Prólogo
O sol quente do verão brasileiro tocava minha pele antes que eu entrasse no aeroporto. Ali começava minha nova vida.
Aproximando meu corpo, o sensor abriu a grande porta. Com o pé direito entrei no grande salão, repleto de pessoas apressadas, famílias chorosas e alguns preguiçosos dormindo com os pés sobre as bagagens. Ao meu lado; apenas minha mala e um violão, este que fora um presente de minha mãe durante minha adolescência.
Minha família, como sempre muito ocupada, até mesmo para despedidas.
Depois de três anos trabalhando como Produtora Musical na Universal Music Brasil, e com grandes nomes da música nacional, finalmente meu maior sonho tinha se realizado; ir para o maior mercado de música do mundo: Estados Unidos da América.
Minhas pernas sempre falhavam quando me dava conta de que isso estava acontecendo.
Lembro-me claramente do dia em que tudo aconteceu.
Mexia em alguns botões da grande mesa de som, enquanto Sandy proferia a letra de sua nova canção na cabine em frente. Solicitei uma pausa, alguma coisa não estava sonoramente bem. Ainda não tinha certeza, mas queria explorar o máximo que pudesse da capacidade vocal daquela mulher.
- Sandy, vamos tentar subir um tom nesse refrão? – disse com os lábios próximos ao microfone para que ela pudesse me ouvir de onde estava. – Talvez uma transição da voz de peito para a de cabeça daria uma explosão maior para essa estrofe, a deixaria mais marcante.
Ela concordou com um sorriso no rosto, talvez estivesse pensando o mesmo que eu.
- Então vamos da ponte. – desliguei meu microfone e soltei a base da música novamente.
Assim que o refrão começou, ela fez o combinado e eu senti que era realmente aquilo que faltava para a música ficar incrível. Foram algumas horas de gravação até o almoço. Todos foram liberados, e eu continuei no estúdio, como sempre. Me distraia tanto editando os vocais da música que não percebi quando Carlos Machado, meu chefe, entrou.
- Nossa, isso está ficando muito bom, . – ele sorriu. – Parabéns!
- É um trabalho em equipe e você sabe disso, Machado. – sorri com a mesma simpatia que a dele.
- Bom, tenho uma notícia para te dar. – puxou a cadeira que estava ao meu lado. – Posso me sentar? – apenas maneei a cabeça confirmando e ele concluiu o ato. – , você sabe que é uma de nossas melhores profissionais. Com apenas 24 anos já conseguiu muito mais que muitos carrancudos por aí. – ri com a maneira quase fraternal com a qual falou. – Mas, eu sabia que essa hora chegaria. – ele deu uma pequena pausa, para dramatizar. Típico de Carlos Machado. – Republic Records entrou em contato e eles te querem com eles, para produzir o novo álbum do Shawn Mendes.
Meu sorriso rapidamente se desfez para uma feição de surpresa. Aquilo só poderia ser uma pegadinha, Carlos não poderia estar falando sério.
- Parabéns, . – ele disse se levantando. – Você vai para Nova Iorque.
Capítulo 1
“I am about to make a brand new start of it right there in old New York.” – Frank Sinatra, New York
Duas semAnnas em Nova Iorque e nenhuma refeição decente, se minha mãe soubesse, mandaria que eu entrasse no próximo voo para o Brasil sem pensar duas vezes.
Eu andava pelas ruas próximas ao prédio no qual a Republic Records alugou-me um apartamento, a procura de um restaurante que me oferecesse mais que comida congelada ou hambúrguer.
Na esquina com dois hotéis, encontrei um restaurante com um ambiente familiar e agradável, resolvi que esse seria o meu point diário até eu decidir ir ao mercado e fazer compras.
O local tinha uma iluminação parcial e uma decoração toda em madeira, algo bem rústico para NY, diga-se de passagem. Talvez por isso eu tenha gostado. Faltava apenas saber se a comida era tão boa quanto o estabelecimento.
Pedi um Fettuccine ao molho Alfredo, e um vinho tinto para acompanhar. Hoje seria meu primeiro dia no novo emprego, e por mais que estivesse sozinha, merecia ser comemorado. E nada melhor para comemorar do que o nosso bom e velho Cabernet Sauvignon.
Aproveitei cada detalhe do sabor daquele almoço, que estava incrivelmente maravilhoso. Meu celular apitou, dizendo que já estava em minha hora de ir. Fechei a conta e prometi ao garçom que voltaria, não menti.
Parei o primeiro táxi vazio e pedi para que me levasse até o prédio da gravadora. Assim que o dei o endereço, o rapaz tocou o pé no acelerador para que chegássemos o mais rápido possível.
Olhei para cima, ainda sem acreditar que estava ali. O prédio espelhado refletia os poucos raios de sol da cinza Nova Iorque, o letreiro, demasiadamente grande, indicava que eu estava no local certo. Passei por alguns seguranças que me observaram dos pés a cabeça; passando por meu all star branco, meu momjeans de lavagem azul e minha blusa básica, também branca, até pousarem no crachá que me foi entregue assim que pousei em Nova Iorque por , meu colega e, assim como eu, produtor do novo álbum de Shawn.
Assim que perceberam que eu era uma funcionária, sorriram largamente me desejando um bom dia de serviço.
Passei pela recepção, onde uma menina de cabelos ruivos me indicou a direção para qual deveria ir.
Nosso primeiro encontro seria na sala de reuniões, discutiríamos o que Shawn queria para o novo álbum, o que gostaria de passar para seu público.
Os corredores extremamente brancos e repletos de quadros com fotos de artistas que já gravaram por ali me deixavam um pouco nervosa, a ficha só cairia quando eu estivesse dentro do estúdio, com Shawn na cabine e gritasse “gravando”.
Dei dois toques baixos na porta preta, que foi aberta por .
- Ei, . – ele me deu um abraço tímido. – Estávamos esperando por você. – olhei para a mesa e vi que estávamos nós dois, os músicos e alguns técnicos de som. O artista ainda não tinha chegado. – Senta aí que o Mendes já está no elevador.
Me sentei ao lado de Matt, técnico de som que no meu primeiro dia na cidade, também foi ao meu encontro no aeroporto, junto com .
Trocávamos poucas palavras até que Shawn Mendes entrou na sala ao lado de seu empresário e sua assessora.
Sorriu para todos na mesa, sendo o mais simpático possível, e logo sentou-se.
- Bom, primeiro iremos começar com as apresentações, já que temos um rosto novo na mesa. – , que era quem guiava a reunião, disse em meio a sorrisos. – Gente, esta é , nova produtora da Republic. Importada diretamente do Brasil para acrescentar seu talento em nossas produções. Ela estará conosco no caminho até a finalização deste álbum. – ele apontou para mim, que apenas acenei com um sorriso tímido nos lábios. – , esses são: Mario Garcia, empresário do artista, , assessora do artista e Shawn Mendes, o artista. – deu uma risadinha. Como se eu não soubesse quem é Shawn Mendes, né?
Sorrimos e prosseguimos a reunião, que fora bem produtiva. Começaríamos as gravações daqui dois meses, assim que Shawn tivesse finalizado todas as composições para o disco.
O empresário fora embora com o artista, e sua assessora ficou para que resolvesse umas questões de direitos de imagem e divulgação com nosso responsável pelo Marketing do álbum.
A garota tinha belos cabelos pretos que caiam em seu ombro, e olhos tão escuros quanto os fios lisos, e sua pele alva contrastava com eles de maneira quase gritante. Seu sorriso era sincero e muito bonito. Ela transmitia uma segurança surreal.
Depois que trocou ideias com o rapaz do Marketing, caminhou até mim.
- Finalmente alguma mulher nessa equipe. – ela riu. – Não aguentava ter que vir e estar cheia de marmanjos ao meu redor. – ela estendeu sua mão para um cumprimento, o qual eu logo retribuí. – , prazer.
- Muito prazer conhece-la, . – disse, rindo do seu último comentário sobre os rapazes.
- Está afim de tomar um café? – ela sugeriu e eu sorri, concordando com a ideia. – Então vamos a cafeteria logo aqui em frente, hoje estou liberada pelo resto do dia.
Eu e a minha mais nova colega atravessávamos a rua enquanto conversávamos sobre vários assuntos, esses que iam surgindo de maneira natural, como se nos conhecêssemos a séculos.
Entramos no local e nos sentamos próximas a janela, enquanto tomávamos nossos lattes.
- Mas me diga , como que você iniciou sua carreira na produção musical? – a morena perguntou, realmente interessada.
- Bom, meu pai era músico amador, e sempre me incentivou para seguir uma carreira musical. Já que eu toco alguns instrumentos, decidi prestar o vestibular para uma das melhores escolas de música do meu país. Fiz a minha faculdade voltada diretamente para o mercado de produção. Pois sempre foi algo que gostei e me daria um bom retorno. – tomei um gole do café. – Com 21 anos entrei para a Universal Music Brasil, que foi uma divisora de águas na minha vida. Tive a oportunidade de crescer e conhecer bem o ramo. Hoje, com 24, estou aqui realizando um dos meus maiores sonhos. – eu sorri, sinceramente, e ela fez o mesmo. – E pode me chamar de .
Ela maneou a cabeça e sorriu.
- Mas e você, , como chegou onde chegou? – perguntei, querendo saber um pouco mais sobre a garota.
- Bom, fiz Jornalismo na NYU, e nunca fora meu objetivo entrar para área de assessoria, principalmente dessa galera problema, que são os artistas. – ela soltou um riso Annasalado. – Mas, assim que terminei a faculdade, estava difícil de arrumar um trabalho na área que queria seguir na época, e um antigo professor me indicou para esse grupo de assessores, no qual estou até hoje. – deu uma pausa para recuperar o folego perdido. – E bom, hoje me sinto mais feliz que tudo nessa loucura.
- E quem mais você apoia, tirando o Shawn? – perguntei curiosa.
- Bom, da Republic Records só o Liam Payne. – ela disse e eu concordei, afirmando saber quem é. – De outras gravadoras eu estou com Fergie, Miley Cyrus e Harry Styles, além dos atores que fazem parte, também.
Parei por alguns segundos, impressionada com a quantidade de pessoas famosas que rodeavam .
- E você é próxima de todos? – a curiosidade falava mais alto que eu, pude jurar que meus olhos brilhavam.
- Veja por si mesma, amiga. – ela sorriu. – Amanhã, as nove, neste endereço, vai acontecer minha festa de aniversário. – me entregou um papel com o nome da rua e o número do local, era num hotel. – Espero te ver lá. – ela sorriu largamente e eu concordei. – Preciso ir, para organizar o resto das coisas. Te vejo amanhã?
- Sim! – disse, sorrindo. Eu estava feliz, não por ir a uma festa com famosos, mas sim porque estava fazendo uma amizade.
pagou o café, me deu um beijo na bochecha e saiu em direção a rua, pedindo um taxi. Logo que ela entrou no carro amarelo, vi o mesmo sumir no trânsito de Nova Iorque.
Talvez eu fosse gostar de estar aqui.
Capítulo 2
”Tonight there's a party on the rooftop top of the world.” – Hot Chelle Rae, Tonight Tonight.
Faltavam apenas três horas para o aniversário de , e eu nem tinha saído da cama ainda. A maratona de Brooklyn99 me pegou de uma maneira, que quando vi já eram 6pm de sábado.
Decidi que deixaria Peralta e seus companheiros para uma próxima, pois ainda precisaria decidir qual roupa usaria para a ocasião.
Mais cedo, quando me ligou, disse que eu não precisaria me arrumar muito, pois iriam poucas pessoas e seria mais uma reunião no terraço do hotel. Mas, eu não iria de qualquer jeito, afinal era um hotel chiquérrimo, onde eu estaria cercada de pessoas importantes do ramo musical e cinematográfico.
Tirei todas as roupas do meu armário e da mala, afinal, procrastinei demais para organizar todos meus pertences durante a semAnna, outro motivo que faria mamãe surtar. Até que encontrei um vestido preto, de costas nuas e saia evasê, seria esse. Peguei uma sandália de tiras finas da mesma cor. Coloquei a roupa na cama e o sapato no chão, logo ao lado.
Tomei um banho calmo, afinal não estava com pressa. Assim que saí do chuveiro, decidi que o ideal seria já secar meu cabelo.
O secador lançava uma massa de ar quente para os fios, que se enrolavam em grandes ondulações, devido a escova que usava para manuseá-los. Assim que terminei o cabelo, parti para a maquiagem, e como toda minha roupa seria toda preta, decidi por fazer um olho mais simples, com uma sombra nude, e apostar no batom vermelho, ele seria a cor viva do meu look.
Com a maquiagem finalizada, coloquei a roupa e acessórios todos em prata, peguei uma bolsa, estilo wallet, num vermelho um pouco mais escuro que meu batom. Coloquei ali meu celular, e uns itens de maquiagem necessários para retoque.
Chequei o relógio digital que ficava ao lado da cama, e sua tela marcava 8pm, bem na hora.
Pelos meus cálculos, chegaria no horário certo, ou alguns minutos atrasada, mas nada gritante. Afinal, o hotel era praticamente do outro lado de Nova Iorque, eu levaria algumas horas até chegar.
Tranquei a casa e desci para chamar um táxi. O primeiro vazio aceitou fazer a corrida.
Eu observava a cidade pela janela, realmente ela nunca dorme. As luzes tomavam conta dos meus olhos, algumas eu diria que até me cegaram por milésimos de segundos.
Sem perceber o motorista já estava finalizando a corrida e eu estava em frente ao luxuoso hotel.
Paguei o homem, e desci.
- Boa noite, senhorita. – a recepcionista super simpática sorria. – Tem reserva?
- Boa noite, Michele. – disse ao ver o nome em seu crachá. – Não, estou aqui para o aniversário de .
- Claro. Seu nome por favor. – ela perguntou enquanto pegava um papel, que deveria ser a lista.
- . – disse, mantendo o sorriso em rosto.
Ela checou rapidamente, e assim que encontrou meu nome, riscou o mesmo e disse que o concierge me levaria até o local.
Segui o homem em uniforme vermelho até o elevador, lá ele apertou o andar do terraço.
- Assim que ele parar, a senhora vire à direita e encontrará o local. – ele sorriu, me indicando. Impossível todos naquele lugar serem extremamente simpáticos daquela forma! – Boa festa.
Ele soltou a porta do elevador, que logo se fechou, deixando-me num completo silêncio por longos onze andares.
Depois dos minutos, que mais pareciam horas, dentro do elevador, a porta se abriu. Segui o caminho indicado pelo rapaz e dei de cara com as portas do terraço abertas, uma música agitada tocava, mas não tão alto. A decoração era toda em balões prata, algumas pessoas estavam em pé próximo à piscina, outras ao bar, e algumas sentadas em bancos que eram espalhados pelo local. Alguns rostos conhecidos foram vistos, mas ninguém que realmente me chamasse tanta atenção.
Procurei no meio da pequena multidão, e a encontrei ao lado de Shawn e um rapaz negro e extremamente alto. Caminhei lentamente até eles, e quando a morena me viu, abriu um perfeito “O” com os lábios, e eu não pude controlar a risada quando os rapazes começaram a olhar em minha direção para entender o motivo do susto da menina.
- Quem diria que você, por trás daquelas roupas escondia esse corpão todo. – a garota disse, me dando um abraço.
- Parabéns, lindona. – eu disse em meio a risadas.
- Obrigada. – ela sorriu. – Esse é Brandon, um amigo da Assessoria. O Shawn você já conhece, nem um pouco importante. – ela primeiro mostrou o rapaz de pele negra e logo depois apontou para seu cliente, e pelo que parecia, amigo, balançando as mãos como se ele fosse descartável.
- Obrigado pela parte que me toca. – o garoto riu, e logo veio me cumprimentar com um beijo estalado na bochecha, que me paralisou por um momento, já que não estava acostumada com homens bonitos e cheirosos tão perto assim. – Quer beber algo? – ele ofereceu.
- Claro, qualquer drink está de bom tamanho. – eu disse e o rapaz foi até o bar para providenciar.
- Olá Brandon. – apertei a mão do homem, que era tão lindo quanto Shawn. – Um prazer.
falava umas coisas que não tinham muito a ver, e a gente apenas ria, a garota conseguia ter um senso de humor incrível, mesmo que um pouco peculiar.
Depois de algumas boas risadas, Mendes voltou com uma Piña Colada para mim.
- Pensei que iria gostar desse. – ele sorriu. – Acho bem latino.
Ele fez uma pose engraçada, com uma mão na cintura, imitando alguma dança latina que eu, como uma, não consegui identificar. Apenas ri, sendo seguida dos outros que estavam na roda.
- Meninos, vou roubar por alguns segundos. – pegou minha mão. – Quero apresenta-la a algumas pessoas.
Eles levantaram os copos, sorrindo e falando em conjunto para que fossemos.
Minha amiga – eu poderia me referir assim? -, me guiava pela festa, e eu observava cada mínimo detalhe, inclusive da roupa de , que estava divina. A assessora usava um vestido lápis, de cor vermelha e com os saltos bege. Sua maquiagem era simples, e seus lábios tinham apenas um gloss. Ela estava linda.
Ela segurava meu antebraço, e na outra mão dispunha de uma bebida, que não consegui identificar qual era.
Passamos ao lado da piscina, onde eu jurei ter visto Sebastian Stan e Tom Holland, mas decidi não perguntar, assim eu não iria parecer a maluca super fã da Marvel e essas coisas todas. Até que diminuiu o passo e eu percebi que tínhamos chegado onde ela queria. Um rapaz alto, de cabelos castanhos estava conversando ao telefone quando chegamos. Suas costas eram largas e sua pele bem clara, ainda não tinha o reconhecido, mas sua roupa despojada indicava que ele era algum cantor de hip-hop ou R&B. Seu perfume podia ser sentido de longe, era muito caro, com certeza era.
Assim que ele virou de frente para e eu, ele abriu um sorriso, e logo os braços. Foi quando eu o reconheci. Liam Payne estava ali na minha frente.
Ele e se abraçavam como velhos amigos. Quando soltaram o abraço, ele me olhou com curiosidade.
- Liam, essa é , nova produtora da Republic. – ela sorriu e ele estendeu a mão, eu fiz o mesmo. – Ah, mas como estamos entre amigos, pode chama-la de .
Ri com a atitude da garota. Ok, estávamos entre amigos, então?
- Um grande prazer te conhecer, . – a maneira que o sotaque britânico do rapaz soava ao pronunciar meu apelido me fez sentir um frio na espinha. tinha que parar de me apresentar homens bonitos. – Finalmente acertaram escolhendo uma pessoa jovem para equipe de produção, hm? – disse.
- Claro. Foi uma surpresa, mas uma daquelas ótimas, que a gente nem pensa, só aceita. – eu ri fraco e ele concordou com a cabeça.
- Você não é daqui, né? – o rapaz perguntou.
- Brasil. – sorri. – Sei que já esteve lá, quando estava na banda. Minha irmã mais nova foi ao show.
Ele sorriu verdadeiramente.
- País incrível, e parece que as pessoas são tão incríveis quanto ele. – ele sorriu galanteador. E , já um pouco alterada pelo álcool, soltou uma gargalhada que nos fez acompanha-la de tão contagiante que foi.
Depois de alguns copos de Piña Colada e um bom papo com Liam, percebi que precisava ir ao banheiro. Sussurrei o anuncio no ouvido de minha amiga.
- Mas volte pra cá, . Styles está chegando, quero que você o conheça também.
Concordei e fui até o banheiro.
Depois de esvaziar todo o liquido do meu corpo – exagerada, mas só as vezes -, retoquei a maquiagem e fui em direção ao local onde estávamos com Liam. Mas, dessa vez, tinha outra pessoa por lá.
Seus cabelos castanhos, que pelos pôsteres de minha irmã eu jurava serem mais longos, estavam agora em um pequeno topete. Sua calça preta era tão apertada, que por um momento me questionei como ele conseguiu entrar nelas. Sua camisa branca estava por baixo de um sobretudo da mesma cor de sua calça, nos pés, uma bota, também preta.
Eles estavam distraídos em uma conversa, que não perceberam quando me aproximei, ficando perto de .
- Voltei. – olhei para a morena, que soltou um gritinho animado.
Pude perceber olhares curiosos por parte do outro britânico que chegara recentemente. Ele me Annalisava dos pés a cabeça, parando por um pouco mais longo em minhas pernas.
- Harry. – disse e rapidamente pude perceber o garoto saindo do transe. – Essa é a . Nova produtora da Republic.
Dei meu melhor sorriso, o garoto fez o mesmo e eu senti minhas pernas falharem. Aquele sorriso me deixou desconcertada por alguns segundos, e se não estivesse me segurando, eu, com toda certeza, teria demonstrado o nervosismo.
- Pode me chamar de . – disse, assim que nossas mãos se encontraram.
- Prazer. – ele sorriu mais ainda. – Harry, como ela mesma já disse. – ele indicou com a cabeça, já que estávamos com as mãos unidas. Talvez, por mais tempo que o usual. – Então você é a brasileira que o Liam comentou?
- Eu acho que sim. – ri, por saber que eu estava sendo tópico de conversas entre eles, durante minha ida ao banheiro. – Espero que tenha falado bem. – olhei para Payne com um olhar desconfiado.
- Te conheço pouco, mas já te considero. – ele disse, brincalhão. – Só palavras boas, . – só consegui rir de seu comentário. – O que acham de mais drinks para nós? – a pergunta foi retórica, já que ele já levantava e pegava os copos vazios. – Vem, , vamos pegar mais bebidas.
Os dois foram em direção ao bar, me deixando ali sozinha com um completo desconhecido.
Tudo bem, o cara era famosos, eu sabia seu nome, e conhecia algumas de suas músicas. Mas, mesmo assim, não o conhecia.
- Então. – Harry percebeu que eu estava muito quieta e tentou engatar um assunto. – Você está a quanto tempo nos Estados Unidos?
- Duas semAnnas, e já está sendo uma loucura. – ri baixo, me apoiando de costas ao parapeito, assim como ele.
- Imagino. Você está produzindo o Shawn, é isso? – sua voz rouca soava como melodia para meus ouvidos, mesmo que estivesse um tanto distante dos mesmos.
- Sim. Mas apenas esse álbum, e ainda nem começamos, só daqui dois meses. – disse, enquanto olhava para um ponto qualquer no meio da festa. – Pelo visto, ficarei produzindo álbuns esporádicos. Nada fixo com algum artista. – ele se inclinou um pouco mais, incentivando que eu continuasse a falar. – O que eu acho uma puta oportunidade, já que eu posso ter vivencia em produzir diferentes estilos musicais.
Ele sorriu largamente.
- E você faz mais relacionado a música, além de produzi-las? – ele realmente parecia interessado em minha vida. Ok, Harry Styles estava querendo saber de mim!!
- Bom. – pigarreei. – Eu toco alguns instrumentos e componho as vezes. – pude ver seus olhos brilhares e seu sorriso crescer ainda mais. – Mas nada que vá a público, prefiro trabalhar das coxias. – sorri.
- Espero um dia poder ouvir alguma dessas composições. – ele disse, finalizando nossa conversa, já que e Liam vinham em nossa direção.
A cidade brilhava, e eu conseguia ver tudo dali.
A festa estava só começando, e minha vida em Nova Iorque também.
Capítulo 3
“New York City, please go easy on me tonight.” – The Chainsmokers, New York City
Acordei com uma chuva que praticamente pedia para entrar em casa. Não via uma dessas desde o dia que fiquei uns meses em São Paulo. Era torrencial e acompanhada de uma nuvem escura. Hoje seria o dia de ficar em casa.
Já tinha passado um mês da minha chegada, e duas semAnnas da festa de . Nós estávamos cada vez mais próximas, o que me deixava confortável com o fato de não estar completamente sozinha em NYC.
Depois do banho, coloquei outro pijama. O aquecedor mantinha o apartamento em uma temperatura agradável.
Meu celular vibrava em algum lugar do imóvel, mas eu não sabia onde. Durante uma procura mental, lembrei de ter o colocado sobre a cama antes de ir ao banheiro. Tateei a cama e encontrei o perdido, e nele, duas chamadas perdidas de .
- Finalmente me retornou. – a assessora dizia do outro lado da linha.
- Bom dia para você também, amiga. – ri.
- Péssimo dia, . Estou presa no táxi por conta dessa chuva. Mas, por ironia do destino estou a uma quadra daí. Se importa de me abrigar até a chuva passar? – ela praticamente suplicou.
- Claro, já vou te liberar para a portaria. – eu disse e pude ouvir gritinhos de comemoração. – Estou te esperando.
Dei uma pequena organizada nas roupas de cama, e guardei algumas partituras e papeis com rascunhos que estavam jogados sobre a cama. Não poderia receber com a casa bagunçada.
Depois de quinze minutos, já batia loucamente em minha porta.
- Bom dia... – parei para observar a garota encharcada pela chuva. – Meu Deus! Vá direto pro banheiro tomar um banho quente. Vou te levar uma toalha e preparar um chocolate quente para nós. – eu dizia enquanto empurrava a menina para o banheiro.
No meu quarto, abri o guarda-roupas e peguei uma toalha e uma muda de roupas mais quentes para minha amiga. Abri a porta do banheiro e as deixei em cima da bancada, rapidamente. Corri para cozinha, e me empenhei em fazer o melhor chocolate quente possível, tentei até lembrar a receita de minha avó. Não ficou idêntico, mas ficou igualmente delicioso.
Botei duas canecas e a jarra térmica com o líquido sobre a mesa de centro da sala, liguei a tv na Netflix e esperei que saísse do banho.
Os cabelos negros da garota estavam enrolados na toalha, e seu corpo já estava seco e quente, embaixo da grande quantidade de moletom que a emprestei.
- Obrigada por salvar minha vida de uma provável pneumonia. – ela riu.
- Você veio sem guarda-chuvas do táxi até aqui? – ela assentiu e eu dei um tapa fraco em sua cabeça. – Você tem problemas?
- Preferi fazer isso a pagar um absurdo de taxi. – ela deu de ombros, enquanto colocava o chocolate quente na caneca. – O taxímetro roda até parado, . Um absurdo. Isso é roubo! – disse indignada.
- Ok, vamos assistir um filme. – eu ri e ela concordou com minha ideia.
Ficamos presas da maldição da Netflix durante um tempo, milhares de filmes e não conseguimos escolher nenhum. Até que, por unanimidade, o escolhido foi Vida de Inseto.
Assistíamos o clássico da Pixar concentradas, pelo menos eu. Porque na metade do filme, começou a trocar mensagens com alguém. Soube quando vi o brilho do celular se destacar no escuro da sala.
- Posso saber quem é o namoradinho? – brinquei, dando pause no filme e indo acender a luz da sala.
- Twitter. – ela mostrou a timeline da rede social em questão. – Nenhum namoradinho, mamãe. – me deu língua.
Eu ri de sua atitude infantil, mas entrei em sua brincadeira.
- Mamãe pode saber com quem você está interagindo? – fingi seriedade.
- Miley. – ela disse, me mostrando os gifs que estavam trocando por DM.
Alguns segundos depois, senti meu celular vibrar, embaixo da minha coxa. Uma notificação de , no Twitter.
@_: A @_ me pegou usando o twitter durante nosso filme e brigou comigo. E agora?
Ri para minha amiga.
@_: A internet realmente está consumindo a sociedade. Não se pode ver filmes sem que se tenha os minutos para bisbilhotar o telefone. Né, @_?
A garota gargalhou ao ver minha reply em seu tweet, e indicou com a mão de que iria responder, mas antes que ela fizesse, recebemos notificações. Alguém tinha respondido nossa conversa.
@shawnmendes: @_ @_ qual era o filme?
@_: @shawnmendes Vida de Inseto.
@shawnmendes: Não acredito que a @_ trocou Vida de Inseto pelo Twitter!
@_: @shawnmendes EU SEI!
A morena ao meu lado se fingiu afetada com a troca de mensagens entre mim e Shawn.
- Desde quando Shawn te segue? – ela perguntou.
- Desde quando vou começar a produzir o álbum dele. – eu disse e ela riu.
- Esqueci desse detalhe. – gargalhou. – Não roube minhas amizades. – fez sua pior cara de má, mas não deu certo, pois a mesma se desfez em uma risada alta.
Acabou que continuamos a trocar tweets e esquecemos do filme.
Depois que a chuva parou, eu e já estávamos nos arrumando para sair na noite de Nova Iorque. Mas não, não iríamos a balada. Simplesmente iríamos ao Central Park e redondezas. Ideia louca que a teve depois que subitamente, o céu se abriu, revelando o fim de tarde.
Uma calça skinny com um coturno, uma blusa branca e um sobretudo verde militar foram o suficiente para me vestir. pegou um vestido em tom nude e uma meia calça fina preta, colocou um All Star e uma jaqueta jeans de lavagem preta era o que cobriam seus braços.
- Só você para me tirar de casa com esse tempo. – falei enquanto colocava uma touca preta.
- Vem, larga de ser chata. Vamos passear! – ela me puxou para a porta, e quando passava pelos cômodos, desligava as luzes dos mesmos.
No elevador, eu já me arrependia de ter aceitado a ideia louca da de ir ao Central Park. Mas, o que eu não faço por meus amigos?
chamou um carro em um desses aplicativos, que nos custaria mais barato que um taxi comum.
A morena não parava de falar com o motorista durante o percurso, eu apenas ria das caras que o homem fazia ao ouvir contanto suas melhores histórias nas noites de Nova Iorque.
- Chegamos. – ele disse assim que paramos em frente ao parque.
- Obrigada, querido. Boa noite. – minha amiga disse e eu apenas sorri para o rapaz, descendo do carro.
Caminhávamos pelo parque, e literalmente não havia mais nenhum sinal da chuva de mais cedo. Tinham famílias passeando, e cachorros brincando. O céu ainda escurecia, mesmo sendo 7pm. Encontramos um banco vazio, e nos acomodamos nele para observar as pessoas e conversar um pouco mais.
- Me conta, . – disse, em tom calmo. – Quem você deixou no Brasil?
Meu estomago revirou ao ouvir essa pergunta, eu não gostava muito de falar da minha família e o quão complicada ela era.
- Mãe, pai e dois irmãos. – ela me encarou com um olhar sugestivo. – Não, nenhum namorado. – eu ri.
- Quando eu comecei a trabalhar nesse meio, meu maior medo era me envolver com alguém famoso. – minha amiga olhava para o nada. – Sabe? Além da amizade. - apenas concordei, dando liberdade para ela continuar sua fala. – Mas é difícil, . Convivo com eles, um dia eu iria me apaixonar por alguém, não?
O que estava querendo dizer com isso? Ela estava apaixonada? Era algum de seus assessorados, isso era certeza.
Alguma coisa dentro de mim pedia incessantemente para que não fosse Harry. Não sei porquê, afinal, só falei com ele no aniversário de e nunca mais. Mas, mesmo assim, alguma coisa gritava por isso. Ela não podia estar apaixonada por Styles.
- Você está se envolvendo com alguém, amiga? – perguntei, olhando empaticamente para seus olhos negros. E ela apenas concordou. – Quem?
- Liam. – ela disse e foi como um peso saindo de meus ombros. – Eu e ele ficamos na minha festa, e estamos nos encontrando desde então. Para fazer coisas além do trabalho. – me olhou com uma cara impagável de culpa.
- Ei, amiga. – toquei seu ombro. – Você está se culpando por apaixonar-se por um Deus Grego igual ao Payne? Ah, garota, você já foi melhor. – eu ri, torcendo para que ela me acompanhasse, e assim ela fez, com um riso fraco. – , a gente não escolhe por quem se apaixonar, só acontece. Então viva sua vida, continuem ficando, e se der certo, lembre-se que eu ficaria linda num vestido de madrinha. – disse e senti batendo em meu braço, enquanto dava risadas.
- Eu não te mereço, claramente. – ela me abraçou de lado.
Senti meu celular vibrando e ao ver a notificação do Instagram, meu estômago revirou.
[@.]: @harrystyles acabou de seguir-te
Capítulo 4
“I want you here with me, like how I pictured it. So I don't have to keep imagining.” – One Direction, Something Great
Depois de ir com pressa para sua casa, pois de acordo com ela Shawn estaria trocando de empresário, voltando para Andrew. Ficamos eu, meu violão e minhas ideias.
Alguns acordes fluíam, e uma melodia nova já tomava conta do quarto. Milhares de músicas criadas para serem escutadas pelas paredes. Lembro que meu irmão dizia para oferece-las para algum artista que eu achasse que pudesse canta-las. Mas, nunca tive coragem de vender uma canção. Todas tão pessoais, tão minhas. Apenas eu conseguia entender o sentimento que cada uma delas carregava.
Momentos como esse, eram os quais me deixavam confortável com a ideia de que todos nascemos com um talento.
As ideias que rondavam meu pensamento no momento, eram as de que eu precisaria de um teclado, e de muita coragem para o que eu faria no exato momento que decidi pegar o celular e abrir na conversa dele, no Instagram.
: Ei. Ainda está afim de bater um papo sobre música?
Não sei de onde eu tirei a ideia de que fazer isso seria legal, ou interessante. Agora, meu coração palpitava esperando por uma resposta.
Harry:
Hey. Achei que nunca ia chamar! Haha.
Fico em NY até a próxima semana. O que acha de amanhã?
:
Claro. Onde?
Harry:
Por que não nos conhecemos melhor? Jante comigo no Hilton, as 8p.m.
Ok. Isso era um encontro? Eu deveria deixar ciente disso?
Não! E, não!
Não era um encontro, e não precisava saber, era apenas trabalho. Talvez pudéssemos até pensar em produzir algo juntos, imagina o quão incrível seria trabalhar com Harry Styles. Meu coração acelerava só de pensar na possibilidade. Balancei minha cabeça, tirando aqueles pensamentos incertos dali e tratei de me arrumar para dormir, já passavam de meia noite, e amanhã eu teria compromisso.
Dormi até 3p.m, pulei o almoço e quase o lanche. Decidi por comer um bolo que tinha na cozinha, um desses prontos que vendem na padaria. O sabor do chocolate não era o dos melhores, mas saciou o que eu sentia no momento.
A tarde toda foi apenas TV, alguns telefonemas da Gravadora e Shawn me enviando mensagens de 5 em 5 minutos pedindo ajuda com algumas canções, que precisavam ser finalizadas para o álbum. Ele insistia, mas eu não o ajudava, pois alegava não saber compor, apenas produzir. Sinto que ele me não me deixaria descansar durante a produção do disco, se soubesse que faço músicas.
Acabei dormindo mais, e acordando as 6p.m. Eu já estava atrasada, demasiadamente. Já que o Hilton era longe do meu apartamento.
Peguei um vestido tubinho de cor rosè. Seu corte acentuava meu busto e minhas curvas, seu comprimento não era tão curto, ficava logo acima do joelho. Uma sandália de tiras bege era o que estava em meus pés e sobre meus ombros, um sobretudo preto.Minha barriga roncava, pedindo por alimento.
Uma maquiagem leve cobria meu rosto; nada muito marcante, tons pastéis e um gloss nos lábios.
Quando eram 7p.m, eu já estava pedindo o taxi. O medo de se atrasar era grande, o rapaz é britânico e eles são extremamente pontuais, não queria fazer feio.
Dentro do taxi, minhas mãos suavam. Mas por quê? Eu não estava nervosa. Estava?
O taxista me olhava de forma engraçada, como se eu estivesse exalando a excitação de estar indo encontrar Harry.
Subitamente fui surpreendida pela faixada do Hilton a minha direita, quando o taxi parou.
Sorri para o homem no banco da frente, que maneou a cabeça e me desejou um “Boa sorte, criança”.
Desci do carro com uma confiança que nem eu mesma sabia que existia. Caminhei em passos lentos até a grande entrada de vidro de um dos hotéis mais luxuosos do mundo. Ok, fazer anotação mental de nunca mais repetir essa frase para eu não me sentir pobre toda vez que ficar em pousadas simples.
Fui atendida, cordialmente, por um homem que me levou até o restaurante, indicando a mesa que o “Sr. Styles” – nas palavras dele -, havia reservado.
Chequei o relógio: cinco minutos de antecedência. Pelo menos de atraso, Harry não poderia reclamar. Ri fraco com meus próprios pensamentos; não nos conhecíamos o suficiente para que ele reclamasse de alguma coisa comigo.
A porta do restaurante foi aberta e o mesmo homem que me mostrou a mesa, acompanhava Harry, ele usava uma blusa social preta, com os dois botões superiores abertos, e calcas da mesma cor. Levantei-me rapidamente, para cumprimenta-lo assim que ele chegou mais perto. Estendi a mão, mas logo fui pega de surpresa ao ser envolvida pelos braços do garoto.
Não era um abraço diferente, que tinha me levado as nuvens e de lá, me jogado até o chão novamente. Mas era um contato novo, cheio de curiosidade e respeito.
- Boa noite, . – ele sorriu, passou por trás de mim e puxou a cadeira para que eu sentasse. Um verdadeiro cavalheiro.
- , por favor. – eu sorri, tentando esconder a pitada de nervosismo que me consumia naquele momento.
- Então, . Conversamos pouco no aniversário de , mas pelo que me lembro, você me disse ser bem envolvida com música, né? – ele disse, enquanto pegava um cardápio da mão do garçom. – Um Cabernet Suvignon, por favor. Em breve escolheremos o prato.
- É. – assenti. – Sempre gostei de música. Sempre me cativou, e eu sempre escrevi. – ele abriu um sorriso. – Mas, não vendo minhas composições e nem quero que elas sejam lançadas ao mundo. – a expressão de confusão no cenho de Styles me fez rir. – Veja bem, Harry. É algo muito pessoal para mim, muito mesmo. Eu não as mostro para qualquer pessoa, nem as ouviu ainda. – eu disse, com sinceridade. – Tenho motivos para não querer que isso aconteça. – um flash de memórias passava por minha mente, me fazendo respirar fundo. Os olhos curiosos de Harry me encaravam, tentando compreender o que eu sentia e porquê tinha me calado repentinamente.
- Mas... – ele completou, como se soubesse o que viria a seguir.
- Isso. – ri, envergonhada, ajeitando minha postura na cadeira. – Mas, talvez você me passe confiança o suficiente para eu te mostrar algumas num futuro próximo. – tomei um gole do vinho, que há pouco tinha sido posto a mesa pelo garçom que nos servira antes e pude ver um sorriso se formar nos lábios do britânico, sem entender se ele era carregado de segundas intenções ou se isso era algo da minha fértil imaginação. – Apenas estreitemos a amizade, e eu penso em te deixar ver minhas músicas.
- Fico lisonjeado. Já quero você como minha melhor amiga pra ontem! – aquele sorriso continuou, mas dessa vez foi maior, mostrando a maior quantidade de dentes possíveis, e meu estomago revirou. Malditos dentes brancos e perfeitamente alinhados, principalmente combinados de um verde intenso nos olhos.
Como eu, uma mera mortal, conseguiria sair ilesa de apenas uma amizade com Harry Styles?
Capítulo 5
“It’s a new day, it’s a new life for me.” – Feeling Good, Michael Bublé
Acordei com o despertador gritando em meu ouvido, e a única coisa que consegui pensar, foi em uma das frases clássicas de Scar: “A vida não é justa, não é mesmo?”. Hoje, depois de dois meses nessa cidade, começaria a produção do novo álbum de Shawn. O que significa: hoje ficaria o dia inteiro no estúdio.
Meu banho foi demorado, acho que devo ter cochilado embaixo d’água algumas vezes. O que me faz lembrar da adolescência, quando ainda estudava, e tinha que ir de ônibus para o colégio, dormia em pé na maioria das viagens. Eu diria que esse é meu talento secreto; poder dormir em posição vertical.
Depois que saí do banheiro, coloquei uma calça jeans skinny, uma blusa preta soltinha, all star preto e um casaco para caso fizesse frio.
Meu celular apitava, provavelmente mensagens de me apressando. Fui até a escrivaninha e vi que eram de Harry. Desde que jantamos no Hilton, no mês passado, criamos uma boa amizade. Ele estava passando um tempo na Inglaterra com a família, e depois voltaria para os Estados Unidos, mais precisamente Los Angeles. E de acordo com nossos cálculos, só nos veríamos pessoalmente de novo, no lançamento do álbum de Shawn. Ou, provavelmente, Harry faria algum show por NY. Mas, mesmo distantes, nos falávamos todos os dias, sem exceção.
“Bom dia pra você, pentelha! Boa sorte no seu primeiro dia produzindo aí em NY. Xx”
“Ah, quase me esqueci. Mande um abraço para .”
“E para Shawn.”
“E para você um beijo. Estarei nos EUA logo! Nos vemos daqui algumas semanas(?). Xx”
De início, Lay ficou enciumada, pois achou que a trocaria por Harry, o que não é verdade. Nossa amizade tem se fortalecido tanto, que permiti que a morena escutasse uma de minhas canções na ultima semana. Ela simplesmente surtou, disse que o mundo precisava ouvir aquilo. Mas, entendeu quando eu disse que não gostaria que acontecesse. Desde então, confio nela para mostrar as composições.
Em contrapartida, temos Shawn e . Vou, praticamente, ser obrigada a conviver com os dois por alguns meses até a pós produção do álbum. Mas, eu não estava reclamando. Pois Shawn era um anjo, fazia chamadas de vídeo comigo quase todos os dias para perguntar se suas músicas estavam boas o suficiente, sempre muito preocupado com como ficaria seu álbum. , por sua vez, já estava se unindo a mim e , e juntos éramos o que Lay chamava de “Trio Fantástico”, eu achava esse nome devidamente brega, mas ela insistia. Inclusive, um dia fomos ao shopping com a intenção de fazer compras para o meu apartamento e o garoto me deu botas como um presente de boas-vindas.
Ou seja, no resumo da ópera, até o momento não tive nenhum problema em NY.
Desci pelo elevador, e assim que as portas se abriram, pude ver me esperando no saguão. Não sei de onde ela tinha tirado todo aquele frio para estar usando cachecol, mas, relevei.
- Bom dia, flor do dia. Animada? – Ela sorriu, e quando fui abrir a boca para responder, ela falou novamente, me impedindo. – Não responda agora! – ela, literalmente, colocou a mão na minha cara. - Shawn está no carro, e bom, ele é famoso. Se descobrirem que está aqui, será impossível chegar na Republic. Então, me fale da sua animação no carro. Vamos!
Ri com a autoridade da minha amiga. Por certas vezes, esquecia que ela trabalhava com a imagem dos artistas, sendo quase uma babá para eles.
A segui até a 4x4 preta, e logo entrei no carro.
Meu estomago suplicava por uma comida e um copo de café. O maior da cafeteria, por favor!
- Bom dia, Shawn. – disse assim que me sentei e o garoto só olhou para minha cara. – Dormiu comigo?
- Não sei se seria meu sonho ou seu sonho. – ele riu. – Bom dia, Sunshine.
- Corta essa, Mendes. Tu é novo demais para mim. – levantei a mão, fazendo cena e arrancando uma risada do garoto e da assessora. – Pede pro motorista ir logo, quero passar em algum lugar para comprar um café.
- Isso não é problema. – levantou duas sacolas do Starbucks em uma das mãos, e na outra, um suporte para copos com três cappuccinos.
- Eu escolhi te amar, . – peguei um dos copos e um donut na sacola, me deliciando com o sabor do chocolate.
O motorista arrancou em direção a gravadora.
Normalmente, eu não sentia nervosismo para produzir. Tudo era tão normal; eu acordava, tomava café, ia para Universal Music, encontrava meu chefe, algum artista no qual estava produzindo e pronto, fazia meu trabalho. Mas, pela primeira vez, senti o meu estomago embrulhar por estar a caminho do trabalho. Talvez, pela responsabilidade do projeto, ou pela grandiosidade do cantor e da própria gravadora.
Deus que tome conta de minha humilde alma neste dia, porque eu estou prestes a surtar.
Eu estava indo produzir nada menos que o álbum de Shawn Mendes, e o próprio estava do meu lado, comendo donut e fazendo piadas ruins.
Tomei um gole do café, tão rápido que senti minha língua queimar levemente. Mas, pelo menos, houve o choque de realidade que eu queria.
Fechei meus olhos por um instante e pensei em tudo que passei para chegar ali, e percebi que motivo para nervosismo não há. Eu sou boa no que faço, e vou arrasar nesse disco.
Mendes cantava com maestria em cima de uma das bases que já tinham sido gravadas por e eu, enquanto ele estava em turnê.
Assim que voltou do Rock In Rio, separou uma semana para gravar a voz de umas composições já finalizadas, e nos indicou que entraria de férias por um mês e ficaria em Toronto, logo depois viajando para finalizar a turnê com mais alguns shows.
Então, eu e nos organizamos para gravar o máximo de bases na menor quantidade de dias possíveis, assim, poderíamos aproveitar um tempo das férias de Mendes para descansar, ou trabalhar em outras coisas esporádicas.
estava sentado ao meu lado, enquanto ouvíamos o cantor fazer aquilo que sabia, encaixando a letra no tempo exato, sem nenhum deslize ou erro. Era fácil trabalhar com Shawn, que mesmo sendo tão novo na indústria, parecia saber o que fazia. Um grande exemplo de quem nasceu para isso.
A música acabou, e o garoto tirou o fone, olhando em direção a nós três; eu, e Lay.
- E aí? Como ficou? – ele sorria, animado e curioso.
- Ficou incrível, Shawn. – disse, enquanto apertava o botão para ele ouvir minha voz. – Vamos gravas as sobreposições e encerraremos por hoje.
Soltei o botão, o rapaz maneou a cabeça, colocando o fone com o retorno novamente.
A música soava, e mesmo sem as pequenas edições, estava perfeita.
Sobreposições gravadas, liberamos o estúdio e finalmente fomos fazer o que eu mais esperava desde o início da tarde: comer.
Decidimos, os quatro, irmos jantar num restaurante próximo, um pouco mais reservado, porque estaríamos com Shawn, e obviamente, ele chama atenção por ser mundialmente famoso. O que eu ainda achava estranho, mesmo depois de tanto tempo trabalhando e tendo amizade com pessoas do ramo.
Chegamos ao restaurante, e logo fomos bem recebidos e atendidos. A comida era divina, tudo bem temperado e gostoso - ou era apenas minha fome, mesmo. -, tive que parabenizar o chef.
- Então, . – me chamou e meu olhar foi em sua direção. – Amanhã é seu dia de folga, pois gravarei os instrumentos das próximas músicas, como combinamos. – Eu sorri sinceramente, agradecendo por ter um trabalho tão flexível e um amigo tão maravilhoso. – E, bom, amanhã é sexta. – “amém”, pensei. – E segunda é feriado. – como eu não sabia disso? – O que pretende fazer?
- Olha, fui pega de surpresa. Não sabia que segunda-feira era feriado. – disse, sinceramente. – Ah, devo ficar em casa, mesmo. Sem muita programação.
- Pelo amor, . Vá para algum lugar. – disse subindo o tom de voz. – Se eu não fosse passar o fim de semana em Londres, eu te chamaria para sair comigo.
Olhei com olhos estreitos para minha amiga. Estaria ela indo para Inglaterra encontrar Liam? Eu faria a jornalista me dar mais detalhes sobre isso mais tarde.
- Não olhem pra mim. – Shawn levantou as mãos em rendição. – Férias! – piscou em nossa direção, arrancando uma gargalhada coletiva.
- Ah, ok. – eu tentava recuperar o folego. - Talvez eu faça algo. Vou pensar. – um resquício de risada ainda saia.
- Isso, vá se divertir ao invés de ficar em casa fazendo porra nenhuma no feriado. – bebeu um gole de suco e levantou a mão, chamando o garçom para mais um pedido. O homem rapidamente veio até nossa mesa e ouviu atentamente o que queria.
- Mas me diz, qual era daquele Marco? – perguntei para Shawn, desviando o assunto.
- Ah, ele me empresariava apenas na gravadora. Ficava responsável por meus álbuns e tudo mais. Mas depois que ele tentou me passar a perna, pedi para a Republic deixar Andrew responsável por essa parte também. – ele falava movimentando as mãos. – Agora Andrew e que cuidam da minha vida. – deu de ombros e olhei para minha amiga, incrédula.
- É sério, . Se não fosse por mim, Shawn nem comeria sozinho. – Lay disse, nos fazendo rir novamente.
Uma certa vez eu li que quinze minutos de risada te fazem viver mais alguns dias. Se isso fosse verdade, com essa estadia em Nova Iorque, eu viveria até os cem anos facilmente.
Capítulo 6
“Every now and then I'm drawn to places, where I hear your voice or see your face, and every little thought will lead me right back to you…” – You Let Me Walk Alone, Michael Schulte
O melhor passatempo de alguém que não tem absolutamente nada para fazer é navegar na internet, e era exatamente isso que eu fazia quando vi uma foto de meu irmão mais velho no Instagram. Ele deveria ter por volta de dez anos de idade, a imagem era em cores puxadas para o sépia, demonstrando o quão antiga era a fotografia. Seu sorriso era gigante e seus olhos estavam fechados por conta disso, seus pequenos braços estavam ao redor do pescoço do nosso pai. Passei para o lado, e outra imagem foi revelada. Nessa, ele estava um pouco mais velho e acompanhado de Rodrigo, nosso padrasto, e Carla, filha dele que considerávamos nossa irmã mais nova – sim, essa mesmo que era a fã de 1D, e que estava incluída nos dois irmãos que deixei no Brasil, já que o outro está na Alemanha há anos. - Observei a data da publicação e era de alguns meses atrás. Na época eu já estava em NY, mas no Brasil era comemorado o dia dos pais.
@mathias--schulte: “Um feliz dia dos pais para você, Pai. Que não está mais entre nós, mas nos ensinou lições valiosas. Viverá sempre em meu coração.
E um feliz dia dos pais para você, Rodrigo. Meu pai por escolha, um presente que foi dado a nossa família no momento exato. Amo vocês.”
Meu coração se aqueceu.
Faziam quinze anos desde a morte de meu pai, e a cena era clara em minha memória: eu chegando da escola, e recebendo a notícia.
**
Flashback, 2004
Marta chutava pedrinhas ao meu lado no caminho pra casa, eu sempre imaginei que esse fosse algum ritual da minha amiga, pois ela fazia a mesma coisa todos os dias. Conversávamos sobre coisas que garotas de dez anos conversariam; as novas músicas do Backstreet Boys, ou sobre o que brincaríamos quando chegássemos. Como fazia sol, talvez fossemos brincar na rua ou ir ao parque.
Ao chegar em casa, vi um carro diferente parado ao lado da calçada. A curiosidade de criança falou mais alto que eu, então me despedi de Marta apenas com beijos no ar e saí correndo, dizendo que a encontraria mais tarde.
Abri a porta de casa e logo vi que o carro era de Mathias, pois ele estava sentado na sala de estar ao lado de nossa mãe e Michael, nosso irmão do meio. Estranhei a presença do mais velho, pois ele raramente nos visitava, devido a faculdade.
- Mathi, o que faz aqui? – corri e o abracei forte.
- Minha pequenina. – ele intensificou o abraço. – Eu te amo tanto.
- Eu também te amo, Mathi. Mas o que aconteceu? – ajeitei meu uniforme, que depois do contato havia amassado um pouco.
Olhei para mamãe, e seus olhos cor de mel estavam mais escuros, rodeados de um vermelho intenso e lagrimas. Michael, ao seu lado, a abraçava. Ela afagava os cabelos loiros do meu irmão, este que havia puxado todas as características alemãs de papai; cabelos claros e olhos azuis. E foi quando eu, mesmo com dez anos, percebi o que estava acontecendo. Papai estava doente, e ele estava no hospital, o visitávamos sempre que podíamos. Mas, não sabia se aquela era uma reunião para uma visita.
- Mamãe? – me aproximei dela. – O que aconteceu com o papai, ele está bem?
Ela me puxou para um abraço, meus cabelos castanhos, assim como os dela, também receberam um carinho. O apoio que ela nos dava naquele momento só podia significar uma coisa.
- Ele perdeu a luta, . – Mathias se agachou a minha frente. – O câncer o venceu.
**
As lágrimas rolavam por meu rosto. Robert era um homem incrível, e a sua história de amor com nossa mãe era incrível. Ela nos contava que o conheceu em um navio, no qual ele era cantor, e então se apaixonaram à primeira vista. Depois de alguns meses juntos, mamãe engravidou de Mathias, que é dez anos mais velho que eu, e seis anos mais velho que Michael.
O primeiro filho foi o único que seguira uma carreira distinta à do pai. Mathi era advogado, Michael cantor e eu, produtora.
Depois da morte de Robert, Michael decidiu morar na Alemanha com nossos avós, e lá começou a ter aulas de canto e violão. Ele, e agora , eram as únicas pessoas para as quais eu mostrava minhas composições.
Meu pai era o meu maior incentivador na música, principalmente na escrita delas. Por isso, escrever se tornou algo muito pessoal, toda vez que pego em meu violão, eu lembro que ele dizia que o necessário para uma boa arte, era o sentimento ser escrito por inteiro numa folha em branco. E eu nunca senti que alguma de minhas canções tenha se encaixado nesse requisito.
Lembro-me de uma, que eu havia escrito ao lado de Michael, quando viajei para Alemanha há alguns anos. Essa foi a única que o deixei gravar, mas com a condição de que meu nome não estivesse nela. Até porque não fazia questão, por mais que eu trabalhasse produzindo canções, nunca achei que a verdadeira arte devesse ser vendida. E por esse motivo, produzi alguns álbuns de graça para amigos iniciantes, e até para artistas que já tinham anos de carreira.
Mike nunca tinha lançado a música, até aquela data.
Entrei em seu Instagram, e vi uma publicação do mesmo dia da foto de Mathias, em seu IGTV.
Coloque essa música para ouvir: You Let Me Walk Alone
Fotos da nossa infância estavam penduradas em um varal que rodeava o local onde Michael estava, ao centro, com seu violão.
Ele cantava a música, aquela que havíamos escrito para nosso pai.
I'm a dreamer, a make believer
(Eu sou um sonhador, sou alguém que acredita)
I was told that you were, too
(Me disseram que você era, também)
I love the silence and the clear horizon
(Eu amo o silêncio e o horizonte claro)
And I got that all from you
(E eu puxei tudo isso de você)
Vídeos de momentos nossos com papai passavam na tela.
Every now and then I'm drawn to places
(De vez em quando sou atraido a lugares)
Where I hear your voice or see your face
(Onde ouço sua voz ou vejo seu rosto)
And every little thought will lead me right back to you
(E cada pensamento me levará de volta para você)
Um vídeo de Michael, Mathias e eu correndo atrás de nosso pai num dia de chuva passou pela tela, me fazendo lembrar daquele dia, quando caí e fiz minha primeira cicatriz. Robert me levou ao hospital para dar pontos no machucado, um pouco acima do joelho. Ri, saudosa, ao ver que ela ainda existia, mesmo que um pouco fraca.
I was born from one love of two hearts
(Eu nasci de um amor de dois corações)
We were three kids and a loving mum
(Éramos três filhos e uma mãe amorosa)
You made this place a home
(Você transformou esse lugar em um lar)
A shelter from the storm
(Um abrigo para tempestades)
You said I had one life and a true heart
(Você disse que eu só tinha uma vida e um bom coração)
I tried my best and I came so far
(Eu dei o meu melhor e cheguei tão longe)
But you will never know
(Mas você nunca saberá)
'Cause you let me walk this road alone
(Porque você me deixou viver essa vida sozinho)
Agora era a vez de um dos momentos mais marcantes para mim, a tela reacendeu e uma imagem de nós cinco cantando parabéns ao redor de uma mesa cujo tema era da Cinderela. Meu aniversário de dez anos, o último que ele passou comigo. Eu estava em seus ombros e me mexia alegremente conforme as palmas.
My childhood hero will always be you
(Meu herói de infância sempre será você)
And no one else comes close
(E ninguém chega perto)
I thought you'd lead me when life's misleading
(Pensei que me guiaria nas desilusões da vida)
That's when I miss you most
(Nesses momentos que eu mais sinto sua falta)
Nossas fotos passavam em uma espécie de apresentação em slide, em todas, papai estava com um sorriso gigante, característico dele. Seus olhos azuis eram penetrantes, e seu carisma mais ainda.
Every now and then I'm drawn to places
(De vez em quando sou atraido a lugares)
Where I hear your voice or see your face
(Onde ouço sua voz ou vejo seu rosto)
And every little thought will lead me right back to you
(E cada pensamento me levará de volta para você)
I was born from one love of two hearts
(Eu nasci de um amor de dois corações)
We were three kids and a loving mum
(Éramos três filhos e uma mãe amorosa)
You made this place a home
(Você transformou esse lugar em um lar)
A shelter from the storm
(Um abrigo para tempestades)
You said I had one life and a true heart
(Você disse que eu só tinha uma vida e um bom coração)
I tried my best and I came so far
(Eu dei o meu melhor e cheguei tão longe)
But you will never know
(Mas você nunca saberá)
'Cause you let me walk this road alone
(Porque você me deixou viver essa vida sozinho)
Sinto falta dele todos os dias, e isso não é algo que digo da boca pra fora. Ele sempre fora meu herói e melhor amigo, e mesmo que tenha partido quando eu ainda era uma criança, me ensinou muitas coisas, e se eu sou o que sou hoje é graças a ele.
Rodrigo também me ajudou a crescer, fez parte de minha adolescência e juventude, sempre me apoiou, foi o mais próximo de um pai que eu pude ter nessas fases. E até hoje ele faz minha mãe feliz, mas eu sei, que nada, nem ninguém, nunca substituirá Robert Schulte das nossas vidas.
Quando escrevi essa música com Mike, ele tinha acabado de ganhar um reality musical da TV Alemã. Eu e mamãe fomos o encontrar na cidade onde mora, e nessa visita, tive a oportunidade de colocar toda a dor de perder meu pai naquela canção. E por mais que meu nome não esteja nela, eu tenho orgulho por ter o ajudado na composição e eu sei que papai também está orgulhoso de nós. E ao contrário do que a música diz, nunca estivemos sozinhos, porque ele sempre esteve aqui, mesmo que dentro de nossos corações.
O vídeo foi finalizado com uma foto de todos nós juntos, no hospital. Mike estava sentado ao lado de Robert na cama, eu em seu colo, mamãe e Mathias ao seu lado, ela o beijava o rosto e Mathi sorria. A frase que sucedia a fotografia era um simples: “Feliz dia dos pais”, em alemão, português e inglês.
Lagrimas se espalhavam por todo meu rosto, e a última coisa que eu havia escutado de meu pai, antes dele partir, soou em meu ouvido: “Não tenha medo, . Não tenha medo de se expressar, de cantar, de compor, de errar. Artistas são corajosos, e sem os sentimentos intensos não teríamos canções maravilhosas, pinturas estonteantes ou filmes incríveis. Mas o principal, não deixe de amar. Acredite no que digo, um dia você descobrirá que o amor é o sentimento mais bonito de ser cantado.”
Sequei minhas lágrimas e abri um sorriso, pois sabia que ele estava ali comigo.
Vesti minha melhor roupa e decidi que faria o que Shawn, e me indicaram: eu sairia para conhecer um lugar novo nesses dias de folga. Eu precisava viver se quisesse criar momentos inesquecíveis.
E foi quando, um pouco antes de sair de casa, meu celular vibrou.
Harry: “Hey, . Cheguei nos EUA. Fiquei sabendo que você passará o fim de semana do feriado sozinha. Então, estou te mandando duas passagens de ida e volta para L.A por e-mail. Não aceito um ‘não’ como resposta. Te vejo logo 😉. ”
Foi, então que fiz uma anotação mental naquele momento: me desafiar a preparar uma mala pequena para apenas três dias.
Capítulo 7
Harry
“I know a girl who's never tried to settle down, she wears her loneliness like a crown, but when she smiles all the kings will bow down…” – Kids Again, Artist vs. Poet
O voo havia sido extremamente cansativo, o que fez uma dor de cabeça horrível vir me atazanar.
Assim que pousei no LAX, recebi uma mensagem de minha assessora, , praticamente implorando por ajuda. Ela disse que viajaria para Inglaterra no fim de semana e pediu para que eu fizesse companhia a , que estaria só durante esses dias.
Se fosse com qualquer outra pessoa, eu negaria. Mas, ficar o fim de semana inteiro com não seria um esforço, já que a garota se tornou uma grande amiga em tão pouco tempo.
Aproveitei que já estava no aeroporto e comprei as passagens para que ela viesse à Los Angeles.
Quando arrumava minhas malas no bagageiro do carro, meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem.
:
Ah, Harry. A gosta muito de The Maine, e comentou que eles estão fazendo uma mini turnê pela WestCoast. Por que não a acompanha em algum show nesse fim de semana?
Eu não sabia o que poderia fazer com esse final de semana, a única coisa que eu queria era a ter por perto. Mas, eu não podia negar de que sabia exatamente o que falar e quando falar.
Aproveitei o caminho até minha casa para pesquisar sobre a turnê da banda indie e vi que haveriam dois shows em Los Angeles no fim de semana, depois de muito pensar nas possibilidades, comprei dois ingressos para o que aconteceria ao sábado.
A quantidade de casacos que eu usava já estavam me fazendo suar. A diferença climática entre a Inglaterra e Los Angeles é imensurável e eu ainda não tinha me acostumado, mesmo depois de tantas viagens.
Pedi para o motorista ligar a rádio, na intenção de ouvir uma boa música para passar o tempo e o transito. Porém, a programação mudou para encaixarem uma entrevista. Quem falava era um homem, sua voz era um pouco grossa e tinha um sotaque leve, quase canadense. E foi apenas quando a locutora falou seu nome, que eu me dei conta de que o sotaque não era quase canadense, e sim totalmente canadense; Shawn Mendes era o nome do artista.
Fiz um sinal para o homem ao volante aumentar o volume.
- “Estamos sabendo que a produção do novo álbum já está acontecendo. Como você está se sentindo?” – a voz esganiçada da mulher incomodou levemente meus ouvidos.
- “Bom, produzir enquanto se está em turnê é meio difícil. Voltei de uma parte da turnê a pouco tempo e já gravamos algumas músicas. Por esse mês, eu ficarei em Toronto, curtindo minha família. Mas, minha equipe continuará em Nova Iorque trabalhando nas faixas já gravadas. Logo depois finalizarei a turnê com mais alguns shows e, finalmente, conseguirei concluir o álbum.” – a amizade de Shawn era algo muito motivador. Ele, mesmo com sua pouca idade, era decidido e muito focado.
- “Mas em questão de escrita, todas as músicas já foram finalizadas?” – a voz da mulher emanava uma grande animação.
- “Sim! Mas não estou confiante com todas, por isso vou usar esse tempo para escrever mais algumas e mandar para os produtores.” – ele riu e a menina o acompanhou.
- “Falando em produção, e Matt estão responsáveis por esse disco também?”
- “Não. Dessa vez temos um nome novo na produção do álbum. Ela se chama Schulte, e veio direto do Brasil para nos apoiar nas gravações.” – ele disse e eu sorri, espontaneamente, ao ouvir o nome da garota.
- “Ela que estava com você, e , sua assessora, durante um jantar ontem?” – olhei para o relógio e vi que ainda eram dez da manhã. A velocidade com a qual a imprensa trabalha me assusta.
- “Isso mesmo. Gravem esse nome, ela ainda vai brilhar muito por aqui.” – ele disse, a entrevistadora o agradeceu e anunciou que o último single de Mendes tocaria. A melodia começou a tomar conta do interior da Range Rover e meu pensamento foi longe, ao mesmo tempo em que meu olhar se perdia em alguns pontos da estrada.
Então me lembrei do sorriso de , um dos mais belos que já vi, e ninguém podia dizer o contrário disso, pois era unanimidade. A garota cativava quem estivesse por perto apenas com aquele sorriso.
Eu não sabia ao certo o que queria com , porque ela tem sido uma ótima amiga; sempre presente mesmo estando distante. Mas, - merda- ela é linda e atraente, o que me deixou morrendo de vontade de beijá-la desde o primeiro segundo que a vi. Entretanto, não é como as outras garotas que conheci; em nenhum momento ela tentou se atirar para mim ou flertar. Pelo contrário, sempre que nos falávamos, agia com timidez.
Quando nos encontramos no Hilton, eu tive certeza de que algo bem doloroso toma conta de seu coração, e mesmo sem saber o que é, pude sentir apresso. A vontade que eu tive de abraça-la no momento que falou sobre os motivos para a discrição em relação as músicas, não podia ser medida em palavras.
Podia não ter certeza sobre querer ou não beijar , mas tinha certeza de que eu faria de tudo para melhorar sua dor.
O carro parou em frente à casa, que eu sempre achei luxuosa demais para abrigar apenas uma pessoa. Jacob me ajudou a levar as malas para dentro. Passamos pela grande piscina, que naquela hora estava sendo higienizada, e paramos em frente a porta de vidro. O motorista a puxou e eu coloquei as bagagens na sala. Ao checar a hora, percebi que faltavam apenas trinta minutos para o voo de pousar, o que me permitiria apenas tomar um banho para depois ir busca-la. Olhei para as três malas pretas paradas próximas ao sofá e decidi que as organizaria depois.
Corri para o banho, já separando uma calça jeans skinny, uma blusa branca e uma bota preta, coloquei uma boina da mesma cor em cima da cama, como uma opção para uso.
Não tive a opção de demorar muito no chuveiro, então tomei uma ducha rápida e fui me trocar. Por fim, decidi colocar o acessório na cabeça, já que meu cabelo estava em estado de calamidade.
Falei com Jacob que eu mesmo a buscaria, e ele me entregou a chave do carro. Antes de sair, peguei uma folha em branco e uma caneta preta.
A distância até o aeroporto era curta, e dessa vez o transito fluía. Logo que cheguei na área de embarque, estacionei o carro no local mais próximo e peguei o papel, escrevendo ‘Srta. ’ nele e o dobrei. Coloquei meu celular no bolso, óculos escuros nos olhos e desci para aguardar a saída de .
No caminho até o local onde a encontraria, fui parado por alguns fãs, que tiravam fotos e pediam autógrafos. Algumas até me questionavam o porquê da minha volta ao aeroporto no mesmo dia da minha chegada a L.A, e eu sabia que depois que publicassem as fotos, alguns paparazzi apareceriam por lá.
Dito e feito, enquanto eu esperava os passageiros do voo de desembarcarem, algumas pessoas com câmeras fotográficas, disfarçadamente capturavam meus movimentos.
Assim que a tela avisou que o voo havia chegado, percebi uma movimentação se formar nas esteiras. Logo de longe eu a vi, calças pretas com uma listra branca nas laterais, blusa branca e tênis da mesma cor. Em seu braço tinha uma jaqueta pendurada, essa que ela deve ter usado para cortar o frio que fazia no avião. Um rabo de cavalo baixo prendia seus cabelos, dando ênfase para seu rosto perfeitamente delineado.
Ela ainda não tinha me visto, pois se concentrava em esperar sua mala passar pela esteira. Logo que a mala marrom da Louis Vitton apareceu, ela segurou e suspendeu o puxador.
Desdobrei o papel e o segurei na altura da minha barriga. Quando viu o seu nome gravado na folha, um sorriso surgiu em seu rosto.
Veio caminhando em minha direção e parou em minha frente, soltou a mala e abriu os braços.
Aquele toque ainda era algo novo, não havíamos feito aquilo muitas vezes, mas era diferente do primeiro, como se houvesse algo sendo correspondido.
- Eu adorei o negócio de me esperar com plaquinha na saída do aeroporto. – ela disse, saindo do abraço.
- Eu sei que só tenho ideias incríveis. Obrigado. – me curvei, fazendo uma reverência e recebi um tapa fraco em meu ombro.
- Larga de ser bobo, Harry. – ela falava em meio a gargalhadas. – Vamos logo, tem paparazzis aqui e eu não quero sair em outro site de fofocas.
Caminhamos até o carro, ela logo atrás de mim e eu com sua mala em mãos.
Já a caminho de casa, digitava freneticamente em seu celular durante o caminho, quase não trocando palavras comigo.
- Está tudo bem por aí? – perguntei, tentando colocar um ar de humor, para não soar invasivo.
- Ah, claro. São coisas do trabalho. – ela disse, dando de ombros. – Parece que descobriu que Marco estava tentando vender os direitos autorais das músicas de Shawn e por isso ele solicitou Andrew de volta. – falou rápido. – Agora estamos comentando sobre isso no grupo. – mostrou o celular.
- Nossa, que situação horrível. – eu matinha meus olhos na estrada. – Mas, que bom que Mendes conseguiu ter os direitos e Andrew de volta. – ela riu e eu a acompanhei. Ela bloqueou o celular e virou seu rosto para mim.
- Já pensou no que iremos fazer nesse fim de semana? – seu tom de voz era animado.
- Tenho algumas ideias. – manobrava o carro, para colocá-lo na garagem da casa, já que havíamos chegado. – E tenho uma surpresa.
- Quero ver conseguir me surpreender, Styles. – ela deu um sorriso de lado. – Quase ninguém consegue esse feito.
- Veremos. – eu disse e abri a porta do carro, descendo do mesmo. Peguei a mala de que estava no banco traseiro e a encontrei ao lado do carro. Guiei a garota até a casa, enquanto a apresentava as dependências.
Subimos com sua mala, e as minhas, mostrei a ela o quarto onde dormiria, e disse que poderia se acomodar e descansar por alguns minutos, já que em breve sairíamos para almoçar.
A garota me agradeceu, depositando um beijo em meu rosto. Um contato mais intimista que o abraço, mas sem nenhuma intenção, apenas a gratidão.
“I know a girl who's never tried to settle down, she wears her loneliness like a crown, but when she smiles all the kings will bow down…” – Kids Again, Artist vs. Poet
O voo havia sido extremamente cansativo, o que fez uma dor de cabeça horrível vir me atazanar.
Assim que pousei no LAX, recebi uma mensagem de minha assessora, , praticamente implorando por ajuda. Ela disse que viajaria para Inglaterra no fim de semana e pediu para que eu fizesse companhia a , que estaria só durante esses dias.
Se fosse com qualquer outra pessoa, eu negaria. Mas, ficar o fim de semana inteiro com não seria um esforço, já que a garota se tornou uma grande amiga em tão pouco tempo.
Aproveitei que já estava no aeroporto e comprei as passagens para que ela viesse à Los Angeles.
Quando arrumava minhas malas no bagageiro do carro, meu celular vibrou, indicando uma nova mensagem.
:
Ah, Harry. A gosta muito de The Maine, e comentou que eles estão fazendo uma mini turnê pela WestCoast. Por que não a acompanha em algum show nesse fim de semana?
Eu não sabia o que poderia fazer com esse final de semana, a única coisa que eu queria era a ter por perto. Mas, eu não podia negar de que sabia exatamente o que falar e quando falar.
Aproveitei o caminho até minha casa para pesquisar sobre a turnê da banda indie e vi que haveriam dois shows em Los Angeles no fim de semana, depois de muito pensar nas possibilidades, comprei dois ingressos para o que aconteceria ao sábado.
A quantidade de casacos que eu usava já estavam me fazendo suar. A diferença climática entre a Inglaterra e Los Angeles é imensurável e eu ainda não tinha me acostumado, mesmo depois de tantas viagens.
Pedi para o motorista ligar a rádio, na intenção de ouvir uma boa música para passar o tempo e o transito. Porém, a programação mudou para encaixarem uma entrevista. Quem falava era um homem, sua voz era um pouco grossa e tinha um sotaque leve, quase canadense. E foi apenas quando a locutora falou seu nome, que eu me dei conta de que o sotaque não era quase canadense, e sim totalmente canadense; Shawn Mendes era o nome do artista.
Fiz um sinal para o homem ao volante aumentar o volume.
- “Estamos sabendo que a produção do novo álbum já está acontecendo. Como você está se sentindo?” – a voz esganiçada da mulher incomodou levemente meus ouvidos.
- “Bom, produzir enquanto se está em turnê é meio difícil. Voltei de uma parte da turnê a pouco tempo e já gravamos algumas músicas. Por esse mês, eu ficarei em Toronto, curtindo minha família. Mas, minha equipe continuará em Nova Iorque trabalhando nas faixas já gravadas. Logo depois finalizarei a turnê com mais alguns shows e, finalmente, conseguirei concluir o álbum.” – a amizade de Shawn era algo muito motivador. Ele, mesmo com sua pouca idade, era decidido e muito focado.
- “Mas em questão de escrita, todas as músicas já foram finalizadas?” – a voz da mulher emanava uma grande animação.
- “Sim! Mas não estou confiante com todas, por isso vou usar esse tempo para escrever mais algumas e mandar para os produtores.” – ele riu e a menina o acompanhou.
- “Falando em produção, e Matt estão responsáveis por esse disco também?”
- “Não. Dessa vez temos um nome novo na produção do álbum. Ela se chama Schulte, e veio direto do Brasil para nos apoiar nas gravações.” – ele disse e eu sorri, espontaneamente, ao ouvir o nome da garota.
- “Ela que estava com você, e , sua assessora, durante um jantar ontem?” – olhei para o relógio e vi que ainda eram dez da manhã. A velocidade com a qual a imprensa trabalha me assusta.
- “Isso mesmo. Gravem esse nome, ela ainda vai brilhar muito por aqui.” – ele disse, a entrevistadora o agradeceu e anunciou que o último single de Mendes tocaria. A melodia começou a tomar conta do interior da Range Rover e meu pensamento foi longe, ao mesmo tempo em que meu olhar se perdia em alguns pontos da estrada.
Então me lembrei do sorriso de , um dos mais belos que já vi, e ninguém podia dizer o contrário disso, pois era unanimidade. A garota cativava quem estivesse por perto apenas com aquele sorriso.
Eu não sabia ao certo o que queria com , porque ela tem sido uma ótima amiga; sempre presente mesmo estando distante. Mas, - merda- ela é linda e atraente, o que me deixou morrendo de vontade de beijá-la desde o primeiro segundo que a vi. Entretanto, não é como as outras garotas que conheci; em nenhum momento ela tentou se atirar para mim ou flertar. Pelo contrário, sempre que nos falávamos, agia com timidez.
Quando nos encontramos no Hilton, eu tive certeza de que algo bem doloroso toma conta de seu coração, e mesmo sem saber o que é, pude sentir apresso. A vontade que eu tive de abraça-la no momento que falou sobre os motivos para a discrição em relação as músicas, não podia ser medida em palavras.
Podia não ter certeza sobre querer ou não beijar , mas tinha certeza de que eu faria de tudo para melhorar sua dor.
O carro parou em frente à casa, que eu sempre achei luxuosa demais para abrigar apenas uma pessoa. Jacob me ajudou a levar as malas para dentro. Passamos pela grande piscina, que naquela hora estava sendo higienizada, e paramos em frente a porta de vidro. O motorista a puxou e eu coloquei as bagagens na sala. Ao checar a hora, percebi que faltavam apenas trinta minutos para o voo de pousar, o que me permitiria apenas tomar um banho para depois ir busca-la. Olhei para as três malas pretas paradas próximas ao sofá e decidi que as organizaria depois.
Corri para o banho, já separando uma calça jeans skinny, uma blusa branca e uma bota preta, coloquei uma boina da mesma cor em cima da cama, como uma opção para uso.
Não tive a opção de demorar muito no chuveiro, então tomei uma ducha rápida e fui me trocar. Por fim, decidi colocar o acessório na cabeça, já que meu cabelo estava em estado de calamidade.
Falei com Jacob que eu mesmo a buscaria, e ele me entregou a chave do carro. Antes de sair, peguei uma folha em branco e uma caneta preta.
A distância até o aeroporto era curta, e dessa vez o transito fluía. Logo que cheguei na área de embarque, estacionei o carro no local mais próximo e peguei o papel, escrevendo ‘Srta. ’ nele e o dobrei. Coloquei meu celular no bolso, óculos escuros nos olhos e desci para aguardar a saída de .
No caminho até o local onde a encontraria, fui parado por alguns fãs, que tiravam fotos e pediam autógrafos. Algumas até me questionavam o porquê da minha volta ao aeroporto no mesmo dia da minha chegada a L.A, e eu sabia que depois que publicassem as fotos, alguns paparazzi apareceriam por lá.
Dito e feito, enquanto eu esperava os passageiros do voo de desembarcarem, algumas pessoas com câmeras fotográficas, disfarçadamente capturavam meus movimentos.
Assim que a tela avisou que o voo havia chegado, percebi uma movimentação se formar nas esteiras. Logo de longe eu a vi, calças pretas com uma listra branca nas laterais, blusa branca e tênis da mesma cor. Em seu braço tinha uma jaqueta pendurada, essa que ela deve ter usado para cortar o frio que fazia no avião. Um rabo de cavalo baixo prendia seus cabelos, dando ênfase para seu rosto perfeitamente delineado.
Ela ainda não tinha me visto, pois se concentrava em esperar sua mala passar pela esteira. Logo que a mala marrom da Louis Vitton apareceu, ela segurou e suspendeu o puxador.
Desdobrei o papel e o segurei na altura da minha barriga. Quando viu o seu nome gravado na folha, um sorriso surgiu em seu rosto.
Veio caminhando em minha direção e parou em minha frente, soltou a mala e abriu os braços.
Aquele toque ainda era algo novo, não havíamos feito aquilo muitas vezes, mas era diferente do primeiro, como se houvesse algo sendo correspondido.
- Eu adorei o negócio de me esperar com plaquinha na saída do aeroporto. – ela disse, saindo do abraço.
- Eu sei que só tenho ideias incríveis. Obrigado. – me curvei, fazendo uma reverência e recebi um tapa fraco em meu ombro.
- Larga de ser bobo, Harry. – ela falava em meio a gargalhadas. – Vamos logo, tem paparazzis aqui e eu não quero sair em outro site de fofocas.
Caminhamos até o carro, ela logo atrás de mim e eu com sua mala em mãos.
Já a caminho de casa, digitava freneticamente em seu celular durante o caminho, quase não trocando palavras comigo.
- Está tudo bem por aí? – perguntei, tentando colocar um ar de humor, para não soar invasivo.
- Ah, claro. São coisas do trabalho. – ela disse, dando de ombros. – Parece que descobriu que Marco estava tentando vender os direitos autorais das músicas de Shawn e por isso ele solicitou Andrew de volta. – falou rápido. – Agora estamos comentando sobre isso no grupo. – mostrou o celular.
- Nossa, que situação horrível. – eu matinha meus olhos na estrada. – Mas, que bom que Mendes conseguiu ter os direitos e Andrew de volta. – ela riu e eu a acompanhei. Ela bloqueou o celular e virou seu rosto para mim.
- Já pensou no que iremos fazer nesse fim de semana? – seu tom de voz era animado.
- Tenho algumas ideias. – manobrava o carro, para colocá-lo na garagem da casa, já que havíamos chegado. – E tenho uma surpresa.
- Quero ver conseguir me surpreender, Styles. – ela deu um sorriso de lado. – Quase ninguém consegue esse feito.
- Veremos. – eu disse e abri a porta do carro, descendo do mesmo. Peguei a mala de que estava no banco traseiro e a encontrei ao lado do carro. Guiei a garota até a casa, enquanto a apresentava as dependências.
Subimos com sua mala, e as minhas, mostrei a ela o quarto onde dormiria, e disse que poderia se acomodar e descansar por alguns minutos, já que em breve sairíamos para almoçar.
A garota me agradeceu, depositando um beijo em meu rosto. Um contato mais intimista que o abraço, mas sem nenhuma intenção, apenas a gratidão.
Capítulo 8
“Take a famous girl out where there's no paparazzi.” – Versace (Remix), Migos
O quarto que Harry tinha separado para mim era grande e confortável. A cama era no meio do cômodo, com sua cabeceira encostada em uma das paredes, na outra extremidade uma televisão com tantas polegadas que me fez desconfiar se eu estava num quarto ou num cinema.
O banheiro era igualmente grande, e o chuveiro tinha a água mais quente que minha pele já experimentou, eu não queria sair do banho por nada. Mas, sabia que logo iria almoçar com Harry e precisava estar pronta. Então, saí do box e me enrolei na toalha, a roupa que eu usaria já estava separada, mas eu decidi me jogar na cama e olhar um pouco do Twitter daquela forma que eu estava.
Eu rolava o feed, e algumas fotos minhas e de Harry no aeroporto alguns minutos mais cedo, já estavam aparecendo. Milhares de pessoas especulando um possível relacionamento e outras uma nova produção de Styles. As pessoas, de certa forma, já sabiam quem eu era, e caso não soubessem, não era difícil descobrir. Eu trabalho nesse meio há anos e existem muitas coisas sobre mim na internet, se quisessem mais informações, bastava apenas jogar meu nome no Google que todo meu histórico de trabalhos apareceria por lá. Não me importava de estar em fotos com Harry, pois eu sabia que esses rumores eram falsos e que entre nós existia apenas uma amizade.
Uma notificação apareceu na tela, era do grupo que havia criado.
Grupo: New Kids On The Block :´D
<3 :
Shawn Peter Raul Mendes, você pode me explicar esse negócio de você estar sendo visto com uma menina pra cima e para baixo?
😊 :
Eu também vi, mas preferi nem comentar!
Eu:
Acabei de chegar em L.A, não estou sabendo de nada.
Vamos, Shawn... Explique-se.
Shawn, O Carneiro:
É verdade, galera. Conheci essa garota e ela é Brasileira também, .
Eu:
Então já tem minha aprovação. Manda o insta, já quero fazer amizade.
Ela se chama Maria Eduarda e é a menina mais especial que já conheci. Vocês a conhecerão em breve.
Eu:
Espero que sim! Gente, preciso ir. Harry e eu vamos sair pra caçar alimento. Abraços.
E boa sorte, Shawn!
Desci as escadas correndo, para encontrar Styles com o famoso “pretinho básico”, os cabelos levemente bagunçados e um Ray Ban.
- Nunca erra na escolha da cor. – eu disse apontando para sua roupa, e pude perceber que ele me encarava, seu olhar percorria cada curva do meu corpo, delineando perfeitamente minha silhueta.
Naquele instante, um arrepio passou por minha espinha. Eu gostei da forma com a qual ele me olhava, as segundas intenções totalmente implícitas – pelo menos era o que ele achava. -, fizeram eu me sentir ainda mais bonita.
- Preciso te elogiar? Porque você está. – ele desceu o olhar, parando-o sobre minhas coxas. – UAU.
- Para com isso. – disse, rindo. – Não é como se nunca tivesse me visto de vestido. – ele levantou uma das sobrancelhas e abriu um sorriso malicioso. Eu não podia ler mentes, mas sabia que ele queria dizer um: "adoraria te ver sem.”
Pigarreei para que ele pudesse entender que o clima estava ficando diferente entre nós.
- Vamos? – ele disse, piscando os olhos algumas vezes.
- Vamos! – sorri e o acompanhei até o carro.
Fui até onde havia uma fila de três pessoas e aguardei minha vez. Quando fui atendida, pedi uma bola de baunilha e outra de morango, com muito granulado por cima, do jeito que eu sempre gostei, desde a infância.
Alguns paparazzis miravam as câmeras para mim, e eu não entendia o porquê, já que Harry estava bem distante, do outro lado da rua.
Quando o sorveteiro terminou de montar minha casquinha, o movimento ao redor do britânico já tinha acabado. Voltei para o seu lado.
- , você fica linda até comendo esse sorvete. – ele sacou o celular do bolso e tirou uma foto minha no momento exato que eu mordia um pedaço da calda endurecida de chocolate branco.
- Ah eu não acredito que você fez isso, Styles. – eu fingi raiva e ele apenas gargalhou.
- Você consegue sair feia em alguma foto? – ele encarava o celular, enquanto analisava a fotografia. Parei ao seu lado, e coloquei meus olhos sobre a tela. Realmente tinha ficado bonita.
- Não é culpa minha se eu nasci maravilhosa desse jeito. – joguei meu cabelo para trás e saí andando como uma supermodelo, ouvindo apenas a risada rouca do britânico.
- Sua humildade é comovente, . – seus passos longos fizeram com que ele me alcançasse.
Eu dei língua para o garoto e depois de andarmos por mais algumas quadras, decidimos que o melhor seria voltar e encontrar outra coisa para fazer.
Assim que chegamos à residência de Styles, tomei um banho e desci para assistir um filme na TV da sala.
Enquanto eu comia um biscoito que roubei do armário da cozinha, ria com a mesma cena de “As Branquelas” todas as vezes, que para mim era um filme que nunca perderia a graça. Vidrada na televisão, não percebi Harry se sentar ao meu lado, até ouvir um pigarro vindo dele.
- Oi, Hazz. – dei um sorriso largo e estendi o pacote de biscoito em sua direção. – Aceita?
- Não, obrigado. – ele balançou a cabeça em negação e eu movi os ombros, levando meu olhar de volta para o filme. – Na verdade, vim te perguntar se você topa ir a um show comigo amanhã a noite. – Peguei o controle em cima do braço do sofá e desliguei a TV para dar uma atenção maior a meu amigo.
- Você sabe que eu amo música. Então a resposta é sim. – eu estava animada, mesmo trabalhando com artistas, fazia muito tempo que não ia a um show. – Quem é o cantor, ou banda? – pude ver um sorriso tomar conta do rosto de Harry, que me lançou um olhar sugestivo. – Para de fazer suspense, me fala. – me aproximei do garoto e segurei em seus braços, os balançando, como uma criança pirracenta faria.
- Ah, não sei se você conhece. – ele rodou os olhos . – É uma banda chamada The Maine.
Meu coração gelou e eu pude ter certeza que o sorriso que eu dei naquele momento fora o maior de todos durante minha singela existência. Harry colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, sorriu sem mostrar os dentes e sussurrou: “surpresa”.
- Como você? – eu gaguejava, ainda atônita. – , não foi? – ele assentiu e eu ri. – Aquela garota ainda me paga. Mas, obrigada. – o encarei e pela primeira vez estávamos tão próximos que eu conseguia perceber com detalhes, todas as cores que compunham seu olhar. Nossa respiração é pesada, e eu pude ver que Harry encarou meus lábios por alguns segundos. Um nervosismo fez meu estomago ser tomado por borboletas, mas o choque de realidade bateu quando ouvi a voz de Styles em nosso primeiro jantar, ecoar pela minha cabeça, dizendo que queria ser meu melhor amigo.
Meio sem jeito, me desvencilhei daquela armadilha chamada: olhar de Harry Styles.
- Bom, acho que vou subir e descansar mais um pouco. Cheguei hoje e ainda estou um pouco atordoada do voo. – sorri, já me levantando do sofá. – Nos vemos no jantar.
Subi as escadas correndo, como se estivesse fugindo de um assassino em série de um desses filmes ruins de terror. Me joguei na cama e encarei um teto por um tempo.
Eu estava me encantando por Harry Styles e eu faria de tudo para que isso não acontecesse.
Capítulo 9
“And friends don't treat me like you do” – Friends, Ed Sheeran.
O jantar da noite anterior não foi esquisito como eu imaginei que seria depois do acontecimento no sofá. Eu e Harry compramos pizza e ficamos jogando vídeo games pelo resto da madrugada, isso provavelmente explicava o fato de eu ter acordado no sofá ao invés da cama, e a dor em meu pescoço. Levantei, alongando meus braços rapidamente, e percebi que Styles dormia no outro sofá feito um anjo. Tentei dar passos leves e curtos para não o acordar e fui em direção ao banheiro, para tomar um banho. Mas, ao passar pela grande porta de vidro, pude ver a piscina sendo extremamente convidativa no calor de Los Angeles. Então, decidi que seria uma boa ideia abusar daquelas águas enquanto estivesse por ali e me apressei para colocar o biquíni branco que estava em minha mala.
Ao descer os degraus e ver que Harry ainda dormia, peguei um pouco da salada de frutas que havia na geladeira e fui para a parte externa da casa.
O sol estava forte o suficiente para esquentar a água, mas não o suficiente para me deixar com uma marquinha como no Brasil.
Depois de dar um mergulho para me acostumar com a temperatura amena da água, me deitei em uma das espreguiçadeiras que haviam ao redor da borda e peguei meu celular que tocava em cima da mesa onde ficava o guarda-sol.
- Alô? – disse ao ver que o número estava sem o ID do chamador.
- Funerária um, dois, três, chegou a sua vez. – o rapaz do outro lado da linha deu uma risada, essa que já era conhecida por mim.
- Sério que você me ligou para tentar me passar um trote, Mendes? – caminhava em direção a cadeira onde me deitaria.
- Eu nunca faria isso com você, . – Shawn dizia com o tom de voz mais cínico que eu já tinha escutado.
- Diz logo o que você quer, nuts. Estou no meio de um banho de sol. – coloquei o óculos e me virei em direção aos raios.
- Te mandei por e-mail uma letra nova, e em anexo um áudio da melodia, pra você ver se consegue trabalhar em cima dela. – seu tom de voz brincalhão passou a ser sério quando a pauta em questão virou trabalho. – É uma música muito importante pra mim. Por favor, seja bondosa.
- Pode deixar, Shawn. – disse, também mudando meu tom. – Vai ser o álbum mais bonito que já produzi, tenho certeza. – sorri, mesmo que ele não pudesse ver. – Me diz, como andam as coisas com a Madu?
- Ainda não nos beijamos. – ele disse.
- Por que você é lento. – ri alto, sendo seguida por ele.
- Parece que ela tem um pouco de medo de estragar nossa amizade ou sei lá. – podia sentir a decepção em sua voz.
- Passos de neném, nuts. – eu, de certa forma, o entendia. – Logo verei vocês dois por aí em meio a muitos beijos.
- Só você mesmo, nuts. Obrigado. – ele disse. – Ouve a música.
- Pode deixar. Aproveita as férias.
- Você também.
Logo após Mendes encerrar a ligação, coloquei meu celular em cima da cadeira que estava ao lado da minha e pude ouvir a porta de vidro abrir.
Levantei meu corpo para olhar em direção ao local de onde vinha o barulho e vi Harry com os cabelos bagunçados, cara de sono e – pausa dramática -, sem camisa.
Agradeci aos céus por estar de óculos escuros e poder ficar um pouco mais de tempo analisando suas tatuagens e seu abdome definido. Ele caminhava em direção a piscina e pulou na água. Aquela cena, com certeza, tinha entrado na lista das coisas mais sexy que alguém poderia presenciar. Nadou submerso até a extremidade onde minha cadeira estava, levantando o tronco graciosamente e passando a mão nos cabelos molhados.
Meu corpo todo arrepiava e eu garanto que não era por conta do vento.
- Aproveitando o sol de Los Angeles, ? – colocou uma das mãos sobre os olhos, se protegendo dos raios.
- Eu não sou boba, Harry. – sorri para o garoto, que analisava meu corpo seminu de forma irresistível. Passou a língua sobre os lábios e retribuiu o sorriso.
- Não vai entrar? – se referiu a piscina.
- Acho que posso fazer esse esforço. – ao sair da cadeira percebi que Styles acompanhava cada movimento meu. Desci a escada da piscina e fui nadando calmamente até ele. – Vai ficar aí me olhando com essa cara de bobo ou vai nadar? – dei um sorriso de lado e joguei um pouco de água em sua direção.
Ele se aproximou e eu senti sua mão direita tocar minhas costas. Fechei os olhos, me permitindo aproveitar aquele toque que me parecia tão certo e ao mesmo tempo tão errado. Com sua mão livre, fazia carinho em minha bochecha. Eu tinha prometido a mim mesma que não cairia na tentação, mas ele chegava cada vez mais perto, faltando poucos centímetros para concluir o ato, somos interrompidos por Jacob, que eu nem sabia que estava na casa.
- Desculpe atrapalhar, senhor Styles. – o homem de estatura mediana e cabelos brancos dizia e eu me afastava de Harry. – Mas, a senhorita Jenner está no portão.
Meus olhos arregalaram e meu queixo, por pouco, não encontrou o chão. Harry e Kendall já haviam sido flagrados algumas vezes juntos, mas nada recentemente, tanto que os rumores esfriaram e ninguém falava mais disso. Então, ouvir o nome da garota foi uma surpresa para mim, principalmente depois de sair de um momento como aquele com Harry.
Nadei até a borda da piscina e me apoiei nela para sair da água. Minha cabeça era cercada por confusão naquele momento. Eu não me sentia com ciúmes, porque não tenho nada além de amizade com o garoto, e eu sabia que se algo acontecesse dentro daquela piscina, eu poderia provar que eu não sou qualquer uma que facilmente cairia da laia de Styles. Por isso, decidi que não me estressaria com a situação e continuaria o tratando como o bom amigo que tem sido para mim.
- Pede para ela esperar um pouco, Jacob. Vou trocar de roupa, pegar minhas malas e ir para um hotel mais próximo. – eu disse, com um sorriso no rosto. – Assim, ela e Harry podem ficar mais à vontade.
- . – o rapaz, ainda dentro da piscina me olhava com um semblante repleto de culpa.
- Fique tranquilo, Hazz. – encarei seus olhos verdes por alguns segundos. – Somos amigos, não? – ele maneou a cabeça em concordância. – Então, é isso que amigos fazem. – sorri. – Nos vemos mais tarde no show. – peguei meus pertences em cima da cadeira. – Jacob, você espera eu pegar minha mala e me leva até o Hilton que fica a algumas quadras daqui? – o motorista assentiu.
Entrei na casa, sem proferir mais alguma palavra a Harry. Fui até o quarto e joguei minhas roupas na mala de qualquer forma, coloquei uma regata e um short, apenas para não sair de biquínis na rua e desci, indo de encontro à Jacob na garagem. Pedi para que ele saísse pelos fundos, assim Kendall não saberia que estive ali e eles não teriam motivos para brigar.
já tinha ido embora a algumas horas e Kendall estava na sala assistindo algum programa sobre famosos que já estavam mortos, enquanto eu tomava banho e minha vontade era de ficar dentro daquele banheiro para o resto da vida.
Eu quase tinha a beijado, faltava tão pouco.
Deixei a água quente cair sobre meus cabelos, fazendo meu corpo relaxar e minha mente descansar.
A Jenner disse que ficaria até o feriado por ali, então mandei uma mensagem para dizendo o que eu não queria dizer: não a acompanharia no show.
Depois de receber a mensagem de Harry, bloqueei o celular e o joguei de volta na cama. Eu iria ao show de qualquer forma, acompanhada dele ou não, era uma das minhas únicas chances de conseguir assistir a uma apresentação do The Maine. Logo, Shawn voltaria e eu não teria tempo para fazer outras coisas além de trabalhar.
Tirei a toalha do meu corpo e vesti a roupa que tinha separado para o show: camisa branca com gola vermelha, uma calça jeans e um tênis, também branco. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo baixo e fiz uma maquiagem com olhos simples e a boca bem chamativa, coberta em um vermelho forte.
Peguei minha bolsa, guardei o necessário e chamei um táxi para me levar até o local onde aconteceria o show.
Já no local do evento, uma fila se formava. Quando desci do carro, pude ver que haviam alguns paparazzi por perto. Eu entendia o fato de que era produtora de Shawn e estava com Harry ontem pelas ruas de L.A, mas isso não me faz ser famosa ou alguém que a vida fosse interessante o suficiente para ser seguida por fotógrafos.
Os seguranças da casa de show viram o que acontecia e o tamanho do meu desconforto com aquilo. Juntaram a+b e chegaram à conclusão de que eu deveria ser alguma personalidade famosa, coisa que eu definitivamente não era, e me escoltaram até a parte interna do lugar, fazendo eu furar uma grande fila, me deixando mal por ter feito.
Agradeci a gentileza e me desculpei pela confusão, mas o que eu esperava era que eu fosse dar de cara com a banda na área dos camarins, pra onde me levaram.
- Oi. – o vocalista, John, disse simpático. – Você é a famosa que estava fazendo confusão lá fora?
Minhas bochechas coraram, rapidamente fui tomada por uma vergonha.
- Não sou famosa. – minha voz saiu baixa.
- Os paparazzi não tiram fotos de desconhecidos por aí. – Pat, o baterista disse em um tom totalmente óbvio.
- Você não é a menina que está produzindo o álbum do Shawn Mendes? – Kennedy, um dos guitarristas apontou para mim com sua paleta, carregando em seu rosto um semblante curioso. Os rapazes o olharam da mesma forma. – Que foi? Eu curto as músicas dele! - Todos riram e eu assenti.
- Então sinta-se em casa... – Garrett, o baixista se pronunciou.
- . Mas podem chamar de . – sorri largamente.
- Então, . – Jared, o outro guitarrista, me abraçou de lado, colocando a mão sobre meu ombro, como se fossemos velhos amigos. – Aproveite o show e nos espere para uma cerveja.
Eu sorri com a espontaneidade dos rapazes, que me acolheram como uma deles em apenas poucos minutos. Me senti privilegiada por poder assistir ao show bem de perto, mas queria que Harry estivesse ali comigo.
Depois do acontecimento da piscina, eu tive certeza de que estava encantada pelo garoto. Tudo nele era apaixonante: seu olhar, seu sorriso, seu corpo, seu toque em minha pele, sua respiração próxima a minha. Simplesmente tudo me remetia àquela fatídica cena.
Então, ao som de Black Butterflies and Déjà Vu, eu decidi que a partir daquele dia, meu coração é quem falaria.
Eu iria conquistar Harry Styles!
Capítulo 10
“Another alien on Brodway.” – Bright Lights, Matchbox Twenty
O final de semana tem sido agitado para o ex-One Direction, Harry Styles, 23. Após uma tarde de passeio por Los Angeles ao lado da produtora musical Schulte, 25, o cantor foi visto aos beijos com sua antiga affair Kendall Jenner, 21, confirmando os rumores que vinham acontecendo desde maio desse ano.
Mas, e ?
A brasileira, filha de Margareth e Robert Schulte, passou a noite de sábado acompanhada da banda americana The Maine, com os quais postou fotos em suas redes sociais.
Então, queremos saber: Schulte e Harry Styles estariam trabalhando num novo álbum do rapaz?
Lembrando que a garota atualmente trabalha ao lado de Shawn Mendes, na produção de seu próximo disco.
Estamos esperando por mais confirmações.
Minha cabeça latejava, e meu corpo pesava sobre a cama. Meus olhos ainda assimilavam as letras da notícia que acabara de enviar por mensagem. A foto de Harry e Kendall se beijando em frente a um lago estampava o site de fofocas, mas minha atenção era toda e completamente voltada a meu nome brilhando e conectado a vários links sobre meus trabalhos.
As notificações não paravam de chegar e até meu irmão mandou mensagem perguntando se eu estaria trabalhando com Harry. O meu número de seguidores aumentou esdruxulamente em menos de horas. Ao menos, a imagem que tinham de mim era estritamente profissional, conectando minha visita a Styles apenas como uma possível parceria e nada mais. Não queria ser conhecida mundialmente como; “a garota que foi chifrada por Harry Styles em apenas um dia.”.
Rolava na cama enquanto pensava se ficaria por ali ou sairia para tomar um ar fresco e me recompor da ressaca causada pela grande quantidade de tequila tomada na noite anterior – nota mental de nunca mais dizer a John O’Callaghan que o acompanharia nas bebidas. Olhei para o teto por alguns segundos e decidi que o melhor a fazer seria seguir a segunda opção.
Depois de tomar um banho gelado, para despertar cada músculo do meu corpo, coloquei uma roupa simples e um óculos escuro para esconder as olheiras.
Desci o elevador do hotel com a intenção de comprar um café o mais rápido possível.
Passei pela recepção, acenando para os funcionários e sendo gentilmente retribuída com sorrisos simpáticos.
Desci a rua em passos lentos, a caminho da cafeteria mais próxima.
O ambiente onde estava era agradável e acolhedor. Estava sentada em uma poltrona que parecia me abraçar a cada movimento meu.
Percebi que algumas jovens sentadas na outra extremidade do estabelecimento me encaravam com curiosidade, cochichavam coisas entre si e sorriam em minha direção. O que eu não sabia era se elas riam para mim ou de mim.
Decidi não me importar muito com aquilo. Meu objetivo nunca fora ter uma vida pública, mas como já dizia meu padrasto: o que é um peido pra quem está todo cagado?
Meu interior suplicava por meu violão e um caderno, há alguns dias eu não escrevia, eu precisava daquilo.
Depois de um café da manhã digno de princesa, e sem muito mais o que fazer, decidi ir até o aeroporto para trocar minha passagem e voltar para Nova Iorque o quanto antes.
Depois de algumas horas suplicando ao rapaz no guichê da companhia aérea, consegui mudar meu voo para as 3p.m de domingo. E no momento que consegui, era por volta de 1h30p.m. Nunca corri tanto quanto naquele intervalo de horas. Uma digna cena de filme: correndo as pressas pelo aeroporto, mas sem as malas, porque era atrás delas que eu estava indo.
Com meu celular ainda tocando, peguei a minha única mala e uma bolsa que havia levado. Eu retornaria a ligação depois, o objetivo era chegar ao aeroporto o quanto antes.
Um dos rapazes responsáveis pela movimentação de bagagens no hotel me ajudou a levar meus pertences até um dos táxis que ficavam na frente do grande prédio, enquanto eu fazia o checkout, conforme procedimento padrão.
Depois de fechar toda a conta, agradeci a menina de olhos azuis que estava na recepção e me desloquei para o carro com a maior velocidade que conseguiria atingir.
Assim que entrei no automóvel de cor amarela, alcancei meu celular no fundo da bolsa e o desbloqueei, na tela principal havia um aviso de três chamadas perdidas de Harry.
Respirei fundo para continuar. Minhas mãos suavam como no primeiro dia que nos vimos e meu coração palpitava forte. Eu realmente estava caindo nas graças do cantor e isso não era bom para mim, afinal ele acabara de “assumir” um relacionamento com Kendall.
Meu celular estava apoiado na orelha esquerda, enquanto acontecia a discagem da chamada. Logo ao segundo sinal, Harry atendeu.
- . – sua voz rouca percorreu por meu corpo como um choque, fazendo automaticamente todos os meus pelos arrepiarem.
- Diga, Hazz. – tentei soar o mais indiferente possível. Ontem meu objetivo era conquista-lo, hoje é apenas manter a amizade. Não faria nada para acabar com um relacionamento alheio para que a beneficiada fosse apenas eu.
- Aconteceu alguma coisa para não me atender? Digo, foi por conta das notícias? – seu tom de voz era preocupado e tenso, ele falava rápido e as vezes embolava algumas palavras.
- Ei, calma. – eu ri fraco. – Claro que não, Harry. – suspirei. – Eu estou voltando para Nova Iorque, adiantei minha passagem e estava a ajeitar algumas coisas. Me desculpe por não atender na hora.
- Já está voltando? – ele questionou, um pouco abatido.
- Sim, vou tentar encontrar por lá. – falei a primeira coisa que veio a cabeça, mas não me pareceu uma má ideia. – Mas, te agradeço muito pela hospedagem e o ingresso para o show.
- Vi que se divertiu bastante. Fico feliz. – eu sabia que ele sorria, podia visualizar perfeitamente.
- Fico feliz por você também, Styles. – fechei os olhos e respirei fundo. – Espero que aproveite seu relacionamento. – o desejei, sinceramente.
- Está tudo bem entre nós, não é? – abaixou o tom de voz, o que me fez questionar se Kendall estava por perto.
- Claro que sim, Hazz. Vamos fingir que nada disso aconteceu e seguiremos com nossa boa amizade. – sorri e o motorista do taxi avisou que estávamos nos aproximando do aeroporto. – Preciso ir. Nos vemos em breve.
Desliguei a ligação com um peso enorme no peito. Aquele garoto seria a morte para mim, mas eu deveria ser forte o suficiente para superar antes mesmo de começar a sentir algo mais profundo. Um tempo longe seria o ideal.
Capítulo 11
“Maybe we just ain't meant to be something. Maybe we are?”– No Promises, Cheat Codes (feat. Demi Lovato)
Os dedos de tocavam as cordas do violão na parte interna do estúdio, e em pleno feriado, terminávamos de gravar mais um instrumental do álbum de Shawn. Dessa vez era o da música que ele havia enviado por e-mail no outro dia. Estava tudo tão lindo. A paixão de Mendes podia ser perfeitamente notada, ele estava de quatro pela fotógrafa brasileira e isso era claro em cada palavra escrita e em cada nota composta por ele.
Quando cheguei em Nova Iorque, meu único objetivo era descansar o máximo possível, e assim eu fiz.
E ao acordar na segunda do feriado, recebi uma ligação de perguntando se não gostaria de acompanha-lo num dia de estúdio, já que ambos não tínhamos absolutamente nada para fazer. Então foi o que fizemos. Depois de duas horas dentro da Republic, conseguimos finalizar a faixa que, para mim, era a mais bonita até então.
- Fala comigo, . – saiu da sala do microfone, e colocou o violão na case que estava no chão. – Você está muito pensativa. – sentou-se no grande sofá azul, esticando as pernas. – Tem a ver com o fim de semana?
- Que nada, . – virei meus olhos até o garoto, reparando pela primeira vez na covinha que existia em sua bochecha esquerda. – Estava pensando em como estamos fazendo um puta de um trabalho, e estou me sentindo honrada por isso.
- Trabalho há alguns anos aqui e é sempre o mesmo sentimento. – olhou para cada parte do estúdio, finalizando sua observação com o olhar sobre mim. – Sei que você talvez não queira me falar que está chateada pelo fato de Harry estar com alguém, e principalmente pelo fato disso ter acontecido enquanto você estava lá. – eu ia falar, mas não tinha terminado seu discurso. – Eu posso não ser a , mas também estou aqui para ser seu apoio. – ele suspirou. – , está na sua cara que algo a mais aconteceu e você está se remoendo por isso.
Joguei minha cabeça para trás, soltando um grunhido.
- Sabe, . – eu olhava para o teto, com o pescoço apoiado na cadeira. – Esses dias eu vi uma publicação de quatro meses atrás do meu irmão no Instagram. Era uma foto dele com nosso pai, Robert. – senti minha voz falhar ao falar seu nome. – Ele faleceu devido a um câncer de pulmão quando eu tinha apenas dez anos. Ele era minha maior inspiração para isso tudo aqui. – joguei meus braços para cima, mostrando as dependências do local. – E ele me dizia que eu não devia ter medo de sentir. – levantei minha cabeça e o encarei. – Mas, eu estou com medo. – meus olhos começaram a marejar. – Eu e Harry quase nos beijamos em Los Angeles, e a proximidade que tive com ele foi diferente de tudo que já tive com outra pessoa. Eu sei que me apeguei rápido demais, e sei que agora tenho que me desfazer desses sentimentos. Só que eu não quero, . – uma lagrima escorreu por minha bochecha. – Durante toda minha vida vivi em função da música, produzindo e criando. Eu queria que desse certo com alguém pelo menos uma vez.
Meu amigo me encarou com compaixão e se levantou, caminhando em minha direção. Pude sentir os braços de ao meu redor, me acolhendo e me protegendo de todo o perigo que tentasse se aproximar de mim. Senti como se Mathias ou Michael que estivessem me abraçando.
Dizem que quando estamos longe da família, nossos amigos são nossos irmãos. E era isso que era para mim, um irmão.
Talvez seria mais fácil sem a arte tão presente em minha vida. Ser artista é ser intenso, e isso não é – de certa forma – bom.
Eu estava na minha cama, e meu violão era meu único companheiro.
Já tinha tentado de tudo para fugir: conversado com , meus irmãos, minha mãe, Rodrigo. Mas nada me fazia fugir de Harry Styles.
Larguei o violão no colchão e fui a cozinha para pegar um café, então ouvi o soar da campainha.
Pelo olho mágico, vi os cabelos castanhos de .
- Oi. – abri a porta, dando de cara com o rapaz em uma blusa de futebol americano e sorriso aberto.
- Se arruma e coloca essa camisa. – me jogou um pedaço de pano nas cores branca, azul e vermelha. – Iremos a um jogo. Não aceito um ‘não’ como resposta.
Minha mente sofreu um pequeno delay até perceber que o jogo do qual falava aconteceria naquele dia.
- Entra, vou tomar um banho rápido. – abri um pouco mais a porta, deixando o garoto entrar e corri para o banheiro.
Cantarolava algumas melodias de canções desconhecidas pelo mundo, mas conhecidas por mim, e deixava a água deslizar pelo meu corpo tirando toda energia negativa que fora acumulada durante os dias.
Ao sair do banho, me enrolei na toalha e fui até o quarto. Assim que cheguei, encontrei sentado em minha cama, analisando meu caderno e com o violão em mãos. Paralisei por alguns segundos.
- São suas? – o rapaz perguntou, havia um brilho em seu olhar.
Pigarreei, tentando achar um resquício de voz.
- São lindas, . – ele continuou. – Por que nunca as mostrou pra ninguém? – ele folheava as páginas.
Seus olhos encontraram os meus, que ainda transmitiam o choque do momento no qual o vi ali.
- Seu pai? – ele levantou uma das páginas, na qual continha uma música chamada The Love You Left Behind.
Assenti e pude sentir lágrimas se formando no canto de meu olho. Ah, não seria possível que eu choraria na frente de mais uma vez.
- So many years have come and gone (tantos anos se passaram)
But every picture without you still feels so wrong(mas cada foto sem você parece tão errada)
I've been thinking lately (ultimamente eu tenho pensado)
What would you say if you saw me? (o que você diria se me visse?)
Would you be proud of what I've become?(você estaria orgulhoso do que me tornei?) – leu uma estrofe da canção e engoliu seco.
Eu havia me esquecido que estava apenas de toalha no quarto junto com o garoto, no quarto. Mas isso parecia pouco importar para , pois eu pude ver que seus olhos também continham lágrimas.
- , eu sei que talvez eu seja mais um de muitos que lhe disseram isso. – ele fechou o caderno e o colocou em cima da cama, levantando-se para logo me deixar à vontade. – Mas, você não deveria esconder essas canções do mundo. – parou em minha frente. – Entendo suas dores e seus motivos. Porém, você é uma artista. – ele deu uma pausa. – Assim como seu pai.
Saiu do quarto e me deixou pensativa durante alguns minutos. Não, eu não mostraria minhas músicas a ninguém. Não era o certo!
Coloquei a blusa que me deu e uma calça jeans, logo o encontrei na sala.
- Não é só você que tem segredos, . – ele se virou para mim, enquanto nos sentávamos. – Sou de Massachusetts. – piscou um dos olhos em minha direção e soltou uma risada alta, que fora acompanhada por mim. – Vai Patriots !
Então decidi que iria esquecer um pouco dos problemas e sentimentos para me entreter ao lado de .
O jogo rolava, e graças a Deus, meu amor por esportes me fazia entender bem o que acontecia. Eu gritava e xingava tanto quanto , que era um fiel torcedor do time da Divisão Leste. E não podia deixar de perceber os homens maravilhosos – diga-se de passagem -, que estavam em campo.
Ao fim do 2º quarto, iniciaram-se os doze minutos de intervalo, onde poderíamos ir ao banheiro ou comer mais alguma coisa, mas ambos decidimos por ficar no mesmo local onde estávamos. Os jogadores que vinham beber água e conversar com o técnico estavam muito perto, quis permanecer ali para dar uma de tiete.
Um dos atletas do time para o qual estávamos torcendo encarou nossos assentos por alguns segundos, mas não dei muita atenção, pois estava rolando o feed do Instagram.
- Acho que Danny Amendola gostou do que viu, hum? – o meu amigo cutucou minha costela com o cotovelo. – Tem como você me dar uma atenção aqui, Schulte?
- Nossa, seu grosso. – disse e olhei para frente, quando o fiz, o jogador de camisa 80 sorriu em nossa direção, automaticamente fiz o mesmo. – Uau, é um gato mesmo. – cochichei para , mesmo que eu soubesse da impossibilidade de ser ouvida por Amendola.
- Então porquê não joga seu charme? – perguntou.
- Nah. – disse e continuei a mexer no celular, vendo as fotos de meus seguidores. Passei por uma foto de Madu no boliche, curti e continuei a rolagem.
Logo abaixo daquela foto, apareceu uma de Harry e Kendall. Os dois estavam sentados em uma espécie de poltrona, ela tinha as pernas em cima de sua coxa, e a foto me parecia ser um pouco antiga, já que o cabelo do garoto estava longo. Merda , ele fica lindo de qualquer forma.
Meu coração palpitou mais forte ao ver a legenda:
“Uma foto antiga, para um amor antigo. Amo você, Kenny”
É, talvez essa fosse a hora de seguir em frente.
Capítulo 12
“This is the start of something new…” – Start Of Something New, High School Musical
entrava no carro de com o telefone grudado na orelha, resolvia coisas do trabalho, coisas relacionadas à Harry, e diretamente com ele.
- Eu fico por algumas semanas fora, Styles. – ela dizia com o tom de voz um pouco acima do normal. – Algumas semanas. – repetiu. – E você faz a merda de me assumir um relacionamento com a Jenner? Perdeu o amor à vida? – ela parou de falar, sinal de que o garoto do outro lado estava se expressando, mas pela cara de , não era nada muito agradável. – Tudo bem, vocês se amam. Que lindo! – o sarcasmo em sua voz era claro. – Mas, você é mundialmente famoso e tem alguém que se preocupa com a repercussão das coisas que você faz. E adivinhe, esse alguém sou eu. – bufou. – Então da próxima vez me avise quando for pedir alguém em namoro. – pigarreou. – E não faça isso no mesmo fim de semana que está hospedando uma amiga em sua casa. – meu coração gelou. – Dê graças aos céus de que é super profissional e até a mídia reconhece isso. – troquei olhares significativos com . – Beijos, Harry. Boas férias! – ela finalizou a ligação, e começou a colocar as mãos no rosto. – Desculpem por isso. Eu ainda envelheço cedo.
- Envelhece nada. Você é a rainha do Skin Care. – girou a chave na ignição, dando partida no carro. – Vamos à casa de quem?
- Pode ser na minha. Tenho que arrumar minhas coisas, e temos muito o que conversar. – batia palmas. Ela havia ficado uma semana além do feriado na Inglaterra.
- Ninguém precisa saber que você transou com o Liam. Já é obvio que aconteceria. – olhei para minha amiga, fingindo nojo.
- Você é suja, . – ela me deu língua.
A casa de era linda, e o caminho até ela mais ainda. Muito arborizado e fresco, a janela era sempre tomada por um grande verde, e as janelas abertas faziam o ar fresco nos tocar deliciosamente.
Assim que parou o carro, ajudamos a tirar as coisas do bagageiro. Eu jurava que ela tinha levado menos coisa que isso, mas pareço ter me enganado.
Depois que as três malas da garota já estavam dentro de casa, ela foi tomar um banho enquanto eu e pediríamos pizza.
Estávamos sentados no grande sofá preto, olhando a grande quantidade de pizzarias que poderiam fazer a entrega naquele endereço.
- E aí, jogou seu charme pro Danny? - , que estava na outra ponta do sofá, cutucou meu joelho com o dedão de seu pé.
- Depois do jogo nós fomos embora, . Como eu faria isso? - revirei os olhos. - Olha, essa me parece uma boa pizzaria.
- Não mude de assunto. - me olhou com a cara fechada. - Você não quer superar o Styles? - suspirei, ele estava certo. - Aqui. - pegou meu celular em cima da mesa e colocou em minha mão. - Siga-o no Instagram e mande uma DM dizendo que o jogo ontem foi ótimo.
- Como tem tanta certeza de que ele vai me responder? - perguntei, me ajeitando na poltrona e pegando o telefone residencial para pedir a pizza.
- Duh. Você é gostosa! - ele disse com o tom de voz mais óbvio do mundo.
, que descia a escada vestida em roupas confortáveis, quase pijamas, pegou a conversa pela metade.
- O que aconteceu? - ela se sentou no meio de nós dois.
- vai jogar charme pro Danny Amendola. - sorriu malicioso.
- O jogador do Pats? - abriu os olhos em surpresa. - Meu Deus, ele é um gostoso. Daria tudo pra lamber aquela barriga.
- Desnecessário saber. - disse, rindo da fala de .
- Vai logo, manda a mensagem e deixa de ser idiota. - pegou o telefone residencial de minhas mãos. - Você faz isso e eu peço a pizza.
Fiquei por alguns segundos com o perfil de Danny aberto em minha tela. Não sabia se realmente deveria fazer aquilo, seria me enganar. Eu estava sentindo de fato algo por Harry.
Mas, de certa forma eles estavam corretos. Harry está em outra.
Apertei o botão de seguir, sem insegurança ou medo e logo apareceu a opção de enviar mensagem. Assim eu fiz!
@.schulte: Ei, ótimo jogo ontem.
Bloqueei o celular para não ficar muito ansiosa por uma resposta, como de fato acontecia.
O deixei em cima da mesa e fui ajudar com a sobremesa, já que ela tinha decidido que queria brigadeiro. De acordo com ela, Shawn a disse que Madu fez o doce brasileiro para ele, e o garoto recomendou para Deus e o mundo.
Então, eu como brasileira, fui a escolhida da noite para fazer o doce.
Peguei as caixas de leite condensado em cima da pia e despejei seu conteúdo em uma panela com manteiga já derretida, e logo coloquei o chocolate também derretido - eu preferia fazer dessa forma do que com chocolate em pó.
Assim que terminei de fazer o doce, a campainha tocou, dando a chegada da pizza.
Deixei o doce esfriar e me juntei aos meus amigos para comer o que pedimos.
colocou a caixa sobre a mesa central. Tirei meu celular dali, e aproveitei para checar o Instagram, já que depois de ganhar muitos seguidores eu tive de desativar as notificações.
Olhei para o topo da tela e vi que haviam duas mensagens não lidas.
Abri a aba. Uma era de Shawn, respondendo a meu storie com e , com uma foto dele e a legenda: “vocês me abandonam”. Dramático, como sempre.
E a outra era de Danny.
@dannyamendola: Ei. Muito obrigado, garota da arquibancada! ;)
@dannyamendola: Meio difícil de esquecer seu rosto. O que faz de bom hoje?
Engoli a pizza com esforço, e meus amigos perceberam.
- Ele respondeu, né? - perguntou e eu só virei o celular em sua direção.
- Chama ele pra vir comer pizza com a gente! - disse, na maior inocência, e eu o segui.
@.schulte: Fico lisonjeada pelo elogio. Estou em NY, na casa de uma amiga e comendo pizza. Se quiser nos acompanhar.
@dannyamendola: Só mandar o endereço!
Encarei meus amigos com um semblante assustado que fez quase engasgar com a fatia que comia.
Passei o endereço, não esperançosa de que ele realmente viesse.
Mas, no final do prato de brigadeiro a campainha tocou novamente, mas dessa vez não tínhamos pedido outra pizza. incentivou que eu fosse abrir a porta, e assim eu fiz. E naquela hora eu fui no céu e voltei, porque eu juro que quando abri a porta, vi um anjo.
Deus era injusto fazendo pessoas tão lindas daquele jeito.
Sua blusa escura marcava perfeitamente seus braços atléticos, sua barba por fazer e seu cabelo bagunçado me fizeram ter vontade de arrancar a roupa ali mesmo e me agarrar àquele homem.
Aquilo não daria certo. Mas, seria um errado maravilhoso.
Capítulo 13
Harry
“I don't like the way he's looking at you, I'm starting to think you want him too. Am I crazy?” – Jealous, Nick Jonas
Acordei com Kendall deitada ao meu lado, seus cabelos negros tomavam conta do travesseiro e ela dormia feito um anjo. Depositei um beijo em sua testa antes de me levantar.
De certa forma não fora tão errado me arriscar a ter algo com ela. Talvez com não desse certo, somos muito diferentes em alguns aspectos, além de que não existia a certeza de que ela ficaria nos Estados Unidos após a produção do álbum de Shawn, e por isso decidi que o melhor a fazer seria firmar algo com Jenner e, finalmente, sossegar. Mas, o que eu não queria era que se afastasse, mas ela fez. De acordo com seus argumentos, ela estava sem muito tempo para conversar, pois na última semana Shawn foi para Austrália começar a reta final de sua turnê e, simultaneamente, ela recebia várias músicas para trabalhar.
Mas, eu sabia que não era isso que a fazia não responder minhas mensagens ou não atender minhas ligações.
Por mais forte que a garota fosse, eu tinha certeza de que seus sentimentos estavam tão embaralhados quanto os meus.
Kendall é maravilhosa, e eu a amo. Mas, em contrapartida, me traz sensações que eu nunca experimentei antes, e isso tudo sem ao menos termos nos beijado.
Decidi que sairia para comprar umas coisas para meu café da manhã, e de Kendall.
Coloquei uma blusa e continuei com a calça de moletom que usei para dormir. Calcei um tênis e passei a mão no cabelo o ajeitando bem rapidamente, estava indo à padaria, não ao shopping.
Vesti um óculos de sol e fui pegar o carro.
O bom de andar por Los Angeles é que, por ser um lugar repleto de celebridades, nunca somos novidade para ninguém, então muitas pessoas passavam por mim sem ao menos se importar. Salvo exceções de alguns fãs que pediam fotos.
Parei em uma cafeteria pouco movimentada e pedi o necessário para levar. Enquanto eu esperava a preparação dos pedidos, prestava atenção na televisão, que estava transmitindo o canal da TMZ .
Fotos de vários artistas enfeitavam a tela, até que uma específica me interessou.
" Schulte, a mais nova produtora de Shawn Mendes e amiga de Harry Styles, foi vista de mãos dadas com o premiado jogador do Patriots, Danny Amendola." – o apresentador falou, e eu gelei por alguns segundos. A foto deles brilhava na tela. – "Depois de uma viagem rápida a Los Angeles, onde a vimos passeando com Styles, foi a um jogo do New England Patriots com o amigo e produtor, . Fontes confiáveis nos informaram que desde a partida e Danny estavam trocando mensagens." – outra foto deles apareceu, dessa vez estavam ela e o atleta na casa de , sorrindo e segurando tacos de sinuca. – "E por mais improvável que esse casal seja, tudo que desejamos é felicidade para eles."
Fiquei encarando um ponto fixo da parede por alguns minutos, tentando digerir toda aquela informação. Eu achava que seria menos doloroso ver com alguém, afinal estou amando Kendall. Não fazia sentido eu estar incomodado com as fotos que vi.
- Senhor Styles, seus pedidos. – a menina de cabelos vermelhos me entregou uma sacola de papel e um porta copos. Olhei em sua direção e esbocei um sorriso, que provavelmente não foi muito sincero.
- Obrigado. – com tudo em mãos, caminhava de volta para o carro com um único pensamento: e Danny. Seria mais difícil do que imaginei.
🎙❤📝
Jenner se arrumava para sua viagem ao México junto de alguma das marcas que a patrocinavam e eu estava na sala, com violão em mãos e dúvidas na mente.
Eu sabia que já era a hora de começar a produzir algo novo, mas eu queria algo diferente de tudo que já fiz até agora, na One Direction e na carreira solo. Mas, nada diferente disso aparecia, apenas canções de amor, e eu sabia que não eram sobre Kendall, e esse fato era o que mais me incomodava em tudo.
A morena desceu as escadas e me deu um sorriso, por um momento senti meu corpo arrepiar, me lembrando de que sim, eu sinto algo por ela.
- Volto daqui duas semanas. Passaremos o natal juntos? – ela perguntou, se aproximando com suas malas.
- Creio que sim, não tenho planos previstos. – sorri, deixando meu violão de lado e levantando para selar nossos lábios em um beijo calmo e demorado. – Vou sentir sua falta.
- Eu também. – ajudei a levar as malas até o carro, e Jacob a transportou até o aeroporto.
🎙❤📝
A voz de Kelly Clarkson soava pelo meu apartamento ao som de Since U Been Gone, e eu dançava alegremente enquanto preparava o clássico Estrogonofe para o almoço.
Despejava os temperos na panela enquanto meus quadris se movimentavam no ritmo da música, até que senti mãos grandes e quentes sobre eles. Um sorriso se formou em meus lábios ao sentir a respiração de Danny próxima a minha nuca.
Fazia uma semana desde o dia da pizza na casa de , onde ele apareceu depois de um convite nada discreto feito por mim. Estávamos nos conhecendo e estávamos muito bem, sua companhia me fazia feliz, e isso é o mais importante.
- Com você rebolando desse jeito eu não vou conseguir esperar o almoço sair e vou querer pular direto para sobremesa. – em apenas um movimento me colocou de frente para ele e me beijou. O beijo era coberto por desejo, mãos passeavam pelos corpos, mordiscadas eram dadas no pescoço e nos lóbulos das orelhas. Se não fosse pelo cheiro forte de alho dourando que se espalhou pela cozinha, provavelmente estaríamos transando no balcão. E eu não me recusaria, o sexo com Amendola é maravilhoso.
- Espera um pouquinho, vamos comer antes. – dei um sorriso sapeca em sua direção.
- Você vai acabar comigo, . – eu ri e ele saiu da cozinha, logo se sentando no sofá.
Continuei a cozinhar, dessa vez já tocava outra música de um artista desconhecido por mim, mas que eu faria questão de conhecer pois a voz era maravilhosa.
Ao fundo, Danny falava ao telefone com alguém. Provavelmente algum conhecido meu, já que era o residencial que ele usava.
Pude ver que ele estava vindo em minha direção.
- Para você. – ele apontou o telefone para mim e eu fiz um sinal para que ele apoiasse o aparelho entre meu ombro e minha orelha, já que minhas mãos estavam ocupadas temperando a salada.
- Alô? – minha voz tinha um claro tom de dúvida.
- Schulte? – uma mulher perguntou ao outro lado da linha.
- Sim. – disse, ainda desconfiada.
- Boa tarde, . Eu sou Micaela, secretária do Sr. Dani Reiss, atual C&O da Canada Goose. – sua voz era simpática.
- Ah, claro. A marca de roupas de frio? – perguntei, dando as colheres para Danny me ajudar no trabalho. Sequei as mãos num pano de prato e segurei o telefone. – Pode falar.
- Vamos fazer um evento de apresentação da próxima linha, gostaríamos de saber se seria da sua vontade comparecer.
- Mas por que eu? Nem sou famosa. – eu disse, soltando uma risada.
- Mas está no meio deles e bom, Sr. Reiss verificou suas redes socias e viu que você luta bastante pelas causas naturais, assim como nós da marca. Por isso ele a convidou, toda nossa renda será revertida para o projeto que luta contra a extinção dos Ursos Polares. – ela dizia e seu sotaque era bem notável.
- Onde será? – perguntei.
- Próxima quarta, aqui em Toronto. – falou. – Se a senhorita aceitar, enviaremos a passagem hoje mesmo.
- Então avise-o que estarei aí. – disse, sentindo um grande orgulho de participar de um evento que o motivo era muito mais do que divulgação da marca.
A ligação foi desligada e Danny me encarava com um semblante questionador.
- Semana que vem estarei no Canadá. – dei pulinhos de alegria e o atleta sorriu, me envolvendo em um abraço.
- Tá ficando famosa, babe? – ele olhou em meus olhos e eu ri.
- O que acha que transar com uma famosa, em? – eu passei os braços ao redor de seu corpo, encontrando os botões do fogão, os virando para esquerda, apagando todas as bocas que estavam acesas. Ele lançou um olhar cheio de segundas, terceiras e quartas intenções. Me envolveu num beijo profundo e eu enrosquei minhas pernas em sua cintura. O almoço sairia tarde naquele dia.
“I don't like the way he's looking at you, I'm starting to think you want him too. Am I crazy?” – Jealous, Nick Jonas
Acordei com Kendall deitada ao meu lado, seus cabelos negros tomavam conta do travesseiro e ela dormia feito um anjo. Depositei um beijo em sua testa antes de me levantar.
De certa forma não fora tão errado me arriscar a ter algo com ela. Talvez com não desse certo, somos muito diferentes em alguns aspectos, além de que não existia a certeza de que ela ficaria nos Estados Unidos após a produção do álbum de Shawn, e por isso decidi que o melhor a fazer seria firmar algo com Jenner e, finalmente, sossegar. Mas, o que eu não queria era que se afastasse, mas ela fez. De acordo com seus argumentos, ela estava sem muito tempo para conversar, pois na última semana Shawn foi para Austrália começar a reta final de sua turnê e, simultaneamente, ela recebia várias músicas para trabalhar.
Mas, eu sabia que não era isso que a fazia não responder minhas mensagens ou não atender minhas ligações.
Por mais forte que a garota fosse, eu tinha certeza de que seus sentimentos estavam tão embaralhados quanto os meus.
Kendall é maravilhosa, e eu a amo. Mas, em contrapartida, me traz sensações que eu nunca experimentei antes, e isso tudo sem ao menos termos nos beijado.
Decidi que sairia para comprar umas coisas para meu café da manhã, e de Kendall.
Coloquei uma blusa e continuei com a calça de moletom que usei para dormir. Calcei um tênis e passei a mão no cabelo o ajeitando bem rapidamente, estava indo à padaria, não ao shopping.
Vesti um óculos de sol e fui pegar o carro.
O bom de andar por Los Angeles é que, por ser um lugar repleto de celebridades, nunca somos novidade para ninguém, então muitas pessoas passavam por mim sem ao menos se importar. Salvo exceções de alguns fãs que pediam fotos.
Parei em uma cafeteria pouco movimentada e pedi o necessário para levar. Enquanto eu esperava a preparação dos pedidos, prestava atenção na televisão, que estava transmitindo o canal da TMZ .
Fotos de vários artistas enfeitavam a tela, até que uma específica me interessou.
" Schulte, a mais nova produtora de Shawn Mendes e amiga de Harry Styles, foi vista de mãos dadas com o premiado jogador do Patriots, Danny Amendola." – o apresentador falou, e eu gelei por alguns segundos. A foto deles brilhava na tela. – "Depois de uma viagem rápida a Los Angeles, onde a vimos passeando com Styles, foi a um jogo do New England Patriots com o amigo e produtor, . Fontes confiáveis nos informaram que desde a partida e Danny estavam trocando mensagens." – outra foto deles apareceu, dessa vez estavam ela e o atleta na casa de , sorrindo e segurando tacos de sinuca. – "E por mais improvável que esse casal seja, tudo que desejamos é felicidade para eles."
Fiquei encarando um ponto fixo da parede por alguns minutos, tentando digerir toda aquela informação. Eu achava que seria menos doloroso ver com alguém, afinal estou amando Kendall. Não fazia sentido eu estar incomodado com as fotos que vi.
- Senhor Styles, seus pedidos. – a menina de cabelos vermelhos me entregou uma sacola de papel e um porta copos. Olhei em sua direção e esbocei um sorriso, que provavelmente não foi muito sincero.
- Obrigado. – com tudo em mãos, caminhava de volta para o carro com um único pensamento: e Danny. Seria mais difícil do que imaginei.
Eu sabia que já era a hora de começar a produzir algo novo, mas eu queria algo diferente de tudo que já fiz até agora, na One Direction e na carreira solo. Mas, nada diferente disso aparecia, apenas canções de amor, e eu sabia que não eram sobre Kendall, e esse fato era o que mais me incomodava em tudo.
A morena desceu as escadas e me deu um sorriso, por um momento senti meu corpo arrepiar, me lembrando de que sim, eu sinto algo por ela.
- Volto daqui duas semanas. Passaremos o natal juntos? – ela perguntou, se aproximando com suas malas.
- Creio que sim, não tenho planos previstos. – sorri, deixando meu violão de lado e levantando para selar nossos lábios em um beijo calmo e demorado. – Vou sentir sua falta.
- Eu também. – ajudei a levar as malas até o carro, e Jacob a transportou até o aeroporto.
A voz de Kelly Clarkson soava pelo meu apartamento ao som de Since U Been Gone, e eu dançava alegremente enquanto preparava o clássico Estrogonofe para o almoço.
Despejava os temperos na panela enquanto meus quadris se movimentavam no ritmo da música, até que senti mãos grandes e quentes sobre eles. Um sorriso se formou em meus lábios ao sentir a respiração de Danny próxima a minha nuca.
Fazia uma semana desde o dia da pizza na casa de , onde ele apareceu depois de um convite nada discreto feito por mim. Estávamos nos conhecendo e estávamos muito bem, sua companhia me fazia feliz, e isso é o mais importante.
- Com você rebolando desse jeito eu não vou conseguir esperar o almoço sair e vou querer pular direto para sobremesa. – em apenas um movimento me colocou de frente para ele e me beijou. O beijo era coberto por desejo, mãos passeavam pelos corpos, mordiscadas eram dadas no pescoço e nos lóbulos das orelhas. Se não fosse pelo cheiro forte de alho dourando que se espalhou pela cozinha, provavelmente estaríamos transando no balcão. E eu não me recusaria, o sexo com Amendola é maravilhoso.
- Espera um pouquinho, vamos comer antes. – dei um sorriso sapeca em sua direção.
- Você vai acabar comigo, . – eu ri e ele saiu da cozinha, logo se sentando no sofá.
Continuei a cozinhar, dessa vez já tocava outra música de um artista desconhecido por mim, mas que eu faria questão de conhecer pois a voz era maravilhosa.
Ao fundo, Danny falava ao telefone com alguém. Provavelmente algum conhecido meu, já que era o residencial que ele usava.
Pude ver que ele estava vindo em minha direção.
- Para você. – ele apontou o telefone para mim e eu fiz um sinal para que ele apoiasse o aparelho entre meu ombro e minha orelha, já que minhas mãos estavam ocupadas temperando a salada.
- Alô? – minha voz tinha um claro tom de dúvida.
- Schulte? – uma mulher perguntou ao outro lado da linha.
- Sim. – disse, ainda desconfiada.
- Boa tarde, . Eu sou Micaela, secretária do Sr. Dani Reiss, atual C&O da Canada Goose. – sua voz era simpática.
- Ah, claro. A marca de roupas de frio? – perguntei, dando as colheres para Danny me ajudar no trabalho. Sequei as mãos num pano de prato e segurei o telefone. – Pode falar.
- Vamos fazer um evento de apresentação da próxima linha, gostaríamos de saber se seria da sua vontade comparecer.
- Mas por que eu? Nem sou famosa. – eu disse, soltando uma risada.
- Mas está no meio deles e bom, Sr. Reiss verificou suas redes socias e viu que você luta bastante pelas causas naturais, assim como nós da marca. Por isso ele a convidou, toda nossa renda será revertida para o projeto que luta contra a extinção dos Ursos Polares. – ela dizia e seu sotaque era bem notável.
- Onde será? – perguntei.
- Próxima quarta, aqui em Toronto. – falou. – Se a senhorita aceitar, enviaremos a passagem hoje mesmo.
- Então avise-o que estarei aí. – disse, sentindo um grande orgulho de participar de um evento que o motivo era muito mais do que divulgação da marca.
A ligação foi desligada e Danny me encarava com um semblante questionador.
- Semana que vem estarei no Canadá. – dei pulinhos de alegria e o atleta sorriu, me envolvendo em um abraço.
- Tá ficando famosa, babe? – ele olhou em meus olhos e eu ri.
- O que acha que transar com uma famosa, em? – eu passei os braços ao redor de seu corpo, encontrando os botões do fogão, os virando para esquerda, apagando todas as bocas que estavam acesas. Ele lançou um olhar cheio de segundas, terceiras e quartas intenções. Me envolveu num beijo profundo e eu enrosquei minhas pernas em sua cintura. O almoço sairia tarde naquele dia.
Capítulo 14
Esse capítulo acontece de maneira simultânea ao Capitulo 29 de Nobody Like You da Grazie S.
O aeroporto de Nova Iorque estava relativamente vazio, afinal era apenas mais um dia útil na semana dos americanos. Eu estava sentada na sala de embarque, tomando um suco de maracujá sem açúcar. Pois eu queria todos os efeitos da bebida em mim apenas para dormir durante todo o trajeto.
A voz de uma mulher ecoava pelas caixinhas de som que ficavam escondidas sabe-se lá onde, e avisava sobre os próximos voos.
Pela primeira vez na vida eu faria um “bate-volta” em outro país, normalmente eu viajava para outros estados do Brasil e voltava no mesmo dia, mas cá estou eu indo para Toronto às cinco da manhã, para um evento na hora do almoço e com voo de volta marcado para a madrugada do próximo dia.
Nunca imaginei que seria convidada para um tapete vermelho, principalmente de uma das marcas mais famosas do Canadá. Me peguei rindo sozinha da situação; sempre vivi no meio dos artistas e isso não acontecia, foi só ser vista com Harry e Danny que simplesmente uma aura da fama surgiu ao redor de minha pessoa.
Aprovei o tempo ocioso para resolver algumas coisas do álbum com Shawn.
Eu:
Mande o refrão de Lost In Japan, quero checar uma coisa.
Preciso rever alguns arranjos de Particular Taste, mas logo pego LIJ.
Aliás, quero saber da nova composição. Tem dedo da Madu nela?
Tem a Madu inteira.
Acredito que nunca escrevi uma música tão íntima como essa. Troquei muitas ideias com Ed, ele adorou.
Te envio LIJ pela tarde.
O respondi com apenas alguns emojis de dedos levantados e corações.
Falando em Madu, eu havia mandado uma mensagem para a garota no dia anterior a intimando para um jantar comigo, eu precisava conhecer a pessoa que está fazendo Shawn feliz. E, principalmente, precisava conversar com alguém em português, se não eu teria um colapso.
Ouvi a voz chamar os passageiros do voo 567, que era o voo no qual eu iria para meu destino.
O hotel onde aconteceria o meeting – e onde estaria hospedada - era chique o suficiente para me fazer ficar boquiaberta por alguns minutos antes de entrar. Como a marca estaria pagando aquilo para mim? Eu era merecedora de alguma daquelas coisas?
Subi o elevador, depois de realizar o check-in, e fui guiada até meu quarto por um gentil senhor que estava no corredor.
Assim que abri a porta, dei de cara com uma pequena sala de visitas, um corredor branco e iluminado, e logo ao fim dele, uma cama que caberia umas cinco pessoas facilmente.
Fui em direção a ela, já que o objetivo era descansar o máximo possível até a hora do evento.
Uma pequena carta estava em cima do colchão, ao lado de umas barrinhas de chocolate e umas toalhas. Peguei a folha para ler seu conteúdo.
“Senhorita Schulte,
A Canada Goose e o The Ritz-Carlton Toronto te desejam as boas-vindas.
Para sua maior comodidade, disponibilizamos uma equipe de cabelereiros e maquiadores que irá de encontro à senhorita duas horas antes do evento.
Nosso desfile contará com um almoço e coquetel, que acontecerá exatamente as 2p.m.
O lobby será preparado para receber vocês, nossos convidados, com um tapete vermelho. Receberemos fotógrafos e imprensa, por isso enviaremos uma dupla de seguranças para acompanha-la.
Aproveite a estadia e agradecemos pela parceria,
Canada Goose
The Ritz-Carlton”
Encarei o papel por alguns segundos, imprensa, fotógrafos, seguranças eram as palavras que se destacavam para mim. Dei uma risada incrédula, eu devia estar sonhando e não sabia.
Logo depois do cabelereiro finalizar meu cabelo em ondas, sem muita coisa glamorosa, a maquiadora fez uma maquiagem simples o suficiente, afinal era um evento na parte da tarde, eu não queria – e nem precisava – chamar tanta atenção. Vesti um terninho preto e branco, confeccionado de paetês, um sutiã estilo biquíni de cor preta e uma sandália de tiras na mesma palheta.
Me olhei no espelho e soltei um “puta merda”, eu estava linda. Sortudo era o Danny que podia me ver todos os dias e ainda me dar uns beijos.
Meus pensamentos foram interrompidos por duas batidas na porta. Caminhei até ela e a abri, vendo que dois senhores de estatura alta e cabelos curtos sorriam simpáticos para mim.
- Senhorita, sou Andrew e este é Joaquim. – o homem de pele negra apontou para o caucasiano ao seu lado. – Estamos aqui para acompanha-la até o desfile.
- Obrigada. – sorri, tentando parecer o mais confortável e acostumada com aquela situação.
Fiz um sinal para que eles aguardassem por mais alguns segundos e corri até a cama para pegar meu celular. Assim que voltei até eles, tranquei a porta do quarto e os segui até o elevador.
- A senhorita passará pelo tapete vermelho, vai tirar algumas fotos e fica a seu critério responder ou não perguntas dos jornalistas. – Andrew, que parecia ter mais tempo de estrada, disse e eu concordei.
- Não sei porquê me fariam perguntas. Mas... – eu ri e fui acompanhada por eles.
Assim que a porta do elevador abriu, pude ver uma movimentação maior que a usual em hotéis. Pessoas bem vestidas e alguns rostos conhecidos.
Fui guiada até o tapete vermelho pela dupla que estava ao meu lado, logo que pisei no grande carpete que fora colocado no chão, flashes começaram a disparar em minha direção. Eu não tinha reação a não ser olhar para as câmeras e fazer algumas poses clássicas. Aquilo era tão impalpável para mim a alguns meses, nunca pensaria que estaria sozinha em um tapete vermelho que não fosse do lançamento de algum álbum que produzi.
Sorri e acenei para os fotógrafos e dei alguns passos para frente, com a intenção de sair dali e ir curtir o evento, mas ouvi meu nome ser chamado no meio da multidão de jornalistas.
Me aproximei um pouco e pude ver uma mulher ruiva sorrindo em minha direção.
- , por favor, um palavrinha. – ela dizia. - Maneei a cabeça e me acheguei.
- Claro, pode perguntar. – eu sorri.
- Aqui é Mercedes, MTV. Direto da Canada Goose e estamos aqui com Schulte. – ela se virou para a câmera que estava apontada para nós, ainda era estranho ter pessoas me chamando apenas pelo último sobrenome, já que eu normalmente usava o nome completo. – Produtora musical e nova contratada da Republic Records. – voltou a olhar para mim. – , nos diga como está sendo a experiência de trabalhar com Shawn Mendes?
- Está sendo incrível. Eu nunca imaginei que trabalhar com um artista de proporções mundiais seria tão fácil como está sendo. – eu disse, mantendo o sorriso no rosto. – Shawn é um grande cantor e compositor, e tem se dedicado imensamente a esse projeto. Me orgulho de estar fazendo parte disso. – ela apenas balançava a cabeça e mantinha o sorriso no rosto.
- E como é a relação de vocês durante a produção? – continuou.
- Dentro de estúdio buscamos ser os mais compenetrados, afinal queremos entregar o melhor para os fãs dele. – eu sabia que meus olhos brilhavam, falar do meu trabalho era algo que me deixava em êxtase, eu amava o que fazia. – Mas, fora dele, Mendes e eu nos tornamos grandes amigos. Nos falamos quase todos os dias e ele me liga quando tem problemas pessoais, assim como qualquer pessoa normal. - eu ri e ela também.
- Ele te ligou para falar de Maria Eduarda, sua namorada? – percebi sua dificuldade para pronunciar o nome da fotógrafa.
- Com certeza. Eu estava em Los Angeles e ele estava me ligando para falar sobre “a garota pela qual se apaixonou.” – fiz aspas com os dedos e ri. – Fico feliz que eles finalmente tenham se dado uma chance. Madu é uma mulher incrível e faz meu amigo feliz.
- Você falou de L.A. – ela disse e eu fechei os olhos, pois já sabia o que viria depois disso. – Você e Harry Styles estão trabalhando em algo juntos?
- Eu e Harry somos bons amigos. Nos conhecemos na festa de aniversário de , assessora de Shawn, e desde então mantemos contato. – sorri sem mostrar os dentes. – E não estamos trabalhando em nada juntos. Foi apenas um pequeno fim de semana em amigos mesmo. – percebi que estava me entregando pelo tom de voz fraco, então decidi descontrair. – Mas, se ele quiser a gente pode produzir alguma coisa sim. – sorri. – Seria incrível.
A mulher sorriu.
- Ultima pergunta. – eu concordei. – Achávamos que Danny a acompanharia hoje. Vocês estão juntos?
- Bom, eu e Danny estamos nos conhecendo. – eu sorri, era a plena verdade. – Não temos receio das fotos que estão circulando na internet de uns meses pra cá, pois estamos curtindo nosso momento. Mas, não estamos namorando, se é isso que pergunta. – eu pausei para dar uma pequena tosse. – E ele não está comigo porque a temporada está terminando e o time está focado no SuperBowl. Ou seja, ele ficou treinando. – sorri fraco e a mulher agradeceu, saí de cena e finalmente, estava livre para andar pelo evento, comer e assistir o desfile.
Durante todo percurso eu respondia mensagens de , e Liam, que me zoavam, perguntando se por conta da minha fama eu deixaria de falar com eles e algumas de Shawn sobre o álbum. Com a reta final de shows ele estava se mostrando cada vez mais dedicado a isso.
- Chegamos. – o motorista anunciou e eu levantei minha cabeça.
- Obrigada. – tirei uma quantidade de dinheiro da bolsa e o entreguei. – Pode ficar com o troco, viu? Boa noite. – saí do carro e o homem sorriu.
Enquanto eu andava até a entrada do estabelecimento, pude perceber alguns flashes em minha direção. Não era possível que até aqui aquilo iria acontecer.
Fui recebida por um dos garçons e pedi a mesa mais distante de qualquer janela, não queria meu jantar sendo exposto em revistas de fofoca. Ele me levou até uma que ficava no canto do restaurante, era perfeita.
Alguns minutos depois, a quantidade de paparazzi aumentou e eu pude ver o motivo; Madu tinha acabado de chegar.
Ela caminhou com calma em minha direção e, ao me ver, expressou alívio.
- Eu estou tão feliz por ter a chance de ter uma conversa em português. – foi a primeira coisa que a garota falou quando parou ao meu lado. Não pude me conter e a puxei para um abraço, sentia falta desses contatos calorosos do Brasil, e eu sabia que ela não se importaria com meu ato.
Sentamos à mesa e ficamos conversando como se nos conhecêssemos desde a infância. Maria Eduarda era uma garota maravilhosa, seus olhos eram grandes e expressivos, seu cabelo caia sobre seus ombros formando ondas longas e suaves. Com certeza Shawn se apaixonaria por ela, eu estava me perguntando “quem não se apaixonaria por ela?”.
Depois que ela me deixou sair com facilidade que ama Mendes, no meio de uma frase. Pediu para que eu guardasse esse segredo.
- Então sejamos justas e eu vou te contar um segredo meu também. – suspirei. – Eu estou com Danny, como você deve saber. – a catarinense assentiu, tomando um gole do vinho que o garçom tinha colocado em nossas taças. – Mas, desde que conheci Harry, eu o acho encantador. Mesmo com todas as complicações. – nós rimos. – E eu sinto que há uma incógnita gigante dentro de mim nesse momento. E eu nem sei porque estou assim, afinal não nos falamos direito faz tempo, ele tem Kendall e eu estou nesse pseudo relacionamento com Amendola, que francamente, nós dois sabemos que não tem futuro.
- Sabe, . – ela se ajeitou na cadeira. – Me responda com sinceridade. – maneei a cabeça em concordância. – Você acha que isso de Kendall e Harry vai durar por muito tempo?
- Não sei, Madu. – levantei os ombros. – Eles me parecem bem apaixonados. – meus olhos reviraram e eu soltei um sorriso seguido de suspiro. – Estou me sentindo num romance adolescente, que droga.
- Vocês deveriam conversar. – a morena disse. – Acho que seria o melhor pra tirar essa dúvida de dentro de ti.
Depois do assunto relacionamento, desencadeamos outras conversas e nos conhecemos melhor.
Certamente ela viria a ser uma de minhas grandes amigas durante minha jornada aqui no exterior, e eu pensaria em seu conselho, talvez eu falasse com Harry.
Capítulo 15
‘’Everyone knows I'm in over my head” – Over My Head, The Fray
Me preparava para mais um dia em estúdio com , esse seria o último antes da semana do Natal. e estavam em meu apartamento se arrumando para sairmos, enquanto eu conversava com Danny por mensagem e passava um pouco de maquiagem no rosto.
Eu e Amendola estávamos indo bem, obrigada. Mas, nossa interação diminuiu desde que voltei do Canadá, pois ele tem se preparado para o final dessa temporada e eu tenho estado cada vez mais imersa nas produções.
Durante o voo de volta para Nova Iorque, conheci um rapaz chamado David Cook. Ele era cantor e eu logo o reconheci quando ele disse ter participado de uma das edições do American Idol. Me apresentou alguns trabalhos e perguntou se não poderíamos trabalhar juntos, eu – obviamente – aceitei, e então marcamos para depois das festas de fim de ano.
Mas, tirando toda a agenda lotada, fazíamos de tudo para continuar nos falando, eu queria fazer dar certo, e pelo visto, ele também.
Enquanto ainda conversava com ele, recebi uma notificação inesperada.
Harry:
Ei, ainda está afim de bater um papo sobre música?
Ri fraco ao ver que ele repetiu a mesma frase que eu usei para nossa primeira interação após o aniversário de .
Mesmo depois de quase dois meses do nosso final de semana juntos, eu ainda nutria algum sentimento desconhecido por ele.
Harry:
Estou em NY para uma campanha da Gucci e escrevi uma música para o meu álbum solo, gostaria que ouvisse.
Me encontra na Republic depois da sua campanha, estarei dando uns toques finais em algumas músicas de Shawn.
Combinado, te aviso quando estiver tudo acabado por aqui.
Eu não conseguia dizer “não” quando se tratava dele, e mesmo sem falar com Styles desde o fatídico dia, eu não conseguia recusar um pedido seu. Colocaria, então, o conselho de Madu em ação – se eu tivesse coragem.
apareceu na porta do banheiro, anunciando que já estavam de saída. Os acompanhei.
- Eu acho que nessa música poderíamos colocar um pouco mais de peso, quem sabe aumentar o grave, deixando o baixo mais contrastado? – eu movimentava os botões da mesa de som, mostrando algumas ideias para e , mas ela estava se importando mais com as mensagens trocadas com Liam do que com nosso trabalho.
- Eu acho que fica bom, mas eu pensei em acrescentarmos umas cordas. – ele disse, passando a mão em seu cabelo.
Fechei meus olhos para ouvir atentamente o instrumental que tocava e percebi que estava certo.
- É exatamente isso que falta. – disse, sorrindo. – Encontre musicistas e os traga amanhã para gravar. Por favor, prometi à gravadora que estaria tudo agilizado antes do natal.
- Pode deixar. Vou sair para resolver isso por agora, então. – ele se levantou da cadeira preta na qual estava e cutucou o ombro de . – Você vem?
- Ah, desculpa gente. – ela olhou cumplice. – Acho que estou gamadinha pelo Payne. – eu e rimos.
- Nenhuma novidade, . Aliás, mande-o um beijo e diga que estou com saudades. – eu disse.
- Ele estará desembarcando aqui amanhã, deveríamos jantar todos juntos lá em casa. – ela sugeriu e e eu concordamos. – Ótimo, combinado. – sorriu. – E vamos sim, . Preciso resolver umas pendencias da Fergie ainda. – ela pegou sua bolsa em cima do braço do sofá. – Vai ficar? – assenti, prometi que encontraria Harry, mas não comentei com os dois.
- Sim, tenho algumas coisas a resolver ainda. – sorri fraco.
- Nos vemos amanhã, então. Leve Danny. – ela me deu um beijo na bochecha. – Te amo.
- Também amo você. E vou falar com ele. – olhava para cena com uma feição de falsidade. - Amo você também, . – eu ri e ele sussurrou um “melhorou”.
Depois que meus amigos saíram eu continuei ouvindo as músicas já preparadas de Shawn. Eu amava o lugar onde estava, todo aquele ambiente fazia com que eu me sentisse alguém com uma importância para o mundo.
Alguns minutos depois, ouvi uma batida na porta. Eu esperava ser mais forte ao olhar para ela e dar de cara com as esmeraldas brilhantes de Harry me encarando, mas falhei, fiz uma cara de otária impagável.
- Oi, . – ele sorriu mostrando a maior quantidade de dentes que conseguia, e eu falhei mais uma vez. Ele deveria ser proibido de sorrir. – Posso entrar?
Assenti, maneando a cabeça e me virei para mesa de som novamente. Por que eu estava agindo daquela forma?
- O que fez de bom nesses meses, além de começar a sair com um jogador da NFL? – ele disse rindo para descontrair e mostrar que além dos nossos momentos em L.A, éramos amigos. - Eu dei uma risada o acompanhando.
- Nada demais. – o encarei, tentando recuperar forças. – Já você... Me parece que compôs algo novo? – tentei ser mais direta, chegando no assunto principal do nosso encontro no estúdio.
- Ah, claro. Posso pegar algum desses? – apontou para os violões que estavam assimetricamente dispostos na parede. Apenas concordei e ele pegou um Tagima e sentou-se no sofá onde estava mais cedo. – Espero que goste.
I'm selfish, I know
(Eu sou egoísta, eu sei)
But I don't ever want to see you with him
(Mas eu nunca quero ver você com ele)
I'm selfish, I know
(Eu sou egoísta, eu sei)
I told you, but I know you never listen
(Eu te disse, mas você nunca escuta)
I hope you can see, the shape that I'm in
(Eu espero que você veja a forma como fico)
While he's touching your skin
(Quando ele toca sua pele)
He's right where I should, where I should be
(Ele está onde eu deveria estar)
But you're making me bleed
(Mas você está me fazendo sangrar)
Woman, Woman
(Mulher, mulher)
Tempted, you know
(Tentado, você sabe)
Apologies are never gonna fix this
(Desculpas nunca vão consertar isso)
I'm empty, I know
(Estou vazio, eu sei)
And promises are broken like a stitch is
(E promessas são desfeitas como pontos)
I hope you can see, the shape that I'm in
(Eu espero que você veja a forma como fico)
While he's touching your skin
(Quando ele toca sua pele)
He's right where I should, where I should be
(Ele está onde eu deveria estar)
But you're making me bleed
(Mas você está me fazendo sangrar)
Woman, Woman
(Mulher, mulher)
Seu olhar parou sobre o meu após cantar a última estrofe, não era sobre mim, era? Não poderia ser.
- Harry... – eu disse, tentando não perder as palavras. – Eu... – gaguejei. – É linda, parabéns. -
Ele se aproximou de mim e sentou-se na cadeira onde estava antes dele chegar, ficando mais próximo.
- Eu só quero saber por que estou me sentindo assim, . – ele sussurrou. – Mesmo que eu estivesse com Kendall, eu só conseguia pensar em você. – passou a mão em minha bochecha e eu o olhei com curiosidade – Eu terminei com ela. – respirou fundo.
- Mas... – eu tentei dizer e o garoto se aproximou mais um pouco, nos mantendo a poucos centímetros de distância.
- Mas? – seu hálito fresco tocou minha pele, me deixando alucinada.
- Tem Danny. – eu disse, com raiva da minha índole. Eu não namorava o garoto, não daria nada errado se eu beijasse Harry.
- Então fazemos assim. – ele se manteve no lugar. – Eu já te disse o que eu quero. Só falta você. – encostou os lábios em minha bochecha e se levantou. – Preciso ir para o hotel, Liam disse que estará na casa de amanhã e me convidou. Espero poder te ver. – apenas maneei a cabeça, com a respiração pesada. – Tchau, .
Eu pensei que resistiria, mas eu não estava imune a Harry Styles.
Capítulo 16
Harry
“The world comes to life and everything's bright, from beginning to end when you have a friend…” – Gift Of A Friend, Demi Lovato
A casa de estava lotada de decorações de natal, incluindo presentes embaixo da grande árvore que tomava conta da sala.
Eu estava ao lado de Liam, bebíamos cerveja e conversávamos sobre a vida. As garotas estavam na cozinha, terminando de assar uma torta e estava no mercado providenciando mais bebidas para nossa noite.
Eu não podia reclamar, pois estava cercado dos meus melhores amigos. Eu estava feliz, só faltava apenas mais uma coisa para essa felicidade estar completa: . No dia anterior eu cantei uma canção sobre ela, para ela e, naquele dia, eu soube que ela sentia o mesmo que eu.
Mas tínhamos um impedimento, um forte e alto impedimento chamado Danny Amendola, e ele estava a caminho da casa de .
- Mate, está tudo bem? – Liam estava encostado no sofá, com uma das pernas em cima da outra. – Está com uma cara meio ruim.
- Estou bem. – sem perceber, meu olhar foi até a cozinha. estava rindo de algo que tinha dito e passava as costas das mãos nos olhos, secando lágrimas de alegria que faziam questão de aparecer.
- Agora eu entendi. – ouvi a voz de Liam me tirando do transe. – Você está de quatro pela .
- Culpado. – levantei uma das mãos e encostei as costas no sofá. – Eu estou me odiando. Porque eu percebi que estava sentindo algo por ela desde o nosso jantar, daí ela foi para Los Angeles e eu fiquei ainda mais encantado, quase nos beijamos na piscina e Kendall apareceu na hora. pareceu não se importar e foi embora, ficando num hotel. Dei uma chance para a Jenner, e não posso reclamar, a garota me fazia bem. – dei de ombros. – Mas, eu comecei a perceber que o meu sentimento por sobressaía o que sentia por Kendall, e eu não queria mais me enganar. – suspirei. – Só que ela encontrou Danny e eu fiquei de sobra.
- Hazz, eu não sei o que conversou com você. Mas, me disse que ela e Danny não tem nada sério, eles estão apenas ficando. Talvez você possa jogar uns verdes e ver se ela colhe maduro. – eu ri da maneira como o rapaz falou. – E eu adoraria ver vocês juntos.
Eu sorri e bebi um pouco de minha cerveja.
Eu também, Liam. Eu também.🎙❤📝
era uma completa idiota, se não fosse Jornalista poderia facilmente ser comediante. Em todo momento durante a preparação da torta de frango, ela soltava uma pérola.
passou por nós, avisando que iria comprar mais bebida e já estava voltando.
Uma mensagem fez meu celular vibrar.
Danny:
Estou chegando.
Encarei o celular, com uma feição que provavelmente não era muito amigável, porque logo se intrometeu.
- É alguém que a gente não gosta? – ela se pôs ao meu lado e olhou para a tela do celular. - Danny? Por que essa cara de quem chupou limão, então?
- Ah não sei. – suspirei e logo me dei por vencida. – Ontem Harry me mostrou uma música.
- E? – ela abriu um pouco mais os olhos.
- E ele compôs pra mim. – minha amiga sorriu e bateu uma pequena palma, me deixando confusa.
- Eu sempre soube. Vocês vão se pegar. – ela disse e eu neguei, apontando para o telefone. - Danny não é impedimento. – ela deu de ombros. – Mas termine isso do jeito certo. Não magoe o rapaz, porque você não gostaria de ser magoada.
Eu assenti.
🎙❤📝
havia chegado com as bebidas e Danny estava logo atrás, por ironia do destino os dois estacionaram juntos em frente à casa de .
foi até a cozinha para guardar as garrafas e Amendola caminhou em minha direção, passando por Harry e Liam os cumprimentando com um aceno de cabeça, e me deu um selinho. Sorri para o garoto, tentando ser o mais sincera que conseguisse. Porque a pessoa que eu queria beijar estava no outro sofá, ao lado do seu ex companheiro de banda e me encarava com seus lindos olhos verdes.ficante, sentou-se ao meu lado e colocou uma das mãos sobre minha coxa.
voltou da cozinha e se sentou ao lado de , oferecendo uma cerveja a ela, que aceitou e se levantou para começar seu discurso, já que ela adorava isso de falar para muitas pessoas.
- Espero que todos tenham lido minhas mensagens e comprado presentes, mesmo que baratos. – ela juntou as mãos e deu um sorriso. – Eu sei que muitos aqui passarão o natal com suas famílias, por isso dei a ideia de fazermos um amigo oculto, tirando os nomes na hora. – ela parecia muito animada quando pegou uma caixinha transparente que tinha alguns papéis dentro. – Aqui dentro tem o nome de todo mundo que está presente. Cada um tira um papel, se seu nome estiver no papel, você avisa e troca. E teremos que dar dicas para os outros acertarem que tiramos.
Amigo oculto era uma brincadeira muito comum em datas comemorativas no Brasil, por isso me senti em casa quando minha amiga sugeriu que fizéssemos.
passou por nós com a caixinha e eu tirei um papel, abri devagar e com letras grafais estava escrito “Liam”. Acho que o garoto gostaria do meu presente.
- Ninguém se tirou. – ela perguntou e todos negaram. – Ok, então. , por que não começa? – ela disse e eu concordei.
- Bom. – pigarreei. – Meu amigo oculto é uma pessoa que chegou do nada na minha vida. – eu disse e todos riram, afinal isso se aplicava a todos ali. – Eu o conheci no meu primeiro mês aqui, através de . – , Harry e Liam se olharam. – E bom, ele costuma me dar vácuo no WhatsApp.
Liam rapidamente se levantou e veio me dar um abraço, pois sabia que ele era meu amigo secreto. Entreguei a caixinha com o presente que eu havia comprado, um óculos de sol, que ficaria bem em qualquer um daquela roda.
- Minha vez. – ele disse animado. – Eu não conheço muito bem essa pessoa, mas sou fã do seu trabalho e espero poder ganhar ingressos pra assistir o SuperBowl. – ele sorriu e entregou o presente para Danny, que deu um abraço e agradeceu.
- Vamos lá. – pegou a embalagem ao lado do sofá. – Meu amigo secreto é a pessoa que eu mais tenho contato na roda, depois de . E se não fosse por ele, eu não a conheceria.
- Vem pro papai. – levantou e abraçou Amendola, que gargalhava. – Vamos lá, quero ver vocês adivinharem. Vai ser difícil. – ele riu. – Meu amigo oculto é mestre na arte de fazer drama e desaparecer. – Liam levantou a mão. – Não, não é o mestre dos magos, meu caro Payne. – o britânico fez uma cara de derrotado e logo depois riu. – Tem um estilo duvidável e eu aposto cem dólares de que ele é um filho perdido do Mick Jagger.
- É o Harry. – gritou.
Styles se levantou, em meio a gargalhadas, e pegou seu embrulho com .
- Obrigado, cara. – ele riu. – Meu amigo oculto é uma pessoa única. – ele tinha um sorriso lindo no rosto. – Tem a mania horrível de sempre nos deixar sem palavras em momentos inoportunos. Também tem uma mania de ficar mordendo o lábio inferior como se estivesse tentando seduzir todo mundo, mas na verdade é só uma maneira que encontra para se concentrar melhor nas atividades. – ele sorriu, e eu sabia quem era, mas queria mais algumas dicas. – E claro, é a pessoa mais insuportável dessa sala, porque é a única que inventa de comemorar o natal antes da data original.
- Vai tomar no cu, Styles! – levantou e deu um tapa no braço do garoto. – Mas obrigada pelas palavras. E chato é você! – o britânico se sentou novamente. – Acho que todos já sabem quem eu tirei, mas eu quero falar umas coisinhas. – ela se manteve de pé. – , você chegou aqui e encantou todo mundo com seu jeitinho brasileiro, cheia de beijos, abraços e palavras estranhas. – eu ri, me ajeitando na cadeira. – Conquistou cada um aqui da sua maneira. Por isso, além do presente do amigo oculto, nós nos juntamos e fizemos um presente melhor para você.
Ela me entregou um envelope, que eu rapidamente abri, e vi ser uma carta.
“Meine Liebe,
Eu estou imensamente orgulhosa de seus atos e feitos. Soube que está com muitos amigos e pessoas especiais a sua volta.
Uma garota simpática chamada entrou em contato comigo e me disse que você iria passar o natal sozinha. Mas, eu não permitirei. Venha para Alemanha, estaremos todos te esperando para nosso natal em família.
Com amor,
Anelise, ou para você: Vovó.”
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu pude ver o sorriso se formar em meu rosto.
- Todos estarão lá, . – Liam disse. – Compramos passagem para todos do Brasil irem passar o natal com vocês.
- Eu não acredito que vocês fizeram isso. – eu ainda chorava. – Venham aqui. – abri os braços e todos na sala vieram para um abraço em grupo. – Obrigada. – saí do abraço e verifiquei o envelope novamente. – Mas, tem duas passagens aqui.
- Se você quiser levar alguém. – deu de ombros. Olhei para Danny que disse não poder ir por conta do SuperBowl e dei um sorriso fraco.
- Eu vou. – aquela voz rouca, e inconfundível soou pela sala. – Eu passo o natal com você, . – meus olhos encontraram com os dele e eu senti meu corpo falhar por um instante.
Como eu conseguiria sobreviver vinte dias ao lado de Harry Styles sem me deixar levar por seus encantos? Isso eu teria que descobrir.
“The world comes to life and everything's bright, from beginning to end when you have a friend…” – Gift Of A Friend, Demi Lovato
A casa de estava lotada de decorações de natal, incluindo presentes embaixo da grande árvore que tomava conta da sala.
Eu estava ao lado de Liam, bebíamos cerveja e conversávamos sobre a vida. As garotas estavam na cozinha, terminando de assar uma torta e estava no mercado providenciando mais bebidas para nossa noite.
Eu não podia reclamar, pois estava cercado dos meus melhores amigos. Eu estava feliz, só faltava apenas mais uma coisa para essa felicidade estar completa: . No dia anterior eu cantei uma canção sobre ela, para ela e, naquele dia, eu soube que ela sentia o mesmo que eu.
Mas tínhamos um impedimento, um forte e alto impedimento chamado Danny Amendola, e ele estava a caminho da casa de .
- Mate, está tudo bem? – Liam estava encostado no sofá, com uma das pernas em cima da outra. – Está com uma cara meio ruim.
- Estou bem. – sem perceber, meu olhar foi até a cozinha. estava rindo de algo que tinha dito e passava as costas das mãos nos olhos, secando lágrimas de alegria que faziam questão de aparecer.
- Agora eu entendi. – ouvi a voz de Liam me tirando do transe. – Você está de quatro pela .
- Culpado. – levantei uma das mãos e encostei as costas no sofá. – Eu estou me odiando. Porque eu percebi que estava sentindo algo por ela desde o nosso jantar, daí ela foi para Los Angeles e eu fiquei ainda mais encantado, quase nos beijamos na piscina e Kendall apareceu na hora. pareceu não se importar e foi embora, ficando num hotel. Dei uma chance para a Jenner, e não posso reclamar, a garota me fazia bem. – dei de ombros. – Mas, eu comecei a perceber que o meu sentimento por sobressaía o que sentia por Kendall, e eu não queria mais me enganar. – suspirei. – Só que ela encontrou Danny e eu fiquei de sobra.
- Hazz, eu não sei o que conversou com você. Mas, me disse que ela e Danny não tem nada sério, eles estão apenas ficando. Talvez você possa jogar uns verdes e ver se ela colhe maduro. – eu ri da maneira como o rapaz falou. – E eu adoraria ver vocês juntos.
Eu sorri e bebi um pouco de minha cerveja.
Eu também, Liam. Eu também.
era uma completa idiota, se não fosse Jornalista poderia facilmente ser comediante. Em todo momento durante a preparação da torta de frango, ela soltava uma pérola.
passou por nós, avisando que iria comprar mais bebida e já estava voltando.
Uma mensagem fez meu celular vibrar.
Danny:
Estou chegando.
Encarei o celular, com uma feição que provavelmente não era muito amigável, porque logo se intrometeu.
- É alguém que a gente não gosta? – ela se pôs ao meu lado e olhou para a tela do celular. - Danny? Por que essa cara de quem chupou limão, então?
- Ah não sei. – suspirei e logo me dei por vencida. – Ontem Harry me mostrou uma música.
- E? – ela abriu um pouco mais os olhos.
- E ele compôs pra mim. – minha amiga sorriu e bateu uma pequena palma, me deixando confusa.
- Eu sempre soube. Vocês vão se pegar. – ela disse e eu neguei, apontando para o telefone. - Danny não é impedimento. – ela deu de ombros. – Mas termine isso do jeito certo. Não magoe o rapaz, porque você não gostaria de ser magoada.
Eu assenti.
havia chegado com as bebidas e Danny estava logo atrás, por ironia do destino os dois estacionaram juntos em frente à casa de .
foi até a cozinha para guardar as garrafas e Amendola caminhou em minha direção, passando por Harry e Liam os cumprimentando com um aceno de cabeça, e me deu um selinho. Sorri para o garoto, tentando ser o mais sincera que conseguisse. Porque a pessoa que eu queria beijar estava no outro sofá, ao lado do seu ex companheiro de banda e me encarava com seus lindos olhos verdes.
voltou da cozinha e se sentou ao lado de , oferecendo uma cerveja a ela, que aceitou e se levantou para começar seu discurso, já que ela adorava isso de falar para muitas pessoas.
- Espero que todos tenham lido minhas mensagens e comprado presentes, mesmo que baratos. – ela juntou as mãos e deu um sorriso. – Eu sei que muitos aqui passarão o natal com suas famílias, por isso dei a ideia de fazermos um amigo oculto, tirando os nomes na hora. – ela parecia muito animada quando pegou uma caixinha transparente que tinha alguns papéis dentro. – Aqui dentro tem o nome de todo mundo que está presente. Cada um tira um papel, se seu nome estiver no papel, você avisa e troca. E teremos que dar dicas para os outros acertarem que tiramos.
Amigo oculto era uma brincadeira muito comum em datas comemorativas no Brasil, por isso me senti em casa quando minha amiga sugeriu que fizéssemos.
passou por nós com a caixinha e eu tirei um papel, abri devagar e com letras grafais estava escrito “Liam”. Acho que o garoto gostaria do meu presente.
- Ninguém se tirou. – ela perguntou e todos negaram. – Ok, então. , por que não começa? – ela disse e eu concordei.
- Bom. – pigarreei. – Meu amigo oculto é uma pessoa que chegou do nada na minha vida. – eu disse e todos riram, afinal isso se aplicava a todos ali. – Eu o conheci no meu primeiro mês aqui, através de . – , Harry e Liam se olharam. – E bom, ele costuma me dar vácuo no WhatsApp.
Liam rapidamente se levantou e veio me dar um abraço, pois sabia que ele era meu amigo secreto. Entreguei a caixinha com o presente que eu havia comprado, um óculos de sol, que ficaria bem em qualquer um daquela roda.
- Minha vez. – ele disse animado. – Eu não conheço muito bem essa pessoa, mas sou fã do seu trabalho e espero poder ganhar ingressos pra assistir o SuperBowl. – ele sorriu e entregou o presente para Danny, que deu um abraço e agradeceu.
- Vamos lá. – pegou a embalagem ao lado do sofá. – Meu amigo secreto é a pessoa que eu mais tenho contato na roda, depois de . E se não fosse por ele, eu não a conheceria.
- Vem pro papai. – levantou e abraçou Amendola, que gargalhava. – Vamos lá, quero ver vocês adivinharem. Vai ser difícil. – ele riu. – Meu amigo oculto é mestre na arte de fazer drama e desaparecer. – Liam levantou a mão. – Não, não é o mestre dos magos, meu caro Payne. – o britânico fez uma cara de derrotado e logo depois riu. – Tem um estilo duvidável e eu aposto cem dólares de que ele é um filho perdido do Mick Jagger.
- É o Harry. – gritou.
Styles se levantou, em meio a gargalhadas, e pegou seu embrulho com .
- Obrigado, cara. – ele riu. – Meu amigo oculto é uma pessoa única. – ele tinha um sorriso lindo no rosto. – Tem a mania horrível de sempre nos deixar sem palavras em momentos inoportunos. Também tem uma mania de ficar mordendo o lábio inferior como se estivesse tentando seduzir todo mundo, mas na verdade é só uma maneira que encontra para se concentrar melhor nas atividades. – ele sorriu, e eu sabia quem era, mas queria mais algumas dicas. – E claro, é a pessoa mais insuportável dessa sala, porque é a única que inventa de comemorar o natal antes da data original.
- Vai tomar no cu, Styles! – levantou e deu um tapa no braço do garoto. – Mas obrigada pelas palavras. E chato é você! – o britânico se sentou novamente. – Acho que todos já sabem quem eu tirei, mas eu quero falar umas coisinhas. – ela se manteve de pé. – , você chegou aqui e encantou todo mundo com seu jeitinho brasileiro, cheia de beijos, abraços e palavras estranhas. – eu ri, me ajeitando na cadeira. – Conquistou cada um aqui da sua maneira. Por isso, além do presente do amigo oculto, nós nos juntamos e fizemos um presente melhor para você.
Ela me entregou um envelope, que eu rapidamente abri, e vi ser uma carta.
“Meine Liebe,
Eu estou imensamente orgulhosa de seus atos e feitos. Soube que está com muitos amigos e pessoas especiais a sua volta.
Uma garota simpática chamada entrou em contato comigo e me disse que você iria passar o natal sozinha. Mas, eu não permitirei. Venha para Alemanha, estaremos todos te esperando para nosso natal em família.
Com amor,
Anelise, ou para você: Vovó.”
Meus olhos se encheram de lágrimas e eu pude ver o sorriso se formar em meu rosto.
- Todos estarão lá, . – Liam disse. – Compramos passagem para todos do Brasil irem passar o natal com vocês.
- Eu não acredito que vocês fizeram isso. – eu ainda chorava. – Venham aqui. – abri os braços e todos na sala vieram para um abraço em grupo. – Obrigada. – saí do abraço e verifiquei o envelope novamente. – Mas, tem duas passagens aqui.
- Se você quiser levar alguém. – deu de ombros. Olhei para Danny que disse não poder ir por conta do SuperBowl e dei um sorriso fraco.
- Eu vou. – aquela voz rouca, e inconfundível soou pela sala. – Eu passo o natal com você, . – meus olhos encontraram com os dele e eu senti meu corpo falhar por um instante.
Como eu conseguiria sobreviver vinte dias ao lado de Harry Styles sem me deixar levar por seus encantos? Isso eu teria que descobrir.
Capítulo 17
“Measure your life in love...” – Seasons Of Love, Rent
A noite estava maravilhosa. Depois do amigo secreto, servimos o jantar, ou como preferiu chamar: ceia.
Estávamos todos postos à mesa, conversando alegremente, trocando ideias sobre músicas, séries, esportes e até sobre moda nós falamos. Era fácil estar entre pessoas que gostamos, tudo parecia fluir muito bem.
Após todos terminarem de comer, Liam e se empenharam em ir lavar a louça, e ajudava Harry a arrumar a sala e tirar os pratos da mesa.
- Ei, . – Danny se aproximou do sofá onde eu estava sentada, ainda analisando a carta de minha avó. – Será que posso dar uma palavrinha com você? – olhei em seus olhos e sorri, fazendo um sinal para que ele se sentasse ao meu lado. – Será que pode ser lá fora? – seu olhar pidão me fez cair em amores e aceitar o acompanhar.
Durante o caminho eu não sabia o que ele queria, mas muitas ideias rondavam em minha mente, e a principal era a de que ele poderia se declarar e me pedir em namoro. E eu, com meu bom coração, não saberia recusar a proposta, por mais que não fosse com ele que eu queria namorar. Ele abriu a porta da varanda e deu espaço para que eu passasse, sentei na namoradeira de madeira que tinha ali e logo ele se colocou ao meu lado.Seus olhos me encararam por um momento, e sua mão pediu para encontrar a minha.
- , você sabe que eu nutro um carinho especial por você. – ele dizia, enquanto nossas mãos estavam unidas e nossos olhos se encarando. - Mas, eu não posso mentir mais, muito menos você.
- O que quer dizer com isso, Dan? – eu olhei para baixo, evitando o contato.
- Você vai viajar daqui dois dias e vai com o Harry. – ele disse. – Eu não quero ser um impedimento para que vocês fiquem juntos, . – voltei a olhar para ele, com um semblante repleto de culpa. – Não ache que nunca mais nos veremos, porque você se tornou muito especial. – sorriu. – E não me olhe achando que é culpada por isso. A gente não escolhe quem ama, e você está começando a desenvolver sentimentos por ele. – eu maneei em negação com um sorriso fraco no rosto.
- É tão óbvio assim? – perguntei.
- Quando vocês se olham, é como se toda sala fosse pegar fogo. – ele riu e eu o acompanhei. – A gente já sabia que haviam grandes probabilidades de isso não dar certo como um relacionamento. – ele apontou para nós dois. – Mas, estou aqui para ser seu amigo. Então, converse com ele durante essa viagem e resolvam o que será de vocês. Ele é um garoto legal e eu espero que vocês sejam muito felizes. - Pude sentir seus braços ao redor de mim, me puxando para um ato cheio de carinho e confiança.
- Obrigada, Danny. – ele assentiu e sorriu.
- Preciso ir, fiquei de encontrar meu irmão ainda hoje. – ele se levantou. – Foi bom passar esses dois meses com você.
Ele saiu pela porta e pude ouvi-lo se despedir dos outros convidados, enquanto eu fiquei ali parada e com cara de tacho. Eu não sabia se ficava triste ou sorria aliviada, mas a segunda opção me pareceu mais pertinente. Quando chegou na varanda, eu tinha um sorriso bobo em lábios.
- O que foi aquilo? – ela perguntou, apontando para a porta. – E por que está com essa cara?
- Ele terminou comigo, . – eu sorri e levantei a abraçando.
- Nunca vi alguém tão feliz com um término. – ela gargalhou.
- Finalmente poderei resolver isso que há entre mim e Harry. – não continha o sorriso e minha amiga concordou.
- Então essa será uma boa viagem! – rimos.
06 de Dezembro
Dia da viagem
Acordei mais animada que nunca, “Red Light” do Tiësto tocava aos berros no meu apartamento e eu pouco me importava para a multa que eu levaria depois. Daqui duas horas eu estaria embarcando para Alemanha e nada, nem ninguém, tiraria minha alegria.
Mensagens não paravam de chegar no grupo da família, mamãe, Rodrigo, Carla, Mathias e minha cunhada já estavam a caminho, tinham parado na Itália, por conta da conexão que o voo deles fez, mas logo estariam em Frankfurt. Fiquei metade da manhã treinando meu alemão, que estava levemente enferrujado, mas aquilo daria certo.
Harry e eu não tínhamos tocado no assunto “nós” até o momento, pois nossa única prioridade estava sendo arrumar as coisas da viagem, e eu preferi assim. Não queria conversar sobre isso agora, e deixar rolar parecia ser a melhor maneira.
Carla, minha meia-irmã, já sabia de minha amizade com Harry e tinha surtado por conta disso. Então, para fazer uma surpresa para ela, pedi para que Styles não desse indícios de que estaria em uma viagem comigo.
Uma notificação mostrou uma foto de todos nós na noite de “natal” na casa de , essa tinha sido postada por Liam. Logo em seguida, Danny postou uma foto nossa do mesmo dia com a legenda: “Hoje minha amiga – isso mesmo, sem namoro, desfaçam os bicos. – está indo para Alemanha. Volta pra assistir o SuperBowl ou eu arranco seu pescoço. Boa viagem, .”. Sorri e respondi com corações e sorrisos. Amendola foi inteligente de postar uma foto com o esclarecimento de que não estávamos mais juntos, já que eu – provavelmente – seria vista com Harry em Frankfurt.
E falando no britânico, ele disse que me encontraria já no avião, para as suspeitas não aumentarem e minha irmã não descobrir a surpresa.
Então, tomei um banho rapidamente e vesti uma roupa confortável, seriam horas de viagem e eu não queria me sentir mal nelas. Minhas malas já estavam separadas na sala.
Peguei meu celular e tirei uma foto da única que ainda estava aberta, mostrando um pouco das roupas dobradas nela e postei no Instagram: “Indo para Frankfurt depois de seis anos. Devo agradecer aos meus amigos maravilhosos por esse presente.”
Sorri verdadeiramente, eu estava tão feliz que aquele sentimento não cabia em mim.
Terminei de fechar as malas e guardar os sapatos, e já chamei um taxi.
Enquanto o motorista do aplicativo aceitava a corrida, eu desligava as luzes, fechava as janelas e tirava todas as tomadas dos conectores de energia. Assim que ele aceitou, eu já estava em meu caminho para o térreo.
Quando cheguei no aeroporto, o local estava agitado como de costume. Então, eu fui direto para a sala de embarque, onde eu esperaria o momento para entrar no avião. Eu tomava um café e lia um livro muito interessante sobre a história do Egito. Ouvi a clássica voz do aeroporto chamar pelos passageiros do meu voo. Guardei o livro na bolsa e peguei meu passaporte e passagem, já que as malas maiores eu havia despachado durante o check-in.
A aeromoça me recebeu com um enorme sorriso no rosto e me acompanhou até o meu assento, que eu só descobri naquele momento ser na primeira classe. Assim que me sentei, a pequena persiana que dividia os assentos foi aberta. Um Harry Styles sorridente me encarava com um brilho nos olhos e uma barra de chocolate em mãos.
- Como você entrou antes de todos? – perguntei, rindo da feição do rapaz.
- Esqueceu que eu meio que sou famoso, né? – ele deu uma risada e eu bati com a mão na testa. – Vi que finalmente você e o Danny terminaram, agora eu acho que você poderá descobrir o que é um bom time e torcer para o Packers. – piscou.
- Eu não acredito que vou ter que ficar quinze dias te ouvindo ser chato desse jeito. – ameacei fechar a divisória.
- Vai ser demais, assuma. – ele estendeu o chocolate para mim, me oferecendo. Aceitei pegando um pequeno pedaço.
- Agora, se me permite, irei dormir até chegarmos em Frankfurt. – me virei e ele começou a rir.
- Boa noite, .
Seu sorriso era largo e brilhante, e seus olhos pareciam penetrar minha alma.
- Chegamos. – ele disse. – Seu irmão está tentando te ligar, foi solicitado que fossemos os últimos a sair. E já são oito da noite aqui, acho que você ter dormido durante oito horas de voo não foi a melhor coisa, acho que vai te afetar um pouco durante os primeiros dias. - Esfreguei os olhos com as costas das mãos e abri um sorriso fraco, ele estava se importando com coisas tão pequenas.
- Não tem problema, Harry. Estou de férias. – ele sorriu.
- Com licença, Senhor Styles e Senhorita Schulte. – olhamos juntos para a aeromoça que veio até nosso assento. – Já foi permitido o desembarque de vocês. Por favor me acompanhem. – ela disse e nós nos levantamos, pegando nossas bagagens de mão. – Um carro foi separado para leva-los até seu destino, apenas dizerem o endereço. Suas malas já estão com o motorista. – ela sorriu e apontou para a escada que nos levaria para fora do avião. – Bem vindos à Alemanha.
Dentro do carro, eu rolava o feed de minhas redes sociais, até que começaram a me marcar em diversas notícias relacionadas ao meu jantar com Madu, e em todas elas as pessoas usavam palavras e expressões horríveis para se referir à catarinense. Fui até o Instagram da menina e vi que o mesmo se repetia nos comentários de suas fotos, principalmente as quais estava acompanhada de seu namorado.
Minha paciência se esgotou e eu liguei para Shawn sem pensar duas vezes. No terceiro toque ele atendeu.
- Você não vai falar nada até que eu termine. – ele sussurrou um ‘ok’ amedrontado. – Eu estou falando como sua amiga, e não sua produtora. – suspirei, tentando colocar minha mente em ordem depois de todo o caos que vi na internet e Harry me olhava curioso, sentado ao meu lado. – Eu não sei até que parte da história é conhecida por você, mas eu sei que tem pessoas sendo rudes com Madu em todas suas redes sociais, e isso já está passando dos limites, Shawn.
- , eu não sei o que fazer. – ele parecia suplicar por ajuda.
- A resposta está na sua frente, só você não quer ver. – soltei uma risada nasalada. – Faça alguma coisa, Shawn. Você tem noção de que estão especulando que nosso jantar foi um marketing para o seu álbum? – disse com incredulidade na voz.
- Mas você sabe que Andrew... – ele disse, e parecia chorar pela quantidade de pausas dadas em uma pequena frase.
- Foda-se Andrew, foda-se a gravadora. Você tem o mundo aos seus pés e milhares de gravadoras querendo um contrato com você. – aumentei o tom de voz. – Mas você só tem uma Maria Eduarda.
- Eu não sei se posso. – ele fungava e eu tive certeza de que estava chorando.
- Você não pode, mas eu posso. – suspirei e Harry me abraçou de lado, fazendo meu corpo arrepiar rapidamente. – Isso não vai ficar barato, Shawn. E se eu souber que você não fez nada, eu pego o primeiro voo de Frankfurt pra onde você estiver e faço questão de te bater. – dei o ultimato. – Você está a um ponto de perder o amor da sua vida, e isso só vai acontecer se você não fizer nada.
Deliguei a ligação, com um peso enorme no coração. Não gostaria de saber como Madu estava se sentindo, pois eu sabia que ela estava machucada e doía ver uma amiga assim. Preferi não ligar ou entrar em contato com ela, tudo que ela precisava era de um tempo.
Mas, eu tinha de fazer alguma coisa. Entrei em meu bloco de notas e escrevi uma declaração, fiz uma captura de tela e postei em meu Twitter.
“O mundo está cercado de gente ruim, que não está contente com a felicidade dos outros. Há alguns meses conheci Shawn, ainda solteiro e ele sempre foi essa pessoa maravilhosa que vocês conhecem das entrevistas e shows. Em nenhum momento se mostrou diferente para vocês. Sua postura e maneira encantam qualquer um, assim como encantara Madu.
Quando ele a conheceu, fez questão de me contar que estava apaixonado. – vocês não fazem ideia do quanto ele sofreu enquanto eles não se beijaram. – E depois disso, quando começaram a namorar, fez questão de dizer o quão feliz estava com aquilo.
O ponto é: Shawn sempre foi transparente e sincero com todos vocês. Ele é o mesmo dentro e fora dos holofotes. E pelo que conheço, ele nunca inventaria um namoro por publicidade.
Tive o prazer de conhecer a Madu há algumas semanas, e tive a certeza do porquê Shawn se apaixonou. Ela é a menina mais doce que já conheci. Ela é forte, talentosa e tem um carisma único.
Vocês escrevem todas essas atrocidades sem a conhecer. Ela é apenas um ser humano e sente dores.
Amar o Mendes não é desculpa para o que estão fazendo. Porque se o amam, devem compactuar com sua felicidade.
Se vocês pudessem ter a chance de ver como eles são, não falariam tanto.
Ele a faz bem, ela o faz bem, mas vocês os fazem mal.
Espero que um dia vocês possam conhecer um amor puro como o deles.
Sorte nossa seria se encontrássemos nossa Madu.
#pleasesupportmenves #spreadthelove. “
Capítulo 18
“In the backseat when you asked me ‘Is the sadness everlasting?’ I pulled you closer, looked at you and said: ‘Love, I think it is’…” – Taxi, The Maine
O caminho até a casa de minha avó era longo, já que se localizava numa parte mais afastada da cidade. Durante o trajeto eu tentava ensinar à Harry algumas palavras em alemão, mas apenas por curiosidade vinda de sua parte, já que toda minha família falava inglês muito bem.
Michael havia me ligado algumas vezes, e eu o retornei avisando que já estava chegando, e que tinha um amigo como companhia, pedindo para separar mais um quarto. Mike disse que faria o possível, já que a casa estava cheia.
Quando chegamos no pequeno vilarejo, pude perceber que os olhos de Styles brilhavam.
- Gostou? – perguntei, e sem perceber coloquei minha mão sobre a sua.
- Gostei. – ele olhou para nossas mãos unidas e deu um sorriso. – Me lembra Holmes Chapel.
- Então espero que se sinta em casa. – meu sorriso quase falhou, já que o nervosismo do nosso toque era maior.
- Com certeza estou em casa. – se aproximou de meu rosto e estalou um beijo demorado em minha bochecha. – Você sabe o que dizem sobre estar em casa. – piscou.
O carro parou e o motorista gentilmente desceu e abriu as portas para que desembarcássemos.
A casa continuava a mesma. As mesmas paredes brancas, os mesmos telhados coloniais e o mesmo pasto verde e imenso, que não era totalmente visível pela noite, ainda mais ela sendo combinada com a pouca luz da parte externa.
Abri um sorriso ao lembrar dos momentos vividos ali. Eu amava aquele lugar.
Caminhei até a porta de entrada ao lado de Harry, e toquei a campainha. O grande pedaço de madeira se abriu e deu visão para Michael; seus cabelos estavam ainda mais ruivos, e seus olhos ainda mais azuis, ele estava cada dia mais parecido com papai. Ele abriu um sorriso ao me ver, e olhou Harry com curiosidade, mas puxou nós dois para um abraço.
- Bem vindos. – ele nos soltou. – Muito bom ter você conosco, Harry. – ele disse e o rapaz sorriu, um pouco confuso. – Carla vai surtar.
- Eu acho que aguento. – Styles riu e Mike nos convidou para entrar.
- Então aproveitem que ela está no banho e já guardem as coisas no quarto de . – eu olhei para Mike como quem perguntava onde Harry ficaria. – Apenas deixem as malas lá e já resolveremos onde você ficará, Styles. – ele disse. – Vou chamar o pessoal e avisar que vocês chegaram.
pediu para que eu a acompanhasse em silencio até o segundo andar. No caminho não pude deixar de notar as muitas fotografias de com sua família, irmãos, avó, pai e mãe. Eles eram todos lindos, , sua mãe e irmã eram as únicas com traços não alemães, tendo cabelos castanhos e olhos igualmente escuros.
Subimos a escada em silencio e abriu a uma porta que dava em direção a um corredor com outras duas portas. No fim do corredor, havia uma espécie de lounge, onde tinha um piano de calda bem no centro, além de outros instrumentos de corda em alguns cantos da sala.
- Esse é o de Michael. – ela apontou para porta da direita. – E esse é o meu. – abriu a da esquerda e eu esperava entrar num ambiente rosa e cheio de coisas fofas, mas não. O quarto era num cimento queimado, tinha toques meticulosos e uma Fender Stratocaster preta pendurada na parede. – Qualquer coisa se não tiver outro quarto pra você, aquele sofá vira uma cama. – apontou para o móvel de cor escura que ficava perto da grande porta de vidro, onde conseguia ver perfeitamente a varanda do quarto.
- Obrigado. – sorri e me aproximei um pouco mais de .
- Eu que agradeço, Harry. – ela disse e abaixou a cabeça. Estava triste?
- O que houve? – coloquei a mão em seu queixo e levantei seu olhar para mim. Pude notar que havia uma lágrima escorrendo por sua bochecha. – Não está feliz?
- Faz muito tempo que não venho aqui. – ela disse e eu maneei a cabeça em concordância, num claro sinal para que ela continuasse o discurso. – Acho que nessa altura do campeonato você merece saber. – secou a lágrima. – Meu pai faleceu quando eu tinha apenas dez anos, e bom, no último natal com toda família reunida ele estava. – minha mão, que estava em seu queixo, agora brincava com algumas mechas de seu cabelo. – É um pouco difícil estar aqui e não ser acordada por ele, ou ter ele para cantar para mim antes de dormir. – ela fungou. – Mas, eu sou muito grata a vocês por terem comprado essas passagens e permitirem que minha família esteja reunida. Faremos isso em memoria dele, e creio que todos estão muito felizes com esse acontecimento. – vi um sorriso fraco se formar em seu rosto.
Desde que a conheci sabia que alguma coisa a machucava, e isso me deixava com mais vontade de decifra-la. Mas, agora eu sabia que o que fazia o coração dela doer era a saudade. Ela estava ali na minha frente, tão vulnerável, de uma maneira que nunca tinha visto. Normalmente ela era forte e decidida, mas aquela era a mostrando seus segredos e abrindo seu coração para mim. E eu estava completamente fascinado por ela. A envolvi num abraço, esse não tinha segundas intenções, ou qualquer outra conotação que não fosse carinho e fortalecimento.
- Vamos descer. Sua família está nos esperando. – eu disse em tom de voz baixo e ela assentiu. - Desvencilhei o abraço e fui abrir a porta, Michael que estava prestes a bater na mesma deu um sorriso.
- Carla já saiu do banho e todos estão esperando na sala para o jantar. – ele disse e eu concordei, o Schulte levou seu olhar para dentro do quarto e viu que secava suas lágrimas. – Ela está nostálgica, não? – perguntou para mim.
- Um pouco. – eu disse, em tom de voz baixo.
A garota viu que o irmão estava na porta e sorriu, sendo correspondida por ele. Tirou o casaco que vestia e jogou na cadeira que ficava em frente a uma mesa de computador, logo caminhando em nossa direção, indicando que podíamos ir.
Descíamos as escadas e eu conversava com Mike – como ele mesmo pediu para ser chamado. – sobre nossas bandas favoritas, e descobrimos ter um gosto musical bem parecido. usava o telefone para avisar a , e Liam que havia chegado e que tudo estava bem.
- Vou na frente para preparar Carla e o seu coração. – ele riu e eu concordei. Ficamos eu e na ponta da escada, a menina olhou para mim e deu um sorriso.
- Animado para conhecer minha família? – ela disse.
- Com frio na barriga, digamos. – eu a respondi e ela riu.
Michael apareceu com a cabeça no corredor e nos chamou. Assim que passamos pela porta, pude ver cinco pessoas sentadas à mesa. Eram quatro mulheres e dois homens. Assim que a mulher, que julguei ser mãe de pela aparência similar, nos viu abriu um sorriso gigante, muito parecido com o da filha.
A menina mais nova, essa eu tinha certeza que era Carla, virou e correu em direção à irmã, sem perceber minha presença ali, até o momento que saiu do abraço da garota.
- Carlinha, esse é meu amigo. – ela apontou para mim e a adolescente deixou o queixo cair, ficando sem reação.
- Harry Styles. – ela sussurrou e eu sorri, abrindo os braços para um abraço. – Você trouxe Harry Styles para o natal? – ela me abraçou e pude sentir suas mãos tremendo, quando encontraram minhas costas. – Meu Deus, eu te amo. – ela soltou o abraço e disse olhando em meus olhos. ria da situação.
- Acostume-se, você verá essa criatura por quinze dias. – disse, ainda rindo. – Vamos, Hazz. Quero te apresentar para o resto do pessoal.
Ela segurou minha mão e me levou até a mesa.
- Pessoal, esse é o Harry. – ela disse e eu acenei sorrindo para todos. – Harry, esses são Mathias, meu irmão mais velho. – o rapaz tinha cabelos ruivos e olhos claros assim como Michael, mas seus fios estavam num corte que me lembrava bastante o de Liam no final de 2015. Ele se levantou e veio me cumprimentar com um aperto de mão e um sorriso. – Essa é Fernanda, esposa dele. – a mulher era linda, os cabelos loiros e longos combinados dos olhos azuis, faziam com que ao lado de Mathias, formassem o casal perfeito. – Rodrigo, meu padrasto e pai de Carla. – o homem era o clássico cinquentão, alto e com cabelos um pouco grisalhos, tinha um porte atlético e um sorriso característico. Carla era muito parecida com ele, de fato. – Margareth, minha mãe. – eu sabia que a moça do sorriso era mãe de . Devo admitir que a genética da família era incrível, e se seguir o caminho da mãe, envelheceria muito bem. – e por último, minha avó por parte de pai, Anelise. – a senhora tinha cabelos num loiro bem claro e olhos azuis como a mais profunda piscina, em uma das fotos que vi mais cedo, no corredor, ela era a mulher que segurava um neném no colo, que presumi ser .
Era interessante saber que mesmo após a morte do pai, a família continuava unida, e principalmente, deram espaço para que Rodrigo fizesse parte dela também. – Bom, essa é minha família. – ela abriu os braços e eu sorri. Estava feliz por estar tendo essa intimidade com ela, e eu percebi que ela também estava.
- Sente-se, querido. – Margareth disse e apontou para cadeira vazia ao lado de Anelise. - Me acheguei e sentei ao lado da matriarca, que me surpreendeu com um abraço.
- Seja bem-vindo a nossa família, meu bem. – ela disse, com um sotaque carregado. – Se minha pequena fênix te trouxe aqui é porque ela realmente gosta de sua pessoa e não se importa de mostrar um pedaço de seu mundo para você. Então, isso te faz ser família.
- Eu também gosto da pessoa dela. – eu sorri e a senhora retribuiu.
- Jantar na mesa. – Michael falou cantarolando, enquanto vinha até a mesa com uma lasanha em mãos.
O ambiente era calmo e feliz, eu estava realmente me sentindo bem.
Capítulo 19
“I want to write you a song, one that's beautiful as you are sweet…” – I Want to Write You a Song, One Direction
Jantar com minha família foi algo que fez meu coração aquecer de todas as formas possíveis, aquilo já estava sendo incrível e ainda era nosso primeiro dia na Alemanha.Nosso.
Estar com Harry ali, de certa forma, me deixava mais forte. Sua companhia me deixava mais calma, e seus abraços eram como abrigos para dias escuros. E eu não me importava de ainda não ter o beijado, ou qualquer outra coisa, eu gostava de o ter por perto. Ele, com certeza, foi a pessoa certa para me acompanhar até aqui. Depois da comida, Harry se ofereceu para ajudar minha mãe na louça, enquanto eu subia para um banho.
Eu deixava a água cair pelo meu corpo enquanto lembrava das últimas vezes que estive naquela casa. Desliguei o registo e me enrolei na toalha. Coloquei o conjunto de moletom que eu havia separado para dormir e saí do quarto, indo para sala de música que papai e Mike criaram no fim do nosso corredor.
Abri a capa que cobria as teclas do piano e permiti que meus dedos brincassem um pouco por ali, criando melodias.
Peguei um pedaço de papel que estava em cima de uma mesa e uma caneta que estava jogada pelo mesmo lugar. Ideias começaram a surgir e uma letra nova apareceu: “Eu sempre vou te manter comigo, você sempre estará em minha mente. Mas há um brilho nas sombras, e eu nunca saberei ao menos que eu tente.” Foi o que eu rascunhei naquela folha, e eu passaria aquilo para meu caderno, pois eu tinha amado. Enquanto a melodia surgia, ouvi alguém bater a porta. Meu coração gelou por medo de ser Harry, e por medo dele ter me visto no meio de uma composição, mas era apenas minha avó.
- Sabia que a última pessoa que tocou este piano foi Robert? – ela se sentou ao meu lado. – Michael não tem coragem de abri-lo, por isso comprou um teclado e colocou em seu quarto. – ela disse e meus dedos passavam levemente pelas teclas, as tocando sem emitir som. – Linda melodia que estava tocando. – senti minhas bochechas corarem. – Você é muito talentosa, meu amor, e eu sei qual seu medo. Mas mostre para todos porque você é minha pequena fênix , renasça das cinzas de sua dor. Use-a para compor coisas tão lindas quanto essa melodia.
Fechei o piano e abracei minha avó. Eu estava a tanto tempo longe que não sabia mais como era tê-la por perto, me dando conselhos que só ela sabia. Ela era a pessoa que mais me trazia lembranças de meu pai, mas estar com ela não era triste, pelo contrário, me fazia lembrar que por conta dela todos estávamos ali unidos.
Um pigarro surgiu na entrada da sala e ao virar meu olhar para porta, encontrei os olhos de Harry me encarando.
- , parece que não tem quarto sobrando. Se importa se eu dormir naquele sofá-cama? – ele perguntou, enquanto coçava a nuca, parecendo envergonhado. – Se for um problema, vejo se Michael deixa eu ficar com ele. – eu ri, porque ele com vergonha era a coisa mais fofa que eu já tinha visto.
- Ei, não se preocupe. – eu disse, e minha avó analisava cada palavra e gesto nosso. – Faça o que te deixar mais confortável. Não me importo que fique comigo, vai ser ótimo ter um amigo para assistir filmes comigo durante as madrugadas. – um sorriso se formou em seus lábios, aquele sorriso que me deixava sem chão.
- Tudo bem. – ele disse. – Mas eu escolho o filme de hoje. – seu tom mudou rapidamente para um brincalhão.
- Fique à vontade para isso. – falei e ele sorriu. Avisou que iria tomar um banho e já ficaria no quarto. Deu boa noite para mim e minha avó, e se dirigiu até o outro cômodo.
Anelise virou seus olhos azuis para mim e levantou as sobrancelhas.
- Ele é um bom garoto, . – falou em alemão, com medo que ele ouvisse o que conversávamos. – E gosta de você. – sem perceber, deixei um sorriso bobo aparecer. – E me parece que você corresponde esse sentimento. – dei de ombros, mas não conseguia disfarçar. – Leve Harry para conhecer o resto da casa amanhã. Por que não passeiam pelo centro da vila, ou vão até a cidade? – continuou a me olhar. – Passe mais tempo com o garoto. Não se impeça de viver um romance por medo do futuro. – ela disse.
- Mas... – eu disse, porém fui interrompida.
- Sem contraposição. – disse. – Se eu tivesse deixado o medo me impedir, eu não teria casado com seu avô. – se levantou do pequeno puff no qual estávamos e depositou um beijo em minha testa. – Pense nisso. Guten Nacht.
Saiu da sala e me deixou sozinha. Respirei fundo, prendi meu cabelo em um coque e fui até o quarto. Quando entrei, vi Styles sentado no sofá embaixo de uma coberta e com o controle da televisão em mãos, zapeando pela Netflix.
- O que acha de comédias românticas? – ele perguntou, semicerrando os olhos.
- Adoro. – me joguei na cama e o garoto riu.
- Então assistiremos Simplesmente Amor. – eu sorri verdadeiramente, era um de meus filmes favoritos.
- Vou te contar um segredo. – eu me ajeitei no edredom. – Qualquer filme que tenha Colin Firth, Alan Rickman, Liam Neeson e Hugh Grant sempre se tornará meu filme favorito. - Ele deu uma risada e se levantou, indo em direção ao interruptor para desligar a luz.
- Ei. – eu chamei sua atenção para mim. – Deita aqui pra assistir o filme. Quando ele acabar você vai pro sofá.
- Tem certeza? – ele perguntou e eu acenei em concordância.
- Vem logo, antes que eu desista do filme e vá dormir. – bati no colchão e ele riu.
A luz se apagou e o único brilho do quarto era o da tela da tevê, senti o a cama abaixar e logo depois se acomodar, indicio de que Harry tinha se deitado. Olhei para o lado e vi que ele estava na ponta, distante de mim.
- Pode chegar mais perto, Hazz. – disse, um pouco manhosa.
- Não quero forçar você a nada, . – ele falou com o tom de voz baixo.
- Não está me forçando. Eu que estou pedindo para você vir pra cá. – ele não respondeu, mas eu vi seu sorriso sendo iluminado pela televisão e senti ele se aproximar.
O filme rolava e nós estávamos bastante concentrados em todos os acontecimentos, ríamos em cenas que já tinham sido assistidas milhares de vezes e nos emocionávamos com outras. Num dado momento, percebi que comecei a me aninhar próximo ao peito de Harry, que me fazia cafuné usando sua mão esquerda. O carinho estava tão bom, que mesmo sem querer, caí no sono ali mesmo, em seus braços.
Capítulo 20
Harry
“I've been feeling everything from hate to love, from love to lust, from lust to truth. I guess that's how I know you…” – Kiss Me, Ed Sheeran
No dia anterior, acabou adormecendo em meus braços e, por respeito, eu preferi sair da cama e voltar para o sofá e dormir, já que terminar o filme sem ela não teria graça.
Tive um sono ótimo, que me permitiu acordar cedo e de bom humor. Quando levantei, ainda dormia. Me permiti observá-la por um tempo, sua respiração era tranquila e ela tinha um leve sorriso nos lábios. Juro que eu poderia dar todos os meus euros, libras e dólares em troca de saber com o que estava sonhando.
Peguei uma troca de roupa na mala e decidi tomar banho no banheiro do corredor, para não a acordar. Abri a porta com toda calma do mundo e assim, também a fechei.
O corredor estava vazio e a casa silenciosa, provavelmente todos ainda dormiam. Bati na porta do banheiro, apenas por precaução e depois que continuei escutando o silencio, finalmente entrei.
Tomei um banho digno de ser classificado como relaxante, e eu precisava daquilo. Mesmo tendo ficado na estrada por muito tempo quando ainda estava na banda, o fuso horário era algo que me incomodava.
Eu secava meu cabelo enquanto saía do banheiro e dei de cara com Michael.
- Bom dia, mate. – ele disse, com um sorriso no rosto. Não é possível que todos naquela família exalem simpatia todo o tempo. – Eu e Mathias estamos indo até a cidade para comprar umas besteiras para comer durante o jogo do Packers hoje, topa? - Uma animação tomou conta do meu rosto.
- Primeiramente; tinha me esquecido completamente que hoje tinha jogo. – talvez a viagem, a troca de fuso e todo resto tenham me feito esquecer deste pequeno detalhe. – Segundo; vocês torcem para o Packers? – ele sorriu e concordou. – Meu Deus, quero ser amigo de vocês para sempre.
- Então, me dá essa toalha aqui que eu estendo e vai pentear o cabelo. Nos encontramos em dois minutos na sala. – ele disse e pegou a toalha da minha mão, descendo as escadas novamente.
🎙❤📝
Acordei meio atordoada e sem saber o que tinha acontecido, mas pelo que parece eu dormi do nada e não terminei de assistir ao filme. Algo em mim pedia para que Styles não tivesse finalizado a película sem mim.
Assim que lembrei do garoto, olhei para o lado e vi que ele não estava mais no sofá, sinal de que já deveria ter acordado.
Esfreguei os olhos e levantei os braços, me espreguiçando e tentando criar coragem para sair da cama em plena quinta-feira. Decidi que ficaria por ali um pouco mais, aproveitando do calor da minha cama.
Depois que se passaram alguns minutos, eu percebi que precisava interromper minha procrastinação e levantar para viver a vida. Por mais que a vida durante as férias fosse só isso; comer, dormir e repetir.
Tomei um banho rápido e coloquei um conjunto de frio, já que o tempo chuvoso de Frankfurt era sempre o mesmo. Ouvia um barulho alto vindo do andar de baixo e corri para ver do que se tratava. Minha avó, minha mãe e Carla estavam dançando alegremente ao som de Kiss do Prince. Me contive para não gargalhar ao ver Margareth com uma escova de cabelo próxima a boca, a fazendo de microfone. Carla fazia uma coreografia improvisada, onde ela jogava os cabelos e mexia os quadris sem parar, quase uma Joelma do Calypso. Levei minha mão a boca, segurando a risada. Anelise me viu parada e veio em minha direção, dublando a canção.
Aquela mulher era tão ativa para quem tinha seus setenta e poucos. Segurou minha mão e me puxou para o meio delas.
- Vai realmente ficar parada, ? – minha mãe perguntou. – Pelo que eu sei você ama essa música.
Ela estava certa, qualquer música do Prince poderia ser classificada facilmente como uma de minhas favoritas. Aquele cara servia de inspiração para nove entre dez musicistas – essa pesquisa não foi realmente feita, mas eu tomo parte de que ela é bem real.
Me deixei levar pela melodia, a guitarra bem marcada e seu estilo funkymusic eram coisas que me animavam facilmente. A música estava em sua penúltima estrofe e última ponte.
- Women, not girls, rule my world, I said they rule my world – apontei para as mulheres a minha frente e comecei a dublar.
- Act your age, mama (not your shoe size), not your shoe size – Carlinha subiu no sofá e fez seu próprio punho de microfone. - Maybe we could do the twirl, you don't have to watch Dynasty – ela continuou, pulando do sofá e indo dançar ao lado de minha avó.
- To have an attitude, uh, you just leave it all up to me – Anelise estalava os dedos e se mexia enquanto estava ao lado de sua neta postiça.
- My love will be your food, yeah – minha mãe jogou os braços para cima e balançou sua cabeça, enquanto gritou a última frase antes do refrão. – Vamos lá.
- You don't have to be rich to be my girl – cantamos em coro e nos mexíamos para lá e para cá, sem muita preocupação. - You don't have to be cool to rule my world – Carla levantou a mão e a desceu devagar em frente ao seu rosto, enquanto mexia os dedos, e eu ri. - Ain't no particular sign I'm more compatible with – mamãe me abraçou de lado e me balançou pelos ombros, logo depois bagunçando meu cabelo. - I just want your extra time and your – cantei alto e nós começamos a fazer barulhos de beijo. – Kiss. - a música acabou e nos jogamos no sofá, enquanto riamos alto da nossa maravilhosa performance.
Fazia tempo que eu não me divertia daquela forma em família, e tudo indicava que esse natal seria um dos melhores, já que estávamos todos juntos, mesmo que sem papai, tudo estava se encaixando. E eu sabia que ele estava vendo isso de algum lugar com um sorriso no rosto.
🎙❤📝
Harry
Estacionamos o carro na garagem da casa e podíamos ouvir músicas tocando em um volume alto vindo do interior do local. Mathias riu, como se já soubesse o que estava acontecendo.
Descemos do automóvel e pegamos as sacolas no bagageiro, cada um segurou duas e nos deslocamos para dentro de casa.
Quando chegamos perto da sala, pude ver que , sua mãe, avó e irmã dançavam animadamente ao som de Prince. Eu não pude conter um sorriso de surgir ao ver aquela cena.
- Elas tem mania de fazer um dance-off quando estão juntas. – Mike sussurrou ao meu lado, para elas não perceberem que tínhamos chegado. – Desde que é pequenina elas fazem isso.
- Estou muito feliz de ver que elas estão bem. É a primeira vez que todos nos reunimos aqui sem papai, achei que fosse ficar bem triste. – Mathias colocou algumas sacolas em cima da mesa. – Mas, você está deixando nossa menina bem feliz, Hazz. – ele sorriu para mim. – Preciso subir e ver se Fernanda já acordou, ela passou um pouco mal ontem à noite.
Eu e Michael concordamos e o mais velho foi em direção a escada.
Eu observava se movimentando conforme a música tocava. Eu não estava achando sexy ou atrativo, porque ela não estava fazendo aquilo com o objetivo de que fosse. Ela estava se divertindo, e isso estava me deixando feliz de uma maneira que eu ainda não tinha experimentado antes.
Normalmente eu não me abria muito com as pessoas, mas me traz a vontade de fazer isso. Eu quero que ela saiba sobre mim, sobre minha vida, minha família, meu passado e meus planos para o futuro, e eu queria que ela pudesse fazer parte desses.
A música acabou e elas se jogaram no sofá, com uma expressão de animação no rosto.
Michael assobiou ao meu lado e bateu palmas. Elas nos olharam assustadas, mas depois caíram na risada.
- Rodrigo disse que vocês foram comprar coisas para assistir os Packers sem ele. É isso mesmo? – Margareth se aproximou rindo e levantando as mãos para oferecer ajuda com as compras.
- Auf keinen fall!* - Mike exclamou, se fazendo de desentendido e eu fiz uma cara engraçada, pois vi a sua mãe rir.
- Venha, querido. Deixe esse louco para trás. – ela se virou para mim e me puxou pela mão.
Passamos pela sala e pude ver que me seguiu com olhos, e logo abriu um sorriso em minha direção.
Eu estava na cozinha com sua mãe, guardando os petiscos que havíamos comprado.
apareceu na porta da cozinha e ficou encostada ali, me observando fatiar o cheddar e colocar numa pequena vasilha.
- Vai ficar me encarando? – perguntei, com um pequeno sorriso nos lábios.
- Vai me prender? – ela levantou uma das sobrancelhas e eu ri. – Foi o que eu pensei. – veio até mim e depositou um beijo em meu rosto. – Bom dia.
Fiquei sem reação e isso foi percebido por Margareth, que pigarreou e me fez voltar à realidade.
- Bom dia. – sorri envergonhado.
- Então parece que nossa programação hoje é o jogo do Packers? – ela perguntou, se apoiando na bancada e pegando um pedaço de queijo.
- Com certeza. – disse, tentando ao máximo me concentrar no corte do queijo e não nela, já que sua mãe estava no mesmo ambiente que nós, tirando as bebidas do congelador e passando para geladeira. – Até te comprei uma camisa deles, e um daqueles chapéus de queijo, todos pra você. Hoje vai torcer com a gente. – eu sorri animado.
- Fechado, então. – ela disse e pegou mais um queijo. – Estou indo lá pra cima, vou descansar mais um pouco. – sorriu fraco. – Fuso, sabe como é. – suspirou e eu concordei com ela. – Na hora do jogo me chama. – deu outro beijo em minha bochecha e abraçou sua mãe, logo saindo de cena.
Eu ainda estava meio estático e envergonhado com o que acabara de acontecer, mas Margareth não me pareceu se importar muito com aquilo.
- Ela gosta de você, Harry. – sua mãe disse, se aproximando, e eu parei o que fazia para dar atenção a ela. – Ela pode não demonstrar bem, mas ela gosta de você. – ela riu nasalmente. – E você gosta dela, isso está obvio pra todo mundo. E vocês estão aqui não tem nem dois dias direito. – eu ri fraco, nós éramos tão previsíveis assim? – pode ser complicada, querido. Mas, no tempo certo ela vai te mostrar o que sente, só esperar.
*De jeito nenhum
“I've been feeling everything from hate to love, from love to lust, from lust to truth. I guess that's how I know you…” – Kiss Me, Ed Sheeran
No dia anterior, acabou adormecendo em meus braços e, por respeito, eu preferi sair da cama e voltar para o sofá e dormir, já que terminar o filme sem ela não teria graça.
Tive um sono ótimo, que me permitiu acordar cedo e de bom humor. Quando levantei, ainda dormia. Me permiti observá-la por um tempo, sua respiração era tranquila e ela tinha um leve sorriso nos lábios. Juro que eu poderia dar todos os meus euros, libras e dólares em troca de saber com o que estava sonhando.
Peguei uma troca de roupa na mala e decidi tomar banho no banheiro do corredor, para não a acordar. Abri a porta com toda calma do mundo e assim, também a fechei.
O corredor estava vazio e a casa silenciosa, provavelmente todos ainda dormiam. Bati na porta do banheiro, apenas por precaução e depois que continuei escutando o silencio, finalmente entrei.
Tomei um banho digno de ser classificado como relaxante, e eu precisava daquilo. Mesmo tendo ficado na estrada por muito tempo quando ainda estava na banda, o fuso horário era algo que me incomodava.
Eu secava meu cabelo enquanto saía do banheiro e dei de cara com Michael.
- Bom dia, mate. – ele disse, com um sorriso no rosto. Não é possível que todos naquela família exalem simpatia todo o tempo. – Eu e Mathias estamos indo até a cidade para comprar umas besteiras para comer durante o jogo do Packers hoje, topa? - Uma animação tomou conta do meu rosto.
- Primeiramente; tinha me esquecido completamente que hoje tinha jogo. – talvez a viagem, a troca de fuso e todo resto tenham me feito esquecer deste pequeno detalhe. – Segundo; vocês torcem para o Packers? – ele sorriu e concordou. – Meu Deus, quero ser amigo de vocês para sempre.
- Então, me dá essa toalha aqui que eu estendo e vai pentear o cabelo. Nos encontramos em dois minutos na sala. – ele disse e pegou a toalha da minha mão, descendo as escadas novamente.
Acordei meio atordoada e sem saber o que tinha acontecido, mas pelo que parece eu dormi do nada e não terminei de assistir ao filme. Algo em mim pedia para que Styles não tivesse finalizado a película sem mim.
Assim que lembrei do garoto, olhei para o lado e vi que ele não estava mais no sofá, sinal de que já deveria ter acordado.
Esfreguei os olhos e levantei os braços, me espreguiçando e tentando criar coragem para sair da cama em plena quinta-feira. Decidi que ficaria por ali um pouco mais, aproveitando do calor da minha cama.
Depois que se passaram alguns minutos, eu percebi que precisava interromper minha procrastinação e levantar para viver a vida. Por mais que a vida durante as férias fosse só isso; comer, dormir e repetir.
Tomei um banho rápido e coloquei um conjunto de frio, já que o tempo chuvoso de Frankfurt era sempre o mesmo. Ouvia um barulho alto vindo do andar de baixo e corri para ver do que se tratava. Minha avó, minha mãe e Carla estavam dançando alegremente ao som de Kiss do Prince. Me contive para não gargalhar ao ver Margareth com uma escova de cabelo próxima a boca, a fazendo de microfone. Carla fazia uma coreografia improvisada, onde ela jogava os cabelos e mexia os quadris sem parar, quase uma Joelma do Calypso. Levei minha mão a boca, segurando a risada. Anelise me viu parada e veio em minha direção, dublando a canção.
Aquela mulher era tão ativa para quem tinha seus setenta e poucos. Segurou minha mão e me puxou para o meio delas.
- Vai realmente ficar parada, ? – minha mãe perguntou. – Pelo que eu sei você ama essa música.
Ela estava certa, qualquer música do Prince poderia ser classificada facilmente como uma de minhas favoritas. Aquele cara servia de inspiração para nove entre dez musicistas – essa pesquisa não foi realmente feita, mas eu tomo parte de que ela é bem real.
Me deixei levar pela melodia, a guitarra bem marcada e seu estilo funkymusic eram coisas que me animavam facilmente. A música estava em sua penúltima estrofe e última ponte.
- Women, not girls, rule my world, I said they rule my world – apontei para as mulheres a minha frente e comecei a dublar.
- Act your age, mama (not your shoe size), not your shoe size – Carlinha subiu no sofá e fez seu próprio punho de microfone. - Maybe we could do the twirl, you don't have to watch Dynasty – ela continuou, pulando do sofá e indo dançar ao lado de minha avó.
- To have an attitude, uh, you just leave it all up to me – Anelise estalava os dedos e se mexia enquanto estava ao lado de sua neta postiça.
- My love will be your food, yeah – minha mãe jogou os braços para cima e balançou sua cabeça, enquanto gritou a última frase antes do refrão. – Vamos lá.
- You don't have to be rich to be my girl – cantamos em coro e nos mexíamos para lá e para cá, sem muita preocupação. - You don't have to be cool to rule my world – Carla levantou a mão e a desceu devagar em frente ao seu rosto, enquanto mexia os dedos, e eu ri. - Ain't no particular sign I'm more compatible with – mamãe me abraçou de lado e me balançou pelos ombros, logo depois bagunçando meu cabelo. - I just want your extra time and your – cantei alto e nós começamos a fazer barulhos de beijo. – Kiss. - a música acabou e nos jogamos no sofá, enquanto riamos alto da nossa maravilhosa performance.
Fazia tempo que eu não me divertia daquela forma em família, e tudo indicava que esse natal seria um dos melhores, já que estávamos todos juntos, mesmo que sem papai, tudo estava se encaixando. E eu sabia que ele estava vendo isso de algum lugar com um sorriso no rosto.
Estacionamos o carro na garagem da casa e podíamos ouvir músicas tocando em um volume alto vindo do interior do local. Mathias riu, como se já soubesse o que estava acontecendo.
Descemos do automóvel e pegamos as sacolas no bagageiro, cada um segurou duas e nos deslocamos para dentro de casa.
Quando chegamos perto da sala, pude ver que , sua mãe, avó e irmã dançavam animadamente ao som de Prince. Eu não pude conter um sorriso de surgir ao ver aquela cena.
- Elas tem mania de fazer um dance-off quando estão juntas. – Mike sussurrou ao meu lado, para elas não perceberem que tínhamos chegado. – Desde que é pequenina elas fazem isso.
- Estou muito feliz de ver que elas estão bem. É a primeira vez que todos nos reunimos aqui sem papai, achei que fosse ficar bem triste. – Mathias colocou algumas sacolas em cima da mesa. – Mas, você está deixando nossa menina bem feliz, Hazz. – ele sorriu para mim. – Preciso subir e ver se Fernanda já acordou, ela passou um pouco mal ontem à noite.
Eu e Michael concordamos e o mais velho foi em direção a escada.
Eu observava se movimentando conforme a música tocava. Eu não estava achando sexy ou atrativo, porque ela não estava fazendo aquilo com o objetivo de que fosse. Ela estava se divertindo, e isso estava me deixando feliz de uma maneira que eu ainda não tinha experimentado antes.
Normalmente eu não me abria muito com as pessoas, mas me traz a vontade de fazer isso. Eu quero que ela saiba sobre mim, sobre minha vida, minha família, meu passado e meus planos para o futuro, e eu queria que ela pudesse fazer parte desses.
A música acabou e elas se jogaram no sofá, com uma expressão de animação no rosto.
Michael assobiou ao meu lado e bateu palmas. Elas nos olharam assustadas, mas depois caíram na risada.
- Rodrigo disse que vocês foram comprar coisas para assistir os Packers sem ele. É isso mesmo? – Margareth se aproximou rindo e levantando as mãos para oferecer ajuda com as compras.
- Auf keinen fall!* - Mike exclamou, se fazendo de desentendido e eu fiz uma cara engraçada, pois vi a sua mãe rir.
- Venha, querido. Deixe esse louco para trás. – ela se virou para mim e me puxou pela mão.
Passamos pela sala e pude ver que me seguiu com olhos, e logo abriu um sorriso em minha direção.
Eu estava na cozinha com sua mãe, guardando os petiscos que havíamos comprado.
apareceu na porta da cozinha e ficou encostada ali, me observando fatiar o cheddar e colocar numa pequena vasilha.
- Vai ficar me encarando? – perguntei, com um pequeno sorriso nos lábios.
- Vai me prender? – ela levantou uma das sobrancelhas e eu ri. – Foi o que eu pensei. – veio até mim e depositou um beijo em meu rosto. – Bom dia.
Fiquei sem reação e isso foi percebido por Margareth, que pigarreou e me fez voltar à realidade.
- Bom dia. – sorri envergonhado.
- Então parece que nossa programação hoje é o jogo do Packers? – ela perguntou, se apoiando na bancada e pegando um pedaço de queijo.
- Com certeza. – disse, tentando ao máximo me concentrar no corte do queijo e não nela, já que sua mãe estava no mesmo ambiente que nós, tirando as bebidas do congelador e passando para geladeira. – Até te comprei uma camisa deles, e um daqueles chapéus de queijo, todos pra você. Hoje vai torcer com a gente. – eu sorri animado.
- Fechado, então. – ela disse e pegou mais um queijo. – Estou indo lá pra cima, vou descansar mais um pouco. – sorriu fraco. – Fuso, sabe como é. – suspirou e eu concordei com ela. – Na hora do jogo me chama. – deu outro beijo em minha bochecha e abraçou sua mãe, logo saindo de cena.
Eu ainda estava meio estático e envergonhado com o que acabara de acontecer, mas Margareth não me pareceu se importar muito com aquilo.
- Ela gosta de você, Harry. – sua mãe disse, se aproximando, e eu parei o que fazia para dar atenção a ela. – Ela pode não demonstrar bem, mas ela gosta de você. – ela riu nasalmente. – E você gosta dela, isso está obvio pra todo mundo. E vocês estão aqui não tem nem dois dias direito. – eu ri fraco, nós éramos tão previsíveis assim? – pode ser complicada, querido. Mas, no tempo certo ela vai te mostrar o que sente, só esperar.
*De jeito nenhum
Capítulo 21
"You put your arms around me and i'm home..." – Arms, Christina Perri
O Packers ganhou de virada no dia anterior, e eu apostei com Harry que se eles ganhassem, eu o levaria para conhecer meu lugar favorito na cidade na parte da noite de hoje. Então, lá estávamos nós em direção à uma parte bem escondida do Rio Meno.
Eu costumava fugir pr'aquele campo quando mamãe ou papai brigavam comigo. Na primeira vez foi um desespero, pois acharam que eu tinha sumido. Mas, foi só Mathias chegar que ele entregou onde eu estava, afinal ele quem tinha me apresentado aquele lugar.
Descemos do carro e caminhamos em direção a grama. Peguei uma toalha e forrei o chão para sentarmos, não havia ninguém além de nós ali e era isso que eu mais amava naquele lugar.
Já era noite e conseguíamos ver as estrelas com facilidade, já que ali tinha pouca luminosidade.
- Esse lugar é lindo, . – Harry estava deitado na toalha, olhando para o céu.
- Eu sei, aqui me inspira. – suspirei. – Fazia tanto tempo que não vinha aqui também, acho que estou um pouco nostálgica. – sorri.
- Aqui também te lembra seu pai? – ele perguntou e eu pude sentir um receio em sua voz, como quem tinha medo de me machucar com aquela simples questão.
- Não, pelo contrário. – apoiei meu queixo nos joelhos. – Aqui me lembra eu. – ri. – Depois que papai morreu, nunca visitei a Alemanha em datas comemorativas, sempre vinha esporadicamente para visitar vovó ou Michael, e foi numa dessas vezes bem aqui – sinalizei o local com as mãos. – que eu decidi o que eu queria ser. Eu sempre fui muito conectada com a família, com o rótulo de filha perfeita. Mas, eu percebi que se eu tinha asas, eu precisava voar e alcançar meus objetivos. – fechei os olhos, aproveitando a brisa. – E olha onde estou hoje.
- Você é incrível, . – ele se sentou e aproximou seu corpo do meu. – Eu tenho orgulho de quem você é, mesmo sem ter te conhecido antes. Você é forte e isso é inspirador.
Sorri, porque foi a única coisa que eu consegui fazer. Eu me sentia uma boba ao lado dele.
- Pensou no que eu te disse naquele dia no estúdio? – ele estava em uma distância considerada perigosa, eu apenas concordei. – E então, o que você quer?
Eu suspirei e maneei a cabeça, abrindo um sorriso de lado e levando minha mão até sua bochecha.
- Eu quero você, Harry. – e foi só eu dizer que ele tomou a iniciativa para selar nossos lábios em um beijo. Meus olhos fecharam rapidamente e as borboletas em meu estômago fizeram festa depois de sentirem o contato de seus lábios nos meus. Havia curiosidade naquele ato.
Ele segurava minha nuca com calma com uma das mãos, e acariciava minhas costas com a outra. Finalmente demos espaço para que as línguas se conhecessem, e no primeiro toque eu pude sentir as faíscas saindo de nós, como se estivéssemos em pleno quatro de julho.
O folego acabou nos fazendo separar os lábios, mas não os corpos. Nossas testas estavam unidas e nossa respiração pesada, como se tivéssemos corrido uma maratona.
Um sorriso surgiu em seus lábios, fazendo surgir em mim a vontade de nunca mais ver outro sorriso se não o dele.
- Devemos ir pra casa, já está tarde. – sussurrei e ele concordou.
- Sabe o que dizem né? – ele perguntou e eu neguei, com um sorriso fraco. – Lar é onde o coração está.
E alguns minutos depois estávamos voltando para a residência de minha avó, pois não importa onde, se estivéssemos juntos, estávamos em casa.
Harry
Já tínhamos jantado, tomado banho e todos na casa estavam dormindo, menos eu, e Michael.
Não contamos a ninguém sobre o beijo e não contaríamos agora, por mais que eu quisesse gritar ao mundo sobre isso.
Mike e eu estávamos na sala e disse que tinha ido fazer uma vídeo chamada com Shawn para falar de coisas do álbum, mas alguns minutos depois, recebi uma mensagem.
:
Vem aqui em cima.
Sala de música.
Quero te mostrar algo.
Disse a Michael que subiria para dormir, e ele apenas murmurou um "ok" e disse que terminaria o filme e logo subiria.
O caminho até a sala de música parece que tinha aumentado alguns metros, mas era só minha ansiedade que me fazia pensar daquela forma.
Assim que entrei pela porta, estava sentada com um violão em mãos.
- Senta aqui. – ela apontou para o piano. – Você toca, não é? – assenti. – Leia essa partitura e me acompanha. – eu levantei o dedo para falar, mas ela me interrompeu. – Sem mais perguntas, por favor. Só me deixa fazer isso antes que eu perca a coragem.
Coloque essa música para ouvir: Home
Seus dedos começaram a tocar as cordas do violão e eu senti meu coração disparar.
Ela era linda fazendo tudo.
Sua voz começou a soar de forma calma, e ainda envergonhada, mas já era melodia para os meus ouvidos. Queria que ela cantasse para mim todos os dias.
Mas eu não conhecia aquela canção. Então percebi que ela finalmente tinha cumprido sua promessa de que me mostraria uma de suas músicas quando ficássemos mais próximos.
I'm a phoenix in the water
(Sou uma fênix na água)
A fish that's learned to fly
(Um pássaro que aprendeu a voar)
And I've always been a daughter
(Eu sempre fui uma filha)
But feathers are meant for the sky
(Mas penas são feitas para o céu)
Ela cantava as mesmas palavras que me disse mais cedo.
So I'm wishing, wishing further
(Então estou desejando muito)
For the excitement to arrive
(Para emoção chegar)
It's just I'd rather be causing the chaos
(É só que eu prefiro estar causando o caos)
Than laying at the sharp end of this knife
(Do que deitar na ponta afiada desta faca)
Um sorriso fraco apareceu em seu rosto. Seus olhos estavam fechados, por um momento achei que ela tinha esquecido de minha presença na sala.
With every small disaster
(Com todo pequeno desastre)
I'll let the waters still
(Eu deixarei as águas pararem)
Take me away to some place real
(Me leve para algum lugar real)
Mas, foi aí que ela olhou para mim e fez um sinal com a cabeça para que eu começasse a tocar, a acompanhando.
'Cause they say home is where your heart is set in stone
(Porque eles dizem que casa é onde seu coração está)
Is where you go when you're alone
(É onde você vai quando está sozinho)
Is where you go to rest your bones
(É onde você vai para descansar seus ossos)
Eu prestava atenção em cada palavra proferida por , e percebia que ela estava cantando seus sentimentos.
It's not just where you lay your head
(Não é apenas onde você deita sua cabeça)
It's not just where you make your bed
(Não é apenas onde você faz sua cama)
As long as we're together, does it matter where we go?
(Contanto que estejamos juntos, importa onde estamos?)
Home
(Casa)
Eu não consegui conter o sorriso, ela sentia o mesmo que eu. Estávamos em casa.
So when I'm ready to be bolder
(Então quando eu estiver pronta para ser mais corajosa)
And my cuts have healed with time
(E meus cortes se curarem com o tempo)
Era incrível como ela mantinha a calma ao cantar aquelas frases, que claramente eram sobre seu pai.
Comfort will rest on my shoulder
(O conforto vai descansar em meus ombros)
And I'll bury my future behind
(E eu vou enterrar meu futuro para trás)
Seu cabelo caia levemente sobre seu rosto, e um sorriso bobo brincava em seus lábios.
I'll always keep you with me
(Sempre vou te manter comigo)
You'll be always on my mind
(Você sempre estará em minha mente)
But there's a shining in the shadows
(Mas tem uma luz nas sombras)
I'll never know unless I try
(Eu nunca saberei se não tentar)
Então ela olhou para mim, e eu soube que ela estava falando de tentar das uma chance a nós.
With every small disaster
(Com todo pequeno desastre)
I'll let the waters still
(Eu deixarei as águas pararem)
Take me away to some place real
(Me leve para algum lugar real)
Eu precisava sair dali e beijá-la naquele instante, mas o refrão começaria mais uma vez.
'Cause they say home is where your heart is set in stone
(Porque eles dizem que casa é onde seu coração está)
Is where you go when you're alone
(É onde você vai quando está sozinho)
Is where you go to rest your bones
(É onde você vai para descansar seus ossos)
It's not just where you lay your head
(Não é apenas onde você deita sua cabeça)
It's not just where you make your bed
(Não é apenas onde você faz sua cama)
As long as we're together, does it matter where we go?
(Contanto que estejamos juntos, importa onde estamos?)
Home
(Casa)
Ela tocou o refrão duas vezes, e quando terminou voltou seu olhar para mim. Notei que ela estava um pouco envergonhada pela forma que se comportava, como se estivesse nua em minha frente. E de certa forma ela estava, ela tinha acabado de despir sua alma para mim. Colocou seus sentimentos para fora sem medo do meu julgamento.
- Eu terminei essa música agora, enquanto você estava com Michael na sala. – ela deixou sua voz sair quase como um sussurro. – Eu quero me esforçar pra te mostrar mais de mim, porque você me deixa confortável e eu confio em você. – eu sorri e me levantei de onde estava e sentei ao seu lado. colocou o violão de lado e se virou para mim. – Só me prove que eu realmente posso confiar em você. – fechou os olhos e eu toquei sua bochecha com meu dedão.
- Eu provarei todos os dias. – disse e sorri.
me puxou para um beijo, e como velhas conhecidas nossas línguas dançavam entre si. Era um sentimento único estar com ela naquele momento de intimidade sentimental. Eu poderia facilmente parar o tempo e nos deixar presos ali para sempre.
Eu estava me apaixonando por Schulte.
Capítulo 22
"Take your best shot, impress me, write a story..." – Take It, Avril Lavigne
e Liam estavam na tela do meu celular, animados o suficiente para me fazerem sorrir as oito da manhã. A ligação, que foi iniciada pelo britânico, tinha apenas alguns minutos de duração, eles falavam coisas sem nexo e eu estava cansada o suficiente para tentar entender.
Minha amiga estava em Wolverhampton com Payne, eu sabia que eles estavam ficando e se conhecendo melhor e isso me deixava extremamente feliz.
- Eu queria que você soubesse antes de postarmos. – disse com um sorriso enorme no rosto.
- Manda. – falei, em meio à um bocejo.
- Estamos namorando. – ela disse e eu abri a boca em surpresa. – Liam me pediu ontem à noite e bom, eu aceitei. – eles se beijaram rapidamente e eu sorri feliz.
- Eu estou tão feliz por vocês. Que bom que deixou seu medo de se envolver com o Liam de lado, . – ela concordou sussurrando um "eu era doida". – E lembre-se do que eu te disse: eu ficaria linda em um vestido de madrinha.
Eles riram e eu os acompanhei. Era uma sensação única poder ver as pessoas que você ama felizes de uma forma inconfundível.
- E como está a Alemanha? – perguntou enquanto Liam saia da frente da câmera para resolver algo.
- Frio. – disse e ela gargalhou.
- Digo com o Harry. – ela revirou os olhos, porque eu já sabia exatamente o que ela queria saber, apenas não fui direta.
- Parece que ontem à noite foi o dia dos acontecimentos. – dei de ombros.
- Puta que pariu. Vocês se beijaram! – ela nem fez questão de perguntar se tinha acontecido ou não, porque meu sorriso me entregou facilmente. – Sua safada, sabia que não iam conseguir ficar nesse joguinho de gato e rato, uma hora ia acontecer. – concordei. – Mas, vocês estão bem depois do beijo? O clima ficou estranho?
- Estamos ótimos, . – eu sorri. – Inclusive mostrei uma música para ele. – pude ver sua boca formar um perfeito "O" depois da minha fala. – Ele faz eu me sentir tão bem, que nem parece que eu tinha tanto medo disso. Simplesmente fluiu, amiga. Ele chegou, eu cantei e foi isso. – sorria emocionada.
- Estou tão orgulhosa de você. – ela falou. – Avise ao Harry que se ele te magoar, ele é um homem morto. – ficou séria e apontou o indicador em direção à câmera.
- Você ama o Harry, por mais que ele só te traga problemas. Eu sei que não o mataria. – ela maneou a cabeça e deu de ombros.
- Touché. – ela disse e eu ri.
- Preciso ir, . – comentei ao ver que Mike pedia licença para entrar no quarto. – Boas festas para vocês, te amo.
- Também te amo. – e a ligação foi desligada.
Meu irmão estava de pé em frente a cama, com os braços atrás das costas e um sorriso no rosto.
- Vamos ao centro de Frankfurt hoje, aproveitar que o sol saiu e dar um passeio. – ele disse. – Queremos que Harry conheça um pouco daqui.
- Sabe que é meio difícil sair com ele, não? – eu levantei da cama e peguei umas roupas para me arrumar. – Mas podemos tentar.
- Ninguém sabe que ele está na Alemanha, nada foi divulgado e ele não apareceu em nenhum lugar público, pelo que sabemos. – Mike deu de ombros. – Talvez a gente consiga passear por algum tempo, e se ele for reconhecido a gente dá meia volta e vem pra casa.
- Tudo bem, fale com ele. Estou indo para meu banho. – passei por ele e dei um beijo em seu rosto.
- Estaremos te esperando lá em baixo. – ele aumentou o tom para falar, pois eu já estava dentro do banheiro.
Estávamos no carro de Mathias, que era uma espécie de minivan, então cabia todos nós. Eu me sentia numa excursão escolar, já que eu estava ao lado de Carla, enquanto Michael e Harry agiam feito duas crianças nos bancos de trás. Fernanda e Mathias estavam nos bancos dianteiros apenas rindo de toda aquela algazarra.
- Como se sente levando duas crianças para cidade, Mathi? – perguntei, provocando os rapazes.
- Só aviso que se eles se perderem, voltamos sem eles. – ele riu, enquanto manobrava o veículo e o encaixava na vaga. Tirou o cinto de segurança e destrancou as portas, para que todos nós pudéssemos sair.
O sol brilhava no céu de Frankfurt naquela manhã, mas o clima ainda era frio, o que fazia com que o vento chegasse gelado até nossa pele.
Harry me ajudou a descer da minivan e me deu um abraço.
- Ainda não tinha falado direito com você. – beijou minha testa. – Bom dia. – eu sorri largamente e sussurrei o mesmo que ele.
Ninguém sabia que nosso relacionamento tinha avançado um passo e que estávamos nos beijando pelos cantos da casa desde a noite anterior. Então, combinamos que não teríamos muito contato físico perto deles, e principalmente na rua, já que eu acabei de sair de um "rolo" com o Danny e não gostaria de ficar mal falada pelo mundo. E como praticamente todas as fãs de Harry já sabiam da minha amizade com ele, por hora, elas não se incomodavam, pois eu não era do tipo que demonstrava ser uma ameaça para elas.
O bom é que as fãs cresceram junto com os meninos, então amadureceram assim como eles. Depois da separação da banda e de suas respectivas carreiras solo, conseguiram uma fã-base mais específica em seus estilos.
Certamente, ainda haviam apoiadoras que achavam que eles eram propriedades delas, e Harry era o que mais continha as desse tipo. Porém, nenhuma delas – até o momento - implicava comigo, o que me deixava muito mais tranquila para andar ao seu lado.
Saímos do estacionamento e fomos em direção ao nosso primeiro ponto de turismo: o Museu Städel, que se tratava de uma galeria de arte onde estão expostas as mais importantes obras da Alemanha, além de pinturas de Monet, Picasso e Botticelli.
Eu sempre amei arte em geral, e aquele local era a escolha perfeita para iniciar nossa apresentação da cidade à Harry, que estava tão animado quanto uma criança em loja de doces.
Era uma quarta-feira e a cidade não estava tão movimentada, ocasionando um museu praticamente vazio, o que me deixou relaxada para apreciar as obras ao invés de me preocupar com as prováveis pessoas que parariam Harry para fotos e tietagem.
- O que acha desse? – Harry se aproximou de mim, sussurrando próximo a minha orelha, me trazendo um arrepio instantâneo.
- Claude Monet foi um dos grandes gênios da arte moderna. – eu disse, enquanto apreciava o Luncheon. – As telas em óleo, a riqueza de detalhes, e a fascinação por pintar coisas do cotidiano. Eu amo essa pintura. – virei para o lado e sorri, vendo que Harry olhava para o quadro com olhos semicerrados, analisando cada parte da figura.
Depois de muitos quadros, a exposição acabou, então pegamos o carro e partimos para o coração da cidade, onde estavam localizados a Igreja de São Nicolau e o Römer, um edifício medieval que atualmente abriga a prefeitura da cidade.
Decidimos entrar na igreja para que Styles conhecesse, mas estávamos famintos, já que ninguém tinha tomado café e já era quase hora de almoço. Então, começamos a procurar restaurantes por perto para que pudéssemos almoçar.
Estávamos sentados à mesa, Harry estava ao meu lado e sua mão direita disfarçadamente fazia carinho em minha coxa.
Escolhemos alguns pratos típicos alemães, como o schnitzel e o spatzle, acompanhados de uma boa cerveja – e refrigerante para Carla e Mathias, que era o motorista da vez.
Enquanto comíamos, pude perceber que duas garotas da mesma faixa-etária de minha irmã olhavam fixamente para nossa mesa. Vi que uma delas, em dado momento, apontou o celular em nossa direção, provavelmente tirando uma foto. O que eu pedia aos céus naquele momento era para que ela não publicasse aquela imagem em algum lugar durante os próximos minutos, porque eu sei exatamente o que aconteceria caso isso acontecesse: paparazzis e mais fãs.
Harry percebeu meu olhar um tanto assustado e virou o rosto em minha direção.
- O que houve? – tomou um gole de sua cerveja.
- Tem duas meninas na outra mesa tirando fotos nossas, e eu tenho medo de elas postarem e os paparazzi descobrirem onde você está. – passei a mão na nuca.
- Ei, já sei o que fazer. Vem comigo. – ele se levantou, pedindo licença aos meus irmãos e minha cunhada, segurou minha mão e me guiou até a mesa onde as meninas estavam sentadas.
Quando elas viram que ele se aproximava, elas se encararam de forma engraçada, e começaram a falar rápido entre si.
- Ei meninas, tudo bem? – Styles falou, e só então percebi que nossas mãos ainda estavam unidas. As soltei rapidamente, e abri um sorriso para as garotas, tentando ser o mais simpática possível.
- Ai meu Deus. – uma delas disse baixo, pude ver suas mãos tremendo.
- Vimos que estavam tirando fotos nossas. Por que não fazemos o seguinte: eu tiro foto com as duas e vocês não publicam essas fotos da gente comendo agora. Estamos em um passeio bem legal e não queria que os paparazzi atrapalhassem. Seria possível? – ele era sempre muito cordial e simpático com as fãs, e isso me deixava ainda mais encantada por ele. Elas assentiram, ainda atônitas. – Como vocês se chamam?
- Goethel e Scarlett. – a menina de cabelos escuros apontou para si e logo depois para a loira ao seu lado.
- Então, eu não sou fotógrafa, mas posso fazer isso por vocês. – sorri.
A morena me entregou o celular e as duas se colocaram ao lado de Harry que as abraçou e abriu um sorriso. Depois tiraram fotos individuais ao lado do ídolo.
Devolvi o telefone e a menina sorriu.
- Eu não acredito que tenho uma foto com Harry Styles que foi tirada por Schulte, já pode me matar agora. – ela pensou alto e eu ri. – Posso tirar uma foto com você? – ela perguntou e eu estranhei. – Eu sou apaixonada por música e pretendo seguir a carreira de produtora assim como você. Já conheço alguns trabalhos seus e sou apaixonada por eles. Virei fã de alguns artistas brasileiros só por sua causa. – ela citou e eu pude perceber que Hazz sorria ao ver a cena.
- Que tal ter uma foto com Schulte tirada por Harry Styles? – ele disse de maneira calma e a garota sorriu, concordando.
Me posicionei ao lado dela, ajeitei a touca em minha cabeça e coloquei uma das mãos no bolso do sobretudo. Senti o braço da garota ao redor da minha cintura e abri um sorriso, Harry logo capturou o momento.
- Obrigada, gente. – as meninas disseram em uníssono.
- Não há de que, meninas. Beijos e aproveitem o dia. – o britânico disse e voltamos juntos para a mesa, onde todos olhavam para mim com uma grande interrogação em suas feições.
- Parece que eu estou ficando famosa. – joguei meu cabelo para trás, em um gesto de falsa modéstia e arranquei gargalhadas de todos na mesa.
O dia estava só começando.
Capítulo 23
"So when you hear my voice and when you say my name may it never give you pain..." – Gale Song, The Lumineers
Eu tentava almoçar de maneira tranquila ao lado de minha família, mas o meu celular não parava de vibrar em cima da mesa.
- Vê logo quem é, . – minha mãe falou e eu a obedeci, pegando o aparelho e dando de cara com, no mínimo, vinte mensagens novas no grupo que tinha com meus amigos, rolei para cima tentando ver as mais específicas.
Grupo: New Kids on The Block :'D
😊:
Alguém pode me explicar por que e são manchete do TMZ?
Shawn, O Carneiro:
Eu fico longe e vocês já começam a fazer besteira? Vou ter que ir aí puxar a orelha das duas?
<3:
Eu esperava que isso acontecesse quando eu assumisse com Liam, mas veio de bucha na situação? Não entendi.
Não se manda a bomba sem o link, !
E você não tem nenhum direito de falar, Shawn!
😊:
Ah, me esqueci.
Cliquei no link enviado por meu amigo e dei de cara com a manchete:
TMZ: Descubra quem são e Schulte, as garotas que roubaram o coração dos ex-One Direction.
Alguns parágrafos falavam sobre o recente relacionamento de Liam e , anexando algumas fotos dos dois juntos e citando que além de namorada, é assessora do garoto.
Porém, o que mais me incomodou foram os textos seguintes.
" Já falamos sobre Schulte outra vez em nosso site, citando a grande produtora que ela é. Mas, esquecemos de falar que ela parece ser uma grande indecisa.
A brasileira de ascendência alemã estava 'conhecendo' Danny Amendola, wide receiver do New-England Patriots, a alguns meses, de acordo com suas próprias palavras em entrevista para MTV no tapete vermelho da Canada Goose, em Toronto. Entretanto, Amendola, um pouco antes da garota viajar para Frankfurt, onde mora sua família, postou uma foto dos dois em poses engraçadas durante uma reunião natalina na casa de , e na legenda ele deixava bem claro que eles a partir daquele dia eram apenas amigos.
Na Alemanha desde a noite do dia 06 de dezembro, a produtora não deu outro sinal de vida além de uma foto no aeroporto, antes de embarcar. Mas, descobrimos por fontes – e fotos – que ela está muito bem acompanhada por Harry Styles.
Os dois foram vistos juntos em um restaurante no centro de Frankfurt almoçando ao lado da família de , e fontes nos afirmam que eles trocavam caricias e olhares significativos durante o almoço.
Vale lembrar que Harry Styles e Danny Amendola estavam juntos durante a festa de natal na casa de como podemos ver nessa foto postada por Liam Payne em seu Instagram.
O que queremos saber é: Será que e Harry decidiram dar um pé na bunda de seus antigos relacionamentos para ficarem juntos? Ou foi apenas para curtirem a viagem sem culpa?
Deixem suas opiniões aqui embaixo. "
Coloquei o celular em cima da mesa com uma certa raiva, o que fez com que todos olhassem para mim assustados. Peguei um guardanapo, limpei os cantos da boca e levantei.
- Com licença, mas perdi o apetite. – tentei segurar as lágrimas, virei as costas para eles, pouco me importando qual seria a impressão passada e corri para meu quarto.
A saída repentina de durante o almoço foi algo que nos deixou incomodados.
Seu celular ainda vibrava e eu vi que ela havia esquecido de bloquear, o deixando aberto num site onde haviam fotos nossas e palavras não muito respeitosas sobre ela.
Virei a tela do celular para baixo e o bloqueei.
- Vou falar com ela. – me levantei e todos concordaram.
Subi as escadas devagar e abri a porta do corredor que dava para o seu quarto, em seguida dando duas batidas avisando minha entrada.
Ela estava sentada na cama de pernas cruzadas e tinha as mãos sobre o rosto. Meu coração quebrou em milhares de pedaços quando ela levantou seu olhar e eu vi que chorava.
Sem pensar em qualquer outra coisa eu corri para abraça-la e quando finalmente estava em meus braços, ela desabou. Sentia sua respiração falhar por conta dos soluços ocasionados pelo choro, e eu não sabia o que fazer.
Deitei e a puxei comigo, ela virou de costas para mim e se encaixou em meu corpo, se permitindo chorar um pouco mais.
E quando ela começou a chorar em silêncio, eu cantei para ela dormir.
As lágrimas insistiam em cair, e eu insistia em me sentir mal por apenas fofocas da internet. Eles nunca saberiam quem eu sou, ou o que eu vivo.
Estar nos braços de Harry era a sensação de conforto que eu queria, com ele ali eu estava em casa.
Sua voz começou a ressoar no silencio do quarto, rouca e baixa, cantando uma música que eu já tinha ouvido algumas vezes.
I won't let these little things slip out of my mouth
(Não vou deixar essas pequenas coisas escorregarem da minha boca)
But if I do, it's you, oh it's you, they add up to
(Mas se eu fizer, é você que elas somam)
I'm in love with you and all these little things
(Estou apaixonado por você, e todas essas pequenas coisas)
You'll never love yourself half as much as I love you
(Você nunca se amará metade do que eu te amo)
You'll never treat yourself right darling but I want you to
(Você se tratará bem, querida, mas eu quero que faça)
If I let you know, I'm here for you
(Para você saber, eu estou aqui por você)
Maybe you'll love yourself like I love you oh
(Talvez você se amará como eu amo você)
I've just let these little things slip out of my mouth
(Eu acabei de deixar essas pequenas coisas escorregarem da minha boca)
Because it's you, oh it's you, it's you they add up to
(Porque é você que ela somam)
And I'm in love with you
(E eu estou apaixonado por você)
And all your little things
(E todas suas pequenas coisa)
Meus olhos estavam fechados, o fazendo acreditar que eu caí no sono, mas eu estava apenas aproveitando aquele momento, que eu nunca queria que acabasse.
- Eu estou apaixonado por você, . E nada do que digam mudará isso. – ele beijou minha cabeça e levantou da cama. Mantive meus olhos fechados, senti o cobertor ser posto sobre mim e logo a porta se fechou.
Capítulo 24
"'Cause it's you and me and all of the people with nothing to do, nothing to prove..." – You and Me, Lifehouse
Acabei dormindo para valer durante a tarde, só acordando por volta de umas sete da noite.
Me sentei na cama e olhei para os lados, ainda meio sonolenta. O quão cansativo era passar a tarde chorando? Porque quando levantei parecia que trinta quilos de cimento estavam sobre minhas costas.
Ergui meus braços na intenção de alongar meu corpo e tirar aquela sensação ruim.
Eu não sei exatamente o porquê da minha reação ter sido a pior possível, mas nunca imaginei que quando algo saísse sobre mim nos sites, pudesse ser tão hostil quanto o que li. E de maneira alguma eu iria deixar minha felicidade de lado para que o resto do mundo fosse agradado. Sei que essa é uma maneira egocêntrica de se pensar, mas quando se trata de nosso bem estar, devemos ser o mais egocêntricos que conseguirmos, e como dizia meu avô: "a merda já está feita."
Eu decidi que depois postaria um esclarecimento nas minhas redes socias, essa fofoca precisaria terminar, e se as pessoas quiserem gostar de mim; que gostem, e se quiserem me odiar; me odeiem. Mas, eu sei que com Harry eu estarei feliz.
Peguei umas roupas um pouco mais quentes e fui tomar um banho antes de descer para encontrar a família – que eu provavelmente deixei bastante preocupada durante o almoço.
Descia as escadas em passos lentos, e pude ter uma visão parcial da sala, onde eu via Carla, Fernanda, minha mãe e avó conversando. Me aproximei da porta devagar e todas elas me encararam por alguns segundos até que minha irmã se levantou e veio em minha direção para um abraço.
- Você nos deixou preocupadas. – ela sussurrou e eu apenas intensifiquei o toque. – Vem, senta conosco. Estamos pensando na decoração para a ceia. – me puxou pela mão e me colocou sentada ao lado de minha cunhada, que me beijou a testa e afagou meus cabelos.
- Cadê os meninos? – perguntei.
- O Harry foi até a cidade com seus irmãos, meu amor. – minha avó disse, com um sorriso.
- Não é... – falei, sendo rapidamente interrompida.
- Ele nos contou porque você correu para seu quarto, . – minha mãe jogou seu tronco para frente e apoiou os cotovelos na perna.
Suspirei. Será que ele tinha contado dos beijos?
- Ele disse que foi comprar algo para melhorar seu dia. – Nanda ainda estava me fazendo cafuné. – Achei muito romântico da parte dele. – minha cunhada completou sua fala com um sorriso.
- Queremos que você saiba que apoiamos esse relacionamento. – minha mãe falou e eu, pela primeira vez desde o almoço, sorri. Eu queria muito que isso com Harry desse certo de alguma forma, e me esforçaria para que acontecesse da forma que queria.
As meninas sorriram e me imergiram em um abraço em grupo. Eu amava a conexão de minha família, e por mais que tivéssemos nossas diferenças, isso nunca atrapalhava nosso relacionamento.
- Sempre quando eu chego vocês estão tendo um momento. – pude ouvir a voz de Mike seguida de uma gargalhada. – Quero entrar nesse abraço também. – senti um peso aumentando em cima de mim, e sabia que Michael tinha se jogado em nós. – Por que estamos abraçando, afinal? – não aguentei e comecei a rir.
- Saiam de cima de mim. – disse, em meio as gargalhadas. – Vocês tem corpinhos bonitos, mas são todos muito pesados. – o peso que estava em mim, da forma literal e na figurada, foram sumindo aos poucos. – Obrigada. – soltei um suspiro aliviado e todos começamos a rir.
- O que a gente perdeu? – meu olhar foi em direção ao corredor, onde encontrei Mathias (o dono da fala), Rodrigo e Harry com sacolas em mãos.
Eu não sei o que passou por mim naquele momento, um misto de ansiedade e coragem, uma coisa louca que eu não sabia explicar. Mas, essa coisa me fez levantar com um único objetivo.
- Harry. – eu disse de maneira alegre e corri em sua direção, envolvendo seu pescoço com meus braços e selando nossos lábios em um beijo. Ouvi o barulho das sacolas indo pro chão e senti as mãos de Styles em minhas costas, me aproximando cada vez mais. Separei nossos lábios, mas mantive nossos corpos unidos. Um sorriso lindo tomava conta do rosto do britânico. A sala estava em silêncio e eu sabia que todos olhavam para gente, mas aquilo não me importava no momento, porque tudo que eu queria estava bem a minha frente. – Eu ouvi tudo, Hazz. – falei em tom baixo, de forma que apenas ele pudesse escutar. – Ouvi você cantando e ouvi você dizendo. – ele ficou permaneceu quieto e com o sorriso nos lábios. – E eu também estou apaixonada por você, Harry. – ele me puxou para mais um beijo, e dessa vez fomos interrompidos pelo som de aplausos vindos de minha família.
Começamos a rir e perdemos a noção do que estávamos fazendo antes.
- Pode me dando os vinte euros, Mathias. – Carla ordenou e estendeu a mão para o garoto.
Vi meu irmão abrindo a carteira, com uma feição derrotada e tirando duas notas e dando para ela.
- O que foi isso? – perguntei, ainda rindo.
- Mathi disse que vocês só assumiriam o que estão tendo depois do natal. – Fernanda disse. – Carlinha o fez apostar vinte euros, porque ela garantiu que aconteceria antes.
- Eu não mereço vocês. – disse.
- E o que vocês vão fazer agora? – Rodrigo perguntou e eu sabia que ele falava sobre as notícias que saíram mais cedo.
- Me deem dez minutos. – saí de onde estávamos e fui para um lugar mais calmo, conhecido como varanda. Sentei em uma poltrona e peguei o celular, selecionando uma foto de Harry que eu havia tirado com uma polaroid no dia anterior, na sala de música. Ele estava no sofá, de uma maneira despojada e com o violão ao lado. Não sorria, mas mantinha seus olhos voltados para a câmera. Estava lindo como sempre.
Abri meu Instagram e me permiti escrever um texto para acompanhar a imagem.
" Ao TMZ e outros sites de fofoca,
Todos os dias pessoas se conhecem, se apaixonam e começam um relacionamento. Mas, basta essa pessoa ser uma figura pública que as coisas mudam. Vocês, literalmente, esquecem de todo o esforço que a pessoa teve para chegar onde chegou. E essa é a questão, vocês querem que as nossas vidas girem em torno de fazer nosso trabalho e entregar a vocês de maneira exemplar, e quando fazemos isso e nos esforçamos para dar algo bom, vocês parecem se importar mais com nossa vida pessoal.
Eu conheci Harry através de e Liam, e desde o primeiro dia ele foi simpático e cavalheiro. Eu puxei assunto e nos encontramos para um jantar no Hilton, de imediato viramos grandes amigos. Tudo que eu fazia ele sabia, tudo que ele fazia eu sabia.
Então, um dia eu tive a oportunidade de passar dois dias com ele em Los Angeles, por um convite do próprio. Tivemos um bom tempo juntos, e ele já estava com Kendall, só não tinham assumido nada. E por respeito a felicidade do meu amigo, fiz questão de sair de sua casa e ficar em um hotel.
Quando voltei para Nova Iorque, conheci Danny e rapidamente nos conectamos, temos muito em comum e tínhamos tudo para dar certo, só faltava o crucial: a paixão. E nós sabíamos disso, tanto que nunca colocamos grandes expectativas, mas estávamos curtindo.
O que eu quero dizer com isso é: esse é o tipo de história que acontece com qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo. Inclusive com as mundialmente famosas.
Harry terminou com Kendall porque ELE quis, eu nunca o obriguei a nada. E Danny acabou com o que tínhamos porque não teria futuro. E adivinhem, isso é uma coisa usual.
Styles sempre esteve comigo, mesmo que distante, sendo meu melhor amigo de todas as horas, mesmo com dias ou meses sem nos falarmos; quando nos víamos agíamos da mesma forma de sempre: como duas crianças idiotas e brincalhonas.
O Harry fora da mídia é uma pessoa doce, sincera e um pouco insegura. E se vocês já são apaixonados por ele apenas com o que ele transmite para as câmeras, imaginem o quão impossível é não se apaixonar por ele longe delas.
E foi isso que aconteceu: eu me apaixonei pelo meu melhor amigo. Esse aí da foto, sem maquiagem, sem roupas extravagantes e sem milhares de pessoas gritando seu nome. E eu não me arrependo dos meus sentimentos.
Parem de querer controlar a vida pessoal das pessoas. Livrem-se desse mal que assola vocês, usem seu espaço para transmitir o bem e para falar o que realmente importa sobre os artistas: seus trabalhos.
Com amor, Schulte. "
Com um sentimento de liberdade voltei para o interior da casa e todos me olhavam com dúvida.
- Chequem o Instagram. – eu disse e sentei ao lado de Harry no sofá, recebendo dele um beijo no rosto. – Espero que isso dê certo. – eu me virei para ele.
- Vai dar. – ele disse. – E você terá um pedido.
Capítulo 25
Harry
" 'Cause lovers dance when they're feelin' in love, spotlight's shinin' it's all about us..." – All About Us, He Is We
Faltavam sete dias para o natal. Depois que assumiu publicamente que estava apaixonada por mim – essa simples declaração acompanhada de um grande texto fazendo os sites de fofoca caírem na real. -, as pessoas respeitavam mais nosso espaço. Nesse meio tempo saímos para passear em Frankfurt e não fomos importunados por paparazzi, apenas alguns poucos fãs que se aproximavam com bastante cautela e sempre pedindo desculpas.
Noite passada fomos a um karaokê e me desafiou a cantar Live While We're Young com ela e Mike. Foi engraçado quando ela disse: "Eu e Mike cantamos as partes do Liam, Zayn, Louis e Niall. Você canta as partes do Harry, acho que combina com você."
Em todo momento a garota fazia questão de demonstrar seus sentimentos através de atos, e isso era incrível.
Hoje, eu estava decidido de que a levaria para um jantar, apenas nós dois.
Eu estava tomando café e ela ainda dormia. Então, logo que finalizei, subi para encontrá-la no quarto. Quando entrei vi que ela mexia no celular com uma cara de sono.
Me aproximei com a intenção de beija-la e ela colocou a mão em meu rosto.
- A minha boca está fedendo como peido de velho. – eu gargalhei com a fala da garota.
- Nada como o bafo matinal. – dei de ombros e a puxei para um beijo. – Tenho me acostumar com isso, porque quero acordar do seu lado todos os dias.
Ela abriu um sorriso e me beijou novamente.
Sua mão estava em meu cabelo, brincando com os fios rebeldes. Com cautela, ela fez apoiar minhas costas na cabeceira da cama e se sentou em meu colo, ficando com seus joelhos encostados no mesmo lugar que a parte de trás do meu tronco. Senti o beijo se aprofundar e, junto com ele, nossos movimentos.
Minha mão puxava sua cintura para perto, como se fosse possível nos aproximarmos mais que aquilo. Senti o seu toque sobre minha pele, puxando a barra de minha camiseta para cima, me livrando dela.
Suas unhas contornavam meu peito nu e minhas costas, deixando marcas que eu adoraria ver depois.
- Vamos facilitar as coisas. – ela beijou o lóbulo da minha orelha. – Você tranca a porta, e eu tiro a roupa.
🎙❤📝
- Quero acordar com isso todos os dias também. – falei, enquanto se levantava (totalmente nua, devo acrescentar) para tomar banho, e ela mordeu os lábios. – Janta comigo hoje? Só nós dois. – praticamente implorei.
- Achei que nunca ia pedir. – deu um sorriso malicioso, puxou uma blusa e um short do armário e foi em direção ao banheiro.
🎙❤📝
Minhas mãos suavam e eu sabia exatamente o porquê: eu teria um encontro. Mas, não era um simples encontro, era um com Harry Styles. Às vezes ainda não caía a ficha de que eu estava me relacionando com alguém, principalmente com um famoso.
Fernanda e Carla estavam comigo no quarto da mais nova, onde eu me arrumava para o jantar. Minha cunhada me maquiava e minha irmã fazia meu cabelo, estava me sentindo uma verdadeira princesa.
- Você está melhor, ? – a loira disse e meus olhos se abriram, encontrando os dela. – Digo, está confiante o suficiente para assumir isso de uma vez por todas?
- Eu meio que já fiz isso, Nanda. – disse, dando de ombros. – Estou feliz, e creio que isso que importa. Se a mídia for tóxica comigo como está sendo com a namorada de Shawn, eu farei algo a respeito, mesmo que seja doloroso. – ela sorriu.
- Você é tão durona quanto seu pai era. – ela disse e sorrimos ao lembrar de papai, afinal, ela está com meu irmão desde os meus oito anos. – Ele tem muito orgulho de você, saiba disso. – puxou minha mão e a beijou, para não borrar a maquiagem.
- Acabei aqui. – Carla disse, depois de fazer o ultimo cacho em meus cabelos.
- Você está pronta. – Nanda disse e eu me levantei, ficando em frente ao espelho do quarto.
O vestido preto e longo que eu havia escolhido era simples, alça fina, pano leve e fenda na perna esquerda. Nos meus pés estavam as sempre presentes sandálias de tiras prateadas.
- Obrigada, meninas. – eu disse e nos abraçamos.
Alguns toques puderam ser ouvidos vindo da porta, e minha mãe entrou no quarto, acompanhada de minha avó.
- Ah meu Deus. – a matriarca colocou as mãos sobre a boca. – Você está tão linda. – veio até mim, me dando um abraço.
- Vamos, filha. – minha mãe estendeu a mão. – Harry está te esperando.
Descemos as escadas devagar, enquanto meu estômago pulava dentro de minha barriga, só confirmando o quão nervosa eu estava.
Assim que chegamos ao primeiro andar da casa, um Harry de roupas sociais se aproximou de mim com uma única rosa em mãos, me entregando.
- Vamos? – ele perguntou e eu assenti. Minha mãe sorriu para nós dois e disse para termos cuidado.
Saímos da casa e o tempo não estava tão frio como de costume. Observei a entrada e vi que nenhum dos carros estava ali. Virei meu olhar para Harry, expressando minha dúvida e ele deu um sorriso.
- Hoje nós vamos jantar ali. – ele apontou para algo que estava atrás de mim. Me virei rapidamente e pude ver o coreto que fora construído por meu avô e pai repleto de luzes natalinas e uma única mesa no centro. Ele segurou meu braço com delicadeza e me levou até o local através do caminho de pedras que havia no quintal.
Quando subimos no pequeno palco, pude ver que dois pratos estavam distribuído à mesa, unidos de um Cabernet Sauvignon e fondue.
- Harry. – eu ri desacreditada. – Você saiu de algum filme ou algo do tipo? – eu disse e ele puxou a cadeira para que eu sentasse.
- Eu quero que esse seja nosso encontro mais memorável. – ele disse e eu sorri sem mostrar os dentes enquanto o encarava.
- E o Hilton? – perguntei, pegando um pouco do fondue.
- Lá eu não podia te beijar. – ele, que ainda estava em pé, se abaixou e selou nossos lábios rapidamente, me arrancando um sorriso. – Você está linda.
- Você também. – eu disse e ele foi em direção a sua cadeira, sentando-se.
Um garçom surgiu do nada, trazendo algo que pelo cheiro logo percebi conter o meu tão amado molho Alfredo.
Ele nos serviu e eu vi ser o clássico Fetucine.
- Eu sei que esse é seu prato favorito. – ele piscou para mim, me fazendo perder os sentidos por um momento.
Depois de um jantar regado a boa conversa e boa música – devido ao quarteto de cordas que ele havia contratado para tocar especialmente para nós -, pude ter certeza de que Harry era a pessoa com a qual eu queria ficar, sem medo do que viria acontecer.
Coloque essa música para ouvir: Don't Wanna Miss a Thing
A melodia de uma das minhas músicas favoritas começou a tocar. Harry se levantou rapidamente.
- Dança comigo? – ele disse de maneira cordial.
Eu maneei em concordância e levantei, logo recebendo os braços de Harry ao redor de minha cintura.
Seu olhar sobre mim era puro e repleto de carinho, eu não conseguia enxergar um resquício de dúvida e isso me deixava feliz. Saber que Harry tinha tanta certeza daquilo quanto eu, era o necessário.
Nossos corpos se moviam lentamente ao som do quarteto de cordas, seus dedões acariciavam o final de minha coluna, e um sorriso bobo brincava em seus lábios.
- Eu não sei o que você fez pra me ter dessa forma, . – ele disse em tom de voz baixo, fazendo toda sua rouquidão passar por meus ouvidos como um choque térmico, trazendo o calor que eu precisava sentir. – Mas eu quero você de todas as formas possíveis, pelo tempo que me for permitido. – ele sorriu. – Eu quero te mostrar que eu sou mais do que o Harry Styles; ex- One Direction mundialmente famoso. – soltei uma risada fraca. – Quero te mostrar que eu posso ser apenas o Harry; o menino de Holmes Chapel que faz piadas horríveis, tenta se arriscar na cozinha, torce fervorosamente quando seu time joga na tv e que faz música por amor, não por dinheiro. – eu assenti, já sabendo que meus olhos estavam lotados de lágrimas. – Eu sei que somos pessoas com vidas expostas. Eu mais do que você. Mas eu desejo que nós possamos tornar isso o mais pessoal possível. – apontou para nós dois. - Da nossa maneira. – tirou um fio de cabelo do meu rosto e continuou. – Não vou pedir para ser minha, porque você sempre será sua e de mais ninguém. – sorri. – Então, eu apenas peço a você a chance de compartilharmos da vida juntos. – ele puxou de seu bolso uma caixinha aveludada e retangular. – Quer namorar comigo? – a abriu e revelou um cordão de prata, com a correntinha e um pingente minimalista de uma clave de sol.
- Com certeza eu quero. – um sorriso bobo surgiu de ambas as partes e eu o puxei para um beijo lento e intimista.
Quando separamos nossos lábios, Harry passou por trás de mim e colocou o cordão em meu pescoço.
- A clave de sol representa todas as canções que eu escreverei para você. – ele beijou meu rosto. – Agora entendo o quão fácil é compor quando estou ao seu lado. Você é minha música, nunca se esqueça disso.
Selamos nossos lábios com mais um beijo, e dessa vez era oficial: eu estava namorando Harry Styles.
" 'Cause lovers dance when they're feelin' in love, spotlight's shinin' it's all about us..." – All About Us, He Is We
Faltavam sete dias para o natal. Depois que assumiu publicamente que estava apaixonada por mim – essa simples declaração acompanhada de um grande texto fazendo os sites de fofoca caírem na real. -, as pessoas respeitavam mais nosso espaço. Nesse meio tempo saímos para passear em Frankfurt e não fomos importunados por paparazzi, apenas alguns poucos fãs que se aproximavam com bastante cautela e sempre pedindo desculpas.
Noite passada fomos a um karaokê e me desafiou a cantar Live While We're Young com ela e Mike. Foi engraçado quando ela disse: "Eu e Mike cantamos as partes do Liam, Zayn, Louis e Niall. Você canta as partes do Harry, acho que combina com você."
Em todo momento a garota fazia questão de demonstrar seus sentimentos através de atos, e isso era incrível.
Hoje, eu estava decidido de que a levaria para um jantar, apenas nós dois.
Eu estava tomando café e ela ainda dormia. Então, logo que finalizei, subi para encontrá-la no quarto. Quando entrei vi que ela mexia no celular com uma cara de sono.
Me aproximei com a intenção de beija-la e ela colocou a mão em meu rosto.
- A minha boca está fedendo como peido de velho. – eu gargalhei com a fala da garota.
- Nada como o bafo matinal. – dei de ombros e a puxei para um beijo. – Tenho me acostumar com isso, porque quero acordar do seu lado todos os dias.
Ela abriu um sorriso e me beijou novamente.
Sua mão estava em meu cabelo, brincando com os fios rebeldes. Com cautela, ela fez apoiar minhas costas na cabeceira da cama e se sentou em meu colo, ficando com seus joelhos encostados no mesmo lugar que a parte de trás do meu tronco. Senti o beijo se aprofundar e, junto com ele, nossos movimentos.
Minha mão puxava sua cintura para perto, como se fosse possível nos aproximarmos mais que aquilo. Senti o seu toque sobre minha pele, puxando a barra de minha camiseta para cima, me livrando dela.
Suas unhas contornavam meu peito nu e minhas costas, deixando marcas que eu adoraria ver depois.
- Vamos facilitar as coisas. – ela beijou o lóbulo da minha orelha. – Você tranca a porta, e eu tiro a roupa.
- Achei que nunca ia pedir. – deu um sorriso malicioso, puxou uma blusa e um short do armário e foi em direção ao banheiro.
Minhas mãos suavam e eu sabia exatamente o porquê: eu teria um encontro. Mas, não era um simples encontro, era um com Harry Styles. Às vezes ainda não caía a ficha de que eu estava me relacionando com alguém, principalmente com um famoso.
Fernanda e Carla estavam comigo no quarto da mais nova, onde eu me arrumava para o jantar. Minha cunhada me maquiava e minha irmã fazia meu cabelo, estava me sentindo uma verdadeira princesa.
- Você está melhor, ? – a loira disse e meus olhos se abriram, encontrando os dela. – Digo, está confiante o suficiente para assumir isso de uma vez por todas?
- Eu meio que já fiz isso, Nanda. – disse, dando de ombros. – Estou feliz, e creio que isso que importa. Se a mídia for tóxica comigo como está sendo com a namorada de Shawn, eu farei algo a respeito, mesmo que seja doloroso. – ela sorriu.
- Você é tão durona quanto seu pai era. – ela disse e sorrimos ao lembrar de papai, afinal, ela está com meu irmão desde os meus oito anos. – Ele tem muito orgulho de você, saiba disso. – puxou minha mão e a beijou, para não borrar a maquiagem.
- Acabei aqui. – Carla disse, depois de fazer o ultimo cacho em meus cabelos.
- Você está pronta. – Nanda disse e eu me levantei, ficando em frente ao espelho do quarto.
O vestido preto e longo que eu havia escolhido era simples, alça fina, pano leve e fenda na perna esquerda. Nos meus pés estavam as sempre presentes sandálias de tiras prateadas.
- Obrigada, meninas. – eu disse e nos abraçamos.
Alguns toques puderam ser ouvidos vindo da porta, e minha mãe entrou no quarto, acompanhada de minha avó.
- Ah meu Deus. – a matriarca colocou as mãos sobre a boca. – Você está tão linda. – veio até mim, me dando um abraço.
- Vamos, filha. – minha mãe estendeu a mão. – Harry está te esperando.
Descemos as escadas devagar, enquanto meu estômago pulava dentro de minha barriga, só confirmando o quão nervosa eu estava.
Assim que chegamos ao primeiro andar da casa, um Harry de roupas sociais se aproximou de mim com uma única rosa em mãos, me entregando.
- Vamos? – ele perguntou e eu assenti. Minha mãe sorriu para nós dois e disse para termos cuidado.
Saímos da casa e o tempo não estava tão frio como de costume. Observei a entrada e vi que nenhum dos carros estava ali. Virei meu olhar para Harry, expressando minha dúvida e ele deu um sorriso.
- Hoje nós vamos jantar ali. – ele apontou para algo que estava atrás de mim. Me virei rapidamente e pude ver o coreto que fora construído por meu avô e pai repleto de luzes natalinas e uma única mesa no centro. Ele segurou meu braço com delicadeza e me levou até o local através do caminho de pedras que havia no quintal.
Quando subimos no pequeno palco, pude ver que dois pratos estavam distribuído à mesa, unidos de um Cabernet Sauvignon e fondue.
- Harry. – eu ri desacreditada. – Você saiu de algum filme ou algo do tipo? – eu disse e ele puxou a cadeira para que eu sentasse.
- Eu quero que esse seja nosso encontro mais memorável. – ele disse e eu sorri sem mostrar os dentes enquanto o encarava.
- E o Hilton? – perguntei, pegando um pouco do fondue.
- Lá eu não podia te beijar. – ele, que ainda estava em pé, se abaixou e selou nossos lábios rapidamente, me arrancando um sorriso. – Você está linda.
- Você também. – eu disse e ele foi em direção a sua cadeira, sentando-se.
Um garçom surgiu do nada, trazendo algo que pelo cheiro logo percebi conter o meu tão amado molho Alfredo.
Ele nos serviu e eu vi ser o clássico Fetucine.
- Eu sei que esse é seu prato favorito. – ele piscou para mim, me fazendo perder os sentidos por um momento.
Depois de um jantar regado a boa conversa e boa música – devido ao quarteto de cordas que ele havia contratado para tocar especialmente para nós -, pude ter certeza de que Harry era a pessoa com a qual eu queria ficar, sem medo do que viria acontecer.
Coloque essa música para ouvir: Don't Wanna Miss a Thing
A melodia de uma das minhas músicas favoritas começou a tocar. Harry se levantou rapidamente.
- Dança comigo? – ele disse de maneira cordial.
Eu maneei em concordância e levantei, logo recebendo os braços de Harry ao redor de minha cintura.
Seu olhar sobre mim era puro e repleto de carinho, eu não conseguia enxergar um resquício de dúvida e isso me deixava feliz. Saber que Harry tinha tanta certeza daquilo quanto eu, era o necessário.
Nossos corpos se moviam lentamente ao som do quarteto de cordas, seus dedões acariciavam o final de minha coluna, e um sorriso bobo brincava em seus lábios.
- Eu não sei o que você fez pra me ter dessa forma, . – ele disse em tom de voz baixo, fazendo toda sua rouquidão passar por meus ouvidos como um choque térmico, trazendo o calor que eu precisava sentir. – Mas eu quero você de todas as formas possíveis, pelo tempo que me for permitido. – ele sorriu. – Eu quero te mostrar que eu sou mais do que o Harry Styles; ex- One Direction mundialmente famoso. – soltei uma risada fraca. – Quero te mostrar que eu posso ser apenas o Harry; o menino de Holmes Chapel que faz piadas horríveis, tenta se arriscar na cozinha, torce fervorosamente quando seu time joga na tv e que faz música por amor, não por dinheiro. – eu assenti, já sabendo que meus olhos estavam lotados de lágrimas. – Eu sei que somos pessoas com vidas expostas. Eu mais do que você. Mas eu desejo que nós possamos tornar isso o mais pessoal possível. – apontou para nós dois. - Da nossa maneira. – tirou um fio de cabelo do meu rosto e continuou. – Não vou pedir para ser minha, porque você sempre será sua e de mais ninguém. – sorri. – Então, eu apenas peço a você a chance de compartilharmos da vida juntos. – ele puxou de seu bolso uma caixinha aveludada e retangular. – Quer namorar comigo? – a abriu e revelou um cordão de prata, com a correntinha e um pingente minimalista de uma clave de sol.
- Com certeza eu quero. – um sorriso bobo surgiu de ambas as partes e eu o puxei para um beijo lento e intimista.
Quando separamos nossos lábios, Harry passou por trás de mim e colocou o cordão em meu pescoço.
- A clave de sol representa todas as canções que eu escreverei para você. – ele beijou meu rosto. – Agora entendo o quão fácil é compor quando estou ao seu lado. Você é minha música, nunca se esqueça disso.
Selamos nossos lábios com mais um beijo, e dessa vez era oficial: eu estava namorando Harry Styles.
Capítulo 26
Capítulo dedicado às fãs de 1D que leem a fic <3
"You and me got a whole lot of history we could be the greatest team that the world has ever seen..." – History, One Direction
Cinco dias para a melhor data do ano, e eu estava totalmente animada com esse fato. Passei o resto da noite do dia anterior arrumando a sala com minha mãe e irmã, já que Fernanda ficou a tarde vomitando por conta de um camarão que comeu num almoço com Mathias.
Colocamos guirlanda nas portas, enfeites nas mesas, luzes por toda casa. Estávamos empenhadas em fazer esse ser o melhor natal de todos.
Faziam dois dias que eu e Harry estávamos oficialmente juntos, o comunicado oficial foi uma foto de nossas mãos dadas nas redes sociais de ambos. Devo comentar que a mídia surtou e algumas fãs também.
Eu mesma já disse sobre o amadurecimento delas, então a maioria nos desejava felicidades e dizia que já era de se esperar. Mas, ainda havia a minoria que tentava me atacar de formas indesejadas. Essas eu apenas ignorava e seguia com minha vida.
Estava comendo um pedaço de bolo enquanto desfrutava a companhia de meus irmãos no sofá da sala.
- Aposto cinco euros que você não come em menos de cinco minutos. – Mike disse.
- Tem certeza que você é a mais nova, ? – Mathias se sentou ao meu lado com uma grande xícara de café em mãos.
- Eu desconfio todas as vezes. – dei mais uma garfada e Mike fez uma cara de poucos amigos. – Para de ser assim, Michael. – eu disse e ele não aguentou manter a postura por muito tempo, caindo em uma gargalhada.
- Vocês parecem ter dois anos de idade, às vezes. – Mathias disse em meio a risos, assim como nós.
- . – ouvi a voz de Harry e virei meu rosto, o vendo em pé próximo a porta da sala. – Desculpa atrapalhar vocês, mas será que posso conversar com a por alguns segundos? – ele perguntou.
- Eu já ia expulsá-la daqui a pouco. – Mike disse e eu o mostrei a língua.
Levantei do sofá e deixei o resto do meu bolo com meu irmão do meio, caminhei até Harry, que tinha uma expressão despreocupada.
- O que aconteceu? – perguntei.
- Nada. – ele deu de ombros, após me dar um selinho. – Será que sua mãe se incomoda se formos à Doncaster agora de manhã e voltarmos amanhã por volta do mesmo horário? – ele torceu os lábios.
- O que vamos fazer em Doncaster, Harry? – arregalei os olhos. – Inglaterra fica a umas cinco horas daqui.
- Bom, o Louis vai fazer algo antes do natal para comemorar seu aniversário. – ele disse e finalmente entendi. – Vai ser apenas um almoço pros amigos, nada demais.
- Posso ver com ela, mas creio que não será um problema. – eu disse, já me preparando para ir falar com minha mãe.
- e Liam estarão lá também. – ele disse e meu coração apertou, que saudades que eu estava sentindo deles.
- Ok, estou indo falar com dona Margareth. – dei um beijo rápido em sua boca e segui para o segundo andar.
Aparentemente não haviam mais passagens para Doncaster, mas foi só ele dizer que era para "Harry Styles e sua namorada", que duas passagens rapidamente surgiram e não me pergunte de onde.
O avião já sobrevoava por algum país que eu não sabia qual era, pois estava com muito sono para tentar prestar atenção no mapa que ficava na pequena televisão do assento.
- O que você está fazendo, babe? – perguntei para Harry, me virando devagar em sua direção.
- Eu também gostaria de saber. – ele disse e nós rimos.
- Estou animada para conhecer outro antigo companheiro de banda seu. – eu disse, ajeitando minha postura na cadeira.
- Você vai gostar, faz tempo que não nos vemos. Vai ser divertido. – eu podia ver um brilho em seu olhar, que mostrava claramente a importância que a banda tinha para ele.
Sorri e selei nossos lábios. Me virei para dormir, e mais uma vez acordei com Harry me chamando e avisando que estávamos na Inglaterra.
Estávamos no aeroporto, sentados em uma poltrona como duas pessoas normais, não tinham paparazzis e nem fãs por ali esperando que Harry passasse pelos portões. Éramos só nós dois e, às vezes, alguns olhares estranhos sobre nós.
Enquanto Harry ligava para Louis avisando que havíamos chegado, eu fiz o mesmo com , porém por mensagem. Por fatores óbvios, ela e Liam já estavam por lá, pegaram apenas algumas poucas horas de estrada e chegaram na cidade.
Styles voltou para perto de mim com um sorriso.
- Louis disse que mandou um carro pegar a gente aqui. – ele ajeitou sua mochila nas costas. – Provavelmente já está lá fora nos esperando.
Definitivamente não estava acostumada com tanta mordomia assim. Normalmente um simples taxi poderia nos levar até a casa de Tomlinson. Mas, tudo bem!
Doncaster era uma cidade linda, e tipicamente inglesa, era nítido através das construções e plantações. Era por volta de quatro da tarde e meu estômago roncava, não satisfeito com o lanche do avião e eu sabia que havíamos chegado bem depois do almoço, mas eu esperava fielmente que ainda tivesse algo para eu poder comer.
O portão da casa de Louis era grande e preto, e foi aberto assim que o carro parou em frente. Não era uma mansão como eu imaginava, mas era grande o suficiente para abrigar nós dois e o outro casal.
O veículo parou em frente a porta principal e nós descemos. Harry abriu a porta como se já fosse de casa, – e talvez fosse mesmo, eles se conheciam há anos. – e gritou por Louis, que indicou estar na cozinha.
Quando nos aproximamos do cômodo, o rapaz de olhos azuis abriu um sorriso gigante e contagiante, que me fez sorrir junto. Sua barba por fazer e seu cabelo relativamente bagunçado te davam um charme inigualável. Não era possível que ele podia ser ainda mais bonito que nos pôsteres de Carla.
Ele abriu os braços para mim, me envolvendo num abraço forte e amigável. Assim que soltou meu corpo, foi de encontro ao amigo que não via há tempos. O carinho entre eles era tão grande que eu podia sentir, ela algo lindo de se ver.
- Estou muito feliz por estarem aqui. Sério! – ele disse, e sua voz era meiga o suficiente para eu querer abraça-lo de novo. – Espero que não repare a bagunça que os rapazes estão fazendo lá atrás, . – ele me disse e eu sorri, como quem não se importava.
- Rapazes? – Harry disse, com o semblante assustado. – Você não me disse que eles estariam aqui também. Pra mim estaríamos só eu, você, Liam e nossas namoradas.
- Você acha que eu comemoraria meu aniversário de 25 anos sem todos vocês? – ele disse e Harry foi correndo para os fundos, parecendo uma criança indo em direção a piscina.
- Ele e Liam eram os que menos queriam o fim da banda. – Louis disse para mim. – Fico feliz com o sucesso que todos estamos tendo individualmente, mas a gente sente falta desses nossos momentos.
- Minha irmã é bem fã de One Direction, se ela soubesse que você, Liam, Harry e Niall estão juntos aqui, ela surtaria. – eu disse e ele riu.
- Esqueceu de um. – ele cutucou meu ombro e apontou para o rapaz que entrava na casa com um prato vazio em mãos. – Zayn, vem aqui conhecer a namorada do Harry.
Ele o chamou, o garoto veio em nossa direção e Harry que me perdoe, mas eu tive pensamentos impuros naquela hora. Ele me lançou um sorriso tímido e estendeu a sua mão livre para mim.
- Prazer, . – eu disse.
- Digamos que eu já sabia dessa informação. – ele sorriu e indicou que levaria o prato até a cozinha. – Encontro vocês lá fora.
- Estou chocada. – disse, em meio a risos incrédulos. – Eu achei que vocês...
- Todo mundo sempre acha. – Louis disse rindo de minha reação. – Vamos lá pra fora ver como seu namorado age feito uma criança quando está conosco.
Ele abriu a porta de vidro para mim, abrindo o caminho para que eu fosse para a parte de trás da casa.
Um quintal grande e esverdeado era o que havia ali, uma piscina tomava grande parte do espaço. Pude ver Harry, Liam e Niall – que quando me viu, deu um grande sorriso. - sentados na beira da mesma, tomando cerveja e rindo alto. Observei mais os arredores e vi que estava sentada em uma poltrona com um lindo bebê no colo. Assim que ela me viu, abriu um sorriso e me pediu para se aproximar, já que tinha uma criança um tanto sonolenta com ela. Louis disse para eu ir até lá, já que ele ficaria com os amigos.
Me aproximei de minha amiga, sentando na poltrona ao lado da dela.
- Então essa coisa linda é o filho do Louis? – falei em meio a sussurros, mas o menino abriu rapidamente seus grandes olhos azuis em minha direção, me encarando com curiosidade.
- Freddie, esse é a tia . – ela disse, afetando a voz e passando a mão na cabeça do menino. – Vamos entrar e colocá-lo no berço, ele está visivelmente com muito sono. – continuou e logo estávamos nos levantando.
Quando entrávamos na casa, Zayn passou por nós e deu um sorriso, voltando para a beira da piscina onde os meninos estavam.
Subimos até o segundo andar da casa, e Freddie já dormia nos braços de . A garota abriu o quarto com calma e colocou o pequeno no berço, saindo de fininho depois de ter feito.
- Vamos lá para sala, Louis disse que tem uma babá eletrônica em cada parte da casa, se Freddie acordar o pai vai ouvir. – piscou.
Assenti e descemos novamente.
Sentamos no grande sofá de couro preto, tudo ali parecia tão moderno. Haviam vinis pendurados nas paredes e quadros com discos de ouro e platina da época da One Direction.
- Como você está? – perguntou, enquanto se ajeitava no assento.
- Estou bem. Digo, ainda me acostumando com isso tudo. – eu ri e minha amiga acompanhou. – E você, como está lidando com a mídia? – perguntei.
- Ah, . Eu sempre estive ao lado de Liam, Harry e todas essas outras pessoas que você já sabe. E meu trabalho sempre foi fazê-los ficar o mais distantes de fofocas midiáticas. Então tem sido bem tranquilo, para ser sincera. – ela falava olhando em meus olhos, e eu apenas concordava.
Enquanto estávamos imersas numa conversa sobre nossas vidas, vozes em perfeita harmonia começaram a soar. Parecia que eu e estávamos no céu e anjos cantavam em nossos ouvidos. Ao olharmos novamente para o quintal, vimos Niall com um violão em mãos e os meninos ao seu lado o acompanhando em uma versão acústica da música Torn, que particularmente era uma de minhas favoritas de todos os tempos.
A maneira com a qual eles cantavam era perfeita, como se suas vozes tivessem sido criadas para estarem unidas. Eu podia não ter sido fã de One Direction na época de auge, mas observar aquele momento entre eles estava me deixando emocionada o suficiente para qualquer pessoa desconfiar de que os pôsteres na verdade ficavam no meu quarto ao invés do de Carla.
Peguei meu celular e gravei alguns segundos daquilo, enviando para minha irmã.
Eu e levantamos e voltamos para a parte externa, exatamente no momento que os garotos terminaram de cantar. Começamos a aplaudir e eles sorriram agradecidos.
Nos sentamos ao lado deles. Eu estava entre as pernas de Harry e estava ao lado de Liam.
- Isso foi lindo, rapazes. Da para perceber que mesmo com o fim da banda, vocês continuam muito conectados a ela. – minha amiga disse, logo sendo envolvida pelos braços do namorado.
- One Direction nunca vai ter um fim, . – Niall disse.
- Em momentos como esses que conseguimos ver porque chegamos onde chegamos. – Louis continuou. – Sempre foi pela música.
- A mídia e a pressão dos empresários que nos fizeram acabar de tal forma. – Zayn falou em um tom baixo.
- Foram os melhores anos de nossas vidas, ao lado de nossos melhores amigos. – Liam completou, e com o braço livre puxou Zayn para um abraço, arrancando risadas do garoto.
- Estamos completamente felizes em nossas carreiras solo, mas nada nunca vai apagar o que foi a One Direction. – Harry disse, e me deu um beijo no rosto.
- O que é a 1D. – Liam o corrigiu. – Esse não é o fim, vocês sabem.
Niall fez uma cara engraçada e se levantou chamando os amigos para um abraço. Eu e saímos do caminho para que eles tivessem seu momento de nostalgia.
Eu olhei com um sorriso no rosto. Quem diria que aqueles adolescentes, que Carla me obrigava a assistir fazendo vídeos em uma escada, chegariam tão longe, mesmo que separados?
Mas, se tinha algo que aquele abraço transmitia era a última coisa que Liam tinha falado: aquele - com certeza - não era o fim.
Capítulo 27
Harry
"You've got a friend in me" - Toy Story
Depois de passarmos a noite cantando e comendo na casa de Louis, já era de manhã e estávamos a caminho de Frankfurt. Poder encontrar os garotos novamente foi uma experiencia surreal, era como se nunca tivéssemos ficado distantes.
Louis pessoalmente nos deixou no aeroporto. Abracei meu amigo de longa data e o desejei um feliz aniversário adiantado. Dei um beijo no topo da cabeça de Freddie, que estava na cadeirinha do carro, e esperei para que também se despedisse deles. Logo que ela fez, nos ajeitamos e fomos para o embarque.
Eu não tinha mais medo de beijar ou abraçar em público. Eu me sentia seguro o suficiente para estar ao lado dela e não me importar com o que diriam. Algumas pessoas, em sua maioria mulheres, nos encaravam com certa inveja no olhar. Mas, nada disso nos intimidava – pelo menos não me intimidava.
Desde a oficialização do nosso namoro, não tenho a visto usar as redes sociais com a mesma frequência de antes. Ela me diz que faz isso para aproveitar as férias, mas eu desconfio que seja por medo do que podem estar dizendo.
Estávamos no avião e dormia como uma princesa ao meu lado, ela tinha um pequeno sorriso nos lábios, que me fizeram querer saber sobre o que sonhava. Peguei meu celular e comecei a usar algumas redes socias de forma fantasma; apenas vendo a timeline e não indiciando que eu estava por ali. Vi algumas fotos de aparecerem para mim, e a última era uma dela com Freddie no colo, tinha um sorriso lindo e verdadeiro. Haviam muitos comentários bondosos por ali, muitos que eu sei que ela adoraria ler, pois elogiavam seu trabalho, além de sua aparência. E se tinha uma coisa que amava, era ser reconhecida por seu esforço.
Mas, no meio daquele mar positivista, alguns comentários negativos brilhavam. E por mais que fossem poucos, talvez alguns numa proporção de ¼, eu sabia que os olhares de iriam direto para eles, sem pestanejar. Parece que todos nós temos essa vontade louca de se autodepreciar, e esses comentário apenas facilitavam isso.
não estava com tanta frequência nas redes por isso, ela não queria motivos para se entristecer. Vimos claramente o que Madu e Shawn passaram por conta de tudo isso, e creio que ela quer evitar que aconteça o mesmo conosco. Me esforcei para dormir um pouco até chegarmos à Alemanha novamente.
- Me diz, como foi conhecer a One Direction toda? – Carlinha estava sentada ao meu lado na cama, e Fernanda estava no sofá pintando as unhas dos pés.
- Foi incrível, são todos muito simpáticos e amorosos. – eu disse e minha irmã sorriu. – Um dia vou leva-la para conhece-los.
- Nem brinca, . – ela riu nervosa.
Já era de tarde e eu havia chegado a pouco de viagem, mas eu gostava desses momentos entre garotas, e gostava do fato de estarmos tão unidas. Fazia um tempo que não nos víamos simultaneamente, ou eu apenas via Carla, ou apenas via Nanda. Minha cunhada deu um suspiro de alivio quando terminou de passar a ultima camada de esmalte branco no dedinho.
- Qual a programação de hoje? – ela perguntou levantando do sofá e pisando de forma estranha no chão.
- Papai disse que está acontecendo uma feira de adoção de animais aqui. O que acham de irmos? – Carla disse em tom animado.
- Eu estava mesmo pensando em conquistar uma amizade canina. – eu complementei. – Acho que devemos ir. Vamos colocar uma roupa e falar com os rapazes.🎙❤📝
A rua onde ocorria o evento do Tierhilfe Frankfurt estava relativamente cheia, várias barracas com diferentes ONGS e abrigos estavam com animaizinhos disponíveis para adoção.
Minha mão estava entrelaçada na de Harry, que conversava com meu irmão mais velho. Estávamos parados em frente ao estande da Federação Animal da Alemanha e eu observava os cachorrinhos, até que vi uma bola de pelos dourada, reclusa e chorando no canto do grande cercado que estava ali. Soltei da mão de Styles sem que ele percebesse e caminhei até ao pequeno ser. Coloquei meus dedos pela grade, tocando levemente seus pelos macios.
- Ei, por que está sozinho aqui, em rapaz? – sussurrei para o animal, que rapidamente começou a abanar o rabo em resposta. – Que tal você arrumar uma casa, em? – o cachorro, que parecia ser um Golden, levantou a cabeça, parecendo entender cada palavra que eu dizia. – E o que você acha de irmos para minha casa? – ele soltou um latido fino. – Então você será meu novo melhor amigo, menino. – acariciei seu focinho, e logo senti uma presença ao meu lado. Virei meu olhar e rapidamente encontrei o de Harry.
- Teremos um novo companheiro agora? – ele perguntou e eu sorri, assentindo. – Ele é lindo. – tocou levemente na cabeça do animal, e com a mão livre chamou uma das responsáveis pela ONG para ajeitar os papéis da adoção.
Depois que conversamos com a mulher e assinamos todos os termos de responsabilidade sobre o animal, poderíamos finalmente leva-lo para casa.
- Essa será nossa primeira responsabilidade como um casal. – Harry disse enquanto estava agachado em frente a pequena bola de pelos, e eu segurava a guia. – Precisamos de um nome para esse garoto. Alguma sugestão, amor? – ele virou o olhar para mim e todos os meus sentidos pediram socorro. Ele tinha me chamado de amor, ele literalmente tinha acabado de fazer isso. Sorri, sem muita reação e ele se levantou já me abraçando. – Não quer que eu te chame de amor? – ele beijou minha bochecha e eu neguei. – Então, vou continuar te chamando assim, amor. – selou nossos lábios rapidamente e eu sorri.
- Sehnsucht. – eu disse e ele fez uma feição engraçada. – Pode ser o nome dele. – olhei para o cachorro que estava deitado e mordendo sua própria pata. – Significa 'saudade incontrolável', algo que vem do coração sem sabermos o porquê. – suspirei. – E eu quero que ele seja o que nos conecta quando estivermos sentindo essa saudade. – Harry me afundou em seus braços e beijou o topo da minha cabeça.
- Então Sehnsucht será o nome dele. – ele sorriu. – Carinhosamente conhecido como Sehn. – rimos e nos beijamos rapidamente. – Vamos para casa, daqui a pouco o jantar será servido, e creio que seus irmão já querem ir, porque já estão todos a caminho do estacionamento. – apontou para frente e pude ver minha família caminhando unida.
- Precisamos comprar coisas para o Sehn. Uma cama, comida, tudo. – eu disse. – Vamos daqui a pouco. Pedimos um taxi, ou algo do tipo. – Harry sorriu e acenou em concordância.
- Tudo que quiser.🎙❤📝
Sehn estava deitado no chão da sala de música enquanto eu estava sentada em frente ao piano. Ele estava extremamente quieto e calmo, aproveitando cada nota tocada, como se gostasse do que ouvia.
Meus olhos fechados faziam com que meu tato ficasse apurado, me permitindo sentir o acabamento de ébano das teclas. Uma brisa fria passava pela fresta da janela e eu sentia meus pelos arrepiarem por conta disso.
Meu celular estava em cima do sofá, e tocava sem parar. Aparentemente eu não tenho dado a atenção que deveria para as redes sociais e coisas do tipo.
Pela insistência de quem ligava, de certo era algo importante. Então decidi sair da frente do piano e pegar o aparelho. No momento que levantei, Sehn mexeu um pouco a sua cabeça para ter certeza se eu sairia dali ou não.
- Calma, rapaz. Só vou ali no sofá. – abaixei e fiz carinho em sua cabeça. Andei até o móvel e o telefone ainda tocava, na tela o nome '' brilhava.
- Achei que eu ia ter que pegar um voo até a Alemanha pra você falar comigo. – meu amigo disse assim que atendi a ligação.
- Como sempre nem um pouco dramático, não é? – eu soltei uma risada. – Diga o que é tão importante para eu ter quase seis chamadas perdidas suas. – vi que Sehnsucht levantava um pouco agoniado, então abri a porta para que ele fosse até a varanda pegar um ar e fazer o que fosse necessário.
- Três coisas. – ele pontuou. – Primeira: Parabéns pelo namoro, não é nenhuma novidade que isso aconteceria. – revirei os olhos mesmo que ele não pudesse ver. – Segundo: Alan Walker quer que você participe da produção do novo single dele. – eu não sabia quem era essa pessoa, pesquisaria um pouco mais depois. – Terceiro: O álbum que você produziu para Sandy em seus últimos meses no Brasil estava concorrendo a categoria de Melhor Produção pelo Premio Multishow, e ganhou. Eles querem um vídeo seu agradecendo pelo prêmio. A estatueta chegará um pouco depois do natal. – ele falou tão rápido que eu me perdi em algumas partes e tive que começar a assimilar as coisas ao juntar palavras soltas.
- Ok, vamos lá. – suspirei. – Obrigada pelas felicitações, estamos muito bem. – rapidamente meu pensamento foi até Harry, que estava na sala com meus irmãos e padrasto assistindo a algum jogo do Manchester City. – Não sei quem é Alan Walker, mas você sabe que eu não recuso trabalho, sou workaholic até demais. Então peça para ele entrar em contato comigo, por favor. – sorri. – Bom, eu nunca esperaria que fosse ganhar um prêmio, mas se isso realmente aconteceu, eu faço o vídeo. Eles querem para quando?
- Vai acontecer a gravação da premiação daqui dois dias, vai ao ar apenas no final do ano. Mas, quanto antes melhor. Se puder enviar hoje ou amanhã para o endereço de e-mail que eu te enviei por mensagem, já vai ser um tópico a menos nessa discussão. – ele falou e do nada soltou uma risada, me fazendo ficar cheia de dúvida. – Meu Deus, estou me sentindo a . – quando eu entendi o motivo de sua risada, acabei por acompanha-lo nela. É, realmente ele estava parecendo um assessor. – É isso, basicamente. Vou falar com o Alan hoje mesmo.
- Ok. Obrigada, . – eu disse.
- Como estão as coisas aí? – seu tom de voz subitamente pareceu transmitir preocupação. Eu sabia que ele falava sobre meu pai.
- Estão indo bem. Eu achei que seria mais difícil, mas está tudo fluindo. Até mostrei uma música minha para Harry.
- Você o quê? – eu soube que nesse exato momento o queixo de tinha ido ao chão. – Que orgulho, . Só falta mostrar para o mundo agora.
- Um passo de cada vez, . – soltei um suspiro pesado.
- Isso quer dizer que você...
- Eu não sei, . Eu não sei. – disse, com calma.
- Só espero que decida fazer o certo. – ele disse e eu dei um sorriso. – Feliz natal adiantado, .
- Para você também, meu amigo.
Desligamos a ligação eu voltei para o que estava fazendo.
"You've got a friend in me" - Toy Story
Depois de passarmos a noite cantando e comendo na casa de Louis, já era de manhã e estávamos a caminho de Frankfurt. Poder encontrar os garotos novamente foi uma experiencia surreal, era como se nunca tivéssemos ficado distantes.
Louis pessoalmente nos deixou no aeroporto. Abracei meu amigo de longa data e o desejei um feliz aniversário adiantado. Dei um beijo no topo da cabeça de Freddie, que estava na cadeirinha do carro, e esperei para que também se despedisse deles. Logo que ela fez, nos ajeitamos e fomos para o embarque.
Eu não tinha mais medo de beijar ou abraçar em público. Eu me sentia seguro o suficiente para estar ao lado dela e não me importar com o que diriam. Algumas pessoas, em sua maioria mulheres, nos encaravam com certa inveja no olhar. Mas, nada disso nos intimidava – pelo menos não me intimidava.
Desde a oficialização do nosso namoro, não tenho a visto usar as redes sociais com a mesma frequência de antes. Ela me diz que faz isso para aproveitar as férias, mas eu desconfio que seja por medo do que podem estar dizendo.
Estávamos no avião e dormia como uma princesa ao meu lado, ela tinha um pequeno sorriso nos lábios, que me fizeram querer saber sobre o que sonhava. Peguei meu celular e comecei a usar algumas redes socias de forma fantasma; apenas vendo a timeline e não indiciando que eu estava por ali. Vi algumas fotos de aparecerem para mim, e a última era uma dela com Freddie no colo, tinha um sorriso lindo e verdadeiro. Haviam muitos comentários bondosos por ali, muitos que eu sei que ela adoraria ler, pois elogiavam seu trabalho, além de sua aparência. E se tinha uma coisa que amava, era ser reconhecida por seu esforço.
Mas, no meio daquele mar positivista, alguns comentários negativos brilhavam. E por mais que fossem poucos, talvez alguns numa proporção de ¼, eu sabia que os olhares de iriam direto para eles, sem pestanejar. Parece que todos nós temos essa vontade louca de se autodepreciar, e esses comentário apenas facilitavam isso.
não estava com tanta frequência nas redes por isso, ela não queria motivos para se entristecer. Vimos claramente o que Madu e Shawn passaram por conta de tudo isso, e creio que ela quer evitar que aconteça o mesmo conosco. Me esforcei para dormir um pouco até chegarmos à Alemanha novamente.
- Me diz, como foi conhecer a One Direction toda? – Carlinha estava sentada ao meu lado na cama, e Fernanda estava no sofá pintando as unhas dos pés.
- Foi incrível, são todos muito simpáticos e amorosos. – eu disse e minha irmã sorriu. – Um dia vou leva-la para conhece-los.
- Nem brinca, . – ela riu nervosa.
Já era de tarde e eu havia chegado a pouco de viagem, mas eu gostava desses momentos entre garotas, e gostava do fato de estarmos tão unidas. Fazia um tempo que não nos víamos simultaneamente, ou eu apenas via Carla, ou apenas via Nanda. Minha cunhada deu um suspiro de alivio quando terminou de passar a ultima camada de esmalte branco no dedinho.
- Qual a programação de hoje? – ela perguntou levantando do sofá e pisando de forma estranha no chão.
- Papai disse que está acontecendo uma feira de adoção de animais aqui. O que acham de irmos? – Carla disse em tom animado.
- Eu estava mesmo pensando em conquistar uma amizade canina. – eu complementei. – Acho que devemos ir. Vamos colocar uma roupa e falar com os rapazes.
- Ei, por que está sozinho aqui, em rapaz? – sussurrei para o animal, que rapidamente começou a abanar o rabo em resposta. – Que tal você arrumar uma casa, em? – o cachorro, que parecia ser um Golden, levantou a cabeça, parecendo entender cada palavra que eu dizia. – E o que você acha de irmos para minha casa? – ele soltou um latido fino. – Então você será meu novo melhor amigo, menino. – acariciei seu focinho, e logo senti uma presença ao meu lado. Virei meu olhar e rapidamente encontrei o de Harry.
- Teremos um novo companheiro agora? – ele perguntou e eu sorri, assentindo. – Ele é lindo. – tocou levemente na cabeça do animal, e com a mão livre chamou uma das responsáveis pela ONG para ajeitar os papéis da adoção.
Depois que conversamos com a mulher e assinamos todos os termos de responsabilidade sobre o animal, poderíamos finalmente leva-lo para casa.
- Essa será nossa primeira responsabilidade como um casal. – Harry disse enquanto estava agachado em frente a pequena bola de pelos, e eu segurava a guia. – Precisamos de um nome para esse garoto. Alguma sugestão, amor? – ele virou o olhar para mim e todos os meus sentidos pediram socorro. Ele tinha me chamado de amor, ele literalmente tinha acabado de fazer isso. Sorri, sem muita reação e ele se levantou já me abraçando. – Não quer que eu te chame de amor? – ele beijou minha bochecha e eu neguei. – Então, vou continuar te chamando assim, amor. – selou nossos lábios rapidamente e eu sorri.
- Sehnsucht. – eu disse e ele fez uma feição engraçada. – Pode ser o nome dele. – olhei para o cachorro que estava deitado e mordendo sua própria pata. – Significa 'saudade incontrolável', algo que vem do coração sem sabermos o porquê. – suspirei. – E eu quero que ele seja o que nos conecta quando estivermos sentindo essa saudade. – Harry me afundou em seus braços e beijou o topo da minha cabeça.
- Então Sehnsucht será o nome dele. – ele sorriu. – Carinhosamente conhecido como Sehn. – rimos e nos beijamos rapidamente. – Vamos para casa, daqui a pouco o jantar será servido, e creio que seus irmão já querem ir, porque já estão todos a caminho do estacionamento. – apontou para frente e pude ver minha família caminhando unida.
- Precisamos comprar coisas para o Sehn. Uma cama, comida, tudo. – eu disse. – Vamos daqui a pouco. Pedimos um taxi, ou algo do tipo. – Harry sorriu e acenou em concordância.
- Tudo que quiser.
Meus olhos fechados faziam com que meu tato ficasse apurado, me permitindo sentir o acabamento de ébano das teclas. Uma brisa fria passava pela fresta da janela e eu sentia meus pelos arrepiarem por conta disso.
Meu celular estava em cima do sofá, e tocava sem parar. Aparentemente eu não tenho dado a atenção que deveria para as redes sociais e coisas do tipo.
Pela insistência de quem ligava, de certo era algo importante. Então decidi sair da frente do piano e pegar o aparelho. No momento que levantei, Sehn mexeu um pouco a sua cabeça para ter certeza se eu sairia dali ou não.
- Calma, rapaz. Só vou ali no sofá. – abaixei e fiz carinho em sua cabeça. Andei até o móvel e o telefone ainda tocava, na tela o nome '' brilhava.
- Achei que eu ia ter que pegar um voo até a Alemanha pra você falar comigo. – meu amigo disse assim que atendi a ligação.
- Como sempre nem um pouco dramático, não é? – eu soltei uma risada. – Diga o que é tão importante para eu ter quase seis chamadas perdidas suas. – vi que Sehnsucht levantava um pouco agoniado, então abri a porta para que ele fosse até a varanda pegar um ar e fazer o que fosse necessário.
- Três coisas. – ele pontuou. – Primeira: Parabéns pelo namoro, não é nenhuma novidade que isso aconteceria. – revirei os olhos mesmo que ele não pudesse ver. – Segundo: Alan Walker quer que você participe da produção do novo single dele. – eu não sabia quem era essa pessoa, pesquisaria um pouco mais depois. – Terceiro: O álbum que você produziu para Sandy em seus últimos meses no Brasil estava concorrendo a categoria de Melhor Produção pelo Premio Multishow, e ganhou. Eles querem um vídeo seu agradecendo pelo prêmio. A estatueta chegará um pouco depois do natal. – ele falou tão rápido que eu me perdi em algumas partes e tive que começar a assimilar as coisas ao juntar palavras soltas.
- Ok, vamos lá. – suspirei. – Obrigada pelas felicitações, estamos muito bem. – rapidamente meu pensamento foi até Harry, que estava na sala com meus irmãos e padrasto assistindo a algum jogo do Manchester City. – Não sei quem é Alan Walker, mas você sabe que eu não recuso trabalho, sou workaholic até demais. Então peça para ele entrar em contato comigo, por favor. – sorri. – Bom, eu nunca esperaria que fosse ganhar um prêmio, mas se isso realmente aconteceu, eu faço o vídeo. Eles querem para quando?
- Vai acontecer a gravação da premiação daqui dois dias, vai ao ar apenas no final do ano. Mas, quanto antes melhor. Se puder enviar hoje ou amanhã para o endereço de e-mail que eu te enviei por mensagem, já vai ser um tópico a menos nessa discussão. – ele falou e do nada soltou uma risada, me fazendo ficar cheia de dúvida. – Meu Deus, estou me sentindo a . – quando eu entendi o motivo de sua risada, acabei por acompanha-lo nela. É, realmente ele estava parecendo um assessor. – É isso, basicamente. Vou falar com o Alan hoje mesmo.
- Ok. Obrigada, . – eu disse.
- Como estão as coisas aí? – seu tom de voz subitamente pareceu transmitir preocupação. Eu sabia que ele falava sobre meu pai.
- Estão indo bem. Eu achei que seria mais difícil, mas está tudo fluindo. Até mostrei uma música minha para Harry.
- Você o quê? – eu soube que nesse exato momento o queixo de tinha ido ao chão. – Que orgulho, . Só falta mostrar para o mundo agora.
- Um passo de cada vez, . – soltei um suspiro pesado.
- Isso quer dizer que você...
- Eu não sei, . Eu não sei. – disse, com calma.
- Só espero que decida fazer o certo. – ele disse e eu dei um sorriso. – Feliz natal adiantado, .
- Para você também, meu amigo.
Desligamos a ligação eu voltei para o que estava fazendo.
Capítulo 28
“Make my wish come true, all I want for Christmas is you...” – All I Want For Christmas is You, Mariah Carey
Finalmente era véspera de natal. Meus olhos abriram rapidamente quando senti o sol entrando pela janela do quarto. Levantei animada, fazendo Sehn se assustar e despertar assim como eu. Harry, por sua vez, dormia feito um anjo.
Desci as escadas correndo e vi que tudo estava decorado da maneira que eu as meninas tínhamos planejado. Uma árvore ao lado do sofá, onde já haviam presentes, varias meias na lareira, uma grande mesa para ser posta a ceia. Ah, tudo estava tão perfeito, da maneira que deveria estar.
Acariciei os pelos de Sehn que desceu atrás de mim e dei um sorriso. Faltava papai ali, mas ele estava conosco em nossos corações, e isso era o suficiente para me deixar um pouco melhor.
Mike, que estava na cozinha, passou pela porta que levava para a sala me encontrando estática no meio dela.
- Bom dia, maninha. Tudo bem? – ele perguntou e eu virei em sua direção.
- Isso aqui está incrível. – eu disse dando um sorriso infantil. – Estou ansiosa para a nossa noite. – bati palmas e meu irmão gargalhou. Meu celular começou a tocar no bolso da minha calça de moletom. Peguei o aparelho e vi o nome do simpático rapaz que havia conhecido no avião. – Preciso atender, é do trabalho. – apontei para o telefone e Michael concordou com um aceno de cabeça. Sentou-se no sofá e eu fui até a varanda.
- Schulte. – seu tom de voz era animado.
- David, a que devo a honra? – ri, demonstrando animação assim como ele.
- Bom, estarei produzindo um EP novo e gostaria de você comigo nesse barco. As gravações começarão só depois do lançamento de Mendes, deixo claro. Nada irá atrapalhar seu trabalho atual. – ele disse e eu sorri. – Não aceito um “não” como resposta.
- Uau, que incrível ouvir isso. É claro que eu aceito, David. Pessoas talentosas como você merecem um grande reconhecimento. – suspirei. – Vamos fazer isso acontecer. Pode confirmar meu nome nessa produção.
- Sabia que você não me decepcionaria. – ele riu e eu o acompanhei. – A propósito, feliz natal.
- Feliz natal, meu querido. – eu disse. – Nos falamos depois, então?
- Claro. Aproveite sua noite. – ele respondeu e desligou a ligação em seguida. Minha agenda estava começando a encher e eu ficava completamente feliz com esse fato.
Ontem à noite, por exemplo, recebi um e-mail do tal de Alan Walker que havia falado. Descobri que ele é um produtor de música eletrônica e DJ, o que me deixou ainda mais animada para essa colaboração. Talvez fosse estranho de início, mas era algo diferente do que eu fazia e experimentar era, com certeza, uma das opções.
Voltei para o interior da casa e dei de cara com Harry sem camisa e de cabelos bagunçados.
- Mas que ousadia é essa de ficar andando semi-nu por uma casa de família? - eu ri fraco e depositei um beijo em sua boca. - E além disso, fica me provocando.
- Você sabe que isso é o que eu mais gosto de fazer! - sussurrou em minha orelha e minha pele arrepiou. - Bom dia, linda. - beijou minha bochecha.
- Vai colocar uma roupa, Styles. - gargalhei e bati em seu peito. - Logo mais todos estarão aqui e não quero você exibindo essa borboleta. - ele me deu língua e foi em direção a escada. Tudo estava tão perfeito que eu estava estranhando.
Harry estava sentado na cama calçando uma meia de cor preta. Não nos importávamos com luxo, estávamos em casa.
Ouvi uma batida na porta e logo o rosto de Mike apareceu numa fresta.
- Os pombinhos foram solicitados na sala de estar para iniciarmos a troca de presentes. - ele disse em um tom de voz engraçado o suficiente para que nem ele aguentasse segurar a risada.
- Estamos indo. - Harry disse rindo.
Mike fechou a porta e Styles levantou da cama, ajeitando a sua blusa que estava um pouco amassada.
- Você está lindo. - passei a mão em seus ombros.
- O jeito que você me ilude é diferente. - ele falou e eu ri.
- Vamos para o Natal da família /Schulte. - disse e ele sorriu, erguendo a mão para que eu a segurasse.
Descemos juntos pelas escadas, que estavam com os corrimãos enfeitados por luzes de natal e alguns enfeites de anjos e guirlandas. Como sempre tudo muito caprichado, do jeito que minha mãe e minha vó faziam.
Abri um sorriso ao ver que na parede, ao fim da escada, o quadro onde havia a foto de meu pai também estava coberto por enfeites.
Harry apertou a minha mão um pouco mais forte, me alertando que todos já estavam nos esperando.
Chegamos na sala, Mike e Carla estavam sentados em um dos sofás, Fernanda e Mathias estavam no tapete, distribuindo carinho no pelo dourado de Sehn, mamãe e vovó estavam no outro sofá e meu padrasto estava colocando as comidas na mesa.
- Agora que chegou quem faltava, nada mais justo que começarmos a troca de presentes. - mamãe bateu palmas e eu sorri.
- Vamos. - eu disse e puxei Harry para nos sentarmos no chão ao lado de meu irmão e minha cunhada.
Enquanto minha avó e minha mãe pegavam os presentes na árvore, vi que Fernanda estava agitada demais.
- Aconteceu alguma coisa, Nanda? - perguntei em um sussurro. Ela apenas sorriu.
- Gente, eu quero dar o primeiro presente! - ela exclamou em um tom alto. - E obviamente é pro Mathias. - sorriu.
A loira andou até a árvore e pegou uma caixa pequena, do tamanho de uma caixa de sapato.
- Matt, eu espero que você goste. É algo caseiro, e como eu sei que você gosta de coisas desse tipo, decidi inovar. - ela sorriu e entregou a caixa para meu irmão, que tinha curiosidade em seu olhar.
Ele abriu a caixa com cuidado e se deparou com alguns pedaços de palha em volta de um pequeno objeto branco.
Ele olhou para todos nós com lágrimas nos olhos.
- Não pode ser verdade! - ele disse, se levantando.
- O que? - minha mãe perguntou, tensa.
- Sim. - Fernanda disse com um sorriso e os olhos repletos de lágrimas. - É verdade. - ela pegou outra embalagem que estava sob a árvore e a abriu, revelando ali um par de sapatos para bebês. A partir de então, eu comecei a juntar todos os pontos: Nanda estava passando mal durante quase todos os dias dessa viagem, e eu pensava que era apenas um mal estar por conta de comida. - Você vai ser papai.
Ouvi todos da sala comemorando de maneiras diferentes. Eu estava desacreditada de que seria tia, finalmente eu teria um sobrinho ou sobrinha.
E saber que isso aconteceu exatamente no primeiro natal que passamos sem papai, me deixou com o coração cheio de esperança. A família estava aumentando, havia saudade, mas também havia vida.
Capítulo 29
"Give you something good to celebrate..." - Birthday, Katy Perry
Estava de volta à Nova Iorque.
Harry e eu pegamos um voo até o aeroporto da cidade, mas ele continuou sua viagem de volta para Los Angeles, já que estaria terminando seu álbum ainda esse mês, de acordo com suas palavras.
Eu sentiria uma falta absurda dele, mas prometemos manter contato diariamente para não sentirmos tanta saudade.
Sehn estava comigo e já estávamos em casa. e já estavam de volta à cidade também, e havíamos combinado de sair o mais breve possível. Três dias antes do Ano Novo, completaria 29 anos e queríamos fazer uma festa para ele, mas o garoto não queria algo grande e preferiu que ficássemos um dia inteiro com ele, então estávamos nos organizando para isso, afinal, a comemoração já seria amanhã.
Andava pela casa cheia de nervosismo, por não ter nada o que fazer, nem ninguém para conversar, além de Sehn. Decidi pegar meu violão e compor mais algumas coisas. Tinha essa melodia que eu havia criado na Alemanha, mas não conseguia encontrar a letra perfeita para ela. Eu a cantarolava no banho, na mesa de jantar, em toda a parte, mas era apenas um instrumental, nada além disso. Entretanto, eu sei que no momento certo essa letra surgiria, de uma forma ou outra.
Voltar para os Estados Unidos significava voltar ao trabalho, não importava se estávamos em épocas festivas ou não, a indústria não para, e minha agenda estava cheia. Passei uma nota mental de tudo que eu precisaria fazer nesse e no próximo ano.
• Finalizar o album de Shawn;
• Produzir o EP de David;
• Produzir o single de Alan Walker;
• Torcer para que renovem meu contrato na Republic Records;
• Tentar não sofrer se eu precisar voltar para casa e deixar tudo aqui.
Ok, a última opção não era algo que sempre passava em minha cabeça, mas no momento da criação dessa lista, foi algo que me pareceu assombrar. Um dia eu teria que voltar, um dia eu estaria no Brasil novamente e tudo isso não passaria de uma boa lembrança para mim. Harry, , e Shawn não passariam de uma boa lembrança para mim. Isso fez com que meu coração doesse, mas preferi não pensar muito sobre isso no momento.
Meu telefone apitou sobre a escrivaninha, me avisando de uma mensagem.
Unkown Number: Hey, . Kennedy aqui! Eu e os garotos vamos passar o ano novo em Nova Iorque, mais precisamente na Times Square. Vamos?
Eu: Me belisca, o guitarrista da minha banda favorita está me convidando para o Ano Novo? Óbvio que sim!
Kennedy: Combinado, nos falamos depois. Vou avisar aos rapazes. Beijos.
Aparentemente eu já tinha compromissos para a noite de ano novo e precisava comunicar meus amigos sobre isso.
- Vamos acordar, porque hoje é meu aniversário e você prometeu! - apontou para mim, com a voz afetada.
- Meu Deus, o que eu fiz pra merecer vocês? - coloquei o travesseiro sobre meu rosto.
- Nasceu. - disse. - Levanta, quer ir à um jogo de tênis.
Me mexi na cama e levantei com calma. Vi que meu cachorro dormia calmamente em sua caminha no canto do quarto. Péssimo trabalho de cão de guarda, deveria o treinar. Pedi para que esperassem na sala até que eu tomasse um banho e trocasse de roupa, colocando um conjunto de calça e cropped brancos. Seria o suficiente.
Nossa tarde se resumiu em ir a um jogo de tênis, do qual eu não entendi nada, já que o esporte era algo exclusivo da classe alta e eu nunca fui dessa classe, no máximo uma média.
Durante o jogo, eu e vimos um cara nu, sim totalmente pelado, entregando cartões de aniversário. Compramos um e demos para , que riu durante uns quinze minutos. Depois disso almoçamos juntos e fomos parar em um Karaoke numa parte da cidade que eu ainda não conhecia.
voltou para casa, e foi comigo para meu apartamento. disse que queria ir a academia e sugeriu irmos para um bar a noite, para terminarmos a comemoração.
e eu estávamos sentadas na sala, Sehn estava entre nós e acariciava seus pelos dourados. A gente ria de alguma coisa que víamos na televisão, que eu não lembro muito bem o que era, mas era engraçado o suficiente para me dar uma dor no topo da barriga.
- Como foi o Natal na casa de Liam? - perguntei.
- A família dele é incrível, e eu estou cada vez mais apaixonada por ele. Juro! - minha amiga tinha um sorriso gigante tomando conta de seu rosto, que me contagiou rapidamente. - E lá na Alemanha?
- Foi maravilhoso. Harry é incrível, e sempre faz de tudo para colocar um sorriso em meu rosto, digo o mesmo que você: estou cada vez mais apaixonada por ele. - sorri, lembrando dos meus momentos ao lado do rapaz. - E minha cunhada está grávida! - falei com animação e a minha amiga deu um gritinho.
- Que incrível, amo gravidez. - ela disse e eu a olhei com dúvida. - Dos outros, claro. Sem preparo pra isso ainda. - rimos alto da fala da menina.
Checamos a hora e vimos que faltava pouco para as 7p.m, horário que combinamos com no térreo do meu prédio. Decidimos começar a nos arrumar enquanto algumas músicas animadas tocavam ao fundo.
e eu colocamos vestidos pretos, porém tinham cortes e detalhes diferentes. O dela era curto e canelado e o meu era midi.
No horário combinado já estávamos esperando pelo aniversariante, este que não se atrasou também. Pegamos um táxi que estava parado em frente ao prédio e fomos em direção ao bar que sugeriu.
O bar tinha um ar rústico, com pouca iluminação e móveis em madeira. Era lindo e aconchegante. Já havia uma mesa separada para nós, por mais que não tivessem poucas pessoas naquele momento, nos garantiu que ali enchia e era necessário a reserva.
Uma música tocava ao fundo, trazendo um ar calmo ao ambiente. Eu estava amando aquele lugar.
Na mesa em frente à nossa, uma menina nos encarava desde o momento que entramos. Ela era linda, cabelos castanhos e longos, ombros largos que me faziam ter certeza de que ela era alta, mesmo que eu não a tivesse visto em pé. Seu olhar era terno e sereno, as vezes ela dava um sorriso tímido, que a deixava ainda mais bonita.
Eu não sabia exatamente para quem ela olhava, mas ela não tirara os olhos desde que entramos no local.
Entre uma cerveja e outra, a menina decidiu levantar e vir em nossa direção. Sim, ela era realmente alta, tinha lindas curvas e usava uma calça jeans que mostrava exatamente isso.
Percebi que não se retraiu e a encarou como se aquela fosse a sua última chance de fazer isso, e talvez fosse.
- Boa noite, gente. - ela disse, e sua voz era calma, assim como sua aparência. - Não quero ser intrometida, mas vocês não são os produtores do Shawn?
- Eles dois são. - disse.
- Você é assessora, né? - ela falou calma e sorriu, concordando. - Bom, eu sou uma fã do trabalho dele e fiquei realmente feliz de vê-los aqui.
- Por que não se junta a nós? - falou rapidamente e eu me contive para não rir.
- Não seria um incômodo? - ela perguntou.
- Claro que não, sente-se. - minha amiga disse e eu sorri.
- Como é seu nome? - finalmente me manifestei.
- Graziela. - ela disse e piscou para mim, na mesma hora sabia de onde ela era.
- Meu Deus, você é brasileira. - falei, em português e ela riu.
- Sim! - disse em meio as risadas.
Nossa mais nova amiga estava se encaixando bem no grupo. Conversamos sobre tudo que era possível, desde as nossas vidas pessoais até as fofocas do mundo das celebridades.
Eu e não deixamos de perceber que um clima intenso acontecia nas trocas de olhares entre a menina e . Não sabíamos o que aconteceria com os dois, mas estávamos adorando ver a tensão sexual que se formava ali. A noite foi, em geral, ótima. Eu estava de volta e tudo, até então, estava da melhor forma possível.
Capítulo 30
Harry
"I'm missing half of me, when we're apart..." - If I Could Fly, One Direction
Não sabia desde quando era tão difícil não ter por perto. Eu sentia que, de alguma forma, ela já fazia parte de mim. Ela transbordava tudo de melhor na minha vida apenas estando ali.
Me pegava vendo nossa foto com Sehn na tela de bloqueio do celular; uma família, isso que éramos da nossa maneira.
Não consegui entrar em contato com ela no dia anterior por conta do aniversário de , mas a garota me mandou uma mensagem dizendo o quanto tinha aproveitado o dia, e da nova amizade que tinha feito.
Um sorriso se formava em meus lábios toda hora que eu pensava em , de fato eu estava extremamente apaixonado pela brasileira.
- Irmão, acho que já acabamos por aqui. - Mitch, meu guitarrista e amigo, disse saindo da mesa de som. - Gravamos a penúltima música. Precisamos só de mais uma para finalizar o álbum.
Meus olhos se voltaram para o rapaz na mesma hora. Eu precisava compor algo urgentemente. Meus olhos pesavam, o sono me consumia, mas o dia estava apenas começando.
Uma e meia da tarde e uma notificação toma conta de minha tela: "Estou indo para ficar até o dia 30, te encontro em casa." era o que dizia, e era dela.
Meu coração acelerou e eu não consegui esconder a excitação.
estava a caminho de Los Angeles e eu a teria ao meu lado durante três dias até o ano novo.
🎙❤📝
- Escova de dente? - tinha uma lista em mãos.
- Quantas vezes eu tenho que dizer que estou indo para o Harry, e não para um acampamento? - eu ri, enquanto dobrava minha última blusa e colocava na mala.
- É proibido se preocupar agora? - jogou a lista em qualquer lugar do quarto e fechou a cara em falso descontentamento.
Enquanto eu ria da cena que fazia, a campainha do apartamento soou levemente. A única pessoa que passou em minha mente era exatamente quem estava em minha porta, porém acompanhado. estava sorridente demais ao lado de Grazi, e isso me deixava contente ao ponto de já considera-la da família.
- Entrem. Se eu disser que não estávamos esperando por vocês, eu estarei mentindo. - ri baixo e abri espaço para o (possível) casal passar.
- Eu e Grazi estávamos passeando de bicicleta por aí e decidimos dar um pulo aqui antes de você nos abandonar por mais alguns dias. - disse, indo em direção a minha geladeira provavelmente a procura de água ou algo relacionado.
- , se existisse, você com certeza ganharia o prêmio de maior dramático do mundo. - disse, saindo do quarto. - Oi, Grazi. - sorriu para a morena, que retribuiu, meio tímida.
- Existe, , e se chama Oscar. Só não me premiaram ainda porque não fui convidado para um filme decente. - saiu da cozinha e puxou Grazi consigo para o sofá.
- Nunca te convidaram para nenhum filme, . Nem ator você é. - a novaiorquina continuou a falsa discussão. - Tu veio para irritar?
- Você quem começou. - ele deu língua para a garota e eu troquei olhares com Grazi, que entendeu claramente o que eu queria dizer.
- Vocês parecem dois alunos de quinta série. - eu disse. - Eu tenho uma viagem daqui três horas. Ou vocês me ajudam a organizar as coisas, ou saiam daqui. - dei um ultimato.
- Ok, general. O que deseja? - O meu amigo levantou do sofá, batendo continência. Balancei a cabeça em negação. O que eu fiz para merecer?
- Preciso que alguém fique com o Sehn durante esses três dias. - falei e rapidamente Grazi levantou a mão.
- Eu amo animais, posso fazer isso. - ela sorriu.
- Ótimo! Vou passar o endereço da sua casa para o adestrador e ele o deixará lá. Muito obrigada. - olhei com carinho para a garota. - Depois me manda tudo certinho, que eu encaminho à ele. - ela assentiu. - Preciso dos últimos materiais de Shawn no meu e-mail. Vou estar em Los Angeles, mas continuarei trabalhando. - apontei para . - Ele volta em breve, e não voltará o mesmo. - olhei para . - Vocês já devem saber, mas ele e Madu terminaram. Ele estará arrasado, e precisaremos ser seu alicerce. Como amigos, produtores e assessora. - suspirei. - O que ele mais precisa é de nós agora.
- Concordo. - disse, ficando seria por um momento. - Entre em contato com Maria Eduarda. Vocês duas criaram uma amizade, dê apoio a ela também. Creio que os dois estejam mal. - ela completou e checou o relógio. - Vamos, . Vou te levar ao aeroporto.
- Já te enviei o meu endereço, . - Grazi disse, assim que se levantou do sofá e eu sorri.
- Obrigada. - peguei minha mala e passei pela porta. - Vamos.
Essa seria minha última oportunidade de ficar com Harry antes do ano novo. Meu namorado viajaria para o México, para fazer um show de virada de ano na capital do país. Enquanto eu ficaria em Nova Iorque para assistir o show de Catherine Heinze na Times Square ao lado de meus amigos da banda The Maine.
Seria o momento ideal para eu apresentar a ele minha nova música, mais uma que foi composta pensando nele. Desde nossa viagem juntos, ele tem sido minha maior inspiração. Talvez, meu pai estivesse feliz, porque finalmente achei alguém que não fosse ele para ser dono de alguma de minhas composições.
e Grazi foram para a casa da menina, pois assim poderiam receber Sehn com calma. e eu estávamos a caminho do aeroporto e dessa vez eu estava indo para Los Angeles sem dúvidas e sem um aperto no coração.
Não tinha Kendall, não tinha o medo do novo.
Éramos nossos, eu e Harry. E nada mudaria isso, não enquanto quiséssemos ser.
"I'm missing half of me, when we're apart..." - If I Could Fly, One Direction
Não sabia desde quando era tão difícil não ter por perto. Eu sentia que, de alguma forma, ela já fazia parte de mim. Ela transbordava tudo de melhor na minha vida apenas estando ali.
Me pegava vendo nossa foto com Sehn na tela de bloqueio do celular; uma família, isso que éramos da nossa maneira.
Não consegui entrar em contato com ela no dia anterior por conta do aniversário de , mas a garota me mandou uma mensagem dizendo o quanto tinha aproveitado o dia, e da nova amizade que tinha feito.
Um sorriso se formava em meus lábios toda hora que eu pensava em , de fato eu estava extremamente apaixonado pela brasileira.
- Irmão, acho que já acabamos por aqui. - Mitch, meu guitarrista e amigo, disse saindo da mesa de som. - Gravamos a penúltima música. Precisamos só de mais uma para finalizar o álbum.
Meus olhos se voltaram para o rapaz na mesma hora. Eu precisava compor algo urgentemente. Meus olhos pesavam, o sono me consumia, mas o dia estava apenas começando.
Uma e meia da tarde e uma notificação toma conta de minha tela: "Estou indo para ficar até o dia 30, te encontro em casa." era o que dizia, e era dela.
Meu coração acelerou e eu não consegui esconder a excitação.
estava a caminho de Los Angeles e eu a teria ao meu lado durante três dias até o ano novo.
- Escova de dente? - tinha uma lista em mãos.
- Quantas vezes eu tenho que dizer que estou indo para o Harry, e não para um acampamento? - eu ri, enquanto dobrava minha última blusa e colocava na mala.
- É proibido se preocupar agora? - jogou a lista em qualquer lugar do quarto e fechou a cara em falso descontentamento.
Enquanto eu ria da cena que fazia, a campainha do apartamento soou levemente. A única pessoa que passou em minha mente era exatamente quem estava em minha porta, porém acompanhado. estava sorridente demais ao lado de Grazi, e isso me deixava contente ao ponto de já considera-la da família.
- Entrem. Se eu disser que não estávamos esperando por vocês, eu estarei mentindo. - ri baixo e abri espaço para o (possível) casal passar.
- Eu e Grazi estávamos passeando de bicicleta por aí e decidimos dar um pulo aqui antes de você nos abandonar por mais alguns dias. - disse, indo em direção a minha geladeira provavelmente a procura de água ou algo relacionado.
- , se existisse, você com certeza ganharia o prêmio de maior dramático do mundo. - disse, saindo do quarto. - Oi, Grazi. - sorriu para a morena, que retribuiu, meio tímida.
- Existe, , e se chama Oscar. Só não me premiaram ainda porque não fui convidado para um filme decente. - saiu da cozinha e puxou Grazi consigo para o sofá.
- Nunca te convidaram para nenhum filme, . Nem ator você é. - a novaiorquina continuou a falsa discussão. - Tu veio para irritar?
- Você quem começou. - ele deu língua para a garota e eu troquei olhares com Grazi, que entendeu claramente o que eu queria dizer.
- Vocês parecem dois alunos de quinta série. - eu disse. - Eu tenho uma viagem daqui três horas. Ou vocês me ajudam a organizar as coisas, ou saiam daqui. - dei um ultimato.
- Ok, general. O que deseja? - O meu amigo levantou do sofá, batendo continência. Balancei a cabeça em negação. O que eu fiz para merecer?
- Preciso que alguém fique com o Sehn durante esses três dias. - falei e rapidamente Grazi levantou a mão.
- Eu amo animais, posso fazer isso. - ela sorriu.
- Ótimo! Vou passar o endereço da sua casa para o adestrador e ele o deixará lá. Muito obrigada. - olhei com carinho para a garota. - Depois me manda tudo certinho, que eu encaminho à ele. - ela assentiu. - Preciso dos últimos materiais de Shawn no meu e-mail. Vou estar em Los Angeles, mas continuarei trabalhando. - apontei para . - Ele volta em breve, e não voltará o mesmo. - olhei para . - Vocês já devem saber, mas ele e Madu terminaram. Ele estará arrasado, e precisaremos ser seu alicerce. Como amigos, produtores e assessora. - suspirei. - O que ele mais precisa é de nós agora.
- Concordo. - disse, ficando seria por um momento. - Entre em contato com Maria Eduarda. Vocês duas criaram uma amizade, dê apoio a ela também. Creio que os dois estejam mal. - ela completou e checou o relógio. - Vamos, . Vou te levar ao aeroporto.
- Já te enviei o meu endereço, . - Grazi disse, assim que se levantou do sofá e eu sorri.
- Obrigada. - peguei minha mala e passei pela porta. - Vamos.
Essa seria minha última oportunidade de ficar com Harry antes do ano novo. Meu namorado viajaria para o México, para fazer um show de virada de ano na capital do país. Enquanto eu ficaria em Nova Iorque para assistir o show de Catherine Heinze na Times Square ao lado de meus amigos da banda The Maine.
Seria o momento ideal para eu apresentar a ele minha nova música, mais uma que foi composta pensando nele. Desde nossa viagem juntos, ele tem sido minha maior inspiração. Talvez, meu pai estivesse feliz, porque finalmente achei alguém que não fosse ele para ser dono de alguma de minhas composições.
e Grazi foram para a casa da menina, pois assim poderiam receber Sehn com calma. e eu estávamos a caminho do aeroporto e dessa vez eu estava indo para Los Angeles sem dúvidas e sem um aperto no coração.
Não tinha Kendall, não tinha o medo do novo.
Éramos nossos, eu e Harry. E nada mudaria isso, não enquanto quiséssemos ser.
Capítulo 31
"Wherever I go you bring me home..." - Sweet Creature, Harry Styles
O clima de Los Angeles era sempre o mesmo. Os tons alaranjados no céu mostravam o quão quente era a temperatura. O aeroporto estava pouco movimentado na aérea de desembarque, o que me deixou contente por não precisar lidar com os paparazzi que faziam questão de me seguir sem motivos aparentes.
Chamei um táxi para me levar até a casa de Harry, e o caminho que não era visto há tempos, se fazia reconhecido. Os mesmos muros, as mesmas ruas, tudo como me lembrava.
Aproveitei o trânsito para perguntar à Grazi como Sehn estava, e avisar à e que eu já estava em solos hollywoodianos.
Minha resposta para as três mensagens foi uma foto dos três juntos almoçando na casa de .
Bufei, soltando uma risada.
Bloqueei o celular quando o portão da casa de Styles apareceu em minha frente. Peguei minha única mala no bagageiro do táxi e paguei o motorista. Minhas mãos suavam no momento que toquei o interfone e Jacob respondeu com sua voz mansa.
- Quem deseja? - soou levemente.
- Oi, Jacob. É a . - sorri, mesmo sabendo que ele não estava me vendo.
- Senhorita , que surpresa. - ele disse animado. - Entre, o senhor Styles ainda não chegou, mas em breve estará aqui.
A comunicação foi cortada pelo som do grande portão sendo destravado. Passei por ele, dando de cara com o belo jardim e a bela piscina. Ah, aquela piscina.
Quando subi meu olhar, vi Jacob parado à porta de casa com um sorriso no rosto e um copo de água em mãos.
- Não precisava. - eu retribui o sorriso e aceitei o copo d'água.
- Fez boa viagem, senhorita? - ele perguntou de maneira singela.
- Pode me chamar apenas de . - ri. - E sim, eu fiz uma boa viagem. - ajeitei a alça da minha mala nas mãos. - Se não se importa, eu vou subir com minhas coisas e tomar um banho.
- Fique à vontade, . - ele disse, ainda meio sem jeito. - A casa também é sua. O senhor Styles fará questão de dizer isso, estou apenas adiantando a fala.
- Obrigada. - sorri verdadeiramente. - Qualquer coisa eu te chamo.
O homem rapidamente saiu do local onde estava, me fazendo o perder de vista.
Dessa vez eu ficaria com Harry em seu quarto. Então coloquei minha mala no canto e joguei minha bolsa em uma das cadeiras. Corri para um banho, onde pude relaxar os músculos. Coloquei uma roupa qualquer para aproveitar o calor de L.A e me sentei na cama king size de meu namorado.
Um violão encostado na parede me chamava a atenção, e no momento que me levantei para pega-lo, o barulho do portão da garagem me tirou a concentração. Harry havia chegado.
Entrei em casa com um frio na barriga estranho. Era como se eu estivesse prestes a ver pela primeira vez. Minhas mãos suavam e minha respiração era intensa. Eu me sentia como no colégio; um tremendo perdedor. E era isso que eu era. Perto de eu perdia os sentidos e tudo que me fazia ficar lúcido.
Subi as escadas sem fazer muito barulho. Eu sabia que ela estava em meu quarto, Jacob tinha me falado.
Cheguei em frente a porta branca e pensei em bater, em entrar dizendo alguma frase clichê, mas não consegui fazer nada disso. Não consegui porque estava ali, abrindo a porta e me recebendo com seu sorriso gracioso e seus cabelos molhados. Cada dia mais linda.
Não consegui agir, a brasileira foi mais rápida quando me tomou em um abraço e selou nossos lábios em um beijos saudoso.
Aquele toque era único, ter ao meu lado era algo único. Eu não me permitiria perder alguém tão incrível como ela. Nossos lábios conversavam como velhos amigos, a cada toque nosso corpo pedia por mais. Era falta, era sehnsucht, era saudade. Quando nos soltamos, o brilho nos olhos de me mostravam que ela estava ansiosa para me contar algo.
- Senti sua falta. - ela disse, ainda dispondo pequenos beijos sobre meus lábios. - Como foi a finalização do álbum?
- Eu também senti, amor. - passei o polegar em sua bochecha. - Ah, estamos indo bem. Falta apenas uma música, preciso compor até o ano novo. - bufei, e percebi que ela já havia me dado espaço para que eu entrasse no cômodo. - E como foi o aniversário de ?
- Foi incrível, conhecemos uma brasileira, a Grazi. Ela é incrível, e está cuidado de Sehn, inclusive. - ela abriu um lindo e contagiante sorriso. - Por sinal, ela e estão muito amiguinhos, aposto que em breve teremos um novo casal na roda.
- Falando em casal, você viu que barra entra o Shawn e a Madu? - suspirei e sentei na cama, sendo acompanhado por ela, que já não tinha mais um sorriso no rosto, e sim uma feição triste.
- Sim, eu vi. E estou mal demais, porque os dois são meus amigos e eu não esperava que eles chegassem a esse ponto. - passou a mão direita pelo cabelo. - Shawn está péssimo e eu não consegui dar a ele a atenção que merece. Estou me sentindo uma péssima amiga. - ela soltou o ar pelos lábios. Aproximei meu corpo do dela, a envolvendo em um abraço.
- Ele com certeza sabe que você está aqui para o que ele precisar. - disse. - Mas eu creio que ele prefira ficar sozinho por enquanto. - ela concordou com a cabeça. - Você é uma ótima amiga, . Ninguém pode negar isso. - ela ia abrir a boca para falar, mas eu a interrompi. - Isso serve para Madu também. Sei que ela está voltando para o Brasil, mas tenha certeza de que ela é grata por sua amizade. Assim como Shawn. - ela sorriu fraco e selou nossos lábios rapidamente.
- Obrigada por isso. Você é incrível. - sussurrou. - Tão incrível que eu te compus outra canção. - ela se levantou rapidamente e foi até o violão bege que costumava ficar em meu quarto, meu fiel companheiro de noites mal dormidas. - Estranhamente você tem sido minha maior inspiração para compor. É tudo sobre você, é isso não é usual. - riu fraco. - Mas estou gostando. - ajeitou o instrumento perto de seu corpo. - Pronto? Eu terminei a melodia dessa um pouco depois de voltarmos de viagem, mas a letra foi escrita assim que fui embora de Los Angeles pela primeira vez. - maneei em concordância. - Essa é Ever Since New York.
(Coloque a música pra tocar)
A garota formou um acorde de Ré no violão e começou a tocar. Automaticamente um sorriso se colocou em meus lábios, era incrível o que ela conseguia fazer com apenas alguns atos.
Tell me something, tell me something
(Me diga algo, me diga algo)
You don't know nothing, just pretend you do
(Você não sabe de nada, apenas finge que sabe)
I need something, tell me something new
(Preciso de algo, diga-me algo novo)
Choose your words, 'cause there's no antidote
(Escolha suas palavras, porque não têm antídoto)
For this curse or what's in waiting for
(Para essa maldição ou o que ganhamos esperando)
Must this hurt you just before you go
(Isso irá te machucar antes de você partir)
Aquelas palavras encaixadas ao momento nas quais foram escritas faziam total sentido. implorava para que eu dissesse à ela o que estava sentindo desde os nossos momentos pela primera vez, nesta casa.
Oh, tell me something I don't already know
(Me diga algo que eu ainda não sei)
Oh, tell me something I don't already know
(Me diga algo que eu ainda não sei)
Ela ainda não sabia, mas hoje ela sabe. Não sabe?
Brooklyn saw me, empty avenues
(Brooklyn me viu, avenidas vazias)
There's no water inside this swimming pool
(Não há água dentro dessa piscina)
Almost over, had enough from you
(Quase no fim, já tive o bastante de você)
And I've been praying, I never did before
(Eu tenho rezado, e eu nunca fiz isso antes)
Understand I'm talking to the walls
(Entenda, eu tenho falado com as paredes)
I've been praying ever since New York
(Eu tenho rezado desde Nova Iorque)
Então era verdade. Seu sentimento era recíproco desde que saímos juntos pela primeira vez, ainda no Hilton.
Oh, tell me something I don't already know
(Me diga algo que eu ainda não sei)
Agora a dúvida rondava minha mente. Ela realmente sabia o que eu sentia por ela? Será que era cedo demais para falar as três palavras?
Tell me something, tell me something
(Me diga algo, me diga algo)
You don’t know nothing, just pretend you do
(Você não sabe de nada, apenas finge que sabe)
Tell me something just before you go
(Me diga algo antes de ir)
Seu sorriso brincava seus lábios, e eu me sentia cada vez mais um bobo apaixonado.
Oh, tell me something I don't already know
(Me diga algo que eu ainda não sei)
Assumo que pensei fortemente em dizer, mas ainda não era o momento. Não queria assusta-la. Não agora.
Ela finalizou a canção e me olhou com dúvida, como se buscasse por minha aprovação. Mas ela não precisava disso, ela era perfeita e sabia disso.
- Uau. - disse. - Sua arte é a coisa mais linda desse mundo. - me aproximei de sua boca, permitindo meus lábios roubarem um beijo. - Assim como você. - um sorriso tímido surgiu por parte dela. - Eu estou extremamente contente por saber que você escreveu algo pensando em mim. - segurei suas mãos e a encarei. - E caso você não saiba, Schulte, eu estou apaixonado por você.
- Enquanto eu tocava, algo passava em minha cabeça. - ela disse baixo. - Essa música me lembra você em todos os aspectos, inclusive em seu estilo e melodia. - seu dedo acariciava o topo de minha mão. - Você não quer que ela seja a música que está faltando para seu álbum?
Meu coração por um momento falhou. Meus ouvidos deveriam estar sendo enganados e aquilo que eu ouvi era apenas uma invenção do meu cérebro. tinha acabado de me oferecer, por pura e espontânea vontade, uma de suas músicas.
- Você está falando sério? - perguntei. - Digo; amor, isso é algo tão íntimo para ti. Não quero que se sinta pressionada em me dar alguma de suas músicas só porque você acha que combina comigo. - eu falava rápido, devido nervosismo. - Você sabe como será quando as pessoas descobrirem que minha namorada foi quem escreveu essa canção. - suspirei. - Eles não vão te respeitar pelo seu talento, e sim pelo status que você, infelizmente, carrega.
- Harry. - ela disse rindo. - Se acalma, meu amor. - ela depositou um beijo em minha bochecha. - Você foi quem me fez abrir os olhos. A primeira pessoa que me inspirou a compor depois de meu pai. - sorriu. - Eu acho que está no momento certo. E essa música é perfeita para você, e para sua voz. - completou. - E é sua. Sem mais discussões.
- Tem certeza? - perguntei.
- Apenas va para o estúdio amanhã e termine este álbum. - gargalhou. - Combinei um brunch com a Ada, nesse meio tempo você grava esta belezinha.
- Combinado. - nosso acordo foi firmado com um beijo. O mesmo que eu sentia falta mesmo estando longe por tão pouco tempo, o mesmo que eu gostaria de ter para o resto de minha vida.
Capítulo 32
"She is all i need..." - She Is Love, Parachute
*Esse capítulo tem participação de personagens da fic Hazel da Bru Freire*
A vida as vezes nos prega peças incríveis. Ontem eu disse a Harry, em um estado de sobriedade desconfiável, que ele poderia usar uma de minhas músicas em seu álbum. Mas, hoje quando acordei, percebi que talvez eu tenha cometido a maior burrada de minha existência. E se desse errado? E se as pessoas começassem a falar que estou tentando sugar a fama de meu namorado?
O surto durou apenas alguns segundos até que Harry se movimentou levemente na cama e abriu aqueles olhos verdes que me matavam de amor.
- Bom dia, está tudo bem? - sua voz era sonolenta.
- Estaria mal se não estivesse acordando ao seu lado. - sorri verdadeiramente.
- Eu esperei muitos meses para isso. - ele se aproximou e me deu um selinho. - E quero poder ouvir você repetindo essa frase pelo resto da vida.
- Está me pedindo em casamento, Harry Styles? - semicerrei os olhos e sorri.
- Não no momento. - ele disse. - Mas um dia eu farei.
Meu coração acelerou como se eu estivesse no topo da pior montanha russa. Me senti uma criança com medo de palhaços. Uma tola com medo do futuro. Mas, eu não podia conter a felicidade que aquela frase trouxe para mim. Talvez eu realmente quisesse passar o resto da vida ao lado daquele homem.
- Bom, já que acordei vou mandar uma mensagem ao Mitch e encontrá-lo no estúdio o mais rápido possível. - ele se sentou na cama. - Assim podemos jantar juntos.
- Justo. - olhei o relógio ao lado da cama, e tínhamos passado do almoço a algum tempo. - Já é tarde, vou mandar uma mensagem para Ada e pedi-la para me encontrar em frente ao restaurante que sugeriu para nós.
- Faça isso. Vou tomar um banho no banheiro de baixo, pode usar esse se quiser. Antes de sair venho te dar um beijo. - levantou da cama e parou ao meu lado, encostando os lábios em minha testa. Seus olhos procuraram os meus e os encararam por um momento. Uma tensão estranha tinha se formado, como se Harry desejasse dizer algo, mas não conseguisse. - Já volto. - foi o que ele disse, mesmo eu tendo certeza de que não era o que queria dizer.
Passei a mão pelo cabelo e suspirei antes de levantar para o banho. Peguei meu celular na escrivaninha e mandei uma mensagem a Ada avisando que a encontraria no intervalo de uma hora. Fui até o banheiro e tomei um banho calmo. Assim que sai do cômodo, Harry já estava sentado na cama, calçando suas botas.
- Ei. - olhou para mim. - Por mais que você esteja me seduzindo com essa toalha, eu preciso ir. - se levantou e veio até mim, me dando um beijo lento. - Te vejo mais tarde, amor.
Borboletas. Por que elas faziam tanta festa em meu estômago quando eu estava ao lado dele?
- Nos vemos logo. - sorri. - Boa sorte gravando a música.
- Ela é perfeita, . - ele estava próximo a porta, ajeitando seu cinto. - Você é talentosa, e eu estou orgulhoso. - disse. - Seu pai também está. Tenha certeza disso. - mais uma vez nossos olhos se esbarraram, mas agora em uma distância maior. Eu estava acostumada a encarar Harry. Mas, por que naqueles momentos era tão difícil?
E pela primeira vez eu tive a vontade de dizer à ele.
- Vou sentir sua falta. - foi o que saiu.
- Eu também. - ele abaixou a cabeça e deu um sorriso, logo saindo do quarto.
Todas as mesas eram estilo cabine, com poltronas brancas e super confortáveis. Assim que entrei no recinto, pude ver sentada em uma dessas, uma bela mulher de cabelos loiros e olhos penetrantes. Era Ada, integrante da Springs and Summer, a minha amiga virtual de Los Angeles.
- . - ela levantou a mão acenando.
- Oi, Ada. - sorri e me aproximei, dando um beijo no rosto da menina.
- Foi difícil pra encontrar o restaurante? - ela perguntou.
- Não, super fácil. Por mais que eu achei que me perderia. - ri e a menina me acompanhou. - Bom, vamos pedir algo para comer?
- Já pedi algumas coisas para nós assim, quando você chegasse, já teríamos comida a caminho. - ela chegou para o lado, me dando espaço para sentar.
- Inteligente! - eu disse e ela sorriu envergonhada.
A conversa fluiu de uma forma que eu achei que não fosse fluir. Era como se nos conhecêssemos há anos. Falávamos sobre nossos amigos, nossas famílias, o que planejavamos para o futuro. Tudo que eu mais queria era um tempo assim.
- , você está com uma carinha estranha desde que chegou. - Ada deu um gole no vinho branco que nos fora servido. - Está tudo bem?
- Eu acho que amo o Harry. - me rendi à dizer e logo lembrei de Madu. Foi exatamente num cenário como esse que a garota me disse que amava Shawn.
Ada sorriu largamente após ouvir a frase.
- Porém, eu tenho medo de dizer. Tenho medo que tudo isso acabe. - suspirei. - Sinto que nosso relacionamento tem uma data de validade. Como se estivesse fadado à acabar depois que o álbum de Shawn fosse finalizado.
- Por que esse medo, ? - ela perguntou.
- A Republic não me dá uma posição sobre meu contrato, ou se continuarei por lá. Eu tenho medo deles me chutarem e eu precisar voltar para o Brasil e deixar tudo isso para trás. Medo de deixar Harry para trás. - tirei tudo que pesava, coloquei pra fora as palavras que eu precisava dizer.
- Não tenha medo do futuro, . Apenas viva o presente e não pense muito no que pode acontecer. - disse. - O futuro é uma surpresa, mas você tem grande participação na construção dele.
- Obrigada por isso, amiga. - sorri e a abracei de lado. - Vamos terminar de devorar essas delícias, então.
Ainda estava tudo desligado, o que me fez pensar que provavelmente Harry ainda não tivesse chegado do estúdio.
Mas, o pensamento foi retirado logo que abri a porta e vi um caminho de rosas pela sala.
Meus olhos se encheram de lágrima por um instante. Ele não estava fazendo isso.
Segui as flores até a varanda, que era pra onde levavam. Ao chegar no lugar marcado, vi Harry com seu violão em mãos e um sorriso no rosto.
- Você escreveu uma música para mim assim que saiu de Los Angeles pela primeira vez. - ele disse. - Eu fiz o mesmo, . - um sorriso se formou em meus lábios. - E você vai embora amanhã mais uma vez. Não posso te deixar ir sem ouvir a música que tem seu nome.
(aperte o play na música)
Don’t know where you’re laying
(Não sei onde está deitando)
Just know it’s not with me
(Só sei que não é comigo)
Don’t know what I’d tell you if
(Eu não sei o que falaria)
I passed you on the street
(Se eu passasse por você na rua)
Quando sua voz rouca começou a soar, meus pelos do corpo se arrepiaram instantaneamente.
Suas palavras eram duras e dolorosas, ele claramente falava sobre Danny e seu desejo de estar em seu lugar nos momentos em que estávamos.juntos.
I don’t want your sympathy
(Eu não quero sua simpatia)
But you don’t know what you do to me
(Mas você não sabe o que faz comigo)
Oh, !
Every time I see your face
(E toda vez que vejo seu rosto)
There’s only so much I can take
(É muito mais do que posso aguentar)
Oh, !
O refrão me pegou de surpresa. Ele realmente citava meu nome, com todas as letras. Não pude conter o sorriso.
Don’t know how you taste when
(Não sei qual seu gosto quando)
There’s smoke in your perfume
(Tem fumaça em seu perfume)
Chew me up and spit me out
(Me mastigue e me jogue fora)
Nothing left to lose
(Nada a perder)
As vezes eu não entendia o que Harry queria dizer, e essa foi uma das vezes. Sorri, ainda meio em dúvida, mas agradeci mentalmente ao universo por ter me enviado uma pessoa tão louca quanto eu.
Hope you never hear this
(Espero que você nunca ouça isso)
And know that it’s for you
(E saiba que é para você)
I don’t know what I’d tell you if
(Eu não sei o que falaria)
You asked me for the truth
(Se me pedisse a verdade)
Qual era a verdade? O que ele escondia de mim?
I don’t want your sympathy
(Eu não quero sua simpatia)
But you’ll never know what you do to me
(Mas você não sabe o que faz comigo)
Oh, !
Every time I see your face
(Toda vez que vejo seu rosto)
There’s only so much I can take
(Tem muito mais do que eu possa aguentar)
Oh, !
Well I guess it would be nice
(Bom, eu acho que seria legal)
If I could touch your body
(Se eu pudesse te tocar)
E quando ele começou a cantar o refrão mais uma vez, eu percebi que o acompanhava, dublando as palavras que ele proferia.
Ao terminar a canção seus olhos encontraram os meus pela terceira vez no dia de hoje.
A mesma sensação de antes tomou conta de meu corpo. Borboletas, nervosismo, medo.
Ele deixou o violão de lado e se levantou, vindo em minha direção.
- Não se assuste, esse ainda não é seu pedido de casamento. - ele riu e eu também. - Mas, . - ele ajeitou os fios rebeldes de meu cabelo que insistiam em ficar no meu rosto. - Eu quero que saiba, que desde a primeira vez que te vi, eu soube que você era tudo que eu precisava. Você na festa de , com aquele vestido que desenhava perfeitamente sua silhueta, com seu sorriso cativante e suas conversas sobre música. - ele dizia. - Desde aquele dia eu sabia que era você, mas eu demorei para assumir isso a mim mesmo, demorei porque eu sou fraco e medroso. - segurou minha mao. - E quando fomos viajar, ficamos juntos, adotamos Sehn, demos início ao verdadeiro nós. Foi lá que eu soube dos meus sentimentos por você. - ele suspirou. Ele não ia dizer, ia? - Não quero que se sinta pressionada a falar algo, apenas me escute e leve no coração. - eu maneei a cabeça. - Aquelas malditas três palavras estão brincando com minha língua no momento, mas eu não sei ao certo se posso dizer. Por isso quero que saiba que elas estão ali, prontas para saírem a qualquer momento, e que elas são verdadeiras.
- Eu sinto o mesmo. - disse baixo. - Mas também não sei se devo dizer.
- Não precisamos dizer agora. - me abraçou. - Mas, é verdade. Você sabe.
- Você sabe, Harry. - eu sussurrei. Aquela era a forma que tínhamos encontrado naquele momento para dizer que nos amávamos, e era apenas isso que eu queria. Não era preciso que ele dissesse, nem que eu dissesse. A única coisa necessária era esse momento no qual sabíamos que seríamos nossos para sempre, não importa o que acontecesse.
Capítulo 33
Harry
"I need to get my story straight..." - We Are Young, FUN.
Privilegiado. Essa era a palavra exata para dizer como eu me sentia ao estar ao lado de . Em nenhum momento do dia anterior eu menti sobre o que sentia, ou sobre todo o resto.
Eu queria ter uma vida ao lado dela, queria poder acordar e ter a mesma cena todos os dias; seus olhos castanhos me presenteando com sua calmaria.
era tudo que eu precisava, e finalmente encontrei.
Meu coração pesava só de saber que daqui algumas horas ela estaria voltando para Nova Iorque. O planejado era para que ela ficasse um pouco mais, mas pelo que parece, ainda há coisas a serem organizadas antes da chegada de Shawn e ela precisaria fazer isso.
Faltava um dia para véspera de ano novo, e infelizmente eu não estaria ao seu lado desta vez.
se movimentou na cama e seu braço envolveu meu abdome descoberto. O choque fez com que ela abrisse os olhos com calma e desse um sorriso fraco.
- Bom dia, amor. - ela disse, e poder ouvir sua voz me chamando por aquele apelido me fazia ir ao céu e voltar em questão de segundos.
- Bom dia, princesa. - beijei o topo de sua cabeça e sorri. - Vamos tomar café em algum lugar e depois voltar para aproveitar as últimas horas juntos?
- Já está me expulsando? - ela riu.
- Você sabe que se eu pudesse, te chamaria para morar comigo agora mesmo. - ela me encarou. - Mas, já te disse que ainda não é o momento.
- Certo. - sorriu com os lábios selados e se levantou da cama. - Vou me arrumar para o café. Sugiro que faça o mesmo. - ela apontou para mim. - Não vou gostar muito caso você saia pelado pelas ruas da Costa Leste.
- Os paparazzi adorariam. - brinquei, também me levantando.
- E você ama uma mídia, né? - pude sentir a ironia em sua voz e ela estava certa. Eu odiava exposição em excesso. - Vai logo. - Me jogou uma toalha branca. - Some daqui antes que eu te ataque e a gente não sai nunca para o café.
- Bom, podemos ter uma entrada antes do café. - sorri malicioso e me aproximei da brasileira, deixando nossos lábios por milímetros de distância.
- Você venceu.
🎙❤📝
Via Harry se distanciar a cada passo que eu dava em direção ao avião. Mais uma vez eu iria ficar longe dele, e dessa, seria por mais tempo que o desejado.
Queria passar o ano novo ao seu lado e fazer todas aquelas promessas ridículas que casais fazem antes da meia noite, mas não seria capaz.
Harry viajaria em algumas horas para o México, onde realizaria o show de ano novo na capital do país.
Senti meu estômago embrulhar por um momento. Já era saudade?
Caminhei até minha poltrona e me acomodei.
Passaram-se alguns minutos e as aeromoças começaram a fazer sua coreografia perfeitamente ensaiada para nos indicar as principais saídas de emergência e outras coisas relacionadas.
Ao finalizarem, todos já estavam de cintos atados e poltronas eretas. Iríamos decolar.
O motor do avião ligou e eu pude sentir minhas mãos molhadas de suor.
Normalmente eu não tinha medo de viajar, eu já estava acostumada. Mas dessa vez algo estava errado.
Mais uma vez senti meu estômago embrulhar e todo meu lanche de mais cedo pedir espaço para sair de meu corpo.
Fechei os olhos com calma e tentei convencer meu corpo de que tudo que estava acontecendo ali era normal, não precisava ter medo.
Mas era o que eu tinha dúvida: aquilo era realmente medo?
Uma das comissárias se aproximou e parou seu olhar sobre mim.
- A senhorita está bem? - perguntou. - Está um pouco pálida.
- Estou sim. - menti. - Deve ser algo que comi e me fez passar mal. Vou tomar um dos remédios que eu tenho na bolsa e logo melhoro.
- Qualquer coisa estamos à disposição. - ela disse, com um sorriso e logo saiu.
🎙❤📝
Eram poucas horas de voo, mas para mim pareceram uma eternidade.
O relógio marcava 4p.m em Nova Iorque, logo que desembarquei , e Grazi estavam me esperando.
Eu me sentia tão fraca que nem a mala eu conseguia carregar.
- Está tudo bem? - perguntou.
- Por que todo mundo está me perguntando isso? - bufei. - Estou bem, amiga. Só comi algo que me deixou enjoada.
- Vamos para casa, então. Vou comprar uns antiácidos. - ela disse com uma feição desconfiada.
e Grazi estavam um pouco mais a frente. Nós iríamos para a casa do rapaz, já que Sehn estava lá e eu precisaria levá-lo para meu apartamento.
Logo que chegamos, a bola de pelos dourada veio como um furacão pra cima de mim, me recebendo com latidos finos e muitas lambidas.
Abracei-o e percebi o quanto estava com saudades, o quanto ele era importante para mim.
Meu telefone começou a tocar dentro da bolsa, e vi que era uma chamada de Shawn.
- Oi,nuts. - eu disse ao atender, e ele fez um bico engraçado.
- Ann, será que você conseguiria me buscar no aeroporto essa madrugada? - ele perguntou de forma bem direta. Seu tom de voz era triste, o que fez meu coração quebrar por uns instantes.
- Claro. Depois me mande as informações do vôo e eu estarei lá. - sorri, mesmo que ele não pudesse ver.
- Obrigado. - ele sussurrou.
- Não há de quê.
A ligação foi desligada, e eu precisava voltar pra casa logo se eu quisesse estar descansada para buscar Shawn.
Avisei à todos da casa que iria embora, e o motivo. foi gentil o suficiente para me dar uma carona até o apartamento e dizer que adiantaria tudo que fosse necessário.
Logo que subi com Sehn, entramos no apartamento que estava impecável de tão limpo. Provavelmente os meus três amigos fizeram uma limpeza no local antes de eu voltar.
Deixei minha mala no canto da sala e senti uma forte fadiga tomar conta de mim. Procurei a poltrona mais próxima e me joguei nela, Sehn veio até mim e deu uma generosa lambida em uma das minhas mãos.
- Acho que estou cansada da viagem. - disse para ele. - O que acha de um banho e depois uma soneca? - perguntei com uma voz afetada e então percebi o que eu estava fazendo, conversando com um cachorro como se ele fosse gente. Eu precisava de mais alguém naquela casa, se não enlouqueceria.
Me levantei para o banho com um pouco de sacrifício, sentia como se eu estivesse carregando milhares de saco de cimento em minhas costas. Eu precisava descansar.
Depois de me banhar e, finalmente, conseguir deitar para descansar, encaminhei uma mensagem à Harry dizendo que estava bem e em casa, junto com Sehn.
Desliguei o celular e, sem perceber, caí num sono pesado, que foi interrompido apenas pelo despertador avisando que era hora de buscar Shawn no aeroporto.
"I need to get my story straight..." - We Are Young, FUN.
Privilegiado. Essa era a palavra exata para dizer como eu me sentia ao estar ao lado de . Em nenhum momento do dia anterior eu menti sobre o que sentia, ou sobre todo o resto.
Eu queria ter uma vida ao lado dela, queria poder acordar e ter a mesma cena todos os dias; seus olhos castanhos me presenteando com sua calmaria.
era tudo que eu precisava, e finalmente encontrei.
Meu coração pesava só de saber que daqui algumas horas ela estaria voltando para Nova Iorque. O planejado era para que ela ficasse um pouco mais, mas pelo que parece, ainda há coisas a serem organizadas antes da chegada de Shawn e ela precisaria fazer isso.
Faltava um dia para véspera de ano novo, e infelizmente eu não estaria ao seu lado desta vez.
se movimentou na cama e seu braço envolveu meu abdome descoberto. O choque fez com que ela abrisse os olhos com calma e desse um sorriso fraco.
- Bom dia, amor. - ela disse, e poder ouvir sua voz me chamando por aquele apelido me fazia ir ao céu e voltar em questão de segundos.
- Bom dia, princesa. - beijei o topo de sua cabeça e sorri. - Vamos tomar café em algum lugar e depois voltar para aproveitar as últimas horas juntos?
- Já está me expulsando? - ela riu.
- Você sabe que se eu pudesse, te chamaria para morar comigo agora mesmo. - ela me encarou. - Mas, já te disse que ainda não é o momento.
- Certo. - sorriu com os lábios selados e se levantou da cama. - Vou me arrumar para o café. Sugiro que faça o mesmo. - ela apontou para mim. - Não vou gostar muito caso você saia pelado pelas ruas da Costa Leste.
- Os paparazzi adorariam. - brinquei, também me levantando.
- E você ama uma mídia, né? - pude sentir a ironia em sua voz e ela estava certa. Eu odiava exposição em excesso. - Vai logo. - Me jogou uma toalha branca. - Some daqui antes que eu te ataque e a gente não sai nunca para o café.
- Bom, podemos ter uma entrada antes do café. - sorri malicioso e me aproximei da brasileira, deixando nossos lábios por milímetros de distância.
- Você venceu.
Via Harry se distanciar a cada passo que eu dava em direção ao avião. Mais uma vez eu iria ficar longe dele, e dessa, seria por mais tempo que o desejado.
Queria passar o ano novo ao seu lado e fazer todas aquelas promessas ridículas que casais fazem antes da meia noite, mas não seria capaz.
Harry viajaria em algumas horas para o México, onde realizaria o show de ano novo na capital do país.
Senti meu estômago embrulhar por um momento. Já era saudade?
Caminhei até minha poltrona e me acomodei.
Passaram-se alguns minutos e as aeromoças começaram a fazer sua coreografia perfeitamente ensaiada para nos indicar as principais saídas de emergência e outras coisas relacionadas.
Ao finalizarem, todos já estavam de cintos atados e poltronas eretas. Iríamos decolar.
O motor do avião ligou e eu pude sentir minhas mãos molhadas de suor.
Normalmente eu não tinha medo de viajar, eu já estava acostumada. Mas dessa vez algo estava errado.
Mais uma vez senti meu estômago embrulhar e todo meu lanche de mais cedo pedir espaço para sair de meu corpo.
Fechei os olhos com calma e tentei convencer meu corpo de que tudo que estava acontecendo ali era normal, não precisava ter medo.
Mas era o que eu tinha dúvida: aquilo era realmente medo?
Uma das comissárias se aproximou e parou seu olhar sobre mim.
- A senhorita está bem? - perguntou. - Está um pouco pálida.
- Estou sim. - menti. - Deve ser algo que comi e me fez passar mal. Vou tomar um dos remédios que eu tenho na bolsa e logo melhoro.
- Qualquer coisa estamos à disposição. - ela disse, com um sorriso e logo saiu.
O relógio marcava 4p.m em Nova Iorque, logo que desembarquei , e Grazi estavam me esperando.
Eu me sentia tão fraca que nem a mala eu conseguia carregar.
- Está tudo bem? - perguntou.
- Por que todo mundo está me perguntando isso? - bufei. - Estou bem, amiga. Só comi algo que me deixou enjoada.
- Vamos para casa, então. Vou comprar uns antiácidos. - ela disse com uma feição desconfiada.
e Grazi estavam um pouco mais a frente. Nós iríamos para a casa do rapaz, já que Sehn estava lá e eu precisaria levá-lo para meu apartamento.
Logo que chegamos, a bola de pelos dourada veio como um furacão pra cima de mim, me recebendo com latidos finos e muitas lambidas.
Abracei-o e percebi o quanto estava com saudades, o quanto ele era importante para mim.
Meu telefone começou a tocar dentro da bolsa, e vi que era uma chamada de Shawn.
- Oi,nuts. - eu disse ao atender, e ele fez um bico engraçado.
- Ann, será que você conseguiria me buscar no aeroporto essa madrugada? - ele perguntou de forma bem direta. Seu tom de voz era triste, o que fez meu coração quebrar por uns instantes.
- Claro. Depois me mande as informações do vôo e eu estarei lá. - sorri, mesmo que ele não pudesse ver.
- Obrigado. - ele sussurrou.
- Não há de quê.
A ligação foi desligada, e eu precisava voltar pra casa logo se eu quisesse estar descansada para buscar Shawn.
Avisei à todos da casa que iria embora, e o motivo. foi gentil o suficiente para me dar uma carona até o apartamento e dizer que adiantaria tudo que fosse necessário.
Logo que subi com Sehn, entramos no apartamento que estava impecável de tão limpo. Provavelmente os meus três amigos fizeram uma limpeza no local antes de eu voltar.
Deixei minha mala no canto da sala e senti uma forte fadiga tomar conta de mim. Procurei a poltrona mais próxima e me joguei nela, Sehn veio até mim e deu uma generosa lambida em uma das minhas mãos.
- Acho que estou cansada da viagem. - disse para ele. - O que acha de um banho e depois uma soneca? - perguntei com uma voz afetada e então percebi o que eu estava fazendo, conversando com um cachorro como se ele fosse gente. Eu precisava de mais alguém naquela casa, se não enlouqueceria.
Me levantei para o banho com um pouco de sacrifício, sentia como se eu estivesse carregando milhares de saco de cimento em minhas costas. Eu precisava descansar.
Depois de me banhar e, finalmente, conseguir deitar para descansar, encaminhei uma mensagem à Harry dizendo que estava bem e em casa, junto com Sehn.
Desliguei o celular e, sem perceber, caí num sono pesado, que foi interrompido apenas pelo despertador avisando que era hora de buscar Shawn no aeroporto.
Capítulo 34
Personagens de Nobody Will Ever Be Like You, da Grazie S e de Trato Feito da Lana Guedes estão presentes nesse capítulo.
Já era dia 31, porque o relógio marcava duas da manhã e faltava apenas uma hora para Shawn pousar.
Coloquei uma roupa qualquer peguei o carro para ir buscá-lo.
Dentro do veículo algumas músicas tocavam na rádio, dentre elas, umas selecionadas do McFly, que me trouxeram uma grande nostalgia. Aumentei o som e cantei Love is on The Radio com toda força que eu tinha, rindo sozinha.
Assim que cheguei no aeroporto, percebi a vantagem de viajar de madrugada: aeroporto vazio e sem muitos paparazzi.
Estacionei na primeira vaga que encontrei entrei no local. Chequei meu celular para recordar em qual portão de desembarque eu encontraria Mendes.
Me sentei em qualquer poltrona perto do número indicado e me pus a esperar. Quando eu estava prestes a levantar e procurar algo para comer, vejo um ser de quase dois metros de altura, um violão e uma mala. Logo que o mesmo me viu, sorriu sem mostrar os dentes. Não gostava de dizer, mas Shawn estava péssimo. Ao seu lado, Brian vinha com sua melhor cara de sono e um travesseiro daqueles que usamos no pescoço durante viagens. Seu cumprimento para mim foi apenas um sorriso, já que não estava capaz de raciocinar muito bem.
- Bom dia, Ann. - Shawn disse, ao se aproximar.
O puxei para um abraço, talvez o mais forte que eu poderia te dar. Meus braços não eram os de Maria Eduarda, mas eu realmente esperava que ele pudesse encontrar neles conforto nos dias ruins. Pra isso servem os amigos.
Ele retribuiu o abraço, me puxando mais pra perto, e eu sabia que se continuássemos ali ele choraria, por isso me afastei.
- Vamos. Vou os deixar no hotel. - sorri e peguei uma de suas bagagens. - Eu te ajudo com isso. Tem certeza que não querem ficar lá em casa? - ele apenas acenou em concordância.
Caminhamos, sem muita preocupação, até o carro. Eles guardaram suas coisas e Mendes sentou no banco do carona, na frente, e Brian no banco de trás. Eu fiz o mesmo, os ajudando com as malas, e depois me sentei no lado destinado ao motorista.
O trajeto foi longo e silencioso, Shawn parecia pensativo e Brian tirava um cochilo. Uma das únicas vezes que Mendes se comunicou comigo foi após uma música especifica tocar na rádio. Era uma da banda brasileira AnaVitória, ele arregalou os olhos logo que o primeiro acorde soou.
- . - ele me chamou em tom baixo e eu respondi com um murmúrio. - Você conversou com a Madu, não é? - cuspiu o que ele, desde que me viu no aeroporto, queria perguntar.
- Bom, Shawn, eu e ela ficamos muito amigas. - parei o carro no sinal vermelho e virei meu rosto para ele. - Então, sim, conversamos.
- E como ela está? - ele sussurrou e sua dor podia ser sentida.
- Eu não vou dizer que ela está bem, porque você, tanto quanto eu, sabe que ela não está. - o sinal abriu e eu decidi parar o carro num acostamento próximo. - Olhe pra mim, Shawn. - chamei sua atenção e ele fez. - Eu sou amiga e quero o bem dos dois. Por esse, e outros mil motivos, eu não vou te dar detalhes da minha conversa com Maria Eduarda. - eu falava calmamente. - Mas, o que eu posso te dizer é: ela está tão mal quanto você, e ela está assim porque te ama. - ele me encarava com os olhos um pouco marejados. - As vezes, algumas coisas precisam acontecer para que nós possamos aprender com nossos erros. - tomei um pouco de fôlego. - Vocês ainda se amam e se respeitam, mas agora é necessário o tempo. Não para superar, mas para se desfazer da rotina, tentar não se machucar ainda mais.
- Mas... - ele disse.
- Mas, nada. - completei. - Você quer seu tempo sozinho, e eu respeito. Nao vou ficar te perguntando como está ou se quer desabafar. Mas, a única coisa que eu quero que saiba, é que eu estou aqui para quando precisar fazer isso. - eu sorri e Shawn me acompanhou.
- Obrigado por isso, nuts. - ele me puxou para um abraço.
- Eu te amo, conte comigo sempre.
Quando peguei o pacote com o rapaz, eu pude sentir que era leve o suficiente para não ser uma bomba ou algo capaz de me matar.
Meus cabelos estavam cheios de bobes e meu rosto com a maquiagem pela metade, já que eu tinha ficado a tarde inteira com Catherine, no hotel onde Shawn estava hospedado.
Botei a caixa em cima da mesa e fui até a cozinha pegar uma faca, ou qualquer coisa afiada que pudesse me auxiliar a rasgar o lacre.
Assim que consegui abrir, vi que ali tinha um vestido branco cheio de brilho, com uma saia transparente e um decote matador. Ao lado da roupa tinha uma carta.
",
Sabemos que a noite de Ano Novo é uma noite especial, e o quão importante é dividir esse tempo com quem amamos.
Por isso, nós e o nosso garoto propaganda, Harry Styles, decidimos te presentear com um dos nossos exclusivos para você desfilar pela Times Square sem se sentir longe de seu amado.
Esperamos que aproveite a noite e que o próximo ano seja mais que especial.
Com amor,
Gucci."
Em primeira instância meu queixo foi ao chão, mas logo depois um sorriso tomou conta de meu rosto. Harry pensava em tudo, e mesmo de longe ele conseguiu me fazer sorrir. Eu realmente estava apaixonada por ele.
Terminei a maquiagem e o cabelo e logo me vesti para as nossas comemorações.
Kennedy, Pat e John passariam para me buscar as dez.
O combinado entre eu e os meninos do The Maine foi o de ficar algumas horas se divertindo, ja que eles voltariam para casa antes da virada, para passarem esse momento em familia.
Já com o resto foi: assistir a apresentação de Cat na virada e logo depois sair para beber e comemorar o novo ano.
A cantora e eu tivemos essa ideia um pouco mais cedo, quando ainda estávamos junto à Shawn. Então nos mobilizados à conseguir tudo o mais rápido possível. Cat conseguiu o camarote, e o local do after e , como o bom festeiro que é, não me decepcionou ao conseguir não só bebida, mas um puta patrocínio da Heineken para a nossa festa. Não me pergunte como, mas o garoto tinha seus contatos.
Eu sabia que além de nós, Niall, Camilla, Brian e o irmão de Cat, Davi, estariam por lá.
O despertador tocou assim que o relógio marcou dez horas da noite. Sehn já estava dormindo no canto, o enrolei em um paninho para que ele se sentisse acolhido e não ficasse com medo na hora dos fogos, e desci para encontrar meus amigos.
Uma ranger preta parou em frente ao prédio, e o vidro que abaixou lentamente logo revelou um Pat sorridente ao volante.
- Então, senhorita, soubemos que também foi abandonada por seu cônjuge nesse ano novo. - ele dizia de madeira cordial. - Aceita nos acompanhar até a Times Square? - fez seu melhor sotaque.
- Se eu não te conhecesse com certeza estaria correndo agora. - eu disse, rindo.
- Entra aí no meu carango e vamos. - ele destravou a porta e eu subi no carro, dando de cara com um Kennedy de roupa social branca no banco de trás.
- Uau. - dissemos juntos.
- Graças ao bom Deus eu só tenho amigos lindos e talentosos. - levantei as mãos aos céus em tom de brincadeira.
O carro seguiu em direção ao local mais próximo de onde aconteceria o show, já que estava praticamente impossível estacionar por perto.
Enquanto eu e parte do The Maine cantávamos e dançávamos durante a apresentação de algum DJ, Catherine me enviou uma mensagem dizendo que o camarote já estava liberado para que eu entrasse.
- Meninos, a Cat ja liberou o camarote, preciso ir. - fiz uma cara triste.
- Ann, você ja sabe que não vamos ficar muito tempo por aqui. - John disse. - Pode ficar à vontade para ir.
- Jura? - perguntei.
- Juramos. - Pat disse com um sorriso no rosto.
- Amo vocês de graça. - abri os braços e corri para um abraço em grupo com meus amigos. - Bom, então já vou. Daqui a pouco Heinze começa o show, e eu não quero perder.
- Vai lá. - Kennedy sorriu. - Amanhã nos falamos. E também te amamos.
- Com certeza. - dei mais um beijo em cada um, além de desejar um feliz ano novo à eles, e fui caminhando em direção ao camarote.
No caminho, vi que uma mulher de vestido amarelo parecia impaciente esperando por alguém, quando me aproximei, percebi que tal mulher era .
- Amiga? Tá perdida? - falei perto de seu ouvido e a morena deu um pulo, assustada.
- ? - ela colocou a mão no peito. - Nunca mais faça isso. - seu semblante era sério. - Liam, e Grazi foram encontrar o tal cara da Heineken e me fizeram esperar aqui. Porque se o show começar, eu posso ligar avisando para eles voltarem.
- Não acredito. - eu segurei o riso. - Eles são uns filhos da puta.
- Pode rir, eu deixo. - ela mostrou a língua e de repente fez uma cara de alívio. - Lá estão eles. - apontou para os três que vinham em nossa direção com crachás personalizados com o logotipo da marca de cerveja. tinha mais três em mãos.
- Graças a Deus não vou precisar te procurar. - ele disse para mim, e me entregou o passe livre para a afterparty.
- Bom te ver também, . - o encarei. - Oi Liam, oi Grazi. - sorri para os dois, que fizeram o mesmo. - Pra quem é a terceira credencial?
- Ele acredita que o Shawn vai querer ficar pra festa. - Grazi disse, apontando para o namorado.
- Você come bosta? - e seu belo palavreado tomaram minha atenção. - Óbvio que ele não vai querer, . O cara tá na pior. Você as vezes parece que não pensa. - segurei o riso novamente, ver estressada era sempre um ponto alto nos meus dias.
- Vamos logo, acho que o show já vai começar. - Liam interrompeu o assunto apontando para o palco e indicando que Cat já estava se posicionando, e eu agradeci aos céus por ter sido salva da guerra que estava prestes a começar entre meus amigos.
Tentamos chegar o mais rápido possível até o camarote, e conseguimos. Assim que pisamos no local, Heinze fez um sinal a banda, que começou a tocar a primeira música.
Tudo estava tão maravilhoso. A sensação de poder estar vivendo uma das celebrações de Ano Novo mais famosas do mundo era um privilégio.
Eu gravava vídeos em meu celular para enviar à minha mãe assim que possível, ela iria adorar estar ali, assim como eu estava adorando. Enquanto eu fazia uma dessas recordações, uma mensagem de Harry chegou.
"Estou subindo agora no palco, espero que você esteja aproveitando sua noite.
Em algum lugar do mundo já é 2018, então eu te desejo o melhor ano novo que alguém pode ter. Você sabe!"
Eu sorri verdadeiramente e tudo que consegui foi o responder com um áudio onde o desejei um bom show e um bom ano novo, me segurando para não dizer as três palavras.
Catherine cantava uma de suas novas músicas enquanto eu estava abraçada com Niall, Camila, Shawn e Davi. Todos nós cantarolavamos como se soubéssemos a letra.
- O segredo pra fingir que sabe cantar uma música que ainda não foi lançada e mexer a boca de qualquer jeito e só tentar encaixar o final das palavras. - comecei a demonstrar o que eu disse, um pouco sem jeito e todos caíram numa gargalhada, inclusive Shawn que estava sério grande parte do tempo.
A música terminou e ainda faltava um minuto para o ano novo, Heinze fez um pequeno discurso, bebeu água e logo o relógio começou a indicar a contagem.
- Cinco. - todos que estavam no camarote se olharam, especialmente eu, e . Éramos gratos por estarmos vivendo aquilo juntos.
- Quatro. - encarei Shawn, que sorriu fraco pra mim. Eu sentia sua dor, queria poder abraça-lo até ela passar, mas isso não funcionaria.
- Três. - Cat sorria em cima do palco, enquanto contava.
- Dois. - fechei meus olhos, mentalizando minha família.
- Um. - o sorriso de Harry na primeira noite que nos vimos apareceu em minha mente. Maldita Nova Iorque que me trouxe o amor sem mesmo eu pedir.
- Feliz ano novo! - todos gritaram e uma onda de abraços começou a ser distribuída. Era 2018, um novo ano se iniciava.
Como ja era de se esperar, Shawn tinha voltado para o hotel. Talvez tivesse sido o melhor, ele precisava de um tempo sozinho para pensar.
Grazi, , , Liam e Niall conversavam animadamente perto do bar, no outro extremo, Camila e Davi dançavam com outras pessoas que eu não consegui reconhecer, sorri quando vi eles acenarem para mim.
Catherine, em uma mesa, conversava com seus amigos que a acompanharam até a cidade para o show da virada. Porém, assim que me viu sozinha parada perto do parapeito, pediu licença à eles e se aproximou de mim.
- Ei, Ann. - ela sorriu e seus olhos azuis brilharam. - Sentindo saudades? - falou devagar a palavra que eu havia a ensinado no dia anterior.
- Muito bem, saiu bem melhor do que antes. - eu disse e ela gargalhou. - Sim, Harry tá longe e meu coração está pequenino.
- Esse sentimento é horrível, mas nada que uma boa bebida não amenize. - piscou marota.
- Sou metade alemã, Heinze. Você sabe que essa cerveja só desce se for a única opção. - torci o lábio.
- Justo. Temos tequila. - ela disse e meu estômago revirou só de ouvir o nome da bebida. Normalmente eu amava virar alguns shots com amigos, mas por que senti vontade de vomitar apenas ao ouvir?
- Não sei. - fiz uma cara feia. - Talvez daqui a pouco, vou ao banheiro primeiro. - falei, e a vontade de vomitar aumentava aos poucos.
- Tudo bem. Te espero para bebermos juntas. - ela disse e me deu um beijo no rosto. - Feliz ano novo, minha amiga. - se afastou, voltando para o local onde estava anteriormente.
Caminhei até o banheiro com a mão na altura do estômago. Eu o sentia revirar de forma estranha. Merda! Por que eu fui inventar de comer coisas diferentes em Los Angeles?
Quando cheguei ao banheiro, foi como se meu corpo estivesse conectado à algum tipo de localizador. Meu estômago reconheceu onde estava e começou a regurgitar tudo que eu tinha comido até o momento.
Corri para a cabine mais próxima e botei tudo que podia para fora, foi a pior sensação da minha vida. Naquele momento eu decidi que neste novo ano cuidaria mais de minha saúde, principalmente indo à um médico para descobrir o que tem em meu estômago para fazer com que ele não aceite muito bem algumas comidas.
Puxei um pouco de papel higiênico e limpei minha boca, jogando-o fora logo em seguida. Levantei com calma e suspirei, talvez fosse melhor eu ir para casa.
Assim que abri a porta da cabine, dei de cara com Grazi e paradas e com semblantes sérios.
- O que acabou de acontecer aqui? - a outra brasileira disse.
- Eu não estou me sentindo muito bem, acho que comi algo que me fez mal. - disse, indo em direção a pia para lavar o rosto. - Vou pra casa.
- Tem certeza que é só isso, ? - me perguntou.
- Sim. - peguei uma quantidade generosa de água e joguei no rosto. Pelo espelho pude observar as duas se encarando como se escondessem algo de mim. Preferi não comentar, não queria esquentar minha cabeça naquele momento.
- pode te levar. - Grazi disse.
- Não, vou pedir um táxi. Fiquem tranquilas e aproveitem a noite. - me aproximei das duas e as abracei. - Feliz ano novo.
- Amanhã ficaremos o dia inteiro com você. - a assessora sugeriu e eu sorri.
- Eu aceito. - disse.
- Vá em segurança e nos avise quando chegar. - Grazi beijou minha testa.
As duas saíram do banheiro e eu encarei meu reflexo por alguns instantes. Eu estava cansada, as olheiras já estavam fundas, os olhos praticamente fechados, eu precisava de um bom sono.
Voltei para a área externa e falei com cada um, onde pude me despedir com calma e dizer que estava indo embora por estafa. Todos entenderam, me desejaram melhoras e um bom descanso.
Talvez fosse apenas isso que eu precisasse; um bom descanso.
Desci até o térreo do prédio e solicitei um táxi, que chegou em alguns minutos e me deixou em plena segurança em casa.
Haviam milhares de mensagens em meu celular, mas eu não as responderia agora. Tudo que eu consegui fazer foi tomar um banho e me jogar na cama, onde caí num sono profundo, do qual acordaria apenas no dia seguinte.
Capítulo 35
Harry
"The time is yours, your hand in mine Take a look at the world and see the signs..." - Everyone's got a Story, Mackenzie Bourg
Um ano novo se iniciava, coisas novas acontecendo em minha vida: álbum, turnê e tudo isso sem outros quatro rapazes ao meu lado. Eu já havia feito shows sozinho, inclusive já tinha apresentado algumas músicas do novo álbum, como fiz no México. Mas, era sempre um nervosismo diferente.
Em outras questões, era o primeiro ano que eu iniciava tendo a certeza de que ficaria até o fim dele com a mesma pessoa.
Estava longe de há alguns dias, mas já sentia sua falta. Recebi uma mensagem sua na virada do ano, e percebi que sua voz não estava muito boa. Mais tarde, já no dia primeiro, uma nota sobre a festa de Catherine foi publicada no TMZ. Haviam várias fotos publicadas pelos convidados presentes, e alguns cliques de paparazzi do lado externo do local. Em um desses, a pessoa em questão era , ela saiu mais cedo da festa e não estava com uma cara muito boa, que depois de trocar umas mensagens com e Cat, eu descobri ser uma feição de quem passou mal a noite toda.
Me lembro que em nossa última noite juntos comemos uns frutos do mar, e como eu sei que algumas vezes nosso organismo não reage bem à eles, deduzi que fosse uma reação à isso.
Tentava entrar em contato com ela, mas a garota não me atendia. Sinal de que ainda pudesse estar dormindo.
Cheguei ao terminal de embarque, já que estaria voltando para Los Angeles onde começaria a divulgação do album e do primeiro single, que escolhi Sign Of The Times para ser.
Desisti de tentar ligar para assim que ouvi o anúncio de que começaríamos a embarcar, então apenas enviei uma mensagem.
"Ei, . e Cat me disseram que você passou mal durante a noite. Espero que esteja melhor, se cuide ou eu precisarei ir até aí para fazer isso. Me mande notícias.
Estou voltando para Los Angeles, estaremos mais perto agora. Qualquer coisa me liga, ainda sem data para ir à NY."
Desliguei o celular, conforme as indicações da aeromoça e tentei dormir um pouco.
🎙❤📝
Se não fosse por e Graziela praticamente invadindo minha casa, eu teria dormido até o segundo dia do ano. Tudo que eu queria era ficar em meu quarto e descansar do que estivesse me fazendo mal.
Levantei devagar e caminhei até a porta da sala. As batidas sobre a madeira não pararam até eu girar a maçaneta e dar de cara com duas mulheres sorridentes e cheias de sacolas.
- Nossa, . - Grazi disse. - Parece que um caminhão passou por cima de você.
- Mas em compensação seu cabelo está com um brilho fenomenal. - completou e a outra garota cutucou sua cintura com o cotovelo, em repreensão. - Apenas a verdade.
- Entrem logo, antes que eu feche a porta de novo. - disse, seca.
- Acabamos de descobrir que a fica chata quando está passando mal. - comentou enquanto entrava em casa, e eu a mostrei o dedo.
- Não esquenta com a , ela é inconveniente as vezes. - Grazi sussurrou para mim e depositou um beijo na minha testa. - Trouxemos roupões, máscaras faciais e filmes de adolescente.
- O que seria de mim sem vocês? - ri fraco.
- Como você está? - a assessora perguntou, enquanto estava sentada no sofá fazendo carinho nos longos pelos de Sehn.
- Nunca fiquei tanto tempo passando mal. - me joguei ao seu lado. - Mas, me sinto um pouco melhor. Creio que já vomitei tudo que eu tinha de vomitar.
- Ótimo. Então vamos começar nossa tarde das meninas. - Grazi disse batendo palmas.
Depois que eu tomei um banho, comecei a me sentir ainda melhor que antes. Então, começamos nossa sessão de beleza com as máscaras faciais. Eu optei por uma de carvão, daquelas pretas, Grazi usou uma branca e uma de argila verde. Ficamos por um tempo com elas, enquanto assistíamos Meninas Malvadas e comíamos pipoca. Bom, enquanto elas comiam a pipoca.
Aquele snack sempre foi um dos meus favoritos, principalmente durante filmes, mas dessa vez apenas o odor da pipoca estava me deixando mal.
Como eu nunca tinha percebido o quão enjoativo era o cheiro da manteiga derretida?
Estava acontecendo de novo.
- Com licença. - disse rapidamente para as meninas e sai correndo para o banheiro.
Abri o vaso com pressa, mas o gosto da bile foi mais rápido e chegou em minha boca um pouco antes de eu completar o ato. Eu iria vomitar de novo.
Segurei a tampa do sanitário e joguei minha cabeça para frente. O sabor amargo tomava conta da minha boca, e de alguma forma, ainda era possível sair coisas que eu havia comido na noite passada.
Tossi um pouco, pois senti minha garganta arder. Nunca tinha vivenciado tantos episódios de vômitos seguidos como nessas duas noites.
Tentei me por de pé lentamente, para não correr o risco de me sentir mal de novo e fui até a pia para lavar meu rosto. Nesse momento a máscara já estava pela metade, e eu não me importava tanto.
Me olhei no espelho e soltei uma risada fraca; realmente meu cabelo estava mais brilhoso que o normal.
Duas batidas soaram na porta e meu corpo gelou, eu teria que me explicar para as meninas novamente.
- . - a voz de Grazi soou. - Deixa a gente entrar.
- Tá aberta. - falei baixo.
A porta se abriu e a brasileira entrou, sendo seguida por , que tinha um saco preto em mãos.
- Olha, . A gente precisa conversar. - a menina dos cabelos negros disse.
- Estamos preocupadas com esses seus enjoos. - Grazi completou. - Por isso trouxemos isso. Estávamos esperando apenas a deixa para te entregar.
estendeu a mão que estava com a sacola em minha direção, entregando-a à mim.
Coloquei a mão no interior do plástico e peguei uma das duas caixas que haviam ali. Ela era azul escura com alguns detalhes brancos.
- Vocês só podem estar brincando. - ri incrédula.
- Tem dois aí dentro. - Grazi disse. - Dizem que fazer só um não é muito confiável.
- Isso é uma piada, né? - continuei, ainda desacreditada. - Cadê as câmeras?
- É sério, . O que custa? - perguntou em um tom de voz calmo. - Apenas para descartamos a possibilidade.
- Eu vou fazer, mas só para vocês saberem que eu não estou grávida. - disse com convicção. - Agora, se puderem me dar licença.
Minhas amigas saíram do cômodo me deixando encarando a embalagem do teste de gravidez por um tempo. Por que eu estava com tanto medo de fazer aquilo? Havia alguma possibilidade?
Eu e Harry já transamos, óbvio. Mas, tínhamos usado preservativo todas as vezes. Não tinha como isso acontecer.
Tirei o aparelho, que mais parece um termômetro digital, da caixa, e fiz exatamente o que as instruções da embalagem diziam. Um de cada vez.
Deixei-os em cima da pia, sobre um pedaço de papel e voltei para o quarto.
- Agora temos que aguardar por volta de três minutos. - eu disse para as garotas, que já estavam de cara lavada e conversavam com alguém por facetime.
- Acho bom que esse negócio que os americanos chamam de cerveja tenha apenas te dado um problema de estômago, . - ouvi o alemão puxado de Catherine sair pelos alto falantes do celular, sendo seguido por caras de dúvida vindas de Grazi e , que não entenderam uma palavra sequer.
- Eu francamente espero o mesmo. - soltei o ar pesadamente. - Por que elas te ligaram?
- Elas vieram falar comigo ontem. Todas as três pensaram a mesma coisa. - ela disse, ainda em alemão. - Nada mais justo que sabermos todas juntas, caso você esteja.
- Ou não esteja. - eu disse, voltando para o inglês.
- Agradecemos por lembrarem de nós. - disse rindo. - Esse código morse que vocês chamam de linguagem é impossível de compreender. Eu desisto na metade das palavras.
- Vá caçar o que fazer, . - Cat riu alto. - Bom, meu relógio me informa que três minutos se passaram. Quem vai lá ver o que o xixi da nos acusa?
- Eu mesma vou. Esperem aí.
Eu estava convicta de que o resultado seria negativo, até que eu peguei os dois tubos e no leitor digital estava escrito em letras que, ao meu ver, pareciam saltar da tela: grávida / +2 semanas.
Duas semanas. Eu e Harry já estávamos juntos, na Alemanha.
Alemanha.
Nossa primeira noite juntos. E nessa noite não usamos camisinha.
Minhas mãos tremiam, mas seguravam fortemente os testes. Como eu iria lidar com aquilo? Ainda dava tempo de tirar e não deixar Harry saber? Eu deveria contar para ele agora ou depois?
Muitas perguntas rondavam minha mente.
- ? - gritou do quarto, me tirando do transe.
Sai do banheiro devagar, tentando não mostrar minha feição assustada. Elas tinham a câmera do celular voltada para mim, provavelmente para Catherine ver como eu estava.
- Fick dich!* - Cat esbravejou. - Você está grávida!
Eu não pronunciei uma palavra, mas as lágrimas em meus olhos confirmaram o que tinha acabado de acontecer.
Sim, eu estava grávida de Harry e eu não sabia como lidar.
Sim, eu tinha um feto se desenvolvendo em mim naquele exato momento e eu não sabia como lidar.
Eu, de verdade, não sabia como lidar.
Minhas amigas levantaram da cama e vieram até a mim para um abraço.
- Vai ficar tudo bem, . - Grazi disse. - Você e Harry vão ter um filho! - completou animada.
- Não era bem assim que eu esperava que acontecesse. - falei baixo. - Nem sei se quero continuar com isso.
- Pense com calma e saiba que estamos aqui pra te apoiar em tudo. - Catherine falou do outro lado da linha. - Pode deixar que seu segredo estará a salvo comigo até o momento que decidir o que quer fazer. - suspirou. - Preciso ir. Te ligo em breve. Beijos. - e assim a chamada foi finalizada.
- Concordo com ela, . - disse. - Pense com calma. Não haja por impulso agora, você acabou de descobrir.
- Só fiquem comigo por alguns dias. Por favor, preciso de vocês. - supliquei, ainda com lágrimas nos olhos.
- Estaremos aqui. - Grazi disse.
- Sempre. - completou.
Eu precisava colocar minha cabeça em um eixo. Essa semana Shawn voltaria as gravações e eu começaria a produção do Single do Alan Walker, eu não podia deixar que essa situação me atrapalhasse.
"The time is yours, your hand in mine Take a look at the world and see the signs..." - Everyone's got a Story, Mackenzie Bourg
Um ano novo se iniciava, coisas novas acontecendo em minha vida: álbum, turnê e tudo isso sem outros quatro rapazes ao meu lado. Eu já havia feito shows sozinho, inclusive já tinha apresentado algumas músicas do novo álbum, como fiz no México. Mas, era sempre um nervosismo diferente.
Em outras questões, era o primeiro ano que eu iniciava tendo a certeza de que ficaria até o fim dele com a mesma pessoa.
Estava longe de há alguns dias, mas já sentia sua falta. Recebi uma mensagem sua na virada do ano, e percebi que sua voz não estava muito boa. Mais tarde, já no dia primeiro, uma nota sobre a festa de Catherine foi publicada no TMZ. Haviam várias fotos publicadas pelos convidados presentes, e alguns cliques de paparazzi do lado externo do local. Em um desses, a pessoa em questão era , ela saiu mais cedo da festa e não estava com uma cara muito boa, que depois de trocar umas mensagens com e Cat, eu descobri ser uma feição de quem passou mal a noite toda.
Me lembro que em nossa última noite juntos comemos uns frutos do mar, e como eu sei que algumas vezes nosso organismo não reage bem à eles, deduzi que fosse uma reação à isso.
Tentava entrar em contato com ela, mas a garota não me atendia. Sinal de que ainda pudesse estar dormindo.
Cheguei ao terminal de embarque, já que estaria voltando para Los Angeles onde começaria a divulgação do album e do primeiro single, que escolhi Sign Of The Times para ser.
Desisti de tentar ligar para assim que ouvi o anúncio de que começaríamos a embarcar, então apenas enviei uma mensagem.
"Ei, . e Cat me disseram que você passou mal durante a noite. Espero que esteja melhor, se cuide ou eu precisarei ir até aí para fazer isso. Me mande notícias.
Estou voltando para Los Angeles, estaremos mais perto agora. Qualquer coisa me liga, ainda sem data para ir à NY."
Desliguei o celular, conforme as indicações da aeromoça e tentei dormir um pouco.
Se não fosse por e Graziela praticamente invadindo minha casa, eu teria dormido até o segundo dia do ano. Tudo que eu queria era ficar em meu quarto e descansar do que estivesse me fazendo mal.
Levantei devagar e caminhei até a porta da sala. As batidas sobre a madeira não pararam até eu girar a maçaneta e dar de cara com duas mulheres sorridentes e cheias de sacolas.
- Nossa, . - Grazi disse. - Parece que um caminhão passou por cima de você.
- Mas em compensação seu cabelo está com um brilho fenomenal. - completou e a outra garota cutucou sua cintura com o cotovelo, em repreensão. - Apenas a verdade.
- Entrem logo, antes que eu feche a porta de novo. - disse, seca.
- Acabamos de descobrir que a fica chata quando está passando mal. - comentou enquanto entrava em casa, e eu a mostrei o dedo.
- Não esquenta com a , ela é inconveniente as vezes. - Grazi sussurrou para mim e depositou um beijo na minha testa. - Trouxemos roupões, máscaras faciais e filmes de adolescente.
- O que seria de mim sem vocês? - ri fraco.
- Como você está? - a assessora perguntou, enquanto estava sentada no sofá fazendo carinho nos longos pelos de Sehn.
- Nunca fiquei tanto tempo passando mal. - me joguei ao seu lado. - Mas, me sinto um pouco melhor. Creio que já vomitei tudo que eu tinha de vomitar.
- Ótimo. Então vamos começar nossa tarde das meninas. - Grazi disse batendo palmas.
Depois que eu tomei um banho, comecei a me sentir ainda melhor que antes. Então, começamos nossa sessão de beleza com as máscaras faciais. Eu optei por uma de carvão, daquelas pretas, Grazi usou uma branca e uma de argila verde. Ficamos por um tempo com elas, enquanto assistíamos Meninas Malvadas e comíamos pipoca. Bom, enquanto elas comiam a pipoca.
Aquele snack sempre foi um dos meus favoritos, principalmente durante filmes, mas dessa vez apenas o odor da pipoca estava me deixando mal.
Como eu nunca tinha percebido o quão enjoativo era o cheiro da manteiga derretida?
Estava acontecendo de novo.
- Com licença. - disse rapidamente para as meninas e sai correndo para o banheiro.
Abri o vaso com pressa, mas o gosto da bile foi mais rápido e chegou em minha boca um pouco antes de eu completar o ato. Eu iria vomitar de novo.
Segurei a tampa do sanitário e joguei minha cabeça para frente. O sabor amargo tomava conta da minha boca, e de alguma forma, ainda era possível sair coisas que eu havia comido na noite passada.
Tossi um pouco, pois senti minha garganta arder. Nunca tinha vivenciado tantos episódios de vômitos seguidos como nessas duas noites.
Tentei me por de pé lentamente, para não correr o risco de me sentir mal de novo e fui até a pia para lavar meu rosto. Nesse momento a máscara já estava pela metade, e eu não me importava tanto.
Me olhei no espelho e soltei uma risada fraca; realmente meu cabelo estava mais brilhoso que o normal.
Duas batidas soaram na porta e meu corpo gelou, eu teria que me explicar para as meninas novamente.
- . - a voz de Grazi soou. - Deixa a gente entrar.
- Tá aberta. - falei baixo.
A porta se abriu e a brasileira entrou, sendo seguida por , que tinha um saco preto em mãos.
- Olha, . A gente precisa conversar. - a menina dos cabelos negros disse.
- Estamos preocupadas com esses seus enjoos. - Grazi completou. - Por isso trouxemos isso. Estávamos esperando apenas a deixa para te entregar.
estendeu a mão que estava com a sacola em minha direção, entregando-a à mim.
Coloquei a mão no interior do plástico e peguei uma das duas caixas que haviam ali. Ela era azul escura com alguns detalhes brancos.
- Vocês só podem estar brincando. - ri incrédula.
- Tem dois aí dentro. - Grazi disse. - Dizem que fazer só um não é muito confiável.
- Isso é uma piada, né? - continuei, ainda desacreditada. - Cadê as câmeras?
- É sério, . O que custa? - perguntou em um tom de voz calmo. - Apenas para descartamos a possibilidade.
- Eu vou fazer, mas só para vocês saberem que eu não estou grávida. - disse com convicção. - Agora, se puderem me dar licença.
Minhas amigas saíram do cômodo me deixando encarando a embalagem do teste de gravidez por um tempo. Por que eu estava com tanto medo de fazer aquilo? Havia alguma possibilidade?
Eu e Harry já transamos, óbvio. Mas, tínhamos usado preservativo todas as vezes. Não tinha como isso acontecer.
Tirei o aparelho, que mais parece um termômetro digital, da caixa, e fiz exatamente o que as instruções da embalagem diziam. Um de cada vez.
Deixei-os em cima da pia, sobre um pedaço de papel e voltei para o quarto.
- Agora temos que aguardar por volta de três minutos. - eu disse para as garotas, que já estavam de cara lavada e conversavam com alguém por facetime.
- Acho bom que esse negócio que os americanos chamam de cerveja tenha apenas te dado um problema de estômago, . - ouvi o alemão puxado de Catherine sair pelos alto falantes do celular, sendo seguido por caras de dúvida vindas de Grazi e , que não entenderam uma palavra sequer.
- Eu francamente espero o mesmo. - soltei o ar pesadamente. - Por que elas te ligaram?
- Elas vieram falar comigo ontem. Todas as três pensaram a mesma coisa. - ela disse, ainda em alemão. - Nada mais justo que sabermos todas juntas, caso você esteja.
- Ou não esteja. - eu disse, voltando para o inglês.
- Agradecemos por lembrarem de nós. - disse rindo. - Esse código morse que vocês chamam de linguagem é impossível de compreender. Eu desisto na metade das palavras.
- Vá caçar o que fazer, . - Cat riu alto. - Bom, meu relógio me informa que três minutos se passaram. Quem vai lá ver o que o xixi da nos acusa?
- Eu mesma vou. Esperem aí.
Eu estava convicta de que o resultado seria negativo, até que eu peguei os dois tubos e no leitor digital estava escrito em letras que, ao meu ver, pareciam saltar da tela: grávida / +2 semanas.
Duas semanas. Eu e Harry já estávamos juntos, na Alemanha.
Alemanha.
Nossa primeira noite juntos. E nessa noite não usamos camisinha.
Minhas mãos tremiam, mas seguravam fortemente os testes. Como eu iria lidar com aquilo? Ainda dava tempo de tirar e não deixar Harry saber? Eu deveria contar para ele agora ou depois?
Muitas perguntas rondavam minha mente.
- ? - gritou do quarto, me tirando do transe.
Sai do banheiro devagar, tentando não mostrar minha feição assustada. Elas tinham a câmera do celular voltada para mim, provavelmente para Catherine ver como eu estava.
- Fick dich!* - Cat esbravejou. - Você está grávida!
Eu não pronunciei uma palavra, mas as lágrimas em meus olhos confirmaram o que tinha acabado de acontecer.
Sim, eu estava grávida de Harry e eu não sabia como lidar.
Sim, eu tinha um feto se desenvolvendo em mim naquele exato momento e eu não sabia como lidar.
Eu, de verdade, não sabia como lidar.
Minhas amigas levantaram da cama e vieram até a mim para um abraço.
- Vai ficar tudo bem, . - Grazi disse. - Você e Harry vão ter um filho! - completou animada.
- Não era bem assim que eu esperava que acontecesse. - falei baixo. - Nem sei se quero continuar com isso.
- Pense com calma e saiba que estamos aqui pra te apoiar em tudo. - Catherine falou do outro lado da linha. - Pode deixar que seu segredo estará a salvo comigo até o momento que decidir o que quer fazer. - suspirou. - Preciso ir. Te ligo em breve. Beijos. - e assim a chamada foi finalizada.
- Concordo com ela, . - disse. - Pense com calma. Não haja por impulso agora, você acabou de descobrir.
- Só fiquem comigo por alguns dias. Por favor, preciso de vocês. - supliquei, ainda com lágrimas nos olhos.
- Estaremos aqui. - Grazi disse.
- Sempre. - completou.
Eu precisava colocar minha cabeça em um eixo. Essa semana Shawn voltaria as gravações e eu começaria a produção do Single do Alan Walker, eu não podia deixar que essa situação me atrapalhasse.
Capítulo 36
"Gettin' my mind right, I wait 'til the time's right. I'm meanin' to tell you why it's hard to sleep at night..." - Talk Is Overrated, Jeremy Zucker ft. Blackbear.
Alan Walker:
Ei, . Tudo bem? Espero que sim!
Consegui agendar o estúdio, está tudo confirmado, te encontro mais tarde para começarmos a conversar sobre o single. Obrigado!
E exatamente assim que acordei depois de umas boas horas de sono; uma mensagem sobre um novo emprego.
Decidi responder apenas com um "Ok. Nos vemos por lá ;)". Eu não tinha nada além disso para dizer.
Se eu estava bem? Bom, eu tinha acabado de descobrir uma gravidez. Eu, no mínimo, estava surtando.
Sair da cama não seria uma opção no momento. Olhar para o teto e me questionar sobre as coisas da vida era bem mais interessante que qualquer outra coisa.
Sehn percebeu minha solidão e subiu na cama sem ao menos latir em pedido, como ele sempre fazia. Deitou ao meu lado e apoiou a cabeça em minha barriga, a descansando ali.
- Ei. Parece que você já sentiu a presença de uma nova pessoa, não? - disse para o cachorro, enquanto acariciava seus pelos. Suspirei. - Sabe quando acontece algo e você não tem noção de como reagir à isso? - Sehn me olhava com uma carinha inocente. - É óbvio que você não sabe, é apenas um cãozinho. - sorri fraco. - Eu estou com dúvidas, Sehn. - me ajeitei na cama, subindo meu corpo e ficando sentada. - Ter um filho agora seria um atraso para minha vida, eu tenho tantos projetos, tantos objetivos. - coloquei a mão em minha testa. - Não sei se deveria contar à Harry. Talvez eu tire o feto antes de contar à ele. - eu sentia uma enorme vontade de gritar. - Me ajuda, Sehn. Eu não sei mais o que fazer.
O cachorro percebeu que algumas lágrimas caíam sobre meu rosto e começou uma série de lambidas em minha bochecha, como se não quisesse me ver chorar. E deu certo, pois isso acabou me arrancando vários sorrisos.
- Bom, meu amor. Eu preciso me arrumar para encontrar Alan e depois tenho que ir para a Republic encontrar . - coloquei os pés para fora da cama. - Ficará bem sem mim, garotão? - perguntei e ele latiu, enquanto abanava o rabo. - Levarei isso como um sim. - sorri.
A água fria corria pelo meu corpo, me fazendo ter um choque de realidade.
Algumas gotas se misturavam com lágrimas. Eu não sabia o que fazer.
Fernanda e Mathias vão ter um filho, mas os dois já tem um relacionamento há anos, os dois são casados, eles possuem uma vida estável.
Eu e Harry não podemos ter um filho. Nós dois namoramos a pouco tempo, ambos temos nossos compromissos e vivemos em estados diferentes. Como seria possível algo do tipo acontecer?
Desliguei o registro e peguei a toalha que estava pendurada perto do box de vidro. Comecei a secar meu cabelo e caminhei até a frente do espelho com a toalha enrolada na cabeça.
Virei de lado, da maneira que conseguiria ver a lateral do meu corpo no reflexo.
Minha barriga ainda estava ali, intacta e sem nenhuma mudança. Será que ela cresceria muito? Será que eu realmente conseguiria esconder isso por muito tempo?
Suspirei ao me lembrar que não tinha todo tempo do mundo para perder.
Saí do banheiro e coloquei uma roupa qualquer para ir trabalhar, não estava tão animada para me arrumar hoje.
Marcamos o próximo encontro para a outra semana, onde já gravaremos a primeira faixa da voz.
Estava dentro do carro, estacionada em frente à Republic Records e tinha Harry ao telefone, por vídeo.
- Você está bem? - ele perguntou, me presenteando com o sorriso mais lindo que eu já tinha visto. Por um segundo pensei em como seria se a criança puxasse seu sorriso, e herdasse suas covinhas.
- Estou me sentindo melhor agora. - sorri verdadeiramente. - Realmente passei um pouco mal nos últimos dias, principalmente no ano novo.
- Catherine e as garotas comentaram comigo. - ele disse. - Mas, fico feliz que esteja se sentindo melhor.
Apenas sorri.
- , daqui alguns dias começo a divulgar o album e viajarei para Nova Iorque. - soltou o ar lentamente. - Estou...
- Com saudades. - falei. - Também estou. - balancei a cabeça. - Você não faz ideia.
Vi que seus olhos me encaravam como curiosidade. O verde profundo desconfiava de algo, talvez da forma que eu estava agindo.
- Todo dia que passa eu tenho mais vontade de te dizer. - ele declarou. - Você sabe.
- Não sei se consigo me enxergar em uma vida na qual eu não tenha você. - sorri e ele também.
- Isso é bom. Porque você não vai se assustar quando eu te disser que quero viver e ter uma família contigo. - logo que ele disse pude sentir minha respiração falhando por uns instantes e me fazendo engolir seco.
- Não, não vou me assustar. - forcei um sorriso, que eu creio ter sido o suficiente para Harry.
- Preciso ir, vou escolher a foto da capa hoje. - ele disse.
- Mande-a para mim, por favor. - disse.
- Com certeza, sim. - ele sorriu. - Beijos.
- Até mais. - e a vontade de dizer as três palavras mais uma vez me consumiu. Mas Harry finalizou a ligação antes que eu pudesse criar a coragem para dizer.
Encostei a testa no volante e dei um grito abafado.
Uma batida no vidro me fez voltar à realidade.
Do outro lado da janela estava Marcus. Sua barba estava por fazer e seu cabelo estava um pouco bagunçado. Ele tinha um sorriso fraco no rosto, e acenava para mim.
Destravei a porta e a abri, para sair do carro.
- Bom dia, . - sorri fraco.
- Para mim, está sendo um bom dia. - ele disse. - Não sei para você. - ele me encarou com dúvida. - O que está acontecendo?
Suspirei, talvez essa fosse a coisa que mais fiz durante meu dia; suspirar.
- Vamos, . - cruzou os braços. - Não me venha com essa mania de se fechar para os outros e querer recusar ajuda. Você sabe que isso não é o ideal em qualquer situação. - falou. - Você sabe que pode confiar em mim. Eu vi suas músicas antes de qualquer pessoa, até mesmo antes de Harry. - ele mexia as mãos, gesticulando. - Eu acreditei em você quando chegou aqui. Apenas eu, e Shawn acreditamos. Quase ninguém te achava capaz de fazer o bom trabalho que está fazendo hoje. - bufou. - Eu só quero que saiba que eu sou mais do que seu colega de trabalho. Eu sou seu melhor amigo. - uma lágrima queria fugir, mas a impedi. - Eu vou convidar Grazi para viajar comigo essa semana. Vou levá-la à Australia. Ela uma vez comentou comigo que era um sonho para ela. - levou uma das mãos à cintura. - E eu não quero ir para o outro lado do mundo sabendo que minha irmãzinha está mal por algo.
- . - eu disse baixo. - Eu só quero que você não comente com ninguém sobre o que eu vou falar com você. - cocei a cabeça. - Principalmente Shawn e Harry. - ele concordou. - Vamos entrar, você sabe que na rua os arbustos tem ouvidos, e câmeras.
Subimos rapidamente até o estúdio que costumávamos usar para gravar as músicas do álbum de Mendes.
Marcus se acomodou em uma das cadeiras acolchoadas e eu me sentei no sofá.
- Desembucha. - ele disse.
- Marcus, eu estou grávida. - soltei e o queixo do garoto foi para baixo, fazendo sua boca tomar o formato perfeito de um "O". - Eu ainda não sei se quero essa criança, . Eu não sei o que fazer.
- Mas eu sei. - ele disse. - Eu estou indo viajar logo, mas continuará aqui. E você vai junto à ela fazer uma ultrassonografia e um exame de sangue, para saber se essa criança está bem, antes de tudo. - continuou. - Você vai decidir logo se quer ou não. Daqui a pouco seu corpo começará a ter mudanças e você não vai conseguir esconder. - suspirou. - E quando decidir, irá contar à Harry. Ele não pode ficar sem saber disso, . Você querendo esta criança ou não. Ele precisa saber.
Marcus estava, de certa forma, certo. Eu não havia feito essa essa criança sozinha. Eu faria os exames e logo depois, decidiria minha vida e conversaria com Harry.
Capítulo 37 - Parte I
Harry
"What if I never started singing? What if you never told your family you were leaving?" - If We Never Met, JOHN.k
New York Times. Eram essas as letras que brilhavam no papel enquanto eu caminhava em direção ao setor de embarque do Aeroporto de Los Angeles. Eu tinha uma entrevista com o jornal mais aclamado dos Estados Unidos, mas isso não era o que importava. O que realmente importava era que eu estava indo para Nova Iorque.
Decidi que não avisaria , para fazer uma surpresa. Pedi à para me ajudar a encobrir o fato de que estaria na cidade, e ela me disse apenas para ficar tranquilo, já que estaria com Shawn e no estúdio durante toda a tarde e noite.
Relaxei no banco de espera da sala VIP enquanto tomava um suco verde com um sabor indefinido.
Alguma coisa estava me dizendo que essa seria uma boa visita.
Nunca havia me sentido tão desconfortável quanto naquele momento. Estávamos no consultório do obstetra. Sim, quando digo "estávamos" é pelo fato de todos meus amigos estarem me acompanhando.
Eu estava deitada na maca e ao meu lado estavam , Grazi e . O médico tinha pedido alguns minutos para resolver algo sobre uma paciente. Mas, esses poucos minutos para mim pareciam horas. Não conseguia mais esperar, tudo me deixava nervosa. Principalmente o fato de estar ao telefone com Harry no momento, fingindo que nada disso está acontecendo.
- Tudo bem, Hazz. - minha amiga disse, em tom totalmente profissional. - Vou mandar o contrato de renovação para o seu advogado antes que você assine. Vou marcar uma reunião com ele, e depois te explico tudo. Ok? - ela deu uma pequena pausa, o que indicava que meu namorado estava a respondendo. - Então ficamos combinados dessa forma. Me avise se ficar com qualquer dúvida. Te encaminharei o e-mail da Gucci agora mesmo, mas sem possibilidade de edição, apenas visualização. Apague logo depois de ler. - parou de falar mais uma vez. - Ok! Um beijo para ti. - ela sorriu. - Pode deixar, eu digo a que você está com saudades. - ela olhou em meus olhos com um sorriso esperto nos lábios. Meu coração quase saiu do peito. Eu também estava morrendo de saudades. - Tchau, Harry. - e assim a ligação foi finalizada. Por alguns segundos ela mexeu no telefone, creio que para enviar o tal e-mail que comentou com Styles, logo bloqueou a tela e guardou o celular no bolso.
Eu não conseguia proferir uma palavra sequer, minhas mãos suavam frio e meu corpo tremia de todas as formas conhecidas e desconhecidas. O barulho da porta avisou a entrada do Doutor Joshua Cardiff.
- Bom, então vamos começar? - ele se sentou na cadeira que estava posicionada entre a maca e o televisor. Engoli seco e assenti. - Temos muitas pessoas aqui. Algum deles será o pai ou a mãe desta criança junto com você, ? - ele perguntou de maneira educada e até mesmo carinhosa.
- São meus amigos. - disse em tom de voz baixo. - O pai... - cocei a garganta. - Ele ainda não sabe.
- Entendo. - ele disse. - Tudo no momento certo, não? - ele sorriu fraco, fazendo suas rugas ficarem ainda mais visíveis e eu retribuí envergonhada. - Vamos fazer essa ultra agora. Você vai sentir um pouco gelado, ok? - maneei em concordância e ele colocou o aparelho de ultrassom em minha barriga, o movimentando lentamente. - Olha só. Esse aqui é o feto. - apontou para um pequeno borrão branco que aparecia na televisão. Parecia tão pequeno e frágil. - Você aparenta ter mais de duas semanas, eu diria até que daqui alguns dias você fará um mês. Sabe a data que foi concebido?
- Dia 14 de dezembro, provavelmente. - falei baixo.
- Correto. - ele sorriu. - Você quer ouvir o coração? - ele perguntou e eu paralisei.
- Já tem como ouvir? - Grazi foi quem perguntou, animada.
- Sim, claro. - o homem em branco respondeu.
- Pode me dar meu telefone, por favor? - eu pedi à , que o guardava no bolso e logo me entregou. - Um segundo, doutor. - eu disse e ele concordou com um pequeno aceno de cabeça. Desbloqueei a tela e fui à minha agenda, logo iniciando uma ligação.
Logo no primeiro toque a pessoa atendeu.
- Meine schwanger. - a voz de Cath soou ao outro lado da linha.
- Hallo, meine liebe. - eu disse. - Bom, vou falar em inglês porque estou acompanhada de outras quatro pessoas falantes da língua. - eu ri e ela também. - Vou te colocar no vivo à voz.
- A que devo tal ligação? - a voz de Heinze propagou pela sala.
- Você estava presente, de certa forma, no descobrimento dessa gravidez. - suspirei. - Então quero que ouça conosco o coração dessa criança pela primeira vez. - disse.
- Você está falando sério? - ela quase gritou. - Espera, vou pra um lugar afastado. - ouvi barulhos de passos rápidos, como se Cath estivesse correndo. - Manda ver.
Maneei para o médico, o dando o aval de que poderia procurar o batimento cardíaco naquele momento. Ele colocou o aparelho gelado novamente sobre mim e foi procurando, até que parou em um local específico no lado esquerdo de meu abdome. Com uma mão segurou o ultrassom e com a outra aumentou o volume da TV. Um ruído começou a tomar conta do ambiente.
- Pronta para ouvir, ? - doutor Cardiff perguntou e eu assenti, mesmo sabendo que não, eu não estava preparada.
Ele movimentou o ultrassom alguns centímetros para esquerda e um estrondoso som de batidas encheu o consultório. Eram as batidas do coração da criança.
Minhas mãos começaram a tremer enquanto eu ouvia aquele som. Aquele doce som.
Eu sentia como se estivesse ouvindo minha música preferida pela primeira vez. Aquilo não soava como batimentos cardíacos, ao meu ouvir parecia uma linda melodia. Melodia essa que eu poderia ficar ouvindo incansavelmente.
Pude sentir meu coração bater em uma velocidade maior que o da criança. O feto estava tranquilo, eu não. Pela primeira vez desde a descoberta da gravidez eu quis poder ter aquele pequeno ser em minhas mãos. Queria poder abraçá-lo e pôr a cabeça em seu peito para ouvir seu coração sem que fosse por um aparelho de ultrassonografia.
Olhei para o lado e pude ver que Grazi e choravam feito criancinhas, já tinha lágrimas nos olhos e um sorriso enorme no rosto.
- Eu sabia que iria chorar. - Catherine disse com a voz embargada. - Que coisa mais linda!
Sim, era lindo. E foi a partir daquele lindo momento que eu tive a certeza de que onde quer que eu fosse, eu reconheceria aquela criança apenas pelas batidas do seu coração, que se tornaram a minha música favorita. Uma melodia sem igual e com certeza a melhor canção que já fiz até hoje.
Era meu. Eu estava carregando dentro de mim o fruto do amor que sentia por Harry. Era nosso.
Nossa sorte, nosso amor, nosso filho.
"What if I never started singing? What if you never told your family you were leaving?" - If We Never Met, JOHN.k
New York Times. Eram essas as letras que brilhavam no papel enquanto eu caminhava em direção ao setor de embarque do Aeroporto de Los Angeles. Eu tinha uma entrevista com o jornal mais aclamado dos Estados Unidos, mas isso não era o que importava. O que realmente importava era que eu estava indo para Nova Iorque.
Decidi que não avisaria , para fazer uma surpresa. Pedi à para me ajudar a encobrir o fato de que estaria na cidade, e ela me disse apenas para ficar tranquilo, já que estaria com Shawn e no estúdio durante toda a tarde e noite.
Relaxei no banco de espera da sala VIP enquanto tomava um suco verde com um sabor indefinido.
Alguma coisa estava me dizendo que essa seria uma boa visita.
Nunca havia me sentido tão desconfortável quanto naquele momento. Estávamos no consultório do obstetra. Sim, quando digo "estávamos" é pelo fato de todos meus amigos estarem me acompanhando.
Eu estava deitada na maca e ao meu lado estavam , Grazi e . O médico tinha pedido alguns minutos para resolver algo sobre uma paciente. Mas, esses poucos minutos para mim pareciam horas. Não conseguia mais esperar, tudo me deixava nervosa. Principalmente o fato de estar ao telefone com Harry no momento, fingindo que nada disso está acontecendo.
- Tudo bem, Hazz. - minha amiga disse, em tom totalmente profissional. - Vou mandar o contrato de renovação para o seu advogado antes que você assine. Vou marcar uma reunião com ele, e depois te explico tudo. Ok? - ela deu uma pequena pausa, o que indicava que meu namorado estava a respondendo. - Então ficamos combinados dessa forma. Me avise se ficar com qualquer dúvida. Te encaminharei o e-mail da Gucci agora mesmo, mas sem possibilidade de edição, apenas visualização. Apague logo depois de ler. - parou de falar mais uma vez. - Ok! Um beijo para ti. - ela sorriu. - Pode deixar, eu digo a que você está com saudades. - ela olhou em meus olhos com um sorriso esperto nos lábios. Meu coração quase saiu do peito. Eu também estava morrendo de saudades. - Tchau, Harry. - e assim a ligação foi finalizada. Por alguns segundos ela mexeu no telefone, creio que para enviar o tal e-mail que comentou com Styles, logo bloqueou a tela e guardou o celular no bolso.
Eu não conseguia proferir uma palavra sequer, minhas mãos suavam frio e meu corpo tremia de todas as formas conhecidas e desconhecidas. O barulho da porta avisou a entrada do Doutor Joshua Cardiff.
- Bom, então vamos começar? - ele se sentou na cadeira que estava posicionada entre a maca e o televisor. Engoli seco e assenti. - Temos muitas pessoas aqui. Algum deles será o pai ou a mãe desta criança junto com você, ? - ele perguntou de maneira educada e até mesmo carinhosa.
- São meus amigos. - disse em tom de voz baixo. - O pai... - cocei a garganta. - Ele ainda não sabe.
- Entendo. - ele disse. - Tudo no momento certo, não? - ele sorriu fraco, fazendo suas rugas ficarem ainda mais visíveis e eu retribuí envergonhada. - Vamos fazer essa ultra agora. Você vai sentir um pouco gelado, ok? - maneei em concordância e ele colocou o aparelho de ultrassom em minha barriga, o movimentando lentamente. - Olha só. Esse aqui é o feto. - apontou para um pequeno borrão branco que aparecia na televisão. Parecia tão pequeno e frágil. - Você aparenta ter mais de duas semanas, eu diria até que daqui alguns dias você fará um mês. Sabe a data que foi concebido?
- Dia 14 de dezembro, provavelmente. - falei baixo.
- Correto. - ele sorriu. - Você quer ouvir o coração? - ele perguntou e eu paralisei.
- Já tem como ouvir? - Grazi foi quem perguntou, animada.
- Sim, claro. - o homem em branco respondeu.
- Pode me dar meu telefone, por favor? - eu pedi à , que o guardava no bolso e logo me entregou. - Um segundo, doutor. - eu disse e ele concordou com um pequeno aceno de cabeça. Desbloqueei a tela e fui à minha agenda, logo iniciando uma ligação.
Logo no primeiro toque a pessoa atendeu.
- Meine schwanger. - a voz de Cath soou ao outro lado da linha.
- Hallo, meine liebe. - eu disse. - Bom, vou falar em inglês porque estou acompanhada de outras quatro pessoas falantes da língua. - eu ri e ela também. - Vou te colocar no vivo à voz.
- A que devo tal ligação? - a voz de Heinze propagou pela sala.
- Você estava presente, de certa forma, no descobrimento dessa gravidez. - suspirei. - Então quero que ouça conosco o coração dessa criança pela primeira vez. - disse.
- Você está falando sério? - ela quase gritou. - Espera, vou pra um lugar afastado. - ouvi barulhos de passos rápidos, como se Cath estivesse correndo. - Manda ver.
Maneei para o médico, o dando o aval de que poderia procurar o batimento cardíaco naquele momento. Ele colocou o aparelho gelado novamente sobre mim e foi procurando, até que parou em um local específico no lado esquerdo de meu abdome. Com uma mão segurou o ultrassom e com a outra aumentou o volume da TV. Um ruído começou a tomar conta do ambiente.
- Pronta para ouvir, ? - doutor Cardiff perguntou e eu assenti, mesmo sabendo que não, eu não estava preparada.
Ele movimentou o ultrassom alguns centímetros para esquerda e um estrondoso som de batidas encheu o consultório. Eram as batidas do coração da criança.
Minhas mãos começaram a tremer enquanto eu ouvia aquele som. Aquele doce som.
Eu sentia como se estivesse ouvindo minha música preferida pela primeira vez. Aquilo não soava como batimentos cardíacos, ao meu ouvir parecia uma linda melodia. Melodia essa que eu poderia ficar ouvindo incansavelmente.
Pude sentir meu coração bater em uma velocidade maior que o da criança. O feto estava tranquilo, eu não. Pela primeira vez desde a descoberta da gravidez eu quis poder ter aquele pequeno ser em minhas mãos. Queria poder abraçá-lo e pôr a cabeça em seu peito para ouvir seu coração sem que fosse por um aparelho de ultrassonografia.
Olhei para o lado e pude ver que Grazi e choravam feito criancinhas, já tinha lágrimas nos olhos e um sorriso enorme no rosto.
- Eu sabia que iria chorar. - Catherine disse com a voz embargada. - Que coisa mais linda!
Sim, era lindo. E foi a partir daquele lindo momento que eu tive a certeza de que onde quer que eu fosse, eu reconheceria aquela criança apenas pelas batidas do seu coração, que se tornaram a minha música favorita. Uma melodia sem igual e com certeza a melhor canção que já fiz até hoje.
Era meu. Eu estava carregando dentro de mim o fruto do amor que sentia por Harry. Era nosso.
Nossa sorte, nosso amor, nosso filho.
Capítulo 37 - Parte II
"Once in a while we will find, the sound of your heart beats with mine." - Different Worlds, Jes Hudak
Depois da ultra-sonografia eu decidi que faria tudo da maneira certa. Marquei as datas do pré-natal e aproveitei para, no mesmo dia, já colher o sangue para o exame de sexagem fetal.
me convenceu a fazer o exame, pois ela queria muito começar a comprar o enxoval da criança comigo.
Grazi e queriam saber o mais breve possível já que iriam viajar na próxima semana e como o resultado sai em poucos dias, me obrigaram a fazer para eles trazerem presentes da Austrália.
Eu estava muito feliz e confusa, pois não sabia como Harry reagiria à notícia. Tinha tempo para pensar, afinal ele só viria para um show no fim do mês.
O estúdio estava com as luzes baixas e o som alto, do jeito que gostávamos de ficar em dias de gravação.
Shawn estava na cabine cantando mais um de seus futuros sucessos. Mas, ele não estava bem. Cada palavra proferida era um corte em seu coração. Tudo era sobre Madu, tudo o fazia sentir saudade.
- Vamos pausar por uns instantes? - usei o microfone externo para falar com o canadense, que apenas acenou concordando.
Ele evitou sair do aquário, e apenas se sentou em um dos bancos que estava lá dentro.
me olhou como quem me pedia para ir falar com ele, mas eu não faria. Ele queria seu tempo, e eu o respeitaria.
- Nuts, eu sei que é difícil, e que posso soar chata nesse momento, mas precisamos terminar essa faixa ainda hoje. - falei com cautela pelo microfone e ele levantou o dedo em sinal positivo. - Cante pensando no momento que o inspirou. - disse. - Você não a perdeu. Ela ainda é sua Maria Eduarda e nada vai mudar.
Pude ver meu amigo um pouco mais encorajado à se levantar e cantar, o que me inspirou a também dar o melhor de mim naquele momento.
Era difícil ver um amigo sofrendo, principalmente um que você considera um irmão, e não poder fazer nada para esse sofrimento passar.
Depois que a última estrofe foi finalizada, Shawn deu um suspiro aliviado e eu encerrei a gravação.
- Por hoje é só, Shawnie. - sorri e ele me retribuiu, um pouco mais fraco, mas ainda era um sorriso. - Está liberado.
- Desculpe não ter dado o melhor de mim hoje, . - ele dizia enquanto saia da cabine.
- Eu te entendo. Vá descansar! - o abracei forte e ele me deu um beijo na testa.
prometeu que naquela noite me levaria para casa, pois tinha deixado meu carro na mesma. Porém, o garoto não parava de usar o celular. Provavelmente conversava com Grazi, só isso para o deixar tão entretido à ponto de esquecer que eu precisava ir embora.
- . - pigarreei.
- Ah, vamos. - ele disse, levantando o olhar para mim. - Sua carona chegou.
- Você é minha carona, e você esteve aqui o tempo todo. - franzi o cenho.
- Só vamos, . - ele se levantou rapidamente. - Vai se atrasar.
Agora ele estava com pressa? Pois que eu me lembre, fiquei esperando quase meia hora por conta de sua troca de mensagens.
Respirei fundo para não me estressar à toa. Uma vez me disseram que estresse não faz bem para uma gestante, então, tentaria me estressar o menos possível.
Descemos os elevadores e Marcus parecia animado demais. Quando passamos pelas portas rolantes do prédio eu o vi ali, parado. Sua camisa preta de botões e sua calça justa combinadas com uma bota de camurça não podiam negar que era ele.
Harry tinha a imensa mania de estar cada vez mais bonito.
Meus olhos se encheram de lágrima e eu corri em sua direção para um abraço.
- Isso é tudo saudade? - ele perguntou dando uma risada gostosa próximo ao meu ouvido.
- Sim. Muita! - eu disse, distribuindo vários beijos em seu rosto e boca.
- Então vamos para casa. - ele sorriu.
Me virei para Marcus, me despedindo e o agradecendo pelo dia. Tudo tinha sido incrível. Mas, eu ainda precisava contar à Harry.
Entramos no carro e seguimos por todo caminho em uma longa conversa sobre coisas que não fazem sentido para qualquer pessoa, mas para nós sim.
E mesmo imersa no assunto, minha mente procurava a melhor forma para dizer à Harry que ele seria pai.
- Acho que alguém vai ficar muito feliz com sua presença. - disse ao lembrar que há um tempo Hazz não via Sehn.
- Meu Deus, sim! - ele expressou a animação em forma de um sorriso longo. - Que bom que já estamos chegando. - rimos.
O porteiro nos recebeu com um 'boa noite' simpático, e Harry parou o carro em uma das vagas livres do estacionamento.
Saímos devagar e caminhamos até o bagageiro do carro, onde meu namorado me parou com um abraço.
- Onde você pensa que vai sem me dar muitos beijos? - ele beijava a curva do meu pescoço carinhosamente.
- Me diga você. - toquei a ponta do seu nariz. - Até quando fica?
- Quer que eu fique para sempre? - perguntou e eu senti um arrepio subir por minha espinha.
- Tudo que eu mais quero é isso. - olhei para cima, já que Harry é quase trinta e cinco centímetros maior que eu.
- Então eu fico. - beijou minha testa. - Vamos subir. Amanhã de manhã eu tenho entrevista, e podemos passar a tarde juntos.
Ótimo, eu ainda tinha mais um dia para elaborar todo o esquema de revelar a gravidez. E para isso pediria a ajuda das únicas mulheres que conhecia e estavam por perto; e Grazi.
Eu tinha cerca de três horas para preparar a melhor surpresa da vida do britânico.
Eu não sabia como ele iria reagir, mas eu precisa contar. E não seria simplesmente um: oi, estou grávida.
Eu queria algo com significado.
Encontrei com e Grazi no shopping para começarmos a bolar um bom plano.
Rodamos por todas as lojas possíveis e imagináveis, e de tudo, o que mais me encantou foi uma loja de brinquedos.
Assim que entrei no estabelecimento, vi um violãozinho, daqueles coloridos e que emitem um som horrível. Logo ao lado do violão eu vi que tinha um microfone da mesma cor. Foi ali que decidi como eu falaria.
Comprei os dois e passei em uma papelaria que ficava ao lado da loja onde estávamos.
Corri para a parte onde se encontravam os cartões de presente e peguei um que possuía vários desenhos de aviões e selos.
- Grazi, você está com as fotos do ultra-som? - perguntei pra minha amiga que se divertia com algum tipo de cartão 3d.
- Claro. Por que? - olhou rápido para mim.
- Preciso de uma. - eu disse e ela concordou.
- Dentro do carro te entrego. - assenti e fui para o caixa.
Quando saímos do shopping, alguns paparazzi fizeram fotos nossas. Mas, nada ali era suspeito. Éramos apenas três amigas fazendo compras, e nada mais.
Dentro do carro, dirigia, Grazi procurava as imagens da ultra e eu escrevia no cartão que havia comprado.
"Você prometeu que me pediria em casamento.
Disse que adoraria viver comigo para sempre.
Sei que o fruto do casamento é a família. Sei que o casamento é a troca de votos, alianças e todo o resto.
Mas, acho que passamos rápido demais por isso. Tão rápido que nem tivemos uma cerimônia e já vamos ter um filho.
Sim, você não leu errado! Essa foto da próxima página é a primeira imagem que temos de como é nosso príncipe ou princesa.
Fico feliz de ser com você.
Sempre!"
Fechei o cartão e colei o papel que Grazi me entregou na folha de trás.
Eu estava extremamente animada.
Joguei as coisas rapidamente na mala do carro e pegou o caminho para o prédio onde Harry estava.
O mesmo já me aguardava no lado de fora, junto à alguns fãs e seguranças.
- Vamos, meu querido. Não tenho todo tempo do mundo. - gritou e eu soltei uma gargalhada alta de onde estava.
Harry riu enquanto balançava a cabeça em negação e se aproximou do carro, onde entrou e se sentou ao meu lado.
- Se eu fosse você não deixaria dirigir seu carro. - ele brincou e me deu um selinho.
- Eu faço questão de bater e amassar só o seu lado, Styles. - disse em tom de ameaça, que logo se quebrou com uma risada anasalada. - Vou deixar vocês em casa e me emprestou o carro porque tenho trabalho a fazer e o meu está no mecânico para trocar o escapamento. - se explicou e Harry soltou um audível "ah". - Inclusive, estão entregues. - no momento que falou, estacionou em frente ao prédio. - Não esqueça suas coisas na mala, . - olhou para mim e piscou. - Boa sorte. - pude ouvir a menina sussurrar.
Bati a porta, peguei as sacolas pretas no porta malas e fui atrás de Harry, que já caminhava até o bloco onde ficava meu apartamento.
Ele tinha a aparência cansada, e provavelmente estava. Subimos abraçados e entramos em casa da mesma forma.
- Vou tomar um banho. - ele beijou a ponta do meu nariz. - Que acha de um filme? - eu maneei em concordância e sorri.
Harry foi em direção ao banheiro e eu usei esse tempo para tirar as coisas da sacola e dispor em cima do sofá.
Pude ouvir o rapaz cantando no chuveiro, como sempre fazia, e parei um momento para apreciar.
Como eu queria que meu filho tivesse uma voz como àquela.
O registro foi desligado e com o canto do olho pude ver Harry com uma toalha enrolada na cintura, indo em direção ao quarto. Uns cinco minutos depois ele apareceu vestindo um conjunto de moletom.
- O que são esses brinquedos? - ele caminhou até o sofá e tocou levemente em cada um dos objetos que comprei. - Isso é pra mim? - ele apontou para o cartão de presente que estava na mesa de centro e eu murmurei em resposta. Sua mão se estendeu até o pedaço de papel, que ele abriu com rapidez. Seus olhos acompanhavam cada linha e palavra que ali foram escritas, até o momento no qual as grandes esmeraldas pareciam que iriam saltar de seu rosto. - Você está brincando, não está? - ele sorria feito criança em noite de Natal. - Me diz que isso não é uma brincadeira, .
- Vira o cartão. - indiquei e ele fez, dando de cara com o registro da untrassom do dia anterior. - Espero que nosso filho ou filha possa herdar o talento para a música. - brinquei me referindo ao violão e microfone que havia comprado.
Seus olhos encheram de lágrima e, assim como ele, não consegui me conter. Me levantei do sofá que estava e me sentei ao lado dele, que ainda estava em estado de choque.
- Você vai ser pai, Harry. - sussurrei em seu ouvido e pude ver um sorriso se formando em seus lábios. - Vamos ter um filho. - lágrimas já escorriam pelo meu rosto de uma forma na qual eu ficaria parecendo um maracujá velho mais tarde. Porém, isso não era tão importante. - Harry? - Ele não pronunciava uma palavra sequer.
- Eu te amo. - as três palavras saíram com tanta naturalidade de seus lábios, que fui eu quem ficou paralisada por uns instantes após isso. - Estava doendo tanto segurar isso. - continuou. - Eu amo tudo em você. - ele passou o dedo em minha bochecha, secando minhas lágrimas. - Seus olhos, seu rosto, seu corpo, sua inteligência, sua força, seu talento. Simplesmente tudo em você é perfeito. E saber que a mulher que eu amo é quem está carregando um filho meu, é o maior privilégio que posso ter em toda a vida. Eu te amo, e não vou cansar de dizer.
Capítulo 38
"You got me feeling like, im steping on buildings, cars and boats. I swear I can touch the Sky..." - Ten Feet Tall, Afrojack
Depois do anúncio da gravidez para o mundo, eu não parava de receber ligações.
Meus irmãos, minha mãe, Rodrigo, todos da família entravam em contato para me parabenizar.
Até mesmo Madu me ligou para parabenizar e dizer que já estava de volta à Toronto, disponível para marcarmos algo o mais breve possível.
Tudo estava maravilhoso. De certa forma tudo estava indo bem.
Harry fez um show na Times Square na tarde do outro dia, apresentando seu novo single e foi um enorme sucesso.
Eu estava sozinha em casa, já que meu namorado decidiu que iria fazer compras no mercado e me poupou porque "grávidas não podem se cansar". Palavras dele. Então, fiquei por assistir séries enquanto tomava um grande copo de achocolatado.
Meu celular não parava de vibrar, mas no momento, meu computador chamou minha atenção quando eu vi a notificação do Skype.
- Olá. - olhei para a tela, onde pude ver dois rostos sorridentes.
- Meu Deus. Eu te disse que ela já está com aparência de grávida. - não contive a risada ao ouvir o rapaz dizer.
- O que seria aparência de grávida, Louis? - perguntei, ainda rindo.
- Não o questione, . - Liam sussurrou próximo ao microfone e Tommo deu um tapa em seu braço.
- Onde vocês estão? - perguntei ao ver que o ambiente era claro demais para ser um quarto, ou um cômodo comum.
- Aeroporto. - Louis disse animado.
- Estão indo pra onde? - eu era extremamente curiosa, sim.
- Nova Iorque, oras. - Liam falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - deveria ter te avisado.
- Liam, eu produzo Shawn Mendes, não você. - ri e o britânico me mostrou a língua. - E tudo bem, você tem motivos para vir. Sua namorada e gravadora estão aqui. Agora, Louis? - encarei o menino pela câmera e ele levantou os braços em rendição.
- Você acha mesmo que a namorada do meu melhor amigo fica grávida e eu não vou passar uns dias mimando ela? - arregalou os olhos e serrou os lábios da maneira que sempre fazia. - Me poupe.
- Harry poderia ter me avisado. - bati a mão na testa. - Vou organizar um quarto para ti, Tommo. - sorri e o garoto fez o mesmo. Ouvi um chiado vindo do outro lado da ligação.
- Chamada para nosso vôo, . - Liam avisou. - Nos vemos amanhã. Beijos e parabéns.
Britânicos e sua mania de não se despedirem direito após as ligações.
Ri sozinha de tudo que estava acontecendo. De certo ficaria louca até o final desta gravidez.
- Harry, você é uma negação pra tudo que faz. - reclamava enquanto empurrava o carrinho. - Chega a ser pior que Marcus.
- Eu me pergunto como o Liam te aguenta. - o produtor disse, escolhendo uma das melancias para levar. - Cara, a vai ficar com a barriga desse tamanho. - apontou para a fruta e eu não consegui ficar sério.
- Ele me aguenta porque me ama. - a garota rebateu. - Grazi te aguenta porque você é bonitinho. - concluiu.
- Vamos ficar nessa ou terminar de fazer as compras que vocês prometeram me ajudar? - questionei os amigos de minha namorada, que murmuraram algo inaudível e logo continuaram a pegar os alimentos necessários.
Eu achava interessante o fato de ter amigos tão diferentes dela, mas que juntos funcionavam de maneira perfeita.
Eu conseguia ver naqueles três o tipo de trio de ouro que todos invejavam durante o colegial. Sorte deles que não estudaram juntos, seriam os maiores causadores de problemas do colégio.
Era meu penúltimo dia em Nova Iorque e eu queria fazer uma surpresa legal para .
A felicidade de saber que ela estava carregando um filho meu era imensurável, acho que qualquer coisa que eu pensasse em fazer não seria o suficiente para externalizar o sentimento. Porém eu tentaria ao máximo.
Louis me avisou que estava a caminho da cidade e que ficaria com a brasileira até a próxima semana. De início senti receio já que o rapaz era um pouco fora da casinha, mas depois me aliviei. Era meu melhor amigo, ele não faria nada de louco a ponto de prejudicar e nosso bebê.
Eu o buscaria no aeroporto pela madrugada.
- Acho que acabamos por aqui. - comentou ao colocar o último saco de alfaces no carrinho. - Podemos ir para o caixa e depois, quem sabe, um McDonalds? Ter que aturar vocês por mais de uma hora dá fome. - eu tinha a certeza de que a garota era irritante conosco de propósito.
- Podemos. - sorri e meneei em assentimento.
foi na frente e levou todos os legumes e frutas que compramos, eu e ficamos responsáveis por passar as carnes e alimentos não perecíveis.
Tudo bem, eu assumo. Tirando as irritações de , até que foi divertido fazer compras com eles.
Depois de finalizarmos e pagarmos tudo, fomos para o carro em direção à casa de .
O dia já tinha passado rápido, e no fim da tarde fui convocada à aparecer na produtora.
"Se essa noite não é para sempre, pelo menos nós estamos juntos."
Falei em voz alta para Alan Walker a frase que seria perfeita para finalizar nossa canção juntos.
Ele já havia me presenteado com a melodia e a mixagem completamente prontas, tudo que precisávamos era de alguém que cantasse e uma letra para a música, mas esse segundo tópico já poderia ser riscado.
Eu tinha adorado o resultado do instrumental, com aquela pegada leve de início e estourando para uma coisa mais sintética no refrão. Aquilo me parecia ser uma marca do DJ, e era bem interessante.
- Então, letra finalizada? - ele perguntou, se sentando em uma das poltronas do estúdio.
- Por mim, está tudo maravilhoso. - sorri.
- Para mim também está. - ele sorriu. - Vou me organizar para ir embora, então. - apontou para a porta.
- Tudo bem, ainda vou fazer uns ajustes por aqui. - disse e ele concordou.
- Aliás, parabéns. - disse animado.
- Obrigada. - agradeci e logo pude ver o rapaz saindo de cena, dando espaço para as mensagens que eu recebi de John, Kennedy e Pat chegarem. Mas, na parte da noite, ou madrugada, eu responderia.
Ouvi duas batidas na porta da sala e logo vi que ali estava Harry Styles com um buquê e uma sacola de papel em mãos.
Seu sorriso era largo como em todas as vezes que nos víamos, sua camisa parecia um pouco amarrotada, como se tivesse dormido com ela no sofá de casa - algo que provavelmente ele fez. - e seus cabelos estavam despenteados de maneira despretensiosa.
Lindo. Esse era o único adjetivo capaz de defini-lo no momento.
Ele se aproximou quando fiz um sinal com a cabeça para que ele entrasse.
- Odeio te atrapalhar no trabalho. Mas trouxe isso para você. - ele estendeu as mãos.
Com o melhor sorriso que eu podia dar, peguei as flores e a sacola.
Eram lírios e girassóis, minhas favoritas. No outro, vinha uma bandana azul escrita "irmão mais velho" em alemão. Provavelmente era para Sehn, nosso primeiro "filho".
- Como acertou a escrita? - perguntei e ele sorriu, culpado. - Catherine, óbvio. - nem precisei que ele respondesse, já que cheguei a conclusão sozinha. - Ela é uma fofa. - suspirei.
- Vamos para casa? - perguntou. - Quero ficar minhas últimas horas desse dia e do próximo contigo. Se possível abraçados durante todo esse tempo. - ele beijou meus lábios de forma lenta e graciosa. - Ou até o Louis chegar e querer nos atrapalhar. - ele riu e eu o acompanhei.
- Vou ficar quatro dias com Tomlinson. Talvez eu surte. - levantei da cadeira e peguei minha bolsa que estava pendurada em um cabideiro. Harry riu e concordou com minha fala. - Vamos. Quero aproveitar as horas antes que o meu cunhado favorito chegue. - parei repentinamente e apontei para o britânico. - Não conte dessa fala para Liam, Niall ou Zayn. Nunca. - ele riu com a ameaça e acenou como concordância. - Então podemos ir. - demos um selinho rápido e fomos em direção ao estacionamento, onde pagariamos o carro para voltar até nossa casa.
Capítulo 39
"And even though it's different now, you're still here somehow..." - I miss you, Miley Cyrus
Depois que Harry foi embora para Los Angeles, por conta do inicio de divulgação do álbum, eu fiquei na companhia de Louis que estava, literalmente, me tratando como uma boneca de porcelana. Tudo que eu pedia ele fazia questão de conseguir e trazer na mão para mim. Eu achava isso muito engraçado. Eu só estava grávida, não com uma doença rara ou algo do tipo.
Decidimos ir ao shopping e chamamos Liam e para irem conosco.
Não era fácil andar com duas pessoas famosas, mas até que estávamos nos saindo bem.
Paramos em uma loja de artigos infantis apenas por insistência de , que queria muito comprar algo para a criança, de todas as formas possíveis.
Eu e Liam estávamos sentados em pequenos puffs que tinham no estabelecimento, enquanto Louis e minha melhor amiga se divertiam procurando a roupa perfeita para meu filho ou filha.
- O que acha dessa? - o garoto de olhos azuis veio com uma animação extraordinária em minha direção. Ele possuía um macacão de cor verde em mãos, que tinha alguns... Espera, aquilo eram dentes?
- Louis, meu filho não vai se vestir de dinossauro. - eu falei alto e Liam começou a rir ao meu lado.
- Péssima mãe, Schulte. - apontou para mim.
- Péssimo tio, Tomlinson. - fiz o mesmo.
O garoto voltou para a sessão onde estava com e continuaram a caça à roupa perfeita.
Eu observava tudo aquilo com o coração aquecido. Era fácil demais viver perto deles, tudo era sempre feliz e agradável, nunca havia um tempo ruim. E se houvesse, rapidamente era transformado.
Eu era extremamente grata por estar vivendo aquilo. Devaneava sobre a caminhada até aquele ponto; eu estava em Nova Iorque, trabalhando com o que amo e grávida de quem amo. Talvez estivesse tudo perfeito demais para ser verdade.
Até o momento a Republic Records não me chamou para a reunião de fim de contrato, já que o álbum de Shawn seria lançado daqui uns meses, meu trabalho ali acabaria. Começaria algo com David Cook, mas é um projeto que conseguimos finalizar em uma semana. Depois disso, se ninguém fechar um contrato fixo comigo, ficarei desempregada. E meu objetivo não é ser bancada por Harry Styles.
Meus pensamentos foram dispersados quando e Louis apareceram juntos com um macacão cinza.
- Ok, se eu disser que esse vocês podem levar, nós podemos sair da loja e ir comer? - levantei as mãos, me rendendo à eles.
- Eu disse que a de astronauta ela deixaria. - a garota e o garoto deram um high five e foram em direção ao caixa.
- Sério. - virei para Liam. - Como você aguenta?
- Louis ou ? - ele perguntou.
- Os dois. - ri fraco.
- Isso eu que te pergunto. - ele também riu.
Logo que voltaram do setor de pagamento, fomos comer algo na praça de alimentação.
Comemos um macarrão que não durou por muito tempo em meu estômago, já que vomitei tudo em algumas frações de minutos após comer.
- , o Harry acabou de lançar o álbum. - ele veio correndo em direção à cozinha. - Tem uma música aqui que foi composta por você. - apontou para tela do telefone e sorriu animado. - E se tornou minha favorita do disco todo. Sério! - pude sentir minhas bochechas corarem. - Me mostra mais alguma coisa sua. - fez uma carinha de pidão e meu coração derreteu.
- Ok, espere eu terminar aqui. - apontei para o brigadeiro, que estava quase pegando o ponto. - Tem um caderno de capa azul bebê dentro da gaveta de cabeceira, bem ao lado da cama. Nele tem algumas letras ou estrofes não terminadas, pode pegar e já ir olhando enquanto eu acabo o brigadeiro. - aquilo saiu com tanta naturalidade que era como se eu pedisse para ele pegar um pouco de sal para mim no armário da cozinha. Há um tempo não seria tão fácil aceitar o fato de alguém, além de mim mesma e meu irmão, estar vendo minhas composições.
Assim que terminei o doce, o deixei esfriar em um recipiente e fui até a sala. Tommo estava com o caderno em mãos e Sehn estava deitado sobre seus pés, em cima do sofá. Eu ri fraco da cena, pareciam duas crianças fofas.
- Eu sinto muito pelo seu pai. - ele suspirou fraco. - Dá pra perceber em todas as músicas. - ele apontou para o caderno. - Foi muito cedo?
- Eu tinha dez anos. - disse, me sentando no outro sofá. - E também sinto muito pela sua mãe. Sei que é bem recente. - ele levantou os olhos para mim e sorriu sem mostrar os dentes.
- Ela lutou o quanto pôde. - disse, orgulhoso da mulher que o colocou no mundo. - Eu vi aqui que você tem uma música incompleta. Que fala exatamente sobre isso. - me mostrou o rascunho.
- Ah sim, Two Of Us. - falei o nome da canção. - Nunca consegui terminá-la. Muita dor e saudade envolvidas.
- Bom, eu escrevi algumas coisas um dias desses, acho que encaixariam perfeitamente. - ele pegou o celular e começou a procurar algo em seu bloco de notas, e logo estendeu em minha direção.
Quando comecei a ler a letra de Louis e encaixar com a que eu tinha escrito, parecia que elas tinham sido criadas para se encaixar perfeitamente. Ele puxou o celular de volta para ele, e eu tive uma ideia.
- Lou, que horas são? - perguntei, um tanto animada.
- Cinco e dez. - ele olhou no visor do telefone. - Por que?
- Será que conseguimos gravar essa música até as onze da noite? - perguntei e ele também sorriu. - A Republic fica aberta até esse horário e eu estou autorizada a usar o estúdio sempre que quiser. O que acha?
- Acho que vamos lançar um single. - concluiu.
Tirei os fones assim que finalizei a canção e a renderizei.
Two Of Us era uma canção intensa, que falava sobre perda e a dor de ser deixado por quem amamos. Nesse caso, eu e Louis perdemos nossos pais, então tentamos passar todo esse sentimento de saudade para a música. Lou com a voz e eu com toda parte de instrumental.
- Pronto para ouvir nossa canção? - perguntei, virando a cadeira em direção à Tomlinson, que digitava algo no celular.
- Pronto. - ele disse.
(coloque a música para tocar agora)
Just to hear the answerphone (Apenas para ouvir a caixa postal)
Yeah, I know that you won't get this (Sei que você não vai receber isso)
But I'll leave a message so I'm not alone (Mas eu deixarei a mensagem, então não estarei sozinho)
With memories playing through my head (Com memórias brincando na minha cabeça)
You'll never know how much I miss you (Você nunca saberá o quanto sinto sua falta)
The day that they took you (No dias que eles te levaram)
I wish it was me instead (Eu queria que tivesse sido eu)
You can do it day by day" (Você pode fazer isso dia após dia.")
And diamonds, they don't turn to dust or fade away (E diamantes não se transformam em poeira ou desaparecem.)
Louis levantou do sofá e veio até meu lado, onde se sentou em uma cadeira próxima a minha a colocou o braço ao redor de meus ombros, me oferecendo apoio.
Here, until the day I die (Aqui, até o dia de minha morte)
I'll be living one life for the two of us (Eu estarei vivendo uma vida por nós dois)
Lágrimas já caiam por meu rosto, sem pestanejar. Louis tentava fazer com que a maioria delas não escapasse, limpando minha bochecha sempre que possível.
Always keep you next to me (Sempre te manterei perto de mim)
I'll be living one life for the two of us (Eu estarei vivendo uma vida por nós dois)
Esse refrão tínhamos escrito juntos. O orgulho era algo que eu também sentia, além da saudade.
I know I won't be alone (Sei que não estarei só)
Tattooed on my heart (Tatuado em meu coração)
Are the words of your favourite song (Estão as letras de sua canção favorita)
I know you'll be looking down (Sei que você estará olhando para baixo)
Swear I'm gonna make you proud (Juro que te deixarei orgulhoso)
I'll be living one life for the two of us (Estarei vivendo uma vida por nós dois)
You're written in my DNA (Está escrito em meu DNA)
Looking back in every mirror (Olhando por mim em todos os espelhos)
I know you'll be waiting, I'll see you again (Eu sei que estará esperando. Eu te verei de novo)
E mais uma vez começaram a ponte e o refrão. Uma das mãos de Tomlinson estava em meu ombro e a outra estava apertando meus dedos. Eu podia sentir que ele estava mal, mas ele tinha um sorriso no rosto. Um sorriso que demonstrava orgulho. E eu sabia que em algum lugar a mãe dele sorria da mesma forma.
So all of this is all for you (Então tudo isso é para você)
Oh, I swear to God you're living (Eu juro por Deus que você está vivendo)
Through everything I'll ever do (Através de tudo que eu fizer)
Depois que o refrão tocou pela última vez, eu vi que aquela lágrima que Louis tanto segurava desatou à cair. E ele não sentia vergonha ou medo de se demonstrar frágil daquela forma para mim. Ele sabia que eu o entendia, ele tinha certeza de que podia confiar em mim, pois passei pelo mesmo.
O puxei para um abraço apertado enquanto as últimas frases da música tocavam.
- Ele está orgulhoso de você, . - ele disse em meio ao abraço, com a voz embargada.
- Eu sei que ela também está. - apertei o botão da mesa para finalizar a reprodução da música e a encaminhei por e-mail para Louis. Fizemos isso porque sentimos vontade, mas dei à ele a liberdade de querer lançá-la ou não.
Crescer sem meu pai foi difícil, principalmente em relação à arte. Mas agora eu sei que não devo ter medo de nada, principalmente de mostrar o que faço de melhor. Eu sentia, naquele momento, seu olhar sobre mim com um sorriso. E no fundo eu podia ouvir sua voz baixa e rouca, com o sotaque alemão falando: "Você consegue, . A melhor inspiração para um artista é sua dor."
Capítulo 40
"I don't understand this, you're changing, I can't stand it..." - Changes, XXXTentation
TMZ: Novo álbum de Harry Styles conta com composições de Schulte, sua namorada e mãe de seu futuro filho.
Essa semana recebemos surpresas maravilhosas vindo do casal Harry Styles e Schulte. A primeira de todas foi o anuncio da gravidez da produtora, que nos deixou super ansiosos.
A segunda foi nada menos que o primeiro álbum solo do ex-One Direction. Intitulado 'Harry Styles' o álbum possui músicas bem diferentes das que o britânico cantava em sua época de banda. E além do mais, uma das faixas foi composta por sua amada.
Então, além de uma grande produtora Schulte é uma talentosa compositora?
Esperamos poder ter mais músicas dessa dupla pela frente.
Felicidades ao casal!
Pela primeira vez na vida eu via o TMZ escrevendo uma matéria falando bem de alguém, e esse alguém era eu.
Depois que eu e Louis terminamos a gravação de Two Of Us no último dia, eu a enviei para Harry, já que Tommo decidiu que iria lançá-la. Porém, Harry não me respondeu. Na verdade, faziam algumas horas que ele não respondia. Simplesmente ficava online e não visualizava nenhuma de minhas mensagens, já estava ficando preocupada e começava a pensar em coisas que não devia.
Fechei o computador que tinha o site de fofoca estampado na tela e apoiei minha cabeça nas costas do sofá.
- , voltei. - Louis abriu a porta da casa e tinha umas sacolas de mercado em mãos. - Está tudo bem? Cadê Sehn? - o garoto analisou o cômodo principal à procura do cachorro.
- Foi para o pet-shop. - disse baixo e o garoto foi até a cozinha guardar as compras.
Minha mente estava cercada de dúvidas, que me causavam fortes dores de cabeça. Por que Styles não me respondia? Eu entendia que ele estava ocupado com seu trabalho, mas até mesmo durante as gravações do álbum ele tirava um tempo para falar comigo. Por que agora ele não poderia?
Suspirei alto e Louis ouviu.
- Está se sentindo mal? - ele veio correndo em uma grande velocidade.
- Está tudo bem. - menti. - Preciso ligar para . - dei de ombros e me levantei do sofá, indo para o quarto.
Meu violão estava jogado na cama junto de umas folhas soltas. Tudo aquilo por um surto criativo que tive ao voltar do estúdio com Louis na noite anterior. Peguei meu celular e enviei uma mensagem no grupo de WhatsApp que Marcus criou para eu, ele, , Grazi e Liam.
Alguém online, preciso conversar.
Estou aqui. Vou te ligar.
Era , como sempre muito disponível.
Em menos de um minuto meu celular avisou que a garota ligava. Atendi com o coração da mão.
- Não quero enrolação, ok? - perguntei e a garota provavelmente ficou sem entender. - Onde Harry está, e por que ele não me responde?
- Em Los Angeles. - ela disse o óbvio, mas eu sentia que não era apenas aquilo. Pigarreei. - Ok, ele jantou com as Kardashians ontem, por conta de uma publicidade que ele fará junto com a Kendall. - meu corpo gelou e eu comecei a tremer. Como assim uma publicidade com a Jenner? E o pior, ainda tinha deixado isso acontecer. Tudo bem, ela sempre aceitará o que dará um melhor retorno para o artista. Mas, tratava-se de Kendall Jenner.
- E qual a marca? - perguntei, seca.
- Calvin Klein. - ela disse baixo, quase com um tom de culpa. - Me desculpe, .
- Você não tem culpa de eu não ter autoestima o suficiente quando se trata dela. - disse, sem acrescentar qualquer outra coisa ao assunto. - Obrigada, amiga. Tchau.
Finalizei a ligação e coloquei o travesseiro em meu rosto, soltando um grito abafado. Eu sentia meu corpo todo queimar, como se a qualquer momento eu fosse chegar à uma temperatura elevada o suficiente para me levar ao hospital e me deixar lá por alguns dias.
Lembrei que precisava manter a calma. Eu tinha um bebê no ventre e, de acordo com minha mãe, em uma conversa que tive com ela na noite que revelamos a gravidez para o mundo; eu não poderia sofrer grandes emoções, se não o bebe seria afetado por elas de alguma maneira.
Respirei fundo e tentei me acalmar. Vi que Louis estava parado na porta do quarto me observando. Eu apenas sorri fraco para ele, que veio correndo e se jogou ao meu lado na cama.
- Acho que esse momento pede um pote de sorvete e As Branquelas. - foi o que o britânico falou, me arrancando risadas fracas e acenos em concordância.
Harry
- Beijar? O que? - gritou ao telefone.
- É o contrato, . Eu quis aceitar essa publicidade, agora que assinei não posso voltar atrás. E eu já tentei. - falei com calma, e ouvia atentamente, mas eu sabia que seu coração estava repleto do mais puro ódio pela marca que me contratou.
- Tudo bem. A mulher que você ama e espera um filho teu, vai ter que ouvir de mim que você terá que beijar sua ex em uma propaganda onde usarão apenas roupas íntimas? - falou, com cinismo na voz. - Eu ainda quero ser tia, Harry. E tenho certeza que você quer ser pai.
- Quero muito. - falei.
- Pois então se vire para tentar mudar isso, estrela. - ela disse, com um pouco de raiva. - Você aceitou esse trabalho já sabendo que Jenner estava nele. Agora, eu apenas lamento por você ter que beijá-la. - ela disse. - Acredite em mim. vai fingir não ligar, mas ela vai ligar, ela vai sofrer e vai descontar tudo em nós, que estamos perto. Já não me basta Shawn, não quero cuidar de outro coração partido. É horrível ver quem eu amo triste. - a garota concluiu.
- Eu também a amo. - suspirei.
- Então por que aceitou o contrato? - ela tinha rispidez na voz. - Você já tem dinheiro o suficiente, Harry. E eu sei, porque eu cuido da sua conta bancária. Lembra? - ouvi um suspiro também por parte da americana. - Enquanto você não me arrumar uma desculpa melhor para ter aceitado esse trabalho, eu ainda vou manter em minha mente que foi por conta de Jenner. - sussurrou. - Me ligue apenas quando resolver.
E foi assim que desligou a chamada, me colocando contra parede.
Capítulo 41
"Either you want me or you don’t. I need to know, I need to know..." - Who Are You, Fifth Harmony
Foi difícil acordar depois de uma noite repleta de dor de cabeça. Ao menos, Louis esteve presente para me ajudar.
Durante a madrugada eu tive sérias crises de enjoos, seguidas de milhares de episódios de vômitos.
Tomlinson, que estava dormindo no quarto de hóspedes por esses dias, acabou adormecendo em minha cama depois de tanto acordar para me dar apoio.
Quando olhei para o lado, ele ainda dormia de maneira profunda. Levantei fazendo o mínimo de barulho possível e fui para a sala. Minha cabeça ainda latejava e os enjoos ainda estavam presentes, porém em menores quantidades.
Procurei meu celular pela estante e acabei o achando em cima do braço do sofá. Eu deveria ter o deixado ali em algum momento da madrugada.
O desbloqueei, vendo que em minhas notificações haviam apenas mensagens de , Marcus, Alan Walker, Liam e Shawn. Meu coração gelou e os enjoos vieram ainda mais fortes. Harry parecia não estar dando a mínima, e eu não entendia o porquê. Quando ele estava em Nova Iorque, estava me tratando como uma verdadeira rainha, mulher de sua vida, e todo o resto. Porém, foi apenas ele voltar para LA e ter esse encontro com as Kardashians que ele parou de me mandar mensagens. Eu ainda era sua namorada, não era? Ele deveria se preocupar por eu estar grávida, não deveria?
Meu orgulho era grande, mas eu precisava ligar, eu precisava entrar em contato.
- Oi. - o forte sotaque britânico era presente até nas poucas palavras.
- Oi, Harry. - falei baixo. - Como está?
- Bem. - ele foi direto. - E você?
- Passei mal durante a noite. - disse. - Mas, agora estou bem. Foram apenas enjoos.
- Ah, então tudo bem. - ele disse.
Um silêncio se instalou. Eu apenas ouvia a respiração de Harry. Ele realmente não tinha nada a dizer? Nada? Ele poderia ao menos tentar me explicar sobre a campanha, sobre como seria e eu não me importaria, ou não tentaria me importar tanto.
"Vamos, Hazz." - ouvi uma voz feminina soar ao fundo, eu conhecia aquela voz, mas meu subconsciente não quis me deixar acreditar que era ela que estava ali.
- Harry? - sussurrei. - Quem está com você?
- Estamos indo fazer as fotos. - foi apenas o que ele disse.
- Eu perguntei quem está com você, e não o que está indo fazer. - fui clara, meu tom de voz já aumentava.
- Kendall. - ele disse e foi como se uma faca entrasse em meu coração. - Ela veio me buscar para irmos até a locação das fotos.
- Bom trabalho. - não queria continuar aquela conversa, não agora.
- ? - sua voz pedia por perdão, por apelo. Mas, pelo quê ele queria se desculpar?
- Apenas bom trabalho, Harry. - conclui. - Me mande notícias, se quiser. - sorri nasaladamente. - Ah, e o bebê está bem, caso queira saber.
Desliguei o telefone, não permitindo que ele desse a última palavra. Era a primeira vez que eu discutia de verdade com Harry. E eu estava frágil.
Lágrimas começaram a se formar no canto dos olhos e decidi mandar uma mensagem para meu irmão.
"Mike, estou comprando uma passagem para Frankfurt. Devo chegar aí por volta da meia noite de amanhã. Nos vemos no aeroporto?"
Câmeras e mais câmeras estavam posicionadas em frente à um fundo branco, colocado no meio de um campo, como um estúdio móvel.
Jenner estava ao meu lado vestindo apenas as lingeries da marca. Mas, meu pensamento estava na conversa que tive com mais cedo ao telefone, se é que aquilo realmente pudesse ser classificado como conversa.
Ela não estava bem, e eu tenho certeza que era por minha causa. Mas, eu era um burro e medroso por não tentar explicar a situação para ela.
Eu tinha apenas aceitado a campanha porque Kendall implorou para que eu fizesse e me prometeu que todo o dinheiro da publicidade seria revestido para instituições de caridade.
Porém, eu não esperava que ela fosse querer ficar tão próxima durante os dias de campanha. Ela me fez ir jantar com ela e as irmãs, fazia questão de ir em minha casa me buscar para as fotos e entrevistas. Eu não sei exatamente o que ela queria, mas, como já disse, eu era burro e medroso para cortar essa liberdade que ela começou a achar que tem.
Saí de perto de Jenner, para ir ao trailer onte retocariam minha maquiagem e um dos cabeleireiros disse que meu celular estava tocando em cima do espelho. Olhei para o visor e vi que o nome de brilhava.
- Harry, estamos indo para Alemanha. - ela disse e eu fiquei sem saber o que falar. - Eu, Liam e . - falou.
- Como assim? Vocês não têm que trabalhar? - perguntei, ainda meio desnorteado com a notícia repentina.
- Foi uma decisão de . - pude ouvir minha assessora suspirar. - Louis está indo embora, vamos pegar o mesmo voo até Londres e depois de lá, vamos para Frankfurt. - parou para pegar fôlego. - Ela pediu para que eu te ligasse, Harry. Porque ela não quer que você entre em contato durante esses dias. - meu coração gelou. - Ela está bem triste e quer apenas relaxar um pouco. Então, pelo bem dela e da criança, não ligue.
- Isso é sério? - perguntei, incrédulo. - não quer falar comigo?
- Eu também não falaria, Harry. - ela disse, ríspida. - Ela ouviu a voz de Kendall pelo telefone. Você consegue imaginar tudo que passou pela mente dela depois disso? - eu ia falar, mas fui impedido. - Não, você não consegue. Apenas respeite o momento dela. E tente não piorar a merda que você fez.
- Por quantos dias? - suspirei.
- Você saberá. - ela concluiu. - Apenas continue o que você está fazendo durante uns dias e não ligue.
A ligação foi desligada e Kendall apareceu pelo reflexo do espelho, ela usava um hobbie cinza, seus cabelos estavam soltos em algumas ondas, e ela tinha o busto nu.
- Problemas em casa, Hazz? - ela tinha um tom de voz maldoso.
- Um pouco disso. - ri, sem graça.
- Podemos resolver isso. - ela se aproximou de mim e colocou os lábios perto da minha orelha. - Eu sei muito bem como fazer você desestressar. - foi o que ela sussurrou e, involuntariamente, meus pelos arrepiaram.
Sem saber o que responder, fiquei calado por alguns segundos, até que fui salvo pelo fotógrafo, que apareceu no trailer nos chamando para continuar a sessão.
Capítulo 42
Vale relembrar que todas as músicas usadas nessa fanfic não seguem uma linha do tempo correta. Então, uma música que foi lançada em 2019, pode ser usada como se já tivesse sido lançada na época da fic (2017-2018). Usem a criatividade, viu? <3
Agora vamos continuar:
Alemanha estava mais fria que o normal, mas isso não me incomodava. Eu gostava da sensação da ponta do nariz dormente e gelada.
Liam e me acompanhavam na viagem porque não quiseram me deixar sozinha em um momento de fragilidade como esse. Seriam apenas dois dias no país bávaro e logo depois, mais dois dias em Toronto, visitando Madu, Becca e Alice. Eu precisaria desse tempo para relaxar e pensar bem no que eu queria.
Amor sempre foi uma palavra forte e dura. Um sentimento baseado em construção e confiança, que supera toda e qualquer desavença. Era apenas isso que se passava em minha mente quando eu pensava em Harry. Eu o amava, muito. E tudo que eu mais queria era resolver esse clima estranho que se formou de uma hora para outra, entretanto, eu não era capaz de resolver sozinha algo que foi construído apenas por Harry.
Eu estava na sala de música que ficava entre meu quarto e o de Mike há exatas três horas. Meu irmão tinha saído para fazer compras junto com Liam.
, quando a vi pela última vez, conversava alegremente com minha avó sobre algo relacionado à receitas de torta exclusivamente alemãs.
Não sentia como se estivesse me escondendo, ou evitando algo. Eu apenas me refugiava dos sentimentos negativos. E ficar em frente ao piano era a única forma que eu tinha de viajar para longe, muito mais longe do que já estava. Uma mão repousava sobre as teclas e a outra sobre minha barriga. Um pequeno calo já começava a aparecer, apontando que sim, eu realmente estava grávida e aquilo não era um tipo de brincadeira.
- Você acha que devemos perdoar seu pai? - falei, olhando para meu ventre. - Sabe, criança. - suspirei. - Eu o amo muito, muito mesmo. Eu já não consigo mais imaginar minha vida sem ele. - ri fraco. - Você um dia vai entender como é se sentir assim. - acariciei a barriga. - Só espero que não sinta do mesmo jeito que estou sentindo agora.
- O que está sentindo agora? - era Liam quem entrava na sala de música. - Me desculpe pela intromissão. e Mike levaram sua Anelise ao shopping. - ele riu e eu também.
- Tudo bem, fique à vontade. - apontei para o sofá onde ele poderia se sentar. - Estou sentindo dúvidas. - ele me olhou com compreensão, como quem me dava liberdade para continuar a fala. - Há uma dúzia de possibilidades rondando minha mente, e algumas são bem ruins. - suspirei pesadamente. - A maioria me diz que Harry ficou com Kendall.
- E se ele não tiver ficado? - perguntou.
- Eu só queria que ele conversasse comigo, Liam. - joguei a cabeça para trás. - Eu tive que ficar sabendo por , e se eu não soubesse por ela, eu ia descobrir vendo a campanha já pronta. - o garoto concordou. - É tão difícil assim? Eu nunca fui do tipo ciumenta, eu não brigaria com ele. Ele sabe disso. - balancei a cabeça em negação. - Ele parece não se importar mais. - dei de ombros.
- Eu não sou o , muito menos a , e meus conselhos são péssimos. - ele riu fraco e eu fiz o mesmo. - Mas, sou amigo dos dois e não gostaria de vê-los tristes. - ele olhava em meus olhos. - Sabe, . Você está fazendo essa viagem para tentar colocar sua cabeça no eixo. - ele se aproximou de mim, e se sentou ao meu lado, na poltrona em frente ao piano. - Me mostre o que fez.
Eu sorri. A companhia de Liam já era essencial para que eu não ficasse triste.
Comecei a tocar o piano, mostrando para o britânico a minha mais nova composição. Aliás, depois que conheci Harry, compôr era o que eu mais fazia. Ele era um tipo de inspiração para mim, assim como meu pai também era.
- . - Liam falou com animação na voz.
- Sim. - eu ri.
- Você aceitaria ser produzida por mim? - ele perguntou e eu ri incrédula.
- Para de palhaçada, Liam. Eu não canto para o público. Mostrar minhas composições já foi uma vitória. - falei.
- Pelo menos essa música, . - ele praticamente implorava. - E você não precisa cantar sozinha. - ele disse e fez uma cara de quem teve a ideia perfeita. - Se você aceitar, eu faço com que a pessoa esteja aqui amanhã mesmo.
- Liam, que doideira é essa? - eu ri. - Isso seria lançado em algum lugar?
- Apenas se você quiser. - ele disse e eu respirei fundo.
Por que não? Era a pergunta que rondava minha mente.
- Só se vive uma vez, não é? - falei sorrindo e ele comemorou.
- Essa nova é a minha versão favorita; Destemida. - ele me abraçou. - Farei minhas ligações.
🎙❤📝
Acordei no dia seguinte com o cheiro do famoso Pretzel de minha avó. Levantei em um pulo, quanto tempo eu não comia um daqueles. Nem no natal ela tinha feito.
Desci as escadas correndo e vi que apenas ela e estavam na casa.
- Cadê os homens desse lugar? - perguntei rindo e dando um beijo em cada uma delas. - Bom dia.
- Como se fizessem falta. - disse e eu não contive a risada. - Foram buscar o convidado de Liam no aeroporto.
- Vocês estão fazendo tanto suspense para me contarem quem é o cara. - sentei à mesa e fiquei observando minha avó fritar as massas. - Eu o conheço?
- Estamos fazendo suspense porque vai ser sua primeira colaboração. - ela bateu palminhas. - Na verdade, a primeira vez que você vai cantar uma música sua e vai gravar ela. Porque você meio que colaborou com a música de Louis, Harry e Alan. - sua feição era de orgulho. - E sim, você o conhece.
Anelise colocou os pratos sobre a mesa e começou a servir a massa alemã. Enquanto tomávamos o café, pude ouvir vozes e risadas masculinas entrando na casa. Minha curiosidade falou mais alto e eu deixei o pretzel de lado para ver quem era o tal convidado especial.
- Vocês só podem estar brincando. - eu ri, enquanto ia abraçar meu irmão, Liam e nosso convidado. - Estou cercada de One Direction's. - todos riram. - Como você está, Zayn?
- Vivo e assustado porque Liam me ligou as três da manhã. - ele riu fraco. - Mas, quando soube que seria para gravar algo contigo, eu fiquei animado e topei. Ouvi o novo álbum de Harry e Ever Since New York é minha favorita, de longe. E claro, Two Of Us do Louis. - sorriu. - Quero fazer parte disso também. - me puxou para outro abraço. - E claro que eu queria ver essa barriguinha pessoalmente. - ele colocou a mão sobre meu ventre. - E aí, garotão. - ele sorriu e virou o olhar pra mim. - Aposto cinquenta libras que é um menino. - balancei a cabeça em negação, rindo.
- Vão faltar só dois, agora. - eu ri e os três fizeram cara de desentendidos. - Gravando contigo, vão faltar apenas Liam e Niall para eu ter feito uma música com cada um dos 1D. - todos rimos. - E apenas saberemos o sexo daqui algumas semanas, mas te mando uma mensagem.
- Então vamos tomar café e começar. - Liam deu o ultimato. - Hoje é meu dia de ser produtor. - fingiu jogar o cabelo. - Chamem-me de Liam Schulte. - saiu andando e rebolando pela casa.
[...]
Era o último take que gravávamos antes de Liam se sentar para mixar a música. Era uma gravação num estúdio caseiro, porém tinha suprido todas minhas expectativas.
A música era sobre Harry, obviamente. Qual delas não era, afinal?
Mas, enquanto eu gravava, não conseguia pensar na situação estranha na qual me encontrava com meu namorado. Eu me divertia o suficiente para não me lembrar, ou imaginar, o que Hazz poderia estar fazendo com Kendall naquele momento. Se é que ele fazia alguma coisa.
- Acabei. - Liam disse, nos chamando. - Venha, temos que ouvir e nos arrumar para irmos ao aeroporto. Ninguém manda querer ficar apenas dois dias na Alemanha. - dei língua para o garoto e me sentei no sofá da sala de música. e Mike também estavam ali. - Vamos começar. - apertou o play dando início à melodia, acompanhada de nossas vozes.
Coloque essa música para ouvir: Blind
A voz de Zayn soava como uma melodia, e a minha encaixava perfeitamente, fazendo com que nossos sorrisos se abrissem simultaneamente.
Don't lose focus, I don't want to stand in your blindside
(Não perca o foco, não quero ficar em sua persiana)
Know you working, don't you let it cut into my time
(Sei que está trabalhando, não deixe isso cortar meu tempo)
I lose my mind before I see you and I separate it (no)
(Eu perdi minha cabeça antes de nos ver separados)
I'm so scared to lose you, never choosing to let go
(Estou com tanto medo de te perder, nunca escolhi deixar ir)
Love's so fragile, anything could happen, we know
(O amor é tão frágil, qualquer coisa pode acontecer e nós sabemos)
Hearts made of glass but somehow we last, yeah we made it
(Corações feitos de vidro, mas de alguma forma nós duramos. Sim, nós fizemos isso)
Aquelas eras as palavras que eu gostaria de falar à Harry mas eu sei que não conseguiria de forma alguma. Pois era medrosa o suficiente para não fazer.
I would rather be
(Eu preferiria estar)
Without vision before I ever watch you leave
(Sem visão antes de ver você partir)
Got me feelin' like
(Me fez sentir como)
I'd be better off blind
(Se eu estivesse melhor cega)
Quando eu disse que não pensei em Harry durante as gravações, era verdade. Mas no momento que Liam deu play na música e as palavras começaram a ser proferidas, meu coração apertou.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
Eu queria pegar o telefone naquele momento e ligar para Harry, mas eu não faria isso. Eu não podia fazer, meu orgulho não permitia.
20/20 don't really mean nothing to me and you
(20/20 realmente não significa nada para nós)
We here looking at the same window with different views
(Estamos olhando para a mesma janela com vistas diferentes)
I'll take my time
(Vou levar meu tempo)
To read between the faces you're making
(Para ler as faces que está fazendo)
I would rather be
(Eu preferiria estar)
Without vision before I ever watch you leave
(Sem visão antes de ver você partir)
Got me feelin' like
(Me fez sentir como)
I'd be better off blind
(Se eu estivesse melhor cega)
Eu só queria poder ouvir sua respiração, sua voz, queria que eu não fosse orgulhosa ao ponto de não ligar.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
Simplesmente Harry estava acabando com meu sentimental e tudo que era ligado à ele. Era como uma balança; ao mesmo tempo que ele me fazia bem, ele estava me fazendo mal. O único problema era que eu não deixava de ama-lo. Tudo era ele, para ele, sobre ele.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
A música acabou, fazendo com que sorrisos tomassem conta do ambiente. Sorrisos de alegria, orgulho e sentimentos positivos.
- E ai? - Liam disse, nos encarando. Principalmente à mim. - O que achou?
- Prepare tudo. Eu quero lançar essa música.
Agora vamos continuar:
Alemanha estava mais fria que o normal, mas isso não me incomodava. Eu gostava da sensação da ponta do nariz dormente e gelada.
Liam e me acompanhavam na viagem porque não quiseram me deixar sozinha em um momento de fragilidade como esse. Seriam apenas dois dias no país bávaro e logo depois, mais dois dias em Toronto, visitando Madu, Becca e Alice. Eu precisaria desse tempo para relaxar e pensar bem no que eu queria.
Amor sempre foi uma palavra forte e dura. Um sentimento baseado em construção e confiança, que supera toda e qualquer desavença. Era apenas isso que se passava em minha mente quando eu pensava em Harry. Eu o amava, muito. E tudo que eu mais queria era resolver esse clima estranho que se formou de uma hora para outra, entretanto, eu não era capaz de resolver sozinha algo que foi construído apenas por Harry.
Eu estava na sala de música que ficava entre meu quarto e o de Mike há exatas três horas. Meu irmão tinha saído para fazer compras junto com Liam.
, quando a vi pela última vez, conversava alegremente com minha avó sobre algo relacionado à receitas de torta exclusivamente alemãs.
Não sentia como se estivesse me escondendo, ou evitando algo. Eu apenas me refugiava dos sentimentos negativos. E ficar em frente ao piano era a única forma que eu tinha de viajar para longe, muito mais longe do que já estava. Uma mão repousava sobre as teclas e a outra sobre minha barriga. Um pequeno calo já começava a aparecer, apontando que sim, eu realmente estava grávida e aquilo não era um tipo de brincadeira.
- Você acha que devemos perdoar seu pai? - falei, olhando para meu ventre. - Sabe, criança. - suspirei. - Eu o amo muito, muito mesmo. Eu já não consigo mais imaginar minha vida sem ele. - ri fraco. - Você um dia vai entender como é se sentir assim. - acariciei a barriga. - Só espero que não sinta do mesmo jeito que estou sentindo agora.
- O que está sentindo agora? - era Liam quem entrava na sala de música. - Me desculpe pela intromissão. e Mike levaram sua Anelise ao shopping. - ele riu e eu também.
- Tudo bem, fique à vontade. - apontei para o sofá onde ele poderia se sentar. - Estou sentindo dúvidas. - ele me olhou com compreensão, como quem me dava liberdade para continuar a fala. - Há uma dúzia de possibilidades rondando minha mente, e algumas são bem ruins. - suspirei pesadamente. - A maioria me diz que Harry ficou com Kendall.
- E se ele não tiver ficado? - perguntou.
- Eu só queria que ele conversasse comigo, Liam. - joguei a cabeça para trás. - Eu tive que ficar sabendo por , e se eu não soubesse por ela, eu ia descobrir vendo a campanha já pronta. - o garoto concordou. - É tão difícil assim? Eu nunca fui do tipo ciumenta, eu não brigaria com ele. Ele sabe disso. - balancei a cabeça em negação. - Ele parece não se importar mais. - dei de ombros.
- Eu não sou o , muito menos a , e meus conselhos são péssimos. - ele riu fraco e eu fiz o mesmo. - Mas, sou amigo dos dois e não gostaria de vê-los tristes. - ele olhava em meus olhos. - Sabe, . Você está fazendo essa viagem para tentar colocar sua cabeça no eixo. - ele se aproximou de mim, e se sentou ao meu lado, na poltrona em frente ao piano. - Me mostre o que fez.
Eu sorri. A companhia de Liam já era essencial para que eu não ficasse triste.
Comecei a tocar o piano, mostrando para o britânico a minha mais nova composição. Aliás, depois que conheci Harry, compôr era o que eu mais fazia. Ele era um tipo de inspiração para mim, assim como meu pai também era.
- . - Liam falou com animação na voz.
- Sim. - eu ri.
- Você aceitaria ser produzida por mim? - ele perguntou e eu ri incrédula.
- Para de palhaçada, Liam. Eu não canto para o público. Mostrar minhas composições já foi uma vitória. - falei.
- Pelo menos essa música, . - ele praticamente implorava. - E você não precisa cantar sozinha. - ele disse e fez uma cara de quem teve a ideia perfeita. - Se você aceitar, eu faço com que a pessoa esteja aqui amanhã mesmo.
- Liam, que doideira é essa? - eu ri. - Isso seria lançado em algum lugar?
- Apenas se você quiser. - ele disse e eu respirei fundo.
Por que não? Era a pergunta que rondava minha mente.
- Só se vive uma vez, não é? - falei sorrindo e ele comemorou.
- Essa nova é a minha versão favorita; Destemida. - ele me abraçou. - Farei minhas ligações.
Acordei no dia seguinte com o cheiro do famoso Pretzel de minha avó. Levantei em um pulo, quanto tempo eu não comia um daqueles. Nem no natal ela tinha feito.
Desci as escadas correndo e vi que apenas ela e estavam na casa.
- Cadê os homens desse lugar? - perguntei rindo e dando um beijo em cada uma delas. - Bom dia.
- Como se fizessem falta. - disse e eu não contive a risada. - Foram buscar o convidado de Liam no aeroporto.
- Vocês estão fazendo tanto suspense para me contarem quem é o cara. - sentei à mesa e fiquei observando minha avó fritar as massas. - Eu o conheço?
- Estamos fazendo suspense porque vai ser sua primeira colaboração. - ela bateu palminhas. - Na verdade, a primeira vez que você vai cantar uma música sua e vai gravar ela. Porque você meio que colaborou com a música de Louis, Harry e Alan. - sua feição era de orgulho. - E sim, você o conhece.
Anelise colocou os pratos sobre a mesa e começou a servir a massa alemã. Enquanto tomávamos o café, pude ouvir vozes e risadas masculinas entrando na casa. Minha curiosidade falou mais alto e eu deixei o pretzel de lado para ver quem era o tal convidado especial.
- Vocês só podem estar brincando. - eu ri, enquanto ia abraçar meu irmão, Liam e nosso convidado. - Estou cercada de One Direction's. - todos riram. - Como você está, Zayn?
- Vivo e assustado porque Liam me ligou as três da manhã. - ele riu fraco. - Mas, quando soube que seria para gravar algo contigo, eu fiquei animado e topei. Ouvi o novo álbum de Harry e Ever Since New York é minha favorita, de longe. E claro, Two Of Us do Louis. - sorriu. - Quero fazer parte disso também. - me puxou para outro abraço. - E claro que eu queria ver essa barriguinha pessoalmente. - ele colocou a mão sobre meu ventre. - E aí, garotão. - ele sorriu e virou o olhar pra mim. - Aposto cinquenta libras que é um menino. - balancei a cabeça em negação, rindo.
- Vão faltar só dois, agora. - eu ri e os três fizeram cara de desentendidos. - Gravando contigo, vão faltar apenas Liam e Niall para eu ter feito uma música com cada um dos 1D. - todos rimos. - E apenas saberemos o sexo daqui algumas semanas, mas te mando uma mensagem.
- Então vamos tomar café e começar. - Liam deu o ultimato. - Hoje é meu dia de ser produtor. - fingiu jogar o cabelo. - Chamem-me de Liam Schulte. - saiu andando e rebolando pela casa.
[...]
Era o último take que gravávamos antes de Liam se sentar para mixar a música. Era uma gravação num estúdio caseiro, porém tinha suprido todas minhas expectativas.
A música era sobre Harry, obviamente. Qual delas não era, afinal?
Mas, enquanto eu gravava, não conseguia pensar na situação estranha na qual me encontrava com meu namorado. Eu me divertia o suficiente para não me lembrar, ou imaginar, o que Hazz poderia estar fazendo com Kendall naquele momento. Se é que ele fazia alguma coisa.
- Acabei. - Liam disse, nos chamando. - Venha, temos que ouvir e nos arrumar para irmos ao aeroporto. Ninguém manda querer ficar apenas dois dias na Alemanha. - dei língua para o garoto e me sentei no sofá da sala de música. e Mike também estavam ali. - Vamos começar. - apertou o play dando início à melodia, acompanhada de nossas vozes.
Coloque essa música para ouvir: Blind
A voz de Zayn soava como uma melodia, e a minha encaixava perfeitamente, fazendo com que nossos sorrisos se abrissem simultaneamente.
Don't lose focus, I don't want to stand in your blindside
(Não perca o foco, não quero ficar em sua persiana)
Know you working, don't you let it cut into my time
(Sei que está trabalhando, não deixe isso cortar meu tempo)
I lose my mind before I see you and I separate it (no)
(Eu perdi minha cabeça antes de nos ver separados)
I'm so scared to lose you, never choosing to let go
(Estou com tanto medo de te perder, nunca escolhi deixar ir)
Love's so fragile, anything could happen, we know
(O amor é tão frágil, qualquer coisa pode acontecer e nós sabemos)
Hearts made of glass but somehow we last, yeah we made it
(Corações feitos de vidro, mas de alguma forma nós duramos. Sim, nós fizemos isso)
Aquelas eras as palavras que eu gostaria de falar à Harry mas eu sei que não conseguiria de forma alguma. Pois era medrosa o suficiente para não fazer.
I would rather be
(Eu preferiria estar)
Without vision before I ever watch you leave
(Sem visão antes de ver você partir)
Got me feelin' like
(Me fez sentir como)
I'd be better off blind
(Se eu estivesse melhor cega)
Quando eu disse que não pensei em Harry durante as gravações, era verdade. Mas no momento que Liam deu play na música e as palavras começaram a ser proferidas, meu coração apertou.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
Eu queria pegar o telefone naquele momento e ligar para Harry, mas eu não faria isso. Eu não podia fazer, meu orgulho não permitia.
20/20 don't really mean nothing to me and you
(20/20 realmente não significa nada para nós)
We here looking at the same window with different views
(Estamos olhando para a mesma janela com vistas diferentes)
I'll take my time
(Vou levar meu tempo)
To read between the faces you're making
(Para ler as faces que está fazendo)
I would rather be
(Eu preferiria estar)
Without vision before I ever watch you leave
(Sem visão antes de ver você partir)
Got me feelin' like
(Me fez sentir como)
I'd be better off blind
(Se eu estivesse melhor cega)
Eu só queria poder ouvir sua respiração, sua voz, queria que eu não fosse orgulhosa ao ponto de não ligar.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
Simplesmente Harry estava acabando com meu sentimental e tudo que era ligado à ele. Era como uma balança; ao mesmo tempo que ele me fazia bem, ele estava me fazendo mal. O único problema era que eu não deixava de ama-lo. Tudo era ele, para ele, sobre ele.
When I close my eyes
(Quando eu fecho meus olhos)
All I think about is you
(Tudo que eu penso é sobre você)
A música acabou, fazendo com que sorrisos tomassem conta do ambiente. Sorrisos de alegria, orgulho e sentimentos positivos.
- E ai? - Liam disse, nos encarando. Principalmente à mim. - O que achou?
- Prepare tudo. Eu quero lançar essa música.
Capítulo 43
(Capítulo crossover com Nobody Will Ever Be Like You da Grazie S)
"Does it almost feel like nothing changed at all?" - Pompeii, Bastille
TMZ: Schulte e Zayn lançam o single 'BLIND' e alcançam as paradas em menos de 24h.
TMZ: Schulte e Harry Styles terminaram?
TMZ: Harry Styles é visto ao lado de Kendall Jenner em show da banda Eagles em Los Angeles.
TMZ: Schulte desembarca em Toronto.
- Você está bem com tudo isso? - Madu sentou ao meu lado no sofá de sua casa e me entregou uma xícara de chá.
- Sinceramente, não sei como me sentir. - suspirei. - Parte de mim está extremamente feliz por ter, finalmente, perdido o medo de lançar algo meu. A outra parte está dolorida por conta dessa história com Harry. Ele não entra em contato, não dá notícias, comenta em meu post de divulgação do single e logo depois é visto com Jenner aos abraços. - encostei a cabeça no sofá. - Ele sempre foi confuso, você sabe. - olhei para minha amiga, remetendo-a ao nosso primeiro encontro em Toronto, ela deu uma risada fraca. - E eu tentei de todas as formas organizar essa bagunça, eu juro que tentei. Isso está me deixando saturada, toda essa confusão.
- Nós passamos e estamos passando por coisas parecidas, . - Madu cruzou as pernas, se ajeitando na poltrona. - Eu talvez não seja a melhor pessoa para te dar conselhos no momento. Mas, eu estou aqui. - ela segurou minha mão. - Por vocês! - ela levou a mão até minha barriga e eu sorri.
- Sabe, Madu. Eu e Harry conversamos sobre, e queríamos fazer isso de uma forma mais simbólica. - sorri. - Mas, esse momento aqui sempre vai ter um significado para mim. - a garota me olhava com curiosidade. - Então, eu vou te perguntar e você aceita se quiser. - ela colocou seu copo de café na mesa de centro e voltou a me olhar. - Você aceita ser madrinha desse neném? - a boca da garota se transformou em um perfeito 'O' e eu não contive o sorriso.
- Eu? Sério? - ela perguntava, animada. - Mas e , ou Grazi, ou até mesmo Catherine?
- Elas são minhas amigas, assim como você. - sorri. - Mas sinceramente, não vejo nenhuma delas cuidando de uma criança caso algo aconteça comigo. - falei e a garota olhou para cima, provavelmente imaginando como seria, e concordou com uma risada.
- Obvio que eu aceito. Mas que pergunta! - ela pulou para me dar um abraço. - Oi neném, aqui é a dindinha. - ela aproximou a boca de minha barriga. - Você vai ser a criança mais mimada do mundo, e eu já te amo demais. - deu um beijo em minha pele e sorriu em seguida. - Obrigada por isso, . - ela olhou para mim.
- Podemos ir? - Becca disse, enquanto ela e Alice, prima de Madu, entravam pela porta do apartamento.
Havíamos combinado de fazer um ensaio fotográfico para registrar o início da gravidez. Minha barriga ainda não estava grande, mas de vez em quando ela resolvia aparecer, e hoje era um desses dias.
- Claro. - eu e Madu dissemos em uníssono.
Levantamos do sofá, pegando nossas louças e levando para a pia. Madu já estava com os figurinos e os materiais separados em uma mochila preta, que ela colocou nas costas assim que levantou. Descemos pelo elevador e pegamos um táxi até o local de trabalho das meninas, que seria onde faríamos as fotos.
O estúdio já estava preparado, com fundos de diversas cores. Um para cada tom de vestido que eu usaria. Becca ficou responsável por fazer minha maquiagem, já que elas queriam fazer algo leve e natural.
Coloquei um vestido rosa de seda e fui para frente do fundo escuro.
- Vamos começar. O que quer ouvir para animar o ensaio? - Madu perguntou, enquanto ajustava a câmera em suas mãos.
- Acho justo ouvirmos sua música em looping. - Alice disse, rindo. - E quem sabe algumas outras dessa playlist que achei no Spotify. - deu de ombros e conectou o aparelho à caixa de som.
BLIND começou a tocar e todas elas já sabiam a letra. Fiquei extremamente feliz ao ver que minha música estava alcançando caminhos maiores.
Eram poses e mais poses, cliques e mais cliques. Eu estava extremamente feliz de estar ali, com minhas amigas e a madrinha do meu bebê. Isso me fez crer, por um momento, que mesmo se eu não tiver Harry ao meu lado, essa criança será rodeada do mais puro amor e carinho. Porque longe do Brasil e da Alemanha, aquelas pessoas eram minha família.
No fim de tudo, decidimos continuar as fotos no apartamento de Madu, onde fizemos um ensaio um pouco mais caseiro e intimista.
Depois de dois dias em Toronto ao lado das meninas, estava na hora de voltar à realidade. Precisava voltar para Nova Iorque e encarar uma reunião com a Republic e finalizar a produção de Alan.
O voo foi tranquilo, pela primeira vez os enjoos não apareceram, o que me deixou bem relaxada, conseguindo até dormir por uns instantes antes de pousarmos na cidade que nunca dorme.
Pedi um táxi para ir até minha casa e só então me lembrei que havia deixado Sehn em um hotel para cachorros. Deixei as malas e aproveitei o mesmo táxi para buscar o cão. Depois que cheguei em casa, junto de Sehn, tomei um banho relaxante e fui dormir.
No dia seguinte acordei com e Grazi, que tinham acabado de chegar da Austrália, fazendo alvoroço em minha sala.
- O meu pior erro foi ter dado uma cópia da chave para vocês. - falei com a voz ainda embargada pelo sono.
- Muito bom te ver de novo também. - falou, vindo até mim e abrindo os braços para envolver meu corpo. - Estava com saudades. - o americano arriscou falar a palavra portuguesa e seu sotaque foi fofo o suficiente para me arrancar um sorriso.
- Eu também estava. - me aproximei dos demais e sentei no sofá, ao lado de . - Me contem como foi a viagem. - quando disse, a única coisa que Grazi fez foi levantar a mão esquerda e mostrar o grande anel de diamantes que tomava conta de seu dedo. - Você está brincando. - olhei para ela e , com um sorriso gigante nos lábios.
- Estamos noivos. - eles disseram e eu bati palminhas animadas, seguidas de gritinhos felizes. - E queremos você como madrinha dessa união. - coloquei a mão sobre o peito.
- Meu Deus, me sinto honrada. - sorri. - É claro que eu aceito, seus idiotas. - abri os braços. - Agora venham aqui abraçar uma grávida sonolenta. - eles se levantaram e me encheram de abraços.
Ouvimos a porta da sala abrir e Sehn foi correndo em sua direção. entrava no local, seguida de Liam. A garota tinha vários papéis em mãos, que eu deduzi serem minhas correspondências, já que ela sempre as pegava para mim.
- Festival de abraço? - Payne perguntou com um sorriso. - Viramos lontras agora?
- Eles estão noivos. - eu disse, feliz. Liam e correram para se juntar ao abraço. - Viu, agora somos uma família de lontras. - eu disse, quebrando totalmente o clima fraternal que estava no ar, já que todos caíram em risadas.
- Bom, já que estamos todos com notícias boas, eu também tenho uma. - disse, se levantando.
- Não me diga que está grávida também. - Grazi falou.
- Minha pequena gafanhota, eu já disse que amo gravidez. Mas, dos outros. - ela riu. - Me contento em ser a tia legal que vai levar o neném da para o mal caminho. - balancei a cabeça em negação, enquanto sorria.
- Me diz, qual a notícia. - perguntou ansioso.
- O resultado da sua sexagem fetal chegou, . - ela levantou um dos papéis que estavam em sua mão. - Vamos aproveitar que estamos todos juntos para abrir.
Naquele momento eu comecei a suar frio. Queria que Harry estivesse ali, queria que ele soubesse o sexo do nosso filho junto comigo. Mas, ele não estava, ele ao menos ligava.
- Você quer fazer isso? - a assessora perguntou, estendendo o papel em minha direção. Eu meneei em concordância.
O papel em minhas mãos estava quente devido a quantidade de toques que tivera antes. Eu olhei para o emblema do laboratório timbrado no verso e suspirei. Agora era o momento.
Abri com calma, para não rasgar e perder a chance de saber. Milhares de informações sobre peso, batimentos e a saúde do feto em geral, vinham escritas ali. Mas, o que me chamou atenção estava logo abaixo.
- E ai, . - perguntou, ela tinha um nervosismo claro em sua voz. - Qual o sexo?
Respirei fundo e sorri. Eu já sabia, o tempo todo.
- Menino. - sorri. - Vamos ter um menino.
Capítulo 44
"Starin' at a problem we can't solve..." - Pretend, CNCO
O fim de semana tinha passado de forma rápida. Era quarta-feira e eu já tinha finalizados dois projetos; a música com Alan Walker e uma letra que eu e Catherine estávamos escrevendo juntas.
Estava em casa preparando o almoço, já que receberia Liam, , , Grazi e Zayn, que estava a caminho da cidade para algumas premiações e divulgações que ele faria.
Sehn estava sentado na porta da cozinha e eu estava apoiada na bancada, esperando a panela pegar a pressão certa para cozinhar os legumes.
Rodava a timeline do Twitter em meu celular, para distrair a mente. Vi uma publicação do Patriots, anunciando a vitória no SuperBawl. Fiz uma nota mental; ligar para Danny e o parabenizar assim que possível. Alguns tweets abaixo da foto do time, vi um anuncio da Billboard, com as quinze músicas mais ouvidas dos últimos dias. Meu coração quase parou quando vi que 'BLIND' estava entre elas.
Um suave assobio veio da panela, avisando que ela estava começando a pegar pressão. Aproveitei esse tempo para organizar a mesa do almoço, colocando os pratos, talheres, copos e tudo que era necessário. Foi o tempo certo para a panela terminar o cozimento dos legumes e eu poder desliga-la para, finalmente, tomar um banho e esperar meus convidados.
Uma melodia ainda incompleta rondava minha cabeça. Talvez ela pudesse virar alguma música depois de um tempo. Peguei meu celular assim que saí do banheiro, e cantarolei para o gravador de voz, com o objetivo de não deixar aquela futura canção ser perdida.
Enquanto eu trocava de roupa, dois toques foram dados na campainha. Como sabia das visitas, apenas gritei para que entrassem. Porém Sehn começou a latir e ficar mais eufórico que o normal. Fechei o botão da calça e fui para sala.
- Meu amor, por que está tão animado? - falei para o cachorro, enquanto dobrava a manga da camisa.
- Por que faz um tempo que ele não me vê. - a rouquidão da voz, que já era bem conhecida por mim soou pela sala. Levantei meu olhar calmamente e dei de cara com os olhos verdes.
- O que você está fazendo aqui, Harry? - perguntei. Eu não sorri, não corri para um abraço, um beijo, ou qualquer outra coisa. Apenas fiquei parada no meu lugar de origem, encarando o homem que me fez chorar durante, praticamente, uma semana inteira.
- Precisamos conversar. - ele falou, ajeitando sua mochila nas costas, sinal de que ele veio direto do aeroporto para minha casa.
- Precisamos conversar? - ri, incrédula com que estava ouvindo. - Você acha que é fácil assim, Harry? - meu tom de voz era normal, mas eu sabia que não conseguiria me manter nele por muito tempo. - Você vai embora de Nova Iorque depois que eu te digo que estou grávida, fica sem me ligar, sem me dar notícias, aceita fazer uma publicidade com Kendall, não retorna minhas mensagens. E você acha que pode simplesmente chegar na minha casa e dizer que 'precisamos conversar'? - foi quando meu tom mudou. - Não. Nós não precisamos conversar. - minha voz estava embargada. - Sabe por quê? Porque eu não quero conversar com você. - lágrimas se formavam em meus olhos. - Eu não quero discutir por algo que você não fez questão alguma de lutar. - minhas bochechas já estavam molhadas pelas lágrimas que começaram a escapar. - Eu não ia brigar por conta da publicidade, não ia ficar chateada. Você sabe disso. - apontei em sua direção. - Mas você achou mais simples dar as costas para mim e para seu filho. - ri. - Sim, é um menino. - falei e ele me encarou com os olhos imersos em água. - Mas, não é como se você ligasse. - suspirei. - Eu me entreguei, eu falei que te amava. - me aproximei do garoto e coloquei o indicador sobre seu peito. - Eu te amo. - mais lágrimas caiam pelo meu rosto. - Mas está doendo muito te amar.
- ... - ele disse fraco e colocou a mão sobre a minha.
- Não, Harry. - tirei minha mão da dele. - Eu acho melhor você ir embora antes que e os outros cheguem. Todos estão bem chateados com você.
- Você está... - ele disse.
- Não estou terminando com você, Harry. Ainda preciso pensar bastante sobre algumas coisas. - suspirei fundo.
- Eu te amo, . - ele falou, chorando.
- Eu sei. Mas, não é só o amor que mantém um relacionamento. É muito mais que isso. - falei. - Vou te acompanhar até a porta.
Caminhei ao lado dele e coloquei a mão na maçaneta.
- Qual vai ser o nome dele? - perguntou.
- Queria que escolhêssemos juntos. - disse, com a voz fraca e abri a porta. - Tchau, Harry.
Não disse mais nada, assim como ele, que saiu pela porta e caminhou pelo corredor vazio.
Um tempo depois, antes mesmo de eu fechar a porta, meus amigos apareceram em minha frente.
- Mau momento? - perguntou e eu apenas assenti, com lágrimas nos olhos. Ele me puxou para um abraço e os outros vieram logo em seguida. Eu estava começando a gostar desses abraços em grupo.
- Vamos almoçar, por favor. - falei, ainda chorando.
Harry
Louis estava do outro lado da tela, com seu filho nos braços. Enquanto eu estava numa cama de hotel, durante mais um dia em Nova Iorque.
- Você fez merda, Harry. E você sabe disso. - ele falou, deixando o palavrão escapar em um tom mais baixo, por conta de Freddie.
- E o que eu faço agora? - perguntei, ainda lembrando da cena em que me mandou ir embora no dia anterior, sem ao menos se despedir como sempre fazíamos.
- Você senta e espera, Harry. - ele deu de ombros. - Só sinto muito por você perder a melhor parte; a gravidez de .
- É um menino, Tommo. - suspirei.
- Eu sei, ela me contou. - meu amigo falou e uma faca atravessou meu peito naquele momento. Ela já tinha contado para todos, menos para mim. Ela pretendia contar para mim? - Não faça essa cara, mate. - quando ele disse, percebi que estava sério. - Você sabe porque ela não te contou antes.
- Sim, eu sei. - balancei a cabeça.
- Preciso ir. Briana está vindo buscar o Freddie. - falou e eu concordei. - Até mais, Hazz.
Ele desligou a chamada de vídeo e eu joguei a cabeça para trás, afundando-a no travesseiro. Um apito em meu telefone indicou que uma mensagem havia chegado.
"Esqueci de falar: Sugiro que olhe o TMZ."
Era de Louis.
Aproveitei que o computador estava em mãos e abri o site de fofoca. Logo na tela principal havia a manchete principal, que provavelmente era a que Louis pediu para eu ler.
"TMZ: Schulte dá entrevista exclusiva, por telefone e fala de planos para sua carreira e apresentação de seu primeiro single no Grammy.
A produtora, engenheira de som e agora, cantora; Schulte, nos deu espaço para fazer algumas perguntas através de uma ligação. Leia a entrevista abaixo:
TMZ: De onde surgiu a ideia de lançar uma música?
A.S: Eu sempre escrevi. Antigamente tinha medo de mostrar as composições, mas algumas pessoas me fizeram perceber que esse medo era inconsequente. Então, quando Liam escutou BLIND, decidiu produzi-la, assim que ficou pronta e eu ouvi, virei para ele e falei: "precisamos divulgar essa música."
TMZ: Você e Zayn já se conheciam antes da gravação?
A.S: Tivemos o prazer de nos conhecer no aniversário de Louis ano passado. Ele é uma pessoa incrível e tem se mostrado um amigo para todas as horas. Foi a pessoa certa para cantar comigo nessa música, não conseguiria imaginar ninguém além dele.
TMZ: Pretende lançar um álbum?
A.S: Bom, isso é algo que estou trabalhando. Tenho músicas o suficiente para fazer um álbum, mas não posso dar certeza para vocês. (risos)
TMZ: Alguma colaboração prevista?
A.S: Sim. Muitas! Eu e Catherine (Heinze) vamos soltar uma música esta semana, e estou trabalhando em algo com Shawn também. Mas, enquanto não lançamos, vocês podem escutar BLIND em looping.
TMZ: Quais as inspirações principais para suas composições?
A.S: Meus acontecimentos de vida. Meu relacionamento, minhas amizades, minha gravidez. De tudo um pouco.
TMZ: Como está o coração para apresentar BLIND pela primeira vez?
A.S: Está a mil. Minha primeira apresentação em rede internacional, e vai ser no Grammy. Você consegue visualizar o quão nervosa estou? (risos). Porém, estou confiante de que será lindo.
Ficamos contentes em saber que a garota conseguiu vencer seus medos e finalmente apostar em algo a mais para sua carreira. Estamos ansiosos para ver onde chegará Schulte."
Eu sorria. Meus olhos estavam marejados, mas eu sorria. Era orgulho. Orgulho por ter feito parte de uma dessas pessoas que ajudaram a perder seu medo, orgulho de ser uma de suas inspirações.
Eu queria ligar para ela, queria aparecer de novo, queria poder abraçá-la e beijá-la como fazia antes. Mas, não seria tão fácil, como Louis e ela mesma disseram.
Eu precisava reconquistar a confiança de , e esse seria meu objetivo a partir de agora.
Capítulo 45
"Anything like the way you runnin' through my veins..." - Eyes Off You, PrettyMuch
Noite do Grammy. Talvez uma das noites mais importantes para a música em geral.
Eu nunca, em um milhão de anos, imaginaria estar participando de uma dessas noites, principalmente como artista.
Eu já estava junto de Liam, e Zayn, que me acompanharia esta noite.
Desde a última semana, quando Harry e eu tivemos aquela "conversa", ele tem tentado me ligar ou entrar em contato de qualquer forma. Mas, eu não iria ceder tão fácil aos encantos dele, eu precisava pensar bem no que eu queria, e se a resposta fosse ele, talvez eu pudesse dar outra chance.
- , seu vestido chegou, e a equipe de maquiagem também. - apareceu na porta do quarto. Estávamos hospedados na casa de Liam na cidade, o que nos deixou muito mais confortáveis para nos arrumamos sem toda a pressa que os artistas que estavam em hotéis.
- Ok, já estou de banho tomado e pela primeira vez ele não está me fazendo passar mal. - apontei para minha barriga e a garota riu. - Então, mande subir.
- Ainda não escolheu um nome? - ela fez um semblante de dúvida e eu torci os lábios. - Esperando por Harry? - assenti. - Acho que já está na hora de fazer isso sem ele. - deu de ombros e saiu do cômodo, me deixando sozinha com meus pensamentos.
Será que realmente já era o momento de eu começar a me desvencilhar de Harry? Alguma coisa me dizia que era o certo, mas outra me dizia que eu ainda precisava pensar muito sobre tudo isso.
Respirei fundo e ouvi uma batida na porta, era a equipe de maquiagem e um homem com minha roupa.
A única vez que eu tive toda essa mordomia foi no evento da Canada Goose em dezembro do último ano. Ainda não estava acostumada com isso e provavelmente demoraria um pouco para isso acontecer.
Sentei-me em uma cadeira preta e uma mulher começou a preparar meu rosto, enquanto um homem moldava meu cabelo com uma escova.
- , querida, quer ver seu vestido? - Clark, o estilista, perguntou. Eu apenas murmurei, concordando. Então, ele abriu a capa preta que guardava a peça. Era um vestido branco com a saia cheia e algumas faixas em um amarelo escuro na transversal. - Um Louis Vuitton autêntico e feito apenas para você. - não pude conter o sorriso ao ouvir aquela frase.
- Obrigada, Clark. - ri fraco.
- Agradeça à Zayn. - ele piscou. - Assim que terminarem com sua beleza, colocaremos esse vestido em você.
E como ele disse, foi feito. Logo que finalizaram cabelo e maquiagem, o rapaz me ajudou a vestir a peça e calçar os sapatos. Então, lá estava eu, finalmente pronta para a maior e melhor noite de minha vida.
O carro preto estacionou próximo à entrada do tapete vermelho, e logo dois seguranças vieram abrir a porta. Eu e Zayn dividíamos o espaço no banco traseiro. Minhas mãos suavam e eu pedia aos céus por ajuda para sobreviver àquele momento.
- Não fique nervosa, . - o britânico colocou sua mão sobre a minha. - Vai dar tudo certo. - a porta do carro foi aberta e o garoto saiu, sendo recebido pela histeria do público que estava ali para assistir o tapete vermelho. Vi que ele comentou algo com o segurança e se virou para a porta do automóvel, fazendo um sinal para que eu saísse. Suspirei e tomei a coragem necessária.
Logo que saí do carro os gritos foram intensificados. Olhei para os lados, me perguntando se algum outro artista tinha chegado, mas não. Aqueles gritos eram para mim. Sorri verdadeiramente e segui Zayn e os seguranças até o local onde as fotos seriam feitas.
Primeiro tiraram fotos minhas com Zayn, já que juntos éramos uma das performances da noite, e logo depois fizeram as fotos solo.
Enquanto caminhávamos para dentro do evento, fui chamada para responder algumas perguntas, novamente para a MTV.
- Schulte, a brilhante produtora que agora é uma estrela pop mundial. - a mulher de cabelos loiros disse com um sorriso no rosto.
- Não é pra tanto. - ri fraco e ela me acompanhou.
- Como assim não é pra tanto? - ela arregalou os olhos. - Talvez você ainda não saiba, pela pressa de se arrumar para estar aqui esta noite, mas o seu lançamento mais recente, em parceria com a Catherine Heinze, alcançou o topo da Billboard esta tarde. - quando ela disse, meu coração acelerou de uma forma totalmente descompassada, me deixando um pouco nervosa. - Cry Like Kim K é um verdadeiro sucesso.
- Eu não sabia disso, e estou realmente muito feliz por isso. Obrigada, gente. - falei em direção à câmera.
- Bom, o que queremos saber é o seguinte: Como você está se sentindo hoje? Nervosa para a performance? - ela levou o microfone em minha direção.
- Estou muito nervosa, não vou mentir. Mas, ter Zayn ao meu lado facilita muito o processo e me faz ficar um pouco mais relaxada. - falei e logo dei um sorriso. - Mas não totalmente, sinto que posso vomitar à qualquer momento, e não pense que é pela gravidez.
- Falando nisso, queremos te parabenizar pela descoberta do sexo. - ela tinha um sorriso enorme, o que me fez sorrir também. - Vai ser um menino maravilhoso, temos certeza disso, apenas por sabermos quem são os pais.
- Obrigada. - falei, olhando para os lados e vendo se encontrava , Liam ou Zayn, apenas para que eles me puxassem e evitassem que eu tivesse que responder perguntas sobre Styles.
- Desejamos um bom Grammy e uma boa sorte na vida, . - a repórter falou e eu simplesmente senti um peso abandonando meus ombros. Sorri como resposta e acenei para a câmera, seguindo para o interior do evento, onde encontraria com meus amigos.
Durante a premiação, fui contatada por um dos produtores, para perguntar se eu poderia apresentar uma categoria ao lado de um dos convidados. Eu aceitei, porque assim me familiariza com o palco antes de cantar nele.
- E agora para apresentar o prêmio de Melhor Composição para Mídias Visuais, dona dos hits Cry Like Kim K, BLIND, performer da noite e o astro de Kingsman, Sing! e do próximo Robin Hood; Schulte e Taron Egerton. - assim que a voz do narrador chamou, nós caminhamos juntos até o palco, entrando lado a lado, enquanto ele envolvia o braço no meu para me ajudar a chegar até o microfone.
- Sabemos que um filme não seria o mesmo se não tivesse uma música que o marcasse. - o britânico começou a falar. - Existem películas que as vezes só reconhecemos por causa dessas músicas.
- Então, nada mais justo que premiarmos uma dessas canções nesta noite. - eu sorri para a plateia e logo depois para Taron. - Então esses são os indicados para Melhor Composição para Mídias Visuais.
Um pequeno take passou no telão, anunciando os nomes de cada canção e seu compositor.
- E o vencedor é... - Taron falou, e eu comecei a abrir o envelope. - How Far I'll Go, de Lin-Manuel Miranda, para a trilha sonora de Moana. - falamos juntos e mostramos o papel para a câmera.
O produtor e compositor da canção subiu ao palco e nos cumprimentou, recebendo o prêmio com um sorriso enorme no rosto. Eu e Egerton fomos para o canto do palco esperar o homem terminar seu discurso, para que pudêssemos sair.
- Me permite te dizer que sou fã do seu trabalho? - Taron cochichou e eu sorri.
- Permito. - mostrei a língua, brincalhona e ele riu.
- Taron. - estendeu a mão.
- . - fiz o mesmo e movimentamos nossas mãos em um aperto.
O discurso foi finalizado e as luzes apagadas, assim que saímos do palco, Taron se despediu e voltou para sua mesa. Eu precisei continuar nos bastidores, já que depois do próximo premiado viria a apresentação de BLIND.
- Olá, super estrela. - o sotaque canadense de Shawn surgiu do nada, junto com umas poucas cócegas em minha cintura.
- Oi, querido chefe. - me virei, dando um abraço no garoto. - Como está?
- Estou caminhando para o melhor. - ele falou. - Andrew só está pegando no meu pé para finalizarmos esse álbum o mais rápido possível. - suspirou e levou a mão ao cabelo. Nesse meio tempo, alguns fotógrafos capturavam os momentos da conversa.
- Já estamos na reta final e vai dar tudo certo. Diga para ele falar comigo sobre qualquer coisa. Quem sabe do tempo de produção sou eu e não ele. Estamos no prazo. - eu não suportava o fato de terceiros quererem colocar o dedo no meu trabalho, que estava sendo feito com muito amor, carinho e no tempo correto.
- A gravidez já está te fazendo falar igual mãe, cruzes. - ele riu e eu o acompanhei. Ouvi um pigarro atrás de mim e vi que Zayn me chamava. - Vai lá e arrasa, estou torcendo por ti. - beijou minha testa e eu me virei caminhando até o britânico.
- , Harry está aí. Ele não passou pelo tapete para evitar perguntas, mas o vi na mesma mesa de Kendall. - ele rolou os olhos. - Tudo bem para você?
- Vamos fazer isso. - segurei as lágrimas de caírem. - Vamos cantar essa música.
As luzes diminuíram e a música começou. Dois microfones no palco, um em cada extremidade.
Zayn começou a cantar e uma fumaça de gelo seco tomava conta do palco, enquanto dois bailarinos entravam no palco e dançavam juntos conforme à melodia.
Nossas vozes se uniram e as luzes começaram a dançar pelo palco junto com o casal que estava no centro. Enquanto a música ia fluindo, eu e Zayn nos aproximávamos, ao contrário dos bailarinos, que iam cada vez mais se separando.
E na última frase da canção, eu e Zayn estávamos um em frente ao outro, de mãos unidas e olhares conectados. Quando a luz abaixou e a plateia começou a aplaudir, o garoto me puxou para um abraço forte.
- Que orgulho de você, . - ele sussurrou. - Não olhe agora, mas Harry está saindo de fininho. - eu aguardei uns segundos e olhei para trás, vendo apenas as costas do garoto deixando o salão. - Vá atrás dele e resolva isso, . Está na hora.
Capítulo 46
"I've said those words before, but it was a lie and you deserve to hear them a thousand times..." - 8 Letters, Why Don't We
- Harry. - corri o quanto pude para alcança-lo com aqueles saltos. - Por que está indo embora antes de acabar a premiação?
Ele virou em minha direção e suspirou.
- Não sei se consigo mais, . - ele falou, de maneira triste e eu mantive meu semblante de dúvida. - Você é a mulher mais incrível e perfeita que eu poderia encontrar, mas eu sou um babaca, um verdadeiro babaca. - ele tinha lágrimas nos olhos e um sorriso fraco no rosto. - com certeza concordaria comigo se estivesse aqui agora. - sabia que ele tinha falado aquilo para quebrar o clima tenso que se formava, era clássico de Harry fazer isso.
- Mas? - o incentivei a continuar.
- Não tem "mas". - ele disse. - Eu apenas não mereço tudo isso que você é. - concluiu.
- Harry... - me aproximei dele, encostando em seu braço e ele se afastou lentamente.
- Eu só quero o melhor para você e para nosso filho. - ele colocou a mão em minha barriga. - E nesse momento, eu não sou.
As lágrimas embaçavam minha visão e eu já não sabia mais o que esperar a partir daquela fala.
- Eu queria sentar, conversar e me resolver. Mas eu também preciso de um tempo, assim como você. - suspirou. - Um tempo para tentar consertar em mim mesmo, as coisas que fiz e indiretamente te machucaram.
- Robert. - falei e ele semicerrou os olhos. - Robert Schulte Styles. Você sabe o quão importante meu pai foi em minha vida e carreira, por isso pensei em sugerir colocar o nome dele em nosso filho. - o britânico sorriu fraco e se aproximou de mim, se abaixando até meu ventre.
- Ei, filhão. - ele falou e eu senti um frio percorrer minha espinha. - Você gostou de Robert? - tinha um sorriso lindo no rosto, o sorriso pelo qual tinha me apaixonado. - Porque eu achei um nome incrível. - olhou para mim e se levantou. - É o certo a se fazer. - me encarou e passou o polegar em minha bochecha, secando a lágrima que caía. - Eu te amo.
- Eu também te amo. - fechei os olhos e senti sobre minha boca os lábios de Harry, os tão saudosos que me faziam delirar à cada toque. O choque do beijo percorreu por meu corpo, mas não me fez sorrir. Aquele não era mais um dos beijos rotineiros que dávamos. Esse era um dos que marcava, não por ser o primeiro, mas sim o último. Porque quando Harry se afastou de mim, olhou em meus olhos e saiu sem se despedir, eu soube que aquele era nosso fim.
Duas semanas depois...
- Ei, . - , e Grazi apareceram na porta de meu quarto com uma caixa em mãos. - Trouxemos bolo. - a brasileira disse.
- Podem deixar na cozinha, não quero comer agora. - falei, muxoxa.
- Como você está? - se sentou ao meu lado, assim que as mulheres saíram do quarto para levarem o bolo até a cozinha.
- Estou vivendo, . - suspirei. - É difícil não tê-lo por perto, mas creio que esse foi o melhor para nós dois. Eu viajo hoje para a entrevista com Charlie, finalmente comecei a produzir o EP de David, as coisas com Shawn estão indo bem e Andrew parou de encher meu saco com a cobrança. Estou compondo mais músicas que o normal e isso é bom, de certa forma. - numerei cada um dos acontecimentos e o garoto abriu um sorriso fraco.
- Quem diria que essa é a mesma que escondia suas músicas nesse caderninho. - pegou o meu antigo bloco de notas. - Você conseguiu chegar até aqui, . Estou orgulhoso. - me puxou para perto e me abraçou. - Você vai arrasar amanhã nessa entrevista.
Londres parecia ainda mais fria no dia dos namorados. Respirei fundo, deixando o ar cortante passar por minhas narinas e tomar conta de meu pulmão. Estava no estacionamento da emissora onde era gravado o programa de Charlotte Lewitz. A garota me convidou para uma entrevista e eu logo aceitei, ela era como uma modelo de vida para mim. Aproveitei para avisar que apresentaria uma nova música no programa e ela amou a ideia.
- Schulte? - um segurança me abordou. - O programa já vai começar, acho melhor a senhorita entrar. Além de estar frio aqui fora. - sim, eu sabia que estava frio, mas eu queria um tempo sozinha antes de entrar ao vivo. Apenas concordei e o segui.
Charlie estava sentada no cenário e quando apareci abriu um enorme sorriso, que foi retribuído por ela. O diretor começou a avisar que entraríamos no ar e a garota ajeitou sua postura.
- Ação. - gritou o homem.
Charlie fez sua apresentação rotineira e voltou a se sentar na poltrona.
- Hoje, para me acompanhar, eu trouxe uma pessoa muito especial. Ela não é só produtora, como cantora, musicista e mãe. - sorriu. - Uma mulher incrível e especial; Schulte.
Assim que o sinal foi me dado e o produtor ao meu lado me permitiu entrar em cena, a plateia que estava no estúdio se levantou para aplaudir e eu apenas sorri e acenei para eles.
- Olha só você. - ela se levantou e veio me abraçar. - Está linda. - passou a mão em minha barriga. - E ele está crescendo bastante. - nos sentamos nas poltronas coloridas que haviam no local.
- Estou apenas pensando que logo não conseguirei ver meus pés. - ri e ela me acompanhou.
- Como está sendo a gravidez? - Lewitz perguntou.
- Bom, ele é um neném bem calmo. Então, eu estou indo muito bem. - falei, sorrindo. - Senti uns enjoos fortes no início, mas logo passaram.
- Fico feliz por saber disso, . - ela sorriu. - Bom, vamos ao que interessa: sua carreira. - o que me deixava feliz de estar no programa de Charlie era o fato de que ela não perguntaria sobre minha vida amorosa ou qualquer coisa do tipo, ela queria saber de mim e do meu trabalho. - Você fez uma apresentação incrível no Grammy, lançou uma música com Catherine Heinze, está trabalhando com Shawn Mendes e David Cook, e além disso tudo, ainda irá lançar um novo single essa noite. Como você está se sentindo com toda essa reviravolta da vida?
- Eu ainda não me acostumei com isso tudo. Mas, sim, estou trabalhando bastante para trazer coisas boas pra vocês. Acho que os futuros projetos serão bem recebidos. - eu só sabia sorrir.
- Algum álbum em mente? - a garota cruzou as pernas.
- Pretendo lançar um EP com minhas músicas solo, e uma versão Deluxe apenas com participações especiais. - sorri e a garota bateu palmas de maneira animada.
- Pode nos dar spoilers? - perguntou, fingindo um sussurro e eu ri.
- Temos Shawn Mendes, Niall Horan e Louis Tomlinson como algumas das participações. - dei de ombros.
- Podem trazer meu caixão, pois eu estou morta depois desse anúncio. - ela falou, se virando para a produção. - Acho que a plateia quer ouvir você cantar um pouco.
- Claro, vamos fazer isso. - sorri.
- Qual vamos ouvir?
- Se chama "Why Am I Crying". - me levantei da poltrona e fui até o piano que estava posicionado em um palco separado.
Coloque essa música para ouvir: Why Am I Crying
I don't miss your dirty clothes on the floor
(Eu não sinto falta de suas roupas sujas no chão)
No one leaves the lights on anymore
(Ninguém mais deixa as luzes acesas)
The towels are hanging just where they should
(As toalhas estão penduradas do jeito que devem estar)
It's drop dead quiet in my neighborhood
(Está quieto demais em minha vizinhança)
Por um momento me encontrei na sala de música da casa de minha avó, onde eram apenas eu, minhas canções e o piano.
I'm not that fragile, I'm not gonna break
(Eu não sou tão frágil assim, eu não vou quebrar)
Love's so overrated
(Amor é tão superestimado)
I'm not gonna need, not gonna need
(Eu não vou precisar)
Not gonna need you if I fall, so why am I crying?
(Não vou precisar de você se eu cair, então por que estou chorando?)
Minhas emoções eram transmitidas para minha voz e eu tentava respirar corretamente durante a música, para não errar. Mas, eu não me importava muito com isso.
I'm not gonna miss, not gonna miss
(Não vou sentir falta)
Not gonna miss you, not at all
(Não vou sentir sua falta, não mesmo)
So what am I doing here on the floor crying?
(Então o que eu estou fazendo aqui no chão; chorando?)
A imagem de Harry me dando adeus veio em minha mente. Hoje era 14 de fevereiro e não estávamos juntos.
I don't need your love notes to cheer me up
(Eu não preciso de seus bilhetes de amor para me animar)
I can live without that kind of stuff, oh
(Eu consigo viver sem esse tipo de coisa)
You don't have to wake me with a kiss every day
(Você não precisa me acordar com beijos todos os dias)
I'm tired of roses anyway
(Estou cansada de rosas, de qualquer jeito)
Respirei fundo entre uma estrofe e outra, meus dedos dançavam pelas teclas do piano.
I'm not that fragile, I'm not gonna break
(Eu não só tão frágil assim, eu não vou quebrar)
Love's so overrated
(Amor é tão superestimado)
E o palco que, até então, estava com um feixe de luz apenas em mim foi completamente aceso mostrando uma orquestra de cordas que me acompanhava durante a canção.
I'm not gonna need, not gonna need
(Eu não vou precisar)
Not gonna need you if I fall, so why am I crying?
(Não vou precisar de você se eu cair, então por que estou chorando?)
I'm not gonna miss, not gonna miss
(Não vou sentir falta)
Not gonna miss you, not at all
(Não vou sentir sua falta, não mesmo)
So what am I doing here on the floor crying?
(Então o que eu estou fazendo aqui no chão; chorando?)
So don't you worry 'bout me
(Então não se preocupe comigo)
Go on, enjoy being free
(Vá em frente, aproveite a liberdade)
Parei de tocar o piano e segurei o microfone com uma das mãos.
I don't miss your dirty clothes on the floor
(Eu não sinto falta de suas roupas sujas no chão)
Me levantei do banco e comecei a caminhar para o centro do palco, onde finalizaria minha performance.
I'm not gonna beg, not gonna crawl
(Eu não vou implorar, não vou rastejar)
Not gonna need you if I fall, so why am I crying?
(Não vou precisar de você se eu cair, então por que estou chorando?)
I'm not gonna miss, not gonna miss
(Não vou sentir falta)
Not gonna miss you, not at all
(Não vou sentir sua falta, não mesmo)
So what am I doing here on the floor?
(Então o que eu estou fazendo aqui no chão?)
Meus olhos já estavam cheios de lágrimas e eu estava começando a me ajoelhar, literalmente ficando no chão.
Doing here on the floor
(Fazendo aqui no chão)
Crying
(Chorando)
A câmera focou meu rosto e as luzes foram apagadas.
Harry poderia não estar comigo fisicamente, mas ele estava presente em cada uma de minhas canções, todas eram dele, para ele. Respirei fundo e recebi os aplausos da plateia, sorrindo logo em seguida. Eu sabia que ainda precisávamos conversar, mas não era o momento.
- Obrigada. - foi o que falei ao microfone antes de iniciarem o intervalo do programa. - Feliz dia dos namorados para vocês.
Eu sentia falta de Harry e esperava, do fundo de todo meu coração, que ele estivesse assistindo aquele programa.
Capítulo 47
"I know you like it sweet so you can have your cake. Give you something good to celebrate..." - Birthday, Katy Perry
Malibu.
De alguma forma - não me pergunte qual - , e Grazi conseguiram organizar uma festa de aniversário para mim durante as poucas semanas que fiquei em Londres.
Visitar a cidade da rainha foi uma experiência maravilhosa, mesmo que não estivesse com Harry, tive a oportunidade de passar um dia incrível com sua irmã e sua mãe, que me receberam de braços abertos e me mimaram muito. Todos estavam muito animados com o bebê à bordo.
Mas, as semanas passaram rápido e agora estávamos em Malibu, à caminho Ritz-Carlton, onde seria comemorado meu aniversário de vinte e cinco anos.
Assim que chegamos no local, um dos recepcionistas nos guiou até onde já estava acontecendo a festa. Naquele momento deveriam ter apenas meia dúzia de pessoas, e essas eram: Niall, Liam, , Grazi, Zayn e Louis, já que estava comigo.
- Feliz aniversário, . - foi dito em uníssono, enquanto todos vinham me abraçar. - A família de lontras ataca novamente. - Liam disse e eu ri alto.
- Obrigada, gente. - falei, saindo do ninho de braços. - Obrigada por virem e compactuarem com essa loucura de , e Grazi. - olhei para os três sorrindo. - Sim, vocês são loucos. Mas sem ofensas, amo vocês. - eles deram de ombros, rindo.
- Daqui a pouco os convidados chegam. Mas, enquanto isso... - começou a falar, mas seu olhar paralisou de repente, me fazendo virar para direção de seu foco.
Os olhos verdes e o cabelo um pouco bagunçado combinados com uma blusa branca simples e uma calça jeans me fizeram perceber que Harry tinha aquele poder de ser lindo em qualquer coisa que vestisse.
- Quem o convidou? - ouvi sussurrar para as pessoas atrás dele.
- Eu. Eles têm que conversar, . - a voz era de Liam, e mesmo sem o responder, eu concordei. Nós precisávamos conversar. Já faziam três semanas que havíamos terminado daquela maneira fria e rápida depois do Grammy.
Caminhei até ele, e sem nenhum remorso abri os braços para o envolver. Ele, um pouco assustado, pensou antes de fazer o mesmo, mas acabou cedendo.
- Ei, que bom que veio. - sussurrei.
- Feliz aniversário. - ele disse e eu sorri, mesmo que ele não pudesse ver na hora.
- Precisamos conversar. - falei, me desvencilhando do abraço, e ele concordou. - O que acha de irmos até a piscina? - perguntei e ele, novamente, concordou.
O hotel não estava tão cheio, porque não estávamos em uma alta temporada. Mas, isso não impedia de terem alguns hóspedes por ali.
Caminhamos juntos até a área de lazer do local, onde nos sentamos em uma mesa de vidro próxima à borda da piscina.
- Então... - ele falou, olhando em direção à água.
- Já foi mais fácil fazer isso. - comentei e ele riu fraco, concordando.
- Vi que saiu com minha irmã e minha mãe. - ele ainda mantinha os olhos fixos na piscina. - Legal que vocês tenham feito amizade.
- Elas estão animadas por causa de Robert. - falei, passando a mão em minha barriga e finalmente percebi seu olhar sobre mim. - Harry, eu não sei se devemos voltar. - eu, que antes olhava para minha barriga, agora o encarava. Seu rosto tomou um ar de surpresa. - Você foi e é alguém muito especial em minha vida. - suspirei. - Você foi meu primeiro grande amor e é o pai do meu filho. - sorri fraco. - Mas, nessas três semanas eu pude perceber que, mesmo sentindo sua falta todos os dias, eu estou muito bem sozinha. - ele apenas meneava em concordância. - Minha confiança foi sendo desgastada, Harry. - engoli seco. - Você sabe o quão difícil é estar no mesmo ambiente que meu, até então, namorado e ele estar com outra mulher? - ri, incrédula. - Você não sabe, porque eu nunca fiz nada para lhe quebrar a confiança. - ele ameaçou falar, mas o interrompi. - Não venha me falar de Zayn. - levantei a mão devagar. - Ele é uma pessoa incrível e um amigo excepcional, que me deu forças quando você não estava comigo. - respirei fundo, fechando os olhos. - Mas, ao contrário do que pensa, ele é uma das pessoas que mais queria nos ver juntos.
- Eu confesso que me senti ameaçado. - ele sussurrou, quase inaudivelmente.
- Ameaçado? - ri. - Harry, eu te amo. - agora já não era tão difícil falar as três palavras. - Eu não conseguiria me envolver ou pensar em outra pessoa estando com você. - a minha fala pareceu o incomodar de alguma forma. - Você não precisa falar nada, Harry. - seus olhos estavam marejados, mas os meus não. - Eu só te peço para que não suma. Você ainda é o pai de Robert e eu quero que seja presente em sua vida.
- Eu prometo que ele vai ter o melhor pai do mundo. - sorriu, deixando uma lágrima cair.
- Eu sei que vai. - sorri, me levantando e ele fez o mesmo. Abri os braços e o puxei para outro abraço. Esse essa caloroso e tinha saudade. Saudade do toque e do conforto proporcionado pelo ato. Ele levou as mãos até minha cintura e afastou nossos corpos, encarando meus olhos mais uma vez. Se aproximou devagar e depositou um longo beijo em minha testa.
- Então, ao menos me prometa que sempre estará do meu lado. - ele sussurrou.
- Prometo. - fiz o mesmo.
- Amigos, então? - ele tinha súplica em seu olhar.
- Amigos. - suspirei.
Peguei o microfone que estava posicionado em cima de um palco improvisado e pigarreei.
- Boa tarde à todos. - falei, sorrindo. - Queria agradecer a presença de vocês para comemorar esse dia especial para mim. Foi um ano complicado e cheio de emoções, mas fico feliz de ter chegado aqui com toda essa bagagem, principalmente uma em especial. - apontei para minha barriga, arrancando risadas dos convidados. - Shawn... - apontei para o rapaz, que estava sentado à mesa com Niall, e Liam. - Eu não sabia exatamente como fazer isso, ou quando faria. - ri fraco, ao olhar para Harry, que sabia exatamente sobre o que eu falava. - Então decidi te colocar contra a parede nesse exato instante. - o canadense fez uma cara de dúvida que me arrancou uma risada. - Eu e Harry conversamos há alguns meses e chegamos à conclusão de que queremos você como padrinho do nosso garotão. - fiz carinho na barriga e vi que o queixo de Shawn caiu e ele levantou da mesa para vir em minha direção, me abraçar.
- É claro que eu aceito. - ele disse, durante o abraço. - Obrigado por isso, . - ele sorriu e eu fiz o mesmo.
Enquanto ele descia do palco, vi Catherine, , Grazi, Madu e Ada conversando perto do bar e dei um sorriso. Tudo estava perfeito e todas as pessoas especiais estavam por perto.
- Agora um segundo anuncio. - falei ao microfone novamente. - Finalmente meu EP será lançado. - levantei o copo de suco que estava em minhas mãos e recebi um aplauso coletivo, com alguns gritos vindo da mesa de Demi, Miley e Michael B. Jordan. - A data de lançamento ainda será divulgada, mas acontecerá no próximo mês. - falei e ri fraco. - Esses eram os anúncios, obrigada pela atenção. - Cath acenou do fundo e eu sorri. - E ouçam Cry Like Kim K em todas as plataformas digitais. - disse rapidamente. - Agora vamos voltar para festa.
Desci do palco e logo encontrei com as garotas, que conversavam sobre alguma coisa relacionada ao casamento de Grazi, que aconteceria no início de março. Ela e decidiram por uma cerimônia simples, que contasse apenas com parentes e amigos próximos. As despedidas de solteiro aconteceram dois dias antes do meu aniversário, foi algo bem divertido. Creio que para os rapazes tenha sido ainda mais, por estarem em maior número, mas o dia de beleza e compras que Grazi, e eu tivemos juntas foi igualmente incrível.
Dei um beijo em cada uma delas e caminhei até a varanda para pegar um ar, passei pela mesa de Harry, onde ele conversava com seus ex companheiros de banda e eu sorri ao ver a cena, eles precisavam fazer alguma coisa juntos novamente. , que antes estava com Shawn, agora estava apoiado na grade da varanda, ao lado de Taron.
- Oi para vocês. - falei, me aproximando. - Eu ainda não consigo acreditar que vocês dois são amigos de anos e eu só fui te conhecer no Grammy. - apontei para os garotos e logo me referi à Egerton.
- Jogávamos tênis juntos, . - falou como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo e riu.
- Burgueses. - falei e os garotos riram.
- Vou atrás da minha noiva antes que Catherine e Miley a deixem bêbada, com licença. - ele olhou para o interior do salão e viu que as meninas tomavam algo juntas. Eu ri com sua saída repentina.
- estava me falando sobre você e Harry. - Taron comentou, enquanto bebericava a cerveja. - Vocês têm uma conexão forte, dá pra perceber pelos olhares.
- Temos, não posso mentir. - suspirei. - Mas, algumas coisas simplesmente não são feitas para durarem para sempre. - ele concordou assim que virei meu olhar em sua direção.
- Mas de alguma forma irá durar. - ele falou e olhou para minha barriga, que já estava crescendo, mostrando os três meses que se aproximavam. Eu sorri e concordei. Eu e Harry poderíamos não estar juntos, mas Robert seria para sempre a prova do amor intenso que vivemos.
Capítulo 48
"We're just drifting apart, two beats in two different hearts..." - The Last Song I'll Write For You, David Cook
Seis meses depois...
- Como você consegue vir trabalhar com essa melancia dentro de você, ? - puxava a cadeira do estúdio para que eu sentasse.
- Finalmente consegui começar a produzir o Liam, você acha mesmo que eu vou parar? - me ajeitei no assento com um pouco de dificuldade. Estava no último mês de gestação e à qualquer momento eu poderia entrar em trabalho de parto. O doutor Joshua reprovava minhas idas ao trabalho, mas isso não era algo com o qual me importava, eu já não sentia mais dores, apenas o incômodo causado pelo peso excessivo.
- Diria que você é orgulhosa. - ele falou, brincalhão.
- Eu aposto que Grazi não vai querer parar de trabalhar, mesmo grávida. - apontei para o garoto e ele sorriu, concordando. estava apenas sorrisos desde o início da semana, quando sua esposa anunciou que estava à espera de um neném. - Viu? Eu conheço muito bem minha amiga.
Payne ainda não tinha chegado, mas como de praxe, eu e chegávamos antes para adiantar alguns processos. Em meu celular, algumas mensagens preocupadas chegavam todos os dias. De minha família principalmente.
Assim como eu, Fernanda estava em seu último mês, porém com uma cesárea agendada para próxima semana, já que sua pressão aumentou durante a gestação e um parto normal seria muito arriscado.
A maioria das mensagens era dela, repleta de medo de alguma coisa dar errado ou cheia de curiosidade para saber se minha bolsa já havia estourado. Para as primeiras opções eu apenas ouvia os surtos, para as segundas eu sempre negava. Robert viria ao mundo quando ele quisesse e da maneira que preferisse.
- Olá, seus lindos. - Liam entrou no estúdio usando óculos escuros, uma regata branca, jeans claro e com uma mochila nas costas. - Isso inclui você, Robert. - o garoto falou, se aproximando de minha barriga e colocando a mão. Comecei a sentir meu filho se mexendo animadamente, ele adorava a presença de Payne, porque sempre era uma festa diferente. - O titio também te ama, garotão. - ele falou com a voz fofa. - Agora vamos gravar umas canções? - e ele começou a chutar meu ventre mais uma vez. - Parece que alguém gosta mesmo de música. - brincou.
- Está no sangue, não é? - dei de ombros e o garoto sorriu fraco.
- Já que entrou nesse assunto; qual foi a última vez que você e Harry se falaram? - ele tirou a mochila das costas e colocou sobre o sofá, se jogando no mesmo logo em seguida. O encarei, arqueando as sobrancelhas. - Não vou sair daqui até me contar. - falou e eu olhei em súplica para , que apenas levantou os braços em rendição.
- Acho que foi em Junho. - suspirei. - Digo, ele sempre manda tudo para Robert, mas desde o aniversário da irmã de ele não fala comigo. - dei de ombros. - Mas, não discutimos ou nada, só acho que perdemos o interesse com o tempo.
- Te entendo, mas ainda acho que é orgulho. - Liam falou baixo. - Você mostrou a música à ele? - o garoto se referia a uma composição minha que foi doada para o EP de David Cook, que terminamos de gravar em maio deste ano e se chamava The Last Song I'll Write For You.
- Não. - suspirei.
- Ele com certeza escutou, . - Payne se levantou do sofá com calma e bateu uma palma. - Bom, vamos começar porque estou animado para fazer isso. - ele falou e eu concordei. , que estava dentro da cabine afinando os instrumentos, saiu para que o cantor pudesse entrar e se fazer confortável.
Ajustei os botões da mesa de som, enquanto Liam se organizava para iniciarmos o primeiro take de seu novo single. se sentou na cadeira ao meu lado e enviou um sinal para o britânico que apenas levantou o dedão indicando que poderíamos começar a gravação.
Uma batida melódica e bem marcada começou assim que apertei o botão vermelho, Payne cantava alegremente dentro da cabine, mas eu não prestava muita atenção. Minha mente viajava, eu só conseguia pensar na conversa que acabara de ter com ele. Será que Harry realmente tinha escutado a música? Será que ele ainda pensava em mim como eu pensava nele? Será que ele ainda me daria uma chance para recomeçarmos do zero e não sermos tão infantis como fomos da primeira vez?
A verdade era que eu ainda o amava e me arrempendia de ter terminado tudo se
Fechei meus olhos e deixei minha cabeça cair para trás, encontrando com o encosto da cadeira. Suspirei e virou em minha direção.
- Está tudo bem? - perguntou.
- Claro. - pisquei forte algumas vezes, tentando me trazer de volta à realidade. - Está tudo ótimo. - Liam ainda cantava, sem prestar atenção no que acontecia do lado de fora. - Payne, vamos repetir o refrão. - falei ao microfone, pausando o instrumental e fazendo o garoto manear em concordâncias. Dei play novamente e fechei os olhos para ouvir cada detalhe da melodia com atenção. E quando, finalmente, Liam conseguiu atingir a nota mais aguda da canção, eu me pus por satisfeita. - Ok, finalizamos aqui. Amanhã tomamos a outra faixa. - o garoto concordou.
Por mais que eu estivesse indo para o estúdio, eu tinha a plena ciência de que não podia ter uma rotina de trabalho normal, então todos meus horários com Liam eram reduzidos para menos da metade. O que atrasava a produção, mas não nos importávamos com isso, porque nos divertíamos todos os dias que estávamos juntos.
- Quem vai levar a grávida para casa? - me apoiei nos braços da cadeira, levantando com dificuldade. - Meu Deus, você precisa sair de mim logo. - falei em direção à minha barriga e ouvi as risadas vindas de e Liam. - Vocês riem porque não estão carregando uma criança de quase quatro quilos dentro de vocês. - bufei, colocando a mão no fim das costas. - Estou cansada, vamos embora logo, preciso deitar. - dei um passo para frente e no mesmo instante ouvi um barulho, como o de uma bexiga de festa.
- Acho que o único lugar para onde vai é o hospital. - falou e eu o olhei com dúvidas. - , você não está sentindo? - ele perguntou e eu dei de ombros, até o momento que ele apontou para minhas pernas e eu vi a água escorrendo.
- Parece que seu filho é bem obediente. - Liam falou.
- Sem tempo para piadas, liguem para e Grazi e avisem-nas que a bolsa estourou e estamos à caminho do hospital. - respirei fundo, pois estava começando a sentir uma leve cólica se formar, mas nada absurdo. - Liguem, também, para o Doutor Joshua. - falei e se prontificou, pegando o telefone. Liam se aproximou de mim e colocou o braço em minha volta, me ajudando a chegar até o elevador. - Payne. - falei baixo, e ele murmurou. - Avise Harry, por favor. - pedi e ele concordou.
Descemos rapidamente até o estacionamento, onde o britânico - praticamente - me jogou dentro de seu carro. ficou no estúdio para ajeitar as coisas e ajudar as meninas com as roupas da maternidade, além de precisar fazer várias ligações. Shawn e Madu eram os principais a serem avisados, já que eram os padrinhos. Meus pais e familiares estavam sendo notificados pelo grupo da família, onde mandei uma mensagem dizendo "agora vai" e todos já entenderam. Catherine, Louis, Zayn e Niall eu deixei para que entrasse em contato.
O trânsito não estava congestionado, por algum milagre divino, o que fez com que chegássemos ao hospital em cerca de vinte minutos. Porém, a falta de carros na rua não fez com que minhas contrações esperassem chegarmos ao hospital. Ainda dentro do carro de Liam, comecei a sentir cólicas mais fortes, que duravam alguns segundos e tinham intervalos exatos. Quando avisei sobre elas ao Dr. Cardiff, ele prontamente disse que já tinha recebido o aviso de e estava à caminho do hospital.
Uma enfermeira simpática me colocou em uma cadeira de rodas e, pelo rosto de Liam, eu quase levantei para que ele sentasse. Parecia que ele poderia desmaiar a qualquer momento.
- Vamos levá-la para o quarto, para monitorarmos as contrações e a dilatação. Assim que puder subir virei avisar. - a mulher falou para Liam que balançou a cabeça.
- Outros amigos estão vindo, melhor que ele fique aqui para recebê-los. - falei e a senhora sorriu.
- Ótimo, então vamos. - ela sorriu para mim e começou a empurrar a cadeira em direção ao elevador.
O quarto era claro e com alguns detalhes em azul, estava frio e as cobertas não pareciam esquentar o suficiente. Assim que coloquei a camisola do com a logo do hospital e me sentei na cama, a porta de abriu dando espaço para a entrada do Dr Joshua Cardiff.
- Olá, . - ele sorriu, terno. - Parece que esse garotão quer vir ao mundo em pleno Labor Day. - brincou e eu sorri, concordando. - Vamos ver como está essa dilatação. Seus amigos já estão subindo. - avisou e eu meneei, me deitando. O médico se colocou na posição, fazendo um rápido exame de toque. - Bom, minha querida, parece que você tem uma boa dilatação, do seu trabalho até aqui você já fez quatro centímetros. Normalmente, os cinco primeiros centímetros são os mais demorados. Talvez Robert venha ao mundo bem rápido. - ele se levantou, retirando as luvas e as jogando no lixo. - Sugiro que caminhe pelo quarto, e se movimente o máximo que puder, isso vai te ajudar na dilatação. - falou. - Daqui algumas horas eu retorno para vê-la.
O homem saiu do quarto e alguns segundos depois a porta foi aberta revelando quatro pessoas com olhares curiosos; , Liam, e Grazi estavam na porta com sorrisos gigantes no rosto.
- O médico disse que você precisa se movimentar. - falou.
- Então... - Grazi continuou, puxando uma pequena caixa de som que estava escondida em sua bolsa. - Festa no quarto. - ela falou na máxima altura que podia e ligou a caixinha, a deixando em um volume aceitável.
Uma música animada começou a tocar e nós quatro começamos a dançar juntos em compassos diferentes e de maneiras estranhas. Eu tentava movimentar o quadril o máximo que conseguia, para que a dilatação aumentasse o mais rápido possível. Eu sentia as contrações cada vez mais fortes e isso fazia com que eu parasse de dançar algumas vezes, para apoiar minha mão na cama e respirar fundo.
Depois de muita dança, decidiu me colocar sentada em uma daquelas bolas de pilates e fazer massagem em minhas costas, já que aquilo também ajudava. Faziam três horas que estávamos ali. O apoio de meus amigos estava sendo excepcional para que meu trabalho de parto não fosse tão assustador como achei que seria.
- Podemos checar essa dilatação novamente? - Dr. Cardiff apareceu no quarto e eu concordei. Rapidamente e Liam se retiraram para que eu pudesse ficar na posição do parto. - Estamos com oito centímetro, . Mais dois e Robert estará pronto. - ele sorriu. - Continuem fazendo o que quer que estejam fazendo. - ele apontou para minhas amigas. - Está funcionando. - nós rimos. - Volto em meia hora. - ele avisou e nós concordamos.
Voltei a me sentar na grande bola azul que estava ali, fazendo movimentos circulares, como havia me ensinado. Eu achava engraçado o fato da garota estar tão preparada para um parto, mas não ter vontade alguma de ter um filho. sempre foi uma caixinha de surpresa e isso só me dava a certeza de que ela era a pessoa mais incrível do universo.
Meu telefone começou a tocar e Grazi, em prontidão, se levantou para pegá-lo, já o atendendo.
- Amiga, como está? - a voz de Madu surgiu do outro lado da linha.
- Estou bem, as contrações são dolorosas, mas está tudo indo bem. - falei e ela deu uma risadinha.
- Acho que isso é bom, então. - eu ri. - me avisou assim que sua bolsa estourou. Já comprei a primeira passagem e estou me ajeitando para chegar aí. Mas devo desembarcar em cerca de quatro horas. - avisou.
- Tudo bem, Madu. Não precisava vir hoje. - falei respirando fundo, por conta de mais uma contração que chegava para me incomodar.
- Claro que precisava. Eu quero ver meu afilhado. - falou, rindo e eu a acompanhei. - Fique bem, . Já já estou aí.
A ligação foi finalizada e logo em seguida várias mensagens começaram a chegar. Catherine avisava que já estava nos Estados Unidos, em um voo para Nova Iorque, e me avisaria quando estivesse chegando ao hospital.
Sorri. Era bom saber que meus amigos estavam ao meu lado não só no sentido figurado.
Mais alguns minutos andando pelo quarto e fazendo massagens foram necessários para que o médico voltasse para o quarto e me colocasse em posição de parto novamente.
- Dez centímetros, . Seu filho vai nascer. - ele falou, e naquele momento eu tive um choque de realidade. Eu realmente estava prestes a colocar uma criança no mundo. - Apenas uma pessoa pode ficar de acompanhante. Se quiserem, tem até cinco minutos para se decidirem lá fora enquanto eu preparo minha equipe. - disse para as garotas que concordaram rapidamente e saíram do quarto. - , eu vou pedir para que não faça força até eu pedir para que faça, ok? - eu já estava na posição necessária e começava a suar frio, as dores aumentavam e já não eram tão suportáveis como antes.
Uma equipe com alguns enfermeiros chegaram e eles conectaram alguns aparelhos em mim, para monitorar batimentos, pressão e contrações. Dr. Cardiff explicou que a cada contração seria o momento para fazer força. Eu concordei, fechando os olhos e apenas esperando para que elas começassem.
Senti uma dor forte no pé da barriga e logo em seguida a enfermeira em frente ao monitor falou "contração".
- Faça força, . - Dr. Joshua falou e eu retraí todos meus músculos, colocando toda força na pelve, tendo a esperança de que Robert saíria dali facilmente.
Meus olhos ainda estavam fechados e minhas mãos agarravam o colchão até que senti um toque diferente sobre elas. Abri os olhos rapidamente e virei o rosto para minha direita, onde encontrei com um grande par de olhos verdes me encarando, as lágrimas se acumulavam em um canto e ele tinha um sorriso no rosto. Eu pude sentir meu rosto molhado e percebi, então, que eu também estava chorando.
- Ei. - ele sorriu, com a voz um pouco embargada.
- Você veio. - eu sorria como criança em noite de natal.
- É claro que eu vim. - beijou o topo da minha mão. - Eu não perderia o nascimento de nosso filho por nada.
- Contração. - a enfermeira avisou que mais uma estava próxima, e Dr. Cardiff me acionou para mais uma sessão de força.
Dessa vez a força foi tão grande que comecei a sentir como se estivesse sendo esvaziada.
- , continue, ele está quase lá. - o médico falou e eu tomei mais um pouco de ar.
- Vamos, . - Harry sussurrou. - Você consegue.
Concordei, meneando a cabeça e respirei fundo, fazendo um pouco mais de força. Meu corpo já estava cansado, era como se eu tivesse subido trinta lances de escada com uma carga de sessenta quilos nas costas, sem parar para descansar em nenhum momento.
- Apenas mais um pouco. - ouvi a voz do mais velho e fiz mais força, parando apenas quando senti um extremo vazio, porque naquele exato momento foi quando soube que meu filho já não estava em meu ventre, e sim no mundo.
Um choro se alastrou pelo quarto e minhas lágrimas começaram a rolar sem que eu pensasse em qualquer outra coisa a não ser a vontade de ter meu filho nos braços. Vi a enfermeira cortando o cordão umbilical e passando um pano no neném.
Ele era tão pequeno, e parecia tão frágil. O enrolou em uma manta e o trouxe para mim, rapidamente.
Colocou-o lentamente em meu colo.
Ele era lindo, exatamente como imaginei que seria.
- Ei garoto. - eu falei e ele, que ainda chorava, começou a escutar mais e fazer menos barulho. - Sim, é a mamãe. - eu chorava. - Estou aqui. - falei. - O papai também está. - olhei para Harry que o encarava com uma admiração incomparável.
- Oi, Rob. - o sotaque forte de Harry soou e o pequeno ser em meus braços se movimentou. - Você é lindo, igualzinho sua mãe. - eu já não olhava mais para Harry, mas sabia que ele sorria, assim como eu sorri. - Espero que seja forte e cheio de personalidade como ela também. - ele falou e eu olhei em sua direção novamente, sorrindo. Sem pensar nas consequências eu aproximei meus lábios dos dele e selei um beijo. Não foi algo desesperado, mas foi saudoso o suficiente para percebermos em apenas um beijo que o nosso único erro foi termos nos separado.
Encerramos o contato e sorrimos. Conversaríamos sobre aquilo depois, mas Robert era mais importante no momento.
Voltamos nosso foco para o bebê, que se esforçava para abrir os olhos lentamente.
- Vamos, filho, abra os olhos para mamãe. - falei em tom baixo e a criança piscou devagar, abrindo os olhos mesmo que não por completo. Eram grandes pedras preciosas, banhadas num verde azulado, que lembravam o de seu pai e seu avô. - Ele tem seus olhos. - falei para Harry e pude ver que ele sorria enquanto lágrimas caiam por seu rosto.
- Vamos precisar levá-lo para um banho e deixá-lo do berçário por uns instantes. - a enfermeira se aproximou, com cuidado e eu apenas assenti, sabia que eles precisariam fazer isso, mas logo meu filho estaria de volta para meus braços. - Uma de nós vai ficar para te ajudar no banho, ok? - ela disse e eu assenti. - O senhor pode ficar, ou ir falar com seus amigos lá fora, todos estão bem ansiosos.
- Todos? - perguntei, rindo fraco, enquanto a mulher pegava Robert de minha mão e caminhava para fora do quarto.
- Zayn, Niall e Louis vieram comigo. - ele falou e eu sorri. - . - chamou minha atenção e eu o encarei.- O que esse beijo significou?
- Eu não tenho certeza, Harry. - respirei fundo.
- Aquela realmente foi sua última música para mim? - quando ele perguntou, senti meu corpo enrijecer e meus pelos arrepiarem. Ele tinha escutado.
- Foi. - pigarreei. - A última música que eu vou escrever para você. - ele concordou, engolindo seco.
- Bom, vou avisar ao pessoal. - se levantou, saindo do quarto.
Depois do banho de Robert e sua primeira alimentação, todos passaram para visitá-lo. Lágrimas rolavam de todos os lados, até Zayn que eu achei que não choraria, foi um dos que mais chorou. Harry decidiu que ficaria por essa noite, já que não queria ficar longe do filho nem por decreto. Ele estava apaixonado por Robert, assim como eu estava.
- Se importa se eu me deitar aqui? - ele apontou para a poltrona reclinável que tinha ao lado de minha cama e eu balancei a cabeça, negando. Ele se sentou devagar e olhou para mim. Rob ameaçou começar a chorar e eu o peguei para amamentá-lo. - Você falou sério, em relação à música?
- Harry. - coloquei meu filho na posição correta e o ajudei a encontrar o bico do peito para puxar o leite. - Durante esses seis meses que ficamos separados, eu percebi que sou uma pessoa que sabe viver muito bem sozinha. Sou uma mulher independente, que tem um ótimo trabalho e vive num lugar maravilhoso. - falei e ele abaixou a cabeça. - Mas, ao mesmo tempo, percebi que por mais que eu esteja feliz sozinha, eu sou muito mais feliz com você. - respirei fundo.
- Então por que aquela foi a última? - perguntou, me encarando.
- Porque eu não quero mais escrever sobre como é se apaixonar por você. - ele suspirou e eu sorri fraco. - Eu quero escrever sobre viver ao lado da pessoa que você ama, junto com todas as coisas que vocês construíram juntos. - um sorriso se formou em seus lábios. - Eu sei que nunca nos resolvemos direito, e depois do meu aniversário nós apenas nos evitávamos e o máximo de contato que tínhamos eram as encomendas que mandava para Robert. - suspirei. - Então, vamos nos resolver, Harry.
Ele se levantou da cadeira e veio em minha direção.
- Tudo que você é, é tudo que eu sempre precisei. - ele beijou o topo de minha cabeça. - Eu te amo. - selou nossos lábios num beijo lento e apaixonante, que foi interrompido por Robert que parou de mamar e começou um choro fraco. - Acho que alguém tem ciúmes da mamãe. - ele olhou para o garoto e sorriu.
- Eu nunca deixei de te amar. - falei e ele sorriu, concordando. - Obrigada por dar mais uma chance à nós dois.
- Você sempre será minha casa, meu Sehnsucht, e minha canção favorita. - ele sorriu verdadeiramente, olhando em meus olhos. - Minha família. - ele olhou para Robert e logo depois para mim, abrindo um sorriso gigante, que me contagiou. E naquele exato momento eu tive a certeza de que eu estava completa. E sabia que em algum lugar meu pai estava orgulhoso por eu ter seguido em frente e finalmente ter encontrado uma inspiração maior para minhas canções; que não era algo ou alguém, era só o mais puro dos sentimentos: o amor.
Epílogo
Agosto de 2019
Minhas mãos tremiam e parecia que eu estava prestes a parir outra criança, mas não era isso, eu só estava prestes à entrar pelos corredores da igreja, onde encontraria Harry no altar e finalmente diria o tão esperado "sim".
Rodrigo estava ao meu lado, enquanto esperávamos a cerimonialista avisar que era dada nossa hora.
- Como está se se sentindo? - ele perguntou.
- Nervosa o suficiente para dar meia volta e sair correndo. - olhei em seus olhos e percebi que os mesmos se fecharam, por conta de um sorriso que se formou em seu rosto. - Mas, não tenho certeza se o plano "fuga da noiva" foi bem arquitetado por minhas madrinhas. - dei de ombros, soltando uma risada fraca.
- Você vai casar, . - eu pude sentir o orgulho em sua voz. - Você! Aquela menininha que sempre foi decidida em realizar todos os seus maiores sonhos antes de ter uma família. - suspirou, contendo as lágrimas. - Espero que tenha os realizado.
- Eu fiz, Rodrigo. - apoiei minha cabeça em seu ombro direito e ele acariciou meu braço. A figura paterna que eu tive após a morte de meu pai era a dele, e não tinha ninguém além de Rodrigo que estivesse à altura de me levar até o altar.
- Seu pai está orgulhoso de você, pequena Fênix. - beijou o topo de minha cabeça, pouco se importando para o penteado que fora feito em meus fios. - Não duvide disso.
- Está na hora. - a mulher de vestido bege nos avisou, e logo tentamos nos recompor.
As portas se abriram e um quarteto de cordas começou a tocar "Home", a primeira música que escrevi sobre Harry, e a que tinha mais significado para nós dois. Afinal, ele era minha casa e sempre seria. Não importa onde estivéssemos.
Meu vestido tinha o busto em rendas e a saia leve, sem muitos apetrechos, foi escolha minha fazer algo mais simples.
No altar, minhas madrinhas de um lado, todas em diversos tons de vermelho. Catherine, , Kenny, Amélia, Grazi e Madu, que tinha Robert no colo.
Do outro lado, os padrinhos, com seus ternos bem passados e seus sorrisos icônicos.
E no centro, bem perto de onde estava o padre, estava ele; meu noivo. Seu terno era preto e liso, no bolso do paletó uma rosa, que combinava com meu buquê. O cabelo estava devidamente penteado para trás e seu sorriso quase saltava de seus lábios.
Rodrigo se aproximou e estendeu minha mão, unindo-a a de Harry, que agradeceu o homem.
- Estamos aqui para realizar a união entre Harry Edward Styles e Schulte. - o homem de roupa branca falou em tom alto. - Há alguém contra este casamento? - a igreja se manteve em silêncio e nossos olhares se cruzaram. - Então seguiremos para os votos.
O padre olhou para nós e entregou o microfone primeiro à Harry, que o pegou em prontidão.
- Pode parecer que sei o que estou fazendo, mas literalmente não tenho a menor ideia. - ele riu fraco e eu o acompanhei. - Eu nunca fiquei nervoso para falar em público, e olha só como estou agora. - levantou suas mãos, que tremiam um pouco. - Porém, é assim sempre que se trata de você, . Desde a primeira vez que te vi eu não pude conter as borboletas de fazerem uma festa em meu estômago, e parece que mesmo depois de quase dois anos, elas ainda não se acostumaram com sua presença, ou com seu sorriso. - abaixei a cabeça e ri. - Eu não quero te fazer juras de amor, porque você sabe que não precisamos disso. - concordei, tentando não chorar. - Mas eu posso te jurar que todo dia tentarei ser melhor do que antes. Por você, por Robert e pela nossa família. - ele tinha os olhos marejados. - Eu te amo. - abaixou o microfone e puxou minha mão, depositando um beijo na mesma.
- Eu achei que iria escrever meus votos e faria todos chorarem, mas eu me enganei. - sorri. - Se eu escrevi duas frases em um guardanapo foi muito. - algumas gargalhadas fracas se espalharam pelo salão. - Nunca foi tão difícil escrever sobre você. Não quando você sempre foi a maior inspiração para tudo que já fiz. - sorri. - Você me ajudou a superar todos meus estigmas do passado e me deixou confortável com o fato de que as coisas acontecem e simplesmente não podemos fazer nada para mudá-las, porque é daquele jeito que elas devem ser. - ele balançou a cabeça, em concordância. - Não posso mentir e dizer que não houveram momentos nos quais eu quis te matar. - dei de ombros e minhas madrinhas concordaram, rindo. - E terminar com você foi a pior coisa que fiz. Porque eu achava que estava fazendo o certo, mas só fui perceber o quão errada estava quando a água da minha bolsa começou a escorrer entre minhas pernas no meio de um estúdio da Republic Records. - e Liam, que eram padrinhos, riram fraco ao lembrar do momento. - Era você, é você e sempre será você, Harry. E eu também te amo.
Nossos olhos, que já estavam repletos por lágrimas, assim como o de alguns convidados, se encontraram, antes da entrada das alianças, que foram entregues por Sehnschut, nosso primeiro filho.
- Harry, você aceita como sua esposa, para amá-la e respeitá-la até que a morte os separe? - o padre perguntou para o garoto.
- Eu aceito. - Styles disse.
- , você aceita Harry como seu esposo, para amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe? - a pergunta foi feita para mim e eu sorri largamente.
- Aceito. - disse, em alto e bom som.
- E pelo poder em mim investido, eu vos declaro marido e mulher. - ergueu os braços. - Pode beijar a noiva. - Harry então se aproximou lentamente e eu pude sentir o mesmo nervosismo do primeiro toque. Sua mão foi até meu pescoço e com tranquilidade me puxou para perto, selando nossos lábios. Não era algo desesperado, pois sabíamos, a partir daquele momento, que aquele beijo era a garantia de que seríamos nossos para o resto da vida.
Harry
Dezembro de 2019
- Tia é mais legal que Tio Louis. - a garota falava com uma voz afetada, enquanto estava sentada no sofá da sala, com Robert no colo. A encarei com estranheza. - Que cara de maluco é essa, Harry? - perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Você está tentando ensinar uma criança de um ano a falar que você é mais legal que o Louis? - perguntei, mesmo sabendo que era o óbvio.
- Ok. - ela deu de ombros. - Então, a Tia é mais legal que o Tio . - ela repetiu para o garoto, que tinha os olhos vidrados nela. Eu apenas ri e os deixei sozinhos, indo em direção ao quarto, onde Liam e estavam sentados na cama, com violões em mãos e conversando sobre algo que provavelmente era engraçado, já que eles riam no momento que cheguei.
- Espero não ter atrapalhado a composição de vocês. - falei, abrindo a porta devagar e recebendo um lindo sorriso de .
- Claro que não. O que houve? - ela perguntou.
- Sua amiga decidiu fazer uma lavagem cerebral em nosso filho. - disse mais rápido que o normal e eles riram.
- Já terminamos por aqui. - falou. - Louis está chegando, assim como Zayn, , Grazi, Niall, Kenny e Keaton. - se levantou, deixando o violão sobre a cama. - Vou dar uma olhadinha em Bobby e ver se me ajuda a colocar os presentes na árvore antes de todos chegarem. - concordamos e a garota saiu do cômodo. Liam me encarou por alguns segundos e sorriu sincero.
- Eu queria poder te dizer que já te vi feliz dessa forma antes, mas seria uma mentira. - ele falou e eu abri um sorriso. - Você e , por mais que tenham acontecido todos esses desencontros, estão mais felizes que nunca. - meneei em concordância, e o garoto foi se levantando da cama. - Eu sempre soube que vocês ficariam juntos. - bateu em minhas costas e seguiu o mesmo caminho que a garota tinha feito.
- Eu vou começar dizendo que estou muito grata por estarem todos aqui. - se levantou, com uma taça em mãos. - Até você, Keaton. Que finalmente decidiu voltar da Ásia para nos conhecer. - ela riu, apontando para o irmão de e Kenny, que apenas sorriu e levantou seu copo em resposta. - Esses anos ao lado de vocês foram os melhores e eu tenho certeza de que ainda teremos muitos outros pela frente. - colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. - Sei que Louis e Zayn estão em um rolo com duas amigas de Kenny e realmente espero que dê certo, pois quanto mais gente nessa família desajustada, melhor. - todos rimos e os garotos citados concordaram. - Em suma, eu não podia pedir presente melhor do que esse aqui: estar com todos vocês. - movimentou a taça no ar. - Feliz Natal.
- Feliz Natal. - foi o que todos dissemos em uníssono.
- Não quero roubar nenhum momento, mas gostaria de entregar o presente da minha namorada. - Liam falou e eu o olhei com curiosidade.
- Vai que é sua, irmão. - falei, dando um tapinha em suas costas e ele se aproximou da namorada.
- Sei que talvez esse não seja o melhor momento, ou o melhor local. Talvez você preferisse que isso acontecesse em uma praia, um castelo ou até mesmo em seu quarto, longe de todo o resto do mundo. - ele riu fraco. - Mas, eu quero que todos saibam o quanto eu te amo e preciso de você ao meu lado para o resto de nossas vidas. - colocou a mão no bolso de trás da calça e puxou uma caixa preta de veludo. - , você aceita casar comigo? - Liam se ajoelhou em frente à garota, e abriu a caixinha, revelando um grande anel de diamantes. tinha as duas mãos na boca e todos na mesa estavam com a mesma reação. e Kenny choravam, emocionadas com o momento, Louis registrava por meio de fotos, eu, Niall e Zayn nos entreolhávamos, surpresos.
- Mas que loucura, Liam. É claro que eu aceito. - a garota se jogou nos braços do britânico que quase caiu, mas não se importou, já que estava sendo coberto por beijos.
- Esse é o espírito natalino. - Keaton falou em tom alto e todos rimos.
Um choro fino se espalhou pela casa e rapidamente levantou indo em direção ao quarto e segundos depois voltando com Robert agarrado em seu peito.
- Agora que estamos todos, literalmente, aqui. Quero deixar registrado que desde 2017 minha vida está mais colorida, e tudo isso graças à vocês. - a brasileira falou. - Não seria tão divertido e insano se vocês não estivessem nela.
- Tudo acontece por um motivo, . - Grazi falou, sendo abraçada por , que acariciava sua barriga.
- Nós somos todos almas gêmeas uns dos outros. - Niall falou, e levou um tapa de Kenny em seu braço. - Ei, eu não falei besteira. - passou a mão na área afetada e olhou para a menina. - Falei?
- Obrigado por mais um ano. - Zayn falou e eu sorri em sua direção. - Vocês sabem o quão grato sou por vocês. - piscou.
- Que tudo isso seja eterno, não apenas em nossas memórias, mas também em nossos corações. - falei e levantei a taça para o último brinde da noite. - Às músicas, às oportunidades, à nós, e principalmente ao amor, o elo que nos unirá para sempre. - e com o bater de nossas taças, tivemos a certeza do encerramento de um ciclo onde houveram aprendizados, novidades e aventuras.
- Ao amor. - bebemos os líquidos e, então, todos se abraçaram. Um de cada vez, para poder aproveitar um pouco mais do contato. se aproximou de mim, com Rob no colo e se aconchegou em meu peito. Envolvi meus braços ao redor dos dois e beijei o topo de sua cabeça.
Não havia nada que poderia me fazer mais feliz, além daquilo. Eu finalmente tinha um amor para chamar de meu, e não era só o amor de e Robert, era o amor da minha família.
FIM
Nota da autora: O fim chegou, e com ele algumas lágrimas minhas. É difícil dar tchau para esse casal e essa história.
Começar à escrever TLSIWFY foi um meio que encontrei para me fazer esquecer dos problemas, e deu super certo. Mas, eu não sabia que além disso, eu iria conhecer pessoas incríveis, que se tornariam muito mais do que apenas leitoras. Se tornaram amigas e parte de uma grande família.
Agradeço à cada uma que acompanhou Anna e Harry desde o início, que surtou junto com eles durante os desentendimentos. Que sentiu vontade de matar o Styles em alguns momentos, mas que no final de tudo, o perdoou porque nosso casal é TUDO.
Agradeço à todos que criaram um carinho especial pelos personagens secundários, Mark e Layla não seriam os mesmos sem o apoio de vocês.
À Carol, minha scripter, obrigada por todo o apoio até aqui. Sem você, o sonho de postar algo no FFOBS não seria possível. Além de tudo, tornou-se uma grande amiga. Obrigada.
Agradeço as minhas amigas autoras, Grazie S, Lana Guedes, Bru Freire, que entraram na loucura de expandir suas fics para um universo bem maior, e conectar TLSIWFY à elas. Eu amo vocês e me inspiro muito em cada uma, obrigada!
Agradeço à K.Moura, que era apenas mais uma leitora, mas acabou se tornando minha melhor amiga e a pessoa para a qual eu mandava todos os capítulos antes de postar, para saberem se estavam bons o suficiente. Eu te amo e TLS não seria a mesma sem você.
Não esqueçam de comentar e indicar TLS para todos seus amigos. Vejo vocês em breve!
Com amor,
Bea H.
Nota da Scripter: Eu que agradeço o prazer que foi scriptar e acompanhar a história da Anna e do Harry. Vou sentir saudades!
Essa fanfic é de total responsabilidade da autora, apenas faço o script. Qualquer erro, somente no e-mail.
Começar à escrever TLSIWFY foi um meio que encontrei para me fazer esquecer dos problemas, e deu super certo. Mas, eu não sabia que além disso, eu iria conhecer pessoas incríveis, que se tornariam muito mais do que apenas leitoras. Se tornaram amigas e parte de uma grande família.
Agradeço à cada uma que acompanhou Anna e Harry desde o início, que surtou junto com eles durante os desentendimentos. Que sentiu vontade de matar o Styles em alguns momentos, mas que no final de tudo, o perdoou porque nosso casal é TUDO.
Agradeço à todos que criaram um carinho especial pelos personagens secundários, Mark e Layla não seriam os mesmos sem o apoio de vocês.
À Carol, minha scripter, obrigada por todo o apoio até aqui. Sem você, o sonho de postar algo no FFOBS não seria possível. Além de tudo, tornou-se uma grande amiga. Obrigada.
Agradeço as minhas amigas autoras, Grazie S, Lana Guedes, Bru Freire, que entraram na loucura de expandir suas fics para um universo bem maior, e conectar TLSIWFY à elas. Eu amo vocês e me inspiro muito em cada uma, obrigada!
Agradeço à K.Moura, que era apenas mais uma leitora, mas acabou se tornando minha melhor amiga e a pessoa para a qual eu mandava todos os capítulos antes de postar, para saberem se estavam bons o suficiente. Eu te amo e TLS não seria a mesma sem você.
Não esqueçam de comentar e indicar TLS para todos seus amigos. Vejo vocês em breve!
Com amor,
Bea H.
Essa fanfic é de total responsabilidade da autora, apenas faço o script. Qualquer erro, somente no e-mail.