The green in his eyes

Finalizada em: 30/08/2020

Capítulo Único


Louis’ POV

Eu e os meninos havíamos conseguido um final de semana de folga e uma casa de praia para passar aqueles dois dias. Tudo estava perfeito, dentro de pouco tempo iríamos lançar o último álbum e eu não poderia estar mais tranquilo.
No fim da tarde tivemos a ideia de acender uma fogueira e Niall, claro, carregou seu inseparável violão enquanto ia saltitando pela areia como uma criança. Liam já estava mais à frente organizando as coisas. Ri com o pensamento de que, se não fosse por ele, sinceramente, a casa já nem estaria mais em pé. Diminuí a velocidade para que Harry pudesse me alcançar. Virei para ele, que sorriu chegando do meu lado. Enquanto caminhávamos juntos até onde nossos amigos se encontravam, senti seus dedos por duas vezes tocarem os meus de forma leve, e não pude deixar de sorrir.
O sol já havia se posto há pelo menos uma hora e nos encontrávamos levemente alcoolizados. Niall ria desesperado de alguma piada que Liam contava, ao mesmo tempo em que iniciava uma nova música no violão. Busquei os olhos de Harry, que estava ao meu lado e ria observando os outros dois. Então ele virou para mim e abriu boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompido pelo toque do meu celular. Tirei-o do bolso e senti minha boca secar quando vi o nome de Brianna na tela. Levantei sem deixar que ele visse quem me ligava e me afastei sorrindo de forma a tranquilizar Liam e Niall, que me olhavam de forma curiosa.
A ligação foi relativamente curta. Tudo o que ela tinha a me dizer era que estava chegando ali amanhã cedo e que estava animada em me ver. O único problema era que eu não estava nem um pouco animado. Pra falar a verdade, Brianna era a última pessoa que eu queria ver naquele momento. Mas não havia muito o que eu pudesse fazer. Eu já não tinha mais forças para negar as coisas que me eram impostas, mesmo que todos os meus últimos pseudo-relacionamentos tivessem terminado de forma desastrosa porque eu não aguentava viver sob aquela máscara por muito tempo.
Quando desliguei o telefone, voltei até a fogueira e dei por falta de Harry, sentindo meu estômago afundar.
— Hey — Niall me disse e pareceu preocupado com a reação que eu pudesse ter — Ela tá vindo pra cá, né? — Ele disse já sabendo da resposta provavelmente entregue pela minha cara de enterro. Eles com certeza tinham compreendido o conteúdo da ligação — Ele foi por ali… — Niall apontou na direção de uma das trilhas que ficavam ao lado da casa e davam na direção da praia. Apenas assenti rapidamente e pude vê-lo trocar um olhar preocupado com Liam antes de me afastar.
Caminhei alguns poucos minutos mata a dentro e cheguei ao final da trilha. Era um lugar cheio de rochas, algumas mais altas e outras mais baixas. Harry estava sozinho sob a mais alta delas e, como se fosse possível, mais lindo do que nunca. A luz da lua iluminava seus fios castanhos dando-lhes um toque quase sobrenatural. Me aproximei devagar, satisfeito com o som das ondas encobrindo qualquer outro que pudesse denunciar minha presença.
Antes de me sentar na pedra ao seu lado, pude ouvir por um breve momento que ele soluçava baixinho. Meu coração pareceu ficar mil vezes menor no peito. Se tinha uma coisa que me machucava era vê-lo chorando, e o que tornava tudo ainda pior era saber que o motivo era eu.
— Harry? — Chamei quando ocupei o lugar ao seu lado, fazendo com que se assustasse.
— Hey — Ele respondeu visivelmente constrangido enquanto enquanto secava as lágrimas, mantendo a cabeça baixa.
Passei um dos braços por seus ombros e ele sorriu em resposta, mas pude senti-lo se encolher sob meu toque.
— Você… Eu achei que deveríamos conversar sobre o que aconteceu lá. — Deixei o silêncio se instalar caso ele quisesse protestar de alguma forma contra aquela conversa, mas como ele permaneceu quieto, resolvi continuar. — Você sabe que não têm sido fácil, Hazz… As coisas pelas quais eu tenho passado, as coisas saíram do controle, mas eu nunca planejei isso. Você sabe que eu não convidei ela pra vir com a gente. Era pra ser um final de semana só nosso e dos meninos. — Senti ele se mexer e fiquei em silêncio.
Harry finalmente levantou os olhos profundamente verdes e por alguns segundos eu me esqueci o motivo que me fez ir até ali. Tudo o que importava era ele sentado ao meu lado e a brisa leve que trazia seu perfume até mim aquecendo cada um dos meus nervos. O único problema era a tristeza profunda que seu rosto exprimia. Deus! Como eu queria beijá-lo bem ali, queria protegê-lo do mundo e de todas as pessoas que julgavam o que nós sentíamos. Queria gritar pra cada uma delas que nada nunca me tiraria de perto dele.
— Harry, eu… Eu vou conversar com ela amanhã. Vou contar toda a verdade…
— Não — ele abriu a boca pela primeira vez e sua voz saiu ainda mais rouca que o normal, quase em um sussurro — Por favor. Eu não aguento mais, Lou. Nós dois sabemos exatamente o que acontece agora. Se ela está vindo pra cá, com certeza alguém da imprensa já sabe e a última coisa que eu quero é jornalista caindo em cima querendo notícias sobre outro término teu. Eu não vou suportar ler mais nenhuma notícia — Harry parou brevemente e olhou para a frente, respirando fundo e passando a mão pelos cabelos — Eu vou voltar para a cidade amanhã bem cedo. Vou avisar aos meninos que ninguém precisa ir comigo — Ele se afastou um pouco fazendo com que eu retirasse minha mão de seu ombro.
— Hazz, você… Não tá falando sério, né? — Minha voz saiu completamente trêmula e Harry percebeu, pois duas lágrimas caíram suaves de seus olhos — Você sabe que eu não posso enfrentar isso sem você. Se não fosse por tudo isso, por nós, eu já teria desistido há muito tempo. Eu só continuo lutando pra que a gente possa se ver livre como deve ser, mas eu preciso de você ao meu lado — Harry sorriu de lado e levou uma das mãos até a lateral do meu rosto colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e fazendo em seguida um carinho delicado com o polegar. Fechei os olhos e inspirei o ar profundamente. — Por favor.
Quando voltei a olhar para ele, sabia que alguma coisa havia mudado. Harry me encarava como se buscasse por respostas no fundo dos meus olhos. Aproximei lentamente meu rosto do seu e depositei um beijo suave logo abaixo de um de seus olhos, onde uma lágrima acabara de cair.
— Por favor — Pedi mais uma vez e coloquei minha mão sobre a sua que se mantinha em minha bochecha.
Sem responder nada, ele baixou a mão e olhou na direção das ondas, suspirou e secou o rosto mais uma vez.
If I could fly, I'd be coming right back home to you… — Harry começou a cantar com a voz por um fio. Levei alguns segundos para reconhecer a música, mas então lembrei de tê-lo ouvido cantarolando a melodia algumas vezes naquela semana — I think I might give up everything, just ask me to — Voltou a olhar para mim e sorriu de forma doce.
— Harry… Isso é… — Busquei por palavras que não vieram naquele momento.
— Você é a minha casa, Lou — Ele disse simplesmente, fazendo referência ao verso cantado — É o único lugar para o qual eu penso em voltar quando me sinto perdido. É a única coisa que eu quero no fim do dia, mas, se eu não posso sentir você inteiramente comigo, então eu prefiro… — Não consegui deixar que ele continuasse. Suas palavras carregadas de verdade e tristeza pareciam me queimar. Então, sem pensar duas vezes, juntei nossos lábios. De início, Harry não reagiu, mas então senti sua língua pedindo passagem e deixei que encontrasse a minha, dando início a um beijo calmo. Eu ainda podia sentir o gosto das lágrimas, mas o toque de suas mãos me acalmava.
Harry encerrou o beijo com um selinho, se afastou e, quando abri meu olhos, pude ver que sorria. Sustentei seu olhar por alguns segundos e então ele olhou para baixo, deixando que uma risada escapasse e eu o acompanhei. Naquele momento minhas costas pareciam extremamente mais leves e até as ondas quebrando logo ali abaixo pareciam comemorar o momento. Era aquele o efeito de Harry sobre mim. A sua forma doce e quase pura de encarar a vida me dava forças pra sair da cama pela manhã e de alguma forma colocava meu mundo de volta no lugar.
— Quer saber como termina a música? — Ele perguntou enquanto encostava a cabeça no meu ombro — Bom, quer dizer… Não tá pronta ainda. Talvez eu mude algumas coisas…
— Eu quero — Respondi rindo brevemente e entrelacei nossas mãos, fechei os olhos e deixei que ele continuasse.
A música era simplesmente linda. Provavelmente uma das nossas composições mais perfeitas e, se fosse para o álbum novo, seria um sucesso com certeza. O talento de Harry era tão óbvio que nem me surpreendia mais. A forma como ele parecia imprimir pedacinhos de sua alma em cada canção. Elas eram sempre reais demais, demonstravam coisas demais. Eram delicadas e fortes no mesmo nível, assim como ele era.
E conforme ele cantava, os versos iam se encaixando e faziam com que meu coração acelerasse pela milésima vez naquela noite. Aquela música era sobre nós dois, sobre Harry e sobre a forma como ele sempre procurava me deixar a par de sua verdade, de seus segredos mais profundos. Era sobre saber para onde se quer voltar, e naquele momento eu sabia para onde eu queria voltar ou, pelo menos, sabia de onde nunca deveria ter saído. Desde a primeira vez que nossos olhos se encontraram eu sabia que Harry era aquele que eu chamaria de lar.
Know that I'm just wasting time / And I hope you don't run from me. — Ele terminou o verso em um sussurro e eu sabia que seu silêncio significava a espera de uma resposta, mas também revelava seu medo. Eu não poderia deixá-lo esperando por mim mais uma vez.
Abri meu olhos e encontrei os seus úmidos, me encarando.
— Eu não vou a lugar nenhum — Sorri e apertei levemente suas mãos entre as minhas. — Nunca mais. Porque eu já estou em casa.
Levei uma de minhas mãos até seu peito e senti seu coração agitado, correspondendo perfeitamente ao ritmo do meu. Ouvi Harry soltar o ar e rir em seguida. E assim, ainda sorrindo, aproximou seu rosto do meu, iniciando mais um beijo, dessa vez de forma mais agitada. Senti seus dedos procurando os fios de cabelo em minha nuca, fazendo com que eu arrepiasse. Subi a mão que estava em seu peito, copiando seu gesto e brincando com alguns de seus cachinhos.
Paramos o beijo e eu busquei mais uma vez seus olhos só para confirmar todas as minhas certezas. A garantia absoluta de que sempre estaríamos ali um para o outro. Eu resolveria tudo aquilo amanhã, mas agora nós estávamos no nosso pequeno universo contemplado apenas pela vastidão do oceano. E eu também sabia que tínhamos muito mais perguntas do que respostas. Sabia que talvez os dias não fossem fáceis e que teríamos que batalhar por cada um deles. Mas também havia algo de invencível em seus olhos, e simplesmente porque eu tinha algo pelo qual lutar, eu permaneceria me agarrando a eles até o fim.


Fim.



Nota da autora: Sem nota.

Nota da beta: Larry é e sempre será meu ponto fraco. Sua história ficou linda demais, Lenna! Fiquei emocionada! Parabéns!!! <3

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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