Última atualização: 23/07/2020

Capítulo Único

2020

Eu olhava o anúncio na TV. O país estava fechado por conta de uma pandemia mundial. Não haviam muitas informações, apenas aquela. Voos internacionais estavam proibidos, e isso não apenas no meu país, mas em todo o mundo.
Quase que ao mesmo tempo, meu celular tocou e olhando a tela eu vi a foto da minha mãe. Ela sorria largo enquanto fazia uma pose engraçada.
— Ei mãe. - atendi o telefone o colocando na orelha.
— Você viu? - foi a primeira coisa que questionou.
— Sim. Está em todos os canais. - informei desligando a TV e seguindo para a cozinha onde o arroz cozinhava.
— E ele foi pra lá? - respirei fundo pensando em dois dias antes quando deixou a casa em direção ao aeroporto.
— Sim mãe, até onde sei ele está em Los Angeles agora. - respirei fundo.
— Como ele pode ir e te deixar ai? Quero dizer, ainda não haviam fechado o país, mas a pandemia já estava anunciada e para fecharem o país faltava pouco. - minha mãe começou o sermão — Ele não pode deixar a namorada grávida sozinha assim. Que tipo de dissimulado esse garoto é? - respirei fundo revirando os olhos.
— Mãe, ele não sabia. Eu não contei. - a informação a pegou de surpresa. E eu sabia disso pelo extremo silêncio da mulher.
— Como não contou? - ela parecia buscar entender o ocorrido, mas não sei bem se havia o que entender.
— Mãe, nós brigamos. Brigamos feio e ele precisava ir para lá por conta do trabalho. Eu achei melhor esperar que ele voltasse para resolvermos o que faríamos já de cabeça fria. - apertei as têmporas sentindo a cabeça começar a doer — Mas agora eu não sei quando isso vai acontecer. - sussurrei sentindo vontade de chorar. Malditos hormônios.
— Mas onde você estava com a cabeça quando teve essa ideia? Pelo amor de deus . - revirei os olhos já irritada.
— Mãe, chega, tá bem? Eu não preciso que fique me lembrando do meu erro. Eu já sei e não estou com cabeça agora. Nos falamos outra hora. - avisei esperando que ela dissesse algo antes de eu desligar.
— Tudo bem. Desculpe, só estou preocupada. - informou e eu sussurrei um “eu sei” — Nos falamos depois. - e dizendo isso ela desligou.
Joguei o celular no balcão e segui para a panela quente verificando o arroz e o desligando assim que notei que estava pronto. Me afastei da panela e encarei o aparelho desligado. Pensei em e em como ele tinha que saber daquilo pegando o aparelho em seguida disposta a fazer a ligação, mas parando ao notar que era madrugada em Los Angeles e ele deveria estar dormindo.
não foi para Los Angeles por conta da briga. Ele já tinha aquilo marcado e acabamos entrando nessa discussão horas antes de ele seguir para o aeroporto.
A briga ocorreu por uma série de fatores interligados que misturados aos hormônios da gravidez apenas fizeram tudo ficar pior.
não era o tipo de cara que fala sobre os sentimentos dele, nem que parece confortável com afeto, seja ele público ou não. Ele faz mais o tipo retraído e na dele. E isso nunca tinha sido um problema, até que no começo daquele mês nós participamos de uma pequena cerimônia de casamento de dois amigos. Antes de anunciarem aquele caos e nos mandarem ficar em casa. De todo modo, foi apenas uma pequena cerimônia com nós quatro e mais um amigo que foi quem fez o casamento.
Naquele dia eu disse a que o amava, como eu dizia sempre a mais de três anos, que era o tempo em que estávamos juntos e algo que nunca havia me incomodado, me incomodou, no dia seguinte ao ocorrido. Ele nunca respondeu aquelas palavras.
E eu sei que pode parecer bobo, porém, aqui vai a outra parte do ocorrido.
era uma celebridade mundialmente famosa e em todos anos de relacionamento eu vivia cercada de comentários maldosos de fãs que diziam que ainda amava alguém de um relacionamento anterior e que eu era apenas algum tipo de fachada, e isso me incomodava no começo, junto ao fato de ele ser como era. Com o passar dos anos, um término de cinco meses e nosso amadurecimento, eu aprendi a entendê-lo e a não ligar mais para essas pessoas e afastá-las o máximo que podia de mim.
Porém o amigo que se casou, era amigo de a longos anos e nós nos conhecemos por causa dele. Ele também era conhecido e quando as fotos do casamento saíram, a internet começou a se perguntar porque depois de anos juntos eu e nunca havíamos nos casado. E casamento não era o problema, até porque estava confortável e bem apenas morando com ele, mas os comentários, que a muito havia tomado proporções menores voltaram a crescer e o assunto de que ainda estava envolvido emocionalmente com essa pessoa foi tudo que tomou conta das minhas redes sociais por dias.
Comentários como “ele não te ama” “você só é um contrato” “sabemos que ele no fundo só está esperando por ela” começaram a surgir de todos os cantos e acredite quando digo que você nunca está realmente preparado para isso quando vem assim da noite para o dia, de novo.
Para quem nunca esteve nesse tipo de situação pode parecer besteira, eu entendo. Porém caminhar no fogo não machuca quem está assistindo.
Juntando todas essas situações mais a descoberta de uma gravidez que não estava sendo planejada e os hormônios que vinham com ela me resultou em uma crise de ansiedade que a muito eu não tinha. Pensar sobre os comentários e pensar que talvez, estivesse realmente envolvido emocionalmente com outra pessoa, mesmo não havendo motivo aparente para aquilo se tornou algo que ocupou minha mente até o dia em que a viagem estava marcada e ele me questionou sobre o que estava acontecendo.
Quando , completamente sem jeito me disse que não sabia responder o porquê de nunca ter dito me amar eu o mandei ir para a viagem e que quando voltasse nós teríamos aquela conversa. Mas agora, eu não sabia quando aquilo aconteceria.
Semana que vem? Mês que vem? Nunca? Eu não sabia dizer e podia sentir uma nova crise chegando apenas por não ter as respostas para aquilo.
Me servi de arroz quente e uma salada de verdura e tomates que havia sido a minha primeira vontade de grávida, e segui para a sala me sentando no sofá com o celular em mãos e checando minhas mensagens.
Entre amigos, familiares meus e de e grupos eu notei não haver mensagens dele. De novo.
Fechei as mensagens e abri o instagram, ignorando o número no direct ou os notificações de curtidas, comentários e seguidores e seguindo direto para o perfil dele. A última foto ainda era nossa.

Encontrei essa garota no parque e decidi levar para casa.

Era o que dizia a legenda que me fez sorrir pequeno pela referência ao dia que nos conhecemos. Eu estava correndo no parque - coisa que nunca fazia, mas que naquele dia em específico acordei com disposição para - quando ouvi alguém chamar por meu nome. Eu tinha certeza que não conhecia aquele maluco que acenava com os dois braços para cima, mesmo tendo a impressão de já tê-lo visto antes, e quando estava prestes a voltar a correr vi Lewis - o nosso amigo em comum que se casou no começo do mês - ao lado dele rindo da minha clara cara de confusão e desgosto por ter um estranho me chamando como fossemos conhecidos.
Naquele dia nós conversamos por horas naquele parque, e quando Lewis precisou ir, me ofereceu carona para casa. Demorou algum tempo -entre encontros “por acaso” na casa de Lewis durante festas ou sociais- para que ele me chamasse para sair, e eu sinceramente não fazia ideia do que esperar, já que era aquele cara rico e que tinha o mundo aos seus pés e eu honestamente nunca fiz o tipo que paga caro por um jantar, nem que puxava saco de famoso, mas a surpresa veio quando chegamos a um bar em uma região mais afastada do centro, onde uma banda cover de cantores dos anos 60 tocava, a cerveja era barata e pediu por um hambúrguer que eu tinha certeza ter a capacidade de entupir todas as nossas artérias apenas com uma mordida.
Eu me lembro que ele pediu uma porção grande de fritas junto a um milk shake, e meses mais tarde, em uma conversa na casa de Lewis ele confessou que havia perguntado a ele coisas sobre mim e descoberto que milk shake e fritas eram o caminho para conquistar meu estômago.
A foto em seu instagram era da semana anterior. Ambos mostravamos língua enquanto riamos e estávamos na fila do mercado, esperando a longos minutos quando ele decidiu tirar aquela foto. Eu gostava dela. Havia algo ali que era tão nós quanto se era possível ser.
Nos stories, apenas fotos de divulgação de trabalho e com executivos em uma mesa eram encontradas. Exceto pela última. A última era uma selfie de , estava na casa de Los Angeles, atrás de si eu podia ver a vista que tínhamos da sala de estar. Ele estava sério, o rosto apoiado na mão. Mas o que chamou minha atenção estava sob a mesa ao lado do sofá. Fritas e milk shake.
A foto era de horas antes quando a noite começava a chegar em Los Angeles.
Quando pensei em responder uma mensagem chegou. Era de Lianne. Assistente de .

Lianne: Oi . Eu recebi uma ligação ontem e acabei esquecendo de comentar. 11:42 am
Era de uma clínica. Você deixou o contato do como contato de emergência e eles ligaram para confirmar sua consulta, já que você não atendeu 11:42 am
Acabou deixando do número de trabalho e me pareceu bem pessoal, então decidi te avisar antes de falar com ele. Tá tudo bem? Precisa de algo? 11:42 am


— Droga! - murmurei.
Era da clínica do ginecologista. Eu havia marcado assim que fiz o teste da farmacia, e dei o número de por que a aquela altura eu esperava já ter contado. Mas claramente não havia. A minha sorte foi confundir os números e Lianne sempre ficar com o telefone comercial de fora de seu horário de trabalho.

:Oi Lianne. Está tudo bem, pode ficar tranquila. É apenas uma consulta de rotina. Nada demais. Obrigada por avisar. 11:43 am
Se puder não comentar nada com ele, eu agradeço. Não quero preocupá-lo. 11:43 am


Lianne nunca fez o tipo que se metia em assuntos da vida pessoal de , então eu estava bem.
A resposta veio em seguida com ela garantindo que não diria nada.
Eu teria de resolver isso logo.



Eu batia os pés de maneira ansiosa enquanto aguardava o médico na sala dele. Eu havia feito exames e os resultados sairiam naquele dia. Era apenas para termos certeza de que eu realmente estava grávida, que tudo estava bem e para que todos os procedimento de pré natal e esse tipo de coisa começassem a ser marcados.
Quando a porta se abriu e ele adentrou o local com um sorriso no rosto meu estômago revirou. Parte de mim - a parte desesperada e ansiosa por pensar que eu passaria aquela gravidez sozinha, já que uma pandemia havia se instaurado e minha mãe, namorado e amigos se encontravam em outros países, ou em isolamento - pedia para que aquilo não fosse verdade, mas o médico tinha aquela cara. Cara de quem tinha boas notícias para dar. E a notícia veio. Seguida de um choro copioso que eu não sabia dizer se era de alegria ou puro desespero.
— Mas … - ele começou e aquele tom me preocupou, junto a breve cara de preocupação do homem — Na sua ultra eu notei uma pequena mancha no seu útero. Eu já pedi novos exames para daqui a algumas semanas, já que esses cistos são comuns no início da gravidez, mas preciso pedir que você evite esforços e que se cuide. Os quatro primeiros meses são cruciais. Então sem pegar peso, sem se esforçar muito e sem se estressar. - alertou — Sei que é um momento difícil, mundialmente falando, mas por favor evite o máximo de noticias ruins e estresses desnecessários, ok? - eu assenti para em seguida ver o médico prescrever uma lista de vitaminas e mais algumas coisas que ele informou serem necessárias.
Ao sair do consultório chequei o celular e vi que haviam cinco ligações perdidas de . Respirei fundo e disquei de volta para ele, apenas para ter a chamada jogada na caixa postal.



Estava em casa, deitada no sofá comendo um bolo de cenoura e chocolate que eu havia feito. Devia ser minha terceira fatia quando uma mensagem chegou. Era de Zoe. A esposa de Lewis que havia se tornado minha amiga mais próxima assim que eles começaram a namorar.
Zoe entendia o hate na internet, apesar de sofre-lo bem menos que eu, já que também era do ramo e tinha um grupo considerável de fãs que a protegiam.
Se eu deveria ter escolhido os palcos ao invés da engenharia? Sem sombra de dúvidas. Mas me faltava muito talento para aquilo.

Zoe: , como você está? 03:38 pm
: Bem e vocês? 03:38 pm


O meu erro foi pensar que a mensagem de Zoe era para meramente puxar assunto e falar sobre como era passar a lua de mel em isolamento nas Maldivas. A mensagem seguinte de Zoe foi com ela me perguntando se tudo estava realmente bem. E depois de eu questionar, ela informou ser sobre . Eu pensei que ela falava sobre a briga, mas precisei apenas de mais duas ou três mensagens para saber que não se tratava daquilo. E quando ela se negou a falar e quando fui para a internet eu entendi do que se tratava.
Haviam fotos por todo o canto de com o irmão mais velho da ex namorada dele. Eles eram meio amigos ainda, afinal se conheceram bem no início da carreira de , mas o fato de estarem na casa dele, casa a qual ele dividia com a irmã, não me acalmou.
Eu não tinha um problema com ela. Muito pelo contrário, ela era ótima e havíamos nos encontrado algumas vezes ao longo daqueles anos. Mas naquele momento, a menção a na casa dela apenas faziam ecoar os comentários em minha mente. E foi inevitável não abrir a caixa de comentários do post e passar minutos entre ler cada um deles e chorar enquanto ignorava as chamadas de Zoe.
Eu queria beber, mas não podia. Então fiz a coisa mais sensata que poderia ter feito naquele momento. Apesar de querer muito falar com Zoe, eu sabia o quando ela seria regida por sua emoção e de emoções ali bastavam as minhas, que naquela altura do campeonato, já eram muitas. Disquei o terceiro número registrado na letra D em uma chamada de vídeo e após alguns toque o rosto amigável de Doutora Helena surgiu na tela.
, o que houve? - a terapeuta questionou e em seguida eu estava despejando sobre ela todas as minhas emoções e tudo que havia acontecido na última semana.
Vi os olhos dela se arregalarem e um pequeno sorriso surgir em seus lábios ao contar sobre a gravidez, apenas para depois ela tornar a escutar com atenção. Quando terminei ela deixou que eu tomasse um tempo para respirar antes de começar a falar.
— Ótimo, continue respirando assim, como te ensinei. - incentivou e eu fiz o mandado — Agora respire fundo uma vez e solte o ar de uma vez só. Como se jogasse tudo de ruim para fora. - obedeci e quando todo o ar deixou meus pulmões era como se toda a agonia tivesse ido junto — Melhor? - questionou e eu apenas assenti — Ótimo. Agora vamos por partes. - eu assenti — , nós já tivemos essa conversa sobre antes e sobre esses comentários na internet também. simplesmente não demonstra amor de modos convencionais, mas isso não quer dizer que ele não te ame. E os comentários na internet, você sabe o porquê de as pessoas os fazerem. Infelizmente isso nós não podemos mudar. - ela me olhava com pesar — Sabe, eu nunca te sugeri isso porque sempre achei que lidar com isso seria o melhor e realmente foi, mas agora eu acho que é hora de tomar um novo tipo de atitude. - eu encarei a tela com mais atenção — Você já pensou em excluir as redes que tem agora? Não estou dizendo para sair da internet, mas excluir as atuais, criar novas e privadas. Longe desses comentários e pessoas. - eu franzi o cenho.
— Mas isso não muda muita coisa, não é? Quero dizer tudo ainda vai estar lá de todo modo. - murmurei em tom choroso.
— Sim, mas em uma proporção bem menor e acho que acessar menos esse tipo de coisa também pode ser bom agora. - eu torci o lábio meio incerta — Escute , o ódio gratuito e desvairado sempre vai estar lá fora, e não é sua culpa. Garanto que não é. Mas neste momento existe um pequeno ser humano dentro de você que precisa do seu cuidado, e isso inclui cuidar da sua saúde emocional e mental também, ainda mais nesse início. - ela sorriu terna. Doutora Helena era mãe solteira de uma garotinha adorável e parecia aquele tipo de pessoa que sempre estava animada por novas grávidas — Por isso manter distância talvez seja o melhor para vocês. - eu assenti — E sobre , acho que deve dar a ele a chance de se explicar antes de tomar decisões e depois dar a ele o direito de saber o que está por vir. Afinal essa criança merece os pais. Juntos ou não. - eu assenti novamente pensando que ela estava certa. Sendo o que fosse, saber era um direito de .
— Acha que posso enrolar para ligar? - brinquei e ela deu de ombros.
— Claro, se quiser fugir como uma covarde. - eu ri negando com a cabeça. Helena havia se tornado mais que uma terapeuta, havia se tornado uma amiga — Se precisar de qualquer coisa pode me ligar. Companhia para as consultas ou algo assim, ok? - eu sorri.
— Obrigada Lena. - ela sorriu de volta e ao fundo ouvi uma voz fina gritar “mamãe, eu acho que derrubei o suco de uva” e ri.
— Se prepare, em breve é você. - alertou — Mas te garanto, no fim do dia você vai adorar limpar essa bagunça, pelo menos um pouquinho. - eu ri negando com a cabeça.
— Você só pode ser doida. - murmurei acenando em despedida em seguida e encarando a foto na tela do celular. e eu em uma dessas fotos de cabine. Respirei fundo digitando uma mensagem em seguida.

: Precisamos conversar. Me ligue assim que puder. 03:59 pm

E não demorou nem cinco minutos para o celular estar tocando com uma foto de ali. Respirações fundas foram necessárias antes de eu atender.
? - ele chamou assim que coloquei o telefone na orelha.
— Oi. - sussurrei já querendo chorar.
— Graças a deus. Tentei te ligar ontem e você não atendeu. Lianne me falou algo sobre você no médico, o que aconteceu? O que você está sentindo? - o tom preocupado fez meu peito apertar.
— Nada demais. Não estou sentindo nada. Pode ficar tranquilo, não tem nada a ver com o corona. - o acalmei e ele suspirou aliviado.
— Mas porque foi ao médico? É alguma outra coisa?
— É, mas não é nada com que se preocupar. - ele ia continuar com as perguntas, mas o interrompi — Eu vou dizer o que é, mas antes preciso que me responda algo. - informei e ele apenas concordou — , o que estava fazendo na casa do Charlie? - eu esperava que demorasse para obter aquela resposta, mas ela veio logo.
— Estávamos vendo se conseguiamos liberação para que eu pudesse pegar um voo privado para casa com o jatinho de Charlie. - informou e eu franzi o cenho.
— Como assim? - ele respirou fundo.
— Sempre que venho para cá sozinho algum amigo vai para minha casa, você sabe. E Charlie estava aqui quando anunciaram que estavam fechando tudo. Quando Lianne avisou sobre a sua consulta eu não tinha como comprar passagens, então fomos até a casa dele para falar com o pai dele que está na cidade, para ver se ele conseguia nos ajudar a conseguir a liberação. - explicou — Eu estava preocupado, . E você não me atendia, pensei que algo tivesse acontecido. - o tom baixo me indicava que ele estava sem jeito.
— E estava tentando voltar para casa porque estava preocupado? - questionei mesmo que já soubesse a resposta.
— É claro que sim, . - ele garantiu respirando fundo — , olha, eu sei que você tem razão naquela briga que tivemos. Eu sei disso. Não é fácil pra você como é pra mim, com todas as pessoas dizendo aquelas coisas horríveis e eu de certo modo, não te ajudando muito quando se trata de afirmar o meu amor, por que eu sou um idiota que faz piada de tudo e ao invés de dizer que te amo, fico fazendo piada e tudo o mais, mas é só que eu nunca achei necessário dizer as palavras. - ele começou e eu apenas me disponibilizei a ouvir naquele momento. Uma respiração funda e eu sabia que havia um conflito dele mesmo ali — Eu vou te contar algo que nunca contei a ninguém, porque nunca fiquei vulnerável desse modo e espero que você ouça, por favor, porque eu estou indefeso aqui agora. - eu puxei uma almofada e a abracei junto ao corpo — Eu cresci com um pé de guerra em casa. Minha mãe e meu pai viviam em uma briga sem fim, porque ela vivia descobrindo traições dele, mas nunca o deixava. Eu não sei dizer ao certo quando começou, porque desde que me lembro isso acontecia. Por mais ou menos oito anos nós vivemos desse modo, meu pai traia minha mãe, ela descobria, brigava com ele, ele pedia desculpas, dizia que a amava e tudo voltava ao normal por algumas semanas, até a próxima vez. - era notável o quanto o tom de era sofrido por contar aquilo e era péssimo ouvi-lo daquele modo.
, você não precisa…
— Eu preciso . Preciso porque quero que entenda. Por favor. - pediu em um tom suave, quase como se implorasse por aquilo.
— Tudo bem. - sussurrei e ele tornou a respirar fundo.
— Um dia, meu pai bebeu mais do que deveria. E aquele dia foi uma exceção, ele não costumava fazer esse tipo de coisa, mas naquele dia aconteceu e quando ele chegou em casa minha mãe começou a gritar perguntando de quem era o cheiro que estava nele. - respirou fundo novamente, como se tomasse fôlego — Ele não necessariamente bateu nela, mas a segurou pelos braços e começou a gritar com ela, que o cheiro era de alguém de era melhor do que ela jamais seria. Eu, com oito anos, comecei a bater nele tentando proteger minha mãe e acho que foi aí que ele notou o que estava fazendo. Então mais uma vez ele pediu perdão e disse que a amava. Minha mãe disse que estava tudo bem, e no dia seguinte quando ele saiu para trabalhar nós fomos embora. - uma pausa e apenas no som da respiração de eu podia vê-lo mordendo a parte interna dos lábios prendendo um choro que pedia para sair — Por dois anos depois daquilo eu ouvi da minha mãe as piores coisas que um filho pode ouvir de alguém, mesmo não tendo culpa de nada. Ela me xingava, dizia que eu jamais seria alguma coisa e que um dia eu encontraria uma pessoa e que eu seria para essa pessoa o mesmo que meu pai foi. Um mentiroso e um canalha. Eu nunca a culpei, afinal anos em um relacionamento de merda mexem com a cabeça das pessoas e fico feliz que ela tenha se cuidado e encontrado alguém muito melhor. - eu conhecia a mãe de , Marta. Ela era ótima, um amor de pessoa, eu jamais imaginaria que aquilo pudesse ter acontecido, porque Marta morria de orgulho dele, e sempre que a visitávamos ela fazia questão de tratá-lo como um rei. Talvez agora estivesse explicado — Mas eu sempre fiquei com tudo aquilo na cabeça e prometi pra mim mesmo que nunca faria a ninguém o que meu pai fez a ela. Eu não seria como ele. - eu engoli em seco - Eu nunca disse que amava ninguém, nem mesmo minha mãe, porque eu sempre me lembrava da quantidade de vezes que ele disse que a amava e eram apenas palavras. Eu de um modo inconsciente, decidi que cuidar era a melhor forma de dizer que eu amava alguém. - explicou — Dizer as palavras sempre foi um problema, assim como as demonstrações convencionais de afeto, por que isso não é algo do qual eu cresci cercado. Então eu sempre dei um jeito, mesmo que meio maluco. - ele riu fraco — Eu não sei se deu muito certo, ou se deixei muito claro. Talvez não. E sinto muito por isso. Mas espero realmente que não tenha desistido de nós, . E te contei tudo isso porque mais que qualquer pessoa nesse mundo, eu quero que você conheça meu coração, porque não quero, nunca, que você se esqueça quem você é pra mim. - meus olhos marejaram e como se eu precisasse apenas daquilo, lembranças invadiram minha mente.
Todas as vezes que reprisou junto a mim a minha série favorita, mesmo que ele não gostasse dela nem um pouco. Como ele havia aprendido a preparar ovos no ponto em que eu gostava, apenas porque eu não os comia de outro modo. Quando, de modo despretensioso eu comentei no almoço que precisava trocar a cadeira do meu escritório porque ela era desconfortável e no fim do mesmo dia ele chegou com uma cadeira nova. Como ele se atentava aos novos jogos lançados, e sempre comprava os jogos em que podíamos jogar como dupla porque ele sabia que eu adorava jogar no mesmo time que ele, e que quando jogavamos fifa - jogo no qual eu era péssima e não gostava tanto, mas jogava porque ele gostava - ele sempre me deixava fazer pelo menos um gol, mesmo que negasse que havia deixado - eu conhecia bem a minha falta de habilidade e era muito segura para admitir que eu não conseguiria sem ele me deixar. Como ele sempre fazia questão de me mostrar suas novas conquistas no Counter Strike, só porque eu sempre vibrava com isso. Como, sempre que eu estava triste ou frustrada por um dia ruim no trabalho, ele chegava em casa com milk shake e batatas fritas para me animar, e depois de comermos ele fazia questão de passar máscara de argila no meu rosto porque era tudo que conhecia de skin care. Como ele sempre dormia com uma camisa limpa um dia antes de viajar, apenas para deixá-la sobre a cama para que eu pudesse usá-la e não me sentir tão sozinha em casa. E como quando ele voltava, o trabalho não existia por pelo menos um dia inteiro.
Eram coisas simples do dia a dia as quais ele podia apenas deixar passar, mas nunca deixou. Não eram caprichos meus aos quais ele cedia, eram coisas as quais ele prestava atenção, mais que qualquer um já havia. Era assim que me amava. Não haviam palavras e declarações, mas havia aquilo. O amor do dia a dia, que valia mais que aquilo.
— Você deixou claro. Eu é quem não parou para notar antes. - sussurrei em meio a um choro — Eu sinto muito por isso. Eu fui bem idiota em começar aquela briga. - e era assim que me sentia. Pelo amor de deus, eu conhecia e seus sentimentos, como deixei algo externo entrar no meio daquilo?
, não faça o que está fazendo agora. Não se culpe. Estamos nessa há tempo suficiente para eu saber você tem aguentado firme todos esses anos. Você não é de ferro e nem precisa ser. - garantiu — Eu estou com você de todo modo. Sempre vou estar. Mesmo quando você estiver irritada com o pessoal do seu trabalho e me mandar te deixar em paz. Por mais que eu corra risco de vida assim. - eu gargalhei e o ouvi rir junto. Meu coração estava aliviado e mais leve no peito — Eu respondi a algumas pessoas na internet. Provavelmente a Lianne e a galera do RP vão me dar uma bronca, mas… - ele informou e eu torci os lábios.
, você não tinha que fazer isso. - murmurei insatisfeita. Aquilo não resolveria nada, apenas causaria problemas para ele.
— Tinha sim. Estão enchendo o seu saco por aí, por razão nenhuma e eu não queria ficar quieto sobre isso. Alguém precisa dizer para eles que esse tipo de coisa é ridícula. - apesar de tudo eu sorri fraco.
— Obrigada de todo modo. - sussurrei.
— Eu desistiria disso tudo por você, . Basta você pedir. - confessou e era a primeira vez que ele me dizia algo assim. Eu sabia o quanto amava seu trabalho. E dizer que o deixaria por minha causa era definitivamente algo grande.
— Eu nunca vou te pedir isso, nem aceitar que desista por minha causa. - meu tom era quase o de quem dava uma bronca e ele também notou, eu sabia apenas pela forma como ele riu. Houve um momento de silêncio no qual apenas nossas respirações eram ouvidas na ligação.
— Eu queria poder ir para casa. - ele confessou — Acha que isso vai durar muito tempo? - eu tombei a cabeça no encosto do sofá.
— Eu espero que não. - suspirei — Sinto sua falta quando a gente tá longe. - ouvi ele rir baixinho, como fazia sempre que sorria meio sem jeito. E naquele momento notei que ainda não havia contado e não queria mais demorar para contar. Respirei fundo — Pelo menos dessa vez é um pouco menos, já que dessa vez tem um pouco mais de você aqui.
— Achou a blusa na gaveta do armário? - ele questionou e eu revirei os olhos rindo fraco.
— Achei, mas não é por causa da blusa.
— É porque então? - ele questionou confuso e curioso e eu mordi o lábio.
— Porque agora eu meio que sinto seu coração dentro do meu. - soltei meio sem jeito e sem saber como contar. Isso era assustador.
, a gente não fez transplante de coração pra você estar sentindo o meu coração no seu. - ee brincou e eu ri negando com a cabeça.
— Pelo amor de deus, não posso nem tentar ser poética como nos filmes. - murmurei — Enfim, isso tem me deixado meio doida nos últimos dias, e eu sei que só estou perdendo tempo em te dar dicas porque você é péssimo com essas coisas, então só espero que você não fuja de mim. - soltei de uma vez de modo acelerado.
— Eu não vou. Agora anda, fala logo que eu to curioso e preocupado. - pediu e eu respirei fundo fechando os olhos como se aquilo fosse me dar mais coragem.
, eu to gravida. - o que veio a seguir foi o silêncio. Longos momentos de silêncio. E a cada segundo eu me sentia mais nervosa por não ter uma resposta — ? - chamei e não houve resposta — pelo amor de deus fala alguma coisa. - pedi.
— Mulher, calma que eu to ligando pro presidente dessa porra desse país pra avisar que eu tenho que ir embora daqui. - apesar do tom de brincadeira eu podia ouvir sua voz meio trêmula — Você tá falando sério? - questionou dessa vez em um tom mais sério que antes.
— Eu ia te contar quando você voltasse, já que a briga aconteceu, mas agora pode demorar, então.. - deixei a frase solta — Foi por isso que fui ao médico, pra confirmar e ver se estava tudo bem. - ele riu. Primeiro um pouco e depois começou a gargalhar — Pronto, ficou maluco que nem eu. - ele continuou rindo.
, nós vamos ser país. - ele ria, mas o seu tom embargado me dizia que ele chorava e naquele momento meus olhos marejaram.
— Nós vamos . - comecei a rir junto com ele. Por longos minutos foi só o que fizemos, rir e chorar. Depois contei a o que o médico havia dito e ele me mandou amarrar um travesseiro ao redor da barriga e disse que encontraria na internet um robô e o mandaria para casa pra fazer tudo por mim.
… - ele chamou depois de algum tempo em silêncio e eu murmurei indicando que o ouvia — No casamento do Lewis e da Zoe eu não disse nada, mas… - ele fez uma pausa, meio nervoso — É esse tipo de coisa que eu quero com você. Todas essas frescuras de casar em uma festa com os amigos, ter filhos pela casa e envelhecer juntos brigando por causa da música alta, ou porque eu nunca presto atenção em nada quando estou tocando. - eu sorri largo imaginando uma cena onde éramos velhos e dividiamos a sala de estar enquanto tocava piano entretido demais para me ouvir falar sobre como nosso filho avisou que vem visitar no fim de semana.
— Eu também quero essas frescuras com você, . - admiti e no silêncio eu podia vê-lo sorrindo do outro lado.
— Legal. - foi o que ele disse. E naquele legal eu conseguia, agora pelo menos, ouvir que ele me amava — O que você acha de chamarmos ele de Shiryu se for um menino e de Marin se for uma menina? - eu gargalhei.
— Nem começa com isso… - e assim tivemos nossa primeira briga pelo nome do bebê.



A dor era excruciante e sinceramente me fazia me questionar porque de eu estar fazendo aquilo. Eu estava apavorada e sozinha apenas com médicos e enfermeiros. Minha família não estava ali, nem meus amigos, nem que também não atendia a porcaria do telefone.
, vamos te levar para a sala de cirurgia. Você não tem dilatação suficiente e não podemos esperar mais, ok? - o médico avisou e eu apenas assenti, incapaz de protestar por querer um parto normal naquele momento.
Enfermeiros me transportaram até uma maca e assim fui levada para o centro cirúrgico, onde fui deitada, ligada a aparelhos e anestesiada.
— Vocês podem tentar ligar o de novo? - pedi em um choro. Ele tinha de estar ali. Se não pudesse ser presencialmente, ao menos pelo telefone. A enfermeira encarou o médico que assentiu sorrindo e ela tentou novamente.
, oi, eu sou Mary, a está aqui e quer falar com você. - ela segurou o telefone perto da minha orelha.
, porque você não atendeu? Seu… - me contive em xingá-lo o ouvindo rir fraco.
, sabe que se eu pudesse voar eu voltaria diretamente para casa pra você, não sabe? - ele questionou e eu franzi o cenho confusa.
— Eu sei disso, . - garanti chorando, não de emoção pelas palavras dele, mas de dor e desespero.
— Ótimo. - e quando ele disse aquilo ouvi a porta do centro cirúrgico se abrir e a enfermeira afastou o celular de mim, dando espaço para outra pessoa. Ele usava roupas azuis como a dos enfermeiros e uma máscara, mas eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.
? - chamei chorando e eu vi os olhos dele enrugarem indicando que ele sorria.
— Oi . - a enfermeira puxou um tipo de banquinho e se sentou ao meu lado passando a mão na minha testa e segurando a minha mão que estava esticada com a sua livre.
— Você tacou uma bomba no Trump por acaso pra ele te deixar sair de lá? - questionei e ouvi risadas por toda a sala.
— Não. Eles só começaram a liberar os vôos particulares. Charlie me emprestou o jatinho e eu vim. - eu sorri.
— Quando você chegou? - questionei.
— A dezesseis dias. Não te contei nada porque precisei ficar em observação longe de você para que caso tivesse algo não passasse, mas hoje fui liberado e vim direto pra cá. - eu fiz bico tentando conter o choro.
— É seu recorde guardando um segredo. - ele gargalhou. A risada alta preenchendo o centro cirúrgico. Eu amava aquela risada.
— Como você está? - ele perguntou deixando um carinho em minha cabeça.
— Parindo. - respondi e ele tornou a rir.
, não existe ninguém como você nesse mundo. - eu sorri para ele.
— Vamos começar então? - o médico foi quem disse nos encarando assim que entrou na sala vestindo o capote e eu assenti.
apertou um pouco mais a minha mão, e uma cortina desceu a frente do meu rosto bloqueando a visão da cirurgia. Virei minha cabeça levemente encarando , enquanto seus olhos estavam focados em mim e sorri para ele. Depois de meses ele estava ali.
Não sei dizer quanto tempo demorou, mas dado momento a mundo pareceu mais lento quando um choro fino invadiu toda a sala. Meus olhos se arregalaram para que virou o rosto no exato momento sorrindo. Nós não sabíamos o que seria, eu não queria descobrir até o fim, então enquanto tinha a visão do nosso bebê eu apenas podia invejá-lo por ter descoberto antes de mim.
— Parabéns papais, é uma menina. - o médico avisou e me encarou com os olhos marejados.
— Ela tem o seu nariz, tenho certeza que tem. - garantiu.
— Que tem certeza do que , ela está longe e você é míope, não tá vendo nada. - impliquei e ele riu junto aos médicos.
A visão seguinte que tive foi da enfermeira com um pequeno ser humano nos braços e um sorriso nos lábios. Ela a passou para que a olhou fascinado para em seguida a inclinar para mim.
— Eu te disse que ela tem o seu nariz. - contestou e eu ri enquanto chorava a vendo ali. Realmente, ela tinha o meu nariz.
Era linda, a coisa mais linda que eu já havia visto na vida. Eu não sabia explicar o que sentia naquele momento, mas parecia que meu coração seria capaz de explodir de tanto amor.
— Ela é perfeita, . - sussurrei tocando a bochecha dela com a mão que conseguia movimentar.
— Ela é. - ele afirmou e eu encontrei os olhos dele. Derramando lágrimas como eu nunca havia visto antes — Obrigado . Obrigado por ser uma mulher incrível e por me dar o melhor presente do mundo. - eu sorri para ele fazendo um bico tentando não começar a chorar de novo.
— Vocês já escolheram um nome? - a enfermeira questionou segurando um tipo de prancheta nas mãos.
— Marin. - soltou rápido fazendo a enfermeira o olhar estranho.
— Ah , cala essa boca. - mandei e ele riu.
— Não custava tentar. - murmurou dando de ombros — O nome dela é Hope. - avisou e no mesmo instante eu pude jurar que a vi sorrir e obviamente meu coração quase derreteu.
— Bonito nome. - a enfermeira elogiou após anotar algo — Agora preciso levar a Hope, mas logo vocês vão poder vê-la de novo. - nós nos despedimos e em seguida Hope foi levada de nós.
— E você vai dormir para terminarmos a cirurgia, . - o médico anunciou e logo havia uma máscara nas mãos do anestesista.
— Vai estar aqui quando eu acordar? - perguntei para que sorriu.
— Sempre. - e com o carinho de na minha cabeça eu assenti para o anestesista que colocou a máscara de onde um gás saia fazendo um barulho constante em meu nariz e boca.
O sono começou a vir gradualmente e notei se aproximando de mim, ainda com seu carinho em meus cabelos.
— Só para os seus olhos eu vou mostrar meu coração. Hoje e sempre, eu prometo, . - a voz dele já era distante, mas eu tinha certeza que foram aquelas palavras que eu ouvi. E sem poder dizer nada o sono me atingiu de uma vez me levando com ele.




Fim!



Nota da autora: Essa foi a minha segunda ideia de história pro especial e com uma música que eu escuto a tempos, mas nunca tinha me dado uma ideia antes.
Eu sinceramente adorei essa história. Não tem um graande conflito, mas na hora que ouvi If I could fly eu imaginei o pp nesse papo com a pp e eu sempre tive muito essa visão de que amor é algo único pra cada um e ele nunca vai ser externado de um modo só. Existem muitas formas de se mostrar o amor que vão além de declarações e palavras, e creio eu que as vezes elas nem são necessárias, porque amor ta no dia a dia. Tá nas coisinhas simples que podiam passar em branco, mas não passaram, sabe?
Enfim, to falando demais já hahaha eu espero muito que tenham gostado da história e espero que estejam gostando do especial.
Um beijo e a gente se vê!





Outras Fanfics:
Can I be the one? [ Harry Styles - Em andamento ]
Sour diesel [ Zayn Malik - Em andamento ]
Summer stars [ também faz parte do especial - finalizada ]


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