Envio:Dezembro de 2020

Capítulo Único

Mais um dia no frango do Joe, null sentia a pele suada, oleosa e o comum cheiro de gordura impregnado nos cabelos. No fim do dia nada era pior que aquele cheiro, nem mesmo os clientes grosseiros, as frases que precisava decorar e depois repetir centenas de vezes: Posso anotar seu pedido? Boa noite, senhor. Boa tarde, senhora. Quinze e quarenta e cinco, senhor. Deseja mais batatas por cinco e noventa?
E de novo, no outro dia, e no dia seguinte, no próximo e em todos os outros. Assim era sua rotina nos últimos três anos. Afinal, alguém precisava pagar as contas, não é? null sempre fora uma garota sonhadora, alegre, tentava esconder o lado romântico por medo de se ferir, mas isso acabava acontecendo e no final das contas, ainda pelo pior tipo de cara possível.
E foi assim que engravidou de seu filho, o pequeno Benjamin, agora com cinco anos, era fruto de uma dessas relações. Tudo sempre indicou que não daria certo, mas quando se está apaixonada, fica-se cego, vemos apenas o que queremos ver, uma visão distorcida e falsa da realidade. null não se arrependia, amava seu menino com todas as forças e não se importava em se sacrificar por ele. Trabalhava durante as manhãs na limpeza de uma grande companhia australiana, depois, encarava turnos naquela lanchonete horrorosa. Tudo isso, para no fim ser abraçada pelo filho com amor e sensação de dever cumprido.
Naquele dia não foi diferente, Benjamin estava com sua mãe, que cuidava do menino enquanto null trabalhava. O turno da noite era fraco e pouco movimentado, null ajeitava coisas embaixo do balcão distraidamente quando alguém entrou, um pequeno grupo de pessoas, eles conversavam animadamente e riam alto. Ela então suspirou e se levantou, a fim de atendê-los.
Quando null pousou os olhos nos clientes, seu coração parou, o sangue deixou de circular pelo corpo, ela congelou. Ali, bem na sua frente estava null null, com o sorriso mais lindo que ela já tinha visto na vida.
Conhecia aquele homem, além de ser um dos melhores pilotos de Fórmula Um, null também era australiano, assim como ela e conhecer e ama-lo era dever de todos cidadãos. Mas sem sombra de dúvidas, uma lanchonete simples no meio de uma rodovia não era lugar daquele monumento de homem.
null null era simplesmente o homem mais lindo que null já havia visto, era alto, cheiroso, moreno, sorriso grande e sincero. De deixar qualquer um com as pernas, no mínimo, bambas.

– ...e fritas. – null repetiu o pedido devagar, como se pensassem que null não entendesse sua língua. – Moça?
– Como é? – null piscou rapidamente e balançou a cabeça, ainda abobada.
– Porção dupla...de frango. – Ele repetiu pausadamente. – Três refrigerantes, grandes e fritas.
– Porção dupla de frango com fritas. – null gritou para a cozinha sem desviar os olhos do piloto.

Não era comum uma visita famosa naquele estabelecimento, null não poderia acreditar no que seus olhos mostravam. null null estava aqui, bem na sua frente, a observando sorridente e curioso.
Em questão de alguns minutos, o pedido foi liberado, null encheu os refrigerantes e os entregou junto com a comida ao piloto. Quando null esticou a mão para receber o pedido, seus dedos tocaram os da atendente e ele olhou em seus olhos com a sobrancelha arqueada de modo sexy, em seguida, o piloto piscou, voltou-se ao grupo que o acompanhava e dividiu as sacolas entre eles.
null desmaiaria a qualquer momento, havia sido tocada por null null. E então, surpreendentemente, depois de remexer o bolso do moletom que usava, o piloto se esticou novamente para pagar a conta, quando null imitou o gesto, ainda em pânico, com todos seus divertidamentes correndo em surto, null segurou sua mão e a olhou nos olhos mais uma vez.

– Sabe, você é bonita demais para ficar atrás de um balcão. – Sussurrou para que só ela ouvisse e então piscou e sorriu ladino, acenou uma vez com a cabeça e rumou à saída.

null mal podia acreditar no que acontecera, null a havia elogiado. Devia estar sonhando, definitivamente estava. Então, ela abriu a mão, junto a uma nota de cem dólares australianos, estava rabiscado um telefone num pedacinho bobo de papel. Quando percebeu do que se tratava, null levantou o olhar, chocada, e seus olhos cruzaram com o de null, que a encarou rapidamente antes de entrar no carro, com sorriso sapeca e arqueou uma sobrancelha provocativamente antes de partir.
Um sonho, só poderia ser, um sonho.

XXX



O relógio quase marcava meia noite quando null pôs os pés em casa. Se dirigiu ao quarto de Benjamin, cobrindo melhor o filho e beijando-lhe a testa, depois, acordou a mãe que cochilava na sala com a televisão ligada e em seguida tomou um banho longo e quente. Não podia acreditar no dia que tivera, parecia um sonho, uma fantasia, quem sabe uma pegadinha de algum programa de TV aleatório.
Será que aquele era mesmo o telefone de null null? Será que ele realmente quis dar aquele telefone? Será que não foi tudo um gigantesco mal-entendido? Ela devia ligar? Quando devia ligar? Durante a manhã? À noite? Na próxima semana? Afinal, já era quase madrugada de domingo.
Depois de comer o resto de tudo que havia em sua geladeira, null foi se deitar. Não conseguia desligar, só podia pensar naqueles números escritos de qualquer jeito naquele papelzinho, só pensava naquela ideia pulsante de ligar para ele, tirar a dúvida, confirmar se era realmente um sonho ou não.

XXX



null sequer dormiu naquela noite, não conseguia parar de criar fanfics na própria cabeça sobre como seria falar com null, sobre como seria conhece-lo melhor, se aproximar, estar ao lado dele.
Trêmula, null digitou lentamente os números no celular, confirmando cada um deles demoradamente. Não pode ligar quando acordou, às oito da manhã, nenhum ser humano estaria acordado, então resolveu tentar mais tarde. Estava completamente incerta, não sabia se devia ligar, mandar mensagens, sinal de fumaça ou coisa parecida.
Fora torturante a espera, mas às duas horas, enfim decidira acabar com a ansiedade que a consumia. Enquanto Benjamin bagunçava o quarto brincando com seus dinossauros, null respirou fundo e ligou, pôs o telefone na orelha e fechou os olhos, se preparando para descobrir que tudo fora uma brincadeira infantil e de péssimo gosto.
– Oi. – Uma voz masculina disse do outro lado da linha.
– Oi, você. – null respondeu no susto e um silêncio desconfortável se instaurou.
– Então? – O homem a encorajou.
– Então você é...é mesmo o null? – Que coisa mais idiota para se dizer, ela pensou batendo duas vezes na testa.
– Se você me der dois minutos, confirmo isso para você. Só preciso lembrar onde guardei minha carteira. – Ele brincou e ela sorriu.
– É sério…– null sorriu mais aberto. – Nunca se sabe quando é uma pegadinha. – Desta vez, null gargalhou.
– Você é a garota de ontem, não é? – O piloto quis saber sorrindo e null demorou alguns segundos para responder.
– Sou. – Contou depois de um longo suspiro.
– Eu estava esperando você ligar. – null confessou. – Ansiosamente.
– Você...estava? – null engasgou.
– Claro, por que acha que eu daria meu telefone a você? Aliás, por que demorou tanto? – Perguntou ele, fingindo estar entediado.
– Bom...eu...eu não quis te acordar. – null gaguejou de novo.
– Besteira. – null soprou. – Podia ter ligado antes. Então, eu posso saber seu nome?
– Eu sou null. – Ela respondeu rápido, completamente incrédula.
– Adorei seu nome, tem uma energia boa...será que nossos signos combinam? – Ele pensou alto. – Brincadeira, estou brincando. – null riu e null o acompanhou, estava mais para uma risada chocada e nervosa do que para divertida. – Então...null, o que está fazendo agora?
– Eu...ah, nada. – Respondeu encarando o quarto bagunçado e o pequeno Benjamin. – E você?
– Um grande, odioso e insuportável nada. – Contou o piloto. – Me diga...null, null, null. – Ele repetiu em diferentes entonações. – Seu nome é gostoso de dizer, já te disseram isso?
– Er...não. – Respondeu envergonhada.
– Tem uma festa hoje aqui. Coisa pequena, só para alguns amigos, matar a saudade durante as férias, sabe? Você topa? Acho que seria legal. – null propôs.

Naquele momento, null entrou em pane total, bug no sistema, erro na matrix. null null estava mesmo a chamando para sair? Era isso? null não tinha nem roupa para um evento desses.

– E então? – null insistiu.
– Festa? Na sua casa? – null mordeu o lábio inferior incerta. – Você é mesmo você?
– O que? Vou te mandar uma foto, me dê um segundo. – null gargalhou.

Alguns segundos depois, null sentiu o celular vibrar e então uma foto invadiu sua tela, null null sorrindo para uma foto no espelho, completamente jogado em cima da cama. Puta merda, era ele mesmo.

– Eis aí o homem. – Ele zombou de volta ao telefone.
– Desculpe, é que...eu…– null tentou se justificar.
– Relaxa, não importa. Mas, e aí, você vem? – Quis saber.
– Eu...claro...vou. Claro que eu vou. – Disse animadamente, sem pensar.
– Vou estar te esperando então. – null afirmou com a voz um pouco mais grave. – Até, null.
–Até. – Ela esperou até ouvi-lo desligar.

E então gritou, o mais alto e estridente que pode. Benjamin se assustou a princípio, mas depois que viu a mãe pulando sobre a cama, entrou na onda e a imitou, pulando e gritando. null estava feliz como a muito não esteve, queria gritar, precisava de um vestido incrível, precisava de ajuda para se produzir e ficar incrível, mas naquele momento não queria pensar em nada daquilo, apenas gritar. Iria a uma festa na casa de null null.

XXX



Dez e vinte e quatro, exatamente. null acabara de sair do táxi, encarava a iluminada e gigantesca mansão de null null. Benjamin já estava dormindo quando saiu, e para a mãe, disse que veria alguns amigos, não queria alertá-la deixando-a preocupada.
Depois da ligação naquela tarde, chamou suas amigas, Marian e Lola, confiou a elas o segredo e sabia que se alguém poderia deixa-la linda para aquela noite, seriam aquelas mulheres. Depois de surtos e risadas, null estava pronta e arrasadora. Seu estômago revirava de ansiedade, as pernas estavam trêmulas, mal podia imaginar que estava naquele lugar.
Respirou fundo algumas vezes e tomou coragem para subir os poucos degraus até a porta da frente. Não haviam seguranças nem nada do tipo, então tocou a campainha, estava incerta se a ouviriam por causa da música alta.
Quando null esticou a mão mais uma vez para tocar de novo, a porta foi aberta por um sorridente e cheiroso null null. null poderia desmaiar ali mesmo, o piloto estava bem na sua frente, era real, não um sonho, null estava bem na sua frente, carne e osso, beleza e perfume.
– Oi, você. – Ele cumprimentou sorrindo. – Uau...você está absolutamente perfeita. – null elogiou se afastando dois passos para olhá-la melhor.
– Obr...obrigada. – null gaguejou de novo, sentia que teria um surto, muito, muito em breve.
– Entra, vem. – O piloto chamou e entrou, indicando para que null o seguisse. – Bebe alguma coisa?
– Sim, por favor. – null respondeu apertando os dedos na pequena bolsa que tinha em mãos até os nós ficarem brancos.
– Gin? – null ofereceu, arqueando uma sobrancelha e pôs-se a preparar um drink, num mini bar da sala.

null não pode deixar de notar que o ambiente estava cheio de pessoas bonitas e bem vestidas, algumas ela reconheceu. Pilotos como null null e outras pessoas relacionadas à Fórmula Um. Também haviam outros, atrizes, modelos, atores famosos, com toda certeza a pessoa mais comum ali era ela. Agradeceu mentalmente as amigas por insistirem em seu visual mais chique ao invés do simples e normal que null havia escolhido.

– Vem, vou te apresentar ao pessoal. – null chamou entregando-lhe uma taça grande e com líquido azul e refrescante.

Caminharam entre as pessoas, null sorria e seu andar era confiante e seguro. Estando atrás dele, null podia sentir o cheiro inebriante de seu perfume a invadir, era sem dúvidas o melhor cheiro do mundo.

– Olha ele aí. – null null cumprimentou quando viu null se aproximar e então correu os olhos, de cima a baixo em null. – Uau...olha ele, veio muito bem acompanhado.
– Segura sua onda aí. – null balançou uma mão na direção do amigo. – Ela está comigo. – Afirmou olhando por sobre o ombro para null e piscando para ela. – Essa é a null, minha convidada e a beleza mais estonteante desse continente. – Apresentou dizendo lentamente cada sílaba daquela frase e a encarando por cima do ombro.
– Olá, null. – null se levantou para cumprimenta-la com um abraço. – Onde esse animal exótico te achou?
null apenas riu de nervoso, primeiro pelo modo como null se referira a ela, segundo, estava sendo elogiada e abraçada por null null.
– Animal exótico é você, Johnny Bravo. – null empurrou null de volta ao sofá e o loiro riu. – Vamos, esse aqui não vale a pena, vou te apresentar ao pessoal legal.

Algum tempo depois, null já havia sido apresentada para quase todos da festa, conhecido pessoas famosas de todos os tipos, pilotos e outras pessoas ligadas à Fórmula Um. Também tinha sido muito elogiada e null parabenizado por estar muito bem acompanhado. Aquilo devia ser uma fanfiction, com certeza era.
Estava sentada olhando a vista para o mar da mansão, bebendo mais um pouco de gin quando null se aproximou.

– Aí está você. – Ele disse se sentando ao lado dela. – Sabe, a luz da lua fica bem em você.
– Obrigada. – null agradeceu envergonhada, encarando o copo. – Eu posso fazer uma pergunta?
– Claro, quantas quiser. – Ele sorriu grande e se aproximou um pouco mais.
– Por que eu estou aqui? Que dizer, por que você me convidou? Sabe, você é famoso, lindo, incrível…– null começou a falar sem parar e null sorriu. – Por que convidar a atendente de uma lanchonete de beira de estrada? É uma pegadinha, não é? Porque nada disso aqui parece verdade e eu… – null a interrompeu.
– Ei, ei...calma. Você está perguntando, mas não me deixa responder. – Ele sorriu. – Me diga, null. – Ele fez biquinho para dizer o nome dela, extremamente sexy. – Não acha possível que um cara olhe para uma mulher que nunca viu e fique extremamente interessado?
– Bom, sim...mas é que…– null a interrompeu de novo.
– Por que eu não poderia ficar interessado por você? – Questionou com uma sobrancelha arqueada e null abriu e fechou a boca duas vezes, sem saber o que dizer. – Eu não vejo...como foi que você disse? Ah, me lembrei. Eu não vejo uma atendente de uma lanchonete qualquer de beira de estrada, vejo uma mulher muito atraente, muito mesmo. – null sorriu de canto e esticou a mão para afastar uma mechinha de cabelo dos olhos de null. – Achei que tivesse ficado claro quando todos aqui elogiaram sua beleza, seus olhos…– null diminuiu um pouco o tom de voz e olhava fixamente nos olhos de null. – Seu sorriso, seu cabelo…
– Eu...é que…– null balbuciou atordoada.
– A não ser é claro... – null passou a encarar a boca dela enquanto dizia. – Que você não tenha interesse ou não queira se envolver com um piloto qualquer.

null riu entredentes incrédula, mas percebeu a coluna endurecer de novo quando sentiu o hálito de null bater em seu rosto e o olhar dele ainda fixo em seus lábios.

– Sabe, null, você tem um olhar que eu nunca vi em mulher nenhuma...um sorriso, cheiro. Uma mulher como você merece ter o mundo, ter o que quiser...e o que você quer, null?
– Eu? – null quis confirmar, para ter certeza de que havia entendido certo, mas não soube o que dizer, estava tonta demais para pensar em qualquer resposta. – E o que você quer?
– O que eu quero? – null deixou o sorriso mais safado do mundo preencher seu rosto. – Eu quero beijar você.

null arregalou os olhos surpresa, chocada, mas felizmente era verdade e null rapidamente colou seus lábios aos dela. O beijo tinha gosto de champanhe, morango e gin, lento e molhado na medida certa, fresco. Estava nas nuvens, tinha certeza disso e aquela noite seria mais que memorável.

XXX



A água enchia o balde, formando um tipo de redemoinho na superfície. null não prestava atenção naquilo, só percebeu que o balde estava cheio quando a água derramou, molhando seu sapato. Não podia parar de pensar na noite mágica que tivera, a festa, beijar null, as conversas vagas e banais sobre qualquer coisa, a carona até sua casa...era um sonho. Se sentia uma Cinderela moderna, sonhando e revivendo em sua mente cada segundo daquela noite tão inesquecível.
Queria reviver aquelas memórias, para que nenhum detalhe da noite se perdesse e ela pudesse mantê-los para si para sempre. Devia escrever sobre, quem sabe uma fanfic, null pensava enquanto entregava o balde cheio a uma colega e se dirigia ao refeitório, era hora do almoço.
Mais um longo dia limpando, secando, tirando o lixo e organizando tudo, mais um dia cansativo e estressante. Ao menos não teria que ir para a lanchonete, Joe não abria o lugar nas segundas.null se sentou, encarando o almoço e desbloqueou a tela do celular para enviar uma mensagem para casa, saber como estava Benjamin, se já havia comido e como estava se comportando. Antes que pudesse terminar de digitar, foi interrompida por uma ligação e o nome null null piscou na tela e a fez perder o ar. null não sabia o que fazer, devia estar sonhando de novo, pensou. Apertou o celular contra o peito e olhou ao redor, o refeitório estava vazio, será que era um sinal?
Depois de coçar a garganta para limpar a voz, ela atendeu.
– Oi, você. – null disse primeiro e null imaginou que ele devia estar sorrindo.
– Oi. – Cumprimentou ela incerta.
– Como você está? Acordei agora e estava pensando em você. – Admitiu o piloto e null sentiu o ar faltar.
– Você...pensou em mim? Em mim? – Repetiu com voz esganiçada pelo choque, mas em seguida tossiu e tentou voltar a seu tom natural. – Estou bem, trabalhando e você?
– Claro que eu pensei, porque não pensaria. – null riu. – A noite foi ótima…
Mais uma vez, null apertou o celular contra o peito e comemorou silenciosamente.
– Sabe o que eu acabei de pensar, null? – null indagou, ele sempre insistia em pronunciar o nome da mulher o mais lento e sexy possível.
– Não. – null engoliu em seco.
– Pensando que eu e você, nós dois, deveríamos sair hoje. O que me diz de um jantar? – Propôs ele.
– Hoje é segunda–feira. – null lembrou.
– É, e eu estou de férias. O que tem? – null perguntou enquanto rolava na cama, deitando-se de bruços.
– Eu trabalho...e tenho um filho. Não posso simplesmente sair assim. – null contou. – E também nem tenho roupas para uma coisa dessas. – Ela riu envergonhada.
– Ah. – null ponderou. – Então você vai estar naquela lanchonete hoje à noite?
– Não, eu não vou trabalhar à noite hoje. Mas eu estou trabalhando agora e vou trabalhar amanhã e…– null tentava explicar quando percebeu que null ria do outro lado da linha. – O que foi? Do que está rindo?
– Eu estou rindo de você. – Contou. – Escute, às oito e meia, para não atrapalhar seu dia amanhã. Eu vou mandar uma babá, ela é de confiança e mando também alguns vestidos para você escolher, se esse é o problema.
– Como é? – null engasgou com a própria saliva.
– É, se esse é o problema…– null soprou com simplicidade.
– Não, as coisas não são tão simples assim…– null balançou a cabeça negativamente. – Eu não sei.
– Olha, não quero te pressionar ou coisa assim. Eu sei que não é fácil cuidar de uma criança, mas também não quero forçar a barra caso você não esteja...interessada. – null riu e null sentiu o estômago esquentar.
– Não, não é isso...eu. – null respirou fundo antes de responder. – Eu quero sim, mas é complicado.
– Entendo. – null suspirou e null pode ouvir do outro lado da linha. – Pense sobre isso, vou esperar uma ligação sua. Ansiosamente. – Ele enfatizou. – Um beijo.
–Um beijo…– null respondeu arfando.

Aquele homem a mataria, com certeza.
Mas a vida era mais que um homem, não podia simplesmente deixar tudo de lado, deixar sua família, seu menino e se aventurar com null null, mesmo que quisesse muito. Jantar com ele...uma proposta repentina e nitidamente de alguém entediado...não, não iria, não mesmo.

XXX



Depois de horas em pé num trânsito horrível, null estava em casa, suada e cansada até para pensar, precisava de um banho e de um jantar reforçado. Jogou as chaves sobre o balcão ao entrar, tirou os sapatos e se arrastou pela sala, encontrou Benjamin brincando com carros no corredor, beijou o topo de sua cabeça e coçou suas costas.
– Olha só quem chegou. Nossa estrela. – A mãe disse surgindo da porta da cozinha.
– Oi, mãezinha. – null cumprimentou levantando o olhar para ela. – Nossa estrela? Do que está falando?
– Venha ver você mesma. – A mãe sorriu e a guiou para seu próprio quarto. – Olhe bem.

A primeira coisa que null percebeu foram dois vestidos, um vermelho e outro dourado, lindos e luxuosos sobre a cama, junto com caixas de sapatos e flores.

– O que é isso? De onde veio isso? – Ela questionou confusa.
– Alguém mandou entregar essa tarde para a senhorita null. – A mais velha explicou segurando um cartão. – No cartão dizia que era para ligar se tivesse dúvidas, eu liguei, um tal de null atendeu e disse que são presentes para você. Que se você precisar ou não gostar, ele manda mais.
– Tá brincando?! – null soltou o peso na cama, não conseguia nem raciocinar, não podia acreditar que null havia mesmo feito aquilo.
– Estou esperando.
– Esperando o que? – null perguntou tocando cuidadosamente os tecidos dos vestidos.
– Você me contar quem é esse homem.
– Ah, mãe...eu o conheci no Joe, ele foi até lá e depois me deu o telefone.– null contou sorrindo.
– Quando saiu ontem...ele estava lá, não é? – Quis saber a mãe.
– Sim. Ele é gentil, parece estar interessado em mim...é como um sonho. – Admitiu. – Ele é lindo, famoso, poderia ter qualquer mulher do mundo, mas resolveu mandar vestidos porque eu disse que não sairia com ele para jantar hoje por não ter roupa.
– Parece insistente. – A mais velha cruzou os braços.
– Não sei...só sei que ele é incrível, lindo, engraçado...e esses vestidos são lindos demais.
– Qual você vai usar hoje? – Quis saber.
– Como assim? Não vou. Não é bem assim, tenho um filho, não posso simplesmente sair para jantar fora no meio da semana. Nem sei se tenho dinheiro para isso. – null argumentou.
– Eu acho que se o homem mandou vestidos e sapatos, não vai pedir para dividir a conta com você. – null fitou a mãe, que se aproximou um pouco mais e tocou o ombro da filha. – null, eu posso ficar com o Benja, não se preocupe. Você devia se divertir, trabalha tanto, faz bem aproveitar um pouco a vida enquanto a gente ainda a tem.

Dizendo isso, deixou a filha sozinha no quarto pensando sobre aquilo tudo. A mãe tinha razão, merecia se divertir, mas será que seria certo sair com null? Será que ele não tinha intenções escusas com aqueles presentes? Mas e se tivesse, seria tão ruim assim?,br> Queria aquilo, queria jantar com ele, conversar mais, conhece-lo melhor. Tomou coragem, ignorou a voz que dizia para não fazer, fechou o punho sobre os vestido e digitou: Estarei pronta às oito e meia.
Alguns segundos depois, null respondera com um sticker dele mesmo comemorando, típico…

XXX



– É sério. – null confirmou rindo, em seguida bebeu mais um pouco do champanhe caro para não engasgar. – Ele podia ter usado o próprio sapato para beber, mas quis beber no meu. Acho que foi o dia mais feliz da minha vida.

null sorria abobada, assistindo o piloto contar histórias sobre o paddock. null fora pontual e depois a levou para um restaurante extremamente chique e romântico no centro. Para uma garota simples como ela, era mais um sonho, uma noite de conto de fadas e null estava evitando pensar sobre a meia-noite, quando tudo voltaria ao seu verdadeiro lugar.

– Por que está me olhando assim? – null perguntou apoiando os cotovelos sobre a mesa.
– Nada…– null desviou o olhar e sorriu de canto, envergonhada.
– Está me achando um bobo, não é? – Ele também riu envergonhado e coçou a nuca. – Eu infelizmente só tenho isso para oferecer. Piadas.
– É o meu tipo de cara. – null falou sorrindo aberto e se aproximando um pouco mais da mesa.
– Opa.
– Que sorte, não é? – A mulher piscou e null sorriu de canto, parecia envergonhado.
– Ou azar. – null deu de ombros. – É porque só tenho isso para oferecer.
– Eu gosto, gosto sim. – null gargalhou. – Só é perigoso.
– Por que?
– Porque você vai rindo e quando menos espera já está acordando nua na cama do sujeito. – Brincou.
– Nossa, quem dera se for assim. Eu espero que seja verdade. – null gargalhou de volta.

E então os dois se encararam, por alguns segundos eram apenas null e null, duas pessoas jantando num lugar caro e comendo muito. Os olhos sorriam, os dois estavam ali completamente desarmados e apenas aproveitando.
– E então, me fale mais sobre você, null. – null pediu depois de coçar a garganta.
– O que quer saber? Não tem muito para falar de mim. – Assumiu encolhendo os ombros, evidenciando o colo no vestido dourado.
– Que isso, tenho certeza de que tem muita coisa para descobrir sobre você.
– Não. – null balançou a cabeça negativamente e riu. – É tudo muito básico e simples. Infância normal, assim como a maioria, adolescência rebelde, me envolvi com caras ruins, engravidei cedo, amadureci cedo e desde então tenho vivido pelo meu menino. – Sorriu ao se lembrar do filho.
– Benjamin, não é? – Confirmou null.
– É, você se lembrou. Que legal. – null inclinou a cabeça sobre o ombro sorrindo com doçura.
– Eu acho que tudo é uma questão de saber como contar uma história. – null sorriu e segurou sua mão. – Quer saber como eu contaria a sua? – Ela assentiu. – Uma criança feliz, uma adolescência intensa, que te deu várias memórias boas. Você aproveitou a vida, amou, foi amada, sofreu. Depois engravidou e é uma mãe incrível e feliz.
– Jeito generoso de descrever. – null sorriu.
– Eu admiro isso, com toda certeza admiro. Sua força, determinação, trabalhar tanto assim. O Ben deve se orgulhar muito da mãe que ele tem.
– Eu espero que sim. – null disse bebericando um pouco do champanhe. – Tudo é para ele, sabe. Quando se tem um filho tudo muda, pode parecer uma coisa romantizada e clichê, mas esse sentimento é real e a coisa mais verdadeira que eu já vivi.
– Você está procurando um marido? – null indagou de repente, piscando, com um olhar apaixonado.
– O que? Como assim? – null tossiu.
– É, você está procurando um marido? Sabe, se casar e ter mais filhos. – null sorriu grande.
– Bom, nunca se sabe o que o destino nos reserva.

E null não sabia mesmo, havia parado de tentar prever ou controlar o próprio destino, aceitado que a vida é uma sucessão de eventos, um efeito dominó interminável e cíclico.

XXX



Depois de muita conversa sobre planos, lugares para conhecer, sonhos, gostos comuns, curiosidades sobre a vida, o carro de null estava estacionado em frente à casa de null, dando fim a mais uma noite de conto de fadas. O que não haviam beijado no restaurante, estava aproveitando o carro. null tinha, com certeza, o melhor beijo que null já havia provado. A forma com que ele apertava suas pernas, sorria de canto depois do beijo, acariciava seu rosto e apertava seu pescoço...se escrevesse uma fanfic sobre isso algum dia, aquela parte enlouqueceria muita gente, ela pensava.
Já era tarde, precisava acordar cedo no dia seguinte, aos poucos a fantasia se esfarelava a realidade ocupava o lugar do sonho.

– Eu preciso ir. – null avisou partindo o beijo e mordendo o lábio inferior de null.
– Não, não vou deixar. – Ele negou manhoso e apertou mais o abraço.
– Eu preciso ir, null. – null riu baixinho.– Trabalho amanhã, se lembra?
– Mas eu quero ficar com você...sabe, eu podia entrar. – Ele piscou ansioso. - Conhecer sua mãe, seu filho. Sou bom com crianças, depois de cuidar do filho, poderia cuidar da mãe do jeito que ela merece…– Sugeriu cheio de segundas intenções.
– Imagina, minha mãe me mataria e depois morreria...alguém como você aqui. – null sorriu balançando a cabeça. – Alguém famoso.
– Ela me adoraria. – null riu de volta e voltou a beijar o pescoço de null, seus beijos eram lentos e molhados e algumas vezes sua barba a arranhava, causando arrepios. – Quando vou te ver de novo?
– Nós vamos nos ver de novo? – null indagou arqueando uma sobrancelha.
– Não me faça implorar, null. – null disse com voz rouca e mordiscou o pescoço dela. – Mas se quiser, imploro...ou posso usar outros métodos para te convencer.
– Me convencer a fazer o que? – Ela perguntou arqueando as costas com o toque do piloto.
– Vamos viajar no fim de semana? Uma ilha...eu e você. – Propôs.
– Eu não posso, null. – null soprou. – Tenho um filho, emprego...essas coisas de gente normal.
– Eu levo uma babá, faço o que for preciso...só quero passar mais tempo com você. – Confessou beijando o ombro de null.
– Eu não sei...não sei se devo.
– Vou ter que te convencer? – null sorriu sacana e puxou null para mais próximo de si com uma mão, com a outra puxou os cabelos da nuca dela. – Vou te contar o que vai acontecer lá, quem sabe isso te convença a ir…
– O que vai acontecer?
– Nós vamos ter um quarto grande, com uma cama macia e enorme, com vista para uma praia linda. Nesse quarto vou poder fazer tudo que estou imaginando agora com você. Te jogar contra a parede, ouvir você pedindo por mim...suspirando por mim, fazer você esquecer que já teve outros antes de mim. – null sorriu. – Acho que você gostaria disso, não é? Um pouco de força, enquanto beijo você devagar e… – null dizia, mas ao mesmo tempo, null ouviu uma voz chama-la, mas sequer conseguiu desviar os olhos dos de null.
– Depois desço até o pescoço, ombros e então, um pouco mais para baixo, vou usar a boca e as mãos numa coisa que eu gosto muito… – A voz interrompeu null de novo, mas null não podia desviar seu foco. – Depois vou mais um pouco para baixo...já te contei que é a minha parte favorita? Eu sou muito dedicado, você sabe.

A voz gritou o nome de null mais uma vez.

– Eu amo fazer isso e em você, poderia fazer a noite toda...língua dura e…– A voz gritou alto demais para ser ignorada, null piscou rápido.

E quando abriu os olhos de novo, o carro havia sumido, null havia sumido, estava de volta à lanchonete do Joe e uma cliente estressada gritava seu nome.

Não.
Não, pode ser.
null apertou os olhos com força, mas não pôde fazer nada para que aquelas imagens voltassem, quando olhou para frente de novo, pode ver null null caminhando em direção a seu carro, antes de entrar, o piloto sorriu educado e acenou com a cabeça. Conferiu então o telefone dele em sua mão, mas quando abriu a palma, tudo que encontrou foi uma nota de cem. Fora tudo uma fantasia? Tudo imaginação? Não, não, não. Não podia ser.
null abriu a porta do balcão e foi para fora, ignorando os protestos da cliente. Não podia acreditar que tudo aquilo, todas aquelas cenas foram apenas delírios de sua mente fanfiqueira. Quando abriu a porta, ainda conseguiu ver o carro de null alcançar a rodovia e seguir caminho. Que droga, pensou, devia saber que uma coisa dessas não aconteceria com ela, nunca na vida. Mas fora tudo tão lindo, tudo tão maravilhoso. Que merda!

XXX



Depois de lamentar por mais de meia hora e chorar um pouco, null voltou ao trabalho, triste e se sentindo uma boba por ter imaginado tantas coisas. O dia havia se arrastado de maneira angustiante e melancólica, não via a hora de chegar em casa, tomar alguma coisa forte, apagar e fingir que aquele sábado nunca aconteceu. No fundo, sabia que devia estar feliz, realmente havia atendido null null, mas depois de tudo que imaginou, apenas conhece-lo não parecia mais suficiente.
Quando enfim foi liberada e entrou no ônibus, previa uma viagem triste, perdendo o resto de sua dignidade chorando de fones de ouvido, mas Lola, a esperava com uma cadeira vazia ao seu lado, provavelmente a amiga também estivesse voltando do trabalho.

– Qual é a boa? – Lola cumprimentou animada.
– Oi. – null sorriu amarelo, seus planos de chorar em paz ouvindo Too little too late já eram.
– Está tudo bem, amiga? – A outra indagou preocupada.
– Não me pergunte isso, senão eu choro. – null confessou e dois segundos depois já sentia as lágrimas escorrerem enquanto contava tudo para a amiga.

Depois de alguns minutos, Lola já sabia de toda história e se segurava para não rir da amiga, enquanto null se debulhava em lágrimas.
– Por que você está rindo? Não devia rir. – null repreendeu.
– Desculpa, amiga. Mas é que essa foi a fanfic mais perfeita e mais rápida que você já fez. Vai escrever, não é? Quero isso na minha mesa. – Lola brincou, tentando amenizar o clima.
– É, né...só me resta isso a fazer. – null suspirou triste.
– Ei…– Lola maneou a cabeça e mordeu o lábio, sempre fazia aquilo enquanto ponderava sobre algo. – E se a gente fosse atrás dele?
– Hein?
– É, pensa bem...vai que isso foi um sinal de Deus para você seguir em frente, flertar com outros caras, investir...podemos tentar encontrar o null null e te apresentar para ele. Sabe, como aquele filme Ibiza: Tudo pelo Dj.
– Enlouqueceu, Lola? Nunca. – null riu incrédula.
– Ué, se ele te quis na fantasia...quem sabe não queira na realidade. – Lola deu de ombros.
– Não, é loucura. – null balançou a cabeça e passou as mãos pelo cabelo. – Não daria certo.
– Você pensa demais. – A amiga piscou e tirou o celular do bolso.
– E você de menos. – Bufou.
– Por isso somos amigas. – Dizendo isso, Lola discou alguns número e ajeitou o telefone na orelha, fazendo sinal com o dedo para que null ficasse em silêncio. – Alô, Marian? Faça as malas, amiga, vamos atrás do null null, te explico no caminho.




Fim...?



Nota da autora:O projeto: Essa fanfic faz parte do projeto Drive to Survive, um projeto no qual 11 autoras apaixonadas por Fórmula 1 se reuniram para escrever uma short para cada piloto do grid, divulgando e homenageando esse esporte incrível. Alguns pilotos já tiveram suas histórias contadas e você pode acompanhá-las aqui Shortfics - Fórmula Um, é só buscar pelo título "Drive to Survive",lá também dá para encontrar as próximas shorts.
Agora recebemos de coração aberto Daniel Ricciardo, mas em breve todos os pilotos da temporada de 2020 terão uma história para chamar de sua, todas feitas com muito amor.
Esperamos que curtam nossa proposta e embarquem nesse mundo com a gente.
Não esqueçam de deixar aquele comentário no final e motivar uma autora a sempre continuar.
Beijos e até a próxima! <3

Nota:O Daniel é um cristalzinho, não é?! E essa história não podia ser diferente, ela é antes de tudo uma homenagem a todas nós fãs, fanfiqueiras, que vivemos mergulhadas na nossa imaginação criando mundos e histórias fantásticas.
E assim como nós, a Pp já saiu desse encontro cheia de ideias para uma fanfic, mas será que ela vai sair disso? Será que ela vai sair da imaginação e tentar algo real com o piloto mais charmoso do grid? Fica aí o questionamento...quem sabe 2021 nos traga mais sobre esse casalzão.
Um agradecimento mais que especial ao grupo F1❤, meninas, vocês são incríveis! Muito obrigada por cada conselho, cada surto e cada abraço virtual. Esse projeto e o grupo foram âncoras nesse 2020 caótico.
Toda minha gratidão para minhas meninas, Carol F que me ensinou tudo que eu sei e que segurou no chifre desse projeto junto comigo, tornando tudo isso possível. Lori minha amiga, fiel escudeira e inspiração para essa pp forte e batalhadora. Mari e sua alegria que me contagia tanto que precisei colocar a “Marian” aqui. Carol Devlin que junto comigo fecha a dupla comedoras de casados e que tem feito meus dias mais felizes. Carol Mendonça por quem eu já me apaixonei e que quero para mim. E a Bia que pensou nisso tudo e fez com que todos esses encontros fossem possíveis. ❤
E que venham mais surtos pro ano que vem!!!!






Drive to Survive:
Drive to Survive:Valtteri Bottas

Drive to Survive: Sergio Pérez

Legado
Ele
O Destino nos Trouxe a Munique
The Curve of a Dream
The Curve of a Dream:A Tribute


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