The Neighbor

Última atualização: Fanfic Finalizada

Capítulo Único

Estava deitada, tentando dormir, cansada do turno da noite, lembrando que tinha que estudar para as provas da próxima semana, quando um barulho alto que se parecia com vidro quebrando irrompeu no meu apartamento. Literalmente pulei da cama com o susto e fiquei olhando para a parede, como se ela pudesse me dizer que algazarra era aquela.
Eu tinha um vizinho?
e eu havíamos nos mudado para aquele apartamento há cerca de um mês, e desde então eu não via movimentação no lugar. Era sempre silencioso, o que nos fez ficar. Entrei em um debate interno sobre ir bater na porta ao lado ou não, mas outro barulho de coisa se quebrando me fez levantar. Prendi o cabelo de qualquer jeito e marchei até a porta. Saí de casa e bati violentamente na porta ao lado.
Calma! Já vou! — uma voz se fez ouvir. — Abaixa isso aí, !
Eram dois caras?
— Pois... Oi. — um asiático de pele branca demais e dentes grandes num sorriso perfeito abriu a porta para mim. — , ao seu dispor. — ele piscou para mim.
Ele estava mesmo flertando comigo?
— Olha, moço, sem gracinhas. Será que vocês podem baixar o volume? Eu realmente preciso dormir, eu ainda tenho aula...
— O que foi, ? — um outro asiático, mais baixinho que o tal , apareceu atrás dele, com os braços cruzados como que para meter medo em alguém. Cruzei os braços também e o encarei.
— Vocês moram juntos? — perguntei. A dor no fundo da minha cabeça estava levando embora toda a minha boa convivência. me daria um chute se estivesse aqui.
— Isso meio que não é da sua conta. — o mais forte respondeu.
— Desde que somos vizinhos e eu nem sequer sabia que morava alguém aqui, sim, meio que é da minha conta. — rebati. Ele formou um bico nos lábios e puxou o ar com força pelo nariz.
— Eu moro aqui, ele não. — ele apontou para o tal , que até então se matinha calado e me olhava quase como se estivesse me medindo. — , e você, quem é?
— A vizinha que precisa de um pouco de paz para dormir. — respondi.
— São quase onze da manhã. Já passou da hora de dormir. — ele retrucou, como se fosse o maior dos sábios.
— Não para a pessoa que trabalhou até as duas da manhã. Olha, rapazes, não precisa desligar, só baixar. Eu consigo dormir com barulho, mas não se ele for alto demais, OK? — tentei sorrir, mas a dor de cabeça transformou aquilo numa careta. — Conto com a colaboração de vocês. Passar bem.
E dei as costas, voltando para o meu apartamento.
— Posso te fazer uma massagem, se...
Ainda ouvi gritar antes que eu fechasse a porta. Sinceramente, hoje não era um bom dia para conhecer vizinhos. Ainda mais vizinhos barulhentos. O turno anterior tinha sido puxado demais e eu precisava descansar porque hoje seria ainda pior. Já estava até considerando não ir para a aula quando uma mensagem de despontou no meu celular.
“Sei que está cansada, mas foco! Vá para a aula. Boas notas não se tiram sozinhas.
Xoxo”
Bloqueei a tela e deitei de volta na minha preciosa cama. Assim que fechei os olhos, o barulho na casa ao lado recomeçou. Levantei de uma vez e me aproximei da parede.
! Por favor! — berrei como se pudesse me fazer ouvir no apartamento ao lado.
Já estamos acabado, vizinha! — a voz que eu julguei ser de me respondeu.
— Não me obrigue a chamar a polícia. — ameacei.
, mas que... — uma terceira voz, que eu não conhecia, sobrepôs o barulho. Houve uma série de sussurros e então o barulho se tornou quase nulo. — Desculpa, moça.
Ouvi mais alguns sussurros, reclamações, palavrões e silêncio. Nem estava acreditando. Andei devagar até a cama e deitei. Fechei os olhos já esperando pelo barulho, mas ele não veio. Não consegui dormir muito mais, logo o despertador estava berrando para que eu levantasse e fosse para a aula.
Depois de levantar, tomar um banho, um remédio para a maldita dor de cabeça e um café bem forte, me arrumei para sair. Joguei a mochila no ombro e, assim que bati a porta da frente, o barulho recomeçou. Felizmente, eu só voltaria ali de madrugada. Agora, eles seriam responsabilidade da .

🌃

No meio da noite, no meu horário de intervalo no bar, tomei o celular nas mãos e vi 15 chamadas de e uma série de mensagens perguntando que caos era aquele no apartamento vizinho. Expliquei por mensagem o que eu sabia: que eram pelo menos três caras, dois deles asiáticos e que um era cheio de marra. Segundos depois, ela me ligou.
Por Deus, eles não param? — ela perguntou e eu pude ouvir o barulho da música pelo celular.
— Vá até a porta e ameace chamar a polícia. — incentivei. — Não desligue. Quero ouvir.
, eu não posso simplesmente ameaçá-los. — ela retrucou.
— Claro que pode. Já passou das dez. — chequei o relógio no pulso. Já tinha passado das onze. — Vá até lá, .
Houve uma movimentação, resmungos e ouvi a porta sendo aberta. Ouvi bater.
Pois... Oi. ao seu dispor.
Esse era um abusado mesmo.
Com... Com licença. gaguejou.
“Seja firme, ”, murmurei, na esperança de que ela estivesse com fone e pudesse me ouvir.
Eu moro aqui do lado e...
Amiga ou namorada da vizinha que trabalha até as duas da manhã? interrompeu.
Amiga. respondeu rápido.
Já sei. Quer silêncio.
Bom, é o mínimo. Já passa das dez, moço. — minha amiga argumentou.
Nós estávamos trabalhando. Mas eu já vou desligar. Me desculpe por isso. , o dono do apartamento. — a voz de preencheu a linha e eu revirei os olhos. Aquele palhaço não tinha sido tão amigável comigo.
Obrigada. agradeceu e ouvi seus passos e a porta se fechando. — Eles vão desligar. Aliás, já desligaram.
— Engraçado que eu quase coloquei a parede abaixo e eles simplesmente me ignoraram. — bufei.
Você foi amigável, ? perguntou, provavelmente já sabendo a resposta.
— Eu sempre sou. — rebati ofendida.
Aham, sei. — ela riu. — Agora volte ao trabalho. E cuidado.
— Deseje que eu arrume um velho rico. — resmunguei.
Desejo que arrume um cara bonito. — ela disse risonha. — Igual ao tal . Até mesmo o dono do AP.
— Cale a boca, . Te vejo amanhã. — e simplesmente desliguei. Não podia passar meu precioso intervalo ouvindo os agouros de .
Depois mais algumas horas exaustivas de trabalho, peguei um táxi e fui para casa. Assim que estiquei a mão para abrir a porta do prédio, ela se abriu e o vizinho barulhento saiu carregando o lixo.
— Hora incomum para tirar o lixo. — comentei.
— Sua amiga é mais simpática que você. — ele resmungou e passou por mim.
Ignorei o comentário e subi os degraus da porta da frente, ansiosa para tomar um banho e dormir.
— Você parece acabada. — murmurou, me acompanhando.
— Muito observador. — tentei sorrir. — Eu não dormi bem e trabalhei demais.
— Bom, me desculpe pelo barulho mais cedo. — ele coçou a parte detrás da cabeça, parecendo envergonhado.
— Agradeça ao terceiro rapaz por mim. Graças a ele, vocês pararam. — fui irônica.
— Está falando do ? — ele franziu as sobrancelhas.
— Estou falando do anjo que chegou e acabou com o barulho para que eu pudesse finalmente dormir. — suspirei.
— O . — entortou a boca para mim.
... — repeti, lembrando de agradecer a Deus pela existência dele.
— E você é a? — perguntou.
— A vizinha que precisa dormir. — sorri para ele quando chegamos à minha porta. — Boa noite, .
Bati a porta com cuidado atrás de mim para não acordar que devia estar dormindo em sua cama.
— Oh, você está viva. — gritou do quarto, me pegando de surpresa e me fazendo pular de susto. Caminhei a passos leves até ela.
— Você não deveria estar dormindo? — perguntei.
— Amanhã é sábado, . Relaxa. — ela sorriu para mim sem tirar os olhos do celular.
— Amanhã eu trabalho, . Boa noite. — desejei e rumei para o banheiro.
— Nossos vizinhos até que são legais. — ela veio atrás de mim.
te pagou para dizer isso? — perguntei, entrando no box e fechando a porta, que, com sorte, me cobriria enquanto estava na porta do banheiro, aparentemente alheia no celular.
— Por que diz isso? — ela quis saber.
— Parece que os outros dois são agregados. é o único que mora aí. — expliquei.
— Tem um terceiro? — parecia chocada.
, meu salvador da manhã. — sorri sem ser vista.
— Eu preciso conhecê-lo? — ela perguntou. Podia jurar que estava sorrindo.
— Não sei. Nem eu o vi. — terminei meu banho e saí enrolada na toalha. — Quando ele chegou, eu já estava aqui. Mas foi ele que acabou com o barulho.
disse que estavam trabalhando. Sabe o que eles fazem? — perguntou, curiosa.
— Além de barulho? — rebati.
— Você não gostou mesmo deles. — ela riu.
— Eu tô cansada, . — respondi e me joguei na cama.
— Mas uma coisa não anula a outra. — ela riu.
— Claro que anula. Quando eu estou cansada, eu não gosto nem de você. — avisei e fechei os olhos.
— Assim você me magoa, . — ela disse com tristeza na voz. Eu nem precisaria olhar para ver que estava formando um bico nos lábios.
, eu te amo, mas eu preciso dormir. Conversamos sobre os vizinhos quando eu estiver mais viva. — soltei um beijo no ar e me entreguei ao sono que me dominava.

Como esperado, me acordou no horário de sempre com o barulho de sempre.
! — gritei por sobre o barulho. Minha amiga entrou no quarto dançando. — Fala sério, .
— Que foi? A batida é boa. — ela deu de ombros.
— Pode fazer a gentileza de ir até lá e pedir para eles baixarem? Eu preciso dormir. — choraminguei.
— Nem pensar. trouxe panquecas como um pedido de desculpa antecipado. — ela sorriu. — É sábado, . Levante daí.
— Eu ainda trabalho hoje. Sabe que é o pior dia. — suspirei frustrada e sentei na cama. A palavra “panquecas” reverberava na minha cabeça.
— Dorme mais tarde. Eu te ajudo com as atividades da faculdade. Agora levanta e vem tomar café. Você vai se sentir melhor.
Fiz o que me falou. Tomei café, fiz umas atividades e, quando eles finalmente desistiram do barulho, eu pude dormir mais um pouco.
— Não sei que horas eu volto. Não me espere acordada. — me despedi da minha amiga enquanto saía para trabalhar.
— Isso soou tão tentador. — quase soprou no meu ouvido.
— Credo, garoto! Que susto do cara...
— Boca suja! — o rapaz ao lado dele gritou. Tinha os olhos apertadinhos em julgamento, mas depois sorriu para mim. Era reconfortante.
— Você deve ser o . Muito prazer. E obrigada. — estendi a mão para ele.
— E você deve ser a vizinha que trabalha até as duas da manhã. — ele apertou minha mão de volta.
— E que, no momento, está quase atrasada. — sorri para ele. me devolveu o sorriso, com os olhos apertados novamente. — Vejo vocês por aí.
— Tchau, vizinha! — gritou e eu apenas acenei com a mão.

❣️

Semanas se passaram e eu fui obrigada a ajustar minha rotina à de . Mudei o horário de fazer os exercícios da faculdade e inseri um cochilo em algum momento para descansar antes do trabalho.
Mas isso mudaria hoje. Era meu dia de folga. Eu ansiava por ele toda semana, mas hoje era o dia em que eu arrumaria a casa.
tinha passado a última semana me importunando diretamente (e não choca ninguém), me acordando com a música alta e gritaria, mas hoje ele estava estranhamente quieto.
— Hoje ele vai provar do próprio veneno. — disse sozinha, rindo para ninguém.
Liguei o celular na caixa de som, escolhi uma das minhas músicas favoritas e coloquei para tocar. Aumentei o volume e comecei a cantar. Mas alguém resolveu tocar a campainha. Suspirando, me dirigi à porta e abri, encontrando um com um sorriso largo no rosto.
— Você está ouvindo a minha música? — ele perguntou animado, quase dando pulinhos no lugar como um filhotinho.
— Eu... O quê? — perguntei confusa.
— Minha música. Você está ouvindo minha música. — ele apontou para dentro.
, essa música não é sua. — cruzei os braços sobre o peito. — Não tem seu nome como artista no stream.
— Essa música é minha. Eu não canto, mas fui eu que escrevi. — ele sorriu vitorioso.
— Conta outra, . — duvidei.
— Vem cá. — ele me tomou pela mão, me fazendo largar a vassoura, e me arrastou pelo curto corredor, abriu a porta do próprio apartamento e andou pelos cômodos até um dos quartos. — Eu trabalho aqui.
Ele mostrou o que parecia ser um estúdio de gravação. Tinham folhas de papel espalhadas pelo lugar, um microfone em uma espécie de cabine e as paredes eram acolchoadas. Ele me largou e começou a remexer em umas folhas que estavam em um fichário em uma estante.
— Mas o que...
— Aqui. — ele me estendeu o fichário. E ali estava a letra da música que ainda tocava alto no meu apartamento.
— Não tô vendo seu nome aqui. — o encarei.
— Aqui, vizinha. — ele apontou para o que parecia ser um nome artístico. — E aqui o e o .
Incrédula, folheei o fichário, vendo várias músicas que eu conhecia escritas ali.
— É o que fazemos para viver. — ele cruzou os braços sobre o peito.
— Compositores? — perguntei, ainda sem acreditar.
— E às vezes fazemos o arranjo. — ele sorriu de canto.
— E vocês passam a noite virando bicho...
— Nem sempre trabalhamos à noite, vizinha. — riu e interrompeu a expressão que minha mãe utilizava sempre e que eu adorava repetir. — está tendo mais inspiração à noite esse mês, então nos ajustamos.
. Meu nome é . Pare de repetir vizinha para lá e para cá. — revirei os olhos.
— Desde que você não se apresentou, eu não sabia como te chamar, . — ele sorriu de lado.
— Bom, agora já sabe. — fechei o fichário e o devolvi para . — Se precisar de ajuda com literatura ou correção de textos, tem uma estudante morando aqui do lado. — apontei para a parede que dividia nossos apartamentos.
? — ele quis saber. Ele, eles, e se davam estranhamente bem. Ela até já tinha parado de corar com as cantadas de .
— Eu, . — suspirei. — mexe com números. Meu serviço de correção é caro, mas eu posso fazer um desconto para vocês em troca de um pouco de paz. — sorri debochada.
— Acredite, eu também rezo para que o volte com a inspiração durante o dia. — ele suspirou.
— Bom, eu preciso limpar minha casa. O chão não vai se limpar sozinho. — suspirei e dei as costas para ir embora.
— Você não vai me deixar dormir, não é? — perguntou, me seguindo.
— Não estou te segurando. — respondi sem me virar.
— Só está se vingando pela música alta dos outros dias. — ele constatou um fato.
— Achei que conseguisse dormir com o barulho. — dei de ombros e abri a porta, me virando para o encarar uma última vez.
— Não se ele for demais. — ele repetiu minhas palavras de dias atrás e sorriu de canto. Encarei seus olhos rasgados por um momento e sorri.
— Boa sorte tentando dormir, . — levei dois dedos à testa e os afastei, como em um cumprimento. Me dirigi à minha porta ouvindo um “você é difícil, ”, seguido por um riso soprado. — Você nem imagina, . — fechei minha porta e fui fazer minha faxina.

🎙️🎚️

Dias depois...
— Academia? — perguntei assim que vi também fechando a porta.
— Sim. E você? — ele perguntou sem me olhar.
— Vou só relaxar lendo no parque. — dei de ombros. Eu finalmente estava de férias do trabalho (duas semanas), e estava aproveitando para descansar.
— Coloca um tênis e vem comigo. — ele finalmente me olhou.
— Esse não é o meu lance, . — sorri sem graça.
pode te fazer uma massagem depois. — ele ofereceu.
está aí? — perguntei olhando para a porta fechada.
— Vai nos encontrar lá. — explicou. — Coloca um tênis e vem comigo. — quase ordenou. Apenas neguei com a cabeça. Ele olhou para as minhas costas como se estivesse me medindo. — Vamos, . Essa bunda não vai se manter... Assim se você não se esforçar.
— Pare de olhar para a minha bunda, ! — bati em seu braço forte. — Seu pervertido.
— Coloca um tênis, . — ele cruzou os braços sobre o peito forte e suspirou.
— Você não vai desistir, não é? — perguntei já temendo a resposta. Ele apenas negou com a cabeça.
— Eu te odeio, sabia? — suspirei.
— Não odeia não. Vai me agradecer por isso depois. — ele fez um gesto com a mão, quase ordenando que eu fosse calçar o maldito tênis. Sem opção, larguei o livro, troquei a blusa que vestia, calcei os tênis, peguei minha garrafa e saí, o encontrando ao celular. — Bem melhor. Agora vamos.
E simplesmente desceu o lance de escadas que nos levava até a portaria. O segui relutante, pensando se tinha alguma forma de escapar daquilo, e suspirei frustrada quando percebi que não. O caminho até a academia era curto e foi o tempo todo ao meu lado, como que para se certificar que eu não ia fugir.
realmente nos encontrou lá. Vestia uma camisa sem mangas nos braços torneados e fez uma série de piadas sobre minha presença ali.
— Precisaremos da sua ajuda mais tarde. — se aproximou da esteira e me encarou.
— Depois da massagem do ? — perguntei. Ele entortou a boca, mas confirmou com a cabeça. — Você pode sempre tentar, . Estou aberta a possibilidades.
— Ah, não. é melhor que eu nisso. — ele prontamente negou.
— Mas para que precisam de mim? — perguntei curiosa.
— Precisamos de uma opinião feminina numa música romântica. — ele confessou baixinho.
— E o que te leva a crer que eu posso ajudar com isso? — perguntei igualmente baixo.
— Você falou de literatura. Achei que entendia de romance. — ele franziu as sobrancelhas.
— Eu estudo romance, mas não necessariamente entendo deles. — dei de ombros. — Mas eu bato na sua porta mais tarde. Vou cobrar a massagem mesmo.
— Que massagem? — se aproximou.
— A que você vai me fazer assim que chegarmos. — avisei. me olhou e então encarou . — Foi ele mesmo que prometeu.
— Vai ser um prazer, . — piscou para mim.
— Chega de gracinhas. Vamos, , você ainda tem duas séries para terminar. — arrastou para longe, mas não sem antes o mais novo piscar para mim outra vez.
Terminei meus sofridos minutos na esteira e me aproximei dos dois. estava deitado, levantando uma barra, e o auxiliava às vezes, puxando a barra para cima.
— Eu vou indo. Preciso de um banho. É bom você estar cheiroso antes de colocar as mãos em mim, . — ameacei.
— Ah, . Eu vou estar pronto para esse momento. Pode apostar. — ele sorriu largo, ainda sem largar a barra.
— Isso é só uma massagem nos ombros. Se vão massagear outras partes do corpo, acho bom procurarem outro lugar. — soltou a barra de repente e quase a derrubou no próprio peito.
, você quase me matou. Tá maluco? — reclamou.
— Levante. Vamos alongar e vamos para casa. — avisou e saiu, nos deixando confusos.
— Ih, acho que alguém não tá de bom humor, hein? — comentei.
— Ele só tá mal-humorado porque tá na sua. Relaxa. — disse como se não fosse nada.
— Fala sério, . — bati meu ombro em seu braço. riu.
— Você está brigando sozinha desde o começo. Ele tá na sua desde a primeira vez que se viram. — ele simplesmente soltou a informação.
! gritou ao longe.
— Melhor você ir.
— Vamos os dois. Você ainda não alongou. — me tomou pela mão e me carregou com ele. Quando nos aproximamos, me olhou com os olhos estreitos e começou a se alongar, os músculos tensionado e relaxando bem diante dos meus olhos. Comecei a pensar sobre o que tinha falado e me perdi em pensamentos. Mas o estalar de dedos me fez despertar. Olhei para e ele esticava os braços acima da cabeça com uma expressão que me dizia para fazer o mesmo. Imitei seus movimentos e quando ele pareceu satisfeito, simplesmente nos deu as costas e saiu andando. e eu nos entreolhamos e, sem opção, o seguimos. Ele foi todo o caminho até o prédio no mais absoluto silêncio.
— Eu bato na sua porta mais tarde. — avisei.
— Vamos estar prontos, não é, ? — sorriu. não.
— Vai querer minha ajuda ou não, ? — perguntei impaciente com aquele silêncio.
— Às oito. — ele respondeu e entrou em casa. negou com a cabeça e o seguiu. Abri minha porta e encontrei sentada no sofá, vendo TV.
— Leu um livro... Espera, essa é uma roupa de academia? — ela quis saber.
me arrastou. Não tive opção. — dei de ombros.
— Aposto que você odiou estar cercada de caras gostosos. — ela sorriu maliciosa. — é tudo o que parece?
— Não sei. A camisa está grudada nele. — dei de ombros. — Vai sair hoje? — perguntei enquanto me dirigia ao banheiro.
— Vou e você devia vir comigo. — ela respondeu gritando.
— Não posso. — voltei no meio do caminho para não continuar a série de gritos na casa. — me prometeu uma massagem e me pediu para ajudá-los com uma música. Vou lá ver no que isso vai dar.
vai te fazer uma massagem? — ela perguntou com uma mistura de surpresa e malícia.
— Não, que vai. só prometeu. — expliquei.
— Então sua noite está melhor que a minha. — ela sorriu maliciosa. A encarei sem expressão e fui para o banheiro. veio atrás, claro. — Que foi? disse que o tá na sua. Vai ser interessante.
— Andou conversando com o , ? — perguntei, verdadeiramente curiosa.
— Ele ia sair comigo hoje, mas como eles têm que entregar a música logo, ele furou. — ela deu de ombros.
— Então tá, né? — respondi e entrei no box. — Tem comida? — perguntei alto.
— Vou colocar no micro-ondas. — ela respondeu alto e ouvi seus passos saindo. Gritei um “obrigada” e terminei o banho o mais rápido possível.
Comi com me mostrando os possíveis looks para a noite dela, mas minha cabeça continuava focando na informação que me forneceu. Achava a ideia absurda, mas outra parte da minha cabeça, uma bem pequena, me dizia para tirar a prova disso.
Quando me despedi de e bati na porta ao lado, a parte pequena lutava com a parte sensata sobre como iríamos fazer isso.
— Boa noite. — me cumprimentou. Vestia uma camisa exatamente igual à que usava na academia, mas estava perfumado.
— Tomou banho, ? — perguntei, passando por ele e entrando no apartamento.
— Claro, gata. está terminando, mas podemos começar os trabalhos. — ele sorriu de lado. — Que bom que veio de camiseta, facilita.
— Facilita o quê? — saiu do banheiro devidamente vestido e cheiroso.
— O acesso aos ombros. Menos tecido impedindo. — deu de ombros.
— Comecem aí, eu vou buscar alguma coisa para beber. — ele bateu os pés até a cozinha.
Enquanto explicava sobre o óleo que ele tinha achado, reparei na decoração. Não tive tempo de fazer isso na outra vez que estive aqui. Era tudo muito simples, sem muitos detalhes, apenas alguns certificados na parede e folhas por todo lugar. Direcionei os olhos até e o encontrei me encarando da porta da cozinha. Mas quando encostou seus dedos em meus ombros, não controlei o gemido baixo que escapou da minha garganta e fechei os olhos.
— Você devia trabalhar com isso, . — sugeri.
— Acredite, meu negócio é música. — ele riu.
— Terminaram? Precisamos trabalhar. — interrompeu nosso momento.
— E ? — perguntei. O mais velho era um amor. Eu gostava dele.
— Não vem hoje. Tem reunião. — respondeu e foi para o estúdio. Conhecia aquele caminho, já tinha ido lá uma vez.
— Acho que já toquei demais em você hoje. — riu baixinho.
— Pare de alimentar essa fanfic que você criou na sua cabeça, . — ralhei. Ele apenas levantou as mãos em sinal de rendição.
— Não falo mais. — ele respondeu e também foi para o estúdio. Só me restou segui-los.
— O que temos aqui? — perguntei entrando no cômodo.
e apresentaram a letra, explicando em quais partes precisavam de ajuda. Li o conteúdo da folha pelo menos seis vezes antes de dar o primeiro palpite. anotava minhas sugestões em uma folha à parte, checando vez ou outra quais cabiam ali.
— Eu vou beber alguma coisa. Não se matem. — anunciou e saiu do cômodo. Encarei um concentrado e suspirei.
— Quer ir embora? — ele perguntou sem me olhar.
— Não, estou gostando. É mais divertido do que pensei. — arrastei minha cadeira para mais perto. — O que tanto encara na folha?
— Essa estrofe. Falta um verso aqui. — ele me passou a folha. O texto me arrancou um sorriso.
“Eu sei muito bem, você é tudo que existe na minha cabeça.
Meu coração te quer.
Eu quero mais ainda o seu coração.
Este coração está envenenado.”
— E o que mais, ? — soltei o apelido que tinha ouvido falar mais cedo. não protestou.
— Não sei, . Esse é o problema. — ele suspirou frustrado.
— “Só você é o antídoto”. — soltei de repente.
— O quê? — ele me encarou.
— “Só você é o antídoto”. — repeti. — Se esta envenenado, precisa de antídoto, . — dessa vez, ele sorriu, a covinha aparecendo no rosto forte.
— Eu poderia dizer que te amo.
— Mas não seria mentira, não é? — alfinetei. Para a minha surpresa, ficou em silêncio. Seus olhos se conectaram aos meus e a parte de mim que queria provar a teoria de entrou em ação.
Levantei da cadeira onde estava sentada e venci a pouca distância entre nós. Com as pernas uma de cada lado de suas coxas, sentei no colo de , meus braços descansando em seus ombros. As mãos dele automaticamente se colaram em minhas coxas e senti seus dedos apertarem a carne. Encarei sua boca e seus olhos e ele me beijou sem que eu tivesse tempo para agir. O beijo era calmo e doce, apesar de suas mãos ainda apertarem minhas coxas.
, não podemos. — me afastei minimamente, mantendo os olhos fechados.
— Você tem namorado? — ele perguntou. Apenas neguei com a cabeça. — Então por que não podemos?
— Você não me odeia? — perguntei divertida.
— Fala sério, . — ele debochou.
— Eu tava certo! — gritou na porta do cômodo. Levantei de repente e quase caí quando esbarrei na cadeira vazia. — Desculpa, gente. Eu volto depois. — e se foi assim como tinha vindo: de repente.
— Então todo mundo sabia, menos eu? — perguntei.
— Eu estava em negação até alguns minutos atrás. — ele suspirou e levantou, se aproximando e me abraçando pela cintura. — Agora que já te beijei, bom, veneno e antídoto. — ele deu de ombros.
— Mas e a música? — quis saber.
— Depois a gente termina. — e me beijou.

💖💖

Depois da noite da música na casa ao lado, eu tinha esbarrado e saído com algumas vezes. Ele já tinha se prontificado a me levar até o trabalho, ou até a faculdade, sempre com a desculpa de que queria me proteger. Ele até conseguiu me carregar com ele para a academia mais algumas vezes.
Mas eu ainda não sabia o que nós éramos. Talvez fosse melhor nem rotular. Estávamos nos dando bem e isso era o importante.
No sábado, estava me preparando para ir trabalhar quando entrou no apartamento de repente.
— Eita, mas que alvoroço é esse? — perguntei. estava ofegante, como se tivesse corrido para chegar ali.
— Já está saindo? — ela quis saber.
— Em alguns minutos. — chequei o relógio. — Viu o por aí? Aquele imbecil sumiu o dia todo.
me disse que ele estava ocupado com alguma coisa. — ela respondeu. Ela e estavam mais enrolados que e eu.
— Então eu vou ter que ir só. — suspirei. — Tchau, . Se precisar de alguma coisa...
— Já sei, te ligo e você vem correndo. — ela completou.
— Exatamente. — beijei o rosto da minha amiga e saí, não sem antes gritar um “juízo” em alto e bom som.
No bar, o sábado estava atípico. Ao invés do tradicional DJ, hoje tínhamos música ao vivo. Uma pequena banda local animava os frequentadores e nós do bar cantávamos atrás do balcão.
De repente, a música parou e todos se olharam. Parei de arrumar as garrafas na bandeja e mirei o pequeno palco. E felizmente não estava segurando nada, ou teria derrubado tudo com o susto. , e estavam ali, pegando emprestado alguns instrumentos e o microfone da banda.
— Boa noite a todos. — disse no microfone. — Desculpem interromper essa banda incrível, mas eu queria a atenção de vocês. Não vai durar mais que cinco minutos, eu juro.
A plateia se entreolhou e voltou a encarar meu vizinho.
— Essa é uma declaração para a mulher que eu amo. — ele piscou e sorriu para mim e todos os presentes se viraram na mesma direção, me encarando.
Quando ele começou a tocar e cantar, a compreensão me atingiu como um raio, se espalhando pelo meu corpo como um choque. Aquela era nossa música. A mesma com a qual eu contribuí. Alguém me empurrou para mais perto do palco e minhas pernas se moveram sem minha permissão. agora cantava me encarando e pude notar em um canto, com o celular nas mãos. Quando terminou, ele me estendeu a mão. A aceitei e subi no palco.
, recentemente descobri que te amo. — ele começou.
— Ele já sabia faz tempo, mas só aceitou agora. — o interrompeu e recebeu um olhar de reprovação.
— Então eu tratei de terminar a música que você ajudou a criar e corri um risco enorme vindo cantá-la para você aqui, no seu trabalho, apenas para poder perguntar na frente de toda essa gente: você aceita namorar comigo? — ele perguntou, os olhos brilhando em expectativa.
Fiquei em silêncio por um minuto inteiro. A tensão se acumulava ao nosso redor, todos esperando que eu respondesse.
E que outra escolha eu tinha?
— Eu deveria não aceitar só pela algazarra que você causou aqui, . — ralhei.
— Você adorou. Admita, . — ele sorriu. Apenas neguei com a cabeça. — E a resposta?
— Bom, e que escolha eu tenho? É sim. — respondi e o público ao nosso redor reagiu animado, com palmas e assobios. venceu a distância e me abraçou. Deitou meu corpo como nos filmes e me beijou romântico e sem pressa. Meu namorado.
— Você tá ligada que pegou o cara errado, não é? — me perguntou ao nosso lado e sorriu.
— É, eu sei. Ele é só uma desculpa para pegar você depois. — pisquei para ele.
— OK, chega. — segurou meu queixo e selou meus lábios.
— Agora faltam você e . — instiguei . Ele encarou minha amiga e ela começou a negar com a cabeça. Ele apenas riu.
— Ela me mataria se eu fizesse algo do tipo. — confessou.
— Foi lindo, mas eu preciso voltar ao trabalho, meu amor. — disse a . — Te vejo em casa?
— Vou estar esperando. Mando o para o seu AP e você vai para o meu, o que acha? — sugeriu.
— Ótima ideia. — selei seus lábios. — Te vejo mais tarde.
Eles devolveram os instrumentos e a programação seguiu normal na medida do possível. As pessoas paravam para ame parabenizar e as mulheres diziam o quanto aquilo tinha sido fofo.
Quando me vi livre do trabalho, peguei um táxi e fui para casa o mais rápido possível. Só queria passar mais um tempo com meu namorado. Bati na porta ao lado da minha e me atendeu com um sorriso que franzia seu nariz.
— Boa noite, namorada. — ele me deu passagem. Entrei no apartamento e selei seus lábios. — deixou uma muda de roupa. Então vai tomar banho porque hoje eu vou te fazer uma massagem. — ele piscou.
— Você não disse que o era melhor nisso? — alfinetei.
é um inútil. — ele entortou a boca.
— Você fica fofo com ciúme. — selei seus lábios de novo e fui para o banheiro. Conhecia o lugar, era um espelho do meu aparelho.
— Tem um roupão aí. Suas roupas estão na bolsa pendurada. — ele me avisou.
Chequei a bolsa e vi que tinha colocado uma camisola, um conjunto de lingerie alguns produtos de higiene. Neguei com a cabeça e tomei um banho merecido. Vesti a calcinha, a camisola e coloquei o roupão por cima, saindo do banheiro para encontrar no quarto, lendo o rótulo do que parecia ser o mesmo óleo que tinha usado naquela vez.
me paga. — resmunguei.
— Não sei o que ela fez, mas ela com certeza tentou ajudar. — sorriu e bateu na cama ao seu lado. Suspirando, larguei o roupão pelo caminho, revelando a camisola curta demais. — Preciso lembrar de agradecer a ela depois. Deita de costas. — ele pediu.
Deitei, sentindo a camisola subir e revelar a renda que mal me cobria. A próxima coisa que senti foram os dedos melados de em meus ombros tensos e seus lábios em minha nuca, uma, duas vezes, me arrancando um arrepio bom.
Ele sentou sobre meu quadril e suas mãos firmes tocaram meus ombros e braços, vez ou outra acompanhada por um selar de seus lábios na minha nuca.
. — gemi e mexi o quadril contra sua ereção que eu podia sentir contra minha bunda.
, fique quieta. — ele pediu em um sussurro.
— Não, eu quero você. — quase choraminguei. As mãos de deslizaram pelas laterais do meu corpo, perigosamente perto dos meus seios e eu apenas empinei mais a bunda contra ele.
— Você ainda vai me enlouquecer.
Foi a última coisa que eu ouvi antes de sentir o seu peso longe de mim. Olhei por cima do ombro e vi saindo apressado do quarto e voltando com alguns pacotinhos metálicos nas mãos. Ele os colocou na mesa ao lado da cama, e ouvi seu cinto bater no chão. Continuei de bruços, aguardando seus próximos movimentos. Queria ser surpreendida. subiu no colchão e voltou à sua posição, sentado sobre minhas coxas, agora sem nada, eu podia sentir.
— Você tem noção do que fez comigo, ? — ele perguntou e senti seus dedos perto demais do meu íntimo. Fiz o possível para separar um pouco as pernas e lhe dar mais acesso. apenas afastou minha calcinha para o lado e seus dedos resvalaram na região quente.
— O que, ? — perguntei sem olhá-lo. se abraçou ao meu corpo parcialmente coberto e eu não pude evitar o movimento do meu quadril.
— Você me tem nas mãos desde o dia em que veio reclamar do barulho. — ele soprou no meu ouvido.
— É bom ouvir isso. — continuei movimentando o quadril contra o dele.
— É isso o que você quer, impaciente? — ele perguntou risonho.
— Sim, , por favor. — pedi.
— O eu não faço por você? — ele perguntou e separou o abraço, se esticando apenas para pegar a proteção.
— Silêncio quando eu preciso dormir. — respondi, o olhando por cima do ombro enquanto ele vestia a proteção. era lindo de ser ver sem roupa, os músculos definidos e as pernas fortes.
— Não vamos entrar nesse assunto. — ele piscou. — Está pronta?
— Desde sempre. — respondi.
Senti seus dedos em meu quadril, tirando a renda que me cobria e, em seguida, em meu íntimo, tentando ganhar espaço. Seu membro achou o caminho certo e eu quase vi estrelas quando senti seu comprimento em mim. Era bom, me sentia cheia.
começou com movimentos lentos, um gemido vez ou outra escapando por seus lábios. Quando comecei a mover meu quadril de encontro ao dele, ele aumentou os movimentos e rapidamente nos levou ao ápice, caindo ao meu lado na cama logo depois.
— Como se sente? — ele perguntou baixinho.
— Eu ainda não sei definir. Talvez mais tarde eu consiga te dizer. — deitei a cabeça em seu peito.
— Eu te amo. — ele confessou.
— Eu também te amo. Barulhento. — cutuquei.
— Artista independente. — ele me corrigiu.
— Barulhento. — insisti.
— Eu vou te mostrar quem é o barulhento.

❣️❣️

Estava tentando dormir, cansada da noite anterior, quando um barulho de algo se quebrando irrompeu no apartamento.
— Moço, será que você pode baixar o volume? — gritei do quarto.
apareceu vestindo nada além de um short moletom preto e me encarou da porta do quarto com um sorriso que me dizia que não, ele não ia baixar o volume e que nós iríamos fazer muito mais barulho ali.


FIM



Nota da autora: E veio aí o hot com o Binnie! Tô muito nervosa com essa fic, mas espero que tenham amado esse casal tanto quanto eu amei. Vejo vocês por aí. Beijinhos!



Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus