Show me the meaning of being lonely
Is this the feeling I need to walk with?
Tell me why I can't be there where you are
There's something missing in my heart
Fechei o zíper do vestido preto, calcei os sapatos de salto alto também pretos. Prendi o cabelo num rabo de cavalo alto e eu estava pronta para encarar o pior dia da minha vida, encarei meu reflexo no espelho e não me reconheci, a garota pálida refletida ali, não se parecia nada com a de duas semanas atrás. E se eu soubesse que isso aconteceria eu teria aproveitado mais, teria o amado ainda mais...
Flashback On
- O que quer fazer amanhã, senhorita ? - perguntou antes de se deitar ao meu lado.
- Eu não sei, senhor .
Dei de ombros.
- Você é chata - debochou e me abraçou, senti sua respiração em meu pescoço. Eu adorava aquela sensação de estar nos braços dele.
e eu namorávamos há quase cinco anos, ele era o namorado perfeito.
- Eu amo você - sussurrei já de olhos fechados.
- Eu te amo - ele sussurrou de volta.
Sorri.
Fhashback Off
e eu éramos primos, e nós sempre nos encontrávamos nas datas importantes, éramos inseparáveis, aprontávamos sempre, o Senhor Harper que o diga. Eu nunca olhei de outra forma até pensei naquele Natal de 2009, nós tínhamos quinze anos...
Flashback On
- , seus tios chegaram - ouvi minha mãe gritar do andar de baixo, no mesmo instante deixei meus cadernos e sai correndo, meu primo tinha chegado, ótimo eu precisava conversar com ele sobre um garoto da escola.
- ! - Gritei ao vê-lo descer do carro, corri até e ele e o abracei. além de primo era meu melhor amigo.
- Olá, - ele riu me abraçando de volta - Como você está? - Perguntou após me soltar e se afastar um pouco.
- Estou ótima, com saudades do meu primo querido - sorri abertamente.
- Ei e do seu tio favorito não sentiu saudades não? - Resmungou tio Josh cruzando os braços.
Tio Josh era o irmão mais velho da minha mãe.
- Irmão se você não tivesse trazido o ela nem teria descido - Mamãe disse e nós rimos. Cumprimentei o tio Josh e a tia Amanda e puxei comigo até o meu quarto.
- Quando a vovó chega? - Perguntou, estava mexendo nas minhas gavetas.
- Papai foi pegá-la no aeroporto - respondi enquanto organizava meus cadernos do colégio. Assim que guardei tudo me sentei na cama.
- , preciso te contar uma coisa - eu disse e ele me olhou e logo se juntou a mim.
- O que? - Quis saber.
- Então tem um garoto no meu colégio, ele é bem legal e me chamou pra sair - disse rápido.
me encarou por alguns segundos e eu pensei que ele estivesse distraído.
- ...
- Não pode sair com ele - me interrompeu e eu franzi o cenho, confusa.
- Por quê?
- Porque não. Eu não quero - disse simplesmente.
Eu ri alto.
- Ah, por favor, , não me faça rir. - Zombei.
- É sério, - ele se aproximou mais e eu fiquei alerta. - Por favor.
- E por que eu faria isso? - Indaguei desafiando-o.
Ele se aproximou mais.
- Porque eu não quero que saia com nenhum outro garoto que não seja eu - murmurou baixo olhando em meus olhos. Engoli em seco.
- , eu...
Me interrompeu de novo.
- Eu gosto de você, . Gosto mesmo.
Abri e fechei a boca diversas vezes sem saber o que dizer e então ele me beijou, fui pega totalmente de surpresa, mas aos poucos fui retribuindo o beijo.
Eu estava beijando meu primo.
Flashback Off
Foi o melhor primeiro beijo da minha vida, e foi naquele Natal que passei a ver com outros olhos.
- , vamos - mamãe me chamou. Sai do quarto e a segui, e saímos de casa, entrei no carro do papai.
- Ei, meu amor - papai murmurou e tocou meu joelho. Forcei um sorriso em resposta e logo o carro estava em movimento.
Encostei a cabeça na janela e as lembranças me atingiram mais uma vez.
Era um dia comum, tio Josh resolveu se mudar para a nossa cidade essa decisão foi tomada no Natal, ele iria ser nosso vizinho. Eu não falava com desde o beijo e a declaração e foi nesse período que eu me dei conta de que eu tinha amado cada palavra que ele havia dito e do beijo e foi então que eu percebi que estava apaixonada por ele...
Flashback On
Primavera 2010
Eu observava atentamente enquanto ele lia um livro gigante. Era a primeira vez que eu o via depois do Natal, e ele estava tão lindo, eu precisava falar com ele. Tomei coragem respirei fundo e fui até ele.
- - falei naturalmente e me sentei ao seu lado no sofá da minha casa.
- Oi, - ele sorriu fechando o livro e deixando-o de lado.
- Será que podemos conversar? - Pedi.
- Claro.
Eu tentava demonstrar tranquilidade, mas eu estava tremendo, perto dele era difícil.
- Desde aquele dia do beijo eu não paro de pensar em tudo o que você me disse e tudo isso é loucura, porque nós somos primos - comecei - Mas o pior de tudo é que...
- O que? - Perguntou, ele me encarava apreensivo.
- É que eu gostei - disse baixo. Primeiro ele não teve reação alguma por um minuto e depois sorriu. Sorriu de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
- Gostou?
- Gostei - assenti - e eu gosto de você também. Gosto muito. - Acrescentei.
se aproximou rápido, me puxou pela nuca e me beijou, apoiei minhas mãos em seus braços e correspondi o beijo.
- Ei, vocês dois parem de se beijar e venham ajudar com a mudança. - A voz divertida do meu pai, me fez dar um pulo e me afastar rapidamente de .
- Nós já vamos, tio - respondeu e riu eu deveria estar muito vermelha. Papai subiu a escada para o segundo andar.
- Acho que não foi tão ruim assim - disse.
- É.
- ? - Chamou-me segurando minhas mãos o olhei, incentivando-o a continuar - Quer ser minha namorada? - Perguntou.
- Quero.
Flashback off
Não pensei duas vezes ao aceitar, e desde então foram três maravilhosos anos juntos, nossos pais aceitaram bem, o que foi uma surpresa. Algumas pessoas diziam que não iriamos durar um ano juntos, mas elas estavam erradas.
e eu brigávamos pouco, mas o suficiente e raramente passávamos muito tempo longe, a não ser uma vez quando ele foi para a Austrália visitar a mãe da tia Amanda e ficou um mês por lá, a saudade que senti foi enorme e quando ele voltou eu fiquei tão feliz e foi nesse dia que tivemos a nossa primeira vez...
Flashback On
- Para onde está me levando, ? - Perguntei curiosa. Nós estávamos no carro a meia hora e eu ainda não sabia aonde iríamos.
- Eu já falei que é surpresa, - disse rindo sem desviar a atenção da estrada.
- Eu senti muita saudade de você, mas você é um chato - resmunguei e ele riu de novo.
Meu namorado é um idiota.
Demoramos pouco mais de vinte minutos e então finalmente chegamos ao tal lugar, estávamos na praia, em uma parte bem deserta, ele desceu primeiro e logo em seguida abriu a porta para que eu descesse.
- Obrigada - sorri gentil.
Ele entrelaçou nossos dedos e caminhamos pela areia, ele deixou o carro escondido, a lua estava linda, perfeita. Andamos mais um pouco até eu avistar algo a poucos metros de nós. Parecia uma tenda.
- Acho que alguém chegou antes de nós - sussurrei para e ele sorriu - O quê? - Perguntei sem entender, ele não respondeu e continuamos andando até alcançarmos a tenda.
- Não tem ninguém aqui - ele disse ficando de frente para mim. - Essa é a surpresa.
Fiquei sem reação, meu Deus como ele fez isso?
- ... Eu... Ah meu Deus - sussurrei incrédula.
- Não fala nada - pediu se aproximando de mim - quero que essa noite seja especial para nós dois - murmurou carinhoso, acariciando meu rosto. Assenti eu já estava quase chorando de emoção.
me levou para dentro da tenda, e o ar fugiu dos meus pulmões. Aquilo era um sonho só podia ser, o lugar estava maravilhoso.
Almofadas coloridas foram espalhadas por todo o lugar, velas perfumadas em lugares estratégicos, cobertores forravam o areia e pétalas de flores do campo coloridas espalhadas.
Levei as mãos à boca, surpresa com tudo aquilo, senti meus olhos marejarem, aquele lugar estava lindo.
- ...
Senti o corpo dele juntar-se ao meu, sua respiração em minha nuca e seus braços me abraçaram pela cintura.
- Por favor, - começou baixo - Me diz que tudo isso valeu a pena. Me diz que você vai ser minha essa noite. - Fechei os olhos, embriagada por sua voz.
Em três anos de namoro, nós nunca fizemos ou tentamos algo parecido, eu ainda era virgem.
- , eu nunca... - me virei ficando de frente para ele.
- Tudo bem. Eu também nunca fiz isso - me encarando - e eu quero que seja com você, porque eu te amo. - sorri com a sinceridade em suas palavras - Confia em mim?
- Com todo o meu coração. Eu te amo, .
Não foi preciso mais palavras, me beijou com carinho, me puxando para perto, logo nossas roupas estavam espalhadas enquanto nós dois nos amávamos intensamente.
Fim do Flashback
Aquela foi a melhor noite da minha vida, me deu o que precisava, me amou intensamente. Cada toque, cada beijo, cada gesto, cada palavra de amor sussurrada, fizeram com que tudo se tornasse melhor.
Passamos a noite toda fora.
Não era justo tudo acabar daquele jeito, não era justo nosso amor ser interrompido daquela forma. O que eu faria agora, eu estou sem rumo.
O que ele faria se estivesse no meu lugar? O que ele diria?
Desci do carro assim que papai o estacionou, mamãe me abraçou pelos ombros e me guiou para o adeus definitivo.
Meus tios já estavam lá, tia Amanda chorava abraçada ao tio Josh, todos os nossos familiares em volta do caixão marrom brilhoso, todos chorando, não tinha ais volta. Eu nunca mais iria sentir o cheiro, o beijo, o abraço, o corpo dele, não veria seu sorriso, seus olhos, eu nunca mais o veria, esse é o fim.
- - tia Amanda me abraçou, chorando alto. - Ele se foi.
A apertei mais em meus braços a confortando, eu precisava me manter firme, precisava fingir que estava tudo bem, por ela. Por ele.
O reverendo deu a sua benção, para que ele encontrasse o descanso eterno e então começar a descer o caixão, meu coração doeu, a minha vida estava indo embora.
Fechei os olhos e isso fez com que algumas lágrimas fugissem, eu não queria ver aquilo. Beijei a rosa branca demoradamente, não queria dizer adeus, não era certo.
- Vou amar você para sempre - sussurrei com os lábios conta a rosa e os olhos fechados.
Respirei fundo, abri meus olhos e joguei a rosa em cima do caixão e logo em seguida todos os outros fizeram o mesmo.
E aquele foi o fim.
(...)
O telefone tocou até cair na secretária, a dois dias eu não atendia o telefone, eu só queria ficar sozinha. "- meu amor, é a mamãe de novo - ela suspirou - Como você está? Estou preocupada, atenda o telefone filha, por favor - pediu - Tchau". Levantei do sofá tirando a roupa pelo caminho e entrei no banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água me molhar completamente.
Me encostei na parede gelada e escorreguei até o chão. Por muito tempo eu pensei que e eu ficaríamos juntos para sempre, mas eu estava tão enganada.
Todos os nossos momentos felizes passavam a todo instante como um filme na minha cabeça e me fez lembrar de um momento maravilhoso embaixo do chuveiro, estávamos a três anos e meio juntos, estávamos com quase dezenove anos de idade e nosso namoro não poderia estar melhor...
Flashback On
Eu precisava me arrumar, chegaria logo, meus pais tinham saído e nós dois passaríamos o dia vendo filmes.
Entrei embaixo do jato d'água, molhando os cabelos, espalhei um pouco de shampoo e comecei a esfregar o couro cabeludo com as pontas dos dedos devagar, assim que tirei toda a espuma senti duas mãos fortes agarrarem minha cintura, soltei um grito de susto e me virei encontrando todo sorridente.
- , ficou maluco? - Exclamei e bati nele que riu segurou meus pulsos e me puxou para perto.
- Fiquei maluco de saudade da garota mais linda do mundo - murmurou ainda sorrindo e me olhando fixamente.
- Se meus pais te pegam aqui, você nunca mais vai me ver - alertei.
- Seus pais saíram e se isso acontecer eu te sequestro e te levo para bem longe - disse - Eu amo você e nada nem ninguém vai separar nós dois - prometeu, e eu me derreti com aquelas palavras e o abracei puxando-o para a água. riu e me beijou, seus braços em minha cintura me apertaram contra seu corpo suspirei em seus lábios e parti o beijo.
- Também senti saudades - sussurrei. Beijei seu peito levemente.
- Muita saudade? – provocou.
- Sim - sorri - Saudade demais.
Ele abriu o maior sorriso do mundo, e num segundo depois eu estava em seu colo e com as costas encostada na parede fria.
- Eu te amo sabia? - murmurou ele, com o rosto bem perto do meu.
- Eu já sabia - disse divertida, gargalhou jogando a cabeça para trás e logo voltou a me olhar.
- Convencida.
- Eu te amo muito mais. - Acariciei seu rosto carinhosamente e o beijei. Em segundos o beijo tornou-se intenso e foi inevitável não me entregar a ele...
Flashback Off
sempre foi o melhor de mim, ele sempre dizia as palavras certas. Ele sempre foi o compreensivo e fazia com que eu me apaixonasse mais a cada segundo por ele. O meu .
Sai do banheiro vesti o pijama dele, tinha o cheiro dele, como eu poderia viver sem ele?
Me deitei ao lado da cama em que ele costumava se deitar, depois que passamos a morar juntos. A dor em meu coração era insuportável, por que isso tinha que acontecer com ele?
- - choraminguei - Eu preciso de você. Preciso te sentir. - fechei os olhos - Por que me deixou?
- Nada nem ninguém vai nos separar - a voz que eu tanto queria ouvir se fez presente num sussurro - eu prometi.
Me virei para o lado, abri os olhos e lá estava ele, deitado ao meu lado, me aproximei e me aconcheguei em seu corpo e ele me abraçou.
- Eu senti tanta saudade - murmurei contra seu peito - Não posso te deixar ir, não quero ficar sozinha.
- E não vai, meu amor, vou ficar com você para sempre - sua voz calma me fez adormecer.
(...)
Duas semanas se passaram tão lentas, e a minha dor só aumentava, eu não queria continuar, não sem a parte importante de mim.
Sonhei com em todas as noites, e acordava procurando por ele, mas ele nunca estava lá, nunca.
Não queria me acostumar ficar sem ele, foram cinco anos, cinco maravilhosos anos juntos. Como eu poderia esquecer tudo e seguir em frente, era o meu motivo para viver.
Sai da cama me arrastei até a sala, ainda usando o pijama dele e não pretendia tirá-lo, me deitei no sofá e liguei a TV, estava passando um filme, a garota loira chorava compulsivamente então sussurrou que estava grávida...
Flashback On
Respirei fundo pela quinta vez em cinco minutos e me sentei direito no sofá.
- O que você tem, ? - perguntou. Estávamos na minha casa, assistindo um filme, eu estava inquieta e com razão e precisava contar para ele.
- Não tenho nada - menti. Me faltou coragem.
- OK.
Ele desistiu de insistir e eu me senti aliviada, mas eu precisava falar. Levantei do sofá e puxei comigo e o levei para o meu quarto.
- Ei, meu amor, eu sei que você quer meu corpo atlético o tempo todo, mas seus pais estão em casa - brincou depois de se jogar na minha cama, me sentei ao seu lado.
- Deixa de ser idiota. Precisamos conversar. - Murmurei nervosa.
- Sobre o que?
- Se lembra daquele dia no banheiro? - Perguntei.
- Claro - respondeu - Quer fazer de novo? - Perguntou sorrindo malicioso.
- Não... Sim... Para é sério - pedi nervosa.
- Desculpa o que foi? - quis saber, se levantou sentando-se direto ao meu lado.
- Nós não nos protegemos naquele dia e eu acho que... - parei sem coragem para terminar.
- Você está grávida? - Completou calmo segurando minhas mãos.
- Eu acho que sim - sussurrei.
- Quer que eu saia para comprar um teste? - Perguntou compreensivo.
- Não eu já comprei, é só que... Eu fiquei com medo de fazer sozinha - expliquei.
- Então vai lá fazer, nós vamos descobrir isso juntos - ele disse de um modo carinhoso. Sorri para e agradeci a Deus por ter me mandado alguém como ele.
Eu fiquei alguns minutos no banheiro dando tempo suficiente para que o resultado viesse, sai do banheiro e me juntei a na cama.
- O que apareceu? - Perguntou referindo-se a cor.
- Vermelho - sussurrei olhando para a palheta em minha mão.
- O que quer dizer?
- Negativo. Eu não estou grávida - murmurei. Uma parte aliviada e a outra triste.
- Ei, amor, não fica assim - pediu - Nós vamos ter muitos filhos eu prometo - me abraçou e eu o abracei de volta.
é o meu anjo perfeito.
Flashback Off
Um soluço alto escapou de minha garganta e então as lágrimas vieram e chorei desesperadamente. Eu quero ele de volta, eu preciso ficar perto dele, eu estava decidida a tê-lo de volta. Levantei do sofá, limpando as lágrimas enquanto corria até o meu quarto desesperada, abri a gaveta do criado-mudo e tirei a tesoura pontuda, a levantei na altura dos meus olhos. Era por ele.
- Por você - sussurrei. Fechei os olhos e levantei a tesoura.
- !
Paralisei ao ouvir a voz do meu pai, por que ele tinha que aparecer agora?
Larguei a tesoura cair no chão, curvei meus ombros, derrotada.
- - a voz estava perto e logo pude ouvir seus passos. Meu Deus, eu queria ficar em paz! - - ele já tinha chegado ao meu quarto - Filha é o papai. Há dias estamos tentando falar com você, amor. - ele disse ao se sentar ao meu lado na cama, ele acariciou meu cabelo. Abri os olhos e encarei a tesoura aos meus pés.
- Eu estou bem pai - murmurei baixo. Minha voz soou rouca.
- Estávamos preocupados com você filhinha.
- Eu estou bem - repeti.
- Está meio óbvio que você não está, - insistiu. - Você precisa sair um pouco de casa, tomar um ar - continuou - não iria querer ver você triste assim.
- Você não sabe - balancei a cabeça negativamente - Você não sabe o que ele iria querer - o encarei - Ninguém sabe - aumentei a voz e me levantei - Será que é tão difícil assim para todo mundo entender que eu não posso continuar. Não sem ele. Eu não quero continuar, eu quero ficar com ele - confessei. Eu estava desesperada andando de um lado para o outro chorando.
- Escuta aqui, garota - papai me segurou pelos ombros me fazendo parar. - Nunca mais fale uma coisa dessas. Você não pensa em mim ou na sua mãe? - Seus olhos estavam marejados e eu podia ver a dor neles. - Eu posso imaginar o seu sofrimento, mas a vida continua você precisa ser forte, por favor, filha - suplicou.
- Desculpe, pai - pedi chorosa - Eu não posso sem ele.
Me afastei dele e deitei-me na cama encolhendo-me entre os cobertores.
- Eu só quero ficar sozinha.
Um silêncio caiu sobre o quarto e eu pensei que papai se deitaria junto comigo, mas logo sua voz se fez presente.
- Você não pode continuar fingindo que está tudo bem.
Ouvi seus passos se distanciarem e logo em seguida o som da porta sendo fechada e mais uma vez eu estava sozinha, o choro voltou, mais forte, mais intenso. Mais doloroso.
Apertei o cobertor em meu corpo, eu só precisava dele. E como se meu pedido tivesse sido atendido, os braços dele me abraçaram me acalmando.
- Eu estou aqui, amor, durma. Eu vou ficar com você para sempre. - prometeu.
A pior coisa do mundo é perder alguém importante, sua vida se torna desprezível, toda a alegria e a vontade de continuar vivendo é arrancada de você, é enterrada junto com quem se foi.
Os dias se arrastam lentamente deixando sua dor mi vezes pior, às vezes chega a dar a impressão de que alguém está se divertindo as suas custas, e pior ainda é saber que as pessoas estão te olhando com pena. Esse é o pior momento depois da perda.
O que estava sentindo me consumia um pouco a cada segundo sem ele. Como eu poderia simplesmente esquecê-lo e seguir em frente? Eu ainda podia ouvir sua voz sussurrada, dizendo que me amava e que tudo ficaria bem.
Eu ainda podia sentir seus toques em minhas mãos, em meu rosto, Apesar de não poder vê-lo, eu sabia que o meu , estava comigo e eu não iria deixá-lo ir. Não sem mim.
O restaurante estava ainda mais cheio quando e eu saímos de lá. me abraçava pelos ombros me mantendo perto enquanto caminhávamos até o carro.
A noite estava linda, a lua magnífica e as estrelas então, era a noite mais perfeita de todas, estávamos comemorando exatos cinco anos de namoro e eu não poderia estar mais feliz.
- ?
parou de repente me fazendo encará-lo confusa.
- O que foi? – perguntei rindo dele, estava nervoso por algum motivo.
- Estou feliz por todos esses anos maravilhosos que você me deu – continuou, segurou minhas mãos.
- E eu estou muito mais que feliz. Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida – disse sincera.
Eu não poderia ter feito escolha melhor.
- Você é tudo o que eu sempre quis, desde quando erámos adolescentes – seus olhos não deixavam os meus – Eu amo você com todo o meu coração, você é perfeita pra mim, .
Senti meus olhos marejarem.
- ...
Ele se ajoelhou diante de mim, soltando minhas mãos, puxou do bolso do casaco uma caixinha vermelha. Eu já estava chorando àquela altura de tanta emoção.
- Você, , aceita se casar comigo? – pediu ao abrir a caixinha revelando um lindo anel, era perfeito.
- Aceito – sorri – Eu caso quantas vezes que você quiser – afirmei.
sorriu abertamente, tirou o anel da caixinha e o colocou em meu dedo anelar, beijando minha mão logo em seguida. Meu noivo levantou-se e então o beijei jogando-me em seus braços.
- Eu te amo, – sussurrei contra seus lábios.
- Eu te...
- Belo anel moça – fomos interrompidos.
se afastou ficando em minha frente. O homem diante de nós parecia transtornado, seus olhos estavam vermelhos.
- Eu quero – ele disse arrastado.
- Deixe a gente em paz – ordenou firme.
Senti um aperto estranho em meu peito, senti medo.
- Não vou pedir de novo gracinha.
O homem se aproximou de nós tirando uma arma do cós da calça. Puxei para mais perto do meu corpo agarrando-me a ele.
- Já mandei nos deixar em paz.
Foi rápido demais para eu poder fazer alguma coisa, facilmente se livrou do meu aperto e avançou contra o homem.
- , não! – gritei em puro desespero e então o barulho alto que escutei me paralisou. Um tiro.
O homem saiu correndo enquanto o meu caia de joelhos no chão.
- ! – o alcancei antes que seu corpo tocasse o chão definitivamente – , por favor, não – pedi segurando-o em meus braços sentando-me no chão, seu corpo mole em meus braços – , não – ofeguei, minhas lágrimas caíam sobre o rosto dele.
- Eu... Eu te amo, – gaguejou, se esforçando para não fechar os olhos – Para sempre.
- Eu te amo, por favor, não me deixa. ! ! – o desespero tomou conta de mim quando seus olhos se fecharam – ...
- Não! – acordei gritando em desespero – !
Me levantei da cama correndo para fora do quarto, desde que tudo tinha acontecido eu não tinha sonhado ou nem mesmo me lembrava claramente daquela noite terrível.
Alcancei a porta e abri encontrando meus pais já prestes a tocarem a campainha, eles me encaram estranhando meu estado.
- , o que foi? – meu pai perguntou me encarando com um misto de pavor e confusão estampados em seu rosto e em seus olhos.
- O , eu vou buscá-lo – respondi com a voz tremula.
- , pelo amor de Deus, minha filha – minha mãe me tocou aflita – se foi, agora você precisa deixá-lo ir.
- Para! – gritei me afastando dela, enfiei os dedos nos cabelos – não me deixou, eu só...
Eu não conseguia enxergar e nem ouvir mais nada, era como se o ar tivesse fugido de mim completamente.
- , por favor, se acalma.
Eu só queria o meu amor de volta.
“- Estou aqui, amor, vai ficar tudo bem.” Escutei a sua voz em meio aos meus pensamentos confusos e ao meu choro sôfrego. “- Eu te amo, .” - , por favor – supliquei. O ar começou a realmente faltar e então eu estava puxando-o de volta pra mim com toda a força que eu tinha em mim, uma dor insuportável invadiu e eu não me lembro de mais nada antes de tudo escurecer.
(...)
Continuei caminhando mesmo sem saber para onde estava indo, mas acho que mesmo que eu quisesse não conseguiria parar de andar era como se minhas pernas e pés tivessem ganhado vontade própria.
Aquela praia era tão familiar, eu sabia que já tinha estado ali antes, mas não conseguia me lembrar exatamente quando aconteceu. A brisa estava fresca e agradável o vento não deixavam meus cabelos e ordem e nem o vestido que eu estava usando. Tão estranho e tão familiar.
Então eu o vi... Lindo. Ele usava bermuda e uma camisa ambas brancas, seus pés estavam descalços e os cabelos desorganizados como ele sempre costumava usar.
Senti meu coração dar um salto dentro do meu peito, e em segundos me vi correndo em sua direção, para os seus braços, para o seu sorriso, o sorriso que eu tanto amava.
- ! – ele me apertou me aconchegando em seu calor – Senti tanta saudade.
- Eu também.
Aquele cheiro que eu amava mais que qualquer coisa na vida.
- Eu tive um sonho horrível – contei.
- Não se preocupe com isso, eu estou aqui agora.
- Onde estamos? – pedi, olhei em volta, mas eu não conseguia me lembrar, mas eu sabia que já tinha estado ali.
- Não se lembra?
Balancei a cabeça negativamente, encarei outra vez, ele parecia brilhar, talvez fosse a luz do sol. Ele suspirou, seus olhos em mim o sorriso lindo nos lábios.
- Foi aqui aonde tive você pela primeira vez – contou. E como mágica todas as cenas voltaram a minha mente – Desde aquela noite este lugar se tornou o meu favorito – confessou.
- Por que estamos aqui, afinal? – perguntei, uma curiosidade insana tomou conta de mim de repente.
Ele se afastou o sorriso desapareceu e meu coração ficou aflito.
- , vamos para casa – pedi, segurei suas mãos.
me deu um sorriso fraco.
- Precisamos conversar – decidiu. Ele me puxou me fazendo sentar na areia ao seu lado, deitei minha cabeça em seu ombro e ele passou um dos braços em volta de mim. Eu podia sentir que algo muito ruim aconteceria que me diria algo que faria com que eu desejasse morrer – Esse lugar é tão perfeito – murmurou – Assim como você.
- Sonhei que tinha te perdido – sussurrei.
- Quero que me prometa uma coisa, – pediu baixo, não respondi – Quero que aprenda a viver sem mim.
- O que? – olhei para ele assustada, o que ele queria dizer com aquilo?
- Eu preciso ir você precisa me deixar ir – continuou – Você tem que continuar sem mim.
As lágrimas começaram a tomar meu rosto.
- Não – soprei – Não vou ficar sozinha, quero ir com você, me leva, – implorei, o desespero tomou conta de mim outra vez.
- Para onde eu vou você não pode ir, não é a sua hora, – sua voz continuava calma e baixa, ele agia tão sereno e calmo enquanto meu coração se desmontava e eu chorava sem conseguir parar – Você ainda terá muita coisa para viver, se apaixonar outra vez realizar todos os seus sonhos.
- Não quero fazer nada disso sem você, – argumentei. Agarrei-me a ele como se a minha vida dependesse daquilo e eu sabia que no fundo dependia mesmo. Eu o amava demais para deixá-lo partir sem mim.
- – meu choro ficou mais alto – A minha missão acabou, mas a sua só está começando – tomou meu rosto nas mãos – Eu estou indo, mas eu nunca vou te deixar – sorriu. Seus olhos nos meus – Em todos os momentos da sua vida, por menor que seja eu vou estar lá, e você vai saber.
- Por favor, – funguei.
- Você , para sempre será o meu amor, a garota mais linda do mundo – vi uma lágrima descer por seu rosto – Prometa para mim que vai seguir em frente e que vai cuidar desse amor para sempre.
Abaixei a cabeça e a balancei negativamente. Era tão difícil abrir mão de algo que eu tanto amava.
- Eu prometo – o abracei voltando a chorar, me colocou em colo abrigando-me em seus braços.
- Eu te amo , para sempre – prometeu.
- Eu te amo – soprei. Nossos lábios tocaram-se num beijo suave e singelo.
- Deixe-me ir – pediu baixo ainda com os lábios nos meus. E por mais difícil que tenha sido tomar aquela decisão, eu assenti ele sorriu levemente e me acolheu em seus braços outra vez.
Ele estava livre.
(...)
Abri os olhos e a claridade me atingiu, observei o lugar com desespero sem reconhecer nada, tentei falar, mas a voz não saia, continuei tentando até conseguir.
- Água – saiu fraco, mas surtiu resultado, porque logo em seguida minha mãe estava ao meu lado me olhando com lágrimas nos olhos.
- , graças a Deus – comemorou.
- Que... Lugar é esse? – perguntei com um pouco de dificuldade.
- Você está em um hospital, filha – respondeu.
Observei o quarto mais uma vez, o reflexo das paredes brancas estava machucando meus olhos.
- Mãe, eu sonhei com o eu o deixei ir – contei, as lágrimas voltaram a arder em meus olhos. Minha mãe segurou as lágrimas, ela era forte, ou só estava fazendo aquilo para não ver chorar, mães são sempre mães.
- Vai ficar tudo bem agora, filha – prometeu, ela segurou uma de minhas mãos e apoiou a outra sobre minha barriga.
- Água – pedi outra vez, minha mãe apressou em chamar a enfermeira que também não demorou a entrar no quarto, uma médica entrou logo em seguida com uma prancheta nas mãos.
Ele tinha partido.
- Então, , como está se sentindo? – a médica perguntou enquanto fazia alguns testes em mim.
- Bem, para falar a verdade estou um pouco de ânsia – respondi, mamãe riu baixo, olhei para ela sem entender qual era a graça.
- Isso é normal para o seu estado – murmurou a morena.
- Que estado? – indaguei perdida olhando da médica para a minha mãe – Mãe?
- Você está grávida – a médica contou, o ar faltou. Prometa para mim que vai seguir em frente e que vai cuidar desse amor para sempre. - Você está de quase três meses – continuou. Em todos os momentos da sua vida, por menor que seja eu vou estar lá, e você vai saber. !
Meses depois...
Dizem que depois de um tempo a dor por ter perdido alguém que se ama demais passa, e que você acaba aprendendo a viver sem, eu não concordo a dor até pode diminuir e você aprende a conviver com ela, mas esquecer da pessoa que perdeu isso é completamente impossível, nada no mundo pode tirar a falta que você sente e a cada pequeno detalhe do dia-a-dia, você se lembra dela.
No meu caso, eu me lembrava dele todo o tempo durante os últimos nove meses, desde o primeiro instante que eu estava carregando um pedaço do nosso amor dentro de mim, tudo o que conseguia fazer era imaginar qual teria sido a reação dele, imaginar se ficaria feliz ou se ficaria bravo. Imaginar o que ele ensinaria para ele ou ela, se o ensinaria a jogar vídeo game e a conquistar garotas bonitas, ou se pentearia o cabelo dela, brincaria de boneca e se ficaria com ciúmes quando ela apresentasse o primeiro namorado.
Cada detalhe do meu dia me fazia lembrá-lo, não posso mentir e dizer que não tem sido difícil viver sem ele, por que desde sua morte tem sido um dia bem e outro nem tanto, e ver a barriga crescer um pouco a cada dia sem tê-lo do meu lado foi a pior parte. Um passo de cada vez como meu pai me disse depois que voltei do hospital.
Prendi meu cabelo num rabo de cavalo alto, parada em frente ao espelho alisei por cima do vestido a minha barriga enorme, ele ou ela estava a caminho. Decidi não saber o sexo do bebê antes, alcancei a malinha branca do bebê quando meu pai entrou no quarto.
- Ei deixa que eu levo isso – tomou a malinha de mim, não reclamei porque apesar de não demonstrar a ele eu estava sentindo uma dor insana.
- Ok, podemos ir – falei, forcei um sorriso e ele me guiou para fora do quarto – A tia Amanda já está indo para lá? – perguntei.
- Sim, sua mãe ligou para ela e ela já está quase chegando – respondeu.
- Ela vai chegar primeiro que nós – brinquei.
- É – papai riu.
Saímos do meu apartamento e papai dirigiu até o hospital enquanto minha mãe conversava comigo, decidi ficar no meu apartamento, no começo minha mãe insistiu para que eu voltasse para a casa, mas eu neguei, eu precisava me acostumar de um jeito ou de outro.
Durante o percurso até o hospital em algum momento eu não consegui mais disfarçar a dor, papai acelerou até finalmente chegarmos lá. Fui sentada em uma cadeira de rodas e fui levada para umas das salas de parte, vi tia Amanda em dos corredores ela já estava chorando, eu também estava de dor e alegria ao mesmo tempo, aquilo era tão estranho. Uma enfermeira me vestiu uma camisola antes de começarmos tudo. A dor aumentava cada vez mais, aquilo era assustador.
- Vamos lá mamãe, comece a empurrar – a médica pediu e eu o fiz empurrei com todas as minhas forças nada na vida foi tão doloroso assim. Quanto mais força eu fazia mais ela pedia que eu fizesse, eu já estava exausta então reuni as poucas forças que ainda me restavam e empurrei, segundos depois escutei o som da minha vida. O choro era forte e eu soube que era ele, o meu pequeno grande motivo para continuar vivendo, meu pequeno .
- Parabéns mamãe, é um menino lindo – a médica disse trazendo-o para mim depois de enrola-lo em uma mantinha azul, ele ainda chorava quando o tomei em meus braços.
- Meu amor, tudo bem é a mamãe – eu comecei a chorar junto com ele, toquei seu rostinho ainda um pouco sujo – Bem-vindo ao mundo .
Meu motivo para recomeçar estava em meus braços, o nosso amor estava vivo e sempre estaria.