andaram em passos largos até o outro prédio. Eles haviam caído na mesma sala, mas não se incomodaram muito. Afinal não tinham nenhum problema de convivência. Estudavam juntos também na escola anterior mesmo.
apertava um pouco forte o papel com o número da sala e as aulas na mão. Não sabia muito bem para onde estava indo. havia parado para ir ao banheiro e disse que a encontraria na sala. Aquela movimentação toda estava a deixando frustrada. Queria logo se sentar na carteira e ficar quieta. Mas que merda! Aquela diretora também nem para mostrar a sala para ela!
– Oi. Precisa de ajuda? – uma garota com a estatura média, de cabelos coloridos nas pontas, se dirigiu a , abrindo um largo sorriso.
– Na verdade, sim – respondeu, fazendo uma careta e entregando o papel para a garota que a encarava com os olhos grandes e curiosos.
– Ah! Estamos indo para o mesmo lugar. Só me acompanhar. E, por sinal, me chamo , mas pode me chamar de . Você é nova, não é? – disparou.
– Eu sou – sorriu. – E, sim, sou nova. Cheguei aqui ontem.
– E está gostando?
– Eu mal cheguei. Não tive muita oportunidade ainda de conhecer a escola inteira e as pessoas... Você é a primeira pessoa daqui com quem estou conversando.
– Meu Deus! Você veio sozinha?
– Não, eu vim com meu irmão. Ele está no terceiro também, na nossa sala. Daqui a pouco aparece.
– Aposto que é tão gato quanto você – deu risada, acompanhada de .
– Ele é gato, sim – concordou com a cabeça.
Entraram na sala que era quase no final do corredor, uma das últimas. Havia bastante gente já sentada e outros em pé conversando. Elas se sentaram na parte do fundo, ao lado de dois garotos que eram amigos de . Ela logo tratou de apresentá-los.
– Gente, essa é a . , esses são e – apontou para os dois, mostrando quem era quem.
– Prazer, mas me chamem de – a garota sorriu, olhando nos olhos dos dois que retribuíram o sorriso.
– Ai, não... Olhe quem chegou – comentou baixinho. – Ano passado, ele estava na outra sala, mas agora o colocaram na nossa.
! – gritou, levantando-se.
praguejou baixinho. Mas que droga! Justo agora que ela entrava, ele tinha que cair na sala dela?
Os dois sempre tiveram uma rixa quando menores. Nunca foram muito com a cara um do outro e, depois que começou a provocá-lo, o ódio entre eles se estabilizou e continuou até o garoto sair da cidade.
Só que, mesmo com tudo isso, não podia deixar de admitir que realmente havia ficado bem bonito. Agora estava alto, com o corpo mais desenvolvido, as feições mais caracterizadas, e os olhos ... Penetrantes como sempre.
– É o . Qualquer pessoa desse colégio já ouviu falar dele, sem tirar que tem uma baita fama com as garotas – contou, sem desgrudar os olhos dele. – Ele é bem amigo do e do . Eu não era muito próxima deles na época em que eram da mesma sala, então nunca cheguei a falar direito com o , mas já escutei bastante história dele.
– Eu o conheço. Ele é filho da amiga da minha mãe e meu irmão era bem amigo dele quando ainda não havia vindo estudar nesse colégio. Mas eu espero que o não se lembre de mim. Nós nunca nos demos muito bem mesmo – explicou, dando de ombros.
absorveu tudo que havia escutado. O sorriso esboçado no rosto de lhe dava um ar de convencido, enquanto ele passava os olhos pelas garotas da sala, mordendo de leve o canto do lábio. Devia realmente ser o maior cafajeste, ou melhor, deve ter se tornado! Ela sempre tentava se manter fora de relacionamentos. O máximo que fazia era manter a relação na amizade colorida. Mais que isso não passava. Não depois que namorou Thomas.
Thomas era o típico popular do colégio que conquistava qualquer garota. Ela, ingênua como era, acabou se entregando logo de primeira, mergulhando em uma relação muito turbulenta. Ele foi alguém que mexeu bastante com os sentimentos de e, depois de todo relacionamento, a menina descobriu que havia sido traído durante todo o tempo que estiveram juntos. Isso a abalou tanto que a fez se fechar completamente para qualquer um. E, por mais que às vezes sentisse falta de ter alguém, não se dava ao luxo de se apaixonar novamente por simples medo de sofrer.
Os garotos se aproximaram das meninas que conversavam sobre alguma coisa não tão importante.
, essas são e . Quer dizer, a você conhece – disse, dando de ombros.
– Sim, claro – concordou com a cabeça, sem desgrudar os olhos de , que tentava fingir que ele não a encarava. – Prazer. Sou o – encarou-as, curvando de leve seu lábio em um sorriso convencido. Ufa, ele não havia se lembrado dela!
– sorriu sem vontade nenhuma, logo se virando para frente.
– Eu acho que me lembro de você... – comentou, analisando mais atentamente o rosto da garota que desviou rapidamente.
– Acho que você está meio enganado. Nunca o vi na minha vida.
– Eu já o conheço de qualquer maneira, mas bem-vindo de volta – disse animada, tirando o clima estranho. Preferiu ficar quieta diante da mentira de .
– Ufa, finalmente achei a sala! – chegou, fazendo fechar a cara. Era óbvio que se lembraria dela após ver o irmão. Como não havia pensado nisso?
? – abriu a boca, puxando o velho amigo para um abraço e depois olhando de volta para a garota. – Então eu realmente a conhecia – soltou um sorriso convencido. apenas o ignorou, trocando um olhar rápido com .

(...)

No meio da aula de Literatura, se virou para , que estava concentrado anotando algumas coisas em seu caderno.
– Sua irmã está bem gata, – comentou, mordendo o lábio inferior.
– Eu sei – concordou com a cabeça, não levando o comentário de com segundas intenções. Ele tinha bastante ciúme de .
– Fazia tempo que não entrava menina bonita aqui. Ano passado tinha a Fitty, mas o James a arrastou para o colégio todo e ela ficou tão constrangida que preferiu sair.
– É, coitada – do outro lado do amigo disse. – E é bom você não voltar a dar uma de cachorro de novo, porque sabe que não o leva a lugar nenhum nunca e só causa confusões. Lembra-se daquela garota que quase queimou suas roupas porque você tinha a “traído”? – arqueou as sobrancelhas, fazendo dar uma gargalhada. – Falando sério, melhor você mudar sua imagem. Tenho certeza de que quer causar boa impressão – apontou com o queixo para que estava em uma conversa com .
– Relaxe, cara – revirou os olhos para o amigo. Qual o problema de ficar com várias ao mesmo tempo? Soltou um sorriso vaidoso antes de prosseguir: – Não importa qual seja minha fama, todas sempre vêm correndo – sacudiu a cabeça em desaprovação. não tinha jeito.
Assim que o sinal tocou, todos saíram apressados para o intervalo. Aquela aula realmente havia sido arrastada pelos ponteiros do relógio.


Capítulo 3


– Que desnecessário ter que vestir essa roupa para Educação Física – reclamou enquanto vestia um short que não cobria nem um palmo abaixo de sua bunda. Sentia-se praticamente pelada.
– Eu sei. É um saco. A gente deveria usar pelo menos algo em que nós nos sentíssemos confortáveis – uma garota, que nem , nem conheciam, mostrou também sua indignação com aquelas peças de roupa, já que estava se trocando do lado das duas amigas e concordava com .
– É, eu também não gosto de vestir isso – balançou a cabeça. – Como você se chama? – perguntou sorridente para a garota.
– Beatrice, mas podem me chamar de Bea – sorriu. – E você é a , né?
– Sou! Como você me conhece?
– Eu estudava aqui ano passado, só que não era da sua sala, então a gente não tinha muito contato.
– Ah, sim... Essa daqui é a . Ela entrou esse ano.
As três foram andando e conversando até a quadra gigante. Estava sendo a primeira aula de Educação Física da semana, numa terça-feira. As garotas logo se juntaram aos amigos que estavam sentados em um dos degraus da arquibancada, esperando o professor chamar pelos alunos, mas, como ainda havia muita gente no vestiário, ele aguardava para dar início à aula.
– E aí! Essa daqui é a Beatrice, gente. Nós acabamos de conhecê-la – falou animada.
– Nós sabemos quem ela é, . Ela sempre estudou aqui – deu risada.
– Nossa, só eu que não a conhecia?
– Sim, só você – concordou com a cabeça.
– E eu – levantou a mão de brincadeira.
– Óbvio. Você não estudava aqui – franziu as sobrancelhas.
– Eu estava brincando, idiota – revirou os olhos.
– Você se irrita fácil, hein? – abriu um sorriso ao perceber que o rosto da garota já estava ficando vermelho.
– Não encha. Que saco.
Mal ela sabia que aquele jeito dela atiçava . Ele adorava irritar pessoas. Ainda mais garotas. E gostava ainda mais quando o retrucavam.
Assim que o professor chamou os alunos, todos se encaminharam até o meio da quadra.
– Hoje vocês irão jogar queimada. Quero a Jenny e o para escolherem os times – avisou. Ele tinha um jeitão bem bravo. A maioria dos alunos não tinha coragem de contestar nada que ele dizia, com medo de levar algum esporro.
– Ed – Jenny, a tão famosa popular da escola, chamou para seu time um garoto um pouco baixinho, mas nem tanto, de cabelos pretos e que tinha uma franja que caía no meio de sua testa. Ele se arrastou para trás da garota que avaliava da cabeça aos pés o resto da sala, provavelmente escolhendo o próximo que chamaria depois de .
– abriu um sorriso largo para a garota que revirou os olhos, indo atrás dele. Ela meio que já imaginava que ele a chamaria, porque, pelo jeito, realmente gostava de irritá-la. Fazia três dias que havia entrado no colégio e ela já havia ficado mais irritada com ele do que quando fica de TPM.
Jenny observava os dois de cautela. Sempre teve uma quedinha pelo , até mesmo porque, antes de ele ter saído do colégio, os dois tinham um caso. Obviamente era mais importante para Jenny do que ela para ele, mas a menina não conseguia se convencer disso. No fundo, achava que o garoto ainda gostava dela, mesmo nunca tendo gostado de verdade.

(...)

– Ainda faltam duas aulas – Beatrice choramingou.
– Eu sei. Que bosta – concordou , saindo do vestiário, enquanto vestia uma camiseta xadrez azul e branca que ficava um pouco grande nela. – Pelo menos agora é intervalo – deu de ombros, andando em direção ao refeitório.
Ao entrarem, dirigiram-se ao balcão para se servir. Estavam famintas depois da cansativa aula de Educação Física.
– Vamos nos sentar ali – apontou a mesa em que os meninos estavam sentados. saiu na frente dela, apressada ao avistar .
– Oi, – sorriu, sentando-se ao lado do irmão.
– Vocês se conhecem de onde? – perguntou, mastigando um pedaço de pão.
– Nós somos irmãos – deu de ombros, estranhando de ele não saber ainda.
abriu a boca para falar alguma coisa, mas foi interrompido antes mesmo de começar.
– Gente, gente! – chegou, correndo atrapalhado. – Adivinhem só!
, controle-se. Sem gritar! – falou brincando.
– Sexta tem festa – cantarolou feliz, jogando-se ao lado de .
– Como assim festa? Festa da escola? – perguntou confusa.
– Claro que não – revirou os olhos. – Você acha mesmo que, estudando aqui há anos, os alunos não têm seus esquemas para dar festas? – disse como se fosse óbvio.
– E eu vou lá saber? Não estudava aqui.
– Quem que vai dar a festa? – perguntou, dirigindo seu olhar ao amigo.
– Nosso querido Brian! – sorriu. – É ele quem sempre dá as festas aqui normalmente, porque tem como arranjar as bebidas e as coisas mais fáceis – explicou, intercalando o olhar entre e .
– Ainda bem que tem como dar festas aqui. Mas era meio óbvio. Esse colégio parece ser rígido, só que é bem liberal, né? – mordeu um pedaço de uma maçã, esperando que alguém o respondesse.
– É, naquelas. Se você faz algo de errado, eles lhe dão um castigo. Não hesitam em relação a isso. E já vou avisando: são os castigos mais chatos do mundo! E, se você não faz, é suspenso por um tempo. Mas é bem difícil alguém ser expulso. Até porque ninguém se preocupa mesmo em ver se está fazendo algo de errado. Só se você deixar muito na cara. É suave até – respondeu, dando de ombros.
– Você já deve estar familiarizado com os castigos e suspensões para saber de tanto – bebeu um gole do suco de uva, encarando o garoto nos olhos.
Antes que ele respondesse, e Beatrice chegaram à mesa dando gargalhadas altas.
– A Beatrice virou todo o prato dela de comida em cima de uma amiga da Jenny! Vocês precisavam ter visto a cena. Sério, foi hilário! – contou, ainda dando risada.
– Mas foi sem querer! – Bea levantou as mãos em rendição.
Todos deram risada e olharam em direção às amigas que causavam uma cena desnecessária no meio de todo mundo.
Logo o sinal tocou e todos se arrastaram até a sala de aula novamente.

(...)

Era sexta-feira. acordou com o barulho ensurdecedor que tocava do lado de fora de seu dormitório. Continuava indignada com a forma que usavam para que os alunos acordassem. Qual o problema de eles chegarem atrasados?
Ela vestiu uma blusa de banda qualquer, um short rasgado preto e calçou suas botinhas que eram uma espécie de coturno. Colocou uma xadrez para não passar frio, mesmo estando um clima razoável.
– HOJE TEM FESTA! – gritou assim que abriu a porta do quarto para sair.
– Meu Deus, que susto – fechou os olhos, colocando a mão sobre o peito.
– Nossa, eu estou tão feliz. Já separei até minha roupa. Ah, e falando nisso, nós podíamos nos arrumar juntas. O que acha? Se você não tiver nada para vestir, eu posso lhe emprestar. Realmente não ligo muito de emprestar roupas. Só para a Definy. Juro, nunca empreste NADA para ela. Além de não devolver a regata que eu...
, são sete da manhã. Eu estou de mau humor – murmurou, encaixando um fone no ouvido. Odiava conversar de manhã.
– Ah, é. Você tem mau humor matinal – revirou os olhos.
Quando elas estavam saindo do edifício, trombaram com que andava tranquilamente a passos largos.
– Sua irmã é uma chata – resmungou, grudando ao lado do garoto que deu risada.
– De manhã eu posso afirmar que é mesmo.
– Mas enfim... Você vai à festa hoje?
– Lógico! – abriu um sorriso. – É em algum quarto?
– Sim, no de Brain, que é bem maior do que o de todo mundo só porque ele é filho de um dos donos do colégio – deu de ombros. – Ele é um pouco chato, mas nada de mais. Dá para aguentar. Chato não... Metido – corrigiu-se, fazendo um sinal com o dedo indicador.
já havia ultrapassado os dois fazia tempo e andava apressadamente até seu armário para pegar seus materiais do dia.
– E aí, princesa? – chegou ao seu encalço, inclinando-se um pouco e manteando a boca próxima ao ouvido de , permitindo que seu perfume forte que levava muitas ao delírio penetrasse nas narinas da garota. – Está bem sexy hoje – deu uma piscadinha, recebendo um dedo do meio e uma careta em resposta. – Que nervosinha – riu, achando realmente graça.
– Você não podia ter escolhido outro horário do dia para vir me encher? Eu não tenho paciência nem humor de manhã para aguentar suas gracinhas, . Falo sério – disse entediada.
– Você é assim o tempo todo comigo, então nem faz diferença mesmo – deu de ombros, acompanhando os passos de . – Ouvi dizer que vai à festa hoje.
– Todo mundo vai – bufou, já irritada demais com o garoto atrás dela parecendo um stalker. Ela parou de andar e se virou para ele. – O que você quer? – perguntou direta.
– Como assim? – franziu as sobrancelhas, confuso.
– Fica me seguindo o tempo todo e me atazanando. Alguma coisa você deve querer de mim – disse como se fosse óbvio. – Seja direto e acabamos logo com isso – indicou com o dedo a proximidade dos dois.
– Não quero nada. Só irritá-la mesmo – mordeu os lábios, pensando que talvez não fosse apenas isso que queria. Afinal, aqueles seios fartos e redondos dela eram bem convidativos.
percebeu o olhar do garoto sobre seu peito e revirou os olhos.
– Já me irritou o suficiente por hoje, – aproximou-se um pouco dele. – E não adianta nem ficar babando para cima do meu peito, porque isso aqui... – segurou seu seio direito. – Você nunca vai ter a oportunidade de encostar. Agora me deixe em paz – finalizou, ajeitando sua mochila no ombro e entrando na sala.
deu um suspiro pesado. Por que ela tinha que ser tão complicada e continuar com aquele cu doce? Ambos queriam fazer a mesma coisa. Para que deixar as coisas mais confusas?

(...)

já estava dando os últimos retoques em sua maquiagem, quase pronta para sair, quando alguém bateu na porta de seu quarto.
– As damas querem companhia para ir à festa? – fez uma reverência engraçada, recebendo risadas escandalosas de ao seu lado.
, seu irmão é demais! – a garota deu risada, concordando com a cabeça.
– Lógico! Mas é melhor vocês entrarem e esperarem sentados, enquanto essa lerda aqui termina de se arrumar – falou, puxando-os para dentro do quarto.
– Ei, eu estou quase pronta. Ninguém mandou vir se arrumar no meu quarto e usar meu banheiro. Você ficou praticamente uma hora lá dentro só para tomar banho! – retrucou, tentando não borrar o delineador.
– Tá, tanto faz – lhe deu a língua.
– Vocês estão bem gatinhas – piscou o olho, dando um sorriso cúmplice em seguida.
corou e desviou o olhar penetrante do garoto.
– Já está pronta, ? – se referiu à irmã ao vê-la saindo do banheiro espirrando perfume em seu pescoço.
– Sim – sorriu, deixando o frasco em um criado-mudo.
Ao saírem, já puderam observar a movimentação no corredor. Era realmente estranho nenhum professor ou funcionário do colégio pelo menos desconfiarem de que os alunos davam festas. Mas a verdade era que eles não se importavam muito com o que os alunos faziam em horário livre. Se estivessem presentes na aula, estava tudo certo.
O dormitório do Brian era no último andar. Ao entrarem, perceberam que já estava praticamente lotado.
– Isso daqui é quase uma casa – deu uma volta, observando o local.
– Pois é – deu de ombros.
avistou Beatrice conversando com um garoto que ainda não havia conhecido, então caminhou na direção deles, deixando os outros três para trás.
! – Bea disse, dando um abraço na menina.
– Oi, Bea, e oi... – esperou o garoto falar seu nome.
– Oliver – abriu um sorriso e, caralho, que sorriso era aquele? – Você é a... ?
. Prazer – sorriu de volta. – Já estudava aqui antes? – perguntou interessada.
– Sim, desde sempre – riu. – Você é a irmã do , não é? Ele me contou que tinha uma irmã chamada e vocês até que se parecem.
– Sou – assentiu. – Você o conhece de onde?
– O apresentou a gente no treino de futebol – deu de ombros.
? – Beatrice a chamou, fazendo virá-la em sua direção. – O que a trouxe para cá? Nunca cheguei a perguntar.
– Ah – ela fez uma careta. – Minha mãe tinha ido viajar e eu e meu irmão demos uma festa... Só que ela acabou chegando um pouco antes do esperado e o resto você já sabe – deu de ombros.
– Uou, animal – arregalou os olhos, fazendo uma cara engraçada.
– Eu vou pegar alguma coisa para beber. Onde estão as bebidas? – perguntou, dando uma olhada em volta.
– Eu a acompanho – Oliver sorriu, andando ao lado dela. – Você está gostando daqui?
– Até que sim. Todo mundo que conheci até agora foi bem simpático e legal comigo... Mas, de qualquer jeito, está sendo difícil me acostumar a ficar longe da minha casa e dos meus amigos da minha antiga escola – suspirou.
– Daqui a pouco você acostuma. É só questão de tempo – passou a mão pelas costas da garota. – Esse colégio, quando você chega, parece ser medonho, mas é tão tranquilo.
– Isso é verdade – concordou, já entrando na cozinha e dando de cara com uma mesa cheia de bebidas.
Ela pegou encheu um copo com bastante vodca e um pouco de refrigerante e, quando estava saindo dali, deu de cara com o . Que ótimo.
– Olhe só quem está aqui – ele abriu um sorriso. – E aí, Oliver? – piscou para o amigo que deu apenas um aceno de cabeça como resposta.
– Oi, . Tchau, disse, virando de costas e deixando o garoto plantado.
Eles se juntaram com o resto do pessoal: , , , e Beatrice, que estavam conversando em pé no canto da sala. Tocava um som alto, uma musica eletrônica contagiante. , querendo dançar, virou todo conteúdo do copo de uma vez goela abaixo e, quando fez menção de ir em direção ao centro do local, a segurou pelo braço.
– Quer? É tequila – ofereceu seu copo. Ela franziu as sobrancelhas, não entendendo o porquê de ele estar dando sua bebida a ela. – Eu não quero mais. Não pretendo ficar bêbado – deu de ombros.
– Ok. Obrigada – sorriu, bebendo tudo de uma vez, sentindo um pouco de tontura e agitação. Era realmente fraca para essas coisas, mas quem liga?
Andou até o fluxo de pessoas dançando, misturando-se naquela agitação toda e se entregando completamente à batida da música, deixando que seu corpo correspondesse sozinho à melodia. Sentiu alguém se aproximar e se colar junto a ela, dançando com os mesmos movimentos. O garoto apoiou as mãos na cintura dela, deixando clara a intenção que tinha de virá-la em direção a ele.
– Nossa, só podia ser você mesmo – resmungou ao ver .
– Até que você dança bem – mordeu o canto do lábio.
– Por quê? Tenho cara de que não danço? – perguntou com a voz provocadora próxima aos ouvidos dele.
– Eu não disse isso – abriu um sorriso ao perceber a proximidade dos dois.
Ela, por mais que quase não fosse mais possível, puxou a camisa dele, colando mais ainda seus corpos.
– Ainda bem, porque eu iria ter de lhe provar o contrário – mordeu o lóbulo da orelha dele, fazendo-o soltar um suspiro.
A garota se virou de costas, fazendo menção de sair dali, mas, antes de conseguir dar um passo, ele a puxou pelo quadril, deixou o cabelo dela de um lado só e deu um beijo molhado em seu pescoço, provocando arrepios. fechou os olhos e engoliu em seco.
– Eu ainda vou fazê-la minha, nem que seja só por uma noite – sussurrou com a voz baixa e provocativa no ouvido dela e, antes que ele pudesse falar qualquer outra coisa, a garota saiu dali com passos largos, tentando ignorar o turbilhão de sensações que o garoto havia causado nela em menos de dez minutos.


Capítulo 4


’s POV

Segunda-feira, o dia amanheceu cinzento. Sentada na minha cama, eu observava as nuvens se movendo lentamente de acordo com o vento. E o que eu fazia com a preguiça que estava de realmente me levantar e ir para a aula? Soltei um suspiro alto, desejando estar na minha casa, no meu verdadeiro quarto, enrolada no meu edredom favorito. Será que em algum momento minha mãe se arrependeria de ter nos colocado nesse colégio e nos tiraria daqui?
Usei o banheiro rápido e vesti a primeira roupa quente que vi pela frente – nada muito diferente do que eu costumava usar. Peguei minha bolsa e saí do quarto só com rímel de maquiagem. Hoje eu não estava lá com humor em alta. Provavelmente havia ficado de TPM. Que ótimo.
A sala estava praticamente vazia. Não me importei e fiquei ouvindo música nos fones em volume alto. Eu viajava longe em meus pensamentos, ainda com bastante sono, mas algo muito estranho me vez voltar para a realidade: entrou na sala agarrado à Jenny. Eu não conhecia muito bem aquela garota, mas, pelo pouco que tinha ouvido falar dela e observado, a achava um pouco metida e, talvez, convencida?! Porém, quem sou eu, afinal, para ficar tirando conclusões um pouco precipitadas? E quer dizer, fodam-se eles.
passou por mim praticamente sem nem olhar na minha cara. Talvez fosse bom ele ficar com essa Jenny. Largará do meu pé!
, VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR! – chegou, berrando para variar, à sala, fazendo com que todos presentes virassem a cabeça para olhá-la de cara feia.
– O que foi? – fiquei curiosa.
– Sabe o Josh? Aquele menino que tem cabelo encaracolado na ponta...? – explicou ao perceber que eu não sabia quem era. Fiz uma careta, ainda não lembrando. – Um que tem o cabelo meio claro, que senta bem na frente. Caramba, . Vai me dizer que você ainda não sabe quem é?!
– Ah! Lembrei. Um que sempre usa aquele cachecol meio esquisito, né? De passarinhos verdes – sorri contente ao lembrar quem era.
– É, ele não é esquisito – disse de cara feia. – Enfim, ele me chamou para sair! – franzi as sobrancelhas.
– Nossa, esse garoto? – percebi a cara de emburrada que ela fez e mudei rapidamente de postura. – Que demais! Quando vocês vão sair? Ei, mas espere. Sair para onde?
– Você não sabe nada de colégios internos mesmo – mexeu a cabeça, dando uma olhada para o lado. – Credo. e Jenny de novo não! – reclamou. – Ela é nojenta demais para ele.
– Ele é nojento demais para qualquer pessoa – dei de ombros.
– E aí! – Bea chegou, acompanhada de e .
Eles se sentaram próximo a nós duas e ficamos conversando até bater o sinal e a professora entrar na sala.

(...)

– Nossa, só é a segunda semana de aula e esse já deve ser o sexto trabalho que passaram para a gente! – exclamei indignada.
– Que exagerada. É o terceiro – deu risada, bagunçando meu cabelo.
Sentamo-nos no refeitório, em uma mesa um pouco afastada das outras. Eu comia tranquilamente, enquanto conversava com os meninos, até que se senta bem na minha frente. Ele estava um pouco descabelado e com os lábios mais avermelhados do que o normal.
– Deu para ver que o lance esquentou com a Jenny, hein? – bateu em seu ombro de lado.
– Cale a boca – sorriu sacana.
Ignorei a sua presença, olhando ao redor e mordendo o canudo do meu suco. Vi que meu irmão estava sentado em uma mesa um pouco longe, com algumas pessoas que eu não conhecia, e, ao seu lado, reparei que era Oliver. Deixei um sorriso escapar sem querer e uma súbita vontade de ir lá conversar com ele me bateu.
– Ei, – olhei para , já esperando alguma piadinha sem graça ou uma provocação. – Você deixou seu fone cair no chão quando saía da sala de aula – entregou-me o objeto tirado do bolso e eu franzi a sobrancelha, confusa.
– Obrigada – respondi, sem entender muito bem o porquê daquilo.
– Sei que você gosta bastante de ouvir música e, se eu não tivesse pegado, outra pessoa pegaria e provavelmente não devolveria. Então, sei lá – deu de ombros, querendo se explicar ao perceber minha confusão aparente.
– Ah, sim. Valeu mesmo – sorri.
Um silêncio constrangedor se espalhou na mesa. Os meninos nos encaravam com olhares estranhos, sem entender também aquele comportamento estranho do . Acho que era a primeira vez que trocamos mais de duas palavras sem nos ofendermos.
Cansada daquele silêncio, soltei um suspiro e me levantei, deixando minha bandeja em cima do balcão, e caminhei em direção à mesa de .
– Hum... Oi, – sorri amarelo ao sentir todos os olhares em mim. – Você sabe que dia é hoje? – porra, . Não tinha mais nada para perguntar, não? Senti-me uma retardada na frente daquelas pessoas, principalmente de Oliver.
– Não – ele deu risada. – Sente-se aí – deu um espaço ao seu lado. – Gente, essa daqui é a minha irmã, – apresentou-me para todos.
– Você se lembra de mim, né? A gente se conheceu na festa – Oliver falou.
– Sim, claro – concordei com a cabeça, sorrindo. – Eu não fiquei tão bêbada assim – falei após pensar um pouco.
– Ah, não. Imagine – ele foi irônico, dando risada.
– Ei! É sério – olhei com o olhar firme para Oliver, tentando mostrar que falava a verdade, mas acabei perdendo meu foco ao olhar para seus olhos.
, no final da festa, você quase tirou o shorts que estava usando. Graças ao seu irmão que a arrastou para fora de lá, você não pagou o mico – arregalei os olhos. Como eu não sabia daquilo? Impossível. Tinha certeza de que fui embora andando para o meu quarto, acompanhada de . – É brincadeira – soltei um suspiro de alívio. – Você precisava ter visto a sua cara!
– Nossa, se fosse verdade, eu não sei o que faria – continuei meio espantada. Eu era rainha em pagar micos em festas. Já cheguei a ficar só de lingerie, derrubei mil litros de cerveja uma vez em cima do meu cabelo (e o pior é que fui eu mesma, sem querer) e, uma vez, estava tão bêbada que eu achava que tinha perdido meu top e ficava gritando para todos perguntando se tinham visto, só que na verdade estava em mim, entre outros que é melhor nem comentar... Mas, mesmo assim, não seria nada legal se eu já entrasse nesse colégio pagando micos. Já estava mais que na hora de perder essa reputação. – Aqui tem bastante festa? – perguntei, querendo que a resposta fosse positiva.
– Sim, muitas. Acho que estão planejando fazer uma no final da semana que vem.
– Jura? Que demais! – bati meu olho em que, ao ver que a olhei, começou a fazer caras e bocas e gestos estranhos para que eu fosse até sua direção. Segurei minha risada. – Oliver, eu tenho que ir ali que minha amiga está me chamando – apontei para que, ao perceber a atenção nela, deu um sorriso forçado.
– Tudo bem. Até – sorriu, mostrando suas covinhas.
– Até – retribuí o sorriso.
Ela estava parada de braços cruzados na porta do refeitório, agora com Beatrice ao seu lado.
– O que você quer, sua maluca? – perguntei.
– COMO ASSIM VOCÊ FALA COM OLIVER FOSTER?! – praticamente berrou, fazendo-me involuntariamente empurrá-la para trás.
– Não grite. Tem gente olhando.
– Mas eu não acredito! – exclamou indignada. – Esse garoto é uma perdição.
– Nem o diga – Bea falou, arregalando os olhos.
– Nossa, mas eu achei que ele fosse amigo de vocês também. Afinal, eu o vi cumprimentando o na outra festa e o conheci através da Beatrice – expliquei, trocando de peso com minha perna.
– VOCÊ TAMBÉM CONVERSOU COM ELE?! – gritou de novo.
– Sim. Esqueci-me de contar. Mas é que nem foi exatamente uma conversa. Ele conversava com o sobre sei lá o que e eu ficava tentando entrar na conversa. Daí o saiu e ficou um silêncio constrangedor entre nós dois até que a apareceu e eles saíram de lá – deu de ombros.
– Vocês têm que dar um jeito de me apresentar a ele. Sério – olhou suplicante para nós duas e eu dei risada.
– Tá, tudo bem. Ele está bem amigo do meu irmão, então vai ser fácil – sacudi a cabeça. – Eu vou ao banheiro agora, gente. Já volto.
Saí dali andando um pouco apressada. Eu realmente precisava fazer xixi. O banheiro ficava bem no meio do corredor, bem próximo à minha sala. Eu não tinha ido lá muitas vezes ainda, mas sabia onde era, claro. Ao entrar, vi que estava vazio. Entrei na primeira cabine e, ao me sentar no vaso, pude ouvir a porta do banheiro se abrindo.
? – ouvi uma voz que eu não reconhecia. Confusa, limpei-me rapidamente e dei de descarga. Ao dar de cara com Jenny, bufei. Maravilha. O que essa garota queria comigo?
– Jenny, não é? – perguntei, indo em direção à pia para lavar minha mão.
– Exatamente – abriu um sorriso falso, fazendo-me olhar com cara de desprezo para ela através do espelho. – Então... Sabe o ? – assenti com a cabeça, já tendo ideia do que ela ia falar.
– Olhe, nem precisa...
– Escute aqui – aproximou-se de mim. – Não adianta fazer pouco caso do que vou falar porque o negócio é sério – lançou-me um olhar ameaçador e eu revirei os olhos.
– Nossa, que medo – ironizei.
– Eu não quero você perto do . Está entendendo? Eu sei que pode parecer ridículo isso, mas para mim não é – olhou-me com a cara brava e juro que segurei muito para não rir daquela situação.
– Acho que você ainda está presa no sexto ano. Isso é coisa de criança.
– Não importa. Desde sempre, eu e temos uma relação e não vai ser você... – olhou-me de cima a baixo. – Que vai destruir isso. Até porque, duvido muito que ele me trocaria por você né? Mas, de qualquer jeito, eu a quero longe dele.
– Se não, o quê? – cruzei os braços. Ela engoliu em seco, provavelmente sem saber o que falar.
– Melhor você nem saber – tentou soar convencida e eu dei risada, não conseguindo me segurar. – Mas, enfim, fique longe dele – deu um passo à frente, aproximando-se de mim. – Mesmo você não sendo lá grande coisa e eu duvidando muito que o prefira você a mim, é bom saber que, caso se meta entre a gente, eu acabo com você.
– Se eu não fosse lá grande coisa, você não teria o trabalho de vir aqui falar um monte de merda. Até porque, isso tudo foi perda de tempo – joguei meu cabelo para o lado, olhando nos olhos grandes e castanhos da garota. – Ah, e é bom você se sentir mesmo ameaçada por mim. Viu, fofa? Porque, se eu quiser, em um estalo de dedos o fica na minha mão – pisquei o olho e saí, batendo a porta na cara incrédula que Jenny fez.



Continua



Nota da autora: ---


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