— Tem certeza que você quer fazer isso? — a garota olhou de um lado para o outro na pequena lanchonete, vendo apenas uma mesa ocupada. Ela torceu o nariz, já julgando a ideia do primo.
— Claro que tenho, . Por que mais eu te chamaria? — Kevin revirou os olhos, indo até uma das mesas e se sentando.
— Você nem conhece esse cara. — franziu as sobrancelhas e respirou fundo, sentando-se de frente para Kevin. — E se ele for uma maníaco?
— É por isso que eu te trouxe, . Qualquer coisa te uso como escudo humano enquanto fujo. — ela franziu as sobrancelhas para o primo, que agora começava a rir. — A verdade é que, mesmo que nós tenhamos nos conhecido no Grindr, eu e o Scott estamos conversando há muito tempo e achamos que está na hora de nos encontrarmos.
— Eu entendo. Vocês jovens–
— Não começa. — Kevin sorriu para o garçom que se aproximava, pedindo um refrigerante e deixando que pedisse um milkshake. — Você fica aqui comigo até ele chegar. Se acharmos ele muito esquisito, levantamos e vamos embora como quem não quer nada.
— Nem vai dar na cara. — a ironia de não era o bastante para desanimar o primo, que o tempo todo lançava olhares ansiosos para a entrada da lanchonete.
Kevin e dividiam um apartamento no centro da cidade há quase dez anos, e há mais ou menos três meses Kevin simplesmente não calava a boca sobre o tal de Scott que havia conhecido no Grindr. E por mais que o rapaz parecesse gente boa – pelo menos por tudo que Kevin falava – ainda tinha um pé atrás. Ela tinha dificuldades em confiar em pessoas que conhecia virtualmente, que lhe processassem.
Mesmo assim Kevin havia pedido para que ele e Scott se encontrassem porque aparentemente já estava passando da hora de se conhecerem. E como todo cuidado é pouco, Kevin havia pedido para que lhe acompanhasse, afinal Scott poderia ser literalmente um assassino em série. não sabia exatamente como uma programadora freelancer como ela poderia ajudar a deter um assassino mas tudo bem, ela havia aceitado ir com o primo. Pelo menos ela poderia ligar para a polícia rapidamente.
Agora lá estavam os dois, o milkshake de já no fim, o cardápio em mãos, pronta para escolher outro sabor, e os olhos de Kevin presos na porta, esperando que um rapaz de calça jeans escura, camisa azul e uma barba rala aparecesse – ao menos era a descrição que Scott havia feito de si mesmo naquele encontro.
E então, mais dez minutos depois, finalmente a porta da lanchonete abriu novamente, por ela entrando dois rapazes. O mais baixo batia exatamente com a descrição fornecida por Scott, o que levava a genial conclusão de que aquele era, de fato, Scott. Ao seu lado estava um homem parecido com ele, mais alto e musculoso, com um corte de cabelo quadrado demais e um bigode ridículo que o deixava com cara de ator pornô. Na verdade tinha a impressão de já tê-lo visto em um filme pornô.
Kevin se levantou, indo até a direção de Scott e o abraçando logo de cara. franziu as sobrancelhas, também se levantando e caminhando até o lado dos dois loiros – porque claro que eles eram loiros. Scott apertou Kevin por um momento, os dois conversando através de sussurros. Os olhos de encontraram os do outro homem e ela sorriu sem graça, sem saber muito bem como reagir àquela situação.
— Finalmente! — Kevin soltou Scott, o enorme sorriso no rosto. — Aliás, essa aqui é a minha prima, .
— É um prazer. — Scott estendeu a mão para , apertando-a em um gesto super formal. — E esse aqui é o meu irmão, Chris.
— Você também estava com medo de que o Kevin fosse um assassino em série? — ela brincou, conversando com Scott enquanto apertava a mão do tal Chris, vendo-o começar a rir.
— Com certeza. E o Chris sabe lutar, seria uma vantagem.
— Todas as minhas lutas são coreografadas, Scott. Eu tenho bastante certeza que em uma luta de verdade eu apanharia. — o homem riu, virando-se para cumprimentar Kevin.
— Já está melhor que eu. Minha maior habilidade é utilizar Python. — os quatro riram novamente, apesar de ter certeza que ninguém ali fazia ideia do que era Python.
Eles então seguiram para a mesa e os quatro se sentaram, olhando para a cara um do outro. E sabia que não existia motivos para que ela continuasse ali, sentada com o futuro casal, segurando vela. Então ela sorriu e se levantou, dizendo que iria até o balcão pedir mais um milkshake – e claro, aproveitaria para ficar por lá.
Sentou-se em um dos muitos bancos que ficavam no balcão, chamando o garçom e fazendo o pedido de mais um milkshake, pronta para pegar o celular e entreter-se com qualquer rede social.
— Pode trazer dois, por favor? — uma voz ao seu lado dirigiu-se ao garçom e logo o homem do bigode – Chris, se ela não estava enganada – sentava-se no banco ao seu lado. — Eu… Posso? Queria dar um pouco de privacidade para o casal.
— Fique à vontade. — ela sorriu, sem saber ao certo se deixava o celular de lado ou se tentava puxar assunto com o homem. Mas, para sua sorte, ele já parecia ter algo em mente.
— Desculpa se eu estiver incomodando, mas… Bom, eu sei que eu dei risada, mas fiquei realmente curioso. O que é Python?
Ela riu antes de responder. O homem em sua frente era realmente bonito, dentro do padrão. Forte, branco, olhos azuis, loiro… Mas aquele bigode e o corte de cabelo faziam com que ele ficasse no mínimo esquisito. Sem contar que ela tinha a impressão que realmente já o havia visto em algum lugar, e algo no fundo de seu coração a fazia acreditar que sim, havia sido em um filme pornô.
— É uma linguagem de programação. Eu trabalho com isso.
— Entendi. Legal. — ele deu um sorriso tímido, sem saber muito como continuar a partir dali.
— Como freelancer, no caso. — ela decidiu aprofundar o assunto de profissões, era um caminho seguro. E era melhor ficar ali naquela lanchonete conversando com alguém do que olhando para o próprio celular, esperando o primo resolver qualquer coisa com o futuro namorado. — Tem três empresas que são minhas clientes fixas, eu faço de um a três trabalhos para cada por mês, além de uma galera que aparece uma vez na vida.
— Vale mais a pena do que trabalhar fixa em uma única empresa?
— Para mim, com certeza. Eu consigo me controlar melhor em relação a quantidade de trabalhos, além de eu mesma precificar tudo. — ela balançou os ombros, vendo o garçom trazer seu milkshake e o de Chris. Ela tinha a impressão de que tomaria milkshakes pelo tempo que ficasse naquele local. — E você, faz o que da vida?
— Eu sou ator. — o homem balançou os ombros, fazendo uma careta de alegria ao puxar o conteúdo de seu copo pelo canudo.
também aproveitou para beber o milkshake, torcendo para que aquele gesto fosse o bastante para esconder sua cara de choque. Então Chris era ator. Pornô? Meu deus, talvez ele realmente fosse o ator que havia visto em um daqueles vídeos no xvideos. Ou havia sido no redtube? Ok, a plataforma era o de menos. Ela precisava descobrir se ele de fato era quem ela pensava.
— Que legal! — ela precisava manter a voz neutra e curiosa. — Você faz, tipo, filmes?
— Eu– Você não– Sério? — ele pareceu realmente confuso, procurando pelo rosto dela qualquer traço de mentira, mas ao não encontrar apenas deu um sorriso tímido. — Já fiz alguns, nada muito grande. — e então ele desviou o olhar, encarando o próprio copo, o rosto ficando vermelho. soube na hora que o homem estava mentindo. — Estou em cartaz com uma peça de teatro, no momento.
— Aqui mesmo? — tentou manter-se neutra.
Ele havia mentido ao falar sobre os filmes que havia feito. Ou ele havia feito um filme grande ou os filmes pequenos eram, de fato, filmes pornôs, e ele simplesmente não queria aprofundar o assunto. E, por tudo que era mais sagrado, sabia que o homem era um ator pornô. Ela tinha certeza que já havia visto aquele bigode chupando…
— É, uma peça em que eu faço um policial. É legal.
— Ah! Por isso o bigode? — ela praticamente gritou, tamanha surpresa. Talvez ele não fosse o mesmo bigodudo do vídeo pornô, afinal.
— Claro! — ele riu alto, jogando a cabeça para trás, demorando alguns segundos para se recuperar. — Isso definitivamente não é uma escolha de vida!
— Posso dizer “que bom” sem parecer uma idiota? — ela praticamente suspirou aliviada.
— Pode. — ele riu um pouco mais, parando apenas para respirar e dar mais um longo gole em seu milkshake. — Ser ator nos obriga a fazer coisas que nem sempre gostamos. Não é a primeira vez que sou obrigado a ter um bigode, e aposto que não vai ser a última.
Ah, ótimo. Se antes ela estava apenas duvidando sobre o trabalho de Chris, agora ela tinha certeza. Aquele homem era um ator pornô, não havia a menor dúvida.
***
— O que você achou do Scott? — ela ouviu Kevin perguntar após eles entrarem no pequeno apartamento, jogando a chave de qualquer jeito sobre a mesa da cozinha.
— Eu mal falei com o Scott, Kev. — ela balançou os ombros, sentando-se de qualquer jeito no sofá, tendo que falar um pouco mais alto para que o primo, que já havia sumido no meio do corredor, pudesse ouvir. — Eu fiquei o tempo todo conversando com o Chris.
— Verdade, obrigado por isso. — Kevin finalmente se sentou ao lado da prima, soltando um alto suspiro que fez revirar os olhos. — Eu amei o Scott.
— Já está apaixonado?
— Posso facilmente me apaixonar por ele. — os dois riram. Kevin era desses que se apaixonavam com muita facilidade. — E o Chris? É legal?
— Até que sim. Ele disse que é ator. Eu– Você tem a impressão que já tê-lo visto em algum lugar?
— O Chris? Não. Por quê?
— Nada. — talvez o primo simplesmente não tivesse prestado tanta atenção assim no homem, Scott sendo completamente o centro de sua atenção. Não seria a primeira vez que Kevin se desligava do mundo por causa de alguém.
simplesmente se levantou e foi para o próprio quarto, ligando o computador e fechando a porta. Abriu uma guia anônima e digitou o endereço do xvideos, perguntando-se como raios iria pesquisar por Chris. Apenas Chris, porque ela nem sabia o sobrenome dele. Então fez o óbvio e jogou “loiro bigode gay” porque era a única coisa que ela se lembrava do maldito vídeo pornô que havia assistido há alguns meses.
Colocou o fone de ouvido, começando a abrir diversos dos vídeos que haviam aparecido nos resultados da busca, sem assistir nenhum até o final. Até, finalmente, chegar a um vídeo em que o Capitão América estava transando com o Homem de Ferro em posições que nem achava ser possível.
Mas era aquele vídeo. Naquele vídeo o Capitão América estava com um bigode ridículo, apesar do corte de cabelo estar algo próximo a decente. realmente não sabia como havia parado ali uma vez em sua vida, ela nem gostava de heróis. Claro, havia assistido Vingadores e Liga da Justiça com a sobrinha, mas apenas uma vez. Porquê ela havia assistido a um pronô do Homem de Ferro transando com o Capitão América era um mistério. Porém tinha certeza que o Capitão América era Chris, o irmão de Scott. Era parecido demais para não ser, sério. Não havia outra explicação. E, como todo bom pornô, nem falas os atores tinham, apenas gemendo o tempo todo. E obviamente ela não fazia ideia de como era o gemido de Chris para poder comparar.
Ela fechou a janela, tirando os fones de ouvido e bufando. Era a primeira vez na vida que conhecia um ator, e já de cara ela conhecia um ator pornô. nem sabia por onde começar a explicar o tanto de coisas que estavam passando sua cabeça. Honestamente, era melhor nem tentar.
***
Quando Scott e Kevin marcaram de sair novamente, ofereceu-se para ir junto. Claro que os dois não precisavam mais de garantias em casos de assassinos em série, mas apenas estava torcendo para que Chris também acompanhasse o irmão. Era apenas a segunda saída do casal, estava tudo bem a companhia ir novamente. Certo?
Ela odiava admitir, mas havia meio que ficado obcecada com o ator pornô. Não no sentido sexual da coisa, mas era tão… Curioso. Novamente, ela nunca havia conhecido um ator antes, quem dirá um ator pornô. E não que ela fosse chegar de cara perguntando “ei, seu trabalho como ator inclui muito sexo?”, mas ela realmente queria, de alguma maneira, chegar nesse assunto com Chris.
Por isso ela quase pulou de alegria ao ver que Chris havia novamente acompanhado Scott. Primos e irmãos se cumprimentaram com um rápido abraço – aparentemente já haviam passado a fase aperto de mãos – e começaram a caminhar por um parque pequeno que havia no bairro, indo em direção a uma cafeteria qualquer. Por enquanto ainda era a fase de se encontrar em locais públicos.
Scott e Kevin andavam um pouco mais a frente, de mãos dadas. Tudo bem, não era tão inesperado assim. Eles haviam conversado por mais ou menos três meses antes de se encontrarem pessoalmente pela primeira vez, já havia dado tempo de surgir sentimentos. Ela tinha uma amiga que havia conhecido um cara na balada e três dias depois eles estavam namorando e um mês depois foram morar juntos. E no fim estavam muito bem casados e com dois filhos lindos. Intimidade não era medida em tempo, afinal.
— E aí, como está sendo a vida? — aquele era provavelmente o pior começo de conversa do mundo e queria que um carro a atropelasse. Pena que naquele parque não passavam carros.
— Boa? — o homem riu. Os olhos azuis estavam cobertos por um óculos escuro e ele usava o boné, apesar de abril nem ter tanto sol assim.
— Trabalhando muito? — aquilo chamava “jogar verde” e realmente esperava “colher maduro”.
— Olha… É complicado. — ele balançou a cabeça e os ombros. — A galera fala que teatro é mais tranquilo que filme, mas os dois tem pontos altos e baixos.
— Geralmente qual tipo de filme você faz?
— Hã… Vamos dizer… A maioria das vezes é ação.
Bom, sexo era ação. acreditava piamente que aquela era a maneira de Chris de falar nas entrelinhas “meu trabalho é ser filmado transando com vários caras, especialmente se eles estiverem vestidos de Homem de Ferro”.
— Que tipo de ação?
— Do tipo normal? — ele riu de novo, virando o rosto levemente na direção dela. — Mas e você? As empresas já mandaram vários trabalhos?
Ela começou a falar sobre o próprio trabalho meio a contragosto. Ela queria mesmo era continuar falando sobre a vida de Chris, ver em qual momento ele acabaria entregando o ouro e ela poderia começar com sua bateria de perguntas sobre a vida de um ator pornô. Porque obviamente ela tinha várias.
Os quatro finalmente entraram na cafeteria, se sentando na mesma mesa e começando a conversar um pouco mais sobre a vida, dando a uma maior oportunidade para conhecer um pouco mais de Scott. E claro que, o lado bom de todas as conversar com familiares, era que em algum momento alguém começaria a ser o motivo de chacota da mesa.
— Chris, a me disse que você é ator. — foi Kevin quem tocou no assunto, o que quase fez com que a garota o abraçasse. O primo nem sabia de suas suspeitas e mesmo assim estava lhe dando a deixa necessária para continuar com seu mini interrogatório. — O que você já fez que a gente já viu?
— Ah… — Chris olhou para o irmão rapidamente, como se estivesse confuso sobre o que falar, ou o quanto falar. — Não sei se vocês já viram algo meu.
— O Chris já contracenou com o Homem de Ferro. — Scott parecia estar segurando uma risada.
— Cala a boca. — Chris falou entre dentes. tinha certeza de que, se o homem não estivesse de óculos escuros, ela estaria vendo os olhos dele soltarem faísca na direção do irmão.
— Como assim? Você contracenou com o Homem de Ferro? — inclinou a cabeça, abrindo levemente a boca como se estivesse espantada.
— O Scott está exagerando. Óbvio. — Chris se mexeu desconfortavelmente na cadeira, respirando fundo antes de voltar a falar com um tom de voz calmo. — No momento eu estou focando no teatro, então… — ele balançou os ombros, ficando em silêncio.
Scott e Kevin voltaram a falar sobre as próprias vidas, mas não conseguia para de olhar diretamente para Chris e seu maldito bigode e lembrar da cena do vídeo pornô. Era ele. Ela tinha certeza que era ele chupando o Homem de Ferro.
***
— Kev, qual é o sobrenome do Scott? — foi a primeira coisa que perguntou ao entrar no apartamento que ela e Kevin dividiam.
Já fazia duas semanas que o primo e Scott se encontravam praticamente todo dia, e Chris e sempre acabavam indo juntos. Ela não sabia porque o homem insistia em sempre estar presente com seu bigode e corte de cabelo quadrado, mas ela sempre ia na esperança de arrancar qualquer informação sobre a carreira de Chris. E ela não estava sendo bem sucedida.
O máximo que Chris sempre fazia era falar uma ou outra coisa sobre como “ele não fazia trabalhos grandes”. E ok, essa parte ela havia entendido muito bem. O que ela realmente queria saber era que tipo de trabalho ele fazia, só isso. Não era tão difícil assim. Mas as coisas realmente não estavam indo muito bem até aquele momento.
— Andrew. — Kevin franziu as sobrancelhas ao ver tirar o celular do bolso e começar a digitar rapidamente. — , o que você– Por que você jogou Chris Andrew no Google?
— Olha isso, só aparece um cantor com esse nome. — ela revirou os olhos, voltando o celular para o bolso e bufando frustrada.
— , o que ‘tá acontecendo? Eu não queria falar nada, mas você está parecendo meio obcecada com o meu cunhado. — Kevin olhou preocupado para a prima, como se esperasse que a qualquer momento ela revelasse ter vários recortes do rosto de Chris espalhados pela casa.
— Não é o que você ‘tá pensando. Provavelmente. — ela franziu as sobrancelhas e suspirou. Ainda não havia contado para Kevin sobre sua suspeita, mas talvez já estivesse na hora de explicar porque ela sempre insistia tanto em ir nos encontros do primo apenas para passar o tempo todo ao lado de Chris.
Ela fez um sinal para que o primo a seguisse, indo até seu computador e puxando um banquinho para que Kevin se acomodasse ao seu lado. Então abriu novamente a aba anônima, digitando o endereço do xvideos e jogando o nome do vídeo na barra de pesquisas do site – ela não se orgulhava desse fato, mas havia re-assistido ao vídeo vezes o bastante para decorar o título. Ela realmente não se orgulhava daquilo, era bom deixar bem claro.
— , o que– Isso é– Meu deus! — o rapaz gritou quando um não-tão-grande zoom foi dado no rosto do Capitão América. — Isso é– Sério mesmo– Isso é o Chris?!
— Eu acho que seu cunhado é um ator pornô. — fechou a janela do navegador. Aquela era a cena em que o Homem de Ferro ficava em uma posição bastante constrangedora e honestamente ela não precisava revê-la ao lado de Kevin.
— Isso é… Grande. — estreitou os olhos na direção de Kevin, sem saber ao certo se o primo se referia a nova descoberta ou ao… — Essa informação, , a informação é grande. Mas… Ele também.
— Eu sei. — ela segurou a risada. — Se for ele mesmo. Eu estou desesperada tentando descobrir, apesar de ter quase certeza que é ele.
— Você já tentou, sei lá, ver o nome do ator?
Ela inclinou a cabeça, fazendo a melhor expressão de “você ‘tá mesmo falando sério?”. Não era possível que o primo fosse tão idiota ou, pior ainda, achasse que ela fosse tão idiota assim.
— Noventa e nove por cento dos atores pornô usam pseudônimos, gênio. E o Chris nem é tão famoso assim para que as pessoas saibam o nome real dele. Na verdade eu nem consegui achar outro pornô com ele.
— Estou chocado. — Kevin ainda olhava para o monitor de , que agora exibia apenas seu papel de parede. — , nós precisamos fazer o Chris confessar que é um ator pornô.
— Eu sei, Kev. É o que eu ‘tô tentando fazer desde que o conheci.
— Mas agora, , eu vou te ajudar.
***
— Então… Amanhã é sua última apresentação? — precisava iniciar o assunto de alguma maneira.
Kevin e Scott estavam em mais um encontro, e desta vez Kevin havia garantido que Chris também iria. No momento eles estavam sentados na grama de um parque, fazendo piquenique. Scott e Kevin estavam sentados um pouco afastados, conversando, rindo e trocando beijos, enquanto Chris e estavam sentados lado a lado, apenas jogando conversa fora como geralmente acontecia.
— Sim, finalmente. — Chris sorriu e balançou os ombros. — Quer dizer, eu realmente gostei muito de fazer essa peça, mas não vejo a hora de me livrar desse bigode e deixar meu cabelo crescer novamente.
— Você tinha dito que já usou o bigode outras vezes, né? — ela fingiu que estava fazendo aquela pergunta de maneira completamente inocente. Não era uma mulher tentando fazer o homem ao seu lado confessar ser um ator pornô, imagina. — Quais papéis você já fez que precisavam de bigode?
— Além de policial? — ele riu. — Acho que não é sobre o papel em si, é mais sobre a personagem, sabe? Não é uma regra, do tipo “todo policial deve ter bigode”. Esse, em específico, deveria. Mas um herói poderia ter bigode, por exemplo.
Se estivesse comendo alguma coisa com certeza teria engasgado. Ela tentou respirar fundo, sem parecer desesperada demais, e lançou um olhar para Kevin, que sequer a notou. O idiota havia dito que lhe ajudaria mas seu único foco era o namorado. Pior primo e ajudante de todo o universo, honestamente.
— Você já interpretou um herói? — mais uma pergunta como quem não quer nada.
— Depende da sua definição de herói. — pela primeira vez ao falar de um papel Chris olhou diretamente nos olhos de .
Era importante frisar que aquilo nunca havia acontecido. Já fazia um mês que eles se encontravam por conta de Scott e Kevin, e sempre que tocava no assunto de seus papéis passados o homem sempre desviava o olhar, como se não quisesse falar sobre isso. Era a primeira vez que ele a olhava nos olhos enquanto falava sobre um antigo papel.
Ela se sentia intimidada.
— Eu… Não sei bem como definir um herói. — ela franziu as sobrancelhas, sem saber porque havia soltado aquela frase ridícula. Nem de coisas de heróis ela gostava.
— Poucas pessoas sabem. — ele riu, voltando a olhar para um ponto qualquer à sua frente. — Principalmente pessoas que não curtem heróis, tipo você.
— Como você sabe…?
— Esquece. — ele riu e olhou novamente para ela. E de novo ela se sentiu intimidada. Era algo que todo ator pornô fazia? Parecia que ele estava lendo sua alma, a devorando com os olhos, qualquer coisa assim. Ela queria se esconder.
Ela queria protestar, dizer que estava curiosa, que era melhor que ele lhe falasse logo como raios ele sabia que ela nem gostava de heróis, mas honestamente ela não conseguia. Porque agora ele ria sozinho de algo que ela não sabia e provavelmente era dela. Talvez ele houvesse percebido que ela havia descoberto seu segredo e agora estava simplesmente torturando-a.
Tudo era possível.
***
Apesar dos três homens estarem rindo, permanecia séria.
Seus olhos estavam presos no rosto de Chris, que agora jogava a cabeça para trás e colocava a mão sobre o peito, gargalhando da história que Kevin havia acabado de contar.
Eles estavam na casa de Scott, que ele não dividia com Chris, obviamente. O homem havia organizado um jantar para que eles comemorassem o término da peça do irmão, além de poderem jogar mais um pouco de conversa fora, algo que havia se tornando bastante comum entre os quatro. E seria um ótimo jantar porque havia decidido parar de insistir tanto na coisa do pornô.
Isso até ela chegar na casa de Scott e ver que Chris havia tirado o bigode.
O homem agora estava com o rosto completamente liso, parecendo alguns anos mais jovens e, meu deus, como ele era bonito. Completamente diferente de quando estava com o bigode, parecendo ser outra pessoa. E mais do que nunca tinha certeza de que conhecia seu rosto, mas realmente não conseguia lembrar de onde.
Não era apenas o vídeo que ela já havia assistido. Tinha mais alguma coisa. Aquele rosto não era novo, ela sabia disso. Apenas… Onde ela havia visto-o?
— Mas ator também passa por umas… Se vocês soubessem as coisas que o Chris aqui já enfrentou… — Scott riu, dando um leve soco no braço do irmão.
— Conta alguma história legal, Chris! — Kevin praticamente bateu palmas, tentando convencer o homem.
— Ah, sempre tem umas coisas desconfortáveis. Tipo… Com os colegas de elenco, sabe?
— O Homem de Ferro! — Scott praticamente gritou, explodindo em risadas, recebendo apenas um revirar de olhos como resposta de Chris.
Foi naquele momento que desistiu completamente.
— Você é ator pornô, não é, Chris?
Três cabeças se viraram pra ela. Chris parecia completamente chocado. Scott mal havia se recuperado da crise de risos mas já parecia prestes a começar outra. E Kevin parecia lhe perguntar com o olhar “, que porra você está fazendo, louca?!”. Mas ela simplesmente não aguentava mais aquele monte de indireta!
— Não? — Chris pareceu muito incerto ao negar, como se estivesse tentando convencer-se de que aquela pergunta de não havia sido séria.
— Não precisa negar, não é motivo de vergonha. — ela balançou os ombros, vendo Scott se levantar da mesa e sair da sala de jantar, mas ainda assim rindo alto o bastante para que eles ainda o ouvissem mesmo com alguns cômodos de distância.
— Você– Uau, você realmente ‘tá falando sério. — Chris piscou algumas vezes, parecendo tentar manter-se lógico. — Mas, sério, eu não sou ator pornô.
— Eu vi o seu vídeo, Chris. Você era o Capitão América, e estava transando com o Homem de Ferro. Se isso não é ser ator pornô…
Chris fechou os olhos, respirando fundo. Ela sabia que não havia mais escapatória para o homem, ele teria que confessar. Scott ainda não havia voltado para a sala de jantar, mas também não era mais possível ouvir suas risadas. Kevin havia se levantado para ir atrás do namorado, apesar de parecer tê-lo feito a contragosto. sabia que o primo queria saber onde aquela conversa iria parar.
— . — o homem parecia estar usando a maior paciência do mundo para conversar com a mulher. Ah, não era para tanto, vai. Eles eram adultos, sexo era um assunto completamente normal. — Eu não sou um ator pornô. Mas eu entendo você ter achado isso.
— Quê? — aquilo estava começando a não fazer sentido.
— Eu não duvido que esse ator do pornô seja parecido comigo. E que o outro seja parecido com o Downey. Inclusive essa é uma das coisas desconfortáveis sobre as quais estávamos falando. — e então Chris sorriu, o que fez com que realmente quisesse morrer. Aquele não era um assunto de sorrisos. Era? — Meu sobrenome é Evans.
franziu as sobrancelhas, sem entender ao certo porque ele havia lhe falado o próprio sobrenome – e óbvio que ela deveria ter percebido que Andrew deveria ser o segundo nome de Scott, mas aparentemente era burra. Com um pequeno gesto, Chris apontou para o celular de com o próprio queixo. A mulher precisou de apenas três segundos para entender o que o homem queria dizer.
Desbloqueou o celular rapidamente, abrindo o navegador e jogando “Chris Evans” no Google. Um segundo foi necessário para que ela finalmente entendesse tudo o que estava acontecendo. Chris de fato havia interpretado o Capitão América, mas não em um filme pornô. Ele era o Capitão América verdadeiro, dos cinemas. Aquele mesmo que ela havia sido obrigada a ver com a sobrinha de dezessete anos. Por isso ela conhecia seu rosto. Por isso o cara no filme pornô parecia tanto com ele. Tudo era tão óbvio. E ela era tão idiota.
— Me desculpa. — ela sussurrou, bloqueando novamente a tela do celular.
Ela encarou o homem. Ele parecia estar se controlando para não explodir em risadas e fazê-la passar ainda mais vergonha. A vontade de era de simplesmente desaparecer, mas era impossível. Apenas um milagre a tiraria dali e ela nem acreditava em milagres. Chris apoiou o braço na mesa, apoiando o queixo na mão e ainda olhando diretamente nos olhos de , um claro sorriso em seu rosto. Ele estava se divertindo com a desgraça dela, óbvio.
— Acredita em mim agora? — ela só queria que ele parasse de olhar tão diretamente em seus olhos. Ou que a matasse de uma vez. Por isso apenas balançou a cabeça, confirmando. — Obrigado. Vou chamar o Scott, quero comer a sobremesa ainda hoje.
***
O final do jantar havia sido uma desgraça. O tempo todo Scott e Chris faziam piadas sobre Chris ser um ator pornô, e mais ou menos na terceira piada consecutiva Kevin se juntou aos irmãos, transformando em um alvo indefeso – porque não tinha com se defender da merda que ela havia feito.
Ela estava sentada sozinha no sofá da sala. Os homens haviam se dividido para arrumar a cozinha e a sala de jantar, e ok, ela até pensou em ajudar, mas simplesmente não conseguia mais aguentar as piadas. Se continuasse com os três por mais um minuto ela provaria que era fisicamente possível morrer de vergonha. Por isso estava isolada na sala, apenas esperando que Kevin decidisse ir embora porque obviamente ela precisava de carona.
Então uma garrafa verde de long neck apareceu em sua frente.
Chris se sentou ao seu lado, ainda lhe oferecendo a garrafa, que já estava aberta. pegou a cerveja, dando um longo gole, sentindo o líquido gelar sua garganta. Não conseguiu encarar Chris. Ela sentia que, se olhasse para o homem, entraria em combustão instantânea. Poucas vezes na vida havia passado tanta vergonha.
— Você ‘tá brava com a gente? — ele pareceu realmente preocupado, o que fez com que franzisse as sobrancelhas.
— Não. — ela finalmente o encarou, vendo-o levar a própria long neck à boa e tomar um gole de seu cerveja. E então quase se deu um soco ao lembrar do vídeo pornô que não era com ele. — Eu só estou tentando evitar morrer de vergonha.
— Eu acho que nunca havia sido confundido com um ator pornô. — ele pareceu pensativo por dois segundos, um enorme e óbvio sorriso em seu rosto.
— Ótimo, eu fui a primeira idiota.
— Acho que a parte mais engraçada dessa história é você ter assistido um pornô do Homem de Ferro com o Capitão América. — ele riu e deu mais um gole na cerveja. — Como você foi parar lá? Você nem gosta de heróis.
— Como você sabe que eu não gosto de heróis?
— Se você gostasse teria me reconhecido. — ele balançou os ombros. Ok, fazia sentido. — Sério, como você foi parar em um vídeo desse?
— Eu não sei. — ela suspirou e balançou os ombros, aproveitando para beber um pouco mais de sua cerveja. — Eu sei que depois que te conheci sofri para achar o vídeo novamente, e no fim assisti tantas vezes que agora eu lembro tudo sobre esse maldito vídeo.
— Você assistiu várias vezes? Por quê?
— Porque a idiota aqui queria provar que era você. — ela bufou, sentindo-se a pessoa mais estúpida do universo. — Eu juro que tentei decorar cada detalhe do ator pra comparar com você, mas é difícil quando tudo é sobre o ator estar pelado e gemendo.
— Você sabe que tinha um jeito bem fácil de descobrir se era eu ou não, né? — Chris virou a cerveja de uma vez, levantando as sobrancelhas para .
— Que jeito? — ela franziu as sobrancelhas, sentindo um leve arrepio na espinha.
— Eu vou ver se o Scott e o Kevin estão precisando de ajuda. Eu trago outra cerveja pra você.
Ele sorriu para ela, ainda com as sobrancelhas meio erguidas, e a deixou novamente sozinha na sala.
respirou fundo. Ela não era idiota, havia entendido o que o homem queria dizer. Ela apenas não estava preparada para aquilo. Um arrepio começava na nuca e percorria a espinha. Ok, Chris Evans não era um ator pornô, ela havia entendido isso. Mas… Ela estava realmente curiosa para saber se ele poderia se dar bem naquele ramo.
— Claro que tenho, . Por que mais eu te chamaria? — Kevin revirou os olhos, indo até uma das mesas e se sentando.
— Você nem conhece esse cara. — franziu as sobrancelhas e respirou fundo, sentando-se de frente para Kevin. — E se ele for uma maníaco?
— É por isso que eu te trouxe, . Qualquer coisa te uso como escudo humano enquanto fujo. — ela franziu as sobrancelhas para o primo, que agora começava a rir. — A verdade é que, mesmo que nós tenhamos nos conhecido no Grindr, eu e o Scott estamos conversando há muito tempo e achamos que está na hora de nos encontrarmos.
— Eu entendo. Vocês jovens–
— Não começa. — Kevin sorriu para o garçom que se aproximava, pedindo um refrigerante e deixando que pedisse um milkshake. — Você fica aqui comigo até ele chegar. Se acharmos ele muito esquisito, levantamos e vamos embora como quem não quer nada.
— Nem vai dar na cara. — a ironia de não era o bastante para desanimar o primo, que o tempo todo lançava olhares ansiosos para a entrada da lanchonete.
Kevin e dividiam um apartamento no centro da cidade há quase dez anos, e há mais ou menos três meses Kevin simplesmente não calava a boca sobre o tal de Scott que havia conhecido no Grindr. E por mais que o rapaz parecesse gente boa – pelo menos por tudo que Kevin falava – ainda tinha um pé atrás. Ela tinha dificuldades em confiar em pessoas que conhecia virtualmente, que lhe processassem.
Mesmo assim Kevin havia pedido para que ele e Scott se encontrassem porque aparentemente já estava passando da hora de se conhecerem. E como todo cuidado é pouco, Kevin havia pedido para que lhe acompanhasse, afinal Scott poderia ser literalmente um assassino em série. não sabia exatamente como uma programadora freelancer como ela poderia ajudar a deter um assassino mas tudo bem, ela havia aceitado ir com o primo. Pelo menos ela poderia ligar para a polícia rapidamente.
Agora lá estavam os dois, o milkshake de já no fim, o cardápio em mãos, pronta para escolher outro sabor, e os olhos de Kevin presos na porta, esperando que um rapaz de calça jeans escura, camisa azul e uma barba rala aparecesse – ao menos era a descrição que Scott havia feito de si mesmo naquele encontro.
E então, mais dez minutos depois, finalmente a porta da lanchonete abriu novamente, por ela entrando dois rapazes. O mais baixo batia exatamente com a descrição fornecida por Scott, o que levava a genial conclusão de que aquele era, de fato, Scott. Ao seu lado estava um homem parecido com ele, mais alto e musculoso, com um corte de cabelo quadrado demais e um bigode ridículo que o deixava com cara de ator pornô. Na verdade tinha a impressão de já tê-lo visto em um filme pornô.
Kevin se levantou, indo até a direção de Scott e o abraçando logo de cara. franziu as sobrancelhas, também se levantando e caminhando até o lado dos dois loiros – porque claro que eles eram loiros. Scott apertou Kevin por um momento, os dois conversando através de sussurros. Os olhos de encontraram os do outro homem e ela sorriu sem graça, sem saber muito bem como reagir àquela situação.
— Finalmente! — Kevin soltou Scott, o enorme sorriso no rosto. — Aliás, essa aqui é a minha prima, .
— É um prazer. — Scott estendeu a mão para , apertando-a em um gesto super formal. — E esse aqui é o meu irmão, Chris.
— Você também estava com medo de que o Kevin fosse um assassino em série? — ela brincou, conversando com Scott enquanto apertava a mão do tal Chris, vendo-o começar a rir.
— Com certeza. E o Chris sabe lutar, seria uma vantagem.
— Todas as minhas lutas são coreografadas, Scott. Eu tenho bastante certeza que em uma luta de verdade eu apanharia. — o homem riu, virando-se para cumprimentar Kevin.
— Já está melhor que eu. Minha maior habilidade é utilizar Python. — os quatro riram novamente, apesar de ter certeza que ninguém ali fazia ideia do que era Python.
Eles então seguiram para a mesa e os quatro se sentaram, olhando para a cara um do outro. E sabia que não existia motivos para que ela continuasse ali, sentada com o futuro casal, segurando vela. Então ela sorriu e se levantou, dizendo que iria até o balcão pedir mais um milkshake – e claro, aproveitaria para ficar por lá.
Sentou-se em um dos muitos bancos que ficavam no balcão, chamando o garçom e fazendo o pedido de mais um milkshake, pronta para pegar o celular e entreter-se com qualquer rede social.
— Pode trazer dois, por favor? — uma voz ao seu lado dirigiu-se ao garçom e logo o homem do bigode – Chris, se ela não estava enganada – sentava-se no banco ao seu lado. — Eu… Posso? Queria dar um pouco de privacidade para o casal.
— Fique à vontade. — ela sorriu, sem saber ao certo se deixava o celular de lado ou se tentava puxar assunto com o homem. Mas, para sua sorte, ele já parecia ter algo em mente.
— Desculpa se eu estiver incomodando, mas… Bom, eu sei que eu dei risada, mas fiquei realmente curioso. O que é Python?
Ela riu antes de responder. O homem em sua frente era realmente bonito, dentro do padrão. Forte, branco, olhos azuis, loiro… Mas aquele bigode e o corte de cabelo faziam com que ele ficasse no mínimo esquisito. Sem contar que ela tinha a impressão que realmente já o havia visto em algum lugar, e algo no fundo de seu coração a fazia acreditar que sim, havia sido em um filme pornô.
— É uma linguagem de programação. Eu trabalho com isso.
— Entendi. Legal. — ele deu um sorriso tímido, sem saber muito como continuar a partir dali.
— Como freelancer, no caso. — ela decidiu aprofundar o assunto de profissões, era um caminho seguro. E era melhor ficar ali naquela lanchonete conversando com alguém do que olhando para o próprio celular, esperando o primo resolver qualquer coisa com o futuro namorado. — Tem três empresas que são minhas clientes fixas, eu faço de um a três trabalhos para cada por mês, além de uma galera que aparece uma vez na vida.
— Vale mais a pena do que trabalhar fixa em uma única empresa?
— Para mim, com certeza. Eu consigo me controlar melhor em relação a quantidade de trabalhos, além de eu mesma precificar tudo. — ela balançou os ombros, vendo o garçom trazer seu milkshake e o de Chris. Ela tinha a impressão de que tomaria milkshakes pelo tempo que ficasse naquele local. — E você, faz o que da vida?
— Eu sou ator. — o homem balançou os ombros, fazendo uma careta de alegria ao puxar o conteúdo de seu copo pelo canudo.
também aproveitou para beber o milkshake, torcendo para que aquele gesto fosse o bastante para esconder sua cara de choque. Então Chris era ator. Pornô? Meu deus, talvez ele realmente fosse o ator que havia visto em um daqueles vídeos no xvideos. Ou havia sido no redtube? Ok, a plataforma era o de menos. Ela precisava descobrir se ele de fato era quem ela pensava.
— Que legal! — ela precisava manter a voz neutra e curiosa. — Você faz, tipo, filmes?
— Eu– Você não– Sério? — ele pareceu realmente confuso, procurando pelo rosto dela qualquer traço de mentira, mas ao não encontrar apenas deu um sorriso tímido. — Já fiz alguns, nada muito grande. — e então ele desviou o olhar, encarando o próprio copo, o rosto ficando vermelho. soube na hora que o homem estava mentindo. — Estou em cartaz com uma peça de teatro, no momento.
— Aqui mesmo? — tentou manter-se neutra.
Ele havia mentido ao falar sobre os filmes que havia feito. Ou ele havia feito um filme grande ou os filmes pequenos eram, de fato, filmes pornôs, e ele simplesmente não queria aprofundar o assunto. E, por tudo que era mais sagrado, sabia que o homem era um ator pornô. Ela tinha certeza que já havia visto aquele bigode chupando…
— É, uma peça em que eu faço um policial. É legal.
— Ah! Por isso o bigode? — ela praticamente gritou, tamanha surpresa. Talvez ele não fosse o mesmo bigodudo do vídeo pornô, afinal.
— Claro! — ele riu alto, jogando a cabeça para trás, demorando alguns segundos para se recuperar. — Isso definitivamente não é uma escolha de vida!
— Posso dizer “que bom” sem parecer uma idiota? — ela praticamente suspirou aliviada.
— Pode. — ele riu um pouco mais, parando apenas para respirar e dar mais um longo gole em seu milkshake. — Ser ator nos obriga a fazer coisas que nem sempre gostamos. Não é a primeira vez que sou obrigado a ter um bigode, e aposto que não vai ser a última.
Ah, ótimo. Se antes ela estava apenas duvidando sobre o trabalho de Chris, agora ela tinha certeza. Aquele homem era um ator pornô, não havia a menor dúvida.
— O que você achou do Scott? — ela ouviu Kevin perguntar após eles entrarem no pequeno apartamento, jogando a chave de qualquer jeito sobre a mesa da cozinha.
— Eu mal falei com o Scott, Kev. — ela balançou os ombros, sentando-se de qualquer jeito no sofá, tendo que falar um pouco mais alto para que o primo, que já havia sumido no meio do corredor, pudesse ouvir. — Eu fiquei o tempo todo conversando com o Chris.
— Verdade, obrigado por isso. — Kevin finalmente se sentou ao lado da prima, soltando um alto suspiro que fez revirar os olhos. — Eu amei o Scott.
— Já está apaixonado?
— Posso facilmente me apaixonar por ele. — os dois riram. Kevin era desses que se apaixonavam com muita facilidade. — E o Chris? É legal?
— Até que sim. Ele disse que é ator. Eu– Você tem a impressão que já tê-lo visto em algum lugar?
— O Chris? Não. Por quê?
— Nada. — talvez o primo simplesmente não tivesse prestado tanta atenção assim no homem, Scott sendo completamente o centro de sua atenção. Não seria a primeira vez que Kevin se desligava do mundo por causa de alguém.
simplesmente se levantou e foi para o próprio quarto, ligando o computador e fechando a porta. Abriu uma guia anônima e digitou o endereço do xvideos, perguntando-se como raios iria pesquisar por Chris. Apenas Chris, porque ela nem sabia o sobrenome dele. Então fez o óbvio e jogou “loiro bigode gay” porque era a única coisa que ela se lembrava do maldito vídeo pornô que havia assistido há alguns meses.
Colocou o fone de ouvido, começando a abrir diversos dos vídeos que haviam aparecido nos resultados da busca, sem assistir nenhum até o final. Até, finalmente, chegar a um vídeo em que o Capitão América estava transando com o Homem de Ferro em posições que nem achava ser possível.
Mas era aquele vídeo. Naquele vídeo o Capitão América estava com um bigode ridículo, apesar do corte de cabelo estar algo próximo a decente. realmente não sabia como havia parado ali uma vez em sua vida, ela nem gostava de heróis. Claro, havia assistido Vingadores e Liga da Justiça com a sobrinha, mas apenas uma vez. Porquê ela havia assistido a um pronô do Homem de Ferro transando com o Capitão América era um mistério. Porém tinha certeza que o Capitão América era Chris, o irmão de Scott. Era parecido demais para não ser, sério. Não havia outra explicação. E, como todo bom pornô, nem falas os atores tinham, apenas gemendo o tempo todo. E obviamente ela não fazia ideia de como era o gemido de Chris para poder comparar.
Ela fechou a janela, tirando os fones de ouvido e bufando. Era a primeira vez na vida que conhecia um ator, e já de cara ela conhecia um ator pornô. nem sabia por onde começar a explicar o tanto de coisas que estavam passando sua cabeça. Honestamente, era melhor nem tentar.
Quando Scott e Kevin marcaram de sair novamente, ofereceu-se para ir junto. Claro que os dois não precisavam mais de garantias em casos de assassinos em série, mas apenas estava torcendo para que Chris também acompanhasse o irmão. Era apenas a segunda saída do casal, estava tudo bem a companhia ir novamente. Certo?
Ela odiava admitir, mas havia meio que ficado obcecada com o ator pornô. Não no sentido sexual da coisa, mas era tão… Curioso. Novamente, ela nunca havia conhecido um ator antes, quem dirá um ator pornô. E não que ela fosse chegar de cara perguntando “ei, seu trabalho como ator inclui muito sexo?”, mas ela realmente queria, de alguma maneira, chegar nesse assunto com Chris.
Por isso ela quase pulou de alegria ao ver que Chris havia novamente acompanhado Scott. Primos e irmãos se cumprimentaram com um rápido abraço – aparentemente já haviam passado a fase aperto de mãos – e começaram a caminhar por um parque pequeno que havia no bairro, indo em direção a uma cafeteria qualquer. Por enquanto ainda era a fase de se encontrar em locais públicos.
Scott e Kevin andavam um pouco mais a frente, de mãos dadas. Tudo bem, não era tão inesperado assim. Eles haviam conversado por mais ou menos três meses antes de se encontrarem pessoalmente pela primeira vez, já havia dado tempo de surgir sentimentos. Ela tinha uma amiga que havia conhecido um cara na balada e três dias depois eles estavam namorando e um mês depois foram morar juntos. E no fim estavam muito bem casados e com dois filhos lindos. Intimidade não era medida em tempo, afinal.
— E aí, como está sendo a vida? — aquele era provavelmente o pior começo de conversa do mundo e queria que um carro a atropelasse. Pena que naquele parque não passavam carros.
— Boa? — o homem riu. Os olhos azuis estavam cobertos por um óculos escuro e ele usava o boné, apesar de abril nem ter tanto sol assim.
— Trabalhando muito? — aquilo chamava “jogar verde” e realmente esperava “colher maduro”.
— Olha… É complicado. — ele balançou a cabeça e os ombros. — A galera fala que teatro é mais tranquilo que filme, mas os dois tem pontos altos e baixos.
— Geralmente qual tipo de filme você faz?
— Hã… Vamos dizer… A maioria das vezes é ação.
Bom, sexo era ação. acreditava piamente que aquela era a maneira de Chris de falar nas entrelinhas “meu trabalho é ser filmado transando com vários caras, especialmente se eles estiverem vestidos de Homem de Ferro”.
— Que tipo de ação?
— Do tipo normal? — ele riu de novo, virando o rosto levemente na direção dela. — Mas e você? As empresas já mandaram vários trabalhos?
Ela começou a falar sobre o próprio trabalho meio a contragosto. Ela queria mesmo era continuar falando sobre a vida de Chris, ver em qual momento ele acabaria entregando o ouro e ela poderia começar com sua bateria de perguntas sobre a vida de um ator pornô. Porque obviamente ela tinha várias.
Os quatro finalmente entraram na cafeteria, se sentando na mesma mesa e começando a conversar um pouco mais sobre a vida, dando a uma maior oportunidade para conhecer um pouco mais de Scott. E claro que, o lado bom de todas as conversar com familiares, era que em algum momento alguém começaria a ser o motivo de chacota da mesa.
— Chris, a me disse que você é ator. — foi Kevin quem tocou no assunto, o que quase fez com que a garota o abraçasse. O primo nem sabia de suas suspeitas e mesmo assim estava lhe dando a deixa necessária para continuar com seu mini interrogatório. — O que você já fez que a gente já viu?
— Ah… — Chris olhou para o irmão rapidamente, como se estivesse confuso sobre o que falar, ou o quanto falar. — Não sei se vocês já viram algo meu.
— O Chris já contracenou com o Homem de Ferro. — Scott parecia estar segurando uma risada.
— Cala a boca. — Chris falou entre dentes. tinha certeza de que, se o homem não estivesse de óculos escuros, ela estaria vendo os olhos dele soltarem faísca na direção do irmão.
— Como assim? Você contracenou com o Homem de Ferro? — inclinou a cabeça, abrindo levemente a boca como se estivesse espantada.
— O Scott está exagerando. Óbvio. — Chris se mexeu desconfortavelmente na cadeira, respirando fundo antes de voltar a falar com um tom de voz calmo. — No momento eu estou focando no teatro, então… — ele balançou os ombros, ficando em silêncio.
Scott e Kevin voltaram a falar sobre as próprias vidas, mas não conseguia para de olhar diretamente para Chris e seu maldito bigode e lembrar da cena do vídeo pornô. Era ele. Ela tinha certeza que era ele chupando o Homem de Ferro.
— Kev, qual é o sobrenome do Scott? — foi a primeira coisa que perguntou ao entrar no apartamento que ela e Kevin dividiam.
Já fazia duas semanas que o primo e Scott se encontravam praticamente todo dia, e Chris e sempre acabavam indo juntos. Ela não sabia porque o homem insistia em sempre estar presente com seu bigode e corte de cabelo quadrado, mas ela sempre ia na esperança de arrancar qualquer informação sobre a carreira de Chris. E ela não estava sendo bem sucedida.
O máximo que Chris sempre fazia era falar uma ou outra coisa sobre como “ele não fazia trabalhos grandes”. E ok, essa parte ela havia entendido muito bem. O que ela realmente queria saber era que tipo de trabalho ele fazia, só isso. Não era tão difícil assim. Mas as coisas realmente não estavam indo muito bem até aquele momento.
— Andrew. — Kevin franziu as sobrancelhas ao ver tirar o celular do bolso e começar a digitar rapidamente. — , o que você– Por que você jogou Chris Andrew no Google?
— Olha isso, só aparece um cantor com esse nome. — ela revirou os olhos, voltando o celular para o bolso e bufando frustrada.
— , o que ‘tá acontecendo? Eu não queria falar nada, mas você está parecendo meio obcecada com o meu cunhado. — Kevin olhou preocupado para a prima, como se esperasse que a qualquer momento ela revelasse ter vários recortes do rosto de Chris espalhados pela casa.
— Não é o que você ‘tá pensando. Provavelmente. — ela franziu as sobrancelhas e suspirou. Ainda não havia contado para Kevin sobre sua suspeita, mas talvez já estivesse na hora de explicar porque ela sempre insistia tanto em ir nos encontros do primo apenas para passar o tempo todo ao lado de Chris.
Ela fez um sinal para que o primo a seguisse, indo até seu computador e puxando um banquinho para que Kevin se acomodasse ao seu lado. Então abriu novamente a aba anônima, digitando o endereço do xvideos e jogando o nome do vídeo na barra de pesquisas do site – ela não se orgulhava desse fato, mas havia re-assistido ao vídeo vezes o bastante para decorar o título. Ela realmente não se orgulhava daquilo, era bom deixar bem claro.
— , o que– Isso é– Meu deus! — o rapaz gritou quando um não-tão-grande zoom foi dado no rosto do Capitão América. — Isso é– Sério mesmo– Isso é o Chris?!
— Eu acho que seu cunhado é um ator pornô. — fechou a janela do navegador. Aquela era a cena em que o Homem de Ferro ficava em uma posição bastante constrangedora e honestamente ela não precisava revê-la ao lado de Kevin.
— Isso é… Grande. — estreitou os olhos na direção de Kevin, sem saber ao certo se o primo se referia a nova descoberta ou ao… — Essa informação, , a informação é grande. Mas… Ele também.
— Eu sei. — ela segurou a risada. — Se for ele mesmo. Eu estou desesperada tentando descobrir, apesar de ter quase certeza que é ele.
— Você já tentou, sei lá, ver o nome do ator?
Ela inclinou a cabeça, fazendo a melhor expressão de “você ‘tá mesmo falando sério?”. Não era possível que o primo fosse tão idiota ou, pior ainda, achasse que ela fosse tão idiota assim.
— Noventa e nove por cento dos atores pornô usam pseudônimos, gênio. E o Chris nem é tão famoso assim para que as pessoas saibam o nome real dele. Na verdade eu nem consegui achar outro pornô com ele.
— Estou chocado. — Kevin ainda olhava para o monitor de , que agora exibia apenas seu papel de parede. — , nós precisamos fazer o Chris confessar que é um ator pornô.
— Eu sei, Kev. É o que eu ‘tô tentando fazer desde que o conheci.
— Mas agora, , eu vou te ajudar.
— Então… Amanhã é sua última apresentação? — precisava iniciar o assunto de alguma maneira.
Kevin e Scott estavam em mais um encontro, e desta vez Kevin havia garantido que Chris também iria. No momento eles estavam sentados na grama de um parque, fazendo piquenique. Scott e Kevin estavam sentados um pouco afastados, conversando, rindo e trocando beijos, enquanto Chris e estavam sentados lado a lado, apenas jogando conversa fora como geralmente acontecia.
— Sim, finalmente. — Chris sorriu e balançou os ombros. — Quer dizer, eu realmente gostei muito de fazer essa peça, mas não vejo a hora de me livrar desse bigode e deixar meu cabelo crescer novamente.
— Você tinha dito que já usou o bigode outras vezes, né? — ela fingiu que estava fazendo aquela pergunta de maneira completamente inocente. Não era uma mulher tentando fazer o homem ao seu lado confessar ser um ator pornô, imagina. — Quais papéis você já fez que precisavam de bigode?
— Além de policial? — ele riu. — Acho que não é sobre o papel em si, é mais sobre a personagem, sabe? Não é uma regra, do tipo “todo policial deve ter bigode”. Esse, em específico, deveria. Mas um herói poderia ter bigode, por exemplo.
Se estivesse comendo alguma coisa com certeza teria engasgado. Ela tentou respirar fundo, sem parecer desesperada demais, e lançou um olhar para Kevin, que sequer a notou. O idiota havia dito que lhe ajudaria mas seu único foco era o namorado. Pior primo e ajudante de todo o universo, honestamente.
— Você já interpretou um herói? — mais uma pergunta como quem não quer nada.
— Depende da sua definição de herói. — pela primeira vez ao falar de um papel Chris olhou diretamente nos olhos de .
Era importante frisar que aquilo nunca havia acontecido. Já fazia um mês que eles se encontravam por conta de Scott e Kevin, e sempre que tocava no assunto de seus papéis passados o homem sempre desviava o olhar, como se não quisesse falar sobre isso. Era a primeira vez que ele a olhava nos olhos enquanto falava sobre um antigo papel.
Ela se sentia intimidada.
— Eu… Não sei bem como definir um herói. — ela franziu as sobrancelhas, sem saber porque havia soltado aquela frase ridícula. Nem de coisas de heróis ela gostava.
— Poucas pessoas sabem. — ele riu, voltando a olhar para um ponto qualquer à sua frente. — Principalmente pessoas que não curtem heróis, tipo você.
— Como você sabe…?
— Esquece. — ele riu e olhou novamente para ela. E de novo ela se sentiu intimidada. Era algo que todo ator pornô fazia? Parecia que ele estava lendo sua alma, a devorando com os olhos, qualquer coisa assim. Ela queria se esconder.
Ela queria protestar, dizer que estava curiosa, que era melhor que ele lhe falasse logo como raios ele sabia que ela nem gostava de heróis, mas honestamente ela não conseguia. Porque agora ele ria sozinho de algo que ela não sabia e provavelmente era dela. Talvez ele houvesse percebido que ela havia descoberto seu segredo e agora estava simplesmente torturando-a.
Tudo era possível.
Apesar dos três homens estarem rindo, permanecia séria.
Seus olhos estavam presos no rosto de Chris, que agora jogava a cabeça para trás e colocava a mão sobre o peito, gargalhando da história que Kevin havia acabado de contar.
Eles estavam na casa de Scott, que ele não dividia com Chris, obviamente. O homem havia organizado um jantar para que eles comemorassem o término da peça do irmão, além de poderem jogar mais um pouco de conversa fora, algo que havia se tornando bastante comum entre os quatro. E seria um ótimo jantar porque havia decidido parar de insistir tanto na coisa do pornô.
Isso até ela chegar na casa de Scott e ver que Chris havia tirado o bigode.
O homem agora estava com o rosto completamente liso, parecendo alguns anos mais jovens e, meu deus, como ele era bonito. Completamente diferente de quando estava com o bigode, parecendo ser outra pessoa. E mais do que nunca tinha certeza de que conhecia seu rosto, mas realmente não conseguia lembrar de onde.
Não era apenas o vídeo que ela já havia assistido. Tinha mais alguma coisa. Aquele rosto não era novo, ela sabia disso. Apenas… Onde ela havia visto-o?
— Mas ator também passa por umas… Se vocês soubessem as coisas que o Chris aqui já enfrentou… — Scott riu, dando um leve soco no braço do irmão.
— Conta alguma história legal, Chris! — Kevin praticamente bateu palmas, tentando convencer o homem.
— Ah, sempre tem umas coisas desconfortáveis. Tipo… Com os colegas de elenco, sabe?
— O Homem de Ferro! — Scott praticamente gritou, explodindo em risadas, recebendo apenas um revirar de olhos como resposta de Chris.
Foi naquele momento que desistiu completamente.
— Você é ator pornô, não é, Chris?
Três cabeças se viraram pra ela. Chris parecia completamente chocado. Scott mal havia se recuperado da crise de risos mas já parecia prestes a começar outra. E Kevin parecia lhe perguntar com o olhar “, que porra você está fazendo, louca?!”. Mas ela simplesmente não aguentava mais aquele monte de indireta!
— Não? — Chris pareceu muito incerto ao negar, como se estivesse tentando convencer-se de que aquela pergunta de não havia sido séria.
— Não precisa negar, não é motivo de vergonha. — ela balançou os ombros, vendo Scott se levantar da mesa e sair da sala de jantar, mas ainda assim rindo alto o bastante para que eles ainda o ouvissem mesmo com alguns cômodos de distância.
— Você– Uau, você realmente ‘tá falando sério. — Chris piscou algumas vezes, parecendo tentar manter-se lógico. — Mas, sério, eu não sou ator pornô.
— Eu vi o seu vídeo, Chris. Você era o Capitão América, e estava transando com o Homem de Ferro. Se isso não é ser ator pornô…
Chris fechou os olhos, respirando fundo. Ela sabia que não havia mais escapatória para o homem, ele teria que confessar. Scott ainda não havia voltado para a sala de jantar, mas também não era mais possível ouvir suas risadas. Kevin havia se levantado para ir atrás do namorado, apesar de parecer tê-lo feito a contragosto. sabia que o primo queria saber onde aquela conversa iria parar.
— . — o homem parecia estar usando a maior paciência do mundo para conversar com a mulher. Ah, não era para tanto, vai. Eles eram adultos, sexo era um assunto completamente normal. — Eu não sou um ator pornô. Mas eu entendo você ter achado isso.
— Quê? — aquilo estava começando a não fazer sentido.
— Eu não duvido que esse ator do pornô seja parecido comigo. E que o outro seja parecido com o Downey. Inclusive essa é uma das coisas desconfortáveis sobre as quais estávamos falando. — e então Chris sorriu, o que fez com que realmente quisesse morrer. Aquele não era um assunto de sorrisos. Era? — Meu sobrenome é Evans.
franziu as sobrancelhas, sem entender ao certo porque ele havia lhe falado o próprio sobrenome – e óbvio que ela deveria ter percebido que Andrew deveria ser o segundo nome de Scott, mas aparentemente era burra. Com um pequeno gesto, Chris apontou para o celular de com o próprio queixo. A mulher precisou de apenas três segundos para entender o que o homem queria dizer.
Desbloqueou o celular rapidamente, abrindo o navegador e jogando “Chris Evans” no Google. Um segundo foi necessário para que ela finalmente entendesse tudo o que estava acontecendo. Chris de fato havia interpretado o Capitão América, mas não em um filme pornô. Ele era o Capitão América verdadeiro, dos cinemas. Aquele mesmo que ela havia sido obrigada a ver com a sobrinha de dezessete anos. Por isso ela conhecia seu rosto. Por isso o cara no filme pornô parecia tanto com ele. Tudo era tão óbvio. E ela era tão idiota.
— Me desculpa. — ela sussurrou, bloqueando novamente a tela do celular.
Ela encarou o homem. Ele parecia estar se controlando para não explodir em risadas e fazê-la passar ainda mais vergonha. A vontade de era de simplesmente desaparecer, mas era impossível. Apenas um milagre a tiraria dali e ela nem acreditava em milagres. Chris apoiou o braço na mesa, apoiando o queixo na mão e ainda olhando diretamente nos olhos de , um claro sorriso em seu rosto. Ele estava se divertindo com a desgraça dela, óbvio.
— Acredita em mim agora? — ela só queria que ele parasse de olhar tão diretamente em seus olhos. Ou que a matasse de uma vez. Por isso apenas balançou a cabeça, confirmando. — Obrigado. Vou chamar o Scott, quero comer a sobremesa ainda hoje.
O final do jantar havia sido uma desgraça. O tempo todo Scott e Chris faziam piadas sobre Chris ser um ator pornô, e mais ou menos na terceira piada consecutiva Kevin se juntou aos irmãos, transformando em um alvo indefeso – porque não tinha com se defender da merda que ela havia feito.
Ela estava sentada sozinha no sofá da sala. Os homens haviam se dividido para arrumar a cozinha e a sala de jantar, e ok, ela até pensou em ajudar, mas simplesmente não conseguia mais aguentar as piadas. Se continuasse com os três por mais um minuto ela provaria que era fisicamente possível morrer de vergonha. Por isso estava isolada na sala, apenas esperando que Kevin decidisse ir embora porque obviamente ela precisava de carona.
Então uma garrafa verde de long neck apareceu em sua frente.
Chris se sentou ao seu lado, ainda lhe oferecendo a garrafa, que já estava aberta. pegou a cerveja, dando um longo gole, sentindo o líquido gelar sua garganta. Não conseguiu encarar Chris. Ela sentia que, se olhasse para o homem, entraria em combustão instantânea. Poucas vezes na vida havia passado tanta vergonha.
— Você ‘tá brava com a gente? — ele pareceu realmente preocupado, o que fez com que franzisse as sobrancelhas.
— Não. — ela finalmente o encarou, vendo-o levar a própria long neck à boa e tomar um gole de seu cerveja. E então quase se deu um soco ao lembrar do vídeo pornô que não era com ele. — Eu só estou tentando evitar morrer de vergonha.
— Eu acho que nunca havia sido confundido com um ator pornô. — ele pareceu pensativo por dois segundos, um enorme e óbvio sorriso em seu rosto.
— Ótimo, eu fui a primeira idiota.
— Acho que a parte mais engraçada dessa história é você ter assistido um pornô do Homem de Ferro com o Capitão América. — ele riu e deu mais um gole na cerveja. — Como você foi parar lá? Você nem gosta de heróis.
— Como você sabe que eu não gosto de heróis?
— Se você gostasse teria me reconhecido. — ele balançou os ombros. Ok, fazia sentido. — Sério, como você foi parar em um vídeo desse?
— Eu não sei. — ela suspirou e balançou os ombros, aproveitando para beber um pouco mais de sua cerveja. — Eu sei que depois que te conheci sofri para achar o vídeo novamente, e no fim assisti tantas vezes que agora eu lembro tudo sobre esse maldito vídeo.
— Você assistiu várias vezes? Por quê?
— Porque a idiota aqui queria provar que era você. — ela bufou, sentindo-se a pessoa mais estúpida do universo. — Eu juro que tentei decorar cada detalhe do ator pra comparar com você, mas é difícil quando tudo é sobre o ator estar pelado e gemendo.
— Você sabe que tinha um jeito bem fácil de descobrir se era eu ou não, né? — Chris virou a cerveja de uma vez, levantando as sobrancelhas para .
— Que jeito? — ela franziu as sobrancelhas, sentindo um leve arrepio na espinha.
— Eu vou ver se o Scott e o Kevin estão precisando de ajuda. Eu trago outra cerveja pra você.
Ele sorriu para ela, ainda com as sobrancelhas meio erguidas, e a deixou novamente sozinha na sala.
respirou fundo. Ela não era idiota, havia entendido o que o homem queria dizer. Ela apenas não estava preparada para aquilo. Um arrepio começava na nuca e percorria a espinha. Ok, Chris Evans não era um ator pornô, ela havia entendido isso. Mas… Ela estava realmente curiosa para saber se ele poderia se dar bem naquele ramo.
Fim
<
Nota da autora: (18/06/2018) Oie
Desculpa? ahahahah
Mas essa ideia está presa na minha cabeça desde que vi esse vídeo do Chris e eu precisava colocar no papel
Ou na tela do computador
Me diverti bastante escrevendo, espero que vocês tenham se divertido lendo e é isto
Obrigada <3
Desculpa? ahahahah
Mas essa ideia está presa na minha cabeça desde que vi esse vídeo do Chris e eu precisava colocar no papel
Ou na tela do computador
Me diverti bastante escrevendo, espero que vocês tenham se divertido lendo e é isto
Obrigada <3
- "Série" 90 Por Cento
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