Prólogo


- ... ! – Percebi que estava me chamando e que eu estava encarando a garota desconhecida por tempo demais.
- O que foi? – Perguntei voltando à realidade e percebendo finalmente todos os calouros já ali, com a tarefa completa.
- Não perde seu tempo com ela, não ouviu o que dizem por aqui?
- Não! – Ri fraco. – Nunca a vi por aqui, como saberia algo sobre ela?
- , ... quando vai aceitar que você tem tudo para ser popular por aqui e saber o que quiser?
- Não é questão de aceitar, só não quero nada dessa popularidade para mim. – Dei de ombros, cansado de explicar a mesma coisa pelo menos uma vez por semana.
- Você quem sabe. – Ele virou, quando ia saindo o segurei pelo braço. Me encarou com uma sobrancelha arqueada. – O que foi?
- O que dizem sobre ela? – Indiquei a garota sentada ao lado do calouro que eu iria treinar.
- Que tem surtos quando se envolve com algum cara... – Ele riu e foi se sentar ao lado de Claire, eu permaneci parado por mais alguns segundos, encarando a parede ao fundo.
- Surtos? – Repeti para mim mesmo tentando entender meu melhor amigo e o segui sentando ao seu lado.

O INÍCIO


’s POV

- Viu o aviso que o treinador deixou para nós no vestiário? – Joguei a bola para que arremessou para a cesta e marcou sem esforço.
- Que os calouros chegam amanhã? – Ele buscou a bola e passou para mim. Arremessei e também fiz uma cesta.
Concordei com a cabeça e tive a bola tomada por .
- Está atrasado. – Ri sabendo que ele tinha sérios problemas com o despertador.
- Se o treinador te pegasse atrasado de novo você estaria suspenso do primeiro jogo.
- Eu sei, ... preciso tomar algo para acabar com o sono. – Corri e peguei a bola de volta, marcando outra cesta em seguida.
- Precisa tomar é vergonha nessa sua cara. Até quando vai ficar virando noite atrás da Claire e perdendo a hora do treino? – Provoquei e passei a bola.
- Não que seja da sua conta, mas nós realmente estamos nos relacionando bem. – Ele mirou a cesta, mas errou.
- Vale mais que a sua bolsa na universidade? – marcou a última cesta antes de o capitão do time aparecer.
- Claro que não, parem com isso! Vocês não são meus pais.
- Ainda bem. – Disse ao mesmo tempo em que enquanto formávamos um círculo em volta do treinador e do capitão.
- Espero que vocês todos tenham visto os avisos no vestiário. – O treinador Kyle começou o seu discurso de início de semestre. – Amanhã os calouros que conseguiram se destacar no ensino médio por causa do basquete estarão aqui e, como sempre, cada veterano terá um calouro para ensinar e treinar por uma semana. – Alguns reclamaram como sempre, rolei os olhos e esperei pelo fim do discurso. – Não temos vagas o suficiente, já que pouco dos nossos jogadores se formaram e saíram do time, então deem o seu melhor. No dia do jogo dos calouros contra os veteranos farei minhas escolhas para o time principal, se seu calouro for escolhido você automaticamente estará no meu time, caso contrário ficará no banco no primeiro jogo.
- Isso é injusto. – Alguns dos jogadores reclamaram.
- Façam um trabalho bem feito e não terão com o que se preocupar. Agora vamos começar com o treino. – O apito soou pela quadra e logo os dois times se enfrentavam.
Uma hora e vinte minutos depois o apito soou novamente.
- 69 a 62, foi um bom jogo para o primeiro do semestre, rapazes. Estão dispensados por hoje. – Seguimos para o vestiário. O desejo de todos os veteranos era aproveitar o primeiro dia na faculdade sem reais compromissos. Garotas decidiam coisas de alojamento e fraternidades para as novatas que chegariam, alguns alunos cuidavam da decoração para a recepção e início do semestre, e para os jogadores havia apenas o treino como obrigação.
- Só o que faltava, se eu tiver um novato lesado já estarei fora do time. – Ri junto com .
- Se ele for lesado não terá uma bolsa pelo basquete, não acha? – Devolvi como sempre fazia quando se tratava de .
- Faz sentido. – Rolei os olhos e terminei de pegar minhas coisas no armário, seguindo para fora do vestiário com os dois atrás de mim.
- A abertura de vagas para pessoas normais entrarem no time é só depois. – Ouvi explicando e neguei com a cabeça.
- Qual é , ele não é novato. Deixa essas explicações pra amanhã. – Provoquei.
- Falando em novato, acham que o Mark e o resto dos idiotas vão fazer trote com os calouros?
- Acho bem difícil ignorarem a tradição idiota deles. – Disse com certo desprezo. Mark era imbecil e justamente por isso que eu havia negado o cargo de capitão do time de basquete por três vezes. Todos esperavam atitudes idiotas como era a tradição dos capitães de todos os times da universidade.
- Concordo com você, . Se já era difícil lidar com os calouros apenas por serem calouros, imagina agora tendo que treiná-los correndo o risco de perder nossas vagas. – interrompeu .
- Querem apostar quanto que o trote desse ano vai ser ainda pior?
- O que quer dizer com isso ? – perguntou assustado.
- Você está sabendo de alguma coisa? – Emendei outra pergunta.
- Não sei de nada, mas pensem: o que a trupe de idiotas sabe fazer quando algo fica ruim para o lado deles?
- Eles dão um jeito de sabotar. – Respondi o óbvio.
- Eles não fariam isso na cara do treinador, fariam? – perguntou debochado. – Só porque eles fazem isso há 4 anos não quer dizer que farão esse ano... – fingiu uma cara inocente que proporcionou risos a nós.
A conversa seguiu até que chegássemos aos nossos dormitórios. Cada um de nós tinha teorias bizarras sobre os trotes desse período e se algum de nós estivesse certo, eu preferiria não ser um novato.
- Ei, antes de vocês subirem. – gritou já em outro corredor. – Vai ter uma festa hoje a noite na fraternidade da Claire. Ela disse que eu podia convidar vocês. – Troquei um olhar desconfiado com . As garotas da fraternidade não abriam exceções para quem não era ligado a elas.
- A troco de que? – colocou meus pensamentos em fala.
- Ah, qual é, gente! Ela gosta de vocês. – Todos nós rimos.
- Pode até ser , mas ela não manda na fraternidade e a fraternidade dela não abriria uma exceção hoje. – concordou comigo.
- Diz logo, o que elas querem em troca?
- Sempre tão diretos...
- Anda logo, !
- Tá, tá. Vocês conseguem ser muito irritantes, sabiam? – Continuamos o encarando. – Algumas garotas da fraternidade não estão namorando... – coçou a cabeça, um pouco desconcertado. – Isso é meio importante para elas e tal... E bem, toca violão muito bem.
- Sinto muito, cara. Não topo não.
- Estou com o , cara. E nem adianta falar que elas são bonitas e tudo mais, aposto que nem teria espaço para mim e meu violão.
- Gays! – Ele gritou já de costas, rumo ao seu quarto que ficava no térreo.
- Aposto que seríamos expulsos assim que aparecêssemos. – Encarei enquanto subia as escadas.
- Claro, elas esperam por caras que sejam engomadinhos e não que se vistam como nós. – Encarei minha roupa do treino e ri alto. - Seria um desastre total.
- Será que vai todo de social? – Rimos novamente.
- É provável... – dei de ombros.
- Acho que quero uma foto disso. – Ele sorriu maliciosamente quando já estava na porta de seu dormitório.
- Não quero nem saber o que planeja. – Acenei com uma mão. – Te vejo mais tarde. – Entrei no quarto, joguei a mochila na cama, peguei minhas coisas e segui para o banheiro no final do corredor. Eu estava nojento.


Sai do meu quarto ainda um pouco sonolento, com minha bola de basquete em mãos, e logo um sorriso tomou conta do meu rosto ao ver parado ao lado da porta do quarto de , com uma cara péssima.
- Nem comece. – Ele alertou sem humor em sua voz ou em sua expressão. Ergui uma das mãos em rendição.
- Não sei nem o que aconteceu, pra começo de conversa. Mas pela sua cara deve ter sido algo ruim. – Bati duas vezes na porta. – , já estou indo para o treino, você vai? – Perguntei um pouco mais alto pra ter a certeza de que ele me ouviria e ouvi reclamações dos outros quartos.
- Já estou indo. – Ouvimos a voz abafada de dentro do quarto. – ainda está aí? - Soltei um riso.
- Está com medo do ? – Zombei e vi rolar os olhos. – O que foi que aconteceu afinal?
- Esse babaca tirou uma foto minha ontem quando eu saia do quarto para a festa.
- E dai? A menos que você esteja sem roupa na foto, não vejo nada que te coloque em risco. – Empurrei-o de leve e logo estava de fora do quarto. – Ainda bem. Vamos logo. – Empurrei e vi ele se afastando de .
- Não vou ficar perto dele.
- Quantos anos vocês tem mesmo? – Dei um tapa na cabeça de . – Estão até parecendo os calouros...
Seguimos até o ginásio ainda com implicância dos dois e pude ver alguns calouros já na arquibancada. Alguns pareciam um pouco nervosos, outros já tinham a postura convencida, como era de se esperar.
O treinador Kyle entrou na quadra e chamou um por um dos calouros para que fossem se apresentando, explicou como seria a maratona dos treinos e em três semanas teríamos o jogo que definiria o time, ou seja, três semanas que seriam infernais. Para os calouros, é claro.
Depois de 30 minutos de jogos entre os calouros o apito soou na quadra e era a hora do nosso jogo. Por mais 30 minutos fizemos nossos melhores passes e marcamos 34 pontos contra 29 dos outros jogadores. Durante os jogos o treinador havia feito suas anotações, era assim que ele separava os pares para o treinamento.
À medida que os nomes eram ditos e as duplas formadas, elas se dispersavam pelo ginásio.
- e . – Vi um calouro erguer o braço e caminhei até ele com a com minha bola.
- E aí? Tudo bem? – O cumprimentei.
- Tudo ótimo. – Respondeu com um sorriso satisfeito. – Não acredito que você é minha dupla.
- Como assim? – Estranhei e caminhei com ele para fora do ginásio.
- Eu assistia a alguns jogos do meu irmão quando ainda estava no ensino médio. Vocês humilharam o time da faculdade dele, foi um jogo tão bom que desde esse dia decidi que queria estudar aqui.
- Seu irmão joga pela North Valley? – Me lembrei da nossa vitória memorável na temporada passada. – Desculpa, foi realmente uma vitória muito boa.
- Foi sim. Onde estamos indo? Achei que iríamos treinar.
- Vamos sim, mas a quadra seria bem disputada por agora, tem uma cesta no parque. Vamos treinar lá.

Conversamos mais algumas coisas pelo caminho e em pouco tempo de jogo pude perceber que ele tinha talento. Se ele levasse meus conselhos a sério conseguiria uma vaga no time e eu manteria a minha. Olhei as horas e vi que deveríamos voltar para o ginásio. O capitão sempre se pronunciava e com certeza avisaria sobre o trote.
- Vai ter trote, não vai? – Ouvi perguntar em nosso caminho de volta.
- Bom, trote mesmo é proibido na universidade, mas os jogadores devem armar alguma para vocês sim.
- Meu irmão disse que teria, mas que costuma ser para separar os fracos e os fazerem desistirem.
- É por aí mesmo. Mas você vai se sair bem. – Dei dois tapinhas nas costas dele e segui até e que aguardavam o pronunciamento de Mark.
- Achei que não ia voltar.
- Vou ignorar todo esse bom humor. – Disse irônico a .
- Claro que você não está preocupado. é bem melhor que os jogadores que pegamos.
- Pare de reclamar e tome uma atitude, ! – Fiquei um pouco irritado. – Se você está no time é porque tem capacidade e se seu calouro está aqui é porque ele também tem. Então faça por merecer sua vaga aqui ou desista.
- Ele está certo, cara. – ia começar um discurso quando Mark chamou a atenção de todos nós.
- Como vocês devem esperar, temos uma tradição para os calouros que chegam ao time de basquete. – Alguns concordaram, outros permaneceram em silêncio, e eu nos entreolhamos esperando pela bomba que teríamos esse semestre.
- É um trote? – Um dos calouros com cara de espertalhão perguntou em meio aos outros.
- Eu não diria isso. – Mark continuou. – São apenas algumas atividades que vocês devem passar para que provar que merecem uma vaga no time.
- Mas nós já provamos isso. – Outro calouro reclamou. – Se não tivéssemos provado nosso valor não estaríamos aqui.
- Vocês provaram seu valor para a universidade, ou seja, para o treinador. Eu sou o capitão desse time e é exatamente assim que vai funcionar. – Ninguém se opôs dessa vez e ele continuou. – A primeira tarefa de vocês será hoje à noite. – Alguns alunos cochicharam entre si. – Espero todos aqui pontualmente as 19. Estão dispensados. – Mark finalizou e eu segui para fora daquele lugar.
- O que será que estão aprontando?
- Não sei, .
- Também não sei. Acho que teremos que vir para descobrir.


Às 19 horas em ponto todos os calouros e veteranos do time se encontravam na quadra. Era possível sentir certa tensão no ar. Eles estavam apreensivos e eu estava curioso. Mark subiu em um dos degraus da arquibancada, chamando a atenção de todos.
- Boa noite. – Disse com falsa educação e um sorriso zombeteiro. – Todos os calouros estão aqui, muito bom.
- Que idiota. – disse e eu disfarcei um riso.
- A primeira prova de vocês será um Speed Date. O que isso quer dizer? Que vocês têm exatamente... – olhou no relógio. – Quinze minutos, a partir de agora, para encontrarem um par e convencê-la a ir a um encontro com você no Buster, o bar do campus.
O silêncio reinou no local.
- O que estão esperando? Agora só tem catorze minutos. – Mark zoou novamente e pulou da arquibancada enquanto os calouros saíam desesperados pelo campus procurando por um par.

’s POV

Ok. Menos de dez minutos e eu ainda não havia encontrado uma garota sequer pelo meu caminho. Continuei correndo e me amaldiçoando por isso. Quem em sã consciência aceitaria um convite de um garoto desesperado? Neguei com a cabeça.
- Pense positivo, . – Murmurei pra mim mesmo e encarei o céu. Precisava de um milagre. Vi alguns calouros passando por mim acompanhados.
- Estou fodido. – Fechei os olhos e respirei fundo.
- Hum, moço. – Senti alguém me cutucar e abri os olhos encarando a garota na minha frente, parecia mais velha. – Você precisa de ajuda? – Ela continuou me olhando de uma forma diferente e se eu ainda tinha algum tempo para chegar ao Buster, tinha que ser com ela.
- Preciso. – Segurei em seu pulso e comecei a andar rápido de novo, puxando-a comigo.
- Ei, você ficou louco? – Ela berrou tentando se soltar de mim e parei de andar.
- Olha, eu preciso aparecer com alguém no Buster para um encontro relâmpago ou eu perco minha vaga no time de basquete. – Ela me encarou agora com os olhos arregalados.
- Tá bom. – Ela disse e fui pego de surpresa.
- Vo-você vai?
- Pensei que estava atrasado. – Ela sorriu e começou a andar rápido, me puxando.
- Obrigado. - Disse ainda atordoado pela surpresa.
- Trote de calouro? - Ela sorriu enquanto entravamos no bar, já em cima da hora. Dei um sorriso para que parecia querer arrancar minha cabeça do meu corpo.
- Como sabe? Alguém já havia te convidado? - Sorri com a possibilidade da primeira conquista universitária.
- Não. - Ela negou com a cabeça e se sentou na cadeira que ofereci. - Passei por algo parecido quando era caloura. Não sei o que está valendo para você, mas deve ser importante.
- Minha vaga no time de basquete. - estava nos encarando e eu preferi ignorar. Se ele não ia se divertir, eu ia. - Então você é uma veterana... Conhece alguém do time?
- Não. Na verdade sou caloura aqui. - A encarei confuso, esperei que ela explicasse. - Eu cursava direito em Santa Bárbara, mas era o curso que meus pais queriam que eu fizesse, acabei ficando infeliz por lá. Dei o choque neles no final do semestre passado e consegui vir pra cá.
- Corajosa. Gostei de você. - Acenei para um dos atendentes. - E vai cursar o que?
- Artes plásticas. - Ela disse com os olhos brilhando. - Sempre tive um lado criativo muito aflorado.

’s POV

Olhei o relógio na parede do Buster já agoniado com a demora de . Ouvi o barulho da porta, mas meu sorriso murchou ao ver que era outro calouro.
- O tempo está acabando, cara. Cadê o ?
- E você acha que eu sei, ? – Cocei minha cabeça em desespero. - Estou me perguntando isso desde que chegamos aqui.
- Faltam 30 segundos.
- Obrigado pelo apoio, . – Sorri amarelo e finalmente vi cruzar a entrada do Buster. Soltei o ar preso em meus pulmões. Ele aprenderia uma regra hoje: nunca coloque seu treinador em risco de ataque cardíaco.
Ele se sentou com a garota ao seu lado e me lançou um olhar como um pedido de desculpas.
- O tempo se esgotou. Se alguém não chegou ainda já perdeu um ponto na nossa competição. – Mark avisou notoriamente satisfeito.
- Babaca. – Murmurei e rolei os olhos.
- Aproveitem a noite enquanto podem. - Mark se sentou e meu olhar parou na acompanhante de . Ela era muito bonita, diferente das garotas que geralmente frequentavam o Buster. Não se comportava como novata, mas porque eu nunca havia reparado nela antes?
-... ! – Percebi que estava me chamando e que eu estava encarando a garota desconhecida por tempo demais.
- O que foi? – Perguntei voltando à realidade e percebendo finalmente que todos os calouros estavam ali, com a tarefa completa.
- Não perde seu tempo com ela, não ouviu o que dizem dela por aqui?
- Não! – Ri fraco. – Nunca a vi por aqui, como saberia algo?
- , ... Quando vai aceitar que você tem tudo para ser popular por aqui e saber o que quiser?
- Não é questão de aceitar, só não quero nada dessa popularidade para mim. – Dei de ombros, cansado de explicar a mesma coisa pelo menos uma vez por semana.
- Você quem sabe. – Ele virou e quando ia saindo o segurei pelo braço. Ele me encarou com uma sobrancelha arqueada. – O que foi?
- O que dizem sobre ela? – Indiquei a garota sentada ao lado do meu calouro.
- Que ela tem surtos quando se envolve com algum cara... – ele riu e foi se sentar ao lado de Claire, permaneci parado por mais alguns segundos, encarando a parede ao fundo.
- Surtos? – Repeti para mim mesmo tentando entender meu melhor amigo e o segui, sentando ao seu lado. Era provável que estivesse só me zoando e antes que eu pudesse pensar meus olhos já estavam nela e em novamente.

Mesmo sabendo que aquilo era só o começo dos planos de Mark, o lugar parecia tranquilo. se manteve ocupado com Claire, eu bebia com trocando ideias sobre táticas de jogo e de treinamento. O calouro dele era muito bom, mas era muito metido, percebi que isso incomodava .
- Calouros! - Mark chamou subindo em sua cadeira e olhei receoso para . - Preciso que peçam licença às suas acompanhantes e venham se reunir com o time.
Aquilo não soava nada bom. Levantei e segui os demais até o capitão.
- Foi um ótimo começo, porém todos conseguiram, isso nos deixa no mesmo lugar de hoje cedo. - Ele fez uma cara séria fingida e rolei os olhos, ansioso pelo desfecho. - Os que chegaram até aqui primeiro estão livres do próximo desafio. - voltou a me olhar, apreensivo. - Os três que chegaram por último terão que dispensar as garotas. , James e Harry. - Para minha surpresa passou por mim em seu caminho até a mesa com um sorriso confiante, depois de uma rápida conversa a garota saiu da mesa e deixou o bar.
- Estou treinando um sem caráter? - Perguntei em tom brincalhão.
- Não. - Mark se aproximou e parabenizou . - Ela já conhecia esse trote, me contou o que aconteceria depois. Interessado nela, treinador?
- Esperto na escolha, . Mas é claro que não. Está de folga até amanhã cedo. - Me despedi e o vi seguir os garotos pelo bar.


- Está atrasado de novo. - Murmurei para quando entrou na fila ao meu lado.
- Disfarce a cara pelo menos. - provocou. - Desse jeito está na cara o que rolou ontem depois do Buster.
- Silêncio! - O treinador Kyle gritou na quadra. Aquilo era um péssimo sinal.
- Podem me contar aonde está Harry Schneider? - Percebi uma troca de olhares no local e ninguém se manifestou. - Eu não vou perguntar novamente. Aonde ele está?
- Deve ter perdido a hora. - Um dos amigos de Mark respondeu.
- Essa não foi a informação que chegou aos meus ouvidos, Sr. Salt. O treino está suspenso e o time também, até que ele seja encontrado.
- Mas isso não é justo. – reclamou. – Quem não está envolvido não deve ser penalizado.
- Pode até não ser justo, mas vocês são um time e o ato de um traz consequência para todos.
- Parabéns, idiota. – Um dos calouros trombou em Mark de propósito saindo da quadra.
- Estão dispensados. E só voltem a pisar na minha quadra quando tiverem resolvido esse problema. – O treinador Kyle deu as costas e saiu.
- ! – Chamei com esperança de que ele tivesse alguma informação.
- E aí? – Ele se aproximou com outros calouros.
- Sabe de alguma coisa? – e se aproximaram de nós.
- Não muito. Sei que Harry não teve coragem de dispensar a garota que estava com ele ontem, saiu do bar com Mark e outros três caras. – Assenti e olhei em volta procurando por algum deles, mas já haviam deixado o ginásio.
- Eu vi pra onde eles foram. – Um calouro que eu não me lembrava o nome disse.
- Vamos até lá então. – sugeriu o óbvio.
- Não acho que ele ainda esteja lá.
- Por que diz isso, James? Sabe de alguma coisa?
- Se Harry teve a chance de sair está escondido. Eu estudava com ele, seu maior medo era de ser sequestrado. – O encaramos esperando alguma explicação. - Seus pais foram sequestrados e mortos.
- Acho que a melhor oportunidade então é se nos separarmos pelo campus. O que acham? – Concordaram comigo que era nossa única saída do momento, então nos dividimos e saímos para a procura. Algumas pessoas seriam responsáveis por notificar os demais se soubessem de alguma novidade, os calouros estariam em duplas, já que não conheciam o campus tão bem ainda.

Segui até o prédio de artes. Era o prédio mais antigo da universidade, talvez fosse um motivo para ele se esconder ali. Para minha surpresa o prédio estava silencioso, as salas de aula estavam com as luzes apagadas e as duas primeiras trancadas. Aquele lugar era estranho até mesmo durante o dia. Ouvi um barulho parecido com música e caminhei até a sala de onde ela vinha. Bati na porta e não obtive resposta. Abri assim mesmo, do lado de dentro a música estava muito alta. Percebi que tinha isolamento acústico e uma garota de costas modelando uma enorme massa cinza estranha.
- Hum... Moça. – Chamei um pouco alto, mas ela não pareceu me ouvir. Me aproximei dela e toquei seu ombro. – Moça!
- Aaaaaahh! – Ela gritou, se virou de uma vez com uma espátula na mão e eu me esquivei, notando que era a acompanhante de na noite passada. - Que susto! – Ela reclamou levando a mão ao coração. – Esse prédio só vai começar a ser usado na semana que vem. O que está fazendo aqui? – Caminhou até o som, abaixando o volume.
- Desculpe pelo susto. – Levantei minhas mãos em rendição. – Estou procurando uma pessoa. – Me encarou séria por alguns segundo e começou a rir logo em seguida.
- Desculpe por quase te acertar. – Deixou a espátula ao lado da massa cinza e me encarou. – Não acho que seja eu quem você procura, mas muito prazer. Sou .
- Acredite, estaria muito mais feliz se fosse você a pessoa perdida. – Sorri de lado. – , e o prazer é meu.
- Quem está perdido?
- Um calouro do time de basquete.
- Ah, do Buster ontem.
- Sim.
- Você não é um dos babacas, ou é?
- Se eu fosse não estaria procurando um calouro perdido. E falando nisso, preciso continuar minha busca. – Acenei com a cabeça e me dirigi à porta da sala.
- Ei, espera ai. – Ela correu até me alcançar. – Por que existe um calouro perdido?
- Acho que é consequência do trote, mas não tenho certeza. Só sei que o treinador cancelou tudo até resolvermos esse problema. – Meu celular vibrou e vi uma mensagem de confirmando que ele não estava no lugar do trote.
- Entendi. Posso te ajudar?
- Claro. Mas não precisa parar... – encarei a meleca cinza na mesa de novo. - Parar de fazer o que estava fazendo. – O que eu não fazia ideia do que era.
- Já fiquei tempo demais aqui, prefiro andar por aí. Tenho medo de andar por aqui sozinha. – Ri fraco a achando contraditória, porém preferi não comentar.
- Confesso que não conheço muito os lugares nesse prédio, mas é meio sinistro.
- Também não, só vim hoje porque estava com saudade de modelar.
- Então... entrou na universidade agora, certo? – A vi assentir. – Transferida de onde?
- Santa Bárbara.
- Existe faculdade de artes lá?
- Não, eu cursava direito.
- Uou. Uma mudança e tanto.
- É. No final das contas precisa fazer algo por você. Era o curso que minha família queria, mas eu não estava feliz.
- Entendo. Espero que goste daqui.
- Eu também. Não quero nem imaginar ter que enfrentar meus pais de novo com esse assunto. Mas chega de falar de mim, o que você faz? Além do basquete, é claro.
- Por mais clichê que pareça, faço educação física. – Tentei abrir a porta de outra sala, mas também estava trancada. – As portas daqui ficam sempre trancadas?
- Eu não sei. – Ela deu de ombros. – Mas ele não teria trancado todas. Acho que o garoto não está em nenhuma dessas.
- Você deve ter razão. – Disse e a acompanhei para o segundo andar.
- Aqui são os ateliês, não tem muito aonde se esconder, e ficam sempre abertos. – Entrei no primeiro ateliê atrás dela, e era como havia dito, bem iluminado e vazio.
- Ninguém aqui. – Concluí o óbvio.
- Quem é que estamos procurando mesmo? – Ela riu e deu um tapa na própria testa.
- Harry. Harry Schneider. Mas nem eu sei exatamente descrevê-lo para você.
Depois desse ateliê entramos em vários outros e não havia nada, nem ninguém em nenhum deles.
- Aonde será que essa escada vai dar? – perguntou indicando uma escada um pouco escondida no térreo, daria para o subsolo.
- Não sei. E também não sei se quero descobrir.
- Larga de ser medroso, . – Me virei ao ouvir meu apelido. – Posso te chamar assim, não é?
- Claro, . – Disse sorrindo e ela abriu um enorme sorriso de volta. Abri a porta e segurei para que passasse.
A luz foi sumindo à medida que descíamos e tateei a parede em busca de um interruptor.
- Pelo menos temos luz. – disse e levou sua mão à maçaneta da porta, onde tinha uma placa escrito “depósito”. – Harry? – Chamou e não ouvimos nenhuma resposta. – Harry, está aí?
- Ele não está aí. E se estiver não vai responder. – Ela me olhou feio. – O que foi? Se você tivesse escondida não responderia a qualquer um que dissesse seu nome.
- Shhhh. – Ela colocou o dedo na boca me pedindo silêncio. – Ouviu isso?
- Isso o que? – Olhei para os lados e não vi nada.
- Tem alguém aqui. – Começou a andar devagar e eu a segui.
- Pode ser só um rato. – Disse ao ouvir um barulho novamente indicando que estávamos mais perto do que quer que fosse.
- Medroso! – Me olhou com uma cara engraçada e de repente pulou para a lateral de um armário, abrindo a porta em seguida. – Você é o Harry? – A ouvi perguntar, caminhei até o armário.
- Sim. – Ele respondeu saindo de lá com a cabeça baixa. – Oi, . – Disse sem emoção.
- O que estava fazendo ai?
- Pergunta errada! – me cortou. – É óbvio que estava se escondendo, a pergunta certa é de quem ou porque estava se escondendo. – Nos entreolhamos e o encaramos em seguida.
- Estava me escondendo dos idiotas, mas não por medo. Tinha esperança de não ser encontrado e dar um susto neles.
- O que fizeram com você afinal?
- Eu não consegui dispensar a garota, então eles me levaram pra um campo atrás do ginásio e me amarraram em um poste.
- Quem faz esse tipo de coisa? – O olhar dela era de total choque.
- Mas você está bem? Como saiu de lá?
- Estou bem. Eles deviam estar bêbados ou sei lá. Os nós estavam mal feitos. – Ele deu de ombros mostrando que queria encerrar o assunto.
- Vem, vamos para a quadra mostrar para o treinador que você foi encontrado, tentar colocar nosso time de volta no campeonato.
- O campeonato foi suspenso por minha causa? – Ele me olhou assustado.
- Não exatamente. Foi mais por causa de quem causou o trote. Não sei como Kyle sabe das coisas, mas ele sempre sabe.

Seguimos até o ginásio e no caminho mandei uma mensagem para os meninos avisando que Harry havia sido encontrado. Foi só então que percebi, já era hora do almoço e por algum motivo continuava conosco.
Depois de se apresentar ao treinador e contar quem eram os responsáveis pelo trote na noite anterior, deixei a sala de Kyle pensando em ir ao meu dormitório.
- Ainda aqui? – Perguntei ao ver encostada na porta do ginásio.
- Ah, sabe como é... – Ela deu de ombros. – Eu não tenho amigos aqui ainda. Só conheci você e o ontem. – Como sabia da fama dela eu não fazia ideia, foi aí que uma ideia brilhante cruzou minha mente.
- Quer almoçar comigo? – Convidei de imediato. Ela me encarou por uns segundos, abriu um sorriso logo em seguida.
- Eu adoraria.

Seguimos então para o restaurante do campus. Era bem simples, diferente do Buster que era todo incrementado. Nos servimos, almoçamos e conversamos sobre várias coisas por quase três horas. Ela conseguia ser ainda mais interessante do que eu havia achado até então, era inteligente, tinha senso de humor e um jeito meigo algumas vezes. Eu havia contado muitas coisas sobre mim, minha família, o basquete e minha paixão secreta por música.
Ao final daquele dia eu sabia duas coisas: havia grandes chances de me apaixonar e não fazia o menor sentido o que havia dito sobre os surtos.


Vários dias se passaram e acabávamos nos esbarrando em algum lugar, trocando mensagens ou fazendo alguma coisa juntos. Nossa conexão era quase palpável, isso me intrigava. Não sabia se ela gostava de mim como eu gostava dela. Ela tinha amigos no curso e até uma colega de quarto, que era uma graça e vez ou outra jogava alguma indireta para um de nós dois.
Resolvi levar tudo isso a sério, convidei para assistir nosso primeiro jogo importante na temporada. Ela havia aceitado e embora ainda não a tivesse visto na arquibancada, eu sabia que grande parte do meu nervosismo se devia a ela, não ao jogo.
Eu nunca havia me sentido assim com nenhuma das garotas que tive algum rolo, então aquilo mexia comigo. Mas agora era hora do jogo. Nossa chance de provar que todos os nossos treinos haviam valido a pena e que nosso time estava preparado.
- ! Venha aqui. – O treinador Kyle me chamou durante o aquecimento.
- Senhor?
- Está no comando do time hoje. – O encarei perplexo. Ele sabia que eu não queria aquilo, já havia recusado outras vezes. – Antes que você venha com seu discurso preparado, Mark ainda está suspenso pelo trote e seu calouro foi um dos melhores. Quero você nessa posição hoje. – Apenas assenti e retomei meu lugar na quadra, sendo parabenizado por , e alguns outros jogadores.
O apito soou no ginásio, naquele momento não existia mais nada pra mim. Marquei minha primeira cesta no jogo e a vi torcendo pelo time. A sincronia entre o time estava próxima da ideal, conseguimos manter uma diferença muito boa de placar, o que nos deu a vitória do jogo. Cumprimentamos os adversários e comemoramos nossa vitória. Claire foi a primeira a entrar na quadra e abraçar um suado e fedido, quando eu ia começar a zoação recebi um abraço de costas, sabia quem era.
- Estou nojento. Não faz isso. – Disse rindo e ela me soltou.
- Parabéns! – ficou na ponta dos pés e me deu um beijo na bochecha. – Quero te mostrar uma coisa. – Estava empolgada.
- Posso tomar uma ducha antes? – Ela assentiu. – Já volto. – Sorri.
- Vou te esperar aqui.
Pouco tempo depois estava de volta, ela me puxou pela mão até o prédio de artes plásticas.
- O que vamos fazer nesse lugar sinistro de noite? – Cutuquei suas costelas e ela riu.
- Não faz isso! – Fez um biquinho. – Eu tenho cócegas. – Levantei os braços indicando trégua, embora minha vontade fosse de continuar. – Quero te mostrar uma coisa, já disse! Agora feche os olhos! – Obedeci. – Não vale trapacear!
- Eu não vou olhar. – Ri fraco e me deixei ser guiado.
- Pronto, pode olhar. – Abri meus olhos e foi difícil disfarçar que não havia entendido a escultura. - Nossa , que trabalho... Diferente. – Ela gargalhou.
- Te peguei! É esse aqui. – Me virou para a outra mesa e vi a escultura de uma espécie de cesta de basquete com uma bola. – Fiz pra você. – Seu sorriso era de orgulho de seu trabalho, me senti importante.
- Obrigado. É lindo! – Eu a abracei fazendo com que seus pés saíssem do chão por alguns segundos.
- Ainda faltam alguns detalhes, mas não agüentava mais não mostrar pra você.
- Eu adorei. – Disse mais baixo com os olhos fixos no dela. Ela permaneceu em silêncio, fui aproximando nossos rostos, os lábios tão convidativos, a respiração batendo em meu rosto... E então, o telefone dela tocou e se afastou um pouco sem graça. Baguncei meu cabelo e voltei a encarar a escultura, regularizando minha respiração.
- Era . – Ela disse em tom de desculpa. – Está nos convidando para irmos ao Buster. Está tendo karaokê. Vamos? – Assenti com a cabeça e caminhamos em silêncio lado a lado até o bar. Eu já havia dispensado a comemoração com o time por ela, que fosse até o fim então.

O clima estranho tinha passado. Havíamos bebido com e outros amigos delas, nos divertíamos com os desafinados que iam até o karaokê.
- Eu quero cantar. Vem ! – tentou levar a amiga até o palco, mas ela se recusou.
- Chama o , ele vai adorar cantar com você. – Como sempre, outra indireta.
- Você cantaria comigo? – Me encarou surpresa e eu dei de ombros.
- Por que não? – Ela sorria e eu a segui até o palco improvisado. – O que vai querer cantar?
- Queria cantar Rude do Magic! Estou viciada. – Riu e voltou a ficar séria quando pedi um violão emprestado para um cara que eu nem conhecia. – , o que você está fazendo?
- Tocando pra você cantar. – Dedilhei alguns acordes conferido a afinação do violão e comecei a música. continuava me encarando, fiz sinal com a cabeça para que começasse a cantar. Ela cantava olhando apenas para mim, mas fiz algumas gracinhas, quando o refrão chegou já havia se soltado e o pessoal estava se divertindo com a gente.
Fomos aplaudidos ao final da música, a ajudei a descer e depois de devolver o violão fui abordado por um cara bem vestido.
- , não é? – Confirmei com a cabeça.
- Sou o novo administrador daqui, Adam Campbell. – Apertei a mão que havia sido estendida em minha direção. – Estou pensando em colocar alguns eventos aleatórios nos finais de semana, gostaria de se apresentar? – Era minha vez de ficar surpreso.
- Você deve ter entendido errado. – Balancei a cabeça. – Eu não me apresento, toco por diversão.
- Você mostrou talento nessa breve apresentação de agora. Daqui a duas semanas você se apresenta, ganha um dinheiro extra... O que me diz?

- Você o que? – perguntou pela terceira vez seguida.
- Fui convidado a tocar aqui.
- Que ótimo! – Ela estava empolgada. – Claro que isso se deve a minha ideia de te levar pra cantar.
- Tudo ideia sua. – Sorri já em frente ao seu dormitório. – Boa noite, .
- Boa noite, . – Ela disse próximo a minha boca e para a minha surpresa, me beijou em seguida. Demorei a processar todos os acontecimentos, mas retribui o beijo, que durou pouco demais para a minha vontade. – Boa noite. – Ela repetiu com um sorriso discreto e entrou no prédio.

Dia após dia nos encontrávamos e nos beijávamos quando tínhamos vontade. Nossa relação ia caminhando e a zoação do time sobre mim aumentava também, mas eu não me importava. O dia de tocar no Buster se aproximava, eu havia escolhido uma música para me declarar. Seria uma surpresa pra ela, seria meu pedido de namoro. Quando estava deixando o dormitório enviei uma mensagem: “Esteja preparada!”.
De onde estava não conseguia ver se ela já havia chegado, mas isso foi resolvido assim que pisei no palco, lá estava ela, linda como sempre. Escolhi músicas conhecidas que agradariam a maioria, ao final da minha apresentação o nervosismo do começo já tinha se esvaído, a única que importava era ela.
- Essa última música eu dedico à uma pessoa muito especial. Na verdade só estou aqui hoje por causa dela. – Repeti as palavras dela com um sorriso e ela sorriu de volta. As pessoas aplaudiram e um coro de “awn” pode ser ouvido.
Respirei fundo e comecei a tocar.

When your legs don't work like they used to before
And I can't sweep you off of your feet
Will your mouth still remember the taste of my love
Will your eyes still smile from your cheeks

Darlin' I will be lovin' you
Till we're seventy
Baby my heart could still fall as hard
At twenty three

I'm thinkin' bout how
People fall in love in mysterious ways
Maybe just the touch of a hand
Me, I fall in love with you every single day
I just wanna tell you I am

So honey now
Take me into your lovin' arms
Kiss me under the light of a thousand stars
Place your head on my beating heart
I'm thinking out loud
Maybe we found love right where we are

Eu só tinha olhos para ela. Era só ela. Pela primeira vez eu diria que sabia o que era amar alguém.

When my hair's all but gone and my memory fades
And the crowds don't remember my name
When my hands don't play the strings the same way (mm)
I know you will still love me the same

Cause honey your soul
Could never grow old
It's evergreen
Baby your smile's forever in my mind and memory

I'm thinkin' bout how
People fall in love in mysterious ways
Maybe it's all part of a plan
I'll just keep on making the same mistakes
Hoping that you'll understand

De repente sua feição mudou, o sorriso sumiu, ela estava seria e havia desviado seu olhar do meu. Eu não estava entendendo qual era o problema e muito menos a dor que eu senti ao vê-la me dar as costas e sair do local. Mas eu precisava terminar de tocar.

That baby now (ooh)
Take me into your loving arms
Kiss me under the light of a thousand stars
Place your head on my beating heart
I'm thinking out loud
Maybe we found love right where we are
Baby now
Take me into your loving arms
Kiss me under the light of a thousand stars (oh darlin')
Place your head on my beating heart
I'm thinking out loud

Maybe we found love right where we are
Maybe we found love right where we are
And we found love right where we are

Agradeci todos os aplausos e sai o mais rápido que pude. Ao contrário do que eu esperava, ela não estava do lado de fora, corri até seu dormitório, mas por causa da hora não podia entrar. Liguei uma, duas, três vezes e nada. Já havia aceitado a ideia de ir embora quando saiu do dormitório.
- Me desculpe, . – A olhei tentando compreender o que queria me dizer. – Ela pediu pra você ir embora e pra não procurá-la mais.
- Mas... Por quê? – Perguntei com dificuldade de encontrar as palavras.
- Faz parte de quem ela é, . Eu não sei explicar. – Fiquei em silêncio absorvendo tudo aquilo. – Preciso entrar. Boa noite. – Deu um sorriso fraco.
- Boa noite, . – Disse sem forças e me dirigi vagarosamente até o meu quarto.

Entrei o mais silenciosamente possível e agradeci mentalmente por não ter que encarar ou naquele momento.
Depois de uma péssima noite de sono segui direto para minha cesta no parque. Para melhorar meu humor, não acertei nenhuma.
- Ih, o que foi que aconteceu? – perguntou pegando a bola de minhas mãos e fazendo uma cesta.
- Me declarei totalmente ontem para e ela me deu as costas. – Disse sem emoção na voz.
- Eu avisei.
- Não ouse repetir isso, ! – Disse com raiva.
- O que eu perdi? – olhou de mim para .
- Eu avisei a ele que ela tinha a fama de surtar no meio de um relacionamento, mas não ouviu.
- Chega disso! Eu só quero esquecer. – Eles se entreolharam e me deixaram em paz.

Os dias se passaram, minha performance no basquete ia de mal a pior, nenhum conselho dado pelo treinador ou pelos outros jogadores amenizavam meus sentimentos. Era inadmissível para mim que algo assim afetasse meu desempenho. Eu era um jogador e independente de qualquer coisa tinha que jogar bem.
Foi quando percebi que tudo só ia melhorar se eu colocasse o que estava sentindo pra fora, precisava me abrir, falar sobre meus sentimentos, mas não seria com ninguém do time que isso ia funcionar.
- É isso! – Disse com um sorriso vitorioso e os meninos me encararam tentando entender. – Já sei o que preciso fazer.- Depois do treino me tranquei no meu quarto, peguei meu violão e comecei a escrever o que vinha em minha cabeça. Música era sempre a saída que o basquete não podia me proporcionar.
Depois de rabiscos e mais rabiscos, fiquei satisfeito com meu serviço. Não era nada bonito, nada romântico, pensando bem era isso que deixava mais com a nossa cara.
Nos dias seguintes me sentia melhor, mais focado no time e tinha até aceitado ser capitão de forma permanente, o que agradou , e alguns calouros. Meus estudos iam bem, sempre que dava eu saia com os garotos. Embora Adam vez ou outra ainda me pedisse para tocar, eu não aceitei. Era demais. Eu achava que tinha dominado todos os sentimentos, a última coisa que queria era colocar isso em prova.
Eu nunca mais havia visto ou pelo campus, não sabia se isso era bom ou ruim. Fazia o máximo para não pensar quando estava em campo e mesmo que o treinador e o time estivesse satisfeito, sempre achava que tinha como ser bem melhor do que estava. Fomos ganhando os jogos, passando para as próximas fases do campeonato, o que requeria mais de todos os jogadores. E isso queria dizer que eu precisava realmente acreditar que havia superado. Peguei meu telefone e procurei pelo número de , enviei uma mensagem pedindo para me encontrar na porta do dormitório dela. Ela pareceu meio em dúvida, mas garanti que não era nada demais. Escrevi uma carta antes de ir encontrá-la, colocando o resto do que eu precisava dizer.
- Oi. – Cumprimentei assim que a encontrei.
- Hey, . – Ela sorriu. – Como você está?
- Tudo bem. – Dei de ombros. – Quero que entregue isso para . - Entreguei a letra da música e a carta dentro de um envelope para ela, que lançou o olhar de dúvida novamente em minha direção. – Não tem nada demais ai, eu prometo. Só...
- Pode deixar, . Vou entregar. – Me despedi com um beijo em sua testa.
- Obrigado. – Dei as costas voltando ao meu quarto.


’s POV

Faziam duas semanas que havia me entregado a carta de , desde então me sentia extremamente culpada. As palavras ecoavam em minha cabeça durante as aulas, sonhava com ele cantando a música e não conseguia terminar a escultura de basquete. Por mais que a letra não fosse bonita, ninguém nunca havia feito algo pra mim, isso me fazia sentir especial, mesmo depois do que eu tinha feito com ele.
Em Santa Bárbara eu sabia que muitas pessoas sabiam das minhas tendências de terminar relacionamentos da pior forma possível. Cansei de ouvir que eu precisava de tratamento, que devia procurar um psicólogo ou psiquiatra, mas eu já sabia a resposta para o meu comportamento.
Minha mãe nunca tinha tido um namorado sério, sua formatura estava chegando e um cara que ela nunca tinha visto antes na escola se mostrou interessado nela. Cara esse que por acaso é meu pai biológico. Em sua formatura, ele havia se declarado e caindo de amores passou a noite com ele. Ele sumiu no dia seguinte, deixando minha mãe grávida, mesmo que ela nem soubesse ainda. Acabou sabendo depois que havia sido só mais uma na lista, algo como uma aposta e, por sorte nossa, conheceu meu padrasto, que é meu pai de verdade pra mim. Em resumo, homens não eram confiáveis, preferia fugir do que correr o risco de passar exatamente pelo que minha mãe passou. Não de ficar grávida, sabia me cuidar o suficiente para isso não acontecer. Mas tinha ouvido de minhas tias o quanto minha mãe tinha sofrido e isso eu não queria.
havia insistido milhares de vezes comigo sobre dar oportunidade a alguém, que ela tinha certeza que não era esse tipo de cara, que eu estava boicotando a mim mesma, me privando de uma experiência ótima que poderia ser.
Eu não me importava de ser taxada de louca, geralmente as conversas paravam logo, percebia que nem gostava mesmo do cara em questão, o que não aconteceu com . Ele sempre estava em meus pensamentos e nem era pela escultura do basquete. Eu precisava fazer algo a respeito.
Saindo do ateliê vi o anúncio do final do campeonato de basquete pregado do mural. Era essa a minha chance de tentar corrigir o meu erro, esclarecer tudo, se ele ainda me quisesse.
Mal dormi a noite toda, ansiosa com o jogo do dia seguinte. Repassava mentalmente tudo o que precisava ser dito e torcia para que ele não me dispensasse. Caso o fizesse, a culpa era minha. Meu dia havia se arrastado ao extremo, já estava pronta uma hora antes do jogo começar. Antes de sair do quarto li a carta mais uma vez.

“Querida ,

Acho que nunca entenderei seus motivos para fazer o que fez, mas independente de tudo espero que esteja feliz.
Estaria mentindo se dissesse que está tudo bem, porque nunca me senti tão destruído por dentro, mas o tempo vai passar e no final serão apenas lembranças. Lembrança do meu primeiro amor.
A única forma que encontrei de me expressar e aliviar foi escrevendo uma música, sobre você, sobre nosso relacionamento, sobre nós.
Eu descobri que amo você.

.”

Ninguém além dos meus pais havia dito essas palavras para mim, embora toda essa ideia de relacionamentos sérios me assustasse, eu sentia que estava certa. Dessa vez eu merecia dar uma chance, não só ao , mas a mim mesma. Virei a página e reli “nossa” música.

We started off incredible
Connection undeniable
I swear I thought you were the one forever
But your love was like a loaded gun
You shot me down like everyone
Cause everyone's replaceable
When you're just so incapable
Of getting past skin deep

Guess what, another game over
I got burned but you're the real loser
I don't know why I've wasted my time with you
You're bad news, a history repeater
You can't trust a serial cheater
You're good at hooking up but you suck at love

You played me like an amateur
then stabbed me like a murderer
I'm left for dead, another one of your victims
It's not like you're unpredictable
But your act is so believable
I know it's nothing personal
It's just business as usual
You're good at what you do

Guess what, another game over
I got burned but you're the real loser
I don't know why I've wasted my time with you
You're bad news, a history repeater
You can't trust a serial cheater
You're good at hooking up but you suck at love

Now I kinda feel bad for you
You're never gonna know
What it's like to have someone to turn to
Another day, another bed
It's just a game inside your head

Guess what, another game over
I got burned but you're the real loser
I don't know why I've wasted my time with you
You're bad news, a history repeater
You can't trust a serial cheater
You're good at hooking up but you suck at love

Guess what, another game over
I got burned but you're the real loser
I don't know why I've wasted my time with you
You're bad news, a history repeater
You can't trust a serial cheater
You're good at hooking up

You messed this whole thing up
You were such an awesome fuck
But you suck at love
You suck at love

Ri imaginando como estava se sentindo pra escrever isso assim. Guardei a carta no bolso da calça jeans e segui para o ginásio. Com certeza ele daria o seu melhor e com sorte eles venceriam o campeonato. Com mais sorte ainda eu teria, finalmente, um namorado.

O jogo estava extremamente acirrado e estava empatado nos segundos finais quando sofreu uma falta. Meu coração parou ao vê-lo caído no chão, um sorriso de alívio estampou meu rosto ao vê-lo de pé para fazer a cesta que daria a vitória ao time. E como em cena de filme nossos olhares se cruzaram rapidamente, mas o suficiente para que eu pronunciasse as palavras: Eu te amo.
sorriu pra mim. fez a cesta, ganhou o jogo, havia ganhado meu coração e eu nem havia me dado conta.

’s POV

Tentei me desvencilhar de todos que me abraçavam ao mesmo tempo comemorando a vitória, eu precisava vê-la, saber que não era uma ilusão.
Ela estava ali, era real, sorria para mim de uma forma que trouxe todos os sentimentos que achei que havia destruído ou que estivessem bem guardados.
- Me desculpe, ! Eu sinto tanto! – Ela me abraçou forte e eu retribui ainda em choque. – Desculpe ter sido tão retardada e ter demorado tanto a vir atrás de você. – Nos afastamos e eu continuei encarando seus olhos.
- Fico feliz que esteja aqui, mas... Porque agora?
- Porque precisei da sua música pra me fazer perceber o que estava fazendo. – Eu queria encontrar palavras, mas no instante seguinte os lábios dela estavam nos meus e isso era tudo o que eu precisava.


- Bom dia, linda! – A acordei com um beijo suave. Ela esfregou os olhos e se sentou na cama ainda sonolenta.
- Café na cama? – Sorriu e me deu outro beijo.
- Feliz aniversário de casamento, meu anjo.
- Que tenhamos muitos outros doze anos juntos. – Ela me puxou para um beijo apaixonado na cama. – Acho que temos um tempinho antes das crianças acordarem...

FIM!



Nota da autora: Oi gente! Essa fic foi escrita para uma coletânea do Simple Plan, por isso é baseada em You Suck At Love. Queria agradecer em especial a Saby, que me convidou para participar, a Ane, Anna, Dany e Ste que me encorajaram quando eu quis desistir e a Anny linda maravilhosa que aceitou ser minha beta!
Espero que tenham gostado!

Twitter: @lahcarriao
E-mail



Nota da Beta: Ai que lindeza, gente! Quero nem comentar muita coisa porque só de ver os personagens dessa fic, foram feels pra todo lado aqui. Sacanagem, Lari! Mas adorei, comentem muito pra nossa autora ficar bem feliz, ok? Xoxo-A


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