Prólogo
Somewhere far from here
pulava de alegria à frente do palco enquanto eu parada atrás dela recebia um olhar torto de uma garota que havia perdido o lugar para a minha amiga.
O aniversário da garota estava chegando e eu tive que me virar para encontrar ingressos para o show do cantor favorito dela, já que não havia encontrado um presente adequado até então. Além daquilo, ela se mudaria por alguns meses para o Japão então o presente era como um presente de despedida ou um até logo e quando eu finalmente consegui ingressos para o show de Manchester a garota quase quebrou meu pescoço em um abraço.
A uma semana eu recebia mensagens matinais de uma contagem regressiva para aquele show e no dia em questão o rádio do meu carro havia sido monopolizado por durante toda a viagem de Londres para Manchester para que o novo cd de Harry Styles fosse tocado e eu estivesse a par das músicas que eu honestamente desconhecia, exceto pelas que tocavam na rádio enquanto eu dirigia para o trabalho.
Após minutos de espera as luzes se apagaram, uma melodia calma iniciou e eu percebi silhuetas se movendo na escuridão. Algumas vozes tranquilas diziam coisas que eu não entendia e quando a melodia cresceu as luzes subitamente se acenderam, um homem surgiu no microfone que estava bem a minha frente e soltou um grito estridente que me lembrou Mick Jagger de algum modo. O público explodiu a visão do cantor e eu o vi sorrir empolgado antes de cantar os versos iniciais da primeira canção do show.
- Open up your eyes shut your mouth and see that I’m still the only one who’s been in love with me. - ouvi a garota que estava ao meu lado cantar junto a Harry e a toda a plateia enquanto eu tentava controlar as batidas do coração que estavam descompassadas ainda pelo susto do início da música. Por um segundo eu pensei que deveriam avisar as pessoas com problemas cardíacos, mas em seguida o pensamento de que eu talvez fosse a única despreparada ali me fez deixar a ideia inicial de lado.
Todos os fãs ao meu redor gritavam, pulavam e cantavam junto ao cantor e Harry por sua vez cantava animadamente, com um sorriso nos lábios como se aquilo fosse tudo do que ele precisasse naquele momento. Depois da monopolização do meu rádio mais cedo eu havia aprendido pelo menos os refrões de algumas músicas e cantava junto a multidão recebendo olhares orgulhosos de que cantava a plenos pulmões.
Para ser sincera eu nunca havia gostado muito do estilo das músicas que eles cantavam na one direction, mas as músicas solo de Styles haviam me agradado mais que o esperado. Ainda existiam as músicas lentas e românticas, mas eram diferentes, como se houvesse um pouco do one direction ali, mas muito mais de um cantor solo que eu não esperava que Styles fosse.
[...]
- O nome dessa música é Medicine. - a voz de Harry anunciou e os fãs gritaram.
O solo de uma guitarra se iniciou na oitava música da noite. Eu não me lembrava daquela no cd e a confirmação veio quando informou que aquela não estava lá mesmo, em um tom animado, como se apesar da ausência da versão de estúdio no cd ela realmente estivesse esperando aquela música na apresentação.
- Here to take my medicine, take my medicine, treat you like a gentleman. - a voz de Harry começou em um tom que fez minha espinha arrepiar. Ele se movia lentamente próximo ao pedestal do microfone e eu me vi me movendo no mesmo ritmo que o garoto. Os quadris tinham movimentos sutis e a expressão de Styles me fazia sentir todo o clima da música.
- I had a few, got drunk on you and now I’m wasted. - por um momento eu percebi o olhar de Harry sobre mim e ele sorriu de canto enquanto eu percebi que eu sorria do mesmo modo - And when I sleep I’m gonna dream of how you… - o público gritou a palavra “tasted” e Harry sorriu novamente me encarando com um sorriso malicioso e fez um movimento com seu quadril no pedestal do microfone mordendo o lábio e eu só consegui rir fraco e tentar normalizar a respiração. Por que aquela música não estava no cd? Quando ele havia se tornado tão sexy? E por que diabos eu estava achando que ele estava olhando para mim sendo que ele poderia estar olhando para qualquer pessoa? Eu não sabia responder, só sabia que estava sentindo calor e provavelmente não seria pela multidão.
Em certo momento um solo da bateria iniciou e Harry se afastou tomando água, depois voltou ao microfone cantando novamente o verso em que o público gritou “tasted” e as luzes se apagaram com um grito do público e quando se acenderam eu tinha os olhos diretamente nele e novamente ele moveu os quadris na direção do pedestal. Ele segurava o microfone de um modo soberbo e quando a música teve fim ele “me” lançou uma piscada e as luzes se apagaram novamente me deixando com pernas bambas e uma respiração para controlar.
- Ele é tão sexy. - murmurou para mim e eu sorri.
- Disso eu não posso discordar. - murmurei de volta e a garota se virou para me encarar com um sorriso nos lábios.
- , sua safada. - eu gargalhei a empurrando para que voltasse sua atenção para o palco quando a música seguinte tocou.
[...]
Quando Sign of the times teve início eu soube que passaria dias escutando apenas aquele álbum de Harry Styles. Eu havia precisado de um único show para me sentir completamente envolvida pela música do cantor. A música era calma, mas ao mesmo tempo cheia de emoção e a forma como era performada e como Harry olhava seu público com um sorriso orgulhoso ao ouvir o coro de pessoas cantando junto a ele me fazia querer reviver aquele momento antes mesmo de ter acabado. Os vocais de Harry eram incríveis e iam de um extremo a outro com uma facilidade fascinante. Ele sentia cada nota de sua música e eu nunca me senti tão envolvida por algo antes.
- We don’t talk enough, we should open up, before it’s all too much. - ele voltou os olhos em minha direção com um sorriso singelo e eu não pude conter meu sorriso apesar de estar me sentindo idiota por achar que ele pudesse estar olhando para mim quando na verdade deveria estar olhando para a loira alta atrás de mim. Por deus que tipo de merda adolescente você tem na cabeça?
O final de repetições de We got to away tiveram toda a atenção de Styles em suas notas perfeitamente encaixadas. Por algum motivo eu me senti emocionada e os olhos se encheram de lágrimas. Quando a música terminou com um solo lento da bateria as pessoas gritaram e Styles agradeceu seu público com um largo sorriso nos lábios. Quando seu olhar pousou em minha direção eu sorri na mesma intensidade levantei minhas mãos até onde ele pudesse ver e bati palmas que foram seguidas de outras até que todo o local estivesse o aplaudindo. Ele sorriu e sussurrou um “obrigado” recebendo um sorriso meu de volta. E aquela foi a confirmação de que talvez ele realmente estivesse me encarando.
Era estranha aquela conexão de olhares em meio à multidão e eu nunca havia me sentido tão inclusa em um show quanto naquele e era como se eu conhecesse Harry. O que tornava tudo mais estranho, porém empolgante. Harry Styles havia me ganhado em um show e eu me sentia meio boba por ter seguido o show com mais alguns arrepios na espinha e respirações dificultadas, mas se pudesse escolher não me sentir daquele modo eu com certeza não escolheria. Aquela foi uma noite arrebatadora e eu não pensei que pudesse viver algo daquele tipo nos últimos tempos. Aquela leveza a muito não me visitava, a sensação de peso no coração havia me deixado, mesmo que só por hora, e o mundo do lado de fora daquela arena não existia enquanto Harry entoava suas perfeitas notas em suas perfeitas canções. Me perguntei quando me sentiria daquele modo de novo, sem fazer ideia de que seria mais cedo do que eu imaginava. Mas também não fazia ideia de que seria em uma das fases mais complicadas da minha vida.
Capítulo 1
You got me doing things I never thought I'd do
Never spent so long on a losing battle
O frio começava a dar as caras por Londres naquele fim de tarde. O inverno estava próximo de começar e eu sequer queria imaginar como seriam os dias de ensaios que teríamos para o final de ano. Fotos na neve a céu aberto. Havia apostado com que até o fim do mês eu teria morrido congelada e como sempre, ela me chamou de dramática.
havia ido para o Japão a apenas quinze dias e eu não podia mensurar o quanto eu já sentia a falta dela naquele lugar. Nada era o mesmo sem ela. A quinze dias eu ia de casa para o trabalho e almoçava sozinha por ela ser a única com quem eu saia. Londres sem era mais cinza do que eu poderia imaginar e não era algo figurado, era real. Desde que havia ido os dias lá fora estavam cinza e isso provavelmente era por conta do inverno, mas eu tinha licença poética para dizer que era por ter ido embora. Eu não era dramática daquele modo, eu apenas gostava de fazer drama para fazer os outros rirem. Minha vida já estava cheia de dramas bem reais para eu querer arranjar novos.
- Ei . – ouvi Tim, meu colega de algumas mesas ao lado me chamar, ele estava de pé com seu casaco e bolsa nas mãos junto a um grupo de outras pessoas – Nós estamos indo pro bar da esquina, quer vir conosco? – eu sorri fraco pensando sobre o assunto, mas logo a ideia de uma discussão com Tony por eu ter saído com os "caras" do trabalho tomou conta da minha cabeça.
- Hum, obrigada Tim, mas eu preciso terminar algo por aqui e depois quero ir para casa descansar, mas se divirtam. – acenei e vi um sorriso triste surgir nos lábios dele.
- Ei, vocês podem ir, eu já encontro vocês. – ele acenou para os outros que seguiram para os elevadores e caminhou em minha direção, puxando uma cadeira e se sentando comigo – A gente pode conversar? – pediu e eu me ajeitei na cadeira assentindo – , eu te fiz algo? Quero que seja sincera, por que eu não sei. – eu franzi o cenho para ele confusa.
- Não, não fez nada, mas por que a pergunta? – foi a vez dele se ajeitar na cadeira.
- Faz uns meses que você não sai mais com a gente, só saia com a e nas poucas vezes que saiu conosco foi embora cedo e parecendo chateada. – eu engoli em seco, sabia do que ele estava falando – Eu não quero me meter na sua vida nem nada, mas quero saber se está tudo bem, por que você nem parece mais com você mesma. – eu sorri fraco e me afastei um pouco.
- Está sim, na verdade é só o cansaço, eu estou realmente precisando de férias. – forcei uma risada fraca na qual ele me acompanhou – Mas eu estou bem, você não fez nada, juro. – lhe entreguei um sorriso e ele sorriu fraco em resposta – Agora vá se divertir, tem pessoas te esperando e aposto que alguma daquelas bartenders está esperando pelo cliente favorito. – a brincadeira pareceu tirá-lo do pensamento anterior e ele riu se levantando e levando a cadeira de volta ao lugar.
- Tudo bem, mas se precisar de qualquer coisa pode falar comigo. – ele parou na minha frente – Sei que deve sentir muita falta da e que ela é sua melhor amiga, mas pra o que você precisar eu estou aqui, de verdade, eu gosto muito de você . – eu sorri e me levantei, afastando por um momento de minha mente o que Tony diria e abraçando Tim que retribuiu o ato.
- Obrigada, de verdade. – sussurrei – Você é ótimo. – me afastei vendo Tim sorrir fraco – Agora vai e bebe por mim. – ele começou a se afastar rindo.
- Eu vou mesmo. – ele acenou e se virou indo em direção aos elevadores e me deixando sozinha no andar.
Já havia dado o meu horário, mas nas últimas semanas eu preferia ficar um pouco mais no trabalho adiantando o serviço do dia seguinte. Porém a razão para aquilo não era por eu ser uma boa funcionaria apenas, mas por que ir para casa sempre implicava em precisar estar com Tony. Nas últimas semanas brigávamos constantemente enquanto estávamos juntos. Fosse por algo sério, como a troca de mensagens dele com algumas garotas, que ele dizia ser inocente, ou pelo copo que havia ficado na pia. Tudo era motivo para alguma briga e eu já não aguentava mais. O único momento que não brigávamos era quando estávamos transando, mas nem isso era o mesmo. Não havia mais todo o tesão que tínhamos antes. Mas nos amávamos, e era isso que eu respondia para mim mesma todos os dias quando mentalmente eu me perguntava por que não terminar com ele.
Naquela manhã havíamos brigado pela intensidade do café, que era a mesma de todos os dias. Anthony insistia que o café estava mais forte e que eu havia feito de propósito e isso desencadeou uma discussão que tomou rumos além do café. Ele acusou estar chateado comigo e eu apenas escutei. Depois houve o momento em que ele me culpou por tudo que ele havia feito e havia desencadeado nossas brigas e eu apenas explodi o chamando de sem caráter. Ficamos nessa briga por mais alguns minutos quando eu saí de casa para o trabalho e só ali, no fim do dia, eu percebi o desastre que estava. O cabelo estava meio despenteado, minhas roupas não faziam sentido entre si e minha maquiagem muito menos.
Antes de ir embora tirei tudo que tinha na cara e arrumei os cabelos para só então decidir tomar o caminho de casa. Me despedi do porteiro do prédio e resolvi que naquele dia não tinha cabeça para dirigir de volta para casa, pedindo por um carro no aplicativo. O veículo logo chegou já que estava deixando alguém no prédio vizinho e eu não demorei a estar pelas ruas de Londres. O rádio tocava uma música qualquer baixa que ao dar um pouco mais de atenção percebi que talvez a conhecesse, mas não me animei de tentar descobrir de onde. Vinte minutos depois o carro estava parando em frente ao meu prédio e eu me despedi do motorista desejando um bom restante de noite, me sentindo meio idiota por não ter trocado muitas palavras com ele no veículo. Entrei no prédio parando para uma breve conversa com meu porteiro sobre sua esposa e depois seguindo para o elevador e apertando o botão do quarto andar. Eu sentia meu corpo mole e lento, os olhos pesavam e eu sabia o quanto precisava dormir. As portas se abriram e eu segui para fora do elevador indo até a última porta do corredor. Abri a mesma e entrei sem olhar muito em volta. A casa estava silenciosa o que me denunciava que Anthony ainda não havia chego. Tirei os sapatos e joguei a bolsa no chão indo até a cozinha e tomando um copo de água. Abri os botões da camisa e quando finalizei minha água segui pelo corredor até a porta do quarto.
Sabe quando seu dia começa ruim e você pensa que nada pode piorá-lo? Pois bem, naquele dia eu descobri que o que está ruim pode se tornar horrível em um abrir de porta.
Lá estava Tony. Na cama que compartilhamos na noite anterior. Na cama onde acordei naquela manhã lhe dando um beijo na testa. Lá estava ele, mas não era eu quem estava ao lado dele. Havia uma garota deitada coberta pelos lençóis brancos que eu havia comprado na semana passada. A perna sobre o corpo despido de Anthony que dormia com as mãos nos cabelos dela.
Meu coração tomou um peso que eu não sabia que ele poderia tomar e eu senti o estômago embrulhando. Eu não queria acreditar na cena que meus olhos viam, mas não conseguia desviar os olhos e nem caminhar. Estava paralisada. E em segundos o último um ano e meio se passou em minha mente, com todas as boas lembranças que antes me davam forças para continuar naquele relacionamento se desfazendo em pedaços e se tornando um monte de nada.
Ele não me amava. A realidade daquelas palavras me acertou em cheio junto as lágrimas que escorriam quentes por meu rosto. Ele não me amava.
Antes que eu pudesse fazer algo Anthony se moveu na cama sem me notar a porta e checou as horas em seu relógio se assustando e sacudindo a garota.
- Acorda, você precisa ir antes que minha namorada chegue. – foi o que ele disse enquanto passava as mãos pelas costas da garota, se virando para a porta em seguida e parando estático enquanto me notava ali.
- Na verdade ela pode continuar dormindo, por que eu não vou ocupar mais essa cama. – sussurrei e ele se levantou seguindo em minha direção e antes que pudesse encostar em mim minha mão encontrou seu rosto em um tapa que eu não esperava dar, mas que satisfez um pequeno pedaço do meu coração – Não ouse encostar em mim. – naquele momento eu pude ouvir um ódio que eu desconhecia em minha voz. A mão de Anthony estava em seu próprio rosto surpreso com minha atitude.
- , amor eu posso...
- Não me chame de amor. – eu tentava não gritar por que não queria alarmar os vizinhos e nada nunca foi tão difícil na minha vida – Nem ouse vir com seu papo furado de que fez isso por estar chateado e que me ama e que não vai acontecer de novo. – eu comecei a fechar os botões da camisa que estavam abertos – Você nunca me amou, sempre amou o quanto eu te fazia bem, e isso realmente não vai mais acontecer por que isso aqui. – apontei para ele e para mim – Acabou, de uma vez por todas .– o empurrei indo até o closet, pegando minha mala e a abrindo no chão. Peguei minhas coisas de qualquer jeito, as joguei na mala sem me importar de como estariam, apenas preenchi a mala com tudo que coube e a fechei.
- , vamos conversar. – Anthony estava parado à porta do closet e assim que me levantei ele fez menção de se aproximar.
- Se você encostar em mim eu juro que vou te bater até você esquecer seu nome. – a ameaça o assustou e ele apenas recuou enquanto eu caminhava para fora do closet. Eu sempre era a pessoa calma, paciente e compreensiva. Eu nunca havia alterado tom de voz, nem batido, sequer ameaçado alguém. Todas as minhas ações daquele momento assustariam qualquer um que me conhecesse – Eu estou levando minhas chaves, domingo passo para pegar o resto das minhas coisas e espero que você não esteja aqui, de verdade. – eu não o olhei de novo e segui pelo corredor ouvindo seus passos atrás de mim.
- , espera. – eu parei minha caminhada e me virei para ele, deixando que tudo que estava na minha garganta saísse.
- Nunca mais me chame de , você não tem esse direito. – apontei o dedo para ele sentindo todo o meu corpo tremer – Eu não quero te ver, não quero escutar seu nome, não quero notícias suas, nunca mais. Você não me merece, não merece metade de quem eu sou, isso é muito para você. Eu não espero que coisas ruins te aconteçam, espero de verdade que você seja feliz pra caralho com outra pessoa, mas bem longe de mim. Você me quebrou em mil pedaços e eu não te quero por perto quando eu terminar de juntá-los. Eu ouvi de uma pessoa que você havia me feito fazer coisas que eu nunca faria e achei que fosse sobre amor, mas não era, era sobre todas as merdas que você fez que eu nunca perdoaria e perdoei, mas não mais Anthony, pra mim já chega. Espero realmente que você seja feliz com alguém, mas espero que antes disso você melhore, para não machucar mais ninguém do jeito que me machucou. – seus olhos se encheram de lágrimas e uma pequena parte de mim se sentiu mal, mas a outra grande parte me fez caminhar, calçando os sapatos que estavam ao lado da porta, pegando a bolsa com meu celular e documentos e sair do lugar com uma batida forte da porta. Chamei pelo elevador que logo estava em meu andar e quando as portas se fecharam eu soltei a mala e gritei. Um grito alto e carregado de tudo que estava em meu peito. Dor. Dor. Dor. Era só o que eu sentia. E me odiava por estar sofrendo por ele, mas sabia que não podia evitar. Peguei meu celular na bolsa e mandei uma mensagem para .
: , estou indo para seu apartamento 08:26p.m Algo aconteceu e espero que não tenha problema 08:26p.m Juro que é só por algum tempo 08:26p.m
Por conta da diferença de fuso eu sabia que ela não responderia, então apenas deixei informado, sabendo que ela não se importaria já que ela havia deixado as chaves comigo. Sai do elevador e recebi um olhar confuso do meu porteiro.
- Vai viajar senhorita ? – ele se levantou pronto a me ajudar com minha mala.
- Não Joseph, eu estou indo embora. – ele me encarou ainda confuso e eu sorri fraco – Você nunca o viu subir com outras garotas? – perguntei o encarando e ele ainda parecia confuso.
- O senhor Brouwer? – eu assenti contendo choro – Não senhorita, ele sempre sobe pelo estacionamento, quase nunca o via, só quando estava com a senhorita – ele tocou meu ombro – Ele estava com alguém? – eu sorri triste e assenti – Ah senhorita , eu sinto muito. – eu sabia que Joseph estava dizendo a verdade. Ele era um senhor já idoso cujo a mulher e a neta que criavam eu adorava e sempre ganhava tortas deliciosas de Mary. Eu sabia que ele me contaria se soubesse de algo – Não fique triste criança, se eles fez isso não merecia você, um dia você vai encontrar alguém que te ame como eu amo a minha Mary e ele ou ela vai fazer de tudo por você, eu prometo. – eu sorri sem mostrar os dentes e sem conseguir conter algumas lágrimas fujonas.
- Obrigada Jô, vou sentir falta de te encontrar todas as manhãs. – os abracei brevemente e ele retribuiu o abraço.
- Me passe o novo endereço depois, aposto que Mary vai querer te mandar uma torta de frango daquelas que você adora. – eu consegui rir.
- Eu vou adorar. – peguei minha mala a porta do prédio e sorri para Jo – eu te passo o endereço quando tiver, obrigada por tudo e mande um abraço para Mary e para Alice.
- Pode deixar.– acenei me afastando, pedindo por um carro no aplicativo que logo chegou e me ajudou com a mala. Seguimos para o endereço de em uma conversa sobre o último passageiro que ele havia deixado na vizinhança. Quando chegamos ao prédio de ele me ajudou novamente com a mala e eu lhe desejei boa noite indo em direção a portaria. O porteiro que já me conhecia apenas me desejou boa noite e eu segui para o elevador apertando o oitavo andar. Quando as portas se abriram eu segui para a quarta porta da direita e entrei no local fechando a porta logo atrás de mim. Segui direto para a cozinha em busca de algo que pudesse beber, mas havia dado suas garrafas de bebidas para o pessoal do escritório quando viajou.
Me sentei na bancada deitando minha cabeça na pedra de mármore e encarando a janela. Dali eu via parte da cidade que brilhava com luzes de carros e prédios. Eu percebi que havia cochilado por trinta minutos quando meu celular vibrou sobre a bancada com uma nova mensagem de um número desconhecido.
Desconhecido:
Só falta você aqui 09:34p.m
E havia uma foto de Tim com um microfone em mãos no que eu supus ser o bar da esquina. Sorri fraco já digitando que não estava em clima para ir quando todos os acontecimentos da noite me pegaram e eu apaguei digitando uma nova mensagem.
:
Me espera? Em trinta minutos estou por aí, preciso mesmo de uma bebida 09:35p.m
Tim:
Sério? Claro que eu espero 09:36p.m
Não estamos mais no bar da esquina, viemos para um outro que a Josie conhecia, vou te mandar a localização 09:36p.m
Após a resposta dele eu carreguei a mala para o quarto de hóspedes de e a abri em busca de algo para vestir. Entrei no banho em seguida e deixei que a água quente caísse em meu corpo e cabelos. Depois de um banho bem tomado e cabelos lavados, eu saí enrolada na toalha e coloquei o Homecoming da Beyoncé pra tocar enquanto me arrumava. Sequei os cabelos e os ondulei meio de qualquer jeito, depois me vesti e fiz uma maquiagem simples, apenas com um delineador, blush e gloss nos lábios. Coloquei meu cartão e documento e joguei dentro do bolso interno da jaqueta, pegando meu celular e chaves e deixando o apartamento. Enviei uma mensagem para Tim, informando que estava saindo de casa e pedi um carro que não demorou a chegar na frente do prédio.
Vinte minutos depois eu estava em frente ao bar e entrei no local. Era um bar/karaokê bem legal. Haviam em um canto uma daquelas máquinas de pegar bichinhos fofos, o karaokê estava à frente e o bar estava à direita com dois barman fazendo piruetas com garrafas enquanto uma música tocava enquanto ninguém estava no karaokê. Logo avistei alguém vindo em minha direção e dei de cara com Tim, que sorria e tinha algum tipo de bebida brilhante em mãos.
- Ei, que bom que mudou de ideia. – ele comemorou me abraçando brevemente e me entregando a bebida em seguida – Isso é pra você, não sei o que tem dentro, mas o nome tinha a sua cara. – eu tomei um gole da bebida que tinha morangos, rodelas de limão, gelo e vodka com alguma outra bebida que eu não identifiquei.
- Qual era o nome? – perguntei apontando a bebida.
- I ain't sorry. – eu ri com a coincidência de eu estar escutando aquela música em casa.
- Só por que você sabe que eu adoro Beyoncé. – murmurei e Tim riu.
- Exatamente e mais tarde vamos cantar juntos, mas agora quero saber por que disse que precisava de uma bebida. – Tim me abraçou pelo ombro me indicando uma das bancadas do bar e se sentando à minha frente.
- Ah Tim, não quero te encher com isso e se souber que te contei antes de contar para ela eu estou morta. – brinquei e o vi rir.
- , se não contar vai passar a noite com essa cara triste e eu quero ver rindo hoje, se divertindo pra valer. – ele me sacudiu um pouco pelos ombros – E eu prometo que não conto a . – eu sorri fraco dando mais um gole naquela bebida e respirando fundo em seguida.
- Bom... Quando cheguei em casa hoje, Anthony estava na cama com outra garota. – soltei as palavras de uma vez e Tim abriu a boca indignado.
- Mentira? – eu neguei com a cabeça – Ah meu Deus, , eu sinto muito. – ele tocou meu ombro e eu toquei sua mão brevemente com um sorriso – Você quer xingar ele e a garota? Pode xingar, eu deixo. – ri fraco negando com a cabeça.
- Ele talvez eu xingue depois, mas a garota não, ela não tinha obrigação nenhuma comigo e apesar de saber que ele namorava, sei lá, não acho que xingar ela seja certo. – dei de ombro e Tim sorriu.
- , eu honestamente quero ser como você quando eu crescer. – eu ri finalizando minha bebida – Sabe o que vamos fazer? Você realmente vai beber mais uma dessas, vai subir até aquele palco e vai cantar essa música por que essa noite você merece tell him boy bye. – eu ri fraco com a referência a música e Tim pediu por outra bebida daquelas que logo me foi entregue.
Eu não sabia o que tinha naquele copo, mas sabia que a outra bebida misturada a vodka era forte por que quando terminei o segundo copo eu já sentia a cabeça girar e geralmente precisava mais que dois copos de vodka para me fazer ficar daquele modo. Quando terminei informei a Tim que eu iria até o palco e já não sentia vergonha. Pedi a música ao DJ que a colocou animado e eu peguei o microfone com Tim a minha frente junto as garotas do trabalho. Aquele ponto eu já estava pouco ligando para quem estava me vendo, apenas queria me divertir, então comecei a performar a música como Beyoncé no Coachella.
Sorry, I ain't sorry
I ain't sorry, girl, nah
Sorry, I ain't sorry
Sorry, I ain't sorry
I ain't sorry
Comecei em ritmo animado e vi Tim e as garotas do trabalho dançando e cantando junto.
I ain't picking up
I'm headed to the club
I ain't thinking 'bout you
Me and my ladies sip my D'USSÉ cup
I don't give a fuck, chucking my deuces up
Suck on my balls
Eu dançava de modo divertido e puxei Josie e Tim para o palco rindo e eles dançaram comigo enquanto eu gargalhava.
Wave it in his face, tell him: Boy, bye
Tell him: Boy, bye, boy, bye
Middle fingers up, I ain't thinkin' 'bout you
Nós levantamos nossos dedos do meio rindo.
Now you wanna call me crying
Now you gotta see me wilding
Now I'm the one that's lying
And I don't feel bad about it
It's exactly what you get
Stop interrupting my grinding
Tim e Josie performavam a música comigo e era provavelmente uma das coisas mais divertidas que eu havia feito nos últimos tempos.
So young and naive of me to think she was from your past
Foolish of me to dream while you cheat with loose women
It took me some time, but now I am strong
Because I realized I've got
Me, myself, and I
That's all I got in the end
That's what I found out
And it ain't no need to cry
I took a vow that from now on, I'm gon' be my own best friend
Terminei a música alguns versos depois rindo, Tim e Josie riam também e aplaudiram enquanto eu me curvava em uma reverência fingida. Devolvi o microfone a seu lugar e agradeci ao DJ que tocou em minha mão e em minha mente fiz uma anotação de voltar a aquele lugar. Depois de descer do palco, Tim e Josie decidiram que cantariam alguma música indie e eu apenas me direcionei ao bar decidida por tomar uma garrafa de água. Eu me sentei em um dos bancos do bar recebendo um sorriso do barman que logo me entregou a garrafa que eu pedi e foi atender uma outra garota na outra ponta do balcão. Eu ri fraco com a lembrança de toda nossa performance e balancei a cabeça em negação.
- Eu posso me sentar aqui?
Capítulo 2
Harry
Eu estava em casa atoa quando Kevin passou pelo local me arrastando com ele para um bar/karaokê escondido em Notting Hill. Eu não tive muitas opções já que Kevin conhecia minha agenda e sabia que eu estava livre naquela noite de sexta. Quando chegamos ao local eu apenas me sentei em um dos sofás que haviam no canto próximo ao palco enquanto Kevin nos buscava coisas para beber.
O lugar era legal, mas como havíamos chego cedo ainda não estava muito animado e apenas algumas pessoas dançavam ao som da música que tocava enquanto ninguém cantava no karaokê.
Eu esperava que ninguém me reconhecesse ali se eu não tomasse o palco do karaokê já que eu estava de férias e só queria ter a chance de descansar e me divertir com meus amigos naqueles dias que teria até o início da segunda parte da turnê.
Meu celular vibrou no bolso ao mesmo tempo que Kevin chegava com nossas cervejas. Tirei o aparelho do bolso vendo a notificação de mensagem de Kendall.
Kenny: Ei, estou em Londres daqui a duas semanas, a fim de me encontrar? 09:42p.m
Só tive tempo de sorrir para a mensagem antes que Kevin soltasse algum comentário.
- Kendall de novo, cara? Sério? - o encarei e ele me olhava indignado. Kevin reprovava completamente o tipo de relação que eu havia criado com Kendall.
Segundo ele eu não estava bem naquela relação e estava me entregando ao sexo sem compromisso pelo simples fato de ser o que ela queria, mas que eu na verdade era um ursinho que queria abraços e comédias românticas no Netflix. Aquilo não era uma completa mentira, nem uma total verdade. Eu adorava o sexo com Kendall, e realmente a parte de ser sexo sem compromisso havia partido dela, e eu queria sim abraços e comédias românticas, mas havia muita burocracia envolvida para ter aquilo. Ter um compromisso com alguém era algo que eu não queria no momento, já havia estado em relacionamentos suficientes para entender que pessoas - e isso inclui muito a mim - são complicadas e difíceis de lidar, e naquele momento, eu não queria mexer com aquilo, mesmo que significasse não ter abraços e comédias românticas.
- Kevin, está tudo bem. Ela quer, eu quero, não é como se alguém estivesse sendo usado nessa relação. - dei de ombros pegando minha cerveja e lhe dando um gole - E somos amigos também, de algum modo meio confuso e estranho, mas somos, então está tudo bem. Eu não quero um relacionamento. - eu vi os olhos de Kevin revirarem e não contive a risada. Kevin era um ótimo amigo, além de trabalhar comigo e cuidar de toda a minha vida, ele me conhecia e adorava me dar conselhos e garantir que eu estaria bem, mas às vezes ele precisava de um lembrete que eu tomava decisões sobre a minha vida.
- Tudo bem, eu vou acreditar nisso, mas só para não ser chato. - murmurou e eu ri.
Depois de alguns minutos sentados percebi uma garota se aproximar e Kevin a encarar sorrindo e se levantar em seguida a abraçando.
- Josie, quanto tempo! - a garota ria e Kevin também, quando se separaram engataram em uma conversa sobre como Kevin havia sumido e sobre o que aconteceu nos últimos anos que não se viram. Eu me mantive sentado até que Kevin se lembrasse que eu estava ali e trouxesse a amiga para me apresentar - Josie, esse é o Harry, Harry está é a Josie, uma antiga amiga - eu me levantei e abracei brevemente e quando me afastei reconheci o olhar em seus olhos. Era o olhar de quando alguém me reconhecia.
- Oi Harry, eu não quero te incomodar, mas antes de ir embora pode tirar uma foto comigo? - eu sorri pela educação da garota em esperar pela hora que eu estivesse indo para a foto.
- Claro, me procure antes de ir e podemos tirar uma foto sim. - ela sorriu largo e percebi Kevin sorrir para nós.
Nos sentamos e começamos a conversar sobre muitas coisas aleatórias. Descobri que Kevin e Josie já havia se relacionado na época da faculdade e que se mantiveram amigos após o término e depois que Kevin seguiu para Los Angeles perderam o contato. Haviam algumas trocas de olhares, porém nada que fosse além dos limites e se tornasse desconfortável. Depois de mais alguns minutos Josie informou que iria se juntar novamente ao pessoal do trabalho quando um cara a chamou de longe. Kevin apenas se despediu e vimos Josie seguir com o cara e uma outra garota para o palco do Karaokê onde a outra garota subiu pedindo uma música ao DJ.
Logo a melodia conhecida de Sorry da Beyoncé começou e a garota sorriu. Logo ela começou a cantar de modo até que afinado para a ocasião e eu precisei virar completamente o corpo para assistir. A garota parecia se divertir enquanto cantava e dançava, como se apenas ela e os amigos estivessem ali. Ela imitava de um jeito meio desastrado a coreografia da Beyoncé, estava rindo constantemente e fazendo algumas caras quando puxou Josie e o rapaz que havia a chamado ao palco e eles performaram juntos a música. Quando ela terminou os amigos aplaudiram de forma exagerada e a garota fez uma reverência devolvendo o microfone para o DJ, encarei ela começar uma caminhada em direção ao bar e olhei brevemente para Kevin.
- Eu vou ali e já volto. - murmurei e o vi rir.
- Harry sendo o Harry. - ele devolveu negando com a cabeça - Vai lá, eu vou jogar sinuca com os caras ali. - ele se levantou e eu fiz o mesmo seguindo para a direção oposta a dele. A garota estava sentada com uma garrafa de água em sua frente, estava rindo pouco antes de eu chegar até ela e eu percebi que talvez a conhecesse de algum lugar, porque seu sorriso me era familiar.
- Eu posso me sentar aqui? - assim que as palavras saíram de minha boca a garota se virou levemente para me encarar por alguns segundos sem muita atenção.
- Claro. - não havia um olhar familiarizado em seu rosto por enquanto e ela apenas me indicou o banco ao seu lado, voltando a atenção para sua água. Eu me sentei e a analisei por um instante, tendo a certeza de que já havia a visto antes, apenas precisava buscar em minha memória onde.
- Parabéns pela performance, foi quase tão boa quanto a original. - brinquei e a vi rir negando com a cabeça.
- Não brinca comigo assim não que eu acredito, hein? - naquele momento ela me encarou realmente e parou por alguns momentos me olhando com o cenho franzido - Eu te conheço? - eu sorri ao saber que ela tinha a mesma dúvida que eu.
- Eu tenho essa mesma impressão. - comentei estendendo a mão em seguida - Meu nome é Harry, prazer. - apesar de o sobrenome não ter sido pronunciado o olhar de esclarecimento surgiu, porém sem sinais de alguém que iria começar a gritar ou algo assim.
- Ah, eu te conheço, minha melhor amiga adora você e fomos ao seu show em Manchester mês passado, meu nome é . - ela apertou a minha mão e a memória daquele show me veio à mente.
É claro que era ela. A garota na plateia com quem troquei alguns olhares sugestivos. Ela se divertia com a amiga a frente dela sempre cantando apenas os refrões das músicas. Me lembro de cantar Medicine e ver algumas respirações fundas dela. Tentei encontrá-la em meio a fotos do show, porém não consegui e agora de um jeito muito estranho eu havia a encontrado em Londres.
- Eu me lembro de você. - assim que fiz o comentário eu a vi segurar brevemente a respiração - A gente ficou encarando um ao outro. - por alguns segundos ela me encarou e depois apenas riu, com as bochechas ficando vermelhas.
- Tá legal, eu não esperava por isso. - ela declarou soltando a minha mão e tomando sua água enquanto eu tinha um sorriso nos lábios.
- Por que não? - questionei tomando a minha cerveja.
- Por que sei lá, você faz vários shows, muitas garotas na plateia, achei que devia ser algo meio frequente e que não se lembrasse das garotas. - ela deu de ombros mexendo no suor da garrafa de água.
- Não é frequente na verdade. - murmurei a vendo conter um sorriso - Eu olhos as pessoas, mas nunca fico trocando olhares com ninguém, mas por algum motivo fiz isso com você. - ela sorriu fraco me encarando com o canto dos olhos.
- Tudo bem, eu vou fingir que acredito. - ela soltou em um tom divertido - Mas diz aí, o que faz por aqui com meros mortais? - ela jogou as mãos de um modo meio desajeitado indicando o local.
- Um amigo me arrastou, estou de férias no momento. - ela assentiu - E você, o que te trouxe aqui essa noite? - eu percebi um sorriso triste se formar em seus lábios.
- Um término. - ela me encarou e por um momento eu não soube o que fazer. Aquilo era tudo que eu não poderia imaginar, depois de vê-la como estava cantando alguns minutos mais cedo. E quando o choque passou eu quis abraçá-la, mas não o fiz por que seria muito estranho.
- Eu sinto muito, de verdade. - ela me encarou por alguns segundos e depois me entregou um pequeno sorriso.
- Obrigada, de verdade. - eu sorri junto a ela.
- Ta legal, vem, vamos sair dessa fossa, por que seu namoro acabou, mas o mundo não e tu merece ser feliz. - me levantei a segurando pela mão e ouvindo sua risada.
- O que está fazendo? - a voz de saiu no meio de uma risada meio sem jeito.
- A gente vai cantar. - o corpo de parou e eu me virei para ela - O que? - não consegui conter a risada com sua cara de susto.
- Eu não vou cantar com você, você é um cantor profissional. - ela murmurou como se fosse óbvio.
- Eu juro que vou me esforçar para ser muito ruim. - ela riu fraco e eu me aproximei um pouco - Vamos lá, por favor - juntei as mãos e fiz um bico a fazendo revirar os olhos.
- Você... - ela apontou o dedo na frente do meu rosto - Tem uma arma e sabe como usá-la. - eu sorri largo e a vi prender um sorriso - Tá bem, vamos. Aí como eu odeio gente com covinhas. - dito isso eu ri e continuei a guiá-la para o microfone.
Ao chegarmos lá a encarei e ela apenas deu de ombros me mandando escolher a música. Pensei por pouco tempo até pedir por Back in black ao DJ que sorriu largo. Quando a introdução começou eu me virei para animado e vi a garota rir mexendo a cabeça no ritmo da bateria. Peguei um dos microfones e entreguei o outro a ela cantando as primeiras frases da música de uma forma que se igualava ao tom de Brian e logo deu de ombros e me acompanhou rindo da minha cara de surpresa com sua voz relativamente afinada a música. Foi um dos momentos mais divertidos que tive fora dos palcos com minhas músicas e fãs. Naquele momento éramos como amigos, se divertindo em uma noite de sexta e cantando uma música sem nenhuma pretensão de agradar ao público - apesar de as pessoas estarem se divertindo durante a performance e cantando junto. Nos solos de guitarra eu e fingíamos estar tocando guitarras e até chegamos a encostar as costas tocando nossos instrumentos imaginários. O que me fez gargalhar enquanto cantava parte da letra novamente, enquanto ela ainda estava em sua guitarra imaginária. A última frase, "Yes, I'm back in black", foi praticamente gritada por nós e terminamos nos encarando por um momento, gargalhando em seguida enquanto o instrumental diminuía seu volume gradativamente e a música tinha seu fim.
Me permiti por um momento notar a risada da garota a minha frente, e aquela era uma das risadas mais verdadeiras que eu havia escutado na vida. ria como se precisasse daquilo para viver, e era algo tão contagiante que logo eu estava a acompanhando novamente. Depois que paramos nossa risada, sobraram apenas largos sorrisos em nossos rostos. pegou os microfones e os colocou de volta em seus pedestais e agradeceu ao DJ, parando brevemente em minha frente.
- Vem, eu vou te pagar uma bebida. - ela segurou meu braço e me puxou para fora do palco seguindo comigo para o bar, onde nos sentamos um ao lado do outro. Ela me encarou ainda sorrindo largo - O que quer? - ela me encarava e eu só conseguia pensar em como seu sorriso era bonito e sincero, e em como aquela garota não merecia, nem deveria ter o sorriso triste que tinha mais cedo.
- Pra mim só uma cerveja. - soltei sorrindo como ela e ela se virou para o barman, que a encarou com um sorriso nos lábios, claramente interessado nela. Mas eu não o culpava por aquilo. era uma garota bonita e emanava uma energia boa, mesmo que estivesse em um momento difícil.
- Duas cervejas por favor. - ela fez um dois com os dedos e logo o homem lhe trouxe duas garrafas geladas. entregou uma delas para mim e agradeceu ao barman pegando a sua e se virando para me encarar. O homem apenas se afastou um pouco indo a outros afazeres, mas os olhos a encaravam discretamente.
- Obrigado. - batemos nossas garrafas em um brinde e viramos o líquido ao mesmo tempo.
- Eu é que agradeço. - ela soltou após engolir sua cerveja - Fazia muito tempo que eu não me divertia tanto. - eu sorri para ela, pousando minha garrafa sobre o balcão
- Eu também. - ela franziu brevemente o cenho.
- Você pareceu estar se divertindo naquele show que eu fui. - eu sorri fraco.
- E eu estava, mas é diferente. - dei de ombros - Lá eu me divirto de um jeito majestoso, sendo o centro das atenções, não estou reclamando, eu adoro isso. - riu fraco - Mas as vezes sinto falta disso. - apontei com a cabeça para nenhum lugar em específico - Me divertir como um cara normal, sem ser o centro das atenções, sem minha músicas, sem precisar ser Harry Styles o cantor, ser apenas o Harry, o cara que curte uma cerveja e conversas com os amigos, que veio de uma cidadezinha do interior. - novamente dei de ombros enquanto prestava atenção em cada palavra que saia da minha boca - Não que seja diferente um do outro, não é, mas esses momentos me fazem ter o pé no chão e a cabeça no lugar. - ela sorriu fraco e houve um silêncio por alguns momentos.
- Sabe, você é diferente do que eu esperava de um cantor mundialmente famoso. - ela me encarava, como se analisasse algo e eu me contive a um sorriso no canto dos lábios.
- Deixe-me adivinhar: não sou metido, nem playboy, nem tão egocêntrico e mais simpático do que você imaginava? - Ela fez um bico engraçado balançando a cabeça e dando de ombros.
- Eu ia dizer que você não é tão babaca quanto achei que seria, mas isso aí serve. - eu não contive a gargalhada quando suas palavras saíram por sua boca e ela me acompanhou de forma natural. E eu percebi que rir com era algo fácil, leve e constante.
- Eu fico lisonjeado, . - soltei ainda em meio a risada e ela sorriu largo para mim. Percebi pelo canto do olho corpos se aproximando e quando me virei vi Kevin, Josie e o outro garoto que havia chamado Josie mais cedo. Eles nos olharam confusos e nós os olhamos do mesmo modo.
- Ei, vocês já se conheceram? - foi Kevin quem perguntou apontando para nós e eu e nos encaramos assentindo - Ótimo, nós vamos pegar uma mesa, vocês vêm? - Kevin apontou com a cabeça e eu encarei , esperando pela resposta dela.
- Por mim tudo bem. - ela deu de ombros pegando sua cerveja e eu fiz o mesmo, os seguindo até uma mesa que coubéssemos todos.
Eu me sentei colado a parede com a meu lado e o cara, que descobri se chamar Tim ao lado dela, enquanto Kevin e Josie se sentavam de frente para nós. A noite seguiu regada a bebidas, conversas das mais aleatórias possíveis e muitas risadas. Risadas essas que fizeram minha barriga doer. Histórias das mais estranhas e engraçadas eram contadas e honestamente, era o tipo de pessoa que sabia contar uma, fazendo entonações e completamente animada com os fatos, levando todos a gargalhadas intensas e se permitindo rir do mesmo modo quando outros contavam histórias.
Quando estava ficando tarde o suficiente para que a maioria da mesa já estivesse bem alterada e antes que o primeiro de nós pudesse dizer seu adeus, um grupo foi criado e o número de todos os presentes adicionado. Minutos depois, Tim foi o primeiro a informar que estava de saída, perguntou a se a garota estava bem e se ficaria e ela informou que sim para ambas as perguntas, se levantando e abraçando o amigo e agradecendo pelo convite para aquela noite, Tim sorriu e entregou a um beijo breve em sua bochecha e ao resto de nós ele distribuiu abraços e despedidas, indo logo após dizer adeus a todos. A seguinte foi Josie, que fez o mesmo ritual que Tim, logo depois Kevin que me perguntou se eu iria com ele, recebendo minha negação como resposta e se despedindo.
Logo estávamos apenas eu e sentados à mesa. Havia uma última garrafa de cerveja que eu informei a que não beberia e ela a finalizou, apesar de já estar bem alterada. Depois de alguns minutos de conversa, informou que queria um ursinho de uma daquelas máquinas de pescar bichinhos e nós fomos até lá. Eu a deixei tentar sozinha, apenas a encarando e vendo como ficava bonita a luz da máquina puxei o celular do bolso e a chamei, tirando uma foto assim que ela me encarou a vendo tombar a cabeça como quem repreende meu ato.
- Harry, eu não gosto de tirar fotos. - ela se aproximou de mim tentando pegar o aparelho e eu apenas levantei a mão e ela fez um bico, sabendo que não alcançaria, por ser consideravelmente mais baixa que eu - Isso não se faz, seu gigante. - ela tentou soar como uma ofensa, mas acabou por soar como uma garotinha fofa e emburrada.
- Ela ficou boa, juro que ficou. - abaixei o aparelho lhe mostrando a foto e ela fez uma careta.
- É estranho estar desse lado da câmera. - murmurou parecendo começar a se acostumar com sua imagem ali.
- Você geralmente está do outro lado então? - lhe estreitei os olhos e ela assentiu.
- Sim, por hobby e por profissão. - ela respondeu me devolvendo o aparelho e eu sorri ao perceber que ela não havia apagado a fotografia.
- Sério? - ela assentiu - Quem sabe não marcamos de sair para você me ajudar a melhorar minhas habilidades? - ela me estreitou os olhos.
- Você gosta de fotografar? - eu assenti e ela pareceu surpresa - A todo momento uma novidade. - eu sorri fraco com seu comentário e ela olhou novamente a máquina, parecendo desapontada por não conseguir seu bichinho de pelúcia.
- Qual você quer? - perguntei me aproximando da máquina e ela me seguiu com um sorriso começando a se formar.
- O pinguim. - ela não hesitou ao dizer que o queria. Coloquei uma moeda na máquina e logo ela fez barulho informando que havia ligado.
Tomei joystick em mãos e o movimentei até o pinguim. não tinha muita expectativa em seu rosto, como se não quisesse colocar pressão sobre mim. Eu desci a garra da máquina e ela tomou o bichinho por um dos pés e os olhos de se arregalaram quando ele caiu no buraco e em seguida apareceu no compartimento reservado para os animais pegos. Eu me abaixei e o segurei em minhas mãos me virando para a garota que sorria largo para mim.
- Pra você. - lhe entreguei o bichinho e ela o encarou como se fosse a coisa mais preciosa do mundo para ela. Em seguida ela me encarou e pulou animada me abraçando e o contato físico inesperado me deu um pequeno susto, mas em seguida me desencadeou uma risada.
- Obrigada, obrigada, obrigada. - ela agradeceu e depois se afastou voltando a olhar a pelúcia em suas mãos - Eu adorei, eu tenho um pinguim. - ela balançou o bicho em suas mãos e comemorou e eu me perguntei se ela estava realmente feliz ou se era apenas o efeito do álcool em seu corpo, mas me limitei a rir da cena. Ela abraçou o bicho com um dos braços e me encarou ainda sorrindo - Você é bom nisso. - ela apontou para a máquina e eu sorri coçando a nuca.
- Tenho certa sorte em jogos. - murmurei.
- Me lembre de sempre ser sua dupla quando jogarmos algo. - ela soltou me fazendo rir e me acompanhando no ato.
Mais algum tempo se passou até coçar seus olhos demonstrando certo sono. Eu estava cansado desde mais cedo, mas realmente queria ficar com ela. Ela era uma garota legal que eu inexplicavelmente queria por perto, então o cansaço apenas me pareceu algo que eu poderia deixar como segundo plano. informou que achava que estava na sua hora e eu concordei. Ela seguiu para o balcão com o papel onde as bebidas que pedimos naquela noite haviam sido anotadas pagando a conta mesmo sobre meus protestos e depois saímos do local indo para a rua. enfiou a mão no bolso do casaco pegando seu celular e pedindo por um carro em um aplicativo e eu fiz o mesmo. Ficamos parados na calçada conversando bobagens até que o carro dela chegou.
- Bom, vou indo, obrigada pela noite, pela música e pelo pinguim, eu realmente adorei. - eu sorri para o modo como ela abraçava o bicho.
- Que bom que gostou. - respondi apenas e ela sorriu.
- Tchau Harry. - ela acenou já se afastando.
- ! - a chamei e ela se virou para me encarar - Eu posso salvar o seu número e sei lá, te mandar mensagem qualquer hora dessas? - a garota sorriu largo.
- Claro que sim, eu vou adorar. - dito isso um sorriso se formou em meus lábios e ela seguiu para o carro entrando no veículo e acenando para mim quando o mesmo deu a partida e se afastou.
Meu carro chegou em seguida e eu não demorei a estar lá dentro desejando uma boa noite ao motorista que fez o mesmo. Peguei meu celular no bolso e abri o grupo criado por Kevin e logo encontrei a mensagem de se identificando, como todos havíamos feito para que pudéssemos saber a quem cada número pertencia. Salvei seu número apenas com seu nome e lhe mandei uma mensagem.
H: Me avise quando chegar em casa, para eu saber que não foi sequestrada 03:16a.m
Depois de fechar sua mensagem eu percebi que ainda não havia respondido Kendall e abri sua mensagem novamente, encarando a tela do celular por um certo tempo hesitando em enviar a resposta por um momento.
H: Claro que sim, mal posso esperar 03:16a.m
Bloqueei o celular e deitei a cabeça no encosto do banco pensando sobre como tudo aquilo era louco. Encontrar uma garota que eu havia visto em um show, um mês depois em um bar aleatório de Londres.
Realmente a vida tinha dessas coisas inesperadas que surpreendiam a gente no fim das contas, mas eu não estava reclamando, muito pelo contrário, eu havia adorado encontrar ela. Não pelo fato de ser uma garota bonita e atraente - apesar de a princípio esse ter sido o motivo -, mas por que era daquelas pessoas que de um jeito inexplicável você queria ter na vida e eu tinha a sensação de que seríamos bons amigos.
E apesar de sentir certa atração por ela, eu entendia que naquele momento ela provavelmente não estaria pronta para nenhum tipo de relação e a ideia de tê-la como minha amiga já me fazia feliz, o que era estranho e novo para mim. E honestamente, eu me sentia ansioso pelo novo.
Capítulo 3
O final de semana havia se resumido a vídeo chamada com para contar a ela o ocorrido e ouvi-la dizer por muitas vezes que mataria Anthony, maratona de Grey's Anatomy que estava passando na tv, pedir comida em casa e ir até o apartamento onde dias atrás eu morava para buscar minhas coisas. Ele passou o dia fora e apenas apareceu quando eu estava pegando a última caixa de dentro do local, pedindo para que conversássemos e sendo apenas ignorado por mim. Eu voltei a chorar quando cheguei a casa de e me odiei por aquilo, mas eu sabia que era necessário. Eu não iria superar aquilo da noite para o dia porque Anthony havia sido alguém que eu havia amado, de um modo que não sabia explicar, mas nem todos amores devem ser sentidos para sempre, e aquele deixaria de ser. Eu havia me sentido envergonhada por aquilo e às vezes me pegava me perguntando o porquê, mas a resposta era uma só: por que ele quis.
A segunda-feira chegou mais rápido que o esperado e passou com um clima muito estranho no escritório, meu chefe parecia bravo e ele não era esse tipo de pessoa. E quando a terça-feira chegou eu sabia que algo estava para acontecer. Eu estava terminando a edição de uma foto que eu logo mandaria para a diagramação quando meu chefe parou a minha mesa olhando brevemente meu trabalho.
- Isso está muito bom. - um pequeno sorriso surgiu em seu rosto e eu estranhei, Bob era um homem de sorrisos largos e piadas - Podemos conversar na minha sala? - ele pediu mordendo o lábio e batendo os dedos em minha mesa.
- Claro, só vou terminar isso aqui e já vou, as meninas estão precisando dessa foto com urgência. - ele assentiu e hesitante se virou em direção a sua sala. Eu finalizei o trabalho e o enviei a diagramação para substituição da anterior. Passei pela mesa de Tim que me encarou com olhar de interrogação por ter notado como Bob estava e eu apenas dei de ombros, entrando na sala que tinhas as persianas fechadas para que ninguém visse o que acontecia lá dentro.
- Pode fechar a porta, por favor? - ele pediu sentado apreensivo do outro lado de sua mesa. Eu fechei a porta de vidro e me direcionei a mesa me sentando de frente para ele.
- Bob, eu estou te estranhando. - comentei no melhor tom que consegui e ele respirou fundo.
- , você sabe que é uma das melhores fotógrafas que eu tenho aqui, não sabe? - eu franzi o cenho o encarando e me arrumando na cadeira.
- Bob, o que houve? - ele soltou o ar pesadamente.
- , eu quero que saiba que tentei de todo modo convencê-los do contrário. - começou - Mas infelizmente estão contratando outra fotógrafa mais conhecida para chamar atenção para a revista e temos que desligar alguém por que não é possível manter nossa equipe e mais uma. - meu coração acelerou no peito - E como você é que tem menos tempo na revista foi decidido que seria você a ser desligada, por mais que eu não concorde de jeito nenhum. - eu percebia nos olhos de Bob a tristeza de me dar aquela notícia e soube que a decisão não havia sido dele de todo modo - Eu sinto muito. - eu forcei um fraco sorriso e estendi minha mão sobre a mesa.
- Está tudo bem, Bob. - sussurrei e assim que ele tocou minha mão eu pousei a outra mão sobre a dele - Eu entendo, de verdade. - ele parecia me analisar.
- Ah , eu gosto tanto de trabalhar com você, menina. - eu sorri sem mostrar os dentes.
- Eu também gosto de trabalhar com você, Bob. - ele sorriu fraco respirando fundo - Não fique assim, está tudo bem, eu vou ficar bem. - ele tombou a cabeça, os olhos pesarosos e isso só mudou quando eu lhe mostrei a língua inesperadamente o fazendo rir fraco - Vamos, não faça da minha despedida algo triste, eu ainda vou a sua festa de cinquenta. - dei de ombros me lembrando de seu aniversário que seria no final de semana.
- Cinquenta é o seu nariz, garota. - eu gargalhei. Bob iria fazer quarenta e dois, mas eu adorava provocá-lo dizendo que já eram cinquenta - Eu vou sentir sua falta. - ele murmurou e eu sorri me levantando e ele fez o mesmo. O abracei, apesar de ser um contato estranho entre nós e ele retribuiu o ato de forma carinhosa e acolhedora - você tem todas as minhas recomendações, sempre - sussurrou e eu sorri me afastando e o encarando.
- Obrigada, isso significa muito pra mim. - ele sorriu fraco.
- Se quiser, não precisa cumprir o resto do dia, pode ir para casa. Essa semana você ainda vem para, enfim, finalizar suas coisas e assinar os papéis, mas estou te dando o dia de folga. - eu fingi uma comemoração e ele riu.
- Eu vou indo então, te deixar aí para chorar, mas não chore muito, suas rugas na testa já estão aparentes o suficiente. - apontei para ele já me dirigindo a porta e ele revirou os olhos rindo.
- Garota, você não presta. - ele murmurou e eu abri a porta já saindo do local apenas parando com a cabeça para dentro do vão da porta.
- E você me ama. - ri e o vi revirar os olhos e logo fechei a porta respirando fundo quando deixei o campo de visão dele. Me encaminhei a minha mesa pegando minha bolsa e celular, percebendo em seguida as pessoas me encararem, claramente confusas.
- , o que está fazendo? - foi Tim quem perguntou. Vi Bob parado a porta do escritório triste, olhei em volta e as pessoas me encaravam curiosas, já que todos sabiam que Bob não era alguém de chamar em sua sala, muito menos naquele clima. Ele se aproximou de nós os braços cruzados e passos lentos.
- , pode ir, eu quero ter essa conversa com eles. - eu assenti ajeitando a bolsa no ombro e iniciando minha caminhada até Tim. Lhe dei um beijo no rosto brevemente enquanto ele parecia confuso.
- Ei, está tudo bem, não fica assim, tá? - ele assentiu com o cenho franzido e eu sorri, deixando o local e indo para os elevadores ouvindo Bob começar o discurso. Entrei no elevador e apertei o botão da garagem soltando todo o ar em meus pulmões. Eu não queria alarmar ninguém, nem nada do tipo. Eu estava triste, muito triste pelo acontecido, eu adorava meu emprego, muito, e ser demitida assim era doloroso, mas saber que não foi por algo que eu tenha feito de errado me consolava e me fazia sentir certa paz em meu coração.
Quando as portas do elevador se abriram eu segui para o meu carro jogando a bolsa no banco do passageiro ao entrar. Me dei um tempo para respirar ali sentada. O celular vibrou em uma notificação e eu olhei a tela, vendo que era do grupo, recém-criado na noite do karaokê. Era uma mensagem de Kevin. Uma foto do nascer do sol da sacada de algum prédio na Califórnia para onde ele havia viajado na noite anterior havia sido enviada a alguns minutos e ele respondia a Harry.
Kevin: Tá difícil por aqui haha 02:13p.m Harry: Aaah, por que eu te mandei pra L.A e fiquei em Londres, mesmo? 02:13p.m Kevin: Por que é um ótimo amigo e chefe hahaha 02:22p.m
Ri fraco e decidi responder à mensagem.
:
É muito vacilo mandar uma foto assim com todo esse frio que está fazendo em Londres 02:23p.m
Ia bloquear o aparelho quando olhei novamente a mensagem de Harry. Ele estava em Londres e eu precisava sair, se fosse para casa provavelmente ficaria assistindo a séries e pensando em um monte de besteira. Abri a conversa privada com Harry e a última mensagem que tínhamos havia sido na madrugada de sábado, quando eu lhe avisei que havia chego em casa e trocando mais algumas mensagens aleatórias depois.
:
Ei, está ocupado? 02:25p.m
A resposta não demorou nem um minuto para vir.
Harry: Não 02:25p.m
Na verdade, ia te mandar mensagem agora 02:25p.m
De onde está me observando, ? Haha 02:25p.m
:
Não olhe para trás hahaha 02:26p.m
Enfim, queria saber se ta afim de ir comer alguma coisa, sei lá 02:26p.m
Harry:
Eu levei um susto com a mulher que estava atrás de mim hahaha 02:26p.m
Achei que era você 02:26p.m
Mas enfim... 02:26p.m
Claro, onde te encontro? 02:26p.m
Sorri para o aparelho e lhe mandei o endereço do pequeno restaurante japonês informando que esperaria ele lá e ele apenas respondeu, dizendo que em trinta minutos estaria no local. Deixei o celular no banco do passageiro e liguei o carro indo para o restaurante já conhecido por mim.
O trânsito a àquela hora estava livre e em menos de dez minutos eu estava estacionando no local. Entrei pegando uma mesa e avisando a Sarah, a garçonete que sempre me atendia que estava esperando alguém. Uma mensagem de Harry informava que ele estava a caminho e eu apenas respondi com um ok. Abri o Instagram dando de cara com uma foto de que havia postado nos stories onde ela estava em um restaurante e eu respondi com uma foto de mim no restaurante com a legenda "Não é no Japão, mas é japonês haha". Menos de cinco minutos depois enquanto eu rolava o feed uma chamada de vídeo apareceu em minha tela, era .
- Espera aí. - sorri para ela que tinha um olhar confuso e conectei os fones para não incomodar ninguém, apesar de haver apenas mais uma pessoa no restaurante - Pronto, pode falar little .
- Garota, o que está fazendo fora do escritório a essas horas? - eu sorri fraco.
- Por favor, promete que não vai surtar nem nada assim. - ela revirou os olhos levantando o dedinho mindinho e eu sorri - Eu fui demitida. - ela abriu a boca em surpresa.
- O que? O Bob está maluco de te mandar embora? Você é uma das melhores dessa revista, esse foi o maior tiro no pé da história. - eu ri com seu exagero.
- , está tudo bem, não foi decisão dele, houve uma substituição e eu vou ficar bem. - dei de ombros.
- ... - começou.
- É sério, estou pensando pelo lado positivo, vou ter férias finalmente. - ela riu do outro lado - E já comecei vindo ao japonês, quer coisa melhor? - ela balançou a cabeça em negação.
- Você está realmente bem ? - aquele era o apelido pelo qual ela me chamava sempre que achava que eu precisava que ela fosse fofa, já que era como uma pedra no quesito ser fofa.
- Não exatamente, mas prometo que vou ficar. - e era sincero, eu não pretendia ficar mal por conta daquilo. Pela grande vidraça do restaurante eu vi Harry se aproximar olhando para dentro do restaurante e acenei o vendo sorrir ao confirmar que era aquele o local - Eu preciso ir, minha companhia chegou. - um sorriso brotou nos lábios da minha amiga, completamente malicioso.
- É o cara da foto do karaokê? Você ficou de me contar quem era, ontem. - ela protestou.
- Assim que der eu te ligo e conto, mas agora tenho que ir, beijo, se cuida fedelha. - joguei um beijo e ela riu.
- Beijo, você também pirralha. - ela desligou a chamada e eu tirei meus fones. Eu ainda não havia contado a sobre Harry e quando ela viu a foto que eu havia postado no dia anterior quis explicações de quem era o rapaz, mas não tínhamos tido tempo livre para conversar sobre. Guardei o celular e os fones a tempo de me levantar quando Harry chegou à mesa. Ele sorriu e eu não podia afirmar que me acostumaria com aquele sorriso, que por Deus, era o mais lindo que eu havia visto na vida.
- Ei! - seu tom foi animado e ele abriu os braços me recebendo em um abraço ao qual eu não estava acostumada, mas retribui de maneira desajeitada e rápida.
- Ei, que bom que pôde vir. - lhe entreguei um largo sorriso que me foi retribuído - Senta aí. - indiquei a cadeira a minha frente e ele se sentou.
- Que bom que me chamou. - ele colocou as mãos cruzadas sobre a mesa - Mas você não deveria estar trabalhando? - ele franziu o cenho e eu ri fraco.
- Deveria, mas fui liberada hoje. - ele continuou com o cenho franzido.
- Por que? - eu dei de ombros.
- Meu chefe achou que eu merecia uma folga depois dele me demitir. - Harry pareceu sem jeito e eu não pude conter o riso - Está tudo bem, antes que pergunte. Não precisa ficar com um pé atrás, estou feliz por que agora pelo menos eu posso tirar férias. - soltei o fazendo sorrir fraco. Sarah se aproximou com os cardápios e encarou Harry me olhando com os olhos arregalados em seguida. Eu apenas ri fraco e fiz um sinal para que ela ficasse calma e ela o fez, nos deixando assim que escolhemos o que comer.
- Então, por que me chamou? - ele parecia curioso com aquele fato. Talvez por ter chamado ele e não um dos amigos próximos.
- Não sei bem, eu queria comer, queria companhia e você estava por Londres. - dei de ombros - Você também parece alguém legal - dito isso ele abriu um sorriso breve nos lábios.
- Eu sou mesmo. - eu não sabia dizer se ele estava brincando ou falando sério, mas não podia discordar.
- Tá certo, senhor modéstia. - murmurei e ele riu negando com a cabeça. Os olhos brilhavam, o sorriso era largo e me mostrava seus dentes, ele tinha uma covinha e eu me perguntei se haviam chances de ele ser parte de uma ilusão da minha cabeça - Você é bonito demais pra ser real. - soltei de modo despretensioso sem realmente tentar conter as palavras, ele provavelmente já havia escutado aquilo mais vezes que eu poderia contar, mas eu entendia o porquê. Suas bochechas coraram e um sorriso tímido brotou em seus lábios, ele me olhou brevemente e depois olhou para baixo.
- Obrigado. - a voz dele saiu mais baixa que antes, entregando o quão envergonhado estava.
- Nunca achei que um cantor famoso ficasse envergonhado com esse tipo de comentário. - dei de ombros e ele me encarou.
- Geralmente não fico, tenho fãs, jornalista e mais algumas pessoas que sempre me dizem coisas assim e não é algo que eu não sei, ou finjo não ser, sei que sou bonito. - eu fiz uma careta e ele riu - Sou honesto, não pode me culpar. - replicou e eu dei de ombros - Mas não sei, agora foi meio inesperado eu acho, me pegou de surpresa. - ele deu de ombros e eu sorri.
- Geralmente eu dou asas para os meus pensamentos e não me contenho em dizer as coisas. - sorri fraco e Harry sorriu junto.
Nossa comida chegou e nós começamos a comer, conversando brevemente sobre comida e após Harry descobrir que eu nunca havia comido comida mexicana e que eu odiava abacates ele me convocou a acompanhá-lo ao melhor restaurante de comida mexicana que ele conhecia, em suas palavras e eu apenas aceitei.
Depois de minutos meu celular vibrou sobre a mesa onde eu o havia deixado depois de mostrar a Harry uma foto que tirei no show dele. Quando virei o aparelho para cima meu sorriso desmanchou vendo o nome de Anthony piscar na tela.
- Pode atender, sem problemas. - Harry informou e eu o encarei brevemente para depois ignorar a chamada.
- Não, está tudo bem. - murmurei colocando o aparelho em modo avião e finalizando meu saquê. Eu sentia os olhos de Harry sobre mim, mas não tinha coragem de olhá-lo.
- Ei, o que houve? Algum problema? - seu tom era gentil e percebi ele inclinar o corpo tentando se aproximar um pouco.
- Hum, não. - menti e o encarei, vendo um sorriso triste em seus lábios.
- Se não quiser falar ok, mas tudo bem se quiser, eu gosto de ouvir e sou bom com conselhos. - ele me entregou um novo sorriso, seguro e cheio de acolhimento. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios sem que eu pudesse contê-lo.
- Tá afim de andar? Um sorvete ou um café não sei. - murmurei já pegando meu cartão visto que havíamos acabado, Harry sorriu largo concordando com a cabeça. Eu entreguei o cartão a Sarah sob protestos de Harry que informou que o próximo seria por sua conta me fazendo rir. Depois de pago nós saímos do restaurante. Harry colocou os óculos escuros e nesse momento me lembrei quem ele era.
- Então? - ele me olhou com as mãos nos bolsos.
- Anthony é meu ex. - soltei a frase respirando fundo para continuar - Se lembra que te disse que um término havia me levado ao karaoke? - o encarei e ele assentiu - Então, eu terminei com ele naquele dia, depois de encontrá-lo na cama com outra garota. - eu pude ouvir a respiração de Styles mudar - Isso foi o limite pra mim e o pior é que estou em um misto de tristeza e me sentir idiota. - respirei fundo.
- Por que idiota? - ele questionou como se estivesse perto de me dar uma bronca e eu respirei fundo.
- Nós estávamos juntos a um ano e meio, eu o conhecia antes de namorarmos e eu confiava nele, mas logo no primeiro mês algo aconteceu. - olhei brevemente Harry, eu tinha toda a sua atenção - Eu recebi um e-mail de um desconhecido com prints do direct do Instagram dele. Haviam varias meninas com quem ele conversava e mandava fotos... Íntimas. - soltei desconfortável - Eu olhei o e-mail e fiquei sem chão. Estava decidida a terminar com ele naquele dia, mas quando cheguei lá ele chorou arrependido e me deu uma série de desculpas para o ocorrido e eu estava tão apaixonada e cega que me convenci de que ele estava dizendo a verdade. - respirei fundo - Mas voltou a acontecer algumas vezes e em todas eu me convencia de que ele mudaria por me amar. Nós brigávamos constantemente por que eu já estava sempre esperando as próximas vezes que aquilo aconteceria, mas de algum modo eu o amava e acreditava que ele me amava também. Mas enquanto eu evitava sair com o pessoal do escritório por que ele ficava chateado pela minha amizade com os caras, ele estava lá, mandando aquelas fotos e mensagens provocativas para outras garotas quando eu não estava por perto. Entende o que quero dizer? Eu dei muito de mim a um relacionamento que não merecia metade disso e agora me sinto idiota por ter feito isso e mais idiota ainda por estar triste pelo término. - a mão de Harry tocou meu ombro em apoio e eu sorri.
- Você não é idiota por nada disso. Você deu seu melhor, se ele não soube valorizar isso o idiota é ele. E não deve se sentir idiota por sentir triste, isso só mostra como tudo foi verdadeiro para você. - ele apertou suavemente meu ombro - Você não deveria se sentir assim por ter acreditado em alguém, você não é a errada, ele é. As pessoas se acostumaram a inverter os papéis e veem as "vítimas" desse tipo de situação como culpadas por não terem saído antes, mas a realidade é muito diferente, sei como é difícil sair de uma situação onde você gosta muito do outro, mesmo que ele te faça mal. - eu o encarei e ele sorriu fraco - Só se mantenha fiel a sua decisão e se apegue ao fato de que ele não mudou por que não quis e a culpa não é sua, não existe nada de errado com você, você foi incrível por acreditar tanto, ver o bom nele e apesar de tudo ainda dar a ele o seu melhor. - eu sorri para Harry.
- Você tem razão. - comecei - Você é ótimo com conselhos. - ele riu e eu o acompanhei - Obrigada, de verdade. - ele sorriu e inesperadamente me abraçou pelo ombro. O contato ainda era estranho, porém mais confortável que antes.
- Posso confessar algo? - ele perguntou após me soltar. Eu assenti o incentivando a prosseguir - Eu realmente estava flertando com você no dia do show. - eu senti minhas bochechas corarem e fiz uma careta que o fiz rir - Eu me interessei, te achei uma garota bonita e eu queria ficar com você, como quis com outras garotas, mas depois de te encontrar e agora depois de me contar isso eu não acho que queira algo superficial assim com você. - eu o encarei.
- Harry, nos conhecemos a muito pouco tempo para você me pedir em namoro. - brinquei e ele gargalhou.
- Não, besta, não é isso. - ele me empurrou brevemente com o ombro - Eu nunca quis ser amigo das outras garotas, não me sentia seguro para esse tipo de relação com elas porque nesse mundo que vivo nunca dá pra confiar em alguém de cara, mas com você eu me sinto seguro. - eu sorri - Como se desse pra confiar em você. Realmente quero ser seu amigo e descobrir se estou certo. - quando terminou Harry me encarou como se esperasse por minha aprovação.
- Eu vou adorar. - respondi com um sorriso no rosto, recebendo um dele de volta - E eu acho que me sinto meio assim você também, já que te contei isso - dei de ombros e ele sorriu parecendo orgulhoso.
- Não quebre meu coração, . - ele brincou.
- Só se você não quebrar o meu. - soltei de maneira exagerada imitando as comédias românticas e ele me estendeu a mão.
- Fechado. - Harry ria.
- Fechado. - segurei sua mão e a sacudi. Apesar de ser uma brincadeira, havia uma promessa ali, talvez a promessa de que cuidariamos um do outro, ou talvez fosse tudo besteira da minha cabeça, mas eu esperava que fosse a primeira opção.
Capítulo 4
Harry
Acordei naquela manhã com o sol batendo em meu rosto e me xinguei mentalmente por não ter fechado as cortinas na noite anterior. Me mexi brevemente na cama e senti uma mão em meu abdômen que fez com que eu virasse meu rosto para vê-la. Kendall dormia em ao meu lado tranquilamente. Na noite anterior havia a buscado no aeroporto e a levado para jantar, depois acabamos na minha casa. Eu não me demorei muito em olhá-la e logo estava de pé e após me vestir, fazer minha higiene e pegar meu celular eu estava em direção à rua de casa em busca do suco verde de Kendall. Coloquei um dos meus fones e peguei o celular selecionando uma playlist aleatória e depois indo para as mensagens. O grupo que havíamos criado no karaokê acabou por se tornar muito interativo e sempre haviam mensagens.
Josie:
Preparados para essa noite? 08:47a.m
Kev, tudo certo para usarmos sua casa? 08:47a.m
Ela estava falando da festa de ano novo na casa de Kevin que eles estavam combinando a dias.
:
Já comprei as bebidas e tudo para os drinks 08:53a.m
Tim:
Bêbada haha 08:55a.m
Mal posso esperar por essa noite 08:55a.m
Kevin:
Tudo certo, já, já começo a arrumar tudo 08:59a.m
tinha que ficar responsável pelas bebidas não é mesmo? 08:59a.m
:
Eu vou sair desse grupo, ninguém me defende 09:00a.m
Vocês são péssimos 09:00a.m
Eu não contive a risada ao imaginar o bico de dela.
H:
, contra fatos não há argumentos. Nem dá pra defender hahaha 10:06a.m
Fechei a conversa do grupo e abri a minha com . Desde o nosso almoço acabamos por trocar mensagens diariamente, a quase todo o momento. Contávamos sobre nossos dias um para o outro e estávamos sempre saindo para tomar café e jogar assunto fora. No último final de semana eu havia ido para a casa da minha mãe para o natal e depois que todos já estavam na cama eu e passamos horas no telefone e inclusive assistimos ao mesmo filme, já que ela havia passado aquele natal sozinha. Descobri que era brasileira, filha de uma brasileira e de um inglês que morava por lá. Ela se mudou para Londres quando tinha dezoito anos para começar sua faculdade que havia terminado no início do ano. Ela me ensinou algumas poucas palavras em sua língua para que eu pudesse falar em meu show por lá, mas eu honestamente era péssimo aluno. Ela prometeu tentar mais e que em maio no show eu estaria falando relativamente bem.
:
Eu to chorando de novo com a morte do Mark. De novo!!! 11:32p.m
Grey's Anatomy sempre me destrói e eu sempre assisto de novo, que droga 11:32p.m
Odeio amar essa série 11:32p.m
Boa noite H, tenha bons sonhos 11:55p.m
Eu havia parado de responde-la quando Kendall chegou e não havia dito que estava com alguém.
H:
Ei, desculpe sumir 10:10a.m
Eu acabei indo buscar uma amiga no aeroporto daí depois fomos comer e eu acabei esquecendo de te responder 10:10a.m
Mas enfim... Bom dia 10:11a.m
Sofrendo menos pela morte do Mark? 10:11a.m
Eu preciso ver essa série para pegar suas referências haha 10:11a.m
Bloqueei o aparelho e o coloquei no bolso ao ver que já estava próximo da loja de sucos. Entrei no local e a atendente me lançou um sorriso me reconhecendo por eu sempre comprar aquelas coisas quando Kendall estava pela cidade. Fiz o pedido do suco verde já pagando por ele e por um suco de laranja e me sentei em uma cadeira pegando o celular e vendo que havia me respondido.
:
Bom dia, Harry 10:26a.m
Tudo bem, sem problemas 10:26a.m
Não, ainda não, sempre vou sofrer pelo meu McSteamy 10:26a.m
Precisa mesmo, já está atrasado inclusive haha 10:26a.m
H:
Seu McSteamy? 10:27a.m
Ótimo, vou assistir isso ai, mas são muitas temporadas e provavelmente vou desistir antes da metade 10:27a.m
:
Sim, meu. MEU! TIRA O OLHO STYLES hahaha 10:28a.m
Aposto que vai adorar e terminar em uma semana 10:28a.m
H:
Possessiva haha 10:29a.m
Apostado, se eu gostar realmente te devo um sorvete 10:29a.m
E falando em dever, temos que ir a aquele restaurante mexicano 10:29a.m
:
Fechado 10:30a.m
Ah droga, você lembrou, vou ter que encarar o abacate, droga haha 10:30a.m
Mas ok, vamos marcar isso aí, eu estou livre, quando estiver tranquilo é só me chamar 10:30a.m
H:
Para de graça, você vai adorar 10:31a.m
Ok, esse começo de semana estou enrolado, mas a partir de quinta sou todo seu haha 10:31a.m
:
Duvido muito 10:32a.m
Harry, você é tão oferecido hahahaha 10:32a.m
Mas ok, só veja o dia e me avise 10:32a.m
H:
Não finja que não gosta nie haha 10:33a.m
Ok, eu te aviso 10:33a.m
:
Modesto haha 10:34a.m
Ei, sem chances mesmo de você ir a festa essa noite? 10:34a.m
H:
Sinto muito, mas já havia combinado algo :( 10:35a.m
:
Ah, tudo bem, se tiver um tempo passe por lá, vai ser legal 10:36a.m
H:
Ok, eu vou tentar 10:37a.m
Preciso ir agora, mais tarde nos falamos 10:37a.m
Beijo 10:37a.m
Bloqueei o aparelho novamente quando a atendente me chamou para entregar meu pedido e logo estava fora da loja. Fui parado por uma fã que me pediu uma foto e depois começamos uma breve conversa sobre o show que ela havia ido. Ela elogiou o trabalho, me elogiou dizendo que eu era seu maior crush e depois se foi. Eu passei em uma padaria e comprei algumas coisas para que pudesse tomar café da manhã e voltei para casa. Quando cheguei arrumei a mesa e subi para checar se Kendall ainda dormia. O quarto estava vazio e eu bati na porta do banheiro sem receber resposta, ela estava entreaberta e eu coloquei a cabeça para dentro dando de cara com o vazio. As roupas de Kendall não estavam ali e no meio de minha procura meu celular vibrou no bolso. O peguei vendo a notificação de Kendall.
Kenny:
Ei, acordei e você não estava 10:56a.m
Acho que foi comprar o café 10:56a.m
Foi mal, mas precisei sair para encontrar uma amiga 10:56a.m
Te vejo mais tarde 10:56a.m
Revirei os olhos e bloqueei o aparelho voltando pelo mesmo caminho que havia feito até a cozinha. Ao chegar lá joguei o tal suco verde no lixo, peguei meu próprio suco, pães, uma fatia do bolo caseiro que havia comprado e segui para o sofá. Zapeei alguns canais até me lembrar da série de e a coloquei no Netflix, tirando o celular do bolso e informando a ela que havia começado, para em seguida bloquear o aparelho, joga-lo sobre o sofá e entregar toda minha atenção para a tv.
[...]
Horas haviam se passado desde que eu havia começado aquela série e estava certa, eu havia adorado. Eu lhe devia um sorvete com absoluta certeza. Eu apenas havia deixado meu sofá para pegar a comida que pedi para meu almoço desde que coloquei o primeiro episódio. E não pretendia sair dali tão cedo quando ouvi a porta da frente se abrir e revelar uma Kendall sorridente para o celular, voltei minha atenção para a tv e logo ela se aproximou parando ao meu lado.
- Harry, por que ainda está assim? – a encarei e ela tinha uma sobrancelha arqueada para mim. Usava um vestido branco de seda e sandálias da mesma cor, de salto, alguns colares dourados estavam em seu pescoço. Seus lábios estavam vermelhos pelo batom e seus olhos destacados pela maquiagem.
- Por que eu estou assistindo tv. – murmurei voltando minha atenção para Meredith e Cristina.
- Você se esqueceu da festa? – eu respirei fundo.
- Não, mas eu não vou. – foi tudo que respondi. Segundos depois a tela da tv se apagou e eu encarei Kendall que tinha o controle em mãos – Por que você fez isso? – ela revirou os olhos.
- Nós vamos a festa da Gigi. – ela colocou o controle na mesa de centro.
- Eu não estou em clima de festa. – murmurei e a vi revirar os olhos novamente.
- Qual é Harry? Eu venho te ver e você quer ficar trancado em casa? – ele já parecia impaciente.
- Você sumiu o dia todo. – murmurei e novamente seus olhos reviraram. Por Deus, ela estava treinando para alguma competição?
- Não seja infantil Harry, eu fui ver uma amiga. – ela cruzou os braços – Agora vai ficar chateado por que não fiquei te fazendo carinho e companhia? Não somos um casal. – foi minha vez de revirar os olhos. Passei por ela levando toda a minha louça para a pia e ouvindo seus passos atrás de mim. Enquanto eu lavava a louça Kendall se aproximou e me abraçou pela cintura depositando um beijo em meu ombro nu – Harry por favor, é ano novo e vai ser legal. – ela sussurrava naquele tom de voz que sempre usava quando queria me ganhar – Depois se estiver cansado podemos voltar junto pra cá e continuarmos nossa própria festa. – ela beijou novamente meu ombro e eu senti um arrepio em meu ombro. Coloquei o último prato no escorredor de louça e me virei para encará-la, os olhos castanhos brilhando para mim.
- Ta, vou me arrumar. – ela sorriu largo e depositou um beijo em meus lábios.
- Te espero aqui. – ela seguiu para a sala e eu subi para o quarto me apressando em me arrumar. Tomei um banho rápido, vesti calças, camiseta e um terno todos brancos, coloquei minha corrente de cruz e meus anéis, completei tudo com um óculos cor de rosa, passei as mãos pelos cabelos os ajeitando e desci encontrando Kendall que me olhou batendo palmas.
- Eu adoro quando você se arruma assim. - ela beijou meus lábios brevemente e encarou novamente minha roupa - Gucci combina com você. - ela sorriu e encarou o celular novamente - Vamos, as garotas já chegaram. - ela iniciou sua caminhada para fora da casa e eu peguei as chaves a acompanhando - Vai ser uma noite incrível. - ela soltou assim que fechei a porta da frente e algo no meu coração me dizia que seria uma noite incrível apenas para um de nós.
[...]
Faltavam quarenta minutos para a meia noite. Já havíamos chegado no local a algumas horas e desde que chegamos eu havia ficado na companhia do bar e Kendall se lembrava de mim quando queria algo para beber.
Eu já sentia a cabeça rodar e me apoiei no balcão pegando o celular do bolso abrindo o app do Instagram. O primeiro stories era de Kevin, era um vídeo de e Josie cantando alto Dangerous Woman da Ariana e Kevin rindo. O vídeo seguinte era de preparando drinks e mostrando a língua para Kevin que depois gravou a ele mesmo com Josie e Tim aparentemente ansiosos pelas bebidas. O storie de mostrava apenas uma foto dos drinks e uma foto mal tirada com Josie. Guardei o aparelho e encarei Kendall com Gigi e outras amigas rindo e dançando, finalizei minha bebida e peguei o celular do bolso pedindo por um carro já que não estava em condições de dirigir.
Logo que cheguei ao térreo o carro já me esperava e eu apenas entrei confirmando com o motorista o local para onde iria. Em minutos eu estava na porta do prédio de Kevin e faltavam quinze minutos para a meia noite. Entrei no elevador apertando o último andar e aguardando. Uma mensagem de Kendall chegou perguntando onde eu estava e eu apenas coloquei o aparelho no modo avião. Quando a porta do elevador se abriu eu segui para a última porta do corredor e apertei a campainha várias vezes.
- Harry! - foi quem me recebeu com um largo sorriso e uma bebida na mão. Em um impulso eu a abracei e ela retribuiu brevemente me encarando em seguida - Está tudo bem? - ela franziu o cenho.
- Só um pouco bêbado. - murmurei e ela assentiu.
- Vem, a contagem vai começar. - ela segurou minha mão e me colocou para dentro de casa, me ajudando em seguida a me aproximar - Gente o Harry veio! - ela gritou e todos se viraram sorridentes me cumprimentando.
- Vem cara, já vamos começar. - Kevin me puxou entregando uma taça de algo que parecia champagne, parou ao meu lado me abraçando pela cintura e me encarando em seguida, sussurrando um "eu te ajudo".
A contagem começou e quando chegou ao fim vimos os fogos explodirem do lado de fora da varanda de Kevin. O novo ano havia chego. Nós brindamos e depois de beber nos abraçamos em grupo, prometendo que aquele grupo se manteria no ano que havia começado, depois houveram abraços individuais e os últimos a se abraçarem fomos eu e . Eu a envolvi pelos ombros enquanto suas mãos passavam pela minha cintura me apertando um pouco mais que o normal, a cabeça da garota estava encostada em meu peito de modo aconchegante e meu queixo encostava no alto de sua cabeça onde brevemente depositei um beijo para voltar a abraçá-la.
- . - chamei com meus sentidos meio distantes, ela apenas levantou a cabeça me encarando - Promete que vai ser sempre minha amiga, independentemente de qualquer coisa? - pedi me sentindo ligeiramente triste. sorriu largo e soltou uma das mãos me mostrando seu mindinho.
- Sempre, Styles. - eu sorri de volta e juntei meu mindinho ao dela em uma promessa. Parecia bobo pedir aquilo a ela e qualquer pessoa acharia imaturo já que a conhecia a algumas semanas, mas para eu sabia que aquilo era tão sério quanto para mim. - Podemos sair do momento meloso agora e irmos nos divertir? - eu sabia que não se sentia confortável em abraços, nunca havia perguntado a razão e ela nunca havia dito, mas apesar disso abraçá-la era especial, por que eu percebia seu esforço para aquele pequeno gesto.
- Tá legal estraga momentos. - murmurei lhe dando um beijo no topo da cabeça e a fazendo rir. Ela me puxou para a varanda onde todos estavam sentados em volta de uma mesa com um baralho no centro, as cartas foram embaralhadas por Kevin que nos encarou.
- Duplas. - ele soltou e rapidamente tomou meu braço.
- Harry é a minha. - eu só consegui rir ao me lembrar do dia do karaokê e percebi Kevin rir.
- Você vai se arrepender por que eu sou melhor que ele. – ameaçou e me cutucou como se me lembrasse que eu deveria ganhar - Josie e Tim são outra e eu vou sozinho. - Kevin deu as ordens e começou a distribuir as cartas. Eu encarei que sorriu para mim e eu lhe toquei brevemente a ponta do nariz a fazendo rir. Olhando meus amigos eu percebi que eu não tinha lugar melhor para estar no mundo do que ali naquele momento.
[...]
Estava jogado no sofá com Kevin ao meu lado enquanto Josie, Tim e cantavam FourFiveSeconds a plenos pulmões.
- O que houve? - foi Kevin quem me perguntou e eu o encarei com o cenho franzido - Você já chegou aqui bêbado e eu percebi que estava chateado. O que houve? - as vezes eu odiava o quanto Kevin me conhecia.
- Kendall. - ao ouvir o nome dela ele revirou os olhos - Essa manhã ela me deixou sozinho no café para ir ver alguma amiga e depois fomos para a festa de Gigi, onde novamente ela me deixou em um canto sozinho. - massageei as têmporas com a mão livre e ouvi Kevin bufar.
- Cara, você tem que parar de se sujeitar a isso. Você é Harry Styles, qualquer garota no mundo quer você. - eu o encarei - E honestamente você tem uma boa garota bem aqui na sua frente. - ele olhou na direção do grupo que cantava e eu segui seu olhar vendo que ria de Tim.
- ? - perguntei sentindo o estômago se mexer - Somos amigos e ela acabou de sair de um relacionamento complicado. - justifiquei tomando do meu copo e sentindo a cabeça começar a girar novamente.
- Tudo bem, mas isso não é algo que a impeça de seguir em frente. - ele me encarou novamente - Ainda mais com você, que está se tornando um amigo. - ele piscou e eu revirei os olhos.
- Kevin, não viaja. - murmurei - Ela e eu somos amigos apenas, isso já ficou claro entre nós e ela precisa de tempo para se curar do que o babaca do ex dela fez. - senti a raiva em meu tom a falar de Anthony - E estamos bem como amigos. - finalizei meu drink que havia feito e ouvi a risada nasalada de Kevin.
- Tudo bem, não vou insistir, mas muita coisa ainda vai acontecer aqui. - ele piscou e se levantou do sofá seguindo para o grupo e me encarou quando a melodia alguma música aleatória começou.
- Vem, sai dessa fossa. – ela me puxou com toda sua força e eu gargalhei por nem me mover, mas me levantei e a segui. Todos dançavam e se virou para mim dançando de forma despreocupada, rindo, claramente sem interesse em parecer sensual ou qualquer coisa do tipo. Eu me movimentei de maneira animada e ela riu de meus passos me incentivando a continuar. No meio da música, que era o ponto alto de sua batida, Josie e começaram a girar seus pescoços em uma velocidade que eu sequer sabia que era possível. Quando pararam elas riam, deu um passo em falso e eu a segurei rindo junto a elas com uma expressão de possível surpresa.
- Menina, como você faz isso? – perguntei em meio a uma risada e massageou o pescoço.
- Muitos shows de rock quando era mais nova, tenho treino. – eu neguei com a cabeça enquanto ela se afastava retomando seu equilíbrio.
Depois de mais alguns minutos de danças estranhas e músicas que eu nem me lembrava da existência eu vi encarar seu relógio.
- Eu vou nessa, estou morta, alguém quer carona? – ela apontou a saída enquanto se encaminhava a Kevin e lhe dava um breve abraço.
- Eu! – respondi sentindo o cansaço tomar conta do corpo.
- Mais alguém? – ela terminou suas despedidas e eu comecei as minhas abraçando a todos.
- Eu e Tim vamos dormir por aqui. – Josie anunciou olhando os garotos e deu de ombros.
- Tá bem, usem camisinha. – ela alertou recebendo um tapa leve de Josie e gargalhando – Estou brincando, calma. – ela massageou o lugar do tapa e começou a caminhar para a porta onde pegou sua bolsa que estava pendurada junto a seu casaco e eu a segui – Adeus crianças, se cuidem. – ela lançou um beijo recebendo acenos.
- Tchau pessoal. – acenei para eles recebendo acenos de volta.
Fechei a porta e segui para o elevador em silêncio. A porta se abriu, nós entramos e ela apertou o botão da garagem. Rapidamente as portas se abriram na garagem onde eu a segui até seu Jeep. Ao entrar no carro eu tirei meu celular do modo avião e fui bombardeado com notificações de mensagens e ligações perdidas de Kendall. Abri as mensagens e apenas respirei fundo.
Kenny:
Cadê você? 11:42p.m
Harry, já está quase na hora 11:45p.m
Você perdeu a contagem, Harry 12:12a.m
Droga Harry, por que não atende? 12:18a.m
Me liga 12:22a.m
Já vi no storie daquele seu amigo onde você está, poderia ter avisado pelo menos 12:36a.m
Vou estar na sua casa esperando quando você chegar 12:36a.m
Respirei fundo novamente e senti o olhar de sobre mim.
- Ei, está tudo bem? – ela tocou brevemente meu ombro e eu a encarei.
- Se lembra da tal amiga que comentei com você mais cedo que fui buscar no aeroporto? – apenas assentiu mantendo a atenção na rua – Ela não é só uma amiga. – eu vi um sorriso de canto surgir nos lábios dela.
- Styles, conte a novidade. – ela murmurou em meio a uma risada fraca – Disso eu sei, estava óbvio, mas o que tem ela? – ela fez um sinal com a mão para que eu prosseguisse.
- Bom... Ela é a Kendall, Kendall Jenner. – ela fez uma careta discreta, mas eu a percebi - Nós meio que saímos e bom...
- Transam. – ela completou percebendo meu desconforto em continuar a frase.
- Isso. – respondi rindo fraco – Não temos nada sério, mas eu sempre a acompanho em coisas com amigos dela como se fosse seu namorado, só que ela sempre me deixa de lado nesses lugares, ou quando vem me ver sempre está me deixando sozinho pela manhã para encontrar outras pessoas e essa noite eu a deixei para ir à festa com vocês por que ela me deixou sozinho em um canto na festa da amiga dela. – assentiu parecendo refletir sobre o assunto.
- Já falaram sobre ter algo realmente sério? – ela me encarou assim que parou em um sinal vermelho.
- Ela não quer e eu também não sei se quero, isso é muito complicado, mas a questão é que ela fica brava quando eu a deixo ou não faço o que ela quer, mas quando é comigo ela diz que não faz sentido como estou me sentindo e que não somos um casal e blá blá blá. – riu fraco da minha careta e eu sorri junto – Agora ela deve estar na minha casa, esperando para criar uma discussão por que eu fui encontrar vocês e como a fiz ficar com cara de boba e essas coisas. – soltei tudo rápido e respirei fundo. deu a partida no carro por que o sinal havia aberto novamente.
- Bom, se quiser pode dormir lá na casa da , o sofá é bem confortável e quando acordar decide o que fazer. – ela deu de ombros – Mas Harry, acho que deveriam resolver isso de uma vez. Não precisam assumir um relacionamento para o mundo, mas se vão agir como namorados tem que ser dos dois lados. Não é certo só você a acompanhar, ou só você ter que estar disponível pra quando ela precisar. E se isso é apenas uma amizade colorida, acho que devem entender isso. Entender que são amigos que transam e não existem obrigações de uma relação. Se você quiser fazer companhia a ela, ótimo, lucro, mas se não, tudo bem, por que não é como se precisassem. E não a deixe te fazer de capacho também. Se valorize homem, ela pode ser Kendall Jenner, ser gata pra caramba, muito gostosa e ter muitos caras atrás dela, mas você é Harry Styles, gato pra caramba, um gostoso e também tem muitas garotas afim de você. – ela balançou minha perna me fazendo rir – Não deixe ela te tratar como um brinquedo que ela leva para onde quiser e larga quando estiver afim. – eu sorri para ela.
- Obrigado . – ela me encarou brevemente depois tirou uma das mãos do volante estendida para que eu tocasse e eu o fiz.
- Para isso servem os amigos. – soltou fazendo um sinal de jóia com o polegar e forçando um largo sorriso que me fez rir.
Ela e Kevin estavam certos, eu deveria me valorizar mais e não aceitar qualquer coisa. Apesar de Kendall ser uma mulher incrível, eu era um homem incrível e merecia ser tratado melhor, e se ela não estivesse disposta a me tratar como eu merecia, outra pessoa estaria e eu deveria seguir a vida para encontrar essa outra pessoa e deixa-la livre para encontrar alguém que quisesse ficar com ela sob suas condições também.
Encarei brevemente enquanto ela entrava na rua do apartamento de e em um impulso beijei sua bochecha a vendo corar instantaneamente.
- Por que isso? – ela perguntou me olhando rapidamente e apertando o botão da garagem do prédio.
- Não sei, só estou feliz em ter te conhecido e sermos amigos. – e era verdade, eu realmente me sentia feliz por aquilo.
- Eu também, H. – ela me lançou um sorriso fraco e logo estacionou o carro, eu a encarei e senti o coração apertar ao pensar sobre quando eu voltasse a turnê e ela estivesse longe.
- Eu vou sentir sua falta quando voltar a viajar. – murmurei e ela riu fraco – Vamos comigo. – brinquei e ela revirou os olhos negando com a cabeça. - Você não vai nem se lembrar de mim quando aquelas garotas estiverem gritando seu nome alimentando seu ego gigante. – ela me empurrou de leve e abriu a porta – Vamos logo, estou morrendo de sono. – ela saltou do carro e eu a segui.
- Isso não é verdade. – fiz um bico e ela riu – Eu realmente vou sentir falta de você e dos seus conselhos durante a turnê. – ela apertou o botão do elevador se virando para mim.
- Eu vou estar a um Facetime de distância. – soltou cruzando os braços e me empurrando com o ombro – Agora pare de drama. – eu soltei um riso nasalado.
- Você consegue ser fofa e extremamente quebra clima, tudo ao mesmo tempo quando quer, senhorita . – ela riu entrando no elevador que havia chego.
- É um dom. – ela deu de ombros com as mãos agora nos bolsos e eu tirei um momento para encará-la. era realmente uma mulher bonita e tinha um sorriso encantador – Eu vou te deixar aí. – ela soltou saindo da frente da porta do elevador e eu me apressei em entrar com as portas se fechando atrás de mim. Lhe mostrei a língua e ela riu negando com a cabeça. Peguei o celular e abri nas mensagens de Kendall.
H:
Não vou para casa hoje 04:24a.m
Conversamos quando eu chegar mais tarde 04:24a.m
Coloquei o aparelho em meu bolso e me apoiei no canto do elevador mais aliviado. Algo dentro do meu coração me dizia que apesar de gostar muito de Kendall, tudo se resolveria no final e eu ficaria bem. E eu acreditava naquilo.
Capítulo 5
Until we're running out of road
Wanna dance with you till the music stops
Until we got no place to go.
Era noite quando me joguei no sofá. Havia acabado de tomar um banho depois de um dia de trabalho no casamento de uma conhecida. O trabalho não havia sido cansativo, mas dirigir de Londres a Coleford sim.
Ultimamente era isso que eu fazia. Viajava horas de carro para fotografar algum casamento ou festa e voltava para casa. Honestamente eu adorava, registrar toda aquela felicidade das pessoas em momentos de celebração, mas ainda parecia faltar algo. Algum tipo de sacudida na rotina que eu não sabia descrever. Eu havia recebido diversas propostas de revistas as quais recusei por que não sabia se queria novamente aquela rotina de horários marcados, modelos profissionais e sabendo exatamente como agir em frente as lentes, com seus rostos sérios. Eu queria algo diferente e ainda estava à procura. No fim, a demissão me trouxe a oportunidade de me conhecer como profissional e aquilo era incrível.
No momento em que pensei sobre o que faria para jantar a campainha tocou e eu arqueei a sobrancelha confusa, já que o porteiro não havia interfonado. Pelo olho mágico da porta eu vi Harry com as mãos nos bolsos aguardando.
- Ei. – o cumprimentei assim que abri a porta e ele sorriu largo, me abraçando. Aquilo ainda era estranho, mas acho que estava me acostumando a Harry e seus abraços.
- Ei. – ele devolveu o cumprimento do mesmo modo me fazendo rir.
- O que faz aqui tão tarde, aconteceu algo? – perguntei procurando por machucados instintivamente, mas não encontrei nenhum.
- Não. – ele deu de ombros – Estava passando e quis vir dar um oi. – estreitei os olhos para Harry. Ele vivia do outro lado da cidade e não fazia sentido estar ali a àquela hora. Percebendo meu olhar ele mordeu o lábio e bufou em seguida jogando os braços em rendição – Tá legal, eu vim te ver e te chamar para sair. – ele soltou me fazendo rir.
- E por que não falou a verdade, idiota? – perguntei lhe dando um leve empurrão no ombro.
- Por que é tarde e eu não queria parecer incômodo. – ele murmurou sem jeito e eu voltei a rir.
- Harry, eu não me importo que apareça tarde. – soltei – Onde está pretendendo ir? – perguntei torcendo para que ele disse o nome de qualquer restaurante de Londres.
- O que acha de um hambúrguer? – eu joguei as mãos para o alto em comemoração.
- Ótimo, estou faminta. – ele gargalhou – Espere que vou pegar minha jaqueta. – me virei e segui pelo corredor até o quarto e busquei por uma jaqueta jeans já que já usava um conjunto de moletom quente, calcei meus tênis e peguei meu cartão saindo do cômodo para recolher meu celular e chaves na sala – Vamos. – empurrei Styles para o corredor o fazendo rir e tranquei a porta.
- Você está realmente com fome. – comentou ainda rindo de minha ação.
- Você nem pode imaginar o quanto. – murmurei apertando o botão do elevador.
- Muito trabalho hoje? – ele se encostou na parede me encarando. As mãos nos bolsos do pesado casaco preto. Tirei um minuto para notar suas roupas. Ele usava um moletom preto, camiseta branca, tênis pretos e um casaco também preto. Era diferente de como eu o via normalmente, cheio de roupas que pareciam caras demais. Aquilo era simples, e se eu trocasse seu sobretudo por uma jaqueta jeans eu poderia dizer que compramos nossas roupas no mesmo tipo de loja. Mas obviamente não era.
- Gosto quando se veste assim, sem marcas caras que custariam o meu rim. – comentei o fazendo rir – E a resposta é: apenas um casamento, não foi cansativo, mas era bem longe e estava tão entretida em fotografar que esqueci de comer. – recebi um olhar estreito de Harry.
- Entendo seu amor pelo trabalho, mas não pode deixar de comer. – seu tom me reprovava completamente.
- Desculpa, pai. – brinquei entrando no elevador assim que as portas se abriram e Styles revirou os olhos me seguindo.
- Eu vou ligar para ele e contar isso. – ameaçou e eu gargalhei.
- Boa sorte tentando conseguir o número dele. – debochei e ele me lançou um sorriso convencido.
- Você esquece que eu sou um cara com dinheiro suficiente pra pagar alguém que descubra. – eu lhe estreitei os olhos.
- Você não faria. – ele manteve a expressão séria, mas depois riu.
- Não mesmo, por que é invadir demais sua privacidade, mas você precisa comer sua idiota. – ele me empurrou de leve e eu gargalhei.
- Tá bem, eu prometo que vou. – ele estendeu o mindinho no mesmo instante.
- Promessa de dedinho? – eu ri fraco entrelaçando nossos dedos.
- Promessa de dedinho. – repeti e ele sorriu satisfeito.
Minutos depois estávamos entrando em uma hamburgueria em Mayfair. Era um local afastado e estava vazio, por ser dia de semana talvez. Harry que agora usava um gorro que tinha em seu carro pediu um hambúrguer que pelo que entendi levava um tipo de molho secreto da casa, cebolas caramelizadas e um hambúrguer artesanal que me pareceu muito saboroso, me fazendo pedir pelo mesmo, apenas mudando nossas bebidas.
- Aconteceu algo? – perguntei assim que o garçom se foi e Harry me olhou confuso. Ele havia passado toda a viagem de carro com o pensamento longe e o olhar ainda mais distante, dirigindo quase que automaticamente até o local. Styles bufou em descontentamento por saber que não conseguiria esconder aquilo de mim.
- Sim, mas podemos falar disso depois de comer? – pediu quase suplicante e eu assenti.
- Como estão as coisas para o retorno da turnê? – puxei o assunto já que sabia que Harry vinha tendo reuniões constantemente por conta daquilo.
- Menos loucas agora. – ele riu fraco e em seguida apertou as têmporas – Grande parte já está resolvido, agora estamos apenas na parte de organização, locomoção de instrumentos e essas coisas. – ele deu de ombros.
- E você acompanha cada pequeno detalhe? – ele assentiu.
- Cada um deles. – confirmou.
- Eu jurava que cantores famosos deixavam essas coisas para alguém. – confessei e Harry riu.
- Geralmente deixam, mas eu gosto de estar presente, não ser apenas o cara que está do outro lado do telefone dando ordens e dizendo o que quero. – Harry cruzou os braços e se ajeitou na cadeira – Gosto de ver as coisas acontecendo e discutir com minha equipe sobre que decisões devemos tomar. – eu assenti.
- Isso é legal. – confirmei – Quero dizer, todo mundo que trabalha com você pode usar o "eu conheço o Harry Styles" para se gabar. – brinquei e Harry riu meio sem ânimo e eu soube que havia algo de errado.
- Podem mesmo. – confirmou por fim.
Passamos o restante do jantar em assuntos rasos e sem muita animação. Quando os lanches chegaram comemos em silencio, um silencio nada confortável. Havia algo de triste nos olhos de Harry e eu passei certo tempo pensando sobre o que poderia ser. Pensei que poderia ser por Kendall, já que ele havia terminado com ela a duas semanas na manhã de ano novo depois de conversarem e verem que não funcionariam juntos. Ou talvez pelo problema que ele informou estar tendo para compor novas músicas para seu segundo álbum solo. Talvez a saudade que ele sentia da banda, como ele já havia me noticiado uma ou duas vezes. Nada parecia um motivo para aquilo. Havia algo de diferente naquela tristeza. Quando me falou de Kendall, Harry estava apenas triste, mas agora havia algo a mais que eu não sabia dizer o que era.
Quando terminamos nossos hambúrgueres convidei Harry para caminhar, o que prontamente foi aceito por ele. Mayfair era um bairro que eu poderia chamar de chique. As casas geminadas no mais puro estilo georgiano, restaurantes gourmetizados por todo o canto, lojas de grife e alfaiatarias faziam do lugar o típico local londrino que vinha a minha cabeça antes de me mudar para a cidade. Clássico e com um quê do meu tio Derek, irmão mais velho do meu pai que morava na cidade quando eu era mais nova, mas agora se refugiava em Leeds.
A àquela hora, todos os moradores já estavam escondidos em suas casas e eu não os culpava, o frio era cortante do lado de fora, mas Harry parecia estar gostando de estar fora de paredes naquele momento, então eu não reclamaria.
- Quer falar agora? – perguntei em um sussurro enquanto virávamos uma rua e eu tentava colocar as mãos mais ainda dentro de meus bolsos. Harry respirou fundo parecendo se preparar para o início de um discurso e eu apenas o deixei ir em seu tempo.
- Seis meses atrás eu perdi meu padrasto. – começou – Ele estava doente e lutando contra a doença, mas infelizmente nós o perdemos. – a voz de Styles saia triste e embargada apesar de ele não ter resquício de choro em seus olhos – Acho que com toda essa coisa da turnê eu acabei por colocar minha atenção nela. Mas hoje, eu e minha irmã fomos almoçar com a minha mãe e começamos a falar dele, ela estava tão triste e a Gemma também. – ele parecia se lembrar do momento – Quando fui embora eu percebi que talvez eu tenha fugido do luto e agora está tudo me atingindo de uma única vez. – nesse momento as lágrimas surgiram em seus olhos que estavam pousados em mim – Eu sinto falta dele, . – meu coração apertou com a voz sussurrada de Styles e eu prontamente o abracei deixando que chorasse. Harry soluçava e algumas poucas pessoas que passaram por nós me lançou um olhar de estranheza recebendo meu olhar de reprovação e seguindo seu caminho.
- Pode chorar, está tudo bem. – sussurrei afagando suas costas e sentindo-o apertar mais o abraço. Eu entendi a dor de Harry. Realmente entendia, e queria que ele tivesse com quem chorar, de um modo que eu não tive quando decidi encarar aquele sentimento. Harry se afastou devagar secando as lágrimas nas palmas das mãos e eu sorri fraco para ele – Mais aliviado? – eu falava sussurradamente por que outro tom não parecia caber naquele momento. Harry assentiu fraco.
- Isso dói muito. – declarou fazendo uma cara de mal, como se aquilo fosse afugentar a dor, mas não iria. O puxei pela mão para nos sentarmos na escada de uma alfaiataria que se encontrava fechada naquele momento.
- Eu sei como se sente. – toquei seu braço o fazendo me encarar e respirei fundo – Alguns anos atrás eu perdi a minha avó. – comecei – Ela já era idosa e nos últimos anos de vida ela teve uma série de problemas de saúde, então já não era a mesma mulher que corria atrás de mim e dos meus primos com uma sandália de avó dizendo que iria nos bater por que estávamos pulando na cama como selvagens. – Harry soltou um riso fraco – Eu e meu avô já sabíamos que logo ela partiria nos últimos dois meses de vida dela, mas quando aconteceu eu não acho que estava realmente preparada. – mordi a parte interna da bochecha e Harry tocou minha mão sobre seu braço – Eu simplesmente coloquei minha mente em um estado de não aceitação e me ocupei com tudo que podia. Eu não ia a casa do meu avô por que tudo lá tinha ela, sempre que alguém falava dela eu saia de perto e por meses meu avô insistiu que eu abrisse a caixa que ela havia deixado para mim, sem sucesso algum. – respirei fundo novamente – Quatro anos após ela morrer, quando me mudei para Londres, um dia após a aula eu estava procurando por algo que havia trazido do Brasil e me deparei com a tal caixa que eu não tive coragem de deixar para trás. Eu encarei aquela caixa por uma hora seguida dentro do closet. – minha mente me levou a aquele momento como se o vivesse de novo – Depois eu me sentei e abri a caixa. Haviam fotos de quando eu era criança, o relógio da minha vó, um frasco cheio do perfume que ela usava, cartas que ela trocava com meu avô quando eles eram mais novos e havia uma foto do último aniversário dela que foi um mês antes da morte. – sorri fraco – Estávamos eu, ela, meu avô e dois dos meus primos mais próximos. – encarei Harry que tinha seus olhos sobre mim – Abrir aquela caixa foi como encarar o fato de que ela havia ido e nunca mais voltaria. Eu chorei por horas no chão do closet e passei por um inferno pessoal nas semanas que se seguiram. Tudo que minha família havia sofrido, eu estava sofrendo quatro anos depois sozinha. Mas você não precisa esperar anos para abrir a sua caixa, Harry. Eu sei que isso dói como o inferno, mas é necessário passar por isso para que você se livre da dor e possa seguir. E você não está sozinho, tem a sua mãe e a Gemma que estão passando pelo mesmo nesse momento e tem a mim, que vou estar aqui caso precise de qualquer coisa. – ele sorriu fraco e eu o puxei para um novo abraço. Onde ele repousou sua cabeça próxima a meu pescoço enquanto eu o envolvia completamente com os braços.
- Deixa de doer em algum momento? – ele perguntou em um sussurro.
- Honestamente? Nunca completamente. Depois de algum tempo a maior parte vai embora e dá lugar as lembranças boas, mas tem um pedacinho, bem pequeno que ainda dói. E está tudo bem, é só por que essa pessoa era especial para você. – houve um momento de silêncio e então Harry se aconchegou mais em mim, segurando minha jaqueta mais forte, como se não quisesse que eu fugisse. Naquele momento, todo o desconforto que existia no fundo da minha mente ao abraçar ou ser abraçada se esvaiu, deixando que eu entregasse algum carinho a Harry, afagando os cabelos do garoto.
- Você acha que eu devo falar com minha mãe ou Gemma? – ele quebrou o silêncio.
- Apenas se quiser, mas pense em você, não pense pelos olhos de que elas já estão sofrendo, mas sim pelo olhar de que você também está e merece o mesmo cuidado que dá a elas. – ele levantou a cabeça me encarando.
- Já te disseram que você é muito sábia para alguém da sua idade? – eu ri fraco tirando uma mecha de cabelo que caia nos olhos dele.
- Já, sou madura demais para a minha idade. – fiz uma careta e ele riu.
- Eu concordo, mas você tem um bom equilíbrio. A festa que fez com o pinguim que ganhei para você comprova isso. – ao fim de seu comentário eu gargalhei.
- Ah qual é? Eu adoro pinguins e aquele é bem lindinho e fofo. – ele franziu o cenho.
- Você realmente gostou daquilo? Achei que fosse só algo do álcool. – neguei com a cabeça para ele.
- Tá maluco? Eu adorei, ele já tem até um nome e dorme comigo as vezes. – pensei um pouco – Tá, mais vezes do que é normal para uma pessoa adulta, mas quem liga? – dito isso Harry gargalhou afundando seu rosto em meu pescoço enquanto eu era levada com sua risada.
- Gosto disso em você. – ele murmurou enquanto ainda ria um pouco e eu franzi o cenho fazendo-o entender que eu não sabia do que estava falando – Como é espontânea e como não liga se deve ou não fazer algo. – lhe lancei um sorriso fraco e voltamos ao silêncio. Dessa vez ele era confortável e não havia necessidade de preenchê-lo, havíamos dito tudo e naquele abraço dizíamos mais. Eu gostava e me sentia extremamente confortável em como minha relação com Harry, apesar de recente, estava crescendo e se tornando algo bom. Havia confiança e parceria e a algum tempo eu não sabia como era sentir aquilo com alguém além de .
[...]
Eu e Styles havíamos passado algumas horas andando pelas ruas de Mayfair e descobrimos algo em comum: o prazer por andar pelos lugares de madrugada. Ficamos até às três da manhã apenas andando, conversando e parando para observar as lojas chiques onde Harry dizia que voltaria para comprar um novo terno, calça, ou seja lá o que cantores ricos compravam para usar apesar de não precisarem.
- Eu não acredito que estou falando com Harry Styles! - soltou segundos após Harry atender a chamada dela no Facetime no sofá da casa de enquanto eu estava na cozinha pegando seu copo de água.
- Pode acreditar, senhorita . - Harry afirmou enquanto eu gargalhava com a cara de surpresa que fazia.
- ! - chamou incluindo o nome do qual compartilhávamos - Como você deixa isso acontecer sem um aviso prévio? Garota, eu sou cardíaca. - o surto de me fez gargalhar mais ainda entregando o copo a Harry que ria junto comigo e me sentando ao lado dele.
- Em minha defesa ele foi quem teve a ideia. - apontei para Harry que lançava um sorriso travesso para deixando sua covinha aparente.
- Garoto, para com isso ou eu vou morrer de calor bem aqui. - eu explodi em uma risada quando soltou aquilo. Ela me dizia aquilo constantemente quando se referia à Styles. "Olhe esses olhos, eu vou morrer de calor bem aqui" "Olha esse garoto cantando, eu vou morrer de calor nesse momento" eram alguns dos exemplos, mas não havia um dia que eu não escutasse aquilo antes de ela ir para o Japão, e quando o show de Manchester terminou foi o que mais escutei a caminho de Londres.
- , você não conhece a palavra limites. - soltei enquanto secava o canto dos olhos. Harry estava meio sem jeito, mas tinha um sorriso de canto nos lábios - E você nem pense em dar corda para ela, eu não estou afim de escutar a conversa suja de dois amigos. - empurrei Harry que riu me puxando para um abraço pelos ombros e beijou minha cabeça.
- Tudo bem, vou respeitar o seu pedido, mas depois você tem que me passar o número dela. - Harry piscou para mim indicando que estava brincando e gritou nos fazendo gargalhar.
- Vocês dois vão me matar. - ela se abanou.
- Como está o Japão, exagerada? - perguntei ainda dentro do abraço de Styles que sequer tentou afrouxa-lo.
- Muito bem, obrigada. - ela deu de ombros - Estou começando a me sentir em casa finalmente. - fiz um bico e franzi meu cenho em desaprovação e riu fazendo Harry me encarar.
- Pode parar com isso, sua casa é aqui. - murmurei em pura manha e riu junto a Harry.
- Você parece uma criança assim. - soltou em meio a risadas e Harry me apertou no abraço que me segurava pelos ombros.
- Parece mesmo. - ele concordou e eu o cutuquei na cintura o fazendo rir - Aguente a verdade, babe. - ele beijou minha bochecha e eu o encarei com os olhos estreitos. Harry estava perto e eu pude notar suas irises verdes se divertindo naquele momento, mais felizes que no começo daquela noite.
- Aí, vocês fazem um casal tão lindo que eu vou morrer de calor por vocês. - soltou e eu a encarei com os olhos arregalados.
- ! - a reprovei encarando Harry rapidamente percebendo o garoto tinha um sorriso lateral tímido no rosto.
- O que foi? Eu deveria estar te reprimindo por não ter me contado que estão se pegando. - senti minhas bochechas esquentarem no mesmo instante.
- ! Não somos um casal. - finalizei a vendo estreitar os olhos para mim e para Harry. Ela pousou seus olhos mais tempo em Styles e riu fraco após alguns segundos.
- Tá, mas eu vou continuar sonhando com o dia que vão ser, mais do que sonhava com o dia que eu e ele seríamos. - declarou me fazendo revirar os olhos - vou até usar o seu nome nas fanfics interativas ao invés do meu - aquela declaração fez Harry rir.
- Deixe ela sonhar. - ela murmurou me sacudindo um pouco com os braços ainda em meus ombros - Dizem que se você sonhar bastante as coisas se realizam. - ele encarou - Eu espero que você sonhe muito , eu quero ver esse sonho realizado. - Harry declarou e entrou em surto, urrando em comemoração. Eu encarei Harry que mordeu o lábio inferior ao me olhar. O empurrei de leve o fazendo rir ainda mordendo os lábios.
- Pare de brincar com os sentimentos dela, seu cafajeste - brinquei e Harry se virou para sorrindo tímido e assentindo com a cabeça em um gesto que provavelmente entendeu, mas eu não fazia ideia do que queria dizer.
- Ok casal, eu preciso ir trabalhar agora, mas se cuidem. - alertou em um tom divertido - E usem camisinha, ainda não estou preparada para uma criança me chamar de tia. - dito isso ela acenou e finalizou a chamada antes que eu pudesse contestar.
- Essa garota é maluca. - soltei me afundando no sofá enquanto Harry deixava meu celular sobre a mesa de centro.
- Eu a acho bem sensata. - Harry deu de ombros fazendo o mesmo que eu e se afundando no sofá. O encarei por alguns minutos sem conseguir descobrir se ele estava brincando comigo e respirando fundo.
- Quer assistir alguma coisa? - perguntei me inclinando e pegando o controle da tv. Ouvi Harry rir fraco e então percebi ele se deitar no sofá.
- Vamos ver sua série de médicos. - ele soltou se referindo a Grey's e eu sorri largo já selecionando o episódio de onde havia parado. Me ajeitei na beira do sofá enquanto a voz de Meredith fazia a introdução, para em seguida ser puxada por Styles para me deitar junto a ele do lado das costas do sofá - Eu não mordo e sei que você está cansada. - ele passou as mãos ao redor do meu corpo em um abraço.
- Eu não tenho medo de gente que morde. - soltei e ele me encarou com uma sobrancelha arqueada.
- Ah não? - eu neguei com a cabeça e ele mordeu minha bochecha.
- Aí, seu canibal. - murmurei o empurrando e o fazendo gargalhar - Eu disse que não tenho medo, não que gosto. - esfreguei o rosto e me aproximei mais de seu tronco deixando que minha cabeça repousasse em seu peito.
Ele me segurou mais com seus braços e ficou em silêncio por longos minutos, onde apenas nossas respirações e as falas da série eram ouvidas. O cansaço do dia anterior me visitou e meus olhos começaram a pesar. Harry ali não me ajudava a ficar acordada, já que o cheiro de sua pele misturado ao perfume suave que usava trazia uma sensação de aconchego gostosa e o sono encontrava onde morar.
- . - ouvi a voz de Harry ao longe e murmurei baixinho sem realmente me sentir acordada, o sono já estava me levando - Você acha realmente um absurdo a ideia de ? Quero dizer, nós como um casal? - Não me lembro de minha resposta, por que o sono me pegou em seguida, mas eu esperava que não tivesse dito em voz alta a resposta que ecoou em minha mente.
Capítulo 6
Harry
Dei bom dia ao porteiro e adentrei o prédio novamente. Havia acordado mais cedo que então a deixei no sofá e resolvi buscar o café da manhã. Passei em uma cafeteria que fazia o tipo de café que gostava e acabei levando um copo grande junto a um tipo de pão diferente que havia encontrado.
Quando abri a porta da sala encontrei vindo pelo corredor dos quartos com uma camiseta branca larga, shorts jeans e descalça, algo na visão dela daquele modo me fez engolir em seco sentindo um repentino calor que a pouco não sentia. Ela sorriu largo após constatar que eu estava em sua porta e não um estranho.
- Ei, achei você. - ela tinha um certo tom de alívio em sua voz - achei que tivesse ido embora - completou cruzando os braços.
- Só fui comprar o café da manhã e você já morreu de saudade? - questionei fechando a porta e indo para a cozinha em seguida.
- Baixa a bola, Styles. - ela me repreendeu se aproximando para ver o que eu havia trazido.
- Café coado pra você de uma cafeteria brasileira. - empurrei o copo para ela na bancada da ilha e ela bateu palmas claramente feliz com aquilo - E comprei isso também, mas não sei bem do que é. - lhe entreguei o saco de papel e ela abriu sentindo o cheiro e fazendo uma cara não muito satisfeita em seguida.
- É pão de queijo. - ela me entregou o saco de volta - Você pode tentar, a maior parte das pessoas do Brasil gostam, eu não curto tanto assim. - ela deu de ombros.
- Ah, eu achei que você gostaria, parece bom. - estava meio decepcionado com a minha escolha. sorriu e se aproximou, deixando um beijo em minha bochecha.
- Obrigada por pensar em mim, de verdade. - a encarei e ela sorriu me fazendo sorrir do mesmo modo - Eu só não tenho um gosto muito comum para o meu país, mas tente, se não gostar eu faço panquecas pra você também. - ela me encorajou. Peguei um dentro do saco e o levei a boca. A textura era diferente, não conseguia explicar muito bem e tinha muito gosto de queijo. Não fazia sentido para mim não gostar daquilo já que era maravilhoso.
- Como você não gosta disso? - questionei a fazendo rir fraco. Ela serviu o café em uma xícara e me entregou.
- Essa é a pergunta que todos me fazem. - ela se voltou ao armário se esticando para pegar uma vasilha no alto e eu vi seu short subir um pouco mais. Minha imaginação me levou a outro lugar por alguns segundos até eu sacudir a cabeça, espantando aqueles pensamentos.
- Eu pego. - soltei limpando a garganta e me aproximando enquanto ela se afastava do móvel. Puxei a vasilha e entreguei a ela que me olhava sorrindo.
- Enfim, não gosto muito, acho que é a textura, mas gosto bastante de queijo. - justificou já indo pegar os ingredientes da panqueca.
- Bom, sobra mais para mim então. - dei de ombros e ela riu.
- Guloso. - murmurou já se posicionando perto da pia para fazer sua receita.
Engatamos em uma conversa sobre comidas brasileira e prometeu que faria uma lista de coisas que eu precisava comer quando fosse para o país em maio, informou até que eu teria que trazer para ela comidas da mãe. Apenas da forma como falava da comida da mãe eu sentia minha boca se encher de água. Os pratos, desconhecidos por mim e até um pouco estranhos, pareciam maravilhosos e eu sentia um pouco de inveja de por ter crescido em meio a uma diversidade tão grande.
Minha mãe era um ótima cozinheira, me ensinou tudo que eu sabia, mas estávamos sempre influenciados pela culinária europeia que era algo um pouco mais requintado do que eu gostava de admitir. Já , pelo que me contava, havia crescido cercada por diferente culinárias e pratos que juntos para mim não faziam o mínimo sentido.
- Eu sei que você não gosta de maionese, mas no Brasil temos um prato com esse nome que leva maionese, obviamente. - ela fez uma careta - Batata, cenoura, ovo e maçã basicamente. - eu fiz uma careta.
- Maçã e ovo? - ela riu da expressão que eu tinha no rosto - Como isso pode ser bom? - ela deu outro gole em seu café.
- Eu sei que é estranho, mas é incrível e a da minha mãe é a melhor, você tem que experimentar algum dia. - seu tom tinha certa saudade de casa.
- Você poderia ir comigo em maio para lá. - sugeri e ela sorriu fraco de canto.
- Talvez. - ela jogou os ombros - Se até lá eu conseguir o dinheiro das passagens, por que não? - ela fez um bico engraçado e voltou sua atenção para sua xícara.
- Ou eu poderia ser um ótimo amigo e comprar suas passagens. - sugeri em um tom animado e ela riu fraco.
- Obrigada, Harry, mas honestamente eu não aceitaria, eu me sinto melhor pagando por elas por mim mesma. - eu sorri fraco. era claramente assim. Independente e que gostava de conquistar suas próprias coisas.
Antes que eu pudesse dizer algo o celular de tocou na mesa de centro da sala e ela franziu o cenho se levantando e indo até o aparelho. Olhou a tela confusa e atendeu. Iniciou uma conversa rápida em que as respostas dela não revelavam nada sobre o assunto mencionado e depois desligou voltando a bancada.
- Eu vou precisar sair. - ela torceu os lábios como se aquilo em seus planos fosse um grande problema.
- Tudo bem, eu vou precisar encontrar Kevin também para uma reunião com o pessoal da Gucci. - respondi olhando as horas na tela do celular e vendo que ainda tinha algum tempo até o horário.
- Desculpa, eu realmente não queria sair assim. - realmente havia tristeza no tom de , mas também certa ansiedade. Talvez pelo que fosse fazer.
- , ta tudo bem. - soltei rindo tentando deixá-la confortável - Se for se trocar pode ir que eu arrumo tudo por aqui. - indiquei a bancada e ela negou com a cabeça.
- Não, pode deixar que eu...
- Mulher, pare de ser teimosa um minuto por favor. - pedi rindo e me arqueou uma sobrancelha - Me deixe fazer algo por você. Vá se arrumar que eu arrumo aqui, dai saimos juntos. - soltei já me levantando e ela riu saltando da banqueta.
- Tá legal, mas espero que saiba que eu me sinto desconfortável com isso. - ela murmurou já tomando o rumo do corredor.
- Eu sei, mas vai ter que se acostumar por que vou ocupar sua casa mais tempo que o comum e não vou ficar sem fazer nada. - murmurei de volta e ouvi sua risada.
- Obrigada Harry. - ela gritou já do corredor e eu sorri de canto.
Recolhi as sobras de comida separando no lixo orgânico, fechei o pacote de pães de queijo deixando-o separado para que levasse comigo, já que claramente não comeria e guardei coisas como o açúcar e o melado em seus lugares. Lavei os pratos, talheres e xícaras os secando assim que tudo estava lavado. Quando guardei a última louça apareceu no corredor. Usava uma calça quadriculada, um tênis branco, assim como a camiseta e um cardigã de lã que parecia quente.
- Alguém tem um encontro. - soltei deixando o pano em seu lugar e vi rir.
- Não é um encontro. - ela murmurou de modo engraçado e eu gargalhei.
- Ok senhora não é um encontro, mas é um encontro. - impliquei e revirou os olhos.
- Vamos logo. - ela caminhou seguindo para a porta enquanto eu ria em seu encalço.
Seguimos para o elevador iniciando uma conversa aleatória sobre como o sofá de era confortável, já que nenhum de nós havia acordado com dor nas costas e seguimos na mesma conversa até a garagem onde se despediu de mim com um beijo no rosto e seguiu para seu carro enquanto eu seguida para o meu. Dei a partida no veículo e sai atrás de , passando por ela rápido e buzinando, tendo tempo de vê-la rir.
Segui para a minha casa onde tomei um banho, me troquei e chequei as notificações pela primeira vez no dia. Mensagens do trabalho no celular do trabalho e mensagens do grupo em meu telefone pessoal. Algumas notificações em meu Instagram e uma delas era de uma foto que minha mãe havia postado de nosso dia no dia anterior. Comentei com uma série de corações e bloqueei o aparelho encarando a tv desligada.
Sem que eu notasse tive meus pensamentos levados a noite com . O abraço na escada em Mayfair e como parecia que ela estava disposta a me proteger do mundo naquele momento, seu esforço para me fazer rir, como pela primeira vez ela havia me apresentado a de uma forma natural, das insinuações de que éramos um casal, como dormimos abraçados e da resposta de a minha pergunta.
Estranhamente, eu sempre voltava a ela em algum momento. Fosse por uma foto, mensagem ou por que meus pés me levavam a ela inconscientemente quando eu precisava. Eu não planejava aparecer na porta dela na noite anterior, mas minha mente em confusão me levou até lá. Eu não sabia sobre a história da avó dela, mas algo dentro de mim sabia que era lá que eu encontraria conforto para a dor que sentia. Eu não sabia explicar aquilo de um modo racional, mas desde que almoçamos juntos naquele japonês, havia se tornado a pessoa que eu sempre queria procurar quando precisa conversar ou quando queria um amigo por perto.
Nada em nossa relação fazia o mínimo sentido, racionalmente falando, mas tudo parecia certo e parecia se encaixar.
Antes que eu pudesse entrar num pensamento sobre o que estaria fazendo meu celular tocou com o nome de Kevin piscando na tela.
- Ei mate. - cumprimentei.
- Estou na sua porta. - a resposta foi curta e grossa e eu soube que Kevin estava irritado.
- Ok. - desliguei o celular e o guardei no bolso seguindo para fora de casa.
Kevin batucava o volante e tinha a maior cara de poucos amigos que eu já havia o visto ter. Não houve resposta ao meu cumprimento e o caminho seguiu silencioso até o prédio onde se localizava o escritório da Gucci. Do mesmo modo se seguiu à reunião, onde Kevin apenas fazia anotações e soltava palavras vazias vez ou outra para dar sinal de vida.
Quando terminamos seguimos para o elevador e Kevin apertou freneticamente o botão da garagem até que as portas se fechassem.
- Nós vamos almoçar. - soltei e Kevin me olhou bufando.
- Não estou...
- Não foi um convite. - comecei o interrompendo assim que começou a negar - Você não está bem e vamos conversar sobre, por que se não conversarmos você vai ficar assim por dias e além de afetar nossa amizade vai afetar o trabalho, então como seu chefe estou dizendo que vamos almoçar. - soltei decidido e Kevin apenas se encostou na parede do elevador.
Passados trinta minutos - por conta do trânsito - chegamos no restaurante italiano. Pedimos nossos pratos e logo estávamos sozinhos.
- Vai, diz o que houve. - pedi a Kevin enquanto me ajeitava na cadeira. O garoto respirou fundo parecendo tentar organizar seus pensamentos.
- Josie. - foi o que ele disse a princípio e eu já vi para onde o assunto se encaminharia - Ela e Tim estão saindo. - ele apertou as têmporas parecendo querer que os pensamentos parassem de girar em sua mente - Eu a convidei para jantar e ela me disse que estava saindo com ele a algum tempo e que estava se tornando algo meio exclusivo e é óbvio que eles estão saindo, eu que fui burro para não enxergar. - Kevin parecia furioso com sua decisão de chamá-la para sair - Eu me sinto um idiota por não tê-la chamado antes, naquele dia no karaokê. - ele bufou passando as mãos pelo cabelo.
- Cara, primeiro respira fundo. - aconselhei - Eu não sei muito o que te dizer por que eu jurava que Tim estava afim de . - Kevin riu fraco - Mas Kev, não adianta se remoer por não tê-la chamado antes. Se Tim não fosse nosso amigo eu diria para você correr atrás dela já que ainda está se tornando algo exclusivo, não é de fato um namoro. - ele me arqueou uma sobrancelha - Só que ele é, então não acho que isso seja um opção. A única coisa que você pode fazer agora é seguir em frente e encontrar uma garota que te faça bem e que seja legal. - dei de ombros e Kev negou com a cabeça rindo.
- Eu acho muito engraçado como você vê o mundo de um modo tão simples para os outros e os complica para você mesmo. - ele prendeu seus cabelos entre os dedos como se tentasse prender junto os pensamentos.
- Eu não complico para mim. - retruquei e ele me lançou um olhar de deboche.
- Então por que ainda não chamou para um encontro? - Kevin sempre era daquele jeito em suas perguntas. Preciso como uma faca bem afiada.
- Já disse que somos…
- Amigos, é já sei. - ele sacudiu as mãos impaciente - Mas eu vi como você a abraçou no ano novo e como a olha sempre que estamos no mesmo lugar que ela. Você parece alguém admirando uma obra de arte, decidindo se compra o quadro e o leva para casa e não venha me dizer que não é assim, por que é sim. Eu já vi seus olhos brilhantes e sorriso bobo para ela, e esse tipo de coisa é sinal de garoto apaixonado. - eu revirei os olhos o fazendo rir.
- Eu não estou apaixonado, você está confundindo tudo. - murmurei - E deveria parar de falar sobre isso, já está ficando chato. - foi a vez de revirar os olhos.
- E se não está apaixonado, está o que? - maluco. Foi a primeira resposta que me surgiu. Mas a verdade era que eu não me sentia normal quando estava com ela. Meu coração disparava e eu sorria automaticamente toda vez que ela ria, e eu adorava quando ela ria, por deus, como eu adorava. Mas não me sentia apaixonado. Era outra coisa.
- Não sei. - respondi por fim - Mas não quero falar disso. - soltei vendo o olhar sugestivo dele e sabendo que ele estava surpreso com minha resposta.
- Tudo bem, mas se lembre de uma coisa Harry... - ele se aproximou um pouco mais com um sorriso implicante nos lábios - Se ficar tempo demais admirando esse quadro e tentando decidir se o leva para casa, outra pessoa pode surgir e o arrematar antes de você. - bufei.
- Pare de falar dela como se fosse uma coisa, ela não é, e só vai ficar com alguém se quiser. - ele me lançou um sorriso maroto.
- Tudo bem, sinto muito. - ele ergueu as mãos em rendição - Mas sabemos que você está torcendo para que ela não queira ficar com ninguém. - peguei o guardanapo e joguei nele o fazendo gargalhar.
- Cala essa boca. - me afundei na cadeira - o assunto era você então vamos voltar para ele - ele me lançou um último sorriso de canto - O que você acha do Tinder? - ao ouvir minha sugestão Kevin gargalhou alto e daquele modo nosso almoço seguiu. Bolando planos mirabolantes para que ele arranjasse um encontro para si.
[...]
Quando a noite chegou eu estava jogado no sofá encarando meu celular na conversa com . Eu pensei sobre o que Kevin disse e estava tentando decidir se aquilo era uma boa ideia quando meu celular tocou com o nome de Hélène na tela.
- Oi Hels, como vão as férias? - soltei assim que deslizei o botão verde para aceitar a chamada.
- Oi Harold. - eu ri fraco com o apelido - Estão tranquilas, na medida do possível. - Eu sabia que havia algo de errado apenas pelo tom da fotógrafa.
- O que houve? - me ajeitei no sofá.
- Eu estava esquiando e acabei quebrando o pé. - ela iniciou receosa - Até a turnê já vou ter tirado o gesso, mas segundo o médico vou passar algumas semanas precisando evitar muito esforço e movimentos. - ela suspirou.
- Poxa Hels, mas você tá bem? Precisa de algo? - perguntei realmente preocupado. Minha equipe era composta por amigos e pessoas próximas, então todos estavamos sempre cuidando uns dos outros.
- Não, eu estou bem, mas vamos precisar encontrar alguém para me auxiliar nesse período em que vou estar indo com calma. - ela respirou fundo - Eu tentei alguns amigos meus, mas estão todos ocupados em projetos paralelos, talvez eu procure pela internet alguém, mas queria falar com você antes. - no mesmo instante me surgiu na mente.
- Eu conheço alguém, posso pedir para ela te enviar um portfólio e você vê se te agrada, já que é a especialista aqui. - eu me sentia ansioso. Ter conosco na turnê seria algo incrível, se Hélène a aprovasse obviamente.
- Sério? Então pede pra ela me enviar, vou até esperar ela me mandar para começar a procurar. - a fotógrafa parecia aliviada com a notícia.
- Tudo bem, eu vou falar com ela e peço pra te encaminhar por e-mail.
- Ok, vou aguardar então. Obrigada Harry. - eu podia ver o sorriso de Hele do outro lado.
- Não tem o que me agradecer. Vê se cuida direito desse pé e descansa, qualquer coisa que precisar pode me ligar que eu dou um jeito, tá bem? - ela riu fraco do outro lado.
- Tudo bem, valeu Styles, você é o melhor chefe que eu já tive. - ri com seu comentário.
- Eu vou contar isso para o Shawn e para o Weasley. - brinquei e ela gargalhou.
- Não faça isso, preciso manter as aparências com meus outros chefes. - ela soltou em tom de brincadeira e eu ri.
- Você só me ilude, Pambrun. - ela gargalhou - Tchau, Hels. - soltei em um tom emburrado fingido.
- Tchau Harold, bom resto de férias.
- Pra você também. - murmurei desligando o telefone em seguida.
No mesmo instante tentei ligar para , que desligou a chamada me enviando uma mensagem em seguida.
:
Estou ocupada no momento, te ligo mais tarde? 08:37 p.m
Harry:
Ok 👍🏻 08:37 p.m
Foi toda a resposta que dei a aquela pergunta, sentindo um incômodo em meu peito quando pensei sobre o motivo de ela estar ignorando minha chamada a aquela hora da noite. Sabia que enlouqueceria pensando sobre ela, então dei um salto do sofá e segui para a cozinha. Lavei a louça que havia sujado mais cedo com um chá, e comecei o preparo de uma lasanha. A tempos não fazia aquilo, mas tomaria meu tempo o suficiente para que o preparo fosse tudo que me importasse.
[...]
Horas se passaram entre comida e séries de tv. Eu coloquei o celular no bolso indo para a cozinha, desistindo de olhar o aparelho a cada cinco minutos. Lavei a louça do jantar e segui para o quarto, tomando um banho vestindo apenas uma bermuda de moletom assim que terminei. Me joguei na cama e dois minutos depois minha campainha estava tocando. Me estiquei até o criado mudo acessando as cameras de segurança pelo celular e dando de cara com . Ainda usava a mesma roupa de mais cedo e abraçava o próprio corpo por conta do frio.
- Entra ai, estou te esperando na sala. - soltei apertando o botão que a permitia me ouvir do interfone e em seguida apertando o botão que destravava o portão a vendo entrar. Me levantei e segui pelo corredor descendo as escadas, parei perto da porta que logo foi aberta por ela.
tinha um largo sorriso no rosto enquanto se livrava do cardigã e da bolsa deixando ambos em seu espaço próximo a porta.
- Tenho novidades. - ela soltou animada - Está preparado? - meu coração disparou com a possibilidade de uma certa notícia que rondava minha mente, mas ainda assim assenti - Eu encontrei um apartamento pra mim. - ela jogou as mãos para o alto e eu senti meu coração ficar leve. Me permiti abraçá-la sentindo a felicidade por ela que estava atrás de seu próprio canto desde que terminou com Tony.
- Isso é ótimo, . - minha boca estava perto da curva de seu pescoço e eu a vi se arrepiar quando minha respiração bateu contra o local. Ela se afastou brevemente, o sorriso agora mais tímido no rosto - E onde fica? Você gostou? - soltei as perguntas colocando as mãos nos bolsos da bermuda.
- É incrível, tem uma varanda legal, uma cozinha que eu amei e permitem animais, o que me faz considerar adotar um gato ou um cachorro. - os olhos dela brilhavam ao citar os pequenos detalhes da casa.
- Eu conheço um lugar onde pode ir procurar um bichinho. - soltei a vendo sorrir largo.
- Vou adorar. - ela se manteve em silêncio por um minuto e em seguida bateu palmas e pulou completamente animada me fazendo rir.
- Vem, eu tenho outra notícia pra você. - a tomei pelos ombros guiando-a para mais adentro da casa - Mas antes, quer lasanha? - ofereci me lembrando da travessa que estava no forno.
- Não eu já jantei. - a frase saiu tímida de seus lábios e eu a encarei, vendo que ela mordia o lábio.
- O que foi? - me sentei no sofá e ela se sentou ao meu lado.
- Conte as novidades primeiro. - pediu estendendo a mão para mim como quem diz que eu deveria prosseguir.
- Tudo bem. - franzi o cenho brevemente tentando encontrar o que havia de errado, porém sem sucesso - Falei com Hélène hoje, ela machucou o pé nessas férias e o médico recomendou que ela não fizesse muito esforço após tirar o gesso. - ela assentiu parecendo confusa ao pensar sobre o que aquilo poderia ter a ver com ela - Isso coincide com o começo da turnê e significa que durante alguns meses ela vai estar limitada no trabalho. - assentiu - Ela precisa de ajuda e está em busca de alguém, e eu me lembrei de você dizer algo sobre emprego e algo diferente do que já fez, então disse a ela que falaria com você. - dei de ombros e um misto de confusão, receio e felicidade tomou os olhos da garota.
- Eu agradeço muito, Harry, mas não sei, quero dizer, é seu ambiente de trabalho, não quero ser uma intrusa nem nada assim. - ela mordeu a parte interna da bochecha.
- Se eu achasse que você seria uma intrusa nunca teria pensado em te levar. - toquei seu braço e ela sorriu fraco - Sabe, eu só tenho amigos na minha equipe e honestamente ter você lá vai me deixar muito feliz. E também tem todas as vantagens que vem em me ter como chefe. As viagens, hotéis legais, programas em equipe e vai poder ir ao Brasil comigo em maio. Assim não vou nem precisar trazer a comida da sua mãe para você. - ela sorriu fraco, sabia que ainda estava hesitante. Ela respirou fundo e apoiou sua cabeça no sofá me encarando - , isso não é um favor, eu preciso de alguém que me preste um serviço e você pode me prestar. Sei que você gosta de conquistar suas coisas por mérito, e vai. Quando suas fotos rodarem por aí vão ser elas que vão conquistar o mundo, não a minha imagem e é por isso que as pessoas vão fazer fila para ter um espaço na sua agenda, por que você é uma profissional incrível e cativante. - fechou os olhos sorrindo e os abrindo para me encarar.
- Eu não estava pensando sobre isso, mas obrigada de todo modo. - eu ri fraco - Eu vou mandar meu portfólio para Hélène e se ela gostar eu aceito, mas não a pressione, tudo bem? - ela me lançou um olhar ameaçador e eu sorri largo, sem realmente tentar me conter.
- Tudo bem, prometo que não vou, a decisão vai ser toda dela. - ela sorriu de volta - Não é como se eu tivesse algum poder para pressioná-la, já que as pessoas não tem um pingo de medo de mim, mas eu prometo que não vou ligar para ela a cada cinco minutos. - gargalhou e depois voltou a jogar a cabeça no encosto do sofá.
- Ótimo. - ela mantinha seu olhar em mim, os olhos distantes pareciam pensar em algo importante e eu não quis atrapalhar seu momento. Então apenas me mantive parado enquanto os olhos dela passavam por todo meu rosto. Minutos se passaram em silêncio até que respirasse fundo.
- O que foi? - sussurrei sabendo que agora era o momento de perguntar.
- Eu tive um encontro. - as palavras atingiram meu coração que acelerou e fez meu estômago revirar - E antes que fale qualquer coisa, eu não tinha nada marcado quando sai de casa essa manhã. - ela se ajeitou no sofá parecendo buscar uma posição mais confortável, mas ficando na mesma de antes - Eu fui ver o apartamento e no fim da visita o corretor me chamou para jantar. - eu me apertei as mãos incomodado por escutar aquilo.
- , eu não sei se quero escutar isso...
- Só escuta, por favor. - ela pediu antes que eu pudesse dizer outra coisa e eu apenas assenti - Eu aceitei, porque enfim, entrei em choque e meio que algo dentro de mim me disse para ir. - ela tornou a respirar fundo - Mas enquanto estava lá eu só consegui pensar sobre como eu queria te contar sobre a casa e comemorar com você. - ela iniciou receosa - Quando você me ligou minhas mãos coçaram para atender e só não fiz por educação. - ela riu fraco - E eu passei o resto do jantar pensando em quando acabaria. - eu me sentia nervoso e resolvi fazer o que sempre fazia quando estava daquele jeito.
- Nossa, ele era tão ruim assim? - gargalhou no mesmo instante e eu a acompanhei. Eu adorava ouvir a risada dela. Era algo melodioso e que fazia meu coração se encher.
- Não, ele era ótimo na verdade. - ela respondeu parando de rir e secando o canto dos olhos - Mas de algum modo eu só conseguia pensar em que momento ele me contaria algo que me faria rir ou em que momento ele pararia de falar do mercado financeiro e começaria a falar de bobeiras aleatórias. - ela respirou fundo - O fato é que isso não aconteceu e não aconteceria por que se ele fizesse algo desse tipo eu ainda não estaria satisfeita, por que não teria o seu tom ou seu sorriso com a covinha, nem mesmo sua risada. - eu sentia meu corpo tremer de um modo que eu não entendia - Essa noite você me perguntou se era realmente um absurdo a ideia de nós dois como um casal, e não sei o que te respondi, mas eu não acho que seja, realmente não acho, mas eu não estou preparada para acelerar nisso aqui. - ela apontou para nós - Não estou preparada para mergulhar de cabeça na gente, ainda existem muitas coisas em mim que me machucam e limitam e não acho que eu possa acelerar esse processo, não seria certo comigo nem com você. - ela soltou todo o ar pela boca - Mas também não é justo eu fingir que não existe algo, que eu não tenho um sentimento por você que está crescendo aqui dentro, quando ele está e não acho que seja apenas amizade. - ela passou as mãos nos cabelos - Isso não deve fazer o mínimo sentido pra você. - ela riu fraco e eu sorri, forçando meus lábios a não se abrirem em um largo sorriso.
- Na verdade faz. - ela levantou os olhos para mim - por que é recíproco - ela conteve seu sorriso também parecendo duvidar se havia escutado corretamente - Meu coração acelera do seu lado, eu gosto de estar perto de você e devo confessar que te abraço mais do que normalmente abraço as pessoas. - ela riu negando com a cabeça - Eu não sei definir o que é e talvez nem precise de um rótulo, mas eu sei que gosto de ter você por perto e de te fazer rir. Gosto como você me dá um beijo sempre que faço algo por você, por menor que seja. Gosto de como você me introduz na sua vida aos poucos, naturalmente. Gosto como você nunca olha pra mim como um cantor famoso, apesar de termos nos conhecido em um dos meus shows. Gosto como você não se importa em demonstrar felicidade com coisas pequenas e que pra muita gente é boba. E gosto como com você nada precisa ser grandioso. - toquei a mão dela que repousava no assento do sofá e ela sorriu - Eu não sei definir e entendo suas razões para não querer entrar de cabeça nisso, eu também tenho algumas. - respirei fundo me lembrando de todas as vezes que minhas relações falharam miseravelmente sempre me deixando com um coração partido para juntar os pedaços - Mas sei que também não quero tratar como nada e apenas ignorar enquanto você se encontra com outros caras e eu fico apenas parado. - ela sorriu fraco e respirou parecendo aliviada - Então, o que você acha que devemos fazer? - deixei um carinho em sua mão e ela encarou enquanto meu polegar se mexia devagar ali.
- Eu não sei. - ela sussurrou - Eu não me sinto preparada para te beijar e muito menos transar ou começar um relacionamento. - ela começou receosa.
- E não precisa. - ela sorriu com minhas palavras.
- Mas eu ainda quero estar com você e continuar te conhecendo, sem tentar forçar nada, quero que aconteça naturalmente, como vem acontecendo. - ela mordeu o lábio - Eu não quero te prender a nada, eu só te contei por que quero ser honesta com você sobre o que sinto e tudo bem se você não me quiser mais por perto. - eu segurei seu queixo a fazendo me olhar.
- , eu te quero por perto, seus sentimentos não são um problema. - ela sorriu fraco e assentiu - O que acha de fazermos assim: continuamos amigos, como somos, e vamos deixando tudo acontecer, sem apressar nem atrasar nada, sendo sempre honestos sobre nossos sentimentos. Caso algum de nós, ou os dois percebam que esse sentimento é apenas uma amizade e que confundimos as coisas, nós apenas seguimos amigos, mas se percebermos que não é só isso deixamos que as coisas tomem seu rumo. - ela sorriu.
- Tudo bem por mim. - a voz dela parecia calma e eu sorri.
- Tudo bem por mim também. - sussurrei. Alguns segundos de silêncio se seguiram, e parecia tomar coragem para sua pergunta seguinte.
- Mas e se um de nós se interessar por outra pessoa? - ela parecia receosa em perguntar e eu sorri de maneira divertida.
- Ora mulher, mal selamos o acordo e você já está pensando em outros? - ela revirou os olhos e riu.
- Não é por mim que estou pensando. - ela soltou a frase mordendo a parte interna da bochecha - Não vamos simplesmente fingir que não é possível acontecer - ela pediu e eu assenti.
- Se acontecer vamos contar um para o outro. - soltei e ela assentiu. Eu lhe levantei o mindinho - Sempre sinceros um com o outro, sem esconder nada, sem mentir, vamos deixar isso acontecer e tomar o rumo que tiver que tomar, sem apressar e sem atrasar, promete? - ela sorriu largo e prendeu o seu mindinho ao meu.
- Prometo. - ficamos com os dedos presos por alguns segundos, até que eu puxasse para um abraço sentindo meu coração leve no peito. Apesar de aquilo não ser uma certeza de nada, já era um começo e para mim estava de bom tamanho.
Capítulo 7
Feel like that question has been posed
I'm movin' on.
Eram nove da manhã e estávamos andando por toda Londres para encontrar um sofá igual ao de , já que minha amiga não se lembrava onde havia comprado o dela. Toda a loja em que entravamos procurávamos pelo tal sofá, testávamos outros, mas nunca era como o de . Depois da terceira loja começamos a cogitar roubar o que estava na sala da minha amiga e Harry declarou que se não encontrássemos era o que faríamos.
As coisas entre nós estavam quase que completamente iguais. Éramos amigos e estávamos nos conhecendo, mas havia mais carinho e passávamos mais tempo juntos do que antes. As coisas estavam indo devagar, mas era gostoso o modo como nada tinha pressa em acontecer. Não havíamos contado a ninguém sobre aquela conversa já que não queríamos pressão sobre tomarmos alguma decisão ou fazermos algo e quando nos encontramos com nossos amigos no fim de semana não foi difícil agir naturalmente, já que era como agíamos juntos e ninguém pareceu notar nada.
- Harry já é quinta loja, eu estou cansada. – murmurei fingindo me arrastar e o fazendo rir.
- Essa é última, se não acharmos a que se vire para comprar um novo sofá. – ele dizia emburrado, puxando minha mão que a alguns metros atrás ele havia decidido segurar.
- Eu só concordo porque aquele é muito confortável e eu adoro dormir em sofás. – murmurei enquanto nos aproximávamos da pequena loja de móveis.
- Achei que era só comigo. – ele soltou em falsa indignação – Fui iludido, vejam só. – ele fez uma expressão de surpresa e eu gargalhei lhe empurrando o braço.
- Idiota.
Entramos na loja e começamos a busca. Haviam muitos sofás ali. Vermelhos, verdes, amarelos, roxos, de dois, três e até sete lugares. Alguns meio excêntricos e outros mais normais. Harry tomou uma enorme poltrona e se sentou nela, me lembrando muito um daqueles lordes de filmes de época.
- Não aguento mais esperar pelo meu chá. – Harry soltou com cara de impaciente e eu comecei a rir – Estão todos demitidos, todos eles, bando de bastardos. – ele levantou fingindo fúria – CORTEM LHE AS CABEÇAS! – ele gritou e eu gargalhei ao ver que alguém que vinha em nossa direção havia se assustado.
- Ta legal, rainha vermelha. – soltei fazendo referência a Alice e virando Harry para a vendedora que havia voltado a caminhar em nossa direção enquanto ele fazia cara de criança pega enquanto aprontava.
- Ah, me desculpe, eu estava só... – ele apontou de maneira confusa tentando se explicar e eu gargalhei novamente.
- Tudo bem, acredite em mim quando digo que vejo mais disso do que é considerado normal. – a mulher fez um sinal com a mão indicando que estava tudo bem e Harry sorriu fraco enquanto eu controlava a risada – Então, no que posso ajudá-los? – ela era uma mulher que deveria estar na casa dos quarenta. Tinha cabelos curtos e loiros, olhos cor de mel e um sorriso sempre presente. Os braços estavam cobertos por tatuagens e ela tinha um brinco em uma das orelhas apenas.
- Estamos procurando um sofá. É um bem específico na verdade. – Harry começou – Os assentos abrem e ele fica maior, o estofado é bem macio e é de couro preto. Você acha que teria algo parecido? – a mulher me encarou e eu assenti.
- É realmente algo bem específico. – ela se virou e encarou a loja como se soubesse onde cada coisa estava. Começou a caminhar e nós a seguimos. Ela olhava entre os móveis do local como se tivesse certeza que ele estava por ali. De repente se virou para nós como quem desiste da busca e nos encarou preparada a dar uma má notícia.
- Dia triste para a . – Harry murmurou quando percebeu como a mulher nos olhava.
- Eu achei que fossemos ter algo assim, mas me enganei, sinto muito, mas podem olhar outros. – ela sugeriu e Harry me encarou.
- Tudo bem. – eu concordei e seguimos a mulher.
Olhamos muitos estofados e ela nos explicava as vantagens de cada um, até que me deparei com um sofá azul ao canto da loja. Azul definitivamente não era a cor que eu estava procurando, mas eu caminhei até ele enquanto Harry escutava a mulher. Me sentei no mesmo e era macio, grande e de tecido aveludado.
- Harry. – chamei e ele olhou sobre o ombro – Venha ver esse. – acenei com a mão e ele sorriu. Me levantei e Harry se deitou. Ele se moveu pelo tecido, parecendo sentir a maciez e checou se cabia confortavelmente deitado ali, depois se sentou olhou os encostos que reclinavam e os acentos que se abriam deixando-o um pouco maior.
- Você gostou? – ele perguntou encarando o móvel.
- Muito! É esse. – declarei me virando para a vendedora – Pode mandar colocar no caminhão. – soltei a vendo torcer o lábio.
- Esse não está a venda. – ela soltou parecendo chateada e eu murchei.
- Por que? – Harry foi quem perguntou.
- Ele veio com defeito da fábrica, estamos para mandá-lo de volta. – ela tinha um certo tom de desculpas.
- Onde? – perguntei olhando o sofá novamente. Ela se aproximou e mostrou uma parte no encosto.
- Um dos botões daqui está faltando. – e só então percebi. Realmente havia um botão faltando. Olhei para o móvel e percebi que o botão faltando dava a impressão de um rosto com o olho piscando ao estofado e ri. Harry me encarou confuso.
- Olha, parece que ele está piscando. – indiquei e Harry olhou. Ficou confuso por alguns momentos, mas em seguida sorriu ao perceber o mesmo que eu.
- Parece mesmo. Um rosto gentil piscando. – ele piscou e eu ri. A vendedora nos olhava como se fossemos dois malucos.
- Moça, eu vou levar esse mesmo. Com o defeito e tudo, não me importo. – ela me encarou confusa.
- Você tem certeza? – ela parecia receosa – Se mudar de ideia depois não podemos trocar a peça por que você já saiu daqui ciente. – alertou e eu neguei com a cabeça.
- Tudo bem, eu quero assim mesmo. – afirmei segura.
- Tudo bem, aguarde aqui que vou pegar o termo de compromisso e o resto da papelada para a entrega. – ela seguiu para mais adentro da loja e eu cruzei os braços encarando o sofá.
- Eu adorei seu sofá novo. – Harry soltou me abraçando pelos ombros e eu subi o olhar para encará-lo.
- Eu também, ele pisca. – declarei o fazendo gargalhar.
- Você é maluquinha. – ele me sacudiu um pouco e eu dei de ombros – Mas isso é legal. – completou e eu sorri largo.
Depois de minutos a mulher voltou com os papéis e informou que a entrega ocorreria no dia seguinte às duas da tarde. Eu sai pulando da loja enquanto Harry ria da minha atitude. Quando saímos na rua ele me abraçou pelos ombros me sacudindo brevemente eu ri fraco. Caminhamos até o metrô já que havíamos decidido nos locomover daquele modo, decididos por voltar para a minha casa e depois irmos a casa de Harry pegar sua mala. Ele viajaria para Los Angeles naquela noite e voltaria dali a duas semanas, já que tinha compromissos a cumprir por lá.
- Agora que resolvemos a coisa do sofá. – ele começou assim que viramos a esquina de onde eu já via a escada que nos levaria a estação – Hels não me disse que resposta ela te deu. Mandou que eu viesse falar com você. – seu polegar acariciava meu ombro gentilmente enquanto ele me mantinha perto de seu corpo. Instintivamente meu polegar que se encontrava na cintura dele fez os mesmos movimentos no local sob o sobretudo.
- Ah, achei que ela tivesse te dito. – soltei em um tom fingido de tristeza. Hélène havia me ligado no dia anterior, eu nem achava que ela diria algo por que já haviam se passado alguns dias, mas ela ligou quando estava me preparando para dormir com a resposta depois de ver meu portfólio – Harry, não fique bravo com ela. – pedi e o encarei, ele havia murchado e agora tinha um bico – Porque graças a ela você vai ter que me aguentar contigo durante todo o resto da turnê. – soltei o vendo parecer confuso.
- Por que eu ficaria bravo? – perguntou ainda confuso.
- Você é tão lerdo, Harry. – revirei os olhos e ele riu.
- Eu sei disso, não me julgue. – pediu cutucando minha cintura e me fazendo dar um pulinho – Mas então quer dizer que você vai? Hels aprovou? – perguntou em busca de confirmação e eu assenti sorridente – Ah meu Deus, me lembre de dar um aumento a essa mulher. – ele beijou minha bochecha demoradamente me fazendo rir.
- Estou valendo um aumento para alguém? – lhe arqueei uma sobrancelha e ele sorriu de canto.
- Está sim. – afirmou e eu fiz uma cara pomposa.
- Chupa essa, Felipe Nogueira. – soltei para ninguém em específico ali.
- O que? – Harry questionou confuso me fazendo rir.
- Felipe Nogueira é um garoto que estudou comigo no ensino médio e me disse uma vez que nenhum cara ficaria feliz em me ter por perto. – dei de ombros – Bom, você está cogitando um aumento por minha causa, então isso deve ser muita felicidade. – Harry gargalhou e parou me apertando em um abraço enquanto ainda ria.
- Garota, você é doida. – ele declarou enquanto eu também ria e beijou minha cabeça – Por favor, seja assim sempre, eu adoro isso. – eu o encarei ainda rindo e passamos alguns segundos nos encarando até eu me afastar um pouco e ele sorrir de canto.
- Harry? – ouvi uma voz feminina o chamar logo atrás de mim e me virei encontrando uma garota sorrindo largo e um homem mais velho de barba ao seu lado.
- Sim? – eu conseguia ouvir o sorriso na voz de Harry e também algum constrangimento, talvez.
- Ah meu Deus, é ele mesmo. – a garota disse para o homem em um surto, mas aquela não era a língua nativa do país, era a minha língua nativa.
- O que? – Harry sussurrou para mim mesmo sem saber identificar o português, mais como algo para descontrair.
- Ela só disse "Oh my gosh, it's really him". – sussurrei de volta e Harry me encarou com um sorriso contido no rosto.
- É português ou você fala alguma outra língua que eu não sei? – ele perguntou enquanto a garota ainda surtava com quem eu supus ser o seu pai.
- É português e não, eu não falo nenhuma outra língua. – soltei rindo fraco da cara que ele tinha para mim junto a garota que agora estava se acalmando. Harry se aproximou enquanto o homem a tocava os braços em um carinho e sorriu para ambos. Por Deus, aquele sorriso era encantador.
- Está mais calma? – o tom de Harry era gentil e a garota assentiu – Ótimo, muito bom. – ele dizia lentamente em tom de brincadeira – É um prazer conhecer vocês, sou o Harry. – ele abraçou a garota por longos segundos e depois abraçou o homem do mesmo modo, deixando que eles o soltassem do abraço.
- Desculpa pela gritaria, é que não somos daqui, estamos fazendo uma viagem de pai e filha e te encontrar na rua era algo que eu não esperava que fosse acontecer. – a morena soltou de uma vez e eu sorri cruzando meus braços a frente do corpo, tirando algum tempo para observar a cena.
- Está tudo bem, eu entendo, de verdade. Quero dizer, vocês precisavam me ver no dia em que conheci o Mick Jagger, eu jurei que ia desmaiar. – ele soltou se abanando e eu ri fraco.
Eles começaram uma conversa sobre a carreira dele e sobre os planos seguintes do pai e da filha para sua viagem que pelo que entendi seria por toda a Europa. Harry escutava atenciosamente a cada detalhe que lhe era entregue e dava a eles dicas de lugares para conhecer, tendo suas palavras anotadas pela garota. Foram alguns minutos de conversa em que Harry dava toda sua atenção para aquelas pessoas e eu começava a entender por que seus fãs o admiravam tanto quanto eu me lembrava do show em Manchester. Harry não se importava em parar e conversar, apesar do que mais teria a ser feito no dia. Ele conversava, ouvia as pessoas e suas histórias sobre como o haviam conhecido. A garota lhe contava como ele a havia a ajudado a tomar um passo de coragem em direção a terapia, após alguns momentos em que pensamentos ruins começaram a atingir. O pai da garota tinha um sorriso grato em seus lábios e lágrimas nos olhos, assim como Harry e eu, que nada tinha a ver com a história. Harry a abraçou espontaneamente e ela sorriu.
- Bom, eu realmente preciso ir, eu viajo ainda hoje. – o inglês foi quem declarou após mais alguns minutos de conversa.
- Tudo bem, obrigada por seu tempo, foi muito importante para mim. – ela sorriu largo para Harry – Te pediria uma foto, mas meu celular está sem bateria. – ela soltou e vi Harry torcer os lábios.
- . – ele me encarou e eu despertei. A garota me encarou como se acabasse de notar minha presença – Você poderia por favor tirar a foto e mandar para ela? – Harry parecia sem jeito e eu sorri.
- Claro, sem problemas. – declarei já tirando o celular do bolso e abrindo a câmera.
- Obrigada. – ela sorriu para mim enquanto Harry se aproximou. Primeiro tirei uma foto apenas dela e de Harry, depois dos três juntos, para então tirar uma foto apenas do pai dela e de Harry. Ao fim das fotos mostrei as mesmas para a garota que sorriu me passando seu usuário do Instagram por onde enviei as fotos no direct.
- Pronto. – declarei assim que as fotos foram enviadas encarando a garota e ela sorriu batendo palmas.
- Muito obrigada. – eu sorri com a felicidade da garota e ela encarou Harry – Não querendo ser muito invasiva, mas já sendo, posso perguntar quem é ela? – ela torceu o lábio tímida e eu prendi a respiração, tensa por ter uma fã dele querendo saber de mim. Encarei Harry que sorriu.
- Essa é a , uma amiga minha. – ele me apresentou e eu estiquei a mão para a garota que a apertou com o olhar estreito para mim.
- Amiga, sei bem. – ela soltou em tom de brincadeira – Sou sua fã a mais de seis anos Styles, pare de fingir demência homem. – ela soltou a última parte da frase em português e eu ri a fazendo me encarar.
- Ele não está fingindo demência. – soltei ainda em inglês e ela arregalou os olhos.
- Você fala português? – ela estava corando e eu ri.
- Sou brasileira. – declarei e ela abriu a boca.
- Eu estava brincando, ai meu Deus. – ela colocou as mãos no rosto fazendo todos nós rirmos.
- Está tudo bem. – Harry murmurou me encarando para se certificar de que estava tudo bem.
- Está sim. – declarei sorrindo para ele.
- Desculpa de verdade. – ela pediu torcendo o lábio.
- Pelo menos uma vez na vida você tinha que passar vergonha por dizer as coisas sem pensar. – o pai dela declarou nos fazendo rir – Vem vamos deixar eles irem agora. – ele acenou com a cabeça para a filha e a garota abraçou Harry novamente se despedindo. Depois ela se dirigiu a mim e me entregou um abraço caloroso que me fez sorrir.
- Cuide dele por nós. – ela sussurrou e em seguida se afastou. Tinha um sorriso cúmplice para mim, como se soubesse de algo que eu ainda não sabia e eu apenas retribui o gesto assentindo. Eles se foram e Harry me encarou, com um sorriso largo no rosto.
- Está apavorada? – ele questionou com uma sobrancelha arqueada e eu ri fraco enquanto ele segurava minha mão de maneira carinhosa.
- Quando ela perguntou quem eu era eu fiquei um pouco, mas agora estou bem. – dei de ombros. Harry riu parecendo pensar sobre algo e em seguida levou minha mão até seus lábios deixando um beijo ali.
- Obrigado por respeitar o espaço. – ele sussurrou e eu sorri de volta.
- Não tem por que me agradecer. São suas fãs e eu devo respeitar isso, elas são importantes para você e você para elas. – sorri para ele que apenas negou com a cabeça sorrindo.
- Vem, vamos pra casa. – ele me deu o braço para que eu encaixasse o meu e assim o fiz. Logo estávamos nas escadas do metrô descendo-as tranquilamente – ? – Harry parecia ter uma dúvida pelo seu tom e eu o encarei.
- Eu. – respondi para que ele soubesse que eu estava o escutando.
- Por que ela achou que eu estava fingindo demência? – ele tinha seu cenho franzido. Demorei alguns segundos para assimilar sua pergunta e quando aconteceu eu gargalhei alto tendo alguns olhares confusos sobre mim, inclusive o de Harry.
- Ai, Styles, você não existe. – soltei apertando mais minha mão em seu braço a me aproximando dele. A viagem até nossa estação acabou por se resumir a longa tentativa de lhe explicar o significado de fingir demência.
[...]
- Vai atender minhas ligações? – Harry perguntou pela milésima vez. Eu estava parada a sua frente perto da entrada para a segurança do aeroporto onde John, seu guarda costas, já o aguardava.
- Nada mudou desde a última vez que me pergunto isso cinco minutos atrás. – respondi o fazendo fechar a cara.
- Eu só quero ter certeza. – ele justificou rolando os olhos e me fazendo rir. O encarei por um momento antes de abraçá-lo sentindo algo estranho no meu coração. Um peso diferente que eu não sabia explicar. Eu segurava em seu pescoço e ele me abraçava pela cintura.
- É claro que vou atender suas ligações, seu idiota. – sussurrei sentindo o apertar mais o abraço.
- Me sinto mais seguro para ir agora. – ele sussurrou de volta e eu sorri fraco, me afastando e então sentindo-o afrouxar o abraço.
- Se cuide, beba água, se alimente bem e se divirta com seus amigos também, é importante. – um sorriso se abriu nos lábios de Harry enquanto eu arrumava a gola de seu sobretudo.
- Você também, . – encarei suas irises verdes por alguns segundos e ele fez o mesmo, mordendo o lábio um momento antes de desviar o olhar – Preciso ir. – ele me lançou um sorriso para então beijar minha bochecha demoradamente. Quando se afastou ele tomou sua mala e começou a se afastar. Olhando sobre o ombro e acenando. Comecei a caminhar de costas quando ele chegou perto da segurança que conferia o passaporte de John. – ? – ele disse mais alto, quase um grito quando fiz menção em me virar e caminhar para fora dali.
- Oi. – meu tom foi mais baixo que o de Harry, mas ele conseguia me ouvir. Metade daquele lugar conseguia.
- Me mande uma foto do sofá quando ele chegar. – eu sorri balançando a cabeça.
- Pode deixar. – assenti e ele sorriu largo, parecendo uma criança feliz com um pedido atendido – Boa viagem para vocês dois. – desejei e vi John me encarar sorrindo e acenando em agradecimento assim como Harry.
Fiquei dando pequenos passos até que eles passassem pela segurança e eu conseguisse finalmente ir embora dali. Assim que sai do local um flash de luz tomou meu campo de visão e eu fechei e abri os olhos algumas vezes para focar novamente.
- Mas que...? – comecei vendo alguns homens que apontavam suas câmeras para mim.
- Você é nova namorada do Styles? – ele perguntou e precise de um momento, e mais dez perguntas ao mesmo tempo para entender o que estava acontecendo. Droga.
Comecei uma caminhada onde tapava meus olhos em busca de onde havia deixado meu veículo. No meio da confusão era difícil raciocinar então errei algumas vezes enquanto as perguntas "e quanto a Kendall?" "por que você não foi para Los Angeles com ele?" "qual o seu nome?" me eram lançadas. Quando parei um momento para organizar a mente me lembrei do caminho até o carro e segui por lá, logo encontrando o Jeep cinza estacionado. Destranquei o carro e me coloquei do lado de dentro suspirando por um momento antes de ligar o veículo. Os homens se encontravam em frente ao carro e eu respirei fundo descendo o vidro e colocando a cabeça para fora.
- Ei, podem por favor sair da frente? Eu preciso ir embora, de verdade. – pedi me sentindo acuada e vi alguns deles rirem.
- Deixem ela passar. – um deles se afastou da frente do carro, empurrando alguns outros consigo, fazendo com que os demais fizessem o mesmo, andei devagar com o carro para não machucar ninguém.
- Obrigada. – agradeci assim que passei ao lado do fotógrafo e ele assentiu sorrindo fraco.
Assim que consegui acelerei o veículo deixando o aeroporto para trás e indo em direção a casa de Kevin, onde iríamos todos jantar. Segui pelas ruas ainda com dificuldade para tomar os bocados de ar quando pela tela do sistema de navegação do carro eu vi o nome de Harry indicando que ele ligava.
- Oi Harry. – o chamei assim que apertei o botão para aceitar a chamada. Um suspiro aliviado foi escutado por todo o carro.
- , você está bem? – a voz de Harry estava preocupada – Eu ouvi sobre paparazzis cercando alguém no estacionamento. – parei no sinal vermelho mantendo as mãos no volante para então perceber os nós dos dedos brancos. Relaxei as mãos no volante até a coloração voltar ao normal.
- Eu estou bem, demorei um pouco mais para encontrar o carro, mas está tudo bem. – soltei de maneira calma por que todo o susto inicial realmente havia se esvaído.
- Eles fizeram algo? , eu sinto muito. – um fraco sorriso se abriu em meus lábios por conta da preocupação de Styles.
- Não me fizeram nada, só perguntas, mas nada demais. – afirmei tentando deixá-lo tranquilo – Me perguntaram da Kendall, se sou sua nova namorada, por que eu não estava indo para L.A com você, essas coisas. – dei de ombros apesar de ele não me ver.
- E você respondeu o que? – eu tinha a impressão de que ele estava mordendo o lábio em nervosismo.
- Que estamos casados, grávidos do segundo filho, vamos nos mudar para o Alabama, viver por lá no meio do mato com nossos pequenos Moglis e que eles vão chamar Kendall de tia Kenny. – soltei no tom mais sério que consegui e ouvi Harry gargalhar.
- Achei que tivéssemos concordado que iriamos devagar nisso aqui. – ele soltou em meio a risada – Mas você já está nos dando um casamento, filhos e uma casa no Alabama? – notei ele evitar falar de Kendall e ri fraco.
- Não, nada disso. – comecei – Eu não falei em casa, eu disse no meio do mato, ter uma casa é mais compromisso do que eu posso suportar. – Harry voltou a rir.
- Você é uma idiota, . – eu sorri fraco. O sinal se abriu e eu dei a partida no carro.
- Conte-me a novidade, Styles. – fingi tédio e ele voltou a rir. Houve um momento de silêncio onde tudo que eu ouvi foi alguém lhe oferecendo champanhe e ele negando. "Os lounges da primeira classe" pensei negando com a cabeça.
- Mas agora falando sério, está tudo bem mesmo? Eu posso mandar John para cuidar de você. – sorri fraco.
- Está tentando me conquistar pela fofura, Styles? – soltei e ele riu fraco do outro lado.
- Estou tentando te conquistar por muitos meios diferentes, garota. – seu tom soava como algo que ele havia pensado alto e eu apenas senti minhas bochechas esquentarem. Limpei minha garganta e molhei os lábios me sentindo nervosa.
- Não precisa mandar o John, eu vou ficar bem, estou indo para o jantar no Kevin, aposto que ninguém vai entrar lá. – ouvi o suspiro de Harry – Ei, é muito legal que esteja preocupado, sério, mas eu sei me cuidar, H. – soltei e houve um momento de silêncio.
- Eu sei. – ele soltou todo o ar – É que eu sei como isso pode ser um saco. – ele soltou de uma vez.
- Claro que sabe, você é Harry Styles. – soltei de maneira simples – Mas não fique pensando sobre isso, está tudo bem e não fique preocupado. Você está indo para a Califórnia. Por deus espante esse clima de fossa e curta por mim. – soltei animada e o ouvi rir. Ouvi a chamada de um voo para Los Angeles e Harry estalou os lábios.
- Tenho que ir. – anunciou assim que virei a esquina do prédio de Kev.
- Tudo bem, estou chegando também. – anunciei já me preparando para estacionar o carro – Se cuida, Harry. – pedi.
- Você também, . – ouvi ele se mover antes de a ligação terminar ao mesmo tempo que eu terminava de estacionar o veículo.
Desci do carro pegando a garrafa de vinho cara que Harry havia enviado por mim, já que não estaria conosco. Peguei também minha bolsa e tranquei o veiculo seguindo para a portaria onde a mulher que se encontrava ali me lançou um sorriso largo. Alice era pouco mais velha que eu e trabalhava na portaria do prédio de Kev, eatava sempre puxava algum assunto e sendo simpática.
- Boa noite, . – ela se inclinou sobre o balcão assim que passei pelas portas de vidro da entrada do prédio.
- Boa noite, Ali, como está? – perguntei parando para uma conversa rápida.
- Muito bem e você? – ela mantinha um largo sorriso para mim.
- Igualmente bem. – respondi – Sabe se o pessoal chegou? – apontei com a cabeça para o elevador.
- Josie e Tim já, Harry ainda não. – ela deu de ombros.
- Harry não vem hoje, está indo para Los Angeles. – revirei os olhos fingindo tédio e ela gargalhou.
- Gente rica. – comentou.
- Nem me fale. – balancei a cabeça rindo em seguida – Vou subindo então, bom trabalho, Ali. – acenei e ela me lançou um beijo no ar.
Segui para o elevador e apertei o botão para que ele viesse para o meu andar. Logo ele estava ali e eu entrei.
- Segura! – ouvi alguém pedir ao mesmo tempo que meu celular começava a tocar na bolsa. Me coloquei em frente a porta enquanto buscava pelo aparelho na bolsa – Obrigada. – a voz feminina agradeceu e eu sorri rapidamente para ela – Anda amor. – ela chamou para alguém que vinha do lado de fora e eu entrei no cubículo, vendo que ela já estava impedindo que a porta se fechasse. Logo achei o celular e vi o nome de Kevin piscar na tela o atendendo.
- Estou no elevador. – informei rindo por saber a razão da ligação.
- Graças a Deus. – ele sussurrou e eu voltei a rir.
- Eu carrego tudo sozinho e você ainda me apressa? – ouvi a voz conhecida e levantei meus olhos para encarar a pessoa a minha frente.
Ele tinha dois sacos de papel pardo, um em cada braço. Usava uma camisa social com os primeiros botões abertos, jeans e chinelos, como quando estávamos juntos. Ele sorria largo, mas assim que seus olhos pousaram em mim o sorriso se tornou algo como surpresa. Encarei a garota com ele e não a conhecia, não era a garota daquela noite.
- . – meu nome saiu em um sussurro de sua boca, fazendo a garota me encarar confusa.
- Vocês se conhecem? – ela perguntou com um sorriso para mim.
- Eu... Eu preciso. – apontei para a porta do elevador e assim que caminhei até ela a mesma se fechou, me mantendo trancada ali. Fechei os olhos em frente ao metal e apertei minha mão em punho em volta da alça da sacola de papel onde o vinho se encontrava.
- ? – a voz de Kevin era entrecortada por conta do sinal ruim.
- Estou subindo, já nos falamos. – respondi e logo a ligação havia caído. Estiquei a mão e apertei o andar de Kev.
- ? – A voz de Anthony voltou a me chamar e eu demorei um momento pensando sobre o que fazer. Acabei me virando e o encarando com um sorriso forçado nos lábios.
- Oi. – foi tudo que disse. E ele parecia ver um fantasma. Talvez de algum modo eu fosse.
- Hum... Jenna, essa é a . – ele apresentou completamente sem jeito, mas tendo o olhar confuso da garota sobre nós não havia o que ser feito.
- Oi. – voltei a repetir lhe entregando um sorriso como o dela. Ou o mais parecido possível, já que ela parecia mais sincera que eu.
- Oi . – ela acrescentou em um tom gentil – Eu me lembro de você de algum lugar. Você mora aqui? – ela nem notava Tony me encarando um passo atrás dela, parecendo analisar cada parte que seus olhos viam.
- Não, na verdade não. – sorri para a garota tentando ignorar o par de olhos azuis sobre mim – Mas tenho um amigo no prédio então venho aqui muitas vezes. – justifiquei e ela assentiu parecendo se lembrar.
- Ah, claro, me lembro, você é a garota que eu vi recebendo o amigo do Kevin, aquele famoso. – estreitei os olhos para ela – Moro no mesmo corredor que ele. – ela se explicou e eu assenti – Pelo menos por enquanto. – ela cutucou Anthony e eu demorei um segundo para entender. Eles morariam juntos. Encarei Anthony e seus olhos de repente acharam o chão muito interessante.
- Bom, provavelmente é desse dia que você me conhece – completei olhando o marcador dos andares.
- Com certeza é desse dia, me lembro bem dele. – ela sorriu tímida – Eu era uma grande fã da banda quando era mais nova e a minha eu de quatorze anos sentiu uma ponta de inveja daquele abraço na porta. – ela brincou e eu ri sem jeito – Deve ser incrível namorar com ele. – ela soltou se virando para Anthony em seguida – Sem ofensas amor, você também é incrível. – ele sorriu amarelo me encarando vermelho. Eu conhecia aquilo, havia visto muitas vezes enquanto estávamos juntos. Era o sinal do ciúme de Anthony.
- Nós somos amigos. – respondi em seguida com medo de que se não negasse a garota espalhasse a notícia de ter conhecido a namorada de Harry Styles e aquilo causasse problemas para ele.
- Ah, é uma pena, achei vocês tão fofos. – ela soltou em um tom gentil e eu sorri para ela – Quem sabe um dia? – completou e eu sorri ao ouvir a porta se abrir e constatar que era o andar de Kevin. Sai do elevador com eles logo atrás de mim e segui para a porta de Kevin batendo nela – Prazer te conhecer, . – ouvi Jenna e me virei ao mesmo tempo que a porta se abria.
- O mesmo. – lhe entreguei um sorriso vendo o olhar de Anthony passar de mim para quem estava na porta atrás de mim. A garota sorriu e puxou Anthony começando uma conversa sobre quando me viu com Harry. Eu me virei e Kevin estava ali, com uma expressão confusa no rosto.
- O que...? – ele começou, mas eu o interrompi empurrando a sacola do vinho contra seu peito e correndo para o banheiro em seguida. Meu estômago estava revirando e eu precisava jogar aquilo para fora. Então assim que cheguei a privada de Kevin eu me abaixei e vomitei ali. Ouvi os passos vindo do corredor e apertei a descarga me apoiando na pia enquanto lavava a boca.
- , que houve? – Josie foi quem perguntou tocando meu ombro e eu sorri para ela pelo reflexo do espelho.
- A viagem de carro me deixou enjoada, ou deve ser algo que comi. – o olhar de Kevin sobre mim indicava que ele não acreditava naquilo nem por um segundo.
- Quer ir ao médico? – Tim perguntou também da porta.
- Não, eu já estou melhor. – confessei – O jantar já está pronto? – perguntei para Tim e Josie que eram os responsáveis pela comida naquela noite.
- Quase. – eles responderam juntos rindo.
- Eu estou morta de fome, terminem logo. – pedi e eles riram, Tim me entregou uma careta e ambos se foram. Kevin se apoiou na porta me encarando enquanto eu molhava minha nuca.
- Não ouse mentir para mim. – ele soltou e eu respirei fundo mordendo a bochecha. Fechei a torneira e sequei minhas mãos na toalha, pegando Kevin pela mão em seguida.
- Vamos pra varanda. – chamei e nós assim o fizemos. Kevin deixou um olhar estranho para Tim e Josie e seguiu atrás de mim, fechando a porta em seguida.
Me joguei no puff gigante que Kevin tinha ali na parte externa e ele se sentou na poltrona encostada na parede.
- Vai, me conta. – incentivou e eu fiz uma careta o fazendo rir – Vamos lá, , sou seu amigo, prometo que isso não sai daqui. – ele se ajeitou na poltrona jogando os pés na grade. Respirei por um momento digerindo aquilo.
- O cara no corredor, era Anthony. – a boca de Kevin se abriu.
- Espera, Anthony seu ex babaca? – eu assenti sem surpresa – O que ele fazia aqui? – tomei outro bocado de ar para então explicar a Kevin o que havia acontecido.
A respiração era muito difícil naquele momento enquanto eu precisava explicar aquilo. Era como se eu estivesse de fora do meu próprio corpo enquanto revivia aquele momento. Eu não sabia definir o que sentia naquele, sabia que meu coração estava apertado no peito, mas o que aquilo era? Ciúmes? Não, aquilo eu tinha certeza que não. Talvez confusão por como havia ocorrido. Indignação por ele já estar com outra. Raiva por ficar me olhando como se pudesse sentir algo ou pela ousadia dele em falar comigo e me fazer passar por um momento constrangedor com a namorada dele? Eu não sabia definir, mas era diferente do que eu costumava sentir. Não havia carinho ou saudade. Era ruim. Era como me afogar. Havia desespero e medo. Não era bom.
- E ele simplesmente ficou te encarando como um tapado? – Kevin perguntou indignado.
- Sim. Quando ela falou do Harry ele ficou vermelho e com raiva, era assim que ele agia quando estava com ciúmes. – soltei e Kevin revirou os olhos.
- Esse idiota tem merda na cabeça, só pode. – assenti e respirei fundo me ajeitando no puff.
- Por que ele só não pode sumir? Quer dizer ele tinha que aparecer justo agora que eu estou juntando os meus pedaços e tentando começar de novo, para trazer todos os meus medos de volta com ele? – murmurei e Kevin saltou da poltrona para o meu lado no grande puff. Passou os braços por meus ombros me abraçando de modo acolhedor.
- Ei, está tudo bem. – ele sussurrou – Ele não pode mais te machucar e os outros caras não são iguais a ele, ta? – ele me sacudiu um pouco e eu assenti o fazendo me cutucar no ombro – Agora me conta mais sobre isso de começar de novo. Quem é o cara? – arregalei os olhos vendo que havia deixado aquilo passar.
- Não tem ninguém, foi só modo de falar. – menti e logo percebi que não havia sido convincente.
- Eu sou uma piada pra você, ? – consegui rir com sua menção a expressão que eu havia lhe ensinado no ano novo – Me conte logo ou eu vou descobrir sozinho e espalhar para todo mundo. – ele chantageou e eu respirei fundo.
- Eu e Harry assumimos sentir algo um pelo outro. – ele me soltou e eu vi sua expressão de surpresa e felicidade – Mas... – comecei antes que ele pudesse dizer algo – Não sabemos o que é e decidimos que vamos com calma, já que nenhum de nós se sente seguro pra começar algo. Queremos ter certeza de que é um sentimento mais que amizade ou se apenas confundimos tudo. Então continuamos apenas amigos, vamos nos conhecer e deixar acontecer, sem pressão. Então por favor não pressione, nem conte a ninguém. Você é o único que sabe além de nós, pelo menos do meu lado sim. – a expressão não deixava seu rosto e aquilo me fez rir.
- Prometo não contar, nem pressionar vocês. – ele levantou a mão como quem promete em tribunal – Mas eu avisei, e isso eu vou dizer. – ele deu soquinhos no ar – Eu avisei. – ele não gritou, mas eu sabia o quanto queria.
- Isso você pode falar para o Harry quando ele voltar. – soltei rindo um pouco.
- Eu vou, talvez eu até ligue hoje para dizer. – ele tinha uma expressão de quem aprontaria.
- Você não presta. – o empurrei de leve e ele riu.
- Não mesmo, docinho. – ele deu de ombros e eu neguei com a cabeça rindo.
- Ei vocês. - a voz de Josie chamou nossa atenção abafada pela porta fechada - Venham comer. - eu assenti e ela voltou para dentro. Quando encarei Kevin ele tinha uma careta de desagrado.
- O que foi? - questionei e ele pareceu notar que estava fazendo cara feia a desmanchando no mesmo instante - Nem vem me dizer que não é nada, eu vi isso ai. - apontei para seu rosto e ele bufou se afundando no puff.
- Harry não te contou? - eu franzi o cenho e neguei com a cabeça. Kevin tomou um bocado de ar e começou a me explicar, toda a história com Josie, desde quando ficaram anos atrás até quando se reencontraram e quando ele a chamou para sair, recebendo em resposta que ela estava com Tim.
- Ah Kev, eu sinto muito. - toquei seu braço e ele sorriu fraco.
- Tudo bem, eu vou superar. - ele deu de ombros - Harry até sugeriu o tinder, mas eu acho que participar de um reality seria melhor. - ele brincou me fazendo rir. Me levantei e o puxei pela mão para que se colocasse de pé.
- Eu vou te ajudar a encontrar alguém legal. - informei o fazendo rir - Já que agora vou para a turnê com vocês podemos tentar te achar alguém pelo mundo. - o cutuquei e ele riu - E se não der certo, te levo pra afogar as mágoas em pizza. - Kevin me encarou com um olhar terno e eu lhe mostrei a língua.
- Temos um acordo então. - ele soltou me abraçando pelo pescoço colocando todo seu peso em mim enquanto íamos até a porta.
- Temos um acordo. - repeti antes que as portas fossem abertas.
Sentada naquela mesa enquanto ouvia uma história de Josie sobre o ensino médio com Kev eu acabei perdida em meus pensamentos sobre como havia mudado nos últimos meses. Tudo era tão pesado. Meses atrás eu jamais estaria naquele jantar por que eu sabia que terminaria em uma briga, então o evitaria. Meses atrás eu estaria em casa com Anthony ou o esperando voltar de algum happy hour com os amigos. Meses atrás eu estaria chorando com a possibilidade de uma nova traição. Mas ali, naquela noite eu me sentia leve. Sentia que estava superando. Talvez aos poucos, um passo de cada vez, mas estava superando. E a sensação era ótima.
Capítulo 8
So shake him off
And I am done with my graceless heart
So tonight I'm gonna cut it out and then restart
'Cause I like to keep my issues drawn
It's always darkest before the dawn
- ! – James gritou assim que a porta da frente da grande casa de tijolos se abriu.
- Jamie! – gritei na mesma animação pegando o garotinho no colo.
James era meu primo, filho do irmão mais velho do meu pai, Derek. Eles eram a família mais próxima que eu tinha no reino unido e apesar de ter crescido longe e de tê-los visto poucas vezes enquanto cresci, foi fácil criar laços. A princípio era estranho quando tio Derek me ligava convidando para um fim de semana em sua casa, mas com o tempo e com o apego que criei com James e Klaus tudo fluiu muito mais fácil.
No início daquela semana recebi uma mensagem de tio Derek informando que James havia decidido pela festa de aniversário ao invés da viagem para o parque de diversões em Blackpool. Logo em seguida um áudio chegou com o próprio Jamie dizendo que se eu não comparecesse ele ficaria "profundamente magoado" comigo.
- Como você está aniversariante? – entrei na residência fechando a porta com ele ainda em meu colo. James já não tinha tamanho para o meu colo, mas nenhum de nós se importava com isso.
- Estou bem, estava ansioso te esperando. – informou.
- E estava ansioso por mim ou por seu presente? – lhe estreitei os olhos e ele gargalhou.
- Por ambos, você sabe. – soltou de maneira suspeita.
- Tudo bem, eu sei que você está mais ansioso pelo presente. – dei de ombros e ele me abraçou.
- Você me conhece, e é por isso que eu te amo. – eu sorri fraco sentindo o coração derreter tamanho o carinho.
- Eu também te amo, Jamie. – o apertei nos braços e repentinamente senti saudade do restante da família que estava a um oceano de distância – Onde estão todos? – perguntei o colocando no chão já que minhas gostas estavam começando a reclamar.
- Aqui. – ouvi a voz de Klaus gritar da cozinha e sorri.
- Toma, mas vamos abrir lá com os seus pais, ta bem? – entreguei a sacola com o presente para o garoto que sorriu largo, assentindo e correndo para o cômodo onde todos se encontravam. Eu deixei meu casaco perto da porta e segui para lá também.
Tia Rose estava sentada em um dos bancos da bancada e tinha uma xicara de café em mãos, enquanto tio Derek tinha um saco de confeiteiro em mãos e dava os toques finais a alguns cupcakes. Klaus havia acabado de sentar James ao lado de minha tia e usava um avental indicando que deveria estar lavando a louça.
- Vejam se não é minha família favorita no hemisfério norte. – soltei arrancando uma risada de todos.
- Espere nos juntarmos com a sua família do Brasil, daí eu te farei escolher entre uma e outra. – tia Rose soltou em tom de brincadeira e eu fiz uma careta me aproximando e a abraçando.
- Você por acaso está querendo causar uma guerra? – perguntei me afastando e a encarando como se fosse um absurdo e ela riu me dando um leve tapa no braço.
- Não, mas eu sei que sua cara de desespero e a desculpa que inventaria para fugir do assunto seriam incríveis. – murmurou enquanto eu dava a volta na bancada para abraçar tio Derek.
- Disso nem mesmo eu tenho dúvidas. – respondi já me afastando do homem que no instante seguinte me estendeu uma colher com algum tipo de geleia.
- Experimente, é uma compota de morangos silvestres que eu fiz para rechear os cupcakes. – informou e em seguida eu estava com a colher na boca. Jamie e eu adorávamos morangos, então sempre que eu ia para lá tio Derek estava procurando por novas coisas que incluíssem a fruta para fazer.
- Está simplesmente incrível. – soltei após engolir o recheio – Tio, um dia quero cozinhar como você. – as bochechas do homem coraram. Apesar de ser extremamente extrovertido, tio Derek sempre ficava sem jeito quando elogiado por seus talentos na cozinha. Segundo meu pai tio Derek adorava cozinhar desde que ele se lembrava, mas meu avô vivia dizendo a ele que não deveria fazer aquilo, que era coisa de mulher e diversos outros comentários machistas. Por longos anos tio Derek deixou a cozinha, mas depois do seu primeiro encontro com tia Rose, onde ela o fez prometer que ele faria um jantar para ela, ele voltou.
Eles eram daqueles casais perfeitos. Nunca brigavam, sempre se entendiam apenas com o olhar, tinham dois filhos muito educados. Tia Rose era bancaria e tio Derek, assim como meu pai, era cirurgião. Estavam sempre viajando juntos e os cartões de natal que eu recebia eram sempre os mais divertidos.
- Você já é ótima, . – ele soltou em resposta me beijando brevemente a cabeça.
- Falta muito ainda para mim. – soltei rindo e indo em direção a Klaus, que já havia tirado seu avental e tinha os braços abertos para me receber.
- Se te conforta, o brigadeiro dele nem chega perto do seu. – meu primo elogiou apoiando sua cabeça na minha enquanto nos abraçávamos.
- Pelo menos em uma coisa eu preciso ser melhor. – brinquei fazendo-o rir – Ei, onde está seu namorado? Eu só vou conhece-lo no casamento, por acaso? – perguntei me afastando para que pudesse ver seu rosto e o garoto riu.
- Não, ele vem hoje para a festa e você vai conhece-lo – garantiu. – Mas não o assuste. – ele me lançou um olhar cuidadoso e eu revirei os olhos.
- O que? Eu? Assusta-lo? Jamais. – me virei para tia Rose – Onde a senhora guarda as facas mesmo? – ao dizer isso todos riram e Klaus me apertou ainda mais em seu abraço.
- Maluca. – brincou e eu ri.
- Já posso abrir? – James pediu apontando sua sacola ansioso.
- Pode sim. – ao dizer isso o garoto puxou a caixa que havia dentro e rapidamente rasgou o papel de presente.
- Eu não acredito. – os olhos do garoto estavam arregalados olhando o presente – , você é a melhor. – ele pulou do banco e correu até mim, empurrando Klaus e me abraçando, fazendo com que mais uma vez, meu coração derretesse no peito.
- Eu lhe dei aquele boneco do homem aranha e você não disse que eu sou o melhor. – Klaus reclamou fazendo bico e James o encarou.
- Klaus, eu adorei o boneco, mas isso aqui é simplesmente uma miniatura do Aston Martin DB5 1963 que o James Bond usa no filme Goldfinger. – o pequeno explicou e Klaus revirou os olhos.
- Vocês e esse papo nerd de carros. – murmurou e eu lhe empurrei de leve pelos ombros.
- Não seja assim. Vocês têm os heróis, nós temos os carros. – dei de ombros.
- Tudo bem, eu perdôo. – ele se aproximou me abraçando pelos ombros e o irmão pela cabeça – Mas agora você me deve um brigadeiro. – eu gargalhei o cutucando pela cintura.
- Tudo bem, chantagista. – ele sorriu largo como uma criança. James logo deu um jeito de subir para o quarto para juntar seu novo carrinho a coleção.
Aquele era o xodó dele desde que eu o conhecia. Havia visto alguma coisa sobre carrinhos em miniatura na tv e desde então havia se apaixonado. Quando o conheci a primeira coisa que ele me mostrou foi aquilo e desde então eu sempre lhe dava um novo. Tia Rose e tio Derek insistiam que não era necessário por serem relativamente caros, mas eu adorava a cara de James sempre que deparava com um novo modelo e como ele adorava passar algum tempo me explicando sobre o modelo original e sua fabricação. O garoto era extremamente inteligente, desde pequeno sempre se mostrou muito esperto para tudo aquilo que lhe causava interesse. Era um garoto de nove anos que podia te dizer quais carros a Ford lançou em 1962 sem problema algum. E adorava os filmes do Bond, coisa que ele tinha em comum com meu pai.
- Vem, deixa os dois terminarem o que estão fazendo aí e vamos pro quintal. – Klaus me chamou me puxando pela mão e eu acenei para meus tios fechando a porta logo atrás de mim e passando pela varanda fechada da casa onde uma mesa com decoração estava pronta esperando a festa. Assim que coloquei meus pés no caminho de pedras senti o frio me acertar e me encolhi, praguejando mentalmente por ter deixado o casaco dentro da casa, mas era um caminho curto até a casa da piscina, que era o "quarto" do meu primo então apenas apressei o passo.
Logo estávamos no calor do grande espaço de Klaus. Havia uma cama, sofá, puffs por todo lado, uma grande tv com um vídeo game e uma geladeira. Pôsteres de banda de rock tomavam uma das paredes, enquanto alguns dos quadros que ele havia pintado tomava a outra. Era tão talentoso que me fazia perder o ar as vezes. Cada uma das pinturas contava uma história e trazia um sentimento diferente a mim.
- Senta aí que você tem explicações para me dar. – mandou se sentando no sofá e batendo ao seu lado.
- O que eu fiz? – arqueei uma sobrancelha para ele que me estreitou os olhos.
- Como você começa a namorar o Harry Styles e não me conta? – exigiu. Eu neguei com a cabeça cogitando sobre o que dizer. Acabei decidindo por não contar nada, por que eu e Harry estávamos apenas deixando as coisas fluírem e caso não desse em nada, eu não queria precisar lidar com o fato de precisar explicar aquilo.
- Eu não namoro o Harry Styles. – soltei e ele revirou os olhos.
- ...
- É sério não namoramos mesmo, somos amigos. – ele me analisou como se fosse o próprio teste do poligrafo, deu de ombros por fim e se levantou seguindo para a geladeira.
- Bom, tudo bem, mas se começarem a namorar me conte e o traga aqui. Eu preciso ter uma conversinha com ele para que ele não seja um babaca com você como o Anthony foi. – ele me lançou um olha estreito e eu assenti. Klaus odiou Anthony desde o primeiro momento que colocou os olhos nele, apesar de Anthony nunca ter feito nada para ele. Ele dizia que sentia que Anthony não era uma boa pessoa, e no fim, estava certo – Mas espero que saiba que eu aprovo, vocês ficam fofos juntos. – arqueei uma sobrancelha para ele que agora me entregava um suco.
- Como sabe disso? – questionei enquanto ele se deitava em meu colo.
- Vi uma foto de vocês na internet. Ele estava te abraçando e você rindo, típico couple goals. – eu ri fraco e ele fez o mesmo.
- Friendship goals. – corrigi e ele deu de ombros – E como vão as coisas com o Peter? – ao ouvir o nome do namorado, Klaus mordeu o lábio claramente incomodado.
- Estão na mesma ainda. – ele se sentou e ficou de frente para mim – Ainda sou a namorada que mora em Leeds e não teve tempo livre para visitar os pais dele. – torci os lábios.
- Ele ainda não contou para o pai? – ele negou com a cabeça – Olha, eu não entendo como deve ser, mas deve ser difícil, então de a ele o tempo que precisar. – toquei sua mão e ele sorriu fraco – E eu sei que não deve ser fácil não poder ir até a casa dele e ter a liberdade que tem aqui, mas se parar pra pensar, no começo ninguém sabia e agora apenas o pai dele não sabe. Vocês deram alguns bons passos aqui, não? – ele assentiu, parecendo um pouco mais animado – Então, é como um vídeo game, as fases já passaram e agora vem o chefão, que é sempre mais difícil, mas depois dele você zera o jogo e fica se gabando. – após a minha comparação Klaus gargalhou e eu também.
- Eu não acredito que comparou isso a um jogo de vídeo game. – ele me empurrou de leve.
- Pelo menos agora você está rindo. – dei de ombros e ele me encarou. Um olhar terno e carinhoso.
- Obrigado, . Estou feliz que esteja aqui para conhece-lo. – eu sorri largo.
- Eu também. – ele me abraçou pelo ombro – E não pense que não vou ameaça-lo, por que eu vou. – soltei o fazendo rir – Prometo que vou ser misericordiosa e ameaçar só um pouquinho. – completei bebendo meu suco.
- Sabemos que você vai ser boazinha, você sempre é. – pensei por um momento.
- Droga, você está certo. – murmurei insatisfeita e ele riu.
- Eu vou sentir falta das suas visitas enquanto estiver em turnê. – confessou.
- Prometo vir aqui assim que voltar e te trazer algo dos lugares que eu visitar. – ele beijou minha cabeça.
- Traga o Harry também. – ele pediu em tom sugestivo e eu o cutuquei o fazendo rir.
- Sem gracinhas, Klaus Edward . – ele gargalhou enquanto eu me afastava de seu abraço.
- Tudo bem, parei, agora vamos jogar antes que a festa comece. – ele se levantou indo pegar os controles e eu finalizei meu suco, me jogando em um dos puffs.
[...]
No fim daquela tarde, depois do parabéns ter sido cantado e pedaços de bolos distribuídos – eu ganhei o quarto, como nos anos anteriores – eu, Klaus e Peter nos jogamos no sofá da sala com nossos refrigerantes.
Peter no fim das contas era um amor de pessoa e não havia como ameaça-lo. Ele e meu primo pareciam muito apaixonados, andando de mãos dados e abraçados por todo o lugar. Sempre rindo juntos e em constante contato ou repetição dos movimentos um do outro. Havíamos nos dado bem e assim como Klaus ele me perguntou de Harry.
Naquele momento eu lhe contava sobre minha família do Brasil, enquanto Klaus tinha um bico forçado e seu polegar deixava um carinho na mão do garoto.
- E tem o Mateus. – comentei encarando Klaus e ele bufou.
- Não, sem Mateus, não quero ouvir dele. – o garoto colocou as mãos nas orelhas me fazendo rir.
- Klaus tem ciúmes do Mateus por que ele é a versão brasileira e hetero dele. – comentei e Peter gargalhou.
- Olhem só o garoto "não tenho ciúmes". – Peter comentou e Klaus revirou os olhos.
- Eu não sinto, não de você. – ele deu de ombros – Por que eu sei que sou o único na sua vida, mas na dela eu tenho um sósia brasileiro. – ele apontou para mim e Peter gargalhou.
- Aposto que de algum modo você é único para a também. – ele comentou e eu sorri.
- Já disse que amo seu namorado? – perguntei vendo Peter corar – E sim, você é único de algum modo. – soltei – Quero dizer, o Mateus não tem esse sotaque inglês lindo. – Klaus revirou os olhos.
- Claro meu sotaque. – ele soltou entediado e eu joguei uma almofada nele.
- Pare de graça, você sabe que é especial pra mim, assim como o Teus. – usei o apelido apenas para provocar e ele jogou a almofada em mim de volta.
- Não implica. – eu ri colocando a almofada ao meu lado.
- Preciso confessar uma coisa. – Peter soltou e eu o encarei – Eu estava morrendo de medo de te conhecer. – eu franzi o cenho automaticamente e Klaus gargalhou.
- Estava mesmo, precisava ver a cara dele quando fui atender a porta. – ele entregou levando um beliscão no braço em seguida.
- Por que? – questionei me inclinando para ele que estava no sofá ao lado.
- Klaus sempre falou em como você era importante pra ele. – Klaus torceu os lábios tímido – James te adora e só sabe perguntar sobre você, Derek e Rose tem sempre coisas boas a dizer. Eu me senti meio acuado com medo de você não me achar bom o suficiente para o seu primo. – eu sorri largo me sentindo querida.
- Eu não precisei nem de cinco minuto pra saber que você faz bem pro Klaus. – soltei e ele sorriu para mim – Ele fica com cara de bobo apaixonado e está sempre sorrindo com um brilho diferente no olhar. – entreguei e Klaus fez uma careta mostrando o quanto estava sem graça – Não existiam chances de eu não gostar de você. – estendi a mão e Peter a segurou – É bom te ter na família, Pete. – ele sorriu – Eu levo a família a sério, então do que precisarem podem contar comigo. – garanti e vi Klaus sorrir ternamente pra mim e senti meus olhos se encherem de lágrimas. Em seguida senti alguém se jogar em meu colo e encontrei James rindo.
- Estraga clima. – Klaus murmurou e Peter e eu gargalhamos.
- Mamãe pediu para eu devolver o celular da . – ele estirou a língua para o mais velho – E pediu pra avisar que estava tocando. – ele me entregou o aparelho onde meu pai havia ligado mais cedo para desejar os parabéns a James.
- Obrigada, Jamie. – agradeci lhe beijando o rosto e ele se levantou correndo para encontrar as outras crianças. Abri o app de chamadas e havia uma de Harry, junto a uma mensagem.
H:
Desculpa. Esqueci que você estava no aniversário do seu primo, te ligo amanhã 06:38p.m
Beijo e boa comemoração 06:38p.m
Encarei Klaus e Peter que agora conversavam entre si em sussurros e sorrisos.
- Vou deixar vocês a sós por alguns minutos, preciso fazer uma ligação. – comentei e recebi um olhar divertido de Klaus – Nem fala nada. Estou sendo legal com vocês. – ele gargalhou enquanto eu seguia para as escadas.
- Mande um abraço para ele. – Klaus gritou e eu sorri fraco.
Subi as escadas e entrei na primeira porta a esquerda encontrando o quarto de hospedes vazio. Acendi a luz do local e me sentei a cama pegando o número de Harry e discando no facetime. Haviam dois dias que não nos falávamos por conta dos compromissos de Harry e da diferença de horários e estranhamente eu já sentia saudades.
- Ei. – ele soltou meio surpreso assim que atendeu. Tinha os cabelos bagunçados, não usava camiseta e parecia ainda estar na cama. Em um segundo o pensamento de que ele estava com alguém me invadiu a mente e fez meu estômago afundar. Não era da minha conta, obviamente, mas a sensação era algo que eu não conseguia evitar.
- Oi. – soltei com o mínimo de animação que consegui reunir – Eu... eu estou atrapalhando? – perguntei e Harry me encarou parecendo confuso e em seguida parecendo entender o que acontecia em minha cabeça.
- Não, eu acabei de acordar. Sai com a banda ontem à noite e chegamos tarde. – ele virou sua câmera para o lado oposto da cama que se encontrava arrumado e vazio, fazendo um alívio me preencher e ao mesmo tempo eu me sentir envergonhada – Viu? – ele perguntou com um sorriso preocupado.
- Desculpa, eu...
- Está tudo bem, eu entendo. – ele me cortou e agora tinha um sorriso terno para mim – Mas não precisa se preocupar com esse tipo de coisa, eu te prometi que seria honesto e vou ser. – eu sorri fraco para Harry.
- Não é algo que eu controle agora, mas vai melhorar. – justifiquei e ele sorriu.
- . – ele chamou e eu acenei com a cabeça – Eu estou com você, pra tudo. – garantiu e eu sorri.
- Obrigada, Harry. – ele assentiu sorrindo.
- Mas então... Você não estava no aniversário do seu primo? – ele perguntou curioso.
- E ainda estou, mas James está se divertindo com as crianças, meus tios conversando com os adultos pais de família e Klaus e Peter precisavam de um momento. – dei de ombros e ele me estreitou os olhos.
- Eu sou seu passatempo então? – perguntou em fingida indignação e eu ri.
- Não, idiota. – soltei fazendo uma careta para ele – Quis dizer que tinha algum tempo livre e queria falar com você. – soltei mordendo a parte interna da bochecha e Harry sorriu.
- Eu também queria falar com você. – confessou e fiz uma careta, ficando sem graça – Você fica uma graça quando fica com vergonha. – ele soltou se sentando na cama e eu lhe mostrei a língua.
- Não estou com vergonha. – retruquei e Harry gargalhou.
- Ok, vamos fingir que é verdade. – implicou. Me ajeitei na cama procurando um lugar para apoiar as costas.
- Ei, quem é @pillowpersonpp? – questionei me lembrando do perfil que Harry seguia e que havia começado a me seguir no Instagram aquela manhã.
- Quem? – ele perguntou parecendo confuso por um momento – Ah, é a Sarah, baterista da banda. – entregou.
- Por que ela começou a me seguir? – arqueei a sobrancelha e ele riu fraco.
- Ela me infernizou para que eu passasse seu usuário do Instagram. – ele revirou os olhos.
- Por que? – meu tom de voz ficou mais fino entregando minha curiosidade.
- Por que Hels comentou sobre você se juntar a nós na turnê, Sarah perguntou se a garota das fotos da internet também iria e eu entreguei que era a mesma pessoa. Daí ela ficou me enchendo sobre precisar te seguir e eu apenas passei. – ele me encarou parecendo se arrepender – Ah, me desculpa, eu devia ter perguntado, não devia? – ele bateu na testa e eu ri fraco.
- Não, está tudo bem, não precisava ter perguntado. – expliquei – É só que eu não imaginei que seria assunto na sua roda de amigos. – dei de ombros e ele sorriu.
- Bom, você já é a algum tempo. – confessou e eu franzi o cenho.
- Como é? – questionei o vendo fazer uma careta.
- Eles me perguntam de você desde o ano novo, quando Kev postou aquele storie onde estávamos todos juntos. – assenti me lembrando da tal foto.
- Ok. – soltei em meio a uma risada nervosa que fez Styles gargalhar.
- Relaxa, eles já gostam de você. – torci os lábios sem saber o que dizer ao certo – Adam e Clare resolveram que esperariam você chegar para começarem a te seguir, mas Sarah é ansiosa e já quis te seguir agora e o Mitch nem tem Instagram, mas aposto que a Sarah o obrigaria a te seguir também. – eu ri fraco sentindo que seria um bom tempo o da turnê.
- Ela...
- ! – ouvi a voz de James no corredor a me chamar.
- Aqui Jamie. – respondi em tom alto para que ele escutasse.
- Aonde? Não estou te vendo. Você está usando a capa de invisibilidade do Harry Potter? – gargalhei com a constatação do pequeno.
- Não, eu não a trouxe, estou no quarto de hóspedes. – informei vendo sua cabeça surgir no vão da porta um segundo depois.
- Ah, aí está você. – ele marchou até a cama subindo na mesma e se sentando entre minhas pernas. Ele encarou a imagem de Harry no celular que sorria – Quem é ele? – o garotinho perguntou em um sussurro se virando para mim.
- Esse é o Harry. – sorri para Styles – E Harry, esse é James, meu primo que está de aniversário. – comentei e Harry acenou enquanto James o encarava.
- Oi James, feliz aniversário, campeão. – vi James conter um sorriso. Ele era uma criança tímida com os desconhecidos e achava difícil que fosse trocar mais que duas palavras com Harry, mas estava enganada.
- Obrigado. – ele agradeceu – Sabia que a me deu uma miniatura do Aston Martin DB5 1963? É bem legal. – eu encarei Harry com as sobrancelhas arqueadas em surpresa por James estar contando aquilo a ele. Harry apenas me encarou se divertindo.
- Sério? – James assentiu – Ei, esse não é o carro que o James Bond usa no filme Thurnderball? – Harry questionou fazendo James sorrir largo.
- Sim, e no Goldfinger, o amanhã nunca morre, Cassino Royale e Skyfall. – ele contava nos pequenos dedos enquanto citava os nomes – Você gosta de 007? – ele questionou juntando as mãos e entrelaçando os dedos.
- Eu gosto muito, James. – Jamie bateu palmas e se virou para mim.
- , você pode trazer o Harry aqui para assistirmos juntos? – eu encarei Harry que tinha um sorriso de lado contido – Por favor, . – ele apertou minhas bochechas e meu coração ficou igual a manteiga em panela quente. Harry fez um bico como se pedisse o mesmo que a criança.
- Tudo bem, eu trago o Harry aqui, mas vai demorar um pouco por que Harry é muito ocupado, Jamie. – o garoto jogou os braços para cima em comemoração e Harry fez o mesmo.
- Tudo bem, eu posso esperar um pouco. – ele deu de ombros – Ah, e falando em esperar me lembrei por que vim aqui, tem alguém te esperando na porta. – franzi o cenho para o garoto.
- Me esperando? – James assentiu. Encarei Harry que fazia caretas para meu primo que ria retribuindo – Tudo bem, vamos lá ver quem é então. – cutuquei o garoto que deu um pulinho e gargalhou.
- Está bem, está bem, já estou me levantando. – protestou segurando minha mão – Tchau Harry. – ele acenou.
- Tchau James. – Harry se despediu enquanto o pequeno pulava da cama.
- Pode me chamar de Jamie aliás. – informou se virando e correndo para fora do cômodo. Eu arregalei os olhos para Harry que gargalhou.
- O que? – questionou em meio a risada meio sem jeito.
- Que tipo de feitiço você lançou nele, seu bruxo do mal? – Harry gargalhou.
- Nenhum e eu sou um bruxo do bem, ta legal? Faria até parte da armada de Dumbledore. – ele fez uma cara de convencido.
- Adoro seu sotaque. – informei após ouvir "Dumbledore" e ele fez uma careta ficando sem graça e me fazendo rir – Bom, eu vou descer para ver quem está me chamando. – informei e vi Harry fazer um bico.
- Tudo bem. – ele murmurou meio a contra gosto – Nos falamos outra hora então. – eu sorri fraco.
- Ta bem. – comecei – Não faça essa cara, logo você está de volta. – soltei lhe lançando um sorriso lateral.
- Nunca fiquei tão ansioso para deixar Los Angeles. – eu prendi um sorriso assim como ele.
- Não comece com esse papo, você não vai me iludir. – soltei já me levantando da cama e seguindo para a porta, sabendo que se continuasse sentada eu não pararia de conversar com ele.
- Sabemos que não estou tentando. – ele murmurou convencido e eu ri.
- Ta legal. – fechei a porta atrás de mim seguindo pelo corredor – Tchau Styles, nos falamos depois. – acenei e ele sorriu.
- Tchau . – ele me lançou um beijo finalizando a chamada em seguida.
Parei um minuto sorrindo para aquilo, para em seguida guardar o celular no bolso traseiro da calça e descer as escadas. O fim das escadas me dava a visão do hall de entrada e honestamente, eu preferia ter continuado na ligação com Styles.
- Oi . – a voz de Anthony ecoou juntamente ao seu sorriso de canto e eu senti que podia vomitar a qualquer instante.
- O que faz aqui? – questionei ríspida, honestamente nada interessada em tê-lo ali, ou saber seus motivos.
- Eu preciso falar com você. – ele deu um passo à frente e ao mesmo tempo eu dei um passo para trás. A minha esquerda, Klaus vinha da cozinha com Peter e sua expressão fechou ao ver Anthony. Ele se aproximou e me tocou o ombro.
- , o que ele está fazendo aqui? – ele questionou realmente preocupado.
- Eu só vim...
- Eu não falei com você. – Klaus o interrompeu rispidamente e Anthony se calou.
- Ele disse que quer conversar. – murmurei e Klaus deixou um carinho em meu ombro, silenciosamente me dizendo "estou aqui com você" – Vai embora. – mandei e Anthony respirou fundo.
- Eu não vou sair daqui sem falar com você. – murmurou e Klaus se virou para ele.
- Ótimo, por que vai ser um prazer te chutar daqui. – ele deu um passo na direção de Anthony e eu o segurei pelo braço.
- Klaus, não! – me coloquei a frente dele o empurrando pelo peito – É o aniversário de Jamie, sem confusão. – sussurrei e ele me encarou, aliviando sua expressão em seguida. Encarei Anthony por um momento enquanto ele se encostava na parede.
Eu conhecia Anthony. Ele era teimoso e apesar de não querer trocar nem uma palavra com ele eu sabia que ele realmente ficaria plantado ali até que eu fizesse o que ele queria. Eu não tinha medo dele, mas estar perto era desconfortável e me causava muitas coisas ao mesmo tempo. Nenhuma delas boa. E era estranho pensar sobre nós, por que naquele momento eu já não tinha mais boas lembranças, apenas um monte de brigas desnecessárias, impedimentos que não tinham cabimento algum, meses em que me privei da minha própria vida por causa dele e a constante espera pela próxima vez em que eu seria magoada por ele. Naquele momento, tudo era meio turvo, e eu não conseguia entender meus próprios motivos para estar com ele durante tanto tempo, mas talvez eu não precisasse entender, apenas perdoar a mim mesma por tanta negligencia comigo.
- Sai. – soltei rispidamente e ele negou com a cabeça – Eu não vou falar com você aqui dentro, então sai. – indiquei a porta e ele sorriu vitorioso.
- ... – Klaus me chamou e eu o encarei.
- Está tudo bem, eu vou resolver isso. – informei me aproximando e beijando sua bochecha. Ele assentiu e eu me virei vendo Tony me esperar na porta. Peguei meu casaco que estava pendurado ali e sai, fechando a porta atrás de mim. Caminhei mais alguns metros pela entrada da casa e parei no jardim a alguns metros de Anthony.
- Posso me aproximar? – ele pediu já indicando que daria um passo.
- Não. – respondi rispidamente e ele se conteve – Você disse que precisava falar, então fale, eu não vou te dar horas do meu tempo, você já tomou o suficiente. – soltei cruzando os braços e ele respirou fundo.
- , me desculpa...
- Não Anthony, se veio pedir desculpa está perdendo seu tempo. Você já me pediu desculpa e voltou a cometer o mesmo erro tantas vezes que esse pedido vindo de você já não significa mais nada. – eu sentia meu coração acelerar no peito. Não era tristeza, nem raiva, nem magoa. Arrependimento. Era isso que eu sentia naquele momento – Ande, diga logo o que veio fazer aqui. – Ele respirou fundo e encarou a grama em seu pé por um momento.
- Você está namorando com o Harry Styles? – parei um momento para refletir sobre aquilo. Ele havia dirigido de Londres a Leeds para saber aquilo? Para cuidar da minha vida?
- Isso não é da sua conta. – minha voz saiu ríspida e ele pareceu surpreso por um momento.
- , você não pode, ele é um desses caras que só usa os sentimentos alheios. – eu não contive a risada irônica que se formou naquele momento.
- Como é? Você está achando que é alguém para falar sobre usar sentimentos alheios? Escute bem Anthony, mas escute com muita atenção por que só vou dizer uma vez. – apontei o dedo para ele – Eu nunca mais quero ouvir você dizer o nome de Harry, ou de qualquer pessoa que tenha relação comigo, entendeu bem? Você não tem a mínima moral para acusar alguém, muito menos de algo que não sabe. Se ele é ou deixa de ser, não é problema seu e não venha querer pagar de alguém que se importa comigo, por que você não se importa. A única coisa que importa para você é a porra do seu ego que não aceita que eu siga a minha vida sem você tão rápido quanto você seguiu a sua. – ele parecia ficar bravo a cada palavra que eu dizia, mas eu não me importava – E eu não quero mais que você apareça aqui, nem na casa de ninguém que eu conheço, por que se fizer isso, se chegar perto de mim ou de algum de meus amigos ou família, eu acabo com a sua raça, juro por Deus que eu acabo. – ele respirou fundo e após segundos eu me virei em direção a casa.
- Eu não esperava isso de você, . – ele soltou alto e eu me virei para encara-lo – Nunca achei que se venderia por dinheiro e fama. Pelo visto estava enganado. – eu paralisei por um momento, mas o sorriso que se formou no rosto de Anthony fez meu sangue ferver.
- Eu não me vendi a ninguém por dinheiro e fama, eu jamais faria isso por que tenho princípios e os levo muito a sério, você é a prova viva disso, já que eu nunca te trai apesar de não você não me dar motivos para me manter leal. – ele fechou a cara novamente – Você quer saber a verdade Anthony? Eu não estou namorando Harry Styles. – um pequeno sorriso se formou em seus lábios – E nem diria que estou apenas para te causar algum mal, não sou assim, eu não o usaria para isso, mas eu estou disposta a tentar. Juntar todos os meus pedaços que você fez questão de quebrar, vencer todos os medos e inseguranças que você fez questão de criar em mim e ficar com ele. Sabe por que Anthony? – ele tinha as mãos fechadas em punhos – Não é carência, não é pelo dinheiro, nem pela fama dele, isso pouco me importa. É por que Harry não precisa me ver mal ou insegura para se sentir bem, ele não precisa me causar ciúmes para preencher seu ego, é por que Harry me escuta enquanto falo e entende o que eu não digo. É por que Harry está disposto a respeitar meu tempo e não me pressiona a nada. E por que eu sou uma mulher incrível que merece as melhores coisas desse mundo, se Harry for parte disso ótimo, se não for, eu vou em busca do que quer que seja. O mundo é grande e eu mereço cada pequeno pedaço dele. – terminei sentindo meu corpo começar a tremer, talvez pelo excesso de adrenalina. Me virei novamente em direção a casa, parando por um momento – E Anthony.. – chamei o vendo parar sua caminhada até o carro e se virar para mim – Respeita a sua namorada e trata ela como o mulherão da porra que ela é. – me virei, e dessa fez só parei quando a porta se fechou atrás de mim. Fechei os olhos me apoiando nos joelhos e controlando a respiração descompassada. Quando levantei meu corpo vi Klaus parado me encarando, ele seguiu até mim e me abraçou.
- Eu te amo. – ele sussurrou e eu envolvi meus braços em sua cintura.
- Eu te amo. – sussurrei de volta e ele afagou meus cabelos.
- Você, , é a mulher mais foda que eu conheço. – eu gargalhei e ele me acompanhou - Garota, eu no seu lugar teria acertado alguns socos na cara dele. – ele retrucou como se fosse o obvio a se fazer – E também chamar a namorada dele de mulherão da porra não é algo que qualquer pessoa faria. – respirei fundo.
- Mas deveriam, ela não tem nada a ver com nossa péssima história e ela merece ser tratada bem, merece ser feliz. – Klaus me apertou em seus braços.
- Por deus, eu tenho uma prima tão gentil que me dá vontade de explodir de amor. – eu gargalhei com sua constatação e ele me acompanhou.
- Você é maluco. – murmurei o apertando em meus braços um pouco mais e depois deixando o abraço.
- Agora é sério, eu preciso que traga o Styles aqui para que eu ameace ele caso ele seja um babaca. – eu sorri fraco.
- Eu vou ameaça-lo antes de você. – informei - E ele vai te conquistar no primeiro minuto, ele já fez isso com Jamie. – murmurei e ele arregalou os olhos.
- Jamie? Me conta essa história. – pediu me guiando pelos ombros para o sofá.
O restante da noite se passou entre risadas, histórias, alguns filmes quando todos os convidados se foram e minha família, toda deitada em um colchão no meio da sala em um aglomerado. Porém quando o sono pegou todos eles, eu ainda não me sentia preparada para dormir, então apenas me levantei e me encaminhei para o quintal. Me acomodei em uma cadeira que havia ali e encarei um ponto fixo na grama, sem nada em especial a olhar. Ali me recordei dos últimos meses. Da coragem que tive ao deixar Anthony e ao resolver seguir minha vida. De como nunca me deixei entregar a tristeza daquele termino, e como quando aconteceu eu respeitei meu próprio momento. Como apesar de machucada eu me permiti deixar que Harry se aproximasse e da coragem que juntei para ir até a casa dele lhe contar sobre meus sentimentos e para confrontar Anthony mais cedo.
- Você merece o melhor que o mundo pode te oferecer, . – sussurrei para mim mesma.
E como quem compreende aquele momento o universo fez chover. Uma chuva começou como uma única gota caindo em meu nariz e aos poucos as gotas caíram mais fortes e intensas. O primeiro impulso era sair dali, mas eu só consegui me manter parada e deixar a água me molhar. Eu nunca havia entendido esses momentos em filmes, mas vive-lo era diferente. Parecia uma maluca, mas a verdade era que deixar a água cair em mim era como me deixar lavar. A sensação era de pura e genuína liberdade. Certeza que apesar de ser um longo caminho dali pra frente, eu podia segui-lo e me reconstruir. Eu merecia me reconstruir. Independente se haveria alguém do meu lado, eu merecia me reconstruir. Por mim. Era a minha divida comigo mesma e eu faria de tudo para pagar.
E com aquele sentimento de imensa certeza me preenchendo eu estava de volta a cama, agora seca e mais leve, preparada para deixar o sono me levar. Sem medo algum do que poderia haver no escuro naquele momento, afinal, eu já havia afugentado o bicho papão.
Capítulo 9
It's kinda hard for me to explain.
Harry
Estava no aeroporto de Londres e me sentia moído. Apesar de a primeira classe ser muito confortável, não se comparava a minha cama em casa. Enviei uma mensagem para Kevin me buscar e ele apenas informou que estaria ocupado em um encontro. Minha mãe e Gemma não atenderam ao telefone então liguei para pedindo a ela que me buscasse e ela prontamente informou que estaria lá em minutos. Eu estava jogado no lounge da companhia aérea sozinho, já que havia liberado John pelo resto daquela noite e ele resolveu por pedir um Uber para sua casa onde poderia pegar a filha a tempo de colocá-la na cama. Eu pensei que deveria ter feito o mesmo, mas como já estava a caminho eu apenas aguardei. Meia hora depois uma mensagem informando que me esperava na aérea de desembarque chegou e eu me levantei, seguindo pelo aeroporto até o local. Da escada rolante eu a vi. Usava uma calça jeans clara de cintura alta, com uma camiseta branca, assim como os caracteriscos all stars, com uma camisa maior que ela quadriculada preta e branca por cima. Tinha um coque mal feito no cabelo e um dos pés batia no ritmo da música que escutava em seus fones enquanto ela respondia a alguma mensagem.
Eu adorava como o estilo de era completamente variável. Ela poderia estar completamente arrumada e maquiada em um dia e no seguinte estar vestindo camisas velhas seja qual fosse a ocasião. Os cabelos nunca estavam alinhados e os tênis quase nunca deixavam seus pés. Ela não usava maquiagem todos os dias, apenas quando sentia vontade e não importava o que as pessoas diriam. Apesar do corpo estar dentro de um determinado padrão – coisa que eu acho que fosse mais por genética do que algum cuidado que a garota poderia ter, por que comia todo tipo de besteira e o único exercício que fazia era correr, as vezes – não estava nem ai para os padrões de como se vestir ou se portar como uma garota "deveria". Honestamente, eu acho que ela vestiria as minhas roupas e não veria problema naquilo. Eu adorava toda a forma como ela emanava sua própria liberdade e como não ligava sobre como as coisas deveriam ser e sim como queríamos que elas fossem. Eu me sentia livre para ser eu mesmo com ela e aquilo era precioso para mim.
Quando terminei de descer as escadas os olhos de pousaram em mim, como se seu sentido aranha lhe tivesse avisado que eu estava chegando. Ela tentou conter um sorriso, mas apenas o deixou aparecer, largo e radiante, abrindo seus braços deixando claro que estava me recebendo. Alguns metros foram vencidos e eu me abaixei envolvendo sua cintura com meus braços a tirando do chão enquanto os dela passavam em volta do meu pescoço e seu rosto se enfiava na curva do mesmo. A sensação de tê-la respirando ali me causou arrepios que me fizeram sorrir.
- Senti sua falta. – ela sussurrou como se fosse um segredo que ela queria me passar. E eu sorri como um bobo ao vê-la assumir aquilo já que os modos de demonstrar afeto quase nunca envolviam dizer as palavras de maneira tão direta.
- Eu também senti a sua. – respondi a sentindo apertar mais seus braços ao meu redor.
- Me coloque no chão, já estou com vertigem, Everest. – ela brincou cutucando meu ombro e me fazendo rir enquanto a colocava no chão, cutucando sua cintura antes de solta-la.
- Muito engraçada. – murmurei e ela riu. Ela me analisou por um momento com os olhos estreitos e eu arqueei a sobrancelha – O que foi? – questionei tocando meu próprio rosto e ela deu de ombros.
- Nada. Vamos, Hollywood. – ela começou a caminhar respondendo novamente outra mensagem e guardando seus fones nos bolsos.
- Vai me dar todos os apelidos possíveis agora? – questionei enquanto saiamos pela porta do aeroporto.
- Uhum. – ela murmurou digitando algo no celular. geralmente não ficava em seu celular quando estava na companhia de alguém e aquilo me incomodou um pouco, fazendo uma vozinha sussurrar para mim que poderia ser algum cara. Mas não era da minha conta, então eu apenas guardaria meu pequeno ciúme para mim.
Chegamos ao carro e eu joguei minha bolsa - já que havia levado apenas uma mala de mão - no banco de trás enquanto entrava no banco do motorista bloqueando o celular e o jogando no dispenser da porta. Ela ligou o carro e logo estávamos fazendo voltas no estacionamento até a saída.
- Como foi de viagem? - ela perguntou assim que saímos do estacionamento, mantendo sua atenção na estrada.
- Tranquilo, o de sempre: dormi, assisti um filme, um pouco de turbulência, mas nada que um pouco de champanhe não pudesse ajudar a relaxar. - dei de ombro e ela me encarou brevemente, mas claramente indignada.
- Primeira classe é outra coisa, não? - murmurou me fazendo rir.
- Em algum dos shows eu te levo comigo. - pisquei para ela apesar de ela estar olhando para frente e ela fez uma careta - , aceite pelo menos uma vez algo que eu proponha fazer para você. - pedi a fazendo rir.
- Eu só não quero que pense que estou com você pelo que pode me dar. - não deixei o "estou com você" passar despercebido, mas apenas me convenci de que ela estava falando como amigos.
- Eu nunca pensaria isso de você, . - soltei a encarando e vendo-a torcer os lábios - Eu vi a festa que você fez com um pinguim de pelúcia de uma máquina velha, eu sei que se eu te der uma bala você vai ficar tão feliz quanto se eu te der um anel de brilhantes e admiro isso em você. - ela sorriu fraco, quase imperceptivelmente - E como sei que o que te importa é o carinho é com muito carinho que vou te comprar a passagem na primeira classe. - ela gargalhou negando com a cabeça.
- Você sempre dá um jeito de dar uma volta no assunto, não? - eu dei de ombros rindo.
- Apenas aceite. - ela estreitou os olhos para mim.
- Vou pensar no assunto. - sorri fraco.
- Já é um começo. - murmurei.
Passamos o caminho até a minha casa ouvindo músicas aleatórias no carro as quais eu cantarolava algumas e recebia olhares de sempre que ela parava em algum sinal vermelho. Ao chegarmos a minha casa o portão foi aberto por um funcionário manualmente, o que me causou certa estranheza já que o mesmo era automático.
- Por que está tudo escuro aqui? - questionei conseguindo ver apenas o que o farol iluminava no jardim.
- Kev não te contou? - questionou com o olhar estreito assim que parou o carro e abriu a porta - Um idiota bateu com o carro no poste de luz um pouco mais abaixo na rua hoje à tarde e deixou parte da rua sem energia. - ela deu a volta no carro me encontrando do outro lado. Tentei puxar na memória se haviam mais casas sem energia, mas não me lembrava.
- E ele está bem? - questionei estranhando o comentário de soar rude.
- Está sim, ele ficou bem, só o carro estragou mesmo. - ela entrou antes de mim coisa que nunca fazia e eu estava logo atrás. Fechei a porta e tudo ficou um breu.
- ? - chamei.
- Na sala. - ela gritou e eu me encaminhei para lá.
- Meu Deus, isso aqui está muito escuro. - murmurei em busca de meu celular no bolso.
No instante seguinte uma luz se acendeu e eu ouvi várias vozes gritarem "surpresa" em uníssono. Quando meus olhos se acostumaram a luz eu encontrei meus amigos e família com chapéus de festa, algumas cornetas e confetes voando pelo alto após um estampido. Uma faixa escrito "Feliz 24 anos Harold" estava pendurada em uma das paredes. Haviam balões de hélio por todo o canto de formatos e cores diferentes. Kevin segurava um bolo com a ajuda de Gemma enquanto todos começavam a cantar a música de aniversário já conhecida. Quando terminaram eu já estava perto do bolo olhando cada um ali e em seguida soprei as velas em cima do bolo - que deveriam ser 24.
- Feliz aniversário de novo, meu bebê. - foi minha mãe quem se aproximou me abraçando e me fazendo rir, pelo uso proposital do apelido.
- Obrigado, mãe. - lhe beijei o topo da cabeça.
Abracei cada um dos convidados - sendo todos amigos e família - e por fim notei que alguém faltava. Procurei com o olhar por não a encontrando.
- Alguém viu a ? - questionei com o olhar meio perdido e vi algumas cabeças negarem.
- Aqui. - a voz da garota soou atrás de mim e assim que me virei dei de cara com , Kevin e Tim com algumas bandejas com doces que eu demorei dois segundos para reconhecer da minha última ida ao Brasil.
- Brigadeiro. - a minha pronúncia enrolada do nome do doce fez gargalhar enquanto parava em minha frente com sua bandeja e eu já tratava de roubar um doce.
- Brigadeiro. - ela corrigiu me fazendo estreitar os olhos para ela - Você disse alguns dias atrás que não comia desde sua última ida ao Brasil e que estava com saudades e como brigadeiro é doce obrigatório de festa no meu pais, eu fiz. - ela não parecia muito feliz - Por mais que você não tenha me contado sobre seu aniversário que foi a uma semana atrás. - foi a vez dela me estreitar os olhos e eu sorri largo mostrando todos os dentes que podia.
- Desculpe, eu me esqueci por conta da correria. - murmurei comendo outro doce e ela me lançou uma careta.
- Sua sorte é que tive tempo de te arranjar um presente, senão eu te mataria. - ela roubou um doce também.
- Meu Deus, , foi você quem fez isso? - Gemma foi quem chamou como se fosse amiga de a décadas, se aproximando de nós. A garota apenas assentiu por estar com a boca ocupada - Você precisa me ensinar qualquer dia. - minha irmã pediu pegando um de nossa bandeja enquanto as outras estava sendo distribuídas pela sala.
- Pode deixar Gems, é bem fácil na verdade. - soltou dando de ombros e eu encarei Gemma e .
- ? Gems? Desde quando são íntimas assim? - questionei e ela se encararam.
- Desde que Kevin nos juntou para organizar sua surpresa. - Gemma respondeu simplesmente e concordou.
- Exatamente, escolhemos o bolo juntas, essa era nossa função. - completou - Até tomamos alguns cafés. - lançou um olhar cúmplice para Gemma que retribuiu.
- Ah não, podem parar. - puxei afastando Gemma dela fingidamente afetado - Você não vai roubar minha amiga. - murmurei emburrado e gargalhou.
- Já era Harry, Gemma já é minha Styles favorita. - brincou e eu fiz um bico cruzando os braços em seguida.
- Eu vou contar para a minha mãe. - soltei fazendo ambas rirem e me apertarem juntas.
- Você ainda é o mais fofo de nós. - Gemma contestou e assentiu concordando.
- Menos mal. - roubei outro doce da bandeja fazendo ambas rirem.
[...]
O resto da noite seguiu com conversas, brincadeiras, algumas fotos e minha mãe marcando um almoço com na casa dela para que pudessem conversar melhor. Minha mãe estava extremamente interessada no trabalho de e a garota por sua vez prometeu mostrar o que fazia.
Quando já era tarde e todos haviam ido embora , Kevin e eu estávamos organizando a bagunça que havia ficado.
- Bom, eu acho que já vou. - Kevin soltou assim que colocamos o último copo sujo na lava louças.
- Obrigado por tudo, mate. - agradeci o abraçando e lhe dando um beijo no rosto.
- Por nada. Fico feliz de estar aqui mais um ano. - comentou assim que nos afastamos e eu sorri.
- Fico feliz que esteja. - lhe lancei um sorriso e ele bateu em meu ombro.
- Tchau, . - ele abraçou brevemente a garota que retribuiu o gesto dando um beijo na outra bochecha de Kevin.
- Tchau, Kev. Vai com cuidado e manda mensagem quando chegar. - pediu recebendo um aceno positivo de Kevin que já virava a porta da cozinha.
Quando a porta se fechou eu encarei que estava apoiada na bancada. Ela parecia cansada, porém não disposta a ir embora ainda.
- Tudo bem. - ela puxou um bocado de ar - Hora do seu presente. - ela bateu uma mão na outra e eu franzi o cenho.
- Achei que meu presente eram os brigadeiros. - comentei e ela riu parando em minha frente.
- Não, Harry. É algo mais legal, vem. - ela segurou minha mão entrelaçando nossos dedos e uma corrente elétrica percorreu meu braço. A garota me puxou em direção as escadas as subindo em minha frente - Eu pedi para a Gemma se podia deixar aqui, já que queria te entregar depois da festa. - comentou em uma tentativa de explicar que não havia entrado sem permissão e eu ri fraco.
Ela seguiu pelo corredor me levando até o meu quarto e por um momento algo obsceno me passou pela cabeça me fazendo sorrir fraco e afastar o pensamento.
Assim que entramos no cômodo, me encaminhou a cama e me sentou ali. Eu senti meu corpo arrepiar.
- , você está me fazendo pensar que esse presente é uma coisa muito íntima. - comentei a vendo franzir o cenho.
- O que? - ela questionou inocentemente. Eu a encarei e mordi o lábio por um momento e ela arregalou os olhos - Harry! - ela me acertou um tapa no braço me fazendo rir.
- Desculpe, é que você me trouxe para o quarto e me colocou na cama assim. - dei de ombros com um sorriso travesso nos lábios.
- Sem vergonha. - ela soltou rindo e se afastando para um canto.
- Obrigado. - ela riu com meu agradecimento e entrou na porta do closet.
- Não é nada do que está pensando. - ela soltou de lá de dentro.
- Você entrando no closet só reforça a ideia. - falei mais alto e rindo sozinho segundos antes dela sair do cômodo com um grande embrulho retangular.
- Espero que isso não reforce também, por que eu estou bem vestida e pretendo me manter assim. - ela caminhou em minha direção e eu franzi o cenho para ela. Havia uma fita e um cartão que foi a primeira coisa que peguei. Abri rapidamente o envelope branco encontrando um papel cor de rosa onde haviam coisas escritas em uma letra muito bem desenhada.
Bom, isso foi o melhor que consegui pensar no pouco tempo que tive, mas honestamente eu adorei.
Queria tornar a minha visão do dia que nos conhecemos algo que você pudesse guardar de maneira especial.
Espero que goste tanto quanto eu gostei de fazer parte da criação disso.
Eu te desejo tudo de melhor nesse mundo, H. Espero que tenha uma vida gloriosa e que seja tão feliz quanto faz as pessoas ao seu redor felizes.
Com carinho, . =)
Sorri ao fim do papel e encarei que mordia o lábio em expectativa e me estendeu o embrulho. Eu rasguei o papel como uma criança e riu.
A primeira imagem que surgiu em meu campo de visão foram nuvens e o que parecia um céu azul, em seguida mais alguns elementos e quando todo o papel estava no chão eu vi com clareza o quadro a minha frente.
Era eu. Eu usava a roupa do show de Manchester, um terno que lembrava muito o naipe de ouro, o microfone a frente a da minha boca e eu sorria com as mãos próximas ao corpo, olhando um pouco para baixo. Uma espécie de luz emanava de minhas costas enquanto atrás de mim nuvens brancas e um céu de um tom muito bonito de azul se encontravam quase como se fizessem parte do cenário original. Não era como o céu - espiritual, de anjos e essas coisas - era apenas o céu, o céu que vemos pela janela do avião. Era uma pintura da qual o material utilizado eu não sabia identificar e havia uma assinatura em baixo. Klaus A. Era o pintor.
- Quando Kevin me informou sobre seu aniversário eu ainda estava em Leeds. - começou a explicar - E durante a tarde enquanto olhava a parede de pinturas de Klaus, eu tive a ideia do presente. - eu a encarei por um momento e ela sorriu tímida - Eu tinha essa foto que eu havia tirado enquanto você cantava Sign of the times e perguntei se ele podia tentar reproduzir em tela o que eu senti durante essa música. Então ele apenas se sentou de frente para o quadro e começou pintando a própria foto e depois colocamos a música para tocar e ele me fez descrever tudo que senti naquele dia. - ela respirou fundo - Foi como ser tirada do chão, levada a um lugar onde nada mais importasse além da canção, um lugar tranquilo e leve, como ir acima das nuvens e ver o sol, sentir paz apesar da bagunça lá embaixo. - ela sussurrava as palavras enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas - Como um sopro de ar fresco em um dia quente. Remember everything will be alright. - ela recitou o verso da música - E realmente ficou tudo bem, assim como te encontrei em um lugar longe de onde estava antes, fisicamente e mentalmente falando. - ela voltou a abrir os olhos e me encarar sorrindo largo - A fotografia, apesar de ser ótima em registrar momentos, não é tão boa quanto a mente e uma pintura me pareceu o modo mais correto de te passar que desde o início você foi especial pra mim, de algum modo. - eu sorri deixando que uma lágrima caísse e esfregando os olhos em seguida. Voltei a encarar o quadro e além de ser algo bonito, era algo que me transmitia tudo que havia explicado. Me fazia sentir querido e especial.
- Eu adorei. - sussurrei a encarando - Adorei mesmo, acho que nunca ganhei algo tão bonito na vida. - ela sorriu fraco segurando as mãos atrás do corpo - Eu com certeza vou pendurar na sala e guarda-lo pra sempre. Obrigado, . - me levantei apoiando o quadro na cama e me virando para abraçar . Suas mãos envolveram meu corpo e fizeram carinho em minhas costas enquanto eu a apertava. Ficamos por longos minutos abraçados até que se afastou repentinamente e me encarou.
- O que foi? - questionei confuso e ela sorriu.
- Eu vou te beijar. - ela sussurrou e eu franzi o cenho.
- Você vai o que? - eu não deveria estar escutando direito. Com certeza não estava.
- Tapado. - ela revirou os olhos e em seguida segurou gentilmente meu rosto se colocando nas pontas dos pés. Minhas mãos automaticamente tocaram sua cintura para lhe dar algum apoio e ela sorriu ao toque.
Ela tocou a ponta de seu nariz no meu me fazendo sorrir enquanto via cada um de seus movimentos. Ela primeiro roçou seus lábios nos meus de maneira carinhosa e eu apenas deixei que fizesse ao seu tempo. Em seguida ela selou brevemente nossos lábios se afastando em seguida e me encarando nos olhos para em seguida encarar meus lábios e se aproximar de novo. Dessa vez o toque foi mais demorado, e no seguinte ali estava sua língua pedindo passagem. Eu prontamente concedi e iniciou um beijo calmo que fez algo explodir - figuradamente - em minha barriga. Nossas línguas se tocavam em sincronia, como se tivessem nascido uma para a outra. Uma das mãos de foi até minha nuca e encontrou em meus cabelos brincando com os fios ali. Uma de minhas mãos subiu por suas costas tentando fazer com que nossos corpos se aproximassem mais, porém não era possível. As mãos de desceram até meu peito segurando minha camisa por ali e eu apenas sorri. Um beijo calmo, porém, urgente. Um beijo intenso, mas que ambos sabíamos que não nos levaria para a cama e estávamos bem. A sensação de carinho e cumplicidade era presente e naquele momento, apenas nós dois importávamos. Apenas nós dois éramos dignos da atenção um do outro, pelo menos por hora. E eu não sabia explicar como um beijo me fazia sentir algo que nem todas as noites de sexo maluco me fizeram sentir. Mas eu sentia, única e especialmente com ela.
Quando o ar avisou que precisava voltar a nossos pulmões paramos o beijo calmamente entre selinhos demorados e quando finalmente paramos, escondeu seu rosto em meu peito e eu a abracei. Nós sabíamos que aquele era mais um passo. Um passo que havia dado. E eu me sentia feliz por ela. Afinal aquilo significava mais um passo contra o que a assustava. E eu também me sentia feliz por ser eu a pessoa a receber aquele beijo.
- Isso foi uma decisão inesperada ou era parte do presente? - questionei enquanto afagava os cabelos de .
- Uma decisão inesperada. - ela respondeu sem tirar o rosto do meu peito.
- Ei, olha pra mim. - ela negou com a cabeça - Por favor. - cutuquei sua cintura a fazendo dar um pulinho e rir - Hein? Por favor. - cutuquei novamente e ela voltou a rir - Eu posso fazer isso a noite toda. - cutuquei novamente e ela me encarou enquanto ria.
- Chato. - ela murmurou fazendo um bico, mas percebi que ainda não me olhava nos olhos.
- Ei, você está arrependida? - questionei colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. negou com a cabeça a minha pergunta - Mesmo? Se estiver pode me falar. Se lembra? Sempre honestos. - ela sorriu fraco assentindo.
- Não me arrependi, é só que... - ela mordeu o lábio - Eu fico nervosa perto de você. - ela fez uma careta.
- Mas é um nervosismo bom, de friozinho na barriga, ou é ruim, de ficar apreensiva? - fiz uma careta que a fez rir.
- Creio que seja bom. - declarou e eu sorri fraco.
- Isso é legal, por que eu também me sinto assim com você. - contei e ela sorriu tímida - E agora? O que quer fazer? Estamos no seu passo aqui, você é quem decide. - ela envolveu os braços em minha cintura.
- Talvez continuarmos nesse passo aqui. - ela mordeu a parte interna da bochecha me encarando com dúvida.
- Parece uma boa ideia para mim. - beijei sua testa e ela sorriu brevemente.
- O que acha de terminarmos Grey's? - ela propôs e eu sorri largo.
- Sabe que eu vou dormir antes dos cinco minutos do episódio por que estou morto, não sabe? - ela assentiu.
- Sim, essa é a minha desculpa para dormirmos juntos. - confessou me fazendo rir.
- Tudo bem, eu concordo. - beijei seu lábio brevemente e a vi reprimir um sorriso - Mas vamos tomar um banho antes. Você pode tomar primeiro e vestir alguma das minhas roupas e depois eu vou. - assentiu e eu me afastei seguindo para uma das gavetas e pegando uma bermuda de moletom e uma camiseta larga para ela. Lhe entreguei as peças de roupa junto a uma toalha e ela agradeceu seguindo para o banheiro.
Em seu tempo lá eu coloquei meu quadro em um canto encostado na parede e me sentei na cama sendo inundado por pensamentos. Eu pensava sobre ela. Estranhamente eu pensava unicamente nela.
fazia a vida simples. Um beijo que para tanta gente havia perdido o significado sendo completamente apagado pela possibilidade do sexo, para ela era algo precioso e cheio de carinho. Mais puro do que eu conseguia me lembrar que um beijo fosse. Eu via uma garota gentil, engraçada e cheia de alegria, mas eu sabia que dentro dela haviam lutas sendo travadas contra coisas que haviam sido colocadas em seu coração. E pensar em como estava frágil me causou medo. Repentino e avassalador medo. E se eu a machucasse? E se fosse tão ruim quanto Anthony? E se a quebrasse enquanto ela tentava se reconstruir?
Como quem sente meus pensamentos ela saiu do banheiro, usando minhas roupas largas e fazendo uma careta para mim enquanto se aproximava. Ela se sentou ao meu lado, as mãos apoiadas nos joelhos enquanto ela me encarava me fazendo forçar um sorriso.
- O que houve? - o seu sorriso deixou os lábios dando lugar a uma expressão de preocupação.
- Nada. - respondi simplesmente, mas claramente não havia a convencido.
- Vou precisar te lembrar da promessa? - ela levantou o dedinho. "sempre honestos". Respirei fundo.
- Eu não quero parecer um idiota. - comecei e ela apenas manteve seu olhar em mim para que continuasse - Mas estou com medo. Medo de te machucar, . - ela assentiu - Medo de ser como o Anthony e eu sei que nem namoramos ainda, mas eu já estou com medo disso. - respirei fundo - Por deus, eu sou um bundão que está surtando depois de um beijo. - assim que a frase saiu de minha boca ela gargalhou. Uma gargalhada alta, mas sem deboche, apenas divertimento pela minha constatação.
- Harry, você não é um bundão por estar surtando depois de um beijo. - afirmou tocando minha mão - Eu não acho que você vá ser como Anthony, porque o fato de estar pensando assim depois de um beijo já mostra o quanto se importa. - ela sorriu fraco - Não estou dizendo que vai ser um caminho fácil por que não vai, mas estou dizendo que quero tentar e se quero tentar com você é por que alguma segurança você me passou. - ela deixou que um momento de silêncio se seguisse para continuar - Como combinamos, vamos devagar aqui, e se não sentirmos do mesmo modo está tudo bem, mas precisamos ser sinceros. Você não vai me magoar se me disser que não gosta de mim, ou se me disser que gosta de outra pessoa, isso jamais me magoaria, mas se não for sincero, isso sim vai me magoar. - assenti - E você tem se saído bem nessa coisa de sinceridade, então se mantenha assim e não precisa ter medo, ok? - novamente eu assenti, sentindo o coração mais leve - Ótimo, a minha parte também estou cumprindo então estamos indo bem. - ela sorriu largo e aquilo me fez sorrir do mesmo modo. Ela se aproximou e beijou rapidamente meus lábios - Agora vá tomar banho, por que eu me recuso a dormir com você fedendo. - seu comentário me fez rir e ela me acompanhou.
- Garota, você é muito folgada. - a empurrei pelo ombro lhe fazendo cair na cama enquanto ela ria.
- Isso não é verdade. - ela murmurou enquanto eu já me encaminhava para o banheiro.
- É sim - retruquei já fechando a porta atrás de mim.
Meu banho foi rápido e eu vesti apenas uma bermuda. Quando sai estava deitada exatamente onde eu havia a derrubado e agora dormia. A feição tranquila, seu corpo encolhido abraçando a ela mesma e como respirava calmamente foram pontos que me fizeram tirar alguns minutos para observa-la, sem te coragem de me mover.
Eu não estava apaixonado, mas com certeza aquele quentinho que eu sentia no coração ao tê-la ali não podia ser considerado nada. Ou será que eu estava?
- Ei. - sussurrei próximo a sua orelha fazendo carinho em sua cabeça. Ela se moveu um pouco e murmurou me fazendo rir - Deita direito pra dormir. - pedi e ela assentiu apenas, se movendo na cama completamente sonolenta e se deitando no travesseiro. Ela segurou minha mão me puxando - Espere que vou pegar uma coberta. - informei soltando minha mão e indo até o armário, pegando um edredom e voltando o jogando sobre ela para então ocupar meu lugar ao seu lado. Ela entrelaçou sua perna a minha e se deitou em meu peito, entrelaçando também seus dedos aos meus.
- Você tem um cheiro bom. - ela murmurou com a voz arrastada e manhosa e eu sorri fraco.
- Gosto do cheiro dos seus cabelos. - sussurrei já me apoiando em sua cabeça para sentir o cheiro dos fios dela. Era fresco e me lembrava de dias ensolarados. Talvez fosse hortelã.
Ela não respondeu mais nada, apenas continuou respirando calmamente. E ali, no meio de sua respiração tranquila, com o cheiro de seu cabelo, em meio ao conforto que o calor do corpo dela me trazia, eu adormeci.
Capítulo 10
Two steps far from you.
- Meu casal vive. - essa foi a frase que soltou assim que lhe contei sobre o beijo.
A garota era minha melhor amiga, eu não conseguiria guardar aquilo dela já que eu me encontrava como uma adolescente depois de seu primeiro beijo. A primeira reação de havia sido gritar histericamente e aquilo me fez rir loucamente.
- , para de gritar. - soltei em meio a risadas - Nós só nos beijamos. - informei e ela sorriu maliciosamente.
- Primeiro vem o beijo, daí vem algumas mãos bobas e então vocês...
- ! - repreendi.
- Mas é verdade. - ela murmurou e eu neguei com a cabeça. A garota me encarou por alguns momentos e eu apenas sorri. Sentia tanta falta de . Das nossas tardes de série em casa, dos nossos passeios aleatórios por Londres e das tardes que tiravamos para cozinhar receitas malucas juntas - Você está diferente. - ela declarou com um sorriso nos lábios.
- Do que está falando? - questionei com uma sobrancelha arqueada.
- Quando sai daí você não era a que eu conheci. - ela começou cautelosa - Você estava carregando um peso nas costas de não ser você. Conversamos sobre isso naquela época e entendo seus motivos para dizer que eu estava errada, mas agora , você é você de novo. - eu sorri fraco. Sabia que o que ela dizia era verdade, e me sentia culpada por ter dito a que ela estava errada antes, mas não conseguia ver isso antes - Eu sei que não é por conta do Harry, mas fico feliz que esteja se permitindo estar com ele e que possa ser você mesma. - eu sorri para a garota e ela fez o mesmo.
- Sinto muito por não ter te escutado. - ela negou com a cabeça.
- Esquece isso, eu entendo, não tem que se desculpar. - eu a encarei por alguns segundos até ouvir batidas na porta.
- Acho que o Kev chegou. - soltei já seguindo em direção a entrada do apartamento.
Assim que abri a porta encontrei um Kevin sorridente me esperando. Havíamos combinado de sair para que eu o ajudasse a comprar o presente de aniversário de sua mãe.
- Ei. - ele soltou já me abraçando e eu retribui - Obrigado por aceitar me acompanhar. - ele agradeceu assim que nos afastamos.
- Não tem o que agradecer. - me encarava da tela do celular - Ei Kev, essa é a . - apontei o celular - Se lembra dela? Já comentei com você. - o coloquei em frente a câmera e vi o olhar de mudar.
- Oi , você é bem famosa por aqui. - Kev brincou e eu vi ... Corar? Espera, o que?
- Não escute o que disser. Ela inventa muita coisa. - minha amiga brincou e Kevin riu.
- Bom, espero que ela não tenha inventado que você mora no Japão e que vai nos levar pra te conhecer quando a tour passar por aí. - ele soltou simples, os olhos de se arregalaram rapidamente e ela limpou a garganta.
- Não, quanto a isso ela não mentiu não, mas eu não sabia que viriam. - ela declarou e eu arqueei a sobrancelha.
- Claro que sabia, eu te disse. - contestei.
- Não que viriam todos vocês. - ela fez uma expressão que me entregou que ela se referia a Kev.
- Ah, isso não mesmo - concordei e dei de ombros -, mas agora sabe. - completei e ela riu nervosa. O que havia de errado afinal?
- Certo, vou deixar vocês em seu passeio e vou dormir. Se cuide e se divirtam. - ela acenou e percebi como havia mudado.
- Boa noite, . Foi um prazer te conhecer. - Kev sorriu e acenou.
- Boa noite, . Te amo. - acenei e ela sorriu.
- Eu também te amo, . - seu tom foi gentil e carinhoso. Geralmente era sem jeito e até meio brincalhão.
- parece uma garota legal. - Kevin comentou assim que a ligação terminou e eu sorri para ele.
- Ela é sim. - foi tudo que disse e ele me sacudiu pelos ombros.
- Vamos. Quero escolher o presente logo e depois podemos almoçar juntos e talvez assistir alguma coisa. - sugeriu e eu assenti.
- Pantera Negra? - questionei me lembrando do filme recém lançado.
- , aonde você esteve escondida? - ele questionou brincando e eu gargalhei pegando minha bolsa sob o sofá.
- Vocês é que não procuraram direito. - brinquei de volta enquanto seguíamos para a porta.
[...]
- Eu espero que ela goste. - soltei assim que nos sentamos com nossas bandejas de lanches em uma mesa da praça de alimentação do shopping.
- Ela vai. - afirmou Kev em tom orgulhoso - Então... - começou após alguns minutos de silêncio - Você vai não é? - meu cenho franzido lhe indicou que eu não sabia do que o garoto falava - Holmes Chapel, aniversário da minha mãe. - ele soltou ambas as frases como se aquilo devesse me clarear a mente.
- Você não havia dito nada. - soltei simples.
- Achei que Harry já teria te chamado. Falei com ele na segunda. - eu neguei com a cabeça - Provavelmente ele se esqueceu. Mas enfim, está convidada, é nesse fim de semana. - eu sorri e assenti.
- Obrigada. - e nos minutos seguintes minha cabeça iniciou uma caminhada para o local onde ela me fazia pensar que Harry não havia dito nada porque pretendia levar outra pessoa. Eu criava teorias e coisas que se encaixassem as minhas idéias enquanto meu estômago embrulhava.
- . - a voz preocupada de Kevin me chamou e eu o encarei. Kevin parecia saber o que se passava em minha mente e era estranho como me conhecia - , não entre nessa. Ele apenas se esqueceu. - eu mordi o lábio, um pouco insegura.
- Mas e se ele estiver planejando levar outra pessoa? - questionei e Kevin riu fraco, como se fosse uma ideia absurda.
- , isso não é uma possibilidade. Harry só falou de levar você para conhecer as garotas da Mandeville. - eu o encarei confusa por não saber do que se tratava.
- Mandeville? - questionei e ele sorriu como se tivesse boas lembranças.
- Uma padaria. - foi tudo que ele disse, mas seu tom deixava claro que havia mais a contar, mas que ele deixaria para Harry aquela missão - Enfim, não tem com o que se preocupar, ele quer te levar. - eu sorri fraco, tentando jogar para longe aquela vozinha atrás da minha cabeça que tentava me fazer pensar que aquilo não fazia sentido.
- Obrigada, Kev. - sorri para o garoto que retribuiu o ato.
- Por nada, agora coma, não quero perder o filme. - o britânico soltou em tom autoritário e eu ri dando outra mordida em meu lanche.
[...]
Estávamos na casa de Kevin. Depois do filme seguimos para o local onde Harry havia combinado de nos encontrar para jogarmos videogame e comermos besteira, que era exatamente o que fazíamos naquele momento. Deveríamos estar daquele modo a horas quando, após Kevin bocejar, Harry sugeriu que fossemos embora e eu concordei. Me despedi de Kevin com um abraço recebendo seu agradecimento pelo dia, que havia sido incrível. Harry fez o mesmo abraçando o garoto e beijando seu rosto e então seguimos para fora do apartamento. O corredor estava vazio, então Harry entrelaçou seus dedos aos meus me fazendo sorrir para ele enquanto apertava o botão do elevador.
- Eu prometo que hoje te deixo em casa e vou para a minha. - ele começou e eu sorri fraco - Estou me acostumando muito fácil a dormir com você. - ele negou com a cabeça como se estivesse decepcionado consigo mesmo.
- Se fosse só você. - murmurei e o vi sorrir largo e se inclinar beijando meu rosto.
- Bom saber que é recíproco. - ele sussurrou sorrindo largo e eu fiz o mesmo.
A porta do elevador se abriu revelando quem eu menos queria ver naquele dia. Anthony que estava apoiado na parede do elevador se desencostou e levantou o olhar para mim e para Harry. Encarou nossas mãos juntas e seu olhar de ciúme estava ali novamente. Harry já sabia quem ele era, então sua expressão não era nada satisfeita. Ele saiu do cubículo e nós entramos, sem dizer nada e me senti aliviada por ser apenas um momento, mas quando Anthony parou a porta do elevador impedindo que se fechassem eu me senti gelar.
- Achei que não estivessem juntos. - ele começou e eu apenas respirei fundo.
- Não estávamos, mas agora estamos. - murmurei com a sobrancelha arqueada para o garoto.
- Deu pra notar. - ele encarou nossas mãos - Bom, que bom, espero que estejam felizes. - ele soltou e eu sabia que havia algo para vir em seguida. Ele não havia parado para desejar felicidades - Aparentemente nossa conversa em Leeds foi séria. - ele soltou e eu quis bater nele. Harry não sabia do acontecido em Leeds e eu preferi não contar, mas era claro que Anthony usaria tudo que pudesse para nos abalar. E funcionou por que o aperto de Harry em minha mão afrouxou, fazendo com que Tony sorrisse satisfeito antes de deixar a porta se fechar. Quando isso aconteceu, Harry soltou sua mão da minha e cruzou os braços.
- Harry. - chamei baixo o encarando e ele apenas olhou para os sapatos - A gente pode conversar sobre isso? - questionei e ele me encarou. Os olhos confusos.
- Conversar o que, ? - ele questionou erguendo os ombros - Que você encontrou seu ex em Leeds e nem se preocupou em me contar sobre isso? - apesar de estar claramente chateado, Harry não alterava o tom de voz.
- Me desculpa, eu acabei não te contando e foi uma decisão ruim, mas...
- , eu não quero ouvir agora. - ele me cortou no mesmo tom gentil de sempre e eu encarei - Assim como você tem as suas razões para se sentir desconfiada de certas coisas, eu também tenho as minhas. E viagens em que o ex aparece e a outra pessoa não me conta é uma delas. Então eu apenas vou te deixar em casa e vou para a minha. Preciso ficar sozinho. - ele apenas voltou seu olhar para as botas e eu me senti paralisada. O que eu faria afinal? O obrigaria a me escutar? Não, eu havia errado e agora ele merecia o tempo que me pedia.
O caminho até meu apartamento foi silencioso e quando o carro de Harry parou a frente dele eu não queria descer, mas sabia que precisava. Me inclinei no banco e beijei o rosto de Harry que não se negou a recebê-lo, mas também não esboçou nenhuma reação.
- Eu não queria te magoar, espero que saiba disso. - sussurrei e ele respirou fundo apoiando a cabeça no volante e fechando os olhos com força - Se cuide no caminho e se puder, avise se chegou bem. - pedi já saindo do carro e quando fechei a porta o vi me encarar brevemente.
Subi para meu apartamento e assim que entrei no mesmo segui para meu banho. Esse que foi rápido, mas eficaz. Vesti um moletom e me joguei na cama encarando o celular a espera da mensagem de Harry que chegou quase meia hora depois. "Cheguei" era tudo que ela dizia e eu não ousei responder nada além de um "obrigada". Respirei fundo pensando em como havia sido capaz de estragar tudo. Pensei em ligar para , mas ela deveria estar trabalhando a aquela hora então apenas deixei o celular sob a mesa de cabeceira e me deitei. Apesar do cansaço do meu corpo minha mente não desligava pensando nas inúmeras possibilidades do que poderia vir pela frente e naquela noite eu não dormi, apenas fiquei acordada pensando e checando o celular esperando uma mensagem de Harry. Que não veio.
Capítulo 11
Baby I'm a fool for you.
Três dias. Esse era o tempo desde a última vez que eu havia falado com Harry. Eu mandava mensagens, ligava e até ido até a casa dele eu havia ido, mas ele não dava sinais de vida em nenhum momento. A última mensagem que eu havia recebido dele dizia "Eu preciso de um tempo pra ajustar as coisas. Nos falamos em breve." e havia sido enviada na manhã do dia seguinte e depois silêncio.
Era manhã de sábado e Kevin havia me arrastado com ele para irmos ao aniversário da mãe. A viagem de carro já durava uma hora e para não falarmos do ocorrido - que Kevin já sabia - a música era tudo que ouvíamos.
Havíamos parado e comprado alguns donuts, água e café em Wendlebury. Eu comi dois e apesar de ser gostoso eu não sentia tanta vontade, então me mantive no café.
- Tá legal, já chega. - Kevin abaixou o som do carro e eu o encarei - Eu já coloquei todas as músicas que consigo pensar que te deixariam animada e você continua olhando por essa janela. - ele não estava bravo e isso eu sabia.
- Desculpa, eu sei que deveria estar sendo uma companhia melhor. - assumi e ele respirou fundo.
- Vai, vamos conversar sobre o que aconteceu. - mandou mexendo com as mãos - Por que não contou pra ele? - questionou em tom calmo.
- Por que eu decidi não contar. Não achei necessário. - soltou simples e Kevin me encarou brevemente.
- , aconteceu algo entre você e o Anthony em Leeds? - ele não me acusava, só parecia querer ter certeza e eu entendia.
- Não. Nada aconteceu. Nós discutimos e eu o mandei ir embora. - ele voltou a me olhar com um pedido de explicações ali e eu lhe contei toda a história. Ele escutava atentamente e assentia às vezes para indicar que estava prestando atenção. Quando acabei Kevin respirou fundo e pegou o celular. Mexeu rapidamente em algumas coisas e me passou o aparelho.
- Coloque essa música para tocar no rádio do carro, por favor. - eu encarei a tela e era um áudio enviado por e-mail. Não tinha nome e eu não olhei mais nada, apenas fiz o que ele pediu.
A música começava com uma bateria lenta e um guitarra acompanhando, enquanto arranjos vocais cresciam. A voz de Harry começou a cantá-la e eu apenas recostei no banco escutando a letra. Basicamente ele falava sobre amar alguém que tinha outras pessoas e pedir por um pouco do amor dessa pessoa. Era súplica desesperada pelo amor de alguém, mesmo sabendo que ele não era o único na vida desse alguém.
Quando a música parou eu encarei Kevin que tinha a expressão de pesar, como se soubesse algo sobre aquilo que fosse muito triste.
- Se chama Just a little bit of your heart. - começou - Harry escreveu essa música aos dezenove anos e nunca realmente a lançou em sua voz. Ele a deu para a Ariana Grande e ela colocou em seu cd. - ele respirou fundo - Essa música é sobre quando Harry namorava uma pessoa por quem ele era completamente apaixonado e então ele descobriu que essa pessoa continuava mantendo contato com seu ex. Ela dizia que não era nada, mas Harry sabia que havia algo, só que fingia não saber por estar tão apaixonado. Ele aceitava as migalhas de amor, por que como ele diz na letra "A little love is better than none", pelo menos era o que ele achava. Depois de um tempo e de uma longa conversa com um dos caras da 1D ele passou a perceber que não merecia ser só mais um e deixou a pessoa. - eu sentia meu coração apertado. Kevin parou o carro no acostamento e me encarou - Ele ficou destruído por meses, mas superou. - Kev suspirou pesado - Então , eu quero saber: você pretende fazer dele mais um ou o único? - eu senti meu estômago gelar, mas a resposta já estava na ponta da minha língua quando saltou.
- O único. - ele sorriu de forma quase imperceptível e assentiu.
- Ótimo. Então pense direito no por que não contou sobre Anthony a ele e deixe claro que não pretende fazer com ele o que essa outra pessoa fez. - eu assenti - Não faça meu amigo sofrer, . Eu gosto muito de você, mesmo, mas nesse caso eu não hesitaria em escolher o lado do Harry. - eu voltei a assentir e ele sorriu fraco bagunçando meus cabelos. Ligou o carro e o colocou na estrada de novo - Agora, faça o favor de colocar uma música e se animar, ainda temos uma hora e meia pela frente. - eu ri fraco pegando o celular e colocando uma playlist aleatória com músicas para se cantar no carro.
[...]
A festa começou no fim da tarde. Chegamos a Holmes antes do almoço e acabamos saindo para comer com os pais de Kevin e seu irmão mais novo Henry que eram um amor e extremamente atenciosos.
A festa era mais como uma reunião. Tinha comida, bebida e os amigos de Sandra - a mãe de Kevin - conversavam e cantavam ao redor de uma fogueira no quintal. Me lembrava a cena de algum filme que eu não me lembrava o nome.
Harry chegou no local dez minutos depois do horário e assim que saiu no quintal nossos olhares se cruzaram, mas ele logo fez questão de desviar e ir cumprimentar as outras pessoas. Beijou brevemente minha cabeça, mas não disse nada além de um "oi" e logo seguiu para perto de Sandra.
Os amigos da mulher tocavam músicas em estilo country e eu podia sentir que estava em algum lugar como o Texas o que era estranhamente confortável. Quando uma música animada começou eu vi Henry vir em minha direção correndo meio sem jeito e me estender a mão.
- Você quer que eu dance com você? - questionei e ele assentiu - Henry eu não danço muito bem, já quero te avisar. - soltei segurando a mão do garoto que sorriu.
- Eu te ensino. - eu me levantei e o acompanhei até o outro lado da fogueira onde havia mais espaço.
Os passos eram divertidos e rápidos e eu tentava acompanhar o garoto. Estava menos desajeitada do que achei que seria, mas ainda assim Henry ria me fazendo acompanhá-lo. Devemos ter dançado três músicas quando a maioria dos caras pararam e apenas um tocou o violão enquanto o outro batia na madeira do banco no ritmo lento. Henry fez uma careta para mim e eu retribui o ato.
- Essa é de casal. - ele mostrou a língua e eu ri.
- Tudo bem, nós podemos…
- Ei, Henry. - a voz conhecida de Harry ecoou atrás de mim e eu me virei para encará-lo - Será que eu posso tirar sua parceira para uma dança? - ele pediu com as mãos nos bolsos da calça. Estava simples. Com uma camiseta branca, uma calça preta e botas, o cabelo bagunçado e era a própria visão do céu.
- Claro. - Henry passou por mim deixando que eu e Harry ficássemos sozinhos. Ele estendeu a mão e eu a encarei, segurando em seguida. Ele se aproximou e colocou uma das mãos em minha cintura enquanto eu tocava seu ombro. Tinha um pequeno sorriso no canto esquerdo dos lábios.
- E-eu não sei dançar direito. - alertei gaguejando um pouco e ele molhou os lábios brevemente.
- É só mexer o corpo de um lado pro outro. - a voz era um sussurro e eu apenas assenti o acompanhando. Ficamos em silêncio por alguns momentos até que os olhos de Harry focaram nos meus e ele sorriu.
- Você não é só mais um. - sussurrei e ele franziu o cenho - Eu não te contei sobre o Anthony ter ido a Leeds e foi uma péssima escolha, mas nada aconteceu. Ele queria conversar e eu acabei brigando com ele e o mandando ir embora, mas foi só isso mais nada. - ele mordeu os lábios - Você não é só mais um. Não existem outros além de você e nem a chance de eu voltar com o meu ex. Você… - eu queria lhe dizer que ele era o único, porque era, mas eu não conseguia, as palavras emperravam - não é só mais um. - repeti e ele me encarou por alguns segundos antes de sorrir e selar nossos lábios de maneira rápida.
- Obrigado. - a voz era gentil e diferente daquela que e deu oi mais cedo. Meu coração se aliviou e eu sorri.
- Eu senti sua falta. - as palavras o fizeram sorrir mais como se estivesse sem jeito.
- Eu também senti sua falta, . - eu sorri e me estiquei na ponta dos pés o beijando rapidamente. Harry colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha me encarando de maneira terna - O que você fez comigo? - questionou e eu franzi o cenho.
- Como assim? - ele sorriu e meneou em negação apoiando seu queixo na minha cabeça.
- Ei casal. - a voz de Sandra chamou nossa atenção e ambos a encaramos vendo que a mulher sorria de maneira terna - Hora do bolo. - alertou acenando com a cabeça e eu assenti.
- Espero que seja aquele bolo de abacaxi da sua irmã, Sandra. - Harry me abraçava lateralmente enquanto começava a caminhar e eu tinha minhas mãos em sua cintura - Eu adoro aquele bolo. - a mulher ria.
- Sorte a sua que é meu favorito também garoto. - Sandra abriu os braços me recebendo pelo outro lado do corpo e eu a abracei também - Bem-vinda, . - ela me encarava sorrindo e eu franzi o cenho me questionando o por que da recepção sendo que ela já havia me recebido antes e ela pareceu entender que eu estava confusa - A família querida. Bem-vinda a família. - me apertou um pouco no abraço e eu sorri.
- Obrigada. - encarei Harry e ele sorria. Me apertou um pouco e brevemente assim como Sandra, mas não disse nada, apenas me guiou para dentro da casa.
Capítulo 12
Harry
Era começo do dia e eu havia acordado cedo para uma campanha da Gucci em Saint Albans. A equipe da Gucci havia escolhido o time a dedo, mas quando foram decidir pela fotógrafa eu me surpreendi ao saber que haviam escolhido . A garota era realmente talentosa, e aparentemente seu ex chefe havia a indicado já que conhecia alguém do setor criativo da marca. Quando me questionaram sobre o que eu achava, eu claramente aceitei a ideia com animação.
Depois de toda a confusão com Tony nos resolvemos em Holmes Chapel e eu a levei para conhecer lugares importantes para mim. No domingo a padaria onde trabalhei estava fechada por conta de algum evento que as meninas participariam e eu acabei marcando para levar outro dia. Desde que nos resolvemos eu sentia mais próxima de mim e mais aberta com o que sentia. Ela já não retia suas palavras para demonstrar carinho e eu não entendia o que poderia ter mudado, mas sabia que era verdadeiro.
Ela estava com a equipe de gravação combinando tudo que fariam e eu estava me preparando. O frio era intenso, mas às vezes a via passar pela janela de onde eu estava, completamente radiante. Kevin me acompanhava e estava constantemente me lembrando que não deveria dar tanta bandeira, mas era difícil.
Eu também estava nervoso de um modo que eu não sabia explicar. Era a primeira vez que eu trabalharia com ela e eu sentia como se precisasse provar algo. Eu sabia que ela não me julgaria por nada, mas tudo me fazia repensar minhas escolhas naquele dia. Minhas roupas eram extravagantes demais? A maquiagem era muita? O cabelo estava bom? geralmente me via como um cara normal e gostava daquilo. O senso de normalidade. Me ver em uma campanha assim a faria se sentir assustada? Eram tantas inseguranças que eu sequer me reconhecia e quando me informaram que era hora de começar eu respirei fundo fazendo com que Kevin me olhasse com o cenho franzido, mas eu apenas segui para fora.
Tudo seria feito na na rua e eu carregaria uma galinha enquanto seguia para uma loja de Fish and Chips. que estava ao lado da cuidadora da galinha segurava o bicho como se tivesse um de estimação no apartamento. Conversava animadamente com a mulher enquanto acariciava o bicho e como se sentisse meu olhar sob ela, se virou e me encarou diretamente.
Seus olhos foram da minha cabeça ao meu pé e ela sorriu. Disse algo para a mulher que assentiu e seguiu com a galinha em minha direção. As pessoas a cumprimentavam e sorriam enquanto ela passava e aquele parecia ser o efeito dela sobre o mundo.
- Ei Gucci boy. - ela soltou em tom de brincadeira e eu sorri sentindo minhas mãos começarem a suar.
- Ei. - ela franziu o cenho imediatamente.
- O que foi? - ela questionou e eu respirei fundo.
- Estou nervoso. - murmurei e ela sorriu.
- Harry, ta tudo bem, você trabalhou com essas pessoas. - ela indicou a equipe que se movia de um lado para outro.
- Não é por causa deles que estou nervoso. - ela me encarou concentrada.
- É por causa da galinha? - ela apontou a ave e eu não contive a risada e ela me acompanhou. Tocou meu braço brevemente e sorriu. - Eu também estou. É estranho trabalhar com você assim, sendo O Harry Styles, mas vamos ficar bem, é só nos lembrarmos que somos o Harry e a , apenas. - ela soltou simples e eu me senti levemente aliviado.
- Obrigado. - agradeci e ela sorriu.
- Certo, agora toma aqui a sua galinha que acho que vamos começar. - ela me entregou a ave e eu a segurei cuidadosamente enquanto fazia um último carinho no bicho. - O nome dela é Mary, a propósito. - informou e eu assenti rindo um pouco.
se afastou e logo a produção estava me indicando o que fazer. fotografava certos momentos, mas a nossa sessão de fotos seria depois da gravação daquela parte. Era simples. Apenas caminhar com uma galinha em meus braços até a loja, pedir por uma porção de fish and chips e sair da loja. Era simples. Era fácil. E durou cerca de uma hora e meia para que o take perfeito tivesse sido gravado.
Após a equipe de gravação me liberar era a vez de ter toda a minha atenção. Quero dizer profissionalmente, por que na vida pessoal ela já tinha grande parte.
- Preparado senhor Styles? - ela questionou em um tom cortês e eu gargalhei.
- Não seja idiota, . - ela riu enquanto mexia na câmera.
- Certo, vamos lá. - ela indicou com a cabeça e posicionou a câmera em suas mãos - Quero que faça o mesmo caminho uma última vez, porém vá devagar. - pediu e eu assenti. Comecei a caminhar muito devagar, quase em câmera lenta e ela me encarou após uma foto, parecendo indignada - Harry, eu quis dizer que não precisa correr, mas não quero que esteja parado. - gargalhei de sua cara e ela revirou os olhos. Enquanto eu ria ela tirou uma foto encarando o visor com um sorriso bobo em seguida.
Começamos a sério e eu fiz o que pediu. A caminhada foi tranquila, algumas fotos foram tiradas com a galinha, Mary, em meus braços. se movia constantemente sempre parecendo que angulo meu queria captar e eu precisava me manter sério, mas vê-lá se esforçando naquilo que gostava me fazia segurar alguns sorrisos que não passavam despercebidos por sua lente.
Quando adentrei a loja algumas fotos foram tiradas perto do balcão ou enquanto eu olhava o atendente trabalhar. Dado momento parou e encarou a vidraça da loja onde um garotinho ruivo me encarava parecendo admirado. Ele tinha um gato nos braços e acariciava o bicho enquanto sorria admirado. deixou a loja e vi a equipe encara-la com o cenho franzido, mas eu apenas me limitei a ver o que ela faria. Do lado de fora ela falou com o menino que sorriu largo e assentiu empolgado. Ela lhe estendeu a mão e ele a segurou seguindo com a menina para dentro da loja, eles se aproximaram e sorria para mim.
- Harry esse é o Ronald. Ele é um grande fã. - o garotinho tinha as bochechas coradas e um sorriso tímido no rosto.
- Como vai, Ron? - lhe estendi a mão e ele a apertou.
- Bem. - respondeu simples.
- Seu nome é Ronald por causa do Ron de Harry Potter? - questionei brincando e ele sorriu.
- Sim, minha mãe gosta muito na verdade. - ele responde e eu arqueei as sobrancelhas surpreso.
- Eu já adoro a sua mãe. - comentei e encarei tentando entender o por que de o garoto estar ali.
- Ron vai participar de algumas fotos. Quero tentar algo. - ela informou e eu sorri assentindo.
- Mas é claro. - concordei - Está pronto, Ron? - questionei e o garoto assentiu - Ótimo, por que agora somos modelos dessa moça bonita aqui. - apontei que sorriu tímida - eu não sou tão bom assim, mas tenho certeza que você pode me ajudar, não? - Ron sorriu assentindo.
- Posso. Minha mãe adora tirar fotos minhas e do meu irmão. - o garoto comentou e eu fiz cara de surpreso.
- Não me diga. Então você já é um modelo profissional. - o garoto riu fraco acariciando o gato em seu colo - Como é nome do seu gato? - questionei acariciando o bicho.
- É gata na verdade. Se chama Tonks. - eu assentindo sorrindo enquanto ainda acariciava o gata.
- Eu preciso conhecer a sua mãe. - comentei e o garoto riu fraco.
- Certo meninos, vamos lá. - nos apressou e ambos assentimos.
Ela nos posicionou pela loja e fora dela, nos fez olhar para o nada, tirou fotos enquanto conversavamos de maneira séria ou enquanto comíamos. Ron era definitivamente muito melhor naquilo que eu. Sabia as expressões que tinha de fazer ou como agir, e nunca olhava para a câmera quando não era solicitado. Toda as vezes que o elogiava os olhos do garoto brilhavam.
Passamos algumas horas em meio aquilo, com trocas de roupas, animais pelo chão do lugar e esse tipo de coisa. Ron não acompanhou todo ensaio, apenas as primeiras fotos, mas depois quando disse que queria assistir ficou ao lado da produção. estava a todo momento me fazendo rir - assim como o resto das pessoas - enquanto fazia caretas, ou soltava comentários sobre a cena que captaria. As pessoas pareciam descontraídas em todo o lugar e sempre que havia algum comentário, o respondia com bom humor e animação. Era sempre educada com o pessoal da iluminação, pedindo em tom suave que eles fossem com rebatedores e luzes para cá ou para lá. Brincava com tudo e estava em uma constante conversa com o dono do estabelecimento sobre o local, me fazendo participar dessas conversas. Dava para notar o quanto ela gostava daquilo. Da profissão que tinha. E apesar de nunca ter duvidado de seu talento, eu tive em meu coração a sensação de que te-la na turnê havia sido uma ótima escolha, não apenas por tê-la por perto, mas por que pessoas apaixonadas por suas profissões sempre me inspiravam e me davam a certeza de que o melhor estaria sendo dado mutuamente nos shows.
- Certo, essa foi a última. - olhava o visor de sua câmera e todos aplaudiram a fazendo os encarar e aplaudir junto, mesmo sem saber bem o que.
- Parabéns . Foi um trabalho incrível. - Beatrice, a responsável por tudo naquele dia chegou perto da garota tocando seu ombro de maneira quase orgulhosa e sorriu.
- Obrigada. Sério. Muito obrigada por me chamarem, foi incrível. - Beatrice me encarou com um sorriso de canto.
- Bob e Harry estavam certos, você é realmente boa. Espero que saiba que está no topo da minha lista de fotógrafos substitutos e quem sabe daqui a um tempo não recebe uma proposta da equipe de marketing da Gucci, hum? - arregalou os olhos e abriu a boca.
- Vocês vão ter que esperar minha turnê passar, essa fotógrafa já está ocupada até o fim de julho. - comentei me aproximando e abraçando pelos ombros.
- Harry se o Alessandro me pedir para trabalhar com ele, eu sinto muito, mas te abandono. - ela brincou e eu a encarei indignado.
- Traidora. - estreitei os olhos e ela riu, se virando para Beatrice depois.
- Estou brincando, ele está certo, até o fim de Julho estou comprometida, mas depois eu sou toda de vocês se me quiserem. - Beatrice sorriu de canto.
- Acredite querida, nós vamos te querer. - o comentário fez se arrepiar e eu senti - Preciso ir, mas aguardo os arquivos das fotos, ok? - questionou apontando enquanto pegava seu celular.
- Pode deixar que amanhã pela manhã estaram todos nos seu e-mail. - garantiu e Beatrice sorriu satisfeita nos deixando - Harry? - ela chamou em tom baixo.
- Sim? - me coloquei à sua frente e percebi um sorriso orgulhoso se formar em seus lábios.
- A Gucci me quer. - ela soltou em um tom engraçado que me fez gargalhar - A Gucci me quer. Meu Deus eu vou ficar insuportável agora. - ela tocou o próprio rosto como se aquilo fosse algo a se preocupar.
- Desde que eu continue tendo algum espaço, você pode ser insuportável o quanto quiser. - soltei simples e ela sorriu fraco.
- Você é tão clichê. - ela sussurrou - O clichê que eu pedi pra nossa senhora das comédias românticas. - seu comentário me fez rir enquanto a menina me olhava.
- Certo, Sunshine. - parei de rir e ela sorria fraco me olhando, como se me analisasse - Então, para onde vamos? Eu estou liberado pelo resto do dia. - eu queria muito abraçá-la, mas precisava parecer uma conversa casual, já que ali, apenas Kevin sabia sobre nós.
- Eu preciso editar as foto para enviar para a Bea, se quiser ir a noite lá pra casa. - ela deu de ombros.
- Posso ir agora e ficar te fazendo companhia enquanto trabalha? - questionei meio receoso. Não queria parecer alguém meloso e que quer sempre estar por perto, mas eu era. O que podia fazer afinal?
- Claro que sim, só não vou poder te dar muita atenção. - ela torceu os lábios e eu sorri.
- Vai poder ficar com o pé em cima do sofá passando ele na minha perna, como sempre faz? - aquela era provavelmente a minha mania favorita dela. A todo momento seu pé dava um jeito se enroscar em minha perna e acariciá-la sem nem mesmo perceber.
- Vou, Harry. - ela soltou rindo e eu sorri.
- Então já é o suficiente.
[...]
Voltamos de Hertfordshire e acabamos passando a tarde no sofá. trabalhando nas fotos e eu sentado vendo algum filme ou série na TV. Eu cozinhei para ela uma massa ao molho branco que ela adorou e ficou feliz de me ter dando a comida em sua boca, segundo ela nunca havia sido tão madame na vida. Vez ou outra trocavamos alguns beijos, mas nada demais. E vez ou outra eu a olhava e sentia meu corpo esquentar. Não pela temperatura, mas por que vê-la em uma de minhas camisetas - que ficavam enormes nela - e em seus shorts jeans era com certeza meu ponto fraco.
poderia se arrumar o quanto fosse, mas quando estava daquele jeito nada no mundo a superava. Era linda de maneiras que eu não sabia explicar como se era possível e até o jeito como ela colocava uma mecha de cabelos atrás dos olhos parecia um convite a perdição. Mantive meus pensamentos longe o quanto pude e conseguiria manter o resto da noite se necessário. Eu não queria pressioná-la a nada, e não a pressionaria, mesmo que custasse minha sanidade ao lado daquela mulher.
- Terminei! - ela comemorou enquanto eu estava concentrado em Mondler em um de seus momentos fofos na tv - Finalmente enviado para Beatrice. - ela fechou o computador e o colocou sob a mesinha de centro. Esfregou os olhos como que para se acostumar a não ter os olhos grudados ali mais e então me encarou, olhando para a janela depois - Já escureceu, Harry. - ela tinha um sorriso fraco nos lábios como quem se pergunta se eu havia mesmo ficado ali todo aquele tempo.
- Eu sei, e eu fiquei aqui com você. - ela sorriu largo encostando a bochecha no ombro lhe dando uma feição fofa.
- Obrigada por ter ficado. - ela se moveu no sofá e se aproximou de mim, me beijando brevemente.
- Eu mereço um prêmio de melhor quase namorado. - brinquei e ela riu.
- Merece mesmo. - concordou.
- O que vou ganhar então? - questionei e a vi um sorriso travesso surgir em seus lábios. Ela mordeu o lábio inferior e se inclinou tocando os meus lábios com os seus.
Primeiro em um selinho, depois um beijo. Era calmo a princípio, mas quando suas mãos se enfiaram em meus cabelos todo o clima mudou. Se tornou um beijo intenso e necessitado. Talvez por que eu estivesse com a cabeça nela o dia inteiro estava imaginando coisas. Era o que eu pensava, mas quando colocou suas pernas, uma de cada lado do meu corpo, se sentando no meu colo eu soube que aquilo não era imaginação.
Coloquei minhas mãos em sua cintura por debaixo da blusa tocando sua pele e ela arfou de leve segurando meus cabelos com um pouco mais de força.
O ar logo começou a nos lembrar que precisávamos dele, mas não queríamos nos soltar e ficamos até o último segundo possível naquele beijo.
- . - sussurrei seu nome enquanto seus beijos faziam seu caminho em direção ao meu pescoço. Ela apenas murmurou quando seus beijos chegaram a curva do meu pescoço - Você não sabe o quanto está difícil me conter agora. - ela se afastou e me encarou sorrindo de canto e o desejo cresceu em seu olhar. Ela tinha os grandes olhos castanhos fixos nos meus, um contato visual diferente de tudo que já tivemos antes.
- Então não se contenha. - eu respirei fundo. Eu queria tê-la, mas precisava me certificar de que ela tinha certeza daquilo. De que eu não estava pressionando nada.
- C-como assim?- a voz falhou e ela sorriu. Se aproximou da minha orelha e sua respiração quente me fez arrepiar.
- Me faça sua essa noite, Harry. - sua voz sussurrada e cheia de luxúria e desejo foi toda a confirmação de que precisei. Ela tinha certeza e não se arrependeria mais tarde. Ela queria aquilo.
Minhas mãos seguraram as coxas dela e eu me levantei com a garota no colo. Ela me encarou com uma sobrancelha arqueada e um sorriso divertido nos lábios, como quem pergunta para onde o Harry tranquilo de alguns minutos havia ido. Juntei nossos lábios novamente e ela sorriu. Fiz o caminho para seu quarto quase como se precisasse daquilo para viver e quando a coloquei deitada na cama me deitando sobre ela eu soube que aquela seria a melhor noite da minha vida. Meu coração acelerado no peito podia ser escutado pelos vizinhos, mas não era só meu coração que eles escutariam naquela noite.
Capítulo 13
Harry
Eu estava no camarim aquecendo a minha voz. Suíça era o primeiro show da segunda parte da turnê. Eu não estava nervoso naquele dia. Estranhamente não estava.
Você pode pensar que para um cara que fazia aquilo a quase oito anos o nervosismo já nem era mais algo recorrente, mas na verdade era. Em todos os shows minhas mãos tremiam e suavam até que eu me acostumasse com meu público, mas naquele dia em específico eu estava bem. Estava calmo e muito seguro.
Na verdade eu estava dando mais sorrisos que o que era de costume. A razão? Se você chutar com certeza você acerta.
Certo. Certo. era uma amiga incrível, isso eu nunca havia contestado. Beija-lá tinha sido incrível. Outro fato. Mas transar com ela era algo que eu não consegui explicar. Tudo encaixava perfeitamente. Nosso ritmo era o mesmo. E tudo era recíproco. Cada segundo do que tínhamos era recíproco. E havia uma certa conexão entre nós que eu jamais havia sentido com ninguém.
- Hora do show. - Kevin chamou da porta e eu assenti arrumando os cabelos no espelho e o seguindo pelos corredores do backstage enquanto ouvia o vídeo de abertura passar.
- Ela está lá? - questionei e vi meu amigo me encarar com um sorriso malicioso.
- Está, pronta para o trabalho. Não provoque ela Harry. - ele me advertiu e eu ri.
- Você sabe que não vou. - respondi subindo as escadas junto com Kevin.
- Certo, vou fingir que acredito. - ele me ajudou com o retorno - Comemoração depois do show. Não esqueça. - informou e eu assenti. Caminhei pelo palco escuro até o pedestal onde o microfone me esperava.
Quandos as luzes se acenderam eu dei início a Only Angel com fãs gritando histéricas. Não demorou muito para que eu a encontrasse. Parou ao lado de Hélène e riu me encarando em seguida. Piscou para mim de forma discreta tirando uma foto seguida. Eu sorri fraco e voltei minha atenção para o público.
[...]
passou todo o show se movimentando e fotografando a mim, a banda e ao público de modo descontraído. Sem procurava novos ângulos e modos de fotografar e eu sempre estava a vendo se mexer ao som da música.
Quando o show teve seu fim e eu vi Hélène acenar para seguir para o backstage eu me apressei em tomar o mesmo caminho. Estava eufórico pelo show e por como tudo havia ocorrido bem. Queria abraçá-la. Queria beijá-la. E era estranho querer ela tanto assim.
A alcancei rápidamente a agarrando pela cintura e a ouvi arfar assustada para logo em seguida suspirar aliviada ao notar que era eu.
- Harry! - ela repreendeu começando a rir - Quase me matou do coração garoto. - ela murmurou e eu ainda rindo a virei para que pudesse encará-la. Não usava maquiagem e os cabelos estavam meio presos, porém bagunçados. - Vem comigo. - chamei segurando sua mão e começando a correr.
- Aonde vamos? - questionou correndo - Harry eu estou com uma câmera na mão. - se explicou, mas eu apenas continuei rindo e correndo. Viramos um corredor e eu entrei na primeira porta à esquerda e fechando assim que passou por ela - Toda essa pressa pra me arrastar pro seu camarim, por…? - ela questionou em um tom que me dizia que ela já tinha ideias em mente.
- Não sei, sabe… - comecei pegando a câmera de sua mão enquanto ela ria e colocando o equipamento em cima de uma mesa que havia ali. Me aproximei da garota novamente e segurei seu rosto entre as mãos a vendo morder o lábio - O que você fez comigo, ? - questionei e ela deu de ombros.
- O mesmo que você. - e sem esperar por mais nada se aproximou e tocou meu lábios com os seus. O toque de sua mão em meu pescoço me fez arrepiar e eu a puxei para mais perto descendo a mão até sua cintura.
Era engraçado como mesmo depois de transarmos esse tipo de momento ainda tinha toques inocentes e despretensiosos. Sexo não era um objetivo conosco, era apenas uma possível consequência e não havia pressão para que acontecesse.
Batidas na porta informaram que alguém queria entrar e e eu nos afastamos um pouco, mas sem realmente nos soltarmos, rindo fraco.
- Sim? - a risada que queria sair era clara e quem quer que fosse que estivesse do outro lado, saberia disso.
- Harry, dá pra você e a irem logo aí, nós vamos sair e não aceitamos que vocês não venham. - Kevin murmurou do outro lado da porta e riu.
- Estamos indo, cinco minutos. - ela pediu e ouvimos ele rir do outro lado e depois se afastar - Vem super estrela, vamos. - ela chamou e eu fiz bico - Nem adianta, nós vamos sair e nos divertir. - ela segurou na minha mão e me puxou abrindo a porta em seguida.
- Por que uma mulher tão mandona, deus? - questionei e gargalhou.
- Por que um homem tão reclamão, deus? - e assim ela me puxou pelos corredores do backstage até a van que nos levaria ao hotel para trocarmos de roupa.
[...]
Estava no saguão do hotel esperando por , Hélène, Clare e Sarah. Iríamos a um pub que Mitch disse que um amigo havia indicado e era afastado e onde aparentemente poderíamos nos divertir sem incômodo.
Quando pensei em mandar mensagem para para perguntar se deveríamos desistir do passeio o barulho do elevador ecoou indicando que as garotas haviam chego. Me levantei junto a Mitch e Adam e todos levantamos as mãos aos céus agradecendo e rindo uns dos outros em seguida.
Assim que as garotas chegaram eu pousei meus olhos sobre enquanto ela e Sarah riam de algo que eu sequer notei o que poderia ser. usava apenas uma saia e jaqueta jeans, com um cropped preto de gola alta, enquanto tinha coturnos nos pés. Era simples, mas era ela e eu acho que jamais saberia explicar como aquelas coisas simples conseguiam ser tão lindas naquela mulher.
- Vai precisar de ajuda para encontrar o caminho até a saída do hotel? - Mitch questionou ao meu lado em tom debochado e eu revirei os olhos para ele, mas em realmente conseguir conter o riso.
- Não enche. Você quando começou a sair com a Sarah estava do mesmo jeito. - revidei e o guitarrista riu.
A banda e parte da equipe já sabia que eu e estávamos tendo seja lá o que tínhamos. Eu trabalhava com amigos e confiava que poderia manter aquilo entre nós, para que durante a turnê não precisássemos ficar nos escondendo de ninguém. A comemoração de Sarah e Hele quando contei a elas sobre eu e , naquela mesma manhã foi algo engraçado de se ver. Aparentemente Hammer tinha mais duas pessoa se juntando ao fã clube, além de .
- Vamos? - Adam chamou rindo fraco e eu sabia que Mitch havia dito a ele o que disse a mim.
- Vamos. - Clare foi quem respondeu e eu vi me encarar. Sarah se juntou a Mitch falando algo sobre adorar as camisas que ele escolhia e eu passei meu braço ao redor dos ombros de que ergueu a cabeça para me encarar sorridente.
- Oi estranho. - ela cumprimentou e eu ri fraco.
- Oi estranha. - cumprimentei de volta e em um impulso me inclinei e lhe dei um selinho rápido. Apesar de o ato ser incomum na frente das outras pessoas, não estranhou, apenas permaneceu sorrindo.
- Vocês são lindos pombinhos, mas vamos nessa. - Kevin apressou e eu ri negando com a cabeça enquanto os outros começavam a caminhar.
- Ainda podemos desistir e ficar por aqui. - sugeri e riu.
- A ideia de ficarmos assistindo comédias românticas na tv enquanto tomamos sorvete é realmente tentadora, mas dessa vez eu passo, essa noite você vai dançar comigo Harry Styles. - e dito isso ela me guiou para fora do hotel. Eu obviamente não sabia dançar, pelo menos não de maneira decente, mas eu sabia que ela não ligava para isso.
[...]
A noite se passou tranquila. Havíamos pego uma mesa no pub, mas quase não a utilizamos já que todos estavam empolgados com a seleção de músicas do local e ficamos “mexendo nossos corpos como malucos” - nas palavras de Adam - a noite toda.
- Cara… - Mitch comentou se aproximando enquanto Sarah e seguiam juntas para o bar em busca de um novo drink exótico. O último havia sido um tipo de banana split alcoólica no copo - Quando minha mãe me disse que a perdição de um homem era a mulher eu nunca entendi, mas agora eu entendo completamente. - ele murmurou e eu ri fraco o encarando com o cenho franzido bastando aquilo para que ele entendesse que eu não entendia sobre o que ele estava falando - Olhe para nós dois. - começou sua explicação, claramente um pouco mais alterado - Mal conseguimos tirar nossas mãos daquelas mulheres. Parecemos dois adolescentes que estão namorando pela primeira vez na vida. Bobos, quase patéticos, completamente caídos por elas. Sarah com certeza é a minha perdição e se você disser que não é a sua eu juro que te bato bem aqui por ser um mentiroso. - ele apontou o dedo para mim e eu ri de como a voz de Mitch começava a se arrastar.
- Eu não vou afirmar nem negar nada. - respondi e ele balançou a cabeça em negação.
Não demorou muito para as duas estarem de volta com um drink preto e com glitter dentro e eu notar que Mitch estava certo. Por que assim que me ofereceu seu copo para que eu experimentasse eu o peguei e passei minha mão livre pelos ombros dela. E Mitch, como era, me encarou com aquela cara de “eu disse”, mas não poderia me julgar por que já estava abraçando Sarah.
Antes que eu pudesse comentar sobre a música que havia começado a tocar vi Kevin se aproximar e eu conhecia meu amigo bem o suficiente para saber que tinhas más notícias para nos dar.
- O que houve? - questionei assim que ele estava perto o suficiente me ouvir. Ele encarou parecendo decidir se deveria dizer aquilo ali mesmo e quando me encarou em busca de uma permissão silenciosa eu apenas assenti.
- Alguém reconheceu você. - começou a explicar - E agora está cheio de paparazzis lá fora. - ao fim do comentário de Kev eu senti meu coração acelerar no peito.
Eu e não tínhamos nada definido. Estavamos apenas seguindo as coisas conforme elas aconteciam. Nossos amigos e família sabiam que estávamos juntos, mas sem nada definido, mas jogar aquilo para o mundo, daquele modo? Não. Não estávamos preparados para aquilo. Sabíamos que poderíamos ser descobertos por alguém a qualquer momento e por conta disso ficavamos juntos apenas em lugares considerados seguros - o que claramente não era o caso daquele pub, mas acho que nenhum de nós pensou sobre, já que estávamos apenas nos sentindo confortáveis com nossos amigos.
Em milésimos de segundos toda a confusão causada por paparazzis e fãs furiosas por que eu tinha um relacionamento foi o que tomou minha mente e me fez soltar de imediato. Ela se virou para mim e apesar de eu não olha-lá podia saber que ela não havia entendido o ato. Controle de danos. Era isso que aquele ato inesperado era. Controle de danos. Longe dela naquele momento eu era apenas um cantor que saiu com sua equipe para comemorar o primeiro show da segunda parte de sua turnê. Era isso.
Mas e se alguém tivesse nos visto juntos? Nos fotografado juntos? Droga Styles, como é que você não prestou atenção nisso?
- Preciso ir ao banheiro. - informei já me afastando e a ouvir me chamar, mas apenas segui para os fundos do local entrando no banheiro masculino logo em seguida.
Peguei o celular do bolso e abri o instagram. Se tivessem tirado alguma foto já estariam me marcando.
Anos naquele meio haviam me treinado para entender o sistema das coisas e eu adoraria estar errado, mas não estava. Ao abrir minhas fotos marcadas encontrei pela mesma foto repetidas vezes. Abri um post que era uma sequência de fotos e deslizei encontrando mais duas tiradas provavelmente em seguida uma da outra. Em uma eu abraçava de frente enquanto riamos e falavamos algo para Adam. Na segunda eu a encarava abraçado do mesmo modo enquanto ela parecia dizer algo e eu sorria a encarando. E na terceira a nós estavamos separados porém dançando de frente um para o outro.
Eu adoraria dizer que os comentários na publicação eram positivos. De pessoas desejando coisas boas ou até mesmo que estavam apenas especulando sobre nós, mas essa não era a realidade. Muitos comentários maldosos estavam sendo feitos e as pessoas já sabiam quem ela era, por que afinal, antes já éramos amigos e os fãs eram como o FBI. Descobriam qualquer coisa nesse mundo.
- Harry? - batidas na porta e a voz de gritada tiraram toda minha atenção da tela do celular. O que eu faria afinal? Outras garotas com quem fiquei saberiam lidar com aquilo por que já viviam naquele mundo, mas e ? O que ela faria diante de tudo que estava por vir? Isso eu não sabia responder e não ter respostas me deixava assustado. O que eu faria se ela decidisse que aquilo era demais? E por que meu coração apertava só de pensar na possibilidade dela ir embora.
Sai do banheiro e a encontrei com uma expressão assustada no rosto.
- O que houve? - ela questionou e eu respirei fundo olhando em volta buscando por alguém que pudesse estar nos fotografando naquele momento. Quando meus olhos pousaram nos dela eu suspirei.
- Alguém tirou fotos nossas. Já está na internet. - soltei de uma vez e ela assentiu devagar - E tem paparazzis lá fora. - comentei novamente e ela voltou a assentir.
- Eu sei. Kev me mostrou as fotos. E bom… - ela suspirou - Eu dei uma olhada nos comentários. - ela respondeu em tom tranquilo - O que quer fazer? - ela questionou e eu respirei fundo.
- Não sei. Quero dizer, como você está com isso? Não está surtando nem nada assim? O que você quer fazer? - eu que era tão acostumado a falar devagar, estava soltando as palavras de modo que ela atropelavam umas às outras.
- Eu não, mas você claramente está. - riu fraco - E eu sequer preciso perguntar para saber a razão. - seus olhos me transmitiam calma e eu me perguntava como era possível.
- , eu sei que…
- Harry, sabemos que isso é complicado. Sabemos como combinamos de levar isso aqui. - ela apontou para nós dois - E eu honestamente sabia que havia a possibilidade de isso que está acontecendo agora, acontecer em algum momento. - ela deu de ombros - Se o que ronda sua mente é a possibilidade de eu sair correndo diante de fãs que me xingam de, no mínimo, golpista, acho que pode descartar essa possibilidade. - ela se aproximou e segurou minha mão livre - Eu não vou sair correndo, Harry Styles, mas preciso que você também não faça isso, porque sozinha eu sei que realmente não vai rolar. - ela sorriu sem mostrar os dentes - Eu sei que não vai ser fácil e que as pessoas vão ficar querendo saber o que somos quando nem nós mesmos rotulamos isso, mas não acho que devemos satisfações a ninguém e que podemos tirar nosso tempo para decidir. - ela entrelaçou nossos dedos fixando seus grandes olhos castanhos nos meus - Então Harry, se você quiser a gente sai juntos por aquela porta e não responde nenhuma pergunta, mas se você preferir que a gente saia separados, tá tudo bem também, não vou me importar. Só quero que saiba que eu não vou fugir. - meus olhos se revezavam para procurar nela alguma insegurança, mas não havia. Definitivamente, era o lado mais corajoso daquela relação indefinida.
Eu ri fraco de modo aliviado e me aproximei beijando sua testa de modo demorado. Quando a encarei novamente ela sorria. estava realmente segura quanto a aquilo.
- Os surtos vão ser meus todas as vezes? - questionei a fazendo gargalhar e a acompanhei.
- Alguém tem que manter a calma para equilibrar, não? - eu neguei com a cabeça ainda rindo e sorri.
- Você não existe, . - sussurrei e ela me mostrou a língua.
- E ai. - a voz de Kevin surgiu no corredor e ele nos encarava apreensivo - Já viram o que vamos fazer? - eu encarei e ela me olhava, esperando pela minha resposta. Eu levantei nossas mãos que estavam juntas e beijei a mão de .
- Vamos só curtir o resto da noite. Ninguém aqui deve explicações para ninguém. - ela sorriu de canto e ambos encaramos Kevin que sorria do mesmo modo.
- Certo. Então vamos beber mais daquele negócio com glitter. - ele chamou acenando e eu e começamos a caminhar - É hora de comemorar a coragem de , porque claramente até uma criança de dois anos de idade é mais corajosa que ele ultimamente. - Kevin implicou e eu corri um pouco o alcançando e o empurrando de leve - E eu menti? - questionou e eu me limitei a rir. Ele estava certo. era corajosa e talvez eu precisasse ser mais como ela. Ainda mais por que agora tudo ficaria mais dificil. Mas nós daríamos um jeito. Eu sabia que sim.
Capítulo 14
And there's no other place I'd ever wanna go
Dia de folga. Era aquilo que eu acordei sabendo que teria. Eu e Hel havíamos adiantado todo o trabalho com as fotos do último show e naquele dia em específico não iríamos mais cedo para o local do show, então eu teria a manhã e tarde de folga. Harry estava em rádios locais cumprindo agenda, então eu não o veria, mas Kevin, como ótimo amigo que era, havia me chamado para sairmos turistando pela cidade Sueca.
Estocolmo era uma cidade de prédios antigos e muito bonitos. Cafés com algumas mesinhas na calçada eram encontrados por todo o lugar, mas ainda não iriamos comer. Kevin insistiu por visitarmos o que ele chamou de “tesouro nacional da Suécia”, popularmente conhecido como Museu do ABBA. Eu não era uma grande fã, conhecia Dancing Queen e Mamma Mia porque afinal, quem não conhece essas músicas? Mas segundo Kevin aquele era um item de sua lista de coisas para se fazer antes de morrer e eu não poderia negar aquilo a ele.
- Tire uma foto minha aqui. - ele pediu em frente a uma grande letreiro luminoso onde se lia “ABBA”.
- Estou achando que você só me chamou para ter uma fotógrafa particular. - murmurei e tocou o peito fingindo estar ofendido.
- Eu?! Jamais. - revirei os olhos rindo e pegando meu celular para a foto.
Algumas fotos foram tiradas e então seguimos pelas seções do museu. Haviam painéis interativos, salas com alguns leds que imitavam clipes famosos, uma sala com figurinos, outra cheia de discos, roupas de merchandising e esse tipo de coisa. Era um lugar legal afinal de contas. Haviam roupas que podiamos vestir e nós acabamos às vestindo e tirando algumas fotos juntos.
- Da onde surgiu a ideia de vir a esse lugar, afinal. - questionei enquanto penduravamos as roupas novamente.
- Eu me lembro da minha mãe escutando muito as músicas deles enquanto eu crescia. As vezes eu chegava da escola e ela estava na nossa cozinha, fazendo o almoço e cantando The Winner Takes It All por exemplo. Acho que é uma das memórias mais felizes que tenho com ela. Ela me tirando para dançar enquanto eu a encarava da porta, ou como ela adorava dançar isso na véspera do natal na nossa sala de estar. Então um dia ela comentou comigo sobre esse lugar. Ela o visitou logo que inaugurou junto com meu pai e eu coloquei na minha cabeça que precisava vir até aqui algum dia. E cá estamos. - ele comentou com um sorriso nostálgico nos lábios e eu sorri junto.
- Bom, então obrigada por me deixar fazer parte desse momento. - agradeci e ele me puxou pelos ombros me abraçando.
- Você é uma boa amiga. - ele soltou simples e eu ri fraco. Ouvi Mamma Mia começar a tocar em algum lugar e me afastei rapidamente puxando Kev pela mão.
- Vem, preciso do meu momento Meryl Streep! - murmurei e Kevin gargalhou me seguindo.
A música vinha da sala ao lado, onde nas paredes passavam imagens do clipe original da música. Eu encarei Kevin e ele deu de ombros sorrindo como quem diz “se você fizer eu faço”, o que foi minha deixa para iniciar uma dança desajeitada sendo seguida por Kevin em uma performance dramática da música. Fizemos toda a dança juntos até que a música tivesse fim e terminamos aquilo gargalhando um do outro. Saímos da tal sala e seguimos para a sala seguinte que era a dos discos.
[...]
-Nem reclame, você vai aprender a dançar a dança da mãozinha comigo sim e pronto acabou. - informei para Kevin que riu. Estávamos caminhando pela rua com dois copos de chocolate quente por conta do frio. Havíamos almoçado a pouco e logo em seguida pedimos pela bebida para que pudéssemos seguir o passeio pelas ruas de Estocolmo.
- Mas por que se chama dança da mãozinha? É por que só se dança com as mãos ou por que tem algo a ver com a família Adams? - seu questionamento me fez rir, por que era quase um absurdo alguém não conhecer o hino atemporal do É o Tchan, mas eu logo me lembrei que em terras europeias aquilo não era conhecido.
- Você vai ver quando formos dançar. - respondi simples e ele apenas revirou os olhos. Vi Kevin tomar um gole de seu chocolate e após um pequeno silêncio ele morder o lábio.
- E como está a ? - questionou em um tom quase despretensioso, mas o nervosismo em sua voz estava claro como vidro novo.
- Bem, se preparando emocionalmente para nós receber em Maio. - dei de ombros - "Muita terapia e florais, minha cara " - soltei em um tom diferente que fez Kev rir - Palavras dela. - ele negou com a cabeça.
- Por que ela ficou estranha aquele dia no telefone? - ele parecia receoso em perguntar.
- é fã da One Direction desde que a conheço. Tudo começou muito cedo então ela era uma daquelas fãs que sabem até o tipo sanguíneo dos garotos. Consequentemente ela conhece você, então provavelmente foi por isso. - dei de ombros e ele assentiu parecendo insatisfeito.
- Entendo. - foi tudo que ele disse e eu o empurrei pelos ombros.
- O que foi, Kev? - ele suspirou.
- Por um momento achei que ela pudesse estar interessada em mim, sei lá, mas pelo visto é só outra pessoa para quem eu interesso por causa do Harry. - seu tom pesaroso me partiu o coração e eu o puxei devagar para um abraço.
- Ah Kev, não pense assim, você vai encontrar alguém que goste de verdade de você. Eu sei que vai. - a afirmação o fez rir fraco e ele se afastou brevemente beijando o topo da minha cabeça.
- Você é realmente uma boa amiga. - foi tudo que ele sussurrou antes de se afastar - Vamos? Ainda temos que… - sua fala foi interrompida por um flash de luz ao longe para onde nós nós viramos instantâneamente. Parado perto de um carro havia um homem com uma câmera e eu não precisava de mais nada para saber o que estava acontecendo - Hora de ir. - Kevin informou apoiando a mão em minhas costas e me indicando o lado oposto ao fotógrafo que agora batia novas fotos. Caminhamos apenas alguns passos até Kevin encontrar um Táxi e para-lo.
- Senhorita , Harry sabe que a senhorita anda se encontrando com outro homem? - o paparazzi questionou e eu estava tentando pensar no que responder quando Kevin me indicou o carro.
- Não diga nada. - ele sussurrou e eu apenas segui o conselho.
Entramos no carro e Kevin passou o endereço para o motorista que logo estava acelerando, mas não sem antes deixar que o fotógrafo tirasse mais algumas fotos nossas dentro do carro.
Não demorou muito para que chegasse nos ao hotel, já que não era longe. Apenas tomamos o táxi para despistar o paparazzi.
Entramos no hotel e seguimos direto para o elevador. Kevin já digitava uma mensagem nervoso e eu sabia que devia ser para Harry ou Jeff. Eu torcia para que fosse o segundo.
[...]
O resto daquela tarde se passou com Sarah e Hel no meu quarto. Elas garantiram que pessoas estavam cuidando do ocorrido, mas eu não estava preocupada. Eu sabia que uma hora ou outra alguma coisa aconteceria e não havia nada a ser feito naquele caso. Era Kevin, as pessoas sabiam quem ele era, iriam desconfiar de que afinal? De mim e do melhor amigo de Harry juntos? Não. As fãs de Harry o conheciam então tudo estava bem.
Quando o horário do show chegou nós encaminhamos para a Ericcson Globe que era a arena onde aconteceria o concerto. Eu peguei a van junto com a banda e minha companheira fotógrafa e não demoramos a chegar ao local. Durante uma conversa da produção eu ouvi que Harry estava sentado nos bancos em frente ao palco A e resolvi ir vê-lo. Não queria comentar o ocorrido por não ter certeza se ele já sabia e por não querer acabar com seu clima para o show daquela noite.
Então quando o vi encarando o pessoal que dava os últimos toques nas luzes eu sorri. Ele parecia satisfeito com o que via a sua frente e acima disso parecia orgulhoso.
-Ei estranho. - chamei sua atenção vencendo os passos que faltavam para alcançá-lo. Harry me encarou sorridente e abriu os braços onde eu me aconcheguei.
- Senti sua falta. - ele sussurrou e eu ri fraco o encarando sem me afastar.
- Mas tão rápido? - questionei e ele revirou os olhos - Você é o típico cara saído de comédias românticas, Styles. - comentei rindo e ele fez o mesmo.
- Gems me criou muito bem. - ele beijou minha cabeça e eu o apertei em meus braços.
- Me lembre de agradecer. - comentei aproveitando mais alguns segundos do abraço até me soltar - Eu preciso ir para arrumar o equipamento e acho que você tem que ir se vestir, seu Gucci lhe aguarda. - brinquei e ele riu negando com a cabeça.
- Já estou indo. Jantamos juntos essa noite? - questionou e eu sorri mordendo o lábio.
- Você escolhe a comida dessa vez. - eu já me afastava de costas e ele assentiu.
- Espero não decepcionar. - foi o último comentário de Harry enquanto eu ria e me afastava.
Segui pelo backstage até a sala onde Hélène se encontrava e assim que adentrei o local soube que havia algo de errado só por conta de seu olhar sob mim.
-Se for notícia ruim, me dê de uma vez. - pedi rindo, mas ela não fez o mesmo, o que me faz parar meu caminho até a bolsa onde minha câmera se encontrava - Hels, quando você não está rindo o mundo parece que está girando errado. O que houve? - a francesa respirou fundo e apenas me entregou seu celular.
A página do twitter estava aberta e meu nome ocupava o campo de busca. Abaixo haviam tweets de diversas pessoas, com algumas fotos junto a eles. Eram fotos daquele dia. Eu e Kev na rua. A que mais se repetia era uma onde estávamos de lado para a câmera e eu abraçava Kevin enquanto ele beijava minha cabeça.
Os tweets em si tinham palavras nada gentis e extremamente agressivas, mas a ideia geral de todos ele era a mesma: a de que eu era uma vadia interesseira que estava usando Harry apenas por seu dinheiro e fama, e que enquanto Harry estava em suas entrevistas eu estava por aí pegando outro cara. Pela forma como falavam, eu notei que não haviam reconhecido Kevin, e eu entendia o por que, já que nas fotos o ângulo em que ele estava tornava meio difícil de ver seu rosto com clareza.
-Sem grandes novidades, Hels. Eu sabia que elas me xingariam. - respondi devolvendo o celular a ela e seguindo até a bolsa de equipamentos pegando minha câmera e minha lente 70-200.
- , eu acho melhor você trabalhar no backstage hoje. - ela comentou e eu a encarei com uma sobrancelha arqueada.
- Nós não trabalhamos no backstage durante o show. - a Minha resposta a fez torcer os lábios.
- Vai ser melhor, . Quero dizer isso acabou de sair, essas garotas não vão estar em seu melhor humor. - eu entendia Hélène. Ela não estava pensando no marketing ou nada assim. Era na minha integridade física e mental, e eu a amava por isso. Amava o fato de termos nos tornado amigas daquele modo.
- Hels, agradeço pelo seu cuidado, mesmo, mas eu não vou me esconder por causa disso. Se elas não gostam de mim, ótimo, não são obrigadas, mas respeito é algo que elas têm que aprender a ter. Até por que estou trabalhando aqui. Então eu vou até lá e vou fazer meu trabalho e você sabe disso. - a francesa soltou um sorriso fraco.
- Você é tão teimosa. - ela se levantou e pegou sua câmera também - Vamos então, mas já aviso que se alguém encostar em você eu não respondo por mim. - eu gargalhei. Hélène era uma pessoa tão da paz que eu duvidava que fosse capaz de fazer algum mal a alguém, mas apenas a deixaria dizer que sim.
- Certo, Rocky. Vamos ao trabalho. - murmurei saindo da sala com ela em meu encalço.
Seguimos pelos corredores e ao virar um deles demos de cara com Harry. A feição preocupada quando viu a câmera em minha mão e para onde eu estava indo me entregou que ele já sabia do que estava na internet.
-Não adianta nem falar, eu já tentei. - Hélène alertou e ele parou em minha frente.
- …
- Harry, eu vou trabalhar e nada vai me impedir. - respondi firme e ele jogou a cabeça para trás claramente frustrado.
- As vezes eu odeio sua teimosia, sabia? - eu dei de ombros para a fala do garoto e ele negou com a cabeça - Certo, não vou tentar impedir, mas Paul vai com você e isso não é negociável. - ele informou e eu revirei os olhos.
- Eu não preciso de um segurança. - contestei e Harry me segurou pelos ombros.
- Eu sei, você é bem capaz de se proteger, mas eu vou me sentir muito mais tranquilo para fazer esse show se ele estiver com você. - Harry tinha um tom carinhoso e eu queria socá-lo por ser tão fofo.
- Tá bem, mas ele não precisa ficar em cima de mim. - Harry sorriu e assentiu.
- Ele não vai, é só uma garantia. - eu assenti e Harry acenou para o homem que se aproximou. Eu já o conhecia. Ele era alto, tinha uma barba cheia com alguns fios grisalhos e usava camiseta e jeans. Sem ternos ou fones que o faziam parecer um espião - Cuide bem delas, Paul. - Harry apontou para mim e Hels e se virou para mim em seguida - Eu tenho que ir me trocar. Se cuide. - ele se aproximou e depois nossos lábios rapidamente. Em seguida beijou o rosto de Hels e se foi.
- Vocês dois são tão fofos juntos que eu tenho até vontade de amarrar vocês juntos pra sempre. - Hélène comentou quando Harry se foi e eu gargalhei.
- Devo me preocupar com sequestro? - questionei com uma sobrancelha arqueada.
- Talvez. - ela deu de ombros e eu neguei com a cabeça.
- Você é testemunha que minha maior ameaça é a Hélène, Paul. - informei e vi o segurança rir.
- Se ela chegar perto de você eu já sei o que devo fazer. - foi minha vez de rir.
- Vamos, temos muito a fazer. - informei voltando a caminhar.
[...]
No fim das contas tudo foi mais tranquilo que todos estavam esperando. Houveram olhares tortos, sussurros e até uma garota que gritou do meio da multidão que eu não deveria estar lá, mas quando Harry subiu ao palco elas realmente esqueceram de mim e eu consegui trabalhar sem grandes infortúnios. Afinal aquilo poderia ser algo tranquilo, não é?
Como já havíamos combinado eu e Harry iríamos jantar juntos. Pensei que sairíamos, mas sua mensagem chegou me dizendo que eu deveria subir até seu quarto e assim eu o fiz.
Assim que ele abriu a porta notei que ele vestia uma camisa social branca com os primeiros botões abertos, com calças pretas e sapatos.
-Achei que fossemos jantar por aqui. - comentei com o cenho franzido e entrando no quarto.
- E vamos. - ele afirmou - Vai ser algo romântico e eu queria estar arrumado. - ele respondeu minha pergunta mental.
- Poderia ter me avisado e eu teria me arrumado também. - indiquei minha roupa e Harry riu. Eu usava um cropped preto de manga e gola alta, uma calça de alfaiataria de estampa xadrez e all star.
- Mas você está arrumada. - revirei os olhos.
- Me lembre de sempre checar em que tipo de restaurante vamos jantar antes de me arrumar pra sair com você. - comentei e o garoto riu me abraçando pela cintura enquanto me guiava pelo quarto.
- Depois me chamam de fresco. - comentou me fazendo rir.
Harry me guiou até a varanda de seu quarto de onde era possível ver as luzes da noite de Estocolmo. O céu estava estrelado e a lua brilhava intensamente. Em um canto havia uma pequena mesa com dois lugares e uma vela acesa, uma garrafa de vinho repousava sob um desses carrinhos do serviço de quarto que leva a comida, juntamente com duas cloches. Harry me levou até uma das cadeiras e a puxou para que eu me sentasse e assim o fiz.
-O que é isso? - questionei me referindo a aquele jantar enquanto Harry servia o vinho em uma taça.
- Só quis fazer algo legal. - ele disse simples me entregando a taça de vinho e colocando outra onde se sentaria. Em seguida colocou os pratos cobertos sob a mesa, um em frente a cada um de nós e finalmente se sentou - Eu parei para pensar e notei que nunca cozinhei para você. Então, pedi para usar a cozinha do hotel e aí está. - ele indicou o objeto à minha frente ainda coberto.
- Por isso saiu correndo depois do show? - questionei rindo ele fez o mesmo enquanto assentos - Obrigada. Mesmo. - sorri e ele assentiu. Indicou que eu deveria levantar a cloche e assim o fiz. O cheiro do prato fez meu estômago roncar. A carne mal passada estava fatia e havia um molho brilhante por cima, juntamente com uma porção de arroz e um purê que decorava o prato todo - Você fez isso? - questionei indicando o prato e ele assentiu - Eu me sinto uma vergonha pensando em todas as vezes que cozinhei pra você. Eu perderia o Masterchef facilmente competindo contra você. - o comentário o fez gargalhar.
- Não é assim, sua comida é boa, você só não sabe decorar pratos. - eu lhe estreitei os olhos.
- Eu até te bateria, mas é verdade. - novamente ele riu. Aquela risada que sempre aquecia meu coração.
- Vamos comer antes que eu apanhe então. - ele indicou o prato e eu peguei os talheres. Minha boca salivava de tão bom que o prato parecia e apenas comprovei isso com a primeira garfada. O molho brilhante definitivamente era maracujá, o que trazia ainda mais suculência e sabor ao prato. E por alguns instantes eu não consegui falar apenas apreciar aquilo.
- Você é um homem de muitos talentos, Harry Styles. - informei após engolir a comida e Harry riu fraco - Se continuar cozinhando assim vai acabar me ganhando pelo estômago e eu vou ser obrigada a te pedir em casamento. - brinquei e o vi sorrir de canto. Por alguns segundos ele apenas me encarou como quem pensa em algo e depois riu fraco sozinho.
- Um brinde então. - ele levantou sua taça de vinho e eu fiz o mesmo com o cenho franzido e tocando nossas taças.
- A o que? - questionei ele sorriu.
- Ao pedido de casamento que você vai me fazer em breve. - eu ri negando com a cabeça e ambos tomamos o vinho.
- Você vai se lembrar disso, não vai? - repousei minha taça sob a mesa e o encarei. Ele sorria de modo leve e despreocupado.
- Claro que vou e vou aguardar ansiosamente, senhorita .
Capítulo 15
Harry
Era uma tarde de quarta-feira quando parei o carro na garagem da minha mãe. O show daquele dia e do dia seguinte seriam na O2 Arena em Londres e por conta daquilo, minha mãe convidou a mim e a para almoçarmos com ela, bem como Gemma e Michal.
Descemos do veículo e eu segui abraçando pelos ombros até a porta. Assim que abri a mesma o cheiro do assado de dona Anne invadiu minhas narinas, assim como a voz dos outros três que estariam ali. estava tranquila. Ela já conhecia minha mãe e Gemma. A única novidade era Michal, a quem ela não havia tido a oportunidade de conhecer ainda, mas que não representava algum tipo de ameaça.
- Por favor, me diga que a Gemma não está cozinhando. - declarei com os dedos entrelaçados no de . Foi aquilo o que minha irmã e mãe encararam assim que entramos na cozinha com sorrisos marotos nos lábios.
- Já chegou o implicante. - minha irmã murmurou se aproximando e me abraçando para em seguida abraçar - Que bom que finalmente vai conhecer o Michal, ele não aguenta mais me ouvir falar de você. - Gemma respondeu se virando para o namorado que já se aproximava. Ele me abraçou e em seguida fez o mesmo com .
- Ela não para de falar de você e de um doce que você fez no aniversário do Harry. - ele respondeu e Gemma encarou com expectativa fazendo a menina rir.
- Tudo bem Gems, podemos fazer brigadeiro hoje. - ela respondeu entendendo o pedido da minha irmã apenas com um olhar e Gemma a abraçou.
- você é definitivamente a melhor pessoa que meu irmão já me apresentou. - ela murmurou e eu ri vendo minha mãe deixar sua panela e vir até nós. Como sempre ela me abraçou por demorados segundos de maneira carinhosa e então fez a mesma coisa com que tinha um sorriso reconfortado nos lábios enquanto ambas se apertavam.
- Que bom que veio almoçar conosco. - minha mãe declarou após soltar .
- Obrigada pelo convite. Harry disse que seu assado é o melhor de todos. - minha mãe me encarou orgulhosa, porém sem jeito e eu dei de ombros.
- Espero que eu supra as expectativas. - ela comentou rindo fraco.
- Você sempre vai além delas mãe. - comentei enquanto ela voltava a cozinha.
- Puxa saco. - Gemma murmurou me mostrando a língua e eu apenas repeti o ato para ela fazendo com que e Michal rissem.
[...]
O almoço se passou com histórias e risadas. Assim que terminamos e Gemma foram fazer o tal brigadeiro e quando voltaram Gemma decidiu que queria jogar um daquele jogos de dança no videogame que Michal havia levado. Estávamos todos na sala e minha mãe junto a Gemma terminavam de dançar macarena enquanto eu e estávamos sentado no sofá e Michal na poltrona.
- Se divertindo? - questionei que estava ao meu lado com sua cabeça apoiada em meu ombro enquanto nossas mãos estavam juntas.
- Bastante. Sua mãe e a Gemma deveriam ganhar o prêmio de melhor performance de macarena. - ela me arrancou uma risada e eu neguei com a cabeça - E o Michal é com certeza um dos caras mais engraçados que conheci na vida. - ela encarou meu cunhado que assistia a cena dançando sentado na poltrona.
- Não somos muito normais por aqui, sabe? - riu.
- Tudo bem, não precisam ser. - ela deu de ombros. Depois de alguns segundos minha mãe jogou os braços para o alto gritando de maneira vitoriosa enquanto Gemma fazia um bico.
- Eu venci! - ela gritou se virando para mim e .
- Isso ai, Anne. - esticou seu braço para que minha mãe batesse sua mão na dela e ela assim o fez.
- Vem sua traíra, é sua vez de jogar com ela. - Gemma anunciou encarando com olhos estreitos e minha mãe negou.
- Ah não, pode jogar com a Gemma, eu preciso de um descanso e também preciso falar com o Harry. - minha mãe apontou para mim e eu franzi o cenho de maneira curiosa.
- Certo, coloque I will survive então que é de três, assim o Michal tira os talentos dele da poltrona. - respondeu se levantando e Gemma gargalhou.
- Vamos pegar uma água comigo, querido. - minha mãe acenou com a cabeça e eu assenti, a seguindo para a cozinha enquanto Gemma e puxavam Michal debaixo de protestos para a frente do videogame.
Minha mãe abriu a geladeira pegando uma garrafa e despreocupadamente se serviu. Ela deu a volta na ilha da cozinha e se sentou em um banco que lhe dava visão da sala, batendo no banco ao lado indicando que eu deveria me sentar ali.
- Aconteceu alguma coisa? - questionei após me sentar e ela negou com a cabeça.
- parece estar se divertindo bastante. - ela comentou de modo despretensioso, mas eu conhecia minha mãe bem o suficiente para saber que ela não jogava comentários ao vento assim.
- E ela está. - respondi, por mais que soubesse que não fazia diferença na conversa que se seguiria.
- E como vocês estão? - ela então me encarou.
- Bem. - não sabia exatamente onde ela queria chegar ali.
- E como está toda essa história de paparazzis e fãs malucas? - ela repousou o copo sob a bancada.
- Ela está lidando bem. Quero dizer, ela diz que não dá muito importância e realmente não parece estar ligando para isso. - dei de ombros - Ela só segue a vida como se nada estivesse acontecendo lá fora e parece sincera nisso. - respondi simples e minha mãe assentiu.
- Eu gosto dela. É uma boa menina, você sabe? - ela iniciou e eu ri fraco - Gemma também a adora e você então, eu sequer preciso comentar. - ela jogou a mão e eu ri.
- Aonde quer chegar, dona Anne Twist? - apoiei meu braço na bancada me virando para encarar minha mãe melhor enquanto ela sorria em um claro sinal de agrado por eu ter lhe dado a deixa para o que queria dizer.
- Eu quero saber por que vocês não estão oficialmente juntos. Não estou falando para a mídia, mas para suas família e amigos. - eu respirei fundo.
- Mãe, isso é só um rótulo. - comentei simples e ela riu fraco.
- Querido, sabemos que você nunca ligou muito para isso, mas eu te conheço e sei que dessa vez a falta desse rótulo está te incomodando. - seu tom gentil sempre presente estava ali de novo - Não pense que não notei seu desconforto quando Michal perguntou a quanto tempo vocês estavam juntos e você respondeu “Somos amigos a quatro meses” por que não tinha como definir o que vocês tem. - sua constatação me fez rir de forma tensa.
Eu realmente nunca havia me importado com aquele rótulos e títulos, mas quando Michal me perguntou aquilo eu não soube definir o que tínhamos exatamente. Obviamente eu e estávamos juntos, mas o que éramos afinal? Amigos com beneficios? Uma ficada fixa? Se outra pessoa surgisse na vida dela, ela ficaria com essa pessoa? E o que aconteceria conosco? Todas aquelas eram questões que haviam me surgido e eu não entendia o por que, já que elas nunca haviam sido um problema antes. Então por que eram agora?
- Filho, eu entendo seu pensamento de certas coisas serem só rótulos e você ser completamente desapegado a isso, mas às vezes rotular uma relação não é um problema. Parte da liberdade é poder decidir quando usar ou não um tipo de título. Se até hoje você não quis usá-los com as outras garotas com quem esteve, tudo bem, mas se agora com você quer, está tudo bem também. Não é errado querer chamá-la de namorada. - era inacreditável como minha sempre parecia saber o que se passava na minha mente, e naquele momento não era diferente - Sabe como me orgulho do seu pensamento e nunca estaria tendo essa conversa com você caso não achasse necessária, não sabe? - eu assenti e ela sorriu - Ótimo. Faça o que achar que deve e não coloque o peso do mundo sobre isso também, afinal, é só um nome do qual vai poder chama-la. - ela piscou para mim se levantando e deixando seu copo na pia e depois voltando indicando que seguiria para a sala - Você vem?
- Agora não. - respondi em tom baixo e ela assentiu sorrindo fraco e seguindo para a sala onde fez uma festa ao ser informada que Michal havia ganho enquanto e Gemma começavam uma nova música.
Tirei alguns minutos para observá-la. Ali em meio a minha família, com ela, tudo parecia certo e simples. era como alguém que sempre havia feito parte daquele espaço. Ela tinha conversas leve e cheia de humor com a minha mãe e elas sequer pareciam ficar desconfortáveis uma com a outra. Ela e Gems pareciam amigas de longa data, sempre brincando e conversando sobre as vidas delas. Não eram aquelas conversas apenas sobre mim, que seria o ponto em comum. Michal e do mesmo modo se davam bem. Ele um pouco mais tímido estava sempre sendo incluso por ela e eu tinha absoluta certeza, que se Rob estivesse conosco, eles seriam uma dupla e tanto no quesito nos fazer rir. Ele teria a adorado e ela a ele. Eu afirmava aquilo com tanta certeza, por que era algo claro. não estava tentando se forçar a fazer parte dali, era natural. E naquela linha de pensamento o conselho da minha mãe me fez notar que, aquilo que eu sentia, a necessidade de dar um nome ao que tínhamos também era natural.
Não estavamos nos cobrando daquilo, mas eu queria. Queria muito. E foi com aquele pensamento que peguei meu celular digitando uma mensagem para Kevin. Eu estava decidido. Era o que faria.
[...]
Havia uma música que estava constantemente cantarolando enquanto editava suas fotos. Desde que a conheci a melodia não saia de seus murmúrios. Ela nunca cantava a letra, apenas a melodia. Um dia quando lhe perguntei o porque daquela canção ser tão constante para ela, a garota apenas desconversou.
No dia anterior quando decidi que faria a coisa mais clichê do mundo para ela, a música - que eu fiz com que ela me contasse qual era ainda antes de irmos para a tour - pareceu se encaixar naquele momento melhor do que qualquer outra. Meu desafio foi aprender ela durante aquele dia no teclado de Clare - já que aquele era o instrumento favorito de .
Durante todo o dia, enquanto eu preparava toda a surpresa, Hélène foi quem ficou responsável por ficar de olho em e acabou a levando para uma sessão de fotos. Tudo aconteceria depois do show ainda na arena já que arrumar tudo na minha casa poderia atrair ainda mais atenção dos paparazzis que estavam especialmente interessados em nós depois que fomos vistos deixando a casa da minha mãe. Na arena teríamos apenas amigos de todo modo, e aquilo faria tudo ainda mais especial.
Quando o show teve fim eu pisquei para Hels que entendeu que era sua hora de, novamente, distrair e ela seguiu para a garota iniciando uma conversa. Eu segui para o camarim e me enfiei no chuveiro por que estava muito suado e precisava de um banho antes.
Terminado meu banho, eu vesti calças pretas, com o mesmo sapato do show e uma camisa branca com os primeiros botões abertos. Ajeitei os cabelos e passei meu perfume. Encarei meu reflexo no espelho e ri fraco.
-Você é um clichê, Harry Styles. - murmurei para mim mesmo e ouvi a porta se abrir.
- Vamos, estão todos prontos. - Kevin chamou me apressando e eu assenti, correndo para fora do camarim.
- O que você acha que ela vai dizer? - questionei enquanto caminhávamos de modo apressado para o palco.
- Eu espero que ela diga sim, mas se ela não disser pede pra mim que eu aceito. - ele brincou e eu ri, subindo as escadas do palco. Não havia muita iluminação, mas eu conseguia seguir meu caminho até o teclado que se encontrava no centro do palco. Eu tentei arrumar um piano de cauda, mas acredite era difícil demais em cima da hora.
Quando me sentei no banco vi que Kevin respondeu uma mensagem no celular e me encarou em seguida.
-Coragem Harry, ela estava vindo. Tomara que ela diga sim. - e dito isso ele se foi, para segundo depois as luzes se apagaram no palco e as de plateia se acenderam.
No fundo da arena eu vi uma porta se abrir revelando duas silhuetas. Eram e Hélène caminhando a pouca luz.
-Hels o que estamos fazendo aqui? Todo mundo já deve estar indo embora e eu também quero ir. Estou cansada. - a voz de murmurou em uma manha e eu me segurei para não rir.
- Menina, para de fazer perguntas e senta logo ali. - Hélène apontou a cadeira que estava bem à frente do palco.
- Pra que? - questionou novamente e a francesa bufou.
- , minha amiga querida, só faz o que eu tô pedindo. - Hélène voltou a indicar o lugar e foi quem bufou se sentando - Ótimo, agora relaxa que eu já volto. - Hélène tomou o caminho do backstage e sumiu, deixando sozinha ali.
Ela olhou em volta em busca de qualquer coisa que lhe desse uma dica do que estava acontecendo, mas não encontrou nada. Em um momento de distração dela, a canção que eu cantaria para ela naquela noite foi murmurada por ela e eu ri fraco de modo silencioso. Houve um sinal sonoro pelo lugar que fez pular no assento e eu soube que era a hora. Um único holofote se acendeu e me iluminou no palco e aquilo assustou novamente.
-Jesus Cristo! - ela soltou com a mão no coração e eu não consegui conter a gargalhada - Caramba, Harry você quer me matar menino? - ela soltou de maneira exasperada, mas logo estava rindo - Não acredito que você e Hélène me enrolaram aqui até agora só pra me assustar. - ela murmurou em certa indignação e eu ri. Minhas mãos tremiam e suavam.
- Não foi para te assustar. - respondi e a vi franzir o cenho - Eu tenho uma surpresa para você. - comentei e um sorriso fraco surgiu em seus lábios. Comecei a tocar as primeiras notas da música e soube que eu não conseguiria encará-la enquanto cantava, estava muito nervoso.
You took me back in time to when I was unbroken
Now you're all I want
And I knew it from the very first moment
'Cause a light came on when I heard that song and I want you to sing it again
Eu tinha meus olhos fixos nas teclas a minha frente, mas quando desviei o olhar por um momento vi sorrir tímida reconhecendo a música. O refrão honestamente não fazia muito sentido em ser cantando para ela, mas foi cantando ele naquele momento que eu notei o por que de ela ficar desconcertada sempre que eu perguntava da música. Talvez, a cantarolasse pensando em mim. Pensando em nós.
But I know he don't deserve you
If you were mine I'd never
Let anyone hurt you
I wanna dry those tears, kiss those lips
It's all that I've been thinking about
Cause a light came on
When I heard that song
And I want you to sing it again
Eu a encarei e ela cantava baixinho junto, podia notar seus olhos marejados e um sorriso fraco em seus lábios. Ali, naquele momento, ela era tudo que importava. Não haviam paparazzis ou fãs raivosas que importassem. Não haviam matérias sensacionalistas sobre nós que pudessem tirar a felicidade do meu coração. Naquele momento, cantando pra ela em um show privado, dizendo meus sentimentos em uma música que eu sequer havia escrito, ela era tudo que importava. Seu sorriso largo, seus olhos brilhantes, a forma como abraçava a si mesma.
Can I be the one?
Can I be the one?
Oh, can I, can I be him?
Won't you sing it again
Oh, when you sing it again
Can I be him?
Won't you sing it again
Oh, when you sing it again
Can I be him?
Havia errado algumas notas no teclado durante a música, mas honestamente eu não me importava. Eu só queria que ela soubesse o quanto era especial e o quanto eu a queria comigo. Eu só queria que ela soubesse que meu coração era dela de um modo que nunca havia sido de ninguém. Só queria que ela soubesse como eu me sentia sobre nós.
Can I be him?
Can I be him?
Can I be him?
Can I be him?
Finalizei a música com as últimas notas no piano e a encarei. Seu sorriso era largo e ela levantou as duas mãos batendo palmas e me levando novamente a novembro no meu show de Manchester depois que finalizei Sign of the times. Me levantei de onde estava sentado e vi Kevin dar alguns passos em minha direção me entregando um buquê de tulipas brancas e cor-de-rosa e eu sorri agradecendo e em seguida desci as escadas laterais do palco seguindo até que já havia se levantado. Ela usava calças pretas rasgadas, um moletom da tour e tênis também pretos e conseguia ser a garota mais bonita que eu já havia visto.
-Harry o que é isso? - ela questionou quando eu já estava próximo o suficiente.
- Pra você. - respondi lhe entendendo as flores e ela as encarou sorrindo.
- Aonde você arranjou tulipas nessa época do ano? - questionou e eu dei de ombros.
- Ser um homem de contatos tem suas vantagens. - ela riu fraco segurando o buquê próximo ao corpo e o cheirando.
- É lindo Harry, tudo foi lindo. - ela se aproximou e beijou rapidamente meus lábios - Eu adoro essa música - foi o comentário dela quando se afastou.
- Você não respondeu. - eu tinha um sorriso de canto e a garota franziu o cenho em confusão.
- Não respondi o que? - eu toquei a cintura dela e percebi suas mãos tremerem denunciando seu nervosismo.
- Can I be the one? - questionei e o boca dela se abriu algumas vezes.
- Harry… O que…? - ela balançou a cabeça e eu respirei fundo.
- , eu lembro até hoje do primeiro dia que te vi naquele show em Manchester. Você só cantava os refrões e estava sempre concentrada em todos os sentimentos das músicas. Quando acabou eu achei que nunca mais te veria de novo, mas um mês depois eu te encontrei naquele karaokê e achei impossível que aquilo estivesse acontecendo. Eu não estava perdidamente apaixonado por você desde a primeira vez que te vi, mas devo confessar que de algum modo eu havia sentido algo diferente por você. Havia sentido que eu precisava de você na minha vida, por mais que fossemos só dois estranhos. - ela sorriu fraco - Você chegou gentil e logo tinha um espaço que pareceu sempre ter sido pra você. Com você tudo parece certo e faz sentido. E ontem, depois de uma conversa com uma mulher muito sábia que por acaso é minha mãe… - ela riu enquanto os olhos estavam marejados - Eu notei que não quero mais não dar um nome para o que somos. Eu quero poder ter uma palavra pra quando me perguntarem o que você é minha. - percebi ela prender a respiração - , você aceita ser minha namorada? - ela abriu os olhos ainda mais enquanto abria a boca surpresa.
- Harry… - ela sussurrou meu nome e naquele momento, por um segundo eu tive medo que ela negasse, mas o sorriso seguinte em seus lábios aliviou meu peito - Você acha que existe a chance de eu dizer não? - ela questionou e eu sorri fraco - É claro que eu aceito, Harry. - ela respondeu deixando uma lágrima cair enquanto ela ria e eu a puxei para mim beijando seus lábios. Ouvimos os urros empolgados e os aplausos de nossos amigos que vinham do backstage e terminamos o beijo enquanto riamos nós virando para encara-los. Eles traziam balões em formato de corações e nos cercaram em um abraço de grupo. Eu encarei e ela sorria de uma forma pura e genuína.
Eu era a pessoa para quem ela havia decidido entregar seu coração. Ela era minha. Eu era dela. E aquilo era tudo que eu queria ser.
Capítulo 16
That I would do anything for you
Kevin
Havíamos chegado no Japão no dia anterior pela manhã e depois do show em Osaka nós seguimos direto para Tokyo. Naquele dia eu, , Harry, Mitch e Sarah havíamos acordado relativamente cedo já que iríamos visitar , a melhor amiga de . Hélène acabou abrindo mão de ir para que pudesse ver a amiga por mais tempo, sem ter que se preocupar com as fotos do dia anterior, mas informou que estava ansiosa para ver naquela noite.
Eu estava estranhamente nervoso com aquele momento e sequer sabia explicar o por que. Tudo bem, eu havia falado com algumas poucas vezes e ela parecia uma garota legal, mas eu não entendia aquele estranho nervosismo.
estava quieta e a razão daquilo era que ela havia acordado doente naquele dia. No café da manhã ela optou apenas por uma fruta e água e se recusou a desistir da visita a amiga que não via a meses. Durante todo o percurso até a casa de , dormiu no colo de Harry enquanto nós conversamos sobre alguns acontecimentos do show da noite anterior.
Quando a van parou Harry acordou a agora namorada e ela se levantou com os olhos espremidos. Quando desci da van eu estendi a mão para ajudar minha amiga a descer enquanto Harry pegava a sacola com o presente que ele havia trazido para .
- O que está sentindo ie? - questionei e ela fez uma breve careta.
- É só uma crise de enxaqueca. Fazia tempo que eu não tinha uma, mas eu vou ficar bem. - garantiu sorrindo largo em seguida - Vamos logo, eu quero amassar a . - ela murmurou assim que viu Harry olhar em van para garantir que não havia esquecido nada.
- Ih Harry, perdeu a namorada para a . - Sarah brincou e Harry lhe estirou a língua enquanto fechava a porta do veículo.
- Eu sempre vou te amar, Harry. - Mitch garantiu nos fazendo rir e Sarah revirou os olhos.
- Traidor. - declarou por fim.
pegou o celular e ligou para informando que ela deveria falar com o porteiro, já que nenhum de nós falava japonês. Não demorou muito e fomos liberados para subir, e apesar de seu claro mal estar, foi quem se apressou pelas escadas do prédio que não devia ter mais de sete andares.
- , espera. - Harry pediu rindo e se apressando em alcançá-la, mas ela não deu bola e eu entendia. Já fazia quase seis meses que ela havia ido de uma convivência diária a não ver nunca e tanta coisa havia acontecido com . Havíamos nos tornado amigos, mas ninguém jamais seria para ela. E naquele momento era apenas um abraço que queria.
Quando alcançamos o quinto andar esperou que todos chegassem e depois seguiu pelo corredor. No fim do corredor uma garota estava parada a porta. Tinha longos cabelos castanhos com as pontas loiras e usava um conjunto de moletom preto. Ela sorriu largo e logo vi andar acelerada até que chegasse perto o suficiente para abraçá-la.
As duas se sacudiam de um lado para o outro e ria de algo que havia dito a ela. Quando se afastaram uma da outra nosso pequeno grupo já estava perto para que pudesse ser notado.
- Tá, vamos por partes. - começou - Você já sabe quem é todo mundo, mas finja que não sabe. - riu e negou com a cabeça apenas. Enquanto apresentava os outros eu observava.
era de fato muito mais bonita pessoalmente do que pela tela de um celular. Os olhos castanhos eram brilhantes e pareciam sempre estar observando tudo que acontecia à sua volta. O sorriso, apesar da pequena falha entre os dois dentes da frente, era largo e eu sabia que seria fácil identificar caso ela não gostasse de algo, ela era muito transparente e isso era notável. Seus traços todos pareciam se encaixar de um modo que era perfeito para ela.
Estar ao redor do mundo com Harry me deu a chance de conhecer muitas garotas bonitas, isso era um fato, mas tinha um tipo diferente de beleza. Não haviam coisas para cobrir suas imperfeições - como a espinha que crescia em sua bochecha, ou a cicatriz em sua testa - e aquilo fazia da beleza de algo… real.
Tu isso soava como um clichê, e o clichê ali era Harry, mas o que eu poderia fazer se essa coisa era contagiosa?
- E esse é o Kevin. - a menção ao meu nome me fez sair dos meus devaneios e eu a encarei com atenção. Não pude deixar de notar que seu sorriso se tornou tímido e suas bochechas vermelhas.
- Oi . - acenei sorrindo para ela.
- Oi Kevin. - ela apenas repetiu minha ação e em seguida estalou os lábios - Certo, vamos entrar. O almoço está esperando por vocês. - ela indicou a porta e todos começaram a entrar, e pela ordem da fila eu era o último. Quando passei por sorri e ela fez o mesmo mordendo o lábio em seguida.
Tudo bem, o que eu tinha que descobrir até o fim daquele dia era: ela estava sem jeito por que eu estava interessado e a estava deixando desconfortável ou estava sem jeito por estar interessada como eu?
[...]
O almoço acabou por ser um grande rodízio de japonês na casa de , já que segundo ela mesma, cozinha não era uma habilidade da qual dispunha. Acabamos ficando na mesa por cerca de duas horas, apenas conversando e comendo, até que informou a todos que sua enxaqueca havia piorado e ela iria se deitar no sofá da amiga. acompanhou buscando um cobertor para a menina que se deitou e eu podia apostar que ela havia dormido logo.
- Eu vi uma farmácia no caminho para cá, eu e Mitch podemos ir até lá comprar um remédio para . - Sarah informou encarando Mitch que assentiu já se colocando de pé junto a ela.
- Ok, vamos fingir que não é por que querem dar uma olhada naquela loja de instrumentos que passamos pelo caminho. - Harry os encarou com olhos estreitos e Mitch colocou a mão no peito em fingida indignação.
- Harry, como você pode pensar algo assim de mim? - seu tom fez com que rissemos e Sarah negou com a cabeça segurando a mão de Mitch.
- Logo estamos de volta. - Sarah informou e seguiu para a porta.
- Eu vou tirar isso daqui. - se levantou fazendo eu e Harry a encararmos.
- Eu ajudo. - Harry informou depois de deixar um último olhar em .
- Pode ficar com ela, eu ajudo a . - garanti e Harry estava prestes a protestar quando ele entendeu, pela minha cara que eu preferia que ele fosse ficar com .
- Certo… - ele franziu o cenho rindo fraco - Eu vou lá. - apontou e logo saiu, mas não sem antes nos lançar olhares desconfiados.
- Não precisa eu…
- Não, tudo bem, eu ajudo. - me coloquei de pé e antes que ela pudesse protestar eu estava a ajudando a levar o que havíamos usado no almoço para a cozinha.
Quando ela voltou a mesa para pegar alguns copos eu me prontifiquei em frente a pia arregaçando as mangas para lavar a louça. Vi abrir a boca para dizer algo quando parou perto de mim, mas apenas desistiu balançando a cabeça e logo procurando algo para fazer e decidindo por guardar a louça que repousava no escorredor.
- Então… - comecei e ela parou para me encarar - Como você e se conheceram? - questionei e a vi rir fraco.
- Na faculdade. Estudamos na universidade de Londres juntas. - ela foi sucinta e logo a vi respirar fundo como se em seus pensamentos ela brigasse consigo mesma.
- Vamos lá, me ajuda a não ficar no silêncio aqui. - pedi em fingida súplica e ela riu.
- Certo, desculpa. - voltei minha atenção para a louça enquanto ela fechava uma porta do armário ao meu lado - Eu estava em um intervalo de aula quando ela passou na minha frente. Um papel caiu de dentro de um caderno dela e eu a gritei, mas a na faculdade tinha o péssimo costume de andar com os fones de ouvido no último volume, então claramente ela não escutou e como boa pessoa que eu sou… - ela tocou o peito fazendo uma expressão engraçada - Eu fui atrás dela para devolver o tal papel. Só que a quando está com pressa anda como se tivesse foguetes nos pés.
- Ah, eu sei bem disso. Tente alcançar essa garota cinco minutos antes do show começar. - comentei e ela riu.
- Não é? - ela apontou como se pela primeira vez encontrasse alguém que concordasse com ela - Enfim, eu a segui pela universidade toda até que ela entrou no banheiro do prédio de cálculo e eu fiquei lá esperando do lado de fora com o tal papel na mão. Quando ela saiu eu devolvi e descobri que era a nota fiscal do café que ela havia comprado mais cedo naquele dia. Daí eu perguntei por que ela havia atravessado a universidade para ir a um banheiro, e ela respondeu que aquela era a forma dela praticar algum tipo de exercícios, atravessar a universidade para ir ao banheiro. - eu gargalhei algo me contendo em seguida me lembrando que ela dormia e percebi que me acompanhava - Eu não acreditei a princípio, mas depois eu me peguei notando toda vez que ela passava e isso durou um mês inteiro, daí um dia eu pensei “Essa garota é doida. Quero ser amiga dela” e a parei naquele dia pra chama-la pra festa de uma amiga minha. - eu a encarei e só então notei que ela havia parado o que fazia apenas para contar aquilo.
- E o que ela disse? - questionei.
- “Tudo bem, vamos, mas posso ir agora? Eu realmente preciso fazer xixi” - quando ela disse aquilo ambos gargalhamos.
- Bom, aparentemente amizades que começam esquisitas são as que duram. Já que o que deu início a minha amizade com o Harry foi ele dizendo “Seu cabelo é legal. Minha irmã me ensinou a fazer tranças, posso fazer no seu?” e eu deixei. - dei de ombros e riu - E ele acabou na verdade fazendo nós no meu cabelo que minha mãe demorou o resto da tarde para tirar. - negou com a cabeça.
- Definitivamente esse é o segredo para as amizades durarem. Tranças e costumes estranhos para fazer xixi. - eu assenti. O que se seguiu foi outro silêncio enquanto eu terminava a louça. voltou ao processo de guardar as coisas e acabou por terminar ao mesmo tempo que eu, me passando o pano para que eu secasse minhas mãos.
- Ei, posso perguntar uma coisa? - questionei em um impulso e ela assentiu devagar - Eu fiz algo? Quero dizer, algo que te incomoda ou te deixou desconfortável? - ela parou no lugar e de repente encarou os pés. Foram alguns segundo assim até que ela me encarasse de modo decidido.
- Olha, eu vou dizer de uma vez. - ela parecia completamente diferente da garota que estava a minha frente a pouco tempo - Quando eu comecei a curtir a banda, a One Direction eu quero dizer, eu era mais nova e estava naquela fase de querer saber tudo sobre os ídolos e pesquisando sobre o Harry eu descobri que ele tinha um amigo de infância. Que caso não saiba é você. - ela soltou de modo debochado - E apesar de achar os meninos da banda gatinhos eu acabei criando um crush por você e é muito estranho estar aqui, anos depois na frente de um cara por quem eu tive uma queda por tanto tempo. - a declaração me pegou de surpresa - Quero dizer, olha pra você, você tá um gato. - ela respondeu como se fosse óbvio e eu ri - E eu geralmente não sou essa garota que fica tímida e corada, tá legal? Mas eu to nervosa. Então respeita meu momento. - ela soltou de uma vez enquanto eu ainda ria fraco. Ela passou a mão pelos cabelos parecendo raciocinar o que havia acabado de dizer para checar se não havia dito algo que não devia.
- . - chamei e ela me encarou. Já não estava mais sem graça e eu sorri de canto - Como é a sensação de ter se declarado para seu crush da adolescência? - brinquei e ela revirou os olhos rindo.
- Vá a merda Kevin. - ela torceu os lábios em descontentamento.
- De todo modo, é bom saber que eu não sou o único com interesse aqui. - declarei e ela negou com a cabeça enquanto ria de canto.
- E quem disse que estou interessada? - ela arqueou uma sobrancelha e eu fiz o mesmo.
- E não está? - ela abriu a boca e parou em seguida, repetindo a ação mais uma ou duas vezes depois.
- Vai caçar o que fazer, Kevin. - um pequeno sorriso se formou no canto dos seus lábios assim que ela se virou e saiu da cozinha.
Eu havia cumprido a missão. Ela estava interessada. Agora havia uma nova missão a ser cumprida: conquistar .
[...]
O show daquela noite acabou e nós seguimos para o hotel decididos a celebrar. Metade da segunda parte da turnê havia ido e estávamos a dois meses do fim da Live on tour. Harry reservou o rooftop para a celebração que incluiria a equipe, alguns amigos de Harry que viviam na cidade e claro .
Depois do remédio e de um cochilo na casa de , havia melhorado e as duas amigas estavam a algum tempo dançando músicas animada junto com Hélène, Sarah e Clare.
Se eu havia tirado meus olhos de durante toda aquela noite? Não. Se todos haviam notado aquilo? Sim. Se seu ligava? Não.
Dado momento da noite, me encarou e sorriu de canto como quem tem a ideia mais genial do mundo e seguiu para onde a música tocava. Logo uma melodia desconhecida por mim começou a tocar e a encarou rindo.
- Eu não acredito nisso, . - observava que seguia na minha direção.
- Pode acreditar. - ela gritou e parou à minha frente sorrindo - Sabe o que vamos fazer? - eu apenas neguei com a cabeça e ela segurou meu braço - Dançar a dança da mãozinha. vai te ensinar. - ela declarou e eu parei.
- , o que está fazendo? - questionei e ela revirou os olhos.
- Você vai passar a noite a encarando ou vai fazer algo logo? Depois que dizer que o Harry é o bundão. - ela sussurrou e eu ri fraco.
- Tá, tá, to indo. - respondi terminando meu mojito e a acompanhei. Ela literalmente me arrastou para a frente de e encarou a amiga.
- Toma, tá aqui seu aluno, te vira e ensina. - ela soltou de uma vez e riu.
- Sutil como um tijolada na cara, ie. - declarou e deu de ombros.
- Eu não estava tentando ser sutil. - e dito isso ela se afastou e se juntou às outras garotas que de repente pareceram interessadas em ir ao bar.
- Certo, vamos lá. Foi a que me ensinou isso, então se estiver errado é culpa dela. - informou e eu apenas ri assentindo.
Era uma dança estranha e eu não tinha nenhuma habilidade para ela, o que só fazia rir da minha cara a todo momento. Ela tentava me mostrar os movimentos com as mãos e os quadris que eu deveria fazer, mas eu era duro como uma porta. A tortura durou cerca de quatro minutos, até a música passou e uma nova começou. Encarei o bar e ninguém estava interessado em nós dois, já que conversavam entretidos em seja lá o que tinham a dizer.
- Ta afim de dar uma volta? - chamei e me encarou.
- Tudo bem. - ela deu de ombros e eu indiquei o caminho.
Uma volta consistia em sair da área do bar e irmos para o lado de fora da cobertura onde se encontrava uma piscina e o parapeito que dava visão para uma Tokyo iluminada. Nós caminhamos em silêncio até o parapeito da cobertura e encaramos a cidade que me lembrava muito Nova Iorque por algum motivo.
- Você havia dito algo sobre logo estar voltando para Londres hoje no almoço. - comentei e ela assentiu enquanto o vento fazia seus cabelos longos voarem de maneira suave.
- Em um mês e meio estou de volta. - afirmou e eu assenti.
- E o que você pretende fazer no dia 16 de julho? - questionei e ela me encarou com o cenho franzido.
- 16 de julho? Acho que nada. - ela riu fraco.
- Ótimo. Por que que quero te chamar para uma coisa. - ela continuou de cenho franzido aguardando que eu dissesse do que se tratava - Quero saber se você está afim de ir comigo ao Skygarden no dia 16 às sete da noite para o nosso primeiro encontro. - ela abriu a boca e em seguida um sorriso se formou no canto de seus lábios.
- Espera, o que? - ela balançou a cabeça.
- Um encontro. Você sabe, essas coisas que duas pessoas vão para se conhecerem melhor quando tem interesse uma na outra. - brinquei e ela riu.
- Isso eu entendi, mas você está me chamando para um encontro daqui a tipo, dois meses. - ela soltou como se fosse algo óbvio.
- E o que tem?
- Kevin, você vai viajar mais meio mundo, como sabe que daqui a dois meses ainda vai estar interessado em ir a um encontro comigo? - eu dei de ombros.
- O fato de que vou viajar meio mundo não muda nada. Eu vou estar lá no dia 16, isso eu te garanto.
Ela me encarou por alguns minutos como quem analisa se eu estava falando sério. E eu estava. Eu sabia que era um tempo relativamente grande até um primeiro encontro com alguém que eu nem havia beijado, mas eu queria aquilo. Queria ter aquele encontro com .
Eu claramente poderia beijá-la ali em Tokyo e ir embora no dia seguinte, mas não era o que eu queria. Eu queria um encontro, queria conhecê-la e saber coisas, que em uma noite eu não saberia. Não era só sobre o beijo, era sobre todo o resto. O tempo que passaria com ela e a ouviria contar histórias como a de quando conheceu . Era sobre conhecer aquela mulher que havia me despertado um interesse tão grande, que beija-la soava apenas como um bônus. E depois de minutos pensando ela negou com a cabeça rindo.
- Tá legal. 16 de julho às sete, mas se você não estiver lá acho bom você sumir da face da terra porque eu vou deixar a te bater. - ela apontou o dedo em ameaça e eu ri.
- Pode deixar, eu vou estar lá.
Capítulo 17
Is where you go when you’re alone
Is where you go to rest your bones
Harry
Eu estava no aeroporto. Depois do Japão teríamos uma semana de folga. Tecnicamente eu deveria estar com no Brasil, porém Jeff me informou que tínhamos uma importante reunião com o pessoal do transporte dos instrumentos para o lado sul das américas, e também uma reunião com a Gucci em Los Angeles. No fim das contas tudo levou dois dias e naquele momento eu aguardava pelo voo que me levaria para a terra natal da minha namorada.
Eu estava muito nervoso por conhecer os pais de . Ela era filha única e pelo que eu havia notado era a garotinha do pai dela. Ele a protegia mais que tudo e meu medo de não ser suficiente aos olhos dele me apavorava. Segundo ela, eles estavam na casa do avô dela, que era no interior de São Paulo e ela me buscaria no aeroporto para irmos para lá onde parte da família estava hospedada apenas para nos ver.
Os últimos dois dias haviam se resumido a pouquíssimas conversas com , já que meus compromissos eram sempre corridos e o fuso horário não ajudava. Isso era bom por um lado, já que curtia a família de modo completo, mas por outro só fazia eu sentir falta dela. E eu entendo que eram apenas dois dias, mas eu havia me acostumado a tê-la por perto sempre, dois dias já pareciam uma eternidade.
O voo duraria quatorze horas e faria uma parada em Bogotá, então tempo para dormir era algo que eu tinha de sobra, mas eu duvidava que conseguiria dormir direito e meus pés batendo nervosos apenas confirmavam aquilo.
- Harry? - ouvi uma voz já conhecida chamar meu nome e me virei dando de cara com a modelo que eu já conhecia a algum tempo.
- Camille, como vai? - cumprimentei me levantando do meu lugar no sofá da sala de espera e a abraçando brevemente.
- Bem e você? Achei que estivesse em turnê.
- Estou bem e eu estou, mas essa semana estamos de folga. - ela assentiu.
- Ah que pena, estou indo para a França agora. Se estivesse chegando eu te chamaria para tomarmos um drink. - ela soltou de modo sugestivo e eu sorri fraco meio sem jeito.
- Eu também estou indo viajar. Estou indo para o Brasil conhecer os pais da minha namorada. - comentei de modo tranquilo para que não soasse grosseiro e ela arregalou os olhos tapando a boca.
- Ah meu deus, me desculpe. Eu me esqueci completamente. Estou tão acostumada a ver boatos por aí que dessa vez me esqueci que você mesmo havia assumido. Eu sinto muito. - ela pareceu sincera em suas desculpas e eu esperava que estivesse realmente sendo.
- Tudo bem, afinal não é sempre que eu assumo uma namoro por aí. - brinquei e ela riu. Antes que pudesse dizer qualquer coisa mais meu voo foi anunciado e eu encarei Camille novamente - Foi um prazer te rever. Espero que tudo esteja dando certo nos desfiles. - comentei tornando a abraça-lá.
- Está sim. Boa sorte com os sogros e com o resto da tour. - ela soltou enquanto eu pegava minha mala de mão e eu sorri.
- Obrigado. Até, Camille. Se cuide. - e dito isso acenei me afastando e indo em direção ao portão de embarque.
[...]
Maio, 2018 - São Paulo, BR
Eu estava aguardando minha mala. havia informado que já estava esperando na área de desembarque do aeroporto e eu apenas aguardava minha mala para ir encontrá-la, porém naquele dia a mala parecia que não viria nunca e eu estava ali parado apenas esperando. Depois de mais tempo de espera ela veio e eu a puxei atravessando o aeroporto para encontrar .
Ela estava de pé mordendo os lábios e estalando os dedos. Usava jeans, uma camiseta branca e a minha camisa florida que ela havia carregado com ela para dormir com ela e sentir meu cheiro. Eu sorri a visão dela e assim que seus olhos pousaram em mim ela sorriu largo e caminhou apressada em minha direção, envolvendo seus braços em minha cintura assim que me encontrou. A abracei de volta e apoiei meu queixo em sua cabeça. se afastou e se colocando na ponta dos pés me deu um selinho rápido.
- Oi amor, senti saudade. - meu coração errou algumas batidas no peito. Desde que começamos o namoro nunca haviamos usado aquele apelido. Era algo novo, porém bom de ser ouvido assim. De forma leve e como se fosse parte da rotina.
- Eu também senti saudade. - respondi vendo os olhos dela brilhando. Definitivamente os últimos dias com sua família haviam sido revigorantes para .
- Vamos? Seus sogros estão doidos para te conhecer. - ela soltou animada e eu respirei fundo a fazendo rir - Harry, fica tranquilo. Você vai descobrir que eles são todos tranquilos. - ela garantiu e eu assenti.
- Se seu pai me odiar eu juro por deus que vou chorar na frente dele que nem um bebê. - voltou a gargalhar e negou com a cabeça.
- Guarde suas lágrimas então. Não vai ser necessário. - eu lhe estreitei os olhos e ela riu revirando os seus - Harry para de enrolar. Meu pai odeia atrasos. - ela soltou em um tom de brincadeira e eu peguei a mala e comecei a puxá-la caminhando e a deixando para trás.
- Vai ficar ai? - gargalhava e se apressou chegando ao meu lado e me vendo rir.
- Você é um idiota, Styles. - ela segurou minha mão entrelaçando nossos dedos.
Seguimos pelo aeroporto recebendo um ou dois olhares de garotas que deveriam ter entre seus quinze e dezesseis anos, e apenas uma dela me parou pedindo por uma foto que tirou de bom grado, apesar do olhar não muito amigável da menina para ela.
Quando chegamos a saída do aeroporto não houve muito tempo de pensar, já que logo tudo que havia em nossa frente eram flashes de câmeras e eu senti segurar o aperto em minha mão. Alguns deles diziam coisas que eu não entendia e eu supus ser português apesar da barulheira. me guiava por que ela era quem sabia onde o carro estava.
Alguém devia tê-la visto chegando no aeroporto e informado aos sites de fofoca locais, já que provavelmente alguma coisa havia saído na internet sobre eu estar deixando Los Angeles. Eu não sabia. Apenas sabia que era muito paciente abrindo caminho entre eles.
- Harry e quanto a Camille? - um dos fotógrafos questionou em inglês e eu senti meu corpo gelar.
- Sim Harry. Você estava com Camille em Los Angeles. O que houve? - se manteve caminhando, porém uma breve oscilação na forma como ela segurava minha mão entregou que ela havia sido pega de surpresa pela informação.
Eu decidi por não responder nada ali, já que eu nunca respondia e apenas segui com para o carro. Coloquei minhas malas no bagageiro e entrei no banco do carona logo após entrar em seu lado do carro. Ela baixou o vidro e de maneira calma disse algo ainda em português para os fotógrafos que estavam na frente do carro. Eles se afastaram e ela deu a partida saindo dali.
- ? - chamei assim que saímos do estacionamento.
- Sim? - ela parecia tentar controlar seu pensamentos e eu sabia que era o que fazia.
Apesar de tudo ser muito bom entre nós ambos tínhamos um passado que havia nos ferido e infelizmente às vezes precisávamos lidar com eles. E aquilo fazia parte do que precisávamos fazer para construirmos o nosso relacionamento. Eu entendia que confiava em mim, mas também sabia que aquela partezinha que a lembrava de todo mal que Anthony havia feito não havia sumido milagrosamente de uma hora para a outra só por que a pedi em namoro.
- Eu encontrei Camille no aeroporto. Conversamos dois minutos e eu fui pegar o meu voo. Ela é só uma pessoa que eu conheço de eventos em que fui. - expliquei e ela assentiu suspirando.
- Eu sei que nada aconteceu Harry. É só… Essa coisa na minha cabeça, sabe? - ela me encarou quando parou em um sinal vermelho - Eu queria não pensar nisso. Eu sinto muito. - ela torceu os lábios e eu me inclinei a puxando para perto e beijando sua cabeça.
- Sabemos que não é sua culpa. Tudo vai ficar bem. Não precisa sentir muito. - ela assentiu dentro de meus braços.
Quando nos afastamos o farol abriu e ela seguiu o caminho. Um abraço não resolveria o problema, mas sabíamos que logo aquilo passaria.
[...]
estacionou o carro no gramado da chácara do avô e assim que desci do carro um grande cachorro de pelo cinza e os olhos um de cada cor estava em cima de mim latindo.
- Loki! - ouvi advertir e o cachorro apenas se juntou a ela a lambendo. Ela lhe deu carinho e depois se aproximou de mim com ele em seu encalço - Ele é ótimo protegendo esse lugar, mas logo que ele se acostumar com você, você vai perceber que ele é um bebê. - o cachorro cheirou meus pés e encarou meio receoso, mas apenas se manteve ao lado dela enquanto caminhávamos para a grande casa de tijolos expostos. segurou minha mão e logo estava me guiando. Assim que adentramos a sala eu senti todos os olhares em nós.
Eu reconhecia cada rosto de fotos que havia me mostrado. O avô estava sentado em um poltrona, duas de suas primas estavam lado a lado no sofá, ao lado delas estava Mateus o primo de . As duas garotas - Julia e Mariana - e Mateus eram irmãos, todos criados junto com em longos finais de semana ali naquela chácara. Porém e Mateus sempre tiveram laços mais fortes, assim como Julia e Mariana que eram grudadas. Eu conseguia ouvir barulhos na cozinha, o que me indicava que haviam pessoas por lá.
Mateus gritou algo em português e eu encarei que riu fraco.
- Vocês façam o favor de falar inglês com ele. Sem gracinhas, Math. -ela estreitou os olhos para o garoto que riu - O único com autorização para o português aqui é o vovô. - Mateus assentiu já de pé e vindo em minha direção.
- E ai Harry, como vai? Ouvi falar muito de você. - ele estendeu a mão e eu a apertei enquanto ele a balançava.
- Espero que só tenha escutado coisas boas. - brinquei e ele riu.
- Apenas coisas boas, acompanhadas de olhares apaixonados. - ele lançou um olhar para a prima que fez uma careta e lhe deu um leve tapa no braço.
- Não me entregue assim, traidor. - ela o reprimiu e o garoto riu. Vi as duas garotas se aproximarem e ambas me cumprimentaram com beijos no rosto e abraços - Essas são Júlia e Mariana. - apresentou ambas as garotas que deveriam ter entre seus dezenove e dezoito anos provavelmente - Mari talvez surte um pouco mais tarde. - ela entregou baixo e a menina mostrou a língua para a prima.
- Depois quer chamar o Mateus de traidor. - murmurou já de bochechas vermelhas.
O avô de observava a situação e logo a menina me puxou para perto dele. Disse algo em português e ele me estendeu a mão com um sorriso que era igual ao de .
- É um prazer lhe conhecer senhor Estevo. - cumprimentei e traduziu sorrindo após o senhor lhe dizer algo de modo sorridente.
- Ele disse que o prazer é dele e que você é um rapaz bonito demais. - eu ri meio sem jeito.
- Agradeça a ele e diga que a neta teve de quem puxar a beleza. - riu e passou o recado que fez o mais velho rir.
- Agora vamos ter problemas por aqui. Por que já que ela puxou a beleza do avô o que ela puxou de mim? - uma voz feminina invadiu o cômodo e eu me virei vendo a mãe de , Aline, entrando no cômodo com uma feição de fingida indignação.
- De você também, oras. Não é toda do senhor Estevo. - soltei e ela riu.
- Esse garoto é esperto. - ela apontou para mim, mas falou com para depois me encarar enquanto abria os braços - Oi Harry, é um prazer te conhecer, querido. - eu me abaixei um pouco e a abracei.
- O prazer é meu senhora . - ela torceu os lábios assim que nos separamos.
- Me chame de Aline. - ela advertiu e eu assenti - Ou de Ali. É assim que me chamam também. - novamente eu assenti.
- Pode chamá-la como quiser, só não a chame de baixinha, por que esse apelido é de uso exclusivo meu. - a voz grave invadiu o espaço e logo o pai de estava ali e por dentro eu estremeci. Ele era alguns centímetros mais baixo que eu, os cabelos pretos começavam a ficar grisalhos e os olhos de com certeza haviam vindo da genética dele. Era um homem muito bonito e o sotaque ao falar inglês não deixava dúvidas sobre suas raízes britânicas.
- Como vai senhor ? - estendi a mão e ele a encarou para depois encarar meu rosto.
- Ah garoto, sem essas formalidades. Eu sou o pai da sua namorada, não seu chefe. Anda, me de um abraço e por favor me chame de Jhonatan ou de Jhona. - ele me puxou para um abraço que eu retribui meio perplexo. Depois de alguns segundos eu conseguia me sentir muito mais relaxado. No fim das contas, ele parecia ser realmente muito mais tranquilo do que eu havia imaginado.
- Viu só como você não precisa chorar? - questionou parando ao meu lado assim que eu e seu pai nos afastamos do abraço.
- Você não precisava me entregar assim. - murmurei e gargalhou junto a família.
- Depois eu sou o traidor. - Mateus murmurou e lhe estirou a língua.
- Venham, vamos tomar café. - Aline chamou e todos concordaram.
- Vem, minha mãe fez bolo de fubá e é meu favorito. - ajudou o avô a se levantar e segurou o braço dele. Eu passei do outro lado do homem e lhe entreguei meu braço onde ele se apoiou. me encarou com os olhos brilhando e um sorriso largo. Definitivamente passar aquele tempo com a família dela seria bom, não só para , mas para mim também.
[...]
Quando a noite chegou os pais de informaram que iriam dormir. Os primos dela haviam saído para um festa e eu e havíamos decidido ficar em casa, já que eu estava cansado da viagem e ela parecia preferir ficar por ali.
Passamos mais alguns minutos conversando com o avô dela - conversa essa que era traduzida - e após ele nos contar a história sobre quando ele e a avó de se conheceram, o senhor informou que estava cansado. Eu e o acompanhamos até seu quarto, onde o ajudamos a se deitar. Ele segurou a mão de e por alguns momentos fechou os olhos junto a neta enquanto sussurravam algumas palavras que eu não entendia. Depois de abrirem os olhos ele beijou o rosto de e fez sinal para que eu me aproximasse e assim que eu estava próximo o suficiente ele me beijou o rosto de maneira carinhosa. Ele sorria quando me afastei e eu fazia o mesmo. Deu dois tapinhas fracos no meu braço e puxou seu cobertor para se proteger do frio daquela noite.
Eu e deixamos o quarto e voltamos a varanda onde nos sentamos no sofá que havia ali. pegou a manta que usávamos antes e jogou sob nossas pernas.
- Ele gostou muito de você. - foi a primeira coisa que ela disse enquanto se aninhava em mim e eu passava meus braços ao seu redor.
- Eu também gostei muito dele. - respondi e ela respirou fundo - Ele é um homem muito gentil, mesmo que eu não entenda uma palavra do que ele diz, dá pra sentir. - sussurrei e ela levantou o rosto sorrindo.
- Fico feliz que vocês tenham se dado bem. - ela beijou meu queixo e eu sorri beijando a testa dela.
O senhor Estevo era uma das pessoas mais importantes na vida de . Depois que a avó dela faleceu anos atrás os dois se aproximaram mais ainda. Eles se tratavam com tanto carinho e cuidado que eu poderia passar um dia observando aqueles dois juntos, sem precisar da tradução de uma única palavra. Não havia nada no mundo que não faria por ele, e eu tinha certeza daquilo.
- O que acha de um chocolate quente? - ela questionou e eu sorri.
- Mulher, você sabe as palavras certas para me conquistar. - ela gargalhou se levantando e me dando um selinho em seguida.
- Já volto. - e dito isso ela se retirou.
Peguei meu celular no bolso da calça que vestia e respondi algumas mensagens. De Jeff, Mitch, Sarah, Hels, minha mãe e Gemma. Enviei uma foto que havíamos tirado mais cedo com a família de para minha mãe que com certeza me reclamaria por não ter aceitado vir junto. E quando terminei de passar os olhos pelo twitter e estava decidido a guardar o aparelho uma nova mensagem surgiu de um número desconhecido.
Desconhecido: Sinto muito pelo transtorno que pode ter tido com a sua namorada 10:27pm
Espero que ela tenha entendido que somos apenas amigos 10:27pm
De todo modo, me avise quando estiver por L.A. novamente para marcarmos um café e colocarmos o assunto em dia 10:27pm
Se cuide H. xx Camille 10:27pm
Ps: consegui seu número com o Jeff 10:27pm
Eu encarei as mensagens por alguns segundos pensando sobre o que fazer. Seria muito grosseiro da minha parte não responder, mas o que pensaria se eu respondesse? Ela não ligou mais para aquele assunto o dia inteiro e provavelmente nem ligaria.
Harry:
Tudo bem, ela entende que somos apenas velhos conhecidos 10:32 pm
E pode deixar, eu aviso sim e podemos tomar um café 10:32pm
Se cuide Camille. 10:32pm
E respondido aquilo eu apenas guardei o celular em meu bolso novamente. Eu não estava errado em responder. Estava? Não provavelmente não. Mas então por que uma sensação de angústia tomava conta do meu coração? Eu não sabia explicar.
- Ei. - a voz de me tirou de meus devaneios e eu a encarei. Ela sorria e me estendia uma caneca que soltava fumaça. Eu peguei a mesma e ela se sentou ao meu lado se encolhendo enquanto tomava o líquido quente. Eu a encarava fazer cada pequeno movimento e aos poucos meu coração se tornava mais leve no peito.
- Estou feliz de estar aqui. - sussurrei tomando um gole da minha bebida e vi um sorriso singelo brotar nos lábios de .
- Eu estou feliz que esteja aqui. - ela sussurrou de volta. Eu repousei minha caneca sob a mesinha baixa que havia ali e com cuidado me aninhei nos braços dela. não questionou nada, apenas me envolveu com o braço direito, enquanto o esquerdo deixava a louça no chão. Ela voltou a posição normal e seus braços me envolveram como se pudessem me proteger do mundo lá fora. Eu respirei fundo sentindo cada músculo relaxar de uma forma que nos últimos dois dias longe de não haviam relaxado. Nos braços daquela mulher eu havia encontrado o conforto de estar em casa, não importava aonde eu estivesse e aquilo era algo pelo qual eu agradecia silenciosamente naquela noite.
Capítulo 18 - parte I
You know you'll always be my little girl"
You're looking at me, we're walking down the aisle
With tears in your eyes, maybe he deserves me.
Aquele era o último dia que passariamos no interior com meus pais, já que naquela madrugada pegariamos um voo para Buenos Aires para o primeiro show da america do sul. No fim toda a minha família havia amado Harry e minha mãe até havia dado meu lugar na cozinha com ela para Harry naquela tarde enquanto o almoço era preparada.
Como era costumeiro em São Paulo durante o mês de maio, chovia e eu observava a água cair na varanda da casa com Loki aos meus pés em um cochilo tranquilo enquanto meu pé descalço acariciava sua barriga. Eu gostava da chuva. O barulho que a água fazia enquanto batia no chão depois de escorrer pelo telhado e o tempo mais frio sempre havia sido meu clima favorito, principalmente para ficar ali na casa do meu avô.
Senti um corpo afundar o sofá ao meu lado e quando me virei encontrei meu pai, com uma xícara de chá e um sorriso fraco nos lábios. Loki levantou rapidamente a cabeça para checar quem era e quando viu meu pai voltou ao seu cochilo.
- Harry está ensinando sua mãe a fazer um típico assado britânico. - ele comentou e eu ri fraco.
- Eu só espero que ela esteja fazendo a minha maionese, por que se não dona Aline vai ter problemas. - o comentário o fez rir e eu o acompanhei. Meu pai me encarou e conforme parava de rir ele parecia mais nostálgico. Dado momento ele apenas me puxou de forma gentil para um abraço com seu braço que estava livre. Eu o envolvi com pela cintura com meus braços e ele repousou seu queixo em minha cabeça respirando fundo.
- Eu sinto tanta saudade, filha. - ele sussurrou e eu sorri fraco.
- Eu também pai. - sussurrei de volta.
- Queria poder ter estado do seu lado quando toda a coisa com o Anthony aconteceu. - ele comentou baixo e eu me afastei para que pudesse encará-lo.
- Pai, não pense nisso. Já passou e eu estou bem agora. - ele torceu os lábios e eu apertei sua bochecha com eu fazia desde de criança - Eu sei que faria tudo que pudesse para me proteger, mas passar por isso me ajudou a entender o que eu mereço. Não foi bom e nem certo, mas acabei tirando o melhor disso de todo modo. - um sorriso orgulhoso brotou em seus lábios.
- Quando foi que minha garotinha cresceu tanto assim ao ponto de saber aprender as lições da vida sem mim? - eu ri fraco e tornei a repousar em seu ombro.
- Você me ensinou bem. - comentei lhe dando um tapinha no braço e ele riu. Houve um momento de silêncio enquanto eu encarava a chuva cair novamente.
- E o Harry? - seu tom era meio receoso e eu entendia suas razões apesar de saber que ele havia amado Harry.
- Ele é um cara responsável, gentil, engraçado e é bom. - o encarei brevemente - Ele sempre faz piadas ruins pra me ver rir e está sempre muito atento a tudo que eu gosto, mesmo que eu não diga uma palavra. Ele é tão livre com ele mesmo, tão atencioso com as pessoas, ele sempre abraça todo mundo, se apresenta como se ninguém o conhecesse e nem liga para essa coisa de fama. É apaixonado pelo trabalho, pela família, pelos amigos e acho que por mim também. - meu pai riu um pouco e eu o acompanhei meio sem jeito - É um narcisista muitas vezes, isso é verdade, e fica meio emburrado quando alguém tem mais atenção que ele nos shows como uma criança pirracenta, mas… - meu pai gargalhou e eu ri um pouco - ele é um dos melhores caras que eu já conheci. - encarei meu pai mordendo a parte interna da bochecha - Eu gosto muito dele, pai. De verdade. - meu pai sorriu.
- É bom te ver assim; feliz falando sobre ele, bem. Óbvio que eu fico com ciúmes por que agora ele tem um pedacinho do seu coração, mas eu sei que ele é grande o suficiente e cabe muita gente ai. - eu sorri largo e lhe beijei a bochecha - Eu espero que ele cuide muito bem de você, por que você sabe, não importa quanto tempo passe você sempre vai ser a minha garotinha. - ele completou e eu sorri.
- E você é e sempre vai ser o meu herói, papai. - ele sorriu e percebi seus olhos marejados. Não disse mais nada, apenas me aconcheguei em seu abraço novamente e juntos observamos a chuva que continuava a cair. Minutos mais tarde vimos minha mãe se aproximar e ela se jogou em nossos colos nos fazendo soltar gritos doloridos enquanto riamos.
- Quem vocês acham que são para me excluir do momento fofo? - ela questionou fazendo um bico e nós rimos.
- A senhora preferiu o Harry hoje. - contestei e ela riu.
- Eu espero que o ciúmes seja de mim, Estevo . - ela soltou meu nome completo e eu fiz uma careta.
- Credo mulher, não precisa me dar bronca. - brinquei e ela riu - Qual a próxima coisa? Vai pegar o chinelo e me mandar passar? - ela tornou a gargalhar e se levantou tirando seu chinelo do pé.
- Passa ! - ela soltou fechando a cara e eu gargalhei.
- Nem vem. - neguei com a cabeça e ela colocou o chinelo no chão abrindo os braços - Tá, agora eu vou. - respondi e a abracei enquanto ela ria. Beijei seu rosto e ela cutucou minha cintura brevemente.
- Vem vocês dois, vamos almoçar. - ela indicou a casa e na porta eu vi Harry aparecer usando um avental.
- Está pronto. - ele informou e eu ri fraco lendo a frase do avental. “Melhor cozinheira da família”.
- Definitivamente você é. - comentei apontando e minha mãe me cutucou.
- Não implique, eu não tinha outro. - se explicou e Harry me encarava confuso.
- O que? - ele observou a frase, mas por estar em português não conseguiu ler.
- Vamos comer logo! - minha mãe mandou enquanto meu pai a abraçava e ria.
- Você está ferrado com essas duas, filho. - ele bateu no ombro de Harry que me encarou em busca de explicações.
- Só vamos comer, amor. - pedi o abraçando pela cintura e o puxando até o interior da casa.
- Eu só vou aceitar porque você me chamou assim. - ele piscou e eu sorri lhe lançando um beijo.
- E por que sabe que ninguém vai te contar. - gargalhei com a careta que ele fez e assim tomamos nossos lugares à mesa.
Capítulo 18 - parte II
I think he might be the one
Eu estava caminhando pelos corredores dos bastidores da Jeunesse Arena indo em direção ao palco. Em quinze minutos Harry entraria para cantar e eu sempre o via antes de subir no palco desde o início da tour. Ele olhava um ponto fixo na parede parecendo atento e mordia os lábios o que comprovava que estava realmente pensando em algo. Antes que eu estivesse perto demais ele se virou me vendo e sorriu fraco abrindo os braços em seguida.
- Dessa vez achei que fosse me deixar subir sem o meu abraço. - ele sussurrou assim que eu o envolvi em meus braços e eu ri fraco me esticando e beijando seus lábios brevemente.
- Nem sem o abraço, nem sem o beijo. - sussurrei de volta e ele sorriu me encarando por alguns segundos, suspirando em seguida ao mesmo tempo que me apertava mais em seus braços e afundava seu rosto em meu pescoço.
- Será que você pode entrar comigo hoje e ficar lá abraçada em mim o tempo todo? - ele questionou e eu franzi o cenho. Harry sempre ficava nervoso antes, mas não daquele modo.
- Está com medo? - questionei ainda agarrada a ele e ele ficou quieto por um tempo, para assentir em seguida.
- Já fazem quatro anos e agora eu estou sozinho. - ele sussurrou parecendo meio melancólico, eu apenas afaguei suas costas por alguns momentos até ele se afastar e me encarar com olhos marejados - Eu estou com saudade. - ele sussurrou a palavra em português de forma enrolada. Eu sabia sobre quem ele estava falando naquele momento.
- Eu sei que está e sinto muito que eles não estejam aqui hoje. - respondi tocando seu rosto e ele voltou a morder a parte interna da bochecha - Mas você não está sozinho e não precisa sentir medo. Elas te amam. E eles também, amor. - ele assentiu fraco, eu me inclinei segurando seu rosto e beijando sua testa que já começava a suar por conta do calor e do terno - Isso é seu. Eu vou estar aqui com você, mas se a saudade estiver muito grande você ainda tem dez minutos até começar, pode ligar para eles. - ele torceu os lábios.
- Você acha uma boa ideia?
- Acho uma ótima ideia. Corre no camarim e liga pra eles. - indiquei com a cabeça e Harry sorriu - Eu vou indo lá pra frente, mas vou estar na beira do palco quando começar, tá bem? - ele assentiu e antes de eu me virar para ir segurou meu rosto me beijando brevemente.
- Você é a melhor coisa que me aconteceu em muito tempo. - eu sorri de canto.
- Deixe o Mitch escutar isso. - murmurei e ele gargalhou - Bom show, amor. - lhe lancei um beijo no ar e caminhei na direção oposta a que ele correu para ir ao camarim.
- Onde ele vai? - Kevin questionou assim que adentrou o backstage.
- Ele foi ligar para alguém. Logo está de volta. - informei e Kevin assentiu sem questionar - Eu vou indo. Se cuidem por aqui. - mandei um beijo para Kev e sai dos bastidores encontrando a arena lotada a minha frente. Vi Hélène vir até mim parecendo impressionada.
- As pessoas aqui são bem barulhentas e olha que só tocamos algumas faixas dos álbuns da 1D. - eu ri de sua expressão.
- Espero que esteja preparada para uns dos públicos mais calorosos que você vai ver nesse turnê. O brasileiro. - pisquei para ela e ela gargalhou meio desacreditada.
[...]
Sweet creature havia terminado naquele momento e Harry pegou o violão. O vi encarar Hélène por um momento e questionar algo enquanto dedilhava alguns acordes. Vi o olhar de Harry vir sobre mim e ele sorrir.
Ele disse algo aos fãs, sobre amar o país e pediu que se eles soubessem a letra da próxima música cantassem com ele.
Os acordes de If I could fly começaram e Harry fechou os olhos se concentrando na letra enquanto o público entoava a letra junto a ele como um coral. Vi Hélène me encarar e eu ri sibilando um “eu disse” e ela apenas assentiu olhando ao redor encantada. Voltei meu olhar para o palco onde Harry permanecia de olhos fechado. Momentos antes do refrão ele abriu os olhos e me encarou fixamente.
- For your eyes only I show you my heart. For when you're lonely and forget who you are. I'm missing half of me, when we're apart. Now you know me for your eyes only. - ele continuou me encarando enquanto por alguns momentos dedilhou mais alguns acordes - I've got scars even though they can't always be seen. And pain gets hard but now you're here and I don't feel a thing. - e novamente o pré refrão se iniciou e ele tirou os olhos de mim sorrindo fraco. Eu sequei os olhos brevemente. Quando o refrão terminou ele apenas tocou por alguns momentos antes de voltar seus olhos para mim mais uma vez - I can feel your heart inside of mine. I feel it, I feel it. I've been going out of my mind. I feel it, I feel it. Know that I'm just wasting time and I hope you don't run from me. - eu neguei com a cabeça sibilando um “Nunca” e ele sorriu já de olhos marejados enquanto o público cantava o refrão - For your eyes only I show you my heart. For when you're lonely and forget who you are. I'm missing half of me, when we're apart. Now you know me for your eyes only. - e enquanto os últimos acordes eram entoados ele sorriu para mim e eu senti meu coração gritar. Era Harry quem eu mais queria. Mesmo que não fosse para sempre, Harry era quem eu mais queria naquele momento. E eu o tinha e por tê-lo meu coração gritava no peito as palavras que ainda não havia dito a ele, mas que durante aquela semana em que passamos junto com minha família foram as que mais perambularam minha mente e meu coração sempre que eu o olhava.
- Eu amo você. - eu disse em meu tom normal e apesar de saber que ele não podia me ouvir por conta do barulho das fãs com o fim da música, eu sabia que ele havia entendido as três palavras. O sorriso largo que se formou em seus lábios a seguir me entregaram que ele havia entendido. E eu não precisava que ele dissesse de volta, apenas precisava que ele soubesse. E ele sabia. Naquele momento ele sabia que eu o amava.
[...]
Quando o show teve seu fim Hels me informou pelo rádio que eu podia tirar as fotos de backstage e que ela ficaria ali na frente e eu apenas concordei começando meu caminho tranquilamente para o local onde Harry e a banda deveria estar. Eu usava o corredor lateral para fazer meu caminho enquanto as fãs saiam do outro lado da grade e conforme eu passava, sentia alguns olhares sobre mim
Aquilo já havia se tornado comum, elas me olhavam torto e faziam comentários nas respectivas línguas de seus países, e tudo estava bem porque afinal eu não entendia alemão, russo ou francês por exemplo, mas ali era meu país natal e eu entendia cada comentario assim que eu passava.
- Claramente ela está se aproveitando do Harry para ser reconhecida. - uma comentou me encarando para uma amiga.
- Sim, as fotos dela nem são boas. As da Hélène são muito melhores. - a amiga concordou e eu apenas respirei fundo seguindo meu caminho.
- Eu concordo completamente com aquela garota do twitter. Esse namoro só pode ser um contrato. Quero dizer olhe só para ela. - uma outra comentou de maneira debochada - Até a Kendall seria muito melhor que ela.
- Ou a Camille. Quero dizer nem conheço a garota, mas até uma foto dela e do Harry tem mais verdade que ele e essa ai. - neguei com a cabeça desacreditada daquilo.
Eu não me importava com os comentários na internet, nem com o fato de algumas pessoas não nos apoiarem. Elas podiam não achar que eu e Harry éramos um bom casal pelo que viam na internet, era a opinião delas. Mas aquilo ali não era a opinião delas, aquilo era maldade, ódio gratuito e vontade de machucar alguém. Elas sabiam que eu entendia cada palavra que diziam, por que em todos os meios de comunicação anunciavam minha nacionalidade, no meu instagram onde elas iam me xingar havia informado de onde eu era. Elas sabiam que eu entendia e faziam questão de que eu entendesse.
- Não sei qual namoro é mais falso ela e o Harry, ou o Louis e a Eleanor. - outra garota comentou e eu respirei fundo para em seguida me virar de uma vez para elas.
- Eu não acredito que vocês acabaram de sair do show de uma das pessoas mais gentis que eu conheço e estão agindo desse modo. - soltei em um tom claramente desapontado - Distribuindo ódio assim sem mais nem menos depois de terem ouvido sobre amor, respeito e empatia. Vocês deveriam ter vergonha de si mesmas, não só por mim, mas por Eleanor também. - algumas delas me encaravam perplexas - Espero que voltem bem pra casa, que pensem sobre o que estão fazendo e que tratem as pessoas com gentileza. - dito isso me virei e voltei a caminhar vendo alguns poucos sorrisos no meio daquelas garotas.
- Mandou bem. - John, um dos seguranças de Harry me disse assim que passei por ele e eu sorri fraco.
Adentrei o backstage e Harry junto com a banda estavam parados conversando de modo animado. Mitch cutucou Harry e apontou para mim fazendo com que ele me encarasse e um sorriso ainda maior surgisse em seus lábios. Ele caminhou e me abraçou pela cintura me tirando do chão e girando antes que chegasse ao pequeno grupo. Eu apenas me permiti sentir seu cheiro que misturava suor e perfume, e o seu abraço.
- Eu te amo. - Harry disse baixinho e eu senti meu coração ficar leve no peito.
Apesar do ódio e das palavras ruins que haviam sobre nós lá fora, ali, nos braços dele, tudo aquilo parecia pequeno demais. E realmente era. Por que apesar de amor não ser tudo, era muito maior do que todos aqueles sentimentos ruins que as pessoas distribuiam lá fora.
Ele me amava e eu o amava. E apesar de amor não ser tudo, naquele momento, era o suficiente.
Capítulo 19
I see a crowd of a thousand tears
I pray to God I didn't waste all my good years.
Harry
- Penúltima parada do dia, senhorita . - informei assim que a vista da cidade de Nova York estava a nossa frente.
Em todos os últimos meses no mundo nunca teve vontade de conhecer os lugares clichês, mas em Nova York quando sugeri o passeio, ela apenas me pediu por um dos prédios mais visitados da cidade que nunca dorme. Segundo ela a vontade vinha por que quando ela era mais nova havia lido Percy Jackson e desde então a vontade de conhecer o lugar era constante.
- Eu não acredito. - ela sussurrou assim que viu as luzes a sua frente e eu a abracei pela cintura.
- O que achou? - questionei e ela sequer me encarou. Os olhos estavam viajando pela vista a sua frente como quem tenta encontrar algum resquício de que aquilo pudesse não ser real.
- O Novo Olimpo é muito melhor do que eu podia pensar. - ela falava de modo sussurrado, como se aquilo fosse um segredo que apenas nós pudéssemos saber. Apesar de não entender muito a referência eu apenas concordei a puxando para mais perto e ela tocou a pele do meu braço de modo delicado, mas como que para ter certeza que eu estaria ali e não iria a lugar nenhum - Obrigada. - ela me encarou brevemente e eu sorri beijando seu rosto.
Ficamos em silêncio por longos minutos. Apenas a cidade e seus barulhos eram escutados junto às pessoas que falavam perto de nós no alto do Empire State. O polegar de acariciava meu braço enquanto ela parecia viajar por cada canto da cidade ali em cima. Sua cabeça estava encostada em meu peito e ela tinha uma expressão suave.
- Eles precisam aparecer em público pra se reafirmar como casal, já que a farsa não está enganando ninguém. - a voz desconhecida vinha da minha direita e quando o carinho em meu braço parou por um segundo eu soube que era de nós que falavam. Eu queria ir até lá e dizer algumas coisas, mas como quem sabe de meus pensamentos segurou meu braço com um pouco mais de firmeza.
- Não. Por favor. Hoje vamos só fingir que não somos nós. Vamos só fingir que você não é conhecido. Vamos só fingir que somos um casal passeando com sua maravilhosa vida privada e que elas estão falando daqueles dois ali. Só isso. Eu não quero estragar esse momento. - ela pediu ainda em sussurros e eu respirei fundo assentindo em seguida.
Ela segurou minha mão e começou a caminhar para outro canto do terraço e quando estávamos longe o bastante ela tornou a me abraçar e eu a envolvi em meus braços.
- Eu amo você. - ela sussurrou e eu sorri. Quando a encarei ela me olhava com um fraco sorriso nos lábios e os olhos brilhando.
- Sabe que eu posso te escutar dizendo isso pelo vida toda? - seu sorriso aumentou nos lábios e ela se esticou para mim.
- Bom, eu posso dizer isso pela vida toda. - dito isso ela me deu um rápido selinho e eu beijei sua testa em seguida a abraçando o mais perto de mim que conseguia.
[...]
- Onde estamos indo? - questionou pelo que deveria ser a terceira vez desde que entramos no carro e eu ri.
- Já disse que estamos indo jantar e que o lugar é uma surpresa. - respondi e ela bufou cruzando os braços contra o peito.
- A porta do meu quarto não vai estar aberta pra você hoje. - ela murmurou e eu ri colocando uma das mãos sobre sua perna.
- Nem isso vai me fazer contar. - informei e ela jogou a cabeça pra trás frustrada e eu gargalhei dando a partida assim que o sinal de abriu.
Viramos algumas ruas até chegarmos no Soho e assim que avistei o prédio eu sorri. Estacionei o carro em sua frente e desliguei o motor pegando a sacola de papel no branco de trás.
- Vem. - chamei e ela desceu do carro ao mesmo tempo que eu. Tranquei o carro e segurei a mão de seguindo para a entrada do prédio. O porteiro me pediu meu nome e eu o dei para em seguida o portão ser aberto.
- Isso não parece um restaurante. - comentou assim que entramos no elevador e eu ri fraco.
- Você só vai saber quando chegarmos lá. - informei e ela me cutucou - Pare disso, em menos de cinco minutos você vai saber onde estamos. - murmurei a puxando para perto e ela suspirou - Ei. - chamei e ela me encarou - Aquela coisa da porta não estar aberta era brincadeira, certo? - questionei e ela arqueou uma sobrancelha.
- Você só vai saber quando chegar lá. - ela repetiu minha fala rindo assim que eu estreitei os olhos para ela.
- Cara, eu te amo, mas eu posso te odiar as vezes. - murmurei e ela continuou a rir. As portas do elevador se abriram e um pequeno hall nos aguardava fazendo franzir o cenho.
Antes que ela pudesse perguntar a puxei para fora do elevador e segui no pequeno hall até a porta grande de madeira batendo ali algumas vezes. Haviam algumas conversas lá dentro o que indicava que mais gente já havia chego. Ouvi o barulho da trava e em quando a porta se abriu um par de olhos azuis já conhecidos nos encararam junto a um sorriso acolhedor.
- Ei, lad. - o sotaque carregado cumprimentou e Louis abriu os braços - Vem cá seu narcisista de merda, me da um abraço. - eu ri negando com a cabeça e me aproximei de Tomlinson lhe abraçando apertado e sendo retribuido junto a alguns tapinhas.
- Tio Harry! - a voz de Freddie foi escutada e logo a pequena versão de Louis estava correndo em minha direção.
- Ei campeão. - me soltei de Louis e me abaixei pegando o menino no colo sendo abraçado por ele.
- Essa deve ser a . - Louis encarou e eu acompanhei seu olhar encontrando a menina paralisada.
- Ela mesma. - estreitei os olhos para .
- Oi . - Louis se aproximou dela a abraçando e ela retribuiu o ato.
- É bizarro estar conhecendo outro cara da One Direction. - foi o que ela comentou fazendo Tommo gargalhar.
- Você não contou? - Louis perguntou e eu neguei com a cabeça - Certo, vamos entrar, eles estão esperando. - Louis acenou com a cabeça.
- Eles? - questionou e eu estendi a mão para ela.
- Vem, amor. - chamei e ela segurou minha mão e adentramos o apartamento.
- Tio, ela é sua namorada? - Freddie sussurrou e eu ri encarando que sorriu também já que havia ouvido.
- É sim. - confirmei e Freddie a encarou ficando timido quando acenou - Ela adora heróis, o que acha de mostrar aqueles que te dei para ela depois? - questionei e ele assentiu. Encarou mais uma vez e sorriu.
A garota parou assim que chegamos a sala de estar e as conversas pararam. Ali Louis, Liam, Niall e Zayn nos encaravam, junto a Maya, Gigi, Eleanor e o pequeno Bear. Eu sorri sentindo meu coração ficar leve no peito.
- Hazza! - Niall foi quem soltou animado se levantando - Graças a deus chegou, agora podemos comer. - informou fazendo todos rirmos. Ele se aproximou e depois de eu colocar Freddie no chão ele me abraçou apertado.
- Como sempre só pensando na comida, hum? - questionei e ele deu de ombros indo cumprimentar , ao passo que Liam se aproximava.
- A girafa desse grupo está na casa pessoal. - ele brincou e eu gargalhei.
- Ah, cale a boca Payno. - o abracei enquanto ambos gargalhavamos e nos sacudiamos.
Quando nos afastamos eu vi Zayn. Fazia tantos anos que não o via que naquele momento notei como havia começado a me esquecer. A barba estava mais cheia, o cabelo cortado baixo, ele havia engordado e os olhos já não pareciam cansados. A visão de Malik ali depois de anos fez meus olhos se encherem de lágrimas, assim como os dele.
- Vem cá, Z. - abri os braços e ele riu se aproximando e me abraçando com força. Ali naquele abraço estava uma saudade de anos.
- Eu sinto muito cara. - ele sussurrou e apesar de saber exatamente ao que se referia, seu pedido de desculpas não fazia sentido algum.
- Não tem por que se desculpar. Fico feliz que tenha feito o melhor para você e que esteja bem agora. É tudo que importa, Zayn. Eu sinto muito por ter passado por tudo aquilo. Sinto muito por ter dito qualquer coisa que possa ter te magoado. - sussurrei de volta e a resposta foram lágrimas e Zayn me apertando ainda mais em seu abraço. Ali estava a resposta: estávamos bem, tudo havia passado.
- Senti sua falta, Styles. - a voz dele era abafada.
- Eu também senti cara. Muita. - aquele foi o abraço que durou mais tempo e logo haviam braços ao nosso redor e eu notei sendo os demais garotos. Eu não saberia colocar em palavras o quanto havia sentido falta daquilo, mas estar ali naquele momento fazia parecer que o tempo sequer havia passado.
- Certo, certo já chega de sentimentalismo. Meu estômago está roncando e vocês me conhecem bem quando estou com fome. - Louis anunciou nos fazendo rir e nos separarmos. Me virei encontrando que nos olhava com um olhar terno e cheio de carinho. Me aproximei dela que sorriu e eu vi seus olhos marejados.
- O que foi? Não achei que uma reunião da One Direction fosse te fazer chorar. - brinquei e ela riu fraco.
- Não é por que é a One Direction. É por que eu sou chorona e choro por tudo. - ela informou e eu ri a abraçando por um momento.
- Estou namorando a garota certa então. - eu sorri para ela a beijando brevemente em seguida. Um pequeno ser humano agarrando minhas calças me fez olhar para baixo para encontrar o pequeno Bear andando meio desajeitado - Ei garotão. - me abaixei o pegando no colo e ele riu para mim - Você está enorme. Tomara que puxe a sua mãe. - comentei alto e vi Payne me encarar com olhos estreitos.
- Styles, você pode ser o maior de nós, mas eu ainda te dou uma surra. - ele ameaçou rindo em seguida, provavelmente por se lembrar da última vez que brincamos de luta e ele me jogou nas costas como um saco de batatas.
- Sonha. Eu tenho treinado. - impliquei e ele arqueou uma sobrancelha negando com a cabeça em seguida - Espero que seja um cara legal como o seu pai, Bear. - sussurrei para o garotinho e vi sorrir - Vem amor. Hora de conhecer o restante da minha família. - passei meu braço livre pelos ombros dela e comecei a caminhar com a garota para perto dos demais.
Naquela noite depois de um longo e divertido jantar, nós nos sentamos na sala do apartamento que pertencia a Zayn. Enquanto Freddie e Bear brincavam no tapete e Niall contava de maneira animada uma história da época da banda, eu apenas observei aquela cena. Meu coração estava tranquilo no peito e eu sorri sozinho. Minha família estava reunida e não havia nada no mundo melhor do que aquilo.
[...]
Eu caminhava pelos corredores do backstage do Madison Square Garden. Estar naquele lugar era insano, por que afinal ali era um dos lugares que artistas mais almejavam chegar. Ser a fotógrafa de um dos cantores que se apresentaria ali era uma honra, ser a namorada dele me causava orgulho. Então estar ali definitivamente era uma das experiências mais emocionantes da minha vida.
Naquela noite uma apresentação especial aconteceria. Harry havia convidado uma cantora que estava estreando no meio para cantar um cover de You’re still the one da Shania Twain com ele. Aparentemente ela havia acabado de lançar seu single de estreia e Harry havia o escutado. Ele estava empolgado por aquela noite e eu estava indo receber Ana, a cantora e Raíra sua assistente.
Assim que cheguei à entrada lateral do MSG um carro preto parou e John o segurança de Harry desceu do banco do motorista e abriu a porta de trás para elas. Ambas saíram encarando a arena e se encarando em seguida.
- Grande não? - questionei e elas pareceram me notar ali.
- Moça, por favor, me diz que isso não é uma pegadinha e que não vão roubar nossos rins para vender na deep web. - uma das garotas questionou. Tinha cabelos cacheados, volumosos e olhos expressivos. Era definitivamente uma das mulheres mais bonitas que eu já havia visto. Eu ri de seu comentário.
- Não, pode ficar tranquila. Isso é real. Harry está lá dentro esperando vocês. Eu sou , aliás. - estendi a mão para ela que logo apertou.
- Eu sou a Raíra. - informou ainda meio desconfiada.
- Você é a fotógrafa da turnê, não é? - a outra garota, que agora eu sabia ser Ana, perguntou. Tinha longos cabelos castanhos, olhos também castanhos e um sorriso simpático nos olhos. Assim como Raira, Ana era bonita em níveis que eu só havia visto pela tv. Seus traços de algum modo me mostravam que a garota era latina.
- Bom, somos eu e Hélène na verdade, mas é, podesse dizer que sim. - sorri do mesmo modo para ela.
- Ella ia adorar te conhecer. - ela comentou e eu franzi brevemente o cenho - É uma amiga minha que também é fotógrafa. - assenti.
- Bom, tenho certeza que eu iria adorar conhecê-la também. - comentei e ela tornou a sorrir - Vamos entrar, Harry está se preparando no camarim e está doido para te conhecer. - indiquei com a cabeça e comecei a caminhar.
- Eu acho que devo te avisar uma coisa, . - Raíra foi quem disse e ouvi Ana sussurrar um “cala a boca”.
- Pode falar. - informei a encarando enquanto caminhávamos.
- A Ana pode surtar um pouco ao conhecer o Harry. - ela soltou de uma vez recebendo uma cara feia de Ana em resposta, o que me fez rir.
- Tudo bem, ele está acostumado. - informei, me lembrando naquele momento de um fato importante, mas resolvi apenas deixar para que Ana descobrisse quando chegasse até o camarim.
- Você realmente está pegando o Styles? - Raíra soltou de modo espontâneos e eu gargalhei.
- Raíra! - Ana repreendeu a amiga.
- O que foi? Eu estava curiosa. - se justificou.
- Está tudo bem. - respondi mais para Ana que parecia preocupada com minha reação - E sim eu estou pegando o Styles. - fiz aspas com os dedos - Namorando para ser mais exata. - informei e vi ambas sorrirem de um modo diferente para em seguida se encararem.
- Hammer é real. - Ana sacudiu de leve o braço de Raíra.
- Espera, o que? - questionei confusa. Elas apoiavam o nosso namoro?
- Hammer é o ship seu e do Harry. - Raíra informou.
- Não, isso eu sei, mas… Vocês apoiam? - questionei meio receosa.
- É claro que sim. - Ana soltou como se fosse óbvio e eu ri fraco - Quero dizer, vocês dois são muito fofos juntos. - ela fez um bico e eu ri.
- Obrigada. - estava meio sem jeito e Ana sorriu simpática. Antes que pudéssemos engatar em algum assunto estávamos a porta do camarim de Harry e eu parei em frente a porta - Certo, Ana. Acho que deve preparar seu coração agora. - informei e ela assentiu respirando fundo e encarando a amiga.
- Estou pronta. - informou e eu assenti batendo a porta e ouvindo um “entra”. Coloquei minha cabeça para dentro do camarim pelo vão da porta encontrando Harry, Niall, Liam, Louis e Kevin ali. Liam, Louis e Kevin estavam no sofá enquanto Harry e Niall jogavam ping pong na mesa que havia ali.
- Amor, a Ana está aqui. - informei e Harry sorriu largo.
- Pode deixa-la entrar, eu estou vestido. - ele informou e eu ri tirando minha cabeça do vão e encarando Ana. Abri a porta e dei espaço para que elas entrassem. Assim que Ana pisou no camarim e seus olhos pousaram em todas as pessoas que estavam ali ela agarrou meu braço de maneira involuntária, assim como o de Raíra.
- Eu acho que estou alucinando. - ela informou baixo e eu segurei o riso.
- Se você está eu também estou, amiga. - Raíra foi quem respondeu.
- Vocês não estão alucinando. - Harry informou rindo.
- , eu to vendo a one direction bem na minha frente, isso tá certo? - Ana questionou baixo e em nossa língua natal, já que a garota também era brasileira.
- Ta. Eles estão aqui. - e com um xingamento alto ela colocou ambas as mãos na cabeça me fazendo rir. Encarei os rapazes que pareciam confusos - Dêem um minuto para ela. - mostrei a língua para eles e Louis me mostrou o dedo do meio me fazendo repetir o ato para ele, que riu em seguida.
- Eu quero muito gritar, mas não vou. Só que por favor, eu posso não fingir profissionalismo por cinco minutos e abraçar vocês como a verdadeira directioner que eu sou? - ela pediu fazendo os garotos rirem.
- Eu primeiro. - Niall deu a volta na mesa e seguiu até Ana a abraçando e ela paralisou me encarando.
- Tá acontecendo, garota. É seu momento de brilhar. Ou melhor… surtar. - soltei e ela apertou Niall em seus braços. O seguinte foi Harry e Ana me encarou como se pedisse permissão, o que me fez rir e apenas acenar para que ela fosse em frente. Ela o apertou nos braços prestes a gritar e eu ri um pouco.
Depois de todas as apresentações, nós nos sentamos pelo camarim e iniciamos uma conversa. Primeiro Ana contou sobre o show que havia ido no Rio de Janeiro e contou um pouco sobre sua trajetória no mundo da música, depois o assunto se tornou música. Eu, Raíra e Kevin apenas escutamos já que não entendiamos tanto quanto os demais, mas era divertido de todo modo. Vários minutos se passaram até que Ana e Raíra seguiram para o outro camarim para que a garota pudesse se arrumar.
- Boa sorte hoje, mate. - Niall desejou abraçando Harry assim que Kevin informou que era hora de Harry terminar de se arrumar e deles irem para o camarote reservado apenas para eles.
- Obrigado, Nialler. - Harry agradeceu com um sorriso nos lábios.
- Já sabemos que você vai arrasar, mas boa sorte. - Liam foi quem desejou desse vez e Harry fingiu jogar os cabelos de modo convencido antes de abraçar o amigo.
- Vamos estar lá com você, lad. E estamos orgulhosos. - Louis foi quem declarou para em seguida abraçar Harry.
- Obrigado gente, isso é muito importante para mim. - agradeceu - Queria que Zayn tivesse vindo. - ele declarou torcendo levemente os lábios.
- Eu também. Precisava dele aqui para pirar comigo quando você cantar Kiwi. - Harry riu do comentário de Louis - Mas se alguém descobrir que estamos aqui, pode dar tumulto de paparazzis e sabemos que ele ainda não se sente bem com esse tipo de coisa. - Harry assentiu.
- É, eu sei. Tá tudo bem. - ele garantiu - Ligue pra ele de todo modo. Mesmo que ele não esteja aqui, quero que ele assista o show. - o garoto assentiu e bateu uma continência seguindo para a porta com os outros.
- Pode deixar. Boa sorte Harry. - Louis acenou e passou pela porta fechando-a. Harry suspirou e ficou parado por alguns minutos até sorrir e me encarar. Se jogou no sofá se deitando em meu colo com um largo sorriso nos lábios.
- O que foi? - questionei mexendo em seus cabelos.
- Eu estou feliz. - ele respirou fundo e um sorriso se abriu em meus lábios. A forma com que ele disse aquilo foi tão pura e cheia de verdade que meu coração se aqueceu - Esse é o melhor show da turnê para mim. Eu tenho os meninos, Ana e Ray estão aqui e são ótimas, toda a equipe está animada, Kevin está sendo o melhor amigo de todos com os caras e eu tenho você. Só estaria melhor se minha mãe, Gemma e Zayn também estivessem aqui. - eu sorri para ele.
- Eu fico feliz que esteja feliz, amor. - alguns momentos de silêncio se seguiram até que Harry se levantasse e me encarasse com um sorriso de canto nos lábios.
- Sabe o que me deixaria mais feliz? - eu franzi o cenho e neguei com a cabeça. Harry se aproximou e me beijou me puxando para seu colo em seguida o que me fez rir no meio do beijo.
- Harry, você tem que se arrumar para o show. - soltei sem realmente tentar me afastar.
- Olha só que conveniente, o box do banheiro do camarim é grande. - ele colocou uma perna minha de cada lado do seu corpo e se levantou me segurando em seu colo.
- Styles, você é um pervertido. - ri fraco enquanto me aproximava de seus lábios de novo.
- Eu sei, e é por isso que você me ama. - e novamente nossos lábios estavam juntos enquanto Harry fazia o caminho do banheiro. E ele estava certo, aquele era um dos motivos pelos quais eu o amava.
Capítulo 20
But we know where we belong.
Harry
As últimas batidas na bateria ressoaram em Kiwi e quando cessou de vez os gritos da multidão se tornaram mais altos. Meu coração se encheu e meus olhos também. Minha primeira turnê solo havia acabado.
Durante nove meses eu havia viajado para todas as partes do mundo levando minha música e as pessoas haviam ido me ver. Durante nove meses o público foi a loucura e as lágrimas com cada canção que eu havia entoado. Durante nove meses eu pude ser eu em cima de um palco e não fui julgado nem pressionado. Durante nove meses pessoas haviam confiado em mim e na minha música mais uma vez, mesmo que dessa vez outros quatro caras incriveis não estivessem em cima de um palco comigo. E naquele momento, no último show da Live on tour eu me sentia cheio de amor e de alegria por aquilo. Eu estava fazendo o que eu amava, com quem eu amava ao meu lado. Não havia mais nada que um garoto de um pequeno vilarejo ao sul de Manchester poderia querer.
Meus olhos varreram a multidão tentando focar no maximo de rostos que conseguia, até achar o dela. não segurava a camera, apenas aplaudia com um grande sorriso nos lábios e olhos orgulhosos. Um grande sorriso surgiu em meus lábios e ela me lançou um beijo. Me virei em busca da banda e lá estavam eles, olhando o público do mesmo modo que eu. Como se não acreditassem que haviamos feito aquilo. Me aproximei iniciando um abraço em grupo e o mesmo foi retribuido.
Depois de abraços individuais, nós nos curvamos diante do público em agradecimento e as luzes se apagaram deixando apenas uma trilha de luzes coloridas que nos levavam de volta ao backstage. Estranhamente a equipe não se encontrava ali então apenas seguimos para o camarim.
Assim que abri a porta da grande sala gritos e aplausos começaram e ali estavam todos. Cumprimentei toda a equipe recebendo abraços e felicitações pelo fim da turnê. Olhei ao redor e encontrei parada a porta sorrindo. Seus braços se abriram assim que coloquei meus olhos sobre ela me fazendo seguir até lá para me aconchegar em seus braços.
- Parabéns, foi lindo amor. - ela sussurrou enquanto afagava meus cabelos e eu sorri.
- Obrigado. Você foi íncrivel durante esses meses. - respondi me afastando lhe dando um selinho breve e ela sorriu. Me soltou do abraço e seguiu para a banda e o resto da equipe abraçando a todos de modo caloroso e animado. Um braço se apoiou no meu ombro e eu me virei encontrando Hélène sorrindo.
- Gosto de vocês dois. Como se olham, se apoiam e cuidam um do outro. - eu sorri meio sem jeito - Fico feliz em te ver feliz, H. - Hels sorriu para mim - Agora vamos comemorar o fim dessa turnê. - ele me deu alguns tapinhas e se aproximou dos demais que gritaram quando ela propôs a comemoração.
[...]
Acordei na manhã seguinte com o sol entrando pela janela do meu quarto. O barulho do mar podia ser ouvido ao fundo e o cheiro de maresia conseguia ser reconfortante de algum modo. Apesar de amar Londres a minha casa na California ainda conseguia ser um bom refugio quando os dias frios da Inglaterra pareciam não ter fim.
Me virei na cama devagar e lá estava . Ela respirava tranquila enquanto ainda dormia abraçando o travesseiro e fazendo um bico fofo. Eu sorri fraco e apenas acariciei brevemente seu rosto. Antes que pudesse pensar em ficar mais tempo a observando meu celular vibrou na mesa de cabeceira e eu me virei pegando o aparelho e sentindo o estomago afundar ao ver quem ligava.
Me levantei pegando minha cueca pelo chão e a calça que usei na noite anterior para sair para o quintal. Abri a porta de vidro que dava para o gramado da casa e depois a fechei junto ao blackout para que não acordasse.
- Oi. - atendi o telefone assim que me afastei da porta.
- Oi Harry, como vai? - a voz de Camille ecoou do outro lado de modo animado.
- Bem, muito bem e você? - questionei coçando a nuca brevemente.
- Estou bem. Fiquei sabendo que o último show da tour foi ontem, meus parabéns. - eu sorri fraco agradecendo em seguida - Então, ainda está em Los Angeles?
- É estou sim.
- Isso é ótimo. O que acha de sairmos para tomar um café? - questionou e eu respirei fundo sentindo meu corpo enrijecer.
- Na verdade eu não vou ficar aqui muito tempo, só até amanhã e estou pretendendo levar a para conhecer alguns lugares, então não vou ter tempo. - comecei e ela murmurou em resposta.
- Ah, eu entendo. Bom, de todo modo, em duas semanas estarei em Londres para um desfile, acha que podemos sair? - insistiu e eu apenas parei por um momento. Era apenas um café inofensivo. Dois conhecidos tomando um café, apenas isso. Certo? Então por que negar?
- Claro. Claro que sim. Podemos ver um dia e ir tomar esse café. - respondi.
- Ótimo, então vamos nos falando por mensagem e combinamos, pode ser?
- Sim , pode sim. - ouvi alguém a chamar de fundo.
- Certo, preciso ir, mas vamos nos falando. Até mais, Harry. - e antes que eu dissesse mais alguma coisa ela desligou.
Guardei o celular no bolso e respirei fundo me apoiando na grade que havia ali. Eu devia contar aquilo a ? Algo dentro de mim me dizia que sim, mas outra parte me dizia que não. Me dizia que eu não precisava criar esse tipo de insegurança nela. Era apenas um café afinal. O que demais poderia acontecer? Mas se não havia nada demais naquilo, por que eu me sentia estranho daquele modo?
Senti duas mãos passando ao redor da minha cintura e o cheiro fresco de invadiu minhas narinas. Virei brevemente o rosto e a encontrei com um sorriso nos lábios.
- Bom dia. - ela sussurrou e eu sorri me ajeitando para que pudesse abraça-la.
- Bom dia. - beijei sua cabeça e ela sorriu - Então, o que acha de ir conhecer a cidade dos anjos com um anjo? - brinquei e ela riu.
- Você é tão convencido. - o comentário me fez rir e a apertar um pouco mais em meus braços.
- Eu sei e você me ama mesmo assim. - a encarei e ela de de ombros.
- Aguentar seu ego gigante é o preço a se pagar por te amar. - eu estreitei os olhos para ela que gargalhou.
Tudo está bem entre vocês, por que criar inseguranças nela por um café?
Talvez soasse como uma tamanha besteira não contar, mas naquele momento responder aquela pergunta com um “é, não tem por que” foi algo que pareceu fazer muito sentido para mim naquele momento.
- Certo, vamos nos arrumar, quero te levar a um lugar. - comecei a nos encaminhar para a entrada do quarto.
- Onde? - ela me encarou com curiosidade.
- Desde que chegamos a América você tem dito que nos Estados Unidos não tem um bom café, então quero te levar ao lugar onde tem o café que eu mais gosto. - informei e ela sorriu largo.
- Você acabou de me convencer a desistir de passar o dia no sofá. - ela soltou batendo palmas e eu sorri. se soltou de mim seguindo para sua mala e buscando suas roupas. Naquele momento notei que ela usava minha camiseta que ficava enorme nela e sorri com a certeza de que nos próximos meses eu com certeza dormiria todas as noites em seu apartamento apenas para acordar e vê-la daquele modo.
- Vai ficar ai parado com cara de bobo ou vamos tomar banho? - ela questionou com a sobrancelha arqueada.
- Não precisa nem perguntar duas vezes. - respondi a fazendo rir enquanto apressava o passo em direção ao banheiro.
[...]
- Certo, vamos lá. Momentos de tensão. - comentei e riu já com a xícara em mãos. Quando parou de rir ela levou a xícara à boca e degustou o líquido fazendo uma cara de surpresa segundos depois.
- É o melhor café que já experimentei nos Estados Unidos. Talvez até fora do Brasil. - comentou e eu sorri.
- Eu sabia que ia gostar. Aqui eles fazem o café moído e coado na hora. - informei tomando meu suco.
- Bom, Beachwood Cafe você já tem meu coração. - ela informou para nenhum lugar em específico e eu sorri. deu mais alguns goles em seu café enquanto eu observava a luz que entrava pela janela refletir em seus olhos e os deixarem mais claros.
- Você já pensou sobre ter filhos? - questionei e ela me encarou com um meio sorriso. Eu achei que talvez ela pudesse se assustar, mas não, ela apenas pensou por um momento.
- Para ser sincera faz anos que não penso sobre isso. - ela deu de ombros - Mas sim, eu quero ter filhos algum dia. Gosto de crianças e ter os meus filhos parece algo que com certeza vai estar no meu futuro. - assenti - Eu quero muito adotar. Não é meu sonho ter filhos que saiam de mim e nem é o que pretendo, mas se acontecer tudo bem, vão ser amados do mesmo modo. - ela respondeu como se já soubesse a minha pergunta seguinte - e você? - ela se encostou na cadeira me encarando.
- Eu nunca pensei sobre filhos na verdade. Quero dizer, eu amo crianças, sou padrinho de algumas e tio de outras, mas eu nunca havia parado pra pensar sobre os meus próprios filhos. - dei de ombros e franziu o cenho.
- Por que não? - ela se inclinou a apoiou o braço sob a mesa.
- Não sei bem. Acho que ninguém nunca pareceu alguém com quem eu teria filhos antes. Eu nunca me imaginei como um cara que pudesse ter esse tipo de coisa. - mordi a parte interna da bochecha - Mas acho que gostaria de ter filhos. Um garoto pelo menos. Talvez depois uma garotinha. Quero dizer, se eu sobrevivesse ao primeiro. - ela riu negando com a cabeça e eu a acompanhei, vendo-a parar em seguida me encarando com curiosidade.
- E por que está pensando sobre isso agora? - ela mordeu o lábio inferior e eu respirei fundo.
- Por que eu imagino esse tipo de coisa com você. - ela me pareceu surpresa, como se esperasse outra resposta - Calma, não estou te pedindo em casamento nem dizendo "ei, vamos lá adotar uma criança juntos". Calma. - soltei rindo um pouco e ela me acompanhou negando com a cabeça - Eu só estou dizendo que me imagino no futuro com você. Correndo de meias pela casa com um garotinho. Ensinando ele a tocar violão ou a nadar. Fazendo sanduíches, ou preparando o café e levando na cama para você. Esse tipo de coisa. - dei de ombros meio sem jeito e encarei meu copo de suco.
- Ou o ensinando a tirar a roupa sempre que estiver muito empolgado sobre algo. - ela comentou e eu a encarei vendo que sorria - Por favor, só se certifique de ensina-lo a fazer isso apenas em casa ou quem vai a escola por que ele tirou a roupa depois de conseguir um papel em uma peça de teatro vai ser você. - eu gargalhei alto e ela me acompanhou.
- "Papai é que eu queria muito ser a árvore e consegui" - fiz uma voz infantil e gargalhou.
- Isso seria a cara dele. - ela soltou e eu assenti enquanto ria. Ficamos alguns momentos rindo até pararmos e nos encararmos com meios sorrisos.
- A gente teria uma casa com um quintal grande. - comentei e ela sorriu.
- Uma casa azul de portas amarelas. - soltou sorrindo largo.
- Portas amarelas? - questionei e ela deu de ombros.
- Eu não sei, me parece uma boa. Fugir do branco e preto ou branco e marrom. - ela de uma careta e eu ri assentindo.
- Levariamos ele a aquela praia em Ubautuaba. - ela riu.
- Ubatuba, amor. - ela corrigiu.
- Isso, isso aí. - apontei e ela tornou a rir.
- E você tentaria incansávelmente ensina-lo a construir um castelo de areia…
- E perderia a paciência depois se cinco minutos. - ela assentiu.
- E me chamaria, todo emburrado. - completou.
- Não posso negar. - dei de ombros e vi sorrir.
Ela me encarou por um tempo e eu fiz o mesmo com ela. Era engraçado como o futuro parecia algo tão certo se estivesse lá. Um futuro de filhos pela casa e estar casado acordando ao lado dela todos os dias. Um futuro em que, assim como Adam, eu tivesse meus filhos no backstage de um show bagunçando tudo. Um futuro onde eu tivesse meu garotinho no colo enquanto fotografava o momento. Aquilo parecia certo. Não para aquele momento, mas para algum dia. E era bom ter perspectivas de futuro com ela.
-? - chamei e ela me encarou parecendo atenta agora - Eu ainda vou me casar com você. - declarei e o sorriso se abriu gradativamente em seus lábios, até ser um largo sorriso.
- E eu ainda vou aceitar seu pedido de casamento. - ela declarou e ambos rimos fraco. Ela me encarava de um modo terno e eu poderia passar o dia todo ali - Sabe, esse lugar sempre vai ser especial. Não pelo café que é ótimo, mas por que sempre que eu me lembrar daqui, vou lembrar disso. - ela apontou nós dois - Vou me lembrar do dia em que pensar em ter uma família voltou a fazer sentido. - ela sorriu e eu fiz o mesmo.
- Beachwood coffee é o nosso lugar então. - ela assentiu para a idéia e por alguns minutos nós apenas mantivemos o silêncio. Aquela havia sido a primeira vez que havíamos feito planos para o futuro, de fato aquele era um lugar especial.
- Certo, eu vou ao banheiro e nós vamos para a próxima parada, tudo bem? - ela questionou já se levantando e eu assenti.
passou por mim e segundos depois meu celular apitou sobre a mesa. Peguei o aparelho sentindo o estômago estranho.
Camille:
Quarta-feira é um bom dia para você? 10:56am
Eu suspirei fundo apenas bloqueando o aparelho e o colocando no bolso. Não precisava falar sobre aquilo com . Era apenas um café. Era isso que eu repetia em minha mente.
[...]
Era noite e eu e haviamos feito uma pequena trilha pelo Bronson Canyon. havia ouvido falar sobre o lugar e decidiu que queria conhece-lo a noite, apenas consegui agradecer por ter decidido usar tênis naquele dia.
- Vamos, amor, estamos quase lá. - ela incentivou enquanto segurava a minha mão andando a frente.
- Eu achei que teria mais preparação física para isso. - informei e ela riu.
- Trilha é bem diferente de pular pra lá e pra cá em um show, não? - questionou parando em frente a uma rocha não tão alta.
- Bem diferente. - apontei a rocha respirando fundo - Vamos subir isso aí? - ela assentiu se virando e encaixando os pés em espaços que haviam ali e dando impulso no corpo e logo estava lá em cima me estendendo a mão - Menina, como é que você faz isso? Por acaso você pratica escalada secretamente? - questionei segurando sua mão e me surpreendendo com a força de ao me ajudar. Em segundos eu estava me colocando de pé ao seu lado.
- Quando eu era criança eu e Mateus brincávamos de explorar o fim da rua do meu avô. A gente escalava algumas pedras e subia em árvores o tempo todo. Eu até perdi um dente uma vez quando caí. - ela deu de ombros caminhando pela pequena trilha.
- Certo, você é a versão feminina e mais sexy do Indiana , definitivamente. - ela gargalhou alto caminhando até a o fim da trilha.
Um tipo que precipício começava ali. E a frente eu conseguia ver as luzes de Los Angeles seguindo até o horizonte. Mais abaixo a estrada passava onde alguns carros eram vistos com faróis acesos. O céu estava em tons de azul escuro que eu não me lembro de ter visto antes, a lua brilhava no céu parecendo pedir para ser vista. Quando olhei para o lado já estava se sentando no chão e eu ia me sentar ao seu lado, quando ela indicou que eu deveria me sentar atrás dela e assim eu fiz. Ela se aconchegou entre minhas pernas e apoiou os braços em meus joelhos encostando seu corpo ao meu enquanto eu a abraçava junto a mim. Beijei seu rosto e a vi sorrir.
- And I'm still thinking back to a time under the canyon moon. - cantarolei a frase que me veio a mente.
- Eu não conheço essa. - sussurrou e eu a puxei mais para mim.
- Acabei de pensar nela. Acho que as idéias do novo álbum já estão vindo. - ela riu fraco.
- Harry Styles é uma máquina de fazer música. - ela apertou meus joelhos e eu me inclinei beijando seu rosto.
- Estou inspirado ultimamente. - respondi - Acho que o próximo vai ser sobre você. - ela riu e virou o rosto me encarando.
- Mal posso esperar para escutar. - ela se inclinou e tocou meus lábios.
Eu estava certo, o próximo álbum seria sobre ela, mas não do modo que eu achava que seria naquele momento.
Capítulo 21
You give me butterflies.
Kevin
Eu nunca me senti tão nervoso na vida. Naquela noite eu teria um encontro com e eu podia afirmar com todas as letras que nunca havia me sentido daquele modo antes.
Eu estava em casa me remoendo de ansiedade quando Harry me chamou para ir a sua casa para jogarmos vídeo-game já que e iriam passar a tarde juntas e depois se arrumariam juntas. para o encontro e para uma festa de Alessandro que iria junto com Harry naquela noite.
Depois de fazer cinco gols vergonhosos em Harry no FIFA eu entendi que ele havia me chamado ali não por que queria jogar video-game, mas porque algo o estava incomodando.
- Tá legal mate, me diz o que está acontecendo. - soltei o controle depois de pausar o jogo e Harry bufou fazendo o mesmo.
- O que acha de tomarmos sorvete? - Harry questionou mordendo a parte interna da bochecha.
- Qual foi a merda que você fez Styles? - soltei sabendo que havia algo ali e ele respirou fundo.
Ele tirou o celular do bolso buscando por algo e eu temi por ser algum ataque das fãs contra de novo. Ele me passou o aparelho e estava aberto em uma conversa.
Quarta-feira é um bom dia para você? 15/06/2018 - 10:56am
Claro, quarta às três da tarde, o que acha? 15/06/2018 - 10:58am
Ótimo. Primeiro de agosto às três da tarde. Estou ansiosa para te ver de novo. 15/06/2018 - 11:02am
Eu encarei o nome de contato e franzi o cenho por um momento.
- Camille? - questionei Harry que assentiu - A modelo da victoria secrets? - ele tornou a assentir e eu continuei de cenho franzido - Eu não sei se entendi. Vocês vão tomar um café, qual o pro… - e no meio da palavra eu parei. Eu encarei Harry que encarou o chão e internamente eu torci para que aquilo não fosse o que eu estava pensando - sabe disso, certo? - questionei e Harry negou com a cabeça sem sequer hesitar - Por que ela não sabe? - questionei e ele suspirou.
- É só um café eu não quero causar nenhuma insegurança nela por causa de um café. - ele parecia tentar se convencer tanto quanto a mim e eu bufei.
- Harry, eu vou mandar o treat people with kindness pro inferno agora. - comecei já alterando o tom de voz - Garoto, que merda você tem na cabeça? - questionei vendo-o engolir em seco - Styles, a não vai se importar de você ir tomar um café com a Camille. Você sabe disso, você a conhece. - me levantei do sofá e vi Harry me encarar. Peguei o celular e a primeira mensagem era a de Camille marcando o dia do tal café - Bom, pelo menos essa mensagem é de antes de ontem. vai entender. - nesse momento o vi se encolher - O que foi? - ele mordeu o lábio.
- Eu apaguei algumas mensagens. - ele sussurrou e eu arregalei os olhos.
- Que mensagens? - questionei - Não me diga que se encontraram antes e você…
- Não! - ele se apressou em negar - Mas… Se lembra que eu e Camille tínhamos nos encontrado em Los Angeles antes de eu ir para o Brasil? - assenti - Foi naquele dia que ela falou sobre o café e eu disse que tudo bem por mim. E desde então ela me manda algumas mensagens perguntando se estou bem ou coisa assim, nada além disso, mas eu as apago. - seu tom baixou conforme minha cara se fechou.
- E por que raios você apaga se não são nada além de “oi, tudo bem?” - fiz aspas com as mãos.
- Por que eu eu tenho medo que a veja e ache que é algo demais. - eu o encarei por alguns momentos e neguei com a cabeça.
- Harry Styles, se você traiu a …
- Eu já disse que não fiz isso! - ele soltou claramente bravo e eu respirei fundo.
- Eu vou tentar te explicar de um jeito bem didático isso aqui. - ele assentiu - Eu sou seu amigo. Seu melhor amigo que te conhece desde que éramos pirralhos. Eu te conheço a ANOS. - dei intensidade a última palavra - E eu estou tendo problemas para assimilar essa história. Eu estou com dificuldades para entender o por que caralhos você apagou mensagens que são supostamente inocentes. Agora você consegue entender que a pode ter muito mais dificuldade para entender isso, visto que você apagou isso e ainda marcou de sair com a Camille sem sequer comentar um ‘a’ sobre o assunto? - ele mordeu o lábio e abaixou o olhar - Harry, você sair para um café com Camille ou para jantar na casa da Camille não é o que vai fazer a se sentir insegura. Esconder isso dela sim. - ele continuou a encarar o chão e eu respirei fundo - Você está agindo exatamente como o Anthony. - dito isso os olhos de Harry me encaram e seu maxilar travou.
- Você não pode ter dito isso. É só um café e algumas mensagens bobas. Anthony a traiu. Dormiu com outra garota. - seu tom de voz entregava sua indignação, porém mesmo assim eu ri de modo debochado.
- Por favor Styles não me diga que está tentando justificar seus erros aqui. - o encarei e ele arqueou ambas as sobrancelhas - Harry, achei que já havíamos passado da fase em que você finge que tem razão quando sabe que está errado. - ele bufou.
- Olha o tipo de merda que você está dizendo, Kev. Está me comparando ao Anthony como se fosse algo comparavel. - ele cruzou os braços e se recostou no sofá. Eu tornei a rir ainda desacreditado.
- Harry, não importa se você transou ou não com a Camille. Quando a descobrir isso, e acredite ela vai se você não contar, tudo do que ela vai se lembrar é do que viveu com Anthony, por que toda a merda está se repetindo do mesmo modo. - ele apenas manteve seu olhar fixo em algum ponto a sua frente na sala e eu respirei fundo revirando os olhos - Certo. Eu vou te deixar pensar sobre essa merda que está fazendo. - joguei seu celular sobre o sofá e busquei minha jaqueta sobre a poltrona - Só não me peça para consertar nada se isso der merda depois. - foi o que eu disse me virando e caminhando até a porta - E pense se você quer ter razão ou ter a garota. - foi tudo que eu disse antes de fechar a porta atrás de mim.
[...]
- Como está senhorita ? - questionei de dentro do carro vendo fechar o portão de seu prédio. Ela usava um vestido de seda em um tom de vermelho escuro com sandálias de salto. Definitivamente ficava linda de qualquer forma.
Ela se aproximou do carro e respirando fundo abriu a porta. Eu a observei entrar e assim que a porta se fechou ela pareceu soltar o ar.
- Tá tudo bem? - questionei e ela mordeu o lábio - Se você não quiser ir não precisa, . Eu enten…
- Não é isso. - ela negou com a cabeça encarando as mãos.
- Certeza? - apontei para as mãos dela e ela torceu os lábios - Olha , eu já sou bem grandinho pra levar um fora e… - naquele momento algo inesperado aconteceu.
Ela tomou meu rosto entre suas mãos e juntou nossos lábios. Eu me assustei a princípio, mas apenas correspondi ao ato puxando sua nuca de maneira suave para que ela se aproximasse. Eu honestamente não estava entendendo exatamente a razão daquilo, mas a cada novo toque de em meu pescoço, para onde suas mãos haviam ido, ou de cada nova arfada dela conforme minhas mãos entravam em seus cabelos, eu sentia todo o meu corpo gritar o quão certo aquilo era.
Quando o ar precisou voltar a nossos pulmões nos afastamos encostando nossas testas e apenas ficando em silêncio por alguns segundos ouvindo nossas próprias respirações.
- Eu esperei tempo demais por isso e pra ser sincera estou nervosa por isso desde hoje de manhã. - foi quem quebrou o silêncio - Se não tivesse feito agora eu ia passar essa noite toda me tremendo e em puro nervosismo. - terminou de explicar e eu ri aproximando meus lábios dos dela e lhe dando apenas alguns selinhos.
- Não era como eu havia planejado, mas com certeza foi muito melhor. - ela riu fraco - Fugimos do clichê em que as pessoas só se beijam depois do primeiro encontro. - ela sorriu e assentiu mordendo o lábio em seguida - Como está a adolescente que habita dentro de você e ainda tem um crush em mim? - a gargalhada dela foi alta enquanto ela jogava a cabeça para trás, mas ainda sem soltar meu pescoço.
- Surtando, com certeza. Mas só quem vai ver esse surto vai ser a amanhã. - a menção a me fez me lembrar da conversa com Harry mais cedo e pedir internamente que ele não fizesse uma merda.
- Certo, podemos ir agora ou tem mais algum clichê do qual queira fugir? - soltei em um tom sugestivo rindo em seguida e me acompanhou.
- Pare com isso. Você me prometeu um encontro e eu vou tê-lo. A pequena jamais me perdoaria se eu pulasse esse encontro. - ela se ajeitou no banco e colocou o cinto.
- Ótimo, por que eu quero muito esse encontro. - ela sorriu para mim - Senhorita , está preparada para o melhor encontro da sua vida?
[...]
O Sky garden era um restaurante que ficava no topo de um alto arranha-céu no centro de Londres. De lá era possível ver toda a cidade e a vista era com certeza uma das melhores de toda Londres. O dias demoravam mais a escurecer, então quando saímos do elevador o sol estava fazendo seu caminho no horizonte.
Havia uma mesa externa reservada para nós então assim que encontramos o hostess e ele nos levou até nossa mesa. olhava a vista admirada e eu sorri ao constatar que havia acertado na escolha do lugar.
-Como você conseguiu uma reserva nesse lugar? É sempre lotado. - ela constatou finalmente me encarando.
- Reservar com dois meses de antecedência ajudou bastante. - soltei rindo e ela pareceu surpresa.
- Você realmente reservou isso aqui logo depois de me chamar? - eu assenti e ela riu fraco - Eu achei que iria esperar para ter certeza quando voltasse a Londres. - ela torceu os lábios.
- Ter certeza de que? - questionei e ela deu de ombros
- Se iria realmente querer sair comigo. - ela fez uma careta e eu ri fraco.
- , eu tive certeza disso desde que te convidei. - ela sorriu de canto negando com a cabeça.
Um garçom se aproximou trazendo uma garrafa de vinho e assim que ele sorriu para nós me encarou confusa.
- Nós nem pedimos ainda. - eu mordi o lábio.
- Digamos que talvez eu tenha conversado com a sobre algumas coisas e ela me contou qual seu vinho favorito. - ergui os ombros de modo culpado - Eles não tinham a o vinho que disse então procurei por um que fosse parecido. - o garçom terminou de nos servir e se foi deixando a garrafa sob a mesa.
- É, eles realmente não teriam, por que a garrafa do vinho que eu e bebemos é mais barata do que uma garrafa de água desse lugar. - ela comentou pegando a taça e eu ri sendo acompanhado por ela. era espontânea e dizia tudo que tinha na cabeça sem se importar como poderia soar.
Quando parei de rir eu a encarei. A risada da garota era alta e seus olhos se fechavam conforme ela ria. O sol que ia embora a iluminava fazendo parecer que ela mais como uma ilusão da minha cabeça do que alguém real. Definitivamente ela era linda de um modo que eu jamais havia visto antes de conhecê-la.
Ela me fazia sentir nervoso por estar ali, ao mesmo tempo em que me fazia sentir como se não houvesse lugar melhor para estar. Meu estômago girava enquanto eu a observava e eu me sentia um adolescente diante da primeira garota de quem gostou na vida. E aquela sensação apesar de um pouco estranha e a muito desconhecida, se tornava cada mais reconfortante diante dela.
[...]
O jantar se passou com histórias sobre a vida e risadas intermináveis. Ambos acabamos deixando grande parte do nervosismo de lado e falando sobre tudo que era possível naquele espaço. era o tipo de garota que provocava, mas ao mesmo tempo ficava sem jeito diante de provocações. O tipo de garota que estava contando uma história engraçada e no momento seguinte falando sobre o assunto mais sério e inesperado possível. E eu que adorava falar, havia tirado a maior parte daquela noite para escutá-la.
Depois de horas ali eu pedi pela conta que logo chegou. Eu paguei e me levantei parando ao lado de , lhe estendendo a mão que ela segurou enquanto sorria fraco franzindo o cenho.
- Ainda temos uma parada, senhorita . - informei a vendo rir.
- Vamos lá então. - ela se levantou e com os dedos entrelaçados aos meus seguimos para o elevador.
Naquele momento já não parecíamos estranhos e apesar de o único toque entre nós ter sido no momento do beijo mais cedo, quando eu a abracei pela cintura esperando que o cubículo descesse todos os andares ela apenas se aproximou do meu corpo.
Quando as portas se abriram nós seguimos em direção ao valet que foi em busca do veículo e eu me virei para a beijando brevemente, vendo um sorriso surgir em seus lábios em seguida.
Assim que o carro chegou eu abri a porta para ela esperando que ela entrasse para voltar a fechá-la e logo estava seguindo para meu lado. Pouco antes de alcançar minha porta senti meu celular vibrar várias vezes seguidas no bolso da calça e o tirei dali abrindo a porta e entrando enquanto via as notificações de Harry. Desbloqueei o aparelho assustado com o conteúdo das notificações e subi na conversa vendo várias mensagens com meu nome até chegar a última onde Harry informava o por que de tanto alarde.
- Merda. - sussurrei e senti o olhar de sobre mim.
- O que houve? - ela tocou meu braço e eu a encarei.
- Vamos ter que adiar a última parte do encontro. - comentei e ela franziu o cenho.
- O que houve Kevin? - parecia mais séria, como se soubesse o que eu diria a seguir.
- É a . Ela precisa de nós. - e isso foi o suficiente para que ela me mandasse acelerar para o apartamento da brasileira.
Capítulo 22
Sunsets fade, and love does too
Yeah, we had our day in the sun.
Red tocava alta no apartamento de e ela cantava alto enquanto eu ria de sua performance desastrosa da música de Swift.
- Seus vizinhos vão vir te expulsar. - gritei acima da música e ela jogou uma almofada em mim para em seguida abaixar o volume e se jogar ao meu lado.
- É bizarro cantar essa música hoje e pensar que vou estar em um encontro com o cara em que eu pensava enquanto cantava ela anos atrás. - ela soltou de uma vez e eu sorri.
- Você devia escrever uma fanfic sobre isso. - soltei e ela deu de ombros.
- Se tudo der certo, talvez eu escreva mesmo. - eu sorri me levantando e pegando nossas taças de cima da mesa para levá-las a cozinha.
- Já posso shippar vocês ou ainda é muito cedo? - vinha em meu encalço e me acertou um leve tapa no braço.
- Não enche, . - ela prendia o riso e eu apenas neguei com a cabeça. Enquanto eu lavava as taças, se encostou na pia a me encarou mordendo o lábio em seguida.
- Anda logo, diz. - soltei e ela continuou a morder o lábio.
- Eu estou nervosa. - eu a encarei com falsa surpresa.
- Jura? Nem notei . - ela revirou os olhos me fazendo rir - Está nervosa por que? - coloquei a louça lavada no escorredor e peguei um pano secando minha mão.
- Por que eu imagino como é beija-lo desde os quinze anos. Eu vou passar a noite nervosa com isso. - ela murmurou colocando as mãos no rosto.
- Ué, então o beije no começo do encontro e acabe com o nervosismo de uma vez. - dei de ombros e ela tirou as mãos do rosto.
- não é simples assim. - ela contestou - Eu não sei se é isso que ele quer e nem se…
- Se você disser que não sabe se ele está tão afim quanto você eu te cato aqui agora e te dou uma surra. - ameacei e ela revirou os olhos bufando em seguida - Qual é . É o Sky Garden no por do sol. É claro que ele está interessado. Seria burro se não estivesse. - ela me encarou e sorriu fraco de canto - E depois de te ver naquele vestido vermelho que você escolheu… - deixei a frase solta me abanando em seguida o que a fez rir.
- Você é tão idiota, . - ela negou com a cabeça.
- É, eu sei disso. - dei de ombros e a vi me encarar por um momento para em seguida me puxar para um abraço.
- É tão bom te ter por perto de novo. - ela sussurrou e eu sorri a abraçando de volta.
- Que bom que voltou. - sussurrei e senti seu abraço se tornar mais apertado. Era ótimo ter ali de novo e eu não poderia estar mais feliz.
Bom, pelo menos até aquela tarde.
[...]
O desfile da coleção primavera/verão da Gucci havia sido lindo. Alessandro havia convidado Harry para cantar e eu para apenas sentar e assistir. A coleção era muito colorida e cheia de estampas, apesar de haver algumas peças menos enfeitadas, como o conjunto roxo que Alessandro havia enviado para que eu usasse naquela noite.
Ao fim do desfile nós seguimos para uma after party onde os convidados e modelos da marca se encontravam. Havia comida e bebida a vontade, porém como naquela noite Harry parecia muito disposto a beber e alguém precisava dirigir de volta para casa eu decidi que não consumiria álcool.
Eu estava sentada em uma mesa e Harry estava no meio da pista de dança cantando a plenos pulmões toda e qualquer música que tocava junto a um copo em suas mãos o qual a todo momento estava cheio.
Harry estava estranho naquele dia. Havíamos combinado de irmos juntos de manhã e quando ele chegou a minha casa a noite me beijou brevemente no carro e sequer trocou uma palavra comigo, deixando o rádio ligado em um volume alto, coisa que não era comum. Durante todo o desfile ele cantou e evitava a todo custo me olhar ou passar perto de onde eu estava sentada, virando a cara quando o fazia. Quando chegamos a after ele seguiu direto para a mesa de bebidas e encontrou conhecidos com quem falar me deixando sozinha em nossa mesa e eu apenas me mantive ali já que não conhecia ninguém.
- Com licença. - uma voz desconhecida tirou minha atenção de Harry. Um par de olhos verdes me encaravam juntamente a um sorriso gentil - Posso me sentar aqui? - ele indicou a cadeira ao meu lado e eu assenti. Era um rapaz alto e a falta de sotaque britânico me indicava que não era dali. Ele se sentou ao meu lado e estendeu a mão - É um prazer, eu sou Timothée. - ele se apresentou e eu segurei sua mão saindo do breve momento de divagação.
- Eu sou . - sorri fraco e ele aproximou minha mão de sua boca a beijando me fazendo rir fraco.
- É um prazer . - ele sorriu de canto ainda segurando a minha mão. Seus olhos eram realmente olhos muito bonitos e intensos e quando notei que o encarava por tempo demais eu encarei outro lugar recolhendo a minha mão.
Harry.
Foi tudo que pensei procurando por ele e vendo que ainda cantava e bebia sem sequer se importar.
- Por que está sozinha? - ele questionou e eu o encarei confusa demorando um segundo para assimilar a pergunta.
- Hum.. Harry resolveu que hoje queria festejar. - apontei para Styles e Timothée acompanhou com o olhar - E eu não conheço ninguém, então fiquei meio sem jeito. - dei de ombros e os olhos do rapaz voltaram a mim.
- Então você é a de quem Alessandro tanto fala? - o sorriso parecia nunca deixar seus lábios.
- Depende do que ele fala. - brinquei e ele riu alto.
- Apenas coisas boas, pode ficar tranquila. - afirmou - Na verdade estou para fazer uma campanha com eles então perguntei a ele quem foi que fotografou a última campanha do Styles e desde então sempre que nos encontramos ele fala que em breve você estará livre e me mostra fotos do seu trabalho. - senti minhas bochechas esquentarem e prendi um pequeno sorriso.
- É muito estranho saber que alguém como o Alessandro Michelle está falando do meu trabalho por aí. - comentei fazendo Timothée rir.
A conversa prosseguiu por alguns minutos em que falamos sobre nós. Descobri que Timothée era ator, e que por conta disso seu rosto me parecia conhecido já que ele havia participado de Interestelar. Ele era um grande admirador de arte e soltava alguma palavra em francês de vez em quando.
-Então ele te pediu em namoro tocando teclado e cantando a música que você ficava cantarolando pelos cantos? - ele questionou e eu assenti.
- Sim. Parece meio brega, mas eu achei a coisa mais fofa do mundo e você não pode julgar. - apontei rindo e enquanto ele fazia o mesmo.
- Não vou, prometo. - ele ergueu as mãos e eu estreitei os olhos para ele rindo em seguida - Você fala dele com muito carinho. Styles é realmente um cara de sorte. - ele sorriu e eu fiz o mesmo. Antes que pudesse dizer qualquer coisa senti uma mão tocar meu ombro e quando subi os olhos encontrei Harry. Os cabelos estavam uma bagunça e ele estava suado. Com certeza havia bebido e dançado como nos shows.
- Oi amor. - cumprimentei com um sorriso, porém ele sorriu pequeno de volta.
- Desculpe interromper a conversa, só queria avisar que estou indo embora. - ele me encarou e eu franzi o cenho.
- Tudo bem, eu só vou me despedir e nós…
- Não, pode ficar, eu vou indo. Tchau Timothée. - dito isso ele se virou e caminhou, eu fiquei confusa por um segundo para então me virar para Timothée.
- Eu preciso ir. Obrigada pela companhia e pela conversa. Sinto muito sair correndo assim, mas ele precisa…
- Está tudo bem . Eu entendo. Todos já bebemos mais do que devíamos algum dia. Vá lá. - ele indicou com a cabeça e eu sorri.
- Tchau. - acenei e ele fez o mesmo.
Eu segui apressada até a saída para encontrar Harry mexendo no celular e piscando os olhos com força.
-Ei. - me aproximei e ele me encarou voltando a olhar para o celular - Harry. - o chamei parando a sua frente - Amor, o que houve? - questionei e ele bufou fechando os olhos com força.
- Eu não consigo pedir um carro. - justificou baixo. Eu peguei o celular de sua mão e o bloqueei guardando no bolso da calça que eu usava.
- Eu ia te dizer para me esperar, mas você só saiu correndo. Vem, vamos. Eu não bebi, vou dirigir. - tentei segurar sua mão, mas ele recuou e eu o encarei confusa - O que foi Harry? - questionei e ele passou as mãos pelos cabelos.
- Por que você é assim? - ele questionou parecendo frustrado.
- Assim como Harry? - ele me encarou e vi seus olhos marejados.
- Por que é tão boa e gentil comigo? - tornou a perguntar e eu ri fraco.
- Tá legal, você bebeu demais. - segurei sua mão e ele bufou.
- Eu não bebi demais. - ele retrucou e realmente não parecia ter bebido tanto.
- Tudo bem. Mas vem, vamos pra casa. - o puxei pela mão e ele apenas me seguiu.
Chegamos ao carro e Harry entrou no banco do passageiro enquanto eu tomava meu lugar ao volante. Quando ele fechou a porta e colocou seu cinto eu apenas dei a partida no veículo em direção a casa de Harry. Ele passou todo o caminho encarando o caminho sem dizer uma palavra e quando eu estacionei o carro ele apenas saiu do veículo seguindo casa a dentro.
Eu desci e me certifiquei de ter trancado o carro e o portão da frente, para então seguir para dentro de casa. Subi as escadas e fui em direção ao quarto de Harry onde a roupa que ele usava se encontrava jogada sobre a cama enquanto o chuveiro estava ligado. Neguei com a cabeça me sentando a beira da cama e tirando os saltos dos pés e me colocando de pé recolhendo a roupa dali para pendura-la no closet de Harry.
Assim que adentrei o closet e coloquei a roupa no cabideiro ouvi a porta do banheiro se abrir.
- Pode me trazer uma toalha por favor? - Harry disse um pouco mais alto. A voz embriagada indicava que o sono e o álcool estavam começando seu efeito sobre ele.
- Um minuto. - pedi procurando pelas mesmas na prateleira alta.
O celular começou a vibrar no meu bolso e eu apenas o peguei apertando o botão verde para atender sem sequer olhar quem era ou notar que se tratava do celular de Harry.
- Ah, oi. - a voz feminina desconhecida por mim ecoou do outro lado de forma enrolada e arrastada me fazendo franzir o cenho - Eu só queria avisar que está tudo certo para a minha ida a Londres. Não faz tanto tempo, mas eu já estou sentindo sua falta. Talvez eu não pudesse estar te ligando agora, mas estou. Eu estou bêbada em casa e estava pensando em você. Enfim, espero que esteja com tanta vontade de me ver quanto eu estou. - minhas mãos começaram a tremer e meu estômago embrulhou. Aquilo era um engano. Só podia ser - Você está, Harry? - ela questionou e naquele momento eu senti que podia vomitar. Eu só podia estar tendo um pesadelo.
- É a… a namorada dele. - minha voz saiu baixa e do outro lado houve silêncio, até que a ligação foi finalizada. Eu encarei a tela do celular encontrando um nome não tão desconhecido assim. Camille.
"Harry e quanto a Camille?" "Sim Harry. Você estava com Camille em Los Angeles. O que houve?"
As perguntas dos paparazzis no dia em que Harry chegou a São Paulo ecoaram em minha mente me trazendo o nome de volta a memória.
Aquilo estava acontecendo de novo? A história de Anthony estava se repetindo? Eu não sabia o que pensar direito.
- ! A toalha. - Harry gritou novamente e eu apenas puxei uma toalha da prateleira sentindo como se não estivesse em meu corpo.
Não havia sido um engano ela havia dito o nome de Harry. Havia dito eu tinha certeza. O que estava acontecendo? Por que meu coração pesava tanto dentro do meu peito? Cheguei a porta do banheiro e entreguei a toalha a Harry e o vi me encarar por um momento meio confuso.
-Está tudo bem? - ele questionou em sua voz arrastada e eu encarei seus olhos verdes. Ele havia me traído? Eu não sabia dizer.
- Camille te ligou. Disse que está tudo certo para a vinda dela para Londres e que ela espera que você esteja com tanta vontade de vê-la quanto ela está de ter ver e disse que está sentindo sua falta. - repetir as palavras as fizeram começar a fazer sentido em minha mãe e a entender que eu realmente havia escutado aquilo. Harry tinha os olhos arregalados e eu lhe estendi o celular - Ela disse que talvez não devesse ligar agora. Isso é por que ela sabia que estávamos juntos? - questionei e ele engoliu em seco pegando o celular.
- eu…
- Pode explicar. É eu sei. Já conheço essa história. - eu estava em um momento de inércia completa. As palavras apenas saiam pela minha boca enquanto algo no meu cérebro tentava assimilar aquilo.
Eu me afastei da porta enquanto Harry apenas dizia que iria se vestir rapidamente. Me sentei na cama encarando um ponto fixo na parede. Ninguém dizia algo daquele tipo a um amigo ou conhecido, não com aquele tom, aquilo era um fato.
Enquanto eu esperava me peguei em um jogo de adivinhação do qual o objetivo era saber qual seria a desculpa de Harry para justificar aquilo.
- . - a voz de Harry ecoou ao meu lado e eu o encarei - Não é nada do que parece. - a voz ainda estava embriagada, mas era como se naquele momento um pouco de sobriedade tivesse tomado conta dele.
- Então o que é? - eu voltei a encarar a parede.
Já teve essa sensação? A sensação de que apesar de saber que algo era doloroso você se encontrava no meio do vazio? Era assim que eu me sentia. Não tinha dor, não tinha choro, não tinha decepção. Era só um imenso vazio. Mas eu sabia que logo ele passaria e no momento em que passasse tudo me atingiria se uma vez.
- Eu encontrei com Camille no aeroporto de Los Angeles aquela vez. - Harry começou - Desde então ela me manda mensagens esporadicamente perguntando coisas bobas como se está tudo bem comigo. - assenti - Ela também me perguntou naquele dia se poderíamos sair para tomar um café, e eu só concordei. Dois dias atrás ela me perguntou se poderia ser na quarta-feira da semana que ela estivesse em Londres e eu concordei. É por isso que ela falou sobre vir a Londres. Eu juro que foi só isso. Eu não sei por que ela disse aquelas outras coisas no telefone. - justificou e eu assenti ainda olhando a parede.
- Quatro dias atrás enquanto você se arrumava para o show você me pediu para enviar uma mensagem para Jeff. Não haviam mensagens de Camille lá e você disse que esporadicamente ela te mandava mensagens bobas. - eu o encarei - Por que elas não estavam lá Harry? - ele torceu os lábios e passou as mãos pelos cabelos.
- Eu as apaguei. - a voz dele era um sussurro.
- Se eram bobas por que as apagou? - questionei e ele se levantou impaciente.
- Por que eu queria evitar que chegássemos a esse momento. A um momento onde brigamos por uma besteira. A um momento em que é criada uma tempestade por nada. - ele tinha as mãos nos bolsos da calça de moletom.
- Harry, não é uma tempestade criada por nada. Essa garota te ligou cheia de tons sugestivos e saudades e vontades de te ver de novo. Você apaga mensagens com ela. Sem contar que marcou de se encontrar com ela e nem me disse nada. - a calma em minha voz pareceu o deixar ainda mais impaciente.
- É só um café idiota ! - ele não gritou, mas estava claramente indignado com os rumos daquela conversa. E aquilo me lembrou Anthony em todas as nossas conversas onde ele jurava que a razão era dele, mesmo estando errado.
- Não é pelo café Harry. O café que se foda. Fossem juntos para a casa dela, que seja. - e naquele momento o vazio começou a ir embora e meu coração pesou no peito - A questão aqui não é o que fariam juntos. A questão é que você escondeu isso. Escondeu as mensagens, escondeu o café. E agora ela te liga e fala aquelas coisas e você está aí, todo nervoso sendo que eu nem disse nada demais. O que você espera que eu pense? - questionei juntando minhas mãos a frente do meu corpo.
- Eu esperava que você confiasse em mim. - eu ri fraco de forma desacreditada.
- Harry eu confiei. Confiei em você quando me disse que apenas a havia encontrado no aeroporto, confiei em você quando me disse que seríamos honestos um com o outro, confiei na sua promessa de que nunca esconderia nada de mim. Eu confiei Harry. Só que agora eu nem sei o que pensar, por que só o que se passa na minha mente é que você apagar aquelas mensagens não faz o mínimo sentido e a ligação de Camille só afirma isso mais ainda. - ele bufou.
- Eu já disse que não eram nada. - ele jogou as mãos para cima - E por favor não comece a agir como se só você tivesse confiado aqui. - eu franzi o cenho confusa.
- Do que você está falando? - questionei e ele riu debochado.
- Por favor , você acha que eu não vi você e o Timothée hoje? Trocando olhares, dando risadas juntos e eu poderia achar que estavam flertando, mas não achei. - mas o que estava acontecendo ali? No tom da voz de Harry haviam muitas coisas, mas além do álcool algo predominava. Ciúmes.
- É sério que está tentando desviar o assunto para mim só para não ter que falar dessa merda que você fez? - questionei e ele apenas respirou fundo - Harry pelo amor de deus eu conversei com garoto por meia hora. Conversei na sua frente e na frente de todo mundo. Conversei com o espaço de uma pessoa entre nós. E quer saber o que conversei com ele? Nós falamos sobre de onde havíamos vindo, trabalho e sobre você. Que tipo de pessoa flerta falando sobre o namorado e como ele a pediu em namoro? - questionei e por um momento Harry pareceu acuado, mas em seguida negou com a cabeça.
- Eu não tenho como saber, não estava lá para ter certeza do que estavam dizendo. - respirei fundo.
- É você está certo não estava, por que estava ocupado demais em me ignorar a noite toda e eu sequer sei a razão. - respondi e naquele momento ele abriu a boca, mas se calou em seguida. Houve um momento de silêncio. Um momento de silêncio onde me peguei pensando se eu havia mesmo flertado com Timothée. Eu sabia que não. Mas a sensação de ser a errada daquela situação começava a me invadir e eu já a conhecia.
Enquanto estava com Anthony, durante todas as intermináveis brigas por que ele insistia em esconder as coisas ou por que eu descobria que ele estava falando alguém, sempre havia o momento de virada. O momento onde o foco se tornava a minha culpa em alguma situação, mesmo que não fosse plausível. Aquele era o momento onde ele me fazia sentir tão culpada que os erros dele sumiam para mim e eu o perdoava. Aquele era o momento onde ele garantia que eu me sentisse tão culpada que não haveria chance de eu ir embora ou fazer o mesmo com ele.
Notar que era o que Harry estava fazendo naquele momento foi como um banho de água fria. Não que ele estivesse tentando me fazer sentir culpada, mas ele estava tendo o seu momento de virada. O momento onde o que ele havia feito saia de foco e ele colocava alguma ação minha no centro da discussão. A razão daquilo poderia não ser a mesma, talvez ele estivesse muito bêbado, ou envergonhado, ou não quisesse simplesmente assumir que estava errado. Eu não sabia ao certo, mas ver tudo que aconteceu com Anthony voltar a acontecer do mesmo modo fez a minha cabeça girar.
Eu amava Harry isso era um fato, mas a possibilidade de voltar a viver a mesma coisa de novo me assustou. Eu não queria mais tempo da minha vida em um relacionamento onde aquilo fosse acontecer de novo. Em um relacionamento onde eu viveria cercada por inseguranças, incertezas e paranóias criadas pela minha cabeça e por ações alheias.
Naquele momento eu me perguntei se tudo seria diferente se da primeira vez que aquilo aconteceu com Anthony ao invés de perdoá-lo eu tivesse ido embora. Ele teria aprendido com seu erro? Seria uma pessoa melhor? Eu estaria melhor? Seria mais madura? Estaria emocionalmente mais estável? Não havia como saber. Só o que eu sabia era que não podia viver aquilo de novo.
Não seria justo comigo, não seria justo com Harry e não seria justo com aquele relacionamento. Eu estava magoada naquele momento. Começava a doer como o inferno tudo aquilo e chegar às conclusões às quais estava chegando. Mas para ser honesta, eu preferia acabar aquilo ali, antes que toda dor e mágoa sobrepusessem os momentos bons que tivemos juntos. Eu preferia guardar de Harry as boas lembranças ao invés de apenas dores. E foi por conta daquilo que eu me levantei sentindo uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto.
- Eu sinto muito, Harry. - sussurrei o vendo me olhar confuso - Eu posso, mas não vou ficar. Não vou ficar com alguém que ao invés de encarar seus erros prefere culpar outra pessoa. Eu sinto muito. - neguei com a cabeça e ele abriu a boca - Eu amo você e você é um cara muito bom. Eu acredito nisso com todo o meu coração, mas acho que precisa sentar e entender quem você é e quem quer ser. Por que esse Harry bem aqui não condiz nem um pouco com o Harry por quem me apaixonei e em quem confiei lá no início. - ele parecia desacreditado - Eu me importo e vou sentir sua falta, mas eu estou indo. - aquelas palavras saíram junto a novas lágrimas e Harry abriu a boca algumas vezes antes de dizer algo.
- O que você quer dizer? - questionou.
- Acabou Harry. É isso que quer dizer. - e dizer aquilo doeu. Doeu como eu não sabia que podia doer. E em meio ao choro e as mãos trêmulas eu segui para o outro lado da cama pegando meus sapatos e o casaco. Calcei os saltos e segui para a porta do quarto.
- Ótimo, vá então. Só não me culpe por que você não superou o Anthony e fica aí achando que eu faria as mesmas coisas que ele. Não me culpe se você está presa ao seu passado com ele. - a voz arrastada e embriagada não anularam o fato de que aquilo doeu, mas parando para pensar por um momento, talvez ele tivesse certa razão e foi pensando naquilo que me virei para encará-lo.
- É, talvez você esteja certo. Não vou negar isso. Talvez eu devesse ter superado de vez toda essa merda que o Anthony fez comigo antes de entrar nesse relacionamento com você. Isso realmente é minha culpa e eu peço desculpas por isso Harry. - apesar de estar chorando meu tom era firme - Mas isso não muda o fato de que o que você fez, seja esconder as mensagens ou o que quer que tenha feito com Camille, ou tentar mudar o rumo da conversa para mim ao invés de assumir seus erros e pedir desculpas, também é errado. Eu estou assumindo a minha culpa aqui. - o vi engolir em seco - Você precisa saber quem é e quem quer ser Harry. - ele encarou os próprios pés para depois me encarar e eu vi seus olhos marejados - Tchau, Styles. - e antes que pudesse dar razões a mim mesma para não ir, eu saí dali.
A cada passo em direção a porta tudo doía mais e respirar se tornava ainda mais difícil. Quando alcancei a rua eu puxava grandes bocados de ar, enquanto lágrimas escorriam por meu rosto e apenas a realidade daquilo me atingia.
Era oficial: eu teria que viver sem Harry Styles dali em diante.
Capítulo 23
And I deserve better.
Duas semanas. Esse era o tempo que havia se passado desde o término. Durante duas semana eu apenas me mantinha em casa o máximo tempo que podia e que me permitia.
Depois de sair da casa de Harry voltei para meu apartamento onde Kevin e me esperavam. Eles já sabia do ocorrido por que Harry havia informado a Kevin e quando os dois me encontraram no corredor do meu apartamento me abraçaram e passamos a noite em minha casa. Eu chorei, nós comemos pizza e brigadeiro, eu chorei novamente e por fim dormi.
Kevin havia confessado que havia descoberto aquilo na manhã daquele dia, mas que acho que Harry faria o certo. Me pediu intermináveis desculpas, as quais eu apenas informei não serem necessárias.
Como se todo o circo já não estivesse muito ruim, na semana anterior uma nova bomba havia explodido: Harry e Camille foram vistos juntos em um café em Londres e os sites de fofocas começaram a espalhar que havíamos terminado. Parece ruim, mas o pior de tudo é que “segundo fontes confiáveis” eu havia sido vista na after party da Gucci “muito próxima e íntima” de Timothée. Não haviam fotos, já que por escolha da equipe da Gucci o evento não podia ser fotografado por convidados, mas isso não impediu que histórias se formassem ao redor daquilo. A mais famosa de todas era que durante a festa eu havia traído Harry e por isso ele deixou a festa sozinho e duas semanas depois estava se encontrando com Camille.
Não é necessário dizer que todas as fãs de Harry vieram raivosas para cima de mim e me xingaram de todos os nomes possíveis. Acabei bloqueando alguns termos e desativando comentários de fotos, mas era uma difícil missão não ver o que dizia. Harry havia publicado uma foto informando que as notícias sobre minha traição eram falsas, porém o anúncio de que ele se afastaria das redes sociais por um tempo só causou mais alvoroço.
Amigos viviam me mandando algumas mensagens, e além de Kevin e , Mabi, uma garota que eu havia conhecido pela internet depois de começar a trabalhar com Harry, havia vindo de Madrid passar um final de semana comigo. Eu recebia mensagens de alguns fãs de Harry interessados no que havia acontecido, e poucas mensagens eram de apoio, então por conta disso eu estava afastada das redes sociais.
Kevin vivia em minha casa, porém Harry nunca era citado. Era como um tipo de assunto proibido por mais que eu nunca tivesse estabelecido aquilo. Havia ficado sabendo por que ele e Harry haviam brigado feio no dia seguinte ao termino, mas não quis saber detalhes e naquele momento, até onde eu sabia eles se falavam, porém Harry preferia manter distância.
Era noite de quinta-feira e eu havia acabado de cortar um pedaço de bolo quando meu celular começou a tocar. Eu olhei o visor e por não conhecer o número eu apenas ignorei a ligação seguindo para a sala com meu bolo. Encarei o sofá azul com um botão faltando e respirei fundo com a lembrança seguinte.
- Olha, parece que ele está piscando! – indiquei e Harry olhou. Ficou confuso por alguns momentos, mas em seguida sorriu ao perceber o mesmo que eu.
- Parece mesmo. Um rosto gentil piscando – Harry piscou e eu ri. A vendedora nos olhava como se fossemos dois malucos.
- Moça, eu vou levar esse mesmo. Com o defeito e tudo, não me importo.
Respirei fundo sentindo os olhos marejados com a lembrança do dia em que reviramos Londres atrás daquele sofá. Era uma droga me sentir daquele modo. Era uma droga me lembrar dele a todo instante. Era uma droga vê-lo na minha tv ou no meu celular junto a Camille naquele café, mas eu havia terminado então não podia reclamar.
Meu celular tornou a tocar e era o mesmo número que eu não conhecia. Me jogando no sofá eu atendi a ligação com um “alô” desanimado.
- Oi oi! - a voz de Louis ecoou do outro lado da linha completamente animada - É assim que se atende um amigo que não vê a meses. - eu sorri fraco com seu tom de fingida indignação.
- Eu não sabia que era você, está me ligando de um número diferente. - comentei.
- É, isso é verdade. Esse é meu número pessoal, o que você tinha era o de trabalho. Salve ai como Louis amor da minha vida, ou Louis homem mais lindo do planeta. - eu ri de seu comentário.
- Vou salvar como merdinha, isso sim. - ele gargalhou do outro lado.
- Ótimo, gosto ainda mais desse aí.
- Idiota. - brinquei e ele tornou a rir - Mas então, a que devo a honra da sua ligação nessa noite de quinta? - questionei apoiando o celular no ombro e dando uma garfada em meu bolo.
- Queria te chamar para sair comigo. Ir a um bar, tomar umas cervejas ou qualquer coisa assim. - eu torci o nariz e resmunguei meio negativa - Ah, vamos lá . Você realmente vai ficar mofando dentro desse apartamento por causa do Harry? - a pergunta me pegou de surpresa - É, eu sei o que houve de verdade, falei com o Kevin para saber com qual dois eu deveria brigar e sem surpresas ao saber que era o Harry. - ri fraco - É sério se a cada bronca que eu dou nesse garoto eu ganhasse uma libra eu estaria rico hoje em dia. - eu engoli meu bolo.
- Louis, você já é rico. - informei e o ouvi bufar.
- Tá, tanto faz, você me entendeu. - ri fraco - É o seguinte se arrume e vá para o endereço que vou te mandar, vou estar te esperando lá. Essa noite vamos encher a cara de cerveja e drinks baratos. Se você não estiver lá em meia hora eu vou até a sua casa te arrastar. - ele ameaçou e eu revirei os olhos.
- Eu sei que não vai adiantar discutir, então nós vemos em meia hora.
[...]
O local era um bar com música eletrônica e mais gente do que eu achei que teria. Claramente não era um lugar conhecido, mas a promessa de cerveja barata com certeza seria cumprida. Louis me recebeu na entrada quando cheguei e logo estávamos sentados no balcão com canecas de cervejas em nossas mãos.
Apesar de termos nos conhecido em Nova York e termos iniciado um tipo de amizade, eu e Louis ainda não éramos próximos, e o fato de ele ser amigo de Harry só me fazia ter mais receio de falar sobre qualquer coisa.
- Certo, vamos lá me conte qual seu segredo. - Louis pediu após um gole em nossa segunda caneca de cerveja.
- Que segredo? - franzi o cenho.
- Para manter a paciência e ainda não ter ido lá e ateado fogo na casa do Styles. - seu comentário me fez rir negando com a cabeça.
- Não tem segredo. Eu só não quero gastar o meu réu primário. - dei de ombros e ele riu.
- Quer que eu faça isso pra você? Eu não tenho mais um réu primário de todo modo. - ele deu de ombros e eu neguei com a cabeça - É sério, se quiser é só pedir, eu não me importo. - ele parecia animado com aquilo e isso só me fez rir ainda mais.
- Pode deixar que se eu decidir do nada é pra você que vou ligar. - comentei arrancando uma risada dele.
- Certo, certo. - ele assentiu bebendo de sua cerveja - Como você está? Eu quero dizer, além do término, com aquela coisa com a Camille? - ele torceu os lábios e eu respirei fundo.
- Bom, pra ser sincera eu fui surpreendida por isso. Eu não esperava que ele fosse encontrá-la depois do término, mas ele foi e isso só comprova o quanto ele acha que está certo. - dei de ombros mordendo o lábio e sentindo o choro prestes a vir. - Não sei, talvez ele ir não seja nada e eu só esteja fazendo tempestade em um copo d’água. - soltei baixo.
- Faça o favor de calar essa boca se for dizer esse tipo de besteira. - ele repreendeu - , o fato de ele ter ido apenas comprova que ele não vê nenhum problema no que fez. Em ter escondido as coisas de você, então não arranje justificativa para as merdas do Harry. - ele tinha a expressão de um adulto que briga com uma criança, mas logo se aliviou e ele tocou meu ombro - Escute, Harry é meu amigo. Um dos melhores amigos que tenho, ambos sabemos que ele não é um cara ruim, mas isso não é justificativa para ninguém passar a mão na cabeça dele. Eu nunca fiz isso e não pretendo começar agora. Eu sei que talvez eu só seja o amigo do seu ex para você, mas quero que saiba que no que precisar de mim eu vou estar aqui, como seu amigo, tudo bem? - ele questionou e eu sorri fraco sentindo meus olhos marejarem.
- Você não pode fazer isso comigo, eu sou sensível a amizades droga. - brinquei e ele gargalhou - Obrigada Louis. De verdade. - ele sorriu fraco e fechou a mão em punho.
- Bate ai. - eu fiz o mesmo com a minha mão e bati na dele - Ótimo, agora vamos beber, por que quando Oasis começar a tocar eu quero estar preparado para gritar a plenos pulmões.
[...]
- Ok , é hora do Tommo aqui ir ao banheiro. Fique quietinha aqui que eu já volto. - minha cabeça girava enquanto Louis informava que estava indo. Com certeza a bebida havia subido muito mais rápido do que o esperado.
Eu e Louis haviamos bebido o que para mim era o normal, mas eu havia negado o hambúrguer quando Louis pediu o dele e consequentemente o álcool subiu muito mais rápido para a minha cabeça e Louis havia se tornado quem estava tomando conta de mim, apesar de eu não ter chegado ao estado em que precisasse ser carregada ou algo do tipo. Estava apenas desinibida o suficiente para parar de prender choros, ter xingado Harry duas ou três vezes na noite e ter gritado wonderwall com Louis quando a música tocou.
Virei o último gole da minha garrafa de cerveja pedindo por outra para o barman que assentiu seguindo para pegar outra.
- Olha só quem está enchendo a cara pelo namorado perdido. - a voz conhecida e a muito não ouvida soou ao meu lado me fazendo revirar os olhos - Espero que tenha feito o mesmo por mim, . Ou vou ficar magoado. - encarei Anthony que sorria de canto.
- É na verdade eu enchi a cara sim, mas apenas para comemorar o fato de ter me livrado do embuste que você é. - respondi ouvindo a risada do barman que havia voltado com a minha cerveja - Obrigada, você é muito gentil. - peguei a cerveja de sua mão sorrindo e ele assentiu. Me virei encarando Anthony novamente e ele parecia indignado - Você ainda está aí? Pelo amor de Deus, sai do meu pé. - murmurei e ele respirou fundo.
- Eu entendo que esteja sofrendo, . - ele começou e eu apenas resmunguei em descontentamento - Mas não é como se eu não tivesse te avisado isso. Eu te avisei que ele só ia brincar com você e depois te trocar por outra. - eu ri negando com a cabeça.
- Ah o santo Anthony. Me avisando e me protegendo do mal do mundo, não? - soltei debochada virando o líquido da garrafa.
- Eu acho que não devia agir desse modo . - começou - Eu te disse uma vez e vou dizer de novo: ninguém vai te amar como eu. Todos eles vão te machucar e te trocar por outra e sabe por que? - ele questionou em um tom que eu já conhecia. Ele queria me deixar acuada - Por que você não é o tipo fácil de lidar. Você tem todas essas suas crises de ciúmes e coisas ridículas e ninguém aguenta isso. - eu o encarei de olhos estreitos. Não, ele não estava dizendo aquilo. Estava? - Eu aprendi a lidar com isso, aprendi por você, mas não posso negar que foi um alívio quando terminamos e eu não precisei mais lidar com os seus surtos. Harry provavelmente sabe como eu me sinto agora. - senti meu sangue ferver e em seguida encarei a garrafa de cerveja na minha mão. a observei por alguns segundos e depois ri. Ri porque era deplorável vê-lo daquele modo.
Naquele momento eu notei a diferença entre a o que havia acontecido com Harry e Anthony. Harry tinha agido como tinha agido por não conseguir enxergar com clareza a merda que havia feito, ele não tinha prazer em seus erros, apenas levaria tempo para notar que os havia cometido. Já Anthony demonstrava o seu prazer em dizer cada uma daquelas palavras, não só naquele momento, mas em todas as vezes anteriores.
- Sabe Anthony, eu tenho pena de você. - comentei me virando para encará-lo - Pena por que você é tão pequeno que precisa tentar diminuir os outros para se sentir bem de algum modo. - ele travou o maxilar - Ah querido, você realmente acha que suas palavras vão me afetar? Anthony, Anthony, Anthony. Já passamos dessa fase, eu não sou mais aquela garota para quem você mentiu, enganou e manipulou. Definitivamente não sou. - sorri de modo forçado - Eu só espero que Jenna tenha saído dessa antes de saber como eu me senti. - mencionar o nome da namorada dele que eu havia conhecido no prédio de Kevin o fez se retrair um pouco e engolir em seco me dando a certeza de que Jenna não havia aceitado passar por nada do que eu havia passado e havia ido embora. Aquilo me causou certo alívio. Peguei minha bolsa e tirei de lá uma nota que cobria meus gastos com Tomlinson até o momento a colocando sobre o balcão - Ei, pode por favor avisar ao cara que estava comigo que eu precisei ir? - questionei ao barman que vinha em minha direção. Ele encarou Anthony que bebia murcho em seu lugar e em seguida me encarou assentindo - Certo, obrigada. - recolhi minhas coisas as colocando na bolsa e desci do banco encarando Anthony mais um vez - E só pra constar, eu estou bem pra caralho sem você. Agora eu vou embora, você pode ficar bem ai e chorar por saber que perdeu essa mulher bem aqui e que não tem mais volta. - sorri de modo debochado.
É como uma mulher muito sábia gostava de dizer: Se ele não te ama mais, simplesmente dirija sua linda bunda para a saída.
E era exatamente isso que eu estava fazendo.
Capítulo 24
The world it turns no matter what.
Louis
A minha ida ao banheiro acabou durando mais do que o esperado já que estranhamente vários caras haviam tido a ideia de ir até lá no mesmo momento que eu.
Aquela noite estava sendo divertida. Eu e acabamos conversando sobre muitos assuntos que eu não imaginei que falariamos naquela noite e era engraçado como falar com ela era leve e confortável. Eu tinha os mesmos amigos próximos desde que a one direction se formou e eu notei que naquele mundo de fama e dinheiro havia poucas pessoas em quem eu podia realmente confiar.
Obviamente que eu tinha amigos com os quais eu ia para festas, ou estava constantemente conversando, mas a lista dos íntimos com quem eu conversava sobre coisas pessoais de maneira aberta a muitos anos não incluia uma nova pessoa. Porém, com aquilo foi natural naquela noite, os assuntos surgiram e nós falamos sobre eles como se falássemos sobre o tempo, e eu sabia que ela estava se tornando uma amiga especial.
Quando retornei ao balcão franzi o cenho ao não encontrá-la e olhei ao redor a procurando, porém sem sucesso. Peguei meu celular e digitei uma mensagem perguntando onde ela estava.
- Ei. - ouvi uma voz grossa me chamar do outro lado do balcão e encontrei o barman que estava nos atendendo antes - Ela pediu para avisar que precisou ir. - franzi o cenho novamente. Meu celular apitou e era uma mensagem de . Uma foto dela com a língua de fora mostrando o dedo do meio no que parecia ser um carro, seguida da mensagem “estou bem. estou indo pra casa. obrigada pela noite. aliás, quer ir almoçar amanhã? leve a Els”. Eu sorri respondendo que estaríamos lá e tirei minha atenção do celular.
- Ei, sabe se aconteceu algo para ela ir embora? - questionei e o barman se aproximou.
- Eu só vi um homem chegando para conversar com ela. Depois ela foi embora e ele ficou aqui com a cara fechada. - o barman deu de ombros.
- Sabe me dizer quem era o cara? - questionei. Eu achei que pudesse ser Harry, já que ninguém mais que pudesse fazê-la ir embora assim passou em minha mente. Porém quando o barman apontou um cara alto e loiro eu fiquei aliviado e confuso. Quem era ele afinal? Ele conversava com uma garota que não parecia nada satisfeita com o assunto. Eu só tive tempo de me virar para agradecer ao barman e voltar meus olhos para eles quando vi a menina acertar um tapa no rosto do cara.
Eu tinha certeza que havia doído, por que o estalo da mão dela acertando a cara dele foi escutado por mim a alguns metros de distância e com a música do lugar tocando. Um grupo de pessoas encarou a cena assim como eu, e alguns cara riram debochados do acontecimento.
- Eu disse não, seu babaca! - a garota soltou claramente irritada. Provavelmente ele havia tentado beijá-la a força ou algo assim, e aquilo já fez meu sangue ferver.
No momento seguinte eu o vi trincar o maxilar abrindo e fechando a mão. Ah não, ele não ia. Ele levantou a mão e todos ficaram atônitos. Sem pensar eu caminhei rapidamente em direção a ele e antes que ele baixasse fizesse o que estava prestes a fazer eu a segurei.
- Sua… - ele parou a frase assim que minha mão segurou seu pulso com firmeza e ele me encarou.
- O que você acha que está fazendo? - questionei já sentindo todo meu corpo quente. A raiva borbulhando em mim.
- Não é da sua conta. Sai daqui. - ele puxou seu braço, porém eu não o soltei. A voz embriagada entregava que havia bebido além de sua conta.
- Diz pra mim que você não estava pensando em bater nela. - soltei e ele me encarou.
- Já disse que não é da sua conta. - ele voltou a falar alto e eu dei de ombros, soltando o braço dele.
- Certo, certo. Claro cara. - levantei as mãos em rendição e ele se virou para a garota que me olhava confusa - Ei, só mais uma coisa. - chamei a atenção dele que se virou para mim revirando os olhos. No mesmo momento eu acertei minha mão fechada em punho no seu rosto o fazendo cambalear para o lado e se apoiar em uma mesa - Caso ninguém tenha te dito, eu vou avisar: quando uma garota diz não, é não. Sem forçar barra, idiota. E se você tentar forçar essa barra e apanha, faça o favor de apanhar calado e sem revidar, porque adivinha só: não se bate em mulher. - soltei de uma vez e ele me encarou com a mão no rosto.
- Você não devia ter feito isso. - e então, com o babaca partindo pra cima de mim foi que a briga se iniciou.
Ele me acertou com um soco no canto da boca e eu senti o gosto metálico do meu próprio sangue. Passei a mão rapidamente limpando o local e ele riu, como quem tem plena certeza de que aquilo era o suficiente para que eu desistisse da briga, porém quando parti novamente para cima dele lhe acertando um soco no estômago ele entendeu que eu continuaria e depois de recobrar o fôlego ele tentou se manter firme em seus pés, mas era claramente uma tarefa difícil, já que o nível de álcool em seu organismo devia estar acima do que deveria.
Ele se jogou em minha direção, porém estava tão bêbado que tropeçou nos próprios pés caindo no chão.
- Vamos lá, é só pedir desculpas a garota e isso acaba. - informei enquanto ele se levantava.
Quando se colocou de pé seu olhar tinha raiva e ele tornou a partir para cima de mim, mas o acertei com um novo soco no rosto, que o fez se apoiar na parede.
Eu era um garoto tranquilo enquanto criança, porém conforme cresci e os idiotas da escola aparentemente continuaram com cérebros minúsculos, eu acabei por me meter em muito mais brigas do que me orgulhava de assumir. Não era nenhum profissional em luta, e se aquele cara não estivesse minimamente bêbado eu provavelmente já teria levado mais que um soco. E sim, eu entendia que bater em alguém alterado não era o mais correto, porém o que ele havia feito com aquela garota não iria simplesmente se resolvido com uma conversa. Ele estava bêbado, mas não tanto ao ponto de não entender o que estava fazendo, e isso eu podia garantir.
- Qual é cara? O que está no meio das suas pernas vai cair se pedir desculpas a ela? - questionei ouvindo algumas risadas e o rapaz ficou vermelho. Novamente ele veio contra mim e dessa vez eu apenas o segurei e o empurrei para trás novamente - Que masculinidade frágil essa sua, não? - zombei novamente e ele cuspiu no chão rindo.
- Se você queria a garota, era só conversar cara. Eu não ia ficar com ela a noite toda de todo modo. - ele soltou debochado e aquilo foi a gota d’água. Que tipo de idiota fala assim de uma garota?
Com toda a minha raiva eu parti para cima dela e em um rápido movimento ele estava no chão, logo em seguida eu estava sobre ele e desferi dois socos contra seu rosto antes que sentisse pessoas me puxando.
- Diga algo assim de novo! Diga! Mas tenha certeza que vai dizer apenas uma vez, por que eu vou acabar com você. - gritei me sacudindo para me desvencilhar de quem quer que fosse.
- Tá bem, já chega. Você… - ele apontou o outro cara que ainda estava no chão - Pra fora. Se eu vir a sua cara aqui de novo quem vai te pegar sou eu. - o barman o puxou do chão o colocando de pé e prestes a lhe indicar a saída quando a garota se aproximou dele e o segurando pelos ombros acertou seu joelho no meio das pernas do cara o fazendo gemer em dor e eu me contrai no lugar imaginando o tamanho da dor.
- Se lembre disso da próxima vez que tentar assediar alguém. Otário. - o homem que trabalhava no bar o fez sair enquanto ria.
Eu fui solto, já que estava claro que não iria atrás dele e arrumei minha roupa no corpo passando a mão pela boca que sangrava. Eleanor ficaria apavorada com aquilo no dia seguinte e me alertaria de novo sobre aquelas brigas, eu tinha certeza.
Me aproximei do balcão ouvindo um “ei” e me virando para encontrar a tal menina vindo em minha direção claramente preocupada, e talvez meio culpada.
- Ei, você está bem? - ela pareceu analisar o que podia fazer fazendo uma careta em seguida.
- É, estou sim, eu já saí pior do que isso de uma briga. - comentei rindo fraco e ela me acompanhou. Me sentei em frente ao balcão pedindo por uma cerveja e o barman assentiu. Ele tinha um sorriso cúmplice no rosto.
- Obrigada pela ajuda, mas eu podia me virar bem sozinha. - ela não estava sendo prepotente, apenas comentando, talvez tentando quebrar toda aquela tensão pós briga e eu sorri de canto.
- Eu sei, eu percebi que você estava preparada para acabar com ele. Só quis te poupar do trabalho. - ela riu negando com a cabeça e eu acompanhei.
- Certo. Me deixe te pagar a sua cerveja como agradecimento então. - ela tomou o banco a minha frente e pediu por uma cerveja para si para que pudesse me acompanhar me encarando em seguida.
- Tudo bem. - dei de ombros e em seguida estendi minha mão para ela - Sou Louis a propósito. - ela sorriu simpática e apertou a minha mão.
- Leticia. - se apresentou.
- Aliás Letícia, foi uma joelhada muito eficaz aquela. - brinquei e ela gargalhou.
- Eu preciso saber me defender de algum modo. - ela deu de ombros.
- Ah, eu te garanto que sabe. - eu assenti arqueando ambas as sobrancelhas e ela tornou a rir. No instante seguinte duas garrafas foram colocadas em frente a nós dois. Pegamos as mesmas e eu estendi a minha em a dela propondo um tipo de brinde.
- Aos babacas que socamos. - ela disse me fazendo rir.
- Aos babacas que socamos. - concordei e batemos nossas garrafas em um brinde que nos fez rir antes de virarmos o líquido gelado.
No fim daquela noite a conversa com Letícia havia sido longa e divertida. Havia descoberto que ela era brasileira e estava a passeio em Londres. Pretendia se formar em cinema e já estava com meio caminho andando em direção a isso. Em breve ela voltaria para seu país, porém havíamos feito um tipo de combinado que quando ela voltasse - ou eu fosse ao Brasil - repetiriamos a rodada de cervejas - de preferência sem caras babacas em quem bateriamos.
Trocamos telefones, e eu esperei que ela entrasse em seu uber para então ir embora.
Não, aquilo não era um interesse amoroso, afinal eu tinha Els e Letícia tinha seu namorado em sua cidade, mas definitivamente era uma amizade um tanto quanto inusitada que havia se iniciado e quando me deitei na cama naquele dia, não pude reclamar. Afinal de contas, me tornar amigo de duas pessoas incríveis na mesma noite era algo com o qual se sentir feliz.
Epílogo
Era noite da pizza. Havíamos iniciado uma tradição de que todas as quartas-feiras nos juntariamos na casa de algum de nós e comeriamos pizza, assistiriamos a um filme e jogaríamos qualquer coisa possível juntos. Aquela noite seria no apartamento de Kevin. Estávamos eu, Kevin, , Tim, Josie e Klaus que havia viajado de Leeds até ali para passar aquela semana comigo.
Depois do ocorrido no bar com Anthony eu não havia tido notícias e nem queria ter. Vi Louis no dia seguinte já que saímos para almoçar junto a Eleanor, mas ele não disse nada sobre minha repentina saída, apenas nos contou sobre a surra que havia dado em alguém no bar.
A mais de um mês eu e o resto do mundo - exceto provavelmente pelos amigos e família - não tínhamos notícias de Harry. Seu último sinal de vida havia sido a tal foto de esclarecimento que tinha como localização Holmes Chapel. Então ele deveria estar por lá na época, porém agora eu não fazia idéia e Kevin havia deixado de comentar sobre ele, mesmo que sem querer.
Anne havia me ligado a dois dias para saber como as coisas estavam. Harry havia deixado algumas de minhas coisas na casa dela e eu havia passado lá no dia anterior junto a Klaus para pegar. Algumas coisas não estavam lá, entre elas a boina que Harry adorava pegar de mim para usar, mas eu apenas deixei isso de lado.
Anne havia sido muito gentil e não havia citado nada que fosse desconfortável. Convidou a mim e a Klaus - que me acompanhava - para um chá, porém eu acabei não demorando muito por lá. Gemma também chegou a me enviar uma mensagem dizendo que ela não queria perder contato.
Meu pai havia ligado no fim de semana. Ele e minha mãe estavam no interior junto ao resto da família para a comemoração no aniversário de Mateus que havia me chamado de desnaturada por ter me esquecido. Acabei participando do churrasco por meio de uma chamada de vídeo e meu avô novamente achou mágico ele conseguir me ver através de uma caixinha, e nós dois acabamos dormindo juntos pelo celular -apesar de em Londres ser a hora em que eu deveria estar acordando.
Estávamos brincando daquele jogo onde alguém faz um desenho e os outros tinham de adivinhar. Quem desenhava era Tim e o resto de nós tentava adivinhar o que aquele monte de rabiscos queria dizer. Quero dizer, eles, por que eu apenas tinha uma caixa de pizza e um copo de coca-cola a minha frente concentrando toda a minha atenção naquilo.
Eu amava meus amigos, realmente os amava, mas naquele dia por algum motivo eu havia acordado com uma estranha agonia no peito e não conseguia participar das brincadeiras deles.
Estava dando um gole em meu refrigerante quando vi Kev vir em minha direção com meu celular, que se encontrava na estante, estendido para mim. Vi que na tela o contato de Mateus piscava junto a uma foto nossa. Franzi o cenho estranhando e peguei o aparelho me levantando e seguindo para a varanda de Kevin. Fechei a porta atrás de mim sentindo a brisa fria me atingir.
- Oi vacilão. - cumprimentei após apertar o botão verde do aparelho.
- . - o tom de meu primo ao me chamar fez minhas pernas bambearem. Era cuidadoso, preocupado e eu não gostava nada daquilo - Como você está? - ele perguntou em um clara tentativa de me enrolar.
- Bem. O que houve? - questionei e o ouvi suspirar, para se manter em silêncio em seguida - Mateus, diz logo eu estou ficando preocupada. O que aconteceu? - questionei e o ouvi fungar. Ah não, ele estava chorando.
- É o vovô. - o choro estava explícito em seu tom e meus olhos marejaram imediatamente - Ele não está bem. - novamente meus joelhos bambearam e eu senti que podia cair a qualquer momento - É hora de se despedir, . - e aquilo foi todo o necessário para que eu sentisse o chão ser retirado debaixo dos meus pés.
Meu avô havia sido uma das pessoas mais importantes da minha vida. Enquanto criança ele fazia questão de me ensinar tudo que pudesse. A como plantar cada coisa que havia no quintal de sua casa. A como resolver os problemas impossíveis de matemática da quinta série. A olhar as horas em seu relógio de bolso. Quando cresci e o amor pela fotografia surgiu ele foi o primeiro a me apoiar e me dar uma câmera de presente. Era uma daquelas de filmes que precisavam ser revelados. Ele vivia posando para as minhas fotos junto a minha avó.
Quando perdemos minha avó, oito anos atrás meu avô estava lá e novamente me ensinou que cada momento da vida deveria ser aproveitado. Quando eu decidi que queria ir para Londres para estudar fotografia e minha mãe iniciou uma briga dizendo que eu não iria ele me disse algo que até aquele momento eu havia me esquecido.
" - Você é exatamente como o sol, sabe? - ele questionou enquanto estendia sua mão no ar deixando que o calor a tocasse - Todos te querem por perto por que quando você está aqui os dias são iluminados e alegres. - ele me encarou sorrindo - Mas assim como o sol faz ao fim de todo dia, acho que está na hora de você ir brilhar em outro lugar. - ele me olhou por um momento e então me abraçou pelos ombros e eu retribui o abraço - Só não esqueça de voltar pra casa de vez em quando para ver esse velho aqui, tudo bem? - a voz baixa e cheia de carinho aqueceu meu coração e me fez ter certeza do que era certo a se fazer."
Ele havia me apoiado a seguir para um oceano de distância, não por que me queria longe, mas porque acreditava que eu podia mais. Ele acreditou em mim inúmeras vezes, mesmo quando eu não o fazia, e agora a voz triste do meu primo me dizia do outro lado da linha que era hora de dizer adeus e eu não sabia como faria aquilo, mas sabia que eu devia a ele uma última visita e eu o faria.
- Fala pra ele me esperar. Eu estou estou indo pra casa.
[...]
- Me avise quando chegar e se precisar me ligue por que eu vou parar lá no mesmo instante. - me alertou com lágrimas nos olhos e eu assenti sorrindo fraco - Ele vai ficar bem, . - ela garantiu e eu continuei sorrindo fraco. me abraçou e eu retribui o ato. Quando nos afastamos Kevin veio em minha direção me abraçando apertado.
- Se cuide, . - o tom choroso dele me fez ter que respirar fundo para não deixar as lágrimas caírem de forma compulsiva.
- Você também. Cuide dela por mim. - pedi e ele assentiu ainda abraçado a mim - E dele também. - sussurrei e senti seus braços me apertarem um pouco mais.
- Pode deixar. - ele garantiu se afastando e eu suspirei os encarando. Apenas Kevin e haviam me acompanhado até o aeroporto já que Klaus voltou para Leeds e Tim e Josie tinham um compromisso.
- Até. - acenei e comecei a me afastar com minhas malas em direção ao detector de metais. Não me virei para vê-los acenar de volta. Não, a despedida já era ruim demais eu não precisava prolonga-la.
Passei pela segurança e segui para a frente do portão de embarque. Queria entender por que em pleno mês de outubro o aeroporto estava tão cheio. Tomei uma cadeira perto da janela por onde conseguia ver os aviões e peguei o celular avisando ao meu primo que estava aguardando para entrar na aeronave.
- Com licença, eu posso me sentar aqui? - uma voz feminina pediu e eu levantei os olhos. Ela me parecia conhecida, porém não me lembrava de onde. Apenas assenti e ela tomou a cadeira vazia ao meu lado.
Eu voltei a encarar a pista de pouso me perguntando se demoraria muito para o embarque ser liberado. Quando encarei meu celular pude notar a mão da garota ao meu lado tremendo. Prestando mais atenção eu notei que ela respirava de modo acelerado e ficava repetindo "vai ficar tudo bem" em murmúrios baixos.
-Primeira vez voando? - puxei assunto a encarando e ela me olhou com dúvida.
- Como? - questionou.
- A primeira vez que voei em um desses eu estava do mesmo jeito. - expliquei indicando suas mãos e ela sorriu fraco.
- Na verdade não. Estou voltando pra casa. - ela informou mordendo o lábio.
- É, eu também. - sorri fraco e lhe estendi a mão - Prazer, eu sou a . - ela franziu o cenho enquanto apertava minha mão.
- ? - ela questionou e eu senti meu estômago gelar.
- Sim? - soltei com certa dúvida e ela sorriu largo.
- Sou a Letícia. - ela se apresentou e naquele instante eu soube quem era. Letícia era uma garota com quem eu havia conversado algumas vezes por comentários de fotos se Harry. Ela parecia ser uma das poucas pessoas naquele fandom que não me odiava e agora estávamos ali.
- Eu me lembro de você. - comentei e ela riu.
- Graças a Deus, se não eu ia me sentir meio stalker por saber seu nome e sobrenome. - seu comentário me fez rir pelo que pareceu a primeira vez desde a ligação de Mateus.
- Eu espero que não seja mesmo, por que quais as chances da gente estar no mesmo aeroporto, mesmo dia, mesmo horário e indo para o Brasil? - ela riu erguendo as mãos.
- Eu prometo. - ela colo ou uma mão no coração com a outra levantada e os dedos cruzados.
- Você sabe que dedos cruzados são um sinal de que não vai cumprir a promessa, não é? - questionei com uma sobrancelha arqueada e ela franziu o cenho.
- Não é não! - respondeu em pura indignação.
- Na verdade é sim. - respondi rindo.
- Inferno! - protestou me fazendo rir - Agora pelo menos faz sentido minha mãe nunca ter acreditado quando eu prometia qualquer coisa. - ela pareceu pensar por um momento e eu tornei a rir.
- Todas as vezes você prometeu que não iria cumprir a promessa. - informei e ela deu de ombros.
- Ah, tudo bem. Era sobre arrumar meu quarto, eu não pretendia cumpri-las mesmo. Não aos oito anos pelo menos. - eu tornei a rir e dessa vez ela me acompanhou.
- Essas eu não cumpro até hoje. - comentei simples dando de ombros - Mas então… sobre o medo. Se te ajuda eu estive em um desses pelo menos uma vez por semana nos últimos cinco meses e ainda estou viva. Eles são bem seguros. - dei de ombros e Letícia riu fraco.
- Me traz certo conforto sim, mas acho que isso aqui só vai parar quando pousar no Brasil. - ela apontou as próprias mãos.
- Qual a sua poltrona? - questionei e ela olhou a passagem.
- 16K. - ela informou e eu torci os lábios.
- A minha é a 18D. - informei - Vamos fazer o seguinte, nós vemos se alguém do meu lado ou do seu aceita trocar de lugar e daí podemos ir conversando sobre qualquer coisa que te distraía do fato de estar em um avião, tudo bem? Eu nunca durmo nesses vôos de todo modo. - dei de ombros e ela sorriu fraco.
- Tudo bem. Eu tenho uma história doida pra contar. - ela soltou animada e eu ri. Apesar de tudo, seria bom esquecer as más notícias por algum tempo e aquele vôo com certeza me ajudaria naquilo.
[...]
O frio tomava conta de São Paulo, mas por conta dos anos no frio londrino ali até que estava agradável.
Eu e Letícia havíamos conversado durante todo o vôo, sobre tudo que eu podia imaginar. A história que ela tinha a contar era sobre como havia conhecido Louis em um bar semanas antes e em como eles haviam socado alguém juntos e acabamos por descobrir que tudo aconteceu na mesma noite que sai com Louis.
Ela havia seguido viagem para a casa dos pais, para poder visitar a família e eu estava no carro de Mateus seguindo para Sorocaba. Meu avô estava internado no hospital de lá, apesar de meu pai insistir para que ele fosse para o hospital onde ele trabalhava na capital paulista.
Eu e Mateus havíamos trocado um abraço cúmplice quando nos encontramos no aeroporto, e naquele momento estávamos em silêncio do carro. Apenas a rádio era escutada tocando algumas canções populares entre seus ouvintes.
Quando Sign of the times iniciou eu encarei o rádio e em seguida respirei fundo. Por um momento pensei no quadro que havia dado a Harry. Ele ainda o deixaria na sala de estar?
- Você tem tido notícias dele? - Mateus questionou pela primeira vez - Você sabe, para que eu posso ir até lá arrebentar a cara dele. - completou me fazendo rir fraco.
- Sempre resolvendo as coisas na base da porrada? - brinquei e ele riu - Mas não, não tenho notícias. A última vez que soube algo dele ele estava indo para Holmes Chapel e é só isso. - declarei por fim sentindo a tristeza vir e não queria senti-la. Não queria sentir nada naquele momento, apenas me permitir a inércia - Eu vou dormir, como sempre não dormi nada durante o voo, me acorde quando chegarmos. - pedi já me virando para a janela e me encolhendo com os pés sobre o banco. Mateus normalmente reclamaria do fato de meus pés estarem ali, mas não naquele dia, e eu agradeci por isso.
Com meus olhos fechados e o sono prestes a vir e o vi. Sentado a beira do pequeno rio Dane, próximo ao viaduto Twemlow, jogando pedrinhas na água esperando que saltassem mais de duas vezes e erguendo os braços em comemoração quando acontecia enquanto ria como uma criança. Eu esperava que ele ficasse bem. Esperava que se cuidasse. Esperava que a vida fosse boa para Harry, mesmo que agora eu já não fosse mais fazer parte dela.
Outubro, 2018 - Los Angeles, USA.
Harry
A noite já havia caído e agora abaixo de mim eu via apenas as luzes da cidade. Carros passavam para lá e para cá e eu apenas imaginava se eles conseguiam me ver ali. Com certeza não. Eu era apenas um pontinho no alto daquele canyon.
As estrelas brilhavam no céu, e a lua estava ali, muito menor e muito menos brilhante que da última vez. O céu era de um tom de azul muito escuro, quase preto. E eu me lembrei de como as nuances de azul era intensas naquela noite.
Naquele dia minha casa não parecia o lugar onde eu deveria estar. Não parecia um lar. E então eu segui por toda a Los Angeles em busca de algum lugar onde eu me sentisse minimamente em casa. E foi ali que aquilo aconteceu. Por que as lembranças dela eram tão vivas e claras naquele lugar que eu sentia que se fizesse silêncio o suficiente eu poderia ouvir sua risada enquanto ela dançava desajeitadamente Can I be him e eu cantava a música com exagerada intensidade.
A forma como ela ria ainda me fazia rir e o sorriso dela ainda iluminava meus pensamentos. Eu sentia saudades. Constantemente.
Dias após o café com Camille -o qual eu jurava estar certíssimo em comparecer- eu havia buscado refúgio para a minha mente em Holmes Chapel na antiga casa onde costumava morar quando criança. Depois de três dias sozinho Gemma surgiu a porta completamente desacreditada com o fato de eu ter feito o que havia feito. Segundo ela eu havia sido um cuzão sem escrúpulos, egoísta e que preferia perder a garota da sua vida ao invés de assumir estar errado. Devo admitir que nem mesmo em meio a bronca da minha irmã mais velha eu conseguia enxergar o tamanho do meu erro, mas como ela havia me dito: eu começaria a enxergar de fato quando notasse que a havia perdido realmente e começasse a notar tudo que poderia ter feito para evitar aquilo. E devo informar que Gemma nunca esteve tão certa em toda sua vida.
Conforme os dias passaram e eu continuei a acordar sozinho no meu quarto, conforme o cheiro do shampoo dela sumia do travesseiro, conforme o perfume deixava a minha camiseta que ela tanto gostava de usar e conforme o cheiro de café deixava de invadir as minhas manhãs, eu fui atingido pelo tamanho da merda que havia feito. Ela realmente havia me fugido por entre os dedos. Ela havia ido embora e quem havia abrido a porta havia sido eu.
Entender e aceitar minha culpa foi um processo pelo qual passei e continuava passando. Eu revivia aquele dia onde suas feições eram tranquilas ao me pedir explicações, onde seu tom calmo me dizia que ela estava indo embora, onde indignada ela me olhava sem acreditar em tudo que eu havia dito sobre ela não ter superado Anthony, ou por eu ter tentado lhe culpar.
Por que diabos eu havia feito aquilo?
Era o que eu me perguntava todos os dias desde que aquele processo de aceitação havia começado e a resposta encontrada era o que Kevin havia gritado na minha cara em nossa briga no dia seguinte ao ocorrido: porque eu era um arrogante filho da puta que não sabe assumir quando está errado. E era exatamente aquela a razão para eu ter feito aquilo.
Meu amor por era grande, meus planos de futuro com ela também, mas eu havia deixado meu orgulho e ego serem muito maiores naquele dia por não querer assumir que havia agido como Anthony. E por deixá-los serem muito maiores eu a perdi. Única e exclusivamente por minha culpa eu a havia perdido. E o arrependimento me seguia por onde quer que eu fosse. Pendurado em meu ombro e sussurrando em minha orelha alguma lembrança dela sempre que eu passava por algum lugar onde estivemos juntos, ou onde algo pudesse me lembrar alguma coisa que havíamos feito juntos. E havíamos ido a muitos lugares e feito muitas coisas juntos, então não havia como fugir. E eu não queria fugir, porque aquilo, aquelas lembranças me acertando e me fazendo soltar lágrimas por onde eu ia, faziam parte de um processo doloroso de aprendizado.
Eu não sabia se encontraria de novo nem se voltaríamos a ficar juntos, mas o que eu sabia era que se acontecesse -ou mesmo que não- eu não queria ser o cara que ela deixou no quarto daquela casa em Londres. Eu não queria ser aquele Harry nunca mais.
Eu havia a perdido, havia a ferido e magoado, e agora tinha maior consciência daquilo. Eu queria me desculpar, mas algo dentro de mim me dizia que por hora o certo a se fazer era esperar. Aguardar, dar tempo ao tempo e algum dia, quando todo aquele processo de aprender a assumir meus erros estivesse completo, eu teria a chance de me desculpar de forma adequada, mesmo que não soubesse como aconteceria visto que a dois dias havia ido embora de Londres e aparentemente não tinha previsão de quando voltaria, nem se voltaria.
Encarei o caderno ao meu lado e o abri rascunhando em uma folha em branco alguns versos de uma música que havia me surgido. Outra. Outra canção sobre ela começava a me surgir e com certeza outras muitas mais surgiriam, além das quais eu já havia escrito antes de nos separamos.
Ali, sob aquele mesmo céu que nos viu no fim de julho eu cumpria a promessa que havia feito a ela: o próximo álbum seria sobre ela, porém as músicas não seriam sobre um amor que perdurava até os dias atuais. Seria sobre o melhor amor que vivi e deixei escapar. Seria sobre o amor que me fez sentir vivo de novo, que me trouxe brilho e a alegria de pertencer a alguém, e como o perdi.
Seria um álbum sobre o amor de e como ele era genuíno e brilhante, e como a minha incapacidade de enxerga-lo da maneira como deveria me fez deixá-lo partir.
Após rascunhar mais algumas palavras no caderno eu voltei a encarar mais uma vez a vista a minha frente. Com a brisa fria me batendo o rosto eu fechei os olhos respirando fundo.
Flashs de imagens dela me passavam pela mente. Risadas, sorrisos trocados, nossas mãos juntas, olhares que se encontravam em meio a multidões, o rosto dela iluminado pela luz que entrava pela janela dos quartos de hotel onde passamos os últimos meses, seus olhos me encarando enquanto nossos corpos faziam a descoberta um do outro, seus dedos acompanhando o desenho do meu corpo, sua voz sussurrando um "bom dia amor" todas as vezes que acordamos juntos e como o mundo se iluminava toda vez que ela dizia me amar.
Éramos dois mundos diferentes que de algum modo encontraram naquele amor um ponto de semelhança. Quando estávamos juntos tudo fazia sentido e as diferenças não eram relevantes. Destino ou coincidência? Quem era afinal o responsável por nos fazer aparecer no caminho um do outro? Acho que havia um pouco de cada naquilo.
Se não tivéssemos nos visto naquele show, ido a aquele karaokê, se ela não tivesse me chamado para aquele sushi por que eu era o único disponível para acompanhá-la, se não tivéssemos caminhado naquela noite por Mayfair e falado tanto sobre a vida, se ela não tivesse aparecido na minha porta e me contado de seus sentimentos, medos e vontade de tentar. Será que se nada tivesse acontecido daquele modo ainda teríamos nós encontrado de algum modo? Eu não sabia responder.
Abrindo meus olhos novamente eu olhei aquele caderno. Tudo que eu mais esperava, era que em algum momento naquela longa jornada que a vida era, nós voltássemos a ser aquela linha tênue entre o destino e a coincidência.
Mas aquilo não era uma certeza, a única certeza era que de algum modo, em algum momento eu ficaria bem e ela ficaria bem.
Sim, nós ficaríamos bem.
FIM!
Can I be the one? está finalizada aqui no site quase um ano depois de eu começar a escrever essa história e eu to emocionada.
Eu não sabia bem que rumo queria dar a essa história quando comecei, mas ela foi uma construção. Pensei em mais de três finais para ela e conforme a história caminhava eu via que esse era o que eu queria. O capítulo 21 estava pronto e eu não estava satisfeita, então eu reescrevi de uma vez só e amei ele, apesar de me sentir meio insegura. As razões da Summer para mim foram genuinas e extremamente validas, mas eu tinha medo de que para as outras pessoas parecesse bobo, então espero que entendam os motivos dela e também entendam que o fim não tem que ocorrer só quando se existe um extremo.
Porém eu tenho amor demais por esses dois e não conseguiria não dar uma segunda parte a essa história, então é com muita alegria que anuncio que Can I be the one? vai ter uma parte 2, chamada Can I still be the one?. Inclusive já está pronta e vai ser públicada aqui em breve.
Fiquem ligadas nas redes sociais da Summer (nossa pp) que por lá eu aviso quando entrar no site.
Muito obrigada a todo mundo que leu, acompanhou e surtou por cada coisinha dessa história. O apoio de vocês é o que faz com que autoras sejam motivadas a escrever e isso é muito importante.
Me perdoem a demora para publicar. Eu realmente sinto muito por deixar vocês esperando, mas os últimos meses foram complicados. Vou tentar ao máximo publicar a segunda parte aqui o mais rápido que der.
Bom, é isso. A gente se vê em breve e caso queiram acompanhar a pp e o Harry no insta o link tá aqui em baixo!