CAPÍTULOS: [Capítulo Único]









Capítulo Único


Trilha sonora.

1.Impossible – James Arthur
2.The Last Time – Taylor Swif
3.She Will Be Loved – Marron5
4.Jar of Hearts - Christina Perri
(n/a: deixem essas músicas prontas e dêem play assim que eu mandar. Enumerei pra ficar mais fácil.)


Duas semanas antes

- Atrasado? Só me faltava essa, atrasado. – falava sozinho.
- Licença, licença – ia gritando pra todos enquanto manobrava seu carrinho cheio de malas no aeroporto.
- Ai – gritou quando foi quase atropelado.
- Eu pedi pra você sair da frente, moço. O senhor que não me ouviu.
olhou para aquela garota de cabelos loiros, que pareciam puxar pra o ruivo, falando como se o conhecesse e, ainda mais, como se ele fosse algum idiota no aeroporto.
- Moço? Você tá bem? – ela perguntou, o olhando com atenção.
- Ah, sim, estou – ele respondeu, arrumando seu óculos de grau. – Acho que só estava um pouco desnorteado pela dor do seu atropelamento.
- Eu não lhe atropelei, você que não me escutou. – Ela disse com birra. – Ah, não! – ela exclamou do nada – Não acredito que o voo está atrasado. Não acredito – disse e se jogou em uma das cadeiras atrás de si.
- Era isso que eu estava olhando antes da moça me atropelar.
- Mas eu já lhe disse que não lhe atropelei! – ela novamente falou com birra – Foi você que não saiu da frente. E isso nem importa, estou com fome, com cede, cansada. E esse voo ainda inventa de atrasar.
Ela falava pelos cotovelos, como muitos dizem, e só sabia a encarar, impressionado pelo jeito dela.
- Moço?
- Ér, oi – ele respondeu, novamente arrumando o óculos. Era uma mania dele fazer isso toda vez que ficava desconcertado, sem concentração, qualquer coisa desse tipo.
- Não gosto da maneira que você me olha, parece que não é desse planeta.
Ele riu.
- Podemos dizer que penso o mesmo.
Dessa vez ela que riu.
- Mas eu sou desse planeta sim – ela falou, levantando. – E eu estou com vontade de fazer xixi. Pode olhar minhas coisas? Claro que pode, você não seria tão rude. – Ela logo emendou antes que ele falasse.
- Tudo bem – ele se limitou a dizer.
- Mas, por favor, preste atenção nelas, você tem cara de gente desatenta, e eu não posso perder nada.
- Vou prestar.
E ela sumiu a procura de um banheiro.
Zum.zum
sentiu seu celular vibrar e logo atendeu.
- Oi, mãe... Sim, já estou no aeroporto... Não sei que horas vou chegar, o voo atrasou... Mãe, não é a primeira vez que vou morar sozinho, eu sei me virar... Sim, prometo que depois vou pra LA te ver. – Minha nossa, como ela perguntava e falava.
- Eu te peço pra prestar atenção na minha mala e você vai falar no celular? – chegou, rindo – Não dá mesmo pra confiar em você, moço.
- Vou desligar, xau, mãe, amo você. – A menina olhou pra ele pelo canto dos olhos quando ele falou a última parte. – Ah, eu tava prestando atenção, sim.
- Tava te enchendo – ela deu um leve tapa no braço dele.

Uma semana depois

- É sério que esse era o lugar super legal que vocês iriam me trazer? – perguntou, arrumando o óculos. – Desculpe, mas eu não vou entrar em uma boate de striper só pra provar que não estou ficando maluco por estudos.
- Gay talvez – Matt disse, rindo.
- Eu, diferente de você, não preciso pagar pra comer ninguém. E arrumo garotas em lugares bem melhores e que tenham profissão diferente dessa.
- Para de ser idiota, hoje não vai ter show nenhum. É só uma festa do filho do dono daqui.
- Menos mal.

- , vai ser aqui?
- Esqueceu que o pai da criatura é dona disso aqui? Vem logo, vamos entrar.
- Se aí só tiver tarados, você e o Nathan me pagam.
- Para de ser trouxa. – Disse, rindo.

Os amigos de falavam sem parar enquanto ele bebia algo e procurava alguma garota que parecesse ter algo em comum com ele. Foi durante sua varredura do local que ele achou um rosto familiar. O que fez ele se levantar rapidamente.
- Onde você vai?
- Conheço aquela garota. – Falou e apontou.
- Ela é gatinha, cai em cima.
- Tô falando sério, conheço-a.
Mas Matt nem olhava mais, já tinha voltado pra o papo super interessante sobre as stripers que trabalhavam naquele local.
foi indo em direção a , torcendo pra que ela lembrasse dele, se bem que com aquele humor diferente, ela falaria com ele mesmo se não lembrasse.
- Oi – ele falou assim que chegou à roda de amigas dela, onde ela estava de costas.
- Oi – uma garota linda de cabelos escuros respondeu empolgada, o que fez virar pra ver quem era.
Ela parou uns segundos enquanto o olhava.
- Eu conheço você!
- Sim – ele riu. – Você conhece.
- Alicia, ele é o carinha com cara de bobo fofo que te falei.
A tal Alicia o olhou de cima a baixo enquanto ele arrumava os óculos.
- Ele me parece menos bobo do que você falou.
- É – ela disse, o encarando. – Você hoje parece mais fofo que bobo.
Ele novamente arrumou os óculos.
- Volta a ser bobo quando faz isso nos óculos – ela disse, rindo. – Veio aqui por que me reconheceu?
- Sim – e foi arrumar os óculos.
- Pare de fazer isso – deu um tapa na mão dele. – Vem, vamos pra outro lugar, o papo aqui é de garota.

- Então você me reconheceu de longe? – ela perguntou assim que sentaram.
- Sim, e torci pra que você ainda lembrasse de mim. – arrumou os óculos.
- Eu já pedi pra parar com isso, moço.
- .
- Como?
- Meu nome é , e o seu?
- Ah, o meu é .
- Então, senhor , o que você faz da vida?
- Recém formado em oftalmologia e com alguns projetos nessa cidade, e você?
- Produtora de eventos.
- Muito sua cara, sabia? – falou a olhando de cima a baixo.
- Eu realmente espero que isso seja algo bom, você tá me olhando estranho igual no aeroporto.
- Não tô – riu e arrumou os óculos.
Ela bufou.
- Para com essa mania – o repreendeu. – Por que você não usa lentes? Esses óculos são pra mostrar aos pacientes que você passa pela mesma coisa que eles?
- Gosto de óculos.
- Deveria arrumar um mais descolado, diferente.
- Como? – ele perguntou, rindo.
Aquela garota só tinha lhe visto duas vezes na vida e já dava opiniões como se lhe conhecesse a vida toda.
- Se eu te mostrar uns modelos legais, você troca esse? Posso te mostrar uns irados.
- Acho que gosto desse – ele arrumou os óculos e riu.
- Esse te deixa com cara de bobo.
- E fofo – ele acrescentou.
- E estranho.
- Mas fofo.
- E lerdo.
- Mas fofo. – Gargalhou.
- Tudo bem – ela bufou. – Você fica com cara de fofo. Sabe dançar? – perguntou, mudando de assunto.
- Não sou...
Mas antes que ele terminasse a frase, ela já tinha o puxado pra pista.
- Eu iria dizer que não sou bom nisso – ele falou assim que chegaram ao centro.
- Tem cara, mas tudo bem, eu também não sou boa. É só se divertir.
E ela levou mesmo a sério a parte de se divertir, em segundos, a menina já rodava na pista e gritava a letra das músicas que tocavam.
E ele?
Bom, ele estava lá parado enquanto admirava a garota maluca e linda se divertindo.
- Você não vai dançar? – ela gritou pra ele, o fazendo sair de seus pensamentos.
- Essa música é dançante demais pra mim – comentou, arrumando o, óculos.
- Vou pedir pra colocar uma, é minha preferida.
E correu pra mesa do DJ com o celular na mão, pedindo pra que ele tocasse a tal música preferida dela.
- Essa, vamos dançar pertinho um do outro. Vem, vai começar – e o puxou pra perto dela.
E ela o surpreendeu quando ele escutou que a sua música preferida, diferente do que ele achava, não era nenhuma música maluca como ela. Era, She Will Be Loved.
Aquela garota era perfeita.
- Vamos sair daqui? – ele perguntou de supetão.
- Como?
- Vamos sair daqui?
- Acho que não entendi – ela falou um pouco surpresa e ficou mais surpresa ainda quando ele a beijou.
- Vamos sair daqui. Minha casa, a sua, não sei. Só quero ficar sozinho com você.
E a menina, ainda em choque, deu a mão a ele e saíram da boate.
Lá fora, quando estava um pouco mais em si, ela falou:
- Não me leve a mal, mas eu prefiro minha casa, eu não sei onde você mora...
- Eu já disse, em qualquer lugar.- E a beijou novamente.
E diferente de todas as vezes que até pensou em ficar com um cara logo de primeira e depois desistiu por medo, nele ela confiava.

- Não olhe muito a bagunça, moro sozinha e não sou a pessoa que mais ama uma faxina no mundo.
- Tudo bem – ele riu.
- Ah, e se formos pra o quarto, – ela riu sem graça – não se assuste com meu mural de séries.
- Como?
- É só um mural cheio de fotos de personagens das minhas séries preferidas. Alicia insiste que já passei da idade de fazer isso, mas eu amo. One Tree Hill domina mais da metade dele. Liga o som se quiser, tá conectado com meu ipod e tá na minha playlist favorita.
E foi guardar sua bolsa.
Ele ligou e riu quando viu que a música que começava a tocar era a mesma da boate.
- Você gosta mesmo dessa música, não é? – ele perguntou assim que ela voltou à sala.
- Me identifico com ela. Quero encontrar alguém que me ame e faça eu me sentir linda assim como ele faz com ela.
- Mas você é linda. – ele disse como se fosse óbvio.
- Fácil falar isso quando se está no meu apartamento.
- Moça – ele levantou e foi em direção a ela, que riu.

I drove for miles and miles
And wound up at your door


- Se tivermos a chance, e será um privilegio pra mim, de nos vermos novamente. Você vai ver que não costumo mentir pra levar ninguém pra cama.
Ele tocava o rosto dela enquanto a música tocava.

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay a while


- Você é linda. E eu não estou mentindo.
Dito isso, ele a beijou. E nesse exato momento tocou a parte que ela mais amava.

And she will be loved
And she will be loved
E não é necessário dizer que a noite foi ótima e bem aproveitada.

Uma semana depois

- Eu ainda não me acostumei com essa foto enorme do Einstein aqui no seu quarto.
A garota falou enquanto fazia carinho no peito nu de .
- Falou a garota quem tem 22 anos e ainda tem um mural de séries no quarto.
- Menos nerd, mais normal.
- Mas você não diz que sou esquisito e nerd?
- E tem como dizer o contrário? Fora que essa foto fez você se superar.
Ele gargalhou.
- Eu não sou nerd, você que é livre demais.
- Comparados a você, todos são livres. Você já tem toda sua vida arquitetada.
- E isso não é bom?
- Não sei. Eu particularmente não gosto de fazer muitos planos, sonhos só existem para serem acabados. É tipo um castelo de areia, você gasta seu tempo construindo, coloca todas as suas expectativas naquilo, daí vem uma onda, ou alguém ruim e vai lá e pum – ela deu uma tapa na perna dele, que riu – tudo está acabado.
- Que papo depressivo.
- É a verdade, .
- Nada me tira dos meus planos, nada.
- Obrigada pela parte que me toca.
- Eu já disse, te levaria comigo pra onde eu fosse.
- E eu teria que largar tudo.
- Você estaria comigo, quer mais?
Ela gargalhou.
- Fica calado, , fica calado. – E o beijou.
- E se sua mãe não gostar de mim, ? Se ela achar que sou uma loba tentando comer o cordeirinho dela.
- A parte do comer ela vai estar apenas um pouco errada. – comentou, gargalhando.
- Faça mais uma piadinha desse tipo e eu chuto seus ovos e te deixo estéril.
- Eu não pretendo ter filhos mesmo. – Deu de ombros.
- Não sei se quero conhecer sua mãe. Acho que ela vai me odiar.
- Como te odiar, ?
- Ela gosta de pessoas do seu tipo?
Ele não entendeu muito o sentido da pergunta, mas respondeu:
- Sim, fui educado pra ser dessa maneira.
- Tá vendo – ela gritou em pânico. – Sua mãe vai me odiar.
- O que uma coisa tem a ver com a outra?
- Somos totalmente diferentes. Você é correto, nerd, tem sempre tudo planejado, não fala muito e é cheio de manias. Eu sou bagunceira, falo pelos cotovelos, quase sempre acho seus papos coisa de outro mundo e tento te fazer deixar todas as manias que você tem.
- Mas isso tudo não impediu nós dois de nos apaixonarmos, isso não me impediu de ficar encantado por você desde o primeiro instante.
- Você existe mesmo? – apertou as bochechas dele.
- , eu já pedi pra você não fazer isso – disse, tentando parecer bravo.
- Mas você fica a coisa mais fofa do mundo quando faço isso. – Gargalhou.
- Só por isso, vou te informar que nossas passagens já estão compradas.
- Você comprou antes de saber se eu iria?
- Eu já disse, te carrego pra todo lugar que eu for.

***


- Eu estou te dizendo, se sua mãe me odiar, eu vou te matar.
- Ela não vai te odiar.
- Se ela te ama, com esse seu jeito estranho. – A menina falou o olhando de cima a baixo – Ela vai me odiar, eu sou normal.
- Se o lance é que ela gosta de gente estranha, então ela vai te amar. Você definitivamente não é normal – ele falou, gargalhando. – Agora vem – ele puxou a menina pelo braço – vamos entrar.
- Tem certeza que isso é uma boa ideia? – ela perguntou igual uma criança, coisa tipicamente dela.
- Sim, é uma ótima ideia.

- Então essa é a famosa . - Tara falou enquanto encarava a menina.
- Ér... Sou eu, sim. Tudo bom com a senhora? – e lançou seu melhor sorriso.
- Tudo bom sim, . E você, filho, tá tudo bem morando sozinho? Se alimentando bem?
- Se a senhora acha que comer hambúrguer é saudável, porque é só isso que seu filho anda comendo. – disse, rindo.
- Como?
- A gente sempre come isso. – riu.
- Vocês? Como assim, vocês? Vocês estão morando juntos?
- Não, mãe – arrumou os óculos. – É que a fica demais lá em casa e eu na dela.
- Você não me disse que estava praticamente casado, filho – e encarou , que voltou a arrumar os óculos.
- Não estamos casados.
- Há quanto tempo estão juntos?
- Um mês.
- Vejo que tem muita intimidade com a garota.
sentiu vontade de dizer: A garota está aqui. Mas achou que seria melhor ficar calada.
- Sim, me encantei desde o primeiro instante e me apaixonei na segunda oportunidade.
A segurança que falou aquilo, ainda mais na frente da sua mãe, - que a cara já estampava que era controladora – fez dar um sorriso e sentir a barriga dar uma volta. Ela estava completamente apaixonada por ele, mesmo em pouco tempo, e era bom saber que ele também estava por ela.
- Você fica tão fofo dizendo isso – ela apertou as bochechas dele.
- Eu já...
- Eu sei, só não resisti.
- Vou guardar nossas coisas lá em cima, minha mãe fica aqui com você.
sabia que ele fez isso de boa intenção, mas teve vontade de socar a cara dele.
- Bom, percebo que meu filho gosta muito de você – a senhora falou.
- Eu também gosto muito do seu filho. – Tentou ficar ereta assim como aquela senhora.
- Você é linda, não me surpreendo que ele tenha se encantado.
- Obrigada.
- Não agradeça. , – a mulher fez uma cara séria – peço que não me leve a mal, mas tenho que te pedir isso. – apenas a encarou enquanto a senhora continuava – Não atrapalhe os planos do .
- Eu não tenho...
- Eu sei, não quero dizer isso. Mas você por si só já atrapalha, é nítido que vive diferente dele.
A menina olhou pra si mesma tentando controlar a vontade de gritar e até chorar. Como aquela mulher percebeu a diferença em tão poucas palavras?
- Se não estiver disposta a ir com ele, não fique em sua vida. E tenha certeza, se tiver que ir apenas um, ele irá, eu me certificarei disso.
- Tudo bem – se limitou a dizer, sentindo o coração indo pra boca.
- Mas como eu disse, você é uma menina linda – dessa vez sorriu de forma agradável. – Se não der certo com o , dará com outro. Os dois hão... - Eu e seu filho queremos estar juntos, é uma escolha de ambos. – Quando a senhora fez menção de falar, emendou – Eu amo seu filho, ficaremos juntos, tenha certeza.
Mas só depois de ver os olhos de Tara arregalarem e repassar suas próprias palavras na mente, teve dimensão do que falou. E seus olhos também se arregalaram ao constatar que não foi da boca pra fora. Mesmo em tão pouco tempo, mesmo os dois sendo opostos, mesmo depois de tanto tempo evitando paixão, ela o amava. Ela o amava.
- Voltei – chegou, falando, fazendo as duas se recomporem.
- Vamos almoçar - Tara chamou e seguiu na frente.
- Você tá bem, moça? – ele ainda a chamava assim de vez em quando.
- Claro. – E deu um selinho nele.

- E aí, esse dia foi como você esperava?
- Eu esperava um terror de dia – ela falou, deitando na cama com ele.
- Então foi bom? Tá vendo? Eu disse que minha mãe iria gostar de você.
- É, ela disse que sou linda – ela tentou lembrar de algo bom naquela conversa.
- Espero que tenha acreditado. Porque ela constatou o óbvio.
- Não importa. Eu, podendo ter você, tudo bem.
- Você é linda e você me tem.
- Vou ter sempre? – ela precisava perguntar isso, aquele papo de hoje cedo tinha a deixado tão insegura.
- Por que tá perguntando isso?
- Nada, só porque quero saber.
- Você vai me ter sempre.
- Sempre?
- , você vai me ter sempre – ele riu. – Eu – ela prendeu a respiração esperando um eu te amo, mas ele emendou – sou louco por você. Vou tá aqui sempre.
Ela pensou em dizer que o amava, mas não queria ser a primeira.
- Também vou estar.
E alí fizeram amor. Mesmo sem um dizer ao outro o nome daquilo e do sentimento, era óbvio, era amor. Que era sentido a todo instante e que foi feito mais de uma vez na noite.

***


- Alicia, eu já não agüento mais você falando do Matt. Tudo bem, eu sei que meu namorado é o máximo e te apresentou um carinha que é até legal, mas isso tá me enjoando já.
- Você anda bem enjoada esses dias.
- Hã?
- Enjoou seu perfume, enjoou meu perfume, meu bolo, até nossa conversa.
- E o que tudo isso tem a ver?
- Sei lá, só sei que depois daquela viajem pra casa da sua sogra, você anda enjoando tudo, tem certeza que não tá vindo um sobrinho pra eu estragar a educação dele por aí? – Alicia brincou e viu sua amiga ficar da cor de um papel. – ?
naquele exato momento estava viajando de volta para a única noite que passou na casa da sogra. Onde ela e fizeram amor três vezes durante a noite. E que em uma delas, ou duas, ela não lembrava direito, eles não usaram camisinha.
- ? ?
- Alicia! – ela puxou o braço da amiga – Acho que vou desmaiar.
- O que você tem? Parece que vai ter um troço! – a menina exclamou, preocupada.
- Mais que isso, talvez eu tenha um filho.
Alicia deixou o copo, que estava na mão, cair e ficou tão em choque quanto a amiga. Minha nossa!

- Amiga, seja qual for o resultado, eu vou estar aqui.
- Eu não sei se consigo abrir. Alicia, toma, – ela colocou o envelope na mão da amiga – abre você.
- Posso abrir?
fechou os olhos e falou:
- Pode.
E como Alicia não era de muitos rodeios, e assim como estava morrendo com a possibilidade, foi logo rasgando o envelope e correndo os olhos pelas letras atrás do resultado, e lá estava ele, em letras garrafais: POSITIVO.
Ela colocou o melhor sorriso e procurou a melhor forma de dizer.
- Abre os olhos, .
A garota abriu.
“ Melhor eu contar com humor “ Alicia pensou.
- Fica calma – riu. – Agora tem ser good vibe pra não perder o bebê.
- Você...
- Sim, eu estou falando sério.
- A mãe dele pede pra eu não atrapalhar os planos do garoto, e o que eu faço? Engravido dele, e o melhor, na casa dela.
- Não fala assim, – Alicia repreendeu. – Vocês dois fizeram, não se engravida só.
- Faço o que agora?
- Agora você vai a casa dele, que já é quase sua casa, e conta pra ele. Ele vai entender.
- E se não entender? – perguntou com os olhos cheios de lágrimas.
- Ele vai entender, ele te ama.
- Ele nunca disse isso.
- Você também não disse isso a ele, mas nós duas sabemos que você o ama. Nunca foi necessário um dos dois falarem, basta tá perto pra perceber. Vocês se amam.
Dito isso, as duas se abraçaram e resolveu que o melhor a se fazer era confiar na amiga.

- , hoje eu vi uma menina na rua chorando porque tava grávida – e essa menina era eu, ela pensou em acrescentar.
- Por que ela tava chorando?
- Por que ela não sabia se o pai da criança iria gostar de saber da notícia.
- Ela era nova?
- Relativamente, devia ter a minha idade.
- Então ela era nova. – Ele disse, rindo, mas ela não riu. Ficou olhando pra o prato enquanto ele cozinhava.
- Deve ser difícil pra ela, não é mesmo?
- Deve. Pra os dois na verdade, imagina, ele tá na casa dele de boa, e ela chega com essa bomba.
- Também não precisa chamar de bomba, né? É um bebê!
- Eu sei, moça. É só que deve ser barra pra os dois. Mas não esquenta com isso, graças a Deus não estamos nessa situação.
Foi o que bastou pra começar a chorar.
- ? O que você tem?
Ela só chorava.
- , você tá me assustando! – exclamou arrumando os óculos. – ? – ele balançou a menina.
- , desculpa. Eu juro que... – voltou a chorar.
- Desculpas pelo que?
- Nós dois vacilamos, no outro dia, eu...
- Vacilamos onde? O que foi, ?
- Você vai me odiar. Vou entender se você surtar.
- Você só está me deixando mais assustado.
Como viu que não iria conseguir falar, pegou a mão de e colocou sobre sua barriga, ele a olhou assustado.
- Você... – ele não terminou, apenas arrumou os óculos e a encarou.
apenas balançou a cabeça em um sim. se afastou um pouco, ainda perplexo, e massageou as têmporas.
tentou se controlar e limpou as lágrimas, depois encarou , que olhava pra o chão. Ela deu alguns minutos a ele, mas o tempo passava e ele continuava calado.
- Moço.
Ele continuou olhando pra o chão.
- , fala alguma coisa. – Ela pediu com lágrimas escorrendo dos olhos.
- Meu Deus, eu vou... Nunca tinha planejado isso.
E aí as palavras da mãe de vieram à mente de , e ela entendeu. Ele não queria a criança.
- Eu, tanto quanto você, não planejei isso, . Não precisa me dizer o quanto isso vai ferrar com tudo e jogar na minha cara o que vai acontecer com seus planos. – Ela soluçava.
O desespero nas palavras de fez a encarar.
- Eu só achei... – ela fez uma pausa quando percebeu o olhar dele sobre ela – Não será a maior surpresa do mundo se você me mandar sair da sua casa e da sua vida.
- , você tá louca? – ele indagou um pouco ofendido.
- Eu só...
- Eu não vou te mandar sair de lugar nenhum. Sim, eu estou chocado, amedrontado, ou melhor, em pânico com a notícia. Mas você não vai a lugar algum.
- Você ficou aí calado...
- Eu já te disse e repito, você vai estar onde eu estiver.
Ela chorava e ele a abraçou.
- Você sempre disse que não pensava em ser pai.
- Mas eu penso em você, eu amo você e amarei essa criança.
- Você... – ela sorriu boba.
- Sim, eu te amo.
- Eu também amo você.
- Acho que ainda podemos fazer amor, não podemos? – ele perguntou com aquele jeito bobo de sempre e arrumando os óculos.
- Sim – ela riu.
E assim confessaram o que faziam e sentiam um ao outro.

- Acorda, a chacoalhava de leve.
- O que você quer tão cedo, ?
- Você tem consulta.
- Hãm? Que consulta? Eu não tenho nada. – A menina resmungou e colocou o travesseiro no rosto.
- Eu marquei.
- Marcou pra quando? – ela novamente resmungou sem paciência.
- Pra daqui a duas horas. Levanta!
Como ela viu que ele não a deixaria em paz, sentou na cama.
- E eu posso saber que consulta é essa?
- Com a obstetra, o que mais seria?
- E o que eu tenho pra ir pra ela um dia depois de ter descoberto que estou grávida? Porque deve ser algo grave, pra me tirar da cama uma hora dessa. – E se jogou na cama.
- , não faz graça com essas coisas. Quer motivo maior pra ir à obstetra do que estar grávida? Você tem que se tratar agora!
- Me tratar? Amor, – ele sorriu bobo quando a ouviu falar essa palavra – eu estou grávida, não doente.
- Mas no fim não é quase a mesma coisa? Você vai enjoar, vomitar, inchar, ficar temperamental e ter desejos esquisitos, não dá no mesmo?
gargalhou e lhe deu um selinho.
- Meu Deus, prevejo que você vai pirar.
- Você vai à consulta, não vai? – perguntou, arrumando os óculos.
- Tenho escolha? – riu.
- Não!
- Então vou, mas relaxa, não vou enjoar nem nada disso.

- , você não come peixe. Por que raios você quer comer comida chinesa à uma hora dessas? – indagava pelo celular.
Era uma da manhã e resolveu lhe ligar pedindo comida chinesa e, pra ser mais irritante e estressante, ela nunca gostou de peixe. Tinha como a entender?
- Não é tão tarde assim, . E não interessa se eu não como peixe, eu quero comer hoje.
- Por que você não tenta dormir? Tenho certeza que a vontade passa – ele tentou.
- Você quer que nosso filho...
- Filha – ele disse.
- Ainda não sabemos, mas você quer que nosso bebê nasça com cara de peixe?
- Claro que não!
- Então eu sugiro que você me traga o que estou pedindo.
- É uma da manhã.
- Justamente! – ela exclamou – É uma da manhã e eu estou aqui, grávida e querendo comer, mas o pai da criança, que diz ser meu namorado e me amar, não quer me trazer comida.
E o pior aconteceu, ele percebeu que ela estava fungando. Ah não! Ela iria chorar.
Meu Deus, depois desses noves meses eu vou estar louco
pensou.
- Tudo bem, , eu vou conseguir comida chinesa pra você.
- E lembre-se, é chinesa, não japonesa.
Ela fungou, mas ele sabia que ela estava com um sorriso no rosto.

- Tá aqui, , sua comida chinesa. – jogou tudo em cima da mesa e foi se jogar no sofá. Não foi fácil encontrar algum lugar aberto à uma da manhã.
agarrou a comida e começou a comer de uma maneira que, se ele não a amasse tanto, correria de lá. Mas bastaram dois minutos pra ela deixa a comida de lado.
- Você não vai mais comer? – ele perguntou, indignado.
- Você sabe, não gosto de peixe – ela disse simplesmente.
- Mas você me assegurou que comeria.
- E eu comi, mas você demorou muito, daí só deu vontade de comer isso.
inspirou e expirou umas três ou quarto vezes.
- Eu juro que...
Mas quando ele virou pra ela, viu que a mesma não estava mais lá, tinha corrido pra o banheiro.
- ? Você tá bem? – perguntou arrumando os óculos e indo em direção ao banheiro.
- Sai daqui! Não quero que me veja... – e vomitou.
- Mas...
Antes que ele chegasse perto, a menina fechou a porta.
- Me espere aí fora. Não entre.
esperou alguns minutos até que saiu de lá de rosto lavado e dentes escovados.
- Você tem que ir ao médico.
- Não é a primeira vez que vomito, .
- Justamente.
- Isso é normal – ela riu.
- Essas suas loucuras vai durar os nove meses? Eu estou pirando com suas ligações no meio da madrugada pra me dizer que quer comer tal coisa, pra chorar e pra conversar porque está se sentindo só.
- Dizem que depois para.
Disse e foi pra sala com cara triste.
- O que você tem, moça? - Você já não me aguenta mais, não é mesmo? E isso porque ainda estou no primeiro mês – ela comentou olhando pra os próprios pés. – Depois eu vou inchar e você me larga de vez.
Agindo como uma criança fofa, tipicamente . riu da menina.
Como ela conseguia cogitar isso? Ele jamais conseguiria a largar.
- , - ele levantou o rosto da menina – eu jamais vou te largar. Tá maluca? Pra onde eu...
- Pra onde você for, você me leva. – Ela completou.
- Isso – riu daquele jeito que ela dizia ser só dele. – Eu te amo, mesmo se tornando uma grávida louca que pretende me deixar louco do mesmo jeito.
E a abraçou.
- Troca esse perfume – ela disse do nada.
- Mas eu sempre o usei.
- Mas ele agora me enjoa. – Falou com bico.
- Tudo bem, depois eu troco.
- Por hora, vai tomar um banho. Não quero dormir com você cheirando a isso.
Ela fez cara de nojo e ele gargalhou.

- Será que dar pra ver o sexo, já?
- Matt, meu bem, a só está com dois meses – Alicia falou como se Matt fosse uma criança.
- Eu adoro a demência do seu namorado – disse, rindo.
- Mas não pode?
- Claro que não – falou, dando uma tapa na testa do amigo.
- Então por que estamos todos aqui?
- Por que eles são os pais e nós somos os melhores tios do mundo.
- Você sabe que a criança não vai lembrar-se disso, não sabe? – Matt perguntou.
- Mas nós vamos. Ninguém aqui vai sair de perto dessa criança.

- Vocês não deveriam beber perto da minha namorada – disse.
- Mas quem tá grávida é ela, eu não. – Alicia respondeu.
- Eu também não estou e nem por isso estou bebendo.
- Se sua namorada está grávida, você engravida por tabela. Tá mais que certo de não beber, tem que dar apoio, mas nós não. Então, continue sem beber, grávido.
- Se quiser beber, pode amor. – avisou, dando-lhe um selinho.
- Não. Eu estou contigo nessa, engravidei com você.
- Me digam se existe namorado mais fofo e perfeito que esse meu – a menina disse encantada e apertou as bochechas dele.
- – ele lhe repreendeu, arrumou os óculos e recebeu a risadas dos três.

- Obrigada. Quando posso lhe dar a resposta?
- Em duas semanas.
- Tudo bem, entro em contato.
desligou o celular e sentou, vendo seu mundo rodar.
Ele sempre contou com a possibilidade de ter que ir pra outro país estudar mais e trabalhar por lá, mas isso foi antes, agora as coisas estavam tão diferentes.
E naquele momento, logo naquele momento, aquela oportunidade chegava. O que ele faria? E pra piorar, as coisas não andavam tão simples, tinha tido um leve sangramento e estava tendo que ficar de repouso, Alicia tinha até se mudado temporariamente pra lá. Como dava pra pensar naquela proposta agora?

- Você tá bem?
- Eu já te disse que não estou doente.
- Então você já está boa? – perguntou, empolgado.
- Não acredite nela, . sempre quer bancar a forte, mas ela ainda deve manter o repouso.
- Cala a boca, Alicia! Vai dormir aqui hoje? – perguntou a .
- Ér – arrumou os óculos – Alicia, você pode ficar com a mais uma vez? Tenho que resolver umas coisas.
- Claro. Posso sim, amo encher o saco da sua namorada – disse com o sorriso de sempre.
- Então vou ter que ir nessa, minha linda – arrumou os óculos. – Amanhã eu volto aqui.
- Tá bem – e lhe beijou. – Eu te amo.
- Eu também te amo. – sentiu que ela, de alguma maneira, tinha percebido algo. E até por isso, foi embora rápido.
- tá estranho.
- Hã?
- Ele arrumou os óculos sem nenhum motivo.
- Seu namorado faz isso sempre, – Alicia disse como se fosse óbvio.
- Ainda assim.
- Devem ser seus hormônios que tão te deixando assim, ele tá normal.
tentou pensar assim, mas algo lhe dizia o contrário.

- Você vai embora? – Matt praticamente gritou.
- Não! Quer dizer, até quero, mas com a .
- Cara, eu não entendo muito dessas coisas, mas acho que a não tá na melhor condição.
- Eu sei. – Ele bufou frustrado. – Mas talvez a médica libere e a gente ache alguém pra cuidar dela por lá.
- Você não acha melhor deixar pra próxima?
- Acho, mas meu medo é não ter próxima.
- Se a não for...
- Eu não vou – disse da maneira mais segura, mas Matt encontrou um tom de dúvida.
Aquilo iria dar merda.

- Cheguei – foi entrando com uma sacola cheia de pedidos de . – Você tem certeza que vai comer isso tudo? – perguntou, impressionado.
- Um pouco de cada – riu.
- Xau, gente, hoje vou aproveitar meu namorado. Beijo, amo vocês três. – Alicia se despediu.
- Obrigada. – agradeceu.
- Que nada – a menina balançou as mãos. – Que tipo de amiga e tia eu seria se abandonasse esses dois?
sabia que ela apenas tinha brincado, principalmente pelo seu sorriso no fim da frase, mas aquela pergunta tinha sido com uma tapa em seu rosto. Meu Deus, o que ele iria fazer?
Arrumou os óculos.
- , você tá bem? – ela perguntou assim que Alicia saiu.
- Tô, por quê? – se conteve pra não arrumar os óculos.
- Não sei, você tá estranho.
- São seus hormônios – ele disse, rindo e ela riu também.

***


Desde que recebeu a ligação, há cinco dias, tava tentando ficar perto de o quanto podia. Ele não sabia o que poderia acontecer, e queria ficar perto da garota que ele amava.
- Hoje é feriado e o dia será somente nosso.
- Ai, moço, assim eu me derreto. – apertou as bochechas dele, rindo.
- Bom, hoje vamos ao Central Park, depois passaremos em um museu e, por fim, na Time Square.
- Com direito a muita comida?
- Muita comida – ele respondeu, gargalhando.

- Fazia um tempo que eu não vinha aqui, a Alicia confunde repouso com detenção.
- Ela só quer cuidar de você.
- Eu sei, você também quer, mas cuida de mim bem melhor, da melhor maneira.
sentiu seu sangue fugir das mãos. E quando ele pensou que não podia se sentir pior, seu celular tocou.
Ele olhou o número e reconheceu.
- Não vai atender?
- Não é importante.
- Tem certeza? – indagou e viu arrumar os óculos.
- Tenho. – E deu-lhe um selinho.
O resto do dia foi perfeito, com muitas risadas, beijos e comidas, como fez questão de dizer. amava estar com e aquele dia só lhe mostrava o quão seria difícil ter uma vida longe dela, mas outra coisa também lhe vinha à mente, ele conseguiria conviver com a dúvida de não saber como seria se viajasse?
Ele passou o dia sem atender nenhuma ligação e um lado dele torcia para que nunca mais ligassem, já o outro temia que isso acontecesse.
Mas dois dias depois não teve como fugir.
-Senhor , tentamos entrar em contato com o senhor várias vezes dois dias atrás, mas não obtivemos respostas. Então entramos em contato com o outro número que o senhor nos deixou. demorou um pouco pra lembrar que o outro número era o da casa de sua mãe.
- Ficamos muito felizes em saber que mesmo ocupado com outros trabalhos, você aceitou nossa proposta. – hã? Aceitar? – Estamos lhe ligando para que você entre no seu e-mail e confirme todos os seus dados, precisamos disso o mais rápido possível.
continuava calado.
- Como você pediu que nos informassem que viria sozinho e que já tinha com quem morar, você pode vir até antes mesmo do combinado.
não conseguia entender sobre o que aquela mulher estava falando.
- A senhora falou com quem através daquele número?
- Com a sua mãe. Suponho que esteja realmente a par de tudo, já investimos nessa sua vinda. – a mulher falou como se soubesse que ele pretendia dar pra trás.
- Claro, mas realmente só vou poder ir próxima semana. Tenho que resolver outras coisas aqui – ele se ouviu falando.
- Tudo bem, pedimos que entre o mais rápido possível no seu e-mail.
E assim terminou aquela conversa, com a mulher falando um monte de coisas sem nexo e vendo tudo rodar e com apenas duas pessoas em sua cabeça: e seu filho.
- Ela vai me entender – ele afirmou, mas, na verdade, ele não acreditava muito.

- O que te trás aqui tão cedo? – perguntou enquanto recebia um selinho do namorado.
- É que preciso conversar contigo. – arrumou os óculos.
- Fala – respondeu, colocando uma postura ereta e sendo imitada por ele.
Aquilo deveria mesmo ser algo sério.
- Você sabe como eu sempre fui muito arquiteto com meus sonhos – arrumou os óculos – e tipo – voltou a arrumar os óculos.
- Será que você pode ir direto ao assunto e parar com essa mania? – falou, brava.
- Você não deveria ficar tão estressada, tá grávida.
- Se você não chegar direto ao assunto e não parar com essa mania, vai ficar difícil.
- Tudo bem – ele bufou e riu nervoso. – Eu recebi uma proposta de trabalho e estudos na França.
demorou uns segundos pra entender o que ele tava dizendo.
- Você vai aceitar? - Na verdade, outra pessoa aceitou por mim. É que...
- Quando você viaja?
- Em uma semana.
- Mas eu não sei se posso viajar com você tão rápido, essas coisas de mudança são complicadas, ainda mais grávida, eu estou até melhor, mas... – ela parou de falar quando percebeu uma cara que misturava pânico e tristeza em . Ele não parava de arrumar os óculos.
- Minha mãe foi quem aceitou, acho que ela confundiu tudo e disse que eu já tinha com quem morar lá na França, com meu primo.
- Ela não confundiu, ela só fez o que me disse que faria – falou e viu uma confusão passar pelo rosto dele. – Ela disse que se certificaria que você não perderia nenhuma oportunidade por minha causa.
- Acho que ela não fez por mal – falou e poderia até discutir isso, mas aquele não era o assunto mais importante.
Os dois fizeram um silêncio e depois falou:
- O que você veio fazer aqui então?
- Como? – perguntou, confuso.
- O que veio fazer aqui? Parece que a decisão já está tomada, você já tem até data pra viajar e casa pra morar. O que veio fazer aqui?
- Você é minha namorada, . Nós...
- Sabe outra coisa que sua mãe me disse quando fomos a visitar? – não esperou que ele respondesse. – Foi que eu ficasse ciente que se você tivesse que escolher, eu não seria escolhida.
- Mas eu estou escolhendo você também!
- Não, não tá – ela riu, nervosa.
- É apenas um ano e meio, a princípio. Você pode ir pra lá depois, ou esperar o um ano e meio e caso eu fique lá, você vai.
- E nesse bendito um ano e meio, eu passo a gestação sozinha, eu começo a criar a criança sozinha, eu vivo sozinha. – arrumou os óculos. – Pra de fazer isso! – ela praticamente gritou, o que o deixou assustado.
- Eu já disse que você não pode se estressar...
- Ah, me poupe da sua farsa. Você tá indo pra França, ganhar dinheiro e fazer a sua vida e está deixando nós dois aqui, acho que isso já deixa claro que não precisa fingir mais nada.
- Mas eu não estou deixando ninguém. Eu vou estar o tempo todo presente, mesmo que seja por celular, computador.
- Se eu precisar de algo? Se me der algum desejo maluco? Se eu tiver outro sangramento? Se o bebê nascer prematuro e eu estiver sozinha? Se só, por um acaso, Alicia e Matt não puderem estar aqui?
- Eles vão estar, e você não vai ter nada disso...
- Você pode ser o mestre dos planos, o nerd que tem a foto do Einstein no quarto, pode tá indo pra França e ter acertado quanto aos seus planos, mas você não prevê o futuro.
- Moça – ele tentou, mas ela o interrompeu.
- Se você for, não se preocupe em voltar, nunca mais. – Respirou fundo pra não chorar – Eu e meu filho...
- Nosso... – ele tentou corrigir, mas foi novamente interrompido.
- Eu e meu filho não iremos mais precisar de você.
- , eu vou ganhar bem lá, eu vou sempre mandar algo pra ajudar no que precisar.
Ela riu.
(n/a: Dê play na música 1)
- Não é dessa parte sua que precisamos. Até porque não sou nenhuma mestre do futuro como você, mas tenho uma boa quantia guardada. Não iremos precisar do seu dinheiro. E se um dia ele precisar de algo, eu serei capaz de vender meu corpo pra dar o que ele precisa, e, ainda sim, não precisaremos de você.
- Nem ousa cogitar isso, eu te amo e sou incapaz de imaginar você...
- Não ouse dizer que ama quando veio aqui pra me falar que vai se mandar.
- Mas...
- No final, você não foi o cara da música, você nunca nem me amou.
- Você não pode duvidar!
- Poupe suas palavras, poupe até meu tempo e o seu. Vai embora.
- Eu não vou...
- Sua decisão já está tomada, eu até agora nem entendi por que veio aqui. Poderia muito bem mandar um cartão postal de lá apenas dizendo: tô pouco me importando com vocês.
- Eu queria conversar com você, tentarmos algo, você é a minha namorada e mãe do meu filho.
- Eu não sou sua namorada, e sempre fui criada na filosofia que pai é quem cria, então você obviamente não tem filho.
- Você tá acabando?
- Por favor, - riu sarcasticamente – você acabou bem antes. Só foi cagão pra dizer.
Falou e foi em direção a porta e abriu.
- Boa viagem, , todo sucesso do mundo pra você, sei o quanto isso conta pra ti. Que você alcance todos os seus objetivos, que tudo dê certo e esse um ano e meio seja multiplicado por mil, se você conseguir viver tudo isso. A julgar pela sua determinação em seguir seu caminho, não me surpreenderia se vivesse.
- .
A menina abriu a boca e fechou algumas vezes tentando prender o choro, mas as lágrimas já rolavam.
- Eu... Eu... – ela tentava se manter forte – Eu sei o quanto sua mãe deve tá feliz por você, e por incrível que pareça, fico feliz por ela. Quero ter certeza sobre o pensamento do meu filho assim como ela tem de seu, só não quero a mesma educação porque não sei se me orgulho tanto do tipo de pessoa que vocês dois são.
escutava tudo calado, com olhos vermelhos e lágrimas querendo sair, mas ele sabia que não sairia na frente dela, mesmo tento escutado o que ela disse.
- Obrigada por ter colocado o Matt na vida da Alicia e na minha, tenho certeza que ele se importa com ela e comigo. Ah, e obrigada por ter me dado o privilégio de estar sendo mãe, você não faz ideia do quanto estou mudando e o quanto isso me deixa feliz. No dia que você for pai, e eu espero que isso aconteça, você vai entender o que estou falando.
Cada palavra dela o destruía por dentro.
- Eu já estou sendo pai.
- Não ta, não – ela riu em meio as lágrimas. – Mas torço que um dia seja, sério.
Ela olhou pra os próprios pés e depois falou:
- Adeus, . Felicidades.
- ...
- Adeus – e o empurrou levemente para fora de sua casa.
Ele até virou pra dizer algo, mas a porta já estava fechada. Até esperou uns minutos, enquanto tentava absorver tudo e via se a porta abriria novamente, mas nada.
Naquele momento, já estava na cama com um travesseiro no rosto para abafar os quase gritos que ela colocava pra fora na tentativa frustrada de diminuir sua dor.
- Agora somos só nós dois, e talvez a tia Alicia e o tio Matt, mas vai ficar tudo bem. Mamãe teve um pai e isso só a traumatizou, era horrível ver ele batendo na mãe dela. Acredite, mamãe orava todos os dias pra que o pai dela sumisse. Você teve a sorte disso acontecer, você vai sobreviver, nem que mamãe tenha que dar a vida dela a você. – ela falou, passando a mão na barriga e chorando. – Vai ficar tudo bem, prometo.
E voltou a chorar com a cabeça enterrada no travesseiro.
- Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem.
Mas nem ela sabia se acreditava.
- Mamãe vai estar aqui filho. Eu vou ficar com você.
Ela passava a mão na barriga. Meu Deus, como doía.
E assim como ela fazia antigamente, quando achava que seu mundo estava desmoronando, cobriu o rosto com as mãos e implorou pra que tudo ficasse bem.
( n/a: Se sua música ainda não acabou, pode desligar, ou dê um pausa na leitura e curta o final dessa música enquanto pensa no quanto a PP deve estar mal)

- Matt, Matt – batia insistentemente na porta.
- O que foi? Aconteceu algo com a ? Ela tá bem?
- O bebê tá bem – ele respondeu e entrou. – Deu tudo errado, cara.
- O que exatamente?
- A não entendeu, nem vai entender.
- Mas você disse que não iria sem ela, não disse?
- Acontece que já tá tudo arranjado, minha mãe confundiu e acabou confirmando.
- Confundiu? Como alguém se confunde e confirma algo que não tem a ver com ela?
- Isso não vem ao caso – ele balançou a cabeça, se negando a acreditar na teoria de . – O lance é que ela acabou comigo, cara. Eu não sei o que fazer. Não era pra ser assim – e, naquele momento, ele deixou uma lágrima escorrer. – Eu não sei mais o que fazer.
- Você vai embora? – Alicia apareceu do nada. – Você vai abandonar a ?
- Não, quer dizer, eu vou embora, mas eu não tenho a intenção de abandoná-la. Acontece que ela não quer me ver, acabou tudo – levantou desesperado. – Eu tô acabado!
- Acabado? Se alguém está assim, esse alguém é ela.
- Cla...
- Você tá indo pra não sei pra onde fazer sua vida, é ela que está sendo deixada.
- Mas é isso que tentei explicar: não estou deixando ninguém. Eu vou estar com ela.
- Do outro lado do mundo? – Alicia indagou, indignada.
- Alicia... – Matt tentou intervir.
- Você cala a boca – fez sinal pra que ele parasse. – Já estou irritada o suficiente em saber que você já sabia disso tudo.
Ela pegou a bolsa dela e foi em direção a porta.
- Onde você vai?
- Vou pra casa da minha amiga, a ex do seu amigo. Lá tem duas pessoas que realmente estão acabadas e perdidas.
E bateu a porta.

***


- Por que você tá me ligando tão cedo?
- Você pediu pra te dizer tudo que tá acontecendo com a . Ela acabou de ir pra o hospital, teve outro sangramento.
pulou da cama.
- No mesmo da outra vez? Tô indo para aí.

- Olá, posso saber em qual quarto a senhorita ...
- Querendo saber da ? – Alicia apareceu.
- Sim, o Matt me ligou, vim correndo para cá.
- Ela teve outro sangramento, mas o médico disse que tanto ela quanto o bebê estão bem. Apenas pediu mais repouso, você sabe, não é de ficar parada.
Ele apenas balançou a cabeça.
- Vou me mudar de vez pra o apartamento dela. Alguém precisa estar com ela agora, afinal.
- Qual quarto ela está?
- Você não tá pensando em ir lá, não é mesmo? – perguntou como se ele fosse idiota.
- É a , é o meu filho.
- E você tá indo pra França. – Respondeu no mesmo tom. – A não ser que tenha a intenção de ficar, você não vai a lugar algum ver nenhum dos dois.
- Já não dá pra voltar atrás.
- Então, xau. Eles estão bem e, no que depender de mim, permanecerão assim. Boa viagem, .
E foi embora, deixando sozinho.
- É hoje – falou com cara de choro. – Ele me ligou ontem, não atendi. Mandou-me uma mensagem perguntando se eu tava bem, disse que foi ao hospital antes de ontem.
- E foi, eu disse como você estava e o mandei embora.
- Obrigada. Será que ele vai mesmo? – perguntou, sentindo um bolo na garganta.
- Matt me ligou faz uns minutos. Ele tinha acabado de embarcar.
Daí não aguentou mais, as lágrimas desceram e os soluços vieram.
- Vai ficar tudo bem, prometo.

***


As primeiras semanas na França estavam longe de ser como tinha imaginado tempos atrás. Ele não se sentia feliz, realizado e muito menos orgulhoso. Só duas pessoas viam à sua mente: e seu filho.
Ele sabia que o certo era ficar ali, afinal ele sempre arquitetou isso, mas às vezes se via tentado a largar tudo e voltar. Ainda mais com não atendendo nenhuma ligação sua e tendo o bloqueado em todas as redes sociais. Se não fosse Matt, ele não saberia de nada. Seu amigo era quem sempre lhe mandava fotos dela e por Deus, ela estava linda. Era Matt quem lhe acalmava e dizia que o bebê estava bem. E ele tava feliz por ter a chance de saber qual seria o sexo do bebê, já que Matt disse que não faltaria a uma consulta.
- – Mandy, uma mulher linda de cabelos curtos e morenos o chamou. – Você está atrasado, vamos. – e lhe puxou pelo braço.
Mandy era a única pessoa que ele conseguia conversar ali, era a única que aceitava passar a noite conversando com ele em vez de aproveitar o tempo de folga.
- Por que tá com essa cara? Pensando na novamente?
- Em tudo – ele bufou.
- Daqui a umas semanas passa.

***


- Hoje vamos saber se é sobrinho ou sobrinha. Hoje a gente consegue. – Alicia falou, levantando as mãos.
- Doutora, eu não quero saber o sexo do bebê. – disse.
- Você não quer saber? Tem certeza, minha filha? Vai ser bom.
- Não quero. E não mostre a nenhum de nós. Por favor.
- – Matt tentou.
queria muito saber o sexo do bebê.
- Eu não quero, não insistam.
E ele sabia o que ela queria dizer com aquele olhar. Ela sabia que ele ligaria e contaria a , e como ela mesma disse: eu não vou deixá-lo saber nada do meu filho.

- E aí? – falou empolgado do outro lado da tela. – É menina?
- Eu não sei.
- Você não disse que a consulta era hoje? – Matt balançou a cabeça, afirmando. - Você não foi?
- Fui. Mas a pediu pra não saber e proibiu a doutora de nos mostrar. Ela sabia que eu iria te contar.
- Ela não pode fazer isso! – Nesse momento, Mandy chegou perto dele.
- Na verdade, pode, cara. Ela é a mãe e tá se virando sozinha.
- Mas eu sempre te mando comprar coisas pra o bebê.
- O que foi? – Mandy perguntou assim que percebeu como estava.
Ele apenas arrumou os óculos e fez um sinal para que ela o deixasse sozinho e voltou a sua atenção para a tela.
- Comprar coisa é o de menos, . Eu iria ajudá-la nisso com ou sem seu dinheiro.
- Nem você me entende.
- Eu entendo, mas eu também a entendo. Você escolheu tá aí, e admiro sua coragem. Mas você sabia que seria assim, na verdade, pior.
fez menção de falar, mas Matt continuou.
- Você foi corajoso em seguir em frente, arque com as consequências da sua escolha. Vou continuar te contando tudo que sei, mas não posso obrigá-la a nada. Então, você não saberá do sexo.
- Tudo bem, vou sair. Obrigado.
Assim que ele desligou, Mandy se aproximou.
- Problemas com a ex?
- Eu já disse que não a tenho como ex. – Ele a repreendeu.
- , você tá na França. Você não disse que sempre sonhou com isso? Aproveita.
- Não dá, eu sou um pai que não pode nem saber o sexo do filho.
- Só por enquanto, – ela começou a fazer uma massagem nele – esquece isso tudo.
Mandy saiu de trás dele e foi pra sua frente, sentando no seu colo.
- Eu posso te ajudar a esquecer – abriu os botões da própria roupa até embaixo dos seios, pegou a mão dele e colocou na parte descoberta. – Só por hoje.
E o beijou. Esse beijo foi concedido. E , que estava irritado com , pensou: Só por hoje.

(n/a: Play na música 2)
- , você tá bem? – Alicia chegou com uma xícara de café.
- Eu não queria e nem quero que ele saiba o sexo.
Alicia não precisou perguntar do que ela estava falando, sabia do que se tratava.
- Matt contaria a ele – a menina completou o pensamento da amiga.
- Isso. – Concordou – É só a gente comprar coisa unisex.
- Claro, já vi muitos casais fazerem isso, a gente consegue. E o bebê ainda assim vai ter o quarto mais lindo de todos.
- Vai sim – riu. – Alicia, será que você pode me deixar sozinha um pouco? – perguntou e viu a amiga torcer a boca. – Eu estou bem, só preciso de um tempo pra mim. Por favor.
- Tudo bem – bufou. – Qualquer coisa chama.
- Obrigada – acariciou a mão da amiga.
Sozinha, deitou na cama e começou a lembrar de momentos com . Como a primeira vez deles. Tinha sido tão linda, tão boa.
Ou como eles ficaram sem jeito no outro dia. arrumou os óculos umas seiscentas vezes.
Ela riu com essa lembrança.
A primeira consulta dela, que ele marcou um dia após descobrir. Lembrava até do diálogo dos dois.
- , conte tudo pra médica. Não esqueça de nenhum detalhe. – não parava de falar desde que saiu de casa.
- Você quer que eu conte como fizemos esse bebê também? Como foi nossa noite?
Ele a encarou, incrédulo. Ela bem que seria capaz disso.
- Eu sei o que falar pra médica. Então fica calado e não se meta na nossa conversa lá dentro.

Depois lembrou-se do dia que ela teve o sangramento. praticamente pirou.
- , eu vou ficar bem. Fica calmo.
- , promete?
- Claro. Já viu vazo ruim se quebrar? Esse bebê é tão ruim quanto eu. – Disse, rindo pra tentar acalmá-lo, mesmo que ela também estivesse bastante assustada.
- Você e suas piadas – ele falou como se ela não tivesse jeito.
- Essa criança é a junção de nós dois, acho que já deveríamos esperar que ela aprontasse algo. Não tinha como ela ser normal.
- Eu te amo, . Eu amo vocês dois.

Ao lembrar-se disso, chorou. Era tão dolorido lembrar-se de como tudo parecia perfeito.
- Tá aqui seu biscoito. Promete que não vai vomitar?
- Vou tentar – ela disse, rindo. – Agora passa esse biscoito pra cá.
E minutos depois de comer, ela estava vomitando.

Ela riu e chorou, ao mesmo tempo.
- , será que ela me escuta?
- Ele – deu ênfase a palavra – escuta sim. É o que dizem.
assentiu e começou a acariciar a barriga da garota e falou:
- Aê, filha...
- Filho!
- Aê, bebê – ele mostrou a língua pra . – Você sabia que sua mãe tá cada dia mais linda depois que você surgiu? Ela só não fica tão linda quando vomita e esse é um dos assuntos que eu queria conversar contigo – escutava com lágrimas nos olhos. – Será que você poderia pedir menos coisas? E tipo, já que você quer comer tal coisa, engole tudo, não deixa sua mãe colocar pra fora, ela me evita quando isso acontece. E eu amo demais sua mãe pra ficar longe dela, e amo você também.

E ali, imersas nas lembranças, lágrimas, dor e saudade, dormiu.
(n/a: agora você escolhe se termina de escutar ou para a música hahaha)

***


- , cara. Acorda! – Jake, primo de , o balançava de um lado pra o outro. – Será que ele entrou em coma alcoólico?
- Ele não bebeu tanto assim. – Mandy respondeu.
- Eu duvido muito que ele já tenha bebido tanto na vida dele. Acorda, cara!
- O que foi? – respondeu meio grogue.
- Você acha que veio aqui vagabundear? A Mandy tá aqui, vocês tem não sei o que pra fazer.
- Ah, sim. Levantou pegou os óculos e deu de cara com Mandy.
- Você não deveria ter bebido tanto.
Ah! A bebedeira de ontem. Tudo por culpa da , ou culpa dele, afinal ele que escolheu estar naquela droga de país, longe da mulher que ele ama.
Mas só podia ter pirado. Ela simplesmente resolveu viajar pra casa da mãe e não quis que Alicia, nem Matt a acompanhasse. E o pior: ela disse que não sabia quando voltava. Ele, mesmo sem estar muito bem com Alicia, conseguiu a convencer a dar um jeito de trazer a .
E ontem ele tinha tido a resposta da amiga, as notícias não estavam tão boas. iria estar na cidade, mas só por dois dias, graças a um evento importante que Alicia e ela tinham começado, e que depois teve que se afastar por causa da gravidez. Então agora a situação era a seguinte: ele não saberia mais nada do seu filho até o dia que ele nascesse. Não era justo!
- Não sabe beber, não bebe. – Mandy falou, tirando-o de seus pensamentos.
- Vou me arrumar – ele respondeu sem paciência e saiu.
- Parece que você não progrediu tanto com meu primo. – Jake disse a Mandy.
- Ficamos uma vez, você sabe, mas faz meses. Depois disso, ele foge de mim igual o diabo foge da cruz.
- Nem um beijo?
- Algumas vezes – ela sentou e colocou as pernas pra cima. – Mas por que eu fui em cima.
- Ele ainda a ama.
- É, não importa. Qualquer coisa eu pego você – disse, rindo, e deu um selinho em Jake.
- Você é do tipo que não perde.
- Nunca.

- Por que você bebeu tanto ontem?
- Nada.
- Tem a ver com ela, não tem?
- Ela viajou pra casa da mãe e eu sei que é pra me manter longe das notícias.
- Ela ainda te ama, só pode. Você não disse que ela tem uma amiga? Manda ela convencê-la.
- Já tentou, mas a só vai passar dois dias lá.
- Quando?
- Daqui a uma semana.
- Vai atrás dela – disse simplesmente.
- Como? – a olhou impressionado.
- Você a ama, é nítido isso. Só amando pra me rejeitar. – Disse e mandou um beijo no ar pra ele. – Ela também te ama. Aproveita essa uma semana, resolve tudo por aqui e se manda. Prepare sua melhor roupa, bole um bom plano e se mande, mas bole um bom plano mesmo, porque nem essa cara linda vai te ajudar.
- É isso, eu vou! Obrigada, Mandy.
- Não tem de quê. – E o beijou.
- Você não tem jeito.
- Não mesmo. Agora se manda, você não precisa mais estar em lugar algum nesse país.

***


Tinha chegado o grande dia e ainda não sabia se teria coragem de fazer o que planejou. Mas tecnicamente nem dava pra desistir. Até Alicia tinha o ajudado. Ela o mataria se desse pra trás.
Ele olhava pela cortina e sentia suas mãos suarem toda vez que avistava a mulher de sua vida em pé, perto da mesa. Viu Alicia subir ao mini palco e gelou. Era a hora.
- Olá, pessoal, peço a atenção de todos. Temos uma... Uma apresentação, podemos assim dizer, e antes que a pessoa desmaie aqui atrás, vou chamá-la. Dj solta o som que o idiota vai entrar.
olhou sem entender, aquilo não estava no cronograma. E se não fosse Matt, teria caído para trás quando viu entrar no palco e a sua música preferida começar a tocar.
(n/a: Play na música 3)

Beauty queen of only eighteen
She had some trouble with herself
He was always there to help her
She always belonged to someone else

I drove for miles and miles
And wound up at your door
I've had you so many times but somehow
I want more

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay a while
And she will be loved
And she will be loved


desceu do palco e arrumou o óculos.

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful
I know I tend to get so insecure
It doesn't matter anymore

It's not always rainbows and butterflies
It's compromise that moves us along
My heart is full and my door's always open
You can come anytime you want

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay a while
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved

I know where you hide
Alone in your car
Know all of the things that make you who you are
I know that goodbye means nothing at all
Comes back and begs me to catch her every time she falls


Chegou perto de e pegou sua mão. A mesma deixou, mais por choque que por vontade.

Tap on my window, knock on my door
I want to make you feel beautiful

I don't mind spending every day
Out on your corner in the pouring rain, oh
Look for the girl with the broken smile
Ask her if she wants to stay a while
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved
And she will be loved

Please don't try so hard to say goodbye
Please don't try so hard to say goodbye

I don't mind spending everyday
Out on your corner in the pouring rain

Please, don’t try so hard to say goodbye


- Eu sei que errei e você não tem a mínima obrigação de me entender. Mas me perdoa.
olhou pra ele, pra Matt e depois pra Alicia. Não podia acreditar que até Alicia tenha ajudado naquilo.
- Moça.
- Não me chame assim, por favor.
- Tudo bem. Eu só vim...
- Você não deveria ter escolhido essa música, me fez odiá-la agora.
Todos o olhavam e, por isso, ela falava o mais baixo possível.
- Vamos lar fora – pediu.
E os dois saíram.
- Agora que estamos longe das pessoas, eu queria te dizer... – ele começou.
- Não diga nada.
- . – Pediu.
- Não ouse dizer nada.
E em um impulso ele a beijou. ficou irritada consigo mesma por perceber que, mesmo depois de tudo, o beijo dele ainda tinha o mesmo efeito de antes, mas não dava pra ceder aquilo.
- Me escuta – ele fez menção de falar e ela levantou a mão para que ele calasse. – Eu vou virar as costas, pegar um táxi e sair daqui, por favor, não vá trás de mim. Não sei em que mundo você vive, mas no meu as coisas não são simples assim. Então se você tiver o mínimo de respeito por mim, não me beije novamente e me deixe ir embora em paz.
- Eu preciso...
- Você precisa me deixar em paz, não foi fácil me deixar uma vez? Vai ser mais fácil ainda agora. Não vá atrás de mim.
até pensou em fazer algo, mas sabia que não deveria. Pelo rosto dela, ele podia ver que ela estava falando sério demais, e que não era nenhum joguinho, não era apenas mágoa. Ela não o queria por perto, e ele sabia que insistir não seria a melhor escolha.

entrou em seu apartamento e se jogou na cama. Meu Deus, como poderia ser tão estúpido? Como poderia achar que era só cantar que tudo seria resolvido? E esses últimos meses em que esteve sem ele? Ele achava que a música causava amnésia?
Escutou o celular tocar, era Alicia. Olhou pra o celular e se irritou ao lembrar que a amiga ajudou naquilo tudo. E pra piorar, a música de toque era a mesma que ele cantou. Pegou o celular e jogou longe. Depois se cobriu e chorou, só restava chorar.

***


tentou dar tempo pra que pudesse pensar, mas já não dava mais pra aguentar. Já fazia uma semana e todos lhe diziam pra ele esperar mais, mas não dava mais pra esperar. Ela era o amor da vida dele e carregava um filho dele na barriga. Como esperar?
Por isso agora ele já estava na porta da casa dela - tinha pedido pra Matt sair com Alicia, e como bom amigo que Matt era, fez isso – tentando encontrar coragem pra tocar, mas toda vez que estava prestes a fazer isso, a coragem faltava. Fechou os olhos, contou até cinco e tocou.
Um minuto depois, a porta foi aberta. Ele abriu os olhos quando ouviu a porta abrir e ela quase cair pra trás quando o viu lá parado.
(n/a: Play na música 4)
- Será que posso...
- Não, não pode entrar.
- Você que sabe, – ele disse confiante – mas não vou sair daqui enquanto não falar tudo pra você. E se prefere que seja no corredor, tudo bem.
Ela fez aquela cara de birra de sempre e depois fez sinal pra que ele entrasse.
- Eu sei que fui um idiota. Sei que jamais deveria ter ido pra lugar algum. Que fiz a escolha errada. Que eu deveria ter ficado com a mulher que amo e meu filho.
- Você não me ama – ela disse como se fosse óbvio.
- Amo e amo muito. Se antes eu já tinha certeza disso, depois de tudo isso, só tenho mais.
- Você não tem o direito – tentou conter a vontade de chorar.
- Eu te amo desde sempre, , desde aquele nosso encontro no aeroporto, desde que você me atropelou com seu carro cheio de malas. Desde que você falou que queria fazer xixi e me chamou de desatento. Desde sempre.
Ela estava calada e ele resolveu continuar.
- E sei que te amo, porque esses meses fora foram só uma tentativa frustrada de ter uma vida que não é minha. Porque minha vida é com você, com vocês – ele se aproximou, mas ela se afastou. – Nada, nenhum sonho de vida vale a pena se você não estiver comigo. E eu fui tão tolo que precisei ir pra longe pra perceber isso. Sentia falta de você a todo instante, de você me mandando parar de arrumar os óculos, de apertar minhas bochechas, de você fazendo birra. Desde que te vi, meus sonhos são outros, eu que estava enganado quando pensava que continuavam os mesmos.
Ele fez silêncio, já estava sem ar. Ela resolveu falar.
- Quem você pensa que é? Quem você acha que é, ?
- ...
- Você foi embora mesmo eu não estando tão bem, lembra? Você marcou tudo e só me avisou depois, lembra? Você nos abandonou, lembra?
- Eu nunca abandonei você, eu sempre tentei me manter presente. Pedia pra o Matt com...
- Pra o Matt comprar coisas pra o bebê? Eu sempre soube, e por motivos óbvios, eu sempre depositei em uma conta todo dinheiro que eu percebia não ser do Matt e sim seu. Não se preocupe, lhe pagarei assim que for ao banco.
- Mas eu não quero dinheiro nenhum! – ele gritou. – Eu quero você, quero nós. Juntos.
E foi a beijar.
Mesmo tentando o empurrar, era impossível não abrir a boca para ele. Impossível.
- , você não tem esse direito! – ela chorava. – Não tem.
- Mesmo não merecendo, eu tenho. Porque eu te amo.
- Você não me ama!
- Nunca fez uma escolha errada na vida, ? Nunca fez algo que se arrependeu depois? Eu também posso errar!
- Sim, já fiz uma escolha errada. Ter deixado você entrar na minha vida. E por isso, não vou cometer o mesmo erro. Você não fará mais parte dela.
- Não importa o que você tente fazer, eu não vou desistir da gente. Porque eu sei que você também me ama. Eu sei que aqui – apontou pra os dois – ainda tem amor. Só isso explica sua necessidade de se manter longe de mim. Você preferiu não saber o sexo do bebê só pra que eu não soubesse.
- Não me importo se for menina ou menino, desde que não seja como você, eu ficarei feliz.
- Mas em algo ele vai me lembrar, vamos estar unidos, quer você queira, quer não.
- Sabe por que quero me manter longe de você? Por que eu tenho nojo da pessoa que você é, do tipo de pessoa que você gosta de ser.
Mesmo na frente dela, ele deixou uma lágrima escorrer.
- Eu também não me orgulho de quem fui, mas hoje sou outro – ele ia continuar falando quando ela olhou assustada para as pernas e colocou a mão na barriga.
(n/a: PARA A MÚSICA AGORA)
- O que foi? – perguntou, assustado. Ela continuava paralisada. – , você fez xixi?
- Ai, ai.
- , o que é isso? ! – a chacoalhou.
- A bolsa – o olhava com olhos arregalados. – A bolsa estourou, ele vai nascer.
- , não brinca com isso. Tá maior trânsito lá fora, o hospital é longe, eu vim de táxi. Você não vai fazer oito meses daqui a uns dias ainda? Tem certeza que isso é isso?
- E você acha que é o que? – ela gritou brava. – O bebê vai nascer, seu idiota.
- E o que eu faço?
- Você não é médico? – gritou novamente.
- Eu sou oftalmologista! – exclamou como se fosse óbvio.
- E não dá no mesmo? Você estudou algo, deveria saber como faz. Burro.
- Acontece que nenhum bebê nasce pelos olhos. Se fosse, eu saberia o que fazer, mas acontece que...
- Cala a boca! Liga pra Alicia, ela saiu com meu carro. Depois interfone pra o porteiro, peça pra ele arranjar um táxi. E ligue pra emergência. O que chegar primeiro a gente vai.
- Tudo bem – respondeu obediente e foi fazer a ligação. Suas mãos estavam tremendo e seu coração poderia ser ouvido do outro lado da rua.
chorava.

- Não aparece um táxi por aqui? - Começou a chover, não é fácil. Fica calma.
Passaram um minuto em silêncio até que gritou.
- ! Não dá tempo, ele vai morrer – chorou. – Você tem que fazer alguma coisa. Ele vai morrer.
pegou o celular e começou a pesquisar o que fazer.
- Não dá tempo, , por favor, salve-o. Por favor.
- Abre as pernas. – Ordenou e ela fez. Depois ele rasgou a calcinha dela. – , eu não sei se consigo.
Disse, nervoso.
- Consegue, você é o pai dele.
- Sou? – a olhou.
- É, sempre foi. – Riu em meio as lágrimas. – AIII!
- Faz força, . Pelo o amor de Deus, faz força.
- Obrigada por estar aqui. – Ela dizia em meio ao esforço.
- Não precisa agradecer. Faz força! Eu estou onde deveria estar.
- AII.
Ela fazia força e ele praticamente gritava pra que ela fizesse ainda mais. o encarou e viu o quanto ele estava nervoso, envolvido, determinado. Era uma versão ainda melhor do que ela conhecia antes de tudo.
- Tá quase, . Acho que está dando certo. Faz força.
- Amo você, amo vocês.
Ele poderia tê-la beijado naquela hora, mas não deu tempo nem responder a declaração.
Era uma menina. Era a filha dele. Nasceu em seus braços.
- O que eu faço agora? , o que eu faço?
Ela apenas riu e suspirou. Meio minuto depois a porta abriu. Era o pessoal da emergência.
- Graças a Deus! – exclamou e se afastou deixando sua filha nos braços do que deveria ser algum médico.
- É menina ou menino? – perguntou a .
- Menina – disse com um sorriso. – É linda. Nossa filha.
- É.

***


Às vezes, a gente faz planos e mais planos sobre como vamos ser quando crescer, o que iremos fazer, com quem vamos estar. Mas esquecemos que as coisas mudam. Quem fomos ontem pode ser diferente de quem somos hoje. Coisas inesperadas acontecem quase sempre com quase todo mundo. Na minha vida, aconteceu.
Graças a um inesperado atraso, eu conheci o amor da minha vida. Graças a uma festa em um lugar inesperado, eu tive a chance de me aproximar dela. Graças a outro acontecimento inesperado, eu ganhei meu maior presente, minha filha. O inesperado, não planejado, me deu as mulheres da minha vida. E eu só posso agradecer.
Então, permita-se viver, mesmo que isso não esteja em seus planos. Muita coisa boa pode acontecer se você se permitir viver de verdade, se você se abrir pra vida, há tantas coisas boas que podem vir em situações inesperadas.
Permita-se.
- .


Fim.



Nota da autora: (17/09/2015) Oi, gente. Vamos começar a nota: Esse parto poderia ter ficado mais real, mas isso aqui é ficção e eu quis assim. A história também poderia ter ficado melhor, mas eu não sou tão boa assim e só consegui isso.
Agora deixa eu dizer que essa fic foi feita graças a uma brincadeira de um grupo de amigas, porém, só eu fiz hahaha. Mas mesmo assim, amo vocês Rina, Steph, Anaju, Esther, Mica, Isah, Lavynia ( ordem aleatória ) e amo saber que mesmo nunca tendo visto nenhuma, posso contar com todas.
Obrigada a Maju por ter revisado o texto antes que eu mostrasse às meninas. Obrigada Mari por ser sempre a primeira pessoa que lê minhas histórias e por ser sempre sincera, Love U Pirralha.
E obrigada a vocês que leram, Love you too.
Outras fanfics: The Better Part of Me - ffobs/t/thebetterpartofme.html
Our Love is Not a Lie - ffobs/o/olnl.html
Secret - ffobs/s/secret.html
Quem matou Ashley? - ffobs/q/quemmatouaashley.html
12. I want it all - http://fanficobsession.com.br/ficstape/12iwantitall.html
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