So Let's Start Right Now






Perfect


, você levanta essa bunda nojenta da cama, ou, então, você está recebendo um atestado de otária.
— E de quem eu estaria recebendo tal atestado?
— Da sua melhor amiga — a voz de continuava abafada por trás da porta do meu quarto. — Vamos! Será divertido!
— Eu não estou a fim de sair e encher a cara. — Assim como não tinha pretensão alguma de levantar a bunda da cama, como havia mandado.
— Amiga, eu não vou deixar você aí. Eu sei que está chateada por causa do emprego... — Ela ficou em silêncio por um tempo, provavelmente pensando em como transmitir as notícias sem que eu tivesse algum ataque repentino. — Por isso você tem que sair para se divertir.
O que meu orgulho não me deixava admitir era que eu não estava apenas chateada em relação ao pedido negado de admissão e, sim, que eu estava arrasada. era o tipo de pessoa que não suporta levar “não”, que não suportava perder na primeira oportunidade que tentava. Ela não desistia tão facilmente, mas também não suportava o gosto da derrota, e era por isso que estava aqui, apática, desde hoje pela manhã quando cheguei da minha caminhada matinal e recebi uma ligação que não esperava, em que, infelizmente, não poderia entrar para a equipe de mais uma empresa. Eu era considerada como mais uma. Algo como mais uma cabeça para escrever um cheque.
? Vamos? — ela perguntou esperançosa.
Uma onda de ânimo me atingiu, como sempre me atingia em algum momento, depois de curtir uma fossa o dia inteiro. Eu precisava liberar a endorfina presa no meu corpo. Uma noitada com a era o melhor que eu poderia proporcionar para com isso. Foi essa onda que me fez levantar e ir tomar um banho, juntamente com os gritos de guerra de , que sentia-se vitoriosa por ter conseguido me tirar da cama e me ver destrancar a porta para que ela ajudasse a escolher a roupa.
— Tudo bem, no que você está pensando? — Enrolei uma toalha no corpo, e outra, no cabelo, e saí do banheiro.
— Podemos ir à Funky Buddha... — sugeriu, enrolando a ponta do cabelo como quem não queria nada. Geralmente, não nos dávamos ao luxo de ir à Funky Buddha exatamente por sua “gourmetização” a torná-la os olhos da cara. Mas eu sabia que ela estava louca para que eu dissesse que iria mesmo assim, porque ela amava uns luxos de vez em quando e amava a Funky Buddha como ninguém mais. — Também estou pensando em como foi fácil te tirar da cama... Mas fora isso...
— Por mim está ótimo — dei um sorriso para ela e fui trocar de roupa.
abriu um sorrisão, aliviada por não ter que me convencer de ir à tal boate. No caminho de casa até nosso destino, ela sentiu-se tentada a me perguntar se eu estava bem e como tinha reagido com a notícia.
— A verdade é que foi um susto para mim, não vou nem mentir para você. Mas eu acho que estou relativamente conformada. Não sei bem explicar. — E eu não sabia mesmo, porém o dia tinha sido como um borrão para mim, e eu odiava não saber como me sentia, pois o vazio me dava medo. — Quero ver você dirigir de volta.
— Por isso que a senhora vai dirigir...
— Amore, a noite é MINHA, não é, não?
Minha amiga egocêntrica resolveu simplesmente me IGNORAR e entrar na boate, toda animadinha.
De começo, bebemos um pouco e dançamos, porém, após um tempo, comecei a ver que meu negócio não era realmente ter vindo, deveria ter ficado em casa. A realidade estava estabelecida em apoiar , que estava louca para dançar e curtir a noite. E não demorou muito para que ficasse bêbada. E, neste momento, foi que pude ver que o vazio, pela primeira vez, não seria preenchido pela bebida, ou dança, ou qualquer coisa.
Cocei minha testa e olhei chateada para a pista de dança em que insistia, me chamando para dançar, e a minha vontade era mínima. Eu queria voltar para casa, mas não poderia deixar minha amiga sozinha completamente bêbada, nem poderia cortar o barato dela para voltarmos para casa. Resolvi mexer um pouco no celular e fingir que tinha algo extremamente importante nele que me distraísse de tudo o que estava ocorrendo no local.
— Oi! Com licença! Você é a ?
Levantei meus olhos enquanto bloqueava meu celular, deixando o nada de lado e observando o cara que se dirigia a mim. Ele tinha um leve sorriso no rosto, porém estava com o cenho franzido em meio à desconfiança e, posso dizer, mal humor.
— Sim... Posso ajudá-lo?
— É que sua amiga ali está dançando com meu amigo e perguntou de você... Perguntou se você está bem e para largar de ser bipolar.
Como eu odiava a bêbada. Como eu odiava.
— Ah... — A única função de bêbada era me deixar constrangida. — Entendo. Sinto muito pelo incômodo daquela imbecil.
Ele sorriu para mim, assentiu e, casualmente, se retirou.
Resolvi tomar uma cerveja, para não ter sido em vão pagar a entrada da boate e não curtir nem um pouco. As músicas que tocavam eram repetitivas e, num dia normal, eu não me importaria, porém, hoje, só sentia a dor de cabeça. Peguei a cerveja e fiquei um pouco do lado de fora da boate, respirando um pouco o ar. Alguns seguranças e um grupo de pessoas conversavam tranquilamente, e eu observava o movimento da rua, até que me deparei com o cara com quem eu tinha falado segundos atrás: o mensageiro de . Ele fumava um cigarro e esperava relativamente impaciente por alguém, e eis que a sua espera acabou, pois outro sujeito apareceu com um sorriso no rosto.
A minha noite estava uma droga. Eu tinha que me dar ao luxo, como boa jornalista curiosa, de escutar conversas alheias. Portanto, fiquei escutando o diálogo entre o mal-humorado, mensageiro de , e o outro bonitinho que mostrava um guardanapo com escritos.
— Harry, estamos em plena folga... Tudo o que eu queria era estar curtindo minha fossa de término de namoro lá dentro. Porém, esta boate é uma merda... Eu não sei por que o Niall e o Liam a amam tanto. E, agora, você vem com história de trecho de música. — O cara jogou o cigarro no chão, frustrado.
Assimilei alguns nomes e juntei à música, mas nada de relevante me vinha à cabeça. Discretamente, me aproximei dos dois para escutar mais da conversa.
— Sinceramente, Louis, estou pouco me lixando para o seu mau humor. E eu sei que estamos de folga, mas olha isto aqui... Você odeia a Taylor, huh?
— Bem...
— Você odeia — ele afirmou. — E eu estava pensando... Nenhum ex namorado dela nunca escreveu música para ela em resposta. E, pensa comigo, eu tenho cara de James Dean?
— Não. — Louis estava mais concentrado em chutar o cigarro para longe.
— Mas poderia ter, certo? Então, eu escrevi este trecho de uma música que poderíamos fazer juntos para ela.
— Sem muita vontade...
— Só porque você está mal-humorado hoje, mas dê uma lida. — Ele entregou o trecho do guardanapo e esperou um review.
And if you like cameras flashing everytime we go out... And if you're looking for someone to write your breakups songs about... — Louis revirou os olhos. — Sutileza zero. Isto aqui tá uma droga.
— Você vai amar quando ficar pronta!
— Ok, você está positivo demais... Sonhe mais alto! É melhor eu entrar, o Niall está meio alterado lá dentro.
A luz bateu no rosto deste Louis e me veio um flash de quem poderia ser.
— Ei, moça... O que você acha deste trecho? — O outro vinha em minha direção.
Arregalei os olhos, assustada. Esse menino era louco?
— Harry... — Louis vinha em minha direção também. — Ei, você não é a tal da ?
— Oi! — Acenei com a mão, confusa. — O rosto de vocês me é familiar.
— Você deve saber mesmo... Mas o que importa é o trecho. A propósito, eu sou o Harry. — Ele estendeu sua mão para mim. — Caso você nos reconheça, pode manter este trecho em segredo? — Assenti, enquanto lia sua letra meio garranchada no papel amassado, e ri. Mal sabia ele que eu já tinha escutado o trecho. — É ruim?
— Não! É muito bom, mas é meio desaforado, né?
— Rá! É desaforado. Sutileza zero. Obrigado, — disse Louis, fazendo um high five comigo.
— Você tem mais algum trecho aí?
— Não... Mas logo vou ter uma música completa, vai ficar lindo.
Eu decorei o nome de três: Harry, Louis e Niall. Deveria ser o suficiente para jogar no Google e achar de onde os conhecia.
— Certo... Eu vou entrar novamente — falei, dando um sorriso sem graça e apontando para dentro da boate. — Minha amiga precisa de mim.
— O meu amigo também, então, Harry, se nos dá licença...
Louis entrou rapidamente, enquanto Harry ficou para trás relativamente desapontado. Morri de pena.
— Ei, você não quer entrar também?
— Não estou em clima de dançar — ele falou. — Só vim mostrar o trechinho para ele mesmo.
— Entendi — falei pensativa. — Mas eu não estou dançando. Aliás, não estou muito no clima hoje, só vim para acompanhar minha amiga e jogar sudoku com cerveja... Não quer entrar mesmo? Às vezes, a vibe pode te dar inspiração para novos trechos.
—Talvez... — Harry sorriu para mim. — E é 100% de certeza que os dois vão encher a cara e eu vou ter que ajudar...
Harry me acompanhou, então e fui me sentar no mesmo lugar de antes. No caminho, discretamente procurei no celular o nome de três integrantes que ouvi na conversa.
“One Direction”. É claro, eu era burra.
— Certo... Vocês são uma boy band britânica, com cinco integrantes... Calma, quatro.
— Quatro — ele confirmou. — O Zayn saiu em março.
— Eu conheço vocês, cara, e eu sou jornalista!
— Estou na minha folga, sem entrevistas.
— Isso é estereótipo! Se eu sou jornalista e só vou por aí para entrevistar famosos, então, você, como cantor, só deve sair por aí cantando e dançando.
— Nós não dançamos — ele disse, rindo.
— Eu sei! Talvez e, só talvez, eu tenha ido numa Apple Festival e ido numa ponta do show de vocês... Mas, voltando ao fato de não ter os reconhecido, me sinto patética. Vocês costumam sair sempre juntos?
— Não... Só de vez em quando. Quando estamos de folga é quase impossível, mas é que essa música me veio à cabeça, e o Louis era a pessoa perfeita para me ajudar a compor.
— Sei... Vocês estão fazendo um novo CD? É muito difícil sem o Zayn?
— É bem complicado... O CD provavelmente sai em novembro.
— Caralho! E estamos em julho! Não bate um desespero?
— Demais... É uma pressão que você não imagina. — Harry estrala seus dedos distraidamente. — Ainda mais porque estamos em turnê, né? É bem foda.
— Entendi. — Na pista, e Niall estavam beijando-se, e eu poderia até achar estranho, se não fosse tão normal para mim e já estivesse acostumada.
— Escuta... — Harry me olhou em dúvida, provavelmente já esquecera meu nome.
— falei.
— ele confirmou. — Você jura que não está gravando nossa conversa?
Eu não sei se ria, ou dava um soco na cara dele. Então, escolhi apenas dar um sorriso contido e balançar a cabeça.
... Eu tô muito estranha, sabia? — apareceu, de repente, com Niall segurando-a pelos ombros e conduzindo-a como se ele estivesse, no mínimo, mais sóbrio que ela. — Eu tô com vontade de vomitar.
— Pode vomitar, amiga. O banheiro é bem ali. — Apontei para o outro lado.
— Não aguento chegar até lá — ela disse com as pernas bambas. — Acho que vou aqui mesm...
— Não, ! Eca! — não vomitou em mim, como já fizer antes, em outras noites, e, sim, em Harry, o cara da boy band. — Meu Deus, desculpa.
Niall, o ficante de , não parava de rir de Harry, que olhava para assustado e, ao mesmo tempo, preocupado.
— Oi. Eu sou o Niall — ele disse, me estendendo a mão. — Você não acha essa situação engraçada?
— Nem um pouco — falei, ajudando a prender o cabelo. — Sou , a propósito.
— Cadê o Louis? — disse Niall, o cara bêbado inconveniente da boy band.
— Estou aqui. E é hora de ir embora. Chegaram uma porrada de paparazzis. Harry, você dirige. — Louis jogou as chaves para Harry e andou torto até a porta da frente.
— Você é louco ou o quê? — perguntei perplexa. — Como vocês querem sair em meio à porrada de paparazzis, nesta condição, e com este aqui todo vomitado?
— A gente costuma fazer isso.
— Francamente, depois os culpados são os jornalistas... — eu falei. — Olhem, o que vou dizer é loucura, mas eu posso dar uma carona a vocês para algum lugar.
— Mas o carro está lá fora.
— Vocês mandam alguém da vida de vocês para vir buscar depois. Eu pego meu carro e busco vocês nas portas dos fundos.
Harry e Louis se encararam em dúvida, enquanto Niall já estava todo animado para ir embora. descansou a cabeça na bancada do bar, cansada.
— Ou podem ir lá fora, na louca, enquanto eu e nos despedimos de vocês com uma bela amizade.
— A sua ideia é uma loucura, mas a minha é mais ainda — disse Louis, pegando sua chave com Harry e entregando a mim. — Pega meu carro lá fora e nos busca nas portas do fundo. Daí o Harry dirige.
— Tá bom...
— Deixa a aqui como seguro de que você não vai embora com meu carro. — Louis disse.
— Tudo bem... — Peguei a chave e deixei minha amiga com os três caras da boy band.
Uma rede de paparazzis foi em cima de mim, depois gritou que era só mais uma simples civil baladeira.
!
— Robson? Mentira que é você!
Robson era um cara que fez fotografia comigo na faculdade. Quando entrei, ele era meu veterano. Ele era um amorzinho, porém como foi para o curso avançado de fotografia, acabamos nem nos vendo mais.
— Amiga, olha o bico que eu arranjei! — Ele levantou a câmera para mim, sorrindo e, de quebra, ainda tirou uma foto, que me cegou com o flash. — Melhor que spray de pimenta, né?
— Caramba! — ri e tive milhões de perguntas para fazer a Robson, mas tive uma ideia ao invés disso. — Robs, eu realmente quero tomar um café com você depois, para a gente colocar os papos em dia... Mas eu preciso de uma ajuda sua.
— Diga, amore...
— De quem você tá querendo tirar foto?
— Você não sabe? Três meninos do One Direction estão aí dentro. Estamos loucos para tirar uns shoots deles.
— Certo, a ajuda é exatamente isso... Avisa a essa gandaia toda aqui tirar foto da porta dos fundos porque eles vão sair por lá.
— VÃO MESMO?
— Para de gritar. Eles não vão, mas preciso que eles consigam sair por aqui, sem sair no The Sun amanhã. Aliás, minha amiga vomitou em um deles!
— MENTIRA!
— Robson, para de gritar, cacete. — Notei que alguns fotógrafos nos olhavam curiosos. — Pois é, mas foi o que eu escutei lá dentro — falei mais alto.
, o que eu ganho com isso? Preciso das fotos. — Robson sussurrou.
— Te dou de um deles. Pode tirar cinco shoots e pronto. E consigo ingressos para algum show aí.
— Fechou. — Robson apertou minha mão e meteu um berro: — GALERA! OS BOYS VÃO SAIR PELAS PORTAS DO FUNDO!
Um tumulto ocorreu. Eu não sabia se os paparazzis realmente acreditaram um no outro, mas todos escutaram Robson e todos foram na onda de que estava tudo certo e que ele não mentia nunca.
— Eu não sei quanto tempo eles ficam fora, ... E você acabou de arranjar uma baita duma encrenca para mim.
— Valeu, Robs! — dei um beijo em sua bochecha e corri para dentro da boate de novo.
Encarei os quatro sentados na bancada. Legal saber que os lerdos não seguiram o plano.
— O plano mudou! — Joguei a chave para Louis e corri em direção à . — Vocês têm alguns segundos para pegarem o carro e se mandarem. Consegui despistar os papparazzis. Eu achei um colega de faculdade lá fora, e ele vai tirar cinco fotos de apenas um de vocês. Harry, você está todo cagado, e Niall está embriagado demais. O que nos resta é você... — Apontei para Louis, o mal-humorado da boy band. O mesmo soltou um resmungo, mas deu de ombros. — Certo, agora a gente corre e se despede com uma bela amizade.
— Boa sorte com a música! — disse a Harry e apontei para Louis.
— Espera! — pronunciou-se. Ela foi até o bar e pegou um guardanapo, e pediu uma caneta ao barman. Rabiscou algo e entregou a Niall. — Me liga, gato.
Ele deu uma piscadinha para ela, mas logo a puxei e joguei um casaco na cara dela para irmos para o carro. Antes de ligar o carro, observei se os meninos conseguiram entrar no carro. Harry deu um sorriso e acenou para mim, mexendo a boca em um “obrigado”.
— A noite até que foi legal, huh? — disse .
— Cala a boca, bêbada. — Liguei o carro e fomos para casa.

2.


O dia seguinte chegou, e meus propósitos seriam dormir até bem tarde. Comparada ao bagaço que deveria estar, eu estava tranquila, mas acontecia que a ressaca chegou com tudo agora pela manhã e não teria nada que me levantasse. A não ser um guindaste e a ligação de :
, você ainda tá procurando emprego?
No modo automático, já estava respondendo que não, pois eu tinha certeza que tinha conseguido uma vaga no jornal. Então, me lembrei do pedido negado e dei um tapa na testa silencioso.
— Estou — falei num murmuro.
— Então! A padaria está um CAOS! Eu não faço a menor ideia por que, mas preciso da sua ajuda para os pedidos e encomendas.
, eu não sei fazer bolo.
— É, mas você é fantástica em entregas. É sua carreira.
— Eu sou jornalista, não jornaleira.
— Tanto faz, . Você vem ou não? Damos até décimo terceiro.
— Idiota — falei, rindo. — Tá, que horas você precisa de mim?
— Agora, entendeu não?
— Jura? — Pensei em soltar um palavrão, mas o que raios a gente não fazia pelo dinheiro? Ele não caia do céu mesmo. — Tá... Chego aí em alguns minutos.
A padaria ficava em outro extremo da minha casa. Veja bem, eu morava em um apartamento que dividia com na área mais residencial, já que nos recusamos em morar em fraternidades ou coisas do gênero. Porém, inventou de trabalhar numa padaria longe para caramba, mas que tem os melhores doces da Londres inteira.
Tomei um banho rápido, peguei café e coloquei óculos escuros no rosto. Sem condição alguma de mostrar os embalos da noite anterior. Quando cheguei à padaria, já sabia que o pessoal estava no maior estresse.
, que bom que chegou. Quanto mais ajuda, melhor. E outra, já te coloquei na lista de turnos para ajudar no balcão esta semana, ok?
— QUÊ?
— Não tem erro. Só colocar o que pedem no saquinho e por preço. Amanhã, eu te ensino.
— Amanhã? Eu tenho prova!
— Tá, pega aqui estas caixas que eu e o Charlie pegamos as outras para colocar no carro.
...
— E daí você vai ver que cada uma tem um endereço nela — ela disse, dando de ombros como se eu fosse uma idiota. — Só dirigir com o waze, deixar no local e depois ganhar a grana. Dinheiro fácil. Bye.
Ela deu um beijo no ar e mandou para mim, e saiu puxando Charlie, me deixando com a van da padaria sozinha. Revirei os olhos, entrei na van e bati em retirada. As entregas eram bem bizarras, porém razoavelmente tranquilas. Diverti-me entregando doces em festas surpresa e festas universitárias. Momentos de aniversário de namoro, ou casamento desesperados, e apenas a solidão. Isso tudo me fez refletir na diversidade de coisas que aconteciam em Londres por dia. É claro que coisas muito estranhas poderiam ocorrer assim que a porta se abria. E, nesta determinada porta, questionei possibilidades.
Possibilidades eram assim: grandes, médias, pequenas, mínimas ou meramente impossíveis, mas não totalmente. O que era meramente impossível, mas não totalmente, poderia ser classificado como: encontrar um cara famoso de uma boy band famosa na Funky Buddha e encontrar esse mesmo famoso quando se está entregando doces encomendados por pessoas que têm mera preguiça de dirigir até uma padaria gourmet para buscar, quando, na verdade, o seu papel de entregar doces era apenas de arranjar uma grana para pagar suas contas. Detalhes se esse famoso odiar ser chamado de famoso, e eu ter esquecido completamente o nome dele.
O cara da boy band sorria para mim surpreso. Este vestia um roupão e parecia ter acabado de acordar.
— Oi — ele sorriu. — Você está me seguindo?
— Eu estaria, se eu lembrasse o seu nome — falei casualmente, o mais casualmente possível.
Eu não deveria ter mencionado, já que quando o vi pela primeira vez ao vivo estava razoavelmente bêbada, mas ele era muito bonito mesmo. Seu sorriso era contagiante e combinava perfeitamente com o resto de seu rosto, principalmente com seus lindos olhos verdes.
— Que bom que você perguntou porque eu me esqueci do seu também — ele disse razoavelmente sem graça. — É Harry.
— sorri, sem graça, e estendi a caixa. Quando víamos pessoas bonitas, imaginávamos um espelho à nossa frente para nos lembrar de como nos vestimos pela manhã. Automaticamente, dei uma leve ajeitada no boné ultra sexy da padaria. Quem sabe, dava um charme a mais.
— Eu também trabalhava numa padaria antigamente — ele disse nostálgico. — Espera um pouco que eu vou pegar o dinheiro...
Peguei uma prancheta dentro da van, para anotar os pedidos já entregues e planejar os próximos.
— Aqui está. — Harry me entregou e ficamos os dois quietos por um momento levemente constrangedor.
Não ensinavam na escola ou na faculdade como deveríamos nos portar numa situação de um conhecido da boate te encontrar, entregando doces, e o que falar depois que ele te paga.
— Certo... Eu tenho que voltar a entregar outras coisas — dei um sorriso amarelo, apontando para a van. — Mas queria saber, e a sua música?
— Ahhh! Eu, inclusive, estava escrevendo ela ontem! Consegui mais duas frases. Vem ver! — Ele adentrou a casa, animado, enquanto eu arregalava os olhos com a possível intimidade de entrar na casa de Harry.
Fiquei meio receosa e fiquei apenas na região do lobby; belíssimo, por sinal. Harry fez menção de me chamar para ver, mas apenas trouxe o seu caderninho para me mostrar:

“But if you like causing trouble up in hotel rooms”
“And if you like midnight driving with the windows down”


— O que acha? — Ele indicou com a cabeça. — É uma beleza, huh?
— Sim — sorri, sem graça. — Qual é o nexo dos dois?
— Era o maior bafafá quando eu ia dormir nos hotéis da Taylor, a produção minha e dela reclamava, os meninos, o hotel, os paparazzis. Então, realmente causávamos um problemão. Era até divertido.
— Essa coisa de janelas abertas à meia noite é bem Taylor... — concordei. — Bom, os dois trechos são bem interessantes. Louis contribuiu com alguma coisa?
— Você se lembra do nome dele? — ele perguntou desconfiado e com uma ponta de mágoa.
— Anrã — ri, no embalo da conversa, já que eu também não fazia a menor ideia de como me lembrei.
— Ele tá meio nem aí com a ideia, mas viu como está tomando forma? — ele afirmou, porém seu tom foi levemente inseguro. — O problema é que eu não estou conseguindo sair muito esses dias por causa da turnê e outros compromissos, e minha casa não tem muita inspiração.
— Sei... — Analisei a grandiosidade do casarão e não entendi como ele não conseguia compor em tamanha obra de arte arquitetônica. — Escuta, você não quer fazer as últimas entregas comigo? Pode servir de inspiração, além de você lembrar-se dos velhos tempos de padeiro.
Ele me encarou em dúvida pela primeira vez. Na verdade, segunda, se pensarmos na loucura do dia da boate em que eu, uma mera desconhecida, me ofereci para dar carona para eles/pegar o carro. Ou eu vivia no mundo da lua e não me tocava que as minhas ideias eram completamente fora de mão, ou, na verdade, eu era uma psicopata que queria acabar com a boy band badalada do momento, sequestrando os membros.
— Seria ótimo, sabe? — ele disse. Pegou seu celular, o bloco de notas e uma caneta.
— Não quer trocar de roupa? — Mencionei seu roupão e pijama.
— Já me viu em premiação? Já fui bem pior que isso aqui. — Harry apontou para seu corpo.
— Certo... — assenti e fomos ao carro. Antes de dar a partida, joguei no Google “Taylor Swift e Harry”, então descobri que seu sobrenome era Styles. — Ela lançou uma música chamada ‘Style’, bem menos sutil que “And if you looking for someone to write your breakup songs about”. Vamos escutar.
Dei a partida e fomos a Nothing Hill com a Taylor Swift cantando, e nós, rindo.
— Como era seu relacionamento com ela?
— Odiado.
— Tá... Mas isso é um olhar de fora. O que vocês faziam juntos?
— A gente ia ao Central Park.
— Tem outra música explícita que ela fez?
— Eu acho que o álbum inteiro... — Harry riu, mas logo colocou uma chamada ‘Out of the woods’.
— Péssima. Vocês dançavam no hotel? Isso faz parte do “Causing trouble up in hotel rooms”?
— Anrã — ele disse. — Eu acho que ela exigia muito de mim. Uma vez, eu dei um presente para ela: 23 cupcakes de aniversário. E ela detestou.
— Como raios você dá cupcakes a Taylor Swift de aniversário?
— Sei lá, ela queria que eu fosse o príncipe das músicas dela. Da idealização da cabeça dela. E eu não era, nem sou.
— Você só gosta de dar problema para hotel e dirigir de madrugada, então? — comecei a rir muito enquanto parava o carro para entregar bolo em uma casa. — Espera aí.
Mas ele desceu atrás de mim, reclamando sobre a letra da música ser maravilhosa.
— É perfeita, — ele disse, então parou. — PERFECT!!!! ESSE VAI SER O NOME DA MÚSICA!
— Essa montagem de música está péssima. Você está completamente desorganizado, menino! — falei. — Volta ao carro. Não é por que eu não te reconheci que as pessoas também não vão.
Ele acabou voltando, e fui ao meu destino entregar o bolo.
— Certo. — Assim que voltei, abri a letra de ‘Out of the woods’. — Se a gente pensar, ela parece chateada pelo término de vocês dois.
Bullshit — ele falou. — Mas a gente era um casalzinho hipster legal.
— As fãs odiavam? — perguntou, de olho na estrada.
— Sim, e, em parte, ela odiava a pressão das fãs nela — ele disse, pensativo. — Quantas encomendas faltam?
— Cinco — respondi, conferindo no banco de trás e na prancheta quando paramos no semáforo. Acabei mudando a música porque começou a me dar dor de cabeça, e Harry riu do ato. — ‘Style’ é mais agradável.
— Eu não sei como ela faz com tanta facilidade, as músicas são ótimas.
— ‘Out of the Woods’ é meio ruim. — Tento consolá-lo. — Olha, tenta pegar tudo o que você sentiu no namoro e no fim dele, e taca num papel. Faz um brainstorm e, depois, segue com a seleção das melhores. Daí vai formando.
— Pareceu uma ideia maravilhosa antes... Agora, eu já não tenho certeza... — ele disse.
Não soube como responder a isso, então desci para entregar mais uma encomenda, sem dizer nada.
I might never be your Knight in shining armour — ele disse, depois de uns cinco minutos quieto, escrevendo, enquanto eu dirigia distraída.
— Você é engraçado, Styles — falei, rindo a cada trecho que ele me dizia. — Ei, você precisa me dar os ingressos. Para mim, minha amiga e para o Robson.
— Tá... A gente troca números e te mando — ele disse, piscando. — Aproveito e te mando trechos de música.
— Amigo, irei te dar uma dica bem valiosa: não saia compartilhando letras de ‘Perfect’ com qualquer um. Inclusive, uma jornalista.
— Estudante de jornalismo — ele me corrigiu. — E você entrega bolos também... Você cheira a uma pessoa inofensiva.
— É claro — falei. — O carro está cheirando a glacê, Styles.
— Perspicaz — ele disse. — Quantas faltam?
— Bom, só uma agora — respondi. — É em uma festa infantil. Quer entregar junto comigo?
— Posso fazer as honras?
— Claro! — Tirei meu boné e coloquei nele. — É um bolo de três andares. É lógico que você iria me ajudar.
Fomos caminhando lado a lado, segurando o bolo, que aparentava pesar uma tonelada.
— Socorro! Que peso é esse? — reclamei. — Quantas pessoas devem ter nessa festa?
— Oi! Podem vir! — uma mulher loira com aparência cansada e cheirando a fritura sorriu para mim. Sim, para mim, pois meu companheiro de entregas estava com um bolo de três andares na frente.
— ele sussurrou.
— Diga. — Caminhei com cuidado, com medo de pisar em algum brinquedo.
— Tem uma criança seguindo a gente — ele disse.
— Harry, se concentra no bolo.
A loira voltou com o dinheiro e nos direcionou para o lugar onde o bolo deveria ser colocado.
— Muito obrigada... — ela disse. Deu-me o dinheiro e, em seguida, olhou para Harry, que, por sua vez, encarava a criança sorridente. — Meu Deus!
A mulher tomou um leve susto ao ver Harry e colocou a mão no peito num gesto de surpresa.
— MEGAN! — ela gritou. — Menino, já te falaram que você é igualzinho ao... ao... Megan! Vem aqui me ajudar!
— Mãe! O que é? — Uma menina loira também apareceu com metade do cabelo cacheado, metade lisa e um babyliss na mão. — Ai. Meu. Deus.
— Olá. Tudo bem? — Harry disse casualmente. Poderia até dizer que ele estava adorando a situação, se não estivesse tão assustada com a possibilidade de mais pessoas aparecerem e começarem uma muvuca.
— MÃE! É O HARRY!
A criança que nos seguia, antes em transe, correu até Harry e o abraçou. A tal da Megan já sacou um celular e tirou foto, e selfie, e ainda correu para o quarto, trazendo milhares de livros para ele autografar. Até a mãe pediu uma selfie, e a muvuca foi estabelecida em três pessoas.
Até que a campainha tocou.
— Ok, senhora... Nós vamos indo, então — disse, colocando o dinheiro no bolso e empurrando o boné do Harry para baixo.
— Querida, se importa de atender a porta? — ela falou, me ignorando.
— Oi?
No fim, estava recepcionando três meninas e tentei sinalizar para o Harry que estava realmente na hora de ir embora. Mas ele estava ocupado assinando os livros, e a menina já estava berrando para as amigas aproximarem-se.
— Puta que pariu — soltei. Fechei o portão e fui até a pequena aglomeração. De repente, virei a fotógrafa do evento.
— Harry, você podia cantar! — alguma menina disse.
— Não, meninas... Na verdade, eu acho que está na hora de ir. Não é, ? — ele disse, já meio atordoado.
— JURA??? — quase falei para ele sentar e compartilhar ‘Perfect’ com as meninas. Mas apenas o puxei para longe e vi que as meninas não pararam de tirar foto de cada movimento dele.
Ele despediu-se das meninas e da mãe, e da criancinha, e fomos embora. Antes de sairmos portão afora, eu puxei o boné dele para baixo, e o mesmo acabou cobrindo seus olhos.
, sua louca, não estou enxergando nada!
— Deixa que eu te guio. Tem carros aproximando-se. — Segurei em seu braço e o conduzi para o carro, do jeito mais sutil possível. Assim que chegamos lá, ele caiu na gargalhada. — Olha, não foi engraçado.
— Qual é, rabugentinha, foi divertido! Eu nunca consigo passar um tempo assim com as fãs e foi bem íntimo, e tranquilo.
— É... Mais uns minutinhos daquela palhaçada e iria ter show privado.
— Eu tô morrendo de fome — ele disse.
— Por que raios você não pediu para a mulher? Ela te dava a travessa toda.
— Porque eu sou educado.
Passamos em um drive-thru do Mc Donald's.
— Certo. Acabamos aqui — falei, tirando o boné da padaria.
— Então, os ingressos vocês podem tirar com a Mandy, que é uma das coordenadoras da turnê...
Harry deu as coordenadas:
— Nos vemos semana que vem, então. Depois do show, vocês passam no backstage.
“And i might never be the one who brings you flowers”, digo, antes que Harry saísse do carro.
— BOA! — ele gritou e anotou. — Eu nem te conheço, menina, mas já te amo.
— Ok — disse, rindo. — Boa sorte com a música!
“Cause i’m not good in making promisses”, é a mensagem que recebi assim que cheguei em casa.
Enquanto estava tomando banho, pensei num trecho:
“Going places we can’t even pronounce.”
“Quem precisa de Louis para compor essa droga? Posso te encontrar amanhã?”
“Tenho trabalho.”
“À noite?”
“Talvez.”
“Ótimo. Nos vemos no Hyde Park às sete.”
“Não é meio tarde?”
“Eu te protejo.”
A manhã passou correndo com as provas. Logo na hora do almoço, corri para a padaria. — Até que enfim! — disse , colocando uma touca em mim. — Acredita que a desgraçada da Amanda resolveu entrar em licença maternidade e me deixou aqui sozinha?
!
— Ué! É verdade! — Ela deu de ombros. — Enfim, amiga, vai lá com o Charlie que ele te ensina.
A tarde passou correndo com essa história de pão, peso e etiqueta. E tudo começou a ficar mais complicado com a correria e com a doida da berrando. Éramos, ao todo, cinco, mas era, de fato, uma freguesia boa que a padaria recebia. Estava tão cansada no fim da tarde que não tinha a menor vontade de compor músicas para a Taylor Swift num Hyde Park escuro com Harry Styles.
“Ei, estou muito cansada. Podemos nos encontrar amanhã?”
“Eu juro que te protejo. Longo dia na padaria?”
“Sim, e faculdade também...”
“Onde você mora?”
— Você costuma ser louco assim?
— Não, mas eu realmente estou compenetrado nessa história de ‘Perfect’. — Harry entrou na minha casa com um violão e uma mochila nas costas. — Você sabe tocar alguma coisa?
— Só teclado.
— Perfeito, eu sei alguns acordes no violão.
— Como assim alguns acordes?
— Os básicos — ele disse positivo. — Quer saber, vou ligar para o Niall. Se o Louis não quer me ajudar, o Niall topa.
Em meia hora, o loiro estava em casa.
— Certo, eu estava pensando numa batidinha assim, Niall. — Harry bateu nas pernas, e eu, e Niall, nos encaramos, achando-o ridículo. Mas, por incrível que parecesse, Niall conseguiu fazer alguma coisa com o violão.
, você tem que me ajudar com... — disse, entrando no meu quarto, de toalha. — Que porra é essa?
— Como que você não percebeu que tinha gente em casa, louca?
— Eu estava dormindo. — Ela deu de ombros, ignorando a presença dos meninos.
— Do que você precisa?
— Preciso do Robson para fotografar umas coisas para a faculdade.
Nudes? — falou Niall, rindo.
Ela olhou para ele, como se só percebesse a presença dele agora.
— Não, imbecil — disse na maior naturalidade. — Fala sério! Quão bêbada eu estava?
Ela, então, saiu do quarto, deixando Niall sem graça, olhando para mim e para Harry.
— Certo, vamos continuar — disse Harry, segurando a risada.
“But i can be the one, be the one tonight.”
— Vamos tentar uma introdução para a música, daí ela pode ir crescendo...
I might never be your Knight in shining armour e I might never be the one who brings you flowers.
— Podíamos botar algo no meio.
— Se me dão licença, vou beber água — disse Niall, largando o violão.
— Sabe onde é a cozinha?
— Eu acho, pode deixar.
— Coitado — disse.
I might never be the one you take home to mother...
— ÓTIMO! Juntamos tudo, então.
— Eu estou indo a uma festa, vocês querem ir? — apareceu, penteando o cabelo.
— Estamos trabalhando.
— Alguém disse festa? — Niall apareceu com um copo de água.
— Você está trabalhando também, Horan — comunicou Harry. — Ah, eu ia esquecendo... Isto aqui é de vocês.
Ele me entregou três ingressos do show de sexta.
— Ah, já compomos demais!
— Não deu nem uma hora, Niall.
— Ai, gente! Vamos! Leva um caderninho e vocês compõem lá!
— Olha, faz tempo que eu não curto a noite. — Harry concordou com os dois festeiros. — Que tal se a gente der uma parada, ?

Eu não acredito que, depois de um dia exaustivo, eles ainda esperavam que eu fosse com eles à droga de uma festa.
SHOT! SHOT! SHOT! SHOT!, Harry e Niall estavam no meio de uma rodinha, competindo para ver quem bebe mais. Ótimo.
Harry desistiu e foi para perto de mim.
— Vamos lá, menina! Deixa de ser marrenta!
— Eu só estou muito cansada, Harry. Fiz muita coisa hoje. E, pelo visto, vou ter que ficar até o final disso aqui porque sou a motorista da rodada.
— Não quer nem uma cerveja?
— Vai dançar com eles lá, Styles. — Apontei, encorajando-o a ir atrás de Niall e , que, na verdade, já estavam se beijando na pista, mas ele me puxou junto.
Confesso que a noite até que foi bem divertida, no final das contas. O que foi podre foi a manhã seguinte em que eu fedia a bebida e meus cílios postiços estavam no meu joelho, e estava atrasada para o trabalho. Tomei uma ducha rápida e me joguei no carro.
— Querida, você está péssima — disse . — Foi à farra ontem, é? Olha que eu já perdi uma grávida, não quero perder outra.
— Cala a boca, . — Peguei a touca e fui ao balcão da padaria.
Graças a Deus, o dia de hoje foi mais tranquilo que ontem e pude curtir a ressaca um pouco.

3.


! Cadê meu rímel?
— Tá doidinha para ver o Horan, né? — disse, rindo, e recebi uma almofada na cara.
— Cala a boca! Ele é patético!
— Não é o que você acha quando está bêbada.
— Exatamente.
— Imagina o que você faria se estivesse chapada, hein?
— Sai daqui, .
— A gente come lá dentro!
— Lá dentro é uma fortuna!
— É nada, !
! Vamos comprar cachorro quente! Olha o moço vendendo ali!
— Isso é a cara da intoxicação, miga.
ficou murmurando quando entramos na fila.
— O Styles nem pra conseguir um lugar melhorzinho pra gente.
— A gente estamos nas primeiras fileiras, .
— Robson, só a ignora. É isso que eu faço.
No fim, acabamos não resistimos e compramos os cachorros quentes suspeitos, mas tenho que confessar que até que estavam gostosos.
Quando o show começou, e Robson simplesmente se revelaram os maiores fãs da banda, berrando e cantando todas as letras das músicas. Eu, sinceramente, estava impressionada.
Na penúltima música foi quando tudo desandou; senti uma pontada na barriga e logo sabia: cachorro quente. Nem avisei aos dois, que berravam e dançavam, apenas corri para o banheiro, onde permaneci por meia hora.
?! — gritou . — Você está aqui?
— Estou! Ou, pelo menos, o resto que sobrou está! — resmunguei.
— Eu e o Robson ficamos preocupados.
— Ficaram nada!
— Talvez, não tenhamos ficado mesmo... Mas, enfim, tá tudo bem?
— Eu disse que aquele cachorro quente não prestava, porra!
— Entendi! Mas ó! A gente não ia ao backstage?
! Vai pra porra, sua idiota! Vai à droga do backstage com o Robson que eu não tô em condição de encarar os meninos nesta situação.
— Ok, amiga. Mas fica bem. Depois, volto para te buscar.
Uns bons minutos se passaram quando me chamaram:
? — a voz de Harry entrou no banheiro. — Credo! Banheiro de estádio é podre mesmo, né?
Sua voz ficou nasalada; provavelmente, porque ele estava prendendo a respiração:
— Você tá dentro do banheiro feminino?
— Já foi todo mundo embora! A e os meninos estão lá fora conversando.
— Você poderia ter esperado lá fora, querido.
— Tem mais graça entrar no banheiro feminino. Mas, vem cá, você vai demorar? A produção vai fazer uma festinha pós-show agora e queria saber se você quer ir também.
Dei descarga e saí, me deparando com o Harry tapando o nariz e arrumando o cabelo no espelho.
— Ah! Que bom que você tá viva! — ele disse, sem tirar a mão do nariz.
Enquanto eu lavava as mãos, conferi o estrago pelo espelho.
— Olha, não vai rolar pós-show, desculpa — disse, secando as mãos. — Mas a e o Robs vão querer ficar com certeza.
, você está verde — disse .
— Estou — assenti.
Conheci o Liam, que era o único cara da banda que eu ainda não conhecia.
— Bom, gente, eu vou deixar a na casa dela e encontro vocês depois.
— Não precisa, Harry — falei. — Eu vou de metrô.
— Nessa condição? — perguntou . — Deixa o moço te levar, amada.
Despedi-me dos meninos e segui com Harry para o estacionamento.
— Vou pegar a van para te levar, sinta-se privilegiada.
— É o mínimo para quem está te ajudando a compor ‘Perfect’.
No caminho para casa, fui deitada no banco de trás da van. Exausta. Olhava Harry concentrado dirigindo e me senti repentinamente inspirada, e escrevi três versos:

“When i first saw you”
“From across the room”
“I could tell that you were curious”


Não avisei a Harry de imediato que tinha escrito mais três versos porque, primeiro, eu estava me referindo a ele na Funky Buddha. Segundo, ele não sabia que eu tinha escutado a conversa dele e do Louis, e não queria passar vergonha agora que eu estava debilitada, e, por fim, terceiro, não queria que ele batesse o carro, do jeito que era louco.
Harry fez questão de me levar até o apartamento e conferir se eu estava bem mesmo. Menos verde, talvez.
— Tchau, queridíssima. Vejo você logo mais para compormos.
— Confere seu celular depois. — Dei uma piscadinha e fechei a porta.
Antes de dormir, recebi a seguinte mensagem:

“Girl, I hope you’re sure
What you're looking for
'Cause I'm not good at making promises”


“Fechamos mais uma estrofe”.

4.


Rendezvous?
— É! Eu adoro palavras francesas.
— Não é meio pretencioso?
, que música estamos compondo? ‘Perfect’? Taylor?
— Sutileza zero? — disse Louis. — Bom, queridos, vocês estão com sorte que eu resolvi topar esse projeto.
— Só porque eu sou bonita.
— Também. Mas, olha, se a música é ‘Perfect’, a gente tem que ver tudo isso junto...
Louis continuava falando e falando, e não saia do lugar. Dei uma olhada para Harry, que estava bem sério prestando atenção.
Ele conclui com a frase “Baby, i’m perfect for you” e comemos batatas rosti.
— Ah! Vou precisar vazar, crianças.
— Quê? Você manda uma frase e já vai vazar?
— O Niall, naquele dia, não fez porra nenhuma, a não ser encher o cú de cachaça — disse.
— E eu tenho um encontro agora, seu jumento.
— Vai lá, Louis. A gente se vira. — Tomei partido na conversa, e Louis pegou suas chaves e saiu,
— Olha, eu não sei se isso é importante para você, mas eu realmente preciso terminar esta droga de música — disse Harry, frustrado.
Calm down, crazy — eu disse, rindo e bebendo um gole de refri. — A música está quase pronta.
— Quer sair também? Podíamos sair para jantar — ele falou todo bipolar. — Eu realmente preciso relaxar e parar de pensar nesta droga por um minuto.
— A gente podia ver um filme e depois jantar.
— Acontece que eu não estou podendo ir ao cinema. Em lugares públicos, sei lá.
— Vamos ao seu telhado, então!
— Você é incrivelmente louca — ele disse. — Mas brilhante também.
Levamos o computador e uns lanches aleatórios ao telhado de Harry. Demos um jeito.
Antes de ver o filme, porém, ficamos vendo as estrelas e conversando:
— Conhecer você foi bem legal, sabe, ...
— Eu gostei de conhecer você também, compartilhar loucuras e blá, blá, blá.
— É — ele disse e sorriu. — Obrigado por estar fazendo isso comigo...
— De nada.
A conversa fluiu tranquilamente e nos esquecemos de ver qualquer filme. Passamos o resto do tempo conversando e nos conhecendo mais.
— Harry, está ficando tarde... Vou chamar um táxi.
— Tô cansadaço, mas vou te dar uma carona...
— Tô aceitando — disse.
Ele desceu e me ajudou a descer também.

5.


‘Perfect’ estava quase nos finalmente. O arranjo musical dela estava uma lindeza. Passei a semana visitando o estúdio dos meninos e conhecendo gente da produção. Consegui até um emprego para trabalhar com eles, mas eu já tinha algumas entrevistas de emprego marcadas.
Niall e estavam namorando. De alguma forma, isso aconteceu.
E, em um belo dia, eu estava trabalhando toda linda na padaria e aconteceu uma treta ridícula entre mim e o Harry. A culpa sendo logicamente dele porque eu estava preocupada em entregar o brioche para a senhora.
, pelo amor de Deus! Eu perdi o caderno.
— Harry, eu estou trabalhando.
— Eu também estava até perder o caderno!
— A senhora vai querer de chocolate ou de creme?
! Pelo amor de Deus!
— Pelo amor de Deus digo eu, Harry! Deixe-me terminar aqui que a gente termina. Vai lá tomar um chá, cacete!
Aconteceu que Harry estava meio obcecado com essa história de ‘Perfect’ e, agora que ela estava no final, estava uma pilha de nervos. Louis já tinha me falado para nem ligar, que aquele menino era o mais cavalheiro quando queria, mas quando fica nervoso era um pé no saco. Isso não impediu Harry de ir até a padaria, puto da vida, reclamando e fazendo show. E isso me fez ser demitida, já que estava de férias e a gerente substituta me colocou para fora.
O que nos levou a hoje, duas semanas após o ocorrido, em que eu e Harry não nos falamos, embora ele mandasse mensagens e visse ao apartamento. Teve um dia em que jogou café nele, e Niall terminou com ela, mas, depois, eles se entenderam de novo e já estavam no quarto ao lado.
Ok.
Porém, hoje, eu acordei inspirada, estava chovendo, e eu queria ir a um lugar que pessoalmente amo. Liguei para ele, mas deu caixa postal. Fui até sua casa, mesmo na chuva.
— Oi — disse quando ele abriu a porta.
— Você fica há duas semanas sem falar comigo e aparece na porta da minha casa, totalmente encharcada, só para eu me sentir pior, né?
— Eu passei na padaria e peguei esse cupcake para você. — Lhe entreguei a caixinha. — É red velvet.
— Meu favorito é o de menta.
— Bem que Louis disse que você é um pé no saco quando quer.
, eu adoraria te deixar aí fora na chuva, mas vamos entrar?
— Não, bobo! Você vem comigo desbravar Londres para acabarmos a música.
— Aquela droga? , eu já desisti daquilo. Eu já estava muito louco e fora de mim. Amanhã vou até passar uma temporada em Holmes Chapel.
— Harry, amanhã, você faz o que você quiser. Mas, hoje, nós vamos terminar essa música. E, digo mais, nós vamos cantá-la inteirinha. Porque até violão eu trouxe. — Apontei para meu carro.
— Cara, a van da padaria era bem melhor.
— Vai à merda. — Puxei-o para a chuva e fomos até a London Bridge. — Meu namorado terminou comigo, sabia?
— Porra! É sério isso?
— Falei no telhado, naquele dia, para ver se você não me beijava.
— Eu iria te beijar mesmo, mas aí você falou dele.
— Exatamente — ri com ele. — Então, London Bridge é meu lugar favorito da Londres inteira. Eu venho desde que era criança com meus pais.
— E não há melhor lugar para compor a música.
— Terminar de compor — corrigi. — Se vamos seguir com isso aqui, preciso te contar uma coisa...
— Ave Maria, .
— É que quando você foi mostrar a música ao Louis naquele dia, eu escutei o trecho, antes de você vir mostrar a mim.
— Que xereta! É sério isso?
— Sim, mas, já que esclareci isso, vamos compor...
, eu só fui falar com você porque você estava tomando Baden Baden.
— Foda-se, Styles... O meu era mais importante.
— Tá. Vamos compor, então.
Ficamos a tarde inteira, durante a chuva, debaixo de árvores, em padarias, pela London Bridge, correndo pelo campo. Um casal lindo de se ver. Compositores.
E então, nossa filha finalmente acabou sendo feita.
“So let’s start right now”.
— Puta que pariu. Puta que pariu. — Harry disse, jogando o caderno para cima.
— ACABAMOS, PORRA! — dei um berro.
Abraçamos o outro, gritamos e, do nada, Harry me puxou pela cintura e me deu um beijo.
— Garota, você foi uma das melhores coisas que já aconteceu a mim em meses!
— Eu sei, eu sei! Quer fazer o que para comemorar?
— Tem várias coisas que eu queria fazer com você agora, sério! — ele disse, sem pensar.
— Estranho — falei, observando-o. — Vamos tomar sorvete, então.
I might never be your Knight in shinning armour... Posso tweetar?
— Pode! É sua! — disse. — Como eu sou uma mera anônima, vou mandar um tweet para a Taylor, ok?
“Deal with it, bitch @taylorswift”.
— Quantos anos você tem mesmo?
— Cala a boca.

6.


— Quer dizer, então, que vocês realmente fizeram acontecer... — disse Louis, lendo a letra.
— Quem precisa de Zayn Malik?
— Como você sabe o sobrenome dele?
— Fiz minhas pesquisas. — Dei de ombros. — Escuta, eu posso fazer uma matéria com vocês sobre a música durante o processo de composição?
— Você pode fazer o que você quiser, depois do estresse que foi essa merda — disse Harry, enchendo a cara de cerveja. — Mas, calma, isso significa que...
— Eu consegui um emprego.
— É O QUÊ? — veio correndo do quarto ao lado, meio descabelada. — Por que raios você não me contou?
— Porque você e o Niall passam 24 horas do dia enfurnados naquele quarto e eu não posso arrombar a porta toda hora, né, ?
— VAMOS COMEMORAR! — ela berrou. — Agora, tem mais gente para ajudar a pagar as contas da Primark!
— Mandem um foda-se para o Zayn também — disse Louis.
— Eu já mandei para a Taylor. Sua vez, .
— Mas eu não tenho nada contra o Zayn.
— Então, eu tenho contra você agora. — Louis falou a o mais sério possível.
— Puta merda... Já estou mandando — ela disse.
— Enfim — falei, comendo a pizza que compramos.
A gente só comíamos junk food quando estávamos compondo. Nada mudou desde então...
Alguém tocou a campainha e, quando fui atender, Liam entrou, correndo.
— EU TIVE UMA IDEIA! JÁ ESCREVI DUAS ESTROFES E SE CHAMA ‘WOLVES’!
Eu e Harry empurramos essa para Louis, que resolveu aceitar porque o nome era mais legal e não tinha ninguém na Funky Buddha neste momento.

Fim



Nota da autora: (25/07/2016) Oi ;) Espero que tenham gostado da short “So let’s start right now”, foi uma ideia que eu tive e mantive ela presa no word uns dois meses. Daí peguei para escrever e nesse intensivão da última semana de férias entre estudar pro vestibular, escrevi essa queridinha. Se gostaram, agradeço se derem aí um comentário batuta e recomendem pros migos. Beijão!




comments powered by Disqus




Qualquer erro nesta atualização são apenas meus. Para avisos e/ou reclamações, somente no e-mail.
Para saber quando essa linda fic vai atualizar, acompanhe aqui.



TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SITE FANFIC OBSESSION.