XVI – Consequências
A madrugada passou, os meninos a toda hora checavam se suas garotas estavam bem. A febre oscilava entre alta e baixa, as meninas suavam frio, hora ou outra gemiam de dor, mas logo relaxavam novamente.
Não dava para dizer quem estava pior, todas mostravam os mesmos sintomas. O dia amanheceu tranquilo, e como sempre, foi a primeira a acordar, mas por algum motivo não conseguiu levantar quando abriu os olhos, descobriu o motivo quando sentiu os braços de André na sua cintura.
- Bom dia – ela sussurrou o fazendo abrir os olhos e encará-la com aqueles olhos verdes preocupados.
- Bom dia, amor. Como se sente? – ele perguntou baixo, mas nesse momento Liam, Daniel e Caspian levantaram as cabeças quando perceberam que tinha acordado e as outras meninas não.
riu.
- Melhor, e relaxem meninos. Essas ai só acordam depois de muitas tentativas – disse fazendo os meninos respirarem aliviados, ela tentou se levantar, porém André não deixou, ela olhou pra ele com uma interrogação no rosto.
- Você vai ficar quietinha onde está – André mandou.
- Mas eu to melhor, e preciso tomar um banho – falou fazendo manha.
Os meninos riram porque sabiam que André ia ceder ao pedido da namorada.
- Ta bom, desde que seja rápido e depois você volte a deitar – André concordou.
- Sabia – Caspian comemorou rindo – , acorda as meninas por favor? Elas desse jeito, estão começando a me assustar – ele pediu olhando pra .
, concordou levantando devagar da cama e indo até a cama de tirando o travesseiro debaixo da cabeça dela, na hora levantou a cabeça reclamando que estava muito cedo. Depois foi até a cama de fazendo cosquinhas nos pés dela, a garota acordou rindo e por último foi até , sussurrando o nome do irmão no ouvido dela, na hora pulou da cama sentando procurando pelo irmão.
- Não quero ir para a aula hoje – murmurou sentado na cama e encolhendo as pernas para Liam sentar com ela.
- Se vocês estão bem mesmo, não tem motivo para faltar – falou Liam sabiamente como se para testar as meninas.
- Qual é Liam, queremos faltar na aula – murmurou com a voz rouca, ela não estava se sentindo exatamente bem e se sentia muito fraca, só que não queria deixar os meninos e principalmente Caspian perceber.
levantou para tomar banho e preferiu ficar calada sabendo que era não era a única que sentia como se estivesse dopada.
se jogou na sua cama, sem duvidas era a mais fraca de suas irmãs, Daniel se ajoelhou ao lado da cama dela tocando em seu rosto.
- Está bem mesmo?
Ela apenas concordou com um aceno de cabeça.
- Escolhe um filme pra gente? – pediu chamando a atenção para ela e então puxando Liam pela mão para ele ficar ao lado dela, ela aninhou a cabeça no peito dele – Esquece, outra pessoa escolhe.
- Vocês têm que comer – lembrou Caspian sorrindo para que estava toda dengosa na cama.
- Não to com fome – murmurou se virando na cama e riu quando deu de cara com o rosto de Caspian – não vou beijar você agora, Cas.
Ele riu e deu de ombros.
- Me contento em observar você.
- Liam, manda eles pararem, vou vomitar – brincou fazendo todos rirem, exceto que começava a voltar a dormir.
- Eu vou preparar uma sopa para vocês – decidiu Daniel ficando de pé e cobrindo melhor – Me ajuda, André?
André olhou para o banheiro onde ainda tomava banho e concordou.
- Quero sopa de batata – falou toda dengosa procurando carinho em Liam.
- E eu de galinha, acho que prefere de legumes – concordou fazendo os meninos rirem da moleza delas.
Enquanto André e Daniel iam para a cozinha fazer as sopas pras meninas, Caspian e Liam ficaram tomando conta delas, tinha voltado a dormir; estava quase dormindo novamente, já que Liam fazia carinho em seus cabelos; estava deitada com a cabeça no colo de Caspian conversando alguma coisa boba.
estava terminado o banho, quando sua visão começou a ficar turva, ela colocou a mão na parede tentando se manter em pé, de repente tudo ficou preto, ela começou a ter uma sensação estranha, imagens vinham a sua cabeça totalmente fora de ordem: praia, campo, nuvens, frio, calor, sangue.
- André – sussurrou, pois não conseguia gritar – André.
Andre estava na cozinha cortando alguns legumes, quando sentiu sua marca arder uma pouco, olhou para a porta do banheiro esperando que a namorada estivesse bem.
- André – ele escutou alguém chamando por ele.
Sem pensar duas vezes ele correu pra porta do banheiro, mas ela estava trancada. - ? Abre a porta – André pediu forçando a porta.
- André – ele só escutou ela sussurrar.
Rapidamente ele forçou a porta, a fazendo dar uma alto estalo que fez que dormia e darem um pulo de susto, e soltar uma exclamação. A porta abriu e André encontrou encostada na parede do Box, enrolada num roupão com lagrimas nos olhos.
- – André falou aliviado vendo que a namorada estava de certa maneira, bem. Ele a pagou no colo, levando ela de volta para o quarto.
As meninas agora estavam mais acordadas e preocupadas com , que tremia enquanto André a colocava na cama. A cama de era a mais próxima, então a garota se levantou indo até a cama da irmã. olhava para o nada e aos poucos parava de tremer, quando sentiu a mão quente de em sua perna deu um pulo de susto.
- , calma. Sou eu – disse preocupada olhando da irmã para André sem saber o que fazer.
- – falou segurando a mão dela e olhando pra ver se ela estava bem, tentando se lembrar das imagens que viu no banheiro, mas só lembrava da imagem do frio e de sangue – , , vocês estão bem?
- Sim – as duas responderam juntas sem entender direito o porque da pergunta.
- Meninos? André? – olhou pros meninos que concordaram e para o namorado que estava atrás dela.
- Meu amor, o que foi? – André perguntou fazendo massagem no pescoço da namorada.
- Eu não sei. Umas imagens estranhas que eu vi, enquanto tomava banho. Me deixaram assustada – disse começando a relaxar novamente, mas ainda se sentindo fraca.
- Que imagens? – Daniel perguntou, sentando na cama de que tinha voltando a deitar, mas olhava atenta a todos em volta.
- Não sei direito, algo com praia, campo, nuvens, frio, calor, sangue – disse a última com medo – Será que foi uma visão?
- Não sei, pode ser que sim e pode ser que não. Agora, coloque uma roupa confortável, enquanto eu e o Liam terminados a sopa de vocês – Daniel disse levantando da cama, escutando Liam reclamar e também, mas nem ligou, antes de levantar deu um beijo na testa de , percebendo que a pequena estava queimando em febre – , você está queimando em febre – ele falou assustado.
- Eu to bem – a pequena sussurrou fraca, mas suas palavras foram desmentidas quando ela gemeu de dor.
- Está piorando, de novo – Caspian comentou olhando para que estava de olhos fechados e sobrancelhas juntas, numa expressão de dor. Eles se entreolharam.
- Ok, já chega disso – Liam falou levantando da cama com raiva, fazendo gemer e esticar os braços o mandando voltar – Vou resolver isso amor, não demoro – deu um beijo na testa da namorada e olhou para Daniel que encarava preocupado – Dan, vem comigo.
- Hey, o que vai fazer? – André perguntou, e Daniel abriu a boca para protestar, mas Liam já havia saído pela porta do quarto das meninas. Sem alternativas, Daniel seguiu o amigo.
- Onde vamos? – perguntou o alcançando rapidamente, eles viraram um corredor e Daniel entendeu - Eu também suspeitava disso.
Liam abriu a porta daquele quarto com um murro a fazendo voar longe e as quatro morenas ali dentro pularem e olharem assustadas.
- O QUE VOCÊS FIZERAM? – exclamou enraivado parando de frente para as quatro que depois de se recuperarem do susto ficaram uma ao lado da outra. Elas sorriam inocentes.
- Sobre o que, Li? – Lesley questionou piscando rapidamente para Liam que fez careta para ela.
- As meninas. O que fizeram com elas? – Daniel perguntou mais calmo que o amigo. Elas se entreolharam segurando o riso satisfeito, haviam conseguido sucesso na missão.
- Nós? Não sabemos de nada – Lexi deu de ombros.
- Pode deixar que as faço lembrar rapidinho... – cuspiu Liam avançando sobre elas, mas Daniel esticou a mão parando o amigo.
- Tudo bem então, desculpem o incômodo – o loiro falou simplesmente, Liam lhe lançou um olhar incrédulo.
- Vocês nunca incomodam – Lesley disse dando um passo a frente.
Daniel balançou a cabeça e puxou Liam para fora do quarto das morenas, o levando até a porta do quarto das meninas, mas não entrou.
- Porque fez isso? – perguntou Liam confuso.
- Porque vamos chamar Marcus. Sabemos que foram elas, e se não querem se render por bem, vão por mal – respondeu Daniel sabiamente.
- Eu podia tê-las feito se renderem por mal – o moreno comentou, Dan riu.
- Mas se você fizesse algo contra elas, perderia a razão – o loiro deu de ombros – Venha, vamos avisar os meninos que faremos uma pequena viagem.
Eles entraram no quarto que continuava do mesmo jeito, a única diferença era que as quatro estavam dormindo.
- E então? – Caspian perguntou sentado na beira da cama de .
- Vamos contar a Marcus que foram as Shaw que fizeram isso às meninas. Tenho certeza que ele tomará providências – Daniel falou indo até a varanda – Vocês dois fiquem aqui, não saiam de perto delas.
André e Cas reviraram os olhos, como se eles fossem sair. Mas concordaram, então Liam seguiu Daniel até a varanda e os dois voaram.
Ao chegarem na mansão de Marcus correram para a sala do mesmo, acenando para os amigos que os cumprimentavam mas não parando para conversar com ninguém, nem mesmo Jaime e James. Bateram na porta da sala e segundos depois ela foi aberta por Marcus, que sorriu para os dois os mandando entrar.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Marcus, com a voz tranqüila, andando pela enorme sala.
- Senhor, suas filhas... elas foram envenenadas pelas Shaw – Liam foi direto.
Marcus parou e olhou preocupado de Daniel para Liam.
- Como? – exclamou descrenço.
Daniel lhe contou sobre a festa das irmãs, e de que logo após as garotas haviam adoecido, juntas e sem explicação.
- Elas não podiam ter feito isso – Marcus disse juntando as sobrancelhas com raiva – Vamos, eu vou dar a elas uma boa lição.
E com um estalo de dedos, Marcus, Liam e Daniel apareceram no meio do quarto das Shaw, assustando-as novamente.
- Se-senhor – gaguejou Louise levantando da sua cama rapidamente, assim como as outras.
- Vocês envenenaram minhas filhas? – Marcus perguntou em um tom ameaçador.
- Senhor, nós...
- FORAM VOCÊS OU NÃO? – gritou fazendo as quatro se encolherem simultaneamente.
- Sim, fomos nós – Lana sussurrou de cabeça baixa.
- Eu lhes dei uma segunda chance e é isso que fazem? Envenenam minhas filhas? Vocês não querem mesmo viver...
- Só fizemos isso para separá-los! – exclamou Lexi interrompendo Marcus – Sim, senhor. Seus guardiões perfeitos estão namorando suas preciosas filhas.
Marcus olhou para Daniel e Liam que apesar de saberem ser errado, desviaram o olhar. O loiro respirou fundo e voltou o olhar para as irmãs.
- Vocês vão sair daqui imediatamente e não vão voltar. Se eu souber que vocês chegaram perto de qualquer uma das minhas filhas de novo, eu as mando de volta para o lugar do qual nunca devia tê-las tirado – avisou, as quatro concordaram com a cabeça – VÃO!
Elas correram para a varanda, abrindo as asas e voando céu a fora.
- Liam, busque minha irmã e a leve ao quarto de minhas filhas, Daniel guie-me até lá – mandou Marcus olhando sério para os guardiões que acenaram com a cabeça e saíram do quarto, cada um tomando uma direção diferente.
Marcus e Daniel irromperam pela porta do quarto das meninas, Caspian ficou de pé imediatamente e André assim que percebeu o chefe ali levantou num pulo deixando a cabeça de cair na cama a fazendo gemer.
O anjo andou cauteloso até a filha mais velha, colocando a mão sobre sua testa, sentindo-a extremamente quente. Fechou os olhos e concentrou-se, depois de alguns segundos conseguiu fazê-la acordar, totalmente curada. André se segurou para não correr para abraçar a namorada.
Ele fez a mesma coisa com as outras filhas, seguindo da mais velha até a mais nova, quando já estava se erguendo para começar a falar, Helena chegou no quarto com Liam.
Um sorriso brotou nos lábios delicados da mulher, mas quando ela abriu a boca para falar Marcus levantou um dedo indicando para ela não dizer nada.
- O que está acontecendo? – perguntou olhando automaticamente para Liam, ele apenas sorriu meio nervoso para ela, temia pelo que o seu chefe poderia fazer.
- De pé – ele mandou, claro, para os guardiões que ficaram todos de pé com posturas comportadas e obedientes encarando Marcus, ele olhou para as filhas que estavam sentadas na cama encarando aquele homem um tanto quanto assustadas – Olá meninas.
- Sem querer parecer mal educada, mas ousando ser – começou ignorando o alerta que Caspian tentava lhe dar – Quem diabos é você?
Ele sorriu achando fascinante as suas filhas se dirigirem a ele.
- Marcus Wells, sou o pai de vocês.
Silêncio.
O silêncio se prolongou por alguns minutos, as meninas não disseram nada e pareciam que estavam brincando de “estatua” até que começou a rir e logo suas irmãs acompanharam ela.
- Sério, quem é você? – questionou ainda rindo.
Ele suspirou profundamente e puxou uma cadeira para se sentar em frente a elas.
- O pai de vocês – repetiu.
Finalmente as risadas pararam.
- Você está brincando né? – questionou a mais nova.
Ele apenas balançou a cabeça negativamente sabendo que precisava dar um tempo para elas entenderem.
- Não está brincando? Seu filho da... – começou ficando de joelhos na cama falando sem pensar, a atitude dela pareceu que ela ia avançar em cima do pai só que Liam foi mais rápido segurando nela – Me solta, Liam.
- Eu não sei quem você é, mas meu pai não é. Meu pai está na minha casa, com minha mãe e você é só uma pessoa estranha que ajudou no meu DNA – falou apertando os olhos e olhando para ele com raiva.
When I'm Gone - 3 Doors Down
Marcus concordou com um aceno de cabeça fazendo um gesto para Liam se afastar da sua filha.
- Eu sei que vocês estão com raiva de mim e com todo o direito e realmente gostaria de poder explicar o porquê da minha ausência durante todos esses anos – as meninas abriram a boca ao mesmo tempo para protestar só que ele levantou a mão alertando que não tinha terminado de falar ainda – Só que hoje eu não estou aqui para isso, eu vim curar vocês e agora descobri que meus guardiões mais capacitados e fieis estão de caso com minhas filhas – a voz dele se elevou algumas oitavas fazendo o quarto tremer e as menina se encolherem, Marcus ficou de pé e encarou os quatro – Como vocês ousam?
- Senhor, por favor, se nos deixar explicar... – começou Daniel como o mais velho. Ele não estava tendo nenhuma relação amorosa com sua protegida, mas era claro que ele sentia algo a mais por ela.
- Calado Daniel – Marcus mandou com raiva.
- Não mande ele calar a boca – exclamou ficando de pé na cama.
- Querida, por favor – falou Marcus docemente encarando ela.
- Querida? – riu-se sarcasticamente – Você só pode estar de brincadeira.
- Meninas – alertou André.
- E você André – a atenção de Marcus voltou para os meninos – Me conte, quem começou?
Os meninos se entreolharam, a fúria do chefe deles os deixavam constrangidos e com um pouco de raiva porque eles tinham ideia do que iria acontecer em seguida e não queria que as meninas presenciassem isso ainda mais depois de terem acabado de ficar curadas.
Marcus deu um passo ágil até André e segurou em seu braço fechando os olhos por alguns segundos, André fez uma careta entretanto continuou calado até que Marcus abriu os olhos e se afastou irritado dele.
- Você beijou minha filha e parece que não foi o único – ele olhou para Liam e Caspian – E você Daniel, pensei que você é mais responsável, mas parece que está perdendo o seu foco. Vocês todos estão.
- Você não pode tratar eles assim – exclamou horrorizada – Eu amo o André e tenho certeza que minhas irmãs sentem o mesmo para com eles.
- Ama? – Marcus deu um passo para trás.
Ele começou a andar de um lado para o outro, parecia frustrado, irritado e chateado com esses fatos.
Como seus melhores guerreiros puderam fazer uma coisa dessas?
As meninas já não queriam ficar mais sentadas na cama, não se importavam de terem acabado de se curar elas se sentiam renovadas e prontas para defender com unhas e dentes tudo que aconteceu com elas e os meninos, os mesmos meninos que estavam de cabeça baixa sabendo que tinham errado, que deveriam ter resistido e sabendo que foi impossível e que agora teriam que arcar com seus atos.
- Por favor, senhor, só não desconte nelas – pediu Caspian por todos ainda com a cabeça abaixada, olhou para ele incrédula e sentindo uma vontade de chorar, mas se mantendo de cabeça erguida.
- Nelas? Não. Não Caspian, não vou descontar nelas, elas são minhas filhas – ele disse olhando para as meninas e então para eles – E nem em vocês.
Os meninos levantaram o rosto para encarar ele incrédulos com esse fato, as garotas estavam prontas para comemoraram quando ele continuou:
- Helena, fique com minha filhas até eu mandar os seus novos guardiões.
Essa frase. Essa simples frase. Preencheu a sala como se fosse um pesadelo fazendo eco e parecendo repetir várias e várias vezes.
- Como é que é?
- Você só pode ter problemas, é sério.
- Não ouse fazer isso, você vai se arrepender.
- Não toque neles.
As meninas soltaram xingamentos e protestos um atrás do outro, enquanto Marcus andava até seus guardiões e levantava os braços esperando eles segurarem, os meninos levantaram o rosto e encararam elas por longos segundos.
A frase que eles não disseram preencheu o ar.
Adeus.
E então eles não estavam mais no quarto, assim como o pai delas.
- Não!
O grito angustiante veio inconsciente das meninas presentes.
caiu de joelhos, as mãos no rosto enquanto as lágrimas caíam descontroladas de seus olhos. correu até a varanda e se inclinou no parapeito esquecendo-se do seu medo de altura, olhou para cima com os olhos marejados na esperança de ver Liam voltando voando para ela. Mas apenas as nuvens e o sol tímido daquela tarde estavam no céu. jogou-se de bruços na cama e desatou a chorar e havia sentado na beira de sua cama, encarando o nada.
- Meninas, vocês precisam... – Helena começou, cautelosamente – precisam entender que seu pai só fez isso para o bem de vocês.
- ELE. NÃO. É. MEU. PAI! – cuspiu as palavras levantando da cama – E NUNCA SERÁ! EU O ODEIO – ela correu para o banheiro e bateu a porta com tanta força que o quarto estremeceu.
- Ele vem aqui e os tira de nós? Quem ele pensa que é? – rugiu voltando ao quarto e se jogando em sua cama chorando.
- Ele não devia ter feito isso... não devia – disse se levantando e deitando com , as duas se abraçaram numa tentativa de consolar uma a outra.
O quarto ficou silencioso, só ouvia-se os soluços das três irmãs, lá fora o sol já não aparecia e as nuvens estavam negras, resultado dos vários sentimentos que as quatro compartilhavam.
So hold me when I'm here, right me when I'm wrong
(Me segure quando eu estiver aqui, me corrija quando estiver errado)
Hold me when I'm scared
(Me abrace quando eu estiver assustado)
And love me when I'm gone.
(E me ame quando eu for)
Everything I am and everything in me
(Tudo o que eu sou e tudo em mim)
Wants to be the one
(Quer ser o único)
You wanted me to be
(Que você queria que eu seja)
I'll never let you down, even if I could
(Eu nunca a decepcionaria, mesmo se pudesse)
I'd give up everything if only for your good
(Eu desistiria de tudo se fosse para o seu bem)
So hold me when I'm here, right me when I'm wrong
(me segure quando eu estiver aqui, me corrija quando estiver errado)
You can hold me when I'm scared, you won't always be there
(Você pode me abraçar quando eu estiver assustado, mas você não estará lá sempre)
So love me when I'm gone.
(Então me ame quando eu partir)
Love me when I'm gone...
(Me ame quando eu partir...)
Num piscar de olhos estavam na sala de Marcus, que se afastou dos guardiões e observou o céu mudar aos poucos. Sabia que eram suas filhas, mas ele não voltaria atrás.
- Vocês podem ir para seus quartos – ordenou Marcus, passando por eles e saindo de sua sala, caminhando até o jardim e respirando fundo – JAIME, JAMES, SEAN E CHACE – ele disse com a voz extremamente alta, dois segundos depois os quatro anjos estavam parados na sua frente, esperando por ordens. E alguns outros anjos olharam curiosos para saber o que Marcus queria com eles – Vocês serão os guardiões de minhas filhas agora, não saiam de perto delas por um segundo sequer – eles estavam confusos, mas concordaram. Os outros anjos murmuravam curiosos, querendo saber o porquê daquilo - E qualquer outro anjo está proibido de chegar perto das quatro – disse alto e sério, olhando em volta para os anjos que concordavam, e depois olhou para cima, para sua sala de onde André, Caspian, Daniel e Liam assistiam aquela cena com o coração apertado.
Marcus estalou os dedos e os quatro guardiões que estavam na sua frente sumiram.
Helena deu um salto assustada quando os quatro apareceram no meio do quarto, ficou de pé em posição de ataque, e olharam para eles e choraram ainda mais.
Jaime e James se aproximaram das meninas, confusos e pedindo explicações, mas elas estavam incapazes de formular respostas. olhou desconfiada para os outros dois desconhecidos. O primeiro era alto e esguio, o cabelo castanho ia até a altura dos seus ombros com leves ondas, os olhos castanhos escuros e os cílios compridos davam um ar inocente para ele, usava uma blusa branca leve aberta no peito e calça jeans com sandálias de borrachas nos pés, o segundo era alto como ele, só que muito mais musculoso, a pele bronzeada e o cabelo dourado com cachinhos fazia parecer que ele era um surfista, os olhos cor de mel piscavam e um sorriso apareceu nos lábios rosados e sedutores, usava uma roupa muito parecida com a do outro exceto que a blusa era azul e usava tênis pretos nos pés.
- Helena, o que aconteceu? – perguntou o primeiro, a mulher suspirou, mas contou tudo que havia visto acontecer no quarto, quando terminou os quatro guardiões estavam pasmos.
- Tenho que ir. Fiquem bem – ela disse para as meninas sorrindo bondosamente – Cavalheiros – acenou para os meninos e saiu do quarto.
saiu do banheiro assustando os dois anjos desconhecidos, e assim que avistou os gêmeos perto da cama das irmãs se jogou contra eles chorando.
Passaram o resto da tarde no quarto chorando, Jaime e James buscaram o jantar delas, mas elas praticamente não tocaram neles. Ignoravam os outros dois, mesmo eles não tendo culpa de nada que acontecera, estavam ocupando o lugar de seus verdadeiros guardiões e isso elas não aceitavam.
A noite veio e as quatro adormeceram rapidamente, cansadas de todo que acontecera e sentindo falta do abraço de seus namorados em volta de si.
O engraçado de acordar é que quando você abre os olhos para um novo dia você espera que seja diferente, apesar de bem lá no fundo saber que vai ser igual ao dia anterior.
E então quando esse novo dia chega e de repente você sabeque vai ser diferente você amaldiçoa seus antigos pensamentos porque tudo que você queria era que o dia de hoje fosse igual aos outros.
A primeira a tomar coragem e levantar foi , não acordar, nenhuma delas tinha dormido e sabia que não teria forças para apoiar suas irmãs e como segunda mais velha sentia que era seu dever.
- Temos que comer alguma coisa, meninas – ela disse ficando sentada na cama.
Não tinha vontade de comer. Era estranho não ter os meninos na porta chamando por elas.
- Não tenho fome – murmurou olhando para o teto, seus cabelos loiros fazendo uma espécie de halo espalhados sobre o travesseiro.
- Eu quero o André – repetiu , o que ela falou a noite toda.
não respondeu, somente ficou de pé e trocou um olhar com , a pequena estava sentada na sua cama e fixava o olhar no mar longe. As ondas estavam tão agitadas quanto a raiva no coração delas.
- ? – pediu por ajuda.
olhou para ela mais uma vez e suspirando concordou ficando de pé para começar a fazer algo para elas comerem. percebendo o movimento delas não queria não fazer nada e ficou sentada pegando seu celular. O relógio mudou o ponteiro no exato momento que ela olhou o horário. 6am.
- Eu quero voltar para casa – a loira anunciou empinando o nariz – Eu não sei se vocês perceberam, mas o único motivo que eu não fui embora desse colégio ainda era Caspian... Os meninos. E agora...
- Eles se foram – choramingou , a garota chorava tanto que parecia que nunca mais veria os meninos novamente.
E o pior é que podia ser verdade.
- Eu concordo, você tem razão – concordou depois de sair do banheiro com os dentes escovados. olhou para ela confusa.
- Eu tenho?
- Com certeza. Vamos para casa sem pensar mais um segundo.
Bateram na porta nesse exato momento.
gemeu em protesto e apenas puxou o cobertor se escondendo sobre ele.
suspirou e abriu a porta.
- O que é?
- Posso entrar? – a voz de Helena preencheu o quarto, a voz dela exalava calma.
- Deixa ela entrar, – pediu e a loira, a contragosto, deixou ela entrar.
- Eu tenho que falar com vocês, vou ser direta, prometo – a loira olhou para escondida debaixo das cobertas e sentou elegantemente numa cadeira decidido por encarar e que se sentaram juntas na cama da loira, continuava fazendo café se ela parasse poderia acabar fazendo algo que se arrependeria depois. Helena tomou fôlego e junto com ele coragem – Eu entendo que vocês estejam chateadas.
- Não, não estamos chateadas. Estamos com raiva, com desejo de arrancar a cabeça de alguém. É bem diferente de estarmos chateadas – contra atacou sorrindo de lado.
Helena apenas concordou com um aceno de cabeça.
- Novamente, eu entendo. Mas vocês têm que entender que o pai de...
- Ele não é nosso pai e se a senhora quer conversar com a gente, não diga isso novamente – exigiu séria suas mãos apertando o lençol quase fazendo um bolo dele.
Helena olhou para ela e não disse nada, apenas continuou.
- Marcus é o nosso chefe, nosso líder, nosso rei e respeitamos ele, devemos a paz que vivemos a ele, pois ele já sofreu muito. Eu posso afirmar isso como irmã dele e eu sei o quanto ele queria poder conhecer vocês de verdade. Vocês não sabem a pressão que ele sofre para colocar todos em ordem e o que seus guardiões fizeram... É totalmente errado e não porque seu... – Helena gaguejou e entrelaçou as mãos – Marcus é ciumento, egoísta ou mandão. Porque ele preserva a segurança de vocês e quando uma pessoa está envolvida emocionalmente... Complica as coisas.
- Complica? – se revoltou aparecendo por debaixo da coberta – O que complica é ele levar embora o cara que eu amo.
- Não, o que complica é que numa hora de perigo eles não conseguirem raciocinar direito e usar o poder que lhes foi dado porque a única coisa que eles vão conseguir pensar é em salvar vocês.
- E, por favor, pode me explicar no que isso não funcionaria? – a voz de estava carregada de escárnio.
- Alguma de vocês pararia para pensar se eles, ou mesmo outra pessoa que vocês amam estivesse correndo perigo? Seguiriam o coração de vocês ou a cabeça? – Helena sorriu docemente cruzando as pernas fazendo o vestido branco roçar nelas então suspirou e ficou de pé – Tomem o resto da semana livre, vou mandar Sean pegar os assuntos para vocês.
- Você ouviu a gente falar que queríamos ir embora, certo? – finalmente disse alguma coisa colocando o café quente em xícaras.
Helena sorriu para ela da porta e concordou com um aceno de cabeça.
- A escolha é de vocês, claro. Mas lembrem que não é só Marcus que precisa de vocês. Todo o seu povo. Todo nosso povo. Como toda a humanidade precisam de vocês.
As meninas se entreolharam.
- Queremos que você autorize a gente a ir para casa – falou fazendo a loira arregalar os olhos – Pelo resto da semana – completou.
- E quando, ou se, decidimos que vamos lutar vai ser pelas pessoas que amamos. Não por ele – completou .
Helena concordou mais uma vez.
- Claro – e sem dizer mais uma palavra saiu do quarto.
A família. Sem duvidas era algo no que você sempre podia se apoiar, e os dias que elas ficaram na casa de lago de Henry com toda a sua família – e mais quatro anjos – fora completamente perfeito e renovou as energias delas. Esquecer dos problemas e apenas curtir um pouco relaxou bastante e quando voltaram para a escola a raiva estava parcialmente excluída.
Parcialmente.
A saudade estava presente todos os segundos.
E a pior coisa era que doía deixando elas fracas e todos conseguiam perceber. É, talvez essa fosse a pior coisa.
1ª semana - 5º dia
As meninas tinham ido almoçar. Logo depois da aula com Adrian na qual ele fora super paciente com elas e explicou tudo que elas tinham perdido e não tinham entendido, seguiram para a mesa e se sentaram com os gêmeos e o adorável Chace enquanto Sean tinha uma reunião com Marcus para falar sobre o treinamento delas.
Jaime e James contavam – exageradamente – uma história sobre quando eles lutaram com vários Shunters e derrotaram todos, os Shunters, Chace explicou a elas, eram seres que não era nem anjos e nem demônios e lutavam para exterminar as duas espécies.
Sophie, Lindsay e Hannah se aproximaram junto com Chris.
- Fala gente – sorriu simpaticamente para eles.
- Ok, cadê os meninos? Eles não aparecerem fazem dias – o garoto perguntou colocando as mãos na cintura e fazendo pose. Só a menção deles fez as meninas murcharem.
- Mandou mal, garoto – murmurou James, Jaime se limitou a concordar com um aceno de cabeça.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou a ruiva dando uma olhadela de canto de olho para os gêmeos e piscando e então voltando a atenção para as garotas.
- Não, nada – falou sorrindo sem mostrar os dentes torcendo para que eles não continuassem nesse assunto.
Hannah sorriu percebendo a mesma coisa que os outros.
- Eles abandonaram vocês – ela não perguntou, ela afirmou.
rugiu batendo as mãos na mesa e inclinando o corpo para ela.
- Fora.
- Estamos num lugar publico querida. Não gostaram de ouvir a verdade?
- Olha aqui, sua loira, acho melhor você ir embora – mandou olhando para encolhida no banco – Agora.
- Ou o quê?
olhou para e quando a garota deu um sorrisinho meio que concordando, lembrando de todas suas aulas com James, ou Jaime e do que ela aprendeu com seu pai, Beto, fechou as mãos em punho e deu um soco no rosto de Hannah fazendo a loira cair no chão com o impacto, a mão na bochecha.
- Sua...
- Agora você vai embora?
Hannah levantou, com a bochecha roxa e praguejando foi embora, Sophie e Lindsay foram atrás, exceto que a ruiva sorriu para elas antes.
- Tenho que admitir , eu sou seu fã. Você sabe né? – admitiu Chace.
- Somos dois – James levantou a mão.
- Quero aprender como se faz – completou Jaime.
As meninas sorriram para eles enquanto se gabava e Chris ria e naquele momento tudo pareceu bem.
2ª semana – 11º dia
James e Jaime roncavam baixinho jogados no tapete fofo do chão do quarto delas, Chace e Sean já tinham ido para o quarto deles deixando os gêmeos encarregados delas já que eles estavam assistindo Resident Evil 3 já que hoje o tempo estava completamente fechado e não conseguiram um lugar para treinar.
estava sentada na varanda aproveitando que a chuva tinha dado uma trégua.
- está frio entra, vamos colocar outro filme – falou raspando com o dedo o restinho do chocolate da vasilha que ela e as suas irmãs comiam.
- Não quero entrar – murmurou com a voz chorosa.
olhou para e . Elas acharam que finalmente tinha parado de chorar, não que elas não morressem de saudades dos meninos. Seus anjos. Namorados. Amigos. Mas , simplesmente parecia incurável, como se o machucado não fechasse nem um pouco, elas entendiam, claro que sim, também estavam péssimas e às vezes se chateavam com a irmã mais velha por não tentar lutar contra toda essa tristeza só que não podiam fazer nada. Não estavam em condições de brigar com mais ninguém.
As três garotas ficaram de pé e pegaram cobertores para ir até a varanda fechando a porta com cuidado para não acordar nenhum dos gêmeos e sentando em frente a cobrindo ela e elas mesmas.
- Todas sentimos a falta deles, e temos que pensar que não vai durar para sempre – falou docemente tocando no joelho dela.
- É, eu sei, sou uma chorona. Desculpa, mas é que... – suspirou fundo – Olhar para a lua me deixa mais perto dele. Porque ele está em algum lugar debaixo dela também, por acaso isso faz sentido?
- Claro que faz, querida – fez carinho no cabelo dela – E lembra o que falamos? Vamos atrás deles, assim que conseguimos ficar forte o bastante. Encontrar onde eles estão.
- Vamos? – choramingou .
- Com certeza – concordou entusiasticamente.
- E você vai poder fazer tudo que seu corpo deseja – brincou .
riu e deu um tapa nela.
- !
- Eu concordo com a – empolgou-se .
- Claro que concorda – falou a morena e logo elas estavam brincando e discutindo sobre o que fariam quando reencontrassem os garotos.
E quanto mais rápido os dias passavam, mais fortes elas se sentiam. Elas queriam eles de volta. Elas queriam sua vida de volta só que sabiam que não teriam nada.
Sabiam que as coisas só mudariam de agora em diante.
E mudanças nem sempre eram tão boas.
Mas coisas boas também podiam acontecer com elas.
3 semana – 13º dia
Os pés de faziam círculos na água, sentada na beira da piscina com os sapatos jogados ao seu lado, os braços esticados e a cabeça jogada para trás. Os olhos fechados davam liberdade para as lembranças de seus momentos com Caspian, principalmente as que aconteceram ali na área das piscinas.
Quando seu peito começou a doer de saudades com as lembranças, algo cutucou seu braço e seus olhos se abriram instantaneamente. Eram Jaime e James, e sorriam para ela. se espantou por não tê-los ouvido, afinal é estranho os gêmeos serem silenciosos.
- Oi loirinha – eles disseram juntos, suas vozes masculinas juntas eram doces e melodiosas.
- Hey – sua voz quase não saiu e teve que pigarrear e repetir.
- Você está bem? – James perguntou tirando os sapatos e mergulhando os pés ao lado de na piscina.
- Não – respondeu com sinceridade dando de ombros.
- O que podemos fazer para que você fique melhor? – Jaime perguntou passando um braço pelo ombro da loira que apoiou a cabeça em seu ombro.
– A única coisa que pode me fazer melhorar, é ele. Já que não podem trazê-lo... – ela fez bico.
- Bom, isso não podemos fazer mesmo. Mas podemos fazer qualquer outra coisa que quiser, não gostamos de ver você com essa carinha, aliás, nenhuma de vocês – respondeu Jaime.
- Só fiquem aqui comigo – se aconchegou em Jaime e James se aproximou fazendo carinho em seu joelho.
- Sabe, não vai durar muito – comentou James depois de um tempo em silêncio – Conhecemos nosso chefe, e os meninos. Eles vão fazer algo ou simplesmente Marcus vai ceder.
- Eu espero que sim – murmurou com a voz sonolenta.
- Vocês deviam dar uma chance à ele, sabe – Jaime disse cautelosamente, com medo de explodir como sempre acontecia quando alguém tocava no assunto pai – Eu sei que nada do que ele fez tem justificativa, mas ele sempre as amou.
- Eu sei. E acredito que logo daríamos essa chance. Mas nos separar dos meninos, foi a gota d’água, foi a pior coisa a se fazer, pior até que nos abandonar – desabafou.
- Nós entendemos – os dois disseram juntos.
- Mas, como dissemos, isso não vai durar. E quando acabar seria bom que vocês tentassem entendê-lo.
- Não prometo nada – respondeu displicentemente e se separou de Jaime.
O silêncio reinou por mais alguns minutos até a loira levantar num pulo, os dois a olharam curiosos.
- Certo, eu não aguento ficar nesse clima de fossa com vocês dois aqui, fala sério me deprime mais ainda vê-los em silêncio – ela revirou os olhos – Sabem nadar?
Os dois levantaram simultaneamente a sobrancelha como se dissessem “Ta brincando?” e ela riu.
- Então ta, aposta. Três mergulhos. Ida e volta. O último que chegar vai ter que ir para o almoço só de roupa íntima – ela disse rapidamente e em seguida pulou na piscina sem dar chance dos gêmeos raciocinarem.
Depois de recobrarem a consciência, pularam na piscina, mas já estavam na segunda volta, então tiveram que competir entre si. James ganhou então depois de passarem no quarto para trocarem as roupas molhadas, desceram para o almoço ao lado de um Jaime seminu. Ele não estava envergonhado, pelo contrário, sorria maliciosamente para cada garota que batia os olhos em seu corpo definido, até para Chris ele deu uma piscadela deixando o menino sem ar. ria do garoto e provocava James dizendo que ver Jaime é como vê-lo então não teria diferença se fosse ele o que perdesse. Aquilo, por aquele momento, estava a deixando longe dos pensamentos sobre Caspian, o que de certa forma a fazia bem.
As pernas cruzadas e bem afastadas da beira do prédio, observava a lua e as estrelas tão brilhantes, livres e perfeitas no céu e soltou um suspiro.
Sentia tanto a falta de Liam.
Abraçou seus joelhos e apoiou a cabeça neles quando ouviu a porta que levava ao terraço onde ela estava sendo aberta fazendo ela virar num susto e então sorrir.
- Hey, Ben.
- O que faz aqui em cima, ? – ele perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça e andando despojadamente até a garota – Pensei que tinha medo – e então ele fez um gesto amplo mostrando o local onde estavam.
- E tenho – ela deu de ombros – Só que é onde eu me sinto mais perto de Liam.
Ele concordou, tentando não fazer uma careta e andou até ela calmamente.
- Você sente a falta dele, né?
Ela olhou para ele e ergueu uma sobrancelha como se duvidando que ele realmente queria bater um papo com ela sobre o garoto que ele odiava, Benjamin riu e levantou suas mãos.
- Ok, você me pegou. Eu não estou nem ai para Liam.
- Mas?
Ele sorriu para ela e então olhou para frente.
- Mas eu me importo com você.
Ela riu, riu mesmo, jogando a cabeça para trás e fazendo Benjamin logo fechar a cara.
- Qual a graça?
- Eu sempre soube que você não era tão bad boy quanto parecia – ela falou ainda rindo fazendo o moreno relaxar e ainda rir, então ela parou de rir e suspirou – Queria que você pudesse treinar comigo ao invés do chato do Sean.
Ele riu maliciosamente e ofereceu sua mão para ela, ela olhou para sua mão e então para ele.
- Não vou te agarrar , adoraria, mas eu estou tentando fazer algo... legal – ele quase cuspiu a última palavra fazendo rir mais uma vez e aceitar sua mão, ela não ria assim com alguém que não fosse suas amigas na guerra de bolo desde que Liam fora embora.
Benjamin puxou para cima e então mais rápido do que ela pensara ele virou ela segurando seu próprio braço contra seu pescoço, ele chegou bem perto do seu ouvido e sussurrou:
- Tem que ser rápida quando se está com o inimigo, .
- E onde está meu inimigo, Benjamin? – ela retrucou sabiamente pegando Ben de surpresa que relaxou o aperto nela dando tempo suficiente para ela se safar da prisão dele e materializar uma estaca – a única coisa útil que Sean ensinou para ela – e chegar bem perto do peito de Ben.
Ele olhou para ela com um sorriso se levantando no canto de seus lábios, ela também sorria perigosamente.
- Não me subestime, Briel.
- Você não vai me machucar, – ele disse sorrindo marotamente, ela riu e fez um gesto como se fosse realmente enfiar a estaca nele, o sorriso desapareceu dos lábios de Benjamin e então começou a rir.
- Não? Você tinha que ver sua cara – ela disse ainda gargalhando.
- Ah é? Querida, você vai pagar.
- Quanto?
ainda ria achando tudo muito divertido e então Benjamin sorriu de um jeito que era um tanto quanto sombrio.
- Caro – e então ele pegou nos ombros e começou a correr com ela até a beira do terraço, gelou pensando se ele realmente teria coragem de fazer algo do tipo, afinal ele era o Benjamin, só que quando ele chegou bem perto ele parou e colocou no chão. A menina ainda tremia com a brincadeira de muito mau gosto, mas Benjamin só fazia rir – Acho que já pagou.
- Benjamin Briel você vai me pagar – ela rugiu – Melhor começar a correr.
Era a vez de Benjamin rir divertido, mas logo levou a sério quando começou a correr atrás dele, quando chegaram aos corredores do dormitório feminino a perseguição passou a ser uma brincadeira de “pega-pega” onde quem perdesse teria que pagar de alguma forma, achou melhor ignorar quando Benjamin falou que ela teria que pagar no seu quarto e correu direto para o seu antes de bater a porta na cara de Benjamin ela sorriu agradecida para ele e então dando um tchauzinho um tanto quanto irônico fechou a porta na sua cara.
E as mudanças realmente tinham um lado positivo.
Depois desse dia, sempre que precisava tirar uma folga treinava com Benjamin que se mostrava outra pessoa com ela. Ainda um garoto extremamente confuso, mas só um garoto. Ou um pouco mais do que só um garoto.
As meninas procuravam conforto nelas mesmas, as notas estavam mais altas do que nunca e participavam de todos os eventos no colégio para manter a mente longe dos garotos não querendo pensar quando eles poderiam estar juntos de novo.
parecia ser a que menos sofria, mas a que mais tinha raiva, toda noite ela sumia e só voltava para o quarto quando suas irmãs já estavam dormindo nenhuma delas queria perguntar qual era o motivo porque sabiam que cada uma sofria do seu jeito.
4 semana – 25º dia
Todos estavam reunidos na casa de . Os gêmeos, Chace e até mesmo Sean sentados na mesa comendo o resto da sobremesa como todos os presentes.
- Eu vou te pegar menininho – gritou gargalhando enquanto corria atrás de Nicolas puxando ele para seu colo e lhe fazendo cosquinhas.
- Você é má, – brincou passando por eles com as bonecas que ela tinha ido pegar para sua prima, Becky, os gêmeos e Chace que brincavam com ela – O menino quer brincar, deixa ele.
- Você quer brincar é, bonito? – ela soprou a barriga dele fazendo ele gargalhar e então sorriu para Jason quando ele se aproximou entregando Nicolas para ele, ela continuou ajoelhada no chão – , quero bolo tem ainda?
- Tem – quem respondeu foi Pérola sorrindo para ela – Vem com a gente, e estão lá já.
- Ok – ela ficou de pé e acenou para se aproximar, as duas correram para a cozinha e chegando lá correu até a mãe abraçando ela.
- Então quando vocês vão nos contar onde estão os meninos? – perguntou Stephanie.
- Que meninos? – se fez de desentendida.
- Percebemos como vocês estavam tristes da última vez que vieram para casa e deixamos passar. E agora eles não estão com vocês de novo. O que aconteceu? – quis saber a senhora .
- Aconteceram algumas coisas. Mas vamos tomar eles de volta – falou cortando um pedaço de bolo.
- Que coisas? – Pérola quis saber dando um beijo no topo da cabeça de e indo até a filha colocando bolo para ela – Vocês falam como se eles não tivessem escolha.
- E eles não tinham – deixou escapar fazendo as meninas olharem incrédulas para elas – Não podemos explicar agora.
As mães se entreolharam.
riu.
- Vocês fazem que nem a gente quando estão pensando no que falar – ela disse relaxando o clima – Não se preocupem, resolveremos tudo.
As risadas que vieram do lado de fora fez elas pararem de conversar, então um dos gêmeos gritou por ajuda fazendo elas rirem e todas as mulheres correrem para o lado de fora se deparando com uma guerra de mangueira.
Era hora de um pouco de diversão.
Um mês – 31º dia
E um mês se havia se passado.
As coisas não estavam fáceis, mas mesmo assim as meninas se obrigavam a irem para a aula, estudar, comer, fazer o que tinha que fazer e voltar para o quarto.
Passavam a tarde treinando ou conversando com seus amigos, sejam eles humanos, anjos, demônios ou anjos caídos. Só queriam um pouco de distração.
O sol vinha e ia embora, a lua dava lugar a ele e então ia embora e o sol voltava.
O ciclo de dia e noite passava e as coisas continuavam na mesma.
Tão monótonas e frias sem as pessoas que amam, sem seus guardiões por perto.
E mesmo com tanto sofrimento e saudade as meninas deixaram tudo de lado durante um dia.
Era o aniversário de .
Logo que acordaram, , e foram para a cozinha e prepararam as coisas, tinham pedido para Jaime e James comprarem tudo na noite passada. levou o bolo na mão até a cama da pequena e a acordou.
- Feliz aniversário – disseram juntas quando a loira abriu os olhos.
A mais novasorriu para elas, ela sabia que das três irmãs nem de longe é a que estava sofrendo mais, mas também sabia que era a que estava mais poderosa e queria com todas suas forças acabar com aquele homem por fazer as pessoas que ela mais ama sofrer.
- Não deu tempo para comprar seu presente – brincou colocando o bolo no colo dela.
- Mas conseguimos comprar aquela câmera digital que você queria – disse quase cantarolando pegando uma caixa embrulhada para presente e dando para que deixou um sorriso aparecer em seus lábios – Apesar que aqueles chatos do Sean e Chace tiveram que vim com a gente.
- Não seja má , eles estão tentando – falou calma rindo.
- Estão tentando tomar o lugar dos meninos – exclamou irritada, mas a raiva dela foi tão engraçada que suas amigas riram e logo ela relaxou rindo.
- Eu não acho que você esteja querendo levar eles para a cama, – brincou .
- Levar quem para a cama? – questionou James abrindo a porta e entrando seguido de seu irmão gêmeo, Sean e Chace fazendo as meninas gritarem assustada.
- Que droga James, começa a bater na porta – mandou colocando as mãos no quadril – E se tivéssemos nuas?
- Teríamos ganhado o dia – brincou Jaime batendo sua mão com a do irmão e tirando risadas de todos.
- E exatamente por causa disso os outros guardiões foram mandados embora – lembrou Sean sério, e se entreolharam e juntas empurraram uma mesinha até a parte de trás dos joelhos do moreno o fazendo ser pego de surpresa e se desequilibrar caindo no chão.
- Cuidado por onde anda Sean – alertou inocentemente.
James e Jaime riram e apontaram para aplaudindo silenciosamente, ela piscou para eles.
- Então, como vocês pediram falamos com Helena sobre... – começou Chace inocentemente fazendo ficar de pé num pulo e tampar a boca dele com sua mão, ela empurrou ele para fora do quarto e ficou de pé para seguir ela.
- Chace, é surpresa – sussurrou do lado de fora revirando os olhos, Chace não só se parecia com um surfista como às vezes parecia muito burro. Ou talvez ele fosse inocente ao extremo, elas o preferiam a Sean que era o tempo todo sério, mas sabiam que os dois eram excelentes guerreiros pelos treinamentos que eles faziam com elas – as meninas competiam para ver quem conseguia treinar com um dos gêmeos -.
- Ops, desculpa – ele falou inocentemente fazendo as meninas rirem.
- Tudo bem Chace, pode conferir se as comidas estão prontas? – pediu docemente.
Ele sorriu marotamente para elas e concordou com um aceno de cabeça.
- Chace é um doce – comentou enquanto elas voltavam para o quarto.
- Não tão doce quanto Liam – murmurou , sua irmã sorriu para ela e passou um abraço ao redor da cintura de .
- Liam era meio estressadinho – brincou tentando relaxar o clima.
- Quem era estressadinho? – perguntou rindo de alguma coisa que ela e falavam, o rosto de estava coberto de bolo.
- O bolo pelo visto – riu-se .
- O bolo vai ficar estressadinho com você também – gargalhou pegando um pedaço para jogar nela, só que se desviou e pegou em – Ops.
- Ops? Ok! James passa esse bolo para cá – pediu .
- Com prazer – disse o moreno pegando um pedaço de bolo.
- Não... – gritou ficando de pé e rindo quando jogaram bolo nela.
Logo uma guerra com o bolo de aniversário de começou, lambuzando não só as pessoas presentes como também o quarto, Sean se manteve de fora na varanda achando um absurdo eles perderem tempo brincando quando deveriam treinar, só que sabia que era melhor ficar calado e dar um tempo para elas.
A sala grande de música estava com as janelas abertas dando vista para o jardim onde muitos guardiões aproveitavam o dia ensolarado.
Não os quatro meninos naquela sala.
Caspian estava jogado num divã com os fones de ouvido no máximo enquanto ouvia alguma música, Liam estava sentado no chão em frente a janela tocando distraidamente uma música no seu violão enquanto olhava André desenhar distraído algo num caderno e Daniel andar de um lado para o outro agoniado.
Ele sabia o porquê.
Era aniversário de hoje.
- Daniel, andar de um lado para o outro não adianta muita coisa – lembrou Liam colocando o violão de lado.
- Sabe quantos aniversários dela eu fiquei ausente desde que ela nasceu? Nenhum. Eu não acredito que não estou lá no primeiro aniversário que poderia passar realmente com ela – ele bufou se encostando no piano – Eu disse. Não devíamos ter nos envolvido.
- Esse papo de novo não – bufou André sem desviar os olhos do seu desenho.
- Esse papo de novo sim, é tudo culpa de vocês – soltou Daniel logo se arrependendo.
- O que você disse? – Liam ficou de pé devagar e cauteloso encarando o amigo – Você disse que a culpa é nossa? A culpa é nossa por nos apaixonarmos por aquelas garotas? E a culpa é nossa que agora estamos longe delas? É Daniel, a culpa é nossa, mas pelo menos nos arriscamos e não estamos agora arrependidos por não tomarmos uma iniciativa como um covarde que eu conheço.
- E vai começar – sussurrou André cansado.
- Quem é o covarde? – Daniel disse irritado – Eu? É tem razão, mas – ele riu fingindo felicidade – a não está sozinha, ela tem o Benjamin que não é nem um pouco covarde.
Liam deixou um rugido escapar e no segundo seguinte estava jogando Daniel contra o piano, o loiro ficou de pé no mesmo instante dando um soco no estomago do amigo e fazendo ele voar batendo do lado da janela sem perder nenhum segundo Liam correu até ele indo lhe dar um murro na cara, só que Daniel se defendeu dobrando o braço de Liam até lhe curvar quando Liam rapidamente lhe deu uma rasteira derrubando ele no chão.
Os dois caíram no chão e ficaram brigando até que chegaram no divã de Caspian e derrubaram ele.
O loiro abriu os olhos e arrancou os fones de ouvido bufando.
- Parem! – gritou Caspian surpreendendo os dois que pararam ao mesmo tempo de brigar – Porque vocês não param de agir como dois idiotas e procurarem brigas quando nada disse vai levar a gente de volta para lá?
Os dois amigos se entreolharam e concordaram se separando.
O fato é que doía mais do que eles estavam acostumados ficarem longe daquelas garotas.
- Sejam racionais – bronqueou Caspian – E vamos pegar elas de volta.
- Como se fosse simples – Liam disse se jogando no chão.
- Eu não disse que era – Cas deu de ombros – Podem me chamar de bobo, mas eu sei que não vai demorar muito para voltarmos a vê-las.
- E como sabe disso? – André perguntou ainda concentrado em seu desenho.
- Intuição – o loiro sorriu pegando os fones e os colocando de novo.
- Marcus está errado – sussurrou Daniel – Nós somos os únicos que podemos protegê-las, os únicos que as sentimos.
- Os outros são bons. Mas eu não confiaria a segurança de , ou de nenhuma das outras meninas à qualquer outro guardião – Liam disse suspirando e deitando as costas no chão, colocando as mãos na cabeça.
- Nem eu – Daniel concordou – E eu sinto dizer isso, mas se eu souber que está correndo perigo, não hesitaria em ir salvá-la.
Os outros três guardiões balançaram a cabeça positivamente, mostrando que concordavam com o amigo.
As aulas tinham passado rapidamente naquele dia, e como habito elas não prestaram a atenção em nada. Quando bateu o sinal do fim da última aula, , e arrastaram para o quarto.
- Temos uma surpresa pra você – sorriu para a pequena que as olhava desconfiada.
- Então diz – exclamou jogando suas mãos para cima quando ninguém disse nada.
- Não, não vamos contar – falou e empurrou para o banheiro – Vamos mostrar. Vá tomar banho!
Depois que as quatro tomaram banho, colocaram roupas leves, pois o dia estava quente e foram com – vendada - e os guardiões para a praia. Andaram por alguns minutos até chegarem num canto decorado. Tiraram a venda de a deixando ver o local.
Uma toalha vermelha grande estava esticada no chão, com pedras nas quatro pontas para segura-lá no chão, algumas almofadas também vermelhas faziam uma meia lua e na sua frente várias cestas com comida estavam fechadas.
- Surpresa! – exclamaram as irmãs, os gêmeos e Chace juntos. abriu a boca, mas nada saia, então abraçou as irmãs rindo.
- Gostou? – perguntou passando as mãos sobre os cabelos de .
- Adorei meninas, vocês são demais – a pequena falou abraçando-as de novo.
- Sabemos – as três disseram juntas fazendo todos rirem.
Eles se sentaram na toalha, brincaram, comeram, riram. Fora um dia divertido no meio de tantos depressivos.
Quando o sol se pôs, eles começaram a guardar as coisas para voltarem à escola. Helena havia deixado elas ficarem apenas até escurecer.
- Meu dia foi maravilhoso meninas, obrigada – disse colocando a última pedra num canto onde estavam as outras.
- Que bom que aproveitaram – uma voz masculina desconhecida disse atrás delas.
As meninas pularam se assustando e viraram para trás, dando de cara com demônios.
Com um estalo, quatro pares de asas entraram na frente das meninas, cortando a visão das garotas.
Um deles fez um gesto com a mão, como se os empurrasse e fez com que , e caíssem para trás. Os guardiões e cambalearam, mas não caíram.
Estavam todos jantando na mesa da sala de jantar. Como sempre, todos bem humorados com conversas paralelas enquanto comiam. Apenas quatro deles jantavam calados.
De repente, os quatro levantaram juntos num pulo levando simultaneamente a mão até suas marcas que os ligavam às suas protegidas, ela ardia fortemente. Todos se calaram e olharam para eles.
- Sentem-se meninos – Marcus disse calmamente, continuando a comer.
- Mas, as meninas...
- Minhas filhas estão perfeitamente guardadas, por meus anjos de confiança. Então, sentem-se e relaxem – seu tom de voz era autoritário, e ele havia encarado os quatro com um olhar que os desafiava contrariá-lo.
Eles se entreolharam nervosos, mas quando iam se sentar, Daniel deu um murro na mesa assustando a todos.
- Não! – exclamou fitando Marcus que levantou uma sobrancelha.
- Daniel... – ele disse em tom de aviso.
- Nada de Daniel. Me desculpe senhor, mas eu não vou ficar aqui enquanto sei que minha protegida está em perigo. Se me lembro bem, eu não escolhi isso. Ela me escolheu, dentre qualquer outro anjo, eu fui o escolhido, sou o único que pode protegê-la. Não foi por acaso. E querendo ou não eu vou honrar essa escolha – Daniel soltou, ninguém naquela sala ousava respirar – Então é isso? Vai arriscar a vida de suas filhas, a balança, por causa de ciúmes paterno? Não sei se não percebeu, mas suas filhas cresceram, são quase maiores de idade, podem decidir por si próprias com quem quer ou não ficar. E se for com um de nós? Bom, você terá de aceitar. Não foi você quem as viu crescer, que viu cada mudança, que angustiou-se a cada momento em que elas sofriam. Então, você não sabe o que realmente sentimos por elas. Não deve nos julgar, muito menos nos separar! – ele falava sem parar, sem dar chance a qualquer resposta. E quando terminou ninguém falou nada.
Marcus piscou algumas vezes e suspirou, e então deu um discreto aceno de cabeça.
Ele tinha cedido aos argumentos de Daniel.
No mesmo instante, os quatro correram para fora da casa e foram na direção do céu, voando o mais rápido possível ao socorro de suas protegidas.
Eles estavam em desvantagem, e a coisa estava feia para o lado deles. havia conseguido desmaiar um dos Nefilim do mal jogando uma pedra na cabeça dele, havia empurrado com a mente um deles até o mar – havia aprendido isso com Jaime – e o afogado, balançou um de um lado para o outro e o deixou cair com tudo no chão, os guardiões lutavam com os outros e permanecia parada vendo as lutas, ela não se mexia e ninguém a atacava.
As meninas não entendiam o que a irmã estava fazendo – ou não fazendo – mas não podiam questionar, pois tinham que se concentrar na briga, mas ora ou outra chamava o nome dela, não obtendo resposta nenhuma.
Eles haviam conseguido acabar com bastante deles, quando ouviram o grito estridente de e olharam para ver o que acontecia. As Shaw haviam a pegado e estavam levando-a para a floresta, no ar. Os demônios continuaram a atacar, não dando chance de qualquer um ir atrás delas.
gritou para que estava mais perto das escadas que saiam da praia para ela ir atrás da irmã mais nova, mas mais quatro daqueles garotos de aparência sombria avançou para ela, Sean habilidosamente abriu suas asas e rodopiou usando elas como uma espécie de “taco” para derrubar todos que se aproximavam dele e poder ajudar , só que seguraram ele por trás no exato momento que ele ia até a loira e lhe acertaram com uma estaca, gritou e um dos gêmeos que tentava ajudar voou até ela parando na sua frente e jogando o demônio que tinha atacado Sean para longe contra as pedras.
subiu nelas tentando pensar em como escapar de tantos demônios, pensou que eles bem poderiam não saber nadar, foi para perto de Chace que estava com muitos e mesmo lutando com quatro ao mesmo tempo e parecendo se sair muito bem começava a ficar cansado e recebia diversos socos, a morena foi rápida em fazer um gesto com a mão e empurrar o que estava atrás dele para longe e então ela se abaixou quando James gritou para ele fazer isso, ela levantou o rosto vendo James passar voando por cima dela com um garoto nos braços e jogar no fundo do mar acenando ironicamente para ele.
gritou pela ajuda de porque cinco dos demônios subiam nas pedras deixando ela cada vez na beirada, concordou e fez um gesto com a mão criando uma grande onda e jogando em cima dos garotos derrubando apenas um enquanto os outros se seguraram porque ela não conseguiu atacar com mais força, ela iria até a irmã ajudar só que atacaram ela com uma espada e ela suspirou achando que era melhor dar um jeito de sair dali logo ou que elas deveriam trocar de lugar, a morena percebendo isso se virou para pular na água e nadar até a beira e fez isso se virando e pulando.
Só que ela nunca tocou na água.
Braços firmes a agarram e puxaram ela contra si, ela se virou para gritar não tendo certeza de quem era e quando encarou aqueles olhos azuis tão conhecidos e aquele sorriso lindo ela simplesmente se agarrou mais contra o seu pescoço o abraçando o mais forte que conseguia e tentando memorizar seu cheiro.
- Liam – ela sussurrou, não teria tempo para outros comprimentos.
Caspian pousou em frente a piscando para ela e virando para o garoto que tentava lhe atacar.
- Hey, você fique longe da minha namorada, seu ótario – ele disse materializando uma estaca e virando ela na direção do demônio enfiando nele.
André agarrou pela cintura tirando ela do chão por alguns segundos e colocando ela nas escadas que desciam para a praia, ele sorriu para ela e então voltou voando até Sean pegando o garoto desmaiado e indo ajudar Chace.
- Daniel – gritou quando ela e Liam pararam para ajudar os gêmeos – , as Shaw pegaram ela.
Daniel concordou e sabendo exatamente para onde deveria ir, se virou e voou para longe sabendo que seus amigos tinham tudo sobre controle.
E assim seus amigos fizeram acabando um por um com a ajuda dos gêmeos, Chace e suas protegidas suspiraram ofegantes quando todos os demônios simplesmente viraram fumaças e desapareceram.
- Não tinha momento melhor para vocês chegarem – falou James dando batidinhas nas costas de Liam.
- Eu também acho – falou Caspian e se virou sorrindo para – Oi .
Ela sorriu e se atirou em seus braços se impulsionando para cima e entrelaçando as pernas na cintura do loiro – que já tinha guardado as asas – e agarrando seu cabelo lhe beijou.
- André! – gritou descendo correndo as escadas e se atirando contra o namorado enchendo seu rosto de beijos, lágrimas rolavam dos seus olhos.
- Vem cá minha garota – Liam sorriu para abrindo os braços e esperando ela se aconchegar ali, ela sorriu para ele e logo fez isso dando um beijo carinhoso no seu pescoço.
- Sem querer interromper – começou James.
- Mas já interrompendo – completou Jaime.
- ! – falaram os dois ao mesmo tempo.
Toda a cena de amor, saudades e beijo teve que ser interrompida quando sem dizer mais nada todos dispararam em direção a floresta onde as Shaw tinham levado a irmã mais nova.
Daniel não demorou muito a encontrar o lugar onde ele sabia que estava sua protegida.
Uma área da floresta bem no centro estava devastada.
Ele pairou por ali tentando ouvir a voz de , mas nada. Simplesmente nada.
Então desceu devagar e pousou bem em frente de uma garota. Ela estava desmaiada e os cabelos cobriam seu rosto, ele se assustou e avançou até ela e virou seu corpo para ele.
- Lexy? – ele perguntou surpreso, a garota abriu os olhos e piscou algumas vezes, então Daniel olhou para ela com raiva – Onde. Está. A. ?
Ele ouviu uma risada sarcástica de alguém não muito longe, jogou Lexi para longe dele e encarou Lesley encostada numa árvore parecendo tentar levantar, sua roupa estava rasgada.
- Ela não precisa de resgate, só pra você saber.
- Do que diabos vocês estão falando?
- Queridinho, quem você acha que fez isso com a gente? – falou Louise ficando de pé e mostrando seu vestido rasgado.
- Não, ela não tem poder para isso. Não é possível – ele disse confuso, Lana que ainda estava deitada fraca demais para falar riu baixinho.
- Onde ela está então?
- Me diga você – Daniel em segundos estava na frente dela segurando-a pelo pescoço.
- Daniel! – exclamou André se aproximando com seus amigos e as meninas – O que está acontecendo?
- Onde está a ? – perguntou indo se aproximar dela só que Liam apertou seu braço e puxou ela para perto dele olhando para as Shaw no chão.
Tinha alguma coisa de errado.
- O que está acontecendo? – questionou enquanto Daniel finalmente jogava Lana de lado e olhava para seus amigos, ele estava completamente arrasado e devastado e disse simplesmente:
- Eu falhei com ela?
- Ela? – repetiu olhando para suas irmãs e amigos.
- De quem você está falando? – perguntou e sentiu o braço de Caspian lhe envolver como se estivesse pronto para consolar ela.
- – quem havia dito aquilo fora , e todos os seres do sexo masculino presentes concordaram com a cabeça.
- Mas o que... Falem logo que merda aconteceu – disse com a voz autoritária encarando os meninos.
- Ela se aliou ao Lucius – disse Daniel caindo de joelhos desolado.
As três deram um passo para trás e olharam incrédulas para seus namorados que deram sorrisos tristes e reconfortantes.
- Não gente, qual é – falou – é nossa irmã, conhecemos ela. Nunca faria isso – sua voz estava nervosa, ela não queria acreditar naquilo.
- Talvez ela tenha mudado – Caspian disse levantando a mão para tocar os cabelos de , mas ela afastou o rosto olhando para o nada.
- Não, não pode ser... – sussurrou apoiando-se em Liam e começando a chorar. já havia feito o mesmo segundos antes.
- Vamos voltar para o quarto – disse Chace segurando Sean ainda desacordado de lado.
- Lá não – pediu olhando suplicante para Caspian. Não num lugar onde tudo que pudesse lembrar a irmã estaria. O loiro concordou e deu um beijo na testa dela.
- Então para onde vamos? – questionou James confuso.
Um estalo e Marcus apareceu na frente deles, assustando a todos.
- Para a minha casa – ele sugeriu olhando para as filhas e para seus anjos.
Não dava para dizer quem estava pior, todas mostravam os mesmos sintomas. O dia amanheceu tranquilo, e como sempre, foi a primeira a acordar, mas por algum motivo não conseguiu levantar quando abriu os olhos, descobriu o motivo quando sentiu os braços de André na sua cintura.
- Bom dia – ela sussurrou o fazendo abrir os olhos e encará-la com aqueles olhos verdes preocupados.
- Bom dia, amor. Como se sente? – ele perguntou baixo, mas nesse momento Liam, Daniel e Caspian levantaram as cabeças quando perceberam que tinha acordado e as outras meninas não.
riu.
- Melhor, e relaxem meninos. Essas ai só acordam depois de muitas tentativas – disse fazendo os meninos respirarem aliviados, ela tentou se levantar, porém André não deixou, ela olhou pra ele com uma interrogação no rosto.
- Você vai ficar quietinha onde está – André mandou.
- Mas eu to melhor, e preciso tomar um banho – falou fazendo manha.
Os meninos riram porque sabiam que André ia ceder ao pedido da namorada.
- Ta bom, desde que seja rápido e depois você volte a deitar – André concordou.
- Sabia – Caspian comemorou rindo – , acorda as meninas por favor? Elas desse jeito, estão começando a me assustar – ele pediu olhando pra .
, concordou levantando devagar da cama e indo até a cama de tirando o travesseiro debaixo da cabeça dela, na hora levantou a cabeça reclamando que estava muito cedo. Depois foi até a cama de fazendo cosquinhas nos pés dela, a garota acordou rindo e por último foi até , sussurrando o nome do irmão no ouvido dela, na hora pulou da cama sentando procurando pelo irmão.
- Não quero ir para a aula hoje – murmurou sentado na cama e encolhendo as pernas para Liam sentar com ela.
- Se vocês estão bem mesmo, não tem motivo para faltar – falou Liam sabiamente como se para testar as meninas.
- Qual é Liam, queremos faltar na aula – murmurou com a voz rouca, ela não estava se sentindo exatamente bem e se sentia muito fraca, só que não queria deixar os meninos e principalmente Caspian perceber.
levantou para tomar banho e preferiu ficar calada sabendo que era não era a única que sentia como se estivesse dopada.
se jogou na sua cama, sem duvidas era a mais fraca de suas irmãs, Daniel se ajoelhou ao lado da cama dela tocando em seu rosto.
- Está bem mesmo?
Ela apenas concordou com um aceno de cabeça.
- Escolhe um filme pra gente? – pediu chamando a atenção para ela e então puxando Liam pela mão para ele ficar ao lado dela, ela aninhou a cabeça no peito dele – Esquece, outra pessoa escolhe.
- Vocês têm que comer – lembrou Caspian sorrindo para que estava toda dengosa na cama.
- Não to com fome – murmurou se virando na cama e riu quando deu de cara com o rosto de Caspian – não vou beijar você agora, Cas.
Ele riu e deu de ombros.
- Me contento em observar você.
- Liam, manda eles pararem, vou vomitar – brincou fazendo todos rirem, exceto que começava a voltar a dormir.
- Eu vou preparar uma sopa para vocês – decidiu Daniel ficando de pé e cobrindo melhor – Me ajuda, André?
André olhou para o banheiro onde ainda tomava banho e concordou.
- Quero sopa de batata – falou toda dengosa procurando carinho em Liam.
- E eu de galinha, acho que prefere de legumes – concordou fazendo os meninos rirem da moleza delas.
Enquanto André e Daniel iam para a cozinha fazer as sopas pras meninas, Caspian e Liam ficaram tomando conta delas, tinha voltado a dormir; estava quase dormindo novamente, já que Liam fazia carinho em seus cabelos; estava deitada com a cabeça no colo de Caspian conversando alguma coisa boba.
estava terminado o banho, quando sua visão começou a ficar turva, ela colocou a mão na parede tentando se manter em pé, de repente tudo ficou preto, ela começou a ter uma sensação estranha, imagens vinham a sua cabeça totalmente fora de ordem: praia, campo, nuvens, frio, calor, sangue.
- André – sussurrou, pois não conseguia gritar – André.
Andre estava na cozinha cortando alguns legumes, quando sentiu sua marca arder uma pouco, olhou para a porta do banheiro esperando que a namorada estivesse bem.
- André – ele escutou alguém chamando por ele.
Sem pensar duas vezes ele correu pra porta do banheiro, mas ela estava trancada. - ? Abre a porta – André pediu forçando a porta.
- André – ele só escutou ela sussurrar.
Rapidamente ele forçou a porta, a fazendo dar uma alto estalo que fez que dormia e darem um pulo de susto, e soltar uma exclamação. A porta abriu e André encontrou encostada na parede do Box, enrolada num roupão com lagrimas nos olhos.
- – André falou aliviado vendo que a namorada estava de certa maneira, bem. Ele a pagou no colo, levando ela de volta para o quarto.
As meninas agora estavam mais acordadas e preocupadas com , que tremia enquanto André a colocava na cama. A cama de era a mais próxima, então a garota se levantou indo até a cama da irmã. olhava para o nada e aos poucos parava de tremer, quando sentiu a mão quente de em sua perna deu um pulo de susto.
- , calma. Sou eu – disse preocupada olhando da irmã para André sem saber o que fazer.
- – falou segurando a mão dela e olhando pra ver se ela estava bem, tentando se lembrar das imagens que viu no banheiro, mas só lembrava da imagem do frio e de sangue – , , vocês estão bem?
- Sim – as duas responderam juntas sem entender direito o porque da pergunta.
- Meninos? André? – olhou pros meninos que concordaram e para o namorado que estava atrás dela.
- Meu amor, o que foi? – André perguntou fazendo massagem no pescoço da namorada.
- Eu não sei. Umas imagens estranhas que eu vi, enquanto tomava banho. Me deixaram assustada – disse começando a relaxar novamente, mas ainda se sentindo fraca.
- Que imagens? – Daniel perguntou, sentando na cama de que tinha voltando a deitar, mas olhava atenta a todos em volta.
- Não sei direito, algo com praia, campo, nuvens, frio, calor, sangue – disse a última com medo – Será que foi uma visão?
- Não sei, pode ser que sim e pode ser que não. Agora, coloque uma roupa confortável, enquanto eu e o Liam terminados a sopa de vocês – Daniel disse levantando da cama, escutando Liam reclamar e também, mas nem ligou, antes de levantar deu um beijo na testa de , percebendo que a pequena estava queimando em febre – , você está queimando em febre – ele falou assustado.
- Eu to bem – a pequena sussurrou fraca, mas suas palavras foram desmentidas quando ela gemeu de dor.
- Está piorando, de novo – Caspian comentou olhando para que estava de olhos fechados e sobrancelhas juntas, numa expressão de dor. Eles se entreolharam.
- Ok, já chega disso – Liam falou levantando da cama com raiva, fazendo gemer e esticar os braços o mandando voltar – Vou resolver isso amor, não demoro – deu um beijo na testa da namorada e olhou para Daniel que encarava preocupado – Dan, vem comigo.
- Hey, o que vai fazer? – André perguntou, e Daniel abriu a boca para protestar, mas Liam já havia saído pela porta do quarto das meninas. Sem alternativas, Daniel seguiu o amigo.
- Onde vamos? – perguntou o alcançando rapidamente, eles viraram um corredor e Daniel entendeu - Eu também suspeitava disso.
Liam abriu a porta daquele quarto com um murro a fazendo voar longe e as quatro morenas ali dentro pularem e olharem assustadas.
- O QUE VOCÊS FIZERAM? – exclamou enraivado parando de frente para as quatro que depois de se recuperarem do susto ficaram uma ao lado da outra. Elas sorriam inocentes.
- Sobre o que, Li? – Lesley questionou piscando rapidamente para Liam que fez careta para ela.
- As meninas. O que fizeram com elas? – Daniel perguntou mais calmo que o amigo. Elas se entreolharam segurando o riso satisfeito, haviam conseguido sucesso na missão.
- Nós? Não sabemos de nada – Lexi deu de ombros.
- Pode deixar que as faço lembrar rapidinho... – cuspiu Liam avançando sobre elas, mas Daniel esticou a mão parando o amigo.
- Tudo bem então, desculpem o incômodo – o loiro falou simplesmente, Liam lhe lançou um olhar incrédulo.
- Vocês nunca incomodam – Lesley disse dando um passo a frente.
Daniel balançou a cabeça e puxou Liam para fora do quarto das morenas, o levando até a porta do quarto das meninas, mas não entrou.
- Porque fez isso? – perguntou Liam confuso.
- Porque vamos chamar Marcus. Sabemos que foram elas, e se não querem se render por bem, vão por mal – respondeu Daniel sabiamente.
- Eu podia tê-las feito se renderem por mal – o moreno comentou, Dan riu.
- Mas se você fizesse algo contra elas, perderia a razão – o loiro deu de ombros – Venha, vamos avisar os meninos que faremos uma pequena viagem.
Eles entraram no quarto que continuava do mesmo jeito, a única diferença era que as quatro estavam dormindo.
- E então? – Caspian perguntou sentado na beira da cama de .
- Vamos contar a Marcus que foram as Shaw que fizeram isso às meninas. Tenho certeza que ele tomará providências – Daniel falou indo até a varanda – Vocês dois fiquem aqui, não saiam de perto delas.
André e Cas reviraram os olhos, como se eles fossem sair. Mas concordaram, então Liam seguiu Daniel até a varanda e os dois voaram.
Ao chegarem na mansão de Marcus correram para a sala do mesmo, acenando para os amigos que os cumprimentavam mas não parando para conversar com ninguém, nem mesmo Jaime e James. Bateram na porta da sala e segundos depois ela foi aberta por Marcus, que sorriu para os dois os mandando entrar.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou Marcus, com a voz tranqüila, andando pela enorme sala.
- Senhor, suas filhas... elas foram envenenadas pelas Shaw – Liam foi direto.
Marcus parou e olhou preocupado de Daniel para Liam.
- Como? – exclamou descrenço.
Daniel lhe contou sobre a festa das irmãs, e de que logo após as garotas haviam adoecido, juntas e sem explicação.
- Elas não podiam ter feito isso – Marcus disse juntando as sobrancelhas com raiva – Vamos, eu vou dar a elas uma boa lição.
E com um estalo de dedos, Marcus, Liam e Daniel apareceram no meio do quarto das Shaw, assustando-as novamente.
- Se-senhor – gaguejou Louise levantando da sua cama rapidamente, assim como as outras.
- Vocês envenenaram minhas filhas? – Marcus perguntou em um tom ameaçador.
- Senhor, nós...
- FORAM VOCÊS OU NÃO? – gritou fazendo as quatro se encolherem simultaneamente.
- Sim, fomos nós – Lana sussurrou de cabeça baixa.
- Eu lhes dei uma segunda chance e é isso que fazem? Envenenam minhas filhas? Vocês não querem mesmo viver...
- Só fizemos isso para separá-los! – exclamou Lexi interrompendo Marcus – Sim, senhor. Seus guardiões perfeitos estão namorando suas preciosas filhas.
Marcus olhou para Daniel e Liam que apesar de saberem ser errado, desviaram o olhar. O loiro respirou fundo e voltou o olhar para as irmãs.
- Vocês vão sair daqui imediatamente e não vão voltar. Se eu souber que vocês chegaram perto de qualquer uma das minhas filhas de novo, eu as mando de volta para o lugar do qual nunca devia tê-las tirado – avisou, as quatro concordaram com a cabeça – VÃO!
Elas correram para a varanda, abrindo as asas e voando céu a fora.
- Liam, busque minha irmã e a leve ao quarto de minhas filhas, Daniel guie-me até lá – mandou Marcus olhando sério para os guardiões que acenaram com a cabeça e saíram do quarto, cada um tomando uma direção diferente.
Marcus e Daniel irromperam pela porta do quarto das meninas, Caspian ficou de pé imediatamente e André assim que percebeu o chefe ali levantou num pulo deixando a cabeça de cair na cama a fazendo gemer.
O anjo andou cauteloso até a filha mais velha, colocando a mão sobre sua testa, sentindo-a extremamente quente. Fechou os olhos e concentrou-se, depois de alguns segundos conseguiu fazê-la acordar, totalmente curada. André se segurou para não correr para abraçar a namorada.
Ele fez a mesma coisa com as outras filhas, seguindo da mais velha até a mais nova, quando já estava se erguendo para começar a falar, Helena chegou no quarto com Liam.
Um sorriso brotou nos lábios delicados da mulher, mas quando ela abriu a boca para falar Marcus levantou um dedo indicando para ela não dizer nada.
- O que está acontecendo? – perguntou olhando automaticamente para Liam, ele apenas sorriu meio nervoso para ela, temia pelo que o seu chefe poderia fazer.
- De pé – ele mandou, claro, para os guardiões que ficaram todos de pé com posturas comportadas e obedientes encarando Marcus, ele olhou para as filhas que estavam sentadas na cama encarando aquele homem um tanto quanto assustadas – Olá meninas.
- Sem querer parecer mal educada, mas ousando ser – começou ignorando o alerta que Caspian tentava lhe dar – Quem diabos é você?
Ele sorriu achando fascinante as suas filhas se dirigirem a ele.
- Marcus Wells, sou o pai de vocês.
Silêncio.
O silêncio se prolongou por alguns minutos, as meninas não disseram nada e pareciam que estavam brincando de “estatua” até que começou a rir e logo suas irmãs acompanharam ela.
- Sério, quem é você? – questionou ainda rindo.
Ele suspirou profundamente e puxou uma cadeira para se sentar em frente a elas.
- O pai de vocês – repetiu.
Finalmente as risadas pararam.
- Você está brincando né? – questionou a mais nova.
Ele apenas balançou a cabeça negativamente sabendo que precisava dar um tempo para elas entenderem.
- Não está brincando? Seu filho da... – começou ficando de joelhos na cama falando sem pensar, a atitude dela pareceu que ela ia avançar em cima do pai só que Liam foi mais rápido segurando nela – Me solta, Liam.
- Eu não sei quem você é, mas meu pai não é. Meu pai está na minha casa, com minha mãe e você é só uma pessoa estranha que ajudou no meu DNA – falou apertando os olhos e olhando para ele com raiva.
Marcus concordou com um aceno de cabeça fazendo um gesto para Liam se afastar da sua filha.
- Eu sei que vocês estão com raiva de mim e com todo o direito e realmente gostaria de poder explicar o porquê da minha ausência durante todos esses anos – as meninas abriram a boca ao mesmo tempo para protestar só que ele levantou a mão alertando que não tinha terminado de falar ainda – Só que hoje eu não estou aqui para isso, eu vim curar vocês e agora descobri que meus guardiões mais capacitados e fieis estão de caso com minhas filhas – a voz dele se elevou algumas oitavas fazendo o quarto tremer e as menina se encolherem, Marcus ficou de pé e encarou os quatro – Como vocês ousam?
- Senhor, por favor, se nos deixar explicar... – começou Daniel como o mais velho. Ele não estava tendo nenhuma relação amorosa com sua protegida, mas era claro que ele sentia algo a mais por ela.
- Calado Daniel – Marcus mandou com raiva.
- Não mande ele calar a boca – exclamou ficando de pé na cama.
- Querida, por favor – falou Marcus docemente encarando ela.
- Querida? – riu-se sarcasticamente – Você só pode estar de brincadeira.
- Meninas – alertou André.
- E você André – a atenção de Marcus voltou para os meninos – Me conte, quem começou?
Os meninos se entreolharam, a fúria do chefe deles os deixavam constrangidos e com um pouco de raiva porque eles tinham ideia do que iria acontecer em seguida e não queria que as meninas presenciassem isso ainda mais depois de terem acabado de ficar curadas.
Marcus deu um passo ágil até André e segurou em seu braço fechando os olhos por alguns segundos, André fez uma careta entretanto continuou calado até que Marcus abriu os olhos e se afastou irritado dele.
- Você beijou minha filha e parece que não foi o único – ele olhou para Liam e Caspian – E você Daniel, pensei que você é mais responsável, mas parece que está perdendo o seu foco. Vocês todos estão.
- Você não pode tratar eles assim – exclamou horrorizada – Eu amo o André e tenho certeza que minhas irmãs sentem o mesmo para com eles.
- Ama? – Marcus deu um passo para trás.
Ele começou a andar de um lado para o outro, parecia frustrado, irritado e chateado com esses fatos.
Como seus melhores guerreiros puderam fazer uma coisa dessas?
As meninas já não queriam ficar mais sentadas na cama, não se importavam de terem acabado de se curar elas se sentiam renovadas e prontas para defender com unhas e dentes tudo que aconteceu com elas e os meninos, os mesmos meninos que estavam de cabeça baixa sabendo que tinham errado, que deveriam ter resistido e sabendo que foi impossível e que agora teriam que arcar com seus atos.
- Por favor, senhor, só não desconte nelas – pediu Caspian por todos ainda com a cabeça abaixada, olhou para ele incrédula e sentindo uma vontade de chorar, mas se mantendo de cabeça erguida.
- Nelas? Não. Não Caspian, não vou descontar nelas, elas são minhas filhas – ele disse olhando para as meninas e então para eles – E nem em vocês.
Os meninos levantaram o rosto para encarar ele incrédulos com esse fato, as garotas estavam prontas para comemoraram quando ele continuou:
- Helena, fique com minha filhas até eu mandar os seus novos guardiões.
Essa frase. Essa simples frase. Preencheu a sala como se fosse um pesadelo fazendo eco e parecendo repetir várias e várias vezes.
- Como é que é?
- Você só pode ter problemas, é sério.
- Não ouse fazer isso, você vai se arrepender.
- Não toque neles.
As meninas soltaram xingamentos e protestos um atrás do outro, enquanto Marcus andava até seus guardiões e levantava os braços esperando eles segurarem, os meninos levantaram o rosto e encararam elas por longos segundos.
A frase que eles não disseram preencheu o ar.
Adeus.
E então eles não estavam mais no quarto, assim como o pai delas.
- Não!
O grito angustiante veio inconsciente das meninas presentes.
caiu de joelhos, as mãos no rosto enquanto as lágrimas caíam descontroladas de seus olhos. correu até a varanda e se inclinou no parapeito esquecendo-se do seu medo de altura, olhou para cima com os olhos marejados na esperança de ver Liam voltando voando para ela. Mas apenas as nuvens e o sol tímido daquela tarde estavam no céu. jogou-se de bruços na cama e desatou a chorar e havia sentado na beira de sua cama, encarando o nada.
- Meninas, vocês precisam... – Helena começou, cautelosamente – precisam entender que seu pai só fez isso para o bem de vocês.
- ELE. NÃO. É. MEU. PAI! – cuspiu as palavras levantando da cama – E NUNCA SERÁ! EU O ODEIO – ela correu para o banheiro e bateu a porta com tanta força que o quarto estremeceu.
- Ele vem aqui e os tira de nós? Quem ele pensa que é? – rugiu voltando ao quarto e se jogando em sua cama chorando.
- Ele não devia ter feito isso... não devia – disse se levantando e deitando com , as duas se abraçaram numa tentativa de consolar uma a outra.
O quarto ficou silencioso, só ouvia-se os soluços das três irmãs, lá fora o sol já não aparecia e as nuvens estavam negras, resultado dos vários sentimentos que as quatro compartilhavam.
(Me segure quando eu estiver aqui, me corrija quando estiver errado)
Hold me when I'm scared
(Me abrace quando eu estiver assustado)
And love me when I'm gone.
(E me ame quando eu for)
Everything I am and everything in me
(Tudo o que eu sou e tudo em mim)
Wants to be the one
(Quer ser o único)
You wanted me to be
(Que você queria que eu seja)
I'll never let you down, even if I could
(Eu nunca a decepcionaria, mesmo se pudesse)
I'd give up everything if only for your good
(Eu desistiria de tudo se fosse para o seu bem)
So hold me when I'm here, right me when I'm wrong
(me segure quando eu estiver aqui, me corrija quando estiver errado)
You can hold me when I'm scared, you won't always be there
(Você pode me abraçar quando eu estiver assustado, mas você não estará lá sempre)
So love me when I'm gone.
(Então me ame quando eu partir)
Love me when I'm gone...
(Me ame quando eu partir...)
- Vocês podem ir para seus quartos – ordenou Marcus, passando por eles e saindo de sua sala, caminhando até o jardim e respirando fundo – JAIME, JAMES, SEAN E CHACE – ele disse com a voz extremamente alta, dois segundos depois os quatro anjos estavam parados na sua frente, esperando por ordens. E alguns outros anjos olharam curiosos para saber o que Marcus queria com eles – Vocês serão os guardiões de minhas filhas agora, não saiam de perto delas por um segundo sequer – eles estavam confusos, mas concordaram. Os outros anjos murmuravam curiosos, querendo saber o porquê daquilo - E qualquer outro anjo está proibido de chegar perto das quatro – disse alto e sério, olhando em volta para os anjos que concordavam, e depois olhou para cima, para sua sala de onde André, Caspian, Daniel e Liam assistiam aquela cena com o coração apertado.
Marcus estalou os dedos e os quatro guardiões que estavam na sua frente sumiram.
Helena deu um salto assustada quando os quatro apareceram no meio do quarto, ficou de pé em posição de ataque, e olharam para eles e choraram ainda mais.
Jaime e James se aproximaram das meninas, confusos e pedindo explicações, mas elas estavam incapazes de formular respostas. olhou desconfiada para os outros dois desconhecidos. O primeiro era alto e esguio, o cabelo castanho ia até a altura dos seus ombros com leves ondas, os olhos castanhos escuros e os cílios compridos davam um ar inocente para ele, usava uma blusa branca leve aberta no peito e calça jeans com sandálias de borrachas nos pés, o segundo era alto como ele, só que muito mais musculoso, a pele bronzeada e o cabelo dourado com cachinhos fazia parecer que ele era um surfista, os olhos cor de mel piscavam e um sorriso apareceu nos lábios rosados e sedutores, usava uma roupa muito parecida com a do outro exceto que a blusa era azul e usava tênis pretos nos pés.
- Helena, o que aconteceu? – perguntou o primeiro, a mulher suspirou, mas contou tudo que havia visto acontecer no quarto, quando terminou os quatro guardiões estavam pasmos.
- Tenho que ir. Fiquem bem – ela disse para as meninas sorrindo bondosamente – Cavalheiros – acenou para os meninos e saiu do quarto.
saiu do banheiro assustando os dois anjos desconhecidos, e assim que avistou os gêmeos perto da cama das irmãs se jogou contra eles chorando.
Passaram o resto da tarde no quarto chorando, Jaime e James buscaram o jantar delas, mas elas praticamente não tocaram neles. Ignoravam os outros dois, mesmo eles não tendo culpa de nada que acontecera, estavam ocupando o lugar de seus verdadeiros guardiões e isso elas não aceitavam.
A noite veio e as quatro adormeceram rapidamente, cansadas de todo que acontecera e sentindo falta do abraço de seus namorados em volta de si.
O engraçado de acordar é que quando você abre os olhos para um novo dia você espera que seja diferente, apesar de bem lá no fundo saber que vai ser igual ao dia anterior.
E então quando esse novo dia chega e de repente você sabeque vai ser diferente você amaldiçoa seus antigos pensamentos porque tudo que você queria era que o dia de hoje fosse igual aos outros.
A primeira a tomar coragem e levantar foi , não acordar, nenhuma delas tinha dormido e sabia que não teria forças para apoiar suas irmãs e como segunda mais velha sentia que era seu dever.
- Temos que comer alguma coisa, meninas – ela disse ficando sentada na cama.
Não tinha vontade de comer. Era estranho não ter os meninos na porta chamando por elas.
- Não tenho fome – murmurou olhando para o teto, seus cabelos loiros fazendo uma espécie de halo espalhados sobre o travesseiro.
- Eu quero o André – repetiu , o que ela falou a noite toda.
não respondeu, somente ficou de pé e trocou um olhar com , a pequena estava sentada na sua cama e fixava o olhar no mar longe. As ondas estavam tão agitadas quanto a raiva no coração delas.
- ? – pediu por ajuda.
olhou para ela mais uma vez e suspirando concordou ficando de pé para começar a fazer algo para elas comerem. percebendo o movimento delas não queria não fazer nada e ficou sentada pegando seu celular. O relógio mudou o ponteiro no exato momento que ela olhou o horário. 6am.
- Eu quero voltar para casa – a loira anunciou empinando o nariz – Eu não sei se vocês perceberam, mas o único motivo que eu não fui embora desse colégio ainda era Caspian... Os meninos. E agora...
- Eles se foram – choramingou , a garota chorava tanto que parecia que nunca mais veria os meninos novamente.
E o pior é que podia ser verdade.
- Eu concordo, você tem razão – concordou depois de sair do banheiro com os dentes escovados. olhou para ela confusa.
- Eu tenho?
- Com certeza. Vamos para casa sem pensar mais um segundo.
Bateram na porta nesse exato momento.
gemeu em protesto e apenas puxou o cobertor se escondendo sobre ele.
suspirou e abriu a porta.
- O que é?
- Posso entrar? – a voz de Helena preencheu o quarto, a voz dela exalava calma.
- Deixa ela entrar, – pediu e a loira, a contragosto, deixou ela entrar.
- Eu tenho que falar com vocês, vou ser direta, prometo – a loira olhou para escondida debaixo das cobertas e sentou elegantemente numa cadeira decidido por encarar e que se sentaram juntas na cama da loira, continuava fazendo café se ela parasse poderia acabar fazendo algo que se arrependeria depois. Helena tomou fôlego e junto com ele coragem – Eu entendo que vocês estejam chateadas.
- Não, não estamos chateadas. Estamos com raiva, com desejo de arrancar a cabeça de alguém. É bem diferente de estarmos chateadas – contra atacou sorrindo de lado.
Helena apenas concordou com um aceno de cabeça.
- Novamente, eu entendo. Mas vocês têm que entender que o pai de...
- Ele não é nosso pai e se a senhora quer conversar com a gente, não diga isso novamente – exigiu séria suas mãos apertando o lençol quase fazendo um bolo dele.
Helena olhou para ela e não disse nada, apenas continuou.
- Marcus é o nosso chefe, nosso líder, nosso rei e respeitamos ele, devemos a paz que vivemos a ele, pois ele já sofreu muito. Eu posso afirmar isso como irmã dele e eu sei o quanto ele queria poder conhecer vocês de verdade. Vocês não sabem a pressão que ele sofre para colocar todos em ordem e o que seus guardiões fizeram... É totalmente errado e não porque seu... – Helena gaguejou e entrelaçou as mãos – Marcus é ciumento, egoísta ou mandão. Porque ele preserva a segurança de vocês e quando uma pessoa está envolvida emocionalmente... Complica as coisas.
- Complica? – se revoltou aparecendo por debaixo da coberta – O que complica é ele levar embora o cara que eu amo.
- Não, o que complica é que numa hora de perigo eles não conseguirem raciocinar direito e usar o poder que lhes foi dado porque a única coisa que eles vão conseguir pensar é em salvar vocês.
- E, por favor, pode me explicar no que isso não funcionaria? – a voz de estava carregada de escárnio.
- Alguma de vocês pararia para pensar se eles, ou mesmo outra pessoa que vocês amam estivesse correndo perigo? Seguiriam o coração de vocês ou a cabeça? – Helena sorriu docemente cruzando as pernas fazendo o vestido branco roçar nelas então suspirou e ficou de pé – Tomem o resto da semana livre, vou mandar Sean pegar os assuntos para vocês.
- Você ouviu a gente falar que queríamos ir embora, certo? – finalmente disse alguma coisa colocando o café quente em xícaras.
Helena sorriu para ela da porta e concordou com um aceno de cabeça.
- A escolha é de vocês, claro. Mas lembrem que não é só Marcus que precisa de vocês. Todo o seu povo. Todo nosso povo. Como toda a humanidade precisam de vocês.
As meninas se entreolharam.
- Queremos que você autorize a gente a ir para casa – falou fazendo a loira arregalar os olhos – Pelo resto da semana – completou.
- E quando, ou se, decidimos que vamos lutar vai ser pelas pessoas que amamos. Não por ele – completou .
Helena concordou mais uma vez.
- Claro – e sem dizer mais uma palavra saiu do quarto.
A família. Sem duvidas era algo no que você sempre podia se apoiar, e os dias que elas ficaram na casa de lago de Henry com toda a sua família – e mais quatro anjos – fora completamente perfeito e renovou as energias delas. Esquecer dos problemas e apenas curtir um pouco relaxou bastante e quando voltaram para a escola a raiva estava parcialmente excluída.
Parcialmente.
A saudade estava presente todos os segundos.
E a pior coisa era que doía deixando elas fracas e todos conseguiam perceber. É, talvez essa fosse a pior coisa.
As meninas tinham ido almoçar. Logo depois da aula com Adrian na qual ele fora super paciente com elas e explicou tudo que elas tinham perdido e não tinham entendido, seguiram para a mesa e se sentaram com os gêmeos e o adorável Chace enquanto Sean tinha uma reunião com Marcus para falar sobre o treinamento delas.
Jaime e James contavam – exageradamente – uma história sobre quando eles lutaram com vários Shunters e derrotaram todos, os Shunters, Chace explicou a elas, eram seres que não era nem anjos e nem demônios e lutavam para exterminar as duas espécies.
Sophie, Lindsay e Hannah se aproximaram junto com Chris.
- Fala gente – sorriu simpaticamente para eles.
- Ok, cadê os meninos? Eles não aparecerem fazem dias – o garoto perguntou colocando as mãos na cintura e fazendo pose. Só a menção deles fez as meninas murcharem.
- Mandou mal, garoto – murmurou James, Jaime se limitou a concordar com um aceno de cabeça.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou a ruiva dando uma olhadela de canto de olho para os gêmeos e piscando e então voltando a atenção para as garotas.
- Não, nada – falou sorrindo sem mostrar os dentes torcendo para que eles não continuassem nesse assunto.
Hannah sorriu percebendo a mesma coisa que os outros.
- Eles abandonaram vocês – ela não perguntou, ela afirmou.
rugiu batendo as mãos na mesa e inclinando o corpo para ela.
- Fora.
- Estamos num lugar publico querida. Não gostaram de ouvir a verdade?
- Olha aqui, sua loira, acho melhor você ir embora – mandou olhando para encolhida no banco – Agora.
- Ou o quê?
olhou para e quando a garota deu um sorrisinho meio que concordando, lembrando de todas suas aulas com James, ou Jaime e do que ela aprendeu com seu pai, Beto, fechou as mãos em punho e deu um soco no rosto de Hannah fazendo a loira cair no chão com o impacto, a mão na bochecha.
- Sua...
- Agora você vai embora?
Hannah levantou, com a bochecha roxa e praguejando foi embora, Sophie e Lindsay foram atrás, exceto que a ruiva sorriu para elas antes.
- Tenho que admitir , eu sou seu fã. Você sabe né? – admitiu Chace.
- Somos dois – James levantou a mão.
- Quero aprender como se faz – completou Jaime.
As meninas sorriram para eles enquanto se gabava e Chris ria e naquele momento tudo pareceu bem.
James e Jaime roncavam baixinho jogados no tapete fofo do chão do quarto delas, Chace e Sean já tinham ido para o quarto deles deixando os gêmeos encarregados delas já que eles estavam assistindo Resident Evil 3 já que hoje o tempo estava completamente fechado e não conseguiram um lugar para treinar.
estava sentada na varanda aproveitando que a chuva tinha dado uma trégua.
- está frio entra, vamos colocar outro filme – falou raspando com o dedo o restinho do chocolate da vasilha que ela e as suas irmãs comiam.
- Não quero entrar – murmurou com a voz chorosa.
olhou para e . Elas acharam que finalmente tinha parado de chorar, não que elas não morressem de saudades dos meninos. Seus anjos. Namorados. Amigos. Mas , simplesmente parecia incurável, como se o machucado não fechasse nem um pouco, elas entendiam, claro que sim, também estavam péssimas e às vezes se chateavam com a irmã mais velha por não tentar lutar contra toda essa tristeza só que não podiam fazer nada. Não estavam em condições de brigar com mais ninguém.
As três garotas ficaram de pé e pegaram cobertores para ir até a varanda fechando a porta com cuidado para não acordar nenhum dos gêmeos e sentando em frente a cobrindo ela e elas mesmas.
- Todas sentimos a falta deles, e temos que pensar que não vai durar para sempre – falou docemente tocando no joelho dela.
- É, eu sei, sou uma chorona. Desculpa, mas é que... – suspirou fundo – Olhar para a lua me deixa mais perto dele. Porque ele está em algum lugar debaixo dela também, por acaso isso faz sentido?
- Claro que faz, querida – fez carinho no cabelo dela – E lembra o que falamos? Vamos atrás deles, assim que conseguimos ficar forte o bastante. Encontrar onde eles estão.
- Vamos? – choramingou .
- Com certeza – concordou entusiasticamente.
- E você vai poder fazer tudo que seu corpo deseja – brincou .
riu e deu um tapa nela.
- !
- Eu concordo com a – empolgou-se .
- Claro que concorda – falou a morena e logo elas estavam brincando e discutindo sobre o que fariam quando reencontrassem os garotos.
E quanto mais rápido os dias passavam, mais fortes elas se sentiam. Elas queriam eles de volta. Elas queriam sua vida de volta só que sabiam que não teriam nada.
Sabiam que as coisas só mudariam de agora em diante.
E mudanças nem sempre eram tão boas.
Mas coisas boas também podiam acontecer com elas.
Os pés de faziam círculos na água, sentada na beira da piscina com os sapatos jogados ao seu lado, os braços esticados e a cabeça jogada para trás. Os olhos fechados davam liberdade para as lembranças de seus momentos com Caspian, principalmente as que aconteceram ali na área das piscinas.
Quando seu peito começou a doer de saudades com as lembranças, algo cutucou seu braço e seus olhos se abriram instantaneamente. Eram Jaime e James, e sorriam para ela. se espantou por não tê-los ouvido, afinal é estranho os gêmeos serem silenciosos.
- Oi loirinha – eles disseram juntos, suas vozes masculinas juntas eram doces e melodiosas.
- Hey – sua voz quase não saiu e teve que pigarrear e repetir.
- Você está bem? – James perguntou tirando os sapatos e mergulhando os pés ao lado de na piscina.
- Não – respondeu com sinceridade dando de ombros.
- O que podemos fazer para que você fique melhor? – Jaime perguntou passando um braço pelo ombro da loira que apoiou a cabeça em seu ombro.
– A única coisa que pode me fazer melhorar, é ele. Já que não podem trazê-lo... – ela fez bico.
- Bom, isso não podemos fazer mesmo. Mas podemos fazer qualquer outra coisa que quiser, não gostamos de ver você com essa carinha, aliás, nenhuma de vocês – respondeu Jaime.
- Só fiquem aqui comigo – se aconchegou em Jaime e James se aproximou fazendo carinho em seu joelho.
- Sabe, não vai durar muito – comentou James depois de um tempo em silêncio – Conhecemos nosso chefe, e os meninos. Eles vão fazer algo ou simplesmente Marcus vai ceder.
- Eu espero que sim – murmurou com a voz sonolenta.
- Vocês deviam dar uma chance à ele, sabe – Jaime disse cautelosamente, com medo de explodir como sempre acontecia quando alguém tocava no assunto pai – Eu sei que nada do que ele fez tem justificativa, mas ele sempre as amou.
- Eu sei. E acredito que logo daríamos essa chance. Mas nos separar dos meninos, foi a gota d’água, foi a pior coisa a se fazer, pior até que nos abandonar – desabafou.
- Nós entendemos – os dois disseram juntos.
- Mas, como dissemos, isso não vai durar. E quando acabar seria bom que vocês tentassem entendê-lo.
- Não prometo nada – respondeu displicentemente e se separou de Jaime.
O silêncio reinou por mais alguns minutos até a loira levantar num pulo, os dois a olharam curiosos.
- Certo, eu não aguento ficar nesse clima de fossa com vocês dois aqui, fala sério me deprime mais ainda vê-los em silêncio – ela revirou os olhos – Sabem nadar?
Os dois levantaram simultaneamente a sobrancelha como se dissessem “Ta brincando?” e ela riu.
- Então ta, aposta. Três mergulhos. Ida e volta. O último que chegar vai ter que ir para o almoço só de roupa íntima – ela disse rapidamente e em seguida pulou na piscina sem dar chance dos gêmeos raciocinarem.
Depois de recobrarem a consciência, pularam na piscina, mas já estavam na segunda volta, então tiveram que competir entre si. James ganhou então depois de passarem no quarto para trocarem as roupas molhadas, desceram para o almoço ao lado de um Jaime seminu. Ele não estava envergonhado, pelo contrário, sorria maliciosamente para cada garota que batia os olhos em seu corpo definido, até para Chris ele deu uma piscadela deixando o menino sem ar. ria do garoto e provocava James dizendo que ver Jaime é como vê-lo então não teria diferença se fosse ele o que perdesse. Aquilo, por aquele momento, estava a deixando longe dos pensamentos sobre Caspian, o que de certa forma a fazia bem.
As pernas cruzadas e bem afastadas da beira do prédio, observava a lua e as estrelas tão brilhantes, livres e perfeitas no céu e soltou um suspiro.
Sentia tanto a falta de Liam.
Abraçou seus joelhos e apoiou a cabeça neles quando ouviu a porta que levava ao terraço onde ela estava sendo aberta fazendo ela virar num susto e então sorrir.
- Hey, Ben.
- O que faz aqui em cima, ? – ele perguntou colocando as mãos nos bolsos da calça e andando despojadamente até a garota – Pensei que tinha medo – e então ele fez um gesto amplo mostrando o local onde estavam.
- E tenho – ela deu de ombros – Só que é onde eu me sinto mais perto de Liam.
Ele concordou, tentando não fazer uma careta e andou até ela calmamente.
- Você sente a falta dele, né?
Ela olhou para ele e ergueu uma sobrancelha como se duvidando que ele realmente queria bater um papo com ela sobre o garoto que ele odiava, Benjamin riu e levantou suas mãos.
- Ok, você me pegou. Eu não estou nem ai para Liam.
- Mas?
Ele sorriu para ela e então olhou para frente.
- Mas eu me importo com você.
Ela riu, riu mesmo, jogando a cabeça para trás e fazendo Benjamin logo fechar a cara.
- Qual a graça?
- Eu sempre soube que você não era tão bad boy quanto parecia – ela falou ainda rindo fazendo o moreno relaxar e ainda rir, então ela parou de rir e suspirou – Queria que você pudesse treinar comigo ao invés do chato do Sean.
Ele riu maliciosamente e ofereceu sua mão para ela, ela olhou para sua mão e então para ele.
- Não vou te agarrar , adoraria, mas eu estou tentando fazer algo... legal – ele quase cuspiu a última palavra fazendo rir mais uma vez e aceitar sua mão, ela não ria assim com alguém que não fosse suas amigas na guerra de bolo desde que Liam fora embora.
Benjamin puxou para cima e então mais rápido do que ela pensara ele virou ela segurando seu próprio braço contra seu pescoço, ele chegou bem perto do seu ouvido e sussurrou:
- Tem que ser rápida quando se está com o inimigo, .
- E onde está meu inimigo, Benjamin? – ela retrucou sabiamente pegando Ben de surpresa que relaxou o aperto nela dando tempo suficiente para ela se safar da prisão dele e materializar uma estaca – a única coisa útil que Sean ensinou para ela – e chegar bem perto do peito de Ben.
Ele olhou para ela com um sorriso se levantando no canto de seus lábios, ela também sorria perigosamente.
- Não me subestime, Briel.
- Você não vai me machucar, – ele disse sorrindo marotamente, ela riu e fez um gesto como se fosse realmente enfiar a estaca nele, o sorriso desapareceu dos lábios de Benjamin e então começou a rir.
- Não? Você tinha que ver sua cara – ela disse ainda gargalhando.
- Ah é? Querida, você vai pagar.
- Quanto?
ainda ria achando tudo muito divertido e então Benjamin sorriu de um jeito que era um tanto quanto sombrio.
- Caro – e então ele pegou nos ombros e começou a correr com ela até a beira do terraço, gelou pensando se ele realmente teria coragem de fazer algo do tipo, afinal ele era o Benjamin, só que quando ele chegou bem perto ele parou e colocou no chão. A menina ainda tremia com a brincadeira de muito mau gosto, mas Benjamin só fazia rir – Acho que já pagou.
- Benjamin Briel você vai me pagar – ela rugiu – Melhor começar a correr.
Era a vez de Benjamin rir divertido, mas logo levou a sério quando começou a correr atrás dele, quando chegaram aos corredores do dormitório feminino a perseguição passou a ser uma brincadeira de “pega-pega” onde quem perdesse teria que pagar de alguma forma, achou melhor ignorar quando Benjamin falou que ela teria que pagar no seu quarto e correu direto para o seu antes de bater a porta na cara de Benjamin ela sorriu agradecida para ele e então dando um tchauzinho um tanto quanto irônico fechou a porta na sua cara.
E as mudanças realmente tinham um lado positivo.
Depois desse dia, sempre que precisava tirar uma folga treinava com Benjamin que se mostrava outra pessoa com ela. Ainda um garoto extremamente confuso, mas só um garoto. Ou um pouco mais do que só um garoto.
As meninas procuravam conforto nelas mesmas, as notas estavam mais altas do que nunca e participavam de todos os eventos no colégio para manter a mente longe dos garotos não querendo pensar quando eles poderiam estar juntos de novo.
parecia ser a que menos sofria, mas a que mais tinha raiva, toda noite ela sumia e só voltava para o quarto quando suas irmãs já estavam dormindo nenhuma delas queria perguntar qual era o motivo porque sabiam que cada uma sofria do seu jeito.
Todos estavam reunidos na casa de . Os gêmeos, Chace e até mesmo Sean sentados na mesa comendo o resto da sobremesa como todos os presentes.
- Eu vou te pegar menininho – gritou gargalhando enquanto corria atrás de Nicolas puxando ele para seu colo e lhe fazendo cosquinhas.
- Você é má, – brincou passando por eles com as bonecas que ela tinha ido pegar para sua prima, Becky, os gêmeos e Chace que brincavam com ela – O menino quer brincar, deixa ele.
- Você quer brincar é, bonito? – ela soprou a barriga dele fazendo ele gargalhar e então sorriu para Jason quando ele se aproximou entregando Nicolas para ele, ela continuou ajoelhada no chão – , quero bolo tem ainda?
- Tem – quem respondeu foi Pérola sorrindo para ela – Vem com a gente, e estão lá já.
- Ok – ela ficou de pé e acenou para se aproximar, as duas correram para a cozinha e chegando lá correu até a mãe abraçando ela.
- Então quando vocês vão nos contar onde estão os meninos? – perguntou Stephanie.
- Que meninos? – se fez de desentendida.
- Percebemos como vocês estavam tristes da última vez que vieram para casa e deixamos passar. E agora eles não estão com vocês de novo. O que aconteceu? – quis saber a senhora .
- Aconteceram algumas coisas. Mas vamos tomar eles de volta – falou cortando um pedaço de bolo.
- Que coisas? – Pérola quis saber dando um beijo no topo da cabeça de e indo até a filha colocando bolo para ela – Vocês falam como se eles não tivessem escolha.
- E eles não tinham – deixou escapar fazendo as meninas olharem incrédulas para elas – Não podemos explicar agora.
As mães se entreolharam.
riu.
- Vocês fazem que nem a gente quando estão pensando no que falar – ela disse relaxando o clima – Não se preocupem, resolveremos tudo.
As risadas que vieram do lado de fora fez elas pararem de conversar, então um dos gêmeos gritou por ajuda fazendo elas rirem e todas as mulheres correrem para o lado de fora se deparando com uma guerra de mangueira.
Era hora de um pouco de diversão.
E um mês se havia se passado.
As coisas não estavam fáceis, mas mesmo assim as meninas se obrigavam a irem para a aula, estudar, comer, fazer o que tinha que fazer e voltar para o quarto.
Passavam a tarde treinando ou conversando com seus amigos, sejam eles humanos, anjos, demônios ou anjos caídos. Só queriam um pouco de distração.
O sol vinha e ia embora, a lua dava lugar a ele e então ia embora e o sol voltava.
O ciclo de dia e noite passava e as coisas continuavam na mesma.
Tão monótonas e frias sem as pessoas que amam, sem seus guardiões por perto.
E mesmo com tanto sofrimento e saudade as meninas deixaram tudo de lado durante um dia.
Era o aniversário de .
Logo que acordaram, , e foram para a cozinha e prepararam as coisas, tinham pedido para Jaime e James comprarem tudo na noite passada. levou o bolo na mão até a cama da pequena e a acordou.
- Feliz aniversário – disseram juntas quando a loira abriu os olhos.
A mais novasorriu para elas, ela sabia que das três irmãs nem de longe é a que estava sofrendo mais, mas também sabia que era a que estava mais poderosa e queria com todas suas forças acabar com aquele homem por fazer as pessoas que ela mais ama sofrer.
- Não deu tempo para comprar seu presente – brincou colocando o bolo no colo dela.
- Mas conseguimos comprar aquela câmera digital que você queria – disse quase cantarolando pegando uma caixa embrulhada para presente e dando para que deixou um sorriso aparecer em seus lábios – Apesar que aqueles chatos do Sean e Chace tiveram que vim com a gente.
- Não seja má , eles estão tentando – falou calma rindo.
- Estão tentando tomar o lugar dos meninos – exclamou irritada, mas a raiva dela foi tão engraçada que suas amigas riram e logo ela relaxou rindo.
- Eu não acho que você esteja querendo levar eles para a cama, – brincou .
- Levar quem para a cama? – questionou James abrindo a porta e entrando seguido de seu irmão gêmeo, Sean e Chace fazendo as meninas gritarem assustada.
- Que droga James, começa a bater na porta – mandou colocando as mãos no quadril – E se tivéssemos nuas?
- Teríamos ganhado o dia – brincou Jaime batendo sua mão com a do irmão e tirando risadas de todos.
- E exatamente por causa disso os outros guardiões foram mandados embora – lembrou Sean sério, e se entreolharam e juntas empurraram uma mesinha até a parte de trás dos joelhos do moreno o fazendo ser pego de surpresa e se desequilibrar caindo no chão.
- Cuidado por onde anda Sean – alertou inocentemente.
James e Jaime riram e apontaram para aplaudindo silenciosamente, ela piscou para eles.
- Então, como vocês pediram falamos com Helena sobre... – começou Chace inocentemente fazendo ficar de pé num pulo e tampar a boca dele com sua mão, ela empurrou ele para fora do quarto e ficou de pé para seguir ela.
- Chace, é surpresa – sussurrou do lado de fora revirando os olhos, Chace não só se parecia com um surfista como às vezes parecia muito burro. Ou talvez ele fosse inocente ao extremo, elas o preferiam a Sean que era o tempo todo sério, mas sabiam que os dois eram excelentes guerreiros pelos treinamentos que eles faziam com elas – as meninas competiam para ver quem conseguia treinar com um dos gêmeos -.
- Ops, desculpa – ele falou inocentemente fazendo as meninas rirem.
- Tudo bem Chace, pode conferir se as comidas estão prontas? – pediu docemente.
Ele sorriu marotamente para elas e concordou com um aceno de cabeça.
- Chace é um doce – comentou enquanto elas voltavam para o quarto.
- Não tão doce quanto Liam – murmurou , sua irmã sorriu para ela e passou um abraço ao redor da cintura de .
- Liam era meio estressadinho – brincou tentando relaxar o clima.
- Quem era estressadinho? – perguntou rindo de alguma coisa que ela e falavam, o rosto de estava coberto de bolo.
- O bolo pelo visto – riu-se .
- O bolo vai ficar estressadinho com você também – gargalhou pegando um pedaço para jogar nela, só que se desviou e pegou em – Ops.
- Ops? Ok! James passa esse bolo para cá – pediu .
- Com prazer – disse o moreno pegando um pedaço de bolo.
- Não... – gritou ficando de pé e rindo quando jogaram bolo nela.
Logo uma guerra com o bolo de aniversário de começou, lambuzando não só as pessoas presentes como também o quarto, Sean se manteve de fora na varanda achando um absurdo eles perderem tempo brincando quando deveriam treinar, só que sabia que era melhor ficar calado e dar um tempo para elas.
A sala grande de música estava com as janelas abertas dando vista para o jardim onde muitos guardiões aproveitavam o dia ensolarado.
Não os quatro meninos naquela sala.
Caspian estava jogado num divã com os fones de ouvido no máximo enquanto ouvia alguma música, Liam estava sentado no chão em frente a janela tocando distraidamente uma música no seu violão enquanto olhava André desenhar distraído algo num caderno e Daniel andar de um lado para o outro agoniado.
Ele sabia o porquê.
Era aniversário de hoje.
- Daniel, andar de um lado para o outro não adianta muita coisa – lembrou Liam colocando o violão de lado.
- Sabe quantos aniversários dela eu fiquei ausente desde que ela nasceu? Nenhum. Eu não acredito que não estou lá no primeiro aniversário que poderia passar realmente com ela – ele bufou se encostando no piano – Eu disse. Não devíamos ter nos envolvido.
- Esse papo de novo não – bufou André sem desviar os olhos do seu desenho.
- Esse papo de novo sim, é tudo culpa de vocês – soltou Daniel logo se arrependendo.
- O que você disse? – Liam ficou de pé devagar e cauteloso encarando o amigo – Você disse que a culpa é nossa? A culpa é nossa por nos apaixonarmos por aquelas garotas? E a culpa é nossa que agora estamos longe delas? É Daniel, a culpa é nossa, mas pelo menos nos arriscamos e não estamos agora arrependidos por não tomarmos uma iniciativa como um covarde que eu conheço.
- E vai começar – sussurrou André cansado.
- Quem é o covarde? – Daniel disse irritado – Eu? É tem razão, mas – ele riu fingindo felicidade – a não está sozinha, ela tem o Benjamin que não é nem um pouco covarde.
Liam deixou um rugido escapar e no segundo seguinte estava jogando Daniel contra o piano, o loiro ficou de pé no mesmo instante dando um soco no estomago do amigo e fazendo ele voar batendo do lado da janela sem perder nenhum segundo Liam correu até ele indo lhe dar um murro na cara, só que Daniel se defendeu dobrando o braço de Liam até lhe curvar quando Liam rapidamente lhe deu uma rasteira derrubando ele no chão.
Os dois caíram no chão e ficaram brigando até que chegaram no divã de Caspian e derrubaram ele.
O loiro abriu os olhos e arrancou os fones de ouvido bufando.
- Parem! – gritou Caspian surpreendendo os dois que pararam ao mesmo tempo de brigar – Porque vocês não param de agir como dois idiotas e procurarem brigas quando nada disse vai levar a gente de volta para lá?
Os dois amigos se entreolharam e concordaram se separando.
O fato é que doía mais do que eles estavam acostumados ficarem longe daquelas garotas.
- Sejam racionais – bronqueou Caspian – E vamos pegar elas de volta.
- Como se fosse simples – Liam disse se jogando no chão.
- Eu não disse que era – Cas deu de ombros – Podem me chamar de bobo, mas eu sei que não vai demorar muito para voltarmos a vê-las.
- E como sabe disso? – André perguntou ainda concentrado em seu desenho.
- Intuição – o loiro sorriu pegando os fones e os colocando de novo.
- Marcus está errado – sussurrou Daniel – Nós somos os únicos que podemos protegê-las, os únicos que as sentimos.
- Os outros são bons. Mas eu não confiaria a segurança de , ou de nenhuma das outras meninas à qualquer outro guardião – Liam disse suspirando e deitando as costas no chão, colocando as mãos na cabeça.
- Nem eu – Daniel concordou – E eu sinto dizer isso, mas se eu souber que está correndo perigo, não hesitaria em ir salvá-la.
Os outros três guardiões balançaram a cabeça positivamente, mostrando que concordavam com o amigo.
As aulas tinham passado rapidamente naquele dia, e como habito elas não prestaram a atenção em nada. Quando bateu o sinal do fim da última aula, , e arrastaram para o quarto.
- Temos uma surpresa pra você – sorriu para a pequena que as olhava desconfiada.
- Então diz – exclamou jogando suas mãos para cima quando ninguém disse nada.
- Não, não vamos contar – falou e empurrou para o banheiro – Vamos mostrar. Vá tomar banho!
Depois que as quatro tomaram banho, colocaram roupas leves, pois o dia estava quente e foram com – vendada - e os guardiões para a praia. Andaram por alguns minutos até chegarem num canto decorado. Tiraram a venda de a deixando ver o local.
Uma toalha vermelha grande estava esticada no chão, com pedras nas quatro pontas para segura-lá no chão, algumas almofadas também vermelhas faziam uma meia lua e na sua frente várias cestas com comida estavam fechadas.
- Surpresa! – exclamaram as irmãs, os gêmeos e Chace juntos. abriu a boca, mas nada saia, então abraçou as irmãs rindo.
- Gostou? – perguntou passando as mãos sobre os cabelos de .
- Adorei meninas, vocês são demais – a pequena falou abraçando-as de novo.
- Sabemos – as três disseram juntas fazendo todos rirem.
Eles se sentaram na toalha, brincaram, comeram, riram. Fora um dia divertido no meio de tantos depressivos.
Quando o sol se pôs, eles começaram a guardar as coisas para voltarem à escola. Helena havia deixado elas ficarem apenas até escurecer.
- Meu dia foi maravilhoso meninas, obrigada – disse colocando a última pedra num canto onde estavam as outras.
- Que bom que aproveitaram – uma voz masculina desconhecida disse atrás delas.
As meninas pularam se assustando e viraram para trás, dando de cara com demônios.
Com um estalo, quatro pares de asas entraram na frente das meninas, cortando a visão das garotas.
Um deles fez um gesto com a mão, como se os empurrasse e fez com que , e caíssem para trás. Os guardiões e cambalearam, mas não caíram.
Estavam todos jantando na mesa da sala de jantar. Como sempre, todos bem humorados com conversas paralelas enquanto comiam. Apenas quatro deles jantavam calados.
De repente, os quatro levantaram juntos num pulo levando simultaneamente a mão até suas marcas que os ligavam às suas protegidas, ela ardia fortemente. Todos se calaram e olharam para eles.
- Sentem-se meninos – Marcus disse calmamente, continuando a comer.
- Mas, as meninas...
- Minhas filhas estão perfeitamente guardadas, por meus anjos de confiança. Então, sentem-se e relaxem – seu tom de voz era autoritário, e ele havia encarado os quatro com um olhar que os desafiava contrariá-lo.
Eles se entreolharam nervosos, mas quando iam se sentar, Daniel deu um murro na mesa assustando a todos.
- Não! – exclamou fitando Marcus que levantou uma sobrancelha.
- Daniel... – ele disse em tom de aviso.
- Nada de Daniel. Me desculpe senhor, mas eu não vou ficar aqui enquanto sei que minha protegida está em perigo. Se me lembro bem, eu não escolhi isso. Ela me escolheu, dentre qualquer outro anjo, eu fui o escolhido, sou o único que pode protegê-la. Não foi por acaso. E querendo ou não eu vou honrar essa escolha – Daniel soltou, ninguém naquela sala ousava respirar – Então é isso? Vai arriscar a vida de suas filhas, a balança, por causa de ciúmes paterno? Não sei se não percebeu, mas suas filhas cresceram, são quase maiores de idade, podem decidir por si próprias com quem quer ou não ficar. E se for com um de nós? Bom, você terá de aceitar. Não foi você quem as viu crescer, que viu cada mudança, que angustiou-se a cada momento em que elas sofriam. Então, você não sabe o que realmente sentimos por elas. Não deve nos julgar, muito menos nos separar! – ele falava sem parar, sem dar chance a qualquer resposta. E quando terminou ninguém falou nada.
Marcus piscou algumas vezes e suspirou, e então deu um discreto aceno de cabeça.
Ele tinha cedido aos argumentos de Daniel.
No mesmo instante, os quatro correram para fora da casa e foram na direção do céu, voando o mais rápido possível ao socorro de suas protegidas.
Eles estavam em desvantagem, e a coisa estava feia para o lado deles. havia conseguido desmaiar um dos Nefilim do mal jogando uma pedra na cabeça dele, havia empurrado com a mente um deles até o mar – havia aprendido isso com Jaime – e o afogado, balançou um de um lado para o outro e o deixou cair com tudo no chão, os guardiões lutavam com os outros e permanecia parada vendo as lutas, ela não se mexia e ninguém a atacava.
As meninas não entendiam o que a irmã estava fazendo – ou não fazendo – mas não podiam questionar, pois tinham que se concentrar na briga, mas ora ou outra chamava o nome dela, não obtendo resposta nenhuma.
Eles haviam conseguido acabar com bastante deles, quando ouviram o grito estridente de e olharam para ver o que acontecia. As Shaw haviam a pegado e estavam levando-a para a floresta, no ar. Os demônios continuaram a atacar, não dando chance de qualquer um ir atrás delas.
gritou para que estava mais perto das escadas que saiam da praia para ela ir atrás da irmã mais nova, mas mais quatro daqueles garotos de aparência sombria avançou para ela, Sean habilidosamente abriu suas asas e rodopiou usando elas como uma espécie de “taco” para derrubar todos que se aproximavam dele e poder ajudar , só que seguraram ele por trás no exato momento que ele ia até a loira e lhe acertaram com uma estaca, gritou e um dos gêmeos que tentava ajudar voou até ela parando na sua frente e jogando o demônio que tinha atacado Sean para longe contra as pedras.
subiu nelas tentando pensar em como escapar de tantos demônios, pensou que eles bem poderiam não saber nadar, foi para perto de Chace que estava com muitos e mesmo lutando com quatro ao mesmo tempo e parecendo se sair muito bem começava a ficar cansado e recebia diversos socos, a morena foi rápida em fazer um gesto com a mão e empurrar o que estava atrás dele para longe e então ela se abaixou quando James gritou para ele fazer isso, ela levantou o rosto vendo James passar voando por cima dela com um garoto nos braços e jogar no fundo do mar acenando ironicamente para ele.
gritou pela ajuda de porque cinco dos demônios subiam nas pedras deixando ela cada vez na beirada, concordou e fez um gesto com a mão criando uma grande onda e jogando em cima dos garotos derrubando apenas um enquanto os outros se seguraram porque ela não conseguiu atacar com mais força, ela iria até a irmã ajudar só que atacaram ela com uma espada e ela suspirou achando que era melhor dar um jeito de sair dali logo ou que elas deveriam trocar de lugar, a morena percebendo isso se virou para pular na água e nadar até a beira e fez isso se virando e pulando.
Só que ela nunca tocou na água.
Braços firmes a agarram e puxaram ela contra si, ela se virou para gritar não tendo certeza de quem era e quando encarou aqueles olhos azuis tão conhecidos e aquele sorriso lindo ela simplesmente se agarrou mais contra o seu pescoço o abraçando o mais forte que conseguia e tentando memorizar seu cheiro.
- Liam – ela sussurrou, não teria tempo para outros comprimentos.
Caspian pousou em frente a piscando para ela e virando para o garoto que tentava lhe atacar.
- Hey, você fique longe da minha namorada, seu ótario – ele disse materializando uma estaca e virando ela na direção do demônio enfiando nele.
André agarrou pela cintura tirando ela do chão por alguns segundos e colocando ela nas escadas que desciam para a praia, ele sorriu para ela e então voltou voando até Sean pegando o garoto desmaiado e indo ajudar Chace.
- Daniel – gritou quando ela e Liam pararam para ajudar os gêmeos – , as Shaw pegaram ela.
Daniel concordou e sabendo exatamente para onde deveria ir, se virou e voou para longe sabendo que seus amigos tinham tudo sobre controle.
E assim seus amigos fizeram acabando um por um com a ajuda dos gêmeos, Chace e suas protegidas suspiraram ofegantes quando todos os demônios simplesmente viraram fumaças e desapareceram.
- Não tinha momento melhor para vocês chegarem – falou James dando batidinhas nas costas de Liam.
- Eu também acho – falou Caspian e se virou sorrindo para – Oi .
Ela sorriu e se atirou em seus braços se impulsionando para cima e entrelaçando as pernas na cintura do loiro – que já tinha guardado as asas – e agarrando seu cabelo lhe beijou.
- André! – gritou descendo correndo as escadas e se atirando contra o namorado enchendo seu rosto de beijos, lágrimas rolavam dos seus olhos.
- Vem cá minha garota – Liam sorriu para abrindo os braços e esperando ela se aconchegar ali, ela sorriu para ele e logo fez isso dando um beijo carinhoso no seu pescoço.
- Sem querer interromper – começou James.
- Mas já interrompendo – completou Jaime.
- ! – falaram os dois ao mesmo tempo.
Toda a cena de amor, saudades e beijo teve que ser interrompida quando sem dizer mais nada todos dispararam em direção a floresta onde as Shaw tinham levado a irmã mais nova.
Daniel não demorou muito a encontrar o lugar onde ele sabia que estava sua protegida.
Uma área da floresta bem no centro estava devastada.
Ele pairou por ali tentando ouvir a voz de , mas nada. Simplesmente nada.
Então desceu devagar e pousou bem em frente de uma garota. Ela estava desmaiada e os cabelos cobriam seu rosto, ele se assustou e avançou até ela e virou seu corpo para ele.
- Lexy? – ele perguntou surpreso, a garota abriu os olhos e piscou algumas vezes, então Daniel olhou para ela com raiva – Onde. Está. A. ?
Ele ouviu uma risada sarcástica de alguém não muito longe, jogou Lexi para longe dele e encarou Lesley encostada numa árvore parecendo tentar levantar, sua roupa estava rasgada.
- Ela não precisa de resgate, só pra você saber.
- Do que diabos vocês estão falando?
- Queridinho, quem você acha que fez isso com a gente? – falou Louise ficando de pé e mostrando seu vestido rasgado.
- Não, ela não tem poder para isso. Não é possível – ele disse confuso, Lana que ainda estava deitada fraca demais para falar riu baixinho.
- Onde ela está então?
- Me diga você – Daniel em segundos estava na frente dela segurando-a pelo pescoço.
- Daniel! – exclamou André se aproximando com seus amigos e as meninas – O que está acontecendo?
- Onde está a ? – perguntou indo se aproximar dela só que Liam apertou seu braço e puxou ela para perto dele olhando para as Shaw no chão.
Tinha alguma coisa de errado.
- O que está acontecendo? – questionou enquanto Daniel finalmente jogava Lana de lado e olhava para seus amigos, ele estava completamente arrasado e devastado e disse simplesmente:
- Eu falhei com ela?
- Ela? – repetiu olhando para suas irmãs e amigos.
- De quem você está falando? – perguntou e sentiu o braço de Caspian lhe envolver como se estivesse pronto para consolar ela.
- – quem havia dito aquilo fora , e todos os seres do sexo masculino presentes concordaram com a cabeça.
- Mas o que... Falem logo que merda aconteceu – disse com a voz autoritária encarando os meninos.
- Ela se aliou ao Lucius – disse Daniel caindo de joelhos desolado.
As três deram um passo para trás e olharam incrédulas para seus namorados que deram sorrisos tristes e reconfortantes.
- Não gente, qual é – falou – é nossa irmã, conhecemos ela. Nunca faria isso – sua voz estava nervosa, ela não queria acreditar naquilo.
- Talvez ela tenha mudado – Caspian disse levantando a mão para tocar os cabelos de , mas ela afastou o rosto olhando para o nada.
- Não, não pode ser... – sussurrou apoiando-se em Liam e começando a chorar. já havia feito o mesmo segundos antes.
- Vamos voltar para o quarto – disse Chace segurando Sean ainda desacordado de lado.
- Lá não – pediu olhando suplicante para Caspian. Não num lugar onde tudo que pudesse lembrar a irmã estaria. O loiro concordou e deu um beijo na testa dela.
- Então para onde vamos? – questionou James confuso.
Um estalo e Marcus apareceu na frente deles, assustando a todos.
- Para a minha casa – ele sugeriu olhando para as filhas e para seus anjos.
XVII – Uma luz na escuridão
deu um pulo afastando-se de André e se aproximando do pai.
- Você ainda tem coragem de aparecer aqui? – ela cuspiu as palavras o fulminando com os olhos – Depois do que fez? Você sabe o que aconteceu? Sabe por que aconteceu? Porque você nos afastou deles, nos colocando num enorme perigo. E isso por causa do quê? Ciúmes idiota de um pai que, sinceramente, nós nem consideramos como um. E isso teve uma consequência muito grave. ! – ela gritou, todos estavam calados e a olhavam espantados, nunca tinha explodido assim – Então obrigado, mas não vamos para sua casa.
- já havia escolhido seu lado antes mesmo de eu separá-los – Marcus disse calmo, achava normal a reação de e não lhe tirava a razão.
- Não, ela não tinha – falou se livrando das mãos de Liam que tentou segurá-la no lugar e ficou ombro a ombro com a irmã – Nós saberíamos.
- A irmã de vocês era muito esperta. Conseguiu esconder isso bem, mas não tão bem, vocês notaram que ela estava diferente, não é? – as meninas hesitaram e o loiro sorriu tristemente, abriu a boca para continuar a falar, só que o interrompeu dando um passo a frente mas sem soltar a mão de Caspian.
- Você... você não pode, trazê-la de volta? – perguntou com o olhar triste. Marcus suspirou e negou com a cabeça.
- Infelizmente, não. Qualquer uma de vocês quatro, uma vez que escolhem um lado, não podem voltar atrás.
As três se entreolharam procurando refúgio.
- Meninas, eu sei que eu estava errado em separá-los e eu também sofri com a consequência, perdi uma filha – elas se prepararam para retrucar, mas Marcus não as deixou interrompê-lo – E é por isso que eu quero que venham para minha casa. Lá estarão seguras e poderão se preparar melhor para o próximo grande evento.
Ainda se entreolhando, elas compartilharam a decisão com apenas um olhar. E sem dizer nada voltaram para seus namorados que já abriam as asas prontos pra levá-las para casa.
A viagem pareceu ser mais longa do que elas estavam acostumadas a viajar sendo levadas pelos meninos, elas poderiam dormir, era o que normalmente acontecia em suas viagens, uma das meninas – normalmente ou – se encostavam à outra e dormiam até chegar ao local, mas não hoje. Não quando tudo que elas conseguiam pensar é que a irmã caçula delas, aquela que elas mais deviam proteger estava em algum lugar junto com pessoas poucos confiáveis e se preparando para lutar contra elas.
Aos poucos elas sentiram que os meninos estavam descendo e então uma brisa suave e deliciosa chegou até elas e logo em seguida estavam paradas em terra firme. Ou melhor, grama firme. Marcus não perdeu tempo em mandar Chace levar Sean para a curandeira e mandou os gêmeos avisarem a sua mulher que eles tinham convidados, era mais uma desculpa para ficar a sós com seus melhores guardiões e suas filhas.
- Antes de você começar seu discurso – falou encostada no peito de Liam, ela tentou ser educada, não deu muito certo – E as nossas famílias?
- Verdade – falou batendo na sua testa lembrando – Elas estão em perigo, né? Porque mesmo quando mal sabíamos de nada foram atrás do J-Jason – ela gaguejou no nome se lembrando da sua irmã mais nova, Caspian sorriu apertando sua mão.
- Eu tenho guardiões com eles – reconfortou Marcus.
- Guardiões como os que você mandou ficar com a gente? – zombou , agora que ela tinha soltado as coisas ia soltar tudo de vez, esse homem despertava a fúria que ela tanto mantinha guardada – Acho que não.
- Ela tem razão. Eu quero meu bebê, minha mãe e Henry seguros – disse firme cruzando os braços Liam olhou dela para seu chefe e então para as meninas. Todas eram tão teimosas e não tinham percebido ainda de quem tinham puxado essa teimosia.
- Tudo bem – Marcus se deu por vencido – Eu vou mandar trazerem eles para cá.
As meninas finalmente sorriram, contentes por ter todas as pessoas que amam por perto. Então o sorriso logo murchou quando se deram conta de que nem todas estariam por perto.
- Meninas – uma voz suave gritou se aproximando delas correndo pelo campo, elas olharam na direção da voz onde uma mulher de cabelos loiros e olhos claros corria segurando a barra do seu longo vestido branco.
- Tia Jade – gritaram em uníssono saindo finalmente de perto dos seus namorados para correm até a mulher.
chegou primeiro se atirando nos braços da tia e abraçando ela apertado.
- Oh Meu Deus – falou Jade emocionada abraçando a menina fortemente – Como vocês estão grandes – ela soltou fazendo um gesto para as outras duas se aproximarem abraçando e em seguida – E tão lindas.
- Tia Jade, que saudades – falou rindo feliz em rever a tia.
- Nem me fale queridas. Eu sinto tanto por não ter falado com vocês antes, mas vocês sabem que eu não podia. Eu colocaria vocês em risco e não estava na hora de vocês saberem ainda – ela começou a se desculpar tocando na bochecha de cada uma – Onde está minha menina?
Logo os sorrisos sumiram e elas se entreolharam sem saber o que dizer.
- Querida, preciso falar com você – Marcus falou docemente chegando até eles, ele olhou para seus guardiões e ordenou: - Mostrem para minhas filhas os seus quartos.
- Temos quartos? – perguntou besta.
Marcus olhou para a mais velha de suas filhas e sorriu concordando.
- E depois, falem com Darius e diga para ele mandar guerreiros atrás das Shaw. Elas ganharam uma segunda chance, não vão ter uma terceira.
E terminando de falar ele fez um gesto para levarem logo suas filhas sabendo que a conversa que ele teria com sua mulher não seria muito agradável.
Os sete caminharam pelos inúmeros corredores daquela casa em silêncio. Quando chegaram no corredor de seus quartos, Daniel murmurou algo como “boa noite” e abriu uma das primeiras portas do corredor, mas não o deixou entrar.
- Dan – chamou indo até ele e lhe virando até estarem cara a cara, ele levantou o olhar – desolado – e encarou . – Quero que saiba que nós não o culpamos ok? Então você devia fazer o mesmo. Não estou protegendo-a, mas deve ter seus motivos.
- É, não carregue essa culpa consigo, só vai piorar as coisas – disse indo até o loiro fazendo carinho em sua bochecha, quase como uma mãe.
- Obrigado meninas – ele sussurrou e se juntou aos três num abraço grupal.
- Boa noite – elas disseram juntas quando eles se separaram, Daniel sorriu para elas acenou para os amigos e entrou em seu quarto.
- Ele vai superar, é bem forte – comentou André apertando que se encolhera em seus braços.
Continuaram seus caminhos, cada guardião levou sua protegida para seus aposentos e esperou que caíssem no sono para deixá-las. Queriam ficar com elas a noite toda, mas não arriscariam tal ato estando debaixo do teto do pai delas.
Era estranho ter novamente um quarto só para si, não dividir com ninguém depois de tantos meses em um quarto com quatros camas e sempre tendo um barulho, o silêncio do quarto fazia qualquer um demorar a pegar no sono.
Acordar também foi estranho, a casa, ou melhor, mansão do pai delas ficava num topo de uma montanha com vista para mares e riachos; o som de passarinhos e de ondas batendo era um calmante, só que o sol forte passando por entre as cortinas finas não era tão relaxante assim.
levantou da sua cama sem nenhum sono, um pouco irritada por não ter dormido mais e querendo o colo da sua mãe. Achou melhor ficar de pé para perguntar a Liam quando ela iria chegar.
Abriu a porta do quarto e deu de cara com saindo de fininho do seu, as duas se entreolharam e riram.
- Bom dia – falaram em uníssonos entrelaçando seus braços enquanto se viravam para descerem as escadas.
- Estou com fome – comentou – Será que os anjos dormem até tarde?
- Eles não precisam dormir – lembrou , elas viraram um corredor dando a volta na sala de reuniões e chegando a ampla cozinha onde tinha uma enorme parede de vidro dando vista para o jardim. já estava lá – Sem sono?
- Como vocês – ela disse e apontou para as comidas em cima da mesa também de vidro – Uma mulher preparou e falou para pegarmos o que quisermos.
- Fome – grunhiu largando o braço de para avançar na comida.
- , não estamos na nossa casa, faça o favor de ser mais educada – brincou sentando no banco para se servir de tudo que sua mão alcançasse, parecia que não comia há séculos.
- Por acaso já percebeu que não sou eu que estou avançando na comida? – retrucou sabiamente enfiando um pedaço de bolo inteiro na sua boca, revirou os olhos rindo.
- Bom dia.
As meninas se viraram num pulo dando de cara com Marcus, o cara que teve uma parte bem pequena na vida delas e essa parte foi só na hora de fazer.
Elas acenaram educadamente deixando as brincadeiras de lado, Marcus fingiu não perceber sentando em frente à e , ao lado de e se servindo de café.
- Normalmente eu não como na cozinha, se vocês quiserem deveriam acompanhar todo mundo na sala de refeições. Acho que os meninos já acordaram.
- Os mesmo meninos que você fez ficar longe da gente durante um mês? – soltou .
Marcus bufou.
- Eu já disse que sinto muito. Foi um erro estúpido, um momento de pai ciumento. Vocês entendem?
- Não, nunca tivemos um pai ciumento – falou cruzando os braços não era bem verdade já que tivera um pai a vida inteira e apesar de não chamar Henry normalmente de pai ele era bastante protetor com ela.
- Na verdade, eu entendo – falou as meninas olharam para ela besta, não acreditando que estava defendendo aquele cara, mas ela sorriu docemente – Meu pai é bastante ciumento.
Marcus engoliu em seco, preferindo fingir que não estava escutando e disse:
- Sobre as irmãs Shaw, elas fugiram. Tenho vários guerreiros atrás delas, só que elas não são prioridades no momento.
- As vacas armaram para a gente desde o primeiro dia que chegaram lá e não são prioridades? – exclamou ficando de pé.
- Olha a boca mocinha – alertou Marcus.
ficou de pé rapidamente sabendo que sua irmã iria começar a gritar em alguns segundos.
- Vamos falar com os meninos. E nossas famílias, quando chegam?
- No fim da tarde, provavelmente – Marcus apoiou os braços na mesa e encarou elas cansado e parecendo realmente querer levantar uma bandeira branca – Se vocês só me deixarem falar e escutarem tudo eu tenho certeza que podemos recuperar o tempo perdido.
- Há! Vai sonhando – ficou de pé, pegando mais um pedaço de bolo, e com a mão livre puxou pelo braço que puxou para saírem da cozinha, quando chegaram do lado de fora da casa pisando na grama fofa com suas sandálias rasteiras sorriu como se nada tivesse acontecido e olhou para as duas – Eu ouvi dizer que tem um celeiro nos fundos da casa.
- Cavalos? – falou incrédula.
- Corrida de cavalo – corrigiu empolgada com sua ideia, e sabendo que as duas garotas viriam atrás dela, saiu correndo.
XxXx
Seus fios loiros espalharam-se quando se jogou na cama, do que não podia ser bem classificado como “quarto”. Um pequeno cômodo, com uma cama e uma mesa onde Lucius a abrigara. Mas era o único lugar que ela tinha naquele momento. Deixar as irmãs e ter de viver nesse lugar fora a pior coisa que lhe acontecera, mas que outra escolha tinha? De certo modo, tinha as deixado no momento em que aceitou unir-se ao tio, mas se não o tivesse feito suas irmãs estariam sofrendo algo muito pior, a morte de . E ela achava melhor assim, sofrerem por ela ter as traído do que sofrer pela morte da outra. Ainda assim, sabia que no fundo gostava disso. Do poder que adquiriu, e da sensação de usufruir dele.
- Você está bem? – a voz a fez virar a cabeça para a porta por onde Chad entrava em seu quarto e sentava-se num pequeno espaço na sua cama.
- Vejamos, minhas irmãs provavelmente me odeiam nesse momento, sem sombras de dúvida eu nunca mais verei meu irmão, meu guardião está em estado desolado, sou aliada ao mal que pelas minhas contas nem sempre é o lado que vence, e sou importunada vinte e quatro horas por dia pelo garoto mais pé-no-saco que conheço – a cada item ela levantava um dedo, pontuando os fatos – Bem é um termo relativo, dada as circunstâncias.
O garoto riu escorregando para mais perto dela, apoiou uma mão do outro lado das pernas dela enquanto o corpo estava na beirada.
- Está mal – constatou o óbvio.
- E o prêmio de melhor descoberta do ano vai para Chad Solis – a pequena disse sarcasticamente rolando os olhos para ele.
- Posso te ajudar com isso – fitou-a nos olhos e levantou a mão livre até os cabelos de , ela o repeliu e colocou a mão no rosto o abaixando.
- Preciso ficar sozinha, então a única ajuda que pode me dar é sair daqui – sua voz saiu abafada, mas dava para entender. Quando Chad não se moveu ela murmurou um palavrão e levantou o rosto a fim de lhe dar uns bons gritos até que ele saísse, mas não conseguiu porque assim que tirou as mãos do rosto Chad avançou e pressionou seus lábios nos dela.
Mandando sua consciência ir passear quando tentou alertá-la de que não era boa ideia beijar Chad, cedeu a passagem que a língua dele pedia e passou os braços pelo seu ombro. Não, ela não gostava desse garoto, mas a ideia de ter algum conforto naquele momento, lhe pareceu muito boa. Não queria ficar sozinha, e se Chad era sua única opção...
Encolheu os pés para que o garoto se sentasse melhor na cama, assim ele fez e com uma mão na sua cintura a puxou colocando-a sentada em seu colo. As mãos de Chad subiam e desciam pelas costas da garota, mas quando fez menção de lhe levantar a blusa, cortou o beijo e afastou-se dele.
Ao perceber que ele a olhava confuso, riu com escárnio.
- Já teve liberdade demais por um dia, não acha? Agora se não se importa, gostaria que fosse embora.
Bufando, Chad levantou da cama e saiu do quarto. Respirando fundo, a pequena se jogou novamente na cama e continuou com sua tortura interna.
XxXx
bufou gritando para dizendo que ela não iria subir num animal não confiável enquanto andava mais atrás calmamente apertando seu casaquinho leve porque elas chegavam perto de árvores e iam em direção ao mar.
- , para começar, teríamos que estar usando roupas adequadas. E não short e regata com sandálias rasteiras – lembrou andando atrás da loira tentando mostrar os motivos do porque era melhor deixar a brincadeira de lado.
virou para ela sorrindo e cruzando os braços sabendo que sua irmã faria uma lista de motivos para não subir num cavalo, mas também deveria saber que ela faria outra lista para elas subirem num cavalo.
- Você é muito chata – suspirou ao entender o que ela queria dizer sem nem mesmo ela falar alguma coisa.
- Eu acho que deveríamos voltar para a casa. Quero falar com o André – pediu andando mais devagar do que as irmãs, a sombra de uma das árvores estava sendo tentador para ela – Ou esqueceram o que aconteceu?
e pararam de andar ao mesmo tempo virando para a irmã mais velha. Claro que elas não tinham se esquecido, mas será que não conseguia perceber que elas estavam tentando fingir que tudo estava normal?
Nenhuma das garotas teve tempo de dizer alguma coisa, porque uma voz chegou até elas.
- Olá?
Elas se viraram num pulo dando de cara com um grupo de anjos. Duas garotas que aparentavam ter a idade delas. Uma delas tinha os cabelos muitos ruivos que quase chegavam a serem rosa e o corpo delicado e bem distribuído lembrava o de uma bailarina. A outra tinha os cabelos loiros longos quase até a cintura, eles formavam cachos bem firmes e uma franja jogada de lado destacava seus olhos bem azuis. Os outros dois eram homens, pareciam ser um pouco mais velhos do que elas, o primeiro com ombros largos e braços fortes lembrava muito Chace com seus cachos dourados e olhos azuis, exceto que ele não parecia um surfista com seu olhar firme e sorriso misterioso e o outro tão forte quanto esse tinha cabelos mais compridos e num castanho tão claro que era quase loiro, os olhos cor de mel e um sorriso manhoso nos lábios.
- Estão perdidas? – perguntou o garoto de olhos azuis.
- Não – falaram e ao mesmo tempo, mas sorriu, passando na frente delas.
- Na verdade, estamos. Somos novas aqui e não sabemos onde encontrar o celeiro.
- Podemos ajudar – a garota de cabelos quase rosas disse sorrindo – Eu sou Wellsie e essa é minha amiga, Emma, somos anjos da guarda e aqueles dois são Jaden – ela apontou para o garoto de olhos cor de mel – E Sebastian – ela apontou para o que lembrava Chace – Eles são guerreiros e vocês?
- Eu sou , essas são minhas irmãs e e somos – parou colocando um dedo no seu queixo pensativa e então virou para as irmãs – O que somos mesmo? Aquele cara não falou.
- Fodas? – brincou , baixinho, mas quando percebeu que os quatros anjos ouviram sorriu envergonhada para eles – Desculpa. Marcus não rotulou a gente.
- O chefe? – falou Jaden confuso e então encarou as meninas com os olhos cor de mel arregalados – Vocês são as filhas dele?
- Pode se dizer que sim – concordou .
Os quatro anjos rapidamente se posicionaram e curvaram suas cabeças numa reverencia respeitosa fazendo as meninas se entreolharem perguntando o que estava acontecendo ali e se seria mal educado dar risada.
- Então, né? – assobiou – Podem nos ajudar?
- E se a gente ajudar?
A voz foi fácil de reconhecer, virou com um sorriso enorme nos lábios e saltitou até Caspian que estava de braços abertos esperando por ela. já estava agarrada a André como se nunca mais fosse se soltar dele enquanto Liam puxava pela mão para perto dele.
- Podem deixar com a gente – falou Liam acenando para os outros anjos que concordaram com um aceno de cabeça.
- Ah! Prazer – falou se virando nos braços de Liam para sorrir para eles.
Estavam os seis sentados na grande mesa conversando e comendo, alguns anjos passavam por ali os cumprimentavam pegavam algo para comer e saíam rapidamente, quase como se não tivessem coragem de se sentar com elas.
- Vão ter de se acostumar – falou Caspian quando viu as caretas aos anjos que se curvavam para elas.
- Porquê? – perguntou .
- Porque vocês são filhas de Marcus, as princesas – Liam deu de ombros fazendo cafuné nos cabelos de – E, são a balança.
- Não gosto disso. Nem ao menos o consideramos como pai – falou ainda fazendo careta.
- Isso não lhes tira a posição de princesas – disse André sabiamente.
- Somos princesas! Tá, tudo bem, não gostamos do cara. Mas confessem que é emocionante – disse quicando na cadeira e sorrindo para os outros. e reviraram os olhos, mas sorriram também empolgadas. Dois gritinhos abafados foram ouvidos e elas se esticaram para olhar o corredor.
Um garotinho e uma garotinha corriam até eles chamando as garotas.
- Eles chegaram – as três disseram em uníssono pulando da cadeira e correndo até a porta da sala. pegou Nicolas no colo o abraçando fortemente, puxou Becky pelos ombros num abraço apertado. E logo os mais velhos adentraram a sala. correu para a mãe, soltando os pequenos - que correram para a mesa ao verem tanta comida – e abraçaram seus pais. Jade estava agarrada a Jason, e as meninas também o cumprimentaram.
Marcus saiu de trás deles e se posicionou ao lado dos guardiões que sorriam observando suas protegidas felizes.
- Vem Becky, vem conhecer meu amigos anjos – falou Nicolas puxando a garota até os guardiões, eles sorriram para os pequenos – Oi anjinhos.
- Olá garotão – Liam sorriu pegando Nicolas no colo e brincando com ele.
- Essa é minha amiga Becky, ela também é plima da – ele apresentou depois de ser colocado no chão – Becky, esses são meus amigos anjos.
- Não seja bobo Nicolas, anjos não existem – falou em tom de repreensão mas ainda assim sorriu para os guardiões que riram da loirinha.
Depois dos abraços e de matar a saudade, todos se entreolharam, e a primeira a dizer algo fora a mãe de .
- Posso saber o que diabos estamos fazendo aqui, por favor?– questionou Stephanie. e riram sabendo de onde havia tirado seu jeito de ser.
- Temos muita coisa pra contar...
- E precisarão estarem sentados, então, que tal irmos para a sala de estar? – ofereceu Jade, como uma boa anfitriã e os guiou até a sala.
Assim que estavam todos aconchegados na sala vieram as explicações.
A explicação foi longa, contar tudo era complicado e difícil e as meninas se mantiveram caladas perto da família tentando reconfortar eles da melhor forma possível. De certa forma se sentiam culpadas por meter eles nessa confusão então queriam pelo menos manter eles seguros.
Quando toda a explicação estava quase acabando ficou de pé segurando Nicolas firme contra seu corpo e acenando para Becky.
Era hora das perguntas. E podia ficar complicado demais para eles.
- Eu vou mostrar para vocês o jardim o que acham?
- Eu quero ficar, Cole – resmungou Nicolas.
- Não Nicolas, escute e vá com ela – mandou Stephanie firme sorrindo para a filha, mas apertava cada vez mais forte a mão de Henry olhando de cara feia para Marcus.
Nicolas suspirou, mas concordou e assim como Becky saíram com fazendo birra, claro que Liam não demorou em ir atrás.
- E você coloca minha filha nessa confusão? – soltou Pérola assim que as crianças saíram.
- Não tivemos escolha – lembrou antes que sobrasse para ela, sua mãe sorriu apertando seu joelho lhe reconfortando, mas olhando de cara feia para Marcus. - Você foi embora antes de sequer ver sua filha nascer e acha que tem algum direto sobre ela?
- Não, eu... – começou Marcus envergonhado.
- Não, você nada. E que história é essa de anjo? Elas serem a balança? E terem que salvar o mundo? Minha filha só tem que se preocupar em estudar – falou Stephanie contrariada.
- Quer saber? Eu vou levar meu bebê para casa, agora – a mãe de ficou de pé segurando ela pela mão, mas – surpreendendo a todos – ela continuou firme no seu lugar – ?
- Desculpa.
- está certa, sabe – todos se viraram quando voltou para a sala com Liam postado protetoramente ao seu lado, sua mãe olhou interrogativa para ela, assim como Pérola e ela sorriu – Eles estão com uns amigos nossos.
- E ela, está? – questionou Jason que até então estava calado abraçado a sua mãe que sorria encantada – Eu estou totalmente perdido, eu estou muito feliz de estar com minha mãe, mas só quero pegar a minha irmãzinha, vocês e levar para casa.
- Ele está certo , é errado – falou Stephanie ficando de pé e apontou para Marcus – E você não tem esse direito.
- Não tem mesmo – concordou sem nem olhar para Marcus – Mas mãe, é o nosso destino.
- Destino – bufou Beto cruzando os braços e encarando – Eu vou levar você pra casa – e então olhou para Caspian – E você é?
- Papai!
Quando Marcus ouviu sua filha chamar o outro homem de pai rapidamente mandou sua vergonha embora e ficou de pé. Todos sentiram o poder emanar ao seu redor mostrando a todos o quanto ele era poderoso e o porquê de ele ser o chefe.
- É o seguinte: elas são minhas filhas também, queiram vocês sim ou não, e não podem mudar o fato de que por serem minhas filhas são aquelas que podem continuar a deixar o mundo no equilíbrio entre o bem e o mal. Elas estarão salvando a todos, eu sinto muito por ter trazido vocês aqui a força, mas eu preciso, precisamos, proteger a todos vocês, vocês são a família delas e elas são a minha família – ele soltou um longo suspiro relaxando os ombros e sua postura – Eu vou deixar vocês a sós para conversarem agora, quando estiverem prontos, Jade vai mostrar onde será o quarto de vocês e quando quiserem poderemos jantar.
Marcus começou a se retirar, mas parou no meio do caminho e virou para todos que o olhavam estupefatos.
- E sejam bem vindos.
Todos se entreolharam por longos segundos sem conseguir dizer nada, até que Daniel que estava encostado na parede apenas observando e apoiando eles se ajeitou e sorriu.
- Eu vou pegar a mala de vocês.
- Mala? Não conseguimos arrumar nada – lembrou Pérola, riu.
- Eles são muito eficientes – disse ainda rindo.
- E você ainda não me respondeu. Quem é você, rapaz? – Beto retornou a perguntar.
- Falando nisso – disse arriscando a salvar a pele da amiga – Gente, mamãe, Henry, esse é o Liam, meu namorado.
- Precisamos conversar . Mas Liam, minha filha falou muito de você – falou Stephanie sorrindo.
- Bem, espero – ele disse educadamente.
- Namorado? – Beto disse e apontou para Caspian – Você é o namorado da minha filha?
apenas acenou com a cabeça puxando Caspian pela mão para longe do sofá quando o pai se aproximou deles.
- Sem confusão.
- E você deve ser André – falou a mãe de sorrindo para ele.
- Sim senhora, prazer.
- Namorados apresentados, família apresentada, eu estou com fome vocês não? – perguntou sorrindo tentando relaxar todos um pouco para esquecerem que coisas mais importantes como o fato delas serem a balança e terem de salvar a humanidade estava para acontecer.
Os talheres baterem nos pratos vazios e o silêncio predominou a mesa, ninguém estava exatamente feliz com o que estava acontecendo e olhares raivosos eram lançados constantemente para o anfitrião da casa.
Marcus ficou de pé e encarou suas filhas.
- O quê? – perguntou confusa, cutucando e , ela achava melhor elas saírem dali o mais rápido possível.
- Nem pensem nisso, preciso falar com vocês – anunciou Marcus colocando as duas mãos sobre a mesa – Por favor, no meu escritório. A sós – ele encarou os outros presentes se demorando nos seus guardiões.
Ele saiu da mesa sem dizer mais uma palavra sequer.
As meninas se entreolharam meio na dúvida, ele podia ser um grande filho da mãe, mas ainda era o pai delas e era confiável.
- Não demoramos – falou ficando de pé e assentindo para as irmãs.
O escritório de Marcus era realmente incrível, com toda aquela parede de vidro dando vista para os jardins e do outro lado estantes com livros e mais livros.
O pai das garotas já estava no seu lugar, sentando confortavelmente na sua cadeira e fez um gesto para as meninas sentarem nas poltronas em frente à mesa.
- Antes que vocês comecem a distorcer minhas palavras, preciso que entendam uma coisa – ele fez uma pausa esperando elas falarem algo, mas quando elas continuaram caladas ele continuou – Eu não podia participar da vida de vocês. Seria estupidez, eu estou constantemente sendo vigiado pelas sombras e Lucius sabe o tempo todo com quem eu estou. Vocês acham que foram meus primeiros filhos? – ele riu tristemente se ajeitando na poltrona – Eu tive outros. E todos os outros não saiam do hospital ou nem sequer nasciam, vocês tem noção de como isso é torturante? Então, quando eu suspeitava que a mulher que eu estava apaixonado, sim, eu me apaixonei por todas elas, pode parecer o que for, mas estava escrito e eu amei cada uma delas – ele soltou um suspiro e sorriu – Quando eu percebia que a mulher que eu estava amando estava grávida. Eu ia embora. Eu ia embora para proteger vocês e para proteger elas.
- E tinha que ser todas umas atrás da outra? – perguntou .
Ele sorriu. - Não sou eu que escrevo o destino, querida – ele sorriu percebendo que estava tendo uma conversa racional com elas – Quando vocês se conheceram, o plano teve que mudar, eu teria que esperar a mais nova das minhas filhas completar dezoito anos e só então poderia me conectar com vocês.
- Porque?
Marcus respirou fundo antes de falar, chegaram no assunto delicado.
- Porque é quando vocês ganham a imortalidade – ele disse sem rodeios, mas continuou a explicação antes de qualquer questionamento – Bom, vocês são o que mantém esse mundo no lugar, certo? Então, não podiam continuar mortais e morrerem por alguma doença do homem, ou até mesmo por velhice. Então quando atingem a maioridade, tornam-se imortais. Claro que assim como os anjos, se forem atingidas por uma estaca especial no peito, morrem.
- Ok – esticou essa palavra, olhando incrédula para Marcus – Então, é imortal? – o loiro concordou com a cabeça, a morena estava estática em seu lugar, quase nem respirava – E por que ela precisa de um guardião?
- Como eu disse, até mesmo os imortais morrem se forem atacados com uma estaca. E ela não sabia de nada, e estava com vocês que a tornava vitima também. Mas, agora que já sabe, pode dispensar seu guardião, se quiser – ele dirigiu a palavra á ela, e isso fez com que qualquer choque desaparecesse de seu corpo.
- Não, não. Vou continuar com ele – ela falou desesperadamente, e quando e riram ela sorriu também.
- Isso é sua escolha, mas a qualquer momento pode dispensá-lo – avisou Marcus e ao contrário do que achavam, ele não estava ansioso para isso, era apenas um lembrete. A morena concordou com a cabeça – O mesmo para vocês, quando ganharem a imortalidade poderão, se quiser, dispensar seus guardiões.
- E o que acontece com eles se o fizermos? – perguntou e suas irmãs lhe lançaram olharem incrédulos, ela levantou as mãos mostrando inocência – Hey, não que eu esteja cogitando a hipótese de dispensar Cas, só estou curiosa oras – Marcus riu.
- Bom, eles provavelmente trabalhariam como guerreiros, já que é a segunda posição deles. E foram criados para protegê-las, não os dando oportunidade de guardar outra pessoa – respondeu suavemente. murmurou um “ah ta!” e eles ficaram em silêncio.
- O que eu tinha para falar, já foi dito. Se quiserem, já podem fazer o que bem entenderem pelo resto da noite – ele sorriu para as filhas, que apesar de estar socializando mais com ele, puseram-se para fora de seu escritório imediatamente.
- Sabe, eu não estou muito a fim de voltar para a sala de jantar. E vocês? – perguntou enquanto elas andavam caladas pelos corredores da mansão.
- Não – responderam as outras duas juntas.
- Eu ainda estou tentando formular as coisas – disse encarando as duas – Eu não sei se quero ser imortal.
- Eu não quero – admitiu fazendo as duas olharem incrédulas para elas, logo que era a mais sonhadora com todo esse conto de fadas? – Quer dizer, qual a graça de ser imortal se você não tem as pessoas que ama por perto? Se minha mãe e Nicolas fossem...
- Não quer dizer que eles não podem ser tornar anjos, como a tia Jade – comentou reconfortando não só a irmã como ela mesma.
- É, talvez.
- Não fica assim , não vamos pensar nisso agora – tranquilizou – Devíamos apenas pensar em manter eles protegidos, ainda temos muitos anos antes de pensar nessa coisa, certo?
- Certo – concordou firmemente sorrindo para ela.
Enquanto as três sorriam do seu acordo selado de não falar sobre esse assunto, um quadro que estava até então parado se mexeu indo para o lado.
- Estou confusa – comentou andando até o quadro junto com as duas – Porque o quadro se mexeu?
- Boa pergunta – disse colocando suas mãos na parede lisa, então ela bateu na parede olhando assustada para as amigas – Escutaram?
- O quê? – perguntou colando a orelha na parede. bateu de novo – É oca.
- Uma passagem secreta – cantarolou .
- Uma passagem secreta? – perguntou incrédula, rindo em seguida – Vocês só podem estar lendo muito livros – ela bateu sua mão parede e assim que fez isso a parede começou a se mexer e fazendo um barulho de “clique” se abriu revelando um túnel com tochas na parede e uma quase caindo no chão.
- É, muitos livros – zombou passando por ela – Venham, vamos entrar.
- Porque não? Já descobri de tudo hoje mesmo – deu de ombros seguindo ela e deixando a irmã mais velha sem escolha a não ser ir junto, assim que ela entrou a porta da passagem secreta se fechou – Ok, eu quero voltar, não gosto de lugares fechados.
- Agora que entrou você vai adiante – a empurrou pelas costas enquanto pegava uma tocha e seguia na frente.
- Qualquer coisa você chama o Liam – zombou virando o rosto para piscar para ela.
- Será que funciona? – pensou em voz alta se sentindo apertada naquele local – Vamos embora logo.
- Shhh, acho que tem uma área mais aberta na frente – indicou com a tocha uma passagem maior e luzes mais fortes.
- O que estamos esperando? – passou na frente de correndo até o local fazendo as duas irmãs rirem e correrem atrás dela – Gente!
e aceleraram o passo parando quando chegaram até alertas olhando ao redor, quando não encontraram nada olharam novamente para a irmã que apontou para frente.
Uma mesa, na verdade um palanque, com um livro em cima, o livro parecia extremamente velho com a capa dura e marrom e poeira para todo o lado, mas era a única coisa naquela sala o que levavam elas a acreditarem que foi para isso que a porta se abriu.
- Ok, um livro? – questionou confusa, as três se aproximando com cautela.
- É o que parece – concordou olhando para as duas – Vamos abrir?
- Não temos nada a perder – colocou sua mão sobre o livro seguida das duas foi quando uma luz forte iluminou o livro fazendo elas se afastarem assustadas, barulho de páginas sendo mudadas e então a luz abaixou o suficiente para elas se aproximarem novamente.
- Parece aquele livro que lemos quando estávamos no colégio – comentou em voz baixa como se achasse que se aumentasse a voz o livro mudaria de novo.
Elas chegaram mais perto e assim que colocaram os olhos no livro palavras começaram a se formar.
- Ele... Ele está escrevendo sozinho? – questionou , assustada.
- Parece que sim – sussurrou – Podemos ler?
- Já estamos na chuva, porque não se molhar?
olhou para rindo da hora nada adequada para um ditado popular e chegou perto do livro para começar a ler.
- “As trevas nunca ficaram tão perto. A batalha entre o bem e o mal terá que ter um fim e para As Escolhidas vencerem no momento critico tem que saber o que fazer e dar um fim àquele que começou tudo” – parou de ler olhando para as duas amigas – Somos As Escolhidas?
- Somos – concordou – Mas eu estou bastante confusa.
- E que momento critico é esse?
- Escutaram?
Fizeram silêncio e pararam para escutar. Eram os meninos. Eles estavam procurando por elas.
- Vamos.
Elas acharam melhor deixar o livro no mesmo lugar, se ninguém nunca tinha encontrado ele é porque tinha um bom motivo e elas sabiam que ele ficaria seguro ali era só lembrar onde ficava que o livro encontraria elas novamente.
- Espera – parou bem na porta de saída e olhou para as outras duas – Vamos sair do nada de dentro da parede? Vamos levantar suspeitas.
- É torcer para esse lugar e o livro ajudar a gente de novo – falou e sem esperar resposta empurrou a parede.
E o lugar as ajudou. Elas apareceram dentro da biblioteca da mansão. Ainda não tinham ido até ela, mas por sorte era grande o suficiente para se os meninos tivessem procurado elas por lá não iriam encontrar elas.
- Meninas? – a garota do dia anterior, Emma, questionou encarando elas surpresa.
fez sinal de segredo colocando o dedo indicador nos lábios e sorriu para ela puxando as irmãs até onde as vozes dos meninos vinham.
pulou atrás de Caspian colocando as mãos sobre os olhos dele e sussurrando “Adivinha quem é?” fazendo ele rir e puxar ela para a frente dele enquanto ria andando até Liam.
- Vocês estão bem? – perguntou Liam preocupado dando um beijo na testa de .
- Estamos – concordou rápido demais, levantando suspeita.
bufou.
- Estamos – ela repetiu.
- Certeza? – questionou André olhando nos olhos de , que balançou a cabeça afirmativamente e depois o beijou.
Elas ainda não estavam cansadas, por isso obrigaram os meninos a ficarem passeando com elas até se entediarem e resolverem dormir.
- Não, vamos ficar um pouco no quarto de – falou quando eles iam arrastá-las para seus respectivos quartos. Os três as olharam desconfiados. – Coisas de meninas... – ela anunciou e eles imediatamente concordaram fazendo a loira gargalhar intensamente. Se despediram dos namorados que foram dormir ou fazer o que diabos faziam durante a noite já que não precisam dormir.
Entraram e fecharam a porta, foi tirando as roupas e colocando seu pijama enquanto as outras duas se jogaram na sua cama.
- Ok, o que foi aquele livro a lá Diário de Tom Riddle? – exclamou .
- Não sei. Talvez, ele esteja querendo nos direcionar a algum lugar... – olhou para as irmãs querendo saber se elas entendiam seu raciocínio.
- Certo. O que foi mesmo que ele disse? – perguntou juntando as sobrancelhas com o esforço de se lembrar.
- “As trevas nunca ficaram tão perto. A batalha entre o bem e o mal terá que ter um fim e para As Escolhidas vencerem no momento critico tem que saber o que fazer e dar um fim à aquele que começou tudo” – repetiu e as irmãs riram a achando estranha por lembrar exatamente as mesmas palavras.
- Aquele que começou tudo, seria Lucius? – Não era exatamente uma pergunta, mas gostaria de uma confirmação, que veio logo com os assentos de e .
- Então, ele está dizendo que somos nós as responsáveis por matar o chefão da máfia? – como sempre fazendo piadinha, mas as outras concordaram – Legal, e como fazemos isso?
- É uma ótima pergunta – se aconchegou em seus travesseiros e fechou os olhos – podemos falar sobre isso amanhã? Não que eu esteja expulsando vocês...
- Boa noite – e falaram juntas, rindo e pulando da cama. A morena apenas sorriu e murmurou um “amo vocês” e elas saíram do quarto. No corredor, desejaram boa noite uma a outra e foram descansar em seus próprios quartos.
XxXx
Virou para um lado, desconfortável. Virou para o outro, desconfortável. Bufou.
- Argh – resmungou socando a cama. já estava deitada a uma hora e não conseguia de jeito nenhum dormir, ela sabia muito bem o porquê, mas estava tentando evitar esses pensamentos. Sentou-se na cama e pegou o controle da TV na cabeceira, pensou em assistir um filme qualquer, assim ficaria cansada e pegaria no sono logo, arrependeu-se da ideia assim que a TV ficou clara e ela viu um casal aos beijos no filme que passava. Irritou-se e desligou o aparelho rapidamente, começando a andar de um lado para o outro.
O motivo pelo qual não conseguia dormir era Caspian. Ele não saia de sua cabeça. O jeito carinhoso que ele a tratava, como foram gostosos e quentes os poucos beijos que eles já deram, a rapidez com que um sentimento dela para com ele crescia em seu coração, o quão ele a fazia bem, como a união entre eles cresceu depois do sequestro e como ela havia chorado quando foram separados, nunca tinha feito isso por algum namorado. E essa coisa toda com sua irmã havia trazido toda essa sua parte emocional.
Todos esses pensamentos, e flashs de imagens que rondavam sua cabeça a estavam deixando confusa e paranoica.
Um pensamento louco passou por sua cabeça e ela parou de súbito. Porquê não? Questionou-se mentalmente e respirou fundo tentando raciocinar o mais certo possível. Não conseguiu conter-se. Mesmo sabendo que era errado e louco, colocou seu robe preto por cima da camisola e saiu do quarto fechando a porta. Caminhou lentamente pelo enorme corredor e parou em frente a uma porta azul bebê. Hesitou um pouco antes de abri-la devagar, olhou para os dois lados e tomou fôlego, entrando sorrateiramente no quarto, fechou a porta com cuidado para fazer o mínimo de barulho possível mas não teve coragem de olhar para trás.
Paradise – Coldplay
- ?! - ela ouviu a voz dele sussurrar, era um tom de voz normal e tranquilo o que significava que ele não estava dormindo, apesar de o quarto estar um breu de tão escuro. A única luz dali era um abajur fraquinho que ficava no canto mais afastado do quarto. Ela não respondeu, mas ele sabia muito bem que era ela. Ouviu uma movimentação e então outro abajur sendo ligado - Ta tudo bem?
- Ta sim - ela respondeu virando-se, esse abajur era mais forte que o outro, estava na cabeceira ao lado de Caspian e iluminava quase toda a enorme cama de casal. Ele estava sentado com as pernas para fora da cama, tronco e rosto virados para onde estava, usava nada além de uma calça de moletom que parecia ser cinza e tinha uma expressão preocupada no rosto.
- O que aconteceu? Porque não está dormindo? - ele perguntou, mas não obteve resposta alguma. Ela tirou o robe e caminhou até a cama. - Você quer... - ele engoliu seco ao ver a camisola que a loira usava, tentou disfarçar o olhar mas não obteve sucesso com isso – Você quer alguma coisa?
- Sim... – murmurou parando de frente para ele, que virou para encará-la. Ela não hesitou em continuar e aproximou-se mais dele, apoiou as mãos em seu ombro e colocou uma perna de cada lado de seu corpo, sentando em seu colo. Involuntariamente – ou não – as mãos dele rapidamente foram para a cintura dela. Segurando seu rosto com ambas as mãos, os colocou olho a olho – Quero você.
Foi o que bastou para Caspian a puxar para um beijo. O beijo era lento e carinhoso, como se eles pudessem transmitir nele o que sentiam um pelo outro. Os dedos de emaranharam-se nos cabelos de Caspian, e as mãos dele desceram até a coxa dela apertando-as. Eles se separaram quando precisaram de ar, mas logo voltaram ao beijo. Calma e lentamente as mãos dele começaram a subir pela lateral do corpo de , levando consigo a camisola da garota, a cada subida os beijos – que eram alternados entre boca e pescoço – tornavam-se mais velozes e famintos.
Assim que a camisola de foi jogada para o outro lado do quarto, a mesma jogou seu peso contra o peito de Caspian forçando-o a deitar. Suas unhas desceram provocantes pelo peitoral dele até chegarem ao cós do moletom que ele usava, não demorou muito e ela tomou o mesmo rumo que a sua camisola, revelando uma boxer preta.
Parecendo perceber o que estavam prestes a fazer Caspian parou de súbito o beijo, fazendo gemer em protesto.
- O que? - questionou encarando os olhos verdes e penetrantes do garoto.
- Você tem...
- Tenho! - exclamou rapidamente puxando Caspian para um beijo feroz, mas cheio de desejo.
Nada mais foi dito, até porque eles não conseguiriam dizer com a boca ocupada a todo momento. Logo eles se desfizeram das únicas roupas que os separavam e passaram a beijar-se mais calma e lentamente. Olharam fixamente um para o outro, mostrando que seus sentimentos não podiam ser simplesmente traduzido em palavras e então tornaram-se um só.
Abriu os olhos e encarou o teto branco, espreguiçou-se e virou de lado, mas não o encontrou ali. A cama estava vazia, juntou as sobrancelhas e sentou na cama, tentou ouvir alguma coisa que denunciasse onde Caspian estava mas só o que escutou foi o canto dos pássaros do lado de fora da janela onde a cortina ofuscava a luz do sol. Levantou da cama, levando enrolado a si o lençol e olhou o relógio, eram quase oito horas da manhã, gemeu por ter acordado tão cedo, mas continuou seu caminho até o banheiro, olhou o cômodo, mas não havia sinal do garoto, foi até a porta e estava prestes a abri-la quando ouviu vozes conhecidas do lado de fora.
-… é isso. As meninas já levantaram, só falta , vou acordá-la e então tomaremos café da manhã – disse Marcus e prendeu a respiração ao ouvir a voz do pai.
- Pode deixar que eu a acordo senhor – Caspian disse.
Silêncio. A loira deduziu que eles estivessem se encarando e mordeu o lábio de ansiedade.
- Tudo bem – Marcus disse por fim – Não demorem.
E então ela ouviu passos se afastarem. Recobrando a consciência, correu de volta a cama e jogou-se na mesma, enrolou mais o lençol em volta de si e fechou os olhos no momento que a porta fora aberta. Tentando controlar a respiração para que a mesma não a denunciasse, ela ouviu a porta sendo fechada – e trancada - e logo depois o colchão afundou perto de onde seu rosto estava. Os dedos de Caspian deslizaram gentilmente sobre os seus fios loiros e sua voz chamou seu nome num tom doce.
Ela continuou fingindo dormir. Ele a chamou mais algumas vezes e então ela finalmente “acordou”, espreguiçando-se abriu os olhos e sorriu para o lindo par de olhos verdes que ela encontrara.
- Bom dia – Cas falou também sorrindo. sentou na cama e cobriu-se com o lençol.
- Bom dia. Que horas você acordou? - indagou ao ver que ele estava vestido e parecia alerta.
- Não dormi - respondeu dando de ombros e se ajeitando na cama – Não consegui me concentrar nisso com você ao meu lado.
corou e sorriu envergonhada.
- Não acredito que me fez corar! - exclamou indignada cobrindo o rosto com as mãos. Ele riu e levantou.
- Sabe né, eu sou demais – ele deu um sorriso debochado e estendeu a mão na direção de – Vem, você tem pouco tempo para se arrumar para o café.
Ela bufou, mas se levantou de novo levando o lençol consigo, só que ao invés de se afastar, segurando o lençol com uma das mãos, aproximou-se dele e passou a mão livre sobre o ombro de Cas.
- Não ganhei beijo ainda... – fez bico enquanto sussurrava para ele.
Cas sorriu e passou a mão no rosto dela, aproximou os rostos e puxou lentamente o lábio inferior de , que já tinha soltado o lençol para poder enterrar os dedos no cabelo dele. Não demorou para que suas línguas estivessem em sincronia e as mãos de Caspian envolverem a cintura da loira. foi para trás para ir para a cama – para levá-los a mais um dos tantos rounds que tiveram na noite anterior, mas Caspian não a seguiu e partiu o beijo.
- Café da manhã... - ele lembrou quando o olhou indignada e com uma interrogação no rosto. Ela rolou os olhos, mas caminhou até sua camisola, vestindo-a e depois cobrindo-se com o robe.
- Te vejo depois – ela sorriu. Eles deram um selinho demorado e antes que pudessem começar um beijo mais intenso se separaram – Use seus poderes de super anjo para ver se alguém está vindo - brincou indo até a porta.
- Não tem ninguém – Cas respondeu calmo e abriu a porta, suspirou deu um beijo no rosto de Cas e correu para seu quarto. Podia não ter ninguém, mas num lugar onde anjos – com poderes - vivem é bom prevenir. Fechou e trancou a porta escorregando por ela e fechando os olhos com um sorriso nos lábios ao lembrar da noite passada.
Alguém pigarreou alto fazendo ela abrir os olhos assustada. Dando de cara com suas duas melhores amigas/irmãs de braços cruzados e sérias.
- Posso saber onde você passou a noite? - elas perguntaram em uníssono. E desejou ter trancado a porta depois de ter saído de lá na noite anterior.
- Você ainda tem coragem de aparecer aqui? – ela cuspiu as palavras o fulminando com os olhos – Depois do que fez? Você sabe o que aconteceu? Sabe por que aconteceu? Porque você nos afastou deles, nos colocando num enorme perigo. E isso por causa do quê? Ciúmes idiota de um pai que, sinceramente, nós nem consideramos como um. E isso teve uma consequência muito grave. ! – ela gritou, todos estavam calados e a olhavam espantados, nunca tinha explodido assim – Então obrigado, mas não vamos para sua casa.
- já havia escolhido seu lado antes mesmo de eu separá-los – Marcus disse calmo, achava normal a reação de e não lhe tirava a razão.
- Não, ela não tinha – falou se livrando das mãos de Liam que tentou segurá-la no lugar e ficou ombro a ombro com a irmã – Nós saberíamos.
- A irmã de vocês era muito esperta. Conseguiu esconder isso bem, mas não tão bem, vocês notaram que ela estava diferente, não é? – as meninas hesitaram e o loiro sorriu tristemente, abriu a boca para continuar a falar, só que o interrompeu dando um passo a frente mas sem soltar a mão de Caspian.
- Você... você não pode, trazê-la de volta? – perguntou com o olhar triste. Marcus suspirou e negou com a cabeça.
- Infelizmente, não. Qualquer uma de vocês quatro, uma vez que escolhem um lado, não podem voltar atrás.
As três se entreolharam procurando refúgio.
- Meninas, eu sei que eu estava errado em separá-los e eu também sofri com a consequência, perdi uma filha – elas se prepararam para retrucar, mas Marcus não as deixou interrompê-lo – E é por isso que eu quero que venham para minha casa. Lá estarão seguras e poderão se preparar melhor para o próximo grande evento.
Ainda se entreolhando, elas compartilharam a decisão com apenas um olhar. E sem dizer nada voltaram para seus namorados que já abriam as asas prontos pra levá-las para casa.
A viagem pareceu ser mais longa do que elas estavam acostumadas a viajar sendo levadas pelos meninos, elas poderiam dormir, era o que normalmente acontecia em suas viagens, uma das meninas – normalmente ou – se encostavam à outra e dormiam até chegar ao local, mas não hoje. Não quando tudo que elas conseguiam pensar é que a irmã caçula delas, aquela que elas mais deviam proteger estava em algum lugar junto com pessoas poucos confiáveis e se preparando para lutar contra elas.
Aos poucos elas sentiram que os meninos estavam descendo e então uma brisa suave e deliciosa chegou até elas e logo em seguida estavam paradas em terra firme. Ou melhor, grama firme. Marcus não perdeu tempo em mandar Chace levar Sean para a curandeira e mandou os gêmeos avisarem a sua mulher que eles tinham convidados, era mais uma desculpa para ficar a sós com seus melhores guardiões e suas filhas.
- Antes de você começar seu discurso – falou encostada no peito de Liam, ela tentou ser educada, não deu muito certo – E as nossas famílias?
- Verdade – falou batendo na sua testa lembrando – Elas estão em perigo, né? Porque mesmo quando mal sabíamos de nada foram atrás do J-Jason – ela gaguejou no nome se lembrando da sua irmã mais nova, Caspian sorriu apertando sua mão.
- Eu tenho guardiões com eles – reconfortou Marcus.
- Guardiões como os que você mandou ficar com a gente? – zombou , agora que ela tinha soltado as coisas ia soltar tudo de vez, esse homem despertava a fúria que ela tanto mantinha guardada – Acho que não.
- Ela tem razão. Eu quero meu bebê, minha mãe e Henry seguros – disse firme cruzando os braços Liam olhou dela para seu chefe e então para as meninas. Todas eram tão teimosas e não tinham percebido ainda de quem tinham puxado essa teimosia.
- Tudo bem – Marcus se deu por vencido – Eu vou mandar trazerem eles para cá.
As meninas finalmente sorriram, contentes por ter todas as pessoas que amam por perto. Então o sorriso logo murchou quando se deram conta de que nem todas estariam por perto.
- Meninas – uma voz suave gritou se aproximando delas correndo pelo campo, elas olharam na direção da voz onde uma mulher de cabelos loiros e olhos claros corria segurando a barra do seu longo vestido branco.
- Tia Jade – gritaram em uníssono saindo finalmente de perto dos seus namorados para correm até a mulher.
chegou primeiro se atirando nos braços da tia e abraçando ela apertado.
- Oh Meu Deus – falou Jade emocionada abraçando a menina fortemente – Como vocês estão grandes – ela soltou fazendo um gesto para as outras duas se aproximarem abraçando e em seguida – E tão lindas.
- Tia Jade, que saudades – falou rindo feliz em rever a tia.
- Nem me fale queridas. Eu sinto tanto por não ter falado com vocês antes, mas vocês sabem que eu não podia. Eu colocaria vocês em risco e não estava na hora de vocês saberem ainda – ela começou a se desculpar tocando na bochecha de cada uma – Onde está minha menina?
Logo os sorrisos sumiram e elas se entreolharam sem saber o que dizer.
- Querida, preciso falar com você – Marcus falou docemente chegando até eles, ele olhou para seus guardiões e ordenou: - Mostrem para minhas filhas os seus quartos.
- Temos quartos? – perguntou besta.
Marcus olhou para a mais velha de suas filhas e sorriu concordando.
- E depois, falem com Darius e diga para ele mandar guerreiros atrás das Shaw. Elas ganharam uma segunda chance, não vão ter uma terceira.
E terminando de falar ele fez um gesto para levarem logo suas filhas sabendo que a conversa que ele teria com sua mulher não seria muito agradável.
Os sete caminharam pelos inúmeros corredores daquela casa em silêncio. Quando chegaram no corredor de seus quartos, Daniel murmurou algo como “boa noite” e abriu uma das primeiras portas do corredor, mas não o deixou entrar.
- Dan – chamou indo até ele e lhe virando até estarem cara a cara, ele levantou o olhar – desolado – e encarou . – Quero que saiba que nós não o culpamos ok? Então você devia fazer o mesmo. Não estou protegendo-a, mas deve ter seus motivos.
- É, não carregue essa culpa consigo, só vai piorar as coisas – disse indo até o loiro fazendo carinho em sua bochecha, quase como uma mãe.
- Obrigado meninas – ele sussurrou e se juntou aos três num abraço grupal.
- Boa noite – elas disseram juntas quando eles se separaram, Daniel sorriu para elas acenou para os amigos e entrou em seu quarto.
- Ele vai superar, é bem forte – comentou André apertando que se encolhera em seus braços.
Continuaram seus caminhos, cada guardião levou sua protegida para seus aposentos e esperou que caíssem no sono para deixá-las. Queriam ficar com elas a noite toda, mas não arriscariam tal ato estando debaixo do teto do pai delas.
Era estranho ter novamente um quarto só para si, não dividir com ninguém depois de tantos meses em um quarto com quatros camas e sempre tendo um barulho, o silêncio do quarto fazia qualquer um demorar a pegar no sono.
Acordar também foi estranho, a casa, ou melhor, mansão do pai delas ficava num topo de uma montanha com vista para mares e riachos; o som de passarinhos e de ondas batendo era um calmante, só que o sol forte passando por entre as cortinas finas não era tão relaxante assim.
levantou da sua cama sem nenhum sono, um pouco irritada por não ter dormido mais e querendo o colo da sua mãe. Achou melhor ficar de pé para perguntar a Liam quando ela iria chegar.
Abriu a porta do quarto e deu de cara com saindo de fininho do seu, as duas se entreolharam e riram.
- Bom dia – falaram em uníssonos entrelaçando seus braços enquanto se viravam para descerem as escadas.
- Estou com fome – comentou – Será que os anjos dormem até tarde?
- Eles não precisam dormir – lembrou , elas viraram um corredor dando a volta na sala de reuniões e chegando a ampla cozinha onde tinha uma enorme parede de vidro dando vista para o jardim. já estava lá – Sem sono?
- Como vocês – ela disse e apontou para as comidas em cima da mesa também de vidro – Uma mulher preparou e falou para pegarmos o que quisermos.
- Fome – grunhiu largando o braço de para avançar na comida.
- , não estamos na nossa casa, faça o favor de ser mais educada – brincou sentando no banco para se servir de tudo que sua mão alcançasse, parecia que não comia há séculos.
- Por acaso já percebeu que não sou eu que estou avançando na comida? – retrucou sabiamente enfiando um pedaço de bolo inteiro na sua boca, revirou os olhos rindo.
- Bom dia.
As meninas se viraram num pulo dando de cara com Marcus, o cara que teve uma parte bem pequena na vida delas e essa parte foi só na hora de fazer.
Elas acenaram educadamente deixando as brincadeiras de lado, Marcus fingiu não perceber sentando em frente à e , ao lado de e se servindo de café.
- Normalmente eu não como na cozinha, se vocês quiserem deveriam acompanhar todo mundo na sala de refeições. Acho que os meninos já acordaram.
- Os mesmo meninos que você fez ficar longe da gente durante um mês? – soltou .
Marcus bufou.
- Eu já disse que sinto muito. Foi um erro estúpido, um momento de pai ciumento. Vocês entendem?
- Não, nunca tivemos um pai ciumento – falou cruzando os braços não era bem verdade já que tivera um pai a vida inteira e apesar de não chamar Henry normalmente de pai ele era bastante protetor com ela.
- Na verdade, eu entendo – falou as meninas olharam para ela besta, não acreditando que estava defendendo aquele cara, mas ela sorriu docemente – Meu pai é bastante ciumento.
Marcus engoliu em seco, preferindo fingir que não estava escutando e disse:
- Sobre as irmãs Shaw, elas fugiram. Tenho vários guerreiros atrás delas, só que elas não são prioridades no momento.
- As vacas armaram para a gente desde o primeiro dia que chegaram lá e não são prioridades? – exclamou ficando de pé.
- Olha a boca mocinha – alertou Marcus.
ficou de pé rapidamente sabendo que sua irmã iria começar a gritar em alguns segundos.
- Vamos falar com os meninos. E nossas famílias, quando chegam?
- No fim da tarde, provavelmente – Marcus apoiou os braços na mesa e encarou elas cansado e parecendo realmente querer levantar uma bandeira branca – Se vocês só me deixarem falar e escutarem tudo eu tenho certeza que podemos recuperar o tempo perdido.
- Há! Vai sonhando – ficou de pé, pegando mais um pedaço de bolo, e com a mão livre puxou pelo braço que puxou para saírem da cozinha, quando chegaram do lado de fora da casa pisando na grama fofa com suas sandálias rasteiras sorriu como se nada tivesse acontecido e olhou para as duas – Eu ouvi dizer que tem um celeiro nos fundos da casa.
- Cavalos? – falou incrédula.
- Corrida de cavalo – corrigiu empolgada com sua ideia, e sabendo que as duas garotas viriam atrás dela, saiu correndo.
Seus fios loiros espalharam-se quando se jogou na cama, do que não podia ser bem classificado como “quarto”. Um pequeno cômodo, com uma cama e uma mesa onde Lucius a abrigara. Mas era o único lugar que ela tinha naquele momento. Deixar as irmãs e ter de viver nesse lugar fora a pior coisa que lhe acontecera, mas que outra escolha tinha? De certo modo, tinha as deixado no momento em que aceitou unir-se ao tio, mas se não o tivesse feito suas irmãs estariam sofrendo algo muito pior, a morte de . E ela achava melhor assim, sofrerem por ela ter as traído do que sofrer pela morte da outra. Ainda assim, sabia que no fundo gostava disso. Do poder que adquiriu, e da sensação de usufruir dele.
- Você está bem? – a voz a fez virar a cabeça para a porta por onde Chad entrava em seu quarto e sentava-se num pequeno espaço na sua cama.
- Vejamos, minhas irmãs provavelmente me odeiam nesse momento, sem sombras de dúvida eu nunca mais verei meu irmão, meu guardião está em estado desolado, sou aliada ao mal que pelas minhas contas nem sempre é o lado que vence, e sou importunada vinte e quatro horas por dia pelo garoto mais pé-no-saco que conheço – a cada item ela levantava um dedo, pontuando os fatos – Bem é um termo relativo, dada as circunstâncias.
O garoto riu escorregando para mais perto dela, apoiou uma mão do outro lado das pernas dela enquanto o corpo estava na beirada.
- Está mal – constatou o óbvio.
- E o prêmio de melhor descoberta do ano vai para Chad Solis – a pequena disse sarcasticamente rolando os olhos para ele.
- Posso te ajudar com isso – fitou-a nos olhos e levantou a mão livre até os cabelos de , ela o repeliu e colocou a mão no rosto o abaixando.
- Preciso ficar sozinha, então a única ajuda que pode me dar é sair daqui – sua voz saiu abafada, mas dava para entender. Quando Chad não se moveu ela murmurou um palavrão e levantou o rosto a fim de lhe dar uns bons gritos até que ele saísse, mas não conseguiu porque assim que tirou as mãos do rosto Chad avançou e pressionou seus lábios nos dela.
Mandando sua consciência ir passear quando tentou alertá-la de que não era boa ideia beijar Chad, cedeu a passagem que a língua dele pedia e passou os braços pelo seu ombro. Não, ela não gostava desse garoto, mas a ideia de ter algum conforto naquele momento, lhe pareceu muito boa. Não queria ficar sozinha, e se Chad era sua única opção...
Encolheu os pés para que o garoto se sentasse melhor na cama, assim ele fez e com uma mão na sua cintura a puxou colocando-a sentada em seu colo. As mãos de Chad subiam e desciam pelas costas da garota, mas quando fez menção de lhe levantar a blusa, cortou o beijo e afastou-se dele.
Ao perceber que ele a olhava confuso, riu com escárnio.
- Já teve liberdade demais por um dia, não acha? Agora se não se importa, gostaria que fosse embora.
Bufando, Chad levantou da cama e saiu do quarto. Respirando fundo, a pequena se jogou novamente na cama e continuou com sua tortura interna.
bufou gritando para dizendo que ela não iria subir num animal não confiável enquanto andava mais atrás calmamente apertando seu casaquinho leve porque elas chegavam perto de árvores e iam em direção ao mar.
- , para começar, teríamos que estar usando roupas adequadas. E não short e regata com sandálias rasteiras – lembrou andando atrás da loira tentando mostrar os motivos do porque era melhor deixar a brincadeira de lado.
virou para ela sorrindo e cruzando os braços sabendo que sua irmã faria uma lista de motivos para não subir num cavalo, mas também deveria saber que ela faria outra lista para elas subirem num cavalo.
- Você é muito chata – suspirou ao entender o que ela queria dizer sem nem mesmo ela falar alguma coisa.
- Eu acho que deveríamos voltar para a casa. Quero falar com o André – pediu andando mais devagar do que as irmãs, a sombra de uma das árvores estava sendo tentador para ela – Ou esqueceram o que aconteceu?
e pararam de andar ao mesmo tempo virando para a irmã mais velha. Claro que elas não tinham se esquecido, mas será que não conseguia perceber que elas estavam tentando fingir que tudo estava normal?
Nenhuma das garotas teve tempo de dizer alguma coisa, porque uma voz chegou até elas.
- Olá?
Elas se viraram num pulo dando de cara com um grupo de anjos. Duas garotas que aparentavam ter a idade delas. Uma delas tinha os cabelos muitos ruivos que quase chegavam a serem rosa e o corpo delicado e bem distribuído lembrava o de uma bailarina. A outra tinha os cabelos loiros longos quase até a cintura, eles formavam cachos bem firmes e uma franja jogada de lado destacava seus olhos bem azuis. Os outros dois eram homens, pareciam ser um pouco mais velhos do que elas, o primeiro com ombros largos e braços fortes lembrava muito Chace com seus cachos dourados e olhos azuis, exceto que ele não parecia um surfista com seu olhar firme e sorriso misterioso e o outro tão forte quanto esse tinha cabelos mais compridos e num castanho tão claro que era quase loiro, os olhos cor de mel e um sorriso manhoso nos lábios.
- Estão perdidas? – perguntou o garoto de olhos azuis.
- Não – falaram e ao mesmo tempo, mas sorriu, passando na frente delas.
- Na verdade, estamos. Somos novas aqui e não sabemos onde encontrar o celeiro.
- Podemos ajudar – a garota de cabelos quase rosas disse sorrindo – Eu sou Wellsie e essa é minha amiga, Emma, somos anjos da guarda e aqueles dois são Jaden – ela apontou para o garoto de olhos cor de mel – E Sebastian – ela apontou para o que lembrava Chace – Eles são guerreiros e vocês?
- Eu sou , essas são minhas irmãs e e somos – parou colocando um dedo no seu queixo pensativa e então virou para as irmãs – O que somos mesmo? Aquele cara não falou.
- Fodas? – brincou , baixinho, mas quando percebeu que os quatros anjos ouviram sorriu envergonhada para eles – Desculpa. Marcus não rotulou a gente.
- O chefe? – falou Jaden confuso e então encarou as meninas com os olhos cor de mel arregalados – Vocês são as filhas dele?
- Pode se dizer que sim – concordou .
Os quatro anjos rapidamente se posicionaram e curvaram suas cabeças numa reverencia respeitosa fazendo as meninas se entreolharem perguntando o que estava acontecendo ali e se seria mal educado dar risada.
- Então, né? – assobiou – Podem nos ajudar?
- E se a gente ajudar?
A voz foi fácil de reconhecer, virou com um sorriso enorme nos lábios e saltitou até Caspian que estava de braços abertos esperando por ela. já estava agarrada a André como se nunca mais fosse se soltar dele enquanto Liam puxava pela mão para perto dele.
- Podem deixar com a gente – falou Liam acenando para os outros anjos que concordaram com um aceno de cabeça.
- Ah! Prazer – falou se virando nos braços de Liam para sorrir para eles.
Estavam os seis sentados na grande mesa conversando e comendo, alguns anjos passavam por ali os cumprimentavam pegavam algo para comer e saíam rapidamente, quase como se não tivessem coragem de se sentar com elas.
- Vão ter de se acostumar – falou Caspian quando viu as caretas aos anjos que se curvavam para elas.
- Porquê? – perguntou .
- Porque vocês são filhas de Marcus, as princesas – Liam deu de ombros fazendo cafuné nos cabelos de – E, são a balança.
- Não gosto disso. Nem ao menos o consideramos como pai – falou ainda fazendo careta.
- Isso não lhes tira a posição de princesas – disse André sabiamente.
- Somos princesas! Tá, tudo bem, não gostamos do cara. Mas confessem que é emocionante – disse quicando na cadeira e sorrindo para os outros. e reviraram os olhos, mas sorriram também empolgadas. Dois gritinhos abafados foram ouvidos e elas se esticaram para olhar o corredor.
Um garotinho e uma garotinha corriam até eles chamando as garotas.
- Eles chegaram – as três disseram em uníssono pulando da cadeira e correndo até a porta da sala. pegou Nicolas no colo o abraçando fortemente, puxou Becky pelos ombros num abraço apertado. E logo os mais velhos adentraram a sala. correu para a mãe, soltando os pequenos - que correram para a mesa ao verem tanta comida – e abraçaram seus pais. Jade estava agarrada a Jason, e as meninas também o cumprimentaram.
Marcus saiu de trás deles e se posicionou ao lado dos guardiões que sorriam observando suas protegidas felizes.
- Vem Becky, vem conhecer meu amigos anjos – falou Nicolas puxando a garota até os guardiões, eles sorriram para os pequenos – Oi anjinhos.
- Olá garotão – Liam sorriu pegando Nicolas no colo e brincando com ele.
- Essa é minha amiga Becky, ela também é plima da – ele apresentou depois de ser colocado no chão – Becky, esses são meus amigos anjos.
- Não seja bobo Nicolas, anjos não existem – falou em tom de repreensão mas ainda assim sorriu para os guardiões que riram da loirinha.
Depois dos abraços e de matar a saudade, todos se entreolharam, e a primeira a dizer algo fora a mãe de .
- Posso saber o que diabos estamos fazendo aqui, por favor?– questionou Stephanie. e riram sabendo de onde havia tirado seu jeito de ser.
- Temos muita coisa pra contar...
- E precisarão estarem sentados, então, que tal irmos para a sala de estar? – ofereceu Jade, como uma boa anfitriã e os guiou até a sala.
Assim que estavam todos aconchegados na sala vieram as explicações.
A explicação foi longa, contar tudo era complicado e difícil e as meninas se mantiveram caladas perto da família tentando reconfortar eles da melhor forma possível. De certa forma se sentiam culpadas por meter eles nessa confusão então queriam pelo menos manter eles seguros.
Quando toda a explicação estava quase acabando ficou de pé segurando Nicolas firme contra seu corpo e acenando para Becky.
Era hora das perguntas. E podia ficar complicado demais para eles.
- Eu vou mostrar para vocês o jardim o que acham?
- Eu quero ficar, Cole – resmungou Nicolas.
- Não Nicolas, escute e vá com ela – mandou Stephanie firme sorrindo para a filha, mas apertava cada vez mais forte a mão de Henry olhando de cara feia para Marcus.
Nicolas suspirou, mas concordou e assim como Becky saíram com fazendo birra, claro que Liam não demorou em ir atrás.
- E você coloca minha filha nessa confusão? – soltou Pérola assim que as crianças saíram.
- Não tivemos escolha – lembrou antes que sobrasse para ela, sua mãe sorriu apertando seu joelho lhe reconfortando, mas olhando de cara feia para Marcus. - Você foi embora antes de sequer ver sua filha nascer e acha que tem algum direto sobre ela?
- Não, eu... – começou Marcus envergonhado.
- Não, você nada. E que história é essa de anjo? Elas serem a balança? E terem que salvar o mundo? Minha filha só tem que se preocupar em estudar – falou Stephanie contrariada.
- Quer saber? Eu vou levar meu bebê para casa, agora – a mãe de ficou de pé segurando ela pela mão, mas – surpreendendo a todos – ela continuou firme no seu lugar – ?
- Desculpa.
- está certa, sabe – todos se viraram quando voltou para a sala com Liam postado protetoramente ao seu lado, sua mãe olhou interrogativa para ela, assim como Pérola e ela sorriu – Eles estão com uns amigos nossos.
- E ela, está? – questionou Jason que até então estava calado abraçado a sua mãe que sorria encantada – Eu estou totalmente perdido, eu estou muito feliz de estar com minha mãe, mas só quero pegar a minha irmãzinha, vocês e levar para casa.
- Ele está certo , é errado – falou Stephanie ficando de pé e apontou para Marcus – E você não tem esse direito.
- Não tem mesmo – concordou sem nem olhar para Marcus – Mas mãe, é o nosso destino.
- Destino – bufou Beto cruzando os braços e encarando – Eu vou levar você pra casa – e então olhou para Caspian – E você é?
- Papai!
Quando Marcus ouviu sua filha chamar o outro homem de pai rapidamente mandou sua vergonha embora e ficou de pé. Todos sentiram o poder emanar ao seu redor mostrando a todos o quanto ele era poderoso e o porquê de ele ser o chefe.
- É o seguinte: elas são minhas filhas também, queiram vocês sim ou não, e não podem mudar o fato de que por serem minhas filhas são aquelas que podem continuar a deixar o mundo no equilíbrio entre o bem e o mal. Elas estarão salvando a todos, eu sinto muito por ter trazido vocês aqui a força, mas eu preciso, precisamos, proteger a todos vocês, vocês são a família delas e elas são a minha família – ele soltou um longo suspiro relaxando os ombros e sua postura – Eu vou deixar vocês a sós para conversarem agora, quando estiverem prontos, Jade vai mostrar onde será o quarto de vocês e quando quiserem poderemos jantar.
Marcus começou a se retirar, mas parou no meio do caminho e virou para todos que o olhavam estupefatos.
- E sejam bem vindos.
Todos se entreolharam por longos segundos sem conseguir dizer nada, até que Daniel que estava encostado na parede apenas observando e apoiando eles se ajeitou e sorriu.
- Eu vou pegar a mala de vocês.
- Mala? Não conseguimos arrumar nada – lembrou Pérola, riu.
- Eles são muito eficientes – disse ainda rindo.
- E você ainda não me respondeu. Quem é você, rapaz? – Beto retornou a perguntar.
- Falando nisso – disse arriscando a salvar a pele da amiga – Gente, mamãe, Henry, esse é o Liam, meu namorado.
- Precisamos conversar . Mas Liam, minha filha falou muito de você – falou Stephanie sorrindo.
- Bem, espero – ele disse educadamente.
- Namorado? – Beto disse e apontou para Caspian – Você é o namorado da minha filha?
apenas acenou com a cabeça puxando Caspian pela mão para longe do sofá quando o pai se aproximou deles.
- Sem confusão.
- E você deve ser André – falou a mãe de sorrindo para ele.
- Sim senhora, prazer.
- Namorados apresentados, família apresentada, eu estou com fome vocês não? – perguntou sorrindo tentando relaxar todos um pouco para esquecerem que coisas mais importantes como o fato delas serem a balança e terem de salvar a humanidade estava para acontecer.
Os talheres baterem nos pratos vazios e o silêncio predominou a mesa, ninguém estava exatamente feliz com o que estava acontecendo e olhares raivosos eram lançados constantemente para o anfitrião da casa.
Marcus ficou de pé e encarou suas filhas.
- O quê? – perguntou confusa, cutucando e , ela achava melhor elas saírem dali o mais rápido possível.
- Nem pensem nisso, preciso falar com vocês – anunciou Marcus colocando as duas mãos sobre a mesa – Por favor, no meu escritório. A sós – ele encarou os outros presentes se demorando nos seus guardiões.
Ele saiu da mesa sem dizer mais uma palavra sequer.
As meninas se entreolharam meio na dúvida, ele podia ser um grande filho da mãe, mas ainda era o pai delas e era confiável.
- Não demoramos – falou ficando de pé e assentindo para as irmãs.
O escritório de Marcus era realmente incrível, com toda aquela parede de vidro dando vista para os jardins e do outro lado estantes com livros e mais livros.
O pai das garotas já estava no seu lugar, sentando confortavelmente na sua cadeira e fez um gesto para as meninas sentarem nas poltronas em frente à mesa.
- Antes que vocês comecem a distorcer minhas palavras, preciso que entendam uma coisa – ele fez uma pausa esperando elas falarem algo, mas quando elas continuaram caladas ele continuou – Eu não podia participar da vida de vocês. Seria estupidez, eu estou constantemente sendo vigiado pelas sombras e Lucius sabe o tempo todo com quem eu estou. Vocês acham que foram meus primeiros filhos? – ele riu tristemente se ajeitando na poltrona – Eu tive outros. E todos os outros não saiam do hospital ou nem sequer nasciam, vocês tem noção de como isso é torturante? Então, quando eu suspeitava que a mulher que eu estava apaixonado, sim, eu me apaixonei por todas elas, pode parecer o que for, mas estava escrito e eu amei cada uma delas – ele soltou um suspiro e sorriu – Quando eu percebia que a mulher que eu estava amando estava grávida. Eu ia embora. Eu ia embora para proteger vocês e para proteger elas.
- E tinha que ser todas umas atrás da outra? – perguntou .
Ele sorriu. - Não sou eu que escrevo o destino, querida – ele sorriu percebendo que estava tendo uma conversa racional com elas – Quando vocês se conheceram, o plano teve que mudar, eu teria que esperar a mais nova das minhas filhas completar dezoito anos e só então poderia me conectar com vocês.
- Porque?
Marcus respirou fundo antes de falar, chegaram no assunto delicado.
- Porque é quando vocês ganham a imortalidade – ele disse sem rodeios, mas continuou a explicação antes de qualquer questionamento – Bom, vocês são o que mantém esse mundo no lugar, certo? Então, não podiam continuar mortais e morrerem por alguma doença do homem, ou até mesmo por velhice. Então quando atingem a maioridade, tornam-se imortais. Claro que assim como os anjos, se forem atingidas por uma estaca especial no peito, morrem.
- Ok – esticou essa palavra, olhando incrédula para Marcus – Então, é imortal? – o loiro concordou com a cabeça, a morena estava estática em seu lugar, quase nem respirava – E por que ela precisa de um guardião?
- Como eu disse, até mesmo os imortais morrem se forem atacados com uma estaca. E ela não sabia de nada, e estava com vocês que a tornava vitima também. Mas, agora que já sabe, pode dispensar seu guardião, se quiser – ele dirigiu a palavra á ela, e isso fez com que qualquer choque desaparecesse de seu corpo.
- Não, não. Vou continuar com ele – ela falou desesperadamente, e quando e riram ela sorriu também.
- Isso é sua escolha, mas a qualquer momento pode dispensá-lo – avisou Marcus e ao contrário do que achavam, ele não estava ansioso para isso, era apenas um lembrete. A morena concordou com a cabeça – O mesmo para vocês, quando ganharem a imortalidade poderão, se quiser, dispensar seus guardiões.
- E o que acontece com eles se o fizermos? – perguntou e suas irmãs lhe lançaram olharem incrédulos, ela levantou as mãos mostrando inocência – Hey, não que eu esteja cogitando a hipótese de dispensar Cas, só estou curiosa oras – Marcus riu.
- Bom, eles provavelmente trabalhariam como guerreiros, já que é a segunda posição deles. E foram criados para protegê-las, não os dando oportunidade de guardar outra pessoa – respondeu suavemente. murmurou um “ah ta!” e eles ficaram em silêncio.
- O que eu tinha para falar, já foi dito. Se quiserem, já podem fazer o que bem entenderem pelo resto da noite – ele sorriu para as filhas, que apesar de estar socializando mais com ele, puseram-se para fora de seu escritório imediatamente.
- Sabe, eu não estou muito a fim de voltar para a sala de jantar. E vocês? – perguntou enquanto elas andavam caladas pelos corredores da mansão.
- Não – responderam as outras duas juntas.
- Eu ainda estou tentando formular as coisas – disse encarando as duas – Eu não sei se quero ser imortal.
- Eu não quero – admitiu fazendo as duas olharem incrédulas para elas, logo que era a mais sonhadora com todo esse conto de fadas? – Quer dizer, qual a graça de ser imortal se você não tem as pessoas que ama por perto? Se minha mãe e Nicolas fossem...
- Não quer dizer que eles não podem ser tornar anjos, como a tia Jade – comentou reconfortando não só a irmã como ela mesma.
- Não fica assim , não vamos pensar nisso agora – tranquilizou – Devíamos apenas pensar em manter eles protegidos, ainda temos muitos anos antes de pensar nessa coisa, certo?
- Certo – concordou firmemente sorrindo para ela.
Enquanto as três sorriam do seu acordo selado de não falar sobre esse assunto, um quadro que estava até então parado se mexeu indo para o lado.
- Estou confusa – comentou andando até o quadro junto com as duas – Porque o quadro se mexeu?
- Boa pergunta – disse colocando suas mãos na parede lisa, então ela bateu na parede olhando assustada para as amigas – Escutaram?
- O quê? – perguntou colando a orelha na parede. bateu de novo – É oca.
- Uma passagem secreta – cantarolou .
- Uma passagem secreta? – perguntou incrédula, rindo em seguida – Vocês só podem estar lendo muito livros – ela bateu sua mão parede e assim que fez isso a parede começou a se mexer e fazendo um barulho de “clique” se abriu revelando um túnel com tochas na parede e uma quase caindo no chão.
- É, muitos livros – zombou passando por ela – Venham, vamos entrar.
- Porque não? Já descobri de tudo hoje mesmo – deu de ombros seguindo ela e deixando a irmã mais velha sem escolha a não ser ir junto, assim que ela entrou a porta da passagem secreta se fechou – Ok, eu quero voltar, não gosto de lugares fechados.
- Agora que entrou você vai adiante – a empurrou pelas costas enquanto pegava uma tocha e seguia na frente.
- Qualquer coisa você chama o Liam – zombou virando o rosto para piscar para ela.
- Será que funciona? – pensou em voz alta se sentindo apertada naquele local – Vamos embora logo.
- Shhh, acho que tem uma área mais aberta na frente – indicou com a tocha uma passagem maior e luzes mais fortes.
- O que estamos esperando? – passou na frente de correndo até o local fazendo as duas irmãs rirem e correrem atrás dela – Gente!
e aceleraram o passo parando quando chegaram até alertas olhando ao redor, quando não encontraram nada olharam novamente para a irmã que apontou para frente.
Uma mesa, na verdade um palanque, com um livro em cima, o livro parecia extremamente velho com a capa dura e marrom e poeira para todo o lado, mas era a única coisa naquela sala o que levavam elas a acreditarem que foi para isso que a porta se abriu.
- Ok, um livro? – questionou confusa, as três se aproximando com cautela.
- É o que parece – concordou olhando para as duas – Vamos abrir?
- Não temos nada a perder – colocou sua mão sobre o livro seguida das duas foi quando uma luz forte iluminou o livro fazendo elas se afastarem assustadas, barulho de páginas sendo mudadas e então a luz abaixou o suficiente para elas se aproximarem novamente.
- Parece aquele livro que lemos quando estávamos no colégio – comentou em voz baixa como se achasse que se aumentasse a voz o livro mudaria de novo.
Elas chegaram mais perto e assim que colocaram os olhos no livro palavras começaram a se formar.
- Ele... Ele está escrevendo sozinho? – questionou , assustada.
- Parece que sim – sussurrou – Podemos ler?
- Já estamos na chuva, porque não se molhar?
olhou para rindo da hora nada adequada para um ditado popular e chegou perto do livro para começar a ler.
- “As trevas nunca ficaram tão perto. A batalha entre o bem e o mal terá que ter um fim e para As Escolhidas vencerem no momento critico tem que saber o que fazer e dar um fim àquele que começou tudo” – parou de ler olhando para as duas amigas – Somos As Escolhidas?
- Somos – concordou – Mas eu estou bastante confusa.
- E que momento critico é esse?
- Escutaram?
Fizeram silêncio e pararam para escutar. Eram os meninos. Eles estavam procurando por elas.
- Vamos.
Elas acharam melhor deixar o livro no mesmo lugar, se ninguém nunca tinha encontrado ele é porque tinha um bom motivo e elas sabiam que ele ficaria seguro ali era só lembrar onde ficava que o livro encontraria elas novamente.
- Espera – parou bem na porta de saída e olhou para as outras duas – Vamos sair do nada de dentro da parede? Vamos levantar suspeitas.
- É torcer para esse lugar e o livro ajudar a gente de novo – falou e sem esperar resposta empurrou a parede.
E o lugar as ajudou. Elas apareceram dentro da biblioteca da mansão. Ainda não tinham ido até ela, mas por sorte era grande o suficiente para se os meninos tivessem procurado elas por lá não iriam encontrar elas.
- Meninas? – a garota do dia anterior, Emma, questionou encarando elas surpresa.
fez sinal de segredo colocando o dedo indicador nos lábios e sorriu para ela puxando as irmãs até onde as vozes dos meninos vinham.
pulou atrás de Caspian colocando as mãos sobre os olhos dele e sussurrando “Adivinha quem é?” fazendo ele rir e puxar ela para a frente dele enquanto ria andando até Liam.
- Vocês estão bem? – perguntou Liam preocupado dando um beijo na testa de .
- Estamos – concordou rápido demais, levantando suspeita.
bufou.
- Estamos – ela repetiu.
- Certeza? – questionou André olhando nos olhos de , que balançou a cabeça afirmativamente e depois o beijou.
Elas ainda não estavam cansadas, por isso obrigaram os meninos a ficarem passeando com elas até se entediarem e resolverem dormir.
- Não, vamos ficar um pouco no quarto de – falou quando eles iam arrastá-las para seus respectivos quartos. Os três as olharam desconfiados. – Coisas de meninas... – ela anunciou e eles imediatamente concordaram fazendo a loira gargalhar intensamente. Se despediram dos namorados que foram dormir ou fazer o que diabos faziam durante a noite já que não precisam dormir.
Entraram e fecharam a porta, foi tirando as roupas e colocando seu pijama enquanto as outras duas se jogaram na sua cama.
- Ok, o que foi aquele livro a lá Diário de Tom Riddle? – exclamou .
- Não sei. Talvez, ele esteja querendo nos direcionar a algum lugar... – olhou para as irmãs querendo saber se elas entendiam seu raciocínio.
- Certo. O que foi mesmo que ele disse? – perguntou juntando as sobrancelhas com o esforço de se lembrar.
- “As trevas nunca ficaram tão perto. A batalha entre o bem e o mal terá que ter um fim e para As Escolhidas vencerem no momento critico tem que saber o que fazer e dar um fim à aquele que começou tudo” – repetiu e as irmãs riram a achando estranha por lembrar exatamente as mesmas palavras.
- Aquele que começou tudo, seria Lucius? – Não era exatamente uma pergunta, mas gostaria de uma confirmação, que veio logo com os assentos de e .
- Então, ele está dizendo que somos nós as responsáveis por matar o chefão da máfia? – como sempre fazendo piadinha, mas as outras concordaram – Legal, e como fazemos isso?
- É uma ótima pergunta – se aconchegou em seus travesseiros e fechou os olhos – podemos falar sobre isso amanhã? Não que eu esteja expulsando vocês...
- Boa noite – e falaram juntas, rindo e pulando da cama. A morena apenas sorriu e murmurou um “amo vocês” e elas saíram do quarto. No corredor, desejaram boa noite uma a outra e foram descansar em seus próprios quartos.
Virou para um lado, desconfortável. Virou para o outro, desconfortável. Bufou.
- Argh – resmungou socando a cama. já estava deitada a uma hora e não conseguia de jeito nenhum dormir, ela sabia muito bem o porquê, mas estava tentando evitar esses pensamentos. Sentou-se na cama e pegou o controle da TV na cabeceira, pensou em assistir um filme qualquer, assim ficaria cansada e pegaria no sono logo, arrependeu-se da ideia assim que a TV ficou clara e ela viu um casal aos beijos no filme que passava. Irritou-se e desligou o aparelho rapidamente, começando a andar de um lado para o outro.
O motivo pelo qual não conseguia dormir era Caspian. Ele não saia de sua cabeça. O jeito carinhoso que ele a tratava, como foram gostosos e quentes os poucos beijos que eles já deram, a rapidez com que um sentimento dela para com ele crescia em seu coração, o quão ele a fazia bem, como a união entre eles cresceu depois do sequestro e como ela havia chorado quando foram separados, nunca tinha feito isso por algum namorado. E essa coisa toda com sua irmã havia trazido toda essa sua parte emocional.
Todos esses pensamentos, e flashs de imagens que rondavam sua cabeça a estavam deixando confusa e paranoica.
Um pensamento louco passou por sua cabeça e ela parou de súbito. Porquê não? Questionou-se mentalmente e respirou fundo tentando raciocinar o mais certo possível. Não conseguiu conter-se. Mesmo sabendo que era errado e louco, colocou seu robe preto por cima da camisola e saiu do quarto fechando a porta. Caminhou lentamente pelo enorme corredor e parou em frente a uma porta azul bebê. Hesitou um pouco antes de abri-la devagar, olhou para os dois lados e tomou fôlego, entrando sorrateiramente no quarto, fechou a porta com cuidado para fazer o mínimo de barulho possível mas não teve coragem de olhar para trás.
- ?! - ela ouviu a voz dele sussurrar, era um tom de voz normal e tranquilo o que significava que ele não estava dormindo, apesar de o quarto estar um breu de tão escuro. A única luz dali era um abajur fraquinho que ficava no canto mais afastado do quarto. Ela não respondeu, mas ele sabia muito bem que era ela. Ouviu uma movimentação e então outro abajur sendo ligado - Ta tudo bem?
- Ta sim - ela respondeu virando-se, esse abajur era mais forte que o outro, estava na cabeceira ao lado de Caspian e iluminava quase toda a enorme cama de casal. Ele estava sentado com as pernas para fora da cama, tronco e rosto virados para onde estava, usava nada além de uma calça de moletom que parecia ser cinza e tinha uma expressão preocupada no rosto.
- O que aconteceu? Porque não está dormindo? - ele perguntou, mas não obteve resposta alguma. Ela tirou o robe e caminhou até a cama. - Você quer... - ele engoliu seco ao ver a camisola que a loira usava, tentou disfarçar o olhar mas não obteve sucesso com isso – Você quer alguma coisa?
- Sim... – murmurou parando de frente para ele, que virou para encará-la. Ela não hesitou em continuar e aproximou-se mais dele, apoiou as mãos em seu ombro e colocou uma perna de cada lado de seu corpo, sentando em seu colo. Involuntariamente – ou não – as mãos dele rapidamente foram para a cintura dela. Segurando seu rosto com ambas as mãos, os colocou olho a olho – Quero você.
Foi o que bastou para Caspian a puxar para um beijo. O beijo era lento e carinhoso, como se eles pudessem transmitir nele o que sentiam um pelo outro. Os dedos de emaranharam-se nos cabelos de Caspian, e as mãos dele desceram até a coxa dela apertando-as. Eles se separaram quando precisaram de ar, mas logo voltaram ao beijo. Calma e lentamente as mãos dele começaram a subir pela lateral do corpo de , levando consigo a camisola da garota, a cada subida os beijos – que eram alternados entre boca e pescoço – tornavam-se mais velozes e famintos.
Assim que a camisola de foi jogada para o outro lado do quarto, a mesma jogou seu peso contra o peito de Caspian forçando-o a deitar. Suas unhas desceram provocantes pelo peitoral dele até chegarem ao cós do moletom que ele usava, não demorou muito e ela tomou o mesmo rumo que a sua camisola, revelando uma boxer preta.
Parecendo perceber o que estavam prestes a fazer Caspian parou de súbito o beijo, fazendo gemer em protesto.
- O que? - questionou encarando os olhos verdes e penetrantes do garoto.
- Você tem...
- Tenho! - exclamou rapidamente puxando Caspian para um beijo feroz, mas cheio de desejo.
Nada mais foi dito, até porque eles não conseguiriam dizer com a boca ocupada a todo momento. Logo eles se desfizeram das únicas roupas que os separavam e passaram a beijar-se mais calma e lentamente. Olharam fixamente um para o outro, mostrando que seus sentimentos não podiam ser simplesmente traduzido em palavras e então tornaram-se um só.
Abriu os olhos e encarou o teto branco, espreguiçou-se e virou de lado, mas não o encontrou ali. A cama estava vazia, juntou as sobrancelhas e sentou na cama, tentou ouvir alguma coisa que denunciasse onde Caspian estava mas só o que escutou foi o canto dos pássaros do lado de fora da janela onde a cortina ofuscava a luz do sol. Levantou da cama, levando enrolado a si o lençol e olhou o relógio, eram quase oito horas da manhã, gemeu por ter acordado tão cedo, mas continuou seu caminho até o banheiro, olhou o cômodo, mas não havia sinal do garoto, foi até a porta e estava prestes a abri-la quando ouviu vozes conhecidas do lado de fora.
-… é isso. As meninas já levantaram, só falta , vou acordá-la e então tomaremos café da manhã – disse Marcus e prendeu a respiração ao ouvir a voz do pai.
- Pode deixar que eu a acordo senhor – Caspian disse.
Silêncio. A loira deduziu que eles estivessem se encarando e mordeu o lábio de ansiedade.
- Tudo bem – Marcus disse por fim – Não demorem.
E então ela ouviu passos se afastarem. Recobrando a consciência, correu de volta a cama e jogou-se na mesma, enrolou mais o lençol em volta de si e fechou os olhos no momento que a porta fora aberta. Tentando controlar a respiração para que a mesma não a denunciasse, ela ouviu a porta sendo fechada – e trancada - e logo depois o colchão afundou perto de onde seu rosto estava. Os dedos de Caspian deslizaram gentilmente sobre os seus fios loiros e sua voz chamou seu nome num tom doce.
Ela continuou fingindo dormir. Ele a chamou mais algumas vezes e então ela finalmente “acordou”, espreguiçando-se abriu os olhos e sorriu para o lindo par de olhos verdes que ela encontrara.
- Bom dia – Cas falou também sorrindo. sentou na cama e cobriu-se com o lençol.
- Bom dia. Que horas você acordou? - indagou ao ver que ele estava vestido e parecia alerta.
- Não dormi - respondeu dando de ombros e se ajeitando na cama – Não consegui me concentrar nisso com você ao meu lado.
corou e sorriu envergonhada.
- Não acredito que me fez corar! - exclamou indignada cobrindo o rosto com as mãos. Ele riu e levantou.
- Sabe né, eu sou demais – ele deu um sorriso debochado e estendeu a mão na direção de – Vem, você tem pouco tempo para se arrumar para o café.
Ela bufou, mas se levantou de novo levando o lençol consigo, só que ao invés de se afastar, segurando o lençol com uma das mãos, aproximou-se dele e passou a mão livre sobre o ombro de Cas.
- Não ganhei beijo ainda... – fez bico enquanto sussurrava para ele.
Cas sorriu e passou a mão no rosto dela, aproximou os rostos e puxou lentamente o lábio inferior de , que já tinha soltado o lençol para poder enterrar os dedos no cabelo dele. Não demorou para que suas línguas estivessem em sincronia e as mãos de Caspian envolverem a cintura da loira. foi para trás para ir para a cama – para levá-los a mais um dos tantos rounds que tiveram na noite anterior, mas Caspian não a seguiu e partiu o beijo.
- Café da manhã... - ele lembrou quando o olhou indignada e com uma interrogação no rosto. Ela rolou os olhos, mas caminhou até sua camisola, vestindo-a e depois cobrindo-se com o robe.
- Te vejo depois – ela sorriu. Eles deram um selinho demorado e antes que pudessem começar um beijo mais intenso se separaram – Use seus poderes de super anjo para ver se alguém está vindo - brincou indo até a porta.
- Não tem ninguém – Cas respondeu calmo e abriu a porta, suspirou deu um beijo no rosto de Cas e correu para seu quarto. Podia não ter ninguém, mas num lugar onde anjos – com poderes - vivem é bom prevenir. Fechou e trancou a porta escorregando por ela e fechando os olhos com um sorriso nos lábios ao lembrar da noite passada.
Alguém pigarreou alto fazendo ela abrir os olhos assustada. Dando de cara com suas duas melhores amigas/irmãs de braços cruzados e sérias.
- Posso saber onde você passou a noite? - elas perguntaram em uníssono. E desejou ter trancado a porta depois de ter saído de lá na noite anterior.
XVIII – Baile, princesas e destino
As pequenas mãozinhas de Nicolas bateram na mesa onde segundos antes estavam as mãos grandes de Liam fazendo os presentes rirem da tentativa inútil do menino de pegar a mão dele. O garoto olhou para que tinha o irmão no seu colo e lhe sorriu enquanto voltava a brincar com o pequeno, eles estavam na cozinha em busca de um pouco de privacidade e normalidade com sua família enquanto na sala ao lado uma enorme mesa era ocupada por nada mais do que trinta anjos que passavam alguns dias na mansão de Marcus.
A mansão, como André explicava há pouco, era como uma casa de família na qual sempre que os parentes queriam se reunir passavam um tempo lá quando na verdade um castelo era mantido escondido de todos os humanos e das trevas, ainda mais seguro do que a mansão que estavam – se é que era possível sendo que a mansão era isolada de tudo e de todos com guerreiros sempre a postos e câmeras em todas as entradas e saídas -, onde nesse exato momento deviam estar numa única sala pelo menos cem anjos guerreiros treinando e prontos para receberem as ordens de Marcus.
entrava na cozinha quando mais uma rodada de risadas começou, a garota depois de contar a noite perfeita que tivera para as irmãs pediu alguns minutos sozinha porque queria tomar um banho e reviver em memória cada toque que ela e Caspian trocaram na noite passada. E que ela esperava tocar novamente nessa noite.
Quando ela entrou, os olhos de Caspian adquiriram um radiante brilho e ele cravou seus olhos na loira como se nada mais na sala importasse, mesmo quando um dos gêmeos soltou uma piadinha Cas não desviou o olhar até que estivesse perto o suficiente dele para puxá-la para o seu colo e tirar uma carranca de Beto que estava sentado ao lado da mulher e da sobrinha.
- O que faremos hoje? – perguntou quando Nicolas cansou da brincadeira e saiu do seu colo ao ver pela porta aberta Wellsie jogando rugby com Chace e mais um grupo de anjos e queria ver mais de perto. Becky também ficou de pé para acompanhar ele e sem dizer nada Jade olhou para os gêmeos pedindo para eles acompanharem as crianças.
- Vocês podiam começar a dizer para a gente como poderemos voltar para casa – falou Pérola piscando para Cas quando este deu uma fruta na boca de .
Jade sorriu para ela cruzando elegantemente suas pernas.
- Eu falei com Marcus, você poderão ir para o castelo enquanto as meninas... Terminam o que tem que fazer.
- Nem pensar – exclamou Isabelli encarando a filha ao lado de André.
- Mãe – murmurou .
- Não, ela tem razão, não vamos deixar vocês sozinhas, ok? – falou Stephanie apertando a mão de Henry e a mão de .
- Eles têm razão. Não poderemos lutar preocupados com vocês, vocês precisam estar seguros – falou fazendo Liam se mexer desconfortável com a imagem da sua protegida e namorada lutando sem ele poder fazer nada para livrá-la disso.
- Mas hoje – Marcus apareceu na porta, ele não tinha como ser mais bonito ou elegante do que já era. Vestido de branco e descalço, parecendo tão confiável e forte que todos sentiam a necessidade de se curvar a ele. Apesar de ninguém, além dos meninos, fazerem – Hoje é a apresentação das garotas à sociedade dos anjos. Eu estou promovendo um baile em homenagem a elas.
- Um baile? – perguntou, sua boca se abrindo ligeiramente surpresa.
- Sim – Marcus concordou sorrindo para sua mulher que ficou de pé, dando um enorme sorriso.
- Vocês gostariam de me ajudar? – ela perguntou olhando para as mães das meninas e suas velhas amigas.
- E os convites? – quis saber – Não dá tempo.
- Confie em mim, querida. Temos tempo suficiente – Jade deu um sinal para as três mulheres a seguirem, elas foram organizar um baile.
- Porque ainda temos que treinar? – perguntou frustrada.
O dia estava lindo, as ondas calmas batiam suavemente contra as rochas, todos estavam se movendo para ajudar a organizar o baile que seria em poucas horas e ela esperava que eles pudessem curtir um pouco e então escolher uma roupa para elas.
Mas não.
Daniel, antes de se trancar no seu quarto, lembrou aos meninos que estava na hora de levar elas para treinar.
- Porque temos que estar preparados – falou Liam rindo quando a garota revirou os olhos, segurando sua mão ele a girou colocando-a na sua frente e encarou Caspian que abraçava pela cintura sussurrando coisas no ouvido dela – Caspian!
O loiro olhou para ele confuso e Liam bufou.
- Só porque o Daniel não está presente não quer dizer que vamos ficar de agarração.
- Liam, não quero agarrar você amigo. Não faz meu tipo – ele brincou.
Liam bufou.
- Elas têm que treinar. Vamos logo, Caspian.
- Só se o André soltar a também – Caspian apontou para o garoto como uma criança.
Liam virou nos calcanhares para encarar o outro garoto e jogou as mãos para cima.
- Pelo amor de Deus. Vocês querem que elas fiquem despreparadas na hora da luta? Eu não. Então desgrudem delas e vamos começar o treinamento – ele falou erguendo sua voz e falando o suficientemente sério para os garotos soltarem suas namoradas e as colocarem ao lado de . Liam olhou para a morena e piscou para ela a fazendo soltar um risinho.
Como resposta recebeu um soco em cada braço de Caspian e André.
- Bom, não vamos treinar aqui, né? – lembrou estendendo os braços mostrando que estavam muito perto da mansão.
- Não, vamos para mais perto da praia – concordou Liam, pegando pela mão e andando na direção da praia. Mas antes que andassem mais que um metro, a voz de Jade os chamou.
- Nada de treino hoje meninos – ela disse sorrindo bondosamente quando os alcançou.
- Não? – sorriu quando Jade confirmou com a cabeça e então parou antes mesmo de comemorar – Porque mesmo?
Jade riu e balançou a cabeça.
- É a apresentação de vocês ao nosso mundo. Precisam estar prontas para a encenação toda – ela falou sorrindo triste, lembrando de sua pequenina que não participaria disso com as irmãs. As meninas estavam confusas, mas os meninos tinham entendido e sorriam alegres.
- Que encenação? – perguntou curiosa olhando dos meninos para Jade.
- Bom, vocês não vão simplesmente aparecer lá e pronto. Terão de ser anunciadas, e executar a Antiga Dança, então, precisam treiná-las porque não sabem nem os primeiros passos – disse rapidamente, pois tinha que voltar ao trabalho – A sala de música está à disposição de vocês – os meninos concordaram e ela saiu.
- Ainda não entendi – disse quando chegaram na sala de música. André correu até um rádio e procurava um cd com a música que queria.
- Vocês nunca viram naqueles filmes antigos, nos bailes, que as pessoas dançavam aquelas coreografias diferentes e todos ficavam iguais? – Caspian disse rodopiando para tentar lembrá-las.
- Lógico que sim Cas, então é isso? – chutou, suas mãos apertaram o colarinho de Liam num gesto de pressão para ele respondê-la logo, seus olhos brilhavam.
- Sim, vocês precisam dançar a Antiga Dança para a cerimônia de apresentação esteja completa – Liam falou e as meninas, como se uma prévia do que precisariam fazer, pularam ao mesmo tempo em seus namorados, empolgadas com a notícia.
E então uma melodia suave preencheu a sala e apesar de se empolgarem mais ainda, endireitaram-se uma ao lado da outra e de frente para os meninos.
- Bom, será que vocês sabem por onde começamos? – brincou André sorrindo para .
- Reverência – as três disseram juntas, e se entreolharam antes de dobrarem o joelho e se abaixarem suavemente, colocou as mãos ao lado do corpo fingindo segurar um vestido, tirando risada de todos. Os meninos também as reverenciaram, abaixando o tronco e voltando ao lugar.
- Mão direita para cima – ditou Liam e os três levantaram as mãos, as meninas os seguiram – Girando. Não se esqueçam de que os olhos não podem se desgrudar de seu companheiro – e então eles fizeram os movimentos. Repetiram, mas com a mão esquerda, depois as duas e então pararam de volta aos lugares. Durante os giros, eles faziam palhaçada pois já sabiam os passos, e elas não podiam segurar o riso.
Continuaram apresentando os passos para as meninas, e quando a música acabou, repetiram desde o começo de novo e de novo, até que elas estivessem com a coreografia gravada na cabeça. Durante todo o ensaio, os seis brincaram, riram e se divertiram uns com os outros, até pareciam pessoas normais, sem nenhuma preocupação.
XxXx
As tochas penduras projetavam sombras nas paredes rochosas enquanto a garota andava apressada e um tanto furiosa fazendo o fogo se agitar e crescer.
Ela entrou num cômodo escuro e frio que mesmo se ela não soubesse que aquele era o escritório de Lucius, apenas pela maldade que aquele lugar exalava ela saberia.
- Qual o seu problema? – ela se apressou passando pelos quadros de obras de artes caras e de bom gosto e sacudindo o papel que tinha acabado de receber. Ela bateu suas mãos pequenas na mesa onde Lucius estava sentando – Você pode me explicar, por favor?
- Doce e amável, sobrinha. A que devo a honra? – disse Lucius com um sorriso nos lábios como se a explosão dela e o fato de amassar o papel em suas mãos não fosse resposta suficiente.
- Eu não estou para brincadeiras, Lucius. Um baile? – ela sacudiu o elegante e sofisticado papel endereçado a alguém que não era ele – Como você conseguiu?
- Um dos meus garotos conseguiu interceder. Não, melhor – Lucius riu, achando tudo muito divertido fazendo revirar os olhos. Lucius era a prova da maldade, como alguém conseguia achar divertido fazer os outros sofrerem? – Ele extraviou o convite e caiu direto em minhas mãos.
ergueu sua postura se dando conta no que ela estava se metendo. Diabos. Ela nunca conseguiria chegar ao ponto que Lucius chegou e esquecer-se da sua família, ela queria tanto saber como suas irmãs estavam.
Daniel.
Ela suspirou se sentindo repentinamente cansada e querendo acabar logo com isso.
- E o que você pretende fazer com esse convite, Lucius? Não acho que se deu conta que a festa vai estar lotada de guerreiros.
- Oh, eu tenho que certeza que sim. Não se preocupe querida, não vamos acabar com a festa.
- Não? – ela franziu a testa, confusa.
Lucius riu e balançou seu cabelo loiro de um lado para o outro quando negou.
- Não querida, nós vamos participar dela.
jogou o convite na mesa, frustrada, irritada e chateada com todo o rumo que sua vida tomou e antes que tomasse alguma atitude precipitada decidiu sair da sala, mas antes mesmo de chegar na porta Lucius apareceu na sua frente, seus olhos de um azul acinzentado malévolo a encarou querendo mostrar que ele não estava para brincadeiras.
- Você escolheu seu lado, . E é o nosso. Não esqueça disso. E não esqueça das consequências ao me trair, eu acho que você se lembra do Scofield, certo?
Um arrepio percorreu o pequeno corpo da loira ao se lembrar do amigo de .
Depois que todos foram embora do colégio deixando o inocente Ian lá, Lucius mandou alguns dos seus “garotos” pegarem ele e o usar como exemplo para aqueles que lhe traiam.
Os olhos azuis de se desviaram de Lucius ao lembrar que o único motivo para o garoto ainda estar vivo é que Benjamin interferiu lembrando que ele não era de utilidade morto.
Quando ela concordou com um aceno de cabeça, Lucius deu uns tapinhas na bochecha dela e fez um sinal para ela sair.
- E, querida? – ele chamou dando a volta para se afundar na sua poltrona esperando se virar para ele e concordar – Peça para o Briel preparar Scofield, vamos dar ele de presente para minhas sobrinhas.
- Ok – ela murmurou e mais uma vez parou antes de ir embora – Desculpa, presente?
- Claro, esse baile é uma apresentação das minhas sobrinhas à sociedade de anjos – Lucius cruzou as mãos sobre a mesa encarando as costas de e vendo como ela ficou tensa, ele sorriu friamente - Parece que eles esqueceram rapidamente de você, não?
A porta bateu com força quando a loira finalmente saiu daquele escritório.
Ela era uma puta de uma sacana. E se sentia ainda mais estúpida por a única coisa que, no momento, conseguia pensar era quem seu guardião levaria no baile.
Uma voz conhecida se aproximou, enxugando brutalmente uma lágrima que deixou escapar apressou seu passo encontrando um loiro conhecido.
Ele sorriu para ela e franziu a testa confusa quando a garota empurrou ele com força contra a parede de pedras e afundando no seu peito colou sua boca com a dele.
XxXx
Here Without You – 3 Doors Down
Sua cama nunca lhe pareceu tão aconchegante em toda sua vida. Daniel agora passava a maior parte do seu tempo deitado nela, desolado, quebrado por dentro. Anjos não precisam dormir, mas conseguem se quiserem, e ele o fazia como uma rota de fuga, mas o tiro acabava saindo pela culatra. Quando dormem, os anjos desenvolvem as funções dos homens, o que significava que eles também sonham. Ou tinham pesadelos, no caso de Dan.
A primeira noite tinha sido a mais difícil. Decidido a ter um tempo do mundo lá fora, caiu num sono profundo no mesmo instante em que deitara, e o pesadelo o atingiu como um estalo.
Começou com um amplo parque, com uma paisagem bonita e o sol se pondo no céu. Ele estava sozinho, mas por pouco tempo, pois aparecia com um vestido rosa claro e lhe chamava sorridente. Mas ela o levou para dentro de uma floresta e o fez se perder, para logo aparecer com mais de cem demônios, o sorriso agora era maldoso. Com a voz carregada de ódio ela dizia que era tudo culpa dele, que ela tinha se tornado aquilo por sua causa. E então ele acordava.
Mesmo depois do primeiro pesadelo, Daniel continuou dormindo nos próximos dias. E em todos eles o pesadelo voltava, mudavam de cenário, figurino e tudo o mais, mas sempre lhe dizia aquelas palavras antes de ele despertar. E ele estava começando a achar que isso era como um recado, lhe dizendo que ele era sim o culpado de tudo o que tinha acontecido.
Saindo da cama, Daniel deu de cara com um smoking pendurado na maçaneta da porta de seu guarda-roupa, um convite preso ao blazer. Ao ver o conteúdo, sentiu seu coração apertar ainda mais, pensando em como sua pequena estaria empolgada e radiante com esse evento, se as circunstâncias fossem outras. E de novo o sentimento de culpa o preencheu.
Decidindo tomar um ar e precisando movimentar-se - já que não voava desde quando chegaram na mansão - saiu do quarto, mas, para sua infelicidade deu de cara com seus amigos e suas protegidas. Eles acabavam de virar o corredor de seus quartos e estavam rindo e brincando uns com os outros. Daniel sentiu raiva de início, pois não deviam sorrir por aí quando acabaram de perder uma das irmãs. Mas depois se xingou, cada um reagia a isso de sua forma, e ele tinha certeza que essa era a forma delas, fingindo que tudo estava bem. Era uma coisa boa, pensou, bem melhor do que sofrer vinte e quatro horas por dia.
Assim que o avistaram, pararam de brincar e adquiriram expressões de pena, o que irritou Dan.
- Oi – murmurou rouco, pigarreando em seguida para melhorar sua voz – Parabéns meninas, pelo que vai acontecer hoje – tentou sorrir, mas tinha certeza que falhara.
- Obrigada – as três disseram juntas.
- Bom, se me derem licença, vou dar uma volta antes de me arrumar – falou mas quando virou as costas, elas o chamaram de volta – Sim?
- Podemos falar um instante com você? A sós? – perguntou meigamente, ele concordou e as conduziu de volta ao seu quarto.
Elas foram direto para a cama, sentando de forma a deixar espaço para ele, e quando não foi de imediato elas o mandaram sentar ali.
- Meninas, eu não quero falar sobre isso – falou direto abraçando os joelhos para lhes dar mais espaço. Aos olhos das meninas, naquela posição e com aquela expressão, ele parecia uma criança que acabara de receber a notícia da morte dos pais, e isso as abalou.
- Mas você precisa, Dan – falou , que estava ao seu lado, fazendo cafuné em seu cabelo – Quanto mais afastado ficar, pior vai ser.
- Ela tem razão, você pode contar conosco. Pode nos dizer qualquer coisa, lembre-se que nós mais do que ninguém te entenderemos – falou abraçando por não poder tocar Daniel que estava mais longe.
- É só que... vai doer mais se eu disser – ele confessou – Ainda mais para vocês, as mais atingidas pelo meu erro.
- Daniel, já dissemos que não o culpamos por nada! – exclamou , apesar de dura, sua voz era calma – fez o que fez, porque quis.
- Não , se eu tivesse sido um guardião melhor para ela, tenho certeza que ela nunca pensaria em fazer o que fez.
- Está errado Dan. Não importa o que tivéssemos feito. Você, eu, as meninas, os outros mais próximos... ela ainda tomaria essa direção. foi a que mais sofreu de nós quatro, sem um pai e uma mãe... sim, ela nos tinha e tinha a Jason, mas não podíamos dar o amor fraternal que ela precisava. E isso a despedaçou. – disse sem parar o carinho que fazia nele.
- Ainda não parece ser uma justificativa para seus atos, mas mesmo a conhecendo bem, só ela sabia o quanto doeu e o quanto ela tinha que revidar nos outros – disse.
Eles ficaram em silêncio. Daniel absorvia o que as meninas haviam dito, encontrando certa verdade em tudo. Depois do que pareceu ser horas, mas foram apenas segundos, Daniel resolveu dizer algo. E contou a elas dos pesadelos.
- E bom, para mim está mais do que claro que isso é um recado de que a culpa é minha – revelou, olhando para elas e esperando que elas confirmassem, mas as três balançaram a cabeça negativamente.
- É apenas seu subconsciente Dan – começou – sonhos são a realização dos desejos que ficam guardados em nosso subconsciente, então o mesmo serve para os pesadelos, eles são nossos maiores medos. Você tem medo de que tenha errado com , por isso seu subconsciente lhe atormenta com imagens tornando seu medo real, mas não é.
Os olhos de Daniel perderam o foco, ele então finalmente compreendeu e aceitou que ele não era o culpado. Certo alívio sobrepôs a culpa, e isso o fez dar um sorriso, por mais fraco que fosse, verdadeiro.
- Então, eu não falhei com ela? – perguntou com um fiapo de voz.
- Claro que não Dan. Pelo contrário, você a protegeu bravamente enquanto estavam juntos, mas ela decidiu seguir seu caminho longe de nós – respondeu que já estava com os olhos marejados. As outras duas não estavam muito diferente.
- Só gostaria de poder mudar isso. – confessou desolado.
- Todos gostaríamos Dan, todos – falou e então levou consigo para perto do loiro, o abraçando fortemente.
Quando se separaram, elas levantaram pois precisavam se arrumar para o baile que seria a algumas horas. Daniel prometeu a elas que estaria lá e depois de fechar a porta voltou para sua cama.
Sem mais culpar-se, ainda ficaria triste, mas agora não porque achava que era sua culpa e sim porque não existia um jeito de mudar o rumo das coisas.
XxXx
Shake It Out - Florence + The Machine
O salão de festas era do outro lado da mansão, dando vista para o penhasco e o oceano. A sala era grande e espaçosa e o ar que entrava pelas portas de vidro abertas era gostoso e um alívio para as mulheres com seus longos vestidos.
A luz da sala era baixa, o suficiente para dar um toque sofisticado ao salão. Um enorme lustre de cristal estava bem no centro da pista de dança com seus cristais alinhados perfeitamente um em cima do outro, as paredes eram brancas com detalhes dourados e em cada ponto mais lustres – menores do que o lustre no teto – decorando e iluminando cada canto da sala.
Nas vigas da sala uma trança de flores brancas dava a volta do topo até o chão uniformemente e enormes vasos decorados com flores brancas: copo de leite, peônias, orquídeas e rosas estavam do lado das portas de vidros abertas para o lado de fora e seguiam pelos jardins onde postes luzes faziam caminho até o topo do penhasco que se encontrava com acomodações de bom gosto como elegantes cadeiras do século passado e balanços perto das árvores davam um pouco de privacidade.
A porta dupla do outro lado do salão, que era onde as filhas do chefe estavam, permacia fechada com cortinas vermelhas cobrindo do teto até o chão e garçons elegantemente vestidos de terno caminhavam entre as pessoas com bandejas de salgados, doces e taças de champanhe e vinho da melhor qualidade, como se para deixar claro que essa não era uma simples festa.
Uma banda num canto mais iluminado da festa tocava uma música que preenchia toda a sala e talvez toda a mansão contagiando os presentes e tornando a noite cada vez mais especial, cada vez mais única. Como ela deveria ser.
A festa corria movimentada, mesmo que as convidadas principais não tivessem aparecido ainda, outros convidados chegavam um atrás do outro, todos pousando na beira do penhasco ou do outro lado da mansão e eram acompanhados por alguns dos anjos que as mulheres e mães das Escolhidas encarregaram como Emma, Wellsie e até mesmo Chace e Sean que estavam com postos de seguranças até todos os convidados chegarem.
A pequena garota, Becky, corria de um lado para o outro balançando seu vestido rosa claro de alças. A saia do vestido tinha várias camadas uma em cima da outra e tocava no chão, um laço na cintura combinava com o mesmo laço presente em seus cabelos dourados e soltos, a prova de toda inocência que ainda existia nela.
Nicolas gritou algo entusiasmado esquecendo de que segundos antes estava começando a se irritar por causa do terninho que usava e correu atrás da amiga enquanto os gêmeos corriam atrás dele rindo e também brincando passando por Beto e Henry engravatados.
Beto sorriu para sua mulher verdadeiramente apaixonado enquanto ela se aproximava dele com suas velhas amigas e Pérola estava deslumbrante com seu vestido lilás parecendo uma princesa tirada dos livros, o vestido delicado com a saia um pouco estufada e com detalhes de diamantes em cada pontinho da saia assim como nas alças e no decote. Os cabelos lhe caiam perfeitamente lisos e soltos pelos ombros e o sorriso doce presente no seu rosto.
Beto a abraçou pela cintura lhe tomando posse, enquanto Henry só faltava babar na sua mulher, Stephanie nunca esteve tão linda como nesse momento, talvez em seu casamento com Henry, a senhora usava um longo vestido verde claro tomara que caia que parecia flutuar enquanto ela andava, marcando sua cintura um cinto verde mais escuro só a deixava ainda mais linda. Os cabelos presos num coque perfeitamente arrumado a fazia parecer tão jovem e perfeitamente deslumbrante. Henry parecendo um adolescente bobo e apaixonado lhe deu um grande sorriso e beijando-lhe sua mão elegantemente puxou ela para seus braços sussurrando palavras doces em seus ouvidos.
Jade , a mulher do chefe de todos os anjos, não tinha como parecer ainda mais bonita. O longo e clássico vestido branco tinha a parte de cima de rendas e a gola alta até o pescoço lhe caia graciosamente e toda vez que ela andava uma parte da saia do vestido parecia ficar para trás numa nuvem delicada e exalava calma e paz, ela andava dando ordens pelo salão para os garçons e dava uns últimos retoques na decoração.
Mas parou de fazer tudo quando seu marido entrou na sala completamente engravatado e ela não conseguia se lembrar quando fora a última vez que ele tinha usado preto.
Jason que até então conversava com Isabelli com os braços cruzados, o terno bem passado e os cabelos penteados para trás não controlou a cara de nojo quando sua mãe deu um beijo no seu marido, ele ainda não tinha se acostumado com aquela situação. A mãe de riu da careta de Jason e alisou seu vestido cor de creme, simples, mas que caia como um ajuste perfeito no seu corpo, quase como se fizesse parte dele com longas mangas e arrastando no chão, ela tinha que segurar na barra para não sujar o vestido delicado.
A sala na qual as garotas se arrumavam era mais uma espécie de vestiário no qual suas mães e sua tia Jade avisaram que elas se arrumariam e depois iriam para a sala em frente esperar pelos meninos e o anúncio delas.
Elas estavam nervosas. Ansiosas e um pouco tristes porque tinham plena consciência que essa era uma festa para elas, para apresentá-las a sociedade dos anjos. Apresentar as filhas de Marcus.
E nem todas as filhas de Marcus estavam presentes.
Como se coreografado, as três irmãs suspiraram em conjunto as fazendo se entreolharem e soltarem risadas nervosas e tensas.
passou as mãos com as luvas de renda até os cotovelos com os dedos livres de cor preta na saia estufada do vestido preto. Ela se olhou num dos espelhos de corpo que estava ocupando uma parede e então sorriu satisfeita.
O vestido tomara que caia era justo na parte de cima, marcava perfeitamente sua cintura e acabava com um laço grosso e vermelho jogado para o lado dando um contraste sensual na saia preta. Na lateral do corpo, em relevo, rendas vermelhas abstratas subiam de encontro a frente do vestido no busto onde seus seios eram cobertos pela cor vermelha, o tecido lembrava levemente a forma de um botão de rosa.
Ela segurou a saia com as duas mãos levantando o pesado tecido, mas fácil de se movimentar, e vendo seus saltos pretos que eram escondidos pela barra do vestido que mostrava o quanto ele era diferente. Os tecidos finos quase transparentes preto e vermelho brigavam um com o outro para ficar em cima e aparecer mais do que o outro estufando ainda mais a elegante saia e deixando o visual perfeito. Seu rosto estava muito bem maquiado, um batom escarlate exatamente da cor do vermelho do vestido em seus lábios e os olhos bem delineados, os cabelos loiros estavam com cachos bem definidos caindo sobre os ombros tão angelicais que poderia confundir com o contraste do vestido. Ela sorriu mais uma vez e colocou uma presilha branca com pérolas em formato de flores de um lado do penteado.
Ela não parecia real.
Se estava parecendo tão magicamente irreal, parecia um anjo. Literalmente. Retirado de quadros e recriada em carne e osso.
O vestido dourado, delicado e romântico tinha o nome dela em cada canto. A parte de cima, justa e sem mangas tinha bordados e mais bordados em dourado como se cada pedaço fosse feito de ouro, marcando perfeitamente suas curvas dos seios e da cintura. A saia aparecia numa entrada em “V” da parte de cima como se fosse feito para alguma princesa. A saia era estufada e arrastava no chão com um dourado mais claro e com um tecido fino cobrindo ela no estilo de saias de bailarinas, as mãos de estavam afundadas em cada lado da saia, a balançando de um lado para o outro em frente ao espelho observando como era elegante o movimento do vestido sobre seu corpo. O salto dourado aparecendo e desaparecendo conforme ela levantava o tecido, os cabelos estavam com cachos mais grossos do que os cachos de e formavam um delicado penteado num coque gracioso deixando seu pescoço e ombros nus. Uma tiara dourada decorava seus cabelos e alguns fios delicados caiam propositalmente do seu coque, a maquiagem era leve e os lábios estavam mais rosados do que o comum, assim como as bochechas e ela se perguntou se não estava sonhando.
estava mais do que nervosa usando um longo vestido de debutante roxo, o vestido que era ao mesmo tempo delicado e simples, era cheio de babados desde a sua barra que arrastava no chão até quase sua cintura, quando o vestido se tornava justo. Seu busto estava suavemente decorado com algumas pedrinhas como se fossem de diamantes e usava uma echarpe por cima do vestido como complemento. Os cabelos negros jogados em cachos delicados sobre seu ombro e ela parecia realmente uma peça única de diamante.
As três se entreolharam mais uma vez, sorrindo tentando passar confiança umas às outras.
Quando o salão já estava cheio e movimentado, Marcus decidiu que era a hora das apresentações começarem. Com um aceno os músicos pararam a música e imediatamente todos olharam para onde Marcus e Jade estavam. Com um sorriso ele começou a falar, sempre com seu tom suave, firme e, principalmente, elegante.
- Todos sabem o motivo de estarmos reunidos nesse baile hoje, a apresentação de minhas filhas à todos vocês. E não são apenas minhas filhas. São a nossa salvação, a certeza da continuidade de nossa raça. E a partir de hoje, terão de ser tratadas com o respeito que sua posição social lhes sujeita. Tratadas dignamente como princesas e Escolhidas da sociedade dos anjos.
Todos aplaudiram quando seu discurso terminou, e sorriam empolgados, alguns para conhecê-las e os que já as conheciam, para vê-las em “ação”. De súbito, as palmas pararam como se soubessem que Marcus voltaria a falar naquele momento.
- É com enorme orgulho, que lhes apresento a balança. Minhas filhas – Marcus bateu palmas, e então o barulho das portas antigas de madeira se abrindo foram ouvidas e as cortinas vermelhas começaram a se levantar.
Virados de lado para o salão principal, estavam três homens elegantemente vestidos com smokings e apesar de estarem sozinhos na sala que fora aberta, tinham sorrisos charmosos e orgulhosos nos rostos. Tinham mais duas portas atrás deles igualmente antigas de onde as meninas sairiam.
- Wells - as portas se abriam fazendo seu usual barulho e todos ficaram atentos – Acompanhada por seu guardião, André Blackstone.
Assim que as portas foram abertas por completo, apareceu. Ela sorria timidamente e começou a caminhar para frente, as portas foram novamente fechadas enquanto ela andava até onde os meninos estavam. Passou por Caspian e Liam, e parou ao lado de André que era o primeiro da fila deles. Estendeu-lhe a mão que foi beijada, e então eles se viraram de frente para as pessoas e andaram até o salão principal, todos abriram espaço e eles ficaram no meio do salão, as mãos estavam entrelaçadas entre si, a posição inicial da dança que logo começaria.
- Wells – as atenções voltaram para as portas que se abriam e revelavam com toda sua graça – Acompanhada por seu guardião, Liam Gray - apesar de estar nervosa, andou elegantemente até Liam, que beijou sua mão e a conduziu até o salão principal.
- Wells – pela última vez naquela noite, as portas se abriram – Acompanhada por seu guardião, Caspian Ivashkov - com as atenções viradas para si ela andou confiante e elegante, parando ao lado de Caspian que assim como os outros lhe beijou a mão e a levou para o salão. Quando passaram pelas portas, elas foram novamente fechadas e as cortinas abaixadas.
Apresentações terminadas, era a hora da dança. Formando um círculo envolta dos três casais, os outros convidados deram espaço para que eles dançassem livremente.
Separados a intervalos pequenos estavam os seis, com as mãos entrelaçados e prontos para começarem.
Give Me Love – Ed Sheeran
A melodia começou, e eles esperaram a hora certa de iniciar a dança.
Juntos, os três casais começaram a coreografia tão ensaiada naquela tarde. Deram três passos para frente, ainda entrelaçados, e então viraram de lado, se separaram e as meninas pararam de frente para seus guardiões. Deram um passo a frente, reverenciando-se e voltaram aos seus lugares. E então junto com a primeira batida, seus braços direitos se levantaram e se encontraram, giraram e pararam. Novamente com a esquerda, e depois com as duas mãos juntas. A sincronia de um casal para o outro estava perfeita. Os olhares que trocaram eram de puro amor, todos eles. Antes de voltarem aos lugares ao fim do terceiro giro, viraram dando as costas para seus parceiros e entrelaçaram as mãos, giraram, agora tendo que virar os rostos para se olharem. Soltando as mãos das meninas, eles rapidamente as pegaram pela cintura e as levantaram, girando-as no ar, e então quando pisaram novamente no chão, juntaram-se e começaram a rodar pelo espaço que tinham, na coreografia da valsa tradicional.
- Está tão linda – André disse enquanto girava com pelo salão. A morena sorriu timidamente e apertou de leve a mão que estava junto da dele.
Liam e sorriam um para o outro.
- Parece um anjo – ele falou baixo, apenas para ela ouvir e voltou a sorrir. piscou os olhos rapidamente, emocionada e envergonhada ao mesmo tempo.
- E você é um – deu de ombros como se dizendo que agora estavam no mesmo nível, Liam riu concordando e os juntou mais, querendo sentir um pouco mais do perfume de .
- Você só pode estar querendo me matar – comentou Caspian para assim que começaram a valsa.
- Eu? Imagina, amor – ela sorriu falsamente, fingindo-se de inocente.
- Acho que vou te fazer uma visita essa noite – sussurrou Cas fazendo arrepiar.
- Mal posso esperar – respondeu e voltou a encará-lo sedutoramente.
Quando os casais estavam dançando a um tempo, Marcus conduziu Jade para a pista de dança e eles começaram a valsa mais graciosa que qualquer um ali poderia conseguir. Logo todos os casais começaram a dançar. Daniel convidou Wellsie para dançar, assim como Jason que convidou Lysandra, uma morena alta e que era anjo guerreiro. Até mesmo Becky e Nicolas dançavam, apesar de serem em passos totalmente diferentes, mas estavam se divertindo.
Quando a música acabou, os três casais estavam parados nos mesmos lugares que haviam começado a dança e em questão de segundos, as mulheres se curvaram e os homens deixaram os joelhos irem de encontro ao chão. Até mesmo André, Liam e Caspian estavam de joelhos ao lado de suas protegidas. Apenas Marcus e Jade estavam de pé, e tinham sorrisos orgulhosos no rosto.
Todos reverenciavam suas novas princesas.
Com um aceno de Jade, as três juntas seguraram seus vestidos, e se abaixaram suavemente num agradecimento à reverência. E quando todos se levantaram, as palmas vieram. Fortes e altas. E o sorriso no rosto das três era mais que emocionado.
- Eu sempre soube que era uma princesa – comentou fazendo suas irmãs e amigos soltarem gargalhadas e seu namorado lhe dar um carinhoso beijo em sua têmpora, ela sorriu para ele então continuou: - Vem, vamos falar com minha família.
- Eu vou junto – falou segurando com uma mão a saia do vestido e com a outra a mão de Caspian. olhou para André e juntos seguiram até sua família que estavam perto das portas que davam para os jardins conversando e vendo Nicolas e Becky que agora brincavam com os gêmeos e duas garotas que apesar do tamanho deveriam ser muito mais velhas que Jaime e James juntos.
- Garotas – exclamou Henry docemente como se anunciasse a aproximação delas.
- Vocês estavam lindas – comentou Stephanie assim que sua filha chegou perto abraçando ela.
- Estavam mesmo – concordou Beto rodopiando sua filha – Esse vestido não é um pouco... Acima da sua idade não?
- Papai, por favor – pediu revirando os olhos, Caspian riu cruzando os braços e se encostando na parede observando a cena.
- Não enche o saco dela Beto, ela está um mulher perfeita – concordou Pérola tocando na bochecha da sua filha e sorrindo para Caspian, então ela riu quando pegou o garoto encarando sua filha – Mulher, com certeza uma mulher.
- Meu Deus, vocês nos deixam constrangidas – exclamou .
Todos riram.
- Gatinhas – Jason chegou exclamou, o garoto estava tentando de todas as maneiras não mostrar o quanto estava sofrendo sem sua irmãzinha, ele abraçou por trás apertando sua cintura. Liam deu um passo para frente fechando a cara, seu rosto pareceu escurecer e Jason riu alto afastando de e indo para . Não chegou nem perto – Sabe? Está ficando chato já.
riu e concordou, apesar de estar abraçada com André e segurando a mão de sua mãe.
- Queridas, vocês foram perfeitas – exclamou Jade, atrás dela Helena parecia um pouco ofegante. Usava um luxuoso vestido azul cerúleo justo em seu corpo, mas dando ar para ela caminhar, o vestido tinha um ombro só deixando seus ombros praticamente nus e detalhes de diamantes na sua cintura – Olha quem chegou atrasada.
- Garotas, eu sinto muito por perder a apresentação de vocês. Mas seus professores queriam vir e eu não pude deixar a escola sozinha – ela falou com um sorriso naquele seu rosto perfeito, os cabelos loiros presos num firme coque.
- E você, é? – perguntou Isabelli encarnado a loira, confusa.
- Oh. Desculpe-me. Sou Helena Wells, irmã de Marcus.
Enquanto cada um se apresentava os meninos ajeitaram sua postura ao mesmo tempo como se sentisse antes que elas a presença de alguém e então Marcus apareceu logo atrás deles.
- Posso falar com vocês? – ele acenou com a cabeça para os outros presentes e então para suas filhas que concordaram e segurando em seus vestidos foram atrás dele até mais ou menos o meio do salão – Vocês estão lindas.
- Obrigada – sorriu educadamente, Marcus cruzou suas mãos nervosamente – Gostaria de dizer mais alguma coisa?
- Eu gostaria de dançar com cada uma de vocês, mas talvez seja pedir demais.
- Talvez sim, talvez não, mas – olhou para suas irmãs como se esperando concordarem para ela continuar, quando fizeram, ela sorriu para Marcus – somos suas filhas.
Marcus abriu um radiante sorriso e concordou entusiasmadamente.
Interrompendo-os, trombetas soaram não muito distante. A banda parou de tocar e todos pararam de dançar.
Marcus ficou alerta e sua voz soou alta no silêncio que se fez.
- Lysandra pegue Sean, Chace, Sebastian, Daniel e mais guerreiros e protejam a família das minhas filhas. Todos dentro da mansão. Agora – ele gritou a última palavra fazendo todos se movimentarem rapidamente.
Dois choros preencheram a sala. Eram os choros de Nicolas e Becky.
- O que está acontecendo? – perguntou apressada quando em segundos Caspian estava na frente delas junto com Liam e André. Todos corriam e pareciam formar filas organizadas, os guerreiros estavam na frente e os guardiões estavam logo na frente da família delas escondida no fundo junto com Lysandra e os guerreiros que Marcus mandou ela chamar.
Em uma coreografia perfeita e não ensaiada adagas com o punho de ouro apareceram nas mãos de seus guardiões, a sala de repente se tornou sombria e fria e Marcus parou na frente de todos como se liderasse um exército.
Um exército.
Quando elas se deram conta do que estavam acontecendo sentiram suas mãos suarem e os vestido pesarem toneladas. Era agora? Não podia, elas não estavam prontas, como elas protegeriam todas essas pessoas? E suas famílias? Droga, elas falaram que eles tinham que ir embora e agora fracassariam com todos.
- Vocês não vão lutar, não vamos deixar – Liam murmurou sem virar o rosto para encarar nenhuma delas, mas parecendo ler seus pensamentos.
- Não saiam de trás da gente – acrescentou André, parecia errado para alguém tão pacifico quanto André segurar uma adaga em suas mãos.
- A brincadeira vai começar – Caspian foi o único que olhou rapidamente para elas, um sorrisinho aparecendo em seus lábios.
Silêncio.
Ploc. Ploc. Ploc.
As pisadas na terra ficaram próximas, pareciam ensaiadas, fortes e decididas. Uma atrás da outra numa música não cantada.
Um vento frio preencheu toda a sala e os guerreiros na frente ao lado de seus guardiões formaram uma postura de luta no exato momento que os vidros estalaram e então quebraram quase em câmera lenta sendo jogado para toda a sala.
As garotas gritaram cobrindo o rosto assim como sua família, mas nenhum caco de vidro chegou perto deles.
Marcus levantou seus braços e num gesto displicente derrubou todos os estilhaços de vidros aos seus pés.
- Grande entrada, Lucius.
E foi quando elas viram. Lucius foi o primeiro a entrar, os cabelos loiros presos num rabo de cavalo e usava preto da cabeça aos pés, a gola alta da sua camisa preta dava um ar ainda mais sombrio nele e apesar de tudo ele ainda conseguia ser extremamente lindo.
Ele sorriu e logo atrás dele os outros se aproximaram. Não eram muitos – o que era um alívio – todos usavam a mesma roupa preta, sapatos pretos, calça jeans e blusa de gola alta preta e todos pareciam muito mais tensos do que ele.
- Uma grande apresentação conta muito, irmão. Você sabe – Lucius comentou distraindo parando do outro lado dos cacos de vidro e todos os seus “soldados” pararam com ele – Desculpa, estragamos a festa? O meu convite não chegou.
- Deve ter se perdido no correio – Marcus deu um sorriso irônico, o que fez as meninas pensarem em como essa conversa parecia tão... Normal. Quase como se fosse um domingo qualquer e a família estivesse se reunido. Se não lembrassem de todos aqueles guerreiros armados – O que você quer, Lucius?>
- Sabe irmão, eu realmente estou magoado por você não ter me incluído nessa festa. Afinal de conta, elas são minhas sobrinhas também – Lucius deu um passo para frente, seus sapatos esmagaram os cacos fazendo o barulho ecoar em todo aquele silêncio. Ele levantou a mão impedindo de seus guerreiros se aproximarem e olhou para suas sobrinhas logo atrás de seus guardiões – Sinto muito ter chegado atrasado.
Liam, André e Caspian rugiram em uníssemos.
Lucius levantou suas mãos em forma de paz como se não quisesse brigar.
- Eu acho que não é nada mais justo você não ser convidado quando está com uma de minhas filhas.
- O que me lembra – Lucius virou com o maior sorriso naquele seu rosto muito perfeito para o símbolo da maldade e fez um gesto com a mão – Querida, se aproxime, por favor.
Os guerreiros de preto deram espaço para alguém passar entre eles, uma garota pequena demais para sua idade apareceu de cabeça baixa, os cabelos loiros cobrindo seu rosto.
- – exclamaram as meninas juntas, mas seus guardiões juntaram seus ombros formando um muro de rocha não deixando elas darem mais nenhum passo.
- Não tenha vergonha, diga para eles como você está triste por terem te esquecido tão rápido – falou Lucius sorrindo e tocando na bochecha de carinhosamente.
Um rugido veio do fundo e uma rajada de vento passou por eles.
- Segurem-no – mandou Marcus sem se alterar, e três guerreiros saíram de suas posições agarrando Daniel que se debatia com a única meta de enfiar sua adaga no peito daquele homem.
- Não esquecemos dela, nunca – Marcus olhou para sua filha implorando com o olhar para ela mudar de ideia.
- Jason, não – pediu Jade segurando no braço de seu filho quando virou o olhar para eles.
- Uma merda que não – Jason exclamou se soltando facilmente dela, ninguém o segurou e ele chegou ao exército das sombras, encarando a irmã – O que você está fazendo, ?
- Ela está fazendo a escolha certa – respondeu Lucius segurando no braço dela como se a estivesse impedindo de fazer alguma outra escolha.
Foi o suficiente para Jason.
Ele reagiu como se fosse um verdadeiro guerreiro e pegando a adaga do guerreiro ao seu lado se jogou para cima de Lucius. Como ninguém previa um ataque desses o caos foi feito.
Os guerreiros de Lucius se mobilizaram para proteger seu líder e os guerreiros de Marcus tentaram impedir que Jason se machucasse, Liam, André e Caspian automaticamente se movimentarem para ajudar e nesse momento as meninas ficaram livres para chegar perto de .
gritou.
Daniel soltou um urro de pura dor.
Chad pegou uma adaga e estava cara a cara com Jason quando Marcus se meteu no meio deles jogando o loiro para trás com tanta força que ele bateu no teto antes de cair no chão com um baque.
- É o suficiente – gritou Marcus tão alto e tão forte que todos pararam no mesmo momento – Para trás Jason.
- Não! – gritou Caspian no momento que viu a sua protegida junto com suas irmãs muito mais próximas do perigo do que eles gostariam.
Liam rasgou seu elegante terno quando suas asas foram expostas e ele voou parando na frente delas e derrubando três dos demônios mais perto, Caspian foi logo atrás agarrando duas pelo braço enquanto André puxava sua namorada.
O olhar que eles lançaram a elas poderia valer mais do que a bronca que eles tinham em mente, antes que eles abrissem a boca Marcus elevou sua voz.
- Lucius, acabe de uma vez o que você veio fazer aqui antes que eu perca minha paciência com você.
- E o quê? – Lucius riu soltando o braço de que deu um passo para trás ainda ouvindo em sua mente o grito de dor de Daniel e acima de tudo vendo os rostos de sua mãe e irmão – Meu irmão, ambos sabemos que elas não estão prontas e que você tem uma escolhida a menos, e eu devo arriscar dizer que provavelmente a mais forte delas.
- Sua arrogância é de dar nos nervos – pegando todos de surpresa, deixou escapar, protegida atrás de Caspian. Ela deu a volta nele sendo agarrada pela cintura. Ela não protestou e continuou fuzilando Lucius com os olhos, ele sorriu achando graça e esperou ela continuar – Nos desafie, aqui e agora. O ódio que sentimos de você por levar nossa irmã é mais do que suficiente para acabar com você e com todos os outros.
- , há quanto tempo. Quando foi a ultima vez que nos encontramos mesmo? – quando a loira se encolheu nos braços de Caspian, Lucius sorriu ainda mais – Ah sim, naquele infeliz acidente. Sinto muito, não queria torturar seu guardião na sua frente.
- Seu filho da mãe – ela murmurou completamente irritada e se contorceu nos braços de Caspian.
Lucius sorriu.
- Deveria dar mais educação à elas, Marcus.
- Porque não fala diretamente com a gente, afinal você além de tirar nossa irmã quer tirar nossa opinião também? – provocou arregalando os olhos quando se deu conta que realmente tinha batido boca com ele.
Lucius bateu palmas, se encolheu realmente desconfortável com tudo que estava acontecendo.
- Eu vou ser rápido, parece que não sou bem vindo nessa festa. Eu vou dar alguns dias para vocês, o que acham? Eu realmente não aguento mais essa guerra e quero acabar com ela – ele envolveu num abraço e sorriu para todos os presentes – Afinal, eu tenho a minha arma secreta. Tudo bem, não tão secreta.
olhou para suas irmãs e em palavras não ditas fez um gesto para Liam na frente dela.
fechou os olhos se concentrando tentando fugir de todo aquele lugar e pensar em algo, revirou os olhos e num plano muito mais digno deu um estrondoso grito chamando a atenção de todas para elas.
Liam afrouxou o aperto em .
E ela correu.
- , não – ele gritou, mas já era tarde já estava parada frente a frente com Lucius.
Não, frente a frente com .
- Escuta bem, titio, você pegou nossa irmã. Você acabou com nossa festa, mas não vai acabar com nossa vida. E não vai acabar com as pessoas que amamos. Vamos. Acabar. Com. Você. E sabe da melhor? vai nos ajudar. Porque é a nós que ela ama e quando ela perceber a mesma coisa ela irá te apunhalar pelas costas – sorriu de lado apesar de suas mãos tremerem sobre o vestido que ela segurava com força – Literalmente.
Seu guardião puxou ela para trás dele antes que Lucius chegasse mais um centímetro perto del,a sendo que ele já o fazia parecendo curioso e um tanto encantado.
- Vocês são corajosas, eu admiro isso. Realmente admiro – ele deu um passo para perto delas e três guardiões ergueram suas adagas em sincronia. Ele riu batendo palmas – Fascinante. Vocês dariam suas vidas por elas e não só porque é o que devem fazer – ele encarou Daniel e puxou para o seu lado – Olhe para ele querida – o rosto de Daniel se contorceu de dor, ele se debateu nos braços dos três guerreiros tentando achar uma forma de chegar até ela – Ele a ama. Não creio que você sinta o mesmo, não é? Não quando você já encontrou outro alguém – ele encarou Chad que já tinha se levantado.
- Já chega de se divertir, Lucius. Vá embora ou eu começo essa guerra agora - Marcus anunciou.
- Não, você não vai começar nada, não quando temos humanos nessa sala e suas preciosas filhas não estão prontas – o loiro cruzou os braços ciente disso e suspirou fingindo cansaço, e encarou os presentes. Parou seus olhos sobre as meninas, que estavam mais gelados do que nunca – Uma semana.
- Vá embora, Lucius – Marcus tencionou seu maxilar fechando as mãos em punhos, a ventania na sala aumentou drasticamente.
- Calma irmão, eu só quero que vocês se preparem, não queremos uma luta injusta – ele sorriu fazendo um gesto para seus guerreiros começarem a irem embora – Ah, antes que eu me esqueça, trouxe um presente para minhas sobrinhas tão amadas. Pearse e Germano tragam o Scofield.
olhou para suas irmãs confusa e sentiu um frio na barriga quando Caspian apertou tanto ela que logo ficaria sem ar.
Ouve uma movimentação daquele monte de preto e dois garotos altos e de caras fechadas saíram carregando um corpo, uma gota de sangue pingou direto no chão limpo do salão e ofegos foram ouvidos.
Os dois demônios jogaram o corpo aos pés de Lucius e se retiraram indo para perto dos outros demônios que pela primeira vez na noite sorriam.
- Não, Ian! – gritou em choque e se jogou para frente querendo chegar perto dele, mas Caspian nem se mexeu – Me solta Caspian, é o Ian.
- E atrás dele é o Lucius, você fica.
- Guardião, não se preocupe. Esse é um presente meu para elas – com mais um gesto de mão seus demônios começaram a se retirar ficando somente ele, Chad, e Benjamin. O ultimou olhou para , mas não expressou nenhuma reação.
- , eu preciso tentar. Você é minha filha. Ninguém te julgaria se você...
E só naquele instante Lucius rugiu furiosamente e sombras pretas preencheram a sala.
Mais gritos foram ouvidos e escondeu seu rosto no peito de seu guardião, enquanto fincava suas unhas nos braços de Liam e ainda estava paralisada nos braços de Caspian.
- Ela é minha, Marcus. Acho melhor você começar a se preparar. O tempo já está sendo contado – a voz de Lucius estava tão carregada de mal que fez os presentes se arrepiarem e sentirem o medo na espinha, pelo que Lucius mostrava que era capaz de fazer e faria se fosse preciso. Chad e Ben se aproximaram para poder conduzir para longe dele e os três foram embora sem nem olhar para trás.
Lucius não sorriu como sorriu desde que pusera seus pés naquele lugar. Ele apenas deu um rodopio de negridão e se misturando nas sombras, assim como na sua chegada, mais vidros explodiram e ele desapareceu. No lugar em que ele estava antes, o tão elegante lustre do centro estava despedaçado no chão bem perto do corpo inconsciente do inocente garoto.
Tudo pareceu parar.
Então como se tivessem perdido tempo, a correria começou mais uma vez.
As meninas foram liberadas do aperto e correu direto para Ian se jogando ao lado dele, Jade gritou para chamarem os curandeiros e Marcus foi até os guardiões das Escolhidas parando entre eles e olhando para Daniel que cambaleava depois de solto e caia de joelhos no chão.
- Wellsie, mande um recado para o castelo. Temos uma semana antes da batalha.
XxXx
Todos tinham voltado a normalidade, mas a mansão ainda estava um caos, com bagunça para todo lado. Alguns anjos se puseram a ajudar os empregados com a arrumação enquanto os outros anjos iam deixando a mansão ou os que moravam ali iam para seus quartos, o que foi o caso das meninas. Depois de se certificarem que suas famílias estavam bem e fora de perigo, foram para seus quartos trocar de roupa e tentar se recuperar emocionalmente do ocorrido. Tomaram banhos quentes e relaxantes, e juntaram-se todas no quarto de que foi a última a sair do chuveiro.
Quando terminou de se trocar, sentou ao lado das irmãs na cama e as encarou. Ficaram bastante tempo assim, apenas se olhando, não precisavam trocar palavras de consolo, o simples fato de estarem perto umas das outras eram suas maneiras de confortar.
- Temos que fazer algo com relação à eles – sussurrou fazendo cafuné em que deitara em suas pernas. levantou a cabeça para encarar a irmã, pois tinha rolado para o chão e estava em seu tapete preto e fofo.
Não perguntaram quem, sabiam muito bem. E como se fossem ligadas mentalmente tiveram a mesma conclusão, e precisavam agir rápido.
- Vamos lá, então – murmurou pulando da cama e calçando suas pantufas de gatinho. As outras concordaram e levantaram para poderem seguir a irmã.
Bateram de leve na porta e ela foi aberta quase que imediatamente, a voz um pouco abafada lhes mandou entrar. Uma atrás da outras elas entraram no escritório de Marcus, logo se sentando nas poltronas de frente para a mesa dele. As paredes de vidro mostravam o céu e como a noite estava magnífica com estrelas mais brilhantes e uma lua minguante tímida.
- Vocês estão bem? – Marcus perguntou suavemente, observando atento os rostos de suas filhas esperando ver algum indício de mal estar, tanto físico quanto psicológico. Mas não houve de nenhuma das três, elas estavam sérias e decididas.
- Queríamos lhe pedir para levar nossa família para um lugar seguro – disse direta como sempre, sua voz estava baixa e meiga, mas seu rosto era duro e sério.
- Eu também quero levá-los. Mas vocês estavam junto comigo e os ouviram dizer que não sairiam sem vocês – o loiro suspirou levantando-se e caminhando até a janela, observando o ir e vir do mar que estava calmo essa noite.
- Não nos importamos com o que eles disseram – falou duramente, fazendo Marcus girar trezentos e sessenta graus e a olhar espantado – Algo muito ruim podia ter acontecido a eles essa noite, e não queremos que isso se repita. Os queremos seguros. Se tiver que os arrastar até lá, faça-o.
- Vocês têm certeza disso? – elas acenaram – Não acho que eles vão gostar dessa ideia.
- Como dissemos. Eles vão, querendo ou não. Pode parecer egoísmo, mas não queremos perder mais ninguém que amamos – falou cruzando os braços.
O anjo piscou algumas vezes, incapaz de acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo e juntou as sobrancelhas.
- Quando querem que eu os leve? – perguntou depois de um longo tempo refletindo sobre o pedido delas. Como se fossem um elas suspiraram aliviadas e então se entreolharam.
- O mais rápido possível. Amanhã à tarde, pode ser? – sugeriu olhando para os três – Teremos a manhã para nos despedirmos. Se quiser, coloque algo que os retarde no café deles, menos nos das crianças, e então quando dissermos tchau não terão forças para replicarem.
- Pensarei sobre como os levarei. Mas está certo então, amanhã a noite eles já estarão seguros no castelo – Marcus falou voltando para sua mesa.
- Esperamos que estejam – e então deram um meio sorriso para o pai, agradeceram e saíram da sala, indo pelo mesmo caminho da outra noite, esperando encontrar novamente a passagem secreta.
As três garotas se encontravam ao redor do livro num triângulo, e estavam lado a lado e na ponta, o fogo aceso nas tochas na parede dançavam ao redor delas como se as apoiando, as incentivando a tomarem a coragem necessária.
colocou a mão sobre o livro.
- Da última vez ele se abriu sozinho, porque essa demora? – ela perguntou começando a ficar preocupada. E se ele não tivesse mais nada para ajudar elas?
- Talvez – colocou a mão em cima do livro e quando as tochas fizerem um barulho como se o fogo tivesse aumentando e então o calor rodeou elas, a loira sorriu e virou para – Sua mão.
olhou para ela confusa e então para o livro e sem pensar mais nenhum segundo colocou a mão sobre o livro.
O fogo se apagou.
Então acedeu novamente com força fazendo as meninas se entreolharem assustadas enquanto o livro se abria num supetão tão inesperado que elas se afastaram enquanto as paginas dele se moviam uma atrás da outra até finalmente parar numa página e as labaredas do fogo voltarem ao normal.
Elas se inclinaram ao mesmo tempo encostando suas cabeças e olhando para o livro. Uma linguagem muito antiga apareceu nas páginas velhas e amareladas do livro, porém no exato momento que elas se perguntaram o que queriam dizer as palavras se embaralharam e quando voltaram a se alinhar estavam na língua natal delas. se inclinou mais para ler.
- É um poema – falou olhando suas irmãs como se para ter certeza que ela não era a única que percebeu isso, quando elas concordaram virou o livro na sua direção para poder ler.
“Quando as trevas chegarem nas Quatro.
Três apenas vão sobrar.
Seu caminho terão que descobrir.
E quando ao Cinza a tentação ceder.
Elas terão que partir.
E encontrar o meio do fim, não saberão por onde começar.
Mas quando encontrarem a si mesmas, encontrarão o poder.
E mesmo quando ele não funcionar, no começo não vão entender.
Mas quando a Quatro se for.
Juntas darão um fim, naquilo que já começou.”
- Que porra é essa? – acabou deixando escapar assim que sua irmã terminou. Elas se entreolharam.
- Anota, rápido – mandou para antes que o livro decidisse que já tinha ajudado demais.
pegou seu celular no bolso da sua calça jeans e no momento que tirou a foto da página como se sentindo ofendido o livro embaralhou as páginas e então fechou.
Elas não fizeram nenhum barulho ou movimento, até que olhou para .
- Conseguiu? – quando a morena olhou no seu celular e soltando um longo suspiro de alivio concordou, todas respiraram aliviadas – O que isso quer dizer?
- Ele fala da gente, certo? – perguntou mais para ela do que suas irmãs, mas mesmo assim esperando elas concordarem – Então somos as quatro.
- Somos – concordaram e juntas.
- Mas... – ela ficou confusa – Cinza?
- Me dá o celular – pediu fazendo um gesto com a mão para o celular de , ela pegou e deu uma olhada no poema – São mais de um Quatro. São as Quatro que deve se referir a gente e A Quatro – ela olhou para suas irmãs, mais uma vez confusa – Alguém que teremos que encontrar?
Elas se entreolharam e olharam para o livro na esperança que talvez ele pudesse responder, mas o livro parecia de birra com elas e nada fez. Suspirando juntas olharam para a espécie de caverna que se encontravam.
- Acho melhor sairmos daqui, esse lugar me dá arrepios – murmurou e como as outras duas achavam exatamente a mesma coisa correram para fora do esconderijo e respirando aliviadas quando chegaram no corredor bem iluminado e de bom gosto.
- Temos que voltar depois e tentar encontrar mais alguma coisa no livro – comentou num sussurro como se até mesmo as paredes pudessem escutar elas.
- Amanhã – concordou – Agora, vamos pensar em como decifrar esse poe... – a voz dela foi murchando quando escutaram passos no final do corredor e se aproximando.
Rapidamente pegou seu celular e guardou no bolso enquanto elas se viraram e sorriam para seus guardiões.
- Estávamos procurando vocês – falou Cas sorrindo docemente, puxando para seus braços.
- Fomos no quarto de vocês e vocês não estavam lá, pensamos que estivessem com fome – Liam abraçou por trás deixando ela se aconchegar nele enquanto André dava um selinho em – Está tudo bem?
- Está – concordou saindo dos seus braços e segurando em sua mão – Mas estamos com fome, nisso vocês acertaram. Vamos.
E quando os três homens riram, elas se entreolharam concordando silenciosamente que por enquanto era melhor manter em segredo.
XxXx
A árvore do lado de fora do seu quarto fazia uma sombra engraçada no teto, a única claridade vinha da lua que brilhava fortemente mesmo depois da noite um tanto quanto turbulenta que eles tiveram.
Ela não conseguia dormir. Não que o seu quarto não fosse confortável, era mais do que confortável com uma cama grande de casal, ela tinha até seu notebook e um banheiro só para ela, apesar de ser estranho depois de tanto tempo dormindo junto com suas irmãs ter de volta um quarto só para ela, sabia que o corredor deste andar estava com quase todas as pessoas que ela amava. Suas irmãs, sua família e a família delas, seu pai, para todos os casos, era exagerado e colocou eles entre os quartos dos anjos. No andar de baixo estavam a grande maioria dos anjos guerreiros e no andar de cima estavam seus amigos anjos, seu pai e... Seu namorado.
Um sorriso brotou nos lábios de ao pensar nele, pensar no sorriso de Liam, pensar nos olhos dele, nos seus lábios, no seu corpo, em como ele segurava ela perto dele... Era demais para ela. Ele é a melhor coisa que ela poderia querer.
Ficou sentada na cama deixando seus cabelos caírem por suas costas olhou ao redor do quarto se repreendendo pela ideia que acabara de ter. Por favor, ela pensava, não posso estar pensando em algo assim quando minha irmã mais nova acabou de jurar que lutaria contra todos nós. Mas esse era o fato. Se alguém que ela ama tanto havia quebrado todas suas promessas de estar sempre com ela porque ela esperaria o futuro chegar para fazer algo que ela queria desde o momento que bateu seus olhos em Liam?
Querendo deixar de lado toda essa mixagem de sentimentos ficou de pé antes que mudasse de ideia, como alguém poderia ser indecisa e decidida ao mesmo tempo?
Abriu seu closet dando de cara com uma grande quantidade de roupas brancas, a cor branca era meio que o uniforme de todos os anjos e apesar dela e as pessoas mais próximas dela poderem usar outras cores seu, bom, pai deu de presente para ela e suas irmãs uma segunda opção. Seus dedos passaram pelas roupas apenas sentindo a maciez dos tecidos, eram todos tão leves e delicados que ela poderia passar horas escolhendo o que vestir, só que seus olhos se focaram numa roupa um pouco mais escondida e sorrindo ela pegou o vestido.
Parou em frente ao espelho. Ela estava bonita. Mais do que normalmente ela se achava. Os cabelos estavam em perfeita sintonia com a roupa que usava caindo sobre seus ombros e costas, o vestido de seda branco era mais curto do que as roupas que ela normalmente usava. Ele era simples e ao mesmo tempo perfeito com suas ondas graciosas, suas mangas transparentes e o caimento adequado completando com seu colar com um pingente de coração que ela ganhara de presente de suas irmãs e o apertando ela saiu do quarto.
É agora ou nunca, pensou.
Say (All I Need) - One Republic
Olhou de um lado para o outro para ter certeza que ninguém estava nos corredores mesmo sendo tarde da madrugada, soltou um longo suspiro. Suas mãos tremiam e suas pernas pareciam moles, estava quase desistindo quando escutou uma melodia baixa e delicada de piano, franziu a testa confusa com quem estaria tocando essa hora da noite e seguiu a melodia até uma sala de portas duplas, parou por alguns segundos na dúvida se deveria abrir ou não e então empurrou as portas parando admirada com a visão maravilhosa que ela deu de cara.
Liam estava sentando em frente ao piano, suas mãos se mexiam graciosamente enquanto ele continuava com sua cantiga, os olhos fechados saboreando o som. A janela perto do piano ajudava bastante deixando a luz da lua iluminá-lo e mostrando que ele usava nada mais que uma calça moletom preta deixando a mostra toda perfeição do seu corpo definido.
tentou fechar a porta com delicadeza para não atrapalhar ele, mas acabou fazendo um leve barulho quando as travas da porta se trancaram fazendo Liam parar de tocar e virar o rosto alerta para ela.
- Não pare, desculpa, não queria te atrapalhar – ela sussurrou baixo e envergonhada. E tudo o que Liam fez foi dar um daqueles seus sorrisos brilhantes.
- Eu não sabia que estava acordada – ele comentou serenamente como se não achasse que ela estava atrapalhando ele, e realmente não achava.
- Não conseguia dormir – falou , o tom baixo continuava e ela se desencostou da porta, Liam virou no banco jogando as pernas para fora e ficando de frente para ela seus olhos azuis desceram devagar para o seu corpo e só agora ele percebeu a roupa – ou pouca roupa – que usava.
- Er, hmm – ele pigarreou tentando recuperar a fala e subindo os olhos de volta para o rosto dela – O que posso fazer para te ajudar a dormir?
deu alguns passos mais decididos para perto dele até parar entre suas pernas, Liam levantou o rosto para ela e como se suas mãos tivessem auto controle pousaram na cintura de tentando sentir sua pele por cima do tecido fino do vestido.
- Eu não quero dormir – ela disse, pensaria que estava corando se ela não estivesse mais decidida do que nunca, as mãos de navegaram dos braços de Liam até seus cabelos e então enfiou os dedos naquela negridão.
- E... O que você quer? – ele perguntou, seus lábios numa linha reta e apesar de sua postura meio rígida suas mãos apertando a cintura dela, rodeando sua cintura, subindo por suas costas e descendo novamente para sua cintura falavam as palavras não ditas.
inclinou o corpo apenas o necessário para seu rosto ficar suficientemente perto do de Liam e seus lábios se tocarem. Ela o beijou devagar, sem língua e apenas sentindo a maciez dos seus lábios doces nos dela, ele não negou e acompanhou o beijo delicado e quando se afastou dele, ele a olhou confusa.
- Só adivinhe – foi tudo que ela respondeu descendo suas mãos para os braços de Liam e arrastando suas unhas nele até que Liam ficou de pé um pouco mais rápido do que ela estava acostumada.
encarou seu peitoral, suas mãos delicadamente fizeram o caminho por sua barriga subindo para seu peito e espalmando suas mãos nele levantando o rosto para olhar nos olhos de Liam quando ele demorou a responder.
- Você... Você está falando sério? – ele sussurrou roucamente suas mãos tremiam com a dificuldade de se manterem no mesmo lugar quando tudo que ele queria fazer era explorar o corpo de sua protegida.
- Mais do que tudo – ela concordou subindo suas mãos até seu pescoço e envolvendo ele enquanto se esticava para beijar Liam mais uma vez.
Dessa vez ele tomou o controle, envolvendo sua cintura com um braço apenas enquanto a outra segurava nos cabelos da nuca dela deixando a intensidade do beijo aumentar de acordo com suas necessidades. Eles giraram durante o beijo, as mãos de Liam se mexiam sem controle pelas costas de apertando ela contra si subindo o vestido ao ponto de deixar suas coxas toda expostas, as mãos de não estavam atrás ficando as unhas em suas costas, em seu peito, puxando seu cabelo não deixando ele se afastar, ela não queria que ele se afastasse. As mãos quentes de Liam desceram até as coxas de arrastando, tocando, sentindo sua pele macia e então ele segurou em cada coxa dela com força e lhe deu um impulso para cima fazendo ela sentar em cima do piano e ofegar.
Eles pararam de se beijar e se olharam, logo cortando o contanto quando envolveu a cintura de Liam com suas pernas puxando-o de volta para ela. As mãos de Liam não pararam o trabalho por suas costas, braços e descendo para suas coxas agora completamente expostas, as mãos de estavam presas em suas costas e ela jogou a cabeça para trás quando os lábios quentes de Liam tocaram em seu pescoço sugando e beijando a pele exposta.
Uma mão de Liam segurava firme nos cabelos de puxando levemente enquanto a outra começava a entrar por baixo do vestido apertando sua coxa e subindo. Ela não demorou a responder ao contato, descendo suas mãos para a barriga dele até sua calça moletom puxando o elástico.
Então Liam arregalou os olhos e segurou na mão dela parando o beijo desesperado em seu pescoço.
- O quê? – ofegou .
- Não aqui, não em cima de um piano – Liam murmurou tomando fôlego e encarando firme – Eu não posso fazer isso com você. Eu a amo demais para fazer algo assim.
- Desculpa. O que você disse? – perguntou surpresa prendendo o olhar de Liam no dela.
Ele sorriu de canto de lábios.
- Eu amo você – ele repetiu sorrindo, suas mãos massageavam as coxas delas e sorriu para ele.
- Liam – ela sussurrou e puxou seu rosto para perto do dela e o beijando ansiosamente - Eu. Quero. Você – ela sussurrou entre o beijo envolvendo seu pescoço e apertando mais firme a cintura dele com suas pernas – Agora.
Liam não respondeu, suas mãos continuaram a massagear as coxas dela e então seus lábios estavam em seu pescoço subindo para sua orelha e ele sussurrou:
- Feche os olhos.
Ela fez o que ele pediu. Sentiu seu corpo ser levantado e então o vento passar por ela, ela achou pensar que estavam mais rápidos do que o vento e então quando Liam parou e ela abriu os olhos notou que estavam num quarto que não era o dela, então deveria ser o de Liam.
ficou de pé em frente a Liam. Nenhum deles falou mais nenhuma palavra, levantou os braços e Liam sorriu carinhosamente para ela quando chegou perto o suficiente para segurar na barra do vestido e levantar aos poucos jogando o vestido num canto do quarto. Ele encarou o corpo semi nu da garota, usava apenas uma calcinha e parecia extremamente constrangida.
E apesar de tudo Liam continuava a admirá-la como se ela fosse a coisa mais linda que ele já tenha visto, as mãos dele puderam agora passear por todo o corpo da garota e o encarou um pouco menos envergonhada dando passos para trás até a parte de trás dos seus joelhos tocarem na cama, ela deitou. Seus olhos ainda presos um no outro e as batidas dos seus corações pareciam estar em uma sincronia perfeita.
Apressados.
Fortes.
Apaixonados.
O anjo deitou por cima dela segurando seu peso em seus braços, ele se encaixou entre as pernas da garota sentindo a pele nua, quente e macia dela contra a sua pele também nua, as mãos de desceram timidamente até a sua calça moletom e dessa vez Liam permitiu que ela retirasse a peça de roupa que faltava nele, as mãos dele não paravam, ele queria que ela sentisse. Que ela saboreasse todas as sensações que ele poderia lhe proporcionar. Ele queria amar ela como nunca amou ninguém.
Eles se beijaram mais uma vez.
Se tocaram.
Descobriram toda a região do corpo um do outro.
As últimas peças de roupas que separavam seus corpos de se transformarem em um só foram retiradas.
Ele se encararam. Paixão. Desejo e amor refletidos em seus olhos. Liam entrelaçou suas mãos e colocou-as acima da cabeça de beijando docemente toda a extensão do seu corpo onde seus lábios alcançavam sem soltar suas mãos delas, o corpo de arqueou. Ela queria mais. Ela queria ele. Ela estava pronta.
E Liam sabia disso. Ele subiu de volta ainda distribuindo beijos por seu corpo e então parou até seus olhos se encontrarem mais uma vez. Ela sorriu para ele.
E num beijo delicado Liam e consumaram o seu amor.
A mansão, como André explicava há pouco, era como uma casa de família na qual sempre que os parentes queriam se reunir passavam um tempo lá quando na verdade um castelo era mantido escondido de todos os humanos e das trevas, ainda mais seguro do que a mansão que estavam – se é que era possível sendo que a mansão era isolada de tudo e de todos com guerreiros sempre a postos e câmeras em todas as entradas e saídas -, onde nesse exato momento deviam estar numa única sala pelo menos cem anjos guerreiros treinando e prontos para receberem as ordens de Marcus.
entrava na cozinha quando mais uma rodada de risadas começou, a garota depois de contar a noite perfeita que tivera para as irmãs pediu alguns minutos sozinha porque queria tomar um banho e reviver em memória cada toque que ela e Caspian trocaram na noite passada. E que ela esperava tocar novamente nessa noite.
Quando ela entrou, os olhos de Caspian adquiriram um radiante brilho e ele cravou seus olhos na loira como se nada mais na sala importasse, mesmo quando um dos gêmeos soltou uma piadinha Cas não desviou o olhar até que estivesse perto o suficiente dele para puxá-la para o seu colo e tirar uma carranca de Beto que estava sentado ao lado da mulher e da sobrinha.
- O que faremos hoje? – perguntou quando Nicolas cansou da brincadeira e saiu do seu colo ao ver pela porta aberta Wellsie jogando rugby com Chace e mais um grupo de anjos e queria ver mais de perto. Becky também ficou de pé para acompanhar ele e sem dizer nada Jade olhou para os gêmeos pedindo para eles acompanharem as crianças.
- Vocês podiam começar a dizer para a gente como poderemos voltar para casa – falou Pérola piscando para Cas quando este deu uma fruta na boca de .
Jade sorriu para ela cruzando elegantemente suas pernas.
- Eu falei com Marcus, você poderão ir para o castelo enquanto as meninas... Terminam o que tem que fazer.
- Nem pensar – exclamou Isabelli encarando a filha ao lado de André.
- Mãe – murmurou .
- Não, ela tem razão, não vamos deixar vocês sozinhas, ok? – falou Stephanie apertando a mão de Henry e a mão de .
- Eles têm razão. Não poderemos lutar preocupados com vocês, vocês precisam estar seguros – falou fazendo Liam se mexer desconfortável com a imagem da sua protegida e namorada lutando sem ele poder fazer nada para livrá-la disso.
- Mas hoje – Marcus apareceu na porta, ele não tinha como ser mais bonito ou elegante do que já era. Vestido de branco e descalço, parecendo tão confiável e forte que todos sentiam a necessidade de se curvar a ele. Apesar de ninguém, além dos meninos, fazerem – Hoje é a apresentação das garotas à sociedade dos anjos. Eu estou promovendo um baile em homenagem a elas.
- Um baile? – perguntou, sua boca se abrindo ligeiramente surpresa.
- Sim – Marcus concordou sorrindo para sua mulher que ficou de pé, dando um enorme sorriso.
- Vocês gostariam de me ajudar? – ela perguntou olhando para as mães das meninas e suas velhas amigas.
- E os convites? – quis saber – Não dá tempo.
- Confie em mim, querida. Temos tempo suficiente – Jade deu um sinal para as três mulheres a seguirem, elas foram organizar um baile.
- Porque ainda temos que treinar? – perguntou frustrada.
O dia estava lindo, as ondas calmas batiam suavemente contra as rochas, todos estavam se movendo para ajudar a organizar o baile que seria em poucas horas e ela esperava que eles pudessem curtir um pouco e então escolher uma roupa para elas.
Mas não.
Daniel, antes de se trancar no seu quarto, lembrou aos meninos que estava na hora de levar elas para treinar.
- Porque temos que estar preparados – falou Liam rindo quando a garota revirou os olhos, segurando sua mão ele a girou colocando-a na sua frente e encarou Caspian que abraçava pela cintura sussurrando coisas no ouvido dela – Caspian!
O loiro olhou para ele confuso e Liam bufou.
- Só porque o Daniel não está presente não quer dizer que vamos ficar de agarração.
- Liam, não quero agarrar você amigo. Não faz meu tipo – ele brincou.
Liam bufou.
- Elas têm que treinar. Vamos logo, Caspian.
- Só se o André soltar a também – Caspian apontou para o garoto como uma criança.
Liam virou nos calcanhares para encarar o outro garoto e jogou as mãos para cima.
- Pelo amor de Deus. Vocês querem que elas fiquem despreparadas na hora da luta? Eu não. Então desgrudem delas e vamos começar o treinamento – ele falou erguendo sua voz e falando o suficientemente sério para os garotos soltarem suas namoradas e as colocarem ao lado de . Liam olhou para a morena e piscou para ela a fazendo soltar um risinho.
Como resposta recebeu um soco em cada braço de Caspian e André.
- Bom, não vamos treinar aqui, né? – lembrou estendendo os braços mostrando que estavam muito perto da mansão.
- Não, vamos para mais perto da praia – concordou Liam, pegando pela mão e andando na direção da praia. Mas antes que andassem mais que um metro, a voz de Jade os chamou.
- Nada de treino hoje meninos – ela disse sorrindo bondosamente quando os alcançou.
- Não? – sorriu quando Jade confirmou com a cabeça e então parou antes mesmo de comemorar – Porque mesmo?
Jade riu e balançou a cabeça.
- É a apresentação de vocês ao nosso mundo. Precisam estar prontas para a encenação toda – ela falou sorrindo triste, lembrando de sua pequenina que não participaria disso com as irmãs. As meninas estavam confusas, mas os meninos tinham entendido e sorriam alegres.
- Que encenação? – perguntou curiosa olhando dos meninos para Jade.
- Bom, vocês não vão simplesmente aparecer lá e pronto. Terão de ser anunciadas, e executar a Antiga Dança, então, precisam treiná-las porque não sabem nem os primeiros passos – disse rapidamente, pois tinha que voltar ao trabalho – A sala de música está à disposição de vocês – os meninos concordaram e ela saiu.
- Ainda não entendi – disse quando chegaram na sala de música. André correu até um rádio e procurava um cd com a música que queria.
- Vocês nunca viram naqueles filmes antigos, nos bailes, que as pessoas dançavam aquelas coreografias diferentes e todos ficavam iguais? – Caspian disse rodopiando para tentar lembrá-las.
- Lógico que sim Cas, então é isso? – chutou, suas mãos apertaram o colarinho de Liam num gesto de pressão para ele respondê-la logo, seus olhos brilhavam.
- Sim, vocês precisam dançar a Antiga Dança para a cerimônia de apresentação esteja completa – Liam falou e as meninas, como se uma prévia do que precisariam fazer, pularam ao mesmo tempo em seus namorados, empolgadas com a notícia.
E então uma melodia suave preencheu a sala e apesar de se empolgarem mais ainda, endireitaram-se uma ao lado da outra e de frente para os meninos.
- Bom, será que vocês sabem por onde começamos? – brincou André sorrindo para .
- Reverência – as três disseram juntas, e se entreolharam antes de dobrarem o joelho e se abaixarem suavemente, colocou as mãos ao lado do corpo fingindo segurar um vestido, tirando risada de todos. Os meninos também as reverenciaram, abaixando o tronco e voltando ao lugar.
- Mão direita para cima – ditou Liam e os três levantaram as mãos, as meninas os seguiram – Girando. Não se esqueçam de que os olhos não podem se desgrudar de seu companheiro – e então eles fizeram os movimentos. Repetiram, mas com a mão esquerda, depois as duas e então pararam de volta aos lugares. Durante os giros, eles faziam palhaçada pois já sabiam os passos, e elas não podiam segurar o riso.
Continuaram apresentando os passos para as meninas, e quando a música acabou, repetiram desde o começo de novo e de novo, até que elas estivessem com a coreografia gravada na cabeça. Durante todo o ensaio, os seis brincaram, riram e se divertiram uns com os outros, até pareciam pessoas normais, sem nenhuma preocupação.
As tochas penduras projetavam sombras nas paredes rochosas enquanto a garota andava apressada e um tanto furiosa fazendo o fogo se agitar e crescer.
Ela entrou num cômodo escuro e frio que mesmo se ela não soubesse que aquele era o escritório de Lucius, apenas pela maldade que aquele lugar exalava ela saberia.
- Qual o seu problema? – ela se apressou passando pelos quadros de obras de artes caras e de bom gosto e sacudindo o papel que tinha acabado de receber. Ela bateu suas mãos pequenas na mesa onde Lucius estava sentando – Você pode me explicar, por favor?
- Doce e amável, sobrinha. A que devo a honra? – disse Lucius com um sorriso nos lábios como se a explosão dela e o fato de amassar o papel em suas mãos não fosse resposta suficiente.
- Eu não estou para brincadeiras, Lucius. Um baile? – ela sacudiu o elegante e sofisticado papel endereçado a alguém que não era ele – Como você conseguiu?
- Um dos meus garotos conseguiu interceder. Não, melhor – Lucius riu, achando tudo muito divertido fazendo revirar os olhos. Lucius era a prova da maldade, como alguém conseguia achar divertido fazer os outros sofrerem? – Ele extraviou o convite e caiu direto em minhas mãos.
ergueu sua postura se dando conta no que ela estava se metendo. Diabos. Ela nunca conseguiria chegar ao ponto que Lucius chegou e esquecer-se da sua família, ela queria tanto saber como suas irmãs estavam.
Daniel.
Ela suspirou se sentindo repentinamente cansada e querendo acabar logo com isso.
- E o que você pretende fazer com esse convite, Lucius? Não acho que se deu conta que a festa vai estar lotada de guerreiros.
- Oh, eu tenho que certeza que sim. Não se preocupe querida, não vamos acabar com a festa.
- Não? – ela franziu a testa, confusa.
Lucius riu e balançou seu cabelo loiro de um lado para o outro quando negou.
- Não querida, nós vamos participar dela.
jogou o convite na mesa, frustrada, irritada e chateada com todo o rumo que sua vida tomou e antes que tomasse alguma atitude precipitada decidiu sair da sala, mas antes mesmo de chegar na porta Lucius apareceu na sua frente, seus olhos de um azul acinzentado malévolo a encarou querendo mostrar que ele não estava para brincadeiras.
- Você escolheu seu lado, . E é o nosso. Não esqueça disso. E não esqueça das consequências ao me trair, eu acho que você se lembra do Scofield, certo?
Um arrepio percorreu o pequeno corpo da loira ao se lembrar do amigo de .
Depois que todos foram embora do colégio deixando o inocente Ian lá, Lucius mandou alguns dos seus “garotos” pegarem ele e o usar como exemplo para aqueles que lhe traiam.
Os olhos azuis de se desviaram de Lucius ao lembrar que o único motivo para o garoto ainda estar vivo é que Benjamin interferiu lembrando que ele não era de utilidade morto.
Quando ela concordou com um aceno de cabeça, Lucius deu uns tapinhas na bochecha dela e fez um sinal para ela sair.
- E, querida? – ele chamou dando a volta para se afundar na sua poltrona esperando se virar para ele e concordar – Peça para o Briel preparar Scofield, vamos dar ele de presente para minhas sobrinhas.
- Ok – ela murmurou e mais uma vez parou antes de ir embora – Desculpa, presente?
- Claro, esse baile é uma apresentação das minhas sobrinhas à sociedade de anjos – Lucius cruzou as mãos sobre a mesa encarando as costas de e vendo como ela ficou tensa, ele sorriu friamente - Parece que eles esqueceram rapidamente de você, não?
A porta bateu com força quando a loira finalmente saiu daquele escritório.
Ela era uma puta de uma sacana. E se sentia ainda mais estúpida por a única coisa que, no momento, conseguia pensar era quem seu guardião levaria no baile.
Uma voz conhecida se aproximou, enxugando brutalmente uma lágrima que deixou escapar apressou seu passo encontrando um loiro conhecido.
Ele sorriu para ela e franziu a testa confusa quando a garota empurrou ele com força contra a parede de pedras e afundando no seu peito colou sua boca com a dele.
Sua cama nunca lhe pareceu tão aconchegante em toda sua vida. Daniel agora passava a maior parte do seu tempo deitado nela, desolado, quebrado por dentro. Anjos não precisam dormir, mas conseguem se quiserem, e ele o fazia como uma rota de fuga, mas o tiro acabava saindo pela culatra. Quando dormem, os anjos desenvolvem as funções dos homens, o que significava que eles também sonham. Ou tinham pesadelos, no caso de Dan.
A primeira noite tinha sido a mais difícil. Decidido a ter um tempo do mundo lá fora, caiu num sono profundo no mesmo instante em que deitara, e o pesadelo o atingiu como um estalo.
Começou com um amplo parque, com uma paisagem bonita e o sol se pondo no céu. Ele estava sozinho, mas por pouco tempo, pois aparecia com um vestido rosa claro e lhe chamava sorridente. Mas ela o levou para dentro de uma floresta e o fez se perder, para logo aparecer com mais de cem demônios, o sorriso agora era maldoso. Com a voz carregada de ódio ela dizia que era tudo culpa dele, que ela tinha se tornado aquilo por sua causa. E então ele acordava.
Mesmo depois do primeiro pesadelo, Daniel continuou dormindo nos próximos dias. E em todos eles o pesadelo voltava, mudavam de cenário, figurino e tudo o mais, mas sempre lhe dizia aquelas palavras antes de ele despertar. E ele estava começando a achar que isso era como um recado, lhe dizendo que ele era sim o culpado de tudo o que tinha acontecido.
Saindo da cama, Daniel deu de cara com um smoking pendurado na maçaneta da porta de seu guarda-roupa, um convite preso ao blazer. Ao ver o conteúdo, sentiu seu coração apertar ainda mais, pensando em como sua pequena estaria empolgada e radiante com esse evento, se as circunstâncias fossem outras. E de novo o sentimento de culpa o preencheu.
Decidindo tomar um ar e precisando movimentar-se - já que não voava desde quando chegaram na mansão - saiu do quarto, mas, para sua infelicidade deu de cara com seus amigos e suas protegidas. Eles acabavam de virar o corredor de seus quartos e estavam rindo e brincando uns com os outros. Daniel sentiu raiva de início, pois não deviam sorrir por aí quando acabaram de perder uma das irmãs. Mas depois se xingou, cada um reagia a isso de sua forma, e ele tinha certeza que essa era a forma delas, fingindo que tudo estava bem. Era uma coisa boa, pensou, bem melhor do que sofrer vinte e quatro horas por dia.
Assim que o avistaram, pararam de brincar e adquiriram expressões de pena, o que irritou Dan.
- Oi – murmurou rouco, pigarreando em seguida para melhorar sua voz – Parabéns meninas, pelo que vai acontecer hoje – tentou sorrir, mas tinha certeza que falhara.
- Obrigada – as três disseram juntas.
- Bom, se me derem licença, vou dar uma volta antes de me arrumar – falou mas quando virou as costas, elas o chamaram de volta – Sim?
- Podemos falar um instante com você? A sós? – perguntou meigamente, ele concordou e as conduziu de volta ao seu quarto.
Elas foram direto para a cama, sentando de forma a deixar espaço para ele, e quando não foi de imediato elas o mandaram sentar ali.
- Meninas, eu não quero falar sobre isso – falou direto abraçando os joelhos para lhes dar mais espaço. Aos olhos das meninas, naquela posição e com aquela expressão, ele parecia uma criança que acabara de receber a notícia da morte dos pais, e isso as abalou.
- Mas você precisa, Dan – falou , que estava ao seu lado, fazendo cafuné em seu cabelo – Quanto mais afastado ficar, pior vai ser.
- Ela tem razão, você pode contar conosco. Pode nos dizer qualquer coisa, lembre-se que nós mais do que ninguém te entenderemos – falou abraçando por não poder tocar Daniel que estava mais longe.
- É só que... vai doer mais se eu disser – ele confessou – Ainda mais para vocês, as mais atingidas pelo meu erro.
- Daniel, já dissemos que não o culpamos por nada! – exclamou , apesar de dura, sua voz era calma – fez o que fez, porque quis.
- Não , se eu tivesse sido um guardião melhor para ela, tenho certeza que ela nunca pensaria em fazer o que fez.
- Está errado Dan. Não importa o que tivéssemos feito. Você, eu, as meninas, os outros mais próximos... ela ainda tomaria essa direção. foi a que mais sofreu de nós quatro, sem um pai e uma mãe... sim, ela nos tinha e tinha a Jason, mas não podíamos dar o amor fraternal que ela precisava. E isso a despedaçou. – disse sem parar o carinho que fazia nele.
- Ainda não parece ser uma justificativa para seus atos, mas mesmo a conhecendo bem, só ela sabia o quanto doeu e o quanto ela tinha que revidar nos outros – disse.
Eles ficaram em silêncio. Daniel absorvia o que as meninas haviam dito, encontrando certa verdade em tudo. Depois do que pareceu ser horas, mas foram apenas segundos, Daniel resolveu dizer algo. E contou a elas dos pesadelos.
- E bom, para mim está mais do que claro que isso é um recado de que a culpa é minha – revelou, olhando para elas e esperando que elas confirmassem, mas as três balançaram a cabeça negativamente.
- É apenas seu subconsciente Dan – começou – sonhos são a realização dos desejos que ficam guardados em nosso subconsciente, então o mesmo serve para os pesadelos, eles são nossos maiores medos. Você tem medo de que tenha errado com , por isso seu subconsciente lhe atormenta com imagens tornando seu medo real, mas não é.
Os olhos de Daniel perderam o foco, ele então finalmente compreendeu e aceitou que ele não era o culpado. Certo alívio sobrepôs a culpa, e isso o fez dar um sorriso, por mais fraco que fosse, verdadeiro.
- Então, eu não falhei com ela? – perguntou com um fiapo de voz.
- Claro que não Dan. Pelo contrário, você a protegeu bravamente enquanto estavam juntos, mas ela decidiu seguir seu caminho longe de nós – respondeu que já estava com os olhos marejados. As outras duas não estavam muito diferente.
- Só gostaria de poder mudar isso. – confessou desolado.
- Todos gostaríamos Dan, todos – falou e então levou consigo para perto do loiro, o abraçando fortemente.
Quando se separaram, elas levantaram pois precisavam se arrumar para o baile que seria a algumas horas. Daniel prometeu a elas que estaria lá e depois de fechar a porta voltou para sua cama.
Sem mais culpar-se, ainda ficaria triste, mas agora não porque achava que era sua culpa e sim porque não existia um jeito de mudar o rumo das coisas.
O salão de festas era do outro lado da mansão, dando vista para o penhasco e o oceano. A sala era grande e espaçosa e o ar que entrava pelas portas de vidro abertas era gostoso e um alívio para as mulheres com seus longos vestidos.
A luz da sala era baixa, o suficiente para dar um toque sofisticado ao salão. Um enorme lustre de cristal estava bem no centro da pista de dança com seus cristais alinhados perfeitamente um em cima do outro, as paredes eram brancas com detalhes dourados e em cada ponto mais lustres – menores do que o lustre no teto – decorando e iluminando cada canto da sala.
Nas vigas da sala uma trança de flores brancas dava a volta do topo até o chão uniformemente e enormes vasos decorados com flores brancas: copo de leite, peônias, orquídeas e rosas estavam do lado das portas de vidros abertas para o lado de fora e seguiam pelos jardins onde postes luzes faziam caminho até o topo do penhasco que se encontrava com acomodações de bom gosto como elegantes cadeiras do século passado e balanços perto das árvores davam um pouco de privacidade.
A porta dupla do outro lado do salão, que era onde as filhas do chefe estavam, permacia fechada com cortinas vermelhas cobrindo do teto até o chão e garçons elegantemente vestidos de terno caminhavam entre as pessoas com bandejas de salgados, doces e taças de champanhe e vinho da melhor qualidade, como se para deixar claro que essa não era uma simples festa.
Uma banda num canto mais iluminado da festa tocava uma música que preenchia toda a sala e talvez toda a mansão contagiando os presentes e tornando a noite cada vez mais especial, cada vez mais única. Como ela deveria ser.
A festa corria movimentada, mesmo que as convidadas principais não tivessem aparecido ainda, outros convidados chegavam um atrás do outro, todos pousando na beira do penhasco ou do outro lado da mansão e eram acompanhados por alguns dos anjos que as mulheres e mães das Escolhidas encarregaram como Emma, Wellsie e até mesmo Chace e Sean que estavam com postos de seguranças até todos os convidados chegarem.
A pequena garota, Becky, corria de um lado para o outro balançando seu vestido rosa claro de alças. A saia do vestido tinha várias camadas uma em cima da outra e tocava no chão, um laço na cintura combinava com o mesmo laço presente em seus cabelos dourados e soltos, a prova de toda inocência que ainda existia nela.
Nicolas gritou algo entusiasmado esquecendo de que segundos antes estava começando a se irritar por causa do terninho que usava e correu atrás da amiga enquanto os gêmeos corriam atrás dele rindo e também brincando passando por Beto e Henry engravatados.
Beto sorriu para sua mulher verdadeiramente apaixonado enquanto ela se aproximava dele com suas velhas amigas e Pérola estava deslumbrante com seu vestido lilás parecendo uma princesa tirada dos livros, o vestido delicado com a saia um pouco estufada e com detalhes de diamantes em cada pontinho da saia assim como nas alças e no decote. Os cabelos lhe caiam perfeitamente lisos e soltos pelos ombros e o sorriso doce presente no seu rosto.
Beto a abraçou pela cintura lhe tomando posse, enquanto Henry só faltava babar na sua mulher, Stephanie nunca esteve tão linda como nesse momento, talvez em seu casamento com Henry, a senhora usava um longo vestido verde claro tomara que caia que parecia flutuar enquanto ela andava, marcando sua cintura um cinto verde mais escuro só a deixava ainda mais linda. Os cabelos presos num coque perfeitamente arrumado a fazia parecer tão jovem e perfeitamente deslumbrante. Henry parecendo um adolescente bobo e apaixonado lhe deu um grande sorriso e beijando-lhe sua mão elegantemente puxou ela para seus braços sussurrando palavras doces em seus ouvidos.
Jade , a mulher do chefe de todos os anjos, não tinha como parecer ainda mais bonita. O longo e clássico vestido branco tinha a parte de cima de rendas e a gola alta até o pescoço lhe caia graciosamente e toda vez que ela andava uma parte da saia do vestido parecia ficar para trás numa nuvem delicada e exalava calma e paz, ela andava dando ordens pelo salão para os garçons e dava uns últimos retoques na decoração.
Mas parou de fazer tudo quando seu marido entrou na sala completamente engravatado e ela não conseguia se lembrar quando fora a última vez que ele tinha usado preto.
Jason que até então conversava com Isabelli com os braços cruzados, o terno bem passado e os cabelos penteados para trás não controlou a cara de nojo quando sua mãe deu um beijo no seu marido, ele ainda não tinha se acostumado com aquela situação. A mãe de riu da careta de Jason e alisou seu vestido cor de creme, simples, mas que caia como um ajuste perfeito no seu corpo, quase como se fizesse parte dele com longas mangas e arrastando no chão, ela tinha que segurar na barra para não sujar o vestido delicado.
A sala na qual as garotas se arrumavam era mais uma espécie de vestiário no qual suas mães e sua tia Jade avisaram que elas se arrumariam e depois iriam para a sala em frente esperar pelos meninos e o anúncio delas.
Elas estavam nervosas. Ansiosas e um pouco tristes porque tinham plena consciência que essa era uma festa para elas, para apresentá-las a sociedade dos anjos. Apresentar as filhas de Marcus.
E nem todas as filhas de Marcus estavam presentes.
Como se coreografado, as três irmãs suspiraram em conjunto as fazendo se entreolharem e soltarem risadas nervosas e tensas.
passou as mãos com as luvas de renda até os cotovelos com os dedos livres de cor preta na saia estufada do vestido preto. Ela se olhou num dos espelhos de corpo que estava ocupando uma parede e então sorriu satisfeita.
O vestido tomara que caia era justo na parte de cima, marcava perfeitamente sua cintura e acabava com um laço grosso e vermelho jogado para o lado dando um contraste sensual na saia preta. Na lateral do corpo, em relevo, rendas vermelhas abstratas subiam de encontro a frente do vestido no busto onde seus seios eram cobertos pela cor vermelha, o tecido lembrava levemente a forma de um botão de rosa.
Ela segurou a saia com as duas mãos levantando o pesado tecido, mas fácil de se movimentar, e vendo seus saltos pretos que eram escondidos pela barra do vestido que mostrava o quanto ele era diferente. Os tecidos finos quase transparentes preto e vermelho brigavam um com o outro para ficar em cima e aparecer mais do que o outro estufando ainda mais a elegante saia e deixando o visual perfeito. Seu rosto estava muito bem maquiado, um batom escarlate exatamente da cor do vermelho do vestido em seus lábios e os olhos bem delineados, os cabelos loiros estavam com cachos bem definidos caindo sobre os ombros tão angelicais que poderia confundir com o contraste do vestido. Ela sorriu mais uma vez e colocou uma presilha branca com pérolas em formato de flores de um lado do penteado.
Ela não parecia real.
Se estava parecendo tão magicamente irreal, parecia um anjo. Literalmente. Retirado de quadros e recriada em carne e osso.
O vestido dourado, delicado e romântico tinha o nome dela em cada canto. A parte de cima, justa e sem mangas tinha bordados e mais bordados em dourado como se cada pedaço fosse feito de ouro, marcando perfeitamente suas curvas dos seios e da cintura. A saia aparecia numa entrada em “V” da parte de cima como se fosse feito para alguma princesa. A saia era estufada e arrastava no chão com um dourado mais claro e com um tecido fino cobrindo ela no estilo de saias de bailarinas, as mãos de estavam afundadas em cada lado da saia, a balançando de um lado para o outro em frente ao espelho observando como era elegante o movimento do vestido sobre seu corpo. O salto dourado aparecendo e desaparecendo conforme ela levantava o tecido, os cabelos estavam com cachos mais grossos do que os cachos de e formavam um delicado penteado num coque gracioso deixando seu pescoço e ombros nus. Uma tiara dourada decorava seus cabelos e alguns fios delicados caiam propositalmente do seu coque, a maquiagem era leve e os lábios estavam mais rosados do que o comum, assim como as bochechas e ela se perguntou se não estava sonhando.
estava mais do que nervosa usando um longo vestido de debutante roxo, o vestido que era ao mesmo tempo delicado e simples, era cheio de babados desde a sua barra que arrastava no chão até quase sua cintura, quando o vestido se tornava justo. Seu busto estava suavemente decorado com algumas pedrinhas como se fossem de diamantes e usava uma echarpe por cima do vestido como complemento. Os cabelos negros jogados em cachos delicados sobre seu ombro e ela parecia realmente uma peça única de diamante.
As três se entreolharam mais uma vez, sorrindo tentando passar confiança umas às outras.
Quando o salão já estava cheio e movimentado, Marcus decidiu que era a hora das apresentações começarem. Com um aceno os músicos pararam a música e imediatamente todos olharam para onde Marcus e Jade estavam. Com um sorriso ele começou a falar, sempre com seu tom suave, firme e, principalmente, elegante.
- Todos sabem o motivo de estarmos reunidos nesse baile hoje, a apresentação de minhas filhas à todos vocês. E não são apenas minhas filhas. São a nossa salvação, a certeza da continuidade de nossa raça. E a partir de hoje, terão de ser tratadas com o respeito que sua posição social lhes sujeita. Tratadas dignamente como princesas e Escolhidas da sociedade dos anjos.
Todos aplaudiram quando seu discurso terminou, e sorriam empolgados, alguns para conhecê-las e os que já as conheciam, para vê-las em “ação”. De súbito, as palmas pararam como se soubessem que Marcus voltaria a falar naquele momento.
- É com enorme orgulho, que lhes apresento a balança. Minhas filhas – Marcus bateu palmas, e então o barulho das portas antigas de madeira se abrindo foram ouvidas e as cortinas vermelhas começaram a se levantar.
Virados de lado para o salão principal, estavam três homens elegantemente vestidos com smokings e apesar de estarem sozinhos na sala que fora aberta, tinham sorrisos charmosos e orgulhosos nos rostos. Tinham mais duas portas atrás deles igualmente antigas de onde as meninas sairiam.
- Wells - as portas se abriam fazendo seu usual barulho e todos ficaram atentos – Acompanhada por seu guardião, André Blackstone.
Assim que as portas foram abertas por completo, apareceu. Ela sorria timidamente e começou a caminhar para frente, as portas foram novamente fechadas enquanto ela andava até onde os meninos estavam. Passou por Caspian e Liam, e parou ao lado de André que era o primeiro da fila deles. Estendeu-lhe a mão que foi beijada, e então eles se viraram de frente para as pessoas e andaram até o salão principal, todos abriram espaço e eles ficaram no meio do salão, as mãos estavam entrelaçadas entre si, a posição inicial da dança que logo começaria.
- Wells – as atenções voltaram para as portas que se abriam e revelavam com toda sua graça – Acompanhada por seu guardião, Liam Gray - apesar de estar nervosa, andou elegantemente até Liam, que beijou sua mão e a conduziu até o salão principal.
- Wells – pela última vez naquela noite, as portas se abriram – Acompanhada por seu guardião, Caspian Ivashkov - com as atenções viradas para si ela andou confiante e elegante, parando ao lado de Caspian que assim como os outros lhe beijou a mão e a levou para o salão. Quando passaram pelas portas, elas foram novamente fechadas e as cortinas abaixadas.
Apresentações terminadas, era a hora da dança. Formando um círculo envolta dos três casais, os outros convidados deram espaço para que eles dançassem livremente.
Separados a intervalos pequenos estavam os seis, com as mãos entrelaçados e prontos para começarem.
A melodia começou, e eles esperaram a hora certa de iniciar a dança.
Juntos, os três casais começaram a coreografia tão ensaiada naquela tarde. Deram três passos para frente, ainda entrelaçados, e então viraram de lado, se separaram e as meninas pararam de frente para seus guardiões. Deram um passo a frente, reverenciando-se e voltaram aos seus lugares. E então junto com a primeira batida, seus braços direitos se levantaram e se encontraram, giraram e pararam. Novamente com a esquerda, e depois com as duas mãos juntas. A sincronia de um casal para o outro estava perfeita. Os olhares que trocaram eram de puro amor, todos eles. Antes de voltarem aos lugares ao fim do terceiro giro, viraram dando as costas para seus parceiros e entrelaçaram as mãos, giraram, agora tendo que virar os rostos para se olharem. Soltando as mãos das meninas, eles rapidamente as pegaram pela cintura e as levantaram, girando-as no ar, e então quando pisaram novamente no chão, juntaram-se e começaram a rodar pelo espaço que tinham, na coreografia da valsa tradicional.
- Está tão linda – André disse enquanto girava com pelo salão. A morena sorriu timidamente e apertou de leve a mão que estava junto da dele.
Liam e sorriam um para o outro.
- Parece um anjo – ele falou baixo, apenas para ela ouvir e voltou a sorrir. piscou os olhos rapidamente, emocionada e envergonhada ao mesmo tempo.
- E você é um – deu de ombros como se dizendo que agora estavam no mesmo nível, Liam riu concordando e os juntou mais, querendo sentir um pouco mais do perfume de .
- Você só pode estar querendo me matar – comentou Caspian para assim que começaram a valsa.
- Eu? Imagina, amor – ela sorriu falsamente, fingindo-se de inocente.
- Acho que vou te fazer uma visita essa noite – sussurrou Cas fazendo arrepiar.
- Mal posso esperar – respondeu e voltou a encará-lo sedutoramente.
Quando os casais estavam dançando a um tempo, Marcus conduziu Jade para a pista de dança e eles começaram a valsa mais graciosa que qualquer um ali poderia conseguir. Logo todos os casais começaram a dançar. Daniel convidou Wellsie para dançar, assim como Jason que convidou Lysandra, uma morena alta e que era anjo guerreiro. Até mesmo Becky e Nicolas dançavam, apesar de serem em passos totalmente diferentes, mas estavam se divertindo.
Quando a música acabou, os três casais estavam parados nos mesmos lugares que haviam começado a dança e em questão de segundos, as mulheres se curvaram e os homens deixaram os joelhos irem de encontro ao chão. Até mesmo André, Liam e Caspian estavam de joelhos ao lado de suas protegidas. Apenas Marcus e Jade estavam de pé, e tinham sorrisos orgulhosos no rosto.
Todos reverenciavam suas novas princesas.
Com um aceno de Jade, as três juntas seguraram seus vestidos, e se abaixaram suavemente num agradecimento à reverência. E quando todos se levantaram, as palmas vieram. Fortes e altas. E o sorriso no rosto das três era mais que emocionado.
- Eu sempre soube que era uma princesa – comentou fazendo suas irmãs e amigos soltarem gargalhadas e seu namorado lhe dar um carinhoso beijo em sua têmpora, ela sorriu para ele então continuou: - Vem, vamos falar com minha família.
- Eu vou junto – falou segurando com uma mão a saia do vestido e com a outra a mão de Caspian. olhou para André e juntos seguiram até sua família que estavam perto das portas que davam para os jardins conversando e vendo Nicolas e Becky que agora brincavam com os gêmeos e duas garotas que apesar do tamanho deveriam ser muito mais velhas que Jaime e James juntos.
- Garotas – exclamou Henry docemente como se anunciasse a aproximação delas.
- Vocês estavam lindas – comentou Stephanie assim que sua filha chegou perto abraçando ela.
- Estavam mesmo – concordou Beto rodopiando sua filha – Esse vestido não é um pouco... Acima da sua idade não?
- Papai, por favor – pediu revirando os olhos, Caspian riu cruzando os braços e se encostando na parede observando a cena.
- Não enche o saco dela Beto, ela está um mulher perfeita – concordou Pérola tocando na bochecha da sua filha e sorrindo para Caspian, então ela riu quando pegou o garoto encarando sua filha – Mulher, com certeza uma mulher.
- Meu Deus, vocês nos deixam constrangidas – exclamou .
Todos riram.
- Gatinhas – Jason chegou exclamou, o garoto estava tentando de todas as maneiras não mostrar o quanto estava sofrendo sem sua irmãzinha, ele abraçou por trás apertando sua cintura. Liam deu um passo para frente fechando a cara, seu rosto pareceu escurecer e Jason riu alto afastando de e indo para . Não chegou nem perto – Sabe? Está ficando chato já.
riu e concordou, apesar de estar abraçada com André e segurando a mão de sua mãe.
- Queridas, vocês foram perfeitas – exclamou Jade, atrás dela Helena parecia um pouco ofegante. Usava um luxuoso vestido azul cerúleo justo em seu corpo, mas dando ar para ela caminhar, o vestido tinha um ombro só deixando seus ombros praticamente nus e detalhes de diamantes na sua cintura – Olha quem chegou atrasada.
- Garotas, eu sinto muito por perder a apresentação de vocês. Mas seus professores queriam vir e eu não pude deixar a escola sozinha – ela falou com um sorriso naquele seu rosto perfeito, os cabelos loiros presos num firme coque.
- E você, é? – perguntou Isabelli encarnado a loira, confusa.
- Oh. Desculpe-me. Sou Helena Wells, irmã de Marcus.
Enquanto cada um se apresentava os meninos ajeitaram sua postura ao mesmo tempo como se sentisse antes que elas a presença de alguém e então Marcus apareceu logo atrás deles.
- Posso falar com vocês? – ele acenou com a cabeça para os outros presentes e então para suas filhas que concordaram e segurando em seus vestidos foram atrás dele até mais ou menos o meio do salão – Vocês estão lindas.
- Obrigada – sorriu educadamente, Marcus cruzou suas mãos nervosamente – Gostaria de dizer mais alguma coisa?
- Eu gostaria de dançar com cada uma de vocês, mas talvez seja pedir demais.
- Talvez sim, talvez não, mas – olhou para suas irmãs como se esperando concordarem para ela continuar, quando fizeram, ela sorriu para Marcus – somos suas filhas.
Marcus abriu um radiante sorriso e concordou entusiasmadamente.
Interrompendo-os, trombetas soaram não muito distante. A banda parou de tocar e todos pararam de dançar.
Marcus ficou alerta e sua voz soou alta no silêncio que se fez.
- Lysandra pegue Sean, Chace, Sebastian, Daniel e mais guerreiros e protejam a família das minhas filhas. Todos dentro da mansão. Agora – ele gritou a última palavra fazendo todos se movimentarem rapidamente.
Dois choros preencheram a sala. Eram os choros de Nicolas e Becky.
- O que está acontecendo? – perguntou apressada quando em segundos Caspian estava na frente delas junto com Liam e André. Todos corriam e pareciam formar filas organizadas, os guerreiros estavam na frente e os guardiões estavam logo na frente da família delas escondida no fundo junto com Lysandra e os guerreiros que Marcus mandou ela chamar.
Em uma coreografia perfeita e não ensaiada adagas com o punho de ouro apareceram nas mãos de seus guardiões, a sala de repente se tornou sombria e fria e Marcus parou na frente de todos como se liderasse um exército.
Um exército.
Quando elas se deram conta do que estavam acontecendo sentiram suas mãos suarem e os vestido pesarem toneladas. Era agora? Não podia, elas não estavam prontas, como elas protegeriam todas essas pessoas? E suas famílias? Droga, elas falaram que eles tinham que ir embora e agora fracassariam com todos.
- Vocês não vão lutar, não vamos deixar – Liam murmurou sem virar o rosto para encarar nenhuma delas, mas parecendo ler seus pensamentos.
- Não saiam de trás da gente – acrescentou André, parecia errado para alguém tão pacifico quanto André segurar uma adaga em suas mãos.
- A brincadeira vai começar – Caspian foi o único que olhou rapidamente para elas, um sorrisinho aparecendo em seus lábios.
Silêncio.
Ploc. Ploc. Ploc.
As pisadas na terra ficaram próximas, pareciam ensaiadas, fortes e decididas. Uma atrás da outra numa música não cantada.
Um vento frio preencheu toda a sala e os guerreiros na frente ao lado de seus guardiões formaram uma postura de luta no exato momento que os vidros estalaram e então quebraram quase em câmera lenta sendo jogado para toda a sala.
As garotas gritaram cobrindo o rosto assim como sua família, mas nenhum caco de vidro chegou perto deles.
Marcus levantou seus braços e num gesto displicente derrubou todos os estilhaços de vidros aos seus pés.
- Grande entrada, Lucius.
E foi quando elas viram. Lucius foi o primeiro a entrar, os cabelos loiros presos num rabo de cavalo e usava preto da cabeça aos pés, a gola alta da sua camisa preta dava um ar ainda mais sombrio nele e apesar de tudo ele ainda conseguia ser extremamente lindo.
Ele sorriu e logo atrás dele os outros se aproximaram. Não eram muitos – o que era um alívio – todos usavam a mesma roupa preta, sapatos pretos, calça jeans e blusa de gola alta preta e todos pareciam muito mais tensos do que ele.
- Uma grande apresentação conta muito, irmão. Você sabe – Lucius comentou distraindo parando do outro lado dos cacos de vidro e todos os seus “soldados” pararam com ele – Desculpa, estragamos a festa? O meu convite não chegou.
- Deve ter se perdido no correio – Marcus deu um sorriso irônico, o que fez as meninas pensarem em como essa conversa parecia tão... Normal. Quase como se fosse um domingo qualquer e a família estivesse se reunido. Se não lembrassem de todos aqueles guerreiros armados – O que você quer, Lucius?>
- Sabe irmão, eu realmente estou magoado por você não ter me incluído nessa festa. Afinal de conta, elas são minhas sobrinhas também – Lucius deu um passo para frente, seus sapatos esmagaram os cacos fazendo o barulho ecoar em todo aquele silêncio. Ele levantou a mão impedindo de seus guerreiros se aproximarem e olhou para suas sobrinhas logo atrás de seus guardiões – Sinto muito ter chegado atrasado.
Liam, André e Caspian rugiram em uníssemos.
Lucius levantou suas mãos em forma de paz como se não quisesse brigar.
- Eu acho que não é nada mais justo você não ser convidado quando está com uma de minhas filhas.
- O que me lembra – Lucius virou com o maior sorriso naquele seu rosto muito perfeito para o símbolo da maldade e fez um gesto com a mão – Querida, se aproxime, por favor.
Os guerreiros de preto deram espaço para alguém passar entre eles, uma garota pequena demais para sua idade apareceu de cabeça baixa, os cabelos loiros cobrindo seu rosto.
- – exclamaram as meninas juntas, mas seus guardiões juntaram seus ombros formando um muro de rocha não deixando elas darem mais nenhum passo.
- Não tenha vergonha, diga para eles como você está triste por terem te esquecido tão rápido – falou Lucius sorrindo e tocando na bochecha de carinhosamente.
Um rugido veio do fundo e uma rajada de vento passou por eles.
- Segurem-no – mandou Marcus sem se alterar, e três guerreiros saíram de suas posições agarrando Daniel que se debatia com a única meta de enfiar sua adaga no peito daquele homem.
- Não esquecemos dela, nunca – Marcus olhou para sua filha implorando com o olhar para ela mudar de ideia.
- Jason, não – pediu Jade segurando no braço de seu filho quando virou o olhar para eles.
- Uma merda que não – Jason exclamou se soltando facilmente dela, ninguém o segurou e ele chegou ao exército das sombras, encarando a irmã – O que você está fazendo, ?
- Ela está fazendo a escolha certa – respondeu Lucius segurando no braço dela como se a estivesse impedindo de fazer alguma outra escolha.
Foi o suficiente para Jason.
Ele reagiu como se fosse um verdadeiro guerreiro e pegando a adaga do guerreiro ao seu lado se jogou para cima de Lucius. Como ninguém previa um ataque desses o caos foi feito.
Os guerreiros de Lucius se mobilizaram para proteger seu líder e os guerreiros de Marcus tentaram impedir que Jason se machucasse, Liam, André e Caspian automaticamente se movimentarem para ajudar e nesse momento as meninas ficaram livres para chegar perto de .
gritou.
Daniel soltou um urro de pura dor.
Chad pegou uma adaga e estava cara a cara com Jason quando Marcus se meteu no meio deles jogando o loiro para trás com tanta força que ele bateu no teto antes de cair no chão com um baque.
- É o suficiente – gritou Marcus tão alto e tão forte que todos pararam no mesmo momento – Para trás Jason.
- Não! – gritou Caspian no momento que viu a sua protegida junto com suas irmãs muito mais próximas do perigo do que eles gostariam.
Liam rasgou seu elegante terno quando suas asas foram expostas e ele voou parando na frente delas e derrubando três dos demônios mais perto, Caspian foi logo atrás agarrando duas pelo braço enquanto André puxava sua namorada.
O olhar que eles lançaram a elas poderia valer mais do que a bronca que eles tinham em mente, antes que eles abrissem a boca Marcus elevou sua voz.
- Lucius, acabe de uma vez o que você veio fazer aqui antes que eu perca minha paciência com você.
- E o quê? – Lucius riu soltando o braço de que deu um passo para trás ainda ouvindo em sua mente o grito de dor de Daniel e acima de tudo vendo os rostos de sua mãe e irmão – Meu irmão, ambos sabemos que elas não estão prontas e que você tem uma escolhida a menos, e eu devo arriscar dizer que provavelmente a mais forte delas.
- Sua arrogância é de dar nos nervos – pegando todos de surpresa, deixou escapar, protegida atrás de Caspian. Ela deu a volta nele sendo agarrada pela cintura. Ela não protestou e continuou fuzilando Lucius com os olhos, ele sorriu achando graça e esperou ela continuar – Nos desafie, aqui e agora. O ódio que sentimos de você por levar nossa irmã é mais do que suficiente para acabar com você e com todos os outros.
- , há quanto tempo. Quando foi a ultima vez que nos encontramos mesmo? – quando a loira se encolheu nos braços de Caspian, Lucius sorriu ainda mais – Ah sim, naquele infeliz acidente. Sinto muito, não queria torturar seu guardião na sua frente.
- Seu filho da mãe – ela murmurou completamente irritada e se contorceu nos braços de Caspian.
Lucius sorriu.
- Deveria dar mais educação à elas, Marcus.
- Porque não fala diretamente com a gente, afinal você além de tirar nossa irmã quer tirar nossa opinião também? – provocou arregalando os olhos quando se deu conta que realmente tinha batido boca com ele.
Lucius bateu palmas, se encolheu realmente desconfortável com tudo que estava acontecendo.
- Eu vou ser rápido, parece que não sou bem vindo nessa festa. Eu vou dar alguns dias para vocês, o que acham? Eu realmente não aguento mais essa guerra e quero acabar com ela – ele envolveu num abraço e sorriu para todos os presentes – Afinal, eu tenho a minha arma secreta. Tudo bem, não tão secreta.
olhou para suas irmãs e em palavras não ditas fez um gesto para Liam na frente dela.
fechou os olhos se concentrando tentando fugir de todo aquele lugar e pensar em algo, revirou os olhos e num plano muito mais digno deu um estrondoso grito chamando a atenção de todas para elas.
Liam afrouxou o aperto em .
E ela correu.
- , não – ele gritou, mas já era tarde já estava parada frente a frente com Lucius.
Não, frente a frente com .
- Escuta bem, titio, você pegou nossa irmã. Você acabou com nossa festa, mas não vai acabar com nossa vida. E não vai acabar com as pessoas que amamos. Vamos. Acabar. Com. Você. E sabe da melhor? vai nos ajudar. Porque é a nós que ela ama e quando ela perceber a mesma coisa ela irá te apunhalar pelas costas – sorriu de lado apesar de suas mãos tremerem sobre o vestido que ela segurava com força – Literalmente.
Seu guardião puxou ela para trás dele antes que Lucius chegasse mais um centímetro perto del,a sendo que ele já o fazia parecendo curioso e um tanto encantado.
- Vocês são corajosas, eu admiro isso. Realmente admiro – ele deu um passo para perto delas e três guardiões ergueram suas adagas em sincronia. Ele riu batendo palmas – Fascinante. Vocês dariam suas vidas por elas e não só porque é o que devem fazer – ele encarou Daniel e puxou para o seu lado – Olhe para ele querida – o rosto de Daniel se contorceu de dor, ele se debateu nos braços dos três guerreiros tentando achar uma forma de chegar até ela – Ele a ama. Não creio que você sinta o mesmo, não é? Não quando você já encontrou outro alguém – ele encarou Chad que já tinha se levantado.
- Já chega de se divertir, Lucius. Vá embora ou eu começo essa guerra agora - Marcus anunciou.
- Não, você não vai começar nada, não quando temos humanos nessa sala e suas preciosas filhas não estão prontas – o loiro cruzou os braços ciente disso e suspirou fingindo cansaço, e encarou os presentes. Parou seus olhos sobre as meninas, que estavam mais gelados do que nunca – Uma semana.
- Vá embora, Lucius – Marcus tencionou seu maxilar fechando as mãos em punhos, a ventania na sala aumentou drasticamente.
- Calma irmão, eu só quero que vocês se preparem, não queremos uma luta injusta – ele sorriu fazendo um gesto para seus guerreiros começarem a irem embora – Ah, antes que eu me esqueça, trouxe um presente para minhas sobrinhas tão amadas. Pearse e Germano tragam o Scofield.
olhou para suas irmãs confusa e sentiu um frio na barriga quando Caspian apertou tanto ela que logo ficaria sem ar.
Ouve uma movimentação daquele monte de preto e dois garotos altos e de caras fechadas saíram carregando um corpo, uma gota de sangue pingou direto no chão limpo do salão e ofegos foram ouvidos.
Os dois demônios jogaram o corpo aos pés de Lucius e se retiraram indo para perto dos outros demônios que pela primeira vez na noite sorriam.
- Não, Ian! – gritou em choque e se jogou para frente querendo chegar perto dele, mas Caspian nem se mexeu – Me solta Caspian, é o Ian.
- E atrás dele é o Lucius, você fica.
- Guardião, não se preocupe. Esse é um presente meu para elas – com mais um gesto de mão seus demônios começaram a se retirar ficando somente ele, Chad, e Benjamin. O ultimou olhou para , mas não expressou nenhuma reação.
- , eu preciso tentar. Você é minha filha. Ninguém te julgaria se você...
E só naquele instante Lucius rugiu furiosamente e sombras pretas preencheram a sala.
Mais gritos foram ouvidos e escondeu seu rosto no peito de seu guardião, enquanto fincava suas unhas nos braços de Liam e ainda estava paralisada nos braços de Caspian.
- Ela é minha, Marcus. Acho melhor você começar a se preparar. O tempo já está sendo contado – a voz de Lucius estava tão carregada de mal que fez os presentes se arrepiarem e sentirem o medo na espinha, pelo que Lucius mostrava que era capaz de fazer e faria se fosse preciso. Chad e Ben se aproximaram para poder conduzir para longe dele e os três foram embora sem nem olhar para trás.
Lucius não sorriu como sorriu desde que pusera seus pés naquele lugar. Ele apenas deu um rodopio de negridão e se misturando nas sombras, assim como na sua chegada, mais vidros explodiram e ele desapareceu. No lugar em que ele estava antes, o tão elegante lustre do centro estava despedaçado no chão bem perto do corpo inconsciente do inocente garoto.
Tudo pareceu parar.
Então como se tivessem perdido tempo, a correria começou mais uma vez.
As meninas foram liberadas do aperto e correu direto para Ian se jogando ao lado dele, Jade gritou para chamarem os curandeiros e Marcus foi até os guardiões das Escolhidas parando entre eles e olhando para Daniel que cambaleava depois de solto e caia de joelhos no chão.
- Wellsie, mande um recado para o castelo. Temos uma semana antes da batalha.
Todos tinham voltado a normalidade, mas a mansão ainda estava um caos, com bagunça para todo lado. Alguns anjos se puseram a ajudar os empregados com a arrumação enquanto os outros anjos iam deixando a mansão ou os que moravam ali iam para seus quartos, o que foi o caso das meninas. Depois de se certificarem que suas famílias estavam bem e fora de perigo, foram para seus quartos trocar de roupa e tentar se recuperar emocionalmente do ocorrido. Tomaram banhos quentes e relaxantes, e juntaram-se todas no quarto de que foi a última a sair do chuveiro.
Quando terminou de se trocar, sentou ao lado das irmãs na cama e as encarou. Ficaram bastante tempo assim, apenas se olhando, não precisavam trocar palavras de consolo, o simples fato de estarem perto umas das outras eram suas maneiras de confortar.
- Temos que fazer algo com relação à eles – sussurrou fazendo cafuné em que deitara em suas pernas. levantou a cabeça para encarar a irmã, pois tinha rolado para o chão e estava em seu tapete preto e fofo.
Não perguntaram quem, sabiam muito bem. E como se fossem ligadas mentalmente tiveram a mesma conclusão, e precisavam agir rápido.
- Vamos lá, então – murmurou pulando da cama e calçando suas pantufas de gatinho. As outras concordaram e levantaram para poderem seguir a irmã.
Bateram de leve na porta e ela foi aberta quase que imediatamente, a voz um pouco abafada lhes mandou entrar. Uma atrás da outras elas entraram no escritório de Marcus, logo se sentando nas poltronas de frente para a mesa dele. As paredes de vidro mostravam o céu e como a noite estava magnífica com estrelas mais brilhantes e uma lua minguante tímida.
- Vocês estão bem? – Marcus perguntou suavemente, observando atento os rostos de suas filhas esperando ver algum indício de mal estar, tanto físico quanto psicológico. Mas não houve de nenhuma das três, elas estavam sérias e decididas.
- Queríamos lhe pedir para levar nossa família para um lugar seguro – disse direta como sempre, sua voz estava baixa e meiga, mas seu rosto era duro e sério.
- Eu também quero levá-los. Mas vocês estavam junto comigo e os ouviram dizer que não sairiam sem vocês – o loiro suspirou levantando-se e caminhando até a janela, observando o ir e vir do mar que estava calmo essa noite.
- Não nos importamos com o que eles disseram – falou duramente, fazendo Marcus girar trezentos e sessenta graus e a olhar espantado – Algo muito ruim podia ter acontecido a eles essa noite, e não queremos que isso se repita. Os queremos seguros. Se tiver que os arrastar até lá, faça-o.
- Vocês têm certeza disso? – elas acenaram – Não acho que eles vão gostar dessa ideia.
- Como dissemos. Eles vão, querendo ou não. Pode parecer egoísmo, mas não queremos perder mais ninguém que amamos – falou cruzando os braços.
O anjo piscou algumas vezes, incapaz de acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo e juntou as sobrancelhas.
- Quando querem que eu os leve? – perguntou depois de um longo tempo refletindo sobre o pedido delas. Como se fossem um elas suspiraram aliviadas e então se entreolharam.
- O mais rápido possível. Amanhã à tarde, pode ser? – sugeriu olhando para os três – Teremos a manhã para nos despedirmos. Se quiser, coloque algo que os retarde no café deles, menos nos das crianças, e então quando dissermos tchau não terão forças para replicarem.
- Pensarei sobre como os levarei. Mas está certo então, amanhã a noite eles já estarão seguros no castelo – Marcus falou voltando para sua mesa.
- Esperamos que estejam – e então deram um meio sorriso para o pai, agradeceram e saíram da sala, indo pelo mesmo caminho da outra noite, esperando encontrar novamente a passagem secreta.
As três garotas se encontravam ao redor do livro num triângulo, e estavam lado a lado e na ponta, o fogo aceso nas tochas na parede dançavam ao redor delas como se as apoiando, as incentivando a tomarem a coragem necessária.
colocou a mão sobre o livro.
- Da última vez ele se abriu sozinho, porque essa demora? – ela perguntou começando a ficar preocupada. E se ele não tivesse mais nada para ajudar elas?
- Talvez – colocou a mão em cima do livro e quando as tochas fizerem um barulho como se o fogo tivesse aumentando e então o calor rodeou elas, a loira sorriu e virou para – Sua mão.
olhou para ela confusa e então para o livro e sem pensar mais nenhum segundo colocou a mão sobre o livro.
O fogo se apagou.
Então acedeu novamente com força fazendo as meninas se entreolharem assustadas enquanto o livro se abria num supetão tão inesperado que elas se afastaram enquanto as paginas dele se moviam uma atrás da outra até finalmente parar numa página e as labaredas do fogo voltarem ao normal.
Elas se inclinaram ao mesmo tempo encostando suas cabeças e olhando para o livro. Uma linguagem muito antiga apareceu nas páginas velhas e amareladas do livro, porém no exato momento que elas se perguntaram o que queriam dizer as palavras se embaralharam e quando voltaram a se alinhar estavam na língua natal delas. se inclinou mais para ler.
- É um poema – falou olhando suas irmãs como se para ter certeza que ela não era a única que percebeu isso, quando elas concordaram virou o livro na sua direção para poder ler.
“Quando as trevas chegarem nas Quatro.
Três apenas vão sobrar.
Seu caminho terão que descobrir.
E quando ao Cinza a tentação ceder.
Elas terão que partir.
E encontrar o meio do fim, não saberão por onde começar.
Mas quando encontrarem a si mesmas, encontrarão o poder.
E mesmo quando ele não funcionar, no começo não vão entender.
Mas quando a Quatro se for.
Juntas darão um fim, naquilo que já começou.”
- Que porra é essa? – acabou deixando escapar assim que sua irmã terminou. Elas se entreolharam.
- Anota, rápido – mandou para antes que o livro decidisse que já tinha ajudado demais.
pegou seu celular no bolso da sua calça jeans e no momento que tirou a foto da página como se sentindo ofendido o livro embaralhou as páginas e então fechou.
Elas não fizeram nenhum barulho ou movimento, até que olhou para .
- Conseguiu? – quando a morena olhou no seu celular e soltando um longo suspiro de alivio concordou, todas respiraram aliviadas – O que isso quer dizer?
- Ele fala da gente, certo? – perguntou mais para ela do que suas irmãs, mas mesmo assim esperando elas concordarem – Então somos as quatro.
- Somos – concordaram e juntas.
- Mas... – ela ficou confusa – Cinza?
- Me dá o celular – pediu fazendo um gesto com a mão para o celular de , ela pegou e deu uma olhada no poema – São mais de um Quatro. São as Quatro que deve se referir a gente e A Quatro – ela olhou para suas irmãs, mais uma vez confusa – Alguém que teremos que encontrar?
Elas se entreolharam e olharam para o livro na esperança que talvez ele pudesse responder, mas o livro parecia de birra com elas e nada fez. Suspirando juntas olharam para a espécie de caverna que se encontravam.
- Acho melhor sairmos daqui, esse lugar me dá arrepios – murmurou e como as outras duas achavam exatamente a mesma coisa correram para fora do esconderijo e respirando aliviadas quando chegaram no corredor bem iluminado e de bom gosto.
- Temos que voltar depois e tentar encontrar mais alguma coisa no livro – comentou num sussurro como se até mesmo as paredes pudessem escutar elas.
- Amanhã – concordou – Agora, vamos pensar em como decifrar esse poe... – a voz dela foi murchando quando escutaram passos no final do corredor e se aproximando.
Rapidamente pegou seu celular e guardou no bolso enquanto elas se viraram e sorriam para seus guardiões.
- Estávamos procurando vocês – falou Cas sorrindo docemente, puxando para seus braços.
- Fomos no quarto de vocês e vocês não estavam lá, pensamos que estivessem com fome – Liam abraçou por trás deixando ela se aconchegar nele enquanto André dava um selinho em – Está tudo bem?
- Está – concordou saindo dos seus braços e segurando em sua mão – Mas estamos com fome, nisso vocês acertaram. Vamos.
E quando os três homens riram, elas se entreolharam concordando silenciosamente que por enquanto era melhor manter em segredo.
A árvore do lado de fora do seu quarto fazia uma sombra engraçada no teto, a única claridade vinha da lua que brilhava fortemente mesmo depois da noite um tanto quanto turbulenta que eles tiveram.
Ela não conseguia dormir. Não que o seu quarto não fosse confortável, era mais do que confortável com uma cama grande de casal, ela tinha até seu notebook e um banheiro só para ela, apesar de ser estranho depois de tanto tempo dormindo junto com suas irmãs ter de volta um quarto só para ela, sabia que o corredor deste andar estava com quase todas as pessoas que ela amava. Suas irmãs, sua família e a família delas, seu pai, para todos os casos, era exagerado e colocou eles entre os quartos dos anjos. No andar de baixo estavam a grande maioria dos anjos guerreiros e no andar de cima estavam seus amigos anjos, seu pai e... Seu namorado.
Um sorriso brotou nos lábios de ao pensar nele, pensar no sorriso de Liam, pensar nos olhos dele, nos seus lábios, no seu corpo, em como ele segurava ela perto dele... Era demais para ela. Ele é a melhor coisa que ela poderia querer.
Ficou sentada na cama deixando seus cabelos caírem por suas costas olhou ao redor do quarto se repreendendo pela ideia que acabara de ter. Por favor, ela pensava, não posso estar pensando em algo assim quando minha irmã mais nova acabou de jurar que lutaria contra todos nós. Mas esse era o fato. Se alguém que ela ama tanto havia quebrado todas suas promessas de estar sempre com ela porque ela esperaria o futuro chegar para fazer algo que ela queria desde o momento que bateu seus olhos em Liam?
Querendo deixar de lado toda essa mixagem de sentimentos ficou de pé antes que mudasse de ideia, como alguém poderia ser indecisa e decidida ao mesmo tempo?
Abriu seu closet dando de cara com uma grande quantidade de roupas brancas, a cor branca era meio que o uniforme de todos os anjos e apesar dela e as pessoas mais próximas dela poderem usar outras cores seu, bom, pai deu de presente para ela e suas irmãs uma segunda opção. Seus dedos passaram pelas roupas apenas sentindo a maciez dos tecidos, eram todos tão leves e delicados que ela poderia passar horas escolhendo o que vestir, só que seus olhos se focaram numa roupa um pouco mais escondida e sorrindo ela pegou o vestido.
Parou em frente ao espelho. Ela estava bonita. Mais do que normalmente ela se achava. Os cabelos estavam em perfeita sintonia com a roupa que usava caindo sobre seus ombros e costas, o vestido de seda branco era mais curto do que as roupas que ela normalmente usava. Ele era simples e ao mesmo tempo perfeito com suas ondas graciosas, suas mangas transparentes e o caimento adequado completando com seu colar com um pingente de coração que ela ganhara de presente de suas irmãs e o apertando ela saiu do quarto.
É agora ou nunca, pensou.
Olhou de um lado para o outro para ter certeza que ninguém estava nos corredores mesmo sendo tarde da madrugada, soltou um longo suspiro. Suas mãos tremiam e suas pernas pareciam moles, estava quase desistindo quando escutou uma melodia baixa e delicada de piano, franziu a testa confusa com quem estaria tocando essa hora da noite e seguiu a melodia até uma sala de portas duplas, parou por alguns segundos na dúvida se deveria abrir ou não e então empurrou as portas parando admirada com a visão maravilhosa que ela deu de cara.
Liam estava sentando em frente ao piano, suas mãos se mexiam graciosamente enquanto ele continuava com sua cantiga, os olhos fechados saboreando o som. A janela perto do piano ajudava bastante deixando a luz da lua iluminá-lo e mostrando que ele usava nada mais que uma calça moletom preta deixando a mostra toda perfeição do seu corpo definido.
tentou fechar a porta com delicadeza para não atrapalhar ele, mas acabou fazendo um leve barulho quando as travas da porta se trancaram fazendo Liam parar de tocar e virar o rosto alerta para ela.
- Não pare, desculpa, não queria te atrapalhar – ela sussurrou baixo e envergonhada. E tudo o que Liam fez foi dar um daqueles seus sorrisos brilhantes.
- Eu não sabia que estava acordada – ele comentou serenamente como se não achasse que ela estava atrapalhando ele, e realmente não achava.
- Não conseguia dormir – falou , o tom baixo continuava e ela se desencostou da porta, Liam virou no banco jogando as pernas para fora e ficando de frente para ela seus olhos azuis desceram devagar para o seu corpo e só agora ele percebeu a roupa – ou pouca roupa – que usava.
- Er, hmm – ele pigarreou tentando recuperar a fala e subindo os olhos de volta para o rosto dela – O que posso fazer para te ajudar a dormir?
deu alguns passos mais decididos para perto dele até parar entre suas pernas, Liam levantou o rosto para ela e como se suas mãos tivessem auto controle pousaram na cintura de tentando sentir sua pele por cima do tecido fino do vestido.
- Eu não quero dormir – ela disse, pensaria que estava corando se ela não estivesse mais decidida do que nunca, as mãos de navegaram dos braços de Liam até seus cabelos e então enfiou os dedos naquela negridão.
- E... O que você quer? – ele perguntou, seus lábios numa linha reta e apesar de sua postura meio rígida suas mãos apertando a cintura dela, rodeando sua cintura, subindo por suas costas e descendo novamente para sua cintura falavam as palavras não ditas.
inclinou o corpo apenas o necessário para seu rosto ficar suficientemente perto do de Liam e seus lábios se tocarem. Ela o beijou devagar, sem língua e apenas sentindo a maciez dos seus lábios doces nos dela, ele não negou e acompanhou o beijo delicado e quando se afastou dele, ele a olhou confusa.
- Só adivinhe – foi tudo que ela respondeu descendo suas mãos para os braços de Liam e arrastando suas unhas nele até que Liam ficou de pé um pouco mais rápido do que ela estava acostumada.
encarou seu peitoral, suas mãos delicadamente fizeram o caminho por sua barriga subindo para seu peito e espalmando suas mãos nele levantando o rosto para olhar nos olhos de Liam quando ele demorou a responder.
- Você... Você está falando sério? – ele sussurrou roucamente suas mãos tremiam com a dificuldade de se manterem no mesmo lugar quando tudo que ele queria fazer era explorar o corpo de sua protegida.
- Mais do que tudo – ela concordou subindo suas mãos até seu pescoço e envolvendo ele enquanto se esticava para beijar Liam mais uma vez.
Dessa vez ele tomou o controle, envolvendo sua cintura com um braço apenas enquanto a outra segurava nos cabelos da nuca dela deixando a intensidade do beijo aumentar de acordo com suas necessidades. Eles giraram durante o beijo, as mãos de Liam se mexiam sem controle pelas costas de apertando ela contra si subindo o vestido ao ponto de deixar suas coxas toda expostas, as mãos de não estavam atrás ficando as unhas em suas costas, em seu peito, puxando seu cabelo não deixando ele se afastar, ela não queria que ele se afastasse. As mãos quentes de Liam desceram até as coxas de arrastando, tocando, sentindo sua pele macia e então ele segurou em cada coxa dela com força e lhe deu um impulso para cima fazendo ela sentar em cima do piano e ofegar.
Eles pararam de se beijar e se olharam, logo cortando o contanto quando envolveu a cintura de Liam com suas pernas puxando-o de volta para ela. As mãos de Liam não pararam o trabalho por suas costas, braços e descendo para suas coxas agora completamente expostas, as mãos de estavam presas em suas costas e ela jogou a cabeça para trás quando os lábios quentes de Liam tocaram em seu pescoço sugando e beijando a pele exposta.
Uma mão de Liam segurava firme nos cabelos de puxando levemente enquanto a outra começava a entrar por baixo do vestido apertando sua coxa e subindo. Ela não demorou a responder ao contato, descendo suas mãos para a barriga dele até sua calça moletom puxando o elástico.
Então Liam arregalou os olhos e segurou na mão dela parando o beijo desesperado em seu pescoço.
- O quê? – ofegou .
- Não aqui, não em cima de um piano – Liam murmurou tomando fôlego e encarando firme – Eu não posso fazer isso com você. Eu a amo demais para fazer algo assim.
- Desculpa. O que você disse? – perguntou surpresa prendendo o olhar de Liam no dela.
Ele sorriu de canto de lábios.
- Eu amo você – ele repetiu sorrindo, suas mãos massageavam as coxas delas e sorriu para ele.
- Liam – ela sussurrou e puxou seu rosto para perto do dela e o beijando ansiosamente - Eu. Quero. Você – ela sussurrou entre o beijo envolvendo seu pescoço e apertando mais firme a cintura dele com suas pernas – Agora.
Liam não respondeu, suas mãos continuaram a massagear as coxas dela e então seus lábios estavam em seu pescoço subindo para sua orelha e ele sussurrou:
- Feche os olhos.
Ela fez o que ele pediu. Sentiu seu corpo ser levantado e então o vento passar por ela, ela achou pensar que estavam mais rápidos do que o vento e então quando Liam parou e ela abriu os olhos notou que estavam num quarto que não era o dela, então deveria ser o de Liam.
ficou de pé em frente a Liam. Nenhum deles falou mais nenhuma palavra, levantou os braços e Liam sorriu carinhosamente para ela quando chegou perto o suficiente para segurar na barra do vestido e levantar aos poucos jogando o vestido num canto do quarto. Ele encarou o corpo semi nu da garota, usava apenas uma calcinha e parecia extremamente constrangida.
E apesar de tudo Liam continuava a admirá-la como se ela fosse a coisa mais linda que ele já tenha visto, as mãos dele puderam agora passear por todo o corpo da garota e o encarou um pouco menos envergonhada dando passos para trás até a parte de trás dos seus joelhos tocarem na cama, ela deitou. Seus olhos ainda presos um no outro e as batidas dos seus corações pareciam estar em uma sincronia perfeita.
Apressados.
Fortes.
Apaixonados.
O anjo deitou por cima dela segurando seu peso em seus braços, ele se encaixou entre as pernas da garota sentindo a pele nua, quente e macia dela contra a sua pele também nua, as mãos de desceram timidamente até a sua calça moletom e dessa vez Liam permitiu que ela retirasse a peça de roupa que faltava nele, as mãos dele não paravam, ele queria que ela sentisse. Que ela saboreasse todas as sensações que ele poderia lhe proporcionar. Ele queria amar ela como nunca amou ninguém.
Eles se beijaram mais uma vez.
Se tocaram.
Descobriram toda a região do corpo um do outro.
As últimas peças de roupas que separavam seus corpos de se transformarem em um só foram retiradas.
Ele se encararam. Paixão. Desejo e amor refletidos em seus olhos. Liam entrelaçou suas mãos e colocou-as acima da cabeça de beijando docemente toda a extensão do seu corpo onde seus lábios alcançavam sem soltar suas mãos delas, o corpo de arqueou. Ela queria mais. Ela queria ele. Ela estava pronta.
E Liam sabia disso. Ele subiu de volta ainda distribuindo beijos por seu corpo e então parou até seus olhos se encontrarem mais uma vez. Ela sorriu para ele.
E num beijo delicado Liam e consumaram o seu amor.
XIX – Em busca do poder
Os fracos e delicados raios solares de uma nova manhã conseguiam entrar pela fresta da cortina e chegarem até os dois morenos deitados na cama grande de casal.
estava com a cabeça no peito nu de Liam e uma das pernas sobre a sua enquanto ele a envolvia docemente pela cintura parecendo no sono mais profundo dos anjos.
Só que a claridade começava a incomodar a morena que preguiçosamente abriu os olhos se remexendo na cama, e quando o braço de Liam apertou automaticamente ela mais forte a garota parou e sorriu ao lembrar o que tinha acontecido.
Cada parte do seu corpo estava dolorido, e apesar da dorzinha, era uma dor boa, porque a fazia lembrar-se do que aconteceu na madrugada.
Ela virou o corpo para poder encarar Liam e sentiu o lençol de seda escorregar até sua cintura a fazendo automaticamente puxar para cima, quando percebeu que estava nua e revirou os olhos. Como se seu namorado não tivesse visto muito mais do que apenas seus seios há poucas horas atrás.
Encarando o rosto doce e adormecido de Liam, traçou com uma mão a barriga nua dele levemente para não lhe acordar, ela queria ter algum tempo sozinha com seus pensamentos e queria ele perto dela também.
Passou a mão em seu braço definido não só pelos treinos, mas também pelas lutas que ele já participou e encontrou alguns arranhões que ela fizera nele e gostando de saber que de alguma forma tinha deixado sua marca em seu namorado, finalmente olhou para seu rosto tocando em seus lábios e vendo ele dar um sorriso tranquilo e ronronar aconchegando-a nele.
Nossa, ela estava completamente apaixonada por Liam Gray.
Gray.
Quando o sobrenome do seu amado se repetiu diversas vezes em sua mente, assim como a claridade do sol aumentando cada vez mais, ele pareceu clarear sua mente também.
Tentando sair dos braços de Liam sem acordá-lo, puxou um travesseiro para colocar no seu lugar e lhe dando um selinho ficou sentada na cama se enrolando no lençol, tentando lembrar do poema já que estava sem seu celular.
Ela lembrou do trecho que pareceu se encaixar nesse momento.
“E quando ao Cinza a tentação ceder.”
É claro.
Gray. Seu namorado era o Cinza. Ele havia cedido a tentação quando aceitou amá-la.
Como não percebeu isso antes? Era por isso que a palavra estava em letras maiúsculas. Ela se referia a uma pessoa.
Forçando a sua mente a lembrar o resto do poema ela lembrou que ele falava coisas como encontrar seu caminho e encontrar a si mesmas e falava sobre O Poder também.
Então a ficha caiu.
O poema não era apenas um poema. Era uma profecia. Falava delas, ele mostrou o passado que era quando Três do que era antes Quatro escolhidas sobrou. Falou sobre o presente que era seu protetor caindo na tentação com ela e então sobre o futuro.
Ela precisava contar a suas irmãs.
Ficando de pé com o maior cuidado procurou suas roupas espalhadas no chão pelo quarto e olhou mais uma vez para seu guardião, namorado e amante deitado na cama abraçado ao travesseiro que ela antes encostava a cabeça.
escreveu um rápido recado avisando que estava no quarto de uma de suas irmãs falando com elas e que ele estava lindo demais dormindo para lhe acordar, colocando o recado em cima do travesseiro ela colocou seus dedos sobre sua boca beijando-os e então sobre a boca de Liam saindo do quarto antes que mudasse de ideia e mandasse todos os problemas para longe dela e de todos.
O silêncio contaminou a sala. Elas tinham acabado de contar todas as descobertas que tiveram depois de encontrarem o misterioso livro e da de naquela manhã.
Caspian apertou com força a coxa de que estava no seu colo, os dois na sua cama. Liam que abraçava por trás tinha a virado contudo para poder encará-la, e André piscava constantemente fitando que mordia o lábio.
- Não tem problema. Quando querem partir? – perguntou Cas, ainda apertando , apesar de não ser com força suficiente para machucá-la, era um incômodo para a loira porque sabia que o guardião estava tenso.
- Pretendemos ir amanhã – respondeu suavemente. Ela estava mais tensa que Liam, porque sabia como o namorado reagiria quando soubesse que não iria.
- Tudo bem então. Precisam que preparemos algo? – André perguntou puxando a mão de para si e acariciando, mas isso não deixou a tensão do corpo dela, que sorriu triste para o namorado, ele não entendeu.
- Não, nós três organizaremos nossas coisas hoje – foi quem falou novamente, olhando para Liam, ela não queria dizer as palavras, mas eles não estavam entendendo.
- Então arrumaremos as nossas também – Liam disse sorrindo ternamente, mas a morena não correspondeu o sorriso, então ele murchou o seu e franziu as sobrancelhas – o que?
- Não precisam arrumar as coisas de vocês – falou e então passou os dedos suavemente pelos cabelos loiros do namorado, que a encarou confuso – Porque vamos sozinhas.
- Não, não vão – Liam falou imediatamente, como se esperasse aquilo, e então soltou as mãos de afastando-se um pouco – Precisam de proteção.
- O que precisamos é aprender a sobreviver sozinhas – falou cortando o que falaria – Não podemos depender de vocês para sempre.
- Claro que podem. Eu não me incomodo nem um pouco com isso, muito menos os outros – Cas disse e lhe deu um tapa olhando feio para ele.
- Eu não vou ficar atrás de sua sombra sempre – resmungou e então virou o rosto quando ele ia desculpar-se, levantou e foi para trás encostando-se na parede perto de e Liam – O que vocês três precisam entender é que nós somos As Escolhidas. Somos nós que equilibramos o mundo. Nós que temos o poder de salvá-lo do mal, então precisamos saber nos cuidar sozinhas, não acham? Ou pensam que na batalha poderão nos esconder dos outros? Serão muitos para podermos cuidar da segurança de mais alguém além da nossa. Então vocês terão de aceitar – ela suspirou e escorregou da parede para o chão, encolhendo as pernas e as abraçando.
Eles ficaram em silêncio mais uma vez. Fitavam suas namoradas, uns aos outros, o nada. Tentando processar tudo aquilo.
- Eu não suportaria... – sussurrou André apertando a mão de , sem precisar terminar a frase.
- Nossas asas cresceram, precisamos que nos deixem aprender a voar por nós mesmas. Como os passarinhos – falou se aproximando de Liam e passando as mãos ao redor de sua cintura, enterrando o rosto em seu peito.
- Já falaram com o pai de vocês? – perguntou Cas num tom de voz que demonstrava que ele havia cedido, voltou o olhar para ele e um levíssimo sorriso brotou em seus lábios, ainda estava chateada com o que ele dissera, por isso não queria demonstrar a alegria da decisão dele.
- Falamos. Ele concordou conosco e nos prometeu ajudar no que puder – falou – Viu? Ele está tomando a decisão certa. Está nos jogando para fora do ninho para aprendermos, com a condição de estar atento a qualquer deslize no qual precise nos resgatar – usou o mesmo exemplo de , e devolveu o aperto na mão de André, que fechou os olhos e acenou com a cabeça. sorriu e o abraçou.
- Tomará cuidado? – a voz de Liam abafada pelos cabelos de proferiu, uma de suas mãos estava na cintura da morena e a outra na parte de trás de sua cabeça, para puxá-la mais para si.
- Cuidado é meu segundo nome – brincou, mas apertou os braços mais forte na cintura de Liam.
E então ele suspirou e ela soube que ele havia cedido.
A sala de conversação, era como os anjos chamavam essa sala, era uma sala comprida com as portas abertas dando para um organizado jardim de verão com flores de todas as cores. Os sofás eram beje e espalhados pela sala com pinturas de outros séculos nas paredes e uma mesinha de vidro no centro com um vaso elegante de flores brancas.
As famílias , e estavam reunidas na mesma sala sentados pelos sofás e poltronas encarando as três garotas que em pé em frente da porta dupla de madeira pareciam mais velhas do que aparentavam, mais sérias, mais responsáveis do que nunca foram antes.
As três olharam para o relógio em cima da parede, como princesas tinham todo o direito de ficarem quanto tempo desejarem falando com suas famílias e como filhas, primas e irmãs também sabiam que não conseguiriam ficar muito tempo com eles sem deixar escapar nada. Então pediram dez minutos.
E o relógio pareceu fazer um grande barulho quando um minuto passou.
- Está tudo bem? – perguntou Henry encarnado as garotas parecendo confuso.
- Está, queremos contar a vocês que vamos fazer uma pequena viagem – começou sorrindo para Nicolas que sentando no colo da sua mãe acenou para ela com toda sua doce inocência.
- Os garotos vão com vocês? – Pérola quis saber apertando a mão de seu marido e alisando os cabelos de Becky com a outra, qualquer mãe saberia que algo estava errado logo que olhasse para a cara de suas filhas.
- Nós voltaremos logo, temos uma batalha para ganharmos então não se preocupem – desviou do assunto.
- O que está acontecendo, realmente? – perguntou Stephanie apertando Nicolas já sentindo o que estava acontecendo – Vocês não esperam que a gente vá embora e deixem vocês sozinhas.
- Não estaremos sozinhas – cruzou os braços – Estaremos com nossos protetores e todos os anjos que morreriam por nós.
- Vocês não podem nos obrigar a irem embora, lutaremos com vocês – Beto foi firme batendo o punho em sua perna. sorriu para ele, seu pai sempre fora um herói para ela, mas nesse momento ela queria ser uma heroína para ele.
- Eu não quero que você fique sozinha, Cole – Nicolas correu até a sua irmã mais velha a abraçando pelas pernas.
Becky choramingou assustada e escondeu o rosto no colo da tia.
- Quando a luta começar, vocês não podem estar presentes, não conseguiríamos lutar sabendo que vocês estão correndo perigo. Não podemos nos concentrar dessa forma – falou fazendo carinhos nas costas de Nicolas quando sua irmã o pegou no colo.
A senhora ficou de pé.
- , vamos ficar com vocês – ela disse firme.
A porta foi aberta com força fazendo todos levarem um susto e Jason que até então conversava com sua mãe entrou assustando a todos.
- Eu quero lutar, por favor, me deixem lutar, já levaram minha irmã não posso deixar o mesmo acontecer com vocês.
O desespero estava presente na sala.
O ar da despedida, não só tirava lágrimas delas como de sua família também, se sentiu horrível porque sua mãe não tinha ninguém para abraçar do mesmo jeito que as mães de e tinham, quando Becky correu até sabendo que a hora de poder falar “até logo” era agora todos ficaram de pé prontos para recusarem qualquer coisa que elas falassem.
Eles nunca que deixariam suas filhas sozinhas para lutarem.
- Amamos vocês, lembrem-se sempre disso e voltaremos a nos ver assim que a luta acabar – falou com lágrimas nos olhos enquanto suas irmãs abraçavam as duas crianças.
- Não – falou Beto com toda sua firmeza.
apertou Becky mais contra ela e fez um sinal com a mão para vários anjos entrarem na sala pela porta dos fundos, cada um se colocou atrás de um dos parentes delas e logo tocou no ombro deles antes que eles pudessem fazer qualquer movimento.
E então eles adormeceram suavemente.
- Becky, meu amor, você vai com Jaime e James agora ok? – levantou o rosto molhado de lágrimas da sua prima e sorriu para ela – Vamos nos ver em breve, eu prometo.
- Promete? – ela choramingou.
concordou com um aceno de cabeça se mantendo forte.
- E você também meu bebê, eu quero que você seja um homenzinho e cuide da mamãe e do papai enquanto eu estiver fora, você pode fazer isso para mim, Nicolas? - sorriu para seu pequeno irmão afastando seu rosto rosadinho do ombro dela e acenando com a cabeça para mostrar que estava tudo bem.
Ele choramingou e concordou.
- Cole, cadê seu anjinho? Eu quero que ele cuide de você e da ... E da e de todo mundo.
riu e olhou para trás como se procurasse Liam e viu ele num canto com Caspian e André já com em seus braços.
Ele acenou com a cabeça e olhou para Nicolas.
- Todos vamos cuidar delas Nicolas, e traremos elas de volta para vocês – ele prometeu firme e colocando a mão sobre o peito num juramento e como se Nicolas realmente entendesse concordou com um aceno de cabeça.
Jaime e James se aproximaram.
- Chegou a hora gente – falou James acenando para Becky – Está pronta para voar de novo querida?
Ela olhou para esperando que sua prima mudasse de ideia, mas sorriu para ela e lhe dando um beijo na testa empurrou ela para James.
- Eu amo você priminha vá e cuide de nossos pais até eu voltar.
- Volte logo então ok? – choramingou Becky enquanto James puxava ela para seu colo. riu e concordou – Não demore, não gosto de ficar sem você.
- Sua vez, Nicolas – Jaime acenou para ele docemente abrindo os braços, ele se apertou contra a irmã.
- Promete que não demora?
- Prometo.
- Juramento do dedinho?
riu e mostrou o dedinho para ele entrelaçar quando ele fez ela beijou o dedinho dele.
- Amo você, Cole. Fica perto do seu anjinho para não se machucar.
- Eu também amo você, Nicolas – dando um beijo na testa dele ela entregou o garoto para Jaime.
olhou para os outros anjos.
- Vão e mandem uma guarda toda ficarem com nossas famílias até a batalha acabar.
- E eles estão ordenados a trancarem eles em quartos se eles tentarem fugir.
olhou horrorizada para .
- Sem machucá-los, claro.
Quando os anjos concordaram e se viraram para voar para longe, para um lugar de segurança com as pessoas que elas mais amavam no mundo elas se entreolharam procurando conforto na única família que elas teriam por perto enquanto a batalha durasse.
Elas mesmas.
Se jogando nos braços uma das outras choraram.
XxXx
A loira deu duas batidas leves na porta e a entreabriu colocando a cabeça para dentro do quarto.
- Oi – disse Ian sorrindo para , ele estava deitado na cama, os cobertores negros puxados até o pescoço apesar da brisa fresca que tinha ao lado de fora.
- Oi gato, como está? – ela falou com todo seu jeito descontraído, entrando no quarto e fechando a porta.
- Melhor. Os curandeiros disseram que amanhã já poderei andar normalmente e que o inchaço irá sumir em dois dias – ele sorriu um pouco mais abertamente, e seus olhos quase se fecharam por conta do seu rosto ainda inchado. Ela se aproximou da cama e sentou-se ao lado do moreno, passando a mão pelo seu cabelo.
- Fico feliz com isso... – disse parando o carinho e pousando sua mão reconfortantemente sobre a dele – Você se importa de falarmos sobre o que aconteceu?
- Nem um pouco. Não com você – falou sorrindo de lado, a loira devolveu o sorriso, mas ficou em silêncio, esperando ele começar. Com um suspiro ele soltou – Bom, eu fui punido. Era da turma de Lucius, mas depois de te conhecer não quis mais ser, não queria lhe fazer mal, e se continuasse ali eu sabia que teria. Eu esperava isso, você conhece Lucius, não deixaria ninguém sair normalmente de seu time. Ele disse que eu era o exemplo do que não fazer, que aconteceria o mesmo com os outros se repetissem meus atos – ele levemente levantou os ombros para mostrar que não se importava e fez careta quando apenas esse movimento machucou seus músculos ainda doloridos.
- Oh Ian, sinto tanto – se jogou em Ian, lhe abraçando suavemente para não machucá-lo, encaixou a cabeça no vão de seu pescoço e ele passou as mãos na sua cintura – Foi tudo culpa minha.
- Claro que não, loira – ele retrucou baixinho já que estavam próximos – fui eu quem se apaixonou.
A declaração deixou a loira sem reação, por isso ela simplesmente aconchegou-se mais ao moreno que lhe deu um terno beijo na testa.
- Queria ter te conhecido antes de toda essa coisa. Eu com certeza te pegaria de jeito – a loira brincou e os dois riram.
- Eu também queria – Ian falou e fechou os olhos. Daria tudo para poder fazer isso. Acrescentou mentalmente.
Eles continuaram conversando sobre mais coisas até resolver que era hora de voltar ao quarto para terminar os preparativos para o dia seguinte e se despediu do amigo.
Eyes of Grace - Enation
Watch the city lights
(Olhe as luzes da cidade)
As they shine
(Enquanto elas brilham)
Watch the shadows crawl
(Olhe as sombras rastejarem)
On the ground tonight
(Pelo chão hoje a noite)
I'll give you anything you want
(Eu lhe darei o que quiser)
Just give me everything I need
(Só me dê tudo o que eu preciso)
Assim que abriu a porta pulou quase três metros de susto ao ver Caspian sentado em sua cama abraçando seu Stitch de pelúcia e com cara de arrependimento.
- Deus! Não faça mais isso Caspian – ela resmungou fechando a porta.
- Estava onde?
- Não que eu lhe deva satisfações. Mas com Ian – respondeu fria e foi na direção do banheiro.
Ele fez careta quando ouviu o nome do garoto, porém não disse nada. Pulou da cama e a seguiu, mas parou quando a porta bateu na sua cara. Respirando fundo ele encostou as costas nela e escorregou até o chão.
- Está chateada comigo? – perguntou cautelosamente. Não queria que sua situação se agravasse.
- O que acha? – a voz de foi séria e saiu abafada por causa da porta fechada, mas a frieza o atingiu como se estivessem frente a frente.
A loira terminou de tirar a roupa e soltou o rabo de cavalo, abriu o Box e ligou o chuveiro.
- Eu... – Caspian ia começar seu discurso de desculpas, mas o chuveiro o impediu, ele sabia que seria inútil falar dali, pois ela não ouviria, então levantou e colocou a mão na maçaneta. Girou. E a porta abriu, não estava trancada. Isso só podia ser um sinal.
Sem se preocupar em não ser notado, entrou e fechou a porta, agora sim a trancando, e tirou sem pressa todas as peças de roupa que tinha no corpo. Abriu o Box e entrou ficando na extremidade oposta a da loira. estava de costas debaixo do chuveiro e lavava os cabelos que estavam bem maiores desde o começo de tudo.
- Desculpa – ele sussurrou e ela se virou parecendo nem um pouco surpresa e o encarou sem expressão – Não devia ter falado aquilo.
- Não mesmo – respondeu fria, apesar de seu corpo estar pegando fogo só de olhar seu guardião.
- Mas você também precisa me entender, amor, que eu estou preocupado com você. Não suportaria saber que algo aconteceu com você porque eu não estava por perto para te ajudar. Eu não sobreviveria sem você ao meu lado. Então é compreensível eu não querer deixá-la viajar sozinha – ela ia retrucar, mas ele levantou o dedo a impedindo – Mas também entendi e aceitei o fato de que você precisa ser autossuficiente. Não é por isso que a angústia de te deixar partir vai diminuir, mas eu cedi por você. Porque te amo.
Por um tempo continuou sem expressão, mas então, um enorme sorriso brotou em seus lábios, esticou os braços e Cas imediatamente a abraçou e por consequência molhou-se.
- Eu também te amo – sussurrou no ouvido do loiro antes de beijá-lo ardentemente.
Passaram o resto da noite juntos no quarto da loira, brincando, conversando, se amando. Apenas aproveitando a companhia um do outro. Antes que ela fosse embora.
Don't leave me now
(Não me deixe agora)
Don't fail me now
(Não me desaponte agora)
You're all I see
(Você é tudo o que eu vejo)
You're everything
(Você é tudo)
As roupas estavam espalhadas pela cama de casal da morena e não tinha um único lugar em que não tocassem, sendo assim, estava ajoelhada no tapete fofo em frente a cama com os cotovelos sobre o baú que ficava entre a cama e onde ela estava, com um bico nos lábios encarava suas roupas jogadas.
Usando apenas um blusão cinza que usava em dias de tempestades em sua casa cobrindo até a altura de sua bunda e com uma calcinha short da mesma cor, parecia bem a vontade com os longos cabelos molhados, mostrando que ela tomou banho recentemente, descansando em suas costas.
Ela nunca tinha viajado sozinha, nem mesmo só com suas melhores amigas e agora faria a mais perigosa viagem de todas.
- Devia levar um casaco, para o caso de fizer frio e não tiver como se aquecer.
não deveria, mas levou um susto quando a voz de Liam chegou até ela e virando o rosto encarou seu namorado na porta do quarto encostado despojadamente contra a parede com as mãos nos bolsos da calça jeans.
- Bem pensado – concordou a morena pegando um casaco e colocando dentro da mochila que ela tinha ao seu lado.
Liam deu um sorriso olhando sua protegida e suspirando caminhou a passos lentos até parar de pé ao seu lado não segurando o sorriso quando ela levantou o rosto e deu um sorriso para ele logo levando suas mãos até sua calça e puxando para fazê-lo sentar.
- Você fazia a mesma coisa quando era pequena – ele comentou ficando ajoelhado ao seu lado fazendo virar para seu namorado, curiosa.
- É estranho namorar comigo quando você me viu crescer? É quase como se você fosse um irmão ou algo assim.
- Pondo desse jeito é nojento – Liam riu e riu junto concordando – E não, a mulher por quem eu estou apaixonado não é mais aquela criança.
tentou fingir que não tinha percebido, mas sabia que a hora da conversa tinha chegado e mesmo sendo de fugir de assuntos não agradáveis teria que conversar com ele sobre sua viagem.
- Liam, eu...
- Espera – ele levantou a mão interrompendo, virou de frente para ela e quando ela fez o mesmo ele relaxou sentando no chão com seguindo seu exemplo, Liam tirou algo do bolso e deu em sua mão.
Uma adaga.
A adaga era simples como todas as outras, com o cabo dourado com pedrinhas de diamantes na ponta. Ela olhou para ele mostrando confusão.
- Os guerreiros ganham uma adaga dessas quando estão preparados para a luta. Essa foi minha primeira adaga e agora – ele fechou a mão dela envolta da adaga e olhou para suas mãos e então para seu rosto com os olhos lacrimejando.
- Liam, eu não posso aceitar, ela é importante para você.
- Não tanto quanto você , eu estou dando o máximo de mim para não te amarrar nessa cama agora mesmo e impedir que você vá – ele suspirou tristemente desviando os olhos do rosto dela para ela não ter que ver sua fraqueza -, mas eu não posso e a única coisa eu te peço é que tome cuidado. Eu amo você com todas as minhas forças, então, por favor, volte para mim.
fungou apertando a adaga contra seu peito e olhando naqueles brilhantes olhos azuis.
- Eu vou voltar Liam. Eu vou voltar, porque eu a-
- Não! – exclamou o moreno assustando e levando seus dedos até a boca da namorada para ela não continuar a falar – Não fale. Eu não quero ouvir, parece que você está se despedindo de mim, eu não vou aguentar ok?
concordou com um aceno de cabeça e quando ele teve certeza que ela não falaria tirou as mãos dos lábios dela descendo até seu pescoço e massageando levemente.
A morena fechou os olhos se sentindo numa perfeita calma e sorriu logo abrindo eles para encarar seu protetor aos dizer as próximas palavras:
- Façamos assim então, quando eu voltar. Não, quando vencermos essa batalha eu vou correr para seus braços e vou dizer o que você não deixou eu dizer agora. Trato?
Liam concordou, um daqueles seus sorrisos maliciosos ameaçando aparecer.
- Mas eu não falei nada sobre você não poder mostrar.
olhou para ele surpresa e então dando uma gostosa gargalhada o empurrou pelo peito jogando-o sobre o tapete, Liam caiu tão devagar que ela pode ver seus cabelos negros sendo jogados para trás e seus músculos se tencionando quando seus braços foram parar na cintura de . Ela deu uma risadinha e sentou sobre sua barriga, uma perna de cada lado do seu corpo e suas mãos caminharam delicadamente para dentro da blusa dele, Liam levou suas mãos para as costas da morena subindo e descendo carinhosamente enquanto ela se inclinava sobre ele fazendo seus cabelos agora quase secos caírem nas bochechas e ombros de Liam e sorrindo ela o beijou.
E o amou.
E sem falarem mais nenhuma palavra deram o seu cálido... Até logo.
Watch the rain drops cry
(Assista as gotas da chuva enquanto elas choram)
I've got nothing left but you tonight
(Eu não tenho nada além de você essa noite)
I'll give you everything I am
(Eu te darei tudo o que sou)
Just give me every part of you
(Só me dê cada pedaço seu)
Uma batida suave na porta fez a Escolhida mais velha virar o rosto e sorrir para seu namorado.
Ele tinha um sorriso tímido presente nos lábios, não sabia se entrava ou se saia do quarto e suas mãos não paravam de se mexer nervosamente.
- André – chamou rindo baixinho dele – Está tudo bem?
Ele concordou e então tomou a sábia decisão de finalmente entrar no quarto, a morena que até então assistia um filme distraída. Seus pensamentos estavam no dia seguinte ao invés do filme que ela nem sabia o nome, só que tentando não preocupar seu guardião fez de conta que assistia o filme sem nome há horas.
- Posso me juntar a você?
Dengosa, ela concordou abrindo espaço na cama para ele e logo o moreno se aninhava sobre os cobertores puxando a namorada para seus braços fazendo carinhos em seus cabelos para relaxar e relaxá-la também.
- Você não precisa fingir que não está com medo, – ele sussurrou suavemente contra sua cabeça, seu hálito quente soprando contra o rosto dela – Porque eu também estou. Eu odeio ter que ficar longe de você e odeio ainda mais o fato que sei que tenho que ficar longe de você.
Ela suspirou e pareceu se esconder ainda mais nos braços dele.
- Eu gostaria de poder prever o que vai acontecer, de saber que no final vai ficar tudo bem... Mas não posso. E é uma droga.
A risada nasalada escapou dos seus lábios e logo ele estava rindo também roçando o nariz contra seus cabelos para memorizar seu cheiro tão doce e delicioso.
- Como eu vou ficar sem você? – ele sussurrou e então soltou um suspiro – Não, eu não vou ficar sem você – André parecia estar travando uma batalha particular e tentando lhe acalmar levantou o rosto e colou seus lábios contra os dele suavemente.
Abriu os olhos e aqueles olhos tão verdes a encaravam admirados.
- Vai ficar tudo bem – ela disse tocando em sua bochecha fazendo André encostar o rosto contra a palma de sua mão e concordar.
- Vai ficar tudo bem.
E então num emaranhando de abraços, juntos, passaram aquela noite no acalento um do outro.
Don't leave me now
(Não me deixe agora)
Don't fail me now
(Não me desaponte agora)
You're all I see
(Você é tudo o que eu vejo)
You're everything
(Você é tudo)
I'll give you anything you want
(Eu lhe darei o que quiser)
Just give me every part of you
(Apenas me dê cada pedaço seu)
XxXx
Na manhã seguinte na mansão de Marcus o silêncio estava presente em cada canto, o sol estava nascendo não muito longe e todos os anjos estavam reunidos nos jardins logo atrás de Marcus, Jade e os guardiões das Escolhidas.
Marcus passou a frente encarando suas três filhas, as garotas pareciam estar levando realmente a sério. Todas vestidas de calças jeans, blusas de algodão e tênis com as mochilas no ombro, estavam prontas para qualquer coisa.
- Não demorem e prestem atenção para onde vocês forem, tomem cuidado e voltem sãs e salvas.
- Prometemos – falou sorrindo docemente para ele colocando sua mão sobre a dele, fez o mesmo e passou a frente delas.
- Acho que queremos te pedir desculpas – falou encarando suas irmãs para ver se elas tinham certeza, elas concordaram e a garota continuou, sorrindo: - você é nosso pai e sabemos disso agora.
Marcus sorriu, parecendo iluminar não só ele como a todos por perto e abriu os braços puxando as três para perto.
- Vocês não sabem o quanto eu estava esperando para ter minhas filhas em meus braços.
Alguns segundos no qual todos sabiam que não deviam interromper, os quatro se abraçaram e Marcus pareceu relutante em soltá-las, mas se afastou e sorriu como se aprovasse e se orgulhasse delas.
- Não demorem – ele pediu.
- Garotas – Jade passou a frente correndo até eles, Daniel estava atrás ficando no lugar dos gêmeos enquanto eles não voltavam – Estou tão orgulhosa de vocês, por favor, tomem cuidado.
- Não se preocupe, vamos tomar tia Jade – sorriu para ela lhe abraçando e logo sorrindo para Dan – Você vai ficar bem sem a gente?
Ele deu um sorriso fraco e concordou, o loiro parecia abatido e sem o seu brilho de sempre e mesmo assim estava ali de pé como um verdadeiro guerreiro.
- Se apressem – ele falou.
Os próximos a darem seu até logo foram André, Caspian e Liam que tentavam dar sorrisos, mas seus rostos perfeitos acabavam formando uma careta.
- Boa tentativa – comentou rindo e segurando na mão de Caspian massageando levemente com seus polegares para acalmar ele – São só alguns dias.
- É, vocês não precisam se preocupar nem vai dar tempo de sentirem nossa falta – falou enquanto rodeava com os braços a cintura de Liam e se encaixava no seu corpo para relaxar ele.
- Vocês prometem ligar qualquer coisa? – pediu André puxando para seus braços desesperado para não soltar ela.
- Ah! O que nos lembra – se afastou dele gentilmente e olhou dele para os garotos – Se a marca de vocês arderem. Não. Vão. Atrás. Da. Gente – ela falou pausadamente fazendo os meninos arregalarem os olhos e se afastarem delas – Exceto se arder isoladamente, então é porque aconteceu algo e estamos afastadas.
- Vocês pedem para deixarmos vocês irem e então soltam uma dessas? – exclamou Liam tentando se afastar de , mas ela se apertou mais contra ele.
- Devemos voltar em cinco dias, menos, provavelmente – lembrou a morena sutilmente.
- Só pode ser brincadeira – Caspian parecia realmente irritado, suspirou, seu namorado devia parar de se estressar com tudo relacionado a ela.
- Já passamos dessa fase e já estamos prontas para partir, não querem que vamos brigadas com vocês né? – alertou batendo o seu indicador contra o peito de Caspian – Agora vem cá e me abraça.
Os três guardiões se entreolharam e soltando suspiro cederam a elas.
- Eu te amo, . Volte logo – pediu André dando um beijo carinhoso no topo da cabeça dela.
Ela concordou sorrindo.
- Volto num piscar de olhos.
- Eu amo você, tome cuidado ok? – falou Liam esfregando suas grandes e quentes mãos para cima e para baixo em ambos os braços de .
- Você pode falar e eu não posso nem sequer começar a dizer, por quê? – ela fez bico fazendo ele rir e então soltar um lamento cheio de angustia. deu uma espécie de sorriso que poderia ser considerada angelical e o abraçou mais forte do que ela achava ser capaz – Eu vou voltar para você, Liam. Trato é trato e eu não descumpro minhas promessas.
O moreno suspirou parecendo relaxado com as palavras da sua namorada e então a puxou novamente para seus braços querendo manter ela ali, protegida para sempre.
- Loira, se alguém chegar perto de você lembre tudo que eu te ensinei e acabe com ele – Caspian pediu realmente nervoso apertando contra ele. Ela riu.
- Cas, basicamente só teve uma coisa que você me ensinou e eu não vou usar isso contra alguém que não seja você – ela piscou rindo maliciosamente e fazendo Caspian olhar firme para ela – Tudo bem. Eu vou acabar com qualquer um que me ameaçar.
- E te ameaçar inclui pensamentos de querer fazer o que nós fizemos a noite passada – ele riu e logo ela também riu dando um beijo rápido em seu pescoço – Não demore, amor e lembre que eu amo você.
- Eu também Cas, eu também – suspirou escondendo o rosto contra o peito dele e deixando o sorriso murchar.
Quando as despedidas acabaram as três irmãs subiram nos cavalos que as levariam até sua escola onde pegaram um carro e partiriam em busca do seu caminho, ou seja lá o que elas iriam procurar.
Os anjos presentes se curvaram respeitosamente perante elas sussurrando palavras desconhecidas, mas que as reconfortaram e dando mais uma olhada para as pessoas na frente de todos eles, elas bateram os tênis na lateral dos cavalos e fazendo barulhinhos como de beijos partiram para longe.
Os cavalos as levaram até o colégio, e elas tiveram uma surpresa ao encontrar uma ruiva vestida despojadamente, com uma calça de malha preta e um blusão de frio gigante com estampa de Paris, os cabelos vermelhos presos num coque e sapatilhas no pé. Bom, era de se esperar já que normalmente os alunos estariam acordando preguiçosamente agora, mas então as meninas se lembraram de que Marcus havia dito que os Nephilim estavam treinando mais para lutarem também.
Ao seu lado estava Helena com as mãos para trás numa postura que demonstrava toda sua elegância e que a deixava parecida com Marcus, seu irmão.
Desceram dos cavalos e os amarraram em árvores como Helena as instruiu, quando finalmente pararam de frente à elas, as duas se curvaram respeitosamente. As meninas, já meio acostumadas com isso, sorriram em resposta para elas que se endireitaram logo.
- Bom meninas, eu tenho o transporte para a continuação da viagem de vocês. Marcus me falou sobre a viagem ontem à noite e me pediu para providenciar um carro para vocês, já que lá eles não têm nenhum – Helena disse docemente.
- Obrigada, será uma grande ajuda – disse sorrindo e então olhou para Lindy mas não quis ser inconveniente. Ela não foi, mas sua irmã sim, como era de sua especialidade.
- Oi Lindy, o que faz aqui? – perguntou direta e todas riram.
- Eu tenho informações que podem ajudar na busca de vocês – a ruiva deu de ombros colocando as mãos no bolso do blusão.
- Podemos conversar no caminho até os portões do colégio? Não temos tanto tempo para papear – pediu , Helena concordou prontamente com a morena e as pediu para segui-la.
- Quando quiser Lindy... – deixou no ar quando elas já estavam em movimento a um tempinho, lhe deu um tapa no braço e um olhar que pedia mais gentileza e educação.
- Na minha infância, eu morei num bairro mais afastado, que tinha mais pessoas como nós. Nephilins, e até alguns anjos frequentavam ali. E você sempre ouve histórias de seus avós e pais sobre boatos, não é? Vocês eram umas dessas histórias. Bom, eu cresci ouvindo um bastante curioso. O boato dizia que há séculos atrás foi criada uma arma que equilibraria tudo. Mas, que ao passar do tempo, as trevas a roubou de onde quer que ela estivesse, e a arma permanece com as trevas até hoje. Essa arma, é a coisa mais poderosa que existe no nosso mundo, e se ela for usada pelas trevas na guerra final, acho que o resultado não vai ser bom...
- Nossa, isso é definitivamente útil para nós Lindy – comentou , espantada com a história – Mas, você sabe de alguma coisa que possa nos levar até onde as trevas guarda essa arma?
- É aí que a ajuda fica ainda mais interessante. Outro boato é de que existe um homem, um profeta, que sabe exatamente a localização da arma. Mas, ele vive no lugar mais sombrio da cidade, onde metade dos moradores são maus.
As três não responderam nada de imediato, se entreolharam debatendo em silêncio, e então juntas acenaram discretamente. Elas pararam de frente ao range rover que lhes seria emprestado e então endireitou a postura e falou:
- Nos diga onde é esse lugar – falou confiante com a voz firme, para mostrar que elas estavam mesmo decididas a encontrar aquela arma e ganhar a guerra.
Lindsay passou as informações que sabia sobre o local e logo depois elas se despediram das duas e partiram rumo ao seu destino.
Elas passaram reto para fora do colégio, para longe da sua cidade e todos os lugares que conheciam. Quando viraram, entraram numa estrada de terra com árvores escuras e com suas folhas caindo nas beiradas. A temperatura pareceu esfriar rapidamente e quanto mais elas entravam naquele caminho mais escuro parecia ficar, até o ponto que as árvores começaram a fazer um túnel escuro sobre elas no qual os secos galhos arrastavam no teto do carro e quando começou a arrastar nas janelas e no capô do carro, elas tiveram que parar porque não havia condições de continuar com o automóvel.
- Maravilha – resmungava enquanto saia do banco de passageiro, jogando a mochila sobre seus ombros.
- Tudo bem, para onde vamos agora? – perguntou pulando do banco de trás, seus pés afundaram numa lama e ela fez uma careta incontrolável sacudindo eles – E acho melhor acharmos rápido.
- Está escurecendo – comentou trancando as portas do carro e ativando o alarme mesmo sabendo que seria inútil escutar seja lá para onde elas fossem – Temos que achar um lugar para dormir e amanhã cedo procuramos esse homem. Baltazar, certo? – ela perguntou pegando o seu celular onde tinha anotado o nome do cara e endereço do lugar e então gemeu – Estamos sem sinal.
- Claro que estamos, estamos no fim do mundo – jogou seus braços para cima e então elas viraram o rosto quando ouviram o barulho de gravetos estalando.
Elas levaram as mãos até a parte de trás da calça onde colocaram as adagas assim que saíram do carro. Mesmo podendo configurar uma, elas não treinaram o suficiente e não sabiam se estariam preparadas.
Esperaram longos segundos e nada apareceu.
- Ok, acho melhor começarmos a andar e lembrem, somos nephilins que ainda não sabem que lado escolher – falou apertando o braço de para fazer ela começar a andar, já estava na frente delas.
Elas andaram no que pareceram horas, a floresta era comprida e escura, os galhos secos e as folhas escuras não ajudavam em deixar elas mais tranquilas.
Então, quando chegaram numa abertura, a lua não perecia brilhar tão forte naquele lugar, elas saíram e pisaram direto numa...
Rua. Uma rua comum como outra qualquer.
Elas passaram as últimas horas imaginando que o local onde grande maioria dos habitantes escolheu o lado do mal fosse velho, obscuro e talvez com até algumas cavernas, mas nada disso.
A rua era decorada com prédios de cada lado, prédios todos em tons de cinzas e cores escuras e alguns deles apesar de parecerem vazios hora ou outra um movimento ocorria. Os postes das ruas estavam todos apagados, apesar de já ter escurecido, e elas tinham certeza que não era porque eles não tinham dinheiro para pagar levando em conta o porshe que estava estacionado em frente a um prédio, provavelmente era o preço que eles pagavam para poder ficar na escuridão sem ninguém saber. Um gato derrubou uma lata na entrada de um beco fazendo elas tomarem um susto. Aliás, naquele lugar havia muitos becos, ao lado dos prédios perto das escadas de incêndio ou levando a uma rua escura com grades ao terminar o beco parecendo que levava a um estacionamento, um campo de futebol ou talvez uma floresta.
- Acho melhor sermos rápidas, não gosto desse lugar – falou enquanto pegava seu celular percebendo que elas ainda estavam sem sinal – Ele pode até ser bem arrumado e não com monstros e cavernas no meio da rua como pensávamos, mas eu to toda arrepiada.
- E você não é a única – murmurou mostrando seu braço – Temos que procurar um hotel, não acho que vamos achar aquele cara ainda hoje.
- Ah, claro, ainda vamos dormir aqui né? Sensacional – resmungou – Olhem – ela apontou para o letreiro grande onde podia-se ler “Cassino e Hotel aberto 24 horas” – Acho que é o único desse lugar.
e se entreolharam, a loira levantou a manga do casaco que vestia ajeitando sua adaga que estava bem escondida e colocou a sua em suas costas no cós da sua calça puxando o casaco para esconder bem.
Elas andaram a passos rápidos pela rua onde não parecia ter nenhuma alma penada e quando chegaram ao hotel que parecia ser a coisa mais iluminada dali, abriram as portas duplas logo sendo recebidas com o cheiro de charutos, cigarros, álcool e risadas altas e maldosas.
Todos pararam no mesmo instante que as portas bateram de volta em seus lugares como se não estivessem acostumados em serem interrompidos, ainda mais por estranhos.
- Carne nova no pedaço. Olá queridas – alguém falou depois de alguns minutos em que ninguém falou nada trazendo mais gargalhas e até alguns homens que apoiaram suas mãos grandes na mesa e ficaram de pé. E não eram só homens, mulheres usando roupas justas e de couro ou vestidos compridos e elegantes também estavam presentes.
Um homem passou a frente, ele usava uma blusa social branca e os cabelos negros estavam penteados para trás, parecia ser o dono do lugar levando em conta sua pose.
passou a frente, levou a mão para suas costas segurando no cabo de sua adaga.
- Eu sou Belle Staley, e essas são minhas irmãs Annabeth e Lizzie. Somos Nephillins e acabamos de nos formar e uma amiga nossa falou desse lugar, como estamos querendo conhecer um pouco ainda, viemos para cá – deu um sorriso um tanto malvado e jogou o cabelo loiro para trás colocando o peso numa perna, levantando o quadril e fazendo uma pose um tanto quanto sexy – Queremos um quarto.
O homem de cabelos negros parou pensando por alguns segundos, então ele abriu um grande sorriso e estendeu a mão para .
- Eu sou Noah Bromm, sejam bem vindas ao meu hotel – ele falou e estalou o dedo fazendo um cara trazer uma chave até ele – Porque não ficam com uma das minhas suítes e então vocês se juntam a nós para beber?
- Acho que não, senhor Bromm – começou , mas ele a interrompeu sorrindo.
- Noah, por favor...
- Annabeth – a morena se apressou a dizer sorrindo para ele e largando devagar a adaga para lhe estender a mão – Se não estivermos muito cansadas.
- Vamos descer sim, obrigada – falou rapidamente fazendo suas irmãs olharem para ela confusas, só que a mais velha mantinha seu olhar em um canto perto do bar.
Noah sorriu e concordou animadamente, batendo palmas deu sinal para todos voltarem ao que estavam fazendo.
Desceram de volta para o bar, usando roupas mais escuras e com os cabelos presos, as adagas ainda bem escondidas, seja amarrada na batata da sua perna, ou na pequena bolsa de mão que levavam e ainda assim sentaram elegantemente no bar logo sendo recebidas por um garoto não muito mais velho que elas.
- O que querem?
- Eu quero uma Margarita de Romã, um Mojito e Martini de cranberry – passou a frente sorrindo para ele, quando o garoto se retirou elas viraram para – Ok, e agora?
- Eu tenho certeza que ele está aqui, não me perguntem como – ela comentou olhando ao redor – Ele estava no bar – ela falou confusa franzindo a testa.
- Não está mais, temos que ser rápidas não podemos correr o risco de descobrirem quem somos de verdade – murmurou logo quando o barmen voltou e entregou a bebida a elas. sorriu para ele agradecida.
Quando abriu a boca para contestar, um grito seguido por um barulho de cartas, mesa e uma garrafa caindo no chão foram ouvidas.
Elas levantaram dos bancos que estavam sentadas e encararam a cena. Um homem parecendo já de idade com os cabelos brancos batendo na altura dos ombros, e atrás de toda sua barba parecia um homem precisando de ajuda, estava caído no chão e começava a se levantar.
- De novo não, Baltazar – Noah reclamou com seu vozeirão andando a passos rápidos até ele, fazendo um gesto chamou alguns de seus seguranças – Levem ele embora do meu hotel e não volte aqui tão cedo, velho.
- Ah, jovem Noah, eu vou voltar muito em breve – zombou Baltazar ficando de pé e expulsando as mãos dos seguranças de perto dele – E você vai cair antes que perceba – ele anunciou.
- Seu profeta inútil, vá embora – Noah vociferou e então virou de costas bufando para todos ouvirem, bastante furioso.
Baltazar sacudiu a sua roupa amassada e de nariz em pé fez uma reverência e saiu do local.
- Vamos – murmurou apontando para a porta dos fundos que ela viu pelo bar, não poderiam sair pela frente e chamar a atenção de todos.
pulou o bar esperando suas irmãs fazerem o mesmo e quando fizeram, fechou os olhos mentalizando a porta destrancada e logo que abriu as três já estavam nos fundos do hotel.
O beco, como todos os outros, estava vazio e elas correram para dar a volta no hotel e então seguirem Baltazar até a casa dele, seja lá onde fosse, mas o velho estava cambaleando na rua e se segurando na parede. bufou e puxou sua adaga para frente, não que Baltazar fosse um risco, mas essa rua parecia e quando o homem cambaleou para dentro de um dos muitos becos as três soltaram um alto suspiro contrariado e seguiram ele.
- Olá! – foram pegas de surpresa e deram um grito quando o velho homem que parecia tão lento deu uma volta puxando e prendendo ela contra a parede – Profetisa.
Rapidamente se meteu atrás dele apontando a adaga para seu pescoço enquanto se colocava atrás de de olho no beco e nela.
- Solte-a – mandou a morena.
- Como você sabe que eu sou uma profetisa? – foi tudo o que perguntou.
Ele riu.
- Do mesmo jeito que você sabia que eu sou um profeta. Estamos ligados por uma força maior que a gente – ele jogou as mãos para cima e foi tempo suficiente para escorregar pela parede se jogando no chão e virando para longe dele enquanto o virava contra a parede com a adaga em sua garganta, suas mãos tremiam, mas quando sentiu as mãos quentes de e contra seus ombros ela relaxou.
- Vocês não são quem dizem que são – ele soltou sorrindo tranquilamente.
- Adivinhou – zombou com a adaga em suas mãos brincando com ela, ele olhou de sua adaga para a adaga contra seu pescoço.
- Essa adaga pertence a um guerreiro – ele falou pensativo encarando , ela tremeu, mas se manteve no mesmo lugar. Ele riu -, mas vocês não são de sangue puro e são jovens demais para serem guerreiros ou guardiões.
- O tempo passa e queremos resposta – exasperou-se parecendo impaciente, ela tacou a adaga na parede fincando ela num espaço entre os tijolos – Te daremos uma escolha, podemos fazer isso do modo fácil ou do modo difícil.
olhou para ela confusa e revirou os olhos.
- Você sempre quis falar isso, estou certa? – questionou .
gargalhou e concordou com um aceno de cabeça.
- Sempre.
- Vocês são as Escolhidas – exclamou finalmente Baltazar rindo em seguida, a adaga chegou perto demais da sua garganta e foi obrigada a se afastar um pouco, ele ainda não era o inimigo e precisavam da ajuda dele.
- Qual a graça? – perguntou franzido a testa.
- Eu esperava que vocês fossem um pouco mais... – ele parou e sorriu bebamente para elas – Ameaçadoras.
- Somos ameaçadoras – cruzou os braços encarando ele irritada e então apontou a adaga para ele – Somos bastante ameaçadoras.
Ele riu e concordou, zombando.
- As Escolhidas, não é? – Noah apareceu no beco cruzando os braços e sorrindo, dando passos lentos até elas.
achou que essa era uma ameaça que sua adaga deveria ser usada e soltando Baltazar virou de frente para ele.
- Então, qual o nome verdadeiro de vocês? – Noah quis saber andando devagar até elas, ele olhou para que estava em posição de ataque e então para mais atrás.
- E pra que você quer saber, querido? – zombou a loira.
- Questão de educação, antes de matar vocês – ele deu de ombros – Sabem né?
- Não – cruzou os braços e deu uma risadinha não parecendo se sentir nem um pouco ameaçada – ByeBye.
Antes que ele perguntasse alguma coisa uma flecha atravessou diretamente seu peito fazendo ele cambalear e arregalar os olhos quando caiu no chão rapidamente.
apareceu atrás dele jogando o arco e flecha que ela acabou de materializar sobre seus ombros.
- E ele caiu antes de perceber – Baltazar anunciou batendo palmas – Ok, o que as princesas querem saber? Não quero ser o próximo a receber uma flechada.
- Queremos saber sobre uma profecia – falou e então bateu na sua própria testa – Merda, esquecemos o livro.
- Não, eu acho que posso adivinhar. Vocês querem saber onde está a arma que pode acabar com todo o mal, certo?
- Caraca, ele é bom – murmurou .
- Sou o melhor – ele se gabou cruzando os braços – E posso ajudar vocês, se me pagarem é claro.
- Você só pode estar brincando – exclamou jogando a adaga entre suas mãos e então segurando ela firme, encarou Baltazar – O que faz você pensar que não podemos te obrigar a falar?
- Se vocês quisessem me matar já teriam, mas precisam de mim, não é mesmo?
- Senhor, não estamos de bom humor e nem querendo brincar então porque não começa a falar logo? – tentou usar de toda sua educação, mas estava de saco cheio.
- Tudo bem, você podem me pagar de outro jeito, concordam? – ele riu e foi extremamente ágil quando se jogou contra ele torcendo seu braço e batendo o rosto dele contra a parede.
- Um truque que meu namorado me ensinou, legal né?
- E se você não quiser mais desses truques, começa a falar – completou batendo no ombro de para ela manter o profeta contra a parede.
- Tudo bem, não precisam ser agressivas – ele murmurou a voz abafada pela parede de tijolos – O que acham de usarem a cabeça além da força e irmos para meu apartamento? – quando apertou ainda mais seu rosto contra a parede ele gemeu – Não querem outro Noah aparecendo, querem?
- Ele está certo – falou segurando no ombro de para ela não acabar sufocando o cara, então acrescentou: - se você vir com alguma gracinha não hesitaremos em aplicar em você tudo que aprendemos, escutou?
Ele concordou prontamente.
Assim que Baltazar abriu a porta do seu apartamento um cheiro desagradável de comida há tempos aberta, bebidas e algo não reconhecível chegou até elas.
- Desculpa pela bagunça, não esperava visitas – ele comentou andando lentamente até o sofá e expulsando as caixas de pizza as jogando no chão.
- Claramente – murmurou fazendo uma careta enquanto ia se sentar no sofá junto com suas irmãs, antes olhando para ter certeza que nenhum inseto nojento subiria nela.
O velho homem andou até a cozinha americana e pegou um copo e uma garrafa de uísque já em cima da bancada.
- Aceitam algo?
- Respostas – respondeu prontamente.
- Porque não trazem o livro até mim enquanto eu me sirvo? – ele murmurou dando um grande gole na bebida.
As meninas se entreolharam.
- Santo Deus, fechem os olhos e transportem o livro da onde está até vocês. E ainda se dizem as Escolhidas.
- Esse cara está começando a me estressar – balbuciou em voz baixa para suas irmãs que deram risadinhas e concordaram logo fecharam os olhos.
Mentalizando o livro escondido na mochila de embaixo da cama do quarto de hotel onde elas deixaram suas coisas, imaginaram o livro sobre o colo delas naquela sala imunda e de cheiro estranho e dando suspiros quando abriram os olhos encontraram o livro no centro da mesa entre os pratos sujos e caixas de comidas.
rapidamente puxou ele para seu colo.
- Devo aplaudir por não serem tão devagar? – zombou Baltazar voltando para a sala já com a garrafa na mão ao invés do copo e sentando na poltrona – Vamos começar.
Elas colocaram suas mãos sobre o livro que se abriu na página da profecia.
- Sabemos que somos as Quatro – começou logo depois que leram o poema em voz alta para Baltazar que pareceu impressionado e pela primeira vez da noite atento a algo além do seu copo de bebida – Que sobraram três quando nossa irmã mudou de lado.
- O cinza é o Liam – apontou para – E quando, eles...
- Transaram – gargalhou Baltazar fazendo a morena olhar de cara feia para ele, o velho soltou um alto xingamento quando a sua garrafa quebrou – Legal, flor, olha o que você fez com minha bebida.
- Você tem outras, não se preocupe – zombou dando um sorriso irônico.
Baltazar riu e apontou para ela como se dissesse “garota espertinha” e ficou de pé indo pegar outra garrafa enquanto fazia sinal para elas continuarem.
- Então percebemos que teríamos que fazer uma busca só nossa. Mas não conseguimos decifrar o resto.
Baltazar se virou para e riu.
- Vocês ainda têm muito que aprender – ele comentou distraído procurando entre os armários uma nova garrafa – Eu não acho que fui o único a perceber, provavelmente sim, mas me parece que vocês nunca agiram tão – ele levantou o rosto que estava enfiado num armário e olhou para elas maliciosamente – sensualmente perigosas, até agora.
- Nos encontramos – aplaudiu ignorando o “sensualmente perigosas” – Nós finalmente percebemos do que somos capazes.
- Exatamente, queridinha – Baltazar fechou um armário quando achou finalmente uma garrafa fechada de uísque. Ele saiu da cozinha voltando para a sala – Agora passamos para a parte de encontrar o Poder, acho que já perceberam que está falando da arma que vocês têm que encontrar né?
- Você não foi o único a perceber – zombou .
Ele aplaudiu.
- Agora chega a parte complicada, eu vou contar uma história para vocês – Baltazar deixou a garrafa de lado ajeitando-se melhor na poltrona e parecendo de repente extremamente sábio e alguém cheio de confiança – Há séculos e séculos e séculos atrás, quando os seres humanos começaram a habitar, como uma resposta para tudo que eles ainda iriam causar, alguém – ele deu um sorrisinho misterioso fazendo as meninas se inclinarem para prestarem mais atenção – eu não gosto de entrar na fé de cada um, então vamos pular essa parte e chegar na parte principal. Da união de elementos tão puros e simples da natureza nasceram duas pessoas, não, melhor. Anjos – ele se ajeitou novamente na poltrona e continuou vendo as garotas parecerem bastante curiosas – Awaquir e Terfire foram criados um para o outro e juntos teriam que criar mais da mesma espécie e deram a luz a quatro perfeitos e puros filhos. Acho que vocês estão familiarizados com seu pai e tios, certo?
- Awaquir e Terfire são nossos avós? – exclamou surpresa.
- Exato – ele apontou para ela batendo palmas – Quando seus filhos nasceram, com dons de poderem criar anjos assim como eles, todo esse mundo foi se desenvolvendo. Com o tempo, Awaquir e Terfire sabiam que estava na hora de se aposentarem. De seguirem para o "Olímpio", um lugar entre o paraíso e onde vivemos, só que antes de irem teriam que colocar o trabalho deles na mão de um dos seus filhos.
- Nosso pai.
Baltazar olhou para e concordou.
- Exato, só que o tio de vocês, Lucius, não ficou contente com a escolha deles e quando o Oráculo deu o aviso que Marcus também ficaria responsabilizado pela balança do Bem e o Mal, bom vocês sabem o que aconteceu depois, certo? – quando elas concordaram, ele continuou – Quando ele, Lucius, largou de uma vez por todas o lado do bem, como castigo Awaquir e Terfire lhe tiraram o dom de continuar criando anjos, para ele não criar anjos das trevas, o que não lhe impedia de chamar para seu lado qualquer anjo caído e futuramente os demônios que ficaram sabendo de uma grande força. Antes de irem embora para o Olímpio Awaquir e Terfire decidiram criar um plano reserva, para proteger tanto a humanidade quanto seus futuros netos e assim criaram uma arma poderosa o bastante para destruir um Original como Lucius.
- E o que aconteceu com essa arma? – perguntou , envolvida na história.
- A parte legal acabou de chegar – Baltazar bateu palmas gargalhando – Ela continua no Olímpio com seus avós.
- Você está brincando né? – falou espantada.
- Eu pareço estar? – ele perguntou extremamente sério, e a morena negou rapidamente.
- Mas, espera um pouco... – disse, juntando as sobrancelhas enquanto processava a informação – você não disse que eles estão numa espécie de outra dimensão? Como faremos para chegar lá?
- Melhor, é possível chegar lá? – questionou.
- É possível chegar lá sim, de duas maneiras, mas vão por mim, não gostariam de ir pela primeira opção – Baltazar deu uma risadinha um pouco maligna.
- Qual seria essa primeira opção? Só por curiosidade – perguntou dando de ombros, sua curiosidade era sempre mais forte que ela.
- Morrendo – ele respondeu simplesmente, e bebeu todo o líquido que estava no copo de uma só vez, voltando a enchê-lo.
- COMO? – as três gritaram assustadas.
- Acalmem-se, eu disse que vocês não gostariam dessa opção. Para a sorte de vocês, eu sei como fazer para chegar lá pelo “segundo jeito” e estando vivo.
- Poderia, antes de nos dizer como chegar, contar o que é esse lugar? – pediu, um pouco assustada.
- Claro. Nada mais é do que o templo das almas. Mas não de todas as almas, apenas as de anjos, é claro. Apesar de parecer assustador, dizem que é o melhor lugar para se estar. Porque as almas deixam o ar puro e livre de qualquer mal. Por isso, seus avós foram para lá, não, eles não estão mortos – o homem respondeu rapidamente ao olhar arregalado das meninas, que se aliviaram com isso – E nem “socializam” – ele gargalhou com o termo que usou – com as almas. Têm uma espécie de casa lá, só pra eles.
- Não precisamos temer as almas? – perguntou tensa, pensando numa forma de atingir uma alma. Nem sabia se poderiam vê-las, imagine atingi-las. Isso a agoniou.
- Lógico que não, querida. Quando morremos, nossa alma se liberta de todas as impurezas que teve durante seu período de vida, então é como se ela se renovasse. Elas são puras. Inofensivas. Na verdade, vocês nem poderão vê-las.
- Então como sabem que elas ficam lá? – perguntou pomposamente, como se dissesse que não pode existir algo que não se vê.
- Vocês as sentirão no momento em que entrarem lá, acreditem – Baltazar disse sabiamente, e então deu um pulo ficando de pé e deixando sua bebida de lado – Sem mais delongas, prontas para o passeio?
As três levantaram prontamente e apesar de tudo que Baltazar havia dito, empunharam suas adagas com maestria, já familiarizadas com o objeto. não importou-se de deixar sua bolsa no sofá de Baltazar, preferindo levar a arma na mão.
- Isso é ótimo, vocês a trouxeram – o homem comemorou e foi até , apontando para a adaga de Liam em sua mão – Essa é a entrada de vocês para lá.
- Uma adaga? – as três disseram em uníssono, com tom de descrença.
- Não, não. Essa não é uma simples adaga. É uma adaga feita pelos Originais, e que só guardiões de um alto nível possuem.
- Ok. E o que eu faço com ela? – perguntou pronta para qualquer coisa que tivesse que fazer.
- Essas adagas não são comuns. E por isso, especiais. Mas sozinhas elas não funcionam como chave para o portal. Precisam ser tocadas em sangue angelical – ele disse colocando emoção e seriedade na voz, e sua expressão era de puro êxtase, como se ele gostasse que aquilo fosse o que elas teriam de fazer.
- Legal. Sinto lhe informar, mas não temos um anjo aqui para nos fornecer sangue – ironicamente soltou, e jogou-se derrotada no sofá, fazendo uma enorme quantidade de pó se levantar provocando uma tosse nela.
- Não temos. Mas temos um sangue de nephilins, o que não seria suficiente, se – ele levantou o dedo indicador – fosse de um nephilim qualquer.
Elas se entreolharam. E perceberam que tinham chegado ao mesmo raciocínio, se levantou exaltada.
- Nosso sangue? – ela gritou.
Baltazar riu e bateu palmas como um elogio a conclusão que anunciou.
- Só precisa de uma de vocês – ele deu de ombros. E elas soltaram o ar, voltando a se olhar.
- Eu sou a mais velha, eu dou – disse convicta, mas sua palidez era anormal, parecia que a garota ia desmaiar.
- Ah, por favor, – debochou – Você já está quase desmaiando só de falar. E não deixaria sua pele encostar a adaga, não voluntariamente. Será o meu.
- ... – as duas iriam contradizer, mas a morena balançou a cabeça negando.
- Nada mais justo. Afinal, Liam deu essa adaga para mim. Eu vejo isso como um dever.
As outras concordaram e ficaram quietas, afinal, sabiam que não adiantaria debater com a irmã. E quanto mais rápido fossem, mais rápido voltariam para casa.
- Certo, você pode cortar a palma da sua mão. Vai ser menos doloroso e mais fácil para cicatrizar depois – Baltazar deu a dica e concordou levantando a palma de sua mão e a abrindo totalmente – Todas precisam estar de olhos fechados, e com a mente limpa.
Elas acenaram em concordância e fecharam os olhos, menos , que posicionou a adaga num canto de sua mão. Depois de soltar um longo suspiro, a morena apertou com toda sua força a adaga na palma de sua mão e a puxou em uma linha horizontal até o outro lado da mão, e apesar de ter fechado os olhos para suportar a dor, conseguiu ver que uma luz radiava da adaga, e ela tentava ao máximo deixar sua mente vazia. Quando não aguentou mais a dor, e precisava ver seu ferimento, abriu os olhos se deparando com um jardim extremamente lindo e vazio. Tinham conseguido. Olhou para o lado e viu suas irmãs abrindo os olhos e se deparando com a mesma paisagem que ela.
Quando deram um passo, puderam sentir um frio enorme. Apesar de estar uma luz amarela como um sol, o vento estava frio. E parecia que rajadas dele passavam por elas constantemente. E com um tremor, elas descobriram que eram as almas.
Chegaram mais perto uma da outra, e giraram trezentos e sessenta graus dando de cara com uma fachada de uma casa extremamente bonita. Ela era com apenas um andar, totalmente branca, com uma janela de cada lado da grande porta que se encontrava no centro, e mais daquele jardim perfeito. Elas não entenderam o motivo do caminho de pedras brancas cristalizadas que vinha da porta até perto dos pés delas, já que eles não faziam o tipo que recebia visitas. Cautelosamente, elas seguiram por esse caminho, parando diante da porta e depois de comunicarem-se por olhares, bateu na porta.
Depois do que pareceu milênios, mas foram apenas dois segundos, a porta se abriu e uma mulher que aparentava ter quarenta e alguns anos apareceu. Ela usava um vestido de seda branco que arrastava no chão cobrindo seus pés, que as garotas sabiam, estavam descalços, e seu cabelo era de um loiro estonteante, parecia que brilhava, e estava trançado elegantemente para seu lado esquerdo, com sua ponta batendo nos quadris dela, seu sorriso era sincero e angelical, e seus olhos eram azuis acinzentados, fazendo-as entender a origem dos de Lucius.
- Sejam bem-vindas queridas – ela disse e sua voz era suave como um canto de passarinhos, melodiosa aos ouvidos.
Meio incertas do que fazerem, as três dobraram os joelhos e abaixaram a cabeça, numa reverência, e depois voltaram a postura não tão mais rígida.
- Acho que sabe quem nós somos – falou numa voz baixa e suave, em respeito à mulher mais velha.
- Sabemos. E vocês devem saber quem nós somos, correto? – uma voz masculina, grave e forte, mas que soltou as palavras na mesma suavidade que a feminina, disse vinda de um canto. As meninas viraram o rosto e um homem glorioso vinha por um corredor na direção delas. Ele era alto, tinha os ombros largos e usava uma camisa branca para esconder seu peitoral, calças também brancas cobriam suas pernas, mas dessa vez conseguiram ver seus pés descalços. Seu rosto também estava com traços mais velhos, seu cabelo loiro batia em seu queixo e seus olhos eram de um verde estonteante. De repente, elas perceberam que era o pai delas, numa versão mais velha.
- Sim – concordou quando ele parou ao lado da mulher, e novamente elas fizeram uma reverência, e quando voltaram a postura normal, receberam sorrisos de seus avós.
- Diga-me querida, porque sua mão está ferida? – perguntou Awaquir, olhando confusa para a palma da mão de que estava virada para frente, a morena imediatamente virou a palma para o outro lado.
- Era o que precisava ser feito para entrar aqui – respondeu pensando se eles haviam se esquecido desse detalhe. A expressão da mulher de tornou ainda mais confusa.
- Quem lhes disse isso? – perguntou Terfire também confuso.
- Baltazar. Um profeta que encontramos e que nos disse como achar o que procuramos. Ele disse que precisávamos misturar sangue angelical com a adaga de um guardião para podermos chegar aqui – respondeu simplesmente.
- Ele estava errado. Apenas a adaga é a chave para nossa casa. – Awaquir falou, surpresa com a crueldade do homem ao dizer aquilo para as garotas.
- Filho da... – xingou, mas antes que terminasse levou um empurrão de e fez careta – Desculpe.
Eles riram suavemente, e balançaram a cabeça como se dizendo que não tinha importância.
- Acredito que querem algo de nós. Podem nos acompanhar para falarmos disso num lugar mais aconchegante? – a mulher pediu e elas concordaram prontamente, seguindo-os pelo corredor do qual Terfire havia vindo.
Entraram na casa e era como se entrasse, novamente, em outra dimensão. A casa tinha cheiro de mar, rosas e lavanda. Os moveis eram claros e bem feitos, e o outro lado da casa não havia parede. Era uma grande porta de vidro totalmente aberta dando para nada mais, nada menos do que um vasto oceano.
- Uau – exclamou bestificada – É tão lindo, eu não acredito que algo assim é possível.
Awaquir riu graciosamente e virou para elas.
- Oh, meu bem, sua mão ainda está sangrando – ela levantou umas de suas elegantes mãos para pedindo permissão, a morena franziu a testa e antes de entregar a mão para ela falou:
- Você pode deixar a cicatriz?
Awaquir olhou para ela confusa e então para seu marido que deu uma risada adorável.
- Acho que alguém quer ter marcas de guerra – ele comentou.
- Não! Quer dizer... acho que sim – riu baixinho e olhou para eles enquanto dava passos duvidosos até a areia querendo saber se era de verdade – Só quero lembrar que eu tenho coragem e um dia quem sabe, mostrar para meus filhos?!
- Não posso prometer que a cicatriz fique até lá, mas – Awaquir pegou a mão dela e fechou os olhos e quando abriu, sorrindo, tirou mostrou a mão para .
A mão da morena estava com o rastro na horizontal do seu corte, só que dessa vez curado e um pouco mais claro que a cor da sua pele, quando passava a mão por cima sentia um leve relevo.
- Obrigada.
Awaquir sorriu e concordou.
- Então – girou nos calcanhares virando para eles e cruzando os braços – Não quero parecer mal educada, esse lugar é lindo e tudo o mais, mas temos que voltar o mais rápido possível. Tenho certeza que quer chutar a... – ela gaguejou fazendo seus, para todos os casos, avós rirem – Baltazar.
- Eu não acho que vamos encontrar ele mais não, – comentou fazendo rir e concordar.
- Não se preocupe, quando Liam souber o que aconteceu ele vai caçar Baltazar – deu pulinhos contente com isso.
Seus avós deram risadas.
- Temos que falar porque viemos aqui afinal – lembrou virando para eles – A adaga.
- A adaga – comemorou Terfire batendo palmas e fazendo um gesto com a mão cadeiras de madeiras brancas parecendo que foram feitas a mão apareceram juntamente com uma mesa de centro também branca e uma caixa, azul. O que elas agradeciam, era tanto branco que começavam a ficar enojadas.
- Antes – Awaquir fez um gesto com a mão para elas se sentarem nos bancos, o sol pareceu estar acolhendo elas e o vento era gostoso e suave fazendo-as se sentirem em casa mesmo estando longe dela – Garotas, esperamos toda uma vida para poder conhecer vocês. Para esse momento finalmente chegar e a partir de agora tudo vai ficar no seu devido lugar.
- Vocês sabem o que vai acontecer? – perguntou educadamente.
Eles se entreolharam e deram gloriosos sorrisos.
- Não podemos falar para vocês, mas onde estamos – Terfire fez um amplo gesto mostrando o lugar – Temos contato com coisas que vocês não têm e sabemos coisas que vocês não sabem. Não podemos interferir no livre arbítrio de vocês.
- Então vocês sabem o que vai acontecer – afirmou rindo baixinho, eles riram junto com elas.
- Vamos dizer que o futuro tem mais de uma porta. Sabemos quais são essas portas e quais são os meios de chegarem nelas, mas não podemos dizer para vocês – Awaquir cruzou as pernas de forma que seu vestido parasse de arrastar no chão -, mas podemos ajudar – ela pegou a caixa e colocou no seu colo.
Seu marido colocou a mão sobre a dela segurando carinhosamente e a outra mão colocou de um lado da caixa enquanto a mão de Awaquir segurava o outro lado. Ambos pressionaram a caixa e então num simples clique. Ela seu abriu.
Terfire colocou suas mãos dentro da caixa e tirou uma adaga de lá. A adaga era diferente de todas que já tinham visto o cabo era uma mistura de dourado com pedras brancas como se fossem de diamantes, mas ainda assim parecendo diferente das pedras preciosas, a adaga em si, a parte mais afiada era branca, não prata como todas as adagas, era de uma cor de branco pura e extremamente perfeita como se nunca tivesse sido usando.
E levando em conta o que ela fazia era provável que nunca alguém a tivesse usado.
- Wow! – três exclamações vieram juntas.
Terfire gargalhou.
- Sangue do meu sangue – ele brincou oferecendo a adaga para elas – Tenham muito cuidado, nas mãos errada pode levar a um caminho mais rápido até de volta para cá – ele deu um fraco sorriso colocando a adaga nas mãos da mais velha – Saiba como usar.
concordou seriamente e ficou de pé junto com suas irmãs.
- Vocês têm que ir agora – falou Awaquir antes que elas falassem algo.
- Temos – sorriu docemente e olhando sem jeito para suas irmãs, o que dizer agora?
Awaquir deu uma baixa risada e tocou na mão dela.
- Eu acho que nos veremos muito em breve.
- Você está dizendo algo haver com nosso futuro? Oh Meu Deus, vamos perder a guerra né? – apavorou-se fazendo seus avós rirem e revirar os olhos.
- Ela é exagerada – a loira desculpou-se.
- Boa sorte – Terfire falou tocando na bochecha de cada uma, em seguida Awaquir se aproximou delas e lhe deu um beijo carinho na bochecha.
Ao se afastarem as coisas começaram a nevoar.
- Espera – exclamou rapidamente – Como fazemos para voltar?
Eles acenaram e viraram de costas e enquanto viravam a nevoa começou a ficar ainda mais forte.
- Como fazemos agora, meninas? – sussurrou .
“Se acalmem.”
A voz chegou até elas junto com a nevoa num sussurro e fazerem elas fecharam os olhos.
Quando abriram novamente estavam na sala imunda de Baltazar.
Mesmo sabendo que ele não estaria ali, elas vasculharam com os olhos o apartamento de Baltazar a procura do homem. Mas como esperavam, ele não estava.
- Nós deveríamos ir para casa imediatamente. Afinal, logo alguém vai descobrir sobre Noah, e não queremos lutar com toda essa gente, né? – falou sabiamente, mas cambaleou um pouco e a segurou.
- Apesar de não ter sido muito, perdeu sangue, o cansaço está fazendo o corpo dela falhar, duvido que consiga caminhar até o carro. E está tarde, entrar naquela floresta a essa hora não é a melhor opção. Vamos passar o resto da noite no hotel, e vamos embora ao amanhecer – decretou, passando o braço de pelo seu ombro e começando a levá-la para a porta.
Um estalo acordou de seu sono, pela primeira vez na vida, leve. Virou o rosto vendo suas irmãs dormindo profundamente, e o clarão da manhã a atingiu, como estavam longe de casa não havia sol, apenas claridade. Resolveu ir ver o que tinha a acordado. Mais um estalo vindo da porta, ela correu até lá e encostou o ouvido na mesma.
- Mas, você não tem certeza – uma voz masculina incerta disse baixinho.
- Ninguém aqui teria coragem de sequer chegar perto de Noah, elas são as únicas que não conheciam a força do homem para temê-lo – outra voz masculina respondeu no mesmo tom baixo.
Um suspiro e um ruído em concordância.
Um pulo de e ela estava sacudindo as irmãs.
- Levantem, temos que sair daqui – ela disse o mais baixo que pode enquanto colocava uma calça jeans de qualquer jeito e calçava um tênis. correu para colocar a sua, e apenas colocou o tênis, já que quando chegou estava tão cansada que nem trocou de roupa. Os cliques continuavam, e elas tentavam movimentar-se o mais silenciosamente possível.
Com as mochilas nas costas e as adagas nas mãos, elas se entreolharam esperando o próximo passo. O homem não era tão esperto quanto deveria, tentava abrir a porta com um grampo, ao invés de pegar alguma chave reserva que provavelmente existia no escritório de Noah, e o pior é que não sabia como usar o grampo, e isso deu as meninas uma vantagem muito grande.
foi até a janela e sorriu marotamente para as meninas, esse era um daqueles prédios que tinham escada de incêndio do lado de fora, e elas não demoraram a descê-las. Quando os pés de – que era a última – bateram no chão após pular o resto da escada que havia quebrado, elas correram para o caminho de onde haviam chegado. Ainda era muito cedo, uma pessoa ou outra as olhava estranho, mas não fizeram nada, afinal deviam estar acostumados com as coisas não normais naquela área.
Por incrível que pareça, elas logo acharam o carro. Com um suspiro aliviado jogaram-se dentro do conforto do automóvel e puseram-se a ir para casa. Onde teriam paz, por mais que fosse por pouquíssimos dias.
A viagem havia sido cansativa e demorada, ao chegarem no colégio para trocarem o carro pelos cavalos, Helena as fez contar tudo que havia acontecido e somente depois do relatório completo as liberou para voltarem à mansão.
Elas quase quiseram chorar com a paisagem natural que lhes estava sendo proporcionada, o pôr do sol estava em seu fim, uma mescla de cores no céu o deixou magnífico, as poucas nuvens misturavam-se umas com as outras para tornar-se uma só para que pudessem mesclar-se com a noite que estava chegando. As cores seguiam o exemplo das nuvens, o rosa claro juntou-se com o roxo que foi escondido pelo laranja que por fim foi ficando cada vez mais escuro e então em um estopim aquela imensidão tornou-se negra, a lua apareceu majestosamente cheia com todo o seu brilho, e as suas amigas inseparáveis, as estrelas, estavam lá para acrescentar mais brilho ao céu.
Os cavalos pararam no celeiro ao comando das garotas e elas não se demoraram em desmontá-los e correrem na direção da mansão. A entrada estava vazia, assim como a sala e então elas presumiram que todos já estavam na sala de jantar e foram rapidamente para lá. Pararam na entrada observando todos aqueles anjos se movimentarem de um lado para o outro. Marcus e seus guardiões estavam em seus lugares habituais e conversavam, todos meio cabisbaixos, sem todo aquele brilho que elas percebiam neles quando estavam juntos, e elas sabiam que era esse o motivo da desanimação deles, a falta delas. E por isso, não aguentando mais de saudade de seus guardiões, as Escolhidas entraram na sala.
A primeira reação dos anjos mais próximos fora o silêncio, e então eles sorriram e se levantaram. Marcus percebeu a agitação e procurou por algo que a tivesse começado, acabou paralisado ao ver as meninas paradas um pouco a frente da entrada da sala com sorrisos tímidos, de súbito ele deu um pulo da cadeira correndo até as três e as puxando para um abraço mais que caloroso. Daqueles que só nossos pais podem dar. Assustados, os garotos seguiram Marcus com o olhar e congelaram ao ver as meninas recebendo o pai em seus braços. Não se demoraram e assim que Marcus separou-se das meninas, cada um puxou sua protegida/namorada para seus braços num abraço apertado que pingava saudade.
- Vocês parecem famintas, venham juntem-se a nós – Marcus as chamou já caminhando para seu lugar, todos seguiram ele e sentaram comendo normalmente.
Elas foram contando os acontecimentos aos poucos enquanto comiam, e quando terminaram já estavam abraçadas aconchegadamente em seus namorados nos sofás da sala de estar.
- Acredito que foi uma experiência e tanto para vocês meninas, não foi? – seu pai questionou e sem pesar duas vezes as três balançaram a cabeça em concordância.
– E que também foi bastante cansativa, então, porque vocês não vão tomar um banho e relaxar? – sugeriu levantando-se do sofá e sorrindo para as filhas – Aproveitem enquanto podem.
Elas concordaram, e foram para seus quartos descansar.
Seguiram o conselho do pai, e aproveitaram todos os momentos que tinham nos dias seguintes. Treinaram mais do que tudo, empenhadas em aprender qualquer coisa que pudessem, e também curtiram momentos de brincadeiras com os outros anjos, com seu pai, mas principalmente com seus namorados, alguns mais que outros...
Angel of the morning - The Pretenders
Os lábios de André desgrudaram-se dos seus e ambos abriram os olhos que transbordavam amor e saudade. Com um suspiro apaixonado ela abaixou o rosto e o aconchegou no pescoço do namorado, que a apertou mais próximo dele a acariciando.
- Em todo o momento em que estivemos fora – a morena começou, sua voz estava baixa, quase um sussurro, mas André a ouvia perfeitamente bem, por isso este detalhe não incomodou a nenhum dos dois – uma coisa se passava pela minha mente, repetidas vezes.
- O que? – perguntou ele enquanto colocava uma mecha do cabelo dela para trás e levantava seu rosto para encará-lo.
- Que eu realmente te amo – o guardião sorriu meigamente e se aproximou para beijá-la mas se afastou, ele a olhou confuso – e que nós podemos morrer amanhã.
André suspirou e cortou o contato entre eles ao se afastar e sentar na sua cama.
- Eu não gosto de pensamentos pessimistas, sentou e ficou de frente para ele – Bom, pelo menos não todo ele – ela brincou com toda a sua história como profetisa – E eu apenas sei do meu presente. E meu presente é você André. Aqui e agora, é você.
Ela segurou nas mãos dele, e de repente ele percebeu as verdadeiras intenções de ao dizer tudo aquilo. Ele abriu a boca para dizer algo, mas ela foi mais rápida.
- Eu não decidi isso porque não quero morrer virgem – falou com total sinceridade – Decidi porque não quero morrer sem ser sua de todas as maneiras humanamente possíveis – suas mãos soltaram as dele e foram para seu rosto, o puxando para um beijo intenso e apaixonado.
E conforme a intensidade aumentava, André se rendia aos seus desejos e os de sua protegida. Porque afinal, ele também não queria morrer sem ter a mulher de sua vida completamente para si.
estava com a cabeça no peito nu de Liam e uma das pernas sobre a sua enquanto ele a envolvia docemente pela cintura parecendo no sono mais profundo dos anjos.
Só que a claridade começava a incomodar a morena que preguiçosamente abriu os olhos se remexendo na cama, e quando o braço de Liam apertou automaticamente ela mais forte a garota parou e sorriu ao lembrar o que tinha acontecido.
Cada parte do seu corpo estava dolorido, e apesar da dorzinha, era uma dor boa, porque a fazia lembrar-se do que aconteceu na madrugada.
Ela virou o corpo para poder encarar Liam e sentiu o lençol de seda escorregar até sua cintura a fazendo automaticamente puxar para cima, quando percebeu que estava nua e revirou os olhos. Como se seu namorado não tivesse visto muito mais do que apenas seus seios há poucas horas atrás.
Encarando o rosto doce e adormecido de Liam, traçou com uma mão a barriga nua dele levemente para não lhe acordar, ela queria ter algum tempo sozinha com seus pensamentos e queria ele perto dela também.
Passou a mão em seu braço definido não só pelos treinos, mas também pelas lutas que ele já participou e encontrou alguns arranhões que ela fizera nele e gostando de saber que de alguma forma tinha deixado sua marca em seu namorado, finalmente olhou para seu rosto tocando em seus lábios e vendo ele dar um sorriso tranquilo e ronronar aconchegando-a nele.
Nossa, ela estava completamente apaixonada por Liam Gray.
Gray.
Quando o sobrenome do seu amado se repetiu diversas vezes em sua mente, assim como a claridade do sol aumentando cada vez mais, ele pareceu clarear sua mente também.
Tentando sair dos braços de Liam sem acordá-lo, puxou um travesseiro para colocar no seu lugar e lhe dando um selinho ficou sentada na cama se enrolando no lençol, tentando lembrar do poema já que estava sem seu celular.
Ela lembrou do trecho que pareceu se encaixar nesse momento.
“E quando ao Cinza a tentação ceder.”
É claro.
Gray. Seu namorado era o Cinza. Ele havia cedido a tentação quando aceitou amá-la.
Como não percebeu isso antes? Era por isso que a palavra estava em letras maiúsculas. Ela se referia a uma pessoa.
Forçando a sua mente a lembrar o resto do poema ela lembrou que ele falava coisas como encontrar seu caminho e encontrar a si mesmas e falava sobre O Poder também.
Então a ficha caiu.
O poema não era apenas um poema. Era uma profecia. Falava delas, ele mostrou o passado que era quando Três do que era antes Quatro escolhidas sobrou. Falou sobre o presente que era seu protetor caindo na tentação com ela e então sobre o futuro.
Ela precisava contar a suas irmãs.
Ficando de pé com o maior cuidado procurou suas roupas espalhadas no chão pelo quarto e olhou mais uma vez para seu guardião, namorado e amante deitado na cama abraçado ao travesseiro que ela antes encostava a cabeça.
escreveu um rápido recado avisando que estava no quarto de uma de suas irmãs falando com elas e que ele estava lindo demais dormindo para lhe acordar, colocando o recado em cima do travesseiro ela colocou seus dedos sobre sua boca beijando-os e então sobre a boca de Liam saindo do quarto antes que mudasse de ideia e mandasse todos os problemas para longe dela e de todos.
O silêncio contaminou a sala. Elas tinham acabado de contar todas as descobertas que tiveram depois de encontrarem o misterioso livro e da de naquela manhã.
Caspian apertou com força a coxa de que estava no seu colo, os dois na sua cama. Liam que abraçava por trás tinha a virado contudo para poder encará-la, e André piscava constantemente fitando que mordia o lábio.
- Não tem problema. Quando querem partir? – perguntou Cas, ainda apertando , apesar de não ser com força suficiente para machucá-la, era um incômodo para a loira porque sabia que o guardião estava tenso.
- Pretendemos ir amanhã – respondeu suavemente. Ela estava mais tensa que Liam, porque sabia como o namorado reagiria quando soubesse que não iria.
- Tudo bem então. Precisam que preparemos algo? – André perguntou puxando a mão de para si e acariciando, mas isso não deixou a tensão do corpo dela, que sorriu triste para o namorado, ele não entendeu.
- Não, nós três organizaremos nossas coisas hoje – foi quem falou novamente, olhando para Liam, ela não queria dizer as palavras, mas eles não estavam entendendo.
- Então arrumaremos as nossas também – Liam disse sorrindo ternamente, mas a morena não correspondeu o sorriso, então ele murchou o seu e franziu as sobrancelhas – o que?
- Não precisam arrumar as coisas de vocês – falou e então passou os dedos suavemente pelos cabelos loiros do namorado, que a encarou confuso – Porque vamos sozinhas.
- Não, não vão – Liam falou imediatamente, como se esperasse aquilo, e então soltou as mãos de afastando-se um pouco – Precisam de proteção.
- O que precisamos é aprender a sobreviver sozinhas – falou cortando o que falaria – Não podemos depender de vocês para sempre.
- Claro que podem. Eu não me incomodo nem um pouco com isso, muito menos os outros – Cas disse e lhe deu um tapa olhando feio para ele.
- Eu não vou ficar atrás de sua sombra sempre – resmungou e então virou o rosto quando ele ia desculpar-se, levantou e foi para trás encostando-se na parede perto de e Liam – O que vocês três precisam entender é que nós somos As Escolhidas. Somos nós que equilibramos o mundo. Nós que temos o poder de salvá-lo do mal, então precisamos saber nos cuidar sozinhas, não acham? Ou pensam que na batalha poderão nos esconder dos outros? Serão muitos para podermos cuidar da segurança de mais alguém além da nossa. Então vocês terão de aceitar – ela suspirou e escorregou da parede para o chão, encolhendo as pernas e as abraçando.
Eles ficaram em silêncio mais uma vez. Fitavam suas namoradas, uns aos outros, o nada. Tentando processar tudo aquilo.
- Eu não suportaria... – sussurrou André apertando a mão de , sem precisar terminar a frase.
- Nossas asas cresceram, precisamos que nos deixem aprender a voar por nós mesmas. Como os passarinhos – falou se aproximando de Liam e passando as mãos ao redor de sua cintura, enterrando o rosto em seu peito.
- Já falaram com o pai de vocês? – perguntou Cas num tom de voz que demonstrava que ele havia cedido, voltou o olhar para ele e um levíssimo sorriso brotou em seus lábios, ainda estava chateada com o que ele dissera, por isso não queria demonstrar a alegria da decisão dele.
- Falamos. Ele concordou conosco e nos prometeu ajudar no que puder – falou – Viu? Ele está tomando a decisão certa. Está nos jogando para fora do ninho para aprendermos, com a condição de estar atento a qualquer deslize no qual precise nos resgatar – usou o mesmo exemplo de , e devolveu o aperto na mão de André, que fechou os olhos e acenou com a cabeça. sorriu e o abraçou.
- Tomará cuidado? – a voz de Liam abafada pelos cabelos de proferiu, uma de suas mãos estava na cintura da morena e a outra na parte de trás de sua cabeça, para puxá-la mais para si.
- Cuidado é meu segundo nome – brincou, mas apertou os braços mais forte na cintura de Liam.
E então ele suspirou e ela soube que ele havia cedido.
A sala de conversação, era como os anjos chamavam essa sala, era uma sala comprida com as portas abertas dando para um organizado jardim de verão com flores de todas as cores. Os sofás eram beje e espalhados pela sala com pinturas de outros séculos nas paredes e uma mesinha de vidro no centro com um vaso elegante de flores brancas.
As famílias , e estavam reunidas na mesma sala sentados pelos sofás e poltronas encarando as três garotas que em pé em frente da porta dupla de madeira pareciam mais velhas do que aparentavam, mais sérias, mais responsáveis do que nunca foram antes.
As três olharam para o relógio em cima da parede, como princesas tinham todo o direito de ficarem quanto tempo desejarem falando com suas famílias e como filhas, primas e irmãs também sabiam que não conseguiriam ficar muito tempo com eles sem deixar escapar nada. Então pediram dez minutos.
E o relógio pareceu fazer um grande barulho quando um minuto passou.
- Está tudo bem? – perguntou Henry encarnado as garotas parecendo confuso.
- Está, queremos contar a vocês que vamos fazer uma pequena viagem – começou sorrindo para Nicolas que sentando no colo da sua mãe acenou para ela com toda sua doce inocência.
- Os garotos vão com vocês? – Pérola quis saber apertando a mão de seu marido e alisando os cabelos de Becky com a outra, qualquer mãe saberia que algo estava errado logo que olhasse para a cara de suas filhas.
- Nós voltaremos logo, temos uma batalha para ganharmos então não se preocupem – desviou do assunto.
- O que está acontecendo, realmente? – perguntou Stephanie apertando Nicolas já sentindo o que estava acontecendo – Vocês não esperam que a gente vá embora e deixem vocês sozinhas.
- Não estaremos sozinhas – cruzou os braços – Estaremos com nossos protetores e todos os anjos que morreriam por nós.
- Vocês não podem nos obrigar a irem embora, lutaremos com vocês – Beto foi firme batendo o punho em sua perna. sorriu para ele, seu pai sempre fora um herói para ela, mas nesse momento ela queria ser uma heroína para ele.
- Eu não quero que você fique sozinha, Cole – Nicolas correu até a sua irmã mais velha a abraçando pelas pernas.
Becky choramingou assustada e escondeu o rosto no colo da tia.
- Quando a luta começar, vocês não podem estar presentes, não conseguiríamos lutar sabendo que vocês estão correndo perigo. Não podemos nos concentrar dessa forma – falou fazendo carinhos nas costas de Nicolas quando sua irmã o pegou no colo.
A senhora ficou de pé.
- , vamos ficar com vocês – ela disse firme.
A porta foi aberta com força fazendo todos levarem um susto e Jason que até então conversava com sua mãe entrou assustando a todos.
- Eu quero lutar, por favor, me deixem lutar, já levaram minha irmã não posso deixar o mesmo acontecer com vocês.
O desespero estava presente na sala.
O ar da despedida, não só tirava lágrimas delas como de sua família também, se sentiu horrível porque sua mãe não tinha ninguém para abraçar do mesmo jeito que as mães de e tinham, quando Becky correu até sabendo que a hora de poder falar “até logo” era agora todos ficaram de pé prontos para recusarem qualquer coisa que elas falassem.
Eles nunca que deixariam suas filhas sozinhas para lutarem.
- Amamos vocês, lembrem-se sempre disso e voltaremos a nos ver assim que a luta acabar – falou com lágrimas nos olhos enquanto suas irmãs abraçavam as duas crianças.
- Não – falou Beto com toda sua firmeza.
apertou Becky mais contra ela e fez um sinal com a mão para vários anjos entrarem na sala pela porta dos fundos, cada um se colocou atrás de um dos parentes delas e logo tocou no ombro deles antes que eles pudessem fazer qualquer movimento.
E então eles adormeceram suavemente.
- Becky, meu amor, você vai com Jaime e James agora ok? – levantou o rosto molhado de lágrimas da sua prima e sorriu para ela – Vamos nos ver em breve, eu prometo.
- Promete? – ela choramingou.
concordou com um aceno de cabeça se mantendo forte.
- E você também meu bebê, eu quero que você seja um homenzinho e cuide da mamãe e do papai enquanto eu estiver fora, você pode fazer isso para mim, Nicolas? - sorriu para seu pequeno irmão afastando seu rosto rosadinho do ombro dela e acenando com a cabeça para mostrar que estava tudo bem.
Ele choramingou e concordou.
- Cole, cadê seu anjinho? Eu quero que ele cuide de você e da ... E da e de todo mundo.
riu e olhou para trás como se procurasse Liam e viu ele num canto com Caspian e André já com em seus braços.
Ele acenou com a cabeça e olhou para Nicolas.
- Todos vamos cuidar delas Nicolas, e traremos elas de volta para vocês – ele prometeu firme e colocando a mão sobre o peito num juramento e como se Nicolas realmente entendesse concordou com um aceno de cabeça.
Jaime e James se aproximaram.
- Chegou a hora gente – falou James acenando para Becky – Está pronta para voar de novo querida?
Ela olhou para esperando que sua prima mudasse de ideia, mas sorriu para ela e lhe dando um beijo na testa empurrou ela para James.
- Eu amo você priminha vá e cuide de nossos pais até eu voltar.
- Volte logo então ok? – choramingou Becky enquanto James puxava ela para seu colo. riu e concordou – Não demore, não gosto de ficar sem você.
- Sua vez, Nicolas – Jaime acenou para ele docemente abrindo os braços, ele se apertou contra a irmã.
- Promete que não demora?
- Prometo.
- Juramento do dedinho?
riu e mostrou o dedinho para ele entrelaçar quando ele fez ela beijou o dedinho dele.
- Amo você, Cole. Fica perto do seu anjinho para não se machucar.
- Eu também amo você, Nicolas – dando um beijo na testa dele ela entregou o garoto para Jaime.
olhou para os outros anjos.
- Vão e mandem uma guarda toda ficarem com nossas famílias até a batalha acabar.
- E eles estão ordenados a trancarem eles em quartos se eles tentarem fugir.
olhou horrorizada para .
- Sem machucá-los, claro.
Quando os anjos concordaram e se viraram para voar para longe, para um lugar de segurança com as pessoas que elas mais amavam no mundo elas se entreolharam procurando conforto na única família que elas teriam por perto enquanto a batalha durasse.
Elas mesmas.
Se jogando nos braços uma das outras choraram.
A loira deu duas batidas leves na porta e a entreabriu colocando a cabeça para dentro do quarto.
- Oi – disse Ian sorrindo para , ele estava deitado na cama, os cobertores negros puxados até o pescoço apesar da brisa fresca que tinha ao lado de fora.
- Oi gato, como está? – ela falou com todo seu jeito descontraído, entrando no quarto e fechando a porta.
- Melhor. Os curandeiros disseram que amanhã já poderei andar normalmente e que o inchaço irá sumir em dois dias – ele sorriu um pouco mais abertamente, e seus olhos quase se fecharam por conta do seu rosto ainda inchado. Ela se aproximou da cama e sentou-se ao lado do moreno, passando a mão pelo seu cabelo.
- Fico feliz com isso... – disse parando o carinho e pousando sua mão reconfortantemente sobre a dele – Você se importa de falarmos sobre o que aconteceu?
- Nem um pouco. Não com você – falou sorrindo de lado, a loira devolveu o sorriso, mas ficou em silêncio, esperando ele começar. Com um suspiro ele soltou – Bom, eu fui punido. Era da turma de Lucius, mas depois de te conhecer não quis mais ser, não queria lhe fazer mal, e se continuasse ali eu sabia que teria. Eu esperava isso, você conhece Lucius, não deixaria ninguém sair normalmente de seu time. Ele disse que eu era o exemplo do que não fazer, que aconteceria o mesmo com os outros se repetissem meus atos – ele levemente levantou os ombros para mostrar que não se importava e fez careta quando apenas esse movimento machucou seus músculos ainda doloridos.
- Oh Ian, sinto tanto – se jogou em Ian, lhe abraçando suavemente para não machucá-lo, encaixou a cabeça no vão de seu pescoço e ele passou as mãos na sua cintura – Foi tudo culpa minha.
- Claro que não, loira – ele retrucou baixinho já que estavam próximos – fui eu quem se apaixonou.
A declaração deixou a loira sem reação, por isso ela simplesmente aconchegou-se mais ao moreno que lhe deu um terno beijo na testa.
- Queria ter te conhecido antes de toda essa coisa. Eu com certeza te pegaria de jeito – a loira brincou e os dois riram.
- Eu também queria – Ian falou e fechou os olhos. Daria tudo para poder fazer isso. Acrescentou mentalmente.
Eles continuaram conversando sobre mais coisas até resolver que era hora de voltar ao quarto para terminar os preparativos para o dia seguinte e se despediu do amigo.
(Olhe as luzes da cidade)
As they shine
(Enquanto elas brilham)
Watch the shadows crawl
(Olhe as sombras rastejarem)
On the ground tonight
(Pelo chão hoje a noite)
I'll give you anything you want
(Eu lhe darei o que quiser)
Just give me everything I need
(Só me dê tudo o que eu preciso)
Assim que abriu a porta pulou quase três metros de susto ao ver Caspian sentado em sua cama abraçando seu Stitch de pelúcia e com cara de arrependimento.
- Deus! Não faça mais isso Caspian – ela resmungou fechando a porta.
- Estava onde?
- Não que eu lhe deva satisfações. Mas com Ian – respondeu fria e foi na direção do banheiro.
Ele fez careta quando ouviu o nome do garoto, porém não disse nada. Pulou da cama e a seguiu, mas parou quando a porta bateu na sua cara. Respirando fundo ele encostou as costas nela e escorregou até o chão.
- Está chateada comigo? – perguntou cautelosamente. Não queria que sua situação se agravasse.
- O que acha? – a voz de foi séria e saiu abafada por causa da porta fechada, mas a frieza o atingiu como se estivessem frente a frente.
A loira terminou de tirar a roupa e soltou o rabo de cavalo, abriu o Box e ligou o chuveiro.
- Eu... – Caspian ia começar seu discurso de desculpas, mas o chuveiro o impediu, ele sabia que seria inútil falar dali, pois ela não ouviria, então levantou e colocou a mão na maçaneta. Girou. E a porta abriu, não estava trancada. Isso só podia ser um sinal.
Sem se preocupar em não ser notado, entrou e fechou a porta, agora sim a trancando, e tirou sem pressa todas as peças de roupa que tinha no corpo. Abriu o Box e entrou ficando na extremidade oposta a da loira. estava de costas debaixo do chuveiro e lavava os cabelos que estavam bem maiores desde o começo de tudo.
- Desculpa – ele sussurrou e ela se virou parecendo nem um pouco surpresa e o encarou sem expressão – Não devia ter falado aquilo.
- Não mesmo – respondeu fria, apesar de seu corpo estar pegando fogo só de olhar seu guardião.
- Mas você também precisa me entender, amor, que eu estou preocupado com você. Não suportaria saber que algo aconteceu com você porque eu não estava por perto para te ajudar. Eu não sobreviveria sem você ao meu lado. Então é compreensível eu não querer deixá-la viajar sozinha – ela ia retrucar, mas ele levantou o dedo a impedindo – Mas também entendi e aceitei o fato de que você precisa ser autossuficiente. Não é por isso que a angústia de te deixar partir vai diminuir, mas eu cedi por você. Porque te amo.
Por um tempo continuou sem expressão, mas então, um enorme sorriso brotou em seus lábios, esticou os braços e Cas imediatamente a abraçou e por consequência molhou-se.
- Eu também te amo – sussurrou no ouvido do loiro antes de beijá-lo ardentemente.
Passaram o resto da noite juntos no quarto da loira, brincando, conversando, se amando. Apenas aproveitando a companhia um do outro. Antes que ela fosse embora.
(Não me deixe agora)
Don't fail me now
(Não me desaponte agora)
You're all I see
(Você é tudo o que eu vejo)
You're everything
(Você é tudo)
As roupas estavam espalhadas pela cama de casal da morena e não tinha um único lugar em que não tocassem, sendo assim, estava ajoelhada no tapete fofo em frente a cama com os cotovelos sobre o baú que ficava entre a cama e onde ela estava, com um bico nos lábios encarava suas roupas jogadas.
Usando apenas um blusão cinza que usava em dias de tempestades em sua casa cobrindo até a altura de sua bunda e com uma calcinha short da mesma cor, parecia bem a vontade com os longos cabelos molhados, mostrando que ela tomou banho recentemente, descansando em suas costas.
Ela nunca tinha viajado sozinha, nem mesmo só com suas melhores amigas e agora faria a mais perigosa viagem de todas.
- Devia levar um casaco, para o caso de fizer frio e não tiver como se aquecer.
não deveria, mas levou um susto quando a voz de Liam chegou até ela e virando o rosto encarou seu namorado na porta do quarto encostado despojadamente contra a parede com as mãos nos bolsos da calça jeans.
- Bem pensado – concordou a morena pegando um casaco e colocando dentro da mochila que ela tinha ao seu lado.
Liam deu um sorriso olhando sua protegida e suspirando caminhou a passos lentos até parar de pé ao seu lado não segurando o sorriso quando ela levantou o rosto e deu um sorriso para ele logo levando suas mãos até sua calça e puxando para fazê-lo sentar.
- Você fazia a mesma coisa quando era pequena – ele comentou ficando ajoelhado ao seu lado fazendo virar para seu namorado, curiosa.
- É estranho namorar comigo quando você me viu crescer? É quase como se você fosse um irmão ou algo assim.
- Pondo desse jeito é nojento – Liam riu e riu junto concordando – E não, a mulher por quem eu estou apaixonado não é mais aquela criança.
tentou fingir que não tinha percebido, mas sabia que a hora da conversa tinha chegado e mesmo sendo de fugir de assuntos não agradáveis teria que conversar com ele sobre sua viagem.
- Liam, eu...
- Espera – ele levantou a mão interrompendo, virou de frente para ela e quando ela fez o mesmo ele relaxou sentando no chão com seguindo seu exemplo, Liam tirou algo do bolso e deu em sua mão.
Uma adaga.
A adaga era simples como todas as outras, com o cabo dourado com pedrinhas de diamantes na ponta. Ela olhou para ele mostrando confusão.
- Os guerreiros ganham uma adaga dessas quando estão preparados para a luta. Essa foi minha primeira adaga e agora – ele fechou a mão dela envolta da adaga e olhou para suas mãos e então para seu rosto com os olhos lacrimejando.
- Liam, eu não posso aceitar, ela é importante para você.
- Não tanto quanto você , eu estou dando o máximo de mim para não te amarrar nessa cama agora mesmo e impedir que você vá – ele suspirou tristemente desviando os olhos do rosto dela para ela não ter que ver sua fraqueza -, mas eu não posso e a única coisa eu te peço é que tome cuidado. Eu amo você com todas as minhas forças, então, por favor, volte para mim.
fungou apertando a adaga contra seu peito e olhando naqueles brilhantes olhos azuis.
- Eu vou voltar Liam. Eu vou voltar, porque eu a-
- Não! – exclamou o moreno assustando e levando seus dedos até a boca da namorada para ela não continuar a falar – Não fale. Eu não quero ouvir, parece que você está se despedindo de mim, eu não vou aguentar ok?
concordou com um aceno de cabeça e quando ele teve certeza que ela não falaria tirou as mãos dos lábios dela descendo até seu pescoço e massageando levemente.
A morena fechou os olhos se sentindo numa perfeita calma e sorriu logo abrindo eles para encarar seu protetor aos dizer as próximas palavras:
- Façamos assim então, quando eu voltar. Não, quando vencermos essa batalha eu vou correr para seus braços e vou dizer o que você não deixou eu dizer agora. Trato?
Liam concordou, um daqueles seus sorrisos maliciosos ameaçando aparecer.
- Mas eu não falei nada sobre você não poder mostrar.
olhou para ele surpresa e então dando uma gostosa gargalhada o empurrou pelo peito jogando-o sobre o tapete, Liam caiu tão devagar que ela pode ver seus cabelos negros sendo jogados para trás e seus músculos se tencionando quando seus braços foram parar na cintura de . Ela deu uma risadinha e sentou sobre sua barriga, uma perna de cada lado do seu corpo e suas mãos caminharam delicadamente para dentro da blusa dele, Liam levou suas mãos para as costas da morena subindo e descendo carinhosamente enquanto ela se inclinava sobre ele fazendo seus cabelos agora quase secos caírem nas bochechas e ombros de Liam e sorrindo ela o beijou.
E o amou.
E sem falarem mais nenhuma palavra deram o seu cálido... Até logo.
(Assista as gotas da chuva enquanto elas choram)
I've got nothing left but you tonight
(Eu não tenho nada além de você essa noite)
I'll give you everything I am
(Eu te darei tudo o que sou)
Just give me every part of you
(Só me dê cada pedaço seu)
Uma batida suave na porta fez a Escolhida mais velha virar o rosto e sorrir para seu namorado.
Ele tinha um sorriso tímido presente nos lábios, não sabia se entrava ou se saia do quarto e suas mãos não paravam de se mexer nervosamente.
- André – chamou rindo baixinho dele – Está tudo bem?
Ele concordou e então tomou a sábia decisão de finalmente entrar no quarto, a morena que até então assistia um filme distraída. Seus pensamentos estavam no dia seguinte ao invés do filme que ela nem sabia o nome, só que tentando não preocupar seu guardião fez de conta que assistia o filme sem nome há horas.
- Posso me juntar a você?
Dengosa, ela concordou abrindo espaço na cama para ele e logo o moreno se aninhava sobre os cobertores puxando a namorada para seus braços fazendo carinhos em seus cabelos para relaxar e relaxá-la também.
- Você não precisa fingir que não está com medo, – ele sussurrou suavemente contra sua cabeça, seu hálito quente soprando contra o rosto dela – Porque eu também estou. Eu odeio ter que ficar longe de você e odeio ainda mais o fato que sei que tenho que ficar longe de você.
Ela suspirou e pareceu se esconder ainda mais nos braços dele.
- Eu gostaria de poder prever o que vai acontecer, de saber que no final vai ficar tudo bem... Mas não posso. E é uma droga.
A risada nasalada escapou dos seus lábios e logo ele estava rindo também roçando o nariz contra seus cabelos para memorizar seu cheiro tão doce e delicioso.
- Como eu vou ficar sem você? – ele sussurrou e então soltou um suspiro – Não, eu não vou ficar sem você – André parecia estar travando uma batalha particular e tentando lhe acalmar levantou o rosto e colou seus lábios contra os dele suavemente.
Abriu os olhos e aqueles olhos tão verdes a encaravam admirados.
- Vai ficar tudo bem – ela disse tocando em sua bochecha fazendo André encostar o rosto contra a palma de sua mão e concordar.
- Vai ficar tudo bem.
E então num emaranhando de abraços, juntos, passaram aquela noite no acalento um do outro.
(Não me deixe agora)
Don't fail me now
(Não me desaponte agora)
You're all I see
(Você é tudo o que eu vejo)
You're everything
(Você é tudo)
I'll give you anything you want
(Eu lhe darei o que quiser)
Just give me every part of you
(Apenas me dê cada pedaço seu)
Na manhã seguinte na mansão de Marcus o silêncio estava presente em cada canto, o sol estava nascendo não muito longe e todos os anjos estavam reunidos nos jardins logo atrás de Marcus, Jade e os guardiões das Escolhidas.
Marcus passou a frente encarando suas três filhas, as garotas pareciam estar levando realmente a sério. Todas vestidas de calças jeans, blusas de algodão e tênis com as mochilas no ombro, estavam prontas para qualquer coisa.
- Não demorem e prestem atenção para onde vocês forem, tomem cuidado e voltem sãs e salvas.
- Prometemos – falou sorrindo docemente para ele colocando sua mão sobre a dele, fez o mesmo e passou a frente delas.
- Acho que queremos te pedir desculpas – falou encarando suas irmãs para ver se elas tinham certeza, elas concordaram e a garota continuou, sorrindo: - você é nosso pai e sabemos disso agora.
Marcus sorriu, parecendo iluminar não só ele como a todos por perto e abriu os braços puxando as três para perto.
- Vocês não sabem o quanto eu estava esperando para ter minhas filhas em meus braços.
Alguns segundos no qual todos sabiam que não deviam interromper, os quatro se abraçaram e Marcus pareceu relutante em soltá-las, mas se afastou e sorriu como se aprovasse e se orgulhasse delas.
- Não demorem – ele pediu.
- Garotas – Jade passou a frente correndo até eles, Daniel estava atrás ficando no lugar dos gêmeos enquanto eles não voltavam – Estou tão orgulhosa de vocês, por favor, tomem cuidado.
- Não se preocupe, vamos tomar tia Jade – sorriu para ela lhe abraçando e logo sorrindo para Dan – Você vai ficar bem sem a gente?
Ele deu um sorriso fraco e concordou, o loiro parecia abatido e sem o seu brilho de sempre e mesmo assim estava ali de pé como um verdadeiro guerreiro.
- Se apressem – ele falou.
Os próximos a darem seu até logo foram André, Caspian e Liam que tentavam dar sorrisos, mas seus rostos perfeitos acabavam formando uma careta.
- Boa tentativa – comentou rindo e segurando na mão de Caspian massageando levemente com seus polegares para acalmar ele – São só alguns dias.
- É, vocês não precisam se preocupar nem vai dar tempo de sentirem nossa falta – falou enquanto rodeava com os braços a cintura de Liam e se encaixava no seu corpo para relaxar ele.
- Vocês prometem ligar qualquer coisa? – pediu André puxando para seus braços desesperado para não soltar ela.
- Ah! O que nos lembra – se afastou dele gentilmente e olhou dele para os garotos – Se a marca de vocês arderem. Não. Vão. Atrás. Da. Gente – ela falou pausadamente fazendo os meninos arregalarem os olhos e se afastarem delas – Exceto se arder isoladamente, então é porque aconteceu algo e estamos afastadas.
- Vocês pedem para deixarmos vocês irem e então soltam uma dessas? – exclamou Liam tentando se afastar de , mas ela se apertou mais contra ele.
- Devemos voltar em cinco dias, menos, provavelmente – lembrou a morena sutilmente.
- Só pode ser brincadeira – Caspian parecia realmente irritado, suspirou, seu namorado devia parar de se estressar com tudo relacionado a ela.
- Já passamos dessa fase e já estamos prontas para partir, não querem que vamos brigadas com vocês né? – alertou batendo o seu indicador contra o peito de Caspian – Agora vem cá e me abraça.
Os três guardiões se entreolharam e soltando suspiro cederam a elas.
- Eu te amo, . Volte logo – pediu André dando um beijo carinhoso no topo da cabeça dela.
Ela concordou sorrindo.
- Volto num piscar de olhos.
- Eu amo você, tome cuidado ok? – falou Liam esfregando suas grandes e quentes mãos para cima e para baixo em ambos os braços de .
- Você pode falar e eu não posso nem sequer começar a dizer, por quê? – ela fez bico fazendo ele rir e então soltar um lamento cheio de angustia. deu uma espécie de sorriso que poderia ser considerada angelical e o abraçou mais forte do que ela achava ser capaz – Eu vou voltar para você, Liam. Trato é trato e eu não descumpro minhas promessas.
O moreno suspirou parecendo relaxado com as palavras da sua namorada e então a puxou novamente para seus braços querendo manter ela ali, protegida para sempre.
- Loira, se alguém chegar perto de você lembre tudo que eu te ensinei e acabe com ele – Caspian pediu realmente nervoso apertando contra ele. Ela riu.
- Cas, basicamente só teve uma coisa que você me ensinou e eu não vou usar isso contra alguém que não seja você – ela piscou rindo maliciosamente e fazendo Caspian olhar firme para ela – Tudo bem. Eu vou acabar com qualquer um que me ameaçar.
- E te ameaçar inclui pensamentos de querer fazer o que nós fizemos a noite passada – ele riu e logo ela também riu dando um beijo rápido em seu pescoço – Não demore, amor e lembre que eu amo você.
- Eu também Cas, eu também – suspirou escondendo o rosto contra o peito dele e deixando o sorriso murchar.
Quando as despedidas acabaram as três irmãs subiram nos cavalos que as levariam até sua escola onde pegaram um carro e partiriam em busca do seu caminho, ou seja lá o que elas iriam procurar.
Os anjos presentes se curvaram respeitosamente perante elas sussurrando palavras desconhecidas, mas que as reconfortaram e dando mais uma olhada para as pessoas na frente de todos eles, elas bateram os tênis na lateral dos cavalos e fazendo barulhinhos como de beijos partiram para longe.
Os cavalos as levaram até o colégio, e elas tiveram uma surpresa ao encontrar uma ruiva vestida despojadamente, com uma calça de malha preta e um blusão de frio gigante com estampa de Paris, os cabelos vermelhos presos num coque e sapatilhas no pé. Bom, era de se esperar já que normalmente os alunos estariam acordando preguiçosamente agora, mas então as meninas se lembraram de que Marcus havia dito que os Nephilim estavam treinando mais para lutarem também.
Ao seu lado estava Helena com as mãos para trás numa postura que demonstrava toda sua elegância e que a deixava parecida com Marcus, seu irmão.
Desceram dos cavalos e os amarraram em árvores como Helena as instruiu, quando finalmente pararam de frente à elas, as duas se curvaram respeitosamente. As meninas, já meio acostumadas com isso, sorriram em resposta para elas que se endireitaram logo.
- Bom meninas, eu tenho o transporte para a continuação da viagem de vocês. Marcus me falou sobre a viagem ontem à noite e me pediu para providenciar um carro para vocês, já que lá eles não têm nenhum – Helena disse docemente.
- Obrigada, será uma grande ajuda – disse sorrindo e então olhou para Lindy mas não quis ser inconveniente. Ela não foi, mas sua irmã sim, como era de sua especialidade.
- Oi Lindy, o que faz aqui? – perguntou direta e todas riram.
- Eu tenho informações que podem ajudar na busca de vocês – a ruiva deu de ombros colocando as mãos no bolso do blusão.
- Podemos conversar no caminho até os portões do colégio? Não temos tanto tempo para papear – pediu , Helena concordou prontamente com a morena e as pediu para segui-la.
- Quando quiser Lindy... – deixou no ar quando elas já estavam em movimento a um tempinho, lhe deu um tapa no braço e um olhar que pedia mais gentileza e educação.
- Na minha infância, eu morei num bairro mais afastado, que tinha mais pessoas como nós. Nephilins, e até alguns anjos frequentavam ali. E você sempre ouve histórias de seus avós e pais sobre boatos, não é? Vocês eram umas dessas histórias. Bom, eu cresci ouvindo um bastante curioso. O boato dizia que há séculos atrás foi criada uma arma que equilibraria tudo. Mas, que ao passar do tempo, as trevas a roubou de onde quer que ela estivesse, e a arma permanece com as trevas até hoje. Essa arma, é a coisa mais poderosa que existe no nosso mundo, e se ela for usada pelas trevas na guerra final, acho que o resultado não vai ser bom...
- Nossa, isso é definitivamente útil para nós Lindy – comentou , espantada com a história – Mas, você sabe de alguma coisa que possa nos levar até onde as trevas guarda essa arma?
- É aí que a ajuda fica ainda mais interessante. Outro boato é de que existe um homem, um profeta, que sabe exatamente a localização da arma. Mas, ele vive no lugar mais sombrio da cidade, onde metade dos moradores são maus.
As três não responderam nada de imediato, se entreolharam debatendo em silêncio, e então juntas acenaram discretamente. Elas pararam de frente ao range rover que lhes seria emprestado e então endireitou a postura e falou:
- Nos diga onde é esse lugar – falou confiante com a voz firme, para mostrar que elas estavam mesmo decididas a encontrar aquela arma e ganhar a guerra.
Lindsay passou as informações que sabia sobre o local e logo depois elas se despediram das duas e partiram rumo ao seu destino.
Elas passaram reto para fora do colégio, para longe da sua cidade e todos os lugares que conheciam. Quando viraram, entraram numa estrada de terra com árvores escuras e com suas folhas caindo nas beiradas. A temperatura pareceu esfriar rapidamente e quanto mais elas entravam naquele caminho mais escuro parecia ficar, até o ponto que as árvores começaram a fazer um túnel escuro sobre elas no qual os secos galhos arrastavam no teto do carro e quando começou a arrastar nas janelas e no capô do carro, elas tiveram que parar porque não havia condições de continuar com o automóvel.
- Maravilha – resmungava enquanto saia do banco de passageiro, jogando a mochila sobre seus ombros.
- Tudo bem, para onde vamos agora? – perguntou pulando do banco de trás, seus pés afundaram numa lama e ela fez uma careta incontrolável sacudindo eles – E acho melhor acharmos rápido.
- Está escurecendo – comentou trancando as portas do carro e ativando o alarme mesmo sabendo que seria inútil escutar seja lá para onde elas fossem – Temos que achar um lugar para dormir e amanhã cedo procuramos esse homem. Baltazar, certo? – ela perguntou pegando o seu celular onde tinha anotado o nome do cara e endereço do lugar e então gemeu – Estamos sem sinal.
- Claro que estamos, estamos no fim do mundo – jogou seus braços para cima e então elas viraram o rosto quando ouviram o barulho de gravetos estalando.
Elas levaram as mãos até a parte de trás da calça onde colocaram as adagas assim que saíram do carro. Mesmo podendo configurar uma, elas não treinaram o suficiente e não sabiam se estariam preparadas.
Esperaram longos segundos e nada apareceu.
- Ok, acho melhor começarmos a andar e lembrem, somos nephilins que ainda não sabem que lado escolher – falou apertando o braço de para fazer ela começar a andar, já estava na frente delas.
Elas andaram no que pareceram horas, a floresta era comprida e escura, os galhos secos e as folhas escuras não ajudavam em deixar elas mais tranquilas.
Então, quando chegaram numa abertura, a lua não perecia brilhar tão forte naquele lugar, elas saíram e pisaram direto numa...
Rua. Uma rua comum como outra qualquer.
Elas passaram as últimas horas imaginando que o local onde grande maioria dos habitantes escolheu o lado do mal fosse velho, obscuro e talvez com até algumas cavernas, mas nada disso.
A rua era decorada com prédios de cada lado, prédios todos em tons de cinzas e cores escuras e alguns deles apesar de parecerem vazios hora ou outra um movimento ocorria. Os postes das ruas estavam todos apagados, apesar de já ter escurecido, e elas tinham certeza que não era porque eles não tinham dinheiro para pagar levando em conta o porshe que estava estacionado em frente a um prédio, provavelmente era o preço que eles pagavam para poder ficar na escuridão sem ninguém saber. Um gato derrubou uma lata na entrada de um beco fazendo elas tomarem um susto. Aliás, naquele lugar havia muitos becos, ao lado dos prédios perto das escadas de incêndio ou levando a uma rua escura com grades ao terminar o beco parecendo que levava a um estacionamento, um campo de futebol ou talvez uma floresta.
- Acho melhor sermos rápidas, não gosto desse lugar – falou enquanto pegava seu celular percebendo que elas ainda estavam sem sinal – Ele pode até ser bem arrumado e não com monstros e cavernas no meio da rua como pensávamos, mas eu to toda arrepiada.
- E você não é a única – murmurou mostrando seu braço – Temos que procurar um hotel, não acho que vamos achar aquele cara ainda hoje.
- Ah, claro, ainda vamos dormir aqui né? Sensacional – resmungou – Olhem – ela apontou para o letreiro grande onde podia-se ler “Cassino e Hotel aberto 24 horas” – Acho que é o único desse lugar.
e se entreolharam, a loira levantou a manga do casaco que vestia ajeitando sua adaga que estava bem escondida e colocou a sua em suas costas no cós da sua calça puxando o casaco para esconder bem.
Elas andaram a passos rápidos pela rua onde não parecia ter nenhuma alma penada e quando chegaram ao hotel que parecia ser a coisa mais iluminada dali, abriram as portas duplas logo sendo recebidas com o cheiro de charutos, cigarros, álcool e risadas altas e maldosas.
Todos pararam no mesmo instante que as portas bateram de volta em seus lugares como se não estivessem acostumados em serem interrompidos, ainda mais por estranhos.
- Carne nova no pedaço. Olá queridas – alguém falou depois de alguns minutos em que ninguém falou nada trazendo mais gargalhas e até alguns homens que apoiaram suas mãos grandes na mesa e ficaram de pé. E não eram só homens, mulheres usando roupas justas e de couro ou vestidos compridos e elegantes também estavam presentes.
Um homem passou a frente, ele usava uma blusa social branca e os cabelos negros estavam penteados para trás, parecia ser o dono do lugar levando em conta sua pose.
passou a frente, levou a mão para suas costas segurando no cabo de sua adaga.
- Eu sou Belle Staley, e essas são minhas irmãs Annabeth e Lizzie. Somos Nephillins e acabamos de nos formar e uma amiga nossa falou desse lugar, como estamos querendo conhecer um pouco ainda, viemos para cá – deu um sorriso um tanto malvado e jogou o cabelo loiro para trás colocando o peso numa perna, levantando o quadril e fazendo uma pose um tanto quanto sexy – Queremos um quarto.
O homem de cabelos negros parou pensando por alguns segundos, então ele abriu um grande sorriso e estendeu a mão para .
- Eu sou Noah Bromm, sejam bem vindas ao meu hotel – ele falou e estalou o dedo fazendo um cara trazer uma chave até ele – Porque não ficam com uma das minhas suítes e então vocês se juntam a nós para beber?
- Acho que não, senhor Bromm – começou , mas ele a interrompeu sorrindo.
- Noah, por favor...
- Annabeth – a morena se apressou a dizer sorrindo para ele e largando devagar a adaga para lhe estender a mão – Se não estivermos muito cansadas.
- Vamos descer sim, obrigada – falou rapidamente fazendo suas irmãs olharem para ela confusas, só que a mais velha mantinha seu olhar em um canto perto do bar.
Noah sorriu e concordou animadamente, batendo palmas deu sinal para todos voltarem ao que estavam fazendo.
Desceram de volta para o bar, usando roupas mais escuras e com os cabelos presos, as adagas ainda bem escondidas, seja amarrada na batata da sua perna, ou na pequena bolsa de mão que levavam e ainda assim sentaram elegantemente no bar logo sendo recebidas por um garoto não muito mais velho que elas.
- O que querem?
- Eu quero uma Margarita de Romã, um Mojito e Martini de cranberry – passou a frente sorrindo para ele, quando o garoto se retirou elas viraram para – Ok, e agora?
- Eu tenho certeza que ele está aqui, não me perguntem como – ela comentou olhando ao redor – Ele estava no bar – ela falou confusa franzindo a testa.
- Não está mais, temos que ser rápidas não podemos correr o risco de descobrirem quem somos de verdade – murmurou logo quando o barmen voltou e entregou a bebida a elas. sorriu para ele agradecida.
Quando abriu a boca para contestar, um grito seguido por um barulho de cartas, mesa e uma garrafa caindo no chão foram ouvidas.
Elas levantaram dos bancos que estavam sentadas e encararam a cena. Um homem parecendo já de idade com os cabelos brancos batendo na altura dos ombros, e atrás de toda sua barba parecia um homem precisando de ajuda, estava caído no chão e começava a se levantar.
- De novo não, Baltazar – Noah reclamou com seu vozeirão andando a passos rápidos até ele, fazendo um gesto chamou alguns de seus seguranças – Levem ele embora do meu hotel e não volte aqui tão cedo, velho.
- Ah, jovem Noah, eu vou voltar muito em breve – zombou Baltazar ficando de pé e expulsando as mãos dos seguranças de perto dele – E você vai cair antes que perceba – ele anunciou.
- Seu profeta inútil, vá embora – Noah vociferou e então virou de costas bufando para todos ouvirem, bastante furioso.
Baltazar sacudiu a sua roupa amassada e de nariz em pé fez uma reverência e saiu do local.
- Vamos – murmurou apontando para a porta dos fundos que ela viu pelo bar, não poderiam sair pela frente e chamar a atenção de todos.
pulou o bar esperando suas irmãs fazerem o mesmo e quando fizeram, fechou os olhos mentalizando a porta destrancada e logo que abriu as três já estavam nos fundos do hotel.
O beco, como todos os outros, estava vazio e elas correram para dar a volta no hotel e então seguirem Baltazar até a casa dele, seja lá onde fosse, mas o velho estava cambaleando na rua e se segurando na parede. bufou e puxou sua adaga para frente, não que Baltazar fosse um risco, mas essa rua parecia e quando o homem cambaleou para dentro de um dos muitos becos as três soltaram um alto suspiro contrariado e seguiram ele.
- Olá! – foram pegas de surpresa e deram um grito quando o velho homem que parecia tão lento deu uma volta puxando e prendendo ela contra a parede – Profetisa.
Rapidamente se meteu atrás dele apontando a adaga para seu pescoço enquanto se colocava atrás de de olho no beco e nela.
- Solte-a – mandou a morena.
- Como você sabe que eu sou uma profetisa? – foi tudo o que perguntou.
Ele riu.
- Do mesmo jeito que você sabia que eu sou um profeta. Estamos ligados por uma força maior que a gente – ele jogou as mãos para cima e foi tempo suficiente para escorregar pela parede se jogando no chão e virando para longe dele enquanto o virava contra a parede com a adaga em sua garganta, suas mãos tremiam, mas quando sentiu as mãos quentes de e contra seus ombros ela relaxou.
- Vocês não são quem dizem que são – ele soltou sorrindo tranquilamente.
- Adivinhou – zombou com a adaga em suas mãos brincando com ela, ele olhou de sua adaga para a adaga contra seu pescoço.
- Essa adaga pertence a um guerreiro – ele falou pensativo encarando , ela tremeu, mas se manteve no mesmo lugar. Ele riu -, mas vocês não são de sangue puro e são jovens demais para serem guerreiros ou guardiões.
- O tempo passa e queremos resposta – exasperou-se parecendo impaciente, ela tacou a adaga na parede fincando ela num espaço entre os tijolos – Te daremos uma escolha, podemos fazer isso do modo fácil ou do modo difícil.
olhou para ela confusa e revirou os olhos.
- Você sempre quis falar isso, estou certa? – questionou .
gargalhou e concordou com um aceno de cabeça.
- Sempre.
- Vocês são as Escolhidas – exclamou finalmente Baltazar rindo em seguida, a adaga chegou perto demais da sua garganta e foi obrigada a se afastar um pouco, ele ainda não era o inimigo e precisavam da ajuda dele.
- Qual a graça? – perguntou franzido a testa.
- Eu esperava que vocês fossem um pouco mais... – ele parou e sorriu bebamente para elas – Ameaçadoras.
- Somos ameaçadoras – cruzou os braços encarando ele irritada e então apontou a adaga para ele – Somos bastante ameaçadoras.
Ele riu e concordou, zombando.
- As Escolhidas, não é? – Noah apareceu no beco cruzando os braços e sorrindo, dando passos lentos até elas.
achou que essa era uma ameaça que sua adaga deveria ser usada e soltando Baltazar virou de frente para ele.
- Então, qual o nome verdadeiro de vocês? – Noah quis saber andando devagar até elas, ele olhou para que estava em posição de ataque e então para mais atrás.
- E pra que você quer saber, querido? – zombou a loira.
- Questão de educação, antes de matar vocês – ele deu de ombros – Sabem né?
- Não – cruzou os braços e deu uma risadinha não parecendo se sentir nem um pouco ameaçada – ByeBye.
Antes que ele perguntasse alguma coisa uma flecha atravessou diretamente seu peito fazendo ele cambalear e arregalar os olhos quando caiu no chão rapidamente.
apareceu atrás dele jogando o arco e flecha que ela acabou de materializar sobre seus ombros.
- E ele caiu antes de perceber – Baltazar anunciou batendo palmas – Ok, o que as princesas querem saber? Não quero ser o próximo a receber uma flechada.
- Queremos saber sobre uma profecia – falou e então bateu na sua própria testa – Merda, esquecemos o livro.
- Não, eu acho que posso adivinhar. Vocês querem saber onde está a arma que pode acabar com todo o mal, certo?
- Caraca, ele é bom – murmurou .
- Sou o melhor – ele se gabou cruzando os braços – E posso ajudar vocês, se me pagarem é claro.
- Você só pode estar brincando – exclamou jogando a adaga entre suas mãos e então segurando ela firme, encarou Baltazar – O que faz você pensar que não podemos te obrigar a falar?
- Se vocês quisessem me matar já teriam, mas precisam de mim, não é mesmo?
- Senhor, não estamos de bom humor e nem querendo brincar então porque não começa a falar logo? – tentou usar de toda sua educação, mas estava de saco cheio.
- Tudo bem, você podem me pagar de outro jeito, concordam? – ele riu e foi extremamente ágil quando se jogou contra ele torcendo seu braço e batendo o rosto dele contra a parede.
- Um truque que meu namorado me ensinou, legal né?
- E se você não quiser mais desses truques, começa a falar – completou batendo no ombro de para ela manter o profeta contra a parede.
- Tudo bem, não precisam ser agressivas – ele murmurou a voz abafada pela parede de tijolos – O que acham de usarem a cabeça além da força e irmos para meu apartamento? – quando apertou ainda mais seu rosto contra a parede ele gemeu – Não querem outro Noah aparecendo, querem?
- Ele está certo – falou segurando no ombro de para ela não acabar sufocando o cara, então acrescentou: - se você vir com alguma gracinha não hesitaremos em aplicar em você tudo que aprendemos, escutou?
Ele concordou prontamente.
Assim que Baltazar abriu a porta do seu apartamento um cheiro desagradável de comida há tempos aberta, bebidas e algo não reconhecível chegou até elas.
- Desculpa pela bagunça, não esperava visitas – ele comentou andando lentamente até o sofá e expulsando as caixas de pizza as jogando no chão.
- Claramente – murmurou fazendo uma careta enquanto ia se sentar no sofá junto com suas irmãs, antes olhando para ter certeza que nenhum inseto nojento subiria nela.
O velho homem andou até a cozinha americana e pegou um copo e uma garrafa de uísque já em cima da bancada.
- Aceitam algo?
- Respostas – respondeu prontamente.
- Porque não trazem o livro até mim enquanto eu me sirvo? – ele murmurou dando um grande gole na bebida.
As meninas se entreolharam.
- Santo Deus, fechem os olhos e transportem o livro da onde está até vocês. E ainda se dizem as Escolhidas.
- Esse cara está começando a me estressar – balbuciou em voz baixa para suas irmãs que deram risadinhas e concordaram logo fecharam os olhos.
Mentalizando o livro escondido na mochila de embaixo da cama do quarto de hotel onde elas deixaram suas coisas, imaginaram o livro sobre o colo delas naquela sala imunda e de cheiro estranho e dando suspiros quando abriram os olhos encontraram o livro no centro da mesa entre os pratos sujos e caixas de comidas.
rapidamente puxou ele para seu colo.
- Devo aplaudir por não serem tão devagar? – zombou Baltazar voltando para a sala já com a garrafa na mão ao invés do copo e sentando na poltrona – Vamos começar.
Elas colocaram suas mãos sobre o livro que se abriu na página da profecia.
- Sabemos que somos as Quatro – começou logo depois que leram o poema em voz alta para Baltazar que pareceu impressionado e pela primeira vez da noite atento a algo além do seu copo de bebida – Que sobraram três quando nossa irmã mudou de lado.
- O cinza é o Liam – apontou para – E quando, eles...
- Transaram – gargalhou Baltazar fazendo a morena olhar de cara feia para ele, o velho soltou um alto xingamento quando a sua garrafa quebrou – Legal, flor, olha o que você fez com minha bebida.
- Você tem outras, não se preocupe – zombou dando um sorriso irônico.
Baltazar riu e apontou para ela como se dissesse “garota espertinha” e ficou de pé indo pegar outra garrafa enquanto fazia sinal para elas continuarem.
- Então percebemos que teríamos que fazer uma busca só nossa. Mas não conseguimos decifrar o resto.
Baltazar se virou para e riu.
- Vocês ainda têm muito que aprender – ele comentou distraído procurando entre os armários uma nova garrafa – Eu não acho que fui o único a perceber, provavelmente sim, mas me parece que vocês nunca agiram tão – ele levantou o rosto que estava enfiado num armário e olhou para elas maliciosamente – sensualmente perigosas, até agora.
- Nos encontramos – aplaudiu ignorando o “sensualmente perigosas” – Nós finalmente percebemos do que somos capazes.
- Exatamente, queridinha – Baltazar fechou um armário quando achou finalmente uma garrafa fechada de uísque. Ele saiu da cozinha voltando para a sala – Agora passamos para a parte de encontrar o Poder, acho que já perceberam que está falando da arma que vocês têm que encontrar né?
- Você não foi o único a perceber – zombou .
Ele aplaudiu.
- Agora chega a parte complicada, eu vou contar uma história para vocês – Baltazar deixou a garrafa de lado ajeitando-se melhor na poltrona e parecendo de repente extremamente sábio e alguém cheio de confiança – Há séculos e séculos e séculos atrás, quando os seres humanos começaram a habitar, como uma resposta para tudo que eles ainda iriam causar, alguém – ele deu um sorrisinho misterioso fazendo as meninas se inclinarem para prestarem mais atenção – eu não gosto de entrar na fé de cada um, então vamos pular essa parte e chegar na parte principal. Da união de elementos tão puros e simples da natureza nasceram duas pessoas, não, melhor. Anjos – ele se ajeitou novamente na poltrona e continuou vendo as garotas parecerem bastante curiosas – Awaquir e Terfire foram criados um para o outro e juntos teriam que criar mais da mesma espécie e deram a luz a quatro perfeitos e puros filhos. Acho que vocês estão familiarizados com seu pai e tios, certo?
- Awaquir e Terfire são nossos avós? – exclamou surpresa.
- Exato – ele apontou para ela batendo palmas – Quando seus filhos nasceram, com dons de poderem criar anjos assim como eles, todo esse mundo foi se desenvolvendo. Com o tempo, Awaquir e Terfire sabiam que estava na hora de se aposentarem. De seguirem para o "Olímpio", um lugar entre o paraíso e onde vivemos, só que antes de irem teriam que colocar o trabalho deles na mão de um dos seus filhos.
- Nosso pai.
Baltazar olhou para e concordou.
- Exato, só que o tio de vocês, Lucius, não ficou contente com a escolha deles e quando o Oráculo deu o aviso que Marcus também ficaria responsabilizado pela balança do Bem e o Mal, bom vocês sabem o que aconteceu depois, certo? – quando elas concordaram, ele continuou – Quando ele, Lucius, largou de uma vez por todas o lado do bem, como castigo Awaquir e Terfire lhe tiraram o dom de continuar criando anjos, para ele não criar anjos das trevas, o que não lhe impedia de chamar para seu lado qualquer anjo caído e futuramente os demônios que ficaram sabendo de uma grande força. Antes de irem embora para o Olímpio Awaquir e Terfire decidiram criar um plano reserva, para proteger tanto a humanidade quanto seus futuros netos e assim criaram uma arma poderosa o bastante para destruir um Original como Lucius.
- E o que aconteceu com essa arma? – perguntou , envolvida na história.
- A parte legal acabou de chegar – Baltazar bateu palmas gargalhando – Ela continua no Olímpio com seus avós.
- Você está brincando né? – falou espantada.
- Eu pareço estar? – ele perguntou extremamente sério, e a morena negou rapidamente.
- Mas, espera um pouco... – disse, juntando as sobrancelhas enquanto processava a informação – você não disse que eles estão numa espécie de outra dimensão? Como faremos para chegar lá?
- Melhor, é possível chegar lá? – questionou.
- É possível chegar lá sim, de duas maneiras, mas vão por mim, não gostariam de ir pela primeira opção – Baltazar deu uma risadinha um pouco maligna.
- Qual seria essa primeira opção? Só por curiosidade – perguntou dando de ombros, sua curiosidade era sempre mais forte que ela.
- Morrendo – ele respondeu simplesmente, e bebeu todo o líquido que estava no copo de uma só vez, voltando a enchê-lo.
- COMO? – as três gritaram assustadas.
- Acalmem-se, eu disse que vocês não gostariam dessa opção. Para a sorte de vocês, eu sei como fazer para chegar lá pelo “segundo jeito” e estando vivo.
- Poderia, antes de nos dizer como chegar, contar o que é esse lugar? – pediu, um pouco assustada.
- Claro. Nada mais é do que o templo das almas. Mas não de todas as almas, apenas as de anjos, é claro. Apesar de parecer assustador, dizem que é o melhor lugar para se estar. Porque as almas deixam o ar puro e livre de qualquer mal. Por isso, seus avós foram para lá, não, eles não estão mortos – o homem respondeu rapidamente ao olhar arregalado das meninas, que se aliviaram com isso – E nem “socializam” – ele gargalhou com o termo que usou – com as almas. Têm uma espécie de casa lá, só pra eles.
- Não precisamos temer as almas? – perguntou tensa, pensando numa forma de atingir uma alma. Nem sabia se poderiam vê-las, imagine atingi-las. Isso a agoniou.
- Lógico que não, querida. Quando morremos, nossa alma se liberta de todas as impurezas que teve durante seu período de vida, então é como se ela se renovasse. Elas são puras. Inofensivas. Na verdade, vocês nem poderão vê-las.
- Então como sabem que elas ficam lá? – perguntou pomposamente, como se dissesse que não pode existir algo que não se vê.
- Vocês as sentirão no momento em que entrarem lá, acreditem – Baltazar disse sabiamente, e então deu um pulo ficando de pé e deixando sua bebida de lado – Sem mais delongas, prontas para o passeio?
As três levantaram prontamente e apesar de tudo que Baltazar havia dito, empunharam suas adagas com maestria, já familiarizadas com o objeto. não importou-se de deixar sua bolsa no sofá de Baltazar, preferindo levar a arma na mão.
- Isso é ótimo, vocês a trouxeram – o homem comemorou e foi até , apontando para a adaga de Liam em sua mão – Essa é a entrada de vocês para lá.
- Uma adaga? – as três disseram em uníssono, com tom de descrença.
- Não, não. Essa não é uma simples adaga. É uma adaga feita pelos Originais, e que só guardiões de um alto nível possuem.
- Ok. E o que eu faço com ela? – perguntou pronta para qualquer coisa que tivesse que fazer.
- Essas adagas não são comuns. E por isso, especiais. Mas sozinhas elas não funcionam como chave para o portal. Precisam ser tocadas em sangue angelical – ele disse colocando emoção e seriedade na voz, e sua expressão era de puro êxtase, como se ele gostasse que aquilo fosse o que elas teriam de fazer.
- Legal. Sinto lhe informar, mas não temos um anjo aqui para nos fornecer sangue – ironicamente soltou, e jogou-se derrotada no sofá, fazendo uma enorme quantidade de pó se levantar provocando uma tosse nela.
- Não temos. Mas temos um sangue de nephilins, o que não seria suficiente, se – ele levantou o dedo indicador – fosse de um nephilim qualquer.
Elas se entreolharam. E perceberam que tinham chegado ao mesmo raciocínio, se levantou exaltada.
- Nosso sangue? – ela gritou.
Baltazar riu e bateu palmas como um elogio a conclusão que anunciou.
- Só precisa de uma de vocês – ele deu de ombros. E elas soltaram o ar, voltando a se olhar.
- Eu sou a mais velha, eu dou – disse convicta, mas sua palidez era anormal, parecia que a garota ia desmaiar.
- Ah, por favor, – debochou – Você já está quase desmaiando só de falar. E não deixaria sua pele encostar a adaga, não voluntariamente. Será o meu.
- ... – as duas iriam contradizer, mas a morena balançou a cabeça negando.
- Nada mais justo. Afinal, Liam deu essa adaga para mim. Eu vejo isso como um dever.
As outras concordaram e ficaram quietas, afinal, sabiam que não adiantaria debater com a irmã. E quanto mais rápido fossem, mais rápido voltariam para casa.
- Certo, você pode cortar a palma da sua mão. Vai ser menos doloroso e mais fácil para cicatrizar depois – Baltazar deu a dica e concordou levantando a palma de sua mão e a abrindo totalmente – Todas precisam estar de olhos fechados, e com a mente limpa.
Elas acenaram em concordância e fecharam os olhos, menos , que posicionou a adaga num canto de sua mão. Depois de soltar um longo suspiro, a morena apertou com toda sua força a adaga na palma de sua mão e a puxou em uma linha horizontal até o outro lado da mão, e apesar de ter fechado os olhos para suportar a dor, conseguiu ver que uma luz radiava da adaga, e ela tentava ao máximo deixar sua mente vazia. Quando não aguentou mais a dor, e precisava ver seu ferimento, abriu os olhos se deparando com um jardim extremamente lindo e vazio. Tinham conseguido. Olhou para o lado e viu suas irmãs abrindo os olhos e se deparando com a mesma paisagem que ela.
Quando deram um passo, puderam sentir um frio enorme. Apesar de estar uma luz amarela como um sol, o vento estava frio. E parecia que rajadas dele passavam por elas constantemente. E com um tremor, elas descobriram que eram as almas.
Chegaram mais perto uma da outra, e giraram trezentos e sessenta graus dando de cara com uma fachada de uma casa extremamente bonita. Ela era com apenas um andar, totalmente branca, com uma janela de cada lado da grande porta que se encontrava no centro, e mais daquele jardim perfeito. Elas não entenderam o motivo do caminho de pedras brancas cristalizadas que vinha da porta até perto dos pés delas, já que eles não faziam o tipo que recebia visitas. Cautelosamente, elas seguiram por esse caminho, parando diante da porta e depois de comunicarem-se por olhares, bateu na porta.
Depois do que pareceu milênios, mas foram apenas dois segundos, a porta se abriu e uma mulher que aparentava ter quarenta e alguns anos apareceu. Ela usava um vestido de seda branco que arrastava no chão cobrindo seus pés, que as garotas sabiam, estavam descalços, e seu cabelo era de um loiro estonteante, parecia que brilhava, e estava trançado elegantemente para seu lado esquerdo, com sua ponta batendo nos quadris dela, seu sorriso era sincero e angelical, e seus olhos eram azuis acinzentados, fazendo-as entender a origem dos de Lucius.
- Sejam bem-vindas queridas – ela disse e sua voz era suave como um canto de passarinhos, melodiosa aos ouvidos.
Meio incertas do que fazerem, as três dobraram os joelhos e abaixaram a cabeça, numa reverência, e depois voltaram a postura não tão mais rígida.
- Acho que sabe quem nós somos – falou numa voz baixa e suave, em respeito à mulher mais velha.
- Sabemos. E vocês devem saber quem nós somos, correto? – uma voz masculina, grave e forte, mas que soltou as palavras na mesma suavidade que a feminina, disse vinda de um canto. As meninas viraram o rosto e um homem glorioso vinha por um corredor na direção delas. Ele era alto, tinha os ombros largos e usava uma camisa branca para esconder seu peitoral, calças também brancas cobriam suas pernas, mas dessa vez conseguiram ver seus pés descalços. Seu rosto também estava com traços mais velhos, seu cabelo loiro batia em seu queixo e seus olhos eram de um verde estonteante. De repente, elas perceberam que era o pai delas, numa versão mais velha.
- Sim – concordou quando ele parou ao lado da mulher, e novamente elas fizeram uma reverência, e quando voltaram a postura normal, receberam sorrisos de seus avós.
- Diga-me querida, porque sua mão está ferida? – perguntou Awaquir, olhando confusa para a palma da mão de que estava virada para frente, a morena imediatamente virou a palma para o outro lado.
- Era o que precisava ser feito para entrar aqui – respondeu pensando se eles haviam se esquecido desse detalhe. A expressão da mulher de tornou ainda mais confusa.
- Quem lhes disse isso? – perguntou Terfire também confuso.
- Baltazar. Um profeta que encontramos e que nos disse como achar o que procuramos. Ele disse que precisávamos misturar sangue angelical com a adaga de um guardião para podermos chegar aqui – respondeu simplesmente.
- Ele estava errado. Apenas a adaga é a chave para nossa casa. – Awaquir falou, surpresa com a crueldade do homem ao dizer aquilo para as garotas.
- Filho da... – xingou, mas antes que terminasse levou um empurrão de e fez careta – Desculpe.
Eles riram suavemente, e balançaram a cabeça como se dizendo que não tinha importância.
- Acredito que querem algo de nós. Podem nos acompanhar para falarmos disso num lugar mais aconchegante? – a mulher pediu e elas concordaram prontamente, seguindo-os pelo corredor do qual Terfire havia vindo.
Entraram na casa e era como se entrasse, novamente, em outra dimensão. A casa tinha cheiro de mar, rosas e lavanda. Os moveis eram claros e bem feitos, e o outro lado da casa não havia parede. Era uma grande porta de vidro totalmente aberta dando para nada mais, nada menos do que um vasto oceano.
- Uau – exclamou bestificada – É tão lindo, eu não acredito que algo assim é possível.
Awaquir riu graciosamente e virou para elas.
- Oh, meu bem, sua mão ainda está sangrando – ela levantou umas de suas elegantes mãos para pedindo permissão, a morena franziu a testa e antes de entregar a mão para ela falou:
- Você pode deixar a cicatriz?
Awaquir olhou para ela confusa e então para seu marido que deu uma risada adorável.
- Acho que alguém quer ter marcas de guerra – ele comentou.
- Não! Quer dizer... acho que sim – riu baixinho e olhou para eles enquanto dava passos duvidosos até a areia querendo saber se era de verdade – Só quero lembrar que eu tenho coragem e um dia quem sabe, mostrar para meus filhos?!
- Não posso prometer que a cicatriz fique até lá, mas – Awaquir pegou a mão dela e fechou os olhos e quando abriu, sorrindo, tirou mostrou a mão para .
A mão da morena estava com o rastro na horizontal do seu corte, só que dessa vez curado e um pouco mais claro que a cor da sua pele, quando passava a mão por cima sentia um leve relevo.
- Obrigada.
Awaquir sorriu e concordou.
- Então – girou nos calcanhares virando para eles e cruzando os braços – Não quero parecer mal educada, esse lugar é lindo e tudo o mais, mas temos que voltar o mais rápido possível. Tenho certeza que quer chutar a... – ela gaguejou fazendo seus, para todos os casos, avós rirem – Baltazar.
- Eu não acho que vamos encontrar ele mais não, – comentou fazendo rir e concordar.
- Não se preocupe, quando Liam souber o que aconteceu ele vai caçar Baltazar – deu pulinhos contente com isso.
Seus avós deram risadas.
- Temos que falar porque viemos aqui afinal – lembrou virando para eles – A adaga.
- A adaga – comemorou Terfire batendo palmas e fazendo um gesto com a mão cadeiras de madeiras brancas parecendo que foram feitas a mão apareceram juntamente com uma mesa de centro também branca e uma caixa, azul. O que elas agradeciam, era tanto branco que começavam a ficar enojadas.
- Antes – Awaquir fez um gesto com a mão para elas se sentarem nos bancos, o sol pareceu estar acolhendo elas e o vento era gostoso e suave fazendo-as se sentirem em casa mesmo estando longe dela – Garotas, esperamos toda uma vida para poder conhecer vocês. Para esse momento finalmente chegar e a partir de agora tudo vai ficar no seu devido lugar.
- Vocês sabem o que vai acontecer? – perguntou educadamente.
Eles se entreolharam e deram gloriosos sorrisos.
- Não podemos falar para vocês, mas onde estamos – Terfire fez um amplo gesto mostrando o lugar – Temos contato com coisas que vocês não têm e sabemos coisas que vocês não sabem. Não podemos interferir no livre arbítrio de vocês.
- Então vocês sabem o que vai acontecer – afirmou rindo baixinho, eles riram junto com elas.
- Vamos dizer que o futuro tem mais de uma porta. Sabemos quais são essas portas e quais são os meios de chegarem nelas, mas não podemos dizer para vocês – Awaquir cruzou as pernas de forma que seu vestido parasse de arrastar no chão -, mas podemos ajudar – ela pegou a caixa e colocou no seu colo.
Seu marido colocou a mão sobre a dela segurando carinhosamente e a outra mão colocou de um lado da caixa enquanto a mão de Awaquir segurava o outro lado. Ambos pressionaram a caixa e então num simples clique. Ela seu abriu.
Terfire colocou suas mãos dentro da caixa e tirou uma adaga de lá. A adaga era diferente de todas que já tinham visto o cabo era uma mistura de dourado com pedras brancas como se fossem de diamantes, mas ainda assim parecendo diferente das pedras preciosas, a adaga em si, a parte mais afiada era branca, não prata como todas as adagas, era de uma cor de branco pura e extremamente perfeita como se nunca tivesse sido usando.
E levando em conta o que ela fazia era provável que nunca alguém a tivesse usado.
- Wow! – três exclamações vieram juntas.
Terfire gargalhou.
- Sangue do meu sangue – ele brincou oferecendo a adaga para elas – Tenham muito cuidado, nas mãos errada pode levar a um caminho mais rápido até de volta para cá – ele deu um fraco sorriso colocando a adaga nas mãos da mais velha – Saiba como usar.
concordou seriamente e ficou de pé junto com suas irmãs.
- Vocês têm que ir agora – falou Awaquir antes que elas falassem algo.
- Temos – sorriu docemente e olhando sem jeito para suas irmãs, o que dizer agora?
Awaquir deu uma baixa risada e tocou na mão dela.
- Eu acho que nos veremos muito em breve.
- Você está dizendo algo haver com nosso futuro? Oh Meu Deus, vamos perder a guerra né? – apavorou-se fazendo seus avós rirem e revirar os olhos.
- Ela é exagerada – a loira desculpou-se.
- Boa sorte – Terfire falou tocando na bochecha de cada uma, em seguida Awaquir se aproximou delas e lhe deu um beijo carinho na bochecha.
Ao se afastarem as coisas começaram a nevoar.
- Espera – exclamou rapidamente – Como fazemos para voltar?
Eles acenaram e viraram de costas e enquanto viravam a nevoa começou a ficar ainda mais forte.
- Como fazemos agora, meninas? – sussurrou .
“Se acalmem.”
A voz chegou até elas junto com a nevoa num sussurro e fazerem elas fecharam os olhos.
Quando abriram novamente estavam na sala imunda de Baltazar.
Mesmo sabendo que ele não estaria ali, elas vasculharam com os olhos o apartamento de Baltazar a procura do homem. Mas como esperavam, ele não estava.
- Nós deveríamos ir para casa imediatamente. Afinal, logo alguém vai descobrir sobre Noah, e não queremos lutar com toda essa gente, né? – falou sabiamente, mas cambaleou um pouco e a segurou.
- Apesar de não ter sido muito, perdeu sangue, o cansaço está fazendo o corpo dela falhar, duvido que consiga caminhar até o carro. E está tarde, entrar naquela floresta a essa hora não é a melhor opção. Vamos passar o resto da noite no hotel, e vamos embora ao amanhecer – decretou, passando o braço de pelo seu ombro e começando a levá-la para a porta.
Um estalo acordou de seu sono, pela primeira vez na vida, leve. Virou o rosto vendo suas irmãs dormindo profundamente, e o clarão da manhã a atingiu, como estavam longe de casa não havia sol, apenas claridade. Resolveu ir ver o que tinha a acordado. Mais um estalo vindo da porta, ela correu até lá e encostou o ouvido na mesma.
- Mas, você não tem certeza – uma voz masculina incerta disse baixinho.
- Ninguém aqui teria coragem de sequer chegar perto de Noah, elas são as únicas que não conheciam a força do homem para temê-lo – outra voz masculina respondeu no mesmo tom baixo.
Um suspiro e um ruído em concordância.
Um pulo de e ela estava sacudindo as irmãs.
- Levantem, temos que sair daqui – ela disse o mais baixo que pode enquanto colocava uma calça jeans de qualquer jeito e calçava um tênis. correu para colocar a sua, e apenas colocou o tênis, já que quando chegou estava tão cansada que nem trocou de roupa. Os cliques continuavam, e elas tentavam movimentar-se o mais silenciosamente possível.
Com as mochilas nas costas e as adagas nas mãos, elas se entreolharam esperando o próximo passo. O homem não era tão esperto quanto deveria, tentava abrir a porta com um grampo, ao invés de pegar alguma chave reserva que provavelmente existia no escritório de Noah, e o pior é que não sabia como usar o grampo, e isso deu as meninas uma vantagem muito grande.
foi até a janela e sorriu marotamente para as meninas, esse era um daqueles prédios que tinham escada de incêndio do lado de fora, e elas não demoraram a descê-las. Quando os pés de – que era a última – bateram no chão após pular o resto da escada que havia quebrado, elas correram para o caminho de onde haviam chegado. Ainda era muito cedo, uma pessoa ou outra as olhava estranho, mas não fizeram nada, afinal deviam estar acostumados com as coisas não normais naquela área.
Por incrível que pareça, elas logo acharam o carro. Com um suspiro aliviado jogaram-se dentro do conforto do automóvel e puseram-se a ir para casa. Onde teriam paz, por mais que fosse por pouquíssimos dias.
A viagem havia sido cansativa e demorada, ao chegarem no colégio para trocarem o carro pelos cavalos, Helena as fez contar tudo que havia acontecido e somente depois do relatório completo as liberou para voltarem à mansão.
Elas quase quiseram chorar com a paisagem natural que lhes estava sendo proporcionada, o pôr do sol estava em seu fim, uma mescla de cores no céu o deixou magnífico, as poucas nuvens misturavam-se umas com as outras para tornar-se uma só para que pudessem mesclar-se com a noite que estava chegando. As cores seguiam o exemplo das nuvens, o rosa claro juntou-se com o roxo que foi escondido pelo laranja que por fim foi ficando cada vez mais escuro e então em um estopim aquela imensidão tornou-se negra, a lua apareceu majestosamente cheia com todo o seu brilho, e as suas amigas inseparáveis, as estrelas, estavam lá para acrescentar mais brilho ao céu.
Os cavalos pararam no celeiro ao comando das garotas e elas não se demoraram em desmontá-los e correrem na direção da mansão. A entrada estava vazia, assim como a sala e então elas presumiram que todos já estavam na sala de jantar e foram rapidamente para lá. Pararam na entrada observando todos aqueles anjos se movimentarem de um lado para o outro. Marcus e seus guardiões estavam em seus lugares habituais e conversavam, todos meio cabisbaixos, sem todo aquele brilho que elas percebiam neles quando estavam juntos, e elas sabiam que era esse o motivo da desanimação deles, a falta delas. E por isso, não aguentando mais de saudade de seus guardiões, as Escolhidas entraram na sala.
A primeira reação dos anjos mais próximos fora o silêncio, e então eles sorriram e se levantaram. Marcus percebeu a agitação e procurou por algo que a tivesse começado, acabou paralisado ao ver as meninas paradas um pouco a frente da entrada da sala com sorrisos tímidos, de súbito ele deu um pulo da cadeira correndo até as três e as puxando para um abraço mais que caloroso. Daqueles que só nossos pais podem dar. Assustados, os garotos seguiram Marcus com o olhar e congelaram ao ver as meninas recebendo o pai em seus braços. Não se demoraram e assim que Marcus separou-se das meninas, cada um puxou sua protegida/namorada para seus braços num abraço apertado que pingava saudade.
- Vocês parecem famintas, venham juntem-se a nós – Marcus as chamou já caminhando para seu lugar, todos seguiram ele e sentaram comendo normalmente.
Elas foram contando os acontecimentos aos poucos enquanto comiam, e quando terminaram já estavam abraçadas aconchegadamente em seus namorados nos sofás da sala de estar.
- Acredito que foi uma experiência e tanto para vocês meninas, não foi? – seu pai questionou e sem pesar duas vezes as três balançaram a cabeça em concordância.
– E que também foi bastante cansativa, então, porque vocês não vão tomar um banho e relaxar? – sugeriu levantando-se do sofá e sorrindo para as filhas – Aproveitem enquanto podem.
Elas concordaram, e foram para seus quartos descansar.
Seguiram o conselho do pai, e aproveitaram todos os momentos que tinham nos dias seguintes. Treinaram mais do que tudo, empenhadas em aprender qualquer coisa que pudessem, e também curtiram momentos de brincadeiras com os outros anjos, com seu pai, mas principalmente com seus namorados, alguns mais que outros...
Os lábios de André desgrudaram-se dos seus e ambos abriram os olhos que transbordavam amor e saudade. Com um suspiro apaixonado ela abaixou o rosto e o aconchegou no pescoço do namorado, que a apertou mais próximo dele a acariciando.
- Em todo o momento em que estivemos fora – a morena começou, sua voz estava baixa, quase um sussurro, mas André a ouvia perfeitamente bem, por isso este detalhe não incomodou a nenhum dos dois – uma coisa se passava pela minha mente, repetidas vezes.
- O que? – perguntou ele enquanto colocava uma mecha do cabelo dela para trás e levantava seu rosto para encará-lo.
- Que eu realmente te amo – o guardião sorriu meigamente e se aproximou para beijá-la mas se afastou, ele a olhou confuso – e que nós podemos morrer amanhã.
André suspirou e cortou o contato entre eles ao se afastar e sentar na sua cama.
- Eu não gosto de pensamentos pessimistas, sentou e ficou de frente para ele – Bom, pelo menos não todo ele – ela brincou com toda a sua história como profetisa – E eu apenas sei do meu presente. E meu presente é você André. Aqui e agora, é você.
Ela segurou nas mãos dele, e de repente ele percebeu as verdadeiras intenções de ao dizer tudo aquilo. Ele abriu a boca para dizer algo, mas ela foi mais rápida.
- Eu não decidi isso porque não quero morrer virgem – falou com total sinceridade – Decidi porque não quero morrer sem ser sua de todas as maneiras humanamente possíveis – suas mãos soltaram as dele e foram para seu rosto, o puxando para um beijo intenso e apaixonado.
E conforme a intensidade aumentava, André se rendia aos seus desejos e os de sua protegida. Porque afinal, ele também não queria morrer sem ter a mulher de sua vida completamente para si.
XX - (Parte I)
O corpo nu da sua namorada e protegida estava perfeitamente encaixado em seus braços, os cabelos negros jogados para o lado e o pescoço bem a mostra fazendo André soltar um suspiro amoroso.
Ele dormia e acordava sem parar, não conseguia parar de pensar no que aconteceria em algumas horas e no que aconteceu horas atrás. Se ele pudesse, congelaria aquele momento para sempre.
Um barulho alto o fez franzir o cenho e erguer seu corpo com cuidado. A passos lentos se aproximou da janela que dava vista para a grande floresta que levava ao colégio onde ele passou não só um, mas vários dos melhores momentos da sua vida.
A noite parecia ainda mais escura, a lua cheia era a única coisa presente no céu e as estrelas pareciam terem ido embora assustadas com a mesma imagem que agora ele notou. Uma grande fumaça cinzenta dominava o final da floresta, exatamente onde o colégio Saint Marcus deveria ficar e junto com essa fumaça manchas negras corriam rápidas por cima dela e o jeito que se mexiam parecia tanto estar comemorando quanto chamando a atenção.
A batalha havia começado.
- – ele chamou, sua voz saiu rouca e assustada porque sabia que o momento de sua namorada se por em frente à linha de guerra havia chegado – ! – gritou, queria ser mais gentil e acordá-la com beijos e um café da manhã na cama, mas não havia tempo.
A morena sentou na cama com tudo puxando o lençol até seu pescoço e o encarando assustada.
- André? – ela chamou.
- Se vista, começou – ele apontou para a janela enquanto ia em busca de sua calça e deixava a blusa de lado. Suas asas seriam utilizadas em alguns minutos.
correu até a janela, seus olhos azuis se arregalaram com a cena que presenciou e então saiu em disparada atrás de roupas lembrando que deixara uma calça jeans confortável, tênis de corrida e uma regata com um casaco resistente logo na frente de suas roupas.
Se arrumaram em silêncio e apressadamente, ouviram a correria do lado de fora e quando prontos, pararam de frente um ao outro segurando as mãos.
- Desculpa, eu queria que nossa primeira noite juntos terminasse de outra forma.
- Teremos outras – sorriu para ele lhe dando um rápido selinho sabendo que não podia demorar.
Desceram correndo as escadas esbarrando em anjos que andavam de um lado para o outro, as roupas brancas e leves, os vestidos longos sendo substituídos por homens sem camisas e as mulheres usando um top de couro que prendia com delicados cordões entre a abertura das asas. A casa parecia um verdadeiro campo de guerra, os quartos revirados, adagas, espadas, lanças, arcos e flechas aparecendo de tudo que é canto possível.
Daughters of Darkness - Halestorm
A voz potente e autoritária de Marcus chegou até eles, berrando ordens. Guinchos de cavalos e fortes patadas já eram ouvidas dentro da sala onde eles estavam.
Pulando os últimos degraus e André correram para fora da casa encontrando suas irmãs e irmãos parados ao lado de Marcus, Jade e os gêmeos.
Os garotos, assim como André, estavam sem camisa, os ombros tensos loucos para liberaram as grandiosas asas e no peito um coldre com adagas e eles nunca pareceram mais ferozes. Suas irmãs estavam ao lado deles, usando roupas parecidas exceto que usava uma bota sem salto marrom e usava um sobretudo comprido batendo em suas coxas.
- Estão prontas? - perguntou, aproveitando sua calma e materializando uma adaga em sua mão, André colocou um arco em suas costas e ela sorriu para ele.
- Com certeza – falou sorrindo para Liam que olhou para ela concordando.
- Porque eles atacaram o colégio e não aqui? – questionou curiosa, mais cavalos se aproximaram e Marcus gritou para os guerreiros que atacariam por cima se prepararem.
- Se eles atacassem de surpresa metade do exército e o ponto mais fraco eles teriam vantagens – quem respondeu foi Daniel libertando suas enormes asas e olhando para seus amigos que se afastaram das garotas e fizeram o mesmo.
- Espera, vocês vão por cima? – perguntou apressadamente quando Chace, Sean e Wellsie se aproximaram segurando cavalos para elas.
Os garotos se entreolharam e concordaram com suspiros, Marcus deu um passo a frente para deixar eles se explicarem enquanto mandavam os guerreiros nos cavalos em suas posições.
- Vocês vão em cavalos junto com Marcus, não vão demorar para chegar lá. Só que nós temos que ir por cima – Caspian falou com a maior gentileza que pôde. Estava preocupado com o que aconteceria essa noite. Nada do que falaram, os tinha preparado para esse momento.
Jogar a pessoa amada de cara numa guerra.
- Eu não entendo, não quero que fiquemos separados. Porque não podemos chegar com vocês? – perguntou colocando a mão sobre o bolso do sobretudo sentindo pesar a demonstrar confiança, mas ele estava com tanta vontade de deixá-la quanto a qualquer um dos presentes.
- Vai ficar tudo bem, não se preocupem – ele falou.
- Vocês são as iscas – exclamou exaltada – Vocês vão na frente tentar destruir o máximo de demônios possíveis para só então a gente ir. Não é?
- Não temos tempo para essa conversa agora – André contra atacou rapidamente, Daniel deu mais olhada para as meninas antes de se afastar e se preparar para liderar os anjos que iriam por cima juntamente com seus três melhores amigos.
- É uma guerra, caramba, vocês realmente não querem conversar sendo que estão praticamente se dando de brinde? Não, está tudo errado – exclamou jogando as mãos para cima.
Ouviram uma explosão e a poeira subiu rapidamente, parecia que tinham conseguido destruir algum dos patrimônios do colégio.
- Vocês estão ouvindo? Tem pessoas lutando pela nossa raça lá enquanto discutimos – Caspian pôs-se a falar de forma séria e firme encarando cada uma das garotas – Não temos tempo para discussão.
- Não estamos nos sacrificando, tudo bem? Estamos lutando, treinamos a vida inteira para isso e agora só vamos colocar em pratica – concordou Liam com o que o loiro já tinha falado, Daniel gritou por eles e o moreno completou rapidamente – Nos encontramos em poucos minutos. Tomem cuidado.
As garotas não tiveram mais tempo para retrucar, por que dando um grito, um grito que parecia tanto de guerra quanto de ordem os três numa sincronia perfeita pularam para cima e todos os outros guerreiros que atacariam primeiro foram logo atrás deles.
Lá de cima, eles puderam ver o caos que estava no colégio. Os Nephillins estudantes que quiseram ficar para a batalha lutavam bravamente, estavam na parte que dava para a floresta que separava o colégio da mansão. Alguns deles viam correndo da porta dos fundos do prédio dos dormitórios para fora, pois ele estava em chamas, e elas estavam crescendo e espalhando-se muito rápido.
Com um grito de André, todos os guerreiros que voavam materializaram arcos e flechas e ao sinal do moreno eles dispararam. O barulho das flechas cortando o ar já era um anúncio de que eles haviam chegado, mas ainda assim, os demônios não tiveram chance de fugir, e todas as flechas que foram lançadas acertaram em cheio seus alvos. No peito, onde estariam seus corações, se tivessem um. E numa sincronia assustadora, todos explodiram fazendo uma enorme quantidade de poeira levantar.
Os anjos inclinaram-se num impulso para descer até o clímax da batalha e atacavam sem nem estarem pisando no chão. Daniel pousou e um grito o alertou de alguém atrás dele, era um Nephillin com uma estaca, ele correu com determinação e esperou o garoto estar a centímetros dele e quando o Nephillin fez seu movimento com a adaga para acertá-lo, ele pulou e a adaga atravessou o ar, deu um giro e parou atrás do garoto e quebrou seu pescoço.
Liam acabara de matar um demônio quando ouviu dois rugidos femininos e virou-se vendo Hannah e Christian duelando com suas adagas pratas.
- Desista gay! – a meia demônio exclamou bloqueando mais uma investida do garoto – Meu pai é mais forte que o seu feito de pluminhas, e por consequência, eu sou mais forte que você – ela cuspiu com desdém. Mas Christian não se deixou abalar pelas palavras da garota e simplesmente continuou a atacar. Mas, em um movimento errado Hannah conseguiu segurar seu braço e girá-lo, batendo as costas dele contra seu peito e colocando a adaga em sua garganta.
- Eu disse – ela riu malignamente e agarrou os cabelos de Christian puxando-os, o fazendo gritar de dor – Adeus, garotinha.
No instante em que ela cortou a garganta de Christian, Liam - que havia sido surpreendido por um demônio e não pôde chegar a tempo – cravou a adaga nas costas da loira, do lado esquerdo para acertar seu coração. E depois de retirar a adaga os dois corpos caíram sem vida no chão. Liam olhou para o garoto com pesar, e abaixou-se passando os dedos pelos olhos de Christian para fechá-los. Mas era uma guerra e por isso ele não podia ficar ali, então virou-se e voltou para a batalha.
Caspian jogou suas asas para trás no exato momento em que uma flecha passou, ela atingiria sua asa direita se não tivesse visto o objeto, mas ele estranhou ter tido tempo para isso e então viu um pouco mais afastado e perto da floresta uma sombra e uma garota ruiva que conseguiu identificar como sendo Lindsay, ela tinha um arco e flecha na mão e tentava inutilmente acertar a sombra, mas as flechas passavam por ela e cortavam o ar, sem rumo e pegando alguns desprevenidos. Ele se materializou atrás da sombra e proferiu algumas palavras no seu idioma e estalou os dedos fazendo a sombra desaparecer, dando de cara com uma Lindsay atenta e com o arco armado nas mãos.
O loiro abriu a boca para dizer algo, mas a ruiva arregalou os olhos e sem hesitar soltou os dedos da flecha a fazendo voar rapidamente e acertar o peito de um Nephilim que vinha por trás para atacar Cas, o fazendo explodir. Os dois se encararam por breves milésimos e então com um sorriso de lado eles se agradeceram e correram de volta para a luta.
Materializando uma espada, André deu um giro cortando a cabeça de um anjo caído que vinha com determinação atacá-lo. E antes mesmo de parar com seu giro, enfiou a espada num outro que vinha do seu lado direito. Ele correu com a espada colada a sua perna e com um movimento rápido a esticou cortando as pernas de um Nephillim que atacava outro.
Perto de onde André estava, encontrava-se Helena Wells. A Original usava a mesma roupa que as guerreiras anjos usavam, sua asa estava aberta, era puramente branca e grande, maior que a de todos os anjos dali, em suas mãos tinham duas espadas enormes que brilhavam com a luz do fogo que vinha do prédio dos dormitórios, ela as manuseava com maestria, cortando membros ou cravando-as no peito dos inimigos com uma leveza e elegância que se não fosse pelo caos ao seu redor, poderia afirmar que ela estava apenas brincando.
This is War - Thirty Seconds to Mars
Os cavalos estavam em posições, trotavam e respiravam pesadamente preenchendo o silêncio da noite que todos mantinham.
Na frota do exercito, estavam Marcus num cavalo preto com sua esposa de um lado num cavalo da mesma cor e do outro lado suas filhas em cavalos puros e brancos.
- E agora? – perguntou a do meio, .
- Vocês estão vendo todo esse exército? Eles estão esperando uma ordem minha, suas. Eles morreriam por vocês sem pensar duas vezes. E eu também – falou Marcus de maneira firme sem encarar nenhuma delas – Quando chegarmos lá eu sei que vocês terão que fazer sua própria busca e tenho a esperança de quando tudo isso acabar vocês poderão ter um pouco de paz – então ele ergueu a voz para todos os presentes ouvirem com clareza – Esperamos esse dia por séculos, décadas, anos, meses e minutos. Não importa quanto tempo, mas todos nós queremos a mesma coisa hoje. Queremos vencer – gritos de guerra foram ouvidos em concordância – E nós vamos vencer. Vamos acabar com as trevas que tememos desde que nascemos, com as trevas que separaram muitas pessoas – ele olhou para sua esposa que concordou firmemente pronta para lutar – Ganharemos porque estamos do lado certo. Porque estamos lutando para o lado certo – os gritos se repetiram – Estão prontos? – eles gritaram em resposta, Marcus olhou para as filhas e esperou elas concordarem.
Então ele ergueu sua adaga e uma espécie de brilho escapou dela fazendo todos gritarem e botarem os cavalos para correr.
As garotas se inclinavam nos cavalos para correrem mais rápidas, os anjos pareciam respeitar que eles deviam ficar na frente e cercavam ao redor delas prontos para lhes proteger.
Um barulho de luta foi escutado não muito distante, as árvores na frente caíram e no meio de terra, poeira e folhagem sendo iluminados pela lua saíram vários demônios e alguns anjos caídos prontos para lutarem.
Alguns anjos foram derrubados dos cavalos quando de surpresa começaram a ser atacados do lado.
mentalizou um galho se abaixando para ela e dessa forma ela segurou dando um jeito de ficar sentada em cima no exato momento que avançaram para cima do seu cavalo e ela em segundos estava com sua flecha em posição atirando naqueles que estavam mais distantes impedindo de se aproximarem mais.
gritou para tomar cuidado e a morena pulou do seu cavalo, o sobretudo voando atrás de si quando ela caiu de joelhos no chão já metendo as mãos sobre o casaco e tirando duas adagas, ela ficou de pé num giro e arremessou cada uma em uns demônios que corriam até elas e pegou a sua terceira adaga quando um anjo caído se aproximou por trás dela acertando em cheio no seu coração.
estava um pouco mais na frente quando ela ficou de pé sobre seu cavalo e como se estivesse num treino de natação ela mergulhou direto no meio daqueles demônios pulando nas costas de um e ao mesmo tempo que derrubava seu corpo passava a adaga com graciosidade no seu pescoço e pegando uma adaga que estava escondida na sua bota ela enfiou no coração do demônio seguinte.
Marcus era o mais ágil, ele não parecia nem sequer sair do lugar e mesmo assim a quantidade de corpos aumentado ao seu redor era enorme, ele encarou sobre a árvore e fez um gesto mostrando que estava na hora dela e as irmãs seguirem em frente.
desceu da árvore e gritou por suas irmãs para elas correrem, abriu seu sobretudo tirando de lá umas shurikens e jogando num grupo que estava em cima de apesar da loira estar se saindo bastante bem os demônios só pareciam aumentar.
puxou dessa vez a adaga que Liam lhe deu de dentro do casaco e correu até a loira, as duas ficando de costas e dando ao mesmo tempo um chute – uma num anjo caído a outra num demônio que estudava com elas – e se abaixaram quando lançou sua flecha no coração deles.
- Me fale irmãzinha, o que mais você tem nesse sobretudo? – perguntou enquanto corria na direção de um cavalo para chegarem mais rápido na escola. Ela deu a mão para ajudar subir atrás dela e veio logo depois.
riu.
- Se eu te contar, vou ter que te matar, loirinha – acrescentou zombando e fazendo a loira gargalhar, revirou os olhos e mandou elas se apressarem.
As árvores foram deixadas para trás e o fogo se aproximava, quando entraram no território do colégio foi com um susto que elas viram todo aquele caos de guerreiros lutando contra anjos caídos e demônios, automaticamente elas procuraram algum rosto conhecido entre os lutadores não querendo olhar para os corpos.
- Não saiam daqui eu vou dar uma olhada até os dormitórios, não podemos nos afastar por muito tempo – falou enquanto e pulavam do cavalo.
As duas concordaram e rapidamente partiu enquanto as duas que ficaram empunhavam suas adagas.
Três demônios rapidamente notaram a chegada delas e se viraram para lhes atacar, passou a frente mentalizando a terra aumentar e barrá-los, mas eles foram rápidos em destruir e quando deu um passo para lhe ajudar sentiu seu cabelo ser puxado com força e ela virou dando de cara com mais cinco demônios. O que puxara seu cabelo estava com uma adaga apontada diretamente para seu peito e ela paralisou de susto, mas logo ele estava caindo no chão com uma adaga atravessando seu peito.
olhou para cima e de longe viu uma cabeleira morena acenar para ela, Anna, sua parceira de natação. Ela riu e acenou, correndo para ajudar um ruivo que ela reconheceu como seu outro parceiro de natação, Mason.
- – gritou, enfiando sua adaga nas costas de um demônio que estava indo para a cima da loira que prestava atenção nos outros – Acorda.
- Eu não achei os garotos ainda, e você? – a loira quis saber se abaixando quando pediu para ela, jogando uma das estrelas em alguém mais atrás e metalizava o fogo crescendo ao redor dos demônios perto delas.
- Garotas! – gritou correndo no cavalo, ela estava tão inclinada que estava praticamente deitada, mas atrás dela estava o motivo.
Zack lançava flechas uma atrás da outra e quando a morena caiu do cavalo rolando para o chão suas irmãs foram rápidas em correr até ela.
- Não – gritaram as duas, fez um gesto com a mão forçando Zack a tropeçar e cair antes que pudesse chegar até .
As duas chegaram a tempo abaixando ao lado da irmã mais velha, ajudando a levantar.
Zack se aproximou mais rápido do que elas esperavam, ele puxou pelo cabelo colocando-a de pé, mas a morena foi ainda mais rápida quando se dobrou virando e ficando de frente para ele, lhe acertando uma ajoelhada na barriga. Ela o empurrou para trás onde já estava com a adaga e passava sem pensar duas vezes pelo pescoço. Para completar, levantou sua flecha e lançou acertando exatamente no coração do moreno.
- Eu nunca gostei dele mesmo – comentou puxando com força para ela ficar de pé.
Sem perder tempo as três passaram a correr para o centro da luta.
- Eu não achei os meninos, mas a luta mesmo está ocorrendo mais para dentro – relatou enquanto elas davam a volta no ginásio para chegarem ao prédio principal.
- E , você a encontrou? – perguntou .
olhou para ela e negou.
So Cold - Breaking Benjamin
Uma grande explosão fora ouvida e um buraco formou-se no chão quando elas foram jogadas para trás, sombras apareceram e demônios começaram a sair de todos os lugares, atrás deles vieram alguns anjos caídos.
- Droga, parece que descobriram que chegamos – murmurou levantando uma perna para pegar outra adaga em sua bota – Está na hora da brincadeira.
- Vamos mostrar para eles porque somos as Escolhidas – lembrou sorrindo para as duas e colocando a adaga de Liam em posição enquanto já lançava suas flechas.
A morena correu pulando no buraco e derrubando um grupo de demônios, ela sentiu algo arrastar em seu braço rasgando seu tão confortável sobretudo e então automaticamente enfiou a adaga nesse ser, também se irritou quando conseguiram acertar uma flecha de raspão em seu ombro e a loira se vingou arrancando a cabeça do anjo caído.
Literalmente.
Mas toda a atenção delas se perdeu quando elas encontraram uma cabeleira loira, tão pequena, parecendo tão inocente naquele meio parada ao lado de Tobby, o namorado de Chris.
- Não – o alto grito veio de quando ela foi jogada para a frente arranhando suas mãos e enfiando o rosto na terra e viu os demônios de preparando para agarrarem suas irmãs.
O local pareceu se tornar mais claro quando asas brancas chegaram uma atrás da outra formando uma espécie de proteção para elas e atacando os demônios.
- Cas! – gritou sorrindo para eles.
- Não temos tempo – o loiro falou apontando para que já se virava para correr com Tobby.
- Encontrem ela e tragam para o nosso lado – falou Liam tocando em segundos na mão de sua namorada enquanto André ajudava a sua protegida a ficar de pé.
- Tomem cuidado – Daniel lembrou quando elas saíram do buraco.
- Tobby! – rugiu estressada fazendo um gesto com a mão como se segurasse um chicote e prendendo os pés dele o derrubando no chão – Eu acho que Chris não vai ficar exatamente feliz.
- E quem falou que ele está vivo? – falou o garoto que parecia tão fofo virando o rosto para elas quando disparou correndo.
grunhiu de raiva pisando na sua barriga. O prendendo no chão ela pegou sua adaga e sem pensar duas vezes cortou sua garganta, quando puxou ela para cima, enfiou a adaga no peito dele.
- Temos que encontrar a , não podemos perder tempo – falou calma enxugando a testa e apertando levemente a mão da irmã para ela se acalmar.
concordou tentando se acalmar.
fez um gesto para elas seguirem em frente e apontou para a escola.
Elas tinham que entrar.
Uma flecha atingiu o peito do anjo no instante em que ele virou e cravou seus olhos em Jasper - o professor de arco e flecha que era um demônio -, com um sorriso maligno e vitorioso ele virou o arco atingindo uma nephilim.
- Porque não luta com alguém à sua altura, Jasper? – a voz firme de Tristan perguntou, e ele apareceu na frente de Jasper. Jogou uma shuriken que cortou o arco de Jasper que estava pronto para lançar a flecha, irritado, ele pegou sua adaga e ficou em posição de luta.
- Estamos em uma guerra, amigo. Não escolhemos com quem lutar, simplesmente atingimos quem pudermos – Jasper respondeu e deu de ombros, e sem aviso investiu contra Tristan que desviou do ataque e conseguiu cortar levemente o braço do colega de trabalho que se afastou antes do corte se tornar profundo.
- Pois bem. Eu estou aqui agora, para te dar a chance de ter uma briga justa antes de morrer – o moreno debochou desviando de outro ataque do furioso Jasper, que riu com desdém. Num movimento falso de Tristan, que fingiu não ter conseguido desviar, Jasper sorriu vitorioso pensando que cravaria a adaga no peito do outro, mas com a mão livre ele materializou uma espada e sem hesitar cortou a cabeça de Jasper num piscar de olhos. As partes separadas do corpo do homem caíram no chão e respirando fundo, Tristan foi ajudar um nephilim que não conseguia lidar com a sombra que o atormentava.
Elas correram. E correram. E correram.
Chegar até a sua irmã não era a fácil, parecia que todos tentavam dificultar o caminho delas.
Mas elas tinham aliados e como Marcus dissera para elas, todos eles estavam dispostos a darem suas vidas para que elas tivessem sucesso.
Para elas viverem e vencerem.
A parte mais complicada da luta era passar por seus conhecidos e ainda assim não poder fazer nada, elas tinham que continuar e tentar concertar a escolha da sua irmã antes que fosse tarde demais e talvez fosse por isso que ela continuava correndo tanto.
O caminho para o colégio estava repleto de guerreiros lutando, elas sabiam que teriam que entrar pela lateral do colégio e então tentaram se esconder nas sombras tomando o cuidado de ninguém sentir a presença delas ao mesmo tempo em que empunham suas armas vendo aquela garota que elas tanto amam entrar na escola.
- Escutem – falou levantando a mão. As garotas pararam forçando a audição para escutarem algo, contudo o barulho de luta se ouvia muito distante fazendo elas olharem confusas para a mais velha – Nada.
- Você acha que é uma armadilha? – perguntou .
- Talvez – ela respondeu dando de ombros.
- Mas temos que tentar – lembrou e sem falarem nenhuma palavra concordaram em continuar andando.
Elas saíram das sombras e deram cuidadosos e hesitantes passos até a porta que as levaria até .
Então tudo escureceu por alguns segundos e quando elas puderam ver o que estava acontecendo a sua volta localizaram Chad parado em volta de várias sombras que se duvidasse faziam a volta no colégio.
Ele sorriu.
- Olá.
Elas pararam em posição de ataque erguendo suas adagas e mirando a flecha diretamente para eles. O único problema era que a flecha passaria direto pelas sombras.
- Não sejam mal educadas garotas, somos colegas – ele falou dando aquele seu sorriso aterrorizante.
- Chega perto então Chad para eu te dar um abraço – zombou passando a adaga de uma mão para a outra deixando claro que tipo de abraço seria. Ele gargalhou.
deu uma olhada para que concordou com um aceno de cabeça entendendo.
- Sabe Chad, só queremos falar com nossa irmã, temos esse direito não acha? – continuou dando passos para frente e quando soltou sua flecha em direção as sombras, correu com toda sua força em direção a porta.
- Não tão rápido, garotinha – o loiro levantou seus braços e então as sombras parecerem virar algo solido batendo em e a jogando para trás.
- ! – elas gritaram, enquanto a mais velha corria até ela no chão.
- Eu to bem – resmungou levantando com a ajuda da irmã. Ela encarou Chad – Mas isso não vai ficar barato.
Chad levantou seus braços e junto com esse movimento as sombras se mexeram, se mexeram como se tivessem sido ativadas com o movimento dele.
observou isso enquanto trazia para perto delas, a loira se concentrou nos detalhes vendo que a cada movimento de Chad as sombras pareciam seguir.
As sombras.
Era isso então, deu um discreto sorriso quando entendeu, as sombras nada mais eram do que as suas próprias sombras. E todas aquelas sombras eram como se fosse a sombra de Chad dividida em várias.
Então tudo que ela tinha que fazer era atingir Chad e atingindo ele também atingiria as sombras.
- Sabe, Chad – deu passos cautelosos para frente segurando na mão de . Levemente ela apontou para o colégio, a morena olhou confusa para suas mãos, entretanto continuou calada. continuou a andar até ele – Eu realmente nunca gostei de você. Devíamos ter acabado com você quando você prendeu a naquele túnel.
- É, deviam – ele concordou ainda com o sorriso irritante nos lábios.
- Sabe o que eu sempre digo? – se arrastou até ele, quase como se estivesse desfilando cruzando as pernas com as mãos para trás. Chad não se afastou, de braços cruzados, ficou esperando o que a loira pretendia fazer.
- Nunca é tarde demais.
E ela atacou.
Se jogou contra ele fazendo as sombras se mexerem e ondularem quando com o impacto surpresa Chad foi ao chão tempo suficiente para as sombras saírem de perto da porta e suas irmãs correrem.
e sentiram que era errado deixar a irmã, mas elas estavam no meio de uma guerra e não podiam parar, pensar e tentar decidir o que era certo a se fazer.
O certo a se fazer era ganhar.
gemeu quando Chad chutou sua barriga a empurrando de cima dele e fazendo a loira cair no chão, ele se virou para subir em cima dela só que ela foi rápida jogando uma adaga nele que desviou para o lado bem a tempo da adaga passar de raspão no seu braço.
ficou de pé pronta para correr atrás das irmãs, só que Chad a agarrou pela cintura a tirando do chão e com a mão livre materializando uma adaga.
- Agora já foram duas irmãs, estou me dando bem – ele sussurrou em seu ouvido.
- Por acaso – ofegou olhando firme para a adaga que se aproximava – Seus pais não te ensinaram que é feio bater em mulher?
Chad deu um grito quando a adaga queimou sua mão e automaticamente ele soltou que caiu de joelhos no chão já se pondo de pé para correr.
Então Chad arremessou a adaga nela.
gritou, caindo no chão com o impacto e a dor.
Suas irmãs pararam no meio do corredor.
- Não , continue. Eu volto – mandou empurrando a morena para ela continuar a correr e já se virando para voltar e pegar a irmã.
estava se erguendo segurando seu braço, a mão estancando o sangue que saía do machucado em seu ombro. O corte não era muito profundo, mas ardia bastante.
- – gritou, escorregando até ela. Enquanto segurava na mão da irmã, a outra ela colocou sobre a terra fazendo um muro de folhas e barrando Chad que começava a ficar de pé – Você está bem?
- Estou, o corte não é grave – murmurou.
tirou seu sobretudo e usou a adaga para cortar e amarrar no ombro de numa espécie de torniquete.
- Você ama seu sobretudo – sussurrou enquanto a irmã a ajudava a ficar de pé, o muro balançou e elas sentiram aquele frio que as sombras faziam.
Chad gritou por elas.
- Eu amo você mais – falou sorrindo – Vamos, espero que esteja boa para correr pelo menos mais rápida do que eu, .
- Qualquer um é mais rápido do que você – brincou e se virou para começar a correr com logo atrás.
O muro se desmanchou em pedaços.
Como uma música ensaiada, os passos das Escolhidas seguiam fortes e firmes pela escola.
estava na frente de que se ocupava com a retaguarda derrubando vários armários no chão para atrasar aquele loiro que corria com toda sua velocidade, pronto para alcançá-las.
muito mais na frente pulava vários entulhos que sua irmã mais nova jogou ao entrar no colégio, ela queria alcançar sua irmã e apesar dos esforços da loira ela também parecia querer ser alcançada.
Então parou dando um gracioso giro para encarar elas, seus olhos azuis confusos e indecisos tanto quanto sua alma estava sobre o lado que ela escolheu.
What have you done - Within Temptation
Então percebeu.
Ela já tinha presenciado essa cena.
Com o susto sabendo que o que ia acontecer e sabendo que precisava ajudar rapidamente sua irmã, segurou nela e ofegou.
Era tarde demais.
O grito agonizante que ela esperava ainda assim a assustou quando Chad lançou pegajosas sombras negras como chicotes em que agarraram ela pelos pés e a derrubou no chão.
- Não! – a morena jogada no chão gritou de forma negativa se recusando a ser vencida chutando o ar tentando se soltar dos chicotes pegajosos que arrastavam ela para perto do loiro de sorriso malévolo.
- Droga – murmurou pegando sua adaga e empurrando – Não para, temos que alcançar ela antes que seja tarde.
tentou se recusar, mas elas não tinham mais tempo ainda mais quando soltou outro grito e quando as duas se viraram ofegaram, paralisadas.
Chad estava em cima de sentando sobre sua barriga e a sua adaga levantada e mirada para acertar diretamente no centro do peito dela.
Chad a encarou, olhando nos olhos assustados da menina, ele gostaria de ver sua dor quando sua adaga fincasse no seu peito, ele gostava do poder que tinham quando percebia que era tão forte ao ponto de confundir a cabeça de uma Escolhida e acabar com a existência de outra.
Ele não valia nada.
Seus lábios se esticaram num grande sorriso.
A adaga abaixou pronta para acertar.
Então ele parou.
Lentamente o sorriso foi sumindo dos seus lábios e ele abaixou o rosto para seu peito.
Afundada ali como se ainda tentasse achar lugar para ir se encontrava uma adaga, banhada com aquele vermelho como se estivesse numa piscina.
Seu corpo caiu para o lado sem mais o sorriso malévolo.
e ainda exalavam medo, medo de não terem mais a irmã com elas e a mais velha não pôde controlar algumas lágrimas que caíram.
mais atrás ainda olhava a cena com os grandes olhos azuis arregalados, a mão no coração pensando no que quase acontecera.
Sua irmã, sua querida irmã quase perdeu a vida nas mãos daquele garoto que ela tanto abriu a boca para dizer que confiava.
O que ela estava fazendo?
estava tremendo, seus olhos azuis encaravam o corpo ao seu lado, então percebendo que metade do corpo dele ainda estava em cima de suas pernas ela chutou desesperadamente para se afastar dele, ela levantou o rosto para encarar quem tinha lhe salvado.
Benjamin a encarava respirando pesadamente, a adaga que antes estava no corpo de Chad estava em suas mãos e ele sorriu para ela.
- Eu acho que não ganho pontos com meu chefe, não né? – Ben falou limpando distraidamente o sangue do seu companheiro de batalha em sua blusa negra.
- Ben – falou surpresa no exato momento que suas irmãs corriam até ela. Elas se jogaram no chão e a abraçaram não ligando muito para a batalha que ocorria do lado de fora. Sua irmã estava viva – Eu estou bem, só... – ela olhou ao redor e encarou que ainda estava parada – .
A loira deu um passo cambaleante para frente e então virou de costas e começou a correr.
- Vão, vão atrás dela rápido. Já alcanço vocês – mandou empurrando as duas para longe delas.
- Mas – olhou para ela meio na duvida.
- Vão – mandou em voz alta, as duas concordaram e ficaram de pé correndo.
Ben encarou ela e sorriu lhe dando a mão para ela ficar de pé.
aceitou sem hesitar.
- Então, você está do meu lado agora? – ela perguntou.
- Estou do meu lado. E não deixaria alguém fazer algo de ruim para minha única amiga.
balançou a cabeça negativamente como se não acreditasse que ele dizia isso e então o abraçou rapidamente encaixando o rosto no seu peito e o apertando forte, sendo pego de surpresa Benjamin não retribuiu o abraço logo de cara e então ele sorriu relaxando e enlaçando a cintura dela.
- Eu tenho... – sussurrou se separando dele e olhando para onde suas irmãs tinham corrido.
- Vá. Eu acho que você não vai precisar mais acabar comigo.
que já estava se virando para correr olhou para ele confusa.
- Quando você disse isso Ben?
Ben fez uma careta como se tivesse dito o que não deveria e começou a dar passos para trás.
- Então, essa é uma história engraçada e longa, muito longa. Vai vencer essa batalha e podemos conversar – ele começou a correr para longe, seu corpo esguio achando esconderijos na sombra do prédio antes de desaparecer de vez ele falou: - Tome cuidado, não quero perder minha amiga.
sorriu para a sombra e então se virou para correr ainda mais rápido do que seu corpo lhe permitia.
Ela sabia que iria alcançar suas irmãs e trazer sua caçula de volta.
War - Poets of the Fall
As asas negras se abriram com uma graciosidade que não coincidia com a expressão fria em seu rosto. Como numa forma de demonstração de poder, ele não empunhava nenhuma arma sólida, usava apenas os poderes mentais que tinha e sua força física, quando preciso.
Talvez isso só acontecia porque ele não estava no meio da batalha, entre as criaturas angelicais e das trevas, que lutavam bravamente, cada um por um objetivo. Lucius estava numa parte mais afastada, olhando toda aquela guerra de longe. Alguns poucos anjos o avistavam e tentavam a sorte, mas eram exterminados antes mesmo de chegarem perto do demônio.
Ele era o líder dos demônios, se recusava a ir para o meio da batalha como um mero soldado, ele tinha uma estratégia e não se arriscaria ficando entre todos os outros. Movendo-se entre as sombras das árvores das florestas, ele passou pelo prédio dos dormitórios e seguiu passando pelo prédio principal, parando num espaço gramado entre ele e o ginásio.
Lucius só percebeu a chegada do outro quando o mesmo já iria se pronunciar. Um erro bobo, que poderia ter-lhe custado a vida.
- Como você é covarde – o loiro cuspiu as palavras com nojo, seus olhos verdes fixos no demônio que se virava com um sorriso debochado no rosto – Permanecendo aqui, longe de toda a confusão, ao invés de lutar com braveza. E ainda se acha o melhor.
- Você não entende nada de guerras, Daniel. É jovem demais. Tudo em uma guerra é calculado, existem estratégias. Estou apenas colocando a minha em prática.
- Deixe-me ver, sua estratégia é ficar escondido como uma garotinha que não quer ser notada, até a batalha acabar? – Dan debochou – Seria uma boa, se eu não o tivesse visto e seguido para matá-lo.
A risada de humor misturado com maldade que Lucius soltou foi alta e potente, e causaria arrepios de medo em qualquer um. Menos em Daniel, que estava focado no seu alvo e não se deixava intimidar pela postura de superioridade.
- Você realmente acha que é páreo para mim, Daniel? Admiro sua autoconfiança. Quer um conselho? Ela não serve de nada nesse momento – disse, sua voz num tom brincalhão, e então em um piscar de olhos, sua expressão tornou-se séria e sua voz fria – Porque você não é.
- Você é quem deveria abaixar seu ego, Lucius. Não passa de um garotinho egoísta e infeliz que não pôde conviver com a glória de seu irmão. Que por não ter poder, matou a própria irmã – a voz de Daniel pingava repulsa – Devia se envergonhar, matou e é contra sua família por egoísmo e individualidade. Não sei como um dia já foi um anjo puro.
O demônio permaneceu em silêncio encarando Daniel. O loiro sorriu ao perceber que tinha atingido o outro e deixado-o sem palavras.
Uma forte batida do coração de Lucius o informou do acontecido. Chad, seu principal soldado, fora morto. Com um suspiro irritado ele cravou os olhos em Daniel.
- Está quase na hora de eu entrar em ação, e você vai ser um atraso muito entediante – ele revirou os olhos – então eu vou simplesmente matar você. Será mais uma vantagem para mim, aliás, minha querida sobrinha e aliada não teria mais um motivo para querer mudar de ideia. Você e suas irmãs são a maior hesitação de para com o mundo das trevas. Ela nos escolheu, sim, mas está entregue apenas de corpo, sua alma continua presa à vocês. E eu preciso cortar essa linha invisível que os prende. E isso só pode ser feito matando-os – levantou os ombros e deu um meio sorriso como se querendo dizer que só faria aquilo porque não tinha outra opção.
Ouvir o nome de sua amada protegida fez Daniel se desorientar por alguns segundos, e Lucius percebendo isso foi para cima do guardião, que despertou imediatamente. O som das adagas recém materializadas fora alto e agudo. Sem esperar ou hesitar, Daniel investiu a adaga contra Lucius que desviou com facilidade.
Eles ficaram nessa espécie de dança, um atacava, o outro desviava. Até que Lucius fez um falso movimento para investir a adaga na esquerda e quando Dan levantou a sua pronto para o bloqueio, a direção da adaga de Lucius mudou e atingiu o ombro direito do guardião que cambaleou para trás urrando de dor. Aproveitando a fragilidade do anjo, Lucius empurrou o peito de Dan e ele caiu no chão indefeso.
- Eu poderia te matar rapidamente. Mas você me ofendeu com suas palavras, Daniel, e ninguém tem o direito de fazer isso. Por isso, você irá pagar pelo que disse – Ele falou e com um aceno de sua mão a adaga desapareceu, Lucius não precisava segurar o loiro, pois sua adaga tinha um veneno que imobilizava anjos tempo o suficiente para serem mortos.
Enchendo o peito de ar e fechando os olhos, Lucius se preparou para lançar suas chamas no guardião. Abriu seus olhos de súbito, que de cinza tornaram-se totalmente negros e soltou o ar que prendia.
E como um dragão, o ar que ele soltara virou fogo.
Ele dormia e acordava sem parar, não conseguia parar de pensar no que aconteceria em algumas horas e no que aconteceu horas atrás. Se ele pudesse, congelaria aquele momento para sempre.
Um barulho alto o fez franzir o cenho e erguer seu corpo com cuidado. A passos lentos se aproximou da janela que dava vista para a grande floresta que levava ao colégio onde ele passou não só um, mas vários dos melhores momentos da sua vida.
A noite parecia ainda mais escura, a lua cheia era a única coisa presente no céu e as estrelas pareciam terem ido embora assustadas com a mesma imagem que agora ele notou. Uma grande fumaça cinzenta dominava o final da floresta, exatamente onde o colégio Saint Marcus deveria ficar e junto com essa fumaça manchas negras corriam rápidas por cima dela e o jeito que se mexiam parecia tanto estar comemorando quanto chamando a atenção.
A batalha havia começado.
- – ele chamou, sua voz saiu rouca e assustada porque sabia que o momento de sua namorada se por em frente à linha de guerra havia chegado – ! – gritou, queria ser mais gentil e acordá-la com beijos e um café da manhã na cama, mas não havia tempo.
A morena sentou na cama com tudo puxando o lençol até seu pescoço e o encarando assustada.
- André? – ela chamou.
- Se vista, começou – ele apontou para a janela enquanto ia em busca de sua calça e deixava a blusa de lado. Suas asas seriam utilizadas em alguns minutos.
correu até a janela, seus olhos azuis se arregalaram com a cena que presenciou e então saiu em disparada atrás de roupas lembrando que deixara uma calça jeans confortável, tênis de corrida e uma regata com um casaco resistente logo na frente de suas roupas.
Se arrumaram em silêncio e apressadamente, ouviram a correria do lado de fora e quando prontos, pararam de frente um ao outro segurando as mãos.
- Desculpa, eu queria que nossa primeira noite juntos terminasse de outra forma.
- Teremos outras – sorriu para ele lhe dando um rápido selinho sabendo que não podia demorar.
Desceram correndo as escadas esbarrando em anjos que andavam de um lado para o outro, as roupas brancas e leves, os vestidos longos sendo substituídos por homens sem camisas e as mulheres usando um top de couro que prendia com delicados cordões entre a abertura das asas. A casa parecia um verdadeiro campo de guerra, os quartos revirados, adagas, espadas, lanças, arcos e flechas aparecendo de tudo que é canto possível.
A voz potente e autoritária de Marcus chegou até eles, berrando ordens. Guinchos de cavalos e fortes patadas já eram ouvidas dentro da sala onde eles estavam.
Pulando os últimos degraus e André correram para fora da casa encontrando suas irmãs e irmãos parados ao lado de Marcus, Jade e os gêmeos.
Os garotos, assim como André, estavam sem camisa, os ombros tensos loucos para liberaram as grandiosas asas e no peito um coldre com adagas e eles nunca pareceram mais ferozes. Suas irmãs estavam ao lado deles, usando roupas parecidas exceto que usava uma bota sem salto marrom e usava um sobretudo comprido batendo em suas coxas.
- Estão prontas? - perguntou, aproveitando sua calma e materializando uma adaga em sua mão, André colocou um arco em suas costas e ela sorriu para ele.
- Com certeza – falou sorrindo para Liam que olhou para ela concordando.
- Porque eles atacaram o colégio e não aqui? – questionou curiosa, mais cavalos se aproximaram e Marcus gritou para os guerreiros que atacariam por cima se prepararem.
- Se eles atacassem de surpresa metade do exército e o ponto mais fraco eles teriam vantagens – quem respondeu foi Daniel libertando suas enormes asas e olhando para seus amigos que se afastaram das garotas e fizeram o mesmo.
- Espera, vocês vão por cima? – perguntou apressadamente quando Chace, Sean e Wellsie se aproximaram segurando cavalos para elas.
Os garotos se entreolharam e concordaram com suspiros, Marcus deu um passo a frente para deixar eles se explicarem enquanto mandavam os guerreiros nos cavalos em suas posições.
- Vocês vão em cavalos junto com Marcus, não vão demorar para chegar lá. Só que nós temos que ir por cima – Caspian falou com a maior gentileza que pôde. Estava preocupado com o que aconteceria essa noite. Nada do que falaram, os tinha preparado para esse momento.
Jogar a pessoa amada de cara numa guerra.
- Eu não entendo, não quero que fiquemos separados. Porque não podemos chegar com vocês? – perguntou colocando a mão sobre o bolso do sobretudo sentindo pesar a demonstrar confiança, mas ele estava com tanta vontade de deixá-la quanto a qualquer um dos presentes.
- Vai ficar tudo bem, não se preocupem – ele falou.
- Vocês são as iscas – exclamou exaltada – Vocês vão na frente tentar destruir o máximo de demônios possíveis para só então a gente ir. Não é?
- Não temos tempo para essa conversa agora – André contra atacou rapidamente, Daniel deu mais olhada para as meninas antes de se afastar e se preparar para liderar os anjos que iriam por cima juntamente com seus três melhores amigos.
- É uma guerra, caramba, vocês realmente não querem conversar sendo que estão praticamente se dando de brinde? Não, está tudo errado – exclamou jogando as mãos para cima.
Ouviram uma explosão e a poeira subiu rapidamente, parecia que tinham conseguido destruir algum dos patrimônios do colégio.
- Vocês estão ouvindo? Tem pessoas lutando pela nossa raça lá enquanto discutimos – Caspian pôs-se a falar de forma séria e firme encarando cada uma das garotas – Não temos tempo para discussão.
- Não estamos nos sacrificando, tudo bem? Estamos lutando, treinamos a vida inteira para isso e agora só vamos colocar em pratica – concordou Liam com o que o loiro já tinha falado, Daniel gritou por eles e o moreno completou rapidamente – Nos encontramos em poucos minutos. Tomem cuidado.
As garotas não tiveram mais tempo para retrucar, por que dando um grito, um grito que parecia tanto de guerra quanto de ordem os três numa sincronia perfeita pularam para cima e todos os outros guerreiros que atacariam primeiro foram logo atrás deles.
Lá de cima, eles puderam ver o caos que estava no colégio. Os Nephillins estudantes que quiseram ficar para a batalha lutavam bravamente, estavam na parte que dava para a floresta que separava o colégio da mansão. Alguns deles viam correndo da porta dos fundos do prédio dos dormitórios para fora, pois ele estava em chamas, e elas estavam crescendo e espalhando-se muito rápido.
Com um grito de André, todos os guerreiros que voavam materializaram arcos e flechas e ao sinal do moreno eles dispararam. O barulho das flechas cortando o ar já era um anúncio de que eles haviam chegado, mas ainda assim, os demônios não tiveram chance de fugir, e todas as flechas que foram lançadas acertaram em cheio seus alvos. No peito, onde estariam seus corações, se tivessem um. E numa sincronia assustadora, todos explodiram fazendo uma enorme quantidade de poeira levantar.
Os anjos inclinaram-se num impulso para descer até o clímax da batalha e atacavam sem nem estarem pisando no chão. Daniel pousou e um grito o alertou de alguém atrás dele, era um Nephillin com uma estaca, ele correu com determinação e esperou o garoto estar a centímetros dele e quando o Nephillin fez seu movimento com a adaga para acertá-lo, ele pulou e a adaga atravessou o ar, deu um giro e parou atrás do garoto e quebrou seu pescoço.
Liam acabara de matar um demônio quando ouviu dois rugidos femininos e virou-se vendo Hannah e Christian duelando com suas adagas pratas.
- Desista gay! – a meia demônio exclamou bloqueando mais uma investida do garoto – Meu pai é mais forte que o seu feito de pluminhas, e por consequência, eu sou mais forte que você – ela cuspiu com desdém. Mas Christian não se deixou abalar pelas palavras da garota e simplesmente continuou a atacar. Mas, em um movimento errado Hannah conseguiu segurar seu braço e girá-lo, batendo as costas dele contra seu peito e colocando a adaga em sua garganta.
- Eu disse – ela riu malignamente e agarrou os cabelos de Christian puxando-os, o fazendo gritar de dor – Adeus, garotinha.
No instante em que ela cortou a garganta de Christian, Liam - que havia sido surpreendido por um demônio e não pôde chegar a tempo – cravou a adaga nas costas da loira, do lado esquerdo para acertar seu coração. E depois de retirar a adaga os dois corpos caíram sem vida no chão. Liam olhou para o garoto com pesar, e abaixou-se passando os dedos pelos olhos de Christian para fechá-los. Mas era uma guerra e por isso ele não podia ficar ali, então virou-se e voltou para a batalha.
Caspian jogou suas asas para trás no exato momento em que uma flecha passou, ela atingiria sua asa direita se não tivesse visto o objeto, mas ele estranhou ter tido tempo para isso e então viu um pouco mais afastado e perto da floresta uma sombra e uma garota ruiva que conseguiu identificar como sendo Lindsay, ela tinha um arco e flecha na mão e tentava inutilmente acertar a sombra, mas as flechas passavam por ela e cortavam o ar, sem rumo e pegando alguns desprevenidos. Ele se materializou atrás da sombra e proferiu algumas palavras no seu idioma e estalou os dedos fazendo a sombra desaparecer, dando de cara com uma Lindsay atenta e com o arco armado nas mãos.
O loiro abriu a boca para dizer algo, mas a ruiva arregalou os olhos e sem hesitar soltou os dedos da flecha a fazendo voar rapidamente e acertar o peito de um Nephilim que vinha por trás para atacar Cas, o fazendo explodir. Os dois se encararam por breves milésimos e então com um sorriso de lado eles se agradeceram e correram de volta para a luta.
Materializando uma espada, André deu um giro cortando a cabeça de um anjo caído que vinha com determinação atacá-lo. E antes mesmo de parar com seu giro, enfiou a espada num outro que vinha do seu lado direito. Ele correu com a espada colada a sua perna e com um movimento rápido a esticou cortando as pernas de um Nephillim que atacava outro.
Perto de onde André estava, encontrava-se Helena Wells. A Original usava a mesma roupa que as guerreiras anjos usavam, sua asa estava aberta, era puramente branca e grande, maior que a de todos os anjos dali, em suas mãos tinham duas espadas enormes que brilhavam com a luz do fogo que vinha do prédio dos dormitórios, ela as manuseava com maestria, cortando membros ou cravando-as no peito dos inimigos com uma leveza e elegância que se não fosse pelo caos ao seu redor, poderia afirmar que ela estava apenas brincando.
Os cavalos estavam em posições, trotavam e respiravam pesadamente preenchendo o silêncio da noite que todos mantinham.
Na frota do exercito, estavam Marcus num cavalo preto com sua esposa de um lado num cavalo da mesma cor e do outro lado suas filhas em cavalos puros e brancos.
- E agora? – perguntou a do meio, .
- Vocês estão vendo todo esse exército? Eles estão esperando uma ordem minha, suas. Eles morreriam por vocês sem pensar duas vezes. E eu também – falou Marcus de maneira firme sem encarar nenhuma delas – Quando chegarmos lá eu sei que vocês terão que fazer sua própria busca e tenho a esperança de quando tudo isso acabar vocês poderão ter um pouco de paz – então ele ergueu a voz para todos os presentes ouvirem com clareza – Esperamos esse dia por séculos, décadas, anos, meses e minutos. Não importa quanto tempo, mas todos nós queremos a mesma coisa hoje. Queremos vencer – gritos de guerra foram ouvidos em concordância – E nós vamos vencer. Vamos acabar com as trevas que tememos desde que nascemos, com as trevas que separaram muitas pessoas – ele olhou para sua esposa que concordou firmemente pronta para lutar – Ganharemos porque estamos do lado certo. Porque estamos lutando para o lado certo – os gritos se repetiram – Estão prontos? – eles gritaram em resposta, Marcus olhou para as filhas e esperou elas concordarem.
Então ele ergueu sua adaga e uma espécie de brilho escapou dela fazendo todos gritarem e botarem os cavalos para correr.
As garotas se inclinavam nos cavalos para correrem mais rápidas, os anjos pareciam respeitar que eles deviam ficar na frente e cercavam ao redor delas prontos para lhes proteger.
Um barulho de luta foi escutado não muito distante, as árvores na frente caíram e no meio de terra, poeira e folhagem sendo iluminados pela lua saíram vários demônios e alguns anjos caídos prontos para lutarem.
Alguns anjos foram derrubados dos cavalos quando de surpresa começaram a ser atacados do lado.
mentalizou um galho se abaixando para ela e dessa forma ela segurou dando um jeito de ficar sentada em cima no exato momento que avançaram para cima do seu cavalo e ela em segundos estava com sua flecha em posição atirando naqueles que estavam mais distantes impedindo de se aproximarem mais.
gritou para tomar cuidado e a morena pulou do seu cavalo, o sobretudo voando atrás de si quando ela caiu de joelhos no chão já metendo as mãos sobre o casaco e tirando duas adagas, ela ficou de pé num giro e arremessou cada uma em uns demônios que corriam até elas e pegou a sua terceira adaga quando um anjo caído se aproximou por trás dela acertando em cheio no seu coração.
estava um pouco mais na frente quando ela ficou de pé sobre seu cavalo e como se estivesse num treino de natação ela mergulhou direto no meio daqueles demônios pulando nas costas de um e ao mesmo tempo que derrubava seu corpo passava a adaga com graciosidade no seu pescoço e pegando uma adaga que estava escondida na sua bota ela enfiou no coração do demônio seguinte.
Marcus era o mais ágil, ele não parecia nem sequer sair do lugar e mesmo assim a quantidade de corpos aumentado ao seu redor era enorme, ele encarou sobre a árvore e fez um gesto mostrando que estava na hora dela e as irmãs seguirem em frente.
desceu da árvore e gritou por suas irmãs para elas correrem, abriu seu sobretudo tirando de lá umas shurikens e jogando num grupo que estava em cima de apesar da loira estar se saindo bastante bem os demônios só pareciam aumentar.
puxou dessa vez a adaga que Liam lhe deu de dentro do casaco e correu até a loira, as duas ficando de costas e dando ao mesmo tempo um chute – uma num anjo caído a outra num demônio que estudava com elas – e se abaixaram quando lançou sua flecha no coração deles.
- Me fale irmãzinha, o que mais você tem nesse sobretudo? – perguntou enquanto corria na direção de um cavalo para chegarem mais rápido na escola. Ela deu a mão para ajudar subir atrás dela e veio logo depois.
riu.
- Se eu te contar, vou ter que te matar, loirinha – acrescentou zombando e fazendo a loira gargalhar, revirou os olhos e mandou elas se apressarem.
As árvores foram deixadas para trás e o fogo se aproximava, quando entraram no território do colégio foi com um susto que elas viram todo aquele caos de guerreiros lutando contra anjos caídos e demônios, automaticamente elas procuraram algum rosto conhecido entre os lutadores não querendo olhar para os corpos.
- Não saiam daqui eu vou dar uma olhada até os dormitórios, não podemos nos afastar por muito tempo – falou enquanto e pulavam do cavalo.
As duas concordaram e rapidamente partiu enquanto as duas que ficaram empunhavam suas adagas.
Três demônios rapidamente notaram a chegada delas e se viraram para lhes atacar, passou a frente mentalizando a terra aumentar e barrá-los, mas eles foram rápidos em destruir e quando deu um passo para lhe ajudar sentiu seu cabelo ser puxado com força e ela virou dando de cara com mais cinco demônios. O que puxara seu cabelo estava com uma adaga apontada diretamente para seu peito e ela paralisou de susto, mas logo ele estava caindo no chão com uma adaga atravessando seu peito.
olhou para cima e de longe viu uma cabeleira morena acenar para ela, Anna, sua parceira de natação. Ela riu e acenou, correndo para ajudar um ruivo que ela reconheceu como seu outro parceiro de natação, Mason.
- – gritou, enfiando sua adaga nas costas de um demônio que estava indo para a cima da loira que prestava atenção nos outros – Acorda.
- Eu não achei os garotos ainda, e você? – a loira quis saber se abaixando quando pediu para ela, jogando uma das estrelas em alguém mais atrás e metalizava o fogo crescendo ao redor dos demônios perto delas.
- Garotas! – gritou correndo no cavalo, ela estava tão inclinada que estava praticamente deitada, mas atrás dela estava o motivo.
Zack lançava flechas uma atrás da outra e quando a morena caiu do cavalo rolando para o chão suas irmãs foram rápidas em correr até ela.
- Não – gritaram as duas, fez um gesto com a mão forçando Zack a tropeçar e cair antes que pudesse chegar até .
As duas chegaram a tempo abaixando ao lado da irmã mais velha, ajudando a levantar.
Zack se aproximou mais rápido do que elas esperavam, ele puxou pelo cabelo colocando-a de pé, mas a morena foi ainda mais rápida quando se dobrou virando e ficando de frente para ele, lhe acertando uma ajoelhada na barriga. Ela o empurrou para trás onde já estava com a adaga e passava sem pensar duas vezes pelo pescoço. Para completar, levantou sua flecha e lançou acertando exatamente no coração do moreno.
- Eu nunca gostei dele mesmo – comentou puxando com força para ela ficar de pé.
Sem perder tempo as três passaram a correr para o centro da luta.
- Eu não achei os meninos, mas a luta mesmo está ocorrendo mais para dentro – relatou enquanto elas davam a volta no ginásio para chegarem ao prédio principal.
- E , você a encontrou? – perguntou .
olhou para ela e negou.
Uma grande explosão fora ouvida e um buraco formou-se no chão quando elas foram jogadas para trás, sombras apareceram e demônios começaram a sair de todos os lugares, atrás deles vieram alguns anjos caídos.
- Droga, parece que descobriram que chegamos – murmurou levantando uma perna para pegar outra adaga em sua bota – Está na hora da brincadeira.
- Vamos mostrar para eles porque somos as Escolhidas – lembrou sorrindo para as duas e colocando a adaga de Liam em posição enquanto já lançava suas flechas.
A morena correu pulando no buraco e derrubando um grupo de demônios, ela sentiu algo arrastar em seu braço rasgando seu tão confortável sobretudo e então automaticamente enfiou a adaga nesse ser, também se irritou quando conseguiram acertar uma flecha de raspão em seu ombro e a loira se vingou arrancando a cabeça do anjo caído.
Literalmente.
Mas toda a atenção delas se perdeu quando elas encontraram uma cabeleira loira, tão pequena, parecendo tão inocente naquele meio parada ao lado de Tobby, o namorado de Chris.
- Não – o alto grito veio de quando ela foi jogada para a frente arranhando suas mãos e enfiando o rosto na terra e viu os demônios de preparando para agarrarem suas irmãs.
O local pareceu se tornar mais claro quando asas brancas chegaram uma atrás da outra formando uma espécie de proteção para elas e atacando os demônios.
- Cas! – gritou sorrindo para eles.
- Não temos tempo – o loiro falou apontando para que já se virava para correr com Tobby.
- Encontrem ela e tragam para o nosso lado – falou Liam tocando em segundos na mão de sua namorada enquanto André ajudava a sua protegida a ficar de pé.
- Tomem cuidado – Daniel lembrou quando elas saíram do buraco.
- Tobby! – rugiu estressada fazendo um gesto com a mão como se segurasse um chicote e prendendo os pés dele o derrubando no chão – Eu acho que Chris não vai ficar exatamente feliz.
- E quem falou que ele está vivo? – falou o garoto que parecia tão fofo virando o rosto para elas quando disparou correndo.
grunhiu de raiva pisando na sua barriga. O prendendo no chão ela pegou sua adaga e sem pensar duas vezes cortou sua garganta, quando puxou ela para cima, enfiou a adaga no peito dele.
- Temos que encontrar a , não podemos perder tempo – falou calma enxugando a testa e apertando levemente a mão da irmã para ela se acalmar.
concordou tentando se acalmar.
fez um gesto para elas seguirem em frente e apontou para a escola.
Elas tinham que entrar.
Uma flecha atingiu o peito do anjo no instante em que ele virou e cravou seus olhos em Jasper - o professor de arco e flecha que era um demônio -, com um sorriso maligno e vitorioso ele virou o arco atingindo uma nephilim.
- Porque não luta com alguém à sua altura, Jasper? – a voz firme de Tristan perguntou, e ele apareceu na frente de Jasper. Jogou uma shuriken que cortou o arco de Jasper que estava pronto para lançar a flecha, irritado, ele pegou sua adaga e ficou em posição de luta.
- Estamos em uma guerra, amigo. Não escolhemos com quem lutar, simplesmente atingimos quem pudermos – Jasper respondeu e deu de ombros, e sem aviso investiu contra Tristan que desviou do ataque e conseguiu cortar levemente o braço do colega de trabalho que se afastou antes do corte se tornar profundo.
- Pois bem. Eu estou aqui agora, para te dar a chance de ter uma briga justa antes de morrer – o moreno debochou desviando de outro ataque do furioso Jasper, que riu com desdém. Num movimento falso de Tristan, que fingiu não ter conseguido desviar, Jasper sorriu vitorioso pensando que cravaria a adaga no peito do outro, mas com a mão livre ele materializou uma espada e sem hesitar cortou a cabeça de Jasper num piscar de olhos. As partes separadas do corpo do homem caíram no chão e respirando fundo, Tristan foi ajudar um nephilim que não conseguia lidar com a sombra que o atormentava.
Elas correram. E correram. E correram.
Chegar até a sua irmã não era a fácil, parecia que todos tentavam dificultar o caminho delas.
Mas elas tinham aliados e como Marcus dissera para elas, todos eles estavam dispostos a darem suas vidas para que elas tivessem sucesso.
Para elas viverem e vencerem.
A parte mais complicada da luta era passar por seus conhecidos e ainda assim não poder fazer nada, elas tinham que continuar e tentar concertar a escolha da sua irmã antes que fosse tarde demais e talvez fosse por isso que ela continuava correndo tanto.
O caminho para o colégio estava repleto de guerreiros lutando, elas sabiam que teriam que entrar pela lateral do colégio e então tentaram se esconder nas sombras tomando o cuidado de ninguém sentir a presença delas ao mesmo tempo em que empunham suas armas vendo aquela garota que elas tanto amam entrar na escola.
- Escutem – falou levantando a mão. As garotas pararam forçando a audição para escutarem algo, contudo o barulho de luta se ouvia muito distante fazendo elas olharem confusas para a mais velha – Nada.
- Você acha que é uma armadilha? – perguntou .
- Talvez – ela respondeu dando de ombros.
- Mas temos que tentar – lembrou e sem falarem nenhuma palavra concordaram em continuar andando.
Elas saíram das sombras e deram cuidadosos e hesitantes passos até a porta que as levaria até .
Então tudo escureceu por alguns segundos e quando elas puderam ver o que estava acontecendo a sua volta localizaram Chad parado em volta de várias sombras que se duvidasse faziam a volta no colégio.
Ele sorriu.
- Olá.
Elas pararam em posição de ataque erguendo suas adagas e mirando a flecha diretamente para eles. O único problema era que a flecha passaria direto pelas sombras.
- Não sejam mal educadas garotas, somos colegas – ele falou dando aquele seu sorriso aterrorizante.
- Chega perto então Chad para eu te dar um abraço – zombou passando a adaga de uma mão para a outra deixando claro que tipo de abraço seria. Ele gargalhou.
deu uma olhada para que concordou com um aceno de cabeça entendendo.
- Sabe Chad, só queremos falar com nossa irmã, temos esse direito não acha? – continuou dando passos para frente e quando soltou sua flecha em direção as sombras, correu com toda sua força em direção a porta.
- Não tão rápido, garotinha – o loiro levantou seus braços e então as sombras parecerem virar algo solido batendo em e a jogando para trás.
- ! – elas gritaram, enquanto a mais velha corria até ela no chão.
- Eu to bem – resmungou levantando com a ajuda da irmã. Ela encarou Chad – Mas isso não vai ficar barato.
Chad levantou seus braços e junto com esse movimento as sombras se mexeram, se mexeram como se tivessem sido ativadas com o movimento dele.
observou isso enquanto trazia para perto delas, a loira se concentrou nos detalhes vendo que a cada movimento de Chad as sombras pareciam seguir.
As sombras.
Era isso então, deu um discreto sorriso quando entendeu, as sombras nada mais eram do que as suas próprias sombras. E todas aquelas sombras eram como se fosse a sombra de Chad dividida em várias.
Então tudo que ela tinha que fazer era atingir Chad e atingindo ele também atingiria as sombras.
- Sabe, Chad – deu passos cautelosos para frente segurando na mão de . Levemente ela apontou para o colégio, a morena olhou confusa para suas mãos, entretanto continuou calada. continuou a andar até ele – Eu realmente nunca gostei de você. Devíamos ter acabado com você quando você prendeu a naquele túnel.
- É, deviam – ele concordou ainda com o sorriso irritante nos lábios.
- Sabe o que eu sempre digo? – se arrastou até ele, quase como se estivesse desfilando cruzando as pernas com as mãos para trás. Chad não se afastou, de braços cruzados, ficou esperando o que a loira pretendia fazer.
- Nunca é tarde demais.
E ela atacou.
Se jogou contra ele fazendo as sombras se mexerem e ondularem quando com o impacto surpresa Chad foi ao chão tempo suficiente para as sombras saírem de perto da porta e suas irmãs correrem.
e sentiram que era errado deixar a irmã, mas elas estavam no meio de uma guerra e não podiam parar, pensar e tentar decidir o que era certo a se fazer.
O certo a se fazer era ganhar.
gemeu quando Chad chutou sua barriga a empurrando de cima dele e fazendo a loira cair no chão, ele se virou para subir em cima dela só que ela foi rápida jogando uma adaga nele que desviou para o lado bem a tempo da adaga passar de raspão no seu braço.
ficou de pé pronta para correr atrás das irmãs, só que Chad a agarrou pela cintura a tirando do chão e com a mão livre materializando uma adaga.
- Agora já foram duas irmãs, estou me dando bem – ele sussurrou em seu ouvido.
- Por acaso – ofegou olhando firme para a adaga que se aproximava – Seus pais não te ensinaram que é feio bater em mulher?
Chad deu um grito quando a adaga queimou sua mão e automaticamente ele soltou que caiu de joelhos no chão já se pondo de pé para correr.
Então Chad arremessou a adaga nela.
gritou, caindo no chão com o impacto e a dor.
Suas irmãs pararam no meio do corredor.
- Não , continue. Eu volto – mandou empurrando a morena para ela continuar a correr e já se virando para voltar e pegar a irmã.
estava se erguendo segurando seu braço, a mão estancando o sangue que saía do machucado em seu ombro. O corte não era muito profundo, mas ardia bastante.
- – gritou, escorregando até ela. Enquanto segurava na mão da irmã, a outra ela colocou sobre a terra fazendo um muro de folhas e barrando Chad que começava a ficar de pé – Você está bem?
- Estou, o corte não é grave – murmurou.
tirou seu sobretudo e usou a adaga para cortar e amarrar no ombro de numa espécie de torniquete.
- Você ama seu sobretudo – sussurrou enquanto a irmã a ajudava a ficar de pé, o muro balançou e elas sentiram aquele frio que as sombras faziam.
Chad gritou por elas.
- Eu amo você mais – falou sorrindo – Vamos, espero que esteja boa para correr pelo menos mais rápida do que eu, .
- Qualquer um é mais rápido do que você – brincou e se virou para começar a correr com logo atrás.
O muro se desmanchou em pedaços.
Como uma música ensaiada, os passos das Escolhidas seguiam fortes e firmes pela escola.
estava na frente de que se ocupava com a retaguarda derrubando vários armários no chão para atrasar aquele loiro que corria com toda sua velocidade, pronto para alcançá-las.
muito mais na frente pulava vários entulhos que sua irmã mais nova jogou ao entrar no colégio, ela queria alcançar sua irmã e apesar dos esforços da loira ela também parecia querer ser alcançada.
Então parou dando um gracioso giro para encarar elas, seus olhos azuis confusos e indecisos tanto quanto sua alma estava sobre o lado que ela escolheu.
Então percebeu.
Ela já tinha presenciado essa cena.
Com o susto sabendo que o que ia acontecer e sabendo que precisava ajudar rapidamente sua irmã, segurou nela e ofegou.
Era tarde demais.
O grito agonizante que ela esperava ainda assim a assustou quando Chad lançou pegajosas sombras negras como chicotes em que agarraram ela pelos pés e a derrubou no chão.
- Não! – a morena jogada no chão gritou de forma negativa se recusando a ser vencida chutando o ar tentando se soltar dos chicotes pegajosos que arrastavam ela para perto do loiro de sorriso malévolo.
- Droga – murmurou pegando sua adaga e empurrando – Não para, temos que alcançar ela antes que seja tarde.
tentou se recusar, mas elas não tinham mais tempo ainda mais quando soltou outro grito e quando as duas se viraram ofegaram, paralisadas.
Chad estava em cima de sentando sobre sua barriga e a sua adaga levantada e mirada para acertar diretamente no centro do peito dela.
Chad a encarou, olhando nos olhos assustados da menina, ele gostaria de ver sua dor quando sua adaga fincasse no seu peito, ele gostava do poder que tinham quando percebia que era tão forte ao ponto de confundir a cabeça de uma Escolhida e acabar com a existência de outra.
Ele não valia nada.
Seus lábios se esticaram num grande sorriso.
A adaga abaixou pronta para acertar.
Então ele parou.
Lentamente o sorriso foi sumindo dos seus lábios e ele abaixou o rosto para seu peito.
Afundada ali como se ainda tentasse achar lugar para ir se encontrava uma adaga, banhada com aquele vermelho como se estivesse numa piscina.
Seu corpo caiu para o lado sem mais o sorriso malévolo.
e ainda exalavam medo, medo de não terem mais a irmã com elas e a mais velha não pôde controlar algumas lágrimas que caíram.
mais atrás ainda olhava a cena com os grandes olhos azuis arregalados, a mão no coração pensando no que quase acontecera.
Sua irmã, sua querida irmã quase perdeu a vida nas mãos daquele garoto que ela tanto abriu a boca para dizer que confiava.
O que ela estava fazendo?
estava tremendo, seus olhos azuis encaravam o corpo ao seu lado, então percebendo que metade do corpo dele ainda estava em cima de suas pernas ela chutou desesperadamente para se afastar dele, ela levantou o rosto para encarar quem tinha lhe salvado.
Benjamin a encarava respirando pesadamente, a adaga que antes estava no corpo de Chad estava em suas mãos e ele sorriu para ela.
- Eu acho que não ganho pontos com meu chefe, não né? – Ben falou limpando distraidamente o sangue do seu companheiro de batalha em sua blusa negra.
- Ben – falou surpresa no exato momento que suas irmãs corriam até ela. Elas se jogaram no chão e a abraçaram não ligando muito para a batalha que ocorria do lado de fora. Sua irmã estava viva – Eu estou bem, só... – ela olhou ao redor e encarou que ainda estava parada – .
A loira deu um passo cambaleante para frente e então virou de costas e começou a correr.
- Vão, vão atrás dela rápido. Já alcanço vocês – mandou empurrando as duas para longe delas.
- Mas – olhou para ela meio na duvida.
- Vão – mandou em voz alta, as duas concordaram e ficaram de pé correndo.
Ben encarou ela e sorriu lhe dando a mão para ela ficar de pé.
aceitou sem hesitar.
- Então, você está do meu lado agora? – ela perguntou.
- Estou do meu lado. E não deixaria alguém fazer algo de ruim para minha única amiga.
balançou a cabeça negativamente como se não acreditasse que ele dizia isso e então o abraçou rapidamente encaixando o rosto no seu peito e o apertando forte, sendo pego de surpresa Benjamin não retribuiu o abraço logo de cara e então ele sorriu relaxando e enlaçando a cintura dela.
- Eu tenho... – sussurrou se separando dele e olhando para onde suas irmãs tinham corrido.
- Vá. Eu acho que você não vai precisar mais acabar comigo.
que já estava se virando para correr olhou para ele confusa.
- Quando você disse isso Ben?
Ben fez uma careta como se tivesse dito o que não deveria e começou a dar passos para trás.
- Então, essa é uma história engraçada e longa, muito longa. Vai vencer essa batalha e podemos conversar – ele começou a correr para longe, seu corpo esguio achando esconderijos na sombra do prédio antes de desaparecer de vez ele falou: - Tome cuidado, não quero perder minha amiga.
sorriu para a sombra e então se virou para correr ainda mais rápido do que seu corpo lhe permitia.
Ela sabia que iria alcançar suas irmãs e trazer sua caçula de volta.
As asas negras se abriram com uma graciosidade que não coincidia com a expressão fria em seu rosto. Como numa forma de demonstração de poder, ele não empunhava nenhuma arma sólida, usava apenas os poderes mentais que tinha e sua força física, quando preciso.
Talvez isso só acontecia porque ele não estava no meio da batalha, entre as criaturas angelicais e das trevas, que lutavam bravamente, cada um por um objetivo. Lucius estava numa parte mais afastada, olhando toda aquela guerra de longe. Alguns poucos anjos o avistavam e tentavam a sorte, mas eram exterminados antes mesmo de chegarem perto do demônio.
Ele era o líder dos demônios, se recusava a ir para o meio da batalha como um mero soldado, ele tinha uma estratégia e não se arriscaria ficando entre todos os outros. Movendo-se entre as sombras das árvores das florestas, ele passou pelo prédio dos dormitórios e seguiu passando pelo prédio principal, parando num espaço gramado entre ele e o ginásio.
Lucius só percebeu a chegada do outro quando o mesmo já iria se pronunciar. Um erro bobo, que poderia ter-lhe custado a vida.
- Como você é covarde – o loiro cuspiu as palavras com nojo, seus olhos verdes fixos no demônio que se virava com um sorriso debochado no rosto – Permanecendo aqui, longe de toda a confusão, ao invés de lutar com braveza. E ainda se acha o melhor.
- Você não entende nada de guerras, Daniel. É jovem demais. Tudo em uma guerra é calculado, existem estratégias. Estou apenas colocando a minha em prática.
- Deixe-me ver, sua estratégia é ficar escondido como uma garotinha que não quer ser notada, até a batalha acabar? – Dan debochou – Seria uma boa, se eu não o tivesse visto e seguido para matá-lo.
A risada de humor misturado com maldade que Lucius soltou foi alta e potente, e causaria arrepios de medo em qualquer um. Menos em Daniel, que estava focado no seu alvo e não se deixava intimidar pela postura de superioridade.
- Você realmente acha que é páreo para mim, Daniel? Admiro sua autoconfiança. Quer um conselho? Ela não serve de nada nesse momento – disse, sua voz num tom brincalhão, e então em um piscar de olhos, sua expressão tornou-se séria e sua voz fria – Porque você não é.
- Você é quem deveria abaixar seu ego, Lucius. Não passa de um garotinho egoísta e infeliz que não pôde conviver com a glória de seu irmão. Que por não ter poder, matou a própria irmã – a voz de Daniel pingava repulsa – Devia se envergonhar, matou e é contra sua família por egoísmo e individualidade. Não sei como um dia já foi um anjo puro.
O demônio permaneceu em silêncio encarando Daniel. O loiro sorriu ao perceber que tinha atingido o outro e deixado-o sem palavras.
Uma forte batida do coração de Lucius o informou do acontecido. Chad, seu principal soldado, fora morto. Com um suspiro irritado ele cravou os olhos em Daniel.
- Está quase na hora de eu entrar em ação, e você vai ser um atraso muito entediante – ele revirou os olhos – então eu vou simplesmente matar você. Será mais uma vantagem para mim, aliás, minha querida sobrinha e aliada não teria mais um motivo para querer mudar de ideia. Você e suas irmãs são a maior hesitação de para com o mundo das trevas. Ela nos escolheu, sim, mas está entregue apenas de corpo, sua alma continua presa à vocês. E eu preciso cortar essa linha invisível que os prende. E isso só pode ser feito matando-os – levantou os ombros e deu um meio sorriso como se querendo dizer que só faria aquilo porque não tinha outra opção.
Ouvir o nome de sua amada protegida fez Daniel se desorientar por alguns segundos, e Lucius percebendo isso foi para cima do guardião, que despertou imediatamente. O som das adagas recém materializadas fora alto e agudo. Sem esperar ou hesitar, Daniel investiu a adaga contra Lucius que desviou com facilidade.
Eles ficaram nessa espécie de dança, um atacava, o outro desviava. Até que Lucius fez um falso movimento para investir a adaga na esquerda e quando Dan levantou a sua pronto para o bloqueio, a direção da adaga de Lucius mudou e atingiu o ombro direito do guardião que cambaleou para trás urrando de dor. Aproveitando a fragilidade do anjo, Lucius empurrou o peito de Dan e ele caiu no chão indefeso.
- Eu poderia te matar rapidamente. Mas você me ofendeu com suas palavras, Daniel, e ninguém tem o direito de fazer isso. Por isso, você irá pagar pelo que disse – Ele falou e com um aceno de sua mão a adaga desapareceu, Lucius não precisava segurar o loiro, pois sua adaga tinha um veneno que imobilizava anjos tempo o suficiente para serem mortos.
Enchendo o peito de ar e fechando os olhos, Lucius se preparou para lançar suas chamas no guardião. Abriu seus olhos de súbito, que de cinza tornaram-se totalmente negros e soltou o ar que prendia.
E como um dragão, o ar que ele soltara virou fogo.
XX - The Night’s On Fire (Parte II)
Da saída do prédio principal, assistia ao rendimento de Daniel com uma dor no coração. E ao ver Lucius preparando-se para fritar seu guardião, ela se deu conta do erro que havia cometido. Percebera que tinha escolhido o lado errado somente agora, ao ver o amor de sua vida pronto para morrer. Numa batida de coração ela percebeu o que teria que fazer. Não suportaria viver o resto de sua vida sem Daniel e longe das irmãs. E para redimir-se com todos aqueles que tinha feito sofrer, teria de se sacrificar.
- Não! – o grito agudo, potente e aterrorizado de preencheu todo o campo que eles estavam. Num poder muito mais forte que qualquer uma de suas irmãs, ela se materializou em cima do corpo de Daniel no momento em que as chamas de Lucius começara. Jogou os braços para trás e reunindo toda a energia que pode conseguiu criar um campo de força á sua volta, protegendo Daniel e á si mesma. O poder que Lucius estava usando para aquele ataque era grandioso demais, e ele precisava se desfazer temporariamente de seus sentidos, por isso não percebera que protegia Daniel, se não, com certeza pararia o ataque para que nada acontecesse á sua Escolhida.
Já com suas energias esgotadas, o campo de força de
- Diga á todos que eu sinto muito – ela sussurrou quase inaudível, seu olhar mostrava total arrependimento. Sentindo seu coração bater cada vez mais fraco e percebendo que já estava morrendo, ela se forçou a proferir mais três palavras. Não poderia morrer sem dizê-las – Eu... amo... você – disse com dificuldade e ao fim da última palavra as chamas acabaram totalmente e a cabeça dela caiu para o lado sem vida.
Quando finalmente encontrou suas irmãs, elas estavam nos fundos do prédio principal. Ela não entendeu no começo o que estava acontecendo, mas quando as duas se viraram, ela levou as mãos à boca com medo do que aconteceu.
O que mais a assustou não fora sua irmã mais velha chorando e sim , a loira deixava as lágrimas cair livremente sem fazer um único som.
- O quê? – ela perguntou dando passos para frente, hesitantes passos enquanto sentia seu peito apertar.
As duas garotas saíram da frente para lhe mostrar a cena.
estava sobre o corpo de Daniel, ela parecia tão cansada. Tão derrotada.
E tão ela.
As lágrimas vieram quando mesmo sem precisar perguntar entendeu que sua irmã tinha voltado para elas, mas quando os olhos da garota começaram a se fechar ela parou de andar no mesmo segundo.
Não.
O agonizante e desesperador grito veio dos lábios de Daniel quando ele pareceu finalmente conseguir se mexer envolvendo docemente a garota em seus braços.
De pé, Lucius piscou os olhos várias vezes voltando ao normal e quando viu a cena percebeu o que tinha acontecido. Sua sobrinha havia escolhido para qual lado lutar.
E por rápidos segundos ele se sentiu um pouco mal, mas logo o sorriso havia aparecido em seus lábios.
A profecia de qualquer jeito não poderia ser cumprida.
Faltava uma das Escolhidas.
- É uma pena – a grandiosa voz de Lucius se fez presente naquele campo com a dor e a tristeza presente em cada pessoa. Menos nele – Perder um poder como esse, realmente uma pena. Mas eu sabia que ela acabaria como todos, morrendo por esse sentimento devastador que é o amor. Fraca, ela é uma fraca exatamente como vocês são e como todos os tolos desprezíveis são. Eu realmente sinto por não poder livrar a minha Escolhida da sua fraqueza, mas vocês têm um pouco de culpa não acham?
Então bastou.
As três Escolhidas que restaram pararam de chorar no mesmo instante e o tempo pareceu ficar frio enquanto elas esplandeciam.
As poucas nuvens no céu que davam espaço para a lua aparecer começaram a aumentar, tomando espaço para escurecer a todos com a dor. A tristeza e a raiva que as garotas que estavam fazendo isso acontecer sentiam. Como numa espécie de mix de cores negras as nuvens se juntaram se mexendo raivosas e agitadas e o som de um trovão foi escutado preso dentro delas pronto para ser liberado.
- Era para me deixar impressionado? – Lucius zombou abrindo os braços e gargalhando.
O barulho estrondoso que veio seguido de um raio caindo com toda sua glória e força a passos na frente de Lucius.
Ele arregalou os olhos tentando não demonstrar a surpresa.
Elas não responderam, não podia responder pois não estavam exatamente presente.
O poder dominava cada célula do ser delas, se agitando e mostrando quem elas realmente eram. Elas viram suas vidas passarem ante os seus olhos, contando coisas que elas não se lembravam e nem sabiam. Elas se viram bebês nos braços de suas mães sendo embaladas docemente, elas viram o pai as observando enquanto brincavam no parquinho juntas, elas viram seus guardiões quando nem sabiam que existiam. Viram eles as salvarem inúmeras vezes e então viram quem elas realmente eram.
Elas eram as Escolhidas.
Seus olhos que até então estavam fechados se abriram e revelaram celestiais olhos azuis.
Azuis como o céu num dia de verão onde a beleza da felicidade era a estrela do dia.
E juntas se prepararam para fazer o que nasceram para fazer.
Vencer as trevas para que o bem pudesse dominar e todos pudessem ter a alegria que mereciam, sejam seres humanos, sejam aqueles anjos, guardiões, guerreiros, pais, mães, melhores amigos, amigos. Irmãos.
- Está na hora – falaram juntas dando passos para frente.
- Agora estou um pouquinho impressionado – comentou Lucius tentando esconder seu desconforto.
- Você não merece o que lhe fora dado, Lucius. O amor que todos estavam dispostos a lhe dar e ainda assim só queria mais, só queria pensar em você e por isso deixou de mão o que é mais importante para se manter humano: sua alma. Você não merece a vida que tem – falou. Sua voz se espalhando por todo o campo, talvez por toda a batalha que parecia ter parado para presenciar esse momento.
- O quê? – ele falou confuso. Da terra, as raízes das árvores começaram a aparecer e envolveram os pés de Lucius o mantendo no lugar – O que está acontecendo?
- Você queria ter tudo, se tornou tão egoísta e ganancioso que não se importou em destruir a vida daqueles que se colocassem no seu caminho, não se importou de corromper a alma mais pura, o amor mais puro. Você não merece a vida que tem – a voz de acompanhou o ritmo de sua irmã, tão poderosa quanto a dela.
Elas deram um passo para a frente, estava no meio delas.
Lucius começou a se debater tentando se soltar.
- Não, não pode acontecer. Vocês são três, as Escolhidas são quatro – ele começou a gritar mostrando todo o desespero que mantinha escondido para si para que ninguém visse sua fraqueza.
Ao mesmo tempo em que ele entendia que a profecia não fora rompida, que na verdade ele ajudara a continuar com ela quando despertou a raiva delas ao ponto das garotas encontrarem seu verdadeiro poder quando acabou com a vida de Jackie; uma adaga, a adaga mais pura de todas apareceu nas mãos de com sua ponta branca parecendo querer brilhar ainda mais forte do que as Escolhidas.
- Você destruiu a si mesmo assim como destruiu aqueles que tentaram parar você. Você acha que o amor não vale nada, mas é contra ele que você está lutando. É contra ele que você vai perder porque nada é mais forte do que ele. Você não merece viver.
E depois das últimas palavras, já frente a frente com o líder de todas as trevas, elas o encararam nos olhos e quando encontraram nada mais do que um corpo sem alma, sem compaixão, sem amor pelo próximo, elas perceberam que era hora de acabar com essa casca que se encontrava sem vida.
afundou sem hesitar a adaga no peito de Lucius onde um dia, ele devia ter tido um coração.
e colocaram suas mãos nos ombros da irmão como se ao mesmo tempo que segurasse. A dava força, a incentivava, a apoiava.
A adaga começou a brilhar ainda mais forte, assim como elas que não falavam nada, apenas se mantinham perto uma da outra passando a sua força de uma para a outra e então para a aquela peça que acabaria com Lucius.
Ele encarou a adaga completamente amedrontado, talvez ele soubesse o que o esperava, talvez ele tivesse uma segunda chance na vida.
Apenas talvez.
E então seu rosto começou a envelhecer todos os milênios que ele tinha, ele tentou gritar, porém já não tinha mais voz.
E com uma explosão Lucius virou pó, espalhando seus pedaços por todo o campo e junto com ele todos que estavam do seu lado. Todos que não tinham salvação simplesmente desapareceram.
Talvez tivessem ido junto com ele, talvez apenas tivessem decidido se esconder até o próximo líder das trevas aparecesse.
As trevas nunca seriam totalmente derrotadas, enquanto pessoas sem coração e sem alma vivessem no mundo, as trevas estariam presentes. Contudo, elas podiam ser contidas o suficiente para dar uma grande dose de felicidade a todos e quando elas voltassem a aparecer...
As Escolhidas estariam prontas para lutarem contra ela, todos que amassem lutariam ao seu lado com toda a força.
Porque o amor é a arma mais poderosa de todas.
Então vieram os gritos, elas piscaram seus olhos algumas vezes e quando os seus poderes se guardaram novamente e seus olhos voltaram a suas cores naturais elas olharam ao redor percebendo que todos os seus aliados e amigos estavam presentes comemorando pela batalha vencida.
Mas elas apenas viraram o rosto para encarar sua irmã caçula e quando viram que tudo continuava no mesmo, elas deixaram o sofrimento voltar.
E logo que caiu de joelhos no chão afundando a mão na terra, envolveu seu corpo para se manter de pé e soltou o grito que prendia desde que viu o corpo mole de sua irmã sobre Daniel que a abraçava sem saber o que fazer. As comemorações pararam mais rápido do que se elas tivessem perdido a luta.
Em segundos seus guardiões estavam ao seu lado achando que elas estavam com dor, mas quando logo depois quem gritou foi a esposa do chefe deles, eles finalmente entenderam.
Ela havia se entregado à morte. Lembrava-se de perceber o quão fraco seu corpo ficou a medida em que sua respiração diminuía.
Mas então, porque continuava ali naquele campo?
Confusa, ela percebeu que não podia ouvir nada, mas conseguia ver movimentos um pouco longe de onde estava. E que se encontrava afastada de todos.
Querendo saber o que acontecera, andou até o vasto campo onde todos estavam.
Algo estava errado.
Tinha tido coragem para entrar no campo, mas ninguém a notara. Estavam todos tristes. Talvez por sua morte, mas como se ela estava bem ali, viva?
Passou pelos anjos de Marcus, e nenhum sequer virou o rosto para ela. Porque não conseguiam vê-la? E porque ela os via movimentando os lábios, mas não ouvia o que diziam?
Conseguiu chegar até o centro onde suas irmãs estavam abaixadas em volta de Daniel, que ainda tinha seu corpo preso ao dele.
deu um passo para trás.
Como aquilo era possível? Era seu corpo sem vida que Daniel abraçava, mas ela também estava ali de pé ao lado deles. Será que tinha virado um fantasma?
Assustada, olhou em volta e seu olhar cravou-se em um outro que a fitava.
Marcus. Seu pai. Ele estava olhando diretamente para ela, sabia disso. Então, ele podia vê-la?
- Sim , eu consigo ver você – a voz tão elegante de Marcus nunca a havia aliviado como naquele momento.
- E eu consigo ouvi-lo – ela disse, percebendo que sua voz continuava a mesma.
- Somente a mim – ele concordou – Porque eu tenho esse dom que me permite ver e falar com as almas que ainda não partiram totalmente.
- Eu sou um fantasma? – perguntou com medo da resposta do pai.
- Não, apenas não juntou-se às outras almas ainda. Você está na Terra, mas sua alma já saiu do corpo. Está no meio dos dois mundos, o real e o espectral. Entende?
- Sim. Mas porque eu não fui para junto das outras almas ainda? É uma punição pelo que eu fiz ainda viva?
- Não existe punição pós morte no mundo dos anjos, . E você é metade anjo, então essa “lei” aplica-se à você. Não importa o que fez enquanto estava em vida, você será aceita no leito das almas do mesmo modo que todas as outras.
- Mas então... porque? – a pequena indagou confusa.
- Antes de avistá-la aqui, eu recebi uma mensagem de meus pais. Se não sabe, seus avós vivem junto com as almas, não estão mortos, mas vivem no lugar em que as almas descansam. E eles me disseram muitas coisas sobre as quais eu não tinha conhecimento, e me deram a decisão sobre sua alma. Se ela vai para o outro lado, ou volta para a Terra.
A pequena ficou em silêncio e abaixou a cabeça, ela não queria ir para o outro lado, mas havia traído Marcus e por isso ele nunca a deixaria voltar.
- Eles me disseram, – ele chamou a atenção dela, que levantou a cabeça e o encarou – Que um dos motivos pelo qual você se juntou ao Lucius foi e Caspian. Você trocou sua vida pela deles, salvou-os.
Ela afirmou com a cabeça e Marcus lhe sorriu ternamente.
- Você foi quem ficou ao lado das trevas, mas das quatro Escolhidas foi a que mais fez sacrifícios pelo próximo. Salvou duas vidas quando jurou sua lealdade ao meu irmão, uma delas sendo sua irmã. E teve como último ato o maior sacrifício que qualquer ser pode fazer: o amor verdadeiro. Você morreu para salvar Daniel.
Os olhos da loira não se davam ao trabalho de segurar as lágrimas que viam. Ela chorava por tudo, por seus erros, por seus atos “heróicos”, por saber que aqueles que ela ama agora estavam bem e poderiam ser felizes, mas principalmente por saber que não poderia estar lá junto a eles para dividir essa felicidade.
- Você se julga indigna de receber essa “segunda chance”, mas realizou atos mais puros que um anjo completo. E bom, é minha filha. Eu nunca hesitaria em trazer qualquer uma de vocês de volta se esse privilégio me fosse concedido – o sorriso de Marcus era extraordinário.
tinha arregalado os olhos a cada palavra que o pai dizia e parecia não acreditar nelas.
- Então, eu vou voltar? – perguntou com um brilho esperançoso no olhar.
- Sem dúvidas. Mas, não vai voltar exatamente a mesma...
Marcus olhou para que estava confusa e riu baixinho imaginando a reação dos outros ao vê-la novamente.
Era um domingo, o dia estava ensolarado e o parque não muito cheio. Tudo perfeito para ir brincar no parquinho.
O problema é que , , e julgavam-se grandes demais para brincar no escorregador, no balanço ou na caixa de areia.
E queriam andar de bicicleta pelo parque, mas era a única que ainda não sabia andar sem rodinhas e tinha vergonha de usá-las em público. Hoje eram os homens que tinham as levado para o parque, o que deu a chance perfeita para a loira pedir ao pai para tirar as rodinhas.
- Tem certeza filha? – Roberto perguntou. A pequena concordou e o pai fez sua vontade – Vamos, vou te ensinar, ok?
- Tudo bem – ela se empolgou, as outras meninas que andavam de bicicleta foram para perto da onde a amiga estava para vê-la. Então, quando estava pronta o pai começou a mover a bicicleta com ela junto, dizendo para ela não ter medo porque ele estava lhe segurando – Pode soltar papai, eu consigo ir sozinha – ela falou convencida. Roberto esperou mais um pouco e sem avisar a soltou, mas ela não conseguiu continuar e caiu. que era a mais próxima foi até ela e a ajudou a levantar.
- Nunca mais vou andar de bicicleta! – a loirinha choramingou passando a mão sobre os fracos machucados que a queda havia feito.
- Pare de ser boba, você só caiu uma vez – falou arrumando o cabelo da amiga e então indo até sua bicicleta trazendo-a para ela – Olha, você só precisa colocar seu peso entre o guidão e o banco. Tenta outra vez.
- Não, eu vou cair – cruzou os braços e fez bico. revirou os olhos e foi até a amiga, colocou as duas mãozinhas no seu rosto e atraiu a atenção dela para si.
- Todo mundo cai quando anda de bicicleta, ainda mais quando não sabe andar sem rodinhas ainda. Você tem que arriscar – ela disse dando de ombros como se para mostrar que era algo simples. sorriu e concordou com a amiga, pegando sua bicicleta e se equilibrando como ela havia dito.
Ela conseguiu andar. Quase caiu por um momento, mas conseguiu manter-se equilibrada. Ela deu a volta numa árvore e parou ao lado de que batia palmas com as outras, desceu da bicicleta e abraçou a pequena com força.
- Obrigada , você é minha melhor amiga.
- Ei! – e exclamaram fazendo bico.
- Ciumentas, vocês também são – a loira disse e as duas abriram espaço para as outras entrarem no abraço.
- , o que é ciumenta? – perguntou curiosa quando já pedalavam pelo parque. A loira deu de ombros.
- Não sei, papai sempre diz isso quando mamãe o pega olhando para outra mulher e faz birra. Achei legal a palavra.
As meninas gargalharam, e suas risadas tão inocentes e puras pareciam contagiar o parque todo e o deixar mais vivo.
Já passava do horário que aquelas garotinhas normalmente dormiam, as risadas que vinham do lado de fora da casa do lago já haviam acabado fazia algum tempo e elas sabiam que logo alguém iria mandá-las dormir.
Elas estavam na casa do lago no novo padrasto de , Henry. Ele havia casado com a mãe dela fazia alguns meses e como prometido depois da lua de mel convidou a família de todas as amigas de para passarem um fim de semana na casa do lago. Pérola, a mãe de ainda conversava com Stephanie, a mãe de em algum lugar da casa e sabiam que não demoraria muito para irem ao quarto delas.
Num quarto com uma grande cama de casal estavam as quatro melhores amigas sentadas e se divertindo como nunca, a de dez anos – – pulava empolgadamente na cama fazendo seus cachos dourados saltarem enquanto a lia uma revista e tentava fazer uma trança no cabelo da mais nova.
- Não vamos dormir hoje até o sol nascer – faloua empolgada.
- Não, só vamos dormir quando colocarmos pasta na cara de alguém – completou fazendo rir alto.
- Eu ouvi isso mocinha – Pérola apareceu na porta do quarto junto Stephanie, as duas rindo das meninas.
- Mas como hoje é um dia de diversão e estamos comemorando que nossas garotinhas estão crescendo cada vez mais rápido, vamos deixar vocês brincarem mais um pouco – completou Stephanie fazendo todas gritarem e darem pulinhos comemorando.
As meninas correram até suas mães para as abraçarem. , que estava sentada no tapete fofo observando e tentando tirar a trança que fez, sorriu levemente quando viu todo aquele amor.
- Eu amo você minha filha – sussurrou Stephanie, o suficiente para ela ouvir. Estranhou quando apenas a abraçou.
- Boa noite meninas – falou Pérola.
- Não façam barulho – acrescentou Stephanie.
- E não durmam muito tarde – lembrou Pérola acenando para elas.
- Boa noite mamãe – falaram e em coro deixando claro que era para elas saírem do quarto. Elas riram.
- Até amanhã – falou educadamente quando elas saíram do quarto.
- Agora que os nossos pais dormiram, a festa começa – cantarolou .
- Ou podemos comer, eu tô com fome – choramingou colocando a mãozinha sobre a barriga.
Elas riram.
- Eu vi a mamãe guardando a torta no armário da cozinha – disse fazendo os olhinhos das suas amigas brilharem.
- Estamos esperando o quê? Vamos , elas estão com fome – ficou de pé num pulo puxando Ariane pela mão.
- Não comam tudo – gritou quando elas saíram se jogando na cama – Onde estávamos, ?
- Nem comece – a garotinha fez bico e então virou para a amiga – Porque você não falou de volta?
- O quê?
- Que ama ela também – falou como se fosse óbvio. A morena deu de ombros.
- Ela sabe.
- E se não souber? E se ela quiser ouvir? Você devia falar mais vezes para não se arrepender depois.
olhou para ela confusa e então fazendo uma carinha de criança chorosa foi até o chão para sentar ao lado dela.
- Eu amo, só que é tão estranho falar entende?
concordou colocando a cabeça no colo dela.
- Sabe como faz para ficar bem mais fácil? – ela arriscou perguntando vendo a outra negar com a cabeça – Você diz muuuuitas vezes até que começa a sair naturalmente – gargalhou concordando e quando fez um sinal com a mão para ela se aproximar sussurrou no ouvido dela em tom de segredo - mas não podemos falar isso para os safados, Jay me explicou tudo e falou algo sobre eles só quererem a sobremesa.
As duas se entreolharam e começaram a gargalhar no mesmo instante que suas amigas entraram no quarto com a torta na mão e quatro colheres.
- Eu também quero saber qual a graça – falou se jogando entre elas fazendo as duas reclamarem.
olhou para e se voltou para as outras duas.
- Não é nada demais, só que eu amo vocês.
olhou para ela estranhando e então gargalhou falsamente.
- Não tem graça nenhuma.
E quando a morena jogou um travesseiro nela deixaram de lado a torta para brincarem.
O sol brilhava tão forte. Parecia tão errado o dia estar brilhante quando aquelas pessoas reunidas sentiam como se estivessem vivenciando uma tempestade.
As roupas pretas, os anjos todos reunidos, a família das Escolhidas haviam retornado não só por elas, mas para a garotinha que eles nunca mais poderiam abraçar.
, e estavam juntas logo ao lado de Marcus que parecia esconder algo atrás do semblante sério enquanto Jade se agarrava nos braços do seu filho mais velho.
Apesar de seus namorados, mães e pais quererem se aproximarem sabiam que elas tinha que lidar com isso da própria maneira.
- Eu não... – começou, tentando segurar suas próprias lágrimas. apertou sua mão porque não conseguiria falar – Eu não acho que ela gostaria de nos ver chorando, ela gostaria que fossemos fortes – ela encarou o anjo da guarda da sua irmã mais nova em pé num ponto mais afastado. Seu rosto estava sério e sem lágrimas e ainda assim a dor nele parecia tão grande ao ponto de arrancar seu coração e alma.
- Não, se ela estivesse aqui ela perguntaria porque estamos sendo tão dramáticos já que isso é dela – soltou uma risada nasalada.
- Com as mãos na cintura se achando maior do que é – completou , enxugando algumas lágrimas para se controlar, virando para todos os presentes e encarando Jason – Ela teve uma boa criação de uma das pessoas que mais deve amar ela nesse mundo, ela deu broncas na gente quando necessário, ela... – não conseguiu mais falar e envolveu o corpo com os braços abaixando o rosto para não verem seu choro.
- Uma única frase – Jason falou andando até elas e tocando no rosto de cada uma. Ele parou perto de onde sua irmã estava agora – Para sempre.
ofegou com o choro e concordou, andando até ele.
- Corajosa – ela falou olhando para dando a entender que ela era a próxima.
- Um pequeno anjo – ela falou rindo baixinho com se aproximando e colocando a mão sobre seu ombro.
- Nos menores frascos – ela sussurrou tirando risadas chorosas de suas amigas lembrando-se do que dizia para todos que brincavam com o seu tamanho.
- Estão os melhores perfumes – completou uma voz suave, melodiosa, forte e tão doce. Uma voz que todos reconheciam ao se viraram para encarar.
E lá estava ela.
Não, só podia ser um sonho.
Parecendo brilhar como nunca antes, estava parada atrás de toda a multidão usando um comprido vestido branco que fazia seus cabelos loiros parecerem ainda mais brilhantes. Ela parecia mais madura, mais forte, mais velha e que comprovava que aquilo não era mais do que uma aparição.
Jade fora a primeira a tomar alguma reação, dando passos hesitantes até poder correr e chegando em sua filha que sorria docemente para ela lhe tocou no braço, no pescoço, no rosto e ainda assim ela não sumiu e então ela a puxou para seus braços olhando para os céus como se agradecesse ainda que soubesse que esse era um milagre particular.
- ! – gritou Jason roucamente correndo sem aviso com toda sua força até sua família e as puxando para seus enormes braços deixando claro que nunca mais as soltaria.
As três irmãs se entreolharam e numa concordância silenciosa andaram até a loira no exato momento que ela se afastou da mãe e do irmão.
- Como? – perguntou confusa.
deu um grande sorriso.
- Parece que chegaram à conclusão que eu ainda era útil - respondeu.
- Você parece... – olhou para ela sem saber o que dizer e completou.
- Você.
- Talvez – concordou deixando os braços caírem um de cada lado do seu corpo -, mas eu não sou.
- Não? – as três perguntaram juntas. Tudo era tão confuso, há cinco minutos elas estavam chorando pela perda da irmã e agora ela estava perfeitamente bem na frente delas.
- Não – falou. Achando que mostrar era melhor do que dizer fechou os olhos e deixou suas asas se abrirem.
As asas brancas se esticaram, parecendo tão grandes e tão puras que poderiam envolver cada um dos presentes. E quando a garota, não tão mais criança, abriu os olhos, viu que todos a encaravam com lágrimas.
A dúvida chegando até ela. Eles talvez não quisessem que ela se transformasse em um anjo puro?
- Você ainda é você – respondeu a pergunta nos olhos ainda mais azuis da garota.
- E sempre será para a gente – completou e quando concordou com um aceno urgente as três garotas a abraçaram. Ela que parecia a mesma para elas, mesmo quando suas recém asas envolveram todas.
E as até então lágrimas de tristeza se transformaram em lágrimas de felicidades e o dia nunca mais pareceu mais perfeito.
E então o sol pareceu brilhar ainda mais forte do que antes.
A presença do devido silêncio não incomodava nenhum deles no momento, na verdade era um agrado que tudo estivesse tão calmo.
Os braços a envolviam como se deixassem claro que não a soltariam nunca mais, os beijos calmos no pescoço diziam o quanto ele sentiu saudades, o olhar que ele dava para ela dizia o quanto ele a amava.
E o quanto ele queria ouvir dela a mesma coisa.
calmamente se afastou de seu namorado, afundando na piscina. Eles estavam no prédio em que ela mora, como Marcus havia pedido que as garotas e suas famílias ficassem com eles por mais um tempo até que ele tivesse certeza que tudo estava bem, pediu que alguém fosse buscar roupas para eles e Liam rapidamente se ofereceu para poder passar um tempo sozinho com a namorada. Passaram a tarde no apartamento dela e como já era tarde e sabia que não teria ninguém na piscina pediu para ele ficar um pouco lá com ela.
- A parte mais assustadora – a morena sussurrou, numa certa distancia dele. Liam estava com os braços encostados na beira da piscina e a água com luzes noturnas mostrava o que estava escondido embaixo da água – A parte mais assustadora foi quando você ficou longe de mim e eu sabia que era necessário, mas não consegui pensar que quando tudo terminasse eu não poderia correr para seus braços.
Seu guardião olhou para ela carinhoso e jogando o cabelo negro molhado para trás fez um gesto para sua protegida se aproximar e com manha ela fez, encostando o rosto no pescoço dele.
- A parte mais assustadora – ele usou as mesmas palavras que ela, num tom suave – a parte mais assustadora foi quando a minha marca começou a arder e todas as células do meu ser diziam que eu tinha que correr para você, mas eu não podia. E, eu tinha medo de não poder dizer novamente – seus lábios encostaram no ouvido dela e Liam sussurrou a arrepiando – Eu amo você.
levantou o rosto para encará-lo vendo seus olhos azuis brilharem mais do que o céu naquela noite estrelada. Ela sabia que o que ele dizia era a mais pura e única verdade.
- E eu – ela deu um beijo no seu peitoral – Amo – seus lábios subiram para seu pescoço até chegarem em sua orelha – Você.
Liam fechou os olhos saboreando as palavras e a puxou para mais perto.
- Agora eu sei que você não vai desaparecer em meus braços.
Ela gargalhou e se afastou dele dando um sorriso malicioso.
- Sabe o que eu sempre quis fazer? – ela quase cantarolou se mexendo suavemente na piscina o sorriso malicioso aumentando, seu namorado a olhou confuso e riu.
- O que é? – ele perguntou quase como se já soubesse.
se aproximou e se impulsionou para cima para enlaçar sua cintura e mesmo sem querer criando ondas na água que movimentaram seus corpos para ainda mais perto.
- Sexo na piscina – ela contou em tom de segredo fazendo Liam gargalhar e então obedecendo ao seu desejo, eles próprios começaram a criar seus movimentos naquela piscina.
As ondas quebrando no mar traziam um som melodioso aos ouvidos do casal sentado na areia, a brisa fresca e calma levava os longos cabelos loiros dela para trás.
se arrepiava cada vez que os lábios de Caspian tocavam sua nuca e se perdia no calor que seus braços traziam ao abraçá-la.
- Eu cumpri minha promessa – Cas falou com um quê de convencimento, parando os beijos.
- Promessa? – a loira perguntou confusa, virando para poder olhar nos olhos do namorado que a abraçava por trás.
- De que tudo ia ficar bem – ele levantou os ombros sorrindo de lado. riu ao se lembrar e virou-se para ficar de frente para ele, prendeu as pernas na cintura de Caspian e passou os braços por seu ombro, um sorriso apaixonado no rosto dos dois.
- É, você cumpriu – encostou sua testa na dele e fechou os olhos – Acho que vou fazer você prometer mais coisas para mim...
Eles riram.
- O que, por exemplo? – perguntou Caspian sua voz mudando para um tom mais sexy.
- Talvez, me fazer feliz sempre? – sugeriu, abrindo os olhos para poder fitar os verdes de Cas.
- Isso não posso prometer. Porque já é um dever meu – ele falou sorrindo abertamente quando percebera que a loira tinha se emocionado. – Não quer que eu prometa nunca brigar com você? Seria o sonho de qualquer mulher.
- Mas é claro que não. As brigas são o que fortalece o casal – disse sabiamente, e então mordeu o lábio levando as mãos até a nuca de Caspian e puxando seus cabelos - E as reconciliações são as melhores partes – sua voz havia mudado.
Os dois trocaram sorrisos maliciosos, cúmplices e olhares apaixonados.
Caspian a puxou para um beijo calmo e demorado. Ela parou o beijo com vários selinhos e segurou o rosto do namorado.
- Eu amo você – ela disse sorrindo.
- Eu amo você também – ele respondeu a puxando de volta para o beijo.
O riso de ecoou pela praia vazia quando Caspian a deitou na areia de súbito a assustando e a atacou com beijos.
E eles continuaram ali, amando um ao outro.
olhava a praia pela parede de vidro do seu novo quarto, na mansão. Ele era no mesmo corredor que o de suas irmãs e amigos, e tão magnífico quanto o deles.
Parecia ter sido feito especialmente para ela. Tinha achado melhor separar-se de suas irmãs para lhes dar um momento a sós com seus namorados, já que eles não tinham um momento assim desde o começo da guerra, e mereciam.
Bateram na sua porta, e seu coração acelerou. Estava gostando dessa coisa de ser anjo, principalmente agora que podia saber quem estava atrás da porta sem precisar de anúncio. Respirou fundo e andou até a porta, abrindo-a e sorrindo timidamente para o loiro na sua frente.
Ela havia morrido para salvá-lo, e tinha tido que o amava antes de morrer.
Mas eles não tinham conversado sobre isso ainda, pois não tinha dado tempo com toda essa nova coisa de anjo.
- Oi ... hm, posso entrar? – ele perguntou tímido, ela riu por dentro achando a situação dele fofa, mas sorriu por fora e concordou abrindo a porta de seu quarto.
Daniel entrou e sentou numa poltrona que tinha perto do armário da loira e a esperou para conversar sobre tudo que acontecera.
Só que a conversa não aconteceu, enquanto ela esperava pelo tempo dele calmamente, sentou no sofá em frente a janela pensando em tudo que sua vida passara, em tudo que aconteceu e como tudo mudou em apenas poucos meses, em como era tão engraçado tudo mudar de um jeito que ela sabia que não poderia viver sem tudo que aconteceu.
- Como...? – começaram os dois juntos logo rindo e Daniel fez um gesto para ela começar.
- Como está? – ela questionou.
Ele deu de ombros.
- Bem melhor – ele concordou se inclinando para frente e colocando as mãos sobre o joelho – Eu... – ele gaguejou desconfortável fazendo se inclinar também esperando a sua declaração. ela já tinha se declarado, era a vez dele. Além do fato de ter salvado sua vida.
Então ele suspirou e ficou de pé, agitado – Eu acho melhor dar um tempo antes de falarmos sobre o que aconteceu.
- Não, chega de tempo – falou, rapidamente ficando de pé. Seu lado explosivo não havia ido embora e ela estava feliz com isso, ainda mais que agora ela poderia guardar ele e liberar quando bem tivesse vontade – Escute bem Daniel Hason. Eu salvei a sua vida, eu mudei de ideia quando pensei que poderia perder você e simplesmente me joguei na sua frente. A última coisa que eu pensei que eu diria era que eu amo você. E você me vem com o papo de “acho melhor dar um tempo antes de falarmos sobre o que aconteceu?” Acho que não – e para enfatizar o que dizia seu dedo indicar balançou-se em frente ao rosto dele de um lado para o outro.
Daniel segurou seu dedo rapidamente quando ficou de pé em segundos fazendo ela parar de falar na mesma hora.
- Você acha que eu não quero falar sobre o que aconteceu? Você acha que eu não quero falar como eu me senti quando você salvou minha vida? Acha isso mesmo? Agora você vai ouvir tudo que eu tenho para falar – ele soltou o dedo dela a encarando de maneira firme com seus olhos verdes – Eu não achava que poderia sentir tanta dor, mas quando você se sacrificou por mim e eu soube, eu soube que tinha falhado, que não poderia fazer nada... Não tem como eu colocar em palavras.
- Mas eu escolhi e não você... – ousou falar em voz baixa.
Daniel deu uma risada incrédula andando para longe dela e encarando a paisagem pela janela.
- Exato. Você escolheu, não me deixou escolher. E sabe o que eu escolheria? – ele virou seu rosto para ela, seu rosto repleto de doçura e carinho a pegou de surpresa fazendo-a cambalear para trás e então sorrir para ele – Eu falaria para você não ousar dar a sua vida no lugar da minha porque esse é o meu dever, não seu. Eu falaria que naquele momento tudo que eu conseguia sentir era seu corpo contra o meu mesmo estando sem poder me mexer. Eu falaria que amo você. Amo você desde que me ensinou a dançar aquela dança estranha. Amo você mais do que tudo. Amo você e é completamente errado, mas eu amo você – quando ele terminou de falar, ofegando desesperado para ela poder entender suas palavras, bagunçou os cabelos e deu um sorriso nervoso para a garota que tinha virado uma mulher e o olhava sem saber o que falar.
Então ela lhe sorriu.
- Sabe o que eu teria gostado? – ela comentou tão distraída que era como se ele não tivesse falado nenhuma daquelas coisas segundos atrás.
Ele a olhou sem saber o que dizer.
Ela deu um passo para perto dele.
- Eu gostaria que você tivesse me falado tudo que acabou de falar muito antes.
Deu mais um passo para frente, Daniel ergueu uma das sobrancelhas.
- Gostaria?
- Aham – ela concordou acenando afirmativamente com a cabeça dando mais um passo para perto dele – E quer saber o que por quê?
O anjo cruzou os braços, o sorriso ameaçando aparecer em seus lábios.
- Não, por quê?
Ela deu um passo para mais perto dele, seus corpos afastados por poucos centímetros e a garota agarrou a barra da sua camisa fazendo nós distraída.
- Porque poderíamos ter aproveitado muito mais há muito mais tempo.
- É? – ele descruzou os braços colocando sobre os quadris dela a puxando para perto – Aproveitado exatamente o quê, ?
- Aproveitado a vida – ela falou levantando o rosto deixando seus cachos dourados caírem para trás e sorriu angelicalmente para ele.
- Você ouviu eu dizer que eu te amo? – ele sussurrou já abaixando o rosto.
Ela jogou os braços ao redor do pescoço dele e ficou nas pontas dos pés.
- Gostaria de ouvir mais uma vez.
- Eu te amo – e antes que ele conseguisse falar mais alguma coisa, ela colou seus lábios nos dele de forma rápida e ágil exatamente como ela sempre fora.
Daniel envolveu sua cintura a apertando mais forte num suspiro extasiante, enquanto sentia as delicadas mãos dela afundarem em seus cabelos. Tudo em que ele conseguia pensar – além dos lábios dela contra os dele – era em como tudo parecia certo.
E ela sabia que ele pensava isso, sabia quando deixou o beijo se aprofundar e suas línguas se encontrarem, sabia ao sentir o abraço dele apertar a puxando para ficar em cima de seus pés, sabia ao sentir o cheiro dele se misturar ao seu, e o mais claro de tudo era que ela sabia que ele a amava tanto quanto ela amava ele.
Eles se separaram hesitantes ao terminar o beijo e os olhos azuis olharam dentro dos olhos verdes.
- Eu te amo – ela sussurrou.
- E eu te amo – ele completou a abraçando carinhosamente quando ela aninhou seu rosto contra o peito dele.
A porta foi aberta com força, as risadas chegando até eles quando três adolescentes e seus guardiões apareceram.
- Opa – exclamou ainda rindo enquanto Caspian a abraçava por trás – Acho que atrapalhamos algo.
- Por sorte, não – falou rindo também ainda abraçada com Daniel.
- Gente eles estão namorando, que lindos vocês, merecem palmas – empolgou-se , batendo palminhas encostando a cabeça no braço de Liam que logo a abraçou pelos ombros deixando-a encostar a cabeça contra seu peitoral enquanto a loira dava um tapa no braço dela falando para ela não exagerar.
- Então, porque vieram? – perguntou Daniel rindo deles.
- Vamos apostar corrida de cavalo até a praia – empolgou-se Caspian fazendo eles rirem.
- Elas vão, eu vou me arriscar pegando carona com o André – falou abraçando o namorado pelos ombros, ele riu e concordou com um aceno de cabeça.
- Vão na frente, eu vou colocar uma roupa mais apropriada – comentou apontando para o seu vestido de algodão.
- Não demorem – falou Liam enquanto sua namorada já o puxava pelo braço com todos logo atrás.
Daniel olhou para sorrindo e ela cruzou os braços.
- Você também Daniel – ela apontou para seu corpo – Vai ter que esperar.
Ele gargalhou e lhe soltou um beijo enquanto fechava a porta atrás dele.
Ela olhou pela janela mais uma vez.
Viu de um lado seu pai e sua mãe passeando de mãos dadas parecendo extremamentes felizes, do outro lado estava seu irmão encostado numa árvore parecendo tentar cantar uma das guerreiras que ria muito dele quando Nicolas e Becky passaram por eles correndo e gritando fazendo Jason quase cair no chão e os gêmeos correram atrás dos pequenos como se também fossem crianças. Sentada sobre uma colcha de retalho no chão com uma cesta de piquenique estava Isabelle separando sanduíches para as crianças, provavelmente. A mãe de estava ao lado do marido que a abraçava pela cintura e ela ria muito enquanto Beto parecia contar alguma piada fazendo gestos exagerados e Pérola que estava deitada no pano com a cabeça no colo dele ria também enquanto dizia algo como para ele parar.
Então suas irmãs desceram correndo e alegres acenando para toda a família com seus namorados logo atrás. deu uma estrela e Caspian gargalhou batendo palmas dando uma estrela também e uma cambalhota depois para se mostrar, fazendo gargalhar. e André vinham mais atrás de mãos dadas e ele logo rodopiou a namorada apenas para trazê-la para perto dele.
Mais atrás estava Daniel andando calmamente e rindo como se nada mais lhe preocupasse, ele olhou para a janela do quarto dela e encontrou a menina encarando eles.
Eles trocaram sorrisos amorosos e ela fez sinal que já ia enquanto ficava de pé.
Apesar das mudanças da sua vida e das mudanças que viria pela frente, ela estava pronta. Ela estava pronta para tudo.
Porque era o que as pessoas precisavam fazer, elas precisavam estar prontas para aprenderem e crescerem com a vida, porque mesmo com todos os obstáculos que há nos caminhos, também fazem você ficar forte. Você ficar forte para que quando os obstáculos chegarem eles não passarem de mais uma fase da sua vida, uma fase que você passaria e chegaria à linha de chegada e se ainda tivesse força, coragem e acima de tudo amor ela lhe daria seu tão merecido prêmio. Ela daria aquela vida que você correu para conseguir.
E acima de tudo ela lhe daria felicidade, a felicidade de poder comemorar junto com as pessoas amadas e apenas esperarem para o próximo desafio chegar e juntos percorrerem ele.
E poderem então ganhar mais uma vez.
Para todo o sempre.
Epílogo - Heal My Wounds
(Mas você está aqui agora, e este é o seu show, então, faça uma reverência porque o show está começando...)
Para todos aqueles que não sabiam nada sobre a batalha, a escola estava em reforma e eles iriam terminar o ano num dos prédios pertencentes ao pai daquelas que ganharam a guerra.
As quatro garotas estavam sentadas no tapete cor de vinho e seus guardiões no sofá logo na frente delas. Todos pareciam se divertir tanto, ainda mais com as piadas internas que apenas aqueles com alguma ligação sobrenatural poderiam entender.
E mesmo sem aqueles que perderam, grandes amigos deles que deviam participar tanto daquela viagem quanto eles, tentavam aproveitar tudo que podiam.
- Ben adora apanhar – gargalhou batendo palmas quando o anjo caído resolveu deitar a cabeça no colo de sua irmã e rapidamente Liam estava de pé olhando de cara feia para ele.
Concordando com a loira, Ian se levantou puxando Benjamin pela gola da camisa fazendo Sophie soltar envergonhadas gargalhadas enquanto Anna caia do braço do sofá que estava sentada e Mason pegava uma câmera para poder tirar uma foto dela.
(Aqui e agora, com todos os sonhos realizados)
Would you choose still more time to do
(Você escolheria ainda mais tempo para fazer?)
Don't fall down when it's time to arise
(Não caia quando for hora de se levantar)
No one else can heal your wounds
(Ninguém mais pode curar suas feridas)
ocupou o lugar de Benjamin deitando a cabeça no colo de quando o garoto e Ian sentaram em frente a eles perto dos seus guardiões, o que fez se inclinar para elas e sussurrar como era estranho nenhum dos garotos, principalmente Liam, não ter avançado nele ainda.
Danielle e Jennifer ainda riam da queda da morena, quando Charles ficou de pé e começou a fazer alguma dança estranha quando o rádio que estava ligado num volume baixo tocou uma música agitada e conhecida fazendo todos ficarem de pé também e acompanharem o garoto.
Quando todos acabaram de dançar se jogaram de volta a seus lugares respirando ofegantes, mas ainda assim não conseguindo parar de rir ainda mais quando Kellan e Scarlet abraçaram e beijaram-se.
- Sabe o que deveríamos fazer? – gargalhando, comentou em voz alta para tentar fazer todos prestarem atenção nela. - O quê? – perguntou, levemente curiosa. Mas, as trocas de olhares dela com Caspian pareciam mais divertidas, o que fez dar um tapa na perna dela a mandando prestar atenção.
- Fale – mandou para sua irmã parecendo tranquila sentada no chão, o frio não a afetava, não mais, assim como não parecia afetar seus guardiões que apenas para manterem as aparências continuavam agasalhados.
- Um encerramento – a morena anunciou batendo suas mãos enluvadas uma na outra.
(Mais uma vez, tabu torna-se sua lei)
What you want seems taken by another tide turning away
(O que você quer parece ter sido engolido por outra maré)
From our flower field where we used to lay beneath the sky riding dreams
(Do nosso campo florido onde nós costumávamos nos deitar sob o céu, montando sonhos)
To some other side
(Para um outro lado qualquer)
Do they burn the wishes whispered, like secrets they yearn, just to be heard
(Eles queimam os desejos sussurrados, como segredos que eles desejam, apenas serem ouvidos)
I'm done with questions, I have no answers, the choice is yours cause the show is on right...
(Eu parei com as perguntas, eu não tenho respostas, a escolha é sua porque o show está começando...)
- Por causa do quê? – Kellan perguntou confuso.
- De tudo. Por causa daquilo que passamos e por causa daquilo que ainda passaremos – falou a morena enquanto se sentava direito e concordava sabendo aonde ela queria chegar.
- Por causa do Chris, do Tobby, da Hannah – alguns risinhos quando citou o nome da garota não foram controlados -, mas acima de tudo, por causa da gente.
Dando um lindo sorriso, André encarou a namorada e piscou para ela.
Liam se encostou ao sofá despojadamente inclinando a cabeça enquanto um sorriso aparecia em seus lábios marotamente.
- Vamos fazer uma cerimônia – ele anunciou calmamente.
- De casamento? – zombou Caspian fazendo várias pessoas gargalharem e Lindsay ao seu lado bater em sua mão num high Five.
- Não – ele deu um daqueles seus sorrisos que deixava qualquer um de pernas bambas e ficou de pé andando elegantemente até sua namorada e lhe dando a mão para ela ficar de pé, mesmo ela olhando ele confusa – Uma cerimônia de encerramento.
(Mais eles querem acreditar nelas)
And like a vice
(E como um vício)
Hold on to what they believe in
(Seguram-se naquilo em que acreditam)
Quando se posicionaram o mais perto do mar que o frio permitiu, passou por todos eles com um pote escuro e cada um pegou um pouco do conteúdo nas mãos e esperou todos estarem prontos. A morena terminou a distribuição, parando na ponta ao lado de Liam e suas irmãs e então eles se entreolharam antes de fecharem os olhos para se concentrarem em fazer o combinado.
Cada um teria que se despedir de quem mais sentiu falta e ao mesmo tempo fazer pedidos, promessas, para o próximo ano e o resto de suas vidas.
Ainda de olhos fechados, eles foram abrindo suas mãos para que as pétalas vermelhas pudessem voar em direção ao mar. Levando seus pesarem pelos amigos perdidos, os agradecimentos pelos não perdidos, seus desejos, expectativas e objetivos que esperavam alcançar, as promessas de tonarem-se pessoas melhores, ou melhorem o que já são, superarem-se.
E acima de tudo, agradecimentos ao amor, que sem dúvidas é a arma mais poderosa do universo e o maior presente que alguém pode receber.
Amor. De pai e mãe. De irmão. De família. De amantes. De amigos. Não importava ao qual a pessoa agradecia, o amor, era simples e puro e devia ser aclamado.
Aos poucos, eles foram abrindo os olhos e maravilhando-se com a imagem que lhes era concedida. O pôr do sol estava em ação na sua mais majestosa posição, com aquele rosa claro que ia escurecendo e mesclando-se com o azul que aos poucos tornava-se o negro da noite. As pétalas que haviam lançado ao vento eram levadas na direção do mar agitado e belo, aquela imensidão azul na qual qualquer olhar se perde.
Os sorrisos se abriam aos poucos, um a um. Os corpos necessitando de calor se aproximando e abraçando as pessoas mais próximas, transmitindo amor.
FIM
Nota da autora: Chegamos à tão temida palavrinha de três letras. Essa história tem uma carga emotiva tão grande para nós. Foi uma das coisas que mais nos aproximou, que contribuiu para nossa amizade se tornar tão intensa quanto ela é hoje. Além disso, é o nosso xodó, nosso bebê que fizemos de tudo para não largar, mas que agora tivemos que nos despedir.
Bless Myself acabou, mas há tanto sobre o mundo desses anjos que temos descrito... Quem sabe logo temos alguns extras e/ou spin-offs para mostrar as outras faces desse universo? Vamos nos esforçar para tornar isso realizade.
Obrigada por todo o carinho de vocês leitoras, cada comentário nos fez continuar firmes com a história dessas quatro irmãs.
Alguns recadinhos:
1. Mudamos para autora independente e por isso os comentários sumiram :( - encham essa caixinha novamente, ta? hahah
2. Arrumamos o link da foto do DC dos meninos! Postamos ela no tumblr da fic, e o link da foto é esse aqui.
xx L e V.
Bless Myself acabou, mas há tanto sobre o mundo desses anjos que temos descrito... Quem sabe logo temos alguns extras e/ou spin-offs para mostrar as outras faces desse universo? Vamos nos esforçar para tornar isso realizade.
Obrigada por todo o carinho de vocês leitoras, cada comentário nos fez continuar firmes com a história dessas quatro irmãs.
Alguns recadinhos:
1. Mudamos para autora independente e por isso os comentários sumiram :( - encham essa caixinha novamente, ta? hahah
2. Arrumamos o link da foto do DC dos meninos! Postamos ela no tumblr da fic, e o link da foto é esse aqui.
xx L e V.