Capítulo 75 - Check-out
— Isso... Não pode estar certo. — os olhos de Fletch se abriam mais e mais conforme o longo documento de pagamento do hotel era impresso. — Deve haver um engano.
— Não senhor, sem enganos. — a recepcionista foi caridosa ao explicar, com uma caneta em mãos ela conferia os itens e serviços contratados. —...e frigobar na data de ontem.
— Frigobar?? — uma veia saltou no pescoço do empresário. — Vocês só podem estar de brincadeira! Olha o valor disso!!
— Fletch...
— Menos...
— Muuito menos...
— Por favor. Obrigado. — Danny finalizou a frase que começou com Harry, seguido de e .
Os quatro estavam sentados logo atrás de Fletch no salão principal em um sofá. E todos usavam óculos escuros para camuflar a ressaca sentida.
Fletch encrespou os lábios mais ainda.
— Vocês já não tinham bebido o suficiente na balada ontem?? — o comentário estava associado à lembrança dos estados de e .
— A gente nem tinha começado direito. — esclareceu, precisando se conter na indignação. Qualquer sentimento forte fazia sua cabeça doer mais.
Um olhar assassino foi direcionado a cada um deles, que por debaixo dos óculos tentavam dormir.
— Boom d-!!!
— Ssshhhiiuu!!! — a união dos quatro fez o som ficar bastante audível.
— , por favor... — disse para a amiga recém-chegada e com cara de confusa pela recepção.
— Menos, bem menos. — completou. Erguendo os óculos por um momento para ver que a amiga se encontrava perfeitamente bem em relação à noite anterior.
— Por favor. Obrigado. — repetiu Danny, dando a impressão de fazer aquilo mecanicamente.
— Sarou da ressaca? — quis saber, apoiando a cabeça no ombro de Danny.
— SI... sim. — ela buscou o tom mais baixo possível, após ver a expressão zangadas das outras duas. — Só não me lembro muito bem como.
Sabia que Tom havia lhe carregado até seu quarto, tirado os sapatos e prometido trazer uma aspirina. Mas após o loiro sair apagando a luz, ela não se lembrava de mais nada — embora um copo de água meio cheio estivesse em sua cabeceira pela manhã.
— ... — o empresário se voltou, conferindo um documento com as despesas vindas do quarto da menina. — Tudo em ordem, liberada pra tomar café da manhã pra irmos.
— E nós não? — Harry manifestou-se com uma voz arranhada pelo sono.
— Só depois que eu fechar essa conta. — Fletch disse com a cara fechada. — E eu ser ressarcido...
— Sorte que vocês são astros de banda e ricos. — riu escandalosa, deixando a cabeça cair para trás no sofá, aninhando-se na lateral do corpo de baterista.
— Com toda a certeza. — Harry envolveu a jovem ao seu lado com seu braço.
— Então vou querer receber com juros!
— Por favor. Obrigado.
— Bom dia!!! — disse com a animação de antes de ser censurada pelos amigos. No restaurante ela não demorou muito para localizar sentada com Dougie.
— Bom dia. — a amiga respondeu levemente estranha.
— Bom dia pra você que não acordou com um soco na cara! — Dougie virou-se para que pudesse ver um enorme bife cru sobre seu olho esquerdo.
— Que inferno, Dougie! Eu já pedi desculpas.
— Isso é alguma brincadeira esquisita de vocês dois? — estava confusa.
— Só se for pra ... — Dougie comentou de canto de boca, recebendo um olhar zangado da jovem. — Que foi?? Eu sou a vítima aqui!!
O mistério do jeito estranho de estava solucionado: ela detestava quem se fazia de vítima. Embora o inchaço na região do olho do rapaz lhe desse crédito.
— E o que você estava fazendo pra te acertar a mão na cara? — perguntou Tom, surpreendendo-os com sua chegada.
— Nada! Eu sou um anjo! — o loiro ergueu ambas as mãos em sinal de inocência, gesto que fez bufar em descrença.
— Aí já é demais também!
Um comentário levou a outro, nenhum dos dois queria ceder sobre quem estava mais certo. E e Tom os assistiam igual a uma partida de tênis.
— Acordou melhor hoje? — Fletcher perguntou com uma mão sobre a cabeça da menina. Deixando de lado a atenção dada aos outros dois.
— S-sim! Só não me lembro de tudo. Mas já estou bem melhor.
— Hunf! VOCÊ acordou e disse que eu parecia um anjo!!!
— Porque eu tinha acabado de acordar, e eu não imaginava que VOCÊ se aproveitou do meu estado pra dormir comigo.
— Ohh! — cobriu a boca com as mãos pela surpresa naquela reviravolta novelística. — Estava tarde e eu me cansei de ficar te carregando! É um crime??
— Depende. — Tom alisava o próprio queixo.
— Quer saber?! — usou ambas as mãos para se levantar da mesa, com Dougie inclinando-se para trás em sua cadeira, com medo de apanhar mais. — Eu tô com fome.
Sua mão se fechou no pulso de e saiu arrastando a amiga para a área do buffet.
— Eu acordei, mas ainda estava dormindo, sabe? Daí vi o Poynter, só que nem entendi que era ele. Pensei até que fosse um...
— Anjo! — completou o que a própria amiga era incapaz de repetir, fosse por vergonha ou orgulho demais.
— Ele também acordou naquele momento e me deu... bom dia sorrindo todo retardado... — as frutas que colocava no prato para o café da manhã eram servidas com certa violência, ainda mais com as lembranças do que narrava tão vívidas.
— Então? — incentivou a continuar, mordendo o canto do lábio para conter um sorriso.
— Dei um soco nele porque eu ainda não tinha ligado o rosto à pessoa. E...
estreitou seus olhos para a outra, ela não gostava como a expressão da amiga ia crescendo a cada parte contada. Era como se soubesse de um grande segredo, mas não pudesse mais guardar só para si.
— O que foi?
— Acho que você está gostando do Poynter... — cochichou.
— Quêê?? — estava em choque. E obviamente em negação.
— Você não acha também? — tentou fazer com que a amiga refletisse. Quem mais poderia dar certeza sobre aquilo?
— Não! Nem. Um. Pouco.
foi categórica e lhe dirigiu uma careta descrente.
— Mulher, você é o ser humano mais tranquilo e compreensível que conheço. Então, por que o Poynter fez está te tirando do sério assim?
Ela olhou sugestiva para o prato de , com pedaços de fruta e chantilly espatifados e colocados de qualquer maneira, em uma apresentação não muito apetitosa.
— Mas eu não... Só que eu não... — estava difícil formar uma só frase sequer.
— Acho que uma parte sua já começou a gostar dele. Só que fica difícil com ele agindo todo meloso e babão por ti, que é algo que...
— Tenho horror... — completou, sentindo um frio na espinha só de lembrar do apelido "zinha".
— Se ele não tivesse deixado tão claro que tem um precipício por você... — ponderava sonhadora. Para ela imaginar era fácil. — Quem sabe você teria percebido mais fácil que está gostando dele!
não respondeu. A amiga fazia tudo parecer muito simples em uma realidade imaginária.
Dougie tinha lhe explicado (depois de agonizar pelo soco recebido) que ele a levou até sua cama após ela apagar pelo efeito do vinho. E ela não estava brava por ele ter capotado de cansaço e sono ao seu lado. Mas pensar neles dois na mesma cama a deixava nervosa.
— Então você foi um cavalheiro. — Dougie afirmou aquilo que não acreditaria nem por um segundo. O mais velho lhe dava atenção com um mini sorriso de canto. — Levou a até o quarto, arranjou remédio e copo e daí vazou?
O sorriso em Tom aumentou, mas deixou que o outro continuasse em suas deduções.
— Por que eu acho que não foi bem assim, santo do pau oco?
— Porque talvez eu tenha acordado um pouco antes e fui para o meu próprio quarto. — a satisfação de Fletcher deixava claro o quanto ele se achava mais inteligente.
— Não acho que você receberia um soco na cara se ficasse... — havia uma ponta de inveja na voz de Poynter.
— Talvez. Mas foi melhor assim.
Antes que Dougie pudesse comentar algo mais, alguém se juntou à mesa.
Alguém ou um zumbi, por conta do estado de espírito.
— ... dia ... — James disse com a voz arrastada, com o corpo inclinado de lado sobre o encosto da cadeira.
— Você também participou da festa pós-festa? — Poynter quebrou o silêncio após a surpresa pelo estado acabado do amigo.
— Não, não... — James apoiou o braço sobre a mesa e o queixo sobre a mão, o rosto escorregando. — Eu só fiquei conversando por FaceTime com a Livie até altas horas assim que chegamos.
— A idade chega pra todos. — Dougie profetizou sabiamente, ignorando o olhar assassino recebido de Tom. — Sério, quem quer viver até...
— Tom, por favor. — um sonolento James pediu de olhos fechados por debaixo dos óculos escuros.
— Outch!!!
Dougie se reacomodou na cadeira, massageando o tornozelo recém-chutado por debaixo da mesa. Bourne e Fletcher sorriram maldosos e satisfeitos.
— E sem mais gastos exorbitantes, por favor. — o empresário chegou com os demais que faltavam, seu pedido soava uma bronca.
— O que houve, nanico? Caiu da cama?? — Harry ergueu uma sobrancelha confusa para Dougie e seu olho roxo, já aproveitando para garantir lugar ao lado do loiro.
— É uma história engraçada… — Tom comentou, sorrindo satisfeito, já de pé para ir até o buffet se servir.
— Me vê algo de bom! — James pediu com a manhosidade de alguém muito sonolento.
Dougie aproveitou a movimentação da maioria do grupo deles que se dirigia ao buffet primeiro para contar sua história, e pelas caras e bocas de , e Fletch, fazia o mesmo.
— Hum… — Harry se manteve sério para uma história que até Dougie admitia lá no fundo ser engraçada. Ele próprio estaria gargalhando, se não tivesse sido com ele, claro. Sentado logo depois do moreno, como se estivesse dormindo, Danny riu pelo nariz:
— ...zicado.
— Sim. E parece dos graves. — concordou Judd. Dougie passou a olhá-los com confusão.
— Zicado?
— É quando você falha pra conquistar alguém uma vez e então fica amaldiçoado, nunca conseguindo conquistá-la.
— ...nunca.
— Huh! — Dougie riu debochado. — Eu nunca ouvi vocês falaram disso! — os olhinhos azuis de Poynter se estreitaram, era comum que os mais velhos pegassem no seu pé por ser mais novo e, consequentemente, mais inocente.
— Oksana.
— Ruby.
As duas eras moças pelas quais Harry e Danny claramente babavam litros anos atrás, mas com quem jamais conseguiram ter algo, nem mesmo uma ficada.
— Hein? Então eu estou… zicado??
— Já foram tantas oportunidades perdidas com a que você parece estar zicado no nível extremo. — Harry inclinou-se levemente no sentido oposto ao de Dougie, como se estivesse com algo contagioso.
— Isso não pode ser verdade!
— Me disseram que tem uma possível solução, mas nunca pude tentar pra ver se é real. — comentou Harry, olhando ao redor, procurando uma vítima. — Você tem de passar pra frente a sua zica.
— Não senhor, sem enganos. — a recepcionista foi caridosa ao explicar, com uma caneta em mãos ela conferia os itens e serviços contratados. —...e frigobar na data de ontem.
— Frigobar?? — uma veia saltou no pescoço do empresário. — Vocês só podem estar de brincadeira! Olha o valor disso!!
— Fletch...
— Menos...
— Muuito menos...
— Por favor. Obrigado. — Danny finalizou a frase que começou com Harry, seguido de e .
Os quatro estavam sentados logo atrás de Fletch no salão principal em um sofá. E todos usavam óculos escuros para camuflar a ressaca sentida.
Fletch encrespou os lábios mais ainda.
— Vocês já não tinham bebido o suficiente na balada ontem?? — o comentário estava associado à lembrança dos estados de e .
— A gente nem tinha começado direito. — esclareceu, precisando se conter na indignação. Qualquer sentimento forte fazia sua cabeça doer mais.
Um olhar assassino foi direcionado a cada um deles, que por debaixo dos óculos tentavam dormir.
— Boom d-!!!
— Ssshhhiiuu!!! — a união dos quatro fez o som ficar bastante audível.
— , por favor... — disse para a amiga recém-chegada e com cara de confusa pela recepção.
— Menos, bem menos. — completou. Erguendo os óculos por um momento para ver que a amiga se encontrava perfeitamente bem em relação à noite anterior.
— Por favor. Obrigado. — repetiu Danny, dando a impressão de fazer aquilo mecanicamente.
— Sarou da ressaca? — quis saber, apoiando a cabeça no ombro de Danny.
— SI... sim. — ela buscou o tom mais baixo possível, após ver a expressão zangadas das outras duas. — Só não me lembro muito bem como.
Sabia que Tom havia lhe carregado até seu quarto, tirado os sapatos e prometido trazer uma aspirina. Mas após o loiro sair apagando a luz, ela não se lembrava de mais nada — embora um copo de água meio cheio estivesse em sua cabeceira pela manhã.
— ... — o empresário se voltou, conferindo um documento com as despesas vindas do quarto da menina. — Tudo em ordem, liberada pra tomar café da manhã pra irmos.
— E nós não? — Harry manifestou-se com uma voz arranhada pelo sono.
— Só depois que eu fechar essa conta. — Fletch disse com a cara fechada. — E eu ser ressarcido...
— Sorte que vocês são astros de banda e ricos. — riu escandalosa, deixando a cabeça cair para trás no sofá, aninhando-se na lateral do corpo de baterista.
— Com toda a certeza. — Harry envolveu a jovem ao seu lado com seu braço.
— Então vou querer receber com juros!
— Por favor. Obrigado.
— Bom dia!!! — disse com a animação de antes de ser censurada pelos amigos. No restaurante ela não demorou muito para localizar sentada com Dougie.
— Bom dia. — a amiga respondeu levemente estranha.
— Bom dia pra você que não acordou com um soco na cara! — Dougie virou-se para que pudesse ver um enorme bife cru sobre seu olho esquerdo.
— Que inferno, Dougie! Eu já pedi desculpas.
— Isso é alguma brincadeira esquisita de vocês dois? — estava confusa.
— Só se for pra ... — Dougie comentou de canto de boca, recebendo um olhar zangado da jovem. — Que foi?? Eu sou a vítima aqui!!
O mistério do jeito estranho de estava solucionado: ela detestava quem se fazia de vítima. Embora o inchaço na região do olho do rapaz lhe desse crédito.
— E o que você estava fazendo pra te acertar a mão na cara? — perguntou Tom, surpreendendo-os com sua chegada.
— Nada! Eu sou um anjo! — o loiro ergueu ambas as mãos em sinal de inocência, gesto que fez bufar em descrença.
— Aí já é demais também!
Um comentário levou a outro, nenhum dos dois queria ceder sobre quem estava mais certo. E e Tom os assistiam igual a uma partida de tênis.
— Acordou melhor hoje? — Fletcher perguntou com uma mão sobre a cabeça da menina. Deixando de lado a atenção dada aos outros dois.
— S-sim! Só não me lembro de tudo. Mas já estou bem melhor.
— Hunf! VOCÊ acordou e disse que eu parecia um anjo!!!
— Porque eu tinha acabado de acordar, e eu não imaginava que VOCÊ se aproveitou do meu estado pra dormir comigo.
— Ohh! — cobriu a boca com as mãos pela surpresa naquela reviravolta novelística. — Estava tarde e eu me cansei de ficar te carregando! É um crime??
— Depende. — Tom alisava o próprio queixo.
— Quer saber?! — usou ambas as mãos para se levantar da mesa, com Dougie inclinando-se para trás em sua cadeira, com medo de apanhar mais. — Eu tô com fome.
Sua mão se fechou no pulso de e saiu arrastando a amiga para a área do buffet.
— Eu acordei, mas ainda estava dormindo, sabe? Daí vi o Poynter, só que nem entendi que era ele. Pensei até que fosse um...
— Anjo! — completou o que a própria amiga era incapaz de repetir, fosse por vergonha ou orgulho demais.
— Ele também acordou naquele momento e me deu... bom dia sorrindo todo retardado... — as frutas que colocava no prato para o café da manhã eram servidas com certa violência, ainda mais com as lembranças do que narrava tão vívidas.
— Então? — incentivou a continuar, mordendo o canto do lábio para conter um sorriso.
— Dei um soco nele porque eu ainda não tinha ligado o rosto à pessoa. E...
estreitou seus olhos para a outra, ela não gostava como a expressão da amiga ia crescendo a cada parte contada. Era como se soubesse de um grande segredo, mas não pudesse mais guardar só para si.
— O que foi?
— Acho que você está gostando do Poynter... — cochichou.
— Quêê?? — estava em choque. E obviamente em negação.
— Você não acha também? — tentou fazer com que a amiga refletisse. Quem mais poderia dar certeza sobre aquilo?
— Não! Nem. Um. Pouco.
foi categórica e lhe dirigiu uma careta descrente.
— Mulher, você é o ser humano mais tranquilo e compreensível que conheço. Então, por que o Poynter fez está te tirando do sério assim?
Ela olhou sugestiva para o prato de , com pedaços de fruta e chantilly espatifados e colocados de qualquer maneira, em uma apresentação não muito apetitosa.
— Mas eu não... Só que eu não... — estava difícil formar uma só frase sequer.
— Acho que uma parte sua já começou a gostar dele. Só que fica difícil com ele agindo todo meloso e babão por ti, que é algo que...
— Tenho horror... — completou, sentindo um frio na espinha só de lembrar do apelido "zinha".
— Se ele não tivesse deixado tão claro que tem um precipício por você... — ponderava sonhadora. Para ela imaginar era fácil. — Quem sabe você teria percebido mais fácil que está gostando dele!
não respondeu. A amiga fazia tudo parecer muito simples em uma realidade imaginária.
Dougie tinha lhe explicado (depois de agonizar pelo soco recebido) que ele a levou até sua cama após ela apagar pelo efeito do vinho. E ela não estava brava por ele ter capotado de cansaço e sono ao seu lado. Mas pensar neles dois na mesma cama a deixava nervosa.
— Então você foi um cavalheiro. — Dougie afirmou aquilo que não acreditaria nem por um segundo. O mais velho lhe dava atenção com um mini sorriso de canto. — Levou a até o quarto, arranjou remédio e copo e daí vazou?
O sorriso em Tom aumentou, mas deixou que o outro continuasse em suas deduções.
— Por que eu acho que não foi bem assim, santo do pau oco?
— Porque talvez eu tenha acordado um pouco antes e fui para o meu próprio quarto. — a satisfação de Fletcher deixava claro o quanto ele se achava mais inteligente.
— Não acho que você receberia um soco na cara se ficasse... — havia uma ponta de inveja na voz de Poynter.
— Talvez. Mas foi melhor assim.
Antes que Dougie pudesse comentar algo mais, alguém se juntou à mesa.
Alguém ou um zumbi, por conta do estado de espírito.
— ... dia ... — James disse com a voz arrastada, com o corpo inclinado de lado sobre o encosto da cadeira.
— Você também participou da festa pós-festa? — Poynter quebrou o silêncio após a surpresa pelo estado acabado do amigo.
— Não, não... — James apoiou o braço sobre a mesa e o queixo sobre a mão, o rosto escorregando. — Eu só fiquei conversando por FaceTime com a Livie até altas horas assim que chegamos.
— A idade chega pra todos. — Dougie profetizou sabiamente, ignorando o olhar assassino recebido de Tom. — Sério, quem quer viver até...
— Tom, por favor. — um sonolento James pediu de olhos fechados por debaixo dos óculos escuros.
— Outch!!!
Dougie se reacomodou na cadeira, massageando o tornozelo recém-chutado por debaixo da mesa. Bourne e Fletcher sorriram maldosos e satisfeitos.
— E sem mais gastos exorbitantes, por favor. — o empresário chegou com os demais que faltavam, seu pedido soava uma bronca.
— O que houve, nanico? Caiu da cama?? — Harry ergueu uma sobrancelha confusa para Dougie e seu olho roxo, já aproveitando para garantir lugar ao lado do loiro.
— É uma história engraçada… — Tom comentou, sorrindo satisfeito, já de pé para ir até o buffet se servir.
— Me vê algo de bom! — James pediu com a manhosidade de alguém muito sonolento.
Dougie aproveitou a movimentação da maioria do grupo deles que se dirigia ao buffet primeiro para contar sua história, e pelas caras e bocas de , e Fletch, fazia o mesmo.
— Hum… — Harry se manteve sério para uma história que até Dougie admitia lá no fundo ser engraçada. Ele próprio estaria gargalhando, se não tivesse sido com ele, claro. Sentado logo depois do moreno, como se estivesse dormindo, Danny riu pelo nariz:
— ...zicado.
— Sim. E parece dos graves. — concordou Judd. Dougie passou a olhá-los com confusão.
— Zicado?
— É quando você falha pra conquistar alguém uma vez e então fica amaldiçoado, nunca conseguindo conquistá-la.
— ...nunca.
— Huh! — Dougie riu debochado. — Eu nunca ouvi vocês falaram disso! — os olhinhos azuis de Poynter se estreitaram, era comum que os mais velhos pegassem no seu pé por ser mais novo e, consequentemente, mais inocente.
— Oksana.
— Ruby.
As duas eras moças pelas quais Harry e Danny claramente babavam litros anos atrás, mas com quem jamais conseguiram ter algo, nem mesmo uma ficada.
— Hein? Então eu estou… zicado??
— Já foram tantas oportunidades perdidas com a que você parece estar zicado no nível extremo. — Harry inclinou-se levemente no sentido oposto ao de Dougie, como se estivesse com algo contagioso.
— Isso não pode ser verdade!
— Me disseram que tem uma possível solução, mas nunca pude tentar pra ver se é real. — comentou Harry, olhando ao redor, procurando uma vítima. — Você tem de passar pra frente a sua zica.
Capítulo 76 - Se beber, não viaje!
— “Façam suas malas e me encontrem no saguão”. Pffff… Hahaha…
Por cima do próprio ombro, os olhos de se encontraram com os de , a raiva crescendo confirme o elevador subia. A amiga tentou retribuir com um sorriso amarelo: tentou saber do que Danny ria, e como resultado ele passou a rir mais e explicar sempre repetindo as palavras de Fletch sobre o que eles tinham de fazer.
— “Façam suas malas”, hehehe, “Façam suas malas…”
— A aspirina ajudou vocês com a dor de cabeça? — tentou desviar a atenção dada ao sardento.
— Mais ou menos. — foi vaga, pois Danny estava sendo a dor de cabeça em pessoa.
— Hehehe…
— ‘Tô melhor também. E essa coisa não vai mais rápido, não? — os olhos do moreno estavam presos aos números iluminados indicando o andar. Tinham acabado de passar pelo nono andar e iriam até o décimo sétimo. E assim como Coca-Cola e Mentos são uma má combinação, Danny e pós-ressaca eram uma péssima combinação.
— “Façam suas malas”, hehehe...
— PRA. MIM. DEU. — a veia na testa de dobrou de tamanho.
“Ai, não…”, e Harry pensaram ao mesmo tempo.
— Qual é a graça, sardento?!?! Desembucha! Dormiu com o Bozo, foi?
— É que ele disse “Façam suas malas…”, “Façam suas malas…” — Danny continuava com sua risada frouxa mesmo com pendurada nele segurando-o pelas roupas.
— !!! Larga o Danny… Harry, ajuda aqui!
O baterista demorou a tomar qualquer atitude, afinal, o amigo estava mesmo pedindo por uma coça.
— ‘Miga, liga não. É só o Danny sendo o Danny. Se controla.
— Argh, mas aí tem coisa, viu? — ajeitou suas roupas com o máximo de classe que alguém podia ter após um acesso de raiva.
— O que é isso? — Dougie olhou em pânico para os quatro cantos do elevador onde estava com , e Tom. Um som macabro e sombrio começou a crescer naquele ambiente fechado, dando a sensação de ser meia-noite e estar em um cemitério de mortos-vivos.
— Dougie!! — Tom quase caiu com o peso inesperado de Poynter ao se jogar em seus braços para ficar seguro.
— É só meu toque de celular, gente. — esclareceu com o telefone em mãos, encarando os rapazes com um misto de estranheza e riso.
— É o tema de ‘Ghostbusters’? — Tom meio que sorria por ter reconhecido a música, com Dougie em seus braços.
— Hunf! Eu já sabia disso. — garantiu o loiro enquanto era descido dos braços de Tom quase sem cuidado.
— Não vamos cair nessa não, nanico! — mal conseguiu falar a provocação pela risada.
— Ei, mas você não vai atender? — perguntou Tom, pois a música, por mais que ele gostasse, significava que alguém estava ligando e aguardando ser atendido.
— Annnnnnnnnhhhh…. — manteve essa resposta até que o celular finalmente se calou. — Ih! Mas que droga. Desligaram. Fazer o quê!
Os dois companheiros de banda se entreolharam, pouco convencidos com a decepção na voz dela. rolou os olhos discretamente. A amiga quem ligou primeiro pedindo ajuda para o irmão de , então ele ligar de volta para saber como tinha se saído era óbvio.
— Só… arranje um toque menos assustador. Por favor. Obrigado. — Poynter disse com segurança, copiando os amigos. Os olhos fixos na fileira de números de andares no canto superior do elevador, como se não tivesse tido um faniquito momentos antes.
— Hummmm.. Mas, gente... — coçava a parte detrás da cabeça, confusa. Algo não estava certo naquele quarto de hotel. Ela até olhou por cima do ombro: aquele era mesmo seu quarto? Sim, era. — Cadê as roupas e a mala, droga?!
O pequeno armário tinha os cabides vazios, nenhum item de maquiagem estava mais no topo da cômoda ou dentro das gavetas e nem mesmo sua mala cor roxa berrante estava à vista.
— ! — entrou no quarto ligeiramente aflita. — Me diz que quando você fica bêbada te baixa o espírito de ‘gata borralheira’ e daí você arrumou nossas malas ontem.
— Você também não acha nada seu? — a jovem fez alarde. Sondar a amiga com a mesma possibilidade era sua próxima estratégia. Mas com estando ali com o mesmo problema...
— Vamos ver com os rapazes, vai que eles sabem ou se lembram de algo. — foi a ideia brilhante de , embora fosse mais um tiro no escuro.
a cortou cética:
— Querida, se nós que temos cérebro não lembramos, imagina eles!
murchou por um instante, até estalar os dedos de uma das mãos:
— O Danny sabe! — estreitou os olhos, pelo menos o tanto que sua dor de cabeça permitia, sorrindo confiante e levando a imitá-la.
— Por isso o sardento estava rindo no elevador.
— Eeexato. A parte bêbada daquele Jones sabe o que houve.
— AHHHH, EU SABIA! Eu sabia que tinha caroço nesse angu!!! — comemorou sua intuição fechando os punhos, e então marchou invocada com a amiga atrás de si para o quarto dos rapazes.
— Mano… Mentira que o Alex fez isso… — encarava descrente o cenário diante de si, estava começando a se arrepender de ter entrado na onda de .
— Ué, então atende o menino e pergunta na lata pra ele! — a amiga a desafiou. Prendeu os cabelos para que eles não impedissem sua visão do ‘percurso’. E deitou sua mala de viagem, agora com todas as roupas e pertences guardados nela, no primeiro degrau do lance de escada de emergência.
— Mano… A gente vai morrer!!
— Bobagem, mulher! Vai perder essa oportunidade? A gente não fica se hospedando em hoteis pra poder testar isso. O Alex fez e está vivo, não? — acomodou-se sobre a mala, posicionando para ficar bem próxima à borda. Enquanto a amiga decidia, titubeou sobre o que tinha acabado de falar, e colocou-se de pé sobre a mala, como se fosse um skate.
— O Alex disse que fez, é diferente! Devíamos ter chamado os meninos…
— Até parece! Não iam nos deixar fazer isso. E provavelmente o Dougie iria me enrolar em plástico bolha.
— Verdade! Arrgh, tá bem... — cedeu para seu lado aventureiro e comemorou com palmas. — Mas eu vou sentada.
— Como ficar melhor pra você, mulher. — a mala de foi deslocada para o canto para ceder espaço para a mala da amiga.
— Muito bem, ganha quem chegar primeiro no térreo.
— E não vale empurrar a amiguinha pra fora da pista, ou seja, a escada.
— Que comecem os jogos!!! — elas gritaram em dupla, dando em pulso sobre as malas e começando a descer as escadas com o efeito da gravidade.
— Ei, por acas-...
— Licença, que eu estou passando! — já saiu invadindo o quarto de Danny e Harry em busca do sardento quando Harry abriu a porta. Seus modos fizeram rolar os olhos e ficar ligeiramente vermelha.
— Tudo de vocês também sumiu. — concluiu o baterista.
— A gente pensou que talvez o Danny saiba o que rolou. Por isso fica rindo. — explicou a presença delas ali, vendo pelo canto do olho interrogar sem sucesso um risonho Danny sobre os eventos da noite anterior.
— Também pensei nisso, só que... — Harry cruzou os braços, falando com propriedade por conviver a tanto tempo com Jones. — Digamos que o Tico bêbado não conversa com o Teco sóbrio.
— E vocês nunca criaram uma solução pra isso? — desistiu de questionar e chacoalhar o sardento pela gola da roupa, dele saíam apenas risadinhas.
— Bom, nunca foi preciso… até agora. Mas tem um episódio antigo, bem antes de eu entrar na banda, na Disney.
— Beleza, vamos convocar o Tom ou o James. — sentenciou facilmente. — Eu não arredo o pé hotel sem minhas coisas.
— Hahaha… “Façam suas malas e me encontrem no saguão”. Hahaha…
— Mas é verdade!
Tom conteve sua vontade de revirar os olhos com relação ao que Dougie vinha lhe dizendo no elevador, cada um com sua mala já arrumada a tiracolo. Estavam descendo para se encontrarem com os demais no saguão, conforme o que Fletch estabeleceu.
— Não existe essa história, mate.
— Sim, existe! Pensa bem... Foi um episódio infeliz atrás do outro com a ! Quando eu tentei contar pra , um; quando ela tentou se declarar pra mim, dois…
— Você não sabe se ela estava mesmo se declarando. — Tom disparou aquele ponto importante que atingiu Dougie como um soco. E o menor se esforçou para não revidar o comentário com um soco de verdade.
— EN-FIM!! Tudo aponta que eu estou ‘Zicado’!
— Coincidências…
— Zi.Ca.Do!!
— Ou escolha infeliz de momento…
— Zi. Ca.Do!!! Zi.Ca.Do!!!! Zi.Ca.Do!!!!
— Tá bem! Entendi! Entendi! E como você deixa de estar zicado? — o loiro suspirou, o melhor seria entrar na onda do nanico. Do contrário o amigo ficaria ainda mais birrento.
— Os guys disseram que é tipo gripe: você melhora passando pra outro.
Tom ficou pensativo, seu senso comum de Tom lhe dizia que a cura para a gripe eram remédios, enquanto isso Poynter diminuía a distância física entre eles. O loiro mais alto sentiu seu espaço ser invadido pelo outro, deixando o lugar claustrofóbico, sendo que estavam apenas os dois em um amplo elevador com capacidade para dez pessoas.
— Dougie, se você espirrar em mim, eu juro...
— Não seja burro, né, Tom! — o menor afugentou aquela possibilidade com muita segurança. — Não estou gripado, estou zicado. Então...
— Então...?! — Fletcher perguntou com certo medo, que aumentou quando as mãos de Poynter se fecharam ao redor de seu rosto.
— Não se espirra, Tom, se beija.
Capítulo 77 - Momentos desesperados exigem medidas desesperadas, certo?
— Mas eu ainda não terminei de arrumar minhas coisas!! — protestava James enquanto era empurrado à força por Harry.
— Precisamos da sua ajuda nessa questão… E não dava pra falar na frente do Fletch sem ele nos matar um pouco.
— Um pouco?? — riu pelo nariz, descrente. Fletch os mataria muito. Ou pior, lhes daria um interminável sermão.
— Tá bem, tá bem. — o loiro ergueu as mãos, rendendo-se, de má vontade. — Qual o problema?? Perderam os cadeados da malas?
Os três riram, se fosse assim tão simples, eles não teriam recorrido ao Bourne. Mas a explicação era breve.
— Então, não tem mala…?
— Não.
—… nem roupas…?
— Também não.
—… nem nada?!
— Nada de nada! — as respostas dos amigos fizeram James coçar o queixo com uma careta confusa.
— E não adianta tentar perguntar diretamente pro Danny a respeito — alertou ao acompanhar o olhar de James para o amigo de longa data largado no sofá. —, ele ri do assunto, mas não se lembra por que é engraçado.
— E como eu vou ajudar? Me querem de cão farejador??
— Não, besta! O Danny sabe de algo, mas é o lado bêbado dele que sabe. — explicou .
— Precisamos que nos ajude a arrancar alguma informação daquela mula. — deixou o óbvio mais óbvio quando James ficou mudo e pensativo por tempo demais.
— Ow! Não fale assim dele, ! — ainda tentou defendê-lo, mas a amiga apenas revirou os olhos ao ignorá-la.
— Uau… — o loiro cruzou os braços, as mãos enterradas nas axilas, assombrado. — E como eu vou saber fazer isso?
— Eu lembrei de um caso parecido que você e o Tom contaram uma vez… Na Disney… — Harry apelou para a memória do loiro.
— N.Ã.O.
— Quê?! — as jovens gritaram em uníssono. Nisso, James virou Harry consigo para ficarem de costas para elas.
— Dude, essa é uma péssima, péssima, péééssima ideia. — alertou James, entortando a boca com exagero. e se aproximaram dos rapazes, sem descrição alguma. — Sabe como as pessoas mudam quando estão bêbadas? Tem o que ama todo mundo, o brigão, o filósofo…
— O Danny é um bêbado de boa. — se intrometeu, dando de ombros.
— Pode ser, quando bêbado da primeira vez, mas vocês não sabem como ele é na segunda! — James estava exaltado demais e os outros não o acompanhavam. — Vai dar ruim!
— O que ele vira? — perguntou receosa.
— Rei Julien.
— O rei dos lêmures??
— De “Madagascar”??
— Vão por mim, vocês não vão querer ver.
— A-há!!! Campeã invicta!!! — comemorava com uma dancinha parada no mesmo lugar. Tinha sido uma disputa desafiadora descer as escadas desde o andar delas até o térreo em cima de uma mala de viagem. E ela precisaria agradecer ao Alex pela dica.
— Ai, gente… Como eu ri. — passava a mão pela barriga com câimbras de tanto ter rido pelos corredores das escadas. era muito mais habilidosa, e saber andar de skate contava em favor da amiga vencedora.
— Isso é… seu celular? — embora o celular de estivesse no bolso canguru do casaco moletom, perguntou encarando o teto como seu maior suspeito.
— Sim. Alex de novo. — deu um sorriso esquisito igual ao das galinhas do filme “Fuga das Galinhas”. — Atendo? Eu ainda não sei o que contar sobre ontem.
— É claro que atende, palhaça! Só vai deixar ele mais insistente. Se ele voltar pra aquela fase de detetive, danou-se! Pra você, pra gente, para os mcguys… — aquilo era o jeito mais honroso de chamar alguém de “stalker” da vida alheia.
— Oii, Alex!! — forçou muito entusiasmo. Os argumentos da amiga foram mais do que suficientes. Não, elas não precisavam do irmão vasculhando suas redes sociais e de contatos atrás do que elas vinham aprontando nas últimas semanas.
— Danny…?? — o chamou de mansinho.
Todos deram um passo atrás, para que o sardento tivesse ar para respirar. aguardava ansiosa com o funil improvisado em suas mãos, enquanto Harry e suas grandes mãos seguravam entre os dedos vários vidrinhos de bebidas. James deu passos a mais, só para garantir. E colocou-se quase que atrás de para não ser visto e reconhecido de imediato por Jones.
O sardento deixou escapar um soluço quase de desenho animado, jogando a cabeça para trás antes de inspecionar cada um dos que o encaravam.
Um grande sorriso brotou no rosto do moreno.
— Jaaames!! Mas se não é o meu amigo bonitinho de uma distância razoável. — Danny ficou de pé.
— Ai, não. — o loiro gemeu, encolhendo-se como uma tartaruga.
— Não pense que esqueci da nossa noite juntos, loirudo! Você está me devendo… — os braços de Danny prenderam um paralisado James, afagando seus cabelos.
— NÃO!! De novo nãoo!!
Um soco e um pontapé depois, James correu para fora do quarto de hotel mais rápido do que os olhos conseguiam acompanhar.
— Essa vez que eles foram pra Disney… — voltou sua cabeça lentamente na direção de Harry.
— Nunca me deram todos os detalhes. — o moreno a encarou cúmplice.
— Agora sabemos que tem caroço nesse angú. — ela completou sua ideia, com o baterista concordando com um aceno e estreitando os olhos com a determinação de descobrir todos os podres do episódio.
— Foco, gente, foco! — estalava os dedos diante de seus rostos. — Danny!! Danny, você sabe onde estão nossas coisas de viagem?
— Oras, mas por que a pergunta? — disse debochado o sardento.
— Precisamos das nossas coisas pra ontem, sua mula! — o suspense do paradeiro de suas preciosas roupas e caros sapatos estava matando a .
Danny fez careta de quem chupou um limão azedo:
— Meeu amooor, ó, aqueles sapatos não te cabem, você não é 36 nem a pau; Haz, suas roupas estão onde seus mullets devem ficar, no passado; e linda… OUTCH!
O estômago de Jones foi atingido em cheio por dois golpes certeiros e sincronizados de Harry e . os agradeceu mentalmente, pois dependendo do que o sardento dissesse, eles poderiam não ser mais ficantes exclusivos.
— O Bourne estava certo. — soprou alguns fios de cabelo caindo sobre seu rosto, recompondo-se, o orgulho ainda ferido. Danny estava igual o Rei Julien com seus comentários inapropriados.
— Daniel Alan David Jones — disse pausadamente e erguendo as sobrancelhas. —, você vai nos dizer agora onde estão nossas coisas, senão… o meu favorito no McFly vai ser o Dougie e não você!
—… Tudo o que você quiser, fofa! — ele respondeu de imediato. Então marchou para fora do quarto de hotel, com os demais em seu encalço.
— Que raios de ameaça foi essa?? — encrencou com a solução da amiga, colocando as mãos na cintura.
— Mundo cão. — Harry jamais admitiria que ele também cederia rapidamente se lhe fizesse a mesma ameaça. Danny, Tom e ele não precisavam de mais moças se juntando ao enorme exército de fãs ensandecidas por Dougie Poynter.
James Bourne passou pela porta de seu quarto de hotel e a fechou atrás de si com o peso do próprio corpo — se a porta tivesse aquele fecho com corrente, teria usado para garantir que Jones ficasse do lado de fora.
— James…?? — Fletch apareceu trazendo sua mala de rodinhas, assustando Bourne e se assustando pela reação do primeiro.
— Jones!! Rei Julien!!! — o loiro explicou apontando para a porta com nervosismo de quem viu um fantasma.
— Anh, vocês nunca me contaram tudo sobre aquele dia. — Fletch comentou, levemente curioso, só que nada mais foi dito pelo loiro apavorado. O empresário suspirou, colocando a mão em um dos bolsos da calça social e mostrou uma palheta para Bourne. — Notei uma palheta perdida no meu quarto.
Se não fosse pelo fato de Jones estar do lado de fora daquele quarto de hotel, James teria saído de lá em pânico e gritando da mesma forma que saiu do quarto de Danny e Harry.
— ...Uma palheta? Caramba, que inusitado, hein? — os dois estavam com o olhar fixo um no outro, um aguardando, o outro adiando as explicações.
— Já sei que vocês estiveram no meu quarto, ok?
James ainda podia fugir. Era arriscado, só que ficar também não era uma boa ideia. Fletch suspirou outra vez, frustrado, a cara de paisagem de Bourne indicava que não havia ninguém ali.
— Certo. Quero que dê uma examinada nisso. — o empresário se afastou até um móvel e voltou com um folhetos nas mãos. O loiro continuou o encarando perdido pela situação. — Não estou escondendo, apenas não sei se isso é pra valer. E se não for, não quero ninguém entrando na fossa à toa. Mas se for… Bem, aí eu não sei o que faremos.
— Espera, espera, espera! — em algum ponto vago da mente, o loiro podia ouvir algum comentário sendo feito por um deles sobre aqueles folhetos que ele tinha em mãos agora. Mas eles os deixaram de lado e buscaram por outras provas mais possíveis. — Se isso for real, você devia ter deixado todos nós avisados! Tipo, antes mesmo da gente entrar no avião. — o empresário não lhe deu muito crédito. — Pelo menos assim todos podemos nos preparar para o pior!!
Bourne estando sentado no chão de costas para a porta, e Fletch se juntou ao seu lado.
— Desde antes da viagem estamos contando com o pior… As meninas são quem mais pensam de forma positiva. E quando chegarmos lá, não vai fazer mais diferença, vamos saber se há uma cura ou não.
— Oi, sumida! Você não tem vergonha de ficar ignorando minhas ligações, não?? — diferente de , o irmão atendeu no primeiro toque quando ela ligou.
— Eu…
— Ihhhhh, não deu certo. Foda-se, ele quem ‘tá perdendo! — perdeu o fôlego reunido antes de falar e ter sua fala atropelada. Era sempre fácil falar com Alex, pois ela não tinha de dizer muito. — Me diz o número do sistema de saúde dele e eu cuido disso.
— Não! Não precisamos de medidas drásticas. Nós… estamos como amigos. — respondeu rindo de nervoso pelo jeito “assassino de aluguel” de Alex resolver as coisas. Ao seu lado, sorriu toda alegre, que acenou para alguém atrás da amiga.
— Esse Tom Fefletcher vai pra minha lista. — Alex sentenciou e a menina rolou os olhos, todos os pretendentes de qualquer uma delas sempre acabavam na tal “Lista de Otários”, com Alex sistematicamente afastando os caras listados nela.
— Nã-nã-nã-nã-não! Nada de lista, ele é legAAAAAU!!!!! — ela se virava para quem acenava, mas tinha uma mala no meio do caminho.
— Foi mal, mate. Mas você sabe que eu não podia contar nem com o Danny nem o Harry pra isso. Cada um já se deu bem com a e a . — Dougie deu de ombros, sorrindo amarelo para o amigo, que estava de cara fechada e com uma mão lhe cobrindo a boca e a outra empurrando o baixista.
— É… Imaginei... Só não entendi por que teve que ter língua!!
Dougie fez cara de paisagem.
— Pra garantir, ué! E eu também não queria ter de ficar te beijando umas três ou quatro vezes só pra ter certeza. Além do mais, qual o problema? Você disse que não acredita mesmo!
— Isso não significa que eu queria um beijo seu, nanico, e de língua!!
— Pensa que é um brinde. — a atenção de Dougie se desviou, pois no mesmo instante as portas do elevador se abriram e seus olhos encontram por acaso as figuras de e bem no meio do saguão do hotel.
— Dougie!! — Tom puxou o amigo pela fila da camisa com urgência. E hesitou sobre como dizer o seguinte: — Sei que você está animado com a história de estar livre da zica, mas… Não força nada, deixa rolar apenas, ok?
O menor não sorria mais da mesma forma como antes, mas assentiu:
— É, eu sei. Só que… tá bem, tá bem. Vou ficar na minha!
— Ótimo! — Tom tentou sinalizar com a mão para as meninas logo a frente. os viu primeiro, sorrindo em resposta. se virou na direção que a amiga acenava, dando um passo para trás e tropeçando atrapalhada em sua mala de rodinhas.
O caminhar dos rapazes congelou — negativamente surpresos. Dougie falou pelo canto da boca para um Tom confuso:
— A zica pegou?
Capítulo 78 - Um Danny muito louco
— Já chegamos?? — perguntou uma oitava mais alto que o necessário para ser ouvida por Danny, que liderava o grupo, enquanto ela era a última.
— Estamos quase lá, meu bem. — Danny respondeu à altura, colocando as mãos no quadril, e bufando.
— Mas já subimos tudo o que tinha pra subir. — Harry disse, uma vez que não se manifestou. A vontade dela era um soco bem dado no petulante, exibido e convencido Danny em estado rê-bêbado. Um efeito comum que o sardento provocava como Rei Julien. — Pra onde estamos seguindo?
— Não é meio óbvio, gente? — já tinha todo o mistério resolvido, e estava incrédula que os demais não tivessem percebido por si próprios, depois o Jones que era lento! — Está no telhado do prédio. Não dá pra chegar lá de elevador.
— Telhado?? Tipo “Se beber não case”? — Harry disse.
— Sempre soube que esse filme ia voltar pra me assombrar… — o comentário de fez dar uma inesperada gargalhada, inesperada até para ela.
— Voltar de que maneira, miga?
— Bem desse jeito!
— Fala sério. — debochou Jones.
— Fala sério você, que acha que vai acabar como "Um Morto Muito Louco". — Harry rebateu.
— Eu sei que vou! E esse cenário é muito pior, valeu, vou estar morto! — Jones se defendeu.
— Você acha que vai acabar morto e com os mcguys fingindo que você ainda está vivo pras demais pessoas??! — o riso frouxo de cresceu tanto que ela precisou se apoiar na parede, limpando o canto do olho de uma lágrima, de tão ridícula que era a ideia.
— Vocês vão ver!!! — Danny estava pessoalmente ofendido, empinando tanto seu nariz com sardas que não via o chão por onde andava. E com o mesmo exagero em cada gesto, abriu a porta cinza metálica que dava nas escadas, as últimas de todo o edifício. — Ca-ham! Quando os guys fingirem que estou vivo, linda, não me procure para um último rala e…
A ameaça sem sentido do sardento foi atravessada por sons que pareciam fantasmagóricos e tomavam conta de todo o espaço. logo pulou nos braços Harry, quem por sorte teve força nos músculos dos braços para aquela exigência de força súbita. Danny repetiu o movimento, porém na direção de e seus braços, que desviou no último segundo cruzando os braços.
— Que coisa horrível é essa? — o eco ficou mais intenso.
— Não lembro de dizerem que aqui era um hotel mal-assombrado. — disse, mantendo a pose que impedia Danny de se jogar nos braços dela.
— Temos de fugir! Danem-se nossas coisas! — Danny já tinha girado sobre seus calcanhares, batendo em retirada quando a gola de sua camisa se esticou ao máximo.
— Alto lá, mané! Tem mais medo de fantasmas ou do Fletch?? — a pergunta de o pegou em cheio. Sem dúvida o empresário era mais assustador. — Fiquem tranquilos. Algo me diz que na verdade estamos ouvindo a e a . Quem mais acreditava em todos os feitos do seu irmão, ?
— Meu irmão?! — as sobrancelhas de desceram até quase formarem uma linha só. Foi então que ela desceu dos braços de Harry, já não tão perturbada pelos sons. — O surf em mala de viagem?? — se colou ao corrimão das escadas, inclinando-se para flagrar as duas amigas fazendo isso, mas não se via nem um breve vulto delas. — Mas isso é…
— Impossível. — Harry declarou como um cético, na beirada do lance das escadas, fazendo contas mentalmente.
— Imbecil. — ralhou , concluindo sua fala.
— Espera, seu irmão fez isso pra valer? No duro?
— Vai saber, Hazz. — cruzou os braços e deu de ombros, eles não estavam ali para questionar os feitos de Alex, que eram muitos.
— Challenge accepted!
— Sai fora, Danny. Isso é coisa de criança! Agora, podemos resgatar meu Jimmy Choo? — seguiu o resto das escadas que dava na porta do terraço do hotel determinada. Se não estavam lidando com fantasmas, então precisavam voltar com a missão original de resgatar suas coisas.
— Foi… coincidência. — Dougie insistiu mais uma vez, mexendo o mínimo possível a boca, com ligeira confiança. Se ele mentisse até para si mesmo, podia se tornar real.
— Claro. — Tom concordou rápido, mas no fundo estava arreio para aquela possibilidade. Eles caminhavam emparelhados, com passos lentos e rígidos.
— Não tem nada a ver.
— Sem dúvidas!
— É óbvio!
— … não pode funcionar tão rápido. — Dougie disse baixo para si, surpreso. E recebeu um olhar atravessado de Tom no mesmo instante. — MAS! É claro que não tem nada a ver!! É coincidência!! Sem dúvidas!!!
— Tô bem! Tô bem! Nada quebrado! — garantiu com um amplo sorriso enquanto se colocava de pé com a ajuda de .
— Estão aguardando faz muito tempo?
— Nãão. — respondeu Dougie tentando se fazer de inocente. Não era como se elas tivessem terminado de arrumar suas coisas o mais rápido que podiam para ir testar a história de Alex e surfar nas escadas do hotel. E não era como se Dougie ou Tom pudessem descobrir aquilo só de olhá-las.
— Estão te ligando… — Tom apontou para o celular de , sem conseguir ver quem a chamava. — Não vai atender?
— Annnh, é mesmo…?? OOhhhhhh… hhhhhhhhh, pena que caiu. — ela fez caras e bocas, respondendo por mensagem, longe das vistas de Tom, de que mais tarde retornaria o contato de Alex.
— Tá achando que é possível? Ou lorota total? — Danny sussurrou as palavras atrás da orelha de um concentrado Harry, fazendo-o se encolher com o arrepio incômodo. O baterista foi o primeiro a terminar de recolher suas roupas largadas no terraço, socado-as de qualquer jeito na mala de mão.
— Não… Não tem como. — ele disse bem seguro de si. Os olhos castanhos estreitados pelos cálculos mentais.
— Bom, só tem um jeito de descobrir, né, não? — Danny se colocou ao lado do amigo, tombando sua mala ao pé do primeiro degrau e o pé direito sobre ela com o sapato azul brilhante de salto alto.
— Danny… — Harry suspirou, falando calmamente, quase igual a falar com uma criança. — Por que você está de vestido e salto alto? — os olhos de Harry continuavam estreitados, mas agora as sobrancelhas estavam arqueadas também.
— A me pediu pra cuidar deles.
— A te pediu pra cuidar deles usando eles? — excesso de explicação nunca era exagero com Danny.
— Se eu usar, não tem como perder, neném! E se vamos surfar, tem de ser com estilo!
— Eu estou bem no meu estilo, obrigado. E eu não quero morrer.
— O irmão da conseguiu. — a provocação atingiu o baterista em cheio. Harry tamborilou os dedos no braço cruzado. As garotas estavam sempre falando nos feitos legais do irmão de , e ele também era um cara capaz de feitos legais.
— Ao infinito e além! — gritou Danny, lançando uma pose da era Disco antes de mergulhar estando sobre a mala.
— DAAAANNNNYYYYYYY!!! — a voz de passou estridente pelos dois, mas já era tarde demais para impedir a gravidade de agir sobre a mala descendo pelos incontáveis degraus.
— Mas tinha de ser… Hunf! Só porque homem não liga… — resmungava sozinha enquanto recolhia sozinha todas as suas peças de roupa e sapatos, largadas pelo terraço. Era como se tivesse chovido o conteúdo de seu closet por ali.
— Bom, o grau da ressaca é proporcional às besteiras de bêbado. — recitou com a mesma sabedoria de um biscoito da sorte de um restaurante asiático fuleiro de esquina.
— Mas eles podiam nos dar uma força já que terminaram de arrumar a parte deles, né? Gente sem coração!
— Miga, é só pedir. Eu pedi pro Danny cuidar do meu vestido da sorte e dos meus 'uau-uau-shoes', simples assim. — se referia ao seu vestido preto tubinho que nunca a deixou na mão com nenhum 'crush' e ao seu incrível sapato de salto alto em um tom de azul brilhante único, seu xodó, e por isso o digno apelido de 'uau-uau-shoes'.
— Você confiou ao Danny seu uau-uau-shoes? Você não deixa a , a ou eu relarmos nele!
— Em situações normais. Esta não é uma situação normal.
— Tá lembrada que o Danny está re-bêbado, né, querida? — uma gota de suor desceu pela espinha de enquanto ela caía em si.
— DAAAANNNNYYYYYYY!!!
Quando Fletch e James chegaram ao saguão para se juntar aos demais, um detalhe chamava a atenção: a cara fechada de Bourne de quando ele, na verdade, estava queimando neurônios sobre algum dilema.
— Tudo bem com você, Jimmy? — Dougie perguntou logo de cara. Os dois tinham essa habilidade de entrar em um estado de introspecção profundo em segundos e permanecer assim por horas até que alguém notasse e tentasse ajudá-los a sair de seu mundo bolha.
— Ele… — após uma troca de olhares pedindo por segredo com Bourne, Fletch tentou justificar o estado do loiro. — está preocupado porque, aparentemente, temos o Danny de Rei Julien.
— Quê? — perguntaram e em coro e confusas. Involuntariamente, Tom deu um passo para trás, tenso.
— Acho que lembro de ouvir algo sobre isso. De quando vocês foram pra Disney. Da época pré-histórica do McFly. — Dougie coçava o queixo enquanto tentava recordar de algo contado a ele algumas vezes, mas que nunca prestou 100% de atenção.
— Vocês não vão querer conhecer o Danny de Rei Julien. — Tom avisou, alarmado.
— Soa engraçado… — deu de ombros, despreocupada. — Ele tem uma coroinha de rei dos lêmures também?
— Não, é sério. Vocês não vão querer ver o Danny de Rei Julien! — James se uniu ao discurso de Tom, só que a plateia não estava lhes dando o devido crédito, muito mais pelo fato de que todos gostavam do personagem do filme.
Foi então que um barulho estranho passou a ecoar ao longe, aumentando de volume progressivamente até interromper toda a conversa. Outras pessoas que não pertenciam ao grupo deles, mas estavam no saguão do hotel também interromperam o que faziam para prestar atenção.
— O hotel é assombrado? — perguntou . E até mesmo a recepcionista do saguão estava perdida com aquilo, buscando pela origem do som para que a paz reinasse outra vez no lugar.
— E desde quando alma penada assombra com risadas?? — Dougie descartou a suspeita fantasmagórica.
— Parece a … — fez uma careta. — Escutem bem, "Dannyyyyy". Vocês conseguem ouvir?
— Não. Não, parece isso não.
— Claro que parece, nanico! É surdo?? — James já estava sofrendo por antecipação de topar com o sardento, o que deixava Dougie ainda mais frustrado por não saber o motivo para tanto auê.
até inclinou a cabeça para ouvir melhor. Além dos gritos, um som a mais que ecoava ao longe lhe era estranhamente familiar. Até demais.
— O que foi? Sabe o que é? — cochichou quando a amiga fez um gesto receoso e discreto com a mão para que ela desse um passo para trás, como se estivesse em uma zona de perigo.
— Parece com…
A recepcionista, em sua busca pela origem do som, tinha caminhado até a porta de saída de emergência. Assim que a abriu alguns centímetros em sua direção, a porta foi escancarada com violência e a jogou.
— WWAAAHHHHHHHHHHH!! — Danny surgiu, deslizando em uma mala de viagem.
— É… o Danny?! — Fletch apertou bem os olhos para aquela figura com um quê de feminino e com cara, cabelo e voz de Jones.
— Mer…!! — James se virou para fugir assim que identificou ser o amigo, mas Danny vinha embalado na velocidade e quando a mala prendeu no tapete, ele se desequilibrou para fora da mala, seguindo com passos largos sem qualquer freio. Danny tombou e trouxe consigo Tom, Dougie e James.
— Olha a frente! — gritou Harry, saindo pelas escadas de emergência, com muito mais controle e estilo sobre a mala do que Jones. Quase um surfista.
— Alguém anotou a placa??? — Tom disse com dificuldade, estatelado no chão com Dougie e James ao seu lado e Danny sobre eles.
— Geeeeente, eu sobrevivi! Esse é o melhor dia da minha vida! — Danny comemorava estar bem com seu corpo esmagando os outros três logo abaixo dele. — Eu amos vocês, caras, vocês sabem disso, né?
— SAI, pra lá! Seu… Seu beijoqueiro maluco! — James esperneava desesperado enquanto Danny estalou um selinho de agradecimento por seu air-bag humano de melhores amigos.
— A… zica… A… zica — Dougie estava pálido e quase sem ar. A zica que ele tanto se esforçou para se livrar, estava de volta e dividida.
— Daaaaannnyyyyyyyy!! Seu palhaaaa- — apareceu da mesma maneira que os dois primeiros. E como Danny sua mala prendeu na beirada do tapete, que teve seu corpo projetado, resultando em algumas cambalhotas involuntárias. Aquilo fez o queixo de Dougie cair. Era a zica transferida entrando em vigor.
— O que estavam fazendo? — Fletch ajudava a ficar de pé outra vez, buscando por ferimentos ou fraturas. Seu olhar também buscou pela recepcionista atropelada por Danny, que era atendida pelo concierge.
— A culpa é do Jones, ele me desafiou! — Harry ergueu os dois braços em sinal de inocência.
— A culpa é sempre do Jones. — Tom observou, algo ranzinza. Já tinha sido beijado por Dougie e Danny, duas pessoas que ele não queria nem de longe beijar.
— Sou inocente até que se prove o contrário. — Danny provocou com o clichê máximo, colocando as mãos no quadril bem marcado pelo corte do vestido. — Se alguém aqui é culpado, só pode ser meu amigo Jamesito aqui…! Olha essa carinha dele de quem esconde segredos obscuros… — Tom encarou o loiro ao seu lado com uma leve dúvida sobre o jeito sério com que Bourne tinha aparecido no saguão tempos antes. — Do tipo… Que secretamente tem desejos pela minha pessoa. O que está escondendo, Jamesito??
— E p-por que eu estaria escondendo a-algo?
— Daniel Alan David Jones. Cessa o interrogatório e me devolva o vestido e meus uau-uau-shoes. Senão abriremos a temporada de caça aos patos agora mesmo. — o interrompeu, girando o moreno pelo braço, com sangue nos olhos.
— Ahnn… Espera… Uau-uau-shoes?? — disse estranhada.
— Aquele que você nem deixa a gente relar???? — revirou os olhos sem paciência com o que tinha acabado de dizer.
— Eu não emprestei! Eu só pedi pra ele cuidar!
— Pra cuidar tem que relar. — disparou, tendo concordando. Ambas recriminando com caretas azedas.
— Mas eu estava cuidando, linda!
— Não era pra cuidar usando, jumento! Devolve! — bufou. E Danny bufou indignado em resposta. Com os próprios pés descalçou os sapatos e com as mãos na bainha do vestido começou a subir com o tecido.
— Epa, epa, epa! — Fletch o impediu de continuar, colocando a mão na bainha para puxar o tecido para baixo. — Não pode ficar de roupa íntima aqui no saguão, tá maluco?
Danny deu um sorriso engraçado mostrando todos os dentes e Fletch tirou sua mão do lugar, abanando-a.
— Vou adivinhar: Danny tá sem nada por baixo. — Harry arriscou. E os olhares do grupo se voltaram para a dona da roupa.
— Eu uso calcinha e sutiã quando estou com ele, ok? — se defendeu, a voz desafinando ligeiramente.
— Ele se troca na estação. — Fletch estava limpando a mão freneticamente na lateral da própria roupa. — Estamos ficando em cima da hora. Onde está a ??
O terceiro elevador do saguão apitou e as portas se abriram, com nele sorrindo ao vê-los.
— Ué, veio de elevador? — perguntou Harry.
— É óbvio. Eu não queria morrer. — ela mostrou a língua.
Capítulo 79 - Bon Voyage - Parte 1
— Muito bem, gente! Precisamos ir andando. — anunciou o empresário, apressando os demais, preocupado com o tempo extra perdido ali naquelas confusões. Pegou sua mala e gesticulou para que os outros fizessem o mesmo. Na hora de dar o primeiro passo, um sorridente Danny surgiu em seu caminho, querendo que Fletch levasse sua mala.
— Simbora, seus bocós! — o sardento ergueu um dos braços, indicando com o polegar o caminho a seguir.
— Não precisa se preocupar. Nada vai acontecer. — disse Tom enquanto colocava a mala de Dougie atrás dele e pegava em sua mão para alcançar a alça. Poynter esquadrinhava a figura de e todo o ambiente à sua volta, na iminência da zica agir sobre a jovem. Nada aconteceu. Mas, por precaução, ele correu para ficar próximo dela. Fletcher repetiu as mesmas ações com James, ainda fora do ar com o contato com Danny. — Sabemos como ele fica nesse estado. E na vez da Disney foi bem pior com ele… — primeiro James tremeu da cabeça aos pés com as lembranças, dando um grunhido de nojo, e então ergueu o indicador para impedir Tom de continuar falando. Fletcher suspirou satisfeito, pelo menos o amigo estava andando com o grupo.
— Hunf! Ainda não acredito nisso. — fazia um bico enorme de muxoxo.
— Néé?? Não deixa a gente relar no 'uau-uau-shoe' dela, nós que somos as amigas…
— Melhores amigas! — frisou em cima da fala de .
— Mas entregou nas mãos do Danny sem piscar!
— Gente, por favor, né? — vinha diante das três, e só não revirou os olhos pelo 'mimimi' das amigas porque aquilo a deixaria em uma situação ainda menos favorável. — Eu já expliquei… Será que não podemos virar a página?
— Não, não sem muito drama. — decretou. Atacar com o que lhe era mais insuportável, drama, era a única arma das meninas para mostrarem como estavam magoadas. se deixou revirar os olhos, a tal ponto que só se via o espaço branco deles.
— Então, Fletch, só pra saber… Por curiosidade… Como vamos até a estação de trem? Você não chamou a Pão de Mel pra nos dar carona até lá, né? — Harry, o discreto-só-que-não, perguntou para Fletch ao seu lado.
— Tá. Admito que ela dirige meio… Veloz e furiosa. — o empresário se sentia uma pessoa mau caráter por dizer aquilo em voz alta.
— Meio???
— Mas ela se ofereceu e disse que poderia usar a van que ela tem de quando era Uber.
— Dude, não tem isso de ex-uber! — , duas fileiras atrás do empresário, demonstrou seu conhecimento sobre meios de transporte alternativo.
— O irmão da já foi Uber? — Dougie apostaria seus lagartos de que aquele era o motivo para a sabedoria peculiar da moça.
— Siiiim! E ele sempre tinha chocolate pra os passageiros. — ela suspirou em nostalgia, muito mais pela lembrança dos doces do que por corridas pagas ao irmão .
— Na verdade ele tinha o que sobrava das caixas de bombons que comprava e ele mesmo comia. Você quem calhava de gostar dos bombons que ninguém mais gosta. — comentou. Suas lembranças do carro de Alex não eram tão doces quanto às da amiga, já que nunca havia nada de interessante a se comer.
O grupo todo viu quando, no lado de fora, uma SUV branca brecava com tudo na calçada em frente ao hotel.
Dougie fixou seu olhar em Tom e depois fez com que este acompanhasse seu olhar para a van, dizendo através de seus pequenos olhos "Vamos morrer pela zica se entrarmos no carro dessa barbeira". Tom concordava em partes, Zhou era um perigo no volante com ou sem zica sobre eles.
— É sério, Fletch. — Harry colocou sua mão no ombro do empresário. — Não quer reconsiderar??
— Vocês querem me explicar o porquê do Danny ter ficado como Rei Julien?
— Touché! — a mão do moreno deixou o ombro de Fletch, suspirando por perder.
— Aqui vamos nós! — disse um empolgado Danny dando um exagerado passo com o pé direito para fora do hotel. No segundo passo, seu corpo foi ao chão.
— Danny?! — alguns do grupo gritaram surpreendidos.
ajoelhou-se ao lado do rapaz, prendendo o fôlego de preocupação até que ouviu um sonoro ronco vir do moreno.
— Acabou… — James respirou aliviado, com uma mão no peito. Dividindo o mesmo sentimento, Tom também respirou mais tranquilamente.
— Finalmente ele apagou. — Harry disse sem qualquer urgência em apanhar o amigo estirado no chão.
— Sabem quanto tempo vai demorar até ele acordar? — uma resposta maior do que "um par de horas" seria música para os ouvidos de . Harry deu de ombros, sem dar qualquer palpite.
— Ah, que pena!! — se queixaram e , elas nem tinham conseguido propor fazer uma coroa de rei dos lêmures para Danny ostentar com orgulho.
Da van parada Zhou desceu preocupada, chegando até o grupo com cautela, acenando com um breve sorriso para que a reconhecessem da primeira carona que lhes deu, após o desastre da balada.
— Ele está bem?? — perguntou, apoiando as mãos nos joelhos. girou com algum esforço o sardento adormecido, que se aninhou na perna dela.
— Ele só… Dormiu pouco noite passada. Fica ansioso com viagens. — Zhou podia ser poupada das histórias estranhas que eles viviam metidos. — Obrigado por nos dar essa carona.
— Sem problemas! — o sorriso dela estava tão radiante que o empresário sorriu de volta por mais segundos que o necessário.
— Certo, vamos nos dividir entre levar as malas e carregar o Danny. — Fletch se dirigiu aos rapazes, dos quais Dougie e Harry deram logo um passo para trás, voluntariando com o gesto James e Tom. Os dois se entreolharam surpresos e desgostosos. — Tom, pés. James, braços.
— Com mates iguais a vocês, quem precisa de inimigos, não? — Tom arregaçou as mangas da roupa.
— O seu grupo cresceu. — Zhou comentou simpática atrás de Fletch enquanto ele coordenava a colocação das malas no porta-malas da van. Fletch correu os olhos para observar os demais. Danny e Harry estavam como animais na volta da balada e e fingiram que eles eram cachecóis. O homem sorriu amarelo.
— Agora sabe quem me dá cabelos brancos! — ele brincou e ela usou a mão para cobrir a boca e rir.
De espectadores acidentais, já que o porta-malas estava aberto, o grupo de jovens já estava quase todo acomodado nos assentos da van.
— Que calúnia… — murmurou Dougie.
— Pff! Que moral você tem, nanico? Você é responsável por toda uma mecha grisalha. — Harry desdenhou, com seu ar vanglorioso inabalável.
— Nos últimos tempos? Mais moral que você e o Danny juntos e multiplicados. — rebateu Poynter, risonho.
— Sério mesmo, Poynter? — inclinou-se para poder dar uma significativa encarada, seu rosto surgindo logo atrás de Harry.
— Quê?? — o loiro perguntou confuso. Harry sorria de canto, o ego inflando por ter sua garota o defendendo.
preparou seu fôlego para responder, mas Zhou abriu a porta do motorista e acomodou-se, com Fletch fazendo o mesmo, só que no assento do passageiro. Pares de olhos acompanharam Zhou e , que se rendeu voltando a se reclinar:
— Ninguém aqui tem moral alguma, valeu?
— Muito bem, pessoal, coloquem os cintos! — Zhou disse animada, sorrindo para todos pelo retrovisor da van. Todos puxaram os cintos, confirmando que estavam bem presos ao veículo, se pudessem, dariam duas voltas em si mesmos com o cinto. — Aqui vamos nós!
Capítulo 80 - Bon Voyage - parte 2
— Uhn, então, eu posso levar os pés… — Dougie tombou a cabeça enquanto se referia ao corpo adormecido de Danny e seu translado até a cabine do trem. James e Tom ainda faziam aquela expressão fria e penetrante para reforçar que não podiam mais contar com eles para carregar o sardento. — Você leva a parte de cima? — o loiro se voltou para Harry.
Dougie mostrava zero vontade ou pró-atividade, por isso mesmo, Harry negou com a cabeça e em um único movimento, jogou o corpo de Danny sobre seu ombro. Judd endireitou o peito ao topar com assim que ela desceu da van, mas a cara da jovem não parecia das melhores e estava igual a de Dougie:
— Dude! — o loiro cobriu os olhos claros com a mão.
— Baixa a bainha do vestido dele que daqui estamos vendo até o umbigo dele. — recomendou, os olhos fechados com força, o nariz franzido.
— Agora eu entendo o que o Fletch passou. — o moreno fez o que lhe foi pedido, mas sem olhar ou espiar o que os outros dois viram. Ele não queria depois ter pesadelos com sua cara colada à bunda pelada de Danny.
— AII! — quicou em um pé só após a alça da mala de escorregar em suas mãos de manteiga e cair em seu pé.
— Ops! Foi mal, mulher… — levou uma mão à boca para conter uma risada fora de hora com seu jeito estabanado.
— Tá tudo bem?! — Dougie brotou ao lado de em menos de um instante, ajoelhando-se para ver o pé dela, só que a menina pulou mais duas vezes para manter distância. Ter um cara ajoelhado diante dela lhe dava arrepios, ainda mais um que estava a fim dela.
— Sim, de boas. Só… Acertou minha unha que está meio encravada. — se esforçou para pisar normal e não deixar Dougie naquele estado de preocupação exagerada. Ele até tinha começado a pegar leve na atenção que dava a ela, mas já estava exagerando de novo.
— Eu posso levar…
— Tô bem, Poynter, fica tranquilo. — deu um sorriso largo querendo dizer "Não sou incapaz, ok" do jeito mais simpático que ela conseguia.
Dougie ergueu as mãos, rendendo-se. Quando e andaram com suas malas, o loiro deu um passo exagerado para ficar ao lado de Tom.
— Dougie… — Fletcher suspirou pesado. Poynter seria de maior ajuda se descarregasse suas próprias malas ao invés de teorizar suas suspeitas.
— É a zica! É a zica agindo! — ele gritou sem emitir som, apenas a boca gesticulando.
— É coincidência, ok? A é atrapalhada e calhou da estar por perto. Ia acontecer de qualquer forma. — Dougie inclinou a cabeça e pensou por um instante. Então estreitou seus olhinhos azuis quando chegou a uma conclusão:
— Deixe a sua zica longe da minha.
Tom revirou os olhos, ficando sozinho. Próximo dele estava James, voltado para sua direção com alguns papéis em mãos e a cabeça completamente voltada para Fletch e Zhou.
— Precisa de ajuda, Jay?
— Hãn?? N-não, sem problemas. — o loiro desconversou e Fletcher franziu a testa estranhado.
— Tá tudo bem mesmo? — insistiu Tom, pois James parecia ansioso. — Se é pelo Danny, ele vai dormir e acordar de ressaca. Acabou o reinado de terror!
— É mesmo. Ainda bem. Eu já venho retirar minhas malas, só quero entregar esses papéis pros dois ali. É pra onde estamos indo. Achei que o Fletch fosse querer que a Zhou soubesse. Já que de todos nós, ela é quem sabe ler em chinês. — James deu um sorrisinho simpático e afastou-se.
Tom encarou os próprios pés por um segundo. Aquilo havia sido… estranho. Mas o loiro não queria bancar o detetive à toa, afinal não havia motivos para James esconder algo. Ele deu de ombros e respirou fundo para as malas que faltavam descarregar do porta malas, podia ir adiantando as de Fletch, Harry e James.
— Eu preciso agradecer mais uma vez. — Fletch riu por estar virando um disco riscado. Zhou fez menção de responder, sempre sorridente e encantadora, mas sua atenção ficou presa no espaço entre o corpo e o braço do empresário. —… James??
Logo atrás dele, Bourne tinha em mãos alguns papéis que Fletch lhe mostrara no quarto de hotel. Fletch se virou por completo, bloqueando a visão de Zhou.
— Talvez ela pudesse olhar 'pra onde vamos' e traduzir o que está aí. — James entregou os papéis a ele, sinalizando com cabeça para Zhou. A mulher se inclinou para o lado, para que o loiro pudesse se dirigir a ela.
O empresário engasgou.
— É para onde estão indo? — Zhou perguntou o óbvio, para Fletch não houve o que fazer senão entregar o que tinha em mãos. — Vai ficar muito bonito por lá.
James esticou o pescoço para ouvi-la melhor, só que Fletch o cortou pousando a mão em seu ombro para que seguisse em outra direção.
— Bom! Obrigado por tudo, Zhou, de verdade.
— Imagine! Mande notícias, se puder.
Fletch se despediu com um desajeitado beijo na maçã do rosto dela, afinal James estava logo ao lado de espectador. Em seguida, ele se virou para o loiro e o empurrou com um olhar reprovador.
Tom não quis ser intrometido de propósito, mas tinha ouvido tudo e visto a cena de soslaio.
E agora o loiro estava com uma pulga atrás da orelha.
era quem estava mais na frente de todo o grupo. Com uma mão conduzia a mala e na outra trazia seus 'uau-uau-shoes'. apertou seu passo atrás dela até agarrá-la pela cintura, fazendo-a meter um pé na frente do outro.
— Chubs! O que foi? — perguntou , que desde antes de descerem do carro viu que veio quase o caminho todo quieta.
— Acho que… Meu 'uau-uau' não sobreviveu aos pés monstruosos do Dan. — ela carregava os sapatos com o mesmo cuidado que teria com um bebê. apertou os olhos sobre eles. Quem tivesse um olhar muito apurado (ou uma lupa), veria que a borda de um deles estava ligeiramente laceada por um trecho de meio centímetro.
— Poxa, miga, que pena. — o consolo de carecia de sentimento verdadeiro. Mas para não fazer pouco caso da amiga: — Hum! Já sei o que podemos fazer pelo seu 'uau-uau'.
— Achar um sapateiro? — era sempre prática.
— É, isso não seria ruim...— ela tombou a cabeça para o lado, mas sem muita empolgação pela ideia. — OU! Sacaneamos o Danny!
— Prefiro o lance do sapateiro.
— Me ajude a te ajudar, né, miga! Sapateiro? Num trem? Na China? — rolou os olhos, deixando um quase riso escapar.
— Foi um tiro no escuro! — James deu de ombros, impressionado com a carranca de Fletch atrás de si enquanto seguia pelo vagão do trem até a cabine onde eles ficariam. — Ela podia ter alguma informação útil.
— E o fato de eu não querê-la envolvida em nada disso? — o braço de Fletch acertou a própria perna, alterado, embora ele tivesse de suavizar suas reações já que alguém podia vê-los.
— Beleza, mas nada aconteceu. — o loiro escancarou a porta da cabine deles, entrando ao tranco e barrancos com sua mala de viagem. — Ela não ficou mais envolvida nisso do que já está, e não deu nenhuma informação útil.
— E podemos deixar do jeito que está?? — Fletch estava com aquele tique nervoso momentâneo, quando piscava com força várias vezes além do necessário.
— Eu só… Queria alguma luz sobre o assunto. — ele deu de ombros novamente, mais murcho desta vez.
— Eu sei. Eu também quero! Mas não faltam nem dois dias até descobrirmos se temos ou não cura.. Só temos de aguardar mais um pouco.
— Ok. — o loiro levou uma mão aos cabelos, um gesto de frustração. — É verdade.
— Ok. Eu vou ver como os outros estão se acomodando.
James sacou o celular do bolso, o polegar pairando ansioso sobre a tela do aparelho. Ele podia transcrever o que estava sentindo em uma nova música, ou simplesmente escrever em um aplicativo de notas, como um depósito mental, mas o que ele precisava mesmo era falar.
— Oiii…! — Livie atendeu empolgada do outro lado, a voz com ligeira confusão por ele ter lhe chamado. — Tá tudo bem?
— Oi. Sim. Quer dizer, pode ser que sim, pode ser que não. — ele foi se encolhendo no assento, trazendo as pernas perto do peito, ainda que isso significasse apoiar a sola do tênis no estofado.
— Cabine 516, 516, 516… — avançava pelo grande corredor do vagão com várias cabines de porta dupla.
— 513, 514, 515… Estamos chegando. — comentou ao lado da amiga, seus olhos indo do bilhete de passagem para a placa numeral logo acima das portas de cada cabine.
— Que demais essas cabines! Tô me sentindo indo pra Hogwarts! — era toda sorrisos.
— Siiimmm! — guinchou ao seu lado. E teria continuado a falar, se não fosse por um vulto loiro as atravessando.
— Ai!! — Tom exclamou quando uma rodinha da mala bateu em seu tornozelo.
— 'Pera,' pera, 'pera!! — Dougie estendeu um braço protetoramente diante das duas. — Deixa eu checar o perímetro primeiro!
— Tá tudo bem com ele? — perguntou discretamente para Tom.
— O mesmo de sempre. — Tom respondeu antipático, ainda sentido por seu tornozelo.
Primeiro o loiro deu pulos sentados em todos os assentos, depois testou a resistência da janela e então ergueu a cabeça para ver os compartimentos onde ficam as malas.
— Você se importa, Tom? — o loiro ergueu seus braços vazios, mostrando estar longe de alcançar o compartimento. Tom revirou os olhos, faria o serviço por todos, colocando as malas deles e delas.
— Que bom que o Poynter presta atenção nessas coisas! — elogiou ao pé do ouvido de , recebendo um olhar de esguela da amiga duvidosa de seu julgamento.
— A gente consegue se virar sozinha. — declarou , cruzando os braços sobre o peito estufado.
— Do jeito que você é estabanada, mulher, ia aparar a queda da mala com a cara.
— Que absurdo! Eu não sou estabanada. Tenho um problema no joelho! A culpa não é minha.
— Sim, eu sei do seu joelho, mas quando você está estatelada em um chão seco sem uma casca de banana ou coisa parecida pra justificar fica difícil não te chamar de estabanada.
— Tudo pronto! — Dougie declarou satisfeito estendendo agora ambos os braços para que as meninas entrassem.
A cabeça de Harry surgiu logo atrás das meninas, parecendo mais uma cabeça flutuante.
— Meninas, topam alguma bebida? — ele convidou o que parecia ser uma ótima pedida para as duas. — Guys, me ajudam a trazer pra todo mundo?
— Dude! Tá morrendo de sede??? — Dougie questionou incomodado, seguindo pelo corredor com Tom ao seu lado e as mãos de Harry na nuca de cada um os empurrando. O menor tentava se desvencilhar. — Estamos indo! Não consegue aguentar??
Harry os guiou para o vão entre as portas abertas da última cabine antes do fim do vagão.
— Fala sério, Dougiesta! — o baterista fechou as portas atrás de si. — Eu tentei te ajudar com a . Ela não curte esse lance de superproteção e lá vai você desgringolar tudo de novo?
— Quê?? — o loiro franziu o cenho.
— Não é bem o que parece. — Tom ergueu a mão como se respondesse a uma chamada. — É a…
— ZICA!
— Quê?? — foi a vez de Harry ficar desorientado.
— Você e o Danny falaram que eu estava zicado. Daí eu tentei me livrar da zica…
— Não queira saber como. — intrometeu-se Tom.
— Só que voltou pra mim por culpa do Danny no saguão do hotel!!
— Zica é zica, — o moreno deu de ombros. — não tem como se livrar. Não é como gripe, saca? — nesse momento Tom se virou para Dougie, fuzilando-o com os olhos e suas narinas dilatadas.
— Sai, Tominus, você está no zero a zero há tempos. Alguma ação é melhor que nenhuma ação.
— Ouve o que você tá falando! — Tom se limitou a dar um pedala no mais novo.
— Auuuu… — ele levou as mãos até a nuca de forma defensiva. — Bom, a zica está à solta por aí. E se eu não fizer nada, a vai acabar com um osso quebrado ou coisa parecida.
— Como é que é?? — Harry franziu o cenho, inclinando a cabeça para o lado. Agora ele tinha ouvido um absurdo.
Capítulo 81 - Perdendo de vista
— Mas eu nunca disse que por conta da zica a pessoa passa a ter má sorte e coisas ruins acontecem com ela! — Harry explicou, confuso sobre como a lenda da zica, sobre a qual quase nada se sabia, tinha evoluído a esse ponto.
— Viu?? — Tom foi enfático.
— Não é como se tivesse quebrado um espelho pra ter sete anos de azar.
— Então o que acontece na zica, afinal? Você é o Danny me garantiram que eu devia estar zicado.
— Acontece o que tem acontecido com você: nunca consegue se declarar, ou pedir a pessoa em namoro, ou roubar um beijo pra ver no que dá. Isso é estar zicado.
Dougie ficou sem reação, com Tom o consolando com uma mão em seu ombro.
— Às vezes não é pra ser.
— Então o que achamos? — perguntou fazendo um bico engraçado com os lábios, pois estava finalizando o batom em Danny.
— Tá incrível, mas não podia ter mantido as sardinhas? — encarou a amiga e então seu ficante exclusivo.
— Não. Sem sardas. — arqueou uma sobrancelha. foi direta, encarnado a própria Edna Moda de Os Incríveis contra capas em uniformes de super heróis. — Voilá!
Danny estava esculpido no melhor reboco, com blush e iluminador, além dos cílios postiços mais impactantes que ela tinha em sua coleção e uma combinação de sombras poderosas. O resultado ÃO era em tudo: carão, olhão e bocão.
— Só ficou faltando… — ela se jogou em sua mala, vasculhando o canto mais profundo e escondido com o braço já quase todo engolido. aproveitou para tirar algumas fotos de Danny, que saiam borradas pelas risadas dela de quando ele acordasse e se visse.
— Ahá!!! — comemorou com uma peruca Chanel em mãos. — Que tal?
— Acho que não precisamos exagerar. — se opôs, mas só até ver como Danny ficava ainda melhor com a peruca.
— Gente, ele tá muito sexy. — as palavras de eram as de .
— Agora precisamos de…
— UM NOME DE DRAG PRA ELE!! — gritaram juntas.
— Hummm… Daniel Alan David Jones. — pensava com o indicador abaixo do queixo. estalou os dedos:
— Alana Mansur!
— Mannssur. Sobrenome da riqueza, hein? — ela fez biquinho. — Amei!! Agora, só preciso dar uma geral nessa bagunça.
Seus milhares de pincéis estavam sujos, havia farelo de sombras e iluminador por todo lado, e mãos e parte dos braços com base.
— Mano! A gente não tava esperando alguma coisa? — fez uma careta de dúvida de repente, arrancando o fone de ouvido um dos lados da orelha.
— Simmm! Que os rapazes nos trouxessem suco. — respondeu chocada, descolando sua cara da janela onde ela observava a paisagem passar.
— Bom, não é o fim do mundo. Mas já que eles ofereceram…
— É, agora que já gerou expectativa… — deu um suspiro.
— Quer ir lá?
— Atrás deles ou atrás do suco?
— Do suco, lógico! Os rapazes serão consequência. — sorriu para como a situação poderia ser facilmente resolvida.
As duas seguiram cabine afora, perdidas. A sorte delas foi que seguiram no sentido correto, encontrando um vagão com jeito de restaurante e bar.
— É, aqui eles não estão aqui. — os olhos de varreram o lugar, que não era assim de enorme para não se encontrar com facilidade três pessoas conhecidas.
— Bom, com os sucos eles não estavam voltando também, senão teríamos topado com eles. — fez uma careta confusa. Era difícil três pessoas se perderem em um trem. Não era?
— O que você acha? Ainda pedimos os sucos?
— Pedimos. — deu de ombros. — Qualquer coisa os nossos originais ficam pros meninos.
— Combinado.
Um pouco de mímica foi necessária para que as meninas e o bartender se entendessem sobre pedido e valores de pagamento. E para aguardar, as duas sentaram-se nas banquetas do bar. Quando as bebidas foram colocadas no tampo do balcão, um vulto se colocou logo atrás entre as duas meninas:
— Gente!! Eu fiz muita loucura?? — a voz do mulherão era idêntica a de Danny.
se engasgou e com parte do suco voltou pelo nariz pelo susto. O mulherão as encarava com preocupação, mexendo em uma mecha do cabelo liso e preto de corte chanel.
— D-danny?? — ambas estreitaram os olhos, analisando o corpo de cima a baixo. Como se a pessoa diante delas estivesse tão distante que precisavam de binóculos para enxergá-la.
— Dãã! Lógico! Eu fiz muita loucura?? — ele perguntou novamente, ainda mais ansioso por uma resposta, mas o rosto das meninas iluminou-se.
— Você estava demais!!
— Muito!!
— Salvou o dia em modo Rei Julien.
— Só ficou te faltando uma coroa à altura.
Danny sorriu e corou por debaixo da maquiagem, sentindo-se bajulado.
— Ah, valeu. Eu acho… 'Pera. Rei Julien?? Cheguei nesse nível? ...Eu espero que o Jimmy esteja bem. — disse com receio. — Meu Rei Julien parece ter um crush nele.
e entreolharam-se de maneira cúmplice. Aquilo explicava algumas pontas soltas. E toda informação a respeito de James Bourne que pudessem coletar era bem-vinda para elas.
— Mas… o que houve com seu rosto? — perguntou. Até onde elas sabiam, Danny tinha apenas colocado o vestido tubinho e os uau-uau shoes de .
— O que tem ele?? Bati?? Eu não sinto dor! — Danny enrolou a mecha de cabelo que não era seu freneticamente em seu indicador. As duas apontaram para a área decorada com espelhos. — Ai. Meu. Deus. Eu virei um vampiro!! EU NÃO TENHO REFLEXO!!
e franziram juntas o cenho, negando de imediato com a cabeça.
— Olha, esta sou eu, a e daí você. — foi bem didática encarando Danny através do espelho e apontando para si próprios.
— Gente!! — Danny colocou ambas as mãos na cabeça. — Eu tô um arrazo, hein??
— Deve alguma prenda da pelo vestido e 'uau-uau-shoes'. — riu , sentindo o olhar de urgência em .
— Agora precisamos de…
— UM NOME DE DRAG PRA ELE!! — gritaram juntas.
Danny juntou as pernas, com as mãos na cintura, fazendo poses para ajudar as meninas a capturar sua essência.
— Della Springsteen! — foi o veredito.
Danny aprovou a sugestão com um sorriso, que cresceu mais ainda ao ver de soslaio algo brilhando em um intenso tom neon arco-íris no canto do bar: uma jukebox.
— Dude! Saca só que beleza! — ele colou seu rosto contra o aparelho, o rosto iluminado pelas cores artificiais, abraçando-a como se fossem namorados.
— 45,46, 47… Obrigada! — acertava-se com a sua super necessaire nas mãos.
— Não é possível ter tanto pincel, miga. — comentou com graça na voz. Para ela era impossível alguém ter tantos pincéis.
— O que posso fazer, cada um tem uma função!
— Mas 47 funções??
bufou de leve, ignorando-a de propósito, andando discretamente mais rápida de volta à cabine.
— Ué! — estranhou não ver sua mais recente obra-prima na cabine. A menos que tivessem entrado na cabine errada, não havia como perder Danny de vista.
— Mas cadê o Danny?? — passou as mãos entre os cabelos já quase em desespero com o sumiço. Elas não toparam com ninguém no caminho do banheiro à cabine nem viram culto nenhum deixar o vagão para o vagão seguinte.
— Pior que eu achei que ele só acordaria no dia seguinte, ou coisa assim.
— Eu também… — disse meio murcha e ficou em alerta, consolando-a:
— Bom, vamos caçá-lo e achá-lo antes que você possa dizer supercalifragilisticexpialidocious!
Houve um silêncio mortal entre Dougie, Harry e Tom. O que se ouvia era apenas os sons dos trilhos que o trem percorria. Os dois mais velhos aguardavam que a ficha de Dougie caísse e que assim as coisas pudessem voltar ao normal.
— Vai deixar ele falar assim comigo?? — Poynter virou-se com tudo para Tom, pegando-o no susto.
— Como assim??!!
— Você não é o romântico da banda? Todas aquelas músicas melosas e não tem nada a dizer pra tentar amenizar isso??
— E o que quer que eu diga? "Dougie, não liga, não. Vai dar tudo certo"?
— No mínimo!! — disse com a voz esganiçada pelo faniquito.
Harry resolveu intrometer-se, antes que a situação pudesse piorar:
— Seguinte, mate, apenas pare de se esforçar tanto, valeu?
— Deixe acontecer natural-... — Tom nem terminou sua fala ao ver a cara fechada do menor para ele.
— Be-le-za.
Dougie fez as portas da cabine deslizarem com tanta raiva, que Harry e Tom arregalaram os olhos com medo delas saírem do trilho. No mesmo corredor, dois vultos sinalizaram para os três rapazes, que nada perceberam.
— Meninos!! — gritou , já que acenar não estava fazendo efeito.
— Né? Que isso? Notice me, senpai? — resmungou pelo canto da boca para que só a ouvisse, fazendo-a abafar um risinho antes de falar:
— Por acaso vocês viram o Danny por aí?
Os rapazes se entreolharam perdidos, pois ficaram presos na própria conversa e se esqueceram do mundo exterior e das pessoas que estavam nele.
— Ele deve estar com a e a . — Tom desvendou o mistério com a primeira solução na qual pensou. Ele avançou alguns passos até sua cabine e abriu as portas, mas o lugar estava vazio, exceto pelas malas de viagem. O loiro piscou algumas vezes para o vazio.
— Bacana… Agora temos perdidos o Danny, a e a . — comentou Dougie em um tom irônico que fez Fletcher revirar os olhos.
— Podemos ver na cabine do Fletch e do James. — indicou Harry.
— Ou quem sabe nos separamos já que…
— N-Ã-O! — o berro de Dougie fez todos darem um pulo no mesmo lugar. — Se separar nunca é a solução. Dá ruim!
— Talvez em filmes de terror. — respondeu meio atravessada, incomodada pelo recente susto. — Não é o nosso caso, tenho certeza.
— Eu concordo.
— Sem problemas por mim.
— N-Ã-O! Sem separar!
— Hum… Tem certeza disso? — Livie questionou do outro lado da linha da maneira mais gentil que conseguiu. Aquilo iria dar ruim. Só James não enxergava. — Essa parece ser uma escolha meio perigosa.
— É só por enquanto. Vai ser melhor assim. — James insistiu convicto, embora tivesse passado as últimas horas tentando convencer a si mesmo. Em seu colo ele tinha ainda alguns dos folhetos que havia separado para entregar para Zhou.
Assim que James foi deixado sozinho na cabine por Fletch alegando ir verificar como os outros estavam, o loiro discou para a nova namorada à distância. Precisava dividir com alguém as informações privilegiadas que tinha — e no momento essa pessoa era Livie.
— Ei,vocêsviramasmeninasporaí??
— Ou o Danny??
— Ou a ou a ??
— Q-Quê?! — James deu um pulo no assento, colando as pernas ao corpo, como um animal encurralado pela aparição repentina de , , Dougie, Harry e Tom.
— Foi mal, dude. — Dougie fez um gesto com a mão para se desculpar pelo susto. — Por acaso viu a , a e o Danny por aí? Perdemos eles de vista.
Capítulo 82 - Estamos no meio do caminho
Encolhido no canto do assento por reflexo, os olhos azuis de James passaram por cada um dos seres parados na porta. Eram muitas informações visuais e questionamentos de uma só vez ao mesmo tempo.
— Precisodesligar,beijos. — James encerrou a chamada com Livie sem dar tempo de ela responder e se colocou de pé. Tom reparou nos panfletos largados sobre o assento, aqueles que seriam entregues a Zhou para que ela olhasse e desse pistas sobre o local aonde estavam indo, mas logo desviou o olhar para não ficar na paranoia de achar tudo suspeito no amigo. — Estamos em um trem... Tem como perder gente?
— Era o que estávamos falando. — cruzou os braços, incomodada sobre como aquilo era ridículo, mas real.
— Eu sugeri nos separarmos para procurar. — Harry comentou, olhando de soslaio para Dougie, já se preparando para a reclamação.
— NÃO! Sempre dá ruim se separar! — exclamou o loiro com uma veia saltando no pescoço. e Harry reviraram os olhos até não poderem mais.
— Err… Ok, mas eu não vi ninguém. — James coçou a nuca, sem graça em não conseguir ajudar mais.
— E cadê o Fletch? — perguntou Tom, estava com a dúvida na ponta da língua desde quando abriram a porta e encontraram apenas o loiro.
— Ele disse algo como ir ver como vocês estavam.
— Não topamos com ele no caminho. — comentou , falando por e ela, então encarou os demais, que negaram balançando a cabeça.
— Temos mais um perdido então? — anunciou com deboche.
— Podemos achar todo mundo se a gente…
— Nada de se separar! — gritou Dougie com o queixo erguido para se fazer ouvir entre todos ali.
e estavam se encarando perdidas e desconfiadas dos parafusos a menos de Danny. O rapaz havia escolhido uma música, mas a jukebox parecia mais estar em silêncio do que tocando algo. O sardento fez um bater de palma solitário e passou a bater o pé no que seria o ritmo da música.
Quando os primeiros acordes enfim soaram, as duas garotas balançaram a cabeça. Era daquelas músicas impossíveis de não reconhecer no mesmo instante. Com um sorriso colgate, Danny apontou para ambas com os indicadores, querendo que elas o acompanhassem.
— "Tommy used to work on the docks / Union's been on strike / He's down on his luck / It's tough, so tough".
— Banheiros não…
— Tipo, dez vagões de passageiros não…
Tom deixou escapar um suspiro secreto, os comentários paralelos atrás de si o estavam irritando. Dos lugares que eles conseguiam passar os olhos, não encontraram sinais do empresário, , nem Danny. Estava claro que eles tinham escolhido o lado errado. Mas como agora faltava pouco para chegarem ao fim do trem, o melhor era se certificar de conferir tudo antes de seguirem na direção contrária.
— Esquece, Tom, ele não vai estar… — Dougie tentava convencer o amigo quando este abriu a porta do último vagão de todos.
— FLETCH!! — o coro de um bando de seis pessoas nas suas costas assustou o empresário, que estava acendendo um cigarro. Ele estivera ali o tempo todo, apreciando a vista desde a varanda do último vagão do trem. E fumar não era um hábito constante do empresário, a menos que ele estivesse sob estresse.
— Matthew Fletcher, seu cachorro! Estávamos te procurando por todo o trem! — brincou Harry. Agora só faltavam três desaparecidos.
— Você veio fumar? Tinha entendido que ia ver como os outros estavam. — James fazia uma careta, desconfiado de sua memória. O empresário estava surpreso pelo flagra.
Desconfortável baixo os olhares de todos ali, devolveu o cigarro quase acendido no maço quase vazio e o guardou no bolso do paletó.
— Sim, eu ia, mas daí vim pra cá e acabei perdendo a noção do tempo. — ele indicou para a vista do lugar atrás de si, e todos concordaram o cenário era mesmo bonito, capaz de distrair qualquer um.
— "Gina works the diner all day/ Working for her man, she brings home her pay/ For love, for love". — cantava Danny junto com Bon Jovi a música que ele sabia e dominava de cor e salteado.
Danny cantava com a atenção voltada para as meninas. As duas acompanhavam timidamente com a cabeça e batuques nas pernas, mas não cantariam na frente de pessoas desconhecidas. A cantoria do sardento atraia o olhar de alguns que estavam ou sentados no bar ou nas pequenas mesas de dois e três lugares, que lhe dedicavam um sorriso de aprovação.
— "She says, we've got to hold on to what we've got/ It doesn't make a difference if we make it or not". — muitos já murmuravam em conjunto com Danny a letra da música. — "We've got each other and that's a lot for love/ We'll give it a shot".
e compartilharam uma risadinha nervosa cúmplice. Era irresistível não cantar a parte a seguir a plenos pulmões. Se todos no bar seguissem na mesma empolgação em cantar junto com Danny, ninguém saberia dizer quem era ruim em cantar nem quem não cantava a letra certo.
— "OOHHHHH/ We're half way there/ OOOOOHHHHH/ Livin' on a prayer/ Take my hand, we'll make it, I swear/ OOOOOOHHHHHHHH/ Livin' on a prayer". — Danny estava nas estrelas por todos o acompanharem na cantoria, que agora davam risos amarelos enquanto outros caíam na gargalhada pelo nível de canto uns dos outros. Danny se colocou logo a frente da jukebox, assim, conseguia ter uma melhor visão de todos os que estavam naquele vagão e incentivar para que cantassem junto com ele.
— "Tommy got his six string in hock/ Now he's holding in/ When he used to make it talk, so tough/ It's tough/ Gina dreams of running away/ When she cries in the night Tommy whispers/ Baby it's okay, someday".
— Vocês ouviram isso?? — perguntou Dougie com hesitação na voz e parando de andar.
— É… — se escolheu, como se estivesse com frio de repente. — Pareceram… gritos.
— Gritos horríveis. — fez uma careta ruim, petrificada no mesmo lugar.
— Bom, veio de mais pra lá, sem dúvida. — comentou Fletch.
— Podem ser eles, então precisamos verificar, certo? — Tom estava encarando o grupo imóvel atrás de si, tentando encorajá-los.
— Beleza, vamos logo. — Harry colocou suas mãos nos ombros de , fazendo-a caminhar, ainda que roboticamente.
— Não deve ser nada. — comentou James conforme eles se aproximavam da porta que dividia os vagões. Eles estavam de volta ao ponto inicial de quando começaram a procurar os demais. Aquele era o último vagão de passageiros.
— Ai, gente, os gritos horríveis estão voltando. — fechou os olhos com força.
— Parecem bichos agonizando. — balançou a cabeça, para afugentar cenas "gore" de sua mente que ela havia visto em maratonas de filmes slashers.
— Na verdade… Isso parece mais… — James estreitava seus olhos azuis, esticando o pescoço para que pudesse ouvir melhor.
— Gente cantando. — disse Tom antes de abrir a porta para o vagão seguinte.
— "OOHHHHH/ We're half way there/ OOOOOHHHHH/ Livin' on a prayer/ Take my hand, we'll make it, I swear/ OOOOOOHHHHHHHH/ Livin' on a prayer".
O grupo sentiu-se como um peixe fora d'água com todas aquelas pessoas cantando alto e desafinado em coro.
— Deixa eu adivinhar, — começou Dougie a dizer, fingindo-se de Sherlock Holmes. — o Bon Jovi de vestido e peruca ali é o Danny!
— Isso!! — respondeu contente, aliviada por terem encontrado o sardento e mais ainda pelos gritos pavorosos ouvidos serem apenas de gente cantando mal mesmo.
—… — com os braços cruzados, Harry contraiu o rosto com espontânea aprovação.
— Gostou do resultado, né? — o cutucou nas costelas, arrancando dele uma confirmação de que estava certa.
Quando Danny os viu pelo canto dos olhos, apontou para eles com seus indicadores, o corpo no gingado da música. Dougie cutucou Tom no braço, indicando com a cabeça as figuras de e no outro extremo do vagão. As duas pareciam as backing vocals de Jones — fingia ter em mãos um pandeiro, batendo com ele em seu quadril, enquanto acompanhava com palmas.
nem precisou de muito convite para soltar a voz e acompanhar a cantoria, afinal, além de saber cantar e ter uma linda voz, era apaixonada por Bon Jovi. Ao seu lado, James fazia o solo de guitarra imaginária da música. Danny chegava na última parte.
— “OHHHH, We've got to hold on, ready or not/ You live for the fight when that's all that you've got”...
— "OOHHHHH/ We're half way there/ OOOOOHHHHH/ Livin' on a prayer/ Take my hand, we'll make it, I swear/ OOOOOOHHHHHHHH/ Livin' on a prayer". — todos cantavam em coro os últimos refrões. De longe, e acenaram para os demais, divertindo-se. Se Danny não soubesse cantar, aquilo teria sido uma pagação de mico tremenda.
— Muito bem, vamos recapitular do começo! — disse com uma empolgação exagerada e determinada. — Em 2008, o McFly anunciou que faria sua primeira turnê mundial!
— Correto. — James concordou rápido.
Agora eles estavam todos aglomerados — quase empilhados uns nos outros — na cabine. Segundo , seria vantajoso finalmente colocarem todas as cartas da mesa, uma vez que não havia distração nenhuma no caminho como piscina, serviço de quarto ou buffet à vontade.
— O primeiro continente: asiático! Começando pela China, depois viriam Japão, seguido para Oceania, com Austrália, e daí Europa, América do Norte e enfim, América Latina, finalizando no Brasil, com Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e... Acre.
— Acre?
— Estávamos definindo ainda se iríamos incluir o Acre. Tinha todo um rolo acontecendo na época com petição e tudo mais… — esclareceu Harry.
— Acre, gente! É um estado também, valeu? Brasil não é 3 estados e acabou.
— Mas, miga, nem no Brasil estávamos morando. Pra quê tomar as dores?
— Esquece, , isso é igual a Hermione Granger e sua bandeira de libertação dos Elfos Domésticos. — tentou abrir os olhos de . — Uma causa perdida? — perguntou Danny.
— Ow! Minha causa não é perdida, não! — se aprumou toda.
— E nem a da Hermione! — e Tom ficaram indignados quanto ao que falavam de sua personagem favorita de todos os tempos em Harry Potter.
— Nãão, a causa perdida é tentar te impedir de defender os estados que as bandas internacionais ignoram. — esclareceu logo, com medo dos olhares assassinos que estava recebendo naquele momento.
— Nesse caso, obrigada, chubs. — agradeceu o apoio, embora ainda encarasse a amiga com uma leve desconfiança.
— Espera aí, ! ...você é a maluca da petição?? — Harry perguntou bastante surpreso e em seguida os demais rapazes deixaram o queixo cair.
— Eu estou mais para perdição, honey. — ela deu-lhe uma piscadela marota. E com exceção de Harry, todos na cabine fizeram uma careta discreta para o péssimo trocadilho.
— A petição que recebemos para o McFly fazer dois shows no Acre quando passasse pelo Brasil? Era… você? — Fletch ainda estava surpreso, o mundo lhe parecia minúsculo pela incrível coincidência.
— Sim. Eu sou a autora da petição online! — respondeu caprichosa, soprando um beijo para Harry, toda orgulhosa de ter sido notada por eles na época em que ainda não se conheciam.
— Gente, tá bom, foco! — em um dos raros momentos em que se mostrava alguém séria, estalava os dedos para que retomassem o assunto inicial. — Começaram pela Ásia.
— Começamos pela Ásia... — Tom retomou, encarando os rapazes ao seu lado, para ver quem queria colaborar com informações daquela época. James ergueu sua mão:
— Eu viajei com vocês, estava sem nada pra fazer na época e era muito louco vocês estarem em sua primeira turnê mundial!
— Fato! — e disseram em coro, com um sorriso maior nos rostos. Era a perfeição: McFly + James Bourne viajando juntos em turnê. Bourne planejava apenas acompanhar pela Ásia, mas as duas já contavam com a participação dele na turnê inteira.
— Certo, certo... — Dougie cortou logo o momento babação das duas pelo 'Bleh-ourne'. — Fomos pra China, chegamos na China e daí...
— Festa! — Harry ergueu seu queixo com a lembrança repentina. — James deu a ideia de comemorarmos em grande estilo o fato de ser nossa primeira turnê mundial.
— E nada melhor do que comemorar na nossa primeira parada. — Dougie disse com o ânimo minguado, uma inocente comemoração os tinha levado aonde estavam naquele momento. Tudo poderia ser diferente se simplesmente não tivessem festejado? Ele fixou seu olhar em sem que ela notasse. Sem festa e sem maldição também significava sem .
— Onde vocês foram comemorar? — perguntou ela.
— Caímos no mesmo problema linguístico de agora. — confessou Fletch sem muito orgulho.
— Eu sei que fomos para o lugar perto de onde faríamos o show. Um estádio, se não me engano. — Danny comentou. — E dali fomos pro primeiro lugar que encontramos que vendesse comida e bebida.
Todas as garotas os encararam com reprovação pela falta de bom senso deles em entrar em um lugar qualquer de um país que não conheciam bem a língua.
— Parecia um local de boa! — Dougie defendeu.
— Parecia nada! — Tom e Fletch declararam sem terem combinado.
— Vocês queriam um restaurante cinco estrelas na saída de um estádio?? Fala sério! — Harry debochou, dando de ombros.
— Tá bem — suspirou por tamanha idiotice. —, e daí? O que houve?
— Comemos... E bebemos. — respondeu Fletch. — Todos. Sem exceção.
— ‘Péra lá. — James ergueu uma mão para poder falar.
— James Bourne não bebe álcool! — e assumiram posturas de ‘palestrinhas’ distribuindo sua cultura inútil aprendida na Wikipedia.
O loiro ficou com as bochechas em chamas com todos os olhares sobre ele:
— Eerrr… Não tanto quanto Charlie ou Matt ou os guys, mas eu dou um gole quando falam pra eu provar. — as duas ficaram pasmas, mentalmente anotando tal detalhe para depois poderem alterar a página na Wikipedia com informações de Bourne.
— Tá, ao menos sabemos pelo que procuramos. — amarrou as pontas soltas da conversa. — Um restaurante duvidoso próximo do estádio.
— “Save the cheerleader, save the world”. — murmurou em referência ao seriado que ela tanto amava e que parecia se encaixar com a missão deles.
Capítulo 83 - Cada passo dado
— Ow, 'pera lá! Tem uma cheerleader pra salvar também?? — Danny já estava alarmado com a ideia de ter de salvar outra pessoa quando nem tinham salvo a eles mesmos.
— É só uma fala famosa do seriado 'Heroes', não temos que salvar nenhuma cheerleader. — desfez aquela ideia rápido. Sorrindo amarelo para ao seu lado por colocar preocupação desnecessária no sardento.
— E eu não entendi por que vamos caçar o bar/restaurante que fomos de 'after party' do primeiro dia de show. Achei que íamos atrás de lugares com água, como piscina ou fontes… — ele continuou, cauteloso, olhando para os demais para saber se mais alguém tinha ficado confuso. Ele deu meio sorriso de alívio ao ver que , sua pseudo-irmã perdida, concordou com sua interrogação. Ao menos não era o único.
— Não, Dan, esse é apenas nosso ponto de partida. Pra tentar refazer seus passos, entende? — esclareceu gentilmente.
— Legal, mas e os passos dos outros?? E-eu não fui o responsável por nos amaldiçoar!!! — piscou algumas vezes, pasmada. Os rapazes já tinham suas apostas internas de quando iria finalmente estourar com Jones pela sua lerdeza.
— Não é isso! — se apressou para ajudar a amiga. — É que por tudo o que vocês já nos contaram sobre a maldição desde que nos conhecemos… — correu os olhos de soslaio para , aguardando apoio.
— Ihhh, 'miga, sou ruim de memória! — ela sorriu amarelo.
— O que a gente sabe é que vocês acabaram separados antes da maldição. Por isso vocês quatro não sabiam as formas amaldiçoadas do Fletch e do James. — lembrou no lugar da outra. — Então vamos começar de onde sabemos que vocês estavam juntos, que era o bar.
— Não sei se a gente estava separado quando a maldição rolou. — Harry até fechou os olhos para forçar suas lembranças embaçadas daquela noite.
— O Jimmy virar mulher não dá pra perceber tão bem com as roupas largas que vive usando. — as roupas que o loiro mais velho usava, uma camisa de tamanho G e bermuda larga com bolsos, serviam para mostrar que o comentário de Dougie estava certo.
— É, na hora eu não entendi que meu corpo todo tinha mudado. Só senti mais dificuldade pra continuar fugindo com a bermuda arriando. Depois fiquei achando que minha maldição era virar…
— O pequeno polegar!! Bwa-ha-ha!! Eu lembro disso! — Harry caiu em uma escandalosa gargalhada, cutucando Danny com o cotovelo para rirem juntos.
— Fugindo?? — repetiram em coro as meninas para aquele novo detalhe. De todas as frações de lembranças que os rapazes compartilharam, nunca mencionaram estar fugindo de algo ou alguém. — Fugindo do quê?
—… provavelmente de mim. — Fletch disse com um fio de voz pela ficha estar lhe caindo sobre aquela noite. — Quando voltamos a ser humanos de novo, eu não consegui dizer no que me transformava. Eu simplesmente não sabia! — o empresário estava perplexo.
Na primeira vez recém-transformado, viu seus braços bem maiores do que o normal e cobertos por muito mais pelos do que tinha. Havia também o assustador grunhido do que parecia ser uma fera gigante bem em seu encalço. No entanto, o barulho vinha dele mesmo.
Em seu mundo próprio, os rapazes ficaram abstraídos em vagas lembranças, preenchendo-as com possíveis cenários a partir do que tinha sido dito.
— Olhem… — a voz mansa de cortou todo aquele silêncio, chamando a atenção de todos para o aparecimento de uma grande estrutura no canto da janela. Conforme os vagões do trem corriam pelos trilhos, a visão da estrutura aumentava.
Era o estádio no qual a banda McFly dera início a sua primeira turnê mundial, com dois dias de shows.
— O quê?? Quer sair??
— Mas acabamos de chegar! — a indignação de foi estridente aos ouvidos dos que estavam por perto.
Estavam na recepção do hotel fazendo o check-in quando Danny compartilhou seu desejo, mais precisamente ao pé do ouvido de .
— Só quero dar uma volta na região. Ver se lembro de algo. Aquele lance de refazer nossos passos! — explicou, o sardento estava com a cara ligeiramente fechada para o saguão do hotel, que não lhe trazia lembrança nenhuma, e isso o deixava inquieto. — Eu não lembro de nada disso aqui!
— Bom, isso é porque aqui é um hotel e da outra vez estivemos em uma pousada. — comentou Tom. Danny ficou boquiaberto, dando um giro de 360° para constatar.
— Espera, estamos em um lugar diferente?? — bufou e girou o corpo na direção do empresário, aguardando que ele explicasse:
— Não consegui fazer reserva naquela pousada. Eu quis, mas não foi possível.
— Não me diga que a pousada estava lotada, porque da estação de trem até aqui a cidade mais parecia deserta! — criticou, cruzando seus braços.
— …
— Então, vamos refazer os passos em outros lugares que a gente foi. — Harry emendou, interrompendo o empresário, que estava com a boca aberta. Ele também estava ansioso por poder explorar e dar a sorte de um detalhe lhe fazer recordar tudo, uma placa, uma lixeira, uma catraca. Qualquer coisa!
— Bom, eu não estou cansado. — James deu de ombros. — Se quiserem, podemos ir batendo perna por aí.
— Pensei em ver… Tipo o estádio, o bar/restaurante... e agora, a pousada também. Se alguém quiser ficar, de boa, não vou obrigar ninguém a ir comigo.
Com as chaves para os quartos de hotel em mãos, o grupo entreolhou-se indeciso. Tinham se alimentando no próprio trem e ainda havia algumas horas com luz do dia, o que tornava a exploração possível.
— Podemos só largar as malas nos quartos? — Dougie deu um pequeno pulo no mesmo lugar para apontar a mochila que carregava nas costas.
— De boa. — Danny concordou.
— 113A, 113A, 113A… — murmuravam no elevador sem tirar os olhos do painel que indicava em qual andar estavam. Ela tamborilava os dedos na lateral da própria perna com ansiedade.
— Tá bem, mulher? Não é competição pra ver quem chega primeiro. — ao seu lado a encarava com estranhamento.
— Não é, mas você ouviu, vamos bater perna por aí. Ou seja, não é garantido que vamos achar banheiros. — respondeu , que encarava as portas duplas do elevador com o mesmo nível de urgência.
resistiu à tentação de revirar os olhos. Então encarou a amiga ao lado:
— E você?
— Eu estou bem. — deu meio sorriso, até que virou-se deliberadamente para ela:
— Você não quer ir ao banheiro antes de sairmos? — o tom e a ênfase de estavam mais para uma sessão de hipnose. O meio sorriso da amiga se desfez e a visão ficou turva antes de responder:
— Sim.
— Boa menina! — se voltou para a porta novamente, olhando cúmplice para . — Ela é a maior torneirinha de todas nós!
— Dude, vai no banheiro antes da gente sair, pelo amor!! — ralhou Harry para Dougie com seu olhar fixo no painel do elevador, impaciente.
— Foi mal. — o loiro deixou os ombros cederem, inclinando-se para frente como um corcunda.
— Incinerou os pelos do meu nariz! — Danny pressionava as abas do nariz, prendendo a respiração.
— Sorte que as meninas foram em outro elevador. — Fletch abanava discretamente o ar em torno de si.
— Algo não me caiu tão bem. — sem qualquer marca de constrangimento, o mais novo pousou a mão sobre a barriga, que se projetava para frente como se estivesse grávido.
— O oitavo passageiro do mal!! — brincou Danny, cometendo o erro de rir escandalosamente e inalar demasiado para recuperar o fôlego. Aquilo levou Fletch a uma careta para conter o riso e Harry cobria nariz e boca com as mãos, rindo e escorregando até o chão.
— Ei, James… — Fletcher colou as costas contra a parede do elevador quando as portas deste se fecharam. O guitarrista não tinha planejado nada de conversar ou confrontar o amigo sobre o jeito estranho que vinha atuando recentemente. Mas lhe parecia uma boa ideia estando ambos sozinhos no elevador. Só que dessa vez tinha de ser mais preciso e não apenas perguntar se estava tudo bem, como fizera ao descerem do carro de Zhou na estação de trem.
— Se quiser usar nosso banheiro, não precisa nem pedir. — o loiro girou sua cópia da chave do quarto dividido com Fletch em seu indicador. — 'Tô com um mau presságio sobre o Dougie.
— Valeu, vou até aceitar. — no saguão do hotel o abdômen de Poynter já fazia uns roncos assustadores. — Mas não é bem isso o que eu ia dizer…
Os dois se entreolharam. E Tom mordiscou o canto interno da boca enquanto definia quais palavras usar.
— A gente ficou desconfiado de que o Fletch está escondendo alguma coisa, alguma informação de nós. Daí até mexemos nas coisas dele, só que não achamos nada. E depois disso… Tsc! — Tom estava irritado consigo mesmo por não conseguir ser sucinto. — O que eu quero dizer é: se você… Se descobrir qualquer coisa, vai dividir com a gente, não é? Por pior que seja? Mesmo se for com a boa intenção de proteger, acabaria contando, né? Ainda mais se te pedissem pra dividir o que sabe?
Que James fizesse cara de surpresa não era nada fora do normal para Fletcher, o que o incomodava acima de tudo era o amigo entregando, ainda que inconscientemente, que tinha sido pego no flagra.
— C-claro!
Tom forçou um sorriso, ainda que não pudesse disfarçar por completo a perturbação pelo amigo não lhe parecer verdadeiro. Aos olhos de James, Tom era um trem de emoções prestes a descarrilar — e ele não seria o responsável por isso à toa. Eles precisavam descobrir com seus próprios olhos. Finalmente estavam onde tudo começou, logo todos iriam descobrir se havia cura ou não.
— Muito bem — Danny esfregou uma mão na outra freneticamente. —, por onde querem começar?
— Pelo começo da viagem ou começo do pesadelo? — propôs Harry com um humor ácido que ele usava sempre que uma situação lhe deixava em estado de nervosismo.
— Podemos ir à pousada onde ficamos da primeira vez ou partir logo pro estádio. — Dougie sugeriu, fixando seus olhos claros na papelada que Fletch trazia consigo ao adentrar o saguão do hotel.
— São mapas do lugar e informações da viagem passada, pra ajudar a nos situar. — explicou ele enquanto entregava cópias de seus papéis para o grupo com um nervosismo desproporcional que não passou despercebido para alguns, mas ninguém questionou.
As meninas receberam os papéis com o mesmo receio de quem recebe uma fatura do cartão de crédito, deparando-se apenas com simples impressos.
Vacilante, Tom recebeu os papéis encarando a James. O que o amigo havia descoberto estava no meio daquelas folhas?
Danny sorriu para o mapa versão Google Street View da região, com marcações de Fletch sobre onde estavam e onde tinham ficado da outra vez, além do estádio e outros pontos de interesse.
— Devíamos olhar a pousada primeiro. — James disse, sério demais para apenas uma sugestão. Ele meteu as mãos nos bolsos da bermuda, trocando olhares cúmplices com Fletch. Tom se segurou para não apontar o dedo acusador de “” na cara de ninguém.
— A pousada. — com o polegar Harry percorreu no mapa o caminho até a entrada da pousada em estilo oriental. A céu aberto, depois do imóvel, havia uma área de fontes termais dividida entre homens e mulheres, como duas grandes piscinas aquecidas. E seguindo mais além pela propriedade, em uma área com o acesso à pousada interrompido, múltiplas pequenas fontes termais menores espalhavam-se.
— Foi nisso que caímos? — Dougie disse em voz alta o que os demais estavam considerando.
— A bruxa velha da recepção da pousada… — disse Danny no tom de voz de quem mata uma charada por acidente. — disse que tínhamos hora para voltar!
— E por conta do show e do ‘after party’... — Tom completou com o olhar perdido no nada.
— Passamos do horário. — disse Fletch a seguir, passando a mão pelos cabelos com angústia.
— E pensamos… Pensamos que conseguiríamos entrar dando a volta. — Harry deu uma risada amargurada que terminou como um grunhido lamentoso.
— Se finalmente estamos nos lembrando direito daquele dia, então precisamos mesmo ir à pousada. — declarou James.
— S-sem dúvida. É melhor irmos pra pousada. — olhou por cima do ombro para as demais amigas, que não se opuseram. De repente, o ânimo dos rapazes havia se esfacelado, e não havia muito o que elas pudessem fazer para ajudar.
— Mas… pode ter uma complicação. — James encarou a Fletch, com ambos estando desconfortáveis.
— Que tipo de complicação? — perguntaram as meninas em coro.
— Não sei se nos deixarão entrar. — respondeu o empresário.
— Ué, e por que não? — e os demais ficaram confusos, com exceção de James.
— O hotel parece estar fechado para reformas.
— É só uma fala famosa do seriado 'Heroes', não temos que salvar nenhuma cheerleader. — desfez aquela ideia rápido. Sorrindo amarelo para ao seu lado por colocar preocupação desnecessária no sardento.
— E eu não entendi por que vamos caçar o bar/restaurante que fomos de 'after party' do primeiro dia de show. Achei que íamos atrás de lugares com água, como piscina ou fontes… — ele continuou, cauteloso, olhando para os demais para saber se mais alguém tinha ficado confuso. Ele deu meio sorriso de alívio ao ver que , sua pseudo-irmã perdida, concordou com sua interrogação. Ao menos não era o único.
— Não, Dan, esse é apenas nosso ponto de partida. Pra tentar refazer seus passos, entende? — esclareceu gentilmente.
— Legal, mas e os passos dos outros?? E-eu não fui o responsável por nos amaldiçoar!!! — piscou algumas vezes, pasmada. Os rapazes já tinham suas apostas internas de quando iria finalmente estourar com Jones pela sua lerdeza.
— Não é isso! — se apressou para ajudar a amiga. — É que por tudo o que vocês já nos contaram sobre a maldição desde que nos conhecemos… — correu os olhos de soslaio para , aguardando apoio.
— Ihhh, 'miga, sou ruim de memória! — ela sorriu amarelo.
— O que a gente sabe é que vocês acabaram separados antes da maldição. Por isso vocês quatro não sabiam as formas amaldiçoadas do Fletch e do James. — lembrou no lugar da outra. — Então vamos começar de onde sabemos que vocês estavam juntos, que era o bar.
— Não sei se a gente estava separado quando a maldição rolou. — Harry até fechou os olhos para forçar suas lembranças embaçadas daquela noite.
— O Jimmy virar mulher não dá pra perceber tão bem com as roupas largas que vive usando. — as roupas que o loiro mais velho usava, uma camisa de tamanho G e bermuda larga com bolsos, serviam para mostrar que o comentário de Dougie estava certo.
— É, na hora eu não entendi que meu corpo todo tinha mudado. Só senti mais dificuldade pra continuar fugindo com a bermuda arriando. Depois fiquei achando que minha maldição era virar…
— O pequeno polegar!! Bwa-ha-ha!! Eu lembro disso! — Harry caiu em uma escandalosa gargalhada, cutucando Danny com o cotovelo para rirem juntos.
— Fugindo?? — repetiram em coro as meninas para aquele novo detalhe. De todas as frações de lembranças que os rapazes compartilharam, nunca mencionaram estar fugindo de algo ou alguém. — Fugindo do quê?
—… provavelmente de mim. — Fletch disse com um fio de voz pela ficha estar lhe caindo sobre aquela noite. — Quando voltamos a ser humanos de novo, eu não consegui dizer no que me transformava. Eu simplesmente não sabia! — o empresário estava perplexo.
Na primeira vez recém-transformado, viu seus braços bem maiores do que o normal e cobertos por muito mais pelos do que tinha. Havia também o assustador grunhido do que parecia ser uma fera gigante bem em seu encalço. No entanto, o barulho vinha dele mesmo.
Em seu mundo próprio, os rapazes ficaram abstraídos em vagas lembranças, preenchendo-as com possíveis cenários a partir do que tinha sido dito.
— Olhem… — a voz mansa de cortou todo aquele silêncio, chamando a atenção de todos para o aparecimento de uma grande estrutura no canto da janela. Conforme os vagões do trem corriam pelos trilhos, a visão da estrutura aumentava.
Era o estádio no qual a banda McFly dera início a sua primeira turnê mundial, com dois dias de shows.
— O quê?? Quer sair??
— Mas acabamos de chegar! — a indignação de foi estridente aos ouvidos dos que estavam por perto.
Estavam na recepção do hotel fazendo o check-in quando Danny compartilhou seu desejo, mais precisamente ao pé do ouvido de .
— Só quero dar uma volta na região. Ver se lembro de algo. Aquele lance de refazer nossos passos! — explicou, o sardento estava com a cara ligeiramente fechada para o saguão do hotel, que não lhe trazia lembrança nenhuma, e isso o deixava inquieto. — Eu não lembro de nada disso aqui!
— Bom, isso é porque aqui é um hotel e da outra vez estivemos em uma pousada. — comentou Tom. Danny ficou boquiaberto, dando um giro de 360° para constatar.
— Espera, estamos em um lugar diferente?? — bufou e girou o corpo na direção do empresário, aguardando que ele explicasse:
— Não consegui fazer reserva naquela pousada. Eu quis, mas não foi possível.
— Não me diga que a pousada estava lotada, porque da estação de trem até aqui a cidade mais parecia deserta! — criticou, cruzando seus braços.
— …
— Então, vamos refazer os passos em outros lugares que a gente foi. — Harry emendou, interrompendo o empresário, que estava com a boca aberta. Ele também estava ansioso por poder explorar e dar a sorte de um detalhe lhe fazer recordar tudo, uma placa, uma lixeira, uma catraca. Qualquer coisa!
— Bom, eu não estou cansado. — James deu de ombros. — Se quiserem, podemos ir batendo perna por aí.
— Pensei em ver… Tipo o estádio, o bar/restaurante... e agora, a pousada também. Se alguém quiser ficar, de boa, não vou obrigar ninguém a ir comigo.
Com as chaves para os quartos de hotel em mãos, o grupo entreolhou-se indeciso. Tinham se alimentando no próprio trem e ainda havia algumas horas com luz do dia, o que tornava a exploração possível.
— Podemos só largar as malas nos quartos? — Dougie deu um pequeno pulo no mesmo lugar para apontar a mochila que carregava nas costas.
— De boa. — Danny concordou.
— 113A, 113A, 113A… — murmuravam no elevador sem tirar os olhos do painel que indicava em qual andar estavam. Ela tamborilava os dedos na lateral da própria perna com ansiedade.
— Tá bem, mulher? Não é competição pra ver quem chega primeiro. — ao seu lado a encarava com estranhamento.
— Não é, mas você ouviu, vamos bater perna por aí. Ou seja, não é garantido que vamos achar banheiros. — respondeu , que encarava as portas duplas do elevador com o mesmo nível de urgência.
resistiu à tentação de revirar os olhos. Então encarou a amiga ao lado:
— E você?
— Eu estou bem. — deu meio sorriso, até que virou-se deliberadamente para ela:
— Você não quer ir ao banheiro antes de sairmos? — o tom e a ênfase de estavam mais para uma sessão de hipnose. O meio sorriso da amiga se desfez e a visão ficou turva antes de responder:
— Sim.
— Boa menina! — se voltou para a porta novamente, olhando cúmplice para . — Ela é a maior torneirinha de todas nós!
— Dude, vai no banheiro antes da gente sair, pelo amor!! — ralhou Harry para Dougie com seu olhar fixo no painel do elevador, impaciente.
— Foi mal. — o loiro deixou os ombros cederem, inclinando-se para frente como um corcunda.
— Incinerou os pelos do meu nariz! — Danny pressionava as abas do nariz, prendendo a respiração.
— Sorte que as meninas foram em outro elevador. — Fletch abanava discretamente o ar em torno de si.
— Algo não me caiu tão bem. — sem qualquer marca de constrangimento, o mais novo pousou a mão sobre a barriga, que se projetava para frente como se estivesse grávido.
— O oitavo passageiro do mal!! — brincou Danny, cometendo o erro de rir escandalosamente e inalar demasiado para recuperar o fôlego. Aquilo levou Fletch a uma careta para conter o riso e Harry cobria nariz e boca com as mãos, rindo e escorregando até o chão.
— Ei, James… — Fletcher colou as costas contra a parede do elevador quando as portas deste se fecharam. O guitarrista não tinha planejado nada de conversar ou confrontar o amigo sobre o jeito estranho que vinha atuando recentemente. Mas lhe parecia uma boa ideia estando ambos sozinhos no elevador. Só que dessa vez tinha de ser mais preciso e não apenas perguntar se estava tudo bem, como fizera ao descerem do carro de Zhou na estação de trem.
— Se quiser usar nosso banheiro, não precisa nem pedir. — o loiro girou sua cópia da chave do quarto dividido com Fletch em seu indicador. — 'Tô com um mau presságio sobre o Dougie.
— Valeu, vou até aceitar. — no saguão do hotel o abdômen de Poynter já fazia uns roncos assustadores. — Mas não é bem isso o que eu ia dizer…
Os dois se entreolharam. E Tom mordiscou o canto interno da boca enquanto definia quais palavras usar.
— A gente ficou desconfiado de que o Fletch está escondendo alguma coisa, alguma informação de nós. Daí até mexemos nas coisas dele, só que não achamos nada. E depois disso… Tsc! — Tom estava irritado consigo mesmo por não conseguir ser sucinto. — O que eu quero dizer é: se você… Se descobrir qualquer coisa, vai dividir com a gente, não é? Por pior que seja? Mesmo se for com a boa intenção de proteger, acabaria contando, né? Ainda mais se te pedissem pra dividir o que sabe?
Que James fizesse cara de surpresa não era nada fora do normal para Fletcher, o que o incomodava acima de tudo era o amigo entregando, ainda que inconscientemente, que tinha sido pego no flagra.
— C-claro!
Tom forçou um sorriso, ainda que não pudesse disfarçar por completo a perturbação pelo amigo não lhe parecer verdadeiro. Aos olhos de James, Tom era um trem de emoções prestes a descarrilar — e ele não seria o responsável por isso à toa. Eles precisavam descobrir com seus próprios olhos. Finalmente estavam onde tudo começou, logo todos iriam descobrir se havia cura ou não.
— Muito bem — Danny esfregou uma mão na outra freneticamente. —, por onde querem começar?
— Pelo começo da viagem ou começo do pesadelo? — propôs Harry com um humor ácido que ele usava sempre que uma situação lhe deixava em estado de nervosismo.
— Podemos ir à pousada onde ficamos da primeira vez ou partir logo pro estádio. — Dougie sugeriu, fixando seus olhos claros na papelada que Fletch trazia consigo ao adentrar o saguão do hotel.
— São mapas do lugar e informações da viagem passada, pra ajudar a nos situar. — explicou ele enquanto entregava cópias de seus papéis para o grupo com um nervosismo desproporcional que não passou despercebido para alguns, mas ninguém questionou.
As meninas receberam os papéis com o mesmo receio de quem recebe uma fatura do cartão de crédito, deparando-se apenas com simples impressos.
Vacilante, Tom recebeu os papéis encarando a James. O que o amigo havia descoberto estava no meio daquelas folhas?
Danny sorriu para o mapa versão Google Street View da região, com marcações de Fletch sobre onde estavam e onde tinham ficado da outra vez, além do estádio e outros pontos de interesse.
— Devíamos olhar a pousada primeiro. — James disse, sério demais para apenas uma sugestão. Ele meteu as mãos nos bolsos da bermuda, trocando olhares cúmplices com Fletch. Tom se segurou para não apontar o dedo acusador de “
— A pousada. — com o polegar Harry percorreu no mapa o caminho até a entrada da pousada em estilo oriental. A céu aberto, depois do imóvel, havia uma área de fontes termais dividida entre homens e mulheres, como duas grandes piscinas aquecidas. E seguindo mais além pela propriedade, em uma área com o acesso à pousada interrompido, múltiplas pequenas fontes termais menores espalhavam-se.
— Foi nisso que caímos? — Dougie disse em voz alta o que os demais estavam considerando.
— A bruxa velha da recepção da pousada… — disse Danny no tom de voz de quem mata uma charada por acidente. — disse que tínhamos hora para voltar!
— E por conta do show e do ‘after party’... — Tom completou com o olhar perdido no nada.
— Passamos do horário. — disse Fletch a seguir, passando a mão pelos cabelos com angústia.
— E pensamos… Pensamos que conseguiríamos entrar dando a volta. — Harry deu uma risada amargurada que terminou como um grunhido lamentoso.
— Se finalmente estamos nos lembrando direito daquele dia, então precisamos mesmo ir à pousada. — declarou James.
— S-sem dúvida. É melhor irmos pra pousada. — olhou por cima do ombro para as demais amigas, que não se opuseram. De repente, o ânimo dos rapazes havia se esfacelado, e não havia muito o que elas pudessem fazer para ajudar.
— Mas… pode ter uma complicação. — James encarou a Fletch, com ambos estando desconfortáveis.
— Que tipo de complicação? — perguntaram as meninas em coro.
— Não sei se nos deixarão entrar. — respondeu o empresário.
— Ué, e por que não? — e os demais ficaram confusos, com exceção de James.
— O hotel parece estar fechado para reformas.
Capítulo 84 - Nada será como antes
— Nós… chegamos? — perguntou Danny incerto, encarando por cima do ombro os que o seguiam.
Havia uma rede de segurança de plástico laranja cercando a propriedade da pousada desde alguns poucos metros da sua entrada.
Todos encaravam o cenário diante de si pasmos e confusos. Na verdade, todo o lugar em volta deles já tinha gerado algumas dúvidas internas dezenas de metros antes. Poucos estabelecimentos estavam abertos, com um ou outro habitante fazendo rara aparição nas ruas. E mais de uma vez eles se depararam com aquela mesma rede de plástico alaranjada no entorno do que pareciam ser canteiros de obras.
A esperança geral era que pudessem acessar a parte mais afastada da pousada, aquela com várias pequenas fontes espalhadas no anexo da propriedade, falando com o dono do lugar ou outra pessoa responsável por ali. Mesmo que “fechado para reformas”, o entendimento era que apenas uma área da pousada fosse estar interditada, porém, a atmosfera do lugar remetia ao completo abandono. E a presença de uma retroescavadeira próxima da lateral da entrada não dava indícios de que ali haveria uma reforma, mas sim uma demolição.
— É a pousada que vocês ficaram, certo? — questionou insegura logo atrás do sardento.
— Sim, é aqui sim. — Fletch disse, com seus papéis sendo amassados ao cerrar os punhos.
Danny sacudiu a cabeça de um lado para o outro, em negação, e desatou a correr, contornando a fachada da pousada. As respostas que eles buscavam não estavam naquela entrada que não conseguiam acessar impedidos pela rede de segurança laranja. Os demais tentaram acompanhá-lo. Havia uma segunda retroescavadeira — que pela posição na qual havia sido deixada, parecia ter engolido parte da lateral da pousada em um momento prévio. E a rede alaranjada estendia-se praticamente sem fim.
— Só que não pode ser aqui! — berrou Dougie, com as mãos na cabeça, quase arrancando os próprios fios de cabelo.
Até onde os olhos podiam alcançar, via-se terra revirada, com alguns pontos mais enlameados e pequenos charcos com água barrosa. Danny e Dougie tinham seus corpos quase colados à rede de segurança, o olhar infiltrando-se por entre seus furos.
— Q-quem sabe aquilo eram as fontes que procuramos? — indicou com o queixo.
— Não há mais fontes, . — Harry disse em um suspiro frustrado. Seus dedos estavam entrelaçados nos furos da rede alaranjada.
— Mas o que é que estão fazendo?? — perguntou sem entender nada. Ao seu lado, cobria a boca com ambas as mãos. — Por que estão destruindo tudo??
— Pelo que entendi, esta região, a de Beibei, vem recebendo muita gente de fora desde as Olimpíadas de 2008. Foi pra esse evento que construíram o estádio e o hotel onde estamos agora. — Fletch explicou com a voz lhe arranhando a garganta. Seu coração afundava cada vez mais.
— Pelo tanto de pessoas que recebem, e para não deixar o estádio às moscas, o governo daqui resolveu investir pesado na região. — James tinha suas mãos afundadas nos bolsos da bermuda e uma postura murcha.
— Mas e...e…? — Dougie tentou dizer mais alguma coisa, com seu fôlego ficando entalado e sem voz para nenhuma outra palavra.
Todos viam com seus próprios olhos que a única chance deles voltarem ao normal estava destruída.
Não havia mais as fontes termais, entretanto, a maldição seguia.
E sem a cura, os rapazes não poderiam mais ter suas vidas de volta como gostariam.
As garotas não sabiam o que poderia ser dito para consolá-los; nem os rapazes sabiam exprimir a decepção, o desespero e o pânico que começava a lhes consumir por completo.
Fletch se deixou tombar de joelhos no mesmo lugar, um pouco atrás de Danny e Dougie. Os papéis escaparam de sua mão e espalharam-se ao seu lado, agora sem qualquer importância. E em sua mala no quarto hotel ficaram os planos de requalificação urbana de Beibei — que Fletch não distribuiu ao grupo pois qualquer um iria concluir erroneamente em seu interesse em comprar um terreno daquela região.
Era uma pegadinha cruel. Porém ninguém surgia para anunciar “Pegamos vocês!” e acabar com aquilo.
A sensação do tempo ficou distorcida, os minutos ficaram espaçados e os segundos eternos.
— Zhou… — o homem murmurou para si mesmo com tristeza.
Ao fechar os olhos recordava-se de seu rosto alegre e sorridente. Mas sua expressão mudava drasticamente ao vê-lo em sua forma animalesca, justo o animal mais temido por ela, um panda.
Harry virou-se e caminhou de volta à entrada da pousada, ou melhor, o começo do canteiro. Bem ali, uma grande placa de madeira onde uma larga placa de madeira encontrava-se sobre dois apoios de metal. O moreno não entendia o alfabeto chinês para saber ler o que aqueles símbolos diziam, mas imaginava ser o anúncio do que estava por vir naquele espaço. Malditos!, pensou com fúria e com o pé começou a chutar a base da placa. Estava enraivecido e precisava descontar em algo — do contrário o faria com alguém.
— Harry! — a voz preocupada de atrás de si o deteve.
Ela aproximou-se correndo ao notar o que fazia, porém, não teve coragem para impedi-lo. Frases clichês do tipo “Vai dar tudo certo” ou “Nem tudo está perdido” e ainda “Vamos encontrar uma solução alternativa” não eram o que o moreno precisava no momento — era da cura, simplesmente estar livre daquele pesadelo.
Os braços de o envolveram apertado. Ela mesma ainda estava aturdida, incerta sobre como proceder ou dizer. O melhor que tinha a oferecer era seu abraço, embora indecisa se aquilo era para fazer com que ele se acalmasse ou a ela.
— Por quê?! Por quê?! Por quê?!! Por quê?!! — Danny caiu de joelhos diante da rede laranja.
O sonho de voltar a tocar com a banda, rever sua mãe e irmã na cidade natal normalmente e poder estar com como namorados. Nenhum desses sonhos seria possível.
Agora era oficial, todos eles eram monstros.
Com os punhos cerrados, ele desferiu golpes no chão, tentando extravasar sua frustração. Aquela não podia ser sua realidade! Ele e os outros tinham tantos planos traçados para quando enfim voltassem ao normal.
Suas lágrimas deixaram os olhos e espalhavam-se por seu rosto avermelhado.
Feridas estavam já se abrindo nos nós dos dedos quando , consternada com a cena, forçou-o a abraçá-la para que parasse. Os rosto dela também estava molhado por lágrimas, ela chorava por todos os rapazes e, principalmente, pelo futuro deles dois — completamente alienada dos planos de Danny de não condená-la a ficar ao lado dele caso não houvesse saída para sua situação. Não haveria “nós” se ele tivesse que viver como um monstro.
— Dougie… — aproximou-se com certa resistência do baixista. Seu medo maior era como ele podia reagir. — Eu sinto muito, muito mesmo.
não era chegada a contatos e toques, inclusive carinhosos, só que naquele momento havia nela um instinto em confortá-lo.
— … — ele a encarou com os olhos mais tristes que ela já vira na vida. — Ficamos com um ticket só de ida mesmo para Loserville. — zombou sem qualquer ânimo nem vontade de fingir que ficaria tudo bem.
— Talvez devêssemos explorar mais… — ela tentou acreditar que não acabaria daquele jeito.
— Acho que esse é o fim da linha, .
O loiro deu um meio sorriso enquanto encarava o chão com as mãos nos bolsos da calça — e ali dentro seus punhos estavam cerrados com força. Mesmo que tivesse lhe sufocado sem querer e aquilo a tivesse levado a afastar-se dele, talvez isso fosse algo bom afinal. Era melhor que não tivesse chances com ela, não agora que ele estava condenado para sempre.
Dougie abaixou-se, quase sentando no chão, e alcançou uma pedra com a qual ficou brincando em seus dedos. Ele não queria ter de pensar em todos os pontos negativos de ficar para sempre preso à maldição. A mão de pousou primeiro no dorso da sua, levando-o a ignorar a pedra e deixar sua mão ser fisgada pela dela. Eles passaram a se encarar sem dizer nenhuma palavra — o que pudesse ou precisasse ser transmitido de um para o outro, estava sendo feito silenciosamente pelo olhar.
James marchava cabisbaixo, os pés quase se arrastando, voltando pelo caminho que haviam percorrido.
— Era isso, não era??!! O que você descobriu e escondeu? Mesmo comigo te pedindo pra contar?! — a voz de Tom soou colérica assim que alcançou Bourne.
— Eu tinha de ver com meus próprios olho! — o loiro respondeu frio. As mãos cerradas de Tom mantinham James preso pela gola da camiseta.
— Não me venha com essa!! — o guitarrista atingiu o amigo com um soco, fazendo-o cair sentado no chão. — Eu sabia!! Sabia que estava mentindo no elevador!!
— Achou que eu esperava por isso?!?! O Fletch não tinha certeza! Muito menos eu!! — Bourne recolocou-se de pé, enfezado com a atitude do outro, pronto para revidar o golpe.
— PAREM!! — veio correndo e colocou-se entre ambos para impedir uma luta, mas não conseguiu evitar que James se chocasse contra seu corpo, para quem estava voltada, ganhando um pequeno corte no canto do lábio. Antes que os rapazes pudessem se dar conta da situação dela, as acusações verbais continuaram aos berros. Ela até quis gritar para que Harry e , os mais próximos, a ajudassem a contê-los, mas eles estavam abstraídos, mergulhados em seu próprio desespero e nervosismo.
— Só tinha de contar!! Como um bom amigo, sabe?! Baita trairagem sua!! — o rosto de Tom estava dominado pela cor vermelha.
— Meninos, parem, por favor! — agora , de lado para ambos e com os braços estendidos, tentava impedir um novo ataque.
Tom riu sozinho com cinismo, cheio de desdém pelo amigo.
— Não tem mais com o que se preocupar... Já constatamos que não tem cura. — ele seguiu pelo caminho oposto ao que levava à pousada, trazendo consigo pelo punho.
— Imbecil… — James disse, sentando-se no chão de qualquer maneira, colocando a mão sobre o ponto do rosto que latejava de dor pelo soco.
Já a uma certa distância da razão de seu ódio momentâneo, Tom puxou a garota para que ficassem frente a frente, suas mãos agora apoiadas nos ombros dela.
— Você está bem? — ele precisou fungar ao final da frase para fingir que não estava assim tão alterado. — Sua boca está sangrando...
Ela fez um sinal positivo com a cabeça, passando de leve a língua na região para sentir a gravidade do ferimento e limpar o pouco de sangue que havia ali.
— Que bom, que bom. — com a cabeça abaixada, a voz do loiro saiu quebrada e então ele não evitou mais. Trouxe para mais perto de si, escondendo o rosto no espaço entre seu pescoço e ombro e permitindo que o choro de decepção finalmente corresse livre. As mãos pequeninas dela começaram a afagar suas costas e cabelo. — Nada, nunca mais, será como antes. — sentenciou Tom.
Havia uma rede de segurança de plástico laranja cercando a propriedade da pousada desde alguns poucos metros da sua entrada.
Todos encaravam o cenário diante de si pasmos e confusos. Na verdade, todo o lugar em volta deles já tinha gerado algumas dúvidas internas dezenas de metros antes. Poucos estabelecimentos estavam abertos, com um ou outro habitante fazendo rara aparição nas ruas. E mais de uma vez eles se depararam com aquela mesma rede de plástico alaranjada no entorno do que pareciam ser canteiros de obras.
A esperança geral era que pudessem acessar a parte mais afastada da pousada, aquela com várias pequenas fontes espalhadas no anexo da propriedade, falando com o dono do lugar ou outra pessoa responsável por ali. Mesmo que “fechado para reformas”, o entendimento era que apenas uma área da pousada fosse estar interditada, porém, a atmosfera do lugar remetia ao completo abandono. E a presença de uma retroescavadeira próxima da lateral da entrada não dava indícios de que ali haveria uma reforma, mas sim uma demolição.
— É a pousada que vocês ficaram, certo? — questionou insegura logo atrás do sardento.
— Sim, é aqui sim. — Fletch disse, com seus papéis sendo amassados ao cerrar os punhos.
Danny sacudiu a cabeça de um lado para o outro, em negação, e desatou a correr, contornando a fachada da pousada. As respostas que eles buscavam não estavam naquela entrada que não conseguiam acessar impedidos pela rede de segurança laranja. Os demais tentaram acompanhá-lo. Havia uma segunda retroescavadeira — que pela posição na qual havia sido deixada, parecia ter engolido parte da lateral da pousada em um momento prévio. E a rede alaranjada estendia-se praticamente sem fim.
— Só que não pode ser aqui! — berrou Dougie, com as mãos na cabeça, quase arrancando os próprios fios de cabelo.
Até onde os olhos podiam alcançar, via-se terra revirada, com alguns pontos mais enlameados e pequenos charcos com água barrosa. Danny e Dougie tinham seus corpos quase colados à rede de segurança, o olhar infiltrando-se por entre seus furos.
— Q-quem sabe aquilo eram as fontes que procuramos? — indicou com o queixo.
— Não há mais fontes, . — Harry disse em um suspiro frustrado. Seus dedos estavam entrelaçados nos furos da rede alaranjada.
— Mas o que é que estão fazendo?? — perguntou sem entender nada. Ao seu lado, cobria a boca com ambas as mãos. — Por que estão destruindo tudo??
— Pelo que entendi, esta região, a de Beibei, vem recebendo muita gente de fora desde as Olimpíadas de 2008. Foi pra esse evento que construíram o estádio e o hotel onde estamos agora. — Fletch explicou com a voz lhe arranhando a garganta. Seu coração afundava cada vez mais.
— Pelo tanto de pessoas que recebem, e para não deixar o estádio às moscas, o governo daqui resolveu investir pesado na região. — James tinha suas mãos afundadas nos bolsos da bermuda e uma postura murcha.
— Mas e...e…? — Dougie tentou dizer mais alguma coisa, com seu fôlego ficando entalado e sem voz para nenhuma outra palavra.
Todos viam com seus próprios olhos que a única chance deles voltarem ao normal estava destruída.
Não havia mais as fontes termais, entretanto, a maldição seguia.
E sem a cura, os rapazes não poderiam mais ter suas vidas de volta como gostariam.
As garotas não sabiam o que poderia ser dito para consolá-los; nem os rapazes sabiam exprimir a decepção, o desespero e o pânico que começava a lhes consumir por completo.
Fletch se deixou tombar de joelhos no mesmo lugar, um pouco atrás de Danny e Dougie. Os papéis escaparam de sua mão e espalharam-se ao seu lado, agora sem qualquer importância. E em sua mala no quarto hotel ficaram os planos de requalificação urbana de Beibei — que Fletch não distribuiu ao grupo pois qualquer um iria concluir erroneamente em seu interesse em comprar um terreno daquela região.
Era uma pegadinha cruel. Porém ninguém surgia para anunciar “Pegamos vocês!” e acabar com aquilo.
A sensação do tempo ficou distorcida, os minutos ficaram espaçados e os segundos eternos.
— Zhou… — o homem murmurou para si mesmo com tristeza.
Ao fechar os olhos recordava-se de seu rosto alegre e sorridente. Mas sua expressão mudava drasticamente ao vê-lo em sua forma animalesca, justo o animal mais temido por ela, um panda.
Harry virou-se e caminhou de volta à entrada da pousada, ou melhor, o começo do canteiro. Bem ali, uma grande placa de madeira onde uma larga placa de madeira encontrava-se sobre dois apoios de metal. O moreno não entendia o alfabeto chinês para saber ler o que aqueles símbolos diziam, mas imaginava ser o anúncio do que estava por vir naquele espaço. Malditos!, pensou com fúria e com o pé começou a chutar a base da placa. Estava enraivecido e precisava descontar em algo — do contrário o faria com alguém.
— Harry! — a voz preocupada de atrás de si o deteve.
Ela aproximou-se correndo ao notar o que fazia, porém, não teve coragem para impedi-lo. Frases clichês do tipo “Vai dar tudo certo” ou “Nem tudo está perdido” e ainda “Vamos encontrar uma solução alternativa” não eram o que o moreno precisava no momento — era da cura, simplesmente estar livre daquele pesadelo.
Os braços de o envolveram apertado. Ela mesma ainda estava aturdida, incerta sobre como proceder ou dizer. O melhor que tinha a oferecer era seu abraço, embora indecisa se aquilo era para fazer com que ele se acalmasse ou a ela.
— Por quê?! Por quê?! Por quê?!! Por quê?!! — Danny caiu de joelhos diante da rede laranja.
O sonho de voltar a tocar com a banda, rever sua mãe e irmã na cidade natal normalmente e poder estar com como namorados. Nenhum desses sonhos seria possível.
Agora era oficial, todos eles eram monstros.
Com os punhos cerrados, ele desferiu golpes no chão, tentando extravasar sua frustração. Aquela não podia ser sua realidade! Ele e os outros tinham tantos planos traçados para quando enfim voltassem ao normal.
Suas lágrimas deixaram os olhos e espalhavam-se por seu rosto avermelhado.
Feridas estavam já se abrindo nos nós dos dedos quando , consternada com a cena, forçou-o a abraçá-la para que parasse. Os rosto dela também estava molhado por lágrimas, ela chorava por todos os rapazes e, principalmente, pelo futuro deles dois — completamente alienada dos planos de Danny de não condená-la a ficar ao lado dele caso não houvesse saída para sua situação. Não haveria “nós” se ele tivesse que viver como um monstro.
— Dougie… — aproximou-se com certa resistência do baixista. Seu medo maior era como ele podia reagir. — Eu sinto muito, muito mesmo.
não era chegada a contatos e toques, inclusive carinhosos, só que naquele momento havia nela um instinto em confortá-lo.
— … — ele a encarou com os olhos mais tristes que ela já vira na vida. — Ficamos com um ticket só de ida mesmo para Loserville. — zombou sem qualquer ânimo nem vontade de fingir que ficaria tudo bem.
— Talvez devêssemos explorar mais… — ela tentou acreditar que não acabaria daquele jeito.
— Acho que esse é o fim da linha, .
O loiro deu um meio sorriso enquanto encarava o chão com as mãos nos bolsos da calça — e ali dentro seus punhos estavam cerrados com força. Mesmo que tivesse lhe sufocado sem querer e aquilo a tivesse levado a afastar-se dele, talvez isso fosse algo bom afinal. Era melhor que não tivesse chances com ela, não agora que ele estava condenado para sempre.
Dougie abaixou-se, quase sentando no chão, e alcançou uma pedra com a qual ficou brincando em seus dedos. Ele não queria ter de pensar em todos os pontos negativos de ficar para sempre preso à maldição. A mão de pousou primeiro no dorso da sua, levando-o a ignorar a pedra e deixar sua mão ser fisgada pela dela. Eles passaram a se encarar sem dizer nenhuma palavra — o que pudesse ou precisasse ser transmitido de um para o outro, estava sendo feito silenciosamente pelo olhar.
James marchava cabisbaixo, os pés quase se arrastando, voltando pelo caminho que haviam percorrido.
— Era isso, não era??!! O que você descobriu e escondeu? Mesmo comigo te pedindo pra contar?! — a voz de Tom soou colérica assim que alcançou Bourne.
— Eu tinha de ver com meus próprios olho! — o loiro respondeu frio. As mãos cerradas de Tom mantinham James preso pela gola da camiseta.
— Não me venha com essa!! — o guitarrista atingiu o amigo com um soco, fazendo-o cair sentado no chão. — Eu sabia!! Sabia que estava mentindo no elevador!!
— Achou que eu esperava por isso?!?! O Fletch não tinha certeza! Muito menos eu!! — Bourne recolocou-se de pé, enfezado com a atitude do outro, pronto para revidar o golpe.
— PAREM!! — veio correndo e colocou-se entre ambos para impedir uma luta, mas não conseguiu evitar que James se chocasse contra seu corpo, para quem estava voltada, ganhando um pequeno corte no canto do lábio. Antes que os rapazes pudessem se dar conta da situação dela, as acusações verbais continuaram aos berros. Ela até quis gritar para que Harry e , os mais próximos, a ajudassem a contê-los, mas eles estavam abstraídos, mergulhados em seu próprio desespero e nervosismo.
— Só tinha de contar!! Como um bom amigo, sabe?! Baita trairagem sua!! — o rosto de Tom estava dominado pela cor vermelha.
— Meninos, parem, por favor! — agora , de lado para ambos e com os braços estendidos, tentava impedir um novo ataque.
Tom riu sozinho com cinismo, cheio de desdém pelo amigo.
— Não tem mais com o que se preocupar... Já constatamos que não tem cura. — ele seguiu pelo caminho oposto ao que levava à pousada, trazendo consigo pelo punho.
— Imbecil… — James disse, sentando-se no chão de qualquer maneira, colocando a mão sobre o ponto do rosto que latejava de dor pelo soco.
Já a uma certa distância da razão de seu ódio momentâneo, Tom puxou a garota para que ficassem frente a frente, suas mãos agora apoiadas nos ombros dela.
— Você está bem? — ele precisou fungar ao final da frase para fingir que não estava assim tão alterado. — Sua boca está sangrando...
Ela fez um sinal positivo com a cabeça, passando de leve a língua na região para sentir a gravidade do ferimento e limpar o pouco de sangue que havia ali.
— Que bom, que bom. — com a cabeça abaixada, a voz do loiro saiu quebrada e então ele não evitou mais. Trouxe para mais perto de si, escondendo o rosto no espaço entre seu pescoço e ombro e permitindo que o choro de decepção finalmente corresse livre. As mãos pequeninas dela começaram a afagar suas costas e cabelo. — Nada, nunca mais, será como antes. — sentenciou Tom.
F I M
Nota da autora: Hello, people!
Chegamos ao final!
Fico triste, feliz, um verdadeiro furacão de emoções!
Mas é no geral um sentimento de conclusão. Fico bem orgulhosa de mim por ter concluído essa fic. Pois vi muitas histórias serem abandonadas ao longo dessa estrada - até mesmo eu abandonei algumas. Agradeço de coração a todas/os leitoras/res que chegaram até aqui! Sei que a fic é o xodó de alguns, a primeira fic da vida, ou então aquele momento relax para rir e se divertir. Essa fic representa tudo isso na minha vida também! Graças a ela encontrei um mundo maravilhoso e com pessoas ainda mais maravilhosas!
E se pudesse mudar algo nessa trajetória seria: atualizações mais constantes! rsrsrsrs E termina assim mesmo? É claro que não!
Ainda virão algumas shortfics para fechar algumas pontas soltas.
O plano ia ser migrar daqui para uma segunda longfic, mas me deram a ideia de shortfics. E me pareceu um bom caminho. Até para não ficarmos anos aguardando pela conclusão novamente.
E a primeira shortfic narrando o que ocorre depois já está praticamente concluída, então meu plano é ir postando logo em breve.
Até lá!
Um último beijo e um último queijo!!
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Chegamos ao final!
Fico triste, feliz, um verdadeiro furacão de emoções!
Mas é no geral um sentimento de conclusão. Fico bem orgulhosa de mim por ter concluído essa fic. Pois vi muitas histórias serem abandonadas ao longo dessa estrada - até mesmo eu abandonei algumas. Agradeço de coração a todas/os leitoras/res que chegaram até aqui! Sei que a fic é o xodó de alguns, a primeira fic da vida, ou então aquele momento relax para rir e se divertir. Essa fic representa tudo isso na minha vida também! Graças a ela encontrei um mundo maravilhoso e com pessoas ainda mais maravilhosas!
E se pudesse mudar algo nessa trajetória seria: atualizações mais constantes! rsrsrsrs E termina assim mesmo? É claro que não!
Ainda virão algumas shortfics para fechar algumas pontas soltas.
O plano ia ser migrar daqui para uma segunda longfic, mas me deram a ideia de shortfics. E me pareceu um bom caminho. Até para não ficarmos anos aguardando pela conclusão novamente.
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