Se você deixar

Última atualização: 03/01/2019

Capítulo Único


Hoje era pra ser um dia de glória para mim. Aqui estou eu, com a casa cheia, estreando como cantor. Foram anos relutando em não expor minhas músicas, esperando que ela voltasse para cantar todas elas, até que Leo me deu uma ideia. Leo Oscher é meu melhor amigo de infância. Nos conhecemos com cinco anos e foi ele quem apresentou-me a mulher que me mudou. Aos 17 anos, Leo foi a New York visitar uma faculdade de música. Haviam ótimas faculdades em Londres, porém Leo nunca deu valor a elas. Ele queria que eu fosse junto porque precisava de uma opinião sincera e, convenhamos, Leo nunca faz nada sem a minha opinião. Por quê? Porque eu sempre falei tudo na cara. Se estivesse certo, eu dizia que estava certo. Se estivesse errado, eu dizia que estava errado.
No começo, Leo fez chantagem emocional. Depois, apelou pras mulheres americanas. Ele me conhecia bem e sabia que eu adorava novidades, porém eu não estava nem um pouco a fim de ver mulheres. Tive uma baita dor de cabeça por causa delas... Então, Leo apelou para a nossa amizade de anos e anos. Naquele dia, ele disse que se eu fosse amigo de verdade, iria com ele para não deixar que estragasse a tão sonhada carreira de produtor pela falta da minha opinião. Eu admito que fiquei até tocado... Mentira!
Depois de me encher o saco, ele finalmente desistiu e foi sozinho. Conheceu a tão sonhada faculdade e quase foi morar lá no mesmo dia. O motivo? Havia conhecido Mia, o amor de sua vida.
Mia era uma garota fantástica. Nasceu em Liverpool, mas foi morar com a família da melhor amiga aos 6 anos após um incêndio que matou seus pais e avós. Ela e seu irmão eram considerados filhos na família dessa melhor amiga, que lhes estendeu a mão e os criou com muito amor. Graças a eles, não foram separados nem enviados à famílias adotivas, pois o processo de adoção saiu logo após o enterro dos Sampaio .

Flashback

Mia, assim como nós, estava terminando o Ensino Médio estava pensando em voltar à Inglaterra com "seus irmãos", para estudar em Cambridge. Em sua formatura, eles decidiram que ficariam lá mesmo em NY, ela fazendo moda e ele música. Eu fiquei em Cambridge, começando em Artes e Humanas, para trancá-la meses depois. Não sabia o que fazer, não tinha inspiração e minhas notas não ajudavam muito.
Após uma briga com meu pai, decidi aceitar o convite de Leo para ir visitar a NYU, onde ele estudava com Mia e seus irmãos. Arrumei minhas coisas pra uma semana e, com a mesada que ganhei adiantado dos meus pais, comprei uma passagem só de ida.
Leo havia me avisado que não poderia ir ao aeroporto, pois estava com um relatório atrasado, cujo prazo de entrega seria hoje às 15h da tarde. Havia me avisado também que sua cunhada estaria à disposição para ir me buscar e eu soltei uma piadinha.
— Mandando-me um presente de boas vindas, amigão? Adoro seus conhecimentos sobre a minha pessoa – Leo riu do outro lado da linha e eu quase perguntei se havia sido irônico.
— Cara, você não vai querer a .
— Por quê? Ela é feia, né? Qual foi cara, eu não to fazendo caridade ainda não.
— Meu amigo, é capaz dela achar que você tá precisando de caridade.
— Qual é cara, sou um gostoso, ok? – Leo riu da minha cara e disse:
— Boa sorte, amigão.
Quando passei pelo portão de desembarque, vi uma garota miúda, branca, de cabelos loiros, com uma calça jeans rasgada, blusa de botões branca, botas de combate e uma mochila nas costas. Estava distraída com seu Ipod, mas havia uma plaquinha com meu sobrenome em uma das mãos. Ao me aproximar, pude ver melhor sua beleza e me encantei. Era de deixar qualquer um duro, sem muito esforço porque, além de linda, essa garota era uma baita de uma gostosa e com certeza, eu levaria pra cama sem resmungar.
— Olá – disse após retirar um dos fones e instantaneamente me arrependi. Seu olhar sobre mim me fez crer que se houvessem metralhadoras em seus olhos, eu teria mais buracos que os muros existentes na faixa de Gaza.
— Dá o fora, tá legal? – puxou o fone de volta antes que eu pudesse falar algo. Essa era durona. Nem se encantou comigo.
— Ei, eu to falando com você – puxei os dois fones e a olhei divertido.
— Dá pra sair, eu to esperando uma pessoa... – olhou para o portão de desembarque, agora vazio – Ah droga, será que ele se perdeu? Leo vai me matar e... – parou por um tempo e depois me olhou com olhos cerrados – É você né, seu idiota?
Ri da cara que ela fez e eu acabei levando um tapa.
— Foi mal, mas você nem me deixou falar nada... Já saiu me dando fora e eu nem tive a oportunidade de me apresentar.
— Tá, agora vamos porque você me fez perder um tempo que eu podia estar aproveitando com outra coisa mais importante – Disse indo em direção à bancada do check-out – Anda logo, idiota.
— Sabia que não é nada legal chamar alguém que você nem conhece de idiota? – ela me olhou rindo e eu não consegui evitar um sorriso também – A propósito, meu nome é .
Seu olhar desconfiado me deixou tão envergonhado que foi impossível não olhar pra outro lugar.
— Hm... Ok, – estendeu a mão pra mim enquanto eu franzi as sobrancelhas – O que foi?
— Nada, só te achei linda demais – coloquei minhas malas no carro dela e sentei no banco do carona.
— Hm.. Obrigada? – ela me olhou com incredulidade e soltou uma risadinha.
— Você ficou coradinha. Tá com vergonha, ? – ela arregalou os olhos e me bateu. Eu gargalhei e me calei sob a ameaça de ser jogado para fora do carro, ligando o rádio em um volume consideravelmente alto. Ela me chamou de abusado, abaixou o volume e abriu a janela, fazendo com que o vento bagunçasse seus cabelos.
Fomos o caminho todo conversando e, sabia que era cedo demais pra dizer, mas estava apaixonado por ela. Nunca me apaixonei de verdade, eram sempre casinhos que eu dizia ser paixão. Mas ... me conquistou, e nem precisou de muito pra isso.

Fim do flashback

Leo havia insistido para que eu fizesse faculdade de música com eles e eu só insisti porque também fazia. Dois semestres depois de começar a faculdade, e eu passamos a fazer todos os trabalhos juntos. Era sempre difícil antes, pois os professores eram os mesmos nesses dois períodos e eu perturbava tanto, que era considerado um perigo pros estudos de . Dito isso, eles sempre nos separavam. Um mês depois dessa aproximação, o nosso primeiro beijo aconteceu. tinha uma festa pra ir com o babaca do Sam Anderson e eu não queria que ela fosse. Nessa noite a briga foi tão feia que ela ameaçou nunca mais falar comigo.

Flashback

— BABY, EU JÁ FALEI PRA DEIXAR DE ENCHER MEU SACO... EU VOU NESSA FESTA – já era a quinta vez que eu pedia pra não ir – Eu gosto do Sam, caramba. É a primeira vez em séculos que ele me chama pra sair e eu quero ir. Você sabe disso tão bem quanto eu.
— Não , eu não sei – eu sabia. Sabia mais do que deveria, na verdade. Durante toda a semana desde que aceitou o convite de Sam eu ouço os burburinhos pelos corredores da faculdade. Sam queria levá-la a essa festa porque queria ir pra cama com ela. nunca dormiu com ninguém do campus. O máximo que ela deu foram uns beijos no idiota do Max Petrovitzk, que não queria nada com ela. Sam sempre soube dos boatos que corriam de que talvez ela fosse virgem, mas eu sabia que não. perdera a virgindade com Matt , irmão de Mia. Eu sei, parece incesto, mas não é. Eles não são irmãos de sangue, só adotivos. Fora que Mia e Matt ainda carregam o sobrenome dos pais. Ela nunca foi de dar muita atenção à rádio corredor, mas eu dava.
, eu não vou repetir... Não vai. O Sam não presta! – repeti mesmo assim, pela milésima vez.
— Porra, pelo amor de Deus, cala essa boca tá?! – bufou e continuou a buscar a lingerie – Eu já disse que só cancelo com o Sam se um raio cair na minha cabeça e eu entrar em coma.
Tirou a toalha do corpo e começou a subir a calcinha. Sim, temos intimidade suficiente para ficarmos nus na frente do outro. nunca teve maldade, mas eu sim. Ela nunca vai saber, mas eu sinto um puta tesão quando a vejo assim e sempre fico com um travesseiro à postos. Mesmo sabendo que é uma cena um tanto quanto excitante, ela não se intimidava e eu sou agradecido por isso. É a visão dos céus.
— Por favor, ... O que eu tenho que fazer pra você ficar? – implorei quase chorando. Não posso deixar minha ir pra cama com aquele otário das Herpes.
— Transar comigo – disse rindo. Eu sabia que ela não tava falando sério, mas foda-se. Na mesma hora eu levantei e a beijei. Não esperei que ela contestasse e acertei na medida. Ela me beijou de volta e se não fosse por Matt , realmente teríamos transado. Ainda não sei se agradeço ou se dou um chute no saco dele. Não quero passar por cima de nenhuma etapa com ela, mas eu tava louco de tesão. me deixava doido.
Desci as escadas tão puto que acabei tropeçando e caindo estatelado no primeiro andar. Ela desistiu da festa para me levar ao hospital e eu dei graças aos céus por não ter quebrado nada na queda. Nos beijamos mais algumas vezes depois disso, mas eu acabei dormindo. Efeito dos analgésicos para dor que eu tomei.

Fim do flashback

Andando pelos bastidores, eu esperava que tudo estivesse no lugar e que eu pudesse logo subir naquele palco, cantar minha música de sucesso e ir logo embora para mais um dia de merda sem a minha . Pessoas andavam para lá e pra cá, gritavam umas com as outras porque faltava algo, uma estagiária chorava enquanto recebia uma bronca gigantesca por ter se esquecido de colocar marshmallows em meu camarim e outra mulher fervilhava de raiva porque quebraram um dos violões que eu usaria. Diante de todo o caos, eu estava calmo demais. Passei por um Leo transtornado, que reclamava do atraso e tentava se lembrar dos motivos para ter contratado essa equipe incompetente. Sim, meu melhor amigo é também meu empresário.
, você já está pronto? Estou só esperando esses incompetentes trazerem um violão novo e...
— Relaxa cara. Vou usar o violão da – disse a Leo para que ele não se preocupasse mais. Era para ser uma surpresa e não queria que ninguém soubesse, mas só assim ele pararia com essa loucura. Leo me olhou de um jeito estranho, sorriu nervoso e disse:
— Se eu fosse você, não usaria o violão dela... – e antes que eu perguntasse o porquê, as cortinas se mexeram um pouco e eu a vi. Ali, na plateia, mesmo que a pouca luz, sabia que era ela. Minha . Já andava em direção à plateia, quando ele continuou – , calma. Deixa pra fazer isso depois do show. Tem muita gente aqui pra te ouvir e não querem atrasos. E ela disse que não queria falar com você.
Parei e me virei para ele. Seus olhos mostravam pena e eu quis morrer ali. Respirei fundo, fiz o caminho contrário à plateia e voltei ao meu camarim. Usaria o violão dela e dane-se se ela não gostasse. Juntei toda coragem que pude, peguei o violão, minha paleta da sorte – aquela que tinha uma marca de batom. Dela – bebi alguns goles d’água e saí. Leo me olhou mais algumas vezes, como se me advertisse por usar aquele violão, abriu e fechou a boca algumas vezes e desistiu. Parei atrás das cortinas, na fresta onde podia vê-la, respirei fundo pela milésima vez e fiz sinal para que me anunciasse.
— Senhoras e senhores... É com grande prazer que apresento hoje um cara extraordinário, que eu tive o prazer de trabalhar, ajudando nessa música maravilhosa – limpou a garganta algumas vezes antes de dizer – Uma salva de palmas para ! – A cortina se abriu e ela olhou para mim. Nenhuma das pessoas que ali estavam, sabia qual música eu havia gravado e escolhido para a ocasião. Era para ser um segredo, por causa dela. Agradeci à Bolt pela apresentação e me sentei no banco. Limpei a garganta e tentei não chorar.
— Boa noite! – salvas e assobios foram ouvidos e eu apenas levantei as mãos em um pedido de “Pare” – Todos aqui sabem meu nome, como Bolt falou. Antes de qualquer coisa, queria agradecer a oportunidade de estar aqui. Este dia é muito importante para mim – olhei em seus olhos verdes e percebi que começavam a marejar. Ela ia chorar na minha frente e eu não poderia fazer nada. Que ótimo! – A música que será apresentada hoje foi escrita para uma pessoa. Uma pessoa muito especial que, infelizmente, não me quer por perto. É uma forma indireta de pedir perdão.
Ergui o violão – dela – e olhei outra vez em seus olhos. Ali estava a surpresa. nunca imaginou que eu usaria seu violão. Uma lágrima fugiu de seus olhos e as luzes ficaram mais fracas. Dedilhei os primeiros acordes.

Às vezes, quero saber como anda você
Se vai bem sem mim e tentar entender
Que querer não é poder e se eu pudesse
Não iria me contradizer


Minhas palavras saíam embargadas e machucavam meu coração. Tentei me recuperar entre uma frase e outra e logo as lembranças me invadiram.

Flashback

Aquele bilhete estava me incomodando. Desde que eu recebera – hoje de manhã – estava tentando entender o que significavam aquelas palavras.


.
Estarei te esperando às 15h no nosso lugar. Precisamos conversar sobre o bebê e decidir o que fazer. Ainda acho que devemos incluir nisso. Ele merece saber porquê você anda o evitando. Ele é um bom homem e não pode continuar sem saber de nada.
Clive.”

Fim do flashback

Eu já tentei colocar os meus pés no chão
Me esforcei para achar uma solução
Só que essa solução pode ser bem melhor
Pra mim do que pra você

Flashback

E o bandido ainda assinou o bilhete. Ele sabia que eu estaria em casa quando o bilhete chegasse e sabia o quão curioso eu era a ponto de ler o bilhete. Parabéns, Clive, pontuação máxima para você. Ouvi barulhos do lado de fora do apartamento e abriu a porta. Acho que Clive ainda vai descolar um bônus.
— Amor... – vinha andando em minha direção – Por que chegou cedo hoje? Tá sempre tão cheio de trabalho – disse com naturalidade e um carinho que eu reconhecia de longe. Quase esqueci que ela estava me traindo. Tentou me dar um selinho, mas eu me esquivei – Tá tudo bem?
— Não sei, “amor” – frisei aquela palavra que eu usava com tanto carinho no dia a dia – Acabei de receber um bilhete. Curiosamente, ele estava endereçado a você – levantei o bilhete no ar para que ela enxergasse – Pode me explicar o que significa isso? – veio em minha direção e pegou o papel. Leu por alguns segundos e abriu a boca, em uma expressão de espanto.
— Eu... Eu não... Sei o que... – as palavras sumiram. Típico de quem está escondendo as coisas – Olha, sei que pode parecer uma coisa... Mas não é... Não é o que você está pensando! – Olhou em meus olhos marejados e se aproximou. Surpreendentemente, eu estava calmo. Isso mesmo, estava. Até ela me tocar.
— QUAL É . PARA COM ESSA FRASEZINHA CLICHÊ – gritei e ela se assustou – Já entendi tudo. Você resolveu brincar de casinha com o ex-namorado – andei furioso para o outro lado, bem longe dela – Há quanto tempo? – ela estava espantada – HÁ QUANTO TEMPO? – andei até ela e segurei seus braços com força, a sacudindo – NA HORA DE ME TRAIR, EU TENHO CERTEZA QUE AS PALAVRAS NÃO FALTAVAM, NÃO É MESMO?
... Você... Você pensou mesmo isso de mim? – olhou-me, incrédula e parecia sem ar. Arrisquei olhar em seus olhos e vi amargura e medo – Eu não... Não consigo... Acreditar que isso está acontecendo – sentou no sofá e colocou o rosto entre as mãos. Estava chorando – CLIVE ME PAGA. ELE É UM FILHO DA PUTA! – Gritou,se levantando e atirando um abajur na parede – EU DISSE PARA ELE NÃO SE METER, QUE ISSO ERA UM SEGREDO MEU – andou até a bolsa para pegar o celular, mas eu a impedi.
— O que é? Tá com raivinha do amante? – cuspi as palavras e senti que doíam mais nela do que em mim – Ou será que o amante sou eu? – falei dissimulado e cínico – FALA. FALA LOGO, SUA PUTA.
— Puta? É isso que eu sou? – disse, magoada – Nossa, eu que achei que você era diferente, mas é só receber um bilhete idiota com meu nome e entende tudo errado, não é?
— ENTENDE TUDO... COMO? VOCÊ PENSA QUE VAI CONTINUAR ME ENGANANDO? PENSA QUE EU VOU CONTINUAR SENDO UM IDIOTA NA SUA MÃO? – ela olhou e me ignorou. Continuou seu caminho até a bolsa e pegou o celular – ACHA QUE EU VOU CONTINUAR SENDO O OTÁRIO Q... – ela estava mexendo no celular, como se o que eu falasse não fosse importante. Puto, eu arremessei seu celular longe – SOME DAQUI. CHEGA. NÃO QUERO MAIS UMA PUTA DESFILANDO PELA MINHA CASA, DORMINDO DO MEU LADO E DIZENDO ME AMAR ENQUANTO ESTÁ COM OUTRO – sabia que tudo isso estava a magoando, mas a mágoa maior está dentro do meu peito, como um tiro disparado em minha direção – VOCÊ PELO MENOS SABE DE QUEM É O BEBÊ? SERÁ QUE É MEU OU DO CLIVE? OU TALVEZ TENHA MAIS ALGUÉM, NÃO É? QUANTOS AMANTES VOCÊ PODE TER? – depois dessa frase, a única coisa que eu ouvi foi um tapa estalado na minha cara e sua respiração pesada e descompassada perto de mim.
— Você acabou de me mandar embora, . – lágrimas começaram a cair de seus olhos e eu soube que estava tudo acabado – Entendeu tudo errado e me expulsou de sua vida. Espero que saiba que se alguém aqui tinha chances de ser traído, esse alguém era eu – abaixou os olhos e soluçou – O bebê é seu. Clive é viúvo,mas ainda ama a esposa... Assim como eu amo você – Virou-se, pegou sua bolsa e foi até o quarto. Pegou uma mala e algumas poucas roupas. Não levou nenhum dos presentes que eu havia dado ao longo do tempo que ficamos juntos, nem mesmo o violão que tanto amava. A única coisa que quis levar foi uma foto. Uma foto nossa. Uma foto perfeita. Uma foto tirada em lindo e cristalino lago. Uma foto que retratava um fim de semana onde dissemos um ao outro o quanto nos amávamos. O nosso fim de semana. O fim de semana que eu deixei de ser um cara de todas, para ser O cara de uma.




Eu quero te falar
O que se passa aqui
Eu quero retornar
E se você deixar eu juro que

Ao sair, olhou em meus olhos e disse:
— Você vai se arrepender do que me disse... E quando acontecer espero que tenha vergonha o suficiente para nunca me procurar. Nunca mais me procure, . Nunca mais ouse falar comigo porque, de hoje em diante, vou fazer você nunca ter existido para mim.


Fim do flashback

Dessa vez, eu vou pensar só em nós
E o que eu errei, prometo nunca mais errar
E se você perdoar o nosso amor
Os nossos sonhos podem se realizar

Olhando para a plateia outra vez, vi uma com os olhos e rosto vermelhos, coberto de lágrimas.

Às vezes, quero saber como anda você
Se vai bem sem mim e tentar entender
Que querer não é poder e se eu pudesse
Não iria me contradizer

nunca me deixaria. A prova daquilo era ela estar ali. Todos sabiam que eu tocaria ali, ela sabia, veio por isso. Veio me ver outra vez, mesmo que sem contato direto, ela precisava me ver outra vez.

Eu já tentei colocar os meus pés no chão
Me esforcei para achar uma solução
Só que essa solução pode ser bem melhor
Pra mim do que pra você

Mostraria a ela que estava me esforçando, mostraria sim. Planejava isso desde que Clive apareceu em meu apartamento. Eu o odiava e quis socá-lo. Achei que ele havia enfeitiçado a minha e fiquei puto porque ela poderia amar outro cara. Não digo que, hoje, Clive é meu melhor amigo. Mas, por causa dele, realmente entendi o que havia acontecido e percebi que havia cometido um erro.

Flashback

Fazia alguns dias que tinha ido embora.
Fazia alguns dias que eu descobrira sua traição.
Fazia alguns dias que eu morria de raiva por ter sido corno.
Fazia alguns dias que eu me arrependia de amar uma puta.
Fazia alguns dias que eu chorava por essa puta.
Fazia alguns dias que eu não via a luz do sol.
Fazia alguns dias que eu não via meus amigos.
Fazia alguns dias que eu não comia algo decente.
Fazia alguns dias que, a única coisa que eu sabia fazer era beber e beber... Até cair.
Leo me procurava constantemente, meu chefe me procurava constantemente, Mia me procurava constantemente e até mesmo Matt me procurava. Todos queriam saber o que tinha acontecido de tão sério para ter sumido do país.
Isso mesmo. mudou-se de país. Quiçá, de continente.
Eu não estava nem aí, que ela morresse, mas bem longe de mim. Eu só queria esquecer e tirar aquela dor do meu peito. Amar é para tolos e eu, enganado pelo próprio destino, amei. Amei com todas as minhas forças, amei como se não houvesse amanhã, amei como se eu fosse amado de volta.
Era segunda-feira, primeiro dia de inverno e, era exatamente assim que eu me sentia. Frio, como o Inverno. Eu nevava por dentro e sentia uma avalanche me derrubar a cada dia. Meu apartamento era uma zona e eu desejava constantemente que tudo fosse um sonho e que estaria ali quando eu acordasse, arrumando a casa com um shortinho curto, que me faria endurecer e arrastá-la para cama, fazê-la gritar de tesão e se jogar em meus braços, suada e extasiada de prazer.
Meu devaneio apaixonado foi interrompido pela campainha. Uma campainha insistente, eu diria. Não poderia ser Leo , nem nenhum dos meus outros amigos e então, eu imaginei. Imaginei que talvez fosse ela. Logo depois, reprimi esse desejo e imaginação que sentia e me levantei. Abri a porta com desgosto e desejei ter uma arma em minhas mãos.
Era ele... Era Clive.
Minha única reação e vontade foi de socá-lo. E, talvez, tenha sido por isso que meu punho fechado voou em seus olhos.


Fim do flashback

Eu quero te falar
O que se passa aqui
Eu quero retornar
E se você deixar eu juro que

Eu ainda cantava, mas sabia que lágrimas escorriam dos meus olhos também. fechava os olhos e os abria constantemente, tentando talvez, evitar que mais lágrimas caíssem.
Relembrei a conversa com Clive, e toda a dor que eu senti quando constatei que ela nunca havia me traído. Que ela me amava e que eu fui um idiota.

Flashback

Esmurrar Clive uma vez não bastou e eu senti que precisava de mais. Porém, Leo estava em sua companhia e me impediu que eu o fizesse. Meu amigo era um traidor, estava ali com o cara que tomou minha mulher de mim. Eu o odiava. Eu a odiava. Eu os odiava. Os três. por me trair. Clive por roubá-la de mim. Leo por se aliar ao puto que tirou minha felicidade.
, para – Leo disse, ajudando Clive a se levantar. Me empurrou um pouco e entrou para pegar gelo – Se acalma, precisamos contar uma coisa pra você.
— Não quero saber, seu traidor. Sai da minha casa e nunca mais olhe na minha cara – falei com nojo – Nunca pensei que você fosse me trair desse jeito.
— Disse isso a ela também? – Clive disse me encarando – Porque se disse, você é um mané.
— VOCÊ VEIO NA MINHA CASA PARA ME XINGAR? – tentei avançar sobre ele, em vão. Leo o protegeu.
— CALA A BOCA, PORRA – Leo ralhou comigo e voltou a ajudar Clive com o gelo – Nós viemos te falar algo importante.
— Se for sobre a puta que eu expulsei da minha cas... – Fui interrompido por um soco. Um soco de Clive. Logo depois, senti outro... Do Leo.
— NÃO FALE ASSIM DELA... – Clive estava com raiva – VOCÊ NÃO SABE O QUE ACONTECEU, SEU BABACA – eu tentava me sentar, mas minha cabeça doía – PORQUE VOCÊ ACHA QUE ELA TERMINOU COMIGO? ELA JÁ TE CONTOU ALGUMA VEZ? – Minha curiosidade foi maior que a vontade de socá-lo outra vez, então apenas fiquei quieto, ouvindo – ACHO QUE NÃO, NÃO É? Ela nunca teria coragem de trair ninguém. tem o coração mais puro e bondoso desse mundo e eu posso te provar. Posso contar se você deixar – A essa altura, eu já não falava mais nada, apenas ouvia. Deixava que ele falasse. Ela nunca me disse por que eles terminaram.
— Podemos conversar civilizadamente? Ou eu vou ter que amarrar você e fazer nos ouvir a força? – olhei de soslaio para os dois e acenei afirmativamente – Ótimo.
Nos sentamos no sofá e eu fiquei encarando o nada. Leo pigarreou e Clive começou.
e eu nunca fomos apaixonados um pelo outro. Eu gostava dela, mas não era amor e achava que ela precisava de um homem que a amasse. Mas havia algo nela que me prendia e me deixava egoísta ao ponto de não querer que ela fosse embora – baixou a voz, quase sem coragem. Sorriu e voltou a me olhar – Eu a achava perfeita e queria mesmo que ela fosse minha, mas não era de ninguém. sempre foi dela mesma e, às vezes, se escondia de mim – olhei em seus olhos e percebi que ele se arrependia. Seu sorriso sumiu e eu tive a impressão de que vinha coisa ruim por aí – estava estranha e com segredos demais para que eu pudesse suportar. Um dia, quando ela me ligou cancelando nosso encontro, eu decidi que aqueles segredos deveriam acabar. Esperei que ela saísse e a segui. Percebi, ao chegar a nosso destino, que aquela tinha sido uma péssima ideia – abri a boca para falar, mas ele levantou a mão, pedindo para que eu me calasse.


Fim do flashback

Só te peço uma chance de voltar atrás
Para consertar o que errei
Para te mostrar que hoje sei
Que só você sabe amar

A música estava quase no fim, mas meu coração e minha mente estavam tomados por lembranças e sentimentos. Bons e ruins, antigos e novos.

Flashback

mentia para mim constantemente e, assim como você, eu achei que ela estava me traindo. Quando eu cheguei lá, vi de joelhos no chão abraçando um menino sorridente. Naquela época, eu era um preconceituoso de merda, mas hoje eu sinto um amor gigantesco por aquelas crianças. estava em um orfanato. Mas não era um orfanato qualquer... Era um orfanato para crianças com Síndrome de Down – olhei para ele e vi lágrimas brotando em seus olhos. Ele estava chorando. Na minha frente – era, de longe, a pessoa mais querida daquele lugar. Todas as crianças que a viam, queriam abraçá-la. Num certo momento, olhou para trás e me viu. Seus olhos se arregalaram e ela não soube como reagir. Eu preferia que ela tivesse me traído – olhei com descrença e ele riu – Estou sendo honesto com você. Eu preferia que ela fosse a errada da história, e não eu. nem conseguiu me odiar, , de tão puro que é seu coração. Tá certo que às vezes ela se estoura, quando alguém faz algo que vai contra ela, mas depois ela volta ao normal. Ela ficou magoada com o que eu fiz, mas quando eu precisei de ajuda, ela não recusou.
— Não me enrole, Clive. Diga logo, essa curiosidade toda está me matando.
— Tudo bem... Quando caminhou até mim, eu a puxei com força pelos braços e a fiz ir embora. Fomos para a casa dela e, chegando lá, minha raiva e meu preconceito foram maiores que o que eu sentia por ela. Não vou entrar em detalhes da nossa discussão, mas eu disse para ela que se não parasse de fazer visitas àquelas crianças... – fechou os olhos como se sentisse repugnância pelo que diria – Anormais – disse tão baixo que só se fez capaz de ouvir porque todos estavam em silêncio absoluto – Eu tinha muito preconceito, odiava crianças com down porque achava que não eram de Deus. Arrependo-me tanto disso que sinto dor todas as vezes que me lembro dessa história. sentiu a dor em si mesma porque, não só adorava aquelas crianças como teve um irmão assim – Minha respiração parou. Meu coração parou. Minha capacidade de raciocínio parou.
tem um irmão. E ele tem down. Como eu não sei disso? Porque ela nunca me disse?
— Teve... Você não sabe porque ele morreu muito antes de mim. E ela nunca te disse pelo mesmo motivo que nunca me contou. E pelo mesmo motivo que a fez terminar tudo comigo – respirou fundo – Medo, . Medo do preconceito. Ela sofreu muito com isso porque amava aquele irmão mais do que tudo nessa vida. Ela sempre amou todas pessoas igualmente porque era assim que o irmão amava. Mas você… Você era diferente – sorriu e eu quis me socar.
– É diferente. Ela mesma não sentiu a diferença no começo, mas quando Mia contou a ela o quanto me amava, ela percebeu – Leo sorriu com carinho, lembrando-se de sua noiva e cunhada. Mas, uma coisa faltava ser explicada.
— Se ela estava magoada com você, porq...
— Por que ela se encontrava comigo? – sorriu outra vez, com tanto carinho quanto Leo – Porque eu me casei, . Conheci uma mulher e me apaixonei. A mulher da minha vida – outras lágrimas caíram e eu soube que aquela confissão doía – Por ironia do destino, tive um filho com down. Nossa relação era diferente da que eu tive com . Era tudo mais leve e eu não tinha medo de nada, apesar de ainda ser o mesmo cara preconceituoso de antes. Mas algo aconteceu... O maior motivo da minha alegria... Minha Alexis estava grávida – sorriu com tanto amor e carinho que eu o invejei – Com esse acontecimento, sua família começou a me cobrar um posicionamento e eu a pedi em casamento. Você e não se conheciam ainda, então eu não conseguia achá-la. Casamos-nos às pressas, antes que a barriga crescesse e estávamos felizes. No 4º mês, fomos ao médico e descobrimos que nosso bebê não tinha um coração. É muito raro, mas quando acontece, o bebê deve ser retirado imediatamente da mãe. Tivemos que fazer um aborto e isso afundou nosso casamento. Alexis teve depressão e eu fiquei louco e irresponsável. Só queria saber de beber e sentir ódio de nós dois por não ter feito um bebê perfeito. Alguns anos se passaram e eu encontrei você e no shopping. Queria conversar com ela, mas não sabia como. Eu te conhecia, sabia onde trabalhava, então esperei que ela fosse visitá-lo em seu trabalho e a abordei na rua. Contei sobre minha história e ela se sensibilizou. Conheceu minha esposa e começou a nos visitar sempre que podia. Em uma de suas visitas, Alexis a confidenciou que estava grávida outra vez e que queria ter certeza de que esse bebê seria perfeito. E era... – Agora era eu quem chorava. O que foi que eu fiz? – acompanhou a gravidez, mesmo que de longe, para não comprometer o relacionamento de vocês, pois já havia te contado que eu era um ex-namorado que a magoou. Quando o 9º mês chegou, se ofereceu para cuidar de minha esposa, já que eu trabalhava demais para dar todo o conforto ao meu filho. Tudo estava comprado, nossas esperanças e sonhos para o futuro renovados, nosso amor ficou mais forte. No dia do parto, eu estava tão feliz e emocionado que nem percebi o quanto minha esposa estava fraca. Alexis estava morrendo, morrendo para salvar o meu menino – chorava com força dessa vez. Quis pará-lo. Sua dor sendo transmitida a todos nós – Na hora em que o médico tirou meu menino, ele me olhou nos olhos e disse: “Você precisa ser forte duas vezes, meu rapaz.” Meu filho tinha down. Minha esposa só o viu uma vez. Disse que nos amava, fechou os olhos e até hoje eu espero que eles se abram. Ele é lindo – respirou fundo e limpou suas lágrimas – Quando vi minha esposa sendo levada ao necrotério, senti meu coração ser arrancado de mim. Fiz a promessa secreta de que cuidaria de nosso filho, de que o amaria por nós dois e que ele seria o garoto mais feliz do mundo. Procurei no dia seguinte, contei sobre o parto e ela chorou comigo. Ajudou-me com o enterro, mas não foi. Despediu-se de minha esposa três dias depois, quando Lexi já estava enterrada. Ligava para mim todos os dias, para saber como estava meu Alex. Ela que deu a ideia do nome. Um nome que me lembrasse o da mãe. Eu achei que seria doloroso, mas não é. Hoje, meu Alex completa 5 meses e eu ainda sinto como se fosse ontem, o dia que o peguei nos braços mas tive que abrir mão da mulher que mudou meus olhos.
— Então... Ela... Vocês... Nunca houve...? – eu perdi o amor da minha vida.
— Não – soltou uma risada nasalada – só tinha olhos para você. Chegava a ser insuportável todas as incontáveis vezes que nós conversávamos e ela repetia seu nome a cada cinco segundos. Você enfeitiçou a minha menina, – olhei com certo ciúme e só o que vi em seus olhos foi carinho. Carinho de pai – Temos quase a mesma idade, mas sinto que devo protegê-la como uma filha. Ela cuidou de mim como se fosse uma mãe quando eu perdi minha esposa. E agora deve estar se imaginando como vai cuidar de si e de uma criança que também pertence ao homem que ela ama.
Levantei-me e comecei a correr. Para onde? Não sei bem, mas eu teria que correr... E muito. Precisava achá-la. E já imaginava onde ela estaria.


Fim do flashback

Aquele foi o último dia que eu a vi. Foi naquele dia que ela me expulsou de sua vida. Para sempre.
E hoje... Hoje seria o último de que ela estaria longe. Ela e o meu filho.

E sobre nós, o que eu desejo
Só você pode me dar
E deixa aqui entre nós
O que passou, já não importa
E hoje estamos a sós

Dedilhando os últimos acordes da música, olhei para outra vez. Mas ela não estava mais ali. Olhei em volta e a vi correndo para a saída. Não pensei duas vezes. Pedi obrigado e larguei tudo ali, naquele mesmo lugar. Corri até o lado de fora e ela já estava se preparando para entrar no táxi e eu a segurei.
... Eu... – olhei em seus olhos, ofegante. Ela estava chorando outra vez, mas sorriu. Daquele jeito lindo que eu me lembrava – Senti sua falta, pequena – acabei com a distância entre nós. Aquela boca que eu tanto desejei... POR DEZ ANOS. Dez longos anos que eu estive longe. Aqueles braços pequenos que me abraçavam. Aqueles seios que eu adorava colados ao meu peito. Empurrei para dentro do táxi e já me preparava para entrar quando ouvi a voz de Leo .
— Leo, não! Preciso ir – Leo correu até nós e me entregou a carteira, celular, o case com o violão e a paleta.
— Achei que fosse precisar das suas coisas – sorriu e abaixou o rosto – Olá, .
Ela sorriu e se ajeitou no banco para que eu entrasse. Seu rosto estava fechado, sério, compenetrado.
, me desculpe pelo beijo, eu não sabia se você queria e devia...
— Calado – eu me calei no mesmo instante – Se pensa que vai se livrar dos meus beijos cheios de saudade, está muito enganado – sorriu fraco e me olhou nos olhos. Eu só conseguia sorrir – Desmancha essa cara de idiota. Precisamos conversar bastante, mas antes do assunto meio ruim... Quero te mostrar uma coisa muito boa – segurou minhas mãos e ficou em silêncio. Decidi não quebrá-lo. Estava com medo de estragar tudo e perdê-la outra vez. Meu coração não aguentava mais apanhar. Clive realmente tinha razão. Se guardava rancor de mim, estava muito bem escondido, porque ali, naquele táxi, ela estava como há anos atrás. Carinhosa, amorosa, minha.
Rodamos de táxi por quase meia hora até pararmos em uma escola de balé. Mil pensamentos invadiram minha mente e eu só soube que estava chorando porque ela limpou algumas lágrimas.
— Tem alguém que quer muito te conhecer... – sorriu daquele jeito angelical e eu percebi o quanto senti falta daquilo – Vem... – abriu a porta e saiu do táxi, mas parou quando percebeu que eu não a acompanhava.
— Tô com medo – disse, sincero. Ela gargalhou.
— Deixa de ser frouxo. Tô mandando você vir aqui... Agora!
Saí do táxi e andei até chegar ao seu lado. Algumas mães e pais esperavam suas filhas, que vinham correndo ao seu encontro. Percebi que minha mão suava e eu tentava controlar um choro que estava prestes a voltar.
Uma linda garotinha de olhos esverdeados abraçou a professora e soltou um gritinho animado ao ver . Ela correu e sua mãe se abaixou. Vi toda a cena em câmera lenta e tive certeza de que estava chorando. Ela era linda. Tinha os cabelos em tom mel, talvez uma mistura do meu cabelo e do dela. Não era nem tão alta, nem tão baixa. Tinha a pele clara, sem imperfeições. Era um anjo. Percebi que o abraço já tinha acabado e que eu as encarava demais. pigarreou e fez sinal para que eu me aproximasse.
— Filha, lembra quando eu te contei o motivo de ter vindo morar aqui em Nova Iorque?
Ela encarou a mãe por alguns segundos, assentiu e se aproximou de mim.
— Oi, pai. Senti sua falta.




Fim.



Oi gente. Escrevi essa fic há muito tempo, numa promessa às minhas lindas amigas virtuais, as incríveis Lolas. Relendo-a esses dias percebi que se encaixava perfeitamente à essa música incrível dos meninos da Um44K, que eu amo de paixão. Tinha prometido à minha irmã que daria uma linda fic à essa música e eu espero que tenha conseguido, porque eu sou um tanto quanto apaixonada por ela. Falei da Síndrome de Down porque vivo ela diariamente. Meu tio, o primeiro e único menino da minha avó, nasceu com down e ela viveu muito preconceito há 43 anos. Na escola faziam pouco caso das crianças especiais, excluíam de festas e atividades e quando ela soube disso, tirou meu tio da escolinha, mesmo com peso no coração, mas para protegê-lo. Tentei retratar um pouquinho do que eu acho que as pessoas pensam deles. Queria ter mostrado mais um pouco do Alex também, mas eu acho que isso ficaria para uma próxima fanfic. Um imenso obrigada à vocês que leram até a nota, porque eu sei que muita gente não lê, e espero de coração que vocês tenham gostado de ler assim como eu adorei escrevê-la.
Beijos e até a próxima.

Outras fics da autora:

20. Golden - Ficstape Zayn

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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