CAPÍTULOS: [1] [2]









Capítulo 1


O relógio já batia às dez horas da manhã, faltavam vinte minutos para a próxima aula e minha cabeça já estava doendo depois de meia hora de falatório do professor de Química. Estava sentindo uma agonia enorme de permanecer naquela sala, já havia me perdido no que o professor falava e, sinceramente, só queria sair dali. Me perdi nos meus pensamentos sobre cigarros e comecei a encarrar o nada até me interromperem com batidinhas sutis no meu ombro.
“Finja que presta atenção nas ligações metálicas, sua cara de paisagem está cômica.”
Olhei para a fila ao meu lado e sorria para mim – um sorriso lindo, devo acrescentar. Rasguei um pedaço da folha do meu caderno e peguei uma caneta para responder àquele bilhete.
“Mas , acho que você que não está prestando atenção na aula, está muito ligado no que deixo ou não de fazer.”
Amacei o bilhete, em seguida eu estiquei meu braço para entregá-lo, mas a mão que pegou o tal bilhete não foi bem quem eu esperava.
-Senhorita Young, já para sala do diretor. – falou meu professor com um olhar sereno e um tanto cínico.
-Posso ir junto? – falou se levantando de sua cadeira e arrumando seu moletom do uniforme.
-O por quê da honra? – disse o Senhor Jones cruzando os braços e olhando com um olhar desafiador para .
-Eu que estava trocando bilhetes com ela. – saiu de trás da banca e foi em minha direção puxando meu braço para que eu levantasse e me puxou até a porta da sala. – A propósito, sua aula está um saco. – fechou a porta com força, me puxou pelo braço até o portão principal do colégio, o empurrando e saindo para o campo de futebol.
Quando chegamos ao campo, fomos até sua lateral onde estavam as arquibancadas, mas não as subimos, só entramos pra trás delas e sentamos no chão, quando finalmente descansamos e as palavras começaram a sair da minha boca.
-O que você tem na cabeça? Qual o seu problema? – falei ofegante, estava muito cansada da maratona que tinha acabado de fazer.
-Relaxe um pouco e respire. – ele falou rindo de mim, mas ele estava tão cansado quanto eu.
Depois de me recuperar de tanta correria, peguei um cigarro do bolso de e o acendi com meu isqueiro, enquanto ele me olhava sério, em especial, para minhas pernas.
-Não olhe para mim desse jeito.
Traguei o cigarro quando terminei a frase. Sabia que a essa altura estava completamente corada.
-Por quê?
já estava perto demais, de novo, era a segunda vez essa semana que isso acontecia e eu estava adorando aquilo, apesar de não ser totalmente certo. Eu o puxei para mais perto de mim, porém não nos beijamos de imediato, ele me olhou com o sorriso mais sacana que eu já tinha visto em minha vida.
-Não estou interessada. – disse com um sorriso sapeca.
Sim, claro que estou interessada.
riu levemente pelo nariz, se afastou de mim e logo pegou o cigarro da minha mão.
-Quem disse que eu estou?
Nossa. Que. Fora.
Me levantei arrumando a saia do meu uniforme e caminhei devagar até onde estava, em seguida me sentei em seu colo. Seu olhar acompanhava cada movimento meu com bastante cautela enquanto tragava o cigarro.
-Você não precisa dizer. – falei colando nossas testas.
me olhava nos olhos com um ar de superioridade, mas eu sabia que ele estava gostando, eu conseguia sentir isso.
Minha respiração já estava acelerada de estar próxima a ele, quando estávamos por perto eu sempre ficava assim... Aérea. Apesar de não querer que ele sentisse tudo isso em mim, mas eu também sentia isso nele. jogou o cigarro para longe e logo começou a passar as mãos em minha cintura calmamente e beijar meu maxilar, mas não estava disposta a ceder, pelo menos não por hora.
-Pensei que não tivesse interessado. – falei me afastando. riu a afastou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha.
-Estou completamente interessado, se quer saber.
Seus olhos não saiam de minha boca, ele parecia estar em total autocontrole, seu olhar transbordava desejo.
Me aproximei do seu pescoço e comecei a distribuir beijos por toda sua extensão, o provocando; sabia que ele gostava, pois sentia sua respiração levemente acelerada. Minhas mãos, que estavam em seus ombros, partiram para sua nuca e comecei a arranhá-la de leve, nesse mesmo tempo nossos lábios já haviam se encontrado e tínhamos começado um beijo calmo e lento. De repente foi direcionando os beijos até meu pescoço, dando leves chupões; ele apertava minha cintura e me puxava para perto de seu corpo.
Não que eu nunca tivesse pensado no dessa forma, mas nada me levou a imaginar que isso realmente fosse acontecer. Não sei o que estávamos tendo, qual o lance, mas eu estava gostando; desde a festa do último sábado, quando ficamos a primeira vez, tínhamos começado a ficar, mas não sempre, só quando batia vontade. Por mim seria sempre.
-Você realmente quer foder embaixo da arquibancada? – perguntava ofegante durante o beijo, que eu tentava ao máximo não quebrar.
Voltei à minha sanidade em segundos. Poderíamos ser pegos a qualquer momento, afinal estávamos no colégio, cercados de monitores. Mesmo eu precisando urgentemente de , seria muito perigoso e arriscado para ambos de nós, mais um deslize e seria um simples “adeus!” às nossas bolsas.
-Me desculpe.
Logo me levantei e arrumei meu uniforme que a essa altura já estava todo amassado.
-Tudo bem. – falou frustrado, mas ele sabia que eu estava certa.
Ele logo se levantou e deu um jeito na calça, um tanto envergonhado. O puxei pelo moletom do colégio – que ficava completamente charmoso quando o vestia; e fomos até o estacionamento.
O South Hill estava vazio por inteiro, não tinha ninguém, nem mesmo os monitores que rodam pelo colégio e suas extensões. O estacionamento estava parcialmente vazio, ninguém ali gostava de ter carros pelo visto, apesar de ricos, os alunos da South Hills gostavam de usar seus pobres motoristas, enquanto eu, bem... Me viro andando.
-Vamos ficar por aqui. – falei ao escorar em um carro qualquer e me acompanhou.
-Me diga que você vai amanhã à noite.
Seu sorriso infantil é um dos seus melhores e ele tinha acabado de fazê-lo. toca em uma banda chamada Week Need e a banda ia se apresentar no sábado, eles podem até não ser conhecidos, mas são muito bons e o arrasa na guitarra.
-Como eu poderia perder? – falei rindo.
-Boa garota. – falou ao me abraçar de lado. – Quer entrar agora? A próxima aula já vai começar.
Olhei para o relógio e vi que faltavam quatro minutos para o toque da aula acabar e percebi o quão longe estávamos da entrada principal.
-Vamos!
Corri na velocidade da luz, passado pelo estacionamento e pátio até chegar ao portão principal onde vi Charlie e Blake segurando nossos materiais.
-Você está bem, ? Onde estavam? – falou Charlie me entregando sua garrafa de água a me ver tão cansada depois da minha segunda maratona do dia.
-Vamos para a aula, Charlie.
Puxei-a pelo braço até nossa sala de Biologia que ficava no primeiro andar do prédio, deixando Blake e para trás, mas minha intenção era não perder a aula, já havia me metido em encrenca demais para um dia só no colégio.
-O que vocês estavam fazendo? – insistia Charlie.
A ignorei e continuei meu caminho até a última banca da esquerda, meu lugar de sempre; coloquei meu material sobre a mesa e me encostei sobre a mesma.
-Pode parar de me ignorar e começar a me responder? Vocês transaram?
-Charlie! – a olhei com indignação, o que era um pouco irônico.
-!
Rolei os olhos. Odeio esse tipo de conversa, sempre odiei essa falta de privacidade, mesmo que seja com Charlie.
-Nos beijamos. Estamos ficando, isso é bem natural, sabia?
-Você deveria investir mais.
-Foder embaixo de uma arquibancada não é a minha definição de investir. – rimos.
O professor chegou logo em seguida e nos sentamos para a aula; o professor falava alguma coisa sobre organelas e eu anotava tudo, minhas notas tinham que ser exemplares se eu quisesse continuar no South Hill.
O sinal tocou depois de cinquenta minutos de aula.
Senti alguém me puxar ao sair da sala e logo senti meu corpo contra os armários, aquilo doeu, mas logo foi minimizado com o beijo que recebi em seguida. Era suave, lento e cauteloso; Tomlisnon era ótimo nisso. Ele colocou as mãos em minha cintura e tinha começado a aperta-la, enquanto eu puxava seu cabelo de leve, não queria quebrar aquele beijo jamais.
-Te vejo no sábado, Young.

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“-Te vejo no sábado, Young.”

Sim, com certeza iriamos nos ver lá.
mexia comigo cada vez mais, cada mensagem de texto, cada ligação, cada toque era motivo de borboletas explodirem no meu estômago. Céus, que patético! Ninguém nunca precisaria saber nisso.
Eu me revirava na cama tentando escapar desses pensamentos inúteis, até meu celular começar a vibrar. Quem manda uma mensagem de seis horas da manhã?
“Vamos pegar a mercadoria. Já é hora, garotinha.”

Blake, ugh!
Festas londrinas para adolescentes são sinônimos de muita droga, nunca curti muito esse tipo de coisa, uso de vez em quando, mas a ideia de ficar fora de mim e totalmente vulnerável não me parecia sempre a melhor coisa a fazer.
Blake nunca me pedia para pegar a mercadoria com ele, mas como ninguém poderia acompanha-lo, eu fui a última opção.
Corri para o banheiro e tomei um banho breve, a água estava congelando. Me vesti com uma blusa listrada, calças pretas, um casaco consideravelmente cafona, porém bem quente; e meus coturnos. Prendi meus fios lisos em um rabo de cavalo alto, sem ao menos pentear.
-Vai sair, filha? – minha mãe perguntou ao abrir a porta calmamente.
-Vou para a casa de Blake, ele me pediu ajuda com o irmão menor.
-Tudo bem, não se atrase para o almoço. Quer que seu pai vá lhe buscar?
-Não. – falei um tanto desesperada. O que é isso, ? Mantenha a calma, não é a primeira vez que você mente.
-Tudo bem. Divirta-se. – falou minha mãe pausadamente com os olhos bem arregalados.
Sim, mentir é feio e errado, já aprendi isso muito bem, principalmente das vezes que eu me dei mal por isso, mas o que eu poderia fazer?
Sai de casa e fui em direção a casa de Blake. As ruas estavam desertas, não tinha uma alma na rua, a não ser eu. Uau, que tranquilizante! Depois de três quarteirões cheguei (finalmente) a sua casa e ele já estava na porta escorado.
Blake era a idealização de perfeição, ele sempre fora muito bonito. Seus cabelos loiros estavam perfeitamente bagunçados e aquela camisa quadriculada ficava perfeita em seus braços fortes. E cada vez que eu o via tragar aquele cigarro, eu desejava ser aquele cigarro com todas as minhas forças.
-Vamos. – falei um pouco distante.
Ele assentiu e começou a andar. Fomos em silêncio até o metrô, eu estava nitidamente nervosa; meu plano de sábado de manhã, com certeza, não era ir para uma boca. Quando finalmente achamos os nossos lugares Blake começou a falar.
-Não fique nervosa, garotinha. – falou passando seus braços pelo meu pescoço.
-Não estou nervosa.
-Não é o que parece. – deu uma gargalhada e logo começou a imitar minha cara de amedrontada.
Dei uns merecidos tapas em seu braço e me afastei um pouco, ele não estava ajudando em nada.
-Você não chega a lugar nenhum com medo, tente viver mais despreocupada com a vida, . – Blake falava olhando para o nada, ou simplesmente a bunda de alguma gostosa que estava em pé. – Você se preocupada demais.
Não, eu não me preocupo demais. Só não sou desleixada com a vida, tenho objetivos. Quero dizer, já estamos no penúltimo ano, tenho que saber o que quero fazer, certo?
Chegamos ao nosso destino. Saímos da estação e andamos alguns quarteirões até a tal boca, Blake tinha me dito que o fornecedor agora era outro.
Paramos na frente de uma casa pequena e aparentemente muito bem cuidada, diria que até parece com a casa da minha avó. Aquilo não parecida uma boca de jeito nenhum.
-Tem certeza que é aqui?
-Pelo menos é o que diz no papel. – Blake me mostrava o papel tão confuso quanto eu. – Eu li errado?
-Bata na porta ou então nunca saberá. – dei de ombros e o empurrei até a porta.
Blake bateu na porta e me olhou nervoso, logo uma mulher abriu a porta e nos assustamos.
-O que vocês querem?
-Eu estou procurando Juan. – Blake falou firme, mas eu sabia que ele estava com medo. A mulher era um tanto sinistra, ela intimidava bastante.
A mulher não falou nada, só o puxou pelo braço e fechou a porta na minha cara. Eu não entendi muito que aconteceu no momento, foi tudo tão rápido e aleatório.
Em menos de dez minutos, Blake saiu de lá com um sorriso enorme e uma sacola da loja infantil em mãos.
-Loja infantil? Pensei que você já tinha passado dessa fase. – falei ao analisar a tal sacola.
-Você espera que eles façam uma sacola personalizada da boca, garotinha? – zombou passando os braços pelo meu pescoço, começando a andar.
-Drogado inútil.

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Sábado à noite.
Estava no quarto de Charlie mexendo em meu celular enquanto ela gritava comigo histericamente por eu ainda não ter começado a me arrumar.
-, você só pode estar fazendo isso pra me irritar!
-Tudo bem. Como descobriu? – puxei o lençol em seguida e Charlie continuava gritando, sabia que ela já estava vermelha de raiva a essa altura.
Charlie puxou o lençol com tanta força que me derrubou da cama. Ela já estava pronta, seus cabelos cinza estavam presos em um rabo de cavalo alinhado perfeitamente, vestia um vestido azul rodado, saltos pretos e uma maquiagem um tanto pesada. Charlie sempre me fez sentir um patinho feio, principalmente quando saiamos.
-Está louca?
-Não me teste mais, obrigada. Agora vá se vestir.
Me levantei com pouco dolorida e fui em direção ao armário pegar a roupa que Charlie havia reservado para mim. Era um vestido preto, aparentemente colado no corpo, mas suas mangas eram um pouco folgadas até os pulsos.
-Onde você roubou isso aqui?
-É da minha irmã, temos que sair um pouco rápido antes que ela perceba. – fez uma cara um tanto receosa, o que me fez rolar os olhos.
O vestido coube perfeitamente no meu corpo. A irmã de Charlie não se importaria se eu o usasse mais algumas vezes, importaria? Depois de alguns minutos apreciando aquela obra de arte no meu corpo, fui calçar os sapatos e Charlie começou minha maquiagem. Ela começou a passar a esponjinha no meu rosto enquanto conversávamos.
-E então... – começou.
-O que você quer saber? – perguntei já sabendo de suas intenções.
-Você e o , por favor, me conta tudo. – fez uma voz manhosa enquanto já aplicava a sombra nas minhas pálpebras.
-Não tem muito pra saber, Charlie. – bufei já cansada desse assunto, afinal, não tínhamos nada. – Mas o que você quer saber sobre... Isso?
-Vocês já transaram?
-Por que eu não te contaria?
-Você anda bem misteriosa ultimamente e olha você não...
Antes que Charlie terminar a frase seu celular começou a tocar. Salva pelo gongo!
-Sim, pode deixar, daqui a uns trinta minutos nós vamos descer. – ela desligou o aparelho e logo o jogou na cama, voltando-se para mim. – Você já terminou de se maquiar?
-Você não é uma das pessoas mais rápidas no telefone, convenhamos. – falei enquanto limpava os resquícios de batom ao redor no contorno dos meus lábios, finalizando.
-Você está gostosa demais. – falou bagunçando meus cabelos. – Fique um pouco feia, por favor! Os caras só vão olhar pra você. – falou em um falso choro.
-Não seja idiota. – falei olhando-me no espelho enquanto jogava meus cabelos para o lado direito. – Blake está sempre a sua disposição. – provoquei.
Blake sempre fora a fim de Charlie, mas ela nunca se quer o deu uma chance, nem mesmo um beijinho e Blake sempre fora inconformado com isso, se metendo em encrenca em qualquer cara que chegasse perto da Charlie.
-Nem vem com essa história de novo. – rolou os olhos. – Não sei porquê você insiste tanto nisso.
-Não sei porque você não insiste, pra ser sincera. Vocês...
-Vamos descer, certo? – me puxou pelo braço, a fim de finalizar aquele assunto que eu tanto gostava de mexer.
Vamos lá, eles formariam um belo casal, além de que eles se dão muito bem. Essa história furada de acabar com a amizade que Charlie tanto fala, é pura besteira.
Descemos as escadas correndo em direção a porta, Blake estava lá a nossa espera em seu charmoso Camaro 1984.
-Olá, senhoritas. – abriu a porta como o cavalheiro que ele não é.
Charlie rolou os olhos ao perceber a tentativa de impressiona-la. Ela sentou no banco da frente e eu no banco traseiro.
-O que posso esperar de hoje? – perguntei pensativa.
-É isso que vamos descobrir garotinha.



Capítulo 2


O chão do pub tremia. Week Need estava se apresentando no pequeno e apertado palco; eu, Charlie e Blake nos espremíamos para passar por toda aquela multidão de alucinados e garotas cheias de hormônios.
estava arrebentando, ele tinha uma incrível habilidade com os dedos, mas eu tinha que admitir que isso só me deixava cada vez mais curiosa.

California Rest In Peace,
Simultaneous realease,
California show your teeth,
She´s my priestess, I’m your priest
Yeah, yeah

A música já estava chegando ao final e eu só me deliciava cada vez mais em ver fazendo aquele solo final maravilhoso... Nossa!
-Valeu, galera. Somos os Week Need! – falou o vocalista bonitinho. Ele era bem alto, até mais alto do que Blake, tinha os cabelos castanhos um pouco antes dos ombros e o jeito que ele mexia no cabelo... Cara. Mas pelo jeito Charlie já estava babando por ele.
-Esse cara... Quem é ele? – perguntou sem perder o contato visual com o vocalista da Week Need. Nós nunca tínhamos ido para um show do , mas pelo jeito estava valendo a pena.
-Não sei, mas eu vi primeiro. – brinquei.
-Com licença. – levantou-se hipnotizada pelo carinha, indo em sua direção.
Dei um leve sorriso ao perceber que Blake acompanhava toda nossa conversa com um olhar furioso. Sem demora, ele se levantou e foi atrás de alguém na pista, isso também não era novidade, sempre acontecia o mesmo: Charlie achava alguém, falava dele perto de Blake, ele se zangava e ia procurar alguém. Coitadinho.
-Chegou meio atrasada, não acha? – falou no pé do meu ouvido, me fazendo pular de susto.
-Sim, eu... Desculpe, nem vimos o show inteiro. – falei meio enrolada. Muito bem, .
-Não faz mal. Você...
-! – gritou Iris interrompendo nossa conversa. – Rosie quer falar com você. – falou o puxando pelo braço.
Ugh, Rosie.
-Eu estou ocupado aqui, Iris. – falou puxando seu braço de volta cautelosamente, mas Iris continuou insistindo. – Você me dá um minuto? Juro que eu volto pra falar com você. – assenti.
Rosie era a ex-namorada de , mas eles ainda se encontravam de vez em quando. Ela é má e não gosta de mim, o que eu poderia esperar daquela conversa?
Fui em direção ao bar, não muito distante de onde estava, mas não queria ouvir a conversa ou algo do tipo, só estava realmente com vontade de beber alguma coisa. Juro.
Duas batidas italianas e nada de .
Um simples olhar para o lado esquerdo e encontro se agarrando com Rosie. Não era um simples beijo, uma pegação de leve, eles estavam DEMAIS. Meu coração apertou, mas eu não tenho nada com ele, não é mesmo? Por que meu coração apertava tanto?
-Não esperava que ele ficasse com você, não é? Vamos lá, não seja estúpida. – Iris chegou ao meu lado apreciando a cena e falando comigo em tom de deboche. Vadia.
-Nunca esperei nada de ninguém.
Eu sei que eu deveria ter esperado, arranhado a cara daquela piranha ou algo do tipo, mas eu realmente não esperava nada, muito menos isso. Em passos demorados, empurrava as pessoas da minha frente para darem espaço, eu precisava de ar, com certeza. Cheguei do lado de fora do pub e me sentei no capô de um carro vermelho. Malditas lágrimas.
Eu não estava, tecnicamente, gostando do , não tínhamos nada e isso só foi mais que confirmado. Sempre gostei de tê-lo por perto, até mesmo antes de começarmos a ficar, nunca havia o dito isso e nem pretendia depois dessa. nunca demostrou gostar de ninguém, pelo menos não para mim, nem mesmo quando ele estava com Rosie, o namoro deles era bastante estranho, um namoro de aparências e sexo; mas quando estava comigo era diferente, ele me fazia sentir especial, não era só sexo (afinal, nem tínhamos feito nada ainda), ele se sentia à vontade comigo e vice-versa.
-Noite ruim?
Escutei uma voz totalmente desconhecida e congelei na hora, ou era um estuprado ou era um ladrão. Nossa, que escolhas boas, preferi acreditar ser um ladrão mesmo. Finalmente me virei ao encontro da voz e vejo só um cara com um cigarro na boca, bem gatinho, devo acrescentar.
-Você está sentada no capô do meu carro. – falou ao tragar a fumaça. O dono do carro era bem bonito, mas bem bonito MESMO. Estava com uma camiseta branca com alguns rabiscos e calças jeans surradas; os cabelos dele eram pretos e estavam penteados para trás em um topete que parecia, um dia, ter ficado arrumado. Ele continuava a me olhar com as mãos nos bolsos da calça e não consegui identificar nada em seu olhar, só estava cansado, ou algo do tipo. – Você fala? Quer dizer, estamos aqui nos olhando já faz uns dois minutos e você não fala nada.
-Me desculpe, não sabia que era seu carro. – falei ao me levantar e percebi que ele levantou a sobrancelha com certo olhar de deboche na minha direção.
-Não disse pra você levantar. – puxou meu braço para trás, me fazendo sentar no capô de novo e logo ele sentou ao meu lado. – Só queria que você falasse. – ele tragou o cigarro pela última vez e o jogou de lado. – Qual o problema?
-Você não me parece um psicólogo.
-Estamos no capô do meu carro, é o mínimo que eu deveria perguntar.
Tudo bem que eu estava bem triste, mas também não havia motivo para me abrir daquela forma pra alguém que eu nem conhecia, sabia que se eu começasse ia terminar falando demais, mas isso não me impediu de começar.
-A noite está ruim sim. – comecei.
-Nem tanto.
-Desculpa, o que? – o olhei confusa.
-Você acabou de me conhecer, a noite não está tão ruim assim. – deu um sorriso sapeca.
O cara era bem atrevido, mas isso fazia parte do seu charme, a cada sorriso de canto que ele dava eu tinha mais vontade de desvendar seu beijo.
-Vou precisar de muito mais que isso pra melhorar minha noite. – ri da minha própria desgraça e depois percebi o que eu tinha dito. Cara, isso soou meio safado e só percebi isso por causa da risada dele.
-Quero saber seu nome, você pode me contar? – falou passando a mão nos cabelos na tentativa de arrumá-los.
- e o seu? – falei envergonhada pela grande besteira que eu tinha dito, mas não era nenhuma mentira mesmo.
-. – falou pegando algo no seu bolso que logo descobri ser a chave do carro. – Você quer que eu te leve em casa, ?
-Você está indo agora?
-Não tem nada pra fazer aqui, tem? – rolou os olhos. – Se quiser eu te levo pra algum lugar melhor.
Essa sua última frase poderia ter milhões de significados, mas não foi acompanhado de nenhum sorriso sacana ou algo do tipo, que de alguma forma, me deu segurança. Vamos lá, tudo poderia acontecer depois de eu entrar no carro de e minha noite não poderia ficar pior do que isso, poderia? Sim, poderia; mas por que não aceitar o convite?
Sem falar nada, apenas entrei no carro e ele entrou em seguida, colocamos os cintos e o ouvi colocar a chave de ignição.
-Que tipo de música você gosta?


Continua...



Nota da autora: (10/01/2016) Sem nota.




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