We're Afire Love

Finalizada em: 26/01/2018

Capítulo Único

- Olá, vovô! - Thomas chegou perto de seu avô e beijou sua testa. O senhor olhou sorrindo para o menino de cabelos castanhos e voz grossa, mas logo seu sorriso desapareceu dando lugar a uma expressão confusa e assustada.
- Quem é você? - O senhor falou com dificuldade devido sua fraqueza. Sua pele que antes era grossa e forte, agora era fina, e se machucava com facilidade, até mesmo o colchão fazia com que suas costas ficassem roxas. O jovem apenas sorriu com tristeza e com algumas lágrimas que se acumulavam nos cantos dos olhos.
- Sou eu, vovô! Thomas! – Ele disse se aproximando de novo do mais velho, sua avó e seus pais olhavam a cena da porta do quarto onde se encontrava deitado na maior parte do dia, todos ali se fingiam de fortes e não deixavam as lágrimas caírem.
- O senhor não se lembra de mim? - Thomas falou com a voz baixa e delicada como se tratasse de uma criança. Olhos passavam pelo rosto do senhor carregado de ternura e amor.
- Lembro de você sim - O idoso sorriu de novo e seus olhos ficaram luminosos. Thomar soltou um riso baixo segurando a mão direita de seu avô - Meu netinho! Você veio para a pescaria? Fale para sua mãe não esquecer de pegar suas fraldas caso você precise.
- Vovô... - O rosto de Thomas agora já estava vermelho, seu nariz e boca foram os primeiros a ficarem assim, ele passou uma das mãos rápido pelo rosto e secou as lágrimas que ali estavam, respirou fundo e mordeu o lábio inferior antes de voltar a falar - Eu já tenho 23 anos, não preciso mais de fralda.
- 23 anos, já? - tentou se levantar, apoiou-se no neto que o ajudou a subir menos de 10 centímetros com certa dificuldade.
- Pois é, vovô... - Thomas sorriu divertido para o avô que sorria do mesmo jeito. Os dois ficaram assim mais alguns segundos, então, Thomas olhou para a porta do quarto e só viu sua avó ali, sua mãe foi provavelmente chorar e seu pai foi com ela. Ao voltar seu olhar para , ele não estava sorrindo mais, e o jeito de olhar confuso voltava para seu rosto.
Sua memória já tinha ido de novo.
Thomas sentiu seu peito doer e um reflexo, por estar segurando o choro, fez que seu peito se contrair, ele sabia que seu avô tinha acabado de se esquecer dele
- Vou te deixar descansar, tudo bem? - Ele deu um beijo em sua testa e foi saindo do quarto, o senhor fechou os olhos, todo e qualquer esforço, por menor que fosse, o cansava.
Os passos para fora do quarto foram lentos e curtos, sentia um pesar em seu peito e o desejo de chorar o invadia. O quarto de seus avós ficava no segundo andar da casa, casa que ele conhecia tão bem, ele conhecia cada parte daquela casa, cada esconderijo, cada centímetro dali, ele conhecia, graças aos seus pais que iam todos os fins de semana com ele para lá, assim como seus outros primos, tios e tias.
Foi ali que ele passou metade de sua infância, não via chegar a hora para poder ir ver seus avós.
Sua avó , era a melhor avó que poderia ter, tinha um restaurante que ficava ao lado da casa, isso significava comidas deliciosas para todos, ela também contava as melhores histórias e estórias, todos os netos se sentavam com ela no jardim para poder ouvir o que a senhora contava com animação, seu avô fazia a trilha sonora dos contos de sua mulher, as crianças riam com as caras e bocas da avó e com os sons que o avô fazia.
Seu avô, era um antigo músico que trabalhou com grandes astros do mundo, saiu logo cedo de casa, com seus 18 anos saiu para tocar na Terra da Liberdade, mesmo o Reino Unido tendo seus grandes astros, ele sabia que teria que deixar a terra da rainha para que conseguisse algo bom. E assim o fez, saiu de casa e foi dar a cara pra bater no outro lado do mundo. Foi seu avô que fez Thomas querer ser músico, o jovem se espelhava nele com todas as forças. que comprou a primeira guitarra para o menino, e também ensinou ele a tocá-la, assim como fez com piano e gaita.Tudo que poderia ensinar sobre música, ele mostrava para o neto, que era o único a mostrar interesse pela arte.
Os passos pareciam intermináveis, os degraus maiores do que ele lembrava. Thomas olhava tudo em sua volta, com nostalgia, com carinhos dos momentos felizes que viveu naquela casa.
- Sua avó, cadê? - Rebeca, mãe de Thomas falou, seu rosto estava vermelho e sua boca e olhos inchados, seu pai, Daniel, não estava diferente, e nem mesmo o menino estava. Todas as vezes que iam visitar seu avô, era a mesma coisa, choros e mais choros vindo de todos da família.
- Na sala... - Thomas respondeu um pouco atordoado, ele pegou um caneca no armário e foi se servindo de chá.
Ele apoiou as costas na pia da cozinha, colocou um de seus braços sobre a barriga e com a outra ia levando a bebida quente à boca. O dia estava frio, o sol se esconde detrás grandes nuvens cinzas, mas a casa estava aquecida, confortável como sempre foi, aconchegante.
Depois de longos minutos sem ninguém falar nada e Thomas ter acabado de tomar seu chá, ele voltou a falar com a voz ainda um pouco abalada.
- Gostaria que ele lembrasse... Gostaria que ele não estivesse assim...
Um choro saiu do fundo do seu ser, Thomas cobriu seu rosto com as duas mãos e foi se afundando na tristeza que tomava conta de seu peito. Ele não gostava de chorar, era sempre o forte da família, mas ver sua maior inspiração assim, doente e fraco, o machucava no mais íntimo. Seu pai deu alguns passos para poder alcançar o filho que ainda chorava com dor, ele envolveu seus braços sobre o menino que se encaixou no ombro dele, como uma criança a ser protegida. Os soluços de Thomas tomavam conta do ambiente, sua mãe saiu do lugar, porque sabia que não iria poder ajudar quando chorava também. Depois de minutos, em que os dois se abraçavam, Daniel deixou seu filho se esvaziar, sabia que ele estava guardando aquilo desde o dia que tinham descoberto a doença em .
Aos poucos os soluços de Thomas iam sumindo, assim como as lágrimas, que agora tinham parado de rolar. Daniel separou seus corpos, mas ainda segurava o filho pelos ombros, o confortando. Os olhos do menino, idênticos a do seu avô, assim como cabelos e sorriso, estavam vermelhos, ele olhava com dificuldade para seu pai que se esforçava para não chorar junto.
- Filho, não é sua culpa que ele não se lembre de você! - O senhor de seus 50 anos falou docemente e viu o filho fez um movimento leve com a cabeça, mordendo o lábio para não voltar a chorar - Você não é o único que ele não se lembra, isso é da doença. Alzheimer é assim mesmo...
O jovem não falou nada, concordou com a cabeça e deu outro abraço em seu pai que o apertou forte, os dois se soltaram e saíram da cozinha.
O dia foi passando devagar, e as horas queriam que aquele dia durasse mais do que somente 24 horas. Thomas ficou ao lado de seu avô na maioria do tempo, agora que estava mais velho e seu trabalho como músico estava indo bem, ele tinha pouco tempo para visitar seus avós, então cada minuto daquele dia ele queria passar do lado de . Ficou sentado ao pé do avô, em uma das poltronas do quarto, na frente de uma grande janela de madeira escura que dava para o jardim, memórias daquele lugar dançavam em sua mente, trazendo diferentes sensações e uma saudade enorme de um tempo que passou.
Thomas tentava conversar com ele, mesmo dormindo cochichava algumas coisas ou comentava de algum pássaro que voava do lado de fora, e quando estava acordado tentava reviver memórias ou falava sobre o clima estranho daquele outono. demonstrava algumas respostas, algumas faziam sentido, outras não. O jovem perdeu as contas de quantas vezes ele teve que se apresentar de novo para o avô. ia algumas vezes ver os dois e oferecer algo para o mais novo comer, da última vez que fez isso acabou levando alguns biscoitos e chá e se sentando ao lado do neto na poltrona vazia ao seu lado.
- Sinto saudades... - quebrou o silêncio enquanto olhava com paixão para seu marido.
- Eu também, vovó...
- Acho que eu nunca contei como a gente se conheceu, não é mesmo? - A senhora sorriu fraco e pousou seu olhar sobre o menino que balançou a cabeça em negação - Você quer ouvir?
- Amaria! - Thomas se ajeitou na poltrona, deixando suas costas retas, pegou uma xícara de chá e fixou seu olhar na avó, esperando ela começar.
- Era 1968 ou 1969, não me lembro bem... - Ela riu de si mesma.
Thomas soltou uma risada abafada, mas ainda deixou sua avó continuar.

"- Em 15 minutos, ok? - Eu falei entrando no camarim, na porta uma estrela dourada com o nome Elvis Presley no centro dela.
- Tudo bem... - Ele cantarolou sorrindo de lado, do mesmo jeito que sempre fazia e deixava todas as meninas da América loucas - E o novo guitarrista?
- Está junto da banda! - Falei olhando para a prancheta com tudo que estava programado para o show de hoje.
- Ouvi ele tocar, muito talentoso... Que pena que é britânico! - Elvis falou brincando e foi chegando perto de mim, que já estava acostumada com isso, ele poderia ser o Rei do Rock, mas ainda era o meu antigo amigo de infância.
- Não fale assim… A Inglaterra tem grandes artistas, os Beatles é um ótimo exemplo disso - Ele rosnou algo sobre Lennon e apenas ri e fui chegando perto da porta sendo seguida por ele. Ele cantava baixinho uma parte de Sweet Caroline, fiz a música no fundo fazendo ele rir.
Saímos do camarim e fomos rapidamente para o palco, ele estava vestido todo de branco, tinha milhões de pedras coladas em seu figurino, o colarinho sempre levantado e um V que deixava amostra parte do seu peito; o topete estava, como sempre, arrumado, apesar que hoje estava mais baixo do que o normal.
As luzes do teatro onde estava acontecendo o show se apagaram, e só a do palco permaneceu acesa, logo uma gritaria se instalou pelo ambiente e ri junto com ele que respirou fundo e virou para mim.
- Deseje me sorte!
- Boa sorte, Elvis the Pelvis... - Ri do apelido que o povo tinha dado para ele, graças aos seus passos de dança, que eram muito para aquela época.
A banda começou a tocar, guitarras davam os primeiros acordes, depois a bateria, trompetes e o os cantores de apoio cantando em um grande crescendo. Uma harmonia perfeita. Os gritos do público se misturavam com o som dos instrumentos, criando uma atmosfera inexplicavel.
- Casa cheia - Falei para mim e olhei para a prancheta verificando se faltava algo - Tudo certo, posso curtir mais um pouco até In The Ghetto... - Voltei a falar comigo mesma e depois balancei a cabeça notando que eu estava parecendo louca. Alguns membros da equipe paravam do meu lado segurando alguns cabos, do outro lado do palco o mesmo movimento de pessoas para que tudo desse certo.
Olhei para meu amigo que se mexia todo enquanto cantava Johnny B. Goode, as meninas se descabelavam e pulavam. Quando chegou parte do solo de guitarra procurei o nome do guitarrista no meio de tantos músicos, e lá estava ele
- ... Falei lendo o nome dele em minha prancheta e voltei meu olhar para o menino novo, e ele era a coisa mais linda que eu já tinha visto, seus olhos e sua pele branquinha me prenderam os olhos. Ele mordeu o lábio inferior enquanto tocava o solo animado, seu cabelo estava com um topete jogado para frente, as maçãs do rosto, que é marca nos britânicos estavam ali, fazendo o rosto fino dele ficar ainda mais bonito. Ao final do solo, a luz que se manteve nele até então foi ficando fraca, ele deu um passo para trás voltando para seu lugar.
- Deus, salve a rainha... - Falei ainda boquiaberta - E todos os seus súditos!

-



- Ótimo show, rapazes! - Elvis falou sorrindo para todos os músicos em sua volta - Vocês foram fantásticos essa noite, agradeço por todos! Hoje foi o primeiro show dessa tour, e foi a primeiro do nosso novo membro da família! pessoal, que mandou ver nos solos hoje. - Elvis falava animado e abraçou de lado, o jovem por outro lado estava vermelho de vergonha, mas sorria descontraído - Hoje, vamos comemorar! Espera... - Ele parou de repente e olhou para quando todos estavam à caminho do bar que sempre íamos - Quantos anos você tem? Você pode beber? Porque se for menor, vai ter me acompanhar no suco de maçã...
- Tenho 21 - sorriu para o rei.
- Ah... Igual a minha amiga aqui... - Elvis apontou para mim que estava um pouco atrás o seguindo, como sempre fazia. O olhar de pela primeira vez encontrou o meu, ficamos nos olhando durante segundos, afundando um dentro do olhar do outro até Elvis cortar o silêncio – Essa é , melhor amiga desde quando éramos pequenos. - Ele riu e riu junto.
- Meio que já nos conhecemos, mas prazer, Mr. - Me pronunciei pela primeira vez e me coloquei na frente do jovem britânico
- Prazer… Pode me chamar de - Ele disse sorrindo e estendi a mão e o cumprimentei, ele pegou minha mão e um arrepio subiu pela minha espinha. Ele sorriu bobo, quando soltamos as mãos, Elvis nos encaixou,cada um em um dos braços, e foi nos levando para fora.

-



Os músicos já tinham todos ido embora, só ficando eu, , alguns cantores do coro e o saxofonista. O rei tinha ido embora fazia tempo. Mas o bar ainda estava cheia e risos eram escutados por diferentes lugares do lugar, Bob Dylan tocava e algumas pessoas ainda dançavam animadas.
tinha me tirado para dançar e passamos metade da noite dançando. Ria envolvida em seus braços, passos desajeitados eram feitos por ambos e as pessoas em nossa volta ria com o exagero de alguns movimentos do meu parceiro de dança. Mas agora estavamos sentado, mãos nos copos e cotovelo apoiados no balcão marfim, conversando devagar ignorando todos em nossa volta.
- Essa música é horrível - parou de repente a conversa. Não reconheci o artista e muito menos a música que parecia incomodar .
- Deve um dos seus... - Falei divertida me referindo aos britânicos, recebi uma careta em troca.
- Normalmente, quem faz músicas boas somos nós… - um sorriso maroto surgiu no rosto dele, piscou para mim.
- Pior que disso não posso negar! - Sorri para ele que se levantou e foi até a Jukebox. Ele ficou um tempo parado lendo as músicas que a máquina possuía, sorriu largamente e olhou para mim rápido, mostrando seus lindos dentes brancos, o vi apertando a sequência de números e logo um disco se moveu no meio de tantos. Antes da música começar, ele andou rapidamente em minha direção, um sorriso de lado não saia do rosto dele, e minha cara de confusa era o que ele tinha em troca. Ele pegou minha mão assim que conseguiu chegar em mim.
- Você poderia dançar essa música que vai mudar a sua vida? - Ele disse galanteador me fazendo rir.
- O que uma dança poderia mudar em minha vida?
- Dance comigo, e eu te explico - O sorriso dele aumentou e eu me rendi, levantei da cadeira e fui sendo levada por ele até o centro do lugar.
I Can't Help Falling in Love With You começava a tocar, a voz do Elvis saia pelas caixas de som e me fazia rir. Ele ria junto e olhava no fundo dos meus olhos, eu aos poucos fui deixando de rir sobrando somente um sorriso bobo no rosto.
- Pode me falar agora, como essa dança vai mudar minha vida?
- Simples, essa dança... - Ele rodou comigo pelo salão - Está sendo a nossa primeira música lenta, - ele falava lentamente. Mão na minha cintura me colocando tão perto dele - e uma das mais importantes também!
- Uma das? - Fiz cara de confusa e ele riu.
- Sim, uma das.... - O sotaque britânico era a coisa mais gostosa que já tinha escutado, poderia não estar entendendo nada e nem onde aquela conversa chegaria, mas só de ouví-lo falar, já era motivo para eu ficar sorrindo como boba - Porque essa, é a primeira, como eu falei muito importante. Mas não tão importante como a do dia que a gente casar!
- Casar? - Minha voz saiu em um tom acima e ele riu. - E me conte novamente quando eu falei que casaria com você?
- Sim, casar... ... - Ele dançava com calma e ainda olhava nos meus olhos, que agora eu evitava olhar, mas era impossível já que estávamos tão perto um do outro - Escute seu coração... E agora o meu, estão batendo juntos, na mesma sincronia. Desde que eu coloquei meu olhos em você eu soube que você é a mulher da minha vida, eu poderia passar a vida olhando para você, olhando para esses seu lindos olhos.
- Você nem me conhece!
- Isso é verdade, mas creio que as melhores coisas só aconteceram porque alguém acreditou que iria dar certo. E não sei se você acredita nisso ou em destino, mas saiba que quando eu saí da Inglaterra foi para mudar minha vida, para grandes coisas acontecerem…
Por alguns segundos ficamos em silêncio, a música estava quase acabando, e não poderia me enganar e falar que não senti nada quando meus olhos pousaram nele.
- Todos os britânicos são assim? - ri baixo
- Assim como?
- Poéticos para conseguir uma menina?
- Ah! - Ele riu abafado - Não, nós não somos assim. Só quando sabemos que encontramos o amor da nossa vida.
- Você... - Falei sorrindo de lado. Nunca alguém tinha falado aquilo pra mim, mas eu sempre fui sensata, não deixei meus sentimentos tirarem o lugar da razão - A gente precisa se conhecer melhor…
- Escreve o que eu estou te falando. Nós ainda vamos nos casar... - ele olhou confiante para mim. A música acabou e separei nossos corpos, ele segurou minha mão e a beijou - Vamos nos conhecer! Porque por mim, eu poderia poderia ficar olhando para seus olhos até o amanhecer… Até o fim dos meus dias!
- Você é louco!
- Sim, louco... Por você, Norte Americana..."


- Wow! - Thomas falou rindo e impressionado com a história.
- Seu avô sempre foi um homem de atitude... - Ela olhou para a cama onde o senhor dormia, seu olhar de amor ainda era o mesmo.
- Mas demorou para que a senhora se apaixonasse aos encantos do vovô?
- Não muito - Ela riu - Depois que eu contei para Elvis o que tinha acontecido ele ficou decidido em nos juntar... Um bobo! Cerca de dois meses depois estávamos juntos! - Ela sorriu para Thomas que retribuiu - Lembro quando eu parei de trabalhar com o Elvis para vir para cá e abrir meu primeiro restaurante... Ele vinha quase todos os meses me ver e ver seu avô... Ele foi um bom homem... Assim como seu avô!
- Eu sei... - Thomas falou sorrindo e olhou seu avô - Bom, vou para cama, já está tarde. Muito obrigado pela história, vovó!
- Tudo bem, querido. Durma com Deus! - Thomas se levantou e beijou o topo da cabeça de que sorriu. viu seu neto saindo do seu quarto e logo fechou a porta quando o jovem sumiu pelo corredor. A senhora foi caminhando em passos pequenos e lentos, chegou perto da cama onde o amado estava e sorriu se sentando na beirada, ela passou as mãos pelos cabelos finos dele, e ele abriu os olhos e sorriu, ela sorriu de volta.
- Olá, meu amor! - Ela sorriu docemente.
- Oi... - respondeu ele com um longo suspiro.
- Lembra de mim? - os olhos dele passavam por todo o rosto dela, olhando cada detalhe. Era bonita senhora, os anos não tiraram a beleza, os olhos marcantes e um sorriso meigo eram os mesmo de anos atrás.
- Eu lembraria de conhecer uma mulher tão linda como você! - Ele sorriu e seus olhos pareciam sorrir junto.
- Seu bobo - Ela se aproximou do amado – Obrigado por aquela dança... Você é realmente o amor da minha vida.
- ... - O senhor agora sorria por reconhecer a mulher em seus braços. Os poucos momentos que ele voltava a memória, percebia a situação que ele se encontrava, sabia que não estava em seus melhores dias - Minha memória é como uma bailarina… - começou baixo, falava fraco como um sussurro - Minha memória às vezes dança na minha cabeça… Às vezes dança uma balada lenta e com ela trás memórias doces, pequenos fragmentos que sei que estão guardados aqui em algum lugar...
apontou para sua têmpora olhando fixamente para a sua esposa.
- Outras vezes a música é pesada e triste, até um pouco melancólicas, mas esses não são os piores dias... Os piores dias são quando ela some por horas, a música toca, mas ela nunca aparece. Tento acompanhar o ritmo, mas o tempo da música é irreconhecível... - ele ri baixo e só o observa segurando suas mãos - Então me forço a lembrar uma música que poderia cantar ao contrário, sabendo cada acorde, cada nota, cada sílaba cantada. E timidamente a bailarina em minha mente volta e em uma das mãos vem com ela a mais doces das minhas memórias - agora se deitava ao lado do marido, tentava se encaixar o mais perto dele sem o machucar - Você sempre será a melhor coisa que já me aconteceu! Eu te amo!
- Eu também te amo, para todo o sempre! - Ela riu e segurou em suas mãos, desejando que a memória dele não fosse, não agora. Ela beijou a bochecha dele e sussurrou- Hoje foi um bom dia...
- Foi... - Ele respondeu sorrindo, mas não sabendo exatamente do que ela falava. olhava cada parte do rosto dele e ele fixamente para os olhos dela. O sorriso dela foi sumindo e logo os dois pegaram no sono.
As respirações em conjunto, os corações batendo no mesmo ritmo, e as mãos juntas, desenhadas para encaixar uma na outra.
E depois de 60 anos juntos, os dois dormiram pela última vez juntos.
Com o cair da noite o último suspiro que foi dado pelos dois, como o final de um espetáculo, onde a música e os dançarinos finalizam suas partes. Os corações que batiam em conjunto, ao mesmo ritmo, agora, depois de anos, pararam juntos, ao mesmo ritmo.


Fim!



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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