The Sky It's Not The Limit

Última atualização: 24/04/2020

THE BEGINNING

Mais um dia em que eu acordava e ficava olhava pro teto do meu quarto pedindo pra Deus que minha mãe tivesse perdido a hora ou resolvesse não me chamar para tortura diária que eu tinha que enfrentar as oito da manhã. Torcia que chovesse, que nevasse (mesmo no verão), que estivesse muito trânsito ou que a água da escola tivesse acabado, qualquer coisa que me mantivessem longe daquele lugar

— Amor, levanta você vai atrasar — essa é a ideia mãe, pensei.
— Já estou levantando — respondi depois da terceira batida insistente na porta.

Todo dia eu pensava em contar o que acontecia naquele lugar para minha mãe, mas ao mesmo tempo eu sabia o esforço que ela e consequentemente meus ancestrais fizeram para que hoje eu tivesse uma educação de qualidade e sendo quem eu sou e vindo de onde eu vim, eu tinha que ser grata sempre por essa oportunidade. Me olhei no espelho e encarei o reflexo que estava ali...Via uma garota cheia de sonhos, que por mais que detestasse o ambiente escolar como aluna, sonhava em ser professora e quem sabe mudar algumas coisas. Também via uma garota que não encaixa no padrão, que além da cor da pele, o número do manequim não ajudava muito. É bizarro como um dia você está de boa com seus amigos, curtindo, se divertindo, sendo apenas crianças e depois das férias as coisas mudam. As coisas que realmente importam não têm mais valor, agora tudo é sobre como você se parece, o que você escuta, com quem você anda na escola e etc. Obviamente eu não me encaixo no que era considerado ideal, perdi amigos e virei o alvo das “brincadeiras”, o que para mim até então não era problema nenhum começou a me afetar, e eu estava chegando ao ponto de explodir a qualquer minuto.

— Você tá bem? — minha mãe perguntou assim que entrei no carro e batendo a porta um pouco mais forte, sinal clássico de que não estava tudo bem.
— Aham — respondi colocando o cinto e ouvi um "sei…" saindo de sua boca. Ela não era boba e sabia que não estava tudo bem há algum tempo, mas minha mãe sempre foi uma mulher que defendia nossa liberdade e se tem algo que eu puxei dela, é o fato de não gostar que fiquem me pressionando para dizer o que está acontecendo ou o que estou sentindo, porém ela sempre deixou claro que se eu precisasse de qualquer coisa ela estaria ali.

“CUIDADO COM A PORTA MEU DEUS BOA AULA OUVIU??” Ouvi o grito acelerado dela e ignorei completamente. Abaixei a cabeça, respirei fundo e entrei na escola. O corredor estava um caos, as segundas eram perfeitas, todo mundo muito ocupado contando como foi excelente o final de semana e eu conseguia passar despercebida e que estava indo bem na minha missão até sentir que meu pé direito não obedeceu meu comando, ficando para trás quando meu corpo já estava na frente e quando vi já estava com os joelhos presos no chão e meus livros do outro lado do corredor. Silêncio era tudo que eu ouvia, o pior som para ouvir no corredor numa segunda-feira de manhã. Doeu, mas eu sabia que iria doer mais quando olhasse pra cima.

— MEU DEUS, GALERA SE SEGUREM!!!! VOCÊS SENTIRAM O CHÃO TREMER? — James gritava e ria ao meu lado.
— Eu não sabia que existia terremoto na Inglaterra...a não...RELAXA GENTE!!!! Foi só a caindo no chão — Marie se posicionou ao lado de James enquanto a maioria da escola ria atrás deles. Respirei fundo, levantei, andei até meus livros e peguei-os, ia seguir em frente, mas algo dentro de mim impediu que eu continuasse a andar, então em um movimento brusco dei meia volta e fui em direção a eles. O olhar dos dois mudou completamente, o sorriso que eles mantinham sumiu quase simultaneamente e por um segundo eu percebi que eles também podiam ser vulneráveis.
— Existe sim terremotos na Grã-Bretanha, assim, eu até entendo você achar que não pois eles são raros e não causam muitos danos, por outro lado, a professora de Geografia já falou isso em aula, então em vez de você cuidar da vida dos outros ou ficar tão obcecada com meu peso, você deveria prestar atenção na aula, pra na próxima vez que você quiser fazer uma piada comigo ela tenha pelo menos coerência porque graça não tem — com um sorriso de canto de rosto pude ouvir alguns “UOOOW”, dei outra meia volta e quando estava de costas o sorriso sumiu e meus olhos estavam arregalados, antes que ela pudesse dar outra resposta, eu entrei na primeira sala que vi, uma bem na minha frente, poucos passos do meu armário. Abri e fechei a porta o mais rápido possível.
— Queria eu ter essa coragem — uma voz masculina veio do canto da sala e eu pulei de susto na primeira silaba.
— Quem é você? — me apoiei numa mesa que estava na minha frente e respirei fundo de novo, afinal era muita emoção para pouco tempo.
— Você adentra no meu refúgio e pergunta quem eu sou? — ele tinha um sorriso tímido. — Eu que deveria perguntar quem é você.
— Justo! — disse sorrindo de volta. Geralmente essa situação me deixaria desconfortável, mas parecia que desde o momento que ele abriu a boca, a áurea do ambiente mudou e a tensão que podia existir ali sumiu. — Meu nome é e o seu?
— Lewis — ele disse quando tocou minha mão que estava esticada em sua direção.
— Então Lewis, do que você foge?
— Como assim?
— Você disse que aqui é seu refúgio — comecei a prestar atenção na sala e caminhar por ela, ainda receosa, afinal por mais que eu tivesse a impressão que conhecia ele de algum lugar que não era a escola, ele continuava sendo alguém estranho. — A gente só precisa de um refúgio quando está fugindo de algo.
— Digamos que você não é a única pessoa que os alunos gostam de encher o saco — a voz dele parecia um tanto triste, mas nada muito forte, era como se ele tivesse achado uma forma daquilo não atingir ele, mas não significava que não doía. — Na segunda semana de aula, eu encontrei essa sala, o que é perfeita, perto da entrada, então eu chego cedo, fico aqui até o sinal bater e de vez enquanto passo o intervalo aqui também — ele olhava pra sala com um ar de orgulho e conforto ao mesmo tempo.
— Ela está sempre vazia?
— Sim, no primeiro dia que eu a encontrei, tinha acontecido algo parecido com o que aconteceu com você hoje, mas o Joey, que é inspetor da escola, viu tudo e me seguiu, acho que ficou com dó de mim e deixou que eu ficasse aqui sempre que precisasse.
— Ele podia ter me visto hoje para eu ganhar uma sala também, sinceramente, eu não aguento mais — eu disse olhando para ele que me olhava como se ele entendesse exatamente pelo o que eu estava passando e bom, ele entendia.
— Eu posso dividir a sala com você, apesar que depois de hoje, você deveria é andar por essa escola com a cabeça erguida e por onde você quisesse.
— Eu não sei de onde veio aquilo, eu simplesmente fui, sabe?
— Espero que tenha mais disso aí dentro — ele parecia tão sincero e no fundo eu esperava o mesmo.
— Eu também.

...


— Eu preciso te contar que já te conhecia antes — Lewis me disse assim que mordi meu sanduiche sentada no chão daquela sala.
— Sério? Eu tive mesmo uma impressão que te conhecia de algum lugar.
— Sim, quer dizer, de vista e não da escola obviamente — um dos assuntos que a gente sempre tocava nos últimos meses que estávamos andando juntos era o fato de termos estudado durante anos na mesma escola, mas nunca termos reparado um no outro, por um lado eu até entendo o porquê, quando você é alvo de bullying, você quer ser o mais discreto possível e se esconder de tudo e todos. — Eu já te vi na pista de corrida da cidade, acho que você estava com seu pai.
— Com certeza, meu pai ama corridas e a Formula 1, alias, meus pais amam carros, mas minha mãe não vai mais nas corridas.
— Por que não? — Lewis era muito na dele, não falava muito sobre si mesmo, mas sempre me perguntava coisas sobre mim ou me deixava falar, ele era um excelente ouvinte.
— Eu não entendo muito o divórcio dos meus pais, mas sei que foi doloroso para ambos, hoje eles são amigos, mas acho que certas coisas trazem memorias que talvez eles não queiram reviver e para minha mãe a pista traz algumas dessas memorias de volta, ela disse que aquele lugar lembra muito meu pai e momentos que eles viveram juntos, mas enfim, eu não sabia que você gostava de corridas, não lembro de te ver na arquibancada.
— Eu nunca estou na arquibancada — olhei curiosa para ele. — Porque estou sempre na pista...correndo — ele disse com um sorriso pretencioso nos lábios e ali eu percebi que aquilo era algo muito importante para ele.
— Mentira — dei um soco no braço dele. — Você é o garoto que ganha tudo, não é?
— Primeiro AI — ele passou a mão aonde eu dei um soco, então eu pedi desculpas baixo. — Segundo sim, sou eu — ele sorriu orgulhoso. — Mas eu nunca te vi no pódio no momento da entrega das medalhas.
— Bom... é que eu até gosto de corridas, mas a premiação é algo que eu nunca assisto, geralmente eu estou indo comprar comida essa hora — dei uma risada sincera porque afinal era mais do que verdade.
— Eu também queria estar comendo essa hora, toda corrida eu termino com fome de dois leões. — Nos dois rimos.

...


— VAMOS FILHA!!!!! A GENTE VAI SE ATRASAR. — meu pai gritava e buzinava incessantemente na porta da minha casa. Passei pela minha mãe que lançou um olhar de desaprovação e tenho quase certeza que ela murmurou um “Seu pai não muda...”
— Calma! A gente tem tempo ainda — disse entrando no carro. — Bom dia pra você também — beijei sua bochecha e me endireitei no banco colocando o cinto.
— Bom dia, é que hoje é muito importante pro Lewis e pro pai dele, você sabe, não quero perder nada — depois de anos de amizade e que meu pai descobriu que o menino talentoso que ele me falava em toda corrida tinha se tornado meu melhor amigo eu não tive mais paz. Ele insistiu em conhecer ele e no fim das contas meu pai e o Sr. Anthony se tornaram grandes amigos.
— Eu sei, vamos!

Chegamos e o autódromo estava lotado. A essa altura, Lewis já era uma sensação e todo mundo já sabia o futuro dele: Campeão. Era a última corrida dele na nossa casa, era mais que certeza a ida dele para F1, só estávamos esperando o tão sonhado telefonema.
Bom, ele correu, e como correu. Ele se dedicava 100% em qualquer coisa que fizesse, não importava se ele já tinha ganhado o campeonato e aquela corrida era só pra cumprir tabela, ele ia correr como se fosse a última corrida de sua vida. Eu o admirava tanto, ele é responsável direto por não me deixar desistir dos meus sonhos e ele me apoiava em tudo e eu não podia pedir um melhor amigo mais fantástico que ele.

— Como você está se sentindo? — estávamos deitados de barriga pra cima na grama do quintal dele, olhando as estrelas.
— Como se o céu não fosse o limite — mesmo olhando fixamente pro céu eu sabia que Lewis estava sorrindo, afinal ele tinha acabado de receber o telefone da McLaren dizendo que ele tinha sido escolhido para ser um dos dois principais pilotos para próxima temporada. — Você vai ver, eu vou ser campeão do mundo três vezes igual o Senna, vou morar em Mônaco, vou ajudar minha família, vou realizar todos meus sonhos e vou te dar o mundo — a mão dele entrelaçou a minha e instantaneamente senti um arrepio pelo meu corpo. De uns tempos pra cá comecei a perceber que meus sentimentos por ele estavam confusos, eu não sabia se eu estava me apaixonando pelo meu melhor amigo ou estava com medo da partida dele, afinal eu tinha plena consciência que as coisas iam mudar muito, mesmo ele insistindo que não.
— Eu não sei se quero o mundo...
— Não é questão de querer, é de merecer e eu sei que quem vai te dar ele sou eu — virei meu rosto em sua direção dando de frente com aqueles olhos pretos que eu tinha a sensação que me olhavam já fazia um tempo. Parecia que tudo se resumia aquele momento, aquele olhar, aquele ser humano, era como se tudo se encaixe e ficasse bem quando eu olhava pra ele. Meus medos, anseios, dúvidas e angustias sumiam quase na mesma velocidade que ele corria nas pistas, no fundo eu sentia, que era tudo sobre ele.
— HEY! Vocês dois aí, entrem e venham jantar! — ele me lançou um olhar que eu não entendi, era como se ele fosse um “novo olhar”, um que eu ainda não tinha catalogado na minha mente, na caixinha “Olhares do Lewis”, afinal ele dizia muito mais com os olhos do que com a boca.


THE CHAMPION

“PELA QUINTA VEZ, ISSO MESMO, PELA QUINTA VEZ LEWIS HAMILTON É CAMPEÃO DO MUNDO!!!!”


Ouvi o narrador gritando na televisão da sala e logo após observei meu pai gritando e dançando pela casa comemorando mais um título do Lewis. Depois de todos esses anos, eu entendi que a felicidade do meu pai não era apenas porquê aquele menino que ele viu crescer ganhou mais um título, era porque antes dele ser nosso Lewis, ele era um homem preto, de origem humilde, talentoso e bem-sucedido num esporte majoritariamente branco e rico.

— Ele fica assim em toda corrida — Lilian dizia achando graça das atitudes do meu pai e era nítido o quanto minha madrasta era apaixonada por ele.
— Eu sei bem, ele sempre foi assim — continuei olhando quando ele surgiu carregando a Emily nos seus ombros como ele costumava fazer comigo, o que fez com que eu abrisse o maior sorriso possível.
— Filha, mas tarde eu vou ligar para ele, tem certeza que não quer parabeniza-lo? — meu pai disse enquanto deixava Emily no meu colo.
— Tenho pai, eu já estou indo, preciso preparar algumas aulas. Só passei pra dar um beijo na minha irmãzinha — beijei-a colocando a no chão. — Eu nem lembrava que tinha corrida hoje, diz a ele que eu mandei parabéns ok? — vi por um segundo uma tristeza no olhar do meu pai, mas ele disfarçou muito bem. — Beijos família!

Dirigir para mim sempre foi uma terapia. Ao contrário das pessoas que me cercaram a vida toda, eu não dirigia por amor, por velocidade, para não pensar, ao contrário, aquele era meu momento onde eu colocava todas as ideias em seu lugar.
Aconteceu o que eu tinha certeza naquele dia deitada na grama que ia acontecer: Nossas vidas não foram mais as mesmas, as coisas mudaram. Eu terminei a faculdade, comecei a dar aula, criei projetos educacionais, vivi, namorei, quebrei a cara, bebi, fumei, me diverti e fiz tudo o que eu queria fazer, mas fiz sem ele. Enquanto eu fazia todas essas coisas (e às vezes ao mesmo tempo), ele se dedicava cada vez mais, ganhava cada vez mais, conhecia gente nova cada vez mais, enriquecia cada vez mais e ele conquistou tudo isso sem eu estar presente. Não posso ser hipócrita, a gente esteve (não fisicamente) durante muito tempo na vida um do outro, diria que a gente fez até o caminho reverso, em tempos pré-internet nós conseguimos manter um contato ótimo, cartas, telefonemas e etc. Mas de uns tempos pra cá, nos afastamos. Eu me afastei. Ele tentou por muitas vezes me encontrar, tentar fazer as coisas darem certo, e por mais que eu quisesse, eu via a vida dele e pensava como ela era ótima sem mim, que talvez fosse melhor assim. Eu mantive esse pensamento por muito tempo, por que não me afastei somente dele, me afastei de tudo e de todos e no meio da loucura que estava minha vida, percebi que eu estava doente. A depressão fazia com que eu enchesse a cara e fumasse para preencher um vazio que existia em mim e ao mesmo tempo ela não me deixava pedir ajuda, tive que ir até o fundo do poço para tomar coragem e ir atrás de médico, um tratamento, mas agora que eu estou bem, não sei como reatar minha relação com o Lewis, eu não consegui contar a ele o que estava acontecendo então me afastei e agora não sei nem se ele quer se aproximar de mim, melhor deixar as coisas como estão.

Depois da sétima aula preparada, eu não aguentava mais, já tinha bebido umas duas taças de vinho chileno (que agora era o máximo que eu bebia), já cogitava ir tirar uma soneca quando percebi que tinha recebido um e-mail, quando abri fiquei olhando pra tela.

— Eu sabia que esse dia ia chegar... — ali, bem na minha frente tinha um convite todo enfeitado com provavelmente todos os enfeites possíveis da internet, de longe a coisa mais brega que eu vi, e escrito em letras enormes e garrafais: ENCONTRO DA TURMA! ESPERAMOS SUA PRESENÇA. Ri incrédula, quem em sã consciência iria querer encontrar a galera do ensino médio, um tempo em que todo mundo queria esquecer, então observei de quem vinha o convite: JamesFord@hotmail.com. Obvio e claro como a água, só uma pessoa que teve a vida que o James teve ia querer reencontrar as pessoas que ele mesmo magoou. Antes que eu pudesse pensar em qual desculpa eu ia inventar para não ir nesse maravilhoso evento meu celular treme em cima do criado mudo.

Que roupa você vai usar nesse evento extraordinário que esperamos a vida toda?”
Não precisava nem ler de quem era aquela mensagem, eu sabia exatamente quem era.
“Olha eu não sei o que vestir, mas você pode ir de macacão e com seu troféu de pentacampeão do mundo, o que acha?”
“Eu pensei nisso, mas você sabe que não gosto de chamar a atenção kkkkk”
“Você assistiu a corrida?”

“Só o final, você sabe que a reação do meu pai quando você ganha é uma das minhas favoritas no mundo (: Alias, ele te disse que eu mandei os parabéns?”
“Disse, mas ele diz isso até quando você não manda...Não é a mesma coisa ...eu quero ouvir isso de você, da sua boca, com a sua voz...” — Foi como um soco no estomago, um soco que vinha direto dos Emirados Árabes.
“Eu sei, me desculpe, ando meio relapsa, mas prometo que vou melhorar...Agora vai comemorar, você merece!!!!”
“Comemorar? Nesse país? Como? Quando eu chegar em casa a gente comemora pode ser? Aliás vai pensando na sua roupa para o encontro das turmas que eu vou pensar em algo discreto.”
“Ah, discreto para mim, se eu fosse você ia com a roupa mais chamativa do mundo, para mostrar o mulherão da porra que você é (e sempre foi na minha opinião).
— Eu não sabia o que me deixava mais incrédula: Ele querer ir nesse encontro ou o fato dele ter me chamado de mulherão da porra.
“Você tá pensando seriamente em ir nesse encontro?”
“Pensando não, eu vou...ou melhor, nós vamos!”
Eu tinha certeza absoluta que uma hora eu ia encontrar com o Lewis novamente, só não esperava tão cedo, tão rápido e na nossa antiga escola. Passei a semana toda pensando no que eu ia dizer a ele: a verdade? Inventava algo? Me fazia de louca? Foram vários pensamentos como esses, para no final da história eu saber exatamente que na hora que eu o visse não saberia o que dizer.

— Algo me dizia que iria encontrar você exatamente aqui... — fechei meus olhos e senti o arrepio correr pelo meu corpo e a atmosfera da sala, da nossa sala, mudar igual a primeira vez. Virei para finalmente encontrar aqueles olhos pretos que me enchiam de esperança e me deparei com muito mais. Eu não sou cega e muito menos besta, eu acompanhei ele durante todos esses anos, as mudanças de cabelo, estilo, namoradas, físico (e que físico!), Lewis Hamilton se tornou um homão da porra (coisa que eu sempre achei).
— Ora Ora, se não é o terceiro maior campeão da F1! — Abri o maior sorriso orgulho.
— Finalmente Penta, Darling
— Se igualou ao Brasil...
— Lá vem você com essa história de futebol...
— É o esporte mais popular do mundo e para de revirar os olhos porque você sabe que é verdade! — mostrei a língua para ele que riu e veio na minha direção e quando eu pensei em fazer qualquer movimento os braços deles já estavam em minha volta, ele me abraçava apertado e eu retribui na mesma intensidade. Ficamos nos olhando, sem dizer nada, por uns minutos. Os olhares dele não tinham mudado e eu entendi o que aquele abraço tinha representado. Era abraço de saudade.
— E aí, está pronto? — quebrei o silencio e ele me olhou indagado.
— Só eu?
— Querido, eu sou uma pessoa normal, você é o atual campeão do mundo, famoso, bem-sucedido, rico, lindo, gosto...
— É o que? — ele deu uma leve risada — Continua...
— Ótimo GOSTO musical — tentei o máximo contornar a situação, mas pela cara que ele fez eu sabia que não adiantou nada. — Enfim, vamos? — Aaontei para porta e fui na direção da mesma. Senti o olhar dele queimar em minhas costas.
— Você também tem um ótimo GOSTO musical sabia?
— HAHA engraçadinho, podemos ir? — abri a porta dando passagem, que saiu rindo e murmurando “Eu estou falando sério”

Paramos bem na porta do ginásio, olhamos um pro outro, contamos até três mentalmente e abrimos a porta. Todo mundo, e quando eu digo todo mundo é todo mundo, olhou para nós, ou melhor, para ele. Acredito que pelo barulho extremamente alto que ela fazia quando era aberta, fazia com que eles olhavam sempre naquela direção, mas os olhares fixos, os buchichos, os sorrisos, os olhares maliciosos, esses eu tenho certeza que foram só com ele. Eu como mera espectadora de toda essa cena, contive os risos, era inacreditável como aquelas pessoas comiam-no com os olhos, as mesmas pessoas que zoavam, eram racistas, estupidas e sem empatia. Enquanto ele estava ali, parado, sereno, como ele é e sempre foi. Pude perceber que ele não tinha mudado a sua essência mesmo conquistando tudo que conquistou. Me senti mal por um momento, por ter pensado que ele tinha mudado e por ter me afastado, se eu tivesse continuado essa reação dele não seria uma surpresa para mim, apenas uma constatação de quem ele é.

— Nunca me senti tão desconfortável e deslocado na vida — ele sussurrou inclinando em minha direção. — E olha que eu sou o único piloto negro da F1 — ali, não contive e soltei a gargalhada mais alta possível e acho que isso quebrou a tensão do salão inteiro, já que as pessoas voltaram ao normal...quer dizer, tentaram fingir que estavam normais.
— Grande Hamilton!!!!! — James se aproximou de nós. — Que bom que conseguiu vir!
— Chega ser irônico você me chamar de “grande” já que me zoar de baixinho durante a escola era uma das suas coisas favoritas — aí, essa doeu em mim. Logo o sorriso largo do James, diminuiu pela metade.
— Bom, é que tipo, eu não quis dizer do seu tamanho e....
— Eu entendi James, você quis dizer que eu sou grande porque sou Pentacampeão do mundo? Bom, pela primeira vez você está certo, agora você poderia me dar licença, vou ali falar com o Professor Ethan, vamos ? — Lewis me puxou pelo braço e apressou os passos.
— Grande Hamilton!!! — James repetiu, só que mais alto afim dos outros ouvirem e pensarem que os dois tivessem tido uma ótima conversa. Patético.

O encontro estava indo até que bem, algumas pessoas puxaram o saco do Hamilton, algumas eram realmente fãs e estavam orgulhosos, muitos alunos que passaram pelo mesmo inferno que nós, mas que nunca tivemos tempo para conversar e etc. Lewis enfrentou seu demônio logo de cara e pelo o que tudo indica eu estava prestes a enfrentar o meu.
Marie avistou-me de longe, trocou algumas silabas com a garota que estava conversando e veio em minha direção. Ela caminhava como uma top model, alta, loira, bem padrão e linda. Ela realmente era bonita, não era atoa que ela se encaixa perfeitamente na “mulher ideal”. Eu sabia que ela era bonita, mas desde o colegial eu entendi que eu também sou bonita e atraente, que a beleza dela não anulava a minha e que ela não tinha mais poder sobre mim e que talvez ela só agia daquele jeito por que acreditava que era assim que as coisas funcionavam, mulheres x mulheres sempre. Conforme ela andava na minha direção, pude perceber que o olhar dela não era 100% direcionado a mim e sim ao cara do meu lado, obvio que seria pro cara do meu lado.

— Boa noite, Hamilton — disse séria e beijou-o o rosto do próprio
— Boa noite, Marie — ele disse e quase não olhou para ela, o que claramente deixou-a puta da vida.
.
— Opa, tudo bom? — foi a única coisa que consegui falar já que estava segurando o riso sobre a atitude do Lewis.
— Comigo tudo ótimo como sempre — jogou o cabelo extremamente loiro, extremamente liso e extremamente cumprido para trás. — Com você, bom — me olhou de cima abaixo. — Impossível não te reconhecer, já que não mudou nada — naquele momento constatei que não existe sororidade com mulher filha da puta.
— Você acha? — indaguei-a — Ah, eu acho que mudei bastante. Me formei, amadureci, pintei o cabelo, me formei de novo — inclinei como se fosse contar um segredo para ela. — É que eu sou PHD. Enfim, mas realmente você continua bonita — ela parecia que estava tentando entender se eu estava sendo sincera ou irônica. Já que é pra jogar que seja do único jeito que ela entendia.
— Bom, eu tenho que concordar com a Marie, — a feição em seu rosto mudou completamente quando ouviu essa frase saindo da boca do Lewis, foi de dúvida para vitória. — Você continua sendo a mulher mais linda e interessante que eu já conheci na vida — e em tempo recorde a Marie conseguiu fazer três expressões completamente diferente. De vitória foi para ódio mortal. — Hmm eu conheço essa música, vem! — Lewis me puxou para a pista.

Durante o caminho pude reconhecer a música: Back To One do Brian McKnight.

It's undeniable that we should be together
It's unbelievable how I used to say that I'd fall never

(É inegável que devemos ficar juntos
É inacreditável como eu dizia que jamais me apaixonaria)


Quando ele me virou pra si, lancei um olhar do tipo “Jura?” ele riu e colocou uma mão na minha cintura e colou seu corpo no meu. Foi como voltar no tempo, pra aquela sala, onde falamos dos nossos planos, de como a gente queria dançar essa música (eu sei, cafona) com nossas respectivas paixões: ele com a Jane, uma garota que jogava futebol pela escola e eu pelo Juan, um nerd chileno intercambista.

The basis is need to know
If you don't know just how I feel
Then let me show you now that I'm for real
If all things in time, time will reveal

(Você precisa saber
Se já não sabe como me sinto
Então deixe-me mostrá-la agora que eu estou falando sério
Se todas as coisas, na hora certa, o tempo revelará)


Não era a primeira vez que dançamos juntos e eu sempre achei engraçado como nossos corpos encaixavam perfeitamente, quando éramos mais novos achei que era pelo tamanho, já que eu sou baixinha e ele não é muito alto. Mas hoje eu acho que é algo a mais, não é só o corpo, é a sintonia, a alma, é algo a mais que não sei explicar.

One, you're like a dream come true
Two, just wanna be with you
Three, girl it's plain to see
That you're the only one for me
And four, repeat steps one two three
Five, make you fall in love with me
If ever I believe my work is done
Then I'll start back at one


(Um: Você é como um sonho que se tornou realidade
Dois: Só quero estar com você
Três: Garota, é evidente
Que você é a única para mim
E quatro: Repita os passos de um a três
Cinco: E se apaixone por mim
Se algum dia eu achar que meu trabalho está terminado
Então voltarei para o primeiro passo)


Conforme o Brian dizia os números a gente fazia eles com as mãos, dançando soltos e rindo um da cara do outro. Sempre foi assim, rindo de coisas aleatórias, em momentos inadequadas e piadas que achávamos extremamente engraçadas, mas não podíamos explicar já que eram piadas internas que só nós entendíamos. Depois do refrão, ele me puxou e nossos corpos colaram de novo e meus pensamentos de como aquilo era perfeito, “certo”, voltaram, mas tomaram um rumo diferente...quando dei por mim, comecei imaginar se eles encaixariam da mesma forma sem roupa, suados, em movimentos que nunca fizemos, posições que nunca estivemos e com olhares que ainda não conhecíamos. Não é possível que é só ele voltar para minha vida que meus sentimentos ficam confusos (e sujos) de novo.

— Acho que já deu né? — acordei dos meus devaneios com ele me olhando calmo. — Vamos embora?
— Sim, por favor — fomos direto para porta, sem se despedir de ninguém, sem olhar para trás. Juntos. Como fizemos da última vez.
— Lewis, eu juro por tudo que é mais sagrado, eu corri umas 10 vezes essa rua quando você foi tetracampeão!!!! — meu pai contava todas as suas loucuras na mesa durante o jantar e acho que nunca vi o Hamilton rir tanto na vida.
— Sr. Marcus, e eu juro que depois do meu pai, você provavelmente é meu fã número 1!!!
— Provavelmente? Esse lugar é meu, já tivesse essa conversa com ele — eu olhava para Lilian que olhava de volta pra mim e lançávamos olhares que diziam: “Seu pai é impossível” “Que tiete meu deus!” — Agora me diz seu secredo Lewis...
— Do que o Senhor está falando?
— Qual o feitiço que você joga nas minhas filhas? Olha a Emily, ela não tira o olho de você! — de fato, a pequena Emily olhava fixamente pro Lewis e sempre que tinha a oportunidade tocava em seu rosto. Parecia que ela estava hipnotizada, chegava ser engraçado — Primeiro a mais velha apaixonada e agora a mais nova...
— PAI! — soltei um grito repreendendo.
— Uai, desculpa, achei que era obvio — ele deu de ombros e se concentrou no seu prato. Olhei possivelmente vermelha para o Hamilton que também estava levemente rosado. Seguramos o riso, era impossível ficar séria muito tempo com ele.
— Olha, eu não sei, mas eu tenho uma que é a minha favorita.... — fiquei sem graça. — Não é Emily? — Outch! Essa doeu e aparentemente só em mim já que a mesa inteira começou a rir.
— Eu quero que você conheça Mônaco — caminhávamos pelo bairro como costumávamos a fazer quando queríamos conversar a sós ou só jogar conversa fora.
— De onde surgiu isso?
— Eu sempre quis morar em Mônaco, você mais do que ninguém sabe disso e nada mais justo que você conheça o lugar que eu moro, você plantou comigo, é hora de você conhecer todos os frutos que eu colhi.
— Lewis, eu não sei....
, você só volta a trabalhar daqui dois meses e eu só volto a treinar em um, essa viagem não vai te atrapalhar em nada e outra — ele parou na minha frente, impossibilitando-me de continuar a andar — Eu sei do que você está fugindo.
— Do que você está falando? — olhei em seus olhos e aquele olhar, aquele que eu nunca soube identificar estava ali.
— Nos dois já somos adultos e voltamos para vida um do outro, temos muito o que conversar, você tem coisas para me explicar... — eu sabia que devia uma explicação pro Lewis, do meu afastamento e por mais que o receio e a vergonha de tocar nesse assunto ainda existisse em mim, ele merecia saber a verdade.
— Quando? — o sorriso que surgiu no rosto do Hamilton foi uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto na vida.
— Semana que vem.


MÔNACO

Eram quatro horas da tarde quando o avião pousou em Nice. Durante o voo, eu percebi que talvez nunca irei me acostumar com a fama do meu companheiro de viagem, não era algo que me incomodava, mas achava engraçado como as pessoas agiam perto dele, principalmente do jeito que se referiam a ele "Boa noite Sr. Hamilton", "Posso ajudar em algo Sr. Hamilton?" " Precisa de mais alguma coisa Sr. Hamilton?", achava engraçado porque pra mim ele era apenas o Lewis. Saindo do avião achei que tinha ouvido a aeromoça me chamar de "Sra. Hamilton" e quando olhei pra trás pude confirmar minhas suspeitas já que o Lewis segurava o riso e dava de ombros.

— Bom, estamos em Nice. Como fazemos pra chegar em Mônaco?
— Existe algumas formas, incluindo ir de helicóptero — senti a mão do Lewis nas minhas costas, me guiando para o caminho que devíamos seguir. — Mas perderíamos grande parte da beleza e da experiência que é Mônaco, então achei melhor irmos de carro — chegamos em uma das saídas do aeroporto e como eu já deveria ter imaginado, um carro esperava por nós.
— Um Shelby Cobra? Isso é sério? — dividia meu olhar incrédulo entre ele e o carro.
— Sim e eu tenho dois! — o sorriso infantil nos lábios dele me fez ter certeza que era verdade mesmo achando que era mentira — Vamos?

Sentir o vento em meus cabelos enquanto admirava a beleza natural daquele lugar dentro do meu carro favorito, do lado da minha pessoa favorita no mundo, parecia a cena mais surreal que eu podia imaginar, mas estava amando cada segundo.

— Foi coincidência ou você escolheu o Shelby de propósito?
— Lembra que um dos meus sonhos era ter uma coleção de carros? Algo fora do comum para o piloto — ele disse em meio a risadas. — Então quando eu comecei a ganhar dinheiro, fui atrás de conseguir alguns carros e acabei conhecendo muita gente. Fiquei de olho em um que queria muito e quando fui visitar o vendedor, ele tinha esse Shelby na garagem, assim que eu bati o olho lembrei de você.
— E isso te fez querer comprar ele? Aliás, comparar dois dele?
— Você me ensinou a amar esse carro mesmo o achando cafona quando éramos mais novos.
— Não sei de onde você tirou que ele é cafona, ele é maravilhoso!!!! Mas você deixou de comprar o outro quando viu o Shelby? Parece que você se apaixonou mesmo...
— Não? — ele me lançou um olhar obvio. — Comprei os dois... — ah, a naturalidade do homem rico me intriga. Ri sozinha com meus pensamentos e enfim compreendi a naturalidade da coisa. Lewis entrou numa aérea arborizada e quando dei por mim uma casa enorme surgiu na nossa frente. Ela possuía uma estrutura linda que combinava perfeitamente com o lugar que a casa estava localizada, parecia conto de fadas, que o lugar saiu diretamente de um livro.
— Lewis ela é linda! — Provavelmente eu estava com uma cara bem idiota no rosto enquanto andava em direção a entrada da casa. Meu deus até o caminho para a porta era exatamente lindo. — Linda e enorme — nunca vi uma casa tão grande e bonita como essa. Hamilton fez questão de me apresentar cada cantinho dela e eu me apaixonei em todas as vezes.
— Bom, não sei se você percebeu, mas tem um quarto para cada pessoa da minha família aqui né? Pois bem... esse é o seu — Lewis me comunicou sobre quando paramos numa porta bem perto do quarto dele.
— Você só pode estar brincando com minha cara, pode falar que é o quarto de hóspedes, não tem problema — enquanto eu falava, provavelmente em tom de quem não acreditava no que tinha ouvido, ele abriu a porta e me empurrou pra dentro.

Era um quarto muito grande visto que eu tinha certeza que ele possuía o mesmo tamanho que meu apartamento. A vista dava para um jardim cheio de rosas vermelhas que era a minha favorita. Quando voltei minha atenção para o quarto, pude reparar nos detalhes que ele tinha e era isso que fazia ele ser tão maravilhoso. Tinha um mural cheio de fotos: fotos minha criança, provavelmente todas as fotos que já tirei com o Lewis, fotos até da minha formatura da faculdade.

— Como você tem essa foto aqui? — apontei para a foto onde eu estava de beca e segurando um canudo.
— Como eu não pude ir na sua formatura porque estava correndo o GP do México, pedi pro seu pai me mandar todas as fotos, aliás muitas dessas fotos foi ele que mandou — concordei com a cabeça enquanto caminhava em direção ao que deduzir ser o banheiro e talvez só o banheiro tivesse o tamanho do meu apartamento.
— UAU eu nunca vi um banheiro tão bonito e grande — disse com um tom de dúvida mesmo sabendo que nunca tinha visto um banheiro daquele. Reparei também que na pia parecia ter alguns produtos e aparelhos que pareciam ser do Lewis. — Você sabe que eu não faço a barba, não é? — falei meio que rindo e apontei para um barbeador.
— É que esse banheiro também é o meu — ele parecia meio sem graça. — Aquela porta ali dá no meu quarto.
— Hmm interessante — fiz uma cara sexy e ele riu. — Seria proposital?
— Talvez…. Bom, vou deixar você se acomodar, se quiser tomar um banho, tem toalha ali no armário. Vou te levar pra jantar, então esteja pronta as 19 — ele me deu um beijo surpresa na testa.

Depois de ter tirado um cochilo na cama mais confortável que eu já deitei na vida e de ouvir o barulho do chuveiro enquanto separava a roupa que iria usar, me peguei pensando no que aconteceria se eu entrasse naquele exato momento, o que eu iria ver? Qual seria a reação dele? Será que dá pra ver algo da fechadura da porta? Acordei dos meus pensamentos quando ouvi o chuveiro sendo desligado e um pouco depois o barulho de uma porta batendo e deduzi que ele já tinha terminado seu banho. Precisava retirar esses pensamentos da minha cabeça urgentemente, porque se não, como conseguiria sobreviver a essa viagem?
Caminhei até a porta do banheiro abrindo-a lentamente só para garantir que ele não estava mais lá dentro. Feito isso, entrei e pude sentir um cheiro maravilhoso e tive a impressão que perfume me entorpecia. Quando aquela água quente caiu nas minhas costas, ela acabou levando embora todo o cansaço e sono que a viagem me trouxe sem pensar duas vezes enfiei minha cabeça embaixo d'água e instantaneamente me arrependi pois lembrei que esqueci o item mais importante de uma cacheada: meu creme de pentear.
Depois de sair do banho, fiquei uns bons cinco minutos olhando pro nada em frente ao espelho e batendo meus dedos na pia tentando pensar numa solução e meio que instintivamente resolvi fuçar no armário da pia, abri e sorri e dei pulinhos de felicidade ao encontrar o que mais desejava no momento, nunca fiquei tão feliz de achar um creme e pensei se era pura sorte ou puro cuidado.

Às 19 estava prontíssima no andar de baixo, em frente a escada, vestindo um macacão verde oliva com um corte fino e elegante, sem dúvidas a peça mais chique eu tinha no meu armário. Quando ouvi um barulho olhei pra cima e me deparei com o Lewis, e me senti naquela cena clássica dos filmes românticos em que a mulher desce as escadas com o vestido mais bonito do mundo e o cara está de boca aberta vendo a coisa mais linda que ele já viu na vida, mas no meu caso os papéis estavam trocados. Lewis descia, digo até com maestria, a escada e mantinha o contato visual comigo o tempo todo, Ele usava uma calça social preta, uma camisa branca com alguns botões abertos e um casaco por cima dos ombros. Odeio o fato de alguns homens conseguem ficar exatamente bonitos usando roupas tão simples.

— Você está linda — ele afirmou com um sorriso sincero e doce.
— E você então? Nem sei o que dizer... — falei de uma forma um pouco descarada o que fez ele corar.
— Vamos?

Entramos num restaurante que claramente era sofisticado, mas tinha uma pegada de restaurante simples, de cidade pequena. Guiaram-nos para uma mesa mais afastada das demais e sentamos um de frente pro outro.

— O que foi? — Lewis me perguntou depois de ouvir uma risada sem graça sair da minha boca.
— Eu não entendo nada do que está escrito aqui — por mais que tivesse a tradução do nome dos pratos, não dizia o que vinha neles, era como se eles esperassem que quem jantasse naquele lugar já soubesse o que é cada coisa. Talvez seja isso mesmo, ricos.
— Deixa comigo, vou pedir algo que você vai gostar.

Entre pratos deliciosos e taças de vinho, riamos sobre nossa vida na escola, das viagens que ele fazia, dos contos que eu contava que envolvia meus alunos e etc. Quando chegou a conta eu percebi que o olhar dele estava sério e eu sabia o que estava por vir.

— Então... — ele disse tentando parecer despretensioso enquanto caminhávamos por uma praça bem perto do restaurante.
— Então o que?
— Não se faz de desentendida — ele parou na minha frente bloqueando minha passagem. — Você sabe do que eu estou falando.
— Eu sei do que você quer falar, mas não do que você está falando.
— Meu deus do céu, você não muda né? Então beleza, eu vou começar. Desde que eu descobri meu talento, meu pai e eu viemos investindo nisso, eu não estou falando só de dinheiro, foi suor, tempo, abdicações e sonhos, principalmente sonhos. Logo cedo eu descobri que dentro do carro era o único lugar que me fazia sentir livre e poderoso, foi e é o lugar que mais me faz sentir confiante, mas fora dele sempre foi difícil, principalmente na escola mas ai tinha você, né — a voz dele começou a ficar embargada e parecia que ele carregava aquele discurso dentro de si a muito tempo. — Você era onde eu buscava forças para aquele bullying não me afetar e consequentemente afetar minhas corridas e deu certo, né? Eu virei pentacampeão de Formula 1 e cadê você do meu lado pra comemorar tudo isso?
— Lewis, eu...
— Não, agora você vai me ouvir! — ele disse com o tom agressivo. — Você sabe como eu me senti quando você me pôs de lado? O pior que nem foi uma briga ou algo esclarecido que me fizesse entender o que estava acontecendo, você simplesmente foi se afastando. Eu tentei tantas vezes me aproximar, você sabe disso, mas todas as tentativas eram falhas porque você estava constantemente me empurrando pra fora da sua vida, e toda vez que a gente tinha a oportunidade de ser ver ou se falar, você mudava de assunto, ficava quieta ou se fazia de sonsa...
— Cuidado... — olhei seria pra ele que recuou. — Terminou? — cruzei os braços e ele assentiu — Você lembra do dia que recebeu a ligação da McLaren? Que estávamos deitados na grama do quintal olhando para as estrelas? Ali eu sabia que tudo ia mudar mesmo você dizendo que não ia. Qual é Lewis? Olha sua vida agora, quantas coisas você conquistou sem mim, seus títulos, seus carros, sua casa...Eu sei que te machuquei, mas não sai ilesa disso, ok? Eu não estava curtindo minha vida como você pensa, eu estava afogando todas as minhas magoas e frustrações, tem muita que aconteceu que você não sabe.
, pelo amor de Deus....
— Não, chega! Me leva pra casa
— Eu não termin...
— POR FAVOR — minha voz saiu um pouco mais alta do que eu planejava, mas surtiu efeito já que ele concordou e seguimos em direção ao carro.

Foi o caminho mais longo e silencioso que já fiz. Quando chegamos desci do carro o mais rápido que pude e fui pro meu quarto, trancando-o atrás de mim. Parecia que a cama puxava meu corpo como um imã e me joguei nela.
Eu nunca fui boa em falar o que eu estava sentindo e parecia que quando se tratava dele era pior. Era medo, puro medo. Medo de decepciona-lo, das minhas expectativas não serem cumpridas mesmo sabendo que elas eram coisa minha, medo do que eu realmente sentia por ele. Mas acima de tudo sentia culpa, eu me sentia culpada por ter afastado ele e mais culpada por sentir o que eu estava sentido, o desejo, puro desejo.

— Não, a gente não terminou — pulei da cama quando ouvi sua voz adentrando meu quarto pela porta do banheiro. Maldito banheiro! — Eu tenho o direito de saber, não é justo e você sabe disso.
— Você quer mesmo saber? Então tá porque eu já perdi a paciência, afinal se tem uma pessoa que desperta todos os tipos de sentimento em mim, essa pessoa é você — ele cerrou os olhos e a fisionomia dele era de confuso. — Me afastei porque eu não conseguia te ver vencer de perto, não por inveja, é porque eu não sentia boa o suficiente para estar do seu lado. Você é o tipo de pessoa que deu a volta por cima, soube lidar com seus problemas, eles te fizeram mais forte, você é o exemplo, eu não. Eu nunca soube lidar com a dor da rejeição, do bullying. Eu fingia muito bem, mas depois da escola eu percebi o quanto isso me afetou, eu não tinha autoestima.
— Por que você não me contou nada?
— Pô, eu sabia o quanto você se preocupava comigo, eu não podia deixar meus problemas afetarem seu foco. Você lutou demais pra chegar onde chegou, não podia arriscar seu futuro comigo. Eu escolhi me afastar, não ia conseguir lidar com minha cabeça e com sua vida.
— Minha vida?
— Sim, sua vida. Olha em volta de você. Seu universo agora é diferente, ele mudou, o meu não. Você agora é o Lewis Hamilton, pentacampeão, rico, que entende de moda e vai em desfiles, que frequenta restaurantes chiques e festas fabulosas, e eu nem vou entrar no mérito das suas namoradas, como ia lidar com isso e ...— quando ele mudou o olhar que lançava para mim pude perceber que acabei falando mais do que devia.
— Do que você está falando?
— Não se faça de desentendido — por mais que nós nunca tenhamos tocado nesse assunto, existiram momentos que sentimos algo que nunca foi explicado. Não era possível só eu sentir isso. — As mulheres que você se envolve, elas estão em outro nível, sua ex é a Nicole Scherzinger — soltei uma risada sem graça e ele revirou os olhos. — E eu sou a garota que não consegue ler o cardápio, entende?
— Não ser claros um com o outro foi o problema desde o início. O “se” sempre rondou minha cabeça, “e se eu tivesse tentado ou dito algo como seria agora?” ...— ele começou a andar na minha direção. — Você sabe por que todos os meus relacionamentos não deram certo? — ele começou a fazer um carinho na minha bochecha e eu instantaneamente fechei os olhos. — Eu procurava você em outros corpos... — ele tocou minha cintura fazendo-me arrepiar por inteira. — Quando o único que eu queria era esse. — ele grudou seu corpo no meu, que essa altura do campeonato já estava grudada e recuada na parede. Fechei meus olhos como se aquele fosse o último momento da minha vida e sinceramente se fosse eu não me importaria. — Eu constantemente procurava a aprovação delas que eu queria de você, eu esperava as observações que só você faria das situações cotidianas, esperava que elas rissem das coisas que eu sei que te fazem rir — seus lábios tocaram no meu pescoço e não pude sentir mais as minhas pernas. — Eu só queria você...eu só quero você — finalmente nossos lábios se tocaram, era um gosto que eu nunca tinha sentido, mas que me enfeitiçou desde o princípio, era quente e molhada na medida certa, era sincronizado, como se já fizesse isso há muito tempo e depois de alguns segundos no paraíso, num movimento rápido, Lewis me levantou fazendo com que minhas pernas entrelaçassem na sua cintura.
— Eita — soltei depois do susto que levei.
— Rápido demais?
— Pra gente? Não — puxei-o para outro beijo, eu não conseguia e nem queria mais desgrudar meus lábios do dele, era extremamente viciante. Senti minhas costas atingirem o colchão, então ele ficou de joelhos entre minhas pernas e pude olhar nos seus olhos e eu só conseguia enxergar algo: Fogo. Ele desabotoava a camisa sem perder o contato visual, me deixando louca porque eu não queria desgrudar meus olhos do dele, mas eu queria olhar tanto pro seu peitoral e quando a tirou e a jogou longe, fez menção de deitar sobre meu corpo, mas eu impedi com mão.
— O que foi?
— Quero olhar, só alguns segundos, deixa eu olhar...— toquei sua barriga e senti ele contrair de susto, era a primeira vez que eu podia analisar aquelas tatuagens de tão perto, elas combinavam perfeitamente e era como um espelho da sua personalidade. A pele dele reluzia junto da noite e era sem dúvidas a cor mais linda que eu já tinha visto.

Percebi ele sorrir safado depois de me ver morder os lábios, fiz um movimento rápido com a cabeça como se tivesse dando permissão para ele voltar e para minha surpresa ele veio direto no meu pescoço que fez com que eu gemesse tão alto que parecia que eu estava dando-o liberdade para ele fazer o que quisesse comigo. Passei as unhas em seu abdômen e senti ele contrai-lo de novo, me dando uma sensação vitoriosa.
A urgência de sentirmos um no outro crescia a cada toque, a cada beijo e a cada respiração, e quando o Lewis não conseguia abrir meu macacão porque o zíper resolveu emperrar, ele simplesmente rasgou a lateral do mesmo, quase me arrancando a força de dentro da peça.

— Porra, precisava rasgar meu macacão? — disse um pouco indignada.
— É sério? Você quer falar do macacão agora?
— Ah, tá bom. Só tira a calça e cala a boca — era tanto sentimento misturado que paciência não cabia ali.

Quando ele levantou e sentou pra se livrar de suas calças eu vi um momento oportuno e assim que elas foram parar no chão, eu sentei em seu colo. Ele levantou a sobrancelha um pouco confuso, mas logo sua expressão mudou de confusão para tesão. Enquanto eu beijava seu pescoço e passava as mãos pelo seu corpo, minha cintura tinha ganhava vida própria e começou a rebolar, eu diria até que por instinto, ele por sua vez, explorava cada lugar do meu corpo que ele conseguia, me fazendo arrepiar por diversas vezes, em lugares que eu nem sabia que existia.

— Desse jeito você vai me matar…
— Você quer que eu pare? — sussurrei em seu ouvido.
— Nem fudendo.

Senti a mão dele por cima da minha calcinha como se checasse algo e quando percebeu a quanto úmida eu já estava, sem aviso prévio, ele empurrou-a de lado e encaixou seu pênis dentro da minha buceta, me fazendo gemer alto e ele sorriu satisfeito. Nossos corpos se encaixam de tal forma que a sincronia que nós mantínhamos era algo surreal. Segurando na minha cintura ele me ajudava quicar, sentia todos os músculos do meu corpo contraíram e eu já não tinha mais controle de absolutamente nada.

— Olha pra mim, eu quero gozar olhando pra você — obedeci imediatamente porque afinal não era só um desejo dele. Ele começou a estimular meu clitóris com seu dedo e foi ainda mais difícil manter contato visual. — Hey, continua me olhando, por favor...— parecia que meu corpo inteiro estava em chamas mesmo eu sentindo-o inteiramente molhado. Me apoiei segurando o pescoço de Lewis. Ele veio primeiro, mas quando vi seus olhos revirando e ele gemendo meu nome, parecia que era o que me faltava, então eu finalmente gozei. Meu corpo foi de êxtase para cansaço rapidamente, busquei seus lábios num beijo rápido e soltei meu corpo no dele. Ele afogou seu rosto no meu pescoço por um tempo até nossas respirações voltarem ao normal então se deitou, me encaixando no seu peito.

— O que aconteceu com você? — já fazia uns bons minutos que estávamos deitados e ele fazia cafuné no meu cabelo enquanto eu ouvia seu coração bater com a cabeça em seu peito.
— Como assim?
— Você disse que aconteceu coisas que eu não sei...o que aconteceu ?
— Logo depois que você começou a correr foi a primeira vez que eu tive que viver sem você por perto, eu fiquei sem rumo e eu tinha que enfrentar tudo de novo, escola nova, pessoas novas, decepções novas... enfim minha cabeça estava uma confusão. Eu acabei exagerando em muita coisa, bebi demais, fui em muita festa, dormi com uma quantidade duvidosas de pessoas — me apoiei na cama pra poder olhar ele nos olhos. — Meu afastamento nunca teve nada a ver com você, era comigo, eu estava quebrada e eu não queria que você me visse daquela forma.
— Eu nunca te julgaria e também não deveria ter falado da forma que eu falei hoje mais cedo com você, é que eu me sentia culpado, mas não conseguia entender onde que tinha errado.
— Eu sei meu bem, e você não errou em nada, eu preciso que você entenda que não tem culpa nenhuma ok, me perdoa?
— Acho que está bem claro que eu já perdoei, né? — ele sorriu deslizando um de seus dedos no meu braço.
— Hoje descobri uma coisa que sempre tive curiosidade — ele me olhou curioso — Se você é rapidinho na cama como é na pista...
— HA HA HA engraçadinha...

Fazia muito tempo que eu não tinha uma noite de sono tão tranquila e gostosa. Eu não consiga superar o fato que aquela cama era realmente muito confortável. Me espreguicei e percebi que o Lewis não estava mais deitado. Lembranças da noite passada invadiram minha mente e eu suspirei, era difícil acreditar que aquilo tinha acontecido.
Segui o cheiro do café sendo coado e encontrei a cozinha.

— Bom dia — Hamilton que estava de costas virou carregando o sorriso mais bonito que existe.
— Bom dia!!! — ele me deu um selinho e me abraçou. — Estou terminando de fazer o café, senta aí — ele apontou para um canto na cozinha que tinha um sofá e em frente uma mesa de café. Acredito que ela ficava bem embaixo do meu quarto, já que quando sentei percebi que a janela atrás do sofá dava para a plantação de rosas. — Aqui — ele me entregou uma xícara de café e sentou ao meu lado.
— Hmm, seu café continua muito bom — sorri enquanto ele me observava.
— Você tá bem? Eu digo, em relação a você, eu fiquei preocupado ontem.
— Relaxa, eu estou. Quando eu percebi que meus problemas estavam me afetando demais e que isso podia destruir meu futuro, eu pedi ajuda. Fiz terapia por anos, mas minha psicóloga meu deu alta ano passado.
— Que bom, fico feliz — ele me olhou doce demais e a única coisa que eu podia fazer era lhe dar um beijo. — Eu sei que eu te prometi uma semana em Mônaco, mas a equipe da Mercedes me ligou hoje de manhã, eles estão terminando uns detalhes no meu carro novo, eu preciso voltar pro Reino Unido amanhã — ele fazia um bico visivelmente decepcionado.
— Tudo bem
— Por mim a gente ficava mais uma semana, até um mês, mas eu preciso acompanhar as evoluções que eles estão fazendo no carro, se ele ficar do jeito que eu imaginei, as chances de ganhar o sexto campeonato são enormes — os olhos dele brilhavam de um jeito que só brilhavam quando o assunto era corrida.
— Eu tenho certeza que o próximo campeonato é seu, mas eu não quero te atrapalhar, então a gente tem que conversar sobre como as coisas vão funcionar a partir de agora, odiaria me tornar uma distração — na minha cabeça era tão obvio que o que aconteceu ontem não era apenas coisa de uma noite que eu automaticamente deduzi que não acabava ali.
— Eu quero o sexto campeonato tanto quanto eu quero você, eu vou ter que aprender a lidar com as duas coisas porque eu não vou desistir de uma conseguir a outra — a firmeza na voz do Lewis me faz ter certeza que ele ia dar um jeito.

Passamos o resto do dia conhecendo a cidade, quer dizer, ele me apresentando a cidade. Eu tive que concordar com ele, era um lugar mágico e muito lindo.

— Eu tenho uma surpresa pra você…
— Outra? — pperguntei curiosa enquanto saímos do museu Oceanográfico de Mônaco.

Depois de alguns minutos de carro e algumas placas pelo caminho comecei a ter uma ideia para onde estávamos indo.

— Mentira, você não fez isso...— olhava incrédula enquanto ele estacionava em frente ao Stade Louis II, mais conhecido como o estádio do Mônaco FC. Eu sempre brinquei com o Lewis que apesar de gostar de corrida, meu coração sempre foi do futebol e nós dois vivíamos brigando já que ele possuía um mal gosto horrível e torcia pro Arsenal, já eu com meu bom senso, torcia pro maior da Inglaterra, ele mesmo, o Manchester United.

Enquanto fazíamos a tour, conhecendo a história do clube e cada pedacinho daquele lugar, sentia uma felicidade que não cabia em mim, já estava sentindo dor nas minhas bochechas de tanto sorrir e quando o guia disse que iríamos entrar no campo, eu parecia uma criança de cinco anos que acabou de realizar um sonho de infância.

— Gostou do seu dia?
— Você realmente sabe como recompensar... — já era a noite e estávamos de volta pro meu quarto. Meus braços já estavam em volta do seu pescoço fazendo com que eu conseguisse olhar bem de perto dentro de seus olhos, onde sem muito procurar, conseguia encontrar a calmaria que eu sempre desejei. — Obrigada. Obrigada por hoje, por ontem, por tudo. Aliás, obrigada por não desistir de mim.
— É impossível desistir de você — senti suas mãos deslizarem pelo meu corpo e percebi que estava começando a gostar disso, afinal eu descobri aonde iria terminar…. — Acho que agora você que podia me recompensar, o que acha? — ele disse antes de me beijar e nos direcionarmos pra cama.
— Quem diria que Lewis Hamilton é um safadinho…


FIRST LAP

Era engraçado como o céu da Grã-Bretanha era característico, o sol que estava fazendo em Mônaco em algumas horas se tornou o céu cinzento da Inglaterra, mas não tenho do que reclamar, eu sempre gostei desse clima.

— Você já tem que ir para Northamptonshire? — durante o voo descobri que a sede da Mercedes-AMG Petronas Motorsport ficava em outro condado.
— Não bebê, pensei em passar na casa do meu pai hoje, tem uma pessoa que não para de me mandar mensagem perguntando de você.
— Eu também tô com saudade dele...

— Finalmente lembrou que eu existo, não é? — Nicolas estava parado olhando sério na minha direção, mas logo desfez a cara amarrada e abriu os braços, fui correndo em sua direção e literalmente me joguei e ele me abraçou forte. — Que saudade eu estava de você pequena!
— Eu também estava morrendo de saudade
— Eu vou fingir que nem me importo com o fato de dos três irmãos eu estar no último lugar... — Samantha apareceu na porta da cozinha, cerrando os olhos, mas logo abriu um sorriso.
— Que calunia! E quem seria o primeiro? — perguntei depois de abraça-la.
— NICOLAS! — numa sincronia perfeita todos gritaram o nome do Nic.
— Se vocês dizem... — dei de ombros. — Oi Linda, tudo bem? — dei um abraço na madrasta do Lewis e logo endireitei em frente ao pai dele batendo continência. — Sr. Hamilton, Boa noite.
— Sr. Hamilton é seu c...
— EITAAAAA.
— Garota cala a boca e me dá um abraço.

— Meu deus, como eles estão grandes Sam! — Não estava acreditando como os filhos da Samantha tinham crescido.
— Você não viu nada, essa foto eu tirei faz 5 meses e eles já parecem outras pessoas.
— Então , gostou de Mônaco?

Começamos a falar da viagem e da experiência de cada um naquele maravilhoso lugar e terminamos lembrando e rindo sobre experiências do passado e foi ali naquele momento de descontração que eu percebi quanto aquela família também era minha. Lewis levantou perguntando se eu queria mais uma cerveja, assenti com a cabeça e quando ele trouxe, abaixou e me deu um selinho que foi a faísca pra explosão que aconteceria a seguir na sala de jantar.

— MY EEEEYES — Samantha gritava tampando os olhos
— EU SABIAAAA — Nicolas ria se jogando pra trás.
— O QUE FOI ISSO? — Linda olhava com uma cara de espanto.
— Não é possível que eu estou vendo isso — Anthony parecia o único que não estava surpreso.

Depois do choque inicial contamos o que aconteceu (sem detalhes obviamente) e enfatizamos que estávamos apenas “nos conhecendo” o que fez com que a sala enchesse de risadas. Linda e os meninos realmente estavam surpresos, inclusive o Nicolas que por mais que tivesse gritado “eu sabia”, era mais como uma torcida do que uma certeza, e minhas suspeitas sobre o Anthony se confirmaram quando ele me chamou no canto pra dizer que: “Eu te conheço muito bem, sempre desconfiei que você podia sentir algo por ele” e quando perguntei se ele não desconfiava do Lewis ele disse calmo: “Nunca desconfiei porque sempre tive certeza”, piscou e me beijou a testa.
O sol que entrava pela janela do meu quarto batia em meu rosto ao mesmo tempo que eu sentia a respiração do Lewis no meu pescoço, formando uma das melhores sensações que eu já senti. Fiquei uns bons minutos ali, só curtindo aquela sensação mas parecia que minha cabeça não queria a mesma coisa então já comecei a pensar sobre tudo que aconteceu nesses últimos dias, as coisas aconteceram muito rápido, mas como eu disse pra ele naquela noite, não achava que as coisas pra gente estavam acontecendo rápido demais, porque acreditava que já era pra ter acontecido essas coisas antes, o que fez com que eu criasse uma incógnita na cabeça: A gente não sentou pra pôr os pingos nos i’s. O que nós éramos um do outro a partir de agora? Mudou as coisas a ponto de mudar o que éramos? Eu sei que rótulos nem sempre são bons e necessários, mas naquela situação eu precisava dar nome. Lewis estava certo, nosso problema sempre foi a falta de comunicação, o que eu concordava, mas achava engraçado, já que ele é definitivamente a pessoa com quem eu mais falo, mas conversar não significava boa comunicação e eu estava aprendendo aquilo na pele.
Me assustei ao ouvir o barulho da porta do meu apartamento se abrindo e logo o Hamilton agarrou meu braço.

— O que foi isso? — ele levantou tão assustado que eu me segurei pra não rir.
— Não sei acho... — então eu lembrei o que era, ou melhor, quem era. — Eu acho que é meu pai...
— Como assim?
— Eu pedi pra ele vir em casa enquanto eu tivesse fora, pra ver se estava tudo bem, regar as plantas, pegar algum remédio ou ração que o Toby podia precisar, só que eu esqueci de avisar que eu voltei — sorri sem graça pro Lewis que ainda continuava com a cara de assustado.
— Filha é você? Se for você me fala agora se não vou entrar nesse quarto com tudo e...
— SOU EU! Esperava só um minutinho.
— E agora, o que eu faço? — Lewis parecia um adolescente que foi pego no quarto da namorada de 19 anos só que no caso ele teria que enfrenta-lo afinal não tinha um banheiro com duas saídas no meu apartamento.
— Vai lá falar com seu sogro... — A palavra sogro saiu tão despretensiosa que eu só percebi quando ele cerrou os olhos pra mim, mas em seguida o rosto dele tomou uma expressão um tanto sapeca e ele sorriu de lado — Desculpa, eu não quis insinuar nada e...
— Tudo bem, eu sei que a gente tem que conversar sobre isso, mas quero deixar claro que pra mim isso não é casual, quer dizer, eu não quero que seja casual — parecia que ele falava sempre o que eu precisava/queria ouvir. — Agora vou lá enfrentar o sogrão, quer dizer, seu pai.

Lewis se vestiu o mais rápido que pode, parou na frente da porta, respirou fundo e abriu. Meu pai estava parado com taco de baseball na mão que fez com que o Lewis recuasse me fazendo rir.

— Ah Lewis, é você, ufa, eu ouvi um barulho e... — até então meu pai não tinha percebido o que estava acontecendo, mas conforme falava, ele olhava pro Hamilton, olhava pra mim enrolada no lençol, pro chão onde estavam minhas roupas, pro Lewis visivelmente sem graça coçando a parte de trás da cabeça e num piscar de olhos eu o vi assimilando os fatos. — Oh, entendi...bom, eu vou esperar você na sala querida, é bom, enfim... — ele virou as costas e foi em direção a sala.

— Bom, eu preciso ir, tenho que passar em casa, fazer uma pequena mala e ir pra Northamptonshire daqui a pouco. Em dois dias eu volto pra gente conversar, ok? — Lewis já estava do lado de fora do meu apartamento. Assenti com a cabeça — Foi bom te rever Sr. Marcus — meu pai respondeu algo do tipo “Opa!”. Me deu um beijo e seguiu seu caminho.
— Então... — dei um giro de 360° e fui em direção ao meu pai.
— Então....a viagem foi boa pelo jeito em... — ele riu quando eu joguei uma almofada nele. A relação com meu pai sempre foi assim, leve e cheia de brincadeiras, ele era exatamente aquele “Pai Amigo” e acho que ele se tornou esse tipo de pai porque não queria perder a conexão que existia entre a gente depois da separação.

Logo ele queria os updates de como foi a viagem, como as coisas tomaram o rumo que tomou, e se eu estava bem e etc, do mesmo jeito que ele fazia a cada quinze dias quando eu ia passar o fim de semana com ele na época que eu era criança/adolescente. O mais legal da conversa devo comentar foi que antes de eu começar a falar ele fez questão de fazer uma vídeo-chamada para minha mãe que estava na Índia viajando, segundo ele era um momento que eu tinha que dividir com os dois.

Nunca 48 horas passaram tão devagar na história do universo e nunca 1 minuto pareceu uma eternidade. Era esse o tempo que o Lewis demorou pra atender a porta do seu apartamento em Londres. Sim, aparentemente ele tinha uma casa em cada lugar que ele precisava passar mais de duas semanas. Quando a porta se abriu um Lewis sem camisa e com uma calça de moletom cinza apareceu e eu sabia que ele estava falando alguma coisa, mas eu não conseguia tirar os olhos do seu tronco tatuado e, como posso dizer, seu “instrumento de trabalho” marcando na calça e foi ali que eu percebi que mesmo vendo aquelas imagens muito durante os últimos dias sempre mexia comigo.

, um dos dois tem que prestar atenção então você poderia parar de encarar meu corpo enquanto morde o lábio porque assim quem vai perder a cabeça sou eu.
— Ok, repete o que você disse antes...
— Pedi desculpas por te receber assim, é que eu perdi a noção da hora e comecei a cozinhar já tarde e não deu tempo de me trocar.
— Pra mim está ótimo assim!
— É, eu percebi — ele riu se graça— Falando em cozinhar, entra que eu preciso terminar.

Eu nem preciso dizer que o apartamento dele era deslumbrante, mas descobrir que ele cozinhava foi a melhor surpresa, não era justo com os outros homens da terra porque ele estava jogando o padrão lá pra cima e não era justo com as mulheres existir apenas um Lewis Hamilton.

— Puta que pariu isso tá muito bom! — ainda por cima a comida dele era realmente muito boa.
— Gostou? É vegano.
— Oi? — Aaém de tudo é vegano?
— Oi, tudo bem? Pois é, eu sou vegano — ele deu uma garfada na sua massa e mantinha uma cara de quem esperava uma resposta minha.
— Você vai me julgar se eu continuar comendo carne?
— Obvio que não.
— Então está tudo certo — eu sinto muito, mas nem pelo Lewis eu largaria meu bacon.

Já passava das 22hrs e estávamos a pelo menos duas horas largados no sofá bebendo vinho e jogando conversa fora, principalmente falando do carro da corrida e de coisas da formula 1 que ele tentava me explicar sem sucesso porque simplesmente eu não entendia. No meio de uma dessas risadas, houve aquele olhar que eu sabia que tinha chegado a hora do “precisamos conversar”.

— Eu sei que as coisas aconteceram muito rápido e eu não sei você mas eu gosto de dar nome as coisas — Lewis foi quem puxou o assunto. — E sendo uma figura pública a gente precisa estabelecer o que somos, porque eu quero sair na rua com você de mãos dadas, ir jantar nos restaurantes da cidade, que você me acompanhe nos eventos que eu vou, então logo vão falar da gente e de você, você tem consciência disso? — Lewis parecia até que preocupado e eu entendia o porquê, eu nunca pensei muito na impressa em relação a isso, mas a verdade é que iriam falar e tentar descobrir quem era o novo “affair” do Pentacampeão mundial. — Mas se você quiser manter isso o mais privado possível, eu vou entender, mas quando me perguntarem porque vão, eles sempre perguntam, se eu estou namorando quero poder dizer que sim.
— Eu quero tudo que você disse, confesso que sobre a mídia eu não tinha pensado muito ainda, mas é uma coisa que eu terei que aprender a lida. — a questão era que eu não tinha pensado nisso em nenhum momento se é pra ser sincera.
— Você precisa de um pedido? — ele me olhou sério.
— Pra ser sua namorada não, pra ser sua esposa sim. Não estou querendo casar no momento, mas é só um aviso pro futuro, que você seja mais romântico que agora...
— Essa doeu... — ele disse já colocando a taça na mesa de centro e inclinando-se na minha direção. — Não sei se consigo ser romântico agora, mas tentarei ser educado, ok? — ele já dizia essas palavras bem próximas do meu pescoço e o mesmo sabia que era impossível eu dizer não para qualquer coisa naquela situação. — Será, que por obsequio, eu poderia foder com minha namorada agora? — e no misto de risada pela cara de pau e da sensação maravilhosa de ser chamada de “namorada” por ele pela primeira vez eu só pude concordar.
— Com toda a certeza Sr. Hamilton.

Lewis, que conhecia meu corpo ha pouco tempo, já sabia lidar com ele como nunca ninguém conseguiu, ele já estava ciente dos meus pontos fracos e o que me fazia revirar os olhos. Ele começou explorando meu pescoço enquanto sua mão percorria meu corpo, mesmo com as minhas costas encostadas no braço do sofá, ele conseguiu abrir meu sutiã, que era um tomara que caia, e retirou ele sem tirar minha blusa. Enquanto nos beijamos, sua mão apertava meio seio de uma forma forte, mas não sentia dor nenhuma, então automaticamente meus braços cruzaram em seu pescoço, parecia que era o que ele esperava e num impulso ele me levantou, girou, encostando-me no encosto do sofá e levantou, por um segundo fiquei sem entender o que estava acontecendo e ele ajudou ficando parado, olhando e sorrindo para mim, então ele mordeu o lábio e puxou acento do sofá com tudo, o que fez com que eu caísse deitada no corpo do sofá, como eu não vi isso acontecendo, era obvio que era um sofá retrátil. Comecei a rir pelo susto mas, logo passou quando um Lewis em cima de mim surgiu diante dos meus olhos, ele estava com o olhar de dominação, era diferente do olhar de campeão ou aquele olhar que ele lançava quando sabia que era melhor que alguém, principalmente nas pistas, era o olhar de: “Hoje eu que mando e você vai fazer o que eu quiser.” Eu conheci recentemente esse olhar, afinal eu amava dominar os homens na cama e com ele não era diferente, só que eu esqueci por um instante que éramos muito parecidos em quase tudo, e que ele também gostava de estar por cima, em todos os sentidos.
Me livrei da blusa que já estava colada no meu corpo devido o suor daquele momento, e ele fez o mesmo com sua calça, logo em seguida ele arrancou minha calça numa pressa que me fez lembrar o dia do macacão verde oliva. Quando ele reparou na calcinha de renda vermelha que eu estava usando, ele sorriu de uma forma que eu pude ouvir na minha cabeça a sua voz dizendo: “hmm você tinha o mesmo pensamento que eu,” Quando ele fez menção de deitar por cima de mim, sentei mais rápido, ficando de cara com seu quadril, olhei pra cima e sem desgrudar os olhos do dele, puxei sua cueca para baixo, olhei pro seu membro, deu um selinho na cabeça, e levantei, ficando de joelho, de frente com ele.

— Você não vai fazer isso... — eu sabia que ele iria pensar que eu queria dominar a situação pelo simples fato de não ter feito o que ele esperava, errado ele não estaria em outras situações. Beijei ele calmamente e quando senti que ele já se preparava pra sentar, olhei pra ele, pisquei, virei de costas e fiquei de quatro. — Caralho, sua gostosa, me surpreendendo sempre.

Mordi o lábio já esperando o que estava por vir, senti sua mão acariciando minha bunda, pra me provocar, porque obvio que ele não ia deixar aquilo barato, começou a passar num movimento de cima pra baixo a cabeça do seu pênis na entrada da minha buceta, fazendo-me reclamar com múrmuros que aquilo já era sacanagem, ele riu de uma forma quase sádica e então introduziu finalmente seu pênis na minha buceta com muita facilidade, naquela altura era impossível eu ficar mais molhada do que já estava. As mãos dele estavam na minha cintura, ele apertava a região ao mesmo tempo que me empurrava pra frente e pra trás, a certo momento eu suplicava pra que ele metesse o mais rápido que ele podia e se tem alguém que entende de velocidade é esse homem. Entre uns apertões, uns beijos nas minhas costas e uns tapas na minha bunda, sabia que faltava muito pouco pra eu atingir meu ápice, mas aparentemente pra ele já estava bem próximo então senti seu dedo no meu clitóris, e por mais que ele gostasse de ser o primeiro nas pistas, definitivamente ele não gostava de me deixar pra trás e numa sincronia perfeita nós gozamos ao mesmo tempo.


RACING

Os últimos meses tinham sido provavelmente os melhores da minha vida. No trabalho as coisas estavam dando certo como nunca e meus projetos cada vez mais sendo aceitos e podendo coloca-los em prática, a relação com meus pais estava cada vez melhor, principalmente com minha mãe. Eu comecei a olhar menos pra mim e mais pra ela e pude ver o quanto necessário era pra ela sair da Inglaterra e realizar seus sonhos, respirar novos ares e conhecer novas pessoas, não foi fácil passar pela fase mais difícil da minha vida sem ela, mas eu não tinha me colocado em seu lugar, e quando fiz, percebi o quão egoísta eu estava sendo, ela sacrificou seus sonhos por anos para poder realizar os meus e merece tudo de bom que está acontecendo em sua vida. E bom, meu relacionamento com o Lewis era como um sonho, mas segundo o próprio, um sonho que só ficava entre “algumas paredes”. Nós ainda não tínhamos assumido nosso namoro para o mundo e não foi por causa dele, inclusive, se dependesse do Hamilton isso já teria acontecido a muito tempo, mas eu ainda tinha receios em relação a mídia, eu sabia que eles iriam pegar pesado.
Eu tive três fases na minha vida: Pré ensino médio, onde meu corpo não fazia diferença nenhuma para mim; durante o ensino médio, onde comecei a duvidar de mim, em todos os sentidos, por causa do bullying em relação ao meu peso e finalmente o Pós terapia, onde aprendi a reconstruir minha autoestima e confiança. Hoje eu me sinto bem com meu corpo e com a pessoa que eu sou, mas saber que iria ser julgada por ser exatamente como sou ainda me deixa desconfortável.
Outro ponto que teria que enfrentar agora é como lidar com a profissão do Lewis. Eu trabalhava cinco dias na semana e no mesmo lugar sempre, já ele tinha que viajar constantemente durante o ano, então seu calendário era bem apertado, e seus dias na Inglaterra eram pouquíssimos. Eu sabia que lugares perto, eu conseguiria ir, mas existia lugares longe, como foram os quatro primeiros GP’s da temporada: Austrália, Barrem, China e Azerbaijão.

Você vai conseguir ir no GP da Espanha? — estávamos no telefone já fazia alguns minutos, uma das soluções pra encurtar a distância.
— Não, me perdoa. Mas é no final de semana da ação no centro comunitário, você sabe como eu dei duro nesse projeto, eu preciso estar presente.
Eu sei meu bem, não precisa pedir perdão, seus projetos são importantes e eu tenho muito orgulho deles e de você — o bom de namorar o Lewis era que ele entendia como projetos pessoais e a carreira profissional eram importantes na minha vida porque também eram na vida dele, mas eu conseguia sentir um pouco de decepção em sua voz.
— Mas eu tenho uma surpresa pra você...
Hmm, diga-me...
— Não marquei nada pro final de semana do dia 23, então vou poder ir no GP de Mônaco.
Você está falando sério? Não brinca comigo não...
— Te juro, Mônaco eu não perderia por nada, você sabe.

Desde o começo eu já sabia como as coisas iam funcionar, Lewis estava focado em ganhar o sexto campeonato e tudo estava a favor dele e não seria eu quem atrapalharia isso, aliás foi eu quem determinou as “regras” daqui pra frente: Iriamos ficar no telefone no máximo uma hora e apenas três vezes por semana, iria apenas nos GPs mais próximos, mas só ficaríamos juntos depois da corrida principal e assim foi feito. Quando cheguei em Mônaco, fui pra casa de Lewis, que iria ficar num hotel junto com sua equipe. Entrei no meu quarto e me deparei com uma caixa encima da cama e um bilhete, abri e li:
"Olá coisa mais linda do mundo, espero que sua viagem tenha sido ótima. Dentro dessa caixa tem uma roupa especial pra você usar na corrida, também tem a sua credencial, irá assistir à corrida do Box, se precisar de qualquer coisa fale com o Peter ou a Angela. O motorista vai te buscar no horário combinado. Te vejo amanhã.
Ps: Não, não é seu macacão verde oliva.
Lewis xx


Confesso que ri com o Ps, mas a verdade é que ainda não superei meu macacão.
O dia da corrida tinha chegado e eu estava sentada numa cadeira no fundo do Box da Mercedes, usando a roupa que o Lewis havia deixado no quarto, era uma calça, camiseta de manga longa e um boné com o símbolo da Mercedes e dos patrocinadores, olhando ao redor, parecia que eu fazia parte da equipe. Percebi alguns rostos curiosos olhando para minha pessoa, mas sem coragem nenhuma de perguntar quem eu era, digo diretamente para mim, porque entre eles não disfarçavam nem um pouco o cochicho.

— Você deve ser a , certo? — um homem branco, de óculos e um rosto simpático estendia a mão na minha direção. — Peter Bonnington, prazer.
— Ah sim, você é o engenheiro do Lewis, ele fala muito de você — levantei apertei sua mão.
— Digo o mesmo, escuto seu nome há anos, é muito bom ligar o rosto a pessoa — ele sorria de um jeito muito doce.
— VAMO, É HOJE! — Lewis passou pelo Peter apertando seus ombros, mas sem olhar pra trás, não me vendo sentada ali e seguiu em frente.
— É hoje mesmo Hamilton... — eu disse e ele congelou o passo, virou num 360° digno de um dançarino de patins no gelo.
— Você já chegou! — os olhos e o sorriso dele brilhavam e conforme ele andava na minha direção, eu sentia um frio na barriga, como se fosse a primeira vez que eu tivesse vendo-o, eu só queria saber quando essas sensações referentes a ele iriam passar. Ele parou na minha frente, meio como se não soubesse o que fazer, então abri os braços e ele me abraçou forte e sussurrou no meu ouvido: tava com saudade. Beijei disfarçadamente seu pescoço e concordei, dizendo que também estava com saudade.
— Olá — uma mulher branca, loira, com os olhos bem azuis e um sorriso cativante parou do lado do Hamilton e me olhava esticando as mãos.
, essa é a Angela Cullen, minha personal, treinadora e mais que isso, uma grande amiga — Lewis dizia cheio de orgulho sobre Angela. — Angela, essa é a , minha melhor amiga e minha...
— Namorada — disse apertando a mão de Angela que ainda sustentava aquele sorriso que fazia você querer ser amiga dela. Olhei pro Lewis que sorria animado.
— É uma honra poder finalmente conhecer a “Pessoa Especial” que o Hamilton tanto fala — pude ouvir a voz dela pela primeira vez e era tão cativante como seu rosto.
— Eu não falava tanto assim dela, vai... — ele deu de ombros enquanto Peter e Angela riam da cara dele.
— Aham, vamos fingir que acreditamos. Agora você tem que se preparar, a corrida vai começar daqui a pouco. Foi um prazer , te vejo já, já — Peter piscou e começou a empurrar o Lewis em direção ao carro.

No treino o Hamilton conseguiu a pole position, ou seja, ele ia largar em primeiro. O que era ótimo, afinal ele amava correr em Monte Carlo e sempre era uma honra pra ele, afinal seu maior ídolo no esporte era o Ayrton Senna, justamente o maior campeão do GP de Mônaco.
Quando eu contei pro meu pai que iria assistir à corrida do box, ele me disse que a sensação era totalmente diferente do que ver pela tv ou na arquibancada, ele já tinha visto algumas corridas do Lewis no GP da Inglaterra a convite do mesmo e ele sempre ficava muito feliz. Hoje eu comecei a entender o que ele estava falando. Angela ficou do meu lado a corrida toda, me ajudou a entender coisas que eu ainda não entendia e me fez rir muito, ela realmente é uma pessoa maravilhosa, como o Lewis falava. Teve um momento que o Peter me chamou pra frente para me aproximar dos monitores pra eu ter uma visão do que o Hamilton via quando estava correndo e como o trabalho deles era sincronizado. O pit stop é a coisa mais rápida e excitante que eu já vi, os mecânicos trocam quatro pneus em dois segundos, é literalmente uma piscada de olhos.
O melhor piloto ganhou a corrida e obviamente era o Hamilton (bem puxa-saco, eu sei). Segundos antes do Hamilton parar o carro e entrar no Box, Ângela me puxou pelo braço e pediu para segui-la, entramos numa sala que parecia um camarim, pediu que eu esperasse num canto e eu obedeci. Cerca de 05 minutos depois, ouvi alguns gritos, barulhos de flash e a porta se abrindo. Lewis entrou correndo dizendo que precisava pegar algo e que já ia pro pódio, mal sabia as pessoas que o que ele precisava pegar era eu e só conclui isso após ele bater à porta e correr na minha direção, quando me abraçou, tirando-me do chão e rodando pela sala. Nós dois rimos e então ele me beijou de maneira forte e como se esperasse aquele beijo há muito tempo. Retribui na mesma forma, a real é que eu estava morrendo de saudades. Ouvimos um barulho na porta, ele terminou o beijo com um selinho e apontou com a cabeça o mesmo canto da sala onde Angela me deixou e eu fui imediatamente, acredito que seja um ponto cego da sala, já que quando ele saiu pude notar câmeras, reportes e flashes na direção dele e percebi que ninguém me viu ali.
Vê-lo ali, erguendo o troféu, estourando o champanhe e feliz me encheu de orgulho, ali vendo toda aquela imagem, eu percebi que eu amava o Lewis Hamilton, e não como eu já amava-o, como amigo, era como homem, namorado, era o cara com quem eu queria me casar e ter filhos. Hoje, foi só a confirmação de algo que eu já desconfiava há alguns anos: Esse é o cara da minha vida.


CURVES

Você não tem nenhuma desculpa, é o GP da Grã-Bretanha, você não vai precisar sair do país.
— Mas eu não disse que não iria, apenas disse que por ser justamente aqui, sua família toda irá ver a corrida e eu só perguntei se não era gente demais.
Então você quis ceder seu lugar pra não ficar muito cheio, é isso?
— Sim, não é só isso, eles são sua família eles têm a prioridade.
Esse é o único motivo? Você jura para mim? — eu sabia exatamente do que ele estava falando.
— É sim, apenas esse.
Então vou deixar uma coisa clara, você É minha família e minha prioridade. Te vejo amanhã, beijos, tchau.

Lewis desligou o telefone na minha cara sem ao menos me dar uma chance de responder. A verdade era que eu gostava de dizer pra ele que não ia nos gps próximos só pra ouvir a reação dele e era incrível como ele tinha solução pra tudo. Sobre a família ir em peso realmente era uma questão, era a casa dele, com a torcida dele e a família dele, sem contar que se ele ganhasse, se tornaria o maior vencedor do GP da Grã-Bretanha, ele estava sobre muita pressão e isso me deixava preocupada.
Devo acrescentar que minha preocupação não era só essa. Durante o GP da França, vazaram duas fotos nossas, uma delas era dele me beijando depois de ganhar a corrida e a outra era de nós dois andando de mãos dadas atrás do box indo em direção ao seu carro. Bom, a impressa é rápida e já no outro dia, minha foto com ele estava no The Sun e derivados desse tipo de revista. A princípio as notícias eram do tipo: “Quem é a garota misteriosa que Lewis Hamilton beija após vitória na França?”, depois de um tempo começaram descobrir quem eu era e logo a questão sobre meu peso entrou à tona. Por um lado, eu recebi vários hates e comentários como “o que ele viu nessa menina”, “ele merece coisa melhor” até comparação com outras ex’s e affairs, porém por outro lado era de comentários positivos e lindos, recebi muitos depoimentos de meninas e mulheres me apoiando e dizendo que era muito bom ver mulheres fora do padrão sendo amadas e respeitadas, escolhi me importar apenas com esse lado. O que me deixava preocupada é que isso acabou afetando o Lewis, que teve até que trancar os comentários em suas fotos no Instagram. Ele constantemente me perguntava se eu estava bem, a gente chegou até brigar por que eu entendia que ele tinha medo que minha depressão voltasse, mas ele também tinha que entender que eu estava bem e ficar me perguntando toda hora não me fazia bem, eu poderia começar a duvidar de mim mesma e isso sim poderia me afetar. Ficamos um dia sem nos falar, ele me ligou pedindo desculpas no dia seguinte e conversamos mais uma vez. Os dois eram novos nisso, era o primeiro namoro dele com uma mulher não padrão enquanto era meu primeiro namoro com uma pessoa pública, tínhamos que aprender juntos e um com o outro. No fundo eu estava apenas preocupada porque ele estava preocupado comigo me deixando preocupada com o desempenho dele, era ciclo vicioso.

O circuito de Silverstone estava pegando fogo, era nítido como a Inglaterra amava o Hamilton e estar na terra dele e saber que a torcida estava do seu lado, fazia-o muito feliz. Quando cheguei no box, cumprimentei algumas pessoas da equipe que a essa hora já sabiam bem quem eu era, dei um beijo na bochecha do Peter e enquanto falava com a Angela, vi o Lewis chegar e caminhar na nossa direção. Era a primeira vez que nos víamos após as fotos vazadas e a briga, ele me olhava de forma meiga e com um sorriso de canto.

— Chegou cedo, em, gostei de ver — Angela disse depois de abraça-lo. — Nem sua equipe toda está aqui.
— Oi amor — ele disse e me deu um selinho longo, voltou a olhar pra Angela. — Eu precisava conversar com a antes da corrida, não precisa ficar preocupada, não é briga e eu não vou me estressar, eu estou concentrado, só estou com saudade da minha namorada.
— Eu te entendo Lewis, mas antes preciso trocar duas palavrinhas com você, é importante, mas é rapidinho — Hamilton me olhou e eu concordei com a cabeça, então ele e a Angela se encaminharam pro outro lado box.

Quando eu sentei numa cadeira que achei ali, senti meu celular vibrar constantemente e achei que era uma ligação, assim que desbloqueei o dito cujo, vi meu user ser mencionada num post de uma blogueira/influencer ou sei lá o que ela era. Comecei a ler o texto e era nada mais nada menos que ela me detonando. Entre palavras chiques que ela usava pra não ser tão baixa descaradamente, eram um monte de palavras julgando meu corpo, minha aparência, o que eu tinha feito para “segurar” um homem como o Hamilton e no final, ela ainda disse que era apenas uma ajuda, já que estava “preocupada” com minha saúde. Eu olhava incrédula pra tela do celular, como uma pessoa que eu nunca tinha visto na vida vem como uma desculpa esfarrapada dessas pra cobrir seu preconceito?

O que foi? — Lewis estava parado na minha frente.
— Nada de novo, olha isso — entreguei o celular na mão dele. O mesmo puxou minha mão e me encaminhou em direção a uma sala sem tirar os olhos do telefone. Ele lia o texto e as expressões do seu rosto revezavam entre revirar o olho e fazer uma cara de QUE?!
— O pior você não sabe
— O que? — cruzei o braço e ele estava com aquele olhar de quem esconde alguma coisa.
— Eu conheço essa mulher
— Hmm, de onde? — cerrei meus olhos já imaginando a resposta e segurando o riso.
— Então, ela é uma influencer famosa, conheci ela numa festa e começamos a conversar, não aconteceu nada, mas ela queria muito, quando eu disse que não ia rolar nada, digamos que ela ficou bem brava.
— Ai meu deus, está explicado — comecei a rir e ele me olhava surpreso com a minha reação. — Não me olha assim, eu não tenho nada a ver com isso, ela só usou a oportunidade de destilar a frustração dela e mostrar seu preconceito.
— Amor eu sint...
— Lewis não! Eu só te mostrei esse post, inclusive antes de uma das corridas mais importantes da temporada e da sua vida, porque eu quero que você relaxe sobre isso.
— Como assim?
— Meu bem, vão existir posts como esse sempre, sobre mim ou sobre mulheres como eu — tirei o celular da mão dele, abri minhas DM’s e mostrei para ele uma mensagem. — Mas também vão existir mensagens como essa — ele lia um depoimento que uma garota tinha me mandado, onde resumidamente ela dizia que estava feliz por mim e que agora ela sabe que pode ser amada sendo quem ela é.
— Isso é maravilhoso, você está inspirando as pessoas.
— Não como você, mas de certa forma.
— Lewis, está na hora — Peter apareceu na porta. Ele concordou, me deu um beijo e saiu.

De maneira magnífica, Lewis ganhou a prova e se tornou o maior campeão do GP da Inglaterra. A torcida vibrava como se fosse final de copa do mundo e a bandeira da Grã-Bretanha nunca foi tão viva como naquele dia.
Após a corrida, toda a família se reuniu na casa do Sr. Hamilton para jantar e comemorar a vitória. A festa durou até tarde, mas quando a Samantha pediu pro Lewis deixá-la em casa com as crianças foi a hora de partimos. O apartamento de Hamilton era mais próximo e caminho da casa da Sam, pedi pra ele me deixar primeiro pra poder tomar um banho e um remédio, já que minha cabeça estava estourando.
Durante o banho, o maldito texto veio a minha cabeça. Eu não podia deixar aquilo me afetar de forma nenhuma, era como se ele fosse cocaína e eu uma garota em habilitação que sabia que se experimentasse cairia e voltaria imediatamente para o estado de viciada. Mas o modo que ela escreveu e o jeito dela que me lembrava muito a da Marie, me fez sentir por alguns momentos aquela garota frágil do ensino médio que teve apenas um momento de coragem.
Parei na frente do espelho depois de vestir um body de renda branco e comecei a observar meu corpo, de vários ângulos e fazendo várias posições também. Sabia que amava cada pedaço dele, mas o fato de as pessoas não verem a beleza me intrigava: eu estava louca? Eles que estão condicionados a acha-lo feio?

— Uou! — fui interrompida das minhas paranoias por um Lewis que estava parado na porta do quarto me olhando estaticamente.
— Posso te fazer uma pergunta? Mas você tem que ser sincero e eu prometo que estou bem, é só uma coisa que preciso tirar da cabeça.
— Claro — ele sentou na cama e continuou me olhando, não nos meus olhos, mas no meu corpo. Parecia que cada lugar novo que ele descobria seu olhar se enchia de intensidade e eu podia sentir minha pele queimando pelas chamas que saiam daqueles olhos castanhos.
— Ele nunca te incomodou? — apontei pro meu corpo. Lewis ainda o olhava e quando percebeu o que tinha perguntado me olhou com seriedade.
, por favor…
— Sem papo de autoajuda e autoestima eu só quero sinceridade
— ...por favor para de rodar na frente do espelho que eu não consigo me concentrar.
— Ata, desculpa — sorri inocente pra ele.
— Eu me sinto atraído por você desde de o momento que você entrou naquela sala e quando eu digo atraído, é de uma forma que eu não sei explicar, parecia coisa de outra vida, química, seja lá qual é o nome. Naquela época eu devo ter achado que era só uma ligação que a gente tinha, que seriamos amigos pro resto da vida. Já na nossa adolescência, eu comecei a entender que não era só isso, mas eu estava tão focado na minha carreira que achava que mais nada importava e quando finalmente eu achei que estava tudo resolvido e eu podia ver no que isso ia dar, você não falava mais comigo, me afastou. Eu sei que namorei outras mulheres e que elas eram todas padrão, mas quando eu olho pra você, pro seu corpo, eu tenho certeza que você é a mulher mais linda do mundo e você me ensinou que existe vários tipos de beleza, e cá entre nós…
— O que?
— Você achou mesmo que não ia gostar de curvas? Logo eu, um piloto de fórmula 1? — revirei os olhos rindo desse último comentário. — Vem cá, vem…

Caminhei em sua direção sem tirar os olhos dos dele. Meu corpo arrepiava a cada passo e parecia que iria explodir de tanta vontade de sentir ele dentro de mim. Eu conseguia ver tudo naqueles olhos castanhos. Desejo, paixão, intensidade, vontade, sede e tesão jorravam das suas íris e ali morreu qualquer dúvida que eu poderia ter, ele me achava bonita, me achava gostosa, sexy e estava prestes a me foder de maneira mais genuína que podia existir, porque era o que ele desejava e Lewis Hamilton sempre ia atrás do que desejava.
Ele me beijou furiosamente, me jogando deitada no colchão. Os lábios dele tinham um gosto doce misturado com uma leve ardência e eu amava sentir seu sabor, suas mãos já percorriam meu corpo, era realmente como se eu fosse uma pista e ele conhecesse todas as minhas curvas. Seus lábios beijavam meu pescoço e eu não conseguia distinguir se os arrepios que eu sentia era da sua respiração ou da sua barba roçando, só sei que aquilo me deixa louca. Ele então abriu meu body e desceu a parte de cima até minha cintura, deixando meus seios de fora. Ele os admirou por alguns segundos como quem admirasse algo que desejava e sabia que ia ganhar, e não deu outra, abocanhou meu seio esquerdo enquanto apertava o direito, fazendo-me gemer alto. Depois de perder uns bons minutos ali, decidiu que era hora de descer mais. Terminou de tirar meu body, jogando-o no chão e aproveitou pra tirar sua camisa.

— Gostoso...— disse quase em um suspiro porque era sempre essa reação que tinha quando o via despido. Ele sorriu vitorioso e voltou sua atenção pra minha barriga. Beijava ela, fazendo cócegas e eu tremi tentando não rir. Ele continuou sua jornada até chegar na minha intimidade. Senti ele abrindo minhas pernas com um tanto de força e eu adorava como ele conseguia ser carinhoso e selvagem ao mesmo tempo. Quando senti sua respiração na minha virilha meu grelho começou a pulsar de forma rápida e minha respiração começou a acelerar. Ele então começou a beijar minha virilha, que provavelmente já estava ensopada, então passou a língua pela extensão da minha buceta fazendo com que eu agarrasse seus cabelos, por um minuto pensei se não estaria o machucando, mas pela reação dele era algo que o agradou. Lewis começou a beijar meus lábios fazendo-me urrar, a essa altura eu não estava mais segurando nenhum gemido e nem me importando com o mundo fora daquele quarto. Ele começou a revezar entre a entrada da minha buceta e meu clitóris, torturando-me.
— Assim você vai me matar…
— Eu não quero te matar, eu quero ouvir…
— Ouvir o que?
— Você sabe o que...— ele então começou a acelerar e reduzir os movimentos do seu dedo no meu clitóris diversas vezes, fazendo-me contorcer na cama.
— Lewis eu...eu….te amo — assim que falei as palavras que ele queria ouvir, senti ele voltar a boca na minha buceta e terminar o serviço usando a língua. — Eu vou...eu vou gozaaaar — revirei os olhos agarrando o lençol da cama e todos os músculos do meu corpo se contraíram.

Sorri e respirei fundo tentando recuperar minhas forças que tinham definitivamente ido embora.

— Você disse que me ama porque eu te fiz gozar ou porque você sente mesmo? — Lewis já estava em cima de mim, mordendo os lábios de forma sapeca.
— Uma mistura dos dois.
— Eu também te amo, pretinha — ele me beijou calmo, mal sabia ele que tinha acabado de abrir a jaula da fera.
— Eu quero mais…
— Mais que um eu te amo?
— Eu quero você dentro de mim, agora…
— Eu querendo romance e você só pensando em sexo…
— Cala a boca e mete vai…
— Seu pedido é uma ordem.


CHAMPIONSHIP

O Grande Prêmio da Itália tinha chegado. Lewis estava extremamente animado, não pra me ver, afinal os últimos GPS tinham sido na Europa e como combinado, eu fui em todos, mas porque seria nossa primeira aparição como casal em um grande evento. Hamilton era extremamente ligado a moda, adora desfiles e estava até co-criando uma linha de roupas com o Tommy Hilfiger. Por coincidência, o circuito de Nazionale di Monza ficava ao norte de Milão e nos dias que sucediam a corrida teria um desfile que o Lewis foi convidado a assistir.
Eu já estava parada na frente do espelho do meu quarto, usando um vestido preto maravilhoso que eu não teria escolhido nem em sonho, aliás, quem escolheu foi o próprio Lewis, e olha só, ele realmente entendia de moda, me sentia a mulher mais linda do mundo dentro daquele vestido.

— Amor, tô pronto vaPUTA QUE PARIU, QUE MULHER SENHOR, OBRIGADA PELA GLÓRIA ALCANÇADA…
— Pelo amor de Deus, Lewis, para de gritar, as pessoas lá fora vão ouvir!
— Elas têm que ouvir que você é uma grandíssima gostosa mesmo.
— Vamos? — disse sem graça em direção a porta.

Era o evento mais chique que eu já tinha ido na vida, nunca tinha visto tanta gente bonita e com dinheiro juntas em um só lugar. Minha cabeça de pessoa pobre só conseguia pensar que um brinco, de uma orelha, de qualquer mulher nesse recinto, custava mais que meu apartamento e meu carro juntos.
As pessoas eram um misto de diferentes tipos: tinham as educadas que eram educadas com todo mundo, as que eram só educadas se soubesse quem você era ou percebiam que você era alguém importante, tinha as antipáticas que te mediam de cima a baixo e as puxa sacos.
Era engraçado como algumas pessoas na frente do Hamilton me tratavam de uma forma, mas era só ele virar as costas que o olhar de julgamento começava.
Sentamos nos lugares destinados a nós, na primeira fila. O desfile não tinha começado ainda e quando olhei pra frente vi uma pessoa que vez meu coração parar.

— Meu Deus do céu, eu não acredito no que estou vendo.
— O que foi?
— A Rihanna, do outro lado, olha disfarçadamente.
— Ah, sim — Lewis sorriu e acenou com as mãos pra ela que acenou de volta. Ela deu uma piscada para mim e mandou um beijo. Senti um cutucão na minha barriga provavelmente do Hamilton me acordando, respondi com um sorriso e ela riu da minha reação e voltou sua atenção pra sua amiga.
— Meu Deus do céu, a Rihanna me deu oi, você tem noção disso?
— O que é que tem? É só a Rihanna…
É só a Rihanna — imitei ele com a voz e a cara mais escrota que eu conseguia. — Meu querido, é A Rihanna, dona do mundo todo, ela só deixa a gente viver aqui.
— Meu Deus... — ele me olhava com uma cara de quem achava que eu era maluca. Talvez ele não tivesse errado, mas era a Rihanna.

O desfile foi espetacular, mesmo não entendendo como a moda funcionava, eu era literalmente a Anne Hathaway quando ela começa a trabalhar pra Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, porém achei a coisa mais linda.
Então veio o after, era como um coquetel pros convidados no salão do hotel que aconteceu o desfile. A comida era extremamente chique e eu só comia o que via o Hamilton comendo. Só ali eu percebi quanta gente famosa tinha naquele lugar e tentei manter a postura mesmo arregalando o olho a cada pessoa que passava por mim. A certo momento eu e o dito cujo demos de cara com nada mais nada menos que Nicole Scherzinger, ex-pussycat dolls e também ex-Lewis Hamilton.

— Oh, olá Nicole, tudo bem? — Lewis cumprimentou-a com um beijo no rosto, minhas costas, lateral, todas as partes do meu corpo queimavam com os olhares que eu sentia das pessoas em cima de mim, esperando para ver qual seria minha reação. — Essa é a .
— Ah, finalmente conheci a famosa , como vai? — ela apertava minha mão, mas seu rosto era de quem não esperava que eu fosse quem eu era.
— Bem e você? — apertei sua mão.
— Ótima. Bom, foi bom ver você Lewis, espero que ganhe a temporada — ela ergueu uma das sobrancelhas e ele deu uma pequena revirada de olhos.
— Foi bom te ver também, obrigada — Lewis sorriu falso, ela fez o mesmo e seguiu seu caminho.

Percebi que o Lewis ficou meio tenso depois que a Nicole apareceu, principalmente com aquele lance sobre ganhar a temporada. Sabia que não era o momento e deixaria para perguntar mais tarde sobre o que era tudo aquilo.
As horas iam passando, eu estava extremamente cansada, mas o Hamilton estava se divertindo muito, o que era excelente já que ele tinha chegado em terceiro no GP da Itália, então decidi não falar nada, era o tipo de pequeno sacrifício que fazemos quando estamos em um relacionamento e queremos que nosso parceiro seja feliz.
Resolvi ir ao banheiro e como já era de se imaginar, era enorme e deslumbrante. As paredes eram vermelhas com um toque de dourado, combinando com as maçanetas e torneiras. Aparentemente vazio, entrei em uma das cabines e pude me aliviar, logo meu pensamento foi de “Nunca fiz xixi num lugar tão chique como esse.” E percebi que eu precisava parar com esse tipo de pensamento e começar a me acostumar com esse tipo de lugar se quisesse continuar com o Hamilton. Saí do banheiro e enquanto lavava minhas mãos, vi pelo espelho uma das cabines abrindo e Nicole saindo dele, isso que eu chamo de momento constrangedor. Ela lavou as mãos enquanto me olhava através do espelho, sorrindo e só me restou sorrir de volta.

— Então... — ela soltou quando eu já estava de costas, secando a mão, prestes a sair do banheiro. Rodei no meu eixo ficando de frente para ela de novo. — Eu nunca fui uma mulher ciumenta, sempre tive confiança e me garantia, mas você, garota, você era a única mulher que me deixava insegura em relação ao Hamilton.
— Eu?
— É, você. Ele falava de você sempre que podia, sempre a referência dele, você fazia ele rir como ninguém, entendia ele como ninguém, apoiava ele como ninguém, e olha eu não estou falando disso como se eu tivesse visto, afinal eu nunca tinha visto vocês dois juntos, mas eu digo porque era o que eu ouvia da boca dele.
— Se a gente estava afastado, não tinha o porquê de você se sentir assim.
— Ah não? Vocês são o que agora? Namorados, exatamente o que eu temia na época e olha que eu tentei, todas as vezes que você não atendia as ligações, não respondia os e-mails, eu achava que era a oportunidade perfeita para fazer a cabeça dele, dizia que era normal, que ele devia superar, que você não ligava para ele, que tinha inveja etc e etc, mas ele era teimoso e tinha fé, ele nunca desistiu de você — ela me olhou de cima a baixo. — E olhando para você, não consigo entender o porquê, não me leve a mal, você é bonita, não é sobre a aparência, eu queria saber o que você tem que eu não tinha — o discurso dela parecia um desdém doloroso, era muito mais sobre a relação dela com o Lewis do que eu.
— Nicole, eu tenho certeza que você é uma mulher excepcional, o que aconteceu com você e o Hamilton não tem nada a ver comigo, e você sabe disso. A questão é que minha história com ele começou muito antes de você e sempre foi mal resolvida e a gente só teve a chance de resolver agora.
— Eu realmente sou uma mulher excepcional e posso ajudar meu companheiro a realizar seus sonhos e atingir seus objetivos.
— Nicole, nada do que você está falando faz sentido para mim. Eu sinto que quem deveria estar ouvindo suas palavras é o Hamilton e não eu, francamente, eu não sei o que aconteceu entre vocês.
— Como não?
— Desculpa a sinceridade, mas depois de todos esses anos e o que eu já passei com ele, falar sobre você e o relacionamento de vocês dois, era a última coisa que eu queria.
— Oh, entendi — ela arrumou sua postura e olhou nos meus olhos. — Gostei da sua sinceridade, espero que você seja muito feliz, mas um conselho, cuidado para ele não te culpar pelos fracassos dele.
— Anotado — sorri para ela afim de acabar com aquela conversa que eu ainda não tinha entendido porque começou, ela então olhou para seu reflexo no espelho pela última vez e saiu do banheiro.
— GIIIIIRL, o que foi isso — não estávamos sozinhas no banheiro, Rihanna sai da cabine de fininho como se estivesse se escondendo de alguém. — Adorei, você respondeu a altura sem descer do salto — eu ainda estava tentando digerir o fato que a dona do universo estava falando comigo. — Não se preocupada, conheço esse discurso, ela é apenas mais uma mulher que não superou fatos do passado, não liga não, apesar que eu ficaria de olho — ela fez um sinal de louca com as mãos.
— Achei que vocês eram amigas — aquela que é fã e conhece todos os feats do ídolo.
— É difícil ter amigos nesse meio, meu amor, éramos colegas, gravamos uma música juntas, mas quando a impressa especulou que eu estava saindo com o Hamilton, bom, já sabe né, o caldo engrossou e chegou aos meus ouvidos que ela chegou a falar mal de mim pra algumas pessoas, mas eu entendo...aliás, eu não tive nada com o Hamilton, por favor, fica tranquila — quando é que eu podia imaginar que a Rihanna estaria me dando satisfações, o mundo é louco.
— Eu não me importaria nenhum pouco se vocês tivessem tido algo, ficaria orgulhosa do meu garoto, eu te admiro demais, sou uma grande fã — sorri sincera e meio sem jeito. Ela me abraçou e eu congelei.
— Vamos tirar uma foto — assim que ela disse, já peguei meu celular e bati a foto no espelho. — Quando estiverem pelos EUA, fala pro Hamilton me avisar, vou adorar receber vocês — ela me deu um beijo e foi em direção à saída do banheiro. — Psiu — ela olhou pra trás me chamando. — Gostei de você, Hamilton tem muita sorte — ela piscou e saiu do banheiro.

— Está cansadinha, né, meu bem? — Lewis perguntou-me quando cheguei do seu lado, fazendo um carinho gostoso no meu rosto.
— Um pouco, mas se você quiser ficar mais, eu super topo.
— Eu também estou cansado, a gente podia voltar pro hotel, o que acha?
— Perfeito.

— Pergunta...— Lewis disse sem olhar nos meus olhos, enquanto estava sentado na ponta da cama tirando seus sapatos. Eu, encostada na estante que ficava a televisão, observava-o se despir enquanto tirava meus acessórios, ele provavelmente reparou que eu estava inquieta.
— Por que você ficou estranho quando viu a Nicole? Aliás, porque ficou estranho depois que ela disse que esperava que você ganhasse o campeonato? — ele parou o que estava fazendo, apoiou os braços em suas coxas e me olhou sério.
— Você realmente quer saber?
— Você sabe muito bem que eu nunca quis saber sobre seus relacionamentos, mas aquele momento te afetou de alguma forma e isso sim é do meu interesse.
— Meu relacionamento com a Nicole nunca foi fácil, teve idas e vindas e a distância era constante. A gente ficou juntos por quase oito anos e os dois títulos que eu consegui durante esse período eram justamente quando estávamos separados. Na última briga que a gente teve, eu a acusei de ser a razão de não ganhar, que eu gastava muita energia tentando fazer nosso relacionamento dar certo e não conseguia me concentrar nas pistas. Eu fui um escroto, a culpa não era dela, eu escolhi ter as atitudes que tive e sabia dos riscos.
— Não tinha mais solução pra vocês dois?
— Ela achava que a solução era casar e ter filhos, mas eu queria focar na minha carteira, chegar onde eu estou agora e outra, nosso relacionamento já estava desgastado, decidimos terminar, não foi um término fácil.
— E por que você não me contou isso?
— Por que eu não queria que você começasse a achar que podia ser um peso pra mim, que iria me atrapalhar e etc — é isso que significa namorar com alguém que te conhece bem? — Eu consigo lidar com os dois, eu aprendi com meus erros e você é diferente, você nunca me pressionou para escolher entre você e minha carreira.
— Eu nunca pediria isso.
— Exatamente.
— Bom, isso explica muita coisa.
— Do que você está falando?
— A Nicole me abordou no banheiro. Ela me disse coisas que agora, depois do que você falou, tenho certeza que eram pra você e não pra mim. No final ainda disse que era pra eu tomar cuidado, que você podia me culpar pelos seus fracassos.
— Eu errei sim com a Nicole — Lewis já estava de pé parado na minha frente. — A culpei e pedi desculpas, mas ela também não é nenhuma santa.
— Eu não me importo com isso mais, você reconheceu seus erros e aprendeu com eles, é isso que importa — virei de costas para ele como sinal para abrir o zíper do meu vestido. — Além disso, até a Rihanna concordou comigo.
— Como assim? — caminhamos em direção ao banheiro.
— Ela estava numa das cabines do banheiro quando a Nicole começou o discurso dela, acho que ela preferiu que a conversa terminasse pra poder sair da cabine.
— Você está falando sério? — Lewis já se encontrava debaixo da água quente. Peguei meu celular e mostrei a foto. — Meu Deus, que noite agitada a sua, não é?
— Pois é, ela ainda disse que quando estivermos nos EUA era pra dar um toque que ela queria ver a gente, aliás, eu não acredito que você tem o número da Rihanna e não me falou nada — ele deu de ombros como se eu não tivesse falando com ele. — Aliás, eu preciso te fazer só mais uma pergunta.
— Fala meu amor…
— Qual cantada você usou com ela que não colou? A chance de levar a Rihanna e você me solta a pior do seu repertório?
— Hahaha engraçadinha, cala a boca e vem aqui. — Ele me puxou pra dentro do box, colando nossos corpos debaixo daquela água quente e relaxante. Então ele começou a me beijar e eu já sabia que meu descanso iria pras cucuias.


CHECKRED FLAG

Eu sentia que o grande dia tinha chegado, sabia tanto, que viajei sem contar para ninguém (mentira, Angela e Peter sabiam porque me ajudaram no plano) até o Texas. O GP dos Estados Unidos acontecia na capital do estado, em Austin e o Lewis precisava de míseros quatro pontos para se tornar hexacampeão com duas corridas de antecedência.
Decidi que não iria assistir à corrida no box, então assim que cheguei, já fui pro hotel e subi pro quarto do Hamilton que já estava no circuito. Ele pediu muito para que eu abrisse uma exceção e fosse com ele para os EUA, mas convenci-o que seria melhor eu não ir, que ele tinha que se dedicar ao máximo para poder sair de lá campeão e tirar a pressão que estava sob ele. Consegui uns dias de folga no trabalho e decidi ir para surpreende-lo e também para matar a saudade já que a última vez que nos vimos foi no GP da Itália, quatro GP’s atrás.

HEXA, ELE É HEXA, LEWIS HAMILTON É HEXACAMPEÃO DE FORMULA 1, ELE É GIGANTE, O HOMEM MAIS RÁPIDO DO MUNDO, PARABÉNS HAMILTON PELA TEMPORADA, É HEXAAAAA!!!!

Lewis chegou em segundo, mas a festa era como se ele fosse o primeiro, o que não deixava de ser, era aquilo, perdeu a corrida mais ganhou o campeonato. Eu não podia estar mais feliz e orgulhosa dele do que naquele momento, era lindo ver o homem que eu amo ganhar o mundo.

Já era início da noite quando recebo o SMS de Angela avisando que eles tinham deixado o autódromo de Austin e estavam indo pro hotel. Liguei na recepção e pedi para que subissem nosso jantar. Tentei deixar o quarto o mais romântico possível, tinham velas perfumadas, luzes baixas e até pétalas de rosas espalhadas pelo quarto, o mais clichê possível.
Ao mesmo tempo que Angela me dava as coordenadas, eu conversava com ele por mensagem, dando parabéns e dizendo que não via a hora de vê-lo. Arrumei os últimos detalhes, então sentei na cadeira da mesa de jantar com uma taça de vinho só esperando ele entrar.

— Boa noite campeão, ou devo dizer, Tricampeão consecutivo? Melhor ainda, Hexacampeão do mundo? — Lewis me olhava como se tivesse visto a coisa mais sexy do mundo.
— Eu não acredito que você está aqui.
— Não perderia isso por nada, meu bem — sorri pra ele que caminhava na minha direção, levantei e ele me beijou com pressa e alivio ao mesmo tempo.
— Você é a melhor.
— Eu sei, mas acho que essa comida aqui também está boa. Aceita jantar comigo?
— É o que eu mais quero agora. Só preciso avisar a Angela, disse que ia tomar banho e já descia para comemorar com a equipe.
— Não precisa avisar, ela já sabe, foi minha cumplice junto com o Peter.
— Vocês são fodas.

O jantar foi maravilhoso, Lewis parecia que reluzia, ele estava mais do que feliz, não existia adjetivo pra descrever o que ele estava sentido. Eu tive a impressão que cada vez que ele falava, sorria ou se mexia, ele ficava cada vez mais lindo e mais sexy, era como se ele estivesse mudando diante dos meus olhos, o que me deixava um pouco perplexa porque ele já era o homem mais bonito e sexy que existia, achava impossível ele ficar ainda mais bonito e eu não conseguia parar de olhar.

— Se você não parar de me olhar assim como se fosse me comer vivo, eu não vou resistir...
— E quem disse que eu quero que você resista? — levantei e sentei em seu colo. Beijei-o lento afim de provoca-lo. Suas mãos subiam e desciam sob minhas coxas. Um calor começou a subir pelo meu corpo e os pensamentos mais insanos invadiram minha cabeça, era sempre assim com ele. Desci meus beijos para seu pescoço e por debaixo da sua camisa comecei a arranhar seu tórax e barriga, fazendo-o arrepiar, em resposta, uma de suas mãos foi parar na minha bunda, alisando e dando alguns tapas no local que fazia com que eu sorrisse, a outra foi parar embaixo da minha blusa, acariciando um dos meus seios. Comecei a me movimentar em seu colo, pra frente e pra traz, esfregando minha buceta em seu pau. Mesmo com nossas roupas ainda no corpo, senti uma protuberância na sua calça e sorri vitoriosa. Por mais que minha vagina implorasse para que eu sentasse naquele pau sem modos e sem vergonha nenhuma, tive uma ideia melhor. Levantei e ele me olhou confuso, puxei sua mão como quem queria que ele levantasse e caminhei em direção à cama, ele fez menção em deitar na cama, mas o impedi. Olhei em seus olhos por alguns segundos então desci, ficando de joelhos sem perder o contato visual. Ele mordeu o lábio e me lançava um olhar feroz. Puxei lentamente sua calça, deixando-o só com sua cueca boxer branca. Comecei a acariciar seu pênis duro por cima do pano, senti uma suplica em seu olhar, seu dedo indicador começou a fazer uma carícia nos meus lábios, então num movimento rápido, abocanhei seu dedo e o chupei lentamente, seu olhar se transformou em pura luxuria e tesão. Abaixei finalmente sua cueca, ele olhava para minha mão esperando meu próximo passo. Fitei seu pênis por alguns segundos, as veias estavam saltadas por causa do desejo e duro, do jeito que eu gostava. Lambi meus lábios involuntariamente por que sabia o quão saboroso podia ser aquela brincadeira e pude ouvir uma mistura de palavras com gemido, algo tipo “não faz assim”. Uma das minhas mãos segurou seu pau e percebi um tremor em suas pernas, sorri satisfeita e comecei a fazer movimentos subindo e descendo por toda a sua extensão, com a outra mão acariciava suas bolas, o que fez com que ele jogasse sua cabeça para trás, sem um pingo de dó, aproveitei o momento e coloquei seu pênis na minha boca, ele tremeu e gemeu de surpresa, voltando a fitar-me, com uma cara de satisfação com um misto de vingança, eu sabia que iria pagar por essa mais tarde. Enquanto eu o chupava, pude perceber seu tórax subindo e descendo de forma descompassada e sua respiração acelerada, brinquei com seu pau, lambia toda usa extensão e passava a língua na glande revezando com suas bolas, quando o abocanhei de novo, suas mãos foram parar na minha cabeça, ele acariciava minha cabeça, comecei de novo meus movimentos para frente para trás, parecia que ele só acompanhava os movimentos que eu ditava, sem me empurrar. Quando senti sua mão agarrar meu cabelo um pouco mais forte e sua coxa soltar um tremor, sabia que ele estava prestes a gozar então acelerei os movimentos, ele desesperado porque sabia que ia jorrar, tentou se desfazer da minha boca, mas segurei sua mão, não deixando que ele fizesse isso, para mim era como se ele quisesse tirar logo a cereja do meu bolo, ele vendo que não ia vencer essa e que eu queria, gozou na minha boca. Ele segurou meu rosto obrigando-me a olhar pra ele, tirou seu pênis da minha boca, esfregando sua glande pelos meus lábios e pelo meu rosto, sorrindo de forma pretenciosa. Levantei limpando os cantos da minha boca e senti sua mão agarrar minha nuca, puxando-me para um beijo ainda cheio de desejo.
— E esse é o tratamento que um campeão tem que ter...
— Isso só me motivou a querer ganhar mais...
— Falando em ganhar...
— Eu sei que você nunca fica satisfeita só com a primeira — ele disse já me empurrando para a cama. — Você quer mais, não é?
— Eu quero tudo.

Algumas semanas depois...

A última corrida do ano seria o GP de Abu Dhabi, e não era porque o Hamilton já tinha ganhado o campeonato que ele deixaria de correr, ou melhor, de dar seu melhor e o resultado só poderia ser o que foi: Pole position e 1° lugar. O orgulho que eu tinha desse homem só crescia.
Lewis pediu que eu fosse para sua casa em Mônaco, que ele iria dos Emirados Árabes direto pra sua casa, estranhei porque geralmente ele comemora o título com sua família, mas segundo o mesmo, precisava conversar comigo antes.
Quando cheguei, fui direto tomar um banho, eu era apaixonada por aquele chuveiro, podia ser bobo, mas a ducha era maravilhosa, eu sentia toda a sujeira e o estresse ir embora debaixo da água. Comecei a me arrumar, pra onde? Também não sei, Lewis só pediu que eu me arrumasse e ficasse pronta até determinado horário pois a noite ia ser cheia de surpresas. Depois que meu cabelo e maquiagem estavam prontos, encaminhei-me para o quarto já pensando em que roupa iria vestir. Minha mala já estava revirada e eu não conseguia pensar em nada, frustrada eu sentei na cama e reparei que na porta do guarda-roupa tinha um envelope branco grudado, meio desconfiada fui em direção dele, abri e comecei a ler:

“Boa noite linda, como você está? Eu sei que mantive segredo de quase tudo sobre hoje, mas te prometi várias surpresas, umas mais simples e outras nem tanto. Por favor não se assuste e curta cada momento, é a única coisa que eu te peço. Só quero te dizer (por agora), que você é a pessoa mais importante da minha vida, é e sempre será tudo sobre você. Agora abra o guarda-roupa e vista o que está dentro dele.
Ps: Olhe dentro do bolso.”


Quando eu abri a porta comecei a rir, eu não estava acreditando no que estava vendo. Pendurado, numa versão um pouco mais moderna, meu macacão verde oliva, eu balançava a cabeça desacreditada.

— Ai Lewis, só você mesmo — vesti o macacão e me olhei no espelho. Ele era bem parecido com meu antigo, mas caia muito melhor no meu corpo. Quando passei a mão pelo bolso, percebi o papel dobrado que ele havia mencionado.

“Espero que você tenha gostado do presente, assim você para de falar dele e prometo que esse não irei rasgar (o fecho é bem mais simples). Depois de pronta, vá até a cozinha, tem um bilhete em cima da mesa.”

Eu estava achando aquilo tudo muito fofo, romântico e engraçado, mas alguma coisa me deixava com o pé atrás, mas talvez seja só coisa da minha cabeça. Dei de ombros, terminei de me arrumar e desci até a cozinha. Quando cheguei perto da mesa, vi uma caixinha em cima de outro envelope e resolvi abrir o bilhete primeiro.

“Bom, agora é o momento que eu conto que não irei te buscar e sim você que virá até mim. Como? Bom, lembra da primeira vez que você veio pra Mônaco e eu fui te buscar? Lembra também que te disse que comprei dois Shelby Cobra porquê eles me lembravam você? Foi mais que isso... eu comprei por quê eu pensava em você, pensava nesse momento e queria ver sua cara quando dissesse, mas achei uma outra forma de dizer, enfim: ele é seu. Dentro dessa caixa está a chave do SEU Shelby Cobra 427 de 1967, o seu carro favorito, do seu ano favorito e da sua cor favorita. Vem me ver, o endereço está atrás desse bilhete. Te vejo em breve.
Os: Se você ainda não entendeu, o carro é seu!!!!”


Eu olhava aquele papel sem acreditar no que estava escrito, tentei reler, mas meus olhos já estavam cheios de lágrimas impossibilitando o feito e quando entendi o que estava acontecendo, deixei-as correr livremente.
O carro mais lindo que eu já vi estava me esperando na garagem, um Shelby Cobra 427 vermelho, brilhando, parecia que ele nunca tinha sido usado e quando cheguei bem perto, percebi que ele realmente nunca tinha usado, o Lewis literalmente comprou aquele carro pra mim.
Enquanto eu dirigia para o destino que estava escrito do bilhete, comecei a pensar se eu realmente merecia o que estava acontecendo e pela primeira vez cheguei à conclusão que sim, o Lewis falava o tempo todo como eu fui importante pras suas conquistas, mesmo no período que estávamos afastados, durante a temporada fiz alguns sacrifícios e o ajudei como pude, então se ele tinha condições de me dar um presente como esse, por que eu deveria achar que não era merecedora?
Só reconheci o local quando já estava em frente, era o mesmo restaurante que ele me levou quando eu estive em Mônaco pela primeira vez. Sorri quando o avistei sentado numa mesa no fundo do restaurante e pude ver a transformação do seu rosto quando me viu, ele que estava distraído com algo em seu celular, quando olhou para frente, sorriu quando encontrou meus olhos, e abriu a boca quando olhou pro meu corpo.

— Você está linda, muito mais do que imaginei — Lewis levantou e me deu um selinho.
— Obrigada, você também está lindo.

Aquele lugar, apesar de ser apenas a segunda vez que o visitava, já me trazia uma sensação de conforto, de estar em casa, era definitivamente meu lugar preferido em Mônaco. Conversamos naquela mesa por horas, era maravilhoso como conseguíamos conversar sobre tudo, desde o nosso passado á como são feitos os azeites da garrafa em cima da mesa. A cada risada, olhar, gesto, eu tinha mais certeza que queria passar o resto da minha vida ao lado desse homem e torcia para que ele sentisse o mesmo.

— Gostou do carro? — Lewis me perguntou enquanto saímos do restaurante.
— Você não tem juízo sabia, Lewis Carl Davidson Hamilton.
— Eita, o nome todo? Achei que você tinha gostado do presente.
— Eu gostei, mas ainda é um carro, um carro caro, mas eu não vou focar nisso, estou me esforçando para acostumar.
— Você tem mesmo, porque isso será comum na nossa vida, não digo que te darei carros todo mês, mas no sentido de ter dinheiro ao nosso redor.
— Nossa vida? — perguntei olhando em seus olhos e ele sorriu de lado.
— O carro é seu, mas será que eu posso dirigir? Queria te levar em mais um lugar — assenti com a cabeça e joguei as chaves que em sua direção, que pegou no ar e entrou no carro.

Comecei a sentir um cheiro especifico e sorri ao perceber onde estávamos indo. O cheiro do mar era um dos meus favoritos e a praia de Larvotto era uma das mais lindas que eu já vi. Desci do carro para admirar a imensidão que era aquele oceano, que mesmo de noite, ainda era uma das paisagens que me traziam calma e me ajudava a pensar sobre a vida. Percebi que Lewis retirou um violão do porta malas e veio em minha direção, segurou minha mão e começamos a caminhar na direção do mar. Em determinado ponto, não muito perto para a água não nos atingir, nem muito longe para não conseguir ver o mar e ouvir o barulho das ondas, sentamos e ficamos em silencio por alguns minutos, só observando como o mar podia trazer sensação de calmaria mesmo estando agitado a maior parte do tempo. Enquanto eu estava distraída nos meus pensamentos olhando pro mar, ouvi uns acordes no fundo e logo reconheci, não tinha nem como, era uma das minhas musicas favoritas. Olhei para ele que me fitava de forma serena e não consegui tirar meus olhos dele, era como se o mundo acabasse ao nosso redor, bombas, tsunami, qualquer desastre natural poderia acontecer que eu não conseguiria tirar os olhos do Lewis, sentado na areia tocando Self Control, do Frank Ocean.

I'll be the boyfriend in your wet dreams tonight
Noses on a rare, little virgin wears the white
You cut your hair, but you used to live a blonded life
Wish I was there, wish we had grown up on the same advice
And our time was right


(Eu vou ser o namorado em seus sonhos eróticos esta noite
Narizes raros, pequena virgem veste branco
Você cortou o cabelo, mas costumava viver uma vida às cegas
Quem dera eu estar lá, quem dera tivéssemos crescido com os mesmos conselhos
E a nossa hora fosse certa)

...
That's like never, 'cause I made you use your self control
And you made me lose my self control, my self control,

Keep a place for me, for me


(É como nunca, porque fiz você usar o seu autocontrole
E você me fez perder meu autocontrole, meu autocontrole

Guarde um lugar pra mim, para mim)


Meus olhos estavam cheios de lagrimas, eu nunca tinha percebido que algumas partes da música encaixavam na nossa história até ouvir ele cantar olhando para mim. Eu comecei a pensar em tudo que eu passei até chegar aqui, desde o bullying na escola, as dificuldades na vida adulta, da minha luta contra a depressão, da dor de ter me afastado das pessoas que importavam, de ter duvidado de mim mesma, de como foi difícil, mas eu também consegui superar, e pensar que eu não merecia tudo que estava acontecendo comigo, que eu não merecia um homem que me amasse como o Lewis me amava, tinha que estar fora da equação, eu mereço isso, mereço tudo e mereço muito mais. Eu sinceramente achava impossível estar bem e confortável comigo mesma e ainda ter alguém na minha vida que pudesse me amar da forma que eu sou, e hoje ver que isso é possível me deixava igual o mar: calma em meio à agitação.

— No que você está pensando? — Lewis perguntou colocando o violão de lado, aproximou-se, encaixando minha perna em sua cintura, fazendo com que nós ficássemos de frente um pro outro.
— Pensando em como eu estou feliz e em harmonia. Acho que é a primeira vez que me sinto assim. Meu trabalho está ótimo, minha vida social também, meu relacionamento comigo mesma está melhor do que nunca e minha vida amorosa, bom, eu nem preciso falar. Você me faz tão feliz — dei um selinho longo em Hamilton.
— Nesses últimos dias eu comecei a analisar muitas coisas sabe? Principalmente a gente. Olhando para trás, desde o momento que eu te conheci até aqui, parecia que você era a resposta de tudo e olhando daqui pro passado, parecia muito obvio, como se estivesse na minha cara e eu não conseguia ver. Hoje você continua sendo a mesma coisa que era pra mim: Você é minha motivação, você me inspira, me ensina a ser um ser humano melhor. Sua empatia é uma das qualidades que eu queria ter, você me faz um homem melhor e um piloto melhor. Eu não consigo imaginar minha vida sem você, sinceramente, eu não lembro nem como ela era antes de você, e chegamos ao ponto de que não tem como voltar a estaca anterior. Eu vou te fazer um pedido, mas não por medo de perder você, mas por que eu te amo, você é a mulher da minha vida, a pessoa com quem eu quero construir uma família, uma parceria, e qualquer coisa que quisermos construir — ele disse com a voz embargada e os olhos cheios de água e mesmo com as lagrimas, eu pude ver aquele olhar que eu ainda não conhecia, aquele mesmo olhar que eu ainda não tinha catalogado na minha mente, mas agora tudo fez sentido e o significado dele, era o mais importante de todos. — , você quer casar comigo? — Lewis retirou uma caixinha vermelha do bolso e abriu para mim. Era um anel, com uma pedra pequena que brilhava como o sol, em um corpo de prata com detalhes desenhados, eu podia afirmar, ali mesmo, que era a joia mais linda do planeta terra. Eu olhava incrédula para ele que me olhava nervoso, como se tivesse a possibilidade de haver outra resposta que não fosse sim.
— Obvio que sim!!! — pude ver a tensão deixar seus ombros e um sorriso surgir em seus lábios segundos antes de gruda-los nos meus num beijo apaixonante e animado.

Quebrei o beijo antes que as coisas começassem a esquentar e estiquei minha mão, ele segurou-a tremendo e colocou-o no meu dedo anelar. Eu ria e chorava ao mesmo tempo e o Lewis meio sem saber que fazer a princípio riu e depois me abraçou por trás fazendo com que eu deitasse em seu peito. Ficamos olhando a imensidão do mar até o nascer do sol, sem dizer muita coisa um pro outro, só curtindo o momento e imaginando como seria nossa vida daqui pra frente. Eu não sabia muito como seria, mas eu tinha certeza que ia ser especial e que nos braços daquele homem, o céu não é o limite, é muito além.




Fim



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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