Última atualização: 29/04/2017

Capítulo 1

Às vezes é bem difícil entender as missões que nos são dadas. Contudo, existem aqueles que recebem, aceitam e dão a vida para concluir estas missões. Estes são chamados de Anjos. Nenhuma missão é fácil e para cada grau de dificuldade há um Anjo pré-determinado para cumpri-la, selecionado a partir da análise dos níveis de força e divindade.

Para aqueles que acham que é uma regra o Anjo responsável pela vida de um adulto ser mais forte que o de uma criança, estão totalmente enganados, pois tudo é considerado e se leva em conta todas as possibilidades para a necessidade de mais ou menos proteção. Mas que fique claro que todos temos um deles para nos guardar dos perigos diários. Se algo de ruim por acaso acontece, a culpa não é do seu Anjo, pois ele está ciente de tudo o que pode e não pode lhe acontecer e a permissão não vem dele, mas do seu Criador e está nas mãos dEle até mesmo o destino de um Anjo.

Como tudo na vida é uma eterna mudança, toda vez que passamos uma etapa de nossas vidas, dependendo da necessidade, os nossos Anjos também são trocados, e isto aconteceu com Shi-woo. Após seu aniversário de 6 anos, seus pais se separaram e com certeza aquela seria a etapa mais difícil de sua vida. O garoto e a mãe moram na cidade de Gwangju, e o pai se mudou para Hanam, cidades da Coreia do Sul. Até então ele era protegido por Asariel que passou o bastão para Rahmiel.

Ele andava lado a lado com Shi-woo e mandava conselhos a sua consciência, mas às vezes, devido a situação, o garoto não lhe dava ouvidos por estar a maior parte do tempo triste com a ausência do pai. Rahmiel é um Anjo zeloso e atencioso, em alguns momentos tinha vontade de poder ser visto por Shi-woo, para que pudesse ajudá-lo mais, pois pensava que só protege-lo e aconselhá-lo não era o suficiente.

O que deixava Rahmiel um pouco mais tranquilo era a presença de Camael, Anjo protetor da senhora Seung Yun-seo, mãe de Shi-woo. É um Anjo de espírito muito alegre e apesar das mudanças de etapas, estava com ela desde a adolescência. Por toda sua existência, Rahmiel só havia protegido crianças, a mais velha delas tinha 10, bem na época da Renascença, já estava habituado e gostava do que fazia.

Como todos, ou a maioria das pessoas sabem, os Anjos não tem sexo, apesar de terem formas humanas. São espíritos munidos de poder e santidade, mas não é possível provar se eles também tem certos sentimentos como o amor, e é aqui que nossa história realmente começa.

Era uma manhã de segunda-feira e Shi-woo estava se preparando para seu primeiro dia de aula na escola, enquanto Yun-seo servia o café para ele. Rahmiel, sentado em um banco na cozinha sorria ao olhar o menino comer biscoitos com leite, parecia algo muito bom e prazeroso, dentre outras coisas que via os humanos fazerem, aquela com certeza devia ser a melhor. Assim que o garoto terminou e escovou os dentes a mãe o levou para a escola, e como ficava a alguns quarteirões dava para ir a pé. Atrás deles, atentos a tudo em volta, os Anjos conversavam.

— Ela é uma boa mãe. — disse Rahmiel — Shi-woo vai superar a separação com os cuidados dela.
— Eu também acredito nisso, só gostaria que ela não fosse tão desatenta. — Camael olhou para a palma de sua mão e viu uma mensagem e Rahmiel recebeu a mesma na dele — Não disse.
— Acho que é por isso que você é o Anjo dela. — ele sorriu e colocou a mão no ombro de Shi-woo fazendo com que o cadarço de seu tênis se desfizesse.

Antes de chegarem a esquina, Camael colocou a mão no ombro de Yun-seo que ao olhar para o filho visualizou o cadarço solto. Então ela parou e se abaixou para amarrar o cadarço do filho, no mesmo momento um carro passou em alta velocidade e ela não viu.

— Viu quem estava no carro? — Camael perguntou, já ciente da resposta.
— Sim, Azrael.
— Aquele cara já era. Demorou, mas o dia dele chegou.
— Espero que esteja preparado para o julgamento.
— Eles nunca estão.

Os dois continuaram acompanhando seus protegidos até que a mãe se despediu de Shi-woo na porta da escola, um Anjo acenou para o outro indo com cada um ao seu destino. Assim que Shi-woo entrou na sala, já quase tomada de alunos, se sentou em uma das carteiras do fundo.

Rahmiel acenou com a cabeça sorrindo para seus irmãos Anjos que acompanhavam as outras crianças, até que algo peculiar aconteceu. Uma moça muito bonita entrou na sala sorrindo e cumprimentando a classe, mas havia algo errado, ela estava sozinha e nenhum dos outros Anjos exceto Rahmiel se mostrou preocupado ou espantado com aquilo.

— Bom dia classe, eu sou a senhorita Jeong , a nova professora do primeiro ano. Eu estou muito feliz por estar aqui com vocês e espero que possamos aproveitar ao máximo nosso tempo juntos.
— Seja bem vinda, professora Jeong! — os alunos a responderam e ela fez a chamada para ir memorizando os rostos e os nomes de cada um.

Por um tempo, Rahmiel começou a achar que talvez o Anjo dela estivesse fazendo algo um pouco distante, mas conforme as horas iam passando e ele não aparecia, ficou incomodado e curioso. Na hora do intervalo, todas as crianças saíram da sala, menos Shi-woo, Rahmiel insistia em sua consciência para que saísse e fizesse amigos, mas o garoto relutante não saia do lugar. ao vê-lo quieto no fundo se aproximou se sentando de frente a ele.

— Você é Seung Shi-woo, acertei? — ela perguntou e ele acenou a cabeça confirmando — Que bom, estou ficando boa nisso. — ela brincou sorrindo — O dia está tão bonito, por que você não quis sair?
— Eu não estou me sentindo bem.
— Quer ir a enfermaria? Eu levo você.
— Não, eu vou ficar bem.
— Sabe o que eu acho, que você só está com um pouquinho de medo. Isso é normal, eu também estou. Humm, Eu tive uma ideia, se eu for com você lá fora, a gente pode brincar no balanço juntos, o que acha? — o menino abaixou a cabeça e não disse nada — Ah vamos por favor, eu quero muito brincar e preciso de alguém forte como você para me empurrar, eu não tenho mais ninguém para quem pedir. — ela fez uma cara de piedade e acabou convencendo ele.
— Tudo bem.
— Então me dê sua mão. — ele deu a mão a ela e saíram de mãos dadas para fora indo até o balanço.

Rahmiel ficou encantado em como ela conseguiu tirar o menino daquela solidão, pela primeira vez Shi-woo parecia estar se divertindo de verdade, tanto que outras crianças se aproximaram para brincar com eles. A partir daquele dia se tornaram raros os dias em que Shi-woo estava abatido e não queria realmente brincar com os colegas.

No entanto, Rahmiel se preocupava, por que o pai do menino não vinha vê-lo, tentava confortá-lo sempre e aos poucos foi conseguindo tranquilizá-lo ao ponto dele não ter mais pesadelos e correr para o quarto da mãe no meio da noite. Ainda intrigado e sem respostas, referente a , Rahmiel decidiu sair à noite enquanto Shi-woo dormia, indo até onde ela morava. Parado em frente ao prédio fixando os olhos para as janelas do apartamento, não conseguia sentir a presença de nenhum Anjo, e então um irmão se aproximou dele.

— Está um pouco longe de seu protegido. — disse o Anjo com uma aura de luz mais intensa que a dele.
— Hamaliel? — disse surpreso com a presença dele, pois não o sentiu chegar, é um Anjo superior.
— O que está fazendo aqui?
— Shi-woo está dormindo e não terá pesadelo hoje, achei que não teria problema se me afastasse por um momento, e Camael também está lá.
— Sim, mas não foi bem isso que perguntei.
— Eu não entendo como é possível uma pessoa não ter um Anjo, então vim aqui confirmar e não sinto ninguém com ela.
— Hum. — Hamaliel olhou para a janela e conclui — É verdade, não há um Anjo com ela.
— Você sabe por que?
— Não, mas acredito que não devemos nos preocupar, de qualquer maneira vou levar o assunto até Quemuel e você, volte para Shi-woo. — Hamaliel se virou para ir embora e parou ao sentir dúvida em Rahmiel — Você pode me fazer um favor?
— Sim. — respondeu prontamente.
— Se encontrar com Barrattiel, conte tudo o que sabe sobre essa moça a ele, entendeu?
— Sim, farei isso. — Hamaliel sumiu de sua visão e ele retornou para a casa da família Seung.





Capítulo 2

Por mais que tenha sido tranquilizado por Hamaliel, Rahmiel continuava com uma sensação estranha a respeito de . Já haviam se passado dois meses, apesar de ainda ter uma certa dificuldade de interação com os colegas, Shi-woo estava indo bem na escola e tinha papel fundamental nisto, pois estava sempre o animando e o aproximando dos outros. Em alguns momentos, Rahmiel a olhava com um pouco de dispersão, pois a gentileza, beleza e nobreza que ela demonstrava em suas ações e palavras causavam sua admiração. Ele ficava um tanto desconcertado quando ela parava ao lado dele ao tirar as dúvidas de Shi-woo, por mais que ela não pudesse vê-lo tinha a sensação que era percebido. Enquanto Shi-woo brincava com os colegas no pátio da escola, Barrattiel apareceu para Rahmiel.

— Como vai irmão?
— Vou bem, e você? Por onde esteve?
— Eu estou bem, estava com uma senhora chamada Carla no Paraguai. Vou sentir falta dela, Azrael foi buscá-la ontem enquanto dormia, ela estava em paz.
— Que bom. Já foi encaminhado para alguém?
— Sim, para uma garotinha chamada Ye-eun, vai nascer em dois dias.
— Isso é maravilhoso, uma benção.
— Shi-woo parece bem.
­— Como soube?
— Encontrei com Asariel ontem e ele me contou que estava aqui, e Hamaliel disse que iria gostar de me ver, por isso eu vim.
— Falou com Hamaliel?
— Um pouco, aconteceu alguma coisa?
— Eu não sei exatamente. Ele me disse pra te contar algumas coisas, na verdade é sobre uma pessoa.
— Entendo, pode falar.
— É sobre a professora de Shi-woo, . Ela não tem um Anjo e ... — não conseguiu encontrar as palavras para expressar o que pensava e sentia.
— Está confuso, é normal.
— Mesmo para um Anjo? Eu não entendo, quando eu a olho parece que estou vendo uma estrela cadente, que o céu não foi suficiente para conter tamanho esplendor.
— A um tempo não ouço palavras assim, de um Anjo.
— O que quer dizer com isso?
— O Criador ainda não revelou o porquê dela não ter um protetor, Quemuel está constantemente com Rafael estudando a história dela, pelo visto teremos que esperar um pouco mais.
— Entendi. — Rahmiel ao olhar para ele avistou de longe e seu olhar se enterneceu. Barrattiel ficou abismado ao ver o brilho nos olhos de Rahmiel, que ao seu percebido em sua distração, retirou seus olhos tímidos dela.
— Eu vou indo, preciso conhecer a mãe da Ye-eun, nós nos veremos em breve.
— Vá em paz. — Assim que disse o Anjo sorriu e sumiu.

Na manhã seguinte, Rahmiel recebeu uma mensagem na palma de sua mão ao chegar na escola com Shi-woo e Chamuel apareceu.

— Você ficará no meu lugar?
— Sim, Rahmiel.
— Eu estive por pouco tempo com ele, mas Shi-woo não está mais tão triste como no começo, eu esperava ficar um pouco mais.
— Fique tranquilo, você fez um bom trabalho e Hamaliel disse que o pai dele começará a ligar e virá vê-lo em breve.
— Isso me deixa contente e satisfeito. Por acaso te disseram por que tomaram está decisão?
— Não, mas logo virão falar com você, não se preocupe. — ele colocou a mão levemente sobre o ombro dele.
— Obrigado Chamuel, eu sei que cuidará bem dele.
— Fique em paz, irmão. — Chamuel acompanhou Shi-woo para dentro da escola.

Rahmiel sentia que aquilo estava ligado a sua admiração por , ficou um tempo sentado no balanço pensando, poderia ir para qualquer lugar agora, e não fazia ideia de como seria estar longe dela. Decidiu se levantar e ir até a sala de aula olhar para ela por mais uma única vez e se despedir. havia dado um exercício para os alunos fazerem em grupos e estava os ajudando a desenvolver suas ideias. Ele chegou e ficou escorado na porta a admirando com carinho e então depois de alguns minutos Barrattiel apareceu ao seu lado.

— Eles parecem gostar muito dela.
— Ela é muito atenciosa com eles, dedicada e gentil, é uma boa professora.
— Gostaria de falar com ela, e você? — perguntou como quem não quer nada.
— Seria muito bom, se fosse possível.
— Não vejo por que não seria, você deveria falar com ela.
— Como? Você sabe que ela não pode nos ver, nem mesmo sabe que existimos.
— Ah, tudo é uma questão de ponto de vista, e além do mais você nunca tentou.
— Tem razão, nunca tentei, mas sei que não conseguiria, é a lei.
— Tudo é possível ao que crê, irmão. — Barrattiel colocou a mão no ombro dele sorrindo e logo sumiu.

Rahmiel voltou a admirá-la e sorriu de forma gentil ao pensar como seria conversar com ela. até então estava distraída com sua atenção nas crianças, mas ao olhar para a porta o viu e sorriu causando espanto nele. Ela pediu para que as crianças continuassem e se levantou indo em direção a ele. Rahmiel olhou para os lados procurando pelo o que ela estava olhando, mas não havia nem uma outra alma no corredor.

— Oi! — ela disse diante dele com o rosto sereno.
— Han? — Rahmiel a olhou assustado e continuou a olhar em volta, não acreditava que ela estivesse o vendo, quanto mais falando com ele — Você está me vendo? — gaguejou.
— Na verdade meus olhos tem me enganado nos últimos dias, mas se fizer questão posso colocar meus óculos. — disse baixinho com um riso tímido.
— Não, não é preciso, você está ótima assim, não que não fique linda de óculos, você fica, quero dizer, me desculpe. — ele se atrapalhou todo ao falar causando ainda mais a intensidade do sorriso dela.
— Você está procurando alguém? Está perdido?
— Você.
— Está me procurando?
— Sim, não, é que na verdade eu queria saber se poderia me ajudar? — não sabia o que pensar.
— Bom, eu estou um pouco ocupada agora com as crianças, mas se puder esperar estarei livre daqui uma hora.
— Sim, eu vou esperar você. ­— disse olhando nos olhos dela, todo encantado até que caiu em si — Quero dizer, é claro, eu vou ficar lá fora. — Seu jeito confuso era engraçado para ela e assim que ela assentiu, Rahmiel foi para fora.

Ficou sentado em um balanço, esperando, meditando e revivendo aquele momento em sua cabeça se perguntando: Como é possível que ela possa me ver? Naquele mesmo instante uma menininha de mochila se aproximou dele com duas flores, lhe entregou uma e depois voltou para a mãe indo embora. Novamente se assustou com aquela ação inesperada e se sentiu estranho, houve um borbulho no estômago, algo nada natural para ele, então foi surpreendido por .

— Desculpe se fiz você esperar muito.
— Não fez, na verdade ainda falta 2 minutos do tempo que me pediu. — disse com exatidão, pois contou cada minuto e tempo para ele era algo insignificante.
— Parece que eu me adiantei então. — ela riu — Você ainda não me disse seu nome.
— Meu nome? — olhou em volta e ao ler um outdoor próximo falou meio em dúvida — !? — tinha um olhar bobo e não conseguia disfarçar ao olhá-la.
— Prazer em conhecê-lo , meu nome é Jeong , mas eu acho que você já sabia. Então, em que eu posso te ajudar. — foi extremamente simpática.
— É que eu não — antes que pudesse dizer sentiu uma dor profunda no estômago que fez um barulho horrível, como um estrondo.
— Você está com fome?
— Eu não sei. — totalmente sem entender o motivo de seu corpo falar sozinho e daquela dor sem propósito. — É grave?
— Ah não. — Ela riu — Isso também acontece comigo e é fácil de resolver. Eu sei que é um pouco tarde para isso, mas estava indo almoçar agora, você quer vir comigo?
— Sim, eu quero, acho que posso ir pra qualquer lugar com você. — Era sincero sem nem ao menos perceber, causando um pouco de timidez e constrangimento nela.
— Então vamos, tem um lugar não muito longe daqui que é muito bom.

Ele a acompanhou até um pequeno restaurante ali perto, serviam comida caseira de boa qualidade. Se sentaram na mesa de perto da janela com vista para o Centro, pediu o que já estava acostumada a comer e vendo que ele não fazia ideia do que fazer, pediu que trouxessem o mesmo para ele também. Assim que foram servidos, ela agradeceu e começou a comer, a imitou e foi colocando a comida na boca, não sabia por que, mas aquela ação era boa e a sensação era maravilhosa.

Aos poucos a dor no estômago foi passando e ele se sentia cada vez mais satisfeito, envolvido naqueles sabores que nunca havia sentido antes, afinal, Anjos não precisam comer. ficou o observando comer e admirava achando graça das feições dele ao sentir o gosto de cada alimento que ia a sua boca, estava muito curiosa para saber sobre aquele rapaz de expressão gentil e inocente.

— Você parece estar gostando. A comida daqui é realmente boa. — ele balançou a cabeça confirmando, estava de boca cheia, então ela continuou — Você é dessa região? — ele negou — De onde você é?
— Do norte. — não podia dizer exatamente de onde tinha vindo.
— Você quer dizer Coreia do Norte, não é?
— Não, é outro norte. — ele se lembrou de outra cidade onde esteve — De Seoul.
— Ah, então é da Capital. Eu sempre tive vontade de ir lá, dizem que é muito bonita, toda iluminada, prédios bem altos e lugares caros.
— E porque nunca foi?
— O salário de professora não é isso tudo, eu não tenho tanto dinheiro, e você, tem algum?
— Não, não tenho.
— Tudo bem, eu te convidei, posso pagar desta vez. — o sorriso e desprendimento dela o fizeram se sentir contente — Você ainda não me disse em que quer que eu o ajude.
— Bem, é que — antes que pudesse concluir, foi interrompido pela ajumma que se aproximou.
— Aqui está a sua conta, querida. — a entregou o recibo — Vejo que trouxe companhia hoje — disse bem simpática.
— É, ele ainda não conhecia. Tome aqui, muito obrigada, estava ótimo como sempre. — lhe dando o dinheiro e acenou em agradecimento também.
— Eu é que agradeço, voltem sempre. — a ajumma os cumprimentou e se afastou.
— É melhor nós irmos agora. — sorriu se levantando e ele a acompanhou.

Os dois caminharam pela praça por um bom tempo. ficou tão empolgado com a comida, além do que já estava com a companhia dela, e não parava de falar sobre os sabores e o lugar. ria do jeito com que ele falava, parecia uma criança contando sobre seu primeiro natal em família. Estava escurecendo e totalmente distraída, com sua nova companhia, traçou o percurso para casa sem saber, meio que no automático. Só reparou quando se aproximou do portão do seu prédio.

— Olha só, eu nem reparei que estávamos vindo para cá. Você também mora por aqui, ?
— Ah não, na verdade estou bem longe de casa.
— Acabamos falando de tudo, menos do que você precisa. Pode me falar agora.
— Essa situação é um tanto estranha pra mim, até hoje de manhã eu pensava que tudo estaria igual, até que você veio falar comigo e — de repente sentiu uns pingos de chuva caírem no seu rosto e a sensação mais uma vez foi maravilhosa.
— Está começando a chover, é melhor nós nos vermos amanhã, tudo bem?
— Sim, já estou ansioso por isso.
— Estranho, a gente mal se conhece e eu já confio em você. — ela sorriu — Eu vou entrar, até amanhã. — ela acenou e deu alguns passos entrando pelo portão e depois pela porta do prédio.

ficou ali parado, admirando a água descer e escorrer pelo seu rosto, o som era como música para seus ouvidos, sentir aquele toque lhe deu uma nova emoção, até então quando era um Anjo não tinha atenção para com aquelas coisas, chegava a se arrepiar pois tudo o que vira os humanos fazerem podia fazer, mas até quando, por quanto tempo e por que?





Capítulo 3

entrou em seu apartamento no segundo andar, em meio a sorrisos. Pensava ser surpreendente como em tão pouco tempo, uma pessoa desconhecida poderia lhe passar uma sensação tão boa que lhe causava ânimo, alegria, um misto de confiança, segurança e esperança. Dependurou a bolsa no cabideiro de chão no quarto e tomou um banho quente e demorado. Apesar do dia ter sido quente, a chuva trouxe ventos frios para a noite e decidiu fazer uma sopa. Enquanto os legumes cozinhavam, ela foi até a janela olhar a intensidade da água que descia, ao olhar para a rua avistou um homem sentado na calçada debaixo daquele temporal.

Reparando melhor pôde constatar que era e ficou estarrecida com a situação, tanto que sem pensar muito desligou o fogo debaixo das panelas, colocou um sobretudo e as botas, pegou o guarda-chuva e saiu. estava todo encharcado, mas não parecia incomodado, pelo contrário, se sentia bem tranquilo e a vontade, assim que viu uma sombra se aproximar deu uma pausa em seus devaneios e a vendo de pé debaixo do guarda-chuva, se levantou instantaneamente ficando de frente a ela.

— O que está fazendo aqui, pegando toda está chuva? Por que não foi pra casa? — disse com preocupação.
— É que eu não tenho uma, exatamente.
— Ah! — se sentiu mal por ele — Você podia ter me dito. Já entendi, estava com vergonha, não é? — ele não soube o que dizer, não entendia nem o porquê daquilo estar acontecendo — Tudo bem, você pode ficar na minha casa.
— Ham? — confuso.
— Por favor, não pense mal de mim. Eu me sentiria péssima se te deixasse aqui, debaixo de chuva, então não consigo pensar em outra solução agora.
— Você é uma pessoa muito boa , obrigado!
— Deixe para agradecer depois, é melhor irmos para dentro antes que você possa ficar doente. — ele assentiu e se achegou para junto dela debaixo do guarda-chuva até entrarem no prédio. Já em seu apartamento. — Eu vou pegar uma toalha e roupas secas, acho que devo ter algo do seu tamanho. — assim ela fez, o deixando na sala.

estava tremendo, mesmo a casa estando aquecida, o fato de estar molhado pela primeira vez o deixava preocupado e maravilhado ao mesmo tempo. voltou com as toalhas, uma camiseta e uma calça de moletom um pouco larga e entregou a ele que já foi passando a toalha nos cabelos e sem perceber tirou o sobretudo branco e a camisa na frente dela.

— Você pode fazer isso no banheiro, fica no fim do corredor. — disse um tanto apreensiva, tímida e com o rosto corado de vergonha.
— Sim, obrigada. — ele assentiu e foi rapidamente para lá, pensando em como aquela situação era estranha e constrangedora.

voltou para a cozinha e religou a panela da sopa, com alguns minutos ele apareceu na porta novamente e ficou a observando totalmente distraído até que ela o percebeu.

— Eu estava fazendo uma sopa, já está pronta, imagino que esteja com fome.
— Eu estou te dando muito trabalho, sinto muito por isso.
— Não, imagina, eu só estou atendendo a alguém que precisa. A roupa ficou boa em você, não é mesmo? — vendo como ele era alto e as roupas se ajustaram perfeitamente no corpo dele.
— Realmente serviu, obrigado. — ele espirrou duas vezes seguidas.
— Nossa você deve estar se resfriando, vem é melhor se sentar e tomar a sopa quente, vai ajudá-lo a melhorar.

Ele obedeceu e se sentou na cadeira da mesa da cozinha, ela serviu aos dois e se sentou de frente para ele. Às vezes, ficava olhando disfarçadamente para ele enquanto comia, o rapaz repetiu três vezes a tigela de sopa. Para aquilo era a melhor coisa do mundo, a melhor sensação de todas e olha-la ali tão próxima dele era como um sonho.

— Acho que não preciso perguntar se estava bom, você quase comeu a panela. — ela riu como uma criança, fazendo o coração dele disparar e começara a suar frio. — O que foi, está se sentindo bem? — perguntou vendo ele se abanar.
— Eu não sei. — sua respiração ficou um pouco pesada.

se inclinou sobre a mesa e colocou a mão sobre a testa dele para sentir sua temperatura. Aquele toque quente e suave o deixou ainda mais tenso e desassossegado que começou a corar.

— Você está um tanto quente, pode estar com febre. Por que não se deita, eu vou te fazer um chá de ervas.
— Sim, eu farei isto. — os dois se levantaram e enquanto ela foi fazer o chá ele foi para sala e se deitou no sofá.

não queria acreditar que estivesse doente, que tinha fome ou que tinha aquelas sensações perto dela. Ficava olhando para o nada e se revirando no sofá até que ela se aproximou com uma xícara em uma das mãos e um cobertor na outra.

— É bom tomar cuidado, está bem quente. — o entregou sorrindo — Pode ficar à vontade, eu trouxe isto também, vai se sentir mais confortável. — colocou ao lado dele — Bem, eu já vou me deitar, se precisar de alguma coisa é só chamar, é a porta ao lado do banheiro.
— Você está sendo muito gentil, com certeza eu ficarei bem!
— Então, tenha um bom descanso. — ela sorriu mais uma vez o deixando encabulado e ao se virar, ele a segurou pela mão a surpreendendo.
— Muito obrigado! — disse a olhando nos olhos. assentiu e soltou delicadamente a mão dele indo para o quarto com o coração em um turbilhão.

Os dois passaram uma parte da noite em claro, ele pensando sobre aquele dia impressionante e todas as coisas que nunca na vida pensava que poderia sentir. Já , não entendia o que estava acontecendo consigo mesma, pois nunca levou para casa um desconhecido e naquele dia havia feito mais que isso, mas apesar de tudo que pudesse sentir, não sentia medo.

No meio da madrugada, com um pouco de receio, foi até a sala para observar seu hóspede, tendo concluído que em sua casa havia um homem de quem não sabia nada além do nome, se é que aquele era o nome dele. Ao chegar da esquina da parede do corredor, viu que ele já estava dormindo, seu semblante era sereno e angelical, passava confiança. se desfez de qualquer dúvida que tivesse e se tranquilizou, voltou para seu quarto e dormiu logo em seguida.

Na manhã seguinte, logo cedo já estava de pé preparando o café como de costume, achou estranho ele ainda não ter acordado e então foi a sala chamá-lo. Era a primeira vez que dormia, e estava sonhando que perseguia coelhos. Parecia engraçado e real, pois ele sorria. se aproximou para chamá-lo e quando chegou perto para sacudi-lo ele a segurou como ao coelho no sonho, fazendo com que se desequilibrasse e ao cair no chão o trouxesse consigo.

acordou com o corpo sobre ela, os dois estavam com os rostos bem perto um do outro e se olhavam nos olhos em uma espécie de transe. vendo o rosto dela enrubescer, sentiu um certo calor e se afastou ficando de joelhos ao lado dela com a cabeça abaixada.

— Me desculpe por favor, eu estava sonhando e, eu sinto muito por isso.
— Não se preocupe, eu só vim dizer que o café está pronto. — se levantou rapidamente muito sem graça e um pouco tonta pela situação — Suas roupas estão secas no banheiro se quiser tomar um banho e se trocar.
— Obrigado.

saiu rapidamente, não conseguiu olhar para ele devido a vergonha que estava sentindo, nunca esteve tão próxima de alguém daquela forma. Enquanto foi para o banheiro, ligou para seu vizinho da frente e amigo, .

— Oi, eu preciso de ajuda. — um pouco aflita.
— Tudo bem, o que aconteceu? É o ferro de novo?
— Não, eu trouxe alguém pra casa ontem, um homem na verdade.
— Uau, já está nesse nível, e eu que achei que iria demorar mais pra você namorar alguém, e pior, nem me apresentou.
— Acontece que não somos namorados, nos conhecemos ontem à tarde e ele passou a noite aqui.
, eu não conhecia esse seu lado safadinha. — brincou, rindo exageradamente.
— Por favor, não diga uma coisa dessa, não é nada disso. Eu só fiquei com pena dele, estava lá fora na chuva, me pareceu totalmente perdido. — dizia tentando se explicar ao amigo.
— Hum, sei. Você e esse seu grande coração, mas me diga, ele se comportou, não tentou nada?
— Não. — levou o acontecido como acidente e preferiu não comentar com — Nós dois não tivemos nada, mesmo.
— Pelo o que vejo, você tem tudo sob controle, então, em que você precisa da minha ajuda?
— É que ele não pode ficar aqui, comigo, e como ele disse que não tem pra onde ir eu pensei que, como você ainda precisa de alguém para dividir o apartamento, poderia abriga-lo.
— Bom, se ele tiver um emprego para ajudar com as despesas, por mim tudo bem.
— Acontece que, eu acho que este seja outro problema dele.
— Ah, não acredito nisso, só pode ser brincadeira.
, por favor, você é o único para quem eu posso pedir isso. Ele veio até mim pedindo ajuda, confiou em mim, não posso simplesmente virar as costas.
— Com tanto homem no mundo, você resolve ajudar um sem casa e sem emprego ao mesmo tempo, problemático.
— Eu sei que você pode ajudar, arrumaria emprego para ele em dois tempos, e além do mais ele é um cara legal, logo vocês se tornam amigos.
— Você e esse seu charme de garota inocente, sempre consegue o que quer. Tudo bem, traz ele aqui quando for sair.
, você é o melhor. Muito obrigada, eu vou te recompensar, prometo.
— Assim espero, até logo.
— Até. — assim que ela desligou o telefone, apareceu da porta ainda bem tímido. — Sente-se, eu fiz tudo isso pra você, deve estar com fome.
— Você é gentil. — ele se sentou, agradeceu e começou a comer um pouco retraído.
— Está se sentindo bem?
— Estou muito melhor, obrigado.
— Que bom. Eu vou para o trabalho daqui a pouco, você deve ir também, não é?
— Com você?
— Não. — ela riu — Para o seu. Você realmente não tem um emprego?
— Eu tinha um, era muito importante, mas por algum motivo que ainda não sei, eu não posso voltar.
— Entendi. Então eu fiz bem.
— Hum?
— Eu vou te levar para conhecer uma pessoa quando terminar o café, agora coma. — ela sorriu e ele concordou com a boca cheia.

Assim que ele terminou, organizou a cozinha, pegou sua bolsa e pasta saindo logo em seguida com ele trancando a porta. Tocou a campainha da porta da frente que logo se abriu.

— Bom dia. — disse o rapaz bonito, de sorriso amistoso que atendeu a porta.
— Bom dia. — respondeu com timidez.
este é , e este é , meu vizinho e amigo.
— Prazer. — lhe estendeu a mão e ele a apertou.
— Para mim também.
— Agora que se conhecem, eu vou deixá-los mais à vontade, preciso ir.
— E o que eu faço? — perguntou.
— Não se preocupe, vai ajudar você com que precisar, estará em boas mãos. Nos vemos depois. ?
— Fique tranquila e faça um bom trabalho, eu cuidarei de tudo. — ela assentiu e foi embora — Eh, , entra ai. — o rapaz entrou meio receoso — Você não tem nenhuma bagagem, nada?
— Não, eu não precisava de nada, pelo menos até agora.
— Ok! Não vai ser fácil, mas eu posso dar um jeito, eu sempre dou. — disse analisando as roupas e o tamanho de . — Primeiro vamos ter que melhorar seu visual, é horrível. Aí, você estando mais apresentável, posso te arrumar um emprego. Vamos nessa. — ele sorriu e assentiu sorrindo também, mesmo sem ter ideia de tudo o que disse.

tinha um vasto closet em seu quarto e escolheu umas peças de roupa que, apesar de parecer novas, não usava mais. Felizmente, ele e eram praticamente do mesmo tamanho, e as roupas fizeram o rapaz parecer mais jovem e bem apessoado. Depois de trocar de roupa novamente, acompanhou ao seu trabalho, em uma agência de moda e propaganda, onde era estilista e figurinista.

Com seu jeito persuasivo, conversou com sua chefe dando o pretexto de que precisava de um ajudante. Sendo bastante convincente nos seus argumentos, ela acabou concordando que trabalhasse lá com ele como auxiliar.





Capítulo 4

O dia foi passando tranquilamente, ensinava tudo o que achava necessário a que aprendia super rápido e acabou se empolgando com o trabalho, até com o que parecia chato aos olhos de . por sua vez, recebeu um aluno novo em sua classe e depois do término de seu expediente, passou no mercado para comprar algumas coisas, pois queria fazer um jantar para os dois em agradecimento a , depois foi para casa preparar tudo. Mandou uma mensagem ao amigo o intimando para o jantar e ele confirmou de imediato.

Conforme foi entardecendo, já estava com tudo pronto e quando a campainha tocou, ficou um pouco nervosa não soube bem o porquê. Apertou a barra do vestido azul de laço, respirou fundo e ao abrir a porta seus olhos encontraram os de como se já os procurasse automaticamente. Para ele, ela estava irresistivelmente encantadora. , assistindo a todo aquele clima, riu dando uma tossezinha falsa tirando a atenção dos dois.

— Ah, oi. Por favor entrem. — entrou fazendo cara de paisagem e com satisfação — E então como foram no trabalho? — ela disse fechando a porta.
— Foi muito bom, acho que me saí bem. — a encarando e sorrindo.
— Modesto! Aprendeu todo o trabalho em algumas horas, minha chefe adorou ele.
— Nossa, que bom! Isso quer dizer que agora você tem oficialmente um emprego, estou torcendo para que dê certo e que vocês se deem bem morando juntos.
— Hum? — confuso.
não te disse sobre isso?
— Ah, sim, e eu estou muito agradecido. — ele sorriu ao colocar as ideias em ordem.
— Se é pra ficar de babá que seja por tempo integral, não é? — brincou e eles riram.
— Vocês devem estar com muita fome, eu preparei Nakji Bokkeum, espero que gostem.
— Mais uma vez, muito obrigado. — disse sorrindo deixando ela corada novamente.

Sem mais, foram para a mesa, agradeceram pela comida e os serviu. Ela realmente caprichou, pois fazia questão de elogia-la passando a bola para que concordava deixando-a com mais vergonha. Depois do jantar conversaram um pouco falando sobre os trabalhos de cada um. Apesar de quererem, não poderiam passar a noite em claro, pois acordariam cedo na manhã seguinte, e então na despedida:

— Se não fosse a sessão de fotos amanhã, eu iria cair na noite, mas eu sou só um e preciso estar inteiro para o trabalho. — suspirou.
— Aquele lugar não anda sem você. — brincou.
— Disse tudo, pelo menos agora tenho um auxiliar, mas que também precisa dormir, então. — disse para — Você, não demore, tenho sono leve. Até amanhã querida. — antes dele se virar apontou dois dedos pra ela fazendo zig zag, dando a entender que estava de olho nela.
— Até amanhã. — disse e riu discretamente.
— Eu realmente não sei como agradecer. — se aproximou dela na porta.
— O que é isso, foi só um jantar. — com muita simpatia.
— Não, não foi só isso. O que estou vivendo é tão novo pra mim e você, bem eu não esperava, ainda assim tem sido maravilhoso e é por sua causa.
— Agora eu é que não sei o que dizer. — ficou envergonhada.
— Me desculpe por isso. — sorriu tímido — É melhor eu ir, fique em paz.
— Obrigada, você também. — eles ficaram se olhando até ele entrar no apartamento de e então fecharam as portas juntos, com a sensação de contentamento por estarem tão próximos um do outro.

Naquela manhã, estava super ansioso e saiu com pouco antes de e ele não pode vê-la. Meia hora depois, já no camarim da agência, uma das modelos que ia fotografar, ao colocar um dos figurinos de mau jeito, fez um pequeno rasgo na lateral, o que deixou muito nervoso.

— Você não tem nada na cabeça? Eu não disse para esperar que eu te ajudaria a colocar.
— Eu sinto muito, senhor . Por favor me perdoe, não podemos apenas trocar de roupa. — ela ficou desesperada.
— Trocar de roupa? — ele surtou — O cliente escolheu este traje pessoalmente, sabe o que eu deveria trocar, os seus neurônios.
, por favor a perdoe, ela não fez de propósito. E eu sei que podemos reparar isso e nem irá aparecer na foto. — disse calmamente colocando a mão no ombro dele e a garota o olhou com fascínio reparando em cada traço perfeito de seu rosto.
— Park Hyun-joo, eu vou te perdoar desta vez, porque eu sou muito bom no que faço e posso reparar seu erro, agora agradeça a por eu não jogar você pela janela. Vou pegar meu kit. — se afastou deles.
— Muito obrigada senhor . — os olhos dela brilhavam.
— Por nada, pode me chamar apenas de .
, tão bonito. — meio distraída o encarando.
— Hum?
— Ah, nada.
— Anda, vamos reparar isto logo, se não atrasaremos mais o ensaio. — voltou dizendo um pouco mais calmo e começou a mexer na roupa no corpo dela com o auxílio de , enquanto Hyun-joo olhava admirada para o rapaz.

O ensaio demorou mais ou menos 2 horas, por causa das pausas e trocas de roupa. Hyun-joo aproveitava cada pausa para conversar com , as outras meninas também o acharam bonito, mas ela parecia apaixonada e não se retraia apesar do olhar desaprovador de . Ao fim da sessão eles voltariam para a produção de figurinos, pois ainda tinha que desenvolver modelos exclusivos para outra campanha de um cliente da agência, além dos trabalhos que fazia particular. foi pegar com o fotógrafo cópias das fotos para colocar junto aos figurinos que foram usados, assim não repetiria nas próximas campanhas, e no caminho esbarrou com Hyun-joo.

— Ah, que sorte te encontrar aqui de novo. — ela disse com alegria.
— Precisa de alguma coisa?
— Não, na verdade eu queria te fazer um convite, gostaria de almoçar comigo hoje?
— Infelizmente eu não vou poder. tem muito trabalho e já pediu algo para nós no ateliê mesmo, assim adiantamos algumas peças.
— Entendo.
— Mas podemos ir amanhã.
— Não será possível, eu viajarei está noite e só volto na próxima semana.
— Então vamos quando você voltar, eu guardarei um tempo para você. — disse com simpatia e cordialidade.
— Você é realmente uma pessoa bonita. — disse ainda mais admirada.
— Eu preciso ir agora, faça uma boa viagem e fique em paz.
— Obrigada. — ficou sorrindo como uma boba enquanto ele se afastava, toda derretida por dentro.
O expediente estava terminando e finalmente tinha terminado uma saia de um conjunto de gala, para uma das sócias da agência.
— Até que enfim, acabei. Vamos passar em algum lugar pra comer, eu pago, estou cansado demais para cozinhar em casa.
— Claro, chefe.
— Por favor, não me chame assim, eu sei que sou importante, mas não preciso de formalidades.
— Tudo bem. — ele riu — Será que podemos chamar a ? Eu acho que ela iria gostar de nos acompanhar.
— Esses jovens, só precisam de um dia pra se apaixonar. Que bom que eu nasci ontem.
— Hum? — não entendeu nada.
— Nada, eu vou ligar pra ela, assim que eu disser que você convidou, ela aceita. — sorriu enquanto ligava pra amiga. — .
— Já está com saudade de mim? — ela brincou e riu.
— Na verdade é outra pessoa que está. Onde você está?
— Em casa, corrigindo exercícios e provas.
— Eu liguei pra te convidar pra comer com a gente.
— Ah, , eu tenho muita coisa pra fazer, até gostaria, mas não vai dar.
, por favor. quer muito que você venha e nós não vamos demorar, é o tempo de comer alguma coisa e vamos pra casa, qualquer coisa eu te ajudo, hum?
— Nossa, você é terrível.
— Então, você vem?
— Tudo bem, onde nos encontramos?
— No Kunseuteu Lounge, vamos te esperar lá.
— Até logo então. — ela desligou e foi correndo trocar de roupa saindo em seguida.
— Não disse que era só falar seu nome. — disse a e começaram a caminhar.
— Que nada, ela só deve estar com fome mesmo.
— Aham. Ei, vocês ainda não me disseram como se conheceram.
— Foi na escola, eu estava acompanhando uma pessoa, mas fui substituído.
— Você era segurança?
— Mais ou menos isso. — riu pela coincidência das funções.
— E como ficou sem casa?
— Eu ainda não sei ao certo, estou esperando que me digam alguma coisa, mas nada foge ao controle do Mestre e eu sei que deve ser uma missão importante. — disse olhando para o céu.
— Mestre?
— Meu chefe.
— Cara, você é estranho.
— E vocês, desde quando se conhecem?
— Acho que já deve fazer uns 4 ou cinco anos, eu finalmente tinha conseguido comprar meu primeiro apartamento, no prédio dela. Eu era um cara do interior e a família da me ajudou. Foi muito difícil quando ela perdeu os pais em um acidente de carro e eu acho que minha amizade ajudou ela a ficar firme, nós devemos muito um ao outro.
— Você é um bom amigo .
— É, eu sou. Vamos esperar aqui, ela já deve estar vindo. — parou em frente a um restaurante muito bonito e esperaram por uns 15 minutos até que ela apareceu correndo e chegou sem fôlego perto deles.
— Desculpem o atraso.
— Você está bem? — preocupado, se aproximou a amparando.
— Estou sim, só um pouco cansada.
— É melhor nós entrarmos, assim você senta e descansa tomando um chá gelado. — disse e foi entrando.
— Ele está certo. Estou muito grato que veio.
— Eu realmente queria vir. Vamos entrar então.
Os dois entraram, não avistaram até que ele acenou da mesa onde já estava os aguardando, pediram Kimbap e Kimchi e ficaram um bom tempo ali comendo e ouvindo música antes de finalmente irem para casa.
— Eu estou muito cheio. — passava a mão na barriga ao chegarem em frente as portas de seus apartamentos.
— Está tão tarde, eu não devia ter demorado, agora vou ter que trabalhar a noite toda. , a culpa é sua.
— Me desculpe, estava tão divertido que eu me esqueci que não somos ricos e temos que trabalhar amanhã.
— Nem fale, já estou cansada só de lembrar.
— Vocês reclamam muito. A noite foi tão boa, deveriam estar agradecidos por passar um momento tão agradável.
— Boas palavras , você está certo. Obrigada por me chamarem para jantar.
tem o dom de mostrar quando estamos errados. , eu sei que disse que te ajudaria, mas eu acordei tão cedo hoje e estou muito cansado, com certeza acabaria te atrapalhando.
— Tudo bem, eu entendo, seu trabalho é muito pesado.
— Eu posso te ajudar se quiser. — se ofereceu.
— Hum? — ficou surpresa.
, você é muito prestativo, por isso seu sobrenome é auxiliar.
— Eu não sei se é uma boa ideia, corrigir provas não é tão fácil quanto parece. — falou um pouco em dúvida e a face de se entristeceu
, está oferecendo ajuda e ele é uma pessoa muito capaz e eficiente. Não se rejeita alguém com essas qualidades.
— Está certo, desculpe meus modos , eu ficarei muito agradecida se me ajudar.
— É o mínimo que posso fazer depois de toda ajuda que me deu. — sorriu mais animado
— Ok, já que está tudo decidido, eu vou pra minha cama, tenham uma ótima noite, de trabalho é claro. — brincou e foi entrando em casa.
— Então, vamos entrar. — abriu a porta e eles entraram.

levou para a sala todo o material que estava no quarto e foi mostrando a o que fazer. O rapaz era realmente como descreveu, a ajuda dele foi preciosa para que terminassem em 1 hora o que sozinha e já sem motivação, poderia terminar pelo meio da madrugada. Para agradecer a ajuda, fez chá de maçã para eles.

— Está muito bom. — ele apreciava o chá mesmo quente.
— A noite esfriou muito, vai ser bom deitar na cama depois um chá, ajuda a relaxar.
me contou sobre seus pais, eu sinto muito por você.
— Obrigada. Já tem um tempo, três anos exatamente, eu sinto muito a falta deles.
— Ele disse que foi um acidente.
— Sim, nós estávamos indo de carro para o cemitério visitar a lápide da minha avó. Meu pai tentou desviar de outro carro que fazia ultrapassagem na nossa direção, mas acabamos batendo em um caminhão. Os dois não resistiram e morreram na hora, e eu fui levada entre a vida e a morte para o hospital. Eu fiquei um mês em coma e quando acordei me disseram que eu era um milagre.
— E eles estavam certos, você está aqui, viva. Eu tenho certeza que seus pais devem estar orgulhosos de você, da mulher inteligente, gentil e bondosa que se tornou.
— É no que eu acredito, todos os dias quando acordo. Obrigada , é sempre bom conversar com você.

Ele sorriu, terminou seu chá e se despediu dela voltando para seu novo lar. foi dormir mais tranquila, apesar de sentir uma fraca dor de cabeça que já vinha a incomodando, de vez em quando, há alguns dias. Mas como sempre, não se preocupou, com certeza não devia ser algo sério.





Capítulo 5

Passados três dias, eles programaram ir juntos ao Parque Nacional Mudeungsan no domingo, mas no dia a chefe de pediu para que ele terminasse um traje para segunda-feira de manhã. Sendo assim, e foram sozinhos, passaram uma tarde muito agradável, como ele sempre cuidou de crianças quis saber tudo sobre a infância dela, contou o que conseguia se lembrar com irreverência e alegria ao reviver em sua mente uma época tão feliz com seus pais. Ao fim do passeio, enquanto caminhavam por um caminho cercado de árvores cheias de suas folhas avermelhadas, sentiu um leve tontura sendo amparada por .

— Você está bem? — disse preocupado, já entendia bem aquele sentimento.
— Sim, eu devo estar um pouco cansada apenas. — seus olhos embaçaram por um momento, mas logo voltou ao normal.
— Já estamos andando a um bom tempo, vem, você precisa se sentar um pouco. — a levou para se sentar em um tronco cortado na beira do caminho e se agachou do lado dela, derrubou um pouco da água da garrafa na mão e passou de leve no rosto dela lhe passando a garrafa — Tome um pouco, pode estar desidratada.
— Obrigada, não precisa se preocupar tanto, já estou me sentindo melhor.
— Mesmo assim, vamos ficar um pouco aqui, tudo bem?
— Tudo bem. — ela sorriu e no fundo estava gostando do cuidado dele, se sentiu protegida.

Depois de uns minutos, não conseguiu mais ficar sentada ali e então ele concordou que fossem embora. Mesmo ela dando a parecer que estivesse bem, sentia que havia algo errado com , então começou a se atentar um pouco mais do que já fazia, se estava acontecendo alguma coisa com ela, com certeza iria saber. Na quinta-feira, enquanto ajudava a montar um cenário para a gravação de uma propaganda, sentiu um toque suave em seu ombro e se virou sorrindo achando que podia ser .

— Oi, tudo bem? — Hyun-joo disse em um largo sorriso.
— Me sinto muito bem, e você pelo que vejo também deve estar. — disse surpreso, mas o sorriso continuou.
— Sim, estou. Eu cheguei ontem a noite de viagem, estava ansiosa para ver você.
— E como foi de viagem?
— Foi muito bom, minha carreira agora com certeza vai ser mais valorizada.
— Isso é ótimo. Devemos comemorar.
— Ham? — não entendeu.
— Eu estou te devendo um almoço não é? Podemos ir hoje se quiser.
— Sério? Eu não estava esperando que se lembrasse. — o rosto dela corou e o coração pulsou mais forte — Eu quero sim.
— Vou sair em vinte minutos, ok?
— Ok, estarei esperando.
Hyun-joo se afastou um pouco e ficou o admirando até que ele terminasse bem no tempo estimado, então foram a um restaurante ali perto e enquanto almoçavam:
— Me disseram que você mora com o senhor .
— Sim. é uma pessoa muito boa, me deixou morar com ele e conseguiu esse trabalho pra mim, está sendo um bom amigo.
— Ele é agradável quando quer.
— Acho que já me acostumei. — ele riu sereno.
— Mas me fale de você, de onde veio e o que fazia antes.
— Eu venho da capital, vim a trabalho como segurança particular, e você sempre quis ser modelo? — preferiu mudar o foco da conversa.
— Não, na verdade eu queria ser fotógrafa quando criança, assim como a minha mãe. Ela sempre adorou tirar fotos minhas desde bebê.
— Devem ser lindas fotos, eu gostaria de ver.
— Está falando sério? — ela achou estranho.
— Sim. Algum problema?
— Não, é que eu não tenho nenhuma comigo agora.
— Não tem problema, posso ir a sua casa e você me mostra.
— Rum. — Hyun-joo deu uma leve engasgada.
— Você está bem?
— Sim, você me pegou de surpresa.
— Desculpe.
— Quer saber, eu vou adorar te receber na minha casa e mostrar minhas fotos. Quem sabe... — ela não terminou de falar o que estava pensando, na possibilidade que eles pudessem se beijar e então seu rosto corou, rapidamente para que ele não reparasse mudou de assunto. — Bem, vamos terminar aqui, você ainda tem muito trabalho, não é mesmo?
— Verdade, vamos marcar algo um dia desses, assim aproveitamos melhor o tempo.
— Eu concordo, será um prazer. — Hyun-joo achava que seus sentimentos estavam sendo correspondidos.

Os dois terminaram ali e voltaram a agência, Hyun-joo tinha trabalhos já agendados para os próximos dias, mas nada iria atrapalhar seu encontro com . Ele por outro lado pensou como poderia ser agradável sair com para fazê-la descansar um pouco, estava a achando um pouco abatida e a sentia ofegante em certos momentos, mesmo quando não tinha feito força alguma. Para ele não existia nenhuma outra necessidade que não fosse estar perto dela, principalmente pelo fato dela não ter um Anjo para protegê-la.

Conforme os dias foram passando, depois da gravação de uma propaganda para uma escola de dança, teve uma ideia para animar seus amigos e convidou cada um individualmente para saírem sem revelar o destino. e foram juntos até o local escolhido por ele, logo depois chegou intensificando o sorriso dele. Uma questão de cinco minutos depois, Hyun-joo chegou após terminar um ensaio para um desfile no fim de semana ali perto, ela ficou bem surpresa ao ver os outros dois, pois achava que era o tão esperado encontro.

— Eu não sabia que o senhor viria também.
— Ah, por favor pare de me chamar assim, eu não sou velho, diga apenas o meu nome, temos a mesma idade. — a repreendeu.
— Me desculpe , vou chama-lo assim agora. E ela, quem é?
— Essa é Jeong , ela é professora da escola primária. está é Park Hyun-joo, uma das modelos da agência. — as apresentou com animação.
— Prazer em conhecê-la. — cordial e simpática.
— O prazer é meu, está acompanhando ? — ela quis logo saber se não era uma rival.
— Estamos todos juntos, isso é uma saída em grupo, não percebeu? — respondeu para não deixar sem graça diante de .
— Vocês precisam relaxar um pouco, eu os chamei para termos uma noite entre amigos, sem problemas ou discussões.
— Então, aonde nós vamos? — com curiosidade.
— Ali. — apontou o dedo para o local do outro lado da rua e todos olharam.
— Um Karaokê, é uma boa ideia. — Hyun-joo o elogiou sorrindo e pegando em seu braço, ficou um pouco frustrada com a cena.
— Vindo de você , não estou surpreso. — riu.
, o que você acha? — perguntou sorrindo para ela causando ciúmes em Hyun-joo.
— É um bom programa para se fazer entre amigos, boa escolha. — se animou vendo que sua opinião era importante para ele.
— Obrigado. Então, vamos nos divertir um pouco. — todos riram e entraram.

A noite passou devagar, eles brincaram enquanto cantavam, comeram e beberam algumas bobagens vendidas lá. fazia caras e bocas tornando as músicas engraçadas, Hyun-joo cantou uma música romântica um pouco reveladora de seus sentimentos, mas não estava prestando muito a atenção nela àquela hora. Ele viu passar a mão na testa e fazer uma expressão de dor disfarçando logo depois ao olhar para ele. se preocupou mais uma vez, mas não a alarmou, nem aos outros, continuou mostrando animação para a noite ser tranquila e todos se sentirem bem.

Tudo estava indo bem, até o momento em que e Hyun-joo começaram a cantar Miracles in December do EXO, o semblante alegre de deu lugar a uma nuvem de tristeza e saudade, ela não conseguiu mais ficar ali e saiu, sendo seguida imediatamente por . achou estranho, mas como nem imaginou o porquê da reação dela, não se preocupou já que o amigo estava com ela, aproveitou a distração de Hyun-joo e continuou como se nada estivesse acontecendo. Lá fora, respirava fundo e tentava secar as lágrimas quando se aproximou.

— O que houve? Você ficou assim de repente.
— Eu achei que algumas coisas não me afetavam mais depois de tanto tempo, mas tem aquelas que deixam marcas muito profundas para serem esquecidas.
— Talvez, se me disser, se sinta melhor. — ele tocou de leve no ombro dela fazendo com que se virasse para ele, foi tocado em seu coração ao olhar para aqueles olhos marejados de lágrimas, sentiu vontade de compartilhá-los.
— A música, minha mãe amava música, todas elas para ela tinham muito a dizer. Sempre que nós saiamos de carro, ela ligava o rádio e fazia com que eu e meu pai cantássemos com ela. Eu me lembro daquela música tocando no momento da batida, mesmo depois de tudo escurecer, eu ainda conseguia ouvi-la, como se fosse uma despedida.

não conseguiu mais falar e o choro foi mais intenso. a abraçou forte, queria poder tirar aquela lembrança ruim e desfazer todo o sofrimento pelo qual ela passou. No karaokê, quando Hyun-joo sentiu a falta dos dois saiu procurando com , assim que chegaram do lado de fora ela viu de imediato a cena e seu coração se abateu.

. — ela o chamou com a voz um pouco falha, e eles se separaram.
, me desculpe. — se aproximou dela a abraçando — Eu sou uma besta insensível, não devia ter me esquecido de algo tão importante. Por favor, me perdoe? — ele finalmente tinha assimilado a conexão da música com a tragédia.
— Não fique assim, não foi culpa sua, está tudo bem. — secou as lágrimas dando um leve sorriso gentil.
— Obrigado por ficar com ela, .
— Não foi nada demais. É melhor levarmos ela para casa, vai se sentir melhor depois de um descanso.
, eu não quero voltar sozinha pra casa. pode levá-la sozinho, não pode? — Hyun-joo disse e olhou para .
— Sim. — respondeu não muito satisfeito com a reação dela, vendo naquele estado — acompanhe Hyun-joo até em casa para que chegue em segurança, eu levarei e nos vemos quando você voltar.
— Tudo bem, ... — foi interrompido por ela antes que pudesse dizer algo.
— Eu estou bem, obrigada. — se virou para Hyun-joo — Me desculpe por estragar a noite, espero que tenhamos outra oportunidade e desta vez eu farei questão de que saia tudo bem. Até qualquer dia. — ela fez reverência e olhou para como sinal.
— Hyun-joo. — a reverenciou e ela respondeu fazendo também aos dois, assim que eles se afastaram, a moça ficou mais tranquila.
— Então, vamos? — Ela perguntou.
— Sim, deve haver um táxi aqui perto. — se aproximou e Hyun-joo envolveu seu braço ao dele.

Depois de caminharem alguns minutos conseguiram pegar um táxi, ela passou o endereço e com quinze minutos chegaram até a casa dela. Hyun-joo não quis perder a oportunidade e insistiu que ele entrasse, aceitou por simpatia e entrou com ela.

— Sua casa é muito bonita.
— Obrigada, meu pai é arquiteto e escolheu cada peça, dos móveis a louça.
— E onde estão seus pais agora?
— Eles viajam muito, minha mãe é fotógrafa e meu pai sempre a acompanha. Eles vão a diversos lugares e quando voltam minha mãe expõe as fotos na galeria.
— Parece divertido. — ele viu uma prateleira cheia de fotos e a de uma criança o chamou a atenção — Essa menina é você?
— Sim, como eu te disse minha mãe sempre adorou tirar muitas fotos minhas.
— Nossa, você cresceu muito desde aquela época. — ele se empolgou com as lembranças ao descobrir que ela fora sua protegida — Você era uma criança muito animada, estava brincando com a mangueira e ficou toda molhada, sua mãe tirou a foto primeiro e depois brigou para que se secasse.
— Como você sabe? — Hyun-joo se assustou com a descrição perfeita que ele fez do acontecido, como se estivesse estado lá.
— Ah eu — se lembrou que não era mais um Anjo — Bom não é muito difícil imaginar isso pela foto. Eu preciso ir.
— Espera, nós já nos conhecemos antes?
— Hyun-joo, eu realmente preciso ir, você deve dormir e descansar. Até breve.

Sem mais, ele saiu fechando a porta deixando-a sozinha e confusa, e correu para longe para que ela não tentasse ir atrás. parou em um banco para respirar, aquelas lembranças o fizeram sentir pela primeira vez, falta de ser um Anjo, do que podia fazer e a saudade de seus irmãos e de estar com seu Mestre, começou a questionar, coisa que também não costumava fazer antes.

— O que está acontecendo? Por que estou aqui? Barrattiel, Hamaliel, Rafael, alguém, por favor, eu preciso de ajuda, eu estou me sentindo perdido. — não podia ver, mas Hamaliel o tocou o ombro sorrindo e o fez sentir um pouco de paz e confiança, ele respirou fundo — Eu irei esperar com calma e darei o meu melhor, mesmo que eu não tenha as respostas, eu sei que tudo dará certo. Eu sei que não deveria pedir isso, mas podem me fazer um favor, com Hyun-joo? Obrigado. — sorriu olhando para o céu estrelado e depois foi para o apartamento de , já o achou dormindo quando chegou e fez o mesmo.





Capítulo 6

Na manhã seguinte, se arrumou mais cedo e foi até o apartamento de , que ficou surpresa ao abrir a porta.

, está tudo bem?
— Sim, eu só quero saber como você está. Eu teria falado com você antes, mas quando cheguei ontem já era tarde, as luzes estavam apagadas.
— Eu dormi assim que cheguei. Eu estou me sentindo bem melhor, na verdade você me ajudou muito.
— Eu não fiz nada demais. — um pouco acanhado.
— Você estava lá, isso conta muito. — os olhos dela estava constante com os dele, como se quisessem dizer algo mais e o coração dos dois pareciam estar fora do ritmo, acelerado e em plena sintonia entendendo e respondendo as batidas um do outro.

saiu pela porta atraindo a atenção dos dois.

— Ah, você está aqui. , está tudo bem?
— Está sim, vocês já estão indo para o trabalho?
— Sim. Eu achei que estava atrasado quando não te vi, .
— Fique tranquilo, estamos no horário. — respondeu.
— Se me derem um minuto, eu vou pegar minhas coisas e poderemos ir juntos. — pediu.
— Esperamos você com prazer. — sorriu e ela correspondeu.
— Eu vou chamar o elevador enquanto isso.

se afastou pelo corredor e foi pegar a bolsa, enquanto guardava alguns papéis na pasta, ao passar os olhos na porta viu escorado como dá primeira vez quando se conheceram, sentiu uma emoção como se seu dia precisasse daquele sorriso para ser completo. Foi de encontro a ele fechando a porta e seguiram para o elevador que acabara de chegar.

Mais à frente, depois de uma breve caminhada, se despediram e tomaram cada um seu caminho. Mais tarde na agência, ajudava com o bordado de um vestido de noiva para a filmagem de um filme em que a agência foi contratada para divulgar e ele para cuidar dos figurinos, quando Hyun-joo chegou com uma cesta de chocolate.

— Hyun-joo, que surpresa. — preocupado pelo o que disse na noite passada.
— Espero que uma surpresa boa. — ela sorriu — Eu trouxe isto para que entreguem a , foi o modo que pensei para me desculpar pelo meu mau jeito ontem, eu fui uma boba.
— Que bom que reconhece. Foi uma situação muito séria, você agiu com infantilidade. — a repreendeu.
— Por favor me perdoem.
— Está tudo bem, isso já passou, acredito que ela vai gostar do presente. — pegou a cesta das mãos dela sorrindo tímido.
— Eu também queria me desculpar com você, . — ele a olhou com estranheza — Eu praticamente o forcei a entrar na minha casa e não me lembro exatamente o que eu disse para você ter saído daquele jeito, não queria que me interpretasse mal, por favor, me perdoe por isso. — ela se curvou em reverência.
— Está tudo bem, não se sinta mal, você foi bem ontem, é como a disse, nós vamos nos divertir mais da próxima vez.
— Obrigada, eu fico mais tranquila por ouvir isto. Agora vou deixar vocês trabalharem, desejo que tenham um dia muito agradável.
— Obrigado pela gentileza. — respondeu sem muito entusiasmo com sua atenção voltada a renda que analisava.
— Nós teremos e você também, obrigado e vá em paz. — ela saiu sorrindo e sorriu também, bem mais relaxado levou os olhos para o alto agradecendo mais uma vez pelo favor atendido e voltou ao trabalho.

A noite quando chegaram, entregou a cesta para que agradeceu muito e mandou lembranças a Hyun-joo, ela sabia que a garota só agiu daquela forma por ciúmes dele e pode entendê-la, pois sentiu o mesmo.

Se passaram dois dias e era sábado, depois de muito pensar em uma indecisão conflitante, se encheu de coragem e chamou para um passeio, como um encontro. Ela marcou de encontrá-lo na entrada principal do Memorial Park, a esperava com um girassol nas mãos e quando a viu não teve outro sentimento, como sempre ela estava linda aos olhos dele. Ele lhe entregou o girassol e sem muitas palavras além do sorriso animador, o pegou pela mão o levando para dentro.

Ela foi sua guia pelo lugar, já estava acostumada com o ambiente, pois seus pais sempre a levavam lá dizendo o quanto a cultura deles era rica e sua história preciosa. Tiraram selfies engraçadas e ao fim da tarde foram ao Starbucks ali perto, tomar um cappuccino de chocolate com chantilly. Foi uma tarde divertida e ao se conhecerem um pouco mais, ficou claro para seus sentimentos por ele e não poderia deixar aquela oportunidade passar. Enquanto voltavam para casa passaram por uma praça e então parou alguns passos atrás dele fazendo com que ele se virasse.

— O que foi, está tudo bem?
— Eu nunca me senti tão bem em toda minha vida, como estou me sentindo agora.
— Eu fico muito feliz em ouvir isso. — ele sentia uma emoção descomunal.
— Eu não imaginava que depois de perder meu pais eu iria me sentir assim um dia. Desde que nos conhecemos, eu não soube, ou pelo menos não sabia explicar o que estava sentindo quando estava perto de você. E agora tudo ficou claro e eu, mesmo sendo uma professora, não consigo achar as palavras certas para dizer o quanto você se tornou importante pra mim.
— Acho que eu não posso ser mais importante para você, do que você é pra mim. — disse se aproximando dela ficando bem perto — A um tempo atrás, eu não julgava possível esse tipo de sentimento entre uma pessoa como você e alguém como eu, as vezes penso que é uma ilusão que se formou na minha cabeça. Mas aí, quando eu vejo você, eu consigo sentir a brisa passar pelo meu corpo, o ar entrando em meus pulmões e as batidas incontroláveis do meu coração, e tudo isso me diz que eu estou vivo por sua causa.

Ao ouvir as doces palavras dele, não pode conter suas lágrimas entre o sorriso de contentamento e nem ele, a admirando ali tão perto que o calor do corpo dela parecia aquecê-lo. Com um movimento orquestrado, passou a mão levemente pelo rosto dela e aproximou o dele num caminho sem curvas. Seus lábios se tocaram por uma fração de segundos fazendo com que seus olhos se fechassem, e mesmo assim pareciam ainda ver um ao outro com sua aura iluminada por um amor realmente sem fronteira, puro e inocente.

O tempo pareceu parar aquele momento apenas para os dois, pois assim que se distanciaram e abriram os olhos não havia se passado mais que um minuto. Respiraram fundo e sorriram meio tímidos e anestesiados com aquele êxtase de felicidade. Não conseguiram dizer mais nada, apenas segurou na mão dela e vieram caminhando aproveitando ao máximo a companhia um do outro, se olhando e sorrindo, com uma certa dificuldade de manter a discrição de um casal.

Assim que chegaram em frente as portas de seus respectivos apartamentos, se lembrou de algo que queria mostrar a ele e pediu para que esperasse um momento. Ele aguardou na sala enquanto ela foi pegar, mas de repente escutou um barulho vindo de lá de dentro.

. — ele chamou sem resposta — , está tudo bem? — ainda sem resposta ele andou pelo corredor até o quarto dela, primeiro viu um porta retrato quebrado no chão e então ao vê-la mais à frente caída no chão desmaiada, correu ao seu socorro — acorda, fala comigo. — ele não conseguiu acordá-la e pegando o telefone ligou para a emergência.

Ele os relatou que ela estava respirando, mas seu pulso estava fraco e não acordava. Foi orientado a não movê-la até que os paramédicos chegassem, pois não sabia se ela havia sofrido algum trauma na queda. Com alguns minutos a ambulância chegou, e pouco depois chegou também na mesma hora em que a levavam na maca para o veículo.

— O que aconteceu? — disse nervoso ao ver a amiga desacordada.
— Eu não sei, ela caiu e eu não consegui acordá-la, estamos indo para o Coreia do Sul Hospital Gwangju (광주한국병원) agora, nos vemos depois.
— Eu irei logo, mande notícias. — disse aflito.

acenou e foi na ambulância com ela. No hospital, ele teve que aguardar na sala de espera até que viessem lhe dar alguma notícia. Duas horas depois, chegou, mas ainda não haviam dito nada e tiveram que esperar mais uma hora até que finalmente um dos médicos de plantão veio falar com eles.

— Por favor os acompanhantes da senhorita Jeong ? — disse o médico.
— Somos nós, o que está acontecendo? — não se aguentava de preocupação.
— Ela já acordou?
— Se acalmem, por favor. Ela já acordou, está medicada e agora está descansando, nós fizemos alguns exames e felizmente não foi detectado nenhum trauma referente a esta queda.
— E o que isto quer dizer doutor? Que ela já está bem, vai poder ir pra casa? — louco para tirá-la de lá, pois só ele sabia o que o hospital significava para . por outro lado não estava sentindo que seria tão fácil assim e parecia já estar esperando que o doutor dissesse algo não muito bom.
— Bom, os exames foram claros e conclusivos para sabermos a causa desse desmaio e a partir deles nós chegamos a resposta definitiva analisando a ficha médica dela. Ela já havia sofrido um trauma a alguns anos em uma região muito delicada do cérebro.
— Sim doutor, foi em um acidente com os pais, ela ficou um tempo em coma, os médicos na época acharam que ela não fosse sobreviver. — relembrou os fatos que vinham em sua memória, como se tivesse acabado de acontecer.
— Isso mesmo. Na época como o senhor lembrou, o médico responsável relatou que depois que ela acordou foram feitos novos exames para ver o estado de saúde dela, se haveria alguma sequela do acidente, mas não acharam nada superficialmente, muito diferente dos exames feitos mais cedo. Nestes exames, nós descobrimos uma dilatação próximo dos vasos no local do trauma, com o passar dos anos se formou um tipo de coágulo aquoso, que sendo impedido de se expandir pela cavidade óssea do crânio, lhe causou inicialmente fraqueza na visão, as dores de cabeça e em sequência as tonturas. O desmaio que ela teve desta vez foi o sinal que o coágulo não tem mais espaço e pode se romper a qualquer momento.
— Mas é possível removê-lo com uma cirurgia, não é? — perguntou, mas o médico não conseguiu responder.
— Doutor? — praticamente o pressionou para que lhes dissesse seja lá o que fosse.
— Infelizmente, não existe um procedimento cirúrgico ou tratamento para este tipo de caso, para ser exato, em toda minha carreira na medicina nunca vi nada assim. Eu sinto muito. Nós faremos o que estiver ao nosso alcance para deixá-la o mais confortável possível.
— Obrigado doutor. — agradeceu e o médico assentiu se afastando.

se sentou na cadeira como se suas forças tivessem o deixado, não conseguiu reagir a notícia, e pensar que a qualquer momento poderia perder sua melhor amiga lhe causava um sentimento devastador. se sentou ao lado dele e também não conseguia dizer nada, tinha acabado de sair de um sonho e de repente se viu lutando desesperadamente para acordar daquele profano pesadelo.

Passaram toda a noite ali, esperando que houvesse algo que os médicos ainda não soubessem e que pudesse mudar aquele quadro. Por fora, Minho tentava passar força para , mas por dentro pedia ao Mestre que o sustentasse e ajudasse a passar por mais esta situação ruim em sua vida, ela com certeza não merecia passar por todo aquele sofrimento novamente. A tarde, quando ela acordou depois do efeito dos medicamentos, o médico autorizou que eles a vissem.

. — entrou no quarto indo de encontro a ela segurando firme em sua mão e entrou logo depois, um pouco mais retraído — Como você está se sentindo?
— Minha cabeça dói um pouco, estou sonolenta, mas não me sinto tão mal. Desculpe por fazer você passar por isso de novo.
— Não seja assim, você é que está nessa cama. Eu queria poder fazer alguma coisa.
— Já está fazendo, você está aqui, não está?
— É, eu estou, mas preferia que fosse outro lugar, que você estivesse sorrindo, não é mesmo ?
— Sim. — ele mal conseguiu responder ao vê-la tão abatida e pálida, não era nem mesmo a sombra da mulher alegre e cheia de vida com quem esteve no dia anterior.
— Vocês deveriam ir para casa, descansar.
— Não, não vamos sair de perto de você.
— Me escuta, .
— Não adianta insistir, eu só saio daqui com você e eu tenho certeza que o também, estou certo? — disse olhando para o rapaz que tentava segurar o choro ao máximo desviando os olhos dele, não recebendo resposta de , chorou.
, por favor, não chore. — também se esforçava para não acompanhá-lo nas lágrimas. — Eu me sentirei pior ao vê-lo assim.
— Me desculpe, eu não quero deixá-la mais triste do que já possa estar. — respirou fundo e secou o rosto — Pronto, agora pode olhar, estou bonito de novo.
— Isso, você fica bem melhor assim. — ela disse com um sorriso fraco, e não aguentando mais, saiu do quarto correndo.
, . — o gritou em vão.
— Deixe-o, ele está sofrendo também, só não quer que o vejamos assim. — ela disse e assentiu concordando e ficaram ali mais um tempo até a enfermeira pediu que se retirasse para descansar.

correu para o telhado do prédio e de joelhos chorou, colocando para fora tudo o que estava guardando desde o momento que a encontrou em seu quarto, até que finalmente se acalmou e desceu novamente para junto de .

— Você deve estar me achando um covarde.
— Não.
— Não?
— Não. Eu só vi um cara desesperado por não conseguir salvar a garota que ama.
— Obrigado, por entender.
— Pelo menos ela teve tempo para se apaixonar de verdade, então, eu devo te agradecer por tornar isso possível. — disse em tom de alívio e colocou a mão sobre o ombro dele, recebendo seus sentimentos sinceros.





Capítulo 7

Na manhã seguinte, quando voltava da cafeteria com dois copos de café para ele e , viu ele e o médico conversando e se aproximou.

— Bom dia. — disse o médico.
— Bom dia, doutor, aconteceu alguma coisa?
— Não, na verdade eu estava à espera do senhor.
— Ela quer te ver . — disse e seus olhos praticamente deram a entender a que a hora estava próxima e poderia não ter outra chance.
— Tudo bem, eu vou vê-la agora.
— Por favor me acompanhe. Com licença. — o médico disse e assentiu aos dois.

Ao entrar no quarto havia uma enfermeira lhe dando uns comprimidos, quando o viu, sorriu, fazendo-o sorrir de volta e então, ele se aproximou da cama se sentando na cadeira ao lado e segurando em sua mão. O médico fez questão de chamar a enfermeira e deixá-los a sós.

— Você parece bem melhor hoje, mais bem disposta.
— Os remédios ajudam um pouco, mas na verdade eu queria parecer mais bonita pra você e pedi para que a enfermeira me maquiasse. — ela riu.
— Eu não mereço tudo isso.
— Merece sim, ou eu não me esforçaria tanto, então apenas agradeça, está bem?
— Sim. — ele sorriu e respirando fundo, continuou — Obrigado, por me dar a oportunidade de conhecer um mundo tão bonito e me fazer sentir tão bem, feliz e realizado quanto alguém pode imaginar ser por outra pessoa.
— Obrigada, por me dar a oportunidade de ser tão feliz quando parecia impossível e de amar e ser tão amada quanto eu imaginei que poderia ser em toda minha vida. — ele a ouvindo soltou algumas lágrimas entre o sorriso emocionado.
— Eu tinha uma vida totalmente diferente dessa, eu não poderia escolher uma delas, mas se eu pudesse, gostaria que estivesse nas duas, que pudesse ver o outro lado como eu vejo. Mas estou grato por estar aqui, nesta vida, com você. Eu nunca vou te esquecer.
— Eu também, não poderei esquecer você, esteja onde eu estiver. — ela sorriu e olhou profundamente nos olhos dele os fechando lentamente.
. — vendo que ela não abria os olhos foi até a porta — Enfermeira.
— Pois não. — respondeu a mulher que preenchia alguns papéis na prancheta.
— Nós estávamos conversando e de repente ela fechou os olhos e não respondeu mais.
— Eu vou dar uma olhada. — a mulher entrou seguida dele, verificou o pulso dela e a última medicação — Está tudo bem, o medicamento é forte e tem efeito quase imediato, fique tranquilo, ela só está dormindo. Vá descansar um pouco, tomar um ar, assim que ela acordar nós o avisaremos.
— Tudo bem, obrigado. — ela assentiu e então ele saiu do quarto.
Na sala de espera, o aguardava para saber alguma novidade.
— E então, como ela está.
— Está bem, tranquila, serena, não aparentava estar doente, pelo contrário, poderia jurar que era só uma brincadeira para nos assustar.
— Melhor assim. Ela nunca quis que a vissem de outra maneira. — enquanto falava, sentiu uma presença forte como se estivesse o chamando e ao olhar no fim do corredor atrás de , seu corpo estremeceu. A figura de Azrael passou lentamente pelo corredor o encarando e então sumiu.
eu preciso fazer uma coisa, nós conversamos depois ok?
— Ok, vai lá.

o deixou, seguindo pelos corredores do hospital até encontrar Azrael escorado na parede o esperando.

— É muito bom vê-lo, irmão. — disse o Anjo com o semblante calmo e apático.
— É bom vê-lo também, apesar das circunstâncias. O que me intriga é, porque eu posso vê-lo, se até agora não pude ver ninguém?
— Presumo que já tenha a resposta desta pergunta, mas venha, vamos dar uma volta. — se aproximou dele e começaram a caminhar pelos corredores do hospital.
— Você veio levá-la? — foi direto ao ponto.
— Sim. — ele disse sem rodeios e sem nenhuma mudança em seu humor.
— Há algo que eu possa fazer? — torcendo para que haja uma resposta diferente.
— Não.
— Azrael, por favor.
— Irmão, você sabe que este é o meu trabalho, não tenho prazer nenhum nisso, além de apenas cumprir o meu propósito.
— Ela é uma boa pessoa, não é justo.
Azrael ao ouvir tais palavras, se virou para ele e seus olhos azuis se intensificaram com uma borda negra e faíscas pareciam sair deles, e sua sombra pareceu maior do que ele a suas costas.
— Ousa dizer que estou sendo injusto. — a voz dele soou como a de um trovão e temeu abaixando a cabeça evitando encará-lo.
— Por favor me perdoe, irmão, não foi o que eu quis dizer.
— Sim. — disse com a voz serena novamente, então os olhos e a sombra de Azrael voltaram ao normal, como se um espírito tivesse se apossado dele e então saído. — Eu suponho que o seu corpo natural tenha se submetido a certos sentimentos, como o amor, explicando assim sua reação.
— Então você pode entender por que eu não consigo simplesmente vê-la partir.
— Sim, e não. Há um motivo para eu estar aqui antes da hora Rahmiel.
— Agora meu nome é .
— Não para sempre, mas continuando. Acredito que tem algo que você deseja muito saber, algo que o trouxe até aqui e que eu, e somente eu poderei responder. — o olhou pensando no que poderia ser, a àquela altura do campeonato só a vida de era importante para ele — A hora está passando e fica mais perto o momento do fim, eu acho melhor se apressar.
— Eu não... — antes que pudesse concluir, se lembrou do fato que o havia perturbado antes de ser levado a ter aquela experiência. — Eu já sei.
— Então pergunte irmão.
— Por que não tinha um protetor, um Anjo?
— Boa pergunta. — ele sorriu — Devo começar dizendo que nem sempre foi assim. A senhorita Jeong é um dos raros casos em que um Anjo apenas serve como protetor por toda sua vida. Seu Anjo em questão se chamava Miniel.
— Há muito tempo não ouço falar dele, era um Anjo amável. Se ele era o protetor para toda a vida dela, porque ele sumiu e ela ficou sozinha.
— O homem, em cujo o carro você e Camael me viram há uns meses atrás, era o mesmo que causou o acidente com o carro dos pais de . Ela deveria ter morrido naquele dia, mas Miniel se sacrificou para que ela pudesse viver por mais um tempo.
— Eu nunca pensei que isso fosse possível, e ainda não entendo porque só três anos, ela não poderia viver mais?
— Miniel se sacrificou para que ela pudesse viver seu maior sonho, o amor. Este era o propósito dele e devo dizer que você o ajudou a concluir com excelência.
— Mas por que eu?
— Você foi o único com sensibilidade para notar, questionar, investigar e querer solucionar o mistério. O Mestre sabia que você não desviaria do propósito.
— Então, o meu propósito era fazer a sentir o amor? — perguntou confuso.
— Não exatamente, digamos que foi uma parte apenas do verdadeiro propósito de tudo.
— Mas qual é o verdadeiro propósito?
— Sinto muito Rahmiel, o tempo acabou. — ele sumiu diante dos olhos de .
— Azrael. — chamou e pensou logo em seguida — .

saiu correndo pelos corredores, Azrael aproveitou sua distração e o levou para o mais longe que pode. No quarto, Azrael olhava uma última vez para o relógio de bolso prateado e ainda dormindo sentiu uma pequena apontada na cabeça. O coágulo havia se rompido estourando também um pequeno vaso sanguíneo e ela estava sofrendo do que chamamos de morte cerebral, os médicos correram para o quarto, mas não havia mais nada o que fazer. O liquido se espalhou no interior da cavidade craniana formando uma massa, paralisando todas as funções cerebrais, logo em seguida o coração dela parou. correu o quanto pode, mas quando chegou ao corredor do quarto já sem fôlego, parou ao ver a equipe médica sair do quarto aspirando frustração e impotência diante da morte. levou as mãos à cabeça, chorando em silêncio, e logo ouviu seu nome sendo pronunciado atrás dele.

— Rahmiel. — era a voz suave de Hamaliel, e então se virou para ele com o rosto encharcado e logo atrás vinha .
, eu o procurei por todo o hospital, onde estava? — quando ele se aproximou conseguiu ver com clareza o rosto esmorecido de e se assustou — O que houve?
— Ela, se foi, , ela se foi.
— Não, não é verdade, ela estava bem, ainda não era a hora dela. — ele disse chorando e se afastou não permitindo que o segurasse e correu na direção dos médicos.
. — chamou em vão.
— Você precisa vir agora Rahmiel. — Hamaliel lhe estendeu a mão.
— Mas e o ?
— Não se preocupe, ele ficará bem e você também.

olhou uma última vez na direção do quarto, enquanto desesperado questionava os médicos que o tentavam consolar, Azrael saiu do quarto e lhe acenou com a cabeça, lhe dando as costas estendeu a mão que logo foi segurada por que saiu do quarto o acompanhando e sorrindo até que sumiram de sua visão adiante do corredor. se voltou para Hamaliel e o acompanhou até o telhado. Ele fechou os olhos e ao ser tocado no ombro por Hamaliel, quando os abriu novamente percebeu que estava no balanço do parquinho da escola em que lecionava com as suas vestes celestiais, inclusive o sobretudo branco.

— Como se sente?
— Hamaliel. — sorriu para ele — Me sinto bem e diferente ao mesmo tempo.
— Que bom. Eu imaginei que aqui seria um bom lugar para começar de novo.
— Com certeza é sim. Você tem sempre as melhores ideias.
— E todas elas vem do Mestre, Rahmiel. — ele disse sorrindo
está bem, não está?
— Por que você mesmo não pergunta para ela? — Hamaliel disse apontando para o lado mais adiante e ele estranhou, mas ao se virar e vê-la sentiu paz e então, caminhou até ela.

usava roupas parecidas com as dele e seus longos cabelos se sobrepunham a lapela de seu sobretudo branco. A sua aura era clara e luminosa, de um brilho enternecedor e assim que ela se virou para ele pode ver luz nos olhos dela.

, ou melhor dizendo, Rahmiel. — ela disse ao vê-lo se aproximar, causando o sorriso dele.
, ou melhor dizendo, Miniel.
— Então, você sabe.
— Eu imaginei assim que a vi, mas não foi muito fácil de acreditar.
— Rahmiel. — Hamaliel disse que aproximando — Quando Miniel se sacrificou pela vida de , o seu espírito e sua aura divina se uniu a alma dela. Assim, quando ela morreu e abandonou seu corpo natural, sua santidade foi restituída e se tornou Miniel. Como vocês dois são Anjos concebidos das mesmas virtudes, amor e misericórdia, seus propósitos sempre estarão unidos para um bem comum. Assim, como o propósito de Miniel era levar o amor a vida de , o propósito de Rahmiel era demonstrar misericórdia aceitando a missão de se fazer humano para concluir o trabalho do seu irmão e faze-lo retornar em graça ao mundo celestial.
— Eu estou satisfeita em estar de volta. — Miniel olhando com ternura para seus irmãos.
— É realmente muito gratificante estar de volta. — Rahmiel concluiu.
— Bem, já é hora então. A missão de vocês é proteger dois gêmeos sírios que perderam os pais no conflito, e agora estão aos cuidados de uma família na Turquia. Estão prontos para sua nova missão?
— Sim, irmão Hamaliel. — Miniel disse com os olhos reluzentes.
— Hamaliel, eu gostaria de pedir um favor. — Rahmiel tinha ainda uma pequena preocupação.
— Eu já sei o que é, e está sendo providenciado neste momento, agora vão em paz e que o Mestre os acompanhe.
— Que assim seja. — os dois responderam sorrindo e sumiram.

No hospital, , um pouco mais contido, assinava os documentos necessários para a liberação do corpo de para o velório e o enterro quando Hyun-joo chegou correndo.

— Eu estava em Seoul, vim o mais rápido que pude quando me disseram que estavam no hospital. O que houve? — ela perguntou ainda tentando pegar o fôlego de volta.
teve uma complicação e, infelizmente nos deixou.
— Eu sinto muito. — se compadeceu com a notícia.
— Eu também.
— Eu achei que estivesse aqui, com você.
— Depois do ocorrido, ele foi embora. Eu penso que, como ele a amava muito, não conseguiria suportar continuar aqui, sem a presença dela. Eu não o Julgo por isso.
— Eu acho que também não poderia fazê-lo. Ele fez o que achava melhor. Será que eu posso fazer alguma coisa por você, qualquer coisa?
— Não tem o que você possa fazer.

Ao ouvi-lo, Hyun-joo se sentiu inútil então, Muriel, seu protetor tocou seu ombro e ela teve uma vontade imensa de abraçá-lo, tanto que não se conteve e abraçou . Ele se assustou com a atitude dela e antes que pudesse se desprender recebeu um toque em seu ombro de seu Anjo, Iofiel, e aceitou o abraço da garota que o apertou mais. Ao se separarem sorriram acanhados, lhe estendeu o braço e ela o segurou envergonhada e foram caminhando pelo corredor.

— Humanos, tão complicados. — Iofiel relatou enquanto caminhavam atrás deles.
— É mesmo. Mas pelo menos foi como Hamaliel disse, poderia ter sido mais fácil se ela não fosse tão deslumbrada. — Muriel declara respirando fundo.
— E ele cabeça dura e mandão, mesmo que eles já se gostasse não iria dar certo se não fosse dessa forma. Realmente Miniel e Rahmiel fizeram um bom trabalho. — Conclui Iofiel satisfeito com o resultado.
— É possível que não mesmo. Contudo, Hamaliel disse que eles se casarão ano que vem e terão uma filha, a quem darão o nome da amiga, .
— Hofniel terá bastante trabalho. — Iofiel observou.
— Todos teremos muito trabalho, mas será compensador, pois eles serão felizes, muito felizes.





The End.




Nota da autora:
Olá sou a Pri unnie, estou aqui mais uma vez, espero que tenham gostado esta nova aventura. *-* Fiquem à vontade para aproveitar dessa fic com seus bias/preferidos de outros grupos e para deixar seus comentários!!!
"Mais uma obra em que tive o amparo do Senhor para concluir, e estou muito grata por este trabalho.
Obrigada meu Deus, por mais está oportunidade de usar a criatividade que me destes."






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*links se encontram na página da autora




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