MCFLY 1-2
Última atualização: 29/12/2017

Capítulo 26 - A arte de convencer

— Não sei se demorarei, tomara que não. Enfim, comportem-se, por favor. Até mais! — disse Fletch.
Deu um leve aceno de mão para os que ficavam e, com um sobretudo e um chapéu na cabeça para ficar desapercebido, saiu às ruas. Iria primeiro até o seu local de trabalho e reunir todos os possíveis papéis sobre o tour dos rapazes, depois iria até a sua casa — e em seguida a de James — para preparar uma ou duas malas com roupas para a viagem a China.
— Tchau, Fletch!! — todos responderam em coro.


Um tempo depois...
Harry e Tom agacharam-se em frente à porta fechada do quarto de e enquanto Dougie, Danny e James ficaram de pé, mas todos tinham, de alguma forma, os ouvidos colados a porta para ouvir a Conferência das Calcinhas realizada pelas meninas. Apesar da tentativa, às vezes era difícil de entender o que elas diziam com clareza.
— VAMOOOSSS!! — eles conseguiram ouvir a voz de gritando animada.
— Ai, ai. Eu já imaginava que a seria a primeira a topar. — disse suspirando. — Ahh, gente, de boa, eu não acho que seja uma boa ideia. Poxa, eu conheço meu chefe, se eu largar o estágio agora, ele não me aceitará de volta. O cara é o Diabo em pessoa!
— Não só o seu, acredite! — dizia com os braços erguidos. — Eu colei chiclete na cruz pra ganhar um chefe daqueles.
— Vamos fazer uma votação. Quem vota a favor da viagem e quem vota contra? — perguntou querendo resolver logo a situação. Ela estava louca para ir viajar, mas queria se mostrar como a mais racional.
— FAVORRRRRRRRR!!! — respondeu animada.
— Minha chefinha até que é legal, então, a favor. — disse pensativa, encarando o teto, isso a ajudava a pensar.
— Eu estou em dúvida ainda. — cruzou os braços.
— Ahhhh!! — reclamou. — Muuulheeer!! Pensa só: nós, nóóós, iremos viajar com os guys! Pra China!! Com direito a James Bourne!! Eee: ganhando din-din!! Que dúvida você ainda pode ter?!
— Eu sei que vamos ganhar din-din, mas tenho medo de não conseguir meu trabalho de volta. Depois, pense bem, nós conhecemos os mcguys — ela fez aspas na última palavra. —, mas não os conhecemos de verdade e nem eles a gente. Faz só um tempinho que nós convivemos juntos, então vocês têm ideia de que estaremos, praticamente, viajando com desconhecidos?!
— Não exagera! Claro que somos conhecidos. Tem o Danny, aí vem o Harry... — dizia , enumerando os rapazes em sua mão até parar sob os olhares assassinos das demais garotas.
— Ela é mesmo a tua irmã, dude. — Dougie disse para o sardento entre sussurros.
— Se ela é... — disse Danny, sussurrando também, antes de aplicar um pedala no amigo. — então, não zombe da minha irmãzinha, palhaço!
— Verdade, vai saber se eles não podem tirar proveito de nós! — disse , apesar dela até gostar um pouquinho da ideia.
, você está com um sorrisinho tarado no rosto. — disse para a amiga com certo estranhamento na voz.
— Faz assim, ó, . — disse com uma ideia recém-pensada. — Vá falar com o teu chefe, explica a situação e vê o que ele acha.
— Tipo: E aí, chefe, belê? 'Sacumé, né? Eu ‘tô indo de viagem com minha banda favorita ver se eu os ajudo a acabar com uma maldição que os transforma em bichos toda vez que água fria encosta neles. 'Inté, 'mermão! — disse , interpretando de maneira debochada.
— Claro que não, besta! — deu um pedala na amiga. — Diz que você tem que viajar por motivos familiares para China e que terá de pedir demissão por isso.
— Afff... — suspirou . — Ok, ok. Eu invento algo que dê pra acreditar lá na hora com ele. Vamos lá dizer pros meninos que vamos viajar.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!!!!
Todos os meninos perderam seu equilíbrio quando foram comemorar a decisão positiva das meninas de viajarem com eles, estavam agora estirados no chão da entrada do quarto de e , com as meninas pasmas os encarando.
— Quer dizer que todo esse tempo vocês estavam ouvindo nossa conversa?!?! — dizia com a voz esganiçada.
— Hey! — James começou a dizer animado. — Já que vocês toparam, por que não vamos a um Pub comemorar?
— É, safado, mude de assunto. — disse sorrindo assassina para ele. — Até que é uma boa ideia, não, meninas? Faz tempo que não vamos ao Drunken Sailor.
— Opa! Eu topo!! — Danny respondeu, animando-se com a idéia.
— Vamos! Será bom poder sair de novo. — Dougie opinou.
— Para o pub! — James anunciou.
— EU DIRIJOOO!!!!!!!!!!!! — gritou o amaldiçoado pelo macaco.


— Nã-nã-nã! Rala peito, nanico. Eu gritei primeiro, então, euzinho aqui dirijo desta vez. — disse Harry, tratando de sentar-se logo no lugar do motorista no carro das meninas.
— Espera! Desta vez somos... nove pessoas... isso cabe? — perguntou ao mesmo tempo em que parou de andar ao constar que seriam muitas pessoas num mesmo carro.
— Podemos repetir o mesmo esquema da outra vez. — Danny sugeriu, já imaginando que levaria em seu colo outra vez.
— Mesmo assim, éramos apenas oito quando fizemos isso. Onde irá a nona pessoa? — perguntou , embora ela já se garantisse entrando rápida no lugar do carona.
— Sorry, James, já temos nossos pares. Mas não se preocupe, você ainda pode ir no porta-malas! — Dougie sugeriu ao amigo, dando-lhe algumas palmadinhas no ombro do amigo, que lhe lançou um olhar assassino.
— Senão ele pode levar a no colo, ué. — disse dando os ombros.
— Como?! — perguntou Harry surpreso com a decisão tomada. — Certo, certo. James você vem no meu lugar e a fica comigo!
— Ai, ai, sou tão requisitada! — a menina em questão gabou-se aos sussurros.
— Quem te viu, quem te vê, hein, amiga? — disse , dando um discreto hi-five com a amiga.
— Er... ? Podemos? — a garota virou-se ao ouvir seu nome e pôde ver a mão do sardento sendo estendida em sua direção. Ela sorriu pensando que ele não poderia ser mais fofo e aceitou sua mão.
— Que coisa! Vou ficar dando com a cabeça no teto outra vez. — resmungou quando estava prestes a entrar no carro, ela esperava por Dougie entrar primeiro.
— Não precisa. Se quiser, pode deitar sua cabeça em meu ombro. — Dougie lhe disse dando uma piscadela. A garota ficou muito vermelha apenas de imaginar a cena.
— Ei, olha o que eu consegui para melhorar o meu disfarce! — Tom, enquanto aguardava sua vez de entrar no carro, dizia animado ao indicar com suas mãos seus óculos.
— ... — Ai!! O Tom está com muita cara de nerd!! Lindo!, pensou ao observar os óculos de grau do rapaz.
— Por que você está com cara de quem está se matando de rir por dentro?! — ele mau interpretava a tentativa dela de se conter.
— Quem?! Eeeuuuuu?!?! Imagina, Fletcher! Vamos, entre no carro.
— Como assim que vocês têm um volvo?! — perguntou James ao terminar de colocar o cinto de segurança. Todos já estavam dentro do carro.
— Sempre me perguntei isso também. — Harry comentou, deixando o cinto de segurança de lado, não alcançava para ele e em seu colo. Assim, ele resolveu abraçá-la como forma de protegê-la.
— A vovó ganhou num bingo uma vez, no primeiro asilo em que esteve. Ela é pé quentíssimo! — respondeu a garota praticamente sem ar, não porque Harry lhe apertava em demasiado, mas porque estava nas nuvens por estar nos braços do baterista. E, por isso mesmo, ela resolveu se aproveitar só um pouco e abraçá-lo também, e apoiar sua cabeça em seu peito.


— Quem é vivo sempre aparece! — disse o dono do pub ao ver quatro meninas conhecidas de longa data.
Ele sorriu e abriu os braços, esperando que elas viessem lhe cumprimentar. Elas o fizeram e o apresentaram aos cinco amigos. Os garotos do McFly foram mais uma vez disfarçados, entretanto, conseguiram convencê-las a irem apenas de touca, afinal as perucas que normalmente usavam eram ridículas e iriam chamar muita atenção em um pub. James também estava usando disfarce.
— Só amigos mesmo? AII! POW! — o dono do bar gemeu de dor com o soco aplicado por em seu braço. Ela tinha a capacidade de sempre atingir o nervo do braço das pessoas.
— Sim! Só amigos. Bom, passe aí as chaves porque vamos repetir o esqueminha da outra vez. — ela deu-lhe uma piscadela e estendeu sua mão aberta, esperando pelas chaves.
— Aqui está. — ele lhe entregou e virou-se para os demais. — Rapazes, bem-vindos ao meu humilde pub, o Drunken Sailor, eu sou Flynn. Qualquer coisa, é só me chamar.
Os rapazes agradeceram e entraram no pub animado com a alegria das demais pessoas que enchiam o lugar, não estava necessariamente lotado, mas já havia um número considerável de pessoas. Eles foram até uma mesinha próxima à parede e acomodaram-se, menos e . Flynn logo chegou trazendo o menu com uma extensa lista de salgadinhos e bebidas.
— Ok. Chegou a nossa hora. — disse rodando o molho de chaves em seu dedo indicador.
— Vão embora?! — Dougie perguntou surpreso. Mal tinham chegado.
— Não. As duas não bebem, então elas vão até o terraço passar o tempo enquanto a nós bebemos. — explicou, recortando para si mesma um pedacinho de pão.
— Alguém quer vir conosco? — perguntou para os que ainda estavam na mesa.
— Dá pra levar uma bebida pra lá? — perguntou o baixista da banda.
— Uhum. Só não podemos mostrar para o pessoal que ele tem esse espaço. Flynn prefere manter em segredo, já que é um lugar que ele usa para lazer próprio.
— Beleza! Vamos lá então. — Dougie levantou-se e começou a seguir .
— Eu também vou. Não sou muito de beber e bom... Creio que por hoje já bebi demais, não? — Tom foi dizendo para os amigos enquanto se levantava para seguir os outros dois.


Tom via a camisa de Dougie alguns metros à frente, mas algo o impediu de seguir adiante, ele era puxado pela blusa e quando virou-se para ver o que podia ser, viu debruçada sobre o balcão de bebidas dizendo algo no ouvido do barman. O homem logo lhe entregou dois copos de bebida, ela segurou um e entregou o outro para Tom. Em seguida ela o conduziu até uma escadaria no fim do pub, meio escondida pela luz.
— Chegamos!! — anunciou quando abriu a porta que dava acesso ao terraço, garantindo de trancá-la.
— Não sou seu garçom, Dougie. — Tom estreitou os olhos para o amigo.
— Obrigado mesmo assim. Vai um gole? — o baixista perguntou, tomando um gole da sua cerveja. Tom recusou o convite.
Eles foram apresentados pelas meninas ao recinto. Era de fato um lugar bem relaxante se comparado com toda a festa que acontecia no pub lá embaixo. O mais lindo de tudo era a vista noturna da vizinhança e do céu bem estrelado. Como decoração havia um sofá simples de dois lugares com um cobertor, no caso de frio, e vários puffs de diversas cores.
— Há muitas estrelas hoje. — jogou-se de um jeito qualquer no puff roxo.
! — Dougie sentou-se no puff mais próximo da garota com cuidado para não derrubar a bebida. — O que temos de bom aqui?
— Estrelas! Nuvens em diversas formas. Uma viagem para a China em pouco tempo. É só escolher um.
— Que tal... tentar descobrir as formas das nuvens? Aquele ali parece um elefante com um sabre de luz!
— Você precisa ir ao oculista, Dougie. Dude! É óbvio que é um hipopótamo com dois sabres de luz! Aff, amadores.
— Ahã! Falou a que já usa óculos. — ele disse rindo. Ela sempre o fazia rir com as coisas mais simples ou idiotas. Nem todas as garotas eram assim.
— Uhh!! Golpe baixo, senhor Poynter. Maaas... pensando bem, um golpe baixo vindo de você deve ser um golpe de uma altura normal.
— Ah, não! Você não foi cara de pau para falar da minha altura. — Dougie fingindo-se ofendido e fez carinha de mau. Ele a viu sorrir inocente e chegar perto do rosto dele e dizer:
— Na-ni-co!
— Corre daqui, mulher! Corre daqui!
A menina nem perdeu tempo e, entre risos, começou a correr por entre os puffs para de um nanico nervosinho. Ele tinha deixado sua bebida bem protegida num canto no chão e saiu em busca de vingança atrás de , desta vez ele não iria poupá-la, iria fazer cócegas nela até que ela ficasse sem ar algum. Sem matá-la, é claro.


— Cuidado para satélite espacial não cair em cima de você e te matar. — disse ao acomodar-se no assento livre do sofá. — Quer um gole?
— Cuidado com o quê?? — o loiro perguntou sem entender o que ela tinha dito. — Não, chega de bebidas por hoje.
— No jogo The Sims 2, satélites espaciais costumam cair do céu... — ela riu consigo mesma. — Então, Tom, você é daqueles que conseguem ver os desenhos das constelações?
— Para a sua sorte, eu consigo! — ele comentou orgulhoso.
— Ahhhhh, fala sério. Não tem nada lá! Eu nunca consegui ver os desenhos que falam, só quando traçam os risquinhos. Tem que estar bem maluco para ver algo.
— Está certo. Preste bastante atenção que eu vou te ensinar a ser maluquinha. — ele aproximou-se dela no sofá, trazendo-a um pouco para perto de si ao apoiar sua mão esquerda no ombro esquerdo dela, e começou a apontar para o céu com o braço estendido.
— Se eu ficar pior do que já sou, vou dizer para os demais que a culpa é sua! — ela tentou ignorar o fato deles estarem tão próximos fazendo piada. Quando virou-se para olhá-lo e dar uma piscadela, notou: — Ué, onde estão os óculos do seu disfarce?
— Guardados. — ele indicou dando palmadinhas no bolso do paletó. — Se você estava rindo, então eles não deveriam combinar comigo.
— Aff, é você quem não deveria se guiar por uma garota Jones que ri de tudo. — ela retirou os óculos do bolso dele, os abriu e colocou no rosto do rapaz. — Te deixa com uma carinha de nerd, é verdade, mas um nerd... um nerd adorável.
— Vermelho... — ele disse sem pensar e percebeu a expressão de confusão no rosto da menina. — A cor do seu rosto. Você está super vermelha!
— Argh! Pare de rir de mim, pilantra! — ela deu um soco leve no ombro dele. — Pare e me mostre logo o treco das estrelas!


As conversas iam e vinham.
As mudanças de assunto eram constantes e era necessário dupla atenção ao conversar com e , pois elas começavam por um assunto, migravam para outro e, do nada, voltavam para o primeiro, seguiam para um terceiro e outra vez para o primeiro. Harry calculava que aquele deveria ser o sétimo assunto e elas estavam voltando para o quarto, ele tinha bebido pouco, mas o vai-e-vem de assuntos lhe deixavam tonto. Mulheres realmente falam demais, pensava ele rindo mais uma vez de algum mico que elas cometeram juntas.
Danny também ria, e estava adorando aquela conversa tão animada e engraçada, afinal, ele não era o único nesta face da Terra que fazia coisas idiotas com seus amigos e depois saía contando como piada para os outros. Tinha certeza disso após essa noite. E claro, seus olhos não paravam de se encontrar com os de . No pouco tempo que as meninas tiveram para se arrumar ela tinha ficado ainda mais linda do que já era e quase não usava maquiagem alguma. Isso quer dizer que ela é naturalmente linda desse jeito?!, ele pensava consigo.
James participava da conversa, mas também observava muito tanto as duas meninas quanto os dois rapazes. Podia jurar que era claro o desejo de Danny ser mais do que um amigo de . Até mesmo Harry parecia, às vezes, ter aquele brilho no olhar de estar enfeitiçado por uma garota bonita e esse brilho ficava evidente quando ele olhava para . Dois casais, pelo visto, já estão formados. Só resta saber quanto tempo vão demorar pra se pegarem, ele pensou ao dar um gole em sua cerveja enquanto olhava discretamente para os quatro na mesa conversando entretidos.


O trinco da porta girou e ela se abriu. Subiu os poucos degraus que levavam até a sala para se deparar com o recinto vazio. Olhou todos os cômodos da casa, tanto os do térreo como os de cima e não encontrou ninguém. Até que viu um bilhetinho com uma letra meio garranchada, ele julgava ser de um dos rapazes:

Fomos até um pub comemorar que as meninas toparam ir conosco! =D
Não nos espere, talvez a gente demore. Não se preocupe, tomaremos conta de nós e das meninas...e dA James ¬_¬º
Um beijo e um queijo!


— Ao menos tenho a casa só pra mim! — ele suspirou tranquilo.




Capítulo 27 - O que acontece no pub, fica no pub... Ou não?

— AAHH!! Eu amo essa música!!
— Quer ir dançar então? — Danny surpreendeu-se consigo mesmo: sua voz saiu sem firmeza e ele podia sentir sua respiração acelerar um pouco. Tudo aquilo porque dançaria com ? As meninas estão fora de questão!, Danny ouviu em sua mente a voz de Fletch, que os advertira noites atrás.
O empresário achava perigoso um dos mcguys envolver-se com uma das garotas, pois se algo desse errado poderia ser catastrófico. Elas poderiam se voltar contra eles, deixar de ajudá-los, ou pior, denunciá-los para a mídia, e aí, sim, tudo estaria acabado para o McFly. Porém, o medo e as palavras de Fletch ecoando na mente de Danny não conseguiam impedir seu olhar cada vez mais carinhoso para , que parecia responder de maneira igual. Eles seguiram até a pista de dança e a música preferida dela chegava ao seu refrão, ambos bailavam no ritmo: animada, dançante. Algo incomodava o guitarrista da banda: a distância. A música não permitia que ambos ficassem próximos como em uma música lenta, ele queria quebrar com aquilo, queria estar mais perto, mais colado, ao lado dela.
Ela dançava alegre e sem pensar direito, sua cabeça estava cheia de pensamentos conturbados. Um lado deles dizia que Danny a olhava de uma maneira especial aquela noite e o outro dizia que ela estava apenas vendo o que queria ver. Alucinação! Delírio de sua mente! Seria mesmo? Sentiu seus braços a envolverem e trazê-la para mais perto de si, eles dançavam juntos em um ritmo incoerente com a música. Todos os demais na pista continuavam a dançar a alegremente, eles eram os únicos de corpos colados dançando uma música que apenas os dois eram capazes de ouvir. Tinham o olhar centrado exatamente na íris do outro: um olhar azul mar encarando um olhar castanho de chocolate.
— Pode me desculpar?
— Pelo quê? — ela perguntou calma, ainda em transe.
— Por fazer algo que eu realmente não deveria.
— E o que seria? — ela estava gostando de provocá-lo. Nem ele, nem ela pareciam enxergar as pessoas barulhentas e elétricas movimentando-se em torno deles.
— Beijar você.
— Não precisa se desculpar por isso. Por que eu também quero.
— Se descobrirem, pior, se o Fletch descobrir, eu irei fazer parte de uma sopa de marreco de verdade! — ele fez graça, ambos começaram a gargalhar.
Antes que ele pudesse voltar ao normal, sua mão foi puxada para fora da pista de dança. Ele trombava sem querer com várias pessoas que dançavam, não conseguia ver mais , exceto sentir sua mão menor que a dele — e muito mais macia e delicada — seguir puxando-o para algum lugar. Houve momentos em que a mão dela quase escapou, mas ele segurava mais forte nesses momentos. Forte, mas sem machucar aquela preciosa mão que o guiava.
O frio veio e o fez fechar seus olhos, suas bochechas pareciam congelar e ele percebeu que estavam nos fundos do bar. Lugar onde não havia ninguém, apenas ele e . Fugidos. Escondidos. A sensação de frio em seu rosto foi a primeira a ir embora ao sentir duas mãos não sardentas serem posicionadas cada uma em um lado de seu rosto, em seguida a fronte dela colou-se a dele e, por último, os lábios.
Talvez o frio do ambiente ou o calor emanado dele e dela, Danny não tinha a resposta, sabia apenas que algo fazia daquele primeiro beijo entre eles ser o melhor. Distinto.
— Isso foi... — Danny começou a dizer ainda hipnotizado e com os seus olhos fechados. — Supercalifragilisticexpialidocious!


Judd entrou no pub outra vez, logo avistou James e pediu ajuda para encontrar e Danny, era hora de ir. James não pediu muitas informações, tinha visto a cena de , era óbvia que a expressão séria no rosto do amigo era consequência da discussão que seguiu depois deles saírem do local. Um desastre, um desastre total!, Harry repetia seguidas vezes em sua mente.
Momentos atrás, quando James e foram juntos para a pista de dança, ele tinha notado os movimentos que ela fazia para atrair sua atenção desde o lugar onde estava sentado. A voz de Fletch em sua mente dizendo para que nenhum deles se envolvesse com as meninas continuava e ele decidiu ser melhor obedecer. E para Judd, a melhor maneira de esquecer uma garota era arranjando outra. Engatou um papo com uma garota já bem bêbada com quem podia dar uns amassos. Quando deu por si, sentiu apenas algumas gotículas de bebida respingando em seu rosto, com uma expressão nervosa e seu braço segurando um copo vazio de bebida estendido na direção da garota bêbada.
— ME LARGA, HARRY!! — berrou, tentando soltar-se do agarre da mão do baterista.
— O que deu em você afinal, ?!?! — ele estava frustrado, tentando entender o que deveria se passar na mente dela.
— Nada! Já disse isso!! Agora, me larga! Eu só quero voltar pra casa. — ela disse ainda bastante decidida em se afastar dele.
Ela abriu com tudo a porta do pub e saiu caminhando em passos rápidos e pesados, com Harry em seu encalço, apressando-se para alcançar a moça. sabia que ela não estava certa: a cena que fizera dentro do pub e as palavras grossas dirigidas a ele. Envergonhada. Mas não conseguia pedir desculpas naquele momento, naquele seu estado de fúria, braveza, irritação e, principalmente, de irracionalidade.
— Tem algo a ver com a garota com quem eu estava junto? — ele segurou seu braço e a fez virar para se encararem.
— Imagiine!! Você acha isso só porque eu joguei bebida naquelazinha?! E como assim: juntos? Vocês dois estavam mais querendo engolir a cabeça um do outro!!
— E onde você está envolvida nisso? Qual a diferença se eu estava com ela ou com outra?! — ele tentava manter seu tom de voz inalterado, ou pelo menos mais baixo que ela. Sabia que ela estava sem razão. — Eu te fiz algo? Eu te devo satisfações?
— Harry... — ela podia sentir a vergonha consumi-la por saber que estava de fato errada, mas não queria que fosse ele quem evidenciasse isso. — Vamos pra casa. Eu quero ir embora. AGORA!!
— Certo. Pode ir para o carro, eu vou chamar os outros. — ele disse inalterado. Sabia, agora, que tinha feito a escolha certa, mas a pior delas.
seguiu, ainda irritada, para o carro. Sentia-se envergonhada: tinha dado uma tremenda cena no pub de Flynn! Não conseguiu conter-se ao ver Harry beijar outra garota, ainda mais uma que ele tinha acabado de conhecer no pub. Nem percebeu direito quando se dirigiu até os dois com a cara amarrada e jogou o resto de bebida que tinha em sua mão na cara da outra quando terminaram o beijo. Em algumas horas veria o seu erro, que as grosserias ditas para o baterista eram injustas e, mesmo assim, não pediria desculpas. A vergonha tão grande quanto o orgulho.


— Você ouviu isso? — Dougie perguntou para e foi correndo para o parapeito onde deveria ser a entrada do local no andar de baixo.
Vozes altas de um homem e uma mulher eram ouvidas e Dougie, de curioso, foi observar. pensou se tratar de mais uma das tantas brigas que os casais bêbados arranjavam na entrada do pub, infelizmente, isso acontecia até no pub do Flynn. Ela, que não era muito curiosa, manteve-se em seu lugar, apoiou-se de costas sobre o parapeito oposto ao da entrada e com a cabeça jogada para cima, fitou mais uma vez as estrelas. Duas vozes muito familiares, que não pertenciam aos que estavam com ela na varanda, chamaram a sua atenção, fazendo-a se virar. Ué, mas esses são...!, ela não conseguiu completar seu pensamento antes de seu queixo cair com a cena que via acontecer logo abaixo de onde estava apoiada.
Aquele deveria ser os fundos do pub, um lugar pequeno e sem muita iluminação. Havia apenas um latão de lixo velho e de aparência nojenta. E um casal. teve de inclinar-se muito sobre o parapeito para fazer-se acreditar que o casal que via era Danny e aos beijos e carícias! As perguntas sobre os dois vieram rápido em sua cabeça e ela ficou ainda mais preocupada quando percebeu que Dougie dirigia-lhe a palavra, ele parecia gritar algo e vinha em sua direção. Preocupada com que ele pudesse ver os outros dois em flagrante, correu até o baixinho e sorriu nervosa, perguntando o que ele queria.
— Alguma coisa aconteceu! Era a e o Harry, pareciam estar numa briga!!
— Vamos, gente! — surgiu e gritou para os dois. — Pelo visto a noite acabou!!
— Annnhh... Certo. — a mente de ainda era bombardeada com a cena de e Danny.


— Você dirige! — pregou as chaves contra o peito de Harry quando ele voltou com os demais para o carro. Ela não queria dirigir naquele estado e nem voltar no colo de Harry. — James vai no carona agora e, , você troca comigo!
... o que aconteceu? — perguntou preocupada. Mas a resposta não veio.
Harry também não estava mais com bom humor. Tratou logo de entrar no carro e dar a partida. Uma nervosa puxou Tom pela manga da blusa para que ele entrasse logo no carro e ela pudesse ir em seu colo. Dougie e entreolharam-se com certo medo das atitudes da menina e entraram rápido no carro para não enfurecê-la ainda mais. estava estática desde o segundo que entendeu que voltaria no colo de James Bourne, moveu-se apenas quando o rapaz tentou chamar sua atenção para que ela entrasse no carro. Danny e lamentavam terem de voltar para casa tão cedo, lá não poderiam dar continuidade ao que tinha acontecido no pub, então, conformaram-se em manterem-se de mãos dadas sem que os outros vissem.


— Está mesmo tudo bem? — perguntou Fletch na manha seguinte, completamente desavisado da briga entre Harry e na frente do Drunken.
— Sim. — respondeu de imediato, servindo-se de um copo de suco.
Todos estavam sentados na mesa da cozinha para o café da manhã.
não falava com Harry e vice-versa. Ele até tentou, mas desistiu quando percebeu que não daria em nada. A tensão deles afetava os demais, que ainda não sabiam o porquê da briga. James até estava curioso para descobrir, mas não tivera a oportunidade. As outras meninas tentaram arrancar alguma informação da amiga e esta não revelou nada. Os meninos também não tiveram sorte com Harry, e James sentia-se incômodo de contar o pouco que tinha visto da cena de e o copo de bebida com ambos estando na cozinha.
— Então... — Fletch começou a dizer incerto. — Preparem suas malas desde já. Eu tenho um contato bom no consulado chinês, assim o visto será mais fácil e rápido de tirar. Afinal, isto é uma emergência. E hoje eu verei de comprar nossos bilhetes, viajaremos no avião mais perto que tiver.
— Pra que tanta pressa? — Danny perguntou inocente.
— Para voltarmos ao normal, oras! — James deu um leve pedala no amigo.
— Disso eu sei, mas de que adianta corrermos para lá? Nós ainda vamos ter que procurar o lugar onde tudo aconteceu, e isso levará mais do que uma ou duas horas!
— Isso não importa, Danny. Quanto mais rápido chegarmos, mais rápidos poderemos nos curar. E, finalmente, quando tudo voltar ao normal, poderemos voltar com a primeira turnê mundial do McFly! — disse Fletch.
— Vamos ir arrumando então. O que me diz, mulher? — perguntou já puxando consigo para subirem para os quartos e prepararem as malas.
— Estou satisfeita. — levantou-se rápida e saiu da cozinha.
... Eu poderia ter uma conversa a sós com os rapazes? — perguntou Fletch atencioso.
— Tô caindo fora. — ela respondeu brincalhona, roubando umas quatro bolachinhas de maizena.


— Algo que queira me contar, ? Algo importante? — , mais uma vez, tentava jogava verde para colher maduro. Não queria dizer que tinha visto beijando Danny, estava dando a oportunidade de a amiga contar lhe contar.
— Não que eu me lembre. AH!! Sim, ontem tocou no Drunken Sailor aquela música que eu amo! — a menina disse com os olhos brilhando.
— Humm, legal. Só isso? Naaada mais aconteceu? Naaaaaaada meeeeeeeeeeeesmo?
— Não! E pare de esbugalhar esses olhos pra cima de mim, mulher, está me assustando!
, eu sou tua amiga. Se tiver algo para me contar, é melhor me contar agora. Você sabe que eu odeio ser a última a saber! — a advertiu uma última vez. Aquilo já estava irritando-a. Por que ela não me conta logo que ficou com o Danny noite passada?!, ela pensava.
— Já disse que não, ! Que coisa. De boa, se eu tivesse algo pra contar, você seria a primeira! Agora, que tal pararmos de papo e começarmos a organizar as malas?
— Não, obrigada. Eu arrumo mais tarde, agora não tô afim. — ela saiu do quarto, emburrada.
Mas o que deu nela? Era ela quem queria arrumar já as malas!, pensou, estranhada com a mudança de atitude da amiga. Nem se passava por sua cabeça que tinha sido flagrada por . Ela queria contar as amigas sobre a noite passada, mas já tinha tido provas de que as paredes daquela casa tinham ouvido e ela não queria correr o risco dos outros guys, muito menos de Fletch, virem a descobrir. Danny ficaria em apuros.
, pretende arrumar alguma coisa ou vai ficar enrolando aí na cama o dia todo? — voltou sua atenção para a amiga esparramada na cama.
— Ahãn! Por quê?
— Tá brincando, né? — ela aproximou-se da amiga e sentou-se na borda da cama. — Diz, amiga, que foi que aconteceu pra você e o Harry estarem nesse clima ruim? Todo mundo esta encucado pensando no que pode ter acontecido.
— Idiotice minha, eu acho. — ela tinha os olhos um pouco marejados. — Ai, eu fiz uma estupidez muito, muito, mas muito grande ontem! Nem sei mais se tem como reparar.
— Saber que cometeu o erro é o primeiro passo, é difícil, mas não tão difícil quanto o segundo: pedir desculpas.
— Você sabe que não sou boa em pedir desculpas... Eu não vou saber pedir, ainda mais desta vez!!
— Talvez se você explicasse o motivo de você ter sido tão idiota com ele, ele te entenda. — suspirou. Sabia que eu estava certa, era mesmo dela a maior parte da culpa na briga. Quando irá aprender, ?, pensou ela.
— Mas ele também tem que me pedir desculpas!!
— Mesmo? — fez uma careta para . — Eu te conheço o suficiente para saber que você pode ser bem estúpida quando quer. Aposto que ele não tem que se desculpar de nada. Continue assim, sendo idiota com ele sem um bom motivo e aí você entrará para sempre no grupo das fãs-que-nunca-beijaram-ou-beijarão-Harry-Judd-baterista-do-McFly.
— Credo! — riu da reação da amiga. — Eu não quero isso!! Sabe? Tudo isso começou... Toda essa situação é idiotice de fã.
— De fã?
— Eu fiquei louca de raiva quando o vi com outra. Ridículo, eu sei, nós não temos nada, ele não me deve nenhuma satisfação, mas mesmo assim, eu não gostei de ver aquilo.
— Ahh, entendi. Deixou o amor de fã falar mais alto, né? Olha, se fosse o Danny, eu acho que teria a mesma atitude. Acho que todas nós teríamos se os víssemos se pegando com outra na nossa frente! Só que... pense comigo assim, amor de fã é tipo um amor platônico, você só fica na idealização da pessoa, às vezes a pessoa de verdade nem é tudo aquilo que você pensava. O mesmo vale para os quatro rapazes lá embaixo, ou melhor, para os cinco. Tem certeza que você realmente está apaixonada pelo Judd?
— Odeio garotas sabichonas! — ela fez rir. Suspirou. — Ahh!! Mas não é fácil diferenciar esse amor de fã! Ainda mais com ele ali na minha frente, ou seja, boa parte é culpa dele!!
— Ahã, sim, culpa dele. Conta outra! — deu um peteleco leve na testa da amiga. — Olha, se é tão difícil assim diferenciar, faz assim: tenta primeiro ser amiga dele, conhecê-lo, saber do que ele gosta e o que não gosta e afins.
— Mas assim vai ser como se eu o tratasse como qualquer outro cara. — fez uma cara de estranhada.
— E ele não é isso mesmo? Um cara como qualquer outro que por acaso é o ídolo que você adora como fã? Agora só falta saber se o teu lado fã pode se apaixonar, também, pelo lado não celebridade dele.
— ... — ainda refletia sobre as palavras da amiga. — Por que uma menina tão sabida quanto você, pode ter o bobão do Jones como preferido?!
— Porque o Universo gosta de ser irônico, amiga.


— Tudo bem com você, ? — perguntou à amiga que fitava o nada e com o dedo indicador enrolava a mecha de cabelo no dedo.
— Uhun...
— Você está estranha.
— Tô nada.
— Desembucha logo o que aconteceu. — rolou os olhos.
— Nada, é sério.
— Ai, ai, ela pensa mesmo que engana alguém! — fingia conversar com alguém.
— Olha, faz algo útil, mulher. — jogou para a amiga uma embalagem com cartas do jogo Can-can. — Não vai caber na minha mala de mão, e é sempre bom ter esse negócio perto para se distrair. Entrega pra um dos guys, veja se um deles pode levar.
— Viu? Além de ficar tentando me enganar, ainda me faz de garota de recados! — seguia seu papo com o alguém imaginário enquanto saía do quarto em direção à sala, até chegar aos pés da escada do segundo andar e ouvir algo que não devia e nem gostaria.


Capítulo 28 - Inferno na Terra

— Eu já avisei vocês, rapazes! Por isso, não briguem com elas. Nós estamos em suas mãos, não abusem para não se darem mal, pior, nos darmos mal. — Fletch terminava seu discurso para tentar fazer com que Harry e se acertassem outra vez, muito embora ele ainda não soubesse o motivo do clima tenso entre eles. — Bom, eu irei subir. Vou começar a arrumar minhas malas. As coisas de vocês, que peguei em suas casas ontem, já estão no quarto onde dormem. Peguei suas coisas também, James, estão com as dos rapazes.
— Valeu, Fletch! — os rapazes agradeceram antes que o empresário saísse da sala e subisse as escadas em direção ao sótão.
— Eu não acredito que tive de levar bronca por algo que nem é minha culpa! — Harry reclamou de cara fechada e braços cruzados.
— Se não é tua culpa... Isso quer dizer que é da ? — Danny concluiu e perguntou ao mesmo tempo.
— A culpa é do próprio Fletch, na verdade! Dele e daquele discurso de que não podemos de jeito algum nos envolver com as garotas!! — ele estava revoltado. As coisas entre e ele só melhoraram quando tiveram a conversa sobre o beijo acidental no parque, agora estavam outra vez em um clima estranho. Muito pior desta vez, claro. E ele não tinha certeza se valia a pena um deles pedir desculpas. Se eles não podiam se gostar de maneira alguma, seria melhor que ela o odiasse, pois o contrário estava temporariamente proibido.
— As férias não vão ser nada legais se vocês estiverem nesse clima ruim. — Danny disse, tentando parecer sério.
— Férias?! Só para elas que isso são férias! — Tom reclamou. — Nós estamos amaldiçoados em terras inglesas e também estaremos em terras chinesas.
— Credo, você realmente precisa de umas férias, Thomas. — Dougie disse para alfinetar o loiro. — Desde ontem você está chatinho.
— Calúnia! — o rapaz tentou responder enquanto os outros quatro faziam graça dele.
— Acho que o Fletcher ficou de mal porque eu levei a garotinha dele no meu colo ontem! — James alfinetou ainda mais.
— Hein? Verdade isso?! — perguntou Dougie surpreso. Quando falou do amigo, era apenas para provocá-lo, não falava de verdade.
— Não fale besteira, James. — Tom respondeu sem muita paciência.
— Own, era tão fofinha! Um suspiro atrás do outro e às vezes mal conseguia respirar. — James ia provocando. Ele queria confirmar algo e estava camuflando suas dúvidas em suas alfinetadas. — Está fazendo essa carinha de mau só porque ela parece gostar mais de mim do que você? Eu não sabia que você estava a fim dela. Ainda mais depois do que o Fletch lhes disse para não se envolverem romanticamente com elas.
— É sério, chega. — Tom falou ríspido.
Era certo que ele não tinha gostado de James ter levado no colo, mas porque tinha ciúmes dos surtos de fã que a garota dava ao ouvir o nome James Bourne, surtos que ela nunca dera com ele ou os outros guys, mesmo sendo grande fã deles também. Ele não admitiria isso para James, entretanto, também não queria que alguém interpretasse aquilo de forma errada.
Para o azar do mcguy, James já o estava interpretando de forma equivocada. Lembrava-se da época um pouco antes de Tom namorar com Giovanna: ele demorou muito para perceber que gostava dela. Até mesmo Giovanna percebeu antes que ele estava interessado nela do que ele próprio. James acreditava que ajudaria e muito ao amigo ao fazê-lo dar-se conta de seus sentimentos — para isso, precisava bolar uma estratégia e rápido. Mas como se sabe, a pressa é a inimiga da perfeição.
— Escute bem: eu NÃO gosto da !!!
— Ei! O que é aquilo?! — Dougie perguntou, apontando para a escada que dava acesso ao segundo andar.
Todos se voltaram e viram um monte de cartas de baralho voando em diferentes direções até caírem em diversos lugares ao longo da escada e do chão da sala. Logo, surgiu a figura de abaixando-se e recolhendo-as. Tom foi o primeiro a levantar-se e ajudá-la, pois era também quem estava mais próximo a escada, James foi o segundo e o resto manteve-se sentado, apenas observando a cena.
— Obri-... Obrigada. — a voz dela soou sem firmeza quando finalmente disse algo. Os dois rapazes lhe entregaram o bolo de cartas. — A... a... a pediu para perguntar se um de vocês podia levar isto na mala de mão, porque na dela não vai caber. E é sempre bom ter um para se divertir. — as últimas palavras foram ouvidas com muita dificuldade. Ela forçou um de seus melhores sorrisos ao entregar para Tom o bolo completo de cartas e subiu outra vez as escadas, tropeçando nos dois últimos degraus no andar de cima.
— Será que ela ouviu? — perguntou Dougie. Ele e os outros se perguntavam a mesma coisa. Não sabiam mais se Tom tinha falado alto o suficiente para alguém do segundo andar ouvi-lo.
— Talvez ela só tenha deixado cair por coincidência no mesmo instante que o Tom terminou de falar. — Danny disse sem muita preocupação. — Oras, vocês não vivem dizendo que ela é minha irmã?! Deve ter deixado cair mesmo...
Os rapazes retornaram aos seus lugares. James não levaria em conta a última declaração do amigo, mas sim, os anos de amizade que tinham e a sua crença de que sabia mais sobre Fletcher do que ele mesmo. E acreditava ter formulado o plano perfeito, um que abriria os olhos do amigo e ainda o incentivaria a correr atrás de sua nova garota estrela. Era perfeito, segundo ele.
— Bom, ao menos agora nós sabemos que você não está a fim dela, Fletcher. — James disse sorrindo e deu umas palmadas no ombro do amigo, fingindo acreditar em suas palavras. — E você, Dougiesta, está gamadinho na ?
— Quê?!?! Eu não!! — Dougie respondeu rápido, pois ficara surpreso com a pergunta. Adorava a companhia de , mas até aquele momento, via-a apenas como uma irmã mais nova, sem contar que ela era mesmo mais nova que ele. — Eu a acho legal, só isso.
— Ótimo, ótimo! — James dizia sorrindo de ponta a ponta. Ele usava um tom de voz misterioso para garantir que os demais ficariam curiosos e, assim, dar início ao seu plano.
— Tá! Eu não estou entendendo nada. — Danny confessou logo, sabia que o fato dele não entender não seria estranho para ninguém, só não esperava que ninguém estivesse entendendo o que James dizia. — Do que é que você está falando? O que é ótimo?
— Ontem no pub, eu percebi que você e a vão se pegar, — James começou a explicar, olhando em direção para Danny e depois virou seu olhar para Harry. — e o Juddão aqui vai pegar a . Não sei quando, mas sei que vão! Aí pensei se os dois mais tímidos iriam investir ou se até já estavam gamados nas garotas. Mas já que o Fletcher e o Poynter deixaram claro que não sentem nada por elas... eu acho que vou investir! — a bomba havia sido implantada, restava saber apenas quando explodiria.
— Investir no quê? — perguntou Harry, de repente prestando atenção na conversa a sua volta.
— Ver se algo pode rolar. — ele sorriu estilo Colgate e ficou um pouco vermelho, ele não era exatamente o estilo “pegador”.
— Mas não pode ficar com... ambas. — Dougie disse, ainda tentando assimilar o plano do rapaz.
— Seria complicado, já que as duas são amigas. Não! Estava pensando mesmo em só investir em uma, mas não sei qual, então eu vou “atirar” para todos os lados e ver qual “brinde” eu ganho! — James sorria pensando no quão brilhante era seu plano. Se fingisse interesse apenas em , Fletcher deixaria o caminho livre para o amigo por consideração, mesmo se descobrisse que gostasse dela. Por isso, caía como uma luva para o seu plano.
— Eu estou ouvindo, mas não estou acreditando. — Danny disse e seu comentário valia pelos demais.
— Não ouviu o Fletch dizendo que não podemos nem pensar em ficar com elas?! — Dougie perguntou. — A marcação dele sobre elas deve ser pior que a dos pais delas!!
— É... mas ele disse isso para vocês! Não para mim... — James disse como se fosse algo óbvio.
— Mas vale para todos nós, seu jegue! — Tom dizia com gestos exagerados das mãos.
— Ahhh! Nem vem! — rebateu o rapaz. Rindo por dentro por saber que os demais haviam caído em sua interpretação fajuta.


— AAAAIIII!! Mas que diacho foi isso?! — reclamou após receber um forte pedala de .
— Estou aqui te falando algo importante! Você, como minha amiga, podia pelo menos fingir interesse e concordar com a cabeça nos momentos certos! — respondeu, saindo do quarto e batendo a porta. Fazia um bom tempo que tentava falar com , mas a amiga parecia não lhe escutar.
analisou do lado de fora do quarto que os meninos estavam na sala, em seu quarto estava , no outro estavam e e o último quarto — dos guys — um deles poderia entrar a qualquer hora. Ela precisava pensar, de preferência onde não houvesse ninguém. Olhou para a cordinha que puxava a escada do sótão, baixou-a e subiu, deparando-se com Fletch organizando sua mala para a viagem.
— Olá, . Estão precisando de mim para alguma coisa? — ele perguntou simpático.
— Oi. Annhh, não. Eu só queria... ver algo na... antena parabólica! — ela seguiu direto para a escada que levava até a escotilha localizada no teto, ao abrir, pôde admirar o céu nublado, exatamente do jeito que ela gostava.
— Tome cuidado para não cair! — Fletch disse antes de ela sair pela escotilha.
— Pode deixar! — ela respondeu.
Ela sentou-se no telhado, próxima a antena e pôs-se a pensar no que havia ouvido.
— Será que eu fiz algo? — ela perguntou em voz alta para ninguém em especial.
Passado algum tempo só com seus pensamentos e sem alguém que ajudasse a entender o que ouviu, chegou a uma errônea conclusão: Ele me odeia! Eu nunca lhe fiz nada de ruim. Se ele não gosta de mim e não é por culpa de algo que eu lhe fiz, logo... isso quer dizer que o Tom me odeia porque... simplesmente, não gosta de mim... AHH!! Pois se ele me odeia... então eu também o odeio!, pensou ela.
— Ouviu isso?! Eu te odeio, Tom Fletcher!!! — ela gritou, mas não alto o bastante para correr o risco de o rapaz ouvi-la de algum canto da casa.


— Vocês me parecem pior do que hoje de manhã. — Fletch disse enquanto servia os pratos de comida com miojo. Ele resolveu preparar a simples sopa porque enquanto arrumavam as malas, perderam o horário do almoço. Assim, algo rápido foi feito para sanar em pouco tempo a fome. — Certeza de que estão bem?
— Ah! Dei sorte, estava descendo para comer algo. — disse recém-chegada na cozinha, tinha acabado de sair do telhado.
— Conseguiu ver o que queria na antena? — perguntou Fletch, começando a servir o prato dela.
— O que estava fazendo na antena?! — perguntou surpresa. — Poderia ter caído de lá, maluca!
— Fui... checar algo. — olhou rápido para Tom e fechou a cara ao se lembrar das conclusões que tirou a partir das palavras do loiro.
Fletch estava preocupado, era visível que o clima alegre que os jovens tinham antes de ir ao pub havia caído drasticamente — e nenhum dizia qual era o problema. estava em seu próprio mundo e respondia em monossílabos a qualquer pergunta que lhe fizessem, mas, segundo ela própria, estava normal. era outra que não interagia direito com os outros, nem olhava nos olhos de Harry. Após a conversa com , entendera que deveria pedir desculpas, mas era algo difícil demais de se fazer — ainda mais porque não conseguia arranjar um momento para falar com ele em particular. não sorria, estava séria, algo incomum para a menina, e algumas vezes bufava após encarar Tom. Por outro lado, era, até o momento, a única que Fletch considerava normal: interagia com todos e parecia ligeiramente mais alegre.

Harry mantinha-se calado, pensava no que deveria fazer: conversar com ou não. Poderia ser bom para ambos, mas um desastre se o empresário descobrisse que o baterista tinha um interesse maior na garota do que meramente amizade. Danny estava normal, feliz, sorrindo pastel em boa parte do tempo para as coisas mais simples. Um pouco mais bobo do que de costume, mas sem razão aparente. James estava concentrado em seu plano e considerava qual deveria ser o seu próximo passo. Dougie estava frustrado, por várias razões: 1. tentar chamar a atenção de uma aérea ; 2. descobrir o motivo dela estar tão calada; 3. imaginar o que James poderia tentar com ela e 4. como atrapalhá-lo. Tom não estava muito diferente do baixista, não tinha gostado da atitude de Bourne. O jeito como James queria fazer: “atacando” para todos os lados e ver quem ganharia — aquilo lhe parecia uma grande falta de consideração com as meninas. Tom também acabou flagrando encarando-o e depois fechando ainda mais a cara, coisa que o loiro não soube bem como interpretar.
— Então, as malas estão prontas? — Fletch tentava estabelecer uma conversa.
— A minha só falta uma mala de mão, e isso é rápido! — respondeu dando uma piscadela.
— Nem comecei. — disseram e ao mesmo tempo.
— Nós vamos começar depois desse... almoço/janta. — Danny disse enquanto brincava com seu miojo.
— Vou ver as passagens de avião neste momento. Londres a Beijing, dez pessoas, ida e volta, primeira classe. — Fletch enumerava nos dedos as condições da viagem.
— Primeira... — acreditava que não tinha ouvido direito.
— Classe...? — completou a fala da amiga, também impressionada.
— Aquele que vem antes da Executiva e Econômica? — manifestou-se. E até saiu de seu mundo bolha para prestar atenção às falas das amigas.
— Vocês nunca viajaram de primeira classe? — Danny perguntou.
— Desculpa se eu sou pobre e não tenho grana pra pagar o preço dessa passagem! — disse , fingindo-se ofendida.
— Aposto que vão gostar, é bem espaçoso e tudo mais! — Dougie comentou. — Dá para dormir na cadeira que vira cama.
— A cadeira vira cama?! — disse mais de uma palavra e surpreendeu ao baixista.
— VÉÉÉIII!! Como assim?! — surtava. — Como se fosse uma cama normal?! Cama 180º?!
— É... — Danny respondeu um tanto estranhado. Já era comum que ele e os demais viajasse de Primeira ou Executiva, mais que normal.
— Servem todo o tipo de bebidas: whisky, champagne, coquetéis e, claro, também há os clássicos chás, refrigerantes e sucos. — Harry comentou, lembrando-se das vezes que Dougie e ele beberam no avião.
— Uma televisão só para você: cheia de seriados, filmes, músicas e joguinhos. — Tom completou.
— A comida é tudo de bom! Não sei por que dizem que comida de avião é ruim. — Dougie também deu seu parecer. — Tem um cardápio cheio de coisas gostosas.
— Nem tudo é gostoso, não, dude! — Danny intrometeu-se. — Aquele treco chamado caviar era horrível!
— Caviar? — perguntou animada, abafando uma risadinha.
— Pra gente, caviar é música do Dudu Nobre!! — , rindo, comentou participativa na conversa.
— É Zeca Pagodinho, animal! — deu um pedala na amiga.
Você sabe o que é caviar? — começou no ritmo da música e todos os homens ficaram sem entender, pois desconheciam a música e também a língua na qual cantavam.
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar!! — as três, em coro e no ritmo, continuaram.
Mas você sabe o que é caviar?
Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar!!
— Hein?! O que estão dizendo?! — James perguntou, estranhado com as palavras que elas cantavam.
— É uma música que toca lá no nosso país. — respondeu , ainda rindo da improvisação que fizeram.
— E esse país seria? — Danny perguntou. Eles sabiam que elas eram estrangeiras, mas nunca chegaram a perguntar de qual país vieram.
— Brasil. — respondeu quando parou de rir. — Mas não se preocupem, vamos voltar a falar o bom e velho inglês britânico. — nesse mesmo instante, todos encararam , que iniciara um novo ataque de risos.
— Tudo bem, aí, ? — Dougie disse com certo medo da risada repentina, não sabia que havia outra coisa engraçada para rir.
— Sim... ai, ai... eu só lembrei de quando chegamos aqui em Londres para morar com a . Tínhamos tanta vontade de falar inglês soando como britânicas que nós usávamos um truque.
— Afff... amiga, aquilo não era inglês com sotaque britânico nem aqui, nem na China! — reclamou. — Vocês tinham que ver o que essas jumentas fizeram.
— EIII!! Soava quase, viu?! — fingiu indignação.
— Enfim, — continuou a dona da casa. — elas colocavam um tablete gigante de chocolate na boca e saiam falando tudo embolado e garantindo de que aquilo era o puro sotaque britânico.
— AHH!! Não é justo!! O Tom fala assim e ninguém fala nada!! — argumentou, tentando abafar uma risada.
— EEIIII!! Eu não falo todo embolado!!!! — o loiro não gostou do comentário, os demais homens começaram a rir dele. — E o Danny?! Ele é o caipira.
— Dá-lhe caipirãooo!!! — os rapazes começaram a distribuir pedalas na cabeça do amigo.
— Saiii!!!!! — o sardento tentava se safar. — Poxa, que maldade com a minha inocente pessoa!
— O Danny é o que tem o sotaque mais lindo!! — todas as meninas disseram ao mesmo tempo e caíram na gargalhada depois que perceberam.
— HÁH!!! Engulam essa. — ele sentiu-se o maioral.
— Ele é o que fala mais emboladinho!!! — completou, com os olhos brilhando. Danny tentou conter o sorriso e nem se preocupou quando os rapazes zombaram dele.


Terminado o almoço/janta, todos foram terminar de arrumar suas malas para a grande viagem enquanto Fletch foi para o telefone conseguir as passagens. Ele ficou com a impressão de o clima ter melhorado entre todos enquanto alimentavam-se, mas não tardou muito para voltarem a estar como antes da refeição.
— Quantas passagens? — ele repetiu a pergunta da moça do outro lado da linha. O clima estava ruim e ele tinha quase certeza que as meninas eram as mais nervosas, sendo assim, talvez não fosse uma boa ideia levá-las. Ele e os outros cinco não precisavam de mais problemas do que já tinham e os outros mais que teriam para acabar com aquela maldição. — Annhh... Seis. Seis na Primeira classe, por favor.




Capítulo 29 - Caos aéreo

— Precisamos ter uma conversa séria a respeito das garotas. — disse Fletch ao entrar no quarto onde ficavam todos os rapazes da casa. — É importante.
O empresário fechou a porta atrás de si e os garotos o encaravam enquanto se perguntavam o que poderia ser. Eles já estavam com pijamas e prontos para dormir, assim como as garotas em seus quartos.
— Manda! — disse Danny, colocando as mãos atrás da cabeça e jogando-se num colchão que estava no chão.
— A situação entre todos vocês, definitivamente, não está boa. — ele começou, um pouco preocupado. — Por isso... Hoje, quando comprava as passagens por telefone... eu pedi, eu pedi apenas seis passagens.
— Mas estamos em dez. — Dougie disse calmo e pausadamente, ainda tentando compreender as palavras do empresário.
— Isso quer dizer que... — começou Harry, mas foi interrompido por Tom.
— Você não comprou passagens para as meninas.
— Fletch! Elas pediram demissão do estágio hoje! Não dá pra voltar atrás agora. — James comentou.
— Eu sei. Pensei em ir lhes pagando um salário, como foi prometido e também em agradecimento por tudo o que fizeram até agora.
— Ahh! Não!! Qual o problema de levá-las? — Danny insistiu.
— Ele não quer mais problemas, Jones. — Harry respondeu, dando um fraco pedala no amigo.
— Não!! — Danny levantou-se. — Eu fiz o convite e não vou retirar, elas vão! Dê um jeito de comprar mais quatro passagens pra China, nem que seja no porta-malas do avião, elas vêm conosco! Boa noite!!
— Danny...
— Eu disse boa-noite, Fletch! — Danny jogou-se na cama, puxou as cobertas até a cabeça e fechou os olhos. Nem ferrando que eu vou pra China sem a !! Não mesmo, ele pensou.
— O sardento tem razão. — Harry começou. — Nós as convidamos. Se estamos brigados com elas agora, nós daremos um jeito de ficarmos todos de bem um com o outro. Não se preocupe, Fletch.
— Eu não estou de mal com nenhuma delas. — James tentou se excluir.
— Nem eu! A está estranha por algum motivo que eu ainda não descobri qual é. — Dougie disse um pouco chateado, ele tentou animar o astral da garota, mas não obteve sucesso. Ele começava a pensar que se ele estivesse pegando fogo, ela não prestaria atenção do mesmo jeito. OK, isso foi muito dramático!, pensou, abafando uma risada.
— Muito menos eu! — Tom disse.
— É nada!! Você tem culpa no cartório, Thomas. — Harry corrigiu o loiro. — A nem olha direito na tua cara.
— Ela deve ter ouvido o que você falou na sala naquela hora. — Dougie disse pensativo.
— Tudo culpa do James!! — Tom apontou acusativo para o amigo.
— Primeiro: eu não pedi pra dizer aquilo; segundo: eu não pedi pra dizer tão alto. — James tentou se defender.
— E tem o caso da . — Fletch lembrou-se, tentando mudar um pouco o foco da conversa. — Harry, eu não sei ainda o que aconteceu, só sei que envolve você e que é o pior caso. Enfim, se querem tanto que as meninas venham conosco, tudo bem. Contanto que cada um de vocês se encarregue de cuidar delas, afinal, vocês são muitos para que apenas eu os vigie. Amanhã irei comprar as quatro passagens que faltam e espero que façam as pazes com elas.
— Resolveremos. Só não prometo que será antes de chegarmos à China, mas resolveremos, sim. — Harry respondeu com um aceno positivo.
— Certo. — Fletch bocejou. — Então, eu irei para o meu quarto/sótão. Boa noite.
— Aê, Fletcher! Deixa que eu explico tudinho pra . — James disse, dando uma piscadela. — E se você quiser, Dougie, posso também descobrir o que aflige a pobre zinha e reconfortá-la. — ele aproveitava a deixa para provocar a Tom, como parte do seu plano.
— CALA A BOCA, SEU TRANSFORMISTA!!! — Dougie e Tom responderam em coro, atirando travesseiros no rapaz.


— Poderia repetir isso? — Fletch perguntou, suando frio ao telefone. — E não há outra solução? — O que foi? Faaaalaaa. — Danny sussurrava perto do empresário. Ele estava garantindo de que o homem faria as compras da maneira certa desta vez. — Tem algum problema pra precisar de solução?
— Eles não têm mais quatro passagens para a primeira classe. — Fletch respondeu, mais estressado por ter o rapaz pendurado em seu ombro do que com a moça que o atendia.
— COMO?!?! — em coro perguntaram Harry, Dougie, Tom e James, preocupados.
Era de manhã e as meninas ainda dormiam, na verdade era a única que ainda dormia, as demais não estavam com ânimo para sair da cama. Os outros estavam na sala observando o empresário comprar as passagens, eles tinham medo de que as meninas descobrissem que ele só havia comprado seis ao invés de dez.
— Silêncio. — o homem fez sinal para que eles o deixassem escutar. — Entendo. Sim, vou querer, se não tem outro jeito. Obrigado, muito obrigado!
— Desembucha logo, homem de Deus!! — Danny estava tendo um faniquito.
— Eles não tinham quatro passagens pra Primeira classe, tinham duas. Então, eu comprei essas duas e as outras duas... bom, uma é da classe Executiva e outra da Econômica. — o homem explicou.
— Pensei que era um problema mais grave. — Danny suspirou aliviado. — Beleza, pelo menos todos iremos.
— E você prefere morrer de fome? — os seis na sala ouviram a voz de vindo da escada e voltaram para lá seus olhares.
— Não vejo nada de mal nisso. Aliás, eu não sou empregada de ninguém, não preciso fazer café da manhã pra eles! — vinha na frente de , sendo empurrada devagar pelas costas.
— Boooommm diiaaaa, rapazes e Fletch! — tinha um sorriso radiante. Ela havia sonhado com Danny.
— Bom dia!! — eles responderam em coro.
— Ueeba!! Vão preparar e servir nosso café da manhã? — Danny pulava sentado no sofá, animado por ver tão cedo, ainda mais de pijama e shorts.
— Querem ajuda? — Tom perguntou.
— Sim! — respondeu sorrindo, um falso sorriso. — Por que você não me ajuda fazendo tudo para que eu possa voltar pra cama?
— Olha lá! Esse clima logo cedo, não, hein? — deu um pedala leve na amiga.
— Vou voltar lá pra cima, então. — ia se virando, mas foi pega pela blusa pela outra garota e puxada até a cozinha.


— Malas prontas? — perguntou Fletch mais uma vez, ao que todos confirmaram com a cabeça. — Certo, tragam-nas para baixo, vou chamar dois carros para nos levarem ao aeroporto.
— Que horas o avião sai mesmo? — perguntou , ela era a única que dizia alguma coisa entre as meninas.
— Às 23h45min. Ainda temos bastante tempo. — o empresário conferia o relógio de pulso. — Rapazes, lembrem-se de tomar cuidado com as fãs que estarão por lá, vou verificar se podemos ficar numa sala particular antes de embarcar para não causar nenhum furor.
Eles acenaram com a cabeça e depois, tanto os rapazes quanto as meninas subiram para baixarem uma a uma as malas com as quais viajariam para a China. Danny foi o primeiro a se oferecer a ajudar com as dela — e o único que receberia uma resposta positiva. Harry preferiu nem ao menos perguntar, sabia que não diria sim.
— Não precisaaa!!! — dizia , puxando a mala de um lado ao pé da escada, pronta para descer.
— Eu faço questão, essa mala está pesada. — Dougie dizia do outro lado. Ele só queria ser cavalheiro com ela, mas não sabia que a moça não era muito fã de que fizessem tudo por ela como se fosse uma incapaz.
— Já disse que não, obrigada!
— Eu vou levar do mesmo jeito!
— Dougie!!
!!
— Larrrgaaaa! — eles disseram em coro, brigando por carregar a mala.
— Quer ajuda com a sua? — Tom perguntou para enquanto aguardavam pela decisão entre versus Dougie: o embate do século.
— Não, obrigada. — a menina não soou nem um pouco simpática como normalmente era.
— Deixa que eu ajudo, então, ! — James se ofereceu, sorrindo pastel. Ele recebeu uma cara feia do amigo loiro por aquilo.
— Claro, James! — ela disse alegre. Só havia deixado porque viu a careta que Tom fizera ao ver James lhe propondo ajuda, afinal, ela também era como : gostava de fazer as coisas por si mesma.
— Eii! Eu tinha me oferecido primeiro! — Tom reclamou.
— É, eu ouvi, mas diferente de você, o James não se mostrou um duas caras até agora! — ela respondeu, dando-lhe a língua e finalmente descendo as escadas recém liberadas por e Dougie.
— Um o quê?!?! — ele não entendeu nada e a segurou pelo braço.
— Me larga! Você ouviu. E da próxima vez, não fique se fazendo de simpatiquinho quando, na verdade, você odeia a outra pessoa. Assim você não faz dela uma idiota! — respondeu e soltou-se do agarre do loiro.


— Eu vou checar tudo. Procurem permanecer aqui dentro da sala. — Fletch orientou e saiu para ver os trâmites da viagem.
— Eu preciso ir ao banheiro. — disse, saindo de seu mundo bolha. — Vocês me acompanham, e ?
As meninas deram sinal positivo com a cabeça. Avisaram aos demais que não demorariam e saíram da sala particularmente reservada para banda do McFly, em direção ao banheiro do aeroporto.
Tanto Tom como Dougie e Harry estavam distraídos mexendo nos novos celulares que Fletch lhes tinha arranjado, eram IPhone's e estava naquele momento baixando aplicativos e músicas, além de adicionando os números de contato. Os antigos celulares haviam sido perdidos na chuva que os transformou em bichos um dia antes de eles conhecerem as meninas. Danny e conversavam animados sobre a viagem e as coisas que sabiam e não sabiam sobre a China, ambos dividiam um livro, comprado pelo amaldiçoado pelo pato, sobre o país em questão.


— Certo. — disse séria, parando assim que chegaram ao banheiro. Ela observou ao seu redor para saber se o banheiro estava muito cheio. Não estava. — Eu preciso falar muito seriamente com vocês duas.
— NOOSSA!! É hoje que chove!! — zombou. — Nunca pensei que teria a oportunidade de ver a falar algo sério nesta minha vidinha!
— É... nisso você tem que concordar, . — ponderou quando viu a amiga fechar a cara pelo comentário da outra.
— Palhaças! Agora será que dá pra prestar atenção em mim?
— Fala. — disseram as duas em coro.
— Uma de nós não está sendo totalmente verdadeira com os outros. — disse e esperou por alguma reação das amigas.
— Ok! Ok! Eu admito!!! — começou a se entregar e a erguer as mãos. — Eu já não estou brigada com o Harry! Eu só não sei como fazer as pazes com ele.
— Tá bom!! Tá bom!!! Eu não odeio o Tom, só estou de birra com ele porque ele me odeia!!
As três se entreolharam. Nenhuma delas esperava por aqueles comentários. Instaurou-se um silêncio ali, só era possível ouvir o som das pessoas que vinham e iam do banheiro e o som das torneiras e descargas.
— Espera! Espera! Do que estamos falando, afinal? Quem não está sendo verdadeira? — tentou colocar ordem na conversa.
— Eu estava falando da . — esclareceu rápida. — E como assim? Você ainda está brigada à toa e você só de birra?
— Ele mesmo disse que me odeia, tá bom? — começou. — Se o senhor guitarrista quer me odiar, que odeie, eu também posso muito bem odiá-lo!
— Bom, pra mim é porque é difícil admitir que errei tão feio assim por ciúmes bobo. — encarou o chão do banheiro.
— Só vocês mesmo, hein? — colocou as mãos na cintura e fez careta para ambas. — Então tá. ... vai mesmo deixar um orgulho besta prejudicar a tua chance de conhecer o Harry? Poxa, nós estamos vivendo com eles e agora iremos todos viajar! Orgulho é idiotice! Faça logo as pazes, pois uma vez que eles estejam “curados”, não há certeza de que continuaremos a nos ver.
— Eu sei... eu prometo que vou tentar falar com ele! Juro, juro! — ela fez uma espécie de ‘xis’ com os dedos indicadores e os beijou duas vezes.
— Quando estivermos no avião, vocês dois vão sentar juntos e aí você se resolve com ele de uma vez por todas. — concluiu. — , como assim que o Tom disse que te odeia?
— Aahhh! Agora ela quer saber. — fazia quase um escândalo. — Esteve o tempo todo no mundo bolha, desde quando eu quis te contar sobre isso em primeira mão, e só agora decide sair?
— Eu não estava em meu mundo bolha! — fazia cara de criança birrenta, mas a expressão das amigas a fez entender que não estava certa. — Tá bom, eu estava. Sorry por isso.
, ele não te odeia. — opinou. — Ele nunca te maltrata, aliás, é a senhorita quem o tem tratado muiiito mal recentemente.
— Falou a santa! — retorquiu.
— Eu tenho roupa suja no cartório, é verdade, mas eu ‘estou a fim de resolver! — revidou.
— Mas é verdade... Ele disse que não gostava de mim, eu mesma ouvi. — a menina respondeu com a voz um tanto fraca. — E nem vem, eu não quero me resolver com ele. Se ele...
— Pare de ser Jones, Jones!! — deu um pedala na testa da amiga. — Vai saber se não foi algo que você disse? Pergunte pra ele primeiro antes de tirar conclusões precipitas.
— Blá-blá-blá!! Tentarei ver... — respondeu a contra gosto. — Mudando de assunto: o que a não está nos contando?
— Ah! Verdade, saímos do assunto principal. — também lembrou-se da razão por estarem ali.
ainda tentou pensar mais uma vez em alguma razão para a amiga de tantos anos não lhe contar um segredo como aquele, mas nada veio a sua mente. Talvez não confiasse tanto assim nela e nas outras meninas. Dera várias deixas para ela contar e nada aconteceu, realmente manteria aquele em segredo de todas e odiava segredos entre amigas.
e Danny. Vi os dois se beijando no dia do pub.




Capítulo 30 - Primeira classe, Executiva e Econômica

— Danny. Vamos até a lojinha comprar algo de beber? Eu estou morrendo de sede. — pediu, puxando o rapaz pela manga da blusa que ele usava.
— Por mim, beleza. — ele respondeu sorrindo. — Vão querer alguma coisa?
— Não, obrigado. — responderam os demais rapazes.
Danny colocou seus óculos escuros e uma touca, não era bem um disfarce, mas ajudava a não ser tão rapidamente reconhecido pelas fãs, embora no momento o aeroporto não estivesse muito cheio de pessoas. Assim, ele pôde se dar ao luxo de andar de braços dados com até algum lugar onde vendessem comidas e bebidas.
— Danny... — ela começou a falar séria, uma vez que estavam do lado de fora da loja e ele lhe abria a bebida recém-comprada. — Eu estou preocupada.
— Com o quê? — ele tentava não demonstrar sua dificuldade em abrir a bendita garrafa.
— A , ela está estranha comigo ultimamente. — confessou. — Sabe de uma coisa? Eu acho... eu acho que ela sabe sobre nós dois.
— COMO?! — a surpresa dele fez com que descontrolasse um pouco sua força sobre a tampa da garrafa e essa voou longe. — AH! Consegui abrir. — ele estendeu para que a menina pudesse dar o seu primeiro gole e recolheu a tampinha do chão.
— Obrigada.
— Você tem certeza que ela sabe? Ela disse algo ou coisa assim? Ela nos viu?! — ele começou a ficar preocupado com as possibilidades.
— Não sei direito. Só sei que tivemos uma conversa meio estranha depois do pub. Acho que ela estava esperando que eu contasse o que aconteceu.
— E como você não contou...
— Ela ficou brava e não está falando direito comigo. — a voz de mostrava arrependimento. Não queria nenhuma amiga brava com ela.
— Ei, calma. — ele a envolveu com um braço e seguiram o caminho de volta para a sala. — O que faremos agora?
— Eu não tenho a menor ideia.
— Espera. Ela ficou brava por termos nos beijado e você não ter contado nada, ou só porque nos beijamos e não era para nos envolvermos?
— Acho que é mais por não ter contado. — respondeu. Nenhuma delas ficaria brava por eu ter beijado o Danny, elas sabem como esse é um dos meus sonhos. Um que se tornou realidade, aliás, pensou, sorrindo abobada.
— Então acho válido você contar pra ela. — Danny parou e fez com que ficassem frente a frente. Ele queria olhar um pouco nos olhos dela.
— Certeza...? Contar para todas as três? — ela começou a ter dificuldade para pensar com dois olhos azuis como o mar a encarando.
— Ué! São tuas amigas, não são? Claro que seria bom se elas guardassem segredo. O Fletch, com certeza, não será nem um pouco compreensivo se descobrir. E acho que, no momento, os outros dudes também não apoiariam.
— Também acho. — ela riu um pouco do comentário dele enquanto imaginava um Fletch nervoso lhe passando um sermão.
— Mas que droga! — ele praguejou baixinho.
— O que foi?
— Queria te beijar. Mas não dá, não aqui. Acho que terei de esperar até chegarmos à China. — ele a fez rir outra vez.


— Você... está falando sério?
— Ai, ai. Sonho de pobre dura pouco, viu?
— Era bom demais para ser verdade.
— Talvez numa próxima vida.
As meninas, dentro da sala particular do aeroporto, estavam desanimadas. Fletch acabara de contar que nem todos iriam de Primeira classe e ela já se conformavam com a ideia de não a conhecerem. Os rapazes entreolharam-se e Dougie e Tom deram um sorrisinho diabólico juntos.
— Calma, garotas. — Fletch começou a dizer. — São apenas duas pessoas: uma na classe Executiva e outra na Econômica. Só temos que saber quem vai...
— Fletch!! — todos os rapazes gritaram juntos.
— E James!! — desta vez somente Dougie e Tom gritaram.
— Por que eu?!?! — James impressionou-se ao ouvir seu nome.
— Annh... bom, por mim tudo bem. — Fletch preferiu não ir contra os rapazes, eles ainda estavam bravos por ele não ter tentado excluir as meninas da viagem.
— Quer dizer que ainda vamos de Primeira classe?!?! — perguntaram todas as meninas com os olhos brilhando, completamente animadas, e nem Fletch nem James tiveram coragem de dizer algo contra.
— Claro que vão!! — disse Danny feliz, ele havia sido contagiado por elas. Sentia como se ele próprio estivesse indo em um avião pela primeira vez.
— UHULEESSS!!!


— Muito bem, como faremos isso? — perguntou.
Ela estava mais preocupada em fazer e sentarem ao lado dos seus mcguys favoritos para que fizessem as pazes. E também, daria uma folga a , pensava em sentar ao lado da amiga e conversarem, mas achou melhor deixá-la sentar ao lado de Danny. Assim, foi a responsável por “organizar” os pares.
— Ai! Meu pé!!
— A culpa não foi minha! Me empurraram!
— Cuidado com essa mala, ow!!
— Sorry, dude!
— Por favor, por favor! Os senhores e as senhoritas estão tumultuando muito! — chegou uma aeromoça com um sorrisinho amarelo.
Eles a encararam envergonhados e tentaram abaixar o volume de suas vozes, por isso mesmo, quem não havia gostado da divisão feita por teve de se conformar para não criar mais caos ainda. A Primeira classe foi a primeira a embarcar no avião, um dos benefícios por se voar na melhor das classes, e havia justamente oito cadeiras bem espaçosas. Para os rapazes não havia tanta novidade, já tinham viajado outras vezes assim, para as meninas era tudo novo e seus queixos estavam caídos enquanto admiravam o quão grande e luxuoso era o lugar.
As poltronas eram de couro, espaçosas e reclinavam até virar uma confortável cama. As paredes internas do avião era de cor clara, o que deixava o ambiente mais clean e até se esquecia que tratava-se de uma aeronave. Além dos assentos, cada uma com sua televisão própria de vinte e nove polegas, havia uma segunda seção: uma de entretenimento. Nessa sala havia um sofá de três lugares — também de couro e com porta-copo —, e poltronas dispostas uma de frente para a outra com uma mesa de madeira entre elas, para eventuais jantares a dois. Era um luxo.
Para que o avião pudesse decolar, eles sentaram-se nas poltronas depois das garotas conferirem toda a cabine da Primeira classe, e sentaram-se: e Harry; e Danny; e Tom; e Dougie.

Senhores passageiros, queiram apertar devidamente os cintos. Em breve iremos decolar com destino a Beijing, China. Chegada prevista para três da manhã, horário local. Tempo de viagem de aproximadamente onze horas. Nós da British AirSways, desejamos a todos: uma boa viagem! — soou a voz da aeromoça em todas as cabines do avião e todos se preparam para a decolagem enquanto um vídeo explicativo sobre o avião e as manobras de como reagir em caso de acidentes era exibido em todas as televisões.

Aqueles dois chatonildos!!!, pensava James na classe Executiva, sozinho. Bom, se o Tom ficou tão preocupado com a ideia de eu dar em cima de uma das duas, ainda mais da , então quer dizer que há algo aí! Mas aquela reação do Poynter... Ele parecia estar com ciúmes.. A sorte dele na classe onde estava era que a pessoa que sentaria ao seu lado, não havia embarcado no avião. Melhor! Mais espaço pra mim.

ONZE?!?! ONZE?!?! ONZE HORAS DISSO?!?!, os pensamentos de Fletch gritavam enquanto ele tentava não perder seu controle próprio. Agora ele entendia o motivo das garotas terem ficado tão desesperadas só de se imaginarem indo na classe Econômica. Bebês choravam, crianças corriam endemoniadas pelos apertadíssimos corredores e os pais entravam em conversas aos berros, como se quisessem ser ouvidos por todos os demais. E, com certeza, em um voo de onze horas com aquele povo, ele enlouqueceria. Acho que posso tirar um valiosa lição daqui: nunca mais deixar de fora as meninas depois que eles fizerem questão de levá-las a algum lugar eeee...NUNCA levar crianças pequenas para viajar em um avião!!!!

— É a segunda vez que eu entro num avião e o frio na barriga ainda é o mesmo. — comentou com Dougie, enquanto olhava pela janela o aeroporto.
— Eu também. Quer dizer, não é a minha segunda vez, mas o frio na barriga é igual ao do primeiro. Igual o frio na barriga de quando fazemos um show. — ele respondeu, mais contente por perceber que ela estava mais falante fazia algum tempo.
— Não é meio estranho? Vocês já fizeram tantas apresentações, como podem sentir isso ainda? — ela perguntou estranhada.
— Ué, essa não é sua segunda vez num avião e mesmo assim você está nervosa? — ele a viu fazer um aceno positivo com a cabeça. — É como se cada show nosso fosse uma viagem de avião, sabe?
— Annnh... com aeromoças e lanchinhos? — ela disse sem pensar muito, apenas mencionou a primeira imagem que lhe vinha à cabeça quando pensava em aeronaves.
— Não, besta! — ele deu um peteleco leve em sua testa. — Conviver com o Danny está afetando o teu cérebro.
— EIII!! Eu não sei do que você está falando, mas eu ouvi você dizer meu nome, Dougiesta!! — Danny alertou o amigo. — E eu sei que você está falando mal de mim!!
— Imagine, Danny! Você alucina, dude! — Dougie fingiu inocência enquanto tentava segurar a risada. fazia o mesmo. — Enfim, voltando ao treco de um show ser uma viagem de avião. Eu quis dizer no sentido de que temos a decolagem: o comecinho do show, e se as pessoas não estiverem animadas, nós também não entramos no ritmo. Aí tem a duração, que tem que manter esse pique e depois vem o final, quando fazemos de tudo para que seja inesquecível para todos. Ah! E claro, durante todo o show corremos o mesmo risco que o de um avião: de cair e acontecer uma catástrofe. Não controlamos direito isso, mas ninguém garante que o nosso show possa ser o pior de todos os shows da história, do mundo, da galáxia, do universo... — ele parou ao ouvir a risada de criança dela.
— Credo, não precisa ser tããão dramático. É, deu pra entender a analogia, eu mesma não poderia explicar melhor. Mas não consigo imaginar que alguém não consiga sentir que o show de vocês seja inesquecível... Eu sei, porque eu estive nele: duas vezes.
— E como pareceram esses shows? — Dougie perguntou e deu um sorriso gentil.
— Como se fossem de Primeira Classe.
— Depois eu vou querer ir naquela salinha! — dizia animada, referindo-se a outra seção da Primeira classe.
— Claro, linda! — ele respondeu carinhoso e logo sua expressão foi para uma de espanto, não podia ser pego fazendo-lhe um elogio desses. Alguém poderia ouvir, achar suspeito e contar ao Fletch. Então aí tudo daria errado e aí elas seriam mandadas para casa mais cedo e ele não ficaria com ela e aí a China não teria tanta graça.
— Legal!! Olha que eu vou cobrar, hein? — ela também percebeu o risco que ele cometeu e não pôde deixar de sorrir nervoso e involuntariamente corar, fato que Danny percebeu e o fez sorrir. Aquilo, de certa forma, era bom para o seu ego.
Danny tentava não transparecer, o que até lhe era fácil, de que não estava pensando em nada. Mas ele estava. Pensava nele e em . Não está errado, está?, a voz em sua mente perguntava e ele não sabia como respondê-la. Até que teve uma ideia.

Hey =D!!
Se eu pedisse pra você para não beijar mais nenhum outro homem (e nem mulher O.o) por aí...você me atenderia?
leu o bilhetinho que tinha acabado de receber de Danny. Ela estranhou no começo, mas depois entendeu que era um assunto que era melhor não ser discutido em voz alta. Ela pensou bem no que poderia responder e quando finalmente conseguiu algo digno, tomou emprestada dele a caneta e começou a rabiscar algo. Jamais ela se faria de fácil, afinal, essa era a graça do jogo.

Yellow ;D!!
Depende. Faça uma boa proposta e eu pensarei no teu caso. XOXO
Leu Danny. Ele não era burro como seus amigos gostavam de dizer que era, sabia que era inteligente, mas não achou que este seria um caso de usá-la. Ele gostava de e ela certamente sentia algo por ele. Por isso mesmo não achou que necessitaria usar a inteligência ou palavras elaboradas para ganhar o que queria, fez o que lhe parecia mais óbvio: usou da simplicidade.

Sorry =[
Não tenho nenhuma boa o bastante que não seja esta: quero que você fique só comigo e mais ninguém. YOYO
Ela riu do “YOYO” quando leu. Sorriu pastel e o encarou, aquele bilhetinho a tinha deixado mais feliz do que pensou que poderia ficar depois de trocarem um beijo. Na verdade, ela pensou que poucas coisas poderiam deixá-la mais feliz depois daquilo, talvez, só um pedido de namoro oficial vindo dele pudesse superar. Bom...não é exatamente um pedido de namoro...mas..., ela demorou para organizar em poucas palavras o que realmente queria que ele lhe pedisse. Pedir em namoro. Certo, talvez fosse muito ousado, mas ela não sentia medo de arriscar, pelo menos não com ele.

Seja claro, senhor Jones U.Ú!Isto seria um pedido de namoro?
Leu ele e o sorriso desapareceu de seu rosto. Coisa que fez ela se preocupar e arrepender-se profundamente de ter escrito o maldito bilhetinho.

Sorry, again =[
Não, senhorita, . Isto não seria um pedido de namoro. Está mais para um convite para sermos ficantes exclusivos (WTF?).
E o motivo pra isso é porque QUANDO você for minha namorada (e se você aceitar, claro! POR FAVOR, ACEITEEE ó___ò!!), eu vou querer mostrar o cara sortudo que sou para todo o planeta. É algo que eu não posso fazer agora =(
Mas para tentar parecer bonitinho, que tal: Você aceita sermos ficantes exclusivos?
perdeu a conta de quantas vezes leu o bilhetinho no número cinco. Subdividiu o bilhetinho em categorias de fofo: “ó____ò”; em categoria de engraçado: “(WTF?)”; em categoria de prova que ele queria ficar com ela: “Você aceita sermos ficantes exclusivos?”; e a preferida dela, a categoria de prova que ele queria namorar com ela no futuro: “...QUANDO você for minha namorada...”. Ficou tão entretida nisso que só se lembrou que tinha de dar uma resposta ao rapaz, quando ele a cutucou no ombro. Ela riu da carinha de ansioso dele, parecia esperar por um boletim cheio de notas azuis ou de notas vermelhas. Não por acaso a nota foi azul.

Malz =P
Fiquei viajando na mussarela nesse “QUANDO”, tomara que ele aconteça algum dia ^.^
Respondendo a sua pergunta: sim, eu gostaria muito se fossemos ficantes exclusivos! XD
Ele leu e pode perceber a corrente de vibração que correu nele ao terminar de ler. E ela também quis rir quando viu que ele queria desesperadamente beijá-la, mas não podia. O fato era que ambos queriam muito o beijo, mas provavelmente teriam de esperar as onze horas da viagem e um pouco mais, pelo menos até conseguirem ficar sozinhos um pouco.

Será que eu aguento mais de onze horas sem beijar?!?!, pensaram ambos, seria um árduo desafio.




Capítulo 31 - Paz no céu

— AAHH!! — Harry acordou assustado de um cochilo e com um par de olhos o encarando. — ?! Você ficou olhando pra mim enquanto eu dormia??
— Desculpe.
— Aff, tudo bem, tudo bem. — ele passou a mão na nuca, sentiu até uma corrente de frio no corpo por conta do susto.
— Não, Harry. — ele a olhou com a sobrancelha levantada. — Desculpa digo eu.
— ...Espera, essa desculpa é pelo quê?
— Aquilo do Pub. — ela ainda o encarava. — O que mais poderia ser? — Eu não pediria desculpas só por olhá-lo enquanto ele dorme!, ela pensou. O que é belo é para ser apreciado, oras!
Harry a olhou e depois olhou para onde estariam os outros. Não havia ninguém. Ele ouviu algumas risadas vindas da outra sala e imaginou que estivessem se divertindo na sala de entretenimento. Deu um suspiro pesado e agradeceu por estarem a sós, talvez agora pudessem conversar com clareza. Ele próprio não entendia tudo o que havia acontecido naquela noite.
, o que foi aquela cena?
— Idiotice minha... você não vai querer nem saber, é muito idiota mesmo. Mas, enfim, desculpa. — ela começava a sentir mal com o olhar dele sobre ela. Fazia-a sentir a menor pessoa do mundo.
— Pode ser idiota, mas eu gostaria muito de ouvir. — ele percebeu o olhar dela frustrado. — Não se preocupe, temos onze horas... pode tomar o tempo que precisar, desde que você me conte.
— Tudo, tudo?
— Tudo, tudo.
— Ai, ai. Vejamos... Tudo começa quando uma amiga minha, a , me mostrou uma música de vocês, quando eu vi o vídeo, fiquei na hora encantada com o baterista. Desde aquele momento, você é o meu favorito... depois de um tempo, como qualquer outra fã, eu já sabia de tudo sobre Harry Judd! — ela debochava um pouco de si mesma.
— Hummm, tudo mesmo? — ele a viu fazer um aceno afirmativo com a cabeça. — Data de aniversário??
— Vinte e três de dezembro! — ela ficou dura, não sabia que teria que responder um questionário sobre Harry Judd com o próprio.
— Nome completo?!
— Harry Mark Christopher Judd!
— Programas favoritos?!
— Friends e The Office!
— Ator/Diretor favorito?!
— Clint Eastwood!
— Nome do amigo imaginário que eu tinha quando criança?!
— FISHER!!
Harry caiu na gargalhada, a cara de aflita dela em responder tudo certo era impagável. até chegou a dar um soco não muito forte no ombro do rapaz para que ele parasse de rir.
— Já deu, ô risadinha nervosa! — ela o repreendeu.
— Certo, certo! Continue...
— ...Eu gosto muito de você! Mas a tem razão, o meu lado fã é apaixonado pelo teu lado ídolo. Eu só conheço o que a mídia me apresenta, então, conheço apenas uma pequena parte de quem você realmente é. Não sei quem é você no dia a dia, fora dos palcos e das câmeras. Então isso não garante que eu gostaria de ti, se conhecesse o Harry Judd não-músico, não-ídolo, apenas um cara normal... Claro que eu não pensei nisso no dia do Pub! Fiquei com ciúmes de ver você com aquelazinha, eu estava errada. Errada em tudo, o que te disse, a forma como te tratei. Eu, sinceramente, sinto muito.
Harry ouvia tudo e nem imaginava o quanto era difícil para ela pedir desculpas. Ela ficou feliz de finalmente fazê-lo, um peso havia saído dela, agora só restava saber se as coisas ficariam bem entre os dois. O baterista tinha prestado atenção a tudo que ela dissera, mas algo ficou marcado em sua cabeça: se ele não fosse famoso, ela ainda assim teria gostado dele?
— Harry? — ela perguntou com a voz preocupada. — Nós... estamos bem agora?
, eu não posso ficar com você...
— Ah! Bom... O.K., eu...entendo, eu acho. — aquilo a tinha pegado de surpresa.
— Eu quero dizer, — sabia que ela não o havia entendido. — naquela noite, eu só fiquei com aquela menina porque eu queria esquecer outra. Uma que está fora do meu alcance no momento.
— Você está falando de mim, não está? — ela perguntou fazendo uma careta estranhada. Não teria sentido ele contar aquilo se não fosse algo a ver com ela.
— Sim, . — ele abafou uma risada. Não é óbvio que é você, boba?, ele pensou. — O Fletch estava certo quando nos disse que não podemos ter nada mais que amizade com vocês quatro. No dia do Pub, eu estava pensando se faria ou não o que ele recomendou e pensei ter tomado a melhor decisão. Eu percebi que você estava dançando especialmente para mim, só um burro não notaria! Mas, se ficássemos naquela noite e depois não déssemos certo, como faríamos?
— É verdade. — ela até entendia o que Harry estava dizendo, mas sua cabeça estava em outro lugar.
estava agora pensando em sua amiga e Danny. Eles haviam ficado na noite do Pub, pelo menos foi isso o que lhe disse no banheiro do aeroporto. E se desse algo errado entre eles dois?! Como eles ficariam depois? E se o próprio Fletch havia advertido os rapazes... isso queria dizer que Danny ficou com mesmo sabendo disso!
, — ele começou após um silêncio meio incômodo para ambos. — vamos tentar ver no que dá quando nós voltarmos ao normal, ok?
— Então... por enquanto... amigos? — ela se sentiu meio criança por estar estendendo o dedo mindinho da mão para um homem adulto. Mas era algo que ela fazia quando começava amizade com alguém.
— Amigos. — ele lhe estendeu seu mindinho também. Era idiota, mas vindo dela, ele não poderia achar mais fofo.
— Voltei à estaca zero! — ela suspirou. Ele olhou estranhado para a garota por sua fala. — Do time daquelas que nunca beijaram Harry Judd. Bem... acho que serei a única do time dei-um-selinho-em-Harry-Judd-versão-macaquinho!
— Ou talvez não! — ela o estava divertindo com as bobagens que dizia.
Não deu muito tempo para ela entender o que havia acabado de falar, aproximou-se rápido dela e a beijou. Ela fora pega de surpresa, mas sorriu durante o beijo, estava prestes a trazê-lo para mais perto de si, quando a porta da sala de entretenimento foi aberta rápida e ambos interromperam o que faziam.
— Hey! Vocês dois não podem dormir a noite toda!! — Danny gritou animado para eles.
— Danny!! — Harry estava visivelmente irritado. Por pouco não fora pego no flagra.
— Vamos lá nos divertir!! Precisamos de mais pessoas para jogar “Tapas”!!
— Uia!! Tapas!! Vamos?
— Vamos, vamos... — Harry suspirou e lançou um olhar rápido para . Ela estava muito vermelha.


— Houston, we got a geek! — brincou quando terminou de limpar seus óculos e ao colocá-los, deu de cara com Tom.
— Eu vim em paz. — ele chegou até a fazer o sinal do Spock e ela riu dele.
estava no sofá de três lugares procurando no menu da televisão algum filme interessante para ver, havia convidado os outros, mas eles pareciam muito entretidos no jogo de cartas “Tapas” — o qual ela odiava.
Tom foi o primeiro a ganhar e por isso ficou livre primeiro. cochichou em seu ouvido que aquela seria uma boa hora para se acertar com , ele agradeceu com uma piscadela pelo conselho e foi até onde estava a menina.
— Podemos conversar? — ele perguntou.
— Não, não podemos. Mas podemos ver... olha só!! Eles têm Star Wars!! — ela tinha os olhos brilhando por ter encontrado um achado daqueles.
— É sério, . — ele falou com a voz manhosa.
Ela sentiu raiva por ele usar um golpe tão baixo como aquele. Apelar pra carinha de cachorrinho sem dono é maldadeee!!!!, ela pensou. Tom se precaveu e afanou da mão da garota o controle remoto, assim ela não fugiria da conversa.
— Tá! O que você quer?
— Não acha que temos que esclarecer certas coisas?
— Não, não acho. Eu te odeio, você me odeia e pronto! Está claro como água pra você?
— Você me odeia?! Por quê?? E eu nunca disse que te odiava! — Tom estava surpreso com o que ela dizia.
— EII!! Vocês dois!! — Danny gritou para os dois do sofá. — Estamos tentando jogar aqui! Será que podem fazer mais silêncio? — ele recebeu pedalas dos demais, que assistiam disfarçadamente os dois se acertarem.
— Eu não quero mais papo com você, Thomas, só me entrega a droga desse controle remoto!
Tom olhou por cima do ombro, todos fingiram estar concentrados no jogo, não queria ter de resolver a situação com seis pessoas de plateia. Entregou o controle remoto, pensou que seria mais fácil conversar depois, quando estivessem sozinhos.
— Certo, mas você entendeu errado. Eu nunca disse que te odiava, se você diz isso, então não sabe do que está falando. — ele se levantou e, sem dizer mais nada, passou pela roda de amigos sentados no chão até sair da sala.
Todos, até mesmo um perdido Danny, voltaram seus olhos para , quem os encarava apreensiva. olhava séria para a amiga, estava dizendo através do olhar que ela deveria ir atrás do loiro. Quando percebeu que a amiga permaneceria estática no sofá, tomou uma atitude.


— AII!!!!
A cabine da Primeira classe tinha as luzes principais desligadas, o que deixava o ambiente um pouco escuro, Tom sentiu uma luz forte em seu rosto e quando abriu com dificuldade os olhos, viu uma fechando a porta da sala de entretenimento. Ele pensou que tivesse sido a autora do grito.
— Ai, . Sua mofada!! — reclamou, sentando-se no chão.
a tinha arrastado pela sala e a jogou para fora, desequilibrou-se e caiu no meio do corredor. Ela estava sentada de joelhos, massageando certas áreas doloridas pela queda.
? — perguntou Tom quando ouviu a menina reclamando. Ele sentou-se ereto na poltrona, não a estava vendo.
— ...eu não entendi errado, eu ouvi você mesmo dizendo que me odiava. — ela não o encarava e deu um longo suspiro. — Foi por conta do meu jeito de ser ou foi algo que eu fiz ou falei pra você que te fez me odiar?
— Nenhuma das alternativas. E, sim, você entendeu errado, sim! Eu tinha dito que não gostava de você.
— É praticamente a mesma coisa! — ela respondeu enquanto brincava com as próprias mãos, ainda sentada no chão do corredor. — ...Por que disse aquilo se eu não te fiz nada de mau?
— Não é a mesma coisa. O Bourne havia me feito uma pergunta e eu só respondi. Você quem chegou num momento não muito bom. Eu não te odeio, . Eu gosto de você... como uma irmãzinha, é claro!! — ele tratou de deixar claro para que ela não pensasse em outro sentido.
— Uma irmãzinha? — pela primeira vez ela o estava olhando. — Então...é como se você fosse o meu irmão mais velho? — Hein? Tom Fletcher me considera uma irmãzinha?, pensava ela. Os olhinhos pequenos dela brilhavam por três motivos: 1. Tom não a odiava; 2. ele a considerava uma irmã; 3. sempre quis ter um irmão para não ser mais filha única.
— Uhun. — ele sorriu e passou a mão pelos cabelos dela, bagunçando-os um pouco. Sua fãs faziam de tudo para que ele dissesse que se casaria com elas, mas parecia ser a fã mais feliz da galáxia só porque havia dito que era uma irmãzinha para ele. Tá, isso é meigo, ele pensou.
— E o que ele perguntou? — o inquiriu quando a mão de Tom deixou seu cabelo em paz.
— Bom… ele perguntou se eu… se eu estava gostando de você. E eu disse que não.
— E… por que ele fez uma pergunta dessas?? — era visível a mudança de comportamento nela. Tom passou a crer que esperava por respostas do tipo “Por que o James está a fim de você.”; ou “Por que ele gostou muito de você.” e ele, como o irmão mau que era, não daria esse gostinho.
— Por que ele vai dedurar um de nós se começarmos a querer passar da barreira da amizade. E ele já estava querendo me entregar pro Fletch, sendo que sou inocente, ele quer fazer intriga. — Tom mentia na cara de pau para , quem prestava atenção no loiro como se este contasse uma história de terror.
— Annnhh… o que acontece se um de vocês “ficarem” com uma de nós? — perguntou a menina preocupada com outra pessoa em especial.
— Algo tão ruim que você ficaria tremendo só de ouvir: um... Sermão do Flet... — Tom foi interrompido pela abertura repentina da porta da sala de entretenimento.
— AAHHH!!!!!!!! — gritaram Tom e assustados. Eles estavam mesmo no clima de terror.
— E aí? Já se resolvera-... Por que estão agarradinhos? — Danny surgiu sorridente na porta e os encarou, estranhado com o fato que ambos se abraçavam. Logo, a cabecinha dos demais amigos foram surgindo atrás do guitarrista para poderem ver com seus próprios olhos a cena.
— Por culpa sua, Danny!! Vo-vo-você nos assusto-to-tou!! — reclamou com o moreno ao mesmo tempo que tratava de largar do loiro.
— Terminaram o Tapas? Quem ganhou? — perguntou Tom fingindo que nada tinha acontecido.
— O Dougie, mas a está pronta pra pedir uma revanche. Vocês precisam ver a mão deles, suuuper vermelhinhas!
— Danny! Anda logo e traga o Tom e a acusada!! — Dougie gritou.
— Acusada? — perguntou para Tom, quem lhe deu de ombros também sem saber do que poderiam estar falando.
— Não sei de nada.




Capítulo 32 - 11 Horas de viagem

— Calma, eu ouvi o que eu penso que eu ouvi? — virou-se para as amigas ao lado, incrédula.
— Não se façam de inocentes!! — Danny apontou o dedo indicador para todas.
— Ainda mais vocês duas: e . — Dougie acrescentou.
Os meninos estavam lado a lado e de pé, no meio da sala, encarando as meninas, que se encontravam em frente a eles, também uma ao lado da outra. Eles estavam de braços cruzados e faziam caras sérias para quatro garotas que se seguravam para não rir.
— Senhoritas , , e . As senhoritas foram acusadas de traição! — Danny dizia com total convicção de ser um importante e renomado advogado. Ele até andava de um lado para o outro para dar mais efeito dramático.
— Como é que é?? — as meninas perguntaram em coro.
— Sim!! As senhoritas se dizem fãs dos integrantes da banda de mega-sucesso-global, McFly, MASS!! Nunca, jamais deram provas disso.
— Provas de que somos fãs? — perguntou sem entender nada. E precisa? Nosso despertador é a música do McFly!! Essa é uma prova!, ela pensou.
— Mega-sucesso-global? — riu um pouco. Certo, eles eram uma banda de sucesso, mas Danny estava com o ego muito inflado desde que eles haviam ficado. — Tão podendo, hein?
— Sim, é verdade. — Harry e Tom concordavam sérios com as declarações do guitarrista.
— PIOR!! — Dougie tomou o turno para falar. — Duas de vocês, e , mais de uma vez, deram chilique de fã por nosso amigo, James Bourne.
— Hein? — as duas meninas foram pegas de surpresa e a cor vermelha se apossava de seus rostos.
— TRAIÇÃO!! — gritaram todos os rapazes juntos.
— Onde vocês querem chegar com isso, afinal? — perguntou , ela tinha uma ideia, mas a rejeitou rápido porque não poderia ser possível.
— Simples!! — Harry respondeu. — Nós queremos uma retratação digna!
— E o que seria essa retratação digna? — questionou.
— Eu e todos os demais integrantes da banda... queremos que todas as quatro, nossas ditas “fãs”, — Danny fez aspas na última palavra. — deem... um chilique de fã!
— Eu acho que eu não entendi. — estava com os olhos semiabertos, concentrada, tentando entender o pedido dos rapazes enquanto passava a mão pelo queixo, fingindo ter uma barba gigantesca.
— Querem que todas nós gritemos e esperneemos por estarmos na frente dos nossos ídolos, é isso? — perguntou.
— Eu não sabia que vocês ligavam tanto pra isso. — comentou. — Só não gritamos por vocês porque não queríamos que pensassem que éramos malucas ou coisa do tipo!
— Não seja por isso, já sabemos que vocês não batem bem da bola. — Harry esclareceu.
— Com licença, senhor Judd. Mas eu não sou maluca coisa nenhuma. — lhe dava um sorrisinho.
— Ordem no tribunal!! — Tom batia uma mão fechada na palma da outra mão já que não tinha um martelo. — Nós do tribunal do McFly sentenciamos as réus: culpadas de traição! E a pena a ser cumprida será uma retratação digna!
Elas se entreolharam e depois sorriram nervosas. Realmente, não haviam nunca dado um chilique por estarem ao lado deles, mas não era por falta de vontade! Tantas coisas malucas aconteceram desde o dia que eles entraram na vida delas, que nunca pararam para cair a ficha de que estavam ao lado de seus ídolos.
— Estou esperando. — Danny deu uma piscadela marota para as meninas.
— OOOOOOHHHHHHHH!! — começou.
— MMMMMYYYYYYYYYY!!!! — foi a segunda.
— GGGGGGGOOOOOOOODDDDD!!!!!! — terceira.
— ÉÉÉÉÉÉÉÉ OOOOOOOOOOOOO.....!!!!!!!! — quarta.
— MMMMMMcccccccccccFFFFFFFFFFLLLLYYYYYYY!!!!!!!!!! — gritaram todas histéricas.
As quatro pulavam no mesmo lugar, batiam palmas, sorriam pastel, riam abobadas, gritavam mais ainda e os quatro rapazes sorriam e desfrutavam da situação. Elas estavam bem perto deles, ainda saltitantes, pedindo por autógrafos, fotos, dizendo o quanto gostavam deles e de suas músicas. Sem rasgar a roupa deles ou machucá-los, é claro.
Eles haviam se colocado de uma forma que as meninas já estariam de frente cada uma para o seu mcguy favorito e eles de frente para sua fã preferida. No momento, elas não tinham nenhum papel ou câmera e eles nenhuma caneta, então, os rapazes só fingiam assinar o autógrafo e depois tirar uma foto com elas.
Mas o momento foi interrompido.
— AAAAAHHHHHH!! — as meninas gritaram de medo.
Todos perderam o equilíbrio que tinham, não estavam mais de pé, e uma sensação de frio na barriga, como se estivessem na descida da montanha russa mais alta do mundo.
Senhores passageiros, aconselhamos que permaneçam sentados e que afivelem os cintos. Neste momento, passamos por uma área de turbulência leve. Obrigado. — soou a voz falsamente simpática de uma das aeromoças.
— Eu odeio turbulência!!!
— Parece que o avião tá caindo!!
— BUÁÁÁ!! Eu não quero morrer ainda!!
— E eu que não gerei nenhum descendente ainda?!
— Quero a minha mãeee!!!
— Tô com medoooo!!!
— Salve-me quem puderrr!!
— BUÁ!!!!!!
Eles eram, de fato, uns exagerados. A turbulência havia sido leve e rápida, ao ponto de nenhuma aeromoça realmente se dar ao trabalho de ir checar como estavam, pois tinham de preparar as várias refeições que começariam a servir em todo o avião — e a Primeira classe era a cabine que tinha mais tipos de prato para uma mesma refeição, ou seja, mais trabalho. As aeromoças encontravam-se no espaço entre o fim da cabine da Primeira classe e a Executiva.
— Eu estou viva ainda? — perguntou, finalmente abriu os olhos e encontrou-se deitada e, fortemente abraçada, sobre Harry, no chão. Ela corou na hora.
— Se nós morremos, algo me diz que eu fui para o céu. — Harry passou a mão nos cabelos dela.
— Já está tudo bem, Dougie. Pode abrir os olhos. — fazia um cafuné no baixista, que estava deitado sobre boa parte do corpo da garota e a impedia de levantar-se.
— A turbulência foi embora? — ele retirou seu rosto do espaço entre o pescoço e o ombro dela. De certa forma, queria que a turbulência voltasse para não ter de sair dali. Espera, espera, espera! Não é pra pensar isso!!, ele se recriminou pela sua ideia de antes.
— Danny, você deixe de tentar tirar proveito numa situação dessas, seu tarado. — disse sussurrando, em tom sério, para o rapaz que a abraçava e tinha a cabeça apoiada no ombro da garota, mas que ia aos poucos descendo um pouco mais, com intenções não muito puras.
— Poxa, ! Eu estou com medo! — ele tentou explicar enquanto apertava sua orelha para que ele voltasse ao lugar inicial. Eles estavam numa das poltronas do lugar, com a garota sentada no colo de Danny, e este curvado, um pouco desconfortável, para conseguir descansar sua cabeça na garota. — Ai, ai , aiiii!!!
— É, a turbulência passou. — Tom constatou e pousou a mão sobre a cabeça de , que o abraçava forte, segurando-se na blusa do rapaz e com a cabeça apoiada na região do peito do loiro.
— Achei que fossemos morrer. — comentou ao afastar sua cabeça do guitarrista. Pra que eu me segurei nele, afinal? Se essa droga caísse mesmo, isso não nos impediria de morrer numa catástrofe..., ela tentava entender por que sua primeira reação fora segurar-se nele. Ela estava sentada no colo de Tom e eles dois estavam sentados na poltrona que ficava de frente para Danny e .
— CRUZES!!!!
Todos voltaram seus olhares para o penetra, James Bourne. Ele sorria meio abobado pela cena que via naquela sala: todos estavam abraçados, muito juntos e seus olhos perceberam principalmente um casal: Tom e .
— Não imaginava que vocês já estivessem tãão íntimos. — James gargalhou. Pensava se havia subestimado o jeito de Thomas de lidar com garotas. Afinal, depois de anos de amizade, sabia que ele era do tipo que fica enamorado platonicamente por meses e até anos, antes de finalmente arriscar algo. Assim havia sido com várias paixonites suas. Assim havia sido com Giovanna.
— James?? — todos estranharam a presença do rapaz ali.
— Presente!! — ele levantou a mão como se respondesse a uma lista de presença. — E aí... o que vocês estão fazendo? Suruba?!
— Não fale besteira, Jimmy. — Dougie o repreendeu. — E você o que faz aqui?
James sentou-se no chão com perninha de índio e deu um sorrisinho sacaninha para Dougie. Este estava deitado no chão, com a cabeça apoiada na perna de , quem estava sentada igual a James e seguia fazendo cafuné no baixista.
— Soube que as aeromoças já estão preparando o rango, então vim aqui porque elas servem a Primeira classe primeiro! — James explicou e fez joinhas com as mãos.
— Elas não vão brigar por você não estar onde deveria? — Danny perguntou confuso. Ele ainda estava com , sentados na poltrona e com a cabeça deitada no ombro dela.
— Annhh...então, gente. — levantou-se um pouco desajeitada. — Se vamos comer, seria bom darmos uma geral aqui, não acham?
Ela estava um pouco nervosa, não queria estar perto de Tom para que James interpretasse mal e fosse dedurá-los ao Fletch. Mas todos ali estavam em uma situação potencialmente suspeita, todos estavam em pares e abraçados, fazendo carinho. James poderia pensar em delatar todos, apesar de que um casal já havia se pegado de verdade: Danny e .
— Deixa pra arrumar depois! — James falou sem se mover. — Então, meninas, o que estão achando daqui da Primeira classe?
— Sim, vamos! Ah, tudo de bom. — respondeu feliz por finalmente estar voando com conforto.
— Ainda mais com uma salinha dessas por aqui! — disse , ela estava sentada no chão, com Harry ao seu lado e o ombro dele sobre o seu.
— Eeee...na televisão ainda tem a série completa de Star Wars!! — comentou com os olhos brilhando.
— Uiaa!! Jura? — perguntou para a amiga, que confirmou com a cabeça.
— Com licença? — uma aeromoça entrou na sala de entretenimento empurrando um carrinho. — Os senhores vão preferir que a refeição seja servida aqui mesmo?
— Sim, por favor. —Tom informou-lhe simpaticamente.
— Certo! Vou... desculpe, o senhor é mesmo daqui? — perguntou ela para James.
— Annhhh...bom eu sou, só que da classe Executiva. — James coçou a nuca. — Eu sou amigo deles, sabe? Tem algum problema se eu ficar aqui?
— James!! — disse e surpreendeu a todos. — Annh...por favor, não dê trabalho para a moça... Logo, logo o voo acaba e nós estaremos juntos de novo. E não se preocupe com a comida, não será pior que a da classe Econômica. Então, au revoir, dag, adio, auf wiedersehen!
— QUÊ?! Mas eu...mas eu! Eu não vou atrapalhar! Juroo!!
foi empurrando delicadamente James para sua devida classe. Dougie e Tom morriam de rir por dentro pelo fim que o amigo teve, afinal, ele realmente estava batalhando para tirá-los do sério. Harry aproveitou que todos prestavam atenção na saída de Bourne e puxou rápido pela mão para as poltronas dispostas uma de frente para outra, com uma mesa de madeira no meio. Iria parecer um jantar a dois.
Danny percebeu os movimentos dos dois e achou que seria bom se ele também aproveitasse para fazer o mesmo. Cedeu a poltrona para , foi até Tom, quem ocupava a outra poltrona, e desapropriou o loiro, que acabou estirado no chão e sem entender nada.
— Vamos comer vendo um filme? — perguntou para Dougie, ao mesmo tempo que movia sua perna para que ele se levantasse.
— Claro! — ele respondeu. Levantou e jogou-se no sofá de três lugares com tudo. Começou a rir quando o cutucou na região da cintura.
— Folgado!! Pode ir sentando, homem!
— Por que a gente não aproveita e vê Star Wars? — perguntou enquanto estendia uma mão para Tom se levantar.
— Mas caberemos os quatro no sofá? — Tom perguntou.
— Você senta no chãozinho aí, que eu fico na companhia das garotas! — Dougie zombou, ao mesmo tempo que passava os braços por cima de e .
— Pare de se sentir, nanico! Senta direito!! — o golpeou no estômago e, sim, ficaria roxa a parte atingida por ela.
— E, você, não banque o deprê! — bagunçou o cabelo do loiro sentado quietinho no chão. — Já arranjamos espaço.
Mais uma aeromoça chegou e, assim, as duas começaram a distribuir os vários pratos que compunham a refeição. À primeira vista, os dois primeiros não pareciam nada apetitosos e até houve comentários de que deveriam estar crus ainda, mas todos estavam muito saborosos. E até se arriscaram em algumas bebidas.


Argh!! Eu não creio que me mandaram de volta pra cá!! Poxa! Podiam ter me deixado ficar, eu não ia incomodar ninguém, pensava James. Ele tinha acabado de ter a sua comida servida e, nervoso, acabou queimando a língua ao morder o primeiro pedaço.

Não londe dali, Fletch estava feliz, pois finalmente as crianças haviam se acalmado um pouco. Ele só ficaria um pouco indignado com a refeição simplória que teve, mas isso não importaria muito depois que ele conseguisse dormir.


— Ufa! Eu cansei. — disse largando-se de qualquer jeito na poltrona. Ela e os demais haviam retornado à cabine da Primeira classe.
— Pena que ainda falta muito. — disse fazendo careta. — Não gosto de ficar muito tempo dentro de um avião.
— Mais um pouco a gente chega, relaxa aí, mulher. — consolou a amiga.
— Hey, Tom? — sussurrou para o rapaz ao seu lado.
— Pode falar. — o rapaz respondeu bocejando.
— Você acha que corremos o risco do James querer falar de algum de nós para o Fletch? É que, quando ele entrou, bom, todos nós estávamos em uma situação meio duvidosa. — ela disse em voz baixa e preocupada.
— Duvido. — ele percebeu que não estava a convencendo. — Fica calma, eu fico de olho nele. Se ele quiser contar algo, eu entro em ação! ...Por que está fazendo essa cara?
— Eu estou falando de algo sério, Tom. Não de bancar o super herói.
— Estou sendo sério! Confie em mim...e não se engrace com ele.
— Me engraçar...com ele...? — a menina ficou vermelha só se de imaginar com James.
— Sim! Você e a senhorita , fiquem de olhos bem abertos perto dele. — ele dizia para si mesmo que deveria alertá-las, mas sem contar sobre o tal plano mirabolante de James em conquistar uma delas.
— Para, Tom! — ela deu um soco fraco no rapaz. — Você não deveria falar assim de um amigo seu. — Sem contar que James não ficaria a fim de mim, ela pensou enquanto ajeitava o cabelo atrás da orelha. Vermelha na região do rosto.
— Pena que James não pôde ficar conosco. — disse para ninguém em especial.
— Ahan. — Dougie respondeu, mas soou muito falso.
— Percebo que você se importa, Poynter. — ela soou irônica. — Vocês estão brigados com ele? Tem algo muito estranho entre vocês. Pelo menos foi isso o que eu notei.
— Você está alucinando, . — ele disse impressionado pelas palavras dela. — Você quem esteve estranha todo esse tempo. Parecia até que estava num...
— Munho bolha? — interrompeu o rapaz para poder ela mesma completar.
— Sim! Parecia isso mesmo. Por falar nisso, você já está melhor? Ou só saiu daquele mundo temporariamente?
— Hummmm, já saí. Sinto muito, sei que fiquei muito aérea. — ela enrolava a ponta dos cabelos com o dedo indicador. — Mas! Você não tente mudar de assunto, vocês estão estranhos com o James.
— Opa! Opa! Opa! Me coloquem fora dessa! — Jones se meteu na conversa. — Eu não estou estranho com o James. Sou inocente desta vez!
— Apoiado, Danny! — Harry fez sua participação. E a maioria começou a prestar atenção na conversa que Dougie e tinham. — Na verdade... só o Dougie e o Tom que estão assim com o nosso pobre Jimmy. — o baterista alfinetou.
— Mentira... — Dougie disse rápido e tentou buscar apoio em Tom, mas ao olhar viu que o outro já dormia. Tom fingia dormir para poder escapar daquela conversa. — Vocês todos estão alucinando! A altitude do avião não está fazendo bem pro cérebro de vocês!




Capítulo 33 - Instalando-se

— Vejamos. — Fletch começou a dizer enquanto distribuía as chaves. — James e eu, quarto 713. Danny e Harry, quarto 714. e , quarto 715. Dougie e Tom, quarto 716. e , quarto 717.
As onze horas de voo haviam terminado, finalmente, para o alívio de uns. não poderia estar mais feliz de ter saído do “tubo de metal aéreo” — segundo ela — e estar livre para andar. e Danny estavam ainda mais desesperados em conseguir algum tempo sozinhos para “fazerem coisas proibidas”. estava nas nuvens por ter beijado Harry Judd, era mais um selinho, mas isso era só um detalhe. Harry sentia-se contente por estar numa boa situação com outra vez. Dougie procurava em todos os lados por um banheiro: queria se “aliviar” desde que saíram do táxi que os deixou na porta do luxuoso hotel na capital. Tom lia as opções de lazer que o estabelecimento oferecia, afinal, ele e os demais poderiam aproveitar os dias que ficariam ali antes de pegarem o trem que os levaria até uma parte mais interiorana da China. James se espreguiçava folgadamente, queria assistir televisão numa confortável cama e depois dar um jeito de curtir um tour pela China no dia seguinte. observa a arquitetura do lugar enquanto pensava em como seria a vista da janela do quarto e se seria tão luxuoso quanto o lobby. Fletch estava em paz, não havia mais crianças chorosas ou correndo sem parar, ele poderia descansar e dormir tranquilo.
Apesar do cansaço, nas portas dos quartos houve a proposta de descerem juntos até o restaurante do hotel e comerem algo em grupo, para se divertirem um pouco. Não houve uma unanimidade, então o convite ficou de pé para os que estivessem interessados. Quem propôs a ideia fora Danny, esperando por uma resposta positiva de — quem lhe deu uma piscadela cúmplice. Ela daria um jeito de, disfarçadamente, ir até o restaurante com o guitarrista sem levantar muitas suspeitas.


— Então, todas sabem o que fazer? — perguntou confirmando.
— Sim!!! — disse confiante, deitada na cama do quarto de e . — Atrapalhar sempre que possível os pombinhos!!
— Aham! — concordou. — E impedir qualquer contato íntimo!
— Beleza!! — disse.
— E então, tentou descobrir alguma coisa? — perguntou , sentada no chão, curiosa com a possibilidade para , companheira de quarto de .
— Não. Não tive tempo, ela entrou para tomar banho e aí eu vim para cá. — ela respondeu.
— Não creio que ela possa estar guardando um segredo de nós! Poxa vida! Somos as melhores amigas dela! — dizia séria, algo raro na garota.
— Verdade, se ela não conta isso pra gente, imagine o que mais pode estar escondendo? — comentou um pouco chateada.
— Quando alguém guarda um segredo de suas melhores amigas, então a coisa está mais feia do que se poderia pensar. — concluiu, suspirando pesado.
, por um momento, sentiu-se preocupada de não haver contado ainda a ninguém sobre seu selinho no avião e de não ter contado para e sobre o selinho que trocara com o macaquinho Harry tempo atrás no parque. Ela sabia muito bem que das duas, era uma amiga que não admitia de forma alguma segredos, pelo menos não entre melhores amigas.
— EU TROQUEI UM SELINHO COMO HARRY EM FORMA DE MACACO!!!
— O QUÊÊÊ?!?! — gritaram em coro espantadas as duas garotas.
— Foi sem querer!!
— Como assim, mulheer!?!?!
— Tu beijou um macaco!?!?!
Pôde ser ouvido um baque na porta, que estava destrancada, e a imagem de dois rapazes entrando atrapalhados por ela: Tom, seguido por Dougie. Assustando ainda mais as garotas.
— O que aconteceu?!
— Nós ouvimos gritos!!
— AII!! Vai matar a avó da do coração, seus palhaços! — resmungou, com a mão sobre o peito e jogando uma almofada da cama na direção dos rapazes.
— EI!! Não fale assim da minha avó, coitada dela!! — reclamou do comentário.
— Não aconteceu nada, rapazes. — tentou botar um pouco de ordem no lugar. — Fiquem tranquilos, nós só estávamos conversando.
— Sabem como são mulheres quando conversam, tudo um bando de gralhas! — dizia tirando sarro.
— Eu disse pra você que não deveria ser nada demais! Seu jegue! — Tom dava pedalas no amigo.
— Jegue, não! Porquinho da índia!! Olha o respeito. — Dougie tentava desviar dos golpes. — Mas e aí, sobre o que estamos falando? — ele avançou mais e sentou-se no chão, perto das garotas.
— Bom... conversávamos sobre a experiência mágica que é ter um filho numa sociedade tão tecnológica. — começou e como as três queriam conversar em particular, elas tinham um bom plano para que os meninos fossem embora.
— E como fazer para conciliar uma boa carreira profissional com o dever de educar os filhos. — completou.
— E como uma mãe solteira consegue equilibrar-se nesse tipo de situação sem a ajuda presente do pai da criança. — deu o toque final.
Tanto Dougie, quanto Tom tinham os olhos semicerrados, ambos fazendo cara de que tentavam entender uma língua desconhecida. Elas queriam rir de suas carinhas de confusos, mas não podiam.
— Sabe de uma coisa? Acho que nós dois precisamos de uma conversa mais... testosteronizada. Não concorda, Tom?
— Annh, sim.
— Vocês entendem, não é, garotas? Somos homens!! — Dougie tentou dar um jeito de fugir daquela conversa.
— Sim, entendemos. — confirmou com a cabeça.
— Machos!! — disse, erguendo o braço fingindo ser musculosa.
— Testosterona!! — complementou, também indo na onda de .
— Yeah! — Dougie fez uma pose de homem musculoso.
logo se viu entre suas duas melhores amigas e dois mcguys entretidos em fazer mil e uma poses de fisiculturistas. Ela não resistiu e começou a gargalhar, era ridículo demais, até que lá foi ela posar de musculosa dos pés a cabeça.
— O que diabos vocês estão fazendo???
Todos os cinco voltaram seus olhares para a porta, outra vez aberta com a presença de Harry e Danny, com expressões de medo e preocupação.
— Depois dizem que eu tenho problemas. Tsc, tsc. — Danny comentou, balançando negativamente a cabeça.
— Ah, mas você tem mesmo. — Harry passou seu braço em volta de Danny, fingindo consolar o amigo.
— Graçinha ele, não? — Danny apontou com o indicador para o baterista e com a outra mão acertou-lhe um pedala na nuca.
— Estávamos só brincando. — esclareu.
— Fale por você. — Dougie disse brincando. — Eu estava mostrando meus músculos! E os músculos nos músculos!
— Opa, Houston, nós temos um problema, porque eu não estou vendo músculo nenhum! — zombou do rapaz.
— Comece a correr, garota!! — Dougie revidou, já se preparando para uma sessão de cócegas na garota.
— Nem pensar!! Nós temos que terminar nossa conversa, lembra ? — lembrou a amiga que já estava pronta para sair em disparada.
— Vocês podem terminar depois. — Danny sugeriu. — Nós viemos aqui saber se vão querer descer e comer alguma coisa.
— Eu quero! Estou morrendo de fome. — Dougie levantou a mão e a outra passava por sua barriga.
— Meninas, vão nos acompanhar? — perguntou Harry convidativo.
Elas entreolharam-se rapidamente, pensando em alguma saída convincente. E se lembrou de algo essencial.
— Vão indo na frente! — ela sugeriu. — Nós vamos esperar a terminar de tomar seu banho. Enquanto isso, nós vamos nos arrumar.
— Em outras palavras... só amanhã! — Dougie concluiu brincalhão.
— Não vamos demorar. Além disso, temos que estar lindas! — disse.
— Ah, é?— perguntou confusa.
— Lógico! Este é um hotel chiquérrimo, então o restaurante daqui também é. Temos que nos vestir à altura do lugar. — respondeu, já pensando em utilizar um lindo vestidinho tipicamente chinês que ela comprara num bazar em Londres.
— Isso vai ser interessante. — Danny comentou, imaginando se também se produziria toda e quão mais linda ficaria.


Estavam todos no corredor, as três meninas acenavam para os mcguys e James Bourne, que entravam no elevador em direção ao restaurante. Quando as portas se fecharam, elas deram meia volta e seguiram para o quarto de e , para esperar pela amiga.
— AH! Finalmente!!! — gritou quando as viu entrar pela porta do quarto. — Meninas, temos uma situação aqui nada boa.
— Huh! — bufou. — Eu que o diga.
— Então vocês já sabiam? — perguntou, ela tinha a toalha do banho enrolada no corpo.
— Espera!! — parou antes que alguém respondesse algo. — Do que exatamente você está falando, ? Que situação?
— Das nossas malas, é claro! — a garota respondeu como se fosse óbvio. — Vocês ainda não perceberam que só nossas malas de mão estão aqui?
— E daí? — não conseguiu acompanhar o processo.
— Daí que as nossas roupas estão nas malas maiores e sem elas por aqui, eu não tenho como me trocar! Gente, onde estão nossas malas?
— O Fletch contratou um serviço no aeroporto que iria trazer até o hotel as malas que despachamos, assim não perderíamos muito tempo esperando por elas. — avisou. — Elas devem estar lá embaixo, na recepção.
— Podem ver pra mim, por favor? — pediu. — Eu quero ver de me trocar logo.
— Meninas, vocês vejam lá. Eu vou ficar e já ir me aprontando. — deu um sorrisinho amarelo. O “aprontando” dela só queria dizer uma coisa: make-up!
— Essas folgadas estão querendo explorar nós duas, . — cochichou para a amiga.
— Vamos aproveitar, talvez a consiga arrancar algo da . — respondeu em voz baixa e deu uma piscadela para a amiga.
— Boa ideia!


— Eu não acredito que você vai comer tudo isso. — Tom comentou depois que Danny terminou sua extensa lista de pedido por comida. — Vai dormir de barriga super cheia.
— Espere só para ver. — o guitarrista passava a mão na barriga e até alucinava com os cheiros das comidas.
— As meninas estão demorando, não? — comentou Dougie, servindo-se de um pedaço de pão oferecido numa cestinha.
— Talvez foram fazer um “extreme make-over, reconstrução total”. — James opinou entediado, ele também estava com muita fome.
— Rapazes. — Fletch chegara perto deles.
— Hey, Fletch! Você demorou em aparecer. — Danny comentou. — Puxe uma cadeira e sente-se aqui conosco.
— Tive certos problemas. Melhor dizendo, as meninas tiveram. — ele esclareceu, finalmente se acomodando na mesa.
— Quais problemas?? — perguntaram os rapazes em coro.
— Boa noiteee, rapazess!! — a voz cantarolada de soou perto deles e todas as atenções da mesa voltaram-se paras as quatro figuras recém-chegadas ao restaurante.
exibia, em especial para Harry, o lindo vestido tipicamente chinês que trajava na cor rosa bebê. E ela conseguiu provocar o efeito que queria no baterista: ele estava praticamente babando. As demais meninas também trajavam roupas chinesas recém-compradas na boutique do próprio hotel. ficou feliz com o sorriso que se formou quase de imediato no rosto de Danny quando ele a viu em seu vestido preto com desenho de flores em vermelho. não estava nem um pouco à vontade, as meninas a tinham forçado a vestir um vestido azul royal e uma coisa que ela não gostava muito era de usar vestidos. Dougie pensou que aquela cor combinava muito bem com ela e notou que seu cabelo estava em parte amarrado em um coque, coisa que ele nunca havia visto. também fora obrigada a vestir-se daquele jeito, vinha em um de cor branca com pequenos detalhes em cor azul marinho e sua mente não pensava em outra coisa que não fosse a leve abertura na lateral do vestido que mostrava um pouco mais de sua perna sempre que ela andava. Tom tinha quase certeza que a bochechas sempre rosadas da menina haviam sido suavemente reforçadas com um toque de blush.
— Quando voltarmos ao nosso quarto, eu empurro e você dá a descarga, ok? — traçava um plano maligno de vingança contra aquelas que a tinham obrigado a usar o vestido.
— Quem mataremos primeiro? A ou a ? — perguntou para sua comparsa no crime.
— A que primeiro der sopa. — disse e outra concordou positivamente com a cabeça.
— Meninos, Fletch, que tal se formos nos sentar na mesa aqui do lado? — apontava para uma mesa recém-liberada. — Não caberemos todos nessa daqui.
— O Fletch disse que vocês tiveram um problema. — Harry comentou enquanto ele, como um verdadeiro cavalheiro, puxava uma cadeira para que pudesse sentar.
A nova mesa era retangular e servia muito bem para os planos de atrapalhar Danny e das outras garotas. Danny acabou por sentar na cabeceira da mesa e ao seu lado esquerdo estava , ao lado dela vinham Harry, Tom, James, Fletch na outra ponta da cabeceira da mesa, ao lado esquerdo do empresário da banda, , Dougie e por fim, . As três garotas sorriram ao perceber que Danny não conseguia ver com facilidade , então o plano estava funcionando até o momento.
— Nossas malas foram extraviadas. — esclareceu.
— Eu já cuidei para que assim que as malas sejam encontradas, elas venham para o hotel. Pode demorar um dia ou mais. — Fletch avisou a todos. Em sua mente ele fazia um placar de quantas mancadas já tinha cometido com as meninas, mesmo esta não sendo muito culpa sua.
— Aí a solução, pelo menos por enquanto, foi comprar esses lindos vestidinhos para ter algo que usar. — disse .
— Eu tinha algo que usar, oras! Aliás, eu já estava usando. — reclamou.
— Ah, ! Supera amiga. Estamos combinando, poxa! — bufou. — E estamos lindas.
— Eu gostei. — Dougie comentou simples. — Esse penteado te deixa com cara de mais... adulta.
— Em outras palavras... normalmente tu tem cara de nenê! — zombou da amiga e começou a rir.
— Fala nada não, ó, tomatinho! — revidou, fazendo cara de cínica e referindo-se à maquiagem da amiga.
— Chega!! As duas tem cara de nenê... Agora, será que podemos pedir algo de comer? Eu estou com fome. — tentou impor ordem no local.
— Acho que o Jones pediu por todos. Ou você pretendia comer tudo aquilo sozinho? — perguntou Tom.
— Hummm, as duas coisas? — Danny tentou arriscar e recebeu um pedala fraco de .
— Este é o meu maninhooo!! — a garota disse.


Os pratos logo chegaram e todos puderam servir-se. Eles já haviam chegado tarde ao país e quando finalmente terminaram de comer, já era de madrugada. Assim, o primeiro a deixar a mesa foi Fletch, alegando cansaço. E não era à toa, o empresário havia feito uma viagem extensa na pior das classes do avião, estava esgotado.
— Dude!! Eu vou explodirrr. — Danny comentou, largando seu garfo na mesa.
— Eu também não aguento mais. — James reclamou, passando a mão sobre a barriga estufada.
— Daqui a pouco vai amanhecer. — comentou com um pouco de sono. Comer muito a deixava assim: sonolenta.
— Boaaa, que tal vermos o sol nascer? — Danny comentou, ele tentou encontrar na mesa, mas não era a coisa mais fácil do mundo.
— Se vocês quiserem, eu tenho uma sugestão. — Tom começou e a atenção de todos voltou-se para ele. — Podemos ver o sol nascer, como o Danny sugeriu, nas termas!
— Nas onde? — perguntou Dougie perdido. Ele ainda terminava de comer seu Yakissoba.
— Fontes termais. — Tom disse acreditando que aquilo iria esclarecer todas as dúvidas.
— É como uma piscina aquecida, só que natural. Mas neste caso é realmente uma piscina aquecida toda decorada para parecer verdadeira. — Harry comentou e boa parte na mesa finalmente entendeu do que se tratava.
— Por que não disse isso antes, Tom?? — Danny perguntou.
— A falta de cultura de vocês não é minha culpa! — o loiro tentou se defender. — Enfim, querem tentar?
— Por mim tudo bem, mas... vamos entrar na piscina vestindo o quê? — perguntou .




Capítulo 34 - Bagunça nas fontes termais

— Meu velho, tenho que lhe dar os parabéns. — Danny dizia para Tom enquanto dava-lhe tapinhas nas costas.
— Tenho até medo de perguntar, mas por que os “parabéns”? — perguntou o loiro estranhado.
— Porque vamos ver as meninas de biquíni! — Danny, Harry e James formaram um coro sorridente.
Os cinco rapazes se encontravam na única terma mista do hotel, assim, todos poderiam ver o nascer do sol juntos. Eles vestiam bermudas e largaram por qualquer canto suas toalhas, ali eles não precisavam se preocupar com a água, pois estavam em contato com água quente que os mantinha como seres humanos. Já as meninas tinham ido conseguir alguns biquínis, sorte a delas que a loja de conveniência do hotel ficava 24 horas aberta para seus clientes. Elas estavam, naquele momento, no vestiário que ficava próximo as termas.
— TRANSFORMISTAA!! — gritaram Dougie e Tom ao mesmo tempo em que, com as mãos, tentavam afogar o pobre James.
— UAAAHHGGG!!! Vocês quase me mataram mesmo, seus palhaços!! — James reclamou quando finalmente pôde emergir.
— Nada de tentar arrastar asa para a !! — Dougie advertiu o loiro.
— Ou a , tarado!! — Tom uniu-se ao baixista.
— Qual será a cor do biquíni da ? — Danny perguntou para si mesmo, alheio aos outros, com os olhos brilhando.
— Eu só espero que sejam biquínis mesmo, maiô ninguém merece. — Harry comentou, também ignorando os outros, perto de Danny.
— Blééh! Não estraga minha visão, dude! — Danny aplicou um soquinho no ombro do baterista. — Apesar de que... Tá pensando no que eu estou pensando? — Danny perguntou com um sorrisinho sapeca no rosto.
— Hey! Aonde vocês vão? Não vão esperar pelas meninas? — perguntou James ao ver que Danny e Harry saíam da terma.
— Nós...só vamos...vocês sabem... — dizia o sardento sem conseguir controlar o sorriso sapeca e a risadinha de quem iria aprontar.
— Nós já voltamos. — Harry disse enquanto empurrava o amigo para fora da terma.
— Deveríamos ficar preocupados? — perguntou James para os outros dois restantes.
— Acho que sim, é melhor ir atrás deles. — Tom comentou.
— Vai lá, Tom!!! — Dougie deu total apoio e um sorrisinho amarelo quando o loiro deu-lhe um olhar nada amistoso.


Dougie, James e Tom, quando descobriram que o plano dos outros dois era espiar as garotas, alegaram que não deveriam fazer aquilo, mas foi só ouvirem a voz de uma delas que todos, automaticamente, colaram seus ouvidos à parede a fim de escutarem melhor.
— Ok, quem teve a ideia de jirico de irmos para uma fonte termal? — reclamou. Ela não estava animada em usar roupas de banho.
— Adivinha? — também não gostava, ainda mais porque estaria ao lado de cinco rapazes. — Só podia ser o teu homem!
— Quem é o homem dela?? — perguntou Danny aos cochichos para não ser descoberto.
— Dá um desconto pro Tom, poxa. Ele é loiro, coitadinho. — brincou. — Ah! Não me vá soltar essa pérola quando um deles estiver por perto, hein? Eu morreria de vergonha e o Dougie ficaria viúvo!
— HÁ! Meu bombeiro Poynter não deixaria você me fazer mal algum. — entrou na brincadeira.
— Dude... desde quando você é um bombeiro? — perguntou Harry com a sobrancelha levantada.
— Deve ser porque ele apaga o fogo dela! — Danny zombou e teve que ter a boca tapada por James, caso contrário sua risada escandalosa seria ouvida por elas.
— Eu gostei da ideia das termas, ! — finalmente saiu da cabine com um lindo biquíni de listras rosa choque e branco. — Será que o Tigrão vai gostar?
, quem vê de longe vai pensar que você está querendo seduzir o dono do tapetinho do amor. — provocou a amiga. Tanto como tiveram um ataque de risos com as últimas palavras de .
— Falou, Tigrão! — James trocou um hi-five com o baterista, que sorria convencido.
— A e a vão morrer de tanto rir. — Danny constatou e voltou seu olhar para Dougie e Tom, eles não disseram nada desde que ouviram seus nomes serem mencionados. Ambos estavam vermelhos.
— Eu não consigo me decidir sobre qual usar. O maiô vermelho ou o biquíni amarelo? — perguntou indecisa para o espelho que ia do teto ao chão.
— Vai com um amarelo. O Ratleg vai gostar de algo que lembre a queijo. — comentou dando uma piscadela quando finalmente conseguiu parar de rir.
— Cunhadinha, o que seria de mim sem você? — perguntou, fingindo-se emocionada e optou por ir com biquíni amarelo com pequenos detalhes em strass.
— Obrigado, maninha!! — Danny agradecia, abraçando a divisória de madeira que impedia-os de ver as garotas e vice-versa. Ele realmente não queria ver sua em um maiô.
— Poxa, ninguém falou nada de mim. — James comentou tristonho.
— E aí, podemos ir? — perguntou animada e já trocada.
— Vamos!! — respondeu com a mesma animação.
Para os meninos aquilo significava que eles tinham que se mover e retornar para a terma como se de lá nunca tivessem saído. Começaram as trapalhadas quando os cinco se puseram de pé e tentaram correr para fora do vestiário: passaram derrubando objetos e tropeçando entre eles e nos próprios pés. Se tivessem prestado mais atenção, teriam feito um esforço maior em desviar de um pequeno balde com água deixado no chão, como não o fizeram, o balde derrubou seu conteúdo e logo a fuga foi encerrada.

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— Nossa, essas termas devem estar pelando! Está parecendo uma sauna isso aqui! — comentou quando abriu a porta do vestiário e viu toda a densa fumaça que havia no local.
— Algo me diz que esta fumaça não é natural. — comentou, já tendo uma ideia do que poderia ter acontecido.
— E algo me diz que cinco rapazes curiosos foram pegos em flagrante! — apontou acusadoramente, quando a fumaça se dissipou, para quatro animaizinhos e uma garota apenas de bermuda, espalhados pelo chão.
— Vocês! Ficaram ouvindo nossa conversa?!?!?! — perguntou, extremamente preocupada e arrependida com o que tinha dito no vestiário. A cor vermelha tomava posse de seu rosto, e não era de raiva.
— Eu vou meter a mão no fucinho de vocês!! E do seu também, James versão mulher!! — ameaçou. O pânico pelas coisas que dissera antes também se fez presente, mas ela estava vermelha de raiva.
— Que falta de privacidade, poxa. — comentou sem acreditar. — Que falta me faz a minha vassoura, iria ensinar uma lição a vocês todos antes que pudessem dizer supercalifragilisticexpialidocious.
“Duuudeeeeee!! Estamos fritosss!!!” — Danny dizia aos amigos enquanto emitia sons de pato aos ouvidos humanos.
“Elas ficaram mesmo bravas!” — Harry temia por um tapa no fucinho vindo de .
“Quem foi o trouxa que derrubou aquele balde com água?!” — Tom também estava preocupado e culpando-se por ter permitido que a situação chegasse àquele ponto.
— Foi... sem querer. — James tentou consertar a situação. Ele era o único que ainda podia se comunicar com humanos.
— James, faça o favor de se cobrir. Eu não quero ter que ficar olhando uma mulher parcialmente nua. — jogou sua toalha para ele, que no momento era ela.
Era realmente estranho James em sua forma de mulher: seus cabelos ainda eram curtos, mas sua voz era mais feminina, assim como os traços do seu rosto e as curvas mais acentuadas do seu corpo. Ele perdia um pouco de altura e massa ao se transformar, em compensação, ganhava mais quadril e fartos seios. Tinha até mais do que as quatro meninas.
— Eu acho que perdi a vontade de entrar na terma. — disse devagar.
— Ah, não! Por favor, meninas, foi mal. — James dizia e anotava mentalmente que os guys lhe deviam uma por ter, sozinho, de pedir desculpas às garotas. — Vamos lá, vai ser divertido!
— Hunf! Só vou porque o nascer do sol é sempre lindo. — disse com os braços cruzados. — Da próxima vez, eu arrancar o teu coro, James, e o outros vão ficar extintos!


apressou o passo para poder ser a primeira a entrar na terma e não ter nenhum dos rapazes olhando para seu biquíni de várias tonalidades de verde na parte de cima e a debaixo na cor preta. fez a mesma coisa que a amiga, foi a segunda a entrar com um biquíni que mesclava as cores azuis e roxas claras. James entrou por terceiro, a sua bermuda já o estava incomodando de tanto ficar caindo por ser de um número bem maior do que quando era homem. Quando ele entrou em contato com a água, uma fumaça emergiu da água e logo a imagem de um James versão homem surgiu. e deram um sorrisinho cúmplice quando chegaram à terma e foram rápidas em apanhar, cada uma, dois animais e lançarem para o alto os amaldiçoados.
“SOCORROOOOOOOOOO!!” — Dougie berrou em desespero quando viu a altura que chegou. Sorte a dele que voltaria para a água.
“Suas loucass!!!” — Danny reclamou, apesar de que ele sendo um pato conseguiu controlar melhor sua queda do que os outros animais.

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— Aêê!! E minha bermuda?!?! — Tom percebeu que tanto ele quanto os outros integrantes da banda estavam pelados dentro da água.
— Fica calminho aí, ó, gatinho. — zombou dele e logo atirou um montinho de quatro bermudas na direção dos rapazes.
— Não pensaram que deixaríamos vocês sem nada, não é? Nós temos vergonha na cara, diferente de vocês! — alfinetou rindo e entrou na terma.
— Vai saber. — Harry respondeu meio baixo, olhando diretamente para ela.
— Tem de melhorar suas cantadas, Judd. — disse, jogando um pouco de água no baterista.
— Gente!! Por que não brincamos de briga de galo? — dizia animada.
— Vamos!! — Danny respondeu com a mesma animação. — , você faz dupla comigoo?!
— Quem vai ter coragem de nos enfrentar? — perguntou uma vez que já estava sendo segurada pelo amaldiçoado pelo pato.
Dougie até pensou em chamar , afinal, a menina era bem competitiva, mas ficou acanhado já que ela ainda parecia brava com o acontecido. Tom nem pensou em considerar a ideia. Harry e aceitaram o desafio e duelavam com forças. James queria ser o próximo e tentou ver qual seria a melhor candidata para a luta, resolveu tentar pedir a depois que viu Dougie ir em direção a .


? — Dougie perguntou quando chegou perto da menina e dela só ganhou um olhar desconfiado. — Eu só queria pedir descul-... tá tudo bem, ? — ele perguntou preocupado quando percebeu que ela forçava muito os olhos na direção dele.
— Estou... É que tive de tirar os óculos para entrar na terma e... eu sou cega como um morcego. — ela comentou, ainda tentando enxergar Dougie. — Você parece um borrão loiro.
— Você deveria usar lentes. — ele riu bastante com o comentário dela.
— Não sou muito fã delas. Apesar de que agora viria a calhar bem, porque eu vim parar aqui, mas não sei voltar para entrada da terma. — ela pôs a mão na altura da sobrancelha, fingindo observar algo bem ao longe.
— Huh, tapada. — ele riu mais um pouco e segurou a mão livre dela. — Vamos lá, eu serei teu guia.
— Obrigada. — ela não conseguia sorrir menos com o fato de ter sua mão segurada por Dougie, começava até a sentir uma dor no canto da boca que ela julgou se uma espécie de câimbra.
? — o baixista chamou por ela e esperou por alguma de confirmação dela para continuar. — Desculpa por agora a pouco. Foi sem querer, juro.
— Humm, tudo bem senhor, Poynter. Mas da próxima vez, eu te mato. — ela fez a melhor cara de séria possível.
— Se eu roubar teus óculos, eu acho que terei boas chances de sair vivo! — ele zombou.
Eles finalmente chegaram à borda da entrada da terma, Dougie continuou com sua mão entrelaçada a de e ele ficou narrando a briga de galo das duas duplas. Até aquele momento, a vantagem era de Danny e .
Dougie estava morrendo de vontade de saber o porquê de o chamarem de “bombeiro Poynter”, mas não acreditou que lhe diria, nem se ele conseguiria saber sem ficar envergonhado.


— Hey, ! — James surpreendeu a garota, que largou a borda da terma para se segurar em seu braço direito. — Você quer fazer dupla comigo para brincar de briga de galo?
— Annhh... desculpa, mas eu... — a menina tentou explicar, mas fora interrompida.
— JAAAMEESS!! Tua vez, homem! — gritou , quem tinha acabado de perder. — Se ainda não tem dupla, eu faço contigo.
— Revancheee!!! — animou-se James. — , eu vou indo lá, tudo bem?
— Espera... eu... — ela não conseguiu terminar a frase, pois Bourne começou a mover-se rápido para não ouvir mais broncas de por sua demora. aproveitou o impulso de James para chegar ao centro da terma, mas quase todos estavam bem próximos à borda da entrada. — TOM!!
O rapaz era o mais próximo, tinha desistido na metade do caminho de ir falar com a garota quando viu que James também ia na direção dela. Ele atendeu rápido, pois o grito dela parecera algo desesperado e logo se agarrou de forma possessiva em seu braço.
— Desculpa, Tom. — ela se afastou um pouco, mas sem soltar-se dele. — É que essa terma é funda e eu... eu não sei nadar.
— Tudo bem. — ele riu um pouco, fazia algum tempo ele queria saber o porquê dela antes estar tão colada à borda. A profundidade da terma era gradual e a parte onde ambos se encontravam fazia Tom ficar na ponta dos pés para tocar o chão. — Não deveria ter ido tão longe se você não sabe...
— Tom, você não tem muita moral agora pra passar sermão. — o esnobou, soltando uma risadinha irônica.
— Não seja má com a pessoa que está salvando sua vida. — ele brincou, fazendo menção de se soltar do agarre da menina.
— Nããoo, Tom, por favor!! — a menina pediu fazendo sua melhor carinha de cão sem dono.
— Certo, certo. — ele parou de brincar. Levou-a para perto dos outros, na entrada e menos profunda, segurando-a sempre pela cintura com o seu braço.


— Ah! Gente, isso é lindo. — comentou.
— Conheço algo mais lindo do que isso. — Danny sussurrou no ouvido de e ela corou. Deram ambos uma risadinha abafada.
Os duelos da briga de galo haviam se encerrado com vencedora em três rodadas, até tentou uma quarta revanche, mas Harry a convenceu do contrário.
Eles agora observavam juntos o nascer do sol, o céu tomava um tom alaranjado e o cheiro da manhã se fazia presente.
— Concordo. — James disse. — Pena que o Fletch está dormindo, ele deveria ver isso.
— Foi sofrida a vinda dele no avião, coitado. Ele precisa mesmo descansar. — disse .
— Annh... depois de ficarmos aqui, qual será o nosso roteiro? — perguntou . Ela havia desistido de tentar secar a lente do seu óculos, ela os utilizava para assistir o nascer do sol, mas o vapor e a água não queriam colaborar.
— Pegar um trem para o interior. — Harry esclareceu. Ele passava o braço por cima dos ombros de .
— Mas só vamos quando as malas de vocês chegarem, meninas. — Dougie acrescentou enquanto ele, com sua mão molhada, jogava respingos de água nos óculos de . Gostava de provocá-la. — Opa! Foi sem querer.
— E depois da viagem de trem vamos tentar nos instalar na mesma casa onde o James fez a festa e procurar a solução de tudo isso. — Tom finalizou, ao mesmo tempo em que empurrava , sem soltar suas mãos dela. Já fazia um tempo ele estava naquela brincadeira de empurrá-la e ela, com os pés, voltar para perto dele. Segundo a própria, estava aprendendo a nadar.
— De novo, Tom, de novo! — dizia a garota entretida. Não sabia nadar, mas gostava de brincar numa piscina desde criança.




Capítulo 35 - O jardim labirinto

— Fica quieta, vai!
— Eu não quero!!
— Eu não perguntei se você quer! Eu disse que vou fazer e pronto.
— Socorroo!!
— O que vocês tanto gritam?? — saiu do banheiro uma confusa . — Parece que estão se matando.
— A não me deixa passar um tequinho de maquiagem que seja no rosto dela! — respondeu com dificuldade enquanto tentava, em vão, liberar suas mãos do agarre forte da outra menina.
— Eu não sou fã de passar maquiagem, já te disse isso, caçamba! — lutava para impedir que a amiga se aproximasse com corretivo e base em mãos.
— Estou fazendo isso mais pelo Poynter do que por você! Não gostaria de ver o bombeirão Poynter babando por ti? — tratou de justificar-se.
— N-ã-o, obrigada! — respondeu direta. — E não fique o chamando de “bombeirão”, não quero que ele ouça outra vez, já foi vergonhoso o suficiente uma só.
— Meninas! — chegou entrando no quarto de hotel de e . — Adivinhem só! Nossas malas chegaram, já podemos pegar o trem para ir para o interior.
As três garotas se entreolharam, era uma boa notícia a que acabava de dizer, mas atrapalhava o recente plano que elas tinham inventado alguns minutos antes. estranhou o silêncio e fez uma cara de quem esperava algum comentário.
— Você contou pra mais alguém? — perguntou devagar .
— Humm... não. O tio da recepção acabou de me dizer e eu vim aqui correndo contar pra vocês. Por... quê??
— Vamos pedir para entregarem logo nossas malas em nossos quartos e deixarmos elas bem escondidinhas por hoje, amanhã nós avisamos aos demais que elas chegaram e rumamos para o interior. — , como sempre a organizadora de tudo, disse e teve a confirmação animada de e .
— Uhull!! O planinho ainda está de pé! — comemorou erguendo os dois braços.
— Gente, eu ainda estou boiando! — reclamou, cruzando os braços. — Do que Diabos vocês estão falando? Por que temos que esconder e que plano??
— Relax, girl! — disse dando uma piscadela para a amiga. — Vamos te explicar tudinho, você vai amar a ideia que a teve.
Eles estavam lá há apenas um dia desde que o avião pousara. Depois de assistirem ao pôr do sol nas termas, todos regressaram para seus quartos e dormiram praticamente todo o dia, não tinham ideia de que estavam tão cansados.


Era por volta do horário do jantar e James fez ligações para todos os outros para se reunirem para jantar outra vez no restaurante chique do hotel. O combinado era de estarem todos lá às 20:00. E as meninas já estavam atrasadas, nenhuma novidade para elas.
conseguiu convencer a passar um pouco de maquiagem e foi correndo para o banheiro tomar uma ducha e colocar seu mais novo vestido tipicamente chinês cor púrpura. estava sentada na penteadeira tentando fazer um coque para dar um ar mais asiático a ela e seu vestidinho chinês verde esmeralda.
— Hey, ! Olha só o que eu consegui fazer! — dizia , já superado o fato de estar maquiada, com dois coques em cada lado do cabelo.
— Own! Que linda! — disse . — Será que conseguiria fazer no meu?
— Annhh... meninas. — tentou chamar a atenção de e . — Vocês esperam a terminar de se arrumar e eu vou indo na frente? Vou pedir para que a recepção mande nossas malas para nossos quartos.
— Ok! — disseram as duas meninas em coro.


— Obrigada! — agradeceu a mulher da recepção que confirmou sua ordem de subir as malas recém-chegadas do aeroporto.
Olhou em direção à porta dupla que levava aos jardins e discretamente andou rápida para aquele lado, ela tinha planos de encontrar alguém muito especial por lá. Perto do chafariz ele a estaria esperando com uma linda florzinha em mãos que ele posicionaria delicadamente entre seu cabelo e a orelha direita.
— Demorou. — Danny disse. Ele já esperava por ela fazia um bom tempo.
não disse nada, apenas deu um sorriso aliviado por saber que poderia ter um momento ao lado de Danny, aproximou-se e colocou seus braços em volta do pescoço dele para então beijá-lo.
Após longas horas, muito mais que as onze que passaram no avião, eles estavam podendo se beijar, uma felicidade para ambos. Em condições normais, iria querer que aquilo fosse um namoro e não meros amassos escondidos, mas aquela situação não era normal: era na China, estar ficando com Danny, seu mcguy favorito se transformar num pato. E de acordo com ele próprio, assim que voltassem ao normal, eles formariam oficialmente um casal e estava disposta a fazer que o patinho Jones cumprisse suas palavras.
Para Danny tudo ia bem, ele gostara de desde o primeiro dia em que se viram, apesar de que a moça não sabia quem ele era por culpa da maldição. Detalhes... O jeito dela o conquistava cada vez mais, ele a fazia rir e gostava de estar ao lado dela, ela era uma companhia agradável. Ele queria de verdade estar com ela em um relacionamento, entretanto, uma parte dele tinha certo receio de que algo ainda pior que a maldição os impedisse de ficar juntos.


— Dude... Você também viu isso? — Dougie perguntou embasbacado para seu amigo, Tom.
— Danny... ...se beijando...!
Eles foram os primeiros a chegar ao restaurante e resolveram escolher um bom lugar para comportar todos os dez, porém, enquanto caminhavam por entre as mesas, acabaram próximos da janela de vidro que ia do teto ao chão. A imagem que se tinha era dos lindos jardins que havia dentro do espaço do hotel de luxo e por ser de noite, as luzes dos postes estavam todas ligadas. Era graças a essa luz e ao casal trocava um intenso beijo logo abaixo, que o baixista e guitarrista puderam ver aquela cena de camarote sem serem notados.
— Se o Fletch descobrir, ele vai falar um monte e, talvez, até mande as garotas de volta pra Londres! — Dougie voltou seu olhar preocupado para o amigo, não queria que elas voltassem mais cedo.
— Então o que devemos fazer é... — Tom tentava ter uma ideia brilhante.
— Separá-los, lógico!
— Separar quem?
Dougie e Tom foram surpreendidos pela voz de Harry em suas nucas, olharam assustados para o baterista e suspiraram aliviados quando perceberam que não era Fletch — para sorte deles e do casal pegação. Dougie viu que naquele momento o empresário, James e as outras meninas entravam no restaurante, então, ele teria pouco tempo para explicar o que se passava.
— Danny e . Se pegando aos beijos. Bem ali nos jardins. Separá-los antes que algum dos outros descubra!
— Olá, rapazes! — a voz de soou animada. Havia conseguido o desafio de maquiar como queria.
— Vamos sentar nesta mesa mesmo? — James perguntou prestes a ocupar o assento.
— Gente, alguém viu a ? Ela disse que ia descer na frente, mas não topamos com ela na recepção. — disse, procurando-a pelo ambiente.
— O Danny também está faltando. Ele disse que ia descer na frente e olhar um pouco os jardins. — Fletch disse já acomodado na cadeira e puxando para seu colo o guardanapo de pano.
Para Fletch e James a ficha não caíra como para os outros três meninos e três meninas: Danny e deveriam ter combinado de se encontrar um pouco antes e deveriam estar se pegando naquele momento.
— Não vão sentar? — perguntou Fletch. — Ou não foi esta a mesa que escolheram?
— É! É essa sim! Anh... — Dougie tentava, nervoso, não levantar suspeitas de que havia algo errado.
— Nós vamos procurar pela !! — disseram em coro as meninas.
— E nós vamos procurar pelo Danny!! — disseram os três rapazes.
Os olhos de James e Fletch olharam assustados para eles, não havia necessidade de gritos e menos ainda de todos formarem uma equipe de resgate para procurarem pelos dois. Dougie, Harry e Tom calculavam apreensivos de que as meninas, ao procurarem por , descobrissem que a amiga estava aos beijos com o Rat-Leg. Já , e tentavam pensar em alguma forma de não deixar os integrantes da banda descobrirem que seu segundo guitarrista estava se pegando com a amiga delas. Tudo teria sido muito mais simples se um deles soubesse que os outros já sabiam do casalzinho.
— Nós vamos procurar nos jardins! — todos os seis gritaram.
— Ok... só não demorem muito. — James respondeu depois de um tempo de silêncio. A situação parecia ficar tensa e ele não sabia direito se era apenas impressão dele, mas isso não importava, pois era só ele perguntar para os rapazes depois.
— Se nós vamos procurar nos jardins, vocês deveriam procurar em outro lugar. — disse ao tentar espantar os rapazes em outra direção.
Eles seis estavam parados em frente à grande porta dupla de vidro com detalhes em ouro que dava passagem aos lindos jardins decorados com itens chineses e típicos postes de luz. O lugar fazia as meninas se recordarem e muito do bairro da Liberdade no Brasil.
— Mas o Danny já tinha dito que viria pra cá! São vocês que devem procurar em outro lugar. — Dougie, gentilmente, empurrava pelos ombros na direção oposta.
— Só que minha intuição feminina diz que eles estão...! Digo! Que ela está pra cá. — xingou-se mentalmente por quase entregar o segredo que elas encobriam.
— Se nós encontrarmos a , nós avisamos vocês e aí voltamos para o restaurante. Não é necessário seis pessoas procurarem por apenas duas pessoas, certo? — Tom tentou usar a lógica para livrar-se das garotas.
Eles estavam num impasse, todos queriam ir para os jardins. As meninas não queriam que os meninos fossem juntos e vice-versa, assim, que aquele seria o primeiro desafio a vencerem antes de continuarem a busca para separar o casal.
! ! Cadê você, mulher?!?! — gritou de repente e assustou a todos.
Dougie pensou ter uma saída brilhante com a deixa de , não sabia era que tinha pensado igual a ela.
— DAAANNNNYYYYYYYYYY!! Onde você está?! — gritou o baixinho.
Em sua mente aquilo era perfeito, assim como era perfeito na mente de . Eles pensaram que se o casal soubesse que estavam sendo procurados pelos amigos, eles teriam o bom-senso de se separarem e fingirem que estavam em lugares diferentes sem saberem que o outro também estava no jardim. Eles só não contavam que o casal poderia ser tão Jones no quesito bom-senso.
— MELECA! — sussurrou desesperado Danny quando ouviu os berros. Os gritos pareciam ter vindo de perto, então, ele deduziu que os amigos deveriam estar nas proximidades. — Será que nos descobriram??
— Putz! Não sei, não sei!!
Mas não ficaria ali para comprovar se tinham sido ou não pegos com a boca na botija, segurou a mão de Danny e o fez iniciar uma corrida ou melhor, uma fuga, para algum lugar que ela não tinha muita certeza onde era. O guitarrista não fez perguntas e nem objeções, entendeu que o melhor era fugir dos seus perseguidores do que ficar e esperar pelos sermões que ouviria, afinal, ele não tinha desculpa para ter ficado com a jovem mesmo depois de Fletch ter alertado a ele e aos demais sobre relacionamentos. Foi o guitarrista quem avistou o que lhe pareceu um bom lugar para fugir, era uma espécie de arbustos de uma altura maior que a dele, ninguém os veria ali.
— Isso parece um labirinto... — comentou quando percebeu que as paredes de arbustos seguiam em duas direções e ao longo delas havia outras entradas. Coisa que lhe pareceu perfeita. — Danny! Vamos logo...
— Mas e se nos perdemos? — na mente do Rat-Leg seria pior se eles saíssem perdidos no labirinto no final da fuga.
Não houve resposta verbal, apenas o puxão da garota em sua mão que o fez sair meio cambaleante atrás dela por entre o caminho que ela fazia sem pensar muito se era o certo ou de marcar por quais lugares entravam para poderem voltar.
— Acho que eles não ouviram. — comentou e levou um pedala de . — Quero dizer que acho que o Danny não ouviu!
— Se a não respondeu, isso quer dizer que ela está em outro lugar. Então, procurem por ela enquanto vamos atrás do Danny. — Harry julgou melhor sair correndo para não ouvir nenhuma das meninas o contradizendo. Pensou que assim ele e os outros estariam salvos de prolongar ainda mais aquela discussão que os impedia de tomar qualquer atitude efetiva de separar o casal.
— Nem pensar! — respondeu mesmo que Harry não pudesse ouvi-las e correu também para os jardins.
Dougie, Tom, e observavam a corrida que se iniciava e não sabiam se deveriam seguir os demais, sabiam apenas que a resposta correta não era ficarem parados observando a cena. Todos começaram a correr atrás de Harry e , esperando que estes soubessem para onde iam. Harry pensou que melhor seria se encontrasse primeiro o casal, assim que voltou seu olhar para Dougie e Tom, deu-lhes uma piscadela ao mesmo tempo que começou a correr para a esquerda; acreditou que o fato dos meninos irem para uma direção era a chance que ela e as outras meninas esperavam para se livraram deles e encontrarem primeiro o casal, deu um estalo de dedos para chamar a atenção das amigas e foi para o lado direito. Ambos os grupos esperavam terem escolhido a direção certa.
— Arrhg! Eu vou matar a ! Eu odeio ter de correr... — dizia quase sem fôlego, não sabia que o jardim era tão grande e mesmo os postes de luzes não ajudavam a encontrar mais rápido nem e nem Danny.
— O que me preocupa é os meninos os encontrarem primeiro! — disse séria. Apenas uma situação como aquela a podia deixar tão séria.
— E isto? Será que eles entraram por aqui? — apontou para uma das tantas entradas para o labirinto.
— Vamos! — nem analisou direito e correu.
! Espera ou vamos nos perder!! — gritou para a amiga, correndo logo atrás.
— Tu me pagará caro, ! — disse antes de entrar em alta velocidade no labirinto.
Exatamente do extremo lado oposto, os rapazes pareciam ter a mesma atitude.
— Dude! Por aqui!! — Dougie sinalizava com o braço para o labirinto.
— Vamos torcer para que estejam aí... — Tom correu.
— Espera, vocês têm certeza de que... — Harry não estava convencido que aquela era a melhor solução, mas parou quando viu que o tinham deixado sozinho para trás, não houve outra solução senão correr para o mesmo lugar. — Me esperem, babacas!!


A velocidade, ou falta dela, contribuiu para que cada um dos grupos de três se perdessem sem nem ao menos se darem total conta desse fato. Seguiam correndo, acreditando estar na cola de um dos amigos e mais perto ainda de encontrarem Danny e .
— AII!! — gritou ao bater em algo e cair com tudo no chão. Ela demorou alguns segundos para entender que não estava mais correndo, assim que ainda havia grande adrenalina correndo em seu corpo.
! — o baixista a olhou surpreso. — Tu-tudo bem?
— Annh... sim! Eu... e as meninas entramos correndo, mas acho que me perdi delas. — dizia um tanto desorientada, ao mesmo tempo que olhava para trás de si e não via nenhum sinal de suas amigas.
— Vem, eu te ajudo. — ele fez um esforço maior para conseguir colocar a jovem de pé. — Nós também entramos no labirinto até que...
Um som indecifrável fez com que Dougie parasse de contar o que havia acontecido para . Eles entreolharam-se confusos e desconfiados de que haviam chegado ao centro do labirinto, andaram juntos para a entrada mais próxima que viam e ali encontraram a quem tanto todos procuravam no outro extremo do centro.


— Eu sabia que isso ia acontecer! Mas que droga! — Harry resmungava. Ele não procurava mais pelo casal, procurava por qualquer sinal de Dougie ou Tom que pudesse encontrar, eles haviam desaparecido assim que ele entrou no labirinto e gritar por seus nomes não parecia estar sendo efetivo. — Dougieee!! Tommm!! Dannyyy!!
— HARRY!!
O rapaz levantou sua sobrancelha, estranhado, pois a voz não era de nenhum dos guys, a menos que James versão mulher estivesse gritando por ele. Decidiu ir em direção à voz que ouviu e encontrou vindo esbaforida até ele, parou a sua frente e apoiou as mãos nos joelhos enquanto tentava encontrar o fôlego perdido por conta da corrida.
— Também se perdeu das meninas? — Harry arriscou, já que a garota não falava.
— ... É... Você... também? — ela disse com dificuldade e ele limitou-se a fazer um aceno positivo com a cabeça.
Encontrar Danny e deixava de ser uma grande questão para Harry até o segundo que ele notou uma expressão diferente em .
— O que fo...?
— Shiu! Você consegue ouvir isso? — ela dizia com um dedo levemente posicionado em seus lábios para indicar que ele deveria fazer silêncio. Harry prestou atenção e ouviu alguma coisa, assim como sentiu um vento mais úmido, e por isso mais gostoso, bater em sua face suada de tanto correr. A mão de veio de encontro a sua. — Vamos, acho que pra cá deve ter alguma coisa!
A pequena corrida os levou até um lugar amplo, provavelmente, o coração daquele labirinto. Seus olhos de primeiro momento não viram nada, até que encontraram à direta, um pouco mais longe, Dougie e , e a esquerda , ela também encontrava-se distante deles.


— Ai, não! Ai, não! Ai, não! Eu estou perdida. — dizia já com voz chorosa. Era muito mais lenta que as outras duas e perdeu de vista as amigas após um tempo, mesmo assim, seguia correndo e entrando em passagens ou topando com becos sem saída. Ela tinha medo de ser deixada para trás naquele labirinto sozinha, principalmente porque já era de noite.
Tom também já havia se perdido fazia tempo dos amigos, tinha certeza que já havia percorrido uma enorme parte do labirinto, até aquele momento não havia topado com nenhum obstáculo que impedisse seu caminho. O fato de estar sozinho não atrapalhava, ele seguia buscando feito louco, tentando cobrir o maior espaço que conseguisse. Ouviu um farfalho por entre os arbustos e pensou ter descoberto finalmente o casalzinho, ao virar a esquina, topou com a causa do som.
— AAHHH!! — berrou de medo e fechou os olhos, pensando que assim estaria mais segura.
?? — Tom falou tocando o ombro dela para tentar fazê-la olhar para ele.
— To-To-Tom!! Vo-você me assustou! — a voz de pânico dela logo foi substituída por uma crise de riso por conta do nervosismo.
— Já acharam? — perguntou ele e obteve apenas um aceno negativo da garota risonha. — Certo, então, é melhor continuar a buscar.
— Não! Não me deixa aqui sozinha!! — ela segurou o braço dele para impedi-lo de seguir andando. — Eu me perdi das meninas.
Tom não gostou da ideia, se o plano era não deixar as três meninas descobrirem sobre o caso de , então seria bom que ele a encontrasse sozinho. Ele teria de despistá-la no caminho, começou a correr com ela em seu encalço.
— Tom!! Tom!! — ele podia ouvi-la já distante e pensou que estava perto de conseguir seu objetivo. — Tom!! É o Harry, e a também!!
O loiro voltou seu olhar para , que indicava para uma entrada entre os arbustos, ele voltou correndo até onde ela estava e juntos passaram e chegaram ao centro do labirinto. A primeira coisa que viram foram Harry e chegando também ao lado oposto; a direita eles viram Dougie e ; estava no lado esquerdo deles. Com exceção de da última, todos os outros pareciam ter acabado de chegar naquele local ao mesmo tempo que eles, mas Tom ainda não via Danny.
Todos se entreolharam e decidiram andar até . Entretanto, o som que havia chamado a atenção de Dougie e parecia voltar e eles se perguntavam o que poderia ser, ao mesmo tempo em que finalmente reagiu:
— NÃO!! Não venham!! — ela gritou para alertar, mas já era tarde demais.




Capítulo 36 - Antes, durante e depois do labirinto

Danny e corriam por entre os corredores do labirinto, eles podiam ouvir seus amigos os chamarem por seus nomes e alguns pareciam pertos, outros distantes, era difícil decifrar onde cada um estava e quem os chamava. Apesar da situação complicada para ambos, divertia-se ao ser conduzida pela mão grande e quentinha de Danny que segurava a dela. Ela ria e até o guitarrista fora contagiado por sua risada infantil, sentiam-se como se brincassem de esconde-esconde com os amigos.
— Não! Por aqui! — tornou-se a guia da corrida e puxou Danny para a direção que ela queria.
Eles chegaram ao centro do labirinto. Não havia mais ninguém por lá e o aumento da proximidade dos gritos os fez correr pelo centro para chegarem até o outro lado, eles queriam acreditar que a saída poderia estar lá. Já tinham cruzado praticamente todo o campo livre de arbustos, quando um som indecifrável veio e Danny, que vinha um pouco mais atrás de e ainda de mãos dadas com ela, resolveu prestar atenção ao chão que pisava. Aquele chão não era comum e o guitarrista entendeu o que estava prestes a acontecer, ele soltou a mão de e com a mão livre direita, ele deu um leve empurrão para que o passo dela fosse maior e ela conseguisse se salvar.
— Se afasta!! — ele gritou, ao mesmo tempo em que a empurrou.
atrapalhou-se com a força que Danny aplicou nela e caiu sentada no chão. Então viu uma densa nuvem de fumaça passar por ela, sentiu algo incomodar seu pé e logo tratou de voltar seu olhar preocupado para Danny, mas não havia sinal dele.
Milhares de jatos de água posicionados no chão jorravam litros e litros de água com um pouco mais de dois metros de altura. A jovem tratou de afastar-se, ainda sentada no chão, para não se molhar e viu um amontoado de roupas jogado no chão entre os jatos. Danny havia sido transformado em pato pela água. Assim que o jorro de água terminou, ela correu até as roupas e ajoelhou-se em frente delas para procurar pelo rapaz amaldiçoado. Ela ouviu que os gritos estavam bem mais pertos e quando levantou o olhar, ela encontrou-se com Dougie e no lado oposto; um segundo depois surgiram Harry e à direita e em menos de um segundo, Tom e à esquerda.
O molhado das roupas de Danny fazia com que ela sentisse congelada e piorou quando percebeu que haviam sido encontrados pelos demais, não sabia se deveria deixar Danny para trás e continuar o pega-pega ou se continuava ali com ele e contavam a verdade. A adrenalina não a deixava pensar corretamente. Ela só teve certeza de uma coisa, não queria estar em sua própria pele. Ideias sobre ficar ou correr ainda cruzavam a sua mente quando ela notou que todos começavam a vir na direção dela e de Danny-pato, ainda escondido entre as roupas, quando seu cérebro processou que não seria a melhor ideia que os rapazes passassem por aquele lugar.
— NÃO!! Não venham!! — ela gritou para alertar, mas já era tarde demais.
Os jatos acionaram outra vez e tanto os rapazes quanto as meninas foram molhados. As quatro meninas, incluindo , gritaram assim que sentiram o frio da água atingir seus corpos e os três rapazes viram a transformação acontecer: suas roupas ficaram extremamente largas, a proporção de tudo o que eles viam tornava-se maior, ao passo que eles diminuíam e o chão ficou bem mais perto deles. E como característica, três densas nuvens de fumaça branca formaram-se instantaneamente. Sumiam Dougie, Harry e Tom e vinham um porquinho-da-índia, um macaco e um gato.
— Danny? Acho que você não vai ter de ouvir sermão dos seus amigos. — tentou dizer para remediar um pouco a situação.
“Quem me dera! Eles podem me encher em pensamentos...” — Danny comentou tristonho para si mesmo, já que a menina não poderia entendê-lo em seu linguajar animal.
“Nós poderíamos, mas eu prefiro te matar mesmo!” — Dougie gritou para o amigo enquanto vinha correndo em alta velocidade atrás do amigo para acertá-lo com seu focinho. “O que você pensa que está fazendo ao ficar com a ?!”
“Dude, você deveria se transformar em burro, não em pato.” — Harry opinou, chegando mais perto do pato.
— Esta água está... gelada! — comentou, praticamente tremendo com o frio que sentia por estar molhada da cabeça aos pés.
— Meninas... vocês estão com uma... manchinha aqui. — sinalizava educadamente para e , que ainda não haviam percebido que o lápis de olho que usavam não era a prova d'água e havia borrado completamente.
! Uma... ajudinha aqui, por favor!” — Tom tentava chamar a atenção da menina com miados para que ela percebesse que ele estava com uma de suas patinhas, mais especificamente a garra, presa em sua própria montanha de roupas.
— AAAAHHHH!!! — berraram em horror e quando notaram o estado em que estavam: mais assustadoras que um palhaço.
— Mulher! Por que você não passou na gente um lápis a prova d’água?? — exclamou.
— Eu não sabia que isto ia acontecer, dãh! — tentava dar um jeito de sumir com o mancha com a própria mão.
“Minha nossa! Vou ter pesadelos hoje...” — Harry comentou quando viu o estado de .
“Harry! Avise a sua garota para deixar de maquiar a minha garota! A n-ã-o precisa de maqui...” — Dougie foi interrompido por risadas.
Sua garota? Dessa eu não havia sido informado!!” — Danny fez graça.
“Que possessivo você, hein, Poynter?” — até Tom entrava na brincadeira.
Dougie não revidou, além de não ter bons argumentos para tal, ele estava surpreendido com suas palavras ditas sem pensar.
— Então, ? O que a senhorita e o senhor Jones faziam aqui? — foi logo ao assunto. Uma coisa era correr atrás da amiga à noite em um labirinto, outra muito diferente era ter o seu precioso make desfeito por conta de um casal que se pegava escondido.
... os rapazes estão aqui! — sussurrou em desespero.
— Nós... — não sabia que resposta dar, era um desejo dela contar em segredo que tinha ficado com Danny, mas tinha de respeitar a posição dele de não contar ainda para seus companheiros de banda.
— Eu acho mancada deixar a com todo o peso da bomba. — comentou. — Vamos voltar, nos trocar, ‘destransformar’ os guys e vamos conversar todos.
— Todos não! Tem que ser sem o Fletch. — lembrou.
— E sem o James! — acrescentou .


— Brrr... Frio!! — já não conseguia mais caminhar direito, agradeceu ao fato de haverem chegado ao andar que estavam hospedados.
— Em qual vamos entrar? — referia-se aos quartos, ficaram em dúvida de qual deles entrarem.
— No nosso! Quero trocar de roupa logo, estou morrendo de frio! — disse já em com o cartão para abrir a porta do quarto que dividia com a amiga , quando ouviu chamarem seu nome.
— Não temos roupas, leeembra?? — tentou fazer a amiga lembrar-se do plano que elas haviam bolado. Para que o plano desse certo, elas não podiam ainda revelar que as malas extraviadas já estavam na posse delas.
— Ah! — bateu a mão na própria testa, amaldiçoando-se por quase estragar o plano. Ela costumava ser boa em guardar segredos, mas aquela noite mostrava que não era conveniente ela ter mais nenhum. — Poxa! E agora? Quem poderá nos defender?? Oh!
“Eu?” — perguntou Danny para , esperançoso de que ela pudesse uma vez entender sua língua animal.
— Você vai, Danny? — a menina pôde ouvir o patinho grasnar em seus braços. — Oh, meu lindinho salvador!
— EI! Vocês dois aí, parem com essas ceninhas! — os repreendeu.
“Isso mesmo! E ainda querem nos fazer acreditar que não estavam no maior amasso, cínicos!!” — Tom dizia irritado, em parte por Danny ter feito a coisa errada, e principalmente pelo amigo não ter lhe contado que estava de pegação com .
“As palavras do Fletch entraram e saíram pelo teu ouvido em menos de um segundo, aposto!” — Dougie criticou.
“Pouco importa!!” — Danny revidou irritado também, não acreditava que seus amigos não podiam entender seu lado. Por esse motivo não quis contar antes.
— Meninos! — tentava chamar atenção dos meninos em forma de animais, com a discussão que eles começaram, não perceberam que as meninas tentavam falar com eles. — Podemos pegar algumas roupas de vocês?
“Pegue todas!” — Dougie respondeu de prontidão.
“Ele é tão generoso com a garota dele...” — Harry caçoou.
“O próximo que vier me encher com essa história, eu mordo!” — Dougie ameaçou e os demais amigos ficaram calados, reprimindo risadas.
Eles fizeram acenos positivos com suas cabeças, única forma que elas teriam de entender o que diziam. , e deram um sorriso genuíno, haviam alcançado o objetivo! e entraram no quarto 714 de Danny e Harry, enquanto entrava com Dougie e Tom no quarto deles, 716. havia se oferecido para voltar até o restaurante e explicar que acontecera um pequeno acidente com os meninos e com elas, e que não poderiam participar do jantar.


— Pessoal? — bateu na porta do quarto 716. Não havia ninguém no quarto que ela dividia com , então, resolveu arriscar bater em todos os outros e descobrir em qual estavam.
“Demorou...” — Tom comentou do lado de dentro quando ouviu a voz da menina e percebeu levantar-se para abrir a porta.
— E aí, mulher. Por que demorou tanto para avisar o Fletch e o James?
entrou no quarto e viu suas amigas com as roupas emprestadas dos rapazes. Ela teve medo de encontrá-las completamente encapotadas de roupas e alegando não saberem qual queriam utilizar, porém, as encontrou vestidas meramente com uma camiseta e uma boxer. trazia ainda um agasalho de moletom. A recém-chegada ao quarto deu um discreto olhar assassino psicopata para quando viu a amiga com a camisa que ela queria usar.
— Linda sua camiseta de “De Volta Para o Futuro”, . — disse entre um sorriso e voz gentis, porém falsos.
— É, o Tom me emprestou. — respondeu, divertindo-se as custas da frustração da amiga.
“Minhas roupas são demais!” — Tom comemorou.
“Eu ainda não creio nisso...” — Dougie reclamou, ele emprestaria qualquer roupa que quisesse, entretanto, ela preferiu uma das camisetas do amaldiçoado pelo gato.
— Acorda, mulher! Vai me ignorar? — deu alguns petelecos na testa de para que a menina parasse de tentar matar com os olhos e respondesse a sua pergunta.
— Ai! Demorei porque fui até a cozinha do restaurante pedir que entregassem comida no quarto. — massageava a própria testa.
— Uia! Serviço de quarto, ai, isto é o paraíso pra mim! — deixou-se jogar toda esparramada pelo sofá de três lugares que havia perto da entrada do grande quarto de hotel.
“Algo me diz que você acredita que isto são férias, .” — Harry subiu primeiro pelo braço do sofá e logo sentou-se na barriga da moça.
— Eu tenho cara de cama, senhor macaco? — a menina fingiu desgosto, mas logo deu uma risadinha quando o macaco preparava-se para sair. — Estou brincando, bobo.
, troca logo de roupa, senão vai pegar uma gripe. — avisou com seu melhor sorriso.
— Pilantrinha... — a menina disse baixo em resposta.
Tom a seguiu após ela pegar as roupas separadas pela própria . Ele deitou-se no chão do lado de fora do banheiro e esperou até ela sair.
“Se eu sou possessivo, o Tom é adestrado!” — Dougie alfinetou quando viu a oportunidade.
“OI?!” — Tom perguntou surpreso.
“Cuidado, Dougie. Você pode ter dentes e nos morder se falarmos da tua garota, mas lembre-se de que o Tom tem garras, super afiadas por sinal.” — Harry conscientizou o porquinho-da-índia.
“E eu não estou adestrado! Calúnia!!” — Tom levantou-se indignado. “AAAIIIIIIIIIIIII!!!” tinha acabado de sair do banheiro e nem passava pela cabeça dela que o amaldiçoado estive em frente a porta, assim que ela pisou sem quer na cauda do felino. O loiro, instintivamente, saiu correndo para longe da garota.
— Tom, desculpa!! Desculpa, desculpa, desculpa. — a menina saiu atrás do rapaz.
— Você nem achou engraçado, né, Poynter? — começou a fazer cócegas na barriguinha do porquinho-da-índia. Ela estava sentada no chão e com as pernas esticadas, Dougie estava deitado de barriga para cima entre as pernas dela. — Que feio, rindo da desgraça do Tom.
“Ah, foi engraçado! Pare, ! Vou morrer de tanto rir!”
— Campainha tocando, deve ser a comida!! — comentou feliz. — Dannyzinho, você vai me fazer companhia enquanto eu seco o cabelo, não queremos que ninguém veja um pato dentro do hotel.
O amaldiçoado pelo pato foi carregado pela menina em um braço e no outro ela tinha uma toalha, pente de cabelo e creme para pentear. Seguiu com o pato até o banheiro, pois queria um espelho para garantir que seu cabelo, quando ficasse seco, não ficasse completamente armado.
achou que também seria inteligente esconder Harry das vistas dos funcionários do hotel, elas não queriam um senhor Hilário chinês na cola delas. Levantou-se do sofá, deu sinal para que o macaco entrelaçasse seus bracinhos em seu pescoço e foi até o quarto onde estavam duas confortáveis camas de solteiro. Camas de Dougie e Tom.
colocou com cuidado o porquinho-da-índia em seu ombro e caminhou com calma, para que Dougie não caísse, até a porta para deixar entrar um funcionário do hotel com o carrinho cheio de diversos pratos pedidos por — com a ajuda de Fletch e James sobre os gostos culinários dos rapazes. Com o extra de um termo com água fervida para que elas pudessem ‘destransformar’ os guys.


Tom correu sem pensar muito até a varanda e escondeu-se debaixo da mesa, esperando que o seu pequeno coração de felino se acalmasse do susto que havia levado, a dor que sentia ainda era grande. Ele notou a presença de ao entrar na varanda chamando por seu nome, queria ir ao seu encontro, mas um medo irracional o impedia.
— Desculpe, Tom. Sério mesmo, não foi por mal. — ela disse quando encontrou os olhos dele.
A menina deu um sorrisinho fraco e voltou para dentro do quarto. Não queria ser uma chata. Assim que regressou, viu o banquete que estava no carrinho.
— Nossa!! Isso é comida pra um mês inteiro! — disse surpresa.
— Que nada! Aposto que não será suficiente para todos. — disse rindo. — Me ajuda a servir? O Poynter só está atrapalhando...
“Culpado! Mas com muuuuito gosto.” — disse Dougie. Pequeno como era, todas as comidas pareciam maiores do que quando era ser humano. Ele estava “mergulhado” em um bolo, comendo cheio de gula o glacê e suas três camadas com sua boquinha de porquinho da índia.
apenas riu quando notou o que fazia o baixista da banda e aceitou ajudar a amiga, pegou um dos pratos e serviu para ela um pouco de tudo, fez o mesmo com os pratos de e .
— Muito bem, aqui temos água quente. Quem vai querer virar ser humano?!?! — berrou com o termo em mãos.
Ela dirigiu seu olhar para Poynter, mas o porquinho continuou entretido em devorar seu bolo, surgiram logo na sala e Harry, o macaquinho vinha preso em seu pescoço, e saía do banheiro com Danny em seus braços.
— Um Harry Judd, por favor! — falou como se estivesse num restaurante pedindo por comida.
avisou as outras meninas e todas fecharam os olhos, a densa fumaça fez-se presente e jogou rápida algumas roupas de Harry para ele mesmo. O rapaz tratou-se de se vestir rápido e logo já estava de pé, como um ser humano normal, em suas próprias roupas, podendo comunicar-se através de palavras.
ficou hesitante de estender o patinho em seus braços para ser atingido pela água, ela não sabia se era mesmo uma boa ideia ter um Danny capaz de falar. Lógico, ela não queria explicar sozinha a situação complicada em que foram encontrados pelos demais no labirinto, entretanto, tinha medo do que ele poderia dizer, já que não haviam combinado uma desculpa. Mesmo com esse sentimento, ela suspirou e estendeu o patinho. , outra vez, gritou para que todas tapassem os olhos e mais uma nuvem de fumaça surgiu no quarto de hotel.
Tom aproximou-se sorrateiramente até , ficou sentadinho de frente para a garota, esperando ser banhado com a água quente. prontificou-se a pegar mudas de roupas para o rapaz, já que fingia estar concentrada em servir a comida.
— Hoje a noite será longa. — pareceu sentenciar.




Capítulo 37 - O que os olhos veem...

Muitos pares, para ser preciso, seis pares de olhos observavam espantadíssimos para e Danny. Um deixou seu talher cair, outro deu uma leve engasgada, um levava um grande pedaço à boca para não ter de falar nada, o outro balançava negativamente a cabeça, mas uma pessoa sabia exatamente o que iria dizer sobre tudo aquilo. Tinha preparado seu discurso havia algum tempo.
! — disse indignada, pousando seu prato cheio de comida bem ao seu lado, no chão. — Não me oponho que você e o Danny tenham algo, mas pensei que iria nos contar antes. Somos melhores amigas!!
sentiu o grande peso das palavras melhores amigas sobre suas costas, era um verdadeiro tapa na cara ouvir aquilo. Ela não acreditava que, naquele momento, valeria alguma coisa dizer que ela quis contar. Danny tentou dar forças à menina dando-lhe um selinho na bochecha esquerda. Os pratos de comida de ambos estavam intocados e residiam um ao lado do outro.
— Verdade! — Tom conseguiu dizer, mesmo com a boca cheia. Fazendo um esforço para mastigar e engolir tudo, agora que finalmente sabia o que dizer. Tudo graças a . — Danny, não somos amigos? Em nenhum momento lhe passou a ideia de nos contar sobre vocês dois? Teriam nos poupado daquele sufoco que foi encontrá-los no labirinto!!
— Não só isso. — Harry não balançava mais sua cabeça, sabia que aquilo não alteraria a situação em que se encontravam, mas ainda não conseguia acreditar no quão burros aqueles dois podiam ser juntos. — E ainda tem todo aquele escarcéu que fizemos lá no restaurante, Fletch e James devem ter pensado que éramos loucos!
“E ainda ficamos todos molhados...” — Dougie reclamou, esquecendo-se até então que ninguém poderia ouvi-lo. “Droga! Tinha esquecido que estou como bicho!!”
Com o tempo, e Danny começaram a ser bombardeados por alegações de irresponsabilidade, imprudência, burrice e falta de consideração em relação aos amigos.
— Gente, gente, gente!! — teve de gritar para que todos se calassem. Ela suspirou fundo antes de iniciar. — Na boa, eu entendo, ou melhor, nós entendemos que acabamos cometendo alguns erros, mas na hora nós fizemos aquilo que julgamos ser melhor.
— Agora nós já sabemos que não tomamos as melhores decisões. — Danny manifestou-se também. — Olhem, meninas, a já havia me dito que queria contar a vocês sobre nós e a culpa é minha se ela não contou. Fui eu quem disse que seria melhor não contar, ao menos não até o momento certo.
— E quando seria esse momento certo, Danny? — inquiriu , que ainda não sabia se deveria perdoar a amiga por esconder segredos dela. Ela odiava quando escondiam segredos dela e odiava mais ainda ser a última a saber de qualquer coisa.
— Eu não sei! Mas nós... mas nós íamos contar.
— Uhum. Sei! — foi sarcástica. Cruzou os braços, não acreditando nem um pouco naquela história.
— Acho que... Acho que fica fácil para nós ficarmos julgando. — comentou e alguns olharam-na surpresos e outros estranhados. — É simples, povo, eles estão se gostando. Queriam arriscar! E se eu não me engano, o Fletch já havia lhes dito que nenhum de vocês poderiam se envolver com uma de nós. É até óbvio que o primeiro passo deles tenha sido tentar manter segredo de todos.
passou a sentir-se incomoda, deu uma garfada em sua comida para não ter de falar nada. Ela começava a sentir-se envergonhada, pois ela própria tivera um contato mais íntimo com Harry na viagem para China e não contara a ninguém. Agora ela preferia não ter zombado do argumento de Danny, já que ela mesma não havia pensado em quando contaria às amigas que tinha beijado Harry Judd. O baterista em questão não precisava ser adivinho para descobrir, com apenas um olhar rápido, o que estava pensando. Eles também tinham culpa no cartório.
As palavras de apresentavam uma lógica, a qual , , Harry e Tom não podiam negar. Estavam todos sentidos de alguma maneira, mas era muito maior o desejo de torcer para que aquilo que e Danny tinham desse certo, afinal, eram amigos. Melhores amigos.
— Eu ainda acho que deveriam ter nos contado... — comentou, sua voz saindo mais calma do que antes. chegou perto da amiga e a abraçou, sabia que a outra já não estava mais brava. Aquilo já era chamego.
— Ai, desculpa, . Não foi por mal, você sabe. Eu estava louca querendo contar pra vocês! — levou algum tempo para que a menina retribuísse o abraço ganho, mas aquilo serviu para mostrar que estavam de bem outra vez.
— Mas ai de ti se nos esconder algo outra vez, viu? — brincou, mostrando seu bom-humor e simpatia de sempre.
— Eu também acho que deveriam ter nos contado antes, por isso, o mesmo vale para você, viu, Danny? — Tom disse sério. — Sem segredos numa próxima vez.
— Ai, desculpa, Tom. — Danny imitava , numa tentativa de descontrair. Estendendo seus braços para abraçar o loiro e fazendo com que seus lábios fizessem um biquinho para beijá-lo.
— Sai, palhaço! — o loiro até mesmo levantou-se para fugir do agarre do amigo.
— Ih! Nem vem!! — Harry também bateu em retirada, juntando-se a Tom na corrida pela sala do quarto de hotel para fugir do Danny beijoqueiro.
— Tom, Harry!! Venham cá! Só um bitoca para mostrar que está tudo bem entre nós! — Danny ria enquanto corria atrás de ambos. Até que uma ideia melhor lhe veio à cabeça: — Aháá!!
O distraído porquinho da índia, Dougie, foi capturado por ambas as mãos de Danny e os lábios deste fizeram pressão contra sua cabeça, deixando-lhe um pouco de saliva quando finalmente o liberaram.
“DANNY!! Mas que nojo!!” — Dougie reclamou e sua primeira atitude foi morder as mãos daquele que lhe seguravam.
O clima, antes pesado, fora substituído pelos gritos divertidos de Danny, pelas risadas de , , e sobre a situação, pela fúria de Dougie em perseguir o guitarrista para vingar-se do selinho propositadamente babado recebido e pelos escândalos Harry e Tom toda vez que o sardento aproximava-se de um deles.


— Eu estou cheio! — James disse, reclinando-se na cadeira. — Pena que os demais não jantaram conosco.
— É...
— Algum problema, Fletch? Você ficou tão sério depois que começou a ver esses papéis. — James tentava ver do que se tratavam. — Sobre o que são?
— Eu imprimi da internet a localização do lugar onde todo este pesadelo aconteceu... São muitos papéis, nem todos úteis, e tem muita coisa que não entendo por não saber chinês.
— Ah, sei. Sim, a barreira linguística é um grande problema. — James voltou-se a esparramar pela cadeira, estendeu seu braço até a mesa e pegou seu terceiro copo de sakê, trazendo até seus lábios. Ele gostaria de ter mais recordações daquela noite. Fechou os olhos e tentou lembrar-se, mas sua memória sobre aquele dia estava cheia de brancos. A única coisa que se lembrava era de haver fogo e Danny, Dougie, Harry, Tom e Fletch estarem lá. — Enfim, em breve estaremos lá para dar um fim definitivo nisso.


Danny caminhava pelo corredor do andar onde estava hospedado no hotel, nele havia um desejo fixo, algo que ele precisava resolver ainda naquele dia. Se iria revelar tudo, teria de ser com todos - ao menos todos aqueles que ele considerava importantes em sua vida. Ele havia saído de fininho do quarto onde sua ficante exclusiva, , as amigas dela e seus melhores amigos pareciam realizar uma animada confraternização. Entrou no elevador e apertou o botão para chegar até o térreo, a imagem de uma pessoa estava em sua mente: Fletch.
Ao chegar ao saguão, respirou fundo, tinha medo, principalmente, da reação que o empresário poderia ter.
— É agora! — ele tentou enganar a si mesmo, seu timbre de voz mascarando bem o medo que sentia. — Fletch! James!
— Danny?? — ambos os homens responderam ao chamado um tanto escandaloso do sardento. A sorte é de que no momento não havia muitas pessoas no restaurante do hotel.
O guitarrista olhou por alguns segundos em que mesa eles encontravam-se antes de dirigir-se até lá num passo que se assemelhava à animação de uma criança sapeca. Quando os alcançou, apoiou suas mãos sobre a mesa, que não continha nenhum prato de comida, mas, sim, muitos papéis, embora Danny não tenha se dado ao trabalho de prestar atenção neles. Havia outra coisa muito mais importante em sua mente.
— Fletch, podemos dar uma volta? Preciso conversar contigo em particular. — perguntou Danny.
Os que estavam sentados na mesa entreolharam-se, tentando cada um adivinhar qual poderia ser o assunto que o sardento gostaria de tratar unicamente com o empresário.
— Cla-claro, Danny. — Fletch levantou-se da mesa e começou a andar ao lado dele para fora do restaurante.
James ficou para trás, sentado sozinho na mesa. Pensava em ir fazer uma visita aos demais rapazes e também às meninas, mas teria de esperar um pouco, sua barriga cheia não lhe permitia mover-se. Bebeu mais um pouco de sua bebida enquanto seus olhos observavam o fraco movimento do local, até que seus olhos voltaram a pousar sobre os inúmeros papéis deixados por Fletch. Sua mão alcançou alguns deles e os trouxe para mais perto de si, para que seus olhos pudessem examinar cada detalhe. Havia muitas marcações feitas a lápis ou a caneta por Fletch. Eram mapas, plantas de casas que ele desconhecia a localização, calendário com marcações de quando o McFly iniciou a turnê com o show de abertura na China — num lugar não tão longe de onde acabaram amaldiçoados —, o dia em que voltaram para Londres e muitas outras datas consideradas importantes pelo empresário que giravam em torno dos rapazes e da maldição. Mas algo em especial fez James contrair um pouco suas sobrancelhas.
— Que estranho... Por que o Fletch tem um panfleto de venda de imóvel no meio disso tudo? Espera um pouco...! — ele olhou um tanto assustado para o que tinha em mãos, alcançou alguns outros papéis e os espalhou pela mesa a fim de compará-los.
Levantou-se, querendo ir atrás do empresário e perguntar o que significava aquilo que tinha diante de seus olhos, mas a droga do Danny havia chegado primeiro. Teria que esperar. O certo era: necessitava urgentemente conversar com Fletch. E faria isso tão pronto ele retornasse.
Tamborilava na mesa com os dedos em sinal de ansiedade. Sentou-se novamente na cadeira e entornou o conteúdo da garrafa com sua bebida até chegar à borda do copo, precisava acalmar-se de algum jeito.


Seguindo o caminho feito pelo sardento, Danny e Fletch saíram do saguão e entraram na área dos jardins. O sardento pensava que o labirinto seria um ótimo lugar para que ambos conversassem e não fossem interrompidos — mas é lógico que ele faria a ambos o favor de não chegar perto da área dos jatos de água.
— Danny, existe algum problema? Algo sério aconteceu? — o empresário mostrava sua preocupação, a andança o deixava ainda mais nervoso.
— Problema? Hum, bom... Eu diria que depende do ponto de vista. — ele olhava o céu estrelado da China, sem coragem de olhar para o empresário.
— Como assim, Danny? — Fletch perguntou confuso, não estava gostando daquele rodeio. — O que aconteceu?
O sardento agora mirava o chão. Tentava, em sua cabeça, encontrar a melhor forma de dizer para Fletch que estava tendo algo com de forma que o empresário não pudesse ter argumentação para impedi-los de continuarem. Fletch parou bem em frente ao guitarrista, pousou suas mãos sobre os ombros de Danny e olhou-o de forma compreensiva, como só um pai sabe fazer com seu filho.
e eu... — Danny começou a dizer, sabia que aquele era o momento em que a enrolação necessitava ter um fim. Ele não entendia por que se sentia tão nervoso, Fletch era seu empresário, seu amigo, aquele que os estava ajudando a dar um fim àquela maldição. Tinha o direito de saber...
— Acredito que eu já saiba como termina essa frase, Danny. — Fletch suspirou. — Você e estão juntos, não só como amigos.
Danny o olhou incrédulo.
— Hein? Como assim que você já sabia?! — perguntou quase gritando.
— Bom, — Fletch tentou segurar sua risada no início, mas não obteve tanto sucesso. — antes de virmos para a China, quando todos estavam brigados uns com os outros, e você eram os únicos sorridentes, os únicos de bom-humor... e os únicos que riam feito bobos por qualquer motivo. — Fletch cruzou seus braços e usou seu melhor semblante de pessoa séria e sábia. — Eu teria de ser muito cego para não notar!
— Então... — de repente, Danny sentia-se muito constrangido por saber que era tão transparente assim. — Você sabia e mesmo assim não veio brigar comigo, ou com ela? E todo aquele papo de que nós não deveríamos nos envolver com nenhuma delas porque senão e três pontinhos?
— Senão e três pontinhos? O que é isso??
— É que você nunca completou a frase, você só chegava até o senão e aí ficava em aberto, ou seja, três pontinhos. — Danny orgulhou-se em explicar e Fletch o olhava um tanto abismado. — Então??
— Então nada. — Fletch suspirou. — Mesmo que eu dissesse algo para não ficar com ela, você iria, simplesmente, ignorar e seguir em frente.
— Mas então... então... então porque toda aquela história do senão? — Danny estava espantado.
— Para garantir. E até que tem dado bons resultados, pois até agora, só você resolveu passar por cima do que eu disse e se arriscar a ficar com a . Diferente de você, o Harry me ouve.
Os olhos de Danny abriram-se mais ainda, um sorriso sapeca surgiu em seu rosto e por um segundo ele se esqueceu de sentir-se desmascarado. Chegou mais perto de Fletch e perguntou:
— Uia! O Harry está dando em cima de uma delas também? Quem? Ah, aposto que é a !!
— Danny... — Fletch balançava a cabeça negativamente. — isto não é uma conversa para você atualizar-se nas fofocas.
— Mas eu quero saberr... — ele tentou utilizar-se de seu melhor olhar de pidão, mas não pareceu surtir efeito no empresário.
— Voltando ao assunto principal... — Fletch tentava manter o foco. — Sei bem que não posso te impedir, você é adulto, sabe o que faz... e com quem faz! Mas me prometa uma coisa, — havia algo que o preocupava, ou melhor, dava-lhe medo. — tente não sair muito machucado disso, caso as coisas não acabem como você espera.
— Fletch...?
Danny notou no outro homem certo tom de angústia na voz, coisa que ele não compreendeu a razão. Pensou em tentar entender melhor o significado por trás das palavras do empresário, mas ele começara a retornar para o hotel, frustrando seu plano. O sardento deu de ombros, só podia ser mais umas daquelas preocupações extremas de Fletch para com ele e os outros integrantes da banda, ainda mais agora que estavam amaldiçoados. Danny nunca cometera grandes loucuras de amor por nenhuma das meninas com quem já tivera um relacionamento, sabia ser bastante racional nesse sentido, pois assim saberia não sair muito machucado nos términos dos relacionamentos. Chorar por mulher? Jamais!! Ele deixava esse tipo de atitude para Dougie e Tom. e ele estavam apenas curtindo. Podia dar certo, podia dar errado; o que ele queria era a oportunidade de experimentar. E ele queria experimentar ter algo com .


Fletch retornou sem pressa ao salão restaurante do hotel com Danny ao seu lado, a conversa havia sido boa, pois ambos foram sinceros um com o outro. Encontraram a James sentado na mesa, havia algo de estranho na postura dele.
— James, meu rapaz, o que há? — Fletch tentou mostrar-se amistoso. O loiro começou a rir um pouco, tentando disfarçar seu grau de alcoolismo e os olhos do empresário recaíram sobre a mesa. Os papéis que analisava antes de sair estavam todos espalhados e a garrafa de saquê pedida pelo loiro durante o jantar estava vazia ao lado de um copo deitado onde James bebia antes.
— James? Você está bêbado? — perguntou Danny, tentando conter uma risadinha pelas caretas engraçadas que o amigo fazia.
— Nããoo... — a voz mansa e a risadinha no final comprovaram aquilo que eles já desconfiavam.
— James... — o empresário disse em tom de reprovação.
— GARÇOM!! Mais uma garrafa, por favor! — James erguera a mão e chamava para si a atenção do garçom que estava mais perto.
— É melhor não. Não vê que ele está bêbado? — o empresário comentou indignado, dispensando os serviços do garçom, que não teve outra escolha a não ser obedecer e afastar-se.
— Seu bebum! — Danny riu. — Sei que não fomos rápidos, mas demoramos tanto tempo assim, Fletch, para ele chegar a esse ponto?— ele cruzou os braços enquanto fazia troça do amigo.
— Eu não sei. — respondeu o outro. — Mas acredito que tenha sido o suficiente. Veja, a garrafa está sem uma gota sequer. E a bebida é das fortes! Eu sabia que não devia tê-lo deixado pedir isso. — Fletch balançava negativamente a cabeça. — Pode levá-lo até o quarto e tomar conta dele para mim? Preciso arrumar esta bagunça que ele fez e não queremos que ele cometa besteiras neste estado.
— Claro, chapa! — Danny sorriu colgate. — Vamos, dude, a hora da bebedeira acabou.
James não apresentou resistência quando o amigo sardento fez com que o loiro apoiasse seu braço sobre seus ombros, a fim de ajudá-lo a se levantar e andar.
— Eu preciso falar com o Fletch... — James disse com a voz um tanto fraca e incerta.
— Você precisa é de uma boa ducha e descansar um pouco, amigo, isso sim! — Danny comentou risonho enquanto já saía arrastando o companheiro.
Fletch esperou que eles se afastassem um pouco para sentar-se a mesa e notou que algumas de suas folhas — algumas que ele não queria que ninguém as visse — estavam mais próximas do assento onde James se encontrava antes. Ele podia apenas deduzir uma coisa, o que poderia explicar a razão do outro ter bebido tanto. Virou sua cabeça rapidamente, a tempo de ver a figura de o loiro desaparecer da entrada do restaurante do hotel:
— Ele descobriu...




Capítulo 38 - Encontros e desencontros

— Alguém viu o Danny? — perguntava , parada no centro do quarto de hotel, para todos os demais.
— Não, . — foi o que a maioria dos presentes respondeu. Nenhum deles percebera quando Danny tinha saído do quarto. já havia procurado no quarto de hotel inteiro e nenhum sinal de seu sardento.
— Não. Pior que não. — respondeu, tinha em mãos os últimos pratos sujos recém utilizados por eles. — Mulher! — ela dirigia a palavra para . — Tem como retirar o seu adorável Pi-chan daqui?
— Ops! Mal, mulher. Venha, Pi-chan, você precisa de um banhinho! — colocou cuidadosamente o minúsculo porquinho da índia em suas mãos e seguiu com ele para o banheiro, pensando em limpá-lo do creme de bolo que tinha espalhado em seu corpo na pia.
“Nossa, depois de hoje, vou querer sempre comer em forma de bicho!!!” — Dougie concluía com a barriga completamente cheia.
, talvez ele tenha ido até o nosso quarto. — Harry supôs. — Vamos lá buscar aquele bobo.
riu do comentário, mas não deixou de dar um leve soco no braço do baterista para mostrar que em sua presença ele não podia zombar de seu ficante exclusivo. então notou que, com no banheiro com Dougie, e organizando os pratos usados na área da cozinha, ficariam sobrando Tom e ela. Sabia que Tom era alguém muito agradável para se estar junto, mas queria se arriscar a conseguir um tempo a sós com Harry — depois que ele ajudasse a amiga a encontrar o sardento, claro.
— Eu vou com vocês!! — levantou-se de supetão, quase caindo no chão, e correu para alcançar os outros dois que já estavam prestes a fechar a porta do quarto do hotel.
Tom encontrou-se sozinho na sala, ainda estava terminando seu bolo — um realmente muito delicioso, estava em seu terceiro pedaço. Não se preocupava com o fato de estar sozinho, considerava apenas a ideia se deveria arriscar pegar um quarto pedaço ou não, o número de calorias já pesando em sua consciência e acumulando-se em sua cintura. O som de algo se quebrando na cozinha fez com que ele perdesse sua linha de raciocínio.
?!! — ele gritou enquanto levantava-se sem muito jeito, o prato com o resto de um pedaço de bolo e o garfo ainda em uma das mãos. — Está tudo bem??
Os quartos daquele hotel contavam com cozinhas estilo americana, ou seja, conjugadas com a área da sala e separadas pela porta de madeira vai-e-vem e o espaço do balcão que podia ser fechado com uma espécie de amerUma cozinha estilo americana — havia uma porta de madeira vai-e-vem e um espaço Ele seguiu até onde era a cozinha, descalço, apenas com um par de meias pretas e ouviu uma advertência assim que cruzava o batente da porta vai-e-vem.
— Cuidado, Tom! Tem caco de vidro por toda parte. — disse , ela estava próxima à pia e com os pés completamente descalços.
— Espere um pouco, não faça nada!
Tom percebeu a intenção da menina em encontrar juntar os cacos para jogá-los fora, então saiu um tanto apressado da cozinha e procurou pelo chão da sala pelos calçados dela ou por qualquer outro que ela pudesse usar para não vir a se machucar. Encontrou apenas os seus próprios tênis e teve uma ideia que julgou ser melhor, deixou seu prato e garfo no chão, calçou de forma atrapalhada seu tênis, e regressou para a cozinha.
— Não! Não, não, não! — ele gritou quando viu que não o havia obedecido. — Você pode se machucar, deixe isso comigo.
Ele aproximou-se dela e aproveitou-se do fato dela estar próxima da bancada no centro da cozinha para erguê-la com ambos os braços.
— Tom!! — surpreendeu-se com ele colocando-a sentada sobre a bancada.
Fez então o serviço que ela tentou começar, tratando de limpar meticulosamente o chão para eliminar qualquer vestígio de cacos de vidros.
— Prontinho. — ele comentou quando finalmente jogou fora todos os cacos dentro de uma plástica. — Você não se machucou, né?
— Não. — ela respondeu. — Eu pensei que ainda estivesse bravo comigo por... ter pisado na sua cauda.
— Não se preocupe, sei que foi sem querer. — então os seus olhos castanhos pousaram sobre a região do tornozelo dela, onde se encontravam três pequenos arranhões. — E isto? Fui... fui eu?? — ele se forçava a lembrar de tê-la arranhado.
— Sim, mas só notei quando estávamos sentados jantando.
— Desculpe... — Tom conseguia apenas lembrar-se da dor que sentira na hora. Jamais teria feito aquilo conscientemente.
— Não se preocupe, é instintivo. Gatos arranham quando são machucados, sei porque tenho duas gatinhas. — ela deu de ombros.
— Então, estou desculpado? — perguntou ele inseguro, acreditando que, mesmo que o pisão dela o tivesse machucado, ele não deveria tê-la ferido. Aquilo estava pesando em sua mente mais do que todas as calorias do delicioso bolo juntas.
— Mas é lógico, Tom. — ela respondeu com um gentil sorriso. — Espero estar perdoada também. Acredite, foi sem querer, eu não tinha te visto!
— Sim, sim, eu sei. Está desculpada. — foi recompensada com a covinha de Tom surgindo no sorriso que ele lhe dava para retribuir o seu.
Com seus braços, desceu-a da bancada, coisa que deixou ambos muito próximos um do outro e, aproveitando a essa oportunidade, Tom deu um beijo demorado na bochecha sempre rosada da menina. Então, afastou-se sem pressa dela, ainda com suas mãos em sua cintura, e ela com suas mãos em seu peito. Encararam-se por um tempo, ambos com sorrisos nos rostos, fora uma das primeiras vezes que pôde ver o sorriso de Tom tão de perto.
A harmonia entre eles parecia ter sido reestabelecida novamente.
— Que tal chamarmos o serviço de limpeza para levarem tudo isso? — propôs ele, referindo-se ao carrinho cheio de pratos com restos de comida, ao que ela respondeu com um sorriso. O coração dela batia mais rápido por conta da forte emoção que estava sentindo. Algo que ela já havia sentido algum tempo atrás, mas que nunca a fizera sentir tamanha tentação em fazer seus lábios encostarem nos de Tom.
Mas o que foi isso?, pensou ela um tanto aflita enquanto via o loiro ir até o telefone para chamar o serviço de quarto.


— Ei! Seu pilantrinha! — era feita de boba por um ligeiro porquinho da índia que corria pelo banheiro.
“Nã-nã-nã-nã-nã! Você não me pega, não me pegaaaa.” — Dougie divertia-se em fazê-la caça-lo.
O intuito de ao levá-lo para o banheiro era poder banhá-lo na pia com água fria primeiro e então, após pegar uma muda de roupas secas do rapaz, ligar o chuveiro na água quente, e sair para que ele pudesse se ‘destransformar’. Todavia, ela vinha encontrando certa dificuldade para realizar o primeiro passo de seu plano, aquele que ela considerava o mais simples: o banho na pia.
Depois de fechar a porta do banheiro, ela chegou e o colocou delicadamente na pia e ele bateu em disparada, sumindo de sua vista em questão de segundos, escondendo-se atrás da pia. Quando foi encontrado por ela e quase apanhado, correu novamente. Estavam naquela brincadeira há algum tempo.
— HÁ!! Trouxaaaa!! — comemorou ela quando o apanhou, segurando-o com ambas as mãos para garantir que não fugisse de seu agarre, mas sem machucá-lo. — Hora do banho, saco de pulgas!
“Droga! Eu deveria ter corrido para a esquerda. E eu não tenho pulgas!!!” — ele praguejou. Mesmo assim, julgou que já era hora de parar com a brincadeira, do contrário, poderia realmente irritar a garota.
Tentou comportar-se bem quando ela abriu a torneira e a água fria entrou em contato com seu corpo, tentou até mesmo controlar a tremedeira quando o frio começou a incomodar.
— Acho que está na hora do banho quente. — ela comentou com Dougie. o levou até onde estava a ducha, colocou-o com cuidado no chão e fechou quase por inteiro a porta do box, havia espaço apenas para seu braço, com o qual ela abriu a chave da água quente da ducha. — Eu já volto, vou pegar umas roupas suas!
Ela deu uma corridinha rápida até o quarto, havia deixado as roupas dele sobre uma das camas. Quando voltou, foi impossível conter o rubor em seu rosto:
— Dougie!! — ela o encontrou já fora do box, estava no meio do banheiro, coberto apenas pela toalha que ela havia lhe deixado. era capaz de ver em high definition a tatuagem no ombro, assim como cada detalhe deixado a mostra até o umbigo, lugar onde a toalha iniciava.
O baixista apenas riu silenciosamente consigo mesmo depois que a viu tapar seus próprios olhos. Ele realmente não a imaginava tentando observar cada centímetro de seu corpo, até mesmo aquilo que estava por debaixo da toalha, mas também não esperava dela aquele tipo de atitude. Tão tímida, que graça..., pensou ele enquanto vestia-se. Era complicado ter de vestir-se em um espaço que estava menor por conta da presença de , mas ele administrou bem e conseguiu vestir-se completamente.
— Pronto! — disse quando finalmente terminara de vestir-se. então virou-se para ele, suas mãos não mais cobriam seus olhos. — Obrigado, . — Dougie agradeceu, pousando sua mão esquerda atrás da cabeça da garota e trazendo-a para perto de si, para que ele pudesse dar-lhe um beijo em sua testa.
Quando estavam separando-se, percebeu que já havia visto em outra pessoa, em outro momento, aquele tipo olhar que Dougie lhe dedicara. Uma pergunta lhe veio à cabeça, uma que lhe deixou estranhada: Apaixonado??
— ...de nada... — ela tentou soar normal, com a simpatia de todo momento, apesar da timidez.


Harry, e estavam parados em frente a porta do quarto de Danny e Harry. O baterista procurava em um dos bolsos de sua calça jeans pelo cartão que abriria a porta, enquanto as duas meninas torciam para que ninguém surgisse no corredor, afinal, ambas não estavam devidamente apresentadas: apenas uma camiseta simples, boxers e um par de meias — tudo emprestado dos rapazes.
Elas acreditaram que estavam prestes a vivenciar um momento embaraçoso quando ouviram um som vindo do fim do corredor, som que anunciava que o elevador havia chegado ao andar. Mas dele saíram bons e velhos conhecidos: Danny, levando pelos ombros um bêbado James, que seguia rindo alegremente.
— Danny, James?? — os três exclamaram surpresos quando viram as duas figuras.
— Mah-OE! — Danny gritou desde o elevador. Acenando com o braço livre que tinha. Seu sorriso aumentou quando viu e lembrou-se que Fletch lhe dissera que não seria contra o relacionamento deles. Ainda que, por enquanto, eles fossem apenas ficantes exclusivos e ele não sabia ao certo se deveriam denominar aquilo de “relacionamento”. Parecia-lhe uma palavra forte demais para o que tinham.
Harry, que havia encontrado o cartão que abria a porta, entregou-o para e correu para ajudar o amigo de banda a carregar James.
— Resolveu se embebedar sem nós, seu cachorro safado? — Harry brincou enquanto fez o braço esquerdo de James passar por cima de seus ombros.
— Melhor darmos um banho nele! — opinou ao abrir a porta e a deixar escancarada para que os três rapazes pudessem passar com maior facilidade.
— Um café também cairia bem. — disse ao entrar rápida no quarto, a fim de não atrapalhar os demais.
— O Fletch comprou um pacote de café instantâneo para cada dupla... — lembrou-se com certa aversão, ela preferia café ‘de verdade’. — Deve servir.
— Ok. Harry e eu o levaremos para o banheiro enquanto vocês preparam um café, combinado? — Danny propôs, agora muito mais leve por não ter de levar James sozinho.
— Na verdade... — começou a analisar melhor.
Ela teve de lembrá-los que por conta da maldição, eles não seriam as pessoas mais indicadas a dar um banho em James, a menos que fizessem questão de fazê-lo na forma de um pato e um macaco. Assim, ambos os rapazes concordaram em inverter os papéis: as meninas dariam o banho e eles ficariam encarregados do café. Danny e Harry o levaram até o banheiro do quarto de hotel e o colocaram dentro da banheira que havia por lá, as meninas procuraram por toalhas, um roupão no closet e liberaram os rapazes para a sua tarefa.
— O que está fazendo, ?— perguntou-lhe enquanto ajeitava as toalhas sobre a pia.
— Oras, tirando a roupa dele! Quer que fiquem encharcadas??
não precisou nem de um minuto completo para perceber, através do olhar repreensivo da amiga, que sua boa intenção não pegaria nada bem.
— Vamos esperar ele virar mulher antes de sair tirando suas roupas, ok?— ria da cara de envergonhada da amiga.
levantou-se e abriu a chave do chuveiro, abrindo o máximo possível para que saísse água gelada.

PUF

O típico som da transformação foi ouvido, assim como a névoa densa que se instalou no recinto. Por alguns instantes nenhuma pôde ver nada direito. E diferente dos demais, as formas que tomaram conta do corpo de James não foram animalescas, mas, sim, várias e generosas curvas femininas.
— É duro ter de admitir... mas o James versão mulher é gostosa. — comentou, o tom da amargura se fazendo presente.
— Pior que é... — concordou. Houve um silêncio e logo depois ambas caíram na gargalhada, sabendo o quão estranho era dizer aquele tipo de coisa sobre um cara.


Já fazia algum tempo que Harry desconfiava que Danny queria saber de algo, ou melhor, ele tinha certeza, pois o sardento começara a agir estranhamente desde que entraram na cozinha.
— Ok, chega! O que você quer?
— Naaaada...
Aquela atitude de Danny fingindo agir normalmente lhe irritava. Harry tentou concentrar-se em fazer o café, mas isso era algo impossível com o sardento fungando em suas costas.
— Desembucha logo, Danny! — ele ordenou ao amigo. Espalhando café pelo chão da cozinha.
— Por acaaaaso, você, meu querido amigo... que não faz muito tempo ficou junto com os demais acusando a e a mim de não termos contado nada sobre nós, queira... dividir algo?
— Não sei do que está tagarelando. Agora, faça o favor de ficar a uma distância razoável de mim, odeio gente fungando no meu cangote... — Harry ameaçou, virando-se de costas para o amigo e torcendo para que o outro não tivesse notado o olhar de surpresa que lançou no momento em que ouviu o sardento terminar aquela frase.
— Hummmm... será que... eu deveria fazer essa pergunta a ? Talvez ela seja mais sincera... — Danny provocou, sabendo que daquela vez Harry não se esquivaria com nenhuma outra desculpa.
— Certo. — o baterista simplesmente largou a última colher de café vazia na pia e voltou-se para o seu amigo. — O sujo falou do mau lavado. Sinto muito.
— Sei, sei, sei. — o nervosismo de Harry por ter sido desmascarado não deixou que suas desculpas parecessem muito verdadeiras, apesar dele realmente sentir-se mal por ter acusado o amigo guitarrista. — Mas então, o que rolou?! Ai, eu quero saber t-u-d-o!!
Harry riu um pouco da animação afetada de Danny por fofocas. E decidiu-lhe ser totalmente franco com seu amigo de longa data, contando-lhe um breve resumo de seus momentos com .
— BLEH!!! Vocês se beijaram quando você ainda era macaco??? — foi a primeira coisa que Danny comentou quando Harry finalmente parou de falar.
— É, eu sei, mas Danny... Danny... Danny, por favor, pare de fingir que está vomitando... — Harry morria de vergonha, tanto do amigo tapado, quanto do primeiro beijo que tivera.
— Certo, certo. — o sardento tentou recompor-se e segurar muito bem dentro de si a súbita vontade que lhe vinha de rir ao imaginar aquela cena ridícula.
— Como você soube, afinal? — o baterista inquiriu, numa tentativa de tornar o assunto sério.
— Fletch....
— QUÊ?!?! O Fletch sabe?? — Harry levou ambas as mãos à cabeça.
— Calma, cara! Calminha, calminha. Ele não vai te matar nem nada parecido... — Danny debochou da preocupação do colega. — Até porque, ele também sabe que você o escuta mais do que eu. Então ele não está muito preocupado com a ideia de você aparecer de um dia para o outro dizendo que está de namoricos com a .
Mesmo com as palavras de esclarecimento do amigo, Harry ainda sentia o gelo do medo percorrer fracamente seu corpo, levando-o a apoiar parte de seu corpo contra a bancada central da cozinha e a deslizar até o chão. Danny resolveu sentar-se no chão ao lado do amigo.
— Danny, posso te fazer uma pergunta?
— Você acabou de fazer uma! — o guitarrista respondeu sorrindo colgate e por conta da piadinha levou um pedala bem forte na nuca. — AI! Tá grosso, tá estúpido! Tá, tá, pode perguntar.
— O que você faria se... se essa nossa maldição não tivesse fim? Você continuaria a ficar com a ? — a voz de Harry saía um tanto fraca. Ele tinha medo das perguntas que fazia, e mais medo ainda de que elas não fossem apenas hipotéticas.
— Bom, pra começar, eu acredito mesmo que vamos nos curar. E depois, eu acho que continuaria, sim, com a . Por que não continuaria?
— É simples... Imagine que não tivesse jeito de voltarmos mais ao normal: 100% seres humanos. Se a continuasse contigo, ela meio que ficaria com...um monstro, sabe?
— Um monstro??
— Sim, monstro. Afinal, do que você chama um homem que se transforma em um animal?




Capítulo 39 - Fatores externos podem alterar o produto

Quando James acordou na manhã seguinte, estava sóbrio, porém, com uma grande dor de cabeça. Ele revirou-se algumas vezes na cama, mas parecia ser pior — teria de se levantar.
Fletch mal dormira naquela noite pensando nos problemas que poderiam se formar caso James contasse aos demais sobre o que vira. Muitas das informações que ele havia reunido eram hipotéticas, sem contar todo o tempo que ele estava gastando para fazer uma seleção entre o que era útil ou não. Em pouco tempo estariam no lugar onde a maldição começou e ele ainda não tinha certeza de nada — precisava confirmar com os próprios olhos alguns detalhes. Por isso mesmo repassava tão pouca informação para os demais, não queria deixá-los mais preocupados do que já estavam ou criar falsas expectativas. Então, assim que ouviu que seu companheiro de quarto de hotel estava acordado, foi até a sala para tentar iniciar uma conversa:
— Bom dia, James.
— Ah, bom dia. — o loiro respondeu. — Maldita dor de cabeça...
— Você bebeu muito ontem.
— Verdade, verdade. Nossa... — James fazia uma cara de quem tentava lembrar-se de algo. — a noite de ontem parece um mistério para mim.
O empresário o olhou intrigado, aquele comentário indicava que a memória de James sobre as últimas horas havia ido embora junto com a água da ducha fria — aquilo era algo bom.
— Não está se lembrando muito de ontem? — certificava-se.
— “Muito”? Eu não lembro é de nada!! — James riu daquilo que ele considerava ser sua pequena desgraça, odiava perder a memória no dia seguinte após beber. E sakê era sua maior inimiga nesse sentido, era fraco demais para ela.
Fletch o acompanhou nas gargalhadas, talvez tivesse ficado preocupado sem real motivo. Se James se recordasse de algo, pediria como amigo que não revelasse nada do que vira aos demais — pelo menos não até estarem nas ditas Fontes Amaldiçoadas. Subitamente, o sono que lhe escapara parecia apossar-se de seu corpo e forçá-lo a cerrar seus olhos.
— Bom, acho que vou tomar uma aspirina e ver se alguém está acordado. Aproveite e descanse mais um pouco, você parece precisar. — o loiro deu-lhe alguns tapinhas gentis no ombro do outro antes de seguir para a porta.
— Obrigado... É isso mesmo o que farei... — Fletch falou sorrindo.
Mesmo quando fechou a porta do lado de fora do quarto de hotel, James continuava intrigado sobre o que fizera noite passada. Queria se forçar a lembrar, mas a dor de cabeça atrapalhava-o. Com uma cartela de aspirina na mão que sacara de uma bolsa cheia de medicamento e primeiros socorros de Fletch, seguiu pelo corredor e foi batendo de porta em porta nos quartos dos rapazes e das meninas, mas ninguém lhe atendia —muito provavelmente dormiam, afinal, eram por volta das sete da manhã. Na porta do quarto 716, de Dougie e Tom, o segundo lhe atendeu.
— Hey, James.
— E aí? — ele sorriu. — Alguém aqui me acompanha para tomar café da manhã?
— Só se for eu mesmo. O Dougie ainda está dormindo. — Tom brincou sobre o amigo.
— Beleza. Será que mais alguém está acordado?
— Duvido. Está meio cedo ainda. Mas podemos tentar, se quiser. — o guitarrista fechava a porta e juntava-se a James.
— Ah, tranquilo. Vamos nós mesmos, então.
Eles desceram de elevador e depois foram até o restaurante, conversando.
— Bêbado? — perguntou Fletcher risonho enquanto puxava uma cadeira para sentar-se.
— Pois é, me excedi ontem. E a dor de cabeça está me matando...
— Bem feito! — Tom deu uma boa gargalhada por conta da careta que recebeu em resposta.
Fletcher estava contente pelo momento que tinha com o amigo de longa data, parecia que eles não conversavam amigavelmente daquele maneira há muito tempo — e isso talvez se devesse à história ridícula de James sobre tentar conquista ou ou . Tom até pensou em aproveitar que estavam sem os demais para falar sobre esse assunto, pois sabia que o amigo não era exatamente um Don Juan das mulheres — ele preferia qualidade ao invés de quantidade. Entretanto, algo na expressão do outro o faria deixar tal conversa mais para frente:
— O que foi? Está tudo bem?
— Uhum... — James disse, uma mão massageando logo acima de sua sobrancelha esquerda. — É só que, não sei explicar direito, sinto como se meu corpo quisesse dizer algo.
— Deve ser a respeito do tanto que você bebeu ontem. — Fletcher desdenhou um pouco.
— Anhh, sim, a dor de cabeça indica claramente isso. Mas não é bem por aí que estou falando, sinto-me angustiado e não sei o porquê.
— Você não se lembra de qual motivo o levou à bebedeira?
Bourne negou com a cabeça. Tom suspirou, assim seria um pouco difícil de ajudar o amigo.


— É agora! — respirou fundo. — Tem certeza que estará tudo bem, Dan?
Jones lhe sorriu e segurou sua mão, tentando reconfortá-la.
, Danny e e Harry estavam juntos no elevador, descendo até o térreo para se encontrarem com os demais no restaurante para um brunch.
— Sim, conversei com o Fletch ontem. Está tudo bem por ele. — respondeu Jones calmamente. Poder estar com abertamente lhe transmitia paz, serenidade, alegria.
— Eu ainda não creio que o Fletch aceitou assim tão de boa... — Harry comentou, balançando negativamente sua cabeça, indignado.
— Ca-ham! — fez escandalosamente, virando-se completamente para os dois que vinham logo atrás e andando devagar de costas. — Está dizendo que preferia que ele fizesse de nossas vidas um inferno, Harry?
— Não, mulher, não é nada disso. — manifestou-se pela primeira vez desde que saíram do elevador. — É só que nós imaginávamos que o Fletch seria muito mais rígido sobre as regras que impôs.
— Sei, sei, sei... — Danny virou o máximo que pôde sua cabeça e deu uma passada de olho rápida por e depois Harry. — Algo me diz que tem mais coisa aí.
— Hein? Como assim? — voltou-se para olhar ao seu ficante exclusivo, enquanto ele apenas limitou-se a rir e a beijar as costas da delicada mão dela.
e Harry entreolharam-se, o baterista sabia que teria de dar alguma explicação para a menina a seu lado se quisesse que ela parasse de fazer aquele olhar preocupado.
— Eu contei ao Dan sobre... você sabe. — ele, discretamente, apontou para ela e depois para ele próprio. — AI! — reclamou ele após ter apanhado.
— Você é besta?! Podia ter me avisado antes.
Ele riu um pouco do nervosismo dela. era alguém tão facilmente irritável, chegava a ser cômico, na visão dele. Ela sentia-se em dúvida sabendo que Fletch não fora contra e Danny terem algo, pensava se teria a mesma sorte. Sentia-se tentada a arriscar, porém, lembrava-se do conselho que a amiga lhe dera antes de viajarem para a China: tentar primeiro ser amiga de Harry e depois pensar em ser algo mais. Talvez esse, sim, fosse o melhor caminho para ela. Não queria nem pensar na possibilidade de ficar numa má situação com Harry de novo.


No quarto 717, aguardava pensativa sua companheira terminar de organizar sua cama para que pudessem se encontrar com os demais no restaurante. Os pensamentos da jovem se voltavam para aquele milésimo de segundo no qual vira Dougie lançar-lhe um olhar diferente, um com certo brilho. Sua atenção voltava-se para tentar decifrar o que significava aquele brilho.
— Ahn, mulher, posso te fazer uma pergunta? — disse sem jeito, quebrando o silêncio após terminar de arrumar a cama. — Você acha que o Tom, se ele estivesse livre e desimpedido, talvez... pudesse gostar de mim?
— Não sei, não. Talvez. — respondeu surpresa. — Por quê? Está a fim dele??
— Acho que sim. — as bochechas dela foram preenchidas pela forte cor de vermelho. — Pelo menos ontem me pareceu que sim.
— Bom, ele é um rapaz muito gente fina. — começou a ponderar. — Mas não sabemos ainda como terminará toda essa história de maldição. Tenha cuidado. É melhor esperar isso acabar antes para não meter os pés pelas mãos!
— Sim, sim, você está certíssima. Afinal, vai que depois deles se curarem, nós nunca mais os vejamos? Não vai ser bom ficar alimentando essa ideia de gostar dele... — ela quis se convencer, tentando ignorar os latidos de seu coração.


— Ah!! Finalmente as atrasildas chegaram. — brincou quando viu a e entrarem ao restaurante. — Antes tarde do que nunca, não, Belas Adormecidas?
mostrou a língua enquanto resolveu ignorar, ambas sentaram-se à mesa redonda onde já se encontravam quase todos. Haviam perdido a noção do tempo com a conversa.
— Shiu, . — debochou. — E o Dougie, o James e Tom?
— Estão avisados. Eles já vão descer. — Danny comentou. — Ah, antes que me esqueça: meninas, hoje mais cedo, quando estava vindo para o restaurante, o gerente veio falar comigo. Ele informou que suas malas extraviadas já foram encontradas e entregues em seus quartos.
As meninas sentiram medo com a possibilidade de terem sido pegas mentindo em flagrante, afinal, estavam vestindo peças de roupas dos meninos.
— Puxa, que sorte! — tentou soar confiante como sempre. — Assim não terei mais que vestir-me como um mini-maloqueiro.
— Ei, são minhas roupas que você está usando e eu não sou maloqueiro. — Harry disse indignado, alheio ao plano que as meninas haviam elaborado.
— Ahhh, mas é que eu fico muito mais lindinha nas minhas próprias roupas, né, meu bem? — ela comentou com um sorriso colgate.
Era realmente legal poder utilizar algumas roupas do armário de Harry, mas não para sair para diferentes lugares. Ela era uma moça feminina e delicada e gostava de se vestir como uma, valorizando todas as suas qualidades — coisa que as roupas folgadas e largadas de Harry não lhe permitiam muito bem.
— Eu ‘tô de boa. — comentou satisfeita, porque Dougie tinha um estilo mais skatista, justamente o que ela mais adorava.
— Eu estou de buenas, até porque o cheirinho do Danny está nas minhas roupas. — inspirou profundamente, numa tentativa se sentir o perfume característico de Danny. — Ai, ai...
— Ficaram lindas em você, minha ricotinha. — ele deu um beijinho de esquimó na garota, que o retribuiu sorrindo. Aos demais coube virar os olhos nesse momento para não assistir de camarote à ceninha dos pombinhos apaixonados.
— No que depender de mim, esta camisa nunca mais retornará ao seu verdadeiro dono. Muá-há-há! — riu diabólica, pensando em formas de manter para si uma camiseta de Star Wars pertencente a Tom.
— Vocês ainda não haviam notado que as malas chegaram? — Fletch mudou de assunto. Para sorte das meninas, ninguém as havia desmascarado.
— Hum, talvez tenham colocado dentro do closet, por isso. — comentou calmamente, para fazer plausível que elas estivessem usando roupas dos rapazes e não as delas. — Quando subirmos, daremos uma olhada lá.
— Enfim, — Fletch pediu a atenção dos demais novamente para si. — agora que as malas estão com suas devidas donas, creio que já podemos comprar as passagens de trem e completar o último trecho da viagem.
— O lado bom é que, para esta nova viagem, nem teremos muito que mexer nessas malas, elas já estão arrumadas mesmo. — tentou ver o lado bom da coisa. — E quando viajamos?
— Averiguarei isso hoje mesmo. Tentarei comprar passagens para a data mais próxima que eles tiverem, por isso, estejam preparados.


Bourne e Fletcher subiam pelo elevador até o andar onde estavam hospedados. Quando as portas se abriram, toparam justamente com Danny e de mãos dadas e Harry e ao lado, esperando para poderem descer. Avisaram que desceriam para um brunch e que contavam com a presença dos dois.
— Vamos apenas dar um toque no Dougie, que deve estar dormindo ainda. — Fletcher avisou.
— Já está acordado. Nós o avisamos, — disse Harry. — disse que ia tomar um banho e que já iria descer.
— Estaremos esperando por vocês três! — gritou Danny, já dentro do elevador. — Não demorem!!
Ambos seguiram pelo corredor e chegaram até o quarto 716, ocupado por Fletcher e Poynter. Ao passarem pela porta, avistaram Dougie saindo do banheiro com um roupão branco felpudo e uma toalha na cabeça.
— Ah, que sorte a minha! — ele disse ao ver quem chegava. — James, eu precisava justamente falar contigo.
— Sobre? — perguntou o loiro curioso.
— É algo particular? — Fletcher perguntou enquanto fazia menção de que podia deixá-los a sós caso o outro quisesse.
— Hummm, mais ou menos. Mas acho que é melhor você saber também, Tom.
Os dois recém-chegados entreolharam-se, confusos sobre o que poderia ser o tema da conversa. Seguiram-no então até a sala, onde Poynter sentou-se no sofá. Ele tinha o olhar fixo no chão e tentava encontrar formas para expressar algo que para ele também era novo.
— James... Você começou com essa história doida de dar em cima da e da e ver qual das duas ficaria a fim de você primeiro... — ele começou, mas a insegurança fora tomando conta dele. Seria aquela realmente a melhor escolha? — E eu gostaria que você parasse com isso. Ou, pelo menos, deixasse a fora disso, porque... Porque eu estou a fim dela!
Estava dito. Ele reunira a coragem que não tinha para conseguir dizer aquelas palavras. Noite passada, a percepção de Dougie expandira-se enquanto estava com no banheiro — ele gostaria de poder datar desde quando estava apaixonado por ela, sabia apenas que estava e não era de ontem. Ao levantar seu olhar do chão, notou os olhares de surpresa na cara de Tom e confusão na de James.
— Isso é sério, Dougiesta? — Fletcher perguntou, numa tentativa de acabar com o silêncio, o menor concordou com a cabeça timidamente.
— Mas não era para você... — James começava a balbuciar. Sentia como se seu cérebro estivesse em pane, não esperava aquilo. — O Tom que deveria... Você está... Você está a fim da ?! O quê?!?!?!
— Sim. E é por isso que eu gostaria que você tentasse não dar mais em cima dela. — Dougie respondeu, tentando tranquilizar seu nervosismo. Sentia-se exposto. — Afinal, você ainda pode tentar algo com a .
A frase final de Poynter causou certo desconforto em Fletcher, fazendo-o ajeitar-se novamente no sofá. Não queria que a garota se tornasse o alvo principal das intenções maliciosas do amigo.
— Eu estava esperando ouvir esse tipo de discurso do Tom, não você, Dougie! — James falou rápido.
— Eu?!?! — Fletcher estranhou. — Por que de mim?
— Ah, eu achava que você estaria gostando da , mas estivesse meio cego sobre seus sentimentos... — James relatava, ainda confuso.
— O cego aqui era eu. — Dougie emendou rápido, fazendo o foco da conversa voltar a recair sobre si.
James estava atônito, tentando descobrir como o seu plano provocara efeitos adversos. O tiro havia saído pela culatra.
— E você já sabe o que fará para chegar na ? — James perguntou.
— Não sei ainda se farei alguma coisa... — confessou.
— Bom, conte conosco para lhe ajudar! — Bourne foi logo oferecendo ajuda, sorridente. O seu plano não havia saído como esperado, mas ele ficaria feliz em ajudar o amigo.
Porém, não houve mais tempo para conversar sobre aquele tema. O telefone do quarto de hotel tocou e quando Tom atendeu, ouviu a voz de Jones chamando-os para descerem logo de uma vez, pois faltavam apenas eles três.




Capítulo 40 - O festival das estrelas

Após ficarem fartos com um delicioso café da manhã/almoço, surgiu a dúvida: o que iriam fazer depois?
Estavam em um hotel que oferecia diferentes opções de entretenimento e lazer, então, deveriam aproveitar ao máximo enquanto ainda estavam hospedados ali. e acabaram por oferecer-se para olhar no hall do hotel por dicas de atividades.
Ao vê-las saírem da mesa, uma ideia rápida surgiu na mente de James, fazendo-lhe sorrir ladino para Dougie.
— Ei, dude, por que não vamos lá com elas? — deu uma piscadela cúmplice para Poynter, que chamou a atenção apenas de Tom.
— Annh, ok. — Dougie respondeu um tanto incerto, afinal, não havia realmente terminado de comer seu prato e não sabia o porquê do sorrisinho de Bourne.
— Já voltamos! — avisou James.
Enquanto os dois saíam, Fletcher os acompanhava com o olhar, até mesmo contorcendo-se um pouco para não perdê-los de vista. Se antes não gostava de James acercando-se de , agora gostava menos ainda. Queria protegê-la. Encarava a paixão de Poynter por como algo ótimo, mas repudiava a ideia de que James agora só investiria em pelo fato de sua amiga haver saído do páreo. Se Bourne a quisesse, deveria ser pelas suas qualidades e não por ser a última opção que sobrara. Aquilo o deixava indignado.
— TOM!!! — o loiro sobressaltou-se sobre sua própria cadeira.
— Você quase o matou do coração, Danny! — recriminou o rapaz ao seu lado. — Tom, querido, você estava quase com a cabeça inteira colada no prato de Yakissoba.
— Otário! — o sardento zombou do amigo e começou a rir dele enquanto estendia sua mão para retirar um fio de macarrão colado na cara do loiro.
— Eu...! Eu também vou ir lá com eles! — levantou-se rápido e seguiu o mesmo caminho já traçado pelos outros quatro. Danny e apenas entreolharam-se com a testa franzida.


— Ei, meninas! — e , paradas em frente ao balcão de informações, ouviram a voz de James e Dougie atrás de si.
— Viemos ajudá-las a buscar alguma coisa para fazermos hoje. — completou Bourne.
— Ah, bacana! — comentou sorrindo simpática. — Hum, e o que vamos fazer hoje? — perguntou Dougie com a mão embaixo do queixo. — A mesma coisa que fazemos todos os dias, Pink! — , brincando, disse a fala clássica do desenho animado.
— Dominar o mundoo!! — Dougie entrou na onda da brincadeira, arrancando risadas dos outros.
— Ei... — disse animada. — Parece que vai haver uma espécie de festividade hoje!
— Deixe-me ver. — pediu Poynter, colocando-se ao lado da garota e trazendo para mais perto de si o panfleto que ela segurava para que pudesse ler também. A ponta de seus dedos encostando na mão comprida, porém fina e delicada dela, levando-o a perceber pela primeira vez a maciez de sua pele.
— O Festival das Estrelas. — leu James ao lado de . Ele passara apenas o olho por cima do texto, estava mais concentrado em observar Dougie e , na expectativa de ver sinais se ela gostava dele também ou se havia percebido os sentimentos dele por ela. — Parece legal!
— O que parece legal? — surgiu a figura de Tom no hall, parecia ligeiramente afoito.
— Um festival que vai rolar hoje. — comentou James.
Ele ofereceu seu lugar ao lado de para que o amigo recém-chegado pudesse interar-se do que falavam. Depois pegou para si próprio um panfleto para fingir que lia as demais opções para poder seguir observando o casal ao lado.
não sabia o que fazer ou dizer com Tom ao seu lado. Sabia que ele não estava fazendo de propósito, mas sentia-se presa: por trás dela a mão direita dele estava apoiada no balcão, assim que seu braço a impedia de fugir e a sua frente ela segura o panfleto, e ele, com sua miopia e falta de óculos, vez e outra tinha de trazê-lo para bem perto, a fim de enxergar o que estava escrito.
— Gostei! — o loiro falou. — Podíamos tentar ir, não é?
— Uhum! — mal encontrou palavras para responder. Sabia que aquilo era um mau sinal. havia lhe aconselhado a não nutrir sentimentos por Tom antes da maldição estar findada, e era exatamente isso o que ela estava fazendo: prestando mais atenção aos traços do rapaz, observando o tom de seus olhos castanhos, a forma como movia os lábios durante sua leitura silenciosa. Não havia tido sucesso em controlar-se. Confirmava-se ali sua paixão platônica por Thomas Fletcher.
— Já sabemos o que faremos hoje, então! — disse James. Engraçado, pensou ele ao notar o olhar que dedicava a Tom quando voltava-se para responder o amigo.
— Beleza, vamos contar aos outros!! — animava . Ela recolocou o panfleto no devido lugar e esperou com um sorrisinho no rosto que Dougie a acompanhasse de volta para o salão do restaurante, o que ele fez com boa vontade. Durante o tempo que se passou, Poynter não notou que estivera baixo os olhares de Bourne, por isso pensava que o plano do amigo tivera apenas o objetivo de proporcionar-lhe mais tempo ao lado da garota que ele estava a fim.


A ideia do festival foi bem aceita pelos demais, principalmente por Fletch, quem sentia que aquele momento de descontração seria importante, dado o futuro incerto. Eles partiriam de trem para uma região mais interiorana da China no dia seguinte, pela tarde, e o empresário não sabia quais frutos poderiam obter de tal caçada pela cura da maldição. O horário combinado entre eles para estarem todos prontos foi às seis da tarde, pensando que aquilo seria tempo suficiente para todos estarem devidamente arrumados.
— Do que se trata mesmo esse festival? — perguntou curiosa enquanto caminhava a frente dos demais.
O gerente do hotel havia sido gentil em lhes explicar o caminho e até desenhou o mapa que naquele momento eles usavam como guia. Embora o festival fosse patrocinado pelo hotel, ele não acontecia em suas dependências, mas, sim, em um lugar não muito longe: nos arredores de uma grande praça.
— Não sei direito. — Harry, que estava ao seu lado, respondeu. — O Danny perguntou e parece que é como Romeu e Julieta, sabe? Ele ama ela, ela ama ele; mas não podem ficar juntos.
— E eles também morrem no final? — perguntou James.
— É, eu acho que sim... — o sardento respondeu incerto.
— Ca-ham!! — Tom fez para chamar a atenção, dando uma última olhada no visor de seu Iphone antes de guardá-lo no bolso de sua calça jeans. — O Festival das Estrelas, Qi Xi no original e também conhecido como Tanabata no Japão, é comemorado no sétimo dia do sétimo mês. É uma lenda bastante antiga, existem várias versões, mas no geral trata-se de um casal: um rapaz do mundo humano e a filha mais jovem e bonita do Imperador do Céu. Eles são separados pelo pai da moça, mas ao vê-la tão tristes pela separação, compadece deles e permite que se encontrem apenas uma vez por ano, sobre uma ponte construída por andorinhas.
— Ain, adoro histórias assim! — disse com os olhos quase lacrimejando.
— O rapaz é a estrela Altair; a jovem, a estrela Vega e são separados pela Via Láctea. —completou Tom. — É uma distância bem grande, na verdade. E muitos consideram essa data como o “Dia dos Namorados” dos chineses.
— Jura? — perguntaram Danny e ao mesmo tempo, surpresos. Secretamente, mas não muito discretamente, animados para comemorarem uma data como aquela juntos.
— Sutis... — comentou Fletch baixinho, mas apenas , quem estava ao seu lado, ouviu e riu.
— Chegamos, povo! — disse animado Harry, ele também ia a frente, ao lado de .
O barulho de pessoas e as luzes das lanternas que decoravam o locam podiam ser notados de longe. Quando finalmente chegaram, seus olhos ficaram admirados com as cores dos belíssimos arranjos de papel presos em ramos de bambus extensos, alcançando grandes alturas, e milhares de cartõezinhos de papéis em cinco diferentes cores que estavam amarrados neles.
O grupo tentava manter-se unido ao caminhar, encontrando às vezes certa dificuldade, pois o local estava lotado de pessoas que iam e vinham. Diversas barracas montadas vendiam comida e lembrançinhas, enquanto outras vendiam os cartõezinhos de papéis — sendo o tipo com as filas mais extensas.
— Que gracinha! — disse . — Eu queria saber qual é a desses papeizinhos coloridos... Tom, nosso guia pessoal?
Seu deboche arrancou algumas risadas, mas o loiro não se sentiu criticado, gostava de informar-se e dividir o que descobria com os outros.
— Para resumir, os papéis são pedidos e serão realizados hoje, quando as duas estrelas amantes se encontrarem. Cada papel pertence a uma categoria e nele você escreve seu desejo. Azul é saúde; Verde é prosperidade; Amarelo é dinheiro; Rosa é paixão e Vermelho é amor.
— AH!! Eu preciso comprar todos!!! — gritou quando terminaram de ouvir.
— Quê? Todos?? — surpreenderam-se os demais.
— Sou alguém que almeja muuuiitas coisas, ok?
— Ah, de boa, people, — começou com seu tom de reclamação. — eu não estou a fim de ficar horas numa fila. Vamos andar e mais tarde a gente compra isso.
— Mas e se não der tempo depois ou se acabarem os papéis?? — fazia muxoxo.
— Vai dar tempo sim, fica tranquila, ‘miga! — saiu arrastando a garota pela mão. Ela não perderia sua chance de ter um “Dia dos Namorados” com Danny por culpa de ninguém.
— Chata!
Começaram a caminhar, mas foram logo impedidos pela fala de empolgação de James:
— Dude!!! — ele apontou para algum lugar que todos seguiram. — Barraca de jogos!!
— Uhuless!! — comemorou , deixando seu lado competitivo reacender-se.
Aos demais coube segui-los sem a mesma vontade. Tratava-se do jogo de acertar as argolas em pinos de metal dispostos em um tanque preenchido com areia.
— Dougie, por que você não tenta e ganha uma das prendas para a ? — James incentivou o amigo, quem morreu de vergonha pela falta de falta de discrição do outro e com o olhar da menina sobre si.
— Aposto que eu farei mais pontos e ganharei a prenda, nanico! — aquela era sua . Sempre brincalhona, sempre levando tudo numa boa, da mesma forma que ele. Agradecia a ela mentalmente por ser como era, pois o embaraço que sentira antes se tornara puro fogo de desafio.
— Você não sabe com quem está mexendo, quatro-olhos!
Romântico? Sim, ele sabia ser romântico quando queria. Mas diferente de todas as outras garotas com quem estivera, sentia que demandaria dele outra abordagem para ser conquistada. E ele adorava esse tipo de desafio.
Assim, ficou acertado que Dougie e competiriam para ver quem faria mais acertos e levaria o prêmio para casa. Todos se acercaram para ver o que as meninas brincavam em dizer que seria o “Embate do Século”.
— Preparados? Já!! — fez-se de juíza.
Partidas passaram e ganhou vezes suficientes para presentear cada um do grupo com uma prenda, inclusive o próprio Dougie. Os demais já se cansavam de assistir, pois até já sabiam o resultado: ganharia. O loiro sentia seu orgulho ferido, mas não exatamente por perder para uma mulher, mas, sim, por não conseguir ganhar nenhuma prenda para presentear sua garota, ele sentia a necessidade inexplicável de mostrar-lhe de que era alguém que merecia ser notado por ela.
— REVANCHE!! — gritou Dougie assim que perdeu mais uma rodada.
— Desista, Poynter! — debochou dele.
— Nunca!!
— Na boa, que tal fazermos outra coisa? — sugeriu , porém, sendo ignorada por quem mais queria ser ouvida: os dois eternos competidores.
— Vamos!! — Danny a apoiou. Segurando rápido em sua mão e a levando para algum caminho desconhecido por ambos. Seu objetivo era perder-se dos demais, queria um tempo a sós com sua garota, sua ficante exclusiva e aproveitar aquele dia dos namorados.
— Acho que aqueles dois estão indo namorar. — Fletch comentou o que todos os demais já haviam notado.
— Eles poderiam se dar ao trabalho de fingir um pouco melhor. — alfinetou brincando.
— Não tem por quê. Estão oficialmente juntos, como ficantes, claro. Mas já não estão mais escondidos de nós. — Harry comentou.
— REVANCHE!!! — gritou mais uma vez Dougie atrás de todos, fazendo-os rolar os olhos com a insistência do rapaz e pela paciência infinita de ao aceitar sempre sua reivindicação.


Sabendo que os dois jogadores ficariam ainda por um bom tempo presos àquele jogo, teve sua atenção chamada para as demais barracas que estavam na mesma fileira. Caminhava observando sem pressa ou compromisso, e pensava estar sozinha até ouvir alguém em seu ouvido:
— Gostou de algum? — perguntou Tom, surpreendendo-a e causando-lhe um grande arrepio em sua espinha.
Ela limitou-se a sorrir e negou com a cabeça, nervosa demais para responder. Aquilo não lhe parecia nada, nada bom: não conseguia mais estar na presença do loiro sem ficar com o coração batendo rápido, sua voz parecia sumir e inúmeras cenas românticas onde Tom era o protagonista surgiam sem parar em sua mente. Era fato que estava se descontrolando.
Tentando não se concentrar muito nele, voltou-se para os lindos artigos de bijuteria à venda em uma das barracas. Seus olhos e sua mão se detiveram em um pente chinês com os dentes bem finos e um adorno em forma de borboleta na extremidade. Era lindo.
Então o pente escapou de seus dedos e afastou-se por conta de outra mão, a de Fletcher, quem estendia o objeto para o responsável pela barraca, indicando que desejava comprá-lo.
— Ah, mas não precisa! — disse rápida quando entendeu o que acontecia.
— Está tudo bem... — comentou Tom enquanto recebia o pente dentro de um pequeno saco de papel. Ele retirou o objeto e o admirou na palma de sua mão, depois se aproximou da jovem e o colocou em seu cabelo.
— Não vai ficar, meu cabelo não... — tentava ela dizer enquanto o loiro buscava encontrar formas de deixar o pente fixo.
— Pronto. — ele disse contente quando atingiu seu objetivo, sorrindo. — Ficou lindo em você.
Tom sentia grande empatia por ela naquele momento. Tempos antes de namorar Giovanna, ele sentira na pele o que era ser a segunda opção de alguém que se gosta. Não era algum muito bom e trazia grande sofrimento — não queria que aquela intitulada por ele como “sua irmã” passasse pela mesma situação. Era seu dever protegê-la.
O grande ‘porém’ era que ele tinha de protegê-la de seu melhor amigo. Sabia que James não era daquela forma: um grande paquerador e conquistador. Ele realmente precisava ter uma conversa franca com Bourne, pois se ele quisesse algo com , deveria ser pelas qualidades exclusivas dela, e não por relevar seus defeitos ao ficar com ela por falta de melhor opção.
— Obrigada... — ela esforçou-se para dizer gentilmente. Tom se inclinou um pouco e deu-lhe um beijo na testa.
Ela fez o possível para conter sua comoção com o ato e quando ele se virou, seguindo em frente, pôde enfim liberar um profundo suspiro contido.
Toda a cena fora observada por um curioso James, quem se posicionara estrategicamente para vê-los de um bom ângulo — mais precisamente do outro da fileira de barracas. E tinha certeza, via estampado no rosto de que ela sentia algo pelo seu amigo Fletcher.
— E o tiro saiu pela culatra novamente, fazendo mais uma vítima! — ponderou em voz alta, sozinho. Precisava pensar, e rápido, sobre o que faria com aquela informação.


Capítulo 41 - Inconveniência

— Ô, Thomaaass! — James fingiu acercar-se inocentemente, aproveitando-se do fato de não haver sido notado pelos dois antes. Ele viu voltear-se primeiro para vê-lo e depois, mais a frente, os olhos indagadores e castanhos de Tom pousaram sobre ele. — Dougie pediu para perguntar se você tem algum dinheiro para lhe emprestar. Ele já perdeu tudo, e já estava me deixando liso também!
— Você só pode estar brincando. — disse o loiro incrédulo, mas nem um pouco desconfiado de que as palavras ditas pelo amigo fossem mentira. — Ele deveria desistir logo de uma vez...
E com a mão em um dos bolsos da calça retornou, seguindo em direção à barraca onde se encontravam Poynter e . Distraído, não se deu conta do que aconteceu logo atrás de si: tentou segui-lo, mas foi impedida pelas mãos de James em sua cintura que a conduziram para algum lugar longe da vista de Fletcher.
— James? — perguntou enquanto era desajeitadamente forçada a andar para trás. — O que foi?
— Já, já te explico! — ele deu-lhe uma piscadela, rindo-se um pouco da cara de confusão dela.


Longe de todos, Danny e estavam de mãos dadas e tinham ambos sorrisos bobos em suas faces.
— Queria saber como vai ser depois daqui... — comentou com a mesma felicidade de segundos atrás.
— Vai ser com nós dois assim. — ele indicou para as mãos deles.
Ela deu um sorrisinho amarelo.
— Está com medo?
— Estou, mas só do desconhecido, pois ainda acho que vai dar tudo certo. — respondeu o sardento de imediato, mas logo começou a questionar-se internamente. — Tento apenas não pensar no que pode acontecer se nada disso der certo. Se continuarmos amaldiçoados, sabe? Não sei como ficaria a banda, como ficaria com minha família, ou com você...
— Ué, você vai ficar assim comigo. — foi a vez de ela indicar suas mãos.
Danny desceu seu olhar para o que ela mostrava. “O que você faria se... se essa nossa maldição não tivesse fim? Você continuaria a ficar com a ?”, ele ouviu a voz de Harry em sua cabeça. Palavras da noite passada. “Se a continuasse contigo, ela meio que ficaria com... um monstro, sabe?”, continuar com mesmo se não houvesse cura. Poderia ele fazer isso com ela? Seria mesmo ele um monstro se não findassem a maldição? “Sim, monstro. Afinal, do que você chama um homem que se transforma em um animal?
— Sim, claro que vou. — tentou dar um sorriso que não demonstrasse o receio que sentia naquele momento pelo futuro, por ele mesmo, e principalmente por e o destino dos dois.
Era sua forma de manter-se forte: não pensar no que ainda poderia acontecer. Então, mesmo com as inconvenientes palavras de Harry voltando-lhe à cabeça a todo o momento, decidiu-se concentrar unicamente em e ele. Deveria aproveitar ao máximo o tempo que tinha — ou ainda tinha — com ela ao seu lado.
— Venha, ainda temos muito que aproveitar do nosso dia dos namorados. — ele disse mais seguro após lhe dar um beijo de chamar a atenção de todos os que passavam em volta.


Harry e assistiam entediados à interminável disputa de Dougie e , até que o moreno teve uma ideia, acercando-se da jovem para lhe falar sem ser ouvido pelo empresário Fletch perto deles:
— Vamos caminhar um pouco? — perguntou ele já tomando para si a mão dela e seguindo para um lado sem chamar a atenção dos demais.
— Har-...! — ela olhou surpresa para o rapaz e tratou de obedecê-lo, quando o viu fazer sinal de silêncio com a mão e a boca.
— Estava pensando: que tal aproveitarmos este ‘Dia dos Namorados’ de forma mais interessante?
— Qualquer coisa que não seja assistir a mais uma partida daqueles dois já vai ser ótimo! — ela brincou, a mão sobre a boca para tentar conter a risadinha maliciosa.
— Concordo. Agora, e se aproveitássemos este festival como... namorados? — ao final da sentença ele voltou todo o seu corpo na direção dela para que pudesse flagrar cada expressão de seu rosto, mesmo a mais singela delas.
Estavam frente a frente e de mãos dadas, os olhos dela estavam inquietos e sua boca parecia esperar ser preenchida com palavras a serem pronunciadas.
— Harry... Eu não sei se é uma boa ideia.
— Eu também não sei, , mas hoje é ‘Dia dos Namorados’. Pelo menos aqui na China é. E eu só queria arriscar saber como é...
— Eu entendo. É só que... e se eu gostar demais dessa noite? Da gente como namorados? A gente pode muito bem provar uma roupa cara numa loja mesmo sabendo que não terá condições de levar, afinal, é só uma roupa. Só que eu não sei se consigo fazer o mesmo sobre nós, sabe? Ao menos não sem me machucar.
Seus olhos mostravam insegurança, receio; e Harry não sabia ao certo o que dizer.
Talvez ele não estivesse sendo muito coerente, sabia que não queria ser apenas uma amiga, mas vestia a casaca principalmente por ele dizer que não se envolveria em um relacionamento até que a maldição estivesse findada.
— Desculpe. — ela respondeu de cabeça baixa.
— Bom, ainda podemos passear por aí como dois amigos jovens, sofisticados, com bom gosto, bonitos mais do que a média e que querem se pegar, mas que não podem por motivos de força maior. — o moreno ergueu lentamente o rosto dela e deu uma piscadela, acompanhada de um sorriso maroto.
— Uhhhh, adoro clichês! — ela retribuiu de igual maneira, voltando ao seu humor natural. — Então vamos!
Foi a vez de ela iniciar a caminhada, fazendo-o como uma modelo na passarela apenas para fazê-lo rir. Então voltou um pouco o seu rosto para trás, a fim de encontrar o dele e dizer sugestiva:
— E quem sabe, como nos filmes, o destino nos coloque juntos em um cenário incomum e nós acabemos nos pegando mesmo?
Harry dirigiu seu olhar para seu relógio por um momento.
— Tenho mais do que o tempo médio de filmes para descobrir.


— Tome aqui, Poynter. — Tom chegou dizendo para o amigo ao parar ao seu lado. — Mas não vou te dar mais nada. Isso deve dar para mais duas rodadas.
— Oi? — Poynter o olhou sem entender, e naquele momento perdeu a mira tão dificilmente conquistada, destruindo a única oportunidade que conseguira de ganhar. — NÃO!! NÃO!! Estava tão perto!!!
— James me disse que queria dinheiro para poder jogar. — Tom respondeu. Não olhando muito impressionado para o jogo do amigo, nem imaginando o quanto o havia atrapalhado.
— Mas eu não pedi dinheiro de ninguém... — Poynter falou devagar, fazendo com que o amigo pela primeira vez olhasse por cima do seu próprio ombro para encarar a James, mas ele não estava atrás dele.
— YES!! — comemorou ao lado dos rapazes quando recebeu mais uma prenda. — Olha, Tom, este fica para você por me ajudar. — ela deu uma piscadela para o loiro.
— Obrigado, Fletcher... — Poynter o olhava com ódio para o rapaz que não parecia prestar-lhe a devida atenção. — Tom?
— Se você não pediu dinheiro, e o James e a não estão aqui... — ele olhava por onde havia vindo, tentando entender o que havia se passado. — Já volto!!!
O rapaz iniciou uma corrida até onde estava antes.
— Vish, será que o James já estará tentando dar em cima? — Poynter coçou a cabeça enquanto pensava em voz alta.
— Poynter, poderia me fazer o favor? — a imagem de Fletch surgiu a sua frente carregado de bichos de pelúcia e entregando-os em seus braços. — Quero ver se ainda consigo ganhar nesse jogo.
— Anhh, ok. — disse ele incerto ao perceber a quantidade de pelúcias que recebia.
— Acho que ele também gosta do jogo das argolas. — comentou posicionando-se ao lado do baixista, carregada de bichinhos também.
Dougie olhou da menina para o empresário e riu ao pensar no quanto deveriam tê-lo feito aguardar para ter a chance de jogar.
— Como faremos para levar todos esses bichos para o hotel? — perguntou o rapaz.
— Acho que é mais fácil se fizermos isso... — entregou a um garotinho que passava por perto o bichinho que tinha mais próximo de sua mão.
Poynter aprovou a ideia e com ela passaram a distribuir as pelúcias, ganhando rápido a atenção de diversas crianças que estavam no festival.
O loiro suspirou quando finalmente suas mãos estavam livres.
— Obrigada. — ouviu dizer ao seu lado.
— Ah, imagine. Fizemos a felicidade de muitas crianças, e isso é o que mais conta.
— Não só por isso, mas por não ter ficado... bravo por eu ter ganho. — ela encarava o chão.
— Que isso!
— Eu preciso me controlar mais, as meninas já me falaram isso. Que é ruim ferir o ego de um homem fazendo com que ele perca para uma mulher.
— Mas aí você feriria o seu ao se conter. — ele ponderou, fazendo com que o olhar dela fosse ao encontro dele.
— Então... não está bravo por ter perdido para mim, uma mulher?
— Imagine. Essas coisas de machismo são bobagem. Mas eu bem que queria ter ganhado uma prenda para poder te presentear.
E ao terminar aquela frase, sentiu uma mudança em Poynter, uma bem sutil no tom do voz mais grave e sedutor, e no olhar fixo nela.
— AHÁ!!! Ganhei também!!
A comemoração de Fletch surpreendeu a ambos, que praticamente deram um passo para trás quando ele aproximou-se com um bicho de pelúcia em mãos.
— Anh, parabéns, Fletch! — disse com animação na voz. Ela voltou seu olhar para o baixista, mas ele parecia ter voltado ao seu normal, ou talvez tivesse sido tudo imaginação dela.
— Eu estou com fome depois de tantos duelos. Será que poderíamos comer? — perguntou o loiro.


Tom tinha certeza de que a barraca onde estava em frente era a qual ele havia comprado para o tal pente, mas não havia nenhum sinal da garota ou de James. Ele era um estúpido! Dissera que tentaria protegê-la e no primeiro teste, falhara. Queria acreditar que era apenas um mal entendido, que Bourne não havia inventado uma mentira para que pudesse estar a sós com , mas ficava cada vez mais difícil acreditar naquilo. Seguiu caminhando, oposto ao lado onde sabia que estariam e Dougie, sem saber se deveria continuar buscando ou deixá-los em paz.
Sem ir muito longe, acabou chegando ao que parecia ser o centro de uma praça e parou um momento para observar todo o esforço dos organizadores em deixar aquele local belissimamente decorado. A praça estava adornada com bambus e os inúmeros pedidos das pessoas em seus delicados galhos, que balançavam com a presença do vento, criando um caleidoscópio de cores. E sem querer, notou quando apareceu em seu campo de visão, com James próximo a ela.


Sentados em um dos bancos dispostos no centro da praça onde ocorria a festividade, James tentava arrancar alguma informação da jovem a sua frente.
— James?! — ela também buscava informações sobre a atitude dele. — O que houve afinal?
—... Você está a fim do Tom?? — perguntou ele na lata, todo curioso e animado com uma resposta que acreditava já saber.
A garota levantou-se, surpreendida:
— QUÊ?! Como assim??? Do que você está falando, seu capeta?!
Sentia-se pega em flagrante e amaldiçoava-se, pois se alguém havia percebido era porque seus sentimentos estariam muito na cara.
— Devo entender isso como um ‘Sim’? — James quis torturá-la um pouquinho mais, o nervosismo dela era palpável.
—... Ah! James, não... Não venha com essas perguntinhas sem nexo e sem lógica...!
— Sem nexo? Engraçado, a forma como você ficou babando nele hoje mais cedo no hotel me fez...
— Ah, pare, pare, pare, pare! — ela cobriu com suas mãos a boca dele. Bourne já sabia, era fato. Ele não precisava ouvir mais nada para saber de tal coisa.
— Então você está mesmo a fim dele. — ele segurou as mãos dela para retirá-las de cima de sua boca e poder falar.
Ao longe, enquanto Tom caminhava em direção aos dois, flagrou aquele jogo de mãos entre eles e não soube como interpretá-lo, mas sentiu-se incomodado.
— Pretende lhe dizer?
— Você é louco?!?! — ela deu uma risadinha pelo nervosismo. — Primeiro que ele tem a Gio, todos sabem que ela é a mulher da vida dele; depois, ele é do McFly!
— Ué, ele ser de uma banda é impedimento por quê? — James estranhou a segunda parte, pois quanto à primeira já sabia que Giovanna rompera com Tom e não acreditava que pudessem voltar.
Ela riu sem gosto.
— Se for para ficar com uma fã, duvido muito que eu fosse a escolhida.
James iria rebater o argumento dela, mas os passos largos e decididos de Fletcher o fizeram se calar frente à expressão não muito amigável dele.
— Tom?! — disseram em coro James e , surpresos com a aparição do outro.
— Dougie precisa de dinheiro, não? — Tom disse sarcástico, deixando James ciente de que ele já sabia que o amigo havia lhe enganado.
— Annnh... — Bourne só soube dar um sorrisinho amarelo. Como explicar?
Para sua sorte, fora salvo pelo gongo.
— Hey, povo! — gritou Poynter na entrada da praça, acenando para se fazer notar pelos três.
Enquanto os três ainda observavam o baixista, a figura de surgiu rapidamente próxima a eles. O fato de ela estar um pouco vermelha delatava sua ação anterior: correra.
— E aí, gente! Todo esse duelo nos deu fome, vocês querem comer algo em alguma barraquinha? — perguntou a recém chegada.
— Opa! — respondeu James de prontidão, mas insatisfeito por sua conversa de antes haver sido interrompida.
— Legal! Só temos um probleminha: a e o Harry evaporaram... Vocês perceberam quando eles saíram de perto de nós? — perguntou preocupada.
— Nem. — responderam os três.
— E se nos separássemos para procurá-los? — sugeriu .
— Não acho que seja viável. — Fletch comentou assim que chegou próximo ao grupo, acompanhado por Poynter. — Este lugar está cheio de pessoas.
— Fletch tem razão, correríamos o risco de perder ainda mais gente do nosso grupo. — ponderou Tom.
— Bom, então vamos procurar um lugar para comer! — James tentou entusiasmar os demais.
— Vamos!! — responderam e Dougie.


O grupo deu início à caminhada, seguiam para o ponto de partida — o único lugar onde haviam visto inúmeras barracas vendendo alimentos.
— E o que James falava com você? — perguntou Fletcher em voz baixa para , não queria que os demais ouvissem sua conversa.
— Ahn... Ah, nada, nada demais! — ela respondeu nervosa, sem jeito. Havia sido espionada? Cresceu-lhe a pergunta em sua mente. Teria Tom ouvido sobre o que falavam? Ai, não. Ai, não. Ai, não!! — Que lindo o seu gatinho! — tentou dizer para fazê-lo esquecer do primeiro assunto.
— O quê...? — foi então que o loiro realmente notou a prenda que lhe dera antes por ajudá-la a ganhar. Havia um gatinho de pelúcia de tecido amarelo e com dois botõezinhos marrons que representavam os olhos em seu ombro, era confeccionado por dentro com espuma e inúmeras esferas minúsculas de isopor para lhe conferir algum peso para que fosse capaz de estar pendurado em seu ombro esquerdo.
— Engraçado, ele se parece contigo. — ela comentou ao se lembrar da forma amaldiçoada do rapaz ao seu lado.
— Pode ficar com ele se gostou tanto. — Tom posicionou brincalhão o gato sobre a cabeça dela. — Só que eu sou mais bonito do que ele.
— Obrigad-... — ela começou a responder, mas não conseguiu continuar quando o ouviu dizer a segunda frase. retirou o gatinho de sua cabeça e deu um abraço no gatinho: — Sim, e mil vezes mais encantador também. — ela comentou sozinha, tendo suas palavras abafadas pelo objeto que segurava.
O posicionou em seu ombro, da mesma forma como Tom o levava antes, e deu passos acelerados até ele, que a esperava para que não se perdesse do grupo.
Um pouco mais a frente, James discretamente observara o que pôde da interação entre os dois e achou conveniente bater um papo com o amigo para saber como ele se sentia em relação à garota. E aquela conversa estava assegurada, pois uma das prioridades de Tom era justamente falar com Bourne para saber o que conversara com , já que ela não parecia querer lhe contar.




Capítulo 42 - Desejos e ensejos

— O que acha que faríamos se estivéssemos comemorando o ‘Dia dos Namorados’ de verdade por aqui? — perguntou enquanto caminhavam.
— Acho que estaria tentando te fazer o mais feliz possível.
A menina lhe sorriu, encantada por ouvir aquilo. Ela podia seguir daquela forma, apenas amiga de Harry Judd e preservar a integridade de seu coração, entretanto, uma grande parte de seu ser gostaria de saber como seria se a realidade fosse outra. Se ela fosse a namorada de Harry.
— “Para Sempre Cinderella”. — ela disse, sem prévio aviso, deixando-o confuso.
— Como?
— É o meu filme predileto de todos os tempos. — parou ao lado da calçada, evitando a multidão que seguia para ambos os lados.
A jovem deu uma leve risada com a expressão dele, que evidenciava não saber como responder àquilo — havia algum propósito em dizer aquilo do nada ou ela estava apenas iniciando um assunto qualquer?
— Acredito que saiba vagamente como é a história de Cinderela, não, Judd? — havia certo tom desafiador em sua voz.
— Humm, sim. Sei. Por quê?
— Então temos até a meia-noite. — foi rápida em aproximar-se do rapaz, colocando-se na ponta dos pés para alcançá-lo e selar seu lábios. — Como namorados, ok? Não vamos desperdiçar.
Ela forçou os dedos da mão dele a enlaçarem os dela e começou a puxá-lo para seguirem caminhando. Harry sentia um misto de excitação e indignação — como ele podia ter ficado tão comovido com um gesto tão simples? O quanto uma atitude daquela garota poderia mexer com ele afinal?
Quem dera a ideia de serem namorados só por aquela noite fora ele, porém, quem a colocou em prática fora . Agora restava que ambos cumprissem com o trato daquele namoro com prazo de validade e, tristemente, mesmo o primeiro beijo já tinha sabor de último. Com o pensamento fixo nisso, Harry neutralizou a tentativa da jovem de fazê-lo andar e a trouxe para perto de si.
— E a mademoseille acredita em príncipes encantados? — ele soou sedutor, fazendo com que o fôlego de seus pulmões se esvaísse.
— Não... — ela sorriu ladino. — Tudo o que é perfeitinho demais enjoa.
— Ótimo, porque eu também não acredito! — riu ao ouvir o comentário. — Porém... — ele ajoelhou-se e ela seu semblante demonstrava confusão. — acredito que haja garotas que valham o bom e velho “cavalheirismo”. — beijou-lhe a mão e a encarou sugestivo. — , aceita ser minha namorada até as doze badaladas?
A mão livre foi levada ao canto da boca — sinal de que estava encabulada — escondendo da visão de Harry seu doce sorriso e abafando sua risada.
— Sim!


— Com licença, com licença! — Danny pedia educadamente para as pessoas ao seu redor que faziam fila na barraca onde e ele haviam acabado de comprar alguns cartões de pedidos.
— Na boa, quanta gente! — suspirou quando finalmente saíram do aglomerado. Ela pousou a mão no peito e deu um suspiro. Então voltou sua atenção para um Danny sardento que sorria animado para os cartões coloridos que tinha em mãos, seus olhos brilhavam. Parecia até que acreditava que eles eram garantia de que tudo o que queria seria realizado. Ah, se fosse assim tão fácil, pensou ela.
— O que foi? — ela surpreendeu-se quando o viu tão próximo, sorrindo alegremente.
— Nada, só estava admirando o meu ficante-exclusivo lindo! — ela piscou para ele.
Com um sorriso no canto da boca, colou o corpo dela ao seu pela cintura e deu-lhe um beijo calmo. De alguma forma, sentia que não poderia controlar-se se ele continuasse encantador daquela forma. Aquele era mesmo o tal Danny Jones, guitarrista do McFly, que ela sempre ouvira falar? O cara que dizia ter ficado com várias mulheres numa só noite?
Ela tivera mais de uma vez experiências com homens galinhas, mas nunca nenhum fora tão... Como dizer, atencioso?, tentava ela definir em pensamentos. Danny não parecia buscar formas de encantá-la para então lançar mão de convencer a levá-la para a cama. Ele desfrutava de cada momento juntos, queria cada experiência de casal que poderia realizar ao lado dela naquela festa.
— Já sabe o que vai pedir? — o sardento perguntou ao mesmo tempo em que começava a escrever em um cartão azul, iria pedir para se curar da Doença do Pato.
— Sim. — com a caneta comprada, ela escrevia o pedido que julgava mais vital: que a maldição acabasse em breve, lembrando-se das palavras de Jones de que namorariam quando tal dia chegasse.
Acercaram-se de alguns galhos das árvores de bambu e penduraram seus pedidos, esperançosos de que seriam atendidos.
— Danny... — a mão de alcançou a do sardento com delicadeza, deliciando-se com a sensação cálida que ele lhe oferecia. — Vamos voltar para o hotel?
— Mas já?!
Jones estranhou o pedido, pensou primeiramente que ela não estivesse gostando do tempo ali que passavam juntos, mas havia algo de diferente na forma como ela o encarava — a começar pelo olhar carregado de desejo. Preocupada com a possibilidade de ser mal interpretada, aproximou-se do ouvido dele e fez uma proposta irrecusável que só poderia ser realizada entre as quatro paredes do quarto de hotel de um deles.


— Geeeennnnteeeee!!! — chegou com seu grito estridente perto do grupo de amigos que alimentavam-se sentados em roda, logo ao lado da rua principal onde acontecia a festividade, em uma espécie de campo livre.
— Ê, mulher! — comemorou quando a viu. — Onde diacho se meteram?
— Estávamos andando por aí! — a voz dela demonstrava muita animação e uma risadinha boba fechou a frase, coisa que não passou despercebida pelas amigas.
A figura de Harry aproximou-se e controlou uma risadinha por vê-los comendo no chão.
— Que decadência... — ele comentou. — Não havia mais lugares nas mesas?
— Que mesas?!?! — perguntaram todos em coro.
— Eles criaram um lado com um monte de mesas, tipo uma praça de alimentação improvisada. — esclareceu, olhando-os estranhada. — Vocês não notaram?
Harry e ela receberam acenos negativos, entreolharam-se, e deram uma leve risada.
— Bando de gente Jones...
— Bom, daqui não saio mais. Vou terminar minha comidinha aqui mesmo. — disse sem se importar com a última alfinetada da amiga recém-chegada e voltou a atacar seu prato. Dougie e ela estavam em uma disputa não declarada sobre quem acabaria com o prato primeiro.
— E daqui ninguém me tira, porque já não sinto mais o meu ‘pôpô’! — tentou fazer graça ao dizer a verdade, fazendo os demais rirem.
— Vocês querem comer? — Fletch perguntou para os dois.
— Não, obrigado. A sentiu fome um pouco antes e nos fez ficar um tempão na fila. AI! — reclamou Harry de dor ao sentir seu pé ser pisado sem dó.
— Não sei do que está falando, meu bem! — ela deu uma jogada de franja para trás, tentando mostrar-se inalterada. — Bom, o mais legal é que no nosso momento a sós eu descolei isto pra gente!!!
Ela exibia orgulhosa vários cartõezinhos nas cores: amarelo, azul, verde e vermelho. Os mesmos que estavam amarrados nos bambus espalhados ao longo de toda a festividade e que, de acordo com a lenda contada por Tom, teriam os desejos escritos neles realizados aquela noite.
— Ca-ham! Lembro-me muito bem de também ter que enfrentar essa fila gigante. — Harry alfinetou.
— Ok, meu bem. Estes cartõezinhos nós conseguimos. — ela mostrou-lhe a língua.
— Eles ficaram um tempão na fila para comer, depois para comprar os papeizinhos... Me pergunto quanto tempo demoramos pra notar que eles haviam se separado de nós. — comentou baixo, já em tom de risada, para ao seu lado, que entendeu o que a outra queria dizer e deu uma risadinha cúmplice.
— E então? Quem vai querer?? — ela exibia o que tinha em mãos, como se segurasse muitas notas de dinheiro.
— Hum, eu vou querer um de cada! — Fletch pediu.
— Esse é dos meus! Alguém com muitas aspirações, não é, Fletch? — comentou divertida ao entregar-lhe os papéis.
— Alguém muito desesperado, isso, sim! — Dougie comentou e recebeu um pedala do empresário pelo que dissera e outro de Tom por falar de boca cheia.
— Eu quero quatro rosas, por favor! — James levantou a mão.
— Quatro rosas? Pra que tudo isso? — perguntou Tom, lembrando-se de que o cartão rosa servia para pedidos relacionados à paixão. Não entendia para que Bourne precisaria de quatro.
— Não venha querer saber de meus pedidos, Tominus, arranje os teus, zoiudo!! — James zombou o amigo, que ficou inconformado.
— Quero azul e verde, mulher. — pediu ao lembrar-se do que poderia pedir.
, Tom? — perguntou , exibindo os papéis como um leque colorido. — Não têm nada que gostariam de ver realizado?
Ambos entreolharam-se e o loiro indicou que podia ir primeiro. Após recear um pouco por ter a todos assistindo os seus movimentos, a menina decidiu-se por um cartão verde e rosa — torcendo para que não houvesse comentários sobre o último. O loiro estava em dúvida sobre em qual categoria seu pedido se encaixaria, por isso mesmo selecionou tanto o verde como o azul.
— Ótimo, se quiserem mais é só pedir. E depois tenho que me lembrar de entregar alguns para o casal ternura. — disse , referindo-se a Danny e .
Ela sentiu então as mãos grandes e pesadas de Harry pousarem em sua cintura e seu rosto apoiado levemente em sua cabeça, inalando mais profundamente para sentir o doce cheiro de seus cabelos. Ela ergueu seu rosto e o levou de encontro ao dele, que se aproveitou para colar seus lábios aos dela em um beijo leve e rápido.
— Quer ir deixar seus pedidos na árvore agora?
— Adoraria.
Eles deram as mãos e caminharam para algum lugar não muito longe da vista dos demais, que ainda estavam congelados pela cena que haviam acabado de presenciar.
— Anhh... Eles estão...? — começou.
— Eu só me lembro da e do Danny assumirem oficialmente. — Tom ponderou.
— Exalando paixão eles, não? — Dougie disse impressionado.
— Pareciam até casal de novela... — disse, nem tentando imaginar-se em situação similar com Tom, porque sabia que iria corar violentamente.
— Eles resolveram fingir só por hoje que são um casal. — Fletch esclareceu. Atraindo a atenção de todos para si, que se surpreenderam com o fato do empresário parecer sempre tão ciente de tudo.
— Como você sabe? — Poynter perguntou o que todos queriam saber.
— Sou quase um 007! — Fletch gabou-se, a fim de arrancar algumas risadas.
— Só que eu não vejo nunca nenhuma Bond Girl. — mas foi Tom quem conseguiu fazer os outros rirem de fato. Ganhando do empresário um olhar de poucos amigos.

Assim que acabou de comer, James pensou em escrever seus desejos no papel e seguiu para perto de alguma árvore para pendurá-los. — James? — ele ouviu a voz baixa de Fletcher atrás de si. Deu um sorrisinho antes de voltar-se para o amigo. Imaginou que o loiro iria querer conversar, mas pensou que o outro iria se segurar por mais tempo. — O que foi aquilo de antes, afinal?
O amigo olhou mais uma vez para um dos cartões rosa que tinha em mãos e o estendeu para o outro logo a sua frente. Os olhos castanhos de Fletcher leram sem compreender:

Um casal a se unir ainda:
Tom &


— Diga-me: escrevi certo o nome dela?
— O q-que é isso??
— Desde o primeiro momento achei que vocês dariam um ótimo casal. Mas sei como a sua ficha sobre saber que está gostando de alguma garota demora séculos para cair. Por isso fingi ter interesse por ela, para ver se criava em você alguma reação. — ele dizia isso sem encará-lo, enquanto pendurava o seu primeiro cartão cor de rosa.

Neurônios para um casal idiota, mas que se gosta demais:
Danny &


— Sabia que se você pensasse que eu estava a fim dela, por ser meu amigo, daria-me apoio. E se por acaso percebesse estar apaixonado depois, não faria nada em consideração a nossa amizade. Por isso usei a , fingindo estar potencialmente interessado em ambas. Assim o caminho para você se perceber apaixonado pela e poder conquistá-la não estaria totalmente impedido. — James terminara de escrever e erguia seus braços para pendurar o segundo cartão.

Infinitas horas para um casal que se merece:
Harry &


— A revelação do Poynter hoje foi um tiro pela culatra. Fico feliz por ele, e vou buscar formas de ajudá-lo a se declarar. Mas hoje também tive outra revelação, só que tinha de ter certeza, e por isso fiz o que fiz: te enganei. Porque descobri que a está apaixonada por você. — o loiro terminou de pendurar o terceiro pedaço de papel.

Mais momentos juntos para o casal que irá sempre competir sobre quem ama mais o outro:
Dougie &


— E agora eu gostaria de saber de você se devo pendurar este último cartãozinho. — James finalmente olhava o amigo nos olhos, frente a frente.
Tom ouvira atentamente ao que Bourne dissera, acompanhando cada parte da explicação com lembranças — estava perplexo. E violentamente corado.
— Mas ela... ela é como minha ir-...
— Sua irmãzinha? — James o interrompeu. — Lembra-se de que Poynter me disse o mesmo no começo? Veja só agora. Faça um favor a ela e a si mesmo: não tente pensar nela como sua ‘irmãzinha’, você pode se surpreender.
— Mas eu...
— Pensava em ir atrás de Giovanna quando déssemos um fim à maldição. Eu não sei, cara. — James pousou sua mão no ombro do amigo. — Pelo que nos contou, não vejo vocês reatando.
Eu não acredito em dar um tempo, Thomas...!”, a voz de Giovanna ecoou na mente de Fletcher, fazendo-o retornar ao dia em que havia combinado com os integrantes da banda de voltarem a morar juntos na mesma casa, como tentativa de evitar que alguém descobrisse sobre a maldição — na época eles ainda não sabiam como voltar à forma humana, e estavam aterrorizados com a possibilidade de se transformarem na frente de qualquer outra pessoa. E aquilo pareceu ser a gota d’água no relacionamento entre Tom e Giovanna, que já não andava tão bem desde antes de eles saírem em turnê mundial.
— Esse é o meu desejo, mas se não for o seu, basta rasgar. — James indicou para o cartão segurado pelas mãos de Tom. — Ninguém vai saber, nem mesmo eu, sobre a sua decisão.
Batendo de leve no ombro do amigo, deixou-o sozinho para pensar.




Capítulo 43 - After party

As primeiras a deixarem a festividade foram e , especialmente porque a primeira sentia um leve incômodo no estômago, mas como não queria alarmar ninguém, pediu à amiga que alegasse um falso cansaço nos pés para poder retornar ao hotel. Dito e feito.
Ainda entre as ruas lotadas de pessoas e barracas, Fletch estava esperançoso de que pudesse encontrar o casal-perdido Jones e o recém-sumido casal Judd, e esperava poder contar com a ajuda de Dougie, James e Tom para procurá-los — eles nem imaginavam que Danny e estivessem há um bom tempo de volta ao hotel. O grupo já estava prestes a desistir quando, por acaso, toparam com Harry e parados próximos a algumas árvores de bambu.
— Eu ainda não terminei de perdurar todos os meus mil desejos, gente! — disse inconformada quando convidaram ela e ao baterista para retornarem ao hotel.
— Vão na frente. — o moreno comentou. — Iremos assim que ela terminar. — Harry terminou dando um sorriso ao olhar para trás e ver como a jovem estava entusiasmada com tais pedidos.
Aproximou-se dela e a abraçou, erguendo-a alguns centímetros acima do chão — ela era baixa se comparada a ele.
— Tenho uma confissão a fazer... — disse com o rosto apoiado no pescoço dela.
— Que seria?
— Tentei resistir, mas não sabia o que você tanto você queria pedir, o que tanto poderia desejar para precisar de tantos papeizinhos. Me desculpe...
— Ora, eles ainda irão se realizar mesmo que você os tenha lido, Judd. — ele pode sentir o corpo dela contorcer-se para dar uma risadinha suave no final da frase.
— Não é por isso que pedi desculpas, mas, sim, por ter pensado que seus desejos eram apenas sobre você.
Enquanto ela os pendurava entretida, Harry — curioso — passou a lê-los discretamente, acreditando que encontraria apenas desejos egoístas. Além daqueles onde desejava que os rapazes ficassem curados e voltassem a tocar, deparou-se com inúmeros pedidos por sorte no amor, sucesso na carreira, vida longa e boa, e de melhoras para pessoas que ele desconhecia. parecia querer salvar o mundo e as pessoas através daqueles simples cartões, como se eles pudessem mesmo ser tão poderosos assim — afinal, era um tipo de superstição também. Um sorriso brotou em seu rosto após constatar, e com satisfação, de que estivera muito errado sobre a jovem. Ainda que fossem apenas desejos, não seria aquilo algo nobre da parte dela?
— Vamos, vou ajudá-la. — disse após um beijo demorado em sua maçã do rosto e colocá-la devidamente no solo.
Ela pousou sua mão em seu rosto, agora ruborizado, sorrindo. Judd fora capaz de deixá-la de uma forma que poucos conseguiram: sem palavras.


Assim que chegaram ao seu quarto de hotel, largou-se no sofá — precisava imensamente sentar-se e ficar quieta em algum lugar, sem ninguém para incomodá-la. Seu estômago a incomodava um pouco mais do que antes. Enquanto isso, dirigiu-se ao banheiro com uma muda de roupa para uma ducha rápida. Ao sair dele viu a cara um tanto desanimada da amiga — e não sabendo ao certo o que a amiga tinha além de um leve ‘mal-estar’ — foi até o quarto pegar o seu velho mp4 que trouxera consigo.
Yo ho, yo ho. A pirate’s life for me! começou a cantar assim que ouviu o backing vocal soar pelos fones de ouvido. Sentou-se logo ao lado da amiga e com ela compartilhou um dos fones.
We pillage plunder, we rifle and loot. Stand up me hearties, yo ho! We kidnap and ravage and don’t give a hoot. Stand up me hearties, yo ho. sorriu com a situação e logo emendou a parte que se seguia na música.
Yo ho, yo ho. A pirate’s life for me! — cantaram juntas o refrão.
A música terminou e logo outra veio em seu lugar, o modo aleatório casualmente selecionando antigas músicas que ambas tinham o costume de cantarem juntas — sua banda imaginária de sucesso que contava com ainda mais uma integrante: . Aquilo definitivamente fez com que esquecesse um pouco o que sentia antes — o incômodo ainda estava ali, claro, mas ela não prestava mais tanta atenção a ele.
Entretidas em sua cantoria, ouviram a campainha tocar. As vozes cessaram imediatamente, a banda imaginária sempre contou com zero de público, e queriam que isso se mantivesse. A porta foi aberta com uma amiga ao lado da outra, ainda dividiam os fones, e viram as imagens de Dougie Poynter e James Bourne logo a sua frente.
— Desculpe, mas será que eu ouvi alguém cantando uma de minhas composições?? — Bourne perguntou sorridente.
As meninas enrubesceram, olhando imediatamente para o visor do mp4 que exibia “What I Go To School For”- Busted. Haviam sido pegas no flagra.
— Não sei do que está fala-... — tentou enganar.
— Dava para ouvir vocês desde o elevador. — Dougie comentou com as mãos nos bolsos da blusa moleton que vestia. — Não estavam mal. — ele acrescentou quando viu a expressão de desconforto nas duas.
Ambas riram timidamente e James convidou a si e ao amigo para entrarem no quarto de hotel das moças.
— Vamos cantar! — disse ele entusiasmado, com os braços erguidos.


Uma vez que terminou de escrever seus mil e um pedidos nos cartões comprados e pendurá-los distribuidamente em vários galhos de bambus com a ajuda de Harry, ambos retornaram ao hotel. Porém, assim como os demais, nada sabiam do casal Jones. E uma ideia passou pela mente de Judd enquanto subiam pelo elevador.
— Obrigada pela noite, Judd. — disse gentilmente. Estavam em frente à porta do quarto 714 que ele dividia com Jones.
— Calma, eu vou te levar até o seu quarto. Só quero ver se o Danny já voltou. — ele respondeu enquanto passava o cartão magnético na fechadura. Mesmo o quarto dela sendo exatamente o do lado, o baterista queria passar a imagem de um verdadeiro cavalheiro. Afinal, a noite ainda não havia terminado, então eles ainda eram ‘namorados por uma noite’.
— Engraçado, você também consegue escutar vozes cantando? — ela olhou de soslaio para o corredor, tentando descobrir de onde vinha a música.
A porta abriu e ela revelou a quem Harry buscava, porém, não da forma como esperava, e ele estava acompanhado.
— AAAHHHH!!!! — gritaram Harry e na entrada e Danny e no centro da sala, nus.
O baterista foi rápido ao fechar a porta.
— A gente viu o que eu penso que vimos? — Harry perguntou incerto. Que saúde a da !, ele pensou ao lembrar-se da cena recém-presenciada com um mini sorrisinho sacana, mas tratou de desfazê-lo logo para não incitar ciúmes na garota ao seu lado.
— Annh, sim! — respondeu extremamente corada. Quem diria que o Danny fosse tão..., pensou ela, não se permitindo concluí-lo com uma determinada palavra iniciada pela letra ‘G’.
Ambos esforçavam-se para compreender a situação. Harry não era nenhum santo, estivera com várias mulheres, fosse em um relacionamento sério ou caso de uma noite só. Sexo podia acontecer tanto na primeira noite ou depois de quatro encontros, a variação dependendo sempre do quando ele queria sentir o corpo da mulher em contato com o seu e vice-versa. Mas o que realmente incomodava o moreno era sobre a conversa que tivera com Danny na noite anterior:
Um monstro??” perguntou um tanto assustado o sardento com a declaração do amigo.
Sim, monstro. Afinal, do que você chama um homem que se transforma em um animal?” Harry respondeu e viu o outro encarar o chão enquanto pensava em algo para retorquir. O sardento então coçou a nuca e forçou um sorriso.
Você está certo, Hazz. Não seria justo com a tê-la ao meu lado se não encontrarmos uma cura... Não se preocupe, prometo fazer o certo se for necessário,” a voz firme e as palavras de comprometimento chamaram a atenção do baterista. “terminando com a ”.
— Bom, acredito que o mais sensato seja deixarmos esse assunto em off, o pessoal não precisa saber o que acabamos de ver... — Harry tentou soar sério.
— Concordo. Se alguém como a descobrir isso, vish! — todas as meninas sabiam a opinião da amiga sobre sexo antes do casamento e ela, com toda a certeza, não veria o incidente com bons olhos.
— E nem para o Fletch ou o Tom. — do contrário seriam horas e horas de sermão, que acabariam sobrando até para os inocentes, sobre doenças venéreas, esperar ‘o momento certo’, gravidez, métodos contraceptivos e etc, etc e etc.
Do outro lado da porta:
— Será que eles nos viram?
— É óbvio que sim, Danny! — dava-lhe um leve tapa no peitoral desnudo dele.
— A culpa é sua! Você que me seguiu até aqui...
— Só porque você não estava achando sozinho a...!
— Shiu... — ele pousou um dedo sobre os lábios dela, os olhos com um olhar sedutor. — Bom, duvido que eles voltem. Então podemos terminar o que começamos... E pode ser aqui mesmo.
Ela riu sapeca e Danny retribuiu.
— Você é um despudorado, sr. Jones!
Os amigos os haviam flagrado em pleno ato bem no centro da sala.


Pouco tempo depois, Harry e estavam no quarto de hotel de e , lugar que eles identificaram e em seguida comprovaram com os próprios olhos como o lugar de onde vinha a cantoria. Infelizmente, ninguém tinha alto-falantes de mp4, então restava apenas se revezar em duplas ou arriscar-se em um solo — embora a diversão estivesse mais no primeiro modo. Enquanto uma dupla cantava, os demais jogavam Can-can, rebatizado por como “Can-can Countdown”, pois todos começavam a partida com sete cartas, mas o primeiro que se livrasse de todas elas não era o ganhador, tinha de pegar 6 cartas do baralho e livrar-se delas, depois 5 cartas, então 4 e assim sucessivamente, até que pegasse uma única carta e assim que se livrasse dela seria o ganhador absoluto.
— EII!! Isso não vale! — Dougie reclamou ao ver Harry, que estava de frente para ele, jogar na sua vez.
— Chama-se ‘corte’, lide com isso, nanico! — o homem piscou para o outro. O loiro tentou buscar certo apoio em logo ao seu lado.
— Sorry, nanico, mas estamos jogando com corte. — ela mostrou-lhe a língua, sapeca.
— Inferno! — praguejou.
Precisaria ficar mais atento, não só sobre como funcionava a questão do corte — sempre que algum jogador tivesse uma carta de mesmo número ou mesma cor que a carta recém-dispensada pelo último a jogar, independente de quem era o próximo —, mas também em não deixar seu olhar tão distraidamente fixo sobre a figura de . Ele sorria para o entusiasmo e força de querer vencer da jovem, aquilo lhe encantava, tanto quanto as caras e bocas que ela fazia dependendo se fazia uma boa jogada ou era sacaneada pelos demais a comprar mais cartas.
, Dougie, e Harry estavam sentados no centro da sala do quarto de hotel a jogar o can-can enquanto bem ao lado, mais próximos à janela que ia do teto ao chão, estavam James e em sua vez de cantarem uma das músicas do repertório do mp4 dela.
— Dougie! — Judd elevou a voz para que o loiro voltasse seu olhar de para ele. — Preciso que nos ajude aqui, — apontou para si próprio e , ambos com expressões sérias. — se a se livrar dessa carta, ela vai iniciar com apenas três.
Poynter encarou os jogadores, o que Harry dissera era verdade. era de longe a que mais estava perto de ganhar, e ele começava a desconfiar que não era à toa que ela tivesse sugerido aquele modo de jogo! Era o mais atrasado, pois ainda não havia conseguido livrar-se de suas cartas para iniciar com 6. Em sua mão havia tanto uma carta 2+ que poderia prejudicar a garota.
— Espera aí, — ela disse um tanto inconformada. — você acabou de bater com 5 cartas, também está perto de iniciar com 3!!
O loiro não sabia a quem ajudar, ambos estavam potencialmente próximos de finalizar o jogo.
— Poynter, ajude-me e eu ajudarei você! — disse quase autoritária, com uma rápida piscadela. — Sei o que você anda esperando...
Os olhos azuis de Dougie brilharam ao ver a garota inclinar discretamente em sua direção parte das cartas que tinha em mãos e ver aquela que permitia ao jogador escolher a cor das cartas que seriam lançadas em seguida — era sua salvação. Por um descuido seu enquanto arrumava o baralho em sua mão, todos descobriram que em sua grande maioria ele tinha cartas amarelas e depois disso todos evitaram ao máximo lançar tal cor, colaborando para que ele estivesse pior colocado entre os quatro. Era sua chance!
— Ehh... — ele começou enquanto dirigia seu olhar para Harry, dirigindo sua mão para o bolo de cartas viradas para baixo. — Mal, eu não tenho nada.
— MENTIRAAA!!! — gritou Harry, sabia que o amigo poderia tê-lo ajudado. — Seu pilantraaaa!!! Como ousa me trair assim??! E eu vi você mostrando suas cartas, dona !!
— É só um jogo, Harry. — conteve uma risadinha.
— Está vendo coisas, Judd. — sorriu cúmplice para Dougie, quem lhe retribuiu com um mais tímido, e então olhou ardilosamente para o baterista antes de livrar-se de sua carta 4+, uma que nem Dougie conseguira ver que ela possuía. E ela não se esqueceria de cumprir seu trato: — Amarelo!
— EEII! Que droga é essa?! — reclamou quando notou que Judd também livrara-se uma carta 4+ e que dessa forma ela teria de comprar 8 cartas. — Judd, seu traíra!!
— É só um jogo, . — o rapaz devolveu as palavras anteriores dela calmamente, não diminuindo o sarcasmo ao pronunciá-las. — Verde!!
Ao lado, animados, a parceria musical de James e ia chegando ao fim.
Everybody wants to know her name. How does she cope with her new found fame. — cantou James fingindo que em sua mão havia um microfone.
Everyone asks me, who the hell is she, that weirdo with five colours in her hair! completou.
Do, do, do, do, do! — eles finalizaram a música em coro, sendo até mesmo seguidos pelos demais jogando cartas.
— O Tom deveria estar cantando também! — James comentou assim que retirou o fone do ouvido e entregou o aparelho de mp4 para .
— Mas podemos chamá-lo, ele só disse que queria tomar banho assim que voltamos. Vou lá dar um toque. — disse Dougie, deixando suas cartas no chão viradas para baixo.
— Senhor Poynter, está tentando fugir de suas obrigações? — fingiu estar séria. Ele ia atender ao seu pedido de vê-lo cantar ao vivo e em cores “Mr. Brightside” dos The Killers, confessara-se como uma verdadeira admiradora do cover dos rapazes.
Dougie parou, estivera postergando a cantoria havia algumas rodadas de duplas e não queria negar um pedido a . A jovem estava prestes a dizer que estava apenas pegando em seu pé, quando James manifestou-se:
— A pode ir no seu lugar. — ele passou o braço por cima dos ombros de uma surpresa .
— O quê? Por que eu?! Por que não vai você?? — questionou surpresa enquanto Dougie já lhe estendia o cartão magnético do seu quarto, caso Fletcher tivesse resolvido tomar um de seus demorados banhos e não pudesse atender prontamente a porta.
James tomou posse do cartão pela garota e a escoltou até a porta.
— Jaaamesss! — sussurrou ela nervosa.
— Não posso ir porque eu vou cantar a parte do Danny com o Poynter! — respondeu sorridente. — E também, porque eu sei que você adoraria ver de camarote aquele loirudo cantando pra você!
Foi a vez dele sussurrar e fechou a porta antes que ela pudesse protestar quanto àquilo.


amaldiçoou o nome de James no corredor. Até podia voltar e dizer que Fletcher não aceitara vir, mas poderia ser problemático se depois ele descobrisse que não fora convidado — ela não só seria vista como mentirosa pelos outros, como poderia ficar em uma situação ruim com o loiro. Aja normalmente! Isso é só uma paixaozinha boba, logo vai passar. A mulher da vida dele é a Giovanna, então não perca o seu tempo!., dizia para si mesma em pensamento. Ela não podia deixar seu sentimento transparecer, não na frente dele.
Quase como Poynter previra, Tom não atendera a campainha, assim que a jovem utilizou-se do cartão magnético emprestado. Chamou o nome do loiro algumas vezes desde a sala sem sucesso algum. Então se arriscou a entrar em um dos quartos onde a porta entreaberta evidenciava que a luz estava acessa. Assim que entrou ouviu o som do chuveiro cessar. Acercou-se da cama e sentou-se ao lado de um laptop da Apple enquanto esperava pelo loiro.
?!




Capítulo 44 - Quando as coisas têm de acontecer, elas simplesmente acontecem

Quando regressaram ao hotel, Tom não se sentiu animado a acompanhar o colega de quarto e James em uma visita ao quarto de e . Sentia que precisava de um tempo para si. Tom acreditava que banhos podiam servir como terapia.
Ele ainda estava surpreso com tudo o que James lhe revelara aquela noite. Sentia-se lisonjeado ao pensar em apaixonada por ele — levando-o a sorrir feito bobo enquanto ensaboava-se.
— Gio... — lembrou-se com lamento da namorada, ou ex-namorada.
Estava tão concentrado em seu plano de encontrar uma cura para a maldição para então poder recuperar Giovanna, que dificilmente pensava em como a situação deles como casal já estava crítica antes do pesadelo começar.
Os problemas se iniciaram depois que Giovanna ficou com o desejo de ser mãe após ver uma de suas melhores amigas ganhar um bebê. Mesmo não acreditando que aquele fosse o melhor momento para se ter uma criança — ele queria ter mais alguns anos para poder dedicar-se à música, e não faria isso com mulher e filho os esperando em casa — agiu como um namorado atencioso, buscando informações sobre como criar um bebê e principalmente formas de conciliar carreira com filhos. Agora Tom sabia que deveria ter dito a verdade, mesmo que ela estivesse cegamente entusiasmada, mesmo que aquilo a decepcionasse por um momento. Porém, ela o desapontou primeiro: Gio tentou mudá-lo.
Para ela, Tom era o namorado perfeito, mas ainda não o pai perfeito. Tentou impor novos costumes e alterar sua personalidade para algo mais ‘maduro’, algo mais típico à figura de um pai — aquilo o levou a ressentir-se com o passar do tempo, a ter receio de ser quem ele era perto de Giovanna. Talvez por isso ele jamais conseguira contar a verdade sobre a maldição a Gio, pois isso só o deixaria mais distante do perfil de pessoa na qual ela buscava transformá-lo.
Tom fazia esforço para que a imagem de uma sorridente e suas bochechas sempre rosadas deixasse de surgir em sua mente. Entretanto, ele não conseguia evitar. Há tempos não sabia o que era alguém gostar dele por ser como era. Ao lado dos guys, de James, das meninas e de ele jamais precisou ter de ser ou agir diferente.
?!?! — disse o loiro surpreso, e algo avermelhado, ao ver a figura da jovem na qual vinha pensando, sentada em sua cama e com as mãos tapando os próprios olhos.
— Oi, Tom! — ela tentava soar o mais casual possível. — Estamos tendo uma reuniãozinha lá no nosso quarto e o Poynter me pediu pra te chamar pra participar.
— Por que está assim com as mãos? — era algo engraçado vê-la falar daquela forma. — Já estou vestido, eu me troquei no banheiro.
— Ahhh, tá! — ela deu um sorriso nervoso para ele. — Preferi não arriscar. E aí, topa ir lá?
— Acho que não, queria fazer algo mais calmo, como ver uns filmes que deixei baixando no laptop. — propriedade original de Fletch, de quem o loiro havia pego emprestado antes de saírem para o festival justamente com tal finalidade.
— Annh, entendi. — tentou disfarçar sua decepção de não poder ver Tom cantar ou até de fazer um dueto com ele, muito embora ela provavelmente nunca fosse ter coragem o suficiente para realizar a segunda opção. — Tudo bem. Então, vou deixar você curtir seus filminhos. Quais você baixou, aliás?
— “Encantada” e “A Princesa e o Sapo”. — respondeu, certo de que da parte dela não ouviria críticas ou deboches, como uma tal ex-namorada o fizera.
— Adoro “Encantada”!!! — a menina vibrou. — Acho que o segundo eu nunca assisti, mas vi um trailer. É um que é todo desenho, né?
— Sim.
— Ah, que legal!! Gosto mais de filmes de desenho do que de animação. — comentou ela, já quase fora do quarto dele, pronta para puxar a maçaneta pela mão e fechar a porta.
— Gostaria de ver comigo?
— Cla-claro, Tom.


No quarto ao lado, jogou-se no sofá, sua dor de estômago voltava a incomodá-la. Ela tinha acabado de cantar “Girlfriend” de Avril Lavigne com e os olhares recorrentes de Dougie lhe deixavam cada vez mais nervosa: ela sempre tivera vergonha de cantar em público, mesmo estando ao lado de amigos.
Não era a intenção de Poynter encará-la tanto, mas parecia que tão logo se arriscava a contemplar o rosto da jovem, era pego em flagrante.
— Mulher, não vai jogar? — perguntou , já retomando o seu lugar para jogar Can-Can Countdown.
— Desta vez eu irei passar... — ela tentou soar normal para não levantar nenhuma suspeita de que estivesse com mal estar.
— Agora eu já vi de tudo!! — a amiga escandalizou. — renegando uma partida de cartas?!
— Exagerada.
Sabendo que James era o mais animado com a cantoria, Harry o convidou para um dueto, desde que conseguisse confirmar a presença de uma certa música no mp4 de .
— Ahh, ela tem. — o baterista comemorou.
Ainda sentada no chão, olhava com curiosidade para os rapazes, e sua pergunta sobre qual música Judd cantaria foi logo respondida quando o viu abrir a boca, tendo James no backing vocal:
Would you dance if I asked you to dance? — o moreno deu uma piscadela para a jovem.
O rosto de iluminou-se com um sorriso, adorava aquela música, como toda devota Judd e ele sabia disso.
Would you run and never look back? — Harry continuou e o acompanhou em voz baixa, movendo-se para os lados no ritmo da música.
Dougie aproveitou que o jogo estava momentaneamente suspenso para ir sentar-se ao lado de , pois a garota estava extremamente pálida.
— Está tudo bem, ?
A menina limitou-se a fazer um aceno positivo com a cabeça, desejava evitar falar por sentir uma forte sensação de enjoo. Ela queria e precisava estar sozinha — detestava passar mal ao redor de outras pessoas, não gostava de ser um fardo para ninguém.
Dougie desconfiou. A resposta não batia com o semblante da jovem, ela suava um pouco e parecia sentir alguma espécie de dor. Crescia dentro de um incômodo que lhe causava arrepios. Notou que o loiro ao seu lado tentaria insistir na conversa, mas naquele momento ela não pôde aguentar mais, desesperando-se com a sensação que se intensificara na boca de seu estômago e correu em direção ao banheiro, deixando para trás um confuso Poynter. Quando finalmente alcançou seu objetivo, o rapaz entendeu o porquê de sua atitude tão curiosa: precisava vomitar.
...? — ela ouviu Dougie chamar seu nome com preocupação. Se ela não estivesse com tanta pressa quando entrara, teria se dado ao trabalho de trancar a porta, isso evitaria que vários pares de olhos, mais especificamente quatro, a vissem naquela situação deplorável.
Ela até quis pedir que fosse deixada sozinha, mas novamente seu estômago manifestou-se. Mesmo com o corpo convulsionando, sentiu quando uma mão puxou as madeixas de seu cabelo em um rabo de cavalo improvisado, a fim de que não o sujasse, e com a outra fazer-lhe um leve carinho nas costas — logo notou que se tratavam das mãos de Poynter. Harry e James assistiam à situação de e Dougie sentados no chão do banheiro desde a sala, enquanto já estava com o telefone do hotel colado ao ouvido pedindo por algum auxílio médico para a garota.


No quarto ao lado, Tom observava atentamente os efeitos que sua pessoa causavam em . Acreditava que mesmo se Bourne não lhe contasse o segredo dela, ele eventualmente acabaria por descobrir — isso porque estava estampado em seu rosto. Ele achava uma graça como a garota parecia tentar mascarar seus sentimentos, mas certos trejeitos de menina apaixonada ainda assim escapavam de seu autocontrole como, por exemplo, não conseguir encará-lo por mais de três segundos; sorrir e voltar seu olhar para o chão como se houvesse algo interessante ali para ser notado; rir mais bobamente ao ouvir as piadas dele.
Faça um favor a ela e a si mesmo: não tente pensar nela como sua ‘irmãzinha’, você pode se surpreender.” Foi então que a voz de James Bourne invadiu os pensamentos de Tom, fazendo-o corar violentamente, não com a proposta, mas com o que acabava de constatar. Ele jamais vira com bons olhos quando sua irmã Carrie apaixonava-se por um marmanjo, fosse quem fosse, e cada gesto de menina apaixonada lhe causavam raiva e vontade de acabar com a existência do culpado por tudo aquilo. Porém, algo estava errado. Não o incomodava que estivesse apaixonada... Gostava de como ela agia diante dele... Gostava como suas maçãs agora estavam a todo o momento vermelhas... Gostava quando ela começava a gaguejar quando notava seu olhar fixo nela... Gostava de ser a causa de cada uma daquelas reações... Gostava de ser a pessoa por quem ela estava apaixonada.
Tudo aquilo só o levava a deduzir uma única coisa: ele gostava dela.


Dougie saiu do quarto onde ainda era analisada pelo médico para se juntar aos amigos.
— E então? — questionou James quando o viu cerrar a porta do quarto atrás de si. — Como ela está?
— O médico disse que tudo o leva a crer que se trata de uma intoxicação alimentar. — respondeu cauteloso, não querendo fazer alardes. — Precisamos cuidar dela para que não se desidrate por conta dos vômitos, senão teremos de levá-la ao hospital. Porém, se os sintomas persistirem, também não teremos muita escolha...
— Complicado. — Harry comentou, de pé e braços cruzados.
Mesmo sem haverem se pronunciado, cada rapaz tirava uma conclusão sobre o que fazer dada a nova situação. Dougie foi o primeiro a se manifestar:
— Vou ir até o Fletch agora mesmo e pedir que adie nossa viagem. — aquilo era mais um aviso.
— Espere. — Harry colocou-se a frente do amigo, impedindo-o de seguir seu caminho. — Sei que é um imprevisto chato, mas não creio que o melhor a se fazer seja isso.
Dougie lhe lançou um olhar indignado. Como ele poderia não ter compaixão pela situação de sua garota?
— Por favor, Judd, você faria o mesmo se a estivesse em tais condições. Não seja cínico.
— Não, não faria. — sua resposta fez com que James se levantasse do sofá, estava um tanto preocupado com o caminhar da conversa, detalhe que foi percebido pelo moreno. — Não me entenda mal, é só que eu penso que a não deve seguir viagem conosco. Pense bem, intoxicação alimentar é algo que te deixa bastante debilitado, mesmo que fique botando os bofes para fora por apenas uma noite. Vamos para uma região mais interiorana onde não conhecemos nada, pode ser perigoso no estado dela.
— Até que o Juddão tem razão. — ponderou James. — Imagine se ela precisar de um médico com nós no meio do nada? Vai ser complicado.
— Mas deixá-la para trás... — Dougie começou a dizer, mas foi interrompido pelo moreno.
— Se uma das meninas, ou todas, quiserem ficar com ela, então tudo bem. Na volta, depois que encontrarmos as fontes termais, nós teremos mesmo que passar por aqui e então seguiremos todos juntos para casa.
— Hum... — Dougie disse. — Não sei ainda se é a melhor escolha.
— Só uma perguntinha. — começou James. — Não acham que ela vai se sentir um pouco punida por ter ficado com intoxicação alimentar se fizermos mesmo o que diz o Judd?
— Estamos pensando no bem dela, não é um castigo. — Harry justificou-se.
— Se duvidam, vamos obter uma opinião quase feminina!


— É lógico que ela irá se sentir punida! — Tom disse, como se evidenciasse o óbvio.
— Eu disse! — James comemorou.
— Não vale, você disse que íamos consultar uma opinião feminina. — Dougie reclamou.
— Mas o Tominus é uma quase mulher, então, sua opinião ainda é válida. — Harry concluiu com deboche.
— O quê?!?! — o loiro da monocova perguntou, sentido pela ofensa dita em sua presença.
Tom segurava-se firmemente entre o batente e a porta de seu quarto de hotel, pronto para fechá-la na cara de seus amigos sem consideração.
— EI! — gritou Harry quando viu a imagem de Fletcher desaparecer rapidamente, evitando que o outro completasse sua ação de dar-lhes uma portada. — Mais uma coisa: vamos reunir o povo lá para falar sobre o que fazer sobre a situação da e a viagem. Então é melhor a e você se arrumarem.
O moreno terminou o aviso com uma piscadela e seguiu sem esperar resposta para o quarto seguinte — o qual ele dividia com Danny — para avisá-lo sobre a reunião, sendo acompanhado por Dougie. Quem se manteve no mesmo lugar foi James, e Tom notou como ele percorria os olhos pelo espaço que podia ser visto do quarto de hotel desde a entrada — sorrindo maliciosamente ao não ver a garota também convocada para a reunião.
— Estávamos no meu quarto vendo uns filmes. — Tom disse não muito alto ao amigo, desconfortável.
— Hummmm... Filmes românticos? Chegaram a imitar alguma cena? — perguntou curioso.
— Claro que não! — ele respondeu de imediato.
James analisou por um breve momento as feições do amigo de longa data antes de dizer uma última coisa. — Já te disse, dude. Ela não é sua irmãzinha, pare de se impor essa ideia.
Tom fechou a porta seguiu para seu quarto, o conselho de Bourne ainda atormentando sua mente, mas desta vez estava realmente considerando segui-lo. Quando o amigo dissera aquilo da primeira vez, o loiro não o levou em consideração, mas isso fora antes de olhar para si mesmo e ver que uma parte dele gostava, e muito, de .
Fletcher não contou sobre o fato de a menina ter caído no sono antes mesmo do primeiro filme, “Encantada”, acabar. Retornou ao seu quarto sem fazer muito barulho e sentou-se na beirada da cama, sabia que precisava acordá-la, mas ao invés disso parou para observá-la atentamente.
Tom não sabia como caracterizar aquilo, pensava que estava vivenciando a cena onde Bella Swan transformava-se em uma vampira, pois via a aparência de ser remodelada diante de seus olhos. As madeixas de seus cabelos, que repousavam em grande parte sobre o travesseiro, pareciam ter adquirido magicamente um brilho mais intenso e um aspecto ainda mais sedoso. Viu os lábios, pequenos e finos, ganharem uma tonalidade mais intensa de rosa e o lábio inferior mostrar-se um pouco mais carnudo. Mesmo suas mãos, que ele sempre associara com as de uma criança por serem muito pequenas, agora pareciam mais definidas e delicadas. Seus olhos continuaram a acompanhar o corpo dela, curioso para ver o que antes não se permitia enxergar como irmão. Mesmo algo envergonhado, não conseguiu deixar de se perguntar, “Ela sempre foi tão crescidinha...?”, quando seus olhos pousaram na região de seu busto. Sua camiseta estava um pouco erguida, dando ao loiro a chance de notar a curva de sua cintura — o fato de não usar roupas nem muito largas e nem muito coladas fizeram o loiro achar por muito tempo de que ela fosse ‘reta’. Os olhos castanhos desviaram sua atenção da parte de trás da região dos quadris dela quando ouviu então sua voz:
— Tom...?
Sua voz saiu um tanto falha, embargada em sono. Fletcher sentiu-se pego no flagra por um instante, mas a reação dela, ou a falta de, o fizeram crer que não descobrira o olhar que vinha recebendo dele até aquele momento.
Baixo o olhar sonolento e perdido dela, Tom deixou a garota a par da situação da amiga e sobre a reunião que em breve aconteceria. A primeira parte foi mais do que suficiente para despertá-la, que se levantou de qualquer jeito da cama para ir atrás de suas meias e tênis para arrumar-se. Tom também pôs a buscar seus tênis all star e, quando de costas para ela, deixou escapar um longo suspiro de alívio — acompanhado de um pequeno sorriso.
Sorria não só pela adrenalina, mas também pela sensação nova que fazia seu coração bater mais rápido. Ele conhecia bem aquela sensação, gostava dela, mas havia muito tempo que não a sentia.
Era o que Giovanna há tempos não lhe causava, embora devesse.
Agora era que o fazia sentir-se daquele jeito.
era a nova engrenagem que fazia seu coração enferrujado voltar a trabalhar a mil por hora.




Capítulo 45 - Adiando o trem

— Faz um pouco de cócegas. — comentou Danny com a voz calma.
— É mesmo? — sua voz soava divertida e intensificou o carinho no peito dele com a ponta dos dedos apenas para provocá-lo.
Estavam agora deitados na cama do quarto. Pernas e braços entrelaçados, com o lençol entre seus corpos. Seus sentidos estavam extasiados pela atividade física intensa de antes — na qual foram flagrados logo no início, no meio da sala, por Harry e .
— Você está bem? — o sardento afundava seus dedos por entre as madeixas dela. Dando-lhe em seguida um beijo no topo da cabeça.
— Sim... — respondeu, colocando a cabeça no espaço entre o peito e o braço dele, o local mais confortável de seu corpo, segundo ela.
... — algo na resposta dela o fez desacreditar de que estava 100% bem.
— Ok, talvez tenhamos sido brutos demais para uma primeira vez juntos. — ela deu uma risadinha ao final. Torcia para ter escolhido as melhores palavras para descrever o estado no qual se encontravam certas partes de seu corpo muito, muito particulares. Ela não o culpava, e também não culpava a si mesma. O desejo por ter o corpo de Danny colado ao seu entre quatro paredes surgiu quando ainda estavam na festa, e assim que entraram no quarto e ela começou a beijá-lo desesperadamente, ele também passou a partilhar do mesmo sentimento. Entretanto, se depararam com um típico problema de casais — mesmo quando não mais virgens — ao relacionarem-se na cama pela primeira vez: a falta de intimidade.
As afinidades fora da cama eram muitas, mas estando nela era possível dizer que ainda não se conheciam. Um não sabia ao certo os toques e carinhos que o outro gostava de dar e receber. Intimidade, seja na relação ou na cama, é algo que se constrói com o tempo e no caso deles, estavam atropelando certas etapas.
sabia que provavelmente não poderia repetir o que acabara de fazer por, pelo menos, 24h — necessitava ao menos isso para estar recuperada por completo. Havia um sorriso sacana em seu rosto, talvez houvesse se afobado um pouco ao transar com Danny, mas não se sentia nem um pouco arrependida. Muito pelo contrário, satisfação completa era a sensação que a dominava — e muito daquilo se devia ao homem ao seu lado.
Havia, porém, uma pequena parte de si que se mostrava insegura. Era sua parte que se perguntava quando Danny e ela seriam um casal de namorados de verdade.
— Mas não se preocupe, estou bem. E foi muito bom, diga-se de passagem! — ela comentou. Tratava de ignorar sua parcela de insegurança, a última coisa que queria era se ver cobrando o moreno, uma vez que ele já havia explicado quando eles se oficializariam: quando a maldição estivesse findada.
— Certo. Menos mal. Não iria gostar de saber que te machuquei. — ele acariciava agora as costas dela.
— Bom, aqui está muito bom, maaaas... — ela disse enquanto espreguiçava-se e fazia menção de se levantar. — Acho que vou tomar um bom e quente banho!
— Humm, e eu acho que lhe farei companhia. Você vai precisar de alguém para ensaboar suas costas. — ele piscou, com um sorriso de ponta a ponta.
— Estarei te esperando então, Danny Boy! — já de pé, e parada ao lado do batente da porta do banheiro dentro do quarto, ela mandou-lhe um beijo.
Danny não esperou muito para segui-la, levantou-se e ao chegar próximo à porta, ouviu a de seu quarto ser golpeada quatro vezes. Estranhou e não soube ao certo se chegara a ouvir, mas pensou que o melhor seria responder antes que o indivíduo do outro lado tentasse indevidamente entrar e flagrá-lo despido. Correu até a borda da cama, recolheu sua boxer largada de qualquer jeito e a recolocou.
— Ué, Harry? O que faz aqui?


— Sabe de uma coisa, para agilizarmos isso, porque o James e você não tentam falar com o Fletch e eu dou um toque pro Danny? — o moreno alto disse para Dougie quando estava em frente à porta de seu quarto que dividia com o sardento.
— Pode ser. — o loiro respondeu sem qualquer suspeita da proposta do amigo. Virou-se e esperou que Bourne se acercasse para contar a ideia de Harry.
— Beleza, vamos lá. — James disse e seguiu caminho com o menor.
Judd os assistiu se distanciarem e alcançou no bolso detrás de sua calça jeans, sacando o cartão que servia como chave para abrir a porta do quarto de hotel. Abriu a porta com cuidado, para garantir de que não iria surpreender a certas duas pessoas no ‘ato’, porém, não encontrou ninguém na sala. Logo deduziu que eles deveriam ter feito o mais óbvio após serem vistos: seguiram para o quarto de Jones. Colou o ouvido à porta para ver se ouvia a algum grito, gemido ou murmúrio por parte de um dos dois e só então bateu ruidosamente na porta — só para garantir.
— Ué, Harry? O que faz aqui? — a figura de um Danny descabelado e com a boxer colocada do avesso surgiu.
— Preciso que você e a se recomponham e se dirijam até o quarto da e da . Teremos uma reunião de emergência por lá.
— Pra quando? — Danny perguntou enquanto coçava a cabeça.
— Pra ontem! A passou mal e temos que decidir o que fazer sobre a continuação da viagem, porque não temos mais certeza se ela pode continuar.
Isso abriu de fato os olhos de Danny, que ficou surpreso com o que fora dito.
— Entendido. Já, já estaremos lá. — o sardento garantiu.
Houve então um momento de silêncio no qual ambos apenas se encararam. Não era a primeira vez que algo assim acontecia e, provavelmente, não seria a última. Harry foi o primeiro a sorrir maliciosamente, como se parabenizasse a Danny por seu ‘feito’, e o amigo retribui-lhe o sorriso em cumplicidade. Ainda sem dizer nada, o moreno mais alto retirou-se.
Danny fechou a porta e girou o trinco dela, apenas para garantir, voltou sua cabeça em direção ao banheiro, alguém muito importante o esperava.
— É bom que ainda não tenha terminado de se ensaboar, senhorita !


Enquanto Harry, Dougie e James saíram para reunir os demais, ficou ao lado da amiga no quarto, que acabou caindo no sono pouco tempo depois por exaustão e debilidade. Isso permitiu que ousasse deixar a amiga sozinha por um tempo para reunir-se com os demais na sala do quarto de hotel que dividiam e .
— Pronto, estou aqui. — disse assim que semicerrou a porta do quarto para que a amiga pudesse dormir tranquilamente, mas ainda fosse possível ouvi-la caso precisasse de alguma ajuda.
— Mas ela está bem mesmo? — perguntou preocupada. Ela sabia apenas de que a amiga havia passado mal por intoxicação alimentar, como chegou no momento em que já estava dormindo, não pôde vê-la como desejava.
— Ela garantiu que estava bem, mas fica difícil de acreditar com ela ‘chamando o Hugo’ a toda hora. — a amiga foi sincera.
, sentada ao lado de no sofá de dois lugares, tinha o mesmo semblante de preocupação. Também não chegara a tempo de ver a amiga acordada.
— Me pergunto o que será que a fez passar mal desta vez. — perguntou .
— Deve ter sido a comida do festival, ela não comeu nada depois do almoço e não estava passando mal. — comentou.
— Eu não entendo, o Dougie e a comeram a mesma coisa. Como ele pode estar bem? — James manifestou-se.
— Cada pessoa reage diferente. O que pode cair mal pra um, pode não causar nada em outro. — Tom esclareceu.
— Além do mais, temos que relevar todo o histórico de porcarias que o Dougie já comeu. O estômago dele não rejeita nada. — Danny tentou brincar e até arrancou alguns sorrisos, mas o clima não estava favorável para piadas.
Harry viu todos ficarem em silêncio e julgou que aquele era o melhor momento para introduzir o assunto. — Bom, é sobre a que queremos falar. Temos que ver o que faremos sobre a viagem com ela nesse estado.
— Para quando a viagem está programada, Fletch? — Tom voltou-se para a figura do empresário sentado bem na ponta do sofá de três lugares, bem ao lado dele e de James.
— Amanhã de tarde. — o empresário respondeu com a mão no queixo, já refletindo sobre a ideia de que talvez tivesse de reprogramar a viagem de trem para outro dia.
— E teríamos como adiá-la? — Dougie perguntou o que o empresário já imaginava. Mesmo acreditando que Judd tivesse razão em seu argumento, parte dele não queria seguir viagem sem sua garota.
— Annh, sim, podemos. Causaremos certos transtornos, mas não é impossível. — o homem consultava os papéis referentes à viagem que estavam guardados em sua mala de negócios. James parecia hipnotizado por ela, mas Fletch mostrava-se possessivo quanto a ela, mesmo que estivesse abarrotada de papéis e quase caindo de seu colo. A fixação do loiro não passou desapercebida por Tom ao seu lado.
— Eu não acho que essa seja uma boa ideia. — Harry disse logo após a fala do empresário da banda. — Não acho que devamos adiar.
Todos os olhares se voltaram para o moreno, que soube de imediato a necessidade de esclarecer as razões de seu comentário. E ele sabia que uma vez que o fizesse, iniciaria-se a polêmica.
— Eu não sei se tem como a viajar amanhã. — Harry concluiu sua opinião.
— Se ela estiver tão mal como a descreveu, talvez não seja seguro. Poderíamos estar arriscando a saúde dela. — ponderou Tom.
— Como assim, gente?—perguntou confusa , não compreendendo o caminhar da conversação.
— Eu sei que parece que a estamos punindo por ter ficado com intoxicação alimentar, mas só estamos preocupados. — James tentava amenizar a situação, coisa que parecia difícil.
— Querem que deixemos a para trás? — disse, a voz em um misto de confusão e indignação.
— Eu não disse isso em momento algum. — Harry disse rápido, erguendo ambas as mãos. — Mas se ela ficar, uma de vocês ou todas, se quiserem, podem ficar aqui com ela.
— Bom, se a tiver de ficar, então eu fico também. — disse toda decidida. Raros eram os momentos em que a garota mostrava-se alguém tão séria, e seu posicionamento surpreendeu a Tom.
— Não está sendo muito imediatista, Harry? — ponderou , sua voz séria. Sabia que a amiga tinha um estômago fraco com comidas que saiam da sua dieta regular. — A é uma garota forte, se definirmos a situação dela agora, podemos notar tarde demais que cometemos um erro.
— Me deem um dia. — a voz fraca de soou na sala e todos notaram sua aparência frágil. Ela tentou se recompor para trazer mais confiança ao que dizia. — Eu me recupero rápido de intoxicações alimentares.
... — Poynter levantou-se de imediato e foi até a menina para ajudá-la a manter-se direito em pé, segurando-a pela mão e pela cintura.
— Será melhor você ficar, . Não podemos descuidar da sua saúde. — James tentou convencer a garota.
—Eu posso viajar, caçamba. Não quero que adiem.
Dougie queria com todas as forças que ela fosse — e ele era alguém teimoso — porém, teve de dar o braço a torcer quando a viu toda frágil no batente da porta. Aquilo o surpreendera, pois sempre a vira com um aspecto forte, independente, inquebrável.
— Me deem apenas um dia. — insistiu.
!
— Dougie! — ela devolveu-lhe no mesmo tom repreensivo. — Fletch, faça como eu digo. Se é possível adiar sem prejudicar ninguém, então que seja só por amanhã. Depois disso vamos partir direto!
Poynter estava estupefato. Não acreditava no quanto podia ser teimosa — e, curiosamente, era essa a impressão que ela tinha dele —, negligenciando o estado de sua saúde daquele jeito. Ela tentava ao máximo bancar a forte para não atrapalhar o objetivo da viagem. Dougie já não sabia mais se deveria classificar aquilo como altruísmo ou estupidez.
E o pior era que ela parecia, mesmo fraca, ser mais intimidadora do que ele: Fletch aceitara fazer o que ela propôs, mesmo com o olhar reprovador de alguns dos presentes na sala para que o empresário não acatasse a sua ordem.
Só restou ao baixista suspirar inconformado e tentar ajudá-la a regressar para o quarto. Da primeira vez que o fizera, levou-a carregada em seus braços — o que lhe resultou em alguns tapas e beliscões. Agora estava mais atenta e não permitiu que o loiro repetisse o ato, mas ele não se deixou amedrontar pela cara intimidadora dela, ajudou-a a ir para o quarto com o braço dela passando por seus ombros.
— Obrigada, Poynter. — agradeceu-lhe enquanto ele a ‘soterrava’ entre as cobertas. Ela não era friorenta como suas amigas, por isso odiava cobertores e por isso mesmo estava odiando tal auxílio dele.
— Não há de quê, cabeça dura.
— Não sou cabeça dura! Estou apenas preocupada com a situação de vocês.
não conseguiu sustentar por muito tempo o olhar que ele lhe dava. Não parecia ser meramente um olhar de preocupação perante o estado dela — havia tal sentimento, claro, mas ela também notava um grande carinho e desejo de proteção. Poynter a vinha olhando de uma forma diferente, ela diria mais instensamente, sendo constantemente flagrado olhando embasbacado para ela. Era como se o brilho que ela vira por um instante no dia anterior em seus pequeninos e verdes olhos, agora estivesse constantemente ali. Aquilo deixava sua pulga atrás da orelha completamente atiçada para conseguir entender a razão daquela mudança repentina.
— As fontes amaldiçoadas não vão sair do lugar se demorarmos alguns dias a mais do que o esperado. — ele ajeitava uma mecha do cabelo dela.
Para ela aquela cena não parecia mais a de um amigo cuidando do outro em situação de convalescença, a atmosfera estava se alterando com apenas eles dois ali no quarto: o leve toque dos dedos dele na lateral de seu rosto parecia durar uma eternidade e seus olhos voltaram a se encarar, incapazes de se desconectarem.
, eu... Queria te dizer... Uma coisa que eu venho...
A mente de Dougie entrara em pane havia alguns segundos, ele já não contava mais com a razão. De sua boca, palavras começavam a querer sair sem terem sido devidamente ordenadas e revisadas por seu cérebro. Aquele lhe parecia ser um momento oportuno: estavam sozinhos. Deveria ele aproveitar aquela chance de ouro? Ainda o observando e esperando por ele concluir sua fala, os olhos curiosos de cresceram mais ainda por detrás das lentes de seus óculos de armação roxa.
Dougie fechou seus olhos e respirou fundo algumas vezes — declarar-se é sempre algo difícil para quem deseja fazê-lo. A garganta se apoquenta com palavras que se ordenam sozinhas, mas quando chega a hora de proferi-las, elas se acovardam, recusando-se a sair.
— Eu estou apaixonado por você, .




Capítulo 46 - Literalmente versus nas entrelinhas

A polêmica discussão ficou em suspenso por alguns minutos após o retorno de para o seu quarto com a ajuda de Poynter. Apesar de Judd ser o mais ansioso por uma resposta concreta, não foi ele quem decidiu quebrar o silêncio:
— E aí? Vamos viajar ou vamos ficar? — perguntou Danny. — Vocês sabem que eu sou Maria-vai-com-todas, então decidam vocês.
— É Maria-vai-com-AS-OUTRAS!! — responderam , , Harry, James e Tom.
— Ah, é?! — perguntaram surpresos Danny e .
— Jones... — revidaram os demais. deixou escapar uma risadinha, mas ao ver seu ficante exclusivo fazer cara de cachorrinho sem dono, compadeceu e deu-lhe vários selinhos pelo rosto até vê-lo sorrir novamente. Para Tom a lerdice de Jones não era novidade, de fato, e ele muitas vezes queria acertar um tapa na nuca do amigo por ser tão... tão... Jones! Mas ver compartilhar da mesma lerdice fazia lhe parecer mais meiga. E o loiro começava a se perguntar que tão alto ficaria o pedestal no qual ele a estava colocando sem muito controle.
— Bom, — Fletch começou a dizer quando viu a oportunidade. — sei que todos nós queremos estar curados o mais rápido possível, mas também acho que seria complicado obrigar as meninas a escolherem entre ficar ou deixar a amiga para trás. — o empresário encarou por um breve momento a Harry, tentando abrir os olhos do baterista para um ponto problemático de sua insistência em seguir viagem.
— Sem dúvida que iríamos ficar com a ! — comentou convicta, mas ao olhar suas duas amigas no recinto, vacilou. Viu e hesitarem responder após dedicarem um olhar para Danny e Harry, respectivamente. — Bem, eu ficaria sem pensar duas vezes. — sua determinação atraindo a atenção de Tom para uma possibilidade a qual ele não gostaria de ver tornar-se realidade.
— Tudo bem... Vamos esperar. — Harry respondeu prontamente, sem muito ânimo, desejando evitar que as garotas entrassem em conflito, uma vez que e mostravam-se desconfortáveis com a situação após a declaração da outra amiga.
— Certo, então eu tentarei ver de ir para o meu quarto e tentar reprogramar a viagem. — Fletch levantou-se do sofá, mas de sua pasta inúmeros papéis caíram espalhados pelo chão.
Mesmo próximo ao empresário, James nada fez para ajudá-lo, seu corpo estava estático, apenas percorrendo com os olhos com rapidez por entre os papeis. Fazia-o quase instintivamente, não sabendo o porquê. Tom — que também estava perto — notou a inação do amigo e resolveu tomar uma atitude, ajoelhando-se no chão.
— Eu te ajudo! — manifestou-se o loiro.
Mal sabia ele que tinha a causa da bebedeira de James em suas mãos.
Dentre os vários papeis, houve alguns que lhe causaram estranheza em Fletcher, mas não lhe passou pela cabeça perguntar ao empresário o motivo de ele guardar consigo, além de mapas sobre a posição das fontes termais, panfletos de empreendimentos imobiliários todos em chinês. Estaria Fletch considerando a ideia de mudar-se ou comprar uma casa na China?
Já de pé, com tal dúvida em mente, Tom preparava-se para fazer sua pergunta ao empresário, mas este se mostrou mais rápido:
— Obrigado, Thomas! Verei de cuidar desse assunto já mesmo. — ele tomou para si os papeis com um sorriso de gratidão, guardando-os em sua mala e deixou o quarto.


Momentos depois, vendo que as meninas haviam se reunido no quarto de — que se encontrava desperta e sem mais ataques de vômito —, Dougie pensou que os rapazes também poderiam fazer a deles e confidenciar aos grandes amigos uma frustração pela qual passara recentemente:
— E então...? — perguntou James ansioso, um sorriso formando-se em seu rosto.
— ...
— E então?!?! — foi a vez de Harry perguntar, forçando Poynter a continuar sua história de declaração que fizera momentos antes para , quando estavam sozinhos no quarto dela.
Os cinco rapazes encontravam-se na cozinha, com a persiana de madeira completamente fechada para dar-lhes alguma privacidade, pois não queriam que nenhuma das garotas ouvisse o que não deveria.
— Ela vomitou... Literalmente.
— Hãn?? — Danny manifestou através da voz o estranhamento que todos carregavam em suas faces.
— É, ela se sentiu mal um pouco antes de eu me declarar com todas as letras e... — deu uma pausa antes de dizer derrotado: — E parece que não ouviu o mais importante.
— NÃO!! — Harry, James e Tom amarguraram a situação do amigo como se vissem o seu time de coração perder uma chance de gol em um importante campeonato.
— HÁÁÁ!! TROUXAAA!! — o sardento era o único que se acabava de rir com a história.
— Putz, cara. Tem certeza? — Tom perguntou.
— Sim, ela voltou pedindo desculpas, mas... Sei lá... A situação meio que me... brochou, sabe? — o loiro não sabia ao certo se era aquilo ou se na primeira declaração, ainda que falha, tivesse gasto toda a coragem que poderia reunir por toda uma semana.
— Se você quiser podemos dar um jeito de... — James ofereceu ajuda ao amigo, mas logo parou sua fala ao ver o loiro negar com a cabeça.
— Fiquem tranquilos. Vou deixar essa história de declaração mais para depois, quando ela já estiver melhor, talvez.
— Tudo bem, você quem sabe. — Harry disse.
— Como você quiser, mate. — Tom mostrou seu apoio também.
— Bem, já que o assunto do Poynter parece encerrado... — James passou a exibir um sorriso ladino. — Vamos ver, meu radar está louco me dizendo que alguém deste cômodo fez sexo! — ao ouvir aquilo, Harry tentou disfarçadamente sinalizar com a mão no pescoço para que o amigo deixasse aquele assunto morrer, mas o amigo não compreendeu seu sinal, e a atenção de todos já havia sido captada. — E o único que vejo como possível culpado é você, senhor Daniel Alan David Jones.
— Como?! — perguntaram sobressaltados Dougie e Tom.
O sardento limitou-se a sorrir com o canto da boca e a encarar o azulejo da cozinha:
— Culpado.
— Meu radar nunca falha! — James vangloriou-se.
— E você já sabia, não é? — Tom perguntou para Harry, apesar de seu esforço, o loiro notara o sinal feito pelo moreno antes. Apenas não sabia na hora o porquê daquilo.
— Sim, sim... Eu sabia! — Harry confessou. Não havia razão em manter segredo agora que o ponto principal havia sido dito e o principal suspeito confessado. — Só não estava a fim de que você descobrisse porque ninguém aqui iria querer ouvir aquele seu sermão sobre doenças venéreas novamente, Tom...
— Eu só estava querendo ajudar! Não é minha culpa se após terminar com a Izzy você se deitou com a primeira que apareceu e ela te passou-...!
— AH! AAHH!! AAAHHH!!! — o moreno gritara para impedir o amigo de continuar, garantindo de tapar com sua mão a boca de Tom. — Prometemos que nuuuuunca mais tocaríamos nesse assunto, lembra-se?!
— Pf-tá pt-bem... — Fletcher respondeu com a cara fechada, e concluiu quando Harry o libertou. — Prometo não dizer nada.
— Mas, então, como foi que isso aconteceu? — Dougie perguntou quando Danny voltou a ser o foco da atenção.
— De primeiro momento, na sala. — Harry entregou o amigo, deixando o outro de queixo caído.
— HEY!! — o sardento reclamou. — Você e a que chegaram cedo demais!!
— Vocês que não têm pudor algum!!
— Esperem... — Dougie fazia uma cara de pensativo. — Do que vocês estão falando?
e eu flagramos os dois! — Harry entregou novamente.
e eu fomos flagrados pelos dois! — Danny confessou na mesma hora que o companheiro.
Aquilo despertou longas gargalhadas dos três restantes, que se apoiavam nos joelhos ou na bancada para não caírem no chão pela falta de ar. E então Harry, sem dar-se real conta, disse em voz alta o que pensou na hora em que abriu a porta de seu quarto de hotel.
— A tem um bundão...
— OII?!
As risadas cessaram, os três vermelhos de tanto rir encaravam os dois morenos. Danny apresentava um semblante que misturava surpresa e indignação; enquanto Harry mostrava todo o seu desconcerto ao perceber que aquela ideia não ficara apenas entre sua mente e ele. Antes que Judd pudesse conseguir formular algo, viu o sorriso surgir na face do sardento e sua mão lhe dar tapas amigáveis nas costas.
— Dude! A sua cara! — ele ria, para alívio do moreno e dos demais. — E você está certo... Ela tem mesmo!
Danny finalizou o comentário com uma voz saudosista a um momento não tão distante, mas que já lhe causava saudades. Porém, como efeito adverso as suas intenções, aquilo fez com que Harry mais uma vez se recordasse do momento do flagra e com que os demais buscassem em suas mentes lembranças sobre os atributos curvilíneos da jovem moça.
— Ahh, minha , ninguém é páreo para ela! — Danny vangloriou-se.
— Pode até ser que ninguém a vença, — Harry começou a dizer. — mas não é como se a precisasse competir nessa categoria. Ela tem seus méritos, savy? — com suas mãos ele indicava a sua região do peito.
— Aaaaaaahhhhhhhh!
Começaram a rir os rapazes. Conversando normalmente sobre coisas banais como eles sempre fizeram, quando eram normais, quando a água não lhes transformava em outro ser, em monstros. E por um momento não havia a condição de amaldiçoados. Eram só eles, músicos, amigos, apenas jovens rapazes.


— E então? — perguntou, os olhos bem abertos, os ouvidos bem atentos.
— ...
— E então?!?! — perguntou inquieta. Pedindo a para contar o que acontecera quando estivera sozinha no quarto com Poynter.
estava deitada em sua cama, com e , cada uma ao seu lado, e parcialmente deitada no fim da cama.
— Eu vomitei.
— Hãn?? — as garotas perguntaram.
— Desculpa, gente! Mas meu estômago começou a dar um nó e antes que eu pudesse ouvi-lo, já tinha saído correndo para o banheiro vomitar.
As meninas explodiram em risadas, nem mesmo aguentou.
— Mas o que você acha que ele estava tentando te dizer? — perguntou , fazendo com que o silêncio voltasse.
— Eu não sei... Mas me parecia que ele estava prestes a se declarar para mim!
— Nossa!! — colocou-se ereta, surpresa com a alegação. — Será que você flechou o coração do Poynter??
— Acho que mais importante ainda do que isso é saber se o Poynter flechou você! — ponderou com calma ao ver hesitação na amiga ao tentar comentar algo sobre o que dissera.
— Será que o Dougie vai ser o primeiro cara capaz de fazer a “Rainha do Coração de Gelo” se apaixonar?? — fingia narrar a sinopse de uma novela, citando o apelido que a amiga ganhara na faculdade por jamais se deixar levar nas cantadas de seu inúmeros pretendentes.
— Olhem, eu não vou colocar minha mão no fogo dizendo que ele estava mesmo, mesmo se declarando. Apenas disse que naquele momento ele parecia estar prestes a se declarar... — ela esclareceu, deixando sua fala morrer ali.
realmente não sabia o que mais poderia dizer, ou como responder às perguntas das amigas. Ela não tinha mais certeza sobre o que pensar sobre Dougie: até pouco tempo atrás a relação deles não parecia ser outra coisa além de uma amizade iniciada de forma incomum e que se estreitou rapidamente devido à situação anormal dele e de seus amigos. Tinha medo de pensar a respeito sobre o novo e diferente jeito como ele a olhava e descobrir algo inesperado não só sobre ele, mas ela também.
Em todos aqueles anos ela jamais se apaixonara, mesmo tendo vários interessados ao seu redor. Já estava até se convencendo de que talvez ela tivesse mesmo nascido com um coração de gelo, incapaz de sentir algo tão forte e irracional como Amor. Houve apenas um cara que mexera com ela... E por isso tinha medo: tudo sempre desandava quando o “amigo” passava a querer ser seu “namorado”.
Seria mesmo Dougie capaz de derreter seu dito coração de gelo?
, por favor, pare com isso. — pediu de repente em muxoxo, trazendo de volta de sua pequena estadia em seu mundo bolha.
— Eu não disse nada, ué! — a menina fingiu-se de surpresa.
— Nem vem!— intercedeu pela amiga. — Você fica nos fuzilando com o olhar. Além disso, você quietinha é mau sinal...
— Mulher, fica tranquila. — foi a vez de falar, tentando ver se suas palavras teriam mais peso. — Elas duas me explicaram, e eu disse que entendo os motivos delas para quererem seguir viagem caso eu não pudesse.
— Não somos más amigas! — as duas amigas abraçavam cada uma a , fazendo bico para que as perdoasse.
— Ai, tudo bem. — respondeu derrotada. — Desculpem... É só que eu não sabia que vocês já estavam tão assim ligadas com o Danny e o Harry.
— Por falar em “ligadas”... — quis começar a fofocar, mas logo olhou timidamente para , hesitando.
— Deixa que eu mesma conto, . — respondeu com tranquilidade. — Eu não quero repetir o erro de manter segredos de vocês.
O comentário misterioso chamou a atenção de e , que eram as únicas que ainda não sabiam do ocorrido.
— Danny e eu... Bom, nós transamos! — ela deu de ombros, dando um sorrisinho nervoso no final. Estava com medo, principalmente, da reação de .
— Em que momento? Porque nós estivemos juntos quase todo o temp-... — começou a perguntar confusa, quando uma ficha lhe pareceu cair. — Espere! Não me vá dizer que foi...!
— Hoje, quando estiveram sumidos no Festival? — completou, também surpresa.
e assentiram.
— Está brava, mulher? — decidiu saber logo de uma vez, não gostava de rodeios.
— Bom... Anh, a vida é sua, . Você sabe a minha opinião sobre sexo, mas isso não quer dizer que você tenha que me imitar. Só espero que tenham tomado as devidas precauções!
— Ah, sim, nós tomamos as medidas necessárias.
— Menos a de trancar a porta! — disse e começou a rir, mas sua piada só fazia sentido para ela e .
Aquilo fez com que a jovem tivesse de explicar o caso de ‘invasão de privacidade’ de e Harry.
— Não! Sério? — perguntava já rindo ao imaginar a cena.
— Putz, mulher, que azar! — comentou.
Quando as risadas cessaram um pouco, pôde enfim fazer a pergunta que ela estava esperando havia um bom tempo:
— Mas e como foi, ?
— Foi incrível. Tudo de bom e mais um pouco...
— Muito mais, né? — sorria ladina. — Porque, pelo pouco que pude ver do Jones...
— OW! OW! OW! Informação demais para mim que sou tão pura! — interrompeu reclamando, tapando os olhos. Suas maçãs do rosto começava a avermelhar-se. A última coisa que queria era saber como eram os ‘países baixos’ do sardento.
As meninas riram da atitude da amiga.
— Continuando, — retomou . — Deu para notar que o Danny é... — a última palavra ela sinalizou com as mãos.
— Pequeno?! — perguntou confusa. Aquilo fez até , que ainda era capaz de ouvir a conversa, a destapar os olhos e levou e a caírem na risada.
— Nãão, mulher! — tratou de esclarecer. — Está pensando no tipo de medida errada: não é tamanho, é cumprimento.
— ...Ahh! — disseram e com certo assombro, e logo direcionaram seus olhares para , esperando dela algum depoimento sobre o comentário.
A jovem, vermelha, deu uma risadinha nervosa e afundou sua cara em um travesseiro que segurava em mãos.
— Aff, !! Sua tarada! Foi logo reparar nisso?! — disse, traços de riso ainda eram perceptíveis.
— Só comentei porque estava curiosa! Fiquei preocupava, afinal, vai que por um detalhe assim a coisa não...
— Entrasse? — tentou adivinhar o que a amiga diria, completando sem querer em voz alta. Aquilo provocou que o quarto de se enchesse ainda mais de risadas.
— Rola, mulher! — tentava esclarecer, secando com o dedo uma lágrima que lhe escapou por tanto rir. — Eu ia dizer “vai que a coisa não rola”!
— Bem... — tratou de recuperar seu fôlego. — Não se preocupem, deu tudo certo. E, sim, ele é. E... acho que já excedemos nossa cota de detalhes sórdidos!
— Ahhhh!!! — reclamou, cruzando os braços. — Pois bem, não espere que eu conte detalhes de quando Harry e eu...
A jovem dizia com desdém, até que notou o olhar significativo que as amigas lhe lançavam. Sabiam que no dia que aquilo acontecesse, não lhes pouparia detalhe algum, dado o gosto dela por fofocas.
Porém, logo os olhares de todas se voltaram para , que se virou sem aviso para observar atentamente a porta do quarto atrás de si.
— O que foi? Ouviu algo? — perguntou, sua voz falhando um pouco na segunda pergunta. Sua mente pensava em uma possibilidade, e estava preocupada com as chances do que pensava estar realmente acontecendo.
— Nada... é só que parece que desta vez os rapazes não estão espiando a nossa conversa. E é sempre assim, nesses momentos mais inoportunos, que eles se entregam sem querer.
O coração de voltou ao normal. A última coisa que queria era que os rapazes soubessem sobre o que ela e as amigas conversavam em particular.
— A menos que... — disse pensativa, e seu semblante sério atiçou novamente o nervosismo em . — Bom, você disse que o Harry estava com você na hora que os flagraram, não, ? — a jovem limitou-se a assentir. — Então talvez, como nós, eles estejam falando do mesmo assunto, mas com a imagem da pelada como foco.
Aquilo fez os olhos de praticamente saltarem:
— Ahh, nããão! Não, não, não, não, não!!




Capítulo 47 - A noite pode ser uma criança levada

— Ahh, nããão! Não, não, não, não, não!! — envolveu a si mesma com seus braços, em uma atitude defensiva. — Eles não podem ficar falando sobre mim!!
— Você pelada, não vamos nos esquecer desse detalhe. — acrescentou, temendo por sua vida ao notar o olhar assassino de sobre si.
— Não! Não! Não! Não os quero falando de mim!!
— Ué, eles estão sempre espiando a gente, quem disse que não podemos fazer igual? — sugeriu, um sorriso ladino surgindo em seu rosto.
As duas entreolharam-se e então se voltaram para , quem deu um sorriso amigável em resposta.
— Podem ir. Não me sinto enjoada no momento, mas prefiro não me arriscar nesta ‘missão’.
Assim, , e saíram do quarto determinadas a realizarem a recente ‘missão’: espionar os cuecas.
Sem dizer palavra alguma, apenas gesticulando com as mãos, as três dividiram-se ao saírem do quarto de . e iam pelas extremidades; enquanto , pelo centro da sala. Pé ante pé elas seguiam caminho e se utilizavam de objetos e móveis para mascararem sua figura caso os rapazes saíssem da cozinha sem prévio aviso. Voltaram a se unir quando chegaram próximo da porta da cozinha. Com cuidado, cada uma se colocou ao lado da porta, a fim de serem capazes de ouvir o que era dito do outro lado.
A primeira coisa que notaram foi o tom descontraído nas vozes dos rapazes:
— Pois eu pegava, hein? — a voz de Harry soou divertida. Os olhos de e abriram-se ao máximo, enquanto os de semicerraram-se.
— Se não fosse quem é, eu também! — Dougie comentou, havia certo pesar em sua voz, embora tivesse começado a rir logo após sua declaração. As meninas reprovaram não só mentalmente, mas externaram o desagrado com um aceno de cabeça. “Pobre ...”, pensaram as amigas em conjunto. Àquela altura, as bochechas de já estavam avermelhando-se.
— Ficaríamos todos tentados, só babando. — Tom comentou. desapreciou tal comentário, olhando de soslaio para a amiga, que estava de costas para ela, e tentando reprimir o feio sentimento da inveja.
— Também! — foi a vez de se ouvir a voz de Danny manifestar-se. — Quem não ficaria? É muito peito e muita bu-...
— PPAARREEMMM!!! — a voz estridente de invadiu o local, e uniram-se ao seu grito os das outras duas amigas, que se desequilibraram quando o apoio, a porta, deslocou-se. Assim, o movimento brusco de foi atrapalhado pelos corpos de e , que caíram sobre ela.
— Mulher! Não faça algo assim sem avisar! — ralhou enquanto tentava recompor-se.
— O que vocês...? — Danny começou a perguntar, mas para os demais a ficha não demorou a cair.
— Vocês estavam nos espionaando?? — a voz de Harry soou em tom de deboche.
— Duvido muito que elas fossem capazes de tal coisa, mate. — Dougie cruzou os braços, com um olhar desafiador. — Afinal, elas nós disseram mil e umas da última vez que fizemos isso.
— Acho que alguém nos deve um pedido de desculpas por ficar ouvindo através da porta. — James entrou na onda, lembrando-se com certo gosto por vingança que coube a ele desculpar-se sozinho por terem as espionado na última vez.
— É, nós estávamos espionando mesmo! — entregou o jogo, dando um passo à frente para que , que estava bastante envergonhada ainda, ficasse escondida atrás dela. — E ouvimos muito bem seus comentários, bando de tarados!
— Eu não sei o que vocês pensam que ouviram... — Dougie comentava, até que outra voz o cortou.
— Danny... Como pôde deixar que... — começou a dizer, sua voz um tanto fraca. Sua atitude em abrir a porta e pedir que parassem fora por ver Danny permitir que falassem tão abertamente dela. Não cabia ao seu ficante-exclusivo defender sua imagem e impedir que outros caras falassem com desejo de seu corpo? Ele não devia ficar com ciúmes e cessar qualquer comentário?
A vontade de era de acertar suas mãos no belo rosto de Harry. Era óbvio que, como qualquer pessoa, Harry apreciava quem fosse bonita. O que é bonito é para ser apreciado, certo? Certo. Mas precisava ser justo sua amiga?! Ainda mais uma declaração daquele tipo?! Ele podia ter meramente a elogiado. Qualquer pessoa com o mínimo de noção em relacionamentos sabe: a amiga da sua mulher é homem!
Harry estava bem ciente dos possíveis pensamentos que preenchiam a cabeça de , por isso mesmo mantinha um maldito sorrisinho debochado para ela.
Tom estava admirado. dedicava-lhe um olhar que parecia querer o seu mal. “Ciúmes?”, chegou a pensar, contendo uma risada, pois a ideia divertia-lhe.
— Como você deixou que falassem isso de... — a jovem suspirou fundo antes de retomar sua fala e terminá-la.
— De James? — perguntou Danny, o único dos rapazes ainda alheio ao que as jovens pensaram que se passara na cozinha. — Ué, mas ele sabe que estamos falando besteira só!
— Quê?! — as meninas perguntaram confusas.
— Sobre a transformação dele. — Danny tentou deixar mais claro. Os rapazes atrás dele tinham imensos sorrisos estampados em suas faces, forçando-se para não rir. — Estávamos falando sobre a versão feminina gostosa do James.
Petrificadas de vergonha — ainda mais agora porque sabiam que os rapazes estavam cientes de que elas haviam se equivocado —, as meninas concordaram com um aceno para a explicação de Danny. Ao menos a insegurança no coração de dissipara-se. Ela estava contente outra vez, recriminando-se um pouco pelo que pensara sobre seu ficante-exclusivo, é claro. Mas por sorte, na visão dela, mau-entendidos são mais fáceis de serem resolvidos do que más atitudes, ou a falta delas.
— Eu ainda quero nossas desculpas. — James fez manha.
— Annh... Venha, Danny! — foi rápida em pegar na mão do ficante-exclusivo e conduzi-lo para fora da cozinha. — Está beeem tarde e eu gostaria de dormir um pouco. Vamos nos despedir da e ir dormir. Boa noite, povão!
— Boa noite! — Danny acenou feliz enquanto saía pela porta vai-e-vem. Ainda ignorante aos acontecimentos.
— Uma se foi, restam duas. — Harry disse, arrastando-se ao pronunciar as palavras, como se decretasse uma sentença. Seu olhar indicando que esperava que desse a cara a tapa.
— Tudo bem! — disse resignada, quebrando a expectativa do moreno, pois sabia o quanto o orgulho era importante para a amiga. — Nos desculpem. Fizemos justo aquilo que brigamos com vocês para não fazerem.
— Agora, que tal cada um de nós ir para seu quarto e ver de dormir? Foi uma loonga noite. — propôs com um sorriso colgate. Feliz pela ajuda da amiga e satisfeita em ver o sorriso de Judd desfeito.
— Mas e a , como fica se ela precisar de algo?
— Ah, qualquer coisa ela me dá um toque. Meu quarto fica do lado do dela. — comentou.
Uma ideia passou rápida como um raio pela mente de cupido de .
— Mas e se você cair no sono e não a ouvir te chamar, mulher? Já pensou nessa hipótese? — disse, mãos no quadril. — Acho que seria bom se cada um de nós pudesse ficar um pouco ‘de guarda’, sabe?
— Tá, mas...
— EU VO-vou primeiro. — Dougie não conseguiu mascarar muito o seu desejo em estar ao lado de . De primeiro instante todos voltaram seus olhares para ele, surpresos.
Aquela situação foi suficiente para que captasse as reais intenções da amiga ao sugerir aquilo. Certo, se ia bancar o cupido, aquilo só significava que ela teria de ficar ainda mais a postos para livrar a amiga de qualquer momento romântico tenso. Ou seja, teria o dobro do trabalho. Vela Humana Mode: On!


— ...E o Poynter aqui se ofereceu para cuidar de você, queridinha!
A maioria encontravam-se reunida no quarto de . estava entre Dougie e Harry, havia algo de estranho nela: a forma como seu sorriso e tom jovial pareciam levemente forçados. Estranho para os rapazes, mas sabia bem o porquê daquilo: a amiga sempre ficava empolgada demais com a ideia de bancar o cupido. Ao ouvir a declaração de , os olhos da menina arregalaram-se minimamente, passando secretamente a procurar desesperada por uma figura que, para sua sorte, não tardou a aparecer. Era , com seu travesseiro embaixo de um braço e seu pijama debaixo do outro.
— O que é isso, mulher? — perguntou quando viu a recém-chegada jogando seu travesseiro sobre a cama da amiga e já retirando seu tênis de qualquer maneira.
— Ué, vou dormir aqui. — respondeu, fingindo-se de ignorante quanto ao plano de , que a olhou aturdida. — Os pais da vão nos matar se souberem que ela dormiu num quarto com um rapaz. Então, é melhor eu ficar aqui.
podia xingar até a última geração de descendentes da amiga, mas não podia discordar dela. E mesmo que levasse em conta que elas moraram por um certo período de tempo no mesmo teto que o McFly, nunca houve uma situação onde tivesse dormido no mesmo cômodo com um deles sozinha.
A jovem não sabia o que argumentar para poder criar uma situação onde e Dougie pudessem ficar sozinhos. Acreditava que o melhor momento para ter seu coração fisgado era em uma situação ‘enfermeiro-paciente’ com Poynter — esse é o tipo de cenário que arrebata o coração de qualquer mulher, segundo ela.
— Bom, é melhor irmos saindo. — Harry sugeriu, com um bater de palmas solitário. Ele tinha seus próprios planos, e tentando remendar o sol com a peneira não o ajudava. Sua mão pousou no braço dela, guiando-a para fora do quarto. — Até mais tarde, povo! Bons sonhos!
— Bons sonhos nada, nossa festa do pijama está só começando! — sorriu sapeca enquanto dava uma piscadela e fazia o sinal de vitória com os dedos para os que se despediam, tentando abafar ao máximo uma risada ao ver a cara de frustrada da amiga.
— Festa do pijama? — James perguntou, seu rosto mascarava melhor do que sua voz a vontade que tinha de rir da cara de Dougie. Sentia pena do amigo naquele momento.
— Querem participar? — perguntou amigável, com um sorriso. — Quanto mais gente, melhor. — porém, não compartilhava tanto daquele pensamento. Sim, mais pessoas iriam disfarçar melhor seu papel de vela, mas ela não sabia se poderia seguir atuando normalmente na presença de Tom, ao menos não naquela noite. Ela adorava poder estar ao seu lado, mas era torturante ao mesmo tempo ter de fingir que não ligava para o sentimento de paixão que seu coração bombeava para todo o seu corpo.
— Acho que desta vez vamos ter de recusar. — Tom respondeu, sua covinha aparecendo minimamente. Enquanto falava, pousou sua mão sobre o ombro de James e apertou-lhe discretamente, sinalizando que deveriam sair.
— Annh, ok. Então, boa noite! — James disse com um aceno.
Após as despedidas, saíram do quarto.
Os três que ficaram entreolharam-se por algum tempo sem saber bem o que dizer.
— Você se lembrou de trazer, mulher? — perguntou em um dado momento.
— Anh...? Ah, sim! — praticamente golpeou sua mão contra a testa. — O baralho.
— Legal! Vamos jogar cartas? — perguntou Dougie. A situação não era bem como ele esperava, mas ele não estava tão frustrado como os amigos pareciam pensar. Afinal, ele só tinha certeza de que gostaria de estar próximo de , não estava buscando meios para ficar à sós com ela e declarar-se uma segunda vez.
— Quaaaase. — respondeu risonha, aquilo despertou imediatamente um olhar desconfiado em Dougie. Com os jogos nunca eram tão fáceis ou simples como as demais pessoas costumam jogar.
— Conhece o jogo “Que sou eu”? — perguntou enquanto segurava um jogo de cartas em mão e três lápis, itens que ela sacara de uma bolsa de veludo preta.
— É mais ou menos isso... — deu uma demonstração. Tomando uma carta de baralho para si, escrevendo algo nela e logo em seguida passou um pouco de sua língua no verso, e então colou a carta em sua própria testa. “Hello Kitty” estava escrito na carta.


No quarto de hotel 714 de Danny e Harry, encontrava-se agora devidamente acomodada na cama de Jones. O sardento saiu do banheiro desligando a luz e logo se juntou ao corpo menor do que o seu da ficante-exclusiva. E como no jogo Tetris, ele foram aproximando-se e ajeitando-se até se acertarem em uma posição que lhes permitissem ficar colados e confortáveis.
Com a cabeça deitada na região do peitoral do moreno, ergueu-se um pouco, apenas o suficiente para encarar o rosto dele na escuridão — apesar de ser noite e das cortinas fechadas, havia certa luminosidade no quarto.
A curiosidade na ponta da língua. Incapaz de silenciar-se.
— Danny? — ela esperou por qualquer sinal de que ele ainda estava acordado para prosseguir. — Você chegou a falar algo de mim com os rapazes enquanto estavam na cozinha?
O rapaz sentiu um tom mais sério em , junto com uma pontada de insegurança. A ficha então caiu para ele. A situação inusitada das meninas os espionarem fez sentido. Por sorte, o embalo para juntar as peças do quebra-cabeça o fizeram prever o que a jovem pretendia com aquela pergunta, e o porquê do seu tom de voz.
— Eu cheguei a comentar com os guys o que nós fizemos. — respondeu quando já não aguentava mais esperar. — Não ia dizer nada, mas o Harry é um linguarudo e parece que ninguém escapa do ‘radar de sexo’ de James Bourne.
— Radar do quê? — a jovem perguntou espantada. — De sexo...?
— Não fui eu quem inventou isso, foi ele. — Danny comentou, juntando-se a nas risadas.
— E... bom, o que mais ou menos você disse sobre mim? — e com aquela pergunta o moreno teve certeza de que raciocinara corretamente.
A jovem ao seu lado estava com receio do que um bando de marmanjos poderia ter dito a respeito dela: seu corpo e desempenho. É normal ficar curioso, desejar saber o que foi dito sobre você, seja para o bem de seu próprio ego ou por insegurança. Porém, Danny sabia que os comentários que ele trocara com seus amigos e os dela com suas amigas deveriam permanecer em segredo um do outro. A satisfação de descobrir sempre deixa um gosto amargo, de arrependimento. E se estava insegura, era mais recomendado ainda que não descobrisse.
— Nada de muito específico. Certas coisas merecem ficar na intimidade do casal. — ele a acariciou gentilmente, fazendo uma anotação mental para dali em diante ser mais cuidadoso com seus comentários sobre eles, era o tipo de garota que requeria esse tipo de zelo para não magoá-la ou deixá-la em uma situação desconfortável.
Sua resposta, ainda que curta, apaziguou a curiosidade de por completo. Ficou satisfeita em saber que seus momentos de intimidade não transitariam pela boca dos demais. Ela só precisava garantir de ter a mesma atitude e ser capaz de preservar certos detalhes de seu relacionamento com Danny. Sentiu que as amigas pareceram ter descoberto muito durante a conversa de antes, e por isso mesmo tomaria mais precauções.
Voltou a aconchegar-se no peito do sardento. Deixando-se desfrutar do calor que seu corpo emanava, acalmando e deixando-a sonolenta. Agora ela podia dormir tranquila.


Harry e encontravam-se em frente ao quarto de hotel que ela deveria dividir com — a amiga encontrava-se no quarto de Danny, e só Deus sabia o que faziam.
— Bomm, acho que é “Boa noite”, então. — disse hesitante, depois de minutos de silêncio desde o quarto de .
Para , o moreno estava bravo com ela por tê-lo espionado na cozinha, e mais ainda por ela não ter pedido desculpas por tal ato. Afinal de contas, as meninas e ela faziam um escândalo quando descobriam que estavam sendo espionadas.
Eles estavam parados um de frente para o outro, a jovem torcendo por uma atitude dele que mostrasse que não estava tão bravo quanto ela pensava, mas a espera a estava matando. Discretamente, mordeu seu lábio inferior ao mesmo tempo em que fez uma leve careta: detestava ferir seu orgulho, mas precisava pedir desculpas.
— Posso dormir com você?
A voz dele saiu baixa, quase inaudível apesar da proximidade. estava certa de que havia escutado errado, voltando-se para encará-lo com uma segunda careta e ainda mordendo o lábio.
Viu Harry contrair seu corpo e os músculos do rosto em uma leve risada, ela estava engraçada.
— Posso dormir com você... No seu quarto? — ele perguntou novamente e acrescentou, apenas para evitar equívocos e mau-entendidos. Ao ler seu rosto, pôde ver o receio de Harry em ouvir sua resposta.
— Annh... — a jovem engoliu em seco. Seu coração acelerou.
Gostava dele? Sim. Gostava de sua companhia? Sim. Gostaria dele ao seu lado aquela noite? Sim. Gostaria de ir para a cama com ele?
Sim ou não?
A resposta não vinha tão fácil para tal pergunta como para as demais.
Estava apaixonada por Harry, fato, ele era capaz de fazê-la suspirar feito uma adolescente boba, deixar suas pernas debilitadas para sustentá-la, deixá-la sem fôlego com seus beijos sempre tão intensos, e seu olhar lânguido.
sempre detestou bancar a ‘boboca-apaixonada’, mas era curioso como Harry fazia com que assumisse esse papel sem nem ao menos parecer ter tal objetivo. E fascinava-lhe perceber que Harry parecia partilhar do mesmo sentimento: ele adorava exibir seu lado garanhão para todos os lados, entretanto, perante ela, mesmo que em poucos momentos, ele parecia mais um BV apaixonado pela primeira vez.
Ela era sua kriptonita, da mesma forma que ele era a dela.
— Alô? Terra chamando ? — ele balançava sua mão grande mão de baterista em frente ao seu rosto.
— Oi! — ela respondeu um tanto desnorteada, saindo de seu momento de divagação solitária. — O que foi?
— Você ainda não me respondeu. — aquilo a fez corar um pouco.
Como responder àquilo sendo verdadeira consigo mesma e sem decepcioná-lo?
Viu então um sorriso ladino se formar no rosto dele, aproximando-se dela para sussurrar em seu ouvido:
— Estou cansado demais para fazer o que você está pensando... — ele afastou-se um pouco, apenas o necessário para ver os efeitos de sua revelação em seu rosto, e aproximou-se novamente para completar: — Mas eu realmente gostaria de ter a sua companhia para dormir de verdade.
Ao terminar a frase, deu um beijo demorado na bochecha dela. Ela seguia corada:
— No seu quarto ou no meu? — perguntou por fim.
— Seu. — ele respondeu, fazendo uma cara engraçada. — Não quero ter de entrar na toca dos coelhos outra vez.



Capítulo 48 - Darling, you give love a bad name [parte 01]

— Eu não sei você, mas eu teria gostado de participar da Festa do Pijama... — James comentou assim que Fletcher fechou a porta do quarto de hotel onde estavam as meninas e Poynter.
— Eu sei. Acho que até eu teria gostado, mas eu precisava conversar com você.
— Sobre?
— Vamos conversar no meu quarto. Não quero ninguém escutando o que não deve. — Tom declarou, causando estranhamento em James, levando-o até a franzir o cenho.
Tom abriu a porta do quarto de hotel ao lado e abriu espaço para que o amigo entrasse, que foi logo se jogando no sofá da sala, ocupando-o por inteiro.
— Sobre o que quer falar em particular? — perguntou curioso.
— Sobre o Fletch.
— E isso precisa ser tratado como algum segredo de estado? — James mostrou-se confuso.
— Não, mas Fletch recém agora parece ter aceitado as meninas. Não quero elas pensando mal dele. Ou os demais. Na verdade, nem eu quero, mas...
— Mas?
— Você viu como ele estava estranho hoje? Todo possessivo sobre aquela mala. E você ainda ficou fora do ar quando os papéis caíram. — o loiro estava inquieto. Andava de um lado para o outro da sala, e aquela sua movimentação agitava a James também. — O que houve ali? O seu sentido de aranha te avisou de algo?
Tom olhava apreensivo para James, que parecia ponderar sobre as últimas palavras do amigo. Tratou de se recordar no que pensara naquele instante em que todos os papeis voaram até o chão.
— Acho que... na hora... vi uma cena, uma lembrança de quando estava bêbado. Eu... Eu mexi com esses papeis. Mas nem ideia do que posso ter visto de tão importante entre aquela papelada toda no dia em que bebi.
— Bom, mesmo que você não consiga se lembrar... — Tom tentava organizar suas ideias, formar planos. — Nós ainda podemos descobrir!
— Como assim? Quer tentar bisbilhotar a mala do Fletch? — James viu o loiro confirmar positivamente. — Mas você mesmo acabou de dizer que o Fletch está todo possessivo sobre a mala!
— Sim, mas ele não pode estar com ela 24 horas por dia. Há momentos em que ele se separa dela. E devemos aproveitar um desses momentos para justamente checar o que há entre aqueles papeis.
— Hum, é, é possível.

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— Só espero... — Tom sentou-se no sofá de dois lugares posicionado em frente ao que James encontrava-se. A euforia das ideias havia acabado, agora, restava apenas o receio, o medo. — Que seja algo que vá dificultar nossa chegada às fontes amaldiçoadas ou coisa do tipo, e não o fim da nossa chance de cura.
O clima antes não era dos mais felizes, mas parecia ter assumido uma atmosfera ainda mais negativa.
— Eu não sei... — começou a dizer Tom, de repente abaixando a cabeça e massageando sua testa com a mão. James se perguntou se ele iria chorar, ou se já estava. — Eu não tenho ideia do que fazer com a minha vida se tudo isso não tiver uma saída.
— Oras! Você e os mcgays vão voltar com a turnê, compor mais músicas, produzir mais discos, fazer mais shows, e você vai se declarar pra , chamá-la para sair num encontro bem legal e então pedi-la em namoro...
— JAMES! — o grito fez com que o loiro se encolhesse um pouco no sofá. Tom tinha os olhos bastante avermelhados, mas não derramava nenhuma lágrima. — Não alucina, por favor! Que tipo de vida acha que vamos levar se não formos curados?!
— A mesma de antes — ousou responder, sabia que não era aquilo que o amigo esperava ouvir. —, talvez com algumas restrições aqui e ali quando se tratar de água, mas eu não deixaria de viver minha vida por conta disso.
Tom bufou, olhando-o com descrença. Levantou-se do sofá e seguiu até a porta de vidro de correr que levava a uma sacada pequena. O nascer do dia começava a despontar no horizonte.
— Eu não costumava pensar assim, sabia? — James se pronunciou, surgindo ao lado do loiro. — Queria a cura mais do que tudo, igual a vocês.
— E o que mudou então? — Tom fungou, abraçando a si mesmo com mais força por conta do frio que fazia.
— Livie. — a testa de Tom contraiu-se para aquela resposta.
— Quem é...?
O visor do celular de James foi aproximado de seu rosto, na tela, a imagem de James ao lado de uma garota. O loiro forçou sua memória, mas não se recordava daquela pessoa.
— Você não a conhece... Ainda. — James voltou o celular para si mesmo. Suspirando antes de bloquear o celular e devolvê-lo para o bolso de trás da calça jeans preta desbotada. — Tem uma música que diz que a gente só sente falta do sol quando começa a nevar; só odeia a estrada quando sente saudades de casa; que só descobre o quanto estava bem, quando se encontra no fundo do poço;... E que só sabe que está amando quando deixa essa pessoa partir. Mas eu não a deixei partir, eu a abandonei.
Estavam ambos sentados no chão da sacada. Os primeiros raios de sol acercando-se aos poucos e muito lentamente de seus pés. O frio tornando a continuação da conversa mais difícil.
— Me encontrei com ela na véspera do dia que viemos para a China justamente para avisá-la sobre a viagem. Certo de que o melhor era estar curado para então oficializar algo com ela, antes de namorarmos em público.
Tom acompanhava atento à história, impressionado em descobrir tudo aquilo sobre o amigo. Perguntando-se por que James estava se abrindo somente naquele momento, por que não o fizera antes.
— Você sabe, estamos nesse mundo de fama, fãs, paparazzi, fofocas e boatos há um bom tempo. São coisas que podem acabar com relacionamentos muito rápido. E para quem nunca esteve sob os holofotes é difícil lidar com tudo isso. Não achei que Livie merecesse ter de lidar com todos esses problemas e ainda namorar um cara que vira mulher. Sei que seria muito egoísmo da minha parte, seria pedir muito dela...
— Você fez o certo. — Tom tratou de oferecer algum apoio ao amigo.
— É, mas só depois que fiz o “certo” — James fez aspas com os dedos. — é que vi o quanto eu estava errado. Ser egoísta quase nunca é bom, talvez apenas quando você tem a chance de alcançar uma felicidade única, difícil de conseguir. E eu sei agora que minha felicidade é ao lado dela, porque eu nunca estive tão sem chão por sentir falta de alguém.
— Só que se você a tivesse pedido em namoro antes e... — Tom tentou argumentar.
— E o quê? — James retrucou um tanto rude. — Não encontrássemos a cura? — sorriu com desdém. — Então a vida seguiria, com ela ao meu lado.
James via a hesitação do amigo em querer lhe dizer algo.
— Livie se apaixonou por mim já estando amaldiçoado. Posso não ser o príncipe dos sonhos, já que água gelada me faz virar uma garota, mas isso não me impede de ter algo com ela. Livie está lá em Londres esperando por mim e, por mais que seja um inconveniente a maldição, eu sei que ela vai aceitar feliz em ser minha namorada mesmo se eu chegar lá sem estar curado.
— E como você tem tanta certeza?
— Porque ela começou a gostar de mim antes de saber da maldição, quando ainda pensava que eu era apenas sua amiga.—James viu os olhos de Tom arregalarem-se, e isso o levou a sorrir um pouco convencido. — Não foi pela minha aparência como James homem que ela se apaixonou, muito menos pela versão mulher... Foi por quem eu era por dentro, minha personalidade, meu caráter.
Era possível ler a expressão de Tom e ver que ele tentava assimilar o que o amigo disse. Houve silêncio por alguns minutos. James queria dar tempo para que suas palavras fossem absorvidas de verdade.
— A te conheceu já amaldiçoado e, mesmo assim, se apaixonou por você. E ela ainda vai estar apaixonada por você no segundo seguinte se descobrir que não há cura alguma. Ela gosta de você independente de vê-lo sobre quatro patas e com uma cauda de vez em quando.
James levantou-se sem aviso. Sentia como se houvesse aliviado um grande peso do peito — muito embora não tivesse se livrado dele completamente, e nem poderia: era a saudade. Sentia que agora seria possível deitar sua cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. Respirou fundo, e deu um último conselho a Tom antes de sair em direção ao seu quarto de hotel:
— Espero que não a deixe escapar para só então ver que gosta dela também. Porque o amor vem devagar, mas se vai muito rápido também.


esperava ansiosa por Harry enquanto jogava algum jogo bobo no Iphone dele. Ele encontrava-se no banheiro de seu quarto, trocando-se e se arrumando para deitar e dormirem. Olhava insegura para seu próprio pijama: uma regata lilás e uma calça branca de tecido fino com listras rosa e lilás. Não era muito sensual, mas também não muito revelador. Teria escolhido bem? Apesar de que não era seu objetivo atiçá-lo. Segundo o próprio rapaz, ele só queria dormir em sua companhia — garantiu-lhe de que não havia segundas intenções.
não podia compreender por que estava tão inquieta.
Estava bem claro para ela que não queria chegar aos ‘finalmentes’ com Harry ainda, mas não queria aceitar a ideia de simplesmente ir dormir ao seu lado.
Precisava de um pouco de ação. Era isso.
Era Harry Judd que dormiria ao seu lado: um homem lindo, gostoso, tigrão. Ela não podia simplesmente deitar-se ao seu lado sem tirar uma casquinha.
O dito cujo finalmente saiu do banheiro enquanto tentava convencer a si mesma de que não havia nada de errado em ela ser um pouco fogosa, sabia bem quem a levava a esse estado, e ele agora estava em seu campo de visão, parecendo mais irresistível do que nunca.
— Dormir? — ele perguntou com um sorriso, sentando-se no lado da cama vago.
Viu sorrir ladina e engatinhar até perto dele, hipnotizando-o, movendo a cabeça em um sinal negativo que ele chegou a acompanhar no final.
— Não? — ela o cercou com seus braços em volta de seu pescoço e percorreu sozinha o percurso até seus lábios, já que Harry parecia petrificado.
Estava inebriado. Tinha um fraco por mulheres de atitude — ainda mais quando tais atitudes se davam em um quarto.
então cortou o beijo, puxando a cabeça de Harry para trás através dos cabelos gentilmente:
— Mas isso não quer dizer que a gente vá...
— Eu sei. — ele respondeu, quase sem fôlego algum. — Caras sabem quando uma garota ainda não está pronta para esse tipo de coisa. — a jovem deixou escapar uma risada, levando o rapaz a franzir o cenho.
— Tenho minhas dúvidas quanto a isso.
— Ei, uma coisa é saber e outra é respeitar.
— Humm, que gentlemen é você...
— Queridinha, eu sou O gentlemen! — ele respondeu, encurtando a distância antes ditada por e abafando sua risada espontânea em reação à sua piadinha.


Quando James retornou ao quarto 713 que dividia com Fletch, a lembrança da mala do empresário lhe veio logo à cabeça.
Pela sala não havia nenhum rastro dela, e se Fletch estava sendo realmente possessivo e cauteloso quanto ao objeto, como afirmava Tom, não a largaria em qualquer lugar. Seguiu pé ante pé com cuidado, para não fazer qualquer barulho, e com a mão na maçaneta do quarto de Fletch, abriu a porta gentilmente.
Percorreu o quarto com olhos rapidamente, atento a onde poderia estar localizada a tal mala de negócios. Ela não deveria ser tão difícil de se encontrar: de couro, marrom e abarrotada de papeis.
Bingo!
Infelizmente, a mala estava no criado-mudo ao lado da cama de Fletch. E apesar da curiosidade de James em saber o que poderia tê-lo levado a beber naquele dia, não se sentia ousado o suficiente a arriscar-se a surrupiá-la temporariamente. Era perigoso demais.
Precisava criar um plano para poder verificar o que havia naquela mala, e sem a presença de Fletch. E sabia que precisava da ajuda de alguém para isso.


Era cedo pela manhã quando a campainha do quarto 717 tocou, era Fletch desejando saber como havia passado o resto da noite e como se sentia. Surpreendeu-lhe saber que a garota passou o tempo entretendo-se ao lado de e Dougie ao invés de repousar calmamente e recuperar suas forças.
— Muito bem. Queria ver como estava antes de ir até a Estação de Central comprar novas passagens. — Fletch explicou em um sorriso gentil. — Mas tente descansar, certo? Descansar de verdade... — olhou significativamente para os amigos de , que sorriram amarelo, parecendo entender o recado.
— Bom, , creio que o Fletch tem razão. — Dougie começou a dizer logo após a saída do empresário. — Precisa de descanso para melhor completamente.
— Ahhh... — ela fez muxoxo. — Estraga-prazeres.
O loiro sentiu certo aperto em seu coração ao vê-la atuar daquela forma levemente infantil, mas tão característica dela. Ele não queria privá-la de nada, mas não a queria debilitada de saúde.
— Mas precisa, mocinha! — respondeu ele, fingindo-se de sério, enquanto apertava a bochecha da menina como se ela fosse uma criança. Dougie não conseguia parar de pensar em como ela era adorável.
— Annnhhh... — começou a dizer, surpresa pela cena que assistia de camarote, imaginando que deveria estar desnorteada pela atitude do rapaz. — Então... Então vamos dormir! Ha-ha-ha!
Dougie soube que aquela era sua deixa para voltar ao seu quarto. Por mais que não quisesse ter de deixá-la, era preciso. Queria poder ficar e velar o sono de , só nessa situação poderia se perder em pensamentos e encará-la sem medo de que ela o flagrasse — a menos quando viesse a acordar. Porém, ela já tinha alguém ali para fazer isso, .
O rapaz despediu-se das duas, esperançoso por um milagre onde iria lhe pedir que ficasse ao seu lado. Mas enquanto fechava a porta do quarto, nenhuma palavra com pedido semelhante foi dita. Ele colou-se vagarosamente à porta e deixou um suspiro de decepção escapar antes de recompor-se e seguir caminho para o seu devido quarto de hotel.
Ainda dentro do quarto, as meninas esperavam pela hora em que seria seguro conversarem sobre o que havia acontecido ali momentos antes sem serem ouvidas. Após algum tempo, levantou-se da borda da cama da amiga e dirigiu-se até a porta do quarto, observando se o quarto de hotel encontrava-se vazio. Retornou fazendo um aceno positivo com a cabeça, sorrindo pastel quando se sentou à cama novamente.
— Dude! O que foi aquilo? — perguntou incrédula.
— Owwwnnnn, , você é tão fofinha!! — respondeu , fazendo-se passar por Dougie através da voz e aproximando-se da amiga com ambas as mãos estendidas para lhe apertar as bochechas.
— Saí, praga!
— AI!! — reclamou a outra quando suas mãos receberam um tapa da amiga. — Maldosa... Mas então, mulher... — ela começou, brincando com seus dedos indicadores. já imaginava de antemão sobre o que a amiga iria falar. Para bem ou para mal, sempre fazia o papel de seu cupido ou ‘des-cupido’. Ela tentava ajudar no que podia os pretendentes da amiga, fosse falando bem do rapaz ou fornecendo-lhes informações sobre seus gostos e passatempos preferidos; mas também atendia aos pedidos da amiga de bancar vela em passeios ou encontros. Então era de se esperar que ela fosse tentar ajudar Dougie em certa medida. — O que você acha do Poynter?
— Eu o vejo como um grande amigo, você sabe. — deu de ombros.
— Mas acha que poderia sentir algo diferente por ele? Ele poderia chegar a ser um Alex?
Os olhos de se abriram ao máximo.
— Mulher, não fale no nome dele assim! — repreendeu em um sussurro quase desesperado.
— Calma, não tem ninguém aqui para ouvir nossa conversa. — a menina assegurou.
seguia apreensiva, se seu segredo fosse descoberto depois de tanto tempo, Fletcher ficaria viúvo antes mesmo de se casar com sua amiga.
Houve apenas um cara que mexera com ela... E esse cara era Alexander.
Por ele chegou a pensar que estava compreendendo a expressão “borboletas no estômago”, o único problema é que, além de ele ser o irmão de , ele engatou um namoro com justo quando ela começou a sentir-se atraída por ele.
Aquele era um segredo que ela escondia a sete chaves das duas amigas para evitar problemas e que apenas sabia.
— Eu não sei, mulher. — respondeu, flexionando os joelhos e apoiando a cabeça neles, enquanto seus braços rodeavam suas pernas. — Eu nem tinha ideia de que o Poynter pudesse estar sentindo algo por mim! Foi de repente! Do nada!
— Do nada não pode ser. Ele deve gostar de você há algum tempo se quase se declarou!
— Eu não sei... Se gostava, não dava pista alguma disso.
suspirou, deitando-se com a cabeça apoiada em seus braços, no sentido contrário da cama da amiga.
— Bom, mulher, veja se o Poynter consegue mexer com o seu coração. Afinal, ele não está na categoria “proibido”, como o Alex. — aconselhou e finalizou com uma provocaçãozinha. Ela nunca ficou satisfeita com a decisão de de esconder seus sentimentos pelo rapaz. Tudo bem que pegava meio mal estar interessada pelo ex-namorado de uma amiga, mas Alex tinha o mérito de ter sido o único cara a deixar apaixonada, valia a pena quebrar as regras por alguém assim.
— Pensarei, prometo. E tente não se encantar pelo tampinha... — desconfortável, respondeu na mesma moeda. Não raro, acabava caindo de amores pela maioria dos pretendentes da amiga. E mesmo que lhe desse o aval para tentar algo com um deles — pois nada sentia por eles —, a menina não queria se passar por fura-olho.
— Não precisa se preocupar com isso, mulher. — respondeu, rindo com certa tristeza. — O loiro de quem eu estou gostando tem olhinhos castanhos, não azuis.


Capítulo 49 - Darling, you give love a bad name [parte 02]

— E aí, algum plano concreto? — James perguntou.
— Bom, chegar e perguntar é uma opção. — respondeu Poynter.
James o olhou com cara de poucos amigos.
Era próximo do horário do almoço e Bourne pensou que encher o estômago dos amigos poderia pensar boas ideias para ajudá-lo a traçar um plano para ‘sequestrar’ a mala de Fletch. Dougie, James e Tom desciam pelo elevador do grande hotel, discutindo sobre o que poderia ser feito.
— Ué, se tem algo de errado, por que o Fletch esconderia de nós? Não faz sentido, sabe? Estamos tão envolvidos nisso quanto ele. — o loiro deu de ombros. Para ele a ideia de que Fletch estivesse escondendo algo era inconcebível.
— Não faz, mas acredite, tem caroço nesse angu e eu vou provar! — James cruzou os braços, impaciente por parecer não avançar com seus objetivos.
— Olha, eu também acho que o Fletch está escondendo algo. Mas o que o Poynter disse faz sentido. — Fletcher começou a dizer e Dougie deu um sorrisinho convencido para James. — Podemos chegar no Fletch e tentar ter uma conversa séria, perguntar na lata se há alguma coisa errada.
— Se é algo tão simples assim que só precisamos perguntar para acabar com o mistério, por que raios ele já não chegou na gente e contou logo? — James provocou.
— Ele não deve ter visto uma chance. — Dougie respondeu. — Vai ver ele prefere falar disso apenas conosco, mas não consegue porque estamos sempre com as garotas...
— Para mim isso não justifica... — Bourne comentou.
As portas dos elevadores se abriram e os três seguiram para o restaurante.
Havia uma bela sessão de buffet self-service com opções matinais, onde os rapazes serviram-se primeiro antes de escolherem um lugar para sentarem-se. Decidiram-se por uma mesa ao ar livre e lá encontraram uma figura inesperada:
— FLETCH?!?!
A surpresa ao ouvir seu nome quase gritado por vozes masculinas fez com que o empresário quase se engasgasse com o gole de seu café. Ele voltou seu olhar para a entrada e viu os rapazes o encarando pasmos.
— Bom dia! Vocês me assustaram. — ele comentou rindo. Pousando a mão no coração e abafando uma risada.
— E aí, deu tudo certo na compra das passagens? — Dougie foi o primeiro a voltar ao normal. Sentando-se de frente para o homem.
— Sim, sim. — ele segurou em mãos sua maleta, antes deixada no chão, e de um bolso lateral puxou um envelope no qual encontravam-se as passagens. — Tudo certo.
— E quando viajaremos? — perguntou Tom, sentado entre o empresário e James, que ocupava a cabeceira da mesa retangular.
— Infelizmente, não daqui muito tempo. Viajamos daqui dois dias, pela manhã. Era isso ou esperar duas semanas, e acho que a segunda opção também já era demais.
— Acho que até lá a melhora. — James comentou enquanto passava manteiga em seu pão. Seu olhar acompanhou a mala de Fletch que, infelizmente, estava fora do alcance de qualquer um deles três.
— E como foi a Festa do Pijama? — Fletch perguntou para Dougie.
— Bacana. — o loiro respondeu, lembrando-se de certas passagens da madrugada anterior, quase todas preenchidas por sorrisos de . — Jogamos bastante cartas. E a tem a mão muito pesada... — lamentou, massageando a mão que havia sido ‘trucidada’ pela da menina no jogo de ‘Tapas’, no qual precisavam ser rápidos e acertar a mão no bolo de cartas.
— Estavam cansados demais para participar? Parece que eles se divertiram bastante. — perguntou Fletch para os outros dois enquanto dava um gole em seu café.
— Nós... hum... — Tom não soube como responder. Dizer que conversaram em particular justamente sobre ele e suas atitudes recentes não era uma opção para o guitarrista.
— Nós precisávamos bater um papo de homens sobre mulheres. — James disse convicto. Dando uma piscadela discreta para Fletcher.
— Estão tendo problemas com a Livie e a ?
Tom engasgou-se com o suco que bebia, deixando-o esparramar pela mesa e James engasgou-se com o próprio pão. Dougie corria seus olhos do empresário para os rapazes: havia algo ali que ele estava por fora.
— QUÊ?!?! — Tom perguntou completamente aturdido, ainda secando a lateral da sua boca.
— Como você sabe da Livie?!?!?! — James havia até se levantado da cadeira, estupefato.
— Quack!! — Dougie quis participar do momento de comoção, fazendo com que todos o olhassem por um segundo estranhados, e depois voltaram-se para a situação anterior.
— Eu sei de tudo. —respondeu Fletch de maneira simples. Bebericando um pouco mais de seu café.
Mas aquela resposta não seria suficiente para os rapazes.
— Ow! Ow! Ow! — disse James. — Desde quando sabe...sabe...?
Fletch o mirou divertido, apenas imaginando os efeitos que sua resposta teriam no loiro:
— Desde antes de virmos para a China.
— O quê?!?! Mas não é possível!! Eu mantive total segredo dela e...! — James puxava os cabelos com ambas as mãos.
— O que é o tudo o que você sabe? — Dougie perguntou, preocupado acreditando que talvez Fletch pudesse saber dele e de...
— Está preocupado se sei sobre você e a ? — o empresário perguntou brincalhão, fazendo com que o menor estremecesse. — Acho que deveria estar mais preocupado em saber como fará para se declarar novamente.
Dougie o encarou pasmo. Forçou-se a relembrar de cada fato da noite anterior até descobrir como Fletch podia saber daquilo. Ele encarou a James, lembrando-se que ele dividiam o mesmo quarto de hotel, mas o loiro o olhou sério e fez um aceno negativo com a cabeça, respondendo sem nem ao menos ter sido perguntado.
— O que você sabe, afinal? — James insistiu.
Fletch suspirou pesadamente, parecia não querer ter de dividir com eles tais informações.
— Sei que a dormiu com Danny ontem; e que a dormiu na companhia de Harry...
— Hein? —os três espantaram-se.
— O Harry... faturou?!! — James externou o pensamento dos demais.
— Eu disse apenas que eles dormiram na companhia um do outro, não que eles dormiram juntos. Vocês são sempre tão maliciosos...
— Mas como você pode...? — James não conseguia nem terminar a pergunta. Colocou uma mão sobre a boca enquanto tentava solucionar aquele quebra-cabeça.
— Sei da Livie... — voltou a responder. — Sei da e da declaração. — aquilo fez o incômodo de Poynter aumentar. — E sei de você e da . — ele voltou-se para Tom, vendo as maçãs do rosto do rapaz avermelharem-se rapidamente.
— E-eu não tenho nada com a . — o loiro respondeu de imediato e com a voz fraca.
— Ela gosta de você e você está começando a gostar dela.
— Dude! Quando isso?! — Dougie perguntou com a cenho franzido para Tom, que o olhou sem jeito por não ter lhe contado nada.
— Foi mal. — foi o único que soube responder o loiro no momento.
— Fletch... Você passou a se transformar em uma mosca e não nos avisou?
— Não, Dougie. Então nem ouse fazer isso. — o empresário notou um brilho diferente no olhar do rapaz e como ele segurava um copo de água de maneira perigosa. — Estamos em público!
Dougie retirou sua mão do copo de água, mas o olhar semicerrado permanecia. Eram muitas revelações em pouco tempo. James e Tom também se perguntavam como Fletch podia saber de tudo aquilo, e não terem qualquer resposta os deixava ainda mais frustrados.
— Olha só quem temos aqui? —uma voz alegre e feminina quebrou o clima tenso. — Bom dia, povo!
os cumprimentava, segurava seu café da manhã com uma mão e com a outra segurava o braço de um sorridente Danny. Logo atrás deles estavam Harry de mãos dadas com , e por fim .
Os três homens sentados os olharam um tanto hesitantes, ainda imersos na tensão de segundos antes, e incertos se os recém-chegados haviam ouvido algo.
— Bom dia. — responderam por fim, cada um reacomodando-se em seu devido lugar e tentando recompor-se.
— Dougie, querido, a zinha ficou sozinha lá no quarto. Por que você não leva o café da manhã pra ela e lhe faz companhia? — posicionou-se logo atrás da cadeira do loiro, com as mãos gentilmente pousadas em seu ombros.
— Mas eu já vou leva-... — parou de falar ao ver o olhar mortal que a amiga lhe dedicava por novamente atrapalhar seu papel de cupido.
— O Dougiezinho pode levar enquanto você come algo em paz aqui! — e forçou a amiga a sentar-se no assento livre entre Dougie e James, logo de frente para Tom. julgou que seria melhor não contrariá-la, tinha medo do que poderia acontecer. “Sorry, mulher!”, desculpou-se por pensamento.
Dougie deu um sorrisinho mínimo para e logo levantou-se, dirigindo-se novamente para a sessão do buffet para escolher algo para levar para . Em sua mente, pairavam dúvidas de como Fletch podia saber tão bem de, aparentemente, tudo e se por acaso as suspeitas que James e Tom tinham sobre ele eram justificadas agora que ele vira o quanto o empresário era bom em guardar segredos.
— E sobre o que conversavam? — perguntou Harry, sentando-se no lugar que era antes de Dougie e servindo-se de um dos pães que havia no cesto no centro da mesa.
— NADA!!! — James e Tom responderam, assustando aos demais.
— Nada de mais. — Fletch completou, para soar mais plausível.
— Tudo bem... — Danny os olhou estranhados. — E, Fletch, tudo certo com a viagem?
— Tudo. — o empresário completou com um joinha. — Viajamos daqui dois dias.
— Dois dias? — comentou pensativa, enquanto terminava de mastigar um pedaço de seu pão. — Ai, será que a gente consegue aproveitar esse tempinho extra fazendo algo de legal?
— O que seria legal de se fazer para você, mulher? — perguntou, ao mesmo tempo em que oferecia um pedaço de fruta na boca de seu sardento.
— Hummm, sei lá, uma baladinha, um karaokê...
— Lembrem-se de terem juízo! — Fletch comentou, finalizou o seu café.
— Tudo bem então para você se sairmos, Fletch? — perguntou Harry um pouco incerto.
— Sim, aproveitem, mas com cuidado. — e aproveitou-se para se levantar, sentia-se incomodado com o longo e atento olhar que recebia de James e Tom. — Bom, eu já vou subir.
esperou a figura do empresário sumir por entre o restaurante para pronunciar-se:
— Gente! Nós precisamos fazer algo, então! — ela disse animada, as mãos batucando sobre a mesa. — Temos até o aval do Fletch!! Ele nunca é tão legal assim.
— Não mesmo! — respondeu Danny. Estava surpreso com a atitude tão tranquila do empresário.
— É... O Fletch é mesmo uma caixinha de surpresas. — James comentou com os olhos semicerrados, ainda encarando o local por onde o empresário saíra.
— Está tudo bem, James? — ao seu lado perguntou preocupada.
— Sim, sim. Tudo. — respondeu-lhe sem dar a devida atenção.
zinha?
Quando viu a cabeça de Dougie surgir por entre uma fresta da porta, soube que algo deveria ter acontecido com . Não sabia ao certo se a garota tinha tido um contratempo ou se aquela era sua forma de ajudar ao loiro. Seus olhos mostravam a surpresa por vê-lo ali em seu quarto ao invés da amiga.
— Como você está? — o loiro perguntou, abrindo espaço para entrar no quarto com uma bandeja de comida que ele havia separado. — Vim te trazer o café da manhã.
— Ahh... Obrigada, Poynter. — ela agradeceu, ainda um pouco desconcertada com sua presença ali.
— Espero que goste. — ele colocou a bandeja sobre o colo dela, esperando que ela beliscasse alguma coisa.
limitou-se a sorrir e visualizou a bandeja repleta de frutas, um suco e copo de leite, e torradas em um prato. Ela se decidiu pelo último item — ainda tinha receio de se arriscar a comer algo e voltar a passar mal, mas nunca vira ninguém passar mal por comer torradas.
Notou Dougie tomar assento ao seu lado, na borda da cama, assistindo-a comer. Aquilo era um tanto incômodo, ela fingiu não perceber e fingiu-se concentrada na diversidade de alimentos pelos quais ainda podia optar.
— Dormiu bem, zinha?
— Sim, dormi sim. E você?
Enquanto recebia uma resposta positiva, prestou atenção no rapaz a sua frente. Lembrara-se do que lhe pedira para considerar. Ela podia gostar de Dougie? Gostar mesmo? Mais do que como irmão?
E antes que ela pudesse se aprofundar em tal pensamento, viu o rapaz levantar-se e com muito esmero ajeitar sua cama, garantindo de que estivesse toda coberta, forrando seus pés com o cobertor, e por fim ajeitando seus travesseiros um a um — prontificando-se até a trazer mais do quarto de para que ela ficasse ainda mais confortável. E ele o fez, mesmo sobre os protestos dela.
— Mais torradas, zinha? — perguntou ele quando as torradas acabaram.
— Obrigada, acho que estou cheia já.
— Mas só comeu isso... —ela deu um sorrisinho amarelo. Não estava mentindo, não sentia fome.
— É difícil sentir fome quando se está no perigo iminente de botar tudo para fora. — ela brincou, como sempre brincava, era o seu jeito de descontrair. Porém, a expressão de preocupado de Dougie não deu lugar a uma de risos. Ele continuava com os lábios encrespados, as sobrancelhas um pouco mais baixas e o cenho contraído.
— Tem certeza que não quer mais nada, zinha?
— Tenho. — ela tentou refrear seu tom de voz para não soar grosseira. Desagradava-lhe o ouvido toda vez que ouvia o ‘apelido’ dado por Dougie.
Ele retirou de seu colo a bandeja e seguiu para a cozinha, voltando com um copo de água em mãos:
— Precisa se manter hidratada. — ele lhe entregou o copo com todo o cuidado, conduzindo a fina mão dela até o copo com a sua própria mão.
Assim que ela terminou de beber tudo, Dougie disse que ela deveria tentar dormir mais um pouco. E foi um pouco complicado fingir que conseguia pegar no sono com ele a encarando. Esperava que ele fosse sair em alguma hora, mas tal momento não chegou. Aquilo era torturante, pois não tinha sono algum. “Alguém, por favor!!”, pedia mentalmente que alguém surgisse em seu quarto e a tirasse daquela situação.
Dougie encontrava-se na borda da cama, o rosto apoiado sobre a mão cujo braço estava apoiado no joelho. Secretamente contente por ter aquele momento à sós com ela.
Ao mesmo tempo, a mente de Dougie dividia-se em vários pensamentos.
Ele ainda estava bastante surpreso pelo ocorrido no restaurante do hotel. Fletch parecia saber de muitas coisas, e não conseguia imaginar como. Como ele podia saber que Danny e dormiram juntos? Ou de Harry e ?
Até poderia ter chegado aos seus ouvidos a história dos casal Jones — embora ele não soubesse ao certo como —, mas a informação sobre o outro casal era muito mais recente ainda! Ninguém além dos envolvidos e Fletch pareciam saber. Mas como ele havia descoberto isso?!
Tal dúvida não parava de ser bombardeada, fazendo sua cabeça praticamente explodir em frustração.
Voltou a olhar de soslaio para , quem parecia dormir tranquila e alheia a tudo. “Como ele pode saber...?” perguntava-se Dougie, o empresário sabia até mesmo de que ele havia se declarado para a moça — e parecia saber também que não tivera sucesso.
Poynter não quis acreditar que Fletch pudesse estar escondendo algo importante sobre a maldição de todos eles, mas ficava difícil não levantar tais suspeitas quando se demonstra saber tudo sobre todos e dividir tão pouco.
Uma coisa era certa: Fletch sabia muito bem guardar segredos.
Então, o que mais ele poderia estar ocultando?
Dougie estava agora preocupado. Preocupado de que pudesse haver um problema quanto à maldição e que seus companheiros e ele não soubessem. E com isso, uma novíssima preocupação surgia: a de que Fletch descobrisse que James e Tom estavam planejando furtar sua mala para averiguar por si próprios se havia algum mistério.

às vezes abria minimamente um de seus olhos para espiar se Dougie ainda a observava “dormir”. E flagrou um momento de introspecção do rapaz. Ele fitava o nada e seu cenho era de preocupação. Estava tão distraído, que nem notou como a menina o observava atentamente. Ela tentava ser cautelosa, ao menor sinal de movimento do loiro, voltaria a fingir que dormia. Voltara a considerar o que a amiga lhe pedira.
Ela deu-se bem com Dougie desde o primeiro momento, mesmo quando ele era apenas um porquinho-da-índia. E com sua versão humana desenvolveu uma boa amizade, Dougie era um rapaz agradável para se estar em companhia.
Ele era inegavelmente bonito com seus cabelos loiros e olhos pequenos que ficavam ainda menores com seu sorriso adorável; seu jeito tímido e às vezes excêntrico; sua habilidade musical para tocar e sua voz inconfundível ao cantar.
Sim, sim ela podia gostar de Dougie Poynter.
Mas, então, por que ela não estava conseguindo gostar dele?


Capítulo 50 - Got a secret, can you keep it?

Aos olhos de nada escapava. E havia algo que estava chamando a sua atenção já a algum tempo: Harry e .
A troca de olhares carinhosos e ternos, as mãos dadas, o leve carinho com o mindinho na mão do outro enquanto se ocupavam de comer ou beber algo, o dividir com o outro o que tinham no prato e até oferecer na boca um pedaço do que comiam.
Segundo a havia inteirado antes — e Danny confirmado depois — Harry já havia estabelecido: eles só ficariam juntos se e quando ele estivesse definitivamente curado da maldição. Sabia que era uma ideia que não agradava a amiga, mas que não se via no direito de tentar mudar a cabeça do rapaz.
Mesmo sabendo disso, as informações que tinha não batiam com o que estava diante de seus olhos: Harry e pareciam um casal de namorados!
— Ok, ok! — precisou manifestar suas observações. Talvez Harry tivesse mudado de opinião quanto ao que havia decidido. — O que está rolando entre vocês? Resolveram namorar?
Aquelas perguntas atraíram o olhar de todos que estavam na mesa para os que estavam sendo questionados, que ao perceberem a atenção que recebiam, hesitaram.
— Verdade. Pensei que você fosse esperar, cara. — Danny comentou antes de beber de seu suco.
— Annh, não, não estamos namorando... — uma avermelhada , coisa rara para ela, começou a responder mesmo não sabendo ao certo como fazer aquilo. Agora, ela e os demais voltavam seus olhares para o moreno ao seu lado.
— Estamos ‘meio’ juntos por enquanto. — ele suspirou resignado por ter de se explicar para gente demais sobre algo que, na visão dele, deveria ser assunto apenas dele e de .
— Deveriam assumir logo um namoro se estão assim tão ‘in love’. — sugeriu maliciosamente.
— Antes é preciso ter certeza de que poderemos sair dessa história de maldição realmente curados... — Harry tentou responder com um sorriso simples para encerrar de fato aquela conversa. Entretanto, sua declaração traria consequências inesperadas.
Para James e Tom, que ainda tentavam decodificar toda a informação recebida por Fletch momentos antes, aquela frase despertou neles o sentimento da desconfiança. E a ideia de que o baterista pudesse estar relatando ao empresário todas as informações sobre os amigos surgiu ao mesmo tempo, ainda que os dois não tivessem trocado uma palavra entre si.
Harry era suspeito de ser um x-9.
E para ambos, havia excesso de provas que incriminavam o amigo de longa data.


adormeceu sem nem ao menos se dar conta, para então acordar soterrada em mimos providenciados por Dougie: havia milhares de travesseiros, mais cobertas, chinelos de pantufa com o logo do hotel e um carrinho com uma gama de sucos naturais e lanches simples. Tanta fartura impressionou a sonolenta garota e encheu os olhos dos demais amigos que chegaram quase na mesma hora que despertou.
— ... de laranja e de uva também, zinha! — Dougie terminava de enumerar tudo o que havia pedido para “sua garota”, esperançoso de que ela se alimentasse melhor.
— O-...obrigada, Poynter. — disse ela, tentando esconder seu desconcerto com tudo aquilo. Ainda que não gostasse de ser paparicada daquela maneira, não poderia dizer que não estava acostumada. Era muito recorrente que os rapazes que caíam de amores por ela a paparicassem de forma exagerada. — Não precisava ter se incomodado.
e assistiam a cena de camarote, encantadas por verem que Dougie Poynter era alguém tão atencioso; também suspirava como suas amigas diante do que via, porém, sabia ler no rosto da amiga o quão desconfortável estava por ser o centro da atenção do baixista. Por ter dividido seu café da manhã com sua ficante-exclusiva, Danny havia comido menos do que o seu habitual, e toda aquela comida estava provocando o seu estômago. James e Tom encontravam-se alheios àquela situação, suas mentes vagavam. Sentiam a necessidade urgente de descobrir ao certo se Judd estava mesmo contando tudo sobre todos para Fletch. Mesmo com sua mente tão lotada de pensamentos, Tom não conseguiu evitar reparar em ao seu lado, suspirando por seu companheiro de banda. E embora Harry fosse adepto da ideia de fazer o possível e o impossível para impressionar uma mulher pela qual se tem interesse, o rapaz pôde notar que algo ali parecia estar errado.
— Muito bem, gente! — começou a dizer animada. — O Fletch deu carta branca para sairmos...então... ’bora encontrar algo de legal para fazermos nesses dois dias extras!!! Vamos lá, quero boas opções!
Aquele foi um momento perfeito para que James sugerisse que se dividissem em grupos: Danny e Harry veriam no lobby as opções indicadas pelo próprio hotel; Tom, Dougie e ele veriam de procurar algo na internet no notebook do Fletch, que ainda estava no quarto de Tom; e as meninas deveriam procurar através de seus celulares enquanto faziam companhia a .


— O Harry? Um dedo-duro? — perguntou Dougie visivelmente incrédulo.
Estava com James e Tom no quarto de hotel que dividia com o segundo rapaz.
— Acreditamos que sim... — Tom disse com certo pesar na voz.
— Vocês não podem estar falando sério sobre isso. É o Harry! — retrucou o menor.
— Até que faz sentido ser ele o dedo-duro se você pensar bem. — James, que caminhava de um lado para o outro na sala, informou.
— Eu não sei como! — o baixista demonstrou sua frustração bagunçando seus cabelos freneticamente.
— Vamos por exclusão — iniciou Tom, deixando de prestar atenção à tela do laptop por um momento. —, acreditando que nenhum de nós três seja o dedo-duro, a menos que um de nós esteja enganando os outros muito bem, ficam sobrando o Danny e o Harry.
— Certo.
— E o Danny é muito burro para conseguir ser um x-9 sem que ninguém perceba. — James completou o raciocínio lógico do amigo.
— Pff! Essa é a teoria de vocês?! Que lixo. — reclamou Dougie. Na sua visão aquilo não era suficiente para fazê-lo desconfiar de um de seus melhores amigos, seu ‘marido’ de brincadeira.
Crente de que estava parcialmente certo, Tom voltou-se para o menor e começou a enumerar nos dedos os motivos que o faziam acreditar em sua culpabilidade.
— Ele é a única opção possível! Primeiro, Fletch sabia que você havia tentado se declarar para a , sabia até que não deu certo; Segundo, sabia o que o Danny e a fizeram entre quatro paredes; Terceiro, sabia do detalhe da e do Harry apenas terem dormido juntos e nada mais...
Dougie colocou sua mão sobre as do amigo, impedindo-o de continuar, encarava Tom de maneira séria:
— E como o Harry poderia saber sobre você e a e a tal garota do James? Ou somente eu estava por fora desses detalhes sobre suas vidas?
Os rapazes engoliram em seco, Tom afundou-se no sofá onde estava e com sua mão massageava seu queixo.
— Tentem ser breves na explicação, provavelmente, daqui a pouco Danny e Harry estarão aqui. — disse Dougie com azedume na voz.
James e Tom, sentados agora lado a lado no sofá de três lugares, encararam-se rapidamente. O movimento de seus olhos indicava que eles travavam uma discussão sobre quem se explicaria primeiro.
— Ca-ham... Sem pressa, viu? — Dougie forçou um sorriso irritado.
— TÁ!! Bom, eu mantive segredo de todos sobre a Livie. E não faço ideia como Fletch conseguiu essa informação. O Tom foi a primeira pessoa para quem eu contei sobre ela. Nós nos conhecemos no dia em que vocês fizeram uma coletiva de imprensa...
— Certo. — Dougie acenava enquanto ouvia.
— ... e eu ainda era uma ‘garota’
— Anhh, ok.
— ... e ela se apaixonou por mim enquanto eu era uma garota.
Houve alguns segundos de silêncio enquanto Dougie tentava assimilar o que lhe era contado.
— Acho que vocês vão precisar reformular essa história de como se conheceram para as demais pessoas. — Dougie comentou com uma expressão de estranhamento, e seus olhos voltaram-se para o outro amigo.
— Eu estou meio que gostando da ... — Tom disse resignado, a voz baixa como se estivesse confessando algo proibido.
— Meio?! Isso é mentira e você sabe. — James não conseguiu evitar ficar pasmo, deixando o loiro ainda mais encabulado.
— Você não tem certeza? — perguntou o baixista, um pouco perdido.
— Ok, ok! Eu gosto dela, e muito até... mas eu ainda não me esqueci completamente da Gio!! Sempre que penso na , de uma forma ou de outra, acabo me lembrando da Gio. Trocar alguém de anos por outra que não conheço não faz nem 2 meses me parece loucura!
— Quem sabe seja mesmo. Mas talvez é para ser assim, Tom. — disse Dougie. — Te conheço e sei que jamais seria capaz de trair a Falcone, mas se você está se apaixonando pela , deve ser porque você já deixou de se imaginar vivendo pelo resto da vida ao lado da Gio.
— E, convenhamos — James passou um braço pelos ombros do loiro. —, nem a Gio estava pensando em viver ao seu lado pelo resto da vida se ela queria te mudar daquele jeito. Ela queria um Tom Fletcher que não existe. Claro, você poderia se transformar no cara que ela planejava, mas ele jamais seria tão foda quanto o verdadeiro Tom que nós conhecemos.
Tom riu consigo mesmo diante dos comentários do amigo. Talvez eles estivessem certos. Porém, era inevitável sentir-se receoso quanto aos sentimentos que via surgir por uma nova pessoa. Dougie, que encarava a Fletcher, chamou-lhe a atenção.
— Ei, mate, acho que sei de algo que você pode fazer.


— OWNNN!! Gente, eu não imaginava que o Poynter fosse assim de fofo!! — desfilava elegantemente com as pantufas e um hobby com logos do hotel. — Preciso do número dele na discagem rápida para toda vez que ficar mal...
— Olha a malícia!! — atirou na amiga um dos diversos travesseiros extra trazidos pelo baixista. — Ele já é da... “zinha”. — disse enquanto fingia pose de menina meiga. — AI!!
zinha o cacete!! — deu com um travesseiro na amiga, que se desequilibrou da beirada da cama e caiu no chão. — Odeio quando me chamam de ‘zinha’.
— E ‘f-o-f-a’. — acrescentou , parecendo convencida por seus conhecimentos, sendo recompensada com um joinha da amiga.
— ...Fofa?? — perguntou inocentemente e foi imediatamente acertada um travesseiro vindo de . — Sua bruxa maratuxa, eu não estava te chamando de ‘fofa’.
— Ah... Foi mal, é reflexo já.
— Ai, ai... Espero que o Jones me paparique assim também! — disse enquanto se jogava de volta na cama da amiga.
— Vai, aproximou-se da cama e sentou-se com o braço passando por cima dos ombros da amiga. —, não me diga que ainda não sente nada pelo Dougie. Afinal, mesmo que você não possa dizer com certeza que ele estava mesmo se declarando para você ontem à noite, está estampado na cara do Poynter que ele está louquinho por você!
— Eu... eu não sei. — encolheu-se na cama, selecionando uma mecha de seus cabelos para brincar com seus dedos indicadores, coisa que sempre fazia quando nervosa.
— Como você pode não saber?! — perguntou incrédula. — Não me venha bancar a “Coração Gelado” com ele, pois o Poynter não merece depois de toda essa lambida de chão que está fazendo por ti.
olhava apreensiva de para e vice-versa, sem qualquer ideia de como lhes responder.
— Você gosta dele sim, mulher. — a voz de manifestou-se baixinho, ao pé da cama, concentrada em seu celular.
— Gosta?
— Gosto? — perguntaram em coro as demais, que receberam como resposta um aceno positivo. Mas os rostos confusos das amigas deixaram claro que ela teria de esclarecer aquela história, não sem antes receber um pedido mais objetivo de , que voou sobre a menina.
— Explica, Sagatiba!!!
— Tá bom! Tá bom! Eu desconfio que a esteja mesmo a fim do Dougie porque, mesmo com ele a paparicando, ela o trata bem. Se lembrarmos dos outros pobres caras que gostaram dela e que a paparicaram... bom... muitos acabavam chorando com os ‘choques de realidade’ da para que eles parassem.
— Ei!! Muitos não!! Foram apenas 6 que choraram... E foi para o bem deles! — tentou defender-se . Apesar de parecer impossível haver defesa nesse tipo de situação.
— Um acabou namorando aquela que parecia um clone seu. — comentou, forçando sua memória.
— ...e dois viraram gays. — completou .
— Se você não gostasse nem um pouquinho do Poynter, já teria feito dele gato e sapato. — tentou concluir. — E eu acho que você até que gosta bastante dele, só não consegue notar direito porque ele está te tratando desse jeito que você não suporta e te dando apelidos que você odeia.




Continua na Parte 3!



Nota da autora: Sem nota.





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