Finalizada em: 01/02/2022

Capítulo Único

Seattle, 07 de setembro

Em outros dias, a forte chuva que caía do lado de fora poderia deixar um pouco chateado, mas naquele dia nada abalaria seu humor. Parecia até que as gotas d’água funcionavam como um aquecedor para seu coração.
Dentro do elevador que o levaria até o apartamento de sua namorada, ele mal podia conter o sorriso prevendo a reação dela.
— Feliz aniversário, meu amor! — Declarou assim que viu a mulher abrir a porta. Largou cuidadosamente as sacolas no chão para poder abraçá-la da maneira que ela merecia e que ele tanto gostava. Apertou-a contra si e aproveitou para inalar o cheiro do shampoo de coco dos longos cabelos pretos e ondulados dela. Segundos depois, afastou um pouco os corpos para poder segurar o rosto dela entre suas mãos a fim de completar os desejos. — Você já me obrigou a assistir tanto aquele seriado dos médicos que eu já gravei os bordões e sou obrigado a usar pelo menos um deles aqui… — Rolou os olhos e riu ao levar um apertão nos braços. — Você é a minha pessoa, . Eu te desejo tudo de bom e do melhor que esse mundo tem a oferecer, mas como a vida não é feita apenas de altos, desejo que você nunca perca esse poder de resiliência. Eu sempre estarei ao seu lado. Te amo. — Selou os lábios, sem qualquer pressa ou segundas intenções - pelo menos naquele momento.
— Acho bom você voltar a fazer suas piadinhas agora, porque eu estou me controlando muito para não chorar com suas palavras e borrar todo o reboco que eu passei. — falou assim que eles se separaram. sorriu para ela, pegou as sacolas do chão e adentrou o apartamento que estava todo decorado para a comemoração íntima que ela optou por fazer.
— Espera o pessoal chegar para começar a atacar os petiscos. — Advertiu.
— Você mal completou mais um ano de vida e já está virando uma velha chata. — Rebateu em um tom resmungão, mas logo riu e engoliu mais um petisco.
— Desse jeito vou ter que suspender a comemoração a dois… — Deu de ombros e se retirou para a cozinha.
— Se você fizer isso eu vou ter que suspender o melhor presente de aniversário dos últimos tempos. — Ele foi atrás dela e rebateu.
— Hoje é o meu dia, você não pode fazer isso comigo. — A boca contorceu-se até virar um bico. — Agora vai lá atender o interfone e para de me provocar.
riu debochado, mas seguiu as instruções da amada.

— Os últimos… — se referiu aos dois pacotes que recebeu do namorado.
— Abre logo! — Brianna, sua prima, gritou ansiosa e levemente alterada pelas cervejas entornadas ao longo da noite.
— Uau, esse é pesado, hein?!?! Vamos ver… — Tentou abrir com cuidado o pacote, mas desistiu na metade do caminho ao ver que o namorado ria dela. Ele provavelmente havia pedido para alguém complicar o fechamento da embalagem apenas para zoar. — Você tá de sacanagem!
— Mostra para turma o que você ganhou, amor. — falou enquanto filmava toda a agitação com a abertura dos presentes.
Antes de terminar de retirar completamente o item de dentro da caixa, a sala já havia sido tomada por gargalhadas.
— Um tijolo. A porra de um tijolo! — Ela esbravejou. — É bom o próximo ser um presente de verdade… e dos bons.
— Um tijolo tem várias utilidades. — Foi a vez de Kirk se pronunciar. — Você pode juntar para construir sua casa no futuro ou tacar na cabeça do quando brigarem.
— Ótima ideia! — A mulher fez um high-five no ar com o amigo.
— Amigo da onça! — rebateu. — Mas já falei e sustento que o meu presente é o melhor de todos, babe. — Direcionou seu melhor sorriso para que, por sua vez, olhava-o com certa desconfiança.
Tentando não ir com muita sede ao pote para não cair em um novo golpe do namorado mega extrovertido, a aniversariante passou a abrir o embrulho vermelho de maneira cuidadosa. O cômodo antes barulhento pela piadinha do presente falso agora estava em silêncio, aguardando a revelação do melhor presente. Alguns papéis foram puxados de dentro da embalagem e conforme seus olhos percorriam as informações contidas neles a boca involuntariamente se abria em surpresa.
— Eu não acredito nisso… — Sua fala e os olhos marejados estavam totalmente vidrados em . — Eu amo todos vocês - apontou para todos que estavam ali. –, mas… ESSE É O MELHOR PRESENTE DO MUNDOOOOOOO! — Gritou e correu para os braços do namorado, que já havia passado a função de cameraman para outra pessoa. — Muito, muito, muito obrigada! Eu nem sei o que dizer além disso…. e te amo. — Grudou os lábios nos dele, mas logo foram interrompidos pelos gritos.
— Arrumem um quarto! — Brianna gritou.
— E só por isso você vai ser a última a saber de tudo. — Mostrou a língua para a prima e entregou os papéis a Kirk, para que ele pudesse descobrir mais sobre o presente de aniversário que seria difícil de ser desbancado algum dia.

15 dias depois

— Não acredito que realmente estamos aqui! — exclamou assim que se acomodou no lugar designado a ela.
— Você pode gravar um áudio com essa frase, pois tenho certeza de que ainda irá repeti-la diversas vezes. — Brincou como sempre, mas ele estava feliz demais em ver a mulher da sua vida tão contente. Aquele era apenas o início do fim de semana prolongado e atrasado em que eles comemorariam o aniversário de vinte e cinco anos de . Devido às horas extras feitas, ambos conseguiram uma folga para que pudessem começar o percurso na sexta-feira à tarde.
O sol milagrosamente brilhava no céu de Seattle e eles estavam dentro da balsa que os levaria até a Ilha de Vancouver, especificamente até o Terminal Belleville em Victoria. não poupou e comprou para eles uma categoria que lhes permitia ter assentos com uma vista privilegiada durante o trajeto que duraria 2 horas e 45 minutos.
Pontualmente às 3 horas e 15 minutos da tarde a balsa partiu. apoiou uma das mãos na coxa do namorado e logo sentiu o homem entrelaçar os dedos. Sorriu para ele e então voltou a mirar o horizonte.
— Eu preciso muito ir ao banheiro, já volto. — anunciou depois de um tempo de viagem, já se colocando em pé.
— E eu preciso dar uma esticada nas pernas, vou até a lojinha de presentes fingir que vou comprar algo. — Sorriu marota. Valorizava demais o seu suado dinheiro e não se deixava cair em tentação assim tão fácil. Por mais que aquela fosse uma ocasião especial, ela preferia então fomentar o comércio local quando chegassem nos destinos. — Você me encontra lá e na volta vamos para o deck tirar algumas fotos? — Viu o homem concordar e cada um seguiu seu rumo.

De onde estava, via de costas, mas ele reconheceria o gesto que ela repetia a cada poucos segundos até mesmo se ela estivesse de ponta cabeça. Ela estava dando tapinhas suaves na própria cabeça enquanto conversava com uma mulher mais velha, o que significava que estava em meio a uma situação desconfortável.
— Boa tarde, senhoritas. — Cumprimentou-as com um largo sorriso assim que se aproximou das duas. — Desculpem por atrapalhar, mas nossos amigos estão nos esperando lá embaixo, amor.
Quando viu o namorado ao seu lado, sorriu aliviada. Educadamente se despediu da mulher e eles andaram até o lado contrário do deck – onde nenhum amigo os esperava, obviamente.
— Caraca, que sufoco! — Fez uma careta e o homem não pode conter uma risadinha. Antes de continuar, olhou para os lados para garantir que eles não haviam sido seguidos até ali. — Ela pediu para eu tirar algumas fotos dela e, até aí, tudo bem, mas depois do nada ela começou a falar mal do Canadá e começou a fazer um discurso de ódio sobre família do marido que mora lá… bizarro! Eu tava o meme do John Travolta confuso. — Confessou rindo, fazendo o namorado rir junto.
— Você tem um ímã para gente doida, né? Sempre acontece.
— Começando por você. — Mostrou a língua e o homem ficou de frente para ela, olhando-a seriamente.
— Eu sou maluco, ? — Ela respondeu balançando a cabeça em concordância. — Você está certa. Eu sou maluco por você… — Baixou o tom de voz na última frase e se inclinou para selar rapidamente os lábios. Ao se distanciarem, sussurrou que o amava e foi prontamente respondida pelo amado.
— Podemos fazer nossa sessão de fotos agora? Vou fingir que sou a própria Meredith Grey. — Ela disse enquanto se apoiava em uma das barras de proteção.
— Só não fala com o pessoal do além e nem casa ninguém aqui, por favor.
Ambos gargalharam com a referência a Grey’s Anatomy - uma das séries favoritas da mulher - e que ele conhecia por ter sido obrigado a maratonar junto logo que eles começaram a namorar. Para implicar, no início ele dizia que não gostava muito e que só cedia àquilo por amor, mas a verdade é que acabou gostando do enredo e adorava as oportunidades de assistir o seriado junto da namorada. Aquela era uma via de mão dupla, então ela também havia sido obrigada a assistir algumas das preferências dele - e o mesmo aconteceu com ela: iniciou dizendo que não curtia e terminou amando.
fotografou em diversas poses e depois eles inverteram os papéis. Tiraram selfies e por último pediram para um casal tirar algumas fotos dos dois juntinhos - sem nenhum surto como o da senhora doida há minutos.
Agradeceram os jovens que praticamente fizeram um book deles e voltaram para seus lugares dentro da balsa.



Por estarem com uma mochila cada e apenas uma mala de mão, o casal caminhou até o Inner Harbour para contemplar a beleza arquitetônica do local. Escolheram uma lanchonete sem muito movimento para fazerem um lanche leve, pois não queriam tirar a magia do jantar local.
— Estou com muuuuita fome. — confessou assim que ambos fizeram seus pedidos.
— Quando não?
— Como se você fosse diferente! Você só consegue ficar sem comer quando está dormindo. — Rebateu.
— Só estou provocando. — Ele sorriu. — Que lugar bonito, né?
— Nossa, incrível! Eu não acredito que nunca pensamos em fazer isso antes, sabe? É tão perto… e lindo. — A mulher estava verdadeiramente admirada.
— E calmo.
— Pelo que andei pesquisando antes da viagem, dá para colocar quase oito Victoria’s dentro de uma Seattle. Nem se compara!
amava viajar, então quando ela se deparou com o melhor presente de aniversário do mundo, ela rapidamente começou a pesquisar um pouco sobre os lugares pelos quais passariam.
— Consigo me lembrar da média da população de ambas as cidades, mas não consigo lembrar a próxima parada do nosso roteiro.
— Depois daqui pensei em irmos para o hotel que é bem próximo, fazemos o check in e deixamos as bagagens no quarto, e aí voltamos para cá, já que várias atrações ficam aqui em volta. Infelizmente, devido ao horário, só vamos conseguir ver alguns pontos turísticos do lado de fora. — Ele fez um bico de decepção e se inclinou sobre a mesa para depositar um selinho nos lábios do rapaz.
— Está tudo bem, amor. Sei que poderíamos ter ido direto a Vancouver, mas você incluiu a balsa para que eu pudesse me sentir no universo de Grey’s. E foi um ótimo passeio! Na próxima vez a gente volta com mais tempo e entra em todos os lugares. Ah, inclusive, vamos fazer aquele passeio de observação das baleias. — Os olhos dela brilharam e ele sorriu.
— Combinado! Então vamos dar uma passada no Parlamento de Victoria, que é aquele prédio ali — apontou na direção da construção para que ela pudesse acompanhar sua visão —, no Hotel Fairmont Empress e no Museu Real da Colúmbia Britânica, parece que lá na frente está acontecendo um festival sobre a cultura dos povos originários do país e tem uns food trucks espalhados pela área.
— Tudo bem que a caminhada é pequena, mas eu sempre dou um jeito de arrumar mais espaço para comida.
— Esse é um dos motivos que fizeram eu me apaixonar por você logo no nosso primeiro encontro.
— Pensei que o amor tivesse surgido depois quando você me viu xingando seu primo pela Taylor Swift. — Eles gargalharam lembrando do acontecido no aniversário de , poucos meses após eles começarem a sair.
— Isso também colaborou, eu admito. Pensei “eu preciso ter alguém assim do meu lado, pra me apoiar com esse amor e afinco.” E foi ótimo ver você colocando o Levy no lugar dele. Realizou o sonho de muita gente.
— Ninguém mexe com a Tay Tay… nem com você. — Sorriu docemente para ele, que beijou o dorso da mão que ela apoiava em cima da mesa.
— Como estamos aqui para celebrar a minha existência, será que posso fazer um pedido?
— Não consigo resistir a essa sua carinha. Manda aí, qual será a bomba da vez?
— Bomba? Logo eu? — Utilizou o melhor tom de cinismo que conseguiu e recebeu uma risada irônica como resposta. — Dessa vez não é nada demais, babe. Eu sei que vamos sair cedo amanhã, mas será que temos como dar uma passada na Fisherman’s Wharf? Quero tanto ver as casas flutuantes e acho que ao anoitecer não vai ser tão mágico quanto à luz do dia.
— Parece que você leu meus pensamentos, então é claro que podemos fazer isso. Normalmente o comércio nesse tipo de lugar abre cedo, aí vou tentar comprar alguns temperos ou algo do tipo para os meus pais.
— Vai dar um presente já pensando em ser convidado para um almoço ou jantar lá, né?
— Mas é claro, eu nunca dou ponto sem nó. E você aproveita a carona junto. — Riram.
— Não posso esquecer de levar algo para os meus pais e para a duplinha do barulho. Quer dizer, a Brianna continua colecionando ímãs de geladeira, então essa é fácil.
— Difícil vai ser você, a miss indecisão, escolher qual vai levar.
— Contra fatos não existem argumentos. — Deu de ombros. — Mas eu vou conseguir… só acho bom você já ir pensando em algo que podemos comprar para o Kirk.
— Acabei de ter uma ideia. Lembra que ele namorou aquela Canadense que vivia com a camiseta “Eu amo o Canadá”? A gente podia levar uma só de zoação pelos velhos tempos.
— Coitado… Mas é claro que vamos fazer isso! E eu ainda vou filmar toda a cena dele abrindo o pacote, vai ser impagável. — Riu. — Só que para compensar isso a gente vai ter que dar algo muito bom depois.
— Tenho certeza de que vamos bater o olho em algo legal enquanto andamos por aí, ou em último caso levamos umas cervejas mesmo. Mas agora… — esfregou uma mão na outra quando viu a garçonete se aproximando com o lanche deles.



A noite anterior se sucedeu conforme os planos que havia feito. Eles visitaram mais alguns locais interessantes e terminaram à noite brindando em um bar local muito conhecido, que rendeu diversas selfies divertidas para o casal. Dormiram e acordaram em um horário relativamente cedo e passaram a primeira hora ativa do dia se arrumando e aproveitando o delicioso café da manhã oferecido pelo hotel. O desjejum era a refeição favorita de ambos, então, quando podiam fazê-la juntos, o momento se tornava ainda mais especial.
Assim que estavam devidamente arrumados e alimentados, efetuaram o check-out e dirigiram-se até o local que ansiava por ver.
— Não acredito que estamos aqui!
— Eu falei que você ia repetir isso um monte.
— Você realmente está contando?
— Não oficialmente, mas você já repetiu algumas vezes. — Ele sorriu divertido. — Mas tudo bem, eu entendo o sentimento, essa viagem está superando minhas expectativas também.
— E tem tanto que a gente nem conseguiu ver! Falei sério quando disse que precisamos muito voltar para passar uns dias somente aqui.
— Vamos fazer isso sim, amor. Podemos até convidar a Bri e o Kirk.
— Ela vai amar esse cheiro de peixe fresco assim como eu. — Proferiu em tom irônico. — Mas esse lugar e essa vista compensam tudo!
depositou um beijo casto sobre os lábios dela e a chamou para explorar os blocos da marina nos quais as casas flutuantes estavam localizadas.

Depois de percorrerem todo o local, tirarem milhares de fotos e conversarem com alguns moradores das fantásticas casinhas, eles se dirigiram até o local de onde partia o ônibus rumo ao terminal Swartz Bay, ao norte de Victoria. O trajeto de aproximadamente 40 minutos foi tranquilo e eles chegaram com um bom tempo de antecedência para pegarem a segunda balsa do roteiro, que os levaria até o terminal de Tsawwassen – de onde pegariam um transporte até Vancouver, localizada também a aproximadamente 40 minutos dali.
— Sem senhoras malucas dessa vez, por favor. — sussurrou para enquanto mostrava o seu bilhete para adentrar a balsa.
— Amém. — Ele sussurrou de volta, rindo.
Por mais que estivesse super empolgada para chegar em uma das cidades mais bonitas e etnicamente diversas do Canadá, não conseguiu resistir às sonequinhas entre as pequenas viagens.
— Babe, acorda. — A jovem escutava a voz do namorado lhe chamando, mas não tinha forças para abrir os olhos. No entanto, quando começou a esfregar de maneira leve a ponta do cachecol sobre a superfície de seu rosto, ela não resistiu às cócegas e logo estava rindo e de olhos abertos, esquivando-se dos movimentos.
— Chato. — Disse esfregando os olhos.
— Dorminhoca. E o oftalmologista te disse para não fazer isso.
— Ele também me disse para passar colírio três vezes ao dia, mas… — Deu de ombros e o homem balançou a cabeça negativamente.
— Quando voltarmos você vai colocar alarmes no celular para cumprir as recomendações dele.
— Desde quando você virou o Dr. Karev?
— Desde nunca, já que ele é um pediatra.
— Mas eu sou um neném.
Nenhum dos dois conseguiu segurar o ataque de risos que se sucedeu, fazendo algumas pessoas lançarem olhares curiosos na direção deles.
— Você não perde uma chance para falar desse homem, né? — Fingiu estar com ciúmes.
— Olha quem está falando! Você baba o chão que a Kate Walsh pisa. — Ela retrucou de imediato.
— Você também, amor.
— É verdade. — Riram. — Aquela mulher é uma rainha! — Viu erguer os dois polegares em concordância. — Parece que estamos chegando…
— Finalmente! — Comemorou, pois aquela era a parte da viagem pela qual ele mais ansiava. Além da vontade própria de explorar a cidade canadense, ele ainda proporcionaria uma das noites mais memoráveis para e fazer as pessoas ao seu redor felizes era algo que ele prezava muito.
— Que horas são?
— Quase uma.
— Será que podemos ir para o hotel tentar um early check in ou pelo menos podemos deixar nossas coisas lá enquanto vamos almoçar e passear?
— Você está lendo meus pensamentos novamente.
— Isso é conexão. — Juntou os lábios em um selinho.

Parecia que os bons ventos estavam ao lado deles, pois conseguiram efetuar o check in antecipado gratuitamente e de lá logo chamaram um Uber para irem até o Stanley Park, o maior parque urbano do país.
— De acordo com o mapa, tem um restaurante ali pelo meio.
— Tem certeza, amor? Você costuma ser péssima com os mapas.
— Nesse caso, meu estômago me guia pelo cheiro. — Respondeu rindo, fazendo o namorado gargalhar.
— Tá, vamos ver. Pegamos a Park Lane, passamos um pouco o Ted and Mary Greig Rhododendron Garden e subimos até o Stanley Park Brewing Restaurant & Brewpub.
— Esse é o mais próximo que tem, né?
— Sim, minha draguinha. — apertou as bochechas da mulher antes de entrelaçar as mãos. — Vamos lá.
A caminhada normal até o restaurante não levaria mais que cinco minutos, mas, como o casal foi parando para observar a bela paisagem e tirar algumas fotos, o trajeto se estendeu por um pouco mais de tempo.
— Adorei esse lugar, espero que a comida seja tão apetitosa quanto a beleza do ambiente. — Comentou .
— Poucas vezes eu vi você reclamar da comida servida em algum lugar, acredito que não teremos problemas aqui.
— Deus me livre de ser chata com alimentação. — Ela entendia que cada pessoa tinha um gosto e limitações, mas tinha pavor de gente com frescura demais.
— Às vezes, mesmo ruim, é bom, esse é seu lema, né, amor? — tentou debochar, mas a mulher concordou com afinco.
Logo uma garçonete apareceu na mesa escolhida por eles para anotar os pedidos e enquanto aguardavam a comida ficar pronta aproveitaram para jogar conversa fora e também enviar atualizações da viagem para as famílias e os mais chegados, como Brianna e Kirk.
— Será que a gente pode se mudar para o Canadá? — disse assim que deu a primeira mordida no hambúrguer que havia solicitado e logo em seguida passou a emitir sons semelhantes ao de quem estava sentindo muito prazer.
— Depois podemos discutir sobre isso. — respondeu rindo, pois já estava acostumado com aquele tipo de reação vindo da namorada. No começo ele até sentia-se um pouco envergonhado, mas com o tempo aprendeu a rir da situação.



Sentado na poltrona que havia no quarto, mexia no celular esperando terminar de se arrumar. Eles haviam passado a tarde no enorme parque andando de bicicleta e trem, e foram até North Vancouver no passeio imperdível pela ponte suspensa Capilano. Estavam prestes a ir para o BC Place Stadium, onde ocorreria o show da Taylor Swift para o qual ele havia comprado os ingressos e era a principal motivo por trás daquela viagem. já tinha ido a vários concertos de sua musa, mas ela sempre repetia que nunca seria demais e que cada oportunidade era única. Ele entendia perfeitamente aquele sentimento, já que era assim com suas bandas favoritas e também com os jogos do Seattle Seahawks.
— Falta muito aí, princesa?
— Preciso de mais uns cinco minutinhos… — Respondeu manhosa.
— Quando a gente for casar você vai precisar começar a se arrumar pelo menos um dia antes, né?
Viu a mulher parar na porta do banheiro segurando as argolas que usaria.
— Você pensa nisso? — Questionou surpresa.
— Você não pensa?
sentiu as bochechas esquentarem e ficou alguns segundos em silêncio antes de responder.
— Eu penso… não o tempo todo, é claro… Mas, hum, já passou, assim, pela cabeça, sabe? — Respondeu meio constrangida.
— Por que você está receosa? Eu penso que isso é algo que vai acontecer naturalmente, não precisamos ficar pisando em ovos. Quando chegar a hora, a gente vai saber. — respondeu sorrindo e se levantou para abraçar a mulher. Diante da declaração se derreteu emocionalmente e precisou apelar para o autocontrole a fim de não borrar a maquiagem que passou bons minutos fazendo. O coração batia acelerado e feliz dentro de seu peito, pois ela sabia que havia tomado a decisão certa ao dar uma chance a eles e ao amor sincero e genuíno que nutriam há um bom tempo. Saber que eles pensavam iguais e estavam na mesma página naquele relacionamento deixou ela ainda mais aliviada e apaixonada pelo homem, se é que aquilo era possível.

Já dentro do estádio e acomodados em seus devidos lugares, começou a rir sozinho e mirou o homem com curiosidade.
— Sabe o que eu também imagino?
— Dessa vez a conexão falhou, você vai ter que me contar. — Ela brincou.
— Eu imagino que nós seremos aqueles tipos de pais ou tios que fazem todas as loucuras que os filhos e sobrinhos querem, sabe?
— E depois seremos os avôs malucos. — completou rindo com o namorado. — Mas, por hora, vamos nos concentrar no agora que o show já vai começar. — Apontou para o telão e beijou o namorado uma última vez antes de sentir os olhos ficarem marejados e os gritos empolgados fugirem de sua garganta.





FIM



Nota da autora: Para a minha amiga secreta Lay: menina, quando vi que tinha tirado você, fiquei super feliz, porém quando li sua ficha bateu o desespero. Dei o meu máximo para (tentar) criar uma comédia romântica com elementos de x e pp Swiftie e espero que você tenha gostado! Fiz tudo com muito carinho ❤️ Nem acredito que o surto coletivo da equipe mais cheirosa do FFOBS virou realidade. Para as que puderam participar fica aqui o meu agradecimento por toparem a loucura aos 45 minutos do segundo tempo e por todo o apoio que vocês deram lá no grupo paralelo. Não posso deixar de agradecer três pessoas maravilhosas que viabilizaram esse acontecimento: a beta Giu, a scripter Carol e a capista Isy. E eu obviamente não poderia deixar de agradecer a minha pitaqueira maravilhosa, a MC Fanfiqueira. Gracias, meninas! <3
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