Capítulo Único
e eu formávamos um casal bonitinho. Isso quando conseguíamos sair juntos. Eu saía mais com nossos amigos em comum, , e , seu namorado, que com o próprio . Algumas pessoas chegaram a pensar que e eu éramos um casal, devido à frequência com que nos viam juntos.
Tudo isso se devia à alma workaholic de . Ele não largava aquele trabalho por nada no mundo. E ainda tinha academia, curso de música e as inúmeras viagens que ele fazia a trabalho. Eu, cansada de ser prioridade dois na vida dele, acabei por terminar aquele relacionamento que estava fadado ao fracasso.
Isso tinha sido há três meses e desde então, não tinha visto . Porém não conseguia tirá-lo da minha cabeça. O sorriso dele acabava me voltando à mente e meu corpo se aquecia sem a minha permissão quando eu lembrava dos nossos momentos juntos. Suspirei pela décima vez, chamando a atenção de , que trabalhava comigo.
- , tá tudo bem? – ela perguntou curiosa.
- Tá, . Eu só tô... cansada. – menti.
- Amiga, você não acha melhor tentar conversar com ele? – ela perguntou incerta.
- Ele nem sequer me procurou, . Ele não quer tentar. Não quer mudar. nunca muda. – respondi com uma pitada de irritação na voz. – Eu não vou ficar correndo atrás de quem não me quer. Eu tenho vergonha na minha cara.
- Vocês são difíceis, meu Deus. – a ruiva rebateu irritada. – Você também trabalha e ele nunca reclamou.
- Exatamente. Era um relacionamento unilateral, onde só eu me esforçava por nós, só eu estava disponível. – expliquei já sentindo as lágrimas encharcando meus olhos. – Nós não estávamos na mesma sintonia, . Doeu terminar, mas era o certo.
- Tem certeza, ? Olha só como você fica quando fala dele. Vocês se amam, dá pra ver. – ela arrastou sua cadeira até mim e me abraçou.
- O amor sempre foi unilateral. – funguei baixinho.
- Não fala isso. disse que passou os últimos meses distraído. Parou de ir à academia e recusou duas viagens. – ela disse com raiva. Provavelmente estava indo nas viagens já que eles trabalhavam juntos. – Ele anda tristinho.
- Desculpa, . deve estar viajando no lugar dele, não é? – perguntei já sabendo a resposta.
- Não se preocupe com isso. compensa a ausência. – ela disse rápido e depois fez uma expressão culpada.
- Exatamente. compensa a ausência. nunca fez isso. – sorri sem vontade. – Vamos parar de falar dele, OK? – pedi.
- Tá. Olha só, vai dar uma festa na noite de Halloween e convidou todos nós. Ele está terminando os convites mas eu resolvi te avisar logo. – ela bateu palmas, animada.
- Obrigada, mas eu não vou. – respondi.
- Vai sim. Você vai comprar uma fantasia legal, vai se arrumar e vai. – ela ralhou. – Mostre ao o que ele perdeu. – ela arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços sobre o peito.
- É exatamente por isso que eu não vou, . – sorri para ela, que me olhava com os olhos semicerrados. – Eu adoro o e amo você e o e não quero estragar a festa. Não quero mostrar nada a ninguém.
- , já pensou em dar uma chance ao ? – ela perguntou de repente.
- ! – quase gritei.
- O que foi? De repente pode funcionar. Esquecer o com o . A ideia é boa, vai. – ela riu e me empurrou pelo ombro. – Ele parece estar interessado. – ela arqueou as sobrancelhas.
- , vai trabalhar. Me esquece e esquece essa festa. Eu não vou. – empurrei sua cadeira e me voltei para meu computador.
- Você vai ou não me chamo . – ela decretou.
- Vá escolhendo outro nome, então. – eu disse e coloquei os fones para não ouvir os protestos que viriam a seguir.
***
tinha terminado os convites e eu tinha recebido o meu diretamente das suas mãos. Eu não queria acreditar em , mas ele parecia estar flertando comigo, falando cheio de sorrisos e enrolando a ponta do meu cabelo entre os dedos grandes. Aceitei o convite, mas já fui avisando que não iria.
- Ah não, . Isso é por causa do ? – ele perguntou irritado. – Não deixe aquele babaca te impedir de se divertir.
- É por causa de mim, . – respondi. – Não acho que estou pronta para sair. Me deixe curtir minha solidão mais um pouco. – eu ri.
- Você acha mesmo que aquele maníaco vai a algum lugar? Ele só sabe trabalhar. – ele perguntou cruzando os braços fortes sobre o peito.
Foco! Estou reparando no que não devo.
- , você vai parar de reclamar se eu disser que vou pensar? – perguntei.
- Não! – ele respondeu rápido. – Vou parar de reclamar quando você passar pela minha porta, fantasiada.
Céus, eu estou perdida.
- Ok, . Vou considerar. Até lá, não fale dessa festa, sim? – pedi.
- , o que nós fazemos com ela? – ele perguntou à minha amiga largada ao meu lado no sofá. Era sábado a tarde e estávamos os quarto no meu apartamento, e , e eu.
- Você ainda está tentando, ? Eu já desisti. – ela deu de ombros.
- Que grande amiga você é, . – acusei.
- Eu estou tentando te tirar dessa fossa, . Mas você não quer me ouvir. – ela deu de ombros novamente. – Já te falei pra mostrar àquele babaca o que ele perdeu. – ela fez uma expressão de superioridade e me olhou por inteiro, me analisando.
- Aquele babaca é meu amigo e trabalha comigo. – se pronunciou.
- É meu amigo também, . Mas temos que concordar que ele foi um grande filho... – começou a xingar e eu lhe lancei um olhar de reprovação. – Não me olhe com essa cara, . – ele disse para mim.
- Cara, você trabalha em outro setor e só vê o na hora do almoço. Não sabe o quão triste ele está durante o resto do dia. – apontou. – Eu já estou ficando preocupado.
- Vocês podem, por favor, parar de falar dele? – pedi. Já estava sentindo as lágrimas chegarem.
- Me desculpe. – pediu e me abraçou de lado. – Mas eu ainda espero você na festa.
- Se vocês não pararem de me encher com isso, eu nunca mais falo com vocês. – ameacei.
- Ei, eu não disse nada, OK? – protestou.
- Se precisarem de mim, estarei no meu quarto. – anunciei e saí. Precisava chorar em paz.
***
Sábado. Dia da festa.
já tinha deixado pelo menos doze mensagens na conversa privada e mais um milhão de mensagens no grupo que nós tínhamos. Até estava tentando me animar para ir.
Eu estava deitada no sofá quando alguém decidiu tentar derrubar minha porta. Levantei de mal gosto e fui atender.
- Por que você ainda está assim, ? – perguntou quase gritando.
- Quantas vezes eu vou ter que te falar que eu não vou nessa festa? – perguntei e voltei para me deitar no sofá, deixando fechar a porta.
- Ah, você vai. Vai levantar daí, tomar um bom banho, colocar aquele vestido tubinho preto que ele odeia, vai fazer uma maquiagem pesada, passar um batom vermelho e colocar essa capa. – ela ditou as ordens e estendeu o tecido para mim. – Sapatos vermelhos. Vamos, eu faço cachos no seu cabelo enquanto você se arruma. – ela bateu na minha coxa, me incentivando a levantar.
Eu não tinha outra alternativa. Ou eu levantava e me arrumava, ou me levaria como eu estava, de calça moletom e com uma camiseta velha do Ramones, o cabelo uma completa bagunça.
- Você já está pronta? – perguntei olhando seus longos cabelos presos e seu vestido branco com detalhes em vermelho.
- Asuna. está de Kirito. – ela sorriu. Concordei para que ela não continuasse a falar, mas não sabia que personagens eram aqueles. Provavelmente de algum anime que era fã.
Tomei um banho rápido, apenas para dar um jeito no cabelo, e voltei para o quarto, encontrando remexendo no meu guarda-roupa.
- O que está procurando? – perguntei curiosa.
- Aquele seu sutiã de tiras. Vai ficar ótimo com o vestido. – ela ergueu o pequeno pedaço de tecido que chamava de vestido. o odiava. Tive a ótima ideia de usar em um jantar da empresa e ele passou metade da noite emburrado, repetindo incansavelmente que aquilo não cobria nem minha bunda, o que era um fato, mas eu nunca lhe daria razão.
- Onde estão suas sandálias vermelhas? – ela perguntou.
- Joguei fora. – respondi a verdade.
- Você o quê? Eu não acredito que você fez isso. Era uma Jimmy Choo. – ela quase chorou. – As pretas vão servir. – ela pegou as sandálias e voltou para a cama. – Vamos, se apresse. Escolha uma lingerie bonita.
Lhe encarei com desgosto e virei o guarda-roupa atrás do tal sutiã de tiras e da calcinha que tinha vindo com ele. Vesti as peças e coloquei o vestido, me sentindo maravilhosa. Tinha sido uma ótima escolha de . Não que eu fosse admitir isso um dia. Sentei para fazer a maquiagem e ela se ocupou dos meus cabelos. Vesti a capa curta demais para mim e calcei as sandálias, observando o resultado no espelho do quarto.
- Garota, você tá de matar. Se cuida porque se o não acordar pra vida, o tá bem acordado e vai cair matando. – ela sorriu satisfeita.
- Eu quero te lembrar que eu só estou indo a essa festa porque vocês me encheram o saco a semana toda e eu não aguentava mais o falatório. Não estou indo pegar o antigo muito menos conquistar um novo. – esclareci.
- OK, senhora vampira sexy. Vamos, o pobre do está nos esperando no carro. – ela riu.
- E só agora você diz isso, ? Por que não mandou o coitado subir? – perguntei preocupada.
- Deixe que com o me preocupo eu. Vamos, passe um perfume e pegue seu celular. – ela saiu. Me apressei em lhe seguir e encontramos dentro do carro, quase dormindo. Estava realmente parecendo um personagem de anime, a roupa e os cabelos totalmente pretos.
- Oi, . – cumprimentei.
- Nossa, você morreu e foi substituída, ? – perguntou.
- Muito engraçadinho. – comentei. – Vamos antes que eu desista.
dirigiu até a casa de , conversando com . Eu permaneci calada. Quem sabe se eu fingisse que não estava ali, eles me esqueciam. Assim eu poderia voltar para a minha casa.
- Eu vou ficar de olho em você, . – decretou assim que desceu do carro.
- OK, mãe. – respondi. Ela segurou a mão de e me estendeu a mão livre. Caminhamos até a porta e nos recebeu, vestido de cowboy.
- , você trocou ela em algum lugar? – ele perguntou me analisando. Tomou minha mão e me fez dar um giro completo.
- Se vocês continuarem com as piadinhas, eu vou embora. – alertei.
- Você tá muito gata para sair daqui sozinha. – quase sussurrou. Meu corpo arrepiou quase por completo e eu tratei de me afastar dele rapidamente.
- Você pode parar. – ordenei a ele.
- Me desculpe. Mas eu não falei nenhuma mentira. – ele deu de ombros. Estreitei os olhos em sua direção e ele sorriu ladino.
- OK, o já está bêbado. – decretei.
- Ei, garota! Eu estou sóbrio. – ele protestou. – Não se pode mais falar uma verdade sem ser taxado de bêbado. , será que pode me dar uma força aqui? – ele perguntou à ruiva parada na minha frente.
Encarei e percebi que ela estava com o olhar perdido em algum ponto atrás de mim. Olhei na mesma direção que ela e então eu o vi.
vinha entrando com o cabelo arrumado displicentemente, uma camisa branca de botões, paletó e calça social preta, uma capa semelhante à minha pendendo nos ombros largos. Eu não sabia se as marcas escuras abaixo dos seus olhos eram maquiagem ou o resultado das noites de sono mal dormidas que disse que ele estava tendo. A boca estava vermelha demais, destacando os lábios no rosto bonito. Ele caminhou em nossa direção, olhando diretamente em meus olhos.
- Oi. – ele disse olhando para mim. Fiquei lhe encarando como se estivesse vendo uma assombração. Não nos víamos há três meses e a única coisa que ele me dizia era “oi”? Virei as costas para sair dali, a festa tinha acabado para mim. Senti me segurar pelo braço. – Nós precisamos conversar, .
- Não precisamos. – puxei meu braço de seu aperto. – Estou indo embora, . – anunciei.
- Eu te levo. – se pronunciou.
- Não, . É sua festa. Você tem que ficar aqui. – apoiei as mãos em seu peito.
- Eu não vou deixar você sair sozinha com esse vestido. – ele decretou.
- É por isso que não quer conversar comigo, ? – perguntou apontando de para mim e riu sarcástico. Eu odiava quando ele fazia isso, mas achava extremamente fofo. Droga de dualidade.
- , cuidado com o que vai dizer. – pediu.
- Não, . Eu já entendi tudo. – ele riu de novo. – Eu já sabia que isso ia acontecer.
Meu sangue ferveu nas veias. Senti as orelhas esquentando, a mais pura raiva me dominando. Me aproximei de e lhe encarei bem de perto, minha respiração pesada de ódio se misturando com a sua.
- ? – chamei sem parar de encarar meu ex-namorado.
- A porta depois da minha, na direita, você sabe. – ele me disse o quarto que estava livre. Eu costumava dormir ali com quando ela não namorava .
Segurei o pulso de e passei por nossos amigos, completamente furiosa. Vi se adiantando em nossa direção e lhe segurando pelo peito. Arrastei escada acima, reclamando do aperto de minha mão em seu pulso, e entrei no quarto. Larguei no centro do cômodo e corri para a mesa de cabeceira, pegando a chave e correndo de volta para a porta. Tranquei e tirei a chave, a jogando de qualquer jeito no chão do quarto.
Caminhei decidida até e lhe empurrei pelos ombros com força, o desequilibrando.
- Eu odeio você! – gritei.
- Eu sei. Você ama o . – ele respondeu ainda com aquela expressão sarcástica.
- Nós terminamos há três meses e você só aparece agora ainda querendo dar crise de ciúme? Me poupe, ! – eu gritava tamanho era o ódio em mim.
- Você terminou, . – ele corrigiu. – Eu nunca quis terminar.
- Eu era prioridade número dois na sua vida, . – rebati.
- Você tem ideia de por que eu trabalhava feito um louco? Ao menos imagina quais eram meus objetivos? – ele perguntou aumentando o tom de voz e se aproximando. – Eu queria comprar um apartamento num lugar legal. Para mim. Para nós. Eu ia te pedir em casamento e ia te dar a festa dos seus sonhos. Mas você é impaciente demais para entender e esperar, não é, ? – ele gritou, literalmente na minha cara. – E agora você tá aí, pendurada no .
Ele se afastou, me dando as costas. Senti as lágrimas se acumulando nos meus olhos. Eu não acredito que ele estava simplesmente desfazendo dos meus sentimentos assim.
- Qual a droga do seu problema? – perguntei chorando.
- O meu problema é você, . É esse término. É você toda cheia de gracinhas pro . Eu te amo, caramba. Eu sempre te amei. – ele respondeu e voltou a se aproximar. Colocou as mãos na minha cintura, por baixo da capa e juntou meu corpo ao seu. – Eu não consigo imaginar a vida, eu não consigo viver sem você. – ele sussurrou a última parte.
- E por que não me procurou? – me rendi e apoiei a cabeça em seu peito forte. Eu amava dormir ali, ouvindo os batimentos dele.
- disse que você estava uma fera. – ele riu sem vontade. – Eu te conheço, sei como fica quando está brava. Te dei um tempo, esperei que você voltasse para dizer o que achava que ainda faltava ser dito. Eu ia te obrigar a me ouvir. Ia te fazer entender e te ter de volta. – ele apertou o abraço.
- Eu estava esperando você, . Eu nunca quis o . Eu desviei de todas as investidas dele nos últimos três meses. – confessei.
- Aquele cretino. – ele riu e o som reverberou em seu peito, me dando uma sensação boa.
- Ele viu o caminho livre... – deixei a frase no ar.
- E ele ia fazer isso bem debaixo dos meus olhos. – ele pareceu irritado.
- Só para você saber, eu nem vinha para essa festa. – confessei de novo.
- E aí resolveu vir justo com esse vestido. – ele ralhou. – Você sabe que eu odeio ele.
- Eu não estava me vestindo para você. – alfinetei. separou o abraço e me segurou pelos ombros, me encarando. – Foi quem escolheu a roupa. – eu ri.
- Aquela garota é impossível. – ele suspirou. Me analisou por completo e voltou a me encarar. Me soltou completamente e levou as mãos ao bolso do paletó. – Eu estava me preparando para te dar isso. – tirou de lá uma caixinha de veludo preta, abrindo diante dos meus olhos e revelando um anel com vários cristais azuis minúsculos.
- ... – chamei baixinho, as lágrimas correndo livremente pelo rosto.
- Ei, não chora. – ele tentou limpar meu rosto. – Eu sei que eu fui um babaca nos últimos três meses. Mas eu te amo e te quero de volta. De preferência como minha esposa. – ele sorriu, seu rosto ficando ainda mais bonito. – , aceita casar comigo?
Meu choro se misturou a um riso nervoso. Namorávamos há quase quatro anos, antes que eu interrompesse a relação. Eu estava esperando para ouvir aquilo há tanto tempo.
- , por favor, não me deixa nervoso. – ele pediu.
- Sim! Claro que sim, idiota. – gritei e me joguei em seus braços.
- Você vai nos derrubar! – ele riu tentando me segurar e se equilibrar para que não fôssemos ao chão. Desci de seus braços e tomou minha mão na sua. Colocou o anel em meu dedo e beijou o local, sorrindo abertamente. Segurou meu rosto com as mãos e me beijou, calmo e delicado, como eu lembrava poucas vezes de ele ter sido. – Eu me mudei. – ele disse de repente. – Para o nosso AP. Eu parei de trabalhar como um louco. Agora eu sou seu, só seu. Inteiramente.
Me abracei ao seu pescoço e tomei seus lábios com vontade. O beijo tinha o gosto salgado das minhas lágrimas, com uma pitada de saudade e um toque de amor. Quando nos faltou o fôlego, me separou de si e me olhou sério.
- Eu estou com muita saudade, mas eu não quero fazer isso aqui. – ele olhou ao redor. – Quero cravar minhas presas nesse pescoço bonito, mas na nossa casa. – seus dedos tocaram meu pescoço e minha pele arrepiou. – Então, senhora vampira, vamos embora. – ele me tomou pela mão e procurou a chave que eu tinha largado. Me abaixei para ajudar e ele me fez endireitar o corpo de novo. – Não se abaixe com esse vestido, . Ele mal cobre sua bunda. Vamos, antes que alguém veja o que não deve.
E lá estava o meu de sempre. Ele era preocupado e ciumento na medida certa. Menos quando eu usava aquele vestido. Ele virava uma fera e, bem... descontava na cama.
Descemos as escadas de mãos dadas, a capa de voando no meu rosto tamanha era sua pressa. Desci rindo e tentando acompanhá-lo e encontrei , e com expressões preocupadas.
- E então? – perguntou a um que caminhava direto para .
- Eu vou te dar uma oportunidade, . A pergunta é simples. Você vai querer esse vestido? – perguntou a , porém apontando para mim.
- Do que está falando, ? – ela então me encarou. – Ela estava chorando? Que merda você fez, ? – perguntou irritada e se aproximou de mim.
- , o vestido. – insistiu.
- A não vai usar esse vestido, cara. – foi quem respondeu.
- Amiga... – chamou preocupada e começou a me analisar por todos os lados. Ergui a mão com o anel na frente de seu rosto. – Espera... isso não estava aqui quando viemos.
- Eu vou me casar, ! – gritei animada.
- Você o quê? – ela gritou de volta e e nos encararam assustados.
- Nós vamos nos casar. Mas explicamos depois. – se pronunciou. – ... o vestido. – ele tentou uma última vez.
- Eu não quero o vestido, . – ela riu.
- Ótimo. Estamos indo. – anunciou.
- Vai com calma, ! – gritou e eu ri.
- Eu falo com você depois, . – rebateu e continuou a me puxar, provavelmente em direção ao carro.
- , o vestido. – disse rindo da pressa dele. Curto como era, o tecido estava subindo mais do que devia.
- Droga. Maldito vestido. – ele parou de repente e tirou a capa, a amarrando em meu pescoço, sobre a minha. – Eu vou te emprestar isso, mas você vai me devolver quando chegarmos em casa, OK? – ele me perguntou.
- OK, . Vamos. – me enrolei na capa e continuei a lhe seguir. Entrei no carro de e ele logo começou a dirigir apressadamente em direção a um bairro que eu não conhecia.
- Eu falei que queria um lugar legal. – ele disse quando viu minha expressão confusa.
entrou em um prédio grande e estacionou o carro rapidamente. Saiu e abriu a porta para mim, me guiando ao elevador. Assim que as portas de metal se fecharam, ele tirou a capa de mim e voltou a colocar em volta de seu pescoço, sorrindo ladino e mordendo o lábio inferior.
- , não me olha com essa cara. – pedi. Aquele olhar fazia meu corpo aquecer.
- Eu não fiz nada, . – ele se defendeu. Permaneceu em silêncio até chegarmos ao seu andar. Nosso. Nosso andar. Quando paramos na porta, me abraçou por trás e sussurrou no meu ouvido. – Ainda é Halloween, então... Gostosuras ou travessuras? – ele mordeu o lóbulo da minha orelha.
- Será que podemos ter um pouco dos dois? – perguntei. abriu a porta e delicadamente me empurrou para dentro.
- So... welcome to my playground. – ele sussurrou de novo, meu corpo se arrepiando por completo. – O que minha vampirinha quer fazer hoje? – ele perguntou e raspou os dentes no meu pescoço.
- ... – chamei, mas se pareceu com um gemido.
- Eu quero tanto morder seu pescoço. Deixar marcado pra você lembrar de mim quando olhar no espelho. – ele raspou os dentes na minha pele de novo.
- Hoje eu sou sua. – inclinei a cabeça para lhe dar mais acesso.
- Hoje? – ele perguntou receoso. Me virei no abraço e olhei em seus olhos.
- Hoje e para sempre. – respondi sorrindo. sorriu comigo e me beijou com vontade. Suas mãos apertaram minha cintura e juntou nossos corpos mais ainda.
Quando nos faltou o fôlego, ele passou a atacar meu pescoço sem dó. Eu sentia seus dentes em minha pele e seus lábios sugando com força, fazendo um barulho estalado que me dizia que eu teria muitas marcas roxas para cobrir nos próximos dias.
- Vampirinha, que tal entrarmos? – ele riu. Ainda estávamos parados no meio da sala.
- Você vai me deixar morder seu pescoço? – perguntei e mordi o lábio.
- O pescoço e o que mais você quiser morder. – ele respondeu rouco.
- , não me provoque. – ordenei.
- Não está com saudades, vampirinha? – ele perguntou, me obrigando a andar de costas. Abriu uma porta e continuou me empurrando até que eu senti algo macio de encontro às minhas pernas. – Nós precisamos nos livrar disso. – ele disse e levou a mão às minhas costas, descendo o zíper do vestido, livrando meus braços e deixando o tecido cair aos meus pés, me deixando de lingerie e saltos e com a capa que tinha me dado. – E eu estou falando sério quando digo que vou me livrar dele. Você não vai mais ver esse vestido, .
Ri sem vontade. Ainda achava incrível o ódio que ele nutria por esse vestido.
- Isso é relacionamento abusivo, . – acusei.
- Você sabe que eu te amo e que esse pano não te cobre direito. Pense o que quiser. Eu só estou tentando proteger o que é meu. – ele respondeu e selou meus lábios. – Imagina com quantos caras eu vou ter que brigar por eles estarem olhando para a minha esposa. – ele disse as últimas palavras completamente orgulhoso de si.
Tomou uma pequena distância e me analisou por completo, mordendo o lábio de novo. Voltou a se aproximar e desatou o nó da capa em meu pescoço, deixando-a cair ao chão. Começou um beijo lento e sensual, as mãos quentes passeando por minhas costas. Senti no sutiã afrouxar e soube que ele tinha achado o fecho. Sorri entre o beijo e puxou meu lábio inferior entre os dentes, sorrindo junto. Delicadamente me deitou na cama e se colocou acima de mim, ainda complemente vestido. Começou a descer a boca por meu pescoço, alternando entre morder e chupar a pele. Jogou para longe o sutiã que estava preso entre nossos corpos e admirou meus seios expostos para si. Levou a boca a um dos mamilos e brincou com ele entre os dentes, me arrancando gemidos contidos, enquanto com a mão acariciava o outro.
passou tempo demais brincando com meus seios e aquilo já estava me deixando impaciente. Excitada, mas impaciente. Eu queria lhe sentir. Foram três longos meses sem ele, afinal.
- ... – chamei em um sussurro. levantou a cabeça para me olhar. – Eu quero você. – choraminguei.
- Não tenha pressa, vampirinha. Nós só estamos começando. – ele sorriu safado e começou a lentamente descer suas mordidas pelo vão entre os meus seios até o umbigo e de lá para minha intimidade. Separei mais as pernas para lhe dar total acesso. Ele beijou a área por cima da calcinha de renda e sorriu ao ver o meu estado. – Minha vampirinha já está pronta para mim? – ele perguntou com a boca próxima demais da área, seu hálito quente passando pela renda da calcinha e atingindo meu íntimo, fazendo minha pele arrepiar por completo.
- ... – chamei de novo, dessa vez com mais urgência.
- Calma, amor. Eu vou te dar o que você quer. Tenha paciência. – ele riu. Riu com vontade, aquele desgraçado. Tentei fechar as pernas, irritada e excitada demais para responder à altura. as segurou abertas e me olhou com repreensão. – Não faça isso, . Eu preciso provar você, sentir seu gosto na minha língua. – ele disse com a voz rouca.
Seus dedos foram para as laterais da calcinha e desceram a peça. colou a boca em minha pele de novo e foi quase lambendo minhas coxas enquanto o tecido deslizava por elas. Se livrou das minhas sandálias e da calcinha, as arremessando para longe, e voltou a colocar a cabeça entre as minhas coxas, a boca se ocupando em sugar meu clitóris com vontade, me arrancando um gemido arrastado. Dois de seus dedos logo se juntaram à sua boca, estocando com força e precisão, fazendo meu corpo tremer com a proximidade do orgasmo.
- . – meio chamei, meio gemi.
- Vem pra mim, vampirinha. – ele afastou sua boca de mim para ordenar, os dedos nunca parando o trabalho. Meu corpo tremeu com a sensação maravilhosa do orgasmo me dominando. Eu quase tinha esquecido o quão bom era naquilo. Ele fez questão de me deixar limpa e então se levantou, me encarando com uma expressão satisfeita. Me chamou com um dedo e eu me obriguei a levantar, ficando de joelhos na cama, o rosto na altura do seu.
- Agora é minha vez? – perguntei já desfazendo o laço que prendia sua capa. apenas sorriu.
Entendi aquilo como um sim e deslizei as mãos por seus ombros, me desfazendo do paletó. Me aproximei o suficiente e provei da pele imaculada de seu pescoço, arrancando um gemido sôfrego dele. Comecei a desabotoar sua camisa devagar, deixando uma mordida em seu pescoço a cada botão que saía da casa. Assim que terminei, empurrei a camisa por seus ombros e passei a atacar seu abdômen marcado, descendo cada vez mais em direção ao seu umbigo. Desabotoei a calça e desci junto da boxer negra, fazendo seu membro saltar diante dos meus olhos.
Minha boca salivou com a visão e eu mordi o lábio inferior, completamente desejosa. Segurei o membro pela base e coloquei apenas a glande na boca, sugando com vontade e ouvindo um gemido longo rasgar a garganta de . Desci mais a boca, passando a língua pelas veias saltadas ali e voltei para a glande, dessa vez colocando todo o comprimento na boca. levou uma mão aos meus cabelos e começou a ditar o ritmo que mais lhe agradava. Vez ou outra, raspava meus dentes na pele sensível por pura provocação, para lhe ver estremecer.
- Chega. Eu não tô mais aguentando. – ele puxou meus cabelos com um pouco mais de força, me afastando completamente.
Sentou na cama apressado e me puxou para seu colo. Ele mesmo guiou o membro para a minha entrada, me fazendo sentar sobre si e gemendo longo quando cheguei ao final. Enrolei as pernas em sua cintura e me abracei ao seu pescoço para ter apoio. Comecei a subir e descer pelo seu membro, devagar. apertava minha bunda e tentava se movimentar abaixo de mim, tornando tudo mais delicioso.
Estava de olhos fechados, absorta em prazer e mordendo vez ou outra o pescoço de , e me assustei quando ele se movimentou rapidamente e, sem sair de mim, me deitou sobre a cama, o corpo por cima do meu. Começou a estocar rápido e fundo enquanto gemia palavras desconexas em meu ouvido.
- , eu... Eu estou vindo. – alertei.
- Juntos. – ele sussurrou e aumentou o ritmo dos movimentos, os corpos suados se chocando e fazendo um barulho oco ecoar pelo quarto. Meu corpo começou a dar espasmos, indicando meu ápice e eu mordi a clavícula dele com força, para sufocar o grito que queria sair da minha garganta. gozou violentamente, parando os movimentos, incapaz de se mexer depois de todo o esforço.
Ficamos longos minutos abraçados e suados, tentando normalizar a respiração. Relaxei as pernas que mantinha ao redor de sua cintura e se afastou minimamente para a me olhar, os olhos brilhando.
- Eu te amo. – ele sussurrou.
- Eu te amo. – respondi no mesmo tom.
- Quando você vai se mudar para cá? – ele perguntou enquanto passava a mãos em meu braço, num carinho leve dos dedos.
- Preciso ver o que vou fazer com meu AP primeiro. – respondi.
- Depois a gente resolve. Estou ansioso para dormir e acordar ao seu lado todos os dias. – ele beijou a ponta do meu nariz e sorriu.
- Nós temos que explicar isso para os meninos. – disse me referindo aos nossos amigos.
- Amanhã. – ele finalmente se afastou e saiu de mim. Desceu da cama e me estendeu a mão. – Agora nós vamos tomar um banho e eu vou realizar meu sonho dos últimos três meses.
- Ah é? – aceitei a mão que me era estendida e levantei da cama, tendo meu corpo colado ao seu imediatamente. – E que sonho é esse?
- Dormir sem roupa abraçadinho com você. – ele sussurrou e nos levou para o banheiro.
Nós já tínhamos tido nossas travessuras. Agora viriam as gostosuras.
***
Acordei no dia seguinte um pouco dolorida, completamente nua e sozinha na cama. As roupas de , nossas capas e meu vestido tinham sumido. Apenas minha calcinha permanecia ali. Olhei ao redor procurando algum sinal dele e a porta se abriu, revelando um de boxer com uma bandeja nas mãos.
- Bom dia, minha vampirinha. – ele desejou e sorriu. Reparei no grande roxo em seu pescoço, lugar onde eu mordi quando cheguei ao ápice pela segunda vez na noite anterior. Algumas marcas vermelhas se espalhavam por seu abdômen. Culpa minha também.
- , você tá todo roxo. – apontei. riu e venceu toda a distância, sentando na cama e selando meu lábios rapidamente.
- Já se olhou no espelho? – ele perguntou e segurou meu queixo, virando meu rosto para analisar o possível estrago que tinha ali. – Estou contando pelo menos cinco marcas.
- , o que você fez? – perguntei assustada e levantei da cama de súbito, quase derrubando a bandeja e correndo para o banheiro. Meu pescoço estava em vários tons, desde um vermelho clarinho a um roxo forte, provavelmente a primeira mordida que ganhei. – Como eu vou cobrir isso? – perguntei gritando.
- Não vai. – ele gritou de volta. Voltei ao quarto e o encontrei com um sorriso maroto decorando seu rosto. Sentei na cama e puxei o lençol para me cobrir. – Tome café e descanse. Vou fazer um almoço pra gente. Os caras vêm almoçar e aqui e vai trazer roupas limpas para você, já que você levou tudo... antes. – ele disse com uma pontada de tristeza.
- Me desculpe. – pedi.
- Tá tudo bem, meu amor. – ele passou a mão no meu rosto. – Agora você está aqui e eu não vou te deixar fugir. – ele sorriu. – Termine de comer e vista uma camisa minha. Vou estar na cozinha.
Ele selou meus lábios e saiu do quarto. Me apressei em terminar de comer, vesti minha calcinha, uma camiseta preta que encontrei largada, escovei os dentes e saí do quarto, carregando a bandeja em mãos.
- Acho melhor você se vestir, sabe com é impetuosa. – alertei e ri. Quando terminei de falar, meu celular tocou pela casa. Olhei para e ele apontou para o sofá.
- Oi. – atendi receosa.
- Onde você tá? – gritou.
- Em casa. – respondi sorrindo.
- Eu estou passando pela sua porta agora mesmo e não estou vendo você. – ela gritou de novo.
- Na outra casa, . Minha e do . – sorri para ele e ganhei um sorriso com todos os dentes em resposta.
- Eu chego aí em dez minutos e você vai me explicar isso direito. Estou levando roupas limpas para você. me ligou dizendo que seu tubinho foi para o lixo. – ela bufou e desligou na minha cara.
- Ela chega em dez minutos. Está furiosa. – expliquei a e ri. Ele se aproximou e me abraçou pela cintura.
- Dez minutos não é tempo suficiente para fazer o que eu estou pensando. E isso é uma pena. – ele disse rouco e minha pele arrepiou.
- , será que eles estão vindo todos juntos? – perguntei mudando de assunto. sussurrando rouco e poucas roupas entre nós era muito perigoso.
Ele me largou de repente e correu para pegar o próprio celular. Discou nervoso e o levou à orelha.
- , você está vindo junto com a ? Os três juntos. OK. – e desligou. – Pro quarto, . – me ordenou.
- Nem pensar. Vou ficar aqui e receber meus amigos. Nossos amigos. – desafiei. olhou para as minha pernas expostas por sua camisa e depois me encarou.
- Você vai para o quarto. – ele disse firme e caminhou decidido em minha direção e me abraçou pela cintura. – Só se eu estivesse louco de deixar o ver tudo isso.
Sua mão habilidosa desceu pela minha coluna e apertou minha bunda com força. Tomei um impulso e enlacei minhas pernas em sua cintura. Lhe beijei calma e começou a andar comigo para o quarto. Quando me deitou na cama, a campainha tocou insistente. Eu sabia quem era.
- Droga, ! – ele praguejou e eu tive que rir. Ele estava visivelmente frustrado. Se separou de mim, vestiu um short moletom qualquer e foi abrir a porta. Segundos depois, entrou como um furacão, uma mochila nos ombros.
- Me diz que você tá bem, por favor. – ela pediu e sentou na cama de frente comigo.
- Eu estou ótima. Muito bem, obrigada. – respondi rindo.
- O que foi isso no seu pescoço? – ela perguntou analisando as marcas.
- . – respondi e dei de ombros. – Minhas roupas, . – pedi.
Ela me entregou a mochila, receosa. Assim que me vesti, lhe arrastei até a sala.
- E é isso. – estava terminando de falar.
- O quê? – perguntei.
- Estava explicando tudo para eles. – ele se aproximou e me roubou um selar.
- Droga, . Eu estava trazendo a pra explicar para todo mundo. – reclamei.
- Desculpa, amor. Eu posso explicar de novo. – ele sorriu.
- Gente... – chamou nossa atenção. – Vocês levaram a sério mesmo essa parada de vampiro, né? – ele nos olhou de olhos arregalados.
- Cala a boca, . – ordenei e ri.
realmente explicou tudo de novo a . Almoçamos e rimos a tarde toda como há muito não fazíamos. já estava fazendo mil planos para a cerimônia, incentivando a lhe fazer o pedido.
- É, . Acho que você está ferrado, garoto. – comentou.
- Não estamos ferrados, . – respondeu rindo e puxou para o seu colo.
- Estamos amando. – minha amiga respondeu com um sorriso.
- Você vai entender quando acontecer com você. – completei e sentei no colo de .
- Não posso explicar isso com palavras. Todas essas histórias, é tudo sobre nós. Eu realmente não consigo acreditar nisso. Eu quero fazer isso o dia todo. – sussurrou e todos sorrimos, inclusive .
Aquela era nossa história e era tudo sobre nós.
Tudo isso se devia à alma workaholic de . Ele não largava aquele trabalho por nada no mundo. E ainda tinha academia, curso de música e as inúmeras viagens que ele fazia a trabalho. Eu, cansada de ser prioridade dois na vida dele, acabei por terminar aquele relacionamento que estava fadado ao fracasso.
Isso tinha sido há três meses e desde então, não tinha visto . Porém não conseguia tirá-lo da minha cabeça. O sorriso dele acabava me voltando à mente e meu corpo se aquecia sem a minha permissão quando eu lembrava dos nossos momentos juntos. Suspirei pela décima vez, chamando a atenção de , que trabalhava comigo.
- , tá tudo bem? – ela perguntou curiosa.
- Tá, . Eu só tô... cansada. – menti.
- Amiga, você não acha melhor tentar conversar com ele? – ela perguntou incerta.
- Ele nem sequer me procurou, . Ele não quer tentar. Não quer mudar. nunca muda. – respondi com uma pitada de irritação na voz. – Eu não vou ficar correndo atrás de quem não me quer. Eu tenho vergonha na minha cara.
- Vocês são difíceis, meu Deus. – a ruiva rebateu irritada. – Você também trabalha e ele nunca reclamou.
- Exatamente. Era um relacionamento unilateral, onde só eu me esforçava por nós, só eu estava disponível. – expliquei já sentindo as lágrimas encharcando meus olhos. – Nós não estávamos na mesma sintonia, . Doeu terminar, mas era o certo.
- Tem certeza, ? Olha só como você fica quando fala dele. Vocês se amam, dá pra ver. – ela arrastou sua cadeira até mim e me abraçou.
- O amor sempre foi unilateral. – funguei baixinho.
- Não fala isso. disse que passou os últimos meses distraído. Parou de ir à academia e recusou duas viagens. – ela disse com raiva. Provavelmente estava indo nas viagens já que eles trabalhavam juntos. – Ele anda tristinho.
- Desculpa, . deve estar viajando no lugar dele, não é? – perguntei já sabendo a resposta.
- Não se preocupe com isso. compensa a ausência. – ela disse rápido e depois fez uma expressão culpada.
- Exatamente. compensa a ausência. nunca fez isso. – sorri sem vontade. – Vamos parar de falar dele, OK? – pedi.
- Tá. Olha só, vai dar uma festa na noite de Halloween e convidou todos nós. Ele está terminando os convites mas eu resolvi te avisar logo. – ela bateu palmas, animada.
- Obrigada, mas eu não vou. – respondi.
- Vai sim. Você vai comprar uma fantasia legal, vai se arrumar e vai. – ela ralhou. – Mostre ao o que ele perdeu. – ela arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços sobre o peito.
- É exatamente por isso que eu não vou, . – sorri para ela, que me olhava com os olhos semicerrados. – Eu adoro o e amo você e o e não quero estragar a festa. Não quero mostrar nada a ninguém.
- , já pensou em dar uma chance ao ? – ela perguntou de repente.
- ! – quase gritei.
- O que foi? De repente pode funcionar. Esquecer o com o . A ideia é boa, vai. – ela riu e me empurrou pelo ombro. – Ele parece estar interessado. – ela arqueou as sobrancelhas.
- , vai trabalhar. Me esquece e esquece essa festa. Eu não vou. – empurrei sua cadeira e me voltei para meu computador.
- Você vai ou não me chamo . – ela decretou.
- Vá escolhendo outro nome, então. – eu disse e coloquei os fones para não ouvir os protestos que viriam a seguir.
***
tinha terminado os convites e eu tinha recebido o meu diretamente das suas mãos. Eu não queria acreditar em , mas ele parecia estar flertando comigo, falando cheio de sorrisos e enrolando a ponta do meu cabelo entre os dedos grandes. Aceitei o convite, mas já fui avisando que não iria.
- Ah não, . Isso é por causa do ? – ele perguntou irritado. – Não deixe aquele babaca te impedir de se divertir.
- É por causa de mim, . – respondi. – Não acho que estou pronta para sair. Me deixe curtir minha solidão mais um pouco. – eu ri.
- Você acha mesmo que aquele maníaco vai a algum lugar? Ele só sabe trabalhar. – ele perguntou cruzando os braços fortes sobre o peito.
Foco! Estou reparando no que não devo.
- , você vai parar de reclamar se eu disser que vou pensar? – perguntei.
- Não! – ele respondeu rápido. – Vou parar de reclamar quando você passar pela minha porta, fantasiada.
Céus, eu estou perdida.
- Ok, . Vou considerar. Até lá, não fale dessa festa, sim? – pedi.
- , o que nós fazemos com ela? – ele perguntou à minha amiga largada ao meu lado no sofá. Era sábado a tarde e estávamos os quarto no meu apartamento, e , e eu.
- Você ainda está tentando, ? Eu já desisti. – ela deu de ombros.
- Que grande amiga você é, . – acusei.
- Eu estou tentando te tirar dessa fossa, . Mas você não quer me ouvir. – ela deu de ombros novamente. – Já te falei pra mostrar àquele babaca o que ele perdeu. – ela fez uma expressão de superioridade e me olhou por inteiro, me analisando.
- Aquele babaca é meu amigo e trabalha comigo. – se pronunciou.
- É meu amigo também, . Mas temos que concordar que ele foi um grande filho... – começou a xingar e eu lhe lancei um olhar de reprovação. – Não me olhe com essa cara, . – ele disse para mim.
- Cara, você trabalha em outro setor e só vê o na hora do almoço. Não sabe o quão triste ele está durante o resto do dia. – apontou. – Eu já estou ficando preocupado.
- Vocês podem, por favor, parar de falar dele? – pedi. Já estava sentindo as lágrimas chegarem.
- Me desculpe. – pediu e me abraçou de lado. – Mas eu ainda espero você na festa.
- Se vocês não pararem de me encher com isso, eu nunca mais falo com vocês. – ameacei.
- Ei, eu não disse nada, OK? – protestou.
- Se precisarem de mim, estarei no meu quarto. – anunciei e saí. Precisava chorar em paz.
***
Sábado. Dia da festa.
já tinha deixado pelo menos doze mensagens na conversa privada e mais um milhão de mensagens no grupo que nós tínhamos. Até estava tentando me animar para ir.
Eu estava deitada no sofá quando alguém decidiu tentar derrubar minha porta. Levantei de mal gosto e fui atender.
- Por que você ainda está assim, ? – perguntou quase gritando.
- Quantas vezes eu vou ter que te falar que eu não vou nessa festa? – perguntei e voltei para me deitar no sofá, deixando fechar a porta.
- Ah, você vai. Vai levantar daí, tomar um bom banho, colocar aquele vestido tubinho preto que ele odeia, vai fazer uma maquiagem pesada, passar um batom vermelho e colocar essa capa. – ela ditou as ordens e estendeu o tecido para mim. – Sapatos vermelhos. Vamos, eu faço cachos no seu cabelo enquanto você se arruma. – ela bateu na minha coxa, me incentivando a levantar.
Eu não tinha outra alternativa. Ou eu levantava e me arrumava, ou me levaria como eu estava, de calça moletom e com uma camiseta velha do Ramones, o cabelo uma completa bagunça.
- Você já está pronta? – perguntei olhando seus longos cabelos presos e seu vestido branco com detalhes em vermelho.
- Asuna. está de Kirito. – ela sorriu. Concordei para que ela não continuasse a falar, mas não sabia que personagens eram aqueles. Provavelmente de algum anime que era fã.
Tomei um banho rápido, apenas para dar um jeito no cabelo, e voltei para o quarto, encontrando remexendo no meu guarda-roupa.
- O que está procurando? – perguntei curiosa.
- Aquele seu sutiã de tiras. Vai ficar ótimo com o vestido. – ela ergueu o pequeno pedaço de tecido que chamava de vestido. o odiava. Tive a ótima ideia de usar em um jantar da empresa e ele passou metade da noite emburrado, repetindo incansavelmente que aquilo não cobria nem minha bunda, o que era um fato, mas eu nunca lhe daria razão.
- Onde estão suas sandálias vermelhas? – ela perguntou.
- Joguei fora. – respondi a verdade.
- Você o quê? Eu não acredito que você fez isso. Era uma Jimmy Choo. – ela quase chorou. – As pretas vão servir. – ela pegou as sandálias e voltou para a cama. – Vamos, se apresse. Escolha uma lingerie bonita.
Lhe encarei com desgosto e virei o guarda-roupa atrás do tal sutiã de tiras e da calcinha que tinha vindo com ele. Vesti as peças e coloquei o vestido, me sentindo maravilhosa. Tinha sido uma ótima escolha de . Não que eu fosse admitir isso um dia. Sentei para fazer a maquiagem e ela se ocupou dos meus cabelos. Vesti a capa curta demais para mim e calcei as sandálias, observando o resultado no espelho do quarto.
- Garota, você tá de matar. Se cuida porque se o não acordar pra vida, o tá bem acordado e vai cair matando. – ela sorriu satisfeita.
- Eu quero te lembrar que eu só estou indo a essa festa porque vocês me encheram o saco a semana toda e eu não aguentava mais o falatório. Não estou indo pegar o antigo muito menos conquistar um novo. – esclareci.
- OK, senhora vampira sexy. Vamos, o pobre do está nos esperando no carro. – ela riu.
- E só agora você diz isso, ? Por que não mandou o coitado subir? – perguntei preocupada.
- Deixe que com o me preocupo eu. Vamos, passe um perfume e pegue seu celular. – ela saiu. Me apressei em lhe seguir e encontramos dentro do carro, quase dormindo. Estava realmente parecendo um personagem de anime, a roupa e os cabelos totalmente pretos.
- Oi, . – cumprimentei.
- Nossa, você morreu e foi substituída, ? – perguntou.
- Muito engraçadinho. – comentei. – Vamos antes que eu desista.
dirigiu até a casa de , conversando com . Eu permaneci calada. Quem sabe se eu fingisse que não estava ali, eles me esqueciam. Assim eu poderia voltar para a minha casa.
- Eu vou ficar de olho em você, . – decretou assim que desceu do carro.
- OK, mãe. – respondi. Ela segurou a mão de e me estendeu a mão livre. Caminhamos até a porta e nos recebeu, vestido de cowboy.
- , você trocou ela em algum lugar? – ele perguntou me analisando. Tomou minha mão e me fez dar um giro completo.
- Se vocês continuarem com as piadinhas, eu vou embora. – alertei.
- Você tá muito gata para sair daqui sozinha. – quase sussurrou. Meu corpo arrepiou quase por completo e eu tratei de me afastar dele rapidamente.
- Você pode parar. – ordenei a ele.
- Me desculpe. Mas eu não falei nenhuma mentira. – ele deu de ombros. Estreitei os olhos em sua direção e ele sorriu ladino.
- OK, o já está bêbado. – decretei.
- Ei, garota! Eu estou sóbrio. – ele protestou. – Não se pode mais falar uma verdade sem ser taxado de bêbado. , será que pode me dar uma força aqui? – ele perguntou à ruiva parada na minha frente.
Encarei e percebi que ela estava com o olhar perdido em algum ponto atrás de mim. Olhei na mesma direção que ela e então eu o vi.
vinha entrando com o cabelo arrumado displicentemente, uma camisa branca de botões, paletó e calça social preta, uma capa semelhante à minha pendendo nos ombros largos. Eu não sabia se as marcas escuras abaixo dos seus olhos eram maquiagem ou o resultado das noites de sono mal dormidas que disse que ele estava tendo. A boca estava vermelha demais, destacando os lábios no rosto bonito. Ele caminhou em nossa direção, olhando diretamente em meus olhos.
- Oi. – ele disse olhando para mim. Fiquei lhe encarando como se estivesse vendo uma assombração. Não nos víamos há três meses e a única coisa que ele me dizia era “oi”? Virei as costas para sair dali, a festa tinha acabado para mim. Senti me segurar pelo braço. – Nós precisamos conversar, .
- Não precisamos. – puxei meu braço de seu aperto. – Estou indo embora, . – anunciei.
- Eu te levo. – se pronunciou.
- Não, . É sua festa. Você tem que ficar aqui. – apoiei as mãos em seu peito.
- Eu não vou deixar você sair sozinha com esse vestido. – ele decretou.
- É por isso que não quer conversar comigo, ? – perguntou apontando de para mim e riu sarcástico. Eu odiava quando ele fazia isso, mas achava extremamente fofo. Droga de dualidade.
- , cuidado com o que vai dizer. – pediu.
- Não, . Eu já entendi tudo. – ele riu de novo. – Eu já sabia que isso ia acontecer.
Meu sangue ferveu nas veias. Senti as orelhas esquentando, a mais pura raiva me dominando. Me aproximei de e lhe encarei bem de perto, minha respiração pesada de ódio se misturando com a sua.
- ? – chamei sem parar de encarar meu ex-namorado.
- A porta depois da minha, na direita, você sabe. – ele me disse o quarto que estava livre. Eu costumava dormir ali com quando ela não namorava .
Segurei o pulso de e passei por nossos amigos, completamente furiosa. Vi se adiantando em nossa direção e lhe segurando pelo peito. Arrastei escada acima, reclamando do aperto de minha mão em seu pulso, e entrei no quarto. Larguei no centro do cômodo e corri para a mesa de cabeceira, pegando a chave e correndo de volta para a porta. Tranquei e tirei a chave, a jogando de qualquer jeito no chão do quarto.
Caminhei decidida até e lhe empurrei pelos ombros com força, o desequilibrando.
- Eu odeio você! – gritei.
- Eu sei. Você ama o . – ele respondeu ainda com aquela expressão sarcástica.
- Nós terminamos há três meses e você só aparece agora ainda querendo dar crise de ciúme? Me poupe, ! – eu gritava tamanho era o ódio em mim.
- Você terminou, . – ele corrigiu. – Eu nunca quis terminar.
- Eu era prioridade número dois na sua vida, . – rebati.
- Você tem ideia de por que eu trabalhava feito um louco? Ao menos imagina quais eram meus objetivos? – ele perguntou aumentando o tom de voz e se aproximando. – Eu queria comprar um apartamento num lugar legal. Para mim. Para nós. Eu ia te pedir em casamento e ia te dar a festa dos seus sonhos. Mas você é impaciente demais para entender e esperar, não é, ? – ele gritou, literalmente na minha cara. – E agora você tá aí, pendurada no .
Ele se afastou, me dando as costas. Senti as lágrimas se acumulando nos meus olhos. Eu não acredito que ele estava simplesmente desfazendo dos meus sentimentos assim.
- Qual a droga do seu problema? – perguntei chorando.
- O meu problema é você, . É esse término. É você toda cheia de gracinhas pro . Eu te amo, caramba. Eu sempre te amei. – ele respondeu e voltou a se aproximar. Colocou as mãos na minha cintura, por baixo da capa e juntou meu corpo ao seu. – Eu não consigo imaginar a vida, eu não consigo viver sem você. – ele sussurrou a última parte.
- E por que não me procurou? – me rendi e apoiei a cabeça em seu peito forte. Eu amava dormir ali, ouvindo os batimentos dele.
- disse que você estava uma fera. – ele riu sem vontade. – Eu te conheço, sei como fica quando está brava. Te dei um tempo, esperei que você voltasse para dizer o que achava que ainda faltava ser dito. Eu ia te obrigar a me ouvir. Ia te fazer entender e te ter de volta. – ele apertou o abraço.
- Eu estava esperando você, . Eu nunca quis o . Eu desviei de todas as investidas dele nos últimos três meses. – confessei.
- Aquele cretino. – ele riu e o som reverberou em seu peito, me dando uma sensação boa.
- Ele viu o caminho livre... – deixei a frase no ar.
- E ele ia fazer isso bem debaixo dos meus olhos. – ele pareceu irritado.
- Só para você saber, eu nem vinha para essa festa. – confessei de novo.
- E aí resolveu vir justo com esse vestido. – ele ralhou. – Você sabe que eu odeio ele.
- Eu não estava me vestindo para você. – alfinetei. separou o abraço e me segurou pelos ombros, me encarando. – Foi quem escolheu a roupa. – eu ri.
- Aquela garota é impossível. – ele suspirou. Me analisou por completo e voltou a me encarar. Me soltou completamente e levou as mãos ao bolso do paletó. – Eu estava me preparando para te dar isso. – tirou de lá uma caixinha de veludo preta, abrindo diante dos meus olhos e revelando um anel com vários cristais azuis minúsculos.
- ... – chamei baixinho, as lágrimas correndo livremente pelo rosto.
- Ei, não chora. – ele tentou limpar meu rosto. – Eu sei que eu fui um babaca nos últimos três meses. Mas eu te amo e te quero de volta. De preferência como minha esposa. – ele sorriu, seu rosto ficando ainda mais bonito. – , aceita casar comigo?
Meu choro se misturou a um riso nervoso. Namorávamos há quase quatro anos, antes que eu interrompesse a relação. Eu estava esperando para ouvir aquilo há tanto tempo.
- , por favor, não me deixa nervoso. – ele pediu.
- Sim! Claro que sim, idiota. – gritei e me joguei em seus braços.
- Você vai nos derrubar! – ele riu tentando me segurar e se equilibrar para que não fôssemos ao chão. Desci de seus braços e tomou minha mão na sua. Colocou o anel em meu dedo e beijou o local, sorrindo abertamente. Segurou meu rosto com as mãos e me beijou, calmo e delicado, como eu lembrava poucas vezes de ele ter sido. – Eu me mudei. – ele disse de repente. – Para o nosso AP. Eu parei de trabalhar como um louco. Agora eu sou seu, só seu. Inteiramente.
Me abracei ao seu pescoço e tomei seus lábios com vontade. O beijo tinha o gosto salgado das minhas lágrimas, com uma pitada de saudade e um toque de amor. Quando nos faltou o fôlego, me separou de si e me olhou sério.
- Eu estou com muita saudade, mas eu não quero fazer isso aqui. – ele olhou ao redor. – Quero cravar minhas presas nesse pescoço bonito, mas na nossa casa. – seus dedos tocaram meu pescoço e minha pele arrepiou. – Então, senhora vampira, vamos embora. – ele me tomou pela mão e procurou a chave que eu tinha largado. Me abaixei para ajudar e ele me fez endireitar o corpo de novo. – Não se abaixe com esse vestido, . Ele mal cobre sua bunda. Vamos, antes que alguém veja o que não deve.
E lá estava o meu de sempre. Ele era preocupado e ciumento na medida certa. Menos quando eu usava aquele vestido. Ele virava uma fera e, bem... descontava na cama.
Descemos as escadas de mãos dadas, a capa de voando no meu rosto tamanha era sua pressa. Desci rindo e tentando acompanhá-lo e encontrei , e com expressões preocupadas.
- E então? – perguntou a um que caminhava direto para .
- Eu vou te dar uma oportunidade, . A pergunta é simples. Você vai querer esse vestido? – perguntou a , porém apontando para mim.
- Do que está falando, ? – ela então me encarou. – Ela estava chorando? Que merda você fez, ? – perguntou irritada e se aproximou de mim.
- , o vestido. – insistiu.
- A não vai usar esse vestido, cara. – foi quem respondeu.
- Amiga... – chamou preocupada e começou a me analisar por todos os lados. Ergui a mão com o anel na frente de seu rosto. – Espera... isso não estava aqui quando viemos.
- Eu vou me casar, ! – gritei animada.
- Você o quê? – ela gritou de volta e e nos encararam assustados.
- Nós vamos nos casar. Mas explicamos depois. – se pronunciou. – ... o vestido. – ele tentou uma última vez.
- Eu não quero o vestido, . – ela riu.
- Ótimo. Estamos indo. – anunciou.
- Vai com calma, ! – gritou e eu ri.
- Eu falo com você depois, . – rebateu e continuou a me puxar, provavelmente em direção ao carro.
- , o vestido. – disse rindo da pressa dele. Curto como era, o tecido estava subindo mais do que devia.
- Droga. Maldito vestido. – ele parou de repente e tirou a capa, a amarrando em meu pescoço, sobre a minha. – Eu vou te emprestar isso, mas você vai me devolver quando chegarmos em casa, OK? – ele me perguntou.
- OK, . Vamos. – me enrolei na capa e continuei a lhe seguir. Entrei no carro de e ele logo começou a dirigir apressadamente em direção a um bairro que eu não conhecia.
- Eu falei que queria um lugar legal. – ele disse quando viu minha expressão confusa.
entrou em um prédio grande e estacionou o carro rapidamente. Saiu e abriu a porta para mim, me guiando ao elevador. Assim que as portas de metal se fecharam, ele tirou a capa de mim e voltou a colocar em volta de seu pescoço, sorrindo ladino e mordendo o lábio inferior.
- , não me olha com essa cara. – pedi. Aquele olhar fazia meu corpo aquecer.
- Eu não fiz nada, . – ele se defendeu. Permaneceu em silêncio até chegarmos ao seu andar. Nosso. Nosso andar. Quando paramos na porta, me abraçou por trás e sussurrou no meu ouvido. – Ainda é Halloween, então... Gostosuras ou travessuras? – ele mordeu o lóbulo da minha orelha.
- Será que podemos ter um pouco dos dois? – perguntei. abriu a porta e delicadamente me empurrou para dentro.
- So... welcome to my playground. – ele sussurrou de novo, meu corpo se arrepiando por completo. – O que minha vampirinha quer fazer hoje? – ele perguntou e raspou os dentes no meu pescoço.
- ... – chamei, mas se pareceu com um gemido.
- Eu quero tanto morder seu pescoço. Deixar marcado pra você lembrar de mim quando olhar no espelho. – ele raspou os dentes na minha pele de novo.
- Hoje eu sou sua. – inclinei a cabeça para lhe dar mais acesso.
- Hoje? – ele perguntou receoso. Me virei no abraço e olhei em seus olhos.
- Hoje e para sempre. – respondi sorrindo. sorriu comigo e me beijou com vontade. Suas mãos apertaram minha cintura e juntou nossos corpos mais ainda.
Quando nos faltou o fôlego, ele passou a atacar meu pescoço sem dó. Eu sentia seus dentes em minha pele e seus lábios sugando com força, fazendo um barulho estalado que me dizia que eu teria muitas marcas roxas para cobrir nos próximos dias.
- Vampirinha, que tal entrarmos? – ele riu. Ainda estávamos parados no meio da sala.
- Você vai me deixar morder seu pescoço? – perguntei e mordi o lábio.
- O pescoço e o que mais você quiser morder. – ele respondeu rouco.
- , não me provoque. – ordenei.
- Não está com saudades, vampirinha? – ele perguntou, me obrigando a andar de costas. Abriu uma porta e continuou me empurrando até que eu senti algo macio de encontro às minhas pernas. – Nós precisamos nos livrar disso. – ele disse e levou a mão às minhas costas, descendo o zíper do vestido, livrando meus braços e deixando o tecido cair aos meus pés, me deixando de lingerie e saltos e com a capa que tinha me dado. – E eu estou falando sério quando digo que vou me livrar dele. Você não vai mais ver esse vestido, .
Ri sem vontade. Ainda achava incrível o ódio que ele nutria por esse vestido.
- Isso é relacionamento abusivo, . – acusei.
- Você sabe que eu te amo e que esse pano não te cobre direito. Pense o que quiser. Eu só estou tentando proteger o que é meu. – ele respondeu e selou meus lábios. – Imagina com quantos caras eu vou ter que brigar por eles estarem olhando para a minha esposa. – ele disse as últimas palavras completamente orgulhoso de si.
Tomou uma pequena distância e me analisou por completo, mordendo o lábio de novo. Voltou a se aproximar e desatou o nó da capa em meu pescoço, deixando-a cair ao chão. Começou um beijo lento e sensual, as mãos quentes passeando por minhas costas. Senti no sutiã afrouxar e soube que ele tinha achado o fecho. Sorri entre o beijo e puxou meu lábio inferior entre os dentes, sorrindo junto. Delicadamente me deitou na cama e se colocou acima de mim, ainda complemente vestido. Começou a descer a boca por meu pescoço, alternando entre morder e chupar a pele. Jogou para longe o sutiã que estava preso entre nossos corpos e admirou meus seios expostos para si. Levou a boca a um dos mamilos e brincou com ele entre os dentes, me arrancando gemidos contidos, enquanto com a mão acariciava o outro.
passou tempo demais brincando com meus seios e aquilo já estava me deixando impaciente. Excitada, mas impaciente. Eu queria lhe sentir. Foram três longos meses sem ele, afinal.
- ... – chamei em um sussurro. levantou a cabeça para me olhar. – Eu quero você. – choraminguei.
- Não tenha pressa, vampirinha. Nós só estamos começando. – ele sorriu safado e começou a lentamente descer suas mordidas pelo vão entre os meus seios até o umbigo e de lá para minha intimidade. Separei mais as pernas para lhe dar total acesso. Ele beijou a área por cima da calcinha de renda e sorriu ao ver o meu estado. – Minha vampirinha já está pronta para mim? – ele perguntou com a boca próxima demais da área, seu hálito quente passando pela renda da calcinha e atingindo meu íntimo, fazendo minha pele arrepiar por completo.
- ... – chamei de novo, dessa vez com mais urgência.
- Calma, amor. Eu vou te dar o que você quer. Tenha paciência. – ele riu. Riu com vontade, aquele desgraçado. Tentei fechar as pernas, irritada e excitada demais para responder à altura. as segurou abertas e me olhou com repreensão. – Não faça isso, . Eu preciso provar você, sentir seu gosto na minha língua. – ele disse com a voz rouca.
Seus dedos foram para as laterais da calcinha e desceram a peça. colou a boca em minha pele de novo e foi quase lambendo minhas coxas enquanto o tecido deslizava por elas. Se livrou das minhas sandálias e da calcinha, as arremessando para longe, e voltou a colocar a cabeça entre as minhas coxas, a boca se ocupando em sugar meu clitóris com vontade, me arrancando um gemido arrastado. Dois de seus dedos logo se juntaram à sua boca, estocando com força e precisão, fazendo meu corpo tremer com a proximidade do orgasmo.
- . – meio chamei, meio gemi.
- Vem pra mim, vampirinha. – ele afastou sua boca de mim para ordenar, os dedos nunca parando o trabalho. Meu corpo tremeu com a sensação maravilhosa do orgasmo me dominando. Eu quase tinha esquecido o quão bom era naquilo. Ele fez questão de me deixar limpa e então se levantou, me encarando com uma expressão satisfeita. Me chamou com um dedo e eu me obriguei a levantar, ficando de joelhos na cama, o rosto na altura do seu.
- Agora é minha vez? – perguntei já desfazendo o laço que prendia sua capa. apenas sorriu.
Entendi aquilo como um sim e deslizei as mãos por seus ombros, me desfazendo do paletó. Me aproximei o suficiente e provei da pele imaculada de seu pescoço, arrancando um gemido sôfrego dele. Comecei a desabotoar sua camisa devagar, deixando uma mordida em seu pescoço a cada botão que saía da casa. Assim que terminei, empurrei a camisa por seus ombros e passei a atacar seu abdômen marcado, descendo cada vez mais em direção ao seu umbigo. Desabotoei a calça e desci junto da boxer negra, fazendo seu membro saltar diante dos meus olhos.
Minha boca salivou com a visão e eu mordi o lábio inferior, completamente desejosa. Segurei o membro pela base e coloquei apenas a glande na boca, sugando com vontade e ouvindo um gemido longo rasgar a garganta de . Desci mais a boca, passando a língua pelas veias saltadas ali e voltei para a glande, dessa vez colocando todo o comprimento na boca. levou uma mão aos meus cabelos e começou a ditar o ritmo que mais lhe agradava. Vez ou outra, raspava meus dentes na pele sensível por pura provocação, para lhe ver estremecer.
- Chega. Eu não tô mais aguentando. – ele puxou meus cabelos com um pouco mais de força, me afastando completamente.
Sentou na cama apressado e me puxou para seu colo. Ele mesmo guiou o membro para a minha entrada, me fazendo sentar sobre si e gemendo longo quando cheguei ao final. Enrolei as pernas em sua cintura e me abracei ao seu pescoço para ter apoio. Comecei a subir e descer pelo seu membro, devagar. apertava minha bunda e tentava se movimentar abaixo de mim, tornando tudo mais delicioso.
Estava de olhos fechados, absorta em prazer e mordendo vez ou outra o pescoço de , e me assustei quando ele se movimentou rapidamente e, sem sair de mim, me deitou sobre a cama, o corpo por cima do meu. Começou a estocar rápido e fundo enquanto gemia palavras desconexas em meu ouvido.
- , eu... Eu estou vindo. – alertei.
- Juntos. – ele sussurrou e aumentou o ritmo dos movimentos, os corpos suados se chocando e fazendo um barulho oco ecoar pelo quarto. Meu corpo começou a dar espasmos, indicando meu ápice e eu mordi a clavícula dele com força, para sufocar o grito que queria sair da minha garganta. gozou violentamente, parando os movimentos, incapaz de se mexer depois de todo o esforço.
Ficamos longos minutos abraçados e suados, tentando normalizar a respiração. Relaxei as pernas que mantinha ao redor de sua cintura e se afastou minimamente para a me olhar, os olhos brilhando.
- Eu te amo. – ele sussurrou.
- Eu te amo. – respondi no mesmo tom.
- Quando você vai se mudar para cá? – ele perguntou enquanto passava a mãos em meu braço, num carinho leve dos dedos.
- Preciso ver o que vou fazer com meu AP primeiro. – respondi.
- Depois a gente resolve. Estou ansioso para dormir e acordar ao seu lado todos os dias. – ele beijou a ponta do meu nariz e sorriu.
- Nós temos que explicar isso para os meninos. – disse me referindo aos nossos amigos.
- Amanhã. – ele finalmente se afastou e saiu de mim. Desceu da cama e me estendeu a mão. – Agora nós vamos tomar um banho e eu vou realizar meu sonho dos últimos três meses.
- Ah é? – aceitei a mão que me era estendida e levantei da cama, tendo meu corpo colado ao seu imediatamente. – E que sonho é esse?
- Dormir sem roupa abraçadinho com você. – ele sussurrou e nos levou para o banheiro.
Nós já tínhamos tido nossas travessuras. Agora viriam as gostosuras.
***
Acordei no dia seguinte um pouco dolorida, completamente nua e sozinha na cama. As roupas de , nossas capas e meu vestido tinham sumido. Apenas minha calcinha permanecia ali. Olhei ao redor procurando algum sinal dele e a porta se abriu, revelando um de boxer com uma bandeja nas mãos.
- Bom dia, minha vampirinha. – ele desejou e sorriu. Reparei no grande roxo em seu pescoço, lugar onde eu mordi quando cheguei ao ápice pela segunda vez na noite anterior. Algumas marcas vermelhas se espalhavam por seu abdômen. Culpa minha também.
- , você tá todo roxo. – apontei. riu e venceu toda a distância, sentando na cama e selando meu lábios rapidamente.
- Já se olhou no espelho? – ele perguntou e segurou meu queixo, virando meu rosto para analisar o possível estrago que tinha ali. – Estou contando pelo menos cinco marcas.
- , o que você fez? – perguntei assustada e levantei da cama de súbito, quase derrubando a bandeja e correndo para o banheiro. Meu pescoço estava em vários tons, desde um vermelho clarinho a um roxo forte, provavelmente a primeira mordida que ganhei. – Como eu vou cobrir isso? – perguntei gritando.
- Não vai. – ele gritou de volta. Voltei ao quarto e o encontrei com um sorriso maroto decorando seu rosto. Sentei na cama e puxei o lençol para me cobrir. – Tome café e descanse. Vou fazer um almoço pra gente. Os caras vêm almoçar e aqui e vai trazer roupas limpas para você, já que você levou tudo... antes. – ele disse com uma pontada de tristeza.
- Me desculpe. – pedi.
- Tá tudo bem, meu amor. – ele passou a mão no meu rosto. – Agora você está aqui e eu não vou te deixar fugir. – ele sorriu. – Termine de comer e vista uma camisa minha. Vou estar na cozinha.
Ele selou meus lábios e saiu do quarto. Me apressei em terminar de comer, vesti minha calcinha, uma camiseta preta que encontrei largada, escovei os dentes e saí do quarto, carregando a bandeja em mãos.
- Acho melhor você se vestir, sabe com é impetuosa. – alertei e ri. Quando terminei de falar, meu celular tocou pela casa. Olhei para e ele apontou para o sofá.
- Oi. – atendi receosa.
- Onde você tá? – gritou.
- Em casa. – respondi sorrindo.
- Eu estou passando pela sua porta agora mesmo e não estou vendo você. – ela gritou de novo.
- Na outra casa, . Minha e do . – sorri para ele e ganhei um sorriso com todos os dentes em resposta.
- Eu chego aí em dez minutos e você vai me explicar isso direito. Estou levando roupas limpas para você. me ligou dizendo que seu tubinho foi para o lixo. – ela bufou e desligou na minha cara.
- Ela chega em dez minutos. Está furiosa. – expliquei a e ri. Ele se aproximou e me abraçou pela cintura.
- Dez minutos não é tempo suficiente para fazer o que eu estou pensando. E isso é uma pena. – ele disse rouco e minha pele arrepiou.
- , será que eles estão vindo todos juntos? – perguntei mudando de assunto. sussurrando rouco e poucas roupas entre nós era muito perigoso.
Ele me largou de repente e correu para pegar o próprio celular. Discou nervoso e o levou à orelha.
- , você está vindo junto com a ? Os três juntos. OK. – e desligou. – Pro quarto, . – me ordenou.
- Nem pensar. Vou ficar aqui e receber meus amigos. Nossos amigos. – desafiei. olhou para as minha pernas expostas por sua camisa e depois me encarou.
- Você vai para o quarto. – ele disse firme e caminhou decidido em minha direção e me abraçou pela cintura. – Só se eu estivesse louco de deixar o ver tudo isso.
Sua mão habilidosa desceu pela minha coluna e apertou minha bunda com força. Tomei um impulso e enlacei minhas pernas em sua cintura. Lhe beijei calma e começou a andar comigo para o quarto. Quando me deitou na cama, a campainha tocou insistente. Eu sabia quem era.
- Droga, ! – ele praguejou e eu tive que rir. Ele estava visivelmente frustrado. Se separou de mim, vestiu um short moletom qualquer e foi abrir a porta. Segundos depois, entrou como um furacão, uma mochila nos ombros.
- Me diz que você tá bem, por favor. – ela pediu e sentou na cama de frente comigo.
- Eu estou ótima. Muito bem, obrigada. – respondi rindo.
- O que foi isso no seu pescoço? – ela perguntou analisando as marcas.
- . – respondi e dei de ombros. – Minhas roupas, . – pedi.
Ela me entregou a mochila, receosa. Assim que me vesti, lhe arrastei até a sala.
- E é isso. – estava terminando de falar.
- O quê? – perguntei.
- Estava explicando tudo para eles. – ele se aproximou e me roubou um selar.
- Droga, . Eu estava trazendo a pra explicar para todo mundo. – reclamei.
- Desculpa, amor. Eu posso explicar de novo. – ele sorriu.
- Gente... – chamou nossa atenção. – Vocês levaram a sério mesmo essa parada de vampiro, né? – ele nos olhou de olhos arregalados.
- Cala a boca, . – ordenei e ri.
realmente explicou tudo de novo a . Almoçamos e rimos a tarde toda como há muito não fazíamos. já estava fazendo mil planos para a cerimônia, incentivando a lhe fazer o pedido.
- É, . Acho que você está ferrado, garoto. – comentou.
- Não estamos ferrados, . – respondeu rindo e puxou para o seu colo.
- Estamos amando. – minha amiga respondeu com um sorriso.
- Você vai entender quando acontecer com você. – completei e sentei no colo de .
- Não posso explicar isso com palavras. Todas essas histórias, é tudo sobre nós. Eu realmente não consigo acreditar nisso. Eu quero fazer isso o dia todo. – sussurrou e todos sorrimos, inclusive .
Aquela era nossa história e era tudo sobre nós.
FIM
Nota da autora: Sem nota.