Wolf: A Maldição dos Astros

Última atualização: 10/02/2025

Prólogo

O badalar do sino da torre principal do castelo ecoou por toda a aldeia da Lua, anunciando a chegada da meia-noite. A noite era fria, as ruas estavam imersas em uma neblina espessa, tão densa que mal se podia distinguir o piso de tijolos sob os pés.

Passos apressados cortavam o silêncio noturno, acompanhados pelo som melancólico do sino. Uma figura enigmática movia-se rapidamente pelas ruas desertas. Envolta em uma capa aveludada de cor verde-musgo, o capuz escondia seus olhos, conferindo-lhe um ar de mistério. Em suas mãos, segurava uma cesta de palha coberta por um pano, ocultando seu conteúdo.

A figura parecia desesperada, mas por quê? Seus passos ecoavam na neblina enquanto ela corria com urgência, quase como se estivesse fugindo de algo ou alguém. Depois de percorrer diversas ruas e esquinas, ela finalmente avistou o que procurava: um orfanato. Subiu as escadas apressadamente e colocou a cesta diante da imponente porta de madeira. A luz do lampião acima da entrada acendeu-se ao detectar sua presença, lançando uma luminosidade suave.

Com mãos trêmulas, a figura afastou o capuz, revelando seu rosto. Era uma mulher jovem, apesar dos cabelos grisalhos que emolduravam sua face. Ela se abaixou para inspecionar a cesta e, com uma ternura cautelosa, retirou o pano que a cobria. Lá dentro, um bebê dormia serenamente. A mulher tirou um colar do bolso, acariciou a bochecha macia do bebê e depositou um beijo delicado em sua testa. Em seguida, colocou o colar ao redor do pescoço da criança e murmurou suas últimas palavras antes de partir:

— Eu te amo, minha filha. Espero que um dia as coisas na nossa família melhorem e possamos nos reencontrar.

Ela se levantou lentamente, dirigiu-se à porta e bateu três vezes, mas a única resposta foi o eco de seus próprios golpes no silêncio da noite.

Retornou à cesta, olhando para a criança uma última vez, agora com lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto. Com um suspiro profundo, ela fechou os olhos, abaixou a cabeça e se afastou, deixando a luz do lampião para trás enquanto se perdia nas sombras da noite, levando consigo seus segredos.


[...]


Na densa escuridão da floresta, Jin e Yoongi, dois lobos majestosos, estavam em busca de sustento. O uivo do vento sussurrava entre as árvores altas, criando uma sinfonia sombria que envolvia a noite. A floresta era um lugar antigo e misterioso, com árvores retorcidas cujos galhos se entrelaçavam, formando um dossel quase impenetrável à luz do luar.

Um som agudo e frágil perfurou o ar noturno, interrompendo o silêncio da mata. Jin, com seus olhos dourados faiscando curiosidade, parou abruptamente, e seu pelo arrepiou denotando alerta.

— O que é isso? — questionou-se, enquanto erguia as orelhas para captar melhor o som.

Yoongi, ao seu lado, também se deteve, seu olhar atento sondando as sombras ao redor.

— Um choro de bebê… — murmurou ele, sua voz baixa, carregada de surpresa e preocupação.

Com cautela, os lobos avançaram entre os arbustos, suas formas graciosas deslizando pela escuridão como sombras vivas. Jin, determinado, liderou o caminho, enquanto Yoongi permanecia em posição de vigília, seus olhos amarelos fixos na escuridão.

Ao alcançarem o limite do orfanato, Jin avistou uma construção antiga de pedra, meio oculta pela neblina que se arrastava pelo chão como um véu fantasmagórico. Uma luz fraca tremeluzia sobre a porta de madeira maciça, lançando um brilho pálido e trêmulo sobre a cena.

Jin se aproximou com um misto de curiosidade e apreensão, seus passos silenciosos ecoando apenas no murmúrio da noite. A luz fraca da lua filtrava-se entre as copas das árvores, iluminando fracamente a cena diante deles. Dentro da cesta, um bebê repousava serenamente, seu rostinho angelical envolto pela sombra misteriosa da noite.

Jin e Yoongi trocaram olhares, compartilhando um entendimento silencioso.

— Não podemos simplesmente deixá-lo aqui! — declarou Jin, sua voz suave ecoando como um sussurro na escuridão.

Jin ergueu a cesta com o bebê nos dentes, seu coração batendo em compasso. Yoongi seguiu-o de perto, sua presença solene ecoando a promessa de proteção e segurança.

Juntos, os lobos desapareceram na escuridão da floresta, levando consigo o pequeno ser que agora se tornara parte de sua alcateia.


Capítulo 1

Era de manhã, devia ser umas 5:00, e o céu ainda estava preto. Ainda deitada sob a barriga de Jin, no qual eu sentia sua respiração pesada, fui abrindo meus olhos aos poucos. Me espreguiçando e fazendo sons estranhos; pude ouvir os primeiros cantos dos pássaros ecoando pela caverna. Saltei imediatamente para fora dela. Ao sair, senti meus pés pinicando com a textura grossa da grama. Respirei fundo e prendi meu cabelo com um coque e fui trabalhar.

Chegando em frente à cabana, bufei. Bora para mais um dia de trabalho! Entrei na cabana e peguei todos os utensílios e deixei sob a mesa de madeira. Peguei uma muda de erva e fui para fora da cabana, peguei a pá que já estava fincada na terra e comecei a cavar. A Terra estava úmida, o que era ótimo para fazer o plantio. Enquanto eu cavava, o cheiro de terra molhada subiu e impregnou as minhas narinas, eu amava aquele cheiro. Finquei uma das mudas na terra com cuidado, cobrindo as raízes com a terra e pressionando levemente com as mãos. Quando terminei, me levantei e bati em meu joelho para tirar a sujeira, fiquei por alguns segundos parada, observando a pequena horta que crescia cada vez mais. Com certeza é meu pequeno orgulho. Voltei para a cabana para pegar o balde de água para regar as ervas. A água escorria do balde formando pequenos riachos entre as plantas e deixando a terra encharcada. O cheiro da terra ficou mais forte.

Enquanto triturava as ervas, ouvi passos pesados se aproximando da cabana. Olhei sobre o ombro e dei um leve sorriso ao ver quem era.

— Bom dia, SeokJin! Dormiu bem? — perguntei ainda focada no trabalho, mesmo sendo Seokjin eu continuei trabalhando.

— Bom dia, null! — disse entre os bocejos. — Dormi mais ou menos…

— O que houve? — perguntei preocupada e finalmente virei meu rosto para vê-lo. Ele realmente não parecia muito bem…

— Adivinha…— revirou os olhos. Logo de cara eu já sabia o que era. Dei uma leve risada e voltei ao serviço.

— Kim Namjoon, de novo? — perguntei irônica, ainda triturando as ervas.

— Buff, infelizmente! Ele literalmente dormiu em cima de mim e agora estou todo dolorido! — reclamou indignado e socou umas de suas patas no chão.

— Pobrezinho…— novamente fui irônica. — Volte para a caverna e tente descansar. Para sua sorte, estou preparando remédio para dor. Já já eu levo lá.

— Ok, obrigado! —Agradeceu pensativo.

[...]

Os primeiros raios de sol finalmente começaram a aparecer, todos da aldeia já estavam acordados e começavam a trabalhar. Os pássaros não paravam de cantar, o vento soprava contra as árvores, fazendo com que suas folhas balançavam como se fosse uma dança. Senti a brisa em meu rosto, fechei meus olhos e respirei fundo.
Novamente senti alguém vindo. Era Jungkook. Seu rostinho ainda parecia sonolento.

— Bom dia, Jungkook, dormiu bem? — perguntei me virando e indo em sua direção. Me agachei para fazer carinho em seus pelos brancos.

— Bom dia, Mack. Dormi sim, e você? Pelo visto você já estava acordada faz tempo. Por que tão cedo? — perguntou, sua feição rapidamente mudou para um Jungkook mais triste.

— Ah, Kook, eu preciso trabalhar, meus remédios e chás são importante para todos, não posso simplesmente parar. — expliquei.

Ele suspirou, parecia ainda mais desapontado. — Entendi… mas você não pode tirar nem um dia de folga? — Perguntou fazendo cara de pidão.

— Hum…posso pensar nisso! — Disse rindo.

—Yes! — Comemorou. — Irei cobrar! — disse convencido.

— Vou ter que voltar a trabalhar, está bem? — disse voltando meu foco para a horta.


[...]


Olhei para o balde vazio e me veio um pensamento intruso “até quando isso vai durar?”. Estava tão imersa no trabalho que nem percebi que os arbustos começaram a se mover. Me assustei, achei aquilo estranho, então me aproximei um pouco mais para tentar ver o que era. De repente um Coelho branco surge diante de meus olhos, me assustei mas logo voltei no foco.

— Ei, pequenino! — tentei chamar sua atenção, mas ele parecia assustado. O que será que aconteceu? — Está tudo bem, venha não tenha medo… — me agachei para pegar uma cenoura da horta e fui caminhando devagar para não o espantar. O coelho pegou rapidamente a cenoura de minha mão e foi embora. Levantei e dei um sorriso, mas aquilo me deixou com uma certa preocupação.

.toUpperCase())! — ouvi uma voz familiar me chamar, me virei rapidamente e vi Jungkook se aproximando, estava ofegante e não parecia muito bem.

— O que houve? — perguntei franzindo o cenho.

— É o Jin e Namjoon, tem algo de errado, eles pediram pra te chamar. — disse ofegante e eu concordei com a cabeça. Peguei minha bolsa de remédios e saí com Jungkook até a caverna.

Enquanto íamos na direção da caverna, senti um nó na minha garganta e minha barriga começar a doer. Estava tensa, mas tentava manter a calma. Ao chegar e adentrar, vi Jin e Namjoon. As feições de Jin não eram nada boas.

null, graças a Deus você chegou! — disse Namjoon, se levantando rapidamente. — O Jin não está nada bem, ele continua com dores, ele está muito quente. Ele começou a falar enquanto dormia, isso nunca aconteceu antes. — explicou preocupado, com voz de choro.

— Certo, peço que você mantenha a calma. Vamos resolver isso! — disse tirando de minha bolsa umas ervas, sabia que ia precisar delas. Elas servem para diminuir a temperatura do corpo. Coloquei minhas mãos sobre a testa de SeokJin e realmente ele estava muito quente. Ele ainda estava dormindo e falando coisas sem sentido. Tentei acordá-lo, mas minha missão falhou miseravelmente. Tentei chamar seu nome mais uma vez, mas sem sucesso novamente. — Assim fica impossível de dar o remédio. Eu não sei mais o que fazer! — disse desesperada, tentando achar uma solução. Fiquei tentando vasculhar em minha mente algum remédio ou chá para acalmar ainda mais o Jin. Foi aí que me toquei de um chá para diminuir febres altas, mas a planta não está em minha horta e não é muito fácil de achar, pois diz a lenda que um lobo enorme guarda ela muito bem. Estava decidida em ir atrás dessa planta.

— Namjoon, Jungkook preciso que vocês fiquem aqui. Irei sair atrás de uma planta chamada Lótus Azul. Ela é a única que pode diminuir a febre. Enquanto isso, preciso que vocês tomem conta dele e mantenham-no hidratado. – falei, me virando para sair de lá, mas sou interrompida por Jungkook.

— Eu vou com você! - disse determinado e socando uma de suas patas na rocha.

— Não, Jungkook, eu vou sozinha! É muito perigoso lá fora. Diz a lenda que existe um lobo guardião da flor.

Namjoon franziu o cenho, ainda mais preocupado que antes. E então ele se pronunciou.

— Você está louca? Lá fora é muito perigoso, ainda mais você estando sozinha e ainda mais sem armas. Por favor, leve Jungkook com você!

Eu hesitei, mas ele estava certo, não posso ir sozinha, sem uma companhia e sem armas. Me lembrei que tenho facas na cabana, posso usar para tentar matá-lo se a lenda for real mesmo. Suspirei fundo e prossegui.

— Tudo bem, mas vamos rápido, ainda preciso pegar minhas armas na cabana. Não temos muito tempo! - Jungkook concordou com a cabeça e saímos de lá em busca da bendita flor.

O silêncio da aldeia de repente ficou quieto demais. O ar estava pesado, o clima ali parecia pesado e tenso. Não conseguia mais ouvir o canto dos pássaros e não havia mais vento algum. Estava tudo muito estranho e isso estava me deixando preocupada.


[...]


Depois de uma longa caminhada, finalmente chegamos no local. Enquanto caminhamos, Jungkook tentou quebrar o silêncio.

null, por um acaso você já viu o Jin desse jeito?
— Não, nunca! E é isso que me preocupa.

Conforme fomos nos aproximando da caverna, ouvi um barulho vindo dos arbustos. Eu gelei e Jungkook já entrou em minha frente, pronto para atacar! De repente um lobo surgiu, seus olhos eram vermelhos e seu pelo escuro como a noite. Ele rosnava e mostrava seus dente enormes para Jungkook, e ele fez o mesmo.
— O que querem aqui? — falou o lobo, rugindo.
— Queremos a Flor de Lótus azul! Nosso amigo está doente. — expliquei ofegante.
— Me sigam! — falou e nós seguimos até a caverna. Quando nos aproximamos e entramos, observei um brilho forte azul cintilante iluminando o local. Meus olhos brilharam, ela era linda e do jeitinho que imaginava.

— Peguem o quanto quiser! Mas tem uma condição. — o lobo começou a falar, quando eu ia me agachado para cortar a flor. Fiquei estática, ainda agachada e de repente comecei a ficar sem ar e só ouvia o lobo.

— Assim que pegar a flor, eu quero algo em troca! — engoli a seco. E me levantei e virei-me aos poucos, podendo assim olhar sua face novamente.

— E o que seria? — Jungkook perguntou rosnando.

— Você tem a habilidade que procuro…— explicou. — Quero sua habilidade de cura! — arregalei meus olhos, assustada com o que ele disse.

— O quê? — Jungkook perguntou rugindo mais alto. — Ela não pode…— assim que Jungkook ia terminar sua frase, o interrompi imediatamente.

— Eu aceito! — falei determinada e assenti com a cabeça.

— Certo, é todo seu! Use com sabedoria! — assenti novamente e logo me virei e agachei para cortar a flor. Feito isso agradeci o lobo e saímos de lá.

No meio do caminho de volta para casa, reparei nas expressões de Jungkook, parecia sério e com raiva. Senti minhas mãos pesarem, pode ser o efeito de minha escolha. Parecia que algo foi tirado de mim sem dó. Engoli em seco e ele quebrou o silêncio.

null, você tem noção do que acabou de fazer? — perguntou sério. Ele não estava nada feliz com minha decisão. — Você é importante para nós, null, precisamos de você, de sua habilidade de cura. Como você teve coragem de entregar assim? — Falou meio ríspido. Parei abruptamente e o encarei, levantando uma das sobrancelhas.

— Jungkook, se for para fazer qualquer sacrifício para salvar alguém de nossa comunidade, então assim o farei! Eu já tomei minha decisão e não irei voltar atrás, até porque nem dá para voltar atrás. — respondi no mesmo tom. — Vamos, temos que nos apressar. Jin deve estar piorando. — Jungkook suspirou e assentiu, balançando a cabeça e assim começamos a correr.


[...]


Ao chegarmos na aldeia, um dos guardas foi avisar ao Namjoon que chegamos. Entramos na caverna rapidamente.

— Vocês conseguiram? — Namjoo perguntou aflito.

— Sim! — respondi ofegante, segurando a flor. — Irei tentar prepararos remédioss. Jungkook se eu não conseguir, pode me ajudar? — perguntei e ele assentiu.

— Como assim se não conseguir? — perguntou Namjoon, enquanto preparava os utensílios para preparar o remédio.

— É uma longa história! — falei, esmagando as pétalas com água no potinho. Senti-me fraca e pedi ajuda para Jungkook, que aceitou de bom grado.

Depois de ter contado toda a história para Namjoon, finalmente o remédio ficou pronto. Tentei levantar o rosto de Jin e abri um pouco sua boca e despejei o líquido azul. Aos poucos, a febre foi diminuindo e ele parou de falar coisas sem sentido. Todos nós suspiramos aliviados. Desejei que Jin abrisse seus olhos e eles começaram a se abrir aos poucos.

— Como está se sentindo? — perguntei acariciando seus pelos.

null? Jungkook? — perguntou meio desnorteado. — O que aconteceu?

— Você ficou com febre e começou a falar coisas sem sentido. — novamente expliquei tudo o que aconteceu.

— Não acredito que você fez isso por mim! Você é maluca! — ele riu. — Nunca mais faça isso, por favor!

— Era questão de vida ou morte, Jin! Não é tão simples. — expliquei dando de ombros. — Bom, agora que você está bem, tente descansar, sim?

— Obrigado, por tudo! — agradeceu e dei um leve sorriso.

Sai da caverna aliviada por Jin estar vivo, mas algo me dizia que uma coisa pior estava por vir, é algo grande! Jin ficar doente assim, não era normal! Temos que nos preparar e rápido.


Continua...



Nota da autora: Vou deixar aqui meu discord, caso alguém queira conversar comigo: @lonelywolfyy



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