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Secrets Overloaded






Capítulo 1 - O pub



se olhou uma última vez, antes de sair de casa. Estava perfeita com o cabelo escovado, unhas feitas e maquiagem digna de uma Kardashian. Só o que lhe faltava era o absurdo de grana que cobravam por minuto. Deu graças a Deus pelos inúmeros tutoriais que existiam na internet, não seria nada sem eles.
Observou uma última vez a mensagem com o endereço do lugar que deveria ir e subiu no táxi, que a esperava na porta do seu prédio, mentalizando que tudo sairia exatamente como planejado. Ter quase 28 anos e ir a um bar sozinha não era dos seus programas preferidos, mas precisava encarar a realidade.
Chegar lá foi tão rápido quanto calçar o seu sneaker preto com detalhes em corino, mas seu coração parecia acelerado. Estava nervosa por qualquer motivo que fosse. Talvez, ter tirado algumas das milhares de pulseiras teria sido melhor, para chamar menos atenção.
Agora, também, já era tarde. Já estava lá e não tinha em que guardá-las.
Andou incerta até o fim da fila, que se formava para entrar no local que tinha uma fachada com o nome ‘The Pub’ iluminado numa luz neon amarela, bem clichê. Sabia que o lugar estaria cheio, pois um DJ famoso pelas redondezas tocaria naquela noite. Ao contrário do que o nome dava a entender, ali não havia somente algumas mesas e o bar em que as pessoas levantavam para pedir suas cervejas, era também uma boate com um bom espaço para as pessoas se acabarem na pista de dança. Havia lugar para todos naquela democracia.
Assim que saiu do táxi e parou, observando as pessoas na fila, o segurança a chamou para frente. Olhou para trás, certificando-se de que estavam falando mesmo com ela, mas, assim que deu dois passos, ele levantou a corrente de contenção.
— A senhorita pode passar — ele informou.
Foi impossível não ouvir os muchochos ou não sentir os olhares de repreensão quando passou na frente de todos, fazendo-a se sentir um pouco importante.
“Acho que tem suas vantagens se arrumar de vez em quando, né, ?”, a voz da sua consciência soprou no ouvido, não tendo como conter o sorriso com aquele comentário. Deu uma boa olhada em volta, à procura de um rosto conhecido, apesar de saber que não encontraria nenhum. Ali não era bem o lugar que gostava de ir.
Não sabia, com certeza, quem estava procurando, pois, assim como tinha ido sozinha, não tinha planejado com nenhuma amiga estar ali. Era uma oportunidade de experimentar como se sairia quando ninguém estava por perto para lhe dar cobertura.
Foi quando duas palavras deram convicção aos seus sentidos:
“É ele”.
Era ele. Como chamava atenção aquele homem alto!
Seus olhos cruzaram a pista de dança até o bar, onde esse cara extremamente charmoso se escorava enquanto bebia sua cerveja. Parecia um modelo, saído diretamente de um ensaio de uma revista de moda, com um estilo bad boy, tatuagens nos braços. Seu olhar era misterioso e discreto, como se estivesse sempre observando por todos os lados. Não dava para ver a cor do seu olho de longe, mas apostava que eles eram lindos de qualquer forma.
O cabelo estava penteado para trás, brilhando por conta da pomada, para deixá-lo num topete moderno. Ele era a própria reencarnação do James Dean e poderia dizer isso apenas por olhá-lo desta distância. Devia ter a idade de , mas, sem dúvidas, chamava muito mais atenção.
Imaginou o abdômen dele embaixo daquela camisa, com dois botões aberto, dando uma prévia do peito, que parecia muito bem trabalhado.
— Caralho! Ele é muito gostoso. — comentou alto.
“Eu não esperava isso, mas vai até o bar e disfarça, pedindo uma bebida”.
acordou dos seus devaneios e, a pequenos passos, seguiu provocante em direção àquele cara lindo, torcendo para chamar sua atenção. Eram grandes a chances disso acontecer, afinal, todo o charme do lugar não estava só naquele cara, ela também tinha seus atributos incontestáveis. A academia que frequentava não servia apenas para manter a saúde.
— Dê-me uma cerveja — ela pediu ao barman.
Quando o homem trouxe, olhou por cima do ombro e BINGO! Seus olhares se chocaram, causando um encontro de energias fora do comum. sorriu satisfeita, sem deixar de encará-lo e seguiu para a pista de dança.
Entendendo como um convite, ele a seguiu um pouco confuso com o que estava acontecendo ali, naquele exato momento, mas aproveitando a oportunidade de estar perto de uma mulher como aquela.
Não precisou nenhuma palavra, os olhares falaram mais que qualquer outro meio de comunicação que existisse. As luzes piscando e a batida da música envolveram os dois numa dança única, em que nada poderia ser feito para que o desfecho fosse diferente.
As bocas se encostaram, causando um novo sentimento: necessidade.
Pararam de balançar seus corpos, para se concentrarem nos movimentos das suas línguas explorando a boca do outro. sentia uma mão daquele cara no meio das costas, dando apoio para se encaixarem de modo único, enquanto a outra segurava sua nuca, impedindo que ela pensasse em fazer qualquer outra coisa que não beijar aquele individuo fora do comum que ali estava. Para não perder a oportunidade, abraçou-o, passando a mão por suas costas e constatando uma verdade muito bem-vinda: na hora da malhação, ele não deixava as costas de lado.
Ela se arrepiou com o pensamento, tinha uma tara por costas malhadas. Adorava ver o cara se espreguiçando, definindo as costas, ombros e braços. Era visível a diferença de uma pessoa que malhava as costas com quem não. Bom, pelo menos, para ela era e não poderia fugir desse gosto ali, ainda mais depois de sentir toda esta conexão. Seria um enorme balde de água fria, se fosse o contrário.
As bocas já estavam roxas com tanta pressão quando separou, precisando de um pouco mais de ar.
— Depois de quanto tempo beijando uma pessoa que você não conhece é possível dizer que você sabe o que é basorexia? — sorriu, vendo que seu batom tinha ficado todo no rosto dele.
“É SÉRIO, , A PRIMEIRA COISA QUE VOCÊ FALA AO CARA É UM TERMO MEGA DESCONHECIDO PARA A VONTADE INCONTROLÁVEL DE BEIJAR OUTRA PESSOA? EU VOU EMBORA!”.
— Não sei, a gente pode descobrir agora — ele devolveu o sorriso, envolvendo-a em mais um beijo rápido. — Meu nome é , por sinal. E o seu?
.
— Acho que o prazer será tanto meu quanto seu. — Ele piscou o olho, deixando bem claro que aquilo não pararia por ali.
Puxou-a para um canto mais tranquilo, perto do bar, e fez o sinal para o garçom trazer mais duas cervejas.
— Você vem sempre aqui?
“Sério, , você precisa sair mais. MESMO. Olha as cantadas que você está usando!”.
— Não, é sério. Não é cantada, não me leva a mal... — ela tentou se explicar, depois de perceber que realmente a frase tinha saído como uma cantada barata que alguém sem criatividade falaria. — É curiosidade mesmo.
“Tá muito ridícula”.
— Parei. — fez um “zíper” fechando na boca.
riu, achando-a divertida.
— Quase minha segunda casa — ele respondeu, entregando a garrafa. — Você que eu nunca vi aqui.
— Primeira vez. — Ela brindou sua cerveja na dele. — E tive a sorte de vir ao lugar certo, no dia certo.
“Quanta sorte!”.
— O destino nos traz surpresas boas, de vez em quando. — sussurrou no ouvido de , arrepiando todos os seus pelos do corpo.
Entre garrafas vazias de cerveja, conversas aleatórias sobre o lugar, sobre eles, sobre o vazio existencial da humanidade e beijos desesperados, viram a festa passar num piscar de olhos. O jeito com que trocavam carícias acendia o desejo por mais do que poderiam ter naquele momento. Olharam para a pista, com apenas alguns gatos pingados (e bêbados) se balançando sem mais nenhuma força, lutando contra a gravidade.
— Você sabe que a festa não precisa acabar aqui, não é? — passou os braços pelo pescoço de , colocando um pouco do seu peso sobre ela. — Eu tenho uma maneira muito melhor de terminar a noite e posso te mostrar, se você quiser.
não estava tão bêbada assim, mas sabia que a sua voz da consciência já havia ido embora lá pela quinta cerveja. E era extremamente atraente, com suas mãos enormes. Só de pegá-lo a noite inteira tinha certeza que não iria se arrepender do que pudesse acontecer dali para frente. Não havia contras naquela equação, apenas prós.
Sentiu seu coração palpitar ao se dar conta que iria à casa dele. Não era uma oportunidade que poderia perder.
— Cobro promessas com juros e correções, hein. — mordeu o lóbulo da orelha de , provocando-o.
E, em poucos minutos, subiram na moto dele, saindo com destino certo.

Capítulo 2 - A cama



— Fica aqui na cama! — puxou , que estava sentado na beira da cama, prestes a levantar.
Aquela tinha sido duas semanas espetaculares da sua vida, desde que se conheceram. Ela dormira na casa que ela logo descobriu que não era dele, mas de um amigo, onde ele estava passando um tempo. E ali era onde vinha acordando com frequência.
— Eu preciso ir a um lugar agora. — deu vários beijos no colo de . — E você também precisa ir trabalhar, não?
Olhou o relógio marcando 8 da manhã. Bufou. Horário era para os fracos.
— Quinze minutinhos não vão me tirar o emprego — ela disse com um ar sapeca.
gargalhou alto, colocando-se por cima e beijando o pescoço dela.
— Seu chefe não vai ficar chateado se você não aparecer para uma reunião super importante qualquer de uma marca famosa qualquer? — insistiu, falando entre os beijos.
era publicitária e trabalhava numa das agências mais conhecidas do país.
— Ele vai ter que superar — respondeu, fazendo-o ficar por baixo, enquanto trocavam carícias.

Depois que os dois conseguiram ultrapassar o obstáculo chamado cama, estavam prontos para saírem de casa.
— Quer uma carona? — perguntou.
— Não precisa, vou encontrar um amigo aqui perto.
— Pode-se saber para o que?
— Nada de importante. Besteira.
sempre desconversava sobre coisas pessoais. Agia como se fosse normal não ter uma casa, pais ou amigos. Pelo tempo que passaram juntos, ele sempre recebia ligações misteriosas, as quais sempre tentava descobrir alguma coisa, mas conseguia ser muito discreto.
Apesar disso, confiava nele. Não parecia ser alguém perigoso. A conexão que haviam criado era intensa demais para deixar qualquer coisa pequena como essa atrapalhar.
— Mais tarde, a gente se fala. — Deu um beijo nela, seguindo para o lado contrário.
seguiu para casa. Não precisava necessariamente estar no trabalho hoje.

Os dias foram passando na mais perfeita paz, com e se envolvendo mais e mais. Ela estava claramente apaixonada por ele, e ele, apesar de aparentar ser um pouco mais distante, não ficava tão atrás. Tinha um cuidado especial com essa mulher.
estava esperando-o em sua casa naquela noite. Era a primeira vez que ele iria lá, e sentia que precisava fazer alguma coisa especial, mas estava nervosa com o pensamento de que poderia não gostar. Porém, não custava tentar.
Ouviu batidas na porta e correu, dando pulinhos animados, já imaginando quem seria.
— Oi! — ela disse rápido, puxando um confuso para dentro de casa. —Esta é minha humilde residência, sinta-se à vontade.
Ele não parecia estar nem um pouco interessado naquele quarto e sala com cozinha americana. O que estava chamando toda atenção era o short curto de e a blusa cavada, mostrando todo o sutiã roxo com rendas pretas e algumas pedrinhas brilhantes nele.
— Uau! Acho que preciso, mesmo, frequentar mais esta casa.
não se intimidou, deu uma mordiscada no lóbulo da orelha dela, seguido de um aperto demorado na bunda. Eles se olharam, sabendo exatamente o que queriam fazer.
— Senta ali. — apontou para uma cadeira no meio da sala/cozinha. Desconfiado com o que ela estava aprontando, ele obedeceu. — Ótimo. Agora, você é meu.
Encarou-o sentado, ansioso pelo que poderia acontecer em seguida.
— Eu tenho um presente.
suspendeu a sobrancelha, curioso.
— Não é nada demais — explicou —, mas estava passando na rua e me lembrei de você.
— E o que seria? — perguntou, sorrindo. Achou legal da parte de se lembrar dessa forma carinhosa. — Estou curioso.
— Não é nada demais, mas espero que você use com carinho.
mostrou uma caixinha, abrindo-a delicadamente.
— É um escapulário. Não sei se você é religioso, mas eles trazem proteção.
Ele esticou o braço, retirando o colar, e imediatamente colocou em seu pescoço.
— Muito obrigado — sorriu sincero. — Proteção extra nunca é demais.
Puxou pelo braço, fazendo suas bocas se encontrarem.
— Já disse que você fica ótima nesse short? — ele comentou, dando uma olhada nas coxas dela.
— Já disse que esta camisa fica ótima no chão da minha sala? — disse, sentando de pernas abertas no colo, de frente para .
Sem nenhuma resistência, ela tirou a camiseta, que atrapalhava a visão do tanquinho de . Um abdômen definido era o que tinha à sua espera. Mordeu os lábios com aquela visão.
— Que delícia! — ele sussurrou, fechando os olhos, quando sentiu os lábios dela encostarem em seu pescoço. Era uma sensação muito boa para ser reprimida.
espalmou a bunda de , que fez um caminho de beijos e mordidas, até seus lábios se encontrarem. Beijaram-se ardentemente, sentindo a excitação crescer. As línguas se tocando tinham o poder de transformar aqueles dois em duas poderosas armas sexuais. Era possível se atrever a dizer que o desejo recíproco formava o encaixe perfeito de energias. Os dois tinham sido feitos para transarem um com o outro.
Ela rebolava, provocando .
As mãos de percorreram todo o corpo dele, até parar no que estava procurando: o volume intenso que surgiu nas bermudas do cara.
Suas mãos massageavam com vigor o membro de , por cima da bermuda, enquanto o viu gemer entre os beijos que trocavam.
Sem se separar, com habilidade, abriu a bermuda e liberou o pacote da cueca, conseguindo finalmente massagear adequadamente o pênis. não se segurou, gemeu, jogando a cabeça para trás. O movimento de subir e descer que fazia com as mãos, alcançando todo o cumprimento do membro dele, liberando a glande e conseguindo mexer com as terminações nervosas certas era enlouquecedor.
fez menção de tirar a camisa de , mas ela o impediu.
— Calma aí, baby.
Disse, escorregando e tirando de vez a parte de baixo dele, para ficar frente a frente ao que interessava.
Vendo as intenções ardilosas, sorriu com o canto da boca.
— Sem pressa...
Antes que pudesse terminar a frase, sentiu a umidade fazendo-o arrepiar e a língua de lamber toda a sua extensão. Os movimentos de vai e vem eram precisos e alternados, aumentando e diminuindo o ritmo. apoiava a mão na cabeça de , pressionando em alguns momentos, para sentir o seu membro encher a boca da mulher.
Quando soube que não conseguiria se segurar por muito mais tempo, segurou o cabelo grande de , puxando-a para cima. Ela passou as pernas pela cintura dele, que levantou-se, carregando-a daquele jeito para o quarto.
— Agora é a minha vez. — disse, dando chupões nos seios de .
— Eu não me importo. Eu topo o que você quiser.

A sensação inebriante de acariciar a pele de estava presa na cabeça de . E ela se pegava pensando nele, de vez em quando. Sentia-se feliz vivendo aquele momento, e toda a liberdade de poder demonstrar o que sentia era muito prazerosa. Liberdade essa que ele nunca foi contra ou se sentiu sufocado.
Estava sendo muito engraçado a evolução das coisas entre eles. sentia-se muito confortável em falar sobre coisas que não estava acostumada, e a cama, UAU!, o que era aquele homem quando puxava seu cabelo, beijando seu colo? Era arrepio na certa.
Abraçou-o por trás, mordendo o lóbulo da sua orelha, enquanto assistia-o fumar o cigarro, sentado o mais perto possível da janela do seu apartamento. Uma cena que estava se tornando comum com o passar dos dias.
— Pensando no quê? — perguntou, vendo o semblante distante dele.
— Nada demais. — bateu o cigarro no cinzeiro, tirando o excesso de cinzas. — Você e eu... Como a gente se encontrou.
— Alguma coisa errada? — afastou-se.
— Errada? Certíssima! — Ela respirou, aliviada com a resposta. — Apesar de que eu nunca encontrei ninguém tão interessante naquele lugar.
— E você continua frequentando por quê?
Ele sorriu de lado.
— Deixa para lá.
achou a resposta muito vaga, mas não queria pressionar.
— Vou fazer um sanduíche. Você quer? — perguntou, indo em direção ao balcão.
Ouviu um sonoro ‘com certeza’, que a fez sorrir.
Preparava o lanche, sem pressa, quando ouviu o telefone de tocar. Observou-o fitar a tela do celular, mudando o semblante e ficando sério imediatamente. Atendeu, pedindo à pessoa do outro lado da linha aguardar um instante e passou para o quarto de , sorrindo para ela e fechando a porta atrás de si.
Quem ligaria para ele quase meia noite de uma quinta-feira?
o seguiu e ficou alguns segundos tentando ouvir atrás da porta, mas parecia controlar bastante seu tom de voz, pois nada passava por entre as paredes. Voltou para o que estava fazendo, sendo consumida pela curiosidade.
Pegou seu celular e enviou uma mensagem rapidamente, quando abriu a porta novamente, já arrumado para sair.
— Onde você vai uma hora dessa? — perguntou, colocando os pratos em cima do balcão da cozinha.
— Vou ali — ele disse vago, indo em direção à saída.
— E vai fazer o que?
Ele bateu a porta, antes de responder, deixando extremamente irritada. Se sentindo ultrajada com aquela atitude, abriu a porta, vendo-o ir em direção à escada, e gritou:
— NÃO SE DÊ AO TRABALHO DE VOLTAR!

Sábado. Dia de extravasar, ainda mais depois daquela saída dramática que fez ao deixar a casa. Ainda mais depois que ela perdeu a ligação dele no outro dia. Ainda mais que ele não respondeu a mensagem que ela enviou. Se tinha uma certeza, naquela noite, era que precisava de uma boa dose de uísque.
— Eu sei que eu não deveria ficar assim, mas é um saco isso.
— Já passa. Não vai durar muito, mesmo, essa briguinha.
era uma das grandes amigas de . Trabalhavam juntos, sempre protegendo a outra. E era a única pessoa com quem poderia reclamar da vida naquele momento. O jeito despojado de ajudava a amenizar o clima.
virou outra dose. Não sabia ao certo que horas havia começado a beber, mas não tinha planos de parar por ali.
— Você precisa controlar essa ansiedade, . — colocou seu olhos castanhos, levemente amendoados em cima da amiga, demonstrando um pouco de preocupação.
— Também sei disso, mas não posso evitar. Como é que eu vou fazer para ele voltar, se não me responde?
— A gente vai dar um jeito, né? Nessas horas, é só dar um tempo, que tudo se ajeita. Homens não são tão complexos assim.
O celular das duas apitaram, notificando o recebimento de mensagens. Se entreolharam, achando estranho aquilo acontecer.
— Não acredito que esses idiotas fizeram isso. — bufou, mexendo impaciente no longo cabelo preto cacheado, sem acreditar no que lia.
Antes que pudesse expressar qualquer reação de desprezo pela mensagem que também recebera, seu celular tocou.
— Nem tudo está perdido — sorriu, mostrando o visor para a amiga e atendeu. — Oi?! O que aconteceu? Meu Deus! Calma, calma... Eu tô com uma amiga na rua, mas já tô indo para casa. Encontro você lá, então? Ok, beijos. — Desligou. — O dever me chama!
levantou-se, batendo as mãos com a amiga, num high five da vitória.
— Eu vou consertar a bagunça, é o que me sobra! — deu um longo gole na cerveja.
Não demorou muito para que o táxi parasse na porta do prédio antigo, que precisava de uma reforma na fachada, saindo uma meio cambaleante, devido ao efeito do álcool, depois de incontáveis doses, misturadas a algumas canecas.
Tirou a chave do bolso para abrir o portão e, quando conseguiu, alguém a segurou pelo braço, empurrando-a para dentro. O coração de acelerou, porém quando fez menção de gritar ou ter qualquer reação sensata, a pessoa sussurrou em seu ouvido:
— Sou eu. Só anda, vai.
Reconheceu aquela voz desesperada. Era . Vestido todo de preto; inclusive, o casaco com capuz, no meio da noite.
Subiram a escada até o segundo andar, calados. Ele, com uma cara suspeita, verificando, em todo momento, se não havia ninguém seguindo, e ela, com uma cara assustada, tentando entender o que estava acontecendo.
— Qual foi a do cosplay de ‘The Black Parade’, Gerard Way? — ironizou, no momento em que fechou a porta do seu apartamento. Assim que o viu, toda a raiva que passou nos últimos dias veio à tona. — E eu te disse para não voltar mais aqui.
ignorou os comentários, seguindo pelos cômodos minúsculos e, mais uma vez, verificando se não havia mais ninguém por lá. Foi até a janela da sala, vendo a rua sem qualquer movimentação, e puxou a cortina, tapando qualquer visão exterior.
— Será que você pode me explicar o que está acontecendo, ? — franziu o cenho, sem entender aquelas atitudes.
Ele sentou no sofá, colocando a mão na cabeça e parecendo um pouco preocupado.
— Eu não sei o que aconteceu, nós fomos cuidadosos. E eu não tenho outra solução rápida.
“Que dramático. Acho que ele vai contar que pegou alguma DST. Olha aí com quem você tá saindo!”.
rolou os olhos disfarçadamente, com a frase. Claro que não era isso.
— Como assim? — disse, engolindo a raiva e vendo a preocupação genuína no rosto de .
— Eu não posso mais ficar na casa do meu amigo.
— Por quê?
— A polícia invadiu a casa dele. Simplesmente, não posso mais ficar lá.
— E o que aconteceu?
— Não sei, não sei.
o olhou confusa. Era uma conversa muito estranha.
“Por favor, pergunte mais alguma coisa. Ninguém normal aceita essa resposta!”.
Mas não sabia exatamente o que perguntar a ele. Era uma mentira deslavada o que estava dizendo e, no entanto, não poderia confrontá-lo. Não com num estado catastrófico como aquele.
— Era alguma coisa perigosa?
— Um pouco.
Era possível sentir, no seu tom, a tentativa de amenizar a situação.
— Mas você não está envolvido com o que seu amigo fazia, está?
olhou sério nos fundos dos olhos de . Estavam querendo passar alguma mensagem, e ela entendeu o que queria dizer. Era melhor não saber de mais coisa.
“Ei, presta atenção! Esta é uma ótima oportunidade para você. Agora, pode tê-lo perto todos os dias!”.
— Tem razão — respondeu de forma automática.
— Sobre?
“ Ah, sua louca! Para de falar sozinha!”.
— Ah, nada, minha consciência falando comigo. — Disfarçou, antes de respirar fundo, e sentou ao lado dele, tirando o capuz e acariciando o seu cabelo. — Você fica aqui, a gente dá um jeito nisso.
— Obrigado. — a abraçou, beijando o topo da sua cabeça. — Eu não queria te envolver de nenhum jeito, mas, de alguma forma, você foi a primeira pessoa que me passou pela cabeça. E, de todos os lugares que eu quis estar, aqui é onde me sinto mais seguro agora.
Foi uma verdadeira surpresa ouvir aquilo. Uma luz acendera em , transformando sua expressão preocupada em um sorriso singelo, envolvido em ternura. Entendia os riscos da situação. Estava embarcando numa verdadeira enrascada, mas estaria muito bem acompanhada pelo caminho. Talvez, valesse a pena.
“Ai, meu Deus, o menino tá apaixonado!”.
— Estarei sempre de portas abertas para te receber — disse com a cabeça afundada no peito dele. — Mas eu ainda tô com raiva de você, viu? Nunca mais me deixe falando sozinha!
— Eu prometo. — Eles se separaram. — Só a título de perdão, os pratos são meus, enquanto eu estiver por aqui.
— Obrigada, senhor! Por que não disse antes? Você já moraria aqui desde o primeiro dia em que nos conhecemos!
Eles sorriram, sentindo algo forte no peito dominar, como uma conexão nunca antes sentida por nenhum dos dois.
Pareciam poder confiar um no outro e, com esse sentimento bom, foram se ajeitar para dormir, enquanto o sol já ameaçava acordar.

Capítulo 3 - A gente



Eles viviam uma verdadeira vida de casal; dividiam as tarefas e até as contas, pois se recusou a ficar na casa sem ajudar. Os dois estavam numa sintonia quase perfeita, aproveitando e curtindo a companhia do outro. Tinham uma personalidade muito parecida, apesar de todo o mistério que rondava . Sua expressão fechada quando recebia uma ligação ainda mais misteriosa que a sua vida. Os dois estavam, há todo momento, bebendo, se divertindo com pessoas aleatórias e desfrutando todas as noites como se fossem as últimas.
Mas, apesar de parecidos, tinha uma curiosidade muito grande sobre os detalhes que ele teimava em omitir e esconder. E incomodava não saber o que estava realmente acontecendo.
— Já vai sem tomar café? — perguntou quando o viu pegar o casaco e rumar para a porta.
— Não posso me atrasar, tenho uma reunião importante — respondeu, voltando para dar um beijo na testa dela.
— Com quem? — Não conseguiu esconder a curiosidade. — Assunto importante?
— Com um grande empresário. Não posso deixá-lo esperando, né?
Sem dar muitos detalhes, pegava o seu caminho ao encontro de vários empresários, que não possuíam nome ou atividade definida. Quando perguntava o que ele fazia, dizia que trabalhava como representante comercial, que hora lidava com vendas e, em outras, com intermediação entre empresários, mas nunca adentrava sobre o que eram essas vendas.
precisava saber o que estava acontecendo e, naquele dia, tomou uma decisão: iria segui-lo, para descobrir exatamente sobre o que ele falara.
— Vai lá. Bom trabalho! — Assistiu-o bater a porta atrás de si.
Pegou o celular, deu dois toques e o guardou no bolso.
“O que você vai fazer?”
— Segui-lo. É agora que eu descubro.
Decidida, pegou rápido sua bolsa e desceu a escada o mais rápido que pôde, ainda em tempo de vê-lo saindo em sua moto.
Antes que saísse do prédio e corresse em direção ao seu carro, estacionado na porta do prédio, um veículo preto, com vidros escuros, parou ao seu lado, revelando uma figura muito conhecida.
— Você não pode fazer isso!
— Cala a boca, . — disse grossa, abrindo a porta do seu carro. — Eu pre-ci-so.
— Eu vou — respondeu decidida. — Você não pode se arriscar desse jeito.
bufou, mas não tinha muito tempo para discutir. A cada instante, estava mais e mais distante.
— Vai logo, antes que você o perca!
— Fica tranquila, tenho meus meios. — sorriu de lado.
O carro acelerou e, em poucos segundos, sumiu de vista, deixando olhando o nada.
Respirou fundo, acalmando-se, afinal, não havia mais o que fazer, além de esperar alguma notícia da amiga.
Subiu novamente a escada, se jogou no chão gelado, esfriando a temperatura do corpo e a mente. Mas logo se sentiu entediada. Não existia nada mais chato que esperar. Levantou-se, andando de um lado para o outro, na esperança do tempo voar, porque correr ainda não era o suficiente.

Quando o relógio bateu, indicando que havia dado 11 horas da manhã, deu um pulo, batendo palmas. Ela continuaria esperando, mas, pelo menos, esperaria tomando uma boa taça de vinho, cozinhando o seu almoço.
A garrafa já ia embora pela metade quando seu celular vibrou com a mensagem de :
Acho que o príncipe é um sapo mesmo.
Logo depois, recebera uma foto de em um dos parques mais movimentados da cidade, abraçado a uma loira alta e sorrindo do mesmo jeito que ele sorria para ela. A loira parecia ser alguns anos mais velha que ele, porém, na foto, ninguém parecia se importar com isso.
Deu um longo gole da própria garrafa e sentou-se no sofá, perguntando-se o que faria a seguir.

Quando abriu a porta, perguntou-se o que havia acontecido. Havia algumas garrafas em cima da mesinha de centro e uma jogada no sofá, aparentemente, dormindo.
Ele a pegou no colo e percebeu que quem bebera tudo aquilo só poderia ter sido ela. Enquanto caminhava, ouviu-a choramingar.
— Tudo bem, tudo bem. — Ninou-a até colocá-la na cama.
— Não é justo. — disse, embolando as palavras, enquanto se enrolava com seu edredom.
— O que não é justo, baby? — disse, colocando-se ao lado dela e fazendo carinho na sua cabeça.
— Você ser você. Eu ser eu. — Virou-se, enroscando-se no peito dele e agarrando-o com todas as forças que tinha naquele momento. — Eu preciso te odiar, mas como, se eu estou apaixonada?
Ele sentiu algumas lágrimas molharem sua camisa.
— Odiar-me?
— É, você não vale nada.
— E você passou da conta hoje. — gargalhou alto, se desvencilhando dos braços, com um beijo na testa, vendo-a retornar a mais uma etapa do sono.

A dor de cabeça acordou , no meio da madrugada. Tateou o espaço ao lado, perguntando-se como teria ido parar ali e tocando na pele fria de , que dormia profundamente.
Com dificuldade, sentou na beirada da cama e ligou o abajur ao seu lado. Sorriu, em reflexo, ao ver que, antes de ir dormir, colocara um copo com água e um analgésico em cima, para quando acordasse com ressaca.
Por que ele tinha que ter feito isso? Era a única pergunta que rodeava o pensamento de , enquanto caminhava lentamente em direção ao banheiro.
Por que nada poderia ser simples e descomplicado? Por que tinha que ter se metido com ele? Logo com ele?
Ainda estava bastante chateada com isso quando retornou à cama e encostou seu corpo ao de , numa conchinha.
A sensação da pele dele com a sua tinha ficado presa em sua cabeça, e ela não conseguia evitar os arrepios quando o beijou repetidamente na nuca e ouviu um gemido de quem estava gostando do que acontecia. Suas mãos passeavam pelo abdômen definido, sentindo o movimento do diafragma, a cada respiração. Logo, suas mãos desceram delicadamente, alcançando a barra da cueca samba canção, que ele usava para dormir.
— Que ótima maneira de ser acordado — ele comentou, virando-se para ficar frente a frente com .
Ela sorriu, enchendo a mão com uma das melhores partes de , enquanto trocavam beijos efervescentes. Ele puxou a perna dela, fazendo-a se enroscar na sua cintura e direcionou sua mão por entre as pernas de . Enfiou-se por dentro da calcinha, arrancando um gemido abafado.
fechou os olhos, sentindo aqueles dedos massagearem delicadamente o ponto certo da sua intimidade com movimentos circulares. A umidade aumentava na mesma medida da intensidade dos movimentos. Desistiu do que estava fazendo, concentrando-se apenas na mágica que estava fazendo acontecer ali.
— Mais rápido — pediu, tendo seu desejo atendido imediatamente.
sentia o calor exalar pelos seus poros, aumentando consideravelmente quando sentiu os dedos de invadirem o seu interior. Gemeu alto, demonstrando o quanto estava bom. Mais um pouco e chegaria ao ápice.
Mas ele interrompeu o movimento, colocando-se por cima dela. Rapidamente, tirou a parte de baixo dos dois, encaixando-se nela. sentiu a pressão, levando a um arrepio de satisfação e, como demonstração, agarrou os lábios de com os dentes, sem machucá-lo, mas com a intenção de tirar um pedaço. Aquele cara a deixava insana!
Os movimentos mantinham a mesma frequência, com alguns aumentos, de vez em quando. não conseguiria esperar mais. Todos aqueles estímulos se converteram em um estremecimento que a percorria dos pés a cabeça, seguido de uma sensação de relaxamento completo.
gemeu mais alto ainda, ao ver que a mulher havia alcançado a sua plenitude, e intensificou os movimentos. As gotas de suor molhavam seu cabelo, até que, numa última estocada, viu os pelos eriçados do homem e ele praticamente desabar em cima dela.
Ela o abraçou o mais forte possível. Não queria pensar que aquilo teria um fim.

Depois do dia em que recebera as fatídicas fotos de com outra, , todos os dias, assistia-o sair e voltar para casa, e pegava-se confusa com o que sentia. Não poderia estar realmente apaixonada, mas incomodava bastante saber que estava sendo traída.
Não deixou transparecer qualquer desconfiança. Levou tudo na melhor maneira, até porque precisava se manter calma diante dos acontecimentos. Não era ali, nem dessa forma que aquilo terminaria. Precisava apenas manter a calma e o foco.
Deitou no sofá, após um estressante dia de trabalho, querendo apenas relaxar e ser transportada para um novo mundo. Exceto que seu celular vibrou, no momento exato em que imergia, avisando que chegara uma mensagem.
Bufou com aquela interrupção, pegando o celular.
Voltarei tarde, não me espere! Xx
Rolou os olhos ao ler o que estava escrito. Claro que voltaria tarde. Já não bastava as inexplicáveis saídas no meio da noite, agora também começaria a chegar tarde a casa. Em pouco tempo, acreditava, nem estaria mais ali. Encontraria outro lugar e seguiria sua vida, enquanto ela ficaria esperando-o. Porém, apesar de todos os pensamentos negativos, viu uma boa oportunidade ali de tentar descobrir algo por trás do mistério que era . Deu dois toques no celular e o desligou.
“Mas o que foi agora?”
— Não posso ficar de braços cruzados, esperando-o me contar alguma coisa! — falou alto, sozinha. — Vou revirar as coisas dele, para saber se não deixei passar nada.
“Ele nem tem tanta coisa assim. Será que vai sair alguma coisa interessante dessa aventura?”
— Bem, não custa tentar.
rumou para a cômoda em que guardava suas coisas. É verdade que ele entrou lá com apenas uma mochila e uma caixa com coisas pequenas, de valor sentimental, porém não vira nada de substancial.
Esperava encontrar respostas, mas não tinha tantas esperanças assim. O que quer que escondia, fazia muito bem, sem deixar rastros.
Subiu em uma cadeira, para alcançar o que tinha em cima do guarda-roupa, pegando uma caixa que lá estava. Colocou com delicadeza em cima da cama. Viu a mochila de guardada lá dentro.
“O que temos?”
— Nada de interessante. — comentou, sem emoção, enquanto revirava a caixa quase vazia, com apenas alguns carregadores de celular já corroídos, livros e alguns souvenires. — Só umas tranqueiras sem valor.
“A mochila”.
balançou a mochila, tentando descobrir se tinha mesmo alguma coisa, antes de abri-la.
— Parece vazia, mas eu ouço um mexido. E tem mesmo uma coisa grande e maciça por dentro.
Abriu todos os zíperes, mas não encontrou nada. Sacudiu de cabeça para baixo, na tentativa de derrubar o que quer que estivesse lá dentro, mas, fora alguns papéis, nada mais caiu.
— Tem alguma coisa aqui, mas não consigo achar.
“Olha no fundo se não tem nenhuma abertura disfarçada”.
Enfiou a mão e tateou incansavelmente por todas as paredes do objeto. Estava quase desistindo quando descobriu outro zíper por dentro do revestimento, no encontro da costura, tão imperceptível que não acreditou quando o abriu e viu um envelope gordo lá dentro.
Curiosa, abriu com pressa o envelope.
— UAU! — Abriu a boca, espantada com o que vira. — Eu nunca vi tantas notas de 100 juntas. Deve ter, pelo menos, 50 mil dólares aqui!
Jogou todo o conteúdo no chão, espalhando os montes de dinheiro. O tilintar de metal atingindo em cheio o chão ecoou pelo quarto, fazendo duas chaves brilharem, refletindo a luz do quarto.
— Duas chaves. — Pegou-as, observando. — De onde serão?
“Mais nada?”
Deu uma última olhada no envelope, mas não havia mais nada. Só o dinheiro e as chaves.
— Eu vou descobrir de onde elas são — comentou decidida.
Guardou o dinheiro e as chaves novamente, colocando a caixa do jeito que a encontrara. Se guardava tanto dinheiro assim em casa é porque o que quer que tenha se metido, era necessário ter essa quantia em mãos para qualquer eventualidade.
— Será que ele planeja fugir em algum momento?
“Talvez. Essa chave aí que precisa de uma explicação urgente!”
Parou por um momento, refletindo sobre seus próximos passos. Uma onda de descontrole pairou sobre sua cabeça e seu olhar voltou-se direto à cômoda de roupas.
Estava certa de que havia alguma coisa lá, que explicaria o que acabara de encontrar.
Começou a revirar as gavetas, à procura de alguma coisa que lhe fosse útil e que desse sentido para o que acabara de descobrir.
— Nada! — dizia enquanto bagunçava as gavetas. — Não tem nada aqui!
De repente, sentiu o arrepio de alguém observando-a, parando instantaneamente o que estava fazendo. Abaixou a cabeça, totalmente envergonhada do que estava fazendo.
— Que diabo está acontecendo?! — cortou o silêncio com um grito estridente.
Ela virou-se devagar, vendo-o sustentar uma expressão nada amigável, preenchida de uma raiva tão grande que conseguia ver exatamente o que os outros chamavam de cólera.
— Você perdeu a cabeça? — Ele caminhou até ela. — O que você está fazendo, mexendo nas minhas coisas, ?
— Você disse que chefaria mais tarde! — ela tentou desconversar.
— Eu fiz uma pergunta. — a agarrou pelos braços.
— Na-da — respondeu, encolhendo-se, com medo do que ele poderia fazer. — Solte-me! Você tá me machucando!
Ele apertou ainda mais forte. contraiu os punhos o mais forte que pôde.
“Calma. Respira. Ele não vai te machucar”.
— Tô machucando? Quem você pensa que é para mexer nas minhas coisas assim?
— Eu só... — Não tinha certeza alguma do que falaria. Estava concentrada em não sentir as dores que estava sentindo. — Estava procurando um colar que eu perdi.
a soltou, ainda cheio de fúria.
— Você não parecia fazer isso — disse entredentes, abrindo todas as gavetas. — O que você estava procurando?
— Eu já disse, . — Seus olhos encheram de lágrimas. — Meu colar.
se jogou em cima da cama, fungando.
— Você acha que eu vou acreditar nisso, ?
— Mas é a verdade!
— Que verdade? Eu não sei o que você está procurando, mas não está aqui.
abriu a única gaveta que não conseguira ver ainda, pegou um pequeno bloco de notas e colocou discretamente no bolso de trás.
— Essa foi a última vez que você faz isso — ele ameaçou, batendo o pé para fora de casa.
— Não, baby! — correu atrás dele, fazendo-o parar no meio do caminho. — Para! Para onde você tá indo?
— Não te interessa. Você foi louca o suficiente de revirar minhas coisas.
— Por favor, . Não faz isso comigo. — forçou um abraço. — Eu não fiz por mal.
— Não importa.
deu as costas, deixando desolada com a cena da porta batendo.

Capítulo 4 - O perdão


Passaram-se dias desde que saíra de casa e não dava mais notícia alguma. Ele sequer havia levado suas roupas ou retornado para pegar qualquer coisa que fosse.
Será que era assim que terminariam? Com ele simplesmente dando as costas e indo embora, sem pensar um segundo no que viveram?
Cansara de ser ignorada pelo telefone, precisava fazer alguma coisa. Não podia ficar sentada, vendo o tempo passar, e perdê-lo cada dia mais.
Havia um lugar em que teria as respostas que procurava: 'The Pub'. O bar em que conheceu e que ele frequentava assiduamente. Alguém, por lá, daria alguma informação relevante. Precisava, pelo menos, tentar.
Em pouco tempo, falara com os atendentes certos, que haviam visto os dois juntos, e conseguiu convencê-los a contar onde poderia encontrar , e se encontrou no caminho para o bairro nobre da cidade, onde só existiam verdadeiras mansões.
O grande número 41 em dourado, ao lado de um portão imponente, não deixava qualquer pessoa perdida à procura da casa.
— Gostaria de falar com — informou ao segurança mal-encarado, que ficava na entrada.
— Como é o nome da senhora?
.
Em um idioma desconhecido, que acreditou se tratar de russo, o segurança trocou algumas frases pelo rádio, deixando-a passar logo em seguida.
— Onde é que eu tô? — Foi se perguntando, até chegar a uma porta de madeira clássica com detalhes em vidro.
“Rapaz, se o grande segredo dele é que ele é rico a esse ponto, abre os braços e vai com fé”.
Não conseguia imaginar atrás daquela porta. Aquele lugar era luxuoso além da imaginação, os jardins eram exuberantes e cada detalhe daquele lugar exalava riqueza. O dourado brilhava mais que o sol.
Fez menção de tocar a maçaneta, no entanto, outro segurança mal-encarado, melhor armado que o primeiro, abriu a porta, fazendo gestos para que ela entrasse em casa. Dava para ver uma pistola de cada lado em sua cartucheira, que fez engolir em seco ao vê-lo fechar a porta, se perguntando onde havia se metido.
Por dentro, a casa era ainda mais magnifica. Toda revestida em madeira, a porta ficava em frente a uma escada, que se dividia em duas, até o próximo nível. Era extremamente lindo. Uma luminária de tamanho desproporcional com milhares de cristais dava o toque final àquela parte da casa. Havia corredores para os dois lados, porém não era possível ver os outros cômodos.
— A bolsa — o segurança ordenou com sua voz grossa e um sotaque diferente.
“Esse cara está muito armado para o meu gosto, isso é bem revelador”.
Obedeceu, entregando o que havia sido solicitado.
— Estou procurando por . — Tomou coragem para perguntar: — Você o conhece?
Não houve resposta. O segurança continuou revirando a bolsa, abrindo a carteira e verificando a identidade da mulher. Colocou a bolsa no chão e aproximou-se, abrindo os braços.
entendeu a mensagem: ele queria revistá-la. Mas por que diabos alguém iria querer fazer isso numa casa como aquela? Imaginou as pessoas milionárias sendo muito mais educadas com as visitas.
Incerta, abriu os braços. O segurança parecia não ser a pessoa certa a querer contrariar.
Antes que ele colocasse as mãos em , alguém apareceu, interrompendo a ação do cara:
— Não precisa, Gleb. Ela está limpa.
Era com seu semblante sério e altivo, que descia a escada.
— As ordens são de revistar qualquer pessoa que entre, .
— A ordem, agora, Gleb, é você deixar essa moça em paz. — disse pretencioso, pegando pelo pulso. — Eu me responsabilizo com Polina.
Ela sorriu ao vê-lo usando o escapulário que havia dado de presente.
“A GENTE TÁ NA CASA DA POLINA, ! HAHAHA Você merece todo os presentes do mundo!”
— Polina? — se fingiu de desentendida. — Quem é essa?
O guarda resmungou alguma coisa no que parecia ser russo, como o primeiro, no entanto, para a surpresa de , pareceu brigar com o cara, usando o mesmo idioma.
— Você fala russo? — perguntou assustada, soltando-se.
— Ucraniano.
— UCRANIANO? — repetiu alto, ainda mais surpresa. — Quem, no mundo, fala ucraniano?
O segurança limpou a garganta alto, chamando atenção; parecia ofendido com as palavras de .
— Desculpe — disse sincera. — Mas por que diabos você fala ucraniano?
fechou os olhos, suspirando.
— Quem é essa, bonitão? — uma mulher loira e alta perguntou, com o mesmo sotaque acentuado dos guardas, do alto da escada, e desceu elegantemente com seu louboutin, seguida por dois homens de ternos, que franziam o cenho com a cena.
“É ELA?! Pensa rápido, !”
Imediatamente, colocou a mão no peito, como se tivesse sido atingida por alguma coisa. Não podia ser. Era a mesma loira alta que estava na foto que havia enviado.
— O quê? — gritou e deu um tabefe na cara de . — Eu te acolhi, . E você me retribui me traindo com essa vadia?
Numa reação rápida, o segurança sacou a arma e apontou para uma , que estava sendo contida por . Quando viu a arma apontada em sua direção, gritou de susto, fazendo soltá-la, colocando as suas mãos em seu próprio rosto.
— Ah, Gleb, não exagere. — A loira pegou o cano da arma e abaixou. — Não está vendo que a garota está assustada?
“Garota? Quem ela pensa que é?”
, controle-se. — colocou as duas mãos no ombro dela, para pedir, e virou-se para a loira. — Polina, me desculpe. Eu resolvo isso.
— Resolve? — A loira colocou seus braços ao redor do pescoço de , fazendo trincar os dentes imediatamente. — Tenho uma maneira mais fácil de ensinar quem é a vadia aqui.
“Qualquer que seja a coisa que ela fará, saia correndo”.
Polina o pegou pela nunca, beijando-o com intensidade e separando-se logo depois.
— Agora, você entende quem está sendo traída aqui?
prendeu o grito dentro de si, sentindo o ultraje de ter visto aquela cena, de estar ali naquele cômodo. Pegou a bolsa, no reflexo, e saiu correndo, sem olhar para trás.
Agora, era a vez de sentir o desespero de ver a porta batendo, levando para longe, enquanto Polina gargalhou, sendo seguida por todos os outros homens na sala.
— Você não facilita para o meu lado, hein? — a repreendeu.
— Por favor, bonitão, em dois tempos, você dá jeito nisso. Conserte essa bagunça e que isso não volte a acontecer.

Mais uma vez, se via na companhia da sua garrafa preferida de vinho e sua melhor amiga em seu apartamento.
Contava à o que estava sentido, depois de tudo o que havia acontecido no dia anterior, enquanto a amiga ria sem parar:
— Bom, pelo menos, saí viva daquela fortaleza. — também abriu o sorriso ao finalizar a história.
— Que inveja! Queria ser você, nessas horas. Adoraria ter, finalmente, conhecido Polina, a amante do meu namorado.
— Você ri, bonita, porque não era você sob a mira daquela arma, indefesa.
— Ai, , não vá contar essas histórias aos seus netos.
— Ah, para. Claro que eu vou contar, mas a versão editada!
As duas gargalharam juntas, sendo atrapalhadas pelo celular de , que apitava desesperadamente, chamando sua atenção. Fitou a tela do celular, indo em direção à janela.
— Uh! Parece que as coisas vão esquentar por aqui. — Brincou.
correu para saber o que a amiga estava olhando e observou aquele cara, que conhecia muito bem, entrando no prédio.
— Ôpa! Não achei que ele viesse tão cedo. — parou por um segundo, atônita. — E você está aqui!
— Ai, meu Deus! Eu tô aqui! — se desesperou. — ! Eu tô aqui!!! Eu não posso estar aqui!!!
— Você não pode estar aqui!!!
Correram juntas pelo apartamento, na esperança de que um portal se abrisse e tirasse daquele lugar.
— Ok. Para. — agarrou a outra pelos ombros. — Você não pode, mas está aqui. Vamos lidar com isso.
— Ok. — A amiga respirou fundo. — Como?
— Não sei! — Emburrou-se, cruzando os braços.
foi novamente à janela, analisando.
— Muito alto. Poderiam ter te arranjado um apartamento num andar térreo.
— Poderiam, mas, agora, estamos aqui!
As duas se entreolharam quando ouviram a chave no trinco e a porta travar com o pega-ladrão.
, sou eu. Deixe-me entrar. — suplicou. — Por favor.
— Eu tive uma ideia. — cochichou. — Enrole-o.
— O que você está fazendo aqui? — obedeceu e disse, encostando na porta, com uma cara desolada. — Eu não quero te ver.
— Eu preciso te explicar o que aconteceu, baby.
fez sinal para continuar enrolando, enquanto colocava sua echarpe na cabeça, para imitar hijab, o véu islâmico que cobria o colo e a cabeça.
— Não precisa, eu sei muito bem o que eu vi. E aquela sua desculpa de que eu estava mexendo nas suas coisas caiu direitinho com seus planos, não foi?
— Não, . Deixe-me entrar. Vamos conversar.
Viu levantar o polegar, avisando que estava pronta, o que fez rolar os olhos.
— O que foi? — perguntou impaciente, tentando se enfiar pela porta, para saber o que acontecia. — Quem está aí?
— Só um segundo. — sorriu forçado, batendo a porta na cara de .
Ouvindo as batidas desesperadas na porta, correu até o seu guarda-roupa, pegou um casaco e deu a .
— Ninguém vai acreditar nessa sua versão mulçumana com os braços de fora, besta.
— Bem pensado! Pode abrir, pode abrir. — vestiu o casaco, cobriu a boca, o nariz e o cabelo com o lenço, deixando apenas seus olhos de fora.
quase levou um murro, pois abriu a porta com preparado para batê-la.
Baby! — Ele entrou com pressa, segurando um buquê em uma mão e a abraçando com a outra. — Promete que vai me ouvir?
ofereceu o buquê de rosas a , vestindo seu melhor olhar arrependido.
— Bem, essa é minha deixa. — fingiu um sotaque que mais parecia de um indiano tentando falar francês. olhou desconfiado para ela. — Olha o preconceito, gato. Não é porque eu estou de véu que sou terrorista, ok?
tentou esconder o sorriso, vendo um sem graça.
— Esta é minha amiga — apresentou — Joana.
— Amani.
As duas falaram o nome ao mesmo tempo.
— Joana Amani. — apressou-se em explicar, não deixando abrir a boca. — Sabe comé, os pais libaneses sonhando com o ocidente têm dessas coisas de querer homenagear tudo, né? Olha o preconceito.
— Não sabia que tinha amiga mulçumana. — tentava não ofender.
— Algum problema? Eu não sabia que saia com caras de fraternidade. Você não está um pouco velho para isso?
— Mas eu nã...
— Tá certo, JOANA AMANI. — interrompeu a pequena discussão, chamando a atenção. — Não está na hora da sua oração?
— Ah, sim! — pareceu se lembrar de que precisava ir embora correndo. — Minha oração. Não posso perder, né? Beijos! Até mais!
A porta bateu, sobrando apenas um confuso e uma com uma cara nada boa segurando as rosas, que ele havia lhe dado, batendo o pé e esperando o que quer que ele tinha para falar.
— Eu errei — disse, chegando perto e acariciando as bochechas de . — Eu não deveria ter desconfiado. Você sempre foi boa para mim, sempre faz eu me sentir em casa. Eu reagi mal à cena. Estou no meio de uma negociação importante.
— E, no entanto, a primeira coisa que você fez foi correr para os braços daquela lambisgoia plastificada. — Afastou-se emburrada.
sorriu, por um momento, ao vê-la com ciúme, mas logo voltou a ficar sério.
— Na verdade, para ficar mais simples, Polina é minha chefe, mas ela também consegue ser um pouco temperamental. Por isso, reagiu daquela maneira. Digamos que ela precisa dos meus serviços assim como eu preciso que ela os mantenha comigo.
— Bem vi os serviços que você ofereceu.
— Não são esses serviços que eu faço. — Ele chegou perto da orelha de , arrepiando seus pelos. — Esse tipo de serviço eu só presto a você.
— Você tem certeza que não tem nada com essa tal? — perguntou, já sentindo que o perdoaria. Aquele modo que falava e o golpe baixo de chegar perto da sua orelha. Ela não era mulher suficiente para resistir a tentação. Ainda mais quando a tentação era um cara lindo e definido como ele.
— Certeza absoluta, são assuntos apenas profissionais. — Ele enrolou os braços na cintura dela.
— Ela me parece perigosa — comentou, levantando o pescoço e pedindo por algumas carícias.
— Nenhum pouco. — beijou o pescoço de , desestabilizando-a. — É apenas por segurança.
Ele parecia sincero com suas palavras, não havia por que desconfiar. Precisava dar um voto de confiança, afinal, também havia mentido sobre estar mexendo em suas coisas.
— Eu só preciso saber mais uma coisa. — Ela interrompeu os carinhos e olhou séria no fundo dos olhos dele. — Como assim você sabe falar ucraniano?
Ele gargalhou e roubou um beijo prolongado. Era bom sentir aqueles lábios novamente, estava com saudade.
— A necessidade faz coisas incríveis com os seres humanos — ele sussurrou, voltando a colar as bocas em um beijo sensual e ávido.
Não dava mais para controlar aquela força que havia tomado conta. retribuiu com intensidade, passeando suas mãos pelas costas dele. desceu os beijos pelo pescoço dela, fazendo-a sentir um calor instantâneo. A abertura havia sido dada e a aproveitaria, sem pensar duas vezes.
Com jeito, ele a virou de costas bruscamente, beijando a nuca e colocando as mãos sobre os seios da mulher; apertou com vontade, arrancando um gemido de , que sentiu uma sensação gostosa invadi-la, fazendo-a juntar ainda mais os corpos e sentindo aquele volume dentro das calças dele querendo ficar livre. Ele a mordeu, enquanto ela experimentava as pontas dos seus dedos.
tirou as alças do vestido de , deixando o seu colo nu, e a virou, ficando frente a frente novamente. Os olhos denunciavam todo o desejo, eles queriam um ao outro. Então, ela puxou a camisa de , deixando à mostra o peitoral tão definido e viril que ela adorava.
Voltaram a se beijar ansiosos; desta vez, com ele agarrando a bunda daquela mulher linda e delicada que se transformava numa selvagem ávida por ele. aproveitou o ensejo e pulou em seus braços, fechando as pernas ao redor de . Os desejos se encontraram por cima das roupas, enlouquecendo ainda mais os dois.
a carregou até o balcão da cozinha e afastaram tudo o que estava em cima, sem se preocupar com a bagunça que faziam.
Ele a deitou, beijando e lambendo os seios, que já estavam à mostra. fechou os olhos, apenas pensando no momento em que o teria dentro de si. O sugar suave de nos peitos dela a fazia sentir tantas coisas ao mesmo tempo que era difícil descrever o momento maravilhoso que estava vivendo.
Foi quando demonstrou que o que estava bom poderia melhorar ainda mais e desceu os beijos, enquanto tirava a calcinha da mulher. Ao tocar com a língua no clitóris, desejou que aquele momento jamais acabasse.
O modo com que ele a lambia e usava a língua era extremamente prazeroso, e a única coisa que podia fazer era pedir por mais e mais. Quando ele enfiou seu dedo pela intimidade dela, tudo o que se ouviu foi um gemido alto, indicando que ele não parasse, e assim continuou, massageando seu ponto, enquanto investia seus dedos nela.
não conseguiria se segurar, nem queria. Em poucos momentos, iria alcançar o seu êxtase.
— Vem, gostosa!
Não havia mais nada a fazer, além de obedecer. enfiou a língua no lugar em que seus dedos estavam, enquanto as mãos tinham voltado aos seus mamilos.
sentiu aquela onda de relaxamento invadir, descontraindo todos os seus músculos.
Segundos depois, subiu, juntando as bocas e encaixando os corpos, fazendo-os se movimentarem de forma sincronizada. A única coisa que eles tinham a certeza é que usariam os seus corpos para diversão, até que cada pedacinho parecesse acabado e, então, usariam novamente.

e haviam tirado o fim de tarde para apreciar o pôr do sol na cidade. Caminhavam sem pressa, abraçados, pelo calçadão da cidade, que seguia pela orla. O píer era o lugar mais frequentado por amantes no final da tarde. Sentaram na bancada, observando as pessoas passarem.
— Acho que nunca confiei em alguém assim. — comentou, parecendo mais pensar alto que querendo falar, mas virou-se para olhar nos olhos de . — Não sei o porquê, mas eu sinto que posso contar com você para qualquer coisa.
Ela enrubesceu com a declaração.
— Eu estou aqui para isso. — Deu um beijo na bochecha dele, observando o sorriso crescer em seu rosto.

Capítulo 5 - Juro que não vai levar muito tempo


— Posso perguntar uma coisa? — criou coragem enquanto voltava a casa com . — Não tente me enganar, ok? Está bem óbvio para mim que você não trabalha com nada legal, mas, até hoje, eu não entendo. Que produto é esse?
... — Ele balançou a cabeça. — Fica fora disso, pelo seu bem.
— Eu já estou nisso. — Entonou a palavra ‘já’, demonstrando que já sabia mais do que deveria.
— Você acha que eu te colocaria em perigo? — disse, abraçando-a forte, sem atrapalhar a caminhada.
— Não é isso. Mas eu vi a cara da sua chefe... Quem trabalha com ela... Eu me sinto parte. — Soou mais sincera do que esperava. Estar com ele, desde a primeira vez, era estar envolvida em toda essa história.
— Qualquer pessoa pode conhecê-la ou me conhecer, sem saber com o que lidamos, baby.
— Como você se meteu nessa? — continuou o questionamento, cheia de curiosidade.
— Eu sou um bom gerente e agarrei a oportunidade que encontrei. — deu de ombros.
— Então você é gerente das operações ilegais da Polina, certo? — Ela quis se certificar.
— Dessa maneira, você me faz parecer o vilão. — Ele sorriu. continuou encarando-o, esperando por uma resposta. — Jesus! Mulher! Eu sou o gerente de operações ilegais da Polina, satisfeita?
devolveu o abraço apertado, entendendo que ali era o fim daquela conversa.
Agora que estava tudo um pouco mais claro para , entender as saídas repentinas no meio da noite e as ligações misteriosas ficara particularmente aceitável. Porém, ainda sentia a necessidade de saber o que aquelas duas chaves que encontrou representavam e sabia que não poderia simplesmente perguntar como quem não quer nada.

Observou à vontade no sofá da sala, enquanto assistia a um jogo de futebol, que passava no domingo à noite. Ele bufou ao ver seu telefone tocar, com o recebimento de uma mensagem. Com pressa e atenção, o assistiu correr até o quarto e retornar, anotando algo num bloco de notas.
Ela, então, acordou.
Talvez, a resposta para o que estava procurando estivesse bem ali, nas mãos de . Lembrou-se de quando ele a pegou mexendo em suas coisas, e aquele bendito bloco fora o único objeto que se importou em levar consigo quando desapareceu.
Aquilo fazia sentido, não fazia?
? — chamou, fazendo-a acordar de seus pensamentos. Ela apenas respondeu com “hum?”. — Vou tomar um banho. Você pede a pizza?
— Claro, pode deixar.
entrou no banheiro, e tudo o que conseguia ver era aquele bloco em cima da mesinha do centro e a grande oportunidade de descobrir o que estava escrito ali.
Foi até a porta do banheiro, se certificar de que estava lá. Teve a certeza quando ouvira o barulho do chuveiro.
Correu de volta à sala. Não havia muito tempo para ela. Observou que cada página havia um nome e números que, para ela, eram aleatórios. No fundo do caderno havia uma mensagem diferente que dizia “1- MBC 328 2 -GD 14” em uma linha e, na outra metade do papel, estava escrito “917 10/08 19”.
Tirou foto de todas as folhas e colocou correndo de volta ao lugar, antes que retornasse.
Voltou ao seu lugar, tentando encontrar um sentido para aquela última mensagem que lera. Será que as siglas seriam de um comprador? Mas os números não faziam sentido. Nada ali fazia sentido.
— Ei! — Acordou com as mãos de balançando na sua frente. — Eu perguntei se você pediu a pizza.
— Ai, esqueci!
— O que foi que você entrou no mundo da lua?
— Nada não. Coisa do trabalho. Pepperoni?
assentiu. ligou, ainda tentando encontrar uma resposta plausível.

O sorriso que exibia era o mais bonito que vira. Ele parecia genuinamente feliz, naquela sexta-feira.
— Como você está bonito hoje! — ficou na ponta dos pés para beijá-lo. — E feliz. Aconteceu alguma coisa especial?
— Hoje é sexta! — Ele a levantou, dando um giro no ar. — Arrume-se. Hoje, as bebidas são por minha conta.
— Demorou!
Em alguns minutos, se arrumou e saíram. Não demorou muito a chegar ao lugar onde acontecia uma festa cheia de brilho, luzes e animação. A galera era embalada pelos últimos hits de djs famosos, contagiando a todos.
— Vou pegar uma bebida. Fica aqui. — falou no ouvido de , num tom mais alto, devido ao volume da música.
Seguiu-o com o olhar até o bar, mas logo se perdeu nos inúmeros rostos que se encontravam por ali. Permitiu-se dar uma olhada ao redor. Não sabia o que esperar da noite e, pelo sim, pelo não, deu dois toques no celular.
— Alguém ligou? — apareceu ao seu lado, dando um leve susto.
— A operadora mandando mensagem.
deu de ombros, mostrando as mãos em que equilibrava duas doses de tequila em uma e, na outra, duas canecas de chope. brilhou os olhos, mostrando todos os dentes.
— Tequila bomb! — Pegou um de cada, roubando um beijo. — Por isso que eu te amo.
“Quando eu acho que você tem salvação! Não me faça isso...”
— Só por isso? — disse, levantando uma sobrancelha.
— Não só por isso, até porque, se nós falarmos de corpo... — Ela o olhou de cima a baixo. — Você tem um perfeito. Tá de parabéns!
Ele riu alto.
— Tá certo. Mas vamos ao que interessa? — colocou a mão mais à frente, segurando a tequila acima da caneca. — Pronta?
imitou o movimento.
— Só se for agora!
“Que mundo injusto!”
Os dois contaram até três e viraram a caneca, engolindo a dose de tequila. Antes que alcançasse o fundo, os dois levaram as canecas à boca, bebendo todo o conteúdo o mais rápido que conseguiam. olhava para enquanto tentava beber mais rápido que ele, no entanto, não teve sucesso.
— Não vale! Quero uma revanche! — reclamou, sorrindo e limpando a boca com a mão. — Você tem que me dar 2 segundos de vantagem!
— Por quê?
— Você tem uma boca maior! — ela disse como se fosse óbvio.
— E a sua é o que? Já vi conseguir colocar uma coisa que, de pequena, não tem nada.
A cara de confusão de só durou 1 segundo.
— Ridículo! — Gargalhou, dando um tampinha no ombro.
“Olha, eu não vou ficar aqui, ouvindo essa pouca vergonha! Além disso, tenho mais o que fazer”.
— Tá certo. — disse alto, um pouco confusa.
— O quê? — perguntou.
— Quero uma revanche! — ela repetiu, tentando desconversar.
Sem demora, foi ao bar comprar mais bebida.
Os dois estavam se divertindo como há muito tempo não faziam. Sentiam-se livres na presença um do outro, bebiam o quanto podiam, gargalhavam sem pudor. fazia se sentir muito confortável com sua presença. Era um alívio poder se sentir relaxado por alguns momentos, tendo em vista a vida que levava.
A bebida parecia fazer seu efeito mais e mais.
— Eu preciso ir ao banheiro. — avisou, mordendo o lóbulo da orelha.
— Isso foi um convite? — devolveu o carinho, dando um leve chupão no pescoço dela.
— Não, é sério. — Ela riu. — Volto em dois minutinhos.
Ele piscou.
— Tudo bem, eu vou ver se encontro alguns caras com quem tinha marcado hoje — ele explicou.
Afetada pelas luzes que piscavam, com dificuldade, chegou ao banheiro. Molhou o rosto, agradecendo ao inventor da máscara à prova d’água, tentando retomar os sentidos. Parou por alguns minutos, dando-se conta de onde estava e com quem estava.
Por que não podia ser mais um cara normal, que trabalhava das 9 às 5, como qualquer outra pessoa? Valeria a pena pedir para que ele se afastasse de todo perigo?
Enxugou o rosto, continuando a se olhar no espelho. Sentiria falta dele.
“Sai daí agora!”
Retocava o batom quando sentiu o arrepio a atingir.
Sem terminar, guardou tudo correndo e, antes que abrisse a porta, invadiu o banheiro, fazendo as mulheres que estavam lá reclamarem.
— A gente precisa sair correndo. Deu errado!
— O quê? — perguntou confusa, enquanto era puxada pelo pulso.
— Um dos compradores estava sendo monitorado, a polícia o prendeu, mas eu consegui fugir. — Ele corrigiu a frase: — Quer dizer, conseguirei quando sair deste lugar.
o parou por um segundo, pedindo calma. Precisava parar para pensar em uma boa saída, porque não conseguiriam escapar pela porta de entrada.
— Fica aqui. — Fincou-o no corredor de acesso aos banheiros.
— Eu não posso ficar parado — ele cochichou com raiva.
— Eu sei. A gente vai sair. Dê-me um segundo para olhar o lugar.
Confiando nela, deixou-a ir até a entrada dos banheiros e olhou todo o salão da festa. Estava procurando o lugar por onde sairiam despercebidos. Viu os dois caras, que pareciam policiais à paisana, falando com um dos barmans e apontando para onde ela estava parada.
No bar oposto em que se encontravam os policiais, viu uma garçonete saindo por uma porta que dava para o depósito.
“O depósito dá para os fundos. Você só vai ter essa chance”.
Segurou o salto e fez sinal para que se aproximasse, correndo.
— Aquela porta é a nossa saída. — Apontou. — A gente precisa correr, os policiais estão vindo para cá.
Em questão de segundos, e correram, chamando a atenção da festa e abrindo caminho para os policiais. Pularam por cima do balcão do bar, passando pela porta que queriam.
“À direita”.
puxou , virando à direita, com os policiais logo atrás deles. derrubou algumas garrafas, tentando diminuir o ritmo deles. Dava para ver a pouca luz do beco no fundo do bar, pois a porta estava aberta. Quando a atravessaram, pisou num caco de vidro, caindo, sem poder correr mais.
Uma moça de cabelo preto ondulado e olhos amendoados entrou no beco, assustando-se com a cena inesperada.
, corre. — pediu, vendo o pé sangrar. — Tá tudo bem se eles me pegarem. Você é quem precisa sair daqui o mais rápido possível. A gente se encontra em casa!
estava hesitante, mas os policiais chegaram, apontando a arma para , que se rendeu, mesmo se contorcendo de dor. Viu um deles sair correndo atrás de si e não pensou duas vezes.
Porém, antes de sumir na rua, passou pela mulher.
— Meu chefe vai me matar por isso. — Ouviu-a reclamar e sacar uma arma para o cara que o perseguia. Sem querer descobrir onde terminaria, correu até não aguentar mais.

Horas depois, quando o dia já amanhecia, um táxi parou na porta daquele prédio antigo já tão conhecido e, de lá, saiu uma abalada, com o pé direito enfaixado. Uma lágrima desceu ao ver correr ao seu encontro e colocá-la no colo.
— Você tá bem? — Ele distribuiu beijos pelo rosto dela. — Eles fizeram alguma coisa?
Ela apenas o abraçou aliviada.
— Eu só estou cansada.
— O que aconteceu lá? — perguntou com uma mistura de curiosidade e preocupação. — Quem era aquela mulher que apareceu?
O coração de deu uma leve acelerada.
— Uma segurança do local. Ela achava que eu estava sendo roubada, por isso acabamos indo todos à delegacia, mas eu não fazia ideia do que eles estavam falando. Quando souberam que seu nome era Daniel Thermopolis, acharam que tinham se enganado e me deixaram no hospital.
— Você mentiu para a polícia? — Ele riu. — Esta é minha garota.
— Acho que posso ser considerada uma criminosa, agora, também. — Segurou-o com mais força. — Mas, por favor, não me deixe passar por isso novamente.
Sorrindo, ele a beijou no topo da cabeça.
— Não sei o que teria feito sem você.

Alguns dias se passaram desde o acontecido, levando a dar mais atenção a que antes.
— Bom dia, pumpkim pie! — Ouviu-o a acordar.
Com a dificuldade natural de quem estava apenas acordando, o viu segurando uma bandeja com o café da manhã.
— Nossa! Acordar assim deixa a gente muito mais feliz. — Ela deu um beijo na bochecha dele, afastando-se para ele sentar ao seu lado, apoiando a bandeja em seu colo. — A que devo essa honra?
— Achei que você merecia — ele respondeu, passando a mão por entre o cabelo dela, dando um leve puxão e beijando o pescoço dela.
— Não faz assim que eu me apaixono. — disse, entregando-se aos carinhos.
Ele riu por entre os dentes, chegando perto do ouvido da moça.
— Algum plano para hoje à noite, baby?
— Depende. Se você tiver alguma coisa mais interessante em mente, eu cancelo o que quer que eu tenha.
— Prometo que não vai se arrepender. Então, hoje às 19 horas. Coloque sua lingerie mais sexy. — lhe deu um beijo no olho e voou para fora da cama. — Eu vou tomar banho.
— Isso não se faz! — jogou um travesseiro na direção dele.
Rindo, mandou uma mensagem para , cancelando os planos de logo mais à noite.
Logo, se aprontou e era a vez de . Meia hora depois, ela estava terminando de colocar a casa em ordem, antes de pedir seu táxi para ir ao trabalho. O seu pé já havia praticamente sarado, mas ela evitava andar de carro, para evitar forçar os ferimentos e retardar a cicatrização.
— Hoje, eu vou ao centro. Se quiser uma carona... — ofereceu entre goladas na sua xícara de café.
— Fazer o que por aqueles lados? — franziu o cenho.
— Preciso dar uma passadinha no Metropolitan Bank Central.
pareceu se dar conta de algo, mas sorriu logo em seguida.
— Vamos nessa? — disse, pegando as chaves e a bolsa, sendo seguida por .

Capítulo 6 - O desfecho



— Pronta? — entrou no quarto, vendo colocar seus acessórios.
— Pronta.
observou pegar a caixa em cima do guarda-roupa, tirando a mochila de dentro.
— Aonde você vai com essa mochila?
— Lugar nenhum. — Colocou a mão dentro, procurando por alguma coisa e retirando as duas chaves que já conhecia. — Só preciso disto.
animou-se ao vê-las. Para onde quer que estivessem indo, encontraria todas as respostas para suas perguntas. No mesmo instante, recebeu uma mensagem e foi correndo olhá-la:
Hoje é 10 de agosto. Não use os brincos.
Um olhar de confusão tomou o rosto de , mas não questionou. Desolada, na mesma hora, tirou os brincos que sempre usara. Estaria sozinha naquela noite.
— O que foi?
— Nada. — Deu um beijo em , tentando disfarçar sua expressão. — Estou ansiosa. Podemos?
deu um tapa na bunda dela, antes de saírem do quarto. Em alguns passos estavam entrando no carro de e indo ao destino.
— Você não me disse aonde estamos indo — ela falou com um curioso receio.
— Surpresa. — piscou.

segurou a reação quando observou a fachada do lugar. Nela gritava o número 917. Sua memória a levou diretamente ao papel que havia visto e a mensagem que havia recebido mais cedo. 917 10/08 19. Lugar, data e hora. Mas não havia sentido ela estar ali. Havia?
Eles entraram, deparando-se com um grande palco ao fundo e mesas espalhadas ao redor. O lugar era escuro, iluminado por luzes vermelhas, que a fazia lembrar um clube de stripper.
— O que acontece aqui? — perguntou.
— Esta é a maior casa de apresentação de Show Girls do estado.
continuava sem entender. Por que ele a levaria a um clube de stripper?
— Você me trouxe para ver mulher pelada?
— Não, baby. — Ele riu e explicou: — Primeiro não fale que Show Girls são strippers, principalmente, na frente da Polina. Ela não gosta da confusão que fazem. Elas são dançarinas sensuais com pouca roupa, mas não significa que são vulgares. Segundo, a surpresa vem depois e a sós.
— Polina está aqui?
— Está — confirmou de forma natural. — Ela é a dona.
Eles atravessaram o lugar, entrando por uma porta escura quase secreta, dando para um novo cômodo com uma música mais dançante. Era algo como o camarote do lugar. Havia um grande sofá no canto, com uma mesa baixa, e era possível ver um pequeno corredor com algumas outras portas.
reconheceu Gleb, o segurança que tentou revistá-la na casa de Polina, vindo em sua direção, enquanto permitiu que ele passasse um detector de metais pelo corpo, entregando o celular nas mãos dele. Logo após, voltou-se para .
— Desta vez, você não me escapa. — Ele sorriu de canto de boca com aquele sotaque estranho. — Espero não encontrar nada suspeito. Seria um desperdício você trabalhar para os feds.
Rolando os olhos, levantou os braços para que fosse revistada. O detector apitou, fazendo o coração dela acelerar. Era o celular.
— O celular fica comigo.
— Mas... — Tentou argumentar, sem sucesso.
— Deixa, . Depois, nós pegamos de volta. — a puxou.
Caminharam em direção ao sofá. Ela pôde ver Polina e os outros dois caras, que estavam em sua casa, bebendo e rindo felizes.
! — Polina levantou-se ao vê-la. — Fico feliz que tenha vindo, apesar da maneira como nos conhecemos. Sente-se.
— Tudo bem. Acontece — disse, sem certeza —, eu acho.
Polina gargalhou.
— Não se preocupe. Ninguém te fara mal. É só uma questão de, como vamos dizer... — Tomou um gole da sua champagne. — Medida extra de segurança.
pediu uma explicação pelo olhar a , mas Polina continuou:
— Você não sabe o que eles estavam fazendo na minha casa. — Apontou para os homens. — Mas foi inteligente o suficiente para encontrá-la. E me conhecer. Acredita que o FBI não consegue fazer o que você, uma simples publicitária, fez? Então não tivemos alternativa. Precisávamos de você aqui, na assinatura do contrato, para garantir que nada sairá dessa sua boquinha linda. — Apertou com força as bochechas de . — Ou não levarei em conta meu querido e terei que dar um fim em você.
Sem saída, tudo o que conseguia fazer era concordar, balançando a cabeça afirmativamente. Seu coração queria pular do seu peito. apertou a mão a qual ele a segurava, para tranquilizá-la.
— Ótimo! Deixem as meninas entrarem! — ordenou.
Um grupo de 3 mulheres entrou. Pareciam artistas burlescas com pouquíssimas roupas, tapando apenas o bico dos seios e usando a parte de baixo de um biquíni pequeno.
Brilhavam e balançavam suas penas ao redor dos homens, colocando um sorriso estúpido em suas faces.
Uma das dançarinas passou uma pena pelos braços de . Quando seus olhos se encontraram, a dançarina sorriu, fazendo-a suspirar aliviada. Graciosamente, ofereceu a pena a ela, junto com uma algema, que hesitou em pegar. Não sabia o que faria com aquilo.
— Alguém vai se divertir muito esta noite! — Polina meteu a mão nos objetos e jogou no colo dela.
— Mal posso esperar para depois. — sussurrou em seu ouvido.
— Nem eu. — devolveu com uma mordida na boca dele.
Os homens pareciam extremamente empolgados com as dançarinas, mas, antes que o assunto principal perdesse o rumo, Polina mandou que as meninas parassem o que estavam fazendo, criando um clima de tensão no ar.
— Depois, vocês terminam seus assuntos com as minhas lindas dançarinas. Agora, vamos ao que interessa. Trouxeram o combinado?
Imediatamente, os homens se recompuseram. Um deles tirou um saquinho preto de veludo do bolso interno do paletó e colocou em cima da mesa.
— Onde está o produto? — ele perguntou.
colocou ao lado do saquinho uma das chaves.
— Galpão das Docas, número 14.
Os dois trocaram os objetos. conferiu o conteúdo, fazendo uma pequena cachoeira de diamantes inundar sua mão.
olhava tudo aquilo com atenção. Deveriam ter uns 50 diamantes ali, o suficiente para acabar com a fome na África, tinha certeza, e faziam seus olhos brilharem em admiração.
— Foi um prazer fazer negócios. — Polina trocou aperto de mãos com os homens. — Agora, podem aproveitar as garotas. É apenas mais um agrado pelo ótimo negócio que fechamos hoje.
No mesmo instante, o clima de festa retornou, e as três puxaram os dois para uma das portas do corredor, sumindo com eles depois que a porta bateu.
guardou o pagamento da transação no bolso da frente da calça. Levantou-se junto a , fazendo um cumprimento com o queixo para Polina. A loira respondeu com o mesmo gesto e, sentada, assistiu guiar para uma das outras portas.
Adentraram um quarto à meia luz, ornamentado com diversos tipos de diversão para casais; inclusive, uma barra de ferro prateada para pole dance. sorriu de orelha a orelha, fazendo ficar animado com sua reação.
Beijou-o com vontade, tirando sua camisa e conduzindo para onde estava a barra, fazendo-o gemer quando suas costas quentes encontraram o gelado do ferro. Separou-se, mostrando as algemas. entendeu o recado e colocou as mãos para trás.
— Eu nunca vou esquecer isso — ele entoou com satisfação.
— Tenho certeza.
Poucos segundos depois que travou as algemas ao redor do pulso de , a porta se abriu, revelando uma das dançarinas com uma arma em punho.
assustou-se, tentando se livrar das algemas.
— Dá próxima vez, eu quero ser a pessoa que vai seduzir o gato. Cansei de me fingir de muçulmana, segurança da boate, stripper... Ok? — disse, livrando-se do arranjo pesado em sua cabeça. — Olha a fantasia ridícula que eu tive que usar!
— Que porra tá acontecendo? — chamou a atenção, incrédulo com a invasão.
— É Show Girl. Não pode confundir. — consertou com ironia a fala da amiga.
— Que seja. Não quero mais ter que lidar com esses policiais do distrito. Eles quase acabaram com nossa operação DUAS VEZES! A primeira quando invadiram a casa em que o nosso querido morava, e a segunda naquele lugar lá. Não foi você quem teve que preencher um relatório do caralho para explicar que estava tentando salvar o bandido e a colega quando apontou a arma para um policial enxerido. Não quero mais ser a voz da consciência.
— Solte-me daqui, !
Então ela se deu contar que faltava alguma coisa.
— Oh! Desculpa, baby. Eu vou sentir muito a sua falta, mas eu te disse para não me deixar passar por isso novamente. — Deu um beijo na bochecha dele.
— Você não pode estar fazendo isto comigo! — ele dizia agoniado, debatendo-se, claramente decepcionado com o que via. — Você não pode ser do FBI! Eu confiei em você!
As mulheres riram da cara confusa dele. passou a mão pela calça de , retirando o pacote com os diamantes.
— Ah! Esqueci-me da parte em que eu tenho que deixar claro que nós somos do FBI e você está preso por tráfico internacional de drogas. Tudo o que você disser pode e será usado contra você no tribunal. Você tem direito a um advogado e, caso não tenha, será assistido pela defensoria pública.

Epílogo


Relatório Oficial:

Ação contra quadrilha de tráfico internacional de drogas. Comandada por Apollinariya Krwchevski, conhecida como Polina. Tendo, como braço direito, , com gravações autorizadas pela justiça em que ele informa ser o gerente de operações do referido grupo, confirmando, ainda, a chefia de Polina. A quadrilha fornecia drogas sintetizadas aos próprios laboratórios instalados na Ucrânia e vendiam para distribuidores aqui no país. Bem estruturada, a chefe Polina nunca estava presente nas vendas, por isso não era possível reconhecê-la. No entanto, um de nossos agentes se infiltrou, tendo acesso direto à casa de Polina e ao braço direito . Assim foi possível armar uma emboscada no dia e hora determinado em que haveria uma das maiores vendas para outra quadrilha, que atuava no norte do país distribuindo as drogas. Tem-se informação que, por se tratar de uma grande transação, Polina quis pessoalmente tratar com os compradores, por isso foram todos presos no dia 10 de agosto do corrente ano, pela força tarefa designada para o caso. Sem direito a fiança, aguardarão julgamento no complexo penitenciário.
Com os custodiados foram encontrados 32 diamantes, uma chave do cofre 328 do Metropolitan Bank Central, em que foi verificada o depósito de diamantes decorrentes das outras vendas dos produtos, e uma chave do galpão das docas, número 4, onde foram encontradas 15 toneladas de drogas sintéticas que seriam distribuídas pelo país. Fora apreendido também 50 mil dólares.
Gadgets devolvidos: um GPS em forma de escapulário, pontos de comunicação em forma de brinco, 6 celulares e 1 carro, usados por nossos agentes infiltrados.
Equipe responsável: , , Thomas Dunn, Erick Schineider e Brooke Davis.

Fim



Nota da autora: (16/11/2016) E aí, o que acharam da fic? Ela saiu do clipe da Tove Lo — Talking Body e devo dizer que foi muito complicado fazer uma fic sobre essa música que não soasse tão clichê ou ficasse muito pornô. Esperam que tenham gostado do resultado, assim como eu gostei!
E caso se interessem, aproveitem para dar uma lidinha nas minhas outras fics:
Show Girl — All Time Low
É verão, sei lá! — McFly/Finalizada
Uma Aposta Perdida — Outros (qualquer pp)/Finalizada

Mil beijos e até uma próxima!
Contato: Ask.fm, Facebook, Twitter, Wattpad, Instagram




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