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última atualização: 03/02/2017





Capítulo 1


Finalmente. Depois de sete anos eu finalmente estava de volta a minha Manhattan, eu tinha sentido tanta falta dessa cidade... Ah, não contei por que eu não estava aqui não é mesmo? Eu explico, há exatos sete anos minha mãe resolveu ir embora daqui pro interior. Por quê? Ela se casou de novo. Ela já estava viúva há três anos quando conheceu Jack – a propósito ele parecia um cara ótimo mesmo, porém as coisas mudaram quando eu e minha mãe nos mudamos e fomos morar com ele. Começou com a grosseria, ele bebia e descontava a raiva do mundo em nós duas, depois veio a violência, ele sempre batia na minha mãe, às vezes a deixava com um olho roxo por dias, tudo o que queríamos era voltar pra Manhattan, mas infelizmente não contente em espancar minha mãe, o maldito ainda nos ameaçava vez ou outra, o que fazia minha mãe ficar calada. Isso acabou ano passado, quando eu fiz dezesseis anos e cansei disto. Nós duas fomos até o advogado e ela deu entrada no processo de divórcio, tivemos que pedir uma medida proventiva pra que ele ficasse longe de nós duas, foi quando minha mãe decidiu que voltaríamos pra casa. Por algum motivo, que eu não faço ideia de qual seja, nós ainda temos a casa que o papai deixou como herança. Eu agradecia a deus por isso, caso contrário pra onde iríamos? Mas bom, não estava feliz de estar de volta só porque estávamos longe do imbecil do Jack, também tinha o ... era meu melhor amigo de infância, éramos vizinhos desde os cinco anos, frequentamos o jardim de infância juntos, nós não nos desgrudávamos... Exceto, é claro, quando eu fui embora com a minha mãe. Eu tinha dez anos e ele onze na época. Enquanto minha mãe fazia o caminho de casa com o carro eu só consiguia pensar se ele ainda se lembrava de mim, ou se ainda morava lá. Não falava com ele desde que fui embora, afinal não era como se crianças trocassem e-mail ou telefone. Minhas mãos estavam suando frio quando abri a porta do carro, minha mãe tinha acabado de estacionar, caminhei pelo caminho de pedras que levava até a entrada, a casa estava igual, igualzinha... Um misto de emoções me dominou, alegria, alívio, saudade... E principalmente nervoso quando eu vi a porta do vizinho da frente abrir.
Naquele momento eu torci ardentemente pra que ou os pais dele saíssem por aquela porta, eu estava com tanta saudade... Prendi a respiração quando um rapaz alto e saiu pela porta com fones de ouvido, era ele. Mais alto e mais velho com certeza, mas era ele! Fiquei parada olhando até que seu olhar encontrou com o meu. Ele paralisou, parecendo assustado e depois abrindo um imenso sorriso. Tirou os fones de ouvido e atravessou a rua, meu coração estava batendo nos ouvidos, eu não acreditava que era ele! Quando pisou na calçada na frente da minha casa, ele parou e abriu os braços, ainda sorrindo.
– Sete anos sem te ver e não ganho nem um abraço, ? – Disse ele, dei risada e corri, me jogando em seus braços. Ele me apertou forte e me tirou do chão. – Garota, eu não estou sonhando, estou? Você nem faz ideia do quanto eu senti a sua falta... – Disse ele, me colocando no chão outra vez. – O que faz por aqui? – Perguntou, ainda sorrindo e sorri de volta.
– Voltei pra ficar, estou de volta, baby! – Ele riu.
– Mas sua mãe não tinha se casado? – Perguntou, parecendo um pouco confuso.
– É uma longa história...
– Vou adorar ouvir. – Disse ele e nesse minuto o celular tocou. Ele fez uma careta engraçada e o tirou do bolso. – Eric! Oi... Não, cara, você não vai acreditar, tem uma alienígena no quintal da casa da frente! – Disse ele e eu comecei a rir. – Não! Cara, cancela aí, eu vou mesmo ter que chamar a NASA, não... Cara, tá no quintal do meu vizinho... Que seja, até amanhã... Não, Eric... Não ela não está controlando a minha mente... Cara, podemos fazer isso depois, tchau! – Ele encerrou a ligação e colocou o celular de volta no bolso enquanto eu ainda me recuperava da crise de riso. – O que foi, alienígena? Quero ouvir sua história e precisava me livrar dele de algum jeito. – Disse, dando de ombros.
– Não podia ser uma desculpa mais normal? – Falei.
– Normal não faz meu estilo.
! Quanto tempo! – Disse minha mãe, finalmente saindo do carro depois de uma pequena discussão com a ex-cunhada.
– Oi! Eu é que devia dizer isso. – Disse ele, minha mãe veio até ele e lhe deu um abraço.
– Bom, estamos tanto tempo longe e queremos saber tudo o que aconteceu na nossa ausência, ou seja, o senhor vai jantar com a gente! – Disse ela, abrindo o porta-malas.
– Com certeza! – Disse ele, indo ajudar com as caixas e eu sorri. Não acreditava que iria ter uma vida normal de novo, meu melhor amigo, minha antiga casa... Tudo! E o melhor, sem o idiota do Jack, viva a vida!

Capítulo 2


Fazia uma semana que eu tinha voltado e o misto de sentimentos continuava: nostalgia, alegria, empolgação e, principalmente, saudade... Essa casa, tudo nela, me lembrava do meu pai. Eu tinha apenas sete anos quando ele morreu, mas mesmo assim eu sentia muito sua falta.
? Hey! Vamos, quer chegar atrasada no primeiro dia? – Me chamou da porta da frente, balancei a cabeça acordando do transe e o segui, hoje era meu primeiro dia de aula e ele tinha me oferecido uma carona. Podia ser difícil de acreditar, mas era como se eu e nunca tivéssemos nos afastado, nem por um dia. Ainda éramos os melhores amigos e sabíamos disso. Entrei no carro e ele sorriu, ligando o rádio e logo comecei a cantar junto com a música. – Nervosa? – Perguntou ele, neguei com a cabeça.
– Nem um pouco. – Falei e ele riu.
– Garota corajosa. – Disse e eu ri. Na verdade eu não estava mesmo nervosa, sempre lidei bem com o colégio, não achava que fosse mudar agora, afinal era o último ano.
Pouco tempo depois nós chegamos, ele estacionou e eu desci, dando uma pequena olhada no local. Tirando o fato de que apenas eu estava de bota – morei muito tempo no interior, não me julguem –, todos pareciam igual a mim. foi comigo até a secretaria atrás dos meus horários e descobrimos que eu tinha todas as aulas com ele, menos biologia e história. Tudo bem, acho que consigo me virar em duas aulas sozinha. Nossa primeira aula era de química. Os alunos já estavam na segunda semana de aula, o que fazia de mim a intrusa
– Hey, relaxa, o professor faltou semana passada, ou seja, vamos definir as duplas nessa aula, se é que ele não faltou hoje também. Eu vou ficar com você, tudo bem? – Disse ele quando estávamos chegando a sala e murmurei um obrigado. Eu estava olhando um a um dos alunos pensando numa dupla, não ter que procurar seria mais fácil. Entramos na sala e todos olharam pra mim, não os culpo, afinal eu era a garota nova de botas, vestido e jaquetinha jeans em um dia ensolarado. Arregacei as mangas e coloquei meu material em cima da mesa, sorriu pra mim com um ar tranquilizador, tornando tudo mais fácil e assim seguiu pelo resto da aula: se eu ficasse nervosa, ele sorria pra mim. Ele era mesmo o melhor amigo do mundo.
...
O sinal do intervalo tinha acabado de bater e estávamos indo para a cantina, eu estava morrendo de fome. No caminho fiquei esperando que alguém me desse boas vindas como teria acontecido na minha antiga escola, mas nada disso aconteceu.
– Não vai me apresentar pro pessoal, ? – Perguntei. Já que eles não vinham falar comigo, eu ia falar com eles.
– Bom, está vendo aquela mesa ali no canto? – Disse ele apontando pra uma mesa onde tinham dois garotos e uma garota, eu assenti. – Aqueles ali eu posso apresentar, são meus amigos, agora com os outros acho melhor nem se meter. – Disse ele, pagando o refrigerante que tinha acabado de pedir e o entregando pra mim, franzi a testa confusa.
– E por que não? – Falei, dando um gole, ele me olhou com uma careta estranha.
– Por que nós não deveríamos andar com os populares? Sério, eles são cruéis e não socializam a menos que você faça parte do time de futebol ou da equipe de torcida. – Disse enquanto íamos pras mesas.
– Besteira, eu tinha amigas da equipe de torcida na outra escola e éramos ótimas amigas. – Falei, me lembrando de Ana e Ashley, apesar de pouco inteligentes elas eram uns amores. Ele me olhou de lado.
– Você era líder de torcida? – Perguntou e eu comecei a rir.
– Por Deus, não! Eu sou tão desastrada que teria quebrado a perna em menos de dois minutos de apresentação! – Ele riu também.
– Então como era a hierarquia social do seu colégio? Porque não vai acontecer isso por aqui, não mesmo. – Fiz careta.
– Hierarquia social?
– É, tipo os nerds andam com os nerds, os populares com os populares e os comuns com os comuns. – Disse ele apontando pra si próprio e para os amigos. Eu estava prestes a retrucar mas antes disso chegamos na mesa. – Pessoal, essa daqui é a , minha melhor amiga perdida, esses são Eric, Josh e Amy. – Disse ele apontando para um garoto de olhos castanhos, um branquinho de olhos mel e uma morena de cabelos cacheados respectivamente. Nós nos sentamos na mesa, eu do lado da garota e ele do meu lado, de frente pros garotos.
– Então você é a alienígena? – Perguntou Eric, eu dei risada.
– Caraca, Eric, como você é educado! Não liga pra ele, . – Disse Josh.
– É por que você não acredita na desculpa esfarrapada que esse idiota me deu pra não ir na minha casa no dia que ela chegou. – Disse Eric parecendo zangado, segurou a risada.
– Desculpa esfarrapada, é? – Disse Amy, se debruçando na mesa e olhando pro que deu de ombros.
– Esse sem cérebro me disse que tinha uma alienígena no quintal do vizinho dele e que ele tinha que ligar pra NASA, acreditam? – Todos caíram na gargalhada.
– E você acreditou. – Eric fechou a cara e rimos mais ainda.
– Hey, relaxa, eu venho em missão de paz. – Falei, levantando a mão direita e fazendo ele rir também, acho que gostei deles.

Capítulo 3


– Por que não? – Perguntei, cruzando os braços. Hoje era meu segundo dia de aula e estava tentando me convencer de que era uma péssima ideia ir até a mesa dos populares me apresentar.
– Como por que não? Não é óbvio?! – Perguntou ele, eu bufei irritada.
– Não, não é, eu sou uma pessoa e eles são pessoas, por que não podemos conversar? – Perguntei, ele soltou um suspiro cansado.
, eles não são gente boa, vão zombar de você.
– Essa história de “hierarquia social” só existe na sua cabeça e eu vou provar. – Falei, dando meia volta e indo até a mesa dos “populares”.
! – Chamou , mas eu ignorei, alguém precisava parar de ser antissocial. Parei de frente pra mesa e pigarreei, chamando a atenção dos ocupantes.
– Oi gente, sou , a aluna nova, só quis vir aqui conhecer vocês. – Falei, sorrindo simpática, uma loira riu um pouquinho enquanto a morena ao lado dela me olhou de cima a baixo. Eu mantive meu sorriso e não me importei, foi quando um loiro do lado da morena se manifestou.
, é? Sou Matt, o capitão do time, essas são Lori e Megan – disse apontando a loira e a morena respectivamente. – E esse aqui é o Mike. – Disse apontando pro garoto ao lado dele. – Prazer em te conhecer, você podia almoçar com a gente amanhã, daí te conhecemos melhor, o que você acha? – Perguntou e eu sorri.
– Claro, acho que vejo vocês amanhã então. – Falei, ele sorriu.
– Até amanhã, . – Dito isso eu me virei e voltei pra onde o estava.
– Viu só? Eles foram gentis, você devia parar de ser tão bobo! – Falei, o puxando pelo braço, a próxima aula era de literatura e o professor era insuportável quando se tratava de atrasos.
– Só não se empolga. – Disse ele emburrado e revirei os olhos. Esse não tinha jeito, que garoto teimoso!
...
! – Gritei, tentando alcançá-lo no corredor, estava na hora da saída e depois de duas aulas entediantes de história, uma das duas únicas matérias que eu não tinha com ele, eu finalmente poderia contar a novidade.
, calma, desse jeito o inspetor vai chamar nossa atenção! – Disse ele, apontando o velhinho que nos olhava com olhar ferino e eu nem dei atenção.
– Que seja, adivinha! – Falei empolgada enquanto íamos pro carro dele.
– Tem um E.T de verdade no seu quintal? – Perguntou e eu dei risada.
– Não, bobo, o Matt me chamou pra sair! – Falei, me lembrando do quanto ele tinha sido gentil no almoço. parou de andar na mesma hora, eu parei alguns passos à frente. Quando me virei, ele me encarava de uma maneira estranha.
– Você não pode ir. – Falou e o olhei confusa.
– Como assim? Ele me disse que vamos a uma festa à fantasia e que estava pensando em me convidar desde que me viu pela primeira vez. Ele gosta de mim, como eu não deveria ir? – questionei, colocando a mão na cintura.
, isso é brincadeira, sério, eles vão zombar de você. – Disse ele parecendo preocupado.
! Ele não é um monstro! Ele é um amor, eu vou sim! E, aliás, vamos porque eu preciso de ajuda! – Falei, puxando-o pela mão até o carro.
– Ajuda?
– É! Ele disse que vai de xerife e eu quero ver minhas roupas pra ver se monto uma caipira bonitinha. – Falei, entrando no banco do carona quando ele destravou o carro.
, isso vai dar merda, depois não diz que eu não te avisei!
...
Depois de uma tarde inteira ouvindo tagarelar sobre como eu não deveria aceitar o convite do Matt, eu finalmente estava dirigindo até a escola, o lugar que combinamos de nos encontrar. Eu estava satisfeita com meu visual, tinha dividido meus cabelos e os prendido nas famosas Maria Chiquinhas, usava uma blusinha branca amarrada na barriga e uma saia jeans de prega, com minhas botas preferidas. Estava uma típica caipira. Quando cheguei ao colégio, desliguei o carro e desci, indo até a parte da frente e logo encontrei Matt, porém ele não estava vestido de Xerife como tinha dito.
– Poxa, Matt, se a festa não é mais à fantasia você podia ter me avisado. – Falei, ele sorriu.
– Você está uma gracinha. – Falou e eu sorri envergonhada. Ele pegou minha mão e me puxou pra dentro do colégio, entramos e uma das salas e os outros estavam lá, mas ninguém estava fantasiado. Aquilo parecia muito estranho.
– Olha se não é a caipira! – Disse Lori enquanto Megan ria de um jeito maldoso, soltei minha mãe da de Matt, olhando em busca de uma resposta.
– Qual é, caipira? Não pensou que ia chegar aqui e entrar pro grupo achou? – Perguntou Mike irônico, as meninas continuaram a rir e lágrimas embaçaram os meus olhos.
– Matt... – Chamei, mas ele apenas riu de mim.
– Eu jamais conseguiria me interessar por uma caipira sem graça igual a você. Por Deus, como você é idiota, garota! – E nessa hora eu comecei a chorar. Corri pra fora do colégio e entrei no meu carro, nem sei como consegui dirigir mas minutos depois estacionei na frente da casa do . Parei na porta da frente e olhei pra baixo, estava muito envergonhada.
? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou preocupado quando abriu a porta, eu olhei pra ele, nunca tinha visto tanta preocupação naqueles olhos antes.
– Você estava certo, , eles zombaram mesmo de mim... – Falei com a voz fraquinha.
– Droga, ... – Disse, me puxando pra um abraço. Enterrei o rosto no peito dele e me deixei chorar, eu era a caipirinha mais estúpida da face da Terra!

Capítulo 4


Narrando

Fazia uma semana, uma semana que a não ia à escola, que eu tentava tirá-la daquele maldito quarto sem sucesso, uma semana que ela se referia a si mesma como “caipira estúpida” e isso já está começando a me deixar preocupado. Quando ela veio pra minha casa depois de tudo aquilo e se referiu a si mesma dessa forma, eu tentei contornar a situação, não que tenha dado certo. No dia seguinte eu fui “acertar as contas” com o Matt, me orgulhava em dizer que eu malhava quando podia, porém Matt era atleta e adivinha quem ficou com o olho roxo? Pois é, fui eu e isso só serviu pra se isolar ainda mais, afinal “a caipira estúpida era o motivo do meu olho roxo” – como ela mesma disse ao me ver depois da briga. Tentei convencê-la de que Matt e os outros eram idiotas, que não mereciam a atenção dela, mas ela não me escutava e já não sabia o que fazer! Eu estava mexendo no notebook quando me chamaram no Skype, era uma conversa em grupo com o pessoal, eu coloquei os fones e atendi.
– E aí, como ela tá? – Perguntou Eric, ela chegou há apenas algumas semanas, mas mesmo assim conseguiu se tornar querida entre meus amigos.
– Já saiu do quarto? – Perguntou Amy.
– Parou de comer besteira? – Perguntou Josh.
– Não pra todas as perguntas. Não sei mais o que fazer, cara, isso acabou com a auto-confiança dela, agora ela diz que é a “caipira estúpida”. – Falei, Eric deu um tapa na própria testa.
– Cara! Desse jeito ele vai perder muita matéria, sem falar que você fica patético sozinho na aula de química. – Disse o Josh.
– Cala a boca! – Disse Amy.
– Mais é sério, , se ela não parar com isso vai acabar entrando em depressão, eu sei que isso foi um pouco humilhante, mas ela tem que seguir em frente, se isolar não vai ajudar. – Disse Eric.
– Principalmente se isolar da gente, acho um tremendo absurdo ela só aceitar ver o, . – Demos risada.
– Sério agora, pessoal! Precisamos pensar em algo que levante a auto-estima dela, que a faça se sentir a garota incrível que era quando chegou aqui de novo. – Disse Amy e refleti um pouco sobre aquilo.
– Tipo como? – Perguntou Josh.
– Não sei, quem sabe fazendo ela sentir que tem valor outra vez. – Disse Amy, dando de ombros e nesse momento foi como se uma lâmpada se acendesse sobre a minha cabeça.
– Gente, vou desligar! – Falei, todos me olharam meio assustados pelo meu entusiasmo repentino.
– E por quê? – Perguntou Eric.
– Se der certo vocês vão saber. – Falei, desligando. Fui até um site e criei um e-mail falso, colocando uma foto de perfil de um anime que eu assistia quando era criança e peguei o e-mail que ela tinha me passado. Por favor, que isso funcione! Escrevi rapidamente um e-mail e enviei pra ela, esperando ansiosamente pela resposta. Esperava muito que desse certo ou não saberei o que fazer!

Narrando

Estava no meu quarto, comendo sorvete e assistindo séries no notebook quando recebi uma notificação de que eu tinha um novo e-mail. Dei pause na série e o abri, encontrando um e-mail bem estranho.

De: Seu_Adimirador@blockmail.com
Para: 22@blockmail.com
Assunto: Cadê você?

Oi, , você nem deve me conhecer, não é? Em resumo, sou da sua aula de história, seria estranho se eu disser que não tiro os olhos de você desde que te vi chegando no colégio? Provavelmente... Bom, eu... Estava um pouquinho preocupado por você ter sumido, só queria saber se você está bem... Sinto muito por ser inconveniente, Ãhn... É isso, espero te ver no colégio logo, .
Seu admirador.

A princípio pensei que aquilo fosse uma brincadeira de mal gosto, era minha explicação pra essa palhaçada, depois fiquei pensando e enfim chamei minha mãe.
– O que foi filha, alguma barata? – Disse entrando no quarto assustada pelo grito que eu dei para chamá-la.
– Não, mãe, só quero saber sua opinião a respeito disso. – Falei, rindo um pouco e lhe mostrando o que tinha no notebook.
– Oh meu deusm ! Você tem um admirador secreto! – Disse minha mãe, batendo palminhas, ri da reação dela.
– Ah, qual é mãe? Isso é ridículo! Isso é tão... Anos 80, quem ainda faria isso hoje em dia? – Perguntei, encarando a mensagem.
– Um romântico incorrigível filha! Anda! Responde! – Disse ela, a olhei com os olhos arregalados.
– Responder? O que eu vou falar? – Falei, ela sorriu em desafio.
– Que tal agradecer? Se ele mandar outro e-mail, mantenha a conversa, caso contrário, esqueça. Esse é meu conselho pra você. – Disse e olhei pra tela receosa.
– E se ele for um tarado maluco? – Perguntei, ela riu.
– Querida, tenho certeza que um “tarado maluco” não ficaria tão nervoso a ponto de escrever um e-mail como esse. – Dei risada. – Vai em frente! – Disse ela, piscando pra mim e fechando a porta do meu quarto. Estralei os dedos e comecei a responder o e-mail.

De: 22@blockmail.com
Para: Seu_Admirador@blockmail.com
Assunto: Re: Cadê você?

Oi! Bom, obrigado por se preocupar, fico feliz em saber que você sentiu minha falta na escola... Posso saber seu nome? E você não está sendo inconveniente, na verdade eu estava vendo séries e me entupindo de sorvete, espero te ver logo também, até mais!

Capítulo 5


Narrando

Fazia uns dez dias que eu e trocávamos e-mails, ela já tinha voltado pro colégio e apesar de ainda estar um pouco insegura, sentia que os e-mails atingiram o objetivo, o único problema era que estava cada vez mais difícil esconder dela quem o “admirador secreto” realmente era.
! – chamou ela do meu quarto. – Posso usar seu notebook um pouquinho, quero ver se o admirador mandou um e-mail novo. – Disse, sorrindo e me derreti ao ver aquele sorriso. Não sabia quando, mas em algum momento dessa palhaçada eu comecei a reparar na de verdade, não só como amiga. Quero dizer, eu andava tentando reparar nos mínimos detalhes de tudo nela pra poder elogiar como o admirador e, sem querer, estava gostando disso.
– Você está gostando dele, não é? – Perguntei sorrindo, ela sorriu tímida.
– Acho que sim, fico feliz de ele existir, sabe? Embora eu não ache que vai passar de e-mails, gosto de conversar com ele. – Disse ela dando de ombros, uma pontada involuntária atingiu meu coração, eu ignorei a sensação e fui até ela, me sentando ao seu lado na cama.
– E por que? Não gosta mesmo dele? – Perguntei, ela riu.
– Você sabe o que eu acho sobre amor, . Primeiro teve minha mãe e meu pai, eles se davam tão bem, mas aí meu pai morreu. Depois veio o Jack, eu achei de verdade que ele gostava da minha mãe, mas você viu no que deu. E depois eu me deixei levar pelo Matt, só pra quebrar a cara. Não vai acontecer comigo, já me conformei com isso. – Disse ela dando de ombros, meu sorriso morreu aos poucos, não sei se foi por ela ter dito algo tão triste ou se foi porque eu, digo o admirador, não teria chance com ela... O que diabos estava pensando? Mas que droga! Eu e o admirador éramos a mesma pessoa! E eu era o melhor amigo dela, claro que eu não tinha chance e nem queria uma, não é? Não é?
...
– Cara... Que enrascada! – Disse Eric, tomando um gole do milk shake dele, eu suspirei e me joguei no banco estofado de frente pra ele. Estávamos na sorveteria, não que eu estivesse com vontade de tomar sorvete, na verdade nesse exato momento meu estômago estava dando voltas, me fazendo ter vontade de vomitar.
– Onde eu fui me meter! – Falei, colocando os braços sobre a mesa e deitando a cabeça sobre eles.
– Deixa eu ver se entendi, isso tudo começou pra tentar animar a , então você acabou se envolvendo demais, digo emocionalmente, ela quer saber quem você é e você está enrascado porque você é o melhor amigo dela e, por você ter se metido nessa bagunça toda, você me arrastou pra cabular aula com você? Cara, não sei o que te dizer... – Falou ele.
– Eu sei... – Resmunguei.
– Você está ferrado e apaixonado.
– Eu sei...

Narrando

Conversar com o admirador vinha me ajudado muito, isso não podia negar, as coisas que ele me dizia... Às vezes ele me fazia sentir como se eu fosse o centro do universo e eu amava isso, eu ainda estava com um pé atrás em relação a ele, mas achava que estava me apaixonando... Eu sabia que isso era ridículo! Eu não fazia ideia de quem ele era! Ficava sempre procurando algum garoto olhando pra mim mais do que o necessário na aula de história, não que eu tivesse notado alguém, mas tudo o que eu queria era que ele aparecesse e dissesse: “Hey! Sou eu, ! Seu admirador secreto!”. Na verdade todo esse suspense estava me matando, eu não fazia ideia de quem ele era e isso não me ajudava nem um pouco a tentar decidir o que sintia de uma vez por todas. E pra piorar teria que pegar carona com a Amy já que o sumira desde que me dera carona hoje de manhã!
Ao chegar em casa, eu corri pro notebook, não ia mais aguentar isso, eu precisava conhecê-lo!

De: 22@blockmail.com
Para: Seu_Admirador@blockmail.com
Assunto: Quero te ver!

Oii! Então, eu estava pensando hoje e não aguento mais! Eu preciso conhecer você! Quero dizer... Eu já o conheço, mas quero dizer pessoalmente, por que você não para de inventar desculpas e aceita me ver logo? Você vai me matar de curiosidade assim! Por favor, eu preciso saber quem é você... Espero resposta!

Cliquei em enviar e fiquei ansiosa pelo resto da tarde, eu estava olhando o e-mail pelo celular até mesmo no banho, eu tinha pedido uma pizza e estava indo atender a porta quando meu notebook finalmente deu a notificação que eu tanto queria, subi correndo pro meu quarto.
– Filha, já pegou a pizza? – Gritou minha mãe ao ver minha pressa.
– Pega aí mãe, estou ocupada! – Eu abri o e-mail rapidamente e senti o coração bater acelerado quando li, oh meu deus...

De: Seu_Admirador@blockmail.com
Para: 22@blockmail.com
Assunto: Re: Quero te ver!
Oi, ... Bom, eu desisti de me esconder de você, então, sim, eu finalmente aceito me encontrar com você, conhece o Central Park não é? É claro que você conhece o Central Park... Bom, me encontra na frente do lago amanhã as 16:00 e... Bom... Antes de te ver quero dizer uma coisa, ... Eu estou apaixonado por você! Pronto! Eu disse! Eu só espero que você sinta alguma coisa por mim, sério, qualquer coisa... Até amanhã.
...
Eu já tinha passado a mão no cabelo umas dez vezes no caminho do meu carro até o lago, eu estava tão ansiosa... Passei a tarde inteira tentando escolher alguma roupa que me fizesse ficar bonita o suficiente, acabei usando um vestido, um casaquinho por cima e sapatilhas. Eu estava nervosa pra caramba, estava literalmente me esforçando pra não roer as unhas. Quando finalmente cheguei ao lago, prendi a respiração, tinha um garoto sentado de frente pra ele, me aproximei um pouco mais e respirei fundo.
– Admirador? – O chamei, quando ele se levantou e se virou pra mim foi como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre a minha cabeça, era... O ?!
– Mas o que...?
! Por favor! Eu posso explicar! – Disse ele, tentando se aproximar, dei alguns passos pra trás.
– O que significa isso, ?! – Gritei, ele paralisou por um momento e então engoliu em seco.
– Começou pra colocar você pra cima mas...
– Você... Você mentiu pra mim?!
– Era tudo real... Eu te amo! – Disse ele, me olhando profundamente nos olhos, eu sorri com desprezo.
– Eu pensei que você fosse meu melhor amigo, melhores amigos não mentem. – Falei, eu deveria ter percebido antes... Tantos elogios...
– Não! Eu não menti, , em nenhum momento, eu juro! – Disse ele tentando se aproximar outra vez, dei mais alguns passos para trás e estendi a mão, sinalizando pra que ele não se aproximasse.
– Fique longe de mim... – Falei, com a voz controlada.
– Mas, ...
– Fique longe de mim, ouviu? Não quero ouvir sua voz, não quero ver sua cara e muito menos estar em um raio de dez metros de você entendeu? Fique longe! – Gritei, ele arregalou os olhos assustado mas assentiu. Eu dei meia volta e corri pro meu carro e só quando eu entrei nele que eu percebi que tinha prendido o choro até aquele momento...

Capítulo 6


Eu não vi mais a naquela semana, ela me evitava no colégio, cabulava as aulas de química e sentava do outro lado nas das outras matérias. Eu só sabia como ela estava porque ela ainda mantinha contato com o Eric. tinha saído da minha vida e levado um pedaço de mim com ela, uma parte do meu coração. Tudo que tinha sobrado agora era um reflexo do cara que eu era, ter ficado sem ela tão abruptamente, e ainda por culpa minha, acabou comigo. Podia parecer ridículo mas em algum ponto idiota do meu cérebro eu acreditava que ela ia aparecer no lago e sorrir pra mim, me dizer que também me amava e me beijar apaixonadamente. É claro que nada disso aconteceu, não é?
! – Gritou Eric, estávamos estrando na aula de literatura, ele me puxou pelo braço.
– Aonde estamos indo? – Falei, o seguindo sem mostrar resistência.
– Sorveteria, assunto urgente. – Disse ele, não protestei.
Nós entramos no meu carro e eu dirigi até lá. Quando chegamos ele pediu o de sempre e eu uma água e fomos nos sentar.
– Cara, você tá péssimo. – Disse ele dando um gole no milk shake, provavelmente se referindo as minhas olheiras já que eu não dormi ontem.
– Direto ao assunto, por favor. – Falei brincando com a tampinha da minha garrafa de água.
conheceu um cara. – Disse ele tudo de uma vez, me fazendo parar o que estava fazendo e concentrar minha atenção nele.
– Outro... Outro cara? – só de imaginar um cara que não fosse eu colocando a mão na meu estômago reclamava.
– É, um outro cara, ela estava cabulando a aula de química ontem e ele também, ela me disse que “ele é lindo e muito gentil”. Cara, hora de agir! – Disse ele, estralando os dedos, pisquei algumas vezes processando a informação.
– Tudo bem, ela conheceu esse cara, mas eles não estão juntos, não é?
– Piii! Resposta errada! Ele convidou ela pra sair, hoje à noite. – Se eu estivesse com alguma coisa na boca certamente teria cuspido agora. – Alô? Cara! Essa é sua deixa! Vai lá e mostra que ama ela!
– Ela me pediu pra ficar longe, não posso simplesmente aparecer e fazer ela engolir o que sinto por ela. – Falei, dando de ombros.
– Meu deus! Quem é você e o que fez com o que eu conheço? Meu deus, cara! Não vai me dizer que prefere ficar por aí como um daqueles zumbis de The Walking Dead do que fazer algo a respeito?! – Disse ele indignado e me levantei.
– Ela me pediu isso, é o mínimo que posso fazer.
! Mas que droga! Luta pela sua mulher, filho de uma égua! – Ponderei um pouco sobre o que ele tinha dito e fui pro meu carro, eu precisava pensar em algo e rápido!

Narrando

Eu estava um caos! Eu sinto falta do , muita mesmo, mas não só do meu melhor amigo, mas também do “admirador”, devo confessar que eu pensei que quando encontrasse o admirador a gente ia viver um lindo romance, eu sei, ridículo, mas ao chegar lá e ver o ... Isso acabou com tudo, confundiu minha cabeça, eu não conseguiria e nem queria namorar o , droga! Mas eu precisava tirar ele, o admirador – e quem quer que ele fosse –, da minha cabeça. Por isso aceitei sair com o Jeremy, ele tinha se mostrado tão gentil... Por que não? Eu estava terminando de me arrumar quando ouvi a campainha, pra minha eterna sorte minha mãe não estava em casa, então eu mesma tive que atender.
– Já vou! – Gritei descendo as escadas, mas quando abri a porta minha voz foi embora, quem estava parado ali era o .
– Oi... – Disse ele, sorrindo de lado.
– O que... O que você está fazendo aqui? – Perguntei, ele respirou fundo e então olhou nos meus olhos, a intensidade daquele olhar fez minhas pernas bambearem.
– Eu... Eu só vim... Eu...
– Fala de uma vez.
– Sinto sua falta, . – Disse ele. – Falta de falar com você, de ouvir sua voz, de poder te tocar... Sinto tanta falta ... – Disse ele sorrindo triste.
– Eu não disse pra você ficar longe de mim? – Perguntei apenas pra me arrepender assim que as palavras saíram da minha boca, ele me olhou outra vez, estava com a expressão tão magoada que fez meu coração doer.
– Eu só... Eu te amo, . – Disse e se virou, atravessando a rua e indo pra casa. Respirei fundo e fechei a porta, não acreditava que ele teve coragem de vir até aqui e ir embora! Eu queria tanto abraçá-lo e dizer que também senti saudade... Eu sei, eu sei, eu disse o extremo contrário disso um minuto atrás, mas... É difícil pra mim, tá legal? Muito, muito difícil! Como se pra acompanhar a confusão que eu estava, uma tempestade começou a cair lá fora e eu vi que precisava fazer alguma coisa. Eu precisava do , mais do que precisava do meu orgulho idiota. Ele ainda era meu melhor amigo! Corri escada acima e peguei meu celular, ligando primeiro pro Jeremy e cancelando tudo, depois tentei ligar pro , mas o celular estava “fora da área ou desligado”. Merda! E que conveniente... Coloquei meus tênis e corri pra casa da frente, batendo na porta desesperadamente.
? Meu deus! Você está ensopada! – Disse a mãe dele ao abrir a porta.
– Onde está o ? Preciso muito falar com ele. – Falei, tentando enxergar algo atrás dela.
– Querida, ele saiu agora há pouco de carro, não sei pra onde ele foi e... – Nem deixei que ela terminasse a frase, apenas corri pro carro e dei partida, eu sabia onde ele estava. Quase bati o carro umas dez vezes antes de chegar ao Central Park, estacionei de qualquer jeito e fui em direção ao lago. Eu tinha plena consciência do que dizia sentir por mim, mas eu queria meu amigo de volta! Tinha certeza de que esse sentimento era algo que podíamos superar juntos e... Ele estava lá, estava sentado de frente pro lago olhando a água balançar com a chuva e eu senti uma vontade surpreendente de beijá-lo. Assim que me viu, se levantou, parecendo surpreso e naquele momento eu senti ainda mais vontade de beijá-lo... Eu nunca tinha reparado no quanto ele era lindo... O jeito como a água escorria pelo corpo dele, a maneira como a camiseta estava colada ao corpo dele e delineava perfeitamente todos os seus músculos... Até mesmo a maneira como a água pingava do cabelo dele, tudo irremediavelmente lindo.
... O que você está fazendo aqui? – Perguntou confuso, eu balancei a cabeça acordando do transe e caminhei até ele.
– Eu vim atrás de você querendo apenas meu amigo de volta, mas agora... Eu sinto muito por tudo que eu disse, eu fiquei totalmente confusa e arrasada ao descobrir que você mentiu pra mim, que você e o admirador eram a mesma pessoa, que não existia alguém que me amasse e achasse tão maravilhosa quanto o admirador me fazia sentir e...
– Eu amo. – Disse ele, interrompendo meu discurso. – Não posso negar que começou como uma maneira de tentar colocar você pra cima, fazer você se sentir bem, mas... Em algum momento disso tudo eu e ele nos tornamos a mesma pessoa. – Disse, dando um sorriso envergonhado. Eu sorri de volta, dando os passos que faltavam e passando a mão pelo rosto dele. Agora eu tinha certeza do que queria. Então o puxei pra mim e o beijei. Era estranho dizer que eu estava nas nuvens? Era como se tivéssemos sido feitos para nos beijar.
Ele passou os braços pela minha cintura e eu emaranhei minhas mãos em seu cabelo, fazendo um carinho em sua nuca. Ele gemeu de aprovação diante do meu gesto, me apertando mais contra ele. Nossas línguas brincavam uma com a outra, tentando desvendar cada centímetro de nossas bocas e quando ficamos sem ar, ele partiu o beijo, colando a testa na minha.
– Eu nunca tinha beijado na chuva, é estranho... – Disse ele, eu ri e calei a boca dele com a minha, antes que ele dissesse mais besteiras. Nunca me senti tão feliz na vida, eu, euzinha que desconfiava que não pudesse ser feliz no amor estava ali, nos braços do meu melhor amigo, do homem que eu amava, do homem que me amava, que jeito melhor de terminar isso tudo? Eu não encontrava nenhum.

Fim



Nota da autora: Olá amores!! O que acharam da fic? Comentem! Eu quero saber, podem acreditar lindas, essa história saiu baseada em um sonho que eu tive no dia que a escrevi, foi estranho, mas eu quis colocar aqui pra ver o que vocês achavam, mas... E aí? O que acham de parte dois? Espero resposta dessa pergunta! Até mais amores! (17/12/16)

Outras fanfics da autora
The Other Side Of The Moon – Teen Wolf/Em andamento (/fobs/t/theothersideofmoon.html)
No Time – Shortfic/Outros/Finalizada (/fobs/n/notime.html)





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