Finalizada em: 15/10/2018

Prólogo

Arthur aparatou rapidamente em frente à toca e tropeçou sozinho, caindo no chão com os braços apoiados em frente ao corpo. Ele estava visivelmente cansado, sujo e tinha cicatrizes abertas em seu rosto e braços.
Ele se levantou arfando e seguiu correndo para dentro de casa, passando sem problemas pelos feitiços de proteção feitos por ele e por sua esposa. Trancou a porta novamente e subiu as escadas correndo.
- Molly! Molly! – Ele gritava desesperado, subindo as escadas correndo.
- Aqui! – O ruivo ouviu a voz de sua esposa e deu de cara com uma porta fechada.
- Alohomora! – Ele movimentou sua varinha rapidamente e a porta se abriu em um forte baque.
Lá dentro ele encontrou sua esposa igualmente ruiva e rechonchuda, com a feição cansada e assustada. Em seus braços, ela apertava sua filha de dois meses, Gina e o de um ano e sete meses, Ronald. À sua volta e se escondendo com as cobertas, estavam George, Fred, Percy, Carlos e Guilherme, de três a 11 anos.
- O que aconteceu, Arthur? – Ela perguntou, passando correndo pelo meio dos filhos, colocando Ronald no chão e abraçando forte seu marido, fazendo com que a bebê em seu colo chorasse fortemente. - Segure-a aqui, Gui, por favor! – Molly falou, entregando a filha para seu filho mais velho, ouvindo-a parar de chorar brevemente. – O que aconteceu?
- Sirius foi preso, Molly! – Ele falou, segurando as mãos calejadas de sua esposa.
- Como assim? Como isso é possível? – Ela perguntou nervosa.
- Eu não sei muito bem o que houve, estão falando em Godric’s Hollow que ele matou Pedro e 12 outros trouxas em uma cidade vizinha. – Arthur falou.
- O Sirius? – Molly arregalou os olhos.
- Melhor você se sentar. – Ele falou e ela se sentou na cama mais próxima, notando os filhos se aproximarem dela.
- O Sirius não seria capaz disso. – Ela falou.
- Pedro dedurou os Potter para Você-Sabe-Quem, Molly. – Ele respirou fundo enquanto falava. – Sirius era praticamente um irmão para Tiago. – Molly ficou calada por um tempo, soltando um longo suspiro.
- Não podemos ter perdido Tiago, Lílian e Sirius no mesmo dia, Arthur. – O homem passou a mão no rosto, puxando o ar fortemente. – Temos que fazer alguma coisa.
- Não tem o que fazer, Molly. – Ele respirou fundo. - Acabou. Teremos que continuar vivendo. O Lorde das Trevas não retornará mais. – Molly puxou o ar fortemente.
- Mas Sirius será acusado inocente, certo? – Ela perguntou e Arthur negou com a cabeça.
- Não encontraram provas contra ele. Sirius evaporou Pedro, só encontrou um dedo que dizem ser dele. – Molly respirou fundo. – Vamos ficar aqui, todos juntos, esperando notícias. – Ele se sentou na cama em sua frente, passando a mão no rosto.
- E os outros? Como estão? – Arthur balançou a cabeça negativamente.
- Não tive notícias, Molly. – Ele deu um sorriso triste. – Quando eu fiquei sabendo da morte dos Potter, eu fui correndo para Godric’s Hollow e, ao chegar lá, dei de cara com Sirius sendo preso e todos comentando sobre o que ele tinha feito. – Ele pausou mais que o necessário para falar. – O Ministério da Magia estava tentando cobrir o que houve com os Potter e com Sirius.
- Bem, vamos esperar para ver o que conseguimos fazer. – Molly suspirou. – Sirius não deveria ter matado os trouxas com ele, mas até eu mataria Pedro pela sua traição.
- Não, Molly. Pare, por favor.– Arthur falou, segurando as mãos da esposa. – Isso é um crime. Sirius pagará por ele.
- Você faria o mesmo, Arthur. – Ela se levantou afobada. – Todos faríamos.
- Sim, eu sei! – Ele falou. – Mas estamos cansados, Molly. Acabou! Vamos descansar e cuidar dos feridos.
A senhora Weasley não se atreveu a responder mais nada. Ela estava igualmente cansada. Participar de uma guerra dessas proporções contra o maior bruxo das trevas enquanto cuidava de sete filhos, não era uma tarefa fácil. Mas ela precisaria descansar, mesmo que fosse demorar algumas semanas ou meses para que ela conseguisse pregar os olhos, o medo ainda era parceiro deles.
Em um momento ela parou rapidamente e arregalou os olhos, assustada. Parece que o tempo parou por um segundo, enquanto ela juntasse as peças do quebra-cabeça em sua mente. Até que ela virou rápido em direção ao seu marido, se sentando na cama novamente.
- Lily, Arthur! – Ela falou alto. – O que aconteceu com Lily? Com quem ela ficou? – Ela perguntou apressadamente. – Hagrid a pegou também quando pegou Harry? - Arthur arregalou os olhos apressadamente e se levantou da cama.
- Não! Ele não está sabendo disso. – Ele falou, passando a mão no rosto correndo. – Eu tenho que pegar, ela deve estar no Largo Grimmald ainda. – Ele agitou a cabeça rapidamente. – Sozinha. – Ele respirou fundo. – Eu vou buscá-la e já volto.
- Você vai levá-la aonde? Aqui não é seguro para ela, nem para nossos filhos é. – Molly falou. – Ainda mais ela sendo filha de Sirius. – Arthur respirou fundo, ponderando com a cabeça.
- Eu dou um jeito! Ela não pode ficar sozinha. – Ele falou apressado, tirando a varinha de seu bolso novamente.
- Se proteja, por favor! – Molly falou e Arthur assentiu com a cabeça.
- Estarei de volta até o amanhecer! – Ele falou, visivelmente cansado e seguiu correndo escadas abaixo, saindo da toca e, quando estava fora da proteção dos feitiços, pensou no Largo Grimmauld e aparatou imediatamente, sumindo em uma forma estranha.
- Para onde o papai levará a Lily, mamãe? – Um dos filhos de Molly se aproximou e ela colocou a mão em seus cabelos.
- Não sei, George, eu realmente não sei. – Ela falou, abraçando-o fortemente.
- Ela vai ficar bem? – Ele perguntou.
- Vai sim, querido! – Ela falou, mesmo não sabendo a verdade.


Capítulo 1

Ouvi um barulho no corredor e guardei o livro que eu havia ganhado no meu aniversário e coloquei uma apostila da escola em cima, fingindo que estudava algo de trigonometria.
- Senhorita? – Vi uma das assistentes do orfanato entrar e sorri para a negra.
- Oi, Andy. – Ela sorriu.
- Você tem uma visita! – Abri um sorriso, animada. – Posso deixar entrar?
- Claro! – Falei animada, colocando os livros no meu beliche e me levantei da cama, arrumando o uniforme xadrez do mesmo e colocando a blusa para dentro da roupa.
- Lily! – Uma cabeça ruiva apareceu por debaixo do chapéu e eu abri um largo sorriso.
- Tio Arthur! – Falei contente, abraçando o mais velho.
- Como você cresceu, Lily! – Ele colocou as mãos em meu rosto. – Quanto tempo que não te vejo. – Sorri.
- Bastante mesmo, faz uns dois anos, desde que você veio me contar do meu... – Dei de ombros. – Você sabe.
- Sim, sei! – Ele assentiu com a cabeça. – Ah, vejo que gostou do presente! – Ele apontou para o livro que havia me enviado.
- É divertido! – Ri fraco. – As imagens mexem.
- Tem conseguido praticar? – Ele perguntou.
- Não sai nada, tio Arthur. Acho que isso não é para mim. – Dei de ombros.
- Duvido. – Ele segurou minhas mãos. – Você só não deve estar trazendo força do lugar certo. – Concordei com a cabeça.
- Mas, então, o que veio fazer aqui? Não me diga que veio conferir o presente. – Ele riu fraco.
- Estava preocupado se daria algum problema, na verdade. Mas não foi por isso que eu vim não. – Ele apontou para a cama. – Vamos sentar, preciso te contar uma coisa. – Ele se sentou e eu me coloquei ao seu lado.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei e ele suspirou.
- Você sabe sobre seu pai, certo? – Concordei com a cabeça. – Sua vida, sua prisão injusta, sua fuga e o motivo pelo qual ele não veio atrás de você depois que fugiu da prisão, certo? – Concordei com a cabeça.
- Sim, que não seria seguro para mim, sendo ele um dos prisioneiros mais procurados do mundo bru...
- Lily! – Fechei a boca.
- Desculpe. Força do hábito! – Ele sorriu, apertando minhas mãos firmemente.
- Então, Lily, eu já te contei também o máximo que pude sobre o Lorde das Trevas, seu retorno e sua ameaça para o mundo de quem não é trouxa. – Assenti com a cabeça, suspirando.
- Arthur, o que você está tentando me contar?
- Seu pai morreu, Lily!– Arregalei os olhos, sentindo uma dor bater em meu peito. – Foi uma emboscada. O Lorde das Trevas e os Comensais da Morte estavam atrás de uma profecia que envolvia Harry e seu pai foi ajudar, acabando morto por uma prima dele que lutava no outro lado. – Soltei um suspiro alto, respirando fundo.
- Isso... – Balancei a cabeça. – Eu não sei como processar isso. – Respirei fundo.
- É difícil, eu sei. Tem muito mais coisa que eu preciso te explicar, mas eu preciso fazer isso em outro lugar...
- Claro, podemos combinar de jantar em algum lugar longe desse pessoal. – Ele balançou a cabeça.
- Não, Lily, com essa situação toda, você não está segura aqui. Você vai embora daqui, vai morar comigo agora. – Arregalei os olhos.
- Arthur...
- É o mais seguro para você, Lily, você já tem 16 anos, precisa aprender a se defender caso alguma coisa... – Ele balançou a cabeça. – Conversaremos com calma, ok?! – Assenti com a cabeça.
- Mas como eu sairei daqui? – Franzi a testa.
- Se eu falasse isso para os meus meninos, eles arranjariam mil maneiras para isso. – Soltei uma risada. – Mas como estamos no mundo dos trouxas e não podemos chamar atenção, faremos isso do modo convencional. – Ele assentiu com a cabeça. - Eu te adotarei. – Arregalei os olhos.
- Oh, meu Deus, mesmo? – O abracei rapidamente.
- Sim, talvez Sirius tenha feito uma escolha errada em deixar sua filha em um orfanato, mas como ele não está mais aqui e eu sou o único que sabe da sua existência, eu farei as decisões. – Ele se levantou. – Se você estiver de acordo, é claro! – Abri um sorriso.
- Com certeza! Meu Deus, eu não vejo a hora de sair daqui. – Eu sorri e ele assentiu com a cabeça. – Obrigada, tio Arthur, não aguento mais ficar sozinha! – Sorri, suspirando.
- Eu sei, querida. E parte dessa culpa é minha. – Segurei suas mãos. - Mas eu ajeitarei isso, ok?! Na sua nova casa você terá pessoas para te amar e te ensinar muitas coisas. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Estou empolgada, confesso! – Dei alguns pulinhos no meu lugar.
- Eu vou ver como eu faço isso e volto para te pegar, sim?! – Ele perguntou e eu ri fraco.
- Acredite, tio Arthur, isso vai demorar mais do que alguns dias.
- Mesmo? – Ele perguntou.
- O mundo trouxa é meio lento. – Dei de ombros.
- Oh! – Ele colocou a mão no queixo como se pensasse.
- Mas eu posso agilizar isso um pouco. – Puxei a coberta para cima dos livros animados que tio Arthur havia trazido e coloquei a cabeça para fora do quarto que eu dividia com várias meninas da minha idade. – Andy! – Chamei a assistente que ficava andando no corredor.
- Sim, Lily! – Ela falou, se aproximando. – Esse senhor quer falar contigo. – Apontei para Arthur que se aproximou da moça.
- Eu queria saber os procedimentos para adotar Lily, senhora! – Ele falou e vi os olhos de Andy se arregalarem. – Eu sou amigo de seu pai e ele faleceu recentemente. Gostaria de levá-la para morar comigo e com a minha família. – Olhei para Andy que tinha travado.
- Andy! – Falei um pouco alto e ela balançou a cabeça.
- Ah, meu Deus, claro, senhor! – Ela se virou para mim. – Você vai ter uma casa, Lily! – Ela falou animada, me abraçando fortemente e, nesse momento, eu travei.
Eu finalmente teria uma família de verdade.

Olhei para as poucas coisas espalhadas pela minha cama e suspirei, abrindo a pequena mala que o orfanato havia me cedido e eu coloquei tudo dentro da mesma, enrolando os livros que tio Arthur havia me dado em roupas.
Peguei um porta retrato que se mexia e soltei um suspiro. Era eu, mamãe e papai. Não que eu me lembrasse deles, mas tio Arthur havia deixado comigo quando me deixou aqui no orfanato após a prisão de meu pai. Minha mãe havia morrido dias depois do meu parto.
O quadro permaneceu estático durante nove anos, quando eu completei 11 anos, ele começou a se mexer, o que causou um grande susto em mim. Tio Arthur dizia que era porque é a idade que a magia fica aguçada nas crianças mágicas... Mas eu não era uma bruxa, eu nunca havia conseguido fazer nada. Talvez fazer esse quadro mexer, mas não acho que conte, sendo que ele é naturalmente mágico.
O enrolei em uma blusa novamente e fechei a mala, vendo-a incrivelmente leve. Afinal, tudo que eu tinha pertencia ao orfanato, pelo menos eles haviam permitido que eu saísse daqui com o uniforme, se não teria que sair da forma que eu vim ao mundo.
Me sentei na cama e abracei a pequena mala, batendo os pés no chão, ansiosa para a chegada de Arthur. Olhei para algumas meninas que estavam no quarto e só nos cumprimentamos com um aceno de cabeça. Elas sempre me achavam estranha, afinal, eu era bem mais inteligente que elas e era vista como a estranha do orfanato e a queridinha das freiras.
Mas eu não me importava com nada disso agora. Minha vida mudaria totalmente. Eu deixaria de ser Lily Black, a tonta sabe-tudo, para Lily Black, a bruxa... Gargalhei sozinha com esse pensamento, chamando a atenção de algumas meninas que estavam no quarto e fiquei quieta, balançando a cabeça.
- Lily! – Virei o rosto para frente, vendo Andy parada na porta com um largo sorriso no rosto. – Ele chegou! – Ela falou e eu me coloquei prontamente em pé, segurando na alça da mala e soltei um longo suspiro, relaxando os ombros.
- Vamos lá! – Falei sorrindo.
- Tchau, Lily! – Uma das meninas falou e eu acenei com a mão, sorrindo. – Seja feliz.
- Você também, Anna! – Falei, olhando novamente para Andy e ela sorriu para mim, me estendendo a mão.
Dei uma rápida olhada embaixo do beliche A, próximo à porta e suspirei. Foi ali que eu vivi 14 anos da minha vida, e eu estava entrando numa nova que eu não tinha nem ideia de como seria, quem eu conhecia e se eu não seria a decepção no mundo bruxo. Afinal, 16 anos nas costas e nenhuma experiência no mundo bruxo era meio triste. Provavelmente as crianças de 11 anos seriam mais espertas.
Dei a mão para Andy, sorrindo para ela e seguimos pelo corredor. O orfanato parecia um prédio rústico e antigo. Cheia de tijolos à vista, com largos espaços abertos e algumas freiras andando pelo local. Lá também era um convento.
Passamos pelas portas da diretoria e olhei para a Madre Superiora e para o ruivo com cabelos espetados, roupas engraçadas e um pequeno chapéu na cabeça. Isso fez com que eu desse um largo sorriso, correndo para abraçá-lo.
- Demorei, mas estou aqui, querida! – Ele falou e eu sorri, nos afastando um pouco.
- Bom, senhorita Black, nosso trabalho contigo acabou! – A Madre Superiora falou sorrindo e eu me aproximei dela.
- Obrigada! – Falei. – Por tudo que vocês fizeram comigo ao longo dos anos. – Ela assentiu com a cabeça
- Só sinto em não ter conseguido encontrar um lar antes para você. – Assenti com a cabeça.
- Eu sempre tive um lar, senhora. – Falei, virando para Arthur. – Só que o destino queria competir contra. – Dei de ombros. – Mas agora tudo vai mudar. – Ela sorriu.
- Vai sim, senhorita. Que você tenha uma ótima vida, sim?! – Ela falou. – Saiba que nossas portas sempre estarão abertas para você.
- Muito obrigada, senhora, mas espero não precisar! – Falei e ela sorriu.
- Também espero! – Ela abriu os braços e eu a abracei rapidamente, sentindo algumas lágrimas escaparem de meus olhos. – Viva, senhorita Black! Você é extraordinária, mostre isso ao mundo! – Assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Virei para Andy! – A você também, Andy! – Abracei-a fortemente e ela sorriu, soltando um largo suspiro.
- Meu trabalho aqui está feito. – Ela ergueu o rosto. – Obrigada, senhor Weasley. – Arthur esticou a mão e cumprimentou as duas moças.
- Eu e minha família cuidaremos dela, senhoras. – Ele esticou a mão para mim e eu estendi, vendo-o pegar minha mala com a outra mão. – Foi um prazer.
- A felicidade é nossa. – Andy falou, seguindo para a porta e abriu a mesma, dando para a rua do orfanato em Londres.
Andei com Arthur do lado de fora até parar ao lado de um Ford Anglia azul, ele tirou as chaves do bolso e abriu o lado esquerdo para que eu entrasse e eu me acomodei no carro, quando ele levou minha mala para o porta-malas. Acenei para as duas mulheres na porta do orfanato e mandei um beijo rápido. Senti Arthur se sentar ao meu lado e ligou o carro, fazendo um forte ronco.
- Para onde vamos? – Perguntei.
- Ottery St. Catchpole, no condado de Devon. – Assenti com a cabeça. – Sabe onde fica? – Ele perguntou.
- Não sei onde, mas sei que fica há umas quatro horas daqui! – Falei, e ele concordou com a cabeça.
Ele tirou o carro da vaga rapidamente e começou a dirigir pelas ruas movimentadas de Londres. Era quase hora do almoço, então o caos estava começando a ser implantado. Observei a postura do homem ao meu lado e ele parecia muito feliz, mas ele era sempre assim.
- Então, tio Arthur, o que eu preciso saber antes de chegar lá? – Perguntei, virando o corpo para ele.
- Você vai saber quando chegar lá. Estão todos te esperando. – Ele falou.
- Todos? “Todos” quem? – Perguntei.
- Meus filhos, amigos do seu pai, da sua mãe, pessoas que ficaram anos sem saber sobre você. – Ele falou.
- Eu já os conheci? – Perguntei.
- Sim! – Ele falou. – Mas você não lembra.
- Por que eu era muito pequena? – Perguntei.
- Também... – Ele suspirou. – Mas também para sua segurança.
- Como assim? – Perguntei.
- Quando eu te trouxe para o orfanato, Lily, eu coloquei um feitiço em você. – Arregalei os olhos. – Que permitiu com que você excluísse algumas memórias da sua mente e não sofresse com a prisão do seu pai ou o afastamento desses amigos. Principalmente meus filhos, vocês brincavam bastante quando crianças. – Ele franziu a testa, soltando um suspiro.
- Como isso é possível? – Perguntei.
- Magia, querida. Magia! – Dei um pequeno sorriso de lado. – Mas não se preocupe, você conhecerá todos em breve e eu tirarei o feitiço de todos.
- Todos? – Perguntei novamente. – Eles também não se lembram de mim? – Falei alto e ele fez um movimento com a mão para que eu abaixasse o volume.
- Eu fiz tudo isso pela sua segurança, querida. Se ninguém soubesse sobre você, ninguém poderia ir atrás de você, entende? – Ele virou para mim rapidamente.
- Parece que estamos fugindo de alguma coisa. – Falei.
- Fugindo não, querida, mas estamos lutando contra algo. – Ele falou.
- O quê? – Perguntei.
- O maior bruxo das trevas que esse mundo já viu, e seus comparsas. Eles foram responsáveis pela prisão e morte do seu pai, pela morte de vários bruxos e trouxas e, principalmente, pela morte dos pais do seu primo Harry.
- Primo? – Falei alto novamente. – Eu tenho um primo? – Ele sorriu.
- Tem sim, querida, infelizmente ele não se lembra de você, mas prometo que consertarei tudo isso.
- Como? – Perguntei.
- Eu desfarei o feitiço. – Ele deu de ombros. – Simples assim! – Ri fraco.
- Depois eu volto com as perguntas, então. – Ele sorriu.
- Isso, querida!
Ficamos em silêncio enquanto o carro saía da cidade. Eu não estava cansada, mas viagens eram naturalmente cansativas, só que eu queria saber para onde estávamos indo. O que esperar. Será que eu entraria no mundo bruxo? Ou será que era mesclado com o mundo em que vivíamos?
- Bem, acho que podemos acelerar um pouco agora. – Arthur falou quando saímos da cidade e eu franzi a testa.
- Vamos acelerar mais? – Perguntei.
- Vamos ficar invisíveis. – Ele falou, apertando algum botão no painel e eu não notei diferença nenhuma. – E voar!
- Voar? – Dei um grito, me segurando no painel do carro e notei que o carro deu um pulo para cima, tirando as rodas do chão. – Ah, meu Deus! – Falei, apertando firme.
- Você não gosta de voar? – Ele perguntou.
- Eu odeio voar e eu odeio altura. – Falei, firmando os braços no painel, mas notei que o caminho era calmo, mas estávamos indo muito mais alto que as nuvens. – Ah, meu Deus! Isso é um sonho! Isso é um sonho! – Repetia diversas vezes.
- Isso não é um sonho, Lily! Isso é magia! – Respirei fundo. - Se acalme, chegaremos logo. – Ele falou e eu tentei respirar fundo e aproveitar o passeio.
Não deu certo.

- Aqui, chegamos! – Ouvi Arthur falar acima das nuvens, após eu desmaiar duas vezes e voltar ao meu estado natural.
- Aqui, onde? – Perguntei e notei que o carro começava a baixar.
Estávamos em um local descampado, com algumas plantações de flores e talvez de alimentos, uma área rural. Um pouco distante ainda, à frente, se erguia a casa mais engraçada que eu vi na minha vida. Ela tinha... Eu não conseguia contar quantos andares ela subia, mas parecia que diversas casas se juntaram e viraram aquela... Coisa.
- Essa é a toca! – Arthur falou. – Seu novo lar.
- Meu novo lar? – Perguntei.
- Poderíamos te deixar na antiga casa de seu pai, que é sua por direito, mas achamos que seria melhor te trazer para cá antes, enquanto te treinamos...
- Me treinar? – Franzi a testa.
- Você é uma jovem bruxa, Lily. Eles tendem ser um tanto quanto voláteis enquanto estão aprendendo. – Arregalei os olhos. – E aqui você tem espaço suficiente para destruir e consertar. – Assenti com a cabeça, mesmo não sabendo o que ele queria dizer. – Ah, os meninos estão no meio do caminho. – Ele falou bufando e puxou algo de seu bolso, me assustando por ser uma varinha e colocou a ponta em seu pescoço. – Fred, George, desçam agora.
O som ecoou, fazendo com que eu colocasse as mãos nas orelhas e notei três objetos descerem do céu. Três vassouras descerem do céu. O carro começou a baixar aos poucos, até que estivesse próximo ao solo novamente. Me segurei firmemente na porta e no apoio de mão quando tocamos o solo, sentindo meu corpo se revirar todo.
Coloquei a mão no peito quando o carro parou totalmente e senti meu coração disparado, me fazendo puxar e soltar a respiração várias vezes. Fechei os olhos e relaxei o corpo no assento do carro, tentando normalizar a respiração. A viagem de Londres para cá durou cerca de uma hora e meia, duas no máximo. Foi como se eu realmente estivesse andando de avião.
Senti uma sombra em meu rosto e abri os olhos, encontrando dois corpos ao lado da porta e vi outras saírem pela porta, me fazendo respirar fundo. Vai dar tudo certo, Lily! Pensei e tirei o cinto de segurança, vendo que Arthur já tinha saído do carro e já tirara minha mala do porta-malas.
Empurrei a porta com receio e saí do mesmo, dando de cara com duas pessoas ruivas exatamente iguais ao lado do carro. Eles eram altos, ruivos, com algumas sardas no rosto e se vestiam com roupas iguais, mudando somente a tonalidade delas.
- Vocês devem ser filhos do Arthur. – Falei e eles se entreolharam.
- Fred, George! – Viramos para Arthur. – Ajudem Lily, leve-a para o quarto das meninas, vamos nos organizar!
- Quem é Fred e quem é George? – Perguntei, virando para os dois.
- Eu sou Fred.
- Eu sou George. – Eles falaram quase juntos e eu balancei a cabeça.
- A gente aprende com o tempo, certo?! – Dei de ombros e eles riram.
- Certo! – Eles falaram juntos.
- Meu Deus! Eu vou ficar louca! – Balancei a cabeça.
- Nós fazemos quase tudo juntos... – Um falou.
- Você se acostuma com o tempo. – O outro falou.
- Está valendo! – Suspirei, abanando as mãos.
- Você me é familiar. – Um deles falou e eu olhei para ele.
- Vocês brincavam muito quando crianças, George! – Virei para Arthur.
- Eu não me lembro. – Ele falou.
- Isso provavelmente deve ser explicado pelo feitiço de esquecimento que ele colocou na gente. – Falei, dando de ombros.
- Você jogou um Obliviate em nós? – Eles perguntaram juntos.
- Ah, de novo não! - Falei rindo.
- Não só de vocês três, como de todo mundo. – Ele falou.
- Pai...
- Arthur Weasley! – Ouvi uma voz alta e estridente e virei o rosto para uma das portas da toca e uma senhora ruiva, similar a Arthur, mas ela era baixinha e rechonchuda.
- Olá, Molliuóli! – Ele falou e eu me senti perdida. – Você se lembra de Lily, não? – A senhora me olhou dos pés a cabeça e eu coloquei as mãos em frente ao corpo, como se fosse um manequim a ser analisado.
- Claro que eu me lembro! – Ela falou, me dando um abraço de urso, fazendo com que eu abaixasse um pouco o corpo para retribuir o abraço. – Faz tanto tempo, querida! – Ela segurou meu rosto com as mãos. – Você tem os cabelos loiros da sua mãe e os olhos negros de seu pai. – Ela sorriu. - Pensei que nunca mais te veria. – Sorri.
- Sinto muito por não me lembrar da senhora. – Falei, vendo-a rir.
- Tudo bem, querida! Eu não me lembrava de você até essa manhã! – Rimos juntas e ela me abraçou forte novamente.
- Você enfeitiçou a mamãe também? – Os gêmeos falaram de novo e eu ri.
- Foi por uma boa causa, queridos. – A senhora falou. – Vocês entenderão também. – Ela falou. – Eu sou Molly, querida. Você está em casa agora, ok?! Aqui somos um pouco loucos, bruxos, mas somos sua família, desde antes de você nascer. – Assenti com a cabeça.
- Estou empolgada com isso.
- Bem, vamos juntar todos que eu tenho algo para desfazer.
- Assim espero! – Os gêmeos falaram juntos.
- Eles fazem isso sempre? – Perguntei baixo para Molly.
- Desde que aprenderam a falar. – Franzi a testa e ela riu.
- Vamos entrar! – Molly me segurou pelos braços e entramos em uma das portas da toca.
A casa era engraçada por dentro. Era algo que qualquer engenheiro seria contra. Parecia que tinha um cone central que mantinha a casa em pé e que os cômodos foram grudados por toda sua volta.
Engoli em seco quando entramos na sala, fazendo com que eu respirasse fundo. Várias pessoas estavam amontoadas na pequena sala. Desde pessoas da minha idade, até pessoas mais velhas, incluindo uma pessoa de cabelos roxos, que eu achei sensacional.
- Gente, atenção aqui, por favor! – Todos olharam para mim e eu fiquei mais roxa do que os cabelos daquela moça. – Essa aqui é Lily! – Arthur falou. – Ela vai morar conosco. – Dei um pequeno sorriso, tentando ser simpática.
- Ela me é familiar, Arthur. – Um senhor de bigode falou.
- Sim, Lupin, tem motivo. – Arthur falou. – Essa é Lily Black, filha de Sirius. – Vi vários olhos se arregalarem e franzi os lábios, sem saber como agir.
- Como...? – Lupin perguntou.
- Acho melhor você desfazer aquele feitiço logo, tio Arthur! – Cochichei para ele que pegou sua varinha e estendeu pelos ares.
Não sei bem o que aconteceu em seguida. Visualmente uma onda azul clara e brilhante passou por meio de todos da sala, o que me deixou boquiaberta, mas mentalmente, aconteceu muito mais. Foi como se abrissem uma caixinha escondida no fundo do meu cérebro e inundassem minha cabeça com memórias que eu não me lembrava.
Eu me lembrei das cabeças ruivas, dos gêmeos, do moço de bigode que falava, de outras crianças e bebês... E de meus pais. Minha mãe era uma moça da pele bem clara e dos cabelos loiros quase brancos, assim como eu. Já meu pai tinha os cabelos incrivelmente pretos, longos e encaracolados e os olhos negros como a noite.
Vi ambos me segurarem no colo e sorrirem para mim, a cena do meu porta-retrato. Eles brincaram comigo em algum jardim colorido, enquanto que eu corria feliz pelas flores. Em seguida a cena escureceu. Me vi sozinha em uma casa grande e escura. Uma criatura estranha, que parecia um duende, me olhava atentamente, como se cuidasse de mim, enquanto encarava uma grande tapeçaria com alguns rostos e algumas manchas chamuscadas no mesmo.
Arthur apareceu na porta com machucados sangrando em seu rosto e me pegou rapidamente, fazendo com que o ser ao meu lado se irritasse e o atacasse, tentando me tirar dele. Senti minha respiração faltar por um momento.
“Não, Monstro. Eu preciso levá-la, aqui não é mais seguro para ela, entende?” Arthur falou na memória, me segurando firme em seus braços. “Sirius foi preso”. Monstro, o duende, ficou atordoado por um momento.
“Cuide dela, senhor Weasley. Ela é a herdeira dos Black”. A criatura falou com uma voz rouca e a cena mudou novamente.
Arthur me entregou para uma Madre Superiora diferente da atual e cochichou algo inaudível, fazendo com que a luz azul clara fosse vista novamente e ela somente assentiu com a cabeça, movimentando os lábios com algo tipo “Cuidarei dela” e me levou porta adentro, fazendo com que a memória sumisse e eu sentisse a respiração faltar, fazendo o coração bater fortemente dentro de meu peito e eu senti meu corpo fraquejar, caindo para trás.
- Opa! – Senti alguém me segurar, mas minhas pernas não respondiam mais aos meus pedidos e eu me senti mole.
- Acho que ela não aguentou a memória, pai. – Ouvi uma das vozes e fui deitada em algum lugar, sentindo meu corpo pesar por um momento.
- Muitas memórias, filho! – Ouvi a voz de Arthur. – São 14 anos de memórias. – Senti meus olhos fecharem.
- Ela ficará bem? – Outra voz perguntou.
- Vai sim! –Molly respondeu. – Agora vai!

Eu estava dentro de um sonho. Um sonho bom. Eu via meu pai de cima, como se eu estivesse deitada em algum lugar e eles estivessem em meu campo de visão. Ele tinha uma feição triste em seu rosto e me encarava ternamente. Outro casal apareceu na nossa visão e eu sorri ao vê-los. Eles não estavam na Toca, mas me pareciam boas pessoas.
- “Você ficará bem, Sirius?” – O homem de óculos perguntou.
- “Vou sim, James.” – Meu pai suspirou, balançando a cabeça. – “Nós não estávamos juntos, mas ela era uma boa pessoa.” – O casal assentiu com a cabeça.
- “Sim!” – Eles falaram. – “Penélope era incrível.” – A mulher ruiva falou, passando a mão embaixo dos olhos, respirando fundo. – “Ela era minha melhor amiga!” – Ela falou, engolindo em seco.
- “Eu vou sentir falta dela.” – Meu pai falou e eu senti o lugar que eu estava se mexer um pouco, eu estava em um berço.
- “Você tem uma criança para cuidar agora, Sirius. O que vai fazer?” – O homem perguntou novamente.
- “Viver!” – Meu pai falou. – “Eu tenho muitos amigos para me ajudar.”– Meu pai falou e o homem pousou a mão em seus ombros.
- “Sim, meu caro amigo, nós estaremos aqui!” – Ele falou e meu pai deu um sorriso de lado.
- “E qual será o nome dela, querido?” – A moça perguntou e Sirius deu um sorriso de lado.
- “Penélope queria chamá-la de Lily.” – Ele virou para a mulher. – “Em sua homenagem, Lílian!” – A ruiva deu um sorriso, franzindo o rosto novamente e deixando lágrimas escorrerem pelo mesmo.
- “Obrigada!” – Ela disse, assentindo com a cabeça e meu pai se levantou para abraçá-la.
O sonho acabou e eu me senti cair em um redemoinho, fazendo com que eu ficasse tonta e me sentisse cair em um lugar inacabado. Senti como se isso estivesse acontecendo de verdade e sentei rapidamente, colocando as mãos na lateral do sofá.
- Ah! – Gritei, me vendo acordada e notei que as outras pessoas ainda estavam à minha volta.
Coloquei as mãos em meu rosto e, naquele momento, chorei igual uma criança. Deixei com que as lágrimas escorressem pelo meu rosto sem medo e deixei que meus soluços ecoassem pelo local.
- Está tudo bem. – Ouvi a voz de Molly e senti uma mão quente em minhas costas, e a mesma mão me apertou em um abraço forte. – Está tudo bem! – Ela falou novamente, me fazendo respirar fundo. – Estamos aqui.
- Me desculpe! – Falei soluçando, passando as mãos no rosto.
- Não precisa se desculpar. – Molly falou. – Isso é normal. – Ela fez um carinho em meu rosto. – Suas memórias voltarão aos poucos. Não se preocupe. – Assenti com a cabeça.
- Meus pais... – Franzi a testa.
- Eram pessoas maravilhosas. – O moço de bigode falou e eu abri um largo sorriso.
- Tio Remo! – Falei animada e ele atravessou algumas pessoas na sala e eu me levantei, sentindo-o me abraçar fortemente.
- Ah, Lily! – Ele falou em um suspiro. – Que saudade que eu estava. – Sorri, sentindo-o acariciar meu rosto de leve. – Seus pais teriam orgulho de você. Se protegeu sozinha durante todos esses anos. – Ri fraco.
- Vamos dizer que eu tive uma baita ajuda. – Virei para Arthur que tinha um sorriso no rosto.
- Eu não podia deixar que a encontrassem. – Sorri para ele.
- Você fez certo, querido amigo. – Remo falou e eu sorri.
- É impressão minha ou isso ficou mais embaraçoso do que estava? – Ouvi a voz de um dos gêmeos e o pessoal em volta riu e eu virei para ambos novamente.
- George! – Consegui identificar ambos dessa vez e ele sorriu.
Me aproximei dele rapidamente e pulei nos ombros do mais alto, sentindo-o me tirar do chão rapidamente, me fazendo abrir um largo sorriso.
- Quanto tempo que eu não te vejo, baixinha! – Ele falou e me colocou no chão novamente, e eu abri um largo sorriso.
- Eu não vou a nenhum lugar mais. – Sorri e ele assentiu com a cabeça, dando um rápido beijo em minha testa.
- Eu também brincava contigo, ok? – Fred falou e eu sorri, abraçando-o em seguida.
- Eu sei. – Suspirei. – Nós éramos os...
- Três mosqueteiros. – A sala fez um eco maior que o esperado e vi Remo, Arthur, Molly e nós três rirem juntos.
- Meu Deus! Como isso é possível? Um segundo eu não me lembrava de vocês e agora eu me lembro de várias coisas? – Suspirei, sentindo os gêmeos apoiarem as mãos em meus ombros.
- Isso é... – Arthur começou.
- Magia, eu sei! Já entendi! – Falei e eles riram em coro.

Depois disso, demorou somente algumas horas para que eu me acostumasse com o pessoal. Bem, pelo menos com os adultos e com George e Fred, já que eu realmente tinha lembranças vívidas deles. Dos adultos por serem amigos de meus pais, não que eu pudesse me lembrar de algo até os dois anos de idade, mas eu tinha um carinho enorme por eles. E por Fred e George, pois tínhamos a mesma idade e brincávamos quando crianças.
O resto do pessoal ainda era estranho para mim, Harry, Rony, Gina, Hermione, eles eram totalmente estranhos, apesar desse Harry ser afilhado de meu pai, isso nos fazia primos, certo? Ele era a única família que eu tinha e pelo que eu me lembrava, a única que ele tinha também.
Após toda aquela chuvinha azul clara com alguns brilhos, parecia que eu havia me tornado uma pessoa mais completa, se isso fizesse algum sentido. Parecia que realmente algumas coisas haviam entrado em mim e fizesse com que eu fizesse parte desse mundo... Bem, com exceção de eu não saber erguer nada com o poder da mente... Apesar que eu acho que não era assim.
Acordei cedo no dia seguinte. Me colocaram para dividir o quarto com Gina e Hermione. Eu nunca havia falado com nenhuma das duas, mas Hermione era um ano mais nova que eu, e Gina dois. No começo ficou aquele clima estranho. Eu era uma estranha para elas, para todo mundo, na verdade. 14 anos era muito tempo para se tornar íntimo. Mas com elas eu realmente não tinha nenhuma ligação, nenhuma intimidade.
Ficamos quietas por um momento, cada uma em sua cama, mas éramos meninas, então Gina se interessou sobre minha história e começamos a papear. Não era como se eu tivesse muito o que dizer também. Eu tinha poucas memórias falhas até meus dois anos. Ninguém consegue se lembrar de muita coisa da infância e depois meus 14 tediosos anos no orfanato.
Hermione entendia um pouco sobre o que eu falava, ela era filha de pais comuns, ou trouxas, como eles diziam. Sabia o que era tudo que eu falava, então era mais fácil. Gina já tentava entender a parte mágica e como ela nunca tinha ouvido falar disso, ou como Sirius nunca havia mencionado.
- Seu pai diz que é para me proteger. Que tem um tal de lorde das trevas atrás de nossos pais desde que éramos crianças. – Dei de ombros. – Na época era para me proteger, por causa do meu pai estar preso e algo assim. Agora ele diz que é porque esse tal de lorde está retornando pela segunda vez e eu preciso aprender a me proteger.
- É claro! – Hermione falou. – Você precisa aprender a se defender, estamos quase em uma guerra. – Ela bufou. – Quero nem pensar o que vai acontecer no segundo semestre depois da morte de seu pai.
- O que houve? – Perguntei, abraçando o travesseiro.
- Harry tem uma ligação com esse lorde das trevas, então ele estava vendo e sonhando com coisas que não sabíamos se era verdadeiro ou não. Ele sonhou com Arthur se machucando e isso aconteceu de verdade. – Ela falou. – Quando o encontraram, ele tinha sido atacado por uma cobra. – Arregalei os olhos. – Depois Harry teve uma visão de Sirius sendo capturado, agora antes das férias... – Ela respirou fundo. – Mas dessa vez era só uma visão. Sirius estava bem. Fomos ao Ministério da Magia para resgatá-lo e pegos em uma emboscada. – Ela deu um sorriso de lado. – Foi culpa nossa dele ter morrido.
- Não. – Balancei a cabeça. – Eu não o conheci, tenho tido memórias sobre ele, mas tenho certeza que ele não culparia sua morte a vocês. – Ele suspirou. – É muita bagagem para crianças de 15, 16 anos. – Ela deu um pequeno sorriso.
- É, mas mesmo assim! – Ela suspirou.
- Quero ver como será no próximo semestre, quando as aulas voltarem. – Gina resmungou e ambas balançaram a cabeça.
- O Ministério vai intervir, isso eu tenho certeza. – Hermione falou e eu me senti perdida no assunto novamente.
Quando acordei no dia seguinte, vi que estava sozinha. Não tinha noção de que horas eram, mas eu também não tinha relógio no orfanato. Conferi se o banheiro estava livre, escovei os dentes e me troquei, colocando uma das blusas que Molly havia me emprestado de Gina.
Voltei para o quarto, arrumando minha bolsinha na minha mala e me aproximei da alta janela que ficava meio torta no quarto. Olhei lá para baixo e vi algumas vassouras voando pelo quintal, me fazendo dar risada. Que mundo era aquele que eu estava vivendo?
Dei meia volta e desci os lances de escada até chegar ao térreo e encontrei Molly e Tonks na mesa da cozinha, tomando café da manhã e lendo o jornal bruxo que se mexia, igual à foto que Arthur havia me dado de meus pais.
- Bom dia! – Falei para as duas.
- Bom dia, querida! – Molly falou sorridente e Tonks, a moça do cabelo roxo, sorriu.
- Bom dia! – Falei tímida.
- Quer tomar café, querida? – Ela perguntou.
- O que eles estão fazendo lá fora? – Emendei.
- Jogando quadribol, querida. – Ela falou e eu franzi a testa, fazendo-a rir. – Deveria suspeitar que você não conhece.
- Não mesmo. – Suspirei.
- É um esporte bruxo. – Molly falou. – Por que não vai lá fora dar uma olhada? Eu preparo seu café. – Assenti com a cabeça, acenando rapidamente para as duas e dei meia volta pela casa, procurando a entrada de ontem.
Saí pela porta, sentindo o forte sol bater em meu rosto e coloquei a mão em meu rosto, até me acostumar com o mesmo. Vi algumas sombras passarem pelo meu rosto e olhei para cima novamente. Eu conseguia ver seis vassouras no ar. Fred, George, Harry, Rony, Gina e Moody. Eles corriam (ou voavam) pelo local, jogando e defendendo uma bola que parecia leve quando jogada no ar.
Hermione, Arthur e Remo estavam no chão, olhando o jogo e gritando palavras de ânimo para os jogadores. Fred e George seguravam um bastão cada. Harry e Gina disputavam as bolas e Rony e Moody estavam na frente de dois gols improvisados.
- Isso é incrível! – Falei, soltando um suspiro.
- É demais, não?! – Remo se aproximou e eu sorri.
- Cada dia é uma descoberta para mim. – Ele sorriu, rindo.
- Quer tentar? – Ele perguntou.
- Oh, não! – Me afastei um pouco. – Prefiro manter meus dois pés bem presos ao chão. Arthur deve ter contado do meu desespero em chegar aqui voando. – Remo riu.
- Ele mencionou algo sobre. – Ri fraco. – Seu pai também não era muito fã de voar. – Sorri.
- Pelo menos temos algo em comum. – Dei de ombros, voltando a olhar para as vassouras que desciam a nossa volta.
- Ele teria orgulho de você, sabia? – Remou falou e eu suspirei.
- Orgulho do quê, tio Remo? – Falei. – Eu fiquei escondida durante 14 anos. Eu nem sei se eu sou uma bruxa. Só se for orgulho por eu me manter viva por todos esses anos. – Falei.
- Acho que isso já é o suficiente. – Ouvi uma voz ao meu lado e virei para o menino do raio da testa que vinha em nossa direção, segurando uma vassoura.
- Vou deixar vocês conversarem. – Remo se afastou e Harry tomou seu lugar.
- Você é minha prima, então?! – Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Foi o que me contaram. – Dei de ombros.
- Harry! – Ele estendeu a mão.
- Lily! – Apertei sua mão. – Em homenagem à sua mãe, suponho.
- Será? – Ele perguntou.
- Tive uma visão sobre isso, sua mãe era Lílian, certo? – Perguntei.
- Sim, era! – Sorri.
- Então é! – Respirei fundo.
- É difícil, sabe? – Ele virou para mim. – Não ter uma família e tal, mas a gente acaba encontrando nossa própria família. – Assenti com a cabeça.
- Sim. Aposto que sim! – Sorri.
- Bem, Harry, eu não te conheço, você não me conhece. Mas somos primos, ok?! Pode contar comigo sempre que precisar. – Falei e ele sorriu.
- Você também, Lily! Para te ensinar a se proteger e tudo mais. – Assenti com a cabeça.
- Talvez eu precise. – Falei. – Me falaram que você é bom nisso, certo?
- Mais por necessidade, na verdade. – Ele deu de ombros. – Mas estamos aqui. – Assenti com a cabeça.
- Estamos aqui! – Apertei sua mão novamente. – Estamos juntos. – Olhei para o lado, vendo Hermione olhando para cima e me aproximei da mesma.
- Não vai jogar? – Perguntei e ela riu, balançando a cabeça.
- Oh, não! Eu odeio voar! – Ela falou e eu ri fraco.
- Entendo esse sentimento.
- Ei, Lil! – Virei para o lado, me assustando com George há alguns metros de mim, em cima de uma vassoura. – Vamos fazer seu primeiro voo de vassoura? – Comecei a gargalhar alto que fez com que Harry se assustasse ao meu lado.
- Ah, nem pensar! – Falei sorrindo.
- Qual é! Vamos lá! – Fred falou.
- Obrigada, garotos. Mas eu prefiro ficar aqui no chão! – Apontei para baixo, mexendo meus tênis na areia.
- Nem vem! – George falou. – Vamos lá! – Não deu tempo de eu me mexer. No primeiro segundo eu estava virando para a porta e, em seguida, eu estava sendo pega pela barriga e gritando o mais alto que eu podia.
Não sei como, mas George havia me colocado na garupa da sua vassoura e eu me agarrei com toda força do mundo em sua barriga, tentando me manter em cima da mesma. Ele não subiu vários metros no passeio, mas ele foi rápido.
Como controlava uma vassoura? Eu realmente não sabia. Não tinha botões, nem velocímetro. Mas não era tão desconfortável quanto parecia. Depois de eu repetir o nome dele umas 200 vezes, ele começou a ir mais devagar. Tornando o passeio até que agradável.
Após alguns minutos, eu senti liberdade em olhar por cima de seu ombro e notar a grande plantação que nascia aos arredores da toca. Afrouxei minhas mãos de sua barriga um pouco e só segurei um pedaço de pano da sua camisa e encarei aquela vista.
O passeio ficou confortável. O vento no rosto, o cheiro de flores em meu nariz, a baixa velocidade. Nem era o fim do mundo. Até me permiti esticar a mão e sentir os dedos passarem pelos grãos de trigo no fim do terreno.
- Viu?! Não é tão mal! – Ouvi a voz de George e soltei uma gargalhada alta novamente. - Está gostando? – Ri fraco.
- Estou! Mas agora me coloca no chão, por favor! – Falei e ouvi sua risada.
Ele desacelerou a vassoura devagar, até que estivéssemos próximo do chão e ele pediu que eu segurasse nele novamente, para que eu não precisasse pular da mesma. Enquanto ela planava. Ele desceu a mesma devagar e quando notei, tinha meus dois pés no chão novamente e com uma vassoura inanimada no meio das minhas pernas. Senti minhas pernas fraquejarem por um momento e me segurei novamente em George, respirando fundo.
- Isso foi legal! – Falei rindo.
- Viu?! Nem foi tão ruim. – Ele falou e eu virei para ele, dando alguns tapas em seus braços.
- Mas nunca mais, na sua vida, faça isso. Ok?! – Ele se protegia com suas mãos e ria com a minha reação.
- Ah, qual é, Lil! – Fred apareceu ao nosso lado. – Nem foi radical.
- Vamos de novo, agora eu deixo você pilotar. – George falou e vi os outros meninos rindo.
- Não, obrigada! – Senti uma ânsia. – Eu acho que preciso vomitar. – Falei, correndo rapidamente para o primeiro arbusto que vi e me ajoelhei próximo ao mesmo.

- Bom dia, Lily! – Molly falou quando eu desci as escadas para o café da manhã no dia seguinte.
- Bom dia! – Falei, puxando a cadeira livre ao lado de Arthur e Rony e me sentei na mesma, olhando para todo mundo sonolento à mesa.
- Dormiu bem? – Bocejei, respirando fundo.
- Sim, tudo certo! – Falei, quase dormindo à mesa novamente.
- Quais os planos de hoje? – Arthur perguntou.
- Estávamos pensando em treinar alguns truques básicos para Lily. – Harry falou e eu assenti com a cabeça.
- Contanto que eles não incluam subir em uma vassoura. – Falei e eles riram novamente.
- Qual é, Lil. – Fred falou. - Você vai ter que fazer isso novamente algum dia.
- Exatamente. – Falei. – Algum dia, não hoje! – Sorri para os dois rapidamente, fazendo com que eles desanimassem rapidamente, me fazendo rir.
- Mas temos que aproveitar, as aulas voltam em alguns dias, vocês terão que ficar com ela. –George falou e eu assenti com a cabeça.
- Eu sei cozinhar e limpar. – Falei para Arthur e Molly.
- Ah, querida! Não se preocupe! – Molly falou e eu ri fraco, mordendo um pedaço de torrada. Ouvi um pio estranho e virei o rosto para fora.
- O que é isso? – Perguntei, vendo algumas coisas voando do lado de fora.
- É dia de correio! – Rony falou, tão sonolento quanto eu.
- Se proteja, Lily! – George cochichou e eu franzi a testa.
Fred se levantou e seguiu para a janela que dava para a mesa de jantar e abriu a mesma, fazendo com que todos à mesa erguessem seus pratos e copos. Não sabia como reagir, então fiz a mesma coisa. Uma coruja desengonçada entrou pela janela, mergulhando no começo da mesa e indo parar quase no final dela, me assustando.
- Coitada! – Falei, vendo-a desengonçada na minha frente, com um envelope no bico.
- Ela está bem. – Rony falou ao meu lado.
- Errol! – Arthur gritou e foi como se a coruja tivesse sido ligada novamente e ela ficou em pé na mesa e coloquei meu prato e copo de volta no local.
A coruja se aproximou de mim e ficou me encarando. Olhei para a mesma de volta e parecia que ela queria algo de mim. Olhei o envelope que ela segurava em seu bico e li meu sobrenome escrito na mesma. Aproximei minha mão devagar da mesma, com medo de ser bicada e puxei a carta do seu bico, vendo que ela permitiu que eu a pegasse e me deu liberdade em fazer um carinho rápido em sua cabeça, vendo a coruja se aninhar em mim.
- Parece que alguém gostou de você. – Sorri para Errol e me distraí com a carta em minha mão, vendo um logotipo impresso na mesma, escrito “Hogwarts” com os desenhos de um leão, uma serpente, um guaxinim e uma águia. Nele também tinha um adesivo vermelho.
- É de Hogwarts. – Rony falou ao meu lado e notei que todos à mesa se empolgaram com isso.
Virei à carta de costas e notei os escritos “Lily Black – A Toca, Ottery St. Catchpole, Devon, Reino Unido”. Destaquei o adesivo vermelho e peguei a folha solta dentro do envelope.
- Leia alto, querida! – Molly falou e me senti um pouco acuada ao fazer isso, mas todos estavam curiosos, então eles já deveriam saber do que se trata.
- “Prezada, senhorita Black”. – Dei uma rápida tossida. – “Temos o prazer de informar que Vossa Senhoria tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts”. – Li e observei o sorriso que surgiu nos rostos de Arthur e Molly. – “Estamos anexando uma lista de livros e equipamentos necessários para seu ano letivo. Uma varinha, um par de luvas de couro de dragão, um caldeirão de estanho tamanho padrão 2, e pode trazer, se quiser, uma coruja, um gato ou um sapo.” – Franzi a testa, achando engraçado. – “O segundo semestre se inicia dia 1º de fevereiro. Como é uma situação incomum, aguardamos sua coruja o mais breve possível”. – Suspirei. – “Atenciosamente, Minerva McGonagall, diretora substitutiva”. – Terminei de ler, virando a carta para os dois lados, procurando por mais alguma coisa. - O que isso quer dizer? – Perguntei.
- Acho que você não precisa mais de treino, Lily! – Arthur falou. – Você tem uma vaga na escola dos meninos e na escola que seu pai, e todos nós, estudamos. – Dei um pequeno sorriso.
- Mas como? Se eu nunca fiz magia? – Perguntei.
- Dumbledore sabe de tudo, querida! – Molly falou. – Ele com certeza sabe o que está fazendo. – Assenti com a cabeça.
- Mas que ano será que você vai entrar? – Hermione perguntou. – Era para você estar no sexto, mas... – Ri fraco.
- Dumbledore sabe, querida. – Molly falou e eu dei um longo suspiro.
- Eu espero! – Falei. – Porque eu realmente não sei de nada. – Suspirei, virando a página e encontrando o nome de alguns livros. – Como eu vou comprar tudo isso? – Perguntei. – Eu não tenho nada e não tenho dinheiro.
- Vamos para o Largo Grimmauld, seu pai deve ter deixado um cofre em Gringotes. – Arthur falou e eu assenti com a cabeça. – Além do mais, é a lista do primeiro ano, temos vários desses materiais que foram dos meninos, dá para você aproveitar. – Assenti com a cabeça.
- Vai ser ótimo. – Sorri.
- Bem, vamos comer que o dia vai ser cheio! – Molly falou e eu olhei para a coruja que me encarava ainda e aproximei minha mão de seu pelo, acariciando-a levemente de novo.


Capítulo 2

Me arrumei com algumas roupas que Molly arranjou de Gina, Hermione e Tonks e tentei aparentar o mais normal possível. Afinal, eu não sabia muito para onde estávamos indo. Tio Arthur havia dito que iríamos para um tal de Largo Grimmauld, isso poderia ser qualquer coisa. Ele mencionou também um tal de Gringotes... Eu estava realmente perdida.
Dei uma penteada em meus cabelos, observando alguns fios quase brancos saírem em minhas mãos e me lembrei da minha mãe em uma das muitas visões que eu tive dela. Ela e meu pai de mãos dadas, enquanto eu corria por um campo florido. Aquela visão não era real, pelo o que Molly havia me contado, mamãe morreu poucos dias depois do parto, eu tinha sete ou oito dias. Além de que eles estavam de mãos dadas e nunca foram um casal. Aquilo era uma visão do que poderia ter sido.
Balancei a cabeça, tirando aqueles pensamentos da cabeça e guardei a escova na gaveta novamente, jogando as pontas dos cabelos para frente e suspirei. Desci as escadas lentamente, encontrando todos os Weasley, mais Harry e Hermione na sala me esperando. Engoli em seco, passando a mão na camiseta larga de Gina e tentei dar um sorriso de lado.
- Estou bem para visitar o mundo bruxo? – Perguntei, vendo os mais jovens rirem.
- Está ótima, querida! - Molly falou, segurando minha mão e me puxando para perto.
- Bem, então podemos ir. – Tio Arthur falou.
- Aonde vamos, exatamente? – Perguntei, abraçando Molly de lado.
- Primeiramente para sua casa. – Franzi a testa. – Depois para Gringotes, o banco dos bruxos. Tenho certeza que seu pai deixou algumas economias para você antes de morrer. – Afirmei com a cabeça.
- Seria muito bom. – Falei baixo e eles sorriram. – Só me diga que não iremos voando. – Eles riram.
- Não, pensamos em outra forma que evitaria desmaios desnecessários. – George falou e eu ri.
- Rá, rá, rá! Engraçadinho! – Falei, cruzando os braços.
- Por isso, decidimos ir logo pegando fogo mesmo. – Fred falou.
- O quê? – Gritei.
- Obrigado, Fred. – Tio Arthur falou. – Não poderia ter esperado chegarmos lá, não? – Ele passou na frente dos gêmeos e me puxou pelos ombros. – Não é fogo de verdade, querida. É só a cor. Você não vai pegar fogo, você vai sumir aos poucos.
- É magia? – Perguntei.
- Sim! – Ele sorriu e eu suspirei.
- E por que vocês acham que isso vai funcionar comigo? Eu não faço magia, ainda não entendeu? – Ele riu fraco.
- E quando você vai entender que você é uma bruxa? Não importa o que aconteça, isso está no seu sangue. – Relaxei os ombros, cruzando os braços.
- Eu aposto... – Parei por um segundo. – O que tiver no cofre de meu pai que eu não sou uma bruxa.
- Fechado! – Os gêmeos falaram e eu olhei para eles.
- Vocês estão confiantes demais. – Falei.
- Vivemos nesse mundo há mais tempo que você. – Fred falou e eu suspirei.
- Ok, então, retiro a aposta. – Falei, cruzando os braços.
- Você não pode fazer isso, iríamos ganhar uma bela grana. – George falou.
- Tá, já chega! – Tio Arthur falou. – Vamos?
- Podemos ir de carro? Encontro vocês lá? – Eles riram.
- São quase cinco horas até Londres, querida. Com pó de flu é mais rápido. – Molly apertou meus ombros e me empurrou até outro cômodo.
- Pó de flu? – Perguntei e ela me parou em frente a uma lareira.
- Sim! – Ela disse. – Essa é a Rede de flu, conecta casas, edifícios, locais de trabalho... É bem comum. – Assenti com a cabeça.
- E como funciona? – Perguntei.
- Você entra na lareira, pega um punhado do pó, fala o nome bem alto de onde você quer ir e joga no chão, um fogo verde e inofensivo te tirará daqui e em segundos você aparecerá no local de destino. – Ele falou animado. – Que tal?
- Ah, que tal não? – Me afastei um pouco, sentindo Harry impedir minha fuga.
- Relaxa, Lily, te prometo que isso é totalmente inofensivo. – Ele falou, me fazendo suspirar.
- Por que alguém não vai na frente para mostrar para ela? – Molly sugeriu.
- Eu vou! – George tomou a frente e eu me afastei, vendo o alto entrar na lareira, ficando com parte da cabeça escondida devido a sua altura e ele pegou um pouco do pó esverdeado que Arthur lhe entregava.
- Para a sede? – George perguntou.
- Sim! – Arthur respondeu.
- Largo Grimmauld, número 12! – George falou alto e jogou o pó no chão. Me assustei quando as labaredas esverdeadas subiram em um fogo vivo e George sumiu no meio delas. Poucos segundos depois o fogo sumiu e não tinha mais nenhum sinal de George dentro da lareira.
- Ah, meu Deus! – Falei, engolindo em seco.
- E aí, vamos? – Tio Arthur se virou para mim.
- Eu estou fora! – Me virei, mas Fred se colocou em minha frente, cruzando os braços.
- Vai! – Ele falou, virando meus ombros e me levando até a lareira.
- Você ficará bem! – Tio Arthur falou. – E George estará do outro lado te esperando. – Suspirei, fazendo uma feição sofrida e entrei na lareira, feliz por não ter cheiro de cinzas ali dentro.
- Pegue um pouco de pó e diga bem alto “Largo Grimmauld, número 12”. – Engoli em seco, passando as palavras em minha cabeça, com medo de dizer errado.
Receosa, peguei o pó em minhas mãos, sentindo-o coçar na parte interna das unhas e olhei para frente, notando todos esperançosos. Suspirei algumas vezes, puxando o ar outras mais e joguei o pó no chão.
- Largo Grimmauld, número 12! – Gritei, fechando os olhos imediatamente.
Eu não senti nada mudar, nada mesmo, mas senti que estava perdendo um pouco do equilíbrio e abri os olhos novamente, vendo George em minha frente, de braços cruzados e com aquele sorriso presunçoso dele de quem tinha razão. Eu estava em outra sala, mais escura e com cheiro de fechado.
- Oh, meu Deus! – Falei surpresa, sentindo meu corpo pender para frente, mas George me segurou e eu saí da lareira.
- Legal, não é?! – Ele falou e eu suspirei.
- Isso é loucura. – Falei, apoiando minha mão nele, firmando os pés no chão e olhando em volta.
- Bem-vinda à sua casa. – George falou.
- Minha casa? – Perguntei.
- Você é a única herdeira dos Black que sobrou. – Ele falou. – Isso é tudo seu. – Suspirei, relaxando os ombros.
- Isso é loucura! – Repeti.
- Sim, talvez. – Ele falou. – Pronta para explorar? – Ele perguntou e eu somente assenti com a cabeça, com um largo sorriso no rosto.
Me assustei ao ver Fred aparecer na lareira e comecei a andar pela casa. Olhei para trás e vi a porta, provavelmente a entrada principal. Estávamos em uma longa e grande sala, e dali se seguia para um corredor comprido com quadros de pessoas e paisagens que eu não reconhecia. Andei devagar pelo mesmo, com Fred e George atrás de mim e vi uma porta aberta no fim do corredor.
Pouco antes de chegar nela, do lado esquerdo do corredor, dois ou três lances de escadas denunciavam o tamanho da casa. Um pouco mais à esquerda, uma sala esverdeada chamou minha atenção. Entrei na mesma, observando uma grande tapeçaria com diversos rostos e nomes na mesma, alguns chamuscados, aparentemente de propósito. Aquilo era uma árvore genealógica.
Senti o ar faltar ao ler meu nome ali, pouco abaixo de um dos rostos chamuscados e o nome “Sirius” no mesmo. Minha figura era representada como eu estou atualmente, longos cabelos loiros esbranquiçados e os profundos olhos pretos. Talvez até ela seja enfeitiçada.
Tínhamos alguns nomes ainda vivos como Belatriz, Narcisa e outros. Os únicos herdeiros finais ali eram eu, e um tal de Draco Malfoy. Não que fizesse diferença em saber nomes e ter o desenho ali, tudo ainda era muito confuso.
- Está vendo este nome aqui? – George apontou para o nome “Andrômeda” que estava chamuscado.
- Sim! – Falei. – O que houve com ela?
- Nada! Ela ainda está viva. – Ele falou e eu franzi a testa. – Mas sabe de quem ela é mãe?
- De quem? – Perguntei.
- Da Tonks! – Ele falou e eu arregalei os olhos.
- Eu sou parente da Tonks? – Falei animada.
- Sim! – Ele sorriu.
- De algum grau bem distante, mas é. – Fred falou e eu ri fraco. – E do imbecil do Draco, mas isso é conversa para outra hora. – Ele falou, abanando a mão e eu ri.
- Quem é ele? – Cruzei os braços.
- Ninguém importante. – Rony apareceu na porta e eu ri. – Sério, nem perca seu tempo...
- Ele é... – Os três ruivos negaram com a cabeça.
- Não é importante! – Eles falaram juntos e dei de ombros.
- Está bem! Pelo menos sou prima de algum grau da Tonks, isso já é legal! – Sorri. – Quer dizer que eu não estou totalmente sozinha nesse mundo. – Eles riram.
- Infelizmente, minha querida, você vai descobrir que alguns dos seus parentes não são boas pessoas. – Molly apareceu na sala. – Me dão licença, meninos? – Ela falou para seus filhos e para Harry e eles saíram da sala, fazendo-a fechar a porta.
- Como assim “não são boas pessoas”? – Perguntei.
- Sabe essa Belatriz, minha querida?
- Sim. – Vi o rosto ao lado de onde deveria estar o de meu pai.
- Ela que matou seu pai, querida. – Arregalei os olhos.
- O quê? – Gritei e ela assentiu com a cabeça. – Como ela pode fazer isso com o próprio primo?
- Como eu disse, querida, eles não são pessoas boas, eles apoiam o Lorde das Trevas, são comensais da morte, seguidores dele. – Ela soltou um longo suspiro. – Os Black são uma família bruxa muito tradicional, muito rica e muito antiga. Sempre apoiou que bruxos só se casassem com bruxos, mantendo a linhagem que chamamos de puro-sangue.
- Isso é bom? – Falei e ela deu um pequeno sorriso.
- Há famílias tradicionais que apoiem isso até hoje, como Narcisa e seu marido Lúcio, mas é irrelevante. – Ela falou. – Hermione tem os dois pais trouxas e é uma das bruxas mais excepcionais que eu já conheci. – Sorri. – Você, tem os dois pais bruxos, e nunca teve experiência nesse departamento. – Rimos juntas.
- Isso é preconceito, então... Se não faz diferença nenhuma.
- Pode-se dizer assim, querida. – Ela sorriu. – Andrômeda, a mãe de Tonks, foi queimada da tapeçaria por se casar com um nascido-trouxa. – Mordi o lábio inferior. – Seu pai foi retirado por fugir para perto do pai de Harry, além de ter ido para a Grifinória, o que era totalmente inaceitável por essa família.
- O que é isso? – Perguntei. – Grifinória?
- São as casas da escola de Hogwarts. Ela é escolhida por meio de um chapéu seletor que, basicamente, lê seus pensamentos e seus anseios, para te colocar na casa que você mais combine. – Assenti com a cabeça.
- Em que casa os meninos estão?
- Grifinória, todos eles. – Suspirei.
- E minha mãe? – Perguntei.
- Ela foi da Lufa-Lufa. – Assenti com a cabeça. – Tonks também foi da Lufa-Lufa.
- Qual é a diferença, Molly? – Ela suspirou.
- Bom, Grifinória é conhecida por sua coragem e lealdade. Sonserina, a casa em que a maioria dos Black foram, possui membros mais calculistas, ambiciosos e orgulhosos. – Assenti com a cabeça. – Lufa-Lufa tem os membros mais gentis, pacientes e tolerantes. Já a Corvinal é conhecida pelos alunos com maior capacidade intelectual, independente da área. – Suspirei.
- Para que casa você acha que vão me colocar? – Engoli em seco.
- Não se apegue a isso, querida. Não é a decisão de um chapéu que decide quem você é, e sim o que você se torna. – Dei um pequeno sorriso.
- Seria bom ir para Grifinória para ficar perto de quem eu conheço. – Ela riu fraco, segurando minha mão.
- Não se preocupe, as aulas são ministradas juntas, só os dormitórios que são separados.
- Mesmo assim. – Fiz uma careta e ela riu. - Além de que só Deus sabe para que ano eu vou. – Ela negou com a cabeça.
- Se acalme! – Ela falou. – Temos muitas coisas para fazer antes disso e tenho certeza que você vai adorar lá. E, qualquer coisa, terão muitas pessoas que gostam de ti para te acompanhar. Agora vamos, tem muito o que descobrir sobre sua nova casa.
- Vocês não podem estar falando sério dessa casa ser minha.
- Claro que sim, querida! Essa casa ficou para Sirius no final das contas. Aqui era a casa da Ordem da Fênix, uma sociedade secreta que lutou e ainda luta contra o Lorde das Trevas. – Assenti com a cabeça. - Ele queria deixar para você, mas não sabia se algum dia te veria novamente. Posso te garantir que é o que ele mais se arrepende.
- Eu não entendo porque ele não foi atrás de mim quando saiu da prisão. – Falei e ela passou a mão em meu rosto que provavelmente caía uma lágrima.
- Ele não saiu da prisão, querida. Ele fugiu. E foi caçado até sua morte. – Engoli em seco.
- Mas eu poderia ficar com vocês, como agora... – Ela deu um sorriso triste.
- Sim, querida. Mas Arthur nunca quis passar por cima dos interesses dele. Ele diz que vivia conversando com Sirius sobre você, mas ele tinha muito medo de acontecer alguma coisa contigo. – Assenti com a cabeça. – Depois que ele se foi, ele já não tinha poderes sobre a decisão de Arthur e decidiu te trazer para perto de nós.
- Eu posso não ser uma bruxa boa ou o que for, mas é melhor do que ficar no orfanato. – Suspirei.
- Você será uma bruxa boa! Confie! – Ela sorriu e me puxou pela mão. – Agora chega de assuntos tristes. – Rimos juntas. – Vá conhecer sua casa, vamos fazer algumas compras, que estamos com o tempo curto. – Ela falou e assenti com a cabeça, sentindo um beijo da mais baixa em minha bochecha.
Ela abriu a porta e vi duas criaturas ruivas desaparecerem e eu me assustei.
- Não é porque podem usar magia aqui que precisam usar o tempo inteiro. – Molly gritou e vi Fred e George surgirem novamente no topo da escada.
- O que é isso? – Perguntei.
- Magia. – Eles falaram juntos e eu revirei os olhos.
- Vocês são ridículos. – Falei.
- Obrigado! – Eles falaram e eu revirei os olhos, voltando para o corredor e entrando na porta da frente.
A cozinha parecia mais um longo corredor com uma mesa grande o suficiente para que coubesse 30 ou 40 pessoas. Alguns móveis antigos e empoeirados ficavam nas laterais, além de um antigo fogão à lenha no fundo da cozinha.
- Vem! Vamos descobrir onde será seu quarto! – George falou e eu saí da cozinha novamente, seguindo com ele escadas acima.
- Levem-na para o quarto de Sirius. – Tio Arthur falou na ponta da escada e eu olhei para ele rapidamente que somente assentiu com a cabeça.
Subi um lance de escadas com ele e algo chamou minha atenção pouco antes de eu chegar ao segundo lance. Uma criatura, muito parecida com um duende, passava um pano no rodapé. Ele tinha uma aparência velha e enrugada, não muito bonita, para ser bem honesta. Ele tinha poucos cabelos brancos na cabeça e um longo e pontudo nariz.
- Senhorita Black? – Ele falou e notei que seus olhos brilharam ao olhar para mim.
- Sim... – Respondi um tanto indecisa e vi os gêmeos pararem na escada.
- Quanto tempo! – Ele falou, fazendo uma reverência para mim e eu arregalei os olhos, assustada.
- O que está acontecendo? – Perguntei.
- Ele é o elfo doméstico da família Black. – Fred falou.
- Ele serve aos Black. Ou seja... – George deixou a frase em aberto e eu ajoelhei no chão, olhando para a criatura.
- Você é o Monstro? – Perguntei, me lembrando de uma das visões.
- Sim, senhorita! – Ele respondeu e eu não me contive e abracei o pequeno elfo.
- Obrigada! – Falei, com um largo sorriso no rosto. – Você cuidou de mim.
- Isso não é forma de um Black tratar seu empregado. – Ele falou travado e eu ri fraco.
- Talvez eu seja diferente dos Black que você está acostumado. – Me levantei.
- É muito bom ver a senhorita novamente. – Ele falou e eu segurei sua pequena mão, sorrindo.
- Você também. – Fui sincera. – Obrigada, mesmo. – Ele deu um pequeno sorriso e eu me distraí com os meninos um pouco, voltando a subir as escadas, acenando para o pequeno elfo.
- Você fez o Monstro sorrir. – George cochichou e eu parei no próximo lance de escadas.
- E o que tem? – Perguntei.
- Ele não é dos mais simpáticos, sabe? – Fred falou.
- Talvez porque não sejamos a senhorita Black. – George zoou e eu revirei os olhos.
- Ei, ele é meu elfo. Não falem dele! – Eles riram e vi duas portas fechadas no último andar e uma aberta.
- Ela está entrando no espírito de ser uma bruxa. – Eles riram e eu abanei com a mão.
- Esse era o quarto de seu pai. – Fred falou e eu empurrei a porta entreaberta com o nome Sirius na mesma.
O quarto não era muito grande. Possuía uma cama de casal bagunçada no meio da mesma, uma pequena cômoda na frente, um escudo da Grifinória colocado na parede, além de outros pôsteres de motocicletas e mulheres de biquíni. Uma escrivaninha sem algumas gavetas e uma estante vazia ocupavam a parede da janela com as cortinas de veludo, além de um lustre de velas no topo. Alguns livros estavam jogados no chão, como algumas folhas de árvore, provavelmente resultado da janela aberta.
O cheiro de fechado e a quantidade de poeira acumulada no chão e nos móveis denunciavam que Monstro talvez não fosse um empregado muito dedicado, mas talvez com um pouco da velha e boa limpeza convencional, aquele lugar poderia ficar até habitável. Ou os meninos poderiam fazer uma mágica para mim e deixar isso brilhando.
- Por acaso tem um feitiço de limpeza? – Perguntei e os ruivos olharam para mim.
- Vários, na verdade. – George respondeu.
- Por quê? – Fred perguntou.
- Não vou conseguir viver nessa imundice toda. – Falei.
- Mas você não vai ficar aqui. – George falou rapidamente.
- Pelo menos não agora. – Fred finalizou.
- Mas seu pai...
- Essa casa é sua, mas não quer dizer que você precise ficar aqui. – George falou. – Você vai passar boa parte do ano na escola, depois passará as férias com a gente. – Ele sorriu. – Aqui será só sua casa de veraneio.
- Eu não posso ficar atrapalhando vocês...
- Por que não? – Fred perguntou. – Todo mundo fica! – Ele deu de ombros, me fazendo rir.
- Além disso, Lily, que eu saiba, meu pai adotou você. Isso faz de você nossa irmã. – George falou e fez uma careta logo em seguida.
- Não! – Falamos juntos, rindo.
- Fred, George, Lily, vamos? – Ouvi a voz de tio Arthur lá embaixo.
- Vamos? – Fred e George se entreolharam e eu franzi a testa, vendo-os esticarem a mão para mim.
- Vamos! – Falei, segurando as mãos deles e sentindo meu corpo revirar rapidamente, aparecendo no primeiro andar em frente a Harry. – O que aconteceu? – Perguntei.
- Acabamos de aparatar contigo. – George falou e senti meu estômago embrulhar.
- Ok. – Respirei fundo. – Nunca mais façam isso! – Falei, sentindo ânsia. – Onde é o banheiro? – Falei e todos apontaram para trás da escada e eu saí correndo em direção ao mesmo.
- Vocês precisam parar de fazer isso com ela. Ela não está acostumada. – Ouvi Molly falar antes de fechar a porta.

- É muito bom voltar a andar a pé, sabia? – Falei, vendo-os rirem. – É normal! – Falei frisadamente, olhando para Fred e George que esconderam seus rostos com jornais trouxas que encontramos no Largo.
- Aonde vamos, afinal? – Gina perguntou.
- Para o Caldeirão Furado, é óbvio. – Tio Arthur disse com desdém na voz.
- E esse Caldeirão Furado é o quê? – Perguntei para Hermione ao meu lado.
- Um bar, um hotel, a entrada para o Beco Diagonal pelo mundo dos trouxas. – Rony falou antes dela e eu assenti com a cabeça.
- Eu odeio este lugar. – Harry cochichou ao meu lado e virei o rosto para ele.
- Por quê?
- Toda vez que eu vou lá as pessoas ficam me fazendo perguntas e...
- Eu tenho um primo famoso? – Perguntei com um sorriso no rosto e ele soltou um longo suspiro.
- É uma longa história. – Ele falou.
- Vamos, me conte! – Falei animada.
- Ele foi o único a sobreviver a uma maldição imperdoável. – Fred falou.
- O que é uma maldição imperdoável? – Virei para os gêmeos.
- São feitiços proibidos no mundo da magia, a Maldição da Morte, a Maldição Cruciatus e a Maldição Imperius. – George completou.
- Harry sobreviveu à Maldição da Morte. – Fred falou e eu assenti com a cabeça.
- Seu pai não teve a mesma sorte. – George falou mais baixo e eu assenti com a cabeça, sentindo-o passar o braço em meu ombro, me apertando contra si, provavelmente por ter visto o sorriso triste em meu rosto.
- Ela não possui nem uma varinha ainda e vocês já estão falando para ela de maldições imperdoáveis? – Molly se intrometeu na conversa e ficamos quietos por alguns segundos.
- Dói? – Virei para George. – A maldição da morte. – Falei e ele negou com a cabeça.
- Não. A Cruciatus é da tortura e Imperius obriga a pessoa a fazer qualquer coisa que a outra mande. – Assenti com a cabeça, sentindo um arrepio anormal passar pelo meu corpo.
- Chegamos! – Tio Arthur nos distraiu novamente e observei um pub londrino convencional em minha frente.
O local era estranhamente grande e estranho. Grandes mesas ocupavam o local, banquetas mais altas na beirada do balcão e grandes quadros estranhos que se mexiam, assim como os da casa dos Weasley. Uma escada com pisos rangendo estava ao fundo, além de outros cômodos um pouco mais discretos. Entramos no mesmo, passando por entre as cadeiras, desviando das garçonetes que levavam pilhas de pratos e copos flutuantes para o balcão.
- Oi, Tom! – Tio Arthur falou para o homem atrás do balcão e eu somente dei um pequeno sorriso de lado para ele, vendo-o acenar também.
Seguimos para o fundo do bar e atravessamos uma porta. Passei pela mesma e me vi aos fundos do bar, ou melhor, de frente para uma parede de tijolos e latas de lixo. Franzi a testa e observei tio Arthur tirar a varinha de dentro de seu paletó e tocar de forma sincronizada nos tijolos da parede e se afastou um pouco.
Observei os tijolos começarem a se mexer diante de meus olhos, fazendo com que eu arregalasse os olhos surpresa. Os tijolos se mexeram até formarem duas colunas e essas duas colunas se formarem um arco e, em minha frente, aparecer um beco com diversas lojas, pessoas com roupas convencionais, capas e chapéus de bruxa andando pelo mesmo.
- Esse é o beco diagonal! – George falou e foi inevitável não suspirar.
- Suspeitei! – Brinquei com ele que riu, batendo o ombro no meu.
- Eu e Molly levaremos Lily para Gringotes e nos encontramos em algumas horas. – Tio Arthur falou.
- Tá! – Eles falaram e eu acenei para eles, seguindo Arthur e Molly pelo beco, como se eu fosse uma criança de oito anos acompanhada dos pais... Não que isso já tivesse acontecido alguma vez.
Segui ambos até o fim do beco diagonal, onde um prédio branco e até um pouco torto, denunciava ser o Banco de Gringotes. Tio Arthur me deu licença para entrar primeiro e olhei abismada para o local claro e com os lustres de diamante que reluziam no teto. Franzi a testa ao olhar para as pessoas atrás dos balcões e eram... Elfos? Não sei, pareciam Monstro, mas eram muito mais mal-encarados do que ele.
- Venha, querida! – Tio Arthur me chamou e me coloquei em uma fila com ele e Molly, desviando o olhar do senhor na minha frente, para observar o que é que fosse aquilo do outro lado do balcão.
Não aguardamos muito, para um banco, até que foi bem rápido. Vivia fazendo serviços para as freiras, mas com certeza os bancos londrinos não tinham a mesma agilidade do banco dos bruxos. Quando chegou a minha vez, eu engoli em seco. O que é que aquilo fosse, me encarou de cima abaixo, o que foi fácil, já que o balcão ficava uns três metros acima. Ele começou a falar com um tom de voz arrastado e estranho.
- O que querem? – Ele não era muito cordial.
- Viemos fazer uma retirada no cofre 711. – Tio Arthur falou e suspeitei que fosse para mim.
- E quem é o proprietário desse cofre? – Ele continuou com o tom de voz arrastado.
- Lily aqui. – Tio Arthur me segurou pelos ombros. – Lily Black. – A criatura do outro lado pareceu curiosa ao ouvir meu nome e eu tentei não me encolher de medo com seu olhar penetrante acima dos óculos em formato de meia-lua.
- E a senhorita Black tem a chave? – Hum, acho que não.
- Sim! – Tio Arthur tirou algo do bolso e eu olhei para ele que sorriu para mim. - É para isso que fomos ao Largo. – Ele falou para mim e eu assenti a cabeça, vendo-o empurrar a chave balcão acima.
- Por aqui, por favor. – O...
- O que eles são? – Cochichei para tio Arthur.
- Duendes, querida. Não são exatamente criaturas muito confiáveis. – Ele falou e eu franzi a testa.
- E eles cuidam de um banco? – Não contive em demonstrar a ironia.
- E acredite, aqui é um local muito seguro. – Assenti com a cabeça. – Você nos aguarda, Molliuóli? – Ele perguntou e Molly somente acenou com a cabeça.
- Os aguardo na porta. – Ela falou e eu assenti com a cabeça, sentindo a mão de Tio Arthur sob a minha.
- Venha, querida. Fique perto de mim. – Assenti com a cabeça e segui o pequeno duende até um carrinho colocado em um trilho. Aquilo já não começou bem.
- Por favor! – O duende falou e tio Arthur entrou e eu fui logo atrás dele.
- Se segure, querida. – Tio Arthur me deu sua mão e eu senti um solavanco quando o carrinho começou a andar.
- Ah não! – Falei, fechando os olhos quando começou a subir com velocidade.
- Está tudo bem. – Tio Arthur passou a mão em meus cabelos e eu só sentia o vento batendo em meu rosto e aquilo subir e descer rapidamente, fazendo meu estômago embrulhar. – Estamos quase lá. – Puxei a respiração fortemente, tentando controlar meu almoço dentro do corpo, até que o carrinho parou em um solavanco.
Abri os olhos e me vi em um local muito estranho. Parecia uma mina de pedras pretas brilhantes, com um corredor do meu lado direito e várias portas iluminadas por tochas. Saí do carrinho devagar, sentindo as pernas bambas e passei a mão na barriga, pensando por alguns segundos se vomitaria, mas acho que não passaria vergonha na frente do duende.
- Chave, por favor? – Ele pediu e tio Arthur entregou a chave para ele.
Ele abriu um compartimento escondido e colocou a chave no mesmo, girando algumas vezes, fazendo com que um som metálico fosse ouvido lá de fora. Tio Arthur me segurou pelos ombros quando o duende abriu a porta aparentemente pesada para seu tamanho e eu arregalei os olhos ao ver as diversas moedas de ouro reluzindo com a pouca luz de lá de dentro.
- Uau! – Falei, sentindo minha respiração falhar por um momento.
Eu não tinha noção da quantia que tinha ali, mas o cofre era do tamanho de um quarto, talvez. Nele, metade possuía moedas empilhadas na mesma e alguns itens pessoais como uma vassoura velha e outras coisas que não soube identificar.
- Eu fiz algumas contas de quanto você vai gastar nos materiais que faltam, uniformes e afins, além de um extra para ficar contigo, caso tenha alguma emergência. – Tio Arthur falou para mim. – Posso fazer essa retirada ou prefere fazê-la?
- Faça, por favor. Eu não entendo nada. – Falei, me afastando alguns passos e deixei com que ele conversasse com o duende.
Só observei enquanto o duende fazia a coleta que tio Arthur pediu, colocando as moedas em sacos que pareciam sacos de batata, se fosse no mundo que eu conhecia. Ele tirou dois sacos cheios e metade de um terceiro e eu segurei dois deles, sentindo-os realmente pesados e tio Arthur segurou o outro.
Voltamos para o carrinho e fizemos o caminho de volta, me fazendo sentir aquele embrulho no estômago novamente e logo vimos à luz do dia novamente, fazendo meus olhos arderem um pouco.
- Talvez queira guardar isso. – O duende disse logo que saímos do carrinho e me esticou uma bolsa preta, parecia uma sacola, bem simples.
- Obrigada! – Falei para ele sorridente, colocando os sacos ali dentro e a sacola no ombro, sentindo-a pesar demais. As moedas eram feitas de ouro maciço, por acaso?
- Obrigado! – Tio Arthur falou e seguimos pelo corredor novamente, em direção à rua. – Depois te explico sobre a contabilidade bruxa, falamos sobre a quantia no seu cofre, quanto restou e tudo mais, pode ser?
- Pode ser sim, obrigada! – Falei e saímos do banco, vendo Molly conversando com Fred e George.
- Ei! – Eles falaram juntos.
- Tudo certo, querida? - Molly perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Tudo certo. – Falei, fazendo uma careta.
- Posso...? – George apontou para a bolsa e eu tirei-a do meu bolso, sentindo-a pesar em meus ombros e George segurou com mais facilidade que eu.
- Obrigada! – Falei rindo.
- Depois te ensinamos a diferenciar as moedas. – Fred falou e eu sorri.
- Vou precisar! – Falei rindo e me virei para tio Arthur. - Para onde agora? – Perguntei.
- Vamos comprar sua primeira varinha. – Ele falou animado e eu sorri entre a felicidade e o desespero.

- Nós vamos dar uma volta, nos encontramos depois, beleza? – George me devolveu a sacola com as moedas e assenti com a cabeça, acenando para os gêmeos que seguiram pela rua.
- Eu te acompanho, prima. – Harry apareceu ao meu lado com Hermione e Rony e eu assenti com a cabeça.
- Obrigada! – Falei.
- Vamos, Lily! – Molly me chamou e eu olhei para o alto da loja, vendo a fachada meio desgastada, afinal, no alto da mesma, dizia “Olivaras – artesões de varinhas de qualidades desde 382 a.C”, isso era muito tempo!
Entrei na loja, observando-a um tanto escura, sendo iluminada somente por pequenas bolas de luz colocadas em lugares estratégicos. Empurrei a porta, vendo Harry logo atrás de mim e observei as diversas prateleiras, algumas até tortas, com pequenas caixinhas empoeiradas na mesma.
- Olivaras? – Tio Arthur falou e eu me aproximei do balcão.
- Posso cuidar disso para você? – Rony perguntou e eu o encarei, entregando a sacola preta em seus braços, vendo-o quase derrubá-la no chão com o peso, fazendo com que eu Hermione déssemos pequenos risos por baixo das mãos que escondiam nossas bocas. – Eu dou conta! – Ele falou e eu sorri.
Observei o pequeno sino em cima do balcão bagunçado do tal Olivaras e toquei o mesmo, ouvindo-o ecoar pela loja e um senhor de cabelos brancos e muito descabelados, e um pequeno lenço mal amarrado em seu pescoço, apareceu de um dos corredores.
- Senhores Weasley. – Ele falou com felicidade, apertando a mão de Arthur e Molly. – Senhor Potter. – Ele acenou para Harry ao meu lado. – Olá, olá! – Ele falou para nós e demos sorrisos sinceros, pelo menos eu. – O que os trazem aqui hoje? Precisam de novas varinhas?
- Viemos trazer Lily para comprar sua primeira varinha. – Molly falou e o senhor me encarou de cima a baixo, igual o duende fez mais cedo.
- Primeira varinha? Com essa idade? – Ele olhou firme para mim e eu dei um pequeno sorriso. – O que ela é? Um aborto? – Arregalei os olhos, virando para Harry.
- Não, nada disso.
- Aborto é alguém com pais mágicos que não desenvolve poderes mágicos. – Hermione falou para mim e eu senti meu coração palpitar.
- Eu nunca desenvolvi poderes mágicos...
- Acalme-se, querida! – Tio Arthur falou. – Você não é um aborto. Aposto que existe magia em suas veias, já que em seu sangue sabemos que sim. – Ele tentou me acalmar, mas minha respiração estava acelerada. – Ela é filha de Sirius Black, Olivaras. – Ele movimentou a cabeça como se entendesse. – Ela, finalmente, terá a oportunidade de ir para Hogwarts e viver entre os bruxos.
- Sim, claro! Claro! – Olivaras falou apressado, se aproximando de mim. – Como está, minha jovem? Desculpe meus modos. – Ele deu uma risada nervosa e eu dei um sorriso um tanto estranho.
- Bem, obrigada! – Falei.
- Então, nunca teve contato com a magia antes? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça.
- Nunca! – Engoli em seco.
- Interessante! Muito interessante! – Ele falou. – Vamos ver se encontramos algo para ti, sim? – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Não se preocupe, prima. Vai dar tudo certo. – Harry falou e eu franzi a testa, ponderando com a cabeça.
- Eu estou com medo. – Fui honesta e ele me apertou pelos ombros.
- Não precisa ter. – Ele falou e eu respirei fundo.
O senhor se aproximou alegre, enquanto abria uma das caixas animadamente e esticava para mim um objeto feito de madeira, com desenhos e palavras incrustadas na mesma e me entregou com a ponta virada para ele.
- Pode testar. – Ele falou alegre, saindo da frente e olhei para todos à minha volta.
- E como eu a testo? – Perguntei nervosa. – Falo abracadabra e...
No momento em que eu falei, alguma coisa explodiu em uma das bancadas ao redor da loja, fazendo papéis voarem para todos os lados, me assustando, fazendo dar dois passos para trás.
- Acho que não. – Olivaras falou e eu apoiei a varinha no balcão, vendo-o sair à procura de outra.
- Isso já é sinal de que você não é um aborto, querida. – Molly falou e eu ainda estava assustada demais que algo explodiu com uma simples palavra. Uma palavra de brincadeira de criança, ainda por cima.
- Ok... – Falei, balançando a cabeça e o senhor de cabelos brancos voltou.
- Tente essa, querida! – Ele falou e eu segurei a varinha pela ponta e dessa vez eu não falei nada.
Apontei-a para um canto sem pessoas e sem nada que pudesse quebrar e pensei no que fazer. Dei uma simples sacudida na varinha e as caixas de varinha começaram a cair da prateleira em um som ensurdecedor, como um jogo de dominó.
- Desculpe! – Falei para ele que riu, pegando a varinha novamente.
- Não se preocupe! Vamos tentar novamente. – Ele falou e se retirou novamente.
- Isso não vai dar certo! – Falei, respirando fundo.
- Relaxa, Lil. Eu vi umas dez varinhas quando foi a minha vez. – Rony falou.
- Isso é normal! – Hermione falou, me apertando pelos ombros. – Isso é totalmente normal. Algumas pessoas têm mais facilidade do que outras. – Ela sorriu. – Além de que é a varinha que escolhe o bruxo.
- Como assim? – Perguntei.
- Ninguém sabe exatamente o porquê, mas existe uma varinha destinada a cada bruxo. – Senhor Olivaras falou, voltando com outra varinha. – Além de que não existem duas varinhas iguais e nunca haverá. – Ele falou. – Da mesma forma que não existem dois bruxos, unicórnios ou fênix iguais. Elas podem ser parecidas, mas nunca iguais. – Ele sorriu para mim e assenti com a cabeça.
- Isso é estranho. – Foi o adjetivo que eu usei.
- Estranhíssimo, senhorita. – Ele falou. – Eu estudo varinhas há anos e anos e ainda não sei tudo sobre elas. – Assenti com a cabeça. – Experimente essa, por favor! – Ele me esticou outra varinha.
Ela possuía o amadeirado claro com mesclado de escuro, com algumas curvas na mesma, como se ela fosse retorcida, igual um chiclete. A ponta dela era fina e a parte em que eu segurava possuía uma pequena pedra azul que parecia brilhar aos meus olhos. Engoli em seco antes de apontá-la para o lado que eu já tinha feito estrago antes.
Um vento forte fez com que meus cabelos voassem para cima e uma iluminação clara saísse da ponta da varinha. Prendi a respiração por alguns segundos, olhando em volta e percebendo que eu não tinha feito nenhum estrago.
- Interessante! – Senhor Olivaras falou e eu olhei para ele.
- O quê? – Perguntei.
- Essa varinha lhe escolheu, senhorita Black. E o mais interessante é que ela possui madeira de acácia, o que é muito incomum, já que elas costumam fazer magia somente para seu dono e se privam para aqueles que não são muito talentosos. – Franzi a testa.
- Como eu...
- Exatamente! – Ele disse. – Além de possuir seu núcleo de pena de fênix, que também são muito difíceis de ser domada e sua fidelidade só é conseguida com muito esforço. – Engoli em seco.
- Resumindo, a varinha que me escolheu, é a varinha mais improvável de me escolher. – Ele assentiu com a cabeça.
- Sim, senhorita. É aí que está a surpresa. Vejo surpresas também na sua vida de bruxa. – Assenti com a cabeça, respirando fundo.
- Espero que não surpresas tão difíceis. – Falei e eles riram.
- Só a vida dirá. – Sorri.
Acertei a varinha com senhor Olivaras, ainda com medo de levar isso para casa, e pior, usá-la na frente dos outros e saímos da loja. Aquilo era louco demais, tudo parecia mentira ainda, apesar de eu já dever me acostumar a ela desde que o quadro se mexeu sozinho quando eu tinha meus 11 anos. Aquilo tudo era loucura.
- Acho que temos tudo. – Molly falou. – Você poderá usar o restante dos livros e o caldeirão dos meninos. Apesar de que nem sabemos em que ano te colocarão. – Ela falou risonha.
- No primeiro ano, não é? – Gina apareceu atrás de nós.
- Seria engraçado. – Rony falou, soltando uma risada fraca e eu olhei para ele, ainda em dúvidas.
- Estou começando a ficar com medo disso. – Fui honesta.
- Estaremos todos lá, não se preocupe. – Harry apertou meu ombro e eu sorri, colocando a mão em cima dele.
- Ei, Lil! – Virei o rosto, vendo Fred e George surgindo novamente.
- Chegaram na hora certa. – Tio Arthur falou. – Estamos indo.
- Nós compramos algo para você. – George falou animado e eu franzi a testa.
- Sem mais surpresas hoje, por favor! – Falei e ambos riram.
- Não se preocupe, você vai gostar. – Fred falou e George parou de esconder as mãos atrás do corpo e mostrou uma pequena jaula, onde um gatinho mesclado de branco, cinza e preto estava ali dentro.
- Ah, meu Deus! – Falei animada, abrindo a jaula rapidamente e tirando o gatinho lá do fundo. – Ele é lindo.
- Você pode levar para a escola. – George falou.
- Pensamos na possibilidade de realmente te mandarem para o primeiro ano. – Assenti com a cabeça, sorrindo.
- Muito obrigada mesmo. – Falei, acariciando sua cabeça. – Ele é lindinho.
- Vocês compraram um gato para ela? – Ouvi Hermione falar um pouco alto e abismada demais.
- Sim! – Eles falaram juntos.
- Vocês odeiam o Bichento! – Eles se entreolharam e eu ergui o olhar para eles, me lembrando do gato alaranjado de Hermione.
- É diferente! – Eles falaram juntos, me fazendo rir.
- É diferente porque ela é amiga de vocês de infância e eu não? – Ela falou, se aproximando deles que foram dando passos para trás, até que saíram correndo para lados diferentes pelo Beco Diagonal. – Ah, um dia eu pego esses meninos. – Ela falou, me fazendo rir.
- Vamos para casa, sim? – Molly falou. – Lily precisa se arrumar para um novo dia amanhã e para as aulas que começam em breve. – Sorri.
- Vamos lá. – Segurei o gatinho em minhas mãos e ouvi seu pequeno miado de filhote. – Preciso encontrar um nome para você. – Falei sorridente.

Olhei para a plantação que crescia lá embaixo e suspirei, erguendo o céu para as muitas estrelas que ficavam à mostra naquela noite. Todos já haviam ido dormir, mas acho que os roncos de Rony vindos do outro quarto não estavam me deixando fazer o mesmo. Ou talvez seja o nervosismo de amanhã em realmente ir para Hogwarts, uma escola de magia e bruxaria.
Neguei com a cabeça, apoiando a cabeça na parede, distraindo minha visão da janela mais alta da Toca e engoli em seco. Minha vida tinha virado de cabeça para baixo em poucos dias e eu ainda não tinha percebido isso. Confesso que estava muito melhor de quando eu morava no orfanato em Londres, aqui eu tinha amigos, família, um lar, dois por garantia... Apesar de toda loucura que eu pensava se eu realmente tinha finalmente encontrado meu lar.
Na maioria das vezes eu só queria ficar aqui na Toca, ajudando Molly em algumas coisas e esperar que tio Arthur voltasse do trabalho, mas aparentemente os Weasley estavam muito empolgados com a minha ida para Hogwarts e toda essa história de me tornar bruxa.
Era muito difícil falar isso para quem não tinha em quem me espelhar. Minha mãe era uma pessoa muito gentil e amigável, como tio Remo gostava de dizer. Já papai tinha o gênio mais forte e era leal e corajoso, ficando preso por 12 anos por causa de seus grandes amigos. Soltei um suspiro alto. Eu não me sentia nenhuma dessas coisas, tirando os cabelos, os olhos e outras características físicas, eu acharia que tinha sido adotada.
Ouvi um miado baixo e olhei Cookie tentando se enroscar em minha barriga que estava quase deitada no chão e me ajeitei, fazendo um carinho delicado em sua cabeça, ouvindo seus miados cessarem. Ouvi passos vindos da escada e virei o rosto para o lado, vendo George subindo na mesma e parando alguns passos ao me ver.
- Ei, você está aqui! – Ele falou, subindo os últimos degraus e se sentando em minha frente, beirando a janela também.
- Estava me procurando? – Perguntei, vendo Cookie sair correndo pelo corredor.
- Imaginei que não conseguisse dormir. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Pensou certo. – Suspirei, cruzando os braços.
- Você não precisa. Você vai ver, vai gostar. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Como, George? – Perguntei. – Como isso é possível? Eu tenho a sua idade, eles não vão me mandar para o sétimo ano. – Falei. – Mas eu também acho que não sei lidar com uma turma de primeiro ano cheia de crianças. – Ele assentiu com a cabeça.
- Dumbledore sabe. – Ele falou. – Você vai ver, não precisa ficar nervosa.
- E sobre a questão da casa? – Olhei para ele. – Eu tenho quatro opções. São muitas variáveis para dar errado. – Suspirei.
- Três opções, não acho que você iria para a Sonserina. – Ele deu um pequeno sorriso e eu ri, virando meu rosto para a janela novamente. – Você tem um coração muito puro para isso.
- Valeu! – Suspirei. – Mas ainda sobram três!
- Seus pais foram da Grifinória e da Lufa-Lufa, creio que sobram essas duas. – Suspirei, balançando a cabeça.
- Talvez.
- Além de que nós temos amigos em todas as casas, você ficará bem.
- Eu sou filha de um ex-condenado que ficou 12 anos preso em Azkaban e depois fugiu, Georgie! – Virei para ele. – Eu teria preconceito com esse tipo de pessoa.
- Não se preocupe! – Ele segurou minhas mãos. – Vai dar tudo certo. Além de que as casas são mais para ser o local que você dorme e tira aquela soneca de fim de semana. No geral, ficamos todos juntos nas aulas, corredores, etc... – Suspirei.
- Você é muito espirituoso, George!
- Se você não é, alguém precisa ser por você. – Ri fraco, assentindo com a cabeça, apertando suas mãos. – Além do mais, qualquer coisa você tem os Weasley em peso para te proteger, além do Harry que o povo costuma ter certo medo devido...
- Fiquei sabendo das histórias! – Ri fraco.
- É, coitado! – Ele falou. – Acho que depois do que aconteceu no fim do ano, de Voldemort realmente ter voltado, as coisas devem ter sido esclarecidas.
- Tudo que eu não preciso é problema agora. – Engoli em seco. – E atenção. Harry deve gostar dela, eu já não.
- Harry? Gostar de atenção? – Ele riu. – Coitado! Creio que ninguém gostaria de ter a atenção que ele tem pelo motivo dele. – Assenti com a cabeça.
- Talvez não. – Suspirei. – Ter o maior bruxo das trevas na sua cola não me parece algo bom.
- Exatamente! – Ele falou, me fazendo rir. – Posso te perguntar algo?
- Claro! – Virei o rosto para ele.
- Na sua carta para Hogwarts tinha outro nome além de Lily. – Ele falou e eu acenei para ele.
- ! – Falei, com um pequeno sorriso no rosto.
- É seu segundo nome? – Ele perguntou.
- É sim! – Sorri. – Acho que era o nome da minha avó materna ou algo assim. – Dei de ombros.
- É bonito. – Ele disse e eu sorri, assentindo com a cabeça.
- Eu também gosto, me parece mais antiquado do que Lily! Mais chique. – Ele riu. – Por que pergunta?
- É que já temos uma Lily no grupo. – Franzi a testa. – A mãe do Harry. Lílian isso, Lílian aquilo. – Sorri.
- Você pode me chamar de , se quiser. – Ele sorriu, assentindo com a cabeça.
- Ok, ! – Ele disse e eu sorri.
- Pronta para dormir? – Ele se levantou e estendeu as mãos para mim, me puxando para cima.
- Quantas horas têm de viagem? – Ele ponderou com a cabeça.
- Umas oito ou nove horas. Nunca parei para contar, na verdade.
- Tudo isso? – Perguntei um pouco alto demais, sentindo-o tapar minha boca com as mãos.
- Relaxa! É divertido! – Ele falou e abaixou as mãos. – E não faça mais isso, se minha mãe nos pega acordado há essa hora, vai ser pior que se o Filch te pegar no terceiro...
- Quem é Filch? – Perguntei.
- Inspetor da escola, ninguém que valha a pena conhecer antes da hora. – Ele falou e eu ri. - Vamos, o trem sai às 11 da manhã, mas temos que ir até Londres para isso. – Assenti com a cabeça e estalei os dedos, vendo Cookie voltar em minha direção e eu peguei o filhote para que ele não caísse das escadas.
- Que horas eu acordo? – Perguntei.
- Não se preocupe, a gente te acorda. – Ele desceu na minha frente até o andar dos quartos e desci logo atrás.
- Espero que sem piadinhas ou pegadinhas. – Ele ponderou com a cabeça.
- Não prometo nada. – Suspirei, revirando os olhos.
- Boa noite, Georgie! – Falei e ele sorriu, acenando com a mão.
- Boa noite, . – Ele disse e eu mordi meu lábio inferior, seguindo para o quarto dos meninos do lado contrário.


Capítulo 3

- Como estou? – Apareci na porta da cozinha da minha casa, me mostrando para todos que estavam presentes.
- Você está ótima, querida. – Tonks falou e eu balancei a cabeça.
- Para onde você pensa que vai? – Rony perguntou e franzi os lábios, ignorando-o.
- Pareço bruxa para vocês? – Eles riram.
- Você está incrivelmente ordinária. – Gina falou.
- E isso é bom para a ocasião? – Eles riram.
- Você está ótima, querida. – Molly se aproximou, segurando minha mão. – Se acalme, vai dar tudo certo!
- Relaxa, Lil! – Fred falou e eu balancei a cabeça.
- Pegue suas coisas e desça, querida. – Tio Arthur falou. – Já está na hora de irmos para a estação.
- Ah, meu Deus! – Girei meus calcanhares para trás e voltei a subir os lances de escadas correndo, encontrando Hermione sacudindo sua varinha e fazendo com que todas as minhas roupas voltassem para dentro da mala e a fechassem em um estalo. – Ah, obrigada?
- Está na hora de irmos, não está? – Ela perguntou e eu peguei Cookie, colocando-o dentro de sua gaiola e juntando ao meu material.
- Está! – Suspirei.
- Vamos, vai dar tudo certo. Te prometo! – Ela falou e eu suspirei.
- Estou com sérios problemas em acreditar nisso. – Ela pegou meus livros e a gaiola de Cookie e levou escadas abaixo, enquanto eu cuidava da pesada mala.
Seguimos até a Estação de King’s Cross em diversos táxis trouxas. Chegando lá, pegamos alguns carrinhos para ajudar a carregar todas as malas, gaiolas e materiais. Andei no meio de Fred e George, seguindo pelas plataformas da gigantesca estação. Eu já tinha vindo ali diversas vezes, principalmente nas viagens de fim de ano que o orfanato fazia e eu sempre me perdia pelo seu tamanho.
Molly e Arthur seguiam na frente quase marchando, sabendo exatamente para onde iam. Entre uma das diversas plataformas da estação, eles pararam ao lado de uma pilastra e viraram em nossa direção. Harry foi o primeiro a sair correndo em direção as duas pilastras, me fazendo perguntar se ele era louco ou algo assim, mas antes que eu pudesse elaborar as palavras, ele sumiu por dentro das duas pilastras, me fazendo arregalar os olhos.
- Legal, não?! – George falou, me empurrando pelos ombros e eu suspirei.
- Vocês já me fizeram voar, passar por fogo, agora querem que eu corra em direção a uma pilastra?
- É! – Os gêmeos falaram juntos e vi Hermione, Gina e Rony seguirem pelo mesmo caminho, sumindo segundos depois.
- Droga! – Falei.
- Vamos, Lil! Temos hora. – Tio Arthur falou e virei o rosto para Fred e depois para George.
- Vamos, juntos! – Fred falou e George assentiu com a cabeça.
- Segue a gente. – George falou.
Olhei para frente e Fred saiu correndo em direção às pilastras nove e dez, sumindo pela mesma. Virei para o outro lado, vendo George fazer o mesmo e sumir logo em seguida, me fazendo respirar fundo. Tio Arthur e Molly me olharam sugestivamente e eu engoli em seco, começando a correr em direção a pilastra.
Eu ia dar de cara naquela pilastra de tijolos, era certeza, e ainda machucaria Cookie de bônus. Eu não era uma bruxa, eu estava num lugar totalmente diferente. Eu era a menina que gostava de livros, contas, que perdia horas em mundos e realidades que não existiam. Não a menina que vivia as aventuras. Eu era aquela que ficava no canto, desejando ao máximo que eu conseguisse passar despercebida por todos os lugares que eu passava, não a filha de um dos fugitivos mais famosos da prisão mais famosa do mundo bruxo (mesmo que fosse inocente).
Bruxo! Isso era loucura!
Fechei os olhos quando vi a pilastra bem próxima a mim e encolhi os ombros... Vendo que nada tinha acontecido. Abri os olhos, vendo George em minha frente com um largo sorriso no rosto e relaxei os ombros, rindo junto dele.
- Falei que ia conseguir! – Ele me abraçou de lado e me puxou para o lado, me fazendo segurar a respiração.
Uma locomotiva vermelha, com os escritos “Expresso de Hogwarts” estava na tal da plataforma 9 ¾, me fazendo suspirar. Muitos alunos, em sua maioria vestidos como eu, estavam cumprimentando seus amigos de escola ou só esperando o trem sair com seus pais.
- Pronta, querida? – Virei para o lado, vendo Molly ali e sorri, assentindo com a cabeça.
- Vamos lá! – Respirei fundo, andando em direção a eles.
Seguimos por quase toda a extensão da locomotiva e vi que a turminha de Harry conversava em um canto. Algumas pessoas cumprimentaram os gêmeos e notei um homem loiro de cabelos compridos me lançar um olhar desconfiado. Franzi a testa, encarando-o de volta e vi que sua esposa tinha cabelos brancos e pretos e seu filho cabelos tão loiros quanto o meu. O homem cochichou algo para a esposa e me distraí com alguém me apertando pelos ombros.
- Aqueles são os Malfoy. – George cochichou para mim. – Narcisa era prima do seu pai e o filho deles é seu primo. – Fiz uma careta. – Pois é! – Ele riu.
- Por que o homem está me encarando? – Parei o carrinho próximo a uma das entradas do trem.
- Creio que ele imaginava que a filha de Sirius Black estaria morta a essa altura do campeonato. – Tio Arthur falou e eu arregalei os olhos. – Além de que ele estava presente quando seu pai foi morto. Quase que ele foi o responsável pela sua morte. – Engoli em seco.
- E por que eles estão aqui se são do mal?
- Porque é algo que não temos como comprovar. – Tio Arthur respondeu. – Foi difícil fazer o Primeiro Ministro Bruxo acreditar que o Lorde das Trevas voltou... Imagina comprovar quem são seus seguidores. – Engoli em seco, assentindo com a cabeça.
- Não se preocupe, Lil. Seu filho é... – Fred parou um momento a frase.
- Patético! – Ele e George falaram juntos, me fazendo rir.
- Acho melhor vocês entrarem e conseguirem uma cabine logo. – Molly falou, me apertando em um abraço e eu sorri, dando um beijo na ruiva.
- Obrigada por tudo. – Abracei tio Arthur, vendo-o sorrir.
- Nós que ficamos felizes por ter você em nossa família. – Assenti com a cabeça sorrindo.
- Divirta-se, ok?! – Molly falou e eu assenti com a cabeça. – E meninos, cuidem dela, ok?!
- Pode deixar! – Eles falaram juntos e sorri.
Esperei que Molly e Arthur se despedissem de todos e acenamos antes de entrar no trem, puxando nossas malas. Andamos boa parte do vagão, procurando alguma cabine vazia e Gina sumiu, encontrando algumas amigas do seu ano. Harry, Rony e Hermione entraram em outra cabine e fiquei com Fred e George, entrando em uma terceira.
Eles me ajudaram a colocar as malas no bagageiro de cima e cada um se sentou em um canto da cabine, aparentando bem entediado. Coloquei os pés para cima e olhei para a janela onde diversos familiares acenavam para nós e alguns atrasados entravam correndo nos vagões.
Quando o relógio bateu 11 horas em ponto, um apito alto e longo pode ser ouvido e o trem começou a andar devagar. Olhei para fora rapidamente, vendo Molly e Arthur por alguns segundos, até que eles sumissem e o trem conseguisse ganhar velocidade.
- E agora? – Perguntei, olhando para os ruivos em minha frente.
- Esperamos. – George falou entediado e ambos se entreolharam, rindo.
Franzi a testa e observei eles levantarem e pegarem uma maleta no bagageiro e descerem a mesma até o banco. Eles puxaram outras caixas da mesma e vi-as laranjas com um W na mesma e me levantei, me aproximando delas.
- O que é isso?
- Alguns produtos. – Eles falaram juntos e eu os encarei.
- Produtos...?
- Logros! – Eles falaram juntos animados.
- Ah, meu Deus! – Suspirei. – O que estão aprontando?
- Produtos de pegadinhas. – Eles continuaram falando juntos.
- Como o quê?
- Kit mata-aula, Nuga Sangra-Nariz, Pó Escurecedor Instantâneo do Peru, Orelhas Extensíveis, Vomitilhas...
- Pelos nomes até consigo imaginar o que é. – Eles riram.
- Quer testar? – Fred perguntou e George o cutucou.
- Não, cara! Ela é parceira! – Ele falou e eu descruzei os braços, dando um peteleco em Fred.
- Obrigada! – Virei para George que sorriu. – E vocês vendem isso na escola?
- Começamos no semestre passado, as pessoas tem gostado. – George falou e dei um pequeno sorriso, vendo os itens todos bonitos e embaladinhos.
- Queremos abrir uma loja depois que sairmos da escola. – Fred completou.
- Isso é demais, meninos! – Ri fraco.
- Mesmo? – Eles falaram juntos e olhei para ambos.
- Claro que sim! Não sei que profissão se pode ter no mundo bruxo, mas se vocês gostam de fazer essas coisinhas e tá dando sucesso. Parece ótimo! – Dei de ombros, me sentando novamente.
- Mamãe não gosta! – Eles falaram juntos.
- Ela quer que trabalhemos no Ministério da Magia. – Fred disse.
- Igual o papai. – George finalizou.
- Vocês tem dinheiro para investir nisso? – Eles se calaram. – Gente?
- É complicado! – Eles falaram juntos, se sentando.
- Ano passado apostamos todas nossas economias no resultado da Copa Mundial de Quadribol...
- Ganhamos, mas o organizador das apostas nos pagou com ouro de Leprechaum...
- E isso quer dizer? – Interrompi ambos.
- Eles desaparecem depois de algumas horas. – Fiz uma careta.
- Que droga! – Suspirei.
- Nós conseguimos mais um pouco com as apostas durante o Torneio Tribruxo, também ano passado, mas não é o suficiente para uma loja completa.
- Aí complica! – Suspirei, coçando o queixo.
- Mas tem um porém... – Fred falou.
- Um bem grande, por sinal. – George completou.
- Qual? – Perguntei.
- Ano passado teve o Torneio Tribruxo, Harry ganhou e ele nos apoia nessa ideia, ele já disse que se quisermos realmente abrir a loja, ele nos dá o dinheiro! – George falou.
- Ah, então pronto! – Abanei a mão.
- É, mas ele ofereceu isso há uns meses já, nem deve se lembrar. – Fred falou. – Como chegaríamos nesse assunto?
- Bem, por que vocês não amadurecem melhor a ideia, pensem sobre e quando decidirem realmente colocar a mão na massa, me avisem que eu falo com ele? – Cruzei os braços novamente e eles sorriram.
- Mesmo? – Eles perguntaram juntos.
- A gente não se conhece há muito tempo, mas ele é meu primo, não é?! – Dei de ombros. – Vai que ele me dá ouvidos. – Eles sorriram.
- Fechado! – Eles falaram esticando as mãos e eu revirei os olhos, segurando as mãos deles, e fazendo um aperto de mão meio confuso.
- Encontrei vocês! – Virei para o lado, vendo um moço negro com cabelos cacheados aparecer cansado no corredor. – Ah, vocês estão acompanhados! – Ele falou.
- Lily, esse é Lino Jordan; Lino, essa é Lily Black, filha de Sirius. – Ele arregalou os olhos rapidamente, mas relaxou logo em seguida.
- Não sabia que ele tinha uma filha.
- Nem nós! – Eles falaram, me fazendo rir.
- É o primeiro ano dela em Hogwarts... – Fred falou.
- Vai ser interessante! – Lino disse.
- Nem me fala. – Me encostei na janela novamente, colocando os pés para cima.
- Eu vim pegar os Kit Mata-Aula. – Ele falou. – Pessoal tá louco atrás de vocês.
- Tá na mão! – George falou.
- E a lista dos compradores. – Fred falou, me fazendo rir.
- Podemos... – Eles falaram juntos.
- Vão, gente! – Falei abanando a mão.
- Você vai ficar bem? – George perguntou.
- O que pode acontecer comigo em um trem em movimento? – Perguntei.
- Teve um ano que entrou um dementador... – George bateu em Fred que parou de falar e eu arregalei os olhos. – Deixa para lá. – Ele falou.
- A gente já volta. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
Eles se retiraram e eu me levantei para fechar a porta e abri a gaiola de Cookie, tirando-o de lá de dentro. Ele não gostava de ficar preso, mas também se aninhou rapidamente em minhas pernas. Acariciei o mesmo por um tempo e olhei para a vista lá fora que passava lentamente, da mesma forma que o trem andava. Nesse momento eu pensava: se eles são bruxos, porque não fazem uma forma mais rápida de chegar? Voando? Pegando fogo? Ou qualquer uma das outras opções que os gêmeos tinham me dito.
Alguns minutos depois, uma senhora oferecendo guloseimas passou pelo corredor. Acabei perguntando para a mesma o que tinha naquele carrinho e ela acabou falando coisas como feijõezinhos de todos os sabores, sapos de chocolate e outras coisas suspeitas. Vai que eram sapos de verdade? Acabei optando pelo conhecido: balas de goma, chicles de bola, tortinhas de abobora e varinhas de alcaçuz. Eu mal tinha tomado café, pois tivemos que ir para o Largo Grimmauld ainda com pó de flu, para encurtarmos o caminho da Toca para Londres.
Experimentei as varinhas de alcaçuz e realmente gostei do seu sabor. Apoiei a cabeça ao lado da janela e dormi... Ou melhor, desmaiei. Acordei com alguém me sacudindo e abri os olhos assustada, encontrando George em minha frente e Cookie lambendo minha mão, provavelmente pelo gosto doce dela.
- Ei! – Falei, franzindo a testa e olhei para lá fora, notando que o sol já estava se pondo.
- Demoramos muito, não é? – Ele falou, se sentando em minha frente e abaixei minhas pernas, notando que elas estavam dormindo devido à posição.
- Eu não sei. Dormi logo que saíram. – Suspirei e notei que ele estava com uma roupa diferente. – Já é para colocar o uniforme?
- Sim! – Ele falou. – Melhor se trocar, já estamos chegando.
- E onde eu faço isso?
- A gente pode te dar licença. – George falou, se levantando e eu assenti com a cabeça.
- Ok, obrigada! Eu aviso quando terminar. – Falei, segurando Cookie e devolvendo-o na gaiola.
Abri minha mala e peguei as vestes novinhas que eu tinha comprado na Madame Malkin. O uniforme da escola era composto por uma camisa de botões bege, com uma saia até o joelho preta meio acinzentada, meias calças pretas grossas e um sapato estilo boneca. Além disso, tinha uma gravata e uma capa. As minhas eram pretas com o símbolo da escola, elas eram trocadas depois pela cor da casa em que eu seria colocada, além de ganhar outras coisas como cachecol e suéteres como eu havia visto dos meninos.
Me vesti completamente e coloquei a capa em volta de meus ombros, me achando realmente estranha com aquela roupa. Apesar de que, tirando a capa, não era tão diferente quanto o uniforme de saia xadrez azul do orfanato. Suspirei, tirando a capa da minha cabeça, ajeitando meus cabelos e engoli em seco.
- Espero que estejam orgulhosos. – Falei baixo, pensando em meus pais e fui até a porta, abrindo a mesma e vendo os gêmeos parados no corredor e coloquei as mãos para trás. - O que acham?
- Agora sim! – Fred falou. – Agora você é uma bruxa. – Ri fraco e ele entrou novamente.
- Você está ótima, . – George falou baixo e eu sorri, assentindo com a cabeça.
- Obrigada! – Suspirei. – Acho que agora estou realmente pronta.
- Com certeza! – Ele falou e eu engoli em seco, suspirando.

O trem chegou à estação de um pequeno vilarejo e todos saímos dele. Quis pegar minhas malas, mas os gêmeos me enxotaram para fora dizendo que o zelador cuidaria disso e achei até que sensacional, era quase um grande hotel, ou um internato. Um homem grande, gordo e barbudo nos esperava na estação.
- Hagrid! – Harry falou animado, abraçando-o e o mesmo sorriu.
- Como estão, crianças? Bom vê-los. – Ele falou e seu olhar caiu sob o meu. – Amiga nova?
- Essa é Lily, Hagrid. – Ele falou e se aproximou do homem. – Filha de Sirius.
- Ah, ah! – Ele falou animado, estendendo sua grande mão para mim e eu segurei a mesma. – É um grande prazer tê-la aqui. – Sorri, acenando com a cabeça. – A senhora McGonagall falou sobre você.
- Obrigada! – Falei, ficando quieta em meu canto, mas reconheci o sobrenome na minha carta.
- Ela vai por outro caminho ou...? – Olhei meio desesperada para Rony que se calou imediatamente.
- Bem, ela é a única pessoa nova, ela vai com vocês e ela encontra a Minerva lá. – Ele falou e eu assenti com a cabeça.
- Está ótimo! – Falei um tanto nervosa e George me abraçou pelos ombros, me fazendo sorrir.
- Vamos aqui, alunos! Me sigam! – O tal Hagrid falou e começamos a andar atrás dele, junto de todos os alunos que desceram na estação.
Senti liberdade em passar o braço na cintura de Georgie, ele era mais alto que eu, então ficava muito fácil. Apesar de aquelas vestes compridas realmente dificultarem um pouco o resultado. Chegamos a uma estrada de terra com diversas árvores pelo caminho e vi que os alunos começavam a se ocupar dentro de carruagens com seis lugares. Senti um solavanco me empurrando para o lado e virei o rosto, vendo que uma moça alta e negra tinha empurrado Fred que acabou me empurrando.
- Droga! – Ele cochichou e George riu do meu outro lado.
- O que aconteceu?
- Aquela é Angelina, namoramos ano passado. – Fred falou, respirando profundamente.
- Ela está brava porque fomos expulsos do time de quadribol. – George denunciou e Fred lançou um olhar maldoso para ele, me fazendo colocar a mão na boca, segurando a risada.
- Acho que ela não gosta de você. – Comentei.
- Com certeza não. – George finalizou e rimos.
Observei as carruagens saindo uma a uma e vi Harry passar a mão no nada, me fazendo franzir a testa. Outra moça, com os cabelos tão brancos quanto o meu, fazia o mesmo, mas ela tinha uma cara de bitolada. Tirei o braço de George de meus ombros e me aproximei do meu primo.
- O que está fazendo? – Perguntei.
- Fazendo carinho neles. – Franzi a testa.
- Para mim você está passando a mão no nada, Harry. – Ele riu, negando com a cabeça.
- Oh, me desculpe! – Ele abaixou a mão e senti uma respiração em meu pescoço, me afastando alguns passos. – Esses são os testrálios, só pessoas que já viram a morte conseguem vê-lo.
- E você já...
- Meus pais e seu pai. – Ele comentou e eu assenti com a cabeça.
- Como eles são? – Ele me olhou sugestivamente. – Os testrálios.
- Negros como a noite... – Ele suspirou. – Não tão bonitos, mas muito gentis. – Assenti com a cabeça.
- Ei, Lil! Vai com a gente? – Virei para trás, vendo Fred e George entrarem em uma carruagem e assenti com a cabeça.
- Claro! – Falei e Harry me segurou pelo braço.
- Lil, deixa eu te dar um conselho, posso?
- Claro! – Falei.
- Mantenha a cabeça limpa durante a seleção. Eu fiquei fazendo desejos e devo ter pagado mico! – Ele falou, me fazendo rir.
- Manter a cabeça limpa. Ok! – Falei e ele me abraçou fortemente.
- Nos vemos lá.
- Espero! – Falei rindo e corri em direção à carruagem, me sentando ao lado de Lino, amigo dos meninos.
- Lily, essa é Alícia. Alícia, essa é Lily. – Fred falou e eu acenei para a garota do outro lado de Lino.
- Tudo bem? – Perguntei, sorrindo.
- Os meninos disseram que você descobriu sua magia tarde? – Ponderei com a cabeça, olhando os dois que deram de ombros de forma sincronizada.
- É... – Suspirei. – Foi algo assim. – Quis beliscar os meninos, mas fiquei quieta.
O percurso até a escola foi calmo e não muito demorado, passando por meio da floresta e subindo uma alta colina. Senti a respiração fraquejar quando observei a escola, ou melhor, o castelo gigantesco que era a escola. Já era noite, então algumas partes ficavam escondidas no meio da escuridão e outros pontos eram iluminados pelas luzes do mesmo. Suspirei, mordendo meu lábio inferior e, naquele momento, parecia que eu não tinha nenhuma preocupação em minha vida.
- É lindo! – Falei e olhei para frente, vendo os gêmeos sorrindo para mim.
- Essa será sua nova casa. – Eles falaram e eu assenti com a cabeça.
- Acho que vai servir. – Dei de ombros, suspirando.
A carruagem nos deixou em uma das várias entradas da escola e fomos seguindo lado a lado pelos locais. Parecia uma grande universidade, talvez a de Oxford, tinha altos muros, grandes espaços verdes e muitos corredores. Passamos por um grande espaço no meio da escola, atravessando o mesmo e subindo por grandes escadarias.
- Senhorita Black. – Virei o rosto assustada por falarem meu sobrenome e vi uma senhora com vestes pretas e um chapéu digno de bruxa na lateral do corredor e George, Fred e Harry seguiram comigo até a mesma.
- Professora Minerva. – Harry falou e ela sorriu para os três.
- Que bom vê-los, meninos. - Ela falou toda cordial. – Mas vocês podem entrar no grande salão. Eu cuidarei da senhorita Black agora. – Eles assentiram com a cabeça.
- A gente se vê depois. – Os três falaram juntos e eu engoli em seco, vendo-os seguirem o resto do pessoal para dentro do salão.
- É um prazer tê-la conosco, senhorita Black! – Ela falou. – É algo totalmente diferente do que estamos acostumadas, mas você é uma bruxa, filha de grandes ex-alunos nossos, não podíamos perder a oportunidade.
- Obrigada! – Falei. – Eu acho... – Dei de ombros.
- Algo te aflige, não? – Ela falou, me encarando com seu rosto sereno e suspirei.
- Eu nunca fiz bruxaria na minha vida, eu... – Suspirei. – Ainda acho que não sou a pessoa certa para esse lugar.
- Muitas pessoas sentem assim quando entram aqui, querida...
- Mas a maioria tem 11 anos de idade, não 16. – Ela riu fraco.
- Sim, isso é verdade. Mas não se preocupe, eu e o professor Dumbledore conversamos sobre a sua condição e tentaremos te passar todas as informações necessárias para que você aflore seus conhecimentos...
- Ok. – Falei meio se entender.
- Você deveria estar seguindo para o último ano, junto de Fred e George, mas você tem o conhecimento de uma criança de 11 anos, então sua grade será diferente dos outros, ela não seguirá uma ordem cronológica como dos outros, ela se adequará às suas necessidades. – Assenti com a cabeça. – Você terá sim aula com os mais novos, para conhecimento básico, mas tentaremos te manter próximo ao pessoal do seu ano. – Confirmei novamente.
- Espero que dê certo. – Ela sorriu.
- Dará! – Ela olhou pra seu relógio rapidamente. – Você já deve saber sobre a seleção de casas, certo?
- Sim, os meninos comentaram comigo. – Sorri.
- Elas são Grifinória, Cornival, Lufa-Lufa e Sonserina. – Assenti com a cabeça. – Sua casa será como sua família, espero que consiga se enturmar com eles. – Sorri. – Podemos ir?
- Eu só tenho uma pergunta antes. – Ergui a mão, abaixando-a ao perceber que isso era ridículo.
- Sim, minha criança. – Engoli em seco.
- Quem sabe sobre... – Suspirei. – Meu pai? – Balancei a cabeça. – Tirando as pessoas que a ouviram me chamar. – Ela riu.
- Eu, o diretor Dumbledore e os professores. – Ela falou. – Mas não se preocupe, sabemos a história real e aqui você será Lily, filha de dois ex-alunos muito inteligentes e excepcionais. – Sorri, assentindo com a cabeça. – Podemos ir? – Respirei fundo, soltando o ar devagar e assenti para ela. – Me siga, por favor.
Escondi as mãos geladas de nervosismo nos bolsos da capa e andei atrás de Minerva em direção as portas fechadas. Assim que ela se aproximou da mesma, elas se abriram como se fossem automáticas. Senti meu corpo vacilar quando vi o tamanho daquele salão e da quantidade de pessoas que estavam ali, foi quase como um soco na boca do estômago, a vontade de vomitar subiu na hora.
O salão era dividido por quatro mesas gigantescas, uma de cada casa. As do canto direito, Corvinal e Grifinória, e do esquerdo, Lufa-Lufa e Sonserina. Observei Fred, George, Lino, Alicia, a ex de Fred, Harry, Rony, Hermione e outro garoto dentuço que estavam com ele mais cedo na mesa da Grifinória, todos me dando sorrisos fortalecedores, mas aquilo não adiantava de nada, as minhas pernas ainda pareciam gelatinas.
Distraí meu olhar para cima um pouco, vendo que o teto não tinha fim, era como o céu e tinha várias velas levitando sobre o mesmo, dando uma calmaria em meu coração. Aquilo era muito bonito.
- Pode ficar aqui. – Minerva falou quando chegamos ao final do corredor, onde uma mesa com diversos professores estava lá e ela se virou para o senhor da cadeira do meio, provavelmente o senhor Dumbledore.
- Boa noite, alunos! – Ele falou com uma voz rouca. – Antes dos avisos convencionais, temos uma seleção excepcional. – Ele falou. – Uma aluna nova que descobriu seus poderes tardiamente. – Fiquei aliviada com o que ele falou e dei um pequeno sorriso comigo mesma. – Vamos lá? – Ele falou e Minerva segurou um chapéu velho para cima e notei que ele era quase desenhado, como se tivesse olhos e bocas.
- Lily Black! – Ela falou auto e em bom som e eu franzi o rosto, subindo os poucos degraus e me sentei no banco que tinha ali, segurando nas laterais do mesmo e fechando os olhos, sentindo-a colocar aquele chapéu em minha cabeça.
- Ah! – O chapéu falou, me assustando e eu abri os olhos. – Parece que já selecionei essa pessoa antes. – Engoli em seco, ouvindo-o murmurar. – Mãe da Lufa-Lufa... – Ele pensou mais um pouco. – Pai da Grifinória. – Mordi meu lábio inferior, tentando pensar em sol, borboletas, grama verde, chuva, neve, qualquer coisa, como Harry tinha me aconselhado. – Viveu reclusa do mundo da bruxaria por todos esses anos. – Ele pensou. – Pode não ter as maiores habilidades em bruxaria, mas temos muita sapiência e conhecimento nessa cabecinha loira. – Engoli em seco. – Pronta para novas descobertas, paciente ao extremo... – Soltei a respiração, olhando para frente e vendo os meus conhecidos esperançosos com a resposta. – Personalidade... – Ele parou um segundo. – Fascinante... – Dei um pequeno sorriso. – Bom, acho que teremos que fazer uma mudança na família... – Ele parou um momento, me fazendo gelar. – Corvinal! – Ele gritou, me fazendo ouvir aplausos e gritos vindos do pessoal da Corvinal e eu fiquei realmente surpresa, atordoada e um pouco desapontada.
Me levantei do banco, seguindo para a mesa em que me aplaudiram e vi todos meus amigos com um olhar decepcionado quanto a isso. Me sentei no lugar vago na ponta da mesa, vendo várias pessoas me cumprimentar sorridentemente e sorri para elas, apertando as diversas mãos que apareciam para mim.
- Eu sou Padma, monitora-chefe da Corvinal! – Sorri, apertando a mão dela.
- Prazer, sou Lily! – Falei e virei para olhar para o diretor novamente, que tinha saído de sua cadeira e tomado o lugar de onde estava o chapéu.
- Bom, alguns recados antes do início desse semestre. – O diretor falou. – Temos duas mudanças no corpo docente. A volta do professor Hagrid em Trato das Criaturas Mágicas e vamos dar as boas-vindas à nova professora de Defesa Contra as Artes da Trevas, Dolores Umbridge. – Uma senhora toda vestida de rosa deu uma risada que ecoou perto de nós. – Sei que todos se juntarão a mim para desejar boa sorte a eles. – Virei para a mesa do lado, vendo Fred e George totalmente desinteressados nisso, fazendo comentários entre si. – E agora, como sempre, nosso zelador, o senhor Filch... – Liguei esse nome ao que os meninos falaram, mas não reconheci quem poderia ser o senhor Filch.
- Com licença. – A tal da Dolores se levantou, tomando o lugar de Dumbledore. – Obrigada, diretor, por essas simpáticas palavras de boas-vindas, e como é adorável ver essas carinhas radiantes para mim. – Ela parou um segundo, vendo que ninguém pareceu entusiasmado com isso. – O Ministério da Magia sempre achou de importância vital a educação de jovens bruxos e bruxas. Apesar de que todo diretor ter trazido algo de novo para essa escola histórica, o progresso pelo progresso não será encorajado. Vamos preservar o que deve ser preservado, aperfeiçoar o que seja necessário e banir práticas que devem ser proibidas. – Franzi a testa, tentando analisar esse discurso, mas não entendi, mas com certeza Hermione do outro lado da mesa deve tê-lo.
- Hum, obrigado, professora, pelas ótimas palavras. – O diretor falou. – Aproveitem o jantar e não demorem para ir dormir. – Ele falou e de repente, a mesa que estava vazia, surgiu diversos pratos suculentos em minha frente, me fazendo sorrir.
Eu acabei me deliciando com alguns pratos e sobremesas sozinha. Eu não era boa em fazer amigos e não havia muitas pessoas interessadas em me fazer perguntas. Na verdade, eu só queria que aquilo acabasse rapidamente e eu pudesse ir dormir. Harry virava para trás diversas vezes, fazendo sinal de positivo para mim e eu só conseguia confirmar com a cabeça, tentando parecer animada, mas o nervosismo fazia com que eu quisesse vomitar.
- Já terminou, Lily? – Padma perguntou. – Posso te levar ao nosso dormitório.
- Claro! – Falei animada em sair dali e me levantei. – Vamos lá. - Saí da mesa, voltando para o corredor e vi o pessoal da outra mesa se levantar animado, como se estivessem nos esperando.
- Oi, Padma. – Harry falou e ela o encarou surpresa.
- Oi. O que foi? – Ela perguntou.
- Conhece minha prima Lily? – Ele falou e dei um pequeno sorriso.
- Vocês são parentes? Não sabia que você... – Sabia muito bem a frase que ela falaria e segurei a risada. – Esquece! – Ela falou. – Sim, estava levando-a para nosso dormitório. – Ela falou.
- Então, temos uma prima do Harry conosco, hum? – A outra moça com os cabelos claros, que passava a mão no tal dos testrálios mais cedo, falou.
- Lily! – Falei sorrindo.
- Luna! – Ela disse.
- Eu sou Cho. – A outra, com os olhos puxados também falou.
- Prazer! – Acenei para elas.
- Elas são nossas amigas, então você vai ter bastante companhia, não se preocupe. – Harry disse e eu assenti com a cabeça.
- Nos vemos amanhã? – Olhei mais para os gêmeos do que para Harry.
- Com certeza. – Eles falaram juntos e me deram rápidos abraços.
- Dorme bem, ok?! – George falou e eu confirmei com a cabeça.
- A gente se vê. – Falei, acenando para todos e seguindo Padma por entre as mesas. Olhei para trás rapidamente e vi todos me lançando olhares preocupados, me fazendo suspirar alto.
- Bom, Lily, cada casa tem uma sala comunal, é lá que ficam os dormitórios, locais de descanso e lazer. Elas só recebem corvinais, tirando casos excepcionais ou emergenciais. – Padma falava. – Nossa sala comunal fica na torre mais alta da escola, então sempre leve tudo que precisa para não ter que voltar. – Cho e Luna riram juntos e eu só dei um sorriso de lado. – Para entrar, você precisará responder o enigma, mas não se preocupe caso não consiga, às vezes juntam várias pessoas na porta para responder o enigma do dia. – Ri fraco, sentindo que aquilo ia de mal a pior. – Nossa casa é famosa pela nossa inteligência, talvez até excentricidade, mas somos muito legais, não se preocupe. – Eu com certeza tinha ido para o lugar errado.
A segui, junto de Cho e Luna e andamos por dentro do colégio, o que me fez ver diversas armaduras de decoração, quadros que se mexiam e que até nos cumprimentavam alegres, alguns fantasmas, que me assustaram ao passar rasante por nossas cabeças, escadas que se mexiam e muito mais. Olhei para cima quando chegamos a uma alta escada em espiral e comecei a subir com elas devagar, vendo diversas portas passarem por nós, mas não eram a que estávamos procurando. Quando chegamos ao final da escada, onde eu já estava cansada, vi uma porta com uma aldrava de águia dourada na mesma. Não tinha maçanetas ou fechaduras. Padma segurou na mesma e deu uma batida.
- Quem veio primeiro: a fênix ou a chama? – Vi a águia falar e balancei a cabeça.
- Gostaria de tentar? – Padma falou e eu suspirei, coçando a cabeça um pouco.
- Nunca vi uma fênix, mas imagino que seja igual a pergunta da galinha e do ovo. – Cocei a testa um pouco. – É tipo um círculo, não tem começo nem fim.
- Bem fundamentado. – A porta disse e se abriu para nós, me fazendo franzir a testa.
- Parabéns, Lily! – Cho falou animada, entrando no salão comunal. Aquilo seria mais difícil que o esperado, as respostas eram inconclusivas.
Entrei no salão com elas, vendo uma sala enorme gigante, com diversos detalhes em azul e prateado, as cores da casa. Altas janelas, um teto em formato de cúpula com o céu estrelado pintado na mesma. Diversos sofás e divãs azuis, além de várias prateleiras com livros. Me aproximei de uma das janelas abertas e fiquei na ponta dos pés para ver pela mesma, encontrando uma linda visão da parte externa do castelo, incluindo um campo, que suspeitei ser de quadribol.
- Uau! – Falei. – É lindo aqui!
- Não é? – Padma disse animada. – O som do vento é ótimo para dormir. – Ela sorriu. – Venha! – Ela disse, passando pelo lado direito de uma estátua e parando dois degraus acima. – Essa é Rowena Corvinal, nossa fundadora. – Olhei a estátua de mármore branco e sorri, seguindo-as escadas acima.
Ao final da escada, caímos dentro de um grande quarto. Ele tinha seções, com cerca de cinco camas individuais em cada seção, cada uma tinha cortinas da cor das casas para ficarmos mais a vontade, uma mesa de cabeceira e uma cadeira com uniformes prontos para o dia seguinte.
- Pedi para te colocar perto de nós. – Padma falou apontando para uma cama e vi que Cookie estava em sua gaiola. – Suas coisas, seu animal e seu uniforme novo já foram trazidos para cá. – Olhei na cadeira do lado e vi que adições azuis para o meu uniforme já estavam ajeitadas. – O banheiro é à esquerda e fique à vontade em soltar seu gatinho, só ficaremos nós quatro aqui, ele pode ficar mais à vontade. – Sorri.
- Obrigada! – Falei, me sentando na beirada da cama. – Isso é muito novo para mim.
- Posso imaginar. – Luna falou. – Você é filha do padrinho do Harry, não é? – Assenti com a cabeça. – Eu estava lá quando...
- Luna! – Cho falou e Padma deu de ombros, se afastando um pouco.
- Tudo bem! – Falei. – É bom ouvir sobre ele. – Suspirei.
- É muito bom te conhecer, acredite. – Luna disse me fazendo sorrir.
- Obrigada! Só espero que isso tudo seja bom para mim, eu ainda estou bem confusa.
- No começo vai ser difícil, para todas nós foi. – Cho falou. – Mas vai dar tudo certo.
- E, qualquer coisa, estaremos aqui! – Padma completou e eu sorri.
- Obrigada! – Suspirei. – Acho que eu vou tomar um banho e dormir, esses últimos dias foram bem cansativos.
- Claro, fique à vontade. – Padma falou. – Os despertadores tocam as sete, é tempo suficiente para se arrumar, tomar café e seguir para sua primeira aula.
- Eu ainda não sei qual é.
- Amanhã terá seu horário aqui, já. De todas nós, na verdade. – Padma falou e eu assenti com a cabeça.
- Ok, obrigada novamente por... Vocês sabem. – Elas sorriram.
- Não se preocupe! – Elas falaram e eu suspirei, um tanto perdida por onde começar.

Atravessei o salão naquela manhã e notei que ele ainda estava um pouco vazio. Talvez tenha acordado um pouco cedo demais, não que eu tivesse conseguido dormir muito. Até Cookie conseguiu dormir mais rápido do que eu. Acordei antes do despertador tocar, coloquei minhas vestes pretas e azuis e, quando o despertador das meninas tocou, eu já estava fora do quarto, descendo pelas grandes escadas em espiral, pegando os diversos livros das matérias que eu teria no dia e descendo comigo, equilibrando todo peso em meus braços.
Olhei para o pequeno pedaço de pergaminho em minhas mãos e vi que tinha quatro aulas naquele dia: feitiços, transfiguração, herbologia e voo. Ah não! Engoli em seco com essa aula e peguei o cálice de suco e o virei de uma só vez para dentro da boca, sentindo o gosto de abóbora em minha garganta e olhei para o líquido, achando estranho, mas delicioso.
- Aqui está você! – Ouvi uma voz conhecida e virei o rosto para trás, vendo os gêmeos, Harry e Rony se sentarem na mesa atrás de mim.
- Oi gente! – Falei desanimada.
- Fomos até sua sala comunal para te encontrar e... – Cortei George.
- Eu desci mais cedo... – Parei por um momento. – Vocês subiram todas aquelas escadas? – Eles se entreolharam.
- Esperamos lá embaixo. – Harry falou e eu ri, suspirando. – Como você está? Dormiu bem?
- Eu não dormi, mas estou bem. – Dei de ombros. – Luna, Cho e Padma são legais.
- Cho é a namorada de Harry. – Rony falou e Harry deu uma cotovelada nele. – Ai! – Ele reclamou, me fazendo rir.
- Ela não é minha namorada.
- Mas ele queria que fosse. – Os gêmeos falaram juntos.
- Que aulas você tem hoje? – Harry perguntou e eu estiquei o pergaminho em sua direção. – Voo? Ah, isso vai ser engraçado.
- Engraçado? Eles já querem me matar logo no primeiro dia? – Gritei, vendo que tinha chamado um pouco de atenção.
- Calma! – George falou, segurando meus ombros. – Respira fundo. – Fiz o que ele pediu. – Agora solta. – Obedeci novamente. – Vai dar tudo certo.
- Todo mundo está falando isso e cada vez mais eu sinto que não, não vai dar certo. – Bufei, cruzando os braços.
- Estaremos com você o tempo todo. – Hermione apareceu ao fundo, falando.
- Vocês têm algumas dessas aulas? – Perguntei.
- Ah... - Eles falaram quase juntos, passando o pergaminho para todos.
- Não, mas não é literal também. – George falou. – Além do mais, você vai fazer amigos. – Suspirei.
- Claro, com crianças de 11 anos? De 16? Vai ser interessante. – Suspirei, me sentando novamente.
- Nós vamos te achar, ok, ? – Georgie falou para mim e eu assenti com a cabeça.
- ? – Harry me perguntou.
- Meu segundo nome. – Falei abanando a mão.
- Você prefere ser chamada assim?
- Tanto faz! – Dei de ombros. – Meus problemas são outros. – Falei, tentando abafar, mas, na verdade, eu estava gostando de só Georgie me chamando assim.
- Fica com a gente até a hora da aula, a gente te leva lá. – Fred falou e eu assenti com a cabeça.
- Bom dia! – Luna falou, se aproximando. – Levantou cedo, Lily!
- Problemas para dormir. – Falei rindo e ela assentiu com a cabeça.
- Já está tomando café? Tudo parece uma delícia. – Ela se sentou ao meu lado e eu acenei para os meninos, achando que devesse dar atenção à menina com os cabelos tão claros quanto os meus.
Finalizei de comer até que rápido demais. Luna não era do tipo que falava muito e, quando falava, não era das mais coerentes. Ela falava algo de Pasquim, zonzóbulos e coisas que eu imaginei que fosse algo de bruxo, mas que eu ainda não estava familiarizada.
Virei no banco, dando uma rápida olhada pelo local e vendo o pessoal pouco ou quase nada acordados, tentando tomar seu café da manhã. Eu estava alerta, eu tinha conseguido dormir muito pouco na noite anterior e ficava agitada, inclusive após beber um pouco do café fraco que eles faziam aqui em Hogwarts.
- Que aula você tem agora, Lily? – Cho perguntou e eu virei novamente na cadeira.
- Feitiços. – Falei.
- É um ótimo jeito de começar, é com o professor Flitwick, ele é diretor da Corvinal, você vai gostar. – Padma falou e eu assenti com a cabeça.
- Oi, gente! – Olhei para uma moça exatamente igual à Padma, mas vestindo roupas da Grifinória.
- Ah, Lily, sabia que eu sou gêmea?- Padma falou e eu sorri acenando para a mesma.
- Oi, tudo bem? – Falei rapidamente.
- Essa é Lily, ela...
- Os meninos me falaram ontem. – Parvati falou e estendeu a mão e eu apertei a mesma rapidamente. – É um prazer te conhecer!
- O prazer é meu! – Falei sorridente.
- Acho que está na hora de irmos, é o primeiro dia e todo mundo fica meio perdido. – Hermione falou e olhei em volta, vendo alguns alunos já saindo do grande salão.
- Eu preciso descobrir onde é minha aula antes. – Falei, me levantando e pegando os três grossos livros em minha mão.
- A gente te leva lá. – George falou e eu assenti com a cabeça.
- Ah, nos vemos depois? – Virei para o pessoal da minha mesa que sorriu.
- Boa sorte! – O pessoal que eu conhecia da Corvinal e da Grifinória falaram quando em coro e eu respirei fundo, acenando com os dedos que sobravam do peso que eu carregava.
Hermione estava certa, os corredores estavam uma loucura. Pessoas correndo para todos os lados, provavelmente à procura de suas salas, assim com eu. Esbarramos em algumas pessoas, mas Fred e George eram bem mais altos, então conseguiam achar as brechas para gente passar. Até alguns professores que eu vi na mesa no dia anterior estavam na bagunça, incluindo a estranha de rosa, que parecia um doce de pessoa, mas sua feição de sapo não me animava muito.
George me puxou para fora dos corredores, passando pelos espaços cheios de grama do colégio e passamos por alguns conhecidos deles, vendo que eles cumprimentavam a todos. Vai ver eles eram populares, ou o pessoal tinha outro tipo de interesse neles, provavelmente seus kits extraordinários.
- Aqui está! – Fred falou quando chegamos a uma porta. – Aula de feitiços com o professor Flitwick. – Ele falou e demos uma olhada dentro da sala.
- Com crianças... – George falou, franzindo a testa.
- Oi, gente! – Viramos para o lado e vimos um menino com o rosto bem pálido, cheio de sardas e os cabelos ruivos, com certeza poderia se passar pelos Weasley.
- Oi, Nigel! – Eles falaram juntos e eu olhei para ele.
- Você é Lily, certo? Todo mundo está falando de você. – O tal Nigel falou, me fazendo dar um sorriso torto.
- Ela vai ter aula contigo, Nigel. Pode cuidar dela para gente? – George perguntou, se abaixando para falar com o garoto.
- Claro! – Ele falou animado e um tanto confuso. – Vamos lá! – O menor falou, me segurando pela mão e me puxando para dentro da sala. Virei o rosto com uma feição indecisa para os meninos, mas eles acenavam com a cabeça para mim.
- Que turma é essa? – Cochichei para ele, vendo vários alunos me olhar com cara estranha, provavelmente não entendo o que alguém da minha idade fazia ali. Nesse momento eu fiquei feliz por não ter a altura dos gêmeos.
- Segundo ano. – Ele falou animado. – Senta aqui! – Ele entrou em um dos corredores que davam para as mesas e eu sentei ao seu lado, bem próximo ao pedestal onde o professor ficava. – Então, você é prima do Harry?
- Sou sim! – Dei um sorriso de lado.
- Você é filha daquele padrinho dele que... – Ele ponderou com a cabeça. – Você sabe.
- Sim, sou! – Sorri.
- Então, você é... – Ele se aproximou, cochichando. – Filha de um fugitivo? – Suspirei, ponderando com a cabeça e relaxei os ombros teatralmente.
- Sim! – Respondi, sabendo que não adiantaria o que eu falasse, ele era só uma criança.
- Bom dia, alunos. Sejam bem-vindos à aula de feitiços. – Vi um duende, assim como os do banco de Gringotes, entrar na sala e franzi a testa. Ele apoiou seus poucos materiais na mesa e subiu no pedestal, ficando mais visível para todos nós. – Vamos começar com alguns feitiços simples para relembrar, sim? – Ele falou animado. – Abram seus livros na página seis.
Peguei meu livro de feitiços e guardei os outros embaixo da mesa, procurando pela página seis. Com certeza não era o que estava procurando. Tinha vários textos, enquanto que no de Nigel tinha um feitiço.
- Pratiquem com o seu amigo do lado. – O professor falou e ele desceu do seu pedestal. – Você terá algo diferente, senhorita Black.
- Ah, deveria suspeitar. – Falei, ouvindo-o rir.
- Não se acanhe, é a primeira vez que isso acontece, mas tentaremos fazer com que você tenha todo ensino necessário. – Sorri para o duende. – Primeiro de tudo, acho que devo te parabenizar por entrar na Corvinal, isso já quer dizer muito sobre você.
- Obrigada! Eu acho... – Falei, ouvindo-o rir.
- Vamos tentar alguns feitiços? – Ele me perguntou e eu assenti com a cabeça, puxando a varinha de dentro das vestes e apoiando-a na mesa. - Você vai começar com um feitiço básico de levitação. – Assenti com a cabeça. – É uma das artes mais comuns dos bruxos e importante de aprender.
- Certo... – Falei um tanto indecisa. – Ok.
- Aqui para você. – Uma pena branca de ganso surgiu em sua mão e ele a colocou em minha mesa. – O movimento é só girar e sacudir. – Ele fez com a sua varinha. – Tente, tente!
- Girar e sacudir. – Fiz o movimento com a varinha, tentando manter a mão bem leve sobre a varinha, aquilo era uma arma.
- Perfeito! – Ele sorriu. – Mas somente o movimente não é o suficiente, você precisa também usar as palavras, nesse caso, Wingardium Leviosa.
- Wingardium Leviosa... – Falei baixo, passando as palavras pela minha boca.
- Novamente. – Ele disse.
- Wingardium Leviosa. – Falei, sentindo meu corpo tremer.
- Agora treine! – Ele falou. – Movimento e palavras juntos.
- Ok! – Falei, tossindo fracamente e segurei a varinha novamente, sentindo minha mão tremer.
- Wingardium Leviosa. – Tentei sincronizar o movimento com as palavras, mas um sempre saía mais rápido que o outro. – Wingardium Leviosa... – Olhei para o lado rapidamente, vendo que Nigel e sua colega olhavam esperançosos em minha direção. – Com licença? – Falei e eles riram.
- Desculpa! – Eles se viraram de frente um ao outro, falando “Accio” mais o nome do objeto e trazendo objetos para si. Isso seria muito útil quando esquecesse onde algo estivesse.
- Wingardium Leviosa. – A pena se mexeu levemente, me fazendo franzir o rosto, podia ser mentira. – Wingardium Leviosa... – Tentei novamente, vendo-a subir poucos centímetros da mesa e cair. – Vamos de novo. – Respirei fundo. – Wingardium Leviosa. – Falei com mais firmeza, vendo a pena subir alguns centímetros, ficando da altura da minha varinha.
Engoli em seco, levemente surpresa. E agora? O que eu fazia? Comecei a agitar a varinha levemente, vendo que a pena seguia meus movimentos. Tentei dificultar mais, começando a erguer a ponta da varinha, vendo-a seguindo os movimentos devagar e começar a subir lentamente. Pouco antes de tocar o teto, senti a varinha se enrijecer mais, não sendo mais capaz de transformar seus movimentos. A pena se tornou uma bola de fogo e explodiu no ar, me fazendo arregalar os olhos e me assustar, como todos os alunos.
- Meu Deus! – Falei nervosa, olhando para o professor. – Me desculpa! – Falei, franzindo a testa e alguns alunos até deram algumas risadas, mas eu tinha ficado muito nervosa.
- Não se preocupe, querida, não se preocupe. – O professor falou. – Vamos tentar novamente, sim?!
- Ah, acho melhor não. – Engoli em seco.
- Vamos sim! – Ele surgiu com outra pena em minha frente e eu suspirei.
As palavras de Olivaras tinham sido explicadas agora. Essa varinha seria um pouco mais exigente. Ela não deixaria com que eu fosse sua dona de forma tão rápida assim, eu penaria um pouco.
As próximas aulas do dia foram até ok. Na de transfiguração, com a professora McGonagall, eu fiz com a turma do segundo ano novamente, o que foi até bom, porque eu tinha Nigel e seus amiguinhos para me fazer companhia. Isso era algo ridículo de se dizer, mas, pelo menos, era melhor do que ficar totalmente sozinha com todos aqueles olhares julgadores em cima de mim.
Tive que levar Cookie comigo, o que foi triste, porque eu tive que subir às escadas da sala comunal da Corvinal e não é algo que eu tinha muito pique para fazer. Eram muitos degraus e muita coisa. Eu tinha que transformá-lo em um cálice. Da mesma forma que Minerva se transformou em um gato na minha frente. Inicialmente eu fiquei com medo, se eu consegui explodir uma pena, imagina o que eu pudesse fazer com ele?
Eu fiquei quase que a aula inteira abraçando Cookie, enquanto os outros alunos faziam aquilo sem maior dificuldade. Quando chegou a minha vez, eu apoiei o mesmo na mesa, vendo-o olhar todo curioso para os lados e falei o feitiço da mesma forma que Minerva tinha ensinado no começo da aula.
- Um, dois, três... – Repeti os movimentos em leves toques na cabeça de Cookie. – Vera Verto... – Falei, vendo um facho branco de luz sair de minha varinha e atingir Cookie. Ele foi envolvido pela luz e se tornou um cálice de vidro em minha frente, me fazendo arregalar os olhos.
- Cookie? – Falei nervosa, vendo o mesmo.
- Parabéns, senhorita Black. – Minerva falou e eu assenti com a cabeça. – Agora Nigel...
- Como eu trago ele de volta? – Falei um tanto baixo e ela sorriu.
- Ele voltará sozinho. – Minerva sorriu e assenti a cabeça, vendo Nigel fazendo em sua coruja e encarei o cálice de vidro/Cookie, aguardando ansiosamente a volta do mesmo.
A aula de herbologia também foi tudo bem, afinal, foi a primeira aula teórica ao longo do dia e eu não tinha dificuldades em ouvir, ler e anotar as informações. Bem, eu fiz isso, aprendendo como reconhecer plantas mágicas de não mágicas, além de descobrir as partes básicas de uma planta, com alguns exemplos de plantas jovens em minha frente. Já os outros alunos, eles ficaram envasando e reenvasando plantas que gritavam, falavam ou choravam... Era muito estranho.

Tudo estava indo muito bem, até chegar à última aula daquele dia: aula de voo. Já era de conhecimento de todos que me conheciam, que eu tinha um pavor de voar, alturas e correlatos, então eu realmente não estava preparada para isso.
Cheguei ao local aberto, reservado para a aula e vi que estava com alunos mais jovens que a turma de Nigel. Era o primeiro ano. No gramado, tinha várias vassouras colocadas no chão e eu senti que estava hiperventilado e aquilo não era nada bom.
Os alunos menores olhavam para mim, cochichavam, riam e provavelmente tentavam entender o que eu estava fazendo ali com eles, principalmente sendo da Corvinal, mas como eu fiz em toda aula, fiz nessa também: fingi que não era comigo.
- Bom dia, alunos! – Uma senhora de cabelos brancos, olhos dourados e a pele bem jovem, falou para nós, atravessando o corredor formado por vassouras e se colocou ao meu lado esquerdo.
- Bom dia, professora! – Falamos juntos.
- Bem-vindos à primeira aula de voo. – Ela falou, dando um sorriso em minha direção. – O que estão esperando? Quero que fiquem do lado esquerdo de sua vassoura, estiquem a mão direita e digam “suba”! – Como os outros alunos, fiz o que ela pediu e dei dois passos para frente, ficando no meio da vassoura. Estendi a mão em cima da mesma e engoli em seco.
- Suba! – Falei um tanto baixo e vi que nada aconteceu.
- Vai precisar falar mais alto para ela te escutar. – A professora falou para mim e eu engoli em seco, vendo várias vassouras subindo para as mãos de seus alunos.
- Suba! – Falei firme, vendo a vassoura subir e encaixar em minha mão, me fazendo arregalar os olhos.
- Sua mágica é forte! – Ela falou sorrindo e eu assenti com a cabeça.
- Qual o nome da senhora? – Perguntei.
- Eu sou Madame Hooch. E você é Lily Black, estou certo? – Ouvi algumas risadas e virei o rosto, vendo alguns alunos mais velhos passarem rindo.
- Parece que sim! – Disse, engolindo em seco.
- Não dê bola a eles. Ninguém estaria aqui se não fosse para aprender. – Assenti com a cabeça, vendo-a andar em meio aos alunos novamente. – Com vontade, gente! – Ela falou, vendo as últimas poucas vassouras começarem a subir. – Agora, montem nela e segurem firme, ou vão cair do outro lado. – Senti minhas mãos tremer, mas fiz o que ela pediu. – Quando eu apitar, quero que deem um impulso forte com os pés, fiquem no ar por alguns segundos e depois curvem o corpo para frente e desçam novamente. – Engoli em seco. – Quando eu apitar. – Ela falou.
Um som fino veio de seu apito e as crianças começaram a dar pulos animados nos ares, tentando fazer com que a vassoura começasse a voar. Engoli em seco, observando-as e olhei para minhas mãos firmes na vassoura, tremendo com a possibilidade dela começar a voar.
- Não está tendo sucesso? – Madame Hooch perguntou e olhei para ela.
- Eu não tentei. – Falei, engolindo em seco.
- Pois tente, você verá que voar é...
- Eu morro de medo de voar, alturas e afins. – Engoli em seco, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
- Ah, senhorita Black, isso é... – Ela se perdeu em palavras.
- Eu posso não... – Perdi as palavras, saindo de cima da vassoura. – Por favor...
- Claro, claro! – Ela falou, segurando minha mão por um momento. – Tentaremos novamente quando se sentir mais confortável, ok?!
- Obrigada! – Falei, soltando a vassoura de volta no chão, respirando fundo, tentando fazer minha respiração voltar ao normal.
Percebi que algumas crianças olhavam para mim e davam risadas, mas eu tentei me manter calma, mas eles eram crianças de 11 anos, eles faziam de propósito ou talvez não intencional. Enquanto um deles subia e descia com a vassoura, fazendo o movimento diversas vezes, ele também ria e apontava o dedo para mim. Franzi os olhos em sua direção, ficando cada vez com mais raiva de seu dedo apontado para mim e, no segundo seguinte, o garoto caiu no chão, me fazendo arregalar os olhos e me colocar em pé rapidamente.
- O que aconteceu? – A professora se aproximou do mesmo, vendo que ele tinha torcido o tornozelo. – Vou te levar para a enfermaria. – O aluno apoiou na professora e foram se retirando da área da aula. – Estão dispensados. – O restante dos alunos comemorou empolgado e eu engoli em seco.
De alguma forma eu sabia, aquele garoto caiu por minha culpa, mas como?
Engoli em seco, seguindo o mesmo caminho dos outros alunos, mas correndo um pouco mais rápido, passando pelos jardins e corredores do colégio, tentando achar um lugar em que eu estivesse totalmente sozinha para que eu pudesse treinar algumas coisas, explodir outras. Passei por uma longa ponte, saindo em um dos grandes jardins do colégio, onde uma grande árvore sacudia a alguns metros na esquerda e uma pequena casa era colocada, um pouco mais abaixo.
- Ei! – Senti um braço me puxar e percebi que era George, me fazendo respirar fundo. – O que aconteceu? – Passei os braços pelo seu pescoço, abraçando-o fortemente. – Ei, ei!
- Eu machuquei um garoto, eu explodi uma pena, eu não participei da aula de voo e transformei Cookie em um copo e ele ainda não voltou ao normal! – Falei desesperada, passando as mãos na cabeça. – Isso só hoje, Georgie! – Falei nervosa.
- Ei! Ei! Ei! – Ele me segurou pelos ombros. – Relaxa. – Respirei fundo, passando as mãos firmemente nos olhos.
- “Relaxa”, George? Como relaxar? Eu não faço parte desse mundo, eu não deveria estar aqui, eu...
- Ei! - Ele gritou, me calando. – Isso é completamente normal! Vem cá! – Ele me puxou pela mão e sentei em um banco, com ele ao meu lado. – Você não precisa surtar com isso, é completamente normal, são coisas que acontecem.
- Então, por que ninguém mais aparenta estar tão desesperado quanto eu? Todos estão muito felizes em voar, fazer as coisas levitarem e sei lá mais o quê. – Engoli em seco.
- Porque eles não têm a mesma história que você. – Ele falou. – Ninguém perdeu tudo por causa de magia, perdeu anos e anos da vida por causa da magia. – Ele acariciou meu rosto, limpando as lágrimas. – Isso deve ser só medo. – Respirei fundo. – Você deve estar recuando.
- Eu não sei se posso fazer isso, George.
- Você pode! – Ele falou. – Você foi selecionada para a casa das pessoas mais inteligentes de Hogwarts. Harry disse que sua varinha também é excepcional...
- Ela também não me obedece. – Suspirei. – Está dando tudo errado. – Apertei as mãos no rosto.
- Dê tempo ao tempo. – Ele falava calmo.
- Sei que meu pai não teve culpa, mas se ele não tivesse sido preso, se eu não tivesse ficado presa nesse orfanato todos esses anos, nada disso teria acontecido. – Cruzei os braços. – Ou mais fácil, se tio Arthur não tivesse me tirado do orfanato, também nada disso teria acontecido. – Suspirei.
- É. – George falou. – Mas eu provavelmente não te conheceria. – Ele falou franzindo os lábios e senti meus ombros caírem, como se uma batalha tivesse sido perdida.
- Me desculpe. – Falei. – É só... É tão frustrante. – Suspirei. – Eu machuquei alguém, George, uma criança de 11 anos.
- O que aconteceu? – Ele perguntou e eu bufei.
- Ele começou a rir de mim por eu não querer subir na vassoura e entrar em estado de desespero com essa mera possibilidade, obviamente eu comecei a chorar, e eu só o encarei, de repente, ele caiu da vassoura. – George franziu a testa.
- Isso é magia, . – Ele falou.
- Mas como? Eu não estava usando minha varinha, não falei nenhuma palavra, nem nada. – Suspirei.
- Essa é a prova perfeita que você precisa continuar tentando. Sua magia deve ser diferente ou mais forte do que a de pessoas como eu e o pessoal. – Suspirei.
- Isso quer dizer...
- Você pode ser mais forte que nós, só precisa aprender a canalizar sua magia da forma certa.
- E como eu faço isso? – Passei as mãos nos olhos, sentindo-os colados.
- Treinando, participando das aulas e não deixando ninguém te tirar do sério! – Rimos juntos, suspirando.
- Prometo que vou tentar. – Suspirei. – Afinal, onde está Fred? Vocês nunca estão sozinhos?
- Ele foi tentar falar com Angelina. Achei que seria melhor ele fazer isso sozinho. – Rimos juntos. – Além de que... – Ele acenou para um grupo de pessoas afastadas de nós. – Estou vendendo algumas coisas.
- Vocês são terríveis! – Falei rindo.
- Você que deu apoio para gente continuar isso, o problema é aquela cara de sapo que está colocando mil regras e proibindo qualquer tipo de graça, além de estar fazendo a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas teórica, não estamos aprendendo nada para se defender.
- Ei, então, não sou só eu que acho que ela tem cara de sapo! – Falei rindo.
- Se mantenha longe dela. Ela faz parte do Ministério da Magia, aposto que vai arranjar motivos de sobra para te punir...
- Mas por quê? O que eu fiz? – Franzi a testa.
- Você nada, mas seu pai...
- Ele era inocente! – Falei firme.
- Sim, eu sei disso, o mais importante é que você sabe disso, mas eles não sabem. – Engoli em seco. – E sabemos que Voldemort voltou também e que alguma coisa muito estranha está acontecendo. Temos que tomar cuidado. – Suspirei, assentindo com a cabeça.
- Se alguém quiser explosivos em penas, acho que posso recriar. – Ele riu.
- Que tal recriar ele para algo que possamos vender? – Ele perguntou, se levantando e esticando as mãos para mim.
- Seria muito bom, mas me deixa aprender a controlar antes. – Ele riu.
- Fechado! – Ele sorriu. – Vou terminar meus negócios aqui e te acompanho para o almoço, pode ser?
- Claro! – Sorri. - Precisa de um banco? – Perguntei sorridente.
- Acho que vai ser bom alguém que saiba fazer contas, diferente de Fred. – Rimos juntos e nos aproximamos de seus compradores.


Capítulo 4

- Sinto muito, professora Trelawney. – Falei ao abrir os olhos novamente. – Mas acho que isso realmente não é para mim.
- Tudo bem, minha querida. Não é no primeiro dia que você terá sorte com a arte da bola de cristal. – Ela deu uma risada fraca e se voltou para o centro da sala. Olhei mais uma vez para a bola de Cristal e franzi a testa, tentando ver algo além da fumaça acinzentada lá dentro.
- Isso é ridículo, não? – Gina cochichou para mim e desviei os olhos, olhando para ela.
- Para mim tudo isso está sendo muito ridículo, para ser honesta. – Suspirei.
- Estão dispensados por hoje. – A professora falou e juntamos nossos materiais, saindo aos montes da aula de Adivinhação. Dessa vez eu tinha feito com a turma do quarto ano.
- Vai para o salão? – Gina perguntou.
- Vou aproveitar que estou aqui e deixar alguns livros. – Falei, apontando para cima, na escada em espiral.
- Nos vemos depois! – Assenti com a cabeça e a vi descer, subi alguns degraus.
Alguns alunos tiveram a mesma ideia que eu e estavam acumulados pensando no enigma do dia. Não tinha ouvido, mas logo alguém respondeu corretamente e a porta foi aberta. Subi para o dormitório feminino rapidamente e coloquei os livros das primeiras aulas na minha gaveta da cômoda, fiz um carinho rápido em Cookie que estava cada dia maior e saí novamente.
Desci as escadas correndo, desviando de alguns alunos mais lentos e voltei a caminhar quando cheguei ao último andar, tentando recuperar o fôlego. Eu estava mais acostumada a subir e a descer isso diariamente, mas cansava demais.
Parei um pouco antes, vendo uma movimentação na porta do grande salão e observei duas cabeças ruivas se sobressair dos demais pela sua altura. Passei por entre as pessoas, raspando em algumas sem querer e cheguei perto de ambos.
- O que está acontecendo aqui? – Perguntei.
- Ei, Lil! – Eles falaram juntos e eu acenei com a mão.
- Aviso! – Fred falou desanimado e fiquei na ponta dos pés, vendo um aviso na parte de baixo da parede.
Atenção: Dolores Jane Umbridge foi indicada para o cargo de Alta Inquisidora de Hogwarts.
- O que isso quer dizer? – Perguntei.
- O que eu falei, o Ministério vai intervir. – Hermione apareceu e eu franzi a testa. – Ela não está nos ensinando a nos defender. Isso não é bom.
- Vamos ter que esperar para ver. – George falou. – Mas eu tenho vontade de colocar algumas vomitilhas em seu chá.
- Eu apoio! – Fred falou e eu sorri.
- Apoio também. – Dei de ombros. - Nos vemos depois?
- Não tem aula livre agora? – Hermione perguntou.
- Não. Eles estão me colocando no máximo de aulas possível. – Dei de ombros. – Cada dia tem uma diferente.
- A gente também tem. – Os gêmeos falaram juntos.
- Nos vemos depois? – George perguntou.
- Claro! – Falei e saímos da multidão, seguindo pelos corredores da escola. – Vocês tem aula do quê?
- Poções! – Eles falaram juntos e eu franzi a testa.
- Finalmente terei aula com o meu ano, é?! – Ergui o livro e ambos sorriram.
- Ah, vai ser demais. Você vai odiar o Snape! – Fred falou e eu franzi a testa.
- Ele é o do cabelo engordurado?
- Sim! – Eles falaram juntos e eu franzi a testa.
- Opa! – Franzi a testa.
- Acho que é bom dizer que ele também não gostava de seu pai. – Fred falou e eu suspirei alto.
- Já vi que a aula vai ser uma delícia! – Falei, dando largas espaçadas com as pernas, tentando acompanhá-los.
- Alguma novidade nos fogos? – George perguntou.
- Acho que termino mais tarde. As meninas do meu quarto vão para o treino de quadribol, vou aproveitar que estarei sozinha e, em breve, eles estarão prontos para serem testados. – Falei animada.
- Estamos levando a menina para o mau caminho, cara. – Fred bateu em George e eu revirei os olhos.
- Pelo menos eu tenho que ser boa em alguma coisa, certo? – Dei de ombros e segui para dentro da sala de Poções.
Olhei para as duas mesas dispostas pela sala um tanto quanto escura, iluminada somente por algumas fagulhas de fogo em frascos de vidro. George me cutucou com o braço e seguimos para a mesa perto da porta. Ambos se sentaram e eu fiquei com a ponta, ao lado de George e de uma menina da Sonserina que aparentava estar com muito sono.
- Bom dia, alunos! – O professor entrou apressado na sala, batendo a porta atrás de si e eu arregalei os olhos, sentindo minhas mãos suarem. – Hoje vocês continuar a produção da porção do morto-vivo. – Ele falou. – Tem até o final da aula. – Franzi a testa, vendo os alunos se levantarem e pegarem os materiais nas prateleiras ao redor da sala.
Olhei para os lados, vendo que até o colega da Sonserina tinha se levantado e suspirei. E eu? Procurei pelo professor com o olhar, mas com a movimentação dos alunos, era um pouco difícil. Virei para o lado e me assustei com ele ao meu lado, colocando a mão na testa.
- Senhorita Black. – Dei um sorriso de lado.
- Professor... – Falei.
- É a sua primeira aula de poções hoje, vamos tentar algo mais fácil, sim?
- Claro! – Falei, engolindo em seco.
- Faça a poção Limpa-Ferida, ela está na página 27 do seu livro. Também tem até o fim da aula para me entregar.
- Tudo bem! – Falei, vendo-o se retirar e suspirei.
Abri o livro, procurando pela poção que o professor tinha falado e me levantei, pegando todos os ingredientes estranhos que tinha na mesma: escaravelho, sanguessuga, murtisco, menta, e lingústica. Agradeci pelos dois primeiros já estarem mortos. Voltei para minha mesa, pegando um pequeno caldeirão e levando-o de volta à minha mesa.
- O que ele pediu para você fazer? – George perguntou, mexendo em sua poção.
- Poção Limpa-Ferida. – Falei. – Disse que é mais fácil. – George deu uma risada irônica.
- Com certeza não. – Ele falou. – Acho que ainda não consegui fazer uma direita.
- Que ótimo! – Sorri. – Estou sendo testada. – Ele riu.
- Quieto, Weasley! – Ouvi Snape falar e olhamos um para o outro, conversaríamos depois.
Olhei para meu livro e fui seguindo conforme as instruções. Cortar isso, amassar aquilo, mexer isso, contar os minutos exatos na ampulheta para não perder o tempo de cozimento ou de descanso. George também trabalhava ao meu lado. A poção dele tinha mais tempo de descanso do que a minha, então ele se mantinha distraído fazendo desenhos na contracapa do livro, produtos novos para o Weasley&Weasley.
Pouco antes do final da aula, antes do professor passar pelas mesas para conferir as poções, uma explosão veio da outra mesa, fazendo um Lufano se afastar da mesa e eu arregalei os olhos. Pelo menos não tinha sido eu, afinal.
- Menos 10 pontos para a Lufa-Lufa. – Snape falou e eu franzi a testa, olhando para George.
- Não se preocupe, nós sempre perdemos pontos para a Grifinória. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Vamos conferir essas poções.
- Não, professor... – Alguns alunos gritaram, querendo mais tempo, mas eu fiquei feliz pela minha poção estar pronta. Bom, pelo menos ela tinha a cor arroxeada que o livro pedia e parecia uma geleia de tão grossa que ficara.
- Quem não finalizou, pode se levantar e ir embora. – Alguns alunos se levantaram e saíram da sala, incluindo Fred, o que fez com que eu e George franzíssemos nosso rosto.
- Ele odeia essa aula. – George comentou e eu assenti com a cabeça.
Professor Snape passou pelos poucos 10 ou 12 alunos que sobraram na sala. Ele levava algumas folhas em sua mão e colocava na poção para ver se dava o efeito desejado, segundo o livro, a porção do Morto-Vivo coloca a pessoa em um transe profundo, que imita o estado de morte. Creio que quando a folha entrava em contato com a poção, era de morte instantânea.
- Perfeito, senhor Weasley. – Snape falou e George ficou feliz por um segundo. – Qual dos dois é você mesmo?
- George! – Ele falou desanimado.
- Ótimo! – Ele falou e se virou para mim. – Senhorita Black.
- Lily, por favor. – Falei.
- Senhorita Black... – Ele me corrigiu e me afastei um pouco, vendo-o mexer na poção rapidamente. – Vamos fazer o teste.
Ele ergueu a manga de sua veste e vi diversos cortes em seus braços e engoli em seco. Ele testaria aquilo nele? Eu não deveria nem ver. Ele pegou a concha da poção e colocou um pouco em seu braço, fazendo um som de dor rapidamente. Me aproximei dele para ver se estava tudo certo, mas os cortes em seu braço fecharam como se uma borracha tivesse sido passada neles.
- Uau! – Falei surpresa.
- Parabéns, senhorita Black. Vejo que tem predisposição para Poções. – Snape falou e eu não pude evitar em ver um sorriso em seus lábios. – 10 pontos para Corvinal. – Abri um largo sorriso. – Avançaremos mais para a próxima aula. – Ele disse.
- Obrigada! – Falei, pegando meus livros.
- Sua poção está correta. Pode levá-la consigo e usá-la em caso de ferimentos.
- Tudo bem! – Ri fraco, pegando dois frascos e derrubando a poção com cuidado para não descobrir o ardor que ela fazia, pelo som do professor. – Pode ficar com um. – Estendi para o professor. – Parece que precisa. – Saí animada com George e olhei para o professor antes de passar pela porta, vendo-o com um pequeno sorriso no rosto, me deixando feliz.
- Por que demoraram tanto? – Fred perguntou do lado de fora.
- Parece que nossa Lily aqui é boa em poções. – George falou e eu ri fraco.
- Ah, graças a Deus! – Suspirei. – Eu precisava ser boa em alguma coisa. – Eles riram. – Ou foi sorte e na próxima aula eu vou explodir tudo igual aquele menino...
- Bem, Snape até sorriu com a sua poção correta. – George falou.
- Snape, sorrindo? – Fred perguntou. – Nunca vi isso.
- Milagres acontecem! – George brincou e eu sorri. – Mas isso... – Ele tirou o frasco de minha mão. - Com certeza conseguimos usar em algum produto.
- São itens de diversão ou isso virou uma farmácia agora? – Suspirei.
- Acalme-se. – George falou, passando o braço pelo meu ombro e encarando o líquido arroxeado.
- Que aula você tem agora? – Fred perguntou.
- Defesa Contra...
- As Artes das Trevas. – Eles finalizaram fazendo caretas. – É com a cara de sapo. Vamos lá, antes que ela nos transforme em sapos.
- Já estou feliz que estou tendo aulas com pessoas da minha idade hoje. – Suspirei.
- Seus poderes estão saindo, quem sabe pelo próximo mês você já não oficializa na nossa turma? – George falou.
- Menos na de voo, é claro! – Fred disse e eu mostrei a língua para ele, ouvindo-os rir.

- Ei, Lil! Estávamos te esperando! – Fred falou, se levantando de um dos bancos da área externa da escola.
- Eu consegui! Eu consegui! – Falei animada, esticando uma caixinha preta para ambos. - Segura isso! – Pedi e George a segurou.
- Isso vai explodir ou...
- Não, só fica quieto! – Falei para ele que se calou.
Tirei a varinha do bolso da minha calça jeans e vi outros alunos começarem a se aproximar de nós. Apontei para a pequena caixa na mão de George e me concentrei, vendo uma pequena fagulha pular para a ponta da minha varinha. Me afastei um pouco, puxando a varinha como se fosse uma bolha de sabão e vi diversas bolas brilhantes sair da mesma, voando para os ares.
- Uau! – Eles falaram.
- Peguem! – Gritei, vendo uma das bolas brilhantes passarem em minha direção e segurei-a com as mãos, vendo-as brilharem em tons de fogo.
- Não queimam! – Fred comentou e eu assenti com a cabeça.
- Como você fez isso? – George perguntou.
- Com o Pó Escurecedor Instantâneo do Peru e uns Detonadores! – Falei sorrindo.
- Como? – Ele repetiu e eu dei de ombros.
- Magia! – Falei sorrindo e ele riu. – Pega! – Falei, jogando para ele, como se fosse uma bola.
- Isso é sensacional! – Fred falou, fazendo malabarismo com três delas. - Podemos vender isso? – Dei de ombros.
- Mas qual seria o propósito delas? – George perguntou, jogando para outros alunos que nos acompanhavam.
- A diversão já não é um ótimo propósito? – Falei rindo. – E estou elaborando em outras cores, formatos...
- Formatos? – Fred perguntou.
- Claro! Que tal um cachorro correndo por aí? Ou uma ave voando? – Eles riram. – Além de tamanhos, maiores, mais potentes...
- Mais divertidos. – George falou e eu assenti com a cabeça.
- E cabem em uma caixinha de fósforos! – Falei sorrindo.
- Essa é a melhor parte! – Eles falaram juntos e rimos.
Os alunos em volta começaram a participar, até os normalmente mal-humorados da Sonserina. Estava quase parecendo uma queimada, mas ninguém podia derrubar os fogos, se não elas sumiam, como fagulhas. Notei que as bolas começaram a sumir e olhei para o lado assustada, notando a cara de sapo com a varinha esticada para cima, puxando as bolas de fagulha para a varinha.
Ela deu um sorriso presunçoso e se retirou, sacudindo aquele bumbum rosa e ouvindo os saltos da mesma cor batendo contra as pedras. Bufei algo, dando alguns passos para frente e olhei para os gêmeos.
- Ela... – Eles falaram juntos e nos entreolhamos.
- Ah, não! – Falamos juntos e começamos a correr pelo pátio da escola.
Era fim de semana, mas nem assim a cara de sapo parava de nos atazanar. Desviamos de algumas pessoas, incluindo da mesma e paramos na porta do grande salão, vendo Filch com a escada novamente. Cruzamos os braços e esperamos que ele subisse a mesma, arranjando espaço em algum canto livre na parede entupida de avisos e proibições absurdas.
- Rá! – Filch falou para nós quando desceu da escada novamente e nos aproximamos para ler o aviso.
“Todos os produtos Weasley devem ser banidos imediatamente”.
- Aquela rata, sapa, filha de...
- Ei! – Fred e George me seguraram e eu bufei alto, jogando os cabelos para trás.
- Ela não pode fazer isso! – Falei brava. – Isso é... – Soltei um grito esganiçado, fazendo com que ambos olhassem assustados para mim. – Eu vou enfiar vomitilhas no chá daquela cobra...
- Ei, até que a ideia é boa! – George falou rindo.
- Mas sabe o que isso significa, Lil? – Fred passou o braço pelos meus ombros e eu olhei para ele.
- O quê? – Cruzei os braços.
- Nada! – Eles falaram juntos.
- Ela baniu os produtos, não a gente. – Fred disse.
- E ainda estamos aqui. – George falou sorrindo.
- Relaxa, vai ser só mais um jeito dela nos odiar. – Cruzei os braços, sorrindo.
- Qual é o plano? – Perguntei sorridente.
- Vem, baixinha. – Eles me puxaram. – Você ainda tem muito que aprender. – Ri fraco.

- O que você tem agora? – Nigel perguntou para mim, quando saímos da aula do Flitwick.
- Nada! – Falei sorrindo. – Finalmente eu tenho um tempo livre. – Ele riu.
- Eu tenho Poções. – Ele fez uma careta. – A gente se vê depois.
- Até mais! – Falei animada, vendo-o correr por entre os corredores.
Segui para o pátio, vendo que várias pessoas se amontoavam nele e corri para ver o que acontecia. Encontrei Hermione parada com Rony e outros alunos em uma das passagens para o pátio e parei ao lado deles. Professora Trelawney estava no centro do mesmo e Filch trazia suas últimas malas. Ela estava com uma expressão triste, que fez com que eu engolisse em seco.
- O que aconteceu? – Os gêmeos apareceram atrás de nós e só dei espaço para eles verem a cena.
Dolores saiu de um dos corredores, atravessando o meio do pátio e se aproximando de Sibila. Não dava para ouvir o que ambas conversavam, mas Dolores esticou um papel para a professora Trelawney e pelas malas jogadas no pátio, só podiam estar demitindo ela. Mas por quê?
Dei licença para que Minerva passasse por entre nós e ela foi para o pátio, abraçando professora Trelawney. Um barulho alto nos distraiu e professor Dumbledore saiu por meio das portas principais, se aproximando das três professoras no meio do pátio.
- Minerva, leve Sibila lá para dentro, por favor. – Pude ouvi-lo falar com a voz imponente e engoli em seco. Minerva e Trelawney se retiraram às pressas.
- Devo lembrar que pelo Decreto Educacional Número 23, promulgado pelo Ministério...
- Tem o direito de demitir professores. – Dumbledore cortou. – Entretanto, não tem liberdade para bani-los desse local. Isso ainda é poder do diretor. – Suspirei. Não ouvi o que Dolores falou, mas Dumbledore logo se retirou e os alunos começaram a se dissipar.
- O que eu perdi? – Cochichei, vendo a turma de Harry revirar os olhos e eu olhei para eles.
- Eu falo! – Harry falou, já que ninguém se pronunciou, e eu e os gêmeos olhamos para ele, cruzando os braços. – Vamos sair daqui. – Ele disse, olhando em volta e começamos a andar em bando pela escola. – A cara de sapo está avaliando todas as aulas, na aula da Trelawney, ela pediu para ela prever uma profecia...
- Mas sabemos que não é assim que se prevê uma profecia... – Hermione o cortou.
- Ok... – Nós três falamos juntos.
- Bem, ela previu e disse que Umbridge corria um grande perigo. – Saímos pelos jardins da escola, descendo em direção à casa de Hagrid.
- E por isso, ela demitiu a Trelawney? – George perguntou.
- Sim! – O pessoal do quinto ano falou.
- Oh! – Franzi a testa, me sentando no gramado, enquanto o pessoal se ajeitava pelos cantos.
- Será que ela não falou só por falar? – Luna perguntou.
- Eu não sei... – Hermione disse.
- Olha, eu não estou aqui há muito tempo, mas a Trelawney parece ter uns parafusos à menos, mas eu nunca duvidei de suas habilidades. – Falei e todos se entreolharam.
- Seria ótimo se ela estivesse correndo um grande perigo mesmo... – Olhamos para Hermione. – Ah, vão dizer que vocês estão felizes com isso? Não estamos aprendendo a nos defender, nem a passar nas NOMs. – Ela se levantou. – Se tivéssemos um ensino de qualidade, nada daquilo teria acontecido semestre passado, teríamos conseguido nos defender, Arthur não teria se machucado, Sirius não teria mor...
- Hermione, se toca! – Rony a cortou e eu engoli em seco.
- Desculpa! – Ela falou olhando para mim e eu assenti com a cabeça.
- Tá tudo bem. – Sorri.
- A questão é que não sabemos nos defender. – Suspirei.
- Acreditem se quiser, eu até gosto da aula dela. – Comentei e todos olharam assustados para mim.
- O quê? – Os gêmeos perguntaram.
- É a única aula que eu não explodo nada. – Falei, cruzando os braços e a roda inteira gargalhou.
- Temos que pensar que tem um mal maior lá fora. – Luna disse e suspirei. – Você-Sabe-Quem. – Todos se entreolharam.
- Ele está mesmo lá fora? – Virei para Harry que somente assentiu com a cabeça.
- Perdemos um amigo no ano passado por causa dele, Lil. – George falou e eu suspirei.
- As provas são incontestáveis. – Neville falou e eu suspirei.
- Nós precisamos aprender a nos defender. – Hermione falou. – E se a Umbridge não quer nos ensinar, precisamos de alguém que ensine. – Ela se virou para Harry e todos o encaramos.
- O quê? Eu? – Ele falou, se levantando. – Ninguém vai querer aprender com um lunático como eu. – Ele falou.
- Mas você é o que mais tem experiência. Inclusive já lutou várias vezes com Você-Sabe-Quem e ainda está vivo. – Fred disse, me fazendo rir.
- Valeu! – Harry disse.
- Acredite, é bem melhor do que com a cara de sapo. – Rony falou, nos fazendo rir.
- Seria ótimo! – Falei. – Tirando explodir penas, me recusar a subir em uma vassoura e criar fogos que brilham, eu não sei muito mais não. – Falei sorrindo.
- Você é boa em poções, fica quieta. – Gina disse, me fazendo rir.
- Alguém é pelo menos! – Os gêmeos falaram rindo.
- Vocês estão realmente cogitando? – Harry perguntou.
- Você tem alguma ideia melhor? – Hermione virou para ele.
- Acho que você é o único entre nós com experiência em Defesa Contra as Artes das Trevas. – Rony disse, suspirando.
- Ok... – Harry ponderou um pouco. – E quem faria parte disso?
- Acho que só algumas pessoas mais próximas. – Neville disse. – Aposto que criar sociedades secretas é proibido também.
- E o que não é? – Suspirei.
- E onde vamos treinar?
- Uma coisa de cada vez. – Me levantei, limpando a grama da minha capa. – Se vocês forem fazer isso, eu estou dentro. – Estendi minha mão para dentro do círculo.
- O que é isso? – George perguntou.
- Vocês não conhecem? – Virei o rosto em volta.
- Eu conheço! – Hermione falou, colocando a mão em cima da minha, me fazendo sorrir.
- Colocamos as mãos e... – Cortei George.
- Só coloca a mão! – Falamos juntas, fazendo-os se levantarem e colocando as mãos na roda.
- E agora o que acontece? – Fred cochichou para mim e eu pisei em seu pé, ouvindo-o reclamar.
- Ok... – Harry falou, com a mão no topo. – E do que seremos chamados? - Nos entreolhamos, passando por todos pela roda e parei meu olhar sobre Harry também. – Podemos ser a Armada de Dumbledore. – Sorrimos e assenti com a cabeça.
- Agora precisamos de um local para treinar e amanhã vemos se mais pessoas aceitam participar. – Rony disse.
- Perfeito! – Falamos juntos, abaixando as mãos.
- Avisem quando as aulas começarem. – Falei e eles riram.
- Acho melhor a gente dissipar um pouco. – Gina falou. – Filch está de olho.
- A gente se vê no jantar. – Falamos e eu voltei pela ponte com Fred e George, passando por Filch, dando sorrisos falsos e seguindo para dentro da escola.
- Aula agora? – George perguntou.
- Não. – Sorri. - Ainda bem! – Eles riram.
- Quer ver o treino de quadribol? Deve começar já, já. – Eles falaram e eu dei de ombros.
- Por que não? – Sorri. – Conseguiram voltar para o time?
- Hum... – Eles falaram.
- Ok, já entendi que não! – Eles riram, mas seguimos para o campo do mesmo jeito.

- Vai dar problema! – Cantei baixo, vendo Neville cair do outro lado da sala após seu feitiço dar errado.
- Por quê? – Gina me perguntou e os gêmeos aproximaram o rosto.
- Eu sou péssima em usar a varinha, ela não me obedece. – Falei, girando o objeto em minha mão.
- Você conseguiu semana passada.
- Depois da vigésima tentativa. – Suspirei.
- Acho que é só falta de treino. – Ela falou.
- Só não faça isso. – Rony falou em minha frente e segurou minha mão.
- Desculpe! – Parei e eles riram. – Só espero que eu não mate ninguém. – Falei e notei alguns olhares virem para mim.
- Ela está brincando! – Fred falou, me virando de frente novamente.
- Você diz que eu estou brincando, já...
- Fica quieta! – George falou. – Têm pessoas aqui que ainda tem um medinho de você, sabia?
- Ah, só porque pensam que meu falecido pai matou...
- Lily! – Os quatro Weasley falaram juntos e eu me calei.
- Não está mais aqui quem falou. – Ergui as mãos.
- Vamos lá, Lily? – Harry perguntou e todos se viraram para mim.
- Eu estou bem, obrigada! – Balancei a cabeça.
- Vamos! – Ele disse.
- Não, sério! Eu prefiro o boneco! – Apontei para o boneco que treinamos na primeira semana.
- Eu vou com ela! – George falou, saindo da fila e eu olhei para o mesmo do outro lado.
- Não! – Falei, vendo-o se colocar em um dos cantos das duas fileiras.
- Ah, qual é?! O que pior pode acontecer? – Ele falou e eu suspirei.
- Eu posso listar as opções, se preferir. – Dei alguns passos para frente, saindo da minha fila.
- Se acontecer algo, você me leva para a madame Pomfrey. Apesar de que eu posso te atingir antes. – Ele me provocou e franzi os olhos para ele.
- Ok, Georgie! Vamos ver o que vai rolar! – Falei, me colocando de costas para ele e dando alguns passos, voltando a encarar o ruivo em minha frente.
Vi algumas pessoas darem alguns passos para trás e empunhei a varinha firmemente em minha mão. Olhei para trás rapidamente, pensando onde eu cairia quando ele me atingisse. Tirei a mão de dentro do bolso da saia e afrouxei levemente a gravata azul.
- Um... – Harry começou a contar e eu respirei fundo. – Dois... Três!
- Estupefaça! – Gritei, esticando a varinha em direção a George.
Um facho de luz azul saiu da ponta da minha varinha, atingindo George em cheio que caiu para trás, mas antes que eu pudesse comemorar, o feitiço ricocheteou e me atingiu de volta novamente, me jogando para trás, fazendo com que eu batesse a cabeça no chão. Sentei um tanto desnorteada, vendo o pessoal correr em nossa direção e eu passei a mão na cabeça, coçando a mesma.
- Está tudo bem? – Harry me perguntou e eu olhei George se levantando também.
- Sim, está! – Sorri e ele me esticou as mãos, me fazendo levantar.
- Você está melhorando. – Ele falou e eu cocei a cabeça, apertando-a, sentindo um galo na mesma.
- Talvez! – Suspirei. – Mas essa varinha ainda não gosta de mim. – Falei, ouvindo-o rir.
- Por quê? Ela acertou o feitiço.
- Sim, mas ela ricocheteou. – Falei, vendo George se aproximar.
- Não foi George que te atingiu? – Harry perguntou.
- Nem deu tempo de eu fazer nada. Ela foi mais rápida. – Ele falou e olhei sua testa que estava avermelhada. – O que aconteceu? – Ele perguntou.
- O feitiço bateu em você e voltou para mim. – Suspirei. – Por isso eu caí.
- Ela realmente não gosta de você. – George brincou, olhando o local em que eu passava a mão.
- Ela te escolheu! – Fred falou. – Vamos fazer com que ela goste.
- Vamos de novo, então. – Harry falou. – Quem se habilita? – Ele virou para a turma que se afastou.
- Acho melhor eu continuar testando no boneco. – Falei.
- Eu vou! – Nigel falou, dando um passo para frente e eu olhei para o mesmo.
- Mesmo? – Perguntei.
- Claro! Por que não? Vamos lá, Lil! Dê seu melhor. – O aluno do segundo ano falou, me fazendo dar um sorriso e voltei a me colocar em posição.
- Eu gosto dele! – Cochichei para George que franziu os lábios, revirando os olhos, me fazendo sorrir.
- E eu gosto de você! – Ele falou, se afastando com Fred e eu dei um pequeno sorriso, sentindo meu rosto esquentar.

- Mademoiselle... – Ouvi ao sair da estufa de Herbologia e virei para o lado, vendo George parado próximo a mesma.
- Ei! – Falei e ele tirou os livros da minha mão. – Cadê o Teco? – Perguntei.
- Quem? – Ele perguntou.
- Fred! – Falei, me lembrando de que ele não conheceria a referência.
- Já foi para a Sala Precisa. – Assenti com a cabeça. – Vim te acompanhar. – Sorri, assentindo com a cabeça.
- Obrigada! – Falei, mordendo meu lábio inferior.
- Sabe da novidade? – Seguimos pelos corredores.
- Ah, qual é a da vez? – Suspirei.
- “Todos os alunos serão interrogados sobre atividades ilícitas suspeitas”. – Ele falou, tentando imitar a voz de Dolores e eu gargalhei junto dele.
- Ah, mais um aviso? – Ele assentiu com a cabeça, ajeitando a mochila nas costas. – Quantos já são?
- 82, se eu não estiver errado. – Franzi a testa.
- Ela é louca! – Suspirei. – Mas o que será isso?
- Sei lá! – Ele deu de ombros. – Vamos descobrir se nos pegarem! – Ri fraco.
- Espero que não! – Rimos juntos. – Já colocou os bombons para Filch?
- Fred disse que ia cuidar disso, no aguardo dele com o rosto cheio de espinhas. – Rimos juntos e paramos no meio de um corredor menos movimentado.
- Ah, vai ficar horrível! – Fiz uma careta, me lembrando do último aluno que comprou isso e comeu por engano.
- Pronta? – Ele perguntou e estendeu sua mão.
- Vamos lá! – Segurei sua mão e dei uma olhada em volta, antes de fechar os olhos.
Contei até três, sentindo George apertar minha mão carinhosamente e abri os olhos novamente, vendo a porta da Sala Precisa aparecer em nossa frente. Fui à frente, olhando rapidamente pelas laterais e passando pela mesma, vendo-a sumir rapidamente em seguida.
Lá dentro a aula de Harry já acontecia. Alguns alunos ainda estavam tentando fazer feitiço de levitação com pessoas reais. Eu ainda estava há procura de um par que aceitasse com que eu fizesse isso com ele, enquanto isso eu levitava mesas, cadeiras, livros e objetos mais pesados. Se eu explodia até uma pena, imagina o que aconteceria com uma pessoa.
Vi Cho erguendo Nigel e acenei para o mais novo, me colocando ao lado de Rony, entrando na roda. Eu e ele nos entreolhamos e viramos para Harry que ajudava Cho e demos sorrisos discretos. O casal se distraiu e ouvi um barulho alto, vendo Nigel caído no chão.
- Ah, meu Deus! – Coloquei as mãos na boca.
- Estou bem, estou bem! – Nigel falou, se ajeitando e eu ri, negando com a cabeça.
- Bom, vamos para outro tipo de treino. – Harry falou, se distraindo e eu e Rony rimos cúmplices.
- Aí tem! – Falei para ele que riu.
- Façam uma roda, por favor. – Nos ajeitamos como ele pediu e ele trouxe o boneco para o centro. – Nós vamos fazer um teste aleatório. O boneco vai andar em volta da roda, e quando ele se aproximar de você, você deve tentar um dos feitiços aprendidos inicialmente e afastá-lo de si. – Ele falou se colocando para fora da roda. – Pode começar, Dino!
- Estupefaça! – Ele falou, mandando para Nigel.
- Reducto! – Ele disse, fazendo com que o boneco diminuísse e continuasse andando.
- Confundus! – Parvati disse.
- Engordio! – Fred disse ao meu lado, fazendo o boneco crescer novamente.
- Protego! – Hermione disse fazendo o boneco se virar e se aproximar de mim.
- Reducto! – Gritei, vendo um facho de luz azul sair de minha varinha e fazer com que o boneco se dissolvesse em poeira.
Olhei assustada para o objeto destroçado em minha frente e vi que algumas pessoas olhavam surpresas para mim. Virei para os lados, vendo os Weasleys me olhando com a mesma feição assustada e engoli em seco.
- Fantástico, Lily! – Harry falou, dando um largo sorriso e começou a me aplaudir.
- Isso é algo bom? – Perguntei.
- Você arrebentou o boneco. – Rony falou surpreso e nervoso ao mesmo tempo. – Imagina fazer isso com uma pessoa.
- Com certeza podemos usar isso. – Harry falou e eu sorri.
- Eu estou começando a ficar com medo de você. – George cochichou em meu ouvido e eu ri, virando para ele e piscando.
- Ah, vocês estão insuportáveis! – Fred falou, me fazendo rir.
- Não se ajeitou com a Angelina, por quê? – Perguntei, virando para ele.
- Longa história! – George cantarolou e rimos juntos.
- Vamos continuar, então. – Harry falou, empurrando outro boneco para o centro da roda. – Lily, vem treinar comigo, por favor.
- Até mais! – Acenei para os gêmeos e saí da roda, indo saltitante em direção a Harry. – O que faremos?
- Você está ficando forte. – Ele falou baixo, se aproximando de mim.
- Isso é ruim? – Perguntei, ouvindo os feitiços serem lançados contra o boneco.
- Não! – Ele falou. – É muito bom, por sinal, mas você precisa tomar cuidado com isso. Aprender a controlar muito bem para se defender, caso precise. – Assenti com a cabeça, respirando fundo. – Agora vamos, treine comigo.
- Não quero te machucar, priminho! – Brinquei e ele riu.
- Espero que machuque! – Ele disse e eu ri fraco, me afastando alguns passos dele. – Manda a ver!

- Hoje vamos aprender um feitiço mais difícil. – Harry disse na Sala Precisa e me aproximei um pouco mais do meio da roda. – Vamos tentar fazer o feitiço do Patrono. – Ele falou e vários alunos olharam empolgados e eu virei para George que também tinha o sorriso no rosto. Eu continuava perdida. – Pensei numa lembrança bem forte, a mais feliz que tiverem, permitam que ela preencha vocês. – Engoli em seco, tentando imaginar que felicidade eu teria para pensar: quando tio Arthur me tirou do orfanato? Quando reencontrei tio Remo? Quando descobri que tinha parentes? Ou quando George olha para mim? – O Patrono corpóreo é o mais difícil de ser produzido, mas escudos também são muito úteis contra uma variedade de oponentes. George, é a sua vez! – Ele falou e eu virei para o lado.
- Expecto Patronum! – Ele falou e uma onda de brilho azul saiu de sua varinha, me fazendo sorrir.
- Lembre-se, seu patrono só vai te proteger enquanto tiver concentrado, então permaneça concentrado. – Ele falou e eu fechei os olhos, tentando me concentrar.
Fui puxada novamente para uma falsa memória minha, a qual eu corria por um jardim de girassóis em um vestido branco, com uns dois ou três anos e meus pais vinham logo atrás, de mãos dadas e gesticulando, enquanto passavam pelas flores. Minha mãe tinha os cabelos iguais ao meu, jogados para trás e presos em uma trança. Já meu pai não tirava os olhos negros de minha mãe e o largo sorriso do rosto.
- “Lily”. – Minha mãe gritou na memória e ambos se sentaram em uma toalha de piquenique e mamãe abriu uma cesta.
Desviei do meu caminho e voltei em direção ao mesmo, pulando no colo de meu pai, sentindo-o me pegar no colo e deitar no chão, me erguendo nos ares, me fazendo ouvir uma gargalhada alta, gostosa e contagiante. Mamãe gargalhou também e papai me colocou na toalha. Segurei a mão de ambos e sorri, olhando para as nuvens que passeavam pelo céu.
- Concentre-se, Lily! – Ouvi Harry falar e abri os olhos. Senti meu rosto molhado e passei a mão em minha bochecha, me fazendo abrir um leve sorriso.
- Expecto Patronum! – Falei, pensando na lembrança e vi o facho azul sair da mesma novamente e um cachorro pular no ar, saindo da ponta da minha varinha e olhei assustada para a mesma.
Segurei a varinha com as duas mãos, me concentrando e girei o corpo, vendo o cachorro começar a andar por entre a sala, esbarrando em algumas pessoas e saltitando alegremente. Ele voltou em minha direção e parou em minha frente, como se esperasse alguma ordem e foi sumindo aos poucos. Senti as lágrimas voltarem aos meus olhos e suspirei, deixando que algumas escapassem da mesma.
- Lil! – Notei que Harry, Hermione, Rony, Fred, George e Gina me encaram e eu passei as mãos em meu rosto, tentando afastar as lágrimas. – Seu patrono é...
- Um cachorro! – Falei.
- É seu pai! – Ele falou e eu franzi a testa. – Seu pai era um animago e ele se transformava em um cachorro. – Mordi meu lábio inferior. – O meu é um veado porque o do meu pai era. – Mordi meu lábio inferior, respirando fundo e assenti com a cabeça.
- Então, isso quer dizer que...
- De certa forma... – Fred falou.
- Seu pai está te protegendo. – George completou e eu senti vontade de chorar novamente, mas Harry me apertou fortemente em seus braços, fazendo com que algumas lágrimas escapassem novamente e eu respirei fundo, fechando os olhos.
Um barulho nos distraiu e os lustres da sala começaram a balançar. Todos começamos a nos aproximar do meio da sala, e Harry seguiu para frente, onde o barulho era intenso e ficava cada vez mais alto. As luzes começaram a piscar e o espelho de uma das paredes despedaçou em mil pedaços, fazendo com que levantássemos nossas varinhas.
Harry e Nigel se aproximaram do pequeno buraco da parede e Harry olhou pelo mesmo, afastando Nigel. Ouvi uma voz falar e arregalei os olhos. Dolores. Harry puxou Nigel às pressas e uma explosão veio do pequeno buraco, fazendo espalhar poeira para todos os lados. Quando a mesma baixou, pude ver Dolores, Filch, os amigos enxeridos de Draco e... O mesmo, puxando Cho para si. Nos entreolhamos rapidamente e eu engoli em seco.
- Peguem todos! – Dolores falou e um feitiço foi lançado, fazendo com que nos amarrassem com cordas e nossos corpos caíssem no chão, imobilizados. Ótimo.
Nossos corpos foram levitados e fomos levados para o grande salão. Assim que chegamos lá, as portas foram lacradas e nossos corpos caíram no chão. Me levantei apressadamente, mas senti meu ombro doer com a queda.
- Você está bem? – George perguntou e eu assenti com a cabeça.
- Acho que sim. – Suspirei.
- Sentem-se, a alta inquisidora estará aqui em breve. – Filch falou e nos olhamos.
- Vamos! – Draco falou alto e olhei para o mesmo, cruzando os braços.
- E você é? – Perguntei, mesmo sabendo que aquela não era a hora para gracinhas.
- Tinha que ser filha do Black. – Ele falou com desdém, segurando meu braço com força e me puxando em direção às cadeiras.
- Ei, solte ela! – Os gêmeos gritaram e eu agitei os braços, me livrando do mesmo.
- Não me toque! – Falei, erguendo as mãos e me afastando alguns passos para trás.
- Você não sabe com quem está se metendo, não é?
- Sei sim... – Dei um sorriso de lado. – Priminho! – Falei, dando um largo sorriso e vi uma veia saltar de sua testa.
- Não me chame assim. – Ele disse, estendendo sua varinha em minha direção e eu puxei a minha do bolso, fazendo o mesmo.
- Eu não faria isso se fosse você. – Falei feliz por ser uma desastrada nesse momento.
- Eu não tenho medo de você. – Ele retribuiu.
- Eu teria, cara! – Fred disse.
- Honestamente! – George completou e eu sorri.
- Vou certificar que você tenha o pior castigo. – Ele se aproximou, abaixando sua varinha e aproximou seu rosto do meu.
- Não há nada que você faça, que me fará sofrer. – Ele deu um sorriso presunçoso e antes que pudesse sorrir eu puxei o catarro e cuspi em seu rosto, fazendo-o se afastar e os alunos gargalharem.
- Chega! – Dolores se aproximou da sala. – Em seus lugares. E quietos! – Ela tinha o tom de voz bravo.
O grande salão estava vazio, somente com algumas carteiras colocados na mesma. Me sentei em um lugar perto da nossa turma e vi que tinha um pergaminho e uma pena na mesa. Diferente das nossas. Droga! Harry já tinha passado por isso.
- Quero que todos escrevam “Não devo desobedecer a alta inquisidora”. – Achei a frase bem ridícula, mas respirei fundo.
Segurei a pena com a mão trêmula e comecei a passá-la levemente sobre a caneta, vendo minha caligrafia ser formada no papel. Escrevi três vezes antes de sentir minha mão direita começar a formigar. Aquilo doía! Escrevi mais algumas vezes e vi a frase escrita inteira em minha mão, como se eu tivesse passado a ponta fina da pena em minha mão.
Olhei para frente, sentindo minha boca borbulhar de raiva e vi Dolores sentada em uma das poltronas, como se fosse a rainha do lugar, mas o que mais me dava raiva era o sorriso presunçoso em seus lábios.
Quem diria que no dia seguinte aquela megera substituiria Dumbledore como diretor.

- Eu acho maldade o que estão fazendo com ela. – Falei na mesa do jantar no dia seguinte. – Eles ameaçaram torturar sua mãe, isso é horrível! – Falei, mordendo o último pedaço de torta.
- Ela está certa! – Padma falou. – Eu trairia todos meus amigos para proteger minha família. – Dei de ombros.
- É uma situação delicada. – Luna disse.
- Sim, ela está triste, coitada e ainda temos dois meses de aula. – Comentei. – As coisas precisam mudar. – Suspirei.
- Senhoritas! – Virei para trás, vendo George parado na mesma. – Posso roubar Lily de vocês um momento?
- Claro! – Elas falaram e eu me levantei.
- Nos vemos na sala comunal! – Falei e segui George para fora do grande salão. – O que aconteceu? – Perguntei quando saímos do mesmo.
- Eu só queria aproveitar a noite contigo. – Ele falou, segurando minha mão e eu sorri, assentindo com a cabeça. – Antes do toque de recolher, que teremos que ir para nossos quartos e ficar olhando para o teto.
- Xí! – Falei, negando com a cabeça. – Não vamos falar disso. – Ele riu e entrelacei meus dedos nos dele. – Onde está sua outra metade?
- Aceitou nos deixar a sós por um tempo. – Me encostei nele, apoiando a mão livre em seu braço.
- Milagre! – Falei rindo. – Sempre são vocês dois. – Ele riu.
- Mas agora ele vai ter que me dividir contigo. – Me sentei em um banco e apoiei a perna no mesmo.
- Acho que... De certa forma, ele sempre teve que te dividir comigo. – Dei um pequeno sorriso. – Parece tão certo...
- Porque é! – Ele sorriu, esticando a mão livre e acariciando meu rosto. – A gente se entendeu tão bem, como se nos conhecêssemos a vida inteira. – Ele riu.
- E conhecemos! – Neguei com a cabeça.
- Você me entendeu. – Ele sorriu.
- Entendi sim. – Ele riu.
- E agora? – Perguntei. - O que vai ser?
- Como assim? – Ele perguntou e ergui os olhos para ele.
- Você sabe. Sobre nós! – Seu rosto já estava próximo do meu.
- Eu não tenho certeza, mas acho que seu pai não me aprovaria como seu namorado. – Rimos juntos.
- Provavelmente nem ele, nem tio Remo, nem seu pai... – Ele fez uma careta, me fazendo rir.
- Talvez, mas...
- Mas não é decisão deles. – O cortei. – É minha! – Ele sorriu. – Além de que nenhum deles está aqui para palpitar.
- Bom! – Ele falou e deslizou no banco, ficando mais perto de mim.
Ele ergueu sua mão livre para meu rosto, enquanto a outra se mantinha na minha e ele jogou minha franja para o lado e se aproximou de mim. Ele colou os lábios nos meus, pressionando-os delicadamente. Nos afastamos lentamente e sorrimos cúmplices. Coloquei minha mão em sua nuca e aprofundamos o beijo, fazendo com que sua mão descesse pelas minhas costas, me puxando para mais perto dele.
- Eu gosto de você, Lily! – Ele cochichou, com os lábios ainda próximos do meu. – Eu prometo para você, seu pai, Lupin e meu pai, que eu vou cuidar de você. – Sorri, abrindo os olhos.
- Eu vou gostar disso, Georgie! – Ele sorriu, dando um beijo em minha testa.
- Que lindo! – Viramos o rosto assustados, encontrando Fred apoiado em uma das pilastras.
- Ah, Fred! – Falei irritada, me levantando.
- Eu pedi um tempo para você. – George falou. – Custava?
- Eu fiquei entediado. – Ele falou. – Além de que não podia perder a oportunidade em te zoar. – Ele riu sozinho e reviramos os olhos.
Uma criança correndo e chorando passou por nós e nos entreolhamos. Os dois foram mais rápidos e seguiram o garoto, parando logo em seguida. Segui os mesmos, vendo que o garotinho loiro agora chorava abraçado ao corpo, sentado em um banco livre. Fred examinava a mão do garoto. Ele era novo demais, deveria estar no primeiro ano ainda.
- Ei, qual é seu nome? – George perguntou para o aluno da Grifinória.
- Michael. – Ele falou choroso.
- Sua mão vai ficar boa, Michael. – Fred disse.
- É, não é tão ruim quanto parece, viu?! – George completou. – Já está sumindo. – Ele mostrou sua própria mão e olhei a minha onde a marca ainda estava visível.
- Nem dá para ver mais as nossas, e a dor passa depois de um tempo. – O garoto assentiu com a cabeça e eu virei para o lado, vendo Harry se aproximar de nós.
- O que está fazendo aqui? – Cochichei para ele.
- Oclumência. – Ele falou e assenti com ele. – Você?
- Longa história. – Disse.
- Com licença! – Ouvi uma voz e Fred e George se levantaram rapidamente, se colocando ao nosso lado quando Dolores apareceu em uma das passagens do corredor. – Como já lhe disse, senhor Potter, crianças travessas merecem ser punidas. – Ela deu aquele sorriso presunçoso e se retirou.
- Ele está só no primeiro ano. – Reclamei. – O que ela espera? – Bufei.
- Sabe, George, eu sempre achei que nossos futuros estavam fora do mundo acadêmico. – Fred falou.
- Fred, eu tenho pensado exatamente a mesma coisa. – George respondeu e eu franzi a testa para ambos.
- Vou levá-lo para o salão comunal, nos vemos depois. – Harry falou. – Boa noite, Lil.
- Boa noite, primo! – Falei, vendo-o estender a mão para o garoto e se retirar. - O que estão pensando? – Falei assim que Harry se retirou.
- Decidimos abrir a loja. – Fred falou.
- A loja de logros e brincadeiras. – George completou.
- Mesmo? A Weasley e Weasley? – Perguntei animada.
- É! – Eles falaram juntos e eu sorri.
- Mas como vão fazer isso? Eu tenho algumas economias de papai que acho que pode ajudar com algo, mas não acho que seja muito. – Falei apressada.
- Falamos com Harry depois daquilo tudo da Umbridge, ele decidiu virar nosso sócio. – Sorri, dando pulos no lugar.
- Isso é ótimo, gente! – Falei feliz. – Vai ser demais.
- Estamos pensando em ir embora o mais rápido possível. – Fred soltou e George bateu em seu ombro.
- Vocês vão fugir da escola? – Perguntei.
- Valeu, cara! A gente acabou de ficar junto e...
- As férias estão chegando, vocês vão se encontrar logo. – Fred retrucou.
- Ei! – Falei um pouco alto demais. – Não briguem por minha culpa, pelo amor. – Balancei a cabeça. – Eu acho fantástico. Mesmo! – Sorri. – Vocês devem fazer isso, certeza.
- Obrigado! – Fred falou, batendo a mão em George.
- , eu...
- Me levem com vocês. – Cortei George.
- O quê? – Eles gritaram juntos.
- Não. Você está ficando boa em magia, você precisa treinar e...
- E o quê, Georgie? Que grandes trabalhos eu posso ter no mundo bruxo? Além de que eu não tenho o que fazer sem vocês aqui, vocês são as únicas pessoas da minha idade que eu tenho amizade, o resto me acha louca ou assassina. – Bufei. – Além de que essa Dolores é louca, aposto que aprendo mais com Harry nas férias ou com vocês. – Suspirei.
- Tem certeza disso? – Fred perguntou.
- Esse lugar não é para mim, Fred. Agradeço a escola por tentar me ajustar, mas estudar com turmas do segundo ano? Do primeiro? Não tenho paciência para isso. – Suspirei. – E também aposto que serei de melhor ajuda cuidando da contabilidade da loja ou como vendedora. – Suspirei. – Por favor... – George olhou para Fred e eu fiz o mesmo.
- Está bem! – Ele disse. – Mas eu não queria que fosse diferente mesmo, não agora que meu irmão começou a namorar. – Rimos juntos e George passou o braço pelos meus ombros. – Precisamos armar um plano de como distrair a Dolores e você precisa perder o medo de voar. – Ponderei com a cabeça, sentindo meu corpo tremer só de pensar em voar.
- Tem os NOMs em alguns dias, gente. – Dei um pequeno sorriso. – Pessoal do quinto ano está louco estudando, ela que vai inspecionar, não?
- Podemos usar isso. – George falou.
- Você é fantástica! – Fred falou animado e eu sorri.
- Eu sei, tá?! – Eles riram. – Agora vamos, não quero levar suspensão por estar aqui fora depois do horário...
- Ou namorando. – Fred debochou e eu e George rimos desanimadamente.

Desci as escadas que davam para o grande salão e coloquei cinco caixas de fogos explosivos na porta fechada do mesmo e tirei minha varinha do bolso da minha roupa de trouxa e apontei para uma caixinha de cada vez, vendo os explosivos começando a sair das caixas e começar a se chocar contra a porta, fazendo um barulho opaco na mesma. Saí correndo da mesma, subindo o primeiro lance de escadas e me escondendo, acenando com a cabeça para Fred e George.
- Tudo pronto! – Falei e eles subiram nas vassouras.
- Nos encontramos lá fora. – George falou e eu sorri, mandando um beijo no ar.
Ficamos quietos, ouvindo o barulho dos fogos ficarem cada vez mais alto e ouvimos as trancas das portas do salão e um dos fogos explodir nos ares. Os gêmeos saíram com suas vassouras e só deu tempo de eu ver Dolores assustada e ambos entrando voando para dentro do salão.
- Valeu, professora! – Eles gritaram e corri para a porta do salão, vendo-os começarem a jogar os mais diversos fogos que eu tinha visto para os ares, incluindo as provas dos alunos do quinto ano.
Eles voavam de um lado para outro, soltando os fogos pelos ares, outros perseguiam alguns alunos que nós não gostávamos, incluindo Draco, os alunos olhavam para cima abismados e felizes por alguém finalmente conseguir derrubar Dolores.
Filch esbarrou em mim com um esfregão e gargalhei, pensando o que ele poderia fazer com aquilo. Movimentei minha varinha, fazendo o feitiço Accio em silêncio e alguns fogos corpóreos surgiram em minhas mãos. Joguei todos no chão e respirei fundo.
- Wingardium Leviosa! – Falei, fazendo-os levitarem, e os gêmeos logo entenderam a ideia.
Eles os jogaram para cima, explodindo em diversos fogos menores e um dragão se formou, começando a seguir Dolores pelo corredor central do salão. Corri para a porta principal, abrindo as mesmas e saí por ali, me colocando próxima ao chafariz. Dolores tentou correr, mas quando saiu da sala, o dragão em formato de fogo a pegou e minifogos escaparam por ele, explodindo os mais de cem avisos na parede. Fazendo com que eles estourassem e caíssem, causando um barulho ensurdecedor.
Eles saíram voando do salão e George me procurou pelo olhar e me puxou pelo braço para cima de sua vassoura. Agarrei as mãos fortemente em sua cintura e fechei os olhos, sentindo-o ir com uma velocidade que fazia meu estômago borbulhar.
- Segure firme, ! – Ele falou e ouvi alguns fogos estourarem próximo de nós. – Você vai querer ver isso. – Senti a vassoura dar um solavanco e abri um dos olhos devagar, vendo um grande W se formar no céu com fogos e abri um sorriso, feliz por ter feito algo que preste.
- Já fizemos o que tinha que fazer, agora vamos antes que venham atrás de nós! – Fred falou e assenti com a cabeça.
- Vai! – Falei e senti a vassoura de George dar um solavanco e nos levar para longe, fazendo com que a escola, a floresta, o lago e tudo ao seu redor, ficasse cada vez menor.
- Qualquer coisa me avisa, ok?! – Ouvi a voz de George.
- Ok! – Falei. – Mas eu estou bem. – Sorri, apoiando a cabeça em seu rosto e soltando um suspiro fraco.


Capítulo 5

- Ei, , acorda! – Ouvi um som e resmunguei, sem abrir os olhos, ainda sentia o vento bater em meus cabelos e minha orelha, isso significava que ainda estávamos voando.
- Fala... – Resmunguei baixo.
- Estamos chegando, vou precisar de sua ajuda para pousar. – George falou e abri um olho, vendo que o sol estava começando a se pôr e estávamos cada vez mais baixos.
- Claro! – Falei, suspirando.
- Prontos para os ouvidos explodirem? – Fred perguntou e franzi a testa, os Weasley deveriam ficar muito surpresos pela nossa chegada antes do fim do semestre.
- Quero só ver! – Georgie respondeu e suspirei.
- Estou com fome. – Reclamei, ouvindo minha barriga roncar.
- E vontade de ir ao banheiro. – Fred falou.
- A gente parou há uma hora para você se aliviar e você ainda está com vontade? – Perguntei, fazendo George rir.
- Essa garota vai nos separar, cara! – Ele reclamou com Fred e eu sorri.
- Vai não, Fred. Relaxa. – Sorri, piscando para ele que riu.
Observei os campos baixos agora, depois que a colheita já tinha sido feita, e as vassouras foram baixando aos poucos. George a manteve próximo do chão, mas no ar ainda e eu pulei da mesma, sentindo minhas pernas tremerem ao tocar no chão. Ela parecia uma gelatina. Eles desceram logo em seguida. Coloquei as mãos na barriga, sentindo-a borbulhar um pouco ainda, mas acho que tudo que podia sair, saiu nos primeiros 30 minutos de viagem, fazendo com que parássemos muitas vezes, apesar de outras não terem dado tempo.
- Prontos? – Perguntei e ambos bufaram. Eles seguiram na frente, segurando as vassouras e respiraram fundo antes de abrir a porta da Toca.
- Fred e George Weasley! – Ouvi um grito estridente, me dando vontade de não entrar e os dois travaram na porta. – Aqui, agora! – Os gritos de Molly continuaram e eles entraram, eu só coloquei a cabeça para dentro. – Você também, Lily Black! – Ela gritou comigo e notei ela, tio Arthur, Remo e Tonks nos olhando com caras de poucos amigos.
- Vocês sabiam que estávamos chegando? – Perguntei, franzindo a testa.
- Claro! A escola nos mandou uma carta informando. – Tio Arthur falou. – O que estavam pensando em sair daquele jeito? E sem finalizar o último ano. – Ele bufou.
- Não brigue com eles, tio Arthur, eles tiveram...
- Nós tivemos... – Eles falaram.
- Nós tivemos uma ideia e achamos melhor do que a escola. – Falei baixo.
- E a senhorita, Lily? O que seu pai diria se estivesse aqui? – Bufei.
- Não sei, mas como ele não está aqui...
- Não seja assim, Lily! – Remo me cortou e eu suspirei.
- Os três, no sofá! – Molly falou apontando para o sofá e seguimos até o mesmo, sentando lado a lado, sentindo o sofá ficar apertado para nós três. - Vocês fugiram sem avisar ninguém! Destruíram os NOMs dos alunos do quinto ano, fizeram uma bagunça na escola, deixaram a nova diretora muito brava com o desleixo de vocês que eu aposto que vai acarretar em seu pai no trabalho amanhã. – Ela continuou falando.
- Não é por nada não, mãe, mas esse é o significado de fugir, sabe? – Fred falou nos fazendo rir.
- Não me teste, Fred! – Ela ralhou e eu engoli em seco.
- Podemos falar? – Me levantei, erguendo a mão. – Sério! Temos um ótimo motivo para ter fugido dali e não acho justo nós sermos penalizados sem nem falarmos. – Falei e todos se entreolharam, me fazendo bufar.
- Pode falar, Lily! – Remo falou e os quatro se sentaram em cadeiras a nossa frente e eu voltei a me apertar entre George e o braço do sofá.
- Queremos abrir uma loja, mãe. – George falou baixo.
- Dos nossos produtos. – Ele sorriu de lado.
- Daquelas brincadeiras que vocês fazem e vendem nas férias? – Ela perguntou.
- Sim. – Eles falaram juntos.
- E vocês acham que assim vão ganhar dinheiro? – Tio Arthur perguntou.
- Eles são bons, tio Arthur. – Falei. – O pessoal da escola compra aos baldes. – Sorri. – São tão populares que foram banidos. – Nós três rimos juntos.
- Além de que a escola está um caos. – Fred falou. – Aquela Dolores Umbridge é um demônio, ela não nos deixa treinar, proíbe qualquer tipo de contato, brincadeira, alegria, felicidade...
- Além de que nos pune de forma desumana. – George completou e nós três erguemos as mãos.
- E você, Lily? O que veio fazer aqui? – Remo perguntou e eu suspirei.
- Eu não sirvo para isso, tio Remo. – Suspirei. – Eu fiz aulas com primeiro ano, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e sétimo. – Engoli em seco. – Tinha mais aulas do que todos os alunos, tinha mais amigos que todos os alunos, mas eu não sou boa nisso. – Suspirei.
- Mais ou menos... – Fred e George falaram juntos e eu ri, sorrindo.
- Eu explodo as coisas com facilidade, não consegui domar minha varinha ainda, ela não me obedece e quando eu consigo fazer um feitiço direito, as coisas explodem. Qualquer coisa, mesmo. – Falei, respirando fundo e eles me olharam surpresos. – Eu sou boa em poções. – Dei um pequeno sorriso.
- Quem dá aula de Poções? – Remo perguntou.
- Snape! – Os gêmeos falaram juntos.
- Que surpresa! – Remo falou.
- Pois é, acho que ele deu até um sorrisinho quando ela fez a poção perfeitamente. – George falou, me empurrando pelos ombros e eu ri.
- Imagino o que seu pai pensaria sobre isso. – Tio Arthur falou, nos fazendo rir.
- E você não quis nem tentar mais um pouco? – Tonks perguntou.
- Eu posso não ser muito boa em magia, mas eu sou boa em criar alguns produtos para a loja e em matemática, creio que serei mais útil na loja. – Ela deu um sorriso de lado. – Além de que eu já tenho a educação básica trouxa e sempre posso aprender com todos vocês. – Virei para George, sorrindo com ele.
- Pois bem... – Tio Arthur se levantou.
- O que está pensando, Arthur? – Molly também se levantou.
- Eles parecem bem convencidos do que querem. – Ele falou e demos sorrisos cúmplices. – Com a guerra que se aproxima, também não acho muita garantia de futuro ficar na escola. – Franzi os lábios, abaixando a cabeça.
- Eu gostaria que vocês nos falassem um pouco mais dessa loja. – Molly disse. – Não é fácil simplesmente abrir uma loja. – Assentimos com a cabeça.
- Sim, mãe! – Os gêmeos falaram juntos.
- Nós temos um plano! – Falei, dando um pequeno sorriso.
- Conte-me! – Ela disse e nós três nos entreolhamos.
- Então... – Falamos juntos.

- É basicamente isso! – Eles finalizaram juntos e eu tive que balançar a cabeça para acordar. Eles falaram quase tudo juntos, fazendo o som ecoar em minha cabeça e confundir tudo. Os quatro adultos se olharam entre si e só demos sorrisos nervosos.
- Tudo bem... – Molly falou, ainda um pouco confusa com tudo isso. – E qual seu papel nisso, Lily?
- Contabilidade, criação de alguns produtos. – Dei de ombros. – Sabe como é, eles podem precisar de mim! – Dei um pequeno sorriso, fechando-o logo em seguida.
- A Lily criou os fogos que testamos... – Fred parou. – Na escola. – Ele falou baixo.
- Ah, não acredito! – Tio Arthur falou. – Vocês ainda levaram-na para esse mundo de travessuras?
- Não é por nada não, tio Arthur, mas acho que já sou grandinha o suficiente para ser coagida a alguma coisa. – Falei. – Além de que eu só estava arrumando jeitos de me divertir. – Dei de ombros.
- Ok... – Ele falou pensativo.
- O que acha, Arthur? – Molly perguntou, segurando o braço do marido.
- Eu não sei... – Ele nos encarou, bufando fortemente. – Vai adiantar mandarmos vocês novamente para a escola? – Ele nos perguntou e virei para os gêmeos. Eu só estava aqui por coincidência.
- Não! – Eles falaram juntos e tio Arthur se virou novamente para Molly.
- Pelo menos eles têm um plano, Molliuóli. – Ele disse. – Eles sempre fizeram isso, a vida inteira, pelo menos é algo que sabemos que eles gostam. – Molly bufou.
- É que falta tão pouco para eles finalizarem a escola e...
- Você vai sentir orgulho de nós, mãe. – Fred falou.
- Prometemos! – George completou.
- Ah, meus queridos! Eu já sinto orgulho de vocês. – Ela se levantou e abraçou os ruivos mais altos que ela. – É só que... A formação... – Ela suspirou. – É importante.
- Sabemos, mãe. – Fred disse.
- Mas queremos fazer mais, não ficar sentado em um escritório como papai. – George disse.
- Desculpe, pai. – Eles falaram juntos.
- Não se preocupem! – Tio Arthur disse. – Mas quero ver resultado, sim? Quero vê-los trabalhando duro para essa loja sair e ser um sucesso!
- Pode deixar! – Falamos juntos e os quatro sorriram.
- Bom, então é isso. – Molly se afastou. – Eu vou preparar o jantar.
- Ah, mãe... – George se levantou, esticando a mão para mim.
- Sim, querido? – Molly se virou.
- Temos outra coisa para te contar. – Ele me abraçou pelos ombros, me trazendo para perto e eu o abracei pela cintura, dando um sorriso tímido. – Nós...
- Estamos juntos! – Falei e parece que vi a reação de Molly em câmera lenta.
Primeiro ela olhou para nós dois como se não entendesse nada. Depois ela olhou para Fred que somente arqueou os ombros como se dissesse que não tinha nada a ver com isso. Depois seu sorriso se alargou como a luz dos nossos fogos, mas Tonks nos assustou, dando um grito atrás dela, comemorando.
- Meu Deus! Vocês estão juntos! – A moça de cabelos roxos falou e passou igual um foguete por Molly, nos abraçando fortemente. – George finalmente desencalhou! – Ela abraçou o mais alto fortemente e sorriu. – Ah, isso é ótimo!
- Vocês estão juntos? – Tio Arthur perguntou e assentimos com a cabeça.
- Foi uma das coisas boas que aconteceram na escola. – Falei, olhando para George que sorriu e depositou um beijo em minha cabeça.
- Ah, meus queridos! – Molly falou se aproximando e nos abraçou fortemente. – Ah, isso é ótimo! – Ela sorriu, fazendo um carinho em meu rosto. – Ah, isso é demais! – Ela sorriu, animada. – Estou tão feliz por vocês, não é ótimo, Fred? – Ela virou para Fred e eu e George rimos.
- Sim, iupi! – Ele falou sem ânimo e todos gargalhamos.
- Ele vai se acostumar com o tempo. – George falou e eu sorri.
- Eu estou feliz por vocês, sério! – Ele se levantou. – Só não vamos tirar o foco do motivo que viemos aqui, sim?!
- Sim, irritadinho! – Falei, bagunçando seus cabelos. – Pode deixar.
- Ah, só sei que seu pai ficaria muito feliz com isso, Lily. – Ouvi uma risada debochada vinda de trás e vi tio Remo levantar.
- Sei não se Sirius estaria feliz com sua única filha namorando, Molly. – Ele comentou. – Ainda mais um dos gêmeos! – Segurei a risada, colocando as mãos na boca.
- Ah, ele gostava da gente! – Eles reclamaram juntos.
- Em partes! – Remo falou e eu ri.
- Ah, para de graça! – Molly bateu o braço nele.
- Só cuida dela, ok, garoto? – Ele falou firme para George e eu até me assustei, franzindo a testa. – Ela é como uma filha para mim.
- Pode deixar, Lupin! – George esticou a mão para ele que a apertou fortemente.
- Bom, muito bom! – Tio Arthur se aproximou, também cumprimentando o filho. – Sejam felizes, ok?!
- Ah, gente... – Os chamei. – Vocês estão agindo como se estivéssemos nos casando, mas acabamos de... – Tentei procurar por palavras. – Bem, acabamos de ficar juntos. – Suspirei.
- Ah, querida, mas vocês moram juntos, vão trabalhar juntos... É quase um casamento. – Molly falou e eu e George olhamos estranho um para o outro.
- Está bem, está bem! – Fred nos aliviou. – O que vai ter de janta, mãe? – Ele perguntou, nos fazendo rir.
- Uma boa dose de castigo para os três. – Molly falou. – Não pense que deixaremos barato. – Ela falou e franzi a testa.
- Mas... – Falamos quase juntos.
- Os três para os quartos. Um em cada quarto. – Ela falou. – Para já! – Ela disse, batendo as mãos. – Temos também que pensar como trazer seus materiais de volta.
- Talvez eles já devem até ter chegado também. – George falou.
- Acho que já sei o que foi o barulho de vidro quebrando, Molly. – Tonks falou e fechei os olhos, escondendo o rosto entre as mãos.
- Para os quartos, agora! – Molly falou firme novamente.
- Será que Cookie está bem? – Perguntei para George e não esperei a resposta, fui correndo escada acima.

- E aí, como está? – George perguntou, saindo da Toca e me encontrando na garagem, em meio a velharias de tio Arthur.
- Acho que terminei! – Falei, apagando o fogo azul embaixo do caldeirão.
- Segundo o livro, a cor está igual. – Ele falou conferindo o livro de poções do sétimo ano.
- Vocês sabem que é a poção mais perigosa do mundo, não sabem? – Tonks falou, esticada em uma das cadeiras velhas do fundo.
- Sabemos, Tonks, mas não se preocupe, eu tomei algumas precauções. – Falei.
- Quais? – Fred perguntou.
- Eu fiz ela mais diluída, então, se vendermos em frascos de 15 miligramas, cada frasco, terá o efeito de mais ou menos 24 horas. – Ambos se entreolharam e confirmaram com a cabeça.
- Interessante... – Fred falou.
- Se a pessoa quiser continuar dando as doses, elas vão acontecendo de 24 em 24 horas. – Eles assentiram.
- Acho que vamos precisar de um pergaminho enrolado nela para falar todos os perigos e contraindicações. – George falou, me fazendo rir.
- Provavelmente, mas essa é a primeira, podemos elaborar de outras formas. – Suspirei. – Amortentia é muito forte.
- Beleza! – Fred falou, esfregando as mãos umas às outras. – Quem vai testar? – Todos nos afastamos do caldeirão.
- É, o problema é esse! – Falei cruzando os braços. – Quem vai testar?
- Eu já sou apaixonado por Lily, então não vai adiantar. – George falou, se afastando.
- E eu por George! – Me afastei também.
- Eu tenho Remo! – Tonks falou e todos olhamos para Fred.
- Ah, não! – Ele disse bravo. – Eu não vou testar, além do mais, eu vou me apaixonar por quem? – Ponderei por alguns segundos.
- Podemos ver se tem algum bom partido para você na região. – George falou, passando o braço pelos ombros do irmão.
- Claro! – Ele falou irônico, revirando os olhos.
- Talvez não precisamos tomá-la propriamente. – Falei.
- Podemos dar para alguém. – Fred falou animado.
- Não! – Falei firme. – Cada pessoa sente um cheiro diferente para poção, se cada um sentir algo diferente, sabemos que já é um bom caminho...
- Ok! – Eles falaram e nós quatro nos aproximamos do caldeirão, puxando fortemente o ar que subia da poção brilhosa e perolada, e que subia uma fumaça em espirais.
- Eu sinto... – Falei. – Cheiro de alcaçuz, de fogos e... – Respirei fundo. – Morangos. – Virei para George que sorriu.
- Eu sinto o cheiro do seu cabelo, de cookies saídos do forno e...
- Ah, tá! – Fred abanou a mão. – Quanto amor! – Ele revirou os olhos. – Acho que está bom, não?!
- Acho que alguém está bravinho porque não está apaixonado! – Falei, abraçando Fred pelos ombros que riu.
- Vocês não podem vender isso sem testar. – Tonks falou e eu suspirei.
- Concordo! – Falei.
- Eu posso tomar. – George falou. – Eu já sou apaixonado por você, o máximo que vai acontecer, é eu falar algumas besteiras, fazer algumas... – Ele disse, dando de ombros.
- Você já fala besteiras! – Fred disse, nos fazendo rir.
- Pode ter algum efeito colateral negativo... – Falei.
- Morte! – Virei para Tonks, esticando a colher para ela. – Estou brincando, estou brincando. – Ela disse.
- É raro, mas ela tem razão. – Falei, franzindo a testa.
- Eu confio em você! Você é boa em poções! – Suspirei, dando de ombros.
- Por sua própria conta e risco. – Falei, erguendo a colher e ele se aproximou da mesma, tomando um gole da mesma e passou os lábios uns no outro.
- É gostosa! – Ele disse e olhei o relógio rapidamente.
- Agora esperamos. – Falei e olhei nervosa para meu namorado.
- Vou assistir de camarote isso. – Fred se sentou em uma das cadeiras e ergueu os pés, fazendo com que ele tombasse para trás e caísse no chão, nos fazendo rir.

- Quanto gostaria de retirar? – O duende perguntou para mim e eu suspirei.
- Tudo! – Falei, vendo George arregalar os olhos.
- Tem certeza? – Ele me perguntou e eu suspirei, abraçando-o pela cintura.
- Tenho sim! – Falei. – Esse negócio é nosso, certo? Todos estão ajudando! – Falei, vendo o duende começar a ensacar o dinheiro e suspiramos.
- E se não der certo? – Ele perguntou e eu franzi a testa.
- Você já viu a quantidade de cartas que a gente recebeu desde que fugimos da escola? – Perguntei. – Isso que eu acho que algumas devem estar sendo interceptadas pela Dolores. – Ele riu.
- Rony falou que eles deram um jeito nela. – George falou e eu franzi a testa.
- Sem a gente? – Perguntei e ele riu.
- Sim! – Assenti com a cabeça.
- Esses três, viu?! – Falei e eles riram.
- Pronto, senhorita Black! – O duende falou, nos estendendo os diversos sacos e assentimos com a cabeça.
- Vamos lá! – Falei animada. – Onde está Fred?
- Foi encontrar o dono do imóvel! – George falou e voltamos para o carrinho.
Puxei o ar fortemente, antes de sentir o carrinho começar a andar e George me abraçou forte pelos ombros. Eu ainda não tinha conseguido me acostumar com isso, principalmente depois de umas três ou quatro horas em cima de uma vassoura nada confortável usada na fuga de Hogwarts. George ainda tinha as marcas das minhas unhas em sua cintura.
Chegamos na superfície e usamos um carrinho dos meninos para puxar todas as economias monetárias do cofre de papai. O Beco Diagonal estava muito mais vazio, agora, no fim do ano letivo. Então, estávamos bem mais folgados. Os problemas eram os seguidos ataques de comensais da morte, parecia que a guerra que tio Arthur tanto falava, estava chegando, mas tentávamos não nos abalar com isso... Ainda.
- Ei, vocês chegaram! – Fred falou, se afastando de um senhor e George estendeu o cabo do carrinho para que ele segurasse. – Tudo isso?
- Como se fôssemos pagar só o local. – Falei. – Móveis, fachada, tudo terá que ser mudado. – Falei.
- Olha isso aqui! – Ele falou, nos puxando um pouco para o canto e vi a loja. – Não é uma maravilha?
- Claro! – Falei, olhando para o local antigo e fechado há muito tempo. – A maravilha caindo aos pedaços, mas é. – Franzi os olhos.
- Ah, vamos lá! A gente dá um jeito! – Fred nos abraçou pelos ombros. – Têm três andares, algumas salas de escritórios, grandes espaços já com prateleiras e balcões. Vai ficar demais! – Ele falou e suspirei.
- Teremos que arregaçar as mangas e trabalhar, mas aposto que vai. – Falei sorrindo.
- Então, vão fechar? – O senhor voltou novamente.
- Sim! – Falamos juntos e ele sorriu.
- Perfeito! – Ele falou animado. – Vou pegar o pergaminho. – Ele falou, se afastando.
- Valeu pelo dinheiro, Lil! – Fred falou e eu sorri.
- Relaxa, os lucros vão devolver esse dinheiro rapidinho. – Sorri, e eles assentiram com a cabeça.
- Vocês já podem começar a organizar o prédio, se quiserem. – O senhor falou.
- Obrigada! – Sorri. – Agora só precisamos pensar em um nome. – Falei e ambos fecharam os olhos.
- Weasley & Weasley & Black? – Fred sugeriu e eu ri.
- Não! Parece nome de firma de advocacia. – Eles franziram o rosto.
- Quê? – Eles perguntaram e eu abanei as mãos.
- Ignora! – Suspirei, ainda não tinha me acostumado com algumas coisas, mesmo depois de quase seis meses.
- Loja de Logros e Travessuras? – George sugeriu.
- Não! – Falei firme. – Precisa ser algo marcante, igual era lá em Hogwarts. – Coloquei a mão no queixo. – Tipo Zonkos, sabe? Que todos sabem do que estamos falando?
- Alguma ideia? – Eles se viraram entre si.
- Todos sabiam que quando vocês chegavam com as sacolas, tinha novidades. – Suspirei. – Precisa ser algo que marque. – Suspirei.
- A gente só se esqueceu de pensar nisso. – Fred falou e eu dei de ombros.
- Bom, precisamos limpar ainda, organizar as coisas... Até abrir realmente, temos tempo. – George falou e eu suspirei.
- Que tal Gemialidades Weasley? – Perguntei, cruzando os braços e vi os sorrisos se formarem aos poucos.
- Isso é... – Eles se entreolharam. – Fantástico! – Eles falaram juntos. – É perfeito! – Eles sorriram.
- Obrigado! – George me abraçou, estalando um beijo em minha cabeça.
- Mas espera... – Fred falou. – E você?
- E eu o quê? – Perguntei.
- Você é nossa sócia nessa loja, não pode ter só nosso nome. – Fred disse.
- Ah, não se preocupem com isso! – Suspirei. – Só de ajudar e ter certeza de que ganharei a porcentagem correta dos lucros, já me faz feliz. – Cruzei os braços sorrindo.
- Obrigado, então. – Fred falou sorrindo.
- Bom, mãos à obra? – Puxei minha varinha do bolso e eles fizeram o mesmo.
Entramos empolgados no prédio e todos franzimos o rosto ao olhar para o local inteiramente empoeirado e com muitas prateleiras e bancadas quebradas. Demos de ombro e sacudimos nossas varinhas, começando os trabalhos!

- Seu pai parece nervoso! – Comentei com George, enquanto ajudávamos a tirar a mesa do jantar.
- Parece que as coisas estão ficando mais complicadas no Ministério. – Ele disse e assenti com a cabeça.
- Não há nada para se preocupar, crianças. – Molly falou. – Podem subir. – Assentimos com a cabeça e eu coloquei a vasilha com o restante das batatas na pia da cozinha e me afastei com George.
- Vem! – Ele falou, me puxando pela mão e eu segui com ele.
- Aonde vamos? – Perguntei.
- Ficar um tempo a sós. – Ele disse e eu sorri, passando pela porta principal da Toca e seguindo para as plantações lá de fora, onde alguns raios de sol ainda apareciam na colina, se misturando com as poucas estrelas que já apareciam.
- Fred vai ficar com ciúmes! – Falei e ele riu, se sentando abaixo de uma árvore e me puxando para sentar em meio às suas pernas.
- Ele deve capotar depois de comer aquele tanto de batatas. – Rimos juntos e ele passou os braços pela minha cintura. – Eu só queria ficar um pouco contigo, sozinho, sabe? – Sorri. – Não que o Fred seja...
- Não precisa se explicar, eu entendo! – Falei. – Não dá para namorar com ele de papagaio de pirata! – Comentei e ele riu.
- Eu o amo, mas...
- Ele já namorou, como foi? – Perguntei.
- Curto! – Ele falou e rimos juntos. – Teve o baile de inverno ano passado e ele a chamou para ir com ele, mas depois que o baile passou...
- As coisas desandaram? – Perguntei.
- Eles brigavam demais. – Georgie falou, me fazendo rir. – Angelina é uma pessoa legal, mas eles são muito diferentes! – Ele suspirou.
- Quem sabe no futuro? – Sorri.
- Talvez! – Ele falou rindo. – E nós?
- O quê?
- Nosso futuro. - Virei para ele, olhando seus olhos castanhos.
- Está um pouco cedo para pensar nisso, não acha? – Perguntei e ele deu de ombros.
- Talvez! – Ele sorriu. – Mas é o que mamãe falou. Moramos juntos, trabalhamos juntos, é quase um casamento. – Ri fraco, apertando seus braços em minha barriga.
- Bom, quando nos casarmos... – Frisei e ele riu. – Eu quero ter uma família bem grande. – Suspirei.
- “Bem grande”? – Ele repetiu e eu ri.
- Sim. Igual à sua família. – Suspirei. – Casa cheia, cheiro de cookies no ar o dia todo, a lareira acesa. – Abri um sorriso.
- Devo te lembrar da falta de dinheiro, usar roupas velhas e remendadas, dividir tudo e...
- Ah, vai dizer que você não gosta? – Virei para ele. – Melhor do que crescer em um orfanato, nunca ter ninguém para dividir nada, contar algo de novo ou até mesmo brincar... – Suspirei e ele apoiou o queixo em meu ombro.
- Vendo por esse lado... – Ele suspirou.
- Eu cresci bem, não vou mentir, nunca me faltou nada, mas eu ia gostar de ter uma casa cheia igual a essa. – Dei de ombros.
- Podemos fazer, então. Eu, você e um monte de ruivinhos e loirinhas para atazanar. – Sorri, estalando um beijo em sua bochecha.
- E um quarto para Fred, caso ele e a Angelina nunca se acertem! – Falei e ele riu.
- É, ele vai gostar disso. – Ele disse. – Ou podemos deixá-lo no quarto dos fundos da loja. – Gargalhei.
- Ah, não faça isso! Ele ficaria muito triste! – Rimos juntos e ele me apertou novamente.
- Preparada para a loja? – Sorri.
- Sim! – Falei firme e empolgada. – Vai ser ótimo!
- Faltam poucos dias. – Suspirei.
- Temos que finalizar algumas poções, embalar alguns produtos...
- Logo o pessoal entra de férias e teremos mais mão de obra barata para nos ajudar.
- “Barata”, você diz grátis?
- É claro! – Ele falou rindo. – Podemos dar uma contribuição em produtos. – Ri fraco, negando com a cabeça.
- Você é terrível, George Weasley. – Ele riu.
- Como você sempre tem certeza que eu sou o George mesmo? – Franzi a testa.
- Eu não sei. – Suspirei. – Eu só sei. – Dei de ombros. – Desde que seu pai tirou o feitiço, eu olho para vocês e sei quem é quem. – Virei de costas, me ajoelhando entre suas pernas. – Acho que você tem o rosto mais redondo, o Fred tem o rosto mais fino... – Suspirei. – Você sempre está com a tonalidade mais escura. – Passei as mãos em seus ombros, com a blusa roxa que ele usava. – Não sei... Só sei que sei! – Dei de ombros e ele gargalhou.
- Tudo bem! – Ele sorriu. – Só me lembre de nunca tentar fingir que eu sou o Fred. Ou ele fazer isso.
- Vocês já fizeram isso? – Franzi a testa.
- Muito! – Ele riu. – Uma vez eu fiz para testar a lealdade de Angelina...
- Ah, é por isso que ela tem raiva de vocês! – Falei rindo. – Tudo se explicou agora. – Sorri.
- Ah, mas...
- Não! Nenhuma garota gosta. Imagina se ela não soubesse diferenciar? Vocês ficaram muito mal! – Gargalhei sozinha e ele franziu a testa.
- Éramos mais novos... – Me levantei, limpando meus joelhos e estiquei as mãos para ele que se levantou também.
- Quando foi?
- Ano passado! – Ele falou e eu revirei os olhos.
- Um ano faz milagres! – Falei sarcasticamente e ele riu.
- Só... – Ele abanou a mão, passando os braços pela minha cintura. – Deixa para lá. – Ele falou, colando os lábios nos meus delicadamente e eu sorri, acariciando seu rosto de leve.
- Só não faça isso comigo que está tudo certo! – Falei com seus lábios colados e ele riu.
- George, Lily, parem de namorar e venham logo para dentro! – Revirei os olhos, ouvindo a voz de Tonks e suspiramos.
- Conseguimos ficar quantos minutos juntos? – Ele perguntou e eu suspirei.
- Uns 15 minutos? – Franzi os olhos e ele sorriu, dando rápidos e curtos beijos em meus lábios e meu rosto, me fazendo rir.
- Amanhã a gente aproveita mais! – Ele me apertou pela cintura, me girando rapidamente pela grama e rimos, andando meio cambaleantes para dentro da Toca novamente.

Eu movimentava a varinha de forma automática. Eu erguia os adesivos e pergaminhos no ar, colava nas embalagens e mandava as embalagens para Fred, que colocava na caixa e George ia separando por categorias. Faltavam somente cinco dias para a abertura da loja e precisávamos organizar os produtos urgentemente.
- Deveríamos contratar alguém para fazer isso. – Fred falava, também movimentando sua varinha e bocejando enquanto fazia o mesmo.
- Precisamos voltar a vender antes. – Falei, suspirando. – Ganhar dinheiro, ganhando dinheiro, dá para gente só comandar a loja. – Suspirei.
- Falando nisso, como estão as contas? – George perguntou e eu deixei a varinha fazendo o trabalho sozinha, mantendo o pensamento de levitação em minha mente e segui para pegar o caderno de contas da loja.
- Estamos no positivo ainda, o que é muito importante. – Falei, entregando a ele.
- Quanto no positivo? – Fred perguntou.
- 15 por cento do valor total investido. – Falei, cruzando os braços e ouvi algumas coisas caírem fortemente no chão e franzi o rosto, me esquecendo de me concentrar na minha varinha. – Eu ainda não peguei o jeito! – Falei, suspirando.
- Pelo menos você consegue fazer isso! – George disse e eu sorri, rindo em seguida.
- Com quanto você ajudou mesmo? – Fred perguntou.
- 35 por cento, Harry 50 e vocês 15. – Falei, cruzando os braços.
- Temos mais algum gasto até abrir a loja? – George perguntou.
- Não, está tudo pronto. – Dei de ombros. – Vamos levar tudo com o Feitiço Indetectável de Expansão e acho que é isso. – Sorri.
- Perfeito, então, já pega esses 15 por cento restantes do seu lucro, quita, vai faltar só 20. Aí vamos repondo aos...
- Não, Fred! – Falei firme. – Vamos fazer as coisas direito. Podem haver outros imprevistos como já tivemos. – Suspirei. – Deixa esse dinheiro no caixa, aos poucos vamos recuperar nosso investimento. – Falei. – Igualmente, para todos. Ok?! – Olhei para ambos.
- Ok! – Eles falaram, ponderando com a cabeça.
- E acho que concordamos que o Harry pode pegar o que quiser de graça na loja, não é?! – George falou, cruzando os braços e eu assenti com a cabeça.
- Ele investiu a metade, no mundo trouxa ele seria o sócio majoritário da empresa...
- Quê? – Eles olharam estranhos e eu abanei as mãos.
- Esquece! – Falei novamente, suspirando.
- Tá difícil desacostumar com sua vida antiga, não é?! – Dei de ombros. – Até Hermione já se acostumou.
- Hermione viveu até os 11 sem magia, eu vivi mais! – Cruzei os braços e eles riram.
Nos ajeitamos novamente em nossos lugares e voltamos ao trabalho entediante por mais alguns minutos. Eu tinha conseguido fazer magia sem falar nada e sem segurar nada, então era muito divertido ver os meninos mexendo nos pulsos doloridos, enquanto eu só ficava com aquela cara tensa como se eu estivesse apertada para ir ao banheiro.
- Ok, acho que é isso, então! – Me levantei, pegando minha varinha no ar e guardando-a novamente em meu bolso.
- Agora só precisamos encolher tudo e colocar na maleta. – Falei, vendo que tudo precisava ser encolhido bem pequeno para caber na maleta, mesmo com o feitiço de expansão.
- Começamos agora, ou... – Fred perguntou e nós três nos entreolhamos cansados.
- Eu estou com fome. – George falou e nós três rimos.
- Sua mãe estava fazendo geleia hoje, com um pão fresquinho... – Falei e nós três suspiramos, quase sentindo o gosto em nossas bocas.
- Acho que podemos dar um intervalo, não é?! – Fred se levantou.
- Precisamos de um banho também. – George disse.
- Vamos finalizar, gente! Depois podemos ir direto para a cama. – Falei, fazendo a mesma cara de preguiça, mas George me abraçou pelos ombros, rindo fraco.
- Ela está certa! Apesar da preguiça! – Fred disse e tirei a varinha novamente do bolso, me afastando de George.
- Vamos lá! – Falei, apontando para uma das pilhas que George montou.
- O que vocês estavam pensando? – Ouvi um grito estridente e não evitei em virar a varinha para a porta da garagem, vendo Hermione e os outros três entrarem na mesma.
- Abaixa isso! – Rony disse e eu descansei a mesma, respirando fundo.
- Fala aí, galera? – Os gêmeos falaram juntos e Hermione bateu em cada um com um livro.
- Ei! – Reclamei, me afastando dela, antes que eu levasse uma também.
- Vocês não poderiam ter feito isso com a gente! – Ela continuou gritando e eu e os gêmeos nos entreolhamos.
- Você poderia não gritar. – Falei, me escondendo atrás de George.
- Podemos explicar! – Fred disse.
- Melhor começar logo! – Gina disse também irritada.
- Só digo que foi demais! – Rony disse. – Vocês planejaram isso há quanto tempo?
- Pouco! – Os gêmeos falaram juntos e eu assenti com a cabeça.
- E você? – Hermione bateu em meu ombro e balancei a cabeça.
- Ei! – Reclamei.
- Pensei que fosse nossa amiga! – Ela disse e eu arregalei os olhos.
- Eu sou, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. – Falei rindo. – Além de que eu descobri algumas horas antes, então nem tinha como avisar. – Dei um sorriso falso e ela revirou os olhos. – Mas como vocês estão? – Abri um largo sorriso, abraçando a irritadiça Hermione.
- Bem! – Ela cruzou os braços.
- Tudo certo! – Harry disse, me abraçando fortemente. – Confesso que fiquei preocupado contigo.
- Mas por quê? – Cruzei os braços.
- Ninguém te viu com os dois. – Rony disse. – No dia seguinte não te encontrávamos de jeito nenhum. – Os quatro confirmaram com a cabeça e eu ri fraco.
- Eu pulei na garupa de George depois que eles foram para fora...
- É, antes de vocês saírem do salão! – George disse e assentimos com a cabeça.
- Filch deve estar te procurando até agora. – Soltei uma gargalhada, balançando a cabeça.
- Mas por que você foi embora, Lily? – Gina perguntou. – Você pode aprender mais.
- Daquele jeito não ia dar certo. – Suspirei. – Agradeço muito ao que Dumbledore e McGonagall fizeram por mim, a tentativa de me ensinar alguma coisa, mas não. – Balancei a cabeça. – Além de que eu estou me dando bem estudando sozinha. – Dei um sorriso.
- Sério, ela é ótima! – Fred falou animado.
- Ela faz feitiços sem usar a varinha e sem falar algo. – George completou.
- Uau! Isso é raro no mundo da magia! – Harry falou e eu sorri.
- Só bruxos avançados conseguem fazer isso. – Hermione falou e eu ri fraco.
- Alguém está com inveja! – Rony falou, bagunçando os cabelos de Hermione e eu ri.
- Eu não estou perfeita ainda, não consigo deixar as coisas acontecendo, eu preciso estar focada para dar certo, mas estou praticando. – Sorri.
- E a loja? – Rony falou animado. – Não acredito que finalmente vão fazer isso! Harry me contou que pediram o dinheiro.
- Sim, demoramos um pouco. – Fred disse.
- Mas agora vai dar certo. – George completou e eu sorri.
- E você vai ficar nesse meio? – Gina perguntou para mim e eu ri.
- Eu sou muito boa em contas, eles vão precisar de mim, acredite! – Falei e todos riram.
- Vocês precisam de alguma ajuda? – Harry perguntou.
- É, vocês estão com umas caras péssimas! – Hermione disse.
- Estamos trabalhando todos os dias, praticamente sem parar. – Suspirei.
- Praticamente? – Rony perguntou.
- Ah, mamãe não contou? – Fred falou sorrindo e cruzando os braços.
- O quê? – Eles perguntaram quase juntos e eu e George reviramos os olhos.
- Ah, Fred, você é ridículo! – Falei e ele riu.
- Esses dois estão juntos! – Ele nos abraçou pelos ombros e eu revirei os olhos.
- Oh, meu Deus! – As meninas falaram animadas. – Que demais!
- Bem que eu achei ter visto algo na escola. – Gina disse, cruzando os braços e rimos.
- Foi passado para trás, hein, Fred? – Rony bateu nos ombros do irmão que revirou os olhos.
- Estamos tentando fazer com que ele reate com Angelina, mas o processo está lento demais. – Falei.
- Quem sabe quando ela for visitar nossa loja? – George disse, me fazendo rir.
- Agora além de vocês dois completarem a frase um do outro, agora você completa as da Lily? – Harry perguntou e eu ri.
- Acontece! – Nós três falamos juntos e rimos em seguida.
- Bom, mal vejo a hora de ver a loja. – Harry falou animado. – Quero ver o que fizeram com meu dinheiro! – Ele falou, me fazendo rir.
- Tá demais, primo! Te juro! – Falei animada. – Vocês verão em cinco dias.
- Já? – Gina falou animada.
- Sim, estávamos esperando só as férias começar para abrir e mais gente aparecer por lá. – Fred disse.
- Falando nisso, precisamos distribuir os panfletos! – George disse.
- Ah, tem tanta coisa para resolver. – Gemi, fechando os olhos e George colocou as mãos em meu rosto.
- Respira fundo! – Fiz o que ele pediu e soltei devagar, fazendo-o dar um beijo leve em meus lábios.
- Que confortável, não?! – Rony reclamou e rimos.
- Vamos separar! – Fred falou, entrando no meio de nós e rimos. – Ainda temos trabalho para fazer. – Ele falou, me fazendo empurrá-lo para o lado.
- Isso! – Falei, segurando George pelo braço. – Peguem suas varinhas, que precisamos encolher todas essas caixas para caber naquela caixa, que já está com o Feitiço Indetectável de Expansão.
- Ok, é bastante coisa! – Hermione falou, respirando fundo.
- Vamos lá! – Bati as mãos animada, vendo eles começarem a tirar as varinhas dos bolsos.

- O pessoal está enlouquecendo lá embaixo! – Rony falou, subindo as escadas da loja correndo e eu olhei ansiosa para os meninos que suavam dentro de suas roupas.
- Está na hora! – Falei, também ajeitando as mangas da minha blusa.
- Posso dizer algo? – Fred perguntou e olhamos para ele.
- Claro! – Falamos sorrindo.
- Obrigada, Lily! – Ele falou sorrindo. – Mesmo! Você tornou isso muito mais fácil para gente e, apesar de eu irritar vocês dois, saibam que eu estou muito feliz por vocês. – Sorri, abraçando-o fortemente.
- Obrigada, Fred! – Sorri. – Obrigada por me deixar fazer parte disso, principalmente nos conhecendo há tão pouco tempo.
- Isso não é verdade! – George falou, nos fazendo rir.
- Em partes! – Suspirei.
- Mas sério! Obrigada! – Sorri. – Fazer parte disso tudo está fazendo minha transição ser um pouco melhor.
- Um pouco? – Fred foi irônico. – Viu, George? Um pouco melhor. – Ele frisou e eu balancei a cabeça.
- Vamos abrir isso, então? – Ele perguntou e nós três respiramos fundos.
- Vai lá! – Falei sorrindo.
- Não, vamos fazer isso juntos! – Eles falaram e assenti com a cabeça.
- Juntos! – Repeti, suspirando.
Começamos a descer os degraus dos vários níveis da loja e conseguia ver pelas janelas que as crianças de diversas idades estavam amontoadas na mesma. Molly, Arthur, Gina, Harry e Hermione estavam lá embaixo animados com a inauguração e nós estávamos tremendo de nervosismo, mas ansiosos também.
- Boa sorte, queridos! – Molly falou, segurando o rosto de nós três individualmente, com as mãos e sorriu.
- Vocês fizeram um ótimo trabalho, vai ser ótimo! – Tio Arthur sorriu e eu o abracei rapidamente.
- Prontos? – Rony perguntou animado.
- Vamos lá! – Falei junto dos gêmeos.
Nos aproximamos da porta, e eu segurei em uma maçaneta e os meninos seguraram na outra. Nos encaramos e respiramos fundo algumas vezes. Eles me olharam firme e assentimos com a cabeça quase juntos.
- Boas vendas! – Falei para eles que assentiram com a cabeça.
- Vão ser! – Eles falaram juntos, se entreolharam e riram.
- Agora! – Dissemos juntos e abrimos as portas, saindo da frente.
- Venham! Venham! – Eles disseram juntos e muitas caras conhecidas de Hogwarts entraram correndo, além de adultos e outras pessoas. - Nuga Sangra-Nariz, Vomitilhas! – Eles falavam animados e seguiam pela loja.
- Lily! – Padma e Parvati falaram juntas e eu abracei ambas ao mesmo tempo.
- Que bom te ver! – Padma sorriu. – Fiquei preocupada com seu sumiço, mas imaginei que tivesse vindo com eles.
- Aprendi que eu posso fazer parte da casa mais sábia, mas ainda assim preferir outros meios de aprendizado! – Ela sorriu, me abraçando novamente.
- A loja está fantástica! – Ela disse. – Sucesso para vocês! – Sorri.
- Obrigada! – Falei. – Aproveitem! – Falei e elas acenaram, começando a andar pela loja.
- Poções do amor! Fogos Espontâneos! – Os meninos continuaram a gritar e eu sorri, vendo alguns feitiços voarem pela loja, junto de alguns itens mágicos.
- Isso está fantástico, Lily! – Tio Arthur falou e eu sorri, assentindo com a cabeça. – Parabéns! – Sorri.
- Obrigada! – Falei feliz, soltando um suspiro. – Bom, acho melhor eu ir para o caixa, pois precisamos lucrar aqui hoje!
- Vai lá! – Ele e Molly falaram juntos e eu me aproximei da mesma.
- Diversas penas para o próximo ano! – Os gêmeos continuavam a gritar em seus ternos alaranjados. – Pena Auto-Revisora, Pena Caneta-Tinteiro e Pena Resposta-Esperta! – Sorri, vendo os fogos começarem a voarem pela loja.
Observei os alunos correrem por todos os níveis da loja, tentando ver cada um dos produtos que já eram vendidos na escola e agora descobrir os novos que haviam sido elaborados somente para a loja física no Beco Diagonal, número 93.
- Então, o que você está achando? – Fred e George desceram pela escada, parando na frente do caixa.
- Está fantástico! – Sorri. – Vocês conseguiram, gente! – Sorri, suspirando.
- Não, , nós conseguimos! – George falou, me abraçando de lado e suspirei, olhando para a loja.
- Sim, todos nós! – Fred falou, me abraçando do outro lado e eu sorri, encarando a movimentação lá dentro com coisas voando para todos os lados e os alunos testando os diversos tipos de produtos.
- Bom, vamos trabalhar um pouco? – Falei, empurrando os dois quando vi alguns compradores chegando ao caixa.
- Vamos lá! – Eles falaram juntos.
- Eu vou te levar para jantar hoje à noite! – George falou, andando de costas e eu sorri. – Algo bem caro e bem trouxa! – Ele disse, me fazendo rir. – Com guardanapos de pano! – Ri fraco.
- Aonde você quiser, senhor Weasley! – Sorri. – Mas acho que eles não aceitam galeões ou sicles como pagamentos. – Falei e ele riu.
- A gente dá um jeito! – Ele jogou um beijo e subiu correndo atrás do irmão, tropeçando nos pés, me fazendo rir. Coisa que ele sempre conseguia fazer sem a menor dificuldade.
- Olá, bom dia! – Sorri para o aluno. – Nigel! – Falei animada, saindo de trás do balcão e abraçando o mais novo.
- Ah, que saudades de você! – Ele falou sorrindo. – Adorei que você veio com eles, mas confesso que estou sentindo sua falta nas aulas. – Ri fraco.
- Ah, Nigel! Também sinto sua falta. – Sorri. – Então, o que achou da loja?
- É demais! – Ele falou. – Eu vou querer algumas coisas. – Ele ergueu a cestinha e colocou no balcão, me fazendo rir.
- Vamos ver, então! – Falei, começando a pegar os produtos.
Olhei para cima por alguns momentos, sentindo o olhar de George em mim novamente e dei um sorriso tímido, vendo-o com um largo sorriso no rosto e neguei com a cabeça, vendo-o acenar. Fred esbarrou nele, virando em minha direção e olhou para nós dois, abanando a mão e eu dei de ombros, não sendo culpada pelo olhar de seu irmão sobre mim.
Observei a loja movimentada e ali eu sabia para o que eu tinha nascido. Não exatamente para ser dona de uma loja, mas estar rodeada de pessoas que me conhecem há tão pouco tempo, sabem minha história e ainda me amam incondicionalmente. Distraí o olhar novamente para o próximo cliente e abri um largo sorriso ao ver os mais diversos clientes entrarem correndo na loja.


Epílogo

- Alguém chegou! – Molly disse apressada, enquanto Lily mantinha os olhos firmes na janela, observando quem aparecia nos meios das plantações que rodeavam a Toca.
- Vem! – Gina gritou e Lily viu um feixe de luz no meio da plantação e outras duas pessoas aparecerem na mesma, ela começou a pular os degraus apressadamente esperançosa que podia ser George de volta.
Ela não estava feliz com esse plano de Olho-Tonto, sete Potters para distrair os comensais da morte e Você-Sabe-Quem? Isso era loucura! Mais loucura ainda era que não a deixaram acompanhar, e ainda ficou trancada na Toca com uma Molly e uma Gina igualmente nervosas. As três esperando pelos seus namorados e maridos.
Noivo, no caso de Lily, mas eles estavam esperando o momento certo para contar. Talvez quando essa guerra acabar ou até durante o casamento de Gui e Fleur em alguns dias. Fred era o único que sabia do pedido do irmão para a irmã adotiva, mas o que George e Lily faziam sem que Fred soubesse? Nem espirrar eles conseguiam.
Cookie chegou ao primeiro andar antes que ela e logo ela apareceu na mesma, vendo seu tio Remo colocar um meio Potter, meio George deitado no sofá, enquanto sua orelha esquerda sangrava muito.
- George! – Lily falou preocupada, se ajoelhando apressadamente ao lado do seu noivo secreto.
- Ah, meu menino! – Molly falou se colocando ao seu lado e Lily deu espaço para a mãe dele, fazendo um carinho em seus cabelos. – Ele está bem? – Molly se virou para Remo, mas antes que ele pudesse responder algo, ele virou para o verdadeiro Harry e o colocou contra a parede.
- Remo! – Gina reclamou.
- Que criatura estava sentada no canto do meu escritório na primeira vez que Harry Potter o visitou pela primeira vez? – Ele perguntou e Lily reparou que George mexia as pálpebras devagar.
- Está louco? – Harry perguntou.
- Que criatura? – Remo perguntou novamente.
- Um grindylow! – Harry falou apressadamente e Remo soltou sua garganta com a mão ainda sangrando da orelha de George.
- Gina, pegue um balde com água quente e um pano limpo, por favor! – Lily falou, vendo que o sangue começara a estancar.
No último ano ela acabou aprendendo muito sobre poções e plantas curativas, além de experiência em curar e fechar machucados, usando ou não magia, tornando-a a enfermeira da turma nos momentos fáceis ou difíceis.
- Fomos traídos! – Remo falou, visivelmente cansado. – Voldemort sabia que você seria transferido hoje. Tinha que ter certeza de que não era um impostor! – Ele disse e eles olharam meio perplexos para ele, mas concordaram com a reação.
Ouvimos barulhos de testrálios e aparatações do lado de fora e Remo, Hagrid e Harry saíram apressadamente para fora. Gina levou o que Lily pedira e a loira começou a molhar o pano limpo na água fervente e a passar devagar na orelha de George.
- Vamos, George! Acorde! – Ela falava quase como um mantra, para que, talvez, seu noivo a escutasse. – Vamos, por favor!
- Eu estou bem! – Ele sussurrou, abrindo um pequeno sorriso e o coração de Lily até relaxou por alguns momentos, sorrindo e assentindo com a cabeça.
- Eu vou cuidar disso, ok?! – Ela falou e ele só assentiu levemente com a cabeça, incapaz de se mexer muito, um zumbido alto ainda o atormentava.
Eles se assustaram quando Fred e Arthur passaram pela porta e o gêmeo mais velho caiu de joelhos ao lado da mãe, visivelmente preocupado.
- Como se sente, Georgie? – Fred perguntou da mesma forma carinhosa que Lily, fazendo-a rir e Georgie sorriu de leve.
- Mouco... – George falou baixo e Lily e Fred se entreolharam, franzindo a testa.
- O quê? – Fred perguntou de novo e Lily se aproximou para tentar ouvir.
- Mouco. – Ele repetiu, abrindo mais os olhos. – Surdo e oco. Entendeu, Fred? – Fred soltou uma risada fraca e Lily revirou os olhos, irritada por ele fazer piadas nesse momento, mas feliz pelo ferimento não ter sido grave o suficiente para que ele parasse de fazer piadas.
- Com tantas piadas com orelhas, você me vem logo com “mouco”? – Fred perguntou, fazendo Lily rir. – É patético! – Eles sorriram.
- Mas aposto que ainda estou mais bonito que você. – A loira gargalhou, se levantando e dando a volta no sofá.
- Eu concordo com isso! – Ela disse, ficando ao lado de Fred. – Me dão uma licença? – Ela falou, pedindo licença para seu cunhado e sua sogra, para que deixassem ela cuidar do seu noivo.
- Agora vai ser mais fácil para vocês nos diferenciar, não é?! – George falou olhando para sua amada e ela só riu, dando um curto beijo em seus lábios.
- Nunca tive esse problema! – Ela respondeu. – Mas sim, vai. – Ela deu um curto sorriso.
- É só uma orelha! – Ele disse e Lily assentiu com a cabeça.
- Fique quieto, me deixe ver o que posso fazer aqui. – Ela falou, se debruçando sobre o noivo.
- Ok, madame! – Ele disse e ela pressionou o pano limpo no local do ferimento, ouvindo George gemer baixo.
- Não é grave! – Lily disse para Molly. – Mas preciso limpar e dar alguns pontos, preciso da minha poção anestésica, se não ele vai sofrer. – Molly assentiu com a cabeça e elas viraram o rosto para trás, à procura de alguém que pudesse fazer essa gentileza para ambos e fosse buscar.
- Olho-Tonto está morto! – Gui falou e Lily se levantou prontamente, assustada, assim como todos. – Mundungo viu Voldemort e desaparatou.
Lily se sentou nervosa na beirada do sofá em que Georgie estava e imediatamente se odiou por ter tido tanta convicção que o plano de Olho-Tonto era péssimo. Ela não tinha convivido com ele muito tempo, mas com certeza aprendeu coisas que seriam importantíssimas para se defender durante a guerra. Inclusive sobre as maldições imperdoáveis, já que ninguém teve coragem de lhe ensinar isso quando completou 18 anos, mas ela sabia que podia ser a diferença, e o melhor, ela tinha coragem de usar.
- Vai ficar tudo bem. – Molly falou, tentando acalmar todos e ela sentiu alguém segurar sua mão no sofá e virou para George que sorria delicadamente para ela.
- Vai ficar tudo bem! – Ele repetiu o que sua mãe disse e ela riu.
- Eu que deveria falar isso para você, não o contrário! – Ela se ajoelhou novamente em frente ao sofá. – Você perdeu uma orelha, não eu.
- Estou um arraso, pode falar! – Ela revirou os olhos com a pretensão do noivo, mas somente riu.
- Cala a boca ou vou te deixar sangrando até morrer! – Ela falou e ele fingiu se calar, mas riu em seguida.
- Eu sei que não tem coragem. – Ela suspirou, olhando para os olhos castanhos do ruivo.
- É, você tem razão! – Ela sorriu. – Eu te amo demais para fazer isso. – Ele ergueu sua mão, passando nos cabelos da loira e ela deu um rápido beijo em sua mão, voltando a limpar o que ainda sobrara de sangue.




FIM.



Nota da autora: E essa fic fofinha chegou ao final, gente! <3 Sei que ficou curtinha, mas é uma ideia antiga e eu fiquei tão aliviada em poder colocá-la no papel depois de muitos anos (muitos anos mesmo hahaha). Então, realmente espero que vocês tenham gostado e se divertido! Eu adorei escrever, adorei relembrar os personagens de Harry Potter e sei como eles fizeram parte da vida de muitas pessoas também. E os gêmeos que, claro, é um espetáculo a parte! 
Espero que vocês tenham gostado também e é impressão minha ou será que eu deixei uma ponta solta para o futuro? Hum, quem sabe? Hahahaha
Muito obrigada por tudo e aguardo os comentários de você aqui embaixo!
Beijos e até a próxima!
Caso queira novidades dessa fic ou das fics, entre nos links abaixo!



Nota da beta: Difícil se despedir dessa fic, ela foi tão fofinha que nossa... Nunca vi uma pp tão determinada, inteligente e fofinha como essa. E os gêmeos? Ameeeeei! Parabéns, Flá, por escrever essa preciosidade, nunca pensei em te ver no universo de HP e cá esta você me surpreendendo rsrs, só mostra o quão versátil tu és! Só pra não perder o costume, quero continuação... <3

Lembrando que qualquer erro nessa atualização e reclamações somente no e-mail.

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