Última atualização: 08/03/2017
— Ela está linda, né? — Perguntou null, o noivo e amigo de longa data de null. Na concepção de uns, ele poderia ser considerado ainda um menino. Tinha acabado de se formar em direito, aos 21 anos, e já estava casando! Todos que conheceram ele e null no início da relação já poderia dizer que os dois iriam em algum momento se casar, mas ninguém imaginou que seria tão cedo assim.
— Com a mais absoluta certeza.
— Eu até hoje não entendo o porquê você não pegou o número dela ou se quer procurou saber dela depois daquela noite.
— Ah, cara.... Eu também não sei — falou o homem, colocando as mãos sobre o rosto. — Acredito que seja porque eu não sabia o que era naquela época, sabe?
— E o que impediu você de a procurar depois que você entendeu o que sentia? Vai me dizer que ficou com medo de contar a uma mulher que estava apaixonado por ela? Pensei que a fase null não se apaixona por ninguém já tivesse passado há muito tempo.
— E passou, null. Você sabe que passou. O problema é que quando eu percebi, já tinha passado mais de um ano, ela não iria nem mais se lembrar de mim...
— Aí que você se engana, meu amigo. — null bate no braço de null, como se socializasse com a tristeza do homem.
Nesse mesmo momento, se viu a cerimonialista correndo pela porta da Igreja proclamando que a noiva tinha chegado e que era para todos se arrumarem. null viu seu amigo ficar tenso e engolir o seco. O maior momento de sua vida tinha chegado.
— Silêncio, por favor! — Gritou a mulher toda vestida de preto. — Eu irei falar os casais, ok? Então, assim que eu disser os nomes, achem seu par e formem a fila, lembrando que as madrinhas vão para o lado esquerdo, e os padrinhos, direito. — A cerimonialista parou de falar para olhar os padrinhos e madrinhas, e ver se todos tinham entendido.
— Vou lá. — Falou null, apertando as mãos de null ao mesmo tempo que os nomes começavam a serem chamados. Aos poucos, uma pequena fila se formava na frente da Igreja, esperando para o momento que todos entrariam por aquela porta.
— Sr. null e Srta. null.
null encarou a mulher ainda incerto se sua mente só tinha imaginado isso ou se era real, porém, quando null chegou sorrindo para ele, o homem teve certeza absoluta de que seu sonho estava se tornando real.
— Olá! — Disse a mulher timidamente, o homem, por sua vez, ofereceu o braço a ela. Começaram então a andar em direção à Igreja. Ele definitivamente estava sonhando.
— Olá.
— Nunca mais te vi depois daquele dia.
— E nem eu te vi mais depois daquele dia — os dois sorriram. Mal a garota sabia o quanto a mão de null suava pelo fato de estarem perto um do outro.
— Receio que isso seja verdade — comentou. Após um tempo que já tinham se posicionado, os dois não conversavam mais. A voz na cabeça de null gritava para ele falar mais alguma coisa, no entanto, ele estava travado demais para dizer qualquer coisa. null, por sua vez, não aguentava mais aquele silêncio mórbido que se instalou entre os dois. — Então, o que você anda fazendo atualmente?
— Ah, estou trabalhando com o meu pai. Não consegui achar uma paixão.
— Jura? Mas você está feliz trabalhando como economista?
— Não é como se eu estivesse totalmente apaixonado por economia, mas também não é como se me visse fazendo outra coisa além dessa.
— Talvez essa seja a sua paixão no final das contas e você só ainda não tenha descoberto isso.
— Talvez... E você? Já se formou na faculdade?
— Ainda não, mas estarei até o final desse ano.
— E quais são os seus planos para depois da faculdade?
Os dois criaram uma bolha. Ficaram ali mesmo, conversando na porta da Igreja enquanto não entravam, e quando isso finalmente aconteceu, null desejou ter mais tempo com as mãos de null perto de seu peito.
Passara a cerimonia toda a olhando, sem prestar atenção em nada. No final da mesma, null até tentou ficar perto da garota, porém, como a melhor amiga da noiva, null não ficava muito tempo sozinha.
Na festa, também foi difícil conseguir ficar perto da mulher, porém, quando os noivos entraram e fizeram a famosa primeira dança do casal, null chamou null.
Os dois ficaram agarradinhos durante um tempo, somente curtindo a música. null conseguia sentir o coração acelerado do rapaz ao seu ouvido enquanto seus pés movimentavam conforme a música. null estava com as mãos espalmadas nas costas da menina, tentando cada vez mais trazê-la mais para perto.
— O que você está achando da festa? — Perguntou ele, antes que perdesse a sua cabeça e fizesse alguma coisa que não devesse.
— Está maravilhosa. Na verdade, como a null sempre sonhou — ele suspirou.
— O que houve?
null não conseguia se conter. Ele queria beijá-la! A menina estava tão linda, sendo tão delicada, e parecia que o seu lugar era exatamente esse, justamente nos seus braços.
Ele engoliu o seco.
A música acabou.
Ela saiu dos seus braços, deixando um rastro quente em seu peito. Assim que a menina levantou seu olhar para o homem a sua frente, outra pessoa invadiu aquela bolha que tão cuidadosamente eles tinham se inserido. Era um velho amigo de null que agora pedia o prazer da companhia da garota na próxima música, que ela aceitou, mais por educação.
Algumas músicas depois, null já havia dançado com cinco homens diferentes. Todos por simpatia da garota. null, é claro, ficou com ciúmes, mas null, em determinado momento o trouxe de volta a sua consciência e o fez reparar que ela somente dançou realmente perto, com ele.
Após um tempo, null veio atrás dele no bar para que tirassem uma foto com os noivos, e isso o deixou ter alguns minutos a mais com a mulher.
— Então... — Falou ela, sorrindo, enquanto ele se virava para a melhor amiga da noiva — irei fazer meu discurso agora, mas depois gostaria de falar com você. Pode ser?
Aflito, o homem só sacudiu a cabeça, e pode contemplá-la andando até o pátio central da casa de festas. As rosas vermelhas espalhadas por todo o local contrastavam com o vestido da garota, e as luzes do candelabro, salientavam o seu andar. E naquele momento null finalmente percebeu uma fenda no vestido de null. Uma fenda bem agradável.
— Boa noite a todos. Para que não me conhece, eu sou null, a melhor amiga da noiva — ela começou. — Nós estamos aqui hoje para celebrar uma união de um casal que se ama muito; mas antes de eu começar a falar sobre os dois, vamos falar sobre a null. Minha amiga, nós somos amigas desde que eu me entendo por gente. Sei todos os seus segredos, todos os seus medos, todas as suas angustias, e você sabe as minhas. Nós passamos por alguns problemas, e brigas, porém, nada que não tenhamos conseguido passar por. Nós estávamos brigadas quando o seu relacionamento com o null começou, há uns quatro anos atrás. Eu lembro que eu fiquei extremamente preocupada com você, pois mesmo já tendo estudado com o null há muitos anos atrás, eu não conhecia aquele novo null para quem você havia entregado seu coração. Eu tive medo por você, e quis muitas vezes largar a minha birra, o meu orgulho para conversar com você e cantar as nossas músicas de fossa. Eu queria poder te escutar falando de como foi o seu primeiro encontro, e o que aconteceu com vocês. Para falar a verdade, eu não consegui me segurar, e no dia seguinte, já tínhamos voltado a andar juntas. Quando eu conheci o null, eu tive certeza absoluta de que vocês dois ficariam juntos pelo jeito que vocês se olhavam. Eu aprendi que não importa quanto tempo passe, o amor sempre dura se ele for verdadeiro; não é importante a idade, a classe social, o país, a cultura. O que importa é o amor. Então, um brinde ao amor.
Todos ergueram as suas taças e proferiram a palavra amor. Quando null voltou a caminhar em direção a null, o garoto não sabia mais o que fazer. O que ela queria conversar com ele?
— Soube que você tem uma moto. É verdade? — null levantou as sobrancelhas enquanto tentava raciocinar a pergunta da mulher. — É que eu amo motos.
— Sim. Está no estacionamento, quer ver?
—Posso?
— Claro que pode, null.
Os dois começaram a caminhar em direção ao estacionamento, e null fez o favor de ser um cavalheiro e entregar o casaco de seu paletó para a bela dama.
— Desde quando você se interessa por motos?
— Desde que o meu tio me colocou em uma garupa e me levou para um passeio. Eu amo a adrenalina que a moto proporciona. É como se somente o destino pudesse controlar o que irá acontecer comigo. Fora que estar sobre duas rodas é maravilhoso! Até tirei a carteira de moto antes da de carro.
Os dois chegaram à moto dele, e null logo subiu na moto e começou a analisá-la, enquanto o homem, para não babar muito, tentava focar seus pensamentos em chutar as pedrinhas a sua volta.
— Posso pilotar?
—Desculpa? — A menina deveria estar começando a achar que ele era surdo!
— Vem, sobe na garupa. Vamos dar uma volta.
E como se ainda estivesse em transe, null foi.
Os cabelos de null chicoteavam no ar, e um sorriso moleque não saia de sua boca. A fenda do vestido estava toda aberta, deixando as belas pernas da moça totalmente à mostra. E mesmo que eles só tenham dado uma pequena volta pelo quarteirão, o garoto não conseguia deixar de sentir o perfume da bela garota o embebedando.
Quando os dois finalmente voltaram para a festa, null desceu primeiro, e ajudou a madrinha a descer de sua moto. Os dois ficaram se olhando, quando finalmente null resolveu fazer alguma coisa. Ele colocou suas mãos na cintura da menina como se pedisse a permissão para algo. null não se moveu, então o homem entendeu aquilo como um sim. Ele se aproximou, e se aproximou mais, até que finalmente colou seus lábios nos dela.
Finalmente ele beijou a melhor amiga da noiva, e ela deixou bem claro que também estava doida por esse momento, já que em meio aos beijos ela comentou:
— Finalmente.
E lá ficaram os dois, encostados na moto do rapaz, em um estacionamento deserto, embaixo da luz do luar, no casamento dos seus amigos.
null e null, em determinado momento se aproximaram da janela para verem as estrelas, um hábito dos dois desde que começaram a namorar. Quando viram o outro casal no estacionamento, não conseguiram segurar o sorriso.
— Desde o momento que eu vi esses dois juntos, eu sabia que eles iriam terminar juntos.
— Foi por isso que você pediu à cerimonialista para colocar os dois juntos nessa noite?
— Mais é claro, meu amor. Todos merecem ter um final feliz igual ao nosso.