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Finalizada em 25/12/2020

Prólogo

Jin, Yoongi, Hoseok, Namjoon, Jimin, Taehyung e Jungkook estavam há uma semana em Narvik, na Noruega. O motivo da viagem foi a gravação do novo music video do grupo, o qual prometia ser um grande sucesso. A escolha do local havia sido unânime: as fotos do lugar foram o suficiente para não levantar dúvidas quanto ao cenário das cenas do seu próximo vídeo.
Apesar de uma semana ser pouco tempo, e a viagem ser, em essência, a trabalho, alguns dos rapazes acabaram indo acompanhados, fosse por suas namoradas de longa data ou por suas amigas. O combinado era claro: iriam para Narvik por conta da Big Hit, gravariam todas as cenas necessárias para o MV, e voltariam a tempo de passar as festas de final de ano em Seul, com a família.
Mas as coisas nem sempre aconteciam como o previsto.
E prova disso era o fato de todos os rapazes estarem na recepção do resort no qual ficaram hospedados nos últimos dias, com as mochilas nas costas, as malas feitas e os passaportes em mãos, quando receberam a notícia que definiria seus próximos dias:
— Sinto muito meninos, mas acho que terão que voltar para os seus quartos. — Sejin, manager do grupo, disse.
A confusão foi instantânea.
— Como assim? — Namjoon perguntou.
Sejin, então, puxou o líder um pouco para o lado para que pudesse conversar com ele.
Ocorre que uma nevasca estava prevista em Narvik para dali dois dias. Infelizmente, a nevasca se adiantou, e a previsão do tempo estava prometendo uma tempestade de neve ainda para aquela tarde. Por conta disso, a cidade entrou em alerta e os vôos foram cancelados. A pior parte? Sem previsão de data para voltar à normalidade.
— E como iremos para casa agora? — ele perguntou preocupado, pensando que o Natal seria no dia seguinte.
Sejin suspirou.
— Não poderemos ir para casa até que as autoridades liberem os vôos, Nam. Estamos presos em Narvik e, mais precisamente, no Thon Hotel.
Ao levar a notícia para os membros do grupo, Namjoon ouviu todo tipo de reclamação. E, bem, não era como se ele não tivesse o seu próprio motivo para achar aquela situação péssima. Cada um ali tinha os seus próprios motivos para querer ir para casa, e cada um tinha as suas próprias razões para se sentir apreensivo com a notícia de que ficariam presos ali, sem previsão de quanto tempo.
Presos em uma cidade desconhecida, eles precisariam arrumar o que fazer enquanto o tempo do lado de fora não melhorasse — e aquela nevasca não parecia que iria embora tão cedo.
Além disso, por mais que seus planos não tivessem saído como o esperado, ainda assim, era véspera de Natal, e isso significava que o espírito natalino, de uma forma ou de outra, iria atingir cada um deles.

Capítulo 01 - Do dia que ela errou o destinatário

(Capa do capítulo)
Já se passava do meio-dia quando saiu de baixo do confortável cobertor e decidiu arrumar-se para “aproveitar” o dia. Entre aspas, pois ela claramente passá-lo-ia dentro do quarto, tentando espantar o frio. De forma desajeitada, a mulher prendeu seus longos fios de cabelo com um prendedor, sentindo o clima gélido em sua nuca, fazendo-a estremecer.
De repente, seu celular começou a soar.
— Aish, quem está me ligando a essa hora? — reclamou enquanto revirava todas as cobertas sobre a cama. O nome de Yinju apareceu na tela, junto de uma foto de ambas no Natal do ano anterior. — O que você já quer?
— Feliz Natal para a senhorita também. — a outra riu do mau humor da amiga ao atender o telefone.
— Ainda é dia 24, não tem essa de feliz Natal, não.
— Por Deus, como pode ser tão rabugenta? Eu te acordei?
tirou o celular do ouvindo, pondo-o no viva-voz enquanto ia até o banheiro da suíte.
— Não, mas é que está muito frio. Tipo, congelando.
, você mora na Coreia do Sul, não entendi o seu ponto.
— Aqui na Noruega é mais frio, ‘tá legal? — reclamou mais uma vez, abrindo a torneira e sentindo a mão congelar assim que a água entrou em contato com sua pele. — Droga.
— Enfim, conseguiu descansar da viagem? — Yinju tornou a falar, sem se importar com a rabugice da outra.
— Mais ou menos. — conseguiu responder depois de abrir a corrente da água quente e sua pele aliviar-se com o calor. — Depois que consegui me esquentar debaixo das cobertas, dormi como um anjinho.
— Que bom.
A mulher olhava seu reflexo no espelho, notando a ponta do nariz e suas bochechas avermelhados por conta do frio, mas pelo menos não estava sentindo nenhuma coriza escorrer. Seus olhos estavam levemente inchados por ter acabado de despertar e sua boca estava meio ressecada.
— Não está animada para hoje mais tarde? — escutou a amiga falar na chamada.
— Com o que? — questionou enquanto molhava o rosto.
— O Hyuck deve chegar aí daqui algumas horas.
— O QUE?! — a mulher levantou o rosto molhado com tanta velocidade, que alguns respingos pararam no espelho, manchando-o ligeiramente.
Não foi preciso que Yinju dissesse mais nenhuma palavra para que olhasse o horário em seu celular sobre a pia e confirmasse, por meio de um lembrete que ela havia posto em sua tela de bloqueio, que seu colega de trabalho chegaria em poucas horas.
— Pela madrugada, eu havia me esquecido!
— Relaxa, , você ainda tem tempo até ele chegar e...
— Você não entendeu, Yinju. — interrompeu a amiga, sentindo o nervoso correr em sua espinha. — Eu não sei se estou preparada para me declarar para ele.
— Ah, mas você está, sim! — Yinju firmou a voz no telefone, acendendo uma luzinha na mente de de que ela não tinha como fugir. — Você só precisa colocar a caixinha na porta e bater, pode sair correndo depois disso.
— Esse é o menor dos meus problemas.
— Essa parte você pensa mais tarde. — Yinju revirou os olhos com o drama de . — Vai, me conta, conheceu alguém aí?
— Hm... — a mulher refletiu enquanto saía do banheiro, por já ter terminado sua higiene matinal. — Eu descobri uma coisa que você piraria.
— Então me conte. — a outra se animou no outro lado da chamada.
— Aqueles meninos que você gosta, os BTS? Então, eles estão aqui no hotel.
— O QUE? — foi a vez de Yinju surtar. — Como você só me conta agora??
— Bem, eu cheguei tarde ontem, você já deveria estar dormindo. — justificou-se à medida que trocava o moletom por um mais “aceitável”. — Os vi no hall ontem quando fui tirar algumas dúvidas sobre a água quente do banheiro.
— Pediu foto? Autógrafo?
— Desculpa, mas não. Eu sou tímida demais para isso, Yinju.
— Droga. — a amiga choramingou, mas sabia que aquela era a mais pura verdade. era tímida demais até mesmo para conversar com seu crush do trabalho. — Tudo bem, fazer o que...
Ambas as amigas continuaram conversando até que decidiu sair do quarto para comer alguma coisa.
— Não se esqueça de colocar a caixinha na porta dele mais tarde. Você sabe qual quarto ele reservou né?
— Sim. — soltou uma risada com o ânimo da amiga. — É o quarto de frente para o meu, por incrível que pareça.
— É o destino. — Yinju riu. — Agora vai almoçar, amiga. Até amanhã, e boa sorte. — desligaram.
saiu do quarto e andou tranquilamente pelo corredor vazio, até chegar no restaurante do hotel e constatar que ele estava meio vazio, visto que eram pouco mais das duas da tarde.
A mulher almoçou tranquilamente enquanto refletia sobre o passo que estava a ponto de dar. Era algo simples de se fazer, certo? Entregar a caixinha com o pedido de se encontrarem perto da virada para o Natal e torcer para que Hyuck fosse.
Seria fácil.
Não?
Perdeu-se em pensamentos por tanto tempo que nem percebeu quando o garçom pediu para que se retirasse do restaurante pois eles precisavam limpar o lugar para a ceia de Natal.
— Você pode vir, se quiser. — o rapaz sorriu gentil assim que a mulher perguntou sobre a ceia.
— Obrigada, talvez eu apareça mesmo.
Com um sorriso sem graça de quem havia acabado de contar uma mentira, saiu do salão e foi em direção ao seu quarto, até que se deparou com a porta 04. Piscou algumas vezes antes de entrar em seu aposento e abrir a mala, encarando o presente por alguns instantes.
A mulher suspirou, pegando o celular do bolso traseiro da calça e notando que ainda eram pouco mais das duas da tarde, decidindo então esperar até mais tarde para entregar o presente.
***


Jin não sentiu a necessidade de levantar-se da própria cama e sair do quarto em nenhum momento naquele dia. Era véspera de Natal e ele estava ali, totalmente sozinho, sem os companheiros do grupo e sem nenhum chamego.
Riu com a própria solidão. A verdade era que ele não estava tão preocupado com isso, apenas queria alguém para procrastinar junto dele. Fosse para conversar ou assistir algo na Netflix, mas todos estavam com suas respectivas namoradas, ou amigas, ou seja lá quem fossem suas acompanhantes da vez.
Portanto, o rapaz saiu de debaixo das cobertas e seguiu em direção à porta do quarto, pensando em, quem sabe, encontrar algo para fazer na recepção, por mais estranho que isso soasse.
No entanto, para sua surpresa, encontrou um embrulho deixado ali, em frente a sua porta. Jin ficou olhando por um tempo até pegá-lo e abri-lo:
— Eu não deveria pegar essas coisas, podem ser de sasaengs. — ele dizia para si mesmo ainda abrindo o presente. — Mas estou tão curioso...
Rapidamente, desafrouxo o laço vermelho e rasgou, sem muito cuidado, o papel que envolvia a caixinha. Era algo pequeno e simples.
Abriu a tampa e deparou-se com uma carta escrita a mão, junto de vários chocolates com decorações verde, vermelho e branco, simbolizando o Natal.

Me desculpe por declarar-me dessa forma, mas eu sinto tanta vergonha ao te ver passar que nem ao menos consigo me imaginar falando tudo isso te encarando...
Talvez sejam seus lindos e brilhantes olhos que me fazem perder-me no meio do caminho, querendo admirá-los de pertinho.
Ou talvez o seu jeito convencido de sorrir e falar de si mesmo, me fazendo revirar os olhos pois nada que você diz é mentira.
Bem, não quero me prolongar por aqui, quero apenas te dizer o que sempre quis: Eu amo você.
São palavras fortes, eu sei, mas sinto que te amo por você ser simplesmente a melhor pessoa do mundo. Espero que seja recíproco...
Me encontre no quartinho ao lado do saguão às 23h55 se você quiser saber quem sou eu.
Te espero ansiosa (e apaixonadamente),
Sua admiradora.



Jin piscou algumas vezes, releu outra vez e permaneceu confuso. Como assim ela era apaixonada pelos seus “lindos e brilhantes olhos”? Apaixonada pelo seu “jeito convencido”?
QUEM ERA ELA?
O celular de Jin passou a tocar e o nome de Jungkook apareceu na tela, mas o mais velho apenas rejeitou a ligação, sem se importar com o que poderia estar acontecendo. Ele estava curioso demais sobre aquele presente para dar atenção a quem quer que fosse.
— Eu preciso encontrá-la e descobrir quem é essa mulher. — refletiu enquanto olhava a grafia perfeita na carta, como de uma escrivã profissional. — Mas e se ela for uma sasaeng louca querendo meu corpinho?
Mas e se ela não for uma sasaeng louca? Seu coração piscou tão forte com a possibilidade de descobrir uma verdadeira admiradora, que nem mesmo refletiu se aquilo era perigoso ou não.
O rapaz olhou o horário em seu relógio e percebeu que faltava pouco para as oito da noite. Dessa forma, decidiu tomar um banho e ajeitar-se para comer algo no restaurante do hotel e, quem sabe, esbarrar em sua admiradora.
Seu coração palpitava animado. A excitação de estar sendo admirado, por alguém que ele acreditava não ser uma ARMY, deixava-o desconcertado.
Talvez por ela não mencionar em nenhum momento sobre sua voz, ou sua beleza estonteante que todos invejavam. Mas por ela simplesmente gostar dos seus olhos.
— Por Deus, eu nem ao menos sei quem é essa garota e ela já está me deixando louco dessa forma... — Jin sorriu ao ver seu reflexo no espelho, antes de sair até o restaurante e aproveitar a ceia de Natal.
Assim que chegou no local, procurou por alguma garota que não parecesse ser fã deles, o que foi ridiculamente desgastante, visto seu enorme sucesso com as coreanas.
— Ela não irá entrar no quartinho, não? — Jin reclamou, olhando para as horas em seu relógio pela décima vez em poucos minutos, causando-lhe uma irritação.
Ele estava ansioso, até mesmo extasiado por saber que iria se encontrar com sua admiradora secreta. Seja quem lá fosse, ele sentia que seria uma boa pessoa e que o faria muito feliz, de alguma forma.
***


Jin levantou-se de sua mesa assim que percebeu faltarem poucos cinco minutos até a virada no Natal. Os casais que estavam na ceia pareciam entediantes agora, já que seu nervosismo de se encontrar em breve com sua admiradora consumia a maior parte do seu ser.
Caminhou vagarosamente, tentando afastar olhares curiosos, até a porta cinza localizada atrás de algumas decorações natalinas.
— Aish, podia ter escolhido um lugar menos abafado, não é...? — ele reclamou num sussurro enquanto fazia careta para as paredes depois de fechar a porta.
— Ayoo... Acho que estou meio bêbada. — ouviu uma voz feminina reclamando. — Ayoo, meu amor, você chegou??
Estava escuro no quartinho e eles nem ao menos conseguiam se ver direito, apenas a silhueta borrada de ambos.
— Sabe, eu gosto de você há muito tempo, muito mesmo. — ela começou, sentindo as bochechas esquentarem por estar, finalmente, se declarando. — Espero que você sinta o mesmo por mim.
— É, me desculpe, mas quem é você? — Jin perguntou baixo, ainda confuso.
— Eu estou com tanta vergonha. — a garota disse rindo, ignorando o que o outro havia dito e encostando a cabeça na parede. — Digo, eu sou apaixonada por você há tanto tempo, e finalmente estou aqui me declarando, entende?
— Entendo, entendo... — Jin soltou uma risada, achando graça da situação.
Ficaram em silêncio por alguns segundos, tentando bolar algo para não deixarem a conversa morrer.
O rapaz sentia-se esquisito, já que estava conversando com uma garota que ele nunca tinha visto na vida e nem ao menos sabia o seu nome. Ela, por vez, sentia-se tímida e levemente tonta por conta do álcool já ingerido.
— Por que me chamou aqui? — Jin puxou conversa daquela vez, provocando um sorriso envergonhado da garota.
— Queria te desejar um feliz Natal, sozinhos.
— É, justo.
Silêncio.
— Eu posso te ver?
— Mais tarde. — ela sorriu, ainda nervosa com a reação dele. — Só quando virar o Natal.
— Meu Deus, para que toda essa cerimônia? — ele riu divertido, numa tentativa falha de amenizar o clima entre os dois.
Faltavam apenas um minuto para meia noite, porém aqueles pareciam ser os 60 segundos mais longos de suas vidas. Talvez pela ansiedade de finalmente se verem frente a frente, ou talvez porque estavam pensando demais naquilo tudo.
Ele se perguntava por que ainda não havia saído correndo, já que a mulher poderia, sim, ser uma fã louca.
Ela já se sentia nervosa pois ele descobriria quem era sua admiradora de tanto tempo.
5, 4, 3, 2...
— Feliz Natal. — ) disse antes de dar um beijinho na bochecha do homem e tentar sair correndo do quartinho após ligar a luz.
Mas, bem, ela apenas tentou mesmo.
Jin segurara em seu pulso, fazendo com que a mulher não tivesse muita escolha senão virar-se de frente a ele.
— Quem é você?
— Quem é você? — perguntaram juntos, estranhando-se.
Jin se sentia confuso pois pensava que, pela forma de falar, seria alguma das integrantes do staff. , por vez, se perguntava quem era aquele homem, já que definitivamente ele não era Hyuck.
— Moço, você sai por aí roubando presentes de portas alheias? — ) puxou o braço, posicionando sua mão na cintura, numa pose ameaçadora.
— Aquele presente estava na porta do meu quarto. Alguém, inclusive, bateu na porta para que eu pegasse.
— Claro que não! Eu deixei o presente na porta do quarto de Hyuck e...
— Moça, aquele era o meu quarto.
— Não era, não. O Hyuck fez reserva para o quarto 04.
— Eu estou no quarto 04.
tombou a cabeça para o lado, querendo enfiar-se dentro de um buraco e sumir da face da Terra. Sentiu vergonha por ter, supostamente, dado seu presente a um estranho e, o pior, ter dado um beijo nele.
— Ai, senhor, então desculpe o engano, tchau. — ela fez uma reverência curta, querendo sair dali o mais rápido possível e chorar debaixo do cobertor.
— Fica... Tranquila. — Jin pôs a mão na nuca, claramente envergonhado com o que estava acontecendo.
A mulher ficou em silêncio, sem saber se saía ou continuava ali.
— Eu sou Jin. — o rapaz estendeu a mão.
. — ela cumprimentou-o, sorrindo timidamente. — Me desculpe por essa situação constrangedora.
— Certo, ... Olha, isso tudo foi bem estranho, mas confesso que a carta me fez feliz.
— De... Nada? — ela sorriu sem graça, tombando a cabeça para o lado.
Silêncio.
— Você acha que podemos, sei lá, virar amigos? — Jin perguntou num sussurro, com medo da reação dela.
— Oi?
— Digo, você não parece estar acompanhada aqui no hotel e provavelmente ficaremos presos por mais dois dias por conta da nevasca. — justificou-se, elevando as mãos na altura dos ombros como se se rendesse.
soltou uma risada alta, achando engraçado a forma do rapaz de abordar alguém.
— É, talvez.


Capítulo 02 - Do dia das luzes de natal

(Capa do capítulo)
Yoongi alternava o olhar entre a tela do celular e o vidro da janela fechada, com a testa franzida. A neve havia voltado a cair não tinha muito tempo, e a temperatura do quarto indicava que somente as roupas quentes e as cobertas pesadas não seriam suficientes para aquecê-los naquela noite. Procurou pelo controle do aquecedor, caminhando pelo quarto, precisando desviar vez ou outra das malas abertas no chão, das roupas espalhadas pelo ambiente e dos sapatos que, definitivamente, estavam fora de lugar.
A verdade era que Suga não era a pessoa mais organizada de todas, mas ele havia se esforçado para manter um mínimo de arrumação já que estava dividindo o quarto do hotel com a namorada, , e a garota, ao contrário dele, sentia um prazer inexplicável em encontrar cada objeto no seu devido lugar.
E eles até tinham conseguido manter as roupas e calçados pesados dentro das bagagens durante a sua hospedagem no Thon Hotel, em Narvik, cidade que o grupo escolheu para a gravação do seu último video music, mas as coisas meio que saíram um pouco do controle com a notícia que receberam há pouco.
— Como assim não vamos poder ir embora? — Yoongi perguntou sem entender o que aquelas palavras, de fato, significavam.
— Uma nevasca está se aproximando. Todas as estradas foram interditadas, os aeroportos estão fechados. Não temos como ir embora. — Namjoon explicou pausadamente, ainda que, por dentro, o rapaz devesse estar se segurando para não perder o controle como o restante dos membros.

— Mas e o Natal? — voltou a perguntar.

Até porque, o Natal estava se aproximando. A ideia sempre tinha sido voltar para antes das festas natalinas se iniciarem.

— Provavelmente teremos que passar aqui.

Não era como se todo mundo tivesse gostado da notícia, pelo contrário. Mas o que eles poderiam fazer? Ir embora não era uma opção, e por mais que ninguém estivesse feliz com a única alternativa viável ali, todos precisaram voltar para os seus quartos.
— Não acredito que arrumei as malas só para ter que abri-las de novo agora. — ele reclamou ao jogar as bagagens em cima da cama.
, sua namorada de longa data, aproveitou o recesso de final de ano para acompanhá-lo na viagem. Como professora de ensino fundamental que era, dificilmente tirava férias, então aproveitava os poucos momentos longe das obrigações do trabalho para ficar ao lado do namorado.
Mas diferentemente de Yoongi, não aparentava estar a ponto de atirar uma mala de rodinhas na primeira pessoa que passasse na sua frente. Isso porque a mulher, por mais que tivesse ficado chateada por não poder ir para casa passar as festas natalinas ao lado da família, tinha um jeito peculiar de enxergar as situações e, mais ainda, de reagir a elas.
— Ficar mal humorado e espalhar as coisas pelo quarto vai fazer com que os vôos voltem a decolar? — ela perguntou calma.
Ele parou imediatamente de jogar as camisetas em cima da cama.
— Não? — respondeu mais como se fosse uma pergunta, já imaginando o que viria a seguir.
— Então não adianta ficar nervoso. Isso só prejudica você mesmo.
Ele bufou.
, estamos presos no meio do nada, em uma cidade que eu nem sei pronunciar o nome, sem termos como ir embora. Não tem como sermos mais prejudicados do que isso.
, então, virou-se para o namorado. Diferentemente do que se esperava, a garota não carregava uma expressão séria, tampouco irritada com o mau humor dele, pelo contrário. parecia segurar a vontade de rir, como se soubesse, desde o início, que Yoongi reagiria exatamente da forma como estava agindo naquele momento.
— Eu acho, meu amor, que você precisa de uma mudança de perspectiva.
O rapaz até chegou a fazer uma careta com a fala da namorada, mas não contestou. Estava mais do que acostumado a ouvir as frases motivadoras de e sua incansável busca em fazê-lo trocar a cara fechada por uma risada engraçada — feito este que sempre conseguia, já que Yoongi dificilmente conseguia se manter sério perto da garota.
E, bem, a missão dela havia sido um sucesso de novo, já que ele começara a rir da forma despreocupada com que começou a cantarolar alguma melodia natalina enquanto tirava as roupas da mala e as colocava de volta ao armário do quarto que dividiriam por sabe-se lá deus quanto tempo mais.
— Você poderia, pelo menos, não agir como se estivéssemos de férias, sabe.
não deu importância à provocação dele.
— Mas eu estou de férias.
Ele bufou.
— No fim do mundo, sem previsão de data para ir embora. Grande jeito de passar as férias.
Mas não era o tipo de mulher que se deixava abalar facilmente com o mau humor do namorado.
— Eu estou com você, bobinho. E esse é um jeito excelente de passar as férias.
Apenas a fala doce dela já seria o suficiente para deixar Yoongi com um sorriso bobo nos lábios e completamente entregue à garota, mas foi os beijos que deixou em seus lábios, que o fez se esquecer completamente do motivo pelo qual estava com os ânimos à flor da pele até alguns segundos atrás.
Mas o clima leve logo foi embora.
Isso porque resolveu que, já que teriam tempo de sobra em Narvik, ela iria explorar um pouco mais a cidade.
Em meio a uma maldita nevasca.
O que tinha de bem humorada e engraçada, ela também tinha de cabeça dura. Ou, como a garota gostava de chamar, de “determinação”. Quando colocava uma coisa na cabeça, nada e nem ninguém conseguia fazê-la mudar de ideia.
E era por isso que Yoongi estava há mais de duas horas com o celular na mão, ignorando todas as ligações que recebia dos amigos — afinal de contas, ele deveria estar chegando em Seul naquele momento — alternando sua atenção entre a rua lá fora e a tela do celular, tentando contato com .
Mas o celular dela estava desligado.
Onde diabos a garota estava?
A previsão do tempo anunciara mais cedo que uma nevasca estava prevista para o final daquela tarde. A neve já havia começado a cair novamente, cobrindo os telhados das construções e impedindo que os carros circulassem pelas ruas por conta do asfalto escorregadio.
Definitivamente, aquela não era hora para sair do conforto e segurança do Thon Hotel.
— Por que você não me atende, ? — ele reclamou.
Estava prestes a discar o número da namorada de novo quando ouviu o barulho da porta se abrindo.
A primeira reação dele foi jogar o celular em cima da cama e correr ao encontro da namorada. A preocupação assumiu o controle do seu corpo, de modo com que Yoongi abraçasse com força, apertado. Queria sentir o seu cheiro, queria ter certeza de que ela finalmente estava de volta, estava em segurança. O perfume dos cabelos da garota lhe tomando as narinas, as mãos dela o abraçando de volta, fazendo carinho nas suas costas, tiveram um efeito de calmante.
Mas a calmaria durou apenas por um instante.
Porque no momento seguinte, Suga segurou pelos ombros, a fim de olhá-la nos olhos, apenas para ter certeza de que a amada, de fato, estava ali na frente dele para, em seguida, mudar completamente a postura antes aliviada. Agora ele estava nervoso. Nervoso de preocupação, nervoso pela falta de notícias dela.
— Onde você estava?!
— Ow, ficou preocupado, meu amor?
Yoongi franziu o cenho. Estaria dando uma risadinha… Dele?
— Eu já cheguei, não tem porque se preocupar. — ela disse simplesmente. — Acabou a bateria do meu celular, então não tive como avisar que iria atrasar uns minutinhos, desculpe.
Ainda com o amado a encarando, esperando por uma resposta à sua pergunta, a garota ficou na ponta dos pés e deu um beijo rápido nos lábios dele. Com um sorriso sapeca, o tipo de sorriso que ela sabia que Suga não conseguia resistir, levantou as sacolas que segurava, de modo que ele pudesse ver as compras que tinha feito naquela tarde.
— Comprei algumas coisinhas para decorarmos o nosso quarto.
O semblante sério e irritadiço de Yoongi mudou em um piscar de olhos, a confusão tomando a sua mente, fazendo-o se perguntar se teria entendido direito o que a garota acabara de falar.
— O… O quê?
Mas não via motivos para confusões ali. E foi por isso que ela saiu da frente do namorado — que ainda estava parado na porta — e foi até a penteadeira do quarto em que estavam hospedados. Começou a tirar as embalagens das sacolas como se as luzes pisca-pisca de todas as cores, a guirlanda, as bolinhas de tamanhos e brilhos variados, fossem o bastante para explicar a sua ida ao centro da cidade.
Suga apenas continuou olhando para tudo aquilo com o cenho ainda mais franzido.
— Espera aí, você…
— Precisamos decorar o nosso quarto, amor! — ela disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Se vamos passar o Natal aqui, precisamos entrar no clima natalino…
Suga deixou o queixo cair. , ela… Estava falando sério?
— Essas paredes são todas da mesma cor… — ela fez uma careta. — Tudo muito sério, muito monótono. Precisamos colocar um pouco de cor nesse quarto, algumas luzes… Olha só, eu comprei uma árvore de Natal para a gente também.
A garota começou a tirar uma caixa pequena de dentro de uma das sacolas, não mais que trinta centímetros de comprimento.
— Podemos decorá-la e deixá-la do lado da nossa cama, o que você acha?
E apesar de ainda estar completamente sem palavras com a atitude da namorada — quem, em sã consciência, sairia em meio a uma nevasca, em uma cidade desconhecida, para comprar uma árvore de Natal para colocar na cabeceira da cama do hotel, pelo amor de deus?! — Suga pensou que o sorriso dela, o sorriso mais lindo que ele já tinha visto em toda a sua vida, já era o bastante para iluminar qualquer sombra de preocupação que ainda estivesse dentro dele.
Porque feliz e saltitante, enquanto cantarolava Jingle Bells, quase o fez se esquecer das horas de aflição que ele passara ao lado da janela — da mesma janela que a garota, agora, preocupava-se em montar as esculturas de um papai noel atrás de quatro renas e um boneco de neve.
— Vem me ajudar, Yoongi!
Suga suspirou. Dando-se por vencido, caminhou pesarosamente até , a qual ignorou completamente a careta que ele fez ao receber a missão de espalhar os quarenta e cinco metros de luzes pisca-pisca pelo quarto.
— E como eu vou fazer isso?
— Use a sua criatividade, é Natal! Não use as mesmas cores nos mesmos lugares, deixe o quarto o mais colorido possível, ok?
E mesmo ainda achando uma bobagem aquele esforço todo para decorar um lugar que eles não sabiam por quanto tempo ficariam — afinal, poderiam ser liberados para irem embora no dia seguinte, no outro, ou dali uma semana — Yoongi foi rapidamente contagiado pela animação de .
Em determinado momento, ele se pegou rindo da garota toda enroscada nos fios das luzes de natal, ao tempo que a namorada não poupou piadinhas ao perceber que as roupas dele estavam cheias de purpurina, resultado do manuseio das bolinhas coloridas que ele usou para decorar a pequena árvore.
E assim eles passaram boa parte daquela tarde. Enquanto o vento frio castigava as pessoas do lado de fora, Yoongi e se aconchegaram em frente da lareira do quarto — a qual também não foi poupada e acabou recebendo uma enorme guirlanda bem no centro. A garota se acomodou entre os braços do amado, o qual a apertou contra o seu corpo e apoiou a cabeça no ombro dela.
— Está satisfeita? — perguntou se referindo ao resultado do trabalho duro deles.
suspirou. Sim, ela estava satisfeita, mas não apenas com a decoração natalina.
— Eu sempre estou satisfeita quando tenho você do meu lado. — ela respondeu baixinho.
Até porque, ali onde estavam, não precisavam falar alto para serem ouvidos. Estavam sozinhos, no cantinho deles, vivendo um momento não planejado, mas que, ainda assim, estava sendo mais do que especial.
— Obrigado por sempre estar comigo. — ele disse próximo ao ouvido dela.
O agradecimento não vinha apenas pelo fato de ter aceitado embarcar com ele naquela viagem para um lugar que ele mal sabia pronunciar o nome. Mas por realmente sempre tê-la com ele. era mais do que sua namorada, era sua melhor amiga, sua companheira.
— É sempre um prazer estar com você, meu emburradinho preferido.
Porque apesar deles serem a perfeita definição de opostos que acabaram se atraindo, isso era apenas mais um detalhe que tornava o relacionamento de Yoongi e ainda mais especial. E por ser tão especial, qualquer momento, qualquer ocasião, qualquer evento, ao lado da amada, se tornava algo para além do ordinário.
Yoongi era um cara sortudo, e ter ao seu lado, entre os seus braços, era a prova disso.
— Feliz Natal adiantado, amor.
Ele soltou uma risadinha.
— Feliz Natal, meu amor… — ele respondeu, mesmo sabendo que no dia seguinte ele repetiria os votos, até porque, se o resort oferecesse uma festa como estava prometendo, ele tinha certeza que a garota faria questão de ser uma das primeiras convidadas a chegar. amava feriados, e a data natalina era a sua favorita… E o passatempo preferido de Yoongi era ver a amada feliz, do jeitinho que ela estava naquele momento e que, se dependesse dele, ela estaria em todos os outros momentos em que estivessem juntos.


(17/12/2020)

EPÍLOGO DO CAPÍTULO
Yoongi não era o maior amante de feriados, mas acabou se tornando um grande fã da data natalina depois de conhecer . A verdade era que muita coisa nele havia mudado, e continuava a mudar dia após dia. Não era como se o rapaz esperasse se divertir em um resort, no meio do nada, localizado em uma cidade que ele nem mesmo sabia pronunciar o nome, em meio a uma das maiores nevascas que ele já presenciara. Mas , mais uma vez, provou que tudo era uma questão de perspectiva, e Yoongi amava enxergar o mundo da forma como a amada o apresentava.

Capítulo 03 - Do dia que ele se declarou...

(Capa do capítulo)
“ 사소한 게 사소하지 않게 만들어버린 너라는 별
Você é a estrela que tornou as coisas triviais não triviais”

Hoseok e estavam no corredor que levava ao quarto de ambos, por serem amigos há muito amigos eles resolveram ficar no mesmo dormitório, pegaram a opção maior que tinha no local para terem uma certa privacidade entre eles, o quarto era dividido ao meio com camas individuais, apesar de estarem juntos, os dois poderiam fazer suas coisas sem serem incomodados, ela não estava achando ruim essa mudança repentina dos fatos que se deu por conta da nevasca lá fora, eles ficariam mais algum tempo, indeterminado por enquanto, ali.
— Então... Parece que vamos ficar aqui mais um tempo. – Ela disse assim que eles pararam em frente a porta.
— Sim, sim, estranho né? Ficar preso em uma nevasca na véspera de Natal.
— Sim, mas você está bem com isso? Quer dizer primeiro Natal longe...
— Do que? Da minha ex? Nha, esquece isso Bia, eu estou legal, vou ter que ligar para senhora minha mãe e informar que não vou chegar a tempo para nenhuma comemoração como tinha falado para eles, qualquer coisa se ela ficar muito chateada vou passar o telefone para você, ela te adora mesmo.
Apesar de querer acreditar nas palavras do melhor amigo não tinha certeza se ele realmente estava bem. Hoseok passou os últimos cinco anos namorando, a rotina de como passar feriados como aquele já deveria ser muito marcante para ele e essa era o motivo dela ter aceitado o convite para ir nessa viagem quando ele lhe fez, faziam dois meses que ele havia terminado e ela pensava que pelo tempo e por conhecer o homem no qual tem uma amizade praticamente desde o nascimento, sabia que algo não estava certo, ele estava estranho e ela queria poder ajudar, Hobi amava seu trabalho e conhecer um lugar novo para gravar um MV com toda certeza estava dando um animo nele, mas ela sabia que ainda assim ele não estava totalmente o seu convencional.
Ela nem desconfiava do real motivo dele estar nervoso Ele achava que no dia anterior ia conseguir fazer o que planejava desde quando a chamou para aquela viagem, seus amigos nos intervalos das gravações haviam planejados suas próprias coisas pessoais para fazerem e a dele envolvia todo o clima que ele havia imaginado em uma parte mais isolada do resort, pensou e repassou tudo que queria dizer algumas vezes para ela, mas no final não tinha saído como esperado

- No dia anterior –

Ele tinha feito algumas tentativas ao longo daquela semana de criar um clima romântico a sós com sua melhor amiga, mas sempre surgia algo ou alguém atrapalhando-o, mas naquele dia ele estava disposto a fazer as coisas diferentes, havia pensado em tudo e dessa vez tinha que dar certo, não tinha avisado Bia, ficou esperando no quarto deles a hora que ela fosse chegar, não havia o que interromper dessa vez, era o que ele achava pelo menos
Ele a esperou aparecer por algumas horas, começou até a ficar preocupado com a garota, até que resolveu sair para procurá-la, procurou primeiro por todo o hotel, quando percebeu que talvez ela não estivesse ali, saiu e começou a olhar em volta, até que achou quem procurava mexendo na neve com seu amigo Jimin, Hoseok riu de longe de como eles pareciam desesperados.
podia jurar que ela e o amigo corriam o risco de congelar naquele frio, acreditava inclusive que isso só não tinha acontecido ainda devido a adrenalina que sentiam, não sabia quantos metros de neve tinham na sua frente, mas achar uma aliança ali no meio não seria nada fácil, mas não diria isso ao amigo desesperado na sua frente
– Jimin – ela chamou o amigo que estava completamente perdido mexendo na neve – JIMIN! – ela tinha praticamente gritado agora, devido a falta de atenção dele, se não fosse assim provavelmente ele não ia escutar.
– Você pode, pelo amor de Deus, colocar suas luvas? – Bia se deu conta de como Jimin estava afetado naquele momento, teve dó dele por um momento, sabia como aquele momento era importante e como ele deveria estar frustrado – Seus dedos vão congelar e aí teremos um problema em dobro, além da aliança.
– Ah, cara, tudo bem, tudo bem... Eu só estou um pouco nervoso – resmungou alto, colocando as mãos na cabeça – Eu preciso achar essa aliança.
– Ei, dá para relaxar um pouco? Eu já disse que vou te ajudar. Aliás, já estou fazendo isso.
Ela continuou cavando a neve em busca de algo, estava realmente disposta a ajudar o amigo e agora que tinha feito ele colocar pelo menos as luvas, se sentia um pouco mais tranquila.
– O que acha de olharmos um pouco mais para lá? – Jimin disse depois de um tempo e seguiu na frente, com Bia o acompanhando logo depois.
Os dois ficaram ali por mais algum tempo até perceber que o fim de tarde se aproximava, fazendo com que o tempo escurecesse um pouco. Ali, Bia percebeu que a esperança do amigo começava a ir embora.
– Eu vou entrar – o rapaz comentou, dando um suspiro alto, completamente frustrado pelo o que ela podia notar. Ela o viu se afastando e ficou triste por vê-lo daquele jeito
Jimin! Jimin! gritou ao ver o amigo seguir para longe e tentou novamente, percebendo que o mesmo já não a ouvia mais.

resolveu ficar, depois que chamou por Jimin algumas vezes até não conseguir mais vê-lo, uma pequena frestinha tinha aberto no céu de Nivirk, algo brilhou levemente na neve e ela que sempre dizia que não conseguia conter sua curiosidade andou até o objeto reluzente que não estava tão distante e com certa dificuldade e tirando um pouco de neve da frente, achou o que a manteu quase a tarde toda ali, ela se jogou deitada na neve segurando o anel com ambas as mãos na altura do seu coração, estava aliviada, ficou ali alguns minutos depois resolveu que era hora de levantar e ir dar a noticia boa para o Jimin.
Ela saiu pelo hotel disposta a ir até o quarto dele entregar o objeto, esbarrou no seu melhor amigo no caminho, que disse que a estava procurando ela pediu para ele dar cinco minutos que já lhe dava atenção, chegou na frente da porta do respectivo quarto e bateu umas quatro vezes sem nenhuma resposta, resolveu guardar o anel no bolso e entregá-lo mais tarde.

- Algum tempo depois –

, espera – Hobi vinha correndo gritando a amiga pelo corredor – Você me disse que eu ia ter sua atenção em cinco minutos, mas acho que já faz bem mais que isso – ele terminou e sorriu para ela.
— Me desculpa, eu entrei no nosso quarto e ouvi o barulho de chuveiro, não queria te incomodar – ela respondeu continuando andando, com ele ao seu lado.
— Como se me incomodar e você fossem possíveis de estarem na mesma frase.
A fala dele fez ela soltar uma risada sem graça, colocando seu cabelo atrás da orelha.
— Mas então, por que você estava me procurando mais cedo?
Eles tinham acabado de chegar no local em que ele podia avistar todos seus amigos presentes.
— Quer saber, deixa isso para mais tarde.
Ele passou o braço ao redor dela e seguiram para se sentar, a noite parecia estar indo com tranquilidade, até ver Jimin se movimentando ao seu lado.
Bia ao ver o amigo levantar e começar a pronunciar algumas palavras, entrou em desespero lembrando que não ainda não o tinha informado que achou a aliança, colocou a mão por debaixo da mesa beliscando o joelho de Jimin que se encontrava ao seu lado, ele ignorou e ela continuou tentando fazê-lo entender.
– Você sabe que sou difícil em expressar minhas emoções, ainda mais se é com algo que-
– Jimin... – desistiu dos beliscos e partiu para os sussurros, mais uma vez sendo ignorado, senhor como Jimin era burro, ela pensou revirando os olhos.
Hoseok apenas ria da situação sentado bem ao lado de sua melhor amiga, apesar dela ter passado o dia longe e ela não ter conseguido colocar seu plano em prática, ver como ela ajudava e se preocupava com seus amigos só fazia o sentimento que ele tinha por ela ficar mais aflorado.
– Bom, ainda mais sendo algo que venho planejado por muito tempo e que não deu certo quando era para ter dado – Ela já estava completamente sem paciência, suspirou fundo mais uma vez e com um Hobi rindo ao seu lado por já saber de todo situação deu um cutucão na coxa de Jimin.
– O que foi, ? – ele respondeu.
Euacheionegócio – ela tentou falar de uma maneira discreta, mas a cara que seu amigo havia lhe dado como resposta deu vontade de soca-lo – Euachei.
– O que?
Jimin estava estático na sua frente e ela mais uma vez tentou chamá-lo com apelos físicos.
– Meu Deus. O que foi? – ela já estava revirando os olhos e quase sem paciência – Eu achei a aliança. Olha – ela tirou e entregou para ele – Anda, pegue logo.
Ela suspirou aliviada por ter conseguido entregar a aliança olhou para o Hoseok e o mesmo ainda sorria
— Toma uma água – ele estendeu o copo para ela – Não é uma missão fácil fazer o nosso Jimin entender algo.
Ambos riram, ela estava feliz de ver que o amigo estava se divertindo e perceber que seus pensamentos sobre a viagem o distrair do término de namoro estavam certos.


- No dia atual -
Hoseok andava de um lado para o outro, desde a notícia que iriam ficar ali mais alguns dias, eles deixaram as malas no quarto e avisou que ia sair para procurar um sinal bom de internet porque precisa avisar e provavelmente fazer algumas coisas de trabalho devido ao tempo que iria passar a mais longe, mas ele não sabia se era o nervosismo mais parecia que ela tinha saído faziam horas ou dias, ele já tinha se abanado, ligado o ar condicionado e até trocado de roupa tentando se manter mais fresco e não surtar pensando que não conseguia manter aquela situação por muito mais tempo, quando ele percebeu já estava levantando da cama, disposto a ir atrás dela mais uma vez, iria falar, nem que fosse na frente da recepção inteira gritando, mas ele precisava falar, foi até a porta, girou a maçaneta e quando colocou os pés para fora do quarto, esbarrou em alguém
... Eu preciso falar com você, pelo amor de Deus.
O moço que havia acabado de puxá-la para dentro do quarto a encarava passando as mãos nos cabelos parecendo incomodado.
— Pode falar Hobi, está tudo bem? – ela disse colocando a mão em seu rosto.
Ele fechou os olhos com o toque se recuperando logo em seguida, não podia perder mais tempo, antes que alguém ou algo o atrapalhassem, ele tinha que fazer isso logo, agora que a garota que queria estava bem na sua frente finalmente.
¬— – disse pegando sua mão a levando até a cama e colocando os dois sentados – Eu estou tentando te dizer isso o dia inteiro, mas...
- Barulho de celular tocando -
— AH, EU NÃO ACREDITO – Hoseok soltou em um grito quando ouviu o barulho de seu celular tocando, chegou a dar um pulo onde estava de susto, ele pegou o celular, mesmo que sua vontade fosse de ignorar.
— OI, QUEM É? – ele atendeu bufando de raiva.
— JUNGKOOK NÃO, AGORA NÃO, - ela podia escutar a pessoa do outro lado tentando falar algo.
– VAI CAGAR JUNGKOOK, PESSIMO HORÁRIO, SE VIRA, TCHAU! T-C-H-A-U!
Ele falou por fim, desligando o celular e jogando longe na cama, a vontade dele era de jogar no chão, mas se controlou, estava frustrado, mas ainda tinha um pouco de consciência.
— Eu gosto de você e por favor não começa a pensar ou falar que eu estou confuso porque acabei de passar por um término porque não é essa a questão, eu sempre gostei de você Bia - ele pegou sua mão segurando e acariciando a parte de cima dela com o polegar - Meu relacionamento não era ruim e eu sempre a respeitei, a minha ex namorada, mas acho que no fundo eu sabia que faltava algo, sempre faltou.
Hoseok respirou fundo algumas vezes, estava realmente nervoso, como poucas vezes já se sentiu na vida, só conseguia pensar no que poderia dar errado, mas mesmo assim estava disposto a terminar com aquilo.
, eu sou completamente apaixonado por você acho que existe um momento na nossa vida em que encontramos alguém e a gente se pega olhando para ela com aquele sorriso e você só percebe que está fazendo isso depois de alguns minutos que ficou preso ali e eu notei que eu sempre te dei esse olhar, a diferença é que de um tempo para cá eu comecei a notar que ele era de amor, eu neguei no passado, mas não quero mais fazer isso, depois daqui você pode dizer que não sente o mesmo ou algo do tipo, mas eu precisava dizer.
Ele tinha falado tão rápido que nem reparou nas lágrimas que já desciam pelo rosto da garota na sua frente, lágrimas acompanhadas de um sorriso, o mais sincero que ela já deu na vida. Levantou o rosto do garoto, fazendo ele olhar para ela.
— Hobi como você ousa em pensar que eu não retribuiria? Nem nos meus mais loucos sonhos eu pensei que você sentisse algo por mim, eu sempre gostei de você, mas eu respeitava muito seus relacionamentos para fazer algo e eu tinha o recei...
Ela sentiu suas palavras sendo interrompidas da melhor maneira possível, os lábios dele eram muito mais macios do que ela pensava.
, me desculpa, eu não queria te interromper, mas é que eu estou nervoso e...
— Me desculpa te interromper também, mas é que eu preciso disso.
Ela voltou a beijá-lo e pareceu tão certo para ambos que eles nem acreditavam que tinham demorado tanto tempo para fazer aquilo, a noite do quase Natal se seguiu e mesmo com a nevasca lá fora eles se sentiam aquecidos, conversaram sobre momentos que eles tinham vividos e não tinham notado sobre seus sentimentos e passaram a noite daquela véspera assim, deitados na cama abraçados e felizes pelo novo romance que tinham.

Capítulo 04 - Do dia que está frio lá fora...

(Capa do capítulo)
Depois de um dia e meio, dois voos e quase duas horas dentro de um carro, estava prestes a cair na cama e dormir por dois duas seguidos. Maldita hora que ela havia escutado Magnus quanto a recomendações de lugar pra passar férias, honestamente. Tudo bem que o lugar era incrível de lindo, mas não achava que valia a pena pela distância e a previsão de tempestade.
Correção: a tempestade. Segundo o motorista, a viagem de carro do aeroporto até o hotel deveria ter durado menos de uma hora em um dia normal. Porém, as condições meteorológicas da nevasca prometida haviam os atrasado bastante, já que dirigir era mais perigoso por causa do vento e baixa visibilidade. Não só isso, mas também estaria presa no resort até segunda ordem, já que os voos estavam cancelados sem previsão de retomada.
Isso não seria um problema muito grande, considerando que ela estava de férias e pretendia ficar pelo menos dez dias, mas era uma situação bem irritante no geral. Magnus ia ficar devendo essa, ainda mais que ele nem mesmo a iria encontrar no resort mais. A namorada dele tinha preferência, lógico, mas ainda estava puta com ele.
No momento, porém, ela só queria descansar.
Agradecendo o motorista no norueguês mais tosco do mundo, a modelo apertou o cachecol ao redor do pescoço e esperou um momento até o carregador de malas viesse a seu encontro, com um sorriso que entregava a felicidade que a nevasca trouxe. Para turistas, uma inconveniência. Para o resort? Bom negócio.
God morgen! — ela cumprimentou o rapaz, entregando as duas malas nas mãos dele. — Estou atrasada pro check-in, beklager.
Ele balançou a cabeça, colocando as malas no carrinho. — Det er helt i orden, senhorita. A virada no tempo acabou atrasando todo mundo. Pode seguir pra recepção, as suas malas estarão esperando no quarto.
Ansiosa para sair do vento e do frio, não demorou em seguir a recomendação do rapaz e fez o caminho até a recepção, pensando apenas no banho maravilhoso que prepararia em sua suíte assim que chegasse. Com a nevasca já em andamento, embora fraca, todos os entretenimentos do hotel estavam fechados e a recomendação era que ficassem dentro das dependências. Isso parecia ótimo para , que estava exausta e se utilizaria sem piedade dessa desculpa para não fazer absolutamente nada pelos próximos dias.
Afinal, não seriam férias um momento de fazer o que bem entender, mesmo que fosse dormir o dia todo?
Decidida, a mulher adentrou o saguão e estranhou a movimentação que percebeu de imediato. O anúncio da nevasca havia pegado ela e o motorista de surpresa no meio do caminho, mas considerando o horário...ela imaginava que todo mundo já tinha sido avisado e resolvido as pendências com o resort. Ao se aproximar, ela notou que a maioria das pessoas que conversavam em tom baixo por ali eram funcionários do próprio hotel.
Alguma coisa devia ter acontecido, ela pensou, um pouco curiosa, mas querendo descansar mais do que queria saber das fofocas. Talvez algum turista tivesse dado chilique ou algo do tipo. Conseguindo colocar um sorriso cansado no rosto, ela se aproximou da mesa da recepção. — Hallo! Eu tenho uma reserva no nome de Yaxley — a mulher sentiu olhos mirando suas costas imediatamente após dizer o nome e teve que que suprimir um suspiro. Claro que as pessoas iriam estar escutando a conversa e é claro que eles reconheceram o nome.
não gostava de soar convencida, mas o nome dela era um household name no mundo todo esses dias. Com o rosto parcialmente coberto pelo cachecol vermelho, ela não esperava que ninguém a reconhecesse de imediato, mas o nome era impossível de ser confundido. E, realmente, um burburinho começou entre os funcionários que estavam ali na recepção, o rumo da conversa mudado do anterior.
Desde que ninguém vendesse fotos de descabelada, ela não iria se importar. Férias. Ela iria focar no fato de estar de férias e deixar todo o resto pra lá.
— Ja, senhorita Yaxley. Ficamos com medo de você não conseguir chegar, que bom que não foi o caso — a sorridente recepcionista parecia ignorar a situação, digitando com rapidez no laptop a sua frente. — Seu quarto está te esperando, com todos os adicionais que a senhorita pediu. Aqui está o cartão de acesso e a senha da WiFi. Tenha uma boa estadia!
Recebendo o cartão com um aceno e um sorriso, a agradeceu e se virou, querendo mais do que tudo entrar no elevador e sair de perto de pessoas. Não que eles estivessem sendo mal educados ou algo do tipo, mas não suportava sentir que estavam falando dela, não importava o quão inofensivo fosse. A situação sempre a deixou desconfortável, desde muito nova, e depois de certas coisas...a paranoia tinha aumentado.
Ajeitando o cachecol, ela começou a se dirigir para o outro lado do saguão, na direção dos elevadores, quando uma parte da conversa de um grupo que ela passou perto registrou no cérebro cansado dela.
— Será que ela sabe que o BTS tá aqui? — uma mulher perguntou para os colegas de trabalho, três rapazes e mais uma moça. — Vai rolar um remember, talvez?
O mais alto dos homens tinha deboche na voz. — Que remember? Ele não disse pra todo mundo ouvir que nunca nem pegou? Ela devia estar desesperada por atenção na época, com certeza.

— E quem vai assumir modelo de lingerie? Pegar pegou, mas fez certo em deixar debaixo dos panos...

Congelada na frente do elevador, sentiu como se sua alma tivesse se desprendido do corpo. Aquelas palavras cruéis não eram nenhuma novidade, a internet havia sido o inferno pra ela por meses depois do ocorrido. E mesmo agora, a conversa aleatória foi o suficiente para fazer com que a respiração dela acelerasse, as palmas das mãos umedecendo com suor frio enquanto tentava não demonstrar nenhuma reação. O elevador apitou, avisando que estava a poucos andares do saguão, colocou uma ideia aterrorizante na mente de . E se ele estivesse ali? E se as portas do elevador se abrissem para revelar Kim Namjoon? E se eles se encontrassem, o que ela podia fazer? Certamente não estava pronta para encontrá-lo.
O que ela veria naqueles olhos? Seria muita ingenuidade pensar que ele se arrependeu? O que doeria mais: pena ou indiferença? não queria descobrir, ela não achava que suportaria qualquer uma das duas opções. Sem nem mesmo parar pra pensar, ela se virou com pressa em direção a saída, ignorando o ping final do elevador, e quase correu em direção a saída. A mente apenas repassava com detalhes doentios tudo o que havia acontecido, sem focar em mais nada- nem mesmo na tempestade que, de uma hora para outra, se tornou feroz do lado de fora.
Alguém tentou alertá-la enquanto passava pela porta de entrada do resort, mas ela não ouviu, olhos desfocados e coração acelerado. Tudo o que sabia naquele momento era a sensação de ter o tapete puxado debaixo de seus pés, de ter conseguido uma pausa impossível no trabalho para ver o namorado- e dar de cara com ele declarando, com todas as letras, que eles nunca estiveram envolvidos e nunca foram nada um pro outro.
Era como uma montanha russa. A emoção de subir até o topo, o momento de euforia que vinha antes do terror da queda. - ela não conseguia respirar. O vento cortava e ela não escutava mais nada, os olhos ardiam por causa da neve e da ventania e o pulmão parecia estar cheio de gelo. Ela não sabia aonde estava indo, o que estava fazendo...só sabia que precisava sair dali, se afastar da possibilidade de ver o homem que ela ainda amava, mas que tinha destruído seu coração.
Sem nem pensar duas vezes, se aprofundou na tempestade e desapareceu.


-


A última coisa que Namjoon esperava ver quando as portas do elevador se abriram era , sua ex-namorada, correndo pelo saguão do hotel. Embora de costas, era impossível não reconhecer a mulher que ele amava mais do que qualquer coisa no mundo. Os cabelos compridos, o delineado do rosto dela de perfil. O cachecol vermelho que ela tinha tricotado durante quase sete meses e desistido vinte vezes – e nunca mais parado de usar.
Demorou um pouco para que ele processasse o que realmente estava vendo, porque mais parecia uma miragem. Ele não havia tido contato com por meses, a brasileira tinha sumido do mapa depois...do incidente. Não foi por falta de tentativa da parte de Namjoon, que até o dia anterior ainda estava tentando contato com ela ou com a agente, tentando descobrir onde a mulher estaria pro próximo trabalho para tentar conversar com ela e se explicar.
E, de repente, ali estava ela. Em um resort no meio do nada, na Noruega de todos os lugares do mundo. Namjoon não conseguiu acreditar, até escutar a recepcionista levantar a voz.
— Senhorita Yaxley- é perigoso lá fora! O alerta se tornou vermelho- senhorita Yaxley! — ela chamou em vão, porque já havia desaparecido pelas portas duplas do hotel, o cachecol esvoaçando atrás dela.
Por um momento, Namjoon se sentiu fixado no lugar, tentando entender o que estava acontecendo. E quando a realidade bateu...não só essa era a chance que ele tanto precisava para tentar consertar as coisas, mas também estava no meio de uma tempestade, sozinha. Ele não podia apenas ficar parado, esperando sem fazer nada.
Marchando para a porta decidido, ele foi parado por um dos staff, que o olhava com um ar de desculpas, entrando no caminho de Namjoon. — Sinto muito, Senhor Kim, mas não é recomendado que ninguém saia do prédio principal agora.
Namjoon balançou a cabeça. — Você não viu ela sair? Alguém precisa ir buscá-la! — , que conseguia tropeçar no piso liso de cerâmica e media um metro e meio, no meio da nevasca? Ela podia morrer lá fora.
O rapaz foi enfático. — A segurança dos nossos hóspedes é a nossa prioridade, por isso você tem que ficar aqui dentro.
O idol escutou o que o homem não quis falar. Você e seu grupo são a nossa prioridade. Até o momento, ninguém tinha feito nenhum movimento para ir atrás de . Era bem visível qual era o verdadeiro sentido das palavras. Infelizmente, para o funcionário, Namjoon não se importava.
— A não ser que você esteja preparado pra me segurar aqui fisicamente... — ele deixou a frase em aberto, desviando do rapaz e seguindo para a porta com o passo apertado, temendo que o tempo perdido pudesse ter consequências graves para a mulher que amava.
“Pelo amor de deus, ,” ele pensou, colocando o braço na frente do rosto ao sair e sentir a rajada forte do vento lancinante o atingir. “Esteja bem. Por favor, esteja bem.”
A visibilidade era baixíssima e diminuía a cada segundo, fazendo Namjoon duvidar se ele estava realmente indo na direção certa. Isso se houvesse uma direção certa, ele não fazia a mínima ideia pra onde tinha ido. Ela podia muito bem ter dado meia volta e estar a salvo de volta no hotel. Mas algo lhe dizia que não era o caso, que ele precisava procurá-la e protegê-la...como já havia falhado uma vez.
Foi pura chance que o fez enxergar o cachecol vermelho do canto do olho, tão perto do chão que de primeira Namjoon achou que o havia derrubado na neve. Porém, ao se aproximar, percebeu para seu horror que era ajoelhada no chão, encolhida e de olhos fechados, cambaleante com a força do vento.
A sensação gélida que o acometeu nada tinha a ver com a tempestade e mais com o medo absurdo de ter chegado tarde demais. Racionalmente, Namjoon sabia que a possibilidade de ter...de algo irreversível ter acontecido em tão pouco tempo era baixa, mas racionalidade não existia naquele momento. Somente o puro, inalterado pavor de ter perdido a mulher que ele amava.
! — ele chamou, correndo na direção dela e se ajoelhando no chão coberto de neve, estendendo as mãos para trazê-la para perto. O casaco pesado da mulher havia ficado no saguão do hotel e ela só usava um suéter que ele lembrava ter comprado pra ela na Islândia durante as férias. Quando Namjoon tocou a pele do rosto dela, não conseguia dizer se era sua mão que estava congelando ou se era . De qualquer maneira, a expressão dela não deixava dúvidas: precisava tirá-la dali.
— Olha pra mim, . Fala comigo, por favor — Namjoon pedia, quase desesperado, enquanto a trazia mais pra perto do peito. A única resposta da mulher foi franzir o cenho, confusa. — Segura firme, ok?
não parecia ter entendido, mas o idol não podia esperar muito mais. Ele a pegou no colo, se levantando com dificuldade por causa do vento que só se intensificava, e a segurou o melhor que pode. Voltar pro hotel seria a melhor opção, é claro, mas ele nem mesmo sabia pra qual direção ficava o prédio. Ele não se lembrava de ter andado tanto, mas fazia sentido que tivesse perdido a noção do tempo.
De tempo e de direção, parecia, porque minutos depois era claro que se virar e ir no sentido oposto não o levou nem um pouco mais perto do resort. Namjoon estava, em mais de um sentido, andando as cegas.
Ele não podia ficar parado, não ia acabar bem, e como não sabia pra onde estava o hotel, o idol escolheu uma direção aleatória e seguiu por ali, rezando mentalmente para que achasse alguma coisa ou alguém. Certamente os funcionários do hotel teriam ido atrás deles, certo? Pelo menos ele esperava que sim.
Depois de uma eternidade que poderia ter durado somente meio minuto, a sorte pareceu estar do lado deles. Não era o resort nem nada do tipo, mas era alguma coisa. Um chalé, nada luxuoso como resto do lugar, mas tinha paredes sólidas e um teto. Tudo o que eles precisavam agora, para sair da tempestade. Mesmo que não houvesse aquecimento, Namjoon tinha certeza que ele e ficariam bem se saíssem dos elementos e entrassem no abrigo.
Ficaria tudo bem.

-


percebeu que algo havia mudado quando ela conseguiu sentir o rosto novamente. Ela não se lembrava de ter desmaiado ou nada do tipo, mas também não conseguia dizer o que havia acontecido logo depois de sair descontrolada do hotel.
Não acontecia com frequência, esse tipo de reação, mas não era nenhuma novidade. Em momentos de muito stress ou pressão emocional, parecia que a mente dela...se desligava. Era bem perigoso num dia comum, numa tempestade então...Era um milagre que ela não tinha morrido congelada do lado de fora.
Ou não. A sensação em seu rosto era estranhamente familiar, o toque de uma mão masculina e ligeiramente áspera na pele macia. O corpo doía, como se ela tivesse pegado muito pesado na academia por duas semanas direto, e ela tinha certeza que estava tremendo- mesmo que levemente.
Abrindo os olhos, os orbes cheios de preocupação de Namjoon encontraram os seus e se perguntou por um momento se estaria alucinando, morrendo congelada na neve. Mas ele era real, a mão dele em seu rosto era real, assim como o corpo firme que estava pressionado contra o dela. Por algum motivo, Kim Namjoon estava li- sem camisa, com no colo, envolto no que parecia ser um casaco pesado de inverno.
Eles estavam na frente da lareira antiga, que crepitava fracamente com um pouco de lenha. Lenha, papel e mais algumas coisas que ela não conseguiu identificar. queria focar naquilo, tentar se desligar novamente do que estava acontecendo, mas as batidas do coração de Namjoon e o calor quase doloroso da pele dele contra a dela não a deixavam prestar atenção em mais nada.
— Eu já estava ficando preocupado com você — a voz dele ainda era profunda como sempre, tremendo ligeiramente de frio ou algo mais emocional. — ...fala comigo, por favor.
A mulher quebrou o contato entre os olhos deles, embora não tivesse tentado sair dos braços de Namjoon. Se envolta no calor dele ela ainda tremia de frio, não queria imaginar o que aconteceria se ela se afastasse.
— Não temos mais nada pra falar um com o outro. Você deixou a sua posição muito clara pro mundo inteiro. E pensar que eu sempre achei que você seria cavalheiro o suficiente pra falar comigo primeiro, quando quisesse terminar — desejava que eles fossem durar pra sempre, é claro. Mas ela sabia que as chances eram baixas, considerando quem eles eram.
Ela só não havia esperado que fosse terminar como terminou.
— Você não me deu a oportunidade, . Eu não podia saber que você voltaria naquele dia — Namjoon balançou a cabeça, a mão pousando no rosto dela gentilmente e movimentando a cabeça de até que ela encontrasse seus olhos. Isso era algo que precisava ser conversado assim. — Tudo que eu sabia era que você ficaria incomunicável por alguns dias, por causa do trabalho, e eu esperava já ter resolvido tudo quando você voltasse. Não era pra você descobrir daquele jeito.
fechou os olhos, tentando lutar contra as memórias que voltavam. — E como era pra eu descobrir? Você acha que existia alguma maneira do estrago ter sido menor? Você disse, com todas as letras, que nunca teve ou cogitou ter nada comigo, Namjoon.
Namjoon secou a lágrima que caiu com o polegar, os olhos expressivos transbordando remorso. — Eu sei. E foi a coisa mais difícil que eu tive que fazer na minha vida. Mas eu fiz, por você. E faria de novo- mas tomaria mais cuidado para te falar antes, te explicar o que aconteceu. O timing foi muito ruim.
— E o que você tinha pra me explicar, Namjoon? O que, de tudo nesse mundo, pode justificar o que aconteceu?
não sabia o que esperar, mas definitivamente não era o que saiu da boca de Namjoon.

-


O silêncio era um pouco opressivo, só o estalar da lenha na lareira quebrando a tensão entre eles.
— Ameaças de morte...eu não consigo nem mesmo colocar isso na minha cabeça... — murmurou, cenho franzido enquanto ela tentava processar o que a havia sido dito. — Eu nem mesmo parei pra ler os rumores que vieram antes de...antes. Sabia que eles seriam ruins, mas isso...?
O idol afastou uma mecha do cabelo de do rosto dela, expressão séria e quase austera. — Foi tudo muito rápido. Um dia as fotos saíram pela Dispatch, no outro seu endereço estava recebendo cartas ameaçadoras e suas redes sociais estavam sendo bombardeadas com comentários maliciosos. Sua equipe fez um ótimo trabalho com elas, mas eu estava preocupado com as ameaças. Ainda mais quando o departamento da empresa que cuida dessa parte entrou em contato.
Namjoon não precisava elaborar mais. Ele havia explicado exatamente o que tinha sido encontrado em certos fóruns de fãs online e não tinha a menor vontade de escutar aquilo de novo. Fazia um sentido doentio, o que aconteceu. E também fazia sentindo que perdeu todo o desenrolar, considerando que estava totalmente sem contato com o mundo exterior na época por causa do trabalho. A equipe dela teria cuidado de todos os comentários de ódio e depois evitado tocar no assunto por causa da maneira que terminou.
Não apagava o que ela sentiu na época, o que ainda sentia. Mas a fazia desejar ter ficado por mais uma hora em Seoul, para ouvir a explicação da boca de Namjoon meses mais cedo.
— E foi resolvido? — a voz dela era fraca, distraída.
Suspirando, o idol apertou o casaco ao redor deles – e consequentemente seus braços fortes ao redor de . — Sim. Não foi fácil como eu queria, mas fizemos o possível. Legalmente e criminalmente. As coisas que foram descobertas- bem, eu não quero que você se preocupe com isso, nao é mais um problema. Eu tinha esperança que... que eu pudesse retirar tudo aquilo que eu disse e contar a verdade pro mundo.
inclinou a cabeça pro lado, olhando pra ele com curiosidade.
— E que verdade é essa?
O sorriso de Namjoon era extremamente familiar. — Que você é a mulher da minha vida, é claro.

-


Dessa vez, o silêncio era mais confortável. Ainda cheio de coisas não ditas, era verdade, mas também calmo, como se a urgência tivesse se esvaído. sentia que eles ainda precisavam conversar, e muito. Mas isso podia esperar. Qualquer outra coisa podia esperar. A tempestade os havia suspendido no tempo, sem a vida real batendo na porta e exigindo pressa, e ela pretendia aproveitar a silver lining da situação.
— Quanto tempo vocês vão ficar? — ela perguntou, descansando a cabeça no peito de Namjoon. Ele tinha ficado ainda mais forte, se possível.
— Não faço a mínima ideia. Mas devemos ir embora assim que for seguro passar pela montanha novamente — poderia demorar um dia ou uma semana. Ninguém sabia ao certo ainda.
assentiu, deixando o silêncio voltar por longos minutos. Namjoon parecia mais do que contente em brincar com o cabelo dela no meio tempo, aproveitando a oportunidade de estar perto da mulher que amava novamente.
— Hoje a noite é Natal — observou, surpresa. Ela tinha esquecido completamente daquele detalhe, antes mesmo de descobrir que Namjoon estava no hotel. Estresse e correria contribuíram pra isso, ela imaginava. — Que maneira de comemorar, não acha?
Seminus na frente de uma lareira, mas pelos motivos errados. Sozinhos em uma cabana no meio do nada, pela razão menos romântica do mundo. Ela riu, baixinho.
Namjoon descansou o queixo no topo da cabeça de , relaxado. — Não existe mais nada que eu queira pedir de Natal esse ano, então não me importo.
Ela arqueou uma sobrancelha, embora ele não pudesse ver. — E porque não?
— Porque meu milagre de Natal está bem aqui, nos meus braços. Eu tenho tudo que eu poderia querer na vida, se eu tenho você.

-


Lá fora, a neve continuava a cair.

Capítulo 05 - Do dia em que quase tudo foi arruinado...

It's now or never, my love won't wait...
(Capa do capítulo)
No dia anterior, algumas horas antes, naquela manhã...


O dia estava tão claro que nem transparecia o frio que exalava do lado de fora. O céu estava claro, as nuvens o estampava e aquela seria uma cena típica de filme, não fosse pelo grupo de amigos congelando e comentando sobre como estava frio naquele dia.

Mas aquilo não importava, não para eles.

O MV estava sendo um sucesso, o staff estava satisfeito com o decorrer das cenas e a maioria deles estavam se sentindo bem.

Jimin estava na varanda, ao lado de fora e apertava suas mãos umas nas outras, com aquela luva bem quentinha. Não podia deixar de sorrir ao ver a feição leve e sorridente da namorada perto das amigas. estava tão feliz ali e vê-la daquela forma, o deixava ainda melhor. Era um sentimento bom, sentia como se seu coração estivesse transbordando.

– Meu Deus, você baba demais nessa mulher. – ouviu a voz do amigo se aproximar, de forma brincalhona e virou o rosto avistando Jungkook com os cabelos pouco armados. – Como está se sentindo? Tudo pronto?

– Preciso confessar que estou nervoso, independente de qual for a reação dela. – Jimin deu uma risadinha, virando o rosto para frente. – A probabilidade de ela recusar é mínima, não é?

Jungkook franziu o cenho, soltando uma risada fraca e balançou sua cabeça levemente, em negação.

– Eu vou sacudir a se ela negar. – os dois observaram as mulheres caminhando pela neve mais abaixo. – E de qualquer forma, você só vai saber quando pedir. Vamos lá?

Jimin respirou fundo e assentiu, colocando uma das mãos no bolso do enorme casaco de frio, assim apalpou a pequena caixinha guardada ali. Com isso, desceu as pequenas escadas e caminhou pela neve, sentindo seus pés pesados na medida em que caminhava. Ele estava mais do que preparado, mas na medido em que ia se aproximando da mulher que tanto observava antes, sentia suas mãos suando levemente e seu coração começando a acelerar.
trajava uma touca rosa claro, estava com uma blusa de tricô cinza e o casaco branco enorme por cima, mostrando exatamente o charme que para Jimin, só ela tinha. A mulher era maravilhosa.

Deixou um sorriso transparecer assim que chegou ao lado da mesma e depositou o beijo demorado em sua bochecha, fazendo-a olhá-lo.

– Você demorou, amor.

Ouvir aquela palavra sair da boca da mulher deixava seu coração mais amolecido do que já estava. Era bobo, sabia bem, mas não se importava.

– Eu sei, acabei esquecendo da hora ao conversar com os meninos. – disse, puxando-a para perto. Aquela havia sido uma pequena mentirinha, era verdade. Havia demorado um pouco mais, pois estava terminando de ouvir sobre a ajuda dos meninos em relação à seu pedido, assim como ouviu os conselhos de e da sobre como deveria agir no momento.

O corpo dos dois se encontraram e assim, ele a olhou.

– O que acha de irmos ao teleférico? Podemos caminhar um pouco depois.

– Mas é claro que sim! – a mulher bateu pequena palminhas, olhando rapidamente para o transporte atrás de sim. Ela não sabia nem explicar em como estava animada de estar ali, principalmente ao lado de seu amado.

Assim que concordou, envolveu seu braço no do namorado e seguiram juntos para o transporte que já continha algumas pessoas embarcadas no mesmo. A paisagem em Narvik era de tirar o fôlego. Toda aquela neve, as montanhas ao fundo, o céu limpo e azulado.
Era o local perfeito para o que Jimin estava planejando. E esperava muito que desse certo.
Enquanto os dois seguiam e aguardavam sua vez para se sentar em seus lugares, o rapaz remexia a caixinha dentro do bolso, tentando não transparecer seu nervosismo.

– Eu não sabia que esse lugar era tão lindo. É completamente diferente das fotos que vimos. – comentou, observando ao redor.

– Realmente, mas não tão lindo quanto você. – piscou para a mesma. Ela se limitou a dar um tapa de leve em seu braço.

– Você jogou mesmo uma cantada dessas, Jimin?

– E o que é que tem? Você não gostou?

Eles caminharam mais um pouco e assim que a próxima cadeira foi se aproximando, os dois se preparavam para se sentar de forma confortável.
Com isso, o rapaz a olhou, observando sua expressão.

– Eu vou gostar quando você parar de falar e me der um beijo.

abriu um sorriso que no mesmo momento aqueceu o coração de Jimin, em questão de segundos. Aquela havia sido a brecha para que ele se aproximasse, envolvendo seus braços ao redor do corpo pequeno de sua namorada e depositando um beijo úmido em seus lábios.

O rapaz se sentia completo daquela forma.

Na medida em que se sentaram no banco do teleférico e se seguraram de forma firme e segura, o mesmo começou a andar novamente, os levando para cima. A vista daquele ponto era esplêndida, de tirar o fôlego. O céu claro, a neve cobrindo a maior parte do resort e as gaivotas sobrevoando Narvik.

Parecia mais uma pintura.

Ainda abraçado à , Jimin fazia um leve carinho no ombro da mulher e beijava a lateral de sua cabeça sempre que podia. Ele não podia pedir por uma companhia melhor, nem mesmo imaginava ter alguém como ela em sua vida.

estava disposta a tudo por ele e nem conseguia explicar o quanto o amava.

O barulho do teleférico estava ficando mais evidente e agora o mesmo deslizava pela estrutura de forma vagarosa, para que quem estivesse nele, pudesse observar toda a paisagem de forma calma. Jimin respirou fundo, sabendo que aquele seria seu momento.

Com um pouco de dificuldade, colocou as mãos no bolso do casaco, tentando tirar dali a caixinha com a aliança que tanto havia guardado. Os dedos embolaram ao redor dela até conseguir tirar a caixinha de vez de seu bolso apenas com uma mão e da mesma forma, tentava abri-la.

Olhou para a mulher ao seu lado, que no momento estava deslumbrada com a paisagem ao redor e sorriu vendo a felicidade da mesma.

Era agora ou nunca.

Com a mesma dificuldade de antes, virou sua mão para assim surpreendê-la. Só não esperava o fato de a caixinha cair para o lado e com isso, fazendo a aliança e a mesma caírem de onde estava. O rapaz não teve muita reação, a não ser olhar a joia caindo de forma rápida até chegar de encontro a neve, onde não poderia vê-la mais.

Sentiu o desespero tomar conta de si. O que é que ele havia feito?

Olhou a redor, como se aquilo de certa forma o ajudasse em algo e só então sentiu sua ficha cair, percebendo que ele havia perdido aquela oportunidade. Havia perdido a chance e todo seu plano havia ido por algo abaixo.

Continuou olhando ao redor, começando a entrar em desespero e por alguns instantes, percebeu virando seu rosto em sua direção.

A mulher ao ver o namorado agitado, franziu o cenho sem entender.

– O que foi, Jiminie? – perguntou.

– Nada.

O rapaz respondeu, de forma até seca, sem perceber que ela ainda o encarava. Colocou uma das mãos no bolso do casaco, se praguejando mentalmente por aquilo ter acontecido.

– Tem certeza? Você parece nervoso.

– Tenho, sim.

A olhou de forma rápida e deu um sorriso de canto, amarelado. Ele não sabia nem o que pensar e muito menos o que fazer naquela hora.
Fechou os olhos e permaneceu assim por vários segundos até abri-los novamente. ainda o observava.

– Jimin?

– Está tudo bem. De verdade. – comentou, agora com seus braços posicionados em seu colo. Não sabia nem explicar em como estava envergonhado. – Olha, já estamos voltando.

E assim, permaneceram em silêncio até que o banco do teleférico chegasse próximo ao chão, fazendo com que os dois se levantassem para voltar para o resort. Jimin passou os braços ao redor de , mas a mulher sentiu certo desconforto da parte dele.

Era como se Jimin estivesse com a cabeça em outro lugar e ainda continuava estranho com ela.

Ela só não entendia o porquê.

***


O rapaz caminhava agitado de um lado para o outro e seus passos podiam ser ouvidos nitidamente, até porque o mesmo não sabia bem o que pensar e muito menos o que faria depois do acontecido. Não era como se tivesse muita opção dentro daquele resort.

Precisava confessar que todo aquele tormento havia o pego de surpresa. Ele não imaginava que um enorme empecilho apareceria para acabar com todo o seu plano de fazer o tão esperado pedido. Ele não fazia ideia que tentar fazer o pedido no teleférico resultaria na perda da aliança que tinha comprado. Tinha passado meses para pensar em algo que realmente desse certo e para que não pisasse na bola, queria muito fazer da forma que ela merecia.

E como ela merecia, mas aí tinha que acontecer o que ele menos esperava.

Namorava há uns bons anos e o relacionamento dos dois era algo que ele nem imaginava que poderia ter, com toda a fama e todos os impedimentos que a Big Hit impunha. E o mais incrível era perceber que tinha uma mulher compreensível e incrível ao seu lado. Ele sabia que ela podia ter desistido na primeira oportunidade, podia ter desistido na primeira cláusula lida no contrato ofertado pela empresa, mas ela não o fez. Ela se manteve firme e com aquele sorriso caloroso nos lábios, que sempre o tranquilizava e o fazia ter certeza.
Ele não podia pedir por algo melhor.

Ele a tinha e isso já era o suficiente.

Jimin tinha tudo planejado. Tinha a ajuda de seu grupo de amigos e o plano inicial era fazer com que sua namorada fosse acompanhá-lo para a gravação no MV, ali em Narvik. Ele sabia que não hesitaria, principalmente por ter a semana livre de seu estúdio fotográfico, até porque ela adorava estar perto dos amigos, em qualquer que fosse o lugar e adorava estar perto do namorado. Depois disso, os demais o ajudariam com pedido feito em frente a paisagem maravilhosa das montanhas nevadas. E aí, bom, ele torcia para que ela dissesse o tão esperado sim. Ele sabia que não se decepcionaria, mas não imaginava que isso aconteceria justamente na hora do seu pedido.
Colocou as mãos na lateral de sua cabeça e arrastou os dedos pelos fios escuros, desarrumados. Ele não sabia o que pensar naquele momento.

Droga, droga.

Sua cabeça parecia que iria entrar em colapso a qualquer momento. A mesma já começava a latejar.

Eu não acredito que isso está acontecendo. – resmungou para si mesmo, virando seu corpo e encarando a paisagem através da janela do quarto, que no momento parecia pequeno demais para si e seu pequeno desespero.
Ele precisava fazer alguma coisa, tomar alguma atitude, mas a única coisa que conseguia pensar era que não conseguiria fazer aquilo sozinho.

Não estando daquele jeito.

Rapidamente caçou o seu celular com os olhos dentro do cômodo e o avistou próximo a cabeceira da cama, praticamente avançando em cima do mesmo.
Com os dedos agitados, digitou a mensagem rapidamente.

De certa forma, precisava admitir que estava um pouco aliviado com o que havia acontecido. Não por não ter feito o pedido, era o que ele mais queria. Mas por agora não estar conseguindo pensar em nada e por estar nervoso com o acontecido.
Deixou todo o ar escapar de seus pulmões, como se aquilo o aliviasse de vez, mas a única coisa que conseguiu fazer foi seguir em direção ao local onde seus amigos estavam, talvez assim conseguindo alguma solução.

***

O grupo de amigos estava reunido na sala principal do Thon Hotel e todos estavam bem confortáveis ali, daquela forma. O frio era evidente e a maioria estava bem agasalhada, com suas devidas toucas e luvas.

Jimin também estava daquela forma, mas seus pensamentos em outro lugar.
Ele não fazia ideia de como recuperar aquela aliança e se muito menos iria conseguir recuperá-la. E se não conseguisse, não sabia como iria fazer para que seu pedido desse certo daquela vez.

A verdade era que se sentia perdida, senão desesperado.

estava ao seu lado e observava cada mudança de expressão do namorado. Ele parecia ter tantas questões em sua mente, já que o cenho franzido não saía dali, estava fixo.

Deixou um pequeno suspiro escapar e encostou seu corpo no de Jimin, que estava sentado no braço do enorme sofá de canto. Ele parecia ter despertado com aquele toque, já que abaixou o rosto em direção ao dela, observando-a.

Queria poder explicar toda a situação e queria poder explicar o que se passava em sua cabeça, mas sentia que não podia fazer aquilo. Até porque se fizesse, odiaria admitir que tinha falhado. Ainda mais com aquele evento.

Com um pouco de dificuldade, desencostou o corpo do da namorada, vendo-a notar levemente e lhe lançou um breve sorriso, levantando-se dali. Ele tentaria fazer algo, nem se fosse a última coisa, mas precisaria de ajuda.

o olhou seguir para longe e sentiu o corpo murchar com a distância que o rapaz estava mantendo. Ela não fazia ideia do porque Jimin estar agindo daquela forma e nem havia encontrado motivos em sua mente para ele estar tão aéreo e estranho com ela.

Só sabia que aquilo estava a entristecendo e ela não queria mesmo ficar daquela forma, logo próximo a véspera do natal.

Olhou ao redor, procurando uma de suas amigas com o olhar e observou que estava com os braços ao redor de Yoongi e os dois conversaram sobre algo. Por alguns segundos pensou em atrapalha-los, mas aquilo não seria justo. Eles estavam tão bem naquele momento, mas foi com esse pensamento e por coincidência, olhou em sua direção, piscando algumas vezes.

deu um pequeno sorriso para ela, mas como as duas já se conheciam por um tempo, soube que naquele pequeno sorriso contido, havia algo a mais. Com isso, deu um pequeno beijo da bochecha do namorado e seguiu para o lado da amiga, sentando de forma despojada e abraçando a mesma pelo pescoço.

– Você vai me contar o que está rolando? – perguntou, soltando os braços da mulher. balançou a cabeça, negando.
– Não é nada demais. Não precisa se preocupar. – deu de ombros, ainda olhando os amigos ao redor. – Ah, você e o Yoongi já sabem como vão fazer para passar a véspera?
– Bom, temos alguns planos, sim. Mas antes de te contar, quero saber o que te entristece.
– Não é nada, amiga. De verdade. É só que... – soltou um longo suspiro e levou as mãos em seu rosto, alisando-o. – Eu e o Jimin estávamos bem hoje pela manhã. Fomos ao teleférico e do nada ele ficou todo estranho. Parecia entrar em colapso a qualquer momento.
– Estranho... Ele não te falou nada?
– De quê? – a olhou rapidamente. – Ele só ficou olhando para os lados e respondia com meias palavras. Eu não sei...
– Amiga, não se preocupa. Deve ter sido alguma coisa boba. Nós conhecemos o Jimin. – deu uma piscadela. queria muito contar o que estava acontecendo e esconder aquele pequeno segredinho, a deixava com um pequeno sentimento de culpa. Mas, sabia que estava fazendo isso para algo maior.
Talvez fosse entender.
– Conhecemos, mas eu achei tão estranho a forma como ele tem estado. Olha, eu estava aqui e encostei meu corpo no dele. Ele logo saiu andando e nem sei para onde foi. – apontou discretamente para o final do corredor em que dava a sala principal.
– Ele só deve estar preocupado com as gravações do MV. O Yoon estava assim também, mas logo passou. Não se preocupe. – a abraçou novamente e deu um pequeno sorriso. – Olha, se isso for te aliviar, o que acha de irmos comprar algumas coisas na pequena boutique aqui do lado? Eu vi algumas roupas tão fofinhas.
– Já estou vendo que você vai querer comprar para usarmos na véspera de natal.
a olhou e estreitou os olhos.
– Eu não tinha pensado nisso, que ótimo ideia! – soltou uma risadinha fraca. Com isso, levantou do sofá, estendendo a mão para a amiga. – Vamos?
assentiu, levantando junto à mesma e as duas seguiram rumo ao lado externo do resort, olhando as pequenas lojinhas espalhadas por ali. Ela precisava admitir que o lugar era adorável, não tinha como negar. Talvez aquele pequeno passeio com sua amiga fosse fazê-la esquecer dos problemas temporariamente.
Com os braços dados, caminharam lentamente pelo local. ajeitou a touca em sua cabeça.
– O Jimin não deve estar pensando em outra coisa, não é? – questionou, olhando a vitrine colorida pelo pisca-pisca.
– Que outra coisa?
– Ah, não sei... Ficar estranho assim do nada me faz pensar em algumas possibilidades. – murmurou.
– Nem vem me dizer que você está pensando na menos provável, . – a olhou por alguns segundos antes de entrar na lojinha. – Você sabe que ele é louco por você. Nunca faria algo assim.
– É... Ai, que droga! – resmungou, fazendo uma pequena careta. A amiga riu de seu desespero. – Estou me sentindo tão boba por pensar assim. Eu só odeio o fato de ele ficar todo estranho desse jeito.
– Ah, ... Não fique assim, vai. – puxou a amiga para um abraço rápido e sorriu tentando animá-la. – Logo, logo ele vai voltar ao normal.
assentiu e devolveu o meio sorriso para a amiga, tratando logo de espantar todos aqueles pensamentos ruins. Ela não deixaria isso estragar sua estadia ali, muito menos abalar seu relacionamento.
a olhou de canto, observando que a amiga estava ficando mais leve e assim, começou a olhar o interior da loja com ela, percebendo que o assunto não a incomodava mais. A verdade era que queria soltar uma risadinha.
não fazia ideia...
***

Jimin sentia sua cabeça estourar. Não! Parecia que ia explodir. Ele estava mais perdido do que cego em tiroteio. Aquilo parecia loucura, era uma loucura.
Ergueu o corpo e colocou as duas mãos na cintura, tentando parar para pensar em um momento. Ele precisava focar mais, até porque ele tinha que achar aquela aliança. Naquele momento, o rapaz já estava sem suas luvas e a touca de frio estava folgada em sua cabeça e junto com a amiga, , procuravam incansavelmente a aliança pela neve perto do teleférico.
A verdade era que Jimin sentia que não iria achar aquela aliança por nada, mas precisava. Ele precisava fazer aquele pedido porque merecia tanto... Ele não podia dar aquele mole, não agora.
– Jimin. – chamou, observando o amigo inerte em seus pensamentos olhando para a neve em seus pés. – Jimin!
Disse mais alto, o despertando. O rapaz a olhou, piscando os olhos rapidamente.
– Você pode, pelo amor de Deus, colocar suas luvas? – disse, de forma impaciente. – Seus dedos vão congelar e aí teremos um problema em dobro, além da aliança.
– Ah, cara, tudo bem, tudo bem... Eu só estou um pouco nervoso. – resmungou alto, colocando as mãos na cabeça. – Eu preciso achar essa aliança.
– Ei, dá para relaxar um pouco? Eu já disse que vou te ajudar. Aliás, já estou fazendo isso. – dizia enquanto estava abaixada, cavacando a neve com suas mãos embrulhadas pelas luvas azuis em tom claro.
Jimin a olhou por alguns segundos, segurando a risada ao ver o desespero da amiga da mesma forma que ele. Precisava admitir que sempre o ajudava quando tinha algum problema.
– O que acha de olharmos um pouco mais para lá? – apontou na direção logo a frente deles e a mulher concordou, assentindo com a cabeça. Jimin seguiu para frente, se abaixando e procurando novamente.
Nem que ele precisasse ficar ali até o anoitecer, ele ficaria. Acharia aquela aliança e prometia para si mesmo que até o dia seguinte estaria no dedo de sua amada. Era o que pensava...
– E aí, como está sua busca? – perguntou, agachada ainda cavando o chão com as mãos. Jimin soltou um resmungo alto e claro que fez a mulher entender bem sua resposta. – Calma, Jiminie. Vamos encontrar.
– Espero que você esteja certa. Eu estou perdendo as esperanças. – disse sincero, deixando o corpo descansar na neve. Sentiu o mesmo afundar vagarosamente.
– Não fala isso! – amassou a neve em suas mãos, fazendo uma pequena bolinha e jogou no mesmo. Ele deixou um meio sorriso transparecer. – Cadê o Park Jimin que sempre corre atrás e consegue?
– Você fala como se fosse fácil. Olhe ao redor – abriu os braços. – É como achar agulha em um palheiro.
cruzou os braços e o olhou por alguns segundos.
– E você sabia que sou ótima com costura? – comentou fazendo graça. O rapaz colocou uma das mãos na cabeça e balançou a cabeça de forma negativa, não acreditando que ela havia dito aquilo, mas acabou dando risada da graça de .
A olhou brevemente antes de vê-la se virar para continuar a busca pela aliança. Ele queria muito estar com aquele otimismo dela, queria muito achar que seria possível encontrar aquela pequena joia no meio de toda aquela neve.
Os dois ficaram ali por mais algum tempo até perceber que o fim de tarde se aproximava, fazendo com que o tempo escurecesse um pouco. Ali, Jimin percebeu que toda a sua esperança já havia ido embora e que não tinha mais nada que pudesse fazer.
Engoliu em seco e soltou um suspiro pesado, antes de se levantar, passando os olhos por pela última vez. A mulher o olhou brevemente, percebendo a frustração estampada no rosto do amigo. Não queria vê-lo daquela forma, mas era inevitável.
– Eu vou entrar. – o rapaz comentou, dando um suspiro alto, completamente frustrado. Assim, se virou em direção ao resort, deixando toda a sua esperança ali, jogada naquela neve. Sentia claramente todo o sentimento de decepção tomar conta de si.
Jimin! Jimin! gritou ao ver o amigo seguir para longe e tentou novamente, percebendo que o mesmo já não a ouvia mais.
***

A sala de jantar enorme e ampla do resort estava bem iluminada e agitada, todos os amigos estavam reunidos e estavam sorrisos satisfeitos em seu resto. Era mais uma das noites agitadas que tinham depois das gravações do MV antes de irem para seus devidos quartos. Eles achavam que toda aquela neve e a animação dos amigos dava um clima especial ao lugar, ao se reunirem próximos a enorme janela que tinha vista para o lado externo, com toda aquela paisagem.
O único que não estava conseguindo pensar daquela forma era Jimin. Ele não conseguia se dar por satisfeito e não conseguia esquecer o fato de que seu plano não tinha dado certo. Ele queria tanto que aquilo acontecesse da forma certa, da forma que havia imaginado.
Observou passar pelo corredor ao lado de e e sentiu seu coração se aquecer dentro do peito. A mulher estava tão maravilhosa. Ela trajava o casaco vinho grosso, as luvas pretas e a touca branca. Os cabelos ondulados ressaltavam o charme que para ele, só ela tinha.
Era encantadora. Não tinha nem palavras para descrever.
Assim que ela o viu, deixou um sorriso aberto surgir nos lábios e seguiu até o namorado, se sentando ao lado do mesmo na mesa. Era engraçado como aquele pequeno ato fez o coração de ambos acelerar.
– Oi, amor.
E de novo, aquela palavra. Foi inevitável para Jimin não sorrir.
– Você é a mais bonita daqui. – disse, quase em um sussurro. A intenção era para que somente ela ouvisse. Não que não quisesse que ninguém soubesse disso, mas sua atenção estava focada somente nela.
Por um instante quis começar a se desculpar, mas pensou bem e achou que aquilo deveria ser feito da forma correta.
se limitou a sorrir mais ainda e o olhou nos olhos. Sempre era como olhá-lo pela primeira vez.
Se acomodaram na enorme mesa de jantar retangular e ali começaram uma conversa aleatória. seguia abraçada de Yoongi, assim como conversava animadamente com seu melhor amigo, Hoseok, o restante seguia bem animado. Por alguns minutos, Jimin se pegou observando o grupo de amigos e queria tanto agradecer por tê-los ali, tão perto e tão acomodados.
Quase se esqueceu do ocorrido de mais cedo.
Observou conversar com Jin e Jungkook, os amigos se davam tão bem entre si que pareciam sim uma família. Gostava de ver aquela cena.
Enquanto algumas refeições iam sendo servidas e eles se alimentavam e conversavam sem pressa, Jimin sentiu a necessidade de esclarecer, de fazer o certo e explicar tudo para ela. não podia ficar naquele escuro que ele havia deixado.
Por mais que não tivesse encontrado a aliança para fazer de sua forma, iria improvisar e esperava que ela entendesse.
– Pessoal. – começou se levantando. Os olhos de cada um ali vagarosamente foram em direção ao rapaz, o observando. – Eu gostaria de dizer algumas palavras, se não tiver problema.
– Mas é claro que tem problema. – Taehyung comentou, arrancando algumas risadinhas e fazendo Jimin rolar os olhos de forma engraçada. – Continue, continue.
– Só não nos faça chorar. – Jungkook levantou um dos dedos, apontando para ele depois. O rapaz abaixou a cabeça, soltando uma risadinha, levantando seu copo.
– Pode deixar, sei como você é sensível. – piscou para o amigo. – Mas agora eu queria falar sério. É algo rápido, mas importante. – soltou um leve pigarro, passando seus olhos ao redor e parando em que o olhava curiosa. – Antes de dizer qualquer coisa, eu queria me desculpar. Com você, . – dizia olhando diretamente em seus olhos. A mulher corou levemente. – Eu sei que fui péssimo em não falar direito com você hoje pela parte da manhã e tarde. Sei que você deve estar querendo ouvir as minhas explicações, mas te garanto que tenho todas. Eu não pude evitar.
Antes de continuar, sentiu uma pequena pontada em seu joelho direito. Piscou algumas vezes antes de continuar e olhou rapidamente para baixo, observando ali a mão de o beliscando algumas vezes. A olhou por alguns segundos e resolveu não dar atenção à mulher naquele momento.
– Eu fiquei chateado com algo que aconteceu hoje de manhã. Na verdade, a culpa foi toda minha e eu acabei descontando em você. Não foi justo, eu sei. – olhou para o lado, se sentindo envergonhado por ter agido daquela forma. – Você sabe que sou difícil em expressar minhas emoções, ainda mais se é com algo que-
– Jimin... – ouviu o sussurro ao seu lado e olhou de soslaio para , tentando entender o que é que ela queria logo naquela hora. Tentou ignorar mais uma vez.
– Bom, ainda mais sendo algo que venho planejado por muito tempo e que não deu certo quando era para ter dado. – suspirou, mordiscando os lábios. Iria continuar novamente, não fosse por outro cutucão, dessa vez em sua coxa, fazendo-o olhá-la de forma rápida.
– O que foi, ? – sussurrou.
Euacheionegócio. – a mulher disse rápido e embolado. Jimin franziu o cenho e balançou a cabeça, bagunçando os cabeços. – Euachei.
– O que? – perguntou confuso. – Calma aí, agora não.
O rapaz se ajeitou, mesmo estando de pé na frente de todos para continuar seu discurso. Ele não tinha a aliança, nem mesmo estava tão bem vestido para isso, mas faria de sua forma se fosse a única opção.
Sentiu sua garganta secar ao olhar nos olhos de sua amada novamente. não sabia muito bem o que pensar, mas Jimin estava ficando nervoso de novo. E tentava entender toda aquela troca de palavras entre ele e . Nada ali parecia fazer sentido.
Jimin reformulou o pedido várias e várias vezes em sua cabeça, tentando começar da forma certa. E quanto encontrou as primeiras palavras, sentiu outro cutucão, o tirando realmente do sério.
– Meu Deus. O que foi? – quase rosnou para a mulher do seu lado que rolou os olhos no mesmo momento, porém sua expressão foi mudando assim que trocava o objeto de mãos para mostrá-lo.
– Eu achei a aliança. Olha. – mostrou a pequena joia, ainda brilhante em uma de suas mãos. – Anda, pegue logo.
Ergueu uma de suas mãos, entregando o objeto para o rapaz que pegou sem acreditar e antes que pudesse observar um pouco mais, rapidamente o escondeu em seu bolso. Os amigos ali haviam começado a cochichar entre si e o olhava curiosa, tentando ver o que ele tanto escondia.
Ao ver a expressão da mulher em direção à suas mãos, Jimin pôde sorrir de forma aliviada. Ele se sentia aliviado, mal podia acreditar que havia encontrado a aliança que os dois tanto procuravam antes. Precisava se lembrar de agradecer verdadeiramente a amiga.
Olhou ao redor uma última vez, antes de finalizar seu pequeno discurso e fazer, finalmente, o seu tão esperado pedido.
– Eu só queria que soubessem que estou muito feliz com a presença de todos aqui e que ver que estamos juntos, logo próximo a véspera de natal, é quase impossível de acreditar. – olhou para cada membro ali sentado. Eles sorriam. – E queria agradecer principalmente a você, amor. Você sempre esteve disposta a caminhar comigo, mesmo que o caminho fosse árduo e complicado. Você sequer questionou desde o começo, mesmo sabendo que tudo seria tão difícil. Mesmo sabendo naquela vez, em Tóquio, quando te pedi em namoro, que as coisas só iriam se complicar mais e mais. – observou os olhos da mulher vagarosamente se marejarem. Ele sentiu o nó em sua garganta. – Você nunca pensou em desistir. Nunca pensou em me deixar. Você tem noção do quanto é maravilhosa e do quanto eu amo você? – perguntou, passando as mãos pelos cabelos escuros e lisos de forma nervosa. – Você é tudo. Você é mais do que mereço. Você é meu mundo, .
Se aproximou da mulher, sentindo que não demoraria muito para se emocionar da mesma forma que ela. Ao passar os olhos em seus amigos, percebeu que a maioria já estava mais do que emocionada. Aquele era o momento perfeito.
– Eu só posso te pedir mais uma coisa. E eu vou entender se você recusar. Eu vou entender perfeitamente. – disse, segurando em uma das mãos da mulher na sua frente, que o olhava de forma admirada. Os olhos de brilhavam muito mais que a aliança que Jimin tinha guardada. – Primeiro, saiba que quero caminhar do seu lado o máximo que conseguir. Quero estar aqui para quando precisar e se for o caso, só para te esperar chegar do trabalho tarde da noite... Quero você como minha companhia eterna, como minha torcida no backstage, como você sempre foi. – sorriu de canto, vendo-a sorrir abertamente com os olhos quase transbordando. – Quero que você seja minha. Da forma mais oficial possível, se é que isso existe.
– Jimin... – a mulher soltou, quase em um sussurro.
– Quero você, . – repetiu, deixando escapar uma lágrima que escorreu por sua bochecha rosada pelo frio. rapidamente levou uma das mãos em seu rosto, limpando-a. Jimin respirou fundo e se agachou em frente a mulher, ficando com o rosto quase colado ao dela próximo a cadeira.
A mulher continuou o observando.
– E se você quiser que eu seja seu, eu serei. Para sempre. – com um ato rápido, retirou a aliança do bolso, segurando-a em sua mão. – Assim como planejamos naquele natal passado, sentados no sofá da sua sala, imaginando se seria possível chegar a um dia como o de hoje.
O... O que?
Ela piscou rapidamente, sem entender o que realmente estava acontecendo. Jimin tinha os olhos avermelhados, pelo choro contido e deixou um sorriso morno estampar seus lábios ao ver sua namorada ali, extasiada.
– O que acha de hoje imaginarmos o próximo passo? – perguntou, erguendo a aliança em sua mão. colocou uma das mãos no rosto, sem saber como reagir ao certo. Todos ao redor soltaram murmúrios emocionados com a cena. – O que acha de imaginarmos agora o próximo natal em nossa casa, casados e mais felizes do que nunca? – Jimin sentia que a qualquer momento o seu coração iria sair pela boca com toda aquela emoção. Ele mal estava acreditando.
– Eu vou entender se você achar que estou apressado e que agora não é o momento certo, eu só gost-
– Você ainda me pergunta se eu aceito? Achei que todos os dias eu te mostrava que sim. – o interrompeu, soltando uma pequena risadinha enquanto o puxava para si. – É óbvio que eu aceito, Park Jimin. Sem pensar duas vezes. Eu amo você.
– E eu amo você, .
E com aquela última frase, a mulher o agarrou com toda a vontade do mundo, depositando um beijo lento e calmo em seus lábios. Por um momento, Jimin achou que estava sonhando e que estava nas estrelas, mas percebeu que seu céu estava ali. Bem na sua frente.
Pronta para ser sua futura esposa.

Capítulo 06 - Do dia que esqueceram de mim

(Capa do capítulo)
“Você rouba o meu olhar. Me faz ficar com os lábios secos. Não me sinto nervoso assim há muito tempo,e não tem nada que eu possa fazer...” (FXXK IT- Big Bang)



Taehyung não podia acreditar no que estava acontecendo. Presos? Exatamente a poucas horas de partir? O problema não era ficar “preso” em Narvik, mas sim, descobrir aquilo logo depois de ter tido tanto trabalho para fazer as malas e ser informado de que: “a nevasca forte está perigosa demais para que os hóspedes saiam do hotel para passeios externos”.

— E aí, o que faremos? – Kook perguntou aos amigos que ainda se viam totalmente perdidos.
— Taehyung primeiro temos que encontrar alguém da equipe e informar que...
— Eles já foram todos! – um dos meninos interrompeu o amigo pensando no mais viável no momento: — Vamos telefonar para o Sejin e assim eles ficarão avisados.

Jin foi o primeiro a pegar o celular e realizar aquela chamada, e logo que conseguiu avisar sobre a nevasca que os impedia de ir embora, foram informados que outra pessoa também estava perdida no Resort.

— Vocês não se encontraram com ? – o manager perguntou ao Jin do outro lado.
— Quem?
— Nossa assistente! Ela vai voltar com vocês! Mas... Aish, o que está fazendo que não os avisou?
— Ah sim! ! É, ela avisou sim, eu acho... Não se preocupe, se ela voltaria conosco, está presa conosco também.


Jin se aproximou do grupo de amigos que ria e começava a discutir sobre o lado bom daquela aventura, e como iriam se comportar, encarando ao seu telefone e chamando atenção dos amigos:

— Er... Pessoal... – todos encararam o rosto confuso de Jin, com curiosidade, e o ouviram perguntando: — Alguém aí conhece alguma da equipe?
— A brasileira? – Tae perguntou.

Todos estavam confusos com a informação, mas a resposta rápida de Taehyung foi o suficiente para que seus amigos o zoassem e passassem a se perguntar: “quem era a garota que ninguém prestou atenção, mas o Taehyung sim?”.

Um dia antes.


estava coberta até a cabeça e em seu sonho, havia uma atmosfera incrível de romance caliente com Ji-Chang Wook. Não era segredo para ninguém que sempre foi uma surtada pelo ator coreano, e que sua tara se intensificou depois que ela foi para a Coreia do Sul, mas o resultado daquele sonho estava na noite anterior.
Enquanto terminava de arrumar as suas malas e equipamentos para voltar a Seoul com a equipe de gravação, pediu uma garrafa de vinho e fondue na recepção do resort, e fez uma chamada de vídeo coletiva com suas amigas do Brasil. Amigas reunidas e bêbadas, mesmo separadas por um continente, são capazes de causar uma boa farra que lhes tire o sono. E assim ocorreu com e suas amigas. A brasileira por ser parte da equipe de um dos principais grupos de k-idols do momento, foi alvejada de perguntas por suas amigas e respondeu o que era possível. Logo a conversa chegou a Ji-Chang Wook e nas inúmeras possibilidades da vida de , se tornar uma fanfic restrita com o causador daquele sonho que a fez perder as quinze funções soneca do despertador.
Quando finalmente decidiu dar o braço a torcer e encarar a manhã friorenta de Narvik, ela saiu rastejando da cama em direção ao banheiro de seu quarto e escovava os dentes quando se deu conta de um fato: era dia de voltar com a equipe. arregalou os olhos para o espelho e de repente se pôs a correr até o seu celular, que estava plugado no carregador.

— Merda, merda, merda... Wook você ainda fará eu me ferrar feio por sua culpa! – murmurou para si ao passar as notificações do despertador na tela do celular, e encontrar as mensagens de sua equipe.

Su-Ho , não conseguimos falar com você e tentamos acordá-la batendo em seu quarto, mas pelo visto alguém dormiu muito tarde... 😂 Mas não se preocupe, os idols só retornarão amanhã ao fim da tarde, você poderá voltar com eles. 10:00 am

A mensagem do diretor de sonoplastia foi lida e respondeu brevemente, sentindo-se uma irresponsável. Sorte sua que Su-Ho era seu melhor amigo na Coreia e já sabia exatamente o que deveria ter acontecido.


Eu sou uma idiota! Você podia ter pedido para alguém na recepção abrir a porta com o cartão de emergência, sob a desculpa de eu estar morta... Sei lá… Céus, Su-Ho... A culpa é do sonho erótico que tive com Chang Wook. Mas, ok... Boa viagem de volta, avise-me quando chegarem e me desculpe o transtorno! Eu volto com os meninos... 10:01 am

Na verdade, não sabia se conseguiria voltar com eles por conta de sua pouca aproximação. Todo o contato foi estritamente profissional e mínimo já que ela era assistente de Su-Ho. Mas, não poderia também ficar em Narvik, não é? Desencanando de preocupações desnecessárias, já que estava ali e suas malas já estavam todas prontas, a assistente de direção tratou de terminar de se preparar para o café, e para aproveitar seu último dia ali.

Saguão do Hotel, três horas antes do voo, presos por uma nevasca.


— Que brasileira Tae? – Taehyung perguntou confuso, mas com um sorrisinho de canto.
— Ela esteve em todos os momentos de gravação conosco.
— E por que nós não percebemos isso? – Jin perguntou confuso.
— Por que... Sei lá... Vocês estavam ocupados com suas coisas e “pessoas”. – Tae respondeu abanando a mão no ar como se não fosse nada demais.

Até Jimin soar uma gargalhada alta e se aproximar do amigo passando os braços em volta de seus ombros e dizer:

— Eu já sei quem é! Ela é bem discreta, mas é a garota para quem o Tae ficou pedindo ao Su-Ho para entregar mimos!
— Ei, eu sou apenas atencioso! Eu pedi bebidas quentes para todo mundo enquanto estávamos naquela imensidão de neve, Jimin!
— É, mas eu vi que você ficou de olho comprido para ela! E ela para você! – Jimin rebateu.
— Ei, ela não é namorada do diretor? – Taehyung perguntou e todos os olhares se colocaram sobre ele, que se justificou: — Eu ouvi comentários...
— Não, não é. – Tae respondeu imediatamente, ainda fingindo desinteresse.
— Deu um jeitinho de checar não é, Tae? – Jimin perguntou cheio de risadinhas maliciosas.

Tae soltou-se do abraço do amigo, à medida que as meninas acompanhantes deles se aproximavam. Te havia desistido de ficar ali só ouvindo as bobeiras deles, se perguntou por que não os procurou para ir embora até àquela hora, e se eles iriam embarcar antes de saberem da nevasca.

Os rapazes logo estavam retornando com as malas para seus quartos, e apesar de serem um ao lado do outro, eles decidiram que fariam alguma coisa para se distrair na nevasca, ainda que não fossem juntos. Estavam voltando com suas malas, em risadas e conversas quando de repente, Taehyung parou de andar, no corredor do pátio de acesso que passariam até chegar aos quartos, e ficou imóvel encarando à sua frente. vinha correndo pelo caminho, bem ao final do corredor um pouco molhado, e calçando os sapatos à medida que corria e ajeitando o seu gorro na cabeça, cada vez mais rápida.

— Ela... Não vai parar? – alguém perguntou observando a mulher vir com tudo na direção deles como se não os visse ali.

Aqueles que estavam presentes não tiveram muito tempo para pensar, ao notarem que ela continuava se aproximando com toda força, começaram a se tumultuar em sair do corredor, ou voariam malas, e pessoas para todos os lados. Taehyung concentrado na imagem dela notou algo que ninguém mais notaria. Afinal, foi ele quem passou muito tempo observando-a furtivamente: estava sem os óculos de grau que ele viu há alguns dias no restaurante do hotel, ou seja, ela deveria estar com as suas lentes. Mas, Tae soube que ela não estava quando a garota veio com tudo pela parte do caminho que havia uma grande poça de gelo ao chão.
Taehyung olhou para , em seguida para o chão, em seguida para o norueguês que se encaminhava a impedir a garota, e pôs-se a correr de encontro a ela. Todos ficaram de boca aberta e expressões confusas com a corrida de Tae ao encontro da garota, e observaram o amigo subindo num banquinho de concreto que tinha ali para pular à frente da poça, como se fosse um atleta de parkour, para em seguida gritarem em conjunto:

Outch!

Seguidos de expressões feias e preocupadas. Era lógico que não daria certo! estava mais adiantada do que Tae, que agora estava ao chão por seu mau cálculo de percurso e com uma mulher em cima de si, afoita e de olhos apertados, tentando o enxergar e pedir desculpas.

— Misericórdia! Moço, porque o senhor fez isso? – ela falava em língua desconhecida e então se deu conta que não falava em inglês e nem coreano.
— Ai... – foi a única coisa que ele disse e ela reconheceu o significado.

saiu de cima de Taehyung, o loiro norueguês que saía do outro lado do pátio estendeu a mão para ajudá-la a se levantar e já trocava diálogos com a mulher, e Tae percebendo aquilo começou a encenar mais:

— Ai, ai! Acho que quebrei algo...
— Oh não, me desculpe! Ajudem aqui! – se colocou a auxiliar Tae a se levantar.

Alguns de seus amigos vinham apressados e preocupados até ele, gritando seu nome e fazendo uma redoma em volta dele. Taehyung havia ficado para trás ainda sem entender a cena. A faxineira que havia ido buscar os equipamentos para limpar aquele gelo minutos antes se aproximou junto de Eloah, uma funcionária que havia ficado amiga de naqueles dias, até que a garota percebeu o que havia acontecido.

— Meu Deus! ! Você está bem, amiga?
— Amiga? – Tae murmurou para si, um pouco curioso.
— Essa era a assistente de direção discreta que você falou? – Taehyung perguntou zoando para Jimin.

Taehyung, já de pé observava Eloah e conversando, e grato pela presença da funcionária do hotel ter espantando o norueguês bonitão de perto de .

— Eu perdi a hora!
— De novo ? Sabia que era para o seu pessoal já estar bem longe se não fosse pela nevasca? – Eloah afirmou risonha.

observou com olhos apertados o grupo de pessoas dando-se conta de que havia esbarrado justamente em sua carona.

— Oh meu Deus! Desculpem-me! Desculpem-me! – ela abaixava a cabeça desesperadamente: — Em quem eu bati? Eu estou sem lentes e óculos! Perdoe-me! Eu só levantei assustada e saí disparada até o saguão para...
— Tudo bem, ... Nós não vamos mais. Mas, você está bem? – Tae perguntou preocupado achando-a engraçada.
— Mas, por que não vão mais?

ainda estava bastante sonolenta. Taehyung sorriu pela confusão da mulher e indicou que todos saíssem do caminho e que fossem, de uma vez para seus quartos guardar suas coisas, e depois fazerem o que quisessem. Eloah e , acenaram para as meninas que saíram com outros garotos, e logo Taehyung estava explicando a situação para ela.
Caminharam juntos rumo aos quartos e o garoto a convidou para dar uma volta nos jardins de inverno do hotel. Logo depois que estavam devidamente agasalhos e pegaram na cafeteria do hotel duas bebidas bem quentes, Tae e caminharam entre o gelo da neve e os galhos retorcidos e secos das árvores de inverno do jardim.

— Então você deveria ter ido ontem!?
— É, minhas coisas estão prontas desde anteontem. Eu perdi a saída da equipe na van...
— Você não é namorada do diretor de sonoplastia?

parou no meio do percurso e virou-se surpresa para ele, que a observavam curioso:

— De onde tirou isso? Su-Ho está espalhando isso por aí?
— Não, não! Na verdade, deduzi porque vocês estavam bastante juntos, e apesar de ser a única mulher na equipe técnica nessa viagem, você não se aproximou de nós...
— Ah sim... Bem, não me entendam mal, por favor. Su-Ho e eu somos melhores amigos, e em trabalho eu fico muito focada, sem falar que a equipe técnica é como minha segunda família sabe? Eu estou há muito tempo na BH trabalhando na equipe, mas esta é a minha primeira experiência externa ao estúdio com os idols. Então...
— Os meninos também acharam que você era novata ou estava acompanhando Su-Ho, de outra forma.
— Pois é... Perdi o retorno porque dormi tarde na noite anterior, e não conseguiram me acordar, mas como os meninos iriam voltar, não havia problema. Só não achei que eu quase perderia o voo com vocês também!
— Agora estamos todos presos nesta nevasca... Tomara que ao menos consigamos ter um bom Natal! – Tae reclamou.


Depois que conversaram boa parte da manhã, Tae e ela sentiam que não queriam sair da presença um do outro. Para , tudo aquilo estava sendo um pouco estranho principalmente porque ela não tinha tanta proximidade dos garotos, e porque Taehyung não tirava os olhos dela de uma forma nova. O rapaz, apesar de discreto tinha o olhar de um predador e a expressão de quem analisa minunciosamente algo que está interessado. Ele acabou perguntando se ela não gostaria de assistir algo com ele em seu quarto. E mesmo com toda a conotação que poderia existir atrás de um “assistir algo” vindo do convite de um homem, estava magnetizada pela presença de Tae. Queria ficar com ele.

— Bem, eu acho que o filme não está muito interessante, não é? – ela falou em certo momento que sentia sua pele queimar de constrangimento, por Tae sentado no chão ao seu lado, e que já nem disfarçava mais.
— Por quê? – perguntou ele.
— Você não para de me olhar.

Causou surpresa em Tae. Ela sentiu-se tola por querer sair correndo, mas a culpa era de Taehyung e aquele sorrisinho discreto de canto de boca.

— Um pouco difícil mesmo me concentrar. Demorei muito tempo para te encontrar! – Tae afirmou se levantando rapidamente.
— O quê?

sorriu envergonhada e curiosa para entender aquela frase dita, mas quando Ji Chang Wook apareceu na tela do computador, ela paralisou.

— K2 é sacanagem! Eu sou simplesmente apaixonada pelo Wook.
— Ora, então vamos assistir mais esse antes de almoçarmos!
— Ah não, é melhor eu ir para o meu quarto...
— Vai ficar fazendo o quê presa em seu quarto?

Por um lado quis agradecer, por outro, ela queria perguntar o que eles estavam fazendo. Taehyung se aproximou mais dela sem que ela notasse e bem perto, sua voz grave quase lhe pareceu sussurrada em seu ouvido, quando ele a perguntou:

— E então , o que vai ser?
Huh? – ela o olhou em sobressalto e Tae sorriu.
— Vamos ficar aqui dentro ou lá fora?

“Vamos ficar aqui dentro”... “Vamos ficar”.... Ficar.... As palavras ecoavam na cabeça dela como um cálculo difícil de desvendar e engolindo a sua saliva espessa, e sentindo o corpo se aquecer, rapidamente sentou-se ao chão novamente. Era notório o clima que havia entre e Taehyung. Ela se sentou em posição de Buda e ficou tão focada em Wook como não se lembrava de já ter ficado algum dia.
Alguns minutos se passaram e dois episódios daquele drama já haviam sido assistidos, fazendo se soltar aos poucos. Estava encostada na cama com a cabeça sobre o colchão e Tae igualmente ao seu lado. Ele virou o pescoço para encarar a garota tão concentrada e agora com expressão apaixonada, e achou-a tão fofa quanto sexy.

— Você é apaixonada mesmo por ele, não é? – Tae a perguntou.
— Absolutamente. – ela sorriu o encarando de volta e se assustando com a proximidade entre eles — Eu quero muito conhecê-lo um dia, Su-Ho poderia ter me ajudado com isso... Mas ele se nega. Diz que vai me perder.

A risada discreta de era algo que Taehyung não imaginava que faria seu coração errar uma batida.

— Te perder por quê?
— Porque ele garante que assim que Wook me ver, vai se apaixonar e desejar me levar embora com ele.
— Olha... Ele tem razão... A mim pelo menos, deu vontade de te pegar no colo e fugir para o alto da montanha quando te vi pela primeira vez.

Aqueles olhos caídos e intensos seriam capazes de um estrago no coração de . Assim como aquele sorriso que atraía seus olhos para a boca dele. Sentindo uma atmosfera cada vez mais pesada e densa, quase palpável, e um desejo crescente de beijá-lo, a mulher voltou a encarar o notebook, estrategicamente posicionado de forma que o vissem bem.
Um pouco depois os dois decidiram almoçar. O restaurante do resort estava cheio e Eloah tentou dar o “seu jeitinho” para que eles pudessem comer juntos sem que causasse um rebuliço no local. Mas não conseguiu muito sucesso com aquilo. Então ao invés de almoçarem no salão comum do restaurante, Tae e foram comer ao quarto dela.

— Vem, eu pedi pra Eloah levar no meu quarto.
— Ah, tem certeza?
— Claro! Eu até tenho uma coisa pra te mostrar lá que talvez você goste!
— E o que seria?

Taehyung e caminharam lado a lado em silêncio, a caminho dos quartos.

— Uma prévia do clipe publicitário desse photoshoot que vocês fizeram.
— Vocês realmente farão isso?
— An… Eu acho que sim, se eles mudarem de ideia devem avisar. Mas, porque eu teria vindo com Su-Ho, se não fosse rolar esse MV especial?
— Ah, eu achei que a BH faria algo como um teaser mesmo do próximo álbum.
— Vocês sabiam que nós estávamos aqui para isso, não é?
— Claro… Fomos avisados.

Os dois entraram no quarto de , e enquanto Taehyung observava a arrumação impessoal demais para um quarto de hotel, ele também buscava alguns vestígios da personalidade dela por ali. O almoço chegou e eles riam enquanto se preparavam para assistir ao material. convidou-o para se sentar a sua cama e foi abrindo as caixas com seu material de trabalho. Eles comeram e dividiram opiniões técnicas sobre aquilo, Tae tinha bons pontos de observação que ficou atenta para balizar depois.

— Você pode mesmo me mostrar isso? – ele perguntou depois que já haviam terminado tudo.
— Olha, Taehyung… Poder não é bem a palavra, mas vou confiar que você vai manter segredo disso para os outros meninos, até que o Su-Ho os mostre…
— Me sinto especial agora.
— De uma forma estranha, e repentina… eu também sinto isso.

falou aquilo e sorriu corando, como uma adolescente boba e Taehyung pigarreou um pouco nervoso. Queria beijar a garota. Há mais tempo do que ela imaginava! Ela pediu o serviço de quarto que logo buscou tudo, e mais relaxados eles sentaram em frente à lareira acesa do quarto. Os dois ficaram conversando por um tempo, sobre a participação dela na BH, os motivos para ela estar naquele trabalho externo após tanto tempo, sobre sonhos e gostos e assim se conhecendo pouco a pouco. Logo, os dois estavam cada vez mais relaxados, íntimos e tranquilos. Tae buscou por seu celular nos bolsos e não o encontrou, dando conta de que o havia deixado no quarto.

— Eu vou te deixar descansar um pouco, … Nem percebi que já estava escurecendo.
— Não era para alguém ter nos procurado!? Passamos a tarde aqui conversando e bem.. Eles devem estar preocupados, não?
— Tenho certeza que não estão preocupados. – Tae riu e pensativo concluiu: — Mas não tenho como saber, meu telefone ficou em meu quarto… Não tem algo no seu?

o procurou e não encontrou também.

— Deve ter ficado em seu quarto… Em todo caso ninguém tem meu número no seu grupo… Eu acho.
— Eu vou indo então…

Quando Tae tentou abrir a porta do quarto dela, percebeu que a porta estava travada.

— Ué? Está trancada? Tenta acender a luz, Tae.

O interruptor estava sem energia, aparentemente. Eles não poderiam ter certeza daquilo, assim como não sabiam que os amigos haviam mudado de planos.

— Deve ser uma queda rápida, o hotel tem gerador não é?
— Provavelmente, mas nesse caso me preocupa os meninos não estarem tentando falar com a gente.
— Certamente estão ocupados… – disse indo até a janela do seu quarto e puxando a cortina para olhar lá fora: — Eles devem estar fazendo alguma coisa, ou trancados também... Não saberemos até a energia voltar…
— Está escurecendo rápido… – Taehyung falou próximo à , também observando através da cortina o céu, e assustando com a proximidade repentina: — Então estamos presos aqui?
— É… – a garota respondeu se virando para o encarar e se perdendo um tempo nos olhos dele — Bem, vamos deitar vem!

Como uma forma rápida de sair daquela proximidade que lhe tirava um pouco a sanidade, puxou Tae pela mão em direção à cama.

— Você quer deitar comigo? – ele perguntou confuso e divertido.
— Ah não é isso! É só que… Bem, vamos comer e beber o que tem no frigobar e ficar deitados conversando, não tem mesmo o que fazer.

Tae a encarou de forma sugestiva, mas se deitou sem mencionar nada, enquanto pegava bebidas na geladeira do frigobar. Estava cheia, inclusive, pois durante toda a estadia ela não havia consumido nada ali de dentro. Quando se virou e se deparou com Tae deitado, os braços cruzados atrás da cabeça a olhando de forma intensa, se arrependeu. Encarou-o de volta e abriu uma lata virando o líquido de forma desesperada, em seguida jogou para ele uma lata fechada.

— Não está com frio para beber cerveja nessa nevasca?
— Não, na verdade, estou achando bem quente aqui… – ela respondeu se juntando a ele.

Tae a olhou e sorriu. deitada ao seu lado observando o teto como se visse o céu da aurora boreal ali, o permitia perceber como ela estava tensa, mas também leve. lhe parecia, o paradoxo em forma de mulher e aquilo o fascinava.

— Então, você é louca para conhecer Ji Chang Wook! – ele puxou o assunto rindo.
— Claro! Você não? Você o conhece?
— Não o conheço, mas nunca pensei muito sobre isso de “conhecer um ídolo dos dramas”.
— Ah! Claro! Você também é um idol. – ela zombou e Tae riu.
— Ei, com todo esse tempo trabalhando nas nossas músicas e mvs no estúdio, você nunca quis conhecer a gente!?
— São coisas… Meio que distantes para mim. Como meu trabalho é mais laboratorial, eu sempre encarei que nunca teríamos um contato direto, até o Su-Ho me convocar desta vez.
— O que você acha que fez ele te chamar logo agora?
— Hmm… Tae, não faço ideia! – ela o encarou diretamente notando o rosto próximo ao seu de novo, e então mudou o assunto: — Sabe outro serzinho que eu quero muito conhecer!?
— Hm?
— Yeontan!
— Meu Yeontan!?
— Aham! – ela riu — Sou apaixonada em Lulus, e o Yeontan é muito fofo!
— Bem, então você está intimada a ir conhecer ele comigo! E depois…

observou atentamente a expressão de Tae, sentindo-o sorrir maliciosamente. Ele virou-se de lado para encarar a mulher e terminou de virar sua bebida de uma só vez, fazendo também um som estranho que a fez rir.

— Depois…?
— Depois… – Tae retirou uma mecha do cabelo dela do rosto, e observou-a ainda mais intensamente: — Depois de conhecer nosso Yeontan, que tal jantar comigo?
— Isso é um convite para um date?
— Isso é um convite que há dias estou tentando fazer…

sobressaltou-se com a declaração. Ergueu-se um pouco sobre os cotovelos e deixou a lata de sua bebida na mesinha de cabeceira.

— O que quer dizer com isso? – observou atenta a Taehyung que sentava-se.
— Eu estou te observando há algum tempo na BH… O Su-Ho sempre tem contato conosco, e um dia eu te vi de relance no laboratório de estúdio quando fui procurar ele com o Taehyung. E você tem razão mesmo quanto aos nossos trabalhos serem distantes, por isso, em raros momentos eu te buscava pelos estúdios quando a ocasião permitia. E não conseguindo, eu tive que pedir ajuda ao Su-Ho.
— Está dizendo que foi por sua causa que ele me convocou?
— Não. Ele disse que iria convocar você para o próximo, eu só dei a ele a ideia de te chamar para esse também e caso você aceitasse…
— Por que não me disse antes!?
— Porque eu não imaginava que você não iria notar os meus mimos, e o Su-Ho tinha dito que não se meteria mais. E percebi que você era extremamente profissional… Não iria me dar atenção, não me notou e eu estava me dando por vencido dessa vez.
— Taehyung… Você está dizendo que está interessado em mim todo este tempo?

Tae abaixou a cabeça sorrindo e concordou. corou e deitou-se novamente, observando Taehyung sair da postura de garoto tímido a predador quando a olhou novamente.

— E então…? Você aceita?
— Bem… Eu não vejo mal algum em sairmos para jantar algum dia.
— Huh… – ele murmurou se aproximando mais apoiando as mãos no colchão — Eu realmente vou ter que esperar mais por um beijo, ou posso ser ousado em te pedir agora?

sorriu sem graça, e direcionou uma das mãos à mão de Tae consentindo que ele chegasse mais perto para beijá-la. Os dois estavam trocando carinhos quando a porta do quarto dela abriu de repente, revelando Taehyung ao lado de uma garota, preocupados.

— Oh meu deus! Me desculpe! Nós… nós… – a menina ao lado de Taehyung gaguejava.
— Tudo bem! O que houve com a energia!? – perguntou, se levantando da cama e puxando Tae.
— Foi só um apagão nessa ala. Todo resto estava normal, parece até que foi propositalmente aqui. Mas, se vocês acabaram, vamos logo! A neve chegou, vamos fazer bonecos lá fora! – Taehyung falou animado e saiu apressando a menina.

Taehyung e se olharam risonhos e se abraçaram.

— Podemos continuar isso depois? – ele perguntou sussurrando ao ouvido dela.
— O Natal inteiro se você quiser.

De mãos dadas o casal saiu pelos corredores frios, rindo de Kook que já competia com a garota sobre quem faria o boneco mais tradicional. olhou para trás, sentindo que alguém a sussurrava, quando avistou Eloah acenando e piscando para ela. Parece que alguém realmente desligou o disjuntor daquele quarto.

Capítulo 07 - Do dia das primeiras vezes, vinhos e gorjetas

(Capa do capítulo)

Narvik no natal significava apenas uma coisa pra : ficar de pé atrás de um balcão de mármore, usando uma roupa desconfortavelmente formal e um crachá que ninguém lia no topo de um monumento gelado e barulhento.
Mas não naquele ano. Aquele ano era para ter sido diferente. Claro, se dependesse apenas dela…
O Thon Hotel, especialmente frio nessa temporada, contava com visitas ilustres e chocantes, segundo Meredith ao telefone. A promessa de grandes gorjetas — e também a recente traição e pé na bunda de Johan — a fizeram pegar o primeiro trem de Oslo, enfrentando a viagem de vinte horas mais tarde naquele ano.
Um pedaço de gelo escorreu do teto do táxi assim que bateu a porta. Um vento forte e anormal soprava ao leste, empapando seu cabelo de neve, mas ela nem se deu ao trabalho de tentar prever o que estava por vir.
Ela atravessou a porta dupla, encontrando Meredith de cabelos mais curtos e rugas salientes desde o último ano.
— Querida, achei que não fosse chegar nunca. Uma nevasca está prestes a nos atingir a qualquer momento.
Ela envolveu em um abraço enquanto dava o alerta. Não havia mais ninguém no hall, e uma grande quantidade de malas estavam espalhadas ao redor.
— O que está acontecendo? — perguntou ela.
— Os hóspedes estavam indo embora, mas a nevasca fez todos os voos serem cancelados. Eles ficarão mais um tempo. — respondeu Meredith simplesmente, enquanto tomava seu lugar novamente no balcão.
— E quem são os responsáveis pela sua euforia de mais cedo?
O senhor Jakob entrou no lugar antes que Meredith pudesse responder. Junto com ele surgiram pelo menos mais três pessoas que conversavam energicamente entre si, sem se preocuparem com cumprimentos básicos, e começaram a mover as malas em direção ao elevador.
, você chegou! Eu já estava ficando preocupado, Meredith disse que você estava vindo de última hora — ele deu um abraço breve na garota — Não vou dizer que é ruim, estamos com bastante trabalho por aqui, temos hóspedes importantes — ele disse em um sussurro.
— Bom, estou aqui — ela deu um sorriso simpático, porém robotizado. Mostrar-se solícita já fazia parte de seu trabalho — E onde estão os visitantes?
— Voltaram aos quartos, mas não sei bem até quando. Parece que vamos ter uma nevasca daquelas este ano.
— Você deveria descansar, . Passou mais de vinte horas no trem, deve estar exausta — Meredith meteu-se na conversa antes que Jakob começasse a destilar tarefas.
— Claro, claro, , vá descansar. Ainda faltam algumas horas pro jantar, então não se preocupe.
Meredith olhou feio pra ele. Era o mínimo que ele a livrasse de qualquer atividade pelo restante do dia, mas não iria opinar. Não depois que lançou-lhe um olhar feroz de esguelha.
O cômodo minúsculo onde ela dormiria ficava no térreo, próximo a cozinha. Uma cama de solteiro ao canto e um armário estreito era tudo que preenchia o lugar. Nada havia mudado desde o último ano. Talvez a pintura estivesse menos lascada, o que a lembrava dos tais convidados importantes.
Havia uma máquina de salgadinhos ao lado do quiosque de café no segundo andar. Mesmo cansada, se permitiu ir comer alguma coisa para que o jantar mais tarde não parecesse tão convidativo. O sr. Jakob era bem rígido em relação ao lugar de cada um. Deixou as malas ao lado da porta e subiu.
Colocou a moeda na abertura da máquina, selecionando um pacote verde. O baque pareceu causar um eco ao longo do corredor, deixando claro o silêncio e o vazio, estranhos àquela hora do dia.
A não ser por um cara esperando atendimento no quiosque.
Ela conhecia Thomas e de que normalmente essa era sua função anual no resort no natal. Ou ela havia chegado cedo demais ou ele realmente achara alguma outra coisa mais interessante naquele ano — ou simplesmente havia decidido não voltar. Não dava pra confiar muito na última opção pois conhecia a obsessão por controle do Jakob, e se ele visse aquele lugar vazio por um minuto sequer, uma avalanche de sermão recairia sobre todos os funcionários.
Ela se aproximou rápido e cruzou o balcão, pegando o garoto de surpresa.
— Posso te ajudar? — ela perguntou simpática.
— Eu achei que não estava aberto — Ele comentou, olhando rapidamente para os lados — Aquele ali… Parece bonito. É bom? — Apontou para um dos cartazes em cima da máquina, ainda receoso. Ele falava baixo, mesmo estando claro que só havia os dois ali.
olhou para o café organizado em três camadas com o detalhe em chantilly, salpicado de flocos de chocolate.
— Para ser bem sincera, não sei — Ela deu de ombros, descontraída, dando uma risada leve — Quer descobrir?
— Tenho alguma garantia?
— Nenhuma, eu nunca o preparei — ela respondeu, fazendo o garoto rir — Mas posso prometer que ele sai de graça caso você não goste.
Ele deu um sorriso engraçado ao ouvir isso, balançando a cabeça.
— Depois dessa não posso recusar.
Ela virou-se e começou a preparar o café, com delicadeza. Sua função no tempo livre era basicamente observar Thomas trabalhar, então aquilo não poderia ser assim tão difícil. Enquanto isso, ele a observou com atenção: em nenhum momento, ela parecia estar reconhecendo-o. Logo apostou que fosse as regras do resort, mas ela as cumpria bem demais; não tinha nem aquele jeito estabanado de piscar os olhos, os mínimos sinais de gesticulação, nada.
— Você trabalha aqui mesmo? — perguntou ele, depois de um tempo, ao notar a falta de uniforme na garota.
— Digamos que isso aqui é um bico de natal — respondeu ela, finando a bebida — Apesar de que, neste ano, eu não pretendia fazê-lo. Qual é o seu nome?
Ela cobriu o chantilly com o chocolate, de costas para o balcão, ainda esperando a resposta. Ele, por outro lado, piscava os olhos várias vezes.
— E então? — ela virou-se, com a caneta esferográfica na mão — Pode inventar um nome se quiser, o café não se importa.
Levou quase um minuto inteiro para que ele respondesse:
— Ah… Jung… JK!
— Ótima resposta — ela riu enquanto escrevia as duas palavras no copo, desenhando uma carinha sorridente ao lado.
Ao entregar o café, uma sensação de familiaridade tomou seu inconsciente por um momento. Ela não sabia dizer o que era, mas aquele rosto não era estranho.
Ele cutucou os bolsos à procura da carteira, sem sucesso.
— Ei, você precisa experimentá-lo primeiro — ela ergueu as mãos em falsa autoridade, com um brilho divertido nos olhos — Preciso merecer o seu dinheiro de cobaia, você entende, não é?
Ele riu da piada antes de bebericar o café. Uma expressão agradável atravessou seu rosto, e sorriu diante da aprovação do cliente.
— Não está tão ruim assim — ele murmurou e ela levou a mão ao peito, teatralmente ofendida. Mais risadas vindas dele — Quer dizer, você me chamou de cobaia. É a sua primeira vez aqui?
— Atrás desse balcão? Sim. Se não fosse por isso, você estaria sendo atendido por um cara bem bonitão a essa hora.
Você também é bem bonita, pensou ele, mas a frase ficou apenas em sua mente. Aquilo ainda parecia uma pegadinha.
— E o que mais você costuma fazer por aqui? — perguntou ele ao vê-la começar a limpar o que havia sujado.
— Quer saber o que eu faço sempre ou só da primeira vez?
— Eu gosto das primeiras vezes.
Ela virou-se para ele, que sorria enquanto tomava o café até a metade. Não sabia o que pensar desse cara: ele era bonito, estranhamente familiar, e engraçado. Ela até se esqueceu da situação infame de pegar Johan e Natalie aos beijos na sala de estar dele.
— Não tem muito o que fazer por aqui — ela deu de ombros — Existe o trabalho administrativo da recepção, que é uma série interminável de mesmíssimas tarefas. Quase pedi para fazerem um teste de Turing comigo ano passado, precisava me certificar de que não tinha virado um robô — ela riu enquanto desligava a máquina de café — Se bem que uma vez, uma mulher ligou aos berros querendo saber se o marido estava hospedado aqui com a amante. Isso no natal! Foi a primeira vez que tive de acalmar alguém histérico enquanto buscava nomes específicos nos registros de entrada. Foi uma loucura.
— Tá falando sério? — ele riu alto, jogando as costas contra o encosto da banqueta.
— Tão sério quanto o fato de a amante ter escolhido o lugar para dizer que estava grávida.
Por um momento, ficou preocupada de suas risadas poderem ser ouvidas no andar de baixo, mas toda aquela situação era descontraída e leve demais para que ela se preocupasse com mais isso.
— Mas e você? Primeira vez despencando nessa imensidão gelada para passar o natal? — ela perguntou depois de se recuperarem de mais uma torrente de risadas após ela ter contado sobre o episódio das roupas de cama encolhidas na máquina de lavar há dois natais.
— Sim, é minha primeira vez aqui. Apesar que passar o natal não fazia bem parte dos meus planos, ainda mais na companhia de uma nevasca.
— E quem mais o acompanha esse ano além da nevasca?
Ele piscou os olhos novamente, claramente pensando na melhor resposta.
— Estou com uns amigos — respondeu.
— Uau. Que bela forma de passar um natal entre amigos — ela sorriu, solidária.
— A maioria deles está muito bem acompanhada, ou logo vai estar, então a nevasca acaba até ajudando nesse quesito.
— É mesmo? E você, está bem acompanhado?
Ela só percebeu o verdadeiro teor de sua pergunta depois que ela já havia saído. Muito diferente dele, que pareceu enrijecer no banco depois de ouvi-la. Não, não, ela não tinha intenção de flertar com um cara desconhecido, mesmo que o término com Johan tivesse sido sob circunstâncias tão desagradáveis.
Mas ele pretendia responder. E ia, se a interrupção que sofreram não fosse tão abrupta.
— Jungkook! — uma voz ecoou do corredor, vinda de um cara alto que se aproximava rapidamente do quiosque — Estou te procurando há quase meia hora, queria que conversássemos sobre aquela mús...
Jungkook fez um sinal furioso com os olhos para Namjoon, que deixou tanto ele quanto confusos. Namjoon freou os passos ao ver a garota por trás do balcão, tentando entender o recado.
— Ah… Você… — o líder olhou de um para outro, e a garota fez o mesmo, soltando uma risada pela atitude cômica dos dois.
— Posso te oferecer um café também? — perguntou, no intuito de compreender os sinais que aqueles dois se comunicavam.
Namjoon abriu a boca para responder, mas Jungkook foi mais rápido:
— Estamos de saída! — ele levantou-se em um rompante, tateando os bolsos mais uma vez, largando umas notas no balcão — O café estava ótimo, devia fazer isso mais vezes. Pode ficar com o troco, até mais.
Ele agarrou os cotovelos de Namjoon, conduzindo-os pelo corredor enquanto este cochichava palavras inaudíveis no ouvido de Jungkook, claramente reclamando de deixar o local assim. , ainda um pouco surpresa pelo que se passou, pegou as notas no balcão e teve de cobrir a boca para não gritar: ele tinha largado nada menos do que duzentos dólares em sua frente. Por um café.
Ela quis prontamente correr atrás do cliente desvairado, mas uma voz e um abraço repentino não a deixaram se mover.
! — Thomas imprensou a cabeça da garota contra seu peito, como sempre fazia — O que você está fazendo aqui?! Meredith tinha me dito que você não pretendia vir esse ano. Já estava planejando a maquiagem gótica que eu iria fazer para extravasar meu estado de espírito por aguentar Jakob sozinho nesse natal.
— Eu realmente não pretendia vir, mas também não pretendia ser traída por um cafajeste. Enfim, a magia do natal — suspirou, dando de ombros.
Thomas colocou a mão no ombro da garota, fazendo um breve carinho.
— Eu sei bem como é isso.
— Não sabe, não. Você traiu o Robert, não o contrário.
— Fica quieta que não foi bem assim que aconteceu, já conversamos sobre isso, nós tínhamos terminado.
— Você deixou uma mensagem na caixa postal que ele só foi ver dois dias depois, então eu considero…
— Vamos falar de mim? Tem certeza? — ele levantou as palmas das mãos, em protesto — Deveríamos estar falando de você. Ou não, isso também estragaria o clima de natal. Deveríamos estar é falando dos nossos hóspedes especiais! — ele deu um gritinho de excitação.
— Você está igual ou pior do que a Meredith — bufou, ainda encarando as notas em sua mão — Ela até agora não me informou quem são esses hós…
— O quê?! — a voz de Thomas subiu três oitavas a mais — Você é maluca? O BTS está hospedado aqui! No andar de cima! Estamos a um andar de diferença de sete caras gatos e gostosos!
Um vinco se formou na testa de mas, antes que ela pudesse dizer algo, Thomas já abria algo no celular e enfiava uma foto bem na sua frente.
Eram, de fato, sete caras muito bem apessoados. Mas não foi isso que chamou sua atenção.
Ela encarou diretamente o rosto de um deles, fazendo-a abrir a boca de surpresa. Em seguida, encarou a quantia em sua mão. E pensou sobre as piadas sem graça e inconvenientes que havia feito. E encarou a quantia de novo. E lembrou-se porque o rosto lhe era tão familiar. E se perguntou porque não se abria um pouco mais para o pop para não ter de passar por aquele tipo de coisa na vida.
Pela última vez, encarou a quantia.
— Merda… — murmurou, com essas e outras coisas rondando sua mente.
— O que foi? — Thomas perguntou, percebendo que havia ficado um tanto… petrificada?
— Você acreditaria se eu dissesse que acabei de servir um café pro Jungkook?
— Café? Você nem sabe fazer café!
— É por isso mesmo — ela revirou os olhos, começando a andar de volta para seu quarto, torcendo para que quaisquer reclamações de um idol não cheguem aos ouvidos de Jakob.

***

Era quase hora do jantar quando Meredith bateu à porta de , dizendo que havia convencido Jakob de instruí-la a fazer menos horas naquele dia. Só ela para conseguir esse feito com alguém tão inflexível.
Ela nem sabia como havia conseguido dormir. Fora todo o constrangimento pela conversa com Jungkook no quiosque, a frustração por estar terminando em mais um natal ali, naquele mesmo lugar, como em todos os outros, a deixavam desanimada e irritada com as luzes e decorações. Esse ano não estavam tão lindas como sempre foram; esse ano ela queria apreciá-las com alguém, em outro lugar.
Vestiu o uniforme e seguiu para o que pareceram horas adentro para substituir Meredith na recepção. Nada de novo acontecia: ninguém faria check-in há poucas horas do natal, ainda mais com o clima grotesco que acontecia porta afora, deixando o clima de natal ainda mais pesado para ela.
Ao ver Meredith se aproximar, ela pensou em finalmente se ver livre de todas aquelas obrigações e finalmente poder deitar e se lamentar a noite inteira. As únicas ordens expressas que recebera da matriarca era de que fosse jantar imediatamente, a qual ela não reclamou.
O restaurante estava praticamente vazio, assim como a cozinha, que estava sendo limpa e organizada para a conclusão de mais um expediente. Ela deu uma breve cumprimento em todos que conhecia dali antes de seguir para os fundos, ao lado da dispensa, onde não esperava encontrar mais pessoas para acompanharem sua refeição enquanto se perguntavam o que ela fazia ali este ano.
E não havia viva alma no cômodo. Parece que a nevasca havia afastado grande parte do trabalho aquele ano, e só agora ela percebia o quanto as luzes tremeluziam brevemente em constantes espaços de tempo, como se lutassem bravamente contra uma queda de energia.
Ali, sozinha, ela comeu um pouco até perceber que não era isso que precisava naquela noite. Tampouco precisava pousar a cabeça no travesseiro e se lembrar constantemente da cena miserável de Johan. Ela precisava esquecer daquilo tudo.
Não era o mais adequado, mas ela sabia que Jakob guardava os vinhos mais baratos na dispensa, junto com os espumantes. Ela pegou a chave, guardada sempre no mesmo lugar, pendurada sobre o chifre de um cervo de porcelana grudado na parede e abriu a porta, mantendo-a de lado, sem fechá-la. A complexidade daquela porta não a deixava ter o mínimo de privacidade.
Mesmo acendendo a luz, as fileiras de prateleiras limitavam sua visão. Ele deveria guardá-los no fundo da sala, e foi para onde ela seguiu. Observou o amontoado de garrafas verdes e abaixou-se, não demorando a achar qualquer vinho, seja tinto ou suave; ela já estava abrindo a primeira garrafa.
Já devia ter esvaziado a quarta taça quando uma voz familiar entrou na sala:
— Com licença? — Jungkook chamou, sondando o ambiente iluminado, não recebendo resposta.
arregalou os olhos, ainda sentada ao chão, apoiada na parede. Se Jakob a pegasse naquele estado, já com as bochechas coradas, ela teria de voltar mais cedo para casa.
— Olá?
Ele estava se aproximando. Ela pensou em se levantar e correr, assim ele não a veria direito. Ou poderia jogar o restante do vinho em sua roupa, que, conhecendo ele, seria a distração perfeita que nem uma nevasca o impediria de procurar uma lavagem a seco.
Mas quando se pôs de pé, não foi Jakob que a encontrou.
— Ah… Você? — ele perguntou, confuso, perguntando-se internamente porque a garota da cafeteria estava escondida entre as prateleiras com uma garrafa de vinho — Está tudo bem?
— Sim… Sim? — ela murmurou, olhando para os lados — Você precisa de alguma ajuda? Como veio parar aqui?
— Eu acho que perdi a hora do jantar, e quando desci estava tudo apagado, mas aqui estava aceso, então imaginei que alguém pudesse me socorrer — ele deu uma risada amarga, desanimada — Mas pelo visto não sou só eu que precisava de algo daqui.
Ele olhou dela para a garrafa, o que fez suas bochechas corarem ainda mais.
Uma risada engasgada e nervosa escapou de sua garganta.
— Primeira vez flagrando uma garota roubando vinho na véspera de natal, não é? — ela tentou rir, mas um soluço saiu no lugar.
— Para ser bem sincero, não — ele disse, forçando decepção na voz.
Ela repuxou os lábios.
— Mas aposto que elas não estavam chorando.
Ele se preparou para abrir um sorriso, mas um estrondo fez com que os dois pulassem de susto e desviassem os olhos para a entrada. Não, aquilo não podia ser o que estava pensando.
Mas quando deu com a cara na porta fechada, ela constatou que era possível seu natal ser imprevisível de todas as formas admissíveis naquele ano.
— Ah, merda! — ela bufou, largando a garrafa em qualquer canto da sala.
— Qual o problema? — Jungkook perguntou enquanto tentava abrir a porta, sem sucesso. Ela não tinha fechadura para o lado de dentro — Tá brincando…
— Ótimo, era tudo que eu precisava — ela disse em voz baixa, mas não havia outro som naquela sala se não o vento que soprava do lado de fora. Uma leve sensação de sufocar começou a tomar conta dela — Meredith. Ela pode ajudar. Ela…
procurou o celular nos bolsos da saia, e fechou os olhos com força ao notar que não havia tirado-o da bolsa. Que não havia nem ligado ele. Era uma defesa natural contra qualquer pedido de desculpas de Johan.
— Eu trouxe o telefone — ele sacou o celular do bolso rapidamente, dando na mão da garota que digitou o número de Meredith. Nada. O telefone nem tocou. Tentou o número de Thomas, mas deu na mesma. Tentou até o número de Jakob, obtendo o mesmo resultado. Os números não chamavam, o mal tempo pareceu ter derrubado alguma torre telefônica por aí.
— Eles não atendem — ela entregou o telefone para ele, bufando, frustrada. Sem perceber, começou a andar de um lado a outro, tentando não pensar que estava presa em um local fechado.
— Calma, , eu vou tentar ligar par…
— Vai tentar ligar para os outros caras do BTS? — ela perguntou repentinamente, parando na frente dele, em seguida arregalando os olhos — Espera, como sabe o meu nome?
— Você usa um crachá — ele respondeu no tom mais óbvio e educado que pudesse conciliar. Ela soltou um “ah” envergonhado, baixando os olhos. Ela realmente pensava que ninguém lia aquele pedaço de metal grudado na roupa.
— E como sabe que eu… — ele começou a perguntar, mas desviou os olhos — Esquece.
Discou o número de todos os amigos, um a um: Jin recusou a chamada, Yoongi, sem nenhuma novidade, também; Namjoon caiu na caixa postal, assim como Taehyung e Jimin. Quando finalmente Hoseok atendeu, ele foi surpreendido por uma série de gritos raivosos do outro lado da linha, tão altos que era capaz de ouvi-los.
— Espera, você não entendeu, eu preciso de ajud…
Mais uma sequência de gritos e silêncio. Ele havia desligado.
Jungkook chegou a pensar que se ele atendeu uma, poderia muito bem atender duas. Mas não foi bem o que aconteceu. Hobi parecia ter jogado o telefone bem longe.
Ele bufou e olhou para , como que pedindo desculpas. Ela respirou fundo, encostando-se na porta.
— Véspera de natal fantástica — ela disse, olhando para o teto — O que faremos agora?
— Você já terminou todo o vinho ou precisa de ajuda? — ela o encarou, surpresa. Ele apenas deu de ombros — E talvez você possa dizer porque estava chorando.
Ela não respondeu enquanto ele pegava uma taça qualquer na prateleira de louças e se servia do vinho deixado ao canto.
— Não sei se é… prudente — ela deu ênfase na palavra — compartilhar minha vida pessoal com um cliente.
— Você não vai esconder sua simpatia de mais cedo só porque descobriu quem eu sou, não é? — ele deu um grande gole no vinho, fazendo uma careta — Achava que isso fosse bem mais fraco.
— Não é isso, é só… — ela travou, e ele levantou as sobrancelhas — Não é nada demais. Eu só peguei meu namorado com outra quando fui fazer uma surpresa na casa dele. Sabe como é, não devo ter me comportado esse ano, essa foi a reação imediata do papai noel — ela deu de ombros, mexendo os dedos.
Jungkook não soube como responder. Ao menor sinal de pena em sua expressão, se apressou em pegar outra taça e a garrafa da mão dele, enchendo-a até o topo, e a garrafa ia secando ainda mais.
— Esse cara é um completo idiota — quando disse, finalmente, ele sentou-se no chão, colocando o celular ao seu lado, a postos para caso alguém ligasse — Vocês estavam juntos há muito tempo?
— Não muito, mas digamos que eu estava empolgada — ela respondeu depois de um tempo, sentando-se ao lado dele — Tão empolgada que fiz questão de deixar Meredith avisada de que não compareceria por aqui nesse natal. Esperava passar com ele. Ela avisou para todo mundo, então imagine a cara deles quando me viram chegar hoje.
— Não é algo com que você deva se preocupar — ele a encarou, com sinceridade — Se te consola, eu também não pretendia passar o natal aqui, dessa forma.
— É difícil ficar entediado na companhia de mais seis caras.
Jungkook riu, apoiando a cabeça na prateleira.
— Veja só, todos os outros têm seus próprios problemas. Ninguém planejava tudo que está acontecendo, e eles tinham planos, que estão tendo que ser reorganizados para darem certo neste momento. E outras coisas que aconteceram sem um planejamento também, mas enfim… Todos têm sua garota, uma companhia pro natal.
— E onde está a sua garota? — a pergunta saiu antes que ela pudesse se segurar, e seu rosto ficou corado mais uma vez — Me desculpa, não precisa…
— Acho que está claro que não tenho nenhuma — ele deu um sorriso torto — E não, isso não me faz mal como pode parecer, é que especialmente hoje isso parece estar muito mais nítido do que nos outros dias.
Ela balançou a cabeça.
— Mas por que nenhuma garota? Digo, você é famoso, talentoso, dá gorjetas gentis até demais, é um gato… — ela deu uma leve engasgada na última frase.
— Se uma garota se aproximar de mim apenas por isso, acho que teremos um problema — ele riu — Você pareceu ser conhecedora apenas do fato das gorjetas gentis, hoje mais cedo.
— Ah… É — ela sorriu, sem graça — Me desculpa, eu realmente sou horrível na questão do mundo pop, eu sou brega demais para isso. Minha melhor amiga tem 47 anos, e é sério.
Ele soltou uma gargalhada, tomando o restante do vinho.
— O fato de você achar que eu me importo com isso, torna tudo ainda mais cômico.
— Bom, pelo menos fico feliz em não ser uma companhia tediosa, no final das contas.
— Você definitivamente não tem nada de tediosa.
Os dois se olharam ao mesmo tempo. culpou imediatamente o vinho por causar aquela sensação estranha no estômago.
E, mesmo com essa constatação, ainda disse:
— Precisamos de mais vinho!
Ela se levantou, voltando para os fundos, seguida por ele, que começou a vasculhar as prateleiras em busca de algo que pudesse comer de imediato.
— Eles guardam alguns pacotes de salgadinhos baratos para repôr a máquina bem ali — ela apontou para a esquerda, vendo-o observar o ambiente — É a única coisa instantânea que consigo te servir agora.
Depois de alguns minutos, os dois estavam sentados novamente no chão, com vários pacotes de salgadinhos variando em tamanho e cores, secando a segunda garrafa de vinho. O tempo ali dentro passava de forma aleatória, desde que Jungkook havia esquecido — ou até mesmo decidido — a não olhar mais o telefone, que deveria estar jogado na porta.
— Mas você disse que isso era apenas um bico! — ele comentou, já com a voz aumentada, enquanto deixava o riso solto. Os dois riam de qualquer coisa àquela altura — Como assim você vem desde os quinze? Por que não te contratam de uma vez?
— Eles bem que quiseram, mas eu não estava muito afim. Precisava de mais dinheiro.
— E o que você faz da vida? — ela juntou as sobrancelhas — Quer dizer, não precisa responder, se não quiser.
— Se você fala de emprego de verdade, sinto não ter nenhum — ela deu de ombros, rindo — Quer dizer, eu estagio em um escritório de contabilidade em Oslo, mas já tive vários outros empregos. E aceito qualquer bico que aparecer. Tenho sorte de ter esse lugar como parada fixa no final do ano para ganhar um pouco mais.
Ele assentiu, bebendo mais um gole do vinho.
— E tudo isso tem alguma finalidade? Você está economizando para comprar uma casa ou algo parecido?
Ela olhou para ele, pensativa, e demorou mais do que esperava nesse gesto.
— Está interessado na minha vida, JK? — ela perguntou com ironia. Ele corou, mas também riu.
— Acho que no momento, sim, estou.
— Posso ser legal, mas tenho receio das pessoas me acharem um pouco… idiota.
— Isso não vai rolar comigo.
— Beleza. Eu quero viajar pelo mundo.
Ela encarou-o fixamente, esperando uma risada ou, mais uma vez, a expressão de pena. Mas ela só enxergou um sorrisinho de canto, e um brilho estranho nos olhos dele.
— Que cara é essa? — ela disse quase imediatamente.
— Como assim? — ele disse, confuso — É só que eu nunca… Não sei, é patético, e ao mesmo tempo fascin…
— Patético?! — ela estava ansiosa, o rapaz gesticulava bastante.
— É patético as pessoas te acharem idiota por isso! — ele disse, mais uma vez em seu tom de lógica — Quer dizer, isso é fascinante. É ainda mais incrível o fato de você perseguir esse sonho sem se importar com essas besteiras, e mantendo sempre o pé no chão, o que as pessoas não consideram importante na conquista de um objetivo. É sério, , isso é demais — ele sorriu, e algo esquisito fez o ar sofrer dificuldades para sair dos pulmões dela — E também…
Antes de mais nada, ela pensou: é culpa do vinho. Mesmo se não fosse realmente verdade, poderia usá-lo como desculpa para o beijo repentino que ela deu em Jungkook. Não havia uma explicação plausível: ele estava ali, fazendo-a rir por um tempo incalculável e compreendendo uma das coisas mais importantes da vida dela. Um beijinho não faria mal a ninguém.
Ele parou de falar e olhou com certa surpresa quando ela se afastou.
— Não deveria elogiar garotas desse jeito, Jungkook — ela disse em voz baixa, ainda mantendo a distância mínima entre eles.
Ele olhou bem dentro de seus olhos, e para todos os detalhes em seu rosto, alargando ainda mais o sorriso.
— Céus, você é linda — ele murmurou, fazendo-a soltar uma risada debochada — É sério, eu sou incapaz de mentir nessas condições, você é muito, muito bonita!
Ela ainda ria, agora se afastando um pouco mais, com as bochechas coradas, perguntando-se como um elogio frívolo como “você é linda” havia mexido tanto com ela.
— Você também é. Não que você não saiba disso — ela deu de ombros, largando a taça ao seu lado.
Do mesmo jeito, ele ficou vermelho, sorrindo envergonhado.
— Não sou acostumado a receber elogios de garotas bonitas presencialmente — ele frisou a palavra — Elas também não costumam me beijar. Aliás, aquilo foi um beijo? Foi tão rápido que não consegui identificar.
Ela riu com a cabeça entre as mãos, e dessa forma não notou quando ele se aproximou com a mão sorrateira na nuca dela, aproximando-se devagar.
— Você sabe o que estamos fazendo, não é? — ela sussurrou, já com o nariz encontrando o dele.
— Ainda bem que eu sei.
O tempo era uma incógnita. O beijo era tão intenso que fez esquecer-se de onde estava por alguns momentos. E, de quebra, se esquecer também de todo e qualquer pudor que estava mantendo até agora, pois nem se tocou de quando suas pernas foram parar em cada lado da cintura dele, e ela se contorcia em seu colo de forma ansiosa. Ela sabia que nada daquilo parecia real — nada mesmo. Mas os beijos dele em seu pescoço, e a respiração quente misturada com a sua provavam exatamente o contrário. Ela sabia que tinha que parar; só precisava manter esse alerta constante em sua mente para poder cumpri-lo.
Um barulho alto, vindo da porta, despertou os dois da bolha particular antes que acontecesse algo. Eles se olharam, um pouco assustados, até notarem que vinha do telefone de Jungkook, que tocava de forma alarmante. Ele levantou e pegou o objeto que vibrava no chão.
continuou parada onde estava por alguns momentos, vendo-o falar no telefone com alguém, e se tocou de que tudo havia acabado. Seja lá o que foi aquilo. Ainda com o coração esmurrando seu peito, ela começou a juntar toda a bagunça que haviam feito.
Depois alguns minutos, ele voltou para onde ela estava, guardando o celular.
— Parece que vamos ser resgatados.
Ela guardava a última garrafa de vinho quando assentiu, virando-se para ele. Não disseram nada por um tempo, mesmo que o silêncio pesasse sobre eles. Quando estava pronta para pedir desculpas e que esquecessem toda aquela loucura, Jungkook foi mais rápido:
— Você… Gosta de filmes de ação? — ele perguntou, cauteloso, não era difícil adivinhar que até tinha as mãos suando um pouco.
Ela não entendeu a pergunta de imediato, mas ainda assim respondeu.
— Sim… acho que gosto.
— Gosta a ponto de assistir um comigo? — ele deu de ombros, um pouco mais tranquilo — Ou eu poderia usar a minha lista interminável de filmes ruins para ter uma desculpa de continuar o que estávamos fazendo aqui.
Ela abriu a boca para responder, um pouco em choque, mas só conseguiu rir de nervoso, assim como ele.
— É, acho que isso pode funcionar.
— Já que você aceitou de bom grado, acho que também pode dizer sim ao meu convite para ir ao bondinho amanhã. Sabe como é, você é a funcionária e tudo mais, não tenho certeza se aquilo precisa de uma manutenção — ele sorriu enquanto caminhava devagar até ela.
— Meu Deus! — ela riu, aceitando o aperto em sua cintura que ele já repetia — Vai ser a primeira vez que vou andar naquilo.
— É a primeira vez que fico preso com uma garota atraente na véspera de natal, e sigo repetindo: não subestime as primeiras vezes — ela a puxou para mais perto, dando-lhe um beijo rápido, e suspirando logo em seguida — Droga…
— O que foi?
— Creio que vou ter que te apresentar para os meus amigos.
— Isso significa alguma coisa? — ela levantou as sobrancelhas.
— Talvez sim, talvez não — ele levantou os ombros, em deboche, levando um empurrãozinho de leve por ela — Espero que você não se importe.
Ela olhou bem para ele. Mal sabia o que estava acontecendo, quanto mais o que ia acontecer. Ela só sabia de uma coisa: aquele natal poderia ser bem melhor do que estava esperando.
— Não, eu não me importo.

Epílogo

– Vamos! A gente vai se atrasar!
As vozes agitadas e as risadas nasaladas eram evidentes do lado de fora do resort, onde todos se preparavam para se despedir do local, carregando suas malas e bagagens. O clima era ameno e nostálgico, todos ali se sentiam bem de alguma forma e cada um com seu motivo em especial.
Jin descobriu que algumas amizades se iniciam de formas constrangedoras. Não sabia dizer o que ele e eram um do outro, mas podia afirmar que gostava de ficar perto dela.
Yoongi não era o maior amante de feriados, mas acabou se tornando um grande fã da data natalina depois de conhecer . A verdade era que muita coisa nele havia mudado, e continuava a mudar dia após dia. Não era como se o rapaz esperasse se divertir em um resort, no meio do nada, localizado em uma cidade que ele nem mesmo sabia pronunciar o nome, em meio a uma das maiores nevascas que ele já presenciara. Mas , mais uma vez, provou que tudo era uma questão de perspectiva, e Yoongi amava enxergar o mundo da forma como a amada o apresentava.
Hoseok percebeu que o que ele sempre desejou estava com ele já há muitos natais e que naquele em específico, ele precisou entender que paciência era o que precisava para sua vontade acontecer e que nos clichês dos clichês sua melhor amiga, agora era sua namorada.
Namjoon demorou um tempo. Algumas mágoas e alguns desencontros, mas no final chegou ao acordo com os seus sentimentos que mal entendidos não valiam a pena, e sim, valia.
Jimin havia descoberto que o que tivesse que acontecer, aconteceria independente do momento e do empecilho que aparecesse. E o mais importante: havia sido sua melhor escolha naquele natal, assim como seria em todos os outros.
Taehyung percebeu que as coisas acontecem quando e como devem ser. Mesmo ansioso para encontrar nos corredores da Big Hit, o destino preparou o encontro dos dois numa viagem daquelas. E queria agradecer ao Su-Ho e Eloah por serem os agentes daquele destino.
Jungkook percebeu como era louca as surpresas que surgiam dos momentos mais inesperados, e os sentimentos novos que nasciam junto com a expectativa do desenvolvimento de uma nova relação. O Natal tinha ganhado um novo significado, e ele pôde provar a si mesmo, mais uma vez, a beleza das primeiras vezes.
A verdade era que eles estavam tão felizes que era impossível dizer da forma certa em como aquele natal havia sido especial do seu jeitinho para cada um deles. Havia sido único, inesquecível.
Assim como aquela cena. O grupo de amigos estava reunido próximo ao avião que logo decolaria, preparados para irem embora e seguirem seus caminhos da forma como cada um achava melhor. Com algumas surpresas e quem sabe até mesmo, destinos traçados.
olhou para aquela cena, sentindo o coração aquecer e um como um estalo, algo brilhou em sua mente, fazendo com que suas mãos alcançassem rapidamente a mala de mão retirando dali sua câmera fotográfica. Não havia nada melhor que registrar aquele momento.
Não foi preciso nem pedir para que fizessem alguma pose e por mais que soubessem que a foto poderia ser tirada a qualquer momento, eles não se importaram.
E com um click, os capturou. Hoseok tinha seus braços levantados para os lados, assim como Namjoon e Jin. Taehyung havia saído falando algo, Jimin começava a caminhar para sua frente e Yoongi parecia estar começando a dançar. Já Jungkook, bom... Ele estava parado atrás dos demais sendo ele mesmo, como sempre. O rapaz observava o nada e ao analisar aquela foto, a mulher deixou uma pequena risada escapar.
O destino podia ser tudo. Incerto, erradio e imperfeito. Mas naquele natal, para os sete casais, ele havia sido mais do que certeiro, definido e principalmente, encantador.



FIM



Nota da autora: Sem nota.



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