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Fic finalizada em 16 de julho de 2020

Capítulo Único

As crianças corriam felizes e excitadas de um lado para o outro. Era possível ver algumas famílias inteiras nas várias filas para os diversos brinquedos do parque de diversões. Namorados, amantes, grupos de amigos… em sua grande parte, estavam tendo o momento de suas vidas, criando memórias que seriam lembradas por muitos e muitos anos. Até mesmo os solitários conseguiram deixar um pouco de lado a mágoa e aproveitaram os poucos minutos de felicidade, nem que seja observando a felicidade alheia.

estava esperando o namorado chegar, estava uma fresca noite de primavera, ainda era possível sentir um pouco o gelado do inverno, mas nada que um leve casaco não conseguisse espantar os tremores que vinham quando um vento frio teimoso soprava para longe os guardanapos da barraca de cachorro quente. observou o dono da barraca correr atrás de alguns que estavam mais próximos e jogá-los no lixo ali perto, ela ameaçou ir ao socorro do pequeno senhor, mas um grupo de adolescente estava mais perto e eles o ajudaram.

Ela caminhou até o banco próximo da bilheteria do carrossel e sentou-se lá. Ficou mexendo em seu celular para passar o tempo, mas, assim que viu uma mensagem do namorado dizendo que estava estacionando, guardou o aparelho e começou a procurá-lo entre as pessoas. Já estavam juntos há três anos, mas, sempre que marcavam de se encontrar em algum lugar, ela sempre sentia um frio na barriga pela antecipação do reencontro.

As sensações eram sempre as mesmas: as mãos ficavam frias, o coração disparava e sua respiração acelerava. Como estava sentada, a perna direita começou a balançar demonstrando a inquietação. Se estivesse de pé, estaria mudando o peso do corpo entre os pés a cada poucos segundos. O mix de sentimentos em ebulição sempre parava da mesma forma também: com ela suspirando ao ver o amado, sentindo um calor começar no estômago e espalhar por todo o seu corpo. Já não mais sentiria as mãos frias, seu coração voltaria ao ritmo normal e sua respiração normalizaria.

estava com suas roupas de trabalho, que consistia em um terno azul marinho de duas peças, camisa por baixo branca com listras azuis em tom pastel e gravata roxo berinjela. Na mão direita trazia seus óculos que retirara do rosto, tendo em vista que naquela parte do parque o sol já não mais se fazia presente por conta das sombras dos prédios.

“Oi, amor. Coloca na sua bolsa pra mim?” disse antes de selar seus lábios com os da namorada. “Você teve que esperar muito? O trânsito estava péssimo. Desculpa a demora.” a rodeou com os braços, repousando uma mão sobre a lombar e outra no bolso traseiro da calça jeans dela.
“Não, cheguei há pouco tempo. Também peguei trânsito. Tara mandou um beijo.” sorriu limpando os lábios do namorado, retirando o excesso do gloss que passou para ele.

sorriu sem mostrar os dentes e balançou a cabeça. Desde que contou o que a amiga fez com ela no trabalho, não gostava de ouvir o nome dela. Não deixava transparecer para a namorada, mas achava uma falta de respeito por parte de Tara ter roubado a promoção que era merecida por . A namorada não via dessa forma, e ele não traria esse tópico de discussão novamente. Da última vez terminou em uma briga horrível, então, para evitar aborrecimentos, apenas deixava que conduzisse a conversa até um tópico onde a opinião dele seria levada em conta.

“Passei naquela cafeteria que sua mãe gostou, aquela perto do meu trabalho, sabe? Encomendei a torta de fruta-pão que ela ficou tão apaixonada. Talvez, chegando com esse agrado, ela esqueça essa história de férias com a família inteira nos Alpes Suíços e foque no Havaí.” amava a sogra, a achava a melhor pessoa para se ter em seu círculo social, mas o pensamento de passar as férias inteiras ouvindo o seu sogro reclamar sobre o frio e da neve foi uma experiência que teve no ano passado enquanto visitavam a Rússia para o casamento da sua cunhada. Por todo o final de semana, seu sogro reclamou que na primavera era para estar calor, não fazendo média de 8º C por dia.

“Eu não manteria minhas esperanças altas, porque da última vez que eu ouvi do meu pai, ele já estava reclamando de dor na junta e ameaçando divórcio” riu da lembrança do telefonema da sua tia, que na ocasião estava na casa onde cresceu presenciando a cena da discussão. “Você sabe que meu pai reclama, mas faz todas as vontades da minha mãe. Nesse quesito, somos parecidos” piscou para , recebendo um tapa no braço esquerdo.

“Eu não sou como a sua mãe! Ela tem algumas ideias estranhas, como comprar um carro, sendo que nem ela nem seu pai sabem dirigir.” enumerou mais algumas esquisitices da sogra.
“Certo, mas gastar uma pequena fortuna investindo em criação de Lhamas no Peru foi uma ideia muito boa.”

Ele deu um pequeno beijo no pescoço de , enquanto ela ainda falava como o investimento parecia bom na época e que até conseguiu uma porcentagem de lucro decente, a puxou em direção ao palco que tinha no centro do parque. Um amigo do casal se apresentariam naquele final de tarde, estavam ali para dar um suporte ao amigo e também distraírem sobre as problemáticas do trabalho.

Trabalhar como analista de investimentos tinha seus dias bons, mas às vezes os maus vinham e nem sempre eram fáceis de serem digeridos. Um conglomerado de responsabilidade de perdera milhões em valor de mercado e com isso acabou não só o deixando estressado com esse fato, mas também sugando boa parte dos seus investimentos pessoais. Em apenas algumas horas, perdeu U$ 300 mil dólares em ações.

Em um conjunto geral, continuava com milhões investidos, mas quem gostava de perder dinheiro e ainda mais uma quantia significativa? Certamente não , e tirar a mente de como conseguir esse dinheiro de volta era tudo o que ele queria naquele dia.

“Alison mandou mensagem dizendo que nos encontraria aqui. Verifiquei que com Kendrick e Daisy, eles só conseguirão chegar depois da reunião na escola dos gêmeos, por volta das 18:30” disse ao pararem perto do palco. Estavam um pouco mais afastados que os fãs da banda, que a cada show cresciam em número. Acenaram para Samantha, presidente do fã clube oficial da banda e namorada do baixista, que se encontrava junto com os demais fãs na frente do palco. A garota acenou de volta, empolgada em ver que os amigos do namorado estavam lá para apoiá-lo.

Aos poucos as pessoas foram se reunindo mais próximas do palco, os amigos restantes também foram chegando e se reunindo próximo de e . A vibe era muito boa, aquela cacofonia de um parque de diversões animava o grupo de amigos que conversavam para passar o tempo. Pouco mais de 18:50, o show começou.

A apresentação foi um sucesso, todos ali no parque curtiram a banda iniciante. Do meio para o final, o nervosismo já nem era mais sentido pela plateia. Josh, o baixista, brincou bastante com os fãs e divertiu a todos com seu jeito extrovertido de ser. conhecia muito pouco as músicas do amigo, não era o tipo de música que estava acostumada a ouvir, mas verdadeiros amigos estão sempre lá para apoiar suas decisões e festejar suas conquistas, e Josh sabia que sempre poderia contar com .

Ela passou o show inteiro encostada ao corpo do namorado, sentindo o calor dele em suas costas. Ela estava super consciente de sua bunda pressionada contra os quadris do namorado, as duas mãos segurando firmemente seus quadris, os ocasionais apertos de suas mãos nesse local. Vez ou outra, ele corria a mão por um dos braços dela, para saber se estava com frio, se sentia a pele dela fria.

Durante uma parte do show, a banda começou a tocar uma música lenta e com uma batida sedutora que a fez mexer seus quadris inconscientemente. jogou o tronco um pouco para o lado para olhar para o rosto da namorada, para saber se ela estava deliberadamente provocando.

“Se você não parar com isso, eu posso ser preso por ter uma ereção perto de crianças.” ele sussurrou no ouvido dela, amando ver o tom vermelho que seu rosto subitamente adquiriu quando ela virou o rosto para se desculpar. “Não precisa se desculpar, desde que você faça isso para mim mais tarde, quando estivermos em casa.” falou contra os lábios dela antes de roubar um beijo, não muito longo e profundo devido ao local de onde estavam, mas com a quantidade certa de língua e duração para deixar bem explícito suas intenções para mais tarde.

Ali, naquele momento, experimentava outro tipo de antecipação, a antecipação do sexo. Se antes experimentava o frio, nervosismo e a impaciência. Agora experimentava o calor subindo pelo pescoço, sentia suas orelhas quentes, estava hiper consciente de suas partes íntimas umedecendo em preparação ao que não foi dito, mas que conhecia tão bem.

Será que naquela noite seria lento e doce ou forte e rude? Se a pressão feita pelas mãos dele que sentia nos quadris fosse algum indicativo, apostaria em forte e rude, no entanto, se o delicado selinho que ele plantou em seus lábios no final daquele beijo tão quente e de tirar o fôlego também fosse um indicativo, lento e doce seria uma aposta viável também.

Teria que esperar a chegada em casa para saber como a noite dos dois terminaria: na cama, entrelaçados um nos braços do outro, ou no corredor, porque não aguentaram chegar até o quarto, e estavam lá deitados reunindo forças para levantar depois de um sexo devastador. Qualquer que seja o resultado, se sentiria amada pelo parceiro. Sempre conseguia o carinho de com ela, mesmo quando estava em seu espírito mais selvagem e a tomando por trás contra o encosto do sofá. Ele procurava superfícies macias para não machucá-la durante suas investidas duras.

“Essa é uma das últimas músicas que vamos tocar, gostaria de dedicar para minha amada namorada, que sempre me apoiou. Te amo, vida.” Josh cantou toda a música olhando para a namorada, que o acompanhou com um sorriso bobo nos lábios.

All of Me do John Legend fora a música dedicada para a garota. Nessa parte do show, era possível ver todos os casais apaixonados dedicando essa música para o seu par. Com e não foi diferente. Ela cantava baixinho com a cabeça encostada no ombro do namorado e ele cantava em seu ouvido, sussurrando a música como uma poesia. Declamando para sua amada.

O casal estava mergulhado nas sensações que um causava no outro. Ela fechou os olhos para apreciar melhor o momento, focar seus outros sentidos no namorado. Sentia o calor do hálito quente dele na sua orelha, os ocasionais toques da ponta do seu nariz gelado na lateral do pescoço e bochecha. O cheiro do seu perfume, que, mesmo depois de um dia inteiro, ainda era possível ser sentido.

Ele apertava os quadris dela, pressionando-a mais contra ele. Balançava os corpos deles devagar ao som da música, nada indecente para o local ou horário, apenas duas pessoas curtindo uma a outra. Estava grato por aquele final de tarde, logo após do baque que tomou, pensou em ligar para o amigo e dizer que não iria, não estava em um clima muito festivo para isso, mas conseguiu convencê-lo que seria uma boa ideia, e de fato foi.

Há algum tempo não conseguia sair com ela daquela forma, sem preocupações de chegar no horário para pegar a mesa em algum restaurante ou esperar em alguma fila do lado de fora de um clube. Não tinha notado até aquele momento que passeios ao ar livre e coisas simples também eram coisas boas.

“E aí, gostaram?” Josh perguntou assim que chegou perto dos amigos, Samantha estava um pouco atrás falando com algumas amigas dela. “Sam, chega aqui, rapidinho” o rapaz chamou a mais nova, entrelaçando seus dedos quando ela chegou mais perto. “Nós vamos dar uma festa de comemoração lá em casa, adoraríamos que todos vocês fossem.”
Após algumas recusas e negociações depois, apenas Alison não partiu com eles, ela tinha um plantão iniciando dali vinte minutos, por sorte, o local onde o parque estava só a dois quarteirões de distância.
“Nós vamos, mas não ficaremos até o final, eu tenho um monte de papel para revisar para a aula de amanhã.” Daisy comentou recebendo um aceno em concordância do Kendrick, seu marido.
“Nós também não vamos ficar até mais tarde, tenho que montar alguns planos estratégicos para recuperar minhas perdas.” comentou segurando a ponte do nariz.
“Amor, a enxaqueca está vindo? Vamos para casa. Tenho certeza que Josh e Samantha vão entender, você teve um dos piores dias hoje.” disse preocupada, tocando levemente o cotovelo dele.
“Cara, você já fez muito hoje, vai pra casa. Se fosse comigo, eu estaria num avião em direção à Alemanha, só pra socar a cara do CEO que me fez perder uma grana, só porque ele gosta da aventura de nomear uma pessoa desqualificada para cuidar de um fundo responsável por mais de 30 bilhões de dólares.” Kendrick falou.
“Ele deve estar louco de indicar o filho de 18 anos para gerenciar a empresa dele. Eu tenho um irmão de 19 anos, não confio nele para cuidar das nossas plantas, quanto mais do meu dinheiro.” Daisy completou, arrancando boas risadas de todos. O irmão de Daisy, durante uma viagem dos dois, ficou responsável por cuidar das orquídeas do casal. Duas semanas depois ao voltar para casa, Daisy encontrou todas as suas orquídeas mortas, porque receberam muita água.

O grupo de amigos riu ao lembrar desse fato, Han era um garoto fantástico, mas um tanto desligado para seguir instruções ou regras convencionais. Por sorte dele, era um ótimo gamer e bem sucedido, tendo mais de vinte milhões de seguidores em suas redes sociais. Do contrário, talvez não se saísse tão bem em algum emprego mais convencional, como o da irmã, que era professora de Física na mesma escola que todos ali estudaram quando mais novos.

“É, cara, vai pra casa. Muito obrigado pelo seu apoio aqui no show. Cuida dele, . Amo vocês.” Josh disse abraçando os amigos.
“Nos vemos por aí” comentou acenando para os amigos ao vê-los se distanciando.

O casal caminhou em silêncio até o carro de “Amor, tenho que passar na farmácia” ele disse depois que já estavam a caminho de casa “Você vai querer alguma coisa?”.
“Só um antiácido mastigável, o que eu carregava na bolsa acabou.” ela comentou mexendo no telefone, checando alguns emails promocionais de lojas.
Facilmente encontrou uma vaga no estacionamento que ficava em frente ao estabelecimento, deixou o carro ligado e rumou para as portas de vidros. Em poucos minutos já estava de volta. “Não lembrava qual sabor você mais gostava, então comprei de todos que tinham lá: limão, laranja e salada de fruta. Agora meu amor não vai mais sentir azia por um bom tempo.” comentou rindo, passando para ela a sacola plástica ao entrar no carro.
“Exagero, seu nome é .” sorriu, selando os lábios com o do rapaz que se inclinou para ela. “Só o de salada de…” perdeu a sua linha de raciocínio quando abriu a sacola e viu seu conteúdo.

Misturado com seus antiácidos, chicletes e remédios para dor estavam duas caixas de preservativos. A antecipação do sexo voltou com força total, sentiu sua boca seca e sua respiração acelerar. O namorado percebeu a sua falta de palavras repentina e a olhou de soslaio, sentiu o canto da sua boca levantar ao constatar a reação dela, como ele já esperava: com respiração pesada e bochechas rosadas.

Ela sempre fora muito reservada em relação ao sexo, por ter crescido sendo criada pelos avós, quando adolescente não teve conversas sobre e muito menos fazia sexo. Estava focada em apenas entrar para a faculdade, começar e manter uma carreira. O primeiro encontro sexual dos dois aconteceu enquanto ainda estavam no ensino médio, eles tinham experimentado pela primeira vez vodka, como na época não sabia, essa bebida trazia à tona o lado mais ousado de .

Estavam no carro do tio de que o rapaz à época pegou escondido, porque ainda não tinha permissão para dirigir e, como o tio não estava em casa, pegou para levar os amigos para um passeio. No final da noite, estava apenas e no banco de trás do Impala 67, totalmente reformado e restaurado do tio dele, bebendo vodka. Entre uma dose e outra, os dois foram se soltando e quando perceberam estavam bem perto um do outro.

Como uma surpresa total, quem iniciou o beijo daquela fatídica noite foi . O garoto ficou um pouco assustado, mas logo se entregou ao momento. analisando aquela noite tantos anos depois, não teria feito da forma que fez. Não fora bruto nem o sexo foi não consensual, mas não levou em conta o prazer de , estava focado em apenas enfiar o pênis no buraco disponível mais próximo e fora a sorteada.

Ela diz que ele não fez nada errado, não sente qualquer ressentimento de ter perdido a virgindade daquela forma com ele, mas sempre que o assunto vem para discussão de novo, ela apenas diz que é feliz que não deram certo na época da escola, ou ela não teria conhecimento do que seria um orgasmo. Desde que ele a ouviu comentar isso com uma amiga pela primeira vez, faz questão que ela tenha pelo menos dois orgasmos sempre que transam. Não importa quão cansado ele esteja, sentia que devia essa reparação por ter sido estúpido quando mais novo.

O trajeto até o apartamento deles foi repleto de silêncio e tensão sexual. Ele já estava meio duro e ela molhada há alguns quilômetros de casa, quando ele estacionou na vaga de estacionamento deles as respirações já estavam ofegantes e eles não estavam se tocando ainda. O elevador pareceu demorar uma eternidade para chegar ao subsolo onde estavam e mais uma eternidade e meia em direção ao andar onde viviam. Ele estava com o corpo bem perto do dela, suas respirações se misturavam, eram as únicas coisas a se tocaram e isso estava transformando tudo muito difícil de não protagonizarem um sextape de ótima qualidade para o segurança da noite responsável pelo monitoramento das câmeras do prédio.

Finalmente estavam dentro do apartamento deles, escondidos de olhos estranhos. Seus corpos nus visíveis apenas para eles, os gemidos audíveis apenas para eles. Foi lento e doce, perfeito para o fechamento de um dia que começou sem pretensão, mas com os acontecimentos da tarde tinha tudo para terminar como a chuva que caia fora do apartamento, fria e furiosa.

Para os dois, não importava, estavam entrelaçados na cama se amando e sentindo a segunda antecipação chegar, e dessa vez seria forte e rude, afinal de contas ele ainda estava com raiva e descontraia no corpo da namorada. Ela não estava assustada, pelo contrário, já estava ansiando por esse lado dele… carinhoso era ótimo, mas ele com raiva? Simplesmente perfeito.


FIM



Nota da autora: Obrigada por ter lido! Diga aqui embaixo o que achou, vou ficar feliz em saber sua opinião! Beijos e até a próxima! <3
Caso queira entrar em contato comigo, é só me mandar um e-mail que eu vou ter o prazer em te responder. :D


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