White Room: trancados no complexo T.24

Última atualização: 10/04/2018

Prólogo

- Rápido, temos que estabilizá-la ou tudo dará errado!
- Como isso foi acontecer? Quem é o responsável por isso?! Estabilize ela ou tudo o que foi feito até agora não servirá para nada!!
- Senhor?
- O que é?!
- Ela já está de volta ao estado vegetativo e já sabemos o que fez com que ela saísse do coma induzido.
- Diga logo Elizabeth, não tenho tempo para pausas dramáticas e nem suspenses, este lugar não vai se manter em pé sozinho.
- Sinto muito senhor, foi ela... ela conseguiu... de alguma forma sair sozinha, ainda não sabemos como, mas vamos realizar alguns exames e tomar providências para que isso não aconteça novamente.


Capítulo 1

A dor que ela sentiu era gigante assim como a sua confusão, onde ela estava? Como ela chegou ali? Por que tinha a sensação de que estava amarrada e de que seu corpo estava pesado? E quem ela era, afinal? Por mais que tentasse se mexer, seu corpo não correspondia e de repente a escuridão voltou.
Desta vez a luz voltou com mais intensidade e os olhos dela arderam, a dor e o peso no corpo continuaram a mesma, mas desta vez ela conseguiu se mexer, apesar de ver tudo embaçado e ter dificuldade para levantar. Conseguiu se sentar e assim pode ver vários eletrodos presos ao seu corpo, gritou de dor ao dobrar seu braço e pode ver que havia várias agulhas por todo ele. Segurando todos os tubos que eram conectados às agulhas, puxou todas de uma vez, o processo se repetiu algumas vezes até que o corpo dela se visse sem mais agulhas. No começo, quando elas eram retiradas, o local queimava e logo em seguida um pouco de sangue escorria pela sua pele, mas nada muito alarmante. Ela tentou se levantar e como uma criança apressada que tenta correr enquanto aprende a andar, caiu ao lado da cama e sentiu que fios puxavam sua cabeça do lado direito. Então como havia feito anteriormente ela os puxou, mas a dor que sentiu fora tanta que quase a fez desmaiar, tateando sua cabeça ela pode perceber que o lado direito se encontrava raspado. Sem saber o porquê de seu desespero, ela começou a tatear toda a cabeça em busca do resto do seu cabelo e para seu alívio ele estava lá. Para a sua frustração ela não conseguia ficar em pé, cada tentativa resultava em um tombo pior que o outro. Por sorte não bateu a cabeça nenhuma vez, suas pernas já não eram mais as mesmas, sempre que se colocava de pé elas doíam e latejavam e lhe dava a sensação de que poderiam se quebrar a qualquer instante.
- Mas que droga, o que há de errado comigo?! Por mais que eu tente me levantar não consigo sustentar o peso do meu corpo.
Para ela, tudo aquilo era novo como se nunca estivesse no mundo anteriormente, olhou em volta para ver melhor onde estava agora que sua visão voltou ao normal, mas tudo era estranho, uma pessoa normal reconheceria que se seu corpo estava com agulhas e cheio de eletrodos significava que estava em um hospital internado por alguma razão, também reconheceria que a dor no corpo ao tentar se mover e o peso era por não se movimentar a muito tempo, causando atrofia muscular. Tudo o que o quarto continha era uma cama, vários eletrodos hospitalares ao lado da mesma e em um canto da sala havia um carrinho com uma bandeja tampada que emanava um cheiro delicioso, mesmo não sabendo o que era ela se rastejou até lá seguindo seus instintos, a sensação que sentia era familiar. Não conseguia reunir palavras para descrevê-la, mas aquela sensação serviu de gatilho para que tentasse levantar novamente e desta vez conseguiu ficar em pé por tempo suficiente para pegar a bandeja e deixá-la perto de si, ela abriu e o que viu fez sua boca encher de água e seu estômago cantarolar. A aquisição do momento não tinha um nome específico, mas o gosto era bom, quem a visse comendo diria que era um animal primitivo, pois sem saber usar os talheres que estavam bem ao lado do prato, usou suas mãos para segurar a comida que ela também não tinha ideia do que se tratava, não era um prato de luxo como aqueles que pode ser apreciado em um restaurante caro, sua refeição continha alimentos singelos: espaguete à bolonhesa ao sugo acompanhado de queijo que tinha um gosto maravilhoso para alguém que não se lembra da última vez que comeu algo em sua vida, aliás isso não era preocupante no momento já que não se lembrava de nada.
Com a barriga cheia e determinada a sair dali, ela se levantou e usando o carrinho como apoio ficou em pé e se arriscou a dar o primeiro passo, quase caindo novamente. Acabou descobrindo por acidente que o carrinho se moveria junto consigo se o empurrasse um pouco e foi o que fez até que chegasse até a porta. Assim como o quarto, a porta também era branca e contava com um vidro espelhado e redondo no centro e pela primeira vez ela viu seu reflexo, mas por um momento pensou que fosse outra pessoa que pudesse ajudá-la.
- Oi? Ei você aí, pode me tirar daqui? Que lugar é esse?
Não houve resposta.
- Por favor, me ajude, ou pelo menos me responda!
Não houve resposta e durante muito tempo ela repetiu sem parar.
- EU QUERO SAIR DAQUI ME AJUDA…
Demorou para que ela entendesse que estava olhando para si mesma e percebeu então que estava chorando agachada no chão e repetindo para si mesma “mantenha a calma”, “mantenha a calma”. Levantando novamente e analisando melhor a situação quando se acalmou, ela viu que a porta não tinha como ser aberta por dentro a partir de uma observação óbvia, a porta não tinha dobradiças e nada para empurrar ou puxar como uma barra ou uma maçaneta, a única coisa que a porta continha era o vidro espelhado que chamou sua atenção novamente. Levando a mão em direção ao seu rosto, ela prestou atenção em si pela primeira vez, seus olhos eram azuis esverdeados e ligeiramente grandes que prendiam a atenção facilmente, sua pele era pálida pela falta de sol, seus cabelos eram uma mistura de 2 cores que para muitos seria impossível ser natural, pois na raiz ele possuía duas cores crescendo ao mesmo tempo, loiro e preto que se misturavam perfeitamente entre si e a lateral direita raspada, seu rosto era pequeno e delicado com bochechas rosadas e um nariz que contava com sardas pequenas e quase impossíveis de se ver, seus lábios eram avermelhados e ligeiramente carnudos.
Cansada de todo o esforço que tinha feito para chegar até ali, ela voltou até a cama para dormir novamente, acreditando que nunca sairia dali.


Capítulo 2

Quando despertou novamente ela já se sentia melhor, sem todas aquelas dores que incomodavam muito seria mais fácil encontrar um meio de sair dali. Indo em direção à porta ainda com o apoio do carrinho, sua primeira ideia foi tentar quebrar o vidro com um dos talheres, mas ela só conseguiu um pequeno arranhão no mesmo, depois tentou usar um suporte de medicamentos líquidos para fazer uma alavanca e abrir a porta, também não deu certo, tentou empurrar o carrinho contra a porta para que fosse aberta no tranco, depois de várias vezes chocando o carrinho conta a mesma tudo o que conseguiu foi entortar suas bordas e quinas, então ela se sentou e encostou suas costas na porta se perguntando o porquê de tudo aquilo, o que queria com ela presa ali? E foi quando ouviu um click, rapidamente se virou e viu que aos poucos a porta ia se afrouxando nos cantos como se estivesse sendo descolada, assustada e pensando que alguém entraria e a colocaria de volta na escuridão, se apressou em levantar e levar o carrinho de volta a cama para se esconder seja lá de quem fosse. Ficou observando de longe até que o processo estivesse completo e esperou para ver se alguém entraria no cômodo, mas para a sua surpresa ninguém entrou e a porta apenas começou a “flutuar”, como ela não entendia muitas coisas e não conhecia nada daquele novo mundo, não sabia que suas tentativas para abrir lá tinham fracassado, pois ela era presa por um imã embutido nas paredes que a dilatava, e quando era desativado liberava a porta e a restringia para que pudesse ser aberta.
Finalmente ela sairia de lá. O corredor era extenso e continha apenas a porta do seu quarto e um laudo simples dentro de um suporte fixo à parede ao lado, apesar do seu conhecimento básico de tudo, ela não entendia o que continha nas folhas. Retirou-as dali e colocou no bolso da calça, talvez ela encontrasse alguém que a ajudasse a entender o que estava escrito ali. Deixando o carrinho de lado, começou a se escorar na parede e ir para a esquerda. Continuou andando por muito tempo em busca da saída, mas não tinha feito muito progresso, o lugar era como um labirinto várias vezes ela se viu em becos sem saída, teve que tentar um outro caminho e acabou perdendo o caminho de volta ao quarto em que estava. Quando parou para descansar, se deparou uma porta parecida com a sua, mas estava fechada e os dados do paciente estavam riscados de vermelho na forma de um X, olhando mais adiante havia marcas de sangue na parede e no chão.
O rastro ia bem mais adiante, então tomando coragem decidiu segui-lo e ver a onde a levaria, ela virou a direita duas vezes, depois a esquerda e a direita novamente, seguiu reto por mais ou menos 2 minutos até que chegou a uma outra porta diferente da sua e a que tinha o rastro de sangue, nesta havia várias marcas de mão e estava meio aberta, entrando com cuidado ela viu que o lugar estava destruído quase que por inteiro, havia potes de medicamentos por todos os lados, vários instrumentos metálicos pontiagudos e outros que deduzira que serviam para segurar algo, todos os bancos e cadeiras estavam jogados ou quebrados, havia rachaduras por todo o comprimento da parede e os armários estavam arrastados e tortos, um deles estava tombado e com a porta de vidro quebrada, parecia que um furacão tinha passado por ali, era difícil seguir o sangue ali dentro, pois estava por toda a parte. Mas uma coisa chamou sua atenção, bem no canto de um armário havia um líquido viscoso verde chá que gotejava no chão lentamente, por sorte essa era mais fácil de ser seguida, chegando mais perto do armário pode ver que assim como as paredes ele tinha marcas de mãos e o chão estava arranhado por ter sido arrastado de seu lugar original até ali e logo descobriu o porquê, estava servindo de barreira para impedir que uma porta atrás fosse aberta.
Tirar aquele móvel sozinha deu muito trabalho e fez muito barulho, coisa que na atual situação não era boa ideia, mas ela não tinha visto que o teto tanto da sala quanto do corredor tinham um rastro de sangue e também não tinha visto as marcas de garras no chão perto do armário. A próxima sala estava escura demais para ver algo mesmo com a luz que entrava da sala anterior, quando se aproximou de uma bancada a porta se fechou e ela pensou que ficaria imersa na escuridão, mas para a sua surpresa podia ver tudo claramente como se seus olhos fossem a luz que ali faltava, olhando mais atentamente observou que os móveis da sala estavam posicionados em outra porta, quando se aproximou para tentar afastá-los ouviu o barulho de passos e se virou para ver o que era, não havia nada atrás dela e foi quando ouviu uma voz.
“Ufa, essa foi por pouco” quem disse aquilo não o fez em alto e bom tom, era difícil para ela tentar explicar, mas podia jurar que ouviu em sua cabeça.
- Quem está aí? Como disse isso na minha cabeça?!
“Como ela pode saber o que eu pensei? Espera, posso ouvi lá também, ela está com medo”.
- Saia da minha mente e pare de se esconder!
- Você viu algo lá fora? - Finalmente ele falou algo para ela, não imaginava que ao ouvir aquela voz sentiria como se tivesse acordado depois de muito tempo novamente, a voz dele parecia acariciar seu rosto e a envolvia a cada letra pronunciada. Olhando para o chão viu uma pequena poça do líquido viscoso verde chá que estava no armário, mesmo ele não dizendo nada logo ela soube que aquilo estava vindo dele.
- Está ferido, como aconteceu? E não precisa ser impaciente vou responder sua pergunta, não vi nada lá fora além de muito sangue.
- Gostaria de parasse de fazer isso.
- Isso o que?
- Ficar lendo meus pensamentos, fique fora da minha mente e eu fico fora da sua, estamos de acordo?
- Sim, agora vamos apareça.
Ele estava de alguma forma no teto e quando desceu quase caiu, mas ela o segurou. Ficando tão próxima dele, ela sentiu como se uma corrente espessa e pesada a envolvesse em torno dele. Ele sentia o mesmo por ela e se pudesse passaria o dia admirando aqueles olhos azuis esverdeados. Decidido a romper o silêncio, ele disse rapidamente.
- Tem um interruptor ao lado da porta por onde entrou, acredito que verá melhor se acender a luz.
Indo até lá ela pode sentir os olhos dele a seguindo e mesmo tentando não ler a sua mente viu que também estava com medo de algo que estava lá fora, depois de acender a luz se virou para olhá-lo melhor. Ele era 5 centímetros mais alto que ela, seus olhos eram caramelos com pintinhas verdes e para alguém que talvez como ela tenha dormido por muito tempo, seu físico era esbelto, e tinha a impressão que a pele morena brilharia dependendo da luminosidade, seus cabelos sedosos estavam ligeiramente cumpridos e assim como o dela os fios cresciam com duas cores, castanhos claros e azul celeste.
- Eu sou Nathaniel e você?
- Eu não sei... não sei quem eu sou, pensei que alguém aqui soubesse me dizer, mas até agora só encontrei você.
Vendo que ela ficou chateada com sua pergunta logo se apressou em dizer:
-Tudo bem, eu também não sei quem sou, ouvi o nome do médico responsável por mim e decidi que queria ser conhecido assim... Você pode escolher um nome para você também talvez assim você se sinta melhor.
- Um nome? O que é um nome?
- Poxa, você não sabe muita coisa, não é? - Indo em direção a uma cadeira, Nathaniel se sentou com dificuldade e tentou explicar para ela o que era um nome. - É uma palavra pela qual você gostaria que te chamassem, podemos escolher pelo livro das pessoas daqui e…
- Espera, você entende o que é isso? - Disse retirando de seu bolso os papéis que estavam ao lado da sua porta. - Talvez meu nome esteja nisto.
- Sim, ainda tenho dificuldade, mas entendo.
Passados 2 minutos Nathaniel largou os papéis e disse:
- Bom, a má notícia é que seu nome não está escrito aqui, mas a boa notícia é que tem outras informações sobre você aqui, como a sua idade e por quanto tempo você dormiu, a maioria das informações estão marcadas como “não autorizado”, não sei o que isso quer dizer.
- Quantos anos eu tenho? E quanto tempo estou aqui?
- Você tem 21 anos e está aqui há 18 anos, mas veja só não é tão ruim assim, eu estou aqui há 25 anos e só pude sair do meu quarto agora e não estou sozinho aqui como eu pensava... Eu vou te ajudar, sei que não me conhece e nem eu você, mas se ficarmos juntos teremos uma chance e então o que você me diz…
- Ella, quero ser chamada assim.
-Bela escolha El...
De repente ele desmaiou e caiu no chão, Ella correu até Nathaniel e viu que seu braço esquerdo e seu quadril também do lado esquerdo estavam sangrando, ela não tinha percebido que o lado esquerdo da sua camisa estava ensopada, quando levantou um pouco viu o enorme rasgo que ia das costelas até a base do quadril. Naquele momento ela descobriu que o líquido viscoso que vira antes era o sangue de Nathaniel que emanava do maior ferimento e quase que escondido entre os músculos encontrou uma ponta branca que era coberta por sangue. Ella foi tomada por um instinto de proteção intenso e deixando Nathaniel por um breve momento, voltou à sala cheia de sangue e começou a juntar itens que estavam espalhados por todo lado para esterilizar e estancar o sangramento, tentando ser mais rápida que pode e voltou até Nathaniel, que mesmo estando inconsistente continuava pensando em manter a porta fechada e apagar a luz o quanto antes. Ela começou pelo seu braço, apesar de estar quase curado queria ter certeza que não teria problemas com uma infecção futuramente, foi necessário apenas dar alguns pontos em um dos arranhões que estava mais profundo que os outros, já o ferimento do quadril deu um pouco mais de trabalho, Ella teve dificuldade para remover a ponta branca que havia visto, pois sempre que a encontrava o sangue a cobria novamente e ela escorregava da pinça que estava usando, até que finalmente conseguiu retirá-la e viu que na verdade era uma garra fina e afiada, quando deu o último ponto decidiu que seria melhor se conseguisse acomodar Nathaniel adequadamente, então ela removeu todos os móveis da frente da 2ª porta da sala.


Capítulo 3

O plano era simples: encontrar uma sala com roupas, ataduras e algo macio para Nathaniel se deitar enquanto se recuperava e levar tudo isso até ele em menos viagens possíveis, pois a possibilidade de encontrar o que havia feito aqueles ferimentos nele era grande. Ella também tratou de encontrar algo para marcar o caminho de volta, mas tudo o que achou foi um rolo de fita e toda vez que escolhia um caminho colava um pedaço da parede que viera e outro na escolhida e tentava ao máximo evitar as marcas de garras que encontrou durante o caminho, até que chegou a uma porta igual a de onde encontrou Nathaniel e finalmente encontrou o que procurava, se ela entendesse o que estava escrito acima da porta veria que encontrou o almoxarifado e conseguiria tudo o que precisava ali. Pegando até mais do que precisava, ela encheu uma cesta que encontrou lá dentro com roupas limpas, bandagens, 2 mochilas que encontrou por acaso e acreditou que seria útil ter onde colocar os itens que fossem necessários serem levados com eles, encontrou também algo para comer embrulhado em um pacote que estava dentro de uma máquina com vidro expondo seu conteúdo (ela teve que quebrar o vidro para pegar os suprimentos) e os colocou nas duas mochilas junto com remédios para Nathaniel, encontrou dois pares de sapatos que julgou serem melhores do que andar descalço por aí e por fim conseguiu colocar um colchão de solteiro e um travesseiro, caso precisasse ela voltaria e pegaria mais coisas já que havia marcado o caminho.
De volta ao corredor Ella viu algo que não estava ali antes, sangue e com ele as marcas de garras que tanto tentou evitar, seja lá o que fosse havia a encontrado e em breve poderia encontrar Nathaniel, ela se apressou em sair logo dali empurrando o carrinho mais rápido que pôde, fez o caminho de volta ao seu amigo. Quando estava próxima a sala onde havia deixado Nathaniel, ela ouviu um grunhido vindo do corredor adiante deixando a cesta de lado por um momento foi em direção a origem do som. Indo sorrateiramente até a intersecção entre dois corredores, ela se abaixou e espiou escondida nas sombras o que estava acontecendo, mais adiante pode ver que o rastro de sangue estava bem mais intenso, como na sala onde encontrou os itens para cuidar dos ferimentos de Nathaniel, marcas de garras foram deixadas por toda parte, iam em direção oposta ao destino dela. Antes que Ella pudesse dar mais um passo, a voz dele ressoou em sua mente.
“Ella não... não siga por este corredor... volte para cá, acredite em mim, não é seguro... a coisa que deixou essas garras vai te matar da mesma forma que tentou me matar. Eu lhe suplico volte para cá”.
- Já disse para sair da minha mente. - disse voltando para buscar a cesta.
Dali para frente não demorou muito para chegar a Nathaniel, de volta à sala Ella tratou de acomodar melhor seu novo amigo e organizar as coisas que havia pegado no almoxarifado, quanto mais próxima ficava dele, mas ouvia seus pensamentos, o que era estranho já que estava acostumada a ouvir apenas os seus.
- Sinto muito não consigo evitar, sei que me pediu para não ver o que você pensa, mas não sei como fazer isso... também posso sentir que você está na minha mente agora... e não me chame de Nathaniel, quero que me chame de Nate.
- Está bem, está bem! Eu também não consigo evitar, mas pare de fazer isso o tempo todo me deixa nervosa!
- Isso o que?
- Ficar adivinhando o que eu vou dizer a seguir, isso é frustrante! Ou pelo menos escute quando for uma situação de risco como quando foi no corredor agora a pouco. Afinal de contas, o que fez aquilo no corredor?
- Pode parecer mentira, mas eu não sei o que era, se tivesse seguido aquele caminho provavelmente estaria morta agora. - A expressão de Nate era séria. - Quando acordei minha porta estava lacrada e eu não conseguia sair, não sei dizer ao certo quanto tempo fiquei preso lá dentro, mas um dia enquanto eu tentava mover minha cama pelo quarto para ver se havia alguma saída pelo teto, alguma coisa bateu na porta, era forte, conseguiu quebrar o vidro com uma só tentativa, eu fiquei dias tentando fazer isso e aquilo quebrou apenas se chocando contra a porta.
Ele retomou o fôlego e prosseguiu.
- Para ser sincero, fiquei com medo de ir ver o que era, então esperei por um bom tempo para ir lá olhar, quando me aproximei da porta ela se abriu e pude ver que estava toda manchada de sangue e com rasgos enormes, eu segui os corredores em busca de mais alguém, mas não encontrei ninguém até que me vi em um beco sem saída com uma porta diferente das outras, se parecia com essa por onde você entrou, encontrei várias caixas cheias de papéis e alguns livros com desenhos, fiquei lá por um tempo e aprendi a decifrar o que estava em cada caixa e papel, apesar de conseguir ler o que estava escrito eu não sei o que significava tudo aquilo. Durante dias eu ia e voltava da sala até meu quarto e dormia, até um dia enquanto lia o conteúdo de uma das caixas ouvi um barulho que vinha do corredor, parecia alguém chorando aos prantos enquanto se lamentava, então foi a primeira vez que eu o vi. - Ele estremeceu ao se lembrar do acontecido. - Tinha acabado de virar a esquina e vinha em direção à sala onde eu estava, aparentemente era muito lento e não via nada mesmo que estivesse à sua frente, digo isso pois a criatura desprovida de inteligência se chocou contra uma parede, cambaleou e caiu esparramada no chão então pude vê-la melhor, já que estava mais perto do que antes. Era quase do seu tamanho Ella, o corpo não possuía.


Continua...



Nota da autora: Sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


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