1: Família feliz
’s POV
Estou deitada esperando John chegar. Hoje de manhã ele estava estranho e agora ele já deveria ter voltado, mas talvez ele só esteja tendo um dia ruim… Nós nos conhecemos há 6 anos e estamos casados há 4, durante esse tempo, nunca o vi agir dessa maneira comigo, como se fosse dispensável, não sei explicar. Ouço a porta da frente de casa se abrindo e Luke, nosso cachorro latindo, um suspiro de alívio toma conta de mim, viro para o lado e enfim tento dormir.
Minutos depois, John está tentando me acordar, olho para ele assustada, pois ele nunca fez isso.
— John, o que houve? Tá tudo bem? — pergunto, enquanto sento na cama.
— , eu te traí. — Ele olha pra mim e eu não consigo associar as suas palavras.
— O que você está falando, John? Por favor, me deixe dormir, já concordamos em parar com as brincadeiras ontem de manhã. — Rio da cara dele e dou um selinho em sua boca.
Quando vou me deitar, ele segura o meu braço com força e me olha… diferente, como se não fosse ele.
— Não estou de brincadeira, — ele fala, com uma expressão séria.
Me levanto da cama e vejo que da cintura para baixo suas roupas estão cobertas de sangue. Ele está me assustando de verdade agora.
— Johnny, que merda é essa? — pergunto, olhando incrédula para ele e me afastando da cama.
— Aquela droga de cachorro não parava de latir, então eu dei um jeito. — Ele começa a gargalhar e as lágrimas começam a vir. Que merda é essa? Começo a pegar minhas coisas e colocar dentro de uma mala. — Para onde você pensa que vai, ? — John me pergunta.
— Dar um tempo, tá legal? Você chega em casa bêbado, fala que me traiu, mata nosso cachorro. Com que tipo de pessoa eu estou lidando aqui? — falo, enquanto vou pegando minhas roupas.
— Você está lidando com um demônio.
— Há há, tô percebendo. Engraçado você, né — falo, com nojo.
— , você não vai a lugar nenhum! — O homem que eu pensei que conhecia tão bem grita comigo.
— E o que você vai fazer, hein? — falo, levantando o tom de voz.
— Você vai ficar aqui comigo — ele fala calmamente.
— Por que eu faria isso? — Não sei o que ainda estou fazendo aqui, mas fico mesmo assim porque…
— Porque você me ama — John diz, de maneira simples.
— Isso não importa mais. Eu vou embora — falo, indo para a porta, que se fecha com força com o… vento?
— VOCÊ NÃO VAI PRA LUGAR NENHUM, CACETE! — ele me diz, e quando olho para ele, seus olhos estão pretos. Me assusto e ele suaviza a voz, me pede para sentar ao seu lado na cama. Faço o que ele manda, então ele diz: — Você vai ficar bem aqui comigo e fazer tudo o que eu te mandar, porque você me ama — ele diz, me beijando. Sinto repulsa quando ele encosta seus lábios nos meus, mas assinto com a cabeça e pergunto em meio às lágrimas:
— John, por que está fazendo isso?
— Eu não sou o John, , mas pode me chamar assim, e vou responder sua pergunta. Eu faço isso por diversão — ele responde, com um sorriso meigo.
— John… Você vai me matar? — É tudo que consigo dizer.
— Talvez, minha querida. Você é tão bela… Agora volte ao seu sono. Amanhã você fará muitas coisas por mim — ele fala e fico sem graça em me deitar. E se ele me matar enquanto durmo? Estou me fazendo todas essas perguntas enquanto deito com insegurança, até que ele fala: — E meu beijo de boa noite?
Não sei como juntar coragem para fazer isso, mas faço. Prometo a mim mesma não cair no sono, mas acho que, em algum momento, quando a manhã vem chegando, eu adormeço.
De manhã, John, ou seja lá quem for, me acorda. Vou em direção à cozinha, na intenção de ficar o mais longe possível dessa coisa. Ainda tenho esperanças de que tudo o que aconteceu ontem seja um sonho, mas quando desço as escadas em direção à sala, vejo Luke morto no carpete. Tampo minha boca com a mão e me sento ao lado do meu companheiro, que estava comigo desde quando tinha 10 anos. O homem com quem dormi ontem aparece e me leva até a cozinha para que eu o sirva. Além de assassino, é machista.
Enquanto estou preparando as coisas, a campainha toca e então me lembro.
— Merda — digo baixinho, mas John escuta e vem para perto de mim e diz entredentes:
— Atende a campainha.
Vou imediatamente. Espero que eu esteja enganada sobre a data de hoje com todo meu coração, mas quando abro a porta, percebo que não foi um engano. Meus pais estão me aguardando.
— Minha filha… Há quanto tempo, querida! Acho que esse convite para o almoço veio na hora certa! — minha mãe diz empolgada.
— Mãe, eh… sobre isso, eu… — Sou impedida de falar por um abraço do meu pai.
— Há quanto tempo, pequena. Como está John? — ele pergunta, olhando em volta.
— Me escutem, hoje não é um dia bom. Eu… não estou me sentindo bem — digo, tentando inventar uma desculpa, sempre fui boa nisso, mas estou nervosa demais.
— Querida, eu preparo um chá pra você — diz a mulher encantadora que chamo de mãe.
— Olha, eu… — Ia tentar dispensá-los de alguma forma, mas John me interrompe.
— Olha quem está aqui! Entrem, por favor! , amor, saia da passagem para que seus pais entrem. Não seja rude. — Fico em desespero e balanço a cabeça negativamente, esperando que meus pais percebam, mas não obtenho sucesso.
Quando eles entram, não sei como, mas eu não fecho e nem tranco a porta, porém isso acontece mesmo assim. Acho que John tem… poderes? Ou será que ele realmente é o que me contou?
Assim que meus pais veem o carpete, ficam espantados com a cena e perguntam o que houve para John, que responde da mesma forma de ontem. Eles ficam abismados com o que o homem fala. Esse com certeza é o pior almoço em família de todos.
John me faz de marionete enquanto meus pais estão amarrados há horas em suas cadeiras. Eles estão quietos, assim como eu, todos falando o que aquela coisa quer ouvir. Ele está gostando de cada momento, de nos torturar, enquanto eu desabo por dentro a cada minuto que se passa.
POV off
— Próxima caçada? — Dean pergunta, enquanto dirige sem uma direção exata.
— O que acha de homens que torturam suas esposas? — Sam diz, olhando para o jornal da possível cidade em que irão investigar.
— Loucos — Dean comenta, como se estivesse falando o óbvio.
— Claro que são, mas e se eles estiverem em casamentos felizes? — Sam apresenta um ponto e deixa o melhor para depois. — E… não se lembrarem de fazer isso, como se outra pessoa estivesse fazendo no lugar deles.
— Demônios? Por quê? — o loiro pergunta curioso.
— Vamos descobrir — o moreno diz.
— Hey, Sammy, achou algum padrão entre as vítimas? — pergunta Dean ao irmão mais novo, que está analisando os corpos das garotas no necrotério.
— Além de todas elas estarem na faixa de 20-25 anos? Não, sem sorte. E como vão as coisas na delegacia? — Sam pergunta, na esperança de que o irmão tenha tido mais sucesso do que ele em sua busca.
— Aparentemente, uma policial não apareceu para trabalhar hoje. E adivinha? Casada — o loiro responde a própria pergunta, assim como o irmão.
— Acha que é a próxima vítima? — Sam fala na linha.
— Pode ser que sim, vou ver o que descubro sobre ela — Dean diz, e quando vai desligar o telefone…
— Droga — o moreno diz
— Sammy? O que foi? Tudo bem? — o mais velho pergunta preocupado.
— Precisamos nos encontrar, cara. Te encontro na lanchonete que tem aí do lado. Vê o que descobre sobre essa mulher o mais rápido possível. — O mais novo desliga com pressa.
20 minutos se passam enquanto o moreno espera pelo loiro, que finalmente chega.
— Cara, eu marquei aqui pra você chegar mais cedo — Sam fala surpreso com o atraso do irmão.
— Negócios são negócios, irmãozinho. Tive que convencer a outra policial a me passar o telefone dela e aqueles dados sobre a outra mulher — Dean fala como se tivesse sido uma tarefa muito difícil, enquanto Sam revira os olhos com o diálogo do irmão. — Não vai me contar o que descobriu, Sammy?
— Você sabe que perdeu tempo com aquela policial. Tem uma moça em perigo, Dean — o mais novo alerta Dean.
— Agora você é quem está perdendo tempo — o mais velho conclui, com cara de vitorioso.
— Chega disso, ok? O padrão das vítimas é que… — Sammy começa a contar, mas é interrompido pela garçonete que vem atendê-los, ou melhor, atender Dean, passando seu número de telefone para ele. Quando a mulher sai, o moreno diz: — Cara, como você consegue? — O loiro apenas faz uma cara de galã e faz sinal para que o irmão prossiga. — O padrão das vítimas é que todas elas estavam grávidas.
Dean olha indignado com as palavras que saíram da boca do irmão e fala:
— Meu Deus, que tipo de demônio mata mulheres com bebês… sabe, dentro da barriga delas? — O mais velho parece enjoado só de pensar. — Estamos perdendo tempo aqui.
— Qual é o endereço da casa dela? — Sam pergunta curioso, já deixando o lugar com Dean ao seu lado.
Quando chegam à casa da mulher, conseguem visualizar a família na mesa, pessoas amarradas em suas cadeiras. Sam se apressa em sair do carro, mas Dean o detém e diz:
— Ainda não sabemos ao certo com o que estamos lidando. — As palavras dele são firmes.
— Muito menos eles. Você acha que devemos ficar assistindo eles morrerem de camarote aqui, Dean? — Sam fala irritado.
— O que ela está fazendo? — o loiro pergunta, tentando prestar atenção no que está acontecendo. O moreno logo se acalma e também observa.
A moça pega uma faca e ataca seu marido, que parece muito bem fisicamente para quem tomou uma facada, mas muito irritado.
— Corre, Sammy, vamos! — Dean grita.
Os dois saem do carro e arrombam a porta. Eles observam muito sangue na sala e logo quando chegam à cozinha, se deparam com os restos de um cachorro morto que uma mulher e um homem aparentemente foram obrigados a comer, ambos estão mortos. Eles ouvem um grito vindo de outro cômodo da casa, o escritório. Os irmãos chegam a tempo de ver o demônio torturando a mulher, que fala desesperadamente:
— Por favor, não. Eu estou grávida! John, se você tiver aí, me escuta! Sou eu, a ! — ela fala, aos berros, mas nada adianta. Até que Sam puxa a arma carregada com sal e atira no demônio, que grita de dor.
está desacordada no chão, perdendo uma grande quantidade de sangue. Sam começa a exorcizar o demônio e Dean corre para socorrer a garota.
— Sam, ela perdeu muito sangue! Sam! — o irmão fala desesperado.
— Leva ela pro hospital. Agora tô ocupado — o moreno responde, continuando o que estava fazendo com o demônio.
Dean pega a mulher e a coloca no Impala ao seu lado, ele tenta estancar o sangue enquanto dirige até o hospital.
’s POV
Estou em um… Hospital? Não tenho certeza, mas sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Minhas lembranças do que aconteceu estão voltando e então me lembro que o caminhão era John. Olho em volta e me deparo com dois rapazes, aparentemente da minha idade. Fico os encarando em busca de respostas, mas eles são os que fazem as perguntas.
— Você está bem? — o mais alto me pergunta, tento falar, mas minha voz não sai, então apenas assinto.
Junto todas as forças que consigo para perguntar o que realmente me interessa.
— John… Ele está… — começo a falar, mas continuo sem forças, minha garganta dói um pouco.
— Vivo? — o mais baixo pergunta e eu balanço a cabeça positivamente, então ele prossegue. — Não.
Suspiro aliviada, os homens notam e se entreolham por um tempo. Eu já os vi antes, ontem à noite. Sei o que eles fizeram, ou acho que sei.
— Obrigada — digo, com um sorriso sincero por terem acabado com tudo aquilo, é uma pena que eles não conseguem rever tudo o que aconteceu.
— Sinto muito por tudo o que aconteceu, mas temos algumas perguntas para você — o moreno me pergunta com compaixão. — Você poderia nos responder?
— Claro — respondo, prestando atenção nos rapazes.
— Meu nome é Sam e esse é meu irmão, Dean. Ele vai avisar ao médico que você está acordada — o homem diz, com gentileza.
— É um prazer conhecer vocês, meu nome é — falei, tentando retribuir a gentileza do moço, enquanto o loiro sai do quarto.
— Você notou algo de diferente no seu marido? — Sam continua o seu interrogatório.
— Além dele ter matado toda minha família? — perguntei ironicamente e sorrio com a falta de graça no meu sarcasmo. — Sim, isso tudo começou ontem.
— Você reparou algo de diferente nos olhos dele? — ele me pergunta, com empatia.
— Os olhos dele estavam totalmente pretos, Sam. Eu não quero acreditar que aquilo era ele — falo, com um pouco de desespero ao lembrar do que vivi. — Eu… tentei matá-lo, acabar com aquilo, mas eu… não entendo, como ele…— Tento relatar o que houve, mas não tenho palavras para explicar.
— Eu acredito em você, , eu e meu irmão, nós sabemos o que isso é — o homem justifica.
— Aquilo era um demônio mesmo? — eu pergunto curiosa.
— Sim. Mas… eu queria saber: por que ele faria uma coisa dessas com você? — Ele parece pensar alto, mas, como sei a resposta, digo a ele:
— Ele me contou que fazia isso por diversão — simplesmente respondo e as imagens da minha família morta fazem questão de aparecer nas lembranças que tenho.
Dois dos policiais com quem trabalho chegam. No mesmo instante, o homem mais baixo e o médico também aparecem.
— Quem são esses dois? — os policiais perguntam em um uníssono. Percebo que se disser que eles me ajudaram, isso poderia trazer um grande interrogatório para eles. Então apenas minto.
— Eles são meus primos que chegaram de viagem para uma visita com a família, marcamos de nos encontrar em casa. Mas, como sabem, as coisas não estavam exatamente bem — respondo, olhando para eles, que agradecem de forma silenciosa por minhas palavras.
Os homens fazem algumas perguntas e enquanto isso os irmãos continuam por perto e o médico me analisa. Ele pede para que os presentes na sala saiam para conversarmos a sós, mas insisto para que os rapazes que me ajudaram continuem no quarto, não consigo pensar em ficar a sós com alguém por enquanto, e, aparentemente, confio nesses meninos. O doutor me informa que perdi o bebê por conta do corte em minha barriga e machucados, mas informa que minha recuperação está boa e que posso ficar de alta no dia seguinte.
Chamo os policiais de volta e peço para que avisem que estou fora do meu trabalho. Apesar de amar ser policial, também gostaria de amar não ter um psicológico ferrado antes de voltar ao meu emprego.
POV off
Os Winchesters saem do hospital assim que recebe alta. Eles resolvem comer e também alimentar o bebê de Dean. Eles param na lanchonete e ficam um tempo por lá. Quando voltam para o Impala, os dois ficam surpresos e se entreolham: está parada em frente ao carro, com uma grande bolsa em suas mãos.
— … O que você está fazendo aqui? Você ainda precisa de repouso — Sam alerta a garota com preocupação.
— Sam, tá tudo bem — ela diz, com dificuldade de se manter em pé.
Dean a segura e a encosta no carro, na intenção da mulher ficar mais confortável.
— O que aconteceu? — Dean fala, também preocupado com a moça.
— Eu vou com vocês — fala, olhando para os meninos como se fosse uma resposta óbvia. Dean ri do que a garota diz e fala:
— Você não pode nos acompanhar e, aliás, nem sei seu sobrenome ainda. — O loiro olha para a mulher com sinceridade.
— . — a moça responde com um pouco de dor. — Por favor, me deixem acompanhá-los. Eu quero ajudar vocês a parar com isso, impedir que demônios se divirtam, matar todos esses cretinos — ela diz determinada. A mulher está decidida a não sair de lá até que os meninos cedam, e uma hora eles vão, é o que ela diz a si mesma.
’s POV
Não tenho certeza de que estou fazendo a coisa certa, mas sinto como se estivesse. Afinal de contas, para onde mais eu iria? Não tenho mais nenhuma família e cada segundo que permaneço nessa cidade é uma lembrança constante do que vivi.
— Se eu não puder acompanhar vocês, pelo menos me deixem em algum lugar longe daqui, ok? — pergunto, com a esperança de que algo dê certo, pois além do demônio matar minha família, ele amou quebrar todo o meu carro e estourar os cartões que tínhamos.
Estou deitada esperando John chegar. Hoje de manhã ele estava estranho e agora ele já deveria ter voltado, mas talvez ele só esteja tendo um dia ruim… Nós nos conhecemos há 6 anos e estamos casados há 4, durante esse tempo, nunca o vi agir dessa maneira comigo, como se fosse dispensável, não sei explicar. Ouço a porta da frente de casa se abrindo e Luke, nosso cachorro latindo, um suspiro de alívio toma conta de mim, viro para o lado e enfim tento dormir.
Minutos depois, John está tentando me acordar, olho para ele assustada, pois ele nunca fez isso.
— John, o que houve? Tá tudo bem? — pergunto, enquanto sento na cama.
— , eu te traí. — Ele olha pra mim e eu não consigo associar as suas palavras.
— O que você está falando, John? Por favor, me deixe dormir, já concordamos em parar com as brincadeiras ontem de manhã. — Rio da cara dele e dou um selinho em sua boca.
Quando vou me deitar, ele segura o meu braço com força e me olha… diferente, como se não fosse ele.
— Não estou de brincadeira, — ele fala, com uma expressão séria.
Me levanto da cama e vejo que da cintura para baixo suas roupas estão cobertas de sangue. Ele está me assustando de verdade agora.
— Johnny, que merda é essa? — pergunto, olhando incrédula para ele e me afastando da cama.
— Aquela droga de cachorro não parava de latir, então eu dei um jeito. — Ele começa a gargalhar e as lágrimas começam a vir. Que merda é essa? Começo a pegar minhas coisas e colocar dentro de uma mala. — Para onde você pensa que vai, ? — John me pergunta.
— Dar um tempo, tá legal? Você chega em casa bêbado, fala que me traiu, mata nosso cachorro. Com que tipo de pessoa eu estou lidando aqui? — falo, enquanto vou pegando minhas roupas.
— Você está lidando com um demônio.
— Há há, tô percebendo. Engraçado você, né — falo, com nojo.
— , você não vai a lugar nenhum! — O homem que eu pensei que conhecia tão bem grita comigo.
— E o que você vai fazer, hein? — falo, levantando o tom de voz.
— Você vai ficar aqui comigo — ele fala calmamente.
— Por que eu faria isso? — Não sei o que ainda estou fazendo aqui, mas fico mesmo assim porque…
— Porque você me ama — John diz, de maneira simples.
— Isso não importa mais. Eu vou embora — falo, indo para a porta, que se fecha com força com o… vento?
— VOCÊ NÃO VAI PRA LUGAR NENHUM, CACETE! — ele me diz, e quando olho para ele, seus olhos estão pretos. Me assusto e ele suaviza a voz, me pede para sentar ao seu lado na cama. Faço o que ele manda, então ele diz: — Você vai ficar bem aqui comigo e fazer tudo o que eu te mandar, porque você me ama — ele diz, me beijando. Sinto repulsa quando ele encosta seus lábios nos meus, mas assinto com a cabeça e pergunto em meio às lágrimas:
— John, por que está fazendo isso?
— Eu não sou o John, , mas pode me chamar assim, e vou responder sua pergunta. Eu faço isso por diversão — ele responde, com um sorriso meigo.
— John… Você vai me matar? — É tudo que consigo dizer.
— Talvez, minha querida. Você é tão bela… Agora volte ao seu sono. Amanhã você fará muitas coisas por mim — ele fala e fico sem graça em me deitar. E se ele me matar enquanto durmo? Estou me fazendo todas essas perguntas enquanto deito com insegurança, até que ele fala: — E meu beijo de boa noite?
Não sei como juntar coragem para fazer isso, mas faço. Prometo a mim mesma não cair no sono, mas acho que, em algum momento, quando a manhã vem chegando, eu adormeço.
De manhã, John, ou seja lá quem for, me acorda. Vou em direção à cozinha, na intenção de ficar o mais longe possível dessa coisa. Ainda tenho esperanças de que tudo o que aconteceu ontem seja um sonho, mas quando desço as escadas em direção à sala, vejo Luke morto no carpete. Tampo minha boca com a mão e me sento ao lado do meu companheiro, que estava comigo desde quando tinha 10 anos. O homem com quem dormi ontem aparece e me leva até a cozinha para que eu o sirva. Além de assassino, é machista.
Enquanto estou preparando as coisas, a campainha toca e então me lembro.
— Merda — digo baixinho, mas John escuta e vem para perto de mim e diz entredentes:
— Atende a campainha.
Vou imediatamente. Espero que eu esteja enganada sobre a data de hoje com todo meu coração, mas quando abro a porta, percebo que não foi um engano. Meus pais estão me aguardando.
— Minha filha… Há quanto tempo, querida! Acho que esse convite para o almoço veio na hora certa! — minha mãe diz empolgada.
— Mãe, eh… sobre isso, eu… — Sou impedida de falar por um abraço do meu pai.
— Há quanto tempo, pequena. Como está John? — ele pergunta, olhando em volta.
— Me escutem, hoje não é um dia bom. Eu… não estou me sentindo bem — digo, tentando inventar uma desculpa, sempre fui boa nisso, mas estou nervosa demais.
— Querida, eu preparo um chá pra você — diz a mulher encantadora que chamo de mãe.
— Olha, eu… — Ia tentar dispensá-los de alguma forma, mas John me interrompe.
— Olha quem está aqui! Entrem, por favor! , amor, saia da passagem para que seus pais entrem. Não seja rude. — Fico em desespero e balanço a cabeça negativamente, esperando que meus pais percebam, mas não obtenho sucesso.
Quando eles entram, não sei como, mas eu não fecho e nem tranco a porta, porém isso acontece mesmo assim. Acho que John tem… poderes? Ou será que ele realmente é o que me contou?
Assim que meus pais veem o carpete, ficam espantados com a cena e perguntam o que houve para John, que responde da mesma forma de ontem. Eles ficam abismados com o que o homem fala. Esse com certeza é o pior almoço em família de todos.
John me faz de marionete enquanto meus pais estão amarrados há horas em suas cadeiras. Eles estão quietos, assim como eu, todos falando o que aquela coisa quer ouvir. Ele está gostando de cada momento, de nos torturar, enquanto eu desabo por dentro a cada minuto que se passa.
POV off
— Próxima caçada? — Dean pergunta, enquanto dirige sem uma direção exata.
— O que acha de homens que torturam suas esposas? — Sam diz, olhando para o jornal da possível cidade em que irão investigar.
— Loucos — Dean comenta, como se estivesse falando o óbvio.
— Claro que são, mas e se eles estiverem em casamentos felizes? — Sam apresenta um ponto e deixa o melhor para depois. — E… não se lembrarem de fazer isso, como se outra pessoa estivesse fazendo no lugar deles.
— Demônios? Por quê? — o loiro pergunta curioso.
— Vamos descobrir — o moreno diz.
— Hey, Sammy, achou algum padrão entre as vítimas? — pergunta Dean ao irmão mais novo, que está analisando os corpos das garotas no necrotério.
— Além de todas elas estarem na faixa de 20-25 anos? Não, sem sorte. E como vão as coisas na delegacia? — Sam pergunta, na esperança de que o irmão tenha tido mais sucesso do que ele em sua busca.
— Aparentemente, uma policial não apareceu para trabalhar hoje. E adivinha? Casada — o loiro responde a própria pergunta, assim como o irmão.
— Acha que é a próxima vítima? — Sam fala na linha.
— Pode ser que sim, vou ver o que descubro sobre ela — Dean diz, e quando vai desligar o telefone…
— Droga — o moreno diz
— Sammy? O que foi? Tudo bem? — o mais velho pergunta preocupado.
— Precisamos nos encontrar, cara. Te encontro na lanchonete que tem aí do lado. Vê o que descobre sobre essa mulher o mais rápido possível. — O mais novo desliga com pressa.
20 minutos se passam enquanto o moreno espera pelo loiro, que finalmente chega.
— Cara, eu marquei aqui pra você chegar mais cedo — Sam fala surpreso com o atraso do irmão.
— Negócios são negócios, irmãozinho. Tive que convencer a outra policial a me passar o telefone dela e aqueles dados sobre a outra mulher — Dean fala como se tivesse sido uma tarefa muito difícil, enquanto Sam revira os olhos com o diálogo do irmão. — Não vai me contar o que descobriu, Sammy?
— Você sabe que perdeu tempo com aquela policial. Tem uma moça em perigo, Dean — o mais novo alerta Dean.
— Agora você é quem está perdendo tempo — o mais velho conclui, com cara de vitorioso.
— Chega disso, ok? O padrão das vítimas é que… — Sammy começa a contar, mas é interrompido pela garçonete que vem atendê-los, ou melhor, atender Dean, passando seu número de telefone para ele. Quando a mulher sai, o moreno diz: — Cara, como você consegue? — O loiro apenas faz uma cara de galã e faz sinal para que o irmão prossiga. — O padrão das vítimas é que todas elas estavam grávidas.
Dean olha indignado com as palavras que saíram da boca do irmão e fala:
— Meu Deus, que tipo de demônio mata mulheres com bebês… sabe, dentro da barriga delas? — O mais velho parece enjoado só de pensar. — Estamos perdendo tempo aqui.
— Qual é o endereço da casa dela? — Sam pergunta curioso, já deixando o lugar com Dean ao seu lado.
Quando chegam à casa da mulher, conseguem visualizar a família na mesa, pessoas amarradas em suas cadeiras. Sam se apressa em sair do carro, mas Dean o detém e diz:
— Ainda não sabemos ao certo com o que estamos lidando. — As palavras dele são firmes.
— Muito menos eles. Você acha que devemos ficar assistindo eles morrerem de camarote aqui, Dean? — Sam fala irritado.
— O que ela está fazendo? — o loiro pergunta, tentando prestar atenção no que está acontecendo. O moreno logo se acalma e também observa.
A moça pega uma faca e ataca seu marido, que parece muito bem fisicamente para quem tomou uma facada, mas muito irritado.
— Corre, Sammy, vamos! — Dean grita.
Os dois saem do carro e arrombam a porta. Eles observam muito sangue na sala e logo quando chegam à cozinha, se deparam com os restos de um cachorro morto que uma mulher e um homem aparentemente foram obrigados a comer, ambos estão mortos. Eles ouvem um grito vindo de outro cômodo da casa, o escritório. Os irmãos chegam a tempo de ver o demônio torturando a mulher, que fala desesperadamente:
— Por favor, não. Eu estou grávida! John, se você tiver aí, me escuta! Sou eu, a ! — ela fala, aos berros, mas nada adianta. Até que Sam puxa a arma carregada com sal e atira no demônio, que grita de dor.
está desacordada no chão, perdendo uma grande quantidade de sangue. Sam começa a exorcizar o demônio e Dean corre para socorrer a garota.
— Sam, ela perdeu muito sangue! Sam! — o irmão fala desesperado.
— Leva ela pro hospital. Agora tô ocupado — o moreno responde, continuando o que estava fazendo com o demônio.
Dean pega a mulher e a coloca no Impala ao seu lado, ele tenta estancar o sangue enquanto dirige até o hospital.
’s POV
Estou em um… Hospital? Não tenho certeza, mas sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim. Minhas lembranças do que aconteceu estão voltando e então me lembro que o caminhão era John. Olho em volta e me deparo com dois rapazes, aparentemente da minha idade. Fico os encarando em busca de respostas, mas eles são os que fazem as perguntas.
— Você está bem? — o mais alto me pergunta, tento falar, mas minha voz não sai, então apenas assinto.
Junto todas as forças que consigo para perguntar o que realmente me interessa.
— John… Ele está… — começo a falar, mas continuo sem forças, minha garganta dói um pouco.
— Vivo? — o mais baixo pergunta e eu balanço a cabeça positivamente, então ele prossegue. — Não.
Suspiro aliviada, os homens notam e se entreolham por um tempo. Eu já os vi antes, ontem à noite. Sei o que eles fizeram, ou acho que sei.
— Obrigada — digo, com um sorriso sincero por terem acabado com tudo aquilo, é uma pena que eles não conseguem rever tudo o que aconteceu.
— Sinto muito por tudo o que aconteceu, mas temos algumas perguntas para você — o moreno me pergunta com compaixão. — Você poderia nos responder?
— Claro — respondo, prestando atenção nos rapazes.
— Meu nome é Sam e esse é meu irmão, Dean. Ele vai avisar ao médico que você está acordada — o homem diz, com gentileza.
— É um prazer conhecer vocês, meu nome é — falei, tentando retribuir a gentileza do moço, enquanto o loiro sai do quarto.
— Você notou algo de diferente no seu marido? — Sam continua o seu interrogatório.
— Além dele ter matado toda minha família? — perguntei ironicamente e sorrio com a falta de graça no meu sarcasmo. — Sim, isso tudo começou ontem.
— Você reparou algo de diferente nos olhos dele? — ele me pergunta, com empatia.
— Os olhos dele estavam totalmente pretos, Sam. Eu não quero acreditar que aquilo era ele — falo, com um pouco de desespero ao lembrar do que vivi. — Eu… tentei matá-lo, acabar com aquilo, mas eu… não entendo, como ele…— Tento relatar o que houve, mas não tenho palavras para explicar.
— Eu acredito em você, , eu e meu irmão, nós sabemos o que isso é — o homem justifica.
— Aquilo era um demônio mesmo? — eu pergunto curiosa.
— Sim. Mas… eu queria saber: por que ele faria uma coisa dessas com você? — Ele parece pensar alto, mas, como sei a resposta, digo a ele:
— Ele me contou que fazia isso por diversão — simplesmente respondo e as imagens da minha família morta fazem questão de aparecer nas lembranças que tenho.
Dois dos policiais com quem trabalho chegam. No mesmo instante, o homem mais baixo e o médico também aparecem.
— Quem são esses dois? — os policiais perguntam em um uníssono. Percebo que se disser que eles me ajudaram, isso poderia trazer um grande interrogatório para eles. Então apenas minto.
— Eles são meus primos que chegaram de viagem para uma visita com a família, marcamos de nos encontrar em casa. Mas, como sabem, as coisas não estavam exatamente bem — respondo, olhando para eles, que agradecem de forma silenciosa por minhas palavras.
Os homens fazem algumas perguntas e enquanto isso os irmãos continuam por perto e o médico me analisa. Ele pede para que os presentes na sala saiam para conversarmos a sós, mas insisto para que os rapazes que me ajudaram continuem no quarto, não consigo pensar em ficar a sós com alguém por enquanto, e, aparentemente, confio nesses meninos. O doutor me informa que perdi o bebê por conta do corte em minha barriga e machucados, mas informa que minha recuperação está boa e que posso ficar de alta no dia seguinte.
Chamo os policiais de volta e peço para que avisem que estou fora do meu trabalho. Apesar de amar ser policial, também gostaria de amar não ter um psicológico ferrado antes de voltar ao meu emprego.
POV off
Os Winchesters saem do hospital assim que recebe alta. Eles resolvem comer e também alimentar o bebê de Dean. Eles param na lanchonete e ficam um tempo por lá. Quando voltam para o Impala, os dois ficam surpresos e se entreolham: está parada em frente ao carro, com uma grande bolsa em suas mãos.
— … O que você está fazendo aqui? Você ainda precisa de repouso — Sam alerta a garota com preocupação.
— Sam, tá tudo bem — ela diz, com dificuldade de se manter em pé.
Dean a segura e a encosta no carro, na intenção da mulher ficar mais confortável.
— O que aconteceu? — Dean fala, também preocupado com a moça.
— Eu vou com vocês — fala, olhando para os meninos como se fosse uma resposta óbvia. Dean ri do que a garota diz e fala:
— Você não pode nos acompanhar e, aliás, nem sei seu sobrenome ainda. — O loiro olha para a mulher com sinceridade.
— . — a moça responde com um pouco de dor. — Por favor, me deixem acompanhá-los. Eu quero ajudar vocês a parar com isso, impedir que demônios se divirtam, matar todos esses cretinos — ela diz determinada. A mulher está decidida a não sair de lá até que os meninos cedam, e uma hora eles vão, é o que ela diz a si mesma.
’s POV
Não tenho certeza de que estou fazendo a coisa certa, mas sinto como se estivesse. Afinal de contas, para onde mais eu iria? Não tenho mais nenhuma família e cada segundo que permaneço nessa cidade é uma lembrança constante do que vivi.
— Se eu não puder acompanhar vocês, pelo menos me deixem em algum lugar longe daqui, ok? — pergunto, com a esperança de que algo dê certo, pois além do demônio matar minha família, ele amou quebrar todo o meu carro e estourar os cartões que tínhamos.
2: Na estrada
Os três estão na estrada há algumas horas, dorme no banco de trás, enquanto o loiro dirige e o moreno verifica o próximo destino.
— O que vamos fazer com… — Dean fala, apontando a cabeça em direção à mulher.
— Levá-la conosco — Sam completa, dando ombros.
— Você mais do que ninguém deveria saber que isso é perigoso, Sammy — o mais velho diz.
— Eu sei me cuidar — responde, do banco de trás, acordando com o diálogo dos meninos.
— Como pode ter tanta certeza de que não vamos, sei lá, matar você? — o loiro questiona a mulher.
— Se fossem me matar, pra que todo o trabalho para me salvarem? — a garota diz, enquanto Dean dá um sorriso com sua resposta e olha para Sam, que está fazendo a mesma coisa.
— Nós só vamos te deixar na cidade em que iremos investigar, não fique animada — o rapaz mais baixo disse.
— Estou tão animada, quase explodindo de felicidade — ela diz com sarcasmo e depois fica quieta, olhando para a janela.
— Não precisa se calar, é… Quer falar sobre algo? — Sam fala, repreendendo o irmão com o olhar e com uma voz gentil.
— Quando decidiram que caçar demônios era a profissão ideal? — ela pergunta, ainda de mau humor, mas curiosa para saber mais sobre os rapazes.
— Recebemos um convite fofo nos chamando — Dean diz, revirando os olhos.
— Meu Deus, qual é o seu problema? — pergunta alterada.
— Eu não acho certo que uma mulher esteja com a gente, você nem sabe como lidar com isso — o loiro conclui com o tom de voz elevado.
— Eu sei muito bem como funcionam as coisas, Dean. Eu sou uma policial, e não é porque eu sou uma mulher que não sei lidar com o que acontece. Minha amiga e eu somos as únicas garotas que trabalham naquela porcaria de delegacia e ninguém nos respeita, principalmente caras como você: que não conseguem passar um único dia sem perguntar qual é o nosso número de telefone. Cacete, eu posso te prender — a mulher diz irritada, mas logo que percebe o que saiu da sua boca, volta a se acalmar e diz. — Desculpa.
— Tá legal — Dean conclui, deixando Sam com a resposta, ou melhor, com a falta de resposta.
— Nossa mãe, algo matou ela, não existem só demônios. O nosso pai meio que ficou obcecado por isso e agora estamos aqui, procurando por ele — Sam diz de maneira tranquila em meio ao silêncio do carro
— Sinto muito por vocês, e… existem mais coisas? — a morena fala num tom calmo.
— Muitas outras coisas — Dean responde a mulher de maneira gentil.
— Para onde vamos? — A morena continua com perguntas.
— Colorado — os irmãos respondem em uníssono.
— Vocês são gêmeos ou algo do tipo? — ela pergunta surpresa com as respostas ao mesmo tempo. Os irmãos caem na gargalhada e continuam o trajeto.
Quando finalmente chegam ao destino, continua as perguntas para Dean, enquanto Sam faz uma reserva:
— Por que estamos aqui, afinal? — a mulher pergunta com interesse.
— Nosso pai. Ele nos mandou as coordenadas para a floresta, Sammy fez a pesquisa e aqui estamos nós — Dean explica.
— Então… Acho que é aqui que nos despedimos, né? — fala, saindo de perto do loiro, que a segura pelo braço e fala:
— Ou, ou, ou, calma aí. Você tem ideia pra onde tá indo?
— Não, mas eu descubro rápido — ela diz andando, o irmão mais velho vai atrás dela, para em sua frente e segura seus ombros. Olhando bem em seus olhos, começa a conversa com .
— Estamos em um lugar que não conhecemos, tem algo sobrenatural aqui e você quer simplesmente sair por aí? Você é maluca?
— Dean, talvez eu seja. Mas e daí? Você não liga pra isso, nem para o que vai acontecer comigo, não de verdade — a morena diz, querendo sair, mas Dean a olha confuso.
— Ei, isso não é verdade. Isso é sobre aquelas coisas que eu disse no carro? Porque se for, eu sou um idiota, eu sei disso — ele fala, fazendo a mulher parar e somente prestar atenção em suas palavras. — Mas eu não posso deixar que você saia daqui sozinha. Concordamos em levar você e agora eu só vou te deixar em um lugar que esteja completamente seguro, e esse lugar é comigo. E com o Sammy. Aqui e agora — Dean diz com tanta sinceridade no olhar que fica sem reação.
Ela o abraça forte e se permite desabar por tudo o que tem acontecido com ela durante esses dias, o loiro retribui o gesto, fazendo com que ambos se sintam melhores na situação em que estão vivendo agora. Sam chega alguns segundos depois e os três partem para a investigação.
— O que descobriram? Posso ajudar? — pergunta para os irmãos assim que ambos entram no quarto.
— Ainda não sabemos o que é essa coisa, você pode procurar no diário do nosso pai ou no computador? — Sam fala com a garota.
— Claro, só me dá algumas informações disso para eu saber o que é essa coisa. — A mulher tenta encaixar as palavras, mas desiste, eles sabem do que ela está falando. Sam fala tudo o que sabe da criatura para ela, que começa a vasculhar sobre.
— Espera, vamos deixar ela aqui com o diário enquanto vamos para a floresta? — Dean pergunta, apontando para a garota.
— O quê? Vocês vão pra uma floresta sem saber o que estão procurando? — A morena entra no meio da conversa.
— Tem gente indo pra lá, nós precisamos ajudar — Dean responde a moça.
— Ok, vamos rápido então — ela diz, juntando as coisas.
— Você fica aqui procurando o que é essa coisa enquanto a gente vai pra lá. Liga pra gente quando tiver respostas — Dean fala como se fosse uma ordem, o que deixa em choque.
— Eu posso ajudar lá, por que não posso ir? Por que, diabos, você está querendo mandar em mim? — ela fala irritada.
— Porque aqui é seguro pra você e é aqui que você vai ficar — Dean finaliza e a morena cruza os braços. — Não torne as coisas mais difíceis, .
— Chega, vocês dois! , faz o que Dean falou. Em breve estaremos de volta — Sam fala de uma vez por todas, deixando o quarto com seu irmão e deixando a garota com a papelada.
Aproximadamente 20 minutos se passam quando acha que sabe o que está matando essas pessoas. Ela pega o número de telefone que Sam deixou na mesinha próxima à cama em que ela está e liga várias vezes, nada. A morena vira o cartão que o irmão mais novo deixou e lá está a forma de chegar à floresta. A garota junta algumas coisas e vai de encontro aos meninos.
Quando ela chega ao local onde Sam marcou, ela logo os encontra. Sua primeira reação, além do cansaço pela corrida, é reparar na garota que está junto aos meninos.
— Eu descobri! — ela fala, tentando recuperar o ar da corrida. — Wendigo. Queimar o desgraçado — ela completa ainda com dificuldade após sua corrida de aproximadamente 30 minutos.
— Sam… — Dean fala, repreendendo o irmão, percebendo que a presença de no local não foi pura coincidência.
— Ele não fez nada, Dean, eu sou uma policial. Acha mesmo que eu não ia saber onde vocês se meteram? — a morena diz, evitando um conflito entre eles. — Sam, você poderia vir até aqui? — pergunta para o moreno.
— Claro! — ele responde aliviado pela troca de assunto. Os dois vão para um canto e o homem quebra o silêncio. — Obrigado por não ter falado nada.
— Sam, me agradeça depois, mas de nada. Agora, o que essas pessoas ainda estão fazendo aqui com essa coisa à solta? E aqui tem uma garota! Eu estava pensando que era proibido qualquer indivíduo do sexo feminino por aqui. Somos donzelas, né? — ela diz com uma expressão calma e divertida para não chamar atenção dos presentes.
— , depois a gente conversa sobre isso. Temos que fazer algo… — Sam ia dizer algo, mas a morena bate em seu ombro, mostrando que os dois estão a sós agora.
— ! ! — Dean grita.
— Sam, vamos, é o Dean — ela fala, indo atrás dele.
— , não! Pode ser a coisa pregando uma peça na gente. — Ele a impede de ir, segurando seu braço, assim como Dean fez mais cedo.
— Preciso conferir, Sam, eu já volto — ela fala, correndo na direção em que ouviu o grito.
O mais novo fica sem saber o que fazer, então dá alguns passos na direção em que todos estavam antes dele e se afastarem. Ele vê que todos estão presentes, menos a morena.
— Droga! — ele grita, o que chama a atenção de Dean.
— Sammy, cadê ela? — ele pergunta com tom de voz alterado e começa a olhar ao redor.
— Foi atrás de você — Sam conclui. — Droga!
— DEAN! DEAN! DEAN! — O loiro escuta gritos com a voz da mulher o chamando, olha para Sam, que balança a cabeça negativamente para que o irmão não vá, mas Dean ignora, correndo atrás da garota.
Mais tarde, Sam e Haley, a garota de quem a morena falou mais cedo e que está à procura de seu irmão, encontram o esconderijo da criatura. O Wendigo guarda suas vítimas com vida lá. Eles encontram e Dean, que estão tentando achar uma saída e tirar todos de lá, inclusive o irmão da garota e outra vítima, que estão apoiados na dupla, pois não têm forças o suficiente. Todos estão tentando achar um jeito de saírem rapidamente da toca, coisa que Haley e Sam sabem, para a felicidade de todos, que, por sinal, durou pouco. A criatura resolve dar as caras, e Haley saem com as vítimas machucadas e os meninos matam o Wendigo.
Ao final da caçada, o grupo informa as autoridades que tudo não passou de um ataque de urso.
— Então… Que urso, né — fala para Sam, enquanto estão encostados no Impala.
— Nem me fale! — o moreno completa com um sorriso.
— Tá chegando a hora, Sammy — ela diz, olhando para o céu e encostando sua cabeça no carro.
— De quê? — ele pergunta, sem entender.
— De me despedir… É assim que tudo acaba, né? — Ela tenta fazer com que a despedida seja mais fácil do que ela está lidando.
— Você quer? — ele fala, levantando suas sobrancelhas.
— Quer o quê, Sam? — a mulher pergunta um pouco confusa.
— Ir embora. — Ele dá de ombros, esperando a resposta.
— Não — ela diz com sinceridade.
— Então não precisa ir. Até que sua teimosia salvou a nossa pele. — Dean aparece com as suas malas. Os três sorriem e então a morena assente.
— Meu Deus, vocês estão implorando para que eu fique. Isso é tão fofo — ela fala, gargalhando.
Sam coloca as coisas dela no carro e então eles pegam a estrada novamente, o que parece ser uma nova vida para e uma atualização na dos meninos.
— O que vamos fazer com… — Dean fala, apontando a cabeça em direção à mulher.
— Levá-la conosco — Sam completa, dando ombros.
— Você mais do que ninguém deveria saber que isso é perigoso, Sammy — o mais velho diz.
— Eu sei me cuidar — responde, do banco de trás, acordando com o diálogo dos meninos.
— Como pode ter tanta certeza de que não vamos, sei lá, matar você? — o loiro questiona a mulher.
— Se fossem me matar, pra que todo o trabalho para me salvarem? — a garota diz, enquanto Dean dá um sorriso com sua resposta e olha para Sam, que está fazendo a mesma coisa.
— Nós só vamos te deixar na cidade em que iremos investigar, não fique animada — o rapaz mais baixo disse.
— Estou tão animada, quase explodindo de felicidade — ela diz com sarcasmo e depois fica quieta, olhando para a janela.
— Não precisa se calar, é… Quer falar sobre algo? — Sam fala, repreendendo o irmão com o olhar e com uma voz gentil.
— Quando decidiram que caçar demônios era a profissão ideal? — ela pergunta, ainda de mau humor, mas curiosa para saber mais sobre os rapazes.
— Recebemos um convite fofo nos chamando — Dean diz, revirando os olhos.
— Meu Deus, qual é o seu problema? — pergunta alterada.
— Eu não acho certo que uma mulher esteja com a gente, você nem sabe como lidar com isso — o loiro conclui com o tom de voz elevado.
— Eu sei muito bem como funcionam as coisas, Dean. Eu sou uma policial, e não é porque eu sou uma mulher que não sei lidar com o que acontece. Minha amiga e eu somos as únicas garotas que trabalham naquela porcaria de delegacia e ninguém nos respeita, principalmente caras como você: que não conseguem passar um único dia sem perguntar qual é o nosso número de telefone. Cacete, eu posso te prender — a mulher diz irritada, mas logo que percebe o que saiu da sua boca, volta a se acalmar e diz. — Desculpa.
— Tá legal — Dean conclui, deixando Sam com a resposta, ou melhor, com a falta de resposta.
— Nossa mãe, algo matou ela, não existem só demônios. O nosso pai meio que ficou obcecado por isso e agora estamos aqui, procurando por ele — Sam diz de maneira tranquila em meio ao silêncio do carro
— Sinto muito por vocês, e… existem mais coisas? — a morena fala num tom calmo.
— Muitas outras coisas — Dean responde a mulher de maneira gentil.
— Para onde vamos? — A morena continua com perguntas.
— Colorado — os irmãos respondem em uníssono.
— Vocês são gêmeos ou algo do tipo? — ela pergunta surpresa com as respostas ao mesmo tempo. Os irmãos caem na gargalhada e continuam o trajeto.
Quando finalmente chegam ao destino, continua as perguntas para Dean, enquanto Sam faz uma reserva:
— Por que estamos aqui, afinal? — a mulher pergunta com interesse.
— Nosso pai. Ele nos mandou as coordenadas para a floresta, Sammy fez a pesquisa e aqui estamos nós — Dean explica.
— Então… Acho que é aqui que nos despedimos, né? — fala, saindo de perto do loiro, que a segura pelo braço e fala:
— Ou, ou, ou, calma aí. Você tem ideia pra onde tá indo?
— Não, mas eu descubro rápido — ela diz andando, o irmão mais velho vai atrás dela, para em sua frente e segura seus ombros. Olhando bem em seus olhos, começa a conversa com .
— Estamos em um lugar que não conhecemos, tem algo sobrenatural aqui e você quer simplesmente sair por aí? Você é maluca?
— Dean, talvez eu seja. Mas e daí? Você não liga pra isso, nem para o que vai acontecer comigo, não de verdade — a morena diz, querendo sair, mas Dean a olha confuso.
— Ei, isso não é verdade. Isso é sobre aquelas coisas que eu disse no carro? Porque se for, eu sou um idiota, eu sei disso — ele fala, fazendo a mulher parar e somente prestar atenção em suas palavras. — Mas eu não posso deixar que você saia daqui sozinha. Concordamos em levar você e agora eu só vou te deixar em um lugar que esteja completamente seguro, e esse lugar é comigo. E com o Sammy. Aqui e agora — Dean diz com tanta sinceridade no olhar que fica sem reação.
Ela o abraça forte e se permite desabar por tudo o que tem acontecido com ela durante esses dias, o loiro retribui o gesto, fazendo com que ambos se sintam melhores na situação em que estão vivendo agora. Sam chega alguns segundos depois e os três partem para a investigação.
— O que descobriram? Posso ajudar? — pergunta para os irmãos assim que ambos entram no quarto.
— Ainda não sabemos o que é essa coisa, você pode procurar no diário do nosso pai ou no computador? — Sam fala com a garota.
— Claro, só me dá algumas informações disso para eu saber o que é essa coisa. — A mulher tenta encaixar as palavras, mas desiste, eles sabem do que ela está falando. Sam fala tudo o que sabe da criatura para ela, que começa a vasculhar sobre.
— Espera, vamos deixar ela aqui com o diário enquanto vamos para a floresta? — Dean pergunta, apontando para a garota.
— O quê? Vocês vão pra uma floresta sem saber o que estão procurando? — A morena entra no meio da conversa.
— Tem gente indo pra lá, nós precisamos ajudar — Dean responde a moça.
— Ok, vamos rápido então — ela diz, juntando as coisas.
— Você fica aqui procurando o que é essa coisa enquanto a gente vai pra lá. Liga pra gente quando tiver respostas — Dean fala como se fosse uma ordem, o que deixa em choque.
— Eu posso ajudar lá, por que não posso ir? Por que, diabos, você está querendo mandar em mim? — ela fala irritada.
— Porque aqui é seguro pra você e é aqui que você vai ficar — Dean finaliza e a morena cruza os braços. — Não torne as coisas mais difíceis, .
— Chega, vocês dois! , faz o que Dean falou. Em breve estaremos de volta — Sam fala de uma vez por todas, deixando o quarto com seu irmão e deixando a garota com a papelada.
Aproximadamente 20 minutos se passam quando acha que sabe o que está matando essas pessoas. Ela pega o número de telefone que Sam deixou na mesinha próxima à cama em que ela está e liga várias vezes, nada. A morena vira o cartão que o irmão mais novo deixou e lá está a forma de chegar à floresta. A garota junta algumas coisas e vai de encontro aos meninos.
Quando ela chega ao local onde Sam marcou, ela logo os encontra. Sua primeira reação, além do cansaço pela corrida, é reparar na garota que está junto aos meninos.
— Eu descobri! — ela fala, tentando recuperar o ar da corrida. — Wendigo. Queimar o desgraçado — ela completa ainda com dificuldade após sua corrida de aproximadamente 30 minutos.
— Sam… — Dean fala, repreendendo o irmão, percebendo que a presença de no local não foi pura coincidência.
— Ele não fez nada, Dean, eu sou uma policial. Acha mesmo que eu não ia saber onde vocês se meteram? — a morena diz, evitando um conflito entre eles. — Sam, você poderia vir até aqui? — pergunta para o moreno.
— Claro! — ele responde aliviado pela troca de assunto. Os dois vão para um canto e o homem quebra o silêncio. — Obrigado por não ter falado nada.
— Sam, me agradeça depois, mas de nada. Agora, o que essas pessoas ainda estão fazendo aqui com essa coisa à solta? E aqui tem uma garota! Eu estava pensando que era proibido qualquer indivíduo do sexo feminino por aqui. Somos donzelas, né? — ela diz com uma expressão calma e divertida para não chamar atenção dos presentes.
— , depois a gente conversa sobre isso. Temos que fazer algo… — Sam ia dizer algo, mas a morena bate em seu ombro, mostrando que os dois estão a sós agora.
— ! ! — Dean grita.
— Sam, vamos, é o Dean — ela fala, indo atrás dele.
— , não! Pode ser a coisa pregando uma peça na gente. — Ele a impede de ir, segurando seu braço, assim como Dean fez mais cedo.
— Preciso conferir, Sam, eu já volto — ela fala, correndo na direção em que ouviu o grito.
O mais novo fica sem saber o que fazer, então dá alguns passos na direção em que todos estavam antes dele e se afastarem. Ele vê que todos estão presentes, menos a morena.
— Droga! — ele grita, o que chama a atenção de Dean.
— Sammy, cadê ela? — ele pergunta com tom de voz alterado e começa a olhar ao redor.
— Foi atrás de você — Sam conclui. — Droga!
— DEAN! DEAN! DEAN! — O loiro escuta gritos com a voz da mulher o chamando, olha para Sam, que balança a cabeça negativamente para que o irmão não vá, mas Dean ignora, correndo atrás da garota.
Mais tarde, Sam e Haley, a garota de quem a morena falou mais cedo e que está à procura de seu irmão, encontram o esconderijo da criatura. O Wendigo guarda suas vítimas com vida lá. Eles encontram e Dean, que estão tentando achar uma saída e tirar todos de lá, inclusive o irmão da garota e outra vítima, que estão apoiados na dupla, pois não têm forças o suficiente. Todos estão tentando achar um jeito de saírem rapidamente da toca, coisa que Haley e Sam sabem, para a felicidade de todos, que, por sinal, durou pouco. A criatura resolve dar as caras, e Haley saem com as vítimas machucadas e os meninos matam o Wendigo.
Ao final da caçada, o grupo informa as autoridades que tudo não passou de um ataque de urso.
— Então… Que urso, né — fala para Sam, enquanto estão encostados no Impala.
— Nem me fale! — o moreno completa com um sorriso.
— Tá chegando a hora, Sammy — ela diz, olhando para o céu e encostando sua cabeça no carro.
— De quê? — ele pergunta, sem entender.
— De me despedir… É assim que tudo acaba, né? — Ela tenta fazer com que a despedida seja mais fácil do que ela está lidando.
— Você quer? — ele fala, levantando suas sobrancelhas.
— Quer o quê, Sam? — a mulher pergunta um pouco confusa.
— Ir embora. — Ele dá de ombros, esperando a resposta.
— Não — ela diz com sinceridade.
— Então não precisa ir. Até que sua teimosia salvou a nossa pele. — Dean aparece com as suas malas. Os três sorriem e então a morena assente.
— Meu Deus, vocês estão implorando para que eu fique. Isso é tão fofo — ela fala, gargalhando.
Sam coloca as coisas dela no carro e então eles pegam a estrada novamente, o que parece ser uma nova vida para e uma atualização na dos meninos.
3: Bloody Mary
— O que temos, Sammy? — o loiro pergunta curioso, tentando bisbilhotar o que o irmão pesquisa enquanto dirige.
— Toledo, Ohio. Os olhos de um cara foram pro espaço. O que acha de darmos uma olhada? — o moreno pergunta.
— Acho que olhos explodindo não é uma coisa que se vê todos os dias — fala, do banco de trás.
Os três concordam em seguir viagem, partindo então para o seu próximo destino.
Quando chegam à cidade, o funeral está acontecendo. O trio vai até o local com o intuito de coletar informações. Ao analisarem a movimentação, uma garotinha fala que tem culpa pelo o que aconteceu com o pai. escuta o diálogo e relata aos meninos.
— Vocês acham que… ela poderia mesmo ter culpa? — a morena pergunta com um pouco de choque.
— Talvez tenha, mas não acho que ela fez de propósito — Sam fala, colocando a mão no ombro da mulher, tentando livrar ela desses pensamentos.
— Bom, tudo é possível. Vamos entrar e dar uma olhada — Dean fala, subindo as escadas.
— Vocês olham aí, eu vou tentar falar com a garotinha — informa e se afasta.
A mulher conversa muito tempo com a menina, que diz que invocou a Bloody Mary e por isso seu pai morreu. A morena acalma a criança assustada e promete cuidar do assunto.
Quando o trio chega ao quarto, conta tudo que ouviu e que, de acordo com a lenda, Bloody Mary é o fantasma de uma jovem mulher que foi assassinada depois que seus olhos foram cortados e seu espírito ficou preso no espelho que ela morreu na frente. Ela busca aqueles que sentem culpa pela morte de outras pessoas.
— E eu aqui pensando que era só uma brincadeira de criança — diz, tentando absorver todas as informações.
— Nunca é — o mais velho responde.
— Então todas as crianças que fazem isso, elas… sabe? — a morena pergunta.
— Não. Acho que isso tá acontecendo aqui porque a história deve ter se iniciado nessa cidade — Sam responde, cortando a resposta do irmão.
— Só por perguntar, nenhum de vocês se culpam por morte nenhuma, né? — ela pergunta, esperando os dois responderem, mas nenhum fala nada. — Droga. Isso pode ser perigoso?
— Talvez — os dois respondem, em um uníssono.
— Maravilha — ela diz. — Acho que vou sair para beber algo — a mulher conclui.
— Finalmente alguém falou em beber, vamos. Sam, vem com a gente? — Dean pergunta.
— Podem ir, vou continuar pesquisando — ele fala, olhando para o computador.
’s POV
— Me sinto mal em ter deixado o Sam lá, será que devemos voltar? — eu pergunto.
— Relaxa, Sammy sempre fica assim, é normal — ele fala, enquanto dá sinal para a moça do bar.
— O que quer? — ela pergunta com uma voz estranha para Dean, que entra na onda dela e pede uma cerveja. Eu bato minha perna na dele e ele corrige a frase, pedindo duas cervejas.
— Quer um babador, Dean? — pergunto, pegando minha bebida e revirando os olhos pra cena.
— Engraçadinha você, né? — Ele olha para mim sarcástico, mas depois sua expressão se revela séria. — Qual é a sua, hein?
— Como assim? — perguntei, não entendendo a pergunta dele.
— Tipo, por que quis vir com a gente pra… isso? — ele fala, tentando me entender.
— Eu não tenho o poder de esquecer tudo o que aconteceu comigo, eu não posso apagar nada, só seguir em frente e tentar acabar com essas coisas — reflito enquanto falo.
— Mas por que com a gente? — ele pergunta com gentileza.
— Porque não sobrou mais nada, Dean. Eu não tenho nada e não quero ficar sozinha — admito algo que estou aprendendo há semanas comigo.
— Você não vai ficar sozinha, você tem a gente — ele diz, sorrindo. Também dou um sorriso e digo:
— Agora chega com esse papo profundo e vamos encher a cara.
Quando chegamos ao quarto, Sam ainda está no mesmo lugar pesquisando. Me sinto um pouco mal por ele, mas estou bêbada demais para falar algo. Dean me auxilia a dar passos firmes e, quando entra, fala:
— Cara, ela bebeu todas — ele sorri.
— Tô vendo, quantas? — Sam pergunta, surpreso com meu estado.
— Apostamos primeiro, depois ela arranjou outros amigos e também apostou com eles. Por fim, ela virou uma garrafa inteira, sem contar com as cervejas do começo — o loiro tenta contar.
— Eu ganhei! — digo gargalhando, por algum motivo não consigo parar de rir. A cara dos meninos é engraçada.
— Foi tão ruim assim? — o moreno pergunta.
— Cara, foi demais! Teve até karaokê. — O mais velho sorri.
— Sammy, o Dean me contou que você tem medo de palhaços! Que fofura. — Vou em sua direção e aperto suas bochechas, dando um beijo em cada uma. — Eu preciso de um banho! Onde é o banheiro desse lugar? — pergunto meio zonza. Dean me pega e me leva até o local.
— Tudo bem daqui em diante? — ele pergunta pra mim.
— Tudo — eu digo e ele vai fechando a porta. — Ei! Dean! Espera!
— Diga, rainha do bar. — Ele sorri ao dizer isso, eu também dou risada.
— Me ajuda a tirar esses trecos no meu pé? Eles são uns demônios! — Eu me sento no vaso enquanto ele tira minha bota. — Ei, sabia que você até que é bonitinho? — digo, passando a mão em seu rosto. O loiro dá um sorriso bobo e fica me encarando. Ele tira os meus sapatos e se levanta, logo após me ajuda a fazer o mesmo. — Sabe… amanhã eu não vou me lembrar de nadinha, então vou fazer algo que a sóbria nunca faria! — eu digo, rindo, e então o beijo. Ele devolve o gesto, o que é muito bom, até eu querer vomitar.
Ele segura meus cabelos e quando vê que realmente estou bem, sai do banheiro. Ele volta quando escuta o barulho da bota que eu jogo na porta e pergunta.
— Tá tudo bem?
— Eu nunca mais vou usar essas botas! E também nunca pensei que a viúva que esfaqueou o marido ia beijar o garanhão caçador — digo gargalhando. — Eu tô ótima, Dean!
Tomo o banho e me recupero um pouco, coloco a minha roupa de dormir e vejo os meninos deitados. Chego até a orelha de Dean e falo:
— Eu nunca me diverti tanto quanto hoje… Obrigada por tudo e, não me deixe esquecer sobre hoje. — Dou um beijo em sua bochecha e vou até a minha cama.
Acho que tinha cheguei à minha cama, mas como está escuro não tenho total certeza, até dar de cara com o chão. Começo a rir e os meninos me colocam na cama.
— Obrigada por tudo, vocês até que são legais — digo, sorrindo, e apago. Dentre todas as coisas na vida, só tenho duas certezas:
1 — Amanhã não vou lembrar de nada.
2 — Um dia vou morrer.
Acordo e a primeira coisa que escuto é:
— Olha quem resolveu acordar, bela adormecida — Dean fala.
— Por que você está gritando? — Coloco minhas mãos nas têmporas e as massageio. — Minha cabeça dói.
— Toma isso, , vai fazer você melhorar — Sam diz, me entregando um remédio, mas com cara de desapontado.
— O que houve? Sam, você já achou como acabar a fantasma doida? — pergunto, me levantando da cama. — Como eu cheguei aqui?
— Nós já acabamos — os dois dizem em uníssono.
— Engraçadinhos, vamos logo. — Olho para eles, percebo que estão falando sério e fico em choque. — Meu Deus, quanto tempo eu dormi?
— Você literalmente apagou — o moreno diz, rindo.
— Lembra de algo sobre ontem? — o loiro me pergunta.
— Sei que estávamos no bar conversando. — Começo a rir quando lembro das coisas. — Sam tem medo de palhaços, que gracinha — falo, sorrindo, e ele fica sem graça. — Depois nada. O que houve?
— Não lembra do karaokê? — o mais velho fala, arqueando as sobrancelhas, me fazendo rir até perceber que talvez isso tenha acontecido mesmo.
— Pera, teve karaokê? — pergunto preocupada. — Como me deixou fazer uma coisa dessas Dean?
— Se eu não deixasse, você me matava. Mas tenho que admitir, você arrasou, até dançou — ele fala essa atrocidade sorrindo.
— EU FIZ O QUÊ? — Me nego a acreditar que realmente fiz tudo isso, mas se eu bebi demais como ontem, eu posso ter feito milhares de coisas, mas sei que foi uma noite boa. Estou envergonhada, mas me sinto feliz em ter feito algo assim. Acho que nunca me diverti tanto.
Os meninos terminam de pegar as coisas e então vamos colocar tudo no Impala. Quando saio do motel, várias pessoas me cumprimentaram como se nos conhecêssemos há anos. Lembro de algumas coisas até, inclusive, me sinto famosa.
Sam está encostado no carro e Dean pega nossas coisas para sairmos daqui. Me junto a ele e percebo sua expressão, ele parece triste.
— Sam… aconteceu algo? — Suspiro ao preparar minha próxima fala. — Sei que posso não ser a melhor pessoa do mundo para conversar, mas se você precisar, eu estou aqui. Dean também está…, mas, sabe, se quiser uma opinião feminina — digo, colocando a mão em seu ombro para o consolar. Ele continua olhando para o chão, então resolvo sair e ajudar o irmão mais velho.
— … — o moreno começa a falar, me fazendo voltar e me encostar novamente no Impala. — Eu… quero falar com você sobre isso, mas agora não é o momento certo, eu acho. Tudo bem pra você?
— Claro que sim, Sammy, tá tudo bem — falo, indo me juntar a Dean.
— Toledo, Ohio. Os olhos de um cara foram pro espaço. O que acha de darmos uma olhada? — o moreno pergunta.
— Acho que olhos explodindo não é uma coisa que se vê todos os dias — fala, do banco de trás.
Os três concordam em seguir viagem, partindo então para o seu próximo destino.
Quando chegam à cidade, o funeral está acontecendo. O trio vai até o local com o intuito de coletar informações. Ao analisarem a movimentação, uma garotinha fala que tem culpa pelo o que aconteceu com o pai. escuta o diálogo e relata aos meninos.
— Vocês acham que… ela poderia mesmo ter culpa? — a morena pergunta com um pouco de choque.
— Talvez tenha, mas não acho que ela fez de propósito — Sam fala, colocando a mão no ombro da mulher, tentando livrar ela desses pensamentos.
— Bom, tudo é possível. Vamos entrar e dar uma olhada — Dean fala, subindo as escadas.
— Vocês olham aí, eu vou tentar falar com a garotinha — informa e se afasta.
A mulher conversa muito tempo com a menina, que diz que invocou a Bloody Mary e por isso seu pai morreu. A morena acalma a criança assustada e promete cuidar do assunto.
Quando o trio chega ao quarto, conta tudo que ouviu e que, de acordo com a lenda, Bloody Mary é o fantasma de uma jovem mulher que foi assassinada depois que seus olhos foram cortados e seu espírito ficou preso no espelho que ela morreu na frente. Ela busca aqueles que sentem culpa pela morte de outras pessoas.
— E eu aqui pensando que era só uma brincadeira de criança — diz, tentando absorver todas as informações.
— Nunca é — o mais velho responde.
— Então todas as crianças que fazem isso, elas… sabe? — a morena pergunta.
— Não. Acho que isso tá acontecendo aqui porque a história deve ter se iniciado nessa cidade — Sam responde, cortando a resposta do irmão.
— Só por perguntar, nenhum de vocês se culpam por morte nenhuma, né? — ela pergunta, esperando os dois responderem, mas nenhum fala nada. — Droga. Isso pode ser perigoso?
— Talvez — os dois respondem, em um uníssono.
— Maravilha — ela diz. — Acho que vou sair para beber algo — a mulher conclui.
— Finalmente alguém falou em beber, vamos. Sam, vem com a gente? — Dean pergunta.
— Podem ir, vou continuar pesquisando — ele fala, olhando para o computador.
’s POV
— Me sinto mal em ter deixado o Sam lá, será que devemos voltar? — eu pergunto.
— Relaxa, Sammy sempre fica assim, é normal — ele fala, enquanto dá sinal para a moça do bar.
— O que quer? — ela pergunta com uma voz estranha para Dean, que entra na onda dela e pede uma cerveja. Eu bato minha perna na dele e ele corrige a frase, pedindo duas cervejas.
— Quer um babador, Dean? — pergunto, pegando minha bebida e revirando os olhos pra cena.
— Engraçadinha você, né? — Ele olha para mim sarcástico, mas depois sua expressão se revela séria. — Qual é a sua, hein?
— Como assim? — perguntei, não entendendo a pergunta dele.
— Tipo, por que quis vir com a gente pra… isso? — ele fala, tentando me entender.
— Eu não tenho o poder de esquecer tudo o que aconteceu comigo, eu não posso apagar nada, só seguir em frente e tentar acabar com essas coisas — reflito enquanto falo.
— Mas por que com a gente? — ele pergunta com gentileza.
— Porque não sobrou mais nada, Dean. Eu não tenho nada e não quero ficar sozinha — admito algo que estou aprendendo há semanas comigo.
— Você não vai ficar sozinha, você tem a gente — ele diz, sorrindo. Também dou um sorriso e digo:
— Agora chega com esse papo profundo e vamos encher a cara.
Quando chegamos ao quarto, Sam ainda está no mesmo lugar pesquisando. Me sinto um pouco mal por ele, mas estou bêbada demais para falar algo. Dean me auxilia a dar passos firmes e, quando entra, fala:
— Cara, ela bebeu todas — ele sorri.
— Tô vendo, quantas? — Sam pergunta, surpreso com meu estado.
— Apostamos primeiro, depois ela arranjou outros amigos e também apostou com eles. Por fim, ela virou uma garrafa inteira, sem contar com as cervejas do começo — o loiro tenta contar.
— Eu ganhei! — digo gargalhando, por algum motivo não consigo parar de rir. A cara dos meninos é engraçada.
— Foi tão ruim assim? — o moreno pergunta.
— Cara, foi demais! Teve até karaokê. — O mais velho sorri.
— Sammy, o Dean me contou que você tem medo de palhaços! Que fofura. — Vou em sua direção e aperto suas bochechas, dando um beijo em cada uma. — Eu preciso de um banho! Onde é o banheiro desse lugar? — pergunto meio zonza. Dean me pega e me leva até o local.
— Tudo bem daqui em diante? — ele pergunta pra mim.
— Tudo — eu digo e ele vai fechando a porta. — Ei! Dean! Espera!
— Diga, rainha do bar. — Ele sorri ao dizer isso, eu também dou risada.
— Me ajuda a tirar esses trecos no meu pé? Eles são uns demônios! — Eu me sento no vaso enquanto ele tira minha bota. — Ei, sabia que você até que é bonitinho? — digo, passando a mão em seu rosto. O loiro dá um sorriso bobo e fica me encarando. Ele tira os meus sapatos e se levanta, logo após me ajuda a fazer o mesmo. — Sabe… amanhã eu não vou me lembrar de nadinha, então vou fazer algo que a sóbria nunca faria! — eu digo, rindo, e então o beijo. Ele devolve o gesto, o que é muito bom, até eu querer vomitar.
Ele segura meus cabelos e quando vê que realmente estou bem, sai do banheiro. Ele volta quando escuta o barulho da bota que eu jogo na porta e pergunta.
— Tá tudo bem?
— Eu nunca mais vou usar essas botas! E também nunca pensei que a viúva que esfaqueou o marido ia beijar o garanhão caçador — digo gargalhando. — Eu tô ótima, Dean!
Tomo o banho e me recupero um pouco, coloco a minha roupa de dormir e vejo os meninos deitados. Chego até a orelha de Dean e falo:
— Eu nunca me diverti tanto quanto hoje… Obrigada por tudo e, não me deixe esquecer sobre hoje. — Dou um beijo em sua bochecha e vou até a minha cama.
Acho que tinha cheguei à minha cama, mas como está escuro não tenho total certeza, até dar de cara com o chão. Começo a rir e os meninos me colocam na cama.
— Obrigada por tudo, vocês até que são legais — digo, sorrindo, e apago. Dentre todas as coisas na vida, só tenho duas certezas:
1 — Amanhã não vou lembrar de nada.
2 — Um dia vou morrer.
Acordo e a primeira coisa que escuto é:
— Olha quem resolveu acordar, bela adormecida — Dean fala.
— Por que você está gritando? — Coloco minhas mãos nas têmporas e as massageio. — Minha cabeça dói.
— Toma isso, , vai fazer você melhorar — Sam diz, me entregando um remédio, mas com cara de desapontado.
— O que houve? Sam, você já achou como acabar a fantasma doida? — pergunto, me levantando da cama. — Como eu cheguei aqui?
— Nós já acabamos — os dois dizem em uníssono.
— Engraçadinhos, vamos logo. — Olho para eles, percebo que estão falando sério e fico em choque. — Meu Deus, quanto tempo eu dormi?
— Você literalmente apagou — o moreno diz, rindo.
— Lembra de algo sobre ontem? — o loiro me pergunta.
— Sei que estávamos no bar conversando. — Começo a rir quando lembro das coisas. — Sam tem medo de palhaços, que gracinha — falo, sorrindo, e ele fica sem graça. — Depois nada. O que houve?
— Não lembra do karaokê? — o mais velho fala, arqueando as sobrancelhas, me fazendo rir até perceber que talvez isso tenha acontecido mesmo.
— Pera, teve karaokê? — pergunto preocupada. — Como me deixou fazer uma coisa dessas Dean?
— Se eu não deixasse, você me matava. Mas tenho que admitir, você arrasou, até dançou — ele fala essa atrocidade sorrindo.
— EU FIZ O QUÊ? — Me nego a acreditar que realmente fiz tudo isso, mas se eu bebi demais como ontem, eu posso ter feito milhares de coisas, mas sei que foi uma noite boa. Estou envergonhada, mas me sinto feliz em ter feito algo assim. Acho que nunca me diverti tanto.
Os meninos terminam de pegar as coisas e então vamos colocar tudo no Impala. Quando saio do motel, várias pessoas me cumprimentaram como se nos conhecêssemos há anos. Lembro de algumas coisas até, inclusive, me sinto famosa.
Sam está encostado no carro e Dean pega nossas coisas para sairmos daqui. Me junto a ele e percebo sua expressão, ele parece triste.
— Sam… aconteceu algo? — Suspiro ao preparar minha próxima fala. — Sei que posso não ser a melhor pessoa do mundo para conversar, mas se você precisar, eu estou aqui. Dean também está…, mas, sabe, se quiser uma opinião feminina — digo, colocando a mão em seu ombro para o consolar. Ele continua olhando para o chão, então resolvo sair e ajudar o irmão mais velho.
— … — o moreno começa a falar, me fazendo voltar e me encostar novamente no Impala. — Eu… quero falar com você sobre isso, mas agora não é o momento certo, eu acho. Tudo bem pra você?
— Claro que sim, Sammy, tá tudo bem — falo, indo me juntar a Dean.
4: Pele
— Dean, isso é importante — Sam fala, sussurrando para não acordar , que está no banco de trás em um sono profundo.
— Sammy, talvez o cara tenha mesmo cometido o assassinato — Dean discute no mesmo tom.
— Não. Ele jamais faria algo assim — o moreno defende seu amigo, que é acusado de homicídio e quer saber se existe ou não uma caçada.
— Pessoas mudam — o loiro fala, revirando os olhos enquanto Sam dirige para St. Louis, Missouri.
— Vamos só, por favor, conferir? — o mais alto diz irritado.
— Tá — o outro responde.
acorda quando estão chegando à cidade. Ela faz a reserva no hotel enquanto os meninos vão falar com a irmã do acusado e amigo de Sam.
— E aí, quais são as novidades? — pergunta.
— Parece que o amiguinho do Sam tem um gêmeo do mal — Dean fala.
— Ok, falem isso na minha língua, por favor? — a morena pergunta, sem entender.
— Zach estava em dois lugares ao mesmo tempo — o mais novo explica.
— Vocês já sabem o que é? — ela pergunta curiosa.
— Um metamorfo. Pode assumir a forma de qualquer um — o mais velho diz à mulher.
— Deixa eu adivinhar, querem que eu fique fora dessa? — ela pergunta, já sabendo o que os rapazes irão falar.
— Sim — os dois respondem em uníssono.
— Chatos. Irão me ligar para contar tudo? Precisam de um policial de verdade na coisa toda? — ela diz, apontando para si mesma.
— A gente entra em contato ! — Sam diz, saindo do quarto com Dean, deixando a garota só, que revira os olhos quando os dois saem.
Ela resolve ler um pouco sobre esses metamorfos na internet. A única coisa que pode matar um metamorfo é prata, bala ou lâmina no coração.
’s POV
Estou em minhas pesquisas e a televisão está ligada em um noticiário qualquer. Minha atenção é tomada quando escuto o nome de Dean Winchester, que está sendo procurado.
Merda.
Tento ligar para Sammy ou Dean, mas não obtenho respostas. Eu deveria ter ido nessa. Será que aquela criatura fez algo com eles? Estou preocupada, mas espero. Recebo uma ligação do loiro, o que me deixa aliviada.
— , preciso de ajuda. Acho que encontrei o covil do monstro.
— Tá, me passa o endereço que eu estou indo aí — respondo.
Ele me passa o local. Quando chego lá, encontro Dean e Becky, ela está amarrada.
— Cadê o Sam? — pergunto para o mais velho. — Ele me disse que iria falar com ela — digo, apontando para a moça.
— Aquilo vai pegar ele? — a mulher pergunta.
— Não se matarmos aquela coisa primeiro — eu falo e logo percebo que o loiro não está armado. — Você não tem nada aí? Toma. — Eu entrego a minha carregada com balas de prata, ele agradece e vamos em direção à saída.
Quando estamos perto de sair do lugar, uma coisa estranha acontece. Eu, só que definitivamente não sou eu, aparece correndo e desesperada.
— Dean, ela é um metamorfo — a garota que se parece comigo diz.
— Qual é, monstros gostam de brincar agora? — pergunto, olhando para minha cópia, mas quando me viro em direção aos dois. A mulher está atrás de Dean e ele aponta para mim e para o monstro.
— Dean, sou eu — nós duas falamos em um uníssono. Que droga.
— Dean, você tem que acabar com isso logo, o outro metamorfo está com o seu irmão — aquela coisa diz.
O loiro atira no coração da minha cópia versão monstro e fico indignada.
— Você sabia que poderia ter me matado? — pergunto, olhando para o metamorfo.
— Você não saberia que existem 2 metamorfos soltos por aí — ele disse, por fim, dando de ombros.
— Justo. Vamos acabar com o outro — digo e corremos para a casa de Becky.
Ao chegarmos à casa da irmã do amigo de Sam, avistamos o moreno ferido e o outro metamorfo assume a forma de Dean. O loiro acaba com o monstro, que ainda está em sua forma, fazendo com que a polícia encerre o caso. Voltaremos ao hotel para dormir e partir no outro dia, o mais velho me acompanha até o carro.
— Sabe, eu achei legal ter um gêmeo — ele diz e eu simplesmente não controlo a risada. — Isso só comprova o quão bonito eu sou — ele diz convencido.
— É sério isso, Dean? Então quer dizer que você precisa de um monstro pra falar se você é bonito ou não? — digo, rindo.
— O espelho me dá essa resposta todos os dias. — Nós não conseguimos não cair na gargalhada depois dessa, mas, de repente, ele para e fica me observando.
— O que houve? Tem alguma coisa? — digo, apontando para meu rosto.
— Não, nada disso. É que… você não se lembra de nada do que aconteceu naquele dia que você bebeu todas? — ele pergunta.
— Aonde você quer chegar com isso? Foi tão ruim assim? — pergunto, tentando me lembrar das coisas que aconteceram. — Olha, eu não me lembro nem de ter cantado ou dançado no karaokê e nem como cheguei ao quarto, se é isso que quer saber — digo, sorrindo, e ele parece um pouco desapontado com isso. — Mas, sabe, se aconteceu algo, você pode me contar, tá bom? — falo, olhando pra ele.
— Olha, é que você… — Dean começa a falar, mas Sam vem em nossa direção e começa a falar:
— Gente, foi a maior doideira. Aquilo engana mesmo — ele fala, sorrindo.
— É, nem me diga. Eu tive uma gêmea por um tempo — brinco, revelando que existiam dois daqueles bichos.
— Tinha outro? — Sam pergunta impressionado. — O que houve?
— Eu acabei com ele com minhas incríveis habilidades — o loiro conta.
— Cala a boca, Dean, você quase me matou — digo e todos nós rimos.
Logo pela manhã acordo e olho ao redor. Dean está dormindo e Sam vendo algo no computador.
— Bom dia, Sammy — falo, levantando da cama. — Temos algo para comer? Tô faminta!
— Bom dia, , e não, aqui não tem nada — ele diz com cara de quem também está faminto, reconheço o olhar de fome de longe. — Nós podemos ir até a lanchonete aqui do lado enquanto Dean não acorda, o que acha? — o moreno pergunta.
— Parece uma boa ideia! — Reparo que ele ainda está no computador e o provoco. — Credo, Sam, não acredito que você veja esse tipo de coisa! Que decepção — falo, balançando a cabeça, insinuando reprovação.
— Qual é, ! Tô só pesquisando uma próxima caçada. Não sou o Dean! — ele fala, sorrindo. Faço o mesmo.
— Vou me arrumar e então podemos ir, tá bom? — pergunto, entrando no banheiro.
— Claro! — ele diz com sua voz de sempre, gentil.
Estamos a caminho da lanchonete e o alto começa a falar.
— Então, no dia do fantasma doida, eu meio que… — ele começa, mas eu o interrompo.
— Sam, eu sei que você sente culpa pela morte de alguém, dá pra ver que faz falta. Você viu algo no espelho aquele dia? — pergunto, tentando entender o homem.
— Eu vi… O nome dela era Jess, ela era minha namorada — ele fala com tristeza.
— Então ela foi uma garota de sorte, hein? — digo, tentando animá-lo. Ele dá um leve sorriso e continua.
— Nem tanto. Por minha causa, a mesma coisa que matou minha mãe a matou — ele me diz.
— Um demônio? — pergunto a ele.
— Sim — ele me responde.
— Olha, Sammy, você não fez nada. Caçadores têm o direito de amar alguém algum dia, não sinta culpa por isso — falo, pensando alto e com sinceridade.
— , eu pensei que poderia sair dessa vida de caçador, seria normal. É tudo o que sempre quis. Eu fui pra faculdade, sabia? Ia seguir um sonho, sem ter que dormir preocupado com a próxima coisa que vou matar no outro dia — o moreno me revela seus pensamentos.
— Ninguém é normal, Sam, todos têm seus próprios demônios. Talvez, se você nunca tivesse lidado com essa vida, você estaria diferente. Mas não foi assim que as coisas aconteceram e isso te fez forte, um bom homem. Seu trabalho é ajudar pessoas, isso é incrível. — As minhas palavras saem com delicadeza e fico grata por terem saído dessa maneira, quero mostrar para ele que ele é uma boa pessoa, que deve ficar livre de culpas. — Faculdade, é? De que? — pergunto interessada em saber mais sobre.
— Obrigado, , precisava disso… Direito, bons tempos — ele diz, sorrindo ao se lembrar da faculdade. — Posso te fazer uma pergunta?
— Acabou de fazer, mas eu permito outra — falo, enquanto entramos no local e escolhemos um lugar para sentar.
— Você… sentia que estava com a pessoa certa quando estava com John? — Sam pergunta com delicadeza.
— Às vezes. Nós éramos diferentes. Alguns dias eu sentia que estava com um desconhecido ao meu lado, mas, em outros, parecia que eu estava no paraíso — digo, me lembrando de antes.
— Ele era sua alma… gêmea? — Sammy me pergunta com curiosidade.
— Não sei… acho que não. No último ano, eu senti muito que estávamos juntos porque nos acostumamos um com o outro, mas eu sempre o amei muito. Tem algo que eu venho pensando bastante depois que aconteceu aquela coisa toda do demônio — conto para o homem.
— O que houve? Ele disse algo para você? — o moreno fala preocupado.
— Ele falou que tinha me traído. E eu acho que realmente estava acontecendo isso, Sammy, o que me deixa arrasada — admito, enfim, um dos pensamentos que não me deixam dormir.
— Sabe, demônios mentem. Talvez seja o caso — ele fala, tentando me animar.
— É, talvez. — Tento sorrir, mas fica claro que não consigo. — Minha vez de te fazer uma pergunta — falo, mudando de assunto.
— Manda — ele diz em um tom desafiador.
— Por que você nunca fica com as garotas que Dean arruma pra você ou que literalmente se jogam para cima de você? Eu não sou cega, Sam — digo curiosa, me encostando no banco.
— Simples, nenhuma delas é a certa — ele fala, dando de ombros.
— Você tem que tentar, cara! — falo.
Dean chega correndo na lanchonete e se senta ao meu lado, ofegante.
— Não pensaram em me dizer onde se meteram? — ele pergunta preocupado.
— Calma, só viemos comer. Eu pedi o seu pra viagem, já que a bela adormecida estava em um sono profundo — digo, sorrindo.
— Sério? Pediu do quê? — ele pergunta animado.
— Bacon com um toque especial de veneno pra você — respondo, dando risada.
POV off
Após os três comerem, pegam a estrada e partem em busca da próxima caçada.
— Sammy, talvez o cara tenha mesmo cometido o assassinato — Dean discute no mesmo tom.
— Não. Ele jamais faria algo assim — o moreno defende seu amigo, que é acusado de homicídio e quer saber se existe ou não uma caçada.
— Pessoas mudam — o loiro fala, revirando os olhos enquanto Sam dirige para St. Louis, Missouri.
— Vamos só, por favor, conferir? — o mais alto diz irritado.
— Tá — o outro responde.
acorda quando estão chegando à cidade. Ela faz a reserva no hotel enquanto os meninos vão falar com a irmã do acusado e amigo de Sam.
— E aí, quais são as novidades? — pergunta.
— Parece que o amiguinho do Sam tem um gêmeo do mal — Dean fala.
— Ok, falem isso na minha língua, por favor? — a morena pergunta, sem entender.
— Zach estava em dois lugares ao mesmo tempo — o mais novo explica.
— Vocês já sabem o que é? — ela pergunta curiosa.
— Um metamorfo. Pode assumir a forma de qualquer um — o mais velho diz à mulher.
— Deixa eu adivinhar, querem que eu fique fora dessa? — ela pergunta, já sabendo o que os rapazes irão falar.
— Sim — os dois respondem em uníssono.
— Chatos. Irão me ligar para contar tudo? Precisam de um policial de verdade na coisa toda? — ela diz, apontando para si mesma.
— A gente entra em contato ! — Sam diz, saindo do quarto com Dean, deixando a garota só, que revira os olhos quando os dois saem.
Ela resolve ler um pouco sobre esses metamorfos na internet. A única coisa que pode matar um metamorfo é prata, bala ou lâmina no coração.
’s POV
Estou em minhas pesquisas e a televisão está ligada em um noticiário qualquer. Minha atenção é tomada quando escuto o nome de Dean Winchester, que está sendo procurado.
Merda.
Tento ligar para Sammy ou Dean, mas não obtenho respostas. Eu deveria ter ido nessa. Será que aquela criatura fez algo com eles? Estou preocupada, mas espero. Recebo uma ligação do loiro, o que me deixa aliviada.
— , preciso de ajuda. Acho que encontrei o covil do monstro.
— Tá, me passa o endereço que eu estou indo aí — respondo.
Ele me passa o local. Quando chego lá, encontro Dean e Becky, ela está amarrada.
— Cadê o Sam? — pergunto para o mais velho. — Ele me disse que iria falar com ela — digo, apontando para a moça.
— Aquilo vai pegar ele? — a mulher pergunta.
— Não se matarmos aquela coisa primeiro — eu falo e logo percebo que o loiro não está armado. — Você não tem nada aí? Toma. — Eu entrego a minha carregada com balas de prata, ele agradece e vamos em direção à saída.
Quando estamos perto de sair do lugar, uma coisa estranha acontece. Eu, só que definitivamente não sou eu, aparece correndo e desesperada.
— Dean, ela é um metamorfo — a garota que se parece comigo diz.
— Qual é, monstros gostam de brincar agora? — pergunto, olhando para minha cópia, mas quando me viro em direção aos dois. A mulher está atrás de Dean e ele aponta para mim e para o monstro.
— Dean, sou eu — nós duas falamos em um uníssono. Que droga.
— Dean, você tem que acabar com isso logo, o outro metamorfo está com o seu irmão — aquela coisa diz.
O loiro atira no coração da minha cópia versão monstro e fico indignada.
— Você sabia que poderia ter me matado? — pergunto, olhando para o metamorfo.
— Você não saberia que existem 2 metamorfos soltos por aí — ele disse, por fim, dando de ombros.
— Justo. Vamos acabar com o outro — digo e corremos para a casa de Becky.
Ao chegarmos à casa da irmã do amigo de Sam, avistamos o moreno ferido e o outro metamorfo assume a forma de Dean. O loiro acaba com o monstro, que ainda está em sua forma, fazendo com que a polícia encerre o caso. Voltaremos ao hotel para dormir e partir no outro dia, o mais velho me acompanha até o carro.
— Sabe, eu achei legal ter um gêmeo — ele diz e eu simplesmente não controlo a risada. — Isso só comprova o quão bonito eu sou — ele diz convencido.
— É sério isso, Dean? Então quer dizer que você precisa de um monstro pra falar se você é bonito ou não? — digo, rindo.
— O espelho me dá essa resposta todos os dias. — Nós não conseguimos não cair na gargalhada depois dessa, mas, de repente, ele para e fica me observando.
— O que houve? Tem alguma coisa? — digo, apontando para meu rosto.
— Não, nada disso. É que… você não se lembra de nada do que aconteceu naquele dia que você bebeu todas? — ele pergunta.
— Aonde você quer chegar com isso? Foi tão ruim assim? — pergunto, tentando me lembrar das coisas que aconteceram. — Olha, eu não me lembro nem de ter cantado ou dançado no karaokê e nem como cheguei ao quarto, se é isso que quer saber — digo, sorrindo, e ele parece um pouco desapontado com isso. — Mas, sabe, se aconteceu algo, você pode me contar, tá bom? — falo, olhando pra ele.
— Olha, é que você… — Dean começa a falar, mas Sam vem em nossa direção e começa a falar:
— Gente, foi a maior doideira. Aquilo engana mesmo — ele fala, sorrindo.
— É, nem me diga. Eu tive uma gêmea por um tempo — brinco, revelando que existiam dois daqueles bichos.
— Tinha outro? — Sam pergunta impressionado. — O que houve?
— Eu acabei com ele com minhas incríveis habilidades — o loiro conta.
— Cala a boca, Dean, você quase me matou — digo e todos nós rimos.
Logo pela manhã acordo e olho ao redor. Dean está dormindo e Sam vendo algo no computador.
— Bom dia, Sammy — falo, levantando da cama. — Temos algo para comer? Tô faminta!
— Bom dia, , e não, aqui não tem nada — ele diz com cara de quem também está faminto, reconheço o olhar de fome de longe. — Nós podemos ir até a lanchonete aqui do lado enquanto Dean não acorda, o que acha? — o moreno pergunta.
— Parece uma boa ideia! — Reparo que ele ainda está no computador e o provoco. — Credo, Sam, não acredito que você veja esse tipo de coisa! Que decepção — falo, balançando a cabeça, insinuando reprovação.
— Qual é, ! Tô só pesquisando uma próxima caçada. Não sou o Dean! — ele fala, sorrindo. Faço o mesmo.
— Vou me arrumar e então podemos ir, tá bom? — pergunto, entrando no banheiro.
— Claro! — ele diz com sua voz de sempre, gentil.
Estamos a caminho da lanchonete e o alto começa a falar.
— Então, no dia do fantasma doida, eu meio que… — ele começa, mas eu o interrompo.
— Sam, eu sei que você sente culpa pela morte de alguém, dá pra ver que faz falta. Você viu algo no espelho aquele dia? — pergunto, tentando entender o homem.
— Eu vi… O nome dela era Jess, ela era minha namorada — ele fala com tristeza.
— Então ela foi uma garota de sorte, hein? — digo, tentando animá-lo. Ele dá um leve sorriso e continua.
— Nem tanto. Por minha causa, a mesma coisa que matou minha mãe a matou — ele me diz.
— Um demônio? — pergunto a ele.
— Sim — ele me responde.
— Olha, Sammy, você não fez nada. Caçadores têm o direito de amar alguém algum dia, não sinta culpa por isso — falo, pensando alto e com sinceridade.
— , eu pensei que poderia sair dessa vida de caçador, seria normal. É tudo o que sempre quis. Eu fui pra faculdade, sabia? Ia seguir um sonho, sem ter que dormir preocupado com a próxima coisa que vou matar no outro dia — o moreno me revela seus pensamentos.
— Ninguém é normal, Sam, todos têm seus próprios demônios. Talvez, se você nunca tivesse lidado com essa vida, você estaria diferente. Mas não foi assim que as coisas aconteceram e isso te fez forte, um bom homem. Seu trabalho é ajudar pessoas, isso é incrível. — As minhas palavras saem com delicadeza e fico grata por terem saído dessa maneira, quero mostrar para ele que ele é uma boa pessoa, que deve ficar livre de culpas. — Faculdade, é? De que? — pergunto interessada em saber mais sobre.
— Obrigado, , precisava disso… Direito, bons tempos — ele diz, sorrindo ao se lembrar da faculdade. — Posso te fazer uma pergunta?
— Acabou de fazer, mas eu permito outra — falo, enquanto entramos no local e escolhemos um lugar para sentar.
— Você… sentia que estava com a pessoa certa quando estava com John? — Sam pergunta com delicadeza.
— Às vezes. Nós éramos diferentes. Alguns dias eu sentia que estava com um desconhecido ao meu lado, mas, em outros, parecia que eu estava no paraíso — digo, me lembrando de antes.
— Ele era sua alma… gêmea? — Sammy me pergunta com curiosidade.
— Não sei… acho que não. No último ano, eu senti muito que estávamos juntos porque nos acostumamos um com o outro, mas eu sempre o amei muito. Tem algo que eu venho pensando bastante depois que aconteceu aquela coisa toda do demônio — conto para o homem.
— O que houve? Ele disse algo para você? — o moreno fala preocupado.
— Ele falou que tinha me traído. E eu acho que realmente estava acontecendo isso, Sammy, o que me deixa arrasada — admito, enfim, um dos pensamentos que não me deixam dormir.
— Sabe, demônios mentem. Talvez seja o caso — ele fala, tentando me animar.
— É, talvez. — Tento sorrir, mas fica claro que não consigo. — Minha vez de te fazer uma pergunta — falo, mudando de assunto.
— Manda — ele diz em um tom desafiador.
— Por que você nunca fica com as garotas que Dean arruma pra você ou que literalmente se jogam para cima de você? Eu não sou cega, Sam — digo curiosa, me encostando no banco.
— Simples, nenhuma delas é a certa — ele fala, dando de ombros.
— Você tem que tentar, cara! — falo.
Dean chega correndo na lanchonete e se senta ao meu lado, ofegante.
— Não pensaram em me dizer onde se meteram? — ele pergunta preocupado.
— Calma, só viemos comer. Eu pedi o seu pra viagem, já que a bela adormecida estava em um sono profundo — digo, sorrindo.
— Sério? Pediu do quê? — ele pergunta animado.
— Bacon com um toque especial de veneno pra você — respondo, dando risada.
POV off
Após os três comerem, pegam a estrada e partem em busca da próxima caçada.
5: Últimas novidades
’s POV
As últimas caçadas têm sido uma loucura. Sam nos contou que tinha uma espécie de visões e então fomos à antiga casa dos meninos. Só depois daquele dia eu pude ver o quão traumatizados eles foram por toda essa história de demônio. Passamos em um asilo, onde o mais novo quase mata Dean e eu, mas tudo acabou bem no final das contas. Chegamos ao hotel e fiquei sozinha com o moreno, enquanto o loiro resolveu comprar algumas bebidas.
— Então… têm sido uma loucura, né? — o homem começa a puxar assunto, sem jeito.
— Você tá bem, Sam? Não deve estar sendo fácil pra você — digo, me aproximando dele, me mostrando compreensiva diante à situação.
— Eu não quero falar sobre isso agora — ele responde diretamente, mas com gentileza.
— Tudo bem então. — Balanço minha cabeça afirmando suas palavras e me afasto, tentando procurar o meu celular embaixo da cama.
— , tenho que te perguntar algo — Sam fala, como se estivesse tomando coragem para dizer suas próximas palavras. Me levanto e apenas o olho, fazendo um sinal com as mãos para que ele prossiga. Ele respira fundo e continua. — O que acha de… Depois… O que acha de sairmos? — ele finalmente diz com incerteza se dá um sorriso ou não.
Droga. Fui pega de surpresa e eu odeio surpresas. Me levanto e fico parada olhando para ele, que tenta consertar o que disse.
— Você… você não precisa aceitar, não precisa falar… — ele começa a dizer, mas então eu acho que dou uma resposta um pouco alta e desajeitada.
— Sim. — Tento limpar minha garganta e começar de novo. — Seria legal sair — digo, ainda surpresa com minha resposta. Volto a procurar a droga do meu celular para que o clima não fique mais estranho do que agora.
— Legal. — Ele começa a sorrir.
Dean entra no quarto, percebendo o clima, e pergunta.
— Perdi alguma coisa? — Ele olha para nós dois desconfiado.
— Não — Sam e eu respondemos em um uníssono. Nós três caímos em um silêncio constrangedor, até que resolvo quebrá-lo.
— Então… o que trouxe? — Ele levanta uma sacola, revelando várias cervejas e meu celular. Minha felicidade é inevitável. — Meu herói! — digo, rindo. Os irmãos logo fazem o mesmo.
— Você é famosa, não param de te ligar — ele me conta.
— Você atendeu? — pergunto, enquanto ele me entrega o telefone.
— Não, por quê? Era importante? — ele pergunta como um pedido de desculpas.
— Sinceramente, não sei. Nunca atendi — respondo, dando de ombros, encerrando o assunto.
Após bebermos um pouco, decidimos dormir um pouco. Deito e fico absorta em meus próprios pensamentos, um deles é sobre quem anda me ligando recentemente. Não que eu pense sobre atender o telefone, muito pelo contrário, mas… e se for importante? De qualquer forma, não importa, não quero saber nada do que ficou para trás. Meu telefone toca novamente e, para não acordar os meninos, o desligo rapidamente. Minutos depois, ouço o toque novamente e não consigo parar de pensar que diabos é tão urgente, mas quando pego o aparelho, percebo que não é o meu. Acendo a luz, mas nenhum dos meninos estão à disposição. Resolvo me levantar e atender.
— Alô? — digo um pouco desconfortável por atender o telefone de Dean.
— Eh… oi, o Dean ou Sam estão? — uma voz masculina pergunta, retribuindo o tom de desconforto por EU estar no telefone.
— Depende de quem pergunta — respondo séria.
— Boa garota. — Escuto o homem rir. — Sou John, John Winchester. — Logo após o homem, ou melhor, o pai dos meninos dizer isso, eu congelei.
— Só um segundo! — falo, imediatamente tentando fazer os meninos acordarem.
Dou um chute nos dois enquanto dou tapinhas no rosto de ambos e luto para manter o telefone em minhas mãos. Os irmãos acordam completamente assustados com meus métodos, acho que peguei um pouco pesado, mas é importante. Sam é o primeiro a se levantar, então dou o telefone para ele. Estou ansiosa, curiosa para saber o que o pai que os meninos tanto procuram quer. Dean também se levanta ao perceber com quem o irmão está falando. Os dois falam um pouco com o homem e então, quando desligam, resolvo perguntar:
— O que aconteceu? — falo, em busca de respostas, mas o moreno está de cara fechada e o loiro de cabeça baixa. Resolvo não insistir no assunto, visto uma calça de moletom por cima do meu short de dormir, pego no freezer uma das cervejas que sobraram e saio do quarto.
Não acho que os meninos querem conversar e eu entendo e os respeito por isso, mas em momentos como esse, me sinto como se não me encaixasse ali. Sam vem atrás de mim, provavelmente algo aconteceu para o mais novo se juntar a mim fora do quarto.
— Oi, por que saiu daquele jeito? Assustou a gente — ele diz como se realmente se importasse.
— Sam. Eu… atrapalho vocês? Seja sincero — digo, fazendo essa mesma pergunta pra mim mesma.
— Ficou louca? De onde tirou isso? — ele fala indignado com minha pergunta.
— Não é nada demais, Sammy, é que… talvez se vocês não tivessem me conhecido, as coisas poderiam ser melhores pra vocês — digo, enquanto tomo a minha bebida e tento relatar meus pensamentos.
— … a sua vida seria melhor se você não tivesse conhecido a gente. Nós literalmente somos um ímã de problemas — ele diz, sorrindo um pouco.
— Se eu não tivesse conhecido vocês, eu estaria morta. — Paro de falar um pouco e tomo outro gole na cerveja. — Acho que talvez eu seja um desses problemas no final das contas — digo, imitando a expressão do moreno anteriormente.
Sam fica mais próximo e me pergunta:
— Por que você pensou que atrapalha a gente, ? — Sammy me pergunta, colocando sua mão em meu braço e o massageando.
— As coisas sempre foram pessoais demais pra vocês. Aquele lance dos seus pais… eu não quero impedir vocês de fazer ou resolver nada — falo um pouco triste com o que digo, mas se um dia for necessário me afastar dos meninos para que eles consigam fazer o trabalho deles sem nada no caminho, eu posso me acostumar com a ideia de deixá-los…
— Ei… você não é um peso pra gente, . Nós realmente gostamos de você e só queremos te ver bem… eu só quero ver você feliz e acho que nós que somos o real problema — ele diz, acariciando o meu rosto, mas eu me recuso tanto em acreditar no que ele me diz que dou uma risada irônica.
— Sammy, acho que de todas as coisas bobas que já ouvi na vida, a que de vocês não me fazem feliz é a maior. — No exato momento em que essas palavras saem da minha boca, Sam sorri e me dá um beijo.
Sam Winchester me surpreende mais de uma vez em uma noite só. E acho que também me surpreendo, pois nunca imaginei que viveria tudo isso. No momento em que ele percebe o que está fazendo para e fica olhando sem jeito para mim:
— Me descul… — ele começa a falar, mas eu o silencio com um beijo.
Dean sai do quarto e se depara com a cena. Me assusto quando ele bateu a porta, a fechando com força. Dou tapinhas no peito do mais novo para que ele se afaste. Assim que o moreno entende e dá dois passos para trás, recebe um soco do loiro, derrubando o irmão, que levanta com raiva, iniciando uma briga.
— Que merda é essa? Chega os dois. O que aconteceu? — grito, entrando no meio deles para que parem de se bater.
— Nada! — Dean aponta para mim e entra no quarto.
— Sammy, o que seu pai disse para vocês? — pergunto, tentando entender o que está rolando entre eles.
— Nada que eu concorde — ele diz, tentando desviar o assunto.
— O que ele disse? — insisto.
— Ele falou que está perto de encontrar o demônio que matou nossa mãe, mas que não quer nós na caçada. Ele passou outra coisa pra gente. E também mandou um abraço pra você — o alto conta essa parte sorrindo.
— Deixa eu adivinhar, você não quer fazer o que ele pediu? — falo, já sabendo sua resposta.
— Eu não quero perder tempo, , quero acabar com tudo isso e viver uma vida normal — ele me responde com sinceridade.
— Sam… por que você tem que ser tão teimoso? — digo, andando em direção à porta, mas pensando se entro ou não, estou cansada e morta de sono. — Eu te entendo, mas será que a gente pode falar mais sobre isso amanhã… ou melhor, daqui há algumas horas? — falo, olhando para o céu. Dou um suspiro e vejo Sam balançando a cabeça positivamente. Cruzo meus braços na espera de que Sammy entre primeiro, mas ele diz em um tom brincalhão:
— As damas primeiro. — Reviro meus olhos, pois não sou eu que tenho problemas com Dean.
Entro no quarto e vejo o loiro deitado preso em pensamentos, assim como eu minutos atrás.
— Dean… descansa um pouco, tenta pelo menos. Amanhã a gente resolve tudo isso — falo baixo, mas com um tom otimista enquanto ele balança a cabeça positivamente. Sam entra em seguida e todos tiramos um cochilo para o longo dia a seguir.
POV off
Logo pela manhã, o trio está na estrada, todos muito quietos, sem aquela agitação de sempre. O silêncio é tão constrangedor que se uma agulha caísse, todos os presentes se sentiriam incomodados. Dean resolve ligar o som, colocando uma de suas músicas, mas Sam logo desliga e fala.
— Chega disso. O que foi aquilo ontem? — o moreno pergunta, em busca de respostas.
— Nada — o loiro, responde olhando para a estrada.
— Que merda, Dean! Eu estou cansado de nunca ouvir nada sobre você. Você nem fala das coisas comigo! — o alto diz, irritado.
— O que você quer que eu fale com você, hein, Sammy? — ele responde com um tom de voz elevado, enquanto , que está no banco de trás, está quieta diante à futura briga.
— Como você se sente. É isso que eu quero saber — o irmão mais novo simplesmente diz.
— Você não quer saber — o mais velho diz, mantendo seu tom de voz alterado.
— É lógico que quero! — Sam diz, levantando o tom também, seu irmão encosta bruscamente o carro na pista e começa a dizer:
— Sabe o que eu sentiria se meu pai tivesse ligado para me dar uma ordem? Normalmente, sempre recebo ordens dele, então tudo bem. Mas sabe o que eu senti quando vi meu irmão ficando com a mesma garota com que eu fiquei semanas atrás? Isso mesmo, puto pra caramba — Dean fala irritado.
fica surpresa com o que está acontecendo e com as palavras do irmão mais velho, pois não tem recordações do que aconteceu anteriormente. Ela sai do carro e se encosta no mesmo, logo em seguida os meninos a acompanham. A mulher fica em dúvida sobre o que fazer em seguida e simplesmente começa a andar. Os irmãos vão atrás novamente e Dean chega primeiro, a segurando pelo braço.
— O que acha que está fazendo? — ele diz.
— Eu não tenho a mínima ideia. Mas o que você acha que está fazendo? — ela pergunta, olhando nos seus olhos, o mais novo também chega e entra na conversa.
— Então é verdade que aconteceu algo entre vocês? — o moreno pergunta para ela, que não sabe como responder e se vira para Dean.
— Era a sua obrigação me contar que isso tinha acontecido. Talvez agora as coisas estariam diferentes — fala irritada com o irmão mais velho, que se encontra com um olhar cabisbaixo. — Por que me deixar esquecer algo tão importante como isso?
— O que iria mudar? — ele responde.
— Tudo — ela finaliza e o loiro tenta tocá-la, porém logo é impedido por Sam, que começam novamente os socos, mas agora por motivos confusos, e seu pai.
— Parem com essa palhaçada de uma vez por todas! — diz, segurando Dean, que está por cima do irmão. Ambos estão feridos demais para protestar.
— Eu vou embora! — o moreno fala.
— Pra onde? — a mulher e o homem perguntam em um uníssono.
— Achar nosso pai — ele diz, olhando para o irmão mais velho.
— Sam… se acalma, você não está pensando direito. Ele disse exatamente o que fazer e mesmo assim você quer o oposto. Eu entendo que é importante, mas… — começa a falar, mas é interrompida por Sam.
— Eu tenho que fazer isso e nenhum de vocês consegue entender — ele diz alterado e chateado.
— Tá bom, Sammy, você pode ir à sua missão suicida sozinho. vai ficar aqui — Dean diz, respondendo o irmão.
— Como? — ela responde, começando a se alterar. — Por que eu devo fazer o que você quer? — a morena diz com uma raiva crescente.
— Porque é o que você deve fazer — ele a responde.
— Sabe o que você deveria fazer? Me contar sobre as coisas que aconteceram e parar de querer mandar em mim. Por mim chega! — ela fala, gritando com o loiro. Ela começa a andar em direção ao Impala, acompanhando o moreno. — Me espera, Sam, eu vou com você.
— Então tá! Tchau! — Dean diz irritado com toda a situação.
e Sam partem na direção oposta a Dean e a morena resolve quebrar o silêncio.
— Sammy, estamos fazendo a coisa certa? — ela pergunta, acompanhando o rapaz, que ainda está visivelmente estressado.
As últimas caçadas têm sido uma loucura. Sam nos contou que tinha uma espécie de visões e então fomos à antiga casa dos meninos. Só depois daquele dia eu pude ver o quão traumatizados eles foram por toda essa história de demônio. Passamos em um asilo, onde o mais novo quase mata Dean e eu, mas tudo acabou bem no final das contas. Chegamos ao hotel e fiquei sozinha com o moreno, enquanto o loiro resolveu comprar algumas bebidas.
— Então… têm sido uma loucura, né? — o homem começa a puxar assunto, sem jeito.
— Você tá bem, Sam? Não deve estar sendo fácil pra você — digo, me aproximando dele, me mostrando compreensiva diante à situação.
— Eu não quero falar sobre isso agora — ele responde diretamente, mas com gentileza.
— Tudo bem então. — Balanço minha cabeça afirmando suas palavras e me afasto, tentando procurar o meu celular embaixo da cama.
— , tenho que te perguntar algo — Sam fala, como se estivesse tomando coragem para dizer suas próximas palavras. Me levanto e apenas o olho, fazendo um sinal com as mãos para que ele prossiga. Ele respira fundo e continua. — O que acha de… Depois… O que acha de sairmos? — ele finalmente diz com incerteza se dá um sorriso ou não.
Droga. Fui pega de surpresa e eu odeio surpresas. Me levanto e fico parada olhando para ele, que tenta consertar o que disse.
— Você… você não precisa aceitar, não precisa falar… — ele começa a dizer, mas então eu acho que dou uma resposta um pouco alta e desajeitada.
— Sim. — Tento limpar minha garganta e começar de novo. — Seria legal sair — digo, ainda surpresa com minha resposta. Volto a procurar a droga do meu celular para que o clima não fique mais estranho do que agora.
— Legal. — Ele começa a sorrir.
Dean entra no quarto, percebendo o clima, e pergunta.
— Perdi alguma coisa? — Ele olha para nós dois desconfiado.
— Não — Sam e eu respondemos em um uníssono. Nós três caímos em um silêncio constrangedor, até que resolvo quebrá-lo.
— Então… o que trouxe? — Ele levanta uma sacola, revelando várias cervejas e meu celular. Minha felicidade é inevitável. — Meu herói! — digo, rindo. Os irmãos logo fazem o mesmo.
— Você é famosa, não param de te ligar — ele me conta.
— Você atendeu? — pergunto, enquanto ele me entrega o telefone.
— Não, por quê? Era importante? — ele pergunta como um pedido de desculpas.
— Sinceramente, não sei. Nunca atendi — respondo, dando de ombros, encerrando o assunto.
Após bebermos um pouco, decidimos dormir um pouco. Deito e fico absorta em meus próprios pensamentos, um deles é sobre quem anda me ligando recentemente. Não que eu pense sobre atender o telefone, muito pelo contrário, mas… e se for importante? De qualquer forma, não importa, não quero saber nada do que ficou para trás. Meu telefone toca novamente e, para não acordar os meninos, o desligo rapidamente. Minutos depois, ouço o toque novamente e não consigo parar de pensar que diabos é tão urgente, mas quando pego o aparelho, percebo que não é o meu. Acendo a luz, mas nenhum dos meninos estão à disposição. Resolvo me levantar e atender.
— Alô? — digo um pouco desconfortável por atender o telefone de Dean.
— Eh… oi, o Dean ou Sam estão? — uma voz masculina pergunta, retribuindo o tom de desconforto por EU estar no telefone.
— Depende de quem pergunta — respondo séria.
— Boa garota. — Escuto o homem rir. — Sou John, John Winchester. — Logo após o homem, ou melhor, o pai dos meninos dizer isso, eu congelei.
— Só um segundo! — falo, imediatamente tentando fazer os meninos acordarem.
Dou um chute nos dois enquanto dou tapinhas no rosto de ambos e luto para manter o telefone em minhas mãos. Os irmãos acordam completamente assustados com meus métodos, acho que peguei um pouco pesado, mas é importante. Sam é o primeiro a se levantar, então dou o telefone para ele. Estou ansiosa, curiosa para saber o que o pai que os meninos tanto procuram quer. Dean também se levanta ao perceber com quem o irmão está falando. Os dois falam um pouco com o homem e então, quando desligam, resolvo perguntar:
— O que aconteceu? — falo, em busca de respostas, mas o moreno está de cara fechada e o loiro de cabeça baixa. Resolvo não insistir no assunto, visto uma calça de moletom por cima do meu short de dormir, pego no freezer uma das cervejas que sobraram e saio do quarto.
Não acho que os meninos querem conversar e eu entendo e os respeito por isso, mas em momentos como esse, me sinto como se não me encaixasse ali. Sam vem atrás de mim, provavelmente algo aconteceu para o mais novo se juntar a mim fora do quarto.
— Oi, por que saiu daquele jeito? Assustou a gente — ele diz como se realmente se importasse.
— Sam. Eu… atrapalho vocês? Seja sincero — digo, fazendo essa mesma pergunta pra mim mesma.
— Ficou louca? De onde tirou isso? — ele fala indignado com minha pergunta.
— Não é nada demais, Sammy, é que… talvez se vocês não tivessem me conhecido, as coisas poderiam ser melhores pra vocês — digo, enquanto tomo a minha bebida e tento relatar meus pensamentos.
— … a sua vida seria melhor se você não tivesse conhecido a gente. Nós literalmente somos um ímã de problemas — ele diz, sorrindo um pouco.
— Se eu não tivesse conhecido vocês, eu estaria morta. — Paro de falar um pouco e tomo outro gole na cerveja. — Acho que talvez eu seja um desses problemas no final das contas — digo, imitando a expressão do moreno anteriormente.
Sam fica mais próximo e me pergunta:
— Por que você pensou que atrapalha a gente, ? — Sammy me pergunta, colocando sua mão em meu braço e o massageando.
— As coisas sempre foram pessoais demais pra vocês. Aquele lance dos seus pais… eu não quero impedir vocês de fazer ou resolver nada — falo um pouco triste com o que digo, mas se um dia for necessário me afastar dos meninos para que eles consigam fazer o trabalho deles sem nada no caminho, eu posso me acostumar com a ideia de deixá-los…
— Ei… você não é um peso pra gente, . Nós realmente gostamos de você e só queremos te ver bem… eu só quero ver você feliz e acho que nós que somos o real problema — ele diz, acariciando o meu rosto, mas eu me recuso tanto em acreditar no que ele me diz que dou uma risada irônica.
— Sammy, acho que de todas as coisas bobas que já ouvi na vida, a que de vocês não me fazem feliz é a maior. — No exato momento em que essas palavras saem da minha boca, Sam sorri e me dá um beijo.
Sam Winchester me surpreende mais de uma vez em uma noite só. E acho que também me surpreendo, pois nunca imaginei que viveria tudo isso. No momento em que ele percebe o que está fazendo para e fica olhando sem jeito para mim:
— Me descul… — ele começa a falar, mas eu o silencio com um beijo.
Dean sai do quarto e se depara com a cena. Me assusto quando ele bateu a porta, a fechando com força. Dou tapinhas no peito do mais novo para que ele se afaste. Assim que o moreno entende e dá dois passos para trás, recebe um soco do loiro, derrubando o irmão, que levanta com raiva, iniciando uma briga.
— Que merda é essa? Chega os dois. O que aconteceu? — grito, entrando no meio deles para que parem de se bater.
— Nada! — Dean aponta para mim e entra no quarto.
— Sammy, o que seu pai disse para vocês? — pergunto, tentando entender o que está rolando entre eles.
— Nada que eu concorde — ele diz, tentando desviar o assunto.
— O que ele disse? — insisto.
— Ele falou que está perto de encontrar o demônio que matou nossa mãe, mas que não quer nós na caçada. Ele passou outra coisa pra gente. E também mandou um abraço pra você — o alto conta essa parte sorrindo.
— Deixa eu adivinhar, você não quer fazer o que ele pediu? — falo, já sabendo sua resposta.
— Eu não quero perder tempo, , quero acabar com tudo isso e viver uma vida normal — ele me responde com sinceridade.
— Sam… por que você tem que ser tão teimoso? — digo, andando em direção à porta, mas pensando se entro ou não, estou cansada e morta de sono. — Eu te entendo, mas será que a gente pode falar mais sobre isso amanhã… ou melhor, daqui há algumas horas? — falo, olhando para o céu. Dou um suspiro e vejo Sam balançando a cabeça positivamente. Cruzo meus braços na espera de que Sammy entre primeiro, mas ele diz em um tom brincalhão:
— As damas primeiro. — Reviro meus olhos, pois não sou eu que tenho problemas com Dean.
Entro no quarto e vejo o loiro deitado preso em pensamentos, assim como eu minutos atrás.
— Dean… descansa um pouco, tenta pelo menos. Amanhã a gente resolve tudo isso — falo baixo, mas com um tom otimista enquanto ele balança a cabeça positivamente. Sam entra em seguida e todos tiramos um cochilo para o longo dia a seguir.
POV off
Logo pela manhã, o trio está na estrada, todos muito quietos, sem aquela agitação de sempre. O silêncio é tão constrangedor que se uma agulha caísse, todos os presentes se sentiriam incomodados. Dean resolve ligar o som, colocando uma de suas músicas, mas Sam logo desliga e fala.
— Chega disso. O que foi aquilo ontem? — o moreno pergunta, em busca de respostas.
— Nada — o loiro, responde olhando para a estrada.
— Que merda, Dean! Eu estou cansado de nunca ouvir nada sobre você. Você nem fala das coisas comigo! — o alto diz, irritado.
— O que você quer que eu fale com você, hein, Sammy? — ele responde com um tom de voz elevado, enquanto , que está no banco de trás, está quieta diante à futura briga.
— Como você se sente. É isso que eu quero saber — o irmão mais novo simplesmente diz.
— Você não quer saber — o mais velho diz, mantendo seu tom de voz alterado.
— É lógico que quero! — Sam diz, levantando o tom também, seu irmão encosta bruscamente o carro na pista e começa a dizer:
— Sabe o que eu sentiria se meu pai tivesse ligado para me dar uma ordem? Normalmente, sempre recebo ordens dele, então tudo bem. Mas sabe o que eu senti quando vi meu irmão ficando com a mesma garota com que eu fiquei semanas atrás? Isso mesmo, puto pra caramba — Dean fala irritado.
fica surpresa com o que está acontecendo e com as palavras do irmão mais velho, pois não tem recordações do que aconteceu anteriormente. Ela sai do carro e se encosta no mesmo, logo em seguida os meninos a acompanham. A mulher fica em dúvida sobre o que fazer em seguida e simplesmente começa a andar. Os irmãos vão atrás novamente e Dean chega primeiro, a segurando pelo braço.
— O que acha que está fazendo? — ele diz.
— Eu não tenho a mínima ideia. Mas o que você acha que está fazendo? — ela pergunta, olhando nos seus olhos, o mais novo também chega e entra na conversa.
— Então é verdade que aconteceu algo entre vocês? — o moreno pergunta para ela, que não sabe como responder e se vira para Dean.
— Era a sua obrigação me contar que isso tinha acontecido. Talvez agora as coisas estariam diferentes — fala irritada com o irmão mais velho, que se encontra com um olhar cabisbaixo. — Por que me deixar esquecer algo tão importante como isso?
— O que iria mudar? — ele responde.
— Tudo — ela finaliza e o loiro tenta tocá-la, porém logo é impedido por Sam, que começam novamente os socos, mas agora por motivos confusos, e seu pai.
— Parem com essa palhaçada de uma vez por todas! — diz, segurando Dean, que está por cima do irmão. Ambos estão feridos demais para protestar.
— Eu vou embora! — o moreno fala.
— Pra onde? — a mulher e o homem perguntam em um uníssono.
— Achar nosso pai — ele diz, olhando para o irmão mais velho.
— Sam… se acalma, você não está pensando direito. Ele disse exatamente o que fazer e mesmo assim você quer o oposto. Eu entendo que é importante, mas… — começa a falar, mas é interrompida por Sam.
— Eu tenho que fazer isso e nenhum de vocês consegue entender — ele diz alterado e chateado.
— Tá bom, Sammy, você pode ir à sua missão suicida sozinho. vai ficar aqui — Dean diz, respondendo o irmão.
— Como? — ela responde, começando a se alterar. — Por que eu devo fazer o que você quer? — a morena diz com uma raiva crescente.
— Porque é o que você deve fazer — ele a responde.
— Sabe o que você deveria fazer? Me contar sobre as coisas que aconteceram e parar de querer mandar em mim. Por mim chega! — ela fala, gritando com o loiro. Ela começa a andar em direção ao Impala, acompanhando o moreno. — Me espera, Sam, eu vou com você.
— Então tá! Tchau! — Dean diz irritado com toda a situação.
e Sam partem na direção oposta a Dean e a morena resolve quebrar o silêncio.
— Sammy, estamos fazendo a coisa certa? — ela pergunta, acompanhando o rapaz, que ainda está visivelmente estressado.
6: Coisa certa?
’s POV
— Se você não quiser me acompanhar, pode ir. Não é obrigada a nada — ele diz com raiva e eu simplesmente paro.
Tento analisar tudo o que aconteceu hoje e como estou me sentindo por isso e, nesse momento, a resposta ideal seria frustrada, por tudo. Será que fiz a coisa certa em vir com os meninos? Se Dean tivesse me contado sobre o acontecimento, estaríamos juntos? Quem me liga tanto? Por que Sam está fazendo isso?
Ele percebe que as suas palavras me afetaram então também para, se vira para mim e acho que ele vai tentar consertar as coisas, mas tudo que eu escuto é:
— Vai ser melhor se você não vier. — E sai andando, me deixando plantada ali.
Eu começo a me mover, afinal, eu estou sozinha. Pego meu celular dentro da bolsa e ele começa a tocar. Resolvo atender de uma vez por todas para saber o que é.
— Alô? — falo.
— O que aconteceu com ele é culpa sua — uma voz feminina me diz. — Toda vez que me lembro dele, ligo para você, pra te provar que tudo isso é por sua causa! — ela diz, aos berros.
— Quem é você? — pergunto, engolindo seco, apenas imaginando o que tenha acontecido.
— Ele ia se separar de você para ficarmos juntos! Sua maldita! — A moça começa a chorar e então entendo o que aconteceu. É muita coisa pra processar em um só dia.
Desligo o telefone e faço o que iria fazer inicialmente, ligo para Dean. Minhas mãos estão tremendo e as lágrimas vêm à tona. Não consigo controlar o que estou sentindo e isso só me deixa mais angustiada. Deixo uma mensagem em seu telefone principal, pois ele não atende. Ligo para todos os outros números e nada. Jogo o celular com força na estrada, já que ele não tem utilidade nenhuma. Me sinto culpada pelo que fiz e vou atrás do aparelho, mas acho que caprichei na força que usei, pois acabei destruindo o objeto.
Acho que agora a melhor opção é pegar uma carona com alguém e ir para o lugar onde Dean seguiu a estrada. Espero durante alguns minutos que pareceram uma eternidade. Resolvo seguir andando e faço isso durante horas, até que um homem finalmente para. Ele me diz que vai passar próximo ao local. Fico assustada com sua abordagem, mas não aguento mais andar e eu estou em vantagem no fim das contas, não é? Tenho uma arma na bolsa.
Estou suja, suada, cansada, meus olhos inchados depois de tanto ter chorado, inclusive, acho que gastei lágrimas para o resto da minha vida. Estou adormecendo no banco do carona do caminhão, mas tento não fazer isso, o que parece uma tortura. Durmo até chegarmos próximo ao meu destino, graças a Deus ele não era um louco. Agradeço a carona e continuo andando. Percebo que passei o dia inteiro tentando achar Dean. Está amanhecendo quando chego à cidade e o encontro.
— Dean! Finalmente! — digo, dando um abraço no loiro, me apoiando nele, pois não consegui descansar plenamente desde o dia que o deixei. — Me desculpa, eu prometo que não vou mais vacilar desse jeito — falo, tentando recuperar meu ar.
— ! Graças a Deus! O que houve? Fiquei muito preocupado. Eu ouvi as suas mensagens — ele diz, me fazendo com que fique de pé e tenta me acalmar. Eu achei que não tinha mais lágrimas, mas percebo que estava enganada. — Ei, ei… Você tem que me contar tudo o que aconteceu, mas agora não é a melhor hora, tem uma merda muito grande acontecendo por aqui — ele diz, tentando me alertar sobre o que está acontecendo.
Ele me leva à lanchonete local e conta que tem um espantalho que aparentemente é um… deus pagão? Ele fala que em troca da proteção de boas colheitas eles fazem sacrifícios de casais anuais. Ele impediu que um casal fosse morto ontem e quer descobrir como acabar de uma vez com isso.
— Liguei para Sam… espero que ele descubra algo — ele fala, olhando para mim.
— Ah… espero o mesmo — falo, um pouco desconfortável.
— Olá, não sabia que estava acompanhado — diz um homem da lanchonete, pegando o seu telefone de maneira agitada para ligar seja lá para quem for. Percebo que algo não está muito certo, mas fico quieta e como minha comida, pois estou faminta.
Depois de um tempo, um casal aparece e Dean faz muitas perguntas a eles relacionadas à caçada. O casal se mostra cooperativo em responder e nos guia para falar a respeito do assunto com mais privacidade. Tento alertar de alguma maneira para o loiro que isso pode ser uma cilada, mas percebo que ele está ciente da situação, o que, no fim das contas, realmente estava certo.
O casal nos prende num tipo de porão para nos oferecer como comida para que a cidade se mantenha estável, me sento no chão e coloco as mãos na cabeça.
— Qual é o problema dessa cidade? Todo mundo sabe do que está acontecendo e aprova? — falo indignada, já sabendo das respostas para as minhas perguntas. Ele se senta ao meu lado e pergunta:
— Por que não veio comigo? — diz com uma voz que mostra uma real tristeza.
— Não é óbvio? Eu não vim só para não ter que fazer o que me disse — falo, levantando a cabeça e olhando em sua direção com um breve sorriso. O loiro faz a mesma expressão e continua as perguntas:
— Por que não respondeu às minhas mensagens? — diz ele preocupado. — Eu fiquei louco. Já estava indo atrás de você quando chegou.
Eu sorrio ao pensar nessa possibilidade, mas ele logo desaparece por lembrar o tempo em que eu estava fora.
— Eu quebrei o meu telefone. Já não tinha mais nenhuma utilidade — digo simples com a ligação daquela mulher martelando em minha cabeça enquanto o irmão mais velho me olha confuso. — Dean… — começo a falar e ele balança a cabeça em sinal para que eu prossiga minha fala. Tomo coragem e solto. — Você acha que foi culpa minha o que aconteceu com o John? — pergunto.
— Quem que te disse uma bobagem dessas? Foi o Sam? É claro que você não tem culpa — ele fala, mexendo em minhas costas. Eu começo a chorar e me deito em seu ombro.
— Ele me traiu — simplesmente digo, tentando aceitar o fato de que o homem com quem eu passei seis anos não era quem eu esperava que fosse. — Por que eu atendi aquela ligação? — digo em voz alta o questionamento que estava em minha mente.
— Oh, … Eu sinto muito — ele diz, aconchegando minha cabeça ainda mais em seu ombro.
Estou tão cansada que simplesmente durmo. Talvez o fato de que tenham drogado a gente ajude. E então nós dois caímos no sono.
POV off
Dean e estão presos em uma árvore. A morena é a primeira a acordar e chama pelo loiro.
— O que a gente faz agora? — ela pergunta para ele, que desperta assustado.
— Tenho que pensar em algo — ele fala quieto.
— Que tal não virarmos churrasco de espantalho? Seria legal, né? — ela fala, tirando sarro da situação, mas desconfortável com a ideia. — Espera, vou tentar tirar isso — ela diz, tentando tirar a bota sem utilizar as mãos, que estão amarradas.
— Acho que você deveria ter seguido o seu conselho de bêbada e não usar mais isso — ele diz, rindo dela.
— Se eu lembrasse desse conselho ou tivesse alguém para me lembrar, teria sido mais fácil — ela fala, conseguindo finalmente tirar os sapatos.
— Para que está fazendo isso? — Dean pergunta curioso.
— É o único lugar onde essa gente doida não deve revistar, então deve estar por aqui — ela fala, tirando um canivete de dentro da bota.
— É sério isso? Você guarda facas nos seus sapatos? — ele pergunta impressionado.
— Cala a boca e me ajuda aqui. Esse canivete vai salvar nossas vidas — ela fala, tentando tirar a parte da lâmina do objeto.
— Dean? ? — Sam grita dentro da floresta, encontrando os dois presos.
— Nunca pensei que diria isso depois de ontem, mas graças a Deus! — a mulher diz, aliviada enquanto o moreno corta as cordas dela.
Ele conta sobre o que descobriu sobre a criatura, um Vanir, que está sendo convocado na forma de um espantalho para proteger a cidade em troca de sacrifícios anuais, com uma árvore sagrada na cidade que lhe dá poder.
— Tá, Sammy, sem papo furado antes que esse espantalho saia do lugar — Dean fala irritado com a espera para soltá-lo.
— Que espantalho? — o mais novo pergunta, olhando ao redor.
— Droga! — Dean e falam juntos.
— Como a gente acaba com isso? — o loiro pergunta para o moreno, que não tem a resposta.
— A gente queima. Deve resolver — a morena, diz dando de ombros.
— O QUÊ? — eles dizem em um uníssono.
— É a nossa única opção — ela fala.
— E se não der certo? — Dean fala, considerando a possibilidade.
— A gente morre — a mulher simplesmente responde. — Uma hora ou outra tem que acontecer.
— Você vai sair daqui agora! É perigoso — o loiro fala.
— Meu Deus, você ainda não entendeu que eu não gosto de obedecer? — ela responde irritada.
— Eu já saquei, mas você precisa. Pro seu bem. Sam e eu cuidamos disso — o mais velho diz.
— Ainda bem que eu sempre ando equipado — Sam diz ao irmão, pegando as coisas para atear fogo na árvore. — , vai — ele pede com delicadeza. A mulher olha para os lados, tentando achar algo, mas está escuro demais. Ela balança a cabeça positivamente e corre em direção à estrada.
No meio do caminho, o espantalho aparece para , que está completamente desarmada. Ela tenta lutar contra aquilo, mas só consegue atrasar um pouco a coisa.
— DEAN! SAM! — ela grita desesperada para que os meninos a escutem e acabem com aquela coisa o mais rápido possível.
A morena acaba tropeçando em sua tentativa de fuga, machucando o seu rosto com a queda. O espantalho machuca o seu braço, mas ela se solta e sai da mata enquanto espera os meninos chegarem.
— ! — Dean aparece na estrada, seguido por Sam. — Você está bem? — ele pergunta com preocupação.
— Já estive melhor, mas vou ficar bem — a mulher diz, com um leve sorriso que desaparece quando Sam chega perto.
— Eu posso fazer algo por você, ? — ele diz para a moça e suas palavras são como um pedido de desculpas.
Ela dá um tapa na sua cara e deixa o homem desnorteado.
— Você fez uma merda muito grande, Samuel — a morena fala com uma voz firme, mas depois o abraça. — Por que me deixou lá?
— Era a melhor coisa a se fazer. E foi, né? Você ligou para Dean e vieram pra cá juntos — ele diz, analisando as palavras que saíram da sua boca e, pela expressão de , percebe que está errado. — O que aconteceu?
— Você foi embora e eu me virei — ela diz, engolindo seco e Sam troca olhares com Dean.
Todos precisam se acertar antes de tudo voltar ao normal no estilo Winchester e .
— Se você não quiser me acompanhar, pode ir. Não é obrigada a nada — ele diz com raiva e eu simplesmente paro.
Tento analisar tudo o que aconteceu hoje e como estou me sentindo por isso e, nesse momento, a resposta ideal seria frustrada, por tudo. Será que fiz a coisa certa em vir com os meninos? Se Dean tivesse me contado sobre o acontecimento, estaríamos juntos? Quem me liga tanto? Por que Sam está fazendo isso?
Ele percebe que as suas palavras me afetaram então também para, se vira para mim e acho que ele vai tentar consertar as coisas, mas tudo que eu escuto é:
— Vai ser melhor se você não vier. — E sai andando, me deixando plantada ali.
Eu começo a me mover, afinal, eu estou sozinha. Pego meu celular dentro da bolsa e ele começa a tocar. Resolvo atender de uma vez por todas para saber o que é.
— Alô? — falo.
— O que aconteceu com ele é culpa sua — uma voz feminina me diz. — Toda vez que me lembro dele, ligo para você, pra te provar que tudo isso é por sua causa! — ela diz, aos berros.
— Quem é você? — pergunto, engolindo seco, apenas imaginando o que tenha acontecido.
— Ele ia se separar de você para ficarmos juntos! Sua maldita! — A moça começa a chorar e então entendo o que aconteceu. É muita coisa pra processar em um só dia.
Desligo o telefone e faço o que iria fazer inicialmente, ligo para Dean. Minhas mãos estão tremendo e as lágrimas vêm à tona. Não consigo controlar o que estou sentindo e isso só me deixa mais angustiada. Deixo uma mensagem em seu telefone principal, pois ele não atende. Ligo para todos os outros números e nada. Jogo o celular com força na estrada, já que ele não tem utilidade nenhuma. Me sinto culpada pelo que fiz e vou atrás do aparelho, mas acho que caprichei na força que usei, pois acabei destruindo o objeto.
Acho que agora a melhor opção é pegar uma carona com alguém e ir para o lugar onde Dean seguiu a estrada. Espero durante alguns minutos que pareceram uma eternidade. Resolvo seguir andando e faço isso durante horas, até que um homem finalmente para. Ele me diz que vai passar próximo ao local. Fico assustada com sua abordagem, mas não aguento mais andar e eu estou em vantagem no fim das contas, não é? Tenho uma arma na bolsa.
Estou suja, suada, cansada, meus olhos inchados depois de tanto ter chorado, inclusive, acho que gastei lágrimas para o resto da minha vida. Estou adormecendo no banco do carona do caminhão, mas tento não fazer isso, o que parece uma tortura. Durmo até chegarmos próximo ao meu destino, graças a Deus ele não era um louco. Agradeço a carona e continuo andando. Percebo que passei o dia inteiro tentando achar Dean. Está amanhecendo quando chego à cidade e o encontro.
— Dean! Finalmente! — digo, dando um abraço no loiro, me apoiando nele, pois não consegui descansar plenamente desde o dia que o deixei. — Me desculpa, eu prometo que não vou mais vacilar desse jeito — falo, tentando recuperar meu ar.
— ! Graças a Deus! O que houve? Fiquei muito preocupado. Eu ouvi as suas mensagens — ele diz, me fazendo com que fique de pé e tenta me acalmar. Eu achei que não tinha mais lágrimas, mas percebo que estava enganada. — Ei, ei… Você tem que me contar tudo o que aconteceu, mas agora não é a melhor hora, tem uma merda muito grande acontecendo por aqui — ele diz, tentando me alertar sobre o que está acontecendo.
Ele me leva à lanchonete local e conta que tem um espantalho que aparentemente é um… deus pagão? Ele fala que em troca da proteção de boas colheitas eles fazem sacrifícios de casais anuais. Ele impediu que um casal fosse morto ontem e quer descobrir como acabar de uma vez com isso.
— Liguei para Sam… espero que ele descubra algo — ele fala, olhando para mim.
— Ah… espero o mesmo — falo, um pouco desconfortável.
— Olá, não sabia que estava acompanhado — diz um homem da lanchonete, pegando o seu telefone de maneira agitada para ligar seja lá para quem for. Percebo que algo não está muito certo, mas fico quieta e como minha comida, pois estou faminta.
Depois de um tempo, um casal aparece e Dean faz muitas perguntas a eles relacionadas à caçada. O casal se mostra cooperativo em responder e nos guia para falar a respeito do assunto com mais privacidade. Tento alertar de alguma maneira para o loiro que isso pode ser uma cilada, mas percebo que ele está ciente da situação, o que, no fim das contas, realmente estava certo.
O casal nos prende num tipo de porão para nos oferecer como comida para que a cidade se mantenha estável, me sento no chão e coloco as mãos na cabeça.
— Qual é o problema dessa cidade? Todo mundo sabe do que está acontecendo e aprova? — falo indignada, já sabendo das respostas para as minhas perguntas. Ele se senta ao meu lado e pergunta:
— Por que não veio comigo? — diz com uma voz que mostra uma real tristeza.
— Não é óbvio? Eu não vim só para não ter que fazer o que me disse — falo, levantando a cabeça e olhando em sua direção com um breve sorriso. O loiro faz a mesma expressão e continua as perguntas:
— Por que não respondeu às minhas mensagens? — diz ele preocupado. — Eu fiquei louco. Já estava indo atrás de você quando chegou.
Eu sorrio ao pensar nessa possibilidade, mas ele logo desaparece por lembrar o tempo em que eu estava fora.
— Eu quebrei o meu telefone. Já não tinha mais nenhuma utilidade — digo simples com a ligação daquela mulher martelando em minha cabeça enquanto o irmão mais velho me olha confuso. — Dean… — começo a falar e ele balança a cabeça em sinal para que eu prossiga minha fala. Tomo coragem e solto. — Você acha que foi culpa minha o que aconteceu com o John? — pergunto.
— Quem que te disse uma bobagem dessas? Foi o Sam? É claro que você não tem culpa — ele fala, mexendo em minhas costas. Eu começo a chorar e me deito em seu ombro.
— Ele me traiu — simplesmente digo, tentando aceitar o fato de que o homem com quem eu passei seis anos não era quem eu esperava que fosse. — Por que eu atendi aquela ligação? — digo em voz alta o questionamento que estava em minha mente.
— Oh, … Eu sinto muito — ele diz, aconchegando minha cabeça ainda mais em seu ombro.
Estou tão cansada que simplesmente durmo. Talvez o fato de que tenham drogado a gente ajude. E então nós dois caímos no sono.
POV off
Dean e estão presos em uma árvore. A morena é a primeira a acordar e chama pelo loiro.
— O que a gente faz agora? — ela pergunta para ele, que desperta assustado.
— Tenho que pensar em algo — ele fala quieto.
— Que tal não virarmos churrasco de espantalho? Seria legal, né? — ela fala, tirando sarro da situação, mas desconfortável com a ideia. — Espera, vou tentar tirar isso — ela diz, tentando tirar a bota sem utilizar as mãos, que estão amarradas.
— Acho que você deveria ter seguido o seu conselho de bêbada e não usar mais isso — ele diz, rindo dela.
— Se eu lembrasse desse conselho ou tivesse alguém para me lembrar, teria sido mais fácil — ela fala, conseguindo finalmente tirar os sapatos.
— Para que está fazendo isso? — Dean pergunta curioso.
— É o único lugar onde essa gente doida não deve revistar, então deve estar por aqui — ela fala, tirando um canivete de dentro da bota.
— É sério isso? Você guarda facas nos seus sapatos? — ele pergunta impressionado.
— Cala a boca e me ajuda aqui. Esse canivete vai salvar nossas vidas — ela fala, tentando tirar a parte da lâmina do objeto.
— Dean? ? — Sam grita dentro da floresta, encontrando os dois presos.
— Nunca pensei que diria isso depois de ontem, mas graças a Deus! — a mulher diz, aliviada enquanto o moreno corta as cordas dela.
Ele conta sobre o que descobriu sobre a criatura, um Vanir, que está sendo convocado na forma de um espantalho para proteger a cidade em troca de sacrifícios anuais, com uma árvore sagrada na cidade que lhe dá poder.
— Tá, Sammy, sem papo furado antes que esse espantalho saia do lugar — Dean fala irritado com a espera para soltá-lo.
— Que espantalho? — o mais novo pergunta, olhando ao redor.
— Droga! — Dean e falam juntos.
— Como a gente acaba com isso? — o loiro pergunta para o moreno, que não tem a resposta.
— A gente queima. Deve resolver — a morena, diz dando de ombros.
— O QUÊ? — eles dizem em um uníssono.
— É a nossa única opção — ela fala.
— E se não der certo? — Dean fala, considerando a possibilidade.
— A gente morre — a mulher simplesmente responde. — Uma hora ou outra tem que acontecer.
— Você vai sair daqui agora! É perigoso — o loiro fala.
— Meu Deus, você ainda não entendeu que eu não gosto de obedecer? — ela responde irritada.
— Eu já saquei, mas você precisa. Pro seu bem. Sam e eu cuidamos disso — o mais velho diz.
— Ainda bem que eu sempre ando equipado — Sam diz ao irmão, pegando as coisas para atear fogo na árvore. — , vai — ele pede com delicadeza. A mulher olha para os lados, tentando achar algo, mas está escuro demais. Ela balança a cabeça positivamente e corre em direção à estrada.
No meio do caminho, o espantalho aparece para , que está completamente desarmada. Ela tenta lutar contra aquilo, mas só consegue atrasar um pouco a coisa.
— DEAN! SAM! — ela grita desesperada para que os meninos a escutem e acabem com aquela coisa o mais rápido possível.
A morena acaba tropeçando em sua tentativa de fuga, machucando o seu rosto com a queda. O espantalho machuca o seu braço, mas ela se solta e sai da mata enquanto espera os meninos chegarem.
— ! — Dean aparece na estrada, seguido por Sam. — Você está bem? — ele pergunta com preocupação.
— Já estive melhor, mas vou ficar bem — a mulher diz, com um leve sorriso que desaparece quando Sam chega perto.
— Eu posso fazer algo por você, ? — ele diz para a moça e suas palavras são como um pedido de desculpas.
Ela dá um tapa na sua cara e deixa o homem desnorteado.
— Você fez uma merda muito grande, Samuel — a morena fala com uma voz firme, mas depois o abraça. — Por que me deixou lá?
— Era a melhor coisa a se fazer. E foi, né? Você ligou para Dean e vieram pra cá juntos — ele diz, analisando as palavras que saíram da sua boca e, pela expressão de , percebe que está errado. — O que aconteceu?
— Você foi embora e eu me virei — ela diz, engolindo seco e Sam troca olhares com Dean.
Todos precisam se acertar antes de tudo voltar ao normal no estilo Winchester e .
7: Rota 666
Dean recebe uma ligação de Cassie, seu primeiro amor, na qual diz que coisas do tipo que ele trabalha estão acontecendo por lá. Enquanto ele fala com a moça ao telefone, Sam e se encaram, curiosos com a conversa. Após ele desligar, ele diz:
— Cape Girardeau, Missouri. — E fica quieto, esperando que Sam mude a rota.
— O que aconteceu? — a mulher e o moreno perguntam.
— Cassie está com problemas e me pediu ajuda — ele responde.
— Agora as coisas ficaram interessantes. Finalmente vou conhecer uma caçadora — a morena diz e o mais novo ri de sua fala.
— Quem é Cassie? — Sam pergunta curioso.
— Ela não é caçadora — Dean conclui. Sam para o carro em choque com o que acaba de ouvir. — Não vamos chegar lá se você não dirigir, Sammy — o loiro fala.
— Você contou nosso segredo para ela? O que ela foi sua? Uma das suas aventuras? — o moreno pergunta irritado.
— Não — o outro responde, evitando o assunto.
— Cara, eu fiquei com a Jess por mais de um ano sem dizer nada. Você sabe qual é a primeira reação das pessoas ao ouvirem aquelas coisas — o irmão diz irritado enquanto retoma o caminho.
— Que tal a gente seguir o caminho sem brigas ou esconder coisas um dos outros, tá legal? — diz irritada com a discussão dos dois.
— Tá — os meninos respondem em uníssono.
— Então quer dizer que vamos conhecer um dos amores do Dean? — pergunta ela, se encostando confortavelmente no carro. O loiro não responde e ela se arrepende de ter começado. — Não acabou bem, né? — a morena diz em um tom consolador, enquanto Dean balança a cabeça positivamente. — Relaxa, a gente faz o que tiver que fazer e vai embora, vai dar tudo certo — ela consola o mais velho e encerra o assunto.
— O que aconteceu por lá? — Sam pergunta, percebendo as reações do irmão, que se sente aliviado por mudar de assunto.
— Uma série de assassinatos raciais, um dos quais o pai dela foi vítima — ele responde.
Chegando à cidade, o trio vai até o hotel e fazem o registro. e Sam vão investigar a recente morte que ocorreu, enquanto Dean vai consultar seu antigo amor.
’s POV
Quando nos separamos do loiro, já arrumados para bancarmos os donos da lei, o que não é tão mentira para mim, fico sozinha com Sam e um pouco desconfortável com sua presença por conta do jeito que me olhou e falou comigo da última vez.
— … Eu sinto — ele começa a falar, mas eu o interrompo.
— Sam, eu sei que sente e quando falou comigo estava irritado, eu entendo — digo a verdade.
— Eu quero saber se tenho o seu perdão, , eu gosto de você — ele diz com sinceridade e eu paro novamente, assim como fiz alguns dias atrás.
— Sam… Eu perdoo você — falo de todo o meu coração. — Tá tudo bem.
— Sabe, eu queria saber se você não gostaria de sair hoje — ele começa a falar, mas eu o olho confusa, pois estamos no meio de uma caçada. — Eu sei que estamos meio ocupados agora, mas eu realmente queria te levar pra algum lugar legal — ele me diz, sorrindo, e eu retribuo, ficando sem graça.
— Claro, Sam, acho que seria legal — falo.
Seguimos com o trabalho e descobrimos que cada assassinato está ligado a uma caminhonete misteriosa, que parece não ter motorista e não deixa rastros.
— O que você acha? Espírito vingativo, talvez? — falo, enquanto saímos da cena do crime.
— Pode ser. Vou avisar ao Dean. — Ele diz pegando o celular e ligando para o loiro, mas sem respostas. — Ele não atende, vou ver se acho ele pela cidade. Você vem? — ele me pergunta de maneira gentil.
— Vou olhar se ele está no hotel. Depois nós… — Aponto meu dedo indicador para ele e para mim. — Nos encontramos? — pergunto.
— Isso — ele diz, sorrindo.
Quando chego ao hotel, não encontro Dean. Faço algumas pesquisas sobre o que está rolando na cidade e encontro algumas coisas que talvez sejam interessantes. Deito um pouco na cama e começo a pensar como uma garota que nunca teve um primeiro encontro. As perguntas que passam em minha mente são: Como devo me vestir? Para onde iremos?
Parece bobagem, mas fico pensando em diversas possibilidades. Vejo que está ficando tarde, então começo a me arrumar para o encontro.
POV off
Sam encontra o irmão no bar, se senta ao lado dele e puxa assunto.
— O que está fazendo aqui? — ele pergunta e o loiro balança o copo com bebida. — Dia difícil?
— É, não é todo dia que vemos alguém assim, do passado — Dean diz, enquanto bebe.
— Dean, eu queria te falar que… — Ele respira fundo e faz sinal para pedir a mesma coisa que o irmão.
— Bebendo logo cedo? O que tá rolando? — o mais velho diz, começando a ficar curioso com o assunto.
— Eu vou sair hoje à noite com a — o moreno finalmente diz, após virar seu whisky em apenas um gole.
Dean não diz nada. Ele apenas se levanta e veste sua jaqueta.
— Pra onde você vai? — Sam pergunta confuso.
— Vou até Cassie. Já que não existem mais esperanças para mim — ele diz, saindo do local com um pouco de raiva e pressa.
O outro irmão fica olhando para a porta em que o loiro saiu sem saber o que pensar. Ele pede outra bebida e sai do estabelecimento, então começa a olhar a cidade em procura do lugar onde levará a garota.
’s POV
Estou terminando de me arrumar. Coloco o único vestido com cara de encontro que acho na minha bolsa. Ele é vermelho e um pouco justo e nunca tinha provado, ganhei de aniversário de John ano passado. Mas quando me olho no espelho, não penso no homem que o comprou, afinal, aquele homem era um mentiroso. Eu só consigo ver uma mulher que vai para um encontro e que está empolgada pra sair.
Estou colocando meus brincos, quando ouço batidas na porta. Talvez seja um dos meninos, já que estou com a chave do quarto. Pelo horário do encontro, Sam está na porta. Quando abro, me deparo com Dean. Ele parece arrasado e deve ter bebido também.
— Ah, oi, Dean — digo, na porta. — Por onde andou? Você não estava atendendo.
— Uau — ele fala, olhando para o meu vestido, me analisando de um jeito que ninguém nunca fez. Eu inevitavelmente fico vermelha e entro no apartamento. — Estava com Cassie. Alguma novidade? — Ele provavelmente passou a tarde com a mulher e nem se importou com o que estava acontecendo. Reviro os olhos de pensar nos dois juntos, involuntariamente.
— Nada demais, só o de sempre. Poucas mortes, todas de causas naturais, mas um desaparecimento estranho. Depois falamos sobre isso — falo, enquanto ele entra no quarto. Ele fica sem me responder por um tempo e então me viro para ver o seu rosto. Ele parece perplexo.
— … não vai — ele me diz.
— Dean, do que você está falando? — pergunto, tentando entender seu pedido.
— Nós dois sabemos o que é. — É, o encontro. Droga.
— Por que eu não deveria ir? — digo, cruzando os braços em espera de uma boa resposta.
— Porque eu gosto de você. E se tiver uma chance de nós dois existir, se você gostar pelo menos um pouco de mim, não vá. — Ele me olha com sinceridade, mas uma raiva aparece em meu peito e sobe até minhas palavras.
— Você me fala isso agora? Dean, você estava… seja lá o que você estava fazendo com aquela mulher e depois vem até mim e joga essa bomba? Quantas vezes você desperdiçou essa oportunidade de me dizer isso? Por que as coisas ficam tão complicadas quando você está no meio? — falo irritada. — Por que você sempre me deixa confusa e depois finge que nada aconteceu? — digo e ele fica quieto, esperando eu me acalmar até finalmente dizer.
— … Você é uma garota legal, eu me sinto no caminho certo quando você está. Mas eu sei que nunca vai ser possível a gente existir. Eu adoraria um dia levar a garota legal para sair, passear, todas essas coisas normais, mas isso é impossível com a vida que eu levo. Com a vida que levamos. — Suas palavras saem e minha vontade de desabar em sua frente aumenta. Eu me sinto péssima.
— Queria que tudo fosse diferente — falo, desviando nossos olhares. Tento pensar em outras coisas.
— Desculpa te deixar confusa de novo. Você deve ficar com o Sammy, é o melhor. Ele pode e vai te fazer feliz. — Ele chega perto e ainda não consigo olhar em seus olhos.
Saio do quarto e avisto Sam. Não sei como, mas ele está todo arrumado, parecendo um príncipe encantado, o que me faz sorrir assim que faço essa comparação. Talvez Dean esteja certo e Sam realmente seja a pessoa ideal.
Estamos em um restaurante e, uau, aqui é simplesmente lindo. Nós nos sentamos em uma mesa e eu me sinto como se estivesse em um filme. Tento esquecer as palavras de Dean da minha mente, já que sua declaração só serviu pra me afastar. Tirando toda essa confusão que estou sentindo, eu tô muito feliz.
— Sabe, esse lugar é incrível, Sam. Obrigada por me trazer até aqui — falo com sinceridade.
— Eu que agradeço por você ter vindo — ele diz com um sorriso sem graça, que logo se espalha por meu rosto também. — Você está linda — fala, me analisando como uma obra de arte. Até ousaria dizer que ninguém nunca me olhou assim, mas seu irmão fez isso horas atrás. Viro o rosto, tentando me livrar desses pensamentos.
— Você também não está nada mal — digo, soltando uma risada e o contemplando em seu terno.
— E então? Não tenho a mínima ideia do que perguntar no primeiro encontro — ele assume.
— Muito menos eu. Nós nos conhecemos há praticamente meio ano, mas hoje não, é um primeiro encontro — digo brincalhona. — E então, o que faz para viver?
— Ah, eu caço bastante. — Ele entra na onda.
— Olha só, que tipo de animais? — pergunto, sorrindo.
— De todos os tipos, é uma grande variedade — ele responde. — E você, senhorita , o que faz da vida?
— Sou policial — digo.
— Gosta da profissão? — ele diz curioso.
— Amo. E é bom você andar na linha para eu não ter que te prender — falo, sorrindo.
— Pode deixar, senhora, vou ser um bom homem — ele diz, fazendo uma formação e sorrindo. — Tá muito ridículo o nosso primeiro encontro?
— Um pouquinho, talvez — digo, sem conseguir conter a gargalhada. Analiso novamente todo o ambiente e reparo em uma pista de dança. Algumas pessoas estão dançando, suspiro e contemplo o movimento. — É lindo, não é?
— Eu até te chamaria para dançar se não tivesse dois pés esquerdos — ele fala, olhando para a pista.
— Você está brincando? Como assim Sam Winchester não sabe dançar? — pergunto surpresa.
— Eu caço, não danço — ele diz, me respondendo como se fosse algo que eu já deveria saber, o que na verdade é. Pelo menos na parte de caçar.
— Bom, para a sua sorte, eu sei fazer as duas coisas — digo, exagerando nas palavras. — Tá bom, caçar eu não sei muito bem. Mas se você quiser, eu posso te ensinar algumas coisas lá. Não tenho dois pés esquerdos — admito, sorrindo.
— Vamos às aulas então — ele falou, se levantando e indo até minha cadeira para me auxiliar. Ele coloca sua mão em minhas costas e me guia até a pista.
Meus braços se encontram, ou melhor, quase em seu pescoço por conta de sua altura, e os dele em minha cintura, ele realmente mentiu para mim ao dizer que não sabia dançar. A música é lenta e entramos no ritmo fácil.
— Você não é nada mal nisso — falo, enquanto ele finge uma cara surpresa.
— Que isso, eu só aprendo rápido. A professora é realmente boa — ele diz, abaixando um pouco a sua cabeça, a deixando mais perto do meu rosto.
— Sabe o que isso me lembra? — digo, querendo compartilhar uma de minhas memórias. Ele se mostra curioso em saber o que irei falar e me espera gentilmente. — Meu baile de formatura. A felicidade do primeiro encontro, um par cavalheiro e gentil… tudo isso, parece um conto de fadas — concluo o pensamento, sorrindo.
— E isso me lembra a primeira garota com quem saí. Eu estava muito nervoso, com medo dela não gostar de mim. Mas também estava muito feliz em levá-la para fazer algo legal — ele diz com doçura.
Não sei por quanto tempo dançamos, mas para mim se passaram apenas minutos. Olho para o relógio e vejo que estamos há quase duas horas aqui. A maioria das pessoas se foi e me dou conta de que o restaurante está prestes a fechar.
— Sammy, acho que temos que sair daqui — eu digo e começamos a nos mover para o hotel. Ele paga a conta, por mais que eu insista em ajudar. O dinheiro, no fim das contas nem é nosso, mas como é o nosso primeiro encontro, nós nos damos esse luxo de fingir.
Estamos andando pelas ruas até o lugar onde vamos passar a noite. Estou abraçando o seu braço com um pouco de frio, não trouxe meu casaco, mas posso suportar isso. Ele percebe e no mesmo instante coloca seu blazer em meus ombros. Eu agradeço, ficando um pouco vermelha e continuamos a caminhada.
— Você acha que isso… Eu e você, pode dar certo? — Ele para, quebrando o silêncio. Eu também paro e olho em seus olhos.
— Sam, eu quero te falar uma coisa. Eu quero que dê certo, de verdade. Mas para ser sincera, eu estou um pouco… confusa — falo e ele imediatamente entende sobre quem é a confusão. Ele assente com a cabeça e continua a andar um pouco desanimado. Fico parada em um impasse com minha própria mente. — Dane-se a confusão! — Penso alto e corro até Sam, dando um beijo em seus lábios. O tempo fecha rapidamente e uma tempestade começa. Não sei o motivo, mas nós simplesmente não nos importamos com esse fato. Continuamos ali e depois tomamos um banho de chuva até o hotel.
Ele entra primeiro e me dá uma toalha. Quando entro, não vejo sinal de Dean, ele provavelmente está com Cassie. Não consigo definir o que sinto em relação a isso, mas é melhor que a resposta seja: nada. Estou morrendo de frio, pego minhas roupas de dormir e vou tomar um banho. Quando saio, vejo Sammy sentado na cadeira, me esperando ensopado.
— Vai tomar um banho, não tô afim de ter que ver você ficando doente — digo, enquanto pego uma toalha limpa e jogo no rosto dele. Ele ri e se levanta em direção ao banheiro. Antes que ele entre, eu vou até ele e o encaro, o que me faz levantar um pouquinho os pés e a cabeça. — Sammy, hoje foi incrível. Obrigada por tudo, de verdade — falo, sendo sincera e com um sorriso, lembrando do nosso encontro. Ele me beija e fala:
— Vou tomar um banho antes que te ensope de novo.
Eu concordo com a cabeça e sorrio. Deito na cama e deixo meus pensamentos fluírem. Penso um pouco em John, depois na noite maravilhosa que tive com Sam e por último na noite que não tive, ou melhor, tive com Dean. Não lembro de estar acordada quando o mais novo saiu do banho, caí no sono, mas acordei assustada quando percebi a porta se abrindo. Pego a arma que fica debaixo de meu travesseiro e vou andando lentamente em direção à porta. A luz se acende e vejo Dean. Suspiro aliviada e me pego pensando se ele realmente estava com Cassie, mas nada disso é minha conta, né?
— ? Por que estava com uma arma apontada pra mim? — ele diz, já que eu estava presa na minha mente por alguns segundos ou minutos.
— Eh… e-eu me assustei um pouco. Foi mal — falo, devolvendo a arma para o lugar onde ela estava guardada.
— Por que deixa uma arma aí? — ele pergunta curioso.
— Vai que alguma coisa entra, eu não sei, é um hábito. — Penso em qual instante da minha vida normalizei isso.
— Desde quando? — Ele continua me interrogando.
— Desde quando me juntei a vocês, pai — falo, me desfazendo de suas preocupações. — Eu só quero estar pronta caso algo aconteça, apenas.
— Justo. Eu faço o mesmo. — Ele dá de ombros. — Mas você sabe que posso te proteger se algo acontecer, né? — ele me pergunta e fico pensando na estranheza de suas palavras.
— Sabe, qualquer coisa poderia ter acontecido enquanto você estava fora, então não pode me proteger — disse, mostrando um ótimo e acredito que irrefutável ponto.
— Você tem um ponto — ele me diz, pegando uma cerveja na geladeira e me oferecendo uma, aceito e continuo a conversa.
— Então, matou a saudades da Cassie? — digo com um tom estranho. Não sei por que quis tocar nesse assunto, mas tento não consertar o que disse para não ficar mais estranho.
— Aproveitou o encontro com Sammy? — ele devolve no mesmo tom e, como eu, se mostra surpreso por dizer isso, mas eu acho que não deixei tão evidente quanto ele, assim espero. — Foi bom passar um tempo com ela. — Ele pigarreia e tenta consertar o que disse anteriormente. — Se divertiu hoje?
— Foi bom sair um pouco, sem ser no sentido de caçar, entende? — falo, lembrando como me diverti quando fiz o mesmo com Dean.
— Sinto muito — ele fala com honestidade.
— Pelo quê? — falo, sem entender o motivo de ele sentir muito.
— Por descobrir sobre esse mundo. — Abaixo minha cabeça e penso em como minha vida mudou.
— Sabe de uma coisa? Acho que estou melhor sabendo sobre esse mundo. Eu acredito que estaria definitivamente morta por dentro. — Não sei se fui sincera demais, acho que a resposta é um sim. Ele fica um tempo quieto e quebra o silêncio:
— Por que acha que está mais feliz agora do que vivendo sua antiga vida? — ele fala de um jeito… delicado, calmo, curioso.
— Eu acho que negava para mim mesma que John não me amava mais, que eu me atolava de trabalho para evitar conversar… acho que eu precisava de uma pausa de tudo aquilo — digo, olhando para a janela, mal com minhas palavras. — Eu nem lembrava qual foi a última vez que eu me diverti tanto como fiz com vocês nesse tempo. — Bebo minha cerveja e olho para Dean.
— Eu ainda não consigo entender, , por quê? — ele insiste e sei que não faz isso por mal, já que é a única vida que ele conhece e sei que não é uma das boas.
— Porque agora talvez eu estivesse com uma criança, um marido que eu realmente amava… estaria com uma família perfeita de fachada. Por trás das cortinas, o meu “amado” me traía e eu cuidaria de uma criança achando que o papai está trabalhando, como uma tola. — Sinto raiva em dizer que essa seria a minha realidade, mas eu sei que isso iria acontecer. — Eu sou mais feliz aqui, com vocês, do que naquela droga de vida patética — falo em um tom de voz um pouco mais elevado. Coloco minhas mãos no rosto e respiro fundo, tentando fazer com que tudo isso vá embora da minha cabeça.
— Você acha que a verdade te faz mais feliz? — Ele me olha como se fosse um quebra-cabeças daqueles bem difíceis de resolver. Acho que faltam algumas peças.
— Não sei te responder. — Dou de ombros. — Acho melhor ir dormir, amanhã, ou melhor, daqui a pouco vai ser um longo dia — falo, já que o silêncio me deixa um pouco constrangida.
Não sei me despedir dele, só aceno com a cabeça e deixo a cerveja no balcão. Me deito e os pensamentos continuam a martelar.
POV off
resolve ficar de fora da caçada, pois se sente desconfortável com a presença de Cassie. O homem desaparecido que a morena descobriu está envolvido e a mãe do primeiro amor de Dean conta sobre o que aconteceu no passado. Enquanto fica no hotel pesquisando sobre possíveis novos casos, encontra uma onda de mulheres assassinadas por seus maridos, assim como quase aconteceu com ela. Seus dedos começam a tremer enquanto ela lê as notícias, ela procura saber cada vez mais sobre o que está acontecendo e percebe o padrão de mulheres que também estavam grávidas.
— Mas… será que isso é possível? — ela pergunta em voz alta, sozinha no quarto.
A morena começa a ficar um pouco obcecada demais com os casos e nota outro padrão: todos os maridos eram infiéis.
Quando os meninos chegam ao hotel, após passarem o dia inteiro solucionando a caçada, encontram chorando, com raiva, confusa, frustrada. Os rapazes não conseguem distinguir o que houve, ela está no chão. Imediatamente, Dean, seguido por Sam, vão de encontro a ela.
— , o que aconteceu? Você se machucou? — pergunta Dean com preocupação em seu olhar e gentileza em sua voz. Sam observa o comportamento do irmão e sente um pouco de raiva pela atenção que ele está dando à morena.
— Vocês o mataram? — ela pergunta com uma voz séria.
— Quem? Do que está falando? — Sam entra em ação, tentando afastar o irmão.
— Do demônio. Vocês mataram ou não ele? — a mulher pergunta com o desespero na sua voz. Os irmãos se entreolham e não dizem nada. Ela percebe e volta a dizer. — Ele voltou.
— , você tem certeza? — Dean pergunta.
— Olhem o computador — a morena fala, apontando e saindo do quarto. Ela respira fundo e deixa as lágrimas correrem. Dean aparece e a mulher revira os olhos.
— O que eu fiz dessa vez? — o loiro pergunta, sem entender.
— Nada, até mais tarde — diz, esperando que ele saia, o que a deixa confusa.
— Eu não vou a lugar nenhum se é isso que quer saber — ele diz, deixando a mulher um pouco envergonhada por ter pensando que ele iria se encontrar com Cassie.
— Ah… — ela diz baixinho.
— Eu vim ver só como você estava — ele responde, chegando mais perto.
— Você sabia que o demônio não gosta só de mulheres grávidas, mas também de possuir homens infiéis? — a morena pergunta, já sabendo que sua resposta seria um sim, mas ele não diz nada. — Sabia ou não, Dean?
— Eu sabia — ele fala, admitindo.
— E por que não me disse nada? Qual é, vai me dizer que John está vivo também? — ela pergunta com raiva, mas o homem não responde. — Dean? — ela insiste, mas não obtém resposta alguma. — Achei que não estava vivendo uma vida repleta de mentiras, mas eu me enganei de novo — disse, pensando alto.
— Você quer saber a verdade? Não queria te ver sofrer mais do que já está agora. Fiz Sam ficar quieto também pelo seu bem — ele conclui, se defendendo.
— Por que quer tanto o meu bem? Eu aguento saber das coisas, Dean. Eu aguento ir às caçadas, eu consigo — ela faz as perguntas esperando que ele responda algo. Ele fica de frente a ela e diz:
— Faço tudo isso porque eu gosto de você, . — O loiro pega nos ombros da mulher, que nega com a cabeça.
— Para de mentir pra mim. — A morena coloca as mãos no rosto e Dean a impede de fazer isso, fazendo-a olhar em seus olhos.
— Eu não estou mentindo. — O irmão mais velho a olha nos olhos enquanto ela vira a cabeça, ele solta seus ombros. Ela se vira para ele novamente e faz carinho em seu rosto. Sem dizer nada, o loiro se aproxima para beijá-la, mas ela o impede de fazer tal coisa. — Você quer? — ele pergunta a ela.
— Não seria justo — a mulher responde, encostando a cabeça em sua testa e respirando fundo com pesar.
Eles ficam juntos dessa maneira por um tempo, até que resolve entrar para o quarto e se depara com Sam. O moreno está lendo os arquivos que ela juntou durante o dia e desvia sua atenção dos arquivos quando a vê entrar.
— Se for me contar mais uma mentira, é melhor não dizer nada — ela fala, indo em direção à cama.
O outro irmão aparece e o silêncio se instala no quarto. Todos vão dormir quietos, só na esperança de que o dia seguinte seja melhor.
— Cape Girardeau, Missouri. — E fica quieto, esperando que Sam mude a rota.
— O que aconteceu? — a mulher e o moreno perguntam.
— Cassie está com problemas e me pediu ajuda — ele responde.
— Agora as coisas ficaram interessantes. Finalmente vou conhecer uma caçadora — a morena diz e o mais novo ri de sua fala.
— Quem é Cassie? — Sam pergunta curioso.
— Ela não é caçadora — Dean conclui. Sam para o carro em choque com o que acaba de ouvir. — Não vamos chegar lá se você não dirigir, Sammy — o loiro fala.
— Você contou nosso segredo para ela? O que ela foi sua? Uma das suas aventuras? — o moreno pergunta irritado.
— Não — o outro responde, evitando o assunto.
— Cara, eu fiquei com a Jess por mais de um ano sem dizer nada. Você sabe qual é a primeira reação das pessoas ao ouvirem aquelas coisas — o irmão diz irritado enquanto retoma o caminho.
— Que tal a gente seguir o caminho sem brigas ou esconder coisas um dos outros, tá legal? — diz irritada com a discussão dos dois.
— Tá — os meninos respondem em uníssono.
— Então quer dizer que vamos conhecer um dos amores do Dean? — pergunta ela, se encostando confortavelmente no carro. O loiro não responde e ela se arrepende de ter começado. — Não acabou bem, né? — a morena diz em um tom consolador, enquanto Dean balança a cabeça positivamente. — Relaxa, a gente faz o que tiver que fazer e vai embora, vai dar tudo certo — ela consola o mais velho e encerra o assunto.
— O que aconteceu por lá? — Sam pergunta, percebendo as reações do irmão, que se sente aliviado por mudar de assunto.
— Uma série de assassinatos raciais, um dos quais o pai dela foi vítima — ele responde.
Chegando à cidade, o trio vai até o hotel e fazem o registro. e Sam vão investigar a recente morte que ocorreu, enquanto Dean vai consultar seu antigo amor.
’s POV
Quando nos separamos do loiro, já arrumados para bancarmos os donos da lei, o que não é tão mentira para mim, fico sozinha com Sam e um pouco desconfortável com sua presença por conta do jeito que me olhou e falou comigo da última vez.
— … Eu sinto — ele começa a falar, mas eu o interrompo.
— Sam, eu sei que sente e quando falou comigo estava irritado, eu entendo — digo a verdade.
— Eu quero saber se tenho o seu perdão, , eu gosto de você — ele diz com sinceridade e eu paro novamente, assim como fiz alguns dias atrás.
— Sam… Eu perdoo você — falo de todo o meu coração. — Tá tudo bem.
— Sabe, eu queria saber se você não gostaria de sair hoje — ele começa a falar, mas eu o olho confusa, pois estamos no meio de uma caçada. — Eu sei que estamos meio ocupados agora, mas eu realmente queria te levar pra algum lugar legal — ele me diz, sorrindo, e eu retribuo, ficando sem graça.
— Claro, Sam, acho que seria legal — falo.
Seguimos com o trabalho e descobrimos que cada assassinato está ligado a uma caminhonete misteriosa, que parece não ter motorista e não deixa rastros.
— O que você acha? Espírito vingativo, talvez? — falo, enquanto saímos da cena do crime.
— Pode ser. Vou avisar ao Dean. — Ele diz pegando o celular e ligando para o loiro, mas sem respostas. — Ele não atende, vou ver se acho ele pela cidade. Você vem? — ele me pergunta de maneira gentil.
— Vou olhar se ele está no hotel. Depois nós… — Aponto meu dedo indicador para ele e para mim. — Nos encontramos? — pergunto.
— Isso — ele diz, sorrindo.
Quando chego ao hotel, não encontro Dean. Faço algumas pesquisas sobre o que está rolando na cidade e encontro algumas coisas que talvez sejam interessantes. Deito um pouco na cama e começo a pensar como uma garota que nunca teve um primeiro encontro. As perguntas que passam em minha mente são: Como devo me vestir? Para onde iremos?
Parece bobagem, mas fico pensando em diversas possibilidades. Vejo que está ficando tarde, então começo a me arrumar para o encontro.
POV off
Sam encontra o irmão no bar, se senta ao lado dele e puxa assunto.
— O que está fazendo aqui? — ele pergunta e o loiro balança o copo com bebida. — Dia difícil?
— É, não é todo dia que vemos alguém assim, do passado — Dean diz, enquanto bebe.
— Dean, eu queria te falar que… — Ele respira fundo e faz sinal para pedir a mesma coisa que o irmão.
— Bebendo logo cedo? O que tá rolando? — o mais velho diz, começando a ficar curioso com o assunto.
— Eu vou sair hoje à noite com a — o moreno finalmente diz, após virar seu whisky em apenas um gole.
Dean não diz nada. Ele apenas se levanta e veste sua jaqueta.
— Pra onde você vai? — Sam pergunta confuso.
— Vou até Cassie. Já que não existem mais esperanças para mim — ele diz, saindo do local com um pouco de raiva e pressa.
O outro irmão fica olhando para a porta em que o loiro saiu sem saber o que pensar. Ele pede outra bebida e sai do estabelecimento, então começa a olhar a cidade em procura do lugar onde levará a garota.
’s POV
Estou terminando de me arrumar. Coloco o único vestido com cara de encontro que acho na minha bolsa. Ele é vermelho e um pouco justo e nunca tinha provado, ganhei de aniversário de John ano passado. Mas quando me olho no espelho, não penso no homem que o comprou, afinal, aquele homem era um mentiroso. Eu só consigo ver uma mulher que vai para um encontro e que está empolgada pra sair.
Estou colocando meus brincos, quando ouço batidas na porta. Talvez seja um dos meninos, já que estou com a chave do quarto. Pelo horário do encontro, Sam está na porta. Quando abro, me deparo com Dean. Ele parece arrasado e deve ter bebido também.
— Ah, oi, Dean — digo, na porta. — Por onde andou? Você não estava atendendo.
— Uau — ele fala, olhando para o meu vestido, me analisando de um jeito que ninguém nunca fez. Eu inevitavelmente fico vermelha e entro no apartamento. — Estava com Cassie. Alguma novidade? — Ele provavelmente passou a tarde com a mulher e nem se importou com o que estava acontecendo. Reviro os olhos de pensar nos dois juntos, involuntariamente.
— Nada demais, só o de sempre. Poucas mortes, todas de causas naturais, mas um desaparecimento estranho. Depois falamos sobre isso — falo, enquanto ele entra no quarto. Ele fica sem me responder por um tempo e então me viro para ver o seu rosto. Ele parece perplexo.
— … não vai — ele me diz.
— Dean, do que você está falando? — pergunto, tentando entender seu pedido.
— Nós dois sabemos o que é. — É, o encontro. Droga.
— Por que eu não deveria ir? — digo, cruzando os braços em espera de uma boa resposta.
— Porque eu gosto de você. E se tiver uma chance de nós dois existir, se você gostar pelo menos um pouco de mim, não vá. — Ele me olha com sinceridade, mas uma raiva aparece em meu peito e sobe até minhas palavras.
— Você me fala isso agora? Dean, você estava… seja lá o que você estava fazendo com aquela mulher e depois vem até mim e joga essa bomba? Quantas vezes você desperdiçou essa oportunidade de me dizer isso? Por que as coisas ficam tão complicadas quando você está no meio? — falo irritada. — Por que você sempre me deixa confusa e depois finge que nada aconteceu? — digo e ele fica quieto, esperando eu me acalmar até finalmente dizer.
— … Você é uma garota legal, eu me sinto no caminho certo quando você está. Mas eu sei que nunca vai ser possível a gente existir. Eu adoraria um dia levar a garota legal para sair, passear, todas essas coisas normais, mas isso é impossível com a vida que eu levo. Com a vida que levamos. — Suas palavras saem e minha vontade de desabar em sua frente aumenta. Eu me sinto péssima.
— Queria que tudo fosse diferente — falo, desviando nossos olhares. Tento pensar em outras coisas.
— Desculpa te deixar confusa de novo. Você deve ficar com o Sammy, é o melhor. Ele pode e vai te fazer feliz. — Ele chega perto e ainda não consigo olhar em seus olhos.
Saio do quarto e avisto Sam. Não sei como, mas ele está todo arrumado, parecendo um príncipe encantado, o que me faz sorrir assim que faço essa comparação. Talvez Dean esteja certo e Sam realmente seja a pessoa ideal.
Estamos em um restaurante e, uau, aqui é simplesmente lindo. Nós nos sentamos em uma mesa e eu me sinto como se estivesse em um filme. Tento esquecer as palavras de Dean da minha mente, já que sua declaração só serviu pra me afastar. Tirando toda essa confusão que estou sentindo, eu tô muito feliz.
— Sabe, esse lugar é incrível, Sam. Obrigada por me trazer até aqui — falo com sinceridade.
— Eu que agradeço por você ter vindo — ele diz com um sorriso sem graça, que logo se espalha por meu rosto também. — Você está linda — fala, me analisando como uma obra de arte. Até ousaria dizer que ninguém nunca me olhou assim, mas seu irmão fez isso horas atrás. Viro o rosto, tentando me livrar desses pensamentos.
— Você também não está nada mal — digo, soltando uma risada e o contemplando em seu terno.
— E então? Não tenho a mínima ideia do que perguntar no primeiro encontro — ele assume.
— Muito menos eu. Nós nos conhecemos há praticamente meio ano, mas hoje não, é um primeiro encontro — digo brincalhona. — E então, o que faz para viver?
— Ah, eu caço bastante. — Ele entra na onda.
— Olha só, que tipo de animais? — pergunto, sorrindo.
— De todos os tipos, é uma grande variedade — ele responde. — E você, senhorita , o que faz da vida?
— Sou policial — digo.
— Gosta da profissão? — ele diz curioso.
— Amo. E é bom você andar na linha para eu não ter que te prender — falo, sorrindo.
— Pode deixar, senhora, vou ser um bom homem — ele diz, fazendo uma formação e sorrindo. — Tá muito ridículo o nosso primeiro encontro?
— Um pouquinho, talvez — digo, sem conseguir conter a gargalhada. Analiso novamente todo o ambiente e reparo em uma pista de dança. Algumas pessoas estão dançando, suspiro e contemplo o movimento. — É lindo, não é?
— Eu até te chamaria para dançar se não tivesse dois pés esquerdos — ele fala, olhando para a pista.
— Você está brincando? Como assim Sam Winchester não sabe dançar? — pergunto surpresa.
— Eu caço, não danço — ele diz, me respondendo como se fosse algo que eu já deveria saber, o que na verdade é. Pelo menos na parte de caçar.
— Bom, para a sua sorte, eu sei fazer as duas coisas — digo, exagerando nas palavras. — Tá bom, caçar eu não sei muito bem. Mas se você quiser, eu posso te ensinar algumas coisas lá. Não tenho dois pés esquerdos — admito, sorrindo.
— Vamos às aulas então — ele falou, se levantando e indo até minha cadeira para me auxiliar. Ele coloca sua mão em minhas costas e me guia até a pista.
Meus braços se encontram, ou melhor, quase em seu pescoço por conta de sua altura, e os dele em minha cintura, ele realmente mentiu para mim ao dizer que não sabia dançar. A música é lenta e entramos no ritmo fácil.
— Você não é nada mal nisso — falo, enquanto ele finge uma cara surpresa.
— Que isso, eu só aprendo rápido. A professora é realmente boa — ele diz, abaixando um pouco a sua cabeça, a deixando mais perto do meu rosto.
— Sabe o que isso me lembra? — digo, querendo compartilhar uma de minhas memórias. Ele se mostra curioso em saber o que irei falar e me espera gentilmente. — Meu baile de formatura. A felicidade do primeiro encontro, um par cavalheiro e gentil… tudo isso, parece um conto de fadas — concluo o pensamento, sorrindo.
— E isso me lembra a primeira garota com quem saí. Eu estava muito nervoso, com medo dela não gostar de mim. Mas também estava muito feliz em levá-la para fazer algo legal — ele diz com doçura.
Não sei por quanto tempo dançamos, mas para mim se passaram apenas minutos. Olho para o relógio e vejo que estamos há quase duas horas aqui. A maioria das pessoas se foi e me dou conta de que o restaurante está prestes a fechar.
— Sammy, acho que temos que sair daqui — eu digo e começamos a nos mover para o hotel. Ele paga a conta, por mais que eu insista em ajudar. O dinheiro, no fim das contas nem é nosso, mas como é o nosso primeiro encontro, nós nos damos esse luxo de fingir.
Estamos andando pelas ruas até o lugar onde vamos passar a noite. Estou abraçando o seu braço com um pouco de frio, não trouxe meu casaco, mas posso suportar isso. Ele percebe e no mesmo instante coloca seu blazer em meus ombros. Eu agradeço, ficando um pouco vermelha e continuamos a caminhada.
— Você acha que isso… Eu e você, pode dar certo? — Ele para, quebrando o silêncio. Eu também paro e olho em seus olhos.
— Sam, eu quero te falar uma coisa. Eu quero que dê certo, de verdade. Mas para ser sincera, eu estou um pouco… confusa — falo e ele imediatamente entende sobre quem é a confusão. Ele assente com a cabeça e continua a andar um pouco desanimado. Fico parada em um impasse com minha própria mente. — Dane-se a confusão! — Penso alto e corro até Sam, dando um beijo em seus lábios. O tempo fecha rapidamente e uma tempestade começa. Não sei o motivo, mas nós simplesmente não nos importamos com esse fato. Continuamos ali e depois tomamos um banho de chuva até o hotel.
Ele entra primeiro e me dá uma toalha. Quando entro, não vejo sinal de Dean, ele provavelmente está com Cassie. Não consigo definir o que sinto em relação a isso, mas é melhor que a resposta seja: nada. Estou morrendo de frio, pego minhas roupas de dormir e vou tomar um banho. Quando saio, vejo Sammy sentado na cadeira, me esperando ensopado.
— Vai tomar um banho, não tô afim de ter que ver você ficando doente — digo, enquanto pego uma toalha limpa e jogo no rosto dele. Ele ri e se levanta em direção ao banheiro. Antes que ele entre, eu vou até ele e o encaro, o que me faz levantar um pouquinho os pés e a cabeça. — Sammy, hoje foi incrível. Obrigada por tudo, de verdade — falo, sendo sincera e com um sorriso, lembrando do nosso encontro. Ele me beija e fala:
— Vou tomar um banho antes que te ensope de novo.
Eu concordo com a cabeça e sorrio. Deito na cama e deixo meus pensamentos fluírem. Penso um pouco em John, depois na noite maravilhosa que tive com Sam e por último na noite que não tive, ou melhor, tive com Dean. Não lembro de estar acordada quando o mais novo saiu do banho, caí no sono, mas acordei assustada quando percebi a porta se abrindo. Pego a arma que fica debaixo de meu travesseiro e vou andando lentamente em direção à porta. A luz se acende e vejo Dean. Suspiro aliviada e me pego pensando se ele realmente estava com Cassie, mas nada disso é minha conta, né?
— ? Por que estava com uma arma apontada pra mim? — ele diz, já que eu estava presa na minha mente por alguns segundos ou minutos.
— Eh… e-eu me assustei um pouco. Foi mal — falo, devolvendo a arma para o lugar onde ela estava guardada.
— Por que deixa uma arma aí? — ele pergunta curioso.
— Vai que alguma coisa entra, eu não sei, é um hábito. — Penso em qual instante da minha vida normalizei isso.
— Desde quando? — Ele continua me interrogando.
— Desde quando me juntei a vocês, pai — falo, me desfazendo de suas preocupações. — Eu só quero estar pronta caso algo aconteça, apenas.
— Justo. Eu faço o mesmo. — Ele dá de ombros. — Mas você sabe que posso te proteger se algo acontecer, né? — ele me pergunta e fico pensando na estranheza de suas palavras.
— Sabe, qualquer coisa poderia ter acontecido enquanto você estava fora, então não pode me proteger — disse, mostrando um ótimo e acredito que irrefutável ponto.
— Você tem um ponto — ele me diz, pegando uma cerveja na geladeira e me oferecendo uma, aceito e continuo a conversa.
— Então, matou a saudades da Cassie? — digo com um tom estranho. Não sei por que quis tocar nesse assunto, mas tento não consertar o que disse para não ficar mais estranho.
— Aproveitou o encontro com Sammy? — ele devolve no mesmo tom e, como eu, se mostra surpreso por dizer isso, mas eu acho que não deixei tão evidente quanto ele, assim espero. — Foi bom passar um tempo com ela. — Ele pigarreia e tenta consertar o que disse anteriormente. — Se divertiu hoje?
— Foi bom sair um pouco, sem ser no sentido de caçar, entende? — falo, lembrando como me diverti quando fiz o mesmo com Dean.
— Sinto muito — ele fala com honestidade.
— Pelo quê? — falo, sem entender o motivo de ele sentir muito.
— Por descobrir sobre esse mundo. — Abaixo minha cabeça e penso em como minha vida mudou.
— Sabe de uma coisa? Acho que estou melhor sabendo sobre esse mundo. Eu acredito que estaria definitivamente morta por dentro. — Não sei se fui sincera demais, acho que a resposta é um sim. Ele fica um tempo quieto e quebra o silêncio:
— Por que acha que está mais feliz agora do que vivendo sua antiga vida? — ele fala de um jeito… delicado, calmo, curioso.
— Eu acho que negava para mim mesma que John não me amava mais, que eu me atolava de trabalho para evitar conversar… acho que eu precisava de uma pausa de tudo aquilo — digo, olhando para a janela, mal com minhas palavras. — Eu nem lembrava qual foi a última vez que eu me diverti tanto como fiz com vocês nesse tempo. — Bebo minha cerveja e olho para Dean.
— Eu ainda não consigo entender, , por quê? — ele insiste e sei que não faz isso por mal, já que é a única vida que ele conhece e sei que não é uma das boas.
— Porque agora talvez eu estivesse com uma criança, um marido que eu realmente amava… estaria com uma família perfeita de fachada. Por trás das cortinas, o meu “amado” me traía e eu cuidaria de uma criança achando que o papai está trabalhando, como uma tola. — Sinto raiva em dizer que essa seria a minha realidade, mas eu sei que isso iria acontecer. — Eu sou mais feliz aqui, com vocês, do que naquela droga de vida patética — falo em um tom de voz um pouco mais elevado. Coloco minhas mãos no rosto e respiro fundo, tentando fazer com que tudo isso vá embora da minha cabeça.
— Você acha que a verdade te faz mais feliz? — Ele me olha como se fosse um quebra-cabeças daqueles bem difíceis de resolver. Acho que faltam algumas peças.
— Não sei te responder. — Dou de ombros. — Acho melhor ir dormir, amanhã, ou melhor, daqui a pouco vai ser um longo dia — falo, já que o silêncio me deixa um pouco constrangida.
Não sei me despedir dele, só aceno com a cabeça e deixo a cerveja no balcão. Me deito e os pensamentos continuam a martelar.
POV off
resolve ficar de fora da caçada, pois se sente desconfortável com a presença de Cassie. O homem desaparecido que a morena descobriu está envolvido e a mãe do primeiro amor de Dean conta sobre o que aconteceu no passado. Enquanto fica no hotel pesquisando sobre possíveis novos casos, encontra uma onda de mulheres assassinadas por seus maridos, assim como quase aconteceu com ela. Seus dedos começam a tremer enquanto ela lê as notícias, ela procura saber cada vez mais sobre o que está acontecendo e percebe o padrão de mulheres que também estavam grávidas.
— Mas… será que isso é possível? — ela pergunta em voz alta, sozinha no quarto.
A morena começa a ficar um pouco obcecada demais com os casos e nota outro padrão: todos os maridos eram infiéis.
Quando os meninos chegam ao hotel, após passarem o dia inteiro solucionando a caçada, encontram chorando, com raiva, confusa, frustrada. Os rapazes não conseguem distinguir o que houve, ela está no chão. Imediatamente, Dean, seguido por Sam, vão de encontro a ela.
— , o que aconteceu? Você se machucou? — pergunta Dean com preocupação em seu olhar e gentileza em sua voz. Sam observa o comportamento do irmão e sente um pouco de raiva pela atenção que ele está dando à morena.
— Vocês o mataram? — ela pergunta com uma voz séria.
— Quem? Do que está falando? — Sam entra em ação, tentando afastar o irmão.
— Do demônio. Vocês mataram ou não ele? — a mulher pergunta com o desespero na sua voz. Os irmãos se entreolham e não dizem nada. Ela percebe e volta a dizer. — Ele voltou.
— , você tem certeza? — Dean pergunta.
— Olhem o computador — a morena fala, apontando e saindo do quarto. Ela respira fundo e deixa as lágrimas correrem. Dean aparece e a mulher revira os olhos.
— O que eu fiz dessa vez? — o loiro pergunta, sem entender.
— Nada, até mais tarde — diz, esperando que ele saia, o que a deixa confusa.
— Eu não vou a lugar nenhum se é isso que quer saber — ele diz, deixando a mulher um pouco envergonhada por ter pensando que ele iria se encontrar com Cassie.
— Ah… — ela diz baixinho.
— Eu vim ver só como você estava — ele responde, chegando mais perto.
— Você sabia que o demônio não gosta só de mulheres grávidas, mas também de possuir homens infiéis? — a morena pergunta, já sabendo que sua resposta seria um sim, mas ele não diz nada. — Sabia ou não, Dean?
— Eu sabia — ele fala, admitindo.
— E por que não me disse nada? Qual é, vai me dizer que John está vivo também? — ela pergunta com raiva, mas o homem não responde. — Dean? — ela insiste, mas não obtém resposta alguma. — Achei que não estava vivendo uma vida repleta de mentiras, mas eu me enganei de novo — disse, pensando alto.
— Você quer saber a verdade? Não queria te ver sofrer mais do que já está agora. Fiz Sam ficar quieto também pelo seu bem — ele conclui, se defendendo.
— Por que quer tanto o meu bem? Eu aguento saber das coisas, Dean. Eu aguento ir às caçadas, eu consigo — ela faz as perguntas esperando que ele responda algo. Ele fica de frente a ela e diz:
— Faço tudo isso porque eu gosto de você, . — O loiro pega nos ombros da mulher, que nega com a cabeça.
— Para de mentir pra mim. — A morena coloca as mãos no rosto e Dean a impede de fazer isso, fazendo-a olhar em seus olhos.
— Eu não estou mentindo. — O irmão mais velho a olha nos olhos enquanto ela vira a cabeça, ele solta seus ombros. Ela se vira para ele novamente e faz carinho em seu rosto. Sem dizer nada, o loiro se aproxima para beijá-la, mas ela o impede de fazer tal coisa. — Você quer? — ele pergunta a ela.
— Não seria justo — a mulher responde, encostando a cabeça em sua testa e respirando fundo com pesar.
Eles ficam juntos dessa maneira por um tempo, até que resolve entrar para o quarto e se depara com Sam. O moreno está lendo os arquivos que ela juntou durante o dia e desvia sua atenção dos arquivos quando a vê entrar.
— Se for me contar mais uma mentira, é melhor não dizer nada — ela fala, indo em direção à cama.
O outro irmão aparece e o silêncio se instala no quarto. Todos vão dormir quietos, só na esperança de que o dia seguinte seja melhor.
8: Pesadelo
— Sam? O que houve? — Dean pergunta, com preocupação, olhando para o banco de trás, onde seu irmão está. Ele acorda atordoado.
, que insistiu em andar na frente para seguirem o caso do demônio que quase a matou, também se preocupa com o comportamento de seu… amigo de beijos e encontros? Ela não sabe, mas deixa essa confusão para outro momento.
— Você tá bem, Sammy? — ela pergunta.
— Eu tive mais uma daquelas visões. Temos que ir até Saginaw, Michigan — ele fala, com urgência.
— Claro, Sam, mas o que houve? — ela pergunta, com o mesmo tom de urgência que ele em sua voz.
— Um homem, ele vai se matar, temos que impedir — o mais novo diz.
olha para Dean, que muda o caminho. Os dois se entreolham preocupados com o moreno.
— Descansa um pouco, Sam, vamos cuidar disso. Vai dar tudo certo — fala, tentando confortar o rapaz.
— Não posso. Temos que ir — ele completa.
’s POV
Quando chegamos, descobrimos o que realmente está acontecendo. Um assassinato que foi feito parecer suicídio. Nós falamos com o filho da vítima, mas nada fora do comum parecia acontecer. O tio do menino também morreu de maneira estranha e levantamos a hipótese de a família estar amaldiçoada.
Faço uma pesquisa mais a fundo, pergunto às pessoas se viram coisas estranhas e se algo aconteceu. Descubro que o menino era espancado pelo pai e tio, fico surpresa como essa família lida com os problemas e aviso aos meninos o que achei.
Sam tem outra visão. Nela, Max, o filho da vítima, usa telecinese para matar sua madrasta.
— Sam…, antes, você teve essas… visões, porque elas estavam conectadas com você, certo? Como esse cara e a família problemática dele são ligados a você? — pergunto curiosa.
— Eu não sei… — ele começa a falar e Dean, que está presente, pigarreia, chamando minha atenção.
— , a gente pode conversar? — ele pergunta e eu faço sinal para que ele prossiga. O loiro olha para mim e Sam por um tempo e diz: — Sozinhos. — Algo no seu tom me desperta um tipo de alerta. O mais novo concorda e nós vamos um pouco para longe, ainda dentro do quarto de hotel em que estamos hospedados.
— Dean…, tá tudo bem? — pergunto, sem entender o motivo dele ter me chamado para conversar.
— Tá, é só que… com tudo o que aconteceu ontem e você decidir mudar o caminho… — ele começa a falar, mas o interrompo, acho que faço muito isso até.
— Dean, eu não decidi nada. É o certo a se fazer e ponto, mas eu ainda não sei lidar com isso e também… acho que não estava pronta para encarar aquele demônio de novo — falo, com sinceridade.
Eu não sei como dizer ou pensar sobre isso, mas quando estou perto dos irmãos, sinto coisas… diferentes. Quando estou com Sammy, eu me sinto bem, como se estivesse em um conto de fadas, mas quando estou com Dean, essa sensação muda, é como se o que eu sinto pelo seu irmão fosse triplicado e não sei, sinto que mesmo ele não sendo de fato um cavaleiro montado em um cavalo branco, talvez ele seja o meu. Isso me deixa um pouco confusa, mas, como sempre faço, ignoro esse fato.
Pego o notebook e começo a pesquisar sobre o nome dessa família louca e…
— Puta merda! — digo, acho que saiu meio alto até, depois de ler o que descobri.
— O que foi? — os irmãos perguntam em uníssono.
— A mãe deles, ela… — Balanço minha cabeça, tentando acreditar no que estou lendo. — Talvez essa seja a ligação entre vocês. Faz sentido — falo, pensando alto.
— O que aconteceu? — Sam pergunta, preocupado com minha descoberta. Viro o aparelho em direção aos meninos e deixo eles lerem. Pouco tempo depois, as dores de Sam ficam mais fortes e vamos até a casa da mulher.
Chegamos na hora e impedimos Max de matar a senhora. Tentamos conversar com o garoto, mas ele parece uma bomba relógio. Ele responde algumas de nossas perguntas e do nada percebo que minha impressão sobre o jovem está correta. A sua raiva ressurge e ele tranca Sammy. Dean, a madrasta e eu nos desesperamos, precisamos fazer algo. A mulher corre em direção ao quarto e nós a acompanhamos. Estou com minha arma na parte de trás da calça, mas, com a loucura desse menino, ele pode muito bem me matar com minha própria arma. Levanto minhas mãos e respiro fundo, tentando me acalmar.
— Max, você não quer fazer isso. Eu entendo que você sofreu, mas me escuta. Não vale a pena — eu digo, tentando acalmar uma bomba relógio e fingindo estar calma. Dean percebe o que eu faço e entra na onda.
— E o que você entende disso? — ele me pergunta revoltado.
— Eu entendo que eles são pessoas que deveriam estar do seu lado, mas não estiveram. Eles te machucaram Max, mas já passou. Ela — digo, apontando para a mulher — vai viver sabendo do seu erro e sofrendo por ele. Você não precisa matar ninguém. — Uau, mando bem nessa, mas acho que o menino não curte muito.
— Cala a boca! — ele diz, me jogando contra a parede. Dean vai até mim para saber se estou bem, o garoto me solta e o loiro me ajuda a levantar.
— De qualquer forma, se você quer matá-la, vai ter que passar por mim — falo, tentando protegê-la e puxando Dean para trás de mim, colocando sua mão onde minha arma está. Ele a pega rapidamente, mas, antes que ele possa usá-la, Sammy aparece e começa a conversar com Max, que toma minha arma das mãos de Dean com sua telecinese e se mata.
Sam vem até mim e me abraça com vontade, fico surpresa com seu gesto e Dean parece desconfortável com a situação. Ele resolve auxiliar a mulher que viu seu enteado cometer suicídio.
— Eu vi — Sammy me diz, não consigo ter outra reação além da confusão.
— Sam, tá tudo bem? — pergunto, tentando fazer com que se concentre, pois ele parece estar agitado.
— Tive uma visão de você e Dean morrendo. Ele ia matar vocês. — Nossa, isso é uma merda, eu achava que tinha mandado bem com o cara. Será que quando tento consolar alguém é tão ruim assim?
Estou pensando nisso por um tempo razoável, mas acho que no mundo real o tempo não foi muito curto. O moreno coloca sua mão delicadamente em meu queixo e vira meu rosto para que fiquemos nos olhando. Ele faz carinho em meu rosto e me beija.
— Eu não posso te perder de novo, Jess. — Ele para o beijo e diz isso. Acredito que ele está pensando alto, mas, mesmo assim, é muito estranho. Tipo MUITO.
Me desvencilho de seus braços e ando em direção a porta, indo fazer companhia para Dean e a mulher. Sam segura meu braço, me impedindo, e fala, com um olhar arrependido:
— Me desculpa, .
— Sou eu quem peço desculpas pra você. Eu não posso e nunca vou ser ela, Sam… Acho melhor a gente acabar por aqui o que teríamos mais tarde. Vai evitar sofrimento pra nós dois — falo e ele solta o meu braço. Saio rapidamente do quarto, deixando Sam apenas com o corpo de Max como companhia.
Eu me sinto confusa até em relação a quase terminar algo que não começou. Ele está apegado à memória da antiga namorada e acho que está óbvio que ele desejaria que eu fosse ela. Por que não consigo sentir o mesmo com relação a John? Será que eu não o amava tanto assim? Ou é só uma forma diferente de aceitar o que houve? Nossa, eu sou mesmo patética, tentando falar ou achar um grande amor, isso não existe. Eu fui apaixonada durante seis anos por um homem que não me correspondia e sabe se lá há quanto tempo me traía, minha vida é uma piada. Preciso de uma bebida urgentemente pra tentar parar de ter esses pensamentos. Mas antes tenho que terminar de resolver as coisas por aqui.
— Acho que ninguém vai acreditar que ele tinha telecinese, né? Temos que pensar no que dizer quando a polícia chegar — informo a Dean e à mulher. Estou no canto da porta, acho que com uma cara de: meu ficante me chamou pelo nome da ex namorada dele.
— De qualquer forma, foi um suicídio. Você acha que consegue mudar as partes que… bom, as partes em que fazemos nosso trabalho? — Dean pergunta para a senhora de uma forma atrapalhada e não consigo evitar de rir baixinho. A mulher afirma com a cabeça e nos agradece.
Pouco antes da polícia chegar, Sam desce as escadas e se junta a nós. Estamos revisando o que ela vai dizer. Hoje seremos primos distantes que estavam fazendo uma visita a ela quando tudo aconteceu.
Depois que prestamos nossos depoimentos para a polícia, finalmente ficamos livres. Eu sento no banco de trás e digo:
— Preciso beber. Urgentemente — alerto e Dean sorri, dando uma olhada para trás.
— Próxima parada: bar — ele fala alegremente.
— Me deixem no hotel antes, por favor — Sam diz, como se o dia de hoje tivesse sido exaustivo, e realmente foi, sempre é. Imagino como deve ter sido difícil para ele.
— Você é quem manda, princesinha — Dean fala brincalhão com Sam, que mostra o dedo do meio para o irmão. Olho tudo do banco de trás, sorrindo.
Após deixar Sammy no hotel, Dean e eu entramos no Impala à procura de um bar.
— O que tá rolando? Os pombinhos não estão mais voando, é? — ele pergunta, quebrando o silêncio.
Estou com a cabeça encostada no vidro, vendo a paisagem e escutando o doce som da provocação de Dean.
— Ha ha, você é mesmo muito engraçado — falo, dando um sorrisinho fraco.
— Sério… tá tudo bem? — ele insiste.
— Olha, porção de frango na promoção naquela lanchonete/bar — digo, mudando o assunto.
— É sério que você tá interessada em porção de frango? Vamos ver se não descolamos um lanche — ele disse, parando no restaurante. Pra ser bem sincera, não tô interessada em frango, mas foi uma ótima mudança de assunto e, no momento exato, estou morrendo de fome.
Chegamos ao lugar e procuramos assentos. Decidimos ficar no balcão, porque é mais rápido o atendimento. Assim que sentamos, uma mulher vem nos atender.
— O que vão querer? Hoje a porção de frango está na promoção e como hoje é aniversário de casamento dos meus pais, donos do lugar, eles estão fazendo um desconto para todos os casais — a loira diz, olhando para nós dois. Sério mesmo que ela pensou que fôssemos um casal?
— A gente não vai comer frango — Dean fala, como se fosse um ponto final. Não que eu esteja afim de comer frango, mas eu queria que o ponto final fosse meu, e também gosto de contrariar. Bato no seu braço, o que pareceu fraco na hora, mas suficiente para assustar os dois e deixar uma vermelhidão em sua pele.
— Amor, vamos lá — falo, apontando para ela, que me dá toda a atenção agora. — Queremos frango, dois hambúrgueres com bastante bacon e duas cervejas — falo, com um sorriso no rosto. A mulher me olha meio assustada, mas dá um sorriso e faz o que eu peço.
— Por que fez isso? — ele pergunta, apertando onde eu bati.
— Que isso, meu bem. Nem doeu que eu sei — falo, percebendo o olhar da garçonete.
— Queria mesmo tanto assim frango? — ele me pergunta.
— Não, mas você disse que não queria, então eu passei a querer — disse, mostrando a língua, o provocando. Ele dá uma risada e aqui estamos nós… sem assuntos.
— E então… o que está achando da cidade? — Ele tenta conversar.
— Tão agradável quando dar um tiro na minha própria cabeça com telecinese — digo, fazendo uma brincadeira com a morte de alguém. Eu sou uma pessoa horrível, mas Dean também é e nós ficamos rindo do meu trocadilho feito patetas. — E você?
— Quase a mesma coisa, mas, tirando a telecinese, aqui parece um lugar legal — ele me fala, enquanto a mulher nos traz os pedidos.
— Como assim? — pergunto curiosa.
— Para morar, é um lugar calmo, tranquilo — diz, dando de ombros.
— Você se imagina? Morando aqui ou em um lugar parecido um dia? — Não esperava que ele tivesse esse pensamento sobre morar em uma cidade pacata.
— Com a vida que eu tenho? Nem pensar — ele me responde, tomando sua bebida. — E quanto a você?
— Ah, eu morava numa cidade assim, um pouco maior que essa, mas com o mesmo ritmo — digo, lembrando de antes e percebendo o quanto tudo mudou.
— Você gostava da sua vida antes? — ele me pergunta, com curiosidade.
— Era bem mais simples, eu achava que era feliz até… — digo e as lágrimas aparecem. — Me desculpa mesmo por — falo, apontando para o meu rosto com algumas lágrimas — isso. Eu juro que não sou do tipo que chora. Parece ironia, mas é verdade.
— Você lida bem com isso — ele diz, me olhando e mostrando que minhas lágrimas parecem ser positivas. — Come um pouco. — O loiro empurra a porção de frango para mim e eu dou risada.
— Você acha que eu lido bem então com isso? — Cutuco ele com o braço depois de ter me recuperado um pouco e comido. — Por um acaso você estaria dizendo que eu sou uma ótima caçadora? — pergunto, com curiosidade.
— Você até que não é tão ruim assim — ele me responde com um sorrisinho que me deixa um pouco desnorteada. Acho que ele percebe e, para o meu alívio, muda o assunto. — Posso te fazer uma pergunta?
— Mais uma? — Reviro os olhos com ironia e dou um sorriso. — Manda a ver.
— Por que quis virar tira? — o irmão mais velho me pergunta com entusiasmo em saber minha resposta.
— Eu estava um pouco revoltada com tudo, acabei tendo uns problemas depois do meu irmão e meus pais me colocaram em uma casa de jovens problemáticos. A dona de lá era uma policial, e eu queria ser tão incrível quanto ela, sabe? — falo, lembrando dos momentos em que passei lá, foram um misto de memórias.
— Você tem um irmão? — ele diz surpreso.
— Tinha, ele era mais novo do que eu e… — Não sei o motivo, mas me sinto segura em falar sobre o que aconteceu com Dean. Acho que ele percebe o quanto é difícil para mim e me conforta.
— Deve ter sido um inferno, não precisa falar disso se não quiser — ele diz, colocando as mãos em minhas costas e eu agradeço com tudo, menos palavras. Acho que ele entende o que eu quero dizer sem eu falar nada.
Noto que mais à frente há uma mulher ruiva sentada sozinha em uma mesa. Ela está encarando Dean, mas acho que ele não percebeu o que está acontecendo por causa do meu drama pessoal. Continuo minha cerveja e falo:
— Acho que ela gostou de você.
— Quem? — Eu aponto para a moça. — Ah.
— O que foi? Não é o seu “tipo”?
— Não, não é isso, eu só… — Ele parece estranhar o que vai dizer. — Só quero ver o que poderia acontecer se eu já tivesse achado alguém que eu acho que daria certo. Tanto faz, é besteira — ele conclui e estou sem palavras.
— Dean… Claro que isso não é “besteira” — imito a voz dele, o que é uma péssima imitação, mas o que vale é a intenção. — Seus sentimentos importam.
— Então, sobre a última vez que paramos em um bar. Eu quero revanche. — Ele muda completamente de assunto e decido não insistir na conversa.
— Olha, você quer mesmo me ver bêbada de novo? — pergunto indignada com o que esse maluco está falando.
— Tá com medo, é? — ele me desafia e eu não posso deixar passar.
— Se for pra rolar mesmo essa revanche, tem uma condição — digo, chegando mais perto.
— Faço qualquer coisa — ele diz, fazendo o mesmo que eu e percebo que estamos perto demais, tipo, bem perto. Me afasto um pouco e continuo.
— Se eu ficar bêbada, você não vai me deixar esquecer as coisas que aconteceram? — pergunto, semicerrando os olhos como se o que eu estou dizendo fosse um real desafio. Acho que, para Dean Winchester, com certeza é.
— Certo — ele me fala.
— Promete? — insisto, aproximando o meu dedo mindinho de sua mão. Ele concorda com a cabeça e faz o mesmo. Cruzamos nossos dedos e fizemos nossa promessa, espero que ele realmente cumpra.
— Desisto! — ele diz, após bebermos horas sem parar. Nunca agradeço tanto a mim mesma por ser tão maravilhosa e tão forte para bebidas. Se bem que agora eu não estou no meu perfeito estado.
Estou muito mais bêbada do que da última vez, eu acho, mas eu sou a vencedora de novo, eu sou mesmo muito incrível.
— Cara, essa lanchonete é muuuito chata! — falo, batendo minha cabeça no balcão. Faz um barulho bem alto, é engraçado, acho que a bebida amortece o baque. Dean me ajuda a me recompor e ele pede desculpas à garçonete, que está olhando pra mim. — Ahh, por que você pediu desculpa? Eu fiz alguma coisa? — pergunto a ele, triste, mas fico feliz rápido. Acho que ele está me achando engraçada. Será que ele me acha bonita?
— Você não fez nada — ele responde.
— Por que você está rindo então? Por um acaso tenho cara de palhaça? — falo, muito séria, porque eu disse algo muito sério. O sorriso dele sai de seus lábios e eu começo a cair na gargalhada. Ele me acompanha e ficamos rindo, mas acho que ele está mais controlado.
— Esse lugar não tem música? — pergunto à moça que aumenta o som. Eu quero dançar, levanto, mas quase caio da cadeira, ela é um pouco alta. Puxo Dean para que dancemos juntos e começo a pular, porque pular é muito legal.
— , a música é lenta — ele me diz, dando risinhos e me ajudando a ficar no ritmo da música, o que me dá sono, mas acabo acostumando.
— Por que você tem essa pose toda de bad boy, hein? — pergunto, enquanto olho para ele. Acho que estou vendo dois dele, mas ele tem um rosto muito bonito.
— Eu? — ele pergunta, arqueando suas sobrancelhas.
— É. — Dou uma pausa, mas continuo. — Sabe, tô feliz — falei, porque eu tô feliz, muito, aqui é engraçado.
— Vai me contar por que não tá falando com o Sam agora? — ele começa.
— Eu sei o que está tentando fazer. Tirar vantagem de uma mulher que bebeu. — Começo a rir. Acho que sei o que ele está fazendo, minhas palavras estão meio embaralhadas e eu só quero beber mais. — Quero mais — falo, apontando para as bebidas.
— Ficou maluca? Não vou te deixar pior do que já está agora.
— Olha que fofo, ele se preocupa. — Aperto sua bochecha e nós estamos perto, muito perto, o suficiente para nos beijarmos. Eu quero muito que isso aconteça, mas será que a eu sóbria quer? Fico olhando para ele, apenas continuando a dança.
— O que é isso na sua boca? — falo brincalhona.
— O… — Ele é interrompido por um beijo meu.
Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo!
Fico tão empolgada com essa ideia que, depois que nós nos beijamos, começo a dar pulinhos, mas esses pulinhos não estão na minha cabeça, eu realmente estou fazendo isso. E é muito bom! Acho que vou um pouco para trás demais e não sei o que acontece muito bem, mas levo um tombo e foi alto, muito alto.
— Eu tô bem! — Levanto os braços e Dean corre para me ajudar a levantar, acho que torci meu tornozelo e dói, mas, mesmo assim, acho graça nisso. Estar bêbada é incrível!
— Acho que por hoje deu, né? — ele me pergunta, esperando que eu concorde, mas acho que ele me levaria para o hotel mesmo se não concordasse.
Estamos voltando e eu estou com a cabeça no vidro, apontando para os lugares estranhos que essa cidade tem. Me divirto com os nomes, mas acho que só faço isso porque os li de maneira errada. Dean me observa e eu começo a falar:
— Sabe por que Sam e eu não estamos juntos? — Olho para ele e ele me indica para continuar. — Simplesmente porque eu não sou a pessoa que ele queria. Eu estava disposta a entregar meu coração. Eu estava fazendo isso, né? Mesmo tendo sentimentos por você e com toda aquela confusão, as coisas poderiam dar certo. — Acredito que desabafei e falei alto até demais, mas não ligo. Percebo que é coisa demais para ele processar quando ele começa com um interrogatório.
— Como assim não é a pessoa que ele queria? — ele me pergunta, aparentemente sem saber sobre o que estou falando.
— É. Estávamos juntos e ele me chamou de Jess. Eu me senti estranhamente estranha — falei, rindo da combinação que fiz com as palavras.
— Tipo, juntos, juntos? — ele pergunta indignado.
— Não, credo. Seria pior do que foi. — Agora tenho que apagar a cena do que o loiro me disse acontecendo na minha mente. Urgente. — Nós nunca fizemos isso.
— COMO ASSIM? — ele fala surpreso e eu começo a rir sem parar.
— Eu só disse que estava em dúvida e ele me respeitou — digo, lembrando do jeito meigo de Sam. — Dean… você gosta mesmo de mim? — pergunto, batendo a cabeça no vidro com força. Parece até que me vem um minuto de sobriedade, mas passa rápido.
— , você tá bem? — ele pergunta, segurando o volante com uma só não enquanto a outra tenta me ajudar de alguma forma.
— Eu tô. Só responde a pergunta — falo, enquanto acaricio minha cabeça, rindo. Acho que beber demais me deixa boba demais.
— Sim, . De verdade — ele me responde baixinho.
— Eu quero muito acreditar, sabe? Eu quero alguém que goste de mim pelo o que eu sou… O Sam não conseguiu fazer isso, muito menos o John. — Por que diabos eu estou falando sobre isso com ele? Acho que nunca teria coragem de falar uma coisa dessas sem o efeito do álcool.
— Pra sua sorte, eu não sou nenhum dos dois — ele me fala, com um sorriso de canto.
— Bom, acho que sou muito sortuda, então. — Encosto minha cabeça no vidro, com sono. — Dean, não se esqueça de me lembrar sobre hoje — digo cochilando e acho que apago.
POV off
— , acorda… — Dean fala para a morena, que está dormindo há horas, quando chegam ao hotel. O loiro a trouxe até o quarto e depois os irmãos tiveram uma conversa que não começou das melhores, mas, por fim, acabou tudo bem.
— Que horas são? — a mulher resmunga ainda deitada.
— Hora de partimos — ele responde, fazendo com que se sente depressa.
— Como eu não estou com ressaca? Eu sou uma espécie de deusa? — ela diz, surpresa com sua conquista. — Ai, meu Deus, o que houve com seu rosto? — pergunta quando Dean a olha.
— Você não é uma deusa. Eu te dei uns comprimidos que tenho para matar a ressaca, achei que faria você se sentir melhor.
— E você está completamente certo, um herói e tudo mais, mas, Dean… o que aconteceu? Eu… eu fiz isso? — a jovem pergunta, tentando se lembrar da noite passada.
— Não — ele responde, rindo. — Não é nada demais.
— Dean, você me prometeu me fazer lembrar do que aconteceu ontem. Eu quero saber — a morena diz, cruzando os braços. — Meu Deus, não me diga que eu te dei um soco? Me desculpa! Juro que não fiz por querer, ou talvez fiz, mas eu não me lembro — ela diz preocupada.
— Isso aconteceu enquanto você dormia. — Ele indica o seu próprio rosto.
— Espera, como eu cheguei aqui? — Ela começa a ficar confusa. — Você nunca fica bêbado?
— Eu tava e muito ontem, só que eu fico bêbado de um jeito diferente. — Ele dá de ombros
— Tipo um velho resmungão? — perguntou, apontando para o seu rosto, próximo aos seus olhos o roxo está se destacando em meio à vermelhidão e um pouco de inchaço.
— Tipo isso — ele a responde simplesmente.
— Dean… O que houve? — a mulher começa a querer respostas.
— Você me contou o que houve entre você e o Sam, e eu fui tirar satisfação com ele sobre isso e outras coisas — o loiro fala, deixando a morena com uma expressão preocupada.
— Dean, entre você e eu… Aconteceu algo ontem? Nós temos uma promessa. — Ela começa a dizer se levantando, mas é impedida por uma forte dor no tornozelo. — Droga.
— Eu te ajudo — o irmão mais velho diz, indo em direção a ela e colocando o braço da mulher em volta de seu pescoço.
— Dean… — a morena começa.
— Sim, . Aconteceu. Sabe, eu gosto de você, e ontem pareceu que você também sente o mesmo. Então pra que negarmos isso todos os dias? — ele fala com sinceridade enquanto a olha nos olhos, ela volta a se sentar na cama com sua ajuda.
— Não é justo com nenhum de vocês. E outra, por que gostaria de alguém como eu? — A dor dela é evidente em suas palavras, pois ela acha que não pode ser amada.
— Eu decido o que é justo ou não para mim, . Não precisa se torturar pensando nisso porque, gente, o que é isso, medo? — Ele tenta compreender.
— Dean, eu sou uma pessoa séria e eu sei que você gosta de praticamente um relacionamento a cada parada, mas eu não sou assim e tudo bem sermos diferentes. Porém, se realmente tivermos algo, tem que ser pra valer — ela fala, após juntar toda a sua coragem, algo que sempre pareceu óbvio para o loiro.
— Eu sei disso e concordo. Eu só quero você — disse com firmeza e, para comprovar suas palavras, deu um beijo em .
— Eu ainda estou tentando entender, como? Você já me viu de TPM, de cabelo preso, logo após acordar, bêbada e mesmo assim ainda gosta de mim? Você é mesmo louco, Dean Winchester. — Ela sorri após dizer, mas ainda tenta entender o que está acontecendo e se pergunta se tudo isso está indo rápido demais, ou não, e como Sam irá reagir sobre o assunto.
, que insistiu em andar na frente para seguirem o caso do demônio que quase a matou, também se preocupa com o comportamento de seu… amigo de beijos e encontros? Ela não sabe, mas deixa essa confusão para outro momento.
— Você tá bem, Sammy? — ela pergunta.
— Eu tive mais uma daquelas visões. Temos que ir até Saginaw, Michigan — ele fala, com urgência.
— Claro, Sam, mas o que houve? — ela pergunta, com o mesmo tom de urgência que ele em sua voz.
— Um homem, ele vai se matar, temos que impedir — o mais novo diz.
olha para Dean, que muda o caminho. Os dois se entreolham preocupados com o moreno.
— Descansa um pouco, Sam, vamos cuidar disso. Vai dar tudo certo — fala, tentando confortar o rapaz.
— Não posso. Temos que ir — ele completa.
’s POV
Quando chegamos, descobrimos o que realmente está acontecendo. Um assassinato que foi feito parecer suicídio. Nós falamos com o filho da vítima, mas nada fora do comum parecia acontecer. O tio do menino também morreu de maneira estranha e levantamos a hipótese de a família estar amaldiçoada.
Faço uma pesquisa mais a fundo, pergunto às pessoas se viram coisas estranhas e se algo aconteceu. Descubro que o menino era espancado pelo pai e tio, fico surpresa como essa família lida com os problemas e aviso aos meninos o que achei.
Sam tem outra visão. Nela, Max, o filho da vítima, usa telecinese para matar sua madrasta.
— Sam…, antes, você teve essas… visões, porque elas estavam conectadas com você, certo? Como esse cara e a família problemática dele são ligados a você? — pergunto curiosa.
— Eu não sei… — ele começa a falar e Dean, que está presente, pigarreia, chamando minha atenção.
— , a gente pode conversar? — ele pergunta e eu faço sinal para que ele prossiga. O loiro olha para mim e Sam por um tempo e diz: — Sozinhos. — Algo no seu tom me desperta um tipo de alerta. O mais novo concorda e nós vamos um pouco para longe, ainda dentro do quarto de hotel em que estamos hospedados.
— Dean…, tá tudo bem? — pergunto, sem entender o motivo dele ter me chamado para conversar.
— Tá, é só que… com tudo o que aconteceu ontem e você decidir mudar o caminho… — ele começa a falar, mas o interrompo, acho que faço muito isso até.
— Dean, eu não decidi nada. É o certo a se fazer e ponto, mas eu ainda não sei lidar com isso e também… acho que não estava pronta para encarar aquele demônio de novo — falo, com sinceridade.
Eu não sei como dizer ou pensar sobre isso, mas quando estou perto dos irmãos, sinto coisas… diferentes. Quando estou com Sammy, eu me sinto bem, como se estivesse em um conto de fadas, mas quando estou com Dean, essa sensação muda, é como se o que eu sinto pelo seu irmão fosse triplicado e não sei, sinto que mesmo ele não sendo de fato um cavaleiro montado em um cavalo branco, talvez ele seja o meu. Isso me deixa um pouco confusa, mas, como sempre faço, ignoro esse fato.
Pego o notebook e começo a pesquisar sobre o nome dessa família louca e…
— Puta merda! — digo, acho que saiu meio alto até, depois de ler o que descobri.
— O que foi? — os irmãos perguntam em uníssono.
— A mãe deles, ela… — Balanço minha cabeça, tentando acreditar no que estou lendo. — Talvez essa seja a ligação entre vocês. Faz sentido — falo, pensando alto.
— O que aconteceu? — Sam pergunta, preocupado com minha descoberta. Viro o aparelho em direção aos meninos e deixo eles lerem. Pouco tempo depois, as dores de Sam ficam mais fortes e vamos até a casa da mulher.
Chegamos na hora e impedimos Max de matar a senhora. Tentamos conversar com o garoto, mas ele parece uma bomba relógio. Ele responde algumas de nossas perguntas e do nada percebo que minha impressão sobre o jovem está correta. A sua raiva ressurge e ele tranca Sammy. Dean, a madrasta e eu nos desesperamos, precisamos fazer algo. A mulher corre em direção ao quarto e nós a acompanhamos. Estou com minha arma na parte de trás da calça, mas, com a loucura desse menino, ele pode muito bem me matar com minha própria arma. Levanto minhas mãos e respiro fundo, tentando me acalmar.
— Max, você não quer fazer isso. Eu entendo que você sofreu, mas me escuta. Não vale a pena — eu digo, tentando acalmar uma bomba relógio e fingindo estar calma. Dean percebe o que eu faço e entra na onda.
— E o que você entende disso? — ele me pergunta revoltado.
— Eu entendo que eles são pessoas que deveriam estar do seu lado, mas não estiveram. Eles te machucaram Max, mas já passou. Ela — digo, apontando para a mulher — vai viver sabendo do seu erro e sofrendo por ele. Você não precisa matar ninguém. — Uau, mando bem nessa, mas acho que o menino não curte muito.
— Cala a boca! — ele diz, me jogando contra a parede. Dean vai até mim para saber se estou bem, o garoto me solta e o loiro me ajuda a levantar.
— De qualquer forma, se você quer matá-la, vai ter que passar por mim — falo, tentando protegê-la e puxando Dean para trás de mim, colocando sua mão onde minha arma está. Ele a pega rapidamente, mas, antes que ele possa usá-la, Sammy aparece e começa a conversar com Max, que toma minha arma das mãos de Dean com sua telecinese e se mata.
Sam vem até mim e me abraça com vontade, fico surpresa com seu gesto e Dean parece desconfortável com a situação. Ele resolve auxiliar a mulher que viu seu enteado cometer suicídio.
— Eu vi — Sammy me diz, não consigo ter outra reação além da confusão.
— Sam, tá tudo bem? — pergunto, tentando fazer com que se concentre, pois ele parece estar agitado.
— Tive uma visão de você e Dean morrendo. Ele ia matar vocês. — Nossa, isso é uma merda, eu achava que tinha mandado bem com o cara. Será que quando tento consolar alguém é tão ruim assim?
Estou pensando nisso por um tempo razoável, mas acho que no mundo real o tempo não foi muito curto. O moreno coloca sua mão delicadamente em meu queixo e vira meu rosto para que fiquemos nos olhando. Ele faz carinho em meu rosto e me beija.
— Eu não posso te perder de novo, Jess. — Ele para o beijo e diz isso. Acredito que ele está pensando alto, mas, mesmo assim, é muito estranho. Tipo MUITO.
Me desvencilho de seus braços e ando em direção a porta, indo fazer companhia para Dean e a mulher. Sam segura meu braço, me impedindo, e fala, com um olhar arrependido:
— Me desculpa, .
— Sou eu quem peço desculpas pra você. Eu não posso e nunca vou ser ela, Sam… Acho melhor a gente acabar por aqui o que teríamos mais tarde. Vai evitar sofrimento pra nós dois — falo e ele solta o meu braço. Saio rapidamente do quarto, deixando Sam apenas com o corpo de Max como companhia.
Eu me sinto confusa até em relação a quase terminar algo que não começou. Ele está apegado à memória da antiga namorada e acho que está óbvio que ele desejaria que eu fosse ela. Por que não consigo sentir o mesmo com relação a John? Será que eu não o amava tanto assim? Ou é só uma forma diferente de aceitar o que houve? Nossa, eu sou mesmo patética, tentando falar ou achar um grande amor, isso não existe. Eu fui apaixonada durante seis anos por um homem que não me correspondia e sabe se lá há quanto tempo me traía, minha vida é uma piada. Preciso de uma bebida urgentemente pra tentar parar de ter esses pensamentos. Mas antes tenho que terminar de resolver as coisas por aqui.
— Acho que ninguém vai acreditar que ele tinha telecinese, né? Temos que pensar no que dizer quando a polícia chegar — informo a Dean e à mulher. Estou no canto da porta, acho que com uma cara de: meu ficante me chamou pelo nome da ex namorada dele.
— De qualquer forma, foi um suicídio. Você acha que consegue mudar as partes que… bom, as partes em que fazemos nosso trabalho? — Dean pergunta para a senhora de uma forma atrapalhada e não consigo evitar de rir baixinho. A mulher afirma com a cabeça e nos agradece.
Pouco antes da polícia chegar, Sam desce as escadas e se junta a nós. Estamos revisando o que ela vai dizer. Hoje seremos primos distantes que estavam fazendo uma visita a ela quando tudo aconteceu.
Depois que prestamos nossos depoimentos para a polícia, finalmente ficamos livres. Eu sento no banco de trás e digo:
— Preciso beber. Urgentemente — alerto e Dean sorri, dando uma olhada para trás.
— Próxima parada: bar — ele fala alegremente.
— Me deixem no hotel antes, por favor — Sam diz, como se o dia de hoje tivesse sido exaustivo, e realmente foi, sempre é. Imagino como deve ter sido difícil para ele.
— Você é quem manda, princesinha — Dean fala brincalhão com Sam, que mostra o dedo do meio para o irmão. Olho tudo do banco de trás, sorrindo.
Após deixar Sammy no hotel, Dean e eu entramos no Impala à procura de um bar.
— O que tá rolando? Os pombinhos não estão mais voando, é? — ele pergunta, quebrando o silêncio.
Estou com a cabeça encostada no vidro, vendo a paisagem e escutando o doce som da provocação de Dean.
— Ha ha, você é mesmo muito engraçado — falo, dando um sorrisinho fraco.
— Sério… tá tudo bem? — ele insiste.
— Olha, porção de frango na promoção naquela lanchonete/bar — digo, mudando o assunto.
— É sério que você tá interessada em porção de frango? Vamos ver se não descolamos um lanche — ele disse, parando no restaurante. Pra ser bem sincera, não tô interessada em frango, mas foi uma ótima mudança de assunto e, no momento exato, estou morrendo de fome.
Chegamos ao lugar e procuramos assentos. Decidimos ficar no balcão, porque é mais rápido o atendimento. Assim que sentamos, uma mulher vem nos atender.
— O que vão querer? Hoje a porção de frango está na promoção e como hoje é aniversário de casamento dos meus pais, donos do lugar, eles estão fazendo um desconto para todos os casais — a loira diz, olhando para nós dois. Sério mesmo que ela pensou que fôssemos um casal?
— A gente não vai comer frango — Dean fala, como se fosse um ponto final. Não que eu esteja afim de comer frango, mas eu queria que o ponto final fosse meu, e também gosto de contrariar. Bato no seu braço, o que pareceu fraco na hora, mas suficiente para assustar os dois e deixar uma vermelhidão em sua pele.
— Amor, vamos lá — falo, apontando para ela, que me dá toda a atenção agora. — Queremos frango, dois hambúrgueres com bastante bacon e duas cervejas — falo, com um sorriso no rosto. A mulher me olha meio assustada, mas dá um sorriso e faz o que eu peço.
— Por que fez isso? — ele pergunta, apertando onde eu bati.
— Que isso, meu bem. Nem doeu que eu sei — falo, percebendo o olhar da garçonete.
— Queria mesmo tanto assim frango? — ele me pergunta.
— Não, mas você disse que não queria, então eu passei a querer — disse, mostrando a língua, o provocando. Ele dá uma risada e aqui estamos nós… sem assuntos.
— E então… o que está achando da cidade? — Ele tenta conversar.
— Tão agradável quando dar um tiro na minha própria cabeça com telecinese — digo, fazendo uma brincadeira com a morte de alguém. Eu sou uma pessoa horrível, mas Dean também é e nós ficamos rindo do meu trocadilho feito patetas. — E você?
— Quase a mesma coisa, mas, tirando a telecinese, aqui parece um lugar legal — ele me fala, enquanto a mulher nos traz os pedidos.
— Como assim? — pergunto curiosa.
— Para morar, é um lugar calmo, tranquilo — diz, dando de ombros.
— Você se imagina? Morando aqui ou em um lugar parecido um dia? — Não esperava que ele tivesse esse pensamento sobre morar em uma cidade pacata.
— Com a vida que eu tenho? Nem pensar — ele me responde, tomando sua bebida. — E quanto a você?
— Ah, eu morava numa cidade assim, um pouco maior que essa, mas com o mesmo ritmo — digo, lembrando de antes e percebendo o quanto tudo mudou.
— Você gostava da sua vida antes? — ele me pergunta, com curiosidade.
— Era bem mais simples, eu achava que era feliz até… — digo e as lágrimas aparecem. — Me desculpa mesmo por — falo, apontando para o meu rosto com algumas lágrimas — isso. Eu juro que não sou do tipo que chora. Parece ironia, mas é verdade.
— Você lida bem com isso — ele diz, me olhando e mostrando que minhas lágrimas parecem ser positivas. — Come um pouco. — O loiro empurra a porção de frango para mim e eu dou risada.
— Você acha que eu lido bem então com isso? — Cutuco ele com o braço depois de ter me recuperado um pouco e comido. — Por um acaso você estaria dizendo que eu sou uma ótima caçadora? — pergunto, com curiosidade.
— Você até que não é tão ruim assim — ele me responde com um sorrisinho que me deixa um pouco desnorteada. Acho que ele percebe e, para o meu alívio, muda o assunto. — Posso te fazer uma pergunta?
— Mais uma? — Reviro os olhos com ironia e dou um sorriso. — Manda a ver.
— Por que quis virar tira? — o irmão mais velho me pergunta com entusiasmo em saber minha resposta.
— Eu estava um pouco revoltada com tudo, acabei tendo uns problemas depois do meu irmão e meus pais me colocaram em uma casa de jovens problemáticos. A dona de lá era uma policial, e eu queria ser tão incrível quanto ela, sabe? — falo, lembrando dos momentos em que passei lá, foram um misto de memórias.
— Você tem um irmão? — ele diz surpreso.
— Tinha, ele era mais novo do que eu e… — Não sei o motivo, mas me sinto segura em falar sobre o que aconteceu com Dean. Acho que ele percebe o quanto é difícil para mim e me conforta.
— Deve ter sido um inferno, não precisa falar disso se não quiser — ele diz, colocando as mãos em minhas costas e eu agradeço com tudo, menos palavras. Acho que ele entende o que eu quero dizer sem eu falar nada.
Noto que mais à frente há uma mulher ruiva sentada sozinha em uma mesa. Ela está encarando Dean, mas acho que ele não percebeu o que está acontecendo por causa do meu drama pessoal. Continuo minha cerveja e falo:
— Acho que ela gostou de você.
— Quem? — Eu aponto para a moça. — Ah.
— O que foi? Não é o seu “tipo”?
— Não, não é isso, eu só… — Ele parece estranhar o que vai dizer. — Só quero ver o que poderia acontecer se eu já tivesse achado alguém que eu acho que daria certo. Tanto faz, é besteira — ele conclui e estou sem palavras.
— Dean… Claro que isso não é “besteira” — imito a voz dele, o que é uma péssima imitação, mas o que vale é a intenção. — Seus sentimentos importam.
— Então, sobre a última vez que paramos em um bar. Eu quero revanche. — Ele muda completamente de assunto e decido não insistir na conversa.
— Olha, você quer mesmo me ver bêbada de novo? — pergunto indignada com o que esse maluco está falando.
— Tá com medo, é? — ele me desafia e eu não posso deixar passar.
— Se for pra rolar mesmo essa revanche, tem uma condição — digo, chegando mais perto.
— Faço qualquer coisa — ele diz, fazendo o mesmo que eu e percebo que estamos perto demais, tipo, bem perto. Me afasto um pouco e continuo.
— Se eu ficar bêbada, você não vai me deixar esquecer as coisas que aconteceram? — pergunto, semicerrando os olhos como se o que eu estou dizendo fosse um real desafio. Acho que, para Dean Winchester, com certeza é.
— Certo — ele me fala.
— Promete? — insisto, aproximando o meu dedo mindinho de sua mão. Ele concorda com a cabeça e faz o mesmo. Cruzamos nossos dedos e fizemos nossa promessa, espero que ele realmente cumpra.
— Desisto! — ele diz, após bebermos horas sem parar. Nunca agradeço tanto a mim mesma por ser tão maravilhosa e tão forte para bebidas. Se bem que agora eu não estou no meu perfeito estado.
Estou muito mais bêbada do que da última vez, eu acho, mas eu sou a vencedora de novo, eu sou mesmo muito incrível.
— Cara, essa lanchonete é muuuito chata! — falo, batendo minha cabeça no balcão. Faz um barulho bem alto, é engraçado, acho que a bebida amortece o baque. Dean me ajuda a me recompor e ele pede desculpas à garçonete, que está olhando pra mim. — Ahh, por que você pediu desculpa? Eu fiz alguma coisa? — pergunto a ele, triste, mas fico feliz rápido. Acho que ele está me achando engraçada. Será que ele me acha bonita?
— Você não fez nada — ele responde.
— Por que você está rindo então? Por um acaso tenho cara de palhaça? — falo, muito séria, porque eu disse algo muito sério. O sorriso dele sai de seus lábios e eu começo a cair na gargalhada. Ele me acompanha e ficamos rindo, mas acho que ele está mais controlado.
— Esse lugar não tem música? — pergunto à moça que aumenta o som. Eu quero dançar, levanto, mas quase caio da cadeira, ela é um pouco alta. Puxo Dean para que dancemos juntos e começo a pular, porque pular é muito legal.
— , a música é lenta — ele me diz, dando risinhos e me ajudando a ficar no ritmo da música, o que me dá sono, mas acabo acostumando.
— Por que você tem essa pose toda de bad boy, hein? — pergunto, enquanto olho para ele. Acho que estou vendo dois dele, mas ele tem um rosto muito bonito.
— Eu? — ele pergunta, arqueando suas sobrancelhas.
— É. — Dou uma pausa, mas continuo. — Sabe, tô feliz — falei, porque eu tô feliz, muito, aqui é engraçado.
— Vai me contar por que não tá falando com o Sam agora? — ele começa.
— Eu sei o que está tentando fazer. Tirar vantagem de uma mulher que bebeu. — Começo a rir. Acho que sei o que ele está fazendo, minhas palavras estão meio embaralhadas e eu só quero beber mais. — Quero mais — falo, apontando para as bebidas.
— Ficou maluca? Não vou te deixar pior do que já está agora.
— Olha que fofo, ele se preocupa. — Aperto sua bochecha e nós estamos perto, muito perto, o suficiente para nos beijarmos. Eu quero muito que isso aconteça, mas será que a eu sóbria quer? Fico olhando para ele, apenas continuando a dança.
— O que é isso na sua boca? — falo brincalhona.
— O… — Ele é interrompido por um beijo meu.
Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo. Eu o beijo!
Fico tão empolgada com essa ideia que, depois que nós nos beijamos, começo a dar pulinhos, mas esses pulinhos não estão na minha cabeça, eu realmente estou fazendo isso. E é muito bom! Acho que vou um pouco para trás demais e não sei o que acontece muito bem, mas levo um tombo e foi alto, muito alto.
— Eu tô bem! — Levanto os braços e Dean corre para me ajudar a levantar, acho que torci meu tornozelo e dói, mas, mesmo assim, acho graça nisso. Estar bêbada é incrível!
— Acho que por hoje deu, né? — ele me pergunta, esperando que eu concorde, mas acho que ele me levaria para o hotel mesmo se não concordasse.
Estamos voltando e eu estou com a cabeça no vidro, apontando para os lugares estranhos que essa cidade tem. Me divirto com os nomes, mas acho que só faço isso porque os li de maneira errada. Dean me observa e eu começo a falar:
— Sabe por que Sam e eu não estamos juntos? — Olho para ele e ele me indica para continuar. — Simplesmente porque eu não sou a pessoa que ele queria. Eu estava disposta a entregar meu coração. Eu estava fazendo isso, né? Mesmo tendo sentimentos por você e com toda aquela confusão, as coisas poderiam dar certo. — Acredito que desabafei e falei alto até demais, mas não ligo. Percebo que é coisa demais para ele processar quando ele começa com um interrogatório.
— Como assim não é a pessoa que ele queria? — ele me pergunta, aparentemente sem saber sobre o que estou falando.
— É. Estávamos juntos e ele me chamou de Jess. Eu me senti estranhamente estranha — falei, rindo da combinação que fiz com as palavras.
— Tipo, juntos, juntos? — ele pergunta indignado.
— Não, credo. Seria pior do que foi. — Agora tenho que apagar a cena do que o loiro me disse acontecendo na minha mente. Urgente. — Nós nunca fizemos isso.
— COMO ASSIM? — ele fala surpreso e eu começo a rir sem parar.
— Eu só disse que estava em dúvida e ele me respeitou — digo, lembrando do jeito meigo de Sam. — Dean… você gosta mesmo de mim? — pergunto, batendo a cabeça no vidro com força. Parece até que me vem um minuto de sobriedade, mas passa rápido.
— , você tá bem? — ele pergunta, segurando o volante com uma só não enquanto a outra tenta me ajudar de alguma forma.
— Eu tô. Só responde a pergunta — falo, enquanto acaricio minha cabeça, rindo. Acho que beber demais me deixa boba demais.
— Sim, . De verdade — ele me responde baixinho.
— Eu quero muito acreditar, sabe? Eu quero alguém que goste de mim pelo o que eu sou… O Sam não conseguiu fazer isso, muito menos o John. — Por que diabos eu estou falando sobre isso com ele? Acho que nunca teria coragem de falar uma coisa dessas sem o efeito do álcool.
— Pra sua sorte, eu não sou nenhum dos dois — ele me fala, com um sorriso de canto.
— Bom, acho que sou muito sortuda, então. — Encosto minha cabeça no vidro, com sono. — Dean, não se esqueça de me lembrar sobre hoje — digo cochilando e acho que apago.
POV off
— , acorda… — Dean fala para a morena, que está dormindo há horas, quando chegam ao hotel. O loiro a trouxe até o quarto e depois os irmãos tiveram uma conversa que não começou das melhores, mas, por fim, acabou tudo bem.
— Que horas são? — a mulher resmunga ainda deitada.
— Hora de partimos — ele responde, fazendo com que se sente depressa.
— Como eu não estou com ressaca? Eu sou uma espécie de deusa? — ela diz, surpresa com sua conquista. — Ai, meu Deus, o que houve com seu rosto? — pergunta quando Dean a olha.
— Você não é uma deusa. Eu te dei uns comprimidos que tenho para matar a ressaca, achei que faria você se sentir melhor.
— E você está completamente certo, um herói e tudo mais, mas, Dean… o que aconteceu? Eu… eu fiz isso? — a jovem pergunta, tentando se lembrar da noite passada.
— Não — ele responde, rindo. — Não é nada demais.
— Dean, você me prometeu me fazer lembrar do que aconteceu ontem. Eu quero saber — a morena diz, cruzando os braços. — Meu Deus, não me diga que eu te dei um soco? Me desculpa! Juro que não fiz por querer, ou talvez fiz, mas eu não me lembro — ela diz preocupada.
— Isso aconteceu enquanto você dormia. — Ele indica o seu próprio rosto.
— Espera, como eu cheguei aqui? — Ela começa a ficar confusa. — Você nunca fica bêbado?
— Eu tava e muito ontem, só que eu fico bêbado de um jeito diferente. — Ele dá de ombros
— Tipo um velho resmungão? — perguntou, apontando para o seu rosto, próximo aos seus olhos o roxo está se destacando em meio à vermelhidão e um pouco de inchaço.
— Tipo isso — ele a responde simplesmente.
— Dean… O que houve? — a mulher começa a querer respostas.
— Você me contou o que houve entre você e o Sam, e eu fui tirar satisfação com ele sobre isso e outras coisas — o loiro fala, deixando a morena com uma expressão preocupada.
— Dean, entre você e eu… Aconteceu algo ontem? Nós temos uma promessa. — Ela começa a dizer se levantando, mas é impedida por uma forte dor no tornozelo. — Droga.
— Eu te ajudo — o irmão mais velho diz, indo em direção a ela e colocando o braço da mulher em volta de seu pescoço.
— Dean… — a morena começa.
— Sim, . Aconteceu. Sabe, eu gosto de você, e ontem pareceu que você também sente o mesmo. Então pra que negarmos isso todos os dias? — ele fala com sinceridade enquanto a olha nos olhos, ela volta a se sentar na cama com sua ajuda.
— Não é justo com nenhum de vocês. E outra, por que gostaria de alguém como eu? — A dor dela é evidente em suas palavras, pois ela acha que não pode ser amada.
— Eu decido o que é justo ou não para mim, . Não precisa se torturar pensando nisso porque, gente, o que é isso, medo? — Ele tenta compreender.
— Dean, eu sou uma pessoa séria e eu sei que você gosta de praticamente um relacionamento a cada parada, mas eu não sou assim e tudo bem sermos diferentes. Porém, se realmente tivermos algo, tem que ser pra valer — ela fala, após juntar toda a sua coragem, algo que sempre pareceu óbvio para o loiro.
— Eu sei disso e concordo. Eu só quero você — disse com firmeza e, para comprovar suas palavras, deu um beijo em .
— Eu ainda estou tentando entender, como? Você já me viu de TPM, de cabelo preso, logo após acordar, bêbada e mesmo assim ainda gosta de mim? Você é mesmo louco, Dean Winchester. — Ela sorri após dizer, mas ainda tenta entender o que está acontecendo e se pergunta se tudo isso está indo rápido demais, ou não, e como Sam irá reagir sobre o assunto.
9: Sombra
’s POV
— , você ainda pensa em caçar aquele demônio? — Dean me pergunta e fico sem respostas, realmente não sei como matar ele vai mudar na minha vida agora.
— Eu acho que esse pensamento não passa por aqui faz um tempo — digo, apontando para a minha cabeça.
Acho que andei muito ocupada sendo sequestrada para poder pensar nessa merda. Dean e eu… estamos indo. É diferente, completamente complicado e surpreendentemente maravilhoso. Enquanto Sam e eu ainda nos evitamos pelo tamanho da estranheza que foi aquele momento, nós conversamos poucas vezes desde o acontecido.
Acho um caso que definitivamente é um dos nossos. Duas mortes estranhas em menos e dois meses. Aviso aos garotos e vamos até o lugar onde eu encontrei. Acredito que sou uma ótima caçadora, pois realmente tem algo lá.
Os meninos se… fantasiam, o que foi fantástico, enquanto eu fico no hotel esperando a ligação dos irmãos. Eles me dizem que o coração da mulher tinha sumido e que encontraram um símbolo diferente.
Pesquiso durante muito tempo, praticamente a tarde inteira, mas não tenho muita sorte com isso, vou retirar um pouco do que disse sobre ser uma ótima caçadora.
Vou até o bar onde a vítima trabalhou e onde provavelmente os meninos estão, já que não consigo me comunicar com eles. Estou usando uma calça jeans e uma regata básica, mas um pouco decotada. Esqueci de pegar meu casaco e me arrependo de ter feito isso por duas coisas:
1 – Olhares indesejados;
2 – Frio. Muito frio.
Assim que entro no estabelecimento, vejo os meninos, aceno e vou me juntar a eles. Enquanto vou de encontro a eles, sou parada por um homem, ele é alto e, aparentemente, um pouco mais velho. Eu só quero ir pra frente, mas ele me impede.
— O que uma gracinha dessas como você faz aqui e não na minha casa? Será que você… — Eu reviro os olhos enquanto ele diz essas palavras escrotas e interrompo ele antes de terminar sua frase.
— Não — falo, saindo de perto do homem, que pega meu braço com força para me impedir de sair de perto dele. Os irmãos percebem que a situação não está indo bem e se aproximam.
— O que está acontecendo aqui? — Dean pergunta, olhando para o homem com um olhar de quem não tem paciência para esperar por respostas.
— , você está bem? — Sam me pergunta do jeito meigo de sempre, o que faz contraste com seu irmão.
Solto o meu braço da mão do cara, que fica me olhando bravo. Não vou mentir, aquele olhar me dá medo. Ele chega mais perto de mim, segurando meus ombros e eu faço o ideal a se fazer nessas situações, chute no saco. Ele começa a se lamentar de dor, enquanto os Winchesters olham para mim surpresos. Dou de ombros, e depois o loiro o leva para fora do bar, deixando o moreno junto comigo.
— Ei, você tá legal? — ele repete a pergunta que me fez um tempo atrás com um pouco de urgência.
— Sim — digo, indo me sentar à mesa.
— , eu preciso falar com você — ele me fala com um olhar de cachorro abandonado que me sensibiliza a ouvir o que ele tem pra dizer.
— Pode falar.
— Sobre aquilo que aconteceu… me desculpa.
— Você não tem motivos pra se desculpar, Sammy. É que eu pensei que você gostava, sabe? De mim…
— Mas eu realmente gosto de você, — ele diz, tentando consertar suas palavras ditas dias atrás.
— Eu conversei com você, Sam, sobre estar confusa. Eu iria realmente entregar meu coração, cacete. Eu estava fazendo isso mesmo depois do que eu tinha te dito — falo com agonia de minhas próprias palavras. Sinto um nó em meu peito e em minha garganta. — Você não pode me amar enquanto ainda a ama… E tá tudo bem.
— Perdi alguma coisa? — Dean chega e se senta próximo a mim. Ele percebe que estou com frio e me dá sua jaqueta. O irmão mais novo continua me encarando, acho que processando o que eu contei. Ele me abre um sorriso fraco, enquanto eu faço o mesmo.
— Vamos beber! — falo um pouco desesperada depois do que aconteceu.
— Está com pressa hoje? — o loiro me pergunta.
— No tempo em que eu passei sequestrada, não tinha nenhuma cerveja. Estava sentindo falta. — Sorrio ao dizer.
— O que aconteceu com o cara? — Sammy pergunta a Dean.
— Mostrei pra ele que mexeu com a garota errada — ele diz, olhando para mim enquanto minhas bochechas coram um pouco.
— O que achou sobre o símbolo, ? — o moreno pergunta, mudando de assunto.
— Nada. E eu procurei a tarde toda. E vocês?
— Não tem nada pra descobrir. Meredith trabalhava aqui, servia mesas, todos gostavam dela, todos disseram que era normal, nunca disse ou fez nada estranho até morrer — o mais velho responde. — Não teve uma vítima antes da Meredith? — Dean pergunta.
— Teve, o nome era Ben Swatson — Sam diz, mostrando um recorte de jornal a Dean.
— Foi mutilado no mês passado dentro da própria casa — comento pensativa. — Do mesmo jeito que Meredith, portas trancadas e alarme ligado.
— Alguma ligação entre os dois? — o loiro pergunta, olhando a reportagem.
— Nenhuma. Estilos de vida diferentes, nenhum amigo em comum, nada — Sam diz, bufando e ficando em silêncio.
Dean e eu nos olhamos, enquanto o moreno olha fixamente para um ponto no bar. Sem dizer nada, ele se levanta e sai em direção a uma garota. Eles parecem conversar durante um tempo, então resolvemos ir atrás dele e ver o que está acontecendo.
— Sam, quem é? — pergunto, sendo um pouco indelicada sem perceber, porém, curiosa.
— Pessoal, essa é a Meg. Nós nos conhecemos quando a gente se separou por um tempo — ele diz sem graça.
— Ah — Dean e eu respondemos em um uníssono. A mulher não parece gostar muito da nossa presença.
— Você deve ser o Dean — ela diz, apontando para o loiro com… raiva? Ele assente com a cabeça e ela continua. — Você deveria parar de tentar mandar em seu irmão e perceber que você na verdade é um fardo. Pare de tratar ele como sua bagagem — Olho surpresa para a garota, que se vira para mim. Acho que não estou pronta para a minha rodada de patadas. — E você! Deve ser a , não é? Deveria prestar mais atenção e sair da vida desses irmãos. Você só atrapalha, ninguém liga pra sua historinha triste. Decide qual dos dois irmãos você quer e para de brincar com eles.
Uau. É isso que Sam disse da gente pra ela? Dean entra na minha frente, como se fosse um escudo para suas palavras, mas não adianta mais nada, já escutei tudo e ele também. O moreno parece envergonhado, enquanto o loiro e eu ficamos abismados. Saímos do bar, seguidos pelo irmão mais novo.
— O que sua namorada disse lá dentro sobre a gente, você pensa assim? — Dean exige respostas.
— Dean, deixa isso pra lá… — Tento dizer, um pouco chateada, encostando minha mão em seu braço.
— Tem algo de errado, gente. Não faz sentido — Sam fala.
— É, realmente não faz sentido você falar que somos um peso na sua vida — o loiro fala, e consigo sentir a dor dele em suas palavras.
— Dean… por favor… — digo, tentando acolhê-lo, pois não aguento o ver desse jeito. Percebo que Sam fica um pouco incomodado com minha ação, mas não me importo.
— Não é isso, não faz sentido ela estar aqui — o moreno fala e começo a entender o que ele diz.
— Pode só ter sido uma coincidência, Sammy — falo, tomando frente, “protegendo” Dean, assim como ele fez comigo alguns minutos atrás.
— Não existem coincidências para nós, — ele me diz seco.
— O que quer fazer? Pesquisar sobre ela? — pergunto, um pouco confusa e indignada com seu comportamento.
— É. Vocês podem fazer isso? Eu vou atrás dela — ele diz, me olhando.
— Que tipo de coisa estranha você acha que ela é? — pergunto com curiosidade.
— Do nosso tipo — ele me responde um pouco pensativo.
— É, Sammy, parece mesmo que você gosta das malucas. — Dean resolveu falar. — Vai lá. Vamos ficar bem.
— Ei, espera. Por que simplesmente acha isso? Ou é só uma desculpa para encontrar com ela? — insisto ainda no assunto, porém agora mais descontraída, já que percebo que Dean está mais tranquilo.
— Eu encontrei a Meg há semanas, literalmente no meio do nada. Agora eu esbarro com ela em um bar em Chicago, no mesmo bar onde tinha uma garçonete morta por algo sobrenatural. Não acham estranho? — ele me diz, se justificando, e realmente é estranho.
— Agora que você disse, é realmente estranho — digo, seguindo sua linha de raciocínio.
— Pega o carro, nós vamos andando até o hotel — o loiro fala, dando tapinhas no ombro do irmão. Aceno com a mão e partimos para o hotel.
Estamos andando em silêncio por uns minutos e resolvo quebrá-lo:
— Dean, não sei se o que aquela mulher disse para gente é a verdade, mas você não deveria ficar chateado. Você deveria conversar com o Sam depois — digo, porque é a coisa certa, pelo menos eu acho que é.
— Você também não deveria ficar — ele fala e me finjo de desentendida. — Eu vi como você ficou lá dentro. E, pra mim, nada disso é verdade. — O loiro abre um sorriso, me consolando. Vejo um mercado e chamo sua atenção, balançando a cabeça em direção ao local.
— Que tal tomarmos aquela cerveja que não conseguimos beber lá no bar? — Sinto como se estivesse em um desenho e como se aquela fosse a ideia mais genial de todos os tempos.
Chegamos ao quarto e começamos a beber e pesquisar.
— Qual era o nome dela mesmo? — Dean me pergunta.
— Meg, não é? — digo, enquanto pego nossas cervejas.
— De quê? — ele diz, pensativo. — Acho que vou ligar para o Sammy.
— Espera, deixa ver se eu encontro — digo, pronta para usar minhas habilidades de pesquisa e, se precisar, de hacker também. — Achei. Meg Master em Handouver, Massachucets. Ela, aparentemente, está limpa.
— Como fez isso? — ele pergunta impressionado.
— Não importa agora. Liga para o Sam e fala que ele não precisa ficar por lá. Bom, só se ele quiser — falo, pensando nele e em Meg juntos, e sorrio. — Vou tomar um banho.
— Ok, vai lá — ele diz, pegando o seu telefone e fazendo o que eu pedi.
Estou no banho tendo uma sessão de terapia comigo mesma, o que é um pouco estranho, mas acho que todo mundo faz isso, eu espero. Penso em Dean, muito nele inclusive, acho que estou feliz. Saio do chuveiro e percebo que já vi o símbolo que estamos investigando em algum lugar. Coloco a toalha e saio do banheiro às pressas.
— Tá por aqui, eu sei. — Pego o diário do pai dos meninos e começo a folhear freneticamente, como deixei isso passar?
— Ei, ei, ei, calma. O que aconteceu? — Dean pergunta curioso com minha correria.
— O símbolo, já vi ele por aqui. — Continuo procurando até finalmente achar. Faço um sinal para que o loiro me passe o telefone e para que encerre as brincadeiras com Sammy sobre a menina. — Ao que parece, é soroartico. É um símbolo muito antigo, do tipo dois mil anos antes de Cristo. É um código pra dáeva.
— O que é dáeva? — o moreno pergunta, sem entender.
— É um tipo de demônio das sombras. Demônios soroartigos, que são selvagens, animalescos.
— Ok, obrigado pela ajuda, — Sam fala, mas ainda não terminei com minha explicação.
— Sam, ainda não acabei. Agora que vem a parte estranha. Essas coisas precisam ser invocadas.
— Então alguém está controlando isso? — Dean me pergunta.
— Isso mesmo — confirmo, enquanto o loiro lê as páginas.
— Qual é a aparência deles? — o mais novo me pergunta.
— Não sei ao certo, o diário não fala. Ninguém vê um desses há milênios — respondo, fechando o livro. — Por enquanto, é tudo o que eu tenho.
— Aproveita e dá uns beijinhos na Meg aí, Sammy — Dean provoca e a ligação é encerrada.
— Ele desligou — falo, olhando para o mais velho, que sorri ao ouvir o que digo. Me sento na cadeira e resolvo ver novamente o diário de John.
— , você se esqueceu? — o loiro me pergunta.
— Esqueci do quê? — pergunto distraída.
— Está só de toalha — ele diz, sorrindo, e eu me lembro que estou só de toalha, fico vermelha e corro para o banheiro me trocar.
Coloco o meu pijama, mas vejo a jaqueta que Dean me emprestou e a visto. Abro a porta e me encosto no batente.
— Sabe, ficou bem melhor em mim — falo, cruzando os braços, olhando para ele, que está deitado, me encarando.
— Não posso discordar. — Ele se senta e me olha de uma maneira estranha.
— O que foi? — pergunto, sorrindo, sem entender. Ele vem chegando até mim com uma expressão divertida e me beija com paixão, desespero e calma ao mesmo tempo, e é maravilhoso. Ele encosta a testa na minha e respira fundo.
— Eu precisava fazer isso — ele diz e começa a sorrir. Encosto minha cabeça para trás e olho seu rosto. Seus olhos são lindos como uma floresta e acho que não só os seus olhos, mas Dean Winchester como um todo não sai da minha cabeça.
— Posso falar algo que não tem nada a ver com o que acabou de acontecer? — peço e pareço um pouco patética por falar isso. Mesmo assim, o loiro parece não se importar e assente com a cabeça. — Eu tô morrendo de fome.
— Somos dois, então — ele me responde, como se estivesse agradecendo por eu ter tocado no assunto. — O que quer comer?
— Acho que uma pizza cai bem, e você? — pergunto a ele.
— Leu meus pensamentos — o loiro responde, dando mais um beijo em mim. Ficamos um tempo nos olhando, até que, de repente, a porta se abre. Na jaqueta de Dean, continha uma arma, eu a pego e aponto para a porta no susto, mas me tranquilizo após ver que se trata de Sam.
— Preciso falar com vocês — o moreno diz assustado. O irmão mais velho e eu nos olhamos e nos afastamos rapidamente.
— Então a Meg é pirada? — digo, após o mais novo relatar o que a mulher que encontramos mais cedo fez.
— Ela estava falando com o dáevas? — Dean falou confuso.
— Acho que isso é impossível. Eles são selvagens, acredito que ela está comandando as criaturas — falo, pensando alto.
— E o lance das taças? — o mais velho pergunta, tentando juntar os fatos.
— Ela estava falando com alguém — Sammy responde.
— Isso não é bom sinal. E se isso for um tipo de armadilha? — pergunto.
— Por que seria? — os irmãos perguntam em uníssono.
— Para atrair a gente, ou melhor, vocês — falo.
— Mesmo assim, temos que impedir — Dean fala determinado. — Droga. Eu ia contar a vocês, mas estava esperando Sammy.
— O que houve? — pergunto confusa.
— Deixamos passar algo no relatório das vítimas — ele conclui me entregando o papel, que está circulado o local onde as vítimas nasceram.
— Droga — respondo. — Lawrence, Kansas.
— Será que Meg está ligada ao demônio que matou nossa mãe? — O moreno pensa alto, enquanto eu fico preocupada.
— Não é uma boa ideia estarmos aqui. Talvez isso realmente tenha sido articulado para vocês — falo, com um pouco de desespero.
— Que tal destruímos o altar da namorada do Sam? — Dean fala.
— Ela não iria desconfiar? — pergunta o mais novo.
— Melhor ainda. Só assim batemos um papo com ela — digo e eles me olham um pouco chocados. — O que é? Vocês querem respostas ou não?
— Sim, mas… Não acho uma boa ideia agirmos sozinhos — Sam diz, olhando para Dean, e depois os dois olham para mim como se tivessem conversado mentalmente. — Ele só vai atender se for algo urgente, tipo uma donzela em apuros — ele disse, me dando o telefone.
— John? É a … Pode ser que você não lembre de mim, mas é muito importante você estar aqui. Nós descobrimos uma coisa e pode ter ligação com o demônio que matou sua esposa. O armazém fica no 1435 da rua Hiwir. Se puder vir pra Chicago o mais rápido possível, seria bom. Precisamos de ajuda — falo desesperada e um pouco ofegante, desligando e entregando o celular para Sam, que bate palmas juntamente ao irmão. — Eu sei, eu sei, eu sou uma ótima atriz. — Abro um sorriso.
— Isso pode acabar hoje — o moreno diz um pouco empolgado.
— Calma, Sammy, não se precipite — Dean responde.
— Como assim? — pergunto.
— A caçada. Se esse for o demônio que matou nossa mãe, podemos fazer isso acabar e estaremos livres — o mais novo diz, o que me dá um aperto no peito.
Estou feliz por acharmos isso, acabar com tudo, mas… é como se existisse um vazio dentro de mim só de imaginar minha vida sem os meninos. Dean olha para mim com a mesma expressão e coloca seu braço ao redor do meu pescoço de maneira carinhosa para que andemos até o armazém. Eu o abraço e ele beija minha cabeça. Acho que, de algum jeito estranho, nós nos entendemos.
Entramos no armazém com cuidado. Estamos cheios de armas e não posso mentir, estou com um pouco de medo. Pode ser que estamos tratando do demônio que assassinou a mãe dos meninos. Avistamos Meg falando coisas em outra língua, nós nos escondemos, até que ela diz:
— Parem de brincar de esconder — ela diz e sinto um arrepio. Respiro fundo e apontamos ao mesmo tempo as armas para ela. — Sam, isso não vai ser bom para o nosso relacionamento. — Reviro os olhos ao ouvir isso.
— Pois é, tô sabendo — Sam diz, ainda apontando a arma pra ela.
— E aí — Dean diz. — Cadê seu amiguinho dáeva?
— Está por aí... E essa arma não vai servir pra nada — ela diz com um sorriso, enquanto me olha no meio dos meninos.
— Quem é? Quem vem aqui? Quem você está esperando, Meg? — pergunta Sam, olhando em volta.
— Vocês — ela diz, assumindo uma expressão séria.
De repente, uma sombra aparece na parede e bate em Sam, que cai no chão. Logo em seguida, ataca Dean, jogando-o contra a parede, e, por fim, me ataca. Não lembro o que acontece depois, tudo é muito confuso, acho que bati a cabeça.
POV off
Dean é o primeiro a acordar. Os três estão amarrados em uma das colunas do armazém, um pouco distantes um do outro. Depois de alguns minutos, Sam acorda, mas , que está no meio dos irmãos, continua desacordada.
— Sammy, que merda de namorada é essa? — Dean pergunta.
— Nem me fale… — Ele olha para a morena amarrada e aponta com a cabeça em sua direção. O movimento fica visível para o irmão. — Não deveríamos ter trazido ela aqui.
— Nem me fale — Dean responde e começa a dar sinais que sua consciência está retornando. — , você tá bem? Se machucou?
— Eu tô legal. — Ela abre um sorriso falso, mostrando seus dentes manchados de sangue e em seguida apoia a sua cabeça cansada.
— Me desculpa, não deveríamos ter te trazido aqui — o moreno diz para a mulher.
— Para com isso. Vocês sabem que eu viria aqui de qualquer jeito. Aliás, estava curiosa para conhecer sua namorada — ela diz, o provocando mesmo podendo estar prestes a morrer.
— Você tava certa — o irmão mais velho fala para , que tenta se soltar.
— Se vocês tivessem escutado a amada , vocês não iriam morrer hoje — a loira fala, sorrindo, se abaixando para ficar perto da mulher. — Sabe, não era para você ter vindo. Você sempre foi um empecilho na minha história com os meninos. Mas isso acaba hoje — ela diz, enquanto aperta o rosto da morena.
— E quanto às outras vítimas, elas morreram em vão? — Sam a questiona, fazendo com que ganhe mais tempo, já que a loira volta a sua atenção para ele.
— Já matei mais gente por menos — ela responde.
— Ô, doidona, você não queria a gente aqui? Estamos aqui. Por que não acaba logo com isso? — Dean pergunta a ela, esperando por respostas, enquanto a morena começa a entender o plano.
— Esquece. Você não vai conseguir o que quer — diz, ao perceber sobre o que se trata a reunião.
— Ele vai aparecer, eu sei. — A loira começa a se aproximar novamente da garota.
— Não acha que, se ele viesse mesmo, já não teria chegado? — a morena retruca, irritando a loira, que a segura pelo pescoço.
— Escuta aqui, você pode não ter morrido na mão daquele demônio por causa desses dois, mas essa sorte não vai acontecer novamente — ela diz, apertando cada vez mais, deixando a mulher sem ar. Ela para e se vira, avistando Dean desamarrado. — Então só queria me distrair enquanto seu irmão se soltava? — ela pergunta em um tom indignado.
— Não, não. É que eu também tenho uma faca escondida. — Sam se levanta e segura a garota pelos ombros, dando uma cabeçada nela em seguida. cai no chão com um pouco de falta de ar, enquanto os meninos tiram suas cordas juntos. Ela se recupera e vai em direção ao altar, derrubando tudo no chão. Logo as sombras dos dáevas apareceram e puxam Meg até a janela, jogando-a de lá. Os três vão checar a queda da loira.
— Acho que eles não são do tipo que gostam de ser controlados — a morena diz, fazendo os irmãos rirem.
’s POV
— Meu rosto dói — falo, sabendo do estrago que o dáveas fez. Minhas bochechas estão com sangue e, aparentemente, ficarei com marcas por um tempo, mas não me importo tanto com isso.
— O meu tá muito feio? — Sammy pergunta.
— Nem se você quisesse iria deixar seu rosto feio — falo como um pensamento alto, algo positivo, um elogio, né?
— Que tal mudarmos de assunto? — Dean pergunta, enquanto vai em direção à porta do quarto para abri-la.
Quando chegamos, percebemos que ela não está fechada. Agora que estou armada, é muito mais fácil fazer algo. Aponto minha arma imediatamente na direção da sombra de um homem.
— Acho que nunca existiu uma real dificuldade por aqui, não é? — o homem diz, se virando e fico alguns segundos tentando entender. Noto que a presença dele faz os meninos corrigirem a postura e então percebo de quem estamos falando. Fico sem graça por não ter dado conta disso antes. — Então você é a famosa , não é? — ele fala, estendendo a mão.
— Isso mesmo. É um prazer conhecê-lo — falo.
— Pai, era uma cilada. Eu não sabia… — Dean começa a explicar.
— Tudo bem, eu já imaginava — ele diz.
— Você estava lá? — o loiro pergunta.
— Sim, cheguei bem a tempo de ver a garota mergulhar.
— Era ele? — pergunto curiosa.
— Sim, ele já tentou acabar comigo outra vez — o mais velho presente respondeu.
— Ele quer te matar, pai. Ele é perigoso. — Sam entra na conversa.
— É, ele é mais perigoso que qualquer outro demônio que eu já tenha conhecido. Ele sabe que vou matá-lo, não apenas exorcizá-lo e mandar de volta pro inferno. Matar mesmo — John diz e eu acho estranho.
— Como assim? Os demônios não simplesmente… morrem? — falo, tentando entender. John dá risada e acho que é de mim. Me sinto um pouco constrangida.
— Onde vocês acharam essa caçadora? — ele pergunta e vê a expressão dos meninos, ficando sério imediatamente. — Vocês não têm noção do risco de trazer uma mulher inexperiente para essa vida? O que deu em vocês? — Ele se altera.
Olho para os meninos e os vejo de cabeças baixas, recebendo o sermão do pai.
— Olha aqui, eu posso não ser uma grande caçadora, mas esses meninos, por mais idiotas que sejam por não terem falado que o demônio que matou tudo o que eu tinha não morreu… — Tento me recuperar do que disse, acho que revelo coisas demais. — Eles salvaram minha vida. E também eu salvo a deles. Então, por mim, tá tudo bem.
— Gostei dela. Qual de vocês namora com a garota? — o pai pergunta, depois de ter ficado por um tempo em silêncio tentando assimilar tudo o que eu falo. Acho que disse coisas demais.
— Ehh… — os meninos respondem ao mesmo tempo, me fazendo ficar olhando para os dois com indignação.
— Pois é, a escolha é difícil. Eu tenho bons garotos. — John me dá um tapinha no ombro, me fazendo corar em meio a toda essa situação. — , você se importa se eu falar com eles um minuto a sós? — o homem pergunta e eu faço o que ele pede. Olho para os três no quarto e saio.
Estou morrendo de curiosidade para saber sobre o que estão falando, mas acho que é melhor respeitar a privacidade deles. Mas quem liga, né? Encosto meu ouvido na porta para tentar ouvir o que estão dizendo.
— Deixa a gente ir com você. Podemos ajudar — Sam diz, quase implorando.
— Não, Sam. Ainda não. Tentem entender. Esse demônio é um maldito de dar medo, não quero vocês no meio do tiroteio. E parece que vocês estão bem… ocupados.
— Pai, não precisa se preocupar.
— Como você fala isso se tem uma garota atrás daquela porta que está completamente despreparada para lidar com nosso trabalho?
— A sabe se cuidar — Dean diz.
— Sim, ela cuida mais da gente do que nós dela. Não tem com o que se preocupar — o moreno fala.
— Claro que preciso. Eu sou seu pai — ele diz, com um tom de voz que parece como culpa, tristeza. — Sammy, da última vez que nos vimos, tivemos uma briga feia, não é?
— Eu lembro — Sam diz, respirando fundo.
— É bom te ver de novo — John diz. — Faz muito tempo, né?
— Tempo demais.
Não sabia que a relação deles era tão complicada. Fico feliz por terem se acertado, mas não sei se as coisas vão acabar tão bem para mim.
De repente, escuto uns barulhos vindo de dentro do quarto, ouço alguns gritos de dor e me desespero. Tento abrir a porta, mas percebo que ela está trancada. Uso o peso do meu corpo algumas vezes rapidamente até a porta ceder. As sombras voltaram até o quarto e todos estavam sofrendo por isso. John está na parede, e os meninos apanham da sombra, até que uma ideia recorre à minha mente. Lembro que dentro da mochila dos meninos havia um sinalizador e resolvo tentar a sorte.
— Fechem os olhos! — grito para os homens, acendendo o fogo e logo depois fechando os olhos com a forte luz branca que se acende no local.
— Pai? — Dean pergunta desesperado.
— Estou aqui — o homem respondeu.
— Vamos dar o fora daqui — falo, olhando para Sam e jogando uma das mochilas em sua direção.
— Por aqui. — Sam me puxa em meio à claridade com firmeza e gentileza ao mesmo tempo. Eu o acompanho e ele ajuda os outros a saírem do hotel.
— Obrigado por salvar nossas peles — o homem diz a mim.
— Precisamos sair daqui. Aquelas coisas podem voltar — falo, quando todos estão presentes, próximos ao Impala.
— Espera. Você não pode vir com a gente — o loiro fala, surpreendendo a mim e ao moreno, que ficamos com expressões confusas.
— Tem certeza? — John pergunta.
— Sim. Nós somos os nossos pontos fracos. Se continuarmos assim, não vamos matar aquele demônio, ele quase nos matou hoje — o mais velho diz, enquanto Sam não aceita suas palavras e ele e seu pai tem um breve diálogo. Depois o loiro e o senhor se afastam, havendo mais um segredo entre os dois.
Ao fim da conversa, nos despedimos e entro no carro com os meninos, enquanto o homem segue seu próprio rumo.
— , você ainda pensa em caçar aquele demônio? — Dean me pergunta e fico sem respostas, realmente não sei como matar ele vai mudar na minha vida agora.
— Eu acho que esse pensamento não passa por aqui faz um tempo — digo, apontando para a minha cabeça.
Acho que andei muito ocupada sendo sequestrada para poder pensar nessa merda. Dean e eu… estamos indo. É diferente, completamente complicado e surpreendentemente maravilhoso. Enquanto Sam e eu ainda nos evitamos pelo tamanho da estranheza que foi aquele momento, nós conversamos poucas vezes desde o acontecido.
Acho um caso que definitivamente é um dos nossos. Duas mortes estranhas em menos e dois meses. Aviso aos garotos e vamos até o lugar onde eu encontrei. Acredito que sou uma ótima caçadora, pois realmente tem algo lá.
Os meninos se… fantasiam, o que foi fantástico, enquanto eu fico no hotel esperando a ligação dos irmãos. Eles me dizem que o coração da mulher tinha sumido e que encontraram um símbolo diferente.
Pesquiso durante muito tempo, praticamente a tarde inteira, mas não tenho muita sorte com isso, vou retirar um pouco do que disse sobre ser uma ótima caçadora.
Vou até o bar onde a vítima trabalhou e onde provavelmente os meninos estão, já que não consigo me comunicar com eles. Estou usando uma calça jeans e uma regata básica, mas um pouco decotada. Esqueci de pegar meu casaco e me arrependo de ter feito isso por duas coisas:
1 – Olhares indesejados;
2 – Frio. Muito frio.
Assim que entro no estabelecimento, vejo os meninos, aceno e vou me juntar a eles. Enquanto vou de encontro a eles, sou parada por um homem, ele é alto e, aparentemente, um pouco mais velho. Eu só quero ir pra frente, mas ele me impede.
— O que uma gracinha dessas como você faz aqui e não na minha casa? Será que você… — Eu reviro os olhos enquanto ele diz essas palavras escrotas e interrompo ele antes de terminar sua frase.
— Não — falo, saindo de perto do homem, que pega meu braço com força para me impedir de sair de perto dele. Os irmãos percebem que a situação não está indo bem e se aproximam.
— O que está acontecendo aqui? — Dean pergunta, olhando para o homem com um olhar de quem não tem paciência para esperar por respostas.
— , você está bem? — Sam me pergunta do jeito meigo de sempre, o que faz contraste com seu irmão.
Solto o meu braço da mão do cara, que fica me olhando bravo. Não vou mentir, aquele olhar me dá medo. Ele chega mais perto de mim, segurando meus ombros e eu faço o ideal a se fazer nessas situações, chute no saco. Ele começa a se lamentar de dor, enquanto os Winchesters olham para mim surpresos. Dou de ombros, e depois o loiro o leva para fora do bar, deixando o moreno junto comigo.
— Ei, você tá legal? — ele repete a pergunta que me fez um tempo atrás com um pouco de urgência.
— Sim — digo, indo me sentar à mesa.
— , eu preciso falar com você — ele me fala com um olhar de cachorro abandonado que me sensibiliza a ouvir o que ele tem pra dizer.
— Pode falar.
— Sobre aquilo que aconteceu… me desculpa.
— Você não tem motivos pra se desculpar, Sammy. É que eu pensei que você gostava, sabe? De mim…
— Mas eu realmente gosto de você, — ele diz, tentando consertar suas palavras ditas dias atrás.
— Eu conversei com você, Sam, sobre estar confusa. Eu iria realmente entregar meu coração, cacete. Eu estava fazendo isso mesmo depois do que eu tinha te dito — falo com agonia de minhas próprias palavras. Sinto um nó em meu peito e em minha garganta. — Você não pode me amar enquanto ainda a ama… E tá tudo bem.
— Perdi alguma coisa? — Dean chega e se senta próximo a mim. Ele percebe que estou com frio e me dá sua jaqueta. O irmão mais novo continua me encarando, acho que processando o que eu contei. Ele me abre um sorriso fraco, enquanto eu faço o mesmo.
— Vamos beber! — falo um pouco desesperada depois do que aconteceu.
— Está com pressa hoje? — o loiro me pergunta.
— No tempo em que eu passei sequestrada, não tinha nenhuma cerveja. Estava sentindo falta. — Sorrio ao dizer.
— O que aconteceu com o cara? — Sammy pergunta a Dean.
— Mostrei pra ele que mexeu com a garota errada — ele diz, olhando para mim enquanto minhas bochechas coram um pouco.
— O que achou sobre o símbolo, ? — o moreno pergunta, mudando de assunto.
— Nada. E eu procurei a tarde toda. E vocês?
— Não tem nada pra descobrir. Meredith trabalhava aqui, servia mesas, todos gostavam dela, todos disseram que era normal, nunca disse ou fez nada estranho até morrer — o mais velho responde. — Não teve uma vítima antes da Meredith? — Dean pergunta.
— Teve, o nome era Ben Swatson — Sam diz, mostrando um recorte de jornal a Dean.
— Foi mutilado no mês passado dentro da própria casa — comento pensativa. — Do mesmo jeito que Meredith, portas trancadas e alarme ligado.
— Alguma ligação entre os dois? — o loiro pergunta, olhando a reportagem.
— Nenhuma. Estilos de vida diferentes, nenhum amigo em comum, nada — Sam diz, bufando e ficando em silêncio.
Dean e eu nos olhamos, enquanto o moreno olha fixamente para um ponto no bar. Sem dizer nada, ele se levanta e sai em direção a uma garota. Eles parecem conversar durante um tempo, então resolvemos ir atrás dele e ver o que está acontecendo.
— Sam, quem é? — pergunto, sendo um pouco indelicada sem perceber, porém, curiosa.
— Pessoal, essa é a Meg. Nós nos conhecemos quando a gente se separou por um tempo — ele diz sem graça.
— Ah — Dean e eu respondemos em um uníssono. A mulher não parece gostar muito da nossa presença.
— Você deve ser o Dean — ela diz, apontando para o loiro com… raiva? Ele assente com a cabeça e ela continua. — Você deveria parar de tentar mandar em seu irmão e perceber que você na verdade é um fardo. Pare de tratar ele como sua bagagem — Olho surpresa para a garota, que se vira para mim. Acho que não estou pronta para a minha rodada de patadas. — E você! Deve ser a , não é? Deveria prestar mais atenção e sair da vida desses irmãos. Você só atrapalha, ninguém liga pra sua historinha triste. Decide qual dos dois irmãos você quer e para de brincar com eles.
Uau. É isso que Sam disse da gente pra ela? Dean entra na minha frente, como se fosse um escudo para suas palavras, mas não adianta mais nada, já escutei tudo e ele também. O moreno parece envergonhado, enquanto o loiro e eu ficamos abismados. Saímos do bar, seguidos pelo irmão mais novo.
— O que sua namorada disse lá dentro sobre a gente, você pensa assim? — Dean exige respostas.
— Dean, deixa isso pra lá… — Tento dizer, um pouco chateada, encostando minha mão em seu braço.
— Tem algo de errado, gente. Não faz sentido — Sam fala.
— É, realmente não faz sentido você falar que somos um peso na sua vida — o loiro fala, e consigo sentir a dor dele em suas palavras.
— Dean… por favor… — digo, tentando acolhê-lo, pois não aguento o ver desse jeito. Percebo que Sam fica um pouco incomodado com minha ação, mas não me importo.
— Não é isso, não faz sentido ela estar aqui — o moreno fala e começo a entender o que ele diz.
— Pode só ter sido uma coincidência, Sammy — falo, tomando frente, “protegendo” Dean, assim como ele fez comigo alguns minutos atrás.
— Não existem coincidências para nós, — ele me diz seco.
— O que quer fazer? Pesquisar sobre ela? — pergunto, um pouco confusa e indignada com seu comportamento.
— É. Vocês podem fazer isso? Eu vou atrás dela — ele diz, me olhando.
— Que tipo de coisa estranha você acha que ela é? — pergunto com curiosidade.
— Do nosso tipo — ele me responde um pouco pensativo.
— É, Sammy, parece mesmo que você gosta das malucas. — Dean resolveu falar. — Vai lá. Vamos ficar bem.
— Ei, espera. Por que simplesmente acha isso? Ou é só uma desculpa para encontrar com ela? — insisto ainda no assunto, porém agora mais descontraída, já que percebo que Dean está mais tranquilo.
— Eu encontrei a Meg há semanas, literalmente no meio do nada. Agora eu esbarro com ela em um bar em Chicago, no mesmo bar onde tinha uma garçonete morta por algo sobrenatural. Não acham estranho? — ele me diz, se justificando, e realmente é estranho.
— Agora que você disse, é realmente estranho — digo, seguindo sua linha de raciocínio.
— Pega o carro, nós vamos andando até o hotel — o loiro fala, dando tapinhas no ombro do irmão. Aceno com a mão e partimos para o hotel.
Estamos andando em silêncio por uns minutos e resolvo quebrá-lo:
— Dean, não sei se o que aquela mulher disse para gente é a verdade, mas você não deveria ficar chateado. Você deveria conversar com o Sam depois — digo, porque é a coisa certa, pelo menos eu acho que é.
— Você também não deveria ficar — ele fala e me finjo de desentendida. — Eu vi como você ficou lá dentro. E, pra mim, nada disso é verdade. — O loiro abre um sorriso, me consolando. Vejo um mercado e chamo sua atenção, balançando a cabeça em direção ao local.
— Que tal tomarmos aquela cerveja que não conseguimos beber lá no bar? — Sinto como se estivesse em um desenho e como se aquela fosse a ideia mais genial de todos os tempos.
Chegamos ao quarto e começamos a beber e pesquisar.
— Qual era o nome dela mesmo? — Dean me pergunta.
— Meg, não é? — digo, enquanto pego nossas cervejas.
— De quê? — ele diz, pensativo. — Acho que vou ligar para o Sammy.
— Espera, deixa ver se eu encontro — digo, pronta para usar minhas habilidades de pesquisa e, se precisar, de hacker também. — Achei. Meg Master em Handouver, Massachucets. Ela, aparentemente, está limpa.
— Como fez isso? — ele pergunta impressionado.
— Não importa agora. Liga para o Sam e fala que ele não precisa ficar por lá. Bom, só se ele quiser — falo, pensando nele e em Meg juntos, e sorrio. — Vou tomar um banho.
— Ok, vai lá — ele diz, pegando o seu telefone e fazendo o que eu pedi.
Estou no banho tendo uma sessão de terapia comigo mesma, o que é um pouco estranho, mas acho que todo mundo faz isso, eu espero. Penso em Dean, muito nele inclusive, acho que estou feliz. Saio do chuveiro e percebo que já vi o símbolo que estamos investigando em algum lugar. Coloco a toalha e saio do banheiro às pressas.
— Tá por aqui, eu sei. — Pego o diário do pai dos meninos e começo a folhear freneticamente, como deixei isso passar?
— Ei, ei, ei, calma. O que aconteceu? — Dean pergunta curioso com minha correria.
— O símbolo, já vi ele por aqui. — Continuo procurando até finalmente achar. Faço um sinal para que o loiro me passe o telefone e para que encerre as brincadeiras com Sammy sobre a menina. — Ao que parece, é soroartico. É um símbolo muito antigo, do tipo dois mil anos antes de Cristo. É um código pra dáeva.
— O que é dáeva? — o moreno pergunta, sem entender.
— É um tipo de demônio das sombras. Demônios soroartigos, que são selvagens, animalescos.
— Ok, obrigado pela ajuda, — Sam fala, mas ainda não terminei com minha explicação.
— Sam, ainda não acabei. Agora que vem a parte estranha. Essas coisas precisam ser invocadas.
— Então alguém está controlando isso? — Dean me pergunta.
— Isso mesmo — confirmo, enquanto o loiro lê as páginas.
— Qual é a aparência deles? — o mais novo me pergunta.
— Não sei ao certo, o diário não fala. Ninguém vê um desses há milênios — respondo, fechando o livro. — Por enquanto, é tudo o que eu tenho.
— Aproveita e dá uns beijinhos na Meg aí, Sammy — Dean provoca e a ligação é encerrada.
— Ele desligou — falo, olhando para o mais velho, que sorri ao ouvir o que digo. Me sento na cadeira e resolvo ver novamente o diário de John.
— , você se esqueceu? — o loiro me pergunta.
— Esqueci do quê? — pergunto distraída.
— Está só de toalha — ele diz, sorrindo, e eu me lembro que estou só de toalha, fico vermelha e corro para o banheiro me trocar.
Coloco o meu pijama, mas vejo a jaqueta que Dean me emprestou e a visto. Abro a porta e me encosto no batente.
— Sabe, ficou bem melhor em mim — falo, cruzando os braços, olhando para ele, que está deitado, me encarando.
— Não posso discordar. — Ele se senta e me olha de uma maneira estranha.
— O que foi? — pergunto, sorrindo, sem entender. Ele vem chegando até mim com uma expressão divertida e me beija com paixão, desespero e calma ao mesmo tempo, e é maravilhoso. Ele encosta a testa na minha e respira fundo.
— Eu precisava fazer isso — ele diz e começa a sorrir. Encosto minha cabeça para trás e olho seu rosto. Seus olhos são lindos como uma floresta e acho que não só os seus olhos, mas Dean Winchester como um todo não sai da minha cabeça.
— Posso falar algo que não tem nada a ver com o que acabou de acontecer? — peço e pareço um pouco patética por falar isso. Mesmo assim, o loiro parece não se importar e assente com a cabeça. — Eu tô morrendo de fome.
— Somos dois, então — ele me responde, como se estivesse agradecendo por eu ter tocado no assunto. — O que quer comer?
— Acho que uma pizza cai bem, e você? — pergunto a ele.
— Leu meus pensamentos — o loiro responde, dando mais um beijo em mim. Ficamos um tempo nos olhando, até que, de repente, a porta se abre. Na jaqueta de Dean, continha uma arma, eu a pego e aponto para a porta no susto, mas me tranquilizo após ver que se trata de Sam.
— Preciso falar com vocês — o moreno diz assustado. O irmão mais velho e eu nos olhamos e nos afastamos rapidamente.
— Então a Meg é pirada? — digo, após o mais novo relatar o que a mulher que encontramos mais cedo fez.
— Ela estava falando com o dáevas? — Dean falou confuso.
— Acho que isso é impossível. Eles são selvagens, acredito que ela está comandando as criaturas — falo, pensando alto.
— E o lance das taças? — o mais velho pergunta, tentando juntar os fatos.
— Ela estava falando com alguém — Sammy responde.
— Isso não é bom sinal. E se isso for um tipo de armadilha? — pergunto.
— Por que seria? — os irmãos perguntam em uníssono.
— Para atrair a gente, ou melhor, vocês — falo.
— Mesmo assim, temos que impedir — Dean fala determinado. — Droga. Eu ia contar a vocês, mas estava esperando Sammy.
— O que houve? — pergunto confusa.
— Deixamos passar algo no relatório das vítimas — ele conclui me entregando o papel, que está circulado o local onde as vítimas nasceram.
— Droga — respondo. — Lawrence, Kansas.
— Será que Meg está ligada ao demônio que matou nossa mãe? — O moreno pensa alto, enquanto eu fico preocupada.
— Não é uma boa ideia estarmos aqui. Talvez isso realmente tenha sido articulado para vocês — falo, com um pouco de desespero.
— Que tal destruímos o altar da namorada do Sam? — Dean fala.
— Ela não iria desconfiar? — pergunta o mais novo.
— Melhor ainda. Só assim batemos um papo com ela — digo e eles me olham um pouco chocados. — O que é? Vocês querem respostas ou não?
— Sim, mas… Não acho uma boa ideia agirmos sozinhos — Sam diz, olhando para Dean, e depois os dois olham para mim como se tivessem conversado mentalmente. — Ele só vai atender se for algo urgente, tipo uma donzela em apuros — ele disse, me dando o telefone.
— John? É a … Pode ser que você não lembre de mim, mas é muito importante você estar aqui. Nós descobrimos uma coisa e pode ter ligação com o demônio que matou sua esposa. O armazém fica no 1435 da rua Hiwir. Se puder vir pra Chicago o mais rápido possível, seria bom. Precisamos de ajuda — falo desesperada e um pouco ofegante, desligando e entregando o celular para Sam, que bate palmas juntamente ao irmão. — Eu sei, eu sei, eu sou uma ótima atriz. — Abro um sorriso.
— Isso pode acabar hoje — o moreno diz um pouco empolgado.
— Calma, Sammy, não se precipite — Dean responde.
— Como assim? — pergunto.
— A caçada. Se esse for o demônio que matou nossa mãe, podemos fazer isso acabar e estaremos livres — o mais novo diz, o que me dá um aperto no peito.
Estou feliz por acharmos isso, acabar com tudo, mas… é como se existisse um vazio dentro de mim só de imaginar minha vida sem os meninos. Dean olha para mim com a mesma expressão e coloca seu braço ao redor do meu pescoço de maneira carinhosa para que andemos até o armazém. Eu o abraço e ele beija minha cabeça. Acho que, de algum jeito estranho, nós nos entendemos.
Entramos no armazém com cuidado. Estamos cheios de armas e não posso mentir, estou com um pouco de medo. Pode ser que estamos tratando do demônio que assassinou a mãe dos meninos. Avistamos Meg falando coisas em outra língua, nós nos escondemos, até que ela diz:
— Parem de brincar de esconder — ela diz e sinto um arrepio. Respiro fundo e apontamos ao mesmo tempo as armas para ela. — Sam, isso não vai ser bom para o nosso relacionamento. — Reviro os olhos ao ouvir isso.
— Pois é, tô sabendo — Sam diz, ainda apontando a arma pra ela.
— E aí — Dean diz. — Cadê seu amiguinho dáeva?
— Está por aí... E essa arma não vai servir pra nada — ela diz com um sorriso, enquanto me olha no meio dos meninos.
— Quem é? Quem vem aqui? Quem você está esperando, Meg? — pergunta Sam, olhando em volta.
— Vocês — ela diz, assumindo uma expressão séria.
De repente, uma sombra aparece na parede e bate em Sam, que cai no chão. Logo em seguida, ataca Dean, jogando-o contra a parede, e, por fim, me ataca. Não lembro o que acontece depois, tudo é muito confuso, acho que bati a cabeça.
POV off
Dean é o primeiro a acordar. Os três estão amarrados em uma das colunas do armazém, um pouco distantes um do outro. Depois de alguns minutos, Sam acorda, mas , que está no meio dos irmãos, continua desacordada.
— Sammy, que merda de namorada é essa? — Dean pergunta.
— Nem me fale… — Ele olha para a morena amarrada e aponta com a cabeça em sua direção. O movimento fica visível para o irmão. — Não deveríamos ter trazido ela aqui.
— Nem me fale — Dean responde e começa a dar sinais que sua consciência está retornando. — , você tá bem? Se machucou?
— Eu tô legal. — Ela abre um sorriso falso, mostrando seus dentes manchados de sangue e em seguida apoia a sua cabeça cansada.
— Me desculpa, não deveríamos ter te trazido aqui — o moreno diz para a mulher.
— Para com isso. Vocês sabem que eu viria aqui de qualquer jeito. Aliás, estava curiosa para conhecer sua namorada — ela diz, o provocando mesmo podendo estar prestes a morrer.
— Você tava certa — o irmão mais velho fala para , que tenta se soltar.
— Se vocês tivessem escutado a amada , vocês não iriam morrer hoje — a loira fala, sorrindo, se abaixando para ficar perto da mulher. — Sabe, não era para você ter vindo. Você sempre foi um empecilho na minha história com os meninos. Mas isso acaba hoje — ela diz, enquanto aperta o rosto da morena.
— E quanto às outras vítimas, elas morreram em vão? — Sam a questiona, fazendo com que ganhe mais tempo, já que a loira volta a sua atenção para ele.
— Já matei mais gente por menos — ela responde.
— Ô, doidona, você não queria a gente aqui? Estamos aqui. Por que não acaba logo com isso? — Dean pergunta a ela, esperando por respostas, enquanto a morena começa a entender o plano.
— Esquece. Você não vai conseguir o que quer — diz, ao perceber sobre o que se trata a reunião.
— Ele vai aparecer, eu sei. — A loira começa a se aproximar novamente da garota.
— Não acha que, se ele viesse mesmo, já não teria chegado? — a morena retruca, irritando a loira, que a segura pelo pescoço.
— Escuta aqui, você pode não ter morrido na mão daquele demônio por causa desses dois, mas essa sorte não vai acontecer novamente — ela diz, apertando cada vez mais, deixando a mulher sem ar. Ela para e se vira, avistando Dean desamarrado. — Então só queria me distrair enquanto seu irmão se soltava? — ela pergunta em um tom indignado.
— Não, não. É que eu também tenho uma faca escondida. — Sam se levanta e segura a garota pelos ombros, dando uma cabeçada nela em seguida. cai no chão com um pouco de falta de ar, enquanto os meninos tiram suas cordas juntos. Ela se recupera e vai em direção ao altar, derrubando tudo no chão. Logo as sombras dos dáevas apareceram e puxam Meg até a janela, jogando-a de lá. Os três vão checar a queda da loira.
— Acho que eles não são do tipo que gostam de ser controlados — a morena diz, fazendo os irmãos rirem.
’s POV
— Meu rosto dói — falo, sabendo do estrago que o dáveas fez. Minhas bochechas estão com sangue e, aparentemente, ficarei com marcas por um tempo, mas não me importo tanto com isso.
— O meu tá muito feio? — Sammy pergunta.
— Nem se você quisesse iria deixar seu rosto feio — falo como um pensamento alto, algo positivo, um elogio, né?
— Que tal mudarmos de assunto? — Dean pergunta, enquanto vai em direção à porta do quarto para abri-la.
Quando chegamos, percebemos que ela não está fechada. Agora que estou armada, é muito mais fácil fazer algo. Aponto minha arma imediatamente na direção da sombra de um homem.
— Acho que nunca existiu uma real dificuldade por aqui, não é? — o homem diz, se virando e fico alguns segundos tentando entender. Noto que a presença dele faz os meninos corrigirem a postura e então percebo de quem estamos falando. Fico sem graça por não ter dado conta disso antes. — Então você é a famosa , não é? — ele fala, estendendo a mão.
— Isso mesmo. É um prazer conhecê-lo — falo.
— Pai, era uma cilada. Eu não sabia… — Dean começa a explicar.
— Tudo bem, eu já imaginava — ele diz.
— Você estava lá? — o loiro pergunta.
— Sim, cheguei bem a tempo de ver a garota mergulhar.
— Era ele? — pergunto curiosa.
— Sim, ele já tentou acabar comigo outra vez — o mais velho presente respondeu.
— Ele quer te matar, pai. Ele é perigoso. — Sam entra na conversa.
— É, ele é mais perigoso que qualquer outro demônio que eu já tenha conhecido. Ele sabe que vou matá-lo, não apenas exorcizá-lo e mandar de volta pro inferno. Matar mesmo — John diz e eu acho estranho.
— Como assim? Os demônios não simplesmente… morrem? — falo, tentando entender. John dá risada e acho que é de mim. Me sinto um pouco constrangida.
— Onde vocês acharam essa caçadora? — ele pergunta e vê a expressão dos meninos, ficando sério imediatamente. — Vocês não têm noção do risco de trazer uma mulher inexperiente para essa vida? O que deu em vocês? — Ele se altera.
Olho para os meninos e os vejo de cabeças baixas, recebendo o sermão do pai.
— Olha aqui, eu posso não ser uma grande caçadora, mas esses meninos, por mais idiotas que sejam por não terem falado que o demônio que matou tudo o que eu tinha não morreu… — Tento me recuperar do que disse, acho que revelo coisas demais. — Eles salvaram minha vida. E também eu salvo a deles. Então, por mim, tá tudo bem.
— Gostei dela. Qual de vocês namora com a garota? — o pai pergunta, depois de ter ficado por um tempo em silêncio tentando assimilar tudo o que eu falo. Acho que disse coisas demais.
— Ehh… — os meninos respondem ao mesmo tempo, me fazendo ficar olhando para os dois com indignação.
— Pois é, a escolha é difícil. Eu tenho bons garotos. — John me dá um tapinha no ombro, me fazendo corar em meio a toda essa situação. — , você se importa se eu falar com eles um minuto a sós? — o homem pergunta e eu faço o que ele pede. Olho para os três no quarto e saio.
Estou morrendo de curiosidade para saber sobre o que estão falando, mas acho que é melhor respeitar a privacidade deles. Mas quem liga, né? Encosto meu ouvido na porta para tentar ouvir o que estão dizendo.
— Deixa a gente ir com você. Podemos ajudar — Sam diz, quase implorando.
— Não, Sam. Ainda não. Tentem entender. Esse demônio é um maldito de dar medo, não quero vocês no meio do tiroteio. E parece que vocês estão bem… ocupados.
— Pai, não precisa se preocupar.
— Como você fala isso se tem uma garota atrás daquela porta que está completamente despreparada para lidar com nosso trabalho?
— A sabe se cuidar — Dean diz.
— Sim, ela cuida mais da gente do que nós dela. Não tem com o que se preocupar — o moreno fala.
— Claro que preciso. Eu sou seu pai — ele diz, com um tom de voz que parece como culpa, tristeza. — Sammy, da última vez que nos vimos, tivemos uma briga feia, não é?
— Eu lembro — Sam diz, respirando fundo.
— É bom te ver de novo — John diz. — Faz muito tempo, né?
— Tempo demais.
Não sabia que a relação deles era tão complicada. Fico feliz por terem se acertado, mas não sei se as coisas vão acabar tão bem para mim.
De repente, escuto uns barulhos vindo de dentro do quarto, ouço alguns gritos de dor e me desespero. Tento abrir a porta, mas percebo que ela está trancada. Uso o peso do meu corpo algumas vezes rapidamente até a porta ceder. As sombras voltaram até o quarto e todos estavam sofrendo por isso. John está na parede, e os meninos apanham da sombra, até que uma ideia recorre à minha mente. Lembro que dentro da mochila dos meninos havia um sinalizador e resolvo tentar a sorte.
— Fechem os olhos! — grito para os homens, acendendo o fogo e logo depois fechando os olhos com a forte luz branca que se acende no local.
— Pai? — Dean pergunta desesperado.
— Estou aqui — o homem respondeu.
— Vamos dar o fora daqui — falo, olhando para Sam e jogando uma das mochilas em sua direção.
— Por aqui. — Sam me puxa em meio à claridade com firmeza e gentileza ao mesmo tempo. Eu o acompanho e ele ajuda os outros a saírem do hotel.
— Obrigado por salvar nossas peles — o homem diz a mim.
— Precisamos sair daqui. Aquelas coisas podem voltar — falo, quando todos estão presentes, próximos ao Impala.
— Espera. Você não pode vir com a gente — o loiro fala, surpreendendo a mim e ao moreno, que ficamos com expressões confusas.
— Tem certeza? — John pergunta.
— Sim. Nós somos os nossos pontos fracos. Se continuarmos assim, não vamos matar aquele demônio, ele quase nos matou hoje — o mais velho diz, enquanto Sam não aceita suas palavras e ele e seu pai tem um breve diálogo. Depois o loiro e o senhor se afastam, havendo mais um segredo entre os dois.
Ao fim da conversa, nos despedimos e entro no carro com os meninos, enquanto o homem segue seu próprio rumo.
10: Despedidas
’s POV
— Precisamos conversar, . Agora — Dean diz para mim, dentro de mais um quarto de hotel qualquer que estamos. Ele dispensa Sam com o olhar.
— Eu… vou voltar daqui há algumas horas, vou fazer umas pesquisas sobre o caso — ele diz, já saindo, nos deixando a sós.
— Dean, tudo bem? — pergunto, sem entender.
— …, tenho uma coisa séria para te falar.
— Tudo bem, estou esperando — falo um pouco brincalhona.
— É minha obrigação te proteger e… — ele começa a falar, mas eu o impeço de fazer isso.
— Dean…, não. Você sabe que não tem a obrigação de fazer isso por mim. Não se cobra por isso — falo, me aproximando dele.
— Mas… — Eu o beijo e olho em seus olhos por um bom tempo.
Até que simplesmente não conseguimos nos conter, ficamos juntos e foi… simplesmente incrível. Estou deitada em cima dele agora, olhando todos os seus traços.
— Obrigada — falo e ele me olha um pouco confuso.
— Pelo quê? — ele pergunta.
— Por me fazer feliz — digo, encostando minha cabeça em seu peito, enquanto ele faz carinho em minha cabeça e em seguida a beija.
— Preciso te falar — ele começa a dizer tristonho, o que me preocupa. Levanto a cabeça imediatamente e acaricio o seu rosto.
— Dean…, o que houve? — pergunto, deixando minha preocupação transparecer.
— Meu pai e eu conversamos e… não é uma boa ideia ficarmos juntos com tudo o que está acontecendo — ele me diz, o que me deixa um pouco em choque, pois minutos atrás ele não estava seguindo o acordo que fez com o homem.
— Se for melhor assim, tudo bem. Eu entendo o quão importante é acabar com esse demônio e encerrar essa história — falo, fingindo que nada do que ele me disse me impacta.
— Não é isso, , eu não falo de nós. Quer dizer, isso também vai acontecer, mas eu digo que não podemos mais fazer isso, a caça, juntos — ele diz e eu me levanto.
— Dean, não importa o que seu pai disse pra você. Nós precisamos ficar unidos, independente do que aconteça — digo um pouco alterada.
— Você não entende, . Sam e eu te colocamos em um mundo perigoso.
— Eu não ligo. Nós estamos juntos há quase um ano inteiro, por que acabar com isso agora?
— Você merece mais do que isso.
— Será que você percebe o que está tentando me falar? Dean, nós acabamos de fazer sexo. Quando você fala isso, você quer me dizer que eu mereço o quê? Eu tô bem, eu tô feliz. Você não deve se preocupar comigo.
— Você merece ter uma vida. Um cara que não quase morre a toda caçada, aliás, um cara que não sabe nem o que é caçar. Você merece ser feliz.
— Como você consegue falar tantas besteiras? — pergunto, com algumas lágrimas nos olhos. — Dean, eu não vou a lugar nenhum.
— , me escuta. Eu arranjei um lugar para você morar, uma cidade legal. Não há monstros e nem demônios por lá — ele me responde, insistindo na ideia.
— Mas não vai ter você. E é uma questão de tempo até algo surgir por lá.
— É só me fazer uma ligação e eu estarei lá. Eu vou telefonar todos os dias se for preciso. Eu vou fazer questão de matar tudo o que tiver de ruim lá só para ver você bem e em segurança.
— Por que está fazendo isso comigo, Dean?
— Me desculpa, , eu não queria que fosse assim.
— Eu não vou sair da vida de vocês tão fácil — digo, um pouco chateada.
— , eu te prometo fazer tudo o que eu te disse. — Ele pega meu queixo delicadamente, me fazendo olhar para ele.
— Não faça promessas que você não pode cumprir — digo, chorando. Noto algumas lágrimas no rosto dele também e então eu o abraço. — Por que eu nunca posso ter o que me deixa bem?
— Por que eu não mereço você, mesmo que eu queira muito.
— Vai ser questão de tempo até me esquecer, não é? — pergunto, com um medo na voz.
— Acho que não conseguiria fazer isso nem se eu quisesse — ele me diz de maneira meiga, colocando o meu cabelo que estava no rosto atrás da minha orelha. — Não quero ver você triste. Não suporto isso.
— Você quer que eu fique feliz com isso?
— É uma nova oportunidade de viver.
— Pra mim, não vai ser uma vida.
— , eu não aguentaria se algo acontecesse com você.
— Para de ser idiota. Eu já salvei tanto sua pele que já perdi as contas.
— Mas isso é diferente.
— É por isso que devemos ficar juntos — eu digo, enquanto ele balança a cabeça negativamente. — Ei, a gente vai conseguir fazer isso.
— Por que tem que ser tão teimosa? — ele me pergunta, depois de ver que eu continuo insistindo.
— Porque eu gosto de você, Dean, e não quero que as coisas terminem assim.
— Mas não significa que as coisas entre nós terminarão.
— E você acha que eu sou o quê? Idiota?
— Não, …, mas é que se você soubesse da verdade, você não ficaria comigo, não iria querer gostar de mim.
— Então me fala — digo, tentando ajudá-lo a resolver o problema.
— Se eu te contar isso, eu sei que vai ser um adeus. Antes disso, eu quero que você saiba que eu gosto de você, e gosto de ficar perto de você. E com certeza gostei muito do que aconteceu agora — ele diz. É inevitável que minhas bochechas não fiquem vermelhas, estou curiosa para descobrir o que é, e tenho certeza de que é um exagero.
— Se for uma despedida, eu quero que ela seja boa — falo, dando um beijo desesperado nele, como se fosse o último, e sinto que ele também interpreta assim. Ele me puxa para mais perto e ficamos juntos outra vez, mas agora com urgência e necessidade de nossos corpos o mais próximo possível um do outro.
— …, eu não quero te magoar, mas sei que quando eu te disser isso, vai ser inevitável. — Que medo, mas estou pronta para saber.
— Pode me contar — falo, parando de acariciar seu peitoral e olhando em seus olhos.
— John… O seu ex marido — ele fala, tentando explicar quem é, como se eu não conhecesse quem ele está citando, o que na verdade não é uma mentira, encorajo ele a terminar. — Ele está vivo.
Vários pensamentos me vêm à cabeça. Penso em tudo o que aconteceu e me sento na cama.
— Como…? — pergunto, tentando entender.
— Na noite em que tudo aconteceu, nós o exorcizamos e ele ainda tinha vida, mas pediu para contar a você que ele estava morto — ele explica.
— Por quê? Por que não me disse isso desde o começo? Por que me deixou acreditar que tudo isso tinha acabado? — Encosto minha cabeça na cabeceira da cama e penso em tudo, na ligação, naquele dia, no ano todo.
— , me desculpa. Sam e eu… nós achamos que era a coisa certa a se fazer.
— É, Dean, vocês sempre acham. Você não queria me fazer ir embora? Parabéns, você conseguiu depois de me falar isso — falo, me levantando e colocando minha roupa. Ele se levanta também e vai até mim.
— , me escuta… — ele começa.
— Qual é o meu novo endereço? — pergunto, olhando para ele com algumas lágrimas no rosto. Meu Deus, que tipo de ser humano não consegue contar uma coisa tão importante quanto essa pra uma pessoa que conviveu com eles durante quase um ano?
— Olha, eu não queria que as coisas terminassem assim — ele fala.
— Eu também não, mas acho que é tudo complicado entre nós — concluo, pegando minhas coisas.
— Eu te levo — o loiro me diz, quando vou saindo sem lugar ou direção nenhuma. Espero ele se arrumar e partimos para o Impala.
— Fala para o Sam que eu mandei lembranças — digo, enquanto Dean dirige para a minha nova “casa”. Ele mexe em algum lugar e pega um aparelho, o dando para mim.
— Toma, comprei pra você. Sei que o seu quebrou na estrada e então resolvi comprar para você, mas, com tudo o que aconteceu, acabei adiando a entrega. — Ele fica em silêncio por um tempo, me oferecendo o celular. — Coloquei nossos números aí também, caso precise de ajuda. Estou na discagem rápida também.
Pego o aparelho e fico olhando para ele, pensando que talvez aquilo seja o melhor para nós.
— Obrigada, Dean. — Continuo olhando para o objeto e falo. — Você vai mesmo me ligar?
— Todos os dias. — Ele me olha de um jeito carinhoso e fala com palavras doces. Não sei se consigo acreditar nisso, mas preciso.
— O que vai acontecer comigo? — pergunto, a mim mesma, em voz alta.
— Sua vida vai ser maravilhosa, nada de demônios ou outras coisas por perto. Você pode até achar alguém legal, um emprego… Se bem que agora você tem um novo nome e um cartão que dizem que você nunca precisará trabalhar — ele diz isso e eu sorrio.
— Meu Deus, eu deveria te prender — falo, lembrando como era ser uma policial.
— Deveria mesmo. — Ele sorri.
— Dean, será que isso vai funcionar? — perguntei a ele.
— Podemos fazer com que dê certo — Ele me diz.
— Estamos mentindo para nós mesmos, né? — falo, sendo realista.
— Provavelmente, mas não minto quando falo que você vai ser o meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir. — Uau. Estou impressionada.
— Sabe, achava que você era do tipo que nunca falaria isso para uma garota.
— Acho que você me mudou. — Ele sorri enquanto diz. — Chegamos.
Desço do carro e paro, fico um tempo em pé, admirando a casa.
— É linda — falo, enquanto olho para ele, que tira minha mochila do carro.
— É toda sua — ele diz, me dando as chaves e indo em direção ao Impala sem olhar para trás.
— Dean — eu o chamo. — Não vá — eu falo, mas sei que isso não é possível, o que me deixa triste.
Ele me encara e em seguida corre até mim, me pegando nos braços. Eu sorrio com seu gesto e coloco minhas mãos em volta do seu pescoço. Ele me beija com tristeza e paixão, sem pressa.
— Eu tenho que ir, — ele me informa.
— Eu não quero que isso seja um adeus — falo, um pouco chorosa.
— Eu também não. — Ele tira sua jaqueta de sempre de couro e coloca sobre meus ombros. — Fique com isso, para lembrar de mim. Te vejo por aí, Sarah Carson — ele fala, me dando mais um beijo e saindo. Eu sei que não posso chamá-lo de novo, nossas despedidas seriam infinitas, então… eu só aceito.
Espero ele sair e então a ficha cai, estou sozinha. Entro dentro da casa, que já está mobiliada, e olho todos os cômodos, imaginando como seria se os meninos também estivessem aqui, comigo.
POV off
Meses se passaram, e depois de um tempo, Dean parou de entrar em contato. Sam telefonava às vezes, mas a morena ainda se sentia muito sozinha. Às vezes ela saía para algumas caçadas, mas não era a mesma coisa. Os primeiros dias foram difíceis, ela parou de negar tudo o que aconteceu em sua vida e sua bagagem de culpa por coisas que não fez; ela só queria ficar com os meninos, para que eles pudessem fazer a dor parar, mas ninguém estava por perto. Por muito tempo, não quis fazer nada, nem comer, nem beber, mas então ela se deu conta de que teria que viver, mesmo não tendo as únicas pessoas que sobraram e que ela se importava em sua vida.
— Precisamos conversar, . Agora — Dean diz para mim, dentro de mais um quarto de hotel qualquer que estamos. Ele dispensa Sam com o olhar.
— Eu… vou voltar daqui há algumas horas, vou fazer umas pesquisas sobre o caso — ele diz, já saindo, nos deixando a sós.
— Dean, tudo bem? — pergunto, sem entender.
— …, tenho uma coisa séria para te falar.
— Tudo bem, estou esperando — falo um pouco brincalhona.
— É minha obrigação te proteger e… — ele começa a falar, mas eu o impeço de fazer isso.
— Dean…, não. Você sabe que não tem a obrigação de fazer isso por mim. Não se cobra por isso — falo, me aproximando dele.
— Mas… — Eu o beijo e olho em seus olhos por um bom tempo.
Até que simplesmente não conseguimos nos conter, ficamos juntos e foi… simplesmente incrível. Estou deitada em cima dele agora, olhando todos os seus traços.
— Obrigada — falo e ele me olha um pouco confuso.
— Pelo quê? — ele pergunta.
— Por me fazer feliz — digo, encostando minha cabeça em seu peito, enquanto ele faz carinho em minha cabeça e em seguida a beija.
— Preciso te falar — ele começa a dizer tristonho, o que me preocupa. Levanto a cabeça imediatamente e acaricio o seu rosto.
— Dean…, o que houve? — pergunto, deixando minha preocupação transparecer.
— Meu pai e eu conversamos e… não é uma boa ideia ficarmos juntos com tudo o que está acontecendo — ele me diz, o que me deixa um pouco em choque, pois minutos atrás ele não estava seguindo o acordo que fez com o homem.
— Se for melhor assim, tudo bem. Eu entendo o quão importante é acabar com esse demônio e encerrar essa história — falo, fingindo que nada do que ele me disse me impacta.
— Não é isso, , eu não falo de nós. Quer dizer, isso também vai acontecer, mas eu digo que não podemos mais fazer isso, a caça, juntos — ele diz e eu me levanto.
— Dean, não importa o que seu pai disse pra você. Nós precisamos ficar unidos, independente do que aconteça — digo um pouco alterada.
— Você não entende, . Sam e eu te colocamos em um mundo perigoso.
— Eu não ligo. Nós estamos juntos há quase um ano inteiro, por que acabar com isso agora?
— Você merece mais do que isso.
— Será que você percebe o que está tentando me falar? Dean, nós acabamos de fazer sexo. Quando você fala isso, você quer me dizer que eu mereço o quê? Eu tô bem, eu tô feliz. Você não deve se preocupar comigo.
— Você merece ter uma vida. Um cara que não quase morre a toda caçada, aliás, um cara que não sabe nem o que é caçar. Você merece ser feliz.
— Como você consegue falar tantas besteiras? — pergunto, com algumas lágrimas nos olhos. — Dean, eu não vou a lugar nenhum.
— , me escuta. Eu arranjei um lugar para você morar, uma cidade legal. Não há monstros e nem demônios por lá — ele me responde, insistindo na ideia.
— Mas não vai ter você. E é uma questão de tempo até algo surgir por lá.
— É só me fazer uma ligação e eu estarei lá. Eu vou telefonar todos os dias se for preciso. Eu vou fazer questão de matar tudo o que tiver de ruim lá só para ver você bem e em segurança.
— Por que está fazendo isso comigo, Dean?
— Me desculpa, , eu não queria que fosse assim.
— Eu não vou sair da vida de vocês tão fácil — digo, um pouco chateada.
— , eu te prometo fazer tudo o que eu te disse. — Ele pega meu queixo delicadamente, me fazendo olhar para ele.
— Não faça promessas que você não pode cumprir — digo, chorando. Noto algumas lágrimas no rosto dele também e então eu o abraço. — Por que eu nunca posso ter o que me deixa bem?
— Por que eu não mereço você, mesmo que eu queira muito.
— Vai ser questão de tempo até me esquecer, não é? — pergunto, com um medo na voz.
— Acho que não conseguiria fazer isso nem se eu quisesse — ele me diz de maneira meiga, colocando o meu cabelo que estava no rosto atrás da minha orelha. — Não quero ver você triste. Não suporto isso.
— Você quer que eu fique feliz com isso?
— É uma nova oportunidade de viver.
— Pra mim, não vai ser uma vida.
— , eu não aguentaria se algo acontecesse com você.
— Para de ser idiota. Eu já salvei tanto sua pele que já perdi as contas.
— Mas isso é diferente.
— É por isso que devemos ficar juntos — eu digo, enquanto ele balança a cabeça negativamente. — Ei, a gente vai conseguir fazer isso.
— Por que tem que ser tão teimosa? — ele me pergunta, depois de ver que eu continuo insistindo.
— Porque eu gosto de você, Dean, e não quero que as coisas terminem assim.
— Mas não significa que as coisas entre nós terminarão.
— E você acha que eu sou o quê? Idiota?
— Não, …, mas é que se você soubesse da verdade, você não ficaria comigo, não iria querer gostar de mim.
— Então me fala — digo, tentando ajudá-lo a resolver o problema.
— Se eu te contar isso, eu sei que vai ser um adeus. Antes disso, eu quero que você saiba que eu gosto de você, e gosto de ficar perto de você. E com certeza gostei muito do que aconteceu agora — ele diz. É inevitável que minhas bochechas não fiquem vermelhas, estou curiosa para descobrir o que é, e tenho certeza de que é um exagero.
— Se for uma despedida, eu quero que ela seja boa — falo, dando um beijo desesperado nele, como se fosse o último, e sinto que ele também interpreta assim. Ele me puxa para mais perto e ficamos juntos outra vez, mas agora com urgência e necessidade de nossos corpos o mais próximo possível um do outro.
— …, eu não quero te magoar, mas sei que quando eu te disser isso, vai ser inevitável. — Que medo, mas estou pronta para saber.
— Pode me contar — falo, parando de acariciar seu peitoral e olhando em seus olhos.
— John… O seu ex marido — ele fala, tentando explicar quem é, como se eu não conhecesse quem ele está citando, o que na verdade não é uma mentira, encorajo ele a terminar. — Ele está vivo.
Vários pensamentos me vêm à cabeça. Penso em tudo o que aconteceu e me sento na cama.
— Como…? — pergunto, tentando entender.
— Na noite em que tudo aconteceu, nós o exorcizamos e ele ainda tinha vida, mas pediu para contar a você que ele estava morto — ele explica.
— Por quê? Por que não me disse isso desde o começo? Por que me deixou acreditar que tudo isso tinha acabado? — Encosto minha cabeça na cabeceira da cama e penso em tudo, na ligação, naquele dia, no ano todo.
— , me desculpa. Sam e eu… nós achamos que era a coisa certa a se fazer.
— É, Dean, vocês sempre acham. Você não queria me fazer ir embora? Parabéns, você conseguiu depois de me falar isso — falo, me levantando e colocando minha roupa. Ele se levanta também e vai até mim.
— , me escuta… — ele começa.
— Qual é o meu novo endereço? — pergunto, olhando para ele com algumas lágrimas no rosto. Meu Deus, que tipo de ser humano não consegue contar uma coisa tão importante quanto essa pra uma pessoa que conviveu com eles durante quase um ano?
— Olha, eu não queria que as coisas terminassem assim — ele fala.
— Eu também não, mas acho que é tudo complicado entre nós — concluo, pegando minhas coisas.
— Eu te levo — o loiro me diz, quando vou saindo sem lugar ou direção nenhuma. Espero ele se arrumar e partimos para o Impala.
— Fala para o Sam que eu mandei lembranças — digo, enquanto Dean dirige para a minha nova “casa”. Ele mexe em algum lugar e pega um aparelho, o dando para mim.
— Toma, comprei pra você. Sei que o seu quebrou na estrada e então resolvi comprar para você, mas, com tudo o que aconteceu, acabei adiando a entrega. — Ele fica em silêncio por um tempo, me oferecendo o celular. — Coloquei nossos números aí também, caso precise de ajuda. Estou na discagem rápida também.
Pego o aparelho e fico olhando para ele, pensando que talvez aquilo seja o melhor para nós.
— Obrigada, Dean. — Continuo olhando para o objeto e falo. — Você vai mesmo me ligar?
— Todos os dias. — Ele me olha de um jeito carinhoso e fala com palavras doces. Não sei se consigo acreditar nisso, mas preciso.
— O que vai acontecer comigo? — pergunto, a mim mesma, em voz alta.
— Sua vida vai ser maravilhosa, nada de demônios ou outras coisas por perto. Você pode até achar alguém legal, um emprego… Se bem que agora você tem um novo nome e um cartão que dizem que você nunca precisará trabalhar — ele diz isso e eu sorrio.
— Meu Deus, eu deveria te prender — falo, lembrando como era ser uma policial.
— Deveria mesmo. — Ele sorri.
— Dean, será que isso vai funcionar? — perguntei a ele.
— Podemos fazer com que dê certo — Ele me diz.
— Estamos mentindo para nós mesmos, né? — falo, sendo realista.
— Provavelmente, mas não minto quando falo que você vai ser o meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir. — Uau. Estou impressionada.
— Sabe, achava que você era do tipo que nunca falaria isso para uma garota.
— Acho que você me mudou. — Ele sorri enquanto diz. — Chegamos.
Desço do carro e paro, fico um tempo em pé, admirando a casa.
— É linda — falo, enquanto olho para ele, que tira minha mochila do carro.
— É toda sua — ele diz, me dando as chaves e indo em direção ao Impala sem olhar para trás.
— Dean — eu o chamo. — Não vá — eu falo, mas sei que isso não é possível, o que me deixa triste.
Ele me encara e em seguida corre até mim, me pegando nos braços. Eu sorrio com seu gesto e coloco minhas mãos em volta do seu pescoço. Ele me beija com tristeza e paixão, sem pressa.
— Eu tenho que ir, — ele me informa.
— Eu não quero que isso seja um adeus — falo, um pouco chorosa.
— Eu também não. — Ele tira sua jaqueta de sempre de couro e coloca sobre meus ombros. — Fique com isso, para lembrar de mim. Te vejo por aí, Sarah Carson — ele fala, me dando mais um beijo e saindo. Eu sei que não posso chamá-lo de novo, nossas despedidas seriam infinitas, então… eu só aceito.
Espero ele sair e então a ficha cai, estou sozinha. Entro dentro da casa, que já está mobiliada, e olho todos os cômodos, imaginando como seria se os meninos também estivessem aqui, comigo.
POV off
Meses se passaram, e depois de um tempo, Dean parou de entrar em contato. Sam telefonava às vezes, mas a morena ainda se sentia muito sozinha. Às vezes ela saía para algumas caçadas, mas não era a mesma coisa. Os primeiros dias foram difíceis, ela parou de negar tudo o que aconteceu em sua vida e sua bagagem de culpa por coisas que não fez; ela só queria ficar com os meninos, para que eles pudessem fazer a dor parar, mas ninguém estava por perto. Por muito tempo, não quis fazer nada, nem comer, nem beber, mas então ela se deu conta de que teria que viver, mesmo não tendo as únicas pessoas que sobraram e que ela se importava em sua vida.
11: Recomeços
’s POV
Estou em casa, me arrumando para o trabalho, para ser mais específica. Estou tentando achar meu distintivo, mas acabo não tendo muito sucesso. Meu telefone toca, é Lexi, uma amiga do trabalho.
— Onde você tá? — ela me pergunta, como se estivesse desesperada.
— Em casa?... — falo, como se fosse óbvio, e continuo procurando o que quero.
— Está atrasada — ela alerta.
— Eu sei, não tô conseguindo achar meu distintivo — digo, lembrando onde posso ter deixado. — Já sei! Beijo, tchau, te vejo em uns 10 minutos — falo, desligando o telefone.
Corro em direção à minha “sala secreta”. Acabei investigando quase a noite toda, assim que cheguei ao trabalho, um possível caso de vampiro aqui por perto. O cômodo está uma completa bagunça, mas eu consigo encontrar o que procuro. Olho à minha direita e vejo o meu arsenal de coisas anti monstros/demônios e lembro como aprendi tudo isso.
Sinto falta dos meninos, mas sei que estar com eles é completamente fora de cogitação, não os vejo há quase sete anos. Sammy ainda se importa em mandar notícias às vezes. Acredito que ele mente na maior parte das vezes, mas não é algo que vá fazer diferença. Eu não posso e nem estou lá… Vejo a jaqueta de Dean e fico olhando para ela, até notar que…
— Meu Deus, esqueci do trabalho! — Vou correndo até a porta, calçando minhas botas em meio à correria. Quando a abro, tenho uma surpresa das grandes.
— Eu já ia tocar — ele fala sem graça, apontando para a campainha.
— Sammy? — pergunto, o olhando surpresa, não imaginava que o encontraria. — Você tá bem? Há quanto tempo! — Dou um abraço desesperada nele e ele me devolve com tristeza. — Cadê o Dean? — eu pergunto e ele só balança a cabeça negativamente. Não. — Sam, o que houve? Entre — digo, saindo da porta.
— Ele morreu, . — Eu me sento e sinto as lágrimas nos olhos. Tenho tantas perguntas.
— Como? — É tudo o que consigo dizer.
— Nós estávamos enfrentando um leviatã. E ele e Cass conseguiram o matar, mas acho que isso acabou matando os dois. Eu estou na estrada há dias e vim ver você — ele me diz sem graça por vir aqui.
— Leviatã? Cass? — Minhas perguntas continuam.
— Os leviatãs você não vai querer saber o que são, confie em mim, mas agora acabou. Cass é um anjo.
— Um anjo? Tipo, com asas e tudo? Um anjo? — Surto um pouco e ele dá uma risada.
— É, eu acho que acabei omitindo muitas coisas quando te falava o que estava acontecendo, né? — Ele fica um tempo em silêncio. — Culpa do Dean.
— Por que não tinham contato comigo? — pergunto triste e confusa.
— Muita coisa aconteceu, não queríamos que você se colocasse em perigo. Sabíamos que se contássemos o que estava acontecendo, você viria — ele me responde.
— Tudo isso pra me proteger? Sam, eu caço sozinha agora.
— Como assim? — ele pergunta, de boca aberta.
— Pois é, coisas sobrenaturais acontecem em todo lugar.
— Mas é perigoso.
— Eu não ligo, eu evito mortes sendo perigosas elas ou não — falo séria e respiro fundo. — E agora? Vai me contar ou não tudo o que aconteceu?
— Até onde você sabe?
— Até onde vocês me contaram — falo e Sam dá um sorrisinho.
— Ok, então… depois que matamos o demônio que matou nossos pais… — ele começa a dizer.
— Ou, ou, ou, o John morreu? — pergunto confusa e Sam balança a cabeça afirmando. Eles não me contaram coisas demais. — Continua.
— Dean fez um pacto, morreu, foi pro inferno, voltou, conhecemos um anjo, eu fui pro inferno, voltei sem alma, Dean ficou um ano sem caçar…
— Uau. Quanta coisa aconteceu. E eu pensando que vocês ainda caçavam Wendigos — falo, me lembrando de tudo.
— Pois é — o moreno responde, aparentemente mergulhando em memórias, assim como eu. Meu telefone toca e é Lexi de novo.
— Só um momento — aviso Sammy. — Lexi, nada é mais importante do que está acontecendo agora aqui. Não vou trabalhar hoje, talvez tire uma licença, tá? Não me liga, tchau — falo, sem esperar que ela diga nada.
— Eu… não quero atrapalhar — o irmão mais novo me fala.
— Que isso, Sam. Você pode e deve ficar aqui pelo tempo que precisar — digo.
— E seu… namorado? Marido? Não vão se importar? — ele me pergunta, querendo saber mais sobre mim.
— Provavelmente, sim. Se eu tivesse um dos dois, eles com certeza iriam se preocupar — respondo sorrindo.
Mostro a casa toda para Sam e coloco uma roupa confortável.
— Aqui é lindo — ele me diz, enquanto tomamos uma cerveja na área de minha casa.
— É, sim — respondo, sentindo uma leve brisa em meu rosto.
— O que tem lá? — Ele aponta para minha sala.
— Você não vai gostar — aviso e deixo ele mais curioso ainda. Ele se levanta e vê no que estou trabalhando.
— Como você fez isso tudo? — ele pergunta surpreso.
— Agora que eu sei da existência dessas coisas, eu tenho que me prevenir de algum jeito — falo, dando ombros.
— Sabe, Dean e eu fizemos uma promessa de seguir nossas vidas se algo acontecesse com a gente. Você deveria fazer isso também. — Ele me olha, sugerindo isso.
— Eu queria que fosse fácil assim — falo, olhando para baixo enquanto ele se aproxima.
— E se fizermos isso juntos? — Ele me encoraja e eu o olho. — Nós podemos fazer isso, .
— Se formos fazer isso, que garantia eu tenho de que você não vai me deixar, como fizeram da última vez? — pergunto a ele, um pouco triste ao lembrar que as coisas aconteceram daquela forma. — Você vai me esconder mais outras coisas, assim como fizeram não me contando a respeito de John e desse tempo todo que não nos falamos? Parece até que não nos conhecemos mais.
— Nós podemos consertar isso, eu sei — ele diz, me abraçando. Ficamos assim por alguns minutos e então me dou conta de que podemos fazer as coisas da maneira certa dessa vez.
— Vamos fazer as coisas direito dessa vez — eu falo. Acho que acredito nas minhas palavras ou talvez esteja só me iludindo dizendo a mim mesma que acredito.
— Bom dia, flor do dia — falo para Sam, que aparece na cozinha. Costumo acordar cedo, então já fiz muita coisa. Treinei alguns movimentos de luta, corri um pouco pela vizinhança e agora resolvi fazer um pouco de café, estou fritando ovos e bacon para acompanhar.
— Você já fez tudo isso? — fala Sam, olhando para o que eu estava fazendo e percebendo minha roupa. — Você treina?
— Mais ou menos. Pratico alguns movimentos e também corro, mas já acabei por hoje — digo, dando de ombros.
— Uau, acho que não foi só para mim e Dean que as coisas mudaram — ele comenta, em um tom leve.
— Ei, eu já fazia essas coisas antes. Inclusive, sempre fui uma excelente lutadora — falo, colocando um prato com seu café da manhã na frente dele.
— Bom ponto — ele diz, olhando para a comida e depois para mim. — Obrigado, não precisava se preocupar comigo…
— Que isso, não foi nada — interrompo sua fala.
Enquanto o moreno come, lembro de comentar uma coisa com ele.
— Ei — falo, tentando chamar sua atenção. — Lexi, uma amiga minha que trabalha comigo, ela vai fazer um evento de caridade hoje. Está afim de ir? — pergunto, tentando parecer descontraída, mas, na realidade, estou nervosa em pensar na ideia de sair com Sam como meu acompanhante. Não que seja algo ruim, mas só traz… lembranças.
— Evento de caridade? — ele pergunta curioso.
— É. Ela é uma daquelas ricas que trabalham por diversão. Ela queria que eu participasse, particularmente acho esses eventos importantes, mas não vejo necessidade de tanto… luxo pra isso — reflito comigo mesma.
— Mas por quê? — Ele acompanha meu raciocínio.
— Acho que doar dinheiro para caridade deveria ser um gesto nobre. Com esses eventos, as coisas se tornam mais sobre status do que a real causa — falo.
— Você está certa, mas, mesmo assim, pode ser que seja divertido — ele me responde.
— Talvez você seja a minha salvação para esse tipo de evento — digo, sorrindo, feliz por Sam estar aqui, agora, ao meu lado.
Acho que minha maquiagem não está das melhores, mas não ligo tanto para isso. Estou usando um vestido longo azul e acho que estou animada de verdade para ir acompanhada, mas com medo… não me entendo.
Quando desço as escadas, vejo Sam me esperando. Ele ficou ainda mais lindo de terno, se é que é possível.
— Uau, você… está linda — ele diz, olhando para mim, parada no último degrau da escada.
— Você não tá nada mal também — respondo, sorrindo.
Vamos a pé até a casa de Lexi. Não é muito longe, e, durante o caminho, tagarelo um pouco sobre minha vida.
— Bom, aqui sou uma policial, do mesmo jeito que nos conhecemos. Lexi virou minha amiga assim que entrei no trabalho, ela é uma caixinha de surpresas — falo, enquanto lembro da sua personalidade.
— Assim como você — ele diz, sorrindo.
— Eu? Sou só uma “caixinha” sem graça — digo, pensando em mim comparada a outras pessoas.
— Eu não consigo acreditar nisso — ele me fala e minhas bochechas coram ao ouvir.
— O que mais quer saber sobre o tempo em que passamos separados? — pergunto, não insistindo no assunto anterior.
— Não quero parecer indelicado, mas… — Ele parece tentar tomar coragem para dizer. — Em todo esse tempo, você não teve ninguém? Nada que pudesse te prender a essa cidade como algo bom?
— É uma boa pergunta — falo, olhando para as estrelas e suspirando. — Eu esperei vocês esse tempo inteiro. É claro, tive alguns encontros, mas nada que durasse muito tempo. Eu só… achava que vocês poderiam me chamar a qualquer segundo, e lá estaria eu, pronta para ajudar vocês. Pensei por muito tempo que isso poderia acontecer, mas depois que Dean parou de me ligar e você me deu notícias a cada, sei lá, dois ou três meses? Percebi que tinha que fazer outras coisas — digo, simplesmente jogando o assunto que mais queria ter evitado.
— E agora eu apareço na sua porta — ele diz, ironizando a situação.
— Agora as coisas podem ser diferentes — eu falo e ele coloca um de seus braços em volta do meu pescoço de maneira carinhosa.
— E elas vão — ele diz, dando um beijo em minha cabeça. Isso faz eu me sentir segura. Acho que é um daqueles momentos que a gente quer guardar pra sempre.
Estamos andando juntos e de longe avisto Lexi. Ela está usando um vestido rosa, acho que consigo ver ela do outro lado do mundo com ele, mas aquela roupa só destaca mais a beleza de minha amiga.
— Sarah! Finalmente! — Ela respira aliviada, como se tivesse corrido para vir ao meu encontro. — Até que enfim conheci seu namorado — ela diz, olhando para Sam. Eu começo a rir um pouco nervosa, mas o moreno parece estar tranquilo.
— Prazer, Sam Winchester — ele se apresenta à ruiva.
— O prazer é todo meu. Você tem que me contar agora onde arranjou esse homem! — ela fala para mim, me deixando um pouco sem graça. Eu começo a rir e entramos em sua casa.
— Uau, aqui é lindo — Sammy comenta.
— Depois de um tempo, você enjoa do lugar — ela responde, sorrindo.
— É por isso que ela trabalha — falo, explicando ao moreno.
— Bingo — ela me responde. — Fiquem à vontade — ela diz, saindo de perto e indo falar com outros convidados.
— Isso é… — ele começa a falar, mas sei bem o que ele quer dizer.
— Pois é, eu sei.
— Você sempre vem nessas coisas?
— Às vezes — respondo, já um pouco cansada por estar aqui. — Bom, acho que já fiz minha parte por aqui. Quer dar uma volta lá fora? — pergunto.
— Claro — ele fala e eu pego em sua mão, o levando para a parte de fora da mansão.
— Gosto de ficar aqui — falo, me sentando próximo à grande fonte que fica em frente à casa.
— Você se acostumou? A viver aqui? — ele pergunta e eu me questiono.
— Acho que sim, aprendi a lidar com tudo — falo, brincando com a água. — É bom ter um lugar para chamar de casa, mas… — eu começo a falar e ele me encoraja, balançando a cabeça. — Sinto falta de sair, provar comidas de lanchonetes, hotéis horríveis, vocês… Pareceu que uma parte de mim tinha morrido quando nós nos separamos — digo, com um sorrisinho.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Manda.
— Você foi atrás do demônio que queria matar?
— Não. Deixei de procurar. Não traria John de volta. Na verdade, eu nem o conhecia. Resolvi matar o assunto antes que eu talvez encontrasse esse estranho no meio do caminho. Escolhi me conhecer.
— E como está indo até agora?
— Eu caço, gosto de ser policial, odeio meu uniforme de trabalho, amo a praia, ler, cozinhar… A lista é enorme.
— Fico feliz por você — ele diz, sorrindo e me olhando.
— E você? Do que gosta? — pergunto, o “desafiando” a me dizer.
— De você — ele diz, com um sorrisinho, me deixando com um pouco de vergonha.
— Seu bobo! — digo, jogando um pouco de água da fonte nele. — Eu sei que sou maravilhosa. — Começamos a rir e paramos. Estamos um do lado do outro, mas agora parece que somos um só. Eu ainda não tenho certeza do que fazer.
— , promete não ficar brava? — ele me pergunta com seriedade.
— Depende — falo, sem entender.
— Promete ou não? — ele me diz, com um olhar de desafio, e eu amo um desafio.
— Eu prometo — falo, devolvendo o seu olhar e, quando percebo, estou encharcada de água da fonte. — Sam Winchester, eu não acredito! — digo, dando o troco.
Ficamos rindo e nos molhando por um tempo indeterminado, mas só paramos quando percebemos que todos estão nos olhando pelas janelas da mansão.
— Acho que é hora de ir — Sammy me diz, enquanto olha as janelas. Faço o mesmo e caímos na gargalhada. Pego sua mão novamente e saímos correndo até minha casa.
— Ai, ai, ai, espera um pouco — falo, pedindo uma pausa.
— O que foi? Tudo bem? — ele pergunta preocupado.
— Tudo — respondo com um sorriso. — É só que não é fácil correr com esse salto, meus pés estão me matando. — Não sei o que deu nele, mas ele me pega em seus braços como se fosse uma criança, me sinto extremamente leve quando ele faz isso, e então ele corre até o destino. Estamos felizes.
— Chaves? — ele pergunta, me colocando no chão.
— Bem vindo à minha casa, senhor — digo brincalhona, assim que abro a porta, e faço um gesto para que ele entre.
Entramos e me parece que toda aquela dúvida de não saber o que fazer simplesmente some. Parece que Sam sente a mesma coisa e então se junta a mim, próximo à porta de entrada. Ele toca em meu rosto e suas mãos fazem com que eu me acalme e me sinta confortável.
— Sam… — eu começo a falar, mas sou surpreendida com um beijo seu. Estamos nos beijando desesperadamente, como se não houvesse amanhã, e isso me parece ser a coisa certa.
Na manhã seguinte, acordamos juntos, nos olhando, e por um tempo me lembro do que vivi com o seu irmão. Afasto essa ideia da minha mente, afinal, anos se passaram e ele está morto. Eu fico admirando Sam, passo o meu dedo indicador em todos os traços de seu rosto, ele deveria ser exposto em um museu.
— Você é boa demais, boa demais para ser verdade — ele me diz e eu me aproximo, dando um beijo nele.
— Foi real o suficiente? — pergunto, sorrindo.
— Não tenho certeza, pode fazer de novo?
— Você já viu que horas são? — pergunto, dando mais um beijo nele.
— Vamos ficar aqui o dia todo! — ele me diz, parecendo uma criança.
— Bem que eu queria, mas temos que comer. — Levanto e em seguida pego uma roupa para vestir.
— Deixa comigo! — ele diz, fazendo o mesmo e indo até a cozinha.
— Você vai… cozinhar? — pergunto, chegando à cozinha e o vendo de avental. Dou risada da cena, mas tenho quase certeza de que esse Winchester nunca fez um ovo frito na vida.
— Ei, eu sei me virar na cozinha! — ele fala como se eu estivesse o insultando.
— Tudo bem, tudo bem! — falo como se estivesse sendo enquadrada, levanto os braços e percebo o que ele está fazendo. — Mas tenho uma observação para fazer: não se coloca sal no café.
— Ah, isso é sal? Por que me disse isso só agora? — ele fala e não consigo me manter séria. Nem sei quando foi a última vez que me diverti tanto assim com alguém.
— Deixa que eu te ajudo — falo, assumindo o papel dele.
— Desculpa — ele diz meio chateado.
— Que isso, você vai ter muito tempo para praticar — falo, dando tapinhas em seu peito e dando um selinho nele.
Ele me devolve o gesto e me dou conta de como tudo isso é surreal para mim, finalmente estar verdadeiramente animada com algo.
Estou em casa, me arrumando para o trabalho, para ser mais específica. Estou tentando achar meu distintivo, mas acabo não tendo muito sucesso. Meu telefone toca, é Lexi, uma amiga do trabalho.
— Onde você tá? — ela me pergunta, como se estivesse desesperada.
— Em casa?... — falo, como se fosse óbvio, e continuo procurando o que quero.
— Está atrasada — ela alerta.
— Eu sei, não tô conseguindo achar meu distintivo — digo, lembrando onde posso ter deixado. — Já sei! Beijo, tchau, te vejo em uns 10 minutos — falo, desligando o telefone.
Corro em direção à minha “sala secreta”. Acabei investigando quase a noite toda, assim que cheguei ao trabalho, um possível caso de vampiro aqui por perto. O cômodo está uma completa bagunça, mas eu consigo encontrar o que procuro. Olho à minha direita e vejo o meu arsenal de coisas anti monstros/demônios e lembro como aprendi tudo isso.
Sinto falta dos meninos, mas sei que estar com eles é completamente fora de cogitação, não os vejo há quase sete anos. Sammy ainda se importa em mandar notícias às vezes. Acredito que ele mente na maior parte das vezes, mas não é algo que vá fazer diferença. Eu não posso e nem estou lá… Vejo a jaqueta de Dean e fico olhando para ela, até notar que…
— Meu Deus, esqueci do trabalho! — Vou correndo até a porta, calçando minhas botas em meio à correria. Quando a abro, tenho uma surpresa das grandes.
— Eu já ia tocar — ele fala sem graça, apontando para a campainha.
— Sammy? — pergunto, o olhando surpresa, não imaginava que o encontraria. — Você tá bem? Há quanto tempo! — Dou um abraço desesperada nele e ele me devolve com tristeza. — Cadê o Dean? — eu pergunto e ele só balança a cabeça negativamente. Não. — Sam, o que houve? Entre — digo, saindo da porta.
— Ele morreu, . — Eu me sento e sinto as lágrimas nos olhos. Tenho tantas perguntas.
— Como? — É tudo o que consigo dizer.
— Nós estávamos enfrentando um leviatã. E ele e Cass conseguiram o matar, mas acho que isso acabou matando os dois. Eu estou na estrada há dias e vim ver você — ele me diz sem graça por vir aqui.
— Leviatã? Cass? — Minhas perguntas continuam.
— Os leviatãs você não vai querer saber o que são, confie em mim, mas agora acabou. Cass é um anjo.
— Um anjo? Tipo, com asas e tudo? Um anjo? — Surto um pouco e ele dá uma risada.
— É, eu acho que acabei omitindo muitas coisas quando te falava o que estava acontecendo, né? — Ele fica um tempo em silêncio. — Culpa do Dean.
— Por que não tinham contato comigo? — pergunto triste e confusa.
— Muita coisa aconteceu, não queríamos que você se colocasse em perigo. Sabíamos que se contássemos o que estava acontecendo, você viria — ele me responde.
— Tudo isso pra me proteger? Sam, eu caço sozinha agora.
— Como assim? — ele pergunta, de boca aberta.
— Pois é, coisas sobrenaturais acontecem em todo lugar.
— Mas é perigoso.
— Eu não ligo, eu evito mortes sendo perigosas elas ou não — falo séria e respiro fundo. — E agora? Vai me contar ou não tudo o que aconteceu?
— Até onde você sabe?
— Até onde vocês me contaram — falo e Sam dá um sorrisinho.
— Ok, então… depois que matamos o demônio que matou nossos pais… — ele começa a dizer.
— Ou, ou, ou, o John morreu? — pergunto confusa e Sam balança a cabeça afirmando. Eles não me contaram coisas demais. — Continua.
— Dean fez um pacto, morreu, foi pro inferno, voltou, conhecemos um anjo, eu fui pro inferno, voltei sem alma, Dean ficou um ano sem caçar…
— Uau. Quanta coisa aconteceu. E eu pensando que vocês ainda caçavam Wendigos — falo, me lembrando de tudo.
— Pois é — o moreno responde, aparentemente mergulhando em memórias, assim como eu. Meu telefone toca e é Lexi de novo.
— Só um momento — aviso Sammy. — Lexi, nada é mais importante do que está acontecendo agora aqui. Não vou trabalhar hoje, talvez tire uma licença, tá? Não me liga, tchau — falo, sem esperar que ela diga nada.
— Eu… não quero atrapalhar — o irmão mais novo me fala.
— Que isso, Sam. Você pode e deve ficar aqui pelo tempo que precisar — digo.
— E seu… namorado? Marido? Não vão se importar? — ele me pergunta, querendo saber mais sobre mim.
— Provavelmente, sim. Se eu tivesse um dos dois, eles com certeza iriam se preocupar — respondo sorrindo.
Mostro a casa toda para Sam e coloco uma roupa confortável.
— Aqui é lindo — ele me diz, enquanto tomamos uma cerveja na área de minha casa.
— É, sim — respondo, sentindo uma leve brisa em meu rosto.
— O que tem lá? — Ele aponta para minha sala.
— Você não vai gostar — aviso e deixo ele mais curioso ainda. Ele se levanta e vê no que estou trabalhando.
— Como você fez isso tudo? — ele pergunta surpreso.
— Agora que eu sei da existência dessas coisas, eu tenho que me prevenir de algum jeito — falo, dando ombros.
— Sabe, Dean e eu fizemos uma promessa de seguir nossas vidas se algo acontecesse com a gente. Você deveria fazer isso também. — Ele me olha, sugerindo isso.
— Eu queria que fosse fácil assim — falo, olhando para baixo enquanto ele se aproxima.
— E se fizermos isso juntos? — Ele me encoraja e eu o olho. — Nós podemos fazer isso, .
— Se formos fazer isso, que garantia eu tenho de que você não vai me deixar, como fizeram da última vez? — pergunto a ele, um pouco triste ao lembrar que as coisas aconteceram daquela forma. — Você vai me esconder mais outras coisas, assim como fizeram não me contando a respeito de John e desse tempo todo que não nos falamos? Parece até que não nos conhecemos mais.
— Nós podemos consertar isso, eu sei — ele diz, me abraçando. Ficamos assim por alguns minutos e então me dou conta de que podemos fazer as coisas da maneira certa dessa vez.
— Vamos fazer as coisas direito dessa vez — eu falo. Acho que acredito nas minhas palavras ou talvez esteja só me iludindo dizendo a mim mesma que acredito.
— Bom dia, flor do dia — falo para Sam, que aparece na cozinha. Costumo acordar cedo, então já fiz muita coisa. Treinei alguns movimentos de luta, corri um pouco pela vizinhança e agora resolvi fazer um pouco de café, estou fritando ovos e bacon para acompanhar.
— Você já fez tudo isso? — fala Sam, olhando para o que eu estava fazendo e percebendo minha roupa. — Você treina?
— Mais ou menos. Pratico alguns movimentos e também corro, mas já acabei por hoje — digo, dando de ombros.
— Uau, acho que não foi só para mim e Dean que as coisas mudaram — ele comenta, em um tom leve.
— Ei, eu já fazia essas coisas antes. Inclusive, sempre fui uma excelente lutadora — falo, colocando um prato com seu café da manhã na frente dele.
— Bom ponto — ele diz, olhando para a comida e depois para mim. — Obrigado, não precisava se preocupar comigo…
— Que isso, não foi nada — interrompo sua fala.
Enquanto o moreno come, lembro de comentar uma coisa com ele.
— Ei — falo, tentando chamar sua atenção. — Lexi, uma amiga minha que trabalha comigo, ela vai fazer um evento de caridade hoje. Está afim de ir? — pergunto, tentando parecer descontraída, mas, na realidade, estou nervosa em pensar na ideia de sair com Sam como meu acompanhante. Não que seja algo ruim, mas só traz… lembranças.
— Evento de caridade? — ele pergunta curioso.
— É. Ela é uma daquelas ricas que trabalham por diversão. Ela queria que eu participasse, particularmente acho esses eventos importantes, mas não vejo necessidade de tanto… luxo pra isso — reflito comigo mesma.
— Mas por quê? — Ele acompanha meu raciocínio.
— Acho que doar dinheiro para caridade deveria ser um gesto nobre. Com esses eventos, as coisas se tornam mais sobre status do que a real causa — falo.
— Você está certa, mas, mesmo assim, pode ser que seja divertido — ele me responde.
— Talvez você seja a minha salvação para esse tipo de evento — digo, sorrindo, feliz por Sam estar aqui, agora, ao meu lado.
Acho que minha maquiagem não está das melhores, mas não ligo tanto para isso. Estou usando um vestido longo azul e acho que estou animada de verdade para ir acompanhada, mas com medo… não me entendo.
Quando desço as escadas, vejo Sam me esperando. Ele ficou ainda mais lindo de terno, se é que é possível.
— Uau, você… está linda — ele diz, olhando para mim, parada no último degrau da escada.
— Você não tá nada mal também — respondo, sorrindo.
Vamos a pé até a casa de Lexi. Não é muito longe, e, durante o caminho, tagarelo um pouco sobre minha vida.
— Bom, aqui sou uma policial, do mesmo jeito que nos conhecemos. Lexi virou minha amiga assim que entrei no trabalho, ela é uma caixinha de surpresas — falo, enquanto lembro da sua personalidade.
— Assim como você — ele diz, sorrindo.
— Eu? Sou só uma “caixinha” sem graça — digo, pensando em mim comparada a outras pessoas.
— Eu não consigo acreditar nisso — ele me fala e minhas bochechas coram ao ouvir.
— O que mais quer saber sobre o tempo em que passamos separados? — pergunto, não insistindo no assunto anterior.
— Não quero parecer indelicado, mas… — Ele parece tentar tomar coragem para dizer. — Em todo esse tempo, você não teve ninguém? Nada que pudesse te prender a essa cidade como algo bom?
— É uma boa pergunta — falo, olhando para as estrelas e suspirando. — Eu esperei vocês esse tempo inteiro. É claro, tive alguns encontros, mas nada que durasse muito tempo. Eu só… achava que vocês poderiam me chamar a qualquer segundo, e lá estaria eu, pronta para ajudar vocês. Pensei por muito tempo que isso poderia acontecer, mas depois que Dean parou de me ligar e você me deu notícias a cada, sei lá, dois ou três meses? Percebi que tinha que fazer outras coisas — digo, simplesmente jogando o assunto que mais queria ter evitado.
— E agora eu apareço na sua porta — ele diz, ironizando a situação.
— Agora as coisas podem ser diferentes — eu falo e ele coloca um de seus braços em volta do meu pescoço de maneira carinhosa.
— E elas vão — ele diz, dando um beijo em minha cabeça. Isso faz eu me sentir segura. Acho que é um daqueles momentos que a gente quer guardar pra sempre.
Estamos andando juntos e de longe avisto Lexi. Ela está usando um vestido rosa, acho que consigo ver ela do outro lado do mundo com ele, mas aquela roupa só destaca mais a beleza de minha amiga.
— Sarah! Finalmente! — Ela respira aliviada, como se tivesse corrido para vir ao meu encontro. — Até que enfim conheci seu namorado — ela diz, olhando para Sam. Eu começo a rir um pouco nervosa, mas o moreno parece estar tranquilo.
— Prazer, Sam Winchester — ele se apresenta à ruiva.
— O prazer é todo meu. Você tem que me contar agora onde arranjou esse homem! — ela fala para mim, me deixando um pouco sem graça. Eu começo a rir e entramos em sua casa.
— Uau, aqui é lindo — Sammy comenta.
— Depois de um tempo, você enjoa do lugar — ela responde, sorrindo.
— É por isso que ela trabalha — falo, explicando ao moreno.
— Bingo — ela me responde. — Fiquem à vontade — ela diz, saindo de perto e indo falar com outros convidados.
— Isso é… — ele começa a falar, mas sei bem o que ele quer dizer.
— Pois é, eu sei.
— Você sempre vem nessas coisas?
— Às vezes — respondo, já um pouco cansada por estar aqui. — Bom, acho que já fiz minha parte por aqui. Quer dar uma volta lá fora? — pergunto.
— Claro — ele fala e eu pego em sua mão, o levando para a parte de fora da mansão.
— Gosto de ficar aqui — falo, me sentando próximo à grande fonte que fica em frente à casa.
— Você se acostumou? A viver aqui? — ele pergunta e eu me questiono.
— Acho que sim, aprendi a lidar com tudo — falo, brincando com a água. — É bom ter um lugar para chamar de casa, mas… — eu começo a falar e ele me encoraja, balançando a cabeça. — Sinto falta de sair, provar comidas de lanchonetes, hotéis horríveis, vocês… Pareceu que uma parte de mim tinha morrido quando nós nos separamos — digo, com um sorrisinho.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Manda.
— Você foi atrás do demônio que queria matar?
— Não. Deixei de procurar. Não traria John de volta. Na verdade, eu nem o conhecia. Resolvi matar o assunto antes que eu talvez encontrasse esse estranho no meio do caminho. Escolhi me conhecer.
— E como está indo até agora?
— Eu caço, gosto de ser policial, odeio meu uniforme de trabalho, amo a praia, ler, cozinhar… A lista é enorme.
— Fico feliz por você — ele diz, sorrindo e me olhando.
— E você? Do que gosta? — pergunto, o “desafiando” a me dizer.
— De você — ele diz, com um sorrisinho, me deixando com um pouco de vergonha.
— Seu bobo! — digo, jogando um pouco de água da fonte nele. — Eu sei que sou maravilhosa. — Começamos a rir e paramos. Estamos um do lado do outro, mas agora parece que somos um só. Eu ainda não tenho certeza do que fazer.
— , promete não ficar brava? — ele me pergunta com seriedade.
— Depende — falo, sem entender.
— Promete ou não? — ele me diz, com um olhar de desafio, e eu amo um desafio.
— Eu prometo — falo, devolvendo o seu olhar e, quando percebo, estou encharcada de água da fonte. — Sam Winchester, eu não acredito! — digo, dando o troco.
Ficamos rindo e nos molhando por um tempo indeterminado, mas só paramos quando percebemos que todos estão nos olhando pelas janelas da mansão.
— Acho que é hora de ir — Sammy me diz, enquanto olha as janelas. Faço o mesmo e caímos na gargalhada. Pego sua mão novamente e saímos correndo até minha casa.
— Ai, ai, ai, espera um pouco — falo, pedindo uma pausa.
— O que foi? Tudo bem? — ele pergunta preocupado.
— Tudo — respondo com um sorriso. — É só que não é fácil correr com esse salto, meus pés estão me matando. — Não sei o que deu nele, mas ele me pega em seus braços como se fosse uma criança, me sinto extremamente leve quando ele faz isso, e então ele corre até o destino. Estamos felizes.
— Chaves? — ele pergunta, me colocando no chão.
— Bem vindo à minha casa, senhor — digo brincalhona, assim que abro a porta, e faço um gesto para que ele entre.
Entramos e me parece que toda aquela dúvida de não saber o que fazer simplesmente some. Parece que Sam sente a mesma coisa e então se junta a mim, próximo à porta de entrada. Ele toca em meu rosto e suas mãos fazem com que eu me acalme e me sinta confortável.
— Sam… — eu começo a falar, mas sou surpreendida com um beijo seu. Estamos nos beijando desesperadamente, como se não houvesse amanhã, e isso me parece ser a coisa certa.
Na manhã seguinte, acordamos juntos, nos olhando, e por um tempo me lembro do que vivi com o seu irmão. Afasto essa ideia da minha mente, afinal, anos se passaram e ele está morto. Eu fico admirando Sam, passo o meu dedo indicador em todos os traços de seu rosto, ele deveria ser exposto em um museu.
— Você é boa demais, boa demais para ser verdade — ele me diz e eu me aproximo, dando um beijo nele.
— Foi real o suficiente? — pergunto, sorrindo.
— Não tenho certeza, pode fazer de novo?
— Você já viu que horas são? — pergunto, dando mais um beijo nele.
— Vamos ficar aqui o dia todo! — ele me diz, parecendo uma criança.
— Bem que eu queria, mas temos que comer. — Levanto e em seguida pego uma roupa para vestir.
— Deixa comigo! — ele diz, fazendo o mesmo e indo até a cozinha.
— Você vai… cozinhar? — pergunto, chegando à cozinha e o vendo de avental. Dou risada da cena, mas tenho quase certeza de que esse Winchester nunca fez um ovo frito na vida.
— Ei, eu sei me virar na cozinha! — ele fala como se eu estivesse o insultando.
— Tudo bem, tudo bem! — falo como se estivesse sendo enquadrada, levanto os braços e percebo o que ele está fazendo. — Mas tenho uma observação para fazer: não se coloca sal no café.
— Ah, isso é sal? Por que me disse isso só agora? — ele fala e não consigo me manter séria. Nem sei quando foi a última vez que me diverti tanto assim com alguém.
— Deixa que eu te ajudo — falo, assumindo o papel dele.
— Desculpa — ele diz meio chateado.
— Que isso, você vai ter muito tempo para praticar — falo, dando tapinhas em seu peito e dando um selinho nele.
Ele me devolve o gesto e me dou conta de como tudo isso é surreal para mim, finalmente estar verdadeiramente animada com algo.
12: Feliz aniversário
Sam e eu estamos juntos há seis meses e acho que nunca passei tantos momentos incríveis com alguém, nós criamos memórias que tempo nenhum poderia apagar. Às vezes me pego pensando em John e como minha vida estaria se nada daquilo tivesse acontecido. Será que eu saberia quem sou eu? Eu não teria me apaixonado por Dean, ou pelo seu irmão. Eu não teria passado os melhores seis meses da minha vida com o homem que eu acredito que eu amo, porque eu realmente acho que amo Sam, e isso me assusta um pouco, mas é bom demais.
Amanhã é o aniversário dele e estou pensando em o surpreender com algo diferente, parece que ele nunca teve uma comemoração e então pensei em fazer algo especial.
Enquanto penso em tudo isso, noto que Sammy está demorando para deitar, resolvo descer as escadas e avisto o moreno com as mãos na cabeça, que está baixa.
— Sam…? Tudo bem? — pergunto, me juntando a ele na mesa de jantar. Depois que comemos, lavei a louça e ele secou e guardou, se sentou e continuou no mesmo lugar e na mesma posição até agora.
— Tudo, eu só estou pensando… — ele diz vagamente.
— Se precisar conversar, pode falar comigo… — Tento o confortar e percebo que se eu estivesse nessa situação, não gostaria de ser atrapalhada de meus pensamentos, então faço o que acho que é certo e vou andando de volta para o quarto.
— , eu amo você — ele me diz e eu paro no mesmo instante.
— Eu também amo você, Sammy — falei com sinceridade, indo de encontro a ele. — Era isso que estava pensando? — pergunto, sorrindo, e ele vem em minha direção, colocando suas mãos em minha cintura.
— Era — ele responde, acariciando meu rosto e me dando um beijo. Voltamos para o quarto e dormimos.
— Bom dia, bela adormecida. — Acordo Sam com um beijo.
— Bom dia, — ele fala, enquanto se senta.
— Que tal passarmos em uma lanchonete antes do trabalho? — pergunto a ele, esperando o seu sim, já que faz parte da minha programação.
— Resolveu não fazer café hoje? — Ele estranha.
— Enjoei um pouco, quero comer algo diferente. Acho que vou pedir um sanduíche com muito bacon. — Penso em voz alta, tentando ser o mais espontânea possível para que ele não desconfie de nada. Ele começa a rir. — Como você soube? — pergunto indignada.
— A cidade não é grande, e Jeff tem uma boca grande — ele me responde, mostrando todos os seus dentes em um sorriso exagerado.
— Seu estraga prazeres — falo, fingindo estar brava.
— Que isso, vem cá — ele me chama para cama. Eu não ia, juro, mas parece que hoje aquela cama tem algo mais chamativo do que os outros dias, acho que acordei cedo demais.
— Feliz aniversário, Sammy, obrigada por ser um namorado incrível — falo, dando um beijo nele.
— Obrigado pela surpresa, não precisava — ele diz, me encarando. — Eu amo você. — Seu sorriso se abre. — Eu te amo, eu te amo, eu te amo — ele diz, me beijando a cada vez que fala isso.
— Eu amo o Sam Winchester! — grito em alto e bom som, para o mundo, e lá ficamos nós, rindo como bobos em seu aniversário.
Quando chegamos à lanchonete, todos estão escondidos para a sua “surpresa”. Sam é tipo um faz tudo na cidade e resolveu tirar uma folga. Tomamos nosso café com nossos amigos e fico pensando em como foi bom ter parado de caçar e que se ainda estivéssemos por aí, talvez esse dia não seria tão especial para o moreno.
— Obrigado por tudo pessoal, principalmente você, Sah. — Estou o admirando enquanto diz isso, abraça a todos e depois se senta ao meu lado, me beijando.
— Você é mesmo real, Sam? — pergunto a ele, que me beija novamente.
— Foi real o suficiente? — ele diz, rindo e eu balanço a cabeça positivamente.
— Bom, quando acabar por aí — indico, mostrando a comida. — Estou te esperando no parque, no mesmo lugar de sempre. — Dou mais um selinho nele e saio às pressas da lanchonete.
Volto para casa e pego a cesta que deixei escondida, agora não é possível que o moreno saiba disso. Vou até o local e arrumo tudo, deixando o bolo em destaque, afinal, é o aniversário dele. Percebo que ele vem chegando quando vejo uma sombra de um homem grande.
— Feliz aniversário! — digo, quando ele aparece um pouco sem graça, fico desconfiada. — Não acredito! Quem te contou?
— Jeff tem uma boca grande — ele diz, sorrindo, e eu faço o mesmo.
— Como isso é possível? — pergunto indignada.
— É fácil, você contou pra Lexi, que falou pro namorado dela, que me conta tudo — ele diz, se sentando ao meu lado e me dando um beijo caloroso. — Obrigado por tudo isso, esse com certeza é o melhor aniversário que eu já tive.
Olho em seus olhos e fico boba o vendo, ele está tão feliz, e isso me deixa feliz. Estamos finalmente juntos, sem nada que possa nos impedir. Apenas ele e eu contra o que vier.
Amanhã é o aniversário dele e estou pensando em o surpreender com algo diferente, parece que ele nunca teve uma comemoração e então pensei em fazer algo especial.
Enquanto penso em tudo isso, noto que Sammy está demorando para deitar, resolvo descer as escadas e avisto o moreno com as mãos na cabeça, que está baixa.
— Sam…? Tudo bem? — pergunto, me juntando a ele na mesa de jantar. Depois que comemos, lavei a louça e ele secou e guardou, se sentou e continuou no mesmo lugar e na mesma posição até agora.
— Tudo, eu só estou pensando… — ele diz vagamente.
— Se precisar conversar, pode falar comigo… — Tento o confortar e percebo que se eu estivesse nessa situação, não gostaria de ser atrapalhada de meus pensamentos, então faço o que acho que é certo e vou andando de volta para o quarto.
— , eu amo você — ele me diz e eu paro no mesmo instante.
— Eu também amo você, Sammy — falei com sinceridade, indo de encontro a ele. — Era isso que estava pensando? — pergunto, sorrindo, e ele vem em minha direção, colocando suas mãos em minha cintura.
— Era — ele responde, acariciando meu rosto e me dando um beijo. Voltamos para o quarto e dormimos.
— Bom dia, bela adormecida. — Acordo Sam com um beijo.
— Bom dia, — ele fala, enquanto se senta.
— Que tal passarmos em uma lanchonete antes do trabalho? — pergunto a ele, esperando o seu sim, já que faz parte da minha programação.
— Resolveu não fazer café hoje? — Ele estranha.
— Enjoei um pouco, quero comer algo diferente. Acho que vou pedir um sanduíche com muito bacon. — Penso em voz alta, tentando ser o mais espontânea possível para que ele não desconfie de nada. Ele começa a rir. — Como você soube? — pergunto indignada.
— A cidade não é grande, e Jeff tem uma boca grande — ele me responde, mostrando todos os seus dentes em um sorriso exagerado.
— Seu estraga prazeres — falo, fingindo estar brava.
— Que isso, vem cá — ele me chama para cama. Eu não ia, juro, mas parece que hoje aquela cama tem algo mais chamativo do que os outros dias, acho que acordei cedo demais.
— Feliz aniversário, Sammy, obrigada por ser um namorado incrível — falo, dando um beijo nele.
— Obrigado pela surpresa, não precisava — ele diz, me encarando. — Eu amo você. — Seu sorriso se abre. — Eu te amo, eu te amo, eu te amo — ele diz, me beijando a cada vez que fala isso.
— Eu amo o Sam Winchester! — grito em alto e bom som, para o mundo, e lá ficamos nós, rindo como bobos em seu aniversário.
Quando chegamos à lanchonete, todos estão escondidos para a sua “surpresa”. Sam é tipo um faz tudo na cidade e resolveu tirar uma folga. Tomamos nosso café com nossos amigos e fico pensando em como foi bom ter parado de caçar e que se ainda estivéssemos por aí, talvez esse dia não seria tão especial para o moreno.
— Obrigado por tudo pessoal, principalmente você, Sah. — Estou o admirando enquanto diz isso, abraça a todos e depois se senta ao meu lado, me beijando.
— Você é mesmo real, Sam? — pergunto a ele, que me beija novamente.
— Foi real o suficiente? — ele diz, rindo e eu balanço a cabeça positivamente.
— Bom, quando acabar por aí — indico, mostrando a comida. — Estou te esperando no parque, no mesmo lugar de sempre. — Dou mais um selinho nele e saio às pressas da lanchonete.
Volto para casa e pego a cesta que deixei escondida, agora não é possível que o moreno saiba disso. Vou até o local e arrumo tudo, deixando o bolo em destaque, afinal, é o aniversário dele. Percebo que ele vem chegando quando vejo uma sombra de um homem grande.
— Feliz aniversário! — digo, quando ele aparece um pouco sem graça, fico desconfiada. — Não acredito! Quem te contou?
— Jeff tem uma boca grande — ele diz, sorrindo, e eu faço o mesmo.
— Como isso é possível? — pergunto indignada.
— É fácil, você contou pra Lexi, que falou pro namorado dela, que me conta tudo — ele diz, se sentando ao meu lado e me dando um beijo caloroso. — Obrigado por tudo isso, esse com certeza é o melhor aniversário que eu já tive.
Olho em seus olhos e fico boba o vendo, ele está tão feliz, e isso me deixa feliz. Estamos finalmente juntos, sem nada que possa nos impedir. Apenas ele e eu contra o que vier.
Continua...
Nota da autora: Cara(o) leitor(a), espero que entrem e se apaixonem por esse universo incrível que é Supernatural. Esta é uma fanfic interativa, mas, se preferir ler sem modificar os nomes, você também pode!
Nessa história, os irmãos Winchesters se apaixonarão pela personagem. A fanfic é apenas baseada e adaptada em alguns episódios das temporadas, inicialmente sendo focado na primeira e depois nas demais, podendo, assim, conter spoilers. Obrigada por lerem minha história, é muito importante para mim. Espero que gostem💖
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Outras Fanfics:
→ The Love is Supernatural [Seriados — Supernatural — Em Andamento].
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