Capítulo Único
A casa dos pais de era tão igual que nem parecia que haviam se passado 5 anos desde que eu havia os visitado pela ultima vez. Sua mãe seguia amando flores e cada vez mais elas enfeitavam o jardim.
Toquei a campainha nostalgica. Voltar aquela casa era desenterrar fantasmas do passado e o pensamento me desencorajou um pouco. Ali eu havia passado grande parte de minha adolescência e vivido muitas experiências. Era onde aos domingos nos reuniamos pra assistir as reprises do Xfactor. Era onde eu havia aberto mão de um amor para que ele pudesse voar pelo mundo.
Quando e eu terminamos nosso namoro, não foi falta de amor, muito menos ciúmes. Quando o fiz, não foi só por mim, mas por toda midia que insistia em me apresentar ao mundo como a namoradinha do cantor bonitinho do X Factor. Eu demorei anos pra aceitar que, se fossemos mesmo viver um relacionamento naquela epoca, eu teria toda minha vida exposta. E quando ele entrou para o programa, eu ainda era jovem demais pra ler milhares de garotas dizendo o quanto ele era bonito e talentoso e eu precisava ser mais atraente para estar ao lado dele. Minha insegurança me afastou.
Namorar um cara que vinha se tornando famoso era, definitivamente, um fardo que eu não saberia lidar no momento. É preciso muita maturidade pra fazer dar certo.
E hoje eu entendo como ele ainda tinha um mundo pra descobrir. Como ele precisava conhecer o planeta pra finalmente encontrar seu lugar. Nosso termino nos permitiu viver!
tocou com a banda no Madison Square Garden no mesmo ano que me formei na faculdade.
Tocou nas olimpiadas na mesma semana em que me mudei pra Paris.
Assumiu um relacionamento com uma modelo enquanto eu era pedida em noivado por um colega de faculdade.
Nós mudamos uma vez, e depois, de novo. Acertamos e erramos milhões de vezes. E em algum momento, tudo ficaria tão insuportavel que esse dia de hoje seria impossivel.
Quando nosso namoro acabou, ele ainda se permitia me ligar de vez em quando. Eu sempre o mandava milhões de parabens por suas premiações e singles. Fui uma das primeiras pessoas a receber seu primeiro CD com a One Direction. E então nosso afastamento foi natural, sem brigas, nem discussões.
Por esse motivo, depois de anos, resolvi que seria legal comparecer ao aniversário da minha ex-sogra. Nos reencontraríamos como amigos e sem nenhum remorso.
O que tivemos era uma recordação boa.
- , quanto tempo. - me abraçou. Era a que eu via com mais frequencia, ainda assim.
- Não me culpe, você que mora mais longe agora. - A fiz rir. Mais que o termino do namoro do irmão e da amiga, minha mudança pra Paris foi o que nos fez separar. Quando voltei a Inglaterra, ela quem se mudou para a America para buscar sua carreira de atriz nos EUA.
- Tem razão. - Ela confessou. - Vem, estavamos te esperando. - Me puxou pela mão por toda a sala.
Por dentro, a casa era completamente outra. seguia com sua decoração baseada em flores e muita natureza, porém os ambientes eram mais modernos. Um pouco menos a cara dos e muito mais algum arquiteto renomado. Mesmo assim, lindo.
O quintal - onde ocorria a festa - era ainda mais bem cuidado. Estava decorado com muito dourado e eu podia ver por onde quer que passassemos.
- ! - Ela disse animada assim que me viu. Pra mim, era muito emocionante ver todo o carinho e respeito que ainda dedicavam a mim. - Graças a Deus, já estava quase pedindo para que fosse te buscar. - E por mais que eu tentasse ser a ex namorada conformada, só a simples menção ao nome de me fez arrepiar.
- Feliz aniversário, sogrinha. - Não pude deixar de brincar. - Onde ele está? - Tentei usar meu tom mais casual. As duas me apontaram uma mesa mais ao canto, onde e conversavam animados e completamente alheios a minha presença. Cumprimentei todos na festa antes de me aproximar.
- Só me falta cumprimentar os famosos agora. - Brinquei, chamando a atenção dos dois pra mim. foi o primeiro a levantar e me abraçar.
- , como você está diferente. Eu quase não te reconheci. - Me disse.
- Coloquei silicone. - Ele gargalhou e então foi quem me abraçou. Um abraço extremamente desconfortavel que me fez instantaneamente me arrepender das crises de ansiedade pelas quais havia passado ao imaginar aquele momento.
- Tudo bem? - Ele me perguntou e tentei esconder minha decepção. Confesso que após anos, esperei receber um pouco mais de carinho por parte de .
- Tudo otimo. - Disfarcei meu desapontamento com um sorriso. - E vocês, como vão?
- Estou tentando fazer se concentrar no aniversário da mãe e parar de falar de trabalho. - me respondeu enquanto riu. - Talvez só você possa me ajudar.
- É.. Hmm. Preciso só falar com antes. - Inventei uma desculpa qualquer. - Mas por favor, , sua mãe está tão linda, aproveite a festa. - Ele sorriu pra mim antes que eu me afastasse. - Tudo bem com ? - Perguntei a , ja afastada dos meninos. - Ele parece meio distante.
- Ele está assim desde que soube que você vinha. - O que ela disse me fez desanimar um pouco. - Acho que a ideia de te ver feliz e ter o superado não fizeram bem pra cabeça dele.
- Gosto muito do seu irmão, cunhadinha. - Disse. Ela me olhou animada. Ainda assim, era um habito que eu não conseguia perder. - Mas teriamos surtado se tivessemos continuado namorando naquela epoca. Nossa amizade é mais antiga que isso. - Ela concordou.
havia sido meu melhor amigo durante todo o ensino médio. E com o divorcio conturbado dos meus pais, passar mais tempo na casa dos era minha terapia.
Eu tinha acabado de completar 16 anos quando estive ali pela primeira vez. e eu passavamos grande parte de nosso tempo disponível juntos.
Ele foi o primeiro a falar quando percebemos que aquilo estava passando de uma amizade para algo a mais. Foram quase seis meses até que dessemos nosso primeiro beijo.
E então descobrimos aquela faísca de desejo que todo adolescente tem. Começamos a experimentar. Tinhamos energia, intimidade e nossos pais sempre fora de casa.
Só a lembrança de que fora ali que, juntos, perdemos a virgindade, já me fazia sorrir.
- Bom, vocês dois estão solteiros agora. - voltou a falar. - Quem sabe não rola um remember.
- Um remember não vale minha vida. - Respondi. Ser vista como ex-namorada de um cara famoso, inconscientemente, havia me aberto muitas portas. Antes de eu me tornar uma jornalista, milhares deles lotavam minha caixa de emails com perguntas sobre o primeiro amor de e isso foi me trazendo contatos que me permitiram estar hoje em uma gande revista. Eu fugia das noticias, e mesmo não sendo muito fã e com um salário menor, escolhi trabalhar com jornalismo esportivo pelo bem da minha saúde mental. E eu amava minha profissão ainda mais pelo fato de ter conquistado meu espaço -quase- sozinha. - Nunca quis que meu trabalho fosse associado a ninguém...
- Você tem inteligência pra provar ser muito além disso, cunhada. - Ela me respondeu. Seus olhos foram até o irmão que ainda parecia meio perdido em meio a conversa com . - Quando vocês se viram pela ultima vez?
- Acredito que foi em Manchester. - Forcei minha memoria. As recordações que tinha daquela data não eram as melhores. Eu estava com uma amiga num festival do qual a banda participou, quando "no mais imperfeito acaso", a assessora da One Direction me achou no meio de toda multidão. Não fui ao camarim pois sabia que aquilo seria mais um momento em que os paparazzi fariam um inferno na minha vida. Mas aproveitei a chance de assistir o show direto do palco.
Fui embora antes do fim da ultima musica. Sabia que estava ali por um pedido de e que ele haveria de ficar chateado, afinal, nunca pude o agradecer. Tudo o que quis evitar foi uma confusão com letreiros de " e ex namorada são vistos juntos em festival". Aparentemente, só o fato de eu estar ali já foi motivo para que essas manchetes acontecessem.
- Eu consigo imaginar colocando toda a equipe pra te procurar. - Ela parecia se divertir com a lembrança. - Vem, precisamos relembrar isso.
- De jeito nenhum. - Ela me carregava pelo braço em direção a onde o irmão estava. - , eu mato você.
- Um dia, quem sabe, isso não acontece mesmo. - me encarou um pouco mais animado e me olhando diretamente. - Com qual momento exatamente ela decidiu nos torturar? - Não pude deixar de sorrir com tal momento de cumplicidade.
- O show de Manchester. - Resolvi assumir. Pude ver em seus olhos como aquele momento era tão vívido a ele quanto a mim. As trocas de olhares que compartilhamos, o sorriso que pudemos dividir. Naquele dia, por alguns instantes fomos o e a que nunca se separaram. - Comentei que nunca tive a oportunidade de te agradecer.
- Bom, antes tarde do que nunca. - Ele brincou. Eu ainda podia sentir uma mágoa ali. Estavamos , , e eu sentados em volta de uma mesa de madeira. se levantou no mesmo momento que me sentei.
- Vou buscar algo pra brindarmos esse momento. - Ele se levantou e o acompanhou. A sutileza de ambos me fez rir.
- Acho que é um consenso da festa essa ideia de nos deixar sozinhos. - Comentei. Pude ver cutucando o pai de que tentou - em vão - olhar discretamente a nossa mesa.
- Sorte a minha. - Disse, pouco sério. - Você está linda, . De verdade. Não achei que fosse possivel ficar ainda mais bonita.
- E você, o mesmo galanteador. - Desviei o meu olhar, que ja estava a tempos preso ao dele. - Gostei da barba. - Elogiei um pouco mais timida. Ele me devolveu com um dos seus belos sorrisos.
- Como vão as coisas na França? - Perguntou, interessado.
- Sinto falta da casa da minha mãe. - Confessei. - Estar em Paris me torna muito responsavel e é solitário.
- Pode parecer estranho, mas eu me sinto assim também. - Nossos olhos voltaram a se encontrar. Pude ver e se aproximando calmamente. - Você aqui hoje me trouxe uma maior nostalgia. Agora me sinto em casa. - Ele riu e então eramos novamente nós quatro a mesa.
- Você não suportaria esses dois na adolescencia, . - chamou a atenção. - Eles podem parecer bons juntos, mas cinco anos atrás, eram tão melosos que beirava o insuportável.
- Por favor, já está sendo muito dificil voltar aqui sem me lembrar do quanto aprontamos. - Comentei vendo concordar comigo entre risadas. - Me falem da banda. Quando teremos um novo CD?
- Você ainda compõe? - perguntou de repente. Todos me olharam surpresos, visto que ninguém ali sabia dessa minha paixão pela musica.
- Faz muito tempo que não tenho algo novo.
- Não sei como não pensei em te chamar antes. - Ele tornou a falar apenas comigo. - Você sempre teve talento, . e eu estavamos justamente procurando...
- Sinto muito, mas essa é uma parte da minha vida que ficou no passado. - Interrompi. Me senti extremamente desconfortável com o rumo que a conversa estava levando. Toda a vida, tudo que eu havia escrito, tinha sido inspirado nele. Mesmo após os anos, a parte das canções que eu dedicara a eu ainda não havia devidamente superado.
- Vinho? - ofereceu. Pelo resto da tarde, entre goles e risadas, tentei ao maximo não me deixar afundar em memórias. Definitivamente, eu ainda não havia amadurecido o suficiente pra confrontar totalmente meu passado.
Era pouco mais de oito horas quando decidi ir embora.
Me despedi dos mais velhos. Prometi a que a visitaria novamente antes de voltar a Paris.
Recusei a oferta de de me acompanhar até em casa. Eram poucas ruas que separavam os da casa de minha mãe.
- Boa noite, . - voltou a dizer. - Me desculpe pelo comentario sobre suas composições. - Disse ja na porta de sua casa.
- Tranquilo, . - Respondi com sinceridade. - Foi muito bom te ver. Foi uma tarde ótima.
- Foi muito bom esse momento. Como disse, você é quem me faz sentir um cara normal. - Compartilhamos mais uma risada. - Obrigada. Nos vemos depois? - Perguntou. Eu apenas sorri pra ele.
Mas dormi extasiada naquela noite.
Quando acordei no outro dia, meus pais não estavam em casa. Talvez tenha sido essa a razão que me levou de volta a casa dos naquela manhã.
Para me tranquilizar, disse que já não estava por lá. Também havia saído cedo, pois mesmo na casa dos pais por uns dias, ainda precisava trabalhar e estava utilizando um estúdio da cidade mesmo para isso.
Aproveitamos a manhã pra conversar e passear pelo centro, como fazíamos quando éramos adolescentes.
e o irmão eram extremamente parecidos. O mesmo olhar deslumbrado, a mesma fascinação ao contarem de algo que gostam.
Estar com ela era como estar com ele também. Sem a parte da intimidade e as fãs surtadas, claro. Mas apenas por ser ela atraía muita atenção, e eu tentava ao máximo evitar isso. Eu havia mudado muito desde a adolescente que apresentou no X Factor mas ainda assim, haviam muitas fãs que me reconheciam, pediam fotos e me perguntavam dele.
- ? - Ela me olhou discretamente quando atendeu o telefone. - Oi, estamos sim. - Respondeu a ele. Tentei não prestar atenção e continuar comendo meu pedaço de bolo mas não pude deixar de interferir quando ela o deu o endereço do café em que lanchávamos.
- , desculpa. - Me disse quando me levantei. Sabia que assim que chegasse ali o local seria tomado por fãs e câmeras que me levariam de novo a uma situação indelicada. - Você quer que eu peça pra ele não vir?
- Você nem se atreva. - Suspirei. - Eu preciso voltar logo pra casa, amiga. Tenho algumas coisas pra enviar pro jornal, quanto antes adiantar isso, poderemos sair de novo. - Ela me olhou animada. - Temos um jantar não é?
- Claro que sim. - Ela concordou animada. Mas não teve jantar nenhum e eu fugi no outro dia também.
Quando era noite, resolvi correr pelo condomínio. não havia mais me enviado nenhuma mensagem e eu sabia que tinha magoado minha amiga. Me desculparia com ela antes de voltar a França, mas sabia que enquanto estivesse por ali, eu não conseguiria enfrentar nenhum dos com sinceridade.
E não era por ainda amá-lo. Ele sabia muito bem o quanto significava pra mim e eu sabia que ele me amava também. Mas vê-lo, me fez reacender uma paixão que eu não queria enfrentar de novo. Não com seus fãs, sua vida tão exposta, suas viagens e turnês.
Quando entrei em casa, meus pais estavam na cozinha. Riam juntos como eu não via a muito tempo. Era do que eu mais sentia falta, esses momentos de simplicidade que eram estar com a família.
Quando vi ali com eles, foi como uma nova sensação de Déjavu. E eu me senti bem.
- Oi, . - Ele sorriu, contente em me ver. Não pude deixar de retribuir o sorriso, entrando na cozinha e me deixando inundar com aquela energia. - Vim te chamar pra jantar, mas sua mãe disse que você estava correndo... - Ele parecia envergonhado. - Espero que não seja um problema, resolvi esperar.
- Fez bem. - Respondi com sinceridade. - E aí, como vai? - Tentei parecer descontraída.
- Vocês ainda parecem os mesmos adolescentes. - Minha mãe riu, e me olhou, antes de acompanhá-la também. - Por favor, vão dar uma volta. Conversar de verdade. Sei que vocês vão se sentir acuados de conversar aqui.
- Acho melhor não sairmos. - Falei sincera. - Sabe como é, a One Direction tem muitas fãs pelo condomínio.
- Podemos ir de carro. - Me mostrou a chave em suas mãos. Ele se aproximou. - Pelos velhos tempos? - Estendeu o braço pra mim.
- Pelos velhos tempos. - Ri antes de aceitar.
- Não esperava você por aqui. - Puxei assunto. Optamos por conversar no jardim da casa dos meus pais mesmo.
- Bom, você tem fugido da minha irmã e acredito que seja por minha culpa. - Ele riu e eu desviei meu olhar pro chão, sem graça. - Achei que seria legal se eu pudesse te ajudar com esse desconforto.
- Não tô desconfortavel. - Menti. - Mas tipo... Você não acha estranho? Tipo, eu e você... A gente fica anos sem se ver e depois tenta agir como se fosse tudo normal... Pra mim não parece normal.
- Você sabe que é escolha sua, né? Por mim a gente nunca nem teria terminado. - Dessa vez ele quem pareceu sem graça. Nesses momentos eu sentia como se Zayn fosse ainda meu menino de 17 anos, sem toda sua bagagem artistica, e groupies, turnês... Era apenas o meu .
- Você era mais bonitinho antes, . Agora tem barba e braços fortes. Você sabe que eu sempre preferi os magrinhos.
- Você sabe que eu prefiro você agora. - Ele me empurrou com os ombros. - Seu cabelo, sua voz... E sabe, não parece silicone.
- O que? - Perguntei acompanhando seu olhar direto em meus seios.
- Na casa dos meus pais... - Ele tentou se explicar. - Você disse que era...
- Meu Deus, essa conversa fica mais estranha a cada segundo que passa. - Confessei. deu uma gargalhada, como eu via quando assistia algum de seus videos no show. - Vamos começar de novo. - Suspirei, incorporando a minha personagem mais infantil. - Oi, , que bom você por aqui sem que precisemos agir como dois ex-namorados estranhos.
- Eu quero beijar você. - Confessou me olhando e eu me assustei. Não pelo pedido mas por sua espontâneidade e sinceridade. - Desde o aniversário da minha mãe eu não consigo te tirar da cabeça.
- Você não deveria me tirar da cabeça desde os seus 16 anos, mocinho. - Tentei brincar mais uma vez. Fazer graça sempre havia sido meu jeito de fugir nesse tipo de situação.
- O que você me diria se eu te pedisse pra gente fugir agora? - Ele voltou a me olhar. - Só por um dia, pra que a gente não tivesse que se preocupar com nada. Eu sei que minhas fãs te assustam, sei que você não namora comigo por isso...
- , você tá drogado? - Ousei perguntar, o interrompendo. Sabia que drogas não eram seu vício, mas ele não cheirava a alcool, muito menos parecia normal.
- Seria mais fácil. - Ele riu sem humor. - A verdade, , é que eu sinto falta da minha vida de antes. De como eu podia sair pra onde quisesse, de como podia me preocupar em estar com alguém que estivesse comigo não pelo que eu tenho, mas pelo que eu sou... Sinto falta de você, de como éramos juntos, de como a gente era feliz.
- , antes de meu namorado ou outra coisa, você é meu amigo. Você é minhas melhores lembranças, e eu te amo por isso. Também sinto falta. Mas foi extremamente necessário, sabe, nos permitiu amadurecer.
- Eu parei de ouvir na hora que você disse que me ama. - Ele me olhou e a intensidade de seus olhos me levou de novo aquele lugar que eu não entendia. Aquele sentimento que sempre reacendia cada vez que eu pensava e, .
- Sabe , o amor não é só querer beijar alguém. Não é dar flores, ou escrever uma canção. O amor é o sorriso que você dá pensando na pessoa. É o orgulho que você sente vendo a pessoa fazer o que gosta, é se sentir em casa em qualquer lugar do mundo só porque aquela pessoa está com você. E é também memórias. Eu mudei muito desde a que se formou no ensino médio, tem coisas em mim que você já não pode reconhecer assim como eu sei que mudaram em você também. E isso não é uma coisa ruim.
- Eu nunca conseguiria deixar de amar você. - Ele segurou minha mão. Aproveitei o momento de intimidade pra deitar minha cabeça em seu ombro, exatamente como fazia na nossa adolescência. - Mas eu quero você agora. O que é esse sentimento, então?
- Desejo, paixão. Quem tem que me dizer isso é você. - Suspirei. Amor é quando tudo se relaciona também. É mais bonito. É o que faz as pessoas entrarem num relacionamento e dividirem sua vida com alguém.
- Quando eu sinto sua falta, o que é isso?
- Melancolia. Aí é amor também. As memórias, no caso - Eu ri.
- Eu amo você. - Ele juntou sua testa na minha. - O que conheço e o que posso reconhecer. Quero que você se apresente e reapresente pra mim quantas vezes forem necessárias, desde que a gente esteja junto.
- Eu também te amo. - Ele me interrompeu.
- Eu desejo você. Você me faz apaixonar toda vez. Você é minha inspiração.
- Você é minha inspiração. - Disse antes que ele me beijasse. Da forma mais carinhosa e sensual que o quintal da casa dos meus pais pudesse nos proporcionar. Nosso beijo era um pouco daquilo que conversamos. Amor, paixão, saudades. Sua mão na minha e seus lábios nos meus fazia com que todos meus medos não tivessem um mínimo espaço.- Vem cá, vou te mostrar uma coisa. - Me separei dele, levando-o comigo até meu quarto.
- Não mudou nada por aqui. - Ele apontou pra decoração. Sorri observando onde seus olhos pousaram. Ainda na minha mesa de cabeceira, havia uma foto de nós dois juntos no colégio.
- Nem aqui. - Apontei pro meu peito, onde meu coração ainda batia desritmado. - Eu escrevi uma coisa pra você quando te vi no programa da Ellen Degeneres. - O entreguei meu caderno de poesias, aberto em uma página especial. - Você me perguntou se eu ainda compunha. Bem, essa foi a última há dois anos atrás.
Down to Earth Keep 'em falling when I know it hurts Going faster than a million miles an hour Trying to catch my breath some way, somehow Down to Earth It's like I'm frozen, but the world still turns Stuck in motion, but the wheels keep spinning 'round Moving in reverse with no way out And now I'm one step closer to being Two steps far from you When everybody wants you Everybody wants you How many nights does it take to count the stars? That's the time it would take to fix my heart Oh, baby, I was there for you All I ever wanted was the truth, yeah, yeah How many nights have you wished someone would stay? Lie awake only hoping they're okay I never counted all of mine If I tried, I know it would feel like infinity - Devo me preocupar com a ciumenta que reconheço na estrofe do "everybody wants you"? - Ele me fez rir e acenar indiferente. Ele parecia impressionado. - É linda, . Você tem uma melodia?
- Não... Mas você disse que estava compondo com , não foi? - Você pode usar se quiser. Quer dizer, não sei se é algo que você usaria na banda...
- É perfeita. - Disse antes de me beijar novamente. - Eu tenho uma pra você também. Mas essa eu te mostro no estúdio.
- Você escreveu? - Ele indicou que sim. - Pra mim?
- Eu escrevi ontem. - Ele me abraçou, se deitando ao meu lado em minha cama. - Não vou te mostrar porque eu quero a promessa de que quando eu sair daqui isso não vai mudar.
- Você não me deixa pensar direito assim, pertinho de mim. - Confessei. Nos braços de eu só sabia agir movida por emoções. - O que você acha se a gente namorasse de novo?
- Isso não vai ser fácil. - Pensei.
- A gente vai no seu tempo. Sem pressa. Eu me sinto mal quando penso em tudo que vivi sem você. Os lugares que queria que você estivesse, as lembranças que a gente queria compartilhar. Você até conheceu a França sem mim, você lembra que era uma promessa que íriamos juntos pra lá pela primeira vez?
- Você estava comigo. Não deixei de pensar em você por um dia.
- Você também estava comigo, . Cada show, cada viagem, eu só queria compartilhar com você. Mas você fugiu de mim em Manchester e...
- Eu não vou fugir. - Prometi enquanto ele beijava meu pescoço. - É um recomeço.
- Nosso recomeço. - Desisti de tentar me segurar.
Três anos depois
- Tudo bem por aqui? - Perguntei meio enciumada. estava no estúdio da nossa casa o dia inteiro com e uma outra cantora. Ellen o nome dela? Quem deveria saber.
- Melhor agora com você por aqui. - Ele me beijou. As vezes me espantava como mesmo após mais de dez anos, juntos e separados, ainda conseguia me fazer sorrir como uma adolescente apaixonada. - Como vocês estão? - Perguntou alisando minha barriga. Pois é, a mini não demoraria a chegar.
- Com saudades. - Sussurrei só pra ele. A gravidez me deixava mais emotiva.
- Eu também. - Sussurrou de volta. - Quero saber sua opinião sobre como podemos erguer o tom no refrão... - Ele parou quando viu meus olhos arregalados. - O que foi?
- Amor, acho que a bolsa estourou. - Disse assustada. Não sei se quem me sentou foi , ou Ellen, mas me divertiu muito ver os três perdidos me colocando no carro para que e eu pudessemos correr pro hospital.
- nossa filha não pode nascer agora. - Disse em desespero. Ainda nçao haviam se completado nem nove meses. - Ela não tem um nome. Ela não tem uma bolsa de maternidade. Por que eu deixei tudo pra ultima hora?
- Você vai saber o nome assim que olhar pra ela. - Me disse sem desviar o olhar da estrada. - Amor a primeira vista que isso se chama. Senti isso quando vi você pela primeira vez.
- Love. - Suspirei sentindo-a agitada em minha barriga. Amor, era o que mais nos significava. O que nos fazia discutir, brigar, mas sempre voltar um pro outro. - Quando o amor não cabe no peito, nasce uma outra vida. Eu amo você, .
- Eu amo você . Pra sempre.
Toquei a campainha nostalgica. Voltar aquela casa era desenterrar fantasmas do passado e o pensamento me desencorajou um pouco. Ali eu havia passado grande parte de minha adolescência e vivido muitas experiências. Era onde aos domingos nos reuniamos pra assistir as reprises do Xfactor. Era onde eu havia aberto mão de um amor para que ele pudesse voar pelo mundo.
Quando e eu terminamos nosso namoro, não foi falta de amor, muito menos ciúmes. Quando o fiz, não foi só por mim, mas por toda midia que insistia em me apresentar ao mundo como a namoradinha do cantor bonitinho do X Factor. Eu demorei anos pra aceitar que, se fossemos mesmo viver um relacionamento naquela epoca, eu teria toda minha vida exposta. E quando ele entrou para o programa, eu ainda era jovem demais pra ler milhares de garotas dizendo o quanto ele era bonito e talentoso e eu precisava ser mais atraente para estar ao lado dele. Minha insegurança me afastou.
Namorar um cara que vinha se tornando famoso era, definitivamente, um fardo que eu não saberia lidar no momento. É preciso muita maturidade pra fazer dar certo.
E hoje eu entendo como ele ainda tinha um mundo pra descobrir. Como ele precisava conhecer o planeta pra finalmente encontrar seu lugar. Nosso termino nos permitiu viver!
tocou com a banda no Madison Square Garden no mesmo ano que me formei na faculdade.
Tocou nas olimpiadas na mesma semana em que me mudei pra Paris.
Assumiu um relacionamento com uma modelo enquanto eu era pedida em noivado por um colega de faculdade.
Nós mudamos uma vez, e depois, de novo. Acertamos e erramos milhões de vezes. E em algum momento, tudo ficaria tão insuportavel que esse dia de hoje seria impossivel.
Quando nosso namoro acabou, ele ainda se permitia me ligar de vez em quando. Eu sempre o mandava milhões de parabens por suas premiações e singles. Fui uma das primeiras pessoas a receber seu primeiro CD com a One Direction. E então nosso afastamento foi natural, sem brigas, nem discussões.
Por esse motivo, depois de anos, resolvi que seria legal comparecer ao aniversário da minha ex-sogra. Nos reencontraríamos como amigos e sem nenhum remorso.
O que tivemos era uma recordação boa.
- , quanto tempo. - me abraçou. Era a que eu via com mais frequencia, ainda assim.
- Não me culpe, você que mora mais longe agora. - A fiz rir. Mais que o termino do namoro do irmão e da amiga, minha mudança pra Paris foi o que nos fez separar. Quando voltei a Inglaterra, ela quem se mudou para a America para buscar sua carreira de atriz nos EUA.
- Tem razão. - Ela confessou. - Vem, estavamos te esperando. - Me puxou pela mão por toda a sala.
Por dentro, a casa era completamente outra. seguia com sua decoração baseada em flores e muita natureza, porém os ambientes eram mais modernos. Um pouco menos a cara dos e muito mais algum arquiteto renomado. Mesmo assim, lindo.
O quintal - onde ocorria a festa - era ainda mais bem cuidado. Estava decorado com muito dourado e eu podia ver por onde quer que passassemos.
- ! - Ela disse animada assim que me viu. Pra mim, era muito emocionante ver todo o carinho e respeito que ainda dedicavam a mim. - Graças a Deus, já estava quase pedindo para que fosse te buscar. - E por mais que eu tentasse ser a ex namorada conformada, só a simples menção ao nome de me fez arrepiar.
- Feliz aniversário, sogrinha. - Não pude deixar de brincar. - Onde ele está? - Tentei usar meu tom mais casual. As duas me apontaram uma mesa mais ao canto, onde e conversavam animados e completamente alheios a minha presença. Cumprimentei todos na festa antes de me aproximar.
- Só me falta cumprimentar os famosos agora. - Brinquei, chamando a atenção dos dois pra mim. foi o primeiro a levantar e me abraçar.
- , como você está diferente. Eu quase não te reconheci. - Me disse.
- Coloquei silicone. - Ele gargalhou e então foi quem me abraçou. Um abraço extremamente desconfortavel que me fez instantaneamente me arrepender das crises de ansiedade pelas quais havia passado ao imaginar aquele momento.
- Tudo bem? - Ele me perguntou e tentei esconder minha decepção. Confesso que após anos, esperei receber um pouco mais de carinho por parte de .
- Tudo otimo. - Disfarcei meu desapontamento com um sorriso. - E vocês, como vão?
- Estou tentando fazer se concentrar no aniversário da mãe e parar de falar de trabalho. - me respondeu enquanto riu. - Talvez só você possa me ajudar.
- É.. Hmm. Preciso só falar com antes. - Inventei uma desculpa qualquer. - Mas por favor, , sua mãe está tão linda, aproveite a festa. - Ele sorriu pra mim antes que eu me afastasse. - Tudo bem com ? - Perguntei a , ja afastada dos meninos. - Ele parece meio distante.
- Ele está assim desde que soube que você vinha. - O que ela disse me fez desanimar um pouco. - Acho que a ideia de te ver feliz e ter o superado não fizeram bem pra cabeça dele.
- Gosto muito do seu irmão, cunhadinha. - Disse. Ela me olhou animada. Ainda assim, era um habito que eu não conseguia perder. - Mas teriamos surtado se tivessemos continuado namorando naquela epoca. Nossa amizade é mais antiga que isso. - Ela concordou.
havia sido meu melhor amigo durante todo o ensino médio. E com o divorcio conturbado dos meus pais, passar mais tempo na casa dos era minha terapia.
Eu tinha acabado de completar 16 anos quando estive ali pela primeira vez. e eu passavamos grande parte de nosso tempo disponível juntos.
Ele foi o primeiro a falar quando percebemos que aquilo estava passando de uma amizade para algo a mais. Foram quase seis meses até que dessemos nosso primeiro beijo.
E então descobrimos aquela faísca de desejo que todo adolescente tem. Começamos a experimentar. Tinhamos energia, intimidade e nossos pais sempre fora de casa.
Só a lembrança de que fora ali que, juntos, perdemos a virgindade, já me fazia sorrir.
- Bom, vocês dois estão solteiros agora. - voltou a falar. - Quem sabe não rola um remember.
- Um remember não vale minha vida. - Respondi. Ser vista como ex-namorada de um cara famoso, inconscientemente, havia me aberto muitas portas. Antes de eu me tornar uma jornalista, milhares deles lotavam minha caixa de emails com perguntas sobre o primeiro amor de e isso foi me trazendo contatos que me permitiram estar hoje em uma gande revista. Eu fugia das noticias, e mesmo não sendo muito fã e com um salário menor, escolhi trabalhar com jornalismo esportivo pelo bem da minha saúde mental. E eu amava minha profissão ainda mais pelo fato de ter conquistado meu espaço -quase- sozinha. - Nunca quis que meu trabalho fosse associado a ninguém...
- Você tem inteligência pra provar ser muito além disso, cunhada. - Ela me respondeu. Seus olhos foram até o irmão que ainda parecia meio perdido em meio a conversa com . - Quando vocês se viram pela ultima vez?
- Acredito que foi em Manchester. - Forcei minha memoria. As recordações que tinha daquela data não eram as melhores. Eu estava com uma amiga num festival do qual a banda participou, quando "no mais imperfeito acaso", a assessora da One Direction me achou no meio de toda multidão. Não fui ao camarim pois sabia que aquilo seria mais um momento em que os paparazzi fariam um inferno na minha vida. Mas aproveitei a chance de assistir o show direto do palco.
Fui embora antes do fim da ultima musica. Sabia que estava ali por um pedido de e que ele haveria de ficar chateado, afinal, nunca pude o agradecer. Tudo o que quis evitar foi uma confusão com letreiros de " e ex namorada são vistos juntos em festival". Aparentemente, só o fato de eu estar ali já foi motivo para que essas manchetes acontecessem.
- Eu consigo imaginar colocando toda a equipe pra te procurar. - Ela parecia se divertir com a lembrança. - Vem, precisamos relembrar isso.
- De jeito nenhum. - Ela me carregava pelo braço em direção a onde o irmão estava. - , eu mato você.
- Um dia, quem sabe, isso não acontece mesmo. - me encarou um pouco mais animado e me olhando diretamente. - Com qual momento exatamente ela decidiu nos torturar? - Não pude deixar de sorrir com tal momento de cumplicidade.
- O show de Manchester. - Resolvi assumir. Pude ver em seus olhos como aquele momento era tão vívido a ele quanto a mim. As trocas de olhares que compartilhamos, o sorriso que pudemos dividir. Naquele dia, por alguns instantes fomos o e a que nunca se separaram. - Comentei que nunca tive a oportunidade de te agradecer.
- Bom, antes tarde do que nunca. - Ele brincou. Eu ainda podia sentir uma mágoa ali. Estavamos , , e eu sentados em volta de uma mesa de madeira. se levantou no mesmo momento que me sentei.
- Vou buscar algo pra brindarmos esse momento. - Ele se levantou e o acompanhou. A sutileza de ambos me fez rir.
- Acho que é um consenso da festa essa ideia de nos deixar sozinhos. - Comentei. Pude ver cutucando o pai de que tentou - em vão - olhar discretamente a nossa mesa.
- Sorte a minha. - Disse, pouco sério. - Você está linda, . De verdade. Não achei que fosse possivel ficar ainda mais bonita.
- E você, o mesmo galanteador. - Desviei o meu olhar, que ja estava a tempos preso ao dele. - Gostei da barba. - Elogiei um pouco mais timida. Ele me devolveu com um dos seus belos sorrisos.
- Como vão as coisas na França? - Perguntou, interessado.
- Sinto falta da casa da minha mãe. - Confessei. - Estar em Paris me torna muito responsavel e é solitário.
- Pode parecer estranho, mas eu me sinto assim também. - Nossos olhos voltaram a se encontrar. Pude ver e se aproximando calmamente. - Você aqui hoje me trouxe uma maior nostalgia. Agora me sinto em casa. - Ele riu e então eramos novamente nós quatro a mesa.
- Você não suportaria esses dois na adolescencia, . - chamou a atenção. - Eles podem parecer bons juntos, mas cinco anos atrás, eram tão melosos que beirava o insuportável.
- Por favor, já está sendo muito dificil voltar aqui sem me lembrar do quanto aprontamos. - Comentei vendo concordar comigo entre risadas. - Me falem da banda. Quando teremos um novo CD?
- Você ainda compõe? - perguntou de repente. Todos me olharam surpresos, visto que ninguém ali sabia dessa minha paixão pela musica.
- Faz muito tempo que não tenho algo novo.
- Não sei como não pensei em te chamar antes. - Ele tornou a falar apenas comigo. - Você sempre teve talento, . e eu estavamos justamente procurando...
- Sinto muito, mas essa é uma parte da minha vida que ficou no passado. - Interrompi. Me senti extremamente desconfortável com o rumo que a conversa estava levando. Toda a vida, tudo que eu havia escrito, tinha sido inspirado nele. Mesmo após os anos, a parte das canções que eu dedicara a eu ainda não havia devidamente superado.
- Vinho? - ofereceu. Pelo resto da tarde, entre goles e risadas, tentei ao maximo não me deixar afundar em memórias. Definitivamente, eu ainda não havia amadurecido o suficiente pra confrontar totalmente meu passado.
Era pouco mais de oito horas quando decidi ir embora.
Me despedi dos mais velhos. Prometi a que a visitaria novamente antes de voltar a Paris.
Recusei a oferta de de me acompanhar até em casa. Eram poucas ruas que separavam os da casa de minha mãe.
- Boa noite, . - voltou a dizer. - Me desculpe pelo comentario sobre suas composições. - Disse ja na porta de sua casa.
- Tranquilo, . - Respondi com sinceridade. - Foi muito bom te ver. Foi uma tarde ótima.
- Foi muito bom esse momento. Como disse, você é quem me faz sentir um cara normal. - Compartilhamos mais uma risada. - Obrigada. Nos vemos depois? - Perguntou. Eu apenas sorri pra ele.
Mas dormi extasiada naquela noite.
Quando acordei no outro dia, meus pais não estavam em casa. Talvez tenha sido essa a razão que me levou de volta a casa dos naquela manhã.
Para me tranquilizar, disse que já não estava por lá. Também havia saído cedo, pois mesmo na casa dos pais por uns dias, ainda precisava trabalhar e estava utilizando um estúdio da cidade mesmo para isso.
Aproveitamos a manhã pra conversar e passear pelo centro, como fazíamos quando éramos adolescentes.
e o irmão eram extremamente parecidos. O mesmo olhar deslumbrado, a mesma fascinação ao contarem de algo que gostam.
Estar com ela era como estar com ele também. Sem a parte da intimidade e as fãs surtadas, claro. Mas apenas por ser ela atraía muita atenção, e eu tentava ao máximo evitar isso. Eu havia mudado muito desde a adolescente que apresentou no X Factor mas ainda assim, haviam muitas fãs que me reconheciam, pediam fotos e me perguntavam dele.
- ? - Ela me olhou discretamente quando atendeu o telefone. - Oi, estamos sim. - Respondeu a ele. Tentei não prestar atenção e continuar comendo meu pedaço de bolo mas não pude deixar de interferir quando ela o deu o endereço do café em que lanchávamos.
- , desculpa. - Me disse quando me levantei. Sabia que assim que chegasse ali o local seria tomado por fãs e câmeras que me levariam de novo a uma situação indelicada. - Você quer que eu peça pra ele não vir?
- Você nem se atreva. - Suspirei. - Eu preciso voltar logo pra casa, amiga. Tenho algumas coisas pra enviar pro jornal, quanto antes adiantar isso, poderemos sair de novo. - Ela me olhou animada. - Temos um jantar não é?
- Claro que sim. - Ela concordou animada. Mas não teve jantar nenhum e eu fugi no outro dia também.
Quando era noite, resolvi correr pelo condomínio. não havia mais me enviado nenhuma mensagem e eu sabia que tinha magoado minha amiga. Me desculparia com ela antes de voltar a França, mas sabia que enquanto estivesse por ali, eu não conseguiria enfrentar nenhum dos com sinceridade.
E não era por ainda amá-lo. Ele sabia muito bem o quanto significava pra mim e eu sabia que ele me amava também. Mas vê-lo, me fez reacender uma paixão que eu não queria enfrentar de novo. Não com seus fãs, sua vida tão exposta, suas viagens e turnês.
Quando entrei em casa, meus pais estavam na cozinha. Riam juntos como eu não via a muito tempo. Era do que eu mais sentia falta, esses momentos de simplicidade que eram estar com a família.
Quando vi ali com eles, foi como uma nova sensação de Déjavu. E eu me senti bem.
- Oi, . - Ele sorriu, contente em me ver. Não pude deixar de retribuir o sorriso, entrando na cozinha e me deixando inundar com aquela energia. - Vim te chamar pra jantar, mas sua mãe disse que você estava correndo... - Ele parecia envergonhado. - Espero que não seja um problema, resolvi esperar.
- Fez bem. - Respondi com sinceridade. - E aí, como vai? - Tentei parecer descontraída.
- Vocês ainda parecem os mesmos adolescentes. - Minha mãe riu, e me olhou, antes de acompanhá-la também. - Por favor, vão dar uma volta. Conversar de verdade. Sei que vocês vão se sentir acuados de conversar aqui.
- Acho melhor não sairmos. - Falei sincera. - Sabe como é, a One Direction tem muitas fãs pelo condomínio.
- Podemos ir de carro. - Me mostrou a chave em suas mãos. Ele se aproximou. - Pelos velhos tempos? - Estendeu o braço pra mim.
- Pelos velhos tempos. - Ri antes de aceitar.
- Não esperava você por aqui. - Puxei assunto. Optamos por conversar no jardim da casa dos meus pais mesmo.
- Bom, você tem fugido da minha irmã e acredito que seja por minha culpa. - Ele riu e eu desviei meu olhar pro chão, sem graça. - Achei que seria legal se eu pudesse te ajudar com esse desconforto.
- Não tô desconfortavel. - Menti. - Mas tipo... Você não acha estranho? Tipo, eu e você... A gente fica anos sem se ver e depois tenta agir como se fosse tudo normal... Pra mim não parece normal.
- Você sabe que é escolha sua, né? Por mim a gente nunca nem teria terminado. - Dessa vez ele quem pareceu sem graça. Nesses momentos eu sentia como se Zayn fosse ainda meu menino de 17 anos, sem toda sua bagagem artistica, e groupies, turnês... Era apenas o meu .
- Você era mais bonitinho antes, . Agora tem barba e braços fortes. Você sabe que eu sempre preferi os magrinhos.
- Você sabe que eu prefiro você agora. - Ele me empurrou com os ombros. - Seu cabelo, sua voz... E sabe, não parece silicone.
- O que? - Perguntei acompanhando seu olhar direto em meus seios.
- Na casa dos meus pais... - Ele tentou se explicar. - Você disse que era...
- Meu Deus, essa conversa fica mais estranha a cada segundo que passa. - Confessei. deu uma gargalhada, como eu via quando assistia algum de seus videos no show. - Vamos começar de novo. - Suspirei, incorporando a minha personagem mais infantil. - Oi, , que bom você por aqui sem que precisemos agir como dois ex-namorados estranhos.
- Eu quero beijar você. - Confessou me olhando e eu me assustei. Não pelo pedido mas por sua espontâneidade e sinceridade. - Desde o aniversário da minha mãe eu não consigo te tirar da cabeça.
- Você não deveria me tirar da cabeça desde os seus 16 anos, mocinho. - Tentei brincar mais uma vez. Fazer graça sempre havia sido meu jeito de fugir nesse tipo de situação.
- O que você me diria se eu te pedisse pra gente fugir agora? - Ele voltou a me olhar. - Só por um dia, pra que a gente não tivesse que se preocupar com nada. Eu sei que minhas fãs te assustam, sei que você não namora comigo por isso...
- , você tá drogado? - Ousei perguntar, o interrompendo. Sabia que drogas não eram seu vício, mas ele não cheirava a alcool, muito menos parecia normal.
- Seria mais fácil. - Ele riu sem humor. - A verdade, , é que eu sinto falta da minha vida de antes. De como eu podia sair pra onde quisesse, de como podia me preocupar em estar com alguém que estivesse comigo não pelo que eu tenho, mas pelo que eu sou... Sinto falta de você, de como éramos juntos, de como a gente era feliz.
- , antes de meu namorado ou outra coisa, você é meu amigo. Você é minhas melhores lembranças, e eu te amo por isso. Também sinto falta. Mas foi extremamente necessário, sabe, nos permitiu amadurecer.
- Eu parei de ouvir na hora que você disse que me ama. - Ele me olhou e a intensidade de seus olhos me levou de novo aquele lugar que eu não entendia. Aquele sentimento que sempre reacendia cada vez que eu pensava e, .
- Sabe , o amor não é só querer beijar alguém. Não é dar flores, ou escrever uma canção. O amor é o sorriso que você dá pensando na pessoa. É o orgulho que você sente vendo a pessoa fazer o que gosta, é se sentir em casa em qualquer lugar do mundo só porque aquela pessoa está com você. E é também memórias. Eu mudei muito desde a que se formou no ensino médio, tem coisas em mim que você já não pode reconhecer assim como eu sei que mudaram em você também. E isso não é uma coisa ruim.
- Eu nunca conseguiria deixar de amar você. - Ele segurou minha mão. Aproveitei o momento de intimidade pra deitar minha cabeça em seu ombro, exatamente como fazia na nossa adolescência. - Mas eu quero você agora. O que é esse sentimento, então?
- Desejo, paixão. Quem tem que me dizer isso é você. - Suspirei. Amor é quando tudo se relaciona também. É mais bonito. É o que faz as pessoas entrarem num relacionamento e dividirem sua vida com alguém.
- Melancolia. Aí é amor também. As memórias, no caso - Eu ri.
- Eu amo você. - Ele juntou sua testa na minha. - O que conheço e o que posso reconhecer. Quero que você se apresente e reapresente pra mim quantas vezes forem necessárias, desde que a gente esteja junto.
- Eu também te amo. - Ele me interrompeu.
- Eu desejo você. Você me faz apaixonar toda vez. Você é minha inspiração.
- Você é minha inspiração. - Disse antes que ele me beijasse. Da forma mais carinhosa e sensual que o quintal da casa dos meus pais pudesse nos proporcionar. Nosso beijo era um pouco daquilo que conversamos. Amor, paixão, saudades. Sua mão na minha e seus lábios nos meus fazia com que todos meus medos não tivessem um mínimo espaço.- Vem cá, vou te mostrar uma coisa. - Me separei dele, levando-o comigo até meu quarto.
- Não mudou nada por aqui. - Ele apontou pra decoração. Sorri observando onde seus olhos pousaram. Ainda na minha mesa de cabeceira, havia uma foto de nós dois juntos no colégio.
- Nem aqui. - Apontei pro meu peito, onde meu coração ainda batia desritmado. - Eu escrevi uma coisa pra você quando te vi no programa da Ellen Degeneres. - O entreguei meu caderno de poesias, aberto em uma página especial. - Você me perguntou se eu ainda compunha. Bem, essa foi a última há dois anos atrás.
Down to Earth Keep 'em falling when I know it hurts Going faster than a million miles an hour Trying to catch my breath some way, somehow Down to Earth It's like I'm frozen, but the world still turns Stuck in motion, but the wheels keep spinning 'round Moving in reverse with no way out And now I'm one step closer to being Two steps far from you When everybody wants you Everybody wants you How many nights does it take to count the stars? That's the time it would take to fix my heart Oh, baby, I was there for you All I ever wanted was the truth, yeah, yeah How many nights have you wished someone would stay? Lie awake only hoping they're okay I never counted all of mine If I tried, I know it would feel like infinity - Devo me preocupar com a ciumenta que reconheço na estrofe do "everybody wants you"? - Ele me fez rir e acenar indiferente. Ele parecia impressionado. - É linda, . Você tem uma melodia?
- Não... Mas você disse que estava compondo com , não foi? - Você pode usar se quiser. Quer dizer, não sei se é algo que você usaria na banda...
- É perfeita. - Disse antes de me beijar novamente. - Eu tenho uma pra você também. Mas essa eu te mostro no estúdio.
- Você escreveu? - Ele indicou que sim. - Pra mim?
- Eu escrevi ontem. - Ele me abraçou, se deitando ao meu lado em minha cama. - Não vou te mostrar porque eu quero a promessa de que quando eu sair daqui isso não vai mudar.
- Você não me deixa pensar direito assim, pertinho de mim. - Confessei. Nos braços de eu só sabia agir movida por emoções. - O que você acha se a gente namorasse de novo?
- Isso não vai ser fácil. - Pensei.
- A gente vai no seu tempo. Sem pressa. Eu me sinto mal quando penso em tudo que vivi sem você. Os lugares que queria que você estivesse, as lembranças que a gente queria compartilhar. Você até conheceu a França sem mim, você lembra que era uma promessa que íriamos juntos pra lá pela primeira vez?
- Você estava comigo. Não deixei de pensar em você por um dia.
- Você também estava comigo, . Cada show, cada viagem, eu só queria compartilhar com você. Mas você fugiu de mim em Manchester e...
- Eu não vou fugir. - Prometi enquanto ele beijava meu pescoço. - É um recomeço.
- Nosso recomeço. - Desisti de tentar me segurar.
Três anos depois
- Tudo bem por aqui? - Perguntei meio enciumada. estava no estúdio da nossa casa o dia inteiro com e uma outra cantora. Ellen o nome dela? Quem deveria saber.
- Melhor agora com você por aqui. - Ele me beijou. As vezes me espantava como mesmo após mais de dez anos, juntos e separados, ainda conseguia me fazer sorrir como uma adolescente apaixonada. - Como vocês estão? - Perguntou alisando minha barriga. Pois é, a mini não demoraria a chegar.
- Com saudades. - Sussurrei só pra ele. A gravidez me deixava mais emotiva.
- Eu também. - Sussurrou de volta. - Quero saber sua opinião sobre como podemos erguer o tom no refrão... - Ele parou quando viu meus olhos arregalados. - O que foi?
- Amor, acho que a bolsa estourou. - Disse assustada. Não sei se quem me sentou foi , ou Ellen, mas me divertiu muito ver os três perdidos me colocando no carro para que e eu pudessemos correr pro hospital.
- nossa filha não pode nascer agora. - Disse em desespero. Ainda nçao haviam se completado nem nove meses. - Ela não tem um nome. Ela não tem uma bolsa de maternidade. Por que eu deixei tudo pra ultima hora?
- Você vai saber o nome assim que olhar pra ela. - Me disse sem desviar o olhar da estrada. - Amor a primeira vista que isso se chama. Senti isso quando vi você pela primeira vez.
- Love. - Suspirei sentindo-a agitada em minha barriga. Amor, era o que mais nos significava. O que nos fazia discutir, brigar, mas sempre voltar um pro outro. - Quando o amor não cabe no peito, nasce uma outra vida. Eu amo você, .
- Eu amo você . Pra sempre.
Fim
Nota da autora: (14/08/2020) Clique aqui para seguir à página da autora.
Essa história foi postada para o especial MEU PRIMEIRO AMOR, mas já foi escrita e reescrita muitas outras vezes. Pode ser uma fanfic que venha a se tornar uma história mais longa no futuro, mas ainda é um projeto.
Por favor, aqueçam meu coraçãozinho com um comentario sobre? E claro, se puderem leiam minhas outras histórias também!
Essa história foi postada para o especial MEU PRIMEIRO AMOR, mas já foi escrita e reescrita muitas outras vezes. Pode ser uma fanfic que venha a se tornar uma história mais longa no futuro, mas ainda é um projeto.
Por favor, aqueçam meu coraçãozinho com um comentario sobre? E claro, se puderem leiam minhas outras histórias também!