FFOBS - Weightless Love, por Carolina Devlin

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Finalizada em: 11/09/2018

prólogo.

“Enquanto a Alteza Princesa cumpre a agenda de eventos na Finlândia, seu noivo, Jonas Bergstroom, foi flagrado aos beijos em um parque em Estocolmo com a melhor amiga da Princesa, a senhorita Emily Duncast. Segundo o fotógrafo que seguiu Jonas até o parque, ele e Emily se encontraram por lá na parte da tarde e depois seguiram para o apartamento do rapaz. Há fotos de Duncast entrando e saindo do local na companhia de Bergstroom.
A Corte ainda não se pronunciou sobre o assunto e nem se sabe se a Princesa seguirá sua agenda de compromissos na Finlândia, afinal, ela ainda tem mais dois dias de viagem.”

X

“Sua Alteza Princesa cancelou seu noivado com o senhor Jonas Bergstroom. A cerimônia que aconteceria no mês de setembro foi cancelada.
A Princesa irá cumprir seus dois dias de compromissos em nome de Sua Majestade Carl Gustaf na Finlândia sem se pronunciar sobre o fato e esta nota.
O senhor Jonas Bergstroom já retornou para a sua residência.”


Parte I.

- ... E o Palácio divulgou o seguinte comunicado... suspirou, erguendo o controle e desligando a televisão. Já havia perdido a conta de quantas vezes tinha escutado alguma repórter falar sobre aquele assunto e quantas vezes tinha escutado o comunicado, que ela havia mandado preparar, ser lido na televisão.
Colocou o controle da televisão em cima da mesa de centro e encarou o belo anel de noivado que havia ganhado de Jonas. Sentia-se enjoada toda vez que encarava aquele diamante. Sabia que não era culpa sua se seu ex-noivo havia sido tão baixo ao ponto de traí-la com sua melhor amiga, mas desejava apenas que ele não tivesse feito aquilo para que o mundo inteiro visse.
Como se não fosse humilhação o suficiente ser traída e o país inteiro saber, ela ainda teve que construir um muro envolta de seus sentimentos e participar de um evento na Finlândia – quando tudo que ela mais queria era pegar o primeiro avião de volta para Estocolmo e dar uns belos tapas na cara de Jonas.
Ainda era difícil acreditar que ela não havia desconfiado de nada. Sua mente ainda rodava em perguntas que ela queria fazer tanto para ele quanto para Emily. Ah, Emily... Era tanto sua amiga que não desperdiçou a primeira oportunidade para se jogar nos braços de Jonas sem pensar nem um pouco nela. A cabeça da Princesa ainda não conseguia aceitar que eles realmente tinham feito aquilo.
Pegou o anel em mãos, sentindo as lágrimas começarem a embaçar seus olhos. Jonas havia sido o primeiro homem que amara de verdade. Seu título não havia o assustado nem um pouco e ele sempre se mostrou disposto a abandonar seu trabalho para assumir o posto de Príncipe quando o dia chegasse. Ele sempre era um doce com ela, carinhoso e amável. Nunca que poderia esperar levar uma punhalada tão baixa por parte dele.
Soltou o ar mais uma vez e atirou o anel bem longe de si, antes de passar as mãos pelo rosto para secar as lágrimas grossas que teimavam em cair. Não queria mais chorar por ele ou pelo acontecido, já havia feito aquilo o suficiente na noite anterior – principalmente, quando Victoria ligara para contar o que havia acontecido.
Tentou não sentir raiva de Jonas, mas foi impossível. Ele havia mostrado que não era o que ela pensou que fosse e que ele era um homem muito baixo.
- Chega, . – murmurou para si – Essas são as últimas lágrimas que você vai chorar por esse assunto. – suspirou mais uma vez e escutou o toque do seu celular tomar conta do quarto em que ela estava hospedada.
Praticamente se arrastou até a mesinha no canto do quarto para pegar sua bolsa. Tinha quase certeza que era Victoria ou Silvia para saber se ela estava bem e o que iria fazer quando seus compromissos da visita terminassem. Ela não tinha ideia ainda, mas não queria voltar para sua casa.
No entanto, se surpreendeu ao ver o nome de brilhando no visor do celular. Era o único que não havia ligado ainda e isso se devia ao fato dele estar em compromissos em uma parte mais afastada da Dinamarca.
- Como você está? nem se importou com cordialidade. Queria saber como que sua melhor amiga estava naquele momento tão ruim para ela. Era difícil lidar com uma traição quando se era um comum, imagine com um mundo sabendo e ainda tendo que enfrentar o olhar das pessoas poucas horas depois.
- Destruída. – riu sem humor – E com uma bela vontade de dar uns tapas na cara dele.
- Posso me juntar a você? – o Príncipe sorriu ao ouvir a risada dela do outro lado da linha. – Eu vi seu evento hoje. Nos jornais daqui disseram que você parecia bem, mas eu sabia que não estava nem um pouco. Eu precisava te ligar para dizer que o Bergstroom é um idiota. Ele não foi homem o suficiente para perceber a mulher incrível que ele tinha ao lado dele e foi estúpido o suficiente para fazer aquilo. Você é uma mulher incrível, . Supere esse momento horrível em que ele te colocou e passe por cima disso como uma verdadeira rainha. Nem todos os homens são burros o suficiente para deixar uma mulher como você escapar.
- Obrigada, . – ela sorriu e desejou que o amigo estivesse em sua frente para poder dar um abraço após aquele curto discurso. – Me sinto mal por não ter desconfiado de nada, sabe? Não sei se foi algo que aconteceu apenas aquela vez ou se foi frequente. Nem me importei em perguntar a ele. Só quis gritar belos xingamentos.
- Não se mártires com isso. – ele suspirou – É hora de superar. Esquecer e seguir em frente.
- Victoria me falou a mesma coisa. – ela riu – E vocês têm razão. Não fui eu quem fiz algo de errado, foi ele. Eu não tenho porque me culpar.
- Já sabe o que vai fazer quando sair da Finlândia? Victoria me disse que você não queria retornar para Estocolmo...
- Não quero mesmo. Os jornais vão apenas ficar falando em como eu, a princesa traída, estou agindo. Quero ficar em algum lugar por, pelo menos, um mês para descansar e deixar a história morrer um pouco. – ela suspirou e se deitou na cama, sem tirar o celular do ouvido e cogitando as opções que tinha para viajar – Pensei em ir para Nova Iorque. Você sabe, ainda tenho amigos por lá e os americanos não se importam muito com a gente... Eu poderia ser apenas mais uma por lá.
- Por que não vem para a Dinamarca? questionou, tentando não soar esperançoso.
- Eu não sei, ... – ela mordeu o lábio. Sua única ideia havia sido ir para Nova Iorque, tinha estudado lá e ainda tinha amigos daquele tempo, poderia ser uma boa escapatória por algumas semanas.
- Pense nisso, . Você pode ficar aqui no Amalienborg¹ e, bom, você sabe que uma boa festa não falta por aqui. Talvez não haja isso em Nova Iorque. – ela riu e ele continuou – E eu acho que eles não vão suspeitar que você está aqui.
mordeu o lábio inferior, cogitando a ideia de . Ir para Nova Iorque traria muito mais sossego do que ir para Copenhague porque ela poderia se sentir mais comum na cidade americana, já que eles não são acostumados com realeza e seus amigos a tratavam com muito mais normalidade.
Entretanto, era um caso à parte. Seus pais – o rei Carl Gustaf e a rainha Margareth – sempre foram muito amigos o que fez com ela e seus irmãos crescessem e herdassem a amizade com e Joachim. Seria divertido passar algum tempo na Dinamarca e aproveitar a companhia da família que ela tanto gostava – além do que, estaria ainda perto de sua família.
Suspirou, ouvindo batidas na porta de seu quarto e a cabeça de Amy surgir no vão que separava a porta do batente. A ruiva sorriu como um pedido de desculpas e ela balançou a cabeça.
- Já está pronta? Devemos sair em dez minutos. – ela concordou com a cabeça.
- Só mais cinco minutos, Amy. – respondeu, apontando para o celular que segurava próximo ao ouvido e sua acompanhante entendeu. Assim que Amy se retirou e fechou a porta de novo, ela voltou a falar com . – Eu tenho que ir, . Tenho um evento em uma escola.
- Tudo bem. Promete que vai pensar na ideia?
- Prometo. – sorriu fraco – Obrigada, .
- Tudo por você, . – eles se despediram e finalizaram a ligação. se levantou da cama e voltou a guardar o celular dentro de sua bolsa, antes de checar sua figura no espelho para saber se estava pronta para ir para o evento.
Uma pena que em sua mente a única coisa que passava era a proposta de .

X


- E você já sabe para onde vai? – Victoria questionou a irmã. havia decidido voltar para Estocolmo para que pudesse trocar sua mala de roupas de eventos em nome da realeza por suas roupas normais para uma estadia bem longe da Suécia.
- me convidou para ficar em Copenhague. – ela deu os ombros – Ficarei lá por algumas semanas e depois irei para Nova Iorque. Pensei em procurar algum curso para fazer em Nova Iorque, preciso me ocupar um pouco no tempo em que estiver por lá.
- Me parece uma boa ideia... – Victoria riu fraco e a mais nova ergueu seu olhar para ela.
- O que?
- te convidou para ficar em Copenhague. Não vê nada de estranho nisso?
- Por que teria, Victoria? Nós fomos criados junto com ele, caso não se lembre.
- Eu lembro. – a mais velha balançou a cabeça, ajeitando-se na cama de casal do quarto – Mas também me lembro que ele sempre foi contra seu casamento e que ele já assumiu uma vez para o Philip que ele gostava de você.
- Ah, por favor! – balançou a mão no ar, fazendo pouco caso do comentário da irmã – Nós tínhamos treze ou quatorze anos. Ninguém se lembra mais disso, Vic.
- Eu me lembro e tenho certeza que ele também. Não é à toa que ele nunca gostou do Jonas.
- Se eu tivesse prestado atenção no , talvez eu não tivesse passado por essa humilhação pública. – ela deu os ombros enquanto Victoria ria das formas que a irmã encontrava para fugir do assunto de ainda ter sentimentos, além de amizade, por ela – Você vai me ajudar ou não?
- Tudo bem. – Victoria ergueu os braços em sinal de rendição e se levantou para ajudá-la a pegar algumas roupas – Quando é o seu voo?
- Hoje à noite. – respondeu, fazendo uma careta – Parece que eu estou fugindo, não é?
- Mas você não está. – ela respondeu prontamente – É normal nesse momento você querer tirar um tempo para você. Ninguém pode te culpar ou querer que você continue vivendo sua vida como se esse episódio não tivesse acontecido porque ele aconteceu. Isso é um fato e não tem como voltar atrás. E se isso quebrou você, você precisa do seu tempo para juntar os seus cacos e voltar mais forte do que nunca. Não pense no que os outros vão pensar. Faça por você, .
depositou a roupa que segurava de qualquer jeito dentro da mala e caminhou até onde sua irmã estava parada para poder abraça-la. As duas tinham cinco anos de diferença e Victoria sempre foi a irmã mais velha protetora sobre ela e Carl Philip. Os três tinham uma ligação muito forte e sempre faziam o impossível um pelo outro, principalmente quando se tratava de conselhos. adorava escutar as palavras que Victoria tinha para ela em momentos difíceis e vice-versa.

- Por que essa felicidade repentina? – Joachim indagou ao irmão que checava algumas coisas da Abertura do Parlamento em algumas horas.
- vem para Copenhague hoje à noite. – o mais velho respondeu, erguendo o olhar dos papeis que segurava para encarar o irmão que lhe devolveu um olhar de absoluta surpresa. – Ela pensou em ir para Nova Iorque, mas eu disse que talvez uma estadia aqui fosse uma melhor ideia.
- Você ainda tem sentimentos por ela, não é? – o mais novo segurou uma risada ao ver o irmão abrir e fechar a boca algumas vezes na tentativa de formular uma resposta. Ele sempre conseguia pegar desprevenido quando se tratava dos sentimentos dele.
- ainda tem sentimentos por quem? – Marie, esposa de Joachim, questionou enquanto se aproximava dos dois. Todos estavam no Fredensborg se preparando para irem para o Parlamento Dinamarquês.
- Pela . – Joachim respondeu, virando-se para olhar a esposa – Ele a convidou para passar alguns dias aqui... – ele fez uma pausa – E dar o bote.
- Que horrível, Joachim! – Marie o repreendeu, segurando uma risada e se voltou para o cunhado – Eu não sabia que você era apaixonado por ela.
- E eu não sou. Nós somos amigos e só. – deu os ombros e evitou o olhar invasivo de seu irmão. – Não fique inventando essas coisas absurdas, Joachim. Não enquanto ela estiver por aqui.
- Quem sabe essa não é a sua chance? – o mais novo ergueu as sobrancelhas de forma sugestiva e rolou os olhos, caminhando para a saída do Palácio enquanto o casal caía na risada. – Eu acho que isso confirma tudo.
- Será que ela nunca percebeu? Eu acho fácil de perceber se um homem está interessado em você, especialmente se for um amigo tão próximo. – Marie comentou enquanto os dois se preparavam para deixar o Palácio também e seu marido deu os ombros.
- Não tenho ideia. Talvez ela não olhe para ele com os mesmos olhos. – ele respondeu, deixando o assunto morrer assim que os dois pisaram fora do Palácio e eles caminharam em silêncio em direção ao carro que já os esperava.
Durante o caminho nenhuma palavra mais foi trocada e agradeceu por isso. Ainda em sua juventude havia assumido que gostava de para o irmão dela, mas ele nunca soube se ela se sentia da mesma forma. Acreditava que não, afinal, ela nunca havia falado nada sobre sentimento com ele – a não ser quando se tratava de seus namorados, os quais ele fazia questão de não gostar.
Como não recebeu uma resposta dele logo que assumiu seu sentimento para o amigo, ele passou a guardar para si. Era bom estar próximo de , ainda que não fosse da forma que ele imaginava e queria, mas torcia para que ela arranjasse alguém bom o suficiente para ela e para que ele também conseguisse arrumar uma mulher que ele fosse capaz de amar o tanto que amava a Princesa.
Não era uma tarefa nada fácil. Ele sempre encontrava algum defeito em alguma, algo que lembrava ela ou algo que ele não gostava... Tudo nas outras o lembrava dela. E assim, ele construiu sua fama de solteirão da família. Embora fosse uma fama negativa – já que a imprensa vivia pegando no seu pé por todas as festas – ele, pelo menos, tinha uma forma de diversão enquanto não achava uma que lhe fizesse esquecer a sueca.
Com o fim do noivado dela com Jonas, ele viu sua chance aparecer de novo. Não queria surgir em cima dela como um abutre em um momento difícil para ela, mas queria poder mostrar que estava por lá para ser um amigo e muito mais do que isso para ela. Precisava conquista-la e mostrar que Bergstroom havia sido um grande idiota em traí-la na frente de todo o mundo.
era única e ele tinha certeza disso.

X


- Ok, eu estou cansado. – respondeu, retirando a gravata e jogando em algum canto qualquer da sala do Palácio. riu fraco, fechando o livro que estava lendo e observando seu amigo se jogar no sofá. – Como foi seu dia?
- Pedalei pelos arredores do Palácio e assisti alguns filmes. – ela deu os ombros – Assisti você na televisão e conversei com Victoria.
- Me assistiu na televisão? – riu. Havia participado de uma meia maratona na cidade para incentivar a prática de esportes entre os dinamarqueses.
- Não é sempre que há um Príncipe tão ligado aos esportes. – riu – Fala sério, eu fiquei cansada só de assistir você correndo!
- Era uma meia maratona, . – ele falou sério e ela rolou os olhos – Ano passado eu participei de um triátlon... Foi bem cansativo, mas foi divertido.
- O máximo de esporte que eu faço é academia, você sabe. – ela riu mais uma vez. Não era uma das maiores fãs de esporte e sempre admirava quem gostava de praticá-los. Seu cunhado e sua irmã eram grandes fãs de corridas, futebol e outros esportes e levavam eles para os suecos. Ela sempre fugia quando a escalavam para um evento esportivo.
- Como estão as coisas na Suécia? – indagou, curioso e ela deu os ombros.
- Carl e Sofia marcaram o casamento para junho. – respondeu, sorrindo ao pensar que finalmente seu irmão havia conseguido a permissão para se casar com a mulher que tanto amava – E, segundo minha irmã, Jonas e Emily estão juntos. – falou antes de se sentar no sofá ao lado dele.
- Sério?! – riu desacreditado – E isso te afeta ainda de alguma forma?
- É estranho. – admitiu após alguns segundos em silêncio e fez um estalo com a língua – Não me afeta tanto quanto todos acham que deveria, mas ainda me afeta. Eu não sei. Mas eu ainda queria poder conversar com a Emily.
- Para que?
- Saber se ela mentiu sobre ser minha amiga durante esse tempo todo, se isso acontecia há anos... Eu queria saber como eles aconteceram e eu nunca percebi antes, . Eu acho que não tem nada demais nisso.
- Não tem mesmo. – ele concordou, ajeitando-se no sofá para encará-la – Só que você pode acabar se machucando ainda mais. Ok, ela pode te dizer que começou naquele dia, mas ela também pode dizer que começou desde o início do namoro de vocês. Pode ser duro demais e pior ainda para você, . – ela balançou a cabeça, ficando em silêncio para poder absorver o conselho do amigo. torcia para que ela entendesse e não quisesse ir atrás de Emily ou de Jonas para ter explicações. Não queria que se machucasse mais com toda aquela história.
- Você acha que a culpa pode ter sido minha? – questionou, mordendo o lábio inferior e virou-se para olhar nos olhos do dinamarquês.
- De forma alguma. – respondeu de maneira firme.
- É que eu me sinto muito boba, sabe? Por não ter percebido que havia algo de errado com ele ou que isso poderia estar acontecendo há um tempo. Talvez ele quisesse até me contar antes, mas eu não deixei ou fui omissa em algum momento. Eu realmente amava ele e eu fico buscando onde foi que eu errei ou qual foi o momento que possa ter dado a chance de ele querer algo fora da nossa relação. Nós íamos nos casar, droga! Não consigo acreditar que ele tenha mentido para mim sobre os sentimentos dele desde o início e eu tenha caído feito uma idiota. – ela suspirou, tentando se controlar para não chorar e fechou os olhos, apenas escutando o desabafo dela – Sério, . Eu me sinto muito idiota.
- Mas você não é! – o Herdeiro rebateu num tom mais alto e soltou um longo suspiro quando percebeu os olhos arregalados da sueca em sua direção – Não há culpa nenhuma sua nisso. Quem errou, quem traiu e jogou fora um relacionamento de anos não foi você, . Foi ele. Entendeu? – ela concordou com a cabeça e suspirou mais uma vez, buscando a coragem que lhe faltava em vários momentos em que estava conversando sobre relacionamentos com ela – Pelo menos aconteceu antes do casamento. Porque isso só mostra como o Bergstroom era o cara errado para você. Talvez, se você olhasse com mais precisão ao seu redor, ao seu lado, você fosse capaz de encontrar alguém que sempre esteve buscando este espaço no seu coração.
precisou piscar algumas vezes para poder absorver o que o Príncipe estava dizendo naquele momento. Era necessário ler as entrelinhas do pequeno discurso de , coisa que ela nunca havia feito quando eles falavam de relacionamento.
- ... – ela murmurou ainda pensando no que responder.
- Não, . Me deixe falar, por favor. – ele ergueu a mão para interrompê-la e sorriu fraco. Era finalmente o momento que ele tinha tomado coragem para falar de seus sentimentos com ela, não poderia ser interrompido antes de colocar tudo para fora. – Desde os quinze anos que eu sou apaixonado por você. Completamente. Eu pensava em como te falar isso, em como fazer você perceber que eu queria ser mais do que seu amigo, em como eu queria te contar que eu sonhava em ter um futuro ao seu lado. Todas as vezes que as nossas famílias se reuniam, todos os eventos, todos os aniversários, qualquer ocasião... Eu ficava nervoso apenas por pensar que você estaria por lá também. Me causava frio no estômago saber que você iria aparecer toda deslumbrante, brilhando mais que a Herdeira do Trono ou que qualquer outra mulher que estivesse no salão. Eu esperei que você percebesse, mas você nunca percebeu. Então, eu percebi que você me via apenas como seu melhor amigo e eu aceitei esse cargo. Era melhor estar perto de você como amigo do que ser afastado caso meus sentimentos a mais não fossem retribuídos. – ele suspirou, passando as mãos pelo cabelo – Mas, a verdade é que eu amo você, . Eu amo como nunca amei ninguém e como nunca pensei que eu poderia amar alguém. Todas as vezes que nós conversávamos sobre relacionamentos, uma parte dentro de mim morria porque você nunca percebeu que eu sempre, de alguma forma, dava dica que era você. Para mim, sempre foi você. E eu tenho certeza que se não for você, não há chance de ser mais ninguém.
fechou os olhos quando terminou seu discurso. Sua mente se dividia entre como ela não havia percebido tudo aquilo e em repetir alguns trechos do que acabava de dizer. Seus irmãos tiveram razão o tempo todo e ela nunca tinha percebido que era verdade.
estava apaixonado por ela. E ela não sabia o que fazer.
- ... Eu... – suspirou, passando as mãos de forma nervosa pelo rosto e sendo assistida pelo melhor amigo.
- Não precisa me dizer nada agora. Eu já esperei por tanto tempo que me conformo em esperar mais algumas horas. – riu sem humor – Eu só quero que você saiba que eu espero que nada mude entre nós. Eu amo você, , seja como amigo ou como companheiro. Isso não vai mudar.
E aquele momento aconteceu como nos filmes românticos que assistia na companhia de Victoria quando ainda eram adolescentes. se aproximou dela de forma devagar e suas respirações se misturaram, ambos estavam levemente ansiosos para que estava prestes a acontecer. Seus lábios se encontraram e fechou os olhos, deixando se envolver no momento e sentindo as mãos de em sua nuca.
O Príncipe podia sentir todos os órgãos do seu corpo comemorando internamente aquele momento. Encerrou o beijo, colando a testa na de e não pode conter um sorriso ao perceber que os dois estavam com as respirações aceleradas – ela ainda tinha as bochechas levemente rosadas.

Ele cumprimentou os funcionários do Palácio antes de se sentar à mesa para tomar seu café da manhã antes de ir para o evento do dia. Sentia-se mais leve por ter confessado a seus sentimentos, embora ainda estivesse um pouco angustiado por não ter recebido uma resposta dela naquele momento. Tentou entender porque era um momento difícil para ela, mas não podia negar que tudo que havia sonhado nos últimos anos era que ela se jogasse nos braços dele quando ele assumisse seus sentimentos para ela.
Checou seu relógio para confirmar as horas e ainda não havia nenhum sinal de na sala de jantar. Encarou a mesa e percebeu que havia apenas o seu prato de café sob ela.
- saiu? – questionou, curioso e se surpreendeu ao ver a funcionária confirmar com a cabeça.
- Sim, Alteza. A Princesa tomou café mais cedo e deixou o Palácio.
- Ela disse onde iria? – a funcionara negou com a cabeça e suspirou, levemente preocupado. – Talvez ela não demore. – murmurou mais para si do que para a funcionária, mas ela negou com a cabeça mais uma vez.
- A Princesa saiu carregando malas. – revelou antes de sair da sala, deixando um Príncipe completamente confuso.
Ele dizia que a amava e ela fugia?


Parte II.

Ele conteve um suspiro e voltou a encarar o papel da Corte com as letras das canções que teriam no casamento. Carl e Sofia estavam em frente ao Bispo, fazendo seus votos de casamento sob o olhar de suas famílias, amigos e de membros de realeza de outros países. estava sentado ao lado de sua mãe, um pouco mais afastado do altar e, principalmente, dela. Ele havia prometido a si mesmo que não tentaria focar nela, mas era quase uma tarefa impossível. Estaria mentindo se dissesse que havia prestado atenção em alguma coisa daquela cerimônia de casamento, a não ser o fato de que estava deslumbrante naquele vestido rosa.
secou uma lágrima solitária que escapou quando Carl e Sofia trocaram as alianças. A banda começou a tocar a música que o casal adorava e ela sorriu porque era possível ver de longe a felicidade dos dois. Sentia-se incrivelmente feliz por seu irmão e sua cunhada. Os dois haviam lutado tanto e agora estavam ali, prontos para começar uma vida a dois. No entanto, não pode deixar de pensar que o mesmo deveria ter ocorrido com ela e Jonas há um mês.
Jonas. Já haviam seis meses que a traição havia estampado as primeiras capas dos jornais e revistas suecos e que ela não colocava os pés no país. Quando retornou e se deparou com os preparativos do casamento de Carl, não pode deixar de sentir uma ponta de tristeza por pensar em seu casamento com o ex-noivo, mas não deixou se abalar. Se tinha algo que ela havia aprendido nos últimos seis meses era que deveria superar aquela história toda. O tempo fora, principalmente em Nova Iorque, longe daquele cerco de realeza, a fizeram tão bem que ela não conseguia explicar.
Voltou sua atenção para o casamento. Ainda faltavam alguns protocolos para serem seguidos para que terminasse a cerimônia e ela podia sentir que estava sendo observada. teve vontade de rir com da sensação. Afinal, quem estaria com seu olhar voltado para ela quando Carl e Sofia estavam se casando? Aquele era o motivo de todos estarem presentes na Catedral e não ela.
Tentou disfarçar e olhar ao redor, procurando alguém que estivesse observando-a e não se surpreendeu quando seus olhos se encontraram com a íris azul do herdeiro dinamarquês. A troca de olhar foi tão constante que teve certeza que estava com as bochechas rosadas. Eles não se viam desde o dia em que se beijaram no Palácio porque depois daquele momento, ela preferiu ir para Nova Iorque. Sua cabeça estava confusa, seu coração estava confuso e ela não queria dizer algo para o melhor amigo que a fizesse se arrepender depois. Não se encontrou com , não respondeu a suas ligações e pediu para que Victoria não informasse onde ela estava. Não que estivesse fugindo dele, mas precisava de um momento para deixar sua mente e seu coração se decidirem sobre tudo o que estava acontecendo.
Ela precisava tomar uma decisão e se recuperar de tudo que havia acontecido. Precisava ser uma nova antes que pudesse se envolver com alguém novamente.
Os acordes de Joyful Joyful começaram a serem tocados e logo, a voz de Samuel Ljungblad² tomou conta da Catedral. observou Sofia dar alguns passos e se curvar diante do Rei antes de todos os convidados se levantarem para acompanhar a saída do mais novo casal da igreja.

- Podemos conversar? – se assustou levemente quando ouviu a voz de próxima ao seu ouvido. Quando chegaram a recepção do casamento, os dois haviam sido colocados em mesas separadas, mas ainda próximas uma da outra. Ela ainda podia sentir os olhos do Príncipe observando todos os movimentos e as pessoas com quem ela conversava; e quando não sentia que ele estava a observando, buscava seu olhar.
- Claro. – concordou, pedindo licença para os que ainda estavam na mesa e caminhou para fora do salão do Palácio onde ocorria a festa. Havia tantas salas e salões por lá que eles conseguiriam fácil um lugar mais calmo para poderem conversar.
- Como você está? – questionou, observando a Princesa se sentar em uma das poltronas da sala de leitura onde eles entraram.
- Estou bem. – ela deu um leve sorriso e balançou a cabeça de forma positiva, antes de encará-lo – E você, como está?
- Bem. – deu os ombros e suspirou – Ok, . Como nós estamos? Porque nós nos beijamos numa noite, eu te disse tudo que eu estava sentindo e quando eu esperei uma resposta, mesmo que ela fosse negativa, você sumiu sem dizer adeus. Eu te procurei em vários lugares, liguei para a Victoria e ela mentia dizendo que não sabia onde você estava. Eu... Eu cogitei a ideia de ir a Nova Iorque procurar você. E bom, você está aqui hoje. Droga! – o homem passou a mão pelo cabelo e soltou o ar pesadamente enquanto a mulher escutava tudo o que ele dizia. sabia que tinha, desde a adolescência, uma certa dificuldade de se expressar e o deixava ter tempo suficiente para pensar no que queria dizer exatamente. – Você apareceu aqui hoje completamente deslumbrante e eu senti tudo que eu tentei esconder depois que você saiu da minha casa. Eu senti vontade de correr para te beijar assim que você passou por mim para se sentar, quando eu te vi entrando nesse salão. Tudo que eu queria era uma resposta, . Uma chance, ao menos, ou que você quisesse me dar, mas tudo que eu recebi foi silêncio nos últimos seis meses. – ele deu alguns passos na direção do sofá e parou mais próximo dela. – Eu preciso de uma resposta. Eu não aguento mais o seu silêncio.
- Eu precisava pensar, . – foi a vez de ela soltar o ar e se preparar para dizer o discurso que tinha treinado desde o dia que soube que ele seria o acompanhante da Rainha Margarethe ao casamento. – Eu estava destruída com a forma que meu noivado havia terminado e eu não estava, naquele momento, preparada para ouvir uma declaração daquelas. Eu sempre ouvi da Victoria e do Carl que você tinha sentimentos por mim que iam além da amizade, mas eu nunca dei ouvidos a eles porque para todos seria óbvio se nós namorássemos. – ela fez uma breve pausa antes de continuar – Eu sempre te vi como um amigo. Confesso que quando você me contava de alguma namorada ou algum caso seu, algo estranho surgia lá dentro de mim, mas eu nunca pensei que pudéssemos ter algo além da amizade. Eu nunca te vi de outra maneira. Eu amava o Jonas e eu não conseguia me imaginar, mesmo depois do que aconteceu, em outro relacionamento que não fosse com ele. – ela admitiu, respirando fundo para que não chorasse. – Meu tempo na Dinamarca me fez te ver com outros olhos. Você cuidando de mim, me ligando quando estava em eventos e as nossas conversas até tarde da noite foram me abrindo os olhos para o que sempre me alertaram. Só que eu me senti confusa porque minha mente me dizia que era você, mas meu coração ainda era do Jonas. Eu sabia que para eu ser feliz, para que eu conseguisse pensar em relacionamento, eu precisava cuidar de mim, pensar em mim. Foi por isso que eu fui embora no dia seguinte. Eu precisava voltar a pensar em mim antes de pensar nos outros. Eu precisava descobrir que eu podia ser feliz sozinha antes de me envolver com alguém novamente. Eu precisava colocar na minha cabeça que eu não era ninguém até eu encontrar alguém.
Ele escutou tudo em silêncio e concordando com a cabeça. Entendia que era necessário para ela aquele momento de descoberta porque havia ficado mais de cinco anos em um relacionamento que terminou de uma forma ruim para ela. Ele também entendia que havia sido um pouco pretensioso de sua parte falar sobre seus sentimentos naquele momento para ela, mas sentia-se tão cheio de guarda-los que não conseguiu se segurar mais. Só queria que ela estivesse ao lado dele.
- E você se decidiu? – indagou, curioso e esperançoso. – Já sabe sem tem uma resposta?
sentiu seu coração se encher de esperança mais uma vez quando concordou com a cabeça após as duas perguntas dele. Suas mãos suavam de uma maneira que ele não esperava e ele podia jurar que seu coração estava batendo um pouco mais rápido do que o normal.
- ... – ela começou devagar e optou por se levantar da poltrona para poder ficar frente a frente e olhar nos olhos dele. – Você é meu melhor amigo. – sentiu toda sua esperança murchar com aquele começo dela. – Você me conhece como ninguém e, em todos os meus momentos mais difíceis, não havia outra pessoa que eu não quisesse ao meu lado a não ser você. Quando eu tenho uma novidade para contar é para você que eu corro, quando estou triste ou quando eu preciso de um simples conselho. Eu sempre te vi dessa forma... – ela fez uma breve pausa e viu o semblante esperançoso que ele ainda sustentava. – Mas depois dos dias em Copenhague, eu percebi que você é muito mais do que isso. Eu percebi que meu sentimento não é mais de apenas amizade por você. Eu descobri que é você, . Em todos esses anos, foi você, mas eu nunca quis dizer a verdade para mim mesma. Mentir era mais fácil do que admitir o que todos ao meu redor diziam, mas agora eu posso falar isso. É você. Eu amo você.
Ela sentiu algumas lágrimas escorrerem de seus olhos, mas não se preocupou em limpá-las. Colocou suas mãos no rosto do homem a sua frente que ainda a encarava sem saber como responder a altura das palavras dela e selou seus lábios em um beijo de saudade e alívio. podia sentir todo seu corpo agradecendo aos céus por aquele momento estar finalmente acontecendo. Era como se todo tempo estivesse esperando por aquele momento em que ela diria que se sentia da mesma forma e eles iriam se beijar até quando perdessem o ar.
Eles quebraram o beijo devagar, não desejando que aquele momento acabasse. Suas testas se encontraram devagar enquanto os dois ainda esperavam que suas respirações se normalizassem. abriu os olhos e se deparou com a íris castanha da Princesa o encarando de volta com um brilho que fez com que ele sorrisse ainda mais. Tinha quase certeza que ele poderia explodir de felicidade naquele momento.
- Eu amo você. – sussurrou com os olhos fixos no dele e aquilo soou como música para os ouvidos do homem. Na verdade, qualquer coisa dita por ela poderia ser uma música para ele, mas “eu te amo” na voz dela parecia ser ainda mais bonito que o normal.
- Eu amo você. Com loucura. – quis lembra-la mais uma vez.
Por alguns longos minutos, os dois se permitiram esquecer que havia uma recepção de um casamento acontecendo no salão a alguns metros da sala em que eles estavam e permaneceram ali trocando beijos, carícias e palavras carinhosas para poder compensar o tempo em que não foram sinceros um com o outro. Mas o mais importante naquele momento era que eles estavam juntos.


Parte III.

“Sua Majestade Rainha da Dinamarca e Sua Alteza Príncipe Consorte tem o prazer de anunciar o noivado de seu filho, Sua Alteza Príncipe Herdeiro com a sua Alteza Princesa da Suécia.
Sua Majestade concedeu seu consentimento para o casamento que acontecerá no dia 14 de maio do próximo ano.
Sua Alteza Princesa da Suécia irá solicitar a cidadania dinamarquesa e, após o casamento, se tornará Sua Alteza Princesa Herdeira da Dinamarca.
A cerimônia será conduzida pelo Bispo de Copenhague, Erik Norman Svendsen na Catedral de Copenhague.
Mais detalhes sobre o casamento serão decididos e comunicados em breve.” ³

“Sua Majestade o Rei da Suécia e Sua Alteza Rainha concederam o seu consentimento para o casamento de sua filha mais nova, Sua Alteza Princesa da Suécia, com a Sua Alteza Príncipe Herdeiro da Dinamarca.
O casamento acontecerá no dia 14 de maio do próximo ano na Catedral de Copenhague, na Dinamarca, e será conduzida pelo Bispo Erik Svendsen.
Sua Majestade Rei da Suécia e o Parlamento do país fazem saber que após a união, Sua Alteza Princesa da Suécia sairá da linha de sucessão ao trono do país, passando então o terceiro lugar para Sua Alteza Real Príncipe Carl Philip.”


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A imprensa da Dinamarca e da Suécia tinham seus olhos voltados para a Catedral de Copenhague. O público já aguardava do lado de fora e pelas ruas da cidade, por onde ia passar a carruagem dos noivos após o casamento, a entrada de todos os convidados membros de realeza e outros nomes renomados dos dois países e o início da tão esperada cerimônia de casamento – que também significava a união, ainda mais forte, de dois países que sempre foram próximos.
- , você pode se acalmar? Ou vai passar mal antes da cerimônia. – Victoria repreendeu a irmã enquanto esperava a mesma terminar de ser maquiada. A mais velha seria a madrinha do casamento e era a única que havia ficado para acompanhar a noiva na produção para o grande dia – o pai delas, o Rei Carl Gustaf, estava no outro cômodo as esperando e se mantendo bem longe de toda ansiedade da mais nova.
- É mais fácil falar do que fazer. – rebateu, não podendo olhar para a irmã para dar a resposta já que a maquiadora aplicava uma sombra em seus olhos. Elas estavam assistindo pela televisão a chegada dos convidados ao casamento e aguardava ansiosamente o momento em que a transmissão anunciaria a chegada de a Catedral. Ela podia sentir seu coração batendo mais rápido só de pensar em como ele estaria bonito no uniforme dele para a cerimônia. – A mamãe já foi?
- Sim. Daniel vai acompanha-la. – Victoria sorriu. Como Carl Philip estaria com Sofia, sobrou para a Rainha Silvia a companhia do genro, Daniel, para entrar na Catedral e aguardar a chegada dos noivos. – E o papai está no outro cômodo.
fez um estalo com a língua e Victoria voltou a encarar a televisão, que mostrava a sua mãe passando com Daniel em frente a imprensa para entrar na Catedral. Mais atrás, era possível ver a Rainha Margarethe acompanhada pelo Príncipe Consorte, o que significava que deveria estar próximo de chegar ao local. Ela notou que se mexeu na cadeira para tentar olhar para a televisão e se levantou de sua cadeira, caminhando até o aparelho para desliga-lo.
- Por que fez isso? – questionou, sem entender e Victoria deu os ombros.
- Não tem graça ver antes. – a mais velha sorriu e a noiva rolou os olhos. – Se ele não pode te ver antes da cerimônia, nada mais justo que você não o veja. Agora, termine de se aprontar porque devemos sair daqui em dez minutos.
- Você é muito má. – cerrou os olhos na direção da irmã, mas fez o que foi dito: focou em se arrumar para sair em dez minutos. Mal podia esperar para estar casada com o homem que tanto amava.

cumprimentava com um maneio de cabeça ou um sorriso os convidados que estavam na Catedral enquanto caminhava em direção ao altar. O Bispo se aproximou dele para apertar sua mão e lhe deu um sorriso fraco antes de mostrar o lugar que ele deveria ficar posicionado para aguardar a noiva. O noivo concordou com a cabeça e esfregou uma mão na outra de maneira nervosa, fazendo com que seu irmão e padrinho, Joachim, desse uma risada baixa ao seu lado.
- Acalme-se, cara. Não vai ser nada bonito se a noiva chegar e você estiver desmaiando. – Joachim colocou a mão em cima dos lábios para que as câmeras da transmissão não pegassem sua leve zoada ao irmão mais velho naquele momento.
- Eu estou tentando. – soltou o ar. Passou o olhar pelos convidados mais uma vez e encontrou os olhos serenos da Rainha da Suécia o encarando. Sorriu para sua sogra e recebeu um sorriso com um maneio positivo de cabeça de volta.
O Bispo retornou ao seu lugar e todos os convidados se levantaram, demonstrando que a cerimônia estava prestes a começar. soltou o ar mais uma vez e fixou seu olhar nas grandes portas da Catedral na expectativa de ver sua noiva entrando deslumbrante como sempre, mas parecia que demorava uma eternidade.
Primeiro entraram algumas crianças do coral da instituição que a Princesa apoiava, cantando e ao fundo, pôde ver acompanhada pelo Rei da Suécia. Os passos eram dados e a distância parecia ainda maior do que no dia em que eles ensaiaram a entrada dela. estava deslumbrante em seu vestido branco que mostrava um pouco do seu torço e tinha a parte de cima rendada, além de uma longa cauda. Na cabeça, usava a tiara que havia ganhado no testamento de sua avó, Ingrid, e prometido que usaria no dia de seu casamento pela primeira vez, além do véu de seda.
Assim que seus olhos se encontraram com o de parecia que não havia mais ninguém ao redor deles, que aquela Catedral não estava lotada de convidados e tampouco que a cerimônia estava sendo transmitida para toda a Escandinávia. Naquele momento parecia que eram apenas os dois e .
tentou se segurar o máximo que podia, mas a cada passo que dava em sua direção ele se sentia cada vez mais emocionado e sortudo. Não conseguiu conter suas lágrimas ao ver sua noiva tão bela e tão serena enquanto caminhava em sua direção. Ele havia sonhado com aquele momento tantas vezes, mas, sem dúvidas, a realidade fora muito diferente do que ele havia sonhado. Era muito melhor saber que não era mais um sonho.
Ele, finalmente, ia se casar com a mulher que tanto amava. Era real.
Como ensaiado, ele caminhou até o encontro de sua noiva e apertou a mão do Rei antes de trocar de lugar com ele e seguir segurando na mão de até o altar. Assim que pararam em frente ao Bispo, a moça entregou seu buquê de lírios para Victoria e não se conteve em sussurrar para a amada o quão linda ela estava naquele momento.
Tudo aconteceu do jeito que havia sido ensaiado dois dias antes, ou ainda melhor. se emocionou diversas vezes durante a cerimônia e sorria com a cena. Os dois disseram seus tão esperados sim e se tornaram não só marido e mulher como estavam tanto esperando, mas também se tornaram o Príncipe Herdeiro e a Princesa Herdeira da Dinamarca.


Epílogo.

O dia havia amanhecido mais triste na Dinamarca. O anúncio da morte da Rainha Margarethe II havia pego os dinamarqueses de surpresa, pois, ela havia acabado de retornar de uma viagem no Egito, mas a família sabia que as condições da Rainha não eram mais tão boas quanto há alguns anos e do desejo dela de continuar no trono até seu último suspiro.
se encontrava completamente desolado de um lado e olhando com bons olhos o futuro do país por outro. Havia sendo preparado para aquele momento de assumir o trono da Dinamarca desde de seu primeiro momento de vida, mas parecia que agora que era real, ele estava completamente despreparado. Era uma sensação estranha, que ele não conseguia definir, mas que ele sabia que era seu papel. Não havia como e nem porquê voltar atrás naquele momento. Ele havia sido criado para aquele momento.
Suspirou, pegando um dos inúmeros porta-retratos de sua família em seu escritório e não pode deixar de sorrir. Era uma foto de uma recente entrevista que haviam dado para um canal do país. Ele e estavam sentados no sofá, Christian estava ao lado da mãe e Isabel sentada ao seu lado enquanto Daisy e Vincent estavam nos colos dele e de .
Sorriu, colocando a foto no lugar e encarando uma outra tirada no Palácio no dia de seu casamento com . Os dois eram tão jovens e estavam tão felizes naquele dia. Aquele jovem casal não poderia imaginar como seriam seus dias de casados e na família linda que estariam formando em menos de quinze anos depois daquele dia.
conseguia se lembrar com clareza de uma parte em especial de seu discurso de casamento: eu estou quase transbordando de curiosidade para saber o que o futuro próximo e o mais distante reservam para nós.4
E o futuro havia sido melhor do que ele esperava. Ele tinha a mulher que sempre sonhou ao seu lado para todo apoio necessário e a família que sempre sonhou. Ele não tinha dúvida nenhuma de que estava mais do que pronto para assumir aquele novo papel que lhe foi designado e, caso surgisse alguma dúvida no meio do caminho, bastava olhar para o seu lado. Ela estava ali para ajudá-lo.
- Você está pronto, . – a voz de se fez presente no escritório e ele se virou para trás, encontrando a esposa parada na porta de sua sala. – Você foi preparado para esse momento e fará um legado tão bom quanto o da sua mãe. – ela acenou positivamente com a cabeça e caminhou na direção do esposo para selar seus lábios em um beijo demorado. – Vamos?
sorriu, levando a mão da esposa até seus lábios e depositando um beijo antes de saírem para fora do escritório. As crianças se encontravam na sala, esperando pelos pais para que pudessem ir para a sacada do Palácio para confirmarem o anúncio de que era o noivo rei do país. Ele foi recebido com abraços e beijos dos quatro antes de tomar sua feição um pouco mais séria para sair em frente ao público que aguardava do lado de fora para vê-lo pela primeira vez não mais como herdeiro do trono, mas agora como rei.
Primeiro, saíram e ele. Foi possível escutar os gritos e aplausos vindo da multidão em frente ao Palácio e ele não pôde conter um sorriso ao ser recebido daquela maneira. As crianças se juntaram a eles após alguns minutos e acenaram para o público que estava a sua frente. passou o braço ao redor da cintura da esposa e sussurrou a frase mais marcante para os dois de seu discurso de casamento:
- Come, let us go! Come, let us see! Throughout a thousand worlds, weightless love awaits.4
E os dois antes apenas melhores amigos, viram o que o futuro os reservou. Viraram não só um casal e uma família feliz, mas também Suas Majestades Rei e Rainha da Dinamarca, donos de um amor que não tinha peso algum.


¹Amalienborg: é o palácio onde a família real da Dinamarca vive.
²Samuel Ljungblad é um cantor gospel sueco que apresentou a canção Joyful Joyful no casamento do Príncipe Carl Philip e Princesa Sofia em 2015.
³este foi inspirado no verdadeiro anúncio divulgado pela Corte Dinamarquesa para o casamento do Príncipe da Dinamarca com Mary Donaldson em 08 de agosto de 2003.
4 Trechos do discurso de casamento do Príncipe . A segunda parte seria traduzida como: “venha, vamos! Venha, vamos ver! Ao longo de mil mundos, o amor sem peso nos aguarda.”


Fim



Nota da autora: Essa estória era para ter entrado no "Nós Existimos", mas não rolou! Minha segunda história envolvendo um tema que eu amo (realeza!) e eu espero que vocês tenham gostado. Não esqueçam de deixar um comentário aqui embaixo me dizendo o que acharam! Comentários deixam a autora muito feliz. E para saber das minhas outras fanfics, é só participar do meu grupo no Facebook.



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