Fanfic Finalizada: 29/04/2018

Capítulo único

Sabem aqueles clichês de um garoto de família, magro, branco, alto e de cabelos cacheados, que usa óculos e sem eles não enxerga absolutamente nada? Tem dois amigos muito piores que ele mesmo, os três prometem que o último ano vai ser demais e eles ainda não mataram nenhuma aula, nunca ficaram bêbados e nunca transaram. Isso está parecendo um livro do John Green, eu sei disso, mas na verdade a história nem é sobre esse garoto nerd que não pega ninguém. Essa história é sobre ela: .

THE RED HOUSE:

O couro sempre me incomodava, mas eu não podia deixar de usar, ainda mais quando ele me proporcionava uma quantidade imensa de dinheiro. A peruca da noite foi a vermelha, era comprida, tinha os cachos largos nas pontas, o vermelho era sangue. A máscara preta, rendada em volta, meus lábios pintados de vinho. O sofá do canto da boate já era meu lugar de lei, sempre ficava deitada ali, fumando meu velho e bom baseado, bebendo minha taça de vinho seco e aproveitava para me entediar vendo aquele joguinho barato de sedução que acontecia na minha frente. Assim que eu terminava de beber todo meu vinho e meu baseado, eu decidia que era hora de levar a diversão para o quarto, então escolhia qualquer otário que estava babando horas em mim, geralmente eu escolhia o mais rico e o qual eu conseguia ver a ficha completa: Rico, ignorante e escroto. Um verdadeiro porco, eu adorava esses!
Eles se divertiam comigo, eu era uma garota má que não aceitava ordens deles, afinal era eles quem tinham que jogar do meu jeito. Eu era uma garota que ditava as regras e não as seguia. Se eles pagavam para gozar como nunca gozaram antes, era isso que eles tinham, eu sempre conseguia o que eu queria. Mas no final do programa, no momento do êxtase, era minha vez de se saciar e infelizmente eu só me sentia saciada com o sangue. Bem na jugular, um corte certeiro, fazendo jorrar aquele líquido incrivelmente delicioso e sexy, o qual eu me banhava inteira.
Eu não fazia isso diariamente que eu trabalhava, até porque eu não sou burra, só quando eu não conseguia mais controlar a sede de sangue, era inevitável. Por isso as perucas, o couro e as máscaras, ninguém nunca sabia dizer qual das meninas que levaram a vítima para o quarto e a matou. Ninguém desconfiaria da garota que aparecia só por uma noite e depois não voltava mais, eu sempre me misturava, eu era uma prostituta, daquelas de uma noite só. Não tinha como pagar duas vezes por mim, eu odiava repetir e por isso, ninguém nunca sobrou para contar história depois de transar comigo. Vocês devem estar se perguntando se essa é uma história de terror, eu devo ser a vampira ou o demônio que se alimenta de almas, mas não é nada disso não. Eu sou só uma assassina em série voltando para casa.

ABOUT HIM:

As aulas tinham voltado, eu odiava o barulho do ônibus escolar ou das festas desses adolescentes de merda, sempre mantinha minha casa fechada e blindada, era uma pena que não era a prova de som, eu nunca conseguia dormir até tarde por causa desses barulhos. Mas Evan Peters, o garoto de dezessete anos da casa ao lado, ele me chamou atenção desde quando pisei na calçada quando comprei essa casa um mês atrás. Primeiro achei fofinho ele quase ter caído do telhado quando me viu mudando, bem típico de um garoto virgem, então decidi zoar com a cara dele um pouquinho. Qual é? Eu sou uma mulher bem entediada, tem um garoto babando por cada movimento que você faz na casa ao lado, então me trocar com a janela aberta, nadar pelada na piscina e cantar Queen de calcinha e sutiã, ficou bem mais divertido quando se tinha plateia. Ele até trouxe os amiguinhos loosers para assistir um dia, então tive que caprichar mais um pouco, foi bem divertido mesmo. Mas a atenção mudou, agora era eu que o observava quando não era ao contrário, porque em vez dele, eu sabia vigiar alguém sem ser pega. Evan não era só um garoto nerd do ensino médio, ele era inteligente, tinha um gosto espetacular para músicas, filmes e livros. Gostava de escrever, fiz até questão de me arriscar e roubar um poema que ele tinha escrito. Era sobre a morte, mas de uma forma poética e linda, como se ela fosse o milagre e não a desgraça. Seu pai o batia todo santo dia e sua mãe tomava tantos calmantes que poderia ter uma overdose a qualquer minuto, mas mesmo assim, ele se mantinha firme e forte, a ajudava em tudo que podia e amava seu pai, mesmo não recebendo esse amor de volta. Evan Peters merecia ser feliz, infelizmente não era comigo que ele conseguiria isso, eu era uma maldita infeliz que estava condenada.

THE SEX DANCE:

Fui ganhar dinheiro, sem matar dessa vez, não estava desesperada por sangue ainda. Vigiar o Evan tinha sido minha diversão ultimamente que eu até tinha esquecido desse meu hobby. Estava pronta, sem máscaras, mas estava de peruca, os cabelos castanhos claros e mechas loiras nas pontas. Estava passando pela área vip, observando o movimento e tragando um cigarro. Estava na hora do show, então já subi ao palco com mais outras meninas. O pole dance estava posicionado bem à frente, no meio do palco. Olhei relance para elas que assentiram para mim, o toquinho de Dirty Mind do Boy Epic começou a tocar, joguei meus cabelos para o lado e arregalei os olhos ao ver o Evan no meio da plateia, mais perdido que cego em tiroteio. Ele e os amiguinhos virgens dele, estreitei os olhos para eles e senti uma vontade enorme de gargalhar. As meninas começaram a dar seus passos para a frente e eu coloquei as mãos no meu quadril, levantando a cabeça e respirando fundo. Dou um giro e viro de costas para o público, começando a rebolar bem lentamente até o chão, inclinando meu tronco para frente e deslizando minhas mãos pelo chão, ficando praticamente de quatro. Remexo meu quadril de um lado para o outro, empinando minha bunda e sentindo as meninas darem um tapa de cada lado. Solto uma risadinha e deixo meu corpo todo cair ao chão, com o auxílio de uma mão, giro meu corpo para o lado e levanto uma perna para cima. Passo minha mão por ela e depois com uma certa agilidade, levanto-me. Vou para ao lado do Pole Dance, o seguro com firmeza com apenas uma das minhas mãos, a outra eu deixo na minha cintura, sinto algo estranho dentro de mim, meu coração estava acelerado ao notar que o Evan tinha o olhar fixo em mim, me reconhecendo, seus amigos também, ambos com as bocas escancaradas. Pisco um olho para eles que quase enfartam, viro minha cabeça e jogo meus cabelos, enroscando minha perna no Pole. Deixo meu corpo girar nele, sem parar, abro meu braço e jogo minha cabeça para trás, sentindo o vento bater meu rosto. Ouvia os gritos das pessoas, solto o Pole Dance por segundos, quase caindo, mas volto a segurá-lo com a outra mão, fazendo isso mais alguma vezes e até rindo divertida disso. Subo minhas duas mãos por ele todo e começo a rebolar de costas para o público, junto com as meninas, viro no mesmo momento e começamos a nos esfregar no metal atrás de nós. Volto meu olhar para Evan que ainda me encarava, mas seu olhar era tão diferente do de todos ali, ele não ficava babando com cara de otário. Seu olhar transbordava tesão e inocência ao mesmo tempo e isso era improvável ao meu ver, nunca dava para ser as duas coisas, mas ele conseguia.
- You wanna be stressed, I'd rather have sex. You and I and my dirty mind – cantarolo olhando para ele, inclinei meu corpo para frente, quase mostrando meus seios. – We can stay high or no? – ergo uma sobrancelha para ele e sorrio maliciosamente, tirando meus olhos dos dele e olhando para o restante, mordendo meus lábios e terminando de dançar.
Depois da dança, fui até o bar pedir uma cerveja, vinho era uma bebida específica. Enquanto eu dava alguns goles na minha cerveja, assobiava o toquinho da música que tocava, Evan e seus amigos estavam parados no balcão, era até divertido ver como aquele ambiente não combinada absolutamente nada com nenhum deles, dava até pena. Os três encontram meu olhar e eu não desvio, fico esperando o que eles fariam. Um homem viria até mim e tentaria me cantar, mas eles não, apenas ficaram me contemplando e vendo se era para eles mesmo que eu estava olhando. Bebo mais um pouco da cerveja e aprofundo meu olhar no de Evan, como se o desafiasse a fazer alguma coisa. Chamo o bartender com o dedo, sem perder o contato visual, digo a ele para servir tequila para os meninos, quantas doses eles quiserem que era por minha conta. Quando ele vai servir as doses, eles arregalam os olhos e começam a comemorar, mordo meu lábio e levanto o meu copo para eles. Evan sorri para mim, mas ele estava confuso, se perguntando o porquê. Deixo um homem se aproximar de mim e sussurrar o que queria fazer comigo no meu ouvido, deixo um sorrisinho no canto dos lábios e suspiro alto. Dou uma última olhada para Evan que encarava aquela cena, sorrio para ele e aceno com os dedos, levando o tal cara para um quarto e realmente fazendo meu trabalho, não o deixando me penetrar, a não ser que eu o matasse depois, mas não era isso que eu queria fazer. Então o fiz gozar, deixe ele feliz e fui ainda mais feliz embora por ter recebido uma grana altíssima por ter feito tão pouco.

THE PARTY:

Evan estava eufórico por uma festinha na casa de um jogador do timinho da escola, provavelmente o popular que comia as líderes de torcidas. Estava preocupada deles zoarem ele nessa festa, eu sabia bem o que os populares faziam com os nerds quando os convidavam para esses tipos de festas. Então, não sabia a porra do porquê eu estava fazendo isso, mas eu decidi me arrumar e ir para essa festinha. Sem perucas, sem nada, sendo eu mesma, ainda tentando entender porque aquele garoto tinha chamado tanto a porra da minha atenção, eu estava muito melhor sem ele, mas agora eu praticamente não lembrava da minha vida sem ter ele nela. Paro meu carro em frente à mansão do garoto, estava lotada a festa, como era de se esperar. Desço do carro e já chamo atenção, coisa que eu não queria naquele momento, mas dou de ombros e continuo meu caminho até a entrada da tal festa, sendo barrada pelos garotos vestidos com o uniforme do time de futebol.
- Não lembro de ter convidado uma gata dessas para minha festinha. Algum de vocês a chamou para mim? – o loirinho, provavelmente o dono da casa, se pronunciou. Solto uma risadinha debochada e nego com a cabeça.
- Não foi pra você não e eu não fui convidada mesmo, mas você vai mesmo me barrar? Eu posso pagar pela entrada ou... – tiro dois pacotinhos de drogas dentro do meu sutiã, eles arregalam os olhos e comemoram aquilo.
- Parece que meu sonho está se realizando! – ele disse, fazendo eu gargalhar.
- Cuidado com o que deseja, docinho. Pode se tornar realidade. – pisco um olho para ele e o empurro, entrando na casa e ganhando ainda mais olhares. Todos me encaravam, dos pés à cabeça, os meninos com desejo nos olhos e as meninas talvez com inveja, mas eu queria mais que todos se fodessem. O loirinho abusado segura minha cintura como se estivesse me acompanhando, passo meu olhar pelo lugar e vejo Evan no canto da festa, encarando a bebida com uma cara estranha. Mas ele para de encarar a bebida quando repara porque a festa tinha praticamente parado e então arregala seus olhos quando me vê parada ali.
- Por que uma gata como você iria parar aqui na minha festinha? – encaro o loirinho por alguns segundos e sorrio enviesada.
- Vim atrás de alguém e esse alguém não é você. – pisco para ele e tiro sua mão da minha cintura, andando com toda confiança do mundo na direção de Evan que agora estava assustado por aquela atitude. Paro em frente a ele e pego a bebida da sua mão, vendo algo borbulhar lá dentro. Viro a bebida no vaso ali do lado e seguro a mão dele, o puxando comigo para o quintal daquela mansão, um lugar mais calmo. Ele me seguia totalmente confuso e ainda retribuía as encaradas das pessoas, eu passava reto e nem fazia a menção de virar meu rosto para ninguém, só paro quando acho um banquinho no meio do jardim e me sento ali.
- Eles iam te dar um “Boa noite Cinderela” e iriam fazer sabe lá o que com você e seus amigos, em falar nisso, cadê eles? – desvio meu olhar dele e olho em volta, ele gagueja quando tenta me responder e eu reviro meus olhos.
- Não tiveram coragem de vir, eu tive que vir sozinho. – ele finalmente respondeu, então pude notar como sua voz era bonita, tinha uma certa rouquidão que a deixava sexy.
- Corajoso. – murmuro, balançando a cabeça positivamente, olho para o lado vazio do banco e bato minha mão ali para ele sentar, Evan sorri divertido e se senta ali.
- Essa é a sua primeira festa, certo? – pergunto, depois de encará-lo por um tempinho, ele me olha e faz que sim com a cabeça.
- Tá tudo errado, Evan. – ele franze o cenho e me encara sem entender mais nada.
- Não se pode ficar no canto da festa, encarando a bebida pensando se vai beber ou não, pensando se você deveria ter vindo ou não. Porra, já que está aqui faça a merda toda valer a pena. – levanto a mão e a mexo no ar enquanto falo, parecendo que eu estava dando uma bronca nele ou cantando rap para quem visse de longe. Coloco-me de pé e estendo a mão para ele, com a sobrancelha erguida.
- Posso fazer sua noite ser inesquecível, Evan Peters? – pergunto, sorrindo de lado e o encarando, ele olha em meus olhos e umedece os lábios, então sorri de lado e segura minha mão. O puxo de volta para dentro da casa e o levo até a cozinha, pegando vodca e energético, enchendo dois copos, passo um para ele e seguro o outro.
- Você vai beber isso daí de uma vez, sem parar. Entendeu? – ele assente e faz o que eu mando, virando o copo, depois faz uma careta, tossindo um pouco. Entrego o outro copo que eu segurava e faço um gesto para ele repetir o que tinha feito, ele demora um pouco mais, porém faz exatamente o que tinha feito.
- Muito bem, muito bem. Sua garganta deve estar um pouco amortecida, agora você vai tomar o quanto você aguentar dessa garrafa de vodca pura. É Absolut, não vai ter ressaca no outro dia, então relaxa. – entrego a garrafa para ele que nega com a cabeça, estreito meus olhos em sua direção que o faz abri-la e começar a beber, mas logo cospe na pia.
- Evan, para de ser um frouxo covarde, bebe logo isso daí que você consegue. – aponto para a garrafa na mão dele.
- O que você quer de mim? – ele retruca, o empurro contra a pia e colo meu corpo no dele, mas não faço nada, só queria ver ele prender o ar e sentir seu corpo estremecer com a aproximação.
- Eu quero que você faça o que eu mande, você não vai se arrepender. – murmuro, sentindo nossas respirações se chocarem, encaro seus lábios por alguns segundos, segurando a vontade de experimentá-los. Afasto-me dele e cruzo meus braços, ele solta o ar e faz o que eu tinha mandado, virando a garrafa, bebendo sem parar. Fico impressionada ao vê-lo beber exatamente tudo que tinha ali, parecia até que fazia isso direto. Alargo o sorriso e bato palmas quando ele deixa a garrafa vazia em cima da mesa.
- Perfeito, agora vem comigo. – entrelaço nossas mãos e o levo comigo para a sala, onde tocava One Dance do Drake, ele parecia estar bem tonto pelo o que tinha feito, então o faço sentar no sofá. Sorrio para ele e começo a mexer minha cintura conforme a batida gostosa da música, giro meu corpo enquanto rebolo e canto a letra da música mentalmente. Vejo ele sorrir ao observar eu dançar, seguro suas duas mãos e o ajudo a se levantar para dançar comigo. Ele não consegue e fica tímido, acabo dando risada do seu jeito e de como ele tinha ficado vermelho por isso. Coloco suas mãos em minha cintura e as deixo ali, jogo meus braços em volta de sua nuca e tento conduzi-lo junto comigo, mas acabo me perdendo em seus olhos.
- Acho que estou ficando bêbado. – ele comenta, fazendo eu dar uma risadinha.
- Quer fazer uma loucura comigo? – sussurro, pensando bem no que eu estava fazendo com aquele garoto. Ele assente com a cabeça e isso me dá coragem de correr com ele daquele lugar. Abro meu carro e entro, dou partida logo depois que ele entra, então acelero indo para alguma praça pública, a primeira que eu acho, estaciono e saio do carro, vendo se tinha pessoas suficientes ali. Não tinha tantas assim, mas já servia, ligo o som e plugo o cabo ali e no meu celular, escolhendo Bohemian Rhapsody do Queen para tocar. Ele abre um sorriso tão lindo quando escuta a música tocar e eu peço para ele sair do carro logo, subo em cima do carro e estendo as mãos para ele subir.
- Tá maluca? – ele pergunta, dando risada e olhando em volta, bufo alto e bato o pé para ele subir logo. – Não vou fazer isso! – ele aponta para o carro e nega com a cabeça.
- Evan, sobe logo aqui antes que eu te faça passar mais vergonha! – o ameaço, ele me olha e fica me analisando vendo se era verdade, então ele decide subir de uma vez.
- E agora? – ele abre os braços e fica todo sem jeito por todo mundo estar nos encarando. - Mama, just killed a man. Put a gun against his head. Pulled my trigger, now he's dead- começo a cantar, abrindo os braços e dramatizando letra por letra, aponto para ele que solta uma risada, mas me surpreeende cantando:
- Mama, life had just begun. But now I've gone and thrown it all away – mas não com tanto entusiasmo, seguro sua mão e olho para as pessoas.
- Mama! Didn't mean to make you cry,If I'm not back again this time tomorrow – fecho os olhos e solto a voz, Evan continua cantando: - Carry on, carry on. As if nothing really matters – abro os olhos e alargo o sorriso para ele. Então ele aperta minha mão e olha para o público e cantamos juntos:
- Mama! (Anyway the wind blows). I don't wanna die,I sometimes wish I'd never been born at all – solto uma risadinha por êxtase dele estar cantando tão bem daquele jeito e sem mais timidez. Ele imita tocar guitarra e até balança os cabelos com o solo, balanço os ombros quando o toquinho começo e aponto para ele, cantando: - I see a little silhouetto of a man – ele solta uma risada e muda o tom de voz: - Scaramouche! Scaramouche!
Will you do the fandango? – fecho meus olhos e finjo marchar enquanto canto, ouço ele cantar também e até bato palmas de acordo com a batida da música. Só paramos quando começa o outro solo, então começamos a pular e balançarmos a cabeça conforme, quase caindo, mas então nos seguramos e começamos a gargalhar.
- So you think you can stone me and spit in my eye? – canto, olhando em seus olhos ainda dando risada.
- So you think you can love me and leave me to die? – ele retruca, entrelaçando nossos dedos e soltando uma risadinha.
- Oh, baby! – deixo meu corpo cair e fico de joelhos, ele joga a cabeça para trás e solta uma gargalhada gostosa, então me olha novamente e canta: - Can't do this to me, baby! – ele se ajoelha também e cantamos juntos: - Just gotta get right outta here! – abrimos os braços juntos, ele toca bateria no ar e eu retraio meus lábios enquanto jogo meus cabelos de um lado para o outro.
- Nothing really matters. Anyone can see – cantarolo, parando de jogar os cabelos, ficando ofegante.
- Nothing really matters. Nothing really matters to me – ele canta dessa vez, sorrindo sem mostrar os dentes. Então ficamos nos encarando enquanto o Freddie Mercury canta a última frase, sorrio de volta para ele e escuto os aplausos. Solto uma risada e me levanto, agradecendo o público minúsculo, ele faz o mesmo sorrindo ainda mais. Desço de cima do carro junto com ele e aproveito para me encostar ali mesmo e respirar fundo.
- Isso foi incrível...Nossa, não consigo nem explicar como meu coração ficou, foi incrível! – ele começa a falar, posso sentir a empolgação no tom da sua voz.
- Evan, isso daí que fizemos não é uma loucura. – sorrio divertida vendo ele ficar surpreso. – Loucuras são coisas que são arriscadas, que nos dão adrenalinas. Isso foi só uma um sonho que eu tinha, eu adoro essa música e ela precisa ser cantada desse jeito para honrá-la. – ele sorri e concorda comigo, se encostando no carro e respirando fundo.
- Por que eu? – escuto sua pergunta e encaro o parque a nossa frente, encho minha bochecha de ar e começo a andar pelo parque, querendo fugir daquela pergunta porque eu não fazia ideia da resposta.
- Vamos, temos mais lugares para ir. – o chamo com a cabeça, ele morde o lábio pensativo e assente, colocando as mãos nos bolsos da calça e me segue.
O levei para um prédio que a entrada era proibida, só para ver ele surtar quando os seguranças nos pegassem e teríamos que fugir e foi exatamente o que aconteceu. Acabei o levando para uma estrada que eu adorava, ela era toda deserta e fazia um cenário perfeito de filme de terror, ela ficava no meio de uma floresta e as folhas das árvores preenchiam a rua, parecia muito com a estrada do filme O chamado 2, até relembramos a cena dos cervos atacando o carro. Fiz questão de parar no meio da estrada e deitar no meio dela, só para olhar o céu quase tampado pelas árvores, ele me contou algumas coisas que eu já sabia, mas claro que não demonstrei isso. Evan era especial demais, isso era um fato depois dessa noite. Depois decidi ir embora, mesmo não querendo que a noite acabasse, porque pela primeira vez na vida eu tinha me sentido uma garota normal, sem paranoias e vícios doentios. Naquela noite eu tinha me esquecido dessa minha sede de sangue e de matança, Evan Peters poderia ser minha cura. Assim que estacionei em casa, ele encarou a casa dele por longos segundos, respirando fundo e parecendo tomar coragem para isso.
- Hoje é meu aniversário. – ele comentou, arregalei os olhos e abri a boca surpresa.
- Feliz aniversário, Evan! – segurei em sua mão e ele olhou para elas, sorrindo levemente.
- Eu... – ele não conseguiu terminar, mas eu sabia o que ele passava na casa dele. Abri a porta do carro e o fechei com força, ele um pouco confuso acabou fazendo o mesmo.
- Vem comigo, não precisar entrar na sua casa. – estendo a mão para ele e aponto para minha casa.
- É complicado. – assinto para ele, mas continuo com a mão estendida.
- Não precisa ser se você não quiser que seja. – abro um sorriso encorajador, ele abaixa a cabeça e abre um sorriso, então não espero ele segurar minha mão, eu mesma seguro a dele e o puxo comigo para minha casa. Entro pelos fundos e caio direto na área da piscina, tiro minha jaqueta de couro e a jogo na cadeira ali perto, ficando apenas com o top e a calça de couro. Liguei o som e coloquei para tocar “Feeling Good” na versão do Avicii, depois de Sense8 não consegui parar de escutar.
- Vamos nadar? – olho sugestiva para a piscina e tiro meus sapatos, em seguida puxo minha calça para baixo, a tirando com uma certa agilidade, ele fica me encarando sem reação alguma, mas apenas dou de ombros e entro na piscina com o top e a calcinha. Mergulho e fico um tempo lá embaixo, fechando os olhos e sorrindo, sentindo como era silencioso e calmo ali.
Só acordo do meu momento de paz quando Evan pula e o vejo em baixo comigo, ele só de cueca, alargo o sorriso para ele e o vejo segurar minha mão e me puxar contra ele. Então ele faz o que eu não esperava, ele cola nossos lábios e só não inicia o beijo porque eu subo para a superfície. Nado até a beirada e me encosto ali, colocando meus cabelos para trás e respirando fundo o vento gelado do lado de fora.
- Você não vai querer fazer isso. – murmuro, não olhando para ele, mas eu sentia sua aproximação. Aquela sensação estranha dentro de mim quase que me queimava por dentro, sempre que ele estava por perto.
- Eu quero muito fazer isso e parece que você também, mas por que não se entregar de uma vez? Eu pensei que você não tivesse medo de nada. – escuto suas palavras e solto uma risadinha, olho em seus olhos e umedeço meus lábios.
- Sabia que existia coragem aí dentro, só a timidez atrapalhava. Evan, faça o que tiver que fazer, sem pedir permissão. – sorrio de lado ao vê-lo assentir e segurar minha cintura, aproximando os lábios dos meus e iniciando o beijo, dessa vez eu o permiti, retribuindo no ritmo que ele tinha começado. Estava o deixando me guiar, seu beijo era calmo e doce assim como ele, nada parecido comigo. Subo minhas mãos em sua nuca e entrelaço meus dedos nos fios de cabelo, os puxando levemente enquanto o sentia aprofundar mais o beijo. Deslizei minhas pernas até chegar em sua cintura, encaixando-me no meio das dele, o puxando para mais perto de mim. Desço o beijo para o seu pescoço que o faz estremecer e suspirar, sorrio enviesada e passo a língua em toda sua pele exposta. Puxo mais seu corpo contra mim e posso sentir sua excitação roçar em mim, fazendo eu suspirar.
- Não vamos poder ir muito além, se é que me entende... – sussurro, como se estivesse com dor. – Mas relaxa, isso é o de menos! – sorrio e o beijo novamente, colocando minha mão dentro da sua cueca. Eu tinha sérios problemas em transar com alguém, eu sentia uma imensa vontade de tirar a vida da pessoa que me penetrasse, Evan era a última pessoa no mundo que eu queria fazer mal, então transar com ele estava fora de cogitação, mas estar daquele jeito com ele tão vulnerável e entregue ao meu toque, seu membro pulsando em minha mão e sua respiração descompassada contra meu rosto. Isso me fez pensar bem se com ele não poderia ser diferente, mas eu tinha medo, pela primeira vez na vida eu tive medo. O que eu mais gostava nele era o fato dele nunca me questionar, ele poderia estar curioso por tudo aquilo, mas só deixava o momento acontecer, talvez por medo da resposta. Aquela noite com o Evan tinha sido a melhor noite de toda minha vida, a noite em que eu realmente tinha me sentido normal e feliz. Não tínhamos transado por completo, mas conseguimos fornecer prazer um ao outro de uma maneira que poderiam chamar de impossível, mas nós dois sabíamos o que tínhamos vivido ali e guardaríamos apenas para gente.

THE NIGHT

Evan e eu passávamos horas e horas juntos, tanto de dia ou de madrugada, algumas apenas conversando sobre absolutamente tudo. Ele era a pessoa mais criativa que eu tinha conhecido, suas ideias eram maravilhosas que se ele mostrasse ao mundo, ele seria um escritor espetacularmente reconhecido e famoso. Quando não estávamos conversando, estávamos dançando ou cantando em cima do telhado da minha casa ou na nossa estrada. Já as outras horas, essas eram particulares, especiais e maravilhosas.
Evan decidiu ir me visitar na boate, mas ele surpreendeu quando chegou lá todo mudado, vestido todo de preto, jaqueta de couro, jeans preto e camiseta branca embaixo da jaqueta. Seus cabelos puxados para trás, quase com o penteado do Alex Turner na época do AM. Ele era o cara mais lindo de todos que estavam ali, isso incluía os dançarinos bombados. Então não pude deixar de dar toda atenção para ele, eu não conseguiria olhar para outro de qualquer maneira mesmo. Evan me surpreendia, isso era uma das coisas que eu adorava nele, além dele passar todo aquele clichê de menino bonzinho e de família, ele também podia não ser.
- Assim fica difícil de trabalhar, sabia? – falo, engolindo em seco e sentindo ele encostar a testa na minha enquanto dançamos ao som de “Two weeks” de FKA twigs.
- Eu posso virar o seu trabalho. – ele retruca, com aquela voz rouca e sexy, solto uma risadinha abafada e nego com a cabeça.
- Cuidado com o que deseja, Evan, já te falei isso! – o alerto, abrindo meus olhos e mordendo seu lábio inferior com um pouquinho de força, ele arfa assim que eu solto e inicia um daqueles beijos gostosos que ele dava, era intenso e calmo. Eu chamava de “Beijo da morte”, depois de um beijo daquele eu poderia morrer que eu morreria feliz e anestesiada. Durante todo esse tempo que eu estava com Evan era como se eu não fosse eu mesma, parecia que eu tinha morrido e ressuscitado novamente. Todos os crimes que eu tinha cometido tinha sido perdoado e eu tinha recebido uma segunda chance de ser feliz. Então essa noite eu tinha decidido fazer tudo que meu corpo quisesse e me permitisse e ele implorava por Evan, portanto eu tinha cansado de ter medo, deixei Evan me levar com ele para o meu carro e eu juro que tentamos ligar e sair dali para terminarmos em casa, mas o desespero pelo corpo um do outro era muito maior, era intenso, profundo e extremamente forte. Acabamos fazendo sexo ali mesmo, no banco de trás do meu carro. O lugar meio que não importou, isso também não significou que só fizemos ali, depois fomos para minha casa e podemos repetir aquilo durante o restante da noite e depois do dia, era até engraçado como nunca nos cansávamos de nós mesmos. Eu não senti vontade de matar, mas também não conseguia parar de querer tê-lo só para mim, dentro de mim, ele era tão absurdamente gostoso.

THE PAIN

Evan estava com problemas em casa, seu pai andava completamente descontrolado e isso me enfurecia, aquele homem realmente merecia pagar por cada erro que tinha cometido, mas eu não fazia nada por total respeito ao cara que eu gostava, isso talvez tenha sido o maior erro da minha vida. Ele não respondia minhas ligações, nem minhas mensagens, sua casa estava silenciosa demais e escura demais. Nenhum sinal dele, o carro de seu pai não estava mais na garagem, então não consegui mais me segurar e decidi ir atrás dele. Sua casa parecia estar mesmo vazia, bati algumas vezes na porta e ela se abriu, isso fez meu coração se apertar dentro de mim. A porta aberta com uma casa vazia nunca era um bom sinal, dei alguns lentos passos pela sala, procurando algum indício de barulho ou de alguém.
- Evan? – engoli em seco quando ninguém respondeu, mas ouvi um barulho de cadeira sendo arrastada, então apressei o passo até a cozinha, mas antes que eu chegasse um grito ecoou da minha garganta. Evan estava se arrastando todo ensanguentado por uma poça de seu próprio sangue no chão, não consegui nem tentar segurar o choro. Corri até ele, me sujando toda de sangue, o colocando em meus braços.
- O que aconteceu, meu amor? – perguntei, a voz falhada de tanto soluçar. Ele tossia e borbulhava sangue de sua boca, passei a mão pela sua camisa e pude sentir vários furos e cortes, ele tinha sido esfaqueado tantas vezes que me fez chorar mais ainda. Aquilo definitivamente estava sendo o maior castigo que eu poderia ter tido. Ele tentava falar comigo, mas não conseguia e se engasgava com seu próprio sangue. Ele tentava pegar algo no bolso dele, então o ajudei e peguei um pedaço de papel, todo manchado de sangue. Tentei ler o que tinha escrito e era a letra de Asleep da banda The Smiths, uma das músicas mais tristes que eu conhecia. Ele tentava se acalmar, então parei de soluçar e alisei o rosto dele, tirando seus cabelos grudados.
- Tá tudo bem, vai ficar tudo bem, tá? – dei um beijo em sua testa e respirei fundo. - Sing me to sleep. Sing me to sleep. I'm tired and I, I want to go to bed… - comecei a cantar com toda dificuldade do mundo, mas estava acalmando-o, ele agora sorria em vez de ficar engasgado. - Don't try to wake me in the morning, 'Cause I will be gone. – retraí os lábios para segurar o soluço preso na garganta.
- Don't feel bad for me. I want you to know. Deep in the cell of my heart. I will feel so glad to go – continuo cantando e alisando seu rosto bem mais tranquilo, ele me encarava e sorria, sua respiração ficava ainda mais fraca.
- There is another world. There is a better world. – deixei minha cabeça tombar para frente, encostando nossas testas.
- Well, there must be. Bye bye... – paro de cantar quando sinto que ele tinha parado de respirar, então me entrego ao choro e a dor que era insuportável. Ver seu corpo sem vida nos meus braços foi a pior dor que eu podia ter sentido em toda minha vida, se isso foi castigo por todo mal que eu causei, então eu realmente era uma pessoa horrível, porque nem eu desejava aquilo para ninguém. Passei meus dedos em cima suas pálpebras e as fechei, dando um beijo em cada uma delas.
- Um lugar lindo te espera, tenho certeza disso. – sussurro, dando um selinho em seus lábios, o coloco no chão e resolvo ir até o quarto de sua mãe tendo certeza que o porco escroto do seu pai tinha matado tanto ele quanto a mãe e eu estava certa, ela tinha sido morta asfixiada pelo travesseiro que estava jogado no chão. Sequei minhas lágrimas, sujando mais meu rosto de sangue, então decidi limpar toda aquela sujeira que aquele porco tinha feito, tirando as minhas digitais e infelizmente as dele também. Demorei, mas fiz pelo Evan, o coloquei perto de sua mãe, banhei a casa com gasolina e liguei o gás, então assim que eu sai dali joguei um fósforo lá dentro e segui para casa, pegando um cigarro no bolso e o ascendo com meu isqueiro, quando cheguei na minha casa que ouvi a explosão e senti o vapor do fogo entrar pelas minhas janelas abertas. Deitei na minha banheira e mergulhei ali, gritando e berrando, quase esperneando embaixo d’água, deixando todo o desespero se evaporar ali e sabendo que não era algo momentâneo, aquela dor que eu sentia me perseguiria para sempre. Mas eu só não acabaria com ela, porque eu tinha algo para fazer. Eu tinha merecido sentir o que eu sentia, eu era uma psicopata fria que tinha matado por prazer, mas agora eu mataria por vingança.

REVENGE

Estava seguindo os passos daquele porco fazia meses, ele sabia se esconder, tenho que admitir. Até porque a polícia também estava atrás dele, eles tinham descoberto pelos amigos do Evan como o pai dele o tratava e já tinha ameaçado a vida dele a da mãe dele várias vezes. Mas um viciado não fica muito longe do vício, eu o esperaria em seu momento de fraqueza, aliás, eu mesma serviria seu último copo de bebida e faria questão de vê-lo beber seu próprio mijo se fosse preciso. Ele pagaria por cada maldade que ele já tinha feito e até as que ele nem chegou a fazer, se tinha uma coisa que eu era boa era fazer algum escroto sofrer e esse sofreria em especial, ele tinha toda a minha atenção.
Minha próxima parada seria em Oklahoma, não tinha importância a demora que essa vingança levaria, pois ele sabia que estava sendo caçado e que uma hora ou outra ele cairia na armadilha do caçador, mas dizem que a vingança é um prato que se come frio e eu me deliciaria nesse prato delicioso. Um assassino tinha saudade de sangue e viajaria para onde quer que fosse só para ter o que queria, levando o tempo que fosse.





Fim



Nota da autora: Mais uma com o mozão e crush supremo do Evan Peters, eu realmente acho que o Evan tem muita cara de psicopata, mas já vemos muito ele sendo um em American Horror Story. Então por que não um mocinho fofo, lindo, inteligente e do bem? Haha... Espero que tenham gostado, comentem o que acharam e críticas construtivas são sempre bem vindas! <3
Meu twitter (meio abandonado): @lovejunes




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