Ao contrário de todas as outras histórias que ela já tinha lido, aquele não era um dia qualquer. Se fosse um dia qualquer, teria conseguido dormir feito um recém nascido, e não estaria passando corretivo nas olheiras. Esse dia era especial.
Desde maio ela não conseguia parar de desejar que o ano passasse rapidamente. Quem ligava para copa, ou eleições ou até mesmo o filme da Disney que demorou quatorze anos para sair, quando no começo de dezembro ele estaria se encontrando com o seu ator favorito?
Bem, não era a toa que no celular das amigas dela seu sobrenome era Barnes. era Rogers e era a Stark. , que participava às vezes do delírio em grupo chamado “Avengers Talk”, como elas mesmas intitularam no WhatsApp, tinha Burton como sobrenome.
sentia que estava prestes a vomitar quando a buzina a acordou do transe. Quanto tempo ela tinha passado olhando para o espelho sem fazer nada? Juntou tudo o que tinha separado e o resto da maquiagem, trancou o portão da casa e entrou em uma van, onde outros amigos estavam.
Jonathan tirou uma câmera e colocou muito perto do rosto da amiga.
“Pegamos a última passageira.” ele fazia a típica voz de narrador. “Agora todos estamos A CAMINHO DA COMIC CON EXPERIENCE BABY!”
Quem estava acordado e animado gritou junto com Jon, e quem estava dormindo grunhiu um pedido de silêncio para que pudesse descansar. só tirou a câmera do rosto e voltou a se maquiar.
Ela conferiu as mensagens do grupo, onde as três meninas postavam animadamente sobre também estarem na estrada indo para São Paulo. achava injusto, porque e moravam na mesma cidade que era a menos de uma hora da capital. morava em Belo Horizonte, mas a mãe dela resolveu tirar férias e ir para São Paulo ficar na casa de uns amigos e decidiu aproveitar para visitar as amigas.
Enquanto isso morava praticamente a 5 horas de qualquer lugar.
Era uma selfie das três, sentadas no banco do ônibus intermunicipal. estava deitada no colo das amigas e as três faziam poses esquisitas para . Elas mandavam links atrás de links de pessoas que tinham ido no dia anterior, e montavam o itinerário.
reclamava pela centésima vez que ficaria sozinha porque e tinham que entrar nos painéis, afinal, as duas só compraram o ingresso para isso, e amavam passar o dia inteiro da convenção vendo o conteúdo promovido.
nem podia tentar, afinal já fora sofrido pedir para não trabalhar numa sexta feira em dezembro lá em maio. Não conseguiria chegar na capital antes para encarar uma fila enorme. Só de andar pela convensão já a deixava feliz. Só que esse ano tinha um agravante.
“A única coisa boa de hoje é que verei o Stan à distância” reclamava. “ A Barnes, sortuda, vai respirar o mesmo ar que esse homem. ABSURDO!”
“ Ai, , nem fala nesse nome ou a vai passar mal.” tirou o celular da mão de e continuou a falar no áudio que fora enviado. “Amiga, não esquece: ele é lindo, mas você tem que falar com ele.”
, lembra que se você falar com ele é meio passo pra ele se apaixonar por você” comentou.
“Moça, por favor, sente-se no seu lugar” uma voz masculina foi abafada por risada das amigas.
“ A gente te ama!” as três falaram em uníssono e o áudio acabou.
Barbara mal via a hora de chegar no evento.

***

A Comic Con Experience é algo recorrente na vida das quatro amigas. É o evento que não só reúne artistas no Brasil, como também é o evento que as quatro se encontravam. e iam desde o segundo ano do evento, desde o terceiro, e desde o quarto.
Elas se conheciam desde o ano que só e foram, num grupo que falava sobre fanfics pelo whatsapp. Viraram amigas próximas e sempre tentavam se encontrar em alguns pontos do estado, mas quase nunca conseguiam ir as quatro amigas.
Até porque só e possuíam empregos fixos. e trabalhavam como freelancers e com bicos, então não era sempre que todas tinham dinheiro para gastar viajando. Normalmente guardavam todas as economias para a CCXP.
sabia que tinha chegado quando começou a ouvir a voz do dublador do Goku dando instruções para onde ir, com quem falar, onde procurar as filas para entrar no evento. Todo ano era a mesma coisa, já estava acostumada. Entra, pega os documentos, o livro, doa o livro, mostra a credencial e BUM, ali está, a Comic Con.
Mesmo que também estivesse acostumada a passar quase uma hora em pé esperando enquanto os colegas gravaram para o vlog que entraria no canal deles, antes de começar a fazer a querida live do facebook especial “Fila da CCXP” onde todo mundo da produção do site dizia o que esperavam ver no dia.
Todos olharam para a moça na sua vez. Todo mundo sabia o que ela iria falar. Ela passou meses falando sobre esse dia, como que ela falaria que esperaria qualquer outra coisa? “Não, eu espero mesmo é poder ver o pessoal do Omelete andando pela Con”, ela pensou rindo. Claro que ela esperava outra coisa.
“Eu mal vejo a hora de poder conhecer o Sebastian Stan” ela sorriu para a câmera. “Até aprendi como se fala oi, te amo em romeno.” e então com uma pronúncia boa para quem passou os últimos meses vendo vídeos tutoriais no YouTube, sorriu e disse oi.
Logo estavam dentro do evento e disse o querido “uau” que sempre dizia toda santa vez que entrava na Comic. Estava enorme, lindo, e de tirar o fôlego.
Era possível ver o dragão branco cujo nome não sabia porque não assiste Game of Thrones. Também era possível ver algo para a divulgação do último Star Wars. E ver essa divulgação apertou o coração de , que ainda não tinha aceitado que sua saga favorita estava chegando ao fim novamente. Um estande enorme da Turma da Mônica e todo o resto que a moça já estava acostumada a ver.
Mas tudo isso foi barrado quando um hobbit de cabelos coloridos pulou em sua direção gritando seu nome.

Ela sentiu os braços da amiga envolverem seu corpo e retribuiu o abraço. Não que fosse tão mais alta que , mas ainda assim, ela não tinha o tamanho de um hobbit adulto, como a colega.
Quando ela olhou para , percebeu que a amiga não estava mais como na foto que elas haviam mandado horas atrás. Agora ela usava uma peruca loira com dreads, uma tiara com uma pedra azul, da mesma cor da tinta que cobria o rosto na faixa dos olhos. Ela usava lentes azuis. A roupa estava idêntica à da personagem do jogo que e eram apaixonadas, e até mesmo as feridas que a personagem tinha em um dos braços fez com maquiagem.
, uau! Você vai vencer o concurso de cosplay.” comentou, abraçando a amiga.
“É, nem começou o evento e meio mundo já parou pra tirar foto com ela.” revirou os olhos. “Tá, tudo bem que ela tá linda e maravilhosa, mas como veremos a feira se passarmos cada minuto paradas pq as pessoas querem tirar fotos????”
acenou para os colegas e começou a andar com as amigas. Perto das duas, parecia o próprio Gandalf. Ela não era tão alta, mas tinha mais de um e sessenta e Laura só tinha um metro e meio.
“Você não ia ver os painéis com a ?”
“Eu ia, mas como vou ficar só hoje resolvi andar com vocês.” começou a observar um dos estandes que elas passavam. “Ainda mais porque você vai ver o Seb e estamos todas aqui na torcida.”
puxou as duas amigas para um abraço, mas acabou batendo uma mão na orelha de , que não parecia estar prestando atenção do que estavam conversando. A amiga parecia um pouco distante, mas também, naquele evento, com um monte de gente para todo lado, gente fantasiada e gente famosa, era de se ficar um pouco avoada.
As três passaram grande parte do dia andando e tentando entrar em estandes exclusivos. Até que foi até a ala dos Cosplayers e começou a puxar até o local onde aconteceria o evento que elas tanto esperaram: O meet&greet.
Já haviam algumas fãs no local, que discutiam intensamente sobre o último papel que Sebastian Stan tinha feito. Era um filme mais indie, produzido por ninguém mais, ninguém menos que Leo DiCaprio.
Todas elas usavam camisetas do Soldado Invernal e pode perceber que sorriu quando também percebeu isso. usava uma roupa diferente e muito mais criativa do que se vestir com o personagem mais famoso que o ator tinha feito.
Lá para agosto tinha saído uma foto de Seb usando uma camisa preta com estampa de margaridas que mandou apenas para brincando que “Essa camisa ficaria ótima em mim também”. E depois disso passou os próximos quatro meses dizendo que precisava ir com uma camisa assim no dia que fosse conhecer o ator.
O que fez com que as meninas rirem animadas com a camisa que a moça usava. Algumas se levantaram para conversar, enquanto outras continuavam a discussão fervorosa. Nesse momento soube que precisava deixar sua amiga sozinha com outras meninas para fangirlarem juntas sobre o que estava para acontecer.
“Oi” uma garota que usava o uniforme do Soldado Invernal, incluindo o braço biônico, estendeu a mão. “ Bela camisa” e sorriu.
“Obrigada.” respondeu rindo, “ .”
“Luiza.” A moça se sentou no chão e gesticulou para que também fizesse isso. “Animada?”
“Muito! Eu passei seis meses esperando por esse momento!”
“Eu também! Até estava lendo umas fanfics pra ver se diminuía a minha ansiedade, mas só aumentou!”
“Ai, eu tentei até escrever, mas parei depois de dois parágrafos porque não conseguia parar de pensar que dali alguns meses eu veria esse homem em carne e osso!”
“E que homem, heim?”
As duas nem perceberam que já estava na hora de entrar na sala do Meet&Greet. Passaram tanto tempo conversando e fazendo piadas que só notaram quando um staff abriu a porta e começou a pedir pelo comprovante de compra.
Ela mandou uma última mensagem no grupo, mas só pode ler a resposta de . provavelmente não estava mais com seu celular e devia estar no meio do painel da Cartoon Network. Era mais do que compreensível.
sentiu o coração acelerar e por um momento não achou que seria capaz de entrar no novo ambiente. Como se uma força a puxasse para trás e ela não conseguia dizer se era porque sua pressão caiu ou uma entidade estava a puxando. Mas fez força e conseguiu mover as pernas, entrando e se sentando bem na frente.
Estava feliz por tudo o que tinha conquistado para estar ali. Não foi um ano fácil e várias vezes achou que nunca iria ver o ator, fosse porque jurava que ele cancelaria de última hora, como acontecera no ano anterior, ou porque ela não teria dinheiro o suficiente para pagar pelo M&G, ou talvez porque alguma coisa daria errado e ela não conseguiria ir. Mas não, tudo deu tão certo que até a credencial do dia era do Soldado Invernal.
Ela respirou fundo e repetiu o mantra “Te iubesc” até que ele entrou na sala. Aí teve certeza que sua pressão caiu.
Primeiro porque Sebastian Stan estava usando uma calça jeans em pleno dezembro no Brasil. Segundo porque ele usava uma camiseta simples do evento. Terceiro porque aquele sorriso fazia com que tremesse, e ela não sabia explicar muito bem.
Quer dizer, até tinha uma explicação, mas não era a melhor hora para pensar na explicação.
Ele se sentou e disse boa tarde em português com aquele sotaque carregado. relembrou todas as vezes que o viu em uma série ou um filme e se questionou de que um dia ela acreditaria que ela estaria de frente para ele. Conversando com ele. Respirando o mesmo ar.
Porque se tem uma coisa que não é fácil, essa coisa é ser fangirl de algo ou alguém. Você se doa para aquela pessoa ou o que for de corpo e alma e adora ver qualquer coisa que essa pessoa faça. Acompanhar diariamente os atores e os filmes que ela tanto gostava a deixavam até um pouco ansiosa.
Foram quarenta minutos de Sebastian Stan rindo e contando histórias para elas. Quarenta minutos de magia e diversão. nem sentiu a hora passar, e sabia que as outras pessoas que estavam ali também. Então abriu para as perguntas.
estava tão nervosa que não conseguia pensar em nada. Estava em um estado catatônico onde tudo o que mais importava era ouvir aquela voz angelical e rir das respostas que ele dava para o público.
O ator respondia a uma pergunta sobre qual ele preferia Stucky ou Stony e já tinham se passado três minutos que ele discutia o relacionamento nos dois shipps quando o staff sinalizou que tinha acabado o tempo para perguntas.
Apesar de já ter se acostumado com a presença do ator, esse era o momento que ela tinha esperado pelos últimos seis meses. Era agora que tudo o que tinha fantasiado iria acontecer. Ela ficaria a menos de uma régua de distância de Sebastian Stan.
E é claro que para quem é de fora pode pensar “ok, é só um ator.” Mas para era muito mais que um ator. Porque, obviamente, seu ator favorito era outro Barnes, mas isso não significava que não era incrivelmente apaixonada por Stan. Então, não, não estava nada “ok”.
“Vejo vocês daqui a pouco” ele disse, piscando para as meninas enquanto se retirava do local.
nem lembrava mais quem era. A única coisa que conseguia pensar era que Sebastian Stan piscou para ela. Assim como para todas as outras meninas do local, mas principalmente para ela, que estava ali na frente dele durante todo o meet&greet.
Algumas as pessoas gritaram e começaram a conversar sobre os últimos quarenta e cinco minutos, mas nem mesmo uma mensagem mandou para as amigas. Ela estava maravilhada com tudo o que aconteceu naquele tempo e nada poderia mudar o seu humor pelos próximos seis meses.
A fila para fotos e autógrafos foi se formando e a cada pessoa que era atendida, era uma a menos para a sua vez. O estômago estava embrulhado, as mãos suavam e não tinha certeza nem mais que conseguiria dizer qualquer coisa em português.
Assim que ela viu que era a próxima, se arrependeu de tudo o que pensou durante os últimos meses. Tinha sido uma idiota em pensar que falaria com Sebastian Stan e ele lembraria quem era ela. Era só uma fanfic, completamente ilusória.
A primeira coisa que aconteceu foi Sebastian sorrir para ela.
“Bela camisa.” Ele a abraçou. “ Você tem bom gosto”
sentiu seu rosto pegar fogo e tinha certeza que Sebastian também percebeu. Ele se moveu para perto, fazendo uma pose onde a abraçava e ela o abraçava de volta. Um cheiro amadeirado a deixou um pouco tonta. Só então compreendeu que era o perfume dele.
Estava quase vivendo uma fanfic. Não conseguia nem formular uma frase direito. Ela sorriu e reuniu a pouca força que ainda existia nela.
“Obrigada.” Ela sorriu. “ Mas quem escolheu essa camisa tem bom gosto.”
“Sabe, eu já fui a um evento com uma parecida…”
Foi a vez de rir. Sebastian era incrivelmente fofo e ela não sabia mais se a vontade era de abraçá-lo ou de simplesmente beijá-lo. Ela se concentrava em tentar conversar.
“Obrigada por não ter cancelado!” ela tentou falar sem sotaque, mas não conseguiu. “Estou tão feliz em poder estar aqui! Eu nem sei o que falar.”
“Que isso.” ele sorriu e piscou para ela. The audacity. “Para quem e o que devo autografar ?”
Ela entregou a credencial. Era a foto dele. Era o momento dela, ela planejou fazer isso por tantos meses. Ela não iria desistir agora. Não era hora, não era o momento de passar mal nem nada do tipo.
”. ele repetiu o nome com o sotaque. não seria responsável pelo o que poderia acontecer depois de ouvir seu nome. Se pudesse já tinha gravado e ouviria para sempre, deixaria como toque de tudo, despertador, mensagens, ligação.
“Te iubesc” foi a última coisa que ela falou, antes de ser empurrada pela próxima pessoa da fila.
Assim que passou o impacto do que tinha acabado de acontecer, se lembrou de que tinha um celular e que precisava avisar que já tinha acabado e que precisava de paramédicos pois não sabia se ainda estava viva.
Quando abriu o grupo passou por quinhentas mensagens das amigas. mandava em caps lock que se não arrumasse uma forma de beijar Stan então nada teria acontecido. apenas dizia que deveria lembrar das aulas de romeno que ela só fez para falar com ele. E ria e dizia que tudo daria certo e eles sairiam da Con para ir no cartório casar.
Nessas horas se perguntava se elas realmente eram as melhores amigas que ela poderia ter, já que elas endoidaram na próxima hora.
Primeiro porque não segurou e começou a contar sobre tudo o que tinha ouvido nos painéis até agora e estava surtando porque apareceu um ator que ninguém esperava no painel da Marvel.
comentou um pouco sobre o concurso de cosplays, mas nada além do básico de “ não tá boa o suficiente pra ganhar”, sendo que estava sim. E postou uma selfie com o ilustrador que todas gostavam, o que trouxe para a discussão presente entre e no grupo.
“Devo te lembrar, querida , que meu aniversário está chegando e eu exijo uma arte dele com autógrafos.” mandava em caps lock.
“Ah , sério mesmo? Pior amiga você!”
“Gente” enviou
“Ai meu Deus a voltou” mandou
“Mulher do Céu, conta tudo.” comentou com emojis.
Então passou vinte minutos contando tudo o que aconteceu, até que finalmente a encontrou e então contou tudo novamente para a amiga. E cada vez que ela contava era como se ainda fosse um sonho. Como se ainda estivesse em maio e que a qualquer momento iria abrir os olhos e realizar que faltavam seis meses para tudo aquilo.
Elas andaram até a Artist Alley para que comprasse alguma arte que queria, já que não daria mais para olhar os estandes, e ela nem tinha cabeça para isso mesmo. Logo apareceu, segurando uma estátua prateada.
“Odeio a Marvel.” ela bufou “ Perdi o primeiro lugar para um cosplay de Capitão América.”
“Ai, não odeie o Cap.” resmungou, abraçando a amiga.
“Ta. Isso tudo é só por causa desse shipp de vocês. Eu me abstenho de votos. Prefiro joguinhos.” E sorriu, olhando para o seu prêmio. “Adivinha quem vai ficar até domingo aqui?”
“Não creio!.” praticamente gritou. “Vocês são tudo sortudas. Me abraçem para passar essa sorte pra mim”
Ela se aproximou das duas e forçou um abraço, as três rindo da amiga que não conseguiu nem aproximar as outras duas. Foi um abraço meio confuso, até que tirou o celular e bateu uma selfie com as duas, mandando no grupo.
“Alguém não sabe o que está perdendo, só vendo painéis.”
“Eu odeio vocês.” respondeu.
Em determinado momento as três simplesmente desistiram. Precisavam de para voltar para casa e precisava que o evento acabasse para que os amigos da cidade se reunissem.
Só então que entendeu onde as amigas resolveram sentar para descansar. Logo atrás tinha uma portinha, e essa portinha era o que poderia fazer a fanfic de se tornar realidade.
Afinal, era mais importante rever o ator do que voltar no dia seguinte. Ou talvez não. Mas valia a pena tentar.
A moça nem sabia de onde raios ela tinha tirado essa coragem para fazer coisas um pouco impossíveis que a tabelaram como “fã maluca”. Ela respirou fundo e abriu a porta, subindo as escadas.
Escondeu a credencial para que se alguém a parasse, tivesse um pouco mais de tempo ate tirar a credencial e mostrar. Mesmo que a partir do momento que pensou nisso, a voz do dublador do Goku apareceu em sua mente repetindo para que deixasse sempre as credenciais à vista.
Ela subiu a escada até chegar em uma sala completamente de vidro.. Dava para ver Sebastian conversando com dois homens que usavam camisetas com estampas que gritavam “nerds”. Até que ele a viu parada e entrou em desespero.
O que ela tinha feito? Iria jogar todo o dinheiro suado que guardou para vir no seguinte apenas pela pequena chance de ver Sebastian Stan novamente? Onde ela estava com a cabeça?
Ele sorriu e sinalizou para os dois que iria sair rapidinho. E então ele abriu a porta e o coração de acelerou. Claramente não estava pensando e agiu por impulso e agora ela estava paralisada pois nem conseguia explicar o que tinha acabado de fazer.
“Oi” ele disse sorrindo. “ Você…”
“Eu não sei o que aconteceu!” se desesperou. “Eu… Desculpa.”
“Calma, eu não vou chamar os seguranças. Não agora.” Esse não agora foi o que fez com que tivesse certeza que ouvir a sua intuição foi a pior coisa que fez no dia.
Sebastian analisou , a deixando bastante desconfortável ao mesmo tempo que a própria moça pensava que conseguiu entrar num lugar onde não podia porque a doida queria dar uma última olhada no ator para entender que tudo aquilo foi real.
sorriu de nervoso. Ela não sabia mais o que fazer. Mas era isso, acabou a vida para ela. Seria conhecida como a doida que entrou escondido na salinha de vidro pra ver o Sebastian Stan mais uma vez porque ter pago o Meet&Greet não fora o suficiente.
“Isso não foi uma boa ideia.” ela disse, se virando e começando a andar em direção às escadas.
“Espera.”
O que fez esperar nem foi muito porque ele pediu, mas sim porque se Sebastian Stan fala com você como que você ignora? Exatamente, você não ignora. Ele tirou um papel do bolso e sorriu para a moça por uma última vez. Ele escreveu umas coisas estranhas que sabia que estava em romeno mas não fazia a menor ideia do que era.
Ela sorriu e desceu as escadas, passando correndo pela porta esperando que ninguém tivesse visto o que tinha acontecido. Seria a sua pequena fanfic, o dia que ela ficou absolutamente maluca e resolveu subir para a salinha de vidro.
Assim que as duas amigas viram, saíram correndo em sua direção, sem saber muito bem o que falar. Ninguém tinha processado muito bem a informação.
“Você…?”
“Sério, ? Sérião mesmo?” começou. “ No mínimo você beijou o cara. Só aceito isso como ‘o que aconteceu lá dentro’. Mesmo que possa ter acontecido mais coisa.”
“Cala a boca!” deu um soquinho no braço da amiga. “ Gente, nem eu sei o que eu fiz.”
“Amiga, eu sei, isso se chama fanfic!” praticamente gritou a última palavra. “ Você tá tão presa nas conversas que fez coisas absurdas bem fanfic mesmo. Eu também só to esperando que no mínimo você conseguiu falar com ele.”
As três estavam discutindo quando chegou, olhando para as amigas que pareciam nervosas. Mas logo o foco mudou quando basicamente jogou uma sacola na cara de .
“Pronto, vê se não reclama e pode dizer que me ama.” ela revirou os olhos.
se sentiu aliviada de mudarem de assunto, mesmo que a olhasse de tempos em tempos para confirmar que não tinha fugido novamente. As quatro continuaram andando por alguns minutos em completo silêncio.
Cada uma delas tinha vivido uma história diferente dentro de um mesmo dia, e absorver tudo o que tinha acontecido era algo fora do comum. Elas comentavam as histórias mais simples e engraçadas, como casuais encontros com youtubers ou sobre alguma piada que um ator fez.
Mas falar daquilo que mais mexeu com cada uma ainda iria demorar um pouco. Só , que contava tudo o que tinha visto que iria sair, e falava sobre o quão ansiosa estava para que tudo acontecesse logo.
O combinado era ficar na casa dos parentes de , para tomar um banho e comer alguma coisa. não sentia fome, sentia uma exaustão emocional. Tudo o que a garota mais queria era tomar um banho e dormir. Qualquer coisa tomava um café da manhã reforçado no dia seguinte, mas não estava com mais vontade de interagir com pessoas.
Enquanto as amigas estavam comendo na cozinha e conversando, tirou o papel que tinha guardado com carinho, abrindo o aplicativo do google tradutor para poder traduzir como imagem, já que nunca saberia como digitar isso em um teclado. E só de pensar nisso já batia uma preguiça ainda maior.
A garota foi deitar com um sorriso no rosto. Sabia que já tinha ganho muita coisa no dia, mas nada melhor do que aquele pequeno pedaço de papel especial.



Fim




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Nota da autora: (12/11/2018) Oi
Tudo isso começou com uma piada enorme porque a Bárbara tava louca pois tinha sido confirmado que Sebastian Stan viria para a Comic Con Experience 2018. Então eu resolvi escrever essa história mais para nos divertimos mesmo. Porém, fiz umas predições do que vai acontecer na feira nessa shortfic e na próxima (SuperFamily Experience). E imagina se realmente acontece tudo isso!
Enfim, obrigada Marcela, Bárbara e Julia. Amo vocês.
Desculpa qualquer coisa <3






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