MCFLY 1-2
Última atualização: 16/06/2018

Capítulo 51 - Segredos se levam para o túmulo, certo?

- Mano! Eu desisto!! – disse, dando-se por vencida e jogando-se de qualquer maneira na cama de . – Não há absolutamente nada para se fazer!!
- Ter tem, pilantrinha. – desdenhou . – Vocês é que não aceitaram minhas ideias.
- É fácil sugerir um museu quando você não precisa ir, . – reclamou com cara de poucos amigos.
- Mas eu gosto de museus, suas sem cultura! – cruzou seus braços. Ela de fato gostava, mas não se sentia corajosa para se aventurar em outros ambientes no estado em que se encontrava. Teria de ver os demais saírem para passear, enquanto tratava de se recuperar da intoxicação.
- Blééééh! – fingiu estar vomitando, o que provocou a ira de e risada das outras duas. – Você e o Tom podem ficar à vontade para esses tipos de passeios chatos e educativos.
- Então eu sei que a virá conosco! – disse , sentindo-se vitoriosa.
A menina apenas lhe mostrou a língua em resposta ao comentário.
- – soou a voz autoritária de , e seu olhar sério sobre a amiga. -, sabe o protocolo.
Não era sua intenção bancar a chata, mas o fazia se fosse necessário para proteger a uma amiga. havia aproveitado o momento delas juntas para comunicar a e de que seu interesse por Thomas Fletcher não se restringia mais ao de uma simples fã, ela estava gostando dele – e muito até, pelo que as demais puderam notar.
- Não meter os pés pelas mãos e sair me declarando na primeira oportunidade... – a menina recitou com a voz carregada de tédio. Ter aquela regra inventada para ela e apenas para ela a fazia sentir-se uma idiota. Tudo isso porque tivera a péssima ideia de se declarar para um cara originalmente a fim de não sentia arrependimento pelo declaração em si, mas, sim, pela pessoa que viu o rapaz se transformar após saber que ela gostava dele. Ele era um babaca e ela não precisava ter passado por aquilo.
- Sorte a sua que o Tom não é um babaca... – disse com uma piscadela para a amiga, em uma tentativa de consolá-la. – Agora, nada de mencionar nenhum dos rapazes, ou mesmo a China... – viu as garotas a olharem com desconfiança e ela pensou melhor. – Querem saber? Não digam nada a menos que eu peça, ok?
- “AEE! Fala o que tu quer, manaaaa!” – a voz divertida e carismática de Alex, irmão de , soou pelo celular que ela tinha em mãos, e foi aí que as demais entenderam os pedidos anteriores dela: Alex não fazia ideia de que a irmã e suas melhores amigas estivessem em outro país ao lado de outros marmanjos sem seu consentimento. – “OI, GAROTASSSS!!!
posicionou o celular no centro da cama, enquanto todas se acercaram para juntas poderem gravar uma resposta bem animada:
- OIIIII, ALEEEXXXXXX!!!!!
- Mano – voltou o aparelho para perto de si, era hora de tratarem de um assunto quase urgente, e Alex sempre tinha todas as respostas certas. -, preciso de sua ajuda!
- “Bom... acredito que a melhor seja a T.H.E. ... É literalmente “A” balada. A mais incrível de todas!! Eu nunca fui, mas só há boas recomendações sobre ela... E aí, serve?
A gravação chegou ao final e com isso o rosto de iluminou-se ainda mais por sua ótima ideia de consultar ao seu querido irmão.
- ALEEE!!! Obrigadíssima, manooo!! – ela gravava sua mensagem de agradecimento no celular que tinha em mãos. – Salvou nossas vidas! Quer dizer... – tratou de corrigir imediatamente, após receber 3 tapas e olhares feios das amigas bem ao seu lado. – A vida dessa amiga minha que... está de férias na China.
- “No problem!
tomou para si o celular da amiga, seus olhos estreitados enquanto perguntava sobre algo que não lhe passara desapercebido:
- Ow, ! Por que raios a sua voz está assim falhando? Não me diga que estamos sendo suas “empata-foda”. – perguntou ardilosamente.
Pousou o celular na cama e aguardou que ele respondesse assim que possível pelo aplicativo do What’s App.
, sentada ao lado de na cabeceira, inclinou seu corpo em direção a amiga e perguntou aos cochichos:
- O que é um “empata-foda”?
fez um aceno negativo, encrespando os lábios.
- É a pessoa que está interrompendo aquele momento. – respondeu com um sorriso ladino. – Inocentes...
- “Não, senhorita ...” – soou a voz de Alex. – “Estou na academia de ‘Eurotreino’!
As meninas reviraram os olhos, pois aquela deveria ser a mais nova fase passageira do irmão de .
- Eu nem quero saber dessa história! – a irmã lhe respondeu, dando por encerrada a conversa. Elas já tinham lição de casa para fazer: tratar de inscrever-se no site da balada sugerida por Alex e esperar serem selecionadas como convidadas (V.I.P.’s ou não).
- O lado bom é que a balada é só amanhã. – comentou. – Isso quer dizer que você pode se arriscar a ir conosco, marida.
- Humm... – as sobrancelhas da menina juntaram-se em uma cara de incredulidade. Ela não era de baladas, e todas as pessoas que a conheciam bem sabiam desse detalhe.
- Uma vez na vida, mulher! – se juntou ao coro, de forma manhosa.
- Por favor!!! – e juntaram-se para implorar.
- O que vocês não me pedem chorando que eu não faça sorrindo?


- Viu só porque o Harry é o nosso dedo-duro? – perguntou James, crente de que desta vez teriam conseguido convencer o rapaz.
Uma vez que Poynter tentou ajudar a Fletcher sobre sua indecisão, o assunto de Judd ser um delator de todas as ações que os demais amigos praticavam voltou a ser a principal pauta naquele quarto.
- Eu não sei, não. – respondeu devagar, a voz agora mostrava-se menos firme, o que fez os outros dois acreditarem que Poynter começava a questionar sua confiança no baterista.
- Tudo bem, sabemos que certos pontos estão meio falhos, que existem certos ´segredos´- Tom deu um olhar breve para James. – que não fazemos ideia de como o Harry seria capaz de descobrir. Mas acredite, ele é a nossa melhor aposta sobre como o Fletch poderia saber de tudo aquilo de todos nós.
- E como sabem que, sei lá, não é uma das meninas? – indagou Poynter. – Vocês pelo menos chegaram a considerar essa ideia?
- Não poderiam. A desconfiança inicial do Fletch com elas fez com que elas fossem mais cúmplices nossas do que dele. Não vejo nenhuma delas sendo capaz disso... nem mesmo um motivo para tal coisa. – Tom analisava friamente a situação.
Dougie afundou-se no sofá.
- Muito bem... – o baixista começou a dizer. – Se o Harry é mesmo um dedo-duro, há uma maneira perfeita de descobrirmos!
- Ah, é? Qual? – perguntou James. Tanto ele quanto Tom encaravam ao menor com ansiedade.
- Ué, dando um segredo para ele contar para o Fletch! – Poynter parecia animado como a ideia que ia se formando em sua mente.
- Como assim?!
- Acho que entendi a ideia do Poynter. – Tom disse pensativo. – Nós vamos inventar um segredo e propositadamente fazer o Harry descobrir, para que ele possa então contar ao Fletch! É perfeito!
- Inventar um segredo?
- É, vamos ver de pagar na mesma moeda! – disse Dougie.
– Certo... Porque se um segredo inventado chegar aos ouvidos do Fletch, então saberemos que o Harry é o nosso homem! – James concluiu.
- Ca-ham! Meu homem, transformista fura-olho! – Dougie rebateu com uma piscadela e um sorriso brincalhão, levando James a se fingir de ofendido.
- Deixem de graça vocês dois! – pediu Tom abafando algumas risadas. – Vamos logo pensar em um segredo falso antes que o Jones e o Judd voltem!
- Ahoy, captain! – os dois prestaram continência.
Ideias foram surgindo, sugestões foram feitas, mas tudo levava a crer que não conseguiriam colocar o plano em prática. Todo possível segredo falso apresentava falhas, estava mal concebido, ou era visivelmente forjado. E o pior, a cada minuto que passava no relógio, as chances dos outros dois companheiros de banda aparecerem cresciam.
- Droga, droga, droga!! – Dougie estava a ponto de arrancar seus loiros cabelos. Se ele soubesse que seria mais fácil surgir com a ideia de enganar a Harry com um segredo falso do que propriamente criar o tal segredo, teria ficado quieto.
- Estamos perdidos! – lamentou James.
- Mal descobrimos que o Fletch está nos escondendo algo sobre as fontes amaldiçoadas, ficamos sabendo que ele está ciente de tudo sobre todos... – Fletcher deixou sua frustração marcada em palavras.
Dougie, que estava largado de qualquer jeito no sofá, colocou-se em posição ereta. Tinha uma expressão de abismado, em decorrência do que acabara de ouvir.
- Como assim, Tom?? – sua voz saiu cautelosa e grave. – “... o Fletch está nos escondendo algo sobre as fontes amaldiçoadas”?
A maneira como James e Tom entreolharam-se e depois o encararam deu a Dougie a certeza de que ali estava outro ‘detalhe’ o qual ele desconhecia, sentindo seu sangue ferver por novamente ser o último a saber.
Ali estavam eles três buscando formas de desmascarar os segredos de Fletch, enquanto James e Tom pareciam ter a sua própria cota de podres. Poynter se perguntava se ele era o único a ser franco com todos, pois graças a Fletch sabia que Danny e Harry tinham os segredos deles.
- Hum... – James e Tom ainda se mostravam incertos sobre como proceder após, aparentemente, terem sido pegos no flagra.
- Deixem-me ajudá-los... – novamente, a voz de Dougie vinha embalada pelo tom do sarcasmo mesclado ao azedume. – “Nós podemos explicar, Dougiesta...”


- É isso o que me frustra no Poynter, sabe? – disse , alguns minutos de introspecção depois que e saíram do quarto.
- O que, amiga? – questionou confusa.
e as deixaram enquanto iam ao quarto onde encontravam-se os rapazes para fazer o cadastro de perfil deles no site oficial da balada T.H.E..
- Esse jeito apaixonado de ser! – a garota gesticulava com as mãos em movimentos exagerados. – Uma vez que saca que gosta da pessoa, não consegue mais agir normalmente como amigo apenas. Odeio o clima estranho que surge disso!
bufou, ao passo que deu uma risadinha contida, acomodando-se melhor ao lado da amiga na cama, passando seu braço pelos ombros dela para iniciar um cafuné.
- Ééé... Acho que às vezes, por sermos meio imaturos ou experientes, acabamos querendo impor nossos sentimentos sobre o outro, exigindo que ele acarrete com os cuidados que um coração apaixonado demanda. – disse , seu olhar fixo em um ponto qualquer no outro lado do quarto. Aquilo não era uma mera reflexão, mas, sim, o que a vida havia lhe ensinado.
- Acho que sim... – a voz de começava a esboçar a moleza que ia tomando conta do seu ser. – Aff... por que eu tinha de ser tão complicada para esse assunto??
Cafunés eram a fórmula perfeita para fazê-la ir do estado ‘desperta’ ao ‘sono quase profundo’ em questão de praticamente segundos.
- Não é bem assim, mulher. – tentava consolá-la. – Os homens é que são complicados. Eles veem você, uma garota magrela e com cara de bebê, e logo assumem que precisam te fazer de ‘princesa-donzela’ a ser sempre protegida.
Mesmo cada vez mais sonolenta, , os músculos de sua face se contorceram em uma careta ‘princesa-donzela’ parecia-lhe um termo irritantemente feminino.
- ... aposto que ficaria caidinha pelo rapaz que a tratasse diferente, e que ainda fosse gente boa, claro! – divagava. – Alguém assim poderia ser...
- ... o Alex...
O silêncio se fez súbito no quarto. estava petrificada enquanto parecia já ter ingressado no mundo dos sonhos. A teste de estava franzida e suas sobrancelhas praticamente tornavam-se uma só.
Lembranças voltavam a sua mente a toda velocidade, fatos finalmente passavam a ter algum sentido. O esboço da verdade tomava forma A verdade vinha à tona, e com ela sentimento passados também.
A fala de era a penúltima peça de um quebra-cabeças que havia tempo perdera as esperanças de conseguir solucionar. Ela estava de volta àquele caso, e a última peça só podia ter um nome:
- .



Capítulo 52 - ‘Cause two can keep a secret if one of them...

Um minuto, oficialmente, equivale a 60 segundos.
Difícil é determinar por quantos longos segundos e minutos Dougie esperou para que algum dos dois amigos ousasse ser sincero com ele. Contar o que descobriram sobre as fontes, o que desconfiavam de Fletch...
Mas não foram mais do que cinco minutos, isso era uma certeza.
A porta do quarto de hotel soou com três batidas. Dougie suspirou resignado, enquanto Tom parecia mais petrificado com seu semblante de preocupação, ao passo que James prontificou-se para a porta e por ela passaram as figuras de Danny Jones e Judd.
- E aí, acharam algo de legal? – perguntou um Danny sorridente. Ele trazia consigo alguns panfletos impressos pelo hotel, assim como o baterista.
- No nosso caso, tirando o ´Festival das Estrelas´, todas as demais sugestões são mais... educacionais, tipo museus. – comentou Harry, largando os panfletos sobre a mesinha de café e jogando-se no sofá logo ao lado de Dougie. – O que vocês conseguiram encontrar?
- Nada até agora... de interessante. – Tom respondeu enquanto ajeitava os seus óculos. Era difícil achar qualquer coisa, pois boa parte dos resultados da internet vinham em chinês.
- Ei, mate – Harry disse assim que se acomodou no sofá. Sua expressão dava a entender que não tinha certeza se podia mesmo prosseguir com o que diria a seguir. -, posso te dar uma dica?
- O quê? – perguntou Dougie, seu rosto denunciava que fora pego de surpresa. - Acho que você está precisando de uns conselhos de alguém mais experiente com mulheres, se é que você me entende.
Harry sustentou o olhar que o amigo lhe lançava por alguns segundos, incerto se ele aceitaria sua ajuda. Judd notara algo importante sobre o amigo e momentos antes, e seria melhor que aconselhasse a Dougie antes que um estrago acontecesse.
- Annh, obrigado, mate. - apesar de se mostrar um tanto incômodo, Dougie queria passar certa seriedade em sua resposta. – Mas acho que seguirei meus próprios instintos quanto a esse assunto.
O loiro estava incerto. Não sabia se o que Harry tinha para lhe falar era fruto de um segredo que descobrira; ou se o que conversassem poderia depois ser repassado a Fletch.
Harry encarou o amigo por alguns segundos após ser respondido, franziu a sobrancelha e bufou levemente, deixando um sorriso aparecer:
- Você quem sabe, Dougiesta. Quando quiser ouvir meus conselhos, estarei aqui. – falou amistosamente, passando o braço em volta dos ombros do loiro e trazendo-o para perto de si em um abraço protetor.
Completamente alheios, só podia ser um estranho milagre que Danny ou Harry não percebessem a dupla tensão que os rodeavam naquele quarto: primeiro a desconfiança de Dougie, James e Tom com o baterista. Observando com certa discrição cada fala, movimento e olhar do moreno. Segundo, o ressentimento de Dougie quanto aos outros dois loiros por guardarem segredos importantes. Seus olhos pequenos e bem azuis pareciam fuzilar os pares de olhos castanhos e azuis.
Poynter sentia uma grande e progressiva necessidade de deixar aquele recinto.
Teletransportar-se para um lugar onde ele pudesse apaziguar seus sentimentos e colocar sua mente em ordem. Seu cérebro estava confuso demais com o tanto de informação recebida recentemente e não era uma boa receita obter várias hipóteses e ideias, porém nenhuma resposta clara e precisa. De uma coisa ele sabia: tudo girava em torno da figura de Fletch.
E daquela ideia nasceu um impulso. Algo tão estupidamente óbvio e idiota que ele foi mesquinho e guardou seu plano só para si: quando possível, iria conversar a sós com o empresário e dele tentaria arrancar a verdade. Afinal, Fletch era alguém com quem ele poderia contar, ou ao menos assim deveria ser.
O plano, é claro, precisaria ter seu início adiado, pois a campainha do quarto tocou e o loiro supôs que pudessem ser as meninas.
Um sorriso cresceu no rosto de James ao ver e . Ele não podia dizer, mas o clima no quarto estava estranho e, com toda a certeza, elas mudariam aquilo estando lá.
- Acharam alguma coisa? – perguntou ele curioso, não deixando de reparar no netbook que trazia debaixo do braço.
- Nós não, meu maninho achou! – respondeu com orgulho.
- Seu irmão sabe de baladas na China?! – Harry inquiriu, a testa franzida e uma das sobrancelhas erguida ao máximo.
- Sim! – a jovem acomodou-se no chão da sala mesmo, a fim de poder apoiar o computador sobre a mesinha de café na área central onde os rapazes folgadamente a utilizavam como apoio para os pés. Foi preciso que ela indicasse com tapas o lugar onde ela se acomodaria; e os rapazes obedeceram com sorrisos forçados e reclamações meramente mentais.
- Deixe-me adivinhar. – Harry começou em deboche, seu semblante pretensioso. – Seu irmão teve uma fase de baladeiro obsessivo.
As sobrancelhas do moreno contraíram-se ao ouvirem simular o som de uma campainha estridente.
- Nem passou perto, Judd. – respondeu com um sorriso jocoso. - Seu irmão teve uma fase mochileiro, onde acabou conhecendo todas as baladas do mundo? – arriscou Danny.
- Até teve... – ponderou pensativa, recordando-se. – Mas ele nunca tinha muita grana para ir para baladas.
- Bom, na verdade, o maninho teve sua fase empresário. – dito aquilo, a atenção de todos os rapazes, até do potencialmente ausente Poynter, voltaram-se para ela. – O amigo baladeiro dele, ‘Anomalia’, acabou abrindo uma casa de shows e balada, e chamou o meu irmão para ser sócio. Ele teve que se tornar um expert no assunto e conhecer tudo o que todas as baladas oferecem.
Os rapazes ficaram quietos. Sem suas permissões, suas mentes já vagavam em uma tentativa infrutífera de tentar imaginar não só a fisionomia, mas a personalidade daquele que só ouviam falar. Se ele fosse um amaldiçoado, com certeza o melhor animal seria um camaleão, pensaram os rapazes mesmo sem verbalizar tal ideia.
- Bom, a balada se chama T.H.E. e precisamos responder a algumas perguntas aleatórias para entrarmos na possível lista de convidados. – explicou enquanto abria a tela do netbook e o iniciava.
- Possível?? – a voz de Danny não só questionava, como também deixava claro a impressão duvidosa quanto ao programa escolhido. Harry pensara da mesma maneira, mas sabia das altas chances de levar um esporro caso expressa-se alguma ideia contrária aos planos de , deixando que outro mais desavisado sofresse em seu lugar. – AI! Minha perna!!
voltava sua atenção para a tela do computador, onde era exibido o pedido de login e senha para prosseguir, enquanto e os demais rapazes deixavam algumas risadas escaparem da situação do sardento, que alegava ter tido os pelos de sua perna violentamente extraídos.
A tela de início abriu-se finalmente e os olhos das garotas praticamente saltaram ao se darem conta do papel de parede utilizado.
- Ops!! Havia me esquecido disso! – tentou dizer sem que sua voz quebrasse ou modulasse muito entre os tons nervoso e o envergonhado, ao mesmo tempo em que clicava nervosamente na página de Internet minimizada anteriormente.
A reação das meninas chamou a atenção dos rapazes, levando-os a inclinar seus corpos para terem um melhor vislumbre da pequena tela de computador de não mais de 13 polegadas. Aparentemente, tratava-se de uma foto de um mural cheio de outras fotos e imãs decorativos. Entre as diversas fotos espalhadas pelo mural cor lilás viam-se vários momentos de amizade das quatro jovens registrados, além de uma foto individual - e que eles julgaram ser o motivo do nervosismo das duas meninas – com um post-it rosa em forma de coração afixado em cada uma e com seus nomes de ‘casadas’ escrito com os sobrenomes dos rapazes.
- Mas essa geringonça travou ou o quê??!! – reclamou com a voz esganiçada, clicando freneticamente na área do que servia como mouse para que a página da Internet abrisse de uma vez.
- Ele que é lento... – começava a responder, quando a ação finalmente foi concluída. O estrago, no entanto, já estava feito.
Os rapazes tinham um sorriso amarelo no rosto, pois sabiam que sem querer haviam visto algo que, provavelmente, jamais veriam.
O sorriso tomou conta do rosto de Jones ao ver seu sobrenome junto ao de . Era uma foto linda dela de perfil em um estilo de cabelo que não usava mais e um tanto mais curto do que no presente. Mesmo que o sorriso dela fosse mínimo, havia alegria em seus olhos de pessoa sempre animada e divertida. Casados?, pensou Harry, forçando-se a não fazer careta. Depois de seu fim de namoro com Izzy e sua vida romântica/sexual um tanto torta e frustrada que se seguiu, o moreno via-se bem longe da possibilidade de entrar em uma igreja com alguém vestida de branco na outra ponta do tapete.
Para alguns era um sobrenome, meras letras combinadas que apresentavam uma origem familiar; para Poynter, a junção de seu sobrenome ao de lhe parecia mais um incentivo. Um confirmação de que ela gostava dele. O lado direito de sua boca contraía-se de uma maneira a formar um discreto sorriso convencido.
B. Fletcher, Tom pensava e tentava não rir. Aquele tipo de coisa era tão clichê, tão típico de fãs... Mas mesmo considerando a ideia de que inúmeras outras garotas tivessem feito o mesmo de colocar o sobrenome dele junto aos delas, ele não sabia explicar o porquê, mas ficava contentíssimo por saber que era uma delas.
- Cara, como é que eu nunca vi esse mural lá na casa? – perguntou Bourne. em parte querendo quebrar o gelo, e no fundo desejando afastar alguns pensamentos que não o levariam a nada naquele momento.
Não valia a pena que ele constatasse que não tinha foto alguma ao lado de Livie, ou apenas dela, muito menos desejar que em algum lugar do quarto dela houvesse uma foto dele com um post-it de coração. Aquela situação só podia ser remediada com atitudes que ele não podia se dar ao luxo de colocar em prática no momento. Ele teria de esperar e isso, claro, seria uma tortura.
- É porque não está. – respondeu, olhando para a amiga com certa raiva nos olhos por não ter tomado medidas para evitar aquela exposição.
- O mural está com o maninho. – deliberadamente ignorava o olhar frio e assassino da outra.
- Bom, a que me desculpe... Mas eu não vejo nenhum anel nesse dedo! – Danny brincou, fazendo uma pose e um movimento de mãos um tanto exagerados, numa tentativa de imitar a Beyoncé em sua performance no clipe “Single Ladies”.
Os rapazes lhe distribuíram tapas pelo corpo enquanto as meninas riram, em parte pela imitação, e em parte pelo linchamento sofrido.
- Muito bem! – disse, tentando voltar ao normal. – Quem será nosso primeiro voluntário?


sabia que precisaria isolar em algum canto se quisesse conversar com a amiga sem que a corja de curiosos tentasse espioná-las.
E desta vez, até estava proibida de ficar a par do que acontecia ao seu redor.
quase armara um barraco quando descobriu – pela boca de terceiros – que e seu irmão ficaram pela primeira vez na festa da amiga em comum, Margot. Ela não queria nenhuma melhor amiga sua envolvendo-se com seu adorável, porém inconstante irmão.
- !! – a voz do Danny encheu o lugar com um tom de felicidade e animação quando a figura de sua ficante surgiu após a porta do quarto de hotel ser aberta por Tom. Ele tinha os braços erguidos como se fosse abraçá-la e começava a forçar o corpo de Judd a ir mais para o lado no sofá para que a recém-chegada sentasse ao seu lado.
- Ué? Abandonou a ? – perguntou com desconfiança.
- Não, ela acabou pegando no sono. Achei melhor deixá-la descansar. – a Jones forçou um sorrisinho amarelo. – Ainda estão preenchendo o formulário?
- Iríamos mais rápido se o sardento aqui não resolvesse rever todos os seus gostos agora que estamos amaldiçoados! – Tom debochou.
- Ei! É importante! – tentou defender-se o guitarrista. – Não posso dizer mais que sou mais do tipo praia... Imaginem as consequências!
- Dude, é só uma balada!!! – Dougie comentou com gestos exagerados.
- Entendi... Hum, , posso falar contigo rapidinho? – disse simpática, com receios de que pudesse levantar suspeitas, mas por sorte tinha uma carta preparada na manga. Ela indicou com a mão para que a amiga seguisse para a cozinha e deu uma piscadela sapeca para , levando esta a sorrir em cumplicidade.
mandou um beijinho para Danny, quem lhe retribuiu rápido antes de voltar-se para as solicitações autoritárias de para obter respostas para avançar no questionário.


- Diga, mulher. – disse animada.
- Me ajuda a entender, porque, porque eu não sei se por acaso fiz besteira... – dizia preocupada, algo incerta em como articular as palavras.
a olhava preocupada, mas acenou positivamente para o pedido feito pela amiga.
- A estava a fim do Alex?
- Uh? Mas como...? – a garota até deu alguns passos para trás, tomada pela surpresa.
Se aquele tipo de segredo fosse sair da própria boca de , a última pessoa para quem contaria seria . As consequências só poderiam ser desastrosas. Os olhos da Jones estavam com um caráter penetrante e demandavam pela resposta.
acenou positivamente, passando a língua por entre os lábios antes de responder, hesitante:
- Sim. Ela ficou bem a fim do “The Fall”.

Capítulo 53 - Verdade à tona

- Mas que diferença faz saber disso agora, ? - perguntou . - Já faz tempo e agora você tem o Danny…
- Não é mais uma crise louca de ciúmes pelo palhaço do Alex. - a jovem cortou a amiga com certo desdém por si mesma, ciente dos vexames que chegou a criar em nome do que sentia pelo irmão de . Queria deixar bem claro o quanto antes que não era mais o mesmo tipo de situação. Porém, notou que mesmo assim o olhar da amiga ainda pedia algum esclarecimento. - Eu só acho que arruinei qualquer chance que a poderia ter com o Alex, sabe?
Ela se sentou no banco alto posicionado ao lado da bancada no centro da cozinha americana, abraçando-se protetoramente. A ideia de que poderia ter prejudicado sua melhor amiga a preocupava.
- Tá… E por que você acha isso?
- Porque na época eu não entendi… Eu estava muito cega. A estava a fim do Alex e acho que ele também estava gostando dela. Ele me disse que achava que sentia estar gostando de outra pessoa, mas eu não soube somar A mais B.
- Sério?? - disse espantada. Ainda que Alex fosse como seu irmão também e eles dividissem muitos segredos, ela não tinha a menor ideia de que o rapaz correspondesse aos sentimentos de . - Espera, o Alex sabia que ela estava a fim dele??
- Não. Não depois das coisas que eu disse. - a jovem respondeu azeda. - Se ela ao menos tivesse me contado…
suspirou e tentou tranquilizá-la, aquela conversa não traria nenhum retorno positivo:
- Ai, , isso não importa mais. - ela segurou uma das mãos da amiga. - Já passou. E depois, o que você disse ou deixou de dizer não atrapalhou nada e nem ninguém. A jamais pensaria em tentar algo com um cara que ficou com a melhor amiga dela.
- Ainda mais agora que nós sabemos qual a fraqueza daquele besta… - riu no final da frase. Ela desejava ter conhecimento daquilo antes de se envolver com o dito cujo. bem que tentara avisar, mas ela não soube ouvir na época.
A porta vai-e-vem da cozinha fez o som de um baque ao entrar por ela comentando que finalmente terminara de preencher os questionários.
- Muito bem, agora, me contem os planos!! - ela pediu animada e com um bater de palmas solitário. Uma piscadela cúmplice de sempre significava apenas uma coisa: uma boa festa!
forçou um sorriso e olhou para a amiga, que logo tratou de trocar a expressão que seu rosto carregava e que não condizia com alguém que estava acertando os detalhes de uma festa. Mesmo sem que a outra tivesse consciência, ambas pensavam no que haveria acontecido se Alex soubesse, na época, que era correspondido por e vice-versa.
- Uma… uma festa do pijama! Todos participam: vodka, uísque, smirnoff…
- Humm! - mostrava-se empolgada. - Teremos a honra da sua famosa caipirinha?
- Verei o que posso criar com o que conseguirmos. - riu. - Espero que os rapazes também curt- RAPAZES!! - gritou ao mesmo tempo em que abriu de supetão a porta vai-e-vem da cozinha, pregando-a contra a parede da sala dada a violência de seu movimento. e primeiro pularam em seus lugares pelo susto, caindo na gargalhada ao notarem que os rapazes se assustaram ainda mais com as atitudes bruscas da amiga. - Preparem-se! Pois hoje vocês vão provar da deliciosa capirinha da !


Com a desculpa de que iria verificar se seguia dormindo ou se precisaria de algo, Dougie deixou o quarto onde a maioria se encontrava. Sentia que precisava de um momento sozinho, estar irritado com James e Tom por seus segredos e com suspeitas de Harry tornava o ambiente praticamente inóspito.
Dougie não gostava de complicar uma situação, embora fosse justamente o que estivesse tentando fazer: tramando planos para desmascarar tanto a Fletch quanto a Harry. Será mesmo tudo isso necessário?, podia jurar que o questionaria daquela maneira.
Estava parado em frente à porta do quarto de hotel onde estava a garota, o cartão-chave cedido gentilmente por em suas mãos, mas ele volteou sua cabeça, fixando seus olhos em outro quarto, um mais distante no corredor.
Ainda que nem tivesse de fato conversado com , já sentia sua visão de mundo alterada - ou, quem sabe, estivesse de volta ao seu normal. Não eram necessários falsos segredos, planos, tramoias, artimanhas… Apenas um diálogo franco com seu empresário, Fletch, seu velho amigo, conselheiro de todas as horas, cúmplice de qualquer idiotice grande ou pequena demais.
- Dougie? - a figura de Fletch surgiu atrás da porta do quarto que ele dividia com James.
- Posso entrar um momento? - perguntou com meio sorriso.
O homem abriu por completo a porta para que o loiro pudesse passar.
- Fletch, te perguntar… E quero que seja o mais sincero possível. - o rapaz passou a mão pelo queixo. Certo de que não queria mais segredos e fofocas, entretanto, preocupado se saberia lidar com a possibilidade de não haver cura para a maldição.
Estaria qualquer um mentalmente preparado para essa realidade? Ter de conviver com ela? Transformar-se em um animal toda vez que água fria entrasse em contato com seu corpo e voltar ao normal apenas com água quente.
- Há algum problema com as fontes amaldiçoadas? Assim… algo grave a ponto de não podermos mais voltarmos ao normal?
- Entendi. - Fletch disse de primeiro momento. Sua expressão, antes levemente confuso, tornou-se séria. - Confesso que estou como você, Dougie. Tenho muitas perguntas e poucas respostas ou certezas. Sendo bem sincero, eu não sei te responder. Só vamos descobrir quando estivermos lá mesmo. - o homem tentou finalizar com um sorriso encorajador, embora seus próprios medos o atrapalhassem em certa medida.
Dougie esforçou-se para desfazer o cenho franzido. Aquelas respostas o deixavam falsamente seguro. Estava livre de uma resposta ruim temporariamente, mas se garantia de uma resolução positiva para o caso dele e dos amigos. E uma pergunta não queria lhe deixar em paz: o que seria deles se não houvesse cura? E o que seria de ?


- Annh… Tom? - o loiro sentiu a barra de sua camiseta ser puxada de leve.
O grupo seguia se animando com a ideia de uma festa de pijama e as promessas deles de criarem uma noite ‘incrível’ só poderia significar muito e muito álcool, o que resultaria em muita enxaqueca para ele. Fletcher então voltou sua atenção para , sentada no sofá e um tanto alheia à conversa.
- Tem uma pessoa me intimando a sair com ela hoje… - sua voz deixava claro a sua confusão.
- Como?? - o rapaz contraiu a face em uma careta, sentando-se ao lado dela, com o braço apoiado no encosto do sofá para poder se aproximar mais e observar melhor o ponto da tela para o qual a menina apontava. - Ahh… tá. O IMessage deve estar logado.
- Iquem?? - perguntou confusa, sem muita noção do uso e dos programas típicos de um Mac.
- Message. Quando está logado… - ele voltou seu rosto na direção do dela, dando-se conta do quão próximos estavam um do outro. Ele estava levemente inclinado sobre a garota, pois a forma como o loiro se sentara no sofá criou aquela cercania. - as mensagens que mandam pro seu Iphone… - ele tentava explicar algo simples, mas sua linha de raciocínio era quebrada pelo interesse maior de seus olhos em mapear cada traço e detalhe da jovem a sua frente. E sabia que tinha a mesma impressão sobre a proximidade entre eles, pois se encolheu um pouco e suas maçãs do rosto logo adquiriram um tom mais forte que o normal. - chegam por aqui também.
- Le-legal! - a voz dela, embora empolgada, saiu quase em um sussurro, ao passo que Tom fungou duas vezes antes de voltar sua atenção para a tela.
- Bom, a gente não deveria ficar olhando… - Tom começou a dizer, mas seus olhos já percorriam cada linha escrita. Com o cenho franzido, tomou a liberdade para trazer o aparelho para o seu colo.
- O que foi, Tom? - perguntou a garota ao seu lado.
O loiro não sabia classificar se aquilo era bisbilhotagem, ou se havia descoberto algo importante. ‘Zhou’, aquilo era feminino ou masculino? Chamou a atenção de James para que viesse ver com seus próprios olhos, talvez o amigo ajudasse. Bourne o encarou com o queixo caído:
- Dude! Isso é perfeito! - o sorriso se fez presente em seu rosto. - O Fletch já respondeu se vai?
- Ainda não. Mas também, pode não ter nada a ver com… - Tom deixou a frase morrer, para James aquilo bastaria.
- Ou pode ter tudo a ver conosco. - o amigo respondeu com um olhar desconfiado.
- O que é que vocês estão xeretando aí, hein? - Danny perguntou, com uma animação de criança, colocando-se logo atrás do sofá onde se encontravam os três e incliando-se sobre eles. - O Fletch vai ficar doido se souber que… Ué, ele está marcando um encontro?
James e Fletcher precisaram conter seu instinto de assassinar ao sardento, pois sua voz nada baixa atraíra a atenção dos demais. Agora todos olhavam curiosos para a tela do computador.
- Gente, vamos parar. - começou a dizer, a desaprovação marcada em sua voz. - Bisbilhotar é feio! Essas mensagens são só para o…
A jovem, colada no corpo de Jones, forçou seu corpo para que o encosto do sofá a sustentasse pela região da cintura, a fim de que ela pudesse se inclinar sobre o objeto e com o braço estendido fechar a tela do laptop. Entretanto, o curioso som indicando uma nova mensagem fez com que todos congelassem, trocando olhares cúmplices.
- “Acho que hoje será perfeito”. Hummm! Fletch faturando!! Ai! - Jones brincava, até levar uma cotovelada na altura das costelas por parte de sua adorável ficante.
- Nós mulheres não somos ‘objetos’ para vocês ficarem ‘faturando’. - disse, seus estavam braços cruzados.
- Desculpem, mulheres. - Danny disse, a cara em completo muxoxo pela recriminação sofrida.
Harry, logo ao lado do moreno, tinha seu pé massacrado pelo de , para que este não viesse a cair na gargalhada e arruinasse a credibilidade do que a amiga dissera.
- “Só preciso me certificar de uma coisa”. - James leu a nova mensagem recebida. - “Te confirmo quando for possível,…
O loiro travou, sua expectativa de que Zhou pudesse ser algum contato com informações valiosas e secretas sobre as Fontes Amaldiçoadas parecia agora ruir diante do que vinha a seguir na mensagem.
- “... minha doce flor”?!?!
Foi Danny quem finalizou a leitura, deixando escapar uma ruidosa e escandalosa risada, o que levou seu corpo a contrair-se de maneira curiosa no momento da explosão da gargalhada. A mão rápida de o conteve, pois se ouviu o som de batidas na porta do quarto de hotel e uma voz muito conhecida:
- Rapazes? - a voz abafada do empresário soou do outro lado.
- Hunf! - estreitou seus olhos, ao mesmo tempo em que cruzou seus braços. - Por isso ele nos deu ‘carta branca’ para irmos nos divertir por aí! - disse presunçosa.
- Para não atrapalharmos seus amassos com a ‘doce flor’. Inteligente… - Harry comentou, era perceptível a expressão de orgulho em sua face, isso porque aquele método era o preferido do baterista, o famoso ‘dar um perdido’ nos demais que não fossem necessários na operação.
James seguiu até a porta, inspirou profundamente, forçando-se a não ficar deprimido. Deu-se mais esperanças a sua própria teoria do que recebeu provas que a comprovassem. E ao expirar, lembrando-se das palavras ‘doce’ e ‘flor’ juntas em um apelido carinhosamente brega, seu humor pareceu renovado.
Fletch havia acabado de bloquear a tela de seu celular e o ajeitava no bolso de sua calça social, um tanto distraído, até notar o espaço liberado pela porta do quarto de hotel agora aberta, erguendo seus olhos à altura de seu anfitrião e ficando desconcertado com o cenário a sua frente. Havia muitos rostos e todos com um semblante similar. Os olhos pareciam brilhar com marcas de contentamento e os lábios de alguns tremiam, as bordas se curvando em um sorriso, enquanto outros os comprimiam com força, levando-os para dentro de suas bocas.
- O que vocês… - Fletch começou pausadamente, sua mente tentando formular possibilidades e encontrar a correta desesperadamente.
- Ooooi, Fletch! - começou a dizer , mas a oscilação em sua voz fez o empresário estreitar ainda mais seus olhos em desconfiança.
- Então… - ele deu alguns passos, vacilante, sua mente trabalhando a mil por hora para pensar algo que explicasse aquilo. - Já sabem o que farão?
- Sim! - disse , em uma atuação melhor do que a de . - Vamos à balada mais top-top da região!
- Balada? - o empresário maneava a cabeça de leve, como se ao mesmo tempo fizesse cálculos mentais. Cálculos esses que, para os mais jovens, só poderiam ser sobre como se encontrar com sua ‘Doce Flor’ sem que eles soubessem. - Legal, legal...
- É, sim! - lhe sorriu. - ...amanhã essa balada promete! Harry observou com deleite e certo espanto a maneira como ia conduzindo o empresário para uma armadilha. Era brilhante, porém, aquilo o fazia pensar no cuidado que ele próprio deveria ter para não se deixar em maus lençóis. não era nem um pouco tola.
- Amanhã?! Mas eu pensei ter dito…!
- Que tínhamos carta branca para fazermos o que quiséssemos. - completou a jovem uma vez que a voz de Fletch pareceu não achar mais a saída. - Por quê? Algum problema?
- É que sem nós fora, como ele vai fazer para se encontrar com a Doce Flor? - Danny deu a cartada final, revelando por fim um sorriso de ponta a ponta, como se fosse o gato Cheshire de Alice no País das Maravilhas.
- Quê…?
O espanto forçou o empresário a se endireitar, parecia ter sentido uma profunda agulhada na base de sua nuca. Ele inspirou rapidamente, mas parecia congelado para poder expirar.
Todos, sem exceção, contrairam-se em risadas. Alguns mais escandalosos, outros contidos.
- Fletch tem uma namoraaada! Fletch tem uma namoraaada!! - cantarolou, acompanhando a si própria com bater de palmas.
O empresário tentou reassumir sua postura, embora sentisse a região de suas maçãs do rosto arderem. Para James e Tom, aquilo lhes serviu como uma pequena e perfeita vingança pelo que sentiram quando Fletch expôs seus segredos.
- Meu caro, se vai sair a um primeiro encontro… - deu-lhe um olhar criterioso de cima a baixo. - Vai ter de melhorar esse look se quisermos impressionar!
- Leve ela a um lugar chique, mas não muito caro! - aconselhou James. - Assim ela não pensará que você é pobre ou sovina.
- E seja cavalheiro! Pague a conta no primeiro encontro. - acrescentou .
- Porém! - Harry emendou sua fala logo em seguida, acercando-se do empresário e passando seu braço pelos ombros dele. - Dê a brecha para ver se ela se oferece para dividirem. Essa hora é crucial para saber que tipo de pessoa ela é: companheira ou sanguessuga.
- Chegue um pouco antes do combinado… - disse tentando participar, embora não soubesse muito bem o que aconselhar. Era preciso ter tido um primeiro encontro para poder aconselhar com propriedade a respeito do assunto.
- Elogie a produção que ela fizer para você. Repare nas roupas, unhas, sapato, cabelo… - disse em seguida, reforçando suas palavras ao fazer pose com uma mão na cintura, acompanhado com o movimento brusco de sua cabeça jogando seus cabelos para trás, fazendo-os acertar em cheio na cara de um desatento Danny. Com exceção do sardento, todos riram do susto que o rapaz levou por conta do ‘ataque capilar’.
- Abra portas, ajude-a se sentar, a se levantar… Isso lhe renderá alguns pontos. - Tom comentou enquanto ajeitava seus óculos, que lhe escorregavam pelo nariz.
- E tenha sempre uma camisinha com você! Às vezes você pode conseguir pontos o suficiente e trocar por um ‘prêmio’... - aconselhou Danny, suas palavras saiam embebidas em um tom malicioso. As meninas presentes reviraram os olhos, dividindo por pensamento a ideia de que homens só sabiam pensar naquilo; enquanto os demais rapazes se esforçaram para não esboçar que concordavam em gênero, número e grau com a fala do moreno. Afinal, às vezes, nunca se sabe.



Capítulo 54 - Adversidades

— Joga ela na roda! — Danny incentivou. Ainda que brincasse, não buscava debochar do amigo. — Nome. Idade. Filhos?
— Afinal, como ficaram sabendo? — Fletch perguntou perplexo, com um suspiro resignado.
— Seu IMessage estava logado. — Tom apontou para o laptop em seu colo, com um sorrisinho amarelo. — Eu vi sem querer!! - disse , erguendo suas mãos como um bandido pego em flagrante. — A culpa é minha.
Tom até quis interceder pela garota, mas acreditou que Fletch a pouparia mais de seus sermões do que se ele admitisse a culpa. O empresário estava com a cara amarrada, porém, maneou a cabeça negativamente. Tinha problemas maiores para se preocupar: fora descoberto.
— E aí? Quem é ela?! — perguntou animada, mal contendo sua excitação.
— Mei Zhou. 32 anos. Sem filhos. Mãe americana e pai chinês.
— E você a chama de ‘Doce Flor’ porque…? — Danny perguntou curioso.
— … é o nome de usuária dela no site de relacionamentos onde eu a conheci. — respondeu o homem, confuso sobre o que o envergonhava mais: ser exposto daquela maneira; ou a forma peculiar como a conhecera.
— Oowwnn!! - suspiraram , e , todas amantes em diferentes graus de complicadas histórias de amor. Suas manifestações em coro serviram para abafar as risadinhas dos rapazes.
— Dude! Eu pensei que você tivesse desistido dessa história!! - Danny comentou, espalhafatoso como sempre ao falar.
— Eu nem imaginava que tivesse rendido frutos… — as sobrancelhas de Harry contraíram-se brevemente, impressionado.
— Como assim? - perguntou, seu rosto voltado com um sorriso para seu ficante.
— O Fletch não tem muita sorte com mulheres, então o inscrevemos num site de relacionamentos. — Danny respondeu divertido.
— É… mas foi algo, assim… Último recurso! — comentou James, dando de ombros.
As meninas manearam a cabeça positivamente, em um gesto que misturava compreensão e perplexidade.
— Nossa, a única mulher que você foi achar... e ela fica na China? — a pergunta de Harry vinha em tom sarcástico. — Não havia mulheres em um raio menor de distância?
Fletch bufou, não mais tão aberto para piadinhas depois daquela. Talvez o moreno tivesse ferido a honra do empresário.
— Ca-ham! — o mais velho pigarreou. — Certo, já que o segredo não é mais segredo... Vou marcar de me encontrar com ela hoje. Pensei que seria a oportunidade perfeita de conhecê-la, dada as circunstâncias.
— Ai, queria tanto ver como ela deve ser! — disse amavelmente. — Aposto que ela é linda, Fletch!
— Deve ser é cega pra topar sair contigo! — Danny manifestou-se, em uma necessidade inocente de informar o que lhe parecia óbvio.
— Com certeza está desesperada, morando com mil gatos! — brincou Tom.
— Ou doida! – completou Harry. — AI!
A cota de pisadas que Judd recebia de só aumentava, mas o rapaz acreditava que aquele último lhe daria um calo pelo tanto de força usada. Pela sua postura, passava a impressão de ser um doce de menina — meiga, inocente e romântica — mas Harry já sabia que não devia julgar a jovem tão levianamente.
— Gente! Como vocês são malvados! — bufou, revirando os olhos. — Pode contar com nosso toque feminino nesse seu encontro.
— Operação Cupido Version Mode-On! — gritou, bradando a plenos pulmões, despertando o medo naqueles do sexo masculino.
— Não liguem, ela é fã da Sailor Moon.


despertou com um suspiro, completamente desorientada.
Quando caíra no sono? Havia muito tempo?
Moveu-se alguns centímetros antes de que seu cérebro ordenasse que cada músculo de seu corpo e os pulmões interrompem suas atividades: alguém a observava.
Ela estava sem óculos, e sem eles era difícil ter certeza do que ‘via’. Porém, aquele borrão amarelo só podia ser uma coisa, ou melhor, uma pessoa.
Dougie Poynter.
então fechou seus olhos, torcendo para que ainda pudesse se fazer passar por adormecida. E chegou a acreditar que seu plano dera certo, mas um longo suspiro dado por ele a fez reconsiderar. Sentiu que havia algum problema.
— Dougie? — não fora uma ação premeditada, sua voz parecera sair sem sua permissão ao socorro do rapaz.
Era como se o rapaz não estivesse ciente da presença dela, pois se assustou ao ouvi-la dizer seu nome. Dougie não tinha muita certeza desde quando estava ali, nem mesmo muitas lembranças desde que saíra do quarto de Fletch acompanhado pelo próprio, que seguiu para o quarto de hotel onde o loiro estava antes com os colegas de banda.
Sua mente estava concentrada sobre os possíveis futuros que ele poderia ter: um curado; e outro não curado da maldição.
Tanto os rapazes quanto Fletch diziam a todo momento que uma vida como amaldiçoados seria o fim de suas vidas e carreiras. E Dougie tentava se convencer do mesmo.
Às vezes sentia como se fosse o único a querer seguir em frente mesmo com a adversidade de se tornar um animal ao entrar em contato com água. Certo, era estranho… Mas ele não fora sempre considerado meio estranho?
Não era como se não pudesse haver algum lado bom: estar como porquinho-da-índia fazia com que as comidas ficassem maiores. E isso que ele ainda nem havia testado comer todos os seus pratos preferidos! Ele poderia se esbaldar e depois perder peso em rodinhas de exercícios para hamster. Era perfeito!!
Perfeito aos olhos dele, o pior pesadelo na visão dos demais.
Eles teriam de parar com seus shows, sair do mundo da música, manter-se afastados de todos e não se envolver romanticamente com ninguém. Esse era o último plano, caso as buscas pela cura não dessem certo, e ninguém podia discordar.
Mas Dougie não estava de acordo com aquilo.
Se estivesse, não poderia nem ter se declarado para . Ela deveria ser “poupada” - segundo eles - de estar envolvida com um amaldiçoado. Mas quem eles queriam enganar?
Danny não tinha mais moral alguma: era o ficante assumido de . Judd tentava não transparecer, mas estava enfeitiçado por . E Tom agora se mostrava vacilante sobre seus sentimentos. Fletch e James pareciam não ter ninguém, porém, quem garantia que eles não poderiam ser ver interessados em alguém mesmo naquela situação?
— Dougie?
O rapaz pareceu acordar de um transe. Começou a divagar quando notou que estava adormecida, e acabou por fixar seus olhos em um ponto qualquer do chão.
— Está tudo bem contigo?
A testa dela estava levemente enrugada, a voz marcada pela preocupação. Ele a encarava sem expressão. Numa tentativa de esboçar alguma reação, engoliu em seco - literalmente, pois sua boca estava seca - e buscou por uma resposta que a tranquilizasse.
— Sim. Eu só… estava pensando numas coisas. — ele engoliu em seco outra vez, mas involuntariamente. Ele precisava beber algo.
Seu corpo começou a formigar no momento em que seu cérebro tornou mais clara a situação na qual ele se encontrava: estava sozinho com , com os demais amigos há alguns metros de distância (esse detalhe era vital). Se reunisse coragem o suficiente, aquele era o momento mais oportuno.
— Está com sede? — sua voz evidenciava o nervosismo. O sentimento de inquietação crescia dentro dele conforme era persuadido por si próprio a tentar se declarar novamente.
Poynter levantou-se em um pulo, trazendo para perto da cama o carinho de hotel cheio de opções de comida e bebida.
De repente passou a se sentir um completo desajeitado. Não sabia ao certo quais palavras usar, se deveria ficar de pé ou sentado, se deveria olhar fixo nos olhos dela para já emendar um beijo… A vida seria mais fácil se viesse com um roteiro.
tateou no criado-mudo atrás de seus óculos, insistia em acreditar que algo estava errado com Dougie. Mesmo com ele negando qualquer problema, seu tom de voz e linguagem corporal indicavam o contrário - ao menos isso era claro mesmo sem os óculos.
Como tudo o que pediu fora pensando em , não havia Coca-cola - líquido mágico que não os transformava em animais - o rapaz teve de se conformar em beber uma garrafa de água.
— Não me faça torcer seu mamilo, anão… — ameaçou, impaciente, seus olhos estreitados. Dougie pôde jurar, pelos pequenos traços de divertimento na voz dela, que a menina não teria problemas em torturá-lo.
— Tá bem! - respondeu inconformado, elevando um pouco o tom de sua voz. Queria fazer aquilo no seu tempo. — Éé… — tentou começar, mas sua mente parecia completamente desarticulada de palavras. Teria de se declarar por mímica? Seu cérebro ficava nervoso e consequentemente burro a aquele ponto?! Girou seu corpo por completo, ficando de costas para a menina, o olhar inquisidor dela o estava prejudicava.
— Dougie… — a voz dela atrás de si soou ligeiramente doce, de verdade preocupada. Pousou a mão na nuca, seus olhos fixos nos próprios all star sujos e surrados. Seu lado Racional poderia ter entrado em pane, porém, aquele era o momento perfeito. Claro como a água. Era hora. — ! A verdade é que eu…!!
— DOUGIE!! Cuidado!!

!PUF!

tinha ambas as mãos sobre os olhos. Mesmo sendo um reflexo irracional, não precisava assistir à cena para saber o que havia acontecido.
Ao se virar, Dougie trombou com o carrinho de hotel - deixado ali por ele próprio segundos antes! O carrinho inclinou-se na direção de , que conteve seu fôlego com a possível iminência de acabar soterrada por comes e bebes logo em sua confortável caminha à la Castor. Por sorte, o baixista teve reflexos rápidos, lançando seus braços sobre o carrinho e o puxando com toda a força no sentido contrário.
Talvez uma ideia não tão boa…
Tudo começou a se voltar na direção de Dougie e o copo meio cheio/ meio vazio de laranja que ele havia acabado de beber se inclinou sobre seu corpo.
Veio a fumaça, as roupas escorregaram de seu corpo - que diminuía enquanto assumia a forma de um porquinho-da-índia -, e o rapaz viu-se um tanto desesperado em uma espécie de ‘chuva’ de alimentos.
!!, ele tentava gritar para que a moça o ajudasse.
O rosto dela foi surgindo devagar por detrás do colchão, que agora parecia a uma altura considerável dele, até que Dougie conseguiu ver o rosto de um tanto embaçado:
... - sua forma animal só o permitia emitir grunhidos animalescos. Ajud-
Ele teria continuado, mas a gargalhada escandalosa da jovem ao ver que o baixista se encontrava preso sob o copo de vidro de suco virado de ponta cabeça tomou todo o quarto.
A risada espontânea de era algo agradável para os ouvidos de Dougie, mas naquele momento - indefeso e menor do que o normal - seu verdadeiro desejo era que a menina tivesse medo de porquinhos-da-índia.
— Ai, Pi-chan… — ela secava uma lágrima que estava prestes a percorrer a lateral de seu rosto. Descera da cama e com a outra mão libertou Dougie de sua mini-prisão. — Assim você me mata.
Dougie suspirou resignado.
Mais uma tentativa de declaração e mais um grande fracasso… As Lei de Murphy não estavam ao seu favor. Dougie começou a se sentir abatido.
Normalmente, o momento seguinte à declaração é o pior. Trata-se daquele silêncio incômodo que paira até que haja uma resposta do outro. Mas quem consegue falhar em duas declarações?! Pelo visto ele, óbvio.
O baixista começava a se perguntar se aquilo era um sinal.
Ele fora imprudente. Devia ter se mantido ao plano de se declarar mais adiante, quando ela já estivesse melhor. Ele era um tolo! Nem mesmo tinha provas de que ela sentisse qualquer coisa por ele...
— Pi-chan? — ouviu a voz doce de . As palavras cantaroladas fazendo-lhe cócegas em seus ouvidos. A jovem estava de pé, com Dougie em suas mãos, erguendo na altura de seus olhos. Ele voltou sua atenção para ao ser chamado. Ela então o deitou de barriga para cima em seus braços e provocou gentilmente seu focinho com seu dedo indicador.
— Sabe uma coisa que eu amo, Pi-chan? — ela perguntou, com um sorriso bobo na cara. — Eu am…
— AAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!
— O que foi isso, Dougie?? — perguntou apreensiva. Seus olhos voltados para a porta de seu quarto. Guinchando em agonia, pressentia que Dougie estava tão assustado quanto ela a respeito do grito misterioso.
Termine a frase!! Termine a frase!!! TERMINE A FRASEEEE!!!!





Capítulo 55 - Procura-se um amor que goste de pandas


— Tomm!! Não!!!
— É uma pena eu não estar com suspensórios para te matar enforcado, James!!!
— OW!! O que há com vocês?!?! — gritou o sardento na direção dos amigos.
Fletcher estrangulava com ambas as mãos o pescoço de um James quase sem ar.
Recapitulando: Danny e Harry deveriam seguir para o quarto onde se encontravam as meninas porque James precisava entrar no dele para pegar algo.
E assim os dois morenos fizeram, até que, já parados em frente à porta do quarto, ouviram as súplicas de um e as ameaças do outro.
— Eu esqueci meu cartão-chave no bolso da minha outra calça. — explicou James.
— Então pega da outra calça, ué! — Danny sugeriu, ao que o baterista se golpeou com a própria mão na região do rosto.
— Burro! Isso quer dizer que ele está trancado do lado de fora até o Fletch voltar do encontro dele. — o moreno observou o sardendo coçar a nuca, parecia presenciar um momento de grande atividade cerebral de Danny Jones:
— Bom, então é só esperar até o Fletch voltar...
— Eu não acredito nisso!! — Tom disse em lamento, enquanto com ambas as mãos ajeitava as roupas que usava sobre o corpo. O loiro estava decepcionado. Esperanças reduzidas a pó.
O exagero no drama era palpável, mas compreensível aos olhos de James.
Ele queria ser curado para tudo voltar ao normal; Fletcher precisava da cura para que sua vida pudesse ser como antes.
— Desculpe, dude. — James forçou um sorriso torto com o canto da boca.
— Deixa... Uma outra oportunidade vai surgir, embora essa fosse perfeita mesmo.
A menos que..., foi como se o clarão causado por um relâmpago iluminasse a mente de James. Mas aquele nanico idiota com certeza não vai querer ajudar.
— Voltamoooos! — o sardento anunciou animado, escancarando a porta para chamar ainda mais a atenção. — O pombinho saiu para se encontrar com sua pombinha.
— Aposto cinco contos que a “Pão de mel” é homem!! — emendou logo, mostrando a língua.
!!
!!! — a jovem debochou de seu tom de censura. — Você pensou o mesmo...
— É, mas você quem disse!
— Nem vai aparecer. Dobro a aposta. — Harry decretou, cruzando seus braços para mostrar a certeza sobre a previsão que anunciava.
— Triplico! — disse Danny. — Ela vai aparecer... Vai ser uma mulher... Mas o Fletch vai estragar tudo metendo os pés pelas mãos!
— Mais alguém quer apostar em uma teoria? — perguntou convidativa. — Então fechamos!
— O que vocês estão vendo? — perguntou Judd com as sobrancelhas arqueadas ao máximo permitido, dando um leve tapa no ombro do sardento para chamar sua atenção. — Somos nós...
— Adivinhem! Achamos “Sorte no Amor”!!
A televisão exibia uma cena com os quatro rapazes, mas de seus lábios saiam palavras em chinês.
— Cara, eu tô falando chinês!!! — Danny vangloriou-se com grande orgulho. — Sou... um poliglota!
— “Poli”? — Tom questionou, seu cenho franzido. — Desculpe, mas quais línguas você saber falar mesmo?
— Ué, inglês! Eeee! Chinês, olha só.
Tom rolou os olhos, bufando; enquanto pousou sua mão sobre a do moreno, colocada gentilmente sobre o ombro dela, pedindo a Fletcher com seus olhos que deixasse seu ficante acreditar no que dizia.
se voltou para sua esquerda, disfarçadamente cobrindo sua boca com a mão e silabando para James logo atrás do sofá: “Tudo bem com o Tom??
Bourne conhecia o amigo bem o suficiente para saber o quanto ele ficaria insuportável por não ter completado seu objetivo de vasculhar o quarto de Fletch. Olhou por um momento o amigo e ao voltar seu olhar para a garota para respondê-la, teve uma nova ideia.
— Ah, você sabe ... — ele acercou-se dela, apoiando seus braços no encosto do sofá. Um sorriso ladino nascia nos lábios de James. — É apenas fome. Mas talvez possamos dar um jeito nisso.
Completou com uma piscadela para a menina que o encarava curiosa.


Fletch conferiu seu relógio de pulso ao chegar no lugar combinado para se encontrar com Zhou pela primeira vez. O local: um banco de pedra logo no início da rua onde acontecia o Festival das Estrelas. O sol ia se pondo enquanto as pessoas começavam a chegar, formando pequenas aglomerações.
A mão passando pela lateral do cabelo indicava o nervosismo do empresário.
Graças à ajuda dos rapazes tinha certeza de que estava com uma boa imagem para causar uma ótima primeira impressão. Agora, restava saber se conseguiria fazer o mesmo em matéria de conversação.
Seguia andando lentamente em círculos, forçando seu cérebro a pensar previamente em todos os possíveis assuntos interessantes para conversar com Zhou, até que resolveu dar um descanso para sua mente e sentar-se no banco.
— Anh... Olá? — disse ele ao se virar e topar com a figura de uma jovem criança sentada no mesmo banco, abraçada a um panda de pelúcia.
A garotinha o observou, apertando ainda mais o ursinho contra si.
Fletch sentou-se, hesitante, não queria que a jovem tivesse medo dele, mas lhe oferecer uma das balas que carregava no bolso da calça provavelmente causaria a impressão errada. — Vo-você se perdeu dos seus pais? — ele perguntou, mais para si mesmo, olhando para ambos os lados. Não havia muitas pessoas naquela parte e era estranho ver uma criança entre 7 ou 8 anos completamente sozinha.
Sentado praticamente na ponta do banco para evitar que deduzissem algo ruim ao seu respeito — ele, um inglês, ser pai de uma chinesinha não seria o pensamento mais lógico das pessoas — olhou-a pelo canto do olho com preocupação:
Perdida ou... Abandono??, indagou ele.


— Super adorei sua idéia, James!! — passou sorridente pela porta vai-e-vem da cozinha, pousando uma mão no peito. — Pipoca!!! Serve para enganar a fome, o Tom vai adorar. E eu amo pipoca!!
— É, me falaram... — o loiro riu consigo mesmo ao se recordar através de quem soube daquilo. Quantas informações mais Tom guardava sobre ela?
— Mas eu não sei se tem como fazermos aqui. — a menina coçou seu queixo, encarando os pequenos armários dispostos na cozinha, praticamente vazios.
Então se virou, surpreendendo-se com James logo atrás dela:
— Preciso de um favor seu! — o loiro disse. Decidido, porém, visivelmente ansioso.
— Oi??? — perguntou confusa com pequeno sorriso incrédulo.
— Preciso de ajuda com um problema, mas não posso te passar muitos detalhes. Tem que ficar em segredo, entende?
— Na verdade... não.
— Olha, só me ajude com o que eu pedir e eu... como retribuição... deixe-me pensar... consigo um encontro pra você com o Fletcher!!!
— Não, muito obrigada. — ela cruzou seus braços. — Eu não pretendo roubar o Tom da Giovanna.
— Mas já disse que eles não...!! O Tom gosta...!! — James teve de morder sua língua. — ARRGGGHH!! Gente chata!!!
— Só ajudo se for claro comigo. Já me ferrei com essa história de “Ajudar sem olhar a quem e saber o por quê”.
James a encarou, avaliando a situação. Se contasse, como justificaria a invasão que desejava fazer no quarto que ele e Fletch dividiam? Não possuía nada tão importante que pudesse usar como desculpa.
E dizer que Dougie, Tom e ele tinham suas dúvidas quanto à índole de Fletch estava totalmente fora de questão.
— Me ajuda, por favor... e eu não conto para o Fletcher o que você realmente sente por ele.
— QUÊ?! Só que você já tinha me prometido que não ia contar, cabeção!!! — disse quando finalmente o espanto a deixou pronunciar algo.
— Eu sei! Mas é a única maneira de fazê-la me ajudar. — ele a olhou desafiadoramente, deixando claro sua consciência sobre estar jogando sujo.
— Hunf! Está blefando que eu sei...
— Toomm!! — o rapaz a interrompeu com grito cantarolado. A expressão de cética da menina deu lugar à tensão ao ver Fletcher entrar na cozinha.
— Conseguiu? — perguntou o recém-chegado.
— Ainda não. Porém, creio que ela está quase dizendo sim... — James ainda mantinha o mesmo olhar.
— Eu não estou entendendo... Vocês estão juntos nisso??
— Precisamos de um favor, e o James disse que sabia como convencê-la. — Fletcher explicou, sentando-se à bancada no centro da cozinha, de frente para ela.
— E então, você pode, ? — Bourne perguntou cínico, dando uma olhada significativa na direção do amigo.
respirou fundo, incômoda. Estava encurralada.
Para James aquela causa estava ganha.
— HÁÁ!! — gritou ela ao mesmo tempo em que decidiu mover-se com rapidez na direção da pia, cuja torneira era de um material flexível.

!PUF!

Os presentes na cozinha começaram a tossir diante do acúmulo de fumaça branca concentrado naquele espaço.
— Sua louca!! Qual o seu problema?? — uma voz feminina e marcadamente esganiçada soou nervosa.
— Droga! Esqueci, você não vira bicho, ainda pode falar!
Com a fumaça oriunda da transformação no fim, a versão feminina e voluptuosa de James e Tom entreolharam-se brevemente, com a mesma comparação em mente: Jones.


— Vejamos... Hummm, “Nihao!”.
Fletcher folheava avidamente seu guia de conversação com pequenas expressões e frases em chinês. Havia escolhido aquele mais por uma questão de valores do que certeza de qualidade, agora se perguntava se os demais guias possuíam dicas de pronunciação.
— Nihao. — respondeu a garotinha timidamente, com voz baixa.
— Certo... Agora “Você está perdida?”... Como eu acho isso???
— Está esperando alguém? — ela perguntou com uma doce e inocente voz. O empresário surpreendeu-se ao ver que ela sabia falar, e muito bem, o seu idioma nativo.
— Anh, sim. — respondeu quase de imediato. — Você está perdida, garotinha?
Viu-a manear a cabeça negativamente.
— Onde estão seu papai e mamãe??
— Eu não tenho pai. — a expressão dela tornou-se rígida, demonstrando certo ressentimento. — Minha mamãe já está vindo me buscar.
— Ahh... entendi! — Fletch colocou a mão sobre o peito, aliviado. — Então menos mal...
— Está num encontro romântico?
— Annh...
A garotinha mantinha o ursinho panda colado ao tronco, seu queixo apoiado sobre o animal, enquanto seus olhos inquisidores encaravam a Fletch. O empresário sentiu-se desconfortável com a pergunta. Então lembrou-se que crianças são sempre um poço sem fundo de curiosidade.
— Sim.
— Vai se casar com ela?
— Bom, não sei... Quero dizer, a gente ainda não se viu pessoalmente. Vai ser a primeira vez que nos vemos.
— Então vai sair com ela, dizer que é linda, pegar o número de telefone dela e... puf... sumir pra sempre?
Os olhos de Fletch quase saíram das órbitas por assombro.
— Não, eu não vou fazer isso com ela. — crianças eram assim tão avançadas? Ele já não se lembrava mais tão bem.
— Você nunca sumiu após um encontro romântico?
Fletcher passou a mão pela lateral dos cabelos, convencido de que estavam desarrumados.
— Acho... acho que isso não é assunto de criança.
Os olhos dela se transformaram, apresentando um olhar acusador.
— Então já sumiu. Homens realmente são desprezíveis. Sempre egoístas, irresponsáveis, malvados...
— O-olha, garotinha, acho que sua mamãe deve estar chamando por você.
— Você vai abandonar essa moça também!! — apontou seu dedo acusatório na direção de Fletch. — Desprezível! Desprezível!!
— O quê?!?! Não diga coisas assim!!! Cadê a mãe dessa criança?!?!
O empresário olhava desesperadamente para os lados, estavam começando a atrair a atenção dos visitantes da festividade. Precisava se livrar daquela criança antes que Zhou chegasse.
— Venha, vamos buscar sua mamãe, pirralha. — ele gentilmente pousou sua mão no pulso pequeno e frágil da garotinha.
— Não me toque, seu homem desprezível!! — disse antes de gritar. Agora todos, definitivamente todos, olhavam para eles dois: — Socorro!! Tarado!!!





Capítulo 56 - Menos é mais

— Aff, não creio nisso... — suspirou pesadamente enquanto seguia pelo corredor, acompanhada por James e Tom logo atrás dela. — Por que o James tinha de virar mulher ao invés de bicho??
— Eu gostaria de saber por que não me deixaram destransformar primeiro!! — reclamou James, enchendo as mãos no cós de sua bermuda e erguendo-as, pois insistia em cair dada a diminuição significativa de suas medidas.
— Por que vamos resolver isso logo.
— Água leva cinco minutos para ferver, Fletcher! — James deu-lhe um olhar de poucos amigos. Levando sua mão espalmada até centímetros do rosto do amigo. — Cinco minutos.
O loiro fez pouco caso dele. Era sua pequena e secreta vingança graças às estúpidas táticas usadas por ele.
Segundo o mais novo plano de Bourne, ele deveria esperar na sala com os demais até ser chamado pelo amigo. O loiro não demorou muito a entender sobre a tal ‘garantia’ que James lhe sussurrou ter para convencer a ajudá-lo antes de seguir com ela para a cozinha. Ele era a arma secreta de James.
E lhe irritava ainda mais saber que os sentimentos da garota por ele eram usados contra ela.
— Então, o que tenho que fazer? — perguntou parada em frente à porta do quarto que dividia com a amiga .
— Apenas invente uma mentira qualquer para o Poynter vir aqui fora pra gente poder ter uma palavrinha com ele. — respondeu James. o encarou com o cenho franzido.
— Se vocês só querem conversar, por que não chegam nele e... — fez uma pausa dramática com deboche. — conversam? Ohhh!!!
— Ele está bastante chateado conosco. — Tom respondeu com um sorriso triste no rosto mesmo sem saber ao certo qual era o novo plano de James e a função de Poynter nele. Do que tinha certeza era de sentir-se péssimo por não ter sido sincero com Dougie e os demais. Suspeitar a respeito de Fletch, amigo de longa data, era algo a ser debatido, o homem merecia o benefício da dúvida se agisse de maneira questionável. — Não acho que fosse aceitar conversar se soubesse com quem é.
— Certo. — a menina concordou com a cabeça. Embora a curiosidade, morderia a língua antes de perguntar o motivo de Poynter estar bravo com eles. — Mas o que é que eu vou dizer? O que é que eu vou falar?
— Na hora você pensa em alguma coisa, só precisamos da deixa para falar com ele. — James apoiou suas mãos nos braços de , incentivando-a a abrir a porta. — Gente, eu não sou muito boa de improvisos.
Os três entraram no quarto, ouvindo as gargalhadas de escaparem pela porta entreaberta de seu cômodo.
— Ai, Pi-chan...
— O Dougie deve ter se transformado em bicho para estar sendo chamado de ‘Pi-chan’. — comentou em um tom de voz bem mais baixo.
— Ótimo! — comemorou James. — Com ele transformado já temos meio caminho andado no plano, despertando confusão entre e Tom, respectivamente:
— Plano?
— Caminho andado?
— Sabe uma coisa que eu amo, Pi-chan?
Três pares de ouvidos ficaram mais atentos após aquela frase.
Para James e Tom, aquela podia ser a grande chance do baixista: ter a garota de quem ele gostava retribuindo seus sentimentos. Ainda que o loiro tivesse fracassado uma primeira vez ao se declarar, aquele podia ser o momento.
Boa, Poynter! Sem Friendship Fatality!!
Esse aí nasceu com a bunda virada pra lua!
A respiração dos dois estava suspensa, apenas esperando que prosseguisse. Por outro lado, estava afoita.
Sabia o que estava prestes a dizer e como aquela situação podia acabar de uma maneira muito infeliz. Ela precisava agir, mas seu cérebro não lhe dava qualquer ajuda. Então, fez a única coisa possível no momento para impedir:
— AAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!
— O que foi isso, Dougie??
— Nããããooooo.... — James lamentou num sussurro desesperado com o rosto em uma expressão semelhante à dor, levando as mãos à cabeça. Tom esboçou uma reação parecida. — O que você pens-...
já não estava mais ao seu lado.
A garota atravessou a sala e irrompeu no quarto da amiga:
— INVASORES NO BANHEIROOO!!!!
Tanto como Dougie deram um pulo no mesmo lugar pelo susto.
— Como assim?!?!
— Dougiee, vá lá e nos salve!!! — tomou das mãos de o porquinho-da-índia e correu de volta para a entrada do cômodo, lançando o pequeno animal para um dos rapazes. — Segura aí!!!
Ao se virar, notou um enorme vulto debaixo das cobertas. : oito ou oitenta. Ou enfrentava monstros, ou se escondia deles.
Pela distância na qual se encontravam os rapazes, não conseguiriam salvar o amigo de choque contra o piso. Por isso, o primeiro ímpeto de James foi de estender seus braços e ir de encontro ao amigo transformado.
— Peguei!!
Vocês!!, Dougie grunhiu ao ver o sorriso forçadamente amigável dos dois amigos. Tramaram isso, não foi?
— Mulher, o que você tem na cabeça?? — perguntou , levemente alterada.
— Medo, ué! Você disse que há invasores no banheiro!!
— Não há invasor nenhum. São apenas o James e o Tom na sala. — negou, sinalizando com a mão, como se tentasse espantar um mosquito. — Foi a única coisa que consegui pensar na hora para te impedir. Você não se deu conta do que estava dizendo, né?
O olhar perdido de para os lados enquanto buscava por uma resposta levou a golpear sua própria testa.
— Jegue!! O Poynter tá caindo de amores por ti, você mesma disse pra gente que acredita que ele ia se ‘declarar’ para você e agora me vem com essa história de estar sozinha com ele nos braços e dizendo toda boba: “Hihihi, ai-ai-ai, Pi-chan... Sabe o que eu mais amudolu??
— Eu não falo assim... — respondeu em um muxoxo infantil.
— Foco, mulher!! — a menina estalou os dedos na cara da outra. — O Poynter tá bêbado de amores por ti, não pode falar algo assim porque ele vai pensar besteira na certa.
— Eu só ia dizer que amo porquinhos-da-índia porque eu realmente amo, poxa.
— Evite a palavra ‘amo’ isso ou aquilo perto do Dougie, ok?!
— AAAIIII!!! AIII!!
Os gritos no outro cômodo fizeram as meninas se lembraram de que não eram as únicas no quarto de hotel. E como sempre, desde o colegial onde estudaram juntas, foi mais rápida em chegar até o local.
O pequeno porquinho-da-índia parecia mais o demônio da tasmânia dos desenhos animados, pois se via apenas seu vulto em torno dos rapazes.
— Dougie!!
— Dude, pára de morder a gente!!!
— Pi-chann!!! — gritou ao passo que bateu o pé no chão. O pequeno correu até os pés dela.
— Nós só queremos conversar. — salientou Tom, com expressão de dor pela ardência sentida nas pequenas feridas provocadas pelo porco.
— Seu demônio, agora vou ter de tomar uma anti-rábica!!
Falsos!!
— Será que alguém pode explicar o que está rolando, afinal?? — pediu , preocupada com o relacionamento nada amistoso do trio.


— Hey, ! — Danny disse enquanto espreguiçava-se no sofá, esperando que ela o olhasse com um sorriso para então continuar: — Que tal vermos de garantir o que vamos usar na nossa festinha de hoje?
A jovem ponderou por breves segundos.
— Seria bom, sim. Precisamos de algumas coisas, mas... Como vamos saber onde comprar?
— Algum funcionário do hotel pode indicar uma loja de conveniência ou um mercado. — Harry comentou.
— É uma boa idéia. — agradeceu o sardento. — O casal de pombinhos quer vir conosco?
e Harry, que estavam no sofá com ela sentada em seu colo e cabeça apoiada em seu ombro, viraram-se lentamente na direção dos outros dois.
— Que...?
— Casal...?
— Vocês dois, tontos. — debochou.
— Não somos um casal.
A resposta sincronizada fez e Danny entreolharem-se perplexos.
— Como assim, gente?
— Não somos um casal porque não estamos namorando.
— E quanto a ontem? Pensávamos que resolveram ficar juntos. — perguntou , encarando a amiga para ter certeza de que ela falava sério.
— Sim, ontem a gente deu uma chance para ver como seria.
— Mas tínhamos um “prazo de validade”, que acabou sendo hoje de manhã.
Danny coçava com seu indicador seus castanhos cachos.
— Deixa eu ver se entendi: então ontem vocês eram um casal de namorados... e hoje não são mais.
— Exato! — concordaram ambos.


— Então, querem o Dougie-porco para entrarem no quarto? — tentou recapitular a explicação atrapalhada e entrecortada oferecida pelos dois rapazes.
— Eu esqueci a minha chave meu no bolso da outra calça. — James explicou, rindo no final da sua suposta ‘idiotice’.
Entendi. Com o Fletch longe, e nós dentro do quarto... podemos então vasculhar por qualquer item e ver se achamos algo!!!, Poynter deu um pulo de exaltação ao compreender. Obviamente, as reais intenções dos rapazes foram ocultadas de e durante a explicação, entretanto, eles sabiam que o amigo amaldiçoado compreenderia o segredo nas entrelinhas.
— E por que é melhor ir com o Dougie-porco ao invés do Dougie-homem?
— Mulher, pare com isso de Dougie-porco, é Pi-chan. Pi-chan!
"Pi-chan", Dougie acompanhou , que o tomou em seus braços. A outra meramente deu de ombros.
— Para ele entrar pela sacada e nos passar a chave por debaixo da porta. — James revelou a parte final de seu plano, embora Tom tivesse deduzido tal parte também após ouvir James dizer que o amigo teria maior serventia como animal.
— Sacada?! — abraçou protetoramente Dougie, que se estivesse em sua versão humana, todos notariam o tom vermelho apoderar-se de seu rosto. — Por que o Dougie e não Tom?
— EI!! — reclamou . — Calma, gente. Ao invés de fazer alguém andar pela sacada, por que não pedem uma cópia da chave na recepção??
"Cópia?"
— Cópia...?
— Na recepção...?
As garotas trocaram um breve olhar cúmplice. Gênios, pensaram ambas com escárnio.
— A gente explica como é simples. — se dispôs.





Capítulo 57 - (In)Verdades e consequências

— Pronto! Está em mãos! — James comemorou, já com sua característica voz masculina após destransformado, transbordando confiança.
— Hunf... — o loiro ao seu lado pareceu desdenhar. — Espero que valha cada centavo!
Fletcher guardou sua carteira atrás do bolso de sua calça jeans enquanto Dougie versão-homem e James trocaram um olhar cúmplice de antipatia pelo amigo reclamão.
A tarefa não era difícil: bastava ir à recepção, como indicaram as meninas, e solicitar por uma nova chave, desde que ficasse comprovado que o solicitante estava hospedado no dito quarto. Entretanto, cada nova chave resultava em uma multa gradual.
— Podia ser pior. — Dougie tentou melhorar a situação apontando um detalhe. — O Jimmy podia ter deixado a identidade no quarto também. Sem isso, não teríamos como provar que ele é ele e em qual quarto está.
A Tom coube apenas ceder:
— Certo, certo. Vamos revistar aquele quarto logo. — empurrava os amigos em direção ao elevador no hall enquanto sussurrava.
Eles não precisavam de mais problemas.
Uma vez que as portas do elevador se fecharam, foi como se o foco no plano estivesse temporariamente interrompido. James e Tom, numa atitude que julgavam discreta, inclinaram suas cabeças em direção ao loiro mais jovem e menor parado entre eles. Seus olhos estavam fechados, o cenho levemente franzido e a cabeça abaixada, com braços cruzados.
Dougie, eu te amo...
As palavras foram sopradas de leve em sua orelha, e o arrepio que aquele contato causou seria bem menos horripilante se as palavras tivessem saído da boca de e não de James.
— Eu te mato!!
Ai, Dougiezito, você não faria isso com a mulher ama!! — James dizia, em uma péssima atuação como .
Apesar do riso inicial, Tom começava a duvidar se não deveria ter impedido Bourne antes, pois agora ambos os amigos corriam pelo corredor e os tapas e pontapés dados sobravam até para ele.
— AHHHH!!!!!
O grito de dor foi decisivo. James e Tom encaravam boquiabertos a Dougie, quem tinha o maxilar cravado no braço do primeiro.
— Seu... seu animal!! Tá achando que ainda está como porco?!?!?! Eu te faço virar bacon, trouxa!!!
— Chega, chega!! Querem quebrar o elevador? — Tom tinha os braços estendidos, garantindo assim que os dois rapazes não se atracassem novamente em uma luta. — Temos a chave, então vamos pedir o Danny e o Harry para irem ao quarto do Fletch desacompanhados. Assim podemos contar sobre nossas suspeitas e ao mesmo tempo vasculhar o lugar. — o loiro sacou do bolso da calça seu celular, já iniciando uma mensagem de texto para os dois amigos. — Todos ganham.
— Isso depende. — James salientou, com uma expressão de desconfiado. — Se estivermos certos sobre o Fletch estar escondendo algo, boa coisa não deve ser.
— Verdade. — Tom respondeu com certo desânimo na voz.
— E a única notícia ruim que poderíamos ter é de que não podemos ser curados. — completou Dougie.
— Eu sei...
Houve uma troca de olhares maliciosos entre Dougie e James antes de se aproximarem sorrateiramente do loiro, que parecia abstraído naquele momento.
Mesmo que você vire um bicho...
Eu ainda vou te amar, Tominus.
Fletcher estremeceu por completo, como se uma corrente elétrica atravessasse seu corpo.
— O que droga era pra ser isso??!!
— A se declarando pra voc-
James não foi capaz de terminar sua fala pelo inesperado soco em seu abdômen desferido por Tom, que não deixou Dougie escapar ileso.
— Morram, seu babacas!!
Oh, Tominus!!
É assim que você trata a mulher que ama?!


Logo após ambos receberem a mesma mensagem no celular, Danny e Harry avisaram que precisariam ir se encontrar com os demais rapazes para uma conversa só de homens. “Vamos ir ver como está a , então”, propôs após a insistência infrutífera dela e de para arrancarem alguma informação dos morenos sobre o que poderia ser a conversa.
— Você... não está falando sério.
— Estou. — disse com receio, encolhendo alguns centímetros o seu corpo. — Men-ti-ra. — foi categórica. — Mulher!! Por que faz isso comigo?!?! Não há cupido que sobreviva a você.
— Olha, aproveitando, sobre essa história... — ela pensou duas vezes antes de prosseguir com sua reclamação após ver a cara de poucos amigos da outra.
— SUA ANTA!! Está estampado na cara toda do Dougie que ele te quer, e você sai por aí brincando com os sentimentos dele com esse papo de amar porcos?!?!
— Primeiro, foi sem querer. Segundo, é porquinho-da-índia. Terceiro, ele que está a fim de mim, eu...
, por favor... sou sua melhor amiga, eu sei o que se passa nesse teu coraçãozinho. — rolou os olhos ao ver a amiga apelar para a ‘eu-sei-de-tudo-e-de-todos’. — O Poynter gosta de você e a senhorita também gosta dele. Só que, se rejeitá-lo agora enquanto ele está ‘mal’, depois quando ele se curar, não vai querer mais saber de ti.
— Então tá... — ela respirou exasperada. — Se é assim, por que eu não me sinto toda boba ao lado dele? Por que não gaguejo... minhas mãos não suam...?
— E quem disse que há um roteiro pra quando se está apaixonado? — a face de momentaneamente riu perante aquela ideia. — Eu nunca banquei a idiota por um cara e...
— Levi.
— Levi. — as vozes de e complementaram. Estavam ambas sentadas no sofá, de costas para as outras duas, olhando grande interesse para a televisão. e encontravam-se de pé próximas às portas de correr de vidro, que davam acesso à sacada.
— OK! OK! Teve o Levi. Mas normalmente eu não banco a retardada. Depende muito do cara e, ainda mais, de você. Eu gosto mais de me fazer de difícil; nossa é a predadora; e a é a típica boboca.
— Não é minha culpa se alguns caras são moles demais. — tentou justificar-se, mas não parecia verdadeiramente preocupada de ser mal interpretada pela classificação.
— OW!! Como assim ‘típica boboca’?? — reclamou, havia traços de ressentimento em seu tom de voz.
— Gaguejo, mãos suadas, riso frouxo, mini-coleção de objetos ‘adquiridos-sem-permissão’? Por falar nisso, o que você já furtou do Fletcher?
A menina abria e fechava a boca, incapaz de emitir qualquer som. As demais a encaravam sem a mesma comoção.
— Amiga, tá na cara. — disse como se dividisse um segredo o qual apenas não sabia. Como uma ladra pega em flagrante, a menina fechou a cara antes de retirar o bolso de sua calça jeans a prova de seu crime vergonhoso:
— ... uma palheta.
— Viu só? Idiota apaixonada. — concluía sua tese. — Você tem seu próprio jeito de ‘estar apaixonada’, não precisa ser igual a qualquer uma de nós.
Os braços estendidos e a expressão encorajadora da amiga fizeram ir ao encontro de para um abraço.
— Mas estragar meus planos de união é inadmissível, sua Coração Gelado!!!
— Você prometeu que nunca mais me chamaria disso!! Malvada!
— Empata-cupidos!
— Intrometida!!
— Ah, você não me chamou disso!!! Coração Gelado!!! Coração Gelado!!! Coração Gelado!!!


— Por que está tão séria, ? — perguntou , observando de soslaio para a rinha entre as duas amigas, optando por não intervir depois da maneira que foi exposta.
— Apenas... pensando. — o olhar de recaía sobre a luta, embora ela não parecesse acompanhar de verdade o desenvolver do embate.
— Se for sobre quem ganha, nem se preocupe, será a . — a garota disse algo confiante. — A tem garra, mas não será páreo para as técnicas de Taekwondo da .
O corpo de denunciou seu riso contido pela fala da amiga.
— Não, não é isso. — e aproveitou-se dos gritos e ameaças que ambas trocavam para confessar a suas suspeitas. Inclinou-se na direção da menina, que fez o mesmo, pois o movimento indicava sua tentativa de ser discreta: — A não sabe se sente algo pelo Dougie ou ela não consegue sentir algo por ele?
— Qual a diferença?
bufou, não deixando de pensar no termo ‘Jones’.
— Em um caso ela pode estar apaixonada pelo Poynter. No outro... — deixou que seus olhos completassem sua fala.
— Ela pode não estar??
— Ai, senhor! Não, jegue, ela pode estar apaixonada por outra pessoa.
E aquele foi o primeiro e único momento do dia que ambas se entenderiam mesmo com a ausência de palavras, referia-se ao irmão de , Alex.
— CHUPAA, !!! — o grito vitorioso de foi ouvido e o vulto de seu braço surgiu entre e , que se assustaram. — Ai, ai... Quem está apaixonada por quem???
As duas entreolharam-se preocupadas.
— A ... — disse sem pensar direito nas consequências da mentira improvisada.
— Sério?!?! — foi a vez da figura de surgir atrás do sofá, utilizando-se do móvel para erguer-se do chão. Ambas as garotas se mostravam esbaforidas e descabeladas.
— Por quem?? — perguntaram em conjunto, bastantes surpresas.
teve de ir por eliminação: Tom já havia conquistado o coração da amiga; Danny era seu; Harry, de ; e Dougie, ainda que não estivesse decidida, estava fora da jogada. Deixando apenas um sortudo — ou azarado.
— Ja-james. — a voz de saiu um tanto fraca. Seu rosto mal podia manter aquela mentira.
Após a revelação, um silêncio mortal tomou conta do recinto. Até que um som ao fundo tirasse a atenção das garotas do assunto principal por um momento:
— Esse som é de...? — questionou , sendo completada por .
— Helicópteros??


— Hum... — com o nariz empinado, a expressão de desconfiado e braços cruzados, Harry analisava o que acabara de ser dito naquele cômodo.
— Então... — Danny usou suas mãos para garantir que havia compreendido tudo. — 1. o Fletch pode ou não ter informações privilegiadas sobre as Fontes Amaldiçoadas; 2. elas podem ser ruins para todos nós; 3. o James viu algo quando bêbado, mas não se lembra direito o que é, pois estava bêbado na ocasião.
— Isso. — Tom confirmou.
— Caras, de verdade, como podem sair desconfiando do Fletch assim? Eu nunca te vi formar uma opinião tão negativa sobre alguém que conhecemos tão bem, com base em tão pouco, Fletcher. — a recriminação de Harry fez o loiro engolir em seco.
— A culpa é minha. — James deu um passo a frente. O semblante sério. — Eu quem fiz a cabeça dele, mas... Mas eu sinto que há algo que o Fletch não está nos contando.
— Primeiro diz que viu, e agora diz que sente. Não sei se o argumento de um bêbado é tão válido assim. Dougiesta??
O menor de todos coçou a nuca.
— Como eu disse, conversei com o Fletch, só que... — bufou. — Já estamos aqui, e ele está em um encontro. É a oportunidade perfeita que nunca mais teremos.
— Guys, eu tô perdido! — o sardento tinha ambas as mãos na cabeça, embaraçando e desembaraçando seus cabelos com nervosismo. — O Fletch é do mal ou bem??
— Ele é... — Dougie começou a dizer, sendo interrompido por James.
— Não tem essa de bem e mal! Só achamos que o Fletch está nos privando alguns detalhes.
— E por que ele faria algo assim? — Harry indagou, com ceticismo em sua voz. — Ele está no mesmo barco que nós. O que ele ganha com a omissão??
— O Fletch não ganha, nós ganhamos. — disse Tom resoluto. — Porque ele sabe que se nós descobríssemos que não há uma cura, não seguiríamos com essa busca. Simplesmente voltaríamos para casa e nunca mais sairíamos de lá. Adeus, pessoas. Adeus, mundo. Adeus, McFly. Para sempre.






Capítulo 58 - Código B.A.N.A.N.A.

— Anhh... Vocês estão ouvindo isso? — perguntou James com uma expressão confusa. Assim como os demais amigos, encontrava-se mergulhado entre inúmeros papéis que chegavam a cobrir todo o chão do quarto do empresário da banda.
— Seria o serviço de quarto? — arriscou Dougie, embora seu rosto deixasse evidente o quanto não acreditava naquela teoria.
Batidas incessantes na porta e a campainha do quarto de hotel eram ouvidas. O som das batidas parou após um baque alto na sala. Os rapazes entreolharam-se preocupados antes de se levantarem de qualquer maneira e correrem até a sala, para então se depararem com uma cena inimaginável.
Eles viam sobre a maciça porta de madeira, com os joelhos levemente flexionados, e um semblante rígido de determinação.
— Taekwondo!!! Há!! — a menina inclinou seu tronco em direção à porta, como se provocasse um adversário caído.
— É isso o que quis dizer com “Tea with me and I book our faces”?? Sua, sua She-Hulk?! — gritou com a amiga, com grande consternação na voz. Ela mantinha o corpo petrificado e seu braço erguido, evidenciando ser ela quem batera tantas vezes na porta quando esta ainda encontrava-se em seu devido lugar.
— Calma, mulher. É só um objeto, não uma pessoa... — deu passos até a amiga, na tentativa de impedi-la de entrar em um confronto com a porta.
Embora incapazes de se manifestar perante a situação, os rapazes encaravam aquilo como um sinal de mau agouro. Caso Dougie insistisse em fazer de ‘sua garota’, poderia ser ele ali estatelado no chão um dia se desse mancada com ela.
O rapaz temia pelo seu possível futuro, enquanto os amigos imaginavam como seria o funeral do menor.
— Danny! Você não sabe atender ao telefone, não?! — indagou, em um misto de euforia e irritabilidade, levando o sardento a estremecer.
Dando um pulo no mesmo lugar, o moreno reagiu prontamente, alcançando o celular em seu bolso, mordendo a língua ao constatar as inúmeras chamadas perdidas e mensagens que eram exibidas na tela do aparelho.
— Meninas, por que derrubaram a porta??? — perguntou Tom, ainda aturdido.
— O Tom vai ter de pagar por isso, sabiam?! — James questionou, apontando incrédulo para a porta. Não acreditava que houvesse a derrubado meramente com um chute. Nem ele seria capaz de tal feito!
— Eu? Por quê?!— o loiro encarava o outro com surpresa.
— Helloooo!! — os olhos de estavam praticamente saindo das órbitas, enquanto estalava os dedos. — Os bonitos estavam escondidos no quarto ou em um porão????
— Não ouviram os helicópteros? — a mão de apontou para a porta de vidro que dava acesso à varanda. — Ou gritos bem de longe??
— Ou a droga do telefone?! — adicionou, irritada.
— Estava no silencioso total, linda, desculpe mesmo. — Danny forçou um sorrisinho, alterando o modo no qual o aparelho se encontrava.
— O Fletch deve estar em apuros. — disse ao correr com expressão aflita até o controle remoto da televisão, que se encontrava sobre a mesinha de centro, e ligar em um canal de notícias local.
O olhar ainda perplexo dos rapazes se voltou para o visor da tela, onde a legenda e narração do que ocorria era impossível de se compreender dada à barreira linguística. Entretanto, conseguiram reconhecer através das imagens aéreas que a notícia tomava lugar bem próximo do hotel onde estavam, mais precisamente no local do Festival das Estrelas. Dougie e Tom correram até a varanda, vendo com seus próprios olhos os helicópteros que sobrevoavam a área da festividade.
— E isso não é o pior. — disse séria, os músculos dos rapazes ficaram ainda mais tensos, ela indicou com a cabeça para a televisão.
E na tela, flashes de câmaras amadoras exibiam momentos da população apavorada com o aparecimento de um enorme panda.
— Me digam que é apenas um panda procurando uns bambus para o jantar. — Harry pediu com uma careta de desgosto, já imaginando a dificuldade que teriam para ajudar o empresário.
— Acreditamos que seja o Fletch. — disse com visível preocupação.
— Certo. Como lidaremos com isso? — perguntaram Dougie e em coro, mas para pessoas diferentes.
— Precisamos de roupas. — disse Tom em uma postura de comando, já analisando friamente a situação enquanto acertava seus óculos em seu nariz. James imediatamente correu de volta para o quarto do empresário em busco do que fora pedido, recebendo segundos depois a ajuda de Dougie no recinto.
— Precisamos de água morna. — , a líder do grupo das garotas, pontuou. — Nada de ferver no fogão, não há tempo, usem o microondas. — e atenderam à ordem e orientação, dirigindo-se à cozinha tão pronto a jovem terminou sua fala.
— São muitas pessoas, muitas testemunhas. — Harry ressaltou tal detalhe para Tom, quem pareceu ignorá-lo.
—AHHHHHHH!!! Agora entendi essa mensagem sem sentido do Fletch. — Danny comentou sorridente, feliz com sua descoberta. Como da água para o vinho, o sorriso deu lugar a uma expressão séria. — B.A.N.A.N.A.
— O quê? — perguntou em uma careta.
— Um código inventado pelo Tom para quando qualquer um de nós estiver em perigo ou problemas. — Harry esclareceu.
— E muito eficaz!! — Danny salientou com orgulho. — Principalmente quando se está em um banheiro sem papel e você...
— AH! ‘Pó para! Meus ouvidos não precisam ouvir tais detalhes. — disse , já com as mãos próximas de seus ouvidos, pronta para tapá-los se necessário.
— Ok, ok. Bom, precisamos ajudá-lo como for possível. — Harry manifestou-se.
e retornaram com uma garrafa térmica de tamanho médio em mãos. Quase ao mesmo tempo, Dougie e James retornaram com mudas de roupas.
— Pode ser perigoso, então, vocês podem ficar e nós...
— Sem essa, loirudo. Nós vamos. — interrompeu o rapaz, com alto grau de determinação na voz.
já liderava o grupo, que saía às pressas do quarto de hotel em direção ao elevador. Ao passar pelo espaço vago onde até pouco tempo antes ficava a porta, Tom aplicou um soco no ombro de Dany.
— Ei! Não é minha culpa se elas querem ir!! — reclamou.
— Não bato em mulheres.
— Mandão! — Dougie disse em meio a um espirro fingido, recebendo um olhar assassino do amigo mais velho.


Já no elevador, as suposições cresciam.
— Dude, o que pode ter dado de errado? — Dougie levantou a questão.
— Ele pode ter tropeçado... — o sardento comentou algo vago, seus olhos acompanhavam com total atenção a luz indicativa sobre qual andar estavam.
— Chuva? Garoa?
— Os rapazes não se transformaram quando foram olhar da varanda. — comentou , descartando as possibilidades de .
— Caiu dentro do aquário da barraca “Pesque seu Peixe”! — James arriscou, o sorriso evidenciava sua empolgação em descobrir a verdade.
— Nahh, isso é mais a cara do Danny... — ponderou Harry.
— E da . — dizia com os ombros sacudindo pelo riso que não conseguia conter. — Com sua falta de equilíbrio master.
— Pare de me ofender como se eu não estivesse presente, palhaça! — , com toda sua destreza, acertou-lhe um soco bem no nervo do braço.
— Quem sabe a Doce Flor não jogou uma bebida na cara dele? — Dougie se perguntou em voz alta.
— Eu sempre quis fazer isso!
— Acho que esse tipo de coisa acontece mais em restaurantes. — Tom descartou a ideia, olhando de soslaio para com receio pelo seu desejo, no mínimo, curioso.
— Por falar no Fletch, ganhei a aposta, povo! — disse Danny, com um largo sorriso. — E eu tripliquei o valor. — aquilo fez o rosto dos apostadores murchar mais ainda do que quando perceberam que haviam perdido. — Já estou aberto para receber, ok?
— Claro. — o baterista disse sem cerimônias, dando um soco no estômago do moreno, que caiu sobre as próprias pernas e mãos no chão do elevador.
— Harry!!! — acudiu o ficante exclusivo, ficando de joelhos ao seu lado.
— Acho que isso nos faz quase quites. — o moreno fingia limpar suas mãos.
— Quase?? — perguntou Danny com o que lhe restava de ar.
— Ainda falta minha cama, Jones. — Harry disse ameaçador, o olhar breve e silencioso dele sobre bastou para que ela entendesse do que ele falava.
Assim que a porta do elevador se abriu, os primeiros amontoaram-se para sair. Vencido o obstáculo, saíram em disparada pelo saguão do hotel, chamando a atenção dos que se encontravam no ambiente. Depois foi preciso correr até a grande praça onde a festividade acontecia.


As lembranças que eles tinham do Festival das Estrelas na noite anterior nada se parecia com o cenário de agora. As poucas pessoas que ali estavam apresentavam expressões de agitação ou medo. Alguns pareciam fugir do local, enquanto outros se utilizavam das barracas como proteção e celulares em mãos, observando atentos para todos os lados a fim de obter um flagra do panda.
— Muito bem! Qual o plano, Skipper? — Harry perguntou decisivo para Tom, o momento exigia decisões rápidas.
— É melhor nos separarmos. — ponderou o loiro, sentindo o estresse de elaborar uma boa estratégia em pouco tempo. — Vamos formar duplas e procurar pelo Fletch, pois só temos uma garrafa com água quente. — todos voltaram seus olhos para o recipiente nas mãos de .
— Fiquem atentos aos celulares... — olhou brevemente para Danny, quem lhe deu um sorriso amarelo. — Se o virem, mandem um S.O.S..
!
!
— Vem comigo. — sentenciaram Dougie e Tom em coro, voltados para a direção na qual seguiriam. O tamanho e a textura das mãos das garotas os fizeram olhar para onde elas supostamente deveriam estar. Então ambos desceram os olhos até notar que seguravam a mão um do outro.
— Sai, Tom! Você sabe que não faz o meu tipo!! — Dougie reclamou, trazendo possessivamente a mão para próximo de seu corpo. O loiro mais velho revirou os olhos, confuso sobre como perdera de vista certa pessoa em especial.
— Muito bem. Não vamos perder tempo aqui. — Harry confirmou com um aceno de cabeça. — !! Você... humm...
O primeiro impulso do moreno foi querer tornar sua parceira, porém, as expressões pretensiosas em e Danny o fizeram pensar duas vezes.
— Você va-vai com a . Danny, você comigo.
— O quê?? Mas eu...!
A argumentação contrária do sardento foi interrompida pela brutalidade com que Judd o agarrou pelo agasalho e saiu arrastando-o, em uma tentativa de iniciar uma corrida.
linda!!!!! — Danny estendeu suas mãos na direção da jovem, cuja imagem começava a distanciar-se dele cada vez mais.
bufou, exasperada pela forma como a situação transformou-se.
— Muito obrigada, !!


— Eu vou matar o Fletch por me fazer correr tanto! — ameaçou de mau-humor.
Havia alguns minutos que tentava em vão acompanhar o passo de , que sempre foi muito leve e rápida — 1º lugar em provas de corrida do colegial.
Acreditando estar o suficientemente longe dos demais, desacelerou até emparelhar com a amiga:
— Mulher! Que história é essa de estar gostando do James?! É assim... pra valer???
A surpresa pelo comentário quase fez pisar em falso e desequilibrar-se.
— Eu sabia que essa mentira da ainda daria muito pano pra manga. — disse , parecia irritada, mas era difícil notar pela fala quase asmática. Ergueu seu indicador, um pedido silencioso para poder se recuperar do cansaço da corrida. — Não, mulher, eu não estou apaixonada pelo James. A só inventou isso porque...
Os olhos ansiosos de pediam que a outra continuasse.
— Eu nem sei como explicar esse rolo todo.
— Tente do começo. — para aquilo parecia ser o mais óbvio.
suspirou cansada, esforçando-se para organizar os fatos em ordem cronológica.
— Não temos a noite toda, lembra? — agitou de leve a garrafa térmica em sua mão.
— Tá bom, então, . Tudo começa contigo.





Capítulo 59 - Complicações

— Dude, você me separou do meu chuchu!
— Cessa esse apelido já! — Harry ralhou. — Você e o Dougie precisam se controlar quanto a esses apelidos carinhosos, sério.
O moreno torceu o nariz, abismado com a falta de tato dos amigos para conquistar mulheres. Eles precisavam urgentemente de suas dicas e orientações.
— Ué, qual o problema com ‘chuchu’?
Harry riu pelo nariz da perplexidade inocente do amigo, com um menear de cabeça negativo.
— Vamos, temos de encontrar o Fletch.
— Não se preocupe, vamos achá-lo daqui cinco minutos ou menos. — o sardento disse confiante, dando uma piscadela marota. O baterista duvidava:
— Como tem tanta certeza?
— Ué, somos parte bichos! E eles têm um ótimo olfato.
— Ô, demente, não ganhamos super poderes quando caímos nas fontes amaldiçoadas. O nosso olfato agora é o mesmo de sempre!
Os olhos azuis de Danny piscaram perplexos um par de vezes.
— Espera lá! Então qual é a de pegar as roupas do Fletch?? Eu cheirei isso aqui à toa?? — o moreno sacudia as mudas de roupas do empresário indignado enquanto Harry contraía sua face em uma careta, logo em seguida rindo.
— Que nojo, dude!!!!!


— NÃO!!
— Sim...
— NÃO!!
— Sim!!!!
, você cheirou gatinho?!
— Não! — ela cruzou seus braços, já se cansando daquela conversa. — Estou dizendo a verdade! Você quem resolveu contar que gostava do Alex depois de tempos me torturando para não deixar escapar nada!!
— Eu jamais faria isso!!
— Mas fez!
— Não!!
— Sim!!
Mesmo após uma narração rápida dos fatos, seguia em estado absoluto de negação.
— Mulher, pense! — insistiu , colocando-se no lugar da outra em condescendência. — Estavam as duas sozinhas no quarto até você pegar no sono. Depois disso, a já chegou em mim como a Viúva Negra, apenas verificando fatos. Ela só confirmou algo que já sabia. Porque alguém contou, ou seja, você é a chave do quebra-cabeça!!!
— Nããooo...
— Siiimmmmm!!


Danny e Harry trotavam, olhando em diferentes direções. Buscavam por qualquer ponto preto e branco felpudo volumoso que se movesse.
— Ouviu isso, Danny? — o baterista questionou, parando um momento. Sentiu o corpo do amigo se colar ao seu com brutalidade.
— Aliiii!! — Danny berrou exaltado, seu indicador apontava para onde o moreno deveria olhar.
— Só pode ser o Fletch! Vamos atrás dele!
Os dois correram atrás do ligeiro vulto avistado por entre os bambus. Primeiro tiveram de desviar de inúmeras barracas da festividade — algumas se encontravam caídas, porém todas estavam desalinhadas. Entre os bambus, a agressividade dos rapazes em seus movimentos, os fizeram levar consigo folhas e também os papeizinhos multicoloridos com pedidos.
— Precisamos que tragam a água quente! — Harry deteve-se ao se lembrar do detalhe crucial necessário para ajudar Fletch, tateando o celular em seu bolso.
Fugir com o empresário em seu formato panda seria muito mais difícil.
— Fleeeetch!!!! — Danny tentou chamá-lo e o animal o notou, porém, eles não eram os únicos atrás do panda naquele momento.
Cuidado!!! Não fiquem aqui!!!”, tentou alertá-los, mas seus avisos saíam como rugidos. Passou a correr na direção oposta a qual vinha originalmente, passando a correr em direção a Jones.
Encontravam-se bem no centro da rua principal, onde uma fonte indicava o marco zero em ambos os sentidos.
Fletch corria em ziguezague por prevenção, buscando evitar qualquer dardo tranquilizante. Um passo em falso e sua pata escorregou sobre uma garrafa de água caída no chão.
O robusto panda esforçou-se para desviar do sardento parado logo a sua frente. Em sua nova rota, trombou com parte da estrutura da fonte.
— Essa não… — Harry via o desenrolar dos fatos há algum metros de distância com assombro. Receando que Danny se transformasse em público, correu o mais rápido que podia.
Após o choque, um rangido começou a soar na estrutura.
Um cano estourou com o impacto e a água que antes jorrava calmamente de uma de suas saídas, passou a ter uma pressão violenta.

!PUF!

— HarrYYY!!! — o sardento gritou, esganiçando no final, em meio a uma densa fumaça.
“Era só o que faltava!”, Fletch praguejou, enxergando praticamente coisa alguma. Correu para a lateral, vociferando para que seus perseguidores o ouvissem, apesar da névoa momentânea. Embrenhou-se por entre os bambus, fazendo o máximo de estrago possível, para garantir que ninguém presenciasse um homem se transformar em macaco.


— Eu ainda não entendi como isso aconteceu.
— Um momento de distração e dá nisso! Estávamos lado a lado.
— Vocês estão falando Fletch?? — James perguntou, visivelmente confuso, correndo logo atrás de Dougie e Tom. Os loiros entreolharam-se com rapidez.
— Claro que é do Fletch! — esclareceu Tom, levemente ofegante.
— Precisamos encontrar... !!! — o loiro acelerou suas passadas ao notar a menina poucos metros à frente. Com ela, estava . Entretanto, os rapazes logo perceberiam a exaltação entre elas.
— Mas eu nunca diria nada!! — a garrafa com água quente escapou da mão de enquanto gesticulava exageradamente, acertando no abdome.
— Aii!! Aceite os fatos, mulher!! — o golpe foi revidado, atingindo a amiga no joelho.
As garotas pareciam a um passo de entrarem em um confronto físico. Por isso mesmo os rapazes resolveram intervir antes que o pior acontecesse.
— OW! OW! OW! Meninas, meninas!! — James colocou-se entre elas, garantindo que não se engalfinhassem, enquanto Dougie e Tom colocaram-se atrás delas e as seguravam pelos braços. — O que está acontecendo aqui??
“Nem um pio!”, disse através de seu olhar ameaçador por detrás de seus óculos. revirou os olhos, bufando.
— Vão nos dizer o que está acontecendo?? — Bourne tinha as mãos na cintura, batendo o pé no chão como uma mãe estressada.
— Nada. — responderam as meninas com voz arrastada de tédio.
— Ok, acho melhor vocês darem um tempo. — James opinou. — Dougie, você e a vão por ali; e nós três por aqui. — o loiro usou seus braços para indicar os caminhos opostos a serem seguidos a partir dali.
James olhou de soslaio por cima do ombro para o casal que começava a se afastar. Quem sabe a proximidade ajudasse e Dougie. Claro que nem tudo dependia de seu amigo nanico... Seus olhos recaíram em , junto com um sorrisinho ladino. Meninas conversam sobre seus ‘crush’, não é mesmo?


Ah, isso... é simplesmente per-fei-to!”, reclamou Harry. Passava as mãos pequenas na ponta da cauda, um tique para se acalmar que havia adquirido como animal. Ele se achava incrivelmente macio — até como bicho Harry Judd era o máximo.
Quando a fumaça finalmente sumiu, pôde ver ao redor de si. Buscava por Danny, torcendo que ele não tivesse sido atingido pela água, entretanto, não ouvia nem os pensamentos do amigo, ou o grasnar do pato.
Na verdade... ouvia um ronco!
Um bem alto e potente.
Danny!!”, o pequeno símio aproximou-se do corpo humano do amigo estirado no chão. O moreno roncava e babava em meio a um pacífico e muito pesado sono, pois os puxões de cabelo sofrido nas mãos do macaco não o despertavam. “Acorda, animal!!!! Isso é hora de dormir???
Harry tomou um susto quando o corpo do humano girou, quase sendo esmagado pela barriga de Jones. O macaco subiu nas costas do moreno e nem mesmo um ‘cotonete molhado’ surtiu efeito. Foi então que Harry notou algo curioso no corpo do amigo, próximo ao traseiro.
Um... dardo?
Estavam com um problema ainda maior: não só Fletch estava como panda, aterrorizando em um festival, como Harry estava transformado também e Danny foi atingido por um dardo tranquilizante.
Harry precisava de ajuda e rápido, pois a água seguia sendo jorrada da fonte.


— Então é assim? Não vai mais falar comigo?
— Isso é tudo culpa sua e do Danny! — respondeu com uma carranca. — Insistindo nessa história de sermos um casal.
lhe lançou um olhar abismado.
— ‘Miga, — seu sorriso simpático camuflava o sarcasmo que viria a seguir. — se andam juntos, dormem juntos, se ficam trocando carinhos então... SÃO UM CASAL!!
— Só que nós não somos. Estamos apenas... apenas...
— Fazendo um test-drive?
— Isso, como você e o Danny. — ergueu uma sobrancelha, sugestiva.
— Mas eu não me afasto do Danny como se ele tivesse sarna toda vez que alguém nos vê. — justificou a jovem, não vendo semelhanças.
— É tem esse ‘porém’... — aceitou em partes sua falta de argumentação. — O Harry não quer começar nada enquanto estiverem amaldiçoados e não quero que pense que estou forçando a barra.
— Não entendo por que esses rapazes acham que estar amaldiçoado influencia alguma coisa nos relacionamentos. — tirou sarro, rindo pelo nariz, lembrando-se de sua própria situação. — Bom, eu não penso isso, mas acho é porque eles se sentem como um...
— Espere, — disse, distraindo-se momentaneamente da conversa, baixo demais para que a amiga a ouvisse direito. — ouviu isso?
Um vulto apareceu diante dos olhos de , fazendo-a gritar primeiro.
— MONSTROOO!!! — gritava em desespero, pois o vulto estava sobre sua cabeça.
Não! Esperem aí, suas loucas! Sou eu!!”, dizia Harry. Porém, sua fala nervosa saía como grunhidos de um animal selvagem.
— Deixa comigo, mulher. — os olhos de pareciam abrigar a chama do desafio dentro de si. — Resolvo isso antes que diga...
Me lasquei...”, no mesmo instante em que via erguer as mangas de sua blusa, deu-se conta da péssima ideia que teve de pular sobre a cabeça de .
— Supercalifragilisticexpialidocious.
“em>ARGH!!!”
O mundo estava de ponta cabeça para Harry, literalmente: o segurava pela cauda.
— ‘Hasta la vista, macaco’. — projetou seu corpo para lançar para longe o animal.
— ESPERAAA!!
Salvo pelo gongo!”, o alívio do amaldiçoado era tanto que pensou que desmaiaria.
— Espera um pouco aí. Har-harry, é você? — estreitou seus olhos na direção do animal, ajeitando freneticamente seu cabelo, cada fio deveria retornar ao seu devido lugar. O macaco maneou a cabeça afirmativamente.
— O quê? Harry?? — ergueu o animal até que seus olhos ficassem no mesmo nível.
— Quem mais poderia ser? Isso aqui não é Jumanji, ninguém topa com macacos por aí do nada.
— Desculpa, Judd! — o animal foi colocado gentilmente no chão, que logo em seguida começou a movimentar-se com grande agitação. As meninas entreolharam-se preocupadas.
— Harry, por que está como animal? E cadê o Danny? — Após a menção do amigo por , Harry ficou ainda mais agitado. — Não estou com um bom pressentimento.






Capítulo 60 - Faroeste chinês

Logo abaixo de uma pilha de barracas de madeira e lona curiosamente alta, enrodilhado como um novelo de lã gigante e felpudo, Fletch escondia-se. Preocupava-se por Danny e Harry, porém, não se atrevia a deixar seu esconderijo. Afinal, só porque ele era um panda...
...atiram primeiro e perguntam depois!!”, o empresário pensava consigo mesmo, indignado pelo tratamento recebido. “Tudo por culpa daquela garot-...!
As íris dos olhos do panda diminuíram quando enfocaram a figura da pequena garotinha atrevida que lhe trouxera tantos problemas. Um pouco mais à frente, de joelhos, encontrava-se escondida a jovem.
Mesmo desprovido de expressões humanas, um sorriso se formou no panda. Se conseguisse se movimentar devagar, poderia se utilizar de suas formas e tamanho para dar um susto na jovem.
Como um gato gigante, Fletch locomoveu-se próximo ao chão, a respiração presa. Uma vez atrás da garota, totalmente alheia a sua presença, colocou-se de pé lentamente, erguendo os grossos braços à altura de sua cabeça. Todavia, não queria provocar um trauma nela, por isso deixou seu maxilar fechado.
— Mamãe!!!! — a menina gritou para uma mulher que corria olhando para todos os lados.
Ao ouvir a voz angelical de sua garota, o olhar da mulher voltou-se imediatamente na direção da filha, para em seguida notar a enorme ameaça atrás da pequena.
— MEI-MEII!!!!
Calma, dona!!!”, o desespero e angústia no rosto da mulher deixaram o panda nervoso. “Eu não ia fazer nada, juro!! Eu sou legal!
A pequena estava agora voltada para ele, observando-o sem expressão.
O grito apavorado da mulher pareceu chamar a atenção dos homens que caçavam a Fletch, pois em pouco tempo conseguiu ouvir vozes crescerem cada vez mais. Com a gigante pata, o empresário sinalizou:
Vamos, vamos! Precisam sair daqui, ou então podem ser atingidas por um dardo.
A garotinha colocou sua mão sobre a pata de Fletch, parecia querer constatar o quanto afundaria entre a pelagem, então sorriu. Disse algo incompreensível para a mãe, esta ainda paralisada e com a mesma expressão de horror, e abraçou o panda.
— Fofinho!!
A Fletch só lhe importava as vozes e os vultos que via atrás de si.
Chega, vamos!!”, com jeito para não ferir a pequena com suas unhas, a carregou com um braço apenas. Sobre suas duas pernas, seguiu em direção a mulher e a carregou com o braço livre. A mulher começou a gritar e espernear desesperadamente. Sem afrouxar o agarre, passou a correr desajeitado por não poder usar as patas dianteiras.
Aqui deve estar bom...”, ao chegar a um ponto aparentemente deserto, colocou ambas no chão. A mulher tremia da cabeça aos pés. “Está tudo bem agora.
Com empolgação, a criança retomou com palavras que Fletch não consegui compreender. Sabia, porém, que falava sobre ele, pelo indicador apontado em sua direção. Colada à mãe, a pequena parecia encorajá-la a estender sua fina e delicada mão mais velha para tocar o panda.
A explosão de um sinalizador no céu os interrompeu. A mãe trouxe a própria mão de volta para si com rapidez, enquanto Fletch acompanhava o cair do feixe de luz vermelho.
Próximo demais...”, ponderou o empresário. E sem querer causar mais problemas, resolveu que era hora de fugir outra vez. Sem olhar para trás, deu início a uma corrida com suas quatro patas, ouvindo atrás de si gritos da garotinha.


, me diz uma coisa... — James apertou seu passo para alcançá-la.
— Já disse que não estávamos brigando de verdade. — ela o interrompeu.
— Fique tranqüila, barraqueira, não ia perguntar sobre isso. — o loiro respondeu sarcástico, abrindo ainda mais seu sorriso ao ver a expressão estupefata dela.
— Bar-barraqueira??
— Então, vocês, meninas, já devem ter notado que nosso Dougie está com uma queda gigante pela . Tipo, não tem como não notar!!
— Muito sutil você, Jimmy. — Tom olhou de soslaio para o amigo, descrente de que o correto fosse colocar os pingos nos “I”s.
— A culpa não é nossa se o Dougie quer dar tanta bandeira assim! — justificou-se.
“Então ele ia mesmo...”, ponderou, recordando-se da história de sobre acreditar que Dougie quase se declarou para ela.
— Nós temos de proteger nosso garoto, sabe? Pra ele não quebrar muito aquela cara de besta. — a garota riu. — E então, ele tem chances? Sabe se a gosta dele, nem que seja um pouco?
ficou desconsertada por um momento, sem saber ao certo o que caberia dizer ali.
— Eu... não sei!
— Como não? Vocês não falam sobre isso?
— Falamos! Mas a , ela é... complicada. — os rapazes a encaravam com uma sobrancelha erguida, pois aquilo não os ajudava muito.
— Então tá. Precisamos tirar nosso garoto de campo. — Tom sentenciou, ao que James concordou com um aceno de cabeça.
— Já sabe como faremos isso, chefe?
— Vou achar um jeito. — estreitando os olhos, Fletcher pôs-se a pensar.
Os três retomaram a caminhada sem muito rumo em busca de Fletch. Uma vez que Tom se encontrava logo à frente, James sentiu um leve puxão na barra de sua camisa.
— Você acha que... — começou a sussurrar, seus olhos atentos à figura de Fletcher. Quando o rapaz se voltou levemente em direção aos dois, a menina puxou James para si pelo braço e colocou-se na ponta dos pés para alcançar sua orelha. — eu estou dando muita bandeira também?
“E como!!”, pensou James de primeiro instante, segurando o riso. Seu olhar encontrou-se brevemente com o do loiro, que fingiu não perceber que cochichavam.
— Naaah! Fique tranqüila. — pousou sua mão sobre a dela, para acalmá-la. — Essa fama de que ele é o sabe-tudo do grupo é injusta. Na verdade, é mais burro do que o Danny.
— Impossível isso ser verdade. — a jovem disse convicta.
— Mas é! Aê, Tom, o tapado disse o quê?
— O quê?? — o loiro revirou os olhos consigo mesmo por ter de passar por aquilo. No bolso de trás da calça, sentiu o celular começar a vibrar.
— Viu só? Sabe de nada!
— Não creio... — disse Tom, encarando com a testa franzida a tela do seu smartphone, digitando algo em seguida.
— O que foi? — perguntaram os outros dois em coro.
— Tinha de ser o idiota do Jones!! — suspirou pesadamente, com um manear de cabeça negativo. — Levou um dardo tranqüilizante na bunda!
— É a cara dele isso. — James contorcia-se de tanto rir, só imaginando a cena.
— Mas por que atiraram nele??
— A não tá falando. — com o indicador subia e descia a tela de mensagens para ter certeza de que não perdera nenhuma informação. — Animal... Agora temos que resgatar o Danny... e o Harry, que está transformado.
— A e o Dougie não devem estar muito longe, vamos alcançá-los e voltar juntos! — disse rápida e embora não fosse ativa, prontificou-se a correr atrás dos outros dois, fazendo o retorno no caminho pelo qual seguiam até o momento.
— O que estavam falando de mim? — Tom perguntou logo atrás de James, surpreso com a aparição do amigo. Enquanto a garota avançava, alguns metros à frente deles, os dois fingiam prestar atenção ao celular nas mãos de Fletcher ao escrever uma mensagem.
— Tem medo que você perceba que gosta de ti. — o amigo não lhe escondeu nada. Encarava-o sugestivamente, esperando que Tom fizesse algo a partir daquela informação. A reação de Fletcher foi lhe dar um soco na lateral de suas costelas.
— ...mais burro do que o Danny... — afastou-se o loiro reclamando em meio a um murmúrio.


!
Dougie gritava, desvencilhando-se de alguns bambus com dificuldade.
— Se for assim tão rápida...
— Não se preocupe, tampinha, não vou deixar você se perder. — disse em tom de deboche. A superproteção de Poynter estava começando a lhe dar nos nervos. Para infelicidade dela, entretanto, suas indiretas pareciam não surtir efeito no loiro. Por que cara nenhum conseguia se dar conta do quão incomodada ela ficava ao ser tratada como uma ‘princesinha’? Precisava ser curta e grossa com Poynter para situá-lo — e sabia de antemão que nenhuma das amigas aprovaria.
— Ok, mas mesmo assim vamos tentar andar juntos. — sentiu o celular em seu bolso da bermuda vibrar. — Abaixa, abaixa. — a jovem aproximou-se dele com rapidez. — Está ouvindo isso?
Ambos franziram seus cenhos, tentando identificar o som mencionado por ela.
O loiro aproveitou-se do fato de estar agachado e, por isso mesmo, mais próximo do bolso lateral da roupa para pegar seu telefone. Seu foco de concentração agora era a tela do objeto com duas mensagens recebidas. observava atentamente ao muro formado pelos bambus altos a sua frente. Havia um farfalhar entre os galhos intensificando-se e gritos nervosos cresciam.
— Precisamos voltar. — disse Dougie. — Danny foi posto pra dormir e o Harry ‘tá transformado.
— O quê...?
No mesmo instante, a figura volumosa e obtusa de um panda irrompeu por entre a muralha vegetal, destruindo vários galhos de bambu com suas patas enquanto corria.
— Fletch!! — disseram em coro, surpresos.
!! Dougie!!
, leva a garrafa, ok? Eu vejo de levar o Fletch pra um lugar seguro primeiro. — Poynter esperava com os braços estendidos que a jovem aceitasse o objeto. hesitou, tinha uma idéia, mas preocupava-lhe colocá-la em ação.
— É perigoso, me deixe cuidar do Fletch.
Ela não hesitou mais.
— Nada disso, pode deixar comigo, nanico!
Sem qualquer aviso, colocou suas mãos sobre o cinto que o rapaz usava, removendo-o com uma só puxada. Repetiu os mesmo gestos com seu próprio cinto, sentindo a calça jeans ficar mais frouxa ao redor de sua cintura.
— O quê...? — ele a encarava perplexo. — O que vai fazer?
— Matar dois coelhos com uma cajadada só. — respondeu antes de se lançar o mais próximo possível do panda. Uma vez emparelhados, jogou os cintos, unidos um ao outro por suas fivelas.
O que é isso??”, Fletch sentiu algo se fechando em seu pescoço e o peso súbito de em suas costas. Em seu pescoço os cintos formavam uma espécie de correia, com a qual conduzia para um novo caminho.
— Por aqui! — o animal a obedeceu. Quando passaram por Dougie, fez o panda parar, e estendeu sua mão. — Vamos, temos de sair daqui.
Dougie estava com a boca ligeiramente aberta, paralisado. Admirado com a garota diante de si.
Com uma força que o loiro não soube precisar de onde havia tirado, Dougie agora se encontrava sobre as costas de Fletch.
— Segura aí, vamos voar!


— No três, certo? — perguntou, vendo lhe confirmar com um aceno. — 1, 2... 3!!!
Sulcos se formavam nos cenhos das jovens enquanto faziam esforço para mover o corpo desacordado de Danny Jones para longe da água que insistia em jorrar da fonte distorcida.
— Ele é muito pesado!! — reclamou , parando de segurá-lo pelas pernas.
— Ah, legal! E eu faço tudo sozinha?!?! — indignou-se, seguindo o gesto da amiga, sem dar-se conta que ao fazer isso a cabeça do guitarrista chocou-se com o chão sem cerimônias.
Alguém vai ter dor de cabeça ao acordar...”, observou Harry, embora não pudesse ser ouvido.
— Por que não o deixamos virar pato? Assim ele fica mais... portátil!
— E onde vamos esconder um pato na hora de entrar no hotel, gênia? Tráfico de animais silvestres é crime, sabe.
— Bom, vocês já se viram pelados. Coloca ele debaixo da sua camisa, finge que tá grávida! — sorriu ao final. Tudo para que não tivesse de fazer esforço excessivo.
Até que a idéia viria a calhar”, o macaco aos pés das moças olhava do amigo para e vice-versa.
— Não. . — respondeu de modo lento e tom assassino, inclinando seu tronco na direção de Harry: — Não. Mesmo.
— Cadê o pessoal pra nos ajudar?? — os olhos de demonstraram certo pânico ao sentir uma vibração crescente baixo seus pés. Aquele era um momento onde noções de Geografia viriam a calhar: na China havia terremotos?
— AIOU! SILVER!!!
Um grito de origem desconhecida reverberou pelo cenário. e entreolharam-se apreensivas. “Macacos me mordam!!!”, Harry deu um pulo no mesmo lugar, indicando com sua pata para um ponto distante no horizonte.
— É... a ???
— Dirigindo um panda??
— Cavalgando, você quer dizer, não? — pontuou.
— “Pandando”, pois aquilo não é um cavalo! — um sorrisinho ácido foi o toque final de .
— Sabe, isso me lembra a uma novela da Globo... — Por acaso seria: Ee, eô, vida de gado!
Com e Dougie nas costas, Fletch corria até os outros quatro, desviando de barracas caídas e deformadas. Foram recebidos por e cantalorando uma música, a qual só parecia fazer sentido para uma risonha . Sob os comandos da coleira, Fletch foi instruído a girar 360 graus algumas vezes.
Ok, eu ‘tô perdido aqui!”, indignou-se Harry.
Ao menos não está ficando zonzo...”, Fletch comentou, sentindo-se desorientado.
...? — Dougie via o cenário ao redor de si girar, uma sensação de náusea nascia na boca do estômago.
— Foi mal! — disse em meio a uma risada contagiante, embora os demais não soubessem o que deveriam achar engraçado.
— Certo. Chega de bancar a rainha do gado, mulher. Precisamos de ajuda! — pronunciou-se. — Temos de ‘destransformar’ o Fletch e tirar o Danny daqui. — retomou quase as mesmas informações contidas nas mensagens de texto.
— Quem ficou com as roupas? — perguntou Dougie, engolindo em seco, na esperança de que a sensação de enjôo pudesse ser eliminada.
As... roupas...??”, Harry levou suas mãos de macaco à boca, voltando sua cabeça para algum ponto atrás do grupo recém-formado. Os demais acompanharam seu gesto.
Simplesmente minha sorte...”, Fletch deixou-se cair sobre o chão sentado enquanto todos viam suas roupas molhadas próximas à fonte.
— Isso não é nada bom. — sentenciou .


Capítulo 61 - Who run the World?

— Hein?? E o que faremos agora?! — perguntou apreensiva. James, Tom e ela haviam acabado de chegar e eram informados dos problemas.
— Só precisamos pensar em um novo jeito de entrar no hotel com o Fletch. — disse .
— Legal, e vamos fazer isso com Fletch-panda e gigante ou com Fletch-homem e nu??!! — James perguntou sarcástico.
— Panda!
— Homem!
— Pessoal — Tom tratava de chamar a atenção dos amigos, com os ânimos já exaltados para uma discussão. —, duas coisas não vão passar por aquela recepção de jeito algum: um animal selvagem; e um homem nu.
— Isso é verdade! — Poynter concordou prontamente, com um aceno de cabeça.
— Precisamos usar outra estratégia.
— Beleza! Então qual o plano? — vários pares de olhos se voltaram para Fletcher, ávidos por instruções. — E-e-eu ainda não sei! — o grupo pareceu murchar em entusiasmo.
— Me decepcionou, dude. — Tom deu um olhar atravessado para Dougie, primeiro por insinuar que ele já tivesse um plano elaborado e segundo pelo comentário.
— Precisamos decidir logo, pois a qualquer momento os caras que apagaram o Danny podem aparecer por aqui.
— O James tem razão... — comentou, passando os olhos ao redor de si, apreensiva. — ‘Peraí, , você ainda se lembra de quando teu pai quebrou a perna?
— Claro, né, meu pai...
— Gente, não vamos começar assuntos paralelos. — disse .
— Então ainda lembra da história do ventilador? — com um gesto, indicava aos demais que não a interrompessem.
— Lembro. Por... quê? — ao notar o olhar astuto em , sorriu-lhe como resposta. — Qual o plano?
— Agora temos um? — perguntou James esperançoso, recebendo um risinho ácido de :
— Girls 1 X Boys 0!
— Muito bem, o que precisamos fazer? — perguntou mais uma vez.
— Correr! E muito rápido.
— Ai, não! — murmurou.
— Será que você não pode uma vez correr sem reclamar, mulher? — questionou abismada, as mãos na cintura.
— Não é isso. Olhem!!
Seguindo o indicador da garota, o grupo viu atrás de si um dos homens que caçavam a Fletch. No momento em que este avistou o panda, verbalizou para que os demais companheiros viessem até ele.
— Peguem o Danny. E corram de volta para o hotel — ordenou com a voz determinada.
Com um movimento rápido, Fletch agarrou a Danny com sua pata dianteira e o colocou por sobre seu pescoço.
— Estão atirando na gente??!! Estão loucos??? — gransnou alarmada, ouvindo os dardos zunindo em seu ouvido.
— Questão de ponto de vista, : panda selvagem atrás de civis inocentes. — tentou esclarecer Tom.
— Sem contar que devem pensar que o Fletch matou o Danny... — Dougie comentou, com um olhar de soslaio para o amigo desacordado.
Ma-matei??”, o panda vacilou por um momento em sobre suas próprias patas.
— Temos que despistá-los de uma vez por todas! Ou vamos acabar todos como o Danny!! — gritou James, correndo em zigue-zague.
Uma lâmpada imaginária se acendeu sobre a cabeça de :
— Vamos para os jardins!!
— É uma boa!
— Girls 2 X Boys 0! — se vangloriou em meio a uma risada.


Quando se acercavam pelos fundos do terreno do hotel, local onde se encontravam os jardins em forma de labirinto, tropeçou em seus próprios pés. James e Harry voltaram para acudi-la, e foi o macaco quem primeiro notou a razão da queda:
Essa não...”, sua patinha se fechou com firmeza em torno de um dardo fincado na pele da jovem, na altura do tornozelo.
— Isso não é nada bom. — reclamou James enquanto ajudava-a a se erguer, deixando-a se apoiar sobre a lateral do seu corpo. — Acertaram a !
— Eu ‘tô bem, gente, ‘tô bem! — tentou apaziguar os vários pares de olhos que se voltaram em sua direção, porém, o sorriso quebrado em seu rosto deixava evidente que nem ela acreditava em suas palavras. — Eu ‘tôôôôôô... Waaaahhh
— Ihhh, já ‘tá falando igual ao Jabba, the hut! — comentou .
— O lado bom é que parece que os despistamos até aqui... — disse com certo alívio na voz, embora ofegante.
— O lado ruim é que estão apelando pro helicóptero!
Tom ergueu seu braço para apontar para o céu. Um enorme feixe de luz branca parecia sair do próprio céu estrelado, fazendo uma varredura atrás deles.
— Muito bem — tentanto tomar as rédeas daquele imprevisto para si. —, James, coloque a com o Danny! Povo, pra dentro do labirinto agora!!!
— E de lá para onde vamos? — perguntou Dougie.
— Para a entrada da frente! — respondeu confiante.


Uma vez dentro do labirinto, passou rapidamente o olhar sobre os demais. Precisava separar o grupo e atribuir funções para cada um — e tinha de levar em conta o fato de ter duas baixas no seu pessoal.
— Mas, , você não ouviu ao que Tom falou? Como vamos passar pela recepção?? — indagou , acercando-se dela.
— Com um Fletch-panda e gigante!
— E isso vai dar certo? — questionou Dougie.
— Claro que sim. Confiem em mim, tá bom? — com um pigarro tratou de limpar a garganta. — Presta atenção em mim, gente! Seguinte: Dougie, você vai na frente e providencie novas roupas pro Fletch, ok? Desça o mais rápido que puder. — deu ênfase à última frase. O loiro prestou-lhe uma continência e logo se voltou para Bourne, esperando pelo cartão-chave.
— Não vai perder, hein? — James aconselhou o amigo, dando-lhe um olhar sugestivo. Poynter riu cúmplice pelo nariz.
— Tom, sobe a pro nosso quarto, por favor. — continuou .
— O Danny também?
— Não, não... Acho que podemos usá-lo. — os demais se entreolharam entre si, curiosos.
— Tudo bem então. — o rapaz seguiu em direção ao panda.
Ow, Fletcher!!”, reclamou Harry, pulando próximo ao amigo, que colocou o corpo da jovem desacordada por sobre seu ombro. “A não é um saco de batatas!
, você vai me ajudar... — mordia o lábio inferior, decidindo-se. — , Danny e Fletch vão fazer parte da simulação e... James!
— Manda! — o rapaz respondeu empolgado, agachando-se no chão e colocando-se como um velocista pronto para ouvir o tiro de largada.
— Preciso que vire mulher.


— Harry, fica quieto! — Dougie disse pelo canto da boca ao entrar no saguão da recepção do hotel acompanhado por Tom, carregando a . O macaco encontrava-se escondido em suas costas, debaixo de sua camiseta larga, porém, suas unhas o machucavam.
Pare de reclamar, senão eu mordo!”, respondeu o animal. Embora não pudesse ser entendido, podia ser ouvido fazendo o som típico de sua espécie.
— Se aquieta aí, vão te ouvir, besta! — Tom o golpeou.
No ambiente, o fluxo de pessoas que transitavam antes pela recepção havia caído significativamente. O lugar poderia ser considerado deserto, não fosse por um aglomerado de pessoas próximas a uma televisão em uma das extremidades, assistindo preocupadas ao noticiário local. O concierge e duas recepcionistas direcionavam um olhar vidrado a uma pequena televisão instalada logo abaixo do balcão de atendimento. Os olhos do funcionário se voltaram na direção das figuras que tentavam atravessar o saguão sem serem notados.
— Está tudo bem com ela? — perguntou em seu idioma original. Dada a expressão confusa nos rosto de Fletcher e Poynter, repetiu a pergunta, mas em inglês.
— Ah!!! — Dougie riu nervoso. — Sim, tudo bem.
— Ela só bebeu um pouco demais, sabe? — explicou Tom, notando o amigo ao seu lado usar a mão para fingir uma pessoa entornando uma garrafa de bebida.
O concierge maneou a cabeça afirmativamente enquanto os rapazes deram passos vagarosos em direção ao elevador a poucos metros deles.
— Caso continue mal, temos o serviço de enfermagem de plantão. — completou.
— Obrigado! Vamos lembrar disso. — Tom agradeceu polido.
Com o fechar das portas do elevador, os rapazes deixaram um suspiro aliviado escapar.
— Acho que vou precisar de um Salompas depois...
O que está insinuando, Fletcher??”, Harry colocou sua cabeça por fora da gola da camisa de Dougie, com uma expressão selvagem.
— Porque eu sou um fracote... — Tom evitou o olhar do animal, inventando uma desculpa qualquer.
— Sabe do que eu me lembrei? — comentou Dougie, com seu olhar acompanhando a luz indicativa dos andares no painel acima das portas. — A gente saiu sem arrumar o quarto do Fletch.
Tom voltou sua cabeça lentamente em direção ao amigo, com leves trancos, como se tivesse algum problema no pescoço.
— O quê?!
— É. As meninas invadiram o apartamento e largamos aquela bagunça para ir atrás do Fletch.
Com a mão livre, Tom a espalmou contra a própria face, os dedos massageando a testa.
— Tá legal, você desce com as roupas como o planejado. Eu ‘destransformo’ o Harry e nós dois arrumamos a bagunça.
O animal confirmou com um aceno de cabeça.


— Cadê? O? Poynter? — disse entredentes, o olhar assassino fixo sobre as portas do elevador do saguão.
— Eu vou matar aquele nanico! — praguejou atrás da amiga.
Estavam ambas logo na entrada da recepção, valendo-se da parede da suntuosa entrada para se esconder.
— Ainda não entendi o porquê de eu ter de virar mulher... — James reclamou com sua voz feminina arrastada. Em sua opinião, o mais chato sobre se tornar um ser do sexo feminino era que suas roupas nunca paravam de cair. E era justamente o que lhe acontecia, transformado após uma breve passagem pelos jatos de água no centro do labirinto.
— Sem a pra nos ajudar, eu precisava garantir o... “efeito dramático”. A sozinha não ia dar conta. — e James entreolharam-se. — Além do mais, pense positivo: agora está no grupo vencedor!
— Mas já podemos saber o que vamos fazer? — ergueu seu braço para perguntar, como se estivesse em uma sala de aula.
— Certo, certo. Moças, vou precisar... que tenham um ADP!
— Um o quê?? — James tinha o cenho franzido.
— Ataque de perua. — esclareceu a jovem. — Basta gritar como se tivesse um panda gigante e assassino atrás de vocês querendo devorá-las!
Magoa quando falam assim de mim, sabia?”, pensou Fletch consigo mesmo, escondido logo atrás do grupo, atrás de um grande vaso ornamental.
— E, , preciso que tenha olho rápido e encontre a caixa de força na recepção. — seguia explicando seu plano.
— Mas a caixa de força deve ser local, não vai apagar o hotel inteiro.
— Não precisamos dele todo apagado, isso nos prejudicaria. Só temos que deixar a recepção no breu. — Se você diz, então deixa comigo!
— Olha o Dougie lá! — indicou eufórica, estendendo seu braço.
— Então é hora de agir. — sentenciou . — Fletch, já entendeu o que tem de fazer, né?
O animal respondeu-lhe maneando a cabeça afirmativamente. Em seguida, deu um rugido alto e feroz, para fazer os poucos presentes no ambiente interno saberem de sua aproximação.
De dentro, Dougie pôde ver todo o desenrolar do plano. Ele congelou no mesmo lugar ao ouvir Fletch, não ciente de que o empresário podia soar tão ameaçador... e parecer também!
Um grito histérico feminino irrompeu no saguão, ferindo o tímpano de todos. Uma moça loira de cabelos curtos e de roupas folgadas corria desesperada. E seu nervosismo parecia contagioso.
Mais contida em sua interpretação, vinha , com os braços erguidos e curtos gritos.
E então, a figura assombrosa de um panda alto e robusto vinha atrás das duas, erguendo suas patas, deixando cair atrás de si sua primeira vítima, Danny Jones.
e fingiam estar no lugar errado, na hora errada. Dando passos vacilantes pelo saguão para não atraírem a atenção do animal, ambas com falsa expressão de medo.
Os poucos que se encontravam na recepção reaccionaram de duas maneiras: ou correram para salvar suas vidas; ou ficaram paralisados no mesmo lugar, desmaiando conforme o panda acercava-se.
O concierge foi um dos desacordados, e quando seu corpo se chocou com o chão, deu sinal para .
A encenação precisava ser mantida, afinal, havia câmeras espalhadas pelo lugar.
Enquanto Fletch empurrava com o dorso de sua pata uma poltrona ou outra para criar um pequeno caos, e pularam o balcão.
— Bingo!! — comemorou ao se colocar de pé e notar na parede um par de portas com pequenas maçanetas.
— Fletch! Aqui! — gritou , atuando como se o movimento das duas tivesse atraído a atenção do panda.
e James esconderam-se atrás de um sofá de dois lugares.
O panda avançou na direção das outras duas, erguendo sua pata para alcançá-las — isso era o que deveria aparecer na câmera. Na verdade, seu papel era arrancar as portas. No momento do golpe, e reagiram rápido, abaixando o tronco para escapar.
— Mais uma vez, Fletch!
Ambas colocaram-se de pé e o panda tentou um novo golpe, com alcance menor. As duas pularam para trás desajeitadas e nesse movimento e fingiram apoiar suas mãos atrás de si, desligando várias chaves ao acaso.
“Deu certo!”, comemorou o empresário ao notar que nada podia ver.
— Precisamos ser rápidos, povo! — gritou .
Desacostumado com a falta de luz, Dougie se utilizou da fraca iluminação de seu celular para ir de encontro ao panda.
— Cadê a garrafa?? — perguntou ele. Sentindo algo tocar em seu pé logo em seguida. Era a água quente.

!P U F!

— Isso foi brilhante, ! — elogiou, mesmo sem poder ver a amiga.
— Sou foda, fazer o quê? — riu ao final.
— Eu agradeço imensamente. — Fletch disse, aliviado por finalmente conseguir se comunicar com humanos.
— Seja rápido, Fletch, pois ainda temos de vazar logo daqui. — salientou .
— Dougie...
— Nem precisa agradecer, dude!
— Onde estão meus sapatos?
— Oh-oh…


Capítulo 62 - Panda lover

— Que mané “Girls 2 X Boys 1”! — reclamou , abrindo com força a porta das escadas de emergência. Segundo ela, seria mais seguro do que aparecer nas câmeras do elevador.
— Mas é lógico! — insistiu Dougie, sorrindo debochado. — O James é dos nossos. E ele deu um show!
— Com esse ‘corpitcho’, fica sendo dAS nossAS. — revidou a menina. O espírito de competição dos dois estava reacendendo.
— Mente e espírito masculinos!
— Girls 3 X Boys 0!
— Girls 2 X Boys 1!
— Fletch, bem que você podia ter economizado um pouco de água pra mim, né? — ignorando a dupla, James manifestou sua inconformidade. E recebeu um olhar atravessado.
— Desculpe pelos inconvenientes que deve estar passando, James. — respondeu sarcástico. Ajeitando sobre seu braço o corpo inerte de Danny. — Quem sabe isto te ajude.
Com um pulo no mesmo lugar, James viu um par de cintos presos um ao outro pelas fivelas diante de seus olhos.
— Ah, foi isso que usaram como coleira??
Fletch confirmou, guardando para si mesmo o forte desejo recém-nascido de se tornar um defensor dos animais contra maus tratos.
— Oh, gente, em “Friends” a Phoebe não foi acertada por um dardo e só a bunda dela ficou adormecida?? — perguntou .
— Sim, mas isso porque a dose era para um macaco do tamanho do Judd! — comparou. — Agora se tratava de um panda.
— Vamos ficar atentos, quem sabe tenhamos de levá-los ao hospital. — sugeriu com um semblante preocupado na direção de Danny. — A grande dúvida é: por quanto tempo vão dormir? — Sim! Mas também temos outra grande dúvida... — James preparava o terreno. — O que houve com o seu encontro, Fletch??
O empresário sentiu uma fria gota de suor deslizar por sua coluna. Baixo tantos olhares curiosos, sentia como se fosse derreter.
— Ela era homem??
— James!! — o rapaz foi censurado pelas garotas presentes.
— Não. Não era.
— Ela não apareceu então??
— Dougie!!
— Não. Não apareceu.
A poucos passos de onde estavam, a porta de um dos quartos se abriu, revelando as figuras de Harry e Tom no corredor. Fletch contabilizou mentalmente mais dois interrogadores para sua lista.
— Ela está te chamando. — anunciou Tom, como se fizesse parte da conversa desde o início. No braço trazia o laptop do empresário.
— Quem? ... A moça do Fletch?
— Como assim?
Os rapazes sabiam que haveria problemas se o empresário soubesse que, mais cedo, seu computador foi vasculhado em busca de qualquer prova que embasasse a teoria sobre Fletch estar lhes escondendo algo, por isso mesmo Tom resolveu omitir certos detalhes:
— Estava ligado sobre sua cama. Te mandou várias mensagens agora há pouco.
Quando o loiro tentou lhe estender o aparelho eletrônico, o aviso de uma chamada de vídeo por parte de Zhou começou a piscar na tela. Fletch prendeu a respiração.
— Ca-ham... Quem sabe a gente deva dar alguma privacidade? — disse sugeriu solidária, porém, em tom mandatório.
trocou com ele um olhar de agradecimento. Fletch entregou a Tom o corpo inerte de Danny, enquanto este lhe estendeu o laptop — uma troca não tão justa segundo o mais novo —, em seguida o empresário seguiu para o mesmo quarto por onde os outros dois saíram antes. A porta foi fechada atrás de si.
— Vê se não vira um panda de novo!!
— James!!


~ Chamada de vídeo atendida ~

— Olá! Consegue me ver e ouvir bem? — a imagem de uma Zhou levemente sem graça surgia na tela do computador de Fletch. Seria timidez ou era apenas falta de jeito por ser aquele o primeiro contato entre eles?
— Anh... Sim! — hesitou antes de responder, a mulher diante de si era linda! No canto inferior direito havia uma versão diminuta da câmera de Fletch — ele parecia ter caído na fonte amaldiçoada de um sapo por conta da papada em seu queixo. Foi obrigado a ajeitar-se no sofá até encontrar um melhor ângulo de si mesmo. — Prazer em conhecê-la, Zhou.
Algo o incomodou após tais palavras. A moça lhe parecia estranhamente familiar, embora tivesse certeza de que não conhecia ninguém com tal nome.
— Prazer em te conhecer também. — a reação de sorrir simpática levou o canto da boca de Fletch a esboçar um sorriso abobalhado. Mas em uma fração de segundo, ela tinha uma expressão de preocupada. — Eu sinto muito por hoje. Foi um... Foi um completo desastre!
— Não se preocupe. Você não teve culpa alguma que.... um panda doido e selvagem surgiu do nada e destruiu tudo! — Fletch tentava fazer graça da situação, mas sua risada soava tragicamente decepcionada. Perdera a chance de conhecer aquela mulher!
— Eu tenho de te contar uma coisa. Sobre hoje. Sobre nosso encontro...
“Eu mudei de idéia, (inserir aqui algum apelido depreciativo)”, pensava Fletch, subitamente nervoso com tal possibilidade. De soslaio checou sua própria figura na tela, ao menos de sapo ela não poderia mais pensar em chamá-lo. Ele assentiu mecanicamente, como se o movimento de cabeça pudesse ajudá-lo a afastar tal idéia negativa.
— Não fui eu quem marcou de nos encontrarmos. Foi... foi minha filha.


— FILHA?!?! — perguntaram em coro três rapazes e quatro garotas, com James integrando o segundo grupo. Encontravam-se reunidos com Fletch lhes contando tudo no quarto de e , com esta em sua cama e Danny na da primeira.
— Ow, ow, ow! Que história é essa de filha? — Harry questionou atônico, com seus braços erguidos como se alguém lhe apontassem uma arma.
— Hum, mamãe solteira... sexy! — os olhos já pequenos de Dougie se fecharam ainda mais ao sorrir e balançar a cabeça levemente. O comentário atraiu os olhares surpresos e curiosos de , e .
— Deixa de ser esquisito! — Tom acertou um pedala no loiro. — ‘Tá assustando todo mundo. — Outch!
— Bom, com tantos malucos que existem na Internet, não me admira que ela tenha omitido o fato de ter uma filha. — justificou a atitude de Zhou.
— Espera... — a careta engraçada de Tom deixava claro que ele ainda estava elaborando sua linha de pensamento. — A filha de Zhou é a ‘cotoquinho’ de gente que ficou te perseguindo no festival até você...
— Cair na fonte da rua principal e virar um panda no meio de um monte de gente. — completou Fletch.
— E se a cotoquinho é tão inteligente como você disse... — Harry tinha seus braços cruzados, compartilhava agora o mesmo raciocínio que Tom.
— Quais as chances dela resolver o quebra-cabeça sozinha? — Fletch mal conseguiu encarar o olhar questionador do guitarrista. Os presentes se entreolharam em silêncio, cada um fazendo suas próprias apostas para aquela dúvida, até que:
— Annhh... Ok, eu ‘tô perdida, gente! Qual é o quebra-cabeça? — perguntou confusa, com a cabeça tombada para o lado.
— A de que o sumiço de Fletch-homem após cair na fonte e o surgimento repentino de um panda selvagem na festa têm uma relação plausível, ainda que praticamente impossível. — Harry explicou.
— Algo me diz que nem todos são capazes de fazer essa associação... — tentou soar como se fizesse um comentário qualquer, evitando o olhar assassino por parte de .
— Confesso que nem tinha pensado nisso, porque... porque tem mais um detalhe...


~ Chamada de vídeo atendida ~

— Minha Mei-Mei é super-protetora comigo e queria saber, até demais, quem era a pessoa com quem eu andava trocando mensagens.
Ao ouvir “Mei-Mei”, Fletch sentiu como se já tivesse ouvido aquele nome em algum lugar, na forma de um grito estridente.
— Enquanto trabalhava em home-office, não a vi pegar meu celular e te mandar mensagens. Quando descobri tudo pelo “i-message” no computador, saí correndo atrás do lugar que ela marcou...
— Era você... — Fletch deu-se conta de porquê a moça lhe parecer tão familiar.
— ... e de repente aquel-... aquele panda enorme nos salvou! — a mulher seguia narrando os fatos daquela noite. — E-e-eu estou tremendo até agora. — com a mão próxima à câmera, tentava mostrar a tremedeira que sentia. — Mei-Mei os adora, mas eu tenho...


— FOBIA DE PANDAS?!?!?! — a perplexidade do grupo ficava ainda mais marcada graças à voz estridente de James, quase estourando os tímpanos dos presentes na sala. Muitos massagearam a entrada do ouvido com uma expressão sofrida.
— Pois é... — Fletch respondeu, murchando sobre o assento no sofá.
— Eu pensava que todos na China fossem “panda lovers”! — disse perplexa.
— Não é?! — mostrava seu inconformismo.
— Dude, pandas são pop’s!! — Dougie completou.
— Com tanta mulher no mundo, vocês foram escolher pro Fletch logo uma que não gosta de pandas?? — maneava a cabeça negativamente, parecendo decepcionada.
— Mas não tínhamos como saber!! — defendeu-se Judd.
— Isso é Lei de Murphy em nível extremo... — James constatou.
— Gente, vocês ouviram isso? — perguntou de repente, olhando em volta. Vários pares de olhos apreensivos seguiram seu gesto.
— Parece vir do quarto do Danny. — Fletch comentou.
— Mas ele ‘tá no septuagésimo sono! — disse James.
— Invasor?? — perguntou , já se apoiando sobre seus pés para se levantar em um movimento rápido e preciso.
— Antes de derrubarmos mais uma porta...! — Tom se apressou em dizer. — Por que não investigamos isso direito?
— “Mais uma porta”?? — Fletch repetiu as palavras do guitarrista, intrigado. Harry e Tom entreolharam-se, deduzindo que o empresário não tentara ainda entrar em seu quarto, cuja porta eles meramente haviam retornado ao seu lugar, mas sem os reparos necessários.
— AAAHHHH!!!! — gritaram em coro os demais quando a porta do quarto se abriu e uma versão quase zumbi de Danny Jones surgiu. Por instinto, pulou sobre o colo de Tom; Dougie também, mas sobre o colo de .
... f-o-m-e...
— Dougiiiieeee!!! Você é muito pesado!! — reclamou a menina, com o corpo tombando para o lado pelo peso do rapaz.
... f-o-m-e...
— Eu vou morrer! Vou morrer! Vou morrer...!! — aflito, e quase sem fôlego, Tom dava leves palmadas sobre um dos braços de , que o abraçava pelo pescoço.
— ...f-o-m-e... — Danny repetiu, com a voz em um sussurro, mal tinha forças para manter os olhos abertos. Perdendo a batalha para o sono, caiu ali mesmo no chão, babando por algo de comer.
— Tadinho! — foi a primeira a reagir. Ajoelhou-se ao lado do moreno e colocou sua cabeça sobre suas pernas. — Deve estar verde de fome.
— Também, né? Com toda aquela confusão nós não chegamos a jantar nada. — lembrou-se Dougie, sentindo seu estômago fazer movimentos revoltosos. Harry e Fletch transportaram o corpo novamente adormecido de Danny para o sofá de três lugares da sala.
— Então acho que teremos de pedir algo, pois não temos nada. — avisou.
— Mas será que o restaurante do hotel já voltou a funcionar? — perguntou receosa, aquela era uma das consequências por simular um panda selvagem invadindo o saguão do hotel. Mesmo assim, havia sido um ótimo plano.
— DANNY!!! — Dougie reclamou ao ter parte de sua cabeça mordida. Estava sentado no chão, ao lado do sofá. Tentou escapar, mas as mãos do moreno o seguraram no lugar.
— Acho melhor falar pessoalmente com alguém do restaurante e ver se podem preparar algo. — Tom disse enquanto seus olhos acompanhavam atentos aos gestos de Jones, mesmo adormecido.
— Me devore e eu te faço ter intoxicação, babaca!


Quando os demais começaram a debater sobre o quê jantar e como alimentar a Danny, Bourne aproveitou o momento para se “des-transformar” em seu quarto.
Desde que voltaram ao hotel estivera contando os segundos para que estivesse como homem outra vez — tinha uma questão a resolver e demandava que ele tivesse colhões. — Alô??
— Olá, flor do dia!!!
O sonolento cérebro de Livie demorou a processar de quem poderia ser aquela voz tão animada do outro lado da linha. Era masculina. Seu pai jamais seria. Seus amigos lhe mandariam mensagem de texto ou áudio pelo ‘Whatsapp’, não a ligariam.
— James??
— Sim!!! Estava dormindo? — James afastou o celular do ouvido para ver as horas e tentar mentalmente fazer as contas de fuso horário.
— Estava mais pra uma soneca. — Livie riu pelo nariz, ela estava sempre tirando sonecas.
— ‘Tendi. — James largou-se sobre sua cama, e foi como se o ar que saiu de seus pulmões levasse também toda sua coragem. — E aí, novidades?
— Pra falar a verdade, nenhuma. E você?
— Hummmm... É possível que circule nos jornais a notícia de um panda à solta na China, mas não se preocupe. Já resolvemos isso! — sem que Livie pudesse ver, James fez uma careta. Sabia que estava apenas enrolando.
— Nossa!! — ela soou impressionada do outro lado. — Essa vai ser uma ótima história de recordação!
— Pois é...
— Está tudo bem? — perguntou ela com um amigável tom de preocupação.
— Sim. Eu só te liguei... — mordeu a ponta da toalha sobre sua cabeça para secar os cabelos. Vacilando. — Te liguei porque queria te perguntar uma coisa.
Livie grunhiu do outro lado da linha.
— É algo bom ou ruim?
— É... Bom... Só depende de você.





Capítulo 63 - Definições Atualizadas

— Namo... rar?! — quase todo seu fôlego havia se perdido. Pela tela do celular, James conseguiu notar que pegara Livie de surpresa com seu pedido. — Quero, claro!! Faz tempo que você sabe sobre o que sinto por ti. Mass...
— Por que só te pedi agora? — James completou a pergunta onde ela hesitou.
— ...sim. Afinal, por que agora... que você está longe pra caraca??? — namorar um cara que ela não podia beijar por ele estar virtualmente fora de seu alcance, aquilo era tão a cara dela! Entretanto, James Bourne não era personagem do jogo “Amor Doce”, ele era real.
— Acho que... por garantia.
— Como assim??
— Você começou a gostar de mim mesmo achando que eu era uma garota, não é? — James esperou por um aceno positivo dela. Seus ombros caíram e sua expressão murchou um pouco. — Eu não sei como as coisas aqui na China vão terminar, sabe? Mas se terminarem mal, eu quero garantir que vai haver pelo menos uma coisa boa nessa história de maldição. E pra mim é você, Liv.


— Damas primeiro! — Tom fez uma pequena reverência, com uma voz... galanteadora?
— O-obrigada. — vacilou ao responder, com um sorriso pastel de ponta a ponta.
Haviam chegado ao hall do hotel pelo elevador, com a missão de encontrar comida para Danny e os demais.
— Acho que aos poucos está tudo voltando ao normal. — comentou Tom ao ver que a recepção já funcionava normalmente. Com exceção de um e outro funcionário ou hóspede recuperando-se do susto de antes no sofá ou poltrona. — Agora só precisamos que o restaurante esteja funcionando também.
O lugar estava desértico. Havia pratos com comida e bebida abandonados, além de algumas cadeiras caídas de qualquer jeito.
— Parece até que...
— Rolou um apocalipse zumbi? — Tom completou, sorrindo de leve. De repente pararam, com o loiro coçando a nuca, pensativo. — Ok, me espere aqui!
Fletcher deu passos rápidos, atravessando todo o salão para chegar à área da cozinha.
Sem saber muito bem o que fazer para fazer o tempo passar, olhou a sua volta. Então, foi atraída pelo belo piano preto com cauda em um canto afastado — normalmente havia sempre um músico no assento, dedilhando músicas para entreter.
— Vamos ver... — seus dedos pairavam sobre as inúmeras teclas, prontos para ação. Mas os músculos congelaram ao notar que era observada. — Tom?! Ai, você me assustou!
— Foi mal, não era a intenção. O que vai tocar? — perguntou o rapaz, entusiasmado.
— Anhh, na verdade nada. Eu... não sei tocar. — disse sem jeito. Já se arrependendo pela brilhante idéia que tivera. Tom a encarava confuso. — Eu só ia...
Com um suspiro impaciente, a menina ajeitou-se no banco do piano e com um movimento rápido de sua mão, percorreu todas as teclas do piano. Depois, voltou-se para Tom e deu-lhe um sorrisinho amarelo.
— E aí, conseguiu achar alguém? — perguntou ela, fazendo menção de se levantar, porém, foi bloqueada por Tom, que chegava para sentar-se com ela no mesmo banco.
— Sim! Só que o pedido vai demorar porque acabaram de religar as chapas. — respondeu enquanto se acomodava no lugar. A face de se avermelhava, já que o pequeno espaço deixava a lateral de seus corpos colados. — Sabe cantar?


— Você foi incrível naquela hora!!
— Ah! ‘Brigada. — respondeu levemente sem jeito diante do entusiasmo de Dougie sobre quando ela montou no panda.
— Quando subiu no panda, parecia até uma... cowgirl! — Dougie escolheu as palavras.
— Calor do momento! — explicou a jovem. — Nunca tive aulas de montaria ou cheguei perto de um cavalo.
— De onde tirou a ideia de usar nossos cintos como rédeas? — perguntou ele intrigado.
A menina riu pelo nariz primeiro.
— Digamos que sou filha do MacGyver! — brincou risonha. — Quando estiver em uma enrascada e com apenas dois fósforos e um garfo de plástico, lembre-se de mim!
— Olha que vou cobrar, hein? — Dougie entrou no espírito da brincadeira. — Pode não parecer, mas vivo em enrascadas. Não sei se me conhece: sou Dougie Poynter, da banda McFly, e me transformo em um porco da índia.
Ambos gargalharam da piada feita por ele.
Enquanto limpava uma pequena lágrima no canto do olho de tanto rir, se perguntou por que Dougie e ela não podiam voltar a se tratar daquela maneira.
Detestava ter rapazes lambendo o chão por onde caminhava. E Dougie Poynter, sem dúvidas, era o rapaz mais babão que ela conhecera até aquele momento.
Ela gostava de conversar com Poynter daquela maneira, sem pressão para retribuir sentimentos ou cumprir com expectativa alheia.
Gostar de alguém tornava tudo mais complicado, sempre.


— Tsc...!
— Algum... problema? — via Harry balançar a cabeça negativamente enquanto seu olhar se mantinha preso sobre Dougie e , que conversavam de pé próximos à sacada. — Não acha que os dois ficam bem juntos?
— Ficam...
— Mas? — ela perguntou. Estava sentada na ponta do sofá de três lugares da sala, com Danny dormindo sobre seu colo. Harry suspirou pesadamente, ajeitando-se no outro sofá:
— Sinto que meu amigo vai quebrar a cara. E bonito.
— P-por que diz isso? — a jovem congelou. O moreno voltou sua atenção total para ela, analisando-a criteriosamente.
— A não gosta dele, não é? — embora o ponto de interrogação no final da frase, Judd não tinha qualquer dúvida sobre sua afirmação. Tinha olhos treinados para reconhecer casais em sintonia e a hesitação por parte de só lhe dava mais certeza de que estava certo.
— Ela não é de se apaixonar fácil. — tentou justificar a amiga.
— O problema aqui é o Dougiesta.
— Bom, nada te impede de ajudá-lo. — deu uma piscadela astuta.
— Já tentei. Ele não quer me ouvir. — o rapaz deu de ombros. Não ficaria implorando, ainda mais depois de se oferecer para ajudar.
Enquanto parecia escolher o que dizer, Judd lançou sobre ela um olhar sugestivo, o qual ela acompanhou até ambos recaírem por alguns segundos sua atenção em Fletch.
O empresário se mantinha introspectivo ao lado do baterista, o olhar perdido na tela do laptop sobre o colo.
Pelo visto mais alguém aqui precisa de ajuda amorosa”, o olhar de Judd queria dizer.
Com certeza”, a jovem respondeu de igual maneira.
— Fleeetch? — soou amistosa. — Ainda pensando sobre o que a Zhou te contou?
— ...não. Nada a ver! Eu só... — o senhor ajeitava-se no mesmo lugar, despertado à força de um transe. Com seus braços cruzados, Harry inclinou seu tronco na direção do empresário, e sem cerimônia alguma bisbilhotou o que havia na tela:
— “Como curar fobia de pandas”. — leu o termo pesquisado no Google. — Acho que tem tudo a ver, Fletch!
O laptop se fechou com agilidade enquanto o moreno retornava ao seu lugar, com um sorriso convencido adornando seu rosto.
— Eu posso cuidar da situação sozinho. — emendou o empresário.
— Depois do que aconteceu hoje?? Duvido muito. — Judd recebeu um olhar repreensivo por parte de , mas não se sentiu intimidado por sua fala. Afinal, graças a Fletch, Danny e dormiam como se não houvesse amanhã!
— Bom, Fletch, — garantiu sua vez de falar. — você parece mesmo ter gostado dessa moça. Hoje praticamente não conta, então por que não a convida pra um encontro de verdade? Você, a Flor de Mel e a filha dela?
— Mas ela tem medo de pandas!!! — Fletch e Judd disseram em coro.
— Eu sei, só que você não vai sair dizendo isso no primeiro encontro!! Ou no segundo! Além disso, fobia de bichos é tratada a partir do contanto com o dito animal.
— Talvez a gente se cure antes disso ter de acontecer. — o baterista tentou ser positivo.
— Senão? — perguntou preocupado.
— Daí a gente tenta o método da de contato!
— Ah, mas não vamos ficar com essa visão negativa, gente! Na boa... — disse , com entusiasmo na voz, recordando-se da certeza que Danny transparecia ao dizer o mesmo: — Vocês vão se curar!


— Cantar? Eu e essa minha voz de taquara rachada?? Ah, tá que vou pagar esse mico!!
— Vai! Não tem ninguém. — incentivou Fletcher.
— Imagiiina, apenas você: vocalista de banda famosa! — riu nervosa. Tom fazia sua melhor cara de súplica, com seus olhos castanhos piscando várias vezes por detrás dos óculos. Era impossível lhe negar algo daquela maneira. — ...eu vou me arrepender disso... MAS!! Eu não quero público!
— Eu preciso ver as teclas!! — os músculos do pescoço do loiro reclamaram quando o forçou com ambas as mãos a virar sua cabeça na direção oposta a ela. Finalmente livre, massageou parte do pescoço. — Qual música sabe cantar?
— Hummm... Eu não sou boa pra lembrar de letras de música. — e ponderou por alguns segundos. Seu rosto deixou evidente quando teve uma idéia, mas pareceu hesitar em dizer. — “You’re not sorry”, da Taylor Swift.
Tom confirmou com um aceno. Seus olhos logo buscaram pelas teclas que usaria, embora mentalmente se questionasse sobre a escolha com curiosidade. As primeiras notas soaram no salão vazio.
All this time I was wasting, hoping you would come around… — os olhos de soslaio de Tom encontraram-se com os de bem na hora de começar a cantar, entretanto, sua voz não falhou. Aquela era uma música incapaz de errar. — I’ve been giving out chances every time, and all you do is let me down...
A mão de pousou lateralmente no rosto de Tom, bem na altura dos olhos, impedindo-o de olhá-la. O rapaz se focou por um momento na notas dedilhas, deixando um sorriso fraco escapar.
Dougie estava certo. Totalmente certo.
— Seguinte... Peça pra ela cantar algo. Se pra você for a voz mais bonita no mundo, mesmo não sendo pros demais, então você está apaixonado por ela.
— Simples assim?
— Simples assim.


Capítulo 64 - Casal Flourne?

— Muito bem, sem comentários sobre o que aconteceu aqui, ok? — certificou-se , conforme o ponteiro do elevador se aproximava do andar onde estavam todos hospedados.
— O que aconteceu aqui, fica aqui. — Tom confirmou com um aceno, sério. Olhando de soslaio para o espelho atrás de si, para garantir de que não houvesse provas do crime cometido por eles momentos antes.
— E se perceberem? — a menina hesitou um pouco, sua imagem refletida no espelho ajeitando-se era observada atentamente por Fletcher sem que ela notasse.
— Fique tranqüila, não vão. — garantiu, com um sorriso de canto.
O elevador chegou ao seu destino e as portas se abriram. Cada um estava encarregado de um carrinho repleto de bebidas, pratos feitos, e sobremesas — pois não sabiam ao certo o que os amigos iriam querer. Entretanto, um pequeno prato jazia vazio no carrinho empurrado pelo loiro.
— Tão com cara de quem aprontou! — James cantarolou maliciosamente, encostado de braços cruzados no batente da porta de seu quarto.
Tom e deram um pulo no mesmo lugar ao se darem conta da presença de Bourne. Entreolharam-se, cada um já imaginando ao que se referia o rapaz.
— É verdade. — Tom respondeu, ao que a menina o olhou de maneira apreensiva. Alcançou o prato vazio e o ergueu. Para ele era melhor entregar o verdadeiro jogo do que deixar James começar suas brincadeiras que os deixaria desconfortáveis. — A gente deu conta de um ótimo pedaço de bolo, mas era o último!
— Ahh! — James disse surpreso, algo decepcionado. Mas aquilo não o impediria de dar um empurrãozinho. — Imaginei que estivessem se agar- OUTCH!!
— Ai! Desculpa, James!! — se apressou em dizer quando o carrinho levado por ela avançou alguns centímetros sobre o pé de Bourne. Coisa que só aconteceria se o responsável por guiá-lo retirasse o pedal da função ‘freio’. Tom fingiu ter dificuldades em encontrar espaço livre para encaixar o prato vazio no mesmo lugar enquanto, cabisbaixo, deu um sorriso — orgulhoso de... sua garota?
— Eu tô bem... tô bem! — com uma careta de dor, James pulava no mesmo lugar com um pé só. Podia ter sido mero acidente ou algo proposital, mas por via das dúvidas era melhor deixar suas boas intenções de lado temporariamente. — Bom, vamos lá com o resto do pessoal. Tenho uma grande novidade pra contar pra vocês!
— Novidade?? — perguntaram em coro.



— Finalmente, hein? Foram fabricar a comida? — debochou ao ver quem havia tocado a campainha.
— Opa!! Isso aqui fica comigo. E isso aqui também... — Harry, quem tinha se levantado para atender a porta, alcançava rápido com sua mãozorra alguns dos aperitivos enquanto os carrinhos passavam por ele. — Doug, pensa rápido!
Poynter virou-se com agilidade, abocanhando o aperitivo que Judd lhe jogara.
— Incrível!! — guinchou , impressionada com a sincronia dos dois rapazes.
— Incrível nada. Isso vai dar lambança! — ralhou, com um olhar cortante para os dois.
— Vai ver a lambança quando formos alimentar o Danny! — Dougie gargalhou. Foi possível ouvir um longo suspiro de lamentação por parte de Tom, já se adiantando.
— É verdade. Como... faremos isso? — Harry arqueou uma sobrancelha, seu olhar e os dos demais se voltaram para Danny.
— É impossível ele mastigar... — disse o óbvio.
— Com um funil? — sugeriu .
— Até que não é má idéia. — Tom se mostrava impressionado. — Mas acho difícil ter um funil na cozinha do quarto de hotel...
— Fletch! A gente podia fazer um funil como aqueles panfletos que você tem!
Um silêncio mortal se instalou no local após a sugestão de Dougie. As jovens presentes aguardavam por uma resposta, alheias à tensão dos demais.
Panfletos.
Fletch tinha panfletos guardados em sua maleta, e qualquer pessoa que a vasculhasse saberia desse detalhe. Ainda mais se ele a tivesse deixado em seu quarto enquanto saía.
— Nééé?? — Harry engoliu em seco, tentando formular alguma ajuda. — Você reuniu vários no aeroporto. Ainda os têm?
— Anh, sim. Acredito que sim. — respondeu o empresário. Por um momento fez suposições apressadas, que logo as descartou. Porém, a sombra de uma dúvida não dissipou: enquanto esteve fora...? Teriam eles...?
Dougie, James e Tom respiraram aliviados com a desculpa perfeita do moreno.
— Isso pode servir.
— A futura farmacêutica é você, , mas me parece anti-higiênico! — comentou , incrédula.
— É o Rat-leg, mulher! Vai por mim, ele vai sobreviver.



— Um anúncio a fazer??
— Sim!!
— Qual anúncio??
— Eu estou namorando!! — James anunciou, com um sorriso de ponta a ponta, e os braços bem abertos.
Os talheres de e tilintaram ao cair no chão, a comida levemente amassada deixou de percorrer o funil improvisado e outros ficaram com seus talheres no meio do caminho entre o prato e a boca.
— Namo... — perguntou .
— ...rando? — sendo completada por , os olhos de ambas se estreitando, em uma expressão carrancuda.
— Bom, — James coçou a nuca com certo nervosismo. — Tom e eu tivemos uma conversa importante ontem e...
— AÊÊÊ! — Dougie comemorou empolgado, atraindo olhares confusos. — Felicidades ao casal!! — passou seu braço por cima dos ombros de Fletcher, que estava impedido de se manifestar no momento por conta da comida em sua boca.
— Espera aí...!
— Isso seria... Boutcher?? Flourne??? — se perguntou . — Sempre fui mais Flones.
— Esperem, eu não...!
— Todo mundo sabe que é Flones e Pudd! — argumentou , convicta. Virou-se para , na esperança de que a amiga concordasse:
— Malz, : Fludd Forever.
— Estou em todas! — Harry sorriu colgate, com um leve aceno positivo, parecendo orgulhoso.
— ‘Pera lá, ‘pera lá... E Floynter, não?!?! — Dougie se mostrou indignado.
— ESPEREMMM!!! — gritou Tom em um quase engasgo, dando um olhar apreensivo para James.
— Seus cabeças-ocas! Eu. Conversei. Com. O. Tom! E daí fui pedir outra pessoa em namoro... A Livie!! — James esclareceu, com gestos exagerados.
— Aaaahhhhhh.... Foi eterno enquanto durou, dude. — Dougie retirou seu braço dos ombros de Fletcher, baixo o olhar de poucos amigos do loiro.
— Psiu... — e logo colaram suas cabeças, sussurrando entre si. — Eu não conheço nenhuma Livie, e você?
— Nem eu... — a menina maneou a cabeça negativamente.
— Quem é Livie?— perguntou curiosa, sorrindo amistosa.
— Siiiim, James... — e perguntaram em coro, o tom de voz levemente ameaçador. — Fala dela pra gente.
Ambas sacaram os celulares dos bolsos e seus polegares pairavam sobre a tela, prontos para procurar por todo o Facebook o perfil da dita cuja. James hesitou por um momento.
— Ow, vocês duas! — , colocando-se logo atrás das amigas, afanou os aparelhos. — Isso aqui não é “Ídolos”, e vocês não são juradas sobre quem namora o James.
— Hunf! -feia! AAII!
— Me tratem feito cachorro de novo e apanharão mais forte. — advertiu após os dois pedalas dados.
— Só estamos preocupadas com o bem-estar do James.
— Como boas amigas que somos.
Dougie e Tom torceram o nariz após aquela fala. Assim como , agora eles também sabiam como as duas meninas podiam ser quando se tratava de James Bourne.
— Eu a conheci naquela primeira coletiva de imprensa que os rapazes fizeram.
— Ahhhhh... então é das nossas. — pousou a mão sobre o coração, com alívio.
— Aí tudo bem! — concordou.
— E ela sabe que você está amaldiçoado? — perguntou .
— Sim. Ela sabe de tudo, até mesmo como eu sou quando “mulher”. — e ergueu seus braços, receoso pela reação de Fletch. — E antes que me dêem bronca, ela já me conheceu como Jamilly, não James!
— Ja-milly?? — o rosto de Dougie se contraiu em uma careta.
— Do que você está reclamando, Do-ra-li-na? — Tom fez questão de pontuar.
— Nada não, Tominaga!
— Viu só, Fletch, então você ainda tem chances com a Doce de Mel! — Harry socou o empresário na altura do ombro.
— Mas o James vira mulher apenas. E mulher com mulher...ok. — Dougie começou a pensar em voz alta, encarando o teto. — Mas zoofilia é tabu forte.
— Ainda bem! — os olhos de arregalaram-se. — É tabu e vamos manter como tabu!
— Uéé... — e disseram em coro, visivelmente confusas, voltando-se na direção da amiga.
— Você sempre está lutando para romper com os tabus, mulher. — esclareceu.
— Sim! Mas têm alguns que é melhor manter. Então, Fletch... — a jovem lançou um significativo olhar para o empresário, quem respondeu com um aceno positivo:
— Nem precisava se preocupar quanto a isso.



— Então, deixa eu ver se entendi. — Dougie colocou sua mão direita em formato de “L” abaixo do maxilar, com uma expressão pseudo-pensativa. — Você pediu uma guria em namoro justo um dia antes de irmos...
— A uma balada?? — Judd completou a linha de raciocínio.
James concordou com um aceno, dando de ombros logo em seguida, sem entender o problema.
— Sim, por quê?
— Porque na balada ninguém é de ninguém!!
Vários pares de olhos se voltaram levemente chocados para a autora daquela frase.
?!
— Até tu?!
— Quem imaginaria!
— Não achei que você fosse assim...
— Tsc, tsc...
— Ai, gente, vocês sabem que estou só brincando! — rolou os olhos.
— Claaaaaro... — Dougie respondeu com a voz afetada. — Só que toda brincadeira tem um fundo de verdade!
— Pobre Jones. — Harry balançava a cabeça negativamente, como se o seu time do coração tivesse perdido um importante jogo.
— Ah, mas a Liv não tem com o que se preocupar! — James respondeu despreocupado. — Ela sabe que... Ela sabe, não sabe, gente??
— Não se preocupe, Bourne: o que acontecer na China, ficará na China. — Fletch piscou, tentando segurar o riso.
— Droga! — James levantou-se em um pulo só, alcançando o celular no bolso da calça. — Tenho de falar com ela. Por que você não me avisaram antes?!
— Vocês não prestam. — Tom se manifestou sobre a maliciosa brincadeira arquitetada pelos demais assim que o amigo loiro saiu do quarto de hotel.



Capítulo 65 - Reservas

— Você sabe que eu não faria nada, né?!?!
— Jam-...
— Quer dizer, eu sei que começamos a namorar e eu não estou por perto, mas mesmo assim!
— Anh, Ja-...
— Você pode ter certeza que eu jamais faria algo assim contigo!
— JAMES!! — Livie teve de gritar do seu lado da linha. Ela riu consigo mesma ao pensar que, quando nervosos, eles passavam a sofrer de uma séria verborragia. — Ok, eu não sei de onde você tirou isso, mas da minha parte está tudo bem. Na verdade, só me dá pena não estar aí para poder ir junto.
O rapaz sorriso fraco, o que James mais podia querer naquele momento era ter Livie por perto. Ela suspirou, revigorando seu próprio ânimo:
—Enfim, fique tranquilo sobre a balada. Apenas... não faça nada que um namorado não deve fazer, ok?
— Deixa comigo! — então, uma lâmpada pareceu se iluminar sobre sua cabeça. — ‘Pera! Eu poderia... É isso! É a idéia perfeita!!
— Hummm, aposto que é louca, mirabolante e sem sentido... Me conta tudo!!



Já era bem tarde da noite — ou muito cedo na madrugada —, quando Fletch resolveu se despedir dos rapazes e das meninas para ir dormir. Havia sido um dia e tanto! Com certeza sua versão amaldiçoada estamparia as manchetes dos jornais de todo o mundo: “Panda selvagem ataca”.
— Fobia de... pandas. — murmurou, deixando-se cair de qualquer jeito sobre a cama. Nisso começava a sentir uma pontada de inveja dos rapazes. Mesmo que o plano fosse não falar com ninguém sobre a maldição, foi preciso contar para as meninas, do contrário acabariam no controle de animais.
Um gato, macaco, pato e porco-da-índia.
E mesmo assim, mesmo cientes no que os quatro se transformavam, elas não pareciam ter problemas quanto à estranha condição deles. e Danny já eram até ficantes! e Harry podiam não ter nada oficialmente, mas qualquer pessoa com um par de olhos conseguia ver a química entre eles. Os sentimentos de por Tom estavam escritos em sua testa, piscando como um letreiro de néon. E quanto a Dougie, esse parecia à beira de levar um fora de , entretanto, não seria por ele virar um animal ao entrar em contato com água fria.
— Mas... o quê? — em uma das tantas voltas que deu sobre a cama, foi forçado a deixar os pensamentos de lado ao avistar um curioso objeto próximo do criado-mudo. — Uma palheta?



— Algum problema, mate? — Harry perguntou.
— Hummmm... — Tom tinha seu olhar perdido, tentava se concentrar mais em seus passos. — Não estou achando minha palheta da sorte.
— Sério? Ih, cara, isso é ruim. — o moreno colocou seu pé sobre o assento do sofá, subindo com um movimento só o tecido de sua calça jeans preta surrada. Ele respirou mais tranquilo ao notar que seu par de baquetas extra estava ali, prontas para serem usadas em qualquer situação. Era o costume deles sempre carregar baquetas e palhetas consigo.
— Não está no bolso da outra calça? — sugeriu Dougie, já com sua palheta em mãos. Brincava com ela, fazendo-a deslizar por entre os nós dos dedos de um lado para o outro.
— Incrível. — , sentada no chão ao seu lado, o observava encantada. — Como você faz isso??
— Ah, minha zinha — com um sorrisinho nos lábios, bateu com seu dedo de leve na ponta do nariz da menina. —, não é só você que domina uma arte milenar ninja!
— Hunf, por favor, né? — Judd não se mostrava muito impressionado. Sacou uma das baquetas de dentro da meia e entre seus dedos fazia o objeto rodopiar em alta velocidade. — Isso aqui é nível ninja.
— Você e a se merecem mesmo! — gargalhou com sua própria piada. — Nenhum passou na fila da humildade.
Apreensiva e em silêncio, assistia a Tom vasculhar cada um dos bolsos da calça e da blusa, e cada abertura de sua carteira atrás da palheta. “Droga!”, pensou ela, o loiro finalmente se dera conta.
— Nem nessa calça e nem na outra!
— Vo-você não tem outras? Palhetas, digo. — a menina arriscou.
— Pior que não. Como não tocamos muito nesses últimos tempos, acabei ficando sem as reservas. — ela assentiu. Infelizmente, teria de devolver seu pequeno tesouro ao verdadeiro dono. “Vem fácil, vai fácil...”, lamentou-se a jovem.
— Você tem que me ensinar isso, nanico!! — disse animada. O fogo da determinação parecia queimar no centro de sua íris. Dougie respondeu com um sorriso astuto.
Colocando-se de pé, o rapaz mordeu os lábios enquanto vasculhava os bolsos de sua bermuda. Chegou até uma posição incômoda, com o braço atrás das costas e sua coluna encurvada em um ângulo perigoso.
— A-HÁ!!!
— De que buraco negro você tirou isso?! — perguntou com receio, vendo uma segunda palheta nas mãos do loiro.
— Se-gre-do! — gabou-se Poynter.
O rapaz deixou-se cair sentado quase no mesmo lugar de antes, colando seu tronco nas costas de . — Agora, zinha, vou te mostrar como se faz. — Dougie passou seu braço pelos ombros da jovem, e orientou sua mão direita, colocando sua palheta sobre as nós dos dedos longos e finos dela.
— Certo!
— É bem fácil até. Você só precisa...
prestou atenção no início, entusiasmada pela idéia de descobrir como fazer o truque, porém, algo naquele cenário lhe incomodava. Um olhar rápido na direção dos demais presentes na sala e teve certeza.
Dougie e ela pareciam um casalzinho de filme romântico da sessão da tarde!
, , Harry e Tom os assistiam em silêncio, cada vez mais constrangidos, sem saber se era certo ficarem olhando ou não.
— Annnh, eu vou ir ver como a está! — Harry anunciou, coçando desajeitado atrás da orelha, antes de dar passos largos até o quarto da bela adormecida.
— E eu vou checar meu Danny!! — levantou-se com um pulo do sofá, calçando de qualquer jeito os tênis all star e seguindo para seu quarto, onde os meninos haviam deixado momentos antes o corpo do amigo.
— D-Dou-..., ca-ham, Dougie eu vou ver de ir dormir. — disse Tom sem jeito, forçando um sonolento bocejo. Poynter assentiu sem perder o foco dos ensinamentos que passava.
— Annh, vou indo também... Tenho que preparar minha cama ainda.
Mulher, me ajude!”, implorou através de seu olhar para antes desta terminar de se levantar.
Sorry! Não tem como ultrapassar esse campo de amor.
SOCORRO!!!



~DIM-DOM~

— Ooi...! — disse Tom surpreso com a visita inesperada de a sua porta. Não fazia nem dez minutos que haviam se separado, para não se tornarem velas humanas ao lado de e Dougie. — Quanto tempo!
— Né? — ela riu da piada dele, mas logo pareceu ficar sem jeito. Reunindo ar nos pulmões para dizer algo, só que sua língua estava travada. — Anhh... então! Olha!!
— Minha palheta! — o rosto do rapaz iluminou-se ao ver o que a garota lhe estendia com ambas as mãos. — Onde estava? Você ficou procurando?
Comigo”, sua consciência respondeu sincera. Segundo o ditado, o que é achando não é roubado. E ela não poderia perder a oportunidade de ter um tesouro exclusivo de seu ídolo — mesmo que tivesse visto o momento exato em que o objeto caiu de seu bolso e pudesse alertá-lo. Era a palheta de Tom Fletcher!!!
— No corredor, quase agora. — apenas a resposta do lugar era verdadeira.
— Poxa, muito obrigado! Eu não sei o que faria sem... a minha... palhe-... — o loiro tentava gentilmente recuperar sua estimada palheta, entretanto, parecia relutar em entregar seu tesouro. — TA!!
— De nada. — ela respondeu desanimada.
Enquanto guardava sua única palheta reserva em um canto seguro de sua carteira, Tom tentava entender a cara triste da jovem a sua frente.
— Então... boa noite, Tom. — disse com um breve aceno de mão antes de se virar para seguir para seu quarto. Entretanto, ao dar o primeiro passo, uma força em seu pulso a obrigou a dar um passo atrás. A jovem ficou completamente paralisada ao ganhar de Tom um beijo em sua bochecha. O sangue que passava por debaixo da região beijada parecia estar fervendo, e apesar de surpresa inicial, manteve-se imóvel o tempo todo. Foram necessários mais do que poucos segundos para Tom finalmente se afastar. Segundos a mais que fariam o coração da menina vacilar tendenciosamente.
— Muito obrigado mesmo por ter achado. — ele disse, a voz saindo arranhada por causa da garganta seca. Viu então um grande sorriso involuntário brotar no rosto da jovem.
— De n-nada, Tom!



— Muito amigas, você e a , hein?!?! — fechou a porta do quarto que dividia com atrás de si com violência. Dona de uma tranquilidade incrível, era raro vê-la irritada, mas havia momentos e atitudes que a tiravam do sério. E não ser ajudada pelas ditas melhores amigas era uma delas. Agarrou uma das almofadas sobre o sofá e a jogou contra a cabeça de , sentada na ponta do mesmo móvel.— Valeu mesmo!
— HeheHeheHehe... Foi mal, mulher!
— Não é engraçado... Nem um pouco engraçado! — a recém-chegada apanhou outra almofada e começou a acertar múltiplos golpes contra a amiga. O plano era acertá-la até que o sorriso idiota e a risada besta cessassem, mas já estava se cansando e ainda parecia o Coringa do Batman.
— HeheHehe... Mulher, pára!! HeheHehe...
— Pára, você, de rir, palhaça!!
— EU NÃO TÔ RINDO DE TI!!!! — gritou com suas últimas forças antes de se encolher em posição fetal no chão, derrotada.
— Hummm... E o que é tão engraçado então? — suspirou profundamente e deu uma trégua momentânea.
— Eu n-não consigo-... Parar de ficar assim-... — a garota tentava em vão usar seus dedos para desfazer o sorriso, ou ao menos diminuí-lo. — O Tom... me beijou.
— O QUÊÊÊ?! — quase caiu do sofá. — Assim do nada?!?!
— ‘Pera! ’Pera! Ele me beijou na bochecha, ok? Na bochecha. — o rosto e corpo de pareceram murchar com o esclarecimento.
— Pela sua cara, pensei que tinha sido um beijo de verdade mesmo. — disse com a boca um pouco torta. Ela não queria desanimar a amiga, mas também era difícil se empolgar com um beijo recebido na bochecha.
— Eu sei! Mas é que... foi diferente. — levantou-se com um pulo e trouxe a amiga consigo pelo braço, colocando ambas no meio da sala para que pudesse representar o momento.
— Mulher, você já sabe que não faz meu tipo. — estava com os braços cruzados enquanto recebia da amiga um beijo em sua bochecha.
— Mas consegue perceber que é um beijo diferente?? — perguntou, esperançosa de ouvir uma resposta positiva. deu de ombros:
— Apenas demorado demais... e meio babado. Eca...
— Ops! Foi mal, não teve baba no original. — sorria amarelo.
— Sorte a sua! — ela limpou a região com a manga da blusa moletom.
— Mas foi diferente!
— Não sei, mulher. — disse cautelosa, estudando quais palavras usar. — Beijos na bochecha são uma coisa, e na boca, outra. Apenas não se precipite muito, ok?
— Tudo bem. — a menina suspirou, desanimando um pouco. — ...mas foi diferente.



Dougie ainda brincava de fazer sua palheta deslizar sobre os nós dos dedos da mão quando entrou em seu quarto de hotel.
— Tom?? — o menor tombou a cabeça para o lado, levemente surpreso de encontrar o amigo. — Não ia dormir?
— Ia, mas fiquei pensando em algumas coisas primeiro... — o loiro pareceu sair de um transe. Sorrindo alegremente sem aparente motivo.
— Hummm!!! — Dougie brincou com exageração.
— Preciso te agradecer por aquela dica. Estava certíssimo. — Tom sentia a região das suas maçãs do rosto aquecer, incapaz de controlar o tamanho de seu sorriso.
Dougie jogou-se no sofá ao lado do mais velho:
— De nada! … Mas de qual dica está falando? — questionou o loiro, genuinamente confuso.
— Pra saber se eu estou mesmo gostando da ! Fazendo ela cantar uma música pra mim. Foi… exatamente como você disse. A voz dela é a mais linda e perfeita do mundo, pra mim. — o corpo de Tom se contorcia de leve com pequenas risadas involuntárias.
— Legal! Que bom que deu certo. E qual música ela cantou?
— “You’re not sorry” da Taylor Swift. — Dougie imediatamente voltou seu olhar para um ponto distante no horizonte, como se tentasse enxergar algo bem ao longe.
— Taylor?? A rainha das músicas de separação e amarguras românticas? — Tom confirmou com um aceno. — Isso não te faz pensar que ela já teve alguma ‘desilusão amorosa’??
— É, faz… — Tom coçou sua nuca vagarosamente, oscilando seu olhar entre Dougie e seus próprios all stars amarelos. — Mas será que não é você quem está correndo o risco de sofrer uma desilusão amorosa?
— Como assim?? — Dougie estranhou a princípio, levantando-se do sofá em um pulo. — Ah, não, o Judd te pediu pra vir com esse papo comigo??
— Não!! Só… — “que a não parece estar tão na sua quanto você está na dela”, isso era o que Tom tinha em seu roteiro mental. Era pelo bem do seu amigo. — Pára com essa história de zinha isso e aquilo. — disse rápido, praticamente perdendo o fôlego.
— Hummm… — Dougie coçou seu queixo, analisando a dica de Fletcher. — Então ela não gosta? — Tom maneou a cabeça, negando. — Tsc…! É que eu não sabia mais do que chamá-la.
O loiro jogou-se contra o sofá, mostrando-se pensativo.
— Digo, se eu a chamasse de “Linda”, ia acabar dando muita bandeira, sabe? — foi preciso muito esforço da parte de Tom para não rolar seus olhos.
— Uhum! Isso seria dar muita bandeira. — o mais velho respondeu entredentes, forçando um sorriso amigável. “Ficar lambendo o chão que ela pisa: não”, pensou sarcasticamente.
— Talvez se eu a chamasse de “Pequena”… — Dougie considerou a ideia, entretanto, começou a rir antes mesmo de terminar a linha de raciocínio. — Mas ela rebateria me perguntando se eu já me olhei no espelho!!!
Tom sorriu amarelo, incerto se ele deveria rir também.
— É a cara dela… — Dougie seguia rindo baixo, com um sorriso bobo. Deu duas leves palmadas no joelho de Fletcher e levantou-se. — Valeu pela dica, mate.
Tom observou o caminhar lento e torto do amigo até seu quarto. Sozinho outra vez, ergueu seus braços em dúvida, incerto se havia ajudado a Poynter de fato.




Capítulo 66 - Formalmente convidados

T.H.E.
Parabéns, seu nome consta em nossa
seleta Lista de Convidados para esta noite.
Escolha a roupa e os sapatos perfeitos e
se prepare para uma noite inesquecível! ”



— Muito bem, preparado? Porque vai ficar barulhento aqui! — sorriu quase maliciosa, mas aquela era apenas sua cara de determinação.
— Sempre! — Harry sorriu de canto, convencido. — Sem piadas fracas, por favor.
e Harry estavam em uma missão especial: despertar e Danny. A qualquer custo. Isso porque todos haviam recebido um e-mail confirmando seus nomes na lista de convidados da misteriosa balada T.H.E..

!PÉÉÉ!

Com caretas por causa do som estridente, ficaram atentos a qualquer mínima reação. Porém, os dois corpos desacordados sobre o sofá de três lugares permaneceram da mesma maneira.
— Não está funcionando!!! — gritou, com uma das mãos tapando o ouvido.
— Mas eles precisam acordar!!!! — respondeu Harry. — Ok, não tem jeito.
Harry, com os braços cruzados, quebrava a cabeça para pensar em algum plano alternativo... e eficaz! jogou seu tronco por trás do sofá e colou seu rosto próximo do ouvido de :
— ‘Miga, sua louuca!! Acorda, pois começou uma liquidação de sapatos Louboutin!!!! — fingiu com voz emocionada. A fala pareceu entrar na mente da amiga, pois grunhidos foram ouvidos e tentava estender seus braços.
Judd ficou impressionado. Caminhou em direção a Danny, repetindo os movimentos de , e dizendo:
— Cara, abre os olhos! Um grupo de loiras peitudas está passan-...!!! — a fala esperta do moreno morreu no meio do caminho, quando percebeu o olhar assassino que lhe dirigia, parada atrás dele com os braços cruzados e batendo o pé. — ... esquece, mate. Continua dormindo que é melhor.
— Ca-ham! — pigarreou. — Isso também não está funcionando.
— ...não. Daqui algumas horas teremos de sair pra balada e eles ainda vão estar no sétimo sono! — frustrado, o moreno começou a andar de um lado para o outro. — Estamos ficando sem ideias. Já tentamos praticamente de tudo!
— Bom, não dá pra levarmos ao hospital. A enfermeira do hotel disse que temos de esperar eles acordarem naturalmente. — a jovem deu de ombros.
Por mais que quisessem, não havia forma de apressar os efeitos da dose alta no dardo tranquilizante. Foi então que Harry pareceu ter uma ideia, agitando no ar seu indicador e depois dando um estalo com os dedos:
— Vamos arrumá-los! Já vamos adiantando isso. Assim, estaremos todos prontos quando for a hora de sair. — concordava freneticamente com a ideia do moreno alto.
— Tudo bem. Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, não obstante...! — a fala rápida e com ímpeto fez Harry dar um pulo no mesmo lugar. — Eu visto a e você cuida do Jones... e não o contrário.
Judd meramente rolou os olhos. Aquilo era de se esperar — não havia como ele ser tão sortudo assim.
— AH!! E não me vai colocar bermuda nele, ouviu bem? — o indicador da jovem encontrava-se na ponta do nariz do moreno. — Caaalça, valeu?
— Sim, senhora!
— Algum pedido especial? — perguntou com voz manhosa.
Nada de roupa íntima bege!
— ...não. — respondeu ele com cara de paisagem, maquiando seus pensamentos.



— E mesmo assim não acordaram?? — os olhos sonolentos de finalmente se abriram o suficiente para ver a figura de na sala de seu quarto de hotel. — Nossa, mas até quando será que vão dormir?
— E se não acordarem pra balada? — se perguntou, com preocupação na voz. Acomodando-se no sofá com as pernas cruzadas, ainda vestida em seu pijama.
— AH, se vão! — disse determinada. Os rapazes não tinham ido a passeio para a China, nem mesmo a ida delas estava nos planos, logo, ela faria de tudo para que não perderem tal oportunidade de sair e se divertirem como um grupo de pessoas normais. — E será antes que consigam dizer...
Supercalifragiliexpialidoucius! disse sorridente, recebendo em troca um olhar atravessado de .
— Não se faça de espertinha, mulher. Enfim... Harry e eu definimos que eu vou arrumando a enquanto ele arruma o Jones. Então, mais pro fim da tarde, todos nós nos arrumamos, ok?
— Aya, Captain! — prestou uma breve continência.
— Tomara que acordem antes disso, queria a ajuda da pra maquiagem. — disse fazendo bico.
— É verdade, precisamos esconder isso da sua testa... — colocou o indicador sobre a sua própria testa, a amiga repetiu seus movimentos, mas com ambas as mãos. —Ai, não!! Não me diz que nasceu uma espinha...
— Espinha não, mas tem um letreiro de neon piscante “Sou louca pelo Tom”.
— AH!! Como ousa, ?!?! — gritou indignada, enquanto se deixava cair na gargalhada e , rindo também, batia em retirada de volta ao seu quarto para arrumar .



— TÃ-DÃÃ!!
Com certa dificuldade, colocou com cuidado o corpo da amiga sobre o sofá, acertando as mãos e pernas para que se parecesse com Rose do Titanic, posando para Jack — mas vestida.
— O que achou?? — a jovem estava confiante em seu trabalho.
Com as mãos espalmadas uma contra a outra, os indicadores erguidos e apoiados sobre seus lábios, Harry julgava seu par para a balada. estava em um vestido preto tomara-que-caia de saia rodada e sapatos vermelhos com um gigantesco salto. O moreno duvidava que a jovem pudesse aguentar toda uma balada calçando aquilo, porém, mulheres tinham algo com sapatos.
— Bem... eu não sou especialista em moda feminina. — o moreno pontuou lentamente. — Melhor! Eu sou sim. — lhe lançou um discreto olhar de menosprezo pela fala presunçosa. — O vestido está muito bom. Só que... que droga de sapato é esse?!?!
— Qual o problema com os sapatos?
— Vestido preto com sapatos caqui? — fez uma careta. — Quando se usa preto, se ousa nos sapatos.
— Primeiro! — assumiu uma postura confiante ao falar. — É nude, caqui é para homens. Segundo, são lindos!!
— Tro-ca.
— Tudo bem! — ela ergueu as mãos, derrotada. Então fez uma cara de que seria muito difícil agradá-la. — Sua vez, me surpreenda.
— SHAZAM!!
Foi a vez de Judd — tendo o dobro da força de , mas apenas um quarto do seu cuidado — largar o corpo de Danny sobre o sofá para análise.
— Hummmmm... — ele estava perfeito. Com uma jaqueta de couro preta sobre uma camisa vinho com os dois primeiros botões soltos, uma calça jeans escura e sapatos pretos. Entretanto, ela não conseguia engolir a crítica recebida antes. — Está bom, muito bom mesmo. Mas... e esse cabelo?
— Cabelo?? Isso não estava definido no pacote. — Harry ergueu uma sobrancelha, confuso. fez-se de desentendida.
— Quero no Jones o look de quando vocês começaram. Eu tenho um fraco por aquele penteado, entende?
— Anhh, o cabelo liso-chapinha? — o moreno contorceu o rosto em uma careta, antecipando o trabalho que viria pela frente. Estreitou seus olhos e a jovem a sua frente fez o mesmo, o rapaz buscava provas de que aquilo era meramente despeito pelo que dissera antes. — OK!!
— Obrigada. — cantarolou vitoriosa, vendo Harry carregar o corpo de Danny como um saco de batatas de volta para o quarto. — Agora, vamos ver sapatos pra ti, ‘miga.
— AHHH!!! — Harry gritou com empolgação no meio do seu trajeto. Virando-se tão rápido que a cabeça de Jones bateu no batente da porta do quarto. — Esqueci de um detalhe, .
A jovem engoliu em seco, pois o rosto do moreno indicava que algo de ruim estava por vir.
— Já que tocamos no assunto ‘cabelos’… Que tal você deixar o da beeem liso e com cachos só nas pontas?? — começou a abrir e fechar a boca para responder, mas o rapaz não lhe deu brechas: — Eu tenho um fraco por esse tipo de penteado. Você entende, né?



— E como vai o Belo Adormecido? — a cabeça de James surgiu atrás da porta onde Danny ainda dormia.
— Até agora nada? — Fletch perguntou logo atrás de Bourne. Eles vinham do quarto de , então suas esperanças de ver o sardento acordado eram baixas.
Dougie, Harry e Tom fizeram um sinal negativo com suas cabeças.
Os dois recém-chegados observaram curiosos a Tom sentado à beira da cama, com o tronco inclinado sobre a cabeça de Danny, concentrado mexendo e penteando seu cabelo. Dougie tinha em mãos uma chapinha a postos, mas sua cabeça estava inclinada de tal maneira que o empresário podia jurar que o loiro captava algum som no quarto das meninas ao lado.
— Nada. — bufou Harry, impaciente com a situação. — e eu já tentamos de tudo!! — Deu pra notar, mate... — Tom pontuou com sarcasmo. Com um olhar mais frequentemente direcionado ao sardento quando este fazia algo estúpido. — Fletch, Jimmy... vocês sabem o que acontece quando se passa chapinha nos cabelos ainda molhados?
— Huh... danifica os fios?
— Mais do que isso. — James respondeu, passando as mãos em seu cabelo sem se dar conta. Más recordações da época de Busted e Son of Dork passavam por sua mente.
Tom ergueu sua mão, segurando um chumaço volumoso de cabelos queimados.
— Já disse que foi um acidente! — Judd tentou se defender. — Eu me esqueci dos copos de água que jogamos!!
Os queixos de Fletch e James foram ao chão quando Tom virou a cabeça de Danny e eles viram o estrago feito na nuca do rapaz — escondido por entre outras mechas graças às habilidosas mãos de Tom. Mais uma vez, as mãos de James voaram sobre seu querido cabelinho.
— Harry! — Bourne gritou em reprovação. —E agora?
—Agora a gente esconde bem isso, do contrário a vai ter um faniquito. — disse Tom, terminando de acertar o cabelo do amigo com um fino pente. — Chapinha, por favor. Dougie...? A chapinha??
— Ouço... gemidos.
Fletch, Harry, James e Tom trocaram olhares entre eles mesmos e Dougie, que se aproximava cada vez mais da parede atrás da cabeceira da cama.
— Ok... eu não sei se quero descobrir o significado disso. — Fletch respondeu incerto, apontando para Poynter, agora com seu corpo colado à parede como uma lagartixa.
— Nem eu! —Harry ergueu uma sobrancelha.
— Mas é verdade! — Dougie reforçou em voz baixa, atento. — Escuto gemidos.
Poynter passou a chapinha para Tom e então pegou o copo de água vazio no criado mudo — aquele usado para tentar despertar Danny. Pousou o ouvido na base do copo e apoiou seu bocal na parede, para ouvir com maior clareza.
— Isso não é invasão de privacidade? — perguntou Tom.
— Mais do que isso! Essa história do copo é real?!
— Não acho que essa seja a questão, James. — Fletch se esforçou para que aquilo não soasse como uma bronca.
— Dougiesta, você está alucinando. — descrente, Harry aproximou-se do amigo, que lhe cedeu o espaço para que ouvisse ele próprio. — Éééé... Parecem gemidos...
— Fala sério! — James entrou na fila para ser o seguinte.
—Tá! — Tom afanou o copo das mãos do amigo, aceitando a contra gosto o convite gestual para escutar também. Advertindo-os como uma mãe autoritária: — Mas não podemos ir lá descobrir o que está acontecendo, senão elas vão saber que estávamos espionando... de novo!
Logo atrás de sua nuca, James fungou três vezes seguidas:
— Que cheiro é esse??
— Parece... enxofre. — Fletch complementou, fungando também.
— Cabelo tem cheiro de enxofre quando queima! — Dougie disse com entusiasmo por ainda se recordar do detalhe de química.
Os presentes no quarto voltaram seus olhares lentamente para Danny, dando-se conta da fumaça negra que saía detrás da cabeça do rapaz.
— Oh-oh… — disse Tom, sorrindo amarelo ao ver que queimara o cabelo do amigo. Harry engoliu em seco:
— Quais as chances da notar isso também?



No quarto ao lado...
— Muito bem... Mais uma vez... Empurrem!!!!!
— Arrrghhh!!
— Empurremmmmm!!!!
— Arrrghhhh!!!!!
— CHEGA!!! — ergueu os braços, em sinal de desistência.
, tem algo errado aqui... — disse ofegante.
— Exatamente! Nem a pau que a é tamanho 36, cara!! — sacudia com uma das mãos o sapato que elas estiveram tentando fazer entrar no pé de .
— Oras! Eu estava lá quando ela comprou essa preciosidade, ok, eu sei que serve nela. — tomou em seus braços o sapato preto com fita de amarrar que ia do calcanhar até quase o joelho. — É aberto na frente e atrás, logo, você perde dois números.
— DOIS?!?! — e perguntaram em coro, abismadas.
— Tá querendo dizer que, na verdade, a calça 38?!?! — cobriu a própria boca com as mãos.
— Não explana, não, pezinho de Cinderela. — acertou a amiga com um pedala.
— Isso não faz sentido. — fazia careta. — Sou mais alta do que a , e sou 37.
— Ossos largos, tá bom pra você?! — se mostrava arisca na defesa da amiga desacordada, pois ambas tinham o grande problema de encontrar sapatos na numeração correta.
— Tá bem, tá bem! — elevou seu tom de voz, tentando controlar os ânimos da conversa. — Mas não podemos fazê-la calçar isso, ainda mais pra ir a uma balada!
— Verdade. Vão destruir os pés dela! — concordou.
riu, tombando a cabeça para trás em uma risada desdenhosa.
— Queridas, vocês não estão entendendo. — ela limpou uma pseudo-lágrima. Em seguida jogou de leve um sapato para e outro para . — Esse é o sapato. Agora... empurrem!
As duas meninas trocaram um olhar preocupado antes de obedecerem.
— Arrrghhhh!!!
— EMPURREM!!
— ARRRGHHHH!!!!


Capítulo 67 - Look da balada

— A vai me pagar caro por isso. — ameaçou ao encarar suas mãos, ainda bem vermelhas pelo esforço em ajudar a amiga a calçar O sapato.
— Não se preocupe, você será vingada por O salto. — brincou com exagero, abrindo a porta do quarto de hotel das duas.
— E ela que não tente me maquiar a força! Eu fujo, você sabe. E sei morder se necessário!
— Ai, mulher, tanta coisa pra você fugir...
— Não gosto da minha cara com argamassa, só isso. — deu de ombros. — Odeio a sensação do reboco!
— Mas um rímel básico não mata ninguém, né, não? — tombou a cabeça para o lado, sorrindo.
— Não mata. Mas eu que vou me maquiar, valeu? — a menina apontava o dedo para a amiga, que ergueu as mãos em sinal de rendição. — Eu vou ver de ir me banhar primeiro pra começar a me arrumar. E se depois a ainda insistir em me fazer um “Extreme Make Over – Reconstrução Total”, mordo ela!
— O Pi-chan está sendo uma péssima influência pra ti, mulher. — comentou sarcástica, balançando a cabeça negativamente. Observou a amiga lhe mostrar a língua antes de seguir para o banheiro com uma toalha no ombro e discretamente alcançou seu celular no bolso detrás da calça jeans. Precisava falar com uma pessoa em especial, e em segredo absoluto.
Uma vez que escutou o som do chuveiro ligado, seguiu até a varanda, fechando a porta de correr atrás de si. Ela torcia para que o sinal de Wi-Fi ainda funcionasse bem ali fora.
— Alex? Oi. Sou eu. — sussurrou, mesmo estando sozinha.
Você não tem vergonha de me ligar a essa hora da madrugada??
— Pelas minhas contas, aí são só uma da manhã e você nunca dorme cedo. — pontuou sabiamente.
‘Pelas minhas contas’? Estamos em fuso-horário diferentes? — supostamente, ambos estavam em Londres, Inglaterra.
— Modo de falar... — e riu nervosa, batendo a mão na própria testa.
Eu dormindo a uma da manhã... Devo estar ficando velho. — Alex divagou, o que lhe serviu de estímulo para despertar. — Tudo bem! Manda!
— Preciso... de umas dicas. — disse incerta.
Tá certo, nome dele e de onde você o conhece?
— Uh... — atrapalhou-se ao tentar falar. — No-nome dele??
Qual é? — Alex riu pelo nariz. — Pedido de ajuda a uma da manhã... e essa voz borocoxô?? É macho.



—Ahh, agora sim! Bom trabalho, . — Harry sorriu colgate, aprovando com um joinha o look geral de . Estava muito melhor, com seu vestido preto e um sapato de salto alto azul marinho. Sua exigência quanto ao penteado fora apenas birra, mas o resultado o surpreendeu — uma tiara preta puxava os fios para trás, que caiam em cascatas, terminando com espirais. parecia uma boneca... para maiores.
respondeu ao elogio com um sorrisinho rápido. Estava mais do que curiosa para avaliar o trabalho de Judd — em outras palavras, estava pronta para encarnar a Simon, de American Idol.
— De verdade... Ficou assim, incrível! De parar o trânsito, sabe? Sem bem que na balada não tem carros. Mas é no sentido conotativo, entende? Ou é denotativo? Sempre me confundo!
— Ok, Hazz. Entendi. — ela o cortou. Aquela verborragia toda dele era suspeita, e mais ainda o fato de ele se colocar na frente dela nos momentos em que tentava espiar a figura de Danny no sofá. — Para de lero-lero e me deixa ver o Dan, por favor?
Mas o rapaz seguia espelhando com seu corpo os movimentos dela.
— O que houve?? — se preocupou, empurrando o poste ambulante para então ver seu Danny. — Um... boné?!
— C-combina com o cabelo liso chapinha dele! Não se lembra dos nossos primeiros photoshoots?
— É, mas aí como vou poder matar as saudades se só as pontinhas estão pra fora? AI!!
— Não pode, vai estragar o look! — Harry forçou um sorriso, explicando o porquê do safanão que deram na jovem quando ela tentou remover o boné do amigo.
— Ir numa balada de boné é o mesmo que ir de óculos de sol em ambientes fechados, Judd. — cruzou os braços, os olhos se estreitando.
— É uma questão de estilo, entende?? — os gestos corporais do moreno estavam sendo exagerados. o encarava com expressão de tédio, até que fez um movimento rápido, batendo seu indicador na aba do boné. Os músculos de Judd retesaram, suprimindo um berro.
— Pronto. Bem melhor, não acha? — ela alisou a franja lisinha do sardento. Mecanicamente, Harry concordou com um aceno.
— Bom, agora é nossa vez de nos arrumarmos! Senão vai ficar muito tarde e muito em cima!! — dizia Harry com uma empolgação extrema e peculiar.
— Sim, eu... vou! — respondeu confusa, sendo “gentilmente” encaminhada pelo moreno até seu dormitório.



— Eu só não quero meter os pés pelas mãos... de novo! — a menina coçava nervosamente o espaço acima da sobrancelha, deixando a região vermelha.
‘Tendi. — Alex coçou o queixo, pensativo. — Tá bem, a partir do que você falou desse tal de Tom Fefletcher, aluno de música... Eu nem sabia que a faculdade tinha curso de Música Erudita! — do seu lado da linha, tentou ao máximo suprimir uma risada pelas falsas informações criadas de última hora. — Eu já sei o que você pode fazer.
— Fala! — do seu lado da linha, a jovem ameaçava roer as unhas com os dentes.
Claro. Mas essa consultoria amorosa vai lhe custar, ok? — Alex disse rápido, já começando a rir por saber a reação da menina.
— Seu cupido mercenário!!!
Seguinte, seguinte: aja como se fosse a pessoa mais feliz do mundo.
— Feliz?? Esse é o segredo pra conquistar alguém?? — perguntou incrédula. Então tudo se resumia àquilo? Ela não conseguia acreditar que pudesse ser tão simples.
Não. Essa é a sua maneira de conquistar uma pessoa.
— Tem certeza de que isso vai funcionar?
Ficar borocoxó pelos cantos é um tiro no próprio pé. Faz o que eu tô te mandando!
— Hummmm... — soou desconfiada. — Não vão ficar achando que eu sou debiloide, não, né?
Não mais do que normalmente acham!



— Você penteando o cabelo?! Acho que é a segunda vez na vida que te vejo fazer isso! — Tom disse surpreso ao flagrar o menor no banheiro com a porta entreaberta.
— É por uma boa causa. — sorriu de lado, convencido.
— Uma causa chamada ? — perguntou brincalhão.
— Eeeexato. — Dougie garantia com um pente fino e a outra mão, que todos os fios permanecessem em seu devido lugar, penteados para trás em um topete. Olhou o amigo de soslaio, fazendo uma cara de horror: — Você não vai assim, né???
— Não comecei a me arrumar ainda. — o loiro se analisou da altura do próprio peito até os pés, querendo saber qual o problema de Dougie com suas roupas casuais.
— Ainda bem! Porque calça moletom não impressiona mulheres... Vai por mim! — Dougie bufou, balançando a cabeça como se espantasse uma má lembrança.
— Não sei ainda se vou tentar... impressionar alguém hoje, Doug. — Tom cruzou os braços, encostando-se no batente da porta. Dougie se mostrou ofendido.
— Olha, eu sei que não precisa fazer muita coisa já que a tá com um abismo por ti — Fletcher ergueu uma sobrancelha, sem perder o sorriso. Só ela, né?, pensou. — Mas ela merece um esforço! É mais do que justo.
Tom coçou a nuca, desconfortável.
— Eu sei! É só que... mesmo gostando dela, eu não tenho cabeça pra um nós agora...
— Por que não?
Fletcher andou a esmo pela sala, com Dougie o seguindo.
— Porque acho que tem um limite sobre o que a gente pode pedir pra pessoa que a gente gosta. Só por eu ser o Tom do McFly ela já teria de relevar as gravações, os shows, os tours... as fãs loucas... — Fletcher enumerava em seus próprios dedos.
— E as massagistas muito loucas! — Dougie completou rindo, recordando-se de uma viagem à Indonésia. — Será que ela é do tipo ciumenta?
— Não faço ideia, realmente. — Tom rolou os olhos, levemente irritado por Dougie se distrair com pormenores. — Mas não quero ter de descobrir isso em meio à maldição. Esse é meu ponto! A Gio e eu superamos várias coisas desde adolescentes até quase agora. Aí veio a maldição e... e isso nos destruiu. Teria todo o trabalho de superar cada uma dessas crises, mais a maldição.
— Mas as meninas não ligam pra isso! — o mais novo deu de ombros, como se dissesse o óbvio. — Aí só ficam os problemas de casal mesmo.
Fletcher meneou a cabeça freneticamente. Ele ligava, e muito.
— Não, não, não. Eu preciso estar 100% curado da maldição primeiro.
— Tá bom. — a boca de Poynter se contorceu em um sorriso fraco. — Só não vá perdê-la por isso, mate.



Quando retornou da sacada à sala, levou um susto:
— AAAHH!!
— AHHHHH!!! — gritou o antes sorridente James Bourne, espelhando os movimentos dela de auto-preservação.
— O que você faz aqui?? — perguntou confusa.
— Vim pedir ajuda. Por que gritou, sua louca? — ela desviou o olhar. Então... James não escutou sua ligação?
— Susto, ué! — ágil, guardou o celular no bolso. — Como entrou...?
Antes que terminasse a pergunta, a figura de saiu de seu dormitório com uma toalha enrolada na cabeça, parecendo um turbante, e vestida com roupas que denunciavam a pressa para se vestir.
— Aí está você! Onde se enfiou?
— Sacada. — a menina apontou para o lugar. Sem dúvidas, não havia sido uma boa ideia fechar a porta por completo.
— Meninas, preciso intimar vocês para me ajudar com uma coisa! — anunciou James, vendo uma brecha para falar uma vez que as duas se acertaram sobre o ocorrido: Bourne tocara a campainha e atendeu a porta, já que não o fez.
— Inti-...
— ...mar?
As garotas trocaram um olhar de confusão.
— Eu conversei com a Livie sobre nossa ida a balada hoje e... bolamos uma ideia muito louca! Mas eu não vou conseguir sozinho.
Como as meninas mantinham a cara de interrogação quanto ao pedido, James sacou seu celular do bolso, mexendo avidamente até encontrar uma imagem enviada por Livie — sua sugestão de como ir vestido.
— OH... — disseram as duas em perfeito sincronismo.
— Espera aí! Não é quem eu penso que é, é? — perguntou .
— Sim, é sim.
— Quero que me deixem assim! Será que vocês conseguem?
— Isso está além das minhas capacidades. — respondeu, alisando seu queixo com o indicador.
— A tiraria de letra... Mas não se preocupe, Jimmy, você está em boas mãos! , providencie a roupa necessária, eu vou atrás dos sapatos! E vamos convocar a para esta missão!!


Capítulo 68 - Baby Spice

— Mas, gente, — piscou seus olhos algumas vezes, na tentativa de assimilar o que lhe pediam. — de onde você tirou essa ideia, James? E por que vocês duas aceitaram ajudar?
— Sei lá! — uma com sorriso pastel deu de ombros. — Plano maluco e sem sentido...
— Isso combina conosco. — completou, com um joinha no final da frase, o que não convenceu a amiga.
— Eu só... queria encontrar um jeito de deixar a Liv totalmente despreocupada. — a fala de James era confiante, ele acreditava piamente que sua ideia era um plano excelente.
—Imagino. — concordou com um aceno, zombeteira. — Tá, eu entendo... Mas mesmo assim ainda podem dar em cima de ti!
James riu presunçoso pelo nariz.
— Podem tentar até cansar, ninguém vai me conquistar!
— Não sei, não, povo...
, James e juntaram suas mãos em súplica.
— Por favor, !
— É nossa chance de tornar real um clássico filme dos anos 80!
— Putz! Como não me liguei nisso antes?! — James bateu com a mão na própria face.
— Eeee... misturar com um ícone musical dos 90!! — vibrou .
— Não me diga que não sente a emoção, mulher! — deu alguns pulos no mesmo lugar, fazendo a olhar assustada.
— Que bicho te mordeu? Um rato elétrico??
— A ajudaria, e com menos argumentos. — resmungou , embora suas palavras tivessem chegado aos ouvidos de , que rolou os olhos.
— Ok, ok! — ergueu as mãos, rendendo-se. — Eu ajudo.
— Aê!!!



— Posso saber o que pensa que está fazendo, nanico?? — Harry perguntou rápido, com certo pavor na voz, ao acompanhar os gestos do loiro com o pano da mesa. Seus olhos azuis profundo analisavam o cenário do restaurante do hotel ao redor deles. Podia sentir que estava prestes a passar vergonha.
— Um babador! — o baixista respondeu, sorrindo colgate. Tom cobriu os olhos com a mão e meneou a cabeça negativamente.
— Por que não usa aquele que deixaram na mesa pra gente usar? — Fletcher ainda tentou consertar a situação, com um ar maternal.
— Dude, eu te avisei que estava morto de fome quando te chamei pra virmos aqui. E não vou me arrumar todo de novo!
— Por que fui aceitar vir com vocês? — com o rosto apoiado sobre as mãos, Harry se questionava. Devia ter ficado no quarto e tentado descobrir por bem ou por mal o que , e James estavam aprontando tão secretamente e como estaria envolvida.
— Ó, Hazz, — Dougie ergueu-se da cadeira, alcançando o amigo e amarrando em seu pescoço o guardanapo de pano disposto na mesa que eles dividiam. — melhor colocar também, senão a te mata!
— Sai pra lá! — o moreno deu um safanão nas mãos do menor. — Sei comer sem me sujar.
Como se nada tivesse acontecido, Dougie voltou seu olhar para Tom:
— Eu sei comer como gente grande, obrigado. — Fletcher disse rápido, com um olhar ameaçador.
— E não precisa muito, né, mate, não pretende impressionar ninguém...
— É por isso que está vestido assim? — Judd jogou seu corpo para o lado, analisando o guitarrista de cima a baixo. O loiro mais velho o encarou surpreso:
— Q-qual o problema com minhas roupas??
— Tenho certeza que a nem vai ligar. — Dougie comentou, distraído em brincar com os talheres enquanto sua barriga roncava até que os pedidos chegassem.
— Se liguem, se liguem! 12 horas! — Harry cochichou com nervosismo, puxando de qualquer jeito o cardápio e colocando-se como se o estivesse lendo. Seu olhar oscilava entre o objeto e algum ponto além da cabeça de Tom. O loiro mais velho levou um chute na canela por debaixo da mesa por não ser significativamente discreto ao se virar para olhar. Quem visse Dougie, poderia jurar que o rapaz tinha sua total atenção no menu, não podendo imaginar que tinha os olhos voltados na direção indicada pelo baterista da banda.
Na entrada do restaurante, olhando para todos os lados como se esperasse ver alguém, estava uma bela moça loira de ar angelical. Enrolava a ponta de seus cabelos curtos enquanto seus olhos bem azuis continuavam à procura.
— Estranho... — Tom ergueu uma das suas sobrancelhas escuras.
— É gata! — Dougie sussurrou.
— Tem mesmo algo curioso nela. — comentou o moreno, os olhos percorrendo os itens do menu a esmo. — Meio... nostálgico. Sinto que já a vi.
— E-emma Bunton...?? — Tom questionou incrédulo.
— O quê?? — Dougie inclinou-se sobre a mesa, com o cardápio ainda em mãos, perplexo. — A Baby Spice... aqui????
— Mas o que ela estaria fazendo aqui na China??
— Mais do que isso. — Tom alisava seu queixo com o polegar, intrigado. — Por que ela estaria vestida como no videoclipe de Wannabe?
— Alguma ‘reunião’ do grupo que não ficamos sabendo? — Harry se arriscou a explicar.
— Mas guys, a Baby Spice não tem já uns quarenta anos?? Bebeu formol até parecer ter vinte?
— Sei que ela parece bêbada... Mal consegue andar! — Judd estranhou os passos vacilantes da mulher, que às vezes parecia prestes a torcer o pé, embora não desistisse de caminhar. — Ela tá vindo pra cá! Fiquem na boa... fiquem na boa!
Ao comando de Judd, os rapazes mais uma vez fingiram estar lendo o cardápio enquanto a mulher seguia seu caminho na direção deles, até que um de seus passos foi em falso demais:
— AAAI!! — gritou, desabando como jaca podre em frente à mesa dos rapazes.
— Tudo bem aí?! — questionou Harry com prontidão, levantando-se para ajudá-la, sendo seguido em movimentos por Tom.
— Você está bem, Baby?! — perguntou um surpreso Dougie, erguendo-se da cadeira, esquecendo-se por completo de que tinha feito do pano de mesa seu babador. Todos os talheres e pequenos pratos para aperitivos que estavam na mesa deslizaram até cair sobre a moça.
— AII!
— DOUGIE!! — Harry e Tom repreenderam o amigo, que tentou livrar-se do pano por dentro da camisa o mais rápido possível.
— DOUGIE, SEU JEGUE!!! — vociferou a mulher, sentando-se no chão e jogando contra o loiro os talheres mais próximos.
— Foi sem querer!! Eu juro!! — Dougie desviou como pôde do ataque.
— Espera lá, sua louca! — Harry a segurou pelos braços, como se fosse erguê-la. — Vai se cortar.
— Se tiverem estragado o vestido, a vai matar vocês! — alertou a jovem a plenos pulmões.
— ... J-ames????? — perguntou Fletcher em um tom quase inaudível ao reconhecer aquela voz. O amaldiçoado em corpo de mulher deu um sorrisinho.
— James?? Que James??? — a sobrancelha de Harry alcançava níveis estratosféricos. — Nosso James????
— Sur-pre-sa!



... ... — Danny assistia ao sono pacífico da jovem a sua frente. Vendo seu tronco se mover com a entrada e saída de ar. Bufou impaciente. Julgava estar ali tempo o suficiente para poder recorrer a medidas drásticas. Colocou suas grandes e sardentas mãos nos braços dela. — !!!! ACORDAR, PÔ!!!
— AIIIII!!! — a jovem gritou surpresa, abrindo os olhos o máximo que suas pálpebras permitiam, sentindo o cérebro quicar dentro da cabeça. — JONES!!!
— Finalmente! Já ‘tava pensando no mais pior! — para o estranhamento dela, o sardento tinha os olhos marejados. Em sua comoção de felicidade, a abraçou.
— Ôôô, desencosta... — com o indicador, afastou a cabeça do rapaz colada à região do seu busto. — Como assim ‘mais pior’??
... — Danny a olhava sério, surpreendendo a jovem por ele ser capaz de tal coisa. — Acho que fomos raptados por um tarado.
— ... — foram necessários alguns segundos para que ela soubesse como reagir. — Se liga, mané! Que história é essa?! Raptados?
— Olha só pra você! E pra mim! — ele espalmou as mãos contra o próprio peito, agarrando as roupas que vestia. “Uau!”, pensou ao notar o que trajava e calçava. “Alguém se empenhou aqui.
— Eu acho que...
— Fomos raptados por um tarado maluco que gosta de vestir suas vítimas com roupas elegantes antes de... antes de...!! — um soluço escapou de um apavorado Jones. — ...abusar de nossos corpinhos.
— Andou cheirando gatinhos, Jones? — ralhou .
— É verdade!! Eu vi um filme uma vez que era exatamente essa história!!! E a arte imita a vida.
rolou os olhos. Como aguentava aquele ser?
— Dannyzinho, — ela tentou soar amigável. — é muito mais provável que o pessoal tenha nos deixado prontos pra balada.
— Balada? Mas a balada é só...!
— Dardos tranquilizantes, lembra? Fomos acertados e devemos ter dormido o dia todo.
— Aahhhh...
ergueu-se, sentindo-se revigorada como há muito tempo não se sentia. Pelo menos o dardo estava mostrando um lado bom: recuperar o sono perdido.
— Por acaso você também sonhou com um panda doido te atacando?? — Danny perguntou atrás dela, ainda sentado no sofá.
— Agora que você falou, sonhei sim. — batia de leve com o indicador sobre o lábio inferior, tendo flashes do que ela esperava que fossem apenas ‘sonhos intensos’. — E cadê o pessoal?
— Não sei. — o sardento deu de ombros. — Eu acordei aqui na sala mesmo, e daí te vi no sofá.
— Que... cachorros!!! — foi até os dormitórios e espiou por entre a brecha das portas se havia alguém no quarto de hotel. — Simplesmente nos largaram aqui?!?!
— Um bilhete não cairia mal. “Fomos comer e já voltamos”. — Danny comentou, já salivando por pensar em comida. passou discretamente a mão sobre o abdômen, sentindo-o estremecer. E uma lâmpada imaginária se acendeu sobre sua cabeça.
— Por falar em comer...


Capítulo 69 - Fontes Seguras


— Olha, nós estamos arrasando! Em grande estilo! — Danny conferia satisfeito seu reflexo no espelho gigante do elevador.
— Grande mesmo. — concordou , com o nariz levemente empinado. Alisava com os dedos algumas madeixas, que encaracolavam nas pontas. — A fez um excelente trabalho.
— A tem mesmo bom gosto!
— Anhh... Eu tenho quase certeza de que a deve ter cuidado de mim, e o Harry de ti. Eu só não entendi a do boné!
— Hummm... — o sardento refletiu a respeito daquele comentário. Quem sabe uma touca lisa fizesse mais sentido, pensou ele no momento que retirou o boné.
— AAHH!!
— O que foi?!?! — Danny girou rápido seu corpo na direção da jovem, seus olhos observando ao redor do espaço do elevador, não vendo nada. tinha ambas as mãos lhe cobrindo a boca e o nariz, seus olhos arregalados.
Por algum motivo sem explicação, Jones tinha uma falha na região da nuca — bem aparente dependendo de como os fios estivessem alinhados.
— Elo... Belo... Abelo... — ela murmurou baixinho, perplexa. Confuso, o moreno inclinou-se para poder ouvi-la, ao passo que ela meneou a cabeça em negativa: — N-na-da! Nada não, hehehe! Sabe do que mais?? Por enquanto... fica com o boné, antes de sair a gente troca.
Com cara de pastel, o sardento deu de ombros, acertando o boné sobre sua cabeça e alheio a sua situação. As portas do elevador se abriram no térreo, com se colocando uns passos atrás para ter certeza que ninguém seria capaz de notar a falha capilar.



— Dude! Como você pôde nos enganar assim?! — Dougie balançava negativamente a cabeça.
— A gente só queria saber se eu tinha mesmo ficado parecido. — Jamilly deu de ombros. — A ideia foi da !
— E o objetivo era ficar igual a Baby Spice em Wannabe?
— Eeeexato! — Jamilly deu-lhe uma piscadela astuta.
— A cara...! — se segurava nas bordas da mesa enquanto inclinava seu corpo para trás em uma gargalhada. — A cara de vocês babando pelo James!!!
— Foi mesmo engraçado! — comentou , acompanhando nas gargalhadas.
— Mas o Dougiesta não precisava tentar me matar com tudo o que estava na mesa!
— Eu não sabia que a Emma era sua Spicy favorita, pigmeu! — provocou sapeca, rindo ao final.
— É daquelas com jeito de criança que eu gosto... tipo você, ! — retrucou Dougie no mesmo tom de provocação. O comentário explosivo chamou a atenção dos demais à mesa.
— Ihhhh... Vai começar. — resmungou baixo, dizendo em voz alta o que todos temiam: que pseudo-casal entrasse outra vez naquela bolha atmosférica romântica.
— Só porque assim você não se sente tão anão! — revidou, lançando mão da primeira resposta que conseguiu pensar.
— Infantilóide!!
— Pintor de rodapé!!
— Gente! Que isso?? — deu um basta antes que a situação descarrilhasse. e Dougie se encaravam com brilho provocador nos olhos, entretidos com a trocação de farpas.
— Eu hein! — Harry se pronunciou, sua sobrancelha erguida para aquela cena incomum. Dougie não estava louco por ? A menos que fosse uma nova tática, o moreno duvidava que chamá—la de “infantilóide” fosse trazer resultados positivos. Mas sua atenção foi feita cativa pela incrível beldade que entrou no restaurante.
— Ei!! As Belas Adormecidas acordaram!! — Jamilly disse, apontando com seu indicador na direção de e Danny.
— Então vocês nos largam e vêm comer?? — o sardento brincou, espalhafatoso. Recebeu de braços abertos a , que se levantou para lhe dar um abraço bem apertado e um selinho comportado na frente dos demais. — Minha linda!!
— Vocês não acordavam nunca! — justificou-se Harry, de pé e estendendo uma cadeira para que tomasse assento ao seu lado. Quando ela o fez, o rapaz lhe deu um beijo em sua bochecha: — Está linda.
— Obrigada. — respondeu, como se estivesse sem jeito. Uma característica incomum nela. No momento que o baterista voltou a se sentar, ela se inclinou para colar a lateral de seu corpo no dele, cochichando nervosamente: — Por que o Danny tá quase careca?!
— ...ah! Isso. — o moreno olhou para os lados. — É, isso tem uma boa explicação.
— Que seria??
— Não posso te contar. Segredo de estado.
— Todo mundo bem arrumado, hein? — Danny disse, passando os olhos sobre cada um, pelo menos sobre o que era possível ver com os demais sentados. , logo ao seu lado, estava com um vestido azul-marinho que lhe envolvia tão bem apertado que ele torcia para que o tomara-que-caia ainda acontecesse, nem que fosse apenas entre as quatro paredes de seu quarto. E mesmo com a jovem tentando seus olhos, uma figura à mesa lhe deixou intrigado. — E... quem é... você?
— Jamilly! — James respondeu sorridente, estendendo a mão para cumprimentar o sardento, que o observava com cara de incógnita.
— Dude...! Você tá de calcinha?!
— Essa é sua grande curiosidade? — debochou Tom. — Não o fato de por que ele está vestido como Emma das Spice Girls? Ou por que Wannabe??
Jones ponderou por um momento.
— ... É verdade! Por que não do videoclipe Say You’ll Be There?? — Fletcher rolou os olhos, enquanto os demais riram.
— Foi a Livie quem escolheu, ok?
— Mas você está de calcinha ou não?? — o sardento insistiu.
— Não vou te dar esse gostinho, Rat-leg. — Jamilly lhe deu uma piscadela, sorrindo ardilosa.
— Malvada!
— Desculpa interromper, — lançou seus braços possessivamente sobre a mesa. — mas me digam que vocês pediram mais comida!
— Pedimos sim, mulher. Fica tranquila. — respondeu .
— Se alimentem bem, estômago vazio fica bêbado mais rápido. — recitava o ensinamento. — E eu não vou carregar ninguém!!!



— Mate, escuta só. — de volta a um dos quartos de hotel para apanhar as carteiras e as bolsas antes de saírem para a balada, Harry aproximou–se de Danny, o moreno mostrou estar atento ao amigo com um aceno repetido de cabeça. — Pesquisei por aí e tenho fontes seguras que um dos temas da T.H.E. é de zumbi.
— Isso é... Irado!!!!! — o sardento vibrou, sorrindo colgate.
— O quê?? A balada é de zumbis?? — se convidou para a conversa.
— Zumbis?? — perguntaram em coro alguns dos presentes.
— Durante a festa eles escolhem umas pessoas aleatoriamente pra se fantasiarem como tal e pra depois saírem assustando os demais.
— De–mais. — e Dougie disseram juntos, enfeitiçados pela ideia, parecendo mais os ets de Toy Story.
— Affs... Pela modinha precisam socar "zumbis" em tudo, não é? — fez muxoxo.
— As-assustando?? — perguntou com receio na voz, o que fez Tom sorrir discretamente:
— Eu te protejo.
— Temos que ser escolhidos!! — Danny disse resoluto. — Podíamos dançar ao estilo robô, só que como zumbis pra chamar a atenção!
— Robô, só que zumbi... — Judd repetiu lentamente, na esperança de que o amigo se desse conta. Foi em vão.
— Na hora a gente vê o que faz lá pra impressionar. — resgatou a Danny, que seguia com um sorriso pastel no rosto, completamente alheio.
— Ah, não sei como podem se animar com isso. — cruzou seus braços com má vontade. Ao notar de soslaio o desânimo da jovem, Harry passou seu indicador na ponta de seu narizinho.
— Deixa comigo! — piscou o moreno no final da fala, como se tivesse ensaiado por horas na frente do espelho aquele gesto. o observou com curiosidade.
— Muito bem, cambada, todo mundo pronto?! — Jamilly perguntou empolgada. Seu corpo escultural e o vestido branco ainda atraiam os olhares dos rapazes, mesmo que a contragosto.
— Sim, vamos lá. — Harry foi o único a responder, com a mão lhe cobrindo parte do rosto para resistir o hábito de olhar a James.
— Judd, eu não sou Medusa, não. — James disse brincalhão, seguindo em seu encalço.
— Pode não ser. Mas está fazendo o uso da “força” para fins malignos. — Dougie acusou, fazendo careta.
— Força?? — perguntou .
— Star Wars, mulher. — respondeu prontamente a amiga, que respondeu com cara de tédio mortal.
— Ooook! Você pode parar por aí mesmo, obrigada. — a impediu com a mão erguida.
— Fletch!! — Dougie levou um susto leve ao abrir a porta do quarto e topar com um surpreso empresário, quem parecia estar prestes a bater na porta.
— Apareci bem na hora. — ele os olhou de cima a baixo. — Queria garantir que meu número de celular está na discagem rápida, para qualquer emergência que possam ter.
— É só uma baladinha, Fletch. — disse com descrédito para toda aquela preocupação.
— De zumbis!!! — vibrou Danny, ao que o empresário ergueu uma sobrancelha.
— OK... Anhh... Como eu dizia...
— Está aqui, Fletch, não se preocupe. — Tom voltou seu celular na direção do homem.
— Certo. — o empresário pareceu vacilar no que diria a seguir. — Eu segui o conselho de vocês e convidei a Zhaou para um café aqui no restaurante do hotel mesmo...
— AÊÊ!!!! — o grupo comemorou com aplausos e assobios, acentuando ainda mais o constrangimento do empresário.
— Então, por isso, — ele lançou um longo olhar paternal. — me chamem em casos graves, nível 8 ou mais alto e em caso de código B.A.N.A.N.A.. Positivo?
— Entendido! — os rapazes prestaram continência. — Nível 8 ou mais!
— Fique tranquilo, Fletch, nada vai acontecer. — garantiu .
— É difícil de acreditar quando justo você fala isso, miga, sorry! — torceu o nariz, segurando uma risada. A jovem rolou os olhos.
— Pode ficar tranquilo, Fletch. — disse Tom, gozando de maior credibilidade. — Não tem por que se preocupar conosco hoje.
— Assim espero.



Chegando ao saguão do hotel, Fletch se adiantou em se despedir e rumou para o restaurante. Os demais pararam ali, formando um círculo.
— Muito bem, locomoção, como faremos pra ir? — questionou .
Judd sorriu de canto, orgulhoso consigo mesmo.
— Eu já cuidei disso, e da melhor maneira possível.
— Jura? — Jamilly franziu o cenho.
— Sim. — o moreno seguia confiante. — Sigam-me.


Capítulo 70 - Vamos de limousine?


O grupo caminhava rápido, com alguns se atropelando para alcançar um misterioso Judd — que parecia não ter nenhum cúmplice em seu plano secreto.
— U...AU! — o queixo de caiu quando recém colocou seus pés na entrada, onde uma brilhante limousine se aproximava lentamente. — C–como? Mas como?!
— OMG! — Jamilly também estava boquiabierta, falando pausadamente como Janice do seriado Friends.
— Eu nunca... andei de limousine. — disse , quase sem fôlego, com seu olhar perdido sobre o longo carro.
— Nem eu! — vibrou ao seu lado, quase dando pulos no chão, empolgada por saber que andariam em um. — QUE DEMAIS!!!
— Mandou bem, Judd. — parabenizou .
— De onde você tirou essa limousine??? — quis saber Tom, estreitando seus olhos alguns centímetros.
— Néééé??? — Dougie também quis saber, visivelmente intrigado. Ele não sabia que gostava de limousines! Podia ser ele o cara a lhe fazer uma surpresa daquelas. — Você tem um contato chinês para limousines?? — Judd sorria para sua teoria.
— Um bom partido jamais revela seus truques.
— Não é um "mágico"?? — perguntou Danny, voltando seu rosto na direção dos amigos. Ditados populares não eram seu forte.
— Costumava ser. — Harry respondeu com a voz propositadamente mais grave e rouca. — Agora vejam, e aprendam, como ganhar os suspiros de todas as moças.
Harry passou a andar até a limousine, então abriu a porta e com um gesto convidou as jovens para entrar.
— Isso está errado. — anunciou Tom, em voz baixa.
— Muito errado. — declarou Dougie, carrancudo. Meteu as mãos nos bolsos de sua bermuda e seguiu até o carro.
— Bom, pelo menos minha linda não parece estar babando. — Danny disse em meio a um suspiro exagerado de alívio.
— Hum... — Tom concordou com um som que mais parecia um resmungo.
— Sorriam, seus palhaços — Jamilly disse, largando seus braços em torno dos pescoços de Danny e Tom, passando a andar na ponta dos pés. — a noite está só começando! Vocês ainda têm chances.
— Não sei do que está falando, Jimmy. — Tom se fez de desentendido, embora sua cara deixasse bem claro seu desgosto.
— Nah! Eu me garanto!! — Dougie deu uma piscadela marota.
Dentro da limousine, consideravelmente mais espaçosa do que um carro convencional, não houve desculpas para sugerir a ida até a balada no colo de alguém.
— Deixa eu ver se tem frigobar! — prontificou-se uma empolgada , usando seus braços para sair do assento e realizar suas buscas.
— Viu só como foi bom nós alimentarmos antes? — salientou com leve deboche, ganhando de um olhar desconfiado.
— Santinha do pau oco! — disse com as mãos na cintura. — Como se a senhorita não quisesse saber, não!
As duas trocaram olhares, até que gargalhou, jogando sua cabeça para trás:
— Quero sim! Você me conhece...
Deixando a Danny, a jovem deslizou de seu lugar até a amiga, para procurarem juntas.
— Bingo!!!
— Não diz isso que me faz lembrar da vovó... — disse em uma careta.
— Alguém a fim de algo?? — convidou , erguendo uma garrafa.
— Não custa caro qualquer coisa de frigobar? — se perguntou em voz alta. — Pelo menos é o que dizem sobre os de hotéis.
— Ah! Não tira a graça, ! — aconselhou, com uma piscadela ao final.
— Mas dá pra saber o que é o quê? — Danny ria para os diversos rótulos escritos em chinês.
— Isso vai ser um tiro no escuro. — comentou Harry, se esforçando para não parecer tão confuso também.
— Ok!! — Danny se inclinou sobre o móvel e escolheu uma garrafa aleatoriamente. — Eu escolho essa daqui pra bebermos!!
— Annh, só tenha cuidado, Rat–leg. — Dougie disse com preocupação.
— Ele tem razão. Isso aí parece uma garrafa de champanhe. — Tom reajeitava–se no assento, temendo o pior.
— Guys, por favor, né? — o sardento debochou de todo aquele temor dos demais, suas mãos envolvendo a boca da garrafa com mais força. — Até parece que eu não sei...!

!POC!

O estampido fez todos estremecerem, alguns tapando seus ouvidos e outros os olhos com as mãos..
— AIII!! — alguém gritou na mesma hora.
— AHHHH!!!! — os gritos femininos se deram pelo conteúdo efervescente de champanhe que espirrou pelo dedão de Danny obstruindo a saída e as meninas tentaram se proteger de um provável banho.
— Dan!! Cuidado com isso! — gritou .
— Jones, seu boçal!! Meu olho!! — reclamou James irritado, com a mão sobre um de seus olhos. Revirando de dor no mesmo lugar, sendo descuidado com o curto comprimento de seu vestido.
— AAAAHHHHHHHHH!!!!! — gritaram os homens presentes em puro pavor.
— DUDE!!
— FECHA ESSAS PERNAS!!!
— É só não olhar, gente. — rolou seus olhos, fazendo pouco caso.
— Você não entende, linda! — disse Danny seriamente, embora seus olhos estivessem tapados com sua mão. — Não se pode usar “Instinto Selvagem” para fins maléficos!!
— “Instinto Selvagem”? — perguntou estranhada.
— Aquele filme com a Sharon Stone. —cochichou . — Onde ela cruza as pernas.
— Ahhhhhhhhhh!!!! — as meninas disseram em coro.
— Aqui, James... Bota isso pra não ficar roxo. — lhe entregou um cubo de gelo.
— Danny Jones, eu vou ter minha vingança. — ameaçou o loiro.
— Foi sem querer! — Jones sorriu amarelo. Como compensação, a primeira taça servida com a bebida foi entregue a Bourne.
— Tenta me matar e agora me faz de cobaia. — reclamou o loiro, sorrindo de lado. — Saúde!
O rapaz ergueu a taça, notando que era o único com uma e vários pares de olhos o observavam com expectativa. Deu um gole, meneou a cabeça e fez um joinha.
— Legal! — comemorou Danny, aproveitando a deixa para servir as outras quatro taças que tinham a disposição, distribuindo entre os presentes. — Dividam aí.
Da taça que recebeu, Tom bebeu até metade de seu conteúdo, então abriu um dos olhos para ver de soslaio a garota ao seu lado:
— A mocinha tem idade para beber?
— É claro que tenho, né, Tom! — se fingiu de indignada, dando–lhe um soco no ombro. Ele mantinha nela o olhar desconfiado. Havia algo de diferente nela naquele dia, além da roupa e maquiagem especiais para sair.
— Que isso?? — questionou risonha ao receber em mãos a taça de Tom, que no último instante voltou a dar mais um gole, deixando quase nada para ela.
— Porque você não é de beber muito, lembra?
— Humm... isso é verdade! — ponderou por um segundo e concluiu, sorrindo ao final.
Não era nenhuma das reações que o loiro pensou que receberia. Não sabia o que havia mudado, mas a garota não era mais a mesma da noite anterior! Não havia traços de nervosismo ou gagueira ao falar com ele. E Tom passava a sentir falta disso.
— Champanhe é bom, mas não supera o meu vinho! — declarou após um longo gole.
— Deu pra notar sua preferência. — Dougie disse sarcástico, balançando a taça na altura dos olhos, analisando o conteúdo em um nível abaixo da metade. — Tomara que na balada você deixe mais pra mim...
— Calado, nanico. — empertigou–se para responder.
— Infantilóide.



— Chegamos, povo! — anunciou , fazendo uma pose ao descer da limousine.
— Demorou, mas chegou. — comemorou Danny, envolvendo sua garota pela cintura, analisando o cenário logo a frente deles.
Tratava–se de um edifício de dois andares, com alguns degraus próximo a entrada e uma fila extensa de pessoas que se aprumavam atrás de um cordão de isolamento de veludo vermelho. Não havia, porém, qualquer sinalização no prédio com o nome da balada.
— Certeza que é aqui, não? — questionou Tom, passando seus olhos por todo o lugar.
— O endereço passado é este. Não tem erro. — Judd respondeu com o celular em mãos, revisando as informações no convite eletrônico.
— Legal! Então vamos logo pra fila. — envolveu com seus dois braços o de Harry, arrastando–o consigo.
— Vai ser o jeito. — deu de ombros, levemente desanimada com a ideia de esperar de pé por muito tempo na fila.
— Meninas — James passou cada um de seus braços em um braço de e outro de , colocando–se no meio delas. —, marchemos!
— É só pisar com segurança com o calcanhar. — dizia enquanto exemplificava para que James pudesse dominar a arte de caminhar com salto alto.
fala como se fosse muuuito fácil. — debochou com ar zombeteiro, de todas elas o seu salto era o menor.
— Mulher, e aquela história de sermos V.I.P. que você nos disse? Não rolou? — perguntou para assim que chegaram ao fim da fila. A jovem pensou por alguns instantes, mordendo o lábio pintado com batom vermelho.
— Verdade. — seus olhos percorreram a figura dos rapazes. — Por que vocês não vão lá investigar e nós guardamos lugar aqui na fila?
— Pode ser... — Dougie deu de ombros, iniciando a caminhada.
Quando os quatro estavam a uma distância segura, voltou-se séria para , dando-lhe um pedala:
— Ô, animal! Qual é a tua com o Poynter??
— Aiê! — a menina levou ambas as mãos à nuca. — Quê isso, sua maluca?!
— Annhh, gente... — se colocou entre as duas, apontando para algum ponto atrás de si. — O James está aqui. Certeza que querem falar sobre isso com ele aqui?
— É, até certo ponto, ele joga nos dois times. — ponderou, com seus braços cruzados.
— Ow, mas eu também quero saber! — indignada, Jamilly tinha as mãos na cintura. — Agora você e o Dougiesta se odeiam, é isso?
— Né?? Vocês praticamente iam se matar lá no restaurante! — disse .
— Está quebrando a linha amorosa do tempo, mulher. — dizia. — Primeiro o casal se odeia e depois eles se apaixonam, não o contrário.
— É... Bom... E–eu... Eu não sei, droga!


— “Eu gosto daquelas tipo você, ”. Sério, qual era o seu plano?? — Harry questionou, extravasando a frustração acertando um pedala no amigo menor.
— AI!
— Mate, nem eu daria uma bola fora dessas. E olha que sou eu falando!!
— Dan, não banque o sábio demais. Senão, o que o Tom vai fazer da vida dele se não puder mais te chamar de estúpido? — Harry tentava manter a harmonia natural entre eles. — Mas voltando ao assunto, que droga de fala foi aquela??
— Eu sei lá! Escapou!!
— Bufas podem escapar, aquilo não! — o baterista subia a voz um tom acima do seu normal.
— Não sejamos assim tão liberais também! — Tom sentiu urgência em dizer, com cara de pânico. — É melhor nada escapar.
— Tá, mas escapou. E é difícil a não ligar os pontos. — Danny disse, dando de ombros. A Dougie, restou apenas engolir em seco.


Capítulo 71 - VIP’s e não-VIP’s


— Co-mo as-sim? — os olhos de se estreitaram de maneira ameaçadora, fazendo suas amigas darem um passo para trás.
— Não estão na lista VIP. — Harry repetiu suas palavras, dando de ombros. — Não há nada que possamos fazer.
— Mas tentamos! — Tom se apressou em dizer, o olhar preocupado diante do temperamento da jovem. — O segurança não se convenceu.
— Ah, mas é porque faltou convencer a minha mão na cara dele! – se arrumava para distribuir socos e pontapés.
... — disse com voz arrastada, em tom de censura. Era preocupante toda vez que a amiga assumia aquele lado "barraqueira" em porta de balada, e as meninas sabiam muito bem daquilo.
— Só nós três? — perguntou , olhando em seguida para e Jamilly.
— Deixa comigo, gente! — arregaçava mangas imaginárias no vestido de alças. — Nós entraremos ou não me chamo...
...!
, — interrompeu a Harry no papel de voz da razão. — lembra-se da última vez que você tentou ajudar alguém a entrar na balada??
A jovem em questão piscou os olhos algumas vezes, chocada.
— Não foi minha culpa se nos deteram na delegacia. Maaaas! Vale lembrar que foram só por algumas horas. — ela tinha seu olhar sobre os rapazes, querendo ter certeza de que eles não se atreveriam a imaginar como a história terminava por conta própria.
— Claaaaro... Chave de cadeia. — Dougie debochou jocoso, sorrindo largo e arrancando certas gargalhadas.
, nós conversamos com o cara. Explicamos a situação, mas que ele não quer ajudar de jeito algum. Só entra quem está na lista.
— Gente, na boa, aquele questionário que fizemos eram tão aleatório que nem imagino o que respondemos de tão diferente que deixou a , a e a Jamilly de fora. — disse em meio a uma careta confusa.
— Bom, no fim todo mundo vai entrar, só que em momentos diferentes, ok? — Danny tentava mostrar o lado bom que restara, alargando seu sorriso pastel característico.
— Isso é verdade. — Harry concordou.
— Ah, mas aí vamos... vamos ter de nos separar?? — dizia como se fosse uma criança prestes a ser separada de seu brinquedo favorito. Seus braços correram para envolver a , afagando suas madeixas. — As três, sozinhas, jogadas ao relento, na sarjeta...
— Quanto drama! — disse, achando graça na fala da amiga. — A gente só vai demorar um pouco mais pra entrar.
— A gente espera com vocês. — disse Tom decidido, colocando as mãos dentro dos bolsos da calça, como se planejasse ficar naquela pose por um longo tempo.
— Na-na-ni-na-não!! — a garota lhe respondeu, sem deixar baixar seus níveis de animação. — Vocês vão na frente, e a gente se encontra por lá!
colocou-se atrás do rapaz e com os braços estendidos o forçava a andar em direção à porta.
— Me parece justo. — Jamilly comentou, com as mãos indicando com gentileza para que os demais seguissem os dois. — Vocês vão lá e aqueçam a pista de dança, bebam uns drinques...
— E sejam convidados para serem os zumbis da festa!!! — Danny gritou com empolgação, erguendo seus braços.
— É... Pode ser isso também. – Jamilly desviou o olhar, meio desconcertado.
— Vocês vão ficar bem? — perguntou , o rosto mortificado pela ideia de ir se divertir enquanto as amigas (e James versão mulher) aguardavam do lado de fora.
— A gente dá um jeito de se divertir aqui também! — garantiu, piscando sapeca por detrás de seus óculos. — Vá lá e garanta meu vinho, nanico!!
— Opa! — o rapaz entrou na brincadeira em parte animado. Estava desilusionado com a ideia de que ficaria para fora. Teria de repensar seus planos.
— Ah, legal. Então me descola uma batida, Tom, por favooor?? — pediu dando pulinhos com as mãos apoiadas em seus ombros, sorrindo como um gato.
— Claro. — na mente dele, só podia ser um grande azar não tê-la por perto.


— Vamos lá, povo, vamos curtir. Pelas meninas! — inventiva a enquanto adentravam o prédio da balada.
—... e o James. — Dougie pontuou, embora a resposta de animação dos rapazes tenha sido mais fraca pelo amigo.
O grupo seguiu caminho por um tapete vermelho de veludo. Havia um espaço com duas mulheres para guardar seus pertences antes de seguir caminho por uma entrada recoberta por uma cortina de veludo que ia do teto ao chão.
— Uau! — conseguiu dizer, de maneira mais contida por estar de fato impressionada.
Haviam sido direcionados a um grande salão, com uma pista de dança central com ladrilhos iluminados fluorescentes e um bar com uma grande variedade de bebidas na outra extremidade.
linda!! Dá uma olhada nisso! — em duas mãos Danny alisava o tecido branco que caía desde o teto e refletia as luzes de maneira única.
— Muito bonit-...
— Você poderia se enroscar nisso e dançar sobrevoando as pessoas!! Iria impressionar o comitê dos zumbis e eles nos deixariam como escolhidos!!
arqueou uma sobrancelha de imediato.
— Você quer ver minha amiga se matar enforcada, sardento? — questionou com obviedade na voz, mas imaginar sua amiga passando por maus bocados no tecido a fazia perder toda sua seriedade.
— Annh… Eu acho que eu passo. — respondeu evasiva.
— Ah, o quão difícil pode ser?? — Danny deu de ombros, sorrindo inocente. Seus braços se moviam em direções diferentes, como se tentasse vestir o tecido.
— Se o plano é criar um casulo e sair como borboleta... está indo no caminho certo! — Harry avaliou com um sorriso no canto dos lábios.
— A borboleta mais feia que já vi. — comentou Tom.
— Tão pecando na dedetização do lugar. — Dougie disse com desdém, gargalhando ao final.
— Danny... Danny... O que droga está fazendo??!
— Vou nos unir no casulo, linda! Duas borboletas são melhor do que uma, não acha?
— Se querem iniciar o ritual do acasalamento, melhor irem pra aqueles lados. — Harry apontou por cima de seus braços cruzados para uma das laterais do salão, torcendo o nariz para os movimentos pélvicos executados por Jones.
— Ai, que chique! — brincou ao notar o que pareciam ser sofás de veludo roxo cobertos por uma fina cortina. Havia um ar intimista e misterioso naquele espaço. — Um lugar pros casais se pegarem à vontade.
Uma risadinha peculiar escapou dos lábios da jovem, que imaginou por um segundo o que poderia fazer por lá em companhia de um certo baterista de uma certa banda.
— Mas eu quero ser escolhido pra ser zumbi... — o rostinho sardento de Danny murchou.
— Quem sabe a gente não consegue isso dançando? Lembra? Dançar como zumbis!! — mordeu os lábios pintados de batom antes de propor uma solução que a livrasse daquela pagação de mico e ainda fizesse seu Danny feliz.
O rapaz piscou algumas vezes enquanto encarava o teto, processando suas lembranças.
— Sim!! Vamos lá! Não podemos perder nossa chance! — o guitarrista trocou o fino tecido pela mão de e a arrastou afoito para a pista de dança em uma animação única. A jovem sorriu contagiada pelo sorriso dele.


Sugestão de música: Spice Girls: Wannabe



If you wanna be my lover!
You gotta get with my friends!
Make it last forever, friendship never ends!!
So here is a story from A to Z…
Do lado de fora, as três jovens acabaram por encontrar um passatempo muito divertido, aproveitando-se do fato de James estar parecido com Emma Bunton.
— Espera! — James interrompeu a parte cantada. — Quem é quem na música?
Seu indicador apontava na direção das outras duas garotas, que se detiveram por alguns segundos para pensar em uma resposta.
— Sporty Spice. — indicou para sua figura com ambos os polegares, segura de si.
— ... Ih, não sei! Eu costumava ser a Baby. — gargalhou enquanto olhava para James.
— Então, aproveitando seu look de hoje, você pode ser a Posey Spice! — a sugestão animada pareceu ser uma boa saída na opinião de , que sorriu para a ideia e confirmou com um aceno.
— Muito bem então! — James animou-se, voltando a cantar o trecho da música onde cada integrante era mencionada.


— Não sei se entendi esse lugar… — comentou enquanto com os lábios fazia biquinho para dar seu primeiro gole na bebida.
— Por quê? Qual o mistério? — Harry perguntou perdido.
— Bom, se nós somos os VIPs e estamos na parte central, então, onde ficam os outros?
— É… normalmente, VIPs ficam no andar de cima ou coisa parecida. — Dougie disse com o olhar erguido.
Enquanto Danny e dançavam na pista de dança ainda consideravelmente vazia, levando o rapaz a praticar alguns passos que exigiam mais espaço e habilidade física; os demais se encontravam no bar, fazendo seus primeiros pedidos por bebidas, observando o lugar ser preenchido.
— Aposto 5 que o Danny vai fazer cagada. — Dougie reservou-se ao direito de premeditar a desgraça anunciada.
— Putz! Não confia no nosso Rat-leg? — o corpo de Harry deu um leve espasmo em meio a risada pelo nariz. — Aposto 10, pois não tenho dúvidas.
Os rapazes olharam para Tom, na esperança de ouvi-lo opinar, porém o loiro tinha seu olhar perdido dentro de sua taça de bebida.
— Ai, gente… Que maldade. — ralhou , juntando as sobrancelhas em uma careta de desaprovação. Até parece que...
— DAAANNNYYYYYYYY!!!!!!!
A girada de corpo no ar, o grito estridente de e seu cair desengonçado no chão fizeram Dougie e Harry sorrirem de ponta a ponta. Foi preciso esforço para segurar a gargalhada por estarem certos.


Quando homem, James podia não ser o galã que levava as mulheres à loucura logo de primeira; entretanto, quando mulher, seus traços físicos e curvas eram de parar o trânsito. Por isso, quando finalmente chegou a vez na fila de , e ele para entrar, o rapaz pretendia explorar ao máximo as vantagens da sua maldição. E várias de suas ideias eram tiradas de filmes.
— Plaquinha: não VIPs, andar de cima! — anunciou , com seu indicador apontando para uma grande placa indicativa.
— Uma ajudinha aqui, garotas!! — James se agarrou no braço de cada uma, vacilando sobre seus saltos.
— Jame-J-Jamilly, troca comigo. Vai ser melhor. — comentou , inclinada para retirar as sapatilhas que calçava para entregar a James. — O Fletch nos mataria se você quebrasse o pé!
As três seguiram por uma escada, sentindo o corpo vibrar com a batida da música abafada. Quando enfim chegaram, o som da música potencializou a um nível ensurdercedor.
— Parece...cheio! — gritou com esforço para se comunicar. Um mar de pessoas dançava ao ritmo da batida, mas isso não era possível sem se chocar com as pessoas ao redor. Não que alguém demonstrasse se importar muito com tal detalhe.
— E agora?? — perguntou , visivelmente perdida e hesitante de trombar com estranhos.
— Banheiro!! — anunciou Jamilly de repente com o peito inflado e um dedo erguido.
— Quê??! — questionaram as duas ao seu lado com caretas.
— Nem pensar! — disse primeiro.
— Acabamos de chegar!! Segura isso aí. — completou , fazendo o amaldiçoado erguer uma sobrancelha para o perfeito timing entre uma terminar de falar para a outra prosseguir.
— Mas eu quero saber o que vocês fazem lá!
— Xixi, oras! — respondeu na lata. — E às vezes número dois...
— QUEM?! Quem é louca de fazer o número dois naquelas coisas nojentas?! — perguntou escandalosa, sua cara expressava o pavor pela ideia. A amiga deu de ombro:
— Tem gente, ué! — mas não pareceu nem um pouco convencida.
— Ah, mas vamos lá pra conhecer! Quero saber por que vocês sempre vão juntas ao banheiro.
As meninas se entreolharam.
— Há! Não adianta esconder segredos de mim. Hoje sou uma de vocês!
— Não é isso, pamonha. — o sorriso presunçoso no rosto de James murchou. — É só que nós raramente vamos juntas ao banheiro.
— Verdade, né? Nunca tinha reparado nisso... — comentou .
Jamilly lhes lançava um olhar de desconfiança.
— Não sei, não! Pra mim vocês estão me enrolando...
— Seguinte, vamos ver se avistamos os outros enquanto vamos até o banheiro. — disse sorridente, orgulhosa de sua ideia.
— Tá bem! Mas com a gente não sendo VIP, será que eles vão estar bem aqui conosco?
— É verdade. — concordou . Olhando por um breve momento para o espaço ao seu redor. — VIPs costumam ficar num lugar privilegiado.
James engatou seus braços finos nos das duas e por entre as pessoas que se aglomeravam em pequenos grupos, eles se embrenharam corajosamente.
— Espera... A gente não é VIP, só que estamos no balcão?? — comentou surpresa ao ver o que seria um parapeito.
— Bom, a gente subiu um lance de escadas.
— Tá, mas VIPs é que ficam 'em cima', né?
— Essa THE quer mudar todas as regras... — Jamilly disse assim que alcançaram a borda do balcão, com visão superior privilegiada para o amplo salão térreo. — Vai ver a ideia é que todos os outros possam vê-los.
— Deve ser... — concordou, seus olhos percorrendo naquele mar de pessoas atrás de seus amigos. No outro extremo do lugar havia outro balcão semelhante, reforçando a ideia de James de os VIPs serem a atração principal. De cima, os ladrilhos da pista de dança eram ofuscados pelos diversos corpos dançantes. E era difícil resistir a tentação de observar tudo e a todos.
— ALI!!!!! — berrou de empolgação, quase levando o óculos de embora com sua mania infantil de apontar.
— Vamos acenar!! — mandou James, utilizando-se dos dois braços para sinalizar. — Isso!
— Olhem nós aqui! — disse .


Capítulo 72 - Um par para dançar


— Tom…
— Dougie? — replicou o loiro sem erguer seus olhos, seu indicador deslizando pela borda da taça de sua bebida.
— Você tem de checar essa gostosa, sério…
— Não, valeu. — o loiro dispensou o convite com educação, ainda que seu tom de voz transmitisse seu real desânimo.
— Certeza? Ela está muito linda naquele vestido amarelo. Mas se você quiser, tem a amiga dela que parece uma Spice Girl (do inferno). Agora, a amiga delas é minha. — Dougie engasgou-se com sua bebida ao ver o amigo virar o pescoço com rapidez quando se deu conta a quem ele se referia.
— Que bom que conseguiram entrar. — comentou Harry satisfeito, sabendo que encontrava-se inquieta com as amigas deixadas do lado de fora.
— Siiim!! — ela vibrou ao seu lado. Acenando de volta para as três. — Ahhh, mas que pena que elas tenham de ficar lá longe da gente…
— Agora já pode abandonar a cara borocoxó. — Dougie cotovelou Tom enquanto este acenava para as meninas. Fletcher sorriu sem mostrar os dentes.


— E agora? — perguntou , deixando escapar um leve suspiro desanimado. Não estava sendo tudo como ela imaginou, mas sabia que não podia se deixar abater, afinal, ainda estava no campo de visão de Fletcher.
— Hummmm… — Jamilly estreitou seus olhos, com um brilho sapeca. — Dançamos sobre o balcão do bar!!!!
— Quê?!?! — replicaram as meninas em coro, as sobrancelhas arqueadas ao máximo possível.
— Nem a pau! — gritou , abismada. — Jamilly, querida, de onde você está tirando essas ideias sobre ‘ser mulher’?
— Com certeza de algum filme. — cruzou seus braços, com olhar debochado sobre Jamilly.
— Ééé… Talvez tenha sido… — Jamilly brincava com seus indicadores, levemente constrangida por ter seus planos descobertos tão rápido. — Mas não me digam que vocês nunca pensaram nisso!!
— Annnhh… bom…
— É… talvez…
— Então?! — Jamilly deu pulinhos animados no mesmo lugar.
— Ow! ‘Peraí! Eu não vou fazer isso: não vou pagar calcinha!
— Nem eu! — concordou de imediato . Suas palavras serviram como um balde de água fria na empolgação de Jamilly.
— Ai, gente… Que desani-... — a fala de Jamilly foi interrompida pela inesperada aparição diante das três de uma bandeja prateada com três taças de bebida. — Anhh… não pedimos nada ainda, né?
— N-não. Não pedimos. — explicou , sentindo-se conduzida a pegar uma taça pelos olhos do garçom que segurava a bandeja.
— Gente, que bebidas são essas?? — perguntou confusa, também pegando uma das taças, já que a bandeja estava mais próxima dela.
O garçom disse algumas palavras na língua própria de seu país, ao notar a gigante confusão nos rostos das moças, apontou para algum ponto atrás delas. Seguindo seu indicador, as três notaram um grupo de rapazes do outro lado, acomodados em um sofá, que acenaram para elas.
— Aceitar a bebida não quer dizer que eu aceitei ‘ter’ algo com eles, né?? — perguntou, deixando seu medo escapar pelo tom de voz.
— Duvido. É só uma bebida. — deu de ombros, bastante cética quanto ao receio da amiga. — James, sua opinião como homem?
O rapaz em corpo de mulher as olhou apreensivo, e entornou um longo gole da bebida:
— ‘Magiiiiinna! Mas vamos torcer pra que não sejam homens (muito) babacas… Essa bebida é da boa, hein?
As duas entreolharam-se, optando por acreditar cegamente em Jamilly para que a animação em curtir a balada não acabasse ali mesmo.


— Gente… aquele é....?
— Sim, é. — Harry respondeu categórico.
— O quê? — Dougie girou seu pescoço, tirando sua vista da figura de por um momento. — Annhhh… é o D-Danny?!
Agindo semelhante a Dougie, Tom deixou de observar de longe e voltou seu olhar para o que parecia ser Danny Jones enrolando seus braços em duas das inúmeras fitas que caíam desde o teto para a performance dos artistas e começou ele próprio seu ‘show’.
— Isso também é pra impressionar os ‘jurados zumbis’? — questionou , encontrando seu olhar com o de , compartilhando com ela o sentimento de vergonha alheia.
— E o que seria isso?? Pássaro zumbi?? — Dougie tentava encontrar algum sentido em ver o amigo plainando ao redor da pista de dança.
— Acho que está mais pra borboleta. — comentou Harry, jogando a cabeça para o lado por um instante. Afinal, eles tinham de reconhecer que havia graciosidade tanto nos braços como nas pernas estendidas do sardento toda vez que ele saltava.
— … E a borboleta virou pato, como sempre. — Tom disse, narrando de forma sintética a cena de Danny atrapalhando-se com os panos e passando a rodopiar em volta da pista de dança de ponta cabeça, com em seu encalço tentando ajudá-lo.
— Se alguém perguntar, não entramos aqui com esses palhaços. — sentenciou, bebericando de sua bebida, fingindo não ter notado aquele mico.


— Não acredito que não tenha onde dançar aqui em cima! — praguejou Jamilly, bebendo furiosamente pelo canudo em sua bebida adornada com um guarda-chuva.
— Até que dá… — indicou para si mesma, que em seu conceito de dança, movia um pé para perto do outro e o afasta enquanto mantinha os braços erguidos. A clássica dança daqueles que não sabiam dançar de fato e notoriamente não se sentiam muito bem consigo mesmos dançando em público.
— É, mas estamos dançando nos cantos… Não temos uma pista igual os VIPs lá embaixo. — Jamilly fez o favor de não opinar sobre a dança da jovem.
— Mas dá pra dançar, se você estiver muito afim. — deu de ombros. Embora o piso superior tivesse um bar tão grande e bem abastecido como o de baixo, ao invés da pista de dança havia um número maior de sofás e mesinhas de centro espalhados pelo lugar, quase uma réplica de uma Starbucks. — Só não se anime tanto quando o Jones!
— Há! Eu gravei aquilo! — os olhos de Jamilly brilharam risonhos e ardilosos. — Nunca deixarei o sardento em paz…
Mais uma vez, a fala de Jamilly era interrompida pelo surgimento de três taças em uma bandeja, segurada agora por um diferente garçom, mas que indicaria para o mesmo grupo de rapazes no outro lado do salão.
— Gente, não acho que pega bem ficar aceitando isso. — disse em meio a uma careta.
— Hummm, bom, agora vai poder agradecer pessoalmente. — indicou com um sacudir de cabeça. — Eles se levantaram.
— Opa! Opa! Opa! — Jamilly quase cuspiu o gole da bebida nova que tinha na boca. — Eu ‘tô solteirA aqui e não tenho intenção de sair daqui comprometidA.
— Tarde demais… — silabou.
Do grupo de seis, três encontravam-se diante das moças. Analisando-as de cima abaixo brevemente, como se ainda escolhessem com qual cada um falaria. , e Jamilly forçaram um sorriso simpático, entreolhando-se algo apreensivas.
— Foi mal, carinha. Não ‘tô a fim! — Jamilly batia com seu indicador sobre o dedo anelar esquerdo. Até que se aproximou de seu ouvido:
— Essa é a mão do casamento. E além disso, você não tem anel em mão nenhuma!
— Aliança não define relacionamento, meu amor. — Jamilly jogou seus cabelos para trás com um movimento. — A feirua desse cara, sim! — e seguiu seu caminho para se ver livre do rapaz que tentava falar com ela.
— Dançar?? — questionaram os dois rapazes remanescentes com largos sorrisos. E o destino de e seria diferente se ambas soubessem dizer ‘não’.
Ambas se encararam, com o receio apararente em seus rostos, enquanto os rapazes as colocavam em sentidos diferentes para dançarem.


— Danny!! — gritou quando finalmente o alcançou. Soltando um pesado suspiro na tentativa de recuperar seu fôlego após correr atrás de um Danny Jones desgovernado. — Danny, você está bem??
— Mais ou menos. — disse algo zonzo. — Acha que consegui impressionar o comitê dos zumbis?
— Até demais… — ela forçou um sorriso gentil. — Mas, Dan, será que podemos dar um descanso dessa ideia? Não te quero ver machucado.
— Não se preocupe. Planejei tudo isso. — rolou os olhos, cética:
— É, deu pra notar quando ficou de ponta cabeça girando por aí. — ela zombou, rindo pelo nariz, flagrando o exato momento em que nascia nele um sorriso amarelo. Seria o tom vermelho surgindo por debaixo de suas sardas? não se recordava de ter visto Jones envergonhado alguma vez na sua vida. — Tá bem, podemos só… dançar ou ficar no bar ou coisa assim? Eu sei que você quer ganhar, mas não precisa quebrar o pescoço.
— Claro. — o moreno deu-lhe uma piscadela. — Vem cá.
E sob o olhar incrédulo da jovem, o moreno soube colocar-se sozinho de pé girando seu corpo entre os panos. Deslizando até seus pés tocarem o chão, o sardento roubou um beijo simples de , que não conseguia retribuir, pois sua mente considerava seriamente a possibilidade dele ter falado sério sobre ter planejado tudo aquilo.
— Que tal conhecermos aquele espaço com puffes? Parece legal!
— C-cla-claro. — respondeu ela, tendo o caminho guiado pela mão de Danny sobre a sua. até girou rápido o pescoço na direção dos amigos na esperança que alguém tivesse flagrado aquele momento, mas seu esforço fora em vão, pois estavam todos distraídos.


— Dougie. Vem comigo. — Tom bateu de leve com sua mão no abdômen do menor, seus olhos castanhos pareciam hipnotizados por algo que ocorria no andar de cima.
— Já voltamos. — decretou Dougie, descendo com um pulo do banco do bar. Seu olhar igual ao de Fletcher.
— Tá bem. — respondeu , curiosa pela atitude singular dos dois, mas antes que pudesse segui-los com o olhar, a mão de Harry alcançou a taça de bebida vazia das mãos de com delicadeza.
— Mais um? — e através de um simples olhar, o moreno soube interpretar a sutileza do riso em seu rosto. — Vou conseguir outro pra gente então.
— Obrigada! — aproveitou a deixa de ficar completamente sozinha. Era cansativo fingir que não tinha seus olhos pregados à bela figura de Judd todo o tempo, vendo-o balançar seus ombros e quadril ao ritmo da música de maneira contida. Sabia em qual pé eles não estavam: não eram namorados. Mas poderiam se entregar a algo por mais uma noite apenas?
— Que tal de kiwi desta vez? O bartender me garantiu que era ótimo… — Harry aproximou a taça de com uma elegância em seus movimentos que só ele era capaz. o agradeceu com um sorriso, ainda com seu espírito tomado pelas ideias de antes. Um gole na bebida a ajudaria a descer pela garganta o desejo de propor algo.
— Kiwi está ótimo! — elogiou. Viu o moreno fazer um gesto rápido para encarar seu relógio, porém duvidava que fosse por pressa em partir do lugar.
— Não estamos longe da meia-noite… Então pra hoje teremos de pensar em um contrato diferente pra nós. Mesmo com uma mente tão esperta e rápida, seguiu encarando-o como se não o entendesse.
— Éé… você está dizendo que…
— Estou. Não era nisso que estava pensando? — Harry deu alguns passos, a ponta de seus sapatos chocando-se com os de salto alto dela, o braço passando por sua cintura e puxando-a de encontro a ele. — Que tal até o sol raiar?
Os olhos de se fecharam, incrédula, mas o sorriso colossal que se abriu em seu rosto frisou sua felicidade com a proposta.
— Até o sol raiar, Judd.


— A-ah, então, c-carinha… — tentava desvencilhar-se do rapaz que tentava colar seus corpos no ritmo da música. Sua insistência em colocar sua perna entre as dela estava tornando aquilo cada vez mais desagradável. Não era possível dançar a uma distância razoável? Quando seus olhos analisavam os casais dançantes ao redor, poucos entravam de fato em contato um com o outro.
— Ei!
— T-Tom?? — observou com assombro o loiro logo ao seu lado, com uma expressão fechada para o outro rapaz.
— Eu estou com ela, ok? — ele indicou para as duas bebidas que tinha nas mãos, sinalizando que uma segurava para . Bufando pelo nariz, o rapaz ergueu suas mãos, dando-se por vencido sem um pingo de vontade por lutar. respirou mais aliviada quando deixou de ser prensada contra a parede pela perna do rapaz, e vê-lo partir para dar em cima de alguma outra moça sozinha foi reconfortante também. Diante dela, agora estava Tom, só que sem forçar contato entre eles igual ao outro. — Você está bem?
— Ahn, sim. Obrigada... ‘Péra! A !! — a menina levou ambas as mãos ao rosto, desesperada.
— Tranquila. — as mãos dele a impediram de se lançar no meio de várias pessoas para ir se encontrar com a amiga. — O Dougie veio comigo. Ele foi lá salvá-la.
— E de onde... vocês surgiram??
— VIPs podem vir até o lugar dos não VIPs. — ele sacudiu seus ombros em uma risada contida. — O contrário é que eles não deixam. — ela fez uma expressão de que de a ficha lhe caía naquele momento. — Vi como aquele babaca estava dançando contigo e a sua cara de medo, então achei melhor fazer algo.
— N-não era bem medo! Eu só não estou acostumada a dançar assim… — Tom a observou com divertimento nos olhos, não acreditando naquelas palavras.
— Quer dançar comigo então? Vai ser diferente.
— Você viu que eu não sei dançar nada! — ela coçou a cabeça, desconcertada.
— Melhor ainda. Eu só sei dançar ‘o ridículo’! — e antes que pudesse pronunciar sua pergunta sobre qual dança seria aquela, Tom buscou pela mão livre dela, fazendo-a erguer seu braço e conduzindo-a a um giro no mesmo lugar. Em seguida, tentou ele mesmo realizar o giro, mas com bem menos graça já que o braço de sua parceira de dança era significativamente menor.


Ah, cansei. Sério!, pensou resoluta. Tinha dado uma chance de dançar com o rapaz número dois, mas a proximidade que ele buscava estabelecer entre os dois a estava irritando — principalmente pelo fato dele não entender que ela não queria beijá-lo. Nem na boca e nem no pescoço. não gostava de ser rude com ninguém, mas aquele indivíduo estava pedindo pelo melhor fora que ela, a conhecida Rainha do Gelo da sua faculdade, poderia ser capaz de dar.
Em público. No meio de uma balada.
A culpa não era dela. Era do rapaz sem noção.
— Ok, escuta aqui, colega… — desvencilhou-se do rapaz, forçando-o para longe de si com os braços e o circundando com um giro do seu corpo. O rapaz se viu perdido. Não entendeu o que ela fez e nem como ela agora estava atrás de si.
— Aê, babaca! Fica longe dela!! — Dougie chegou gritando, apontando de maneira firme seu indicador para o confuso rapaz chinês.
— Dougie? — até o olhou de cima a baixo para confirmar que estava vendo certo o loiro parado logo ao seu lado.
— Fica tranquila. Eu cuido desse babaca!
— Mas eu já estou cuidando dele. — respondeu ela indignada. Até onde sabia, aquele problema era dela e não havia convidado ninguém como seu salvador. — Eu não ‘tô a fim de dançar contigo, entendido?
— Ouviu?? Ela nãão ‘tá a fim de dançar com você!!
— Me desculpa, mas eu não ‘tô buscando ‘ficar’ com ninguém no momento.
— Menos ainda você, esquisito!!
— Então muito obrigada pelo convite, mas não, obrigada.
— VAZA!!!
O rapaz número dois alternava um olhar cada vez mais confuso entre os dois. falava direta e claramente para que não houvesse enganos, enquanto Dougie vociferava as palavras, quase as cuspindo diante do rapaz. Esfregando a mão contra a testa, como se a confusão lhe trouxesse uma grande dor de cabeça, o rapaz deu seu jeito de sair dali. O que quer que e Dougie fossem, parecia complexo demais.



Capítulo 73 - Man! I feel like a woman...


— Não precisa me agradecer. — Dougie disse, bem seguro de si.
— Não estou agradecendo… — franziu o cenho, achava curioso que Poynter pensasse que ela faria tal acção: agradecê-lo por ser intrometido. O problema com o chinês beijoqueiro era dela, e ela plenamente capaz de se virar naquele tipo de situação. Não se via como uma donzela indefesa.
— Certos caras não entendem limites! — o loiro dizia, sua cabeça voltada na direção para onde o chinês havia resolvido fugir do casal maluco.
— Não mesmo… — lhe lançava um olhar fuzilante do alto de seus sapatos altos, porém, Poynter nem se deu conta, mais preocupado em parecer um cachorro louco marcando território.
respirou fundo, as mãos no quadril, pronta para situar o nanico em seu devido lugar. Dougie Poynter não era de repente o namorado dela, então não tinha porque agir como um ciumento e possessivo. Porém, a chamada de atenção morreu antes de chegar aos lábios. Ao longe, Tom e observavam o casal — e enquanto Fletcher parecia seguir o olhar de Poynter, a amiga lhe lançava um olhar preocupada. Certamente era capaz de fazer uma leitura corporal dela e entender que ela não aprovava a conduta de Dougie. forçou um sorriso, daqueles embutidos com um pedido silencioso: “Não seja tão má… Ele tentou ajudar”. Os anos de amizade ajudavam as garotas a terem conversas mesmo sem dizer palavra alguma.
Insatisfeita, bufou, cedendo. Mas ela ainda seria ela, de algum jeito.
— Tá bem, mas… Eu podia ter dado conta dele sozinha. — comentou, tentando não soar tão dura.
— Mas você não estava gostando do jeito que aquele palhaço estava agindo, não é? — Dougie se virou algo confuso para ela.
— Eu não! Só que eu… sei cuidar de mim, ok?
— OK.
— Eu não sou… Uma boneca de porcelana pobre e indefesa.
— Nunca pensei que você fosse. Não combina contigo. Acho que esse é mais o estilo de outra pessoa… — Dougie opinou como se estivesse surpreso pelas palavras ditas por , e ao final jogou sua cabeça para trás para sinalizar a quem se referia.
Atrás deles, ao longe, com passos de dança muito duvidosos, Tom convencia uma risonha e encabulada a aceitar sua mão para que seu corpo desse um giro. Foi uma maneira nova e estranha de observar a própria amiga, pois as vias como praticamente iguais. Até mesmo no fato de nunca terem namorado. Para os rapazes sempre a afugentavam quando começavam a gostar dela — a ideia de um relacionamento parecia sufocante, grudento, meloso, enjoativo —, talvez não compartilhasse da mesma ideia, apenas não tivesse sorte no amor.



— E o… A Jamilly? — Tom perguntou curioso.
— Ela deu um bom perdido no carinha que foi falar com ela. — comentou , a cabeça virando para os lados na esperança de ver Bourne em algum lugar, talvez com o chinês a tiracolo. E ela avistou o chinês! Mas com uma cara de perdido igual a dela sobre a região do bar. Então, uma voz animada soou pelos alto-falantes do lugar, provocando reações exaltadas nos presentes.
— A-a-aquele ali não é o James?? — perguntou com o queixo caído, vendo a figura de Jamilly surgir vacilante sobre o tampo do bar. Graças às mãos rápidas do bartender, o caminho estava livre de copos e garrafas.

Sugestão de música: Shania Twain: Man! I Feel Like a Woman


— “Let’s go, girls!” — soou a voz de Shania Twain pelos alto-falantes e em seguida a batida inconfundível e inesquecível de sua música mesclada ao ritmo frenético de balada.
Jamilly demorou alguma instantes para perceber que o público esperava que ela dublasse a canção.
E exatamente de onde estava: no balcão do bar.
— Gente, o que é aquilo? — perguntou , gritando praticamente, quando Dougie e ela se acercaram do Tom e .
Jamilly sorriu de canto a canto. Ele, melhor, ela podia fazer aquilo!
Arriscando alguns passos, o balcão se transformou em uma passarela. Ao chegar no primeiro refrão, Jamilly parecia ganhar a vida fazendo performances ao vivo, levando o público à loucura.
— E com isso Jamilly mata a nossa dúvida se estava de calcinha ou não… — Dougie comentou impressionado, com seus pequenos olhos se arregalando quando Bourne fez um movimento rápido para erguer uma das pernas em uma espécie de chute no ar.
— Só você tinha essa dúvida, dude. — Tom fez questão de dizer, com uma careta e um olhar estranhado para o amigo loiro.
— Ainda bem que ele só tem que dublar! — não podia deixar o fato passar em branco. — Nada explica por que o James tem essa voz de taquara rachada quando está como mulher.
— Deve ser karma. — deu seu pitaco, bem segura do que dizia. — Imagina se além de todo aquele corpão, elA ainda tivesse voz de anjo??
— Faz sentido… Aí haveria muita injustiça no mundo.
— Por isso que quando ele está como homem, ele é o baixinho.
fez careta:
— Baixinho?? Mas ele tem 1,78! Isso não é baixo.
— Eu sei, eu sei. Até o nanico do Poynter não é bem nanico de verdade, ele só é o nanico do McFly.
— Ca-ham!!
— Ou vai ver! Que o James e o Dougie têm alturas normais e os outros que são girafudos!
— Eu acho que é isso: britânicos são girafudos.
— Ca-ham!!
— Meninas, estamos do lado de vocês...
— E os “girafudos” conseguem escutar também. — completou Tom, estreitando seus olhos.
— I feel like a woman! — a música chegou ao fim, com Jamilly sendo ovacionado.
— Parabéns, James! — comemorou quando ele se aproximou, várias mãos o ajudaram a descer do balcão. — Foi incrível!!
— Uma apresentação e tanto. — Tom ergueu seu copo de bebida, fingindo um brinde em apoio.
— Uma difícil de esquecer! — a careta de impressionado de Dougie levou os demais a rir, ele ainda devia estar pensando sobre o que havia debaixo do vestido de Jamilly.



— Que barulho é esse? — Danny perguntou ao quebrar o beijo com . Ela demorou alguns segundos para responder, precisava de recuperar do amasso que davam.
— Estão anunciando alguma coisa… — os olhos focados no teto enquanto tentava ouvir melhor o que era dito. Em vão, pois falavam em chinês.
— Devem estar anunciando quem são os zumbis. — o sardento murchou no móvel, cruzando seus braços e de cara emburrada.
Um a um, os casais ao lado deles deixavam o ambiente mais íntimo para pularem para a pista de dança. Algo excitante estava prestes a acontecer.
— Hump! Nenhum deles parece zumbi. — Danny destilava sua birra com comentários de desdém. o olhou de lado, ela sem dúvida alguma não suportava garotões sendo birrentos. Porém, Danny Jones podia ter o benefício da exceção.
— Você não quer dar uma olhada mesmo assim? — ela o animou com a proposta. Primeiro recebeu um olhar descrente, que logo se transformou em empolgação.
— Vamos! Quem sabe ainda dá tempo de sermos escolhidos!! — a mão dele alcançou a dela para puxá-la do móvel.
— Eita! Espera, não precisa correr! — gritou antes de sua mão escapar de Jones. — Essa não…



— Hum! Tem algo rolando! — anunciou com algumas batidinhas no braço de Judd. — Se desse pra entender o que falam, a gente estaria por dentro da novidade. — o moreno comentou, olhando ao redor e vendo que muitos sorriam colgate.
— Ah, o Danny deve ter matado a charada, olha só ele lá! — sentada no bar, a jovem apontou para a figura de Danny sorrindo pastel, quase correndo em direção ao centro da pista de dança.
...
— Algo me diz que ele largou a pra trás… Que maldade! — dizia ela mal contendo suas gargalhadas ao pensar na ideia.
...
— Que foi?
O moreno lhe indicou com um aceno.
A frente deles, um feixe de luz azul intenso surgia do meio da pista de dança, como se o chão se abrisse no meio, revelando uma...
— Piscina??!
— Oh-oh!
— AH, SACO!!
— HARRY, NÃO!!! — tentou segurá-lo pela barra da blusa, que saiu correndo para impedir o amigo.



— ‘Cabou a luz???! — perguntou assim que as luzes do segundo andar se apagaram por completo.
— Não todas. — disse Dougie, voltando sua atenção com os demais para o palco de dança no andar de baixo, onde o lugar parecia ainda mais iluminado com um esquema de luzes principal.
— Nem querem todo mundo prestando atenção lá. — Tom zombou de leve, vendo como todos olhavam para o mesmo ponto e sentindo-se empurrado contra o parapeito.
— AI, MEU PÉ, ANIMAL!
— Foi mal, … Me empurraram aqui!
sorriu amarelo para o olhar espantado de : como ela era capaz de gritar daquele jeito troglodita com Dougie?
— Olha! Não é o Danny?? — Jamilly perguntou, precisando dar cotoveladas em algumas pessoas que a expremiam.

— Aquele ser correndo direto pra piscina? — Dougie quis confirmar.
— Piscina??! — perguntaram em coro.
— Oh-oh! Não vá pra luz, Danny!!!

!PUF!

— Uuauu… — pessoas empolgadas que se jogaram na piscina escondida logo abaixo da pista de dança se ficaram maravilhados ao verem a transformação de Danny em um pato.

! PUF!

— Oohh… — depois foi a transformação de um homem em macaco. Alguns até aplaudiram, crentes de que fazia parte do espetáculo da balada.
Dude, eu vou te matar por isso!”, praguejou Harry, vendo suas roupas passarem por ele flutuando, e molhadas.
Como é que eu ia saber? Sério!
Porque estava na cara que não tinha nada de zumbi nessa balada!
Como se você fosse um dos organizadores!! Então como você está aqui comigo, senhor macaco?
Tentei te impedir de cair aqui, né, jegue!
Sééério??? Seu método não me parece muito eficaz.
Pra mim chega, eu vou te matar!!
Olha os maus tratos contra os animais!!!”, Danny batia suas assas para longe do macaco nadador furioso.
— Danny! Danny, larga de patetada e vem aqui! — dizia ajoelhada na borda da piscina.
— Mas será o benedito que não dá pra termos um capítulo tranquilo nessa história?? — aproximava-se indignada, sentindo um esbarrão de uma jovem bêbada empolgada em cair na água. — AI!
"Essa não...", Harry deu com sua patinha de macaco na própria testa. Mais uma pessoa na água, a sorte era que não era amaldiçoada.
!! — gritou a amiga.



— Qual a graça, Dougie?? — a expressão frustrada de Tom marcava cada uma das rugas na testa.
— Só o Danny mesmo! — o loiro batia palmas em meio a risada.
— Mas o Harry também caiu… — pontuou Jamilly.
— Temos de fazer algo, gente! E rápido!! — tomava as rédeas da situação, eles não podiam perder o foco.
— Sim, temos de ir lá ajudar!! — com uma super flexibilidade adquirida pelo calor do momento, apoiou seu pé no parapeito, pronta para se lançar dali.
— MULHER!!! VOCÊ NÃO SABE NADAR, DOIDA!!!!!! — os braços de seguravam .
— Ih, é mesmo…
— Ninguém vai pular, ok?! — Tom olhou sério para , que concordou positivamente. — Nós vamos lá ajudar os dois e vocês nos esperem lá na frente do prédio.
— Aya, Captain! — Jamilly prestou continência enquanto Tom saia dali arrastando Dougie consigo para a escada mais próxima.
— Hummmm… mas como faremos pra voltar?? — perguntou , lembrando-se o modo como chegaram até a balada.
— Nem limusine e nem táxi vão querer nos dar carona com um pato e um macaco a tiracolo. — ressaltou o grande problema.
Então as meninas encararam a Jamilly:
— Código B.A.N.A.N.A.?



Capítulo 74 - Furiosos e Velozes


— Matthew? — a mulher disse ao vê-lo de volta à sala do quarto de hotel. — Seu celular não parou de tocar... Deve ser algo importante.
— Ahh... obrigado. — o empresário alcançou o aparelho deixado sobre o sofá. Vendo as diversas chamadas e mensagens recebidas enquanto ele estava no banheiro.
— Problemas?
— Digamos que... sim. — ele hesitou.
Até aquele momento, o encontro com Zhou ia muito bem. Eles dividiram um ótimo jantar no restaurante do hotel, conversando sobre todas as frivolidades possíveis. Por conta do horário acabaram subindo para o quarto dele, sem preocupações com a filha dela, que tinha a tia como babá pelo tempo que Zhou precisasse.
— A banda que eu agencio... Eles são como meus filhos, sabe? Eee ultimamente...
— Estão se metendo em muita encrenca? — ela arriscou risonha. Ela era mãe, sabia bem como era.
— Exato.
— E eles precisam que você os resgate. — disse sugestiva, encarando seu relógio de pulso. Estava bem tarde, mas não tarde o suficiente para jovens voltarem de uma balada. A menos que houvesse um problema grave.
— Sim. — Fletch concentrou-se um momento em responder que estava indo salvá-los. Só não sabia como: — Onde vou achar um carro agora?
Zhou riu pelo nariz, e colocou-se de pé animada.
— Quem sabe eu possa dar uma carona aos seus "filhos". — disse com uma confiança atraente, girando a chave do carro nos dedos.
Fletch se rendeu ao convite, eles desceram pelo elevador enquanto ele buscava o endereço da balada.
— Muito obrigado mesmo. — repetiu o empresário, talvez pela milésima vez.
O carro foi trazido até a entrada do hotel onde esperavam.
— Imagine! Fique tranquilo e aperte bem o cinto, eu sou praticamente uma piloto. — Zhou sorriu brincalhona, dando uma piscadela para o homem, que sorriu de voltar com a piada.
— EITA! — só que não era mais piada no momento que Zhou arrancou com o carro.



— Pronto! Fletch a caminho. — anunciou Tom satisfeito.
— Grande Fletch! — comemoraram os outros que ainda eram humanos.
— 'Miga... — se dirigia a com algum receio na voz. — Você tem de jogar fora essa maquiagem que não é a prova d'água.
A jovem bufou antes de começar:
— Aí, me desculpa se meu cartão tava no crédito da encolha, maquiagem a prova d'água é mais cara, ok??
— Eu entendo! Não estou julgando, mas está terrível essa maquiagem borrada!
"Mas eu 'tô! Tá medonho isso aí!!", Danny opinou, grasnando e abrindo suas asas.
"Você, cale o seu bico, animal!", Harry ainda tentou defender , embora ela realmente estivesse assustadora com linhas pretas escorrendo pelos olhos.
"Quack!", Danny revidou.
— Ôô, gente, vamos nos concentrar no papel de cachecóis de animal? Bem m-o-r-t-o-s! — a jovem deu um pulo sem sair do lugar para situar o pato de sua função.
"Foi mal, Bubulinda.", nisso Danny voltou a deitar sua cabeça como se não tivesse mais vida.
estava irritadíssima por seu estado deplorável, por ter de ficar logo em frente à balada aguardando pela carona, e por ter de "usar" Harry enrolado em seu pescoço.
— Se um daqueles ativistas malucos me jogar um balde de tinta vermelha, eu mordo, hein??
— A essa hora acho que os ativistas estão desativados. — comentou , com uma risada sonolenta que logo virou um bocejo.
— Tipo você, ? — Dougie estava impressionado.
Antes que a moça pudesse responder, um carro passou por eles sem qualquer respeito às normas de velocidade, parando bruscamente logo a frente e dando ré com tudo até parar diante deles.
"Alguém anotou a placa?", brincou Harry.
— FLETCH!!??
O grupo se impressionou ao ver o empresário sentado no banco do carona quando o vidro baixou. O homem tinha uma careta congelada.
—...O-oi...
— Olááá!! — Zhou os saudou com amabilidade. Houve uma troca de olhares cúmplices entre o grupo, pois aquela doce mulher que os cumprimentava era também a motorista.
"Demais... Tanta mulher no mundo, e o Fletch tinha que se interessar por uma piloto de fórmula 1 frustrada?", Harry lamentou por antecipação.
— Vamos entrando! Tem lugar pra todos. — e de verdade havia. No total, o espaçoso carro era daqueles com 7 assentos disponíveis.
— É isso ou ser pega pelos ativistas. — deu de ombros, sendo a primeira a entrar.
— E como é que acabamos com tão poucas opções? — perguntou em voz baixa, entrando a contra gosto, sem alternativa.
— Pensando bem... Acho que vou a pé. A noite tá linda!
— Dougie Lee Poynter, entra na droga do carro. — o ameaçou, mas o efeito do seu olhar assassino se perdia pelos olhos estarem semicerrados.
— O quê há com você??
— Acho que o vinho está agindo em mim. — ela respondeu, com o olhar estranhado de Dougie sobre ela.
— O Danny e o Harry... — o empresário virou-se para perguntar da ausência dos rapazes, até que seus olhos notaram os peculiares cachecóis das jovens logo atrás dele. — Ah! Mas... Como?
— Resumindo: tinha uma piscina. — Jamilly esclareceu, segurando seu riso em vão ao entrar no carro.
— Já ouvi dizer que essa balada é muito legal... só que muito exclusiva. — Zhou comentou, girando a chave na ignição.
— E não deu "tempo" de ver a piscina? — o homem perguntou algo cético. Que Danny tivesse caído era mais do que óbvio, o rapaz era um imã para desgraças, mas Harry.
"Óbvio que deu! Mas estamos falando do Jones, né?", Harry não conseguiu segurar sua alfinetada.
"Alto lá, não tinha como saber! Quack!"
Todos congelaram dentro do carro.
E Zhou se virou assombrada:
— Vocês também ouviram isso??
— Isso o quê? — perguntou hesitante, sua mão agarrando o bico de seu cachecol.
— Como o som de um... pato?! — os olhos estreitos de Zhou estavam presos em Danny através do espelho retrovisor. Enquanto e Danny suavam frio.
Jamilly acertou seu cotovelo em Dougie, que atendeu prontamente com um longo e grave arroto imitando um pato.
— Epa, foi mal!
— Ai, meu Deus, Dougie! Que nojo! — emendou, não porque coubesse bem, ela realmente tinha aversão por arrotos. Jamilly forçou uma careta parecida com a de , porém sua vontade maior era de rir. Era uma das melhores performances de Dougie.
— Impressionante... Soou idêntico. — aprovava, com um olho aberto e o outro fechado.
, miga, por favor... Não o incentive. — disse ríspida, e a maquiagem borrada reforçava sua aura de megera.
— Simm, sra. Trantbull!! — disse zombeteira, o corpo amolecendo no assento do carro.
— Você batizou a bebida dela com Boa noite Cinderela ou algo do tipo? — Jamilly perguntou em um tom de voz que só Dougie seria capaz de ouvir.
— Ih, não olha pra mim, não. Sou inocente! — Dougie ergueu ambas as mãos em sinal de inocência.
— Você está bem? — no fundo do carro, sentiu a mão de Tom afagar sua nuca, preocupado. A menina fazia careta de dor e massageava um dos lados da testa.
— Bateu uma dor de cabeça... — comentou.
— Então, lá vamos nós! — Zhou anunciou, visivelmente a mais animada de todos.
— E coloquem os cintos!! — Fletch parecia hesitante demais, como se temesse por sua vida, e com ambas as mãos se segurava na alça no teto.
Os demais se entreolharam. Mas tinham visto o carro sendo guiado com seus próprio olhos, nisso colocaram bem seus cintos só por via das dúvidas.
"Eita!!", pensaram Danny e Harry ao sentirem o arranque brusco do carro.



— Isso, miga, bota tudo pra fora. — dizia maternalmente para , segurando algumas madeixas.
"Danny!"
"Ow, calma lá! Eu estava na linha de fogo do vômito ali!!", o pato reclamou indignado, recém migrado do pescoço de para o de .
"Se a Doce Mel tiver te visto, pode ter certeza que vai virar cachecol de pato.", o amigo advertiu com sabedoria.
foi a primeira a descer do carro assim que chegaram, enjoada pela direção rápida e acentuada de Zhou.
— Tadinha... — Zhou desceu de seu carro para checar a situação da jovem. — Será que foi a bebida??
— Anhhh, ela vai ficar bem. — Fletch aproximou-se dela, via-se seu nervosismo em tirar a mulher de lá antes que o olhar assassino das duas jovens se tornassem algo pior. — Vamos ali do lado enquanto eles descem.
— E lá vamos nós! Upa!! — Dougie reunia suas melhores forças para conseguir carregar uma 100% adormecida .
— Mas precisa levar ela assim?? — Jamilly perguntou confusa, vendo a menina ser carregada como um saco de batatas levada no ombro de Poynter.
— Gentileza é a alma do negócio, nanico. — pontuou, desaprovando pelo olhar a situação da amiga.
— Quer carregar você?!
— Eu não carrego nenhum bêbado! — a jovem sinalizou com uma mão, aquele era seu maior lema. Nada de beber até cair e não levantar.
— Ótimo! Então... Sigam-me os bons! — o loiro deu um pulo no mesmo lugar para acertar o corpo da jovem adormecida sobre seu ombro. Ele tentava parecer indiferente, mas era notável as dificuldades dele em carregá-la, a começar pelo rosto avermelhado.
— Tá pior? — Tom perguntou, estendendo a mão de prontidão para ajudar a descer do carro, coisa que ela não parecia ter confiança em fazer sozinha no momento.
— Muito. Nunca tive uma dor de cabeça assim. Isso é o que chamam de ressaca?
O rapaz riu dela.
— É preciso beber mais do que alguns goles pra ter uma ressaca.
— Eu nunca mais vou beber tanto assim de novo...
— Repito, você não bebeu quase nada.
— Tá melhor, amiga? — perguntou amistosa para quando esta se recompôs.
— Sim... Melhor. — ela passou os olhos sobre o grupo. — Parecemos um bagulho! E nem ficamos até o final.
— Hum! — concordou, com um pequeno sorriso crescendo ao pensar em algo: a festa deles não tinha de acabar ali, não é mesmo?
— Subiiindo!! — Dougie anunciou, ele precisava logo soltar aquela carga pesada que era .
— Tchau, gente, adorei conhecer vocês! — Zhou acenou carinhosamente.
— Valeu pela carona! — o grupo emendou, embora não soassem agradecidos. Teria sido melhor voltar caminhando.
— Anhhh, vão na frente! Ainda quero me despedir da Zhou. — o empresário orientou, sem saber onde enfiar a cara ao notar os olhares sugestivos dos demais.
"Smack! Smack! Smack!"
Fletch podia jurar que ouviu um pato e um macaco atrás de si, e tinha certeza de que os dois não diziam coisas boas.



Já no elevador, achou que tinha ali um momento oportuno:
— Muito bem, cambada. E se tomarmos um banho... quente, para os rapazes, e daí nos encontrarmos para continuar a noitada?
"Party rock!!!", Danny pareceu descartar seu papel e balançava seu longo pescoço ao som da música.
"Sorte que se lembrou de nos destransformar, .", o macaco comentou aliviado.
— Uhhhh, eu topo! — ergueu a mão, como se respondesse a uma chamada de presença.
— Eu acho que a passa. — Dougie argumentou, dando um pulo no mesmo lugar com a jovem em seu ombro, fazendo o elevador balançar de leve pelo seu gesto.
— Eu também passo, tenho que sair dessas roupas. É legal... mas todo mundo fica me olhando como se fosse me morder! — Jamilly dizia olhando para si mesma.
— "Morder" não é exatamente o que querer fazer contigo, mas rima. — zombou, jogando sua cabeça para trás ao rir escandalosamente de sua própria piada.
— Eu passo, brigada. — respondeu. Ela era realmente fraca para bebidas, e mais ainda para as dores de cabeça de uma pseudo-ressaca.
"Maior caô esse povo!", Danny murchou.



— Vejamos... — abriu a porta do quarto de hotel dividido com . — Mulher, eu cuido dos banhos e você tenta ver o que tem de bom no frigobar.
— Deixa comigo. — esfregava uma mão na outra, com expectativa sobre a noite deles não acabar ali mesmo.
"Podíamos jogar Strip Poker!", sugeriu Danny.
"Tem certeza?" como macaco não era possível ver o sorriso convencido dele. "Vai que a Bubulinda se apaixona por outro... Ninguém resiste ao tapetinho do amor!"
"Sai pra lá, Bumbum Borboleta!", Danny abria suas asas e golpeava, pelo menos tentava, o macaco.
— Ihhhhh, gente, que frigobar mais fuleiro esse! — balançava a cabeça negativamente. — Só licores e uns salgados de bar, pobreza.
"Mas e isso daqui, ? Parece um cardápio.", Danny estava ao lado dela, grasnando como se nada os impedisse de terem uma conversa normal.
— Hummmmm, bom pato! — a jovem massageou o animal com um sorriso. — Uma carta de vinhos e bebidas. Isso vai vir a calhar, né?
— Banho quente pronto!! E eu... Repaginada! — anunciou de volta à sala, fazendo poses para fotos imaginárias agora que seu rosto e cabelo estavam mais "apresentáveis". Faltava apenas a troca de roupa húmida, que aproveitou para fazer enquanto estava pendurada no telefone de serviço do hotel toda sorridente.
"A noite ainda promete."
"Sem dúvida!"



— Vai querer uma carona? — Fletcher perguntou assim que o primeiro grupo entrou no quarto de hotel.
olhou de um loiro para o outro, nem um pouco animada com a ideia de ser carregada igual a amiga. Só de vê-la de cabeça para baixo sua dor de cabeça aumentava.
— Passo. ObrigaAADA! Tom!!
— Lógico que não daquele jeito. — Tom assegurou, já com a garota sendo firmemente segurada em seus braços, e não como um saco de batatas.
— Obrigada... — ela se deixou apoiar a cabeça em seu ombro, tão abatida pela dor de cabeça que não havia espaço para se emocionar com o fato de estar nos braços de Fletcher.
— Grávidas, Idosos e Poynters carregando s primeiro!! — o rapaz dizia sofrido enquanto usava a chave cartão de para abrir a porta do quarto de hotel.
— Exageraaado... — Tom comentou risonho.





Continua...



Nota da autora: Hey, pessoas!!!
Demorei para enviar essa att, mas finalmente consegui!! =3
Quem está gostando?
A Zhou parece um bom partido pro nosso panda? XD




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