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Finalizada em 25/12/2020

Prólogo

Era véspera de Natal. A família Kim resolveu dar uma festa em casa para comemorar o primeiro Natal da filhinha do casal, Yerin. Jongdae estava muitíssimo ansioso para reunir os amigos, assim como sua esposa e, por isso, tomaram o cuidado de prepararem uma grande festa, com direito a uma enorme ceia — a qual ficaria a cargo de Kyungsoo — música para toda a noite, a qual seria proporcionada por Chanyeol, e uma linda decoração condizente com a data — e, para tanto, contariam com a ajuda de Sehun.
O enorme pinheiro na sala estava cheio de bolas coloridas e enfeites diversos, as luzes de Natal iluminavam toda a casa do casal recém casado. Os presentes enchiam o chão embaixo da árvore e Jongdae sabia que a maioria ali era destinada à Yerin — e ele podia arriscar dizer que a pequena também sabia disso, já que, mais de uma vez, a pegou tentando desfazer um ou outro laço das enormes caixas coloridas.
O clima era agradável. Seus amigos estavam todos ali, reunidos, pela primeira vez, em muito tempo. Alguns ainda faltavam para completar a sua família, mas ele sabia que todos deram o seu melhor para se fazer presente.
Os meninos só largavam as taças de vinho quando a pequena Kim chegava perto de algum deles, ansiosos para serem escolhidos por ela para uma foto ou, simplesmente, para brincar, mas a garotinha estava mais interessada em exibir o seu vestidinho de mamãe noel, a fim de receber os muitos elogios que já estava acostumada.
Naquela noite, Kim Jongdae sentiu que as coisas, finalmente, estavam bem. Com a sua família ao seu lado e seus melhores amigos ao seu redor, ele pôde entender o que significava o sentimento de “estar em casa”. E não existia nada melhor do que estar em casa rodeado das pessoas que mais amava.

Capítulo 1 - Xiumin

(Capa do capítulo)
Minseok estava atrasado e sabia disso. A limpeza do banheiro levou mais tempo que ele tinha previsto e agora tinha que correr para não chegar tão atraso assim. Chen marcou com ele às 20:30 e já passava das 21:16. Enviou mensagem se desculpando, mas se desculparia novamente quando chegasse à casa do Kim.
Como se não bastasse o atraso que ele mesmo provocou, Jongdae ainda pediu que ele fosse buscar a amiga de Soojin na estação de trem, não sabendo dizer não para os amigos, então aceitou fazer esse favor. Estava há cerca de cinco minutos esperando dentro do carro, ia ligar para Chen quando avistou uma mulher que parecia com a foto que ele tinha. Abrindo o aplicativo de mensagens, comparou a foto com a mulher e definitivamente tinham certa semelhança.
A mulher parada na calçada parecia estar procurando alguém, ele piscou os faróis do carro duas vezes, chamando a atenção da mulher. O carro tinha vidros escuros, não dava para saber quem estava dentro, então ele não se espantou quando pouco minutos depois apareceu uma mensagem de Jongdae perguntando se era ele quem estava no carro e piscando os faróis. Confirmando a informação, a mulher guardou o celular na bolsa e caminhou em direção ao carro dele.
- Olá – disse ele formalmente. – Como está? Sou o Minseok. – fez uma pequena reverência para ela.
- Olá – respondeu também formalmente – Vou bem e você? Sou a . – sorriu enquanto reverenciava a ele.
Respondeu a pergunta dela e assim que ela fechou a porta e colocou o cinto de segurança, saiu com o carro da vaga que tinha estacionado. O caminho foi de silêncio, mas por estranho que fosse, foi um silêncio confortável. Trocaram poucas palavras, mas apesar de se conhecerem agora, Xiumin se sentia confortável em apenas aproveitar a quietude que estava dentro do carro, não se sentia compelido a preencher o vazio.
Cerca de mais vinte minutos e finalmente chegaram à casa de Soojin e Jongdae. Os dois entraram e foram encontrar seus respectivos amigos. Xiumin sentia falta de estar no mesmo ambiente que os outros membros e sendo recém dispensado do exército, quando recebeu a confirmação que aquela reunião de fato aconteceria, passou os últimos dias com a ansiedade elevada. Foi bom rever os velhos amigos todos juntos novamente e poder se soltar e voltar a ser o antigo Xiumin, aquele que era antes de ir para as forças armadas.
Conversava animado com Lay e Chen quando ao fazer um movimento com os braços para mostrar uma situação vivida no exército, ele esbarrou em , fazendo com que a taça de vinho que ela carregava derramasse boa parte em sua blusa branca. Minseok não conhecia muitos nomes de tecido, mas ele sabia reconhecer seda quando via e a blusa da mulher era de seda branca.
- Perdão. – disse nervoso. – Por favor, me perdoe. Não deveria ter abertos os braços sem me certificar que tinha alguém por perto. – falou pegando guardanapos e passando para a mulher.
- Está tudo bem. Apesar de ser uma combinação explosiva de seda e vinho tinto, eu não posso culpá-lo totalmente, porque eu estava distraída com meu celular. – disse passando os guardanapos que ele ofereceu na camisa.
Apesar de conseguir não ter feito o estrago ser maior, era mais que visível a mancha rosa que tinha na camisa.
- Por favor, me deixa tirar essa mancha para você. Vamos até a lavanderia que eu resolvo isso em dois tempos. – Xiumin disse confiante.
- Não precisa, eu vou apenas colocar meu casaco por cima e quando chegar em casa passo alguma coisa para tentar tirar a mancha. – disse balançando a mão de forma negativa.
- Deixar para deixar vai apenas fazer com que a mancha fique mais ainda na roupa. Eu consigo retirar a mancha.
ficou um pouco constrangida em retirar a blusa e entregar para o amigo do marido de Soojin, mas a amiga a assegurou que se alguém poderia retirar a mancha, esse alguém era Minseok. Chen e o outro amigo dele, Lay, também garantiram que Minseok sabia o que estava fazendo, e com uma torcida tão grande, bastava apenas confiar no julgamento deles.
Devido à isso, ela se encontrava em pé dentro da lavanderia, seminua da cintura para cima, com um roupão que apertava fortemente contra o corpo para que nada ficasse às vistas de qualquer um e com um homem lavando delicadamente sua blusa de seda. Vendo como Minseok tratava a roupa e como mesmo sem qualquer instrução de Soojin, ele sabia onde cada produto estava dentro daquele cômodo; entendeu que ele realmente sabia o que estava fazendo e a tão entusiasta torcida por ele fazia sentido.
- Você é bom nisso. – ela comentou ao ver o que ele fazia com a blusa: apertava para tirar o excesso da roupa, não torcia.
- Oh, é que fazer esse tipo de coisa me relaxa – respondeu meio envergonhado e meio orgulhoso pelo comentário dela. – Vou colocar na secadora. Em vinte minutos, no máximo, já vai estar seca e podemos ver o resultado. – sorriu com os olhos.
Enquanto a camisa secava na máquina, os dois passaram a conversar sobre as habilidades de Minseok e apesar dele ter começado um pouco envergonhado no início, agora já estava sorrindo mais e estava visivelmente mais confortável com a presença dela. Ela não era uma mulher cheia de truques domésticos, porque mais vivia na empresa que realmente em casa, então estava fascinada com tudo o que ele contava pra ela.
Xiumin se via mais e mais envolvido com as perguntas e apontamentos que fazia. Ela realmente parecia interessada no que ele dizia e ficou visível o descontentamento dela quando a secadora terminou de trabalhar, anunciando que a blusa já estava pronta. Ela pegou a peça de roupa e passou à vapor com o equipamento que ali havia. Ele não queria terminar com aquele clima agradável que ambos pareciam desfrutar, então antes que perdesse a coragem, resolveu convidar para um café no futuro.
Feliz com o convite, a mulher aceitou se encontrar com ele dali alguns para um café. A princípio, ela achou que isso seria impossível, porque ele era um idol e sempre teriam pessoas mal intencionadas para documentar o encontro dele com fotos e vídeos, mas ele a assegurou que iriam para um restaurante dos pais de um amigo, Chanyeol, e lá seria seguro tanto para ela quanto para ele.
saiu da lavanderia como se tivesse andando sobre nuvens, tentava esconder o pequeno sorriso que tanto tentava se formar nos lábios e sempre que seu olhar cruzava com o de Xiumin, sentia-se como uma adolescente de novo. No começo, foi relutante em aceitar passar a véspera de Natal na casa da amiga, mas, no final das contas, estava parecendo ter sido uma das melhores escolhas que fez na vida.

Capítulo 2 - Luhan

(Capa do capítulo)
— Esse endereço, por favor! - disse entrando no táxi - e se puder ir rápido, seria ótimo, estou atrasada para a ceia.

— Sim, senhora! - o motorista respondeu educadamente.

“Estou a caminho” foi a mensagem que enviou à Luhan antes do carro dar partida.

“Ok! Tenha cuidado, não deixe com que o motorista dirija muito rápido”


foi o que recebeu em resposta fazendo com que ela sorrisse simultaneamente já pronta para digitar a resposta, mas sendo interrompida por outra mensagem vinda dele.

“Senti sua falta, não vejo a hora de ver esse rostinho lindo”


Era definitivamente uma tarefa difícil não manter um sorriso largo e bobo nos lábios lendo coisas como aquela, obviamente ela se sentia muito mal acostumada com a forma que ele a tratava.

“Eu também senti sua falta”

***


— Ceia de natal com a família? - ouviu o motorista perguntar olhando pelo espelho da frente, sorrindo simpático alguns minutos depois de viagem.

— Amigos! - ela respondeu da mesma forma simpática, notando a foto pendurada na parte da frente - é a sua família? o senhor não deveria estar com eles?
— Sim! - ele sorriu alisando a foto, logo em seguida entregando para que visse de perto - Esposa e dois filhos no ensino médio, muito inteligentes, primeiros em suas classes - ele disse orgulhoso - Min queria um videogame novo esse ano, Bin precisava de um celular novo então eu e minha esposa apertamos um pouco as coisas para poder dar a eles - ele sorriu um pouco triste - eles ficaram tão felizes essa manhã, quando dissemos sobre os presentes que nada estragaria então eu decidi trabalhar mais um pouco hoje, para compensar e conseguirmos pagar as dispensas, você é a última passageira por hoje.

lembrou de seu tempo com sua família a anos atrás, lembrou como era difícil para sua mãe que a criou sozinha junto de seus avós. Ela sempre fazia questão de ser presente por tanto acelerava o máximo possível seu trabalho e ainda mesmo que exausta, fazia questão de que todos os natais ou feriados que comemoravam fossem memoráveis, deixando ali a lembrança de que ela nunca havia falhado como mãe ou filha.

— Fico feliz que seus filhos tenham pais como vocês - disse sentida com a história - Minha mãe era assim - comentou nostálgica - Você mora muito longe daqui? - perguntou curiosa.
— Duas quadras daqui - ele disse virando sua atenção para a frente e analisando o grande engarrafamento adiante e desconversou não querendo incomodá-la com suas histórias - Estamos a alguns quarteirões de onde a senhora pediu para irmos, acho que chegaremos atrasados, acredito que houve algum acidente à frente.
— Se você for por essa rua consegue chegar em sua casa a tempo para a ceia com sua família? - ela perguntou olhando para sua direita.
— Sim! Posso dar a volta, por quê? - ele perguntou sem entender.
— A quantas quadras estamos do meu destino? - ela perguntou sem responder a pergunta do homem.
— Três ou quatro - ele disse.
— Certo, não são muitas - ela disse abrindo a bolsa e pegando sua carteira de cor azul procurando pelo dinheiro que havia separado para pagar o táxi - aqui!
— Mas não chegamos ainda, senhora! - ele disse analisando as notas nas mãos de assustado - São muitas e eu não levei a senhora ao destino.
— Presente de natal para sua família! - ela disse lembrando que havia guardado um envelope pequeno e vermelho na bolsa mais cedo, colocando as notas ali dentro - Irei descer aqui e seguir a pé, não é uma caminhada longa - sorriu fechando sua bolsa - E o senhor... - ela disse colocando uma das mãos sobre o acento a sua frente - O senhor irá dar meia volta e ter uma ótima ceia com sua família, aproveite eles o máximo que puder, seja presente na vida deles o máximo que puder.

saiu do carro e tirou sua única mala do porta-malas do carro com a ajuda do senhor que se sentia culpado por não levá-la onde deveria.

— Melhor um de nós atrasado do que os dois, certo? - ela brincou - Feliz Natal!

Ela disse por último, acenando de longe para o homem que olhava ainda estarrecido sem entender o que havia acabado de acontecer.

“Acho que vou me atrasar mais do que imaginei, não se incomodem em me esperar, te vejo daqui uns minutos”


Enviou para Luhan, que assim que leu se preocupou.

“Aconteceu alguma coisa?”
“Está tudo bem?”


Ela sorriu, já esperava aquele tipo de reação vinda dele.

“Tudo bem, eu apenas decidi ser o “milagre de Natal” de alguém e isso me proporcionou alguns minutos de caminhada, não se preocupe”


e Luhan não tinham uma relação estabelecida e quando eu digo estabelecida, quero dizer que acabaram sendo o tipo de pessoas que não se prendiam a um título. Agiam como namorados de longa data, cuidavam um do outro como namorados, mas antes de tudo foram e eram amigos.

Ela era curiosa sobre quando aquilo mudaria e se mudaria, ela gostava dele e bom, ela achava que ele gostava dela de alguma forma, também.

“Onde você está? Vou encontrá-la”


Momentos como esse, que ela não tinha dúvidas de que o que eles tinham levaria a algo.

“Três quadras para baixo, mas não precisa vir!”

Respondeu rapidamente, recebendo na mesma rapidez a resposta.

“Já avisei ao Chen e sua esposa, estou indo te encontrar”


Luhan era normalmente o tipo de pessoa que cuidava quando se importava, mas quando o assunto era “” definitivamente ele conseguia ser protetor ao extremo. Ela era tão preciosa - mesmo que sabia que, nada frágil ele a via como frágil e que precisava dele por perto, por isso a relação deles se tornou tão íntima durante esse tempo que se conheciam.

— Te achei! - ele disse assim que parou de frente para ela, a assustando já que olhava distraída para o celular enquanto esperava o sinal abrir.
— Que susto! - ela disse dando um tapinha leve nos ombros dele - Você quase me mata do coração.
— Com certeza você se assustou com a minha beleza - ele disse brincando e agarrando a mala da garota como um ato espontâneo - Afinal, faz 2 meses que você não vê esse rostinho lindo de perto.
— Você é muito convencido, sabia? - ela disse atravessando a rua sendo seguida por ele.
— Desde quando ser realista é ser convencido? - ele perguntou fazendo cara de tranquilidade, rindo em seguida - Eu senti sua falta.
— Você sentiu falta da minha comida, isso sim! Era a única coisa que você sabia falar durante esses meses - ela respondeu rindo e ele parou no meio do caminho segurando uma das mãos dela - O que?
— Eu realmente sent…- ele não terminou a frase sendo interrompido por seu celular tocando - Um minuto - ele disse para que assentiu tranquilamente - Já chegamos, uma quadra, uhum, tudo bem.
— Era o Chen? - ela perguntou curiosa e ele assentiu.
— Perguntou se demoraríamos muito, que estavam esperando por nós antes de se sentarem a mesa - contou fazendo com que ela assentisse e ficassem em silêncio mais alguns minutos - Aqui, chegamos! - ele disse abrindo o portão para ela.

— Vocês chegaram! - Chen disse levantando uma taça de champagne assim que viu passar pelo portão com Luhan.
— Desculpem a demora! - disse sorrindo ao ver eles todos juntos ali naquela mesa gigante - tive um imprevisto no meio do caminho.
— Seu príncipe encantado de araque - apontou para Luhan - Saiu sem nos dizer nada além de que tinha que te procurar e nós ficamos preocupados.
— Desculpem por isso - ela sorriu sem graça - Eu tive que vir a pé uma parte do caminho e ele foi me encontrar.

Eles se sentaram por um tempo na mesma comemorando que finalmente o relógio havia dado 00h e já era definitivamente Natal. Conversaram, riram de gracinhas da bebê Yerin - que assustou com seu tamanho, afinal haviam sido dois meses e ela não esperava que a criança estivesse tão grande em tão pouco tempo - até mesmo choraram, lembrando de momentos bons e emocionantes que tiveram no passado e também no presente.

O jantar havia acaba e eles se dirigiram à grande lareira da casa para conversarem mais, até o celular de Luhan tocar.

— É de casa - ele comentou baixo deixando apenas e alguns que estavam próximos ouvir, já que outros estavam envolvidos na conversa.

— Oi, vovó - ele disse sorrindo e todos colocaram atenção nele.

“Feliz Natal, meu querido! ”


Ela disse feliz, a chamada era de vídeo, mas a senhora de idade trazia o telefone grudado na orelha o que o fez rir.

— Vovó, você ligou para mim em vídeo, olhe para tela - ele tentou explicar rindo assim que ela tirou e olhou para a tela abrindo sorriso ao ver o neto.

“Agora sim! Feliz Natal, querido”


— Feliz Natal, vovó! - ele respondeu amoroso - saudades da senhora.

“Nós também estamos! Esperamos você em casa logo”


— Eu vou visitar vocês em breve! - disse sorrindo, olhou para cima vendo todos prestando a atenção na conversa e achou graça do momento.

“Com quem você está? Se alimentou direito? Você está em uma festa?”


— Estou na casa dos Kim - ele respondeu virando a câmera para todos que acenaram animadamente juntamente a ela - E sim, eu comi direto.

“Ah, também está aí, mande um beijo para ela, Luhan”


— Ela escutou, vovó - ele disse virando a câmera de volta para ele - E está mandando outro.
— Um beijão para você, vovó! - disse se escorando entre e Luhan para aparecer na tela - Venha nos visitar em breve!

“Eu não tenho mais idade para isso, minha querida” - ela riu - “Venham todos vocês para cá e eu faço mooncakes para todos e do jeito que vocês gostam, inclusive para essa jovem linda ao seu lado, Luhan”


Vovó disse fazendo com que corasse e a cumprimentasse com respeito.

“Essa é sua namorada? Aquela que você tanto fala, meu neto?”


Ela disse simpática analisando a garota que estava pronta para negar a pergunta, porém sendo interrompida por ele.

— Sim, vovó, lembra? - ele perguntou chocando um pouco com a afirmação e se dando conta apenas depois que havia afirmado o título sem ter oficialmente pedido a garota em namoro antes, ainda sim ignorou, conversaria com ela sobre aquilo mais tarde - Eu já te falei sobre a , a senhora se lembra?


“Claro que sim!”


disse de forma alegre

“Você tem que trazê-la para conhecer a família, meu querido!”


— Aproveitar e me levar junto não é, vovó? - disse mais uma vez entrando na conversa - Saudades dos seus dumplings - choramingou a mais velha.

“Claro que sim, aproveite e traga seu namorado resmungão”


— Vou levá-la em breve, vovó, não se preocupe - Luhan sorriu para a senhora na tela ao mesmo tempo dando um leve apertão terno na mão de que permanecia calada.
— Foi um prazer conhecê-la, vovó - , que pareceu ter despertado de um transe, disse sorrindo um pouco mais que o normal - Quem sabe, no próximo Natal, não passamos com a senhora?

“Eu sabia que você é do tipo família"


— Huh? - a garota olhou confusa, sem entender o que significava aquela frase.

“Vó sabe das coisas, bati meu olho em você e sabia que você traria meu neto para casa de alguma forma... Se Deus quiser, casado”


— Ok, vovó! - Luhan disse rindo envergonhado - Está na hora da senhora descansar, não?

“Ele ficou com vergonha”


Ela disse rindo.

“Não se preocupa não, ele gosta de você”


Disse de repente.

“Consigo ver nos olhos dele e nos seus, feliz Natal, minha querida! espero conhecê-la logo”


— Feliz Natal, Vovó! - respondeu sorrindo.
— Feliz Natal, Vovó! - ele disse desligando o celular em seguida, lançando um olhar preocupado para a garota - Podemos conversar?

sacode a cabeça positivamente e se levanta pedindo licença a todos igual a ele.
— Desculpa pelo que…- ela temeu que ele desse para trás com o que havia dito, então o impediu de continuar.
— Tudo bem! - respondeu a garota cortando-o - Ela apenas se confundiu e…
— Não - ele disse segurando os ombros dela com delicadeza - Ela não se confundiu, eu - ele pensou antes de continuar - Eu apenas deveria ter te perguntado antes de afirmar qualquer coisa, eu…
— Você se precipitou? - ela perguntou arqueando as sobrancelhas e ele assentiu - Eu não acho que você se precipitou, na realidade, você demorou mais do que eu imaginava.
— Isso quer dizer que? - ele perguntou não terminando a frase e ela entendeu mesmo assim, assentindo com a cabeça positivamente.
— Mesmo você não me fazendo um pedido formal - ela disse rindo da cara de culpa que ele havia feito - Eu aceito o precioso título de sua namorada - brincou.
— Eu que devo aceitar o precioso título de seu namorado - ele disse assim que a abraçou forte - Você não faz ideia quantas vezes eu me imaginei finalmente tomando coragem de pedir para que você fosse minha - ele deixou um beijo na testa dela - Você não tem noção da importância desse momento para mim.
— Não se esqueça de agradecer à vovó mais tarde - comentou divertida - Isso é mérito dela, não seu - disse rindo e se encolhendo pelo frio repentino que sentiu - Podemos voltar para a lareira? Está frio aqui - ela se aconchegou no abraço de Luhan procurando pelo calor do corpo dele para se esquentar.
— Claro que sim, meu amor - ele disse deixando um beijo rápido e terno nos lábios da garota que sorriu satisfeita com o ator.

Capítulo 3 - Kris

(Capa do capítulo)
Kris detestava aquela época do ano, toda aquela falsidade velada e aqueles sorrisos forçados. Nunca e em hipótese alguma concordava em comemorar, seja em casa ou na casa dos amigos – que o convidavam sempre – ou de parentes.
Odiava como a própria vida, tudo que envolvia: Luzes piscando, neve e canções irritantes e chicletes, que a época trazia. Não tinha um motivo aparente para que ele detestasse aquela época do ano, só tinha uma aversão, e nem o fato de estar ao lado de , que era a pessoa mais natalina que já colocou os pés na terra, o sentimento dele não mudou nada quanto à data, dentro dos três anos de relacionamento.
― Por favor! ― insistiu fazendo biquinho.
― Eu já disse mil vezes, , que eu detesto essas coisas. ― Kris disse imitando o mesmo biquinho da namorada.
― Mas é tudo tão mágico, amor, e os meninos estavam tão empolgados na ligação. ― arrumou a postura, mas continuou com o tom de pidona. ― Fora que é o primeiro Natal da Yerin e nós nem fomos até a Coreia desde o nascimento dela, você é um péssimo tio. ― Ela concluiu, e estava certa, fora que estavam devendo uma visita aos Kim há muito tempo.
Os dois estavam juntos há pouco mais de três anos e em todas as comemorações de final de ano, ela ia sozinha à festa dos amigos, ou passava os feriados com sua família, morria de saudades do namorado, mas não podia arrastá-lo para os eventos ao qual ele não se sentia bem. Salvo aquele ano, que estava disposta a mostrar, não só para ele mesmo, o tamanho da saudade que tinha dos amigos e tentava esconder, quanto à verdadeira magia do natal.
O Natal era de longe o feriado preferido de , se lembrava com muito carinho das comidas gostosas que comeu ao longo dos anos, dos sorrisos calorosos e enormes, da felicidade em receber presentes e quando cresceu, do quentinho no coração, em fazer boas ações, doações e todo aquele espírito de partilha e união.
já tinha aceitado o convite dos amigos e confirmado a presença do casal, aquele seria o primeiro Natal da filha de um dos melhores amigos dele, que consequentemente virou muito amigo dela também. Ela conversava com a esposa de Chen, todos os dias, e principalmente com a distância, era difícil conseguir reunir todos os amigos como aconteceria aquele ano.
― Eu juro que nunca mais te peço nada nesse sentido e garanto que você vai se divertir, por favor, meu amor, vamos? ― Ela uniu as mãos e ficou esfregando uma na outra em súplica.
Kris sabia que a namorada não ia parar de insistir até que ele aceitasse, e ela não insistiria tanto, sabendo como ele se sentia, se não fosse algo realmente importante para ela. Sabia que ela já tinha sido compreensiva todos aqueles anos e ela nunca reclamou ou cobrou nada dele, afinal, cada um tinha o direito de viver da forma que desejava, então tudo bem, fazer aquilo uma vez por ela.
― Olha ― Ele respirou fundo, quase se arrependendo de sua decisão. ― Eu vou, mas vamos fazer isso só dessa vez, e se eu não me sentir confortável eu volto para o hotel, ok? ― Finalizou sério, olhando nos olhos dela.
― AAAAA, eu te amo, te amo, te amo! ― Ela pulou em cima do namorado e começou a encher o rosto dele de beijinhos.
― Se eu soubesse que ganharia tantos beijinhos, eu teria aceito antes. ― Ele disse rindo em um tom mais leve do que a conversa que estavam tendo antes. ― Temos que reservar as passagens e o hotel. ― Finalizou, segurando a namorada pela cintura e dando um beijinho na ponta do nariz dela.
― Já está tudo ok, amor, nosso vôo sai amanhã de manhã para dar tempo de fazer o check in no hotel e comprar uma lembrancinha para minha mãe.
O sorriso de ia de orelha a orelha e ela estava realmente radiante, nem o fato dela já ter contado com o ovo, antes da galinha, o fez não sentir todo aquele amor aquecer seu peito, ele sabia que amava ver a namorada feliz, e ali ele teve certeza que o que acontecesse de ruim, o sorriso dela compensaria.
― Vamos assar biscoitos em formato de árvore de natal? ― disse animada, depois de ficar um tempo sorrindo igual boba e enviar a confirmação para os amigos.
― Por que você está forçando nossa amizade dessa forma, ? ― Kris perguntou, rindo em um tom de brincadeira.
― Só porque você não vive sem mim, Wu. ― Ela devolveu no mesmo tom e os dois começaram a rir.
Aquele papo não livrou o rapaz de ser o ajudante oficial da namorada na cozinha, e se precisassem levar algo de comer para os amigos, não poderia ser nada muito grande ou muito pesado, biscoitos eram a medida certa.
Kris estava ansioso pela viagem, há alguns longos meses que não ia ao país em que conheceu os amigos, e sabia como era viajar naquela época do ano: todas aquelas famílias com crianças, coisas decoradas neve e eventuais atrasos. Com aqueles pensamentos, foi ali que mais uma vez se arrependeu da decisão que tomou.
― Vamos? ― disse animada, na manhã seguinte, as malas estavam prontas, os dois muito bem agasalhados e todos os documentos e papéis necessários para o embarque e desembarque!
― Fazer o que, né? ― Ele respondeu, tomando coragem para colocar o pé para fora de casa.
― Ora, cadê sua animação? Vai, um sorrisinho? ― foi tão fofa que Kris pensou que poderia explodir de amor, era impossível não se apaixonar por aquela mulher todos os dias da vida dele, e o sorriso brotou em seus lábios, automaticamente. ― Bem melhor assim, agora vamos que nosso carro está esperando.
E lá estava o carro por aplicativo que eles pediram para o trajeto até o aeroporto, com um motorista e um gorro vermelho de Papai Noel e enfeites pendurados pelo carro todo, tudo que Kris precisava era começar sua viagem, naquele carro, fazendo cosplay de trenó.
O aeroporto - como a imaginação do rapaz presumiu, estava cheio, crianças correndo para todos os lados, muitas árvores de Natal e enfeites espalhados por todos os lados, não se lembrava da China ser tão festiva àquela época do ano, mas com a globalização e os muitos turistas que a Ásia vinha somando durante todos aqueles anos, fez da data mais comercial do que ela já era, e transformou um simples aeroporto em um grande cenário daqueles filmes clichês de Natal.
Não eram nem 8 da manhã, e aquele era o maior problema para ele, como as pessoas conseguiam ter aquela energia e animação àquela hora da manhã? Com aqueles sorrisos enormes e tão solicitas – claro que a grande maioria das pessoas naquela situação eram os estrangeiros e os nativos mais novos e antenados.
― Seu café! ― chegou com o mesmo sorriso no rosto, que a garotinha que acabara de passar na frente de Kris, com um urso enorme de pelúcia.
― Você é a melhor. ― Ele deu um gole do líquido quente e sentiu, que dali em diante, poderia enfrentar tudo. Não era ninguém antes de tomar seu café.
― Você acredita que o zíper dele imperou e para não estragar o Natal das crianças, ele vai viajar vestido de Papai Noel? Eu acho que ele é o verdadeiro Papai Noel, mas seu trenó está no conserto. ― disse, indicando com a cabeça, um homem enorme, vestido de Papai Noel, parado ao lado da loja de café.
― Ah não, não me diga que ele está indo para a Coreia? ― Sentiu o líquido descer mais amargo do que costumava ser.
― Sua cara está muito engraçada, eu preciso tirar uma foto. ― Ela tirou o aparelho celular do bolso e tirou uma foto do namorado com cara de pânico com aquela possibilidade.
― Eu estou falando sério, meu amor, se esse homem entrar no voo com a gente, vai ser uma loucura. ― Ele bebeu mais café, para ver se conseguia digerir aquela questão.
― Eu não perguntei, mas como conversamos em coreano, eu acredito que sim. ― Ela estava se divertindo, enquanto tomava seu chocolate quente, com as caretas que o namorado fazia.
― É sério, amor, eu não estou pronto para isso. ― O tom dele era um pouco desesperado àquela altura.
― Relaxa, neném. É Natal, se ficar rabugento assim, vai acabar virando o Grinch. ― Ela só conseguia zuar o namorado, claro que entendia o fato dele não gostar das festividades, mas era engraçado demais vê-lo reclamando de tudo.
A chamada para o voo em que embarcaram demorou meia hora a mais do previsto para ser anunciado, devido à um problema técnico com o piloto, que foi prontamente substituído, por outra pessoa para que nada acontecesse durante o percurso. E claro que Kris, durante aqueles 30 minutos, só conseguiu fazer algumas caretas, controlando as reclamações. Sabia que não era legal, mesmo que àquela altura fosse quase inevitável não pensar em sua cama quentinha e como ele podia estar deitado, assistindo alguma série que ele tinha deixado pela metade, pela correria da carreira antes daquela pausa, ou até mesmo dormindo, só esperando a noite de Natal chegar, para pedir uma comida aleatória e dormir mais até que a namorada chegasse em casa com mais comida que as pessoas faziam questão que ela levasse para ele.

Ele gostava realmente daquilo e do fato de as pessoas que conviviam com eles, entenderem e aceitarem também aquela decisão. E ali, com a bunda quadrada de esperar, sentado naqueles bancos gelados do aeroporto, nunca quis tanto poder voltar no tempo e recusar com firmeza aquele pedido.

Por sorte a viagem não demoraria tanto, mas tempo o suficiente para que ele tirasse um bom cochilo, e nada confortava mais sua alma que dormir – ainda mais quando levantou tão cedo, quanto naquele dia. Então se sentou confortavelmente em sua poltrona, previamente marcada, colocou seus fones de ouvido e quando estava para fechar os olhos, viu, com sua visão periférica, algo, enormemente vermelho sentar-se ao seu lado, quando o comissário de bordo, começou a dar as instruções de voo.

Só podia ser alguma pegadinha da namorada, por ele não gostar daquela época do ano, ele não queria acreditar no que estava acontecendo – era surreal demais aquilo ser só coincidência. Mais má sorte para alguém com aversão ao feriado.


― Amor, não surta... ― Ele ouviu a namorada sussurrar baixinho no ouvido dele, pouquíssimo tempo depois que a figura sentou. ― Mas o Papai Noel... ― Ela não conseguia controlar o riso enquanto tentava ser o mais discreta possível. ― Está sentado ao seu lado.
― Isso é coisa sua, não é? ― Ele devolveu no mesmo tom, sem chamar muita atenção das pessoas ao redor para aquela conversa.
― Olha... Eu queria muito ter tido essa ideia, mas por sorte eu não tive que gastar dinheiro contratando ninguém. ― Ela se arrumou em sua própria poltrona e agradeceu mentalmente ao universo, aquela viagem estava mais divertida que o esperado.
― Eu só queria uma viagem tranquila, de presente de Natal. ― Ele afundou em seu assento, quando, depois da decolagem, algumas crianças, foram até a figura vestida de Papai Noel, entregar seus pedidos de natal.

Kris tinha que admitir – como não conseguiu dormir – olhando para aquela cena: em que, pequenas pessoas envergonhadas, chegavam perto do homem vestido de Papai Noel, entregavam suas cartinhas e seus rostos iluminavam automaticamente, era uma das coisas mais fofas que ele já tinha presenciado em toda a sua vida. As palavras cheias de esperança e desejos que aquelas crianças diziam, como eram gratas e felizes. Não parecia com nada do que se lembrava ser no natal.

Percebeu que ter o homem ao seu lado, durante aquela viagem, não foi tão torturante como ele julgou que seria. Depois de um tempo observando as pessoas, acabou por adormecer, igual à , que já estava no décimo terceiro sono, e só acordaram quando, enfim, o avião pousou em terras coreanas.

Antes de chegarem no hotel, preferiram passar nas lojas e garantir os presentes: um de casa nova para os amigos – afinal, era a primeira visita na casa nova. Outro para a troca de presentes habitual do grupo de amigos e por último e o mais importante, para Yerin, só quando viu aquelas crianças interagindo com o Papai Noel, que percebeu o quanto sentiu saudades dela e como – mesmo sabendo que ela não entendia o que estava acontecendo, mas também não julgava, ele mesmo não entendia direito o que aquele feriado significava – queria vê-la feliz, com os brinquedos que ganharia de presente.

Como já tinha planejado tudo, sabiam exatamente em quais loja passariam e o que escolheriam nelas, fazendo assim, com que o breve passeio pelo país não fosse demorado ou cansativo, precisavam descansar um pouco mais da viagem, para terem o pique que a celebração.

Todas as pessoas que cruzaram com eles, foram solicitas e gentis, de forma genuína, depois de muitos anos evitando contatos com humanos, por seus julgamentos adolescentes sobre a data, Kris percebeu que as coisas aconteciam aquela época do ano, de forma diferente do que ele guardava em seus sentimentos. Sabia que sim, existiam pessoas falsas e com energias que não estavam na mesma sintonia que a dele, mas passou a perceber ali, que não era culpa do Natal elas serem dissimuladas, e sim, culpa delas mesmas serem assim. Teve aquela percepção, de que via o feriado de forma destorcida, durante tantos anos, sozinho. não o forçou a comprar os enfeites de Natal personalizados que ele comprou com as iniciais dos Kim para dar de presente para eles em uma loja de Natal que encontraram no caminho, nem a enxergar as pessoas da forma diferente a qual ele vinha sentindo.

Ao anoitecer, enquanto esperavam o carro por aplicativo chegar, para levá-los para a casa do amigo, Kris se sentiu grandemente agradecido, primeiramente à namorada, por tirá-lo de sua casca e convencê-lo a ir com ela naquela viagem, e depois ao universo, por ter colocado aquela mulher tão maravilhosamente incrível para literalmente mudar, não sua vida toda, mas alguns aspectos nela, para que ela fosse a melhor vida que alguém poderia ter.

A casa dos Kim já estava cheia e eles foram praticamente os últimos a chegar. Alguns rostos conhecidos pelo casal, e algumas caras novas, mas o clima era de amor. Para todos os lados que Kris olhava, ele via amor. Fosse nos anfitriões, com aqueles olhos brilhantes, olhando um ao outro e a pequena vida que eles tinham colocado no mundo – que era a garotinha mais linda e com a maior certeza, amada do mundo. Fosse pelos amigos, que há tempos estavam juntos, mesmo sem nenhuma definição de relacionamento, ou pelo novo casal que estava se formando aquela noite, naquela festa.

Ao receber abraços carinhosos, e as mesmas piadinhas costumeiras dos amigos, ele entendeu que o Natal era tempo de celebração, de união, afeto e amor, e que se algo, naquele feriado fugisse daquilo, não era Natal, nem deveria ser considerado nada. Estabeleceu ali, sentado à mesa, com seus amigos, suas famílias ou futuras famílias, que só deixaria fazer parte, não só do seu Natal, mas de sua vida, os sentimentos que fossem relevantes e que o elevasse.

Não deixaria nunca mais, de presenciar, a forma como a namorada era luz naquela época do ano, como estar com as pessoas que eles amavam era gratificante e como o Natal era lindo, apesar de tudo.

Capítulo 4 - Suho

(Capa do capítulo)
JunMyeon se espreguiçou, ouvindo a campainha ressoar ao longe. Olhou no relógio e resmungou. Estava quase uma hora atrasado, por causa daquela porcaria de reunião de fechamento de semestre com a diretoria da excelentíssima SM Entertainment. Agora teria apenas duas horas para ajudar JongDae e a esposa com a arrumação das coisas para a ceia de Natal do grupo. JongDae havia insistido incontáveis vezes que não era necessário — sabia o estado de exaustão em que o líder se encontraria, — mas JunMyeon insistira incontáveis vezes mais que estaria por perto, não custava nada ajudar.
Ouviu o som das chaves na fechadura e uma risadinha gostosa do outro lado. Reprimiu um bocejo e abriu um sorriso. Era Natal, afinal de contas.
— Olha quem chegou, Yerin. O Tio Myeon.
— Mun- mun...
— Oi, princesa. Vem cá — JunMyeon não resistiu aos bracinhos gordinhos atirados em sua direção e pegou a pequena no colo, dando um merecido descanso aos braços de JongDae. — Como vai, Dae?
— Não tenho levado uma vida boa como a da Yerin, mas estou bem — JongDae respondeu, bem humorado. Deu um passo para o lado e com a mão, convidou o mais velho a entrar. — Vem, entra. Nós estávamos terminando de arrumar a casa. Você pode achar que o SeHun é bagunceiro até ver o estrago que uma bebê com uma caixa de brinquedos pode fazer na sua sala de estar.
JunMyeon sorriu meio sem graça, feliz por JongDae ter se lembrado apenas da bagunça de SeHun e não da que o líder deixava pelos cantos do dormitório. Cumprimentou Soojin, a esposa de JongDae, que agora deixava a cozinha organizada e limpa para a preparação da ceia. Usava uma camiseta e bermuda de algodão, chinelo nos pés e um lencinho no cabelo, e olhando melhor, JongDae não estava muito mais estiloso.
— Com o que eu posso ajudar, Dae? — Perguntou, colocando uma Yerin inquieta no chão. Assistiu a menina se arrastar até a sala de estar, com a mãe seguindo de perto, e imaginou que ela tivesse feito a mesma expressão de JongDae quando ouviu a caixa de brinquedos sendo jogada no chão e espalhando todos os brinquedos pela sala novamente.
— Acho que agora está tudo pronto, hyung. As únicas coisas que não estão arrumadas na casa somos nós e, bom, a sala.
Yerin, pelo amor de Deus, tira isso da boca.
JongDae suspirou, passando as costas da mão pela testa, e JunMyeon teve uma ideia.
— Eu posso cuidar da Yerin enquanto vocês descansam um pouco e se arrumam. Posso distrai—
— Ah, JunMyeon, obrigada. Aqui, vai com o titio, Yerinnie — Soojin voltou da sala como um raio, entregou a filha nos braços de JunMyeon e se virou para o marido, dando ordens enquanto seguia para o quarto da pequena com a caixa de brinquedos nas mãos. — JongDae, amor, para o chuveiro, agora.
JongDae deu de ombros, rindo da esposa, mas não tardou a obedecer. Era brincalhão, não besta.
Não demorou para JunMyeon estar sozinho com Yerin no meio do corredor. Seguiu a mãe da pequena até o quartinho decorado, recebeu algumas instruções de como proceder caso ela chorasse, sujasse a fralda ou vomitasse, e finalmente, assumiu o posto de Tio Myeon.
— Qual seu brinquedo favorito, Yerinnie? Aquele ali? Vamos pegar o Sr. Patinhas, então.
Se sentou no chão com a pequena e o gatinho de pelúcia, e começou a contar a história da grande aventura marítima do Capitão Patinhas. Desde que Yerin nasceu, JunMyeon havia criado inúmeros personagens e historinhas para a menina, e jurava por tudo nesse mundo, que ela entendia cada detalhe das epopeias homéricas estreladas por seus bichinhos de pelúcia favoritos. JongDae e Soojin, por outro lado, afirmavam que quem realmente se divertia com esses momentos era JunMyeon.
— Então, quando o terrível Professor Caninus Raivosus descobriu que o Capitão Patinhas tinha... — a luz do abajur de Yerin projetava estrelas por todo o quarto escuro, criando o cenário perfeito para a história, e JunMyeon não resistiu a um bocejo — tinha voltado com o tes— outro bocejo —ouro, ele invadiu o consultório, digo, o escritório do navio... Não! Invadiu o dormitório dos marujos, isso, e procurou o tesouro, até... até... que...

JunMyeon se segurava no mastro do convés, sentindo o balanço do navio no mar calmo. Apesar do dia quente, algumas nuvens cobriram o sol e uma garoa leve começou, e o rapaz sentiu algumas gotas quentes e delicadas em seu rosto.
— Jun.
Ouviu seu nome sendo chamado numa voz bonita, mas distante, e começou a procurar no horizonte. Será que teria encontrado a bela sereia com quem esbarrava em suas expedições?
— Myeon, amor.
— Hm, ahn, amor...
Sentiu o navio sacudir com mais força, e a garoa cessar. A voz da sereia agora estava mais próxima.
— JunMyeon, acorda!
O cantor abriu os olhos num estalo, levantando assustado.
— O TESOURO. Cadê o meu tesou— olhou bem para a mulher sentada na frente dele, observando a tudo intrigadíssima, com um sorriso sacana nos lábios. — ? O que...?
— Bom dia, bela adormecida. O Sr. Patinhas tomou conta do seu soninho da tarde?
JunMyeon olhou para baixo e viu que estava abraçado com o gatinho de pelúcia de Yerin. Yerin!!
, pelo amor de Deus, onde está a Yerin? — Agarrou os ombros da namorada, desesperado.
— Está com o pai. Você deve ter dormido em uns quinze minutos e ele ficou com dó de te acordar — a moça riu do estado do rapaz.
Passando as mãos pelo cabelo, nervoso, JunMyeon se aproximou de e finalmente cumprimentou a namorada com um beijo.
— Que horas são? Faz muito tempo que você chegou?
— Não, acabei de chegar. Trouxe sua roupa, vem se arrumar. Soojin liberou um quarto de hóspedes para você.

Ainda faltava quase meia hora para os outros amigos chegarem, embora JunMyeon já pudesse ouvir vozes no andar de baixo. Saiu do banheiro, já de banho tomado e roupa trocada, e encontrou sentada na cama, resolvendo se juntar a ela. Ainda tinham um tempinho para aproveitar antes da festa começar.
— Hmmm — respirou fundo, afundada no pescoço de JunMyeon, — me lembra de perguntar à Soojin qual o sabonete que ela compra, porque o cheiro é delicioso.
Myeon riu.
— Pode admitir que sou eu, amor. Eu sou naturalmente cheiroso.
— Ih, tadinho, ainda está sonhando. Jun, amor, acorda — sacudiu o namorado, fazendo os dois rirem mais um pouco.
Sentindo o aconchego do abraço e o silêncio reconfortante, se deixaram aproveitar o momento por alguns instantes, apenas curtindo a presença um do outro.
— Acho que daqui a pouco é a nossa vez, né?
— Vez do que, Jun?
— De trazer um membro novo para o grupo. Digo, o Dae e a Soojin deram a largada no EXO Segunda Geração...
— Por Deus, amor, você já cuida desses meninos e ainda quer mais crianças?
JunMyeon deu de ombros.
— Eu gosto tanto de ficar com a Yerin — se ajeitou, deitando-se de bruços no peito do namorado para poder olhá-lo. Adorava observar JunMyeon quando ele começava a falar de Yerin e dos planos para o futuro dos dois. — Desde que ela nasceu, eu tenho pensado muito em como os nossos vão ser.
— Nossos, no plural? — JunMyeon gargalhou da cara assustada que fez. Já tinham tido essa conversa antes, e queria ter filhos tanto quanto ele, mas não era a pessoa mais apaixonada por crianças desse mundo. — Lembra que filho dos outros é bom, porque quando você cansa, pode devolver para os pais. Quando são seus filhos, os outros é que devolvem a criança chorando toda atolada na fralda suja para você.
— Ah, deixa de ser ranzinza, . Pensa, aquele apartamento inteiro ecoando uma risadinha de bebê.
— Pensa, aquele apartamento inteiro ecoando choro de bebê no meio da madrugada.
— OK, eu desisto de você. Vou me casar com o Sr. Patinhas.
segurou a risada, fingindo estar brava.
— Quer me trocar pelo Sr. Patinhas? Nem pela sereia, JunMyeon, mas pelo Sr. Patinhas? Inacreditável. Homens...
— O Sr. Patinhas não ia reclamar tanto das crianças.
— O Sr. Patinhas não ia reclamar de nada, porque ele é um gato de pelúcia, Kim JunMyeon — o rapaz gargalhou outra vez. — Mas, aí está. Se você insiste tanto nas crianças, eu vou querer um cachorro.
— Realmente, as crianças iam gostar de ter um cachorro.
— Não, amor, acho que você não entendeu — deu uma risadinha curta, recheada de ironia. — Você não acha que eu vou lidar com você e mais a prole sem um cachorro do lado para me ajudar, né? O cão é para o bem da minha saúde mental.
, você é péssima.
— Sou. E você me ama mesmo assim.
JunMyeon não podia negar. Era completa e perdidamente apaixonado pela mulher.
— Pior que eu amo. Eu ainda preciso te pedir em casamento qualquer dia desses.
sorriu, mas disfarçou logo em seguida. Não foi rápida o suficiente, porém, e JunMyeon pode apreciar de camarote a expressão no rosto da mulher.
— Bom, nós moramos juntos, então acho que tecnicamente nós já somos casados.
— Não somos, não. Não enquanto eu não te receber no final do corredor, com todos os nossos amigos e família reunidos, e La Vie En Rose tocando enquanto você desfila esse traseiro lindo na minha direção.
— Nossa, garoto! E eu achando que você tinha resolvido espremer todo o romantismo de dentro de você. É um ridículo, mesmo.
— Pois é. E você me ama mesmo assim.
JunMyeon sorriu, percebendo que tinha pegado a namorada na própria armadilha.
sorriu de volta, sem querer dar o braço a torcer, e resolveu apelar para truques mais ofensivos. Passou uma das pernas por cima do namorado, e se ajeitou, sentada logo acima da cintura definida do rapaz, que observava curioso. Correu as mãos por baixo da camiseta branca que ele usava, arranhando de leve com as unhas e ficou satisfeita ao ver cada pelo dos braços dele se arrepiar. JunMyeon segurou a cintura da mulher com as mãos, e conforme ela esticava o corpo para aproximar seus rostos, os dedos passeavam pelas laterais, agarrando o quadril e repousando firmes na bunda empinada de . Estavam quase selando a distância entre os lábios, quando a porta foi aberta de supetão, revelando um SeHun exasperado. O rapaz estava tão transtornado que mal reparou no que havia acabado de interromper.
— Hyung, eu só confio em você, agora. Me diz a verdade: o Papai Noel existe?
Naquele momento, JunMyeon teve certeza de que SeHun ou não tinha amor à vida, ou era muito burro. Acreditava igualmente nas duas possibilidades.
Tirou rapidamente de cima de si, não por constrangimento — aqueles garotos já tinham visto uns aos outros em situações mais delicadas e com menos roupas incontáveis vezes —, mas para estar livre para bater em SeHun se fosse necessário. Pensou, e decidiu que tinha outra forma mais prejudicial ao maknae de responder àquela afronta.
— Sim, ele existe. É um idoso que trabalha feito condenado para pagar o cartão de crédito que garante os presentes embaixo da árvore, e adora descansar.
SeHun ficou inexpressivo por alguns segundos, pensativo.
— Cartão de crédito, é? Bom, faz sentido que os duendes não queiram mais trabalhar só pela magia do Natal. Esse mundo moderno é complicado, muitos boletos para pagar. Obrigado, hyung, sabia que eu podia contar com você.
Se não fosse a risada alta que deu quando SeHun fechou a porta, satisfeito com a resposta, JunMyeon teria ido atrás dele para resolver o assunto no braço.
— Coitado, Jun. O SeHun tem a idade mental da Yerin, você foi muito cruel com ele.
— Ele só tem a idade mental da Yerin quando convém. E de qualquer jeito, é melhor dizer o que ele quer ouvir, evitar uma birra e levar bronca da depois.
concordou, se lembrando da última vez que SeHun foi contrariado e quase fez os meninos comprarem chapeuzinhos de uma coleção limitada da Gucci para o Vivi.
— Deixa ele para lá, amor, já foi. Agora volta aqui, que eu não terminei com você.
JunMyeon sorriu de lado, com os olhos escuros, e voltou para a cama, abraçando a namorada e se deitando por cima dela, dessa vez. Devorou com os olhos a boca atrevida tingida de vermelho, e se aproximou, provocando com a mínima distância entre eles.
♫ JINGLE BELL, JINGLE BELL, JINGLE BELL ROCK. ♫
O casal deu um pulo com o susto que levaram com a música que estourava as caixas de som no andar debaixo. Era isso, todo o clima romântico e sensual estava perdido.
— QUE DROGA, CHANYEOL.
Como se Chanyeol tivesse ouvido o líder gritando, o volume do som diminuiu, diferente do volume nas calças de JunMyeon, que agora bufava, frustrado.
— Acho melhor a gente descer, Myeon. Daqui a pouco os outros vão chegar, e sabe Deus o que mais pode entrar por essa porta — disse, bem humorada.
— Vai na frente — apontou para o meio das pernas com a mão, — eu preciso ir ao banheiro. Te encontro lá embaixo.
A mulher riu.
— Realmente, o saco do Papai Noel veio recheado, esse ano.
!


JunMyeon rodou a chave na fechadura e abriu a porta. Não se lembrava de ter tomado tanto vinho durante a ceia para estar alucinando, mas tinha certeza de que o apartamento não estava daquele jeito de manhã. Deu espaço para entrar e colocar os casacos no suporte que o sogro havia instalado ao lado da porta. A expressão neutra da mulher era muito suspeita.
, aconteceu alguma coisa nesse apartamento?
— Oi? Ah, sim. Parece que a Mamãe Noel passou por aqui. Veja, tem presentes embaixo da árvore.
empurrou JunMyeon com delicadeza até o pequeno pinheiro decorado às pressas no meio da sala. Tinha pedido folga no trabalho aquele dia para organizar uma surpresa para o namorado.

— Eu juro que a sua mãe quer me comprar com comida, e ela vai conseguir — o rapaz sorriu as desembrulhar o último presente e encontrar uma caixa dos seus chocolates favoritos com um cartão caloroso escrito pela mãe de . — Isso foi incrível, . Obrigado.
— Espera ai! Acho que as renas mexeram aqui. Encontrei mais um atrás da árvore, olha só.
JunMyeon encarou como se dissesse “eu não sou a Yerin”, mas o teatro da mulher era tão elaborado, que ele não teve coragem de interromper, apenas aceitou. Pegou a caixa e desembrulhou, imaginando que fosse outro canivete suíço enviado pelo irmão de sua avó.
Encontrou um pequeno molho de chaves e uma coleira. Confuso, leu o cartão que dizia apenas “Com amor, !”, e analisou um pouco os objetos até ter uma súbita realização.
, você está... você está gráv-?
— Como, margarida da meia noite? Você passa mais tempo no trabalho do que em casa. Se você tivesse me engravidado na última vez que nós transamos, a criança já estaria parida a uma hora dessas.
Jun levou alguns segundos para decidir se ria ou se chorava com a precisão da observação de . Resolveu que ainda estava confuso demais para fazer qualquer uma das duas coisas.
— O que é isso aqui, então?
— Sabe a casa do lado daquele café que você gosta? Aquela que você ficou me atazanando por semanas para visitar antes que fosse comprada e ficou todo borocoxô quando viu que a placa não estava mais lá? — JunMyeon arregalou os olhos e olhou para as chaves. Encarou , questionador e abriu o maior sorriso do mundo quando ela acenou positivamente com a cabeça. — Acho que lá cabem dois pivetes e o cão que está esperando a gente no hotelzinho, com checkout marcado para amanhã.
JunMyeon, sem saber bem o que fazer, abraçou a namorada? Noiva? Não importava. Abraçou e, com lágrimas nos olhos, deu um beijo carinhoso e demorado na mulher.
— Feliz Natal, Papai Noel.
O rapaz riu com o apelido recém adquirido.
— Espero que, pelo menos, o pedido de casamento você tenha deixado para mim.
fez uma careta, e Jun quase pode ouvir o “ops”.
— Ah, , eu queria fazer essa parte!
A moça gargalhou e cobriu o rosto chateado de Myeon com beijinhos.
— Depois o SeHun que faz birra, né? — Jun fechou a cara e ela riu ainda mais. — É brincadeira, meu amor. Até porque a aliança que eu gostei só passa no seu cartão, mesmo. Digo, no cartão do Papai Noel.
— Ah, é assim? — JunMyeon se levantou, puxando , que soltou um gritinho quando ele a pegou no colo. Começou a rir, animada, quando notou que estavam caminhando em direção ao quarto. — Acho melhor a gente arranjar uns elfos para ajudar no ano que vem, então. Feliz Natal, Mamãe Noel!

Capítulo 5 - Lay

(Capa do capítulo)

24 de dezembro, 14:28


estava agitada com os eventos que aconteceriam naquela véspera de Natal. Apesar de estar em um relacionamento há algum tempo com Yixing, aquela noite seria a primeira vez que encontraria todos os amigos do grupo do namorado reunidos de uma só vez. A noite não seria apenas memorável para ela, mas para todos os membros do EXO. Depois de anos, enfim os 12 estariam juntos novamente e tinham não apenas a reunião de amigos para comemorar, mas também a chegada de mais uma membra à família, a pequena Yerin, filha de Chen.
Desde que chegara à Coreia, há quatro dias, não conseguia se livrar da tensão que o momento proporcionaria. Ela já tinha conversado com os amigos do namorado por chamada de vídeo, todos já a conheciam e se mostraram sempre amigáveis, mas estar na mesma sala fisicamente com todos estava elevando os níveis de ansiedade nela. Com todos perto, eles poderiam avaliá-la minuciosamente, e ela desejava muito a aprovação completa. e Yixing sempre conversavam de começar uma família e ela sabia o quanto os membros do grupo dele significava para Lay. Por Deus, o homem tinha os amigos como fundo de tela do celular dele!
Ela se sentiria muito mal se no final das contas, não conseguisse se dar bem com os rapazes e suas companheiras, ela sabia o quanto seria custoso para Lay tentar manejar a situação. O quão desgastante seria, se ele tivesse que se desdobrar pra agradar a ela e aos amigos, e ela o conhecendo tão bem quanto ela conhecia, sabia o peso que carregaria nas costas, achando que foi por conta dele que as pessoas que ele mais amava no mundo não se davam bem.
Enquanto arrumava e embalava os presentes que levariam para a casa dos Kim, deixava a mente divagar sobre os múltiplos cenários possíveis e imagináveis que o encontro poderia ter. Como gerente de riscos, estava familiarizada em pensar sempre nos cenários mais loucos e tentar achar uma solução para isso. Deixar a sua mente fazer o que tão bem ela sabia fazer a estava acalmando. Entrar sempre preparada numa situação fazia com que a confiança e segurança em si aumentessem - e estava precisando, visto que elas a abandonaram desde que pisou em solo coreano voltassem.
Entretida com os papeis e fitas adesivas coloridos, não ouviu o celular vibrando em cima da mesa de cabeceira, quando o aparelho começou a emitir som, levantou-se de sua posição correndo e foi atender, certamente era Yixing ligando desesperado, porque esquecera alguma coisa da lista que ela detalhadamente escreveu.
- Oi! – respondeu num tom um pouco mais alto que o usual – Desculpa, não ouvi o telefone vibrar. Está tudo bem?
- Oi, amor. Tudo bem. – Yixing disse com a voz um pouco abafada, provavelmente por conta da máscara que usava para não ser reconhecido tão facilmente na rua – O avião pousou agora pouco, acabei de pegar as malas e vou pegar o carro.
- Oh, você só chegou agora? – ela consultou o relógio – Meu Deus, já são mais de duas da tarde! O que aconteceu pra você demorar tanto? – disse nervosa.
Não viu passar o tempo, o que de fato foi uma coisa boa, porque era para ele já estar chegando em casa por aquelas horas, mas pensou que como a cidade está agitada com a chegada do Natal e muitas pessoas estão nas ruas fazendo as compras de última hora de presentes, a demora dele era aceitável. Se soubesse que ele estava duas horas atrasado, estaria uma pilha de nervosos – mais ainda.
- Amor, calma, eu ‘tô bem. Não aconteceu nada. – o ouviu tossir, como se limpando a garganta - Bem, quer dizer, aconteceu, mas não é nada demais. Eu apenas reservei o voo errado. Achei que estava vindo direto para Seul, mas peguei o voo que fez escala em Taipei e tive que esperar por mais de uma hora de conexão. – Apesar do som sair abafado, ela percebeu vergonha no seu tom de voz.
- Meu Deus, Xing! Você foi parar em Taiwan e não me avisou?! – o nervosismo que não sentiu antes, estava sentindo agora. – O que você não está me contando? – ela podia sentir o coração batendo como se estivesse na garganta.
- Eu não estou escondendo nada, vida. – disse envergonhado. – Eu esqueci o celular dentro da mala, por isso não te liguei ou mandei mensagem e eu não gravei o seu novo número ainda. – sua voz estava baixa, ela quase não conseguia escutá-lo. – Quando eu chegar no carro eu te ligo de volta, ok? – disse rápido antes de desligar.
Certamente ele estava saindo da área de desembarque e tinha algum paparazzi ou fã por perto. Ele nunca desligaria o telefone sem ouvir uma resposta dela antes. Ele poderia ser avoado às vezes, mas nunca rude, e com certeza não com ela. ficou encarando a tela do aparelho celular por vários minutos e mal o aparelho vibrou com a chamada de vídeo, ela atendeu.
- Oi, babe. – ele disse posicionando o celular na altura do rosto. – Eu vou passar no mercado, comprar o que falta e já chego em casa, ok? – falou enquanto retirava a máscara do rosto. Ela aparecia nervosa na chamada, e ele sabia que ela só se acalmaria quando ele estivesse perto dela, mas o máximo que poderia fazer era oferecer o seu melhor sorriso como conforto e desculpa pelo atraso.
- Você parece cansado, Xing. Vem pra casa, eu vou pedir uma comida pra gente, você relaxa um pouco e depois você me ajuda a terminar de embrulhar os presentes. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Eu estou bem, amor. Vou ao mercado e já chego em casa. – disse acionando o botão que ligava o carro – Te vejo mais tarde, babe. Te amo. – encerrou a chamada após ela se despedir e saiu do estacionamento do aeroporto. Todo o trajeto tentava ser cuidadoso, não só prestando atenção ao trânsito, como também se não tinha nenhum carro o seguindo.
Com quarenta minutos a mais do horário que tinha inicialmente previsto que chegaria, ele estacionou o carro na garagem do prédio de e pegando as sacolas de compra, subiu para o apartamento da namorada com as compras e mala. Poderia fazer duas viagens, mas queria logo chegar em casa e não precisar mais sair até o horário da festa na casa de Jongdae.
Inseriu o código na fechadura eletrônica e ao entrar no hall, o delicioso cheiro da comida de invadiu seus sentidos. A miscelânea de cheiros presentes no ambiente o confortou, ele sentia falta disso. Eles estavam separados há pouco mais de três meses, pois ela estava cuidando pessoalmente da gestão de crise de uma das filiais da empresa dela em Pequim e o apartamento que eles dividiam, ficava em Shangai. Uma distância de pouco mais de mil quilômetros quando ele estava em casa e com a agenda lotada e voando para outros países da Ásia para promover suas atividades como solista, ficavam mais longe ainda um do outro.
Retirou os sapatos no hall de entrada, deixou a mala encostada na parede, depois voltaria para higienizar as rodinhas. Queria se livrar logo das sacolas do mercado e envolver os braços envolta do corpo de . A encontrou mexendo alguma coisa no celular com o quadril apoiado à ilha na cozinha. Ela levantou a cabeça e sorriu ao vê-lo.
- Finalmente! – disse indo ao encontro dele, ajudando-o a colocar as compras sobre a ilha. – Eu estava quase ligando para você quando te vi entrar.
- O mercado estava um pouco cheio e eu tive que voltar para comprar os ovos, porque esqueci da primeira vez que entrei. – riu de sua própria falta de atenção, sendo acompanhado por ela. – Mas no final consegui tudo o que pediu. – disse orgulhoso do feito.
- Bom saber – colocou o corpo ao dele e cruzou os braços atrás do pescoço de Yixing – Senti sua falta. – disse baixinho, com os lábios próximos dos dele.
- Também senti sua falta – beijou as duas maçãs do rosto dela, delicadamente. – Você nem imagina o quanto. – sussurrou antes de acabar com a distância entre os lábios deles.
O beijo foi calmo e cheio de sentimento. Tentavam passar todo o amor que sentiam um pelo outro naquele momento. Trocaram pequenas carícias e afagos, apesar da vontade em levar toda a empolgação e desejo de continuarem o que começaram ali para o quarto, eles ainda tinham bastante coisa a fazer. terminou o prato de pasta que estava fazendo antes de Lay chegar e ambos comeram e tentaram colocar o outro o máximo atualizado possível sobre os desdobramentos do trabalho.

24 de novembro, 22:17



Yixing estava extremamente feliz. e seus amigos estavam se entendendo muito bem; não que ele tivesse dúvida que isso aconteceria, mas ela passou muito tempo preocupada com aquela noite em especial. Enquanto estavam em Shangai, ela chegou a passar dias sem conseguir dormir direito quando ele comentou da reunião que estavam acertando os detalhes para fazer acontecer. Levou um tempo, mas ele conseguiu convencê-la que tudo sairia muito bem, logo depois veio a emergência no trabalho que a levou para Pequim e ela enfim esqueceu do encontro.
- Amor, preciso ir ao banheiro. – ela disse baixinho enquanto se levantava.
- Claro, vamos. – ele colocou o copo de suco sobre a mesa de centro e levantou-se do sofá onde estava sentado, seguindo-a até o banheiro.
usava um macacão com zíper nas costas, sendo tarefa muito difícil conseguir abrir e fechar a roupa sem ajuda de uma outra pessoa. Yixing disse que sempre a ajudaria quando ela precisasse e cumpriu com o prometido quando ela teve que ir mais cedo e agora novamente. Vendo que o lavabo se encontrava desocupado, parou na porta, esperando que Lay descesse com o zíper, que prontamente fez e encostou-se no batente da porta. Poucos minutos depois, abriu a porta e o namorado entrou.
Ela já estava vestida novamente e arrumava os cabelos, enquanto aguardava Lay fechar o macacão. Ouviu o barulho do zíper conforme ele subia e depois parava. Sentiu o namorado forçar o pequeno metal para cima, cada vez que forçava, o zíper subia um pouco mais e quando estava chegando na metade das costas, ouviu Yixing xingar. Ela acompanhou pelo espelho a súbita alteração da expressão dele de cenho franzido para puro desespero, o que só poderia significar que o zíper emperrou ou, na pior das hipóteses, quebrou.
- O que aconteceu, Xing? – perguntou sem tentar mostrar o quão nervosa estava se sentindo. Aquele macacão custou uma pequena fortuna. Desconhecia se o problema que teve teria conserto, mas por ser uma roupa de marca e com um tecido especial, sabia que custaria um valor relativamente alto para um pequeno ajuste na peça, sendo essa a opção viável.
- O zíper – ele a encarou através do espelho com desespero em sua feição, mostrando um pedaço de metal entre o indicador e o polegar da mão direita.
- Yixing, pelo amor de Deus, me diz que isso na sua mão não é o zíper. – a voz subiu uma oitava enquanto falava. Virou as costas para o espelho e constatou que o zíper de fato quebrara. – Jesus! Como eu vou consertar isso? – ela podia ouvir Lay dizer repetidamente me desculpa, amor, enquanto colocava as mãos juntas e em frente à boca – Você tem noção de quanto foi esse macacão? – ela não esperou nem mesmo ele responder e já emendou – Eu não quero saber se você vai me comprar outro, porque eu sei que era isso que você ia me falar. Não será a mesma coisa, porque esse aqui foi edição limitada, não se vende mais. Custava ter sido mais cuidadoso?
- Eu vou chamar a Soojin, talvez ela tenha alguma coisa da Yerin que dê pra arrumar. – ele disse envergonhado.
o dispensou com um gesto de mão. Era rude da parte dela, sabia disso, mas se ela falasse alguma coisa denunciaria o bolo que se formava na garganta e começaria a chorar. Ela não estava chorando por conta da roupa, mas porque sabia que feriu os sentimentos de Lay. O macacão realmente foi caro, mas no final do dia continuava sendo um pedaço de pano, o namorado era mais importante.
Instantes depois, Soojin entrou com Yixing cabisbaixo seguindo logo atrás. As duas mulheres debatiam a melhor forma de arrumar, mas todo o tempo procurava o olhar do namorado para assegurá-lo que estava tudo bem, que ele não fizera nada errado, ela que tinha errado em ter reagido da forma que fez. Após chegarem à conclusão de que a melhor saída seria colocar alfinetes, teria a oportunidade para conversar com o Lay, mas Soojin pediu que ele fosse buscar o material necessário. Com os planos iniciais alterados por força alheia, ela pediu que o namorado pegasse também a bolsa dela que estava na sala. Talvez com o que ela tinha para mostrar a ele, o humor de Yixing melhorasse.
As duas mulheres ficaram conversando sobre banalidades. Soojin era uma mulher adorável e vê-la falar tão feliz sobre a filha e como o casamento com o Chen estava indo, trazia felicidade para . Com as situações que o casal viveu ao longo do ano, ver que os dois estavam se apoiando e trabalhando para manter a relação mais forte ainda, mostrava pra que era possível sim construir uma família com um idol. Não seria fácil, mas seria possível.
Assim que Yixing chegou com o material, Soojin passou a trabalhar. Com todos os alfinetes posicionados de forma a deixar as duas partes do macacão juntas e seguras, a esposa de Jongdae se despediu do casal e os deixou para conversarem. Enquanto Lay estava fora, as duas conversaram também sobre o clima estranho que estava no ar. explicou a situação e recebeu bons conselhos que colocaria em prática não só naquela noite, mas levaria para a vida.
- Xing... – chamou, colocando levemente a mão no braço dele – Por favor, espera. Quero falar com você. – disse aproximando-se do namorado que estava já próximo da saída.
- O que foi, babe? – perguntou preocupado.
Esse era o Yixing que ela tão bem conhecia e amava, mesmo ela sabendo que estava chateado com a situação, ele sempre estava pensando nos outros e quando era com ela, sua preocupação e atenção aumentavam significantemente.
- Eu quero me desculpar da forma que eu agi mais cedo – colou o corpo ao dele, passando os braços pelo pescoço dele – Você não tem culpa do que aconteceu.
- Mas foi o que você disse, eu poderia ter sido mais cuidadoso ao fechar. Me desculpa. – disse ainda envergonhado. – Se não tem mais desse macacão, eu mando fazer um igual pra você, nem que eu tenha que pedir pessoalmente à Stella McCartney para costumar um para você. – riu da careta que a namorada fez.
- Você sabe que não precisa. Eu vou mandar consertar e se não der, bem, você fica me devendo dois macacões Stella McCartney, o que acha? – sorriu e deu vários beijinhos no rosto e pescoço do namorado. – Promete pra mim que não vai ficar pensar nisso? – disse com o rosto escondido no pescoço dele.
- Você me conhece, sabe que eu vou pensar nisso por mais algum tempo. – ele deslizou a mão pela lateral do corpo dela – Mas você pode sempre me ajudar a esquecer. – disse apertando a cintura dela e logo depois descansando a mão sobre a lombar dela.
- Pode deixar, mas não aqui – riu do pequeno bico que ele fez.
- Tudo bem, já que não vamos fazer isso aqui. Ou vamos? – balançou as sobrancelhas convidativo, recebendo mais uma negativa, riu e alcançou o bolso interno da jaqueta que usava. – Eu ia esperar para te entregar o seu presente mais tarde, mas ser nós dois fica melhor.
- Que bom que pedi para você trazer minha bolsa, assim entrego o seu presente logo para você também. – sorriu e caminhou até a bolsa que estava sobre a tampa da privada.
Pegando a bolsa, virou-se para encontrar Yixing sobre um joelho. Seu coração pulou uma batida antes de começar a bater acelerado. Não queria tirar conclusões precipitadas, mas a caixinha da Cartier não a deixava pensar em outra coisa se não o óbvio, naquele momento, a mente tão elogiada por pensar em cenários diversos, só conseguia pensar em um.
- Esse não foi o local que eu pensei para fazer isso, mas no final das contas não importa o local, apenas a sua resposta – com a mão tremendo levemente, Yixing abriu a pequena caixa vermelha – Eu comprei esse anel depois do nosso segundo encontro, porque desde ali, eu já não conseguia mais imaginar a minha vida sem você. – disse olhando-a nos olhos. – Eu respeitei o seu tempo, eu sabia o quão importante era para você conseguir se estabelecer na sua carreira e agora que tudo está bem estruturado, que tudo está caminhando conforme seus planos, você me daria a honra de ser o seu marido?
estava sem palavras, apenas balançou a cabeça concordando. Lay deu um suspiro aliviado antes de abrir um sorriso enorme e levantar do chão. Puxou mulher, agora sua noiva, para seus braços. A abraçou forte e sussurrou repetidas vezes te amo no ouvido dela. Os dois estavam emocionados e deixaram as lágrimas de felicidade escorrerem livremente.
- Meu Deus, Xing – disse fungando – Depois você me conta essa história direito, como já tinha comprado o anel? – riu vendo-o dar de ombros. – Eu amei o anel. – encarava a joia que ele colou no seu anelar direito.
- E agora, cadê o meu presente? – perguntou animado.
- Meu presente não é tão antigo assim, tem quase três meses que eu tenho, mas acho que você vai gostar – riu com a empolgação dele. Lay sempre ficava feliz em receber presentes dela.
- Oh, você também ia me pedir em casamento? – ele riu abertamente em ver uma caixinha preta de veludo na mão dela.
- A ideia passou pela minha cabeça – sorriu entregando o presente – Mas pensei em deixar para uma outra ocasião, não é um anel.
- Hm. Vejamos, então. – o sorriso deu lugar à olhar confuso. – O que é isso? Um T? O que eu vou fazer com um T?
- Você não tem que fazer nada com isso. – riu vendo-o girar o metal entre os dedos – Isso é um DIU. Meu DIU, eu retirei enquanto estava em Pequim. – sorriu.
Yixing a encarou por alguns segundos processando a informação. Quando a ficha finalmente caiu, ele a puxou para um abraço apertado e escondeu o rosto no pescoço da noiva, deixando as lágrimas caírem. Ela estava dando sinal verde para que o maior sonho dele - que era ter uma família, pudesse virar realidade.
Ela devolveu o abraço e fez pequenos carinhos no cabelo e costas dele, tentava acalmá-lo. Alguns minutos assim, ele a encarou. o encarava com sorriso nos lábios, limpando o rosto dele com as mãos. O sorriso que ele dava mostrava que ela estava dando um passo muito importante com a pessoa certa ao lado dela.

Capítulo 6 - Baekhyun

(Capa do capítulo)
— Desculpa, desculpa, desculpa... — entrou no carro com pressa, pressentindo o mau humor do namorado.
Baekhyun não disse nada, apenas deu partida no carro sem olhar a namorada nos olhos.
— Baek...
— Já entendi, . Agora vamos logo, já estamos atrasados. — respondeu secamente, prestando atenção na rua.
A mulher mordeu o lábio, sentindo-se péssima por ter atrasado, mesmo que por apenas alguns minutos.
Seguiram todo o caminho ouvindo apenas a música natalina tocando baixo no rádio. Em certo momento, virou o rosto para o namorado e sentiu os olhos lacrimejarem.
Eles realmente passariam o Natal brigados? Na casa dos amigos?
— Quem está vivo sempre aparece. — Chen disse ao abrir a porta de casa ao receber o casal. — O Baek já está acostumado com a casa, mas sinta-se acolhida, .
— Obrigada, Chen. — ela sorriu sem graça ao perceber que Baekhyun já havia entrado, sem ao menos esperá-la.
O Kim fechou a porta assim que a mulher adentrou a casa, deixando o casaco no cabideiro e seguindo para o interior. já era conhecida entre os membros e suas acompanhantes – pelo menos a maior parte delas. Por isso, não levou muito tempo para cumprimentar a todos.
Baekhyun foi cumprimentar o Kai e acabou ficando por lá mesmo, deixando meio deslocada. A mulher foi em direção a cozinha, dando de cara com a suposta namorada de Kyu saindo da mesma.
— Oi, você é a , né?
Ambas se apresentaram e trocaram algumas palavras, desde que Kyungsoo estava cozinhado e provavelmente não queria visitas inesperadas, e Baekhyun conversava com Kai na sala.
prontificou-se em ajudar a preparar a mesa de jantar, portanto fora buscar o namorado para ajudá-la – mesmo que estivessem azedos um com o outro.
— Oi para você também, Soo! — gritou da porta da cozinha antes de voltar para a sala e deparar-se com um Baekhyun emburrado, sentado em um dos sofás. — Você me ajuda com a mesa?
O rapaz nada disse, apenas levantou-se e caminhou até a sala de jantar, onde havia, no canto da mesa, uma pilha de louças que havia deixado para ambos organizarem em cada lugar.
Passaram a colocar cada prato em um lugar da mesa, visto que tinham muitas pessoas presentes. Baekyun, em certo momento, quase deixou uma das louças cair, fazendo com que chamasse-lhe a atenção.
— Não que você esteja muito no direito de brigar com alguém hoje. — ralhou baixo, mas a mulher pôde escutar.
Respirando fundo para não gritar ali mesmo, largou os talheres sobre a mesa e caminhou em silêncio até o banheiro, tentando segurar as lágrimas. Sim, ela estava chateada com Baekhyun, pois ele parecia ter tirado o dia para chateá-la.
Assim que trancou a porta do lavabo, observou duas lágrimas escorrerem por sua bochecha, mas ela apenas suspirou e esperou mais algumas caírem, antes de secar o rosto com papel e retocar o lápis de olho.
Do lado de fora, Byun terminara de colocar os talheres ao lado de cada prato e colocava os copos por hora. Ele sentiu alguém puxando a barra de sua calça e olhou para baixo, deparando-se com Yerin.
— Você deveria pedir desculpas a ela. — Chen apareceu, pondo a mão sobre um dos ombros do amigo. Provavelmente o mesmo estava acompanhando a engatinhada da filha.
— Mas...
— Qual é, Baek. sempre cuida de você e perdoa suas cagadas, ela só se atrasou.
— Quase não viemos por conta dela. Eu queria aproveitar que todos os membros estão reunidos, depois de tanto tempo. E a ...
— Não é como se os membros fossem sair correndo depois da ceia. Podemos nos encontrar amanhã, não precisa culpar por terem perdido duas horas de festa. Você sempre se atrasava quando ia sair conosco quando éramos solteiros.
— Aish, não precisa me lembrar daquela época, cara.
Chen deu uma gargalhada alta, pegando a filha do chão e virando-a para o amigo.
— Tio Baek, se você continuar ignorando a titia , eu não vou mais falar com o senhor. — Kim afetou a voz, como se imitasse a filha, dando uma bronca no amigo.
— O tio Baek vai se desculpar com a tia . Combinado, princesa? — Baekhyun disse com uma careta, causando uma risadinha em Yerin. — Valeu pelo tapa, cara. — dirigiu-se ao amigo, que ria junto da filha.
— Eu gosto muito da , ela te pôs nos trilhos. — gargalharam juntos. — Vocês vão se resolver e você vai perceber que essas discussões bobas diminuem com o tempo. Pode parecer que o amor de vocês esfriou e blá, blá, blá..., mas acontece que vocês só estão se acostumando com o fato de namorarem há quase um ano. Faz parte, vocês se resolverão.
Baek deu um sorriso de lado, lembrando-se dos primeiros meses de namoro quando eles praticamente não discutiam, pois estavam ocupados demais aproveitando aquela fase do relacionamento.
— Vou falar com ela. — mordeu o lábio, arrependido de todo o drama que fizera naquela noite. — Obrigado mais uma vez, Dae.
— É um prazer te dar bronca. — o pai sorriu, ajeitando a filha nos braços. — Agora eu e Yerin vamos voltar para nossa caminhada para conversamos com todos os titios.
Os amigos riram e os Kim se afastaram, deixando um Byun perdido em pensamentos.
— Achei que já teria arrumado tudo. — chegou com os braços encolhidos, como se estivesse com medo de conversar com Baek.
Bem, ela realmente estava apreensiva.
O homem respirou fundo, arrependido do que fizera ao ver que a mesma havia chorado. Lentamente, se aproximou da namorada e abraçou-a, fazendo com que ela se assustasse.
— Me desculpe, vida. — disse baixo, fungando o pescoço da mulher. — Eu fiquei fazendo drama e nem percebi que isso te magoou.
— Ham... Tudo... bem? — travou a partir do momento que Baek chamou-a de Vida.
Ele pegou nos dois ombros da mulher e afastou-se, olhando-a nos olhos.
— O que foi?
— É que... Você nunca me chamou de vida antes. — ela corou, desviando o olhar ao sentir o rosto esquentando. — por Deus, nem parece que a gente namora há quase um ano.
Baek começou a rir e não conseguiu segurar a gargalhada alta, fazendo com que sentisse ainda mais vergonha.
— Para! Baekhyun!
— Eu achei que você estava brava comigo, mas você ficou... Tímida?
— Para começo de conversa, eu realmente fiquei chateada, mas acho que entendo o porquê você ficou bravo comigo.
— Não, , não tem o que entender. — ele suspirou, descontente consigo mesmo. — Eu vacilei com você hoje. Pode ficar brava comigo, eu mereço.
deu um sorriso, colocando uma das mãos na bochecha do namorado e acariciando a mesma.
— Apenas de passar o Natal contigo, sem estarmos brigados, é o suficiente para mim.
Calmamente, os rostos de ambos se aproximaram e encostaram os lábios um no outro. Ficaram assim por pouco tempo, visto de Baekhyun aprofundou o beijo de forma lenta, puxando pela cintura ao fazê-lo. A mulher pusera os braços ao redor do pescoço do rapaz, querendo se aproximar ainda mais.
Como estavam na sala, outros casais acabaram vendo a cena, mas sabiam muito bem que ambos mereciam aquele momento depois de tanta discussão.
— Eu te amo. — disse assim que se separaram minimamente.
— Eu também te amo, vida.

Capítulo 7 - Chanyeol

(Capa do capítulo)
Era véspera de Natal. A neve já estava caindo há alguns dias, mas foi na manhã daquele dia que o gelo começou a, de fato, se acumular nas ruas. Algumas esculturas de neve podiam ser vistas em frente a algumas casas, enquanto outras enfeitavam os parques pouco frequentados por conta do tempo frio causado pelo inverno.
Mas naquela noite a neve havia cessado. A temperatura baixa ainda se fazia presente e os casacos longos e grossos compunham a vestimenta de todos, mas do céu não caia mais flocos brancos.
sempre gostara daquela época do ano, não apenas pelo simbolismo e pela oportunidade de se reunir com pessoas queridas, mas também pelas luzes. As luzes natalinas, pequenas, mas fortes, brilhantes e coloridas, a encantavam, como se fossem pequenas estrelas bem ali, ao alcance da sua mão.
Tradicionalmente, a garota costumava passar a data junto da família. Mas naquele ano, por terem uma membra nova no grupo de amigos, eles resolveram se reunir na véspera de Natal para comemorarem juntos.
Kim Yerin, a filhinha de Chen e sua esposa, mal havia completado um ano de vida, mas já havia se tornado o centro das atenções nas reuniões do grupo, e naquela noite não seria diferente — pelo menos não quando ela acordasse, já que a bebê de Chen havia decidido tirar uma sonequinha antes da ceia.
E os seus planos até teriam dado certo, Yerin até teria conseguido colocar o seu sono da beleza em dia, se não fosse por um detalhe com o qual ela não estava contando: Park Chanyeol.
O que aconteceu foi que cada membro do grupo ficara encarregado de cuidar de um detalhe da noite. Enquanto alguns cuidavam da bebida e outros do jantar, outros se dividiam entre decorar a casa da família Kim. Chanyeol, por outro lado, ficou encarregado de cuidar da música da noite. O problema era que o rapaz havia preparado uma playlist um pouco fora dos padrões esperados para a ocasião, com músicas remixadas e dançantes demais, esquecendo-se que se tratava de uma noite de Natal entre família e amigos.
E como se as músicas preparadas por ele já não estivessem causando um certo questionamento por parte do grupo, Chanyeol deu um passo além, testando os ânimos dos presentes. Isso porque, ao arrumar os equipamentos na mesa separada para ele, conectando o controlador nas caixas de som que levara, Chanyeol começou a testar o volume e a qualidade do áudio — mas ele não esperava que as configurações estivessem tão bagunçadas.
Quando o som estridente soou pelas caixas de som e o remix de Jingle Bells começou a tocar, Chanyeol soube que estava prestes a se meter em problemas. Não apenas por desconfiar que poderia ter acordado a bebê Yerin, mas também por ter certeza de que tirara Junmyeon dos sonhos que provavelmente estava tendo, enquanto tentava descansar por alguns minutos antes da festa, de fato, começar.
— Ops.
O lamento foi para si mesmo. Não era como se Chanyeol tivesse que se desculpar com o restante dos amigos… Acidentes aconteciam. A maioria ali era músico, eles iriam entender…
— Está doido, garoto? — uma voz reclamou atrás dele. — Está achando que está em cima de um palco se preparando para fazer a abertura do show do EXO ou o quê?
Ele revirou os olhos.
tinha ambas as mãos na cintura, as sobrancelhas erguidas e batia um dos pés no chão. Chanyeol teria achado adorável a expressão de braveza que a namorada estava fazendo se não fosse pelo fato de que estava muitíssimo ocupado cuidando dos últimos detalhes para proporcionar uma noite cheia de música e curtição aos amigos.
— Estou cuidando dos detalhes, não se preocupe.
E foi naquele momento que eles ouviram um choro. E então ele soube que, definitivamente, Kim Yerin não estava mais em um sono tranquilo.
— Acho que você não deve ter ideia do quão difícil é fazer um bebê dormir, Chanyeol. E adivinha? Você acabou de acordar um que havia acabado de cair no sono.
Ele estalou a língua, sem dar muita importância para aquilo.
— Ei, a perfeição não nasce sozinha, não. É preciso muita dedicação na preparação de uma música.
Foi a vez da garota rolar os olhos, soltando uma risadinha irônica.
— Menos, Sr. Perfeição, bem menos.
Chanyeol olhou para ela surpreso. Largou a atenção que estava tendo com os botões do controlador e passou a encarar a garota, a testa franzida e o queixo levemente caído.
— O quê? — ela perguntou sem entender a reação dele.
— Tantas garotas no mundo, e eu fui escolher logo uma que não reconhece o talento que ela tem como namorado. — disse estalando a língua no final.
jogou a cabeça para trás, rindo divertida.
Era bem verdade que a garota estava acostumada com o ego super inflado dele e, mais do que isso, com as dramatizações que Chanyeol adorava fazer quando queria chamar a atenção para si. Mas ela ainda se surpreendia com a aparente seriedade que o rapaz conseguia colocar no olhar quando se fingia de ofendido com alguma fala dela.
No final, acabava ficando admirada com os draminhas sem sentido do namorado, mas também se divertia no final.
— Aham, claro… Faz o seguinte então, procura uma outra garota, dentre as tantas que existem no mundo, que tal? Enquanto isso eu vou na cozinha ajudar o casal chef da noite.
Chanyeol soltou uma risadinha divertida, ignorando completamente a provocação de .
— Boa sorte em tentar entrar na cozinha com Kyungsoo.
— Por que diz isso?
Ele tombou o pescoço para o lado, e olhou para a garota como se a resposta para a pergunta dela fosse óbvia demais.
— Porque Ksoo sabe o desastre que você é perto de um fogão, e eu duvido que ele vai deixar você passar pela porta.
abriu a boca, surpresa com a fala dele. Ergueu a mão, ameaçando bater no braço do namorado, mas Chanyeol foi mais rápido. Já imaginando a forma como a garota iria reagir à brincadeira dele, o rapaz segurou o punho dela no ar e a puxou para perto de si, rindo por achar graça da situação, beijando-lhe os lábios.
— Eu estou brincando, eu estou brincando.
Até porque, desde que se conheceram, anos atrás, o relacionamento deles tem se baseado em brincadeiras e provocações contínuas.
Ela fez um biquinho.
— Você está se comportando muito mal hoje à noite. Não sei nem se você merece ganhar o presente que preparei.
Ele ergueu as sobrancelhas.
— Pensei que tínhamos combinado de não trocarmos presentes esse ano.
— Nós combinamos isso todos os anos. — ela respondeu.
— E você quebrou a nossa promessa.
rolou os olhos.
— Você é sempre o primeiro a quebrar o acordo de não haver troca de presentes. — ela o acusou, lembrando-se da viagem para Cancún que fizeram ao completarem três anos de namoro, um presente preparado por Chanyeol.
Ele deu de ombros.
— Ok, agora estou ansioso. Quero o meu presente logo.
se afastou dele, cruzando os braços na frente do corpo.
— Não sei se vou te dar… — respondeu desviando o olhar do namorado, olhando para a movimentação dentro da casa dos Kim. — Talvez eu o dê ao Baekhyun.
Chanyeol estava pronto para responder à provocação quando ouviram algumas vozes mais altas vindo da grande sala de estar, onde a ceia, naquela noite, ocorreria. Próximos da árvore de Natal, mas longe de estarem, de fato, tendo uma briga, e Sehun falavam rápido demais.
Mesmo estando longe e mal conseguindo entender o que o casal conversava entre si, conseguiu captar a essência da discussão: , aparentemente, estava grávida.
ficou radiante com a notícia.
— Ei, casal! Parabéns! — Chanyeol gritou de longe, já sem se importar com o barulho que deveria evitar por conta da bebê Yerin e de Junmyeon que, a esta altura, já devia ter desistido de tentar dormir.
soltou uma risadinha, imaginando o quão feliz os amigos deveriam estar com a novidade. Mal percebeu quando Chanyeol aproximou-se por trás, envolvendo-a em um abraço carinhoso e apertado, enquanto apoiava o queixo no seu ombro.
— Legal saber que outro casal de amigos nossos está prestes a começar uma família. — ele falou baixinho, próximo ao ouvido dela. — Talvez devêssemos pensar em tentar também.
Ela suspirou.
— Chanyeol, você ainda se confunde ao comprar a ração para o Toben. Como acha que vai se sair indo ao supermercado comprar leite para uma criança?
Ele deu de ombros.
— A prática leva à perfeição.
riu, sabendo que não adiantaria discutir com o namorado.
Virou-se, ficando de frente a ele, de modo que pudesse levar os braços até seus ombros. amava Chanyeol, cada pedacinho dele, cada aspecto, cada lado, cada dramatização que o rapaz fazia para chamar atenção. Mas tinha que admitir que tinha um fraco inigualável por seus ombros largos. Chanyeol era alto, muito mais alto do que ela, e isso foi o suficiente para que ela se sentisse atraída por ele anos atrás, quando se conheceram. Seus ombros largos, contudo, eram a parte do corpo dele que sempre lhe atraíram mais.
Bem, isso e outras coisinhas mais. Chanyeol sabia ser bastante habilidoso com o corpo quando queria e, para a sua sorte, ele estava sempre cheio de disposição.
ficou na ponta dos pés e levou os lábios até os dele. Tombou a cabeça para o lado e fechou os olhos, suspirando ao aprofundar do beijo, ao tempo em que sentia as mãos dele, pesadas e exigentes, lhe puxarem para mais perto. Três anos juntos, e a garota ainda se sentia completamente entregue com um simples beijo de Chanyeol.
— Ei! Temos crianças no recinto! — Chen gritou da sala.
O beijo foi rompido. virou-se rapidamente em direção ao anfitrião, que carregava a filhinha no colo, fazendo questão de tampar os olhos dela para a cena que há pouco acontecia entre e Chanyeol não chegasse até ela.
— Desculpe, Chen. — os dois responderam juntos, segurando as risadas.
Mas não era como se eles realmente estivessem arrependidos de alguma coisa.
— Vou terminar de arrumar a música para a festa. — Chanyeol disse antes de roubar um último beijo da namorada e sair correndo em direção à mesa de som.

No final da noite, depois que todos os amigos já se tinham levantado da enorme mesa da família Kim, após o jantar, sentaram-se próximos à lareira para conversar. Sem surpreender ninguém, a ceia preparada por Kyungsoo havia superado todas as expectativas, e os assuntos conversados naquela noite foram dos mais variados. Era como se o grupo não se reunisse há anos, tamanha a empolgação em poder se reunir e colocar as conversas em dia.
Quando se iniciou a troca de presentes, Chanyeol pensou que poderia estar levando a sério demais a sua promessa de não lhe dar o presente que preparara, já que a garota não fez menção nenhuma de lhe entregar algo, pelo contrário. entregou todos os embrulhos que tinha levado consigo, não deixando nenhum para trás.
Onde estaria o presente de Chanyeol, afinal de contas?
Em determinado momento da noite — ou da manhã do dia vinte e cinco de dezembro — Chen pediu licença ao grupo para colocar a filha na cama. Curiosamente, Yerin ficara acordada durante todo o tempo, passando de colo em colo, tentando se comunicar por meio da sua própria linguagem, divertindo-se com as palhaçadas que os meninos faziam apenas para arrancar uma risada gostosa da bebê.
Mas assim como Yerin acabou se cansando, eventualmente, outros também sentiram que já era hora de ir embora — até porque a festa iria continuar mais tarde, ali mesmo, na casa da família Kim, mas, para isso, todos teriam que ter, ao menos, algumas horas de descanso antes.
e Chanyeol, então, começaram a se despedir dos amigos.
A ideia de finalmente ir para casa acabou gerando uma certa ansiedade na garota. Quer dizer, ela sabia que ela ainda tinha um presente para entregar naquela noite, já que havia o preparado com bastante cuidado e com antecedência. Mas e Chanyeol? O rapaz, definitivamente, não teria cumprido a sua parte no acordo de não comprar nada para . Chanyeol sempre arrumava um jeito de impressioná-la, de surpreender positivamente a sua garota.
buscou os casacos dela e do namorado, encontrando-o arrumando o cabelo em frente ao espelho, próximo à porta.
— O que está fazendo? — até porque eles estavam indo embora. Não havia motivo para Chanyeol se preocupar com a aparência naquele momento.
— Estou me cuidando para continuar bonito ao lado da garota mais gata de toda a Coreia. Não dá para descuidar, né?
jogou a cabeça para trás, rindo dele.
— Deixa de ser bobo.
Com o braço descansando nos ombros de e tendo a sua cintura abraçada por ela, Chanyeol se despediu dos amigos, informando que deixaria o equipamento de som por lá, já que continuariam a festa mais tarde.
— Espero não acordar ninguém amanhã. — ele disse com uma risadinha.
Como estavam em pleno inverno, era natural que a temperatura do lado de fora estivesse muitíssimo mais baixa do que a que estavam acostumados dentro de casa. Então Chanyeol logo tratou de ligar o aquecedor do carro, deixando o ambiente aquecido e confortável em instantes.
A música baixa que saía pelo rádio não foi o suficiente para preencher o silêncio dentro do carro. Tanto quanto Chanyeol estavam ansiosos com a expectativa de como aquela noite terminaria, já que ambos sabiam que ainda tinham uma certa troca para fazer.
, então, resolveu perguntar primeiro. Limpou a garganta antes de falar.
— Estou surpresa em saber que você realmente cumpriu o nosso acordo esse ano.
Chanyeol soltou uma risadinha.
— Até parece. — girou o volante, fazendo uma curva aberta, e então parou no semáforo. O rapaz aproveitou o momento para olhar para a garota ao seu lado. — Você gostou tanto da nossa viagem a Cancún ano passado que resolvi repetir a experiência.
prendeu a respiração, ansiosa.
— Vamos para Cancún de novo?
— Ah, não, vamos para outro lugar dessa vez. Mas o destino ainda é uma surpresa, você só vai descobrir no dia da viagem.
A garota dançou no banco, animada com o presente que recebera, ainda mais porque sabia que logo descobriria para onde iriam, já que Chanyeol não sabia guardar segredos.
E então foi a vez dele perguntar.
— E o meu presente? — ele deu uma rápida olhada para o banco de trás, apenas para confirmar que nenhum embrulho brilhante com um enorme laço havia ficado para trás.
ergueu a sobrancelha, dando um sorriso de lado.
— Você está olhando para ele.
O rapaz franziu a testa, confuso por um segundo.
— Comprei o seu presente há algumas semanas. Você só não consegue o ver agora porque ele está escondido debaixo dessas roupas grossas.
E então ele entendeu.
Chanyeol olhou para a namorada de cima a baixo, o olhar escurecendo automaticamente enquanto imaginava o que a garota poderia ter preparado para ele. costumava ser bastante criativa quando o assunto eram lingeries e acessórios para apimentar a relação, nunca tendo decepcionado a imaginação do rapaz.
Ele engoliu em seco.
— Amor?
— Hm?
— O sinal está verde.
Chanyeol nem mesmo havia percebido que o semáforo estava aberto para ele. E se antes o rapaz dirigia com calma e sem pressa, agora ele pisava no acelerador com mais força, já que tinha motivos de sobra para chegar em casa o mais rápido possível.
Afinal de contas, era Natal, e ele não via a hora de aproveitar o seu presente.

Capítulo 8 - D.O

(Capa do capítulo)
Kyungsoo estacionava o carro na frente na casa do Chen e Soojin, ele tinha combinado com o companheiro de grupo de chegar horas antes, devido à sua tarefa de organizar a ceia com sua namorada, essa que se encontrava no banco do passageiro, tentando segurar o enorme saco que continha os ingredientes que ambos fizeram questão de levar para a ceia. O carro já tinha parado e ele observava como a garota ao seu lado ficava bonita encarando a janela com o clima frio lá fora estampado por ela
— Amor, tudo bem? – ele perguntou encostando em sua mão.
— Oi, está sim – ela respondeu e logo em seguida ele ganhou um sorriso de sua parte.
— Vamos, então?
Ele disse e logo abriu sua porta saindo do carro e seguindo em direção ao lado do passageiro para abrir a porta para sua namorada, ajudando-a com as compras. Foram em direção à porta de entrada da casa, logo em seguida tocando a campainha e esperando que alguém fosse atender, Kyu percebeu que ela tremia um pouco por conta do frio que estava fazendo naquele dia, passou a sacola para uma mão e a abraçou com a outra com o objetivo de cortar aquela sensação dela um pouco.
— Oiii, vocês chegaram – Chen disse assim que abriu a porta sorrindo para o amigo e sua companheira ali.
— Oii, tudo bem? – disse abraçando o amigo – Obrigado por ter deixado a gente chegar um pouco mais cedo.
— Eu que agradeço por você ter a disposição em ajudar.
e Kyu pediram licença tirando os sapatos e entrando na casa.
— Só está a gente por enquanto aqui?
— Não, Soojin está em um lugar com a Yerin e o senhor Junmyeon está apagado no quarto
Todo mundo riu.
— Tadinho, ele deve estar cansado – dessa vez foi a vez de falar.
— Sim, sim. Bom, a cozinha é de vocês, fiquem à vontade – ele apontou para a direção onde ficava – Qualquer coisa, gritem.
O casal viu Chen desaparecer pelos cômodos da casa, tiraram o casaco de frio pendurando perto da porta, seguiram primeiro para o banheiro, lavaram ambos as mãos, afinal iam cozinhar, depois seguiram finalmente para a cozinha. Como faltavam algumas horas, eles não estavam com pressa para fazer nada, tiraram as coisas das sacolas com calma, e depois começaram a organizar tudo de uma forma que ficasse mais fácil.
adorava ver como Kyungsoo ficava na cozinha, ela era apaixonada em muitos detalhes do namorado, mas quando se tratava dele ali, naquele ambiente, ele se sentia complemente boba por ele, o observando concentrado em fazer as coisas.
Ele havia pedido para ela ficar responsável pelos molhos que iriam nos pratos que ela sinceramente ainda não havia aprendido os nomes por conta de não ser da Coreia, mas sabia como fazer e isso que importava, eles tinham que arrumar a mesa ainda, por isso apesar de estarem fazendo tudo com calma, não poderiam perder muito tempo. Eles tinham colocado aventais iguais que ele havia comprado quando eles completaram duas semanas de namoro, ela lembrava como havia ficado surpresa, porque sempre falaram como ele deveria ser namorando, mas ela sempre se surpreendia com ele.
Algum tempo já havia passado, eles riam juntos, se sujavam e até já tinham feito coisas que poderiam ter virado um completo desastre, era realmente muita coisa para fazer para muita gente, ela estava começando a ficar preocupada e ele apenas ria e pensava como a namorada ficava fofa mexendo a enorme panela daquele jeito na ponta dos pés
— Argh! Eu não estou acreditando! – soltou logo depois de provar uma colher de seu molho.
— O que foi, amor? – ele disse depois do susto que levou pelo gritinho dela.
— Isso aqui não está bom, está horrível!
— Deixa eu ver - ele disse pegando a colher da sua mão e provando.
— Está vendo? A cara que você fez entrega, que droga.
— Hey, hey calma. Só está meio aguado, dá para consertar.
Ele a abraçou, colocando seus corpos juntinhos.
— Você fica linda fazendo biquinho quando está chateada por algo, sabia?
Os dois sorriram e começaram a se aproximar, seus lábios já estavam próximo quando ouviram alguém perto da cozinha e se afastaram, o pessoal já havia chegado e provavelmente alguém vinha os cumprimentar, como ninguém entrou na cozinha resolveu sair.
— Oi, você é a , né? - disse saindo da cozinha e avistando uma moça parada na sala de jantar.
— Oiii, sou sim, você deve ser a namorada do Kyu né? Prazer...
. - ela disse estendendo a mão e logo em seguida puxando de volta devido à mesma estar suja de farinha - Desculpa, é que estamos fazendo o jantar e...
— Não, tudo bem - ambas soltaram uma risadinha - Muito bom te conhecer, as outras meninas falaram que você é uma fofa.
— Fico feliz, eu ainda estou me acostumando com essa loucura, o Kyu falou muito bem de você, na verdade, ele falou que para aguentar o Baek você deve ser alguém incrível.
As duras riram alto, Kyungsoo que escutava lá dentro da cozinha ficava feliz que a namorada estivesse se dando bem, não que ele duvidasse que isso fosse acontecer.
— Então, vocês estão precisando de ajuda aí dentro? - perguntou apontando para cozinha.
— Aaaaah, talvez até precisamos, mas - ela disse se aproximando e praticamente sussurrando - O Kyu não é do tipo que gosta que entre na cozinha quando ele está lá fazendo a mágica dele.
— Entendi, entendi, ele deve gostar mesmo de você então para compartilhar isso.
corou.
— Então, sei que a gente acabou de se conhecer, mas sem querer ser abusada, vocês poderiam arrumar a mesa do jantar?
— Não se preocupa, não está sendo, claro que podemos, deixa só eu caçar meu namorado e trago ele para fazer isso.
— Obrigada, .
— Que isso, eu ia ficar incomodada se não ajudasse em nada.
Elas deram sorrisos uma para outra, voltou para cozinha e foi buscar Baekhyun pela festa.
— Então parece que arrumamos alguém para dar um jeito na mesa? – Seu namorado disse assim que ela entrou novamente no cômodo, ficava feliz pela facilidade dela em conversar com as outras pessoas importantes de sua vida e estar se dando bem com geral.
— Melhor, né? Não dá para dar conta de tudo, quando eu estraguei o molho da ceia.
Eles continuaram os preparativos, Kyu ajudou a arrumar o molho, que no final nem foi tão difícil assim, ele era realmente bom na cozinha, mais uns quarentena minutos se passaram e tudo já estava pronto.
Eles suspiraram em alívio quando olharam para a bancada da cozinha e viram tudo pronto
— Vamos chamar a e o Baek para ajudar a pegar os pratos e montar a mesa? – disse ainda olhando para o trabalho deles satisfeita.
— Sim, sim, mas antes – ele disse e pegou em seu braço a puxando para perto – Muito obrigada por hoje, amor, nunca achei que fosse passar esse Natal com alguém especial assim. Fazia tanto tempo que eu não entrava em um relacionamento, mas fico feliz de agora estar em um e que seja com você, por a gente se entender tão bem e por você me fazer companhia nas coisas que eu mais gosto, sei que estamos juntos há pouco tempo, mas Eu te amo e espero que seja só nosso primeiro Natal juntos.
Ela ficava emocionada e nunca sabia como responder a altura as declarações dele, por isso só preencheu o espaço que faltava entre ambos começando o beijo, esses beijos que sempre lhe arrancavam o ar. Esse, com toda certeza, seria sim só o primeiro Natal de muito, porque ela não conseguia mais se imaginar comemorando essas datas com outro alguém e sabia que aquele beijo naquela cozinha, naquela noite de Natal estava transmitindo isso.

Capítulo 9 - Tao

(Capa do capítulo)
- Três dias antes do natal -
Ela nem sabia porque diabos tinha aceitado ajudar Tao nas compras de Natal, afinal, ela sabia que seria o burro de carga. Mas, atolada de sacolas da Gucci até o pescoço, ficava um pouco dificíl surtar. Mas como ela podia dizer não pro seu melhor amigo e pras borboletas em seu estômago a cada sorriso?
A famosa Daiso estava lotada, pessoas indo e voltando com suas cestinhas lotadas. Os corredores entre as prateleiras mal tinham espaço pra se passar sozinho, que dirá com a quantidade de sacolas que carregava, a ruiva estava com pelo menos dez sacolas em cada braço. O que chamava a atenção das pessoas, além da penca de sacolas, era como ela e Tao passavam impressões diferentes. A menor tinha cabelos ruivos presos em um rabo de cavalo, usava um cropped vinho estilo ciganinha e um shorts com estampa chevron em vinho, branco e verde escuro, além do típico tênis iate branquinho. Já Tao estava com seu típico jeans preto rasgado, a camisa de mangas cortadas do anime popular do momento e seu bom e velho all star preto. O cabelo do mais alto no momento estava preto, bagunçado estrategicamente nos lugares certos pra dar o ar de “rebelde" e “valentão" que ele gostava de passar. Entre eles, melhores amigos fazendo compras, para os estranhos e transeuntes, um casal um tanto... peculiar.
- ZITAO! Será que vossa senhoria poderia ajudar carregando alguma coisa? Ou vai cair o braço?? – Ela bateu o pézinho irritado no chão, fazendo barulho e arrancando uma risadinha de uma senhora próxima deles. A cada corredor da Daiso que eles exploravam juntos, a pobre jovem esbarrava nas prateleiras ou era atropelada por outros compradores desesperados por presentes. Ela concordou em segurar as sacolas um pouco, mas ele já estava abusando!
O moreno alto deu meia volta nos seus calcanhares, girando o corpo da prateleira onde mexia em direção a amiga, ele segurava dois bichos de pelúcia em formato de almofada: o da mão esquerda era um dinossauro lilás e verde, fazendo careta piscando de língua de fora; o da mão direita era um gatinho branco e cinza, misturado com um rabo de sereia em tons pastéis de azul claro e rosa, com sua carinha genérica de feliz e um colar com pérolas gigantes costurado no pescoço.
- Já vai, já vai... Agora sério, qual dos dois você acha melhor pra Yerin?
- Dificil, você sabe que eu amo dinossauros e sou a louca dos gatos.... – se aproximou e, com certa dificuldade, passou a mão nos bichinhos. O dinossauro tinha uma cara tão engraçada, mas o gatinho era macio como uma nuvem! A carinha de feliz só adicionava ao fator fofura além da conta. Pensou por alguns segundos, os olhos pulando de um bichinho pro outro. Tao sacudiu os bichinhos, chamando a atenção dela com um sorriso sincero que traduzia um “e aí?”. O coração de pulou uma batida por um segundo, ela sorriu de volta. – O gatinho! É simplesmente a-do-rá-vel! Yerin vai amar, com certeza!! Eu pelo menos super tiraria altos cochilos nele!
Tao e prosseguiram pro caixa, onde Tao fez o pagamento e guardou a nota. Os melhores amigos haviam combinado de comprar lembrancinhas e presentes juntos, dividindo os valores pra não pesar demais no bolso de ninguém. O problema de Tao era que foi enrolando por dias, até que só restaram 3 pro Natal, e ela foi obrigada a despencar de casa com ele pro shopping lotado pra arrumar uma tonelada de presentes. detestava compras de Natal em cima da hora justamente por conta do tumulto, dos esbarrões, do desespero das pessoas pra pegar tudo na frente de você. A cada loja que eles entravam, era um reforço na sua nota mental: Nunca mais deixar o Tao me chamar pra compras de Natal.

- Certo! Então só falta um presente agora! – Tao pegou boa parte das sacolas do braço de como se não fosse nada enquanto saíam da loja da Daiso. E realmente, pra ele aquele peso não era nada. Magro, alto e forte, treinava tanto que as sacolas sequer pareciam ter coisas dentro. Passou o braço pelo de , puxando-a pra vitrine mais próxima com algumas jóias a disposição. A ruiva desviava o olhar pra seleção a sua frente, o rosto levemente rosado. Até que a voz de Tao (e o dedo apontando a vitrine) chamou sua atenção, causando uma risada inesperada. – Você acha que a Chena vai gostar de um colarzinho desses? Colorido, simples. O Chen sempre comenta que ela gosta de coisas delicadas.
- Quer parar de chamar ela de Chena, seu besta! Aí eu vou conhecer a mulher do cara e vou chamar ela errado!! Por sua culpa! É SooJin! SOOJIN!!! – Os dois caíram na risada e entraram na loja. Enquanto a vendedora mostrava os colares delicados, Tao e opinavam sobre as cores, tamanhos e diferentes modelos de colares para a esposa do amigo. A mais nova mamãe estava atrelada com a pequena Yerin, e ambos concordaram que dar um presente voltado para a sua vaidade faria a mulher brilhar ainda mais e a valorizaria como mulher e esposa, além de mãe. Ambos acabaram indecisos entre diversos modelos, e chegaram a conclusão que a melhor opção pra resolver o impasse era fazer uma votação no grupo de mensagens dos meninos. Com 5 votos, o vencedor foi o colar de floco de neve, com uma pedra turquesa no meio e pequenas pérolas em volta.
Com o último presente resolvido, a dupla descansou num café. Se jogaram com vontade em duas poltronas entre uma pequena mesinha de madeira, enquanto aguardavam as bebidas, dois Mocha Frozen sem café e com chantilly extra, o favorito da dupla. rapidamente pegou o telefone pra dar uma olhada nas notificações e Tao organizou as sacolas embaixo da mesinha de forma que nenhuma ficasse pra trás. Um silêncio pairou no ar, apenas os barulhos do ambiente entre os dois, enquanto pensava que, apesar de cansada, não queria ainda que o dia tão cedo. O clima silencioso foi quebrado por Tao, que pigarreou antes de começar a falar.
- Então Gatinha... – Lá vinha Tao. Ele só chamava-a de Gatinha, apelido carinhoso que ganhou dele mesmo, quando queria alguma coisa. Com a chegada das bebidas naquele momento, ela pegou seu copo, sugando uma parte da bebida e soltando um leve “Hã...” instigando o moreno a continuar, mesmo já sabendo do que se tratava. Os olhos ficaram fixos nos dele. – Eu sei que estamos cansados, fizemos muitas compras hoje mas... eu vou precisar de ajuda com isso tudo. Você sabe que eu sou uma porcaria com embrulhos de papel e fica tudo amassagado! Por favor, por favorzinho me ajuda??
Um frio correu na espinha da garota, e não era pelo frio da bebida gelada.
- Ai Panda, o que você não me pede sorrindo que eu te faço chorando hein?? Ajudo sim!! – O garoto deu um pulinho na cadeira, levando o punho ao ar enquanto comemorava com um “Yess!!”, que logo foi cortado por ela: - Masssss, tenho um pedido também! Vou precisar de uma massagem, porque haja disposição pra bater perna com você em shopping lotado em semana de Natal! Feito?
- Feito!
E fecharam o acordo com um aperto de mãos, voltando as respectivas bebidas e a papear e decidir sobre como fariam no dia da festa de Natal. Esse ano, Tao iria passar com a família de Chen e a “família EXO", o combinado entre eles fora que cada um ficaria responsável por levar uma acompanhante e a organização da festa já havia sido previamente distribuída no grupo de mensagens. Esse ano seria especial, porque Tao passaria pela primeira vez, o Natal com .
Eles eram melhores amigos desde a adolescência, e já tinham um passado de descobrir coisas juntos por serem muito unidos. Nas conversas longas e intermináveis entre um final de semana e outro jogando video-game e assistindo anime, descobriram que nenhum dos dois tinha beijado ainda. Nervosos e até um pouco cegos por hormônios, foi na base de uma promessa de amizade que eles juraram que iriam se ajudar e se descobrir juntos. O primeiro beijo foi desengonçado e todo errado, mas acendeu neles um carinho e uma fidelidade que nenhum dos dois conseguiria esquecer ou abandonar. Foi no primeiro beijo que os dois se tornaram parceiros no crime e germinou a pequena semente de amor. A questão era que ambos amavam demais a amizade e haviam se tornado cegos para a possibilidade de relacionamento. A primeira vez dos dois foram juntos, igualmente nervosos mas cheios de carinho e cuidado. O problema foram a segunda, terceira, quarta, quinta, sexta vez... Tao e se enroscaram num amor disfarçado de amizade colorida de tal forma que pra eles se tornara comum, rotineiro, se pegarem na ausência de pretendentes. E o erro era tratarem esse amor que nutriam como algo casual, como algo que sempre existiu e sempre esteve lá e sempre vai estar disponível quando e sempre que quiserem.
Porém, na última vez que rolou o eterno flashback, deixou aflorar o amor que sentia. Algo dentro dela “clicou" e a jovem mulher começou a questionar o relacionamento dos dois. Se ela queria apenas a amizade ou se desejava que seu Panda se tornasse seu verdadeiro parceiro, um namorado. Afinal, por mais que eles se envolvessem com outras pessoas, quando a coisa ficava séria e os assuntos eram intensos e tristes, eram sempre os dois contra o mundo. Foi Tao que defendeu-a do ex-namorado obsessivo. Foi que ajudou Tao com a namorada cuja mãe paranóica havia furado TODAS as camisinhas que a filha tinha para usar com o namorado. Foram eles juntos que combateram as pessoas preconceituosas que chamavam Tao de “Japa", “pinto pequeno" e o provocavam a ponto de saírem no soco e perderem, que tratavam-no como um bicho exótico quando viajavam juntos pra outros países. Eram sempre ele e ela, Tao e , Gatinha e Panda.
E dirigindo até a casa de Tao, cantarolando com ele as músicas do rádio, que foi pensando nessa trajetória de vida dos dois juntos, quase 10 anos de amizade, talvez colorida até demais, que não podia ser jogada fora e desperdiçada. Embrulharam os presentes, se grudaram com fita até que a guerra de quem colava mais durex no outro virou uma guerra de cosquinhas que terminou no sofá, Tao derrubando e caindo por cima dela, os rostos próximos. O coração de estava na garganta e batia forte até em seus ouvidos, mas o tronco de Tao encostando no seu também revelava que o homem estava nervoso, ela conseguia sentir as batidas fortes do coração dele em sua barriga, ambos quase ritimados em uma sinfonia do desespero. Ele só conseguia olhar pra ela, os olhos castanhos brilhando, o sorriso nos lábios rosados e as bochechas vermelhas da força que ela fazia pra não perder na guerra das cócegas. Ele acariciou o rosto dela com a mão fria, fazendo-a fechar os olhos e soltar um suspiro. Entre uma respiração ofegante e outra, ele também fechou os olhos e aproximou os lábios dos dela, sussurrando antes de beija-la:
- Como você é linda...
E os beijos levaram a caricias, com a ruiva enfiando as mãos no cabelo dele, ele fazendo carícias na barriga e coxas dela. Como sempre, a chama que ardia dentro dos dois subiu a cabeça e esqueceram de natal, festa e presentes. Tao a carregou para o quarto ainda entre beijos e arranhões e ela acabou por passar a noite na casa do moreno. Aquele dia no entanto foi peculiar, diferente.... Eles não fizeram só sexo, fizeram amor, várias vezes até desabarem na cama de exaustão. Parecia que e Zitao gostariam de aproveitar o momento, o clima tinha um quê de saudades e despedidas.
Dormiram abraçados, mas desta vez, não acordou depois com o cheiro de panquecas frescas e música, o clima não estava leve. Ela acordou de supetão pela manhã, se vestiu correndo e foi embora. Achou melhor deixar o acontecido pra trás, esperava que tudo voltasse ao normal, pois não queria que o pesadelo de perder Tao virasse realidade.


- Dia da festa de Natal –
Como previu, os três dias se passaram com ela e Tao agindo normalmente. As mensagens continuavam como usualmente, ambos agindo como se nada tivesse acontecido, combinando apenas os pormenores de como iriam se encontrar.
Ela já estava pronta no horário combinado, foi de carro até o apartamento de Tao, parou na vaga de visitantes e subiu. Iriam juntos de lá até a festa de Uber, para poder beber e ir embora na hora que quisessem e sem preocupações. Deu a última checada no visual no elevador, arrumou o vestido e tocou a campainha.
Tao abriu a porta ainda sem camisa e um tanto distraído, por estar atrasado no horário, pediu para a baixinha entrar. Ela entrou vagarosamente até a sala, onde viu ele todo atrapalhado vestindo a blusa nova que havia comprado três dias atrás. Foi clicando seus saltos no chão até o moreno e pegou nas mãos dele, lhe chamando a atenção.
- Deixa que eu te ajudo, você tá abotoando a blusa toda fora de ordem porque comeu uma casa, pandinha cabeçudo.
Tao perdeu o fôlego com a visão da mulher. O cabelo longo ruivo escuro estava preso em um delicado coque com trança, apenas algumas mechas da franja lateral soltos pra dar charminho. O vestido dela era verde escuro, decotado o suficiente para dar apenas algumas sutis ideias impuras ao rapaz, e acabava sob seus pés. Os pés delicados usavam uma sandália prateada com pequenas pedras, que combinavam com as pequeninas pedras do brinco, colar e anel da jovem. Ela parecia uma pintura e Tao sentiu a familiar fisgada no estômago ao admirá-la, e como era cheirosa! Queria beijar os lábios pintados de vermelho e o pescoço alvo, mas se controlou e passou a admirar os olhos delicadamente maquiados que prestavam atenção nos botões de sua camisa. O olhar dela subiu de encontro ao dele ao terminar a última casa e ele suspirou, cumprimentando-a.
- Nossa Gatinha, você está... Perfeita!
- Você também está lindo hoje, Panda. Agora vamos logo que estamos atrasados. Pega as sacolas maiores que eu levo as menores hoje ok?
- Certo!
Depois de uma série de malabarismos com as sacolas, pediram e entraram no Uber até a festa. foi reparando como ele também estava elegante. O cabelo dessa vez estava penteado em um charmoso topete, a calça rasgada foi substuída por uma calça de alfaiataria preta e o guerreiro all star foi aposentado por um dia em troca de um sapato social polido. A camisa eles compraram juntos na Gucci, branca simples de botões, escondida por baixo de um terno bordado que Tao amava usar em ocasiões especiais. Mas ela estava distraída demais com a lembrança do tronco desnudo dele....
- Chegamos! – Tao saiu correndo antes mesmo do motorista finalizar a corrida, largando e as toneladas de presentes pra trás. Ela sorriu e agradeceu ao motorista, saindo do carro já craque no carregamento de presentes. Conseguia ouvir as vozes dentro da casa de Chen saudando Tao e perguntando por sua acompanhante. passou pela porta e gritou o nome dele, que foi correndo ajudá-la com as coisas.
- Oi meninos! O mascotinho da Gucci escolheu eu como acompanhante esse ano! – sorriu e cumprimentou os meninos que já conhecia previamente, Kris, Chen, Luhan, Xiumin e outros. – Peço desculpas pelo atraso, mas vocês conhecem o amigo de vocês, né? Se puder, deixa pra embalar os presentes na hora de sair!
Ela largou as sacolas próximas da porta e foi falar pessoalmente com os convidados presentes na sala. Deu um abraço em Soojin, agradeceu por estarem recebendo-a neste Natal e entregou a lembrancinha que havia separado: um pequeno presente decorativo para a casa dos dois, como mandava a etiqueta. Depois de conhecer várias faces femininas novas e muitos “Oi, tudo bem? Muito prazer, sou !”, se sentiu acolhida no ambiente. Todos eram muito educados, simpáticos e engraçados, exatamente como nas histórias que Tao contava. Era até surreal estar ali entre eles.
- Certo, quem vamos arrumar essa pilha de presentes aqui? – mal deixou Tao protestar e já foi arrastando-o pra separarem e colocarem as sacolas embaixo da árvore. – Vamos Tao, nada de preguiça, eu não passei horas embrulhando tudo pra você largar essa árvore maravilhosa careca de presentes!!
De joelhos ao pé da árvore, foram aninhando os presentes de forma que ficassem bonitos nas fotos da festa. A cada presente que Tao tirava de uma sacola e entregava, ele ficava lendo pra quem era. O último, era uma caixinha bem pequena, de veludo preto, não tinha embrulho e nem etiqueta. Antes que pudesse protestar que ele havia esquecido do nome, Tao pegou suavemente nas mãos quentes da menina, tomando a caixa para si. Acariciou a pele fina e deixou os dedos escorregarem pelas unhas verde-escuro da mulher. Ele falou baixo, de forma que só ela conseguiria ouvir.
- A gente precisa conversar. Podemos ir lá fora um pouco?
- Claro...
O coração de estava afundado em seu peito. Ela foi entre sorrisos e pedidos de licença até a porta, disfarçando o nervosismo. Tao abriu e ela saiu primeiro caminhando próximo à grade que havia na porta da frente. Encostou-se na grade suavemente, de costas para a rua e todos os pisca-piscas que iluminavam as casas. Tao fechou a porta atrás de si e parou, admirando a visão por alguns segundos. O silêncio dele era como uma faca lenta no peito dela, que já esperava pelo pior. Sabia que três dias atrás tinha sido diferente e em sua cabeça se passavam mil pensamentos ansiosos, tudo chegava a um fim. Porém, algo dentro de si, em um cantinho escondido no fundo da alma, acendia uma pequena alegria de Natal, uma esperança alimentada pelo clima da festa, da celebração e da ocasião. Ela se agarrava a essa alegria com todas as suas forças.
- Então, a gente precisa conversar...
Tao parou na frente dela, passou a mão no rosto dela, se afastou um pouco correndo a mão pelo próprio cabelo e então retornou a ficar próximo dela. Pegou na mão da ruiva de forma carinhosa, chamando o olhar dela das mãos dadas para o rosto dele.
- Eu não sei se posso continuar com isso. – O moreno apertou a mão da menor, a respiração dela ficou tensa, presa dentro do peito. – Eu preciso te perguntar uma coisa.
E com mais um passo, ele ficou o mais próximo possível dela. Desconfortavelmente próximo, levou a mão pequena do aperto para o seu peitoral. Ela percebeu que a mão dele estava gelada como sempre, mas o peito ardia quente e o coração de Tao batia tão forte e rápido que ela facilmente conseguia sentir. Ambos engoliram em seco juntos e riram leve de nervoso pelo ato sincronizado. Os olhos de Tao eram fixos nos dela e brilhavam, hipnotizantes.
- você.... Foi a minha melhor amiga e companheira por todos esses anos e eu... – Antes que ela tentasse falar, Tao pousou um dedo suave pelos lábios pintados. – Eu não posso continuar assim com você. Nos nossos últimos encontros eu percebi que havia algo de diferente entre nós. Eu pensei muito, eu tentei fingir que não era nada, quis fugir dessa realidade mas ela era muito mais forte que eu. Eu não consigo, não aguento, não posso mais ficar longe de você. Não quero te ver com ninguém, não quero te ver triste... .... Você quer namorar comigo?
Pra surpresa de Tao, a ruiva caiu no riso, riso de nervoso e de alívio. Ele acabou rindo também e foi surpreendido quando ela o puxou pra um abraço apertado. Ela só dizia “Sim, Tao!!! Sim!! Sim!!!” e ria. Depois de se recompor, com o sorriso mais amplo e mais bonito de todos, pôs as mãos sob o rosto de Tao e o puxou para um beijo. Tao correspondeu e eles se separaram, agora era ele que sorria amplamente. Puxou do bolso a caixinha sem nome e abriu, mostrando pra jovem um lindo e fofo berloque de panda, cravejado de pedrinhas brilhantes pretas e brancas. Por acaso ela não estava usando sua pulseira de berloques no dia, mas Tao sabia que ela amava e era louca por eles. Tinha todo o tipo de berloques e penduricalhos existentes, o único que faltava, era ele.
- Pronto, agora sim você nunca mais vai ficar longe de mim. Assim, você sempre vai me ter com você!
- Awn, Tao... – A ruiva disse manhosa e trocaram mais um beijo apaixonado. Ao se separarem, ela arqueou as sobrancelhas e brincou com ele. – Caramba, esse batom é bom mesmo hein, não borra nada!
Tao riu e puxou ela pra cintura, andando de costas devagar enquanto se afastavam da grade pra voltar pra festa.
- Então, vamos voltar antes que pensem que a gente fugiu da festa? Podemos aproveitar e contar a novidade pra rapaziada, tenho certeza que eles vão ficar felizes com a novidade! Além disso, eu tô doido pra abrir o seu presente pra mim e descobrir o que eu ganhei!
- Meias! Porque as suas tão furadas e xexelentas, tô cansada de pegar meia podre emprestada!
- Ai Gatinha, que coisa horrível!
- Tô brincando! Mas falando sério, não sei como que você gasta tanto em Gucci e pouco em meia, não combina roupa de grife com furo no dedão, Panda.
- Tá bom, tá bom, eu renovo a minha gaveta de meias...
Eles entraram de volta pra casa rindo, a noite agradável estava apenas começando pra família EXO. Muitas boas memórias iriam ser guardadas daquela data especial.

Capítulo 10 - Kai

(Capa do capítulo)

Kim Jongin, ou Kai como todos o conheciam, permanecia deitado sobre o chão da sala de treinamentos da sua agência, a SM Entertainment. Ser um dos artistas mais talentosos no quesito dance não era fácil para ele, e por ser muito exigente consigo mesmo, ele sempre permanecia horas a mais para praticar as coreografias e alguns estilos livres. O rapaz soltou um suspiro fraco, mantendo seu olhar no teto, sentia o cansaço latejando em seu corpo com algumas gotículas de suor escorrendo pelo rosto. Sua camisa molhada, e os músculos da perna quase dormentes de tanto esforço.

O grupo à qual pertencia, o EXO, estava de folga naquela semana, devido às festividades do final do ano. Seu grupo já tinha sido confirmado para o festival de ano novo em Busan, porém, tinham o natal para aproveitar com suas famílias. Mas qual o propósito de Kai se exigir tanto em somente uma prática desnecessária? Para todos os efeitos ele deveria estar na casa do seu companheiro de grupo Chen, para comemorar o feriado com eles. Entretanto, Jongin passava por um tempo conturbado em sua vida amorosa, que o fazia se sentir solitário em todo o momento. Somente as atividades em grupo conseguiam preencher sua mente de forma a não pensar em suas tristezas e frustrações.

— Agora sim estou cansado. — sussurrou ele ao erguer seu corpo e sentir as gotículas de suor escorrendo em suas costas.

Ele voltou seu olhar para o lado e viu que uma notificação havia chegado em seu celular. Ignorando a princípio, se levantou e voltou a praticar, mesmo sem nenhuma música soando do ambiente, apenas em sua mente, ele seguiu por mais algum tempo se movendo pela sala transmitindo tudo o que sentia naqueles precisos passos de dança.

— Ainda não está bom. — disse ele ao parar e pegar sua garrafa de água.
— Oh, me desculpe senhor Kim, não sabia que ainda estava aqui. — disse a ajumma faxineira.
— Ajumma, me desculpe, nem era para estar aqui. — disse ele dando um sorriso forçado para ela.
— Não deveria estar em casa com a sua família, minha criança? — perguntou a senhora.

Ajumma Hana era a funcionária mais velha da empresa, e trabalhava ali com todo  prazer desde a sua fundação, conheceu e sempre reconheceria cada artista lançado no mercado pela SM Entertainment, e de todos que já passaram por ali, poucos conquistaram a afeição dela, e Kai era um deles.

— Pergunto o mesmo para a senhora. — retrucou ele.
— Sabe que minha família mora longe, e eu gosto de estar aqui nesta empresa. — afirmou ela rindo baixo, mantendo-se próxima da porta e com os olhos atentos nele — E você? Qual a desculpa?
— Não estou motivado a celebrar o natal este ano. — confessou ele — Mas já estou saindo.
— Vou limpar o vestiário primeiro. — disse ela.

Jongin assentiu e a observou se afastar até desaparecer do seu campo de visão. Então se voltou para o celular que carregava na parede próximo a janela. Ao pegar o aparelho e desconectá-lo da tomada, ligou a tela e viu algumas notificações, uma era a mensagem de Suho no kakaotalk, que abrindo leu em silêncio. O líder do grupo o perguntara se já estava a caminho do jantar de natal na casa do mais novo casado da SMTown. Kai tentou ignorar aquela mensagem, não se sentia nenhum pouco animado a ir. Porém, outras mensagens dos outros membros chegaram. Ele se levantou do chão e caminhou até sua mochila, jogando o celular dentro, colocou-a nas costas e seguiu para o estacionamento. 

Ele montou em sua moto, deu a partida e seguiu para seu apartamento. Já fazia alguns meses que tomou a decisão de se mudar do dormitório do grupo e ter sua “privacidade”. Mas é claro que Jongin só queria se isolar do mundo e não ter que dar mais explicações se estava bem ou não para os membros do seu grupo. Baekhyun sendo o mais próximo dele, e preocupado com o amigo com a ajuda de Taemin do grupo SHINee, sempre tentava animá-lo a deixar aquela tristeza e seguir em frente. 

Porém, quanto mais Kai se esforçava para esquecer a pessoa que invadia seus pensamentos nos momentos mais inoportunos, mais ele desejava vê-la novamente e ter a chance de se declarar.

— Nini? — disse ele ao entrar no apartamento e chamar seu gato de estimação — Onde está você seu preguiçoso?

Nini, um gato branco e não tão peludo assim, vivia deixando bolas de pelo pela casa, o que resultava na reclamação da ajumma que limpava o lugar. Kai havia lhe resgatado quando em dia de chuva na alta madrugada voltando para casa, parou no semáforo e ouviu os miados de choro. Nini se encontrava dentro de uma caixa de sapatos ainda filhote, todo sujo, e muito faminto.

— Boa noite, Nini. — disse ele assim que o gato apareceu miando, indo se enroscar em sua perna — Sentiu minha falta?

O gato miou mais uma vez e correu para a vasilha de razão. Seu dono já entendendo o recado, jogou sua mochila no sofá e se deslocou para a cozinha e abrindo o armário, pegou um pouco da ração em sua mão.  Ao despejar na vasilha de Nini, o gato não fez cerimônias de atacar os grãos novos e cheirosos ao seu olfato. Kai pegou o celular na mochila e colocou no bolso da calça, então seguiu em direção ao seu quarto já tirando a camisa levemente molhada por seu suor. 

Jogando a camisa no cesto de roupa suja que tinha na porta do banheiro, retirou o celular do bolso e colocou em cima da cama. Ao entrar no banheiro, ligou o chuveiro e já retirou sua calça e a cueca, também os jogou no cesto de roupa suja. Entrando no box, Kai passou alguns minutos em silêncio apenas sentindo a água quente cair sobre seu corpo. Aquele, era o momento de que mais fugia no dia. O momento em que sua mente não estava sendo ocupada, o momento em que seus pensamentos eram todos direcionados para aquela pessoa. 

Aos poucos, as lágrimas que apareciam no canto dos olhos, foram se misturando a água do chuveiro que escorria em seu rosto. Até que ele desligou o aparelho e puxou a toalha, enrolando-a na cintura. Saindo do box, sentiu o vapor quente que se formou em todo o ambiente, ao parar  em frente ao espelho, levou sua mão ao objeto e passou para ver seu reflexo. Kai ficou se encarando por um tempo. Em sua mente se perguntava se era certo ou não ter contratado um detetive para descobrir sobre a vida atual daquela pessoa. 

— O que eu estou fazendo com a minha vida? — perguntou para si mesmo. 

Desde o seu debut, somente 2 relacionamentos foram divulgados para a mídia. O primeiro com a sua colega de agência Krystal do girl group F(x), e o segundo com Jennie, membro do grupo BlackPink que pertence a outra agência, a YG Entertainment. Ambos os relacionamentos foram estratégias positivas para o aumento de sua popularidade. E como ele possuía um carinho por elas, não foi complicado manter o namoro após a divulgação aberta. Porém, apesar da amizade com ambas as mulheres, Jongin manteve seu coração fechado para elas. Não por vontade própria, mas pelo fato de estar ocupado desde o ensino fundamental. E por mais que seu caminho e o da outra pessoa tivesse seguido direções opostas, ele nunca havia deixado de pensar nela, nem por um instante. Sempre o principal motivo do término de seus namoros. 

— Ela não deve nem se lembrar de você, e ainda sofre por este amor. — continuou ele ao se afastar do espelho e voltar para o quarto.

Ele entrou no closet e olhou superficialmente para as possíveis roupas que usaria. O inverno coreano era cruel, porém não mais frio que seu coração solitário. Vestiu um suéter verde escuro por cima de uma camiseta, jogou o casaco cinza por cima com uma calça jeans preta, bota nos pés. Não demorou muito para escolher qual relógio usaria de acessório, não queria que sua falta de estilo fosse motivo para os membros iniciarem suas perguntas sobre estar bem psicologicamente. 

Celular e documentos no bolso da calça, chaves da moto na mão, Kai seguiu em direção a casa do Chen. Assim que chegou, foi recebido por Soojin que mantinha um sorriso singelo no rosto. Porém, seu olhar se mantinha surpreso, por achar que Jongin não fosse comparecer à festa. Ele se curvou em cumprimento e entrou. Logo avistou Sehun com Yerin nos braços. O pensamento de preocupação com o bem estar e a segurança do bebê logo apareceu, por saber que o membro desligado do seu grupo não teria aptidão para cuidar de uma criança. 

— Annyeonghaseyo. — disse ele se curvando de leve em cumprimento a todos que encontrou na sala. 

Seu olhar procurou por Baekhyun, porém não o encontrou no ambiente. Como já havia deixado seus presentes no dia anterior com Chen, se aproximou de Chanyeol que se mantinha próximo a aparelhagem de som, com sua namorada, Alyssa, ao lado mexendo no celular. 

— Boa noite, disse ao casal. — mantendo seu olhar atento ao membro que parecia estar escolhendo músicas para a festa — Hyung, você viu o Baekhyun por aí?
— Pelo que sei, ele ainda não chegou, estou assustado por ter chegado antes, você não tinha dado certeza se viria. — Chanyeol desviou o olhar para ela. 
— Não deixaria a pequena Yerin passar seu primeiro natal sem o tio Kai. — ele sorriu de leve. 

Lá no fundo, Jongin realmente queria ter permanecido na sala de prática se matando de tanto dançar, assim as dores dos seus músculos, seriam maiores que as dores que seu coração sofria. Ele desviou seu olhar para frente, vendi Kyungsoo passar de avental sendo seguido por Bianca. Ele ainda não acreditava que seu hyung tinha se oferecido para preparar o jantar. Se afastando do DJ da noite, ele foi parado no caminho até a poltrona próxima da lareira por Chen, que se mostrou feliz ao vê-lo ali, junto com todos. 

— Que bom que veio Jongin, fiquei com medo que tivesse desistido. — confessou o amigo. 
— Soojin foi tão enfática ao dizer que minha presença é necessária, não podia recusar. — explicou. 
— E como está hoje, Baekhyun me disse que ficou a tarde toda na sala de prática, isso nos preocupa, estamos de férias e você continuou no mesmo ritmo de sempre. — o olhar atendo de Chen para sua filha nos braços de Sehun se mantinha, mesmo ao conversar com seu amigo. 
— Está tudo bem, só não quero decepcionar os fãs, será meu primeiro solo em poucas semanas, só estava testando novos passos. — explicou ele. 

— Não se force demais. — alertou Chen. 
— Não irei. — Kai forçou um sorriso despreocupado e continuou seu caminho até a poltrona. 

Retirou o celular do bolso e fixou os olhos no relógio que aparecia na tela. Ele esperava uma ligação, mas não sabia se queria ou não a informação que viria junto. Seu escape seria o conselho de Baek. Que por sua vez, demorou alguns minutos para chegar com sua namorada. Assim que Baekhyun cumprimentou a todos, parando para dar um beijo em Yerin que agora estava no colo de Anne, seguiu até Kai. 

— Que bom que veio meu amigo, se não tivesse aqui, voltaria no seu apartamento para te buscar. — disse Baek. 
— E você, sempre pontual, por que demorou? — perguntou Kai intrigado.
— Mulheres se atrasam para arrumar. — ele riu baixo — Lizz que não me escute dizer isso. Mas o que queria falar comigo? Vi sua mensagem pela manhã, mas não consegui responder. 
— Lembra do detetive que contratei? — ele se levantou da poltrona. 
— Sim. O que tem ele? — o olhar curioso de Baekhyun ficou preocupado. 
— Ele disse que me ligaria agora a noite com a resposta, mas não sei se quero ouvir. — confessou Kai, sentindo a voz falhar um pouco.
— Acho melhor você saber a verdade, do que fantasiar algo que no final se machucar ainda mais. — aconselhou Baekhyun — Você não pode continuar amando uma pessoa que nem sabe dos seus sentimentos, pior, você nem sabe se ela ainda se lembra de você. — ele colocou a mão no ombro do amigo — Uma amizade do ensino fundamental nem sempre se carrega para vida. 
— Este sentimento tem resistido todos esses anos, e não por minha escolha, minha mente diz para esquecer, mas meu coração insiste em querer amar. — as palavras de Kai soavam com certa angústia e tristeza, ele se conhecia bem para afirmar com tanta segurança. 
— Por isso acho que deve ser corajoso e encarar a verdade. — reforçou Baekhyun — Pelo pior que possa acontecer, você sabe que terá nosso apoio, somos um, lembra?
—  Jamais vou me esquecer, vocês são minha segunda família. — o jovem sorriu com suavidade pela primeira vez em muitos dias. 

Ambos silenciaram quando Bianca passou com uma bandeja os servindo de vinho. Cada um pegou sua taça, e após o primeiro gole, o celular de Kai tocou com a ligação que tanto esperava. Ele atendeu se afastando de Baekhyun. Menos de dois minutos de ligação, em um piscar de olhos, Kai se encheu de raiva pelo que havia ouvido e seu corpo em reação ao sentimento interno, fez sua mão quebrar a taça que segurava. Isso assustou a todos que se encontravam na sala. 

— Oh. — Alyssa levou a mão na boca ao ver sangue escorrendo da mão dele. 
— Jongin, você está bem? — perguntou Chanyeol ao se afastar dos instrumentos de som e se aproximar juntamente com os outros. 
— Ainda tem cacos na sua mão. — comentou Baekhyun ao notar. 
— Eu estou bem, só preciso me limpar. — disse ele com tranquilidade.

Sua dor emocional era maior que a física. 

— Aqui. — disse Soojin ao se aproximar dele com um lenço, e enrolar na sua mão.
— Temos que levá-lo a um hospital. — disse Chen preocupado — Isso pode infeccionar, e se ainda tem cacos de vidro aí, pode ser pior. 
— Eu levo ele. — disse Sehun. 
— Claro que não, você não consegue nem se socorrer, quanto mais os outros. — Anne barrou seu ato de bravura, conhecendo-o bem.
— Eu o levo. — disse Suho — Sou o líder, a responsabilidade é minha de cuidar dos membros. 
— Eu sou o anfitrião, eu levo ele. — disse Chen.
— Por ser o anfitrião que não pode se ausentar. — retrucou Suho.
— Eu também sou o hyung dele, e sou mais próximo do Kai que você. — argumentou Baekhyun. 
— Não precisam ir comigo, não vou atrapalhar o natal de ninguém como fiz no ano passado. — disse Kai encerrando a discussão — Vou chamar um táxi, e vou mais tarde depois que cuidar disso. 
— Se precisar de qualquer coisa, nos ligue. — pediu Chen.
— Farei isso se precisar. — garantiu Kai.

Baekhyun fez questão de chamar o táxi do aplicativo do seu celular, para ter certeza que a direção de Kai seria mesmo o hospital. Ele não sabia o que foi dito naquela ligação, mas sabia que não havia sido algo bom. 

Assim que o táxi chegou, Jongin seguiu para o Korea University Hospital. O motorista sob as indicações de Suho, o deixou na recepção do hospital. Logo uma funcionária da recepção veio lhe atender, o guiando até a enfermaria. 

— Dra. Miller. — disse a enfermeira — Temos um paciente com entrada de acidente doméstico. 
— Deixe que eu cuido… — a jovem residente parou estática ao ver a celebridade em sua frente — Deste paciente. 

Ela respirou fundo, ao perceber que ele também permanecia estático ao vê-la ali. O coração de Jongin acelerou um pouco. Era ela, a pessoa que lhe roubava a concentração. A mulher que preenche seus pensamentos sem pedir licença. Aparecia em seus sonhos para lhe deixar ainda mais desejoso para tê-la.

— Kim Jongin. — disse ela, tomando a iniciativa. 
Miller. — disse ele surpreso por ela se lembrar dele — Se lembra de mim?
— Como poderia esquecer o primeiro amigo que fiz quando cheguei em Seoul. — afirmou ela, deixando-o ainda mais paralisado — Agora vamos ver o estrago nessa mão. 

Ela tocou com cuidado a mão dele e desenrolou o lenço já ensanguentado. Não estava tão crítico, porém corria o risco de infeccionar devido aos cacos que cortaram sua pele e permaneceram agarrados. A residente o guiou até a uma das macas, enquanto se sentava, ela se afastou para pegar os equipamentos que utilizaria no processo de retirada do corpo estranho, desinfecção e sutura do corte. Retornando para perto dele, se sentou ao seu lado e com a pinça começou a retirada dos cacos de vidro. 

— Desde quando trabalha aqui? — perguntou Kai.
— Faz uns três meses. — respondeu ela — Eu fazia residência em um hospital de Daejeon, mas problemas pessoais me forçaram a mudar. Olhando pelo lado bom, às vezes mudar é preciso.
— Você cresceu bem. — disse ele, não conseguindo desviar seu olhar dela.

Seu coração acelerado não o ajudava a focar no que ela fazia em sua mão. Apenas sentia que estava sendo cuidado pela pessoa que menos esperava esbarrar naquela noite de natal. 

— Sim, e você também. — assentiu ela — Conseguiu se tornar um cantor talentoso como sempre sonhou, e vejo que suas habilidades com a dança continuam evoluindo.
— Você tem me acompanhado? — mais uma vez ele se pegou surpreso com o comentário dela.
— Como não acompanhar? O EXO é um dos grupos mais famosos do país, seu rosto está estampado em todas as lojas da Lotte Duty Free que eu entro. — explicou ela com naturalidade dos acontecimentos relatados — Me surpreendi com sua atuação em 7 First Kiss. 
— Eu que estou surpreso por ouvir suas palavras. — revelou ele. 

Ela começou a rir sozinha, o deixando intrigado. 

— O que foi? Por que está rindo? — indagou ele.
— Estou me lembrando do natal passado, você quase foi preso por excesso de velocidade em Busan. — comentou ela.
— Como sabe sobre isso? — agora ele estava mais intrigado ainda.
— Você é uma celebridade e mesmo sua empresa tendo encoberto isso, por causa do comeback de natal, seria difícil meu pai não me contar, já que você foi detido na DP que ele trabalha. — explicou ela rindo baixo. 
— Seu pai ainda trabalha lá? Ele me reconheceu?

O olhar de espanto de Kai, deu lugar a careta feita, após sentir a ardência do líquido que ela passava em sua mão com um algodão, para desinfeccionar.

— Sim, só não quis se aproximar. — respondeu ela.
— Que vergonha, seu pai deve estar com maus pensamentos sobre mim. — seu tom preocupado apareceu.
— Fique tranquilo, meu pai também já cometeu contravenções na sua juventude. — afirmou. 

Ela manteve aquele sorriso no rosto que o encanta, desde a primeira vez que a viu entrar na sala de aula. Está ali frente a frente com seu primeiro amor, o amor do colegial, lhe deixava estremecido e ao mesmo tempo angustiado pelas notícias que havia recebido sobre a vida de sua amada. Jongin se culpava por não ter se declarado a ela quando teve a chance, agora só conseguia ter o remorso da perda do tempo que poderia ter vivido com a garota do sorriso angelical.

— Mas vendo-o aqui neste estado, me preocupa. — disse ela. 
— Por que? — indagou ele.
— Ano passado no natal você parou em uma DP por excesso de velocidade, este ano está em um hospital por acidente doméstico na mesma data. — ela parou de limpar a ferida e o olhou com seriedade, mantendo a leveza no olhar — Poderia prometer a uma velha amiga que no próximo ano, não teremos nenhum velório?
, o que está dizendo, não sou assim tão irresponsável. — disse ele de imediato.
— Apenas me prometa que no próximo ano, passará o natal em segurança. — reforçou ela o seu pedido.
— Eu prometo. — disse ele sem saber se realmente poderia cumprir tal promessa.

Ela continuou o atendimento, pegando a agulha e medindo a linha que usaria. Iniciando a sutura com cuidado para não machucá-lo mais.

— Você me parece muito boa nisso. — comentou ele, tentando elogiá-la.
— Se foi um elogio, agradeço. — disse ela.
— Tem gostado de viver em Seoul? — perguntou ele curioso para saber mais sobre sua vida.
— É tão agitada quanto Busan, porém mais que Daejeon. — respondeu ela — E você? Tem vivido bem sua vida como cantor?
— Me esforço. — respondeu de forma subjetiva.
— Todos nós nos esforçamos. — concordou ela.

Ambos permaneceram em silêncio por algum tempo. O olhar de Kai se mantinha nela em todo o momento. Após terminar a sutura, ela o deixou por alguns minutos para buscar uma receita médica assinada por sua residente chefe. Retornando com o papel na mão, entregou a ele, juntamente com a alta hospitalar. 

Eles se despediram rapidamente, pois ela tinha outro paciente para atender. Antes de se retirar, Jongin ouviu a residente chefe anunciar que estava liberada de seu plantão para passar o natal com a família. Isso fez com que Kai se lembrasse da ligação que recebera, o deixando novamente melancólico.

Chegando na rua, ele parou em frente ao hospital e ligou para Baekhyun. Precisava avisar a todos que estava bem e retornaria em breve. Assim que encerrou a ligação, se viu em duas opções para finalizar sua noite. Se o destino havia dado a chance de seu caminho cruzar novamente o de , ele tinha a opção de continuar ali até que ela saísse. E mesmo que fosse em vão, se declarar para ela naquela noite, poderia ser um divisor de águas em sua vida. E foi o que ele fez. Assim que a residente passou pela porta do hospital e se deparou com ele à sua espera. Novamente o olhar estático dela retornou.

— Ainda aqui. — disse ela ao se aproximar dele.
— Sei que está tarde e que sua família está à sua espera, mas podemos conversar? — pediu ele com um olhar triste.
— Tudo bem. — assentiu ela.

Eles começam a caminhar pela calçada sem direção certa. Kai iniciou uma conversa aleatória sobre suas práticas noturnas e a festa de natal na casa de Chen. Internamente, ele reunia forças e coragem para dizer as palavras que se mantinham guardadas por anos.

. — ele parou de repente e segurou em sua mão.
— Sim? — ela o olhou atenta.
— Sei que não tenho o direito de dizer isso, não agora, não quando você já possui uma vida feliz sem mim, mas se eu não dizer agora, jamais terei essa oportunidade novamente. — ele subiu o olhar para encará-la — Eu te amo.

Disse de forma direta e rápida para que as palavras não fugissem.

— Sempre te amei e sei que não tenho o direito de ter este sentimento, mas precisava te contar. — continuou ele num tom desesperado — Sei que tem outro em vida e seu coração jamais será meu, mas quero que saiba que por todo esse tempo, meu coração sempre pertenceu a você.

Ele soltou a mão dela com suavidade, após perceber nenhuma reação de sua parte. 

— Prometo não mais te incomodar com isso. — então com o olhar triste, ele se virou para embora.

Em sua mente, permanecia estática com aquelas palavras. Nunca imaginava que Kai pudesse ter sentimentos mais profundos por ela.

— Kim Jongin. — disse ela ao segurar em sua mão o impedindo de ir — Como pode dizer essas coisas e simplesmente ir? Como pode dizer que me ama assim?
— Mianhaeyo. — sussurrou ele um pedido informal de desculpas.
— Se tudo o que disse é verdade, porque teve um relacionamento com aquelas celebridades? — perguntou , ainda se sentindo confusa.
— Procurei em outros lugares o vazio que somente você pode preencher. — respondeu ele — Tentei te esquecer, mas sempre foi a única em meus pensamentos. E elas sabiam disso, apenas continuamos por um pedido das agências.

respirou fundo e tomando coragem, não exitou em lhe dar o beijo que Kai tanto esperava. O toque doce e suave dos lábios da residente, fez o corpo dele arrepiar por inteiro. Sentindo-se aquecido por dentro, Kai tocou de leve na cintura dela, a trazendo para mais perto. Nem frio do inverno teria espaço naquele momento e menos ainda a neve que caia poderia atrapalhar.

— Por que me beijou? Não estava noiva? — perguntou ele, sobre o assunto que recebera como resposta na ligação de mais cedo.
— Estava. — admitiu ela — Porém, como poderia me casar com alguém que não possui meu coração.

Kai se pegou sem reação e palavras para expressar aquilo. Somente o coração acelerado.

— Eu te amo, Kim Jongin. — disse ela, de forma clara e objetiva, com a voz suave.

Em segundos, o impulso para mais um beijo partiu dele e com toda intensidade que conseguir transmitir. 

Kai não esperava terminar sua noite de natal com a mulher que ama aninhada ao seu corpo. 

Porém, estava grato por isso ter acontecido. E desta vez, não a deixaria ir, ele a manteria para sempre ao seu lado.

Todas as vezes em que penso em você
Meu mundo inteiro é preenchido por você
Cada floco de neve que cai no céu à noite
É uma lágrima sua. 
- Miracles In December / EXO

Sentimentos: A resposta sempre esteve no sorriso de quem ama.” - by: Pâms.


Capítulo 11 - Sehun

(Capa do capítulo)
A ideia de chegar mais cedo na casa dos Kim para ajudar com a decoração de Natal tinha sido ótima. Em teoria. devia ter adivinhado que não ia sair igual o planejado, não quando Oh Sehun estava envolvido na situação. Realmente, ela precisava parar de esperar um milagre vindo do amor da vida dela.
Não estavam na casa fazia uma hora e Sehun já tinha conseguido acordar Junmyeon e por causa do Papai Noel. Se soubesse que a discussão no carro sobre a validade de pedir um filho de presente de Natal e a própria existência do bom velhinho iria atrapalhar o sono merecido do líder, ela teria ficado quieta.
Felizmente a crise existencial de Sehun ao duvidar da existência do Saint Nick foi facilmente evitada. apenas apontou para o pinheiro imponente e para as caixas cheias de coisas brilhantes e que piscavam e foi checar nos outros convidados. Sehun era igual criança - facilmente entretido por qualquer coisa que brilhasse.
Entrando na sala novamente depois de fazer um detour na cozinha, a mulher analisou criticamente a cena que a recebeu. havia instruído Sehun a gentilmente desenrolar as luzes de Natal da árvore, para que as colocassem antes de começar a decorar. Cinco minutos e um suco de maracujá – pra acalmar – depois, e a criatura tinha conseguido se enroscar em todo o fio, encarando o emaranhado como se guardasse os segredos do universo.
não sabia se ria ou se chorava.
Decidiu então dar um gole do suco que Soojin tinha feito pra ela, limpando a garganta para chamar a atenção do namorado. Ele olhou pra cima, assustado.
— Eu posso explicar — foi a primeira coisa que Sehun falou, puxando um fio que só apertou o nó que ele tinha se enfiado. bebeu mais um pouco do suco. — Tá tudo sob controle, meu amor - cadê o vinho?
A mudança abrupta no assunto fez piscar, confusa. Que vinho? — Você não pediu nada e, honestamente? Se tá ruim assim com você sóbrio, imagina bebendo.
A árvore de Natal dos Kim não ia sobreviver um Oh Sehun embriagado. A brasileira nem mesmo tinha certeza que ela sobreviveria de qualquer jeito. Ainda bem que os presentes de Jongdae e Soojin eram maravilhosos, pra cobrir o estrago que Sehun faria. já estava pensando em um pedido de desculpas, mas Jongdae sabia melhor do que ninguém como o maknae era.
O rapaz em questão cerrou os olhos, a encarando. A expressão quase podia ser intimidadora, se não fosse o fato dele estar enrolado em metros de pisca-pisca. Daquela maneira, Sehun só parecia ridículo e o coração de parecia que ia explodir de amor.
— O seu. Você bebe vinho como se fosse água, eu to quase ligando pro AA pra pedir ajuda. E, do nada, você tá bebendo suco? — as engrenagens extremamente lentas pareciam girar dentro da cabeça dele. — Agora que eu estou pensando aqui...você não bebe nem vinho nem cerveja faz um tempo. Até na partida de futebol domingo passado, você ficou na limonada...
quase conseguia ver a lâmpada acendendo em cima da cabeça do namorado. A expressão era absolutamente cômica.
— Você está grávida! — ele praticamente gritou, chamando a atenção de todo mundo ao redor e fez uma careta.
— Abaixa o volume, garoto. E para de ser doido, que grávida o que — ela fez questão de falar alto o suficiente para que quem estivesse em volta escutar. — Esqueceu que eu voltei pra academia? Alcool está banido da minha dieta, amor da minha vida.
Sehun balançou a cabeça, puxando um lado do pisca-pisca e afrouxando um pouco a bagunça que ele tinha feito. — Eu não acredito que você carregou aquelas caixas lá em casa ontem - está terminantemente proibida de fazer esforço a partir de agora! — ele decretou, como se mandasse em alguma coisa. não ia nem rir, o homem que ela amava mais que tudo na vida não era dos mais brilhantes.
— Eu fico de boca aberta como você acha que manda em alguma coisa. Impressionante. — foi tudo o que a mulher disse, provando o suco mais uma fez e não movendo um dedo para ajudar o namorado a se livrar das amarras. — O Natal é hoje, viu? Ninguém pode esperar três dias pra você terminar isso aí, não.
— Eu sei que hoje é véspera de Natal, , não sou você que esquece o próprio aniversário — como um bom namorado, ele jamais deixaria que ela esquecesse que, por três anos seguidos, a mulher não havia lembrado do próprio dia que nasceu e consequentemente errou a idade por meses. — E você sabe o que eu pedi de presente pro Papai Noel? Uma filhinha linda igual a mãe dela.
Sehun lançou um olhar significativo para a barriga de , mais uma vez mostrando que sutileza não era bem seu forte. A brasileira arqueou uma sobrancelha.
— A gente vai entrar nesse debate mesmo? Você tem certeza que quer revisitar esse tópico?
Ele deu os ombros e voltou sua atenção para os fios embolados, expressão despreocupada. — Junmyeon-hyung já me assegurou, . Nada que a sua maravilhosa boca de infidel diga vai fazer com que eu duvide do hyung.
estava extremanente curiosa pra saber o que Junmyeon havia dito, porque parecia que Sehun estava mais do que certo da existência do bom velhinho depois do papo. Porém, ela tinha coisas mais importantes para se importar primeiro.
— Quando foi que seu vocabulário expandiu desse jeito, garoto? Infidel, é sério? — amava Sehun demais, mas ele era só um pouco burrinho. A última coisa que ela esperava era uma palavra dessas saindo daqueles lábios irreais de tão perfeitos. — Seria esse o meu milagre de Natal?
Gargalhando, ela desviou da estrelinha de feltro que o namorado jogou em sua direção. Ele sempre ficava ofendido quando ela apontava esse tipo de coisa, o que fazia continuar fazendo, óbvio. Era a maneira deles de expressar afeto.
— Vai rindo, vai. Eu tenho fé por nós dois. Papai Noel vai trazer o presente que eu quero e nos fazer ainda mais felizes — a declaração era tão certeira que ficou até surpresa. Sehun estava determinado e realmente acreditava no que estava dizendo.
Ele também falava tão alto que todo mundo escutou. De novo. Nem a música estrondosa de Chanyeol – que devia ter acordado a casa inteira, inclusive Junmyeon – encobriu completamente as palavras de Sehun.
— Você quer falar baixo? Para de gritar essa baixaria pra todo mundo ouvir, não tem isso de gravidez, não. Olha só o que você tá fazendo -
Acabou que, no final, Sehun conseguiu o que queria. Porque Chanyeol gritou as felicitações do outro lado da casa, a risada leve de audível, e sabia que em menos de 10 minutos todo mundo ia saber da gravidez imaginária de .
Sehun, é claro, estava triunfante, se esgueirando por baixo dos fios e se aproximando de e beijando os lábios dela, gentilmente. — Você vai ficar tão linda grávida.
O rapaz parecia deslumbrado e o coração de pulou. Sehun era o homem mais bonito que ela já tinha visto na vida, mas incandescente de felicidade daquele jeito...ele ficava quase sobrenatural.
— Desistiu de decorar a árvore? — sussurrou com um sorriso fraco, as mãos no peito do namorado, admirando a maneira que a camisa lhe caia muito bem. Honestamente, não havia nada que não se tornasse maravilhoso no corpo de Sehun. — Yerin vai ficar triste de não ver as luzes de Natal.
Puxando pela cintura para que ela se levantasse, ele balançou a cabeça. — Claro que ela vai ver as luzes de Natal. Eu só quero que o amor da minha vida divida esse momento comigo. Vamos?
Rolando os olhos para tentar não sorrir, ela o seguiu para a bagunça da árvore de Natal, se sentando perto dos presentes para desatar os nós do pisca-pisca, com Sehun se sentando atrás dela para ajudar. Ou melhor, pra fingir que ajudava, queixo repousando no topo da cabeça de , braços ao redor da cintura dela.
Por vários minutos, eles trabalharam assim, em silêncio - porém em sintonia. A música duvidosa de Chanyeol ainda tocava no fundo e as conversas aleatórias de vários dos membros e suas pessoas especiais flutuando pela sala. Mas ali, naquela bolha de paz e serenidade, podia somente existir os dois.
Quando os metros de luzes natalinas estavam finalmente desemaranhados, tirou da pequena bolsa uma caixinha retangular e entregou para o namorado, um sorriso atravessado no rosto.
— Toma, seu presente de Natal. Você pediu pra que eu não comprasse nada e eu não comprei. Mas isso aqui chegou pra você — ela disse, misteriosa, observando por um segundo Sehun encarar a caixa antes de virar para Yerin, que engatinhava na direção deles com um sorriso bobinho e adorável.
a segurou nos braços, beijando as bochechas rosadas e acenando para Soojin na porta da sala, assegurando a mulher que ela cuidaria da bebê. Ela percebeu que Sehun havia finalmente aberto o presente pelo barulho engasgado que ele fez e riu, o nariz dela se enrugando da maneira que fazia Sehun querer entregar o mundo pra ela.
...isso é... — ele encarava a pequena tela do bastão de plástico dentro da caixa ornada e a palavra ali escrita.
Beijando Yerin novamente, a entregou para Sehun, rindo da cara embasbacada do namorado, que pegou a menina no colo no automático. Ele ainda parecia desconfortável segurando a filha de Jongdae, porém o choque do presente acabou impedindo os protestos usuais.
— É exatamente isso o que você está pensando. Eu vou terminar de decorar a árvore — pegando uma das caixas de bolhinhas de cristal, se virou para o pinheiro - completamente ignorando a crise existencial que Sehun estava tendo atrás dela.
Depois de longos minutos encarando a caixa, com Yerin balbuciando e colocando as mãozinhas gordinhas no rosto dele, Sehun abriu um sorriso que iluminou o mundo. Por um momento, ele observou a namorada se levantando nas pontas dos pés para colocar a decoração no pinheiro que era duas vezes mais alto que ela, deixando a ficha cair. A mulher da sua vida, o presente que ele tinha e o futuro que queria.
— Tá vendo, Yerin? Não deixe que te digam que Papai Noel não existe — ele enterrou o rosto nos cabelos finos da pequena, sentindo o cheirinho característico de bebê e imaginando que, logo logo, não seria a filha de Jongdae em seus braços. — Ele acabou de me dar o maior milagre de Natal possível.
Mais uma vez, os olhos dele se voltaram para a caixa. A palavra não tinha mudado.
Pregnant.



FIM





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