Capítulo 18
-Eu não entendo - Hermione repetiu a mesma frase pela vigésima vez enquanto eu a observava, sentada em um dos degraus, andar de um lado para o outro. - Por que Voldemort iria querer ? Não faz sentido!
Revirei os olhos irritada por ela constatar o óbvio e passei a mão pelo cabelo respirando fundo. Rony estava encostado na mesa com os braços cruzados, a mão no queixo e os olhos em Hermione; Harry era o que estava pior, talvez por ter sido aquele que viu o que Voldemort queria, ele estava sentado em uma das camas com as mãos entrelaçadas e o olhar perdido.
-Harry - consegui a atenção do garoto que parou de encarar o chão e se virou para mim - O que foi, exatamente, que Voldemort te mostrou? - o garoto respirou fundo, passou as mãos pelo rosto e voltou a me olhar.
-Foi muito confuso, primeiro apareceu Nagini, depois você e no fundo ele disse "me dê a garota".
-Nagini? O que a cobra tem a ver comigo? - perguntei confusa sentindo minha cabeça dar voltas, aquilo não fazia sentido nenhum.
-Será que isso não tem ligação com a profecia? - Rony perguntou deixando de observar Hermione roer as unhas e vindo em minha direção - digo, existe uma profecia sobre você, não é?
-Foi o que Dumbledore disse - dei de ombros encarando a entrada da barraca- Mas não dizia nada sobre a cobra.
Levei as mãos ao cabelo bagunçando de leve e respirei fundo, precisava me acalmar para conseguir organizar meus pensamentos.
-Deveríamos dormir, temos que visitar Xenofílio amanhã e passar a noite tentando desvendar o que Harry viu não vai nos levar a nada a não ser desgaste, pensamos nisso de manhã - Hermione parou de andar de um lado para o outro e nos aconselhou.
-Eu fico de guarda. - Rony se voluntariou e eu assenti levantando e seguindo para minha cama em silêncio.
Os minutos passaram se transformando em horas rapidamente, Harry e Hermione estavam dormindo há muito tempo enquanto eu continuava a encarar o teto com medo de simplesmente me mexer na cama. Sabia que quando decidi ajudar Harry e os outros enfrentaríamos todo tipo de situação e que ter medo não ajudaria em nada, mas as palavras de Harry e sua expressão ao dizer que Você-Sabe-Quem queria a mim causavam-me mais pavor do que gostaria de admitir. Conforme o tempo foi passando adormecer se tornou inevitável e sem que eu percebesse já estava imersa em sonhos e pesadelos.
"- - alguém sussurrava meu nome - , querida! - a pessoa não sussurrava mais, porém mantinha o tom cauteloso ao falar - Sou eu. - minha respiração que havia acelerado foi acalmando conforme eu reconhecia a voz.
-Pai? - olhei em volta mesmo sabendo que era inútil, estava tudo escuro.
-Sim, querida, sou eu. Agora, preste atenção! Eu não posso estar aqui e muito menos te mostrar as coisas que você verá por isso não temos muito tempo, mas sei que está confusa e você merece explicações. - respirou fundo antes de voltar a falar rapidamente - Sei que está com medo mas agora não é hora pra isso, lembre-se da bruxa maravilhosa que você é e do quão orgulhosos sua mãe e eu estamos, você é uma Black, então lute como uma.
-Sirius, eu não estou entendendo...
-A história que você conhece não é a verdadeira, Dumbledore tinha outra ideia de como contar isso a você, mas seus planos foram interrompidos, então eu tenho que me apressar se quiser te mostrar a verdade, fique de olhos bem abertos...
De repente a voz de Sirius sumiu e a escuridão se tornou um grande foco de luz que aos poucos foi tomando forma, assim que meus olhos conseguiram se acostumar com a claridade pude enxergar onde estava, era a cozinha onde minha mãe havia sido assassinada.
E falando nela lá estava Elisa, cozinhando calmamente enquanto o rádio tocava ao seu lado, parou de mexer o caldo, apoiou a colher na pia e se virou para brincar com a bebê que estava no carrinho observando a mãe cantarolar a música e cutuca-la lhe causando risadas.
Senti meus olhos marejarem e levei a mão até a boca ao perceber o que estava acontecendo. Me lembrava daquele local, daquela cena, lembrava-me do pesadelo que tive ano passado, e quando a ficha finalmente caiu eu senti meus joelhos fraquejarem.
Elisa continuava a brincar com a bebê, ou melhor, comigo, até o barulho do cronômetro soar e ela se virar voltando para o fogão, a música ainda tocava e sua voz acompanhava a da cantora, soava doce e afinada me fazendo questionar se eu havia puxado meu pai nessa parte já que minha voz era um desastre. Um estrondo alto acabou com a calmaria presente no ambiente e eu me encolhi ao rever a cena de uma maneira prolongada e pior.
Elisa se virou para a bebê assustada e com a varinha em mãos, os passos aumentavam e sua mão tremia sem parar, reconheci a imagem de Bellatrix e Voldemort quando os dois adentraram a cozinha sendo seguidos por Nanini.
Arqueei a sobrancelha encarando a cobra e, conforme Lestrange gargalhava, vi que o olhar de minha mãe também estava no animal rastejante ao lado de Voldemort. Ela alternou o olhar entre mim e a cobra e, conforme Voldemort levantava a varinha apontando para ela e conjurando a maldição da morte, sua varinha também se levantava enquanto ela proferia um feitiço desconhecido por mim no mesmo segundo que a luz verde tomou conta da cozinha e seu corpo caiu duro e sem vida no chão.
Senti meu estômago revirar como se tivesse levado um soco e meus joelhos cederam fazendo-me cair no chão horrorizada por ter presenciado aquela cena. Um barulho na porta de entrada chamou a atenção dos dois e Voldemort e Bellatrix aparataram com a cobra deixando único som que preenchia o ambiente ser o da música do rádio.
-Sinto muito por ter que ver isso, mas era mais rápido do que eu descrever - Sirius voltou a falar - Sua mãe utilizou um feitiço complexo e pouco conhecido. Como você deve saber, para se criar uma horcrux e dividir a alma é necessário matar alguém, você-sabe-quem precisa de mais uma e também queria nossa morte, então ele arranjou a solução que seria perfeita, matar sua mãe e dividir a alma mais uma vez e foi isso o que ele fez. Mas Voldemort não sabia que Elisa tinha um extenso conhecimento em feitiços, imaginando qual seria o plano dele e na intenção de te proteger ela criou uma conexão entre você e o animal, te tornando a única pessoa a poder matá-la. Meu tempo esgotou, sei que deve estar cheia de perguntas e que é muita informação, mas você precisava saber. Sua mãe e eu estamos sempre com você, tenha cuidado!"
Acordei sentindo o suor escorrer pelo meu corpo e com a respiração ofegante, sentei na cama tentando assimilar tudo que havia visto e ouvido, era demais. Joguei os pés pra fora da cama quando percebi que não conseguiria voltar a dormir, peguei minha varinha, calcei os chinelos e segui para o lado de fora da barraca onde Rony estava sentado mexendo nas folhas que caíram da árvore.
-Ei - sussurrei chamando sua atenção e fazendo-o se assustar.
-! O que faz acordada? - perguntou indo para o lado me dando espaço no cobertor ao seu lado. Sentei guardando minha varinha no bolso do casaco e respirei fundo antes de responde-lo.
-Eu tive um sonho estranho - respondi e ele assentiu em sinal de compreensão.
-Tenho tido bastantes pesadelos esses dias, acho que é por causa da loucura que estamos vivendo - desviou o olhar da árvore a nossa frente e se voltou para mim. - Sabe, quando eu era criança e tinha pesadelos minha mãe sentava comigo e conversava sobre eles, normalmente ajudava, quer tentar? - sorri imaginando a cena de um pequeno Rony sentado com a Sra. Weasley contando sobre algum sonho que envolvesse aranhas gigantes.
-Não foi bem um pesadelo, eu...
-Sonhou com Sirius? - me interrompeu e eu assenti surpresa por ele ter adivinhado. - O que ele te disse pra te deixar assim?
-O problema não foi exatamente o que ele disse, mas sim o que ele me mostrou - fiz uma pausa esperando algum comentário do ruivo que apenas fez um sinal com a cabeça me dizendo para prosseguir - Não sei se você vai lembrar, mas logo no começo do ano letivo quando eu entrei em Hogwarts eu tive um pesadelo, envolvendo a morte da minha mãe.
-Quando as meninas do dormitório chamaram Minerva para te ajudar, certo?
-Exatamente! - parei de encara-lo para prestar atenção na lua cheia que brilhava em cima de nós. - Só que dessa vez eu estava observando tudo por mais tempo, de uma forma pior, eu vi Elisa cantando para a bebê, quer dizer, para mim, a vi sorridente cozinhando e de repente tudo mudou, a explosão, a risada de Bellatrix, Voldemort a matando.
-Espera, não foi Bellatrix que a matou? - perguntou confuso e eu neguei com a cabeça. - Mas porque Dumbledore lhe disse que havia sido ela?
-Porque ele não queria me contar qual era a verdadeira profecia escrita sobre mim, ele não queria me assustar logo de cara, ou talvez não tivesse certeza de que era verdade, eu não sei porquê.
-E qual é a verdadeira profecia? - Rony perguntou preocupado sem desviar os olhos de mim.
-A cobra. Quando minha mãe foi morta por Voldemort na intenção de transformar Nagini em uma horcrux, ela executou um feitiço pouco conhecido, na intenção de me proteger, sem que ele soubesse, ela havia criado uma conexão entre mim e o animal me tornando a única pessoa a poder destruí-la. - contei vendo os olhos do Weasley arregalarem e ele soltar o ar pesadamente.
-Então é por isso que ele quer você... - concluiu e eu assenti. - Não vamos deixar que ele te encontre, você-sabe-quem não conseguiu encontrar Harry, não conseguirá te encontrar também.
-Espero que sim - suspirei apoiando a cabeça de leve em seu ombro e sentindo seu braço passar por volta de meu corpo em um abraço discreto. -Será que você poderia deixar isso entre nós? Não quero preocupar Hermione e Harry com isso, não agora. Sei que a informação é importante, mas talvez tenhamos pistas de outra horcrux, saber que a cobra é uma não ajuda em nada no momento.
-Hm, claro, se você prefere assim - concordou ainda incerto.
-Obrigada - agradeci sorrindo -Pode ir dormir, eu fico de guarda.
-Não estou com sono.
-Tem certeza? Faltam poucas horas para o amanhecer e não tenho dúvidas que Hermione irá querer sair daqui o mais rápido possível. - ele riu com meu comentário e balançou a cabeça positivamente.
-Tenho sim, prefiro ficar aqui com você - me deu um empurrão e eu ri.
-Falando em Hermione - me soltei do abraço o encarando.
-Ah não... - Rony resmungou e eu gargalhei.
[...]
Terminamos de subir o morro em que havíamos aparatado e a primeira coisa que vi foi uma casa pequena e simples com uma plantação de algo que eu desconhecia. Hermione bateu na porta quando chegamos mais perto e Rony leu intrigado a placa que havia na frente da casa.
-Não se aproxime das ameixas dirigíveis - ri com o aviso e ele balançou a cabeça. - Luna...
A casa se encontrava literalmente no meio do nada, não havia uma pessoa sequer que vivesse envolta do local, e Xenofílio não demorou a nos atender encarando-nos confuso ao abrir a porta.
-O que é isso? - perguntou assustado - Quem são vocês, o que querem?
-Olá, Sr.Lovegood - Harry que estava atrás de nós se pronunciou subindo as escadas e se aproximando do pai de Luna. - Sou Harry Potter, nos conhecemos há alguns meses. Podemos entrar?
Xenofílio nos encarou desconfiado mas acabou por permitir que entrássemos, abrindo a porta em silencio e nos dando passagem. Passei ao lado de Hermione observando a decoração da parte interna não tendo dúvida de onde Luna puxara seu jeito peculiar, claramente era muito parecida com o pai. Sr. Lovegood nos ofereceu xícaras de chá que havia acabado de ser feito e depois apontou para as poltronas e cadeiras da sala indicando que deveríamos sentar-nos. Permanecemos em silêncio por longos minutos, até que Hermione se pronunciasse quebrando o gelo.
-Onde está Luna? - puxou assunto um pouco sem jeito enquanto o homem encarava o chão desconfortável com a situação.
-Luna? Hm, ela virá logo - respondeu atrapalhado me fazendo estranhar seu comportamento. - Então, como posso ajuda-lo Sr. Potter? Se bem que me lembro vagamente de conhece-la também senhorita. - vi que falava comigo e sorri simpática.
-Nos conhecemos na festa de casamento de Gui Weasley, Luna nos apresentou.
-Claro, a filha de Sirius Black. - senti meu sorriso desmanchar porém forcei uma expressão simpática e assenti permanecendo em silêncio.
-Bem, queria saber sobre uma coisa que o senhor estava usando no pescoço no casamento, era um símbolo - Harry percebendo meu desconforto tratou de mudar de assunto atraindo a atenção do homem.
-Está falando disto? - perguntou retirando o colar de dentro da roupa e mostrando o símbolo que estava nos perseguindo nas últimas sems.
-Sim, exatamente. - Harry tocou no pingente observando-o -O que queríamos saber é... O que é?
-Ora, é o símbolo das relíquias da morte, é claro. - respondeu como se fosse óbvio.
-O que? - perguntamos juntos ainda confusos.
-As relíquias da morte, suponho que conheçam o conto dos três irmãos.
-Sim - Hermione e Rony responderam juntos, mas Harry e eu negamos ao mesmo tempo fazendo Xenofílio nos encarar divertido.
-Tenho um exemplar aqui - Hermione se lembrou abrindo a bolsa e pegando o livro que ganhara de Dumbledore. Ela abriu na página exata e começou a ler a história. - Era uma vez, três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer...
-À meia noite - Rony a corrigiu e Hermione o encarou sem paciência - Era como a mamãe contava. - justificou e eu balancei a cabeça incrédula. - Mas ao anoitecer tá bom, melhor, na verdade. - tratou de se corrigir quando viu o olhar que Hermione lhe lançava.
-Você quer ler? - ela perguntou no mesmo momento que o pai de Luna se levantou indo até a janela.
-Não, não, pode ir - respondeu rápido e sem jeito me causando risadas.
-Era uma vez, três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa, ao anoitecer. Depois de algum tempo, os irmãos chegaram a um rio muito perigoso para atravessar, os irmãos porém eram exímios em magia, por isso os três irmãos simplesmente balançaram suas varinhas e fizeram uma ponte. Antes que pudessem atravessar a ponte, tiveram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada.
Era a morte. Ela se sentiu traída. Traída porque o normal seria os viajantes se afogarem no rio, mas a morte era perspicaz. Ela fingiu parabenizar os três irmãos por sua magia e disse que cada um ganharia um prêmio por ter sido inteligente o bastante para evita-la.
O mais velho pediu a varinha mais poderosa que existisse, e a morte lhe deu uma varinha feita da árvore de sabugueiro. O segundo irmão resolveu humilhar a morte ainda mais e pediu o poder de ressuscitar os entes já falecidos, então a morte apanhou uma pedra da margem do rio e a entregou a ele. Finalmente, a morte perguntou ao terceiro irmão, um homem humilde. Ele pediu algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a morte, de má vontade, lhe entregou sua própria capa da invisibilidade.
O primeiro irmão foi para uma aldeia distante, onde, com a varinha de sabugueiro na mão, assassinou um bruxo que não teve nem a oportunidade de lutar. Tomado pelo poder que a varinha das varinhas havia lhe dado, ele seguiu por uma estalagem onde se gabou por ser invencível, mas naquela noite, um outro bruxo roubou a varinha e cortou a garganta do mais velho dos irmãos, e assim a morte levou o primeiro irmão.
Enquanto isso, o segundo irmão viajou para casa onde pegou a pedra e virou-a três vezes na mão, para sua alegria, a moça que um dia desejara se casar antes de sua morte precoce, apareceu diante dele, contudo, ela estava triste e fria, não pertencia mais ao mundo dos mortais. Enlouquecido pelo desesperado desejo, o segundo irmão se matou para poder se juntar a ela. Assim, a morte levou o segundo irmão.
Já o terceiro irmão, a morte procurou por muitos anos mas nunca o encontrou. Somente quando atingiu uma idade avançada foi que o irmão mais novo, despiu a capa da invisibilidade e deu-a para seu filho, ele acolheu a morte como uma velha amiga e a acompanhou de bom grado. E como iguais, partiram dessa vida.
-E é isso. - a voz do pai de Luna soou ao meu lado me fazendo pular no sofá assustada já que estava imersa na história. - Essas são as relíquias da morte. - respondeu voltando a olhar para a janela.
-Me desculpe, senhor, ainda não entendi - Harry o encarou confuso.
-Eu... preciso de um pedaço de papel e de uma pena - saiu da janela a procura dos objetos que encontrou em uma mesa próxima a nós. Ele desenhou um traço vertical no meio da folha e se virou para nós - A varinha de sabugueiro, a varinha mais poderosa que existe. - Explicou; desenhou um círculo pequeno envolta do traço e voltou-se para nós - A pedra da ressurreição. - Desenhou um triangulo envolta dos dois símbolos completando a imagem igual a seu pingente. - A capa da invisibilidade. Juntas formam as relíquias da morte, unidas, fazem de seu dono o senhor da morte.
-Esse símbolo - pigarrei antes de atrair a atenção de todos - Estava em um túmulo em Godric's Hollow - os lembrei - Senhor, a família Peverell tem alguma ligação com as relíquias da morte?
-Ignoto e seus irmãos Cadmo e Antíoco, acredita-se que eles foram os primeiros donos das relíquias e também a inspiração para a história - explicou passando por nós e pegando a jarra de chá da mesa. - Mas... O chá vai esfriar - gaguejou antes de voltar a falar. - Eu já volto, já volto. - avisou descendo as escadas a caminho da cozinha. Esperamos que ele se distanciasse antes de falarmos qualquer coisa.
-Vamos dar o fora daqui, não bebo mais um gole desse troço, quente ou frio. - Rony avisou pegando a mochila do chão e eu concordei.
-Foi coisa da minha cabeça ou ele está agindo de maneira estranha, como se estivesse preocupado, fazendo algo de errado. - comentei e Hermione assentiu.
-Ele é pai de Luna, esse deve ser o estado normal dele - Rony brincou e eu revirei os olhos.
-Estou falando sério. - peguei minha bolsa pendurando-a no ombro e guardei minha varinha no bolso de trás da calça escondendo-a com o casaco que usava.
Desci as escadas atrás de Hermione que tomou a frente na hora de agradecer ao homem que ainda encarava a janela.
-Obrigada, Senhor - ela chamou sua atenção assustando-o.
-Esqueceu da água - Rony avisou e ele arqueou a sobrancelha - pro chá - explicou confuso.
-Eu... eu esqueci? - gargalhou me fazendo saltar de leve no degrau da escada sendo segurada por Harry que colocou as mãos em minhas costas me apoiando. - Que burrice a minha - caminhou para o outro lado da cozinha indo atrás da água.
-Não se preocupe, já estamos de saída - Hermione avisou e ele se virou instantaneamente.
-Não podem ir! - gritou derrubando a jarra e por instinto eu coloquei a mão por cima da varinha. - Não podem, têm que ficar aqui. - caminhou até a porta impossibilitando nossa saída.
-Senhor... - Rony o chamou e ele se virou para nós com a cabeça baixa e olhar em Harry.
-Você é minha única esperança, eles ficaram furiosos com o que eu andava escrevendo, - sua respiração estava acelerada e ele gaguejava algumas vezes. - Eles a levaram, eles levaram minha Luna.
Xenofílio caminhou até Harry e pôs sua mão sobre a cicatriz na testa de Potter, olhei em volta enquanto tentava tirar a ideia que passava em minha cabeça, mas ao encarar Rony me lembrei do sonho da noite anterior e mesmo sabendo que poderia ser uma missão suicida a ideia me pareceu boa. Se o Sr. Lovegood nos queria ali porque eles estavam atrás de nós, provavelmente se referia a comensais da morte, e se eu conseguisse chegar até eles talvez conseguisse chegar até a cobra.
No mesmo segundo em que decidi o que fazer a janela da casa foi estourada. Enquanto sombras de comensais nos atacavam, por instinto me joguei no chão como os outros, mas ao vê-los se juntarem na intenção de aparatar para longe dali recuei seguindo até a porta engatinhando.
-! - Hermione gritou por mim e eu olhei para trás vendo os três me encararem confusos.
-O que está fazendo? - Harry perguntou preocupado, hesitei em responder e Rony logo percebeu minha ideia.
-É loucura, não vai dar certo! - gritou tentando me fazer mudar de ideia.
-Andem, vão embora. - Rony me olhou incerto mas pareceu confiar em mim. - Eu sinto muito. - sai da casa indo para trás do pai de Luna que gritava na escada pedindo para os comensais pararem de destruir seu lar. Olhei para trás não encontrando mais ninguém o que me fez acreditar que Rony havia aparatado eles de volta para a floresta, mas não tive tempo para raciocinar já que segundos depois mãos envolveram meus braços e me aparataram para longe dali.
[...]
Aparatei em uma sala sem móveis porém com várias pessoas ao redor me encarando. Não consegui reconhecer o comensal que me trouxera, mas reconheci Draco e sua família ao canto esquerdo da sala do lado oposto a Bellatrix Lestrange que alternava entre um olhar confuso na minha direção e um raivoso para os comensais que chegaram comigo.
-Seus imprestáveis! Cadê o Potter? - gritou irritada vindo em nossa direção.
Olhei em volta procurando por qualquer sinal de Nagini e me arrependi da ideia que tive no mesmo momento que percebi que ela não estava ali e que eu havia me entregado à Voldemort da maneira mais ridícula possível.
-Ele não estava lá quando chegamos, só a garota e o pai da loira - o comensal que ainda segurava meus braços respondeu e eu me lembrei de Luna, será que ela estava por ali?
-O que você fazia sozinha? Potter já se cansou de você? - Bellatrix perguntava enquanto tinha o rosto próximo ao meu e as mão mexendo em meu cabelo. - Ou só é tão burra que nem o papai? - me forcei a ficar quieta e continuei focando meu olhar na janela atrás da bruxa evitando olhar para seu rosto. - A última vez que passamos tanto tempo juntas foi no dia da morte de sua mãe - ela dizia andando por trás de mim e eu sentia seus olhos queimando em minhas costas. - Você não falava muito na época, mas chorava que era uma beleza - ela gargalhou e eu fechei os olhos respirando fundo. - Black... tão estupida quanto os pais, eu poderia te matar bem agora.
-Sabe que não pode, Voldemort quer a ela - Narcisa, mãe de Draco, interferiu e mesmo estando aliviada senti um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir o que ela disse. Bellatrix bufou incomodada pelo comentário e lembrete que recebeu e se afastou.
-Levem-na para junto da outra. - disse de costas para mim e novamente eu fui carregada pelos braços só que dessa vez me levaram para uma pequena escada ao final da sala onde um portão de grades enferrujadas foi aberto e eu empurrada para dentro do que eu deduzi ser um porão.
Me lembrei de ter escondido minha varinha em meu sutiã e a peguei usando-a para iluminar um pouco o local, olhei em volta e me assustei ao encontrar Luna sentada atrás de uma das pilastras.
-? - me encarou confusa.
-Luna, que bom te encontrar! - suspirei aliviada em ver que ela estava bem - seu pai está super preocupado com você.
-Quando esteve com meu pai? - perguntou confusa virando a cabeça para o lado e se levantando.
-Há pouco tempo, mas isso não importa, precisamos sair daqui. - olhei em volta iluminando as paredes a procura de algo que nos ajudasse a sair.
-Onde estão Harry, Rony e Hermione? - perguntou me acompanhando com o olhar.
-Não faço a mínima ideia, mas espero que bem longe daqui. - Virei para olha-la rapidamente e voltei a procurar por alguma saída.
-Como entrou com sua varinha?
-Escondi no meu sutiã, acho que eles não pensaram em procurar em minhas roupas íntimas - respondi rindo em deboche e ouvi um tumulto começando na parte de cima, desfiz o feitiço e guardei a varinha enquanto corria até o portão tentando ouvir o que estava acontecendo.
Pude ouvir passos e a voz de Bellatrix gritando, mas não consegui entender o que ela dizia, minutos depois ouvi ela mandar Rabicho levar alguém para o porão e me escondi atrás de uma pilastra enquanto os passos se aproximavam e a porta se abria. Vi Harry e Rony serem jogados ao chão junto com o barulho da porta se fechando e rapidamente fui até eles.
-O que estão fazendo aqui? - perguntei surpresa e confusa ao encontrar os dois.
-! - Harry correu e me abraçou - Mas que merda você estava pensando quando se deixou ser levada?
-Eu...
-, não me entenda errado, estou muito feliz de ter te encontrado, mas onde estamos? Não podemos deixar Hermione sozinha com ela - Rony disse desesperado e eu tirei a mão de Harry de minha cintura e fui até ele.
-Estamos no porão do que eu acredito ser a casa dos Malfoy - respondi - Luna está aqui também - avisei apontando para onde achava que ela estava e Rony tirou o presente que ganhou de Dumbledore do bolso e acendeu uma das luzes no local me fazendo perceber que haviam mais duas pessoas ali, Sr.Olivaras e Grampo, um duende que trabalhara no banco de Gringots.
Harry fez menção de falar, mas foi interrompido por um grito agudo vindo do andar de cima nos deixando mais desesperados ainda.
-Temos que fazer alguma coisa- Rony disse nervoso.
- Não tem como sair daqui, tentamos de tudo, está enfeitiçado - Sr.Olivaras respondeu enquanto eu olhava em volta, percebi que Harry se abaixou e tirou um pedaço de um espelho da meia.
-Você está sangrando, que coisa curiosa para se guardar numa meia - Luna comentou risonha e Harry se virou de costas olhando para o espelho e sussurrando algo que eu não entendi graças aos gritos de agonia e desespero de Hermione. Passos se aproximavam e Rony rapidamente apagou as luzes no mesmo instante que Pedro Pettgrew abriu a porta mandando o ruivo se afastar e chamando por Grampo que sem relutar, o seguiu para fora.
Eles foram embora, Rony acendeu as luzes e Dobby aparatou bem ao meu lado.
-Dobby, o que está fazendo aqui? - Harry perguntou confuso ao ver o elfo.
-Dobby está aqui para salvar Harry Potter, é claro. - a pequena criatura deu de ombros sem jeito.
-Quer dizer que consegue nos tirar daqui? -Harry o encarou esperançoso.
-Mas é claro, sou um elfo. - suspirei aliviada ao ouvir sua resposta e me virei para Harry e Rony esperando um deles ter alguma ideia.
-Ok, leve Luna e Sr.Olivaras para...
-Para caverna das conchas, confie em mim. - Ron completou e Harry assentiu repetindo para Dobby o que ele deveria fazer.
-Quando estiver pronto, senhor - Luna disse sorridente e Dobby ficou envergonhado.
-Senhor? Eu gostei dela - disse animado me fazendo rir. Ele pegou na mão dos dois e nos encarou. - Me encontrem no topo da escada em 10 segundos.
Assim que Dobby aparatou ouvimos passos descendo a escada, Rony e eu nos escondemos em um lado, Harry do outro, e no instante que Pedro Pettigrew abriu o portão um feitiço o atingiu e ele caiu paralisado no chão. Tomei frente do caminho e encontrei o elfo parado no topo da escada.
-Quem quer a varinha dele? - perguntou me fazendo rir porém fui obrigada a me lembrar da situação em que nos encontrávamos e voltei a ficar em silêncio focada em somente tirar Hermione dali.
Enquanto subíamos as escadas cuidadosamente era possível ouvir a voz de Bellatrix gritando com Grampo, agachamos nos últimos degraus e percebi que o pomo de ouro voava ao lado de Harry que não perdeu tempo e guardou-o rapidamente no bolso de seu casaco.
-O que vamos fazer? - sussurrei olhando para os dois que não me responderam nada.
-Se considere sortudo, duende - Lestrange disse com desgosto caminhando - o mesmo não será dito para essa aqui.
-Não! - Rony gritou se levantando e correndo - Expelliarmus - atingiu Bellatrix pelas costas, Harry e eu corremos atrás dele atacando os outros comensais. Lucius Malfoy foi lançado para longe por um feitiço de Harry e Rony e eu lutávamos contra Narcisa e Draco quando um grito de Bellatrix chamou nossa atenção.
-Parem! - nos viramos para dar de cara com a bruxa segurando Hermione pelos cabelos e segurando uma adaga contra seu pescoço. - larguem as varinhas - mandou, mas permanecemos parados o que não agradou a comensal impaciente - Larguem, eu já disse! - gritou nos fazendo soltar as varinhas no chão - apanhe-as, Draco. - o loiro rapidamente agachou recolhendo nossas varinhas assustado me fazendo encara-lo com nojo, não passava de um capacho não só dois pais como de todos os comensais. Bellatrix que já se recuperara do ataque surpresa agora sorria animada enquanto caminhava com Hermione em nossa direção. - Olha, olha, olha... Olha quem temos aqui, é o Harry Potter - ela sussurrou no ouvido de Hermione que respirava nervosa e assustada - Ele está claro, me olhando novinho em folha, em tempo para o lorde das trevas... Draco, chame-o. - nos viramos para Draco que alternava o olhar entre nós e os comensais visivelmente perdido. - Chame-o!
Lucius ao perceber que seu filho não se moveria, tomou a frente levantando o casaco que escondia a marca negra e levantou as mãos pronto para chamar seu lorde quando um barulho de parafusos sendo soltos quebrou o silêncio e atraiu a atenção de todos. Olhamos para cima encontrando Dobby sentado no enorme lustre da sala enquanto ele rosqueava os parafuso calmamente até faze-lo se soltar indo de encontro ao chão assustado todos os comensais que recuaram para não serem atingidos e fazendo Bellatrix soltar Hermione que logo foi pega por Rony e trazida para perto de nós. Harry que havia se afastado voltou para meu lado com nossas varinhas em mão, peguei a minha de volta e me posicionei para atacar Lucius que vinha em nossa direção, mas Harry foi mais rápido lançando um feitiço em sua direção e o mandando para trás.
-Seu elfo estúpido, podia ter me matado! - Lestrange gritou nervosa e eu puxei Dobby para perto de mim o colando em cima da mureta da escada enquanto Grampo se juntava a nós.
-Dobby nunca quis matar, Dobby só queria causar um ferimento muito sério - respondeu assustado e foi rápido ao desarmar Narcisa que tinha a varinha apontada para ele.
-Como ousa tirar a varinha de uma bruxa? Como ousa desafiar os seus senhores? - Bellatrix gritava sem parar conforme ficava mais irritada.
-Dobby não tem mais nenhum senhor, Dobby é um elfo livre! - respondeu orgulhoso. - E Dobby veio para salvar Harry Potter e seus amigos. - estendeu a mão para nós no mesmo instante em que vi Bellatrix lançar a adaga em nossa direção mas tudo ficou embaçado conforme íamos aparatando e assim que cheguei em uma praia deserta com um céu nublado me sentei recuperando o fôlego. Olhei em volta encontrando Hermione sentada na areia com Rony a segurando e corri em sua direção.
-Hermione! Você está bem? O que ela fez com você? - perguntei nervosa me aproximando dela que sorriu fraco.
-Estou bem, Graças a vocês. - respondeu fraca e eu sorri aliviada em ver que apesar de tudo ela estava salva.
-Agradeça a Rony, ele que foi o primeiro a atacar Bellatrix - respondi e ela riu fraco olhando para o ruivo que tinha a aparência exausta.
-Hermione, você está bem? - Harry correu em nossa direção mancando um pouco. -Estamos salvos, estamos todos salvos - ele dizia enquanto se agachava ao nosso lado.
-Harry Potter - a voz fraca de Dobby chamou nossa atenção me fazendo perder o fôlego assim que vi seu estado. Ele estava em pé com as mãos sobre algo em sua barriga e assim que notei o sangue em sua roupa percebi que a adaga de Bellatrix havia o atingido. Harry correu de encontro a ele e eu fui atrás chegando no momento em que o elfo perdeu suas forças e caiu nos braços de Harry que respirava acelerado e pedia para ele aguentar firme depois de arrancar a adaga de seu corpo e o segurar no colo ainda sentado na areia.
-Aguenta firme, tá? Nós vamos te ajudar - Harry repetia e Dobby tinha seus olhos encarando o céu. - Hermione deve ter alguma coisa na bolsa - disse desesperado mas a morena negou triste. - Hermione, ele tá... me ajuda! - ela sorriu entristecida em um pedido de desculpas e Harry começou a chorar.
-Que lugar lindo... para se estar com os amigos - Dobby disse com dificuldade e eu usei a manga de meu casaco para secar as lágrimas que caiam molhando todo meu rosto. - Dobby está feliz de estar com seu amigo Harry Potter. - Harry abaixou a cabeça encostando-a na de Dobby e o abraçando. Quando ele levantou sua cabeça notei a de Dobby cair para trás e seus olhos pararem de se mexer indicando que ele não estava mais ali. Harry se desesperou chorando e o máximo que consegui fazer naquele momento foi passar meu braço por seus ombros o abraçando.
Revirei os olhos irritada por ela constatar o óbvio e passei a mão pelo cabelo respirando fundo. Rony estava encostado na mesa com os braços cruzados, a mão no queixo e os olhos em Hermione; Harry era o que estava pior, talvez por ter sido aquele que viu o que Voldemort queria, ele estava sentado em uma das camas com as mãos entrelaçadas e o olhar perdido.
-Harry - consegui a atenção do garoto que parou de encarar o chão e se virou para mim - O que foi, exatamente, que Voldemort te mostrou? - o garoto respirou fundo, passou as mãos pelo rosto e voltou a me olhar.
-Foi muito confuso, primeiro apareceu Nagini, depois você e no fundo ele disse "me dê a garota".
-Nagini? O que a cobra tem a ver comigo? - perguntei confusa sentindo minha cabeça dar voltas, aquilo não fazia sentido nenhum.
-Será que isso não tem ligação com a profecia? - Rony perguntou deixando de observar Hermione roer as unhas e vindo em minha direção - digo, existe uma profecia sobre você, não é?
-Foi o que Dumbledore disse - dei de ombros encarando a entrada da barraca- Mas não dizia nada sobre a cobra.
Levei as mãos ao cabelo bagunçando de leve e respirei fundo, precisava me acalmar para conseguir organizar meus pensamentos.
-Deveríamos dormir, temos que visitar Xenofílio amanhã e passar a noite tentando desvendar o que Harry viu não vai nos levar a nada a não ser desgaste, pensamos nisso de manhã - Hermione parou de andar de um lado para o outro e nos aconselhou.
-Eu fico de guarda. - Rony se voluntariou e eu assenti levantando e seguindo para minha cama em silêncio.
Os minutos passaram se transformando em horas rapidamente, Harry e Hermione estavam dormindo há muito tempo enquanto eu continuava a encarar o teto com medo de simplesmente me mexer na cama. Sabia que quando decidi ajudar Harry e os outros enfrentaríamos todo tipo de situação e que ter medo não ajudaria em nada, mas as palavras de Harry e sua expressão ao dizer que Você-Sabe-Quem queria a mim causavam-me mais pavor do que gostaria de admitir. Conforme o tempo foi passando adormecer se tornou inevitável e sem que eu percebesse já estava imersa em sonhos e pesadelos.
"- - alguém sussurrava meu nome - , querida! - a pessoa não sussurrava mais, porém mantinha o tom cauteloso ao falar - Sou eu. - minha respiração que havia acelerado foi acalmando conforme eu reconhecia a voz.
-Pai? - olhei em volta mesmo sabendo que era inútil, estava tudo escuro.
-Sim, querida, sou eu. Agora, preste atenção! Eu não posso estar aqui e muito menos te mostrar as coisas que você verá por isso não temos muito tempo, mas sei que está confusa e você merece explicações. - respirou fundo antes de voltar a falar rapidamente - Sei que está com medo mas agora não é hora pra isso, lembre-se da bruxa maravilhosa que você é e do quão orgulhosos sua mãe e eu estamos, você é uma Black, então lute como uma.
-Sirius, eu não estou entendendo...
-A história que você conhece não é a verdadeira, Dumbledore tinha outra ideia de como contar isso a você, mas seus planos foram interrompidos, então eu tenho que me apressar se quiser te mostrar a verdade, fique de olhos bem abertos...
De repente a voz de Sirius sumiu e a escuridão se tornou um grande foco de luz que aos poucos foi tomando forma, assim que meus olhos conseguiram se acostumar com a claridade pude enxergar onde estava, era a cozinha onde minha mãe havia sido assassinada.
E falando nela lá estava Elisa, cozinhando calmamente enquanto o rádio tocava ao seu lado, parou de mexer o caldo, apoiou a colher na pia e se virou para brincar com a bebê que estava no carrinho observando a mãe cantarolar a música e cutuca-la lhe causando risadas.
Senti meus olhos marejarem e levei a mão até a boca ao perceber o que estava acontecendo. Me lembrava daquele local, daquela cena, lembrava-me do pesadelo que tive ano passado, e quando a ficha finalmente caiu eu senti meus joelhos fraquejarem.
Elisa continuava a brincar com a bebê, ou melhor, comigo, até o barulho do cronômetro soar e ela se virar voltando para o fogão, a música ainda tocava e sua voz acompanhava a da cantora, soava doce e afinada me fazendo questionar se eu havia puxado meu pai nessa parte já que minha voz era um desastre. Um estrondo alto acabou com a calmaria presente no ambiente e eu me encolhi ao rever a cena de uma maneira prolongada e pior.
Elisa se virou para a bebê assustada e com a varinha em mãos, os passos aumentavam e sua mão tremia sem parar, reconheci a imagem de Bellatrix e Voldemort quando os dois adentraram a cozinha sendo seguidos por Nanini.
Arqueei a sobrancelha encarando a cobra e, conforme Lestrange gargalhava, vi que o olhar de minha mãe também estava no animal rastejante ao lado de Voldemort. Ela alternou o olhar entre mim e a cobra e, conforme Voldemort levantava a varinha apontando para ela e conjurando a maldição da morte, sua varinha também se levantava enquanto ela proferia um feitiço desconhecido por mim no mesmo segundo que a luz verde tomou conta da cozinha e seu corpo caiu duro e sem vida no chão.
Senti meu estômago revirar como se tivesse levado um soco e meus joelhos cederam fazendo-me cair no chão horrorizada por ter presenciado aquela cena. Um barulho na porta de entrada chamou a atenção dos dois e Voldemort e Bellatrix aparataram com a cobra deixando único som que preenchia o ambiente ser o da música do rádio.
-Sinto muito por ter que ver isso, mas era mais rápido do que eu descrever - Sirius voltou a falar - Sua mãe utilizou um feitiço complexo e pouco conhecido. Como você deve saber, para se criar uma horcrux e dividir a alma é necessário matar alguém, você-sabe-quem precisa de mais uma e também queria nossa morte, então ele arranjou a solução que seria perfeita, matar sua mãe e dividir a alma mais uma vez e foi isso o que ele fez. Mas Voldemort não sabia que Elisa tinha um extenso conhecimento em feitiços, imaginando qual seria o plano dele e na intenção de te proteger ela criou uma conexão entre você e o animal, te tornando a única pessoa a poder matá-la. Meu tempo esgotou, sei que deve estar cheia de perguntas e que é muita informação, mas você precisava saber. Sua mãe e eu estamos sempre com você, tenha cuidado!"
Acordei sentindo o suor escorrer pelo meu corpo e com a respiração ofegante, sentei na cama tentando assimilar tudo que havia visto e ouvido, era demais. Joguei os pés pra fora da cama quando percebi que não conseguiria voltar a dormir, peguei minha varinha, calcei os chinelos e segui para o lado de fora da barraca onde Rony estava sentado mexendo nas folhas que caíram da árvore.
-Ei - sussurrei chamando sua atenção e fazendo-o se assustar.
-! O que faz acordada? - perguntou indo para o lado me dando espaço no cobertor ao seu lado. Sentei guardando minha varinha no bolso do casaco e respirei fundo antes de responde-lo.
-Eu tive um sonho estranho - respondi e ele assentiu em sinal de compreensão.
-Tenho tido bastantes pesadelos esses dias, acho que é por causa da loucura que estamos vivendo - desviou o olhar da árvore a nossa frente e se voltou para mim. - Sabe, quando eu era criança e tinha pesadelos minha mãe sentava comigo e conversava sobre eles, normalmente ajudava, quer tentar? - sorri imaginando a cena de um pequeno Rony sentado com a Sra. Weasley contando sobre algum sonho que envolvesse aranhas gigantes.
-Não foi bem um pesadelo, eu...
-Sonhou com Sirius? - me interrompeu e eu assenti surpresa por ele ter adivinhado. - O que ele te disse pra te deixar assim?
-O problema não foi exatamente o que ele disse, mas sim o que ele me mostrou - fiz uma pausa esperando algum comentário do ruivo que apenas fez um sinal com a cabeça me dizendo para prosseguir - Não sei se você vai lembrar, mas logo no começo do ano letivo quando eu entrei em Hogwarts eu tive um pesadelo, envolvendo a morte da minha mãe.
-Quando as meninas do dormitório chamaram Minerva para te ajudar, certo?
-Exatamente! - parei de encara-lo para prestar atenção na lua cheia que brilhava em cima de nós. - Só que dessa vez eu estava observando tudo por mais tempo, de uma forma pior, eu vi Elisa cantando para a bebê, quer dizer, para mim, a vi sorridente cozinhando e de repente tudo mudou, a explosão, a risada de Bellatrix, Voldemort a matando.
-Espera, não foi Bellatrix que a matou? - perguntou confuso e eu neguei com a cabeça. - Mas porque Dumbledore lhe disse que havia sido ela?
-Porque ele não queria me contar qual era a verdadeira profecia escrita sobre mim, ele não queria me assustar logo de cara, ou talvez não tivesse certeza de que era verdade, eu não sei porquê.
-E qual é a verdadeira profecia? - Rony perguntou preocupado sem desviar os olhos de mim.
-A cobra. Quando minha mãe foi morta por Voldemort na intenção de transformar Nagini em uma horcrux, ela executou um feitiço pouco conhecido, na intenção de me proteger, sem que ele soubesse, ela havia criado uma conexão entre mim e o animal me tornando a única pessoa a poder destruí-la. - contei vendo os olhos do Weasley arregalarem e ele soltar o ar pesadamente.
-Então é por isso que ele quer você... - concluiu e eu assenti. - Não vamos deixar que ele te encontre, você-sabe-quem não conseguiu encontrar Harry, não conseguirá te encontrar também.
-Espero que sim - suspirei apoiando a cabeça de leve em seu ombro e sentindo seu braço passar por volta de meu corpo em um abraço discreto. -Será que você poderia deixar isso entre nós? Não quero preocupar Hermione e Harry com isso, não agora. Sei que a informação é importante, mas talvez tenhamos pistas de outra horcrux, saber que a cobra é uma não ajuda em nada no momento.
-Hm, claro, se você prefere assim - concordou ainda incerto.
-Obrigada - agradeci sorrindo -Pode ir dormir, eu fico de guarda.
-Não estou com sono.
-Tem certeza? Faltam poucas horas para o amanhecer e não tenho dúvidas que Hermione irá querer sair daqui o mais rápido possível. - ele riu com meu comentário e balançou a cabeça positivamente.
-Tenho sim, prefiro ficar aqui com você - me deu um empurrão e eu ri.
-Falando em Hermione - me soltei do abraço o encarando.
-Ah não... - Rony resmungou e eu gargalhei.
[...]
Terminamos de subir o morro em que havíamos aparatado e a primeira coisa que vi foi uma casa pequena e simples com uma plantação de algo que eu desconhecia. Hermione bateu na porta quando chegamos mais perto e Rony leu intrigado a placa que havia na frente da casa.
-Não se aproxime das ameixas dirigíveis - ri com o aviso e ele balançou a cabeça. - Luna...
A casa se encontrava literalmente no meio do nada, não havia uma pessoa sequer que vivesse envolta do local, e Xenofílio não demorou a nos atender encarando-nos confuso ao abrir a porta.
-O que é isso? - perguntou assustado - Quem são vocês, o que querem?
-Olá, Sr.Lovegood - Harry que estava atrás de nós se pronunciou subindo as escadas e se aproximando do pai de Luna. - Sou Harry Potter, nos conhecemos há alguns meses. Podemos entrar?
Xenofílio nos encarou desconfiado mas acabou por permitir que entrássemos, abrindo a porta em silencio e nos dando passagem. Passei ao lado de Hermione observando a decoração da parte interna não tendo dúvida de onde Luna puxara seu jeito peculiar, claramente era muito parecida com o pai. Sr. Lovegood nos ofereceu xícaras de chá que havia acabado de ser feito e depois apontou para as poltronas e cadeiras da sala indicando que deveríamos sentar-nos. Permanecemos em silêncio por longos minutos, até que Hermione se pronunciasse quebrando o gelo.
-Onde está Luna? - puxou assunto um pouco sem jeito enquanto o homem encarava o chão desconfortável com a situação.
-Luna? Hm, ela virá logo - respondeu atrapalhado me fazendo estranhar seu comportamento. - Então, como posso ajuda-lo Sr. Potter? Se bem que me lembro vagamente de conhece-la também senhorita. - vi que falava comigo e sorri simpática.
-Nos conhecemos na festa de casamento de Gui Weasley, Luna nos apresentou.
-Claro, a filha de Sirius Black. - senti meu sorriso desmanchar porém forcei uma expressão simpática e assenti permanecendo em silêncio.
-Bem, queria saber sobre uma coisa que o senhor estava usando no pescoço no casamento, era um símbolo - Harry percebendo meu desconforto tratou de mudar de assunto atraindo a atenção do homem.
-Está falando disto? - perguntou retirando o colar de dentro da roupa e mostrando o símbolo que estava nos perseguindo nas últimas sems.
-Sim, exatamente. - Harry tocou no pingente observando-o -O que queríamos saber é... O que é?
-Ora, é o símbolo das relíquias da morte, é claro. - respondeu como se fosse óbvio.
-O que? - perguntamos juntos ainda confusos.
-As relíquias da morte, suponho que conheçam o conto dos três irmãos.
-Sim - Hermione e Rony responderam juntos, mas Harry e eu negamos ao mesmo tempo fazendo Xenofílio nos encarar divertido.
-Tenho um exemplar aqui - Hermione se lembrou abrindo a bolsa e pegando o livro que ganhara de Dumbledore. Ela abriu na página exata e começou a ler a história. - Era uma vez, três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer...
-À meia noite - Rony a corrigiu e Hermione o encarou sem paciência - Era como a mamãe contava. - justificou e eu balancei a cabeça incrédula. - Mas ao anoitecer tá bom, melhor, na verdade. - tratou de se corrigir quando viu o olhar que Hermione lhe lançava.
-Você quer ler? - ela perguntou no mesmo momento que o pai de Luna se levantou indo até a janela.
-Não, não, pode ir - respondeu rápido e sem jeito me causando risadas.
-Era uma vez, três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa, ao anoitecer. Depois de algum tempo, os irmãos chegaram a um rio muito perigoso para atravessar, os irmãos porém eram exímios em magia, por isso os três irmãos simplesmente balançaram suas varinhas e fizeram uma ponte. Antes que pudessem atravessar a ponte, tiveram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada.
Era a morte. Ela se sentiu traída. Traída porque o normal seria os viajantes se afogarem no rio, mas a morte era perspicaz. Ela fingiu parabenizar os três irmãos por sua magia e disse que cada um ganharia um prêmio por ter sido inteligente o bastante para evita-la.
O mais velho pediu a varinha mais poderosa que existisse, e a morte lhe deu uma varinha feita da árvore de sabugueiro. O segundo irmão resolveu humilhar a morte ainda mais e pediu o poder de ressuscitar os entes já falecidos, então a morte apanhou uma pedra da margem do rio e a entregou a ele. Finalmente, a morte perguntou ao terceiro irmão, um homem humilde. Ele pediu algo que lhe permitisse sair daquele lugar sem ser seguido por ela. E a morte, de má vontade, lhe entregou sua própria capa da invisibilidade.
O primeiro irmão foi para uma aldeia distante, onde, com a varinha de sabugueiro na mão, assassinou um bruxo que não teve nem a oportunidade de lutar. Tomado pelo poder que a varinha das varinhas havia lhe dado, ele seguiu por uma estalagem onde se gabou por ser invencível, mas naquela noite, um outro bruxo roubou a varinha e cortou a garganta do mais velho dos irmãos, e assim a morte levou o primeiro irmão.
Enquanto isso, o segundo irmão viajou para casa onde pegou a pedra e virou-a três vezes na mão, para sua alegria, a moça que um dia desejara se casar antes de sua morte precoce, apareceu diante dele, contudo, ela estava triste e fria, não pertencia mais ao mundo dos mortais. Enlouquecido pelo desesperado desejo, o segundo irmão se matou para poder se juntar a ela. Assim, a morte levou o segundo irmão.
Já o terceiro irmão, a morte procurou por muitos anos mas nunca o encontrou. Somente quando atingiu uma idade avançada foi que o irmão mais novo, despiu a capa da invisibilidade e deu-a para seu filho, ele acolheu a morte como uma velha amiga e a acompanhou de bom grado. E como iguais, partiram dessa vida.
-E é isso. - a voz do pai de Luna soou ao meu lado me fazendo pular no sofá assustada já que estava imersa na história. - Essas são as relíquias da morte. - respondeu voltando a olhar para a janela.
-Me desculpe, senhor, ainda não entendi - Harry o encarou confuso.
-Eu... preciso de um pedaço de papel e de uma pena - saiu da janela a procura dos objetos que encontrou em uma mesa próxima a nós. Ele desenhou um traço vertical no meio da folha e se virou para nós - A varinha de sabugueiro, a varinha mais poderosa que existe. - Explicou; desenhou um círculo pequeno envolta do traço e voltou-se para nós - A pedra da ressurreição. - Desenhou um triangulo envolta dos dois símbolos completando a imagem igual a seu pingente. - A capa da invisibilidade. Juntas formam as relíquias da morte, unidas, fazem de seu dono o senhor da morte.
-Esse símbolo - pigarrei antes de atrair a atenção de todos - Estava em um túmulo em Godric's Hollow - os lembrei - Senhor, a família Peverell tem alguma ligação com as relíquias da morte?
-Ignoto e seus irmãos Cadmo e Antíoco, acredita-se que eles foram os primeiros donos das relíquias e também a inspiração para a história - explicou passando por nós e pegando a jarra de chá da mesa. - Mas... O chá vai esfriar - gaguejou antes de voltar a falar. - Eu já volto, já volto. - avisou descendo as escadas a caminho da cozinha. Esperamos que ele se distanciasse antes de falarmos qualquer coisa.
-Vamos dar o fora daqui, não bebo mais um gole desse troço, quente ou frio. - Rony avisou pegando a mochila do chão e eu concordei.
-Foi coisa da minha cabeça ou ele está agindo de maneira estranha, como se estivesse preocupado, fazendo algo de errado. - comentei e Hermione assentiu.
-Ele é pai de Luna, esse deve ser o estado normal dele - Rony brincou e eu revirei os olhos.
-Estou falando sério. - peguei minha bolsa pendurando-a no ombro e guardei minha varinha no bolso de trás da calça escondendo-a com o casaco que usava.
Desci as escadas atrás de Hermione que tomou a frente na hora de agradecer ao homem que ainda encarava a janela.
-Obrigada, Senhor - ela chamou sua atenção assustando-o.
-Esqueceu da água - Rony avisou e ele arqueou a sobrancelha - pro chá - explicou confuso.
-Eu... eu esqueci? - gargalhou me fazendo saltar de leve no degrau da escada sendo segurada por Harry que colocou as mãos em minhas costas me apoiando. - Que burrice a minha - caminhou para o outro lado da cozinha indo atrás da água.
-Não se preocupe, já estamos de saída - Hermione avisou e ele se virou instantaneamente.
-Não podem ir! - gritou derrubando a jarra e por instinto eu coloquei a mão por cima da varinha. - Não podem, têm que ficar aqui. - caminhou até a porta impossibilitando nossa saída.
-Senhor... - Rony o chamou e ele se virou para nós com a cabeça baixa e olhar em Harry.
-Você é minha única esperança, eles ficaram furiosos com o que eu andava escrevendo, - sua respiração estava acelerada e ele gaguejava algumas vezes. - Eles a levaram, eles levaram minha Luna.
Xenofílio caminhou até Harry e pôs sua mão sobre a cicatriz na testa de Potter, olhei em volta enquanto tentava tirar a ideia que passava em minha cabeça, mas ao encarar Rony me lembrei do sonho da noite anterior e mesmo sabendo que poderia ser uma missão suicida a ideia me pareceu boa. Se o Sr. Lovegood nos queria ali porque eles estavam atrás de nós, provavelmente se referia a comensais da morte, e se eu conseguisse chegar até eles talvez conseguisse chegar até a cobra.
No mesmo segundo em que decidi o que fazer a janela da casa foi estourada. Enquanto sombras de comensais nos atacavam, por instinto me joguei no chão como os outros, mas ao vê-los se juntarem na intenção de aparatar para longe dali recuei seguindo até a porta engatinhando.
-! - Hermione gritou por mim e eu olhei para trás vendo os três me encararem confusos.
-O que está fazendo? - Harry perguntou preocupado, hesitei em responder e Rony logo percebeu minha ideia.
-É loucura, não vai dar certo! - gritou tentando me fazer mudar de ideia.
-Andem, vão embora. - Rony me olhou incerto mas pareceu confiar em mim. - Eu sinto muito. - sai da casa indo para trás do pai de Luna que gritava na escada pedindo para os comensais pararem de destruir seu lar. Olhei para trás não encontrando mais ninguém o que me fez acreditar que Rony havia aparatado eles de volta para a floresta, mas não tive tempo para raciocinar já que segundos depois mãos envolveram meus braços e me aparataram para longe dali.
[...]
Aparatei em uma sala sem móveis porém com várias pessoas ao redor me encarando. Não consegui reconhecer o comensal que me trouxera, mas reconheci Draco e sua família ao canto esquerdo da sala do lado oposto a Bellatrix Lestrange que alternava entre um olhar confuso na minha direção e um raivoso para os comensais que chegaram comigo.
-Seus imprestáveis! Cadê o Potter? - gritou irritada vindo em nossa direção.
Olhei em volta procurando por qualquer sinal de Nagini e me arrependi da ideia que tive no mesmo momento que percebi que ela não estava ali e que eu havia me entregado à Voldemort da maneira mais ridícula possível.
-Ele não estava lá quando chegamos, só a garota e o pai da loira - o comensal que ainda segurava meus braços respondeu e eu me lembrei de Luna, será que ela estava por ali?
-O que você fazia sozinha? Potter já se cansou de você? - Bellatrix perguntava enquanto tinha o rosto próximo ao meu e as mão mexendo em meu cabelo. - Ou só é tão burra que nem o papai? - me forcei a ficar quieta e continuei focando meu olhar na janela atrás da bruxa evitando olhar para seu rosto. - A última vez que passamos tanto tempo juntas foi no dia da morte de sua mãe - ela dizia andando por trás de mim e eu sentia seus olhos queimando em minhas costas. - Você não falava muito na época, mas chorava que era uma beleza - ela gargalhou e eu fechei os olhos respirando fundo. - Black... tão estupida quanto os pais, eu poderia te matar bem agora.
-Sabe que não pode, Voldemort quer a ela - Narcisa, mãe de Draco, interferiu e mesmo estando aliviada senti um arrepio percorrer minha espinha ao ouvir o que ela disse. Bellatrix bufou incomodada pelo comentário e lembrete que recebeu e se afastou.
-Levem-na para junto da outra. - disse de costas para mim e novamente eu fui carregada pelos braços só que dessa vez me levaram para uma pequena escada ao final da sala onde um portão de grades enferrujadas foi aberto e eu empurrada para dentro do que eu deduzi ser um porão.
Me lembrei de ter escondido minha varinha em meu sutiã e a peguei usando-a para iluminar um pouco o local, olhei em volta e me assustei ao encontrar Luna sentada atrás de uma das pilastras.
-? - me encarou confusa.
-Luna, que bom te encontrar! - suspirei aliviada em ver que ela estava bem - seu pai está super preocupado com você.
-Quando esteve com meu pai? - perguntou confusa virando a cabeça para o lado e se levantando.
-Há pouco tempo, mas isso não importa, precisamos sair daqui. - olhei em volta iluminando as paredes a procura de algo que nos ajudasse a sair.
-Onde estão Harry, Rony e Hermione? - perguntou me acompanhando com o olhar.
-Não faço a mínima ideia, mas espero que bem longe daqui. - Virei para olha-la rapidamente e voltei a procurar por alguma saída.
-Como entrou com sua varinha?
-Escondi no meu sutiã, acho que eles não pensaram em procurar em minhas roupas íntimas - respondi rindo em deboche e ouvi um tumulto começando na parte de cima, desfiz o feitiço e guardei a varinha enquanto corria até o portão tentando ouvir o que estava acontecendo.
Pude ouvir passos e a voz de Bellatrix gritando, mas não consegui entender o que ela dizia, minutos depois ouvi ela mandar Rabicho levar alguém para o porão e me escondi atrás de uma pilastra enquanto os passos se aproximavam e a porta se abria. Vi Harry e Rony serem jogados ao chão junto com o barulho da porta se fechando e rapidamente fui até eles.
-O que estão fazendo aqui? - perguntei surpresa e confusa ao encontrar os dois.
-! - Harry correu e me abraçou - Mas que merda você estava pensando quando se deixou ser levada?
-Eu...
-, não me entenda errado, estou muito feliz de ter te encontrado, mas onde estamos? Não podemos deixar Hermione sozinha com ela - Rony disse desesperado e eu tirei a mão de Harry de minha cintura e fui até ele.
-Estamos no porão do que eu acredito ser a casa dos Malfoy - respondi - Luna está aqui também - avisei apontando para onde achava que ela estava e Rony tirou o presente que ganhou de Dumbledore do bolso e acendeu uma das luzes no local me fazendo perceber que haviam mais duas pessoas ali, Sr.Olivaras e Grampo, um duende que trabalhara no banco de Gringots.
Harry fez menção de falar, mas foi interrompido por um grito agudo vindo do andar de cima nos deixando mais desesperados ainda.
-Temos que fazer alguma coisa- Rony disse nervoso.
- Não tem como sair daqui, tentamos de tudo, está enfeitiçado - Sr.Olivaras respondeu enquanto eu olhava em volta, percebi que Harry se abaixou e tirou um pedaço de um espelho da meia.
-Você está sangrando, que coisa curiosa para se guardar numa meia - Luna comentou risonha e Harry se virou de costas olhando para o espelho e sussurrando algo que eu não entendi graças aos gritos de agonia e desespero de Hermione. Passos se aproximavam e Rony rapidamente apagou as luzes no mesmo instante que Pedro Pettgrew abriu a porta mandando o ruivo se afastar e chamando por Grampo que sem relutar, o seguiu para fora.
Eles foram embora, Rony acendeu as luzes e Dobby aparatou bem ao meu lado.
-Dobby, o que está fazendo aqui? - Harry perguntou confuso ao ver o elfo.
-Dobby está aqui para salvar Harry Potter, é claro. - a pequena criatura deu de ombros sem jeito.
-Quer dizer que consegue nos tirar daqui? -Harry o encarou esperançoso.
-Mas é claro, sou um elfo. - suspirei aliviada ao ouvir sua resposta e me virei para Harry e Rony esperando um deles ter alguma ideia.
-Ok, leve Luna e Sr.Olivaras para...
-Para caverna das conchas, confie em mim. - Ron completou e Harry assentiu repetindo para Dobby o que ele deveria fazer.
-Quando estiver pronto, senhor - Luna disse sorridente e Dobby ficou envergonhado.
-Senhor? Eu gostei dela - disse animado me fazendo rir. Ele pegou na mão dos dois e nos encarou. - Me encontrem no topo da escada em 10 segundos.
Assim que Dobby aparatou ouvimos passos descendo a escada, Rony e eu nos escondemos em um lado, Harry do outro, e no instante que Pedro Pettigrew abriu o portão um feitiço o atingiu e ele caiu paralisado no chão. Tomei frente do caminho e encontrei o elfo parado no topo da escada.
-Quem quer a varinha dele? - perguntou me fazendo rir porém fui obrigada a me lembrar da situação em que nos encontrávamos e voltei a ficar em silêncio focada em somente tirar Hermione dali.
Enquanto subíamos as escadas cuidadosamente era possível ouvir a voz de Bellatrix gritando com Grampo, agachamos nos últimos degraus e percebi que o pomo de ouro voava ao lado de Harry que não perdeu tempo e guardou-o rapidamente no bolso de seu casaco.
-O que vamos fazer? - sussurrei olhando para os dois que não me responderam nada.
-Se considere sortudo, duende - Lestrange disse com desgosto caminhando - o mesmo não será dito para essa aqui.
-Não! - Rony gritou se levantando e correndo - Expelliarmus - atingiu Bellatrix pelas costas, Harry e eu corremos atrás dele atacando os outros comensais. Lucius Malfoy foi lançado para longe por um feitiço de Harry e Rony e eu lutávamos contra Narcisa e Draco quando um grito de Bellatrix chamou nossa atenção.
-Parem! - nos viramos para dar de cara com a bruxa segurando Hermione pelos cabelos e segurando uma adaga contra seu pescoço. - larguem as varinhas - mandou, mas permanecemos parados o que não agradou a comensal impaciente - Larguem, eu já disse! - gritou nos fazendo soltar as varinhas no chão - apanhe-as, Draco. - o loiro rapidamente agachou recolhendo nossas varinhas assustado me fazendo encara-lo com nojo, não passava de um capacho não só dois pais como de todos os comensais. Bellatrix que já se recuperara do ataque surpresa agora sorria animada enquanto caminhava com Hermione em nossa direção. - Olha, olha, olha... Olha quem temos aqui, é o Harry Potter - ela sussurrou no ouvido de Hermione que respirava nervosa e assustada - Ele está claro, me olhando novinho em folha, em tempo para o lorde das trevas... Draco, chame-o. - nos viramos para Draco que alternava o olhar entre nós e os comensais visivelmente perdido. - Chame-o!
Lucius ao perceber que seu filho não se moveria, tomou a frente levantando o casaco que escondia a marca negra e levantou as mãos pronto para chamar seu lorde quando um barulho de parafusos sendo soltos quebrou o silêncio e atraiu a atenção de todos. Olhamos para cima encontrando Dobby sentado no enorme lustre da sala enquanto ele rosqueava os parafuso calmamente até faze-lo se soltar indo de encontro ao chão assustado todos os comensais que recuaram para não serem atingidos e fazendo Bellatrix soltar Hermione que logo foi pega por Rony e trazida para perto de nós. Harry que havia se afastado voltou para meu lado com nossas varinhas em mão, peguei a minha de volta e me posicionei para atacar Lucius que vinha em nossa direção, mas Harry foi mais rápido lançando um feitiço em sua direção e o mandando para trás.
-Seu elfo estúpido, podia ter me matado! - Lestrange gritou nervosa e eu puxei Dobby para perto de mim o colando em cima da mureta da escada enquanto Grampo se juntava a nós.
-Dobby nunca quis matar, Dobby só queria causar um ferimento muito sério - respondeu assustado e foi rápido ao desarmar Narcisa que tinha a varinha apontada para ele.
-Como ousa tirar a varinha de uma bruxa? Como ousa desafiar os seus senhores? - Bellatrix gritava sem parar conforme ficava mais irritada.
-Dobby não tem mais nenhum senhor, Dobby é um elfo livre! - respondeu orgulhoso. - E Dobby veio para salvar Harry Potter e seus amigos. - estendeu a mão para nós no mesmo instante em que vi Bellatrix lançar a adaga em nossa direção mas tudo ficou embaçado conforme íamos aparatando e assim que cheguei em uma praia deserta com um céu nublado me sentei recuperando o fôlego. Olhei em volta encontrando Hermione sentada na areia com Rony a segurando e corri em sua direção.
-Hermione! Você está bem? O que ela fez com você? - perguntei nervosa me aproximando dela que sorriu fraco.
-Estou bem, Graças a vocês. - respondeu fraca e eu sorri aliviada em ver que apesar de tudo ela estava salva.
-Agradeça a Rony, ele que foi o primeiro a atacar Bellatrix - respondi e ela riu fraco olhando para o ruivo que tinha a aparência exausta.
-Hermione, você está bem? - Harry correu em nossa direção mancando um pouco. -Estamos salvos, estamos todos salvos - ele dizia enquanto se agachava ao nosso lado.
-Harry Potter - a voz fraca de Dobby chamou nossa atenção me fazendo perder o fôlego assim que vi seu estado. Ele estava em pé com as mãos sobre algo em sua barriga e assim que notei o sangue em sua roupa percebi que a adaga de Bellatrix havia o atingido. Harry correu de encontro a ele e eu fui atrás chegando no momento em que o elfo perdeu suas forças e caiu nos braços de Harry que respirava acelerado e pedia para ele aguentar firme depois de arrancar a adaga de seu corpo e o segurar no colo ainda sentado na areia.
-Aguenta firme, tá? Nós vamos te ajudar - Harry repetia e Dobby tinha seus olhos encarando o céu. - Hermione deve ter alguma coisa na bolsa - disse desesperado mas a morena negou triste. - Hermione, ele tá... me ajuda! - ela sorriu entristecida em um pedido de desculpas e Harry começou a chorar.
-Que lugar lindo... para se estar com os amigos - Dobby disse com dificuldade e eu usei a manga de meu casaco para secar as lágrimas que caiam molhando todo meu rosto. - Dobby está feliz de estar com seu amigo Harry Potter. - Harry abaixou a cabeça encostando-a na de Dobby e o abraçando. Quando ele levantou sua cabeça notei a de Dobby cair para trás e seus olhos pararem de se mexer indicando que ele não estava mais ali. Harry se desesperou chorando e o máximo que consegui fazer naquele momento foi passar meu braço por seus ombros o abraçando.
Capítulo 19
-Que tal... - pigarreei antes de falar - Fecharmos os olhos dele? - falei levando minhas mãos que percebi estarem trêmulas até seu rosto e descendo suas pálpebras fazendo seus olhos fecharem. - Assim ele está só dormindo. - Sorri fraco ao encarar o elfo em seu colo, não o conhecia há muito tempo, mas as únicas vezes em que tinha o visto ele havia me ajudado a encontrar Mundungo Fletcher e salvado minha vida. Ele era um ótimo elfo e definitivamente não merecia uma morte daquelas.
-Eu quero enterra-lo - Harry disse e eu assenti - Devidamente, sem usar magia.
-Tudo bem, vamos fazer isso então - me levantei oferecendo uma mão para Harry que aceitou tomando cuidado para não derrubar o corpo de Dobby.
Seguimos os quatro para um pequeno morro de areia ao lado da casa da família de Rony e assim que ele e Harry terminaram de cavar, o céu que antes eu achara estar nublado, que na verdade estava apenas amanhecendo, já possuía alguns raios de sol iluminando as folhas secas envolta do buraco de areia cavado. Entreguei o corpo que Hermione havia enrolado em um lençol para Harry e assim ele enterrou o elfo que o ajudara por todos esses anos. Hermione e Rony se retiraram após alguns minutos indo para dentro da casa e deixando somente Potter e eu para trás.
-Harry, devíamos descansar um pouco - disse com cuidado para não irrita-lo ou magoa-lo.
-Não estou cansado. - respondeu de birra e eu revirei os olhos.
-Mas é claro que está, não dormimos há quase 24 horas, passamos por inúmeras coisas - tentei convencer o bruxo, mas o ver que ele se preparava para retrucar me adiantei - que tal entrarmos para uma xícara de chá?
-Pode ir na frente, daqui a pouco eu vou - respondeu me fazendo entender que ele percebera que eu estava cansada, mas que não sairia dali até ele concordar em ir comigo, mas eu também conhecia Potter e sabia que ele não iria daqui a pouco. Ele continuaria ali, por mais exausto que estivesse.
-Tudo bem, me chame se precisar - avisei e ele assentiu.
Me levantei com cuidado e desci pelo morrinho de areia até a casa onde encontrei Gui e Fleur descendo as escadas.
-, como está? - ele perguntou e eu sorri cansada em resposta - Entendi.
-Acabamos de mostrar o quarto para Rony e Hermione, lá tem algumas toalhas caso queira tomar um banho, o banheiro é no final do corredor e o quarto é o segundo a esquerda - Fleur disse simpática e eu agradeci seguindo até o quarto disposta a tomar um banho antes de deitar um pouco, mas assim que encontrei Rony e Hermione deitados com as camas coladas dormindo senti meu corpo pesar ainda mais e apaguei antes mesmo de deitar no colchão ao meu lado.
(...)
Faltavam poucas horas para o sol começar a se pôr o que indicava que eu havia tido um longo descanso. Hermione e Rony também já estavam acordados e os dois arrumavam a bagunça que havíamos feito e reorganizavam os itens que estávamos levando deixando de lado tudo que não seria útil novamente. Desci encontrando Harry sentado em uma das cadeiras da pequena cozinha com o rosto apoiado na mão e os olhos piscando lentamente como se esforçasse para de manter acordado, revirei os olhos vendo seu estado e caminhei em sua direção.
-Como está? - Entrei na cozinha passando por ele, indo até o fogão e colocando uma chaleira de água para esquentar.
-Exausto - respondeu após longos segundos em silêncio. - Dormiu bem?
-Sim, você deveria tentar descansar um pouco - me apoiei de costas na pia ficando de frente para Potter.
-Não consigo.
-Harry, você tem que ao menos tentar...
-Você não entende, eu não consigo ficar calmo sabendo que tem pessoas aí arriscando a vida por minha causa, morrendo por mim - Harry me interrompeu e por mais que ele estivesse irritado seus olhos mostravam que a tristeza ainda era maior. - Dobby, ele não merecia, não daquele jeito, não para me salvar.
-Desculpe, Harry, mas é muito pretensioso de sua parte achar que tudo isso está acontecendo por sua causa. Não é sobre você, não é mais sobre você já faz um tempo. - Respondi me aproximando dele - Estamos lutando contra algo maior do que eu, você, do que todos nós. Essa não é a primeira guerra que o mundo bruxo enfrenta e provavelmente também não será a última, mas temos que fazer de tudo para que não se torne a pior, essa luta na qual estamos agora tem algo motivador que talvez as outras não tivessem. Algo que você mesmo já usou contra você-sabe-quem. - disse observando ele se movimentar na cadeira em volta da mesa - Nós temos amor, Harry, amizade, e não existe nada que faça uma pessoa lutar com toda a garra que possui do que o amor, seja ele vindo da amizade, família ou um romance. O amor nos motiva a vencer, ele nos dá o medo de perder. Então pare de carregar o mundo em suas costas, achar que tudo isso é por sua causa, porque não é. Cada morte, cada gota de sangue bruxo derramado foi escolha própria, por motivos particulares, você... Bom, você foi apenas o prólogo dessa história. - Me posicione atrás da dele e coloquei as mãos em seu ombro - Dobby, eu... Não cheguei a conhecer muito bem, mas ele me parecia um elfo muito feliz e grato, você o libertou, Harry, lhe deu o melhor presente que um elfo doméstico poderia receber. Foram poucos os seus anos de liberdade comparado aos muitos em que ele passou servindo aos Malfoy, mas a questão é, o tempo não é um problema se você decidir não o torna-lo. Ele viveu e aproveitou cada segundo dessa nova vida dele e sim, ele morreu enquanto tentava te salvar, mas ele morreu bravamente e tenho certeza que se Dobby pudesse escolher como seria sua morte teria decidido que fosse assim, salvando seu amigo Harry Potter do mesmo jeito que você fez com ele anos atrás. - Terminei de falar e ouvi Harry fungar.
Apertei de leve seus ombros em uma pequena demonstração de carinho e ele levou sua mão até a minha a segurando.
-Dumbledore estava certo em dizer que eu precisaria de você em minha vida, é impressionante como você sempre sabe o que, quando e como dizer. - Ele respondeu rindo levemente e eu sorri.
-Me inspirei nele mesmo, sempre gostei de como Dumbledore usava as palavras com delicadeza e profundidade - Respondi soltando levemente minha mão e puxei a cadeira ao seu lado me sentando e fixando de frente para ele.
-Bom, você aprendeu direitinho - ele riu brincando - Obrigado, por tudo - disse pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos.
-Quando precisar é só gritar - pisquei e ele revirou os olhos por eu ter "cortado o clima" o que me fez gargalhar.
-Eu sempre torci para o Harry ficar com a irmã de Rony, mas você combina mais com ele - Luna disse surgindo do nada e eu pulei na cadeira pelo susto - Desculpe, te assustei?
-Só um pouquinho - respondi rindo e me levantando - aceita um chá? Acabei de fazer.
-Muito gentil de sua parte, mas dessa vez irei recusar - disse se sentando na cadeira do lado oposto da mesa e ficando de frente para Harry - Soube que está sem sua varinha.
-Pois é, quebrou - Harry respondeu dando de ombros e eu ri da atitude do menino. Sems atrás ele ainda passava horas lamentando a perda da varinha.
-E não está usando nenhuma agora?
-Hm, não, eu encontrei uma, quer dizer, Rony encontrou e me deu. Não é tão boa quanto a minha, mas dá pro gasto.
-Está tudo empacotado, de novo - Hermione avisou assim que chegou e puxou uma cadeira ao lado de Luna. Rony que vinha logo atrás dela tinha uma expressão engraçada no rosto em uma mistura de cansaço e impaciência.
-Está tudo bem, Ron? - encarei o ruivo abrir os olhos e me olhar em uma falsa expressão de raiva.
-Você foi esperta, Black - disse com a voz arrastada de cansaço me fazendo rir confusa.
-O que eu fiz?
-Fugiu da Hermione antes de ela te chamar para arrumar as coisas, fingiu que estava dormindo.
-Mas eu estava dormindo - respondi gargalhando pelo modo que Weasley falava.
-Sei...
-Eu nem fui tão mandona dessa vez - Hermione respondeu de bico por Rony ter reclamado dela.
-Mione, você gritou comigo por ter perdido a página de um dos seus livros. - Rony a lembrou achando um absurdo a reação da menina.
-Mas é claro, você tem noção de quantos livros eu leio ao mesmo tempo? Não conseguirei me lembrar em que página parei e quem sabe o único jeito de permanecermos vivos seja com as informações daquele livro. - Se exaltou fazendo Harry rir ao meu lado.
-Juro que pode me usar como escudo se isso acontecer. - Rony respondeu indiferente enquanto Luna sorria olhando os dois.
O outro Weasley da casa se juntou a nós e no mesmo instante Potter se levantou o encarando.
-Preciso falar com o duende - pediu e Gui assentiu voltando a subir as escadas com nós a seu encalço. Parou em frente a uma porta e em silêncio entrou dando passagem para nós e saindo em seguida.
-Como você está? - Harry perguntou chamando a atenção do duende que estava de costas sentado em uma poltrona.
-Vivo - respondeu sem emoção.
Harry levou alguns segundos até voltar a falar e caminhar até perto dele.
-Provavelmente não lembra que...
-Que levei você ao seu cofre, na primeira vez que foi ao Gringotes? - ele o cortou - Mesmo entre os duendes, é famoso, Harry Potter. - O moreno ouviu o comentário do duende em silêncio enquanto andava pelo quarto parando para observar a vista de uma janela. - Enterrou o elfo.
-Sim - respondeu se apoiando em frente à janela.
-E me trouxe aqui - continuou a falar - Você é... um bruxo muito incomum - disse após pensar um pouco. O quarto inundou em silêncio e Hermione me olhou desconfortável.- Como conseguiu essa espada? - o duende perguntou ao se referir a espada de Gryffindor que estava ao lado de Harry encostada na parede.
-É complicado - Potter respondeu não agradando muito. - Por que Bellatrix Lestrange achava que ela estava no seu cofre?
-É complicado. - o duende respondeu do mesmo modo com um tom levemente irritado me fazendo revirar os olhos.
-A espada se apresentou para nós em um momento de necessidade, nós não a roubamos. - me intrometi na conversa atraindo os olhares de todos presentes.
-E você seria...?
- Black, filha de Sirius Black - respondi vendo o duende se esforçar em não parecer surpreso com a informação.
-Intrometida igual o pai - resmungou e suspirou antes de voltar a falar. - Há uma espada no cofre de madame Lestrange idêntica a essa, mas é falsa. Foi posta lá no último verão.
-Ela não desconfiou de que era falsa? - perguntei estranhando.
-A réplica é bem convincente, só um duende saberia que esta é a verdadeira espada de Gryffindor. - Respondeu convencido.
-Quem a colocou lá? - Hermione questionou.
-Um professor de Hogwarts, pelo que sei, agora ele é o diretor.
-Snape? - Rony perguntou confuso. - Ele pôs uma espada falsa no cofre de Bellatrix? Por quê?
-Há muitas coisas estranhas nos cofres de Gringotes.
-No cofre de madame Lestrange também? - Harry perguntou e o duende percebeu onde ele queria chegar.
-Talvez.
-Preciso entrar no Gringotes, em um dos cofres.
-É impossível - respondeu com desdém.
-Sozinho, sim. Com você, não.
- Por que eu ajudaria você?
-Eu tenho ouro, muito ouro.
-Ouro não me interessa - respondeu rapidamente.
-E o que quer? - Harry perguntou indiferente.
-Ela - apontou para a espada. - É o meu preço.
Harry olhou para espada e suspirou antes de murmurar um "ok" e seguir até nós para sair do quarto.
-Acha que tem uma Horcrux no cofre de Beatriz? -Hermione sussurrou assim que eu fechei a porta atrás de mim.
-Ela entrou em pânico quando achou que tínhamos estado lá, ficou perguntando o que mais tínhamos pegado. Aposto que tem uma horcrux lá, uma outra parte da alma dele. Vamos achá-la e matá-la, e estaremos mais perto de matá-lo.
-E se não tiver horcrux nenhuma lá? Tem noção do quão difícil vai ser entrar no cofre? Estamos sendo procurados, podemos nos arriscar em vão. - disse não muito contente com a ideia de Harry.
-E se tiver? Não temos outro jeito de saber, não posso arriscar perder essa chance. De um jeito ou de outro estaremos nos arriscando.
-E quando a encontrarmos? Como a destruiremos se você deu a espada ao Grampo?
-Ainda estou pensando nessa parte. - Potter respondeu Rony que abrira a boca para continuar a falar, mas fora impedido por Fleur que saíra do quarto a frente com uma bandeja em mãos onde uma taça vazia repousava.
-Ele está fraco - comentou se referindo a Sr.Olivaras a quem esperávamos para conversar.
Harry foi o primeiro a entrar no quarto segurando a porta aberta para nós o seguirmos.
-Sim? - o senhor perguntou assim que nos viu.
-Sr. Olivaras, preciso lhe fazer algumas perguntas.
-Pergunte o que quiser, meu rapaz. - respondeu simpático com a voz falhando.
-Se importaria em identificar essas varinhas? Precisamos saber se é seguro usa-las. - Potter seguiu estendendo a varinha para o senhor.
Ele virou o objeto na mão, a testando e forçando. - Nogueira e fibra cardíaca de dragão, 32 centímetros, inflexível. - parou um pouco assustado para pensar - Esta pertenceu a Bellatrix Lestrange, trate-a com cuidado. - entregou de volta para Harry e pegou a outra de sua mão. - Pinheiro e pelo de unicórnio, 25 centímetros, razoavelmente flexível. Esta era a varinha de Draco Malfoy.
-Era? Não é mais dele?
-Bem, talvez não, se você a tirou dele. Sinto que a lealdade dela mudou.
-Você fala de varinhas como se elas tivessem sentimentos ou pudessem pensar - Me intrometi mais uma vez comentando o fato que achara engraçado.
-A varinha escolhe o bruxo, minha querida, isto sempre esteve claro para todos os estudiosos de varinhas.
-E o que sabe sobre as relíquias da morte?
-O boato é que são três. - pensou um pouco antes de responder Harry. - A varinha das varinhas, a capa da invisibilidade, para se esconder dos inimigos e a pedra da ressureição, que traz entes queridos de volta à vida. Juntas, elas tornam o Senhor da Morte. Mas poucos realmente acreditam que esses objetos existem.
-E o senhor? Você acha que existem?
-Eu não vejo razões para acreditar num conto antigo. - riu levemente sem encarar Harry.
-Está mentindo. O senhor sabe que existem e contou para ele. Contou sobre a varinha das varinhas e onde encontrá-la.
A feição do senhor mudou de descontraída para como se revivesse traumas.
-Ele me torturou. Além disso, eu só contei boatos, não dá para saber se ele vai encontrá-la. - suspirei concordando com o senhor em silêncio para não chamar atenção quando Harry me surpreendeu com sua resposta.
-Ele a encontrou, senhor. - disse atraindo a atenção de todos. - Vamos deixá-lo descansar. - se levantou da cama onde havia sentado e veio em nossa direção evitando olhar diretamente para nossos rostos.
-Ele está atrás de você, Sr. Potter - Olivaras chamou nossa atenção assim que Rony abriu a porta. - E se é verdade o que diz, que ele está com a varinha das varinhas, receio que você realmente não tenha nenhuma chance.
-Então terei que matá-lo antes que ele me ache. - respondeu e saiu em silêncio.
-Temos que entrar em Gringotes ainda hoje - Harry respondeu antes que qualquer um de nós respondesse. - Hermione, tem o que te pedi?
A morena assentiu e seguiu para o quarto onde havíamos descansado. Assim que entramos no local ela se dirigiu até o casaco que usava mais cedo e retirou de lá um fio de cabelo.
-Tem certeza de que é dela? - Harry perguntou e eu entendi qual era o plano deles.
-Absoluta. - respondeu a contragosto.
-Certo, vocês preparam a poção, vou atrás de Grampo. - Harry se retirou me fazendo encarar a porta por onde ele saiu perplexa, voltei a olhar para os dois que permaneceram comigo e Hermione logo se manifestou.
-Vai.
- O que...
-Vai logo - disse impaciente e eu sai do quarto indo atrás de Potter resmungando. O encontrei com a espada em mãos seguindo para o lado de fora com Grampo ao seu lado.
-Potter - o chamei e vi ele parar e suspirar antes de virar para me encarar - Podemos conversar?
Ele olhou de mim para Grampo algumas vezes antes de se virar para o duende.
-Vá indo na frente, já estamos indo - a criatura reclamou e seguiu andando irritado. - Se veio falar sobre...
-Por que não contou sobre a varinha? - o cortei me aproximando dele.
-Porque não achei necessário preocupar ainda mais vocês, Voldemort tem a varinha, o que podemos fazer com essa informação? Nada do que já não fora planejado.
-Ah, claro, ao invés disso você guarda isso consigo e sai por aí contando para Senhores de idade que acabaram de ser torturados por Voldemort, faz muito sentido, Potter. - respondi irônica e o vi revirar os olhos.
-Só contei porque ele mentiu.
-Que diferença faz o por quê de você ter contado? Não estou brava por Sr.Olivaras saber, estou brava por você não contar para nós, estamos juntos nessa Harry e qualquer novidade é importante que saibamos.
-Está bem, , agora você sabe, que diferença isso faz na sua vida? Continuamos tendo que achar as Horcruxes e tendo que enfrentar Voldemort, que com ou sem uma das relíquias é extremamente poderoso.
-Mas pelo menos eu sei o quão poderoso estamos falando agora, você tem noção de como a situação muda agora?
-E você saber que Nagini é uma horcrux e não contar para o resto de nós não muda a situação? – Perguntou nervoso e eu senti como se tivesse levado um tapa na cara.
-Como você sabe disso?
-Rony me contou assim que saímos da casa de Luna, não achou que ia agir daquela maneira e me deixar sem explicações, não é mesmo? – retrucou irritado.
-Nagini não tem nada a ver com vocês, se eu sou a única solução para mata-la, vocês saberem o que ela é não altera nada – respondi sabendo que estava errada.
-Não muda nada? Saber que ela é a porra de uma horcrux não muda nada? – gritou nervoso e eu senti meu sangue ferver.
-Se você soubesse, nunca teria deixado eu ir! – gritei em resposta, se era assim que ele queria resolver as coisas assim seria.
-Mas é claro que não, você tem noção de que arriscou sua vida em vão? Voldemort não é o único que pode te matar, ele quer você morta, não necessariamente pelas mãos dele, você morre, nagini vive pra sempre e assim ele também, não seja tão estupida. – ele parou de falar ao perceber do que havia me chamado e eu ri em deboche.
-Pode deixar, Potter, a próxima vez que eu tiver alguma ideia maluca que arrisque minha vida vou pedir permissão pra você primeiro, afinal, você nunca fez algo tão estupido assim, né? – respondi irônica e passei por ele subindo o pequeno morrinho de areia onde Grampo estava posicionado com a espada em mãos.
-, volta aqui - suspirou parecendo um pouco arrependido, mas eu o ignorei.
Harry permaneceu parado por um tempo observando o mar, depois se juntou a nós com Hermione e Rony que já não aparentavam o mesmo, se passando por Beatrice e Rony que tinha o cabelo comprido, barba e bigode junto a uma aparência envelhecida usado como disfarce para acompanhar a bruxa.
-E então, como estamos?
-Horríveis - Harry respondeu e ela sorriu de lado. - Grampo, dê a espada para Hermione guardá-la.
A morena se abaixou para o duende esconder a varinha em suas vestes e depois seguiu até nós. Rony estendeu a mão tendo a de Hermione em cima da sua e após Harry posicionar a sua a cima da minha nos viramos para Grampo.
-Contamos com você, a espada é sua se passarmos pelos guardas e entrarmos no cofre. - o duende estendeu a mão cauteloso e assim que se juntou as nossas nós aparatamos para um beco lado do banco.
Hermione que tomara nossa frente fora reconhecida por um bruxo que a cumprimentara como madame Lestrange.
-Bom dia - Hermione respondeu receosa e mesmo um pouco confuso o bruxo se retirou dali nos deixando sozinhos.
-Bom dia? - Grampo perguntou inconformado - Você é Bellatrix Lestrange, não uma garotinha inocente.
-Calma aí - Rony o repreendeu.
-Se ela nos entregar, a espada servirá para cortar nossas gargantas. - respondeu irritado.
-Ele está certo, fui uma idiota - Hermione concordou com o duende fazendo Rony se irritar, mas permanecer em silêncio.
-Está bem, vamos lá. - Harry nos chamou a atenção e se virou para Grampo pular em suas costas. Nesse momento me arrependi de não ter pedido para Hermione usar algum disfarce em mim e me aproximei de Potter cruzando meu braço no seu para não correr o risco de andarmos em velocidades diferentes e então Rony jogou a capa da invisibilidade em nós.
Entramos em Gringotes atrás de Rony e Hermione que sofria um pouco para andar nas botas altas de Bellatrix. Olhei em volta tomando uma noção de quantos guardas haviam ali e voltei a observar Hermione que parara ao centro do banco.
Ela pigarreou tentando chamar atenção e após o fracasso começou a falar: - Quero entrar em meu cofre.
-Identificação? - o duende pediu sem nem encara-la.
-Não acho que seja necessário. - o duende se virou impaciente mas arrumou a postura ao ver a bruxa.
-Madame Lestrange. - a encarou e se virou saindo de onde estava.
-Não gosto que me deixem esperando - Hermione reclamou e Rony deu um passo para trás se aproximando de nós.
-Eles sabem - Grampo sussurrou - Sabem que é uma impostora. Foram avisados.
-Harry? - Rony chamou baixinho - o que vamos fazer?
O duende voltou trazendo outro consigo, que exigiu mais uma vez em ver a varinha de Hermione.
-Potter - chamei o bruxo - vem comigo. - o puxei para caminhar até os duendes parando ao lado do que falava sobre a política do banco para Hermione que continuava a insistir que não era necessário. Me aproximei o máximo que pude e tirei minha varinha do bolso para o lado de fora da capa.
-Imperio. -conjurei e no logo sem seguida o duende sorriu enfeitiçado.
-Pois não, Madame Lestrange. Queira me acompanhar. - Nos levou até um carrinho e esperou que entrássemos para dar partida. Tirei a capa de cima de nós três e guardei na mochila de Harry devolvendo pro garoto em silêncio, ainda estava irritada e se ele ia sair por ai sem falar as coisas para a gente eu iria sair por ai sem falar com ele.
-Eu quero enterra-lo - Harry disse e eu assenti - Devidamente, sem usar magia.
-Tudo bem, vamos fazer isso então - me levantei oferecendo uma mão para Harry que aceitou tomando cuidado para não derrubar o corpo de Dobby.
Seguimos os quatro para um pequeno morro de areia ao lado da casa da família de Rony e assim que ele e Harry terminaram de cavar, o céu que antes eu achara estar nublado, que na verdade estava apenas amanhecendo, já possuía alguns raios de sol iluminando as folhas secas envolta do buraco de areia cavado. Entreguei o corpo que Hermione havia enrolado em um lençol para Harry e assim ele enterrou o elfo que o ajudara por todos esses anos. Hermione e Rony se retiraram após alguns minutos indo para dentro da casa e deixando somente Potter e eu para trás.
-Harry, devíamos descansar um pouco - disse com cuidado para não irrita-lo ou magoa-lo.
-Não estou cansado. - respondeu de birra e eu revirei os olhos.
-Mas é claro que está, não dormimos há quase 24 horas, passamos por inúmeras coisas - tentei convencer o bruxo, mas o ver que ele se preparava para retrucar me adiantei - que tal entrarmos para uma xícara de chá?
-Pode ir na frente, daqui a pouco eu vou - respondeu me fazendo entender que ele percebera que eu estava cansada, mas que não sairia dali até ele concordar em ir comigo, mas eu também conhecia Potter e sabia que ele não iria daqui a pouco. Ele continuaria ali, por mais exausto que estivesse.
-Tudo bem, me chame se precisar - avisei e ele assentiu.
Me levantei com cuidado e desci pelo morrinho de areia até a casa onde encontrei Gui e Fleur descendo as escadas.
-, como está? - ele perguntou e eu sorri cansada em resposta - Entendi.
-Acabamos de mostrar o quarto para Rony e Hermione, lá tem algumas toalhas caso queira tomar um banho, o banheiro é no final do corredor e o quarto é o segundo a esquerda - Fleur disse simpática e eu agradeci seguindo até o quarto disposta a tomar um banho antes de deitar um pouco, mas assim que encontrei Rony e Hermione deitados com as camas coladas dormindo senti meu corpo pesar ainda mais e apaguei antes mesmo de deitar no colchão ao meu lado.
(...)
Faltavam poucas horas para o sol começar a se pôr o que indicava que eu havia tido um longo descanso. Hermione e Rony também já estavam acordados e os dois arrumavam a bagunça que havíamos feito e reorganizavam os itens que estávamos levando deixando de lado tudo que não seria útil novamente. Desci encontrando Harry sentado em uma das cadeiras da pequena cozinha com o rosto apoiado na mão e os olhos piscando lentamente como se esforçasse para de manter acordado, revirei os olhos vendo seu estado e caminhei em sua direção.
-Como está? - Entrei na cozinha passando por ele, indo até o fogão e colocando uma chaleira de água para esquentar.
-Exausto - respondeu após longos segundos em silêncio. - Dormiu bem?
-Sim, você deveria tentar descansar um pouco - me apoiei de costas na pia ficando de frente para Potter.
-Não consigo.
-Harry, você tem que ao menos tentar...
-Você não entende, eu não consigo ficar calmo sabendo que tem pessoas aí arriscando a vida por minha causa, morrendo por mim - Harry me interrompeu e por mais que ele estivesse irritado seus olhos mostravam que a tristeza ainda era maior. - Dobby, ele não merecia, não daquele jeito, não para me salvar.
-Desculpe, Harry, mas é muito pretensioso de sua parte achar que tudo isso está acontecendo por sua causa. Não é sobre você, não é mais sobre você já faz um tempo. - Respondi me aproximando dele - Estamos lutando contra algo maior do que eu, você, do que todos nós. Essa não é a primeira guerra que o mundo bruxo enfrenta e provavelmente também não será a última, mas temos que fazer de tudo para que não se torne a pior, essa luta na qual estamos agora tem algo motivador que talvez as outras não tivessem. Algo que você mesmo já usou contra você-sabe-quem. - disse observando ele se movimentar na cadeira em volta da mesa - Nós temos amor, Harry, amizade, e não existe nada que faça uma pessoa lutar com toda a garra que possui do que o amor, seja ele vindo da amizade, família ou um romance. O amor nos motiva a vencer, ele nos dá o medo de perder. Então pare de carregar o mundo em suas costas, achar que tudo isso é por sua causa, porque não é. Cada morte, cada gota de sangue bruxo derramado foi escolha própria, por motivos particulares, você... Bom, você foi apenas o prólogo dessa história. - Me posicione atrás da dele e coloquei as mãos em seu ombro - Dobby, eu... Não cheguei a conhecer muito bem, mas ele me parecia um elfo muito feliz e grato, você o libertou, Harry, lhe deu o melhor presente que um elfo doméstico poderia receber. Foram poucos os seus anos de liberdade comparado aos muitos em que ele passou servindo aos Malfoy, mas a questão é, o tempo não é um problema se você decidir não o torna-lo. Ele viveu e aproveitou cada segundo dessa nova vida dele e sim, ele morreu enquanto tentava te salvar, mas ele morreu bravamente e tenho certeza que se Dobby pudesse escolher como seria sua morte teria decidido que fosse assim, salvando seu amigo Harry Potter do mesmo jeito que você fez com ele anos atrás. - Terminei de falar e ouvi Harry fungar.
Apertei de leve seus ombros em uma pequena demonstração de carinho e ele levou sua mão até a minha a segurando.
-Dumbledore estava certo em dizer que eu precisaria de você em minha vida, é impressionante como você sempre sabe o que, quando e como dizer. - Ele respondeu rindo levemente e eu sorri.
-Me inspirei nele mesmo, sempre gostei de como Dumbledore usava as palavras com delicadeza e profundidade - Respondi soltando levemente minha mão e puxei a cadeira ao seu lado me sentando e fixando de frente para ele.
-Bom, você aprendeu direitinho - ele riu brincando - Obrigado, por tudo - disse pegando minha mão e entrelaçando nossos dedos.
-Quando precisar é só gritar - pisquei e ele revirou os olhos por eu ter "cortado o clima" o que me fez gargalhar.
-Eu sempre torci para o Harry ficar com a irmã de Rony, mas você combina mais com ele - Luna disse surgindo do nada e eu pulei na cadeira pelo susto - Desculpe, te assustei?
-Só um pouquinho - respondi rindo e me levantando - aceita um chá? Acabei de fazer.
-Muito gentil de sua parte, mas dessa vez irei recusar - disse se sentando na cadeira do lado oposto da mesa e ficando de frente para Harry - Soube que está sem sua varinha.
-Pois é, quebrou - Harry respondeu dando de ombros e eu ri da atitude do menino. Sems atrás ele ainda passava horas lamentando a perda da varinha.
-E não está usando nenhuma agora?
-Hm, não, eu encontrei uma, quer dizer, Rony encontrou e me deu. Não é tão boa quanto a minha, mas dá pro gasto.
-Está tudo empacotado, de novo - Hermione avisou assim que chegou e puxou uma cadeira ao lado de Luna. Rony que vinha logo atrás dela tinha uma expressão engraçada no rosto em uma mistura de cansaço e impaciência.
-Está tudo bem, Ron? - encarei o ruivo abrir os olhos e me olhar em uma falsa expressão de raiva.
-Você foi esperta, Black - disse com a voz arrastada de cansaço me fazendo rir confusa.
-O que eu fiz?
-Fugiu da Hermione antes de ela te chamar para arrumar as coisas, fingiu que estava dormindo.
-Mas eu estava dormindo - respondi gargalhando pelo modo que Weasley falava.
-Sei...
-Eu nem fui tão mandona dessa vez - Hermione respondeu de bico por Rony ter reclamado dela.
-Mione, você gritou comigo por ter perdido a página de um dos seus livros. - Rony a lembrou achando um absurdo a reação da menina.
-Mas é claro, você tem noção de quantos livros eu leio ao mesmo tempo? Não conseguirei me lembrar em que página parei e quem sabe o único jeito de permanecermos vivos seja com as informações daquele livro. - Se exaltou fazendo Harry rir ao meu lado.
-Juro que pode me usar como escudo se isso acontecer. - Rony respondeu indiferente enquanto Luna sorria olhando os dois.
O outro Weasley da casa se juntou a nós e no mesmo instante Potter se levantou o encarando.
-Preciso falar com o duende - pediu e Gui assentiu voltando a subir as escadas com nós a seu encalço. Parou em frente a uma porta e em silêncio entrou dando passagem para nós e saindo em seguida.
-Como você está? - Harry perguntou chamando a atenção do duende que estava de costas sentado em uma poltrona.
-Vivo - respondeu sem emoção.
Harry levou alguns segundos até voltar a falar e caminhar até perto dele.
-Provavelmente não lembra que...
-Que levei você ao seu cofre, na primeira vez que foi ao Gringotes? - ele o cortou - Mesmo entre os duendes, é famoso, Harry Potter. - O moreno ouviu o comentário do duende em silêncio enquanto andava pelo quarto parando para observar a vista de uma janela. - Enterrou o elfo.
-Sim - respondeu se apoiando em frente à janela.
-E me trouxe aqui - continuou a falar - Você é... um bruxo muito incomum - disse após pensar um pouco. O quarto inundou em silêncio e Hermione me olhou desconfortável.- Como conseguiu essa espada? - o duende perguntou ao se referir a espada de Gryffindor que estava ao lado de Harry encostada na parede.
-É complicado - Potter respondeu não agradando muito. - Por que Bellatrix Lestrange achava que ela estava no seu cofre?
-É complicado. - o duende respondeu do mesmo modo com um tom levemente irritado me fazendo revirar os olhos.
-A espada se apresentou para nós em um momento de necessidade, nós não a roubamos. - me intrometi na conversa atraindo os olhares de todos presentes.
-E você seria...?
- Black, filha de Sirius Black - respondi vendo o duende se esforçar em não parecer surpreso com a informação.
-Intrometida igual o pai - resmungou e suspirou antes de voltar a falar. - Há uma espada no cofre de madame Lestrange idêntica a essa, mas é falsa. Foi posta lá no último verão.
-Ela não desconfiou de que era falsa? - perguntei estranhando.
-A réplica é bem convincente, só um duende saberia que esta é a verdadeira espada de Gryffindor. - Respondeu convencido.
-Quem a colocou lá? - Hermione questionou.
-Um professor de Hogwarts, pelo que sei, agora ele é o diretor.
-Snape? - Rony perguntou confuso. - Ele pôs uma espada falsa no cofre de Bellatrix? Por quê?
-Há muitas coisas estranhas nos cofres de Gringotes.
-No cofre de madame Lestrange também? - Harry perguntou e o duende percebeu onde ele queria chegar.
-Talvez.
-Preciso entrar no Gringotes, em um dos cofres.
-É impossível - respondeu com desdém.
-Sozinho, sim. Com você, não.
- Por que eu ajudaria você?
-Eu tenho ouro, muito ouro.
-Ouro não me interessa - respondeu rapidamente.
-E o que quer? - Harry perguntou indiferente.
-Ela - apontou para a espada. - É o meu preço.
Harry olhou para espada e suspirou antes de murmurar um "ok" e seguir até nós para sair do quarto.
-Acha que tem uma Horcrux no cofre de Beatriz? -Hermione sussurrou assim que eu fechei a porta atrás de mim.
-Ela entrou em pânico quando achou que tínhamos estado lá, ficou perguntando o que mais tínhamos pegado. Aposto que tem uma horcrux lá, uma outra parte da alma dele. Vamos achá-la e matá-la, e estaremos mais perto de matá-lo.
-E se não tiver horcrux nenhuma lá? Tem noção do quão difícil vai ser entrar no cofre? Estamos sendo procurados, podemos nos arriscar em vão. - disse não muito contente com a ideia de Harry.
-E se tiver? Não temos outro jeito de saber, não posso arriscar perder essa chance. De um jeito ou de outro estaremos nos arriscando.
-E quando a encontrarmos? Como a destruiremos se você deu a espada ao Grampo?
-Ainda estou pensando nessa parte. - Potter respondeu Rony que abrira a boca para continuar a falar, mas fora impedido por Fleur que saíra do quarto a frente com uma bandeja em mãos onde uma taça vazia repousava.
-Ele está fraco - comentou se referindo a Sr.Olivaras a quem esperávamos para conversar.
Harry foi o primeiro a entrar no quarto segurando a porta aberta para nós o seguirmos.
-Sim? - o senhor perguntou assim que nos viu.
-Sr. Olivaras, preciso lhe fazer algumas perguntas.
-Pergunte o que quiser, meu rapaz. - respondeu simpático com a voz falhando.
-Se importaria em identificar essas varinhas? Precisamos saber se é seguro usa-las. - Potter seguiu estendendo a varinha para o senhor.
Ele virou o objeto na mão, a testando e forçando. - Nogueira e fibra cardíaca de dragão, 32 centímetros, inflexível. - parou um pouco assustado para pensar - Esta pertenceu a Bellatrix Lestrange, trate-a com cuidado. - entregou de volta para Harry e pegou a outra de sua mão. - Pinheiro e pelo de unicórnio, 25 centímetros, razoavelmente flexível. Esta era a varinha de Draco Malfoy.
-Era? Não é mais dele?
-Bem, talvez não, se você a tirou dele. Sinto que a lealdade dela mudou.
-Você fala de varinhas como se elas tivessem sentimentos ou pudessem pensar - Me intrometi mais uma vez comentando o fato que achara engraçado.
-A varinha escolhe o bruxo, minha querida, isto sempre esteve claro para todos os estudiosos de varinhas.
-E o que sabe sobre as relíquias da morte?
-O boato é que são três. - pensou um pouco antes de responder Harry. - A varinha das varinhas, a capa da invisibilidade, para se esconder dos inimigos e a pedra da ressureição, que traz entes queridos de volta à vida. Juntas, elas tornam o Senhor da Morte. Mas poucos realmente acreditam que esses objetos existem.
-E o senhor? Você acha que existem?
-Eu não vejo razões para acreditar num conto antigo. - riu levemente sem encarar Harry.
-Está mentindo. O senhor sabe que existem e contou para ele. Contou sobre a varinha das varinhas e onde encontrá-la.
A feição do senhor mudou de descontraída para como se revivesse traumas.
-Ele me torturou. Além disso, eu só contei boatos, não dá para saber se ele vai encontrá-la. - suspirei concordando com o senhor em silêncio para não chamar atenção quando Harry me surpreendeu com sua resposta.
-Ele a encontrou, senhor. - disse atraindo a atenção de todos. - Vamos deixá-lo descansar. - se levantou da cama onde havia sentado e veio em nossa direção evitando olhar diretamente para nossos rostos.
-Ele está atrás de você, Sr. Potter - Olivaras chamou nossa atenção assim que Rony abriu a porta. - E se é verdade o que diz, que ele está com a varinha das varinhas, receio que você realmente não tenha nenhuma chance.
-Então terei que matá-lo antes que ele me ache. - respondeu e saiu em silêncio.
-Temos que entrar em Gringotes ainda hoje - Harry respondeu antes que qualquer um de nós respondesse. - Hermione, tem o que te pedi?
A morena assentiu e seguiu para o quarto onde havíamos descansado. Assim que entramos no local ela se dirigiu até o casaco que usava mais cedo e retirou de lá um fio de cabelo.
-Tem certeza de que é dela? - Harry perguntou e eu entendi qual era o plano deles.
-Absoluta. - respondeu a contragosto.
-Certo, vocês preparam a poção, vou atrás de Grampo. - Harry se retirou me fazendo encarar a porta por onde ele saiu perplexa, voltei a olhar para os dois que permaneceram comigo e Hermione logo se manifestou.
-Vai.
- O que...
-Vai logo - disse impaciente e eu sai do quarto indo atrás de Potter resmungando. O encontrei com a espada em mãos seguindo para o lado de fora com Grampo ao seu lado.
-Potter - o chamei e vi ele parar e suspirar antes de virar para me encarar - Podemos conversar?
Ele olhou de mim para Grampo algumas vezes antes de se virar para o duende.
-Vá indo na frente, já estamos indo - a criatura reclamou e seguiu andando irritado. - Se veio falar sobre...
-Por que não contou sobre a varinha? - o cortei me aproximando dele.
-Porque não achei necessário preocupar ainda mais vocês, Voldemort tem a varinha, o que podemos fazer com essa informação? Nada do que já não fora planejado.
-Ah, claro, ao invés disso você guarda isso consigo e sai por aí contando para Senhores de idade que acabaram de ser torturados por Voldemort, faz muito sentido, Potter. - respondi irônica e o vi revirar os olhos.
-Só contei porque ele mentiu.
-Que diferença faz o por quê de você ter contado? Não estou brava por Sr.Olivaras saber, estou brava por você não contar para nós, estamos juntos nessa Harry e qualquer novidade é importante que saibamos.
-Está bem, , agora você sabe, que diferença isso faz na sua vida? Continuamos tendo que achar as Horcruxes e tendo que enfrentar Voldemort, que com ou sem uma das relíquias é extremamente poderoso.
-Mas pelo menos eu sei o quão poderoso estamos falando agora, você tem noção de como a situação muda agora?
-E você saber que Nagini é uma horcrux e não contar para o resto de nós não muda a situação? – Perguntou nervoso e eu senti como se tivesse levado um tapa na cara.
-Como você sabe disso?
-Rony me contou assim que saímos da casa de Luna, não achou que ia agir daquela maneira e me deixar sem explicações, não é mesmo? – retrucou irritado.
-Nagini não tem nada a ver com vocês, se eu sou a única solução para mata-la, vocês saberem o que ela é não altera nada – respondi sabendo que estava errada.
-Não muda nada? Saber que ela é a porra de uma horcrux não muda nada? – gritou nervoso e eu senti meu sangue ferver.
-Se você soubesse, nunca teria deixado eu ir! – gritei em resposta, se era assim que ele queria resolver as coisas assim seria.
-Mas é claro que não, você tem noção de que arriscou sua vida em vão? Voldemort não é o único que pode te matar, ele quer você morta, não necessariamente pelas mãos dele, você morre, nagini vive pra sempre e assim ele também, não seja tão estupida. – ele parou de falar ao perceber do que havia me chamado e eu ri em deboche.
-Pode deixar, Potter, a próxima vez que eu tiver alguma ideia maluca que arrisque minha vida vou pedir permissão pra você primeiro, afinal, você nunca fez algo tão estupido assim, né? – respondi irônica e passei por ele subindo o pequeno morrinho de areia onde Grampo estava posicionado com a espada em mãos.
-, volta aqui - suspirou parecendo um pouco arrependido, mas eu o ignorei.
Harry permaneceu parado por um tempo observando o mar, depois se juntou a nós com Hermione e Rony que já não aparentavam o mesmo, se passando por Beatrice e Rony que tinha o cabelo comprido, barba e bigode junto a uma aparência envelhecida usado como disfarce para acompanhar a bruxa.
-E então, como estamos?
-Horríveis - Harry respondeu e ela sorriu de lado. - Grampo, dê a espada para Hermione guardá-la.
A morena se abaixou para o duende esconder a varinha em suas vestes e depois seguiu até nós. Rony estendeu a mão tendo a de Hermione em cima da sua e após Harry posicionar a sua a cima da minha nos viramos para Grampo.
-Contamos com você, a espada é sua se passarmos pelos guardas e entrarmos no cofre. - o duende estendeu a mão cauteloso e assim que se juntou as nossas nós aparatamos para um beco lado do banco.
Hermione que tomara nossa frente fora reconhecida por um bruxo que a cumprimentara como madame Lestrange.
-Bom dia - Hermione respondeu receosa e mesmo um pouco confuso o bruxo se retirou dali nos deixando sozinhos.
-Bom dia? - Grampo perguntou inconformado - Você é Bellatrix Lestrange, não uma garotinha inocente.
-Calma aí - Rony o repreendeu.
-Se ela nos entregar, a espada servirá para cortar nossas gargantas. - respondeu irritado.
-Ele está certo, fui uma idiota - Hermione concordou com o duende fazendo Rony se irritar, mas permanecer em silêncio.
-Está bem, vamos lá. - Harry nos chamou a atenção e se virou para Grampo pular em suas costas. Nesse momento me arrependi de não ter pedido para Hermione usar algum disfarce em mim e me aproximei de Potter cruzando meu braço no seu para não correr o risco de andarmos em velocidades diferentes e então Rony jogou a capa da invisibilidade em nós.
Entramos em Gringotes atrás de Rony e Hermione que sofria um pouco para andar nas botas altas de Bellatrix. Olhei em volta tomando uma noção de quantos guardas haviam ali e voltei a observar Hermione que parara ao centro do banco.
Ela pigarreou tentando chamar atenção e após o fracasso começou a falar: - Quero entrar em meu cofre.
-Identificação? - o duende pediu sem nem encara-la.
-Não acho que seja necessário. - o duende se virou impaciente mas arrumou a postura ao ver a bruxa.
-Madame Lestrange. - a encarou e se virou saindo de onde estava.
-Não gosto que me deixem esperando - Hermione reclamou e Rony deu um passo para trás se aproximando de nós.
-Eles sabem - Grampo sussurrou - Sabem que é uma impostora. Foram avisados.
-Harry? - Rony chamou baixinho - o que vamos fazer?
O duende voltou trazendo outro consigo, que exigiu mais uma vez em ver a varinha de Hermione.
-Potter - chamei o bruxo - vem comigo. - o puxei para caminhar até os duendes parando ao lado do que falava sobre a política do banco para Hermione que continuava a insistir que não era necessário. Me aproximei o máximo que pude e tirei minha varinha do bolso para o lado de fora da capa.
-Imperio. -conjurei e no logo sem seguida o duende sorriu enfeitiçado.
-Pois não, Madame Lestrange. Queira me acompanhar. - Nos levou até um carrinho e esperou que entrássemos para dar partida. Tirei a capa de cima de nós três e guardei na mochila de Harry devolvendo pro garoto em silêncio, ainda estava irritada e se ele ia sair por ai sem falar as coisas para a gente eu iria sair por ai sem falar com ele.
Capítulo 20
O carrinho deu partida e, assim que tomou certa velocidade, eu me segurei sentindo o vento jogar meu cabelo para trás e meu estomago revirar cada vez que o carrinho aumentava a velocidade. Eu estava me sentindo em uma montanha-russa e eu odiava montanhas-russas. Grampo, que coordenava o carrinho, seguiu passando por cima do que parecia uma cachoeira.
-O que é aquilo? - Harry perguntou assustado. O duende permaneceu em silêncio e desacelerou, passando pela água e nos molhando. Meu cabelo, que antes balançava para trás, caiu encharcado em meus ombros e senti minha roupa pesar por estar molhada. Poucos metros depois dali, o carrinho parou e um alarme começou a soar antes de eu sentir o banco em que estava sentada sumir e meu corpo cair em queda livre me fazendo gritar assustada.
-Aresto Momentum! - Hermione usou a varinha e antes que nosso corpo atingisse o chão, parou o ar e de leve nos soltou, fazendo a queda ser bem menos dolorosa do que seria.
-Mandou bem, Hermione - Harry agradeceu se levantando com pressa. Levantamos rapidamente vendo o carrinho ir embora e o alarme parar de soar.
-Ah não! - expressei ao ver Hermione e Rony - vocês voltaram ao normal.
-A queda do ladrão elimina todos os encantamentos, pode ser fatal. - Grampo explicou.
-Não diga! - Rony respondeu irônico ainda ofegante pelo susto. - Só por curiosidade, existe outro jeito de sair daqui?
-Não - Grampo respondeu no mesmo momento que o outro duende se levantou irritado.
-Que diabos vocês estão fazendo aqui embaixo? - perguntou nervoso e começou a tagarelar, mas Rony fora rápido e usara a varinha para enfeitiça-lo novamente.
Um barulho alto parecido com um rugido atraiu nossa atenção.
-Isso não parece bom - Rony comentou em alerta e tomou nossa frente com a varinha em mãos se aproximando da entrada do cofre. Eu estava atrás de Hermione e a frente de Harry que pôs a mão nas minhas costas quando dei um passo para trás ao ver de onde o barulho surgira.
Um grande dragão, cuja espécie eu não saberia reconhecer, se encontrava amarrado a algumas correntes de ferro e se levantava ao nos ver.
-Puta merda! É um dragão ucraniano. - Rony reconheceu graças ao seu conhecimento já que um de seus irmãos estudava dragões. -Tome - Grampo entregou a Harry e a Rony um objeto que parecia um instrumento musical que os trouxas chamavam de chocalho. O dragão se levantou nervoso, Grampo começou a balançar o objeto e ele se encolheu no canto da sala ainda fazendo barulhos só que dessa vez como se reclamasse. - Foi treinado para esperar dor ao escutar esse barulho.
-Que horror! – expressei, observando o dragão se encolher mais e mais.
-Isso é brutal. - Hermione disse em desgosto.
Os meninos continuaram a fazer barulho até passarmos pelo dragão e irmos a porta do cofre. Grampo usou a mão do outro duende, cujo o nome eu ainda não sabia, para abrir a porta do cofre de Bellatrix. Entramos com pressa e fechamos a porta na hora que o dragão soltou uma enorme chama de fogo em nossa direção.
-Lumos! - dissemos os quatro ao mesmo tempo iluminando um pouco o local.
O cofre era enorme cheio das mais incríveis, joias e o dos objetos mais luxuosos.
-Accio Horcrux! - Hermione tentou usar o feitiço em vão.
-Não vai realmente tentar isso, vai? - Rony perguntou achando meio obvio que aquele feitiço não funcionaria.
-Esse tipo de magia não funciona aqui. -Grampo explicou.
-Acha que está aqui? Sente alguma coisa? - perguntei olhando em volta, Potter assentiu.
Vi que ele olhava fixamente para um objeto no final da sala, mas fui distraída pelo som de Hermione esbarrando em uma das mesas e derrubando um cálice de ouro no chão que começou a se multiplicar.
-La está, ali em encima! - Harry expressou contente, mas não pude responde-lo porque na intenção de me afastar do objeto caído esbarrei em uma mesa derrubando várias outras joias que também se multiplicaram.
-Puseram o feitiço de gêmeos. Tudo que tocar se multiplicará - Grampo explicou quando Rony derrubara uma estátua.
-Me dá a espada - Harry pediu e Hermione jogou para o moreno que corria em direção a Horcrux. Quanto mais os objetos se multiplicavam mais complicado ficava não toca-los e assim a sala foi enchendo de milhões de artefatos até o ponto de nos cobrir da cintura abaixo.
-Parem de se mexer! - Hermione gritou nos fazendo ficar imóveis na hora e o único som sair de Harry que corria para pegar a Horcrux. Um silêncio repentino se instalou na sala e segundos depois Potter jogou um cálice na direção de Hermione, mas Grampo fora mais rápido e pegou-o.
-Tínhamos um acordo! - Harry gritou nervoso deitado em cima da montanha de réplicas.
-A espada pela taça! - Grampo respondeu e assim que Potter jogou a espada para ele o duende arremessou a taça para Hermione. - Falei que ajudaria você a entrar, não falei nada sobre ajudar a sair. - Conforme Grampo usava o outro duende para sair do cofre os objetos iam crescendo até a altura dos nossos pescoços nos deixando sufocados. Com a porta ainda aberta, Harry foi o primeiro a sair sendo seguido por Rony e Hermione, me deixando por último, já que eu era a que estava mais longe.
-Grampo! - Harry gritou correndo atrás dele.
-Ladrões, ladrões! - ele gritava para os guardas que se aproximavam tacando todos os tipos de feitiços em nós.
-Seu traíra! Pelo menos ainda temos o Bogrode - Rony disse se referindo ao duende cujo nome eu não sabia, mas que fora queimado pelo dragão logo em seguida. - Que falta de sorte.
Assim que as chamas do dragão cessaram, os guardas voltaram a nos atingir com feitiços, nos obrigando a usar pilastra como proteção.
-Não podemos ficar parados. Quem tem alguma ideia? - Hermione perguntou nervosa.
-Você pergunta? É a inteligente. - Rony respondeu inconformado.
-Se eu tivesse alguma não teria perguntado! - gritou por conta do barulho feito pelos guardas.
-Eu tenho uma, mas é loucura - comentei após olhar do dragão para o teto. Observei a pequena grade que separava o nosso andar da parte de baixo onde o dragão e os guardas estavam. - Reducto! - usei minha varinha para explodir a grade e corri até pular nas costas do dragão e me segurar em uma de suas longas e duras escamas. -Vamos, subam!
Os três se apressaram em me seguir e, apontando a varinha para a calda do objeto, usei um feitiço para solta-lo das correntes e logo que fora libertado ele começara a escalar as paredes em direção ao teto, me fazendo segurar com mais força sua escama. Ele chegou na parte central do banco, destruindo e queimando não só a decoração, mas alguns duendes. Assim que saiu pelo teto de vidro, ele se apoiou no teto da casa ao lado e parou para respirar.
-E agora? - Rony perguntou preocupado.
-Reducto! -atingi o feitiço na calda do dragão e ele rapidamente se arrumou começando a levantar voo, caiu um pouco no começo destruindo alguns telhados, mas logo pegou o jeito e se distanciou do chão ficando na altura das nuvens.
Estávamos voando por longos minutos. Já havíamos nos distanciado da cidade e estávamos sobrevoando acima do oceano cercado por montanhas quando o dragão começou a diminuir a distância entre nós e a água.
-Estamos descendo – Harry gritou assustado.
-Vamos pular – Rony sugeriu aos berros para que todos escutassem.
-Quando? – Hermione perguntou de imediato.
-Agora! – Harry gritou e por reflexo soltei minhas mãos que agarravam as escamas do dragão, deixando meu corpo escorregar sentindo a sensação de queda-livre atingir meu corpo enquanto o vento me alcançava, causando frio e meu estomago revirava odiando a altura em que estávamos caindo, me causando enjoo.
Senti a água tocar meus pés e então eu estava submersa afundando cada vez mais por conta da força exercida em meu corpo, recuperei os sentidos rapidamente e comecei a nadar para voltar a superfície. A água estava bem mexida causando dificuldade para manter meu rosto para fora, mas percebi que o que mais sofria com isso era Harry que mantinha os olhos fechados e alternava entre afundar por longos segundos e voltar buscando desesperadamente por ar.
Quando ele finalmente parou e abriu os olhos, me encarou confuso e olhou de Hermione para Rony, começando a nadar de volta para a terra com nós o seguindo e nadando rapidamente, me fazendo finalmente ter noção do quão baixa era a temperatura da água e me deixar tremendo ao alcançar o chão e sair do oceano.
-Ele sabe, você-sabe-quem – Harry disse ofegante assim que começou a subir a pequena montanha onde estávamos – ele sabe que invadimos Gringotes, o que nós pegamos, que estamos procurando Horcruxes.
-Como você sabe? – Hermione perguntou confusa.
-Eu o vi – respondeu nervoso.
-Você o deixou entrar? Harry, não pode fazer isso -ela disse nervosa e cheia de preocupação quando finalmente chegamos ao topo do morro e largamos nossas coisas no meio da rodinha que fizemos para podermos nos trocar.
-Hermione, nem sempre eu consigo evitar, talvez eu consiga, eu não sei – Harry dizia inquieto olhando para os lados constantemente.
-Deixa pra lá, o que aconteceu? – Rony perguntou impaciente com a discussão dos dois.
-Ele está com raiva, mas está com medo também. Sabe que se encontramos e destruirmos as Horcruxes conseguiremos mata-lo. E fará tudo para garantir que não conseguiremos encontrar as Horcruxes. – Retirei as botas que usava largando-as dentro da bolsa e trocando por um tênis, troquei minha calça jeans por uma legging preta e minha blusa de manga comprida que havia encolhido demais por conta da água para uma regata azul junto de um casaco moletom quase do mesmo tom. – E tem mais – Harry prosseguiu após terminar de se trocar - Uma delas está em Hogwarts.
-O que? – perguntamos juntos.
-Você viu?
-Eu vi o castelo e Rowena Revenclaw, deve ter alguma coisa a ver com ela, temos que ir pra lá agora. – respondeu à Hermione.
-O que? Não podemos fazer isso. – A mesma voltou a falar nervosa. – Não temos um plano, a gente tem que planejar.
-Hermione, quando foi que um de nossos planos realmente deu certo? – Potter perguntou irritado e impaciente.
-Ele tem razão – Rony respondeu depois de guardar amarrar os sapatos – o problema é que Snape é o diretor agora, não podemos entrar pela porta da frente.
-Vamos a Hogsmead, para dedos de mel, usaremos a passagem secreta do porão. – Harry sugeriu. – Tem... Tem alguma coisa errada com ele, antes eu conseguia compreender os pensamentos dele, mas agora parece que está tudo uma confusão.
-Devem ser as Horcruxes, pode estar ficando fraco ou talvez morrendo – Rony deu um palpite.
-Não, não, parece que ele está ferido e ainda parece mais perigoso – Harry respondeu e todos ficaram em silêncio apenas pensando. Rony pareceu perceber meu incômodo e me olhou preocupado.
-Está tudo bem, ? Ainda assustada pela altura? Sei que você não é muito fã – brincou e eu ri leve.
-Verdade, você quase não disse uma palavra desde que saímos da água. – Hermione me olhou preocupada e parei de olhar para o chão e levantei a cabeça encarando Harry.
-Você por acaso viu... – respirei fundo nervosa – Não sei, alguma coisa sobre...
-Não vi nada ligado a você, só não sei se isso é uma coisa boa ou ruim – respondeu incomodado e eu forcei um sorriso, assentindo em compreensão.
-Certo, hm... – Rony pigarreou percebendo o clima entre Harry e eu – devemos nos apressar, não? Melhor aparatarmos agora – Estendeu a mão e todos a seguramos e em segundos nos encontrávamos em Hogsmead.
Assim que tocamos o chão coberto de neve uma sirene com som de pássaro soou e ao ouvir as vozes de homens chamando por Harry não perdemos tempo e corremos para encontrar algum esconderijo. Encontramos uma barraca aberta com mesas cobertas por panos e nos escondemos ao lado de uma.
Dois bruxos adentraram o local e retiraram o pano de cima de uma mesa próxima a nós, se aproximaram ao pouco, mas o som da sirene que voltou a tocar a alguns metros dali despertou a atenção deles, que saíram gritando o sobrenome de Harry.
Esperamos o som dos passos sumirem e voltamos a correr, entrando em um dos becos do local e encontrando uma parede indicando um portão trancado, impossibilitando nossa passagem. Uma porta se abriu e um senhor que pouco deixou o rosto a mostra chamou nossa atenção.
-Por aqui, Potter – ele avisou e deu espaço para que passássemos, olhei para seu rosto enquanto entrava em sua casa e me assustei ao perceber quem ele me lembrava.
Entramos na pequena casa com pouca iluminação e Rony logo puxou a mim e a Hermione e sussurrou:
-Conseguiram olhar para ele? Por um momento eu pensei que era...
-Dumbledore – respondemos juntas e ele pareceu mais assustado, mas ao mesmo tempo aliviado por não ter sido o único a perceber isso.
Na parede, ao centro da casa, havia um retrato de uma mulher jovem e morena segurando um livro enquanto o vento balançava seus cabelos e ela mantinha um singelo sorriso de boca fechada.
Hermione, que observava tudo a sua volta, chamou Harry, confusa ao ver seu rosto em um pequeno espelho na parede que tinha um pedaço arrancado. Potter parou de olhar para o pedaço que tinha nas mãos e seguiu até a morena colocando o pedaço na frente do espelho e vendo que se encaixava.
-Seus idiotas – o homem barbudo apareceu ao lado de Rony – Que ideia foi essa de vir aqui, vocês têm noção do quanto isso é perigoso?
-Você é Aberforth, irmão de Dumbledore – Harry afirmou. – É você quem eu tenho visto aqui, foi você quem mandou o Dobby.
-Onde o deixou? – perguntou enquanto procurava por algo nos armários.
-Está morto.
-Lamento saber, gostava daquele elfo – disse fechando o armário e abrindo outro.
-Quem deu isso a você? – Apontou para o espelho nervoso.
-Mundungo Flecther, há quase um ano – respondeu andando até Harry.
-Mundungo não tinha o direito de vender isso a você, era do...
-Sirius – Aberforth respondeu e eu que não prestava muita atenção na pequena discussão levantei a cabeça rapidamente e encarei o irmão de Dumbledore. – Alvo me disse, ele também me disse que você ficaria uma fera se soubesse que estava comigo, mas onde você estaria se eu não comprasse? – se virou de Harry para mim e me encarou de uma forma estranha – Você deve ser a filha dele, de Black...
-Sim – respondi desconfortável com o olhar que recebia.
-Quando meu irmão disse que você iria estudar em Hogwarts, torci para que fosse mais esperta que seu pai e não se metesse com um Potter, mas acho que a afeição ao perigo é algo que você herdou dele. – se virou de costas sem esperar uma resposta e saiu da sala voltando segundos depois com uma bandeja cheia de sanduíches e sucos, só naquele momento eu me lembrara da fome que estava sentindo.
-Tem tido notícias dos outros, da ordem? – Hermione perguntou depois de pegar um copo de suco e um pedaço de sanduiche.
-A ordem acabou, você-sabe-quem venceu e qualquer um que diga diferente está se enganando.
-Precisamos entrar em Hogwarts, esta noite – Harry o interrompeu. – Dumbledore nos deixou uma tarefa.
-Deixou é? Tarefa legal? – questionou irônico e rindo leve.
-Estamos caçando Horcruxes e achamos que a última está dentro do castelo, precisamos da sua ajuda para entrar lá – Harry respondeu.
-Isso que ele te deixou não foi tarefa, foi uma missão suicida, faça um favor a si mesmo e vá para casa, vá viver mais um pouco.
-Dumbledore confiou em mim para cumprir essa tarefa.
-E por que acha que pode confiar nele, por que acha que pode acreditar em tudo que meu irmão te disse? Desde que o conheceu alguma vez ele mencionou o meu nome? Mencionou o nome dela? – Apontou para a moça na pintura.
-E por que ele iria...
-Guardar segredos? Me diga você – cortou Harry.
-Eu confiei nele.
-É a resposta de um menino, um menino que caça Horcruxes acreditando em um homem que não disse a ele nem por onde começar, está mentindo! – Aumentou o tom de voz no final da frase e se aproximou de Harry. – Não só para mim porque não importa, mas para si mesmo. É isso que um tolo faz e não tente me tratar como um tolo, Harry Potter. Eu vou perguntar de novo, tem que ter uma razão.
-Não estou interessado no que aconteceu entre você e seu irmão, não me importa se está desistindo, confiei no homem que conheci e temos que entrar no castelo hoje.
-Sabe o que fazer – Dumbledore disse olhando para a moça do quadro, ela assentiu e se virou caminhando para longe.
-Pra onde ela foi? – Potter perguntou.
-Você verá – Aberforth respondeu e se afastou.
Me aproximei da pintura e observei a moça que estava de costas.
-É a sua irmã Ariana, não é? – perguntei antes dele sair da sala. – Ela morreu muito jovem, não morreu?
-Meu irmão sacrificou muitas coisas em sua jornada em busca de poder, inclusive Ariana, e ela era fiel a ele. Ele deu tudo a ela, menos tempo – disse e saiu.
-Obrigada, Sr. Dumbledore – Hermione agradeceu enquanto ele fechava a porta. – Ele nos salvou duas vezes, nos viu pelo espelho – se explicou para os meninos que a olharam questionando – Não me parece coisa de quem já desistiu.
Ficamos em silêncio e de repente a moça voltou a aparecer no quadro.
-Ela está voltando, quem está com ela? - Rony perguntou ao notar mais uma sombra na pintura. Por instinto peguei minha varinha e apontei para o quadro esperando a pessoa se aproximar. O quadro foi abrindo como uma porta e revelou um buraco na parede de onde saiu Neville.
-Você está..
-Arrebentado – Longbottom completou a frase de Harry que se referia a todos os machucados em seu rosto. – Isso não é nada, o Simas está pior. Ai, Ab! – chamou Dumbledore que voltara para a sala – Teremos mais duas pessoas para passar. – O homem assentiu e nós passamos pela porta seguindo Neville pelo corredor escuro que só era iluminado pela luz de nossas varinhas.
-Não me lembro disso no mapa do maroto – Rony comentou.
-É porque não existia ainda, as sete passagens secretas foram lacradas antes do início das aulas, é o único jeito de entrar ou sair, na região há muitos comensais da morte e dementadores.
-Como está Snape como diretor? – Hermione questionou.
-É difícil vê-lo, os Carrow é quem inspiram o cuidado – respondeu com um riso irônico.
-Carrow? – Questionei.
-Irmão e irmã, responsáveis pela disciplina e gostam de castigar – respondeu apontando para o rosto.
-Fizeram isso com você? – Perguntei assustada. – Por quê?
-Na aula de artes das trevas, mandaram praticar a maldição cruciatus nos alunos do primeiro ano e eu me recusei, as coisas mudaram por aqui – depois disso acho que mais ninguém teve coragem de perguntar o que mais havia mudado e permanecemos em silêncio por cerca de dois minutos. – Vamos nos divertir um pouquinho? – ele perguntou sorrindo e se colocou a nossa frente abrindo a porta que eu imaginava ser um quadro do outro lado. – Aí, olha só, pessoal, uma surpresa!
-Tomara que não seja a comida do Aberforth, surpresa seria digeri-la – ouvi Simas dizer e ri fraco. Neville saiu de nossa frente e a gritaria soou quando viram Harry.
Descemos por uma escada de madeira que estava ali do lado e fomos abraçados por muitas pessoas, várias delas eu nem conhecia. Depois de todos se acalmarem, os olhares mudaram de surpresos para esperançosos.
-Qual é o plano, Harry? – Neville perguntou.
-Tem uma coisa que precisamos encontrar, uma coisa que está escondida aqui no castelo e que pode nos ajudar a derrotar você-sabe-quem.
-Certo, e o que é?
-Não sabemos – Harry respondeu.
-E onde está?
-Também não sabemos, sei que não muitas pistas.
-Não tem pista nenhuma – Simas corrigiu.
-Isso tem a ver com a Ravenclaw. Pode ser pequeno e fácil de ser escondido, alguém faz alguma ideia?
-Tem o diadema perdido de Rowena Revenclaw – Luna se pronunciou.
-Fala sério, lá vem ela – Rony resmungou e eu dei um tapa de leve na sua barriga mandando-o parar. – O diadema perdido, nunca ouviram falar dele?
-É, Luna, mas ele está perdido, faz séculos, não tem uma pessoa viva que o tenha visto – Cho respondeu.
-Desculpe, dá pra alguém me dizer o que é um diadema? – Rony perguntou e eu segurei o riso.
-É uma espécie de coroa, tipo uma tiara – Cho explicou e ele assentiu em compreensão.
Um barulho de passos soou no salão e todos se viraram para ver Gina entrando, porém ela só olhava para uma pessoa.
-Harry – parecia aliviada em vê-lo e bem feliz.
Rony se manifestou para cumprimenta-la, mas ela o ignorou.
-Oi – ele respondeu sem jeito.
-Há seis meses que ela não me vê e parece que eu nem existo, eu sou o irmão. – Rony disse incrédulo.
-Ela tem muitos irmãos, mas só um Harry – Simas brincou e eu senti como se tivesse levado um soco no estomago.
-Cala a boca, Simas – Rony resmungou o mesmo que eu, porém deixei o meu em pensamento.
-O que foi, Gina? – Neville perguntou preocupado ao vê-la mudar de feliz para nervosa.
-Snape sabe. Sabe que Harry foi visto em Hogsmead.
-O que é aquilo? - Harry perguntou assustado. O duende permaneceu em silêncio e desacelerou, passando pela água e nos molhando. Meu cabelo, que antes balançava para trás, caiu encharcado em meus ombros e senti minha roupa pesar por estar molhada. Poucos metros depois dali, o carrinho parou e um alarme começou a soar antes de eu sentir o banco em que estava sentada sumir e meu corpo cair em queda livre me fazendo gritar assustada.
-Aresto Momentum! - Hermione usou a varinha e antes que nosso corpo atingisse o chão, parou o ar e de leve nos soltou, fazendo a queda ser bem menos dolorosa do que seria.
-Mandou bem, Hermione - Harry agradeceu se levantando com pressa. Levantamos rapidamente vendo o carrinho ir embora e o alarme parar de soar.
-Ah não! - expressei ao ver Hermione e Rony - vocês voltaram ao normal.
-A queda do ladrão elimina todos os encantamentos, pode ser fatal. - Grampo explicou.
-Não diga! - Rony respondeu irônico ainda ofegante pelo susto. - Só por curiosidade, existe outro jeito de sair daqui?
-Não - Grampo respondeu no mesmo momento que o outro duende se levantou irritado.
-Que diabos vocês estão fazendo aqui embaixo? - perguntou nervoso e começou a tagarelar, mas Rony fora rápido e usara a varinha para enfeitiça-lo novamente.
Um barulho alto parecido com um rugido atraiu nossa atenção.
-Isso não parece bom - Rony comentou em alerta e tomou nossa frente com a varinha em mãos se aproximando da entrada do cofre. Eu estava atrás de Hermione e a frente de Harry que pôs a mão nas minhas costas quando dei um passo para trás ao ver de onde o barulho surgira.
Um grande dragão, cuja espécie eu não saberia reconhecer, se encontrava amarrado a algumas correntes de ferro e se levantava ao nos ver.
-Puta merda! É um dragão ucraniano. - Rony reconheceu graças ao seu conhecimento já que um de seus irmãos estudava dragões. -Tome - Grampo entregou a Harry e a Rony um objeto que parecia um instrumento musical que os trouxas chamavam de chocalho. O dragão se levantou nervoso, Grampo começou a balançar o objeto e ele se encolheu no canto da sala ainda fazendo barulhos só que dessa vez como se reclamasse. - Foi treinado para esperar dor ao escutar esse barulho.
-Que horror! – expressei, observando o dragão se encolher mais e mais.
-Isso é brutal. - Hermione disse em desgosto.
Os meninos continuaram a fazer barulho até passarmos pelo dragão e irmos a porta do cofre. Grampo usou a mão do outro duende, cujo o nome eu ainda não sabia, para abrir a porta do cofre de Bellatrix. Entramos com pressa e fechamos a porta na hora que o dragão soltou uma enorme chama de fogo em nossa direção.
-Lumos! - dissemos os quatro ao mesmo tempo iluminando um pouco o local.
O cofre era enorme cheio das mais incríveis, joias e o dos objetos mais luxuosos.
-Accio Horcrux! - Hermione tentou usar o feitiço em vão.
-Não vai realmente tentar isso, vai? - Rony perguntou achando meio obvio que aquele feitiço não funcionaria.
-Esse tipo de magia não funciona aqui. -Grampo explicou.
-Acha que está aqui? Sente alguma coisa? - perguntei olhando em volta, Potter assentiu.
Vi que ele olhava fixamente para um objeto no final da sala, mas fui distraída pelo som de Hermione esbarrando em uma das mesas e derrubando um cálice de ouro no chão que começou a se multiplicar.
-La está, ali em encima! - Harry expressou contente, mas não pude responde-lo porque na intenção de me afastar do objeto caído esbarrei em uma mesa derrubando várias outras joias que também se multiplicaram.
-Puseram o feitiço de gêmeos. Tudo que tocar se multiplicará - Grampo explicou quando Rony derrubara uma estátua.
-Me dá a espada - Harry pediu e Hermione jogou para o moreno que corria em direção a Horcrux. Quanto mais os objetos se multiplicavam mais complicado ficava não toca-los e assim a sala foi enchendo de milhões de artefatos até o ponto de nos cobrir da cintura abaixo.
-Parem de se mexer! - Hermione gritou nos fazendo ficar imóveis na hora e o único som sair de Harry que corria para pegar a Horcrux. Um silêncio repentino se instalou na sala e segundos depois Potter jogou um cálice na direção de Hermione, mas Grampo fora mais rápido e pegou-o.
-Tínhamos um acordo! - Harry gritou nervoso deitado em cima da montanha de réplicas.
-A espada pela taça! - Grampo respondeu e assim que Potter jogou a espada para ele o duende arremessou a taça para Hermione. - Falei que ajudaria você a entrar, não falei nada sobre ajudar a sair. - Conforme Grampo usava o outro duende para sair do cofre os objetos iam crescendo até a altura dos nossos pescoços nos deixando sufocados. Com a porta ainda aberta, Harry foi o primeiro a sair sendo seguido por Rony e Hermione, me deixando por último, já que eu era a que estava mais longe.
-Grampo! - Harry gritou correndo atrás dele.
-Ladrões, ladrões! - ele gritava para os guardas que se aproximavam tacando todos os tipos de feitiços em nós.
-Seu traíra! Pelo menos ainda temos o Bogrode - Rony disse se referindo ao duende cujo nome eu não sabia, mas que fora queimado pelo dragão logo em seguida. - Que falta de sorte.
Assim que as chamas do dragão cessaram, os guardas voltaram a nos atingir com feitiços, nos obrigando a usar pilastra como proteção.
-Não podemos ficar parados. Quem tem alguma ideia? - Hermione perguntou nervosa.
-Você pergunta? É a inteligente. - Rony respondeu inconformado.
-Se eu tivesse alguma não teria perguntado! - gritou por conta do barulho feito pelos guardas.
-Eu tenho uma, mas é loucura - comentei após olhar do dragão para o teto. Observei a pequena grade que separava o nosso andar da parte de baixo onde o dragão e os guardas estavam. - Reducto! - usei minha varinha para explodir a grade e corri até pular nas costas do dragão e me segurar em uma de suas longas e duras escamas. -Vamos, subam!
Os três se apressaram em me seguir e, apontando a varinha para a calda do objeto, usei um feitiço para solta-lo das correntes e logo que fora libertado ele começara a escalar as paredes em direção ao teto, me fazendo segurar com mais força sua escama. Ele chegou na parte central do banco, destruindo e queimando não só a decoração, mas alguns duendes. Assim que saiu pelo teto de vidro, ele se apoiou no teto da casa ao lado e parou para respirar.
-E agora? - Rony perguntou preocupado.
-Reducto! -atingi o feitiço na calda do dragão e ele rapidamente se arrumou começando a levantar voo, caiu um pouco no começo destruindo alguns telhados, mas logo pegou o jeito e se distanciou do chão ficando na altura das nuvens.
Estávamos voando por longos minutos. Já havíamos nos distanciado da cidade e estávamos sobrevoando acima do oceano cercado por montanhas quando o dragão começou a diminuir a distância entre nós e a água.
-Estamos descendo – Harry gritou assustado.
-Vamos pular – Rony sugeriu aos berros para que todos escutassem.
-Quando? – Hermione perguntou de imediato.
-Agora! – Harry gritou e por reflexo soltei minhas mãos que agarravam as escamas do dragão, deixando meu corpo escorregar sentindo a sensação de queda-livre atingir meu corpo enquanto o vento me alcançava, causando frio e meu estomago revirava odiando a altura em que estávamos caindo, me causando enjoo.
Senti a água tocar meus pés e então eu estava submersa afundando cada vez mais por conta da força exercida em meu corpo, recuperei os sentidos rapidamente e comecei a nadar para voltar a superfície. A água estava bem mexida causando dificuldade para manter meu rosto para fora, mas percebi que o que mais sofria com isso era Harry que mantinha os olhos fechados e alternava entre afundar por longos segundos e voltar buscando desesperadamente por ar.
Quando ele finalmente parou e abriu os olhos, me encarou confuso e olhou de Hermione para Rony, começando a nadar de volta para a terra com nós o seguindo e nadando rapidamente, me fazendo finalmente ter noção do quão baixa era a temperatura da água e me deixar tremendo ao alcançar o chão e sair do oceano.
-Ele sabe, você-sabe-quem – Harry disse ofegante assim que começou a subir a pequena montanha onde estávamos – ele sabe que invadimos Gringotes, o que nós pegamos, que estamos procurando Horcruxes.
-Como você sabe? – Hermione perguntou confusa.
-Eu o vi – respondeu nervoso.
-Você o deixou entrar? Harry, não pode fazer isso -ela disse nervosa e cheia de preocupação quando finalmente chegamos ao topo do morro e largamos nossas coisas no meio da rodinha que fizemos para podermos nos trocar.
-Hermione, nem sempre eu consigo evitar, talvez eu consiga, eu não sei – Harry dizia inquieto olhando para os lados constantemente.
-Deixa pra lá, o que aconteceu? – Rony perguntou impaciente com a discussão dos dois.
-Ele está com raiva, mas está com medo também. Sabe que se encontramos e destruirmos as Horcruxes conseguiremos mata-lo. E fará tudo para garantir que não conseguiremos encontrar as Horcruxes. – Retirei as botas que usava largando-as dentro da bolsa e trocando por um tênis, troquei minha calça jeans por uma legging preta e minha blusa de manga comprida que havia encolhido demais por conta da água para uma regata azul junto de um casaco moletom quase do mesmo tom. – E tem mais – Harry prosseguiu após terminar de se trocar - Uma delas está em Hogwarts.
-O que? – perguntamos juntos.
-Você viu?
-Eu vi o castelo e Rowena Revenclaw, deve ter alguma coisa a ver com ela, temos que ir pra lá agora. – respondeu à Hermione.
-O que? Não podemos fazer isso. – A mesma voltou a falar nervosa. – Não temos um plano, a gente tem que planejar.
-Hermione, quando foi que um de nossos planos realmente deu certo? – Potter perguntou irritado e impaciente.
-Ele tem razão – Rony respondeu depois de guardar amarrar os sapatos – o problema é que Snape é o diretor agora, não podemos entrar pela porta da frente.
-Vamos a Hogsmead, para dedos de mel, usaremos a passagem secreta do porão. – Harry sugeriu. – Tem... Tem alguma coisa errada com ele, antes eu conseguia compreender os pensamentos dele, mas agora parece que está tudo uma confusão.
-Devem ser as Horcruxes, pode estar ficando fraco ou talvez morrendo – Rony deu um palpite.
-Não, não, parece que ele está ferido e ainda parece mais perigoso – Harry respondeu e todos ficaram em silêncio apenas pensando. Rony pareceu perceber meu incômodo e me olhou preocupado.
-Está tudo bem, ? Ainda assustada pela altura? Sei que você não é muito fã – brincou e eu ri leve.
-Verdade, você quase não disse uma palavra desde que saímos da água. – Hermione me olhou preocupada e parei de olhar para o chão e levantei a cabeça encarando Harry.
-Você por acaso viu... – respirei fundo nervosa – Não sei, alguma coisa sobre...
-Não vi nada ligado a você, só não sei se isso é uma coisa boa ou ruim – respondeu incomodado e eu forcei um sorriso, assentindo em compreensão.
-Certo, hm... – Rony pigarreou percebendo o clima entre Harry e eu – devemos nos apressar, não? Melhor aparatarmos agora – Estendeu a mão e todos a seguramos e em segundos nos encontrávamos em Hogsmead.
Assim que tocamos o chão coberto de neve uma sirene com som de pássaro soou e ao ouvir as vozes de homens chamando por Harry não perdemos tempo e corremos para encontrar algum esconderijo. Encontramos uma barraca aberta com mesas cobertas por panos e nos escondemos ao lado de uma.
Dois bruxos adentraram o local e retiraram o pano de cima de uma mesa próxima a nós, se aproximaram ao pouco, mas o som da sirene que voltou a tocar a alguns metros dali despertou a atenção deles, que saíram gritando o sobrenome de Harry.
Esperamos o som dos passos sumirem e voltamos a correr, entrando em um dos becos do local e encontrando uma parede indicando um portão trancado, impossibilitando nossa passagem. Uma porta se abriu e um senhor que pouco deixou o rosto a mostra chamou nossa atenção.
-Por aqui, Potter – ele avisou e deu espaço para que passássemos, olhei para seu rosto enquanto entrava em sua casa e me assustei ao perceber quem ele me lembrava.
Entramos na pequena casa com pouca iluminação e Rony logo puxou a mim e a Hermione e sussurrou:
-Conseguiram olhar para ele? Por um momento eu pensei que era...
-Dumbledore – respondemos juntas e ele pareceu mais assustado, mas ao mesmo tempo aliviado por não ter sido o único a perceber isso.
Na parede, ao centro da casa, havia um retrato de uma mulher jovem e morena segurando um livro enquanto o vento balançava seus cabelos e ela mantinha um singelo sorriso de boca fechada.
Hermione, que observava tudo a sua volta, chamou Harry, confusa ao ver seu rosto em um pequeno espelho na parede que tinha um pedaço arrancado. Potter parou de olhar para o pedaço que tinha nas mãos e seguiu até a morena colocando o pedaço na frente do espelho e vendo que se encaixava.
-Seus idiotas – o homem barbudo apareceu ao lado de Rony – Que ideia foi essa de vir aqui, vocês têm noção do quanto isso é perigoso?
-Você é Aberforth, irmão de Dumbledore – Harry afirmou. – É você quem eu tenho visto aqui, foi você quem mandou o Dobby.
-Onde o deixou? – perguntou enquanto procurava por algo nos armários.
-Está morto.
-Lamento saber, gostava daquele elfo – disse fechando o armário e abrindo outro.
-Quem deu isso a você? – Apontou para o espelho nervoso.
-Mundungo Flecther, há quase um ano – respondeu andando até Harry.
-Mundungo não tinha o direito de vender isso a você, era do...
-Sirius – Aberforth respondeu e eu que não prestava muita atenção na pequena discussão levantei a cabeça rapidamente e encarei o irmão de Dumbledore. – Alvo me disse, ele também me disse que você ficaria uma fera se soubesse que estava comigo, mas onde você estaria se eu não comprasse? – se virou de Harry para mim e me encarou de uma forma estranha – Você deve ser a filha dele, de Black...
-Sim – respondi desconfortável com o olhar que recebia.
-Quando meu irmão disse que você iria estudar em Hogwarts, torci para que fosse mais esperta que seu pai e não se metesse com um Potter, mas acho que a afeição ao perigo é algo que você herdou dele. – se virou de costas sem esperar uma resposta e saiu da sala voltando segundos depois com uma bandeja cheia de sanduíches e sucos, só naquele momento eu me lembrara da fome que estava sentindo.
-Tem tido notícias dos outros, da ordem? – Hermione perguntou depois de pegar um copo de suco e um pedaço de sanduiche.
-A ordem acabou, você-sabe-quem venceu e qualquer um que diga diferente está se enganando.
-Precisamos entrar em Hogwarts, esta noite – Harry o interrompeu. – Dumbledore nos deixou uma tarefa.
-Deixou é? Tarefa legal? – questionou irônico e rindo leve.
-Estamos caçando Horcruxes e achamos que a última está dentro do castelo, precisamos da sua ajuda para entrar lá – Harry respondeu.
-Isso que ele te deixou não foi tarefa, foi uma missão suicida, faça um favor a si mesmo e vá para casa, vá viver mais um pouco.
-Dumbledore confiou em mim para cumprir essa tarefa.
-E por que acha que pode confiar nele, por que acha que pode acreditar em tudo que meu irmão te disse? Desde que o conheceu alguma vez ele mencionou o meu nome? Mencionou o nome dela? – Apontou para a moça na pintura.
-E por que ele iria...
-Guardar segredos? Me diga você – cortou Harry.
-Eu confiei nele.
-É a resposta de um menino, um menino que caça Horcruxes acreditando em um homem que não disse a ele nem por onde começar, está mentindo! – Aumentou o tom de voz no final da frase e se aproximou de Harry. – Não só para mim porque não importa, mas para si mesmo. É isso que um tolo faz e não tente me tratar como um tolo, Harry Potter. Eu vou perguntar de novo, tem que ter uma razão.
-Não estou interessado no que aconteceu entre você e seu irmão, não me importa se está desistindo, confiei no homem que conheci e temos que entrar no castelo hoje.
-Sabe o que fazer – Dumbledore disse olhando para a moça do quadro, ela assentiu e se virou caminhando para longe.
-Pra onde ela foi? – Potter perguntou.
-Você verá – Aberforth respondeu e se afastou.
Me aproximei da pintura e observei a moça que estava de costas.
-É a sua irmã Ariana, não é? – perguntei antes dele sair da sala. – Ela morreu muito jovem, não morreu?
-Meu irmão sacrificou muitas coisas em sua jornada em busca de poder, inclusive Ariana, e ela era fiel a ele. Ele deu tudo a ela, menos tempo – disse e saiu.
-Obrigada, Sr. Dumbledore – Hermione agradeceu enquanto ele fechava a porta. – Ele nos salvou duas vezes, nos viu pelo espelho – se explicou para os meninos que a olharam questionando – Não me parece coisa de quem já desistiu.
Ficamos em silêncio e de repente a moça voltou a aparecer no quadro.
-Ela está voltando, quem está com ela? - Rony perguntou ao notar mais uma sombra na pintura. Por instinto peguei minha varinha e apontei para o quadro esperando a pessoa se aproximar. O quadro foi abrindo como uma porta e revelou um buraco na parede de onde saiu Neville.
-Você está..
-Arrebentado – Longbottom completou a frase de Harry que se referia a todos os machucados em seu rosto. – Isso não é nada, o Simas está pior. Ai, Ab! – chamou Dumbledore que voltara para a sala – Teremos mais duas pessoas para passar. – O homem assentiu e nós passamos pela porta seguindo Neville pelo corredor escuro que só era iluminado pela luz de nossas varinhas.
-Não me lembro disso no mapa do maroto – Rony comentou.
-É porque não existia ainda, as sete passagens secretas foram lacradas antes do início das aulas, é o único jeito de entrar ou sair, na região há muitos comensais da morte e dementadores.
-Como está Snape como diretor? – Hermione questionou.
-É difícil vê-lo, os Carrow é quem inspiram o cuidado – respondeu com um riso irônico.
-Carrow? – Questionei.
-Irmão e irmã, responsáveis pela disciplina e gostam de castigar – respondeu apontando para o rosto.
-Fizeram isso com você? – Perguntei assustada. – Por quê?
-Na aula de artes das trevas, mandaram praticar a maldição cruciatus nos alunos do primeiro ano e eu me recusei, as coisas mudaram por aqui – depois disso acho que mais ninguém teve coragem de perguntar o que mais havia mudado e permanecemos em silêncio por cerca de dois minutos. – Vamos nos divertir um pouquinho? – ele perguntou sorrindo e se colocou a nossa frente abrindo a porta que eu imaginava ser um quadro do outro lado. – Aí, olha só, pessoal, uma surpresa!
-Tomara que não seja a comida do Aberforth, surpresa seria digeri-la – ouvi Simas dizer e ri fraco. Neville saiu de nossa frente e a gritaria soou quando viram Harry.
Descemos por uma escada de madeira que estava ali do lado e fomos abraçados por muitas pessoas, várias delas eu nem conhecia. Depois de todos se acalmarem, os olhares mudaram de surpresos para esperançosos.
-Qual é o plano, Harry? – Neville perguntou.
-Tem uma coisa que precisamos encontrar, uma coisa que está escondida aqui no castelo e que pode nos ajudar a derrotar você-sabe-quem.
-Certo, e o que é?
-Não sabemos – Harry respondeu.
-E onde está?
-Também não sabemos, sei que não muitas pistas.
-Não tem pista nenhuma – Simas corrigiu.
-Isso tem a ver com a Ravenclaw. Pode ser pequeno e fácil de ser escondido, alguém faz alguma ideia?
-Tem o diadema perdido de Rowena Revenclaw – Luna se pronunciou.
-Fala sério, lá vem ela – Rony resmungou e eu dei um tapa de leve na sua barriga mandando-o parar. – O diadema perdido, nunca ouviram falar dele?
-É, Luna, mas ele está perdido, faz séculos, não tem uma pessoa viva que o tenha visto – Cho respondeu.
-Desculpe, dá pra alguém me dizer o que é um diadema? – Rony perguntou e eu segurei o riso.
-É uma espécie de coroa, tipo uma tiara – Cho explicou e ele assentiu em compreensão.
Um barulho de passos soou no salão e todos se viraram para ver Gina entrando, porém ela só olhava para uma pessoa.
-Harry – parecia aliviada em vê-lo e bem feliz.
Rony se manifestou para cumprimenta-la, mas ela o ignorou.
-Oi – ele respondeu sem jeito.
-Há seis meses que ela não me vê e parece que eu nem existo, eu sou o irmão. – Rony disse incrédulo.
-Ela tem muitos irmãos, mas só um Harry – Simas brincou e eu senti como se tivesse levado um soco no estomago.
-Cala a boca, Simas – Rony resmungou o mesmo que eu, porém deixei o meu em pensamento.
-O que foi, Gina? – Neville perguntou preocupado ao vê-la mudar de feliz para nervosa.
-Snape sabe. Sabe que Harry foi visto em Hogsmead.
Capítulo 21
Todos se entreolharam preocupados e segundos depois começaram a trocar as vestes casuais que tinham para as de Hogwarts, pois haviam sido convocados para uma reunião no salão principal.
Nós três nos juntamos a Luna, Cho, Neville, Simas e Gina para bolar um plano enquanto esperávamos que os membros da Ordem chegassem.
-Nem pensar, Harry – Hermione negou a ideia do menino no instante em que ele contou.
-Hermione, é uma boa ideia – Rony respondeu.
-Fora que seria uma entrada triunfal – Simas brincou e todos olhamos feio para ele o repreendendo. – Foi mal.
-Eu acho que daria certo – Neville concordou e junto a ele Cho, Gina e Luna, Hermione se deu por vencida respirando fundo e todos viraram para me encarar.
-Pode ser – respondi e levantei da mesa saindo para um lugar mais afastado dos outros, por mais que estivéssemos enfrentando algo muito maior do que qualquer problema pessoal meu, várias outras coisas me perturbavam naquele momento: A profecia, minha última conversa com Sirius, as palavras de Dumbledore, mas nada me incomodava mais do que ainda estar brigada com Harry, e o olhar de Gina ao encontra-lo se repetia na minha cabeça como um mantra.
-Podemos conversar? – Harry surgiu atrás de mim e eu assenti.
-Claro, achou alguma veste que o sirva? – mudei de assunto e ele me olhou bravo.
-Sabe que não é sobre isso.
-Potter, temos outras coisas para nos preocu...
-Você está me chamado de Potter – me interrompeu.
-Qual o problema? – perguntei confusa.
-Só me chama assim quando está brava ou chateada, algo me diz que você está os dois nesse momento. – Fechei os olhos e respirei fundo antes de voltar a encara-lo.
-Não é nada demais, sério – tentei convencê-lo mesmo sabendo que era inútil.
-Eu te devo um pedido de desculpas por hoje mais cedo na toca, eu fui meio babaca, estava estressado e acabei descontando em você, mas é a última pessoa com quem quero estar brigado, principalmente agora.
-Harry...
-Não, deixa eu falar – me interrompeu e me puxou mais para o canto do salão ficando extremamente perto de mim. – Eu imagino o quanto deve estar assustada pela profecia, eu também estou. Por isso peço desculpas, você sempre esteve lá quando eu precisei, sempre soube um jeito de me acalmar, soube o que falar. Não sou tão bom com as palavras quanto você, mas isso não é desculpa por não ter perguntado uma vez sequer como você estava depois do que havia te dito. Só que estamos passando por uma fase tão complicada, eu sinto tanta pressão em cima de mim e tanta raiva porque toda vez em que acho que estamos mais perto de matar Voldemort, ele consegue passar por cima da gente e acabei me esquecendo que você também tem uma pressão em cima de você. Os outros podem não saber mas você sabe, e eu também, por isso deveria estar mais presente.
-Harry, está tudo bem, sério.
-E sobre Gina, não adianta falar que não tem nada a ver com ela, ouvi você resmungar após o comentário de Simas, mas já te disse, o que eu e ela tínhamos acabou, do mesmo jeito que o que eu e Cho tínhamos também acabou. Eu estou com você agora, e pretendo ficar até o final, sendo ele hoje ou em cinquenta anos. – Vi que Harry continuaria a falar e dei um passo quebrando o espaço entre nós e grudando minha boca na sua que rapidamente se abriu aprofundando o beijo enquanto suas mãos que estavam no ar se colocavam envolta da minha cintura me apertando com firmeza.
-Quem te disse que você não é bom com palavras? – Perguntei assim que me afastei um pouco fazendo Harry rir.
-Acho que você me inspira – Respondeu e eu gargalhei.
-Isso foi muito clichê, saiba quando parar, Potter – brinquei e ele riu antes de me beijar mais uma vez.
Ouvi o som de passos sendo seguidos por um pigarro que me fez afastar meu corpo do de Harry e olhar para a pessoa que nos interrompera.
-Estamos prontos. – Neville avisou.
Assisti Harry vestir as roupas de Hogwarts e se juntar aos outros alunos, disfarçado no meio de todos, a caminho do salão principal. Enquanto nos escondíamos ainda nas masmorras esperando que o movimento nos corredores parasse tomei um susto ao ver a porta abrir e atrás dela parte dos membros da Ordem estavam parados nos encarando, corri ao ver Fred e Jorge e pulei no meio dos dois sentindo eles caírem um pouco para trás antes de conseguirem me agarrar.
-Não sabem o quanto me fizeram falta – disse saindo do abraço e encarando os dois.
-A gente imaginou, sabemos como somos insubstituíveis – Jorge respondeu e eu revirei os olhos rindo.
-Você também fez falta – Fred respondeu sorrindo e eu o abracei mais uma vez – Ok, está vendo, Jorge? É por isso que não sou legal com as pessoas, elas abusam do meu corpo.
-Você é patético – resmunguei fazendo os dois rirem.
-, que bom te ver novamente – ouvi a voz de Lupin e me virei sorrindo.
-A recíproca é verdadeira – ele me deu um abraço rápido e me olhou estranho. – O que foi?
-Ainda temos um tempo, até ser seguro sair por aí, será que podemos conversar? – pelo tom de voz e o jeito que me olhava sabia que tinha algo a ver com as últimas coisas que eu descobrira, por isso assenti e em silêncio ele e eu nos afastamos do resto do grupo. – Como está?
-Nervosa, acho que nem isso define mais meu estado, estou mais para apavorada – admiti rindo fraco e ele sorriu em compreensão.
-Imagino, ainda mais se levarmos em conta como era sua vida meses atrás – respondeu e eu balancei a cabeça concordando em silêncio. -Eu, hm... – pigarreou antes de voltar a falar – Eu sei de uma coisa, digo, tenho uma informação que os outros da Ordem me matariam por estar te contando, mas acho que como seu pai não pode estar presente fisicamente eu deveria ao menos tentar fazer papel dele – brincou e eu ri – Sobre a profecia que lhe foi dita...
-Ela é falsa – interrompi sua fala e o encarei – eu sei.
-Como? – perguntou confuso, mas foi seguindo minha linha de raciocínio – Sirius, é claro, nem morto ele deixaria a filha sem saber o que realmente está acontecendo. – brincou e eu sorri. – Mas a profecia não foi inteiramente falsa, digo, a vida de pessoas depende de você porque quando Voldemort nos atacar, e ele vai, obviamente trará a cobra, e ela não é nem um pouco amigável.
-Eu sei, é só que, uma coisa é você ter que proteger alguém, outra é você ter que matar um animal ou senão quem será morta é você, é muita pressão, eu não sei se ajudo os outros ou se vou atrás de Voldemort. Eu sinto como se estivesse com uma venda nos olhos sem saber para onde seguir, mas tendo alguém me mandando correr a cada segundo – desabafei e ele passou o braço pelo meu ombro me abraçando de lado.
-Acho que deve fazer o que seu coração disser, não fique andando procurando a cobra, espere pela oportunidade, mas enquanto isso, use seus poderes para ajudar a quem precisa. Seu pai era quem deveria estar aqui contigo, ele saberia o que dizer ou como te acalmar, apesar de todas as loucuras de Sirius. Ele sempre teve um lado paternal, Harry sabe bem disso, e é uma pena que não possa estar aqui te abraçando e dizendo que tudo vai ficar bem porque você é uma bruxa incrível e extremamente corajosa, porque você realmente é. Não digo isso da boca pra fora, mas saiba que onde quer que ele esteja, ele estará olhando por você, e te auxiliando da melhor forma possível, afinal, ele nunca seguiu as regras, acredito que hoje esteja deixando algumas para trás – piscou e saiu andando sem olhar para trás me deixando extremamente confusa, afinal, o que ele quis dizer sobre Sirius não seguir as regras hoje?
O movimento do grupo se retirando das masmorras despertou minha atenção e eu corri para alcança-los e assim que fiz permaneci ao lado de Jorge e Hermione. Desci as escadas de Hogwarts com pressa assim como todos mas querendo gravar cada pedacinho daquele lugar na minha memória, sabe-se lá o que aconteceria naquela noite e eu só queria guardar aquele lugar e aquelas pessoas pra sempre em mim.
Nos posicionamos na frente da porta do salão principal que se encontrava fechada e esperamos ouvir alguma gritaria que indicasse a aparição de Harry.
-Nervosa? – Jorge perguntou me olhando rapidamente e voltando a encarar a porta.
-Um pouco, você? – perguntei fazendo o mesmo.
-Um pouco, acho que estou mais para preocupado. – deu de ombros e eu assenti.
-O que as duas mariquinhas estão cochichando aí? – Fred que estava atrás de mim perguntou se aproximando de nós.
-O quão gostoso você é – brinquei e Jorge se segurou para não gargalhar.
-, aquilo que rolou entre a gente foi só uma brincadeira, por favor não fica se iludindo achando que pode rolar algo entre nós, não te beijaria de novo nem se você salvasse minha vida – retrucou e eu fingi estar ofendida.
-Morde a língua, Weasley, vai que você se arrepende de ter dito isso – provoquei e ele riu leve.
-Potter não está dando conta? Porque se você estiver precisando muito se satisfazer eu posso pensar no seu caso.
-Ué, não foi você que disse que não me beijaria de novo nem se eu salvasse sua vida? Mudou de ideia rápido.
-Sabe como sou uma pessoa caridosa não é, só quis ajudar minha pobre amiga – brincou e eu ri baixinho.
-Não se preocupe, estou bem – respondi e ele fez um barulho malicioso em resposta me fazendo revirar os olhos.
O barulho de cochichos soou no ambiente a nossa frente, mas foi logo cessado, em seguida alguns passos se sobressaíram e todos gritaram surpresos quando a voz de Harry soou, os membros da ordem que estavam na frente trataram de abrir as portas e nós entramos no salão atraindo a atenção de todos, por mais inapropriado o comentário de Simas tenha sido, ele tinha razão, aquilo era uma entrada triunfal.
-Como se atreve a ocupar o lugar dele? CONTE O QUE HOUVE NAQUELA NOITE, CONTE A ELES QUE VOCÊ OLHOU NOS OLHOS DO HOMEM QUE CONFIOU EM VOCÊ E O MATOU. – Harry gritou nervoso e Snape continuava sem expressão. – Conte a eles.
Snape tirou a varinha apontando para Harry na mesma hora em que todos gritaram surpresos e Minerva se colocara na frente de Potter apontando a varinha para o diretor e nos deixando preparados para atacar caso necessário.
McGonagall o atacou primeiro, mas Snape era bom em feitiços de proteção por isso não foi atingido por nenhum deles, e ao invés de atacar ele usou um feitiço e quebrando a janela do salão fugiu do local enquanto Minerva o chamava de covarde. Todos os alunos gritaram, a maioria contentes, os da Sonserina irritados. Minerva acendeu as luzes do local com um feitiço, mas teve sua atenção desviada para Harry que se abaixara encarando o nada.
-Potter – ela o chamou preocupada, eu estava prestes a correr até ele quando as luzes se apagaram, um ar gelado se fez presente no ambiente e uma respiração profunda era escutada.
O grito de uma aluna do terceiro ano atraiu os olhares de todos e Harry caminhou confuso até ela, mas assim que alcançou a menina uma outra garota começou a gritar do outro lado do salão e em seguida a voz de Voldemort soou na cabeça de todos.
-Eu sei que muitos de vocês vão querer lutar – ele sussurrava – Muitos de vocês pensam que lutar é o certo, mas isto é tolice – as palavras ecoavam após serem ditas deixando todos mais assustados – Entreguem-me Harry Potter, façam isso e ninguém sairá ferido, entreguem-me Harry Potter e não tocarei em Hogwarts. – Senti um arrepio percorrer minha espinha e procurei por Harry na multidão – Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados. Vocês têm uma hora. – Avisou e então a voz sumiu e as luzes acenderam.
Todos no salão se afastaram e encararam Potter ainda assustados, mas sem ideia do que fazer.
-Estão esperando o que? Alguém segure ele – Pansy, uma garota da Sonserina gritou apontando para Potter e rapidamente me coloquei na frente dele.
-Gostaria de ver você tentar – respondi e ela deu um passo para frente quando vários outros alunos e membros da Ordem se juntaram a mim protegendo Harry.
-Alunos fora da cama, alunos fora da cama! - Filch gritava ao se aproximar de nós.
-É onde deveriam estar, seu grandessíssimo idiota – Minerva respondeu e eu sorri.
-Me desculpe, Senhora – respondeu sem jeito abraçando a gata.
-Já que está aqui, senhor Filch, a sua chegada foi muito oportuna, se for possível, gostaria que, por favor, retira-se a senhorita Parkisson e os demais alunos da Sonserina do salão.
-E exatamente para onde eu os levarei, senhora? – perguntou confuso.
-Para as masmorras, pode ser – Minerva respondeu e todos gritaram comemorando e aplaudindo enquanto eles se retiravam.
Harry segurou minha mão e me puxou para perto da mulher.
-Suponho que exista uma razão para seu retorno, Potter. O que precisa?
-Tempo – respondemos juntos e ela nos olhou de forma engraçada.
-O máximo que conseguir – Harry continuou e ela assentiu.
-Faça o que tem que fazer, eu protegerei o castelo. – Concordamos e já estávamos de saída quando ela chamou Harry – é muito bom ver você – sorriu para o menino que retribuiu o gesto.
-É bom ver a senhora também – respondeu e se virou para nós.
Todos no castelo se dividiram em grupos e saíram em missões diferentes com o objetivo de proteger o castelo enquanto eu ainda era puxada por Harry que subia as escadas.
-Gente – Rony nos chamou. – Hermione e eu pensamos, não faz diferença se acharmos as Horcruxes.
-Que? – perguntei confusa.
-A não ser que a gente destrua ela – Hermione explicou.
-Foi o que pensamos.
-Rony pensou – Hermione o corrigiu – foi ideia do Rony e é brilhante. – Arqueei a sobrancelha olhando os dois e o sorriso estampado no rosto da morena.
-Você destruiu o diário de Tom Riddle com o dente de basilisco, não é? – Rony perguntou e Harry assentiu. – Nós dois achamos que podemos conseguir um.
-Está bem, mas levem isso aqui, assim vão poder nos achar quando voltarem. – Harry entregou o mapa do maroto para Rony e eu o interrompi.
-Falando nisso, não posso ir com você.
-Como assim você não pode ir comigo? -Harry perguntou desesperado.
-Eu não posso ir, Harry, não é o que eu tenho que fazer e você sabe disso. Não vou te abandonar, mas tenho certeza que vocês conseguirão se virar sem mim agora. - Respondi e Harry virou para trás encarando Hermione e Rony na esperança de que algum deles também se manifestassem, mas eu sabia que não fariam.
Harry se virou para mim novamente e deu alguns passos se aproximando.
-Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas eu preciso de você comigo, por favor - Potter pediu olhando diretamente em meus olhos.
-Quando eu terminar prometo que vou procurar vocês, mas você sabe que eu tenho que fazer isso, Harry - respondi sorrindo fraco.
-E arriscar a sua vida? - perguntou nervoso.
-Não é o que todos estamos fazendo aqui? - perguntei confusa.
-Mas...
-Dumbledore já havia me dito isso antes, meu pai também, não posso virar as costas para tudo e desaponta-los. Não posso arriscar perder alguém com quem me importo muito e conviver com essa culpa pelo resto da vida. - Vi que Harry ia me interromper por isso me apressei em continuar a falar - E se isso custar a minha vida, pois bem, eu estou de acordo. E tenho certeza que você também estaria se fosse o seu caso. Se a única chance de salvarmos o mundo bruxo fosse com a sua morte, você se entregaria para Voldemort sem pensar duas vezes, então por favor, Harry, entenda o meu lado.
-Eu... - ele respirou fundo encarando o chão e depois me olhando de novo - Eu só não quero perder mais ninguém que eu amo - terminou de falar e eu arregalei os olhos.
-Como?
-Deveríamos deixá-los a sós? – Rony sussurrou e Hermione o mandou calar a boca.
-Eu já perdi meus pais, . E Sirius, Edwiges, Dobby. Não sei se eu aguentaria te perder também, não quando eu sinto que você é a pessoa com quem eu devo estar, não só agora, mas pelo resto da minha vida. Não foi uma coincidência você vir para Hogwarts agora, ser filha de Sirius e nós nos encaixarmos tão bem. E tudo aquilo que Dumbledore nos disse no começo do ano passado, e todas as mensagens do seu pai em seus sonhos. Eu não posso te perder. - ele respirou fundo e eu tive que fazer o mesmo para tentar me acalmar - Eu te amo. - disse olhando em meus olhos.
Eu podia ver o quão nervoso e com medo ele estava, sabia também que aquela havia sido provavelmente a primeira vez que ele passara por uma situação assim. Por isso ao invés de falar qualquer coisa eu simplesmente me joguei em seus braços. Dei um pequeno passo acabando com qualquer distância entre nós e com uma mão em seu rosto e a outra em seu pescoço lhe dei um beijo. Um cheio de significados, emoções e mensagens entre linhas. E enquanto as mãos de Harry iam para minha cintura segurando-a com firmeza e sua língua fazia um carinho gostoso na minha, qualquer incerteza que antes eu tinha desapareceu. Eu sabia que aquilo não era um adeus, mas mesmo assim eu não queria ter que me separar de Harry nem por um segundo sequer. Separei meus lábios dos dele lentamente e abri os olhos esperando que ele fizesse o mesmo para que eu pudesse falar.
E assim que eu pude encarar seus lindos olhos azuis eu sorri ainda segurado seu rosto em minhas mãos e disse:
-Eu te amo, Potter. E é por isso mesmo que você não precisa se preocupar quando digo que te encontrarei depois, foi como eu te disse um tempo atrás: não tem nada que nos faça lutar com mais garra do que o amor - sorri mais ainda ao ver a reação de Harry, e o mais lindo sorriso esboçado em seu rosto.
-Me encontra quando acabar? - perguntou que nem uma criancinha quando faz os pais prometerem que não irão soltar o banco da bicicleta ao andar pela primeira vez. Assenti ainda sorrindo e ele respirou fundo - Me deixe orgulhoso - piscou.
-Pode deixar - dei um selinho nele e me afastei - agora vão, já perdemos muito tempo aqui.
-A gente só estava esperando a cena de filme acabar - Rony respondeu nos zoando e eu revirei os olhos rindo.
-Eu também te amo, Ronald - respondi e ele riu. -Você também, Mione, não precisa ficar com ciúmes - pisquei pra minha amiga que tinha os olhos marejados mas ainda sim tinha um sorriso enorme no rosto.
-Você não tem umas pessoas pra proteger e tudo mais? O que ainda tá fazendo aqui? - respondeu rindo e eu gargalhei.
-Já estou indo, mamãe - retruquei mostrando a língua e me virei correndo pra sair dali.
-EU TAMBEM TE AMO - ouvi Hermione gritar e ri.
-EU JÁ SABIA - Respondi antes de me enfiar no meio dos alunos que também corriam de um lado para o outro.
Encontrei Minerva junto a outros professores e alunos e me juntei a eles.
-Deixa eu ver se entendi, professora... Você permite que façamos isso? – Neville perguntou confuso.
-Exatamente, Longbottom – ela respondeu andando apressada.
-Explodir tudo? Boom? – Neville perguntou meio surpreso.
-Boom – ela respondeu sem nem olhar para o menino ou pensar duas vezes.
-Mas como vamos fazer isso? – voltou a perguntar confuso.
-Por que não pergunta isso ao senhor Finnigan? Pelo que sei ele tem uma certa pré-disposição para explosivos – ela brincou risonha.
-Eu vou coloca-los no chão – Simas respondeu animado saindo com Neville.
-Assim que se fala – Minerva comentou satisfeita e eu pigarreei chamando sua atenção. – Srta. Black, achei que estava com Potter.
-Não, Harry foi resolver outra coisa, em que posso ajudar? – perguntei sorrindo de volta para Sra.Weasley que me encarava docemente.
-Bem, a não ser que saiba feitiços de proteção, pode se juntar a Longbottom e os outros. – Minerva respondeu.
-Meses vivendo escondida de comensais e sequestradores, acho que sei uma coisa ou outra – brinquei e tanto ela quanto Molly sorriram antes de me virar e correr para frente do castelo me juntando aos professores e alguns ex-alunos.
Uma espécie de cerca foi sendo formada envolta do castelo pela junção dos mesmos feitiços criando uma bolha de proteção e a imagem daquilo sendo formado chegava a dar arrepios, o que me fez sorrir orgulhosa pelo esforço de todos.
Respirei fundo ao olhar todos ao meu lado com as varinhas em mão e o efeito que os feitiços juntos estavam causando e por um segundo me senti mais confiante em relação aquela noite, exatamente por um segundo.
Os comensais começaram a atacar a barreira, porém nenhum deles estava causando estrago algum por isso eles cessaram os feitiços, mas todos sabiam que não era por muito tempo, o que se provou verdade quando minutos depois um forte feitiço atingiu a barreira que aos poucos foi cedendo e se despedaçando.
-Harry – Sussurrei ao perceber que ou ele encontrara mais uma horcrux ou Rony e Hermione haviam destruído a última que encontramos, pois só isso teria despertado a força e raiva de Voldemort tão rapidamente.
Corri para a parte interna do castelo e logo subi as escadas procurando por Harry sem ter a mínima ideia de onde encontra-lo. Paredes ao meu redor eram destruídas e o vulto de comensais entrando no castelo começaram a surgir, um deles passou por mim e tentou me acertar com um feitiço, mas rapidamente desviei e apontei a varinha para o mesmo.
-Petrificus Totallus! – conjurei vendo o homem de provavelmente 40 anos com cabelos claros ter o corpo petrificado.
Continuei minha corrida desviando de alguns e esbarrando em outros e acabei caindo ao bater em Gina e Neville.
-! – os dois me ajudaram a levantar assim que me reconheceram. – Desculpa – disseram juntos novamente e eu sorri fraco.
-Estão bem? – perguntei ao notar que estevam sujos e com alguns arranhões.
-Nunca estive melhor na minha vida – Neville cortou Gina que abrira a boca pra responder e eu o encarei surpresa – Viu a Luna?
-A... Luna? – perguntei confusa.
-Sim, sou louco por ela, vou dizer logo antes que estejamos todos mortos pela manhã – disse e saiu correndo me fazendo encarar Gina confusa.
-Está bem? – ela perguntou e eu assenti logo em seguida arqueando a sobrancelha em um gesto para entender que também estava perguntando como ela estava – Sim – riu sem jeito – Vá encontrar o Harry, nos vemos depois, espero. – sorriu meio desanimada e eu retribui o gesto voltando a subir a escada correndo.
Entrei em um corredor sem muito movimento e ao olhar pra trás enquanto ainda caminhava acabei esbarrando em mais dois corpos, felizmente um deles me segurou e dessa vez eu não cai.
-Cuidado – Rony disse e eu suspirei aliviada ao ver ele e Hermione.
-A horcrux...
-Destruímos – Hermione me cortou e eu sorri satisfeita.
-Ótimo, agora temos que encontrar o Ha...
-Ele está na sala precisa, eu acho – Rony me interrompeu também.
-Será que dá pra me deixar terminar as frases? – perguntei brincando e ele me puxou me fazendo andar em direção a sala.
-Não dá tempo – respondeu e eu revirei os olhos.
Caminhamos por mais um minuto até pararmos em frente a uma parede vazia que segundos depois se transformou em uma porta, entramos na sala em silêncio encontrando uma bagunça, cheia de móveis, roupas e objetos espalhados.
-Nunca vamos encon... – Rony dizia quando eu o interrompi.
-Essa voz – sussurrei ao reconhecer a voz de Draco. Tomei frente deles e segui em silêncio para mais perto de onde as vozes estavam, escutando a de Harry e a de Draco se enfrentando. Me escondi atrás de um guarda roupa ao ver Draco e seus fantoches com a varinha apontada para Harry e fiz um sinal para Rony e Hermione permanecerem em silêncio.
-Calma – Draco sussurrou em resposta para Goyle que o apressava, pela sua voz e o jeito que suas mãos tremiam ele estava bem nervoso.
Harry colocou a mão no bolso pronto para pegar a varinha quando Hermione percebeu que Goyle o atacaria e correu lançando um estupefaça nele que revidou com um Avada Kedavra enquanto eles corriam, Hermione usou um feitiço de defesa só que acabou mirando no lugar errado o que fez com que a tiara que se encontrava ao lado de Harry e a qual eu tinha certeza que era uma horcrux fosse arremessada para cima de um monte feito de objetos e roupas.
Rony que se encontrava completamente indignado e nervoso com o feitiço lançado a Hermione e gritou antes de sair correndo.
-Ela é minha namorada, seus imbecis – gritou indo atrás deles e eu arregalei os olhos, virei para Hermione e a vi sorrindo.
-Namorada? – perguntei confusa e ela sorriu sem jeito dando de ombros e voltando a atenção para Harry que tentava escalar o monte. Ele jogava cadeiras para trás, panos, entre outras coisas, tentei subir em um sofá para ajuda-lo mas logo que coloquei o peso de uma persa em uma cadeira e ela cedeu eu fui parar no chão novamente.
Harry continuava a jogar as coisas para trás até encontrar uma criatura azul flutuante cujo eu nunca havia visto antes e de onde ela surgiu mais vieram e começaram a voar em nossa volta até conseguirem se juntar e se afastar. Hermione que conseguira subir o monte ajudava Harry a puxar uma geladeira para o lado para que ele conseguisse pegar a horcrux.
-Peguei – ele gritou avisando e eu suspirei aliviada, só então percebendo que eu estava prendendo a respiração esse tempo todo.
Ambos pularam do monte parando ao meu lado e nós nem tivemos tempo de comemorar já que a voz de Rony surgira longe porém ele nos mandava correr, encarei os dois sem entender nada e segundos depois a figura do ruivo apareceu ao fundo corredor, desesperado e seguido por uma luz laranja avermelhada.
-O Goyle tá pondo fogo na sala! – ele gritou passando por nós e puxando Hermione pela mão correndo sem parar e nos fazendo segui-lo.
Viramos em uma espécie de corredor e notamos as chamas ficando mais fortes e maiores, com um feitiço, Harry jogava objetos atrás de nós na esperança de atrasar o fogo.
Corremos entrando e saindo de corredores até percebemos que estávamos cercados pelas chamas que vinham de todos os lados, olhei para os objetos a nossa volta a procura de alguma ajuda e encontrei três vassouras jogadas ao nosso lado.
-Gente – chamei a atenção deles jogando uma vassoura para Harry e outra para Rony fazendo ele entender que ele levaria Hermione. Subi na vassoura pegando impulso e assim que vi todos ao meu lado no ar comecei a seguir em direção a porta.
As chamas tomavam conta da maior parte da sala, o que me fez perceber que estávamos correndo no sentido errado quando começamos a fugir. Olhei para trás vendo Draco e Blaise escalando um dos montes de objetos e vi Goyle tentando se segurar em uma cadeira, mas falhando e tendo o corpo jogado nas chamas que ele mesmo criara. Fechei os olhos tentando não me concentrar de que eu acabara de ver ele morrer e voltei a focar na saída.
-Por aqui – Rony gritou nos chamando, mas Harry passou a sua frente.
-Não podemos deixá-los aí – ele disse antes de fazer uma curva e voltar em direção aos outros dois.
-Ele tá brincando, né? – Rony gritou inconformado me olhando e eu dei de ombros antes de seguir atrás de Harry que estendia a mão para Blaise que não conseguia segurar então ele voltou para nosso lado tentando pegar uma velocidade melhor. – Se morrermos por causa deles, eu mato você – Rony gritou para Harry que ignorou.
Diminui a altura da vassoura e estendi a mão catando Malfoy de primeira e jogando ele para a parte de trás da minha vassoura.
-Como se sente sendo salvo por uma Black? – não perdi a chance de provoca-lo e o ouvi resmungar.
-Se conseguirmos sair daqui vivos, eu te respondo – retrucou e eu revirei os olhos.
As chamas bloqueavam nosso caminho, mas Hermione usara um feitiço que as separou permitindo nossa passagem em direção a porta. Assim que passei para o lado de fora meu corpo foi arremessado ao chão e quando levantei nem Malfoy nem Blaise estavam lá. Hermione jogou um dente de basilisco para Harry que quebrou a tiara, mas teve seu corpo jogado para trás quando a fumaça surgiu. Rony não perdeu tempo e jogou o objeto para dentro da sala onde ele fora engolido por chamas que logo sumiram da nossa vista quando a porta desapareceu.
Harry continuava apoiado na parede sentado ao chão encarando o nada e respirando fundo, me ajoelhei ao seu lado e o observei fechar e abrir os olhos antes de voltar a respirar novamente.
- – ele me chamou me olhando preocupado. – A cobra...
-O que é a cobra? – Hermione perguntou e eu me virei recebendo um olhar confuso dela e um preocupado de Rony.
-Ela é a última, é a última horcrux – ele respondeu e voltou a me olhar – É por isso que...
-Eu sei – respondi calmamente e Hermione me olhou sem entender. – Entre na mente dele, descubra onde ele está, se acharmos ele, acharemos a cobra e acabamos com isso. – ele me olhou incerto, Hermione e Rony se agacharam ao meu lado e eu coloquei minha mão em cima da de Harry – Eu sei que você consegue. – ele respirou fundo e fechou os olhos voltando a tremer e a suar.
A tremedeira de Harry começou a diminuir e ele abrira seus olhos em seguida.
-Sei onde ele está – respondeu e eu forcei um sorriso me levantando e estendendo a mão para ele o ajudando a se levantar
– Você sabia... Como? – Hermione perguntou confusa.
-Tive um sonho com Sirius há pouco tempo, não queria preocupar ninguém – respondi olhando ela que me encarava um pouco brava.
-Foi por isso que ficou para trás na casa de Luna? – A morena perguntou e eu assenti.
-Achei que se os comensais me encontrassem, Voldemort apareceria e com ele a cobra, e então eu poderia matá-la. – Respondi pronta para ouvir as reclamações e sermões.
-Você é louca? Achou que seria tão fácil assim, arriscou sua vida por um plano desses? – Hermione gritou estressada, mas eu sabia que ela só estava assim porque se preocupava por isso não me irritei.
-Eu sei que foi estupido, mas eu tinha que tentar – respondi voltando a olhar para Harry. – E eu te devo desculpas porque quando cobrei a falta de informação que você estava nos dando, eu já sabia sobre isso.
-São informações completamente diferentes – ele disse me fazendo entender que ele não estava bravo.
– E qual é a profecia, então? – Hermione perguntou.
-A cobra, ela virou uma horcrux quando Voldemort matou minha mãe, só que ela era muito boa com feitiços e usou um pouco conhecido que criou uma conexão entre mim e o animal...
-Isso quer dizer que...? – Hermione perguntou sabendo onde eu queria chegar, mas não querendo estar certa.
-Eu sou a única que posso matá-la. – respondi e a vi fechar os olhos tentando permanecer calma ao perceber que sua linha de raciocino estava certa e a mão de Harry que ainda segurava a minha a apertou com mais força.
-Se você for, Voldemort irá matá-la – Harry respondeu nervoso.
-Se você for ele também irá mata-lo, Harry – retruquei tentando manter a paciência – A última coisa que temos é tempo, então vamos logo – comecei a caminhar na frente de todos e segui para as escadas só esperando que eles me acompanhassem, afinal, era Harry quem sabia onde ele estava.
Descemos as escadas rapidamente atacando e nos defendendo de alguns comensais que estavam por ali e ao passar por um dos andares senti meu coração apertar e parei onde estava, olhei para o lado ouvindo gritos e feitiços sendo lançados. Harry gritou meu nome me chamando, mas a voz de Lupin dizendo para seguir meu coração soou em minha cabeça e eu apenas encarei Harry antes de começar a correr na direção dos gritos.
Um comensal tentou me acertar com um feitiço e por pouco não conseguiu, já que eu me escondi rapidamente atrás de uma pilastra e esperei que ele viesse até mais perto para ataca-lo.
-Estupore! – atingi-o fazendo seu corpo ser lançado para longe e voltei a correr encontrando Jorge e Fred duelando com quatro comensais. Vi Fred conseguir espantar dois e corri para ajudar Jorge que se atrapalhava um pouco. – Estupefaça! – tentei atingir o comensal, mas ele desviou. Jorge, que acertara o comensal, conseguiu me ajudar e logo os dois estavam caídos no chão. Eu estava me virando para agradecer Jorge quando meus ouvidos se fecharam e a única voz que eu escutava era a de Sirius.
“Esse não, o outro, agora”
Sem pensar muito peguei a varinha apontando na direção de Fred e conjurando um feitiço na mesma hora que uma grande explosão ocorrera fazendo seu corpo ser lançado para longe e minha varinha cair da mão, no mesmo instante em que eu vi seu corpo jogado de olhos fechados enquanto Jorge corria em sua direção.
Nós três nos juntamos a Luna, Cho, Neville, Simas e Gina para bolar um plano enquanto esperávamos que os membros da Ordem chegassem.
-Nem pensar, Harry – Hermione negou a ideia do menino no instante em que ele contou.
-Hermione, é uma boa ideia – Rony respondeu.
-Fora que seria uma entrada triunfal – Simas brincou e todos olhamos feio para ele o repreendendo. – Foi mal.
-Eu acho que daria certo – Neville concordou e junto a ele Cho, Gina e Luna, Hermione se deu por vencida respirando fundo e todos viraram para me encarar.
-Pode ser – respondi e levantei da mesa saindo para um lugar mais afastado dos outros, por mais que estivéssemos enfrentando algo muito maior do que qualquer problema pessoal meu, várias outras coisas me perturbavam naquele momento: A profecia, minha última conversa com Sirius, as palavras de Dumbledore, mas nada me incomodava mais do que ainda estar brigada com Harry, e o olhar de Gina ao encontra-lo se repetia na minha cabeça como um mantra.
-Podemos conversar? – Harry surgiu atrás de mim e eu assenti.
-Claro, achou alguma veste que o sirva? – mudei de assunto e ele me olhou bravo.
-Sabe que não é sobre isso.
-Potter, temos outras coisas para nos preocu...
-Você está me chamado de Potter – me interrompeu.
-Qual o problema? – perguntei confusa.
-Só me chama assim quando está brava ou chateada, algo me diz que você está os dois nesse momento. – Fechei os olhos e respirei fundo antes de voltar a encara-lo.
-Não é nada demais, sério – tentei convencê-lo mesmo sabendo que era inútil.
-Eu te devo um pedido de desculpas por hoje mais cedo na toca, eu fui meio babaca, estava estressado e acabei descontando em você, mas é a última pessoa com quem quero estar brigado, principalmente agora.
-Harry...
-Não, deixa eu falar – me interrompeu e me puxou mais para o canto do salão ficando extremamente perto de mim. – Eu imagino o quanto deve estar assustada pela profecia, eu também estou. Por isso peço desculpas, você sempre esteve lá quando eu precisei, sempre soube um jeito de me acalmar, soube o que falar. Não sou tão bom com as palavras quanto você, mas isso não é desculpa por não ter perguntado uma vez sequer como você estava depois do que havia te dito. Só que estamos passando por uma fase tão complicada, eu sinto tanta pressão em cima de mim e tanta raiva porque toda vez em que acho que estamos mais perto de matar Voldemort, ele consegue passar por cima da gente e acabei me esquecendo que você também tem uma pressão em cima de você. Os outros podem não saber mas você sabe, e eu também, por isso deveria estar mais presente.
-Harry, está tudo bem, sério.
-E sobre Gina, não adianta falar que não tem nada a ver com ela, ouvi você resmungar após o comentário de Simas, mas já te disse, o que eu e ela tínhamos acabou, do mesmo jeito que o que eu e Cho tínhamos também acabou. Eu estou com você agora, e pretendo ficar até o final, sendo ele hoje ou em cinquenta anos. – Vi que Harry continuaria a falar e dei um passo quebrando o espaço entre nós e grudando minha boca na sua que rapidamente se abriu aprofundando o beijo enquanto suas mãos que estavam no ar se colocavam envolta da minha cintura me apertando com firmeza.
-Quem te disse que você não é bom com palavras? – Perguntei assim que me afastei um pouco fazendo Harry rir.
-Acho que você me inspira – Respondeu e eu gargalhei.
-Isso foi muito clichê, saiba quando parar, Potter – brinquei e ele riu antes de me beijar mais uma vez.
Ouvi o som de passos sendo seguidos por um pigarro que me fez afastar meu corpo do de Harry e olhar para a pessoa que nos interrompera.
-Estamos prontos. – Neville avisou.
Assisti Harry vestir as roupas de Hogwarts e se juntar aos outros alunos, disfarçado no meio de todos, a caminho do salão principal. Enquanto nos escondíamos ainda nas masmorras esperando que o movimento nos corredores parasse tomei um susto ao ver a porta abrir e atrás dela parte dos membros da Ordem estavam parados nos encarando, corri ao ver Fred e Jorge e pulei no meio dos dois sentindo eles caírem um pouco para trás antes de conseguirem me agarrar.
-Não sabem o quanto me fizeram falta – disse saindo do abraço e encarando os dois.
-A gente imaginou, sabemos como somos insubstituíveis – Jorge respondeu e eu revirei os olhos rindo.
-Você também fez falta – Fred respondeu sorrindo e eu o abracei mais uma vez – Ok, está vendo, Jorge? É por isso que não sou legal com as pessoas, elas abusam do meu corpo.
-Você é patético – resmunguei fazendo os dois rirem.
-, que bom te ver novamente – ouvi a voz de Lupin e me virei sorrindo.
-A recíproca é verdadeira – ele me deu um abraço rápido e me olhou estranho. – O que foi?
-Ainda temos um tempo, até ser seguro sair por aí, será que podemos conversar? – pelo tom de voz e o jeito que me olhava sabia que tinha algo a ver com as últimas coisas que eu descobrira, por isso assenti e em silêncio ele e eu nos afastamos do resto do grupo. – Como está?
-Nervosa, acho que nem isso define mais meu estado, estou mais para apavorada – admiti rindo fraco e ele sorriu em compreensão.
-Imagino, ainda mais se levarmos em conta como era sua vida meses atrás – respondeu e eu balancei a cabeça concordando em silêncio. -Eu, hm... – pigarreou antes de voltar a falar – Eu sei de uma coisa, digo, tenho uma informação que os outros da Ordem me matariam por estar te contando, mas acho que como seu pai não pode estar presente fisicamente eu deveria ao menos tentar fazer papel dele – brincou e eu ri – Sobre a profecia que lhe foi dita...
-Ela é falsa – interrompi sua fala e o encarei – eu sei.
-Como? – perguntou confuso, mas foi seguindo minha linha de raciocínio – Sirius, é claro, nem morto ele deixaria a filha sem saber o que realmente está acontecendo. – brincou e eu sorri. – Mas a profecia não foi inteiramente falsa, digo, a vida de pessoas depende de você porque quando Voldemort nos atacar, e ele vai, obviamente trará a cobra, e ela não é nem um pouco amigável.
-Eu sei, é só que, uma coisa é você ter que proteger alguém, outra é você ter que matar um animal ou senão quem será morta é você, é muita pressão, eu não sei se ajudo os outros ou se vou atrás de Voldemort. Eu sinto como se estivesse com uma venda nos olhos sem saber para onde seguir, mas tendo alguém me mandando correr a cada segundo – desabafei e ele passou o braço pelo meu ombro me abraçando de lado.
-Acho que deve fazer o que seu coração disser, não fique andando procurando a cobra, espere pela oportunidade, mas enquanto isso, use seus poderes para ajudar a quem precisa. Seu pai era quem deveria estar aqui contigo, ele saberia o que dizer ou como te acalmar, apesar de todas as loucuras de Sirius. Ele sempre teve um lado paternal, Harry sabe bem disso, e é uma pena que não possa estar aqui te abraçando e dizendo que tudo vai ficar bem porque você é uma bruxa incrível e extremamente corajosa, porque você realmente é. Não digo isso da boca pra fora, mas saiba que onde quer que ele esteja, ele estará olhando por você, e te auxiliando da melhor forma possível, afinal, ele nunca seguiu as regras, acredito que hoje esteja deixando algumas para trás – piscou e saiu andando sem olhar para trás me deixando extremamente confusa, afinal, o que ele quis dizer sobre Sirius não seguir as regras hoje?
O movimento do grupo se retirando das masmorras despertou minha atenção e eu corri para alcança-los e assim que fiz permaneci ao lado de Jorge e Hermione. Desci as escadas de Hogwarts com pressa assim como todos mas querendo gravar cada pedacinho daquele lugar na minha memória, sabe-se lá o que aconteceria naquela noite e eu só queria guardar aquele lugar e aquelas pessoas pra sempre em mim.
Nos posicionamos na frente da porta do salão principal que se encontrava fechada e esperamos ouvir alguma gritaria que indicasse a aparição de Harry.
-Nervosa? – Jorge perguntou me olhando rapidamente e voltando a encarar a porta.
-Um pouco, você? – perguntei fazendo o mesmo.
-Um pouco, acho que estou mais para preocupado. – deu de ombros e eu assenti.
-O que as duas mariquinhas estão cochichando aí? – Fred que estava atrás de mim perguntou se aproximando de nós.
-O quão gostoso você é – brinquei e Jorge se segurou para não gargalhar.
-, aquilo que rolou entre a gente foi só uma brincadeira, por favor não fica se iludindo achando que pode rolar algo entre nós, não te beijaria de novo nem se você salvasse minha vida – retrucou e eu fingi estar ofendida.
-Morde a língua, Weasley, vai que você se arrepende de ter dito isso – provoquei e ele riu leve.
-Potter não está dando conta? Porque se você estiver precisando muito se satisfazer eu posso pensar no seu caso.
-Ué, não foi você que disse que não me beijaria de novo nem se eu salvasse sua vida? Mudou de ideia rápido.
-Sabe como sou uma pessoa caridosa não é, só quis ajudar minha pobre amiga – brincou e eu ri baixinho.
-Não se preocupe, estou bem – respondi e ele fez um barulho malicioso em resposta me fazendo revirar os olhos.
O barulho de cochichos soou no ambiente a nossa frente, mas foi logo cessado, em seguida alguns passos se sobressaíram e todos gritaram surpresos quando a voz de Harry soou, os membros da ordem que estavam na frente trataram de abrir as portas e nós entramos no salão atraindo a atenção de todos, por mais inapropriado o comentário de Simas tenha sido, ele tinha razão, aquilo era uma entrada triunfal.
-Como se atreve a ocupar o lugar dele? CONTE O QUE HOUVE NAQUELA NOITE, CONTE A ELES QUE VOCÊ OLHOU NOS OLHOS DO HOMEM QUE CONFIOU EM VOCÊ E O MATOU. – Harry gritou nervoso e Snape continuava sem expressão. – Conte a eles.
Snape tirou a varinha apontando para Harry na mesma hora em que todos gritaram surpresos e Minerva se colocara na frente de Potter apontando a varinha para o diretor e nos deixando preparados para atacar caso necessário.
McGonagall o atacou primeiro, mas Snape era bom em feitiços de proteção por isso não foi atingido por nenhum deles, e ao invés de atacar ele usou um feitiço e quebrando a janela do salão fugiu do local enquanto Minerva o chamava de covarde. Todos os alunos gritaram, a maioria contentes, os da Sonserina irritados. Minerva acendeu as luzes do local com um feitiço, mas teve sua atenção desviada para Harry que se abaixara encarando o nada.
-Potter – ela o chamou preocupada, eu estava prestes a correr até ele quando as luzes se apagaram, um ar gelado se fez presente no ambiente e uma respiração profunda era escutada.
O grito de uma aluna do terceiro ano atraiu os olhares de todos e Harry caminhou confuso até ela, mas assim que alcançou a menina uma outra garota começou a gritar do outro lado do salão e em seguida a voz de Voldemort soou na cabeça de todos.
-Eu sei que muitos de vocês vão querer lutar – ele sussurrava – Muitos de vocês pensam que lutar é o certo, mas isto é tolice – as palavras ecoavam após serem ditas deixando todos mais assustados – Entreguem-me Harry Potter, façam isso e ninguém sairá ferido, entreguem-me Harry Potter e não tocarei em Hogwarts. – Senti um arrepio percorrer minha espinha e procurei por Harry na multidão – Entreguem-me Harry Potter e serão recompensados. Vocês têm uma hora. – Avisou e então a voz sumiu e as luzes acenderam.
Todos no salão se afastaram e encararam Potter ainda assustados, mas sem ideia do que fazer.
-Estão esperando o que? Alguém segure ele – Pansy, uma garota da Sonserina gritou apontando para Potter e rapidamente me coloquei na frente dele.
-Gostaria de ver você tentar – respondi e ela deu um passo para frente quando vários outros alunos e membros da Ordem se juntaram a mim protegendo Harry.
-Alunos fora da cama, alunos fora da cama! - Filch gritava ao se aproximar de nós.
-É onde deveriam estar, seu grandessíssimo idiota – Minerva respondeu e eu sorri.
-Me desculpe, Senhora – respondeu sem jeito abraçando a gata.
-Já que está aqui, senhor Filch, a sua chegada foi muito oportuna, se for possível, gostaria que, por favor, retira-se a senhorita Parkisson e os demais alunos da Sonserina do salão.
-E exatamente para onde eu os levarei, senhora? – perguntou confuso.
-Para as masmorras, pode ser – Minerva respondeu e todos gritaram comemorando e aplaudindo enquanto eles se retiravam.
Harry segurou minha mão e me puxou para perto da mulher.
-Suponho que exista uma razão para seu retorno, Potter. O que precisa?
-Tempo – respondemos juntos e ela nos olhou de forma engraçada.
-O máximo que conseguir – Harry continuou e ela assentiu.
-Faça o que tem que fazer, eu protegerei o castelo. – Concordamos e já estávamos de saída quando ela chamou Harry – é muito bom ver você – sorriu para o menino que retribuiu o gesto.
-É bom ver a senhora também – respondeu e se virou para nós.
Todos no castelo se dividiram em grupos e saíram em missões diferentes com o objetivo de proteger o castelo enquanto eu ainda era puxada por Harry que subia as escadas.
-Gente – Rony nos chamou. – Hermione e eu pensamos, não faz diferença se acharmos as Horcruxes.
-Que? – perguntei confusa.
-A não ser que a gente destrua ela – Hermione explicou.
-Foi o que pensamos.
-Rony pensou – Hermione o corrigiu – foi ideia do Rony e é brilhante. – Arqueei a sobrancelha olhando os dois e o sorriso estampado no rosto da morena.
-Você destruiu o diário de Tom Riddle com o dente de basilisco, não é? – Rony perguntou e Harry assentiu. – Nós dois achamos que podemos conseguir um.
-Está bem, mas levem isso aqui, assim vão poder nos achar quando voltarem. – Harry entregou o mapa do maroto para Rony e eu o interrompi.
-Falando nisso, não posso ir com você.
-Como assim você não pode ir comigo? -Harry perguntou desesperado.
-Eu não posso ir, Harry, não é o que eu tenho que fazer e você sabe disso. Não vou te abandonar, mas tenho certeza que vocês conseguirão se virar sem mim agora. - Respondi e Harry virou para trás encarando Hermione e Rony na esperança de que algum deles também se manifestassem, mas eu sabia que não fariam.
Harry se virou para mim novamente e deu alguns passos se aproximando.
-Eu sei que é egoísmo da minha parte, mas eu preciso de você comigo, por favor - Potter pediu olhando diretamente em meus olhos.
-Quando eu terminar prometo que vou procurar vocês, mas você sabe que eu tenho que fazer isso, Harry - respondi sorrindo fraco.
-E arriscar a sua vida? - perguntou nervoso.
-Não é o que todos estamos fazendo aqui? - perguntei confusa.
-Mas...
-Dumbledore já havia me dito isso antes, meu pai também, não posso virar as costas para tudo e desaponta-los. Não posso arriscar perder alguém com quem me importo muito e conviver com essa culpa pelo resto da vida. - Vi que Harry ia me interromper por isso me apressei em continuar a falar - E se isso custar a minha vida, pois bem, eu estou de acordo. E tenho certeza que você também estaria se fosse o seu caso. Se a única chance de salvarmos o mundo bruxo fosse com a sua morte, você se entregaria para Voldemort sem pensar duas vezes, então por favor, Harry, entenda o meu lado.
-Eu... - ele respirou fundo encarando o chão e depois me olhando de novo - Eu só não quero perder mais ninguém que eu amo - terminou de falar e eu arregalei os olhos.
-Como?
-Deveríamos deixá-los a sós? – Rony sussurrou e Hermione o mandou calar a boca.
-Eu já perdi meus pais, . E Sirius, Edwiges, Dobby. Não sei se eu aguentaria te perder também, não quando eu sinto que você é a pessoa com quem eu devo estar, não só agora, mas pelo resto da minha vida. Não foi uma coincidência você vir para Hogwarts agora, ser filha de Sirius e nós nos encaixarmos tão bem. E tudo aquilo que Dumbledore nos disse no começo do ano passado, e todas as mensagens do seu pai em seus sonhos. Eu não posso te perder. - ele respirou fundo e eu tive que fazer o mesmo para tentar me acalmar - Eu te amo. - disse olhando em meus olhos.
Eu podia ver o quão nervoso e com medo ele estava, sabia também que aquela havia sido provavelmente a primeira vez que ele passara por uma situação assim. Por isso ao invés de falar qualquer coisa eu simplesmente me joguei em seus braços. Dei um pequeno passo acabando com qualquer distância entre nós e com uma mão em seu rosto e a outra em seu pescoço lhe dei um beijo. Um cheio de significados, emoções e mensagens entre linhas. E enquanto as mãos de Harry iam para minha cintura segurando-a com firmeza e sua língua fazia um carinho gostoso na minha, qualquer incerteza que antes eu tinha desapareceu. Eu sabia que aquilo não era um adeus, mas mesmo assim eu não queria ter que me separar de Harry nem por um segundo sequer. Separei meus lábios dos dele lentamente e abri os olhos esperando que ele fizesse o mesmo para que eu pudesse falar.
E assim que eu pude encarar seus lindos olhos azuis eu sorri ainda segurado seu rosto em minhas mãos e disse:
-Eu te amo, Potter. E é por isso mesmo que você não precisa se preocupar quando digo que te encontrarei depois, foi como eu te disse um tempo atrás: não tem nada que nos faça lutar com mais garra do que o amor - sorri mais ainda ao ver a reação de Harry, e o mais lindo sorriso esboçado em seu rosto.
-Me encontra quando acabar? - perguntou que nem uma criancinha quando faz os pais prometerem que não irão soltar o banco da bicicleta ao andar pela primeira vez. Assenti ainda sorrindo e ele respirou fundo - Me deixe orgulhoso - piscou.
-Pode deixar - dei um selinho nele e me afastei - agora vão, já perdemos muito tempo aqui.
-A gente só estava esperando a cena de filme acabar - Rony respondeu nos zoando e eu revirei os olhos rindo.
-Eu também te amo, Ronald - respondi e ele riu. -Você também, Mione, não precisa ficar com ciúmes - pisquei pra minha amiga que tinha os olhos marejados mas ainda sim tinha um sorriso enorme no rosto.
-Você não tem umas pessoas pra proteger e tudo mais? O que ainda tá fazendo aqui? - respondeu rindo e eu gargalhei.
-Já estou indo, mamãe - retruquei mostrando a língua e me virei correndo pra sair dali.
-EU TAMBEM TE AMO - ouvi Hermione gritar e ri.
-EU JÁ SABIA - Respondi antes de me enfiar no meio dos alunos que também corriam de um lado para o outro.
Encontrei Minerva junto a outros professores e alunos e me juntei a eles.
-Deixa eu ver se entendi, professora... Você permite que façamos isso? – Neville perguntou confuso.
-Exatamente, Longbottom – ela respondeu andando apressada.
-Explodir tudo? Boom? – Neville perguntou meio surpreso.
-Boom – ela respondeu sem nem olhar para o menino ou pensar duas vezes.
-Mas como vamos fazer isso? – voltou a perguntar confuso.
-Por que não pergunta isso ao senhor Finnigan? Pelo que sei ele tem uma certa pré-disposição para explosivos – ela brincou risonha.
-Eu vou coloca-los no chão – Simas respondeu animado saindo com Neville.
-Assim que se fala – Minerva comentou satisfeita e eu pigarreei chamando sua atenção. – Srta. Black, achei que estava com Potter.
-Não, Harry foi resolver outra coisa, em que posso ajudar? – perguntei sorrindo de volta para Sra.Weasley que me encarava docemente.
-Bem, a não ser que saiba feitiços de proteção, pode se juntar a Longbottom e os outros. – Minerva respondeu.
-Meses vivendo escondida de comensais e sequestradores, acho que sei uma coisa ou outra – brinquei e tanto ela quanto Molly sorriram antes de me virar e correr para frente do castelo me juntando aos professores e alguns ex-alunos.
Uma espécie de cerca foi sendo formada envolta do castelo pela junção dos mesmos feitiços criando uma bolha de proteção e a imagem daquilo sendo formado chegava a dar arrepios, o que me fez sorrir orgulhosa pelo esforço de todos.
Respirei fundo ao olhar todos ao meu lado com as varinhas em mão e o efeito que os feitiços juntos estavam causando e por um segundo me senti mais confiante em relação aquela noite, exatamente por um segundo.
Os comensais começaram a atacar a barreira, porém nenhum deles estava causando estrago algum por isso eles cessaram os feitiços, mas todos sabiam que não era por muito tempo, o que se provou verdade quando minutos depois um forte feitiço atingiu a barreira que aos poucos foi cedendo e se despedaçando.
-Harry – Sussurrei ao perceber que ou ele encontrara mais uma horcrux ou Rony e Hermione haviam destruído a última que encontramos, pois só isso teria despertado a força e raiva de Voldemort tão rapidamente.
Corri para a parte interna do castelo e logo subi as escadas procurando por Harry sem ter a mínima ideia de onde encontra-lo. Paredes ao meu redor eram destruídas e o vulto de comensais entrando no castelo começaram a surgir, um deles passou por mim e tentou me acertar com um feitiço, mas rapidamente desviei e apontei a varinha para o mesmo.
-Petrificus Totallus! – conjurei vendo o homem de provavelmente 40 anos com cabelos claros ter o corpo petrificado.
Continuei minha corrida desviando de alguns e esbarrando em outros e acabei caindo ao bater em Gina e Neville.
-! – os dois me ajudaram a levantar assim que me reconheceram. – Desculpa – disseram juntos novamente e eu sorri fraco.
-Estão bem? – perguntei ao notar que estevam sujos e com alguns arranhões.
-Nunca estive melhor na minha vida – Neville cortou Gina que abrira a boca pra responder e eu o encarei surpresa – Viu a Luna?
-A... Luna? – perguntei confusa.
-Sim, sou louco por ela, vou dizer logo antes que estejamos todos mortos pela manhã – disse e saiu correndo me fazendo encarar Gina confusa.
-Está bem? – ela perguntou e eu assenti logo em seguida arqueando a sobrancelha em um gesto para entender que também estava perguntando como ela estava – Sim – riu sem jeito – Vá encontrar o Harry, nos vemos depois, espero. – sorriu meio desanimada e eu retribui o gesto voltando a subir a escada correndo.
Entrei em um corredor sem muito movimento e ao olhar pra trás enquanto ainda caminhava acabei esbarrando em mais dois corpos, felizmente um deles me segurou e dessa vez eu não cai.
-Cuidado – Rony disse e eu suspirei aliviada ao ver ele e Hermione.
-A horcrux...
-Destruímos – Hermione me cortou e eu sorri satisfeita.
-Ótimo, agora temos que encontrar o Ha...
-Ele está na sala precisa, eu acho – Rony me interrompeu também.
-Será que dá pra me deixar terminar as frases? – perguntei brincando e ele me puxou me fazendo andar em direção a sala.
-Não dá tempo – respondeu e eu revirei os olhos.
Caminhamos por mais um minuto até pararmos em frente a uma parede vazia que segundos depois se transformou em uma porta, entramos na sala em silêncio encontrando uma bagunça, cheia de móveis, roupas e objetos espalhados.
-Nunca vamos encon... – Rony dizia quando eu o interrompi.
-Essa voz – sussurrei ao reconhecer a voz de Draco. Tomei frente deles e segui em silêncio para mais perto de onde as vozes estavam, escutando a de Harry e a de Draco se enfrentando. Me escondi atrás de um guarda roupa ao ver Draco e seus fantoches com a varinha apontada para Harry e fiz um sinal para Rony e Hermione permanecerem em silêncio.
-Calma – Draco sussurrou em resposta para Goyle que o apressava, pela sua voz e o jeito que suas mãos tremiam ele estava bem nervoso.
Harry colocou a mão no bolso pronto para pegar a varinha quando Hermione percebeu que Goyle o atacaria e correu lançando um estupefaça nele que revidou com um Avada Kedavra enquanto eles corriam, Hermione usou um feitiço de defesa só que acabou mirando no lugar errado o que fez com que a tiara que se encontrava ao lado de Harry e a qual eu tinha certeza que era uma horcrux fosse arremessada para cima de um monte feito de objetos e roupas.
Rony que se encontrava completamente indignado e nervoso com o feitiço lançado a Hermione e gritou antes de sair correndo.
-Ela é minha namorada, seus imbecis – gritou indo atrás deles e eu arregalei os olhos, virei para Hermione e a vi sorrindo.
-Namorada? – perguntei confusa e ela sorriu sem jeito dando de ombros e voltando a atenção para Harry que tentava escalar o monte. Ele jogava cadeiras para trás, panos, entre outras coisas, tentei subir em um sofá para ajuda-lo mas logo que coloquei o peso de uma persa em uma cadeira e ela cedeu eu fui parar no chão novamente.
Harry continuava a jogar as coisas para trás até encontrar uma criatura azul flutuante cujo eu nunca havia visto antes e de onde ela surgiu mais vieram e começaram a voar em nossa volta até conseguirem se juntar e se afastar. Hermione que conseguira subir o monte ajudava Harry a puxar uma geladeira para o lado para que ele conseguisse pegar a horcrux.
-Peguei – ele gritou avisando e eu suspirei aliviada, só então percebendo que eu estava prendendo a respiração esse tempo todo.
Ambos pularam do monte parando ao meu lado e nós nem tivemos tempo de comemorar já que a voz de Rony surgira longe porém ele nos mandava correr, encarei os dois sem entender nada e segundos depois a figura do ruivo apareceu ao fundo corredor, desesperado e seguido por uma luz laranja avermelhada.
-O Goyle tá pondo fogo na sala! – ele gritou passando por nós e puxando Hermione pela mão correndo sem parar e nos fazendo segui-lo.
Viramos em uma espécie de corredor e notamos as chamas ficando mais fortes e maiores, com um feitiço, Harry jogava objetos atrás de nós na esperança de atrasar o fogo.
Corremos entrando e saindo de corredores até percebemos que estávamos cercados pelas chamas que vinham de todos os lados, olhei para os objetos a nossa volta a procura de alguma ajuda e encontrei três vassouras jogadas ao nosso lado.
-Gente – chamei a atenção deles jogando uma vassoura para Harry e outra para Rony fazendo ele entender que ele levaria Hermione. Subi na vassoura pegando impulso e assim que vi todos ao meu lado no ar comecei a seguir em direção a porta.
As chamas tomavam conta da maior parte da sala, o que me fez perceber que estávamos correndo no sentido errado quando começamos a fugir. Olhei para trás vendo Draco e Blaise escalando um dos montes de objetos e vi Goyle tentando se segurar em uma cadeira, mas falhando e tendo o corpo jogado nas chamas que ele mesmo criara. Fechei os olhos tentando não me concentrar de que eu acabara de ver ele morrer e voltei a focar na saída.
-Por aqui – Rony gritou nos chamando, mas Harry passou a sua frente.
-Não podemos deixá-los aí – ele disse antes de fazer uma curva e voltar em direção aos outros dois.
-Ele tá brincando, né? – Rony gritou inconformado me olhando e eu dei de ombros antes de seguir atrás de Harry que estendia a mão para Blaise que não conseguia segurar então ele voltou para nosso lado tentando pegar uma velocidade melhor. – Se morrermos por causa deles, eu mato você – Rony gritou para Harry que ignorou.
Diminui a altura da vassoura e estendi a mão catando Malfoy de primeira e jogando ele para a parte de trás da minha vassoura.
-Como se sente sendo salvo por uma Black? – não perdi a chance de provoca-lo e o ouvi resmungar.
-Se conseguirmos sair daqui vivos, eu te respondo – retrucou e eu revirei os olhos.
As chamas bloqueavam nosso caminho, mas Hermione usara um feitiço que as separou permitindo nossa passagem em direção a porta. Assim que passei para o lado de fora meu corpo foi arremessado ao chão e quando levantei nem Malfoy nem Blaise estavam lá. Hermione jogou um dente de basilisco para Harry que quebrou a tiara, mas teve seu corpo jogado para trás quando a fumaça surgiu. Rony não perdeu tempo e jogou o objeto para dentro da sala onde ele fora engolido por chamas que logo sumiram da nossa vista quando a porta desapareceu.
Harry continuava apoiado na parede sentado ao chão encarando o nada e respirando fundo, me ajoelhei ao seu lado e o observei fechar e abrir os olhos antes de voltar a respirar novamente.
- – ele me chamou me olhando preocupado. – A cobra...
-O que é a cobra? – Hermione perguntou e eu me virei recebendo um olhar confuso dela e um preocupado de Rony.
-Ela é a última, é a última horcrux – ele respondeu e voltou a me olhar – É por isso que...
-Eu sei – respondi calmamente e Hermione me olhou sem entender. – Entre na mente dele, descubra onde ele está, se acharmos ele, acharemos a cobra e acabamos com isso. – ele me olhou incerto, Hermione e Rony se agacharam ao meu lado e eu coloquei minha mão em cima da de Harry – Eu sei que você consegue. – ele respirou fundo e fechou os olhos voltando a tremer e a suar.
A tremedeira de Harry começou a diminuir e ele abrira seus olhos em seguida.
-Sei onde ele está – respondeu e eu forcei um sorriso me levantando e estendendo a mão para ele o ajudando a se levantar
– Você sabia... Como? – Hermione perguntou confusa.
-Tive um sonho com Sirius há pouco tempo, não queria preocupar ninguém – respondi olhando ela que me encarava um pouco brava.
-Foi por isso que ficou para trás na casa de Luna? – A morena perguntou e eu assenti.
-Achei que se os comensais me encontrassem, Voldemort apareceria e com ele a cobra, e então eu poderia matá-la. – Respondi pronta para ouvir as reclamações e sermões.
-Você é louca? Achou que seria tão fácil assim, arriscou sua vida por um plano desses? – Hermione gritou estressada, mas eu sabia que ela só estava assim porque se preocupava por isso não me irritei.
-Eu sei que foi estupido, mas eu tinha que tentar – respondi voltando a olhar para Harry. – E eu te devo desculpas porque quando cobrei a falta de informação que você estava nos dando, eu já sabia sobre isso.
-São informações completamente diferentes – ele disse me fazendo entender que ele não estava bravo.
– E qual é a profecia, então? – Hermione perguntou.
-A cobra, ela virou uma horcrux quando Voldemort matou minha mãe, só que ela era muito boa com feitiços e usou um pouco conhecido que criou uma conexão entre mim e o animal...
-Isso quer dizer que...? – Hermione perguntou sabendo onde eu queria chegar, mas não querendo estar certa.
-Eu sou a única que posso matá-la. – respondi e a vi fechar os olhos tentando permanecer calma ao perceber que sua linha de raciocino estava certa e a mão de Harry que ainda segurava a minha a apertou com mais força.
-Se você for, Voldemort irá matá-la – Harry respondeu nervoso.
-Se você for ele também irá mata-lo, Harry – retruquei tentando manter a paciência – A última coisa que temos é tempo, então vamos logo – comecei a caminhar na frente de todos e segui para as escadas só esperando que eles me acompanhassem, afinal, era Harry quem sabia onde ele estava.
Descemos as escadas rapidamente atacando e nos defendendo de alguns comensais que estavam por ali e ao passar por um dos andares senti meu coração apertar e parei onde estava, olhei para o lado ouvindo gritos e feitiços sendo lançados. Harry gritou meu nome me chamando, mas a voz de Lupin dizendo para seguir meu coração soou em minha cabeça e eu apenas encarei Harry antes de começar a correr na direção dos gritos.
Um comensal tentou me acertar com um feitiço e por pouco não conseguiu, já que eu me escondi rapidamente atrás de uma pilastra e esperei que ele viesse até mais perto para ataca-lo.
-Estupore! – atingi-o fazendo seu corpo ser lançado para longe e voltei a correr encontrando Jorge e Fred duelando com quatro comensais. Vi Fred conseguir espantar dois e corri para ajudar Jorge que se atrapalhava um pouco. – Estupefaça! – tentei atingir o comensal, mas ele desviou. Jorge, que acertara o comensal, conseguiu me ajudar e logo os dois estavam caídos no chão. Eu estava me virando para agradecer Jorge quando meus ouvidos se fecharam e a única voz que eu escutava era a de Sirius.
“Esse não, o outro, agora”
Sem pensar muito peguei a varinha apontando na direção de Fred e conjurando um feitiço na mesma hora que uma grande explosão ocorrera fazendo seu corpo ser lançado para longe e minha varinha cair da mão, no mesmo instante em que eu vi seu corpo jogado de olhos fechados enquanto Jorge corria em sua direção.
Capítulo 22
Vi Jorge chacoalhar o corpo do ruivo a sua frente e senti como se eu tivesse levado um soco no estomago. Meu corpo cedeu e eu caí sob meus joelhos sem conseguir correr até Jorge para tentar ajuda-lo, a única coisa que passara na minha cabeça era que eu havia falhado. Fechei os olhos tentando me acalmar, no mesmo instante que Harry, Rony e Hermione nos encontraram.
Abri os olhos encontrando todos confusos e, ao encarar Rony, senti meu coração apertar mais uma vez, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto e assim que eles ouviram a voz de Jorge chamando por Fred enquanto chacoalhava seu corpo, eles correram em direção ao ruivo.
Voltei a fechar os olhos tentando controlar minhas lagrimas e ao fazer isso a sensação de que meus ouvidos haviam sido tapados voltou e, dessa vez, a voz que ecoava na minha cabeça era a de Dumbledore, em uma de nossas primeiras conversas.
“Tempos difíceis estão vindo e a amizade pode salvar muitas vidas”
Puxei o ar mais uma vez sentindo minha respiração começar a acalmar e mantive os olhos fechados.
“-Quando criamos laços com as pessoas, criamos também um enorme medo de perdê-las e isso faz com que nós nos esforcemos para protegê-las de tudo, e era isso o que eu mais queria despertar em você, a vontade de proteger os outros. “
Respirei fundo mais uma vez e abri os olhos ao ouvir a voz de Sirius.
“Confie em mim”
Levantei secando o rosto com as costas das mãos e sem ter certeza do que estava fazendo, caminhei até o corpo de Fred e afastei Jorge e Rony que choravam em cima do menino. Peguei minha varinha apontando pra ele, e sem perceber a palavra saiu da minha boca conjurando o feitiço.
-Ennervate! – conjurei e todos me olharam confusos, os olhares permaneceram até que o barulho de uma tosse chamou a atenção de todos e todos voltamos a encarar Fred que se mexia ainda de olhos fechados e aos poucos suas pálpebras que tremiam se abriram revelando os olhos que eu jurara nunca mais ver.
-O que foi? – ele perguntou sussurrando e fazendo força. Jorge e Rony não o deixaram responder e pularam em cima dele o abraçando. – O que aconteceu?
-Meninos, cuidado – Hermione os repreendeu ainda me encarando confusa. -O que você... Como você...
-Sirius – Harry respondeu por mim olhando no fundo dos meus olhos, eu assenti sorrindo alegre, porém ainda sem acreditar que tinha funcionado e Hermione permaneceu confusa.
-Alguém me explica para que todo esse afeto? – Fred perguntou.
-Você morreu, cara – Jorge respondeu incrédulo e Fred arregalou os olhos.
-Eu morri? Eu não morri! Morri? – perguntou confuso e eu ri.
-Pelo menos nós achávamos que sim – Rony respondeu secando as lágrimas. – Mas parece que Grace Black tem alguns truques na manga.
-Você me salvou? – perguntou surpreso.
-Eu acho que sim – respondi incerta.
-Como? – voltou a perguntar sem entender.
-Eu lancei um feitiço de proteção em você antes da explosão te atingir, acho que você não estava morto, só desacordado, mas não tive coragem de checar, não achei que o feitiço tivesse te atingindo. Só que eu ouvi a voz de Sirius, ele pediu para que eu confiasse nele e então eu usei esse feitiço, e bem, você acordou – respondi sem jeito pelos olhares que recebia.
-Não vou ter que te beijar, né? – perguntou com cara de nojo se referindo ao comentário que tinha feito mais cedo e eu gargalhei.
-Um abraço já basta – respondi me abaixando e o abraçando forte. -Que susto você me deu – sussurrei só para ele ouvir. – A próxima vez que você tentar morrer e sumir da minha vida, eu juro que deixo.
-Obrigado, pirralha – agradeceu me abraçando mais forte antes de soltar meu corpo e dar uma piscadinha pra mim.
-Acho melhor vocês irem até algum lugar seguro, a esse ponto já deve ter alguma enfermaria ou algo do tipo por aí – Rony aconselhou e Jorge assentiu. – Ainda temos que ir – disse olhando para nós três que assentimos.
-Por favor, não morram enquanto eu estiver fora – gritei brincando enquanto corria atrás de Rony, Hermione e Harry.
Descemos as escadas seguindo para a parte de fora do castelo, Hermione e eu estávamos seguindo direto quando Harry, que estava a nossa frente, nos puxou para trás na mesma hora que um feitiço atingira o lugar onde antes estávamos. Voltamos a correr quando demos de cara com um gigante com uma enorme arma de metal nas mãos, voltamos correndo enquanto o gigante tentava nos atingir e nos protegemos atrás do que me parecia um sino enorme. O gigante, que pensara ter nos atingido, virou de costas e nós voltamos a correr, mas assim que fomos para a esquerda encontramos aranhas enormes que começaram a nos perseguir, voltamos a correr na direção do gigante passando por de baixo das suas pernas e atacando alguns comensais que estavam no caminho, seguimos para a parte coberta que estava em, sua maior parte, destruída e paramos ao encontrar um lobisomem em cima do corpo de uma aluna de Hogwarts.
-Não! – Hermione gritou chamando sua atenção e o atacando com um feitiço que o lançou para longe no mesmo instante, voltamos a correr passando pelo corpo que reconheci como o de Lilá Brown, a garota com quem Rony saíra ano passado e senti meu estomago revirar ao perceber que estava morta. Voltamos a correr na direção da ponte, fugindo do gigante que nos encontrara novamente, e assim que chegamos na frente do castelo percebemos um grande número de dementadores vindo em nossa direção. Eu estava com a varinha em mãos, mesmo acreditando que meu patrono não seria forte o suficiente, quando uma luz forte surgiu por trás de nós expulsando todos eles, olhei para trás encontrando Aberforth com a varinha em mãos, deixando claro que ele quem conjurara o patrono.
Não tive muito tempo para ficar surpresa já que Rony passara correndo por mim, me puxando pelo braço me levando para longe dos arredores de Hogwarts e me guiando até a casa de barcos da escola. Descemos as escadas em silêncio e assim que chegamos a lateral da casa, agachamos para nos escondermos na parte debaixo da janela de vidro de onde as vozes de Voldemort e Snape surgiam.
-Esta noite, quando o garoto vier, ela não falhará, eu tenho certeza – Snape falava sobre a varinha das varinhas que no momento estava com Voldemort e eu levantei um pouco a cabeça para ver se encontrava a cobra, mas fui puxada para baixo por Hermione no mesmo instante. – Ela responde ao senhor e ao senhor apenas.
-Será? – Voldemort perguntou duvidando do comensal.
-Milorde... – Snape fez que ia falar, mas parou por aí.
-A varinha realmente só responde a mim? – Voldemort questiona e pelo barulho vindo de dentro ele estava andando pela sala. – Você é um homem sábio, Severo, deve ter a resposta. A quem a lealdade dela realmente pertence?
-Ao senhor, é claro, Milorde – Snape respondeu mais uma vez.
-A varinha das varinhas não pode me servir apropriadamente, porque eu não sou o seu verdadeiro mestre. A varinha das varinhas pertence ao bruxo que matou seu último dono, você matou Dumbledore, Severo, enquanto você viver a varinha das varinhas não será realmente minha – senti meu estomago embrulhar ao entender onde ele estava querendo chegar e Hermione colocou a mão na boca evitando fazer qualquer barulho. – Você tem sido um servo bom e leal, Severo, mas só eu posso viver para sempre – fez se silêncio por longos segundos e quando Snape se pronunciara chamando por Voldemort, o mesmo o atacou com um feitiço que fez seu corpo cair na janela a nossa frente, ainda com vida, mas ferido. – Nagini, mate-o.
Ouvi o nome da cobra e fiz menção de levantar, mas somente naquele momento percebi que Rony tinha suas mãos envolta do meu corpo para evitar que eu saísse dali, olhei pra ele com raiva, mas o mesmo ignorou. Era possível ouvir o barulho da cobra se mexendo e conforme ela atacava o corpo de Snape, ele batia na janela. Senti meu sangue ferver ao pensar que se eu entrasse na sala poderia matar a cobra e evitar que Snape morresse, mas ainda estava sendo segurada nessa hora, não só por Rony, mas também por Hermione. O silencio voltou a pairar no ambiente e o corpo de Snape já não estava sendo atacado e logo em seguida o barulho de Voldemort aparatando nos deu certeza de que já poderíamos levantar e entrar na casa para ver em que estado Snape se encontrava.
Harry foi o primeiro a entrar no local e se aproximar do homem que por pouco ainda estava vivo, mas que com certeza em alguns instantes já não estaria mais, nada que tentássemos fazer resolveria.
-Vocês estão vendo a merda que fizeram? Eu podia ter matado a cobra, ele poderia estar vivo – gritei com Rony e Hermione que evitavam me encarar e revoltada com a atitude dos dois me aproximei de Harry que segurava o rosto de Snape que tinha lágrimas escorrendo.
-Leve-as – ele disse com dificuldade e Harry continuou imóvel – leve-as – ele pediu meio desesperado e Harry se virou para Hermione pedindo por algo em que pudesse colocar as lágrimas de Snape. Ela lhe entregou um pequeno frasco e Harry logo as coletou. – Leve-as para a penseira – pediu para Harry que encarava o frasco em suas mãos e me encarou com dificuldade – Não se culpe – me olhou nos olhos – Não poderia ter feito nada – disse com a voz rouca e falha e voltou e encarar Harry – Olhe para mim – pediu e o menino deixou de olhar para o frasco e se voltou para o bruxo – Tem os olhos de sua mãe – comentou e deixou seu rosto cair para o outro lado já sem vida.
Joguei o peso do meu corpo no chão, sentando ainda de frente para Snape, que permanecia de olhos abertos mesmo não vendo mais nada, e tentei controlar a vontade de chorar. Estava com raiva por ter falhado e por algum motivo me sentia triste em ver o homem a minha frente morto. Harry que havia se levantado apoiou seu corpo rapidamente na parede conforme o som da respiração de Voldemort invadia nossas cabeças.
-Vocês lutaram bravamente, mas em vão – pressionei minha cabeça contra minhas mãos tentando controlar a angustia que aquilo causava em mim – Eu não queria isto, cada gosta de sangue bruxo derramada é um terrível desperdício, e por isso ordeno que as minhas forças se retirem, e na ausência delas deem um destino digno aos seus mortos – ele fez uma pausa que me deixou mais nervosa ainda – Harry Potter, falo agora diretamente com você – parei de encarar o chão e me virei para Harry que se retirava para fora da casa com nós ao seu encalço – Esta noite, você permitiu que seus amigos morressem por você, ao invés de me enfrentar pessoalmente, não existe desonra maior – olhei para Harry que encarava o castelo e tentei me aproximar, mas o eco da voz de Voldemort na minha cabeça me mantinha imóvel. – Me encontre na Floresta Proibida e enfrente o seu destino, se você não fizer isto, eu matarei até o último homem, mulher e criança que tente esconde-lo de mim. – e então ele se calou.
-Você não vai – disse me surpreendendo com a maneira firme que minha voz saíra.
-Vamos para o castelo – ele respondeu me olhando brevemente e seguindo em direção as escadas. Revirei os olhos e segui atrás de Hermione e Rony que conversavam em cochichos. Chegamos na frente do castelo que se encontrava vazia e fomos até o portão que estava fechado, fazendo força para empurra-lo e entrar na escola.
Assim que demos de cara com o salão principal meu estomago embrulhou ao ver dezenas de corpos espalhados no chão e outros sendo carregados em macas para fora dali. Rony e Hermione foram os primeiros a seguir para dentro do salão onde a família Weasley se encontrava e, assim que Molly me viu, se jogou em cima de mim em um abraço apertado.
-Você salvou meu Fred, muito obrigada, eu não sei nem como te agradecer – ela disse rapidamente me apertando cada vez mais forte e eu sorri fraco.
-Não tem que agradecer, não saberia o que fazer sem essa peste – brinquei encontrando ele sentado em um dos bancos e sendo puxada por Jorge em um abraço.
-Não consegui te agradecer na hora – ele sussurrou em meu ouvido – Mas você sabe que eu te amo, né? – se afastou e eu sorri.
-Eu também amo você – pisquei e me aproximei de Fred para ter certeza de se ele estava bem.
-Como está? – perguntei sentando ao seu lado.
-Vivo, graças a você – respondeu sorrindo e eu senti como se meu coração tivesse aquecido. Eu estava pronta para soltar uma piadinha para ele apenas por implicância, quando olhei em volta e vi dois corpos no chão que me fizeram levantar em um pulo.
Passei por Jorge e Arthur que estavam em minha frente e senti como se tivesse levado uma facada, meu joelho cedeu caindo ao lado do corpo e meus olhos encheram de lagrimas ao perceber que Lupin estava morto. Não tive muitas chances de ser próxima a ele, mas ele era a figura mais próxima a Sirius que tive e saber que ele não estava mais ali e, que se eu tivesse ficado em Hogwarts, talvez pudesse ter evitado sua morte me faziam sentir completamente acabada. Olhei para o lado encontrando o corpo de Tonks também sem vida e me lembrei que os dois haviam comentado que acabaram de ter um filho, e isso me fez desabar em lágrimas.
Senti um corpo se aproximar do meu e me abraçar de lado, logo percebi ser Hermione que também tinha lágrimas nos olhos, mas permanecia mais calma do que eu. A abracei com força chorando tudo que precisava colocar pra fora, todas as vezes que me senti angustiada ou nervosa por conta da profecia, todas as vezes que saíamos atrás de Horcruxes e eu não sabia se voltaria viva, chorei por tudo, por Lupin, Tonks, seu filho, e todos os outros mortos que uma vez eu vira rindo e agora se encontravam com os corpos jogados ao chão.
Respirei fundo me afastando de Hermione e secando meu rosto. Olhei em volta procurando por Harry e me assustei ao constatar que ele não estava por ali. Levantei rapidamente assustando Hermione que logo se pôs de pé ao meu lado e procurei por Rony.
-Onde está o Harry? – perguntei nervosa e ele me olhou preocupado após procurar pelo garoto em todo o salão e constatar que ele não estava ali.
Saí correndo para fora do salão, mas parei ao chegar na entrada sem ter ideia de para onde ir.
-, calma! – Rony gritou e eu me virei vendo ele e Hermione correrem até mim. – Snape entregou as lagrimas para Harry e disse para ele leva-las até a penseira, ele deve estar na sala de Dumbledore, não iria até a floresta proibida sem antes saber o que tinha ali – disse ofegante e eu assenti ao me lembrar desse detalhe.
-Certo, e o que fazemos? Vamos até a sala de Dumbledore? – perguntei completamente atrapalhada.
-Acho melhor esperarmos aqui, ficamos nas escadas, ele passará lá de qualquer jeito – Hermione disse e eu concordei seguindo para as escadas, porém permanecendo em pé, Rony e Hermione se sentaram e me olharam em um pedido para que eu me sentasse.
-Não dá – respondi, estava nervosa demais e ficar sentada me deixaria mais irritada ainda. Ouvi passos e olhei para o topo da escada encontrando Harry com a cara abatida. Não esperei que ele se aproximasse e corri até o garoto o abraçando. – Nunca mais me dê um susto desses, Harry Potter – respondi saindo do abraço e batendo no peito dele.
-, calma – Rony veio por trás e me segurou.
-Onde você estava? – Hermione perguntou.
-Não vai para a floresta, né? – Rony perguntou preocupado e Harry passou por nós.
-Estou indo para lá agora – respondeu e eu arregalei os olhos.
-Está maluco? Não! – Rony disse indignado indo atrás dele. – Não pode se entregar para ele.
Desci as escadas atrás de Rony parando ao seu lado, quando Harry parou antes de descer a outra escadaria.
-O que houve, Harry? O que você descobriu? – Hermione se esforçava para manter a calma.
-Eu sei porque posso ouvi-las. As Horcruxes. Há algum tempo eu já sabia e acho que vocês também – Harry respondeu e Hermione correu para abraça-lo enquanto eu deixei meu corpo cair nos degraus entendendo o que Harry queria dizer.
Harry abraçou Hermione olhando para Rony como se estivesse se despedindo e antes de virar para voltar a descer, ele olhou para mim.
-Eu vou com você – avisei e ele revirou os olhos.
-Não, mate a cobra, aí só restará ele – respondeu e foi minha vez de revirar os olhos.
-A cobra estará onde ele estiver, Potter.
-Você não vai – respondeu firme e eu me aproximei dele.
-Não vou deixar você ir sozinho. – cruzei os braços na frente do corpo e o encarei mostrando que ele não me faria mudar de ideia.
-Você mesma disse que se sua morte fosse a única solução de salvar todos você morreria e sabia que se fosse comigo faria o mesmo, não tem outro jeito – respondeu sem me encarar.
-Eu vou com você – repeti. – Ao menos deixe-me ir até a entrada da floresta. Estarei de volta ao castelo quando a cobra aparecer. – pedi sabendo que arrumar uma briga naquele momento não era ideal.
-Quando você põe algo na cabeça ninguém tira, não é mesmo? – retrucou e eu forcei um sorriso andando até ele e entrelaçando meus dedos nos seus.
-Eu vou contigo até a morte, Potter – virei seu rosto forçando-o a encarar meus olhos e ele sorriu fraco, começando a descer as escadas e me levando junto.
-Era Snape – ele disse assim que atravessamos os portões do castelo. – O patrono que vimos no lago no dia em que Rony voltou, era Snape.
-Por essa eu não esperava – respondi sem saber ao certo o que dizer, jamais imaginaria que Snape nos ajudaria.
-E tem mais – Harry disse e só então eu percebi o que ele estava fazendo, Potter estava tentando mudar de assunto para me distrair do fato de que ele estava caminhando para a morte, estava tentando tornar aquela nossa última conversa uma como todas as outras. – Dumbledore estava doente, ele sabia que Voldemort mandara Malfoy mata-lo e também sabia que ele não seria capaz disso, por isso pediu a Snape que o matasse, ele estava sendo um espião esse tempo todo e não um comensal.
-Agora eu me sinto muito pior por ter deixado ele morrer – respondi sentindo-me culpada.
-Essa não...Não foi minha intenção – Harry parou de andar para me encarar preocupado – Você sabe que ele não culpa você, ele mesmo disse que não tinha nada que pudesse ter sido feito.
-Mas nós sabemos que tinha, Harry, eu podia ter tentado matar a cobra – respondi fechando os olhos e respirando fundo.
-Aquela não era a hora certa. Se você entrasse, Voldemort te mataria e então a cobra permaneceria viva para sempre – Harry argumentou e eu dei de ombros, talvez ele tivesse razão.
-Lupin...
-Eu sei, eu vi – ele respondeu desviando o olhar e eu assenti. – Vamos. – Voltou a caminhar me puxando.
Chegamos na floresta e Harry parou olhando em volta nervosa, percebi que ele tinha o pomo de ouro em mãos e a frase “abro no fecho” voltou a aparecer.
-Estou pronto para morrer – ele disse baixinho e eu senti meu coração apertar, porém permaneci parada. Harry levou o pomo a boca e ao afasta-lo ele se abriu e revelou uma pequena pedra verde com o símbolo das relíquias da morte no meio. – A pedra da ressureição. – Harry identificou e pegou a pedra na mão, segurou-a forte e fechou os olhos. Eu que permaneci de olhos abertos vi surgir a minha frente quatro figuras que eu saberia reconhecer em qualquer lugar.
-Pai – corri em sua direção e ao tentar abraça-lo vi que não conseguiria. Olhei para trás procurando Harry e notei que ele tentara o mesmo que eu com sua mãe.
-Você tem sido tão corajoso, querido. – Lilian disse e Harry olhou em volta, confuso.
-Por que vocês estão aqui? – perguntou.
-Nunca o deixamos – Lilian respondeu sorrindo e Harry sorriu também. – Mas vejo que arranjou alguém para cuidar muito bem de você – disse me encarando e eu sorri fraco. – Teve uma bela filha, Sirius.
-Sei disso – ele respondeu sorridente e eu senti uma lagrima escorrer pelo meu rosto – Estou tão orgulhoso de você.
-Não sabe como queria poder abraça-lo nesse momento – respondi tentando segurar as lágrimas e Sirius sorriu mais ainda.
-Não é o momento certo, quem sabe em um sonho mais tarde – piscou e eu sorri. – Cuidou bem da minha menina, Potter? – perguntou e só então notei que Harry estava ao meu lado.
-Não sabe como foi difícil – brincou e eu segurei sua mão voltando a entrelaçar nossos dedos. – Isso... Dói? Morrer...
-Mais rápido do que adormecer – Sirius respondeu e eu me arrepiei.
-Falta pouco, filho – James disse.
-Me desculpem, eu não queria que nenhum de vocês morressem por mim... E Remo, seu filho – Harry se virou para Lupin.
-Outros dirão a ele pelo que a mãe e o pai dele morreram, um dia ele entenderá – respondeu rapidamente.
-Sei que esse momento não é meu – me intrometi na conversa me sentindo extremamente envergonhada. – Mas acho que não tive a chance de agradecer pela nossa última conversa, significou muito para mim.
-Não tem porquê agradecer – respondeu sorrindo e eu assenti. – Não se culpe – disse antes de eu abrir a boca para me desculpar – Não é sua obrigação salvar a todos, nunca foi.
-Ficarão comigo? – Harry perguntou olhando para o pai.
-Até o fim – respondeu com um sorriso singelo no rosto.
-E ele não vai ver vocês? – Harry perguntou olhando para Sirius.
-Não, estamos aqui em você – ele apontou para o coração de Harry. -Fizeram um filho incrível – disse olhando para Lilian e James.
-Acho que é uma especialidade dos marotos – James respondeu piscando brincalhão para Sirius e Lupin que riram fraco.
-Felizmente, ele namora uma garota tão incrível quanto ele – Lilian respondeu carinhosa e eu sorri agradecendo.
-Fique perto de mim – Harry pediu a mãe.
-Sempre – ela respondeu com firmeza e eu olhei para Sirius.
-Hoje mais cedo, não sei como fez aquilo, mas obrigada por não ter deixado Fred morrer – disse sem jeito.
-Eu não fiz nada, foi você quem fez tudo, só te ajudei a lembrar a bruxa poderosa que você sempre foi – piscou e eu sorri. – Sua mãe e eu estamos sempre com você. – assenti e me virei para Harry que me encarava, e ainda olhando em meus olhos ele jogou a pedra no chão fazendo todos os outros desaparecem.
-Tenho que ir – disse com dificuldade e eu o abracei com força chorando em seu pescoço.
-Não, por favor – falei entre soluços e Harry me apertou mais ainda.
-Não faça isso, por favor – pediu e então eu notei que ele também chorava. Afastei meu rosto de seu pescoço encarando seus olhos. – Mate a cobra, eu sei que você consegue.
-Não sem você comigo – respondi, me sentindo uma criança fazendo birra, e Harry riu fraco.
-Sabe que é mentira, seja a garota forte e determinada por quem sou perdidamente apaixonado. – disse fazendo meu coração se despedaçar.
-Sabe que jamais amarei alguém como amei você, não sabe? – perguntei e ele sorriu secando as lágrimas.
Harry ao invés de responder usou as mãos que estavam em minha cintura e me puxou para mais perto colando sua boca na minha, não perdemos tempo e logo nossas línguas se encontraram não querendo se separar nunca mais. As lágrimas ainda rolavam por meu rosto deixando o beijo um pouco salgado o que seria engraçado se fosse em qualquer outra situação. Minhas mãos estavam no cabelo de Harry fazendo um carinho enquanto as suas me mantinham o mais colado possível de seu corpo. Nos afastamos lentamente quando percebemos que não poderíamos ficar ali a vida toda e eu colei minha testa na de Harry, abrindo os olhos e encarando aquele oceano azul que eu gostaria de poder passar todos os minutos do meu dia observando.
-Eu te amo, muito – Harry disse baixo e eu senti as lagrimas, que tinham cessado um pouco, voltarem a escorrer pelo meu rosto. Ele riu fraco e afastou o rosto para passar o polegar por debaixo dos meus olhos, secando as lágrimas.
-Eu te amo demais, Potter – respondi e ele sorriu mais ainda.
-Eu tenho que ir – disse me dando mais um selinho.
-Eu posso não estar indo fisicamente, mas saiba que estou com você até o seu último suspiro. – respondi me afastando mantendo somente nossas mãos entrelaçadas.
-Não tenho dúvidas disso – respondeu e eu sorri. – Era só isso que faltava – ele brincou e eu arqueei a sobrancelha não entendo. – Um sorriso seu.
-Se continuar falando essas coisas não vou te deixar ir – respondi e ele riu.
-Me deixe orgulhoso, Black. – piscou e eu assenti sorrindo.
-Sempre – respondi e ele soltou minha mão lentamente se virando e entrando na floresta.
Abri os olhos encontrando todos confusos e, ao encarar Rony, senti meu coração apertar mais uma vez, as lágrimas já escorriam pelo meu rosto e assim que eles ouviram a voz de Jorge chamando por Fred enquanto chacoalhava seu corpo, eles correram em direção ao ruivo.
Voltei a fechar os olhos tentando controlar minhas lagrimas e ao fazer isso a sensação de que meus ouvidos haviam sido tapados voltou e, dessa vez, a voz que ecoava na minha cabeça era a de Dumbledore, em uma de nossas primeiras conversas.
“Tempos difíceis estão vindo e a amizade pode salvar muitas vidas”
Puxei o ar mais uma vez sentindo minha respiração começar a acalmar e mantive os olhos fechados.
“-Quando criamos laços com as pessoas, criamos também um enorme medo de perdê-las e isso faz com que nós nos esforcemos para protegê-las de tudo, e era isso o que eu mais queria despertar em você, a vontade de proteger os outros. “
Respirei fundo mais uma vez e abri os olhos ao ouvir a voz de Sirius.
“Confie em mim”
Levantei secando o rosto com as costas das mãos e sem ter certeza do que estava fazendo, caminhei até o corpo de Fred e afastei Jorge e Rony que choravam em cima do menino. Peguei minha varinha apontando pra ele, e sem perceber a palavra saiu da minha boca conjurando o feitiço.
-Ennervate! – conjurei e todos me olharam confusos, os olhares permaneceram até que o barulho de uma tosse chamou a atenção de todos e todos voltamos a encarar Fred que se mexia ainda de olhos fechados e aos poucos suas pálpebras que tremiam se abriram revelando os olhos que eu jurara nunca mais ver.
-O que foi? – ele perguntou sussurrando e fazendo força. Jorge e Rony não o deixaram responder e pularam em cima dele o abraçando. – O que aconteceu?
-Meninos, cuidado – Hermione os repreendeu ainda me encarando confusa. -O que você... Como você...
-Sirius – Harry respondeu por mim olhando no fundo dos meus olhos, eu assenti sorrindo alegre, porém ainda sem acreditar que tinha funcionado e Hermione permaneceu confusa.
-Alguém me explica para que todo esse afeto? – Fred perguntou.
-Você morreu, cara – Jorge respondeu incrédulo e Fred arregalou os olhos.
-Eu morri? Eu não morri! Morri? – perguntou confuso e eu ri.
-Pelo menos nós achávamos que sim – Rony respondeu secando as lágrimas. – Mas parece que Grace Black tem alguns truques na manga.
-Você me salvou? – perguntou surpreso.
-Eu acho que sim – respondi incerta.
-Como? – voltou a perguntar sem entender.
-Eu lancei um feitiço de proteção em você antes da explosão te atingir, acho que você não estava morto, só desacordado, mas não tive coragem de checar, não achei que o feitiço tivesse te atingindo. Só que eu ouvi a voz de Sirius, ele pediu para que eu confiasse nele e então eu usei esse feitiço, e bem, você acordou – respondi sem jeito pelos olhares que recebia.
-Não vou ter que te beijar, né? – perguntou com cara de nojo se referindo ao comentário que tinha feito mais cedo e eu gargalhei.
-Um abraço já basta – respondi me abaixando e o abraçando forte. -Que susto você me deu – sussurrei só para ele ouvir. – A próxima vez que você tentar morrer e sumir da minha vida, eu juro que deixo.
-Obrigado, pirralha – agradeceu me abraçando mais forte antes de soltar meu corpo e dar uma piscadinha pra mim.
-Acho melhor vocês irem até algum lugar seguro, a esse ponto já deve ter alguma enfermaria ou algo do tipo por aí – Rony aconselhou e Jorge assentiu. – Ainda temos que ir – disse olhando para nós três que assentimos.
-Por favor, não morram enquanto eu estiver fora – gritei brincando enquanto corria atrás de Rony, Hermione e Harry.
Descemos as escadas seguindo para a parte de fora do castelo, Hermione e eu estávamos seguindo direto quando Harry, que estava a nossa frente, nos puxou para trás na mesma hora que um feitiço atingira o lugar onde antes estávamos. Voltamos a correr quando demos de cara com um gigante com uma enorme arma de metal nas mãos, voltamos correndo enquanto o gigante tentava nos atingir e nos protegemos atrás do que me parecia um sino enorme. O gigante, que pensara ter nos atingido, virou de costas e nós voltamos a correr, mas assim que fomos para a esquerda encontramos aranhas enormes que começaram a nos perseguir, voltamos a correr na direção do gigante passando por de baixo das suas pernas e atacando alguns comensais que estavam no caminho, seguimos para a parte coberta que estava em, sua maior parte, destruída e paramos ao encontrar um lobisomem em cima do corpo de uma aluna de Hogwarts.
-Não! – Hermione gritou chamando sua atenção e o atacando com um feitiço que o lançou para longe no mesmo instante, voltamos a correr passando pelo corpo que reconheci como o de Lilá Brown, a garota com quem Rony saíra ano passado e senti meu estomago revirar ao perceber que estava morta. Voltamos a correr na direção da ponte, fugindo do gigante que nos encontrara novamente, e assim que chegamos na frente do castelo percebemos um grande número de dementadores vindo em nossa direção. Eu estava com a varinha em mãos, mesmo acreditando que meu patrono não seria forte o suficiente, quando uma luz forte surgiu por trás de nós expulsando todos eles, olhei para trás encontrando Aberforth com a varinha em mãos, deixando claro que ele quem conjurara o patrono.
Não tive muito tempo para ficar surpresa já que Rony passara correndo por mim, me puxando pelo braço me levando para longe dos arredores de Hogwarts e me guiando até a casa de barcos da escola. Descemos as escadas em silêncio e assim que chegamos a lateral da casa, agachamos para nos escondermos na parte debaixo da janela de vidro de onde as vozes de Voldemort e Snape surgiam.
-Esta noite, quando o garoto vier, ela não falhará, eu tenho certeza – Snape falava sobre a varinha das varinhas que no momento estava com Voldemort e eu levantei um pouco a cabeça para ver se encontrava a cobra, mas fui puxada para baixo por Hermione no mesmo instante. – Ela responde ao senhor e ao senhor apenas.
-Será? – Voldemort perguntou duvidando do comensal.
-Milorde... – Snape fez que ia falar, mas parou por aí.
-A varinha realmente só responde a mim? – Voldemort questiona e pelo barulho vindo de dentro ele estava andando pela sala. – Você é um homem sábio, Severo, deve ter a resposta. A quem a lealdade dela realmente pertence?
-Ao senhor, é claro, Milorde – Snape respondeu mais uma vez.
-A varinha das varinhas não pode me servir apropriadamente, porque eu não sou o seu verdadeiro mestre. A varinha das varinhas pertence ao bruxo que matou seu último dono, você matou Dumbledore, Severo, enquanto você viver a varinha das varinhas não será realmente minha – senti meu estomago embrulhar ao entender onde ele estava querendo chegar e Hermione colocou a mão na boca evitando fazer qualquer barulho. – Você tem sido um servo bom e leal, Severo, mas só eu posso viver para sempre – fez se silêncio por longos segundos e quando Snape se pronunciara chamando por Voldemort, o mesmo o atacou com um feitiço que fez seu corpo cair na janela a nossa frente, ainda com vida, mas ferido. – Nagini, mate-o.
Ouvi o nome da cobra e fiz menção de levantar, mas somente naquele momento percebi que Rony tinha suas mãos envolta do meu corpo para evitar que eu saísse dali, olhei pra ele com raiva, mas o mesmo ignorou. Era possível ouvir o barulho da cobra se mexendo e conforme ela atacava o corpo de Snape, ele batia na janela. Senti meu sangue ferver ao pensar que se eu entrasse na sala poderia matar a cobra e evitar que Snape morresse, mas ainda estava sendo segurada nessa hora, não só por Rony, mas também por Hermione. O silencio voltou a pairar no ambiente e o corpo de Snape já não estava sendo atacado e logo em seguida o barulho de Voldemort aparatando nos deu certeza de que já poderíamos levantar e entrar na casa para ver em que estado Snape se encontrava.
Harry foi o primeiro a entrar no local e se aproximar do homem que por pouco ainda estava vivo, mas que com certeza em alguns instantes já não estaria mais, nada que tentássemos fazer resolveria.
-Vocês estão vendo a merda que fizeram? Eu podia ter matado a cobra, ele poderia estar vivo – gritei com Rony e Hermione que evitavam me encarar e revoltada com a atitude dos dois me aproximei de Harry que segurava o rosto de Snape que tinha lágrimas escorrendo.
-Leve-as – ele disse com dificuldade e Harry continuou imóvel – leve-as – ele pediu meio desesperado e Harry se virou para Hermione pedindo por algo em que pudesse colocar as lágrimas de Snape. Ela lhe entregou um pequeno frasco e Harry logo as coletou. – Leve-as para a penseira – pediu para Harry que encarava o frasco em suas mãos e me encarou com dificuldade – Não se culpe – me olhou nos olhos – Não poderia ter feito nada – disse com a voz rouca e falha e voltou e encarar Harry – Olhe para mim – pediu e o menino deixou de olhar para o frasco e se voltou para o bruxo – Tem os olhos de sua mãe – comentou e deixou seu rosto cair para o outro lado já sem vida.
Joguei o peso do meu corpo no chão, sentando ainda de frente para Snape, que permanecia de olhos abertos mesmo não vendo mais nada, e tentei controlar a vontade de chorar. Estava com raiva por ter falhado e por algum motivo me sentia triste em ver o homem a minha frente morto. Harry que havia se levantado apoiou seu corpo rapidamente na parede conforme o som da respiração de Voldemort invadia nossas cabeças.
-Vocês lutaram bravamente, mas em vão – pressionei minha cabeça contra minhas mãos tentando controlar a angustia que aquilo causava em mim – Eu não queria isto, cada gosta de sangue bruxo derramada é um terrível desperdício, e por isso ordeno que as minhas forças se retirem, e na ausência delas deem um destino digno aos seus mortos – ele fez uma pausa que me deixou mais nervosa ainda – Harry Potter, falo agora diretamente com você – parei de encarar o chão e me virei para Harry que se retirava para fora da casa com nós ao seu encalço – Esta noite, você permitiu que seus amigos morressem por você, ao invés de me enfrentar pessoalmente, não existe desonra maior – olhei para Harry que encarava o castelo e tentei me aproximar, mas o eco da voz de Voldemort na minha cabeça me mantinha imóvel. – Me encontre na Floresta Proibida e enfrente o seu destino, se você não fizer isto, eu matarei até o último homem, mulher e criança que tente esconde-lo de mim. – e então ele se calou.
-Você não vai – disse me surpreendendo com a maneira firme que minha voz saíra.
-Vamos para o castelo – ele respondeu me olhando brevemente e seguindo em direção as escadas. Revirei os olhos e segui atrás de Hermione e Rony que conversavam em cochichos. Chegamos na frente do castelo que se encontrava vazia e fomos até o portão que estava fechado, fazendo força para empurra-lo e entrar na escola.
Assim que demos de cara com o salão principal meu estomago embrulhou ao ver dezenas de corpos espalhados no chão e outros sendo carregados em macas para fora dali. Rony e Hermione foram os primeiros a seguir para dentro do salão onde a família Weasley se encontrava e, assim que Molly me viu, se jogou em cima de mim em um abraço apertado.
-Você salvou meu Fred, muito obrigada, eu não sei nem como te agradecer – ela disse rapidamente me apertando cada vez mais forte e eu sorri fraco.
-Não tem que agradecer, não saberia o que fazer sem essa peste – brinquei encontrando ele sentado em um dos bancos e sendo puxada por Jorge em um abraço.
-Não consegui te agradecer na hora – ele sussurrou em meu ouvido – Mas você sabe que eu te amo, né? – se afastou e eu sorri.
-Eu também amo você – pisquei e me aproximei de Fred para ter certeza de se ele estava bem.
-Como está? – perguntei sentando ao seu lado.
-Vivo, graças a você – respondeu sorrindo e eu senti como se meu coração tivesse aquecido. Eu estava pronta para soltar uma piadinha para ele apenas por implicância, quando olhei em volta e vi dois corpos no chão que me fizeram levantar em um pulo.
Passei por Jorge e Arthur que estavam em minha frente e senti como se tivesse levado uma facada, meu joelho cedeu caindo ao lado do corpo e meus olhos encheram de lagrimas ao perceber que Lupin estava morto. Não tive muitas chances de ser próxima a ele, mas ele era a figura mais próxima a Sirius que tive e saber que ele não estava mais ali e, que se eu tivesse ficado em Hogwarts, talvez pudesse ter evitado sua morte me faziam sentir completamente acabada. Olhei para o lado encontrando o corpo de Tonks também sem vida e me lembrei que os dois haviam comentado que acabaram de ter um filho, e isso me fez desabar em lágrimas.
Senti um corpo se aproximar do meu e me abraçar de lado, logo percebi ser Hermione que também tinha lágrimas nos olhos, mas permanecia mais calma do que eu. A abracei com força chorando tudo que precisava colocar pra fora, todas as vezes que me senti angustiada ou nervosa por conta da profecia, todas as vezes que saíamos atrás de Horcruxes e eu não sabia se voltaria viva, chorei por tudo, por Lupin, Tonks, seu filho, e todos os outros mortos que uma vez eu vira rindo e agora se encontravam com os corpos jogados ao chão.
Respirei fundo me afastando de Hermione e secando meu rosto. Olhei em volta procurando por Harry e me assustei ao constatar que ele não estava por ali. Levantei rapidamente assustando Hermione que logo se pôs de pé ao meu lado e procurei por Rony.
-Onde está o Harry? – perguntei nervosa e ele me olhou preocupado após procurar pelo garoto em todo o salão e constatar que ele não estava ali.
Saí correndo para fora do salão, mas parei ao chegar na entrada sem ter ideia de para onde ir.
-, calma! – Rony gritou e eu me virei vendo ele e Hermione correrem até mim. – Snape entregou as lagrimas para Harry e disse para ele leva-las até a penseira, ele deve estar na sala de Dumbledore, não iria até a floresta proibida sem antes saber o que tinha ali – disse ofegante e eu assenti ao me lembrar desse detalhe.
-Certo, e o que fazemos? Vamos até a sala de Dumbledore? – perguntei completamente atrapalhada.
-Acho melhor esperarmos aqui, ficamos nas escadas, ele passará lá de qualquer jeito – Hermione disse e eu concordei seguindo para as escadas, porém permanecendo em pé, Rony e Hermione se sentaram e me olharam em um pedido para que eu me sentasse.
-Não dá – respondi, estava nervosa demais e ficar sentada me deixaria mais irritada ainda. Ouvi passos e olhei para o topo da escada encontrando Harry com a cara abatida. Não esperei que ele se aproximasse e corri até o garoto o abraçando. – Nunca mais me dê um susto desses, Harry Potter – respondi saindo do abraço e batendo no peito dele.
-, calma – Rony veio por trás e me segurou.
-Onde você estava? – Hermione perguntou.
-Não vai para a floresta, né? – Rony perguntou preocupado e Harry passou por nós.
-Estou indo para lá agora – respondeu e eu arregalei os olhos.
-Está maluco? Não! – Rony disse indignado indo atrás dele. – Não pode se entregar para ele.
Desci as escadas atrás de Rony parando ao seu lado, quando Harry parou antes de descer a outra escadaria.
-O que houve, Harry? O que você descobriu? – Hermione se esforçava para manter a calma.
-Eu sei porque posso ouvi-las. As Horcruxes. Há algum tempo eu já sabia e acho que vocês também – Harry respondeu e Hermione correu para abraça-lo enquanto eu deixei meu corpo cair nos degraus entendendo o que Harry queria dizer.
Harry abraçou Hermione olhando para Rony como se estivesse se despedindo e antes de virar para voltar a descer, ele olhou para mim.
-Eu vou com você – avisei e ele revirou os olhos.
-Não, mate a cobra, aí só restará ele – respondeu e foi minha vez de revirar os olhos.
-A cobra estará onde ele estiver, Potter.
-Você não vai – respondeu firme e eu me aproximei dele.
-Não vou deixar você ir sozinho. – cruzei os braços na frente do corpo e o encarei mostrando que ele não me faria mudar de ideia.
-Você mesma disse que se sua morte fosse a única solução de salvar todos você morreria e sabia que se fosse comigo faria o mesmo, não tem outro jeito – respondeu sem me encarar.
-Eu vou com você – repeti. – Ao menos deixe-me ir até a entrada da floresta. Estarei de volta ao castelo quando a cobra aparecer. – pedi sabendo que arrumar uma briga naquele momento não era ideal.
-Quando você põe algo na cabeça ninguém tira, não é mesmo? – retrucou e eu forcei um sorriso andando até ele e entrelaçando meus dedos nos seus.
-Eu vou contigo até a morte, Potter – virei seu rosto forçando-o a encarar meus olhos e ele sorriu fraco, começando a descer as escadas e me levando junto.
-Era Snape – ele disse assim que atravessamos os portões do castelo. – O patrono que vimos no lago no dia em que Rony voltou, era Snape.
-Por essa eu não esperava – respondi sem saber ao certo o que dizer, jamais imaginaria que Snape nos ajudaria.
-E tem mais – Harry disse e só então eu percebi o que ele estava fazendo, Potter estava tentando mudar de assunto para me distrair do fato de que ele estava caminhando para a morte, estava tentando tornar aquela nossa última conversa uma como todas as outras. – Dumbledore estava doente, ele sabia que Voldemort mandara Malfoy mata-lo e também sabia que ele não seria capaz disso, por isso pediu a Snape que o matasse, ele estava sendo um espião esse tempo todo e não um comensal.
-Agora eu me sinto muito pior por ter deixado ele morrer – respondi sentindo-me culpada.
-Essa não...Não foi minha intenção – Harry parou de andar para me encarar preocupado – Você sabe que ele não culpa você, ele mesmo disse que não tinha nada que pudesse ter sido feito.
-Mas nós sabemos que tinha, Harry, eu podia ter tentado matar a cobra – respondi fechando os olhos e respirando fundo.
-Aquela não era a hora certa. Se você entrasse, Voldemort te mataria e então a cobra permaneceria viva para sempre – Harry argumentou e eu dei de ombros, talvez ele tivesse razão.
-Lupin...
-Eu sei, eu vi – ele respondeu desviando o olhar e eu assenti. – Vamos. – Voltou a caminhar me puxando.
Chegamos na floresta e Harry parou olhando em volta nervosa, percebi que ele tinha o pomo de ouro em mãos e a frase “abro no fecho” voltou a aparecer.
-Estou pronto para morrer – ele disse baixinho e eu senti meu coração apertar, porém permaneci parada. Harry levou o pomo a boca e ao afasta-lo ele se abriu e revelou uma pequena pedra verde com o símbolo das relíquias da morte no meio. – A pedra da ressureição. – Harry identificou e pegou a pedra na mão, segurou-a forte e fechou os olhos. Eu que permaneci de olhos abertos vi surgir a minha frente quatro figuras que eu saberia reconhecer em qualquer lugar.
-Pai – corri em sua direção e ao tentar abraça-lo vi que não conseguiria. Olhei para trás procurando Harry e notei que ele tentara o mesmo que eu com sua mãe.
-Você tem sido tão corajoso, querido. – Lilian disse e Harry olhou em volta, confuso.
-Por que vocês estão aqui? – perguntou.
-Nunca o deixamos – Lilian respondeu sorrindo e Harry sorriu também. – Mas vejo que arranjou alguém para cuidar muito bem de você – disse me encarando e eu sorri fraco. – Teve uma bela filha, Sirius.
-Sei disso – ele respondeu sorridente e eu senti uma lagrima escorrer pelo meu rosto – Estou tão orgulhoso de você.
-Não sabe como queria poder abraça-lo nesse momento – respondi tentando segurar as lágrimas e Sirius sorriu mais ainda.
-Não é o momento certo, quem sabe em um sonho mais tarde – piscou e eu sorri. – Cuidou bem da minha menina, Potter? – perguntou e só então notei que Harry estava ao meu lado.
-Não sabe como foi difícil – brincou e eu segurei sua mão voltando a entrelaçar nossos dedos. – Isso... Dói? Morrer...
-Mais rápido do que adormecer – Sirius respondeu e eu me arrepiei.
-Falta pouco, filho – James disse.
-Me desculpem, eu não queria que nenhum de vocês morressem por mim... E Remo, seu filho – Harry se virou para Lupin.
-Outros dirão a ele pelo que a mãe e o pai dele morreram, um dia ele entenderá – respondeu rapidamente.
-Sei que esse momento não é meu – me intrometi na conversa me sentindo extremamente envergonhada. – Mas acho que não tive a chance de agradecer pela nossa última conversa, significou muito para mim.
-Não tem porquê agradecer – respondeu sorrindo e eu assenti. – Não se culpe – disse antes de eu abrir a boca para me desculpar – Não é sua obrigação salvar a todos, nunca foi.
-Ficarão comigo? – Harry perguntou olhando para o pai.
-Até o fim – respondeu com um sorriso singelo no rosto.
-E ele não vai ver vocês? – Harry perguntou olhando para Sirius.
-Não, estamos aqui em você – ele apontou para o coração de Harry. -Fizeram um filho incrível – disse olhando para Lilian e James.
-Acho que é uma especialidade dos marotos – James respondeu piscando brincalhão para Sirius e Lupin que riram fraco.
-Felizmente, ele namora uma garota tão incrível quanto ele – Lilian respondeu carinhosa e eu sorri agradecendo.
-Fique perto de mim – Harry pediu a mãe.
-Sempre – ela respondeu com firmeza e eu olhei para Sirius.
-Hoje mais cedo, não sei como fez aquilo, mas obrigada por não ter deixado Fred morrer – disse sem jeito.
-Eu não fiz nada, foi você quem fez tudo, só te ajudei a lembrar a bruxa poderosa que você sempre foi – piscou e eu sorri. – Sua mãe e eu estamos sempre com você. – assenti e me virei para Harry que me encarava, e ainda olhando em meus olhos ele jogou a pedra no chão fazendo todos os outros desaparecem.
-Tenho que ir – disse com dificuldade e eu o abracei com força chorando em seu pescoço.
-Não, por favor – falei entre soluços e Harry me apertou mais ainda.
-Não faça isso, por favor – pediu e então eu notei que ele também chorava. Afastei meu rosto de seu pescoço encarando seus olhos. – Mate a cobra, eu sei que você consegue.
-Não sem você comigo – respondi, me sentindo uma criança fazendo birra, e Harry riu fraco.
-Sabe que é mentira, seja a garota forte e determinada por quem sou perdidamente apaixonado. – disse fazendo meu coração se despedaçar.
-Sabe que jamais amarei alguém como amei você, não sabe? – perguntei e ele sorriu secando as lágrimas.
Harry ao invés de responder usou as mãos que estavam em minha cintura e me puxou para mais perto colando sua boca na minha, não perdemos tempo e logo nossas línguas se encontraram não querendo se separar nunca mais. As lágrimas ainda rolavam por meu rosto deixando o beijo um pouco salgado o que seria engraçado se fosse em qualquer outra situação. Minhas mãos estavam no cabelo de Harry fazendo um carinho enquanto as suas me mantinham o mais colado possível de seu corpo. Nos afastamos lentamente quando percebemos que não poderíamos ficar ali a vida toda e eu colei minha testa na de Harry, abrindo os olhos e encarando aquele oceano azul que eu gostaria de poder passar todos os minutos do meu dia observando.
-Eu te amo, muito – Harry disse baixo e eu senti as lagrimas, que tinham cessado um pouco, voltarem a escorrer pelo meu rosto. Ele riu fraco e afastou o rosto para passar o polegar por debaixo dos meus olhos, secando as lágrimas.
-Eu te amo demais, Potter – respondi e ele sorriu mais ainda.
-Eu tenho que ir – disse me dando mais um selinho.
-Eu posso não estar indo fisicamente, mas saiba que estou com você até o seu último suspiro. – respondi me afastando mantendo somente nossas mãos entrelaçadas.
-Não tenho dúvidas disso – respondeu e eu sorri. – Era só isso que faltava – ele brincou e eu arqueei a sobrancelha não entendo. – Um sorriso seu.
-Se continuar falando essas coisas não vou te deixar ir – respondi e ele riu.
-Me deixe orgulhoso, Black. – piscou e eu assenti sorrindo.
-Sempre – respondi e ele soltou minha mão lentamente se virando e entrando na floresta.
Capítulo 23
Continuei olhando-o até que seu corpo sumisse por entre as árvores e voltei a caminhar devagar para dentro do castelo. Encontrei Neville sentado nos pequenos degraus na frente do portão da escola e me sentei ao seu lado.
-Como está? – perguntou e eu sorri fraco.
-Viva – respondi dando de ombros. – Você?
-Seria egoísta da minha parte se dissesse que estou bem? Digo, sei o que Harry foi fazer, sei que muitos morreram e que não temos muitas chances, mas nunca me senti tão confiante na minha vida – disse atrapalhado.
-Não é egoísmo, bom, um pouquinho, mas sei que não é por maldade, fico feliz por você – respondi fazendo-o sorrir.
-Rony me contou da sua profecia. – apenas balancei a cabeça mostrando que estava ouvindo. – Acha que ele virá nos atacar com a cobra depois de...Você sabe.
-Não sei, neste momento a única certeza que tenho é de que estou viva, o que vai acontecer em alguns minutos, horas ou dias é um gigante ponto de interrogação na minha cabeça – respondi e ele assentiu.
-É muito corajosa, , não sei se já te disse – comentou e eu o encarei meio confusa por não esperar esse comentário. – Digo, sabendo sobre toda essa profecia e continuar forte pronta para o que vier, sem dizer que você salvou a vida de Fred.
-Ele está contando isso para todo mundo? – perguntei tentando não tocar no assunto da profecia e da minha aparência forte que não passava de uma fachada.
-Não para todo mundo, afinal a maioria não teve a sorte dele, mas para os mais próximos sim – Neville riu e eu sorri. – Está quase amanhecendo – comentou e eu concordei vendo o céu clarear. – Acho que estão servindo café da manhã, não quer comer? – perguntou se levantando.
-Já vou – respondi e ele se retirou me deixando sozinha.
Olhei para o céu vendo o azul escuro se transformar em claro e o sol começar a nascer atrás da montanha e senti um frio na barriga ao me perguntar se Harry ainda estava vivo a essa hora.
Me levantei decidindo que nada adiantaria ficar sentada me lamentando e segui até o salão principal onde não havia mais nenhum corpo e somente algumas pessoas comendo. Caminhei até o banco onde Hermione e Rony estavam sentados e aceitei uma caneca de chocolate quente que uma senhora que trabalhava em Hogwarts ofereceu quando passou por mim.
-Como foi? – Hermione perguntou sem jeito e ao virar para encará-la notei que Rony tinha seu braço ao redor dela em um abraço.
-A coisa mais difícil que já tive que fazer na vida – respondi e ela assentiu em sinal de compreensão. – Mas Harry estava bem, tivemos um encontro surpresa com pessoas incríveis que acho que o ajudaram a se acalmar.
-Encontro com pessoas incríveis? – Rony perguntou confuso.
-A pedra da ressurreição estava guardada dentro do pomo de ouro que Dumbledore deixou a Harry, seus pais, Lupin e Sirius apareceram para nós – expliquei e vi os olhos dos dois se arregalarem surpresos.
-E como foi? – Hermione fez a pergunta mais uma vez.
-Confortador – respondi bebendo um gole do chocolate quente e olhando para o lado mostrando que não queria mais tocar no assunto.
O barulho alto de algo caindo da ponte chamou nossa atenção e todos seguimos para a frente de Hogwarts onde encontramos Voldemort a frente caminhando em nossa direção com um grande número de comensais da morte o seguindo. Vi Hagrid junto a ele carregando um corpo e recuei um passo sentindo a mão de Fred nas minhas costas.
-Quem é ele? – Gina perguntou se referindo ao corpo – Quem ele está carregando?
-Harry Potter – Voldemort gritou – Está morto – ele disse fazendo Gina gritar e tentar correr na direção de Harry acabando sendo segurada pelo pai e eu abracei Fred escondendo meu rosto em seu peito.
-Silêncio, garota estúpida – Voldemort gritou irritado com Gina. – Harry Potter está morto e daqui em diante depositaram sua fé em mim. – ele respondeu me fazendo afastar o rosto do peito de Fred para encará-lo – Harry Potter está morto - ele repetiu e todos os comensais começaram a gargalhar fazendo meu sangue ferver. – Venham e juntem-se a nós, ou morrerão.
Um silêncio se instalou no local até o pai de Malfoy quebrá-lo chamando pelo filho que se encontrava atrás de Minerva, o garoto permaneceu imóvel até que a mãe o chamasse, ponderou um pouco, mas acabou se juntando aos comensais me fazendo revirar os olhos em desgosto.
-Ah, muito bem, Draco, muito bem – Voldemort disse abrindo os braços e tentando dar um abraço no menino que permanecia parado.
Neville deu alguns passos indo em direção a Voldemort e eu olhei para Hermione que estava ao meu lado completamente confusa.
-Devo admitir que esperava mais – Voldemort brincou e os comensais riram – Quem é você, meu jovem?
-Neville Longbottom – respondeu parando a alguns passos de nós e causando o riso dos aliados de Voldemort.
-Venha, rapaz, tenho certeza de que acharemos um lugar para você na nossa equipe – o homem disse risonho.
-Queria falar uma coisa – Neville aumentou o tom de voz.
-Ótimo, tenho certeza de que ficaremos fascinados em ouvir o que tem a dizer – Voldemort disse a contragosto, mas tentando manter a calma.
-Não importa o Harry ter morrido...
-Para com isso – Simas o cortou irritado.
-Pessoas morrem todos os dias! Amigos, familiares... É, perdemos o Harry, mas ele está conosco, aqui dentro – apontou para o coração e eu me lembrei de Sirius dizendo o mesmo para Potter. – Também Remo, Tonks, todos eles... Eles não morreram em vão. – senti uma cutucada nas lateral das minhas costas e olhei para Rony que se esticava para chegar perto de mim.
-A cobra – sussurrou apontando de leve e eu vi o animal ao lado de Voldemort que felizmente ainda não me vira. Coloquei a mão na varinha que estava no bolso da minha calça e segurei com força.
-Mas é o seu fim – Neville gritou para Voldemort que estava rindo – Porque está errado, o coração de Harry batia por nós, por todos nós – ele gritou e puxou algo de dentro do chapéu seletor que estava segurando esse tempo todo e eu me surpreendi ao ver a espada de Gryffindor. – Isso ainda não acabou!
Vi o corpo de Harry cair do colo de Hagrid e segundos depois o menino estava de pé com a varinha apontada para a cobra acertando nela um feitiço e correndo rápido em nossa direção me deixando completamente indecisa entre reagir ao choque de vê-lo vivo a minha frente ou focar na situação que estava prestes a piorar.
Voldemort tentava atingi-lo com feitiços, mas ele corria por entre as pilastras se esquivando. Vários comensais sumiam pelo céu atraindo a atenção de Voldemort facilitando Harry a chegar perto de nós.
-Vamos atrair a cobra para dentro do castelo, você tem que matá-la – Harry disse assim que me viu e eu assenti sorrindo.
Alguns membros da ordem usavam feitiços protegendo-nos, mas Neville se colocara à frente de nós com a espada em mãos e acabou sendo atingido por Voldemort tendo o corpo arremessado para trás, Voldemort finalmente colocou os olhos em mim e olhou rápido para a cobra.
-A garota – resmungou e Harry se pôs a minha frente.
-Você vai para um lado e eu pro outro, ele não vai poder seguir os dois – disse rápido e eu corri na direção oposta de Harry encontrando Neville no chão.
- – Hermione veio atrás de mim – Voldemort aparatou com a cobra, não faz sentido vocês irem em direção oposta, onde ele for a cobra irá também, ele tentará matar Harry primeiro e depois irá atrás de você.
-E pra onde Harry foi? – perguntei ao perceber que ela tinha razão, não precisei de respostas ao ver Voldemort subindo as escadas principais e Harry no topo dela, vi a cobra atrás dele e pensei em como chegar nela sem atrair a atenção de Voldemort.
Harry havia me visto, porém se manteve concentrado para não deixar que o outro percebesse. Subi as escadas lentamente para não fazer barulho e estava chegando perto da cobra quando Voldemort mudou de lugar e apareceu atrás de Harry o que fez com que ele me visse, sem dizer nenhuma palavra conjurou um feitiço acertando em mim e arremessando meu corpo escadaria abaixo.
-! – Harry gritou e com um feitiço rápido fez com que o teto cedesse e proibisse a passagem de Voldemort.
-Estou bem, vá atrás dele – respondi me levantando e sentindo uma dor em todo meu corpo, mas forçando-me a ignorar.
Voldemort voltou a atacar Harry e eu fui puxada para trás de uma pilastra por Rony que apenas balançou a cabeça em um sinal negativo e me puxou para longe dali. O barulho dos feitiços sendo lançados ainda tinha minha atenção, mas Rony me distraiu ao aparatar comigo para o topo da escada novamente no mesmo momento que Voldemort e Harry aparataram, mas deixando a cobra para trás. Hermione se encontrava na parte debaixo da escada e jogara uma pedra na cobra atraindo sua atenção.
-Espera, eu não tenho nem um dente de basilisco nem a espada – lembrei Rony que me olhou desesperado.
-Um feitiço não funciona?
-Eu não sei, não podemos arriscar. – respondi preocupada.
-Tarde demais pra isso – ele disse apontando para Hermione que acertava feitiços na cobra que permanecia intacta seguindo-a.
-Vá com Hermione tentar distrair a cobra, eu vou pensar em algo – disse e ele assentiu saindo atrás da cobra. – Sirius, me ajuda, Merlin, alguém pelo amor de Deus – apelei para todos os tipos possíveis de ajuda e bufei ao perceber que não adiantaria em nada.
Corri pela escada encontrando a cobra pronta para atacar Rony e Hermione que desciam a escada desesperados, acertei um feitiço na cobra atraindo a atenção dela que se virou raivosa pra mim e virou a cabeça para o lado ao me encarar fazendo-me lembrar um cachorro.
-Vamos lá, cobrinha – respirei fundo lançando outro feitiço nela que desviou e veio com mais rapidez na minha direção me fazendo aparatar rapidamente para a outra ponta da escada onde Rony e Hermione estavam. – Saiam daqui! – gritei empurrando eles para longe e a cobra ao ouvir minha voz voltou a rastejar na minha direção.
Percebi que feitiços não seriam o jeito de matar a cobra e me desesperei ao perceber que ela ainda me seguia e eu não tinha como me defender, aparatei para o final da escada na esperança de ganhar tempo e assim que a cobra percebeu voltou a rastejar rapidamente a minha direção pronta para atacar, ouvi meu nome ser gritado por alguém e virei para o lado encontrando Neville com a espada em mãos, ele jogou-a para mim e eu respirei fundo vendo a cobra recuar um pouco.
“Tudo vai ficar bem porque você é uma bruxa incrível e extremamente corajosa, porque você realmente é.”
“Lembre-se da bruxa maravilhosa que você é e do quão orgulhosos eu e sua mãe estamos, você é uma Black, então lute como uma.”
“-Me deixe orgulhoso, Black.”
Aparatei pela última vez parando ao lado da cobra e sem parar para pensar ataquei-a com a espada mirando logo abaixo de sua cabeça e tive meu corpo arremessado para trás perdendo os sentidos e sentindo minha visão apagar.
[...]
Senti meu corpo sendo chacoalhado levemente e uma voz chamando meu nome, mas eu estava tão cansada que não queria abrir os olhos, a pessoa que me balançava não parecia que iria desistir tão cedo, por isso com dificuldade abri os olhos e dei de cara com um par de olhos azuis encarando os meus sorridente.
-Como se sente? – Harry perguntou afastando o rosto do meu e me estendendo a mão para que eu sentasse de frente para ele.
-Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim – respondi levando a mão a cabeça e ele riu. – A cobra...
-Está morta. Voldemort também, conseguimos – Harry me respondeu e eu sorri desacreditada, apoiei minha cabeça em seu ombro e ri.
-Nem acredito que consegui matar aquela cobra – comentei me afastando e olhando em seus olhos.
-Eu não duvidei que conseguiria nem por um segundo – respondeu sem tirar o sorriso do rosto, me fazendo revirar os olhos.
-E você matou Voldemort – comentei dando um empurrãozinho em seu ombro fazendo-o rir.
-Somos um casal e tanto, não? – perguntou aproximando o rosto do meu deixando poucos centímetros de distância.
-Nem acredito que você está na minha frente de novo – disse pondo a mão em seu rosto fazendo um carinho com o polegar e vendo-o fechar os olhos. – Achei que tinha te perdido. – Continuei fazendo o carinho em seu rosto observando seu corpo relaxar. – Como conseguiu voltar? Eu o vi morto nos braços de Hagrid.
-Quando Voldemort lançou a maldição da morte em mim, ele matou a parte da alma dele que vivia em mim e não eu – respondeu abrindo os olhos e eu sorri.
-Sem mais partes de Voldemort em você, então? – perguntei e ele negou com a cabeça – Ótimo! Imagina namorar com um cara que tem um pedaço da alma de um assassino insano vivendo dentro dele? – brinquei descontraindo e Harry riu incrédulo.
-Por que você sempre faz isso? – perguntou fingindo estar irritado, mas rindo sem parar.
-Faço o que? – perguntei confusa também rindo.
-Você sempre acaba com o clima – reclamou e eu gargalhei.
-Não consigo ser fofa por muito tempo – tentei me defender e ele sorriu parando de rir.
-Sei disso e é por isso que sou tão apaixonado por você – respondeu se aproximando e eu resolvi brincar com ele.
-Por eu não ser fofa? Você tem certeza que não tem nenhuma parte insana do Voldemort vivendo aí ainda? – ele revirou os olhos e colocou as mãos envolta do meu rosto.
-Fica quieta – reclamou e grudou meus lábios nos dele fazendo a famosa sensação de borboletas no estômago surgirem em mim, sentir sua língua encontrar a minha foi como se uma luz acendesse em mim como um alerta para não deixá-lo escapar. Aproximei meu corpo do seu e fiz um carinho com as unhas em suas costas, fazendo Harry soltar um suspiro durante o beijo. Sorri ao ouvi-lo suspirar e aprofundei mais o beijo, quando pigarros ao nosso lado fizeram-nos separar.
-Eu sei que você tinha morrido e tal, e imagino a felicidade que estão em poder estar juntos de novo, mas arranjem um quarto porque acabamos de participar de uma guerra e acredito que a última coisa que todos querem é mais um Potter sendo gerado nesse momento – Fred brincou e eu revirei os olhos levantando e estendendo a mão para Harry.
-Sabe, acho que deveria ter deixado você morrer – respondi vendo-o abrir a boca, incrédulo.
-Ah, você não disse isso – me olhou nervoso e eu gargalhei vendo-o vir em minha direção.
-, corre – Harry disse rindo e eu corri fugindo de Fred, mas logo senti ele agarrar minhas pernas e me jogar em suas costas me fazendo ficar com a cabeça perto de sua bunda.
-Eu vou te morder, Fred Weasley – ameacei e ele gargalhou.
-Pra quem acabou de matar uma horcrux, você tem péssimas ameaças – retrucou entrando no salão principal onde todos estavam se recuperando e comendo. – Jorge, me ajuda aqui. – Chamou o irmão.
-O que ela fez? – perguntou assim que Fred me colocou sentada em um banco de frente para os dois.
-Disse que deveria ter me deixado morrer – respondeu, Jorge me olhou chocado e antes que eu pudesse pensar em correr, os dois me atacaram com cosquinhas me fazendo gargalhar e implorar para que eles parassem.
-Tenham respeito às pessoas que perderam parentes – briguei assim que eles pararam.
-Estão todos comemorando, Voldemort está finalmente morto, é motivo de festa – Jorge respondeu e eu sorri.
-Já que querem perturbar as pessoas, ficaram sabendo que o Rony está namorando a Hermione? – contei e os dois arregalaram os olhos e no segundo seguinte estavam correndo procurando pelo irmão.
Olhei para a porta vendo Harry me encarar sorrindo e com um sinal com a cabeça ele me chamou para sair dali. Caminhei com ele de mãos dadas para fora do castelo onde encontrei Rony e Hermione.
-Fred e Jorge estão procurando por você – avisei e ele me olhou confuso.
-Por quê?
-Porque eu contei que você estava namorando Hermione – respondi rindo da cara que os dois fizeram.
-Ah não – responderam juntos.
-Falando nisso, tem que me explicar essa história melhor – comentei quando começamos a caminhar pela ponte que estava bem quebrada.
-Podemos falar disso na festa mais tarde – ela respondeu e eu olhei-a confusa.
-Festa?
-Meus pais farão uma festa mais tarde para comemorar nossa vitória – Rony explicou e eu assenti.
Harry soltou minha mão e se distanciou ficando a nossa frente e parando para observar a paisagem.
-Por que a varinha das varinhas não funcionou? – Hermione perguntou curiosa.
-Ela pertencia a outra pessoa – respondeu pegando a varinha do bolso. – Quando ele matou Snape pensou que a varinha seria dele, mas a varinha nunca foi do Snape. Foi o Draco que desarmou Dumbledore naquela noite na torre de astronomia e a partir daí a varinha respondia a ele. Até aquela noite em que desarmei o Draco na mansão dos Malfoy.
-Isso quer dizer...
-Que é minha – Harry respondeu Rony balançando a varinha.
-Nós faremos o que com ela? – o ruivo perguntou e Hermione se virou brava para ele.
-Nós?
-Essa é a varinha das varinhas, é a mais poderosa do mundo, com ela seremos invencíveis – Rony argumentou. Harry olhou para a varinha e a quebrou no meio jogando as duas partes no penhasco abaixo, me fazendo arregalar os olhos.
-Você é muito louco, Potter – respondi rindo e seguindo até seu lado.
-Agora acabou – ele respondeu aliviado.
-Acabou... – Rony disse suspirando assim que chegamos ao lado de Harry.
-Conseguimos - Hermione comentou aliviada.
-Sempre soube que conseguiríamos - Rony disse sorridente e entrelaçou sua mão com a de Hermione e instantaneamente Harry olhou pra mim esperando algo.
-Mas é claro que conseguiríamos, afinal, a amizade pode salvar muitas vidas - Repeti a frase que Dumbledore disse quando eu e Harry fomos vistos no jardim e entrelacei meus dedos com os dele o fazendo sorrir.
-Como será daqui pra frente? - Rony perguntou observando a vista da ponte. - Digo, agora iremos nos formar e depois vai cada um para o seu lado?
-Claro que não - respondi rapidamente.
-Então como vai ser? - ele perguntou novamente.
-Quer saber, eu passei sete anos pensando no futuro, agora eu só quero poder aproveitar um pouco sem pensar no dia seguinte. - Harry respondeu jogando uma pedrinha pra cima e pra baixo e depois tacando-a penhasco a baixo.
-É uma boa ideia - Hermione concordou.
-Então viveremos um dia de cada vez? Esse será nosso lema? - perguntei rindo fraco.
-Isso aí, um dia de cada vez - Rony concordou e todos rimos.
-Eu amo vocês, pessoal - eu disse os olhando.
-Amo vocês - os três repetiram juntos sorrindo e voltamos a observar a vista. Vi Rony abraçando Hermione de lado e apoiei minha cabeça no ombro de Harry.
Quando fui transferida pra Hogwarts eu nunca imaginaria que metade das coisas pelas quais passei aconteceriam, então do que adianta planejar o futuro? Como disse: "viveremos um dia de cada vez" e esse será nosso lema. Um tanto quanto clichê, mas quem se importa? Eu é que não. Para mim a única coisa que importava no momento, era ter esses três do meu lado e, se for assim pelo resto da vida, eu posso ter certeza de que mesmo com os problemas que virão no meu futuro, ele ainda sim será muito feliz.
-Como está? – perguntou e eu sorri fraco.
-Viva – respondi dando de ombros. – Você?
-Seria egoísta da minha parte se dissesse que estou bem? Digo, sei o que Harry foi fazer, sei que muitos morreram e que não temos muitas chances, mas nunca me senti tão confiante na minha vida – disse atrapalhado.
-Não é egoísmo, bom, um pouquinho, mas sei que não é por maldade, fico feliz por você – respondi fazendo-o sorrir.
-Rony me contou da sua profecia. – apenas balancei a cabeça mostrando que estava ouvindo. – Acha que ele virá nos atacar com a cobra depois de...Você sabe.
-Não sei, neste momento a única certeza que tenho é de que estou viva, o que vai acontecer em alguns minutos, horas ou dias é um gigante ponto de interrogação na minha cabeça – respondi e ele assentiu.
-É muito corajosa, , não sei se já te disse – comentou e eu o encarei meio confusa por não esperar esse comentário. – Digo, sabendo sobre toda essa profecia e continuar forte pronta para o que vier, sem dizer que você salvou a vida de Fred.
-Ele está contando isso para todo mundo? – perguntei tentando não tocar no assunto da profecia e da minha aparência forte que não passava de uma fachada.
-Não para todo mundo, afinal a maioria não teve a sorte dele, mas para os mais próximos sim – Neville riu e eu sorri. – Está quase amanhecendo – comentou e eu concordei vendo o céu clarear. – Acho que estão servindo café da manhã, não quer comer? – perguntou se levantando.
-Já vou – respondi e ele se retirou me deixando sozinha.
Olhei para o céu vendo o azul escuro se transformar em claro e o sol começar a nascer atrás da montanha e senti um frio na barriga ao me perguntar se Harry ainda estava vivo a essa hora.
Me levantei decidindo que nada adiantaria ficar sentada me lamentando e segui até o salão principal onde não havia mais nenhum corpo e somente algumas pessoas comendo. Caminhei até o banco onde Hermione e Rony estavam sentados e aceitei uma caneca de chocolate quente que uma senhora que trabalhava em Hogwarts ofereceu quando passou por mim.
-Como foi? – Hermione perguntou sem jeito e ao virar para encará-la notei que Rony tinha seu braço ao redor dela em um abraço.
-A coisa mais difícil que já tive que fazer na vida – respondi e ela assentiu em sinal de compreensão. – Mas Harry estava bem, tivemos um encontro surpresa com pessoas incríveis que acho que o ajudaram a se acalmar.
-Encontro com pessoas incríveis? – Rony perguntou confuso.
-A pedra da ressurreição estava guardada dentro do pomo de ouro que Dumbledore deixou a Harry, seus pais, Lupin e Sirius apareceram para nós – expliquei e vi os olhos dos dois se arregalarem surpresos.
-E como foi? – Hermione fez a pergunta mais uma vez.
-Confortador – respondi bebendo um gole do chocolate quente e olhando para o lado mostrando que não queria mais tocar no assunto.
O barulho alto de algo caindo da ponte chamou nossa atenção e todos seguimos para a frente de Hogwarts onde encontramos Voldemort a frente caminhando em nossa direção com um grande número de comensais da morte o seguindo. Vi Hagrid junto a ele carregando um corpo e recuei um passo sentindo a mão de Fred nas minhas costas.
-Quem é ele? – Gina perguntou se referindo ao corpo – Quem ele está carregando?
-Harry Potter – Voldemort gritou – Está morto – ele disse fazendo Gina gritar e tentar correr na direção de Harry acabando sendo segurada pelo pai e eu abracei Fred escondendo meu rosto em seu peito.
-Silêncio, garota estúpida – Voldemort gritou irritado com Gina. – Harry Potter está morto e daqui em diante depositaram sua fé em mim. – ele respondeu me fazendo afastar o rosto do peito de Fred para encará-lo – Harry Potter está morto - ele repetiu e todos os comensais começaram a gargalhar fazendo meu sangue ferver. – Venham e juntem-se a nós, ou morrerão.
Um silêncio se instalou no local até o pai de Malfoy quebrá-lo chamando pelo filho que se encontrava atrás de Minerva, o garoto permaneceu imóvel até que a mãe o chamasse, ponderou um pouco, mas acabou se juntando aos comensais me fazendo revirar os olhos em desgosto.
-Ah, muito bem, Draco, muito bem – Voldemort disse abrindo os braços e tentando dar um abraço no menino que permanecia parado.
Neville deu alguns passos indo em direção a Voldemort e eu olhei para Hermione que estava ao meu lado completamente confusa.
-Devo admitir que esperava mais – Voldemort brincou e os comensais riram – Quem é você, meu jovem?
-Neville Longbottom – respondeu parando a alguns passos de nós e causando o riso dos aliados de Voldemort.
-Venha, rapaz, tenho certeza de que acharemos um lugar para você na nossa equipe – o homem disse risonho.
-Queria falar uma coisa – Neville aumentou o tom de voz.
-Ótimo, tenho certeza de que ficaremos fascinados em ouvir o que tem a dizer – Voldemort disse a contragosto, mas tentando manter a calma.
-Não importa o Harry ter morrido...
-Para com isso – Simas o cortou irritado.
-Pessoas morrem todos os dias! Amigos, familiares... É, perdemos o Harry, mas ele está conosco, aqui dentro – apontou para o coração e eu me lembrei de Sirius dizendo o mesmo para Potter. – Também Remo, Tonks, todos eles... Eles não morreram em vão. – senti uma cutucada nas lateral das minhas costas e olhei para Rony que se esticava para chegar perto de mim.
-A cobra – sussurrou apontando de leve e eu vi o animal ao lado de Voldemort que felizmente ainda não me vira. Coloquei a mão na varinha que estava no bolso da minha calça e segurei com força.
-Mas é o seu fim – Neville gritou para Voldemort que estava rindo – Porque está errado, o coração de Harry batia por nós, por todos nós – ele gritou e puxou algo de dentro do chapéu seletor que estava segurando esse tempo todo e eu me surpreendi ao ver a espada de Gryffindor. – Isso ainda não acabou!
Vi o corpo de Harry cair do colo de Hagrid e segundos depois o menino estava de pé com a varinha apontada para a cobra acertando nela um feitiço e correndo rápido em nossa direção me deixando completamente indecisa entre reagir ao choque de vê-lo vivo a minha frente ou focar na situação que estava prestes a piorar.
Voldemort tentava atingi-lo com feitiços, mas ele corria por entre as pilastras se esquivando. Vários comensais sumiam pelo céu atraindo a atenção de Voldemort facilitando Harry a chegar perto de nós.
-Vamos atrair a cobra para dentro do castelo, você tem que matá-la – Harry disse assim que me viu e eu assenti sorrindo.
Alguns membros da ordem usavam feitiços protegendo-nos, mas Neville se colocara à frente de nós com a espada em mãos e acabou sendo atingido por Voldemort tendo o corpo arremessado para trás, Voldemort finalmente colocou os olhos em mim e olhou rápido para a cobra.
-A garota – resmungou e Harry se pôs a minha frente.
-Você vai para um lado e eu pro outro, ele não vai poder seguir os dois – disse rápido e eu corri na direção oposta de Harry encontrando Neville no chão.
- – Hermione veio atrás de mim – Voldemort aparatou com a cobra, não faz sentido vocês irem em direção oposta, onde ele for a cobra irá também, ele tentará matar Harry primeiro e depois irá atrás de você.
-E pra onde Harry foi? – perguntei ao perceber que ela tinha razão, não precisei de respostas ao ver Voldemort subindo as escadas principais e Harry no topo dela, vi a cobra atrás dele e pensei em como chegar nela sem atrair a atenção de Voldemort.
Harry havia me visto, porém se manteve concentrado para não deixar que o outro percebesse. Subi as escadas lentamente para não fazer barulho e estava chegando perto da cobra quando Voldemort mudou de lugar e apareceu atrás de Harry o que fez com que ele me visse, sem dizer nenhuma palavra conjurou um feitiço acertando em mim e arremessando meu corpo escadaria abaixo.
-! – Harry gritou e com um feitiço rápido fez com que o teto cedesse e proibisse a passagem de Voldemort.
-Estou bem, vá atrás dele – respondi me levantando e sentindo uma dor em todo meu corpo, mas forçando-me a ignorar.
Voldemort voltou a atacar Harry e eu fui puxada para trás de uma pilastra por Rony que apenas balançou a cabeça em um sinal negativo e me puxou para longe dali. O barulho dos feitiços sendo lançados ainda tinha minha atenção, mas Rony me distraiu ao aparatar comigo para o topo da escada novamente no mesmo momento que Voldemort e Harry aparataram, mas deixando a cobra para trás. Hermione se encontrava na parte debaixo da escada e jogara uma pedra na cobra atraindo sua atenção.
-Espera, eu não tenho nem um dente de basilisco nem a espada – lembrei Rony que me olhou desesperado.
-Um feitiço não funciona?
-Eu não sei, não podemos arriscar. – respondi preocupada.
-Tarde demais pra isso – ele disse apontando para Hermione que acertava feitiços na cobra que permanecia intacta seguindo-a.
-Vá com Hermione tentar distrair a cobra, eu vou pensar em algo – disse e ele assentiu saindo atrás da cobra. – Sirius, me ajuda, Merlin, alguém pelo amor de Deus – apelei para todos os tipos possíveis de ajuda e bufei ao perceber que não adiantaria em nada.
Corri pela escada encontrando a cobra pronta para atacar Rony e Hermione que desciam a escada desesperados, acertei um feitiço na cobra atraindo a atenção dela que se virou raivosa pra mim e virou a cabeça para o lado ao me encarar fazendo-me lembrar um cachorro.
-Vamos lá, cobrinha – respirei fundo lançando outro feitiço nela que desviou e veio com mais rapidez na minha direção me fazendo aparatar rapidamente para a outra ponta da escada onde Rony e Hermione estavam. – Saiam daqui! – gritei empurrando eles para longe e a cobra ao ouvir minha voz voltou a rastejar na minha direção.
Percebi que feitiços não seriam o jeito de matar a cobra e me desesperei ao perceber que ela ainda me seguia e eu não tinha como me defender, aparatei para o final da escada na esperança de ganhar tempo e assim que a cobra percebeu voltou a rastejar rapidamente a minha direção pronta para atacar, ouvi meu nome ser gritado por alguém e virei para o lado encontrando Neville com a espada em mãos, ele jogou-a para mim e eu respirei fundo vendo a cobra recuar um pouco.
“Tudo vai ficar bem porque você é uma bruxa incrível e extremamente corajosa, porque você realmente é.”
“Lembre-se da bruxa maravilhosa que você é e do quão orgulhosos eu e sua mãe estamos, você é uma Black, então lute como uma.”
“-Me deixe orgulhoso, Black.”
Aparatei pela última vez parando ao lado da cobra e sem parar para pensar ataquei-a com a espada mirando logo abaixo de sua cabeça e tive meu corpo arremessado para trás perdendo os sentidos e sentindo minha visão apagar.
[...]
Senti meu corpo sendo chacoalhado levemente e uma voz chamando meu nome, mas eu estava tão cansada que não queria abrir os olhos, a pessoa que me balançava não parecia que iria desistir tão cedo, por isso com dificuldade abri os olhos e dei de cara com um par de olhos azuis encarando os meus sorridente.
-Como se sente? – Harry perguntou afastando o rosto do meu e me estendendo a mão para que eu sentasse de frente para ele.
-Como se um caminhão tivesse passado por cima de mim – respondi levando a mão a cabeça e ele riu. – A cobra...
-Está morta. Voldemort também, conseguimos – Harry me respondeu e eu sorri desacreditada, apoiei minha cabeça em seu ombro e ri.
-Nem acredito que consegui matar aquela cobra – comentei me afastando e olhando em seus olhos.
-Eu não duvidei que conseguiria nem por um segundo – respondeu sem tirar o sorriso do rosto, me fazendo revirar os olhos.
-E você matou Voldemort – comentei dando um empurrãozinho em seu ombro fazendo-o rir.
-Somos um casal e tanto, não? – perguntou aproximando o rosto do meu deixando poucos centímetros de distância.
-Nem acredito que você está na minha frente de novo – disse pondo a mão em seu rosto fazendo um carinho com o polegar e vendo-o fechar os olhos. – Achei que tinha te perdido. – Continuei fazendo o carinho em seu rosto observando seu corpo relaxar. – Como conseguiu voltar? Eu o vi morto nos braços de Hagrid.
-Quando Voldemort lançou a maldição da morte em mim, ele matou a parte da alma dele que vivia em mim e não eu – respondeu abrindo os olhos e eu sorri.
-Sem mais partes de Voldemort em você, então? – perguntei e ele negou com a cabeça – Ótimo! Imagina namorar com um cara que tem um pedaço da alma de um assassino insano vivendo dentro dele? – brinquei descontraindo e Harry riu incrédulo.
-Por que você sempre faz isso? – perguntou fingindo estar irritado, mas rindo sem parar.
-Faço o que? – perguntei confusa também rindo.
-Você sempre acaba com o clima – reclamou e eu gargalhei.
-Não consigo ser fofa por muito tempo – tentei me defender e ele sorriu parando de rir.
-Sei disso e é por isso que sou tão apaixonado por você – respondeu se aproximando e eu resolvi brincar com ele.
-Por eu não ser fofa? Você tem certeza que não tem nenhuma parte insana do Voldemort vivendo aí ainda? – ele revirou os olhos e colocou as mãos envolta do meu rosto.
-Fica quieta – reclamou e grudou meus lábios nos dele fazendo a famosa sensação de borboletas no estômago surgirem em mim, sentir sua língua encontrar a minha foi como se uma luz acendesse em mim como um alerta para não deixá-lo escapar. Aproximei meu corpo do seu e fiz um carinho com as unhas em suas costas, fazendo Harry soltar um suspiro durante o beijo. Sorri ao ouvi-lo suspirar e aprofundei mais o beijo, quando pigarros ao nosso lado fizeram-nos separar.
-Eu sei que você tinha morrido e tal, e imagino a felicidade que estão em poder estar juntos de novo, mas arranjem um quarto porque acabamos de participar de uma guerra e acredito que a última coisa que todos querem é mais um Potter sendo gerado nesse momento – Fred brincou e eu revirei os olhos levantando e estendendo a mão para Harry.
-Sabe, acho que deveria ter deixado você morrer – respondi vendo-o abrir a boca, incrédulo.
-Ah, você não disse isso – me olhou nervoso e eu gargalhei vendo-o vir em minha direção.
-, corre – Harry disse rindo e eu corri fugindo de Fred, mas logo senti ele agarrar minhas pernas e me jogar em suas costas me fazendo ficar com a cabeça perto de sua bunda.
-Eu vou te morder, Fred Weasley – ameacei e ele gargalhou.
-Pra quem acabou de matar uma horcrux, você tem péssimas ameaças – retrucou entrando no salão principal onde todos estavam se recuperando e comendo. – Jorge, me ajuda aqui. – Chamou o irmão.
-O que ela fez? – perguntou assim que Fred me colocou sentada em um banco de frente para os dois.
-Disse que deveria ter me deixado morrer – respondeu, Jorge me olhou chocado e antes que eu pudesse pensar em correr, os dois me atacaram com cosquinhas me fazendo gargalhar e implorar para que eles parassem.
-Tenham respeito às pessoas que perderam parentes – briguei assim que eles pararam.
-Estão todos comemorando, Voldemort está finalmente morto, é motivo de festa – Jorge respondeu e eu sorri.
-Já que querem perturbar as pessoas, ficaram sabendo que o Rony está namorando a Hermione? – contei e os dois arregalaram os olhos e no segundo seguinte estavam correndo procurando pelo irmão.
Olhei para a porta vendo Harry me encarar sorrindo e com um sinal com a cabeça ele me chamou para sair dali. Caminhei com ele de mãos dadas para fora do castelo onde encontrei Rony e Hermione.
-Fred e Jorge estão procurando por você – avisei e ele me olhou confuso.
-Por quê?
-Porque eu contei que você estava namorando Hermione – respondi rindo da cara que os dois fizeram.
-Ah não – responderam juntos.
-Falando nisso, tem que me explicar essa história melhor – comentei quando começamos a caminhar pela ponte que estava bem quebrada.
-Podemos falar disso na festa mais tarde – ela respondeu e eu olhei-a confusa.
-Festa?
-Meus pais farão uma festa mais tarde para comemorar nossa vitória – Rony explicou e eu assenti.
Harry soltou minha mão e se distanciou ficando a nossa frente e parando para observar a paisagem.
-Por que a varinha das varinhas não funcionou? – Hermione perguntou curiosa.
-Ela pertencia a outra pessoa – respondeu pegando a varinha do bolso. – Quando ele matou Snape pensou que a varinha seria dele, mas a varinha nunca foi do Snape. Foi o Draco que desarmou Dumbledore naquela noite na torre de astronomia e a partir daí a varinha respondia a ele. Até aquela noite em que desarmei o Draco na mansão dos Malfoy.
-Isso quer dizer...
-Que é minha – Harry respondeu Rony balançando a varinha.
-Nós faremos o que com ela? – o ruivo perguntou e Hermione se virou brava para ele.
-Nós?
-Essa é a varinha das varinhas, é a mais poderosa do mundo, com ela seremos invencíveis – Rony argumentou. Harry olhou para a varinha e a quebrou no meio jogando as duas partes no penhasco abaixo, me fazendo arregalar os olhos.
-Você é muito louco, Potter – respondi rindo e seguindo até seu lado.
-Agora acabou – ele respondeu aliviado.
-Acabou... – Rony disse suspirando assim que chegamos ao lado de Harry.
-Conseguimos - Hermione comentou aliviada.
-Sempre soube que conseguiríamos - Rony disse sorridente e entrelaçou sua mão com a de Hermione e instantaneamente Harry olhou pra mim esperando algo.
-Mas é claro que conseguiríamos, afinal, a amizade pode salvar muitas vidas - Repeti a frase que Dumbledore disse quando eu e Harry fomos vistos no jardim e entrelacei meus dedos com os dele o fazendo sorrir.
-Como será daqui pra frente? - Rony perguntou observando a vista da ponte. - Digo, agora iremos nos formar e depois vai cada um para o seu lado?
-Claro que não - respondi rapidamente.
-Então como vai ser? - ele perguntou novamente.
-Quer saber, eu passei sete anos pensando no futuro, agora eu só quero poder aproveitar um pouco sem pensar no dia seguinte. - Harry respondeu jogando uma pedrinha pra cima e pra baixo e depois tacando-a penhasco a baixo.
-É uma boa ideia - Hermione concordou.
-Então viveremos um dia de cada vez? Esse será nosso lema? - perguntei rindo fraco.
-Isso aí, um dia de cada vez - Rony concordou e todos rimos.
-Eu amo vocês, pessoal - eu disse os olhando.
-Amo vocês - os três repetiram juntos sorrindo e voltamos a observar a vista. Vi Rony abraçando Hermione de lado e apoiei minha cabeça no ombro de Harry.
Quando fui transferida pra Hogwarts eu nunca imaginaria que metade das coisas pelas quais passei aconteceriam, então do que adianta planejar o futuro? Como disse: "viveremos um dia de cada vez" e esse será nosso lema. Um tanto quanto clichê, mas quem se importa? Eu é que não. Para mim a única coisa que importava no momento, era ter esses três do meu lado e, se for assim pelo resto da vida, eu posso ter certeza de que mesmo com os problemas que virão no meu futuro, ele ainda sim será muito feliz.
FIM
Nota da autora: EU NÃO ACREDITO QUE TERMINOU!! Essa é a minha última nota da fanfic então me aguentem hahaha
Eu comecei a escrever The Safety em 2015 quando estava terminando o ensino fundamental e finalizei ela quando terminei o ensino médio, literalmente encerrei um ciclo da minha vida. Essa foi a primeira fanfic que eu escrevi inteira, as outras sempre acabava abandonando, por isso sempre será muito especial para mim, ainda mais sendo de Harry Potter e eu já estou com saudades de escrever e embarcar nesse mundinho onde a pp levava broncas e puxões de orelha da Hermione, formou um trio maravilhoso com os gêmeos, dava e recebia conselhos do Rony, se apaixonava e encantava o Harry e todas as conversas e momentos com Sirius que lendo eu nem acredito que fui eu mesma que escrevi hahah. Sou muito feliz por ter feito ela do jeitinho que queria desde o ínicio, com pedaços dos últimos capítulos sendo escritos três anos atrás e se encaixando perfeitamente conforme eu escrevia em 2018.
Queria agradecer vocês por toda a paciência nos meses que eu deixava de postar e sumia sem avisos, nos capítulos que não eram tão bons, nos erros durante a história hihih, e principalmente por todos os comentários e mensagens que recebi durante esses anos, sou eternamente grata por todo o carinho e olha que a fanfic nem foi grande coisa!
Enfim, espero que tenham gostado tanto quanto eu e quem quiser continuar me acompanhando minha fanfic nova entra no site em breve, ela se chama Live On Tour e foi escrita com Harry Styles (acho que tenho um problema com Harrys rs)
Mais uma vez, obrigada por tudo.
Amo vocês!
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Eu comecei a escrever The Safety em 2015 quando estava terminando o ensino fundamental e finalizei ela quando terminei o ensino médio, literalmente encerrei um ciclo da minha vida. Essa foi a primeira fanfic que eu escrevi inteira, as outras sempre acabava abandonando, por isso sempre será muito especial para mim, ainda mais sendo de Harry Potter e eu já estou com saudades de escrever e embarcar nesse mundinho onde a pp levava broncas e puxões de orelha da Hermione, formou um trio maravilhoso com os gêmeos, dava e recebia conselhos do Rony, se apaixonava e encantava o Harry e todas as conversas e momentos com Sirius que lendo eu nem acredito que fui eu mesma que escrevi hahah. Sou muito feliz por ter feito ela do jeitinho que queria desde o ínicio, com pedaços dos últimos capítulos sendo escritos três anos atrás e se encaixando perfeitamente conforme eu escrevia em 2018.
Queria agradecer vocês por toda a paciência nos meses que eu deixava de postar e sumia sem avisos, nos capítulos que não eram tão bons, nos erros durante a história hihih, e principalmente por todos os comentários e mensagens que recebi durante esses anos, sou eternamente grata por todo o carinho e olha que a fanfic nem foi grande coisa!
Enfim, espero que tenham gostado tanto quanto eu e quem quiser continuar me acompanhando minha fanfic nova entra no site em breve, ela se chama Live On Tour e foi escrita com Harry Styles (acho que tenho um problema com Harrys rs)
Mais uma vez, obrigada por tudo.
Amo vocês!