Última atualização: 16/12/2016

Capítulo 1

Foi um ano bom para a família Kim, que havia partido da Coreia, sua terra natal a 5 anos e se estabeleceu na Inglaterra, na cidade de Dartford. O pai, senhor Kim Sangjun, era um advogado respeitadíssimo e possuía o mais importante e renomado escritório de advocacia da região, o que lhe favoreceu todos aqueles anos fazendo com que acumulasse grande riqueza. Naquele ano em particular, apesar das pessoas estarem um pouco alvoroçadas com os Jogos Olímpicos de Verão, os negócios não paravam de crescer e o número de clientes dobrou, isso fazia com que ele trabalhasse muito mais.

Era viúvo á 1 ano, pois perdera a esposa, uma excelente violinista, para uma séria doença chamada varíola. Tiveram 4 filhos, o mais velho, seguindo os passos do pai se formou advogado se chamava (25 anos), o segundo estava no 2° grau e amava piano se chamava Sungnam (17 anos), o terceiro era o esperto e sensível Yo-han (10 anos) e por último, o caçula aventureiro e amigável Jung-woo (8 anos), todos meninos belos e adoráveis. Moravam em uma grande e encantadora casa em um amplo terreno afastado do centro da cidade e mantinham bons empregados. Mas havia um pequeno problema, não conseguiam uma babá ou tutora que quisesse tomar conta dos menores, pois eram um tanto indisciplinados e depois do falecimento da mãe se tornaram ainda mais rebeldes e só respeitavam o irmão mais velho, quando bem queriam.

O trem havia partido da cidade de Brixton para Dartford, em um assento próximo à janela uma moça bem peculiar escrevia uma carta a sua querida mãe quando fora interrompida por uma senhora um tanto indiscreta.

—Não entendo como podem achar as viagens de trem confortáveis, se balançamos horrores como nos barcos.
— Acredito que não deve causar tanto mal estar quanto um barco e o cheiro de maresia, senhora. — disse séria e com uma certa rispidez e má vontade na voz, mas mantendo o respeito e a educação, logo quis voltar ao que fazia.
— Não vejo a hora de começarem as viagens naqueles modernos aviões, chegaríamos bem mais rápido a Dartford. A senhorita também está indo para lá? — perguntou a senhora curiosa.
— Sim. — evitou respostas longas.
— Vai a lazer ou a trabalho?
— A trabalho, sou tutora de crianças.
— Mais que maravilha, meus filhos tiveram tutoras até a maioridade. — ela ria — Mas engraçado, em Dartford há tantas tutoras e a senhorita está saindo de tão longe, acaso já trabalha para alguma família?
— A senhora não acha que está sendo um tanto inconveniente com tantas perguntas ao meu respeito, chega a ser constrangedor alguém com a vossa idade sendo tão... enxerida. — não poupou palavras.
— Own, por favor me perdoe! Essas viagens são tão enfadonhas e tediosas, que o único jeito de passar o tempo é conversando, conhecendo novas pessoas. Eu a vi aqui tão quieta e não resisti, a curiosidade não só falou, mas berrou mais alto.
— Está tudo bem. — voltou a atenção ao papel, mas novamente.
— Então? — a mulher continuou.
— O que?
— Já trabalha com alguma família?
— Não, é a primeira vez que vou trabalhar em Dartford.
— Realmente estranho, as tutoras da cidade são tão bem recomendadas. Me diga para que família vai prestar serviços?
— Família Kim. — disse sem muita paciência e se assustou com a reação da mulher.
— Ah! Eu já deveria imaginar, devem estar desesperados mesmo. — aquelas palavras chamaram a atenção da moça.
— A senhora os conhece? — ficou interessada.
— Sim, na verdade toda a cidade conhece. As tutoras anteriores apelidaram os meninos de os terríveis filhos do senhor Kim, pois são verdadeiras pestes se é que me entende. Eu não quero apavorá-la, mas devo dizer que estou começando a ficar com pena de você, saiu de tão longe e não demorará nem uma semana para retornar, me parece angustiante.
— A senhora é tão encantadora... quanto as flores murchas do cemitério.
— O que disse?
— Crianças são apenas crianças, se tornam pestes depois de crescidas aprendendo a ser infelizes linguarudas como a senhora — disse causando espanto na mulher — agora se me der licença gostaria de voltar ao silêncio e a tranquilidade, vá perturbar outro.
— Ah, que humilhação. — a mulher saiu resmungando para longe e a moça voltou a atenção para sua carta.

“Mamãe,
Estou bem e agora viajo em um trem indo a Dartford trabalhar para uma família de posses, serei bem paga não se preocupe. Ouvi dizer que as crianças são agitadas, então creio que devo me esforçar bastante, a senhora conhece meus métodos e o quanto posso ser desagradável. Mandarei dinheiro assim que puder, provavelmente com a próxima carta. Sinto muito não poder estar com a senhora como prometi, mas saiba que estará em meus pensamentos todo o tempo e na primeira oportunidade a trarei para viver comigo. Por favor fique bem e haja o que houver me espere.
Com amor, sua filha amada, !”

mandou a carta a sua mãe na primeira estação de parada do trem e continuou seu caminho, chegando um dia depois a cidade. Um automóvel já a aguardava e na frente da estação o motorista mantinha uma placa sinalizada com seu sobrenome, Kingsley. A moça se apresentou a ele e então foi levada a casa dos Kim. Ao descer do automóvel observou a sua volta tomando conhecimento visual e memorizando o lugar, haviam um bosque nos arredores e atrás da casa o acesso a ele era facilitado, mas nada a temer. Não estava nervosa, seu semblante era sério porém tranquilo e amigável, sem delongas foi conduzida a entrada com sua bagagem pelo motorista e uma das empregadas foi avisar ao patrão.

Apesar da família ser coreana, a casa tinha decoração clássica europeia, vasos de porcelana francesa e quadros de paisagens bucólicas eram ornamentos indispensáveis. permaneceu na sala até que senhor Kim veio recebê-la.

— Senhorita Kingsley eu presumo. — lhe estendeu a mão e ao receber a dela a beijou respeitosamente, admirado com a beleza dela.
— É um prazer conhece-lo pessoalmente e devo dizer que vossa casa é formidável. — mantinha uma postura elegante e feminina, apesar da idade (22 anos) transbordava maturidade.
— Eu agradeço o elogio e confesso estar satisfeitíssimo em recebê-la tão prontamente devido a urgência da minha necessidade. Não esperava que estaria disponível para atender ao meu chamado e me alegrou profundamente quando recebi sua carta aceitando minha proposta.
— O senhor vai concordar que soube ser bem convincente, principalmente considerando o valor que me propôs. — seu tom de voz era suave e provocador, não tinha medo de usar as palavras.
— A situação em que me encontro pedia medidas desesperadas. — era um senhor bem apessoado e gentil, estava um pouco nervoso e o sorriso demonstrava apreensão — Olhe aqui estão eles.

Os meninos entraram acompanhados do adolescente e o pai os apresentou a ela, que calmamente olhou o rosto de cada um como um lobo faminto a sua caça.

— Este é Sungnam. — senhor Kim o colocou à frente dos outros.
— É um prazer conhece-la senhorita Kingsley — disse o rapaz lhe causando formigamento de tão doce.
— Que agradável. — se inclinou o reverenciando.
— E estes são Yo-han e Jung-woo. — colocou-os a frente dele com as mãos sobre seus ombros.
— Seja bem vinda senhorita Kingsley. — disseram os dois em coro, como haviam ensaiado com o pai anteriormente.
— Crianças maravilhosas, sem dúvidas são bons meninos. — ela disse com um certo cinismo oculto e ao ouvi-la os dois menores se entreolharam dando um leve sorriso tentador um ao outro. Neste exato momento o mais velho adentrava a sala chamando a atenção para si.
— Desculpe o atraso pai, o último contrato me prendeu. — ao receber o olhar analítico e incontestavelmente sensual dela, se sentiu um tanto invadido e atraído a medida de perder a fala.

Vendo aquele rosto tão jovem e angelical, mas de expressão inversa teve uma breve confusão em sua mente enquanto se aproximava, esperava uma velha como as outras no mínimo.

— Chegou quem faltava, — apanhou o braço do filho o trazendo para perto dele, de frente para ela que o encarava causando lhe um desconforto — este é meu filho mais velho .
— Senhorita Kingsley. — pegou a mão dela a beijando e sentindo aquele perfume que mais parecia um feitiço, seus olhos se ligaram um ao outro naquele momento e foi intenso.
— Por favor, podem me chamar pelo meu nome. Seu pai falou muito bem sobre você.
— Também ouvimos muito a seu respeito, espero que consiga adestra-los.
— Eu vim para educar crianças , não cachorros. — disse séria e os meninos começaram a rir dele.
— Quietos! — esbravejou rudemente para eles que pararam de imediato, causando um leve sorriso de canto nela que disfarçou bem o gosto que teve vendo-o bravo.
— Não desejo ser desagradável, mas estou bastante cansada da viagem e um repouso me seria mais útil neste momento.
— Mas é claro, me perdoe a indelicadeza. Vou levá-la a seus aposentos, ficará no quarto entre o dos meninos e de , por favor me acompanhe.
— Com licença. — reverenciou incomodando uma última vez com aquele olhar e seguiu senhor Kim.

Subiram as escadas, virando a esquerda em um corredor, passaram por duas portas e pararam em frente a terceira, a última no fim do corredor era a de . Senhor Kim deixou claro que em sua ausência, caso necessitasse de algo poderia e deveria recorrer ao filho mais velho e que apesar dela estar ali a trabalho não era empregada da casa e que os empregados a serviriam como servem a família, quanto a isso que ficasse tranquila. deu as instruções as empregadas, pediu para que lhe fosse levado o jantar no quarto e que não a incomodassem, sua rotina com os meninos começaria na manhã seguinte.





Capítulo 2

O dia mal clareou e já estava de pé, de roupa trocada e seguiu para o quarto dos meninos que ainda dormiam. Se aproximou de Yo-han e no seu ouvido com um tom assustador disse.

— Acorda! — o garoto se assustou e deu um pulo da cama, e então com a voz mansa ela continuou — Bom dia Yo-han, espero que tenha dormido bem. Você tem 7 minutos para se trocar e lavar o rosto, caso contrário — disse bem perto dele — Dependuro você de cabeça para baixo na janela. Estamos entendidos?
— Você não manda em mim. — disse em tom desafiador.
— Sim! Você tem razão, eu estou apenas pedindo gentilmente que faça o que lhe é devido e com isso acabou de perder um minuto. Para provar a minha boa vontade vou te ajudar, só hoje. — ela se afastou e começou a esticar os lençóis na cama.
— Não importa o que você diga, não vou fazer nada. — ficou parado a enfrentando.
— 5 minutos — disse amarrando as pontas do lençol lhe causando medo, mas ainda assim o menino não voltou atrás.
— Está blefando, não vai fazer nada. Eu vou chamar o meu pai. — andou em direção a porta.
— Tem certeza que quer gastar o pouco tempo que tem para ouvir seu pai dizer a mesma coisa de modo não tão gentil?
— Eu não me importo. — tentou abrir a porta mas não conseguiu, ela havia trancado — Eu exijo que abra a porta.
— Eu abrirei, assim que se trocar e lavar o rosto.
— Eu não farei o que quer. 

Enquanto o garoto a insultava ela amarrou o lençol ao pé da cama, quando o menino se virou para bater na porta e pedir ajuda ela o enlaçou os pés e o carregou de cabeça para baixo até a janela o deixando pendurado com as pernas para dentro. Yo-han gritava, mas não houve socorro, todos já estavam avisados para não interrompê-la seja lá o que estivesse fazendo.

— Yo-han, vai depender de você se vamos ficar assim todos os dias. Pode fazer o que tem de fazer sem precisar de ordens ou eu farei o que não quer que eu faça, o que vai decidir?
— Eu vou me trocar, eu vou me trocar, por favor me tira daqui.
— Fez uma sábia escolha Yo-han. — ela lhe estendeu a mão e o puxou para dentro — Obrigada, você é um bom garoto, agora se apresse já colocaram a mesa do café. — cansado ele foi se trocar e lavou o rosto, abriu a porta sem nem tocar na chave — Agora desça e espere na mesa. — com raiva, mas sem questionar ele obedeceu, enquanto isso ela foi até o quarto de Jung-woo.

Ao abrir a porta se deparou com o menino trocado, rosto limpo e cabelos penteados, os gritos do irmão certamente o amedrontaram. Naquele momento constatou que Yo-han era o ponto fraco de Jung-woo, se ele entrasse na linha o irmão o seguiria sem pestanejar, era pegar dois coelhos com uma só mordida. desceu com ele e foram para a mesa da sala de jantar dando bom dia a todos, senhor Kim estava sentado à cabeceira, a sua direita Sungnam e e a esquerda Yo-han. Ela se sentou entre o garoto e o irmão menor ficando de frente para o mais velho, estava claro que intimida-lo era sua meta.

— Espero não estar tirando os senhores de sua rotina habitual. — disse com suavidade.
— De maneira nenhuma, um pouco de ordem é sempre bem-vindo. — senhor Kim sempre gentil.
— Meu leite está sem açúcar. — Yo-han reclamou.
— O meu também. — disse Jung-woo.
— Os alimentos de uma criança devem ser bem gerenciados, o pão e as frutas tem o açúcar necessário, não lhes fará bem o excesso em sua primeira refeição do dia.
— A senhorita não sabe de nada, papai eu quero o leite doce. — o menino começou a fazer birra.
— Meu filho tome seu leite assim, não crie caso. — senhor Kim o aconselhou, não era do tipo que gostava de brigar e só chamava a atenção deles quando a situação já estava insustentável.
— Eu quero o açúcar. — ele berrou e Jung-woo começou a bater a colher na mesa dando apoio como sempre fazia. Ela sem muitas expressões segurou a mão do menor lhe lançando um olhar com um sorriso de canto o fazendo engolir seco e se aquietar.
— Você realmente faz questão do açúcar Yo-han? — olhou nos olhos dele enquanto todos observavam.
— Sim. — disse arrogante.
— Pois bem, poderia me passar o açúcar ? — olhou para ele intensamente, o rapaz passou para ela o pote de vidro, não queria intervir nas atitudes dela, mas aquilo estava o incomodando. — Yo-han, você tem duas opções, pode tomar seu café como lhe foi servido ou comerá somente todo o açúcar do pote, o que decide?
— Eu quero o açúcar. — Yo-han disse sem nem pensar.
— Como queira, pode retirar o café dele, por favor. — disse á empregada que obedeceu imediatamente.
— O que pretende com isso senhorita ? — não considerou aquilo como doutrina e questionou.
— É bom que desde cedo as crianças já saibam lidar com as consequências de suas escolhas . Eu somente estou reforçando o direito de Yo-han, poderia passar o dia tranquilo e fazer suas atividades com a força extraída de uma refeição saudável ou ter uma desagradável e desejável dor de barriga, o que acredito veremos em breve. — seu rosto reluzia satisfação — Também devo trocar o seu Jung-woo? — o menino balançou a cabeça negativamente e continuou a tomar o café enquanto o irmão levava as colheradas de açúcar a boca. — Boa escolha, o dia está tão lindo, depois que voltar da escola e tiver terminado o dever andaremos de bicicleta Jung-woo. Gostaria de vir conosco Sungnam?
— Claro senhorita, obrigado. — o rapaz respondeu animado com a oferta e ela sorriu para ele e depois para .

Yo-han ao ouvir o convite, pareceu arrependido, mas não daria o braço a torcer e aquilo não ficaria assim, acharia um modo pertinente de se vingar. Assim que terminaram o café, o pai dos meninos os levou para o colégio e foi trabalhar com no escritório, enquanto isso ela aproveitou aquele momento sozinha com os empregados para dar as últimas recomendações e também para conhecer melhor a casa e os arredores.

Senhor Kim e os filhos retornaram na hora do almoço que se passou tranquilamente, depois ele e o mais velho voltaram para o trabalho, deixando os três meninos na supervisão dela. os levou para o jardim para fazerem seus deveres de casa, sem doutrina como sempre e mesmo sabendo que já havia sido excluído do passeio de bicicleta, Yo-han continuou com a rebeldia e se negou a obedecê-la. Neste momento ela lhe lançou um olhar desacreditado e ele logo começou a sentir dor no estômago. O menino se apoiou na mesa e Sungnam o aparou, como tudo já estava nos planos dela imediatamente veio uma das empregadas trazer um copo com um tipo de chá para o menino que também se negou a tomar.

— Você pode tomar o remédio e fazer o dever a tempo do nosso passeio, ou vai ficar na cama o resto do dia sem aproveitar exatamente nada, não se esqueça que a escolha é sempre sua. — ela disse o encarando sentindo uma leve satisfação em vê-lo naquele estado.
— Eu não vou tomar isso... — o garoto simplesmente começou a vomitar na grama.
— Yo-han por favor não seja idiota, ela não está pedindo nada, você deve tomar o remédio para não sentir mais dor e fazer o dever para passar na escola, agora pare de birra. — Sungnam tentando ajuíza-lo.
— Bem sensato, irá considerar a preocupação de seu irmão Yo-han? — mais uma vez admirou o adolescente. Sem mais como aguentar a dor o garoto cedeu e tomou aquele chá estranho e se sentou à mesa de madeira puxando os cadernos para junto dele — Bom menino.

Com alguns minutos o garoto já estava melhor e sem dores, fazia o dever de casa junto dos irmão sem nenhum caso e ela somente os observava calma e elegantemente, respondendo a uma dúvida e outra de Jung-woo. Após mais ou menos uma hora e meia, os garotos terminaram e os liberou para o passeio dando um olhar e um sorriso provocador em Yo-han, que não deixava de planejar algo para se vingar. Ela os acompanhou até os limites do quintal com a floresta, os preveniu para que não se afastassem muito e deixou a responsabilidade com Sungnam sobre os dois irmãos.

Os garotos pedalaram de um lugar a outro até chegarem próximos a um lago nos arredores da propriedade, pararam por um momento para descansar e foram surpreendidos por sapos. Definitivamente era tudo o que Yo-han precisava achar, logo teve a brilhante ideia de colocá-los no quarto de , Sungnam foi contra, mas o irmão não quis saber e com ajuda de Jung-woo guardaram os sapos em um saco que carregava consigo e então retornaram para casa como se fossem anjos. Sungnam apesar de não gostar da ideia, prometeu não falar nada. Ela os mandou para o banho, pois já estava entardecendo e em breve seu pai e estariam de volta para o jantar.

Com os meninos limpos e arrumados, era a vez dela se banhar, mas antes de subir aguardou a chegada do senhor Kim e o filho que acabavam de atravessar a porta.

— Boa noite senhores. — ela disse séria e cordial.
— Boa noite senhorita, e então como foi seu primeiro dia? — perguntou senhor Kim
— Deveras agradável, seus filhos são encantadores. — falava como se fosse uma profecia.
— Hum. – não tinha o mesmo pensamento já que conhecia bem os irmãos.
— Há algo que queira acrescentar ? — ela perguntou lhe lançando um olhar discordante.
— Se chama de agradável o fato deles não terem incendiado a casa, para mim é satisfatório.
— Para ambos então. — ela lhe deu um sorriso de canto o deixando meio constrangido. — Agora devo me retirar, já estava indo para o banho, nos vemos a mesa.
— A vontade senhorita . — disse o pai e então ela subiu para seu banho.

Assim que entrou em seu quarto sentiu algo diferente, um cheiro estranho e logo pensou consigo: “Garotos inteligentes.” Começou a procurar na mesma hora e ao levantar o colchão achou a surpresa debaixo da cama, verdes, gordos e nojentos sapos da lagoa. Já na sala os garotos só esperavam para ouvir seus gritos, o tempo foi passando e nada até que ela desceu as escadas de banho tomado inebriando o ambiente com seu perfume, deixando a ainda mais desconfortável. Os garotos se entreolharam sem entender o que poderia ter acontecido, e pensavam se por acaso ela não os teria visto, mas assim que ela os olhou sorriu sarcástica e se sentou de frente para Yo-han, que não mostrou intimidação, mas se preocupou. Logo uma das empregadas veio anunciar que o jantar já estava posto e todos se reuniram a mesa.

Comeram sossegadamente enquanto senhor Kim ouvia dos filhos o que haviam feito durante o dia e e trocavam olhares indiscretos, ela não fazia a menor questão de não ser sensual. Ao terminarem o jantar, foram para a sala, os três mais novos jogavam xadrez enquanto o pai, o mais velho e a tutora conversavam.

— Acho admirável o interesse do senhor pelos seus filhos, não costumo ver isso no meu trabalho. — ela elogiou ao beber de uma xícara de café.
— Eles são tudo o que tenho de minha falecida esposa, prometi a ela me esforçar ao máximo para ser um bom pai.
— E o senhor é meu pai, não sei se aguentaria o que o senhor tem aguentado, principalmente com os mais novos. Muita sorte termos encontrado alguém que possa nos ajudar a dar um jeito neles. — disse olhando para ela um tanto desconfiado.
— Eu daria um jeito em um relógio quebrado, como disse antes são crianças com necessidades de crianças. Devo dizer que não é um caso tão difícil o de seus irmão, a sua incompreensão é que não os ajuda. – o deixou desconcertado novamente.
— Ora, vamos deixar disso, — o pai sentiu o clima meio pesado na resposta dela e preferiu interferir — me diga senhorita , tem família?
— Meu pai faleceu na guerra, só tenho minha mãe a quem ajudo com meu trabalho.
— Sim, meus sentimentos.
— Está tudo bem, se me permitem devo colocar as crianças para dormir agora. Com licença.
— Claro. — os dois se levantaram e assentiram.

chamou os meninos, deram boa noite ao pai e ao irmão e então subiram. Sungnam se despediu dela e foi para seu quarto, ela disse para Yo-han ir na frente para se trocar, pois iria ajudar Jung-woo e colocá-lo na cama. Yo-han nem se importou, pois já não se considerava criança para ser colocado na cama e foi para seu quarto, enquanto ela acomodava com carinho Jung-woo. Yo-han ao abrir a gaveta da cômoda para pegar seu pijama tomou um baita susto, pois um sapo pulou praticamente em cima dele e de repente vários outros apareceram pulando sobre ele que tentava afastá-los sem muito êxito até que resolveu ir atrás dela no quarto do irmão.

Quando ela o viu da porta meio sem fôlego de cansaço, deduziu que era hora de dar atenção a ele, deu um beijo na testa de Jung-woo que logo adormeceu e foi de encontro a Yo-han fechando a porta do quarto. Yo-han a olhou com muita raiva, mas não brigou só disse.

— Eu não estou conseguindo me arrumar para dormir, preciso de ajuda. — o garoto se esforçou para falar.
— Ah é? — disse com deboche — Eu poderia apostar que você estava indo bem.
— Se não vai me ajudar é só falar.
— Não, eu vou. Só queria que soubesse que estou aqui para isso, agora vamos ver o que te atrapalha.

Ela o acompanhou até o quarto, o menino ficou pasmo pois não havia nada no quarto, nem vestígio de sapo.

— Mas eles estavam aqui. — disse o menino olhando na gaveta e debaixo da cama.
— Eles quem? — se fez de desentendida.
— Os sa... — pensou melhor e preferiu não dizer — Nada, não era nada, me assustei à toa.
— Então vá se trocar. — disse calma e séria, mas por dentro gargalhava.

Yo-han sem mais se trocou ainda meio desconfiado e preocupado em que algum sapo saltasse sobre ele novamente, então se deitou, ela o cobriu, passou a mão em seu rosto e antes de sair disse:

— Tenha uma boa noite e não sonhe com sapos. — saiu deixando o garoto com os olhos arregalados e foi em direção a seu quarto.

colocou sua camisola e se sentou diante da penteadeira do quarto escovando os cabelos de lado, no mesmo instante passava pela porta que estava entre aberta e parou a observando, prestando atenção no movimento de suas mãos, no pescoço e ombro a mostra sem falar no perfume que o enfeitiçava. Engoliu seco e então ela se virou devagar para a porta como se soubesse que ele estava lá, se desviou e seguiu para seu quarto fechando a porta e então ela sorriu maliciosa para seu reflexo no espelho indo dormir em seguida.





Capítulo 3

Passou se uma semana na casa dos Kim, a rotina era a mesma com o diferencial da presença de e seu controle sobre os menores. Yo-han quando resolvia desobedecer era sempre surpreendido por ela que fazia sapos aparecerem e sumirem quando bem queria, Sungnam era um anjo de garoto e estava sempre de acordo com ela e Jung-woo apesar de seguir Yo-han nas travessuras dava sinais de melhoras em relação a ordens. O pai estava tranquilo com os filhos sobre a supervisão de e só ficava ainda mais intrigado e desconfortável com ela.

O fim de semana seria em família, mas senhor Kim precisou viajar para a cidade vizinha atendendo ao pedido de um cliente, em busca de uma testemunha envolvida em um caso importante. Nisto ficaram em casa os filhos, a tutora e apenas dois empregados que não folgaram nesta data. evitou cruzar com neste período, mas foi difícil e acabou esbarrando com ela no corredor entre a sala de jantar e a cozinha.

— É impressão minha ou eu o incomodo? — disse como se não estivesse totalmente informada da situação.
— De maneira nenhuma, só não tenho tido tempo para conversar ultimamente, mas agora que tocou no assunto, penso que não deveria deixar a porta do quarto aberta.
— O senhor anda me espionando? — se fez de vítima.
— Não! — disse receoso por ser descoberto — Só digo por que não a ouço fechar a porta.
— Devo supor que anda prestando muita atenção em mim, seria mais seguro que o senhor mesmo fechasse minha porta, já que ando tão distraída. — o olhou com certo fascínio e o coração dele acelerou.
— Não compreendo aonde quer chegar. — confuso e atordoado.
— Nesse momento até a cozinha a tempo de impedir seu irmão de explodir a casa, agora com licença. — disse para ele ao sentir o cheiro de gás e foi para a cozinha o deixando sem fala e sem entender nada já que não havia sentido o cheiro.

Na falta do pai e aproveitando a casa sem muita gente, Yo-han começou a ter suas nem tão brilhantes ideias, decidiu ligar o gás deixando-o vazar e se escondeu no armário enquanto Jung-woo se escondeu debaixo da pia ao lado do fogão. entrou na cozinha desligando o gás e abrindo portas e janelas para sair o cheiro e evitar o acidente.

— Eu sei que estão aqui, quero que saiam agora antes que eu resolva me zangar.
Não demorou muito, Jung-woo com medo saiu com a carinha de arrependimento denunciando sua posição, mas Yo-han permaneceu no mesmo lugar sem fazer barulho.
— Jung-woo, bom menino, pode me fazer um favor? — ela disse bem baixinho e ao receber sinal positivo dele continuou — Quero que volte para o mesmo lugar que estava, tudo bem? — assim ele o fez — Yo-han, você acabou de matar seu irmão, não vai sair para pedir desculpas?

O garoto ao ouvi-la ficou assustado e sem entender o que ela estava dizendo. repetiu a frase e então ele não teve como não sair, abriu a porta do armário e olhou para ela em meio a cozinha totalmente destruída, em pânico disse:

— Porque a cozinha está assim? O que fez com Jung-woo?
— Enterrei! Por acaso você se esqueceu que explodiu a casa com seu irmão dentro a três dias. — ela disse com convicção.
— Você é louca, eu não explodi nada, senão eu teria morrido.
— Acontece que você estava a salvo no armário enquanto Jung-woo estava escondido debaixo da pia ao lado do fogão, totalmente desprotegido.
— Você é uma mentirosa, ele estava bem aqui sim, mas não houve nada. — foi abrir a porta debaixo da pia, mas não viu nada.
— Como você pode ver não está. O que estava pensando quando ligou o gás e deixou a vida de Jung-woo em risco.
— Eu não queria fazer isso, não era pra acontecer. — disse arrependido do que acreditava ter feito.
— Se seu irmão voltasse colocaria a vida dele em risco de novo, sempre desobedecendo e o levando a fazer essas coisas tolas?
— Não, eu prometo que não, eu não estava pensando direito. — começou a chorar de olhos fechados.
— Eu acredito em você. — disse calma e naturalmente — Jung-woo pode sair agora.
O menor sair de debaixo da pia, Yo-han abriu os olhos e mal conseguia acreditar, a cozinha estava como antes e vendo o irmão, o tocou para ver se era real e então o abraçou.
— Eu vi, você não estava lá, e a cozinha estava destruída. — Yo-han disse surpreso, não estava assimilando nem mesmo o que dizia.
— Eu estava lá o tempo todo, ficamos cara a cara. — Jung-woo riu do irmão.
­— O que você fez? — Yo-han perguntou a ela.
— Eu não fiz nada, foi você quem trouxe ele de volta e é bom que não se esqueça de sua promessa.

Ao dizer, ela saiu os deixando sozinhos discutindo o que poderia ter acontecido. Depois deste incidente Yo-han passou a se comportar e Jung-woo seguia seu exemplo, os dois criaram respeito e admiração por . O senhor Kim quando voltou de viagem mal acreditou, quando viu os meninos fazendo o que lhes era pedido por sem reclamações ou contestações e a partir dali teve mais segurança em poder sair em viagens de trabalho daquele tipo os deixando naquelas boas mãos. Duas semanas depois ele teve que fazer uma nova viagem para defender uma causa em uma cidade do interior deixando sua casa e seus filhos aos cuidados dela.

Era domingo, o dia foi o mais quente do ano e a noite estava insuportável, os meninos já haviam ido se deitar e apesar da temperatura dormiam tranquilos, quem não estava nada confortável e tranquilo era que se remexia na cama o tempo todo sem conseguir pegar no sono. Decidiu descer e tomar um copo d’água, pois já havia esvaziado a jarra em seu quarto. Ao entrar na cozinha se deparou com aquela figura feminina de camisola com mangas caídas e ombros a mostra, parecia encontro marcado pois estava a beber água também.

— Eu não imaginei que você estivesse aqui. — disse todo sem jeito.
— A surpresa torna tudo mais fácil e melhor, está com sede? — lhe mostrou o copo com o rosto sereno e uma ponta de malícia na voz.
— Sim, a minha jarra está vazia. — disse enquanto ela o servia.
— Acho que está mais quente aqui do que deveria estar. — levou o copo até ele lhe entregando em mãos olhando profundamente em seus olhos.
— Obrigado. — tentava conter seus olhos longe do corpo dela, o que era praticamente impossível.
— Devo presumir, com o leve desconforto que sente quando estamos próximos, que eu o perturbou.
— Vou retribuir a sinceridade da senhorita e dizer que sim, a sua presença tem me deixado um tanto ansioso.
— Agora estou curiosa, pois não sei em que sentido tenho lhe feito este mal, poderia me esclarecer? — foi envolvente.
— Acredito que não seja recomendado que fiquemos de conversa a essa hora e sozinhos, boatos se espalham como pólvora nesta cidade. — preferiu desconversar, seus sentimentos ainda não eram claros a ele.
— De acordo, sendo assim lhe desejo boa noite e que consiga dormir sem muita dificuldade. — ela passou por ele lhe deixando com uma porção de seu perfume no ar.

estava se sentindo sufocado, aquela mulher havia tirado sua paz e agora seu sono, voltou ao seu quarto e se deitou pensando no que poderia ter acontecido se ela tivesse permanecido mais cinco minutos que fosse naquela cozinha, e transpirava. Ficou remoendo a imagem dela em sua mente pelo resto da noite e saiu assim que amanheceu para evitar vê-la e denunciar se ainda mais com aquela condição.

Senhor Kim finalmente retornou para sua família, tudo estava tranquilo e na mais perfeita paz, só Sungnam que estava impaciente e nervoso com um exame muito importante que iria fazer daqui uns dias. sentava com ele para ajudá-lo a estudar mas algo estava tirando a atenção dele e não o deixava aprender o que precisava.

— Sungnam? — ela o chamou vendo sua extrema distração — Sungnam? — disse mais forte e o garoto se atentou a ela.
— Sim senhorita.
— Qual é o nome da sua distração?
— Eu não sei do que está falando. — se fez desentendido.
— Com certeza sabe, me diga. — ela forçou.
— É Elisabeth Franklin. — o rosto dele corou só de mencionar o nome.
— Está com vergonha e eu entendo, mas não pode ficar distraído pensando na Elisabeth bem na hora dos estudos, você precisa passar neste exame para conseguir entrar para a Universidade.
— Eu sei me desculpe, vou prestar mais atenção agora.
— Por acaso pelo menos já se declarou? — ela perguntou e como estava de costas para a porta não percebeu a presença de que os observava discretamente.
— Não senhorita, não tive coragem. Ela é tão bonita, inteligente, engraçada. — sorriu tímido amolecendo o coração dela.
— Eu não devia fazer isto, mas como faço o que quero, tenho uma proposta para você. — o garoto a olhou com bastante atenção — Se você estudar com atenção e passar no teste, eu planejarei um encontro para vocês, mas se não passar ficará sem a festa de aniversário de 18 anos e sem o piano.
— Sem o piano não, por favor.
— Se está cogitando a ideia de não passar, acho melhor darmos por encerrado os estudos então.
— Não, por favor, eu vou me esforçar para passar, ter o encontro e não perder as outras coisas.
— Temos um acordo? — lhe estendeu a mão e o garoto a apertou confirmando.
— Sim. — ele disse com convicção, da porta sorriu e se afastou não os deixando vê-lo.

Eles estudaram intensamente por três semanas, ao fim lhe passou um teste parecido em que Sungnam se saiu muito bem, ele estava preparado e com muita vontade de fazer uma boa pontuação, mas não por causa do acordo e sim porque durante aquele período estudando com teve certeza que era a melhor coisa a fazer, pois a Universidade de música era seu sonho. No outro dia, uma sexta feira ensolarada, se despediu dela com confiança e foi com o pai até o local determinado fazer o exame, apesar de ter estudado muito e saber sobre a matéria proposta, Sungnam ficou um pouco nervoso e em alguns momentos não conseguia se lembrar do que havia aprendido. Quando terminou a prova e a entregou já não estava tão confiante como no início, voltou para a casa em silêncio com o pai e que encontraram no meio do caminho. Assim que chegaram ele olhou para e meio desapontado consigo mesmo, foi direto para o quarto e não saiu nem mesmo para comer, só ficou pensando nas suas respostas e no resultado que sairia em dois dias.

não o deixaria para baixo depois de tanto esforço, no dia seguinte o tirou do quarto para tomarem o café da manhã no jardim com Yo-han e Jung-woo. Mais tarde enquanto os mais novos pintavam em telas que ela lhes deu, Sungnam tocou o piano a seu pedido, estava com tanto medo de perder o instrumento de seu sonho que passou ali a maior parte do dia para aproveitar ao máximo o que poderia acabar em breve. No outro dia, não foi diferente e a presença do pai e de que o apoiava foi fundamental para que ficasse mais relaxado. Aquele momento também mexeu com que vendo a dedicação de para com o irmão, ficou ainda mais atraído e perturbado pela figura dela. Tentava fingir para si mesmo que nada estava acontecendo, mas era a conta de vê-la que seu coração parecia se dilacerar dentro do peito, ainda assim se continha e a seus desejos desesperadamente.





Capítulo 4

Finalmente o dia do resultado havia chegado e a carta seria entregue pelo correio local, senhor Kim e haviam chegado mais cedo do escritório e todos aguardavam ansiosos quando ao fim da tarde o entregador passou deixando a correspondência. Sungnam segurou o envelope em meio a tremores, sem mais delongas abriu e leu para a família. O resultado foi negativo, ele fez uma boa pontuação, mas não o suficiente para ser aceito naquela Universidade, o rosto do garoto estava apático e pálido, apenas pediu desculpas ao pai pelo fracasso e a por não ter comprido o acordo satisfatoriamente como gostaria, em seguida foi para o quarto onde algumas lágrimas escondidas desceram seu rosto, mas logo se conteve e se aprumou com a entrada da tutora.

— Acho que você deveria tomar um banho e se arrumar.
— Eu nem tenho para onde ir. — disse desolado.
— Pelo contrário, você tem um encontro. — disse com tom natural.
— Como assim, eu não passei no exame.
— Não no da Universidade, mas passou no meu com louvor e é isso que conta para mim.
— Mas e meu pai, a festa, o piano...
— Não se preocupe eu já falei com ele e sairá tudo como planejado. Há dois ingressos pagos na bilheteria para o filme Fantasmagorie, você deve pegá-la as 18:30, agora se apresse, não é de bom tom deixar uma garota esperando logo no primeiro encontro. — se dirigiu a porta para sair.
— É claro, obrigado senhorita . — disse com um sorriso de canto a canto da orelha todo animado, pensou ser um sonho.
— Só mais uma coisa, ela é realmente muito bonita, divirta-se. — ela lhe deu um sorriso curto e saiu.

Rapidamente Sungnam se arrumou e foi para seu encontro todo perfumado, ficou combinado de buscá-los e levar a menina em casa pontualmente as 22:00. Eles assistiram ao filme comendo pipoca, tomaram sorvete, conversaram em meio a um passeio a luz do luar na praça central e ao badalar do sino da igreja anunciando as 22:00 já estava posicionado os aguardando, deixou a Elisabeth em casa e seguiram para a deles.

Quando chegaram, Sungnam agradeceu a ele e foi para seu quarto se deitar e tentar o impossível depois de tamanha alegria, dormir, pois ainda tinha aula no outro dia. se sentou na poltrona da sala sorrindo e pensando na cena de despedida em que seu irmão beijou a mão da menina com seus olhos brilhando apaixonado e a observando até que entrasse pela porta de casa. Achou terno e de uma delicadeza sublime, neste momento uma sombra se destacava próxima a ele tomando toda sua atenção.

— Pelo seu rosto acredito que foi tocado pelo romantismo nesta noite.
— Sim de certa forma, presenciei algo realmente encantador, a senhorita não vai se deitar?
— O sono ainda não se apresentou a mim, desci para fazer um chá, gostaria de me acompanhar?
— Será um prazer. — mesmo sério disse bem mais à vontade, já não se sentia estranho na presença dela e estava decidido a deixar-se sentir o que estava sentindo por ela.

Se levantou e a seguiu até a cozinha, ficou a observando enquanto preparava a bebida e ganhava alguns olhares que diziam muito e declaravam uma certa intenção da parte dela. o serviu e se sentou um pouco afastada diante dele, ficaram em silêncio por um momento, mas ele quebrou o gelo, se é que havia algum com todo aquele clima.

— Eu quero agradecer pelo que fez a Sungnam.
— Não fiz nada que não devesse ou quisesse, ele simplesmente mereceu, se esforçou muito para isso, tinha de ser recompensado. — disse séria e com mansidão.
— Eu concordo e acredito que se minha mãe estivesse aqui aprovaria sua atitude.
— Pelo o que ouço falar dela era uma boa mulher e mãe.
— Era sim e nos deixou muito cedo, o bom é que meu pai nunca esmoreceu, sempre pudemos contar com ele e agora temos você que conseguiu educar os meninos, apoiou Sungnam de uma forma que eu nunca conseguiria, deu paz para meu pai e ... — parou olhando para ela.
— Iria falar sobre você, eu creio não ter feito nada ainda para o seu bem. — seu olhos transpareciam paixão.
— Está enganada, você fez sim. — ao dizer se levantou e se aproximou dela pegando em seu rosto e a beijando com árdua intensidade causando sua surpresa, mas nem isso a impediu de retribuir na mesma medida e por alguns minutos, até que ele parou para lhe dar fôlego, mas não afastou seu corpo nem um milímetro — Eu não pensei que pudesse ser possível, mas eu estou apaixonado por você e não posso mais esconder tudo o que estou sentindo.
— Eu realmente não sei o que dizer, mas preciso pensar sobre isso, por favor dê-me tempo. — ela se soltou dele e correu para seu quarto o deixando atordoado sem saber se fez a coisa certa e se a tinha assustado com tal declaração.
em seu quarto de porta fechada, sorria com malícia e satisfação e teve certeza de que tudo corria como havia planejado, pois assim que colocou os olhos nele o desejou para si.

Na manhã seguinte a família recebeu a notícia da vinda de um primo, que passaria alguns dias até o aniversário de Sungnam a realizar-se na próxima semana. O primo era também o melhor amigo de , que se prontificou a buscá-lo na estação quando chegasse, o que seria em dois dias. Naqueles dias as coisas estavam normais, ainda dava lições as crianças quando cismavam em fazer travessuras, aconselhava e ajudava a Sungnam com as matérias de escola e pesquisava o material para os preparativos da festa, ainda entre um momento e outro lançava olhares atraentes para , mas sempre evitando alguma aproximação. Sua tática o deixava impaciente e ainda mais desejoso de tê-la nos braços, o seu mistério o encantava, sua beleza o seduzia e sua sutileza o hipnotizava, era uma loba enfeitiçando seu caçador.

Chegado o dia, se levantou bem cedo e foi para a estação esperar o trem das 9, ao se encontrar com o primo lhe deu um abraço apertado e entre sorrisos e brincadeiras na volta para casa, soube por ele que viria uma moça de família importante para quem sabe noivar com ele. Isso assustou , seu pai não havia mencionado nada a respeito, se fosse a um tempo atrás não se importaria, mas agora que seu coração estava preenchido, ele não conseguiria transparecer normalidade se tocassem no assunto. não contou ao primo sobre , mas pediu a ele que não comentasse a seu pai do que havia lhe dito para evitar qualquer constrangimento.

Ao chegarem em casa, o rapaz foi recebido por todos com carinho e alegria, descia a escada na mesma hora atraindo a atenção dele e de . Senhor Kim logo quis apresentá-lo a ela.

— Senhorita este é meu sobrinho , filho de minha irmã mais nova Ji-yeon.
— É um prazer imenso conhecê-la senhorita. — disse a admirando de cima a baixo.
— O prazer também é meu. — deu um leve sorriso, muito discreto enquanto ele beijava sua mão.
— Porque não vamos à mesa tomar o café já que estamos juntos? — propôs senhor Kim.
— É claro, o café do trem não é lá grande coisa, ainda estou faminto. — brincou .
— Não vamos perder mais tempo então.

Assim seguiram todos e se sentaram à mesa já sendo servidos pelas empregadas. contou ao tio e aos primos sobre o que acontecia com sua família e como andavam os negócios em Uxbridge onde moravam, passaria aquele tempo ali e retornaria para eles. Por praticamente toda a conversa durante o café, ele dava lances de olhares a que não mostrava muito interesse, era tão desinibido que acabou fazendo com que percebesse e se sentisse um tanto desconfortável com a ação do primo, tentou não se revelar, mas uma fumaça de ciúmes estava no ar.

Nos momentos em que esteve em casa, enquanto senhor Kim e trabalhavam e os mais novos estavam na escola, não perdia a chance de galantear a moça. Era do tipo conquistador, bonito, elegante, de um físico invejável, não se continha em se exibir para enquanto fazia seus exercícios diários. Notando o quanto estava aborrecido com aquela insinuação toda, se aproveitou ao aceitar um convite para um passeio pela propriedade ao entardecer. Durante o passeio foi um tanto ousado, ao ajudá-la a passar por uma poça d’água, agarrou firmemente sua cintura trazendo-a para perto de seu corpo, sua intenção em beijá-la era clara, mas tinha outros planos para si que não o incluía. Na tentativa de beijá-la ficou distraído, ela se soltou dele, e em um movimento errado derrapou enfiando os pés com tudo na poça, causando um sorriso sarcástico nela.

— Não vai me ajudar a sair daqui? — ele perguntou estendendo as mãos.
— Não. Até porque não saberia como, aprendi a desviar de poças como essa muito cedo. — ela sorriu e foi se afastando, ele não entendeu, mas a poça de que ela falava era ele.

Assim que ela chegou a casa, antes de , já estava aguardando e a segurou pelo braço a levando ao escritório sem que fossem vistos.

— Posso saber o porquê desta atitude? — se fez desentendida, com a voz calma se divertindo por dentro.
— O que estavam fazendo? — perguntou afobado, falando baixo com o coração meio fora do lugar, tomado de ciúmes.
— Sei que não lhe devo nenhuma explicação, mas vendo seu desgaste, apenas digo que estávamos a dar um passeio, que por sinal foi deveras agradável. — dizia olhando em seus olhos fazendo-o engolir seco de raiva.
— Está brincando comigo?
— E por que não? — ao dizer deixou seus olhos falarem por si, como um sinal de alerta.

Sem muito pensar, passou uma das mãos pelo pescoço dela e a outra pela cintura a puxando para si, ela não negou seu beijo quente, intenso e cheio de vontade. Aquela chama acesa era irrepreensível, ardia nos dois corações e era forte demais para se conter, mas tudo em sua hora, como já havia programado. Logo o afastou dela buscando o ar para seus pulmões o deixando no mesmo estado, não desviou seus olhos dele e foi de costas para a porta até sair do escritório sem dizer uma palavra sequer. Aquela situação não era nada fácil para os dois, mas se tinha alguém no controle era e tudo tinha que sair perfeitamente como ela designou.

O jantar foi servido assim que se recompôs da volta do passeio, ele não deixaria barato aquela provocação dela e também tinha seus planos para domar aquela serpente. Á mesa, evitaram falar do evento e se discutiu apenas a respeito da festa de aniversário de Sungnam, a se realizar já na noite seguinte, pareceu mais tranquilo após o beijo e não se importou muito com os olhares e brincadeiras de , que sempre dava seu jeito para atrair a atenção para si.





Capítulo 5

Era sábado, todos foram tirados da cama bem cedo e durante o dia foi um entra e sai da casa para organizar tudo a tempo para a festa. estava comandando os preparativos, dava ordens na cozinha fiscalizando a comida que seria servida, no salão sinalizando onde deveriam colocar as decorações e na disposição das mesas de doces e salgados. Queria nada menos que a perfeição naquela data tão especial, pois havia se conectado a aqueles meninos de uma forma única, até então não tinha sequer sentido tanto carinho e apreço por nenhuma outra criança que tenha ficado responsável. Poderia pensar que seria por causa de seu envolvimento com , mas não, Sungnam, Yo-han e Jung-woo, cada um com seu jeito, passaram a ocupar um lugar exclusivo no coração dela.

Tudo pronto, a noite chegava e juntos os convidados da grande festa, os meninos arrumados e perfumados junto ao pai, e muito bem vestidos. se atrasou um pouco, pois não sossegou até que as coisas estivessem em seus devidos lugares, mas ainda assim estava simplesmente deslumbrante em um vestido azul turquesa com laço e adornada de um colar e brincos antigos formados de pequenas pérolas e um anel de prata com um cristal da mesma cor do vestido. Ela teve a preocupação de estar sempre por perto de Sungnam sempre atenta aos convidados e ao serviço do buffet, nada passaria a seus olhos enquanto que ela não passava também aos olhos apaixonados de e aos olhos obcecados de que já tinha sua carta na manga.

A noite estava quente e o vento soprava com leveza uma brisa fresca, os convidados encheram senhor Kim de elogios, que ele fazia questão de reportar a . O ambiente estava tão agradável, a música doce e envolvente, a comida e bebida satisfaziam a todos de forma singular, senhor Kim não resistiu aquela atmosfera de tranquilidade e diversão e tirou para dançar em agradecimento pelo o que havia proporcionado a ele e sua família. Em certo momento aproveitou aquela oportunidade e pediu a vez para senhor Kim, que cedeu a ele de bom grado, pois suas costa já começavam a reclamar. O rapaz aproveitou enquanto valsava com ela e foi direto ao ponto com mais uma investida para ver se realmente precisaria fazer o que planejava.

— Você definitivamente é a mulher mais linda desta festa. — galanteou.
— Eu acredito em você, mas as mulheres aqui também são belíssimas.
— Não vejo assim, pois nenhuma outra foi capaz de me deixar enfeitiçado como você. Não tenho vontade de tomar nenhuma outra para mim, além da senhorita.
— Me lisonjeia tais palavras, mas devo me desculpar pela sinceridade em lhe dizer que o senhor em nada me atrai. — não disse exatamente com tom de desculpa, mas sim de rejeição mantendo a pose.
— Acho que não me entendeu.
— Ao contrário, eu o entendi muito bem e vendo a insistência com que me persegue, presumo que o grau de sua maturidade ainda se encontra no berçário. Não acredito que eu deva ensinar-lhe bons modos, mas que se coloque em seu devido lugar quando uma dama o dispensar, deixando bem claro que em nenhum momento foi sua intenção dar-lhe alguma esperança. Agora tenho que checar o buffet, com sua licença. — ela fez reverência e se afastou o deixando sem palavras no meio do salão.

Agora sim, se sentiu humilhado ao extremo e não voltaria atrás no seu plano de possuí-la. Ao longe, observava aos dois e se sentiu satisfeito ao vê-la se afastar de seu primo. Ao se aproximar da meia noite, todos se organizaram para o parabéns e fariam um brinde, se antecipou e pegou para si duas taças. Tinha no bolso um frasco com líquido transparente, o pegou de costas para todos ali distraídos e com um conta gotas pingou o liquido em uma das taças, estava clara sua intenção de fazê-la passar mal para levá-la sem nenhum trabalho para o quarto. Após, retornou a ela enquanto era servida as taças e a entregou.

— Eu só quero me desculpar pelo meu comportamento, você tinha toda razão em dizer que fui infantil, por favor aceite como prova de meu arrependimento e minha amizade.
— Seria uma grosseria sem precedentes recusar a oferta. Então eu aceito as desculpas. — ela o olhou passando credibilidade, depois para a taça que rolou entre os dedos e seguiu para o lado do aniversariante que estava de frente para a mesa com o bolo. abraçou Sungnam que estava a picos de felicidade e então para a surpresa e desespero de , a moça entregou a bebida ao garoto.
— Tome, não tenho mais como dizer que não pode se agora já tem idade. — com um sorriso bem vivido nos lábios, realmente sabia o que estava fazendo.
— Obrigado, está tudo incrível, eu não sei mais o que dizer. — Sungnam em euforia.
— Somente aproveite e continue aprendendo com as lições que a vida lhe der.

não conseguiu se mover do lugar, pois chamaria a atenção se tentasse tirar a taça do garoto em meio aos convidados sem ter uma explicação a dar. Naquele momento senhor Kim disse algumas palavras de agradecimento aos presentes e deu os parabéns a seu filho que também agradeceu a presença dos amigos, da família e fez questão de expor sua admiração por e todo seu empenho em proporcionar tal ocasião com tanta maestria. se aproximou dela a entregando uma taça, que foi recebida de muito bom grado, assim brindaram, cantaram o parabéns e cortaram o bolo com muita alegria. Alguns minutos depois de beber todo o espumante da taça, Sungnam começou a ficar um pouco tonto e foi amparado por que não se afastou nem um milímetro dele, como alguns convidados já começavam a ir embora, aproveitou o ensejo para fazê-lo se despedir de todos e se recolher causando preocupação no senhor Kim. se apressou em dizer que com certeza deveria ser o efeito do álcool, pois Sungnam nunca havia bebido antes.

vendo que seu irmão trocava as pernas, ajudou a levá-lo para o quarto, o deitaram confortavelmente na cama enquanto o rapaz falava sem nexo algo bem revelador.

— Eu amo vocês e acho que a gente devia se casar, não vocês deviam se casar, assim a senhorita nunca mais iria embora. — Sungnam sorria como um bobo alegre enquanto eles se olhavam com um certo temor, naquele instante senhor Kim se aproximava da porta e ao ouvir ficou parado do lado de fora sem se anunciar — Eu sei que vocês se gostam, eu sei porque também estou apaixonado pela Elisabeth.
— Sua sorte é que ela não o viu neste estado, já havia ido embora. — tirava os sapatos dele e o cobria.
— Realmente seria vergonhoso. — completou enquanto ajeitava seu travesseiro.
— Vocês tem que ficar juntos como eu e a linda Elizabeth. — disse de olhos fechados se virando na cama.
— Nós vamos, não se preocupe. — falou um pouco mais baixo olhando para ela que não negou no seu olhar.
— É melhor dormir logo, vai ter uma bela dor de cabeça pela manhã. — ela sorriu e foi guardar os sapatos e de repente senhor Kim apareceu da porta.
— Está tudo bem por aqui? Sungnam está melhor?
— Sim pai, veja ele já está dormindo.
— Isso servirá para que aprenda que nem tudo o que os adultos fazem é realmente bom. — declarou a respeito da bebida, mas sabia exatamente qual foi a real causa daquele estado.
— Eu fico mais tranquilo com isso. Os convidados já se foram todos, gostaria de ter um minuto a sós com você, por favor me acompanhe até o escritório. — senhor Kim ficou um tanto preocupado com o que havia ouvido de Sungnam, por mais que estivesse tonto e delirando aquelas palavras no fundo lhe faziam algum sentido.
— Tudo bem pai.
— Eu vou colocar os meninos na cama, com licença. — ela saiu e os dois foram ao escritório no caminho encontraram indo para seu quarto.
— E Sungnam, passa bem?
— Sim, ele não está acostumado com bebidas fortes e por isso ficou tonto rapidamente já até adormeceu.
— Que bom não ter sido nada mais sério, provavelmente terá uma ressaca daquelas ao acordar.
— Sim! — concordou sorrindo.
— Eu já vou me deitar, boa noite.
— Boa noite. — pai e filho responderam e continuaram seguindo descendo a escada.
Ao entrar no corredor, foi surpreendido por que o aguardava com uma feição mecânica e olhar frio.
— Nossa você me assustou, estava me esperando?
— Sim, queria olhar no fundo dos seus olhos e dizer o quanto o acho desprezível, miserável e ridiculamente baixo.
— Eu não sei o motivo de tanta agressividade, mas não a aceitarei mesmo que venha de uma mulher. — alterou o tom da voz para tentar intimidá-la, mas sem sucesso começou a caminhar em sua direção — Agora se me der licença vou me recolher.
— Fique parado aí, eu não terminei. — disse mais rude e firme olhando fixamente em seus olhos.
— O que? — ficou assustado porque não conseguia se mover — Eu não consigo me mexer, o que fez comigo?
— Calado, agora você só vai ouvir. — imediatamente ele não conseguiu dizer mais nenhuma palavra sequer — Eu sei muito bem o que tentou fazer hoje, e a sua sorte é que eu estou de bom humor, caso contrário faria você se jogar daquela escada sem o menor índice de arrependimento. Então nunca mais se meta comigo ou faça algo parecido com outra pessoa, você me entendeu? — disse baixo, próxima a ele que apenas balançou a cabeça que sim, então concluiu — Assim que eu me for, você vai voltar ao normal poderá ir para seu quarto e amanhã bem cedo pegará suas coisas e dará uma desculpa qualquer indo embora logo em seguida para casa. Mais uma coisa, e melhor não pensar em contar sobre isso a ninguém, pois se pensar sentirá o gosto de estrume em sua boca. Tenha uma boa noite! — sem mais ela saiu de perto dele e assim que virou sumindo no corredor ele conseguiu se mexer e sua garganta se soltou.

Achando aquela situação absurda, pensou em contar ao tio e no mesmo instante começou a sentir um gosto horrível em sua boca, correu para o quarto e passou um tempo lavando a boca, vendo que tudo aquilo foi sério apenas se deitou e logo dormiu.





Capítulo 6

No escritório, senhor Kim se sentou com para conversar sobre a tal garota que viria da Korea para conhecê-lo e supostamente seria sua noiva, pois diante do que tinha ouvido de Sungnam, achou melhor não adiar mais aquele assunto até mesmo para ver se era verdade e qual seria sua reação.

— Bem , no próximo mês iremos receber a visita de uma moça de Incheon, uma das filhas de Cho Il-seong. Como você já sabe, a família Cho é tradicional e importantíssima no meio ferroviário e também é cliente de muito estima do seu pai.
— É um noivado? — perguntou de cabeça baixa ansiando um não, mesmo que fosse impossível.
— Eu não vou mentir, é do interesse de Il-seong noivar a filha com você e por isso está mandando-a para cá.
— O senhor está de acordo? — receou mais.
— Sim, mas deixei claro a ele que gostaria que vocês tivessem a chance de se conhecer primeiro e se houver compatibilidade entre vocês, ai sim faríamos o casamento.
— Eu entendo pai, vou fazer o que me pedir. — continuou de cabeça baixa, evitando demonstrar sua tristeza e discordância que estavam aparentes em seus olhos, apesar do que sentia a obediência ao pai estava acima de tudo.
— Eu não esperava outra atitude de você. Pode ir agora.
fez reverência e saiu para seu quarto, a partir dali senhor Kim iria observá-lo como em um teste para saber dos seus reais sentimentos.

Assim que amanheceu, apareceu diante deles enquanto tomavam café, já com as malas prontas para ir embora, causando espanto na família.

— Você não nos disse nada sobre ir embora hoje. — senhor Kim o repreendeu.
— Me perdoe por este inconveniente tio.
— Mas qual é o motivo de tanta pressa? — Perguntou com desentendimento.
— Eu sou responsável pelos negócios da família, não posso me ausentar por mais tempo, virei em outra oportunidade, quem sabe até para o seu casamento . Pois suponho que meu tio já lhe deu a notícia. — assim que ele disse isso, a expressão do rosto de teve uma leve oscilação de satisfação para decepção, não perceptível.
— Sim. — olhou para naquela hora com um certo desespero no olhar, sem saber o que fazer.
— Já que não será possível que fique conosco mais tempo, só me resta desejar-lhe uma boa viagem de volta para casa e mande lembranças a sua mãe.
— Farei isso tio, muito obrigado pela estadia e mais uma vez me perdoem por qualquer constrangimento. — disse em reverência e olhou para ela que devolveu o olhar com certo desprezo, e ao passar pela mente dele dizer algo sobre o acontecido, seu corpo começou a se arrepiar devido ao gosto que se revelava em sua boca.
— Espere eu o levarei até a estação. — disse se levantando da cadeira.
— Faça uma boa viagem, . — ela disse sem nem mesmo mira-lo nos olhos.
— Obrigado. Vamos por favor, fiquem em paz e até breve. — se despediu cordialmente.

saiu seguido de que o levou rapidamente a estação e o embarcou no trem. Depois daquele dia, não deu a menor atenção a devido ao que foi dito, senhor Kim também fez questão de dizer a ela sobre a pretendente dele. Contudo seu afastamento tinha um único intuito, intensificar ainda mais aquela chama acesa no coração de , e com certeza estava sendo bem sucedida. Após duas semanas, a cercou no corredor depois que ela havia colocado os meninos para dormir.

— Vai ficar fugindo de mim?
— Eu ouvi de seu pai bem alto e claro que você estava compromissado, o que realmente esperava? Que eu me derramasse nos teus braços como o rio ao mar? Se vê que realmente não me conhece.
— Ela ainda não é minha noiva de fato.
— Disse bem, ainda, e eu entendo isso como uma certeza para o futuro.
— Isso não é justo, eu gosto de você.
— Pois deve gostar de quem possa ter um compromisso relevante.
— O que quer que eu faça? Que eu vá contra meu pai, desonre minha família e envergonhe a família Cho?
— Por acaso tais palavras saíram da minha boca? Eu não vou pedir nada que não possa me dar, o que fará ou não está por sua conta, não serei impedimento, agora tenha uma boa noite. — sem mais ela saiu de perto dele e entrou em seu quarto, estava arriscando alto e pensou que poderia perdê-lo com aquela atitude, mas já estava feito e decidiu continuar ao preço que fosse.

ficava a observando longe dos olhares de seu pai e seus irmãos. Seus pensamentos iam além do limite desejando estar com ela. ali a sua frente, ao alcance de suas mãos, mas não podia ter, nem mesmo um esbarram para saciar sua vontade de tocar sua pele ardente e perfumada, a menos que resolvesse aquela situação. Nenhuma idéia lhe vinha a mente a não ser toma-la e fugir para bem longe com sua amada, mas lhe pesava também a consciência das responsabilidades que tinha com seu pai e sua família. Faltavam poucos dias para a chegada da pretendente e em uma tarde de domingo em que os meninos estavam a companhia do pai, avistou pela janela de seu quarto, indo em direção a floresta e não perdeu tempo, desceu a escada com uma certa pressa, passou por seu pai totalmente distraído ao jogar xadrez com Sungnam rodeado pelos meninos.

Ele a seguiu discretamente até o lago e ficou escondido atrás de uma árvore larga de raízes grossas. parecia um tanto preocupada, pois a algum tempo não recebia notícias de sua mãe. Por um momento, ela ficou dispersa em seus pensamentos jogando pedras no lago, até que um ruído a trouxe de volta, na verdade o pisar em gravetos em um descuido de . Ela não se virou e nem demonstrou que já sabia que alguém a espreitava, só respirou fundo e então começou a se afastar do lago entrando novamente em meio as árvores e ele voltou a segui-la. Em um local ainda bem afastado da casa ela parou e virou para trás não lhe dando tempo de se esconder o surpreendendo.

— Me desculpe, eu não consigo, tentei, mas não consigo. — a olhando fixamente nos olhos.
— Eu imagino o quão difícil tem sido pra você. — disse segura de si — Não passa pela minha cabeça privá-lo mais tempo de mim. Até porque estou sendo igualmente consumida pelo mesmo sentimento.

Ouvindo ela dizer aquilo se aproximou com calma em passos largos, a envolveu nos braços lhe destilando seu beijo. A emoção estava à flor da pele e mesmo aquele primeiro desejo sendo saciado, parecia transbordar e pedir além do que lhe era oferecido. Deu alguns passos unido a ela, recostando-a em uma árvore e suas mão não falhavam em afirmar sua vontade em tê-la e a segurava com constância. Deixando que ele demonstrasse naquele beijo ininterrupto todo seu fervor, soube que chegara ao limite quando ele lhe puxou as fitas desfazendo os laços que fechavam o tecido a frente de seu decote. O empurrou com um certo impulso na árvore e se distanciou em alguns passos o deixando confuso e foi dizendo o que precisava tirando proveito daquele momento.

— Então é isso o que pensa de mim? Que sou uma qualquer, apenas um brinquedo, algo para satisfazer sua vontade? — sua voz ecoava como indefesa e decepcionada, sua encenação era perfeita.
— É claro que não.
— E no que pensou? Que eu iria simplesmente me entregar as suas investidas? Pois saiba que eu tenho meu valor e minha honra.
— Eu a amo, nunca pensaria isso. Eu não consegui me controlar, não foi minha intenção, por favor me perdoe? — tentou se aproximar e ao sinal dela parou.
— Isso é loucura, a sua noiva praticamente as portas e o senhor me rondando, dizendo insanidades, fazendo meu coração se dilacerar com mentiras.
— Não estou mentindo, eu a amo e faço qualquer coisa para ficar com você, só preciso de tempo.
— Então convença seu pai de que sou tão honrada e digna do filho dele quanto está que vem. Eu não irei suportar vê-lo com outra que nem ao menos conhece.
— Eu não sei se posso fazer isso, principalmente por ter outros envolvidos. — totalmente perdido.
— Eu o entendo, acredito que a melhor solução seria eu partir, não vou lhe causar qualquer desentendimento com seu pai. — ela soltou umas lágrimas e se virou de costas pronta para ir.
— Não, espera. Eu não vou ficar sem você. — ela deu um leve sorriso ao ouvi-lo secando o rosto — Me dê um tempo, para que possa resolver está questão e eu prometo que mesmo que meu pai não concorde, ficaremos juntos.
— Tem certeza que é o que realmente quer? — disse se virando devagar com o rosto exibindo inocência.
— Sim, é o que mais quero. Então, irá me esperar?
— Você tem seu tempo, não me faça esperar muito. — ao dizer aquilo se virou novamente e o deixando lá foi embora para casa rapidamente com o rosto de satisfação e garantia de sucesso, pois não teve dúvidas de que já estava em suas mãos.





Capítulo 7

Finalmente a filha de Cho Il-seong havia chegado, senhor Kim e foram recebê-la na estação. Quando a garota de pele branca, cabelos negros, lábios rosados e de olhar terno desembarcou, se surpreendeu, pois era belíssima, algo que não esperava dada a feiura dos pais. Se apresentaram com toda formalidade e seguiram com ela de volta para casa, no caminho ela discretamente observou e constatando que era de fato muito mais bonito que nas fotos que vira, se interessou. A moça ao entrar a porta da casa foi recebida com muitos elogios pelos meninos e cordialidade pelos empregados, foi apresentada pelo senhor Kim e apesar de ver quão bonita ela era, não se intimidou e sua postura continuou impecável arrancando olhares facilmente decifráveis do rapaz.

— Está é a senhorita Cho Hye-kyo (21 anos) que tanto aguardávamos, e ficará hospedada em nossa casa por duas agradáveis semanas.
— Obrigada senhor Kim. — a garota disse tímida.

Todos lhe deram boas vindas e fez questão de levá-la até o quarto preparado minuciosamente destinado a ela. Foi extremamente simpática explorando o sorriso de Hye-kyo e sua ingenuidade, pois com seu jeito conseguiu em alguns minutos a sós com ela, identificar com que tipo de pessoa estava lidando e a julgou irritantemente adorável. Senhor Kim programou passeios para fazer com Hye-kyo a começar no dia seguinte. teve receio nos primeiros dias daquela semana, afinal, uma garota tão especial, passando praticamente todo o tempo com seu escolhido, era algo que deixaria a qualquer uma descontrolada, mas ela porém recebendo a atenção dele mesmo de longe e disfarçadamente constatou que não tinha o que temer.

Na segunda feira da semana seguinte, enquanto tomavam o café da manhã, receberam correspondências, inclusive uma carta para . Ela ficou feliz a princípio, pois imaginou que seria de sua mãe, mas ao ler o remetente sentiu que havia algo errado, pediu licença a eles e foi para seu quarto ler imediatamente a carta.

Cara senhorita Kingsley... Venho através desta dar-lhe a infeliz notícia sobre o repentino falecimento de vossa mãe, Marie Anne Kingsley na noite deste domingo. Estamos profundamente sentidos pelo ocorrido inesperado e pedimos o retorno imediato da senhorita para maiores esclarecimentos sobre as causas da morte, dar seguimento ao enterro e para resolver pendências provenientes do episódio. Lhe enviamos nossos sentimentos pela sua perda e nos tenha a disposição para ajudá-la no que for necessário. Aguardamos seu contato, abraços!
Senhor e Senhora Mackall

se sentou na cama respirando profundamente e rolaram algumas lágrimas no rosto apático e dizia:

— Eu pedi para que me esperasse.

Sentado à mesa da sala de jantar, se preocupou com a demora de e inventando que havia esquecido a carteira no quarto, saiu de lá e foi até o quarto dela, ver o que se passava. Ao entrar a porta, avistou ela sentada na cama com o papel a mão imóvel, foi até lá e se sentou ao lado pegando o papel e também o lendo.

— Eu sinto muito. — disse em tom de conforto.
— Agora eu não tenho nada, não tenho mais ninguém.
— Isso não é verdade, você tem a mim. — a abraçou repousando a cabeça dela em seu ombro, onde realmente se sentiu confortada e segura por poucos minutos — Você deve falar com meu pai, ele vai ajudar no que for preciso e eu também. É melhor que desçamos agora.

Ela concordou e desceram um depois do outro e então comunicou ao senhor Kim sobre a tragédia que lhe abateu. De imediato, ele se compadeceu e ofereceu ajuda no que precisasse, deu ordem a que comprasse os bilhetes de passagem para que ela pudesse ir a sua cidade velar e enterrar a mãe. questionou o fato dela ir sozinha e se prontificou a acompanhá-la com o pretexto de também ajuda-la no âmbito jurídico se necessário. Senhor Kim não foi contra, mas impôs que Hye-kyo fosse junto, pois era mulher e poderia fazer bem sua companhia a . Os três assentiram de acordo e então elas se prepararam enquanto pegava suas coisas, seria uma viagem curta, de apenas dois dias a Beckenham, cidade em que nasceu e morava antes de começar a trabalhar como tutora.

Depois de uma hora, estavam prontos, se despediram da família e foram para a estação com o motorista. comprou as passagens e embarcaram no trem que saiu as 11 am, Hye-kyo se sentou ao lado dele se recostando em seu braço, ele ficou de frente para se sentindo incomodado por não ser ela. naquele momento teve ciúme e inveja de não poder se aconchegar no seu ombro, mas a sensação era pequena perto da falta que a mãe já fazia. Assim que chegaram, o rapaz alugou um carro e orientado por dirigiu até a casa dos Mackall que ficava a mais ou menos um quilômetro da de sua mãe. Como não teve tempo de avisar ao senhor Mackall sobre sua chegada, o surpreendeu enquanto capinava em seu jardim.

— Senhorita Kingsley, não imaginei que chegaria tão rápido. — disse o homem grisalho de face amigável.
— Na verdade nem eu, bom esse é Kim , filho do meu patrão e esta é Cho Hye-kyo, amiga da família, vieram para me acompanhar. — disse firme e por mais que Hye-kyo quisesse questionar, pois se sentia noiva, não o poderia já que aquilo ainda não era fato.
— Muito prazer, meu nome é Walter Mackall, sejam bem vindos.
— O prazer é nosso senhor Mackall, o senhor poderia nos indicar um hotel aqui perto? — o indagou um pouco receoso pois não havia visto nenhum na estrada.
— Ah não, de jeito nenhum os deixarei ir para um hotel, eu faço questão que fiquem hospedados em minha casa.
— Não queremos lhe dar trabalho senhor. — Hye-kyo foi simpática, mas não gostou muito do aspecto um pouco mais humilde da casa, mesmo ela sendo grande e até confortável.
— Foi tudo meio de surpresa, mas eu realmente faço questão que fiquem comigo e minha senhora, Abigail.
— Então nós ficaremos. — sabia que seria mais fácil ficar naquele lugar e se sentiria bem.
— Ótimo, venham comigo. — ele foi à frente deles adentrando a casa — Abigail! — chamou e a mulher veio da cozinha secando as mãos no avental — Veja quem chegou e ficará conosco.
— Minha nossa, como você está bonita. — se aproximou de e a abraçou — Que terrível você ter que vir assim nestas circunstâncias, pobre menina. Nós sentimos muito por sua mãe, era uma boa mulher.
— Obrigada, senhora Mackall.
— Ah, me deixe adivinhar — disse vendo os outros dois junto a — esse deve ser seu namorado e está sua irmã. — eles realmente se pareciam por causa dos traços asiáticos.
— Nós não somos irmãos, senhora. — Hye-kyo quis logo esclarecer.
— Eu trabalho para o pai dele e ela é amiga da família, não queriam que eu viajasse sozinha nessas condições.
— Ah sim, me perdoem.
— Querida arrume os quartos para eles, enquanto nós conversamos sobre o que realmente interessa.
— É claro, fiquem a vontade, eu já volto.
— Obrigada. — disse e ela assentiu indo para o andar de cima, então eles se sentaram na sala acomodados por Walter — Senhor Mackall eu quero saber o que aconteceu com minha mãe.
— Sim. Bom, ela a alguns dias reclamou de umas dores no peito, tonturas, eu até cheguei a levá-la ao médico, mas não encontraram nada, pensaram ser somente um pequeno mal estar. Então como ficamos preocupados com ela decidimos passar de vez enquanto na sua casa e ontem fizemos isso. A porta da frente estava trancada então entramos pelos fundos e a encontramos no chão, devia estar preparando chá para nós, pois sabia que iríamos. Foi questão de alguns segundos em que esteve consciente em meus braços e de Abigail. Só conseguiu dizer seu nome e que alguma coisa era sua, não entendemos direito, e logo depois ela se foi. Não pudemos fazer nada, até chegamos a levá-la ao Hospital, mas confirmaram o falecimento. — Walter disse com muita tristeza e angústia pelo momento que descreveu.
— Onde ela está agora? — ouviu cada palavra se remoendo por dentro, se culpava pois deveria ter ido para casa quando recebeu a proposta de trabalho do senhor Kim.
— No necrotério do Hospital, só podem liberar o corpo na presença de alguém da família. Eu tentei agilizar as coisas, mas como não sou parente não me permitiram.
— Eu sou advogado, vou organizar a papelada referente ao óbito, os bens, contas e tudo que estiver relacionado a senhora Kingsley, será de muita ajuda se o senhor puder me orientar sobre o cartório, prefeitura e banco. — se mostrou totalmente disposto.
— Ajudarei com prazer, é o mínimo que posso fazer pela memória dela.

Depois de uns minutos, Abigail retornou e os levou aos quartos de hóspedes, assim que se ajeitaram ela os serviu um lanche e Walter levou a e ao Hospital deixando Hye-kyo com sua mulher. precisou preencher alguns papéis e assinar autorizações para liberarem o corpo sendo supervisionada por que ficou próximo o tempo todo. Apesar da tristeza da perda, o semblante da moça estava neutro, como se só estivesse fazendo um procedimento qualquer, algo sem importância, era super controlada e seus pais a criaram para ser resistente ao que geralmente é abalável.

Walter já havia conversado com o padre local para que fizessem o velório no saguão da igreja assim que possível. Como já estava lá e liberariam o corpo antes do previsto, Walter foi às pressas falar com o padre novamente e arrumar o caixão. A igreja se ofereceu para organizar e enfeitar o saguão e o padre faria uma pequena prece pelo luto da família durante o velório. Walter aproveitou ainda para avisar os amigos e conhecidos da família de . Com tudo em ordem no Hospital, liberaram o corpo e fez questão de preparar a mãe ela mesma e depois o corpo foi realocado para a igreja já no caixão com tudo preparado.





Capítulo 8

Já era noite, eles voltaram para a casa de Walter e se arrumaram para o velório, voltando em seguida para a igreja. Logo os conhecidos e amigos da família foram chegando e a cumprimentando lhe dando as condolências, alguns até levaram cestas de lanches e petiscos para o local visando ajudar, vendo que tudo foi feito na correria e realmente nem houve tempo de pensar nestes detalhes. Assim que o padre notou que no lugar haviam já muitas pessoas, com o aval de , disse algumas palavras e fez uma bela prece pedindo a Deus pela alma de Marie Anne e Seu consolo para a filha e os amigos. Algumas pessoas também quiseram homenagear a falecida e discursaram sobre a vida dela e momentos em que passaram juntos.

Permaneceram ali por toda a noite, o enterro seria na primeira hora da manhã e assim que clareou o dia, partiram a pé da igreja para o cemitério que ficava próximo. Ali também o padre rezou e deu a benção e assim que a enterraram o povo começou a se dispersar para suas casas. pediu para ficar mais uns minutos ali sozinha, então Walter, Abigail que não desgrudou de Hye-kyo (pois gostou muito dela) e foram se afastando indo em direção a entrada do cemitério. Como estava atrás deles despistou e voltou o caminho para perto dela, se aproximou devagar sem que ela o visse e se posicionou do seu lado, sem falar absolutamente nada ele pegou de leve a sua mão e a segurou.

Percebendo a ausência de , Hye-kyo deixou Walter e Abigail conversando e foi voltando o caminho pensando que ele pudesse ter se perdido e quando saiu de trás de alguns arbustos e os viu de mãos dadas ficou estática, tonteou e pisou em falso se apoiando no arbusto. olhou por cima do ombro e quando a viu soltou a mão dele rapidamente. estranhou e também se virou vendo a Hye-kyo, a garota sorriu como se nada estivesse acontecido e ele um tanto sem graça e sem saber se ela realmente os tinha visto, foi até ela ajudá-la a se endireitar e então desceram os três para a entrada e ao encontrar o casal voltaram para a casa deles.

Deixando e Hye-kyo descansando na casa, e Walter foram para o centro da cidade verificar sobre a propriedade da família dela, as contas e se havia algo a que tinha direito. Como ela sempre mandava dinheiro para a mãe pagar suas despesas, não tinha nenhuma dívida e a hipoteca da casa já havia sido quitada, foi fácil regularizar todos os documentos no cartório e prefeitura referente a escritura da casa. No banco constava uma conta no nome da falecida, mas só continha um único objeto de valor guardado e que foi expressamente deixado para ser entregue a filha no caso do seu infortúnio. Foi necessário que a buscasse, pois somente ela poderia retirá-lo, e a surpresa em ver o que era foi grande. Sua família não era de posses, seu pai sempre trabalhou muito para sustentar a casa e não tinha condições de comprar jóias ou nenhum artigo de luxo. Estava sozinha na sala quando abriu a caixa do cofre do banco, se deparou com um broche de ouro em formato de rosa cravejado de diamantes e uma carta de sua mãe.

“Minha adorada...

Se está lendo esta carta é porque não tivemos tempo de nos encontrar para que eu lhe desse este presente pessoalmente, e só Deus sabe o quanto eu sinto muito por isso. Este broche pertenceu a sua bisavó, avó de seu pai, que era uma mulher muito rica. Esta foi a única coisa que ele pode guardar dela ao escolher se casar com sua mãe, e agora ele é seu. Gostaria de poder vê-la o usando no seu casamento, com certeza será a noiva mais linda do mundo. Por favor atenda este último desejo de sua mãe, que te ama muito.

P.S.: Nunca se esqueça do que seu pai lhe ensinou, sua força está na sua mente.
Com amor, mamãe!”

 

ficou um pouco emocionada, mas em vez de chorar, sorriu com a surpresa. Pegou o broche e a carta e saiu de lá ao encontro de Walter, e do gerente do banco, os mostrou o que era então o gerente deu baixa confirmando a retirada do objeto e encerrando a conta de Marie Anne. pediu para ir até a casa de seus pai e eles a acompanharam, organizou algumas coisas e pegou para si as fotos e pertences pessoais de sua mãe e pai, suficiente para uma mala. Então pediu a Walter que ficasse responsável pelo cuidado da casa até que a vendessem e ele se disponibilizou. Passaram mais aquela noite ali e voltariam na manhã seguinte para Dartford. Era quarta-feira, e eles se levantaram cedo para poder pegar o trem da primeira viagem, tomaram café e se despediram dos Mackall, na estação devolveu o carro alugado, acertou as passagens já reservadas e embarcaram sem demora.

A viagem foi tranquila e ao contrário da ida, estava mais segura e não teve ciúmes de ver Hye-kyo ao lado de . Aproveitaram o momento enquanto a moça tirou um breve cochilo e ficaram se admirando romanticamente e trocando sorrisos até que o trem apitou a chegada e Hye-kyo despertou. Eles desembarcaram e chamou um carro de aluguel que os levou em casa, como seu pai não sabia ao certo o horário de sua chegada não teve como buscá-los, mas pediu aos empregados que deixassem tudo em ordem para que ao chegarem pudessem descansar, principalmente que naquele momento já era vista com bons olhos por todos, inclusive senhor Kim.

Finalmente chegaram e foram recebidos pela família e empregados com muita cortesia, os meninos abraçaram demonstrando quão falta ela fez, até mesmo Sungnam não resistiu pois a considerava muito. Hye-kyo os observando e a que parecia distraído com os olhos fixos nela, começava a pensar que aquele não era seu lugar e que a família já estava completa se angustiando um pouco. Já havia se passado pouco da hora do almoço, mas uma refeição digna de rei os aguardava e foi servida na sala de jantar. Os empregados levaram as malas aos quartos e depois de comerem e praticamente relatar a viagem ao pai e aos irmão, as garotas foram descansar enquanto ele e o pai foram conversar no escritório.

— É bom ver que ela está bem. — disse senhor Kim se sentando na poltrona próximo a janela seguido por a sua frente.
— Ela é mais forte do que aparenta. Eu me lembro bem quando perdemos a mamãe e apesar de adulto não foi nada fácil, a senhorita está se saindo muito bem e sabe que pode contar com nosso apoio. — disse tentando disfarçar seus sentimentos, mas seu pai os identificou no ar.
— E como foi com Hye-kyo?
— Bem, ela foi amigável e prestativa com e os senhores que nos hospedaram. — não disse com muito interesse.
— Vocês estão se dando bem?
— Ela é agradável, fala pouco.
— Não foi exatamente isso que eu perguntei. — senhor Kim querendo ouvir dele o que realmente acontecia.
— Se o senhor quer saber se sinto algo por ela, a resposta é não.
— E pela senhorita ? — olhou para ele com surpresa ao ouvir a pergunta e sua falta de palavras revelou tudo — Meu filho por favor, eu não sou cego, pode me dizer a verdade. — e o rapaz não teve mais como negar.
— Aboji, eu a amo, com todas as minhas forças, mas meu compromisso é com minha família e vou honrar o que o senhor decidir.
— Todos sempre me julgaram por ser um homem moderno, sai da minha pátria para fazer carreira em terras estrangeiras. Apesar de fazer muito gosto na união das famílias, como eu poderia ser moderno se obrigasse meu filho a permanecer em um compromisso arranjado onde não tem amor?
— O que o senhor quer dizer com isso? — meio confuso com as palavras do pai.
— A senhorita Hye-kyo é sensível, mas também compreensiva, seja qual for a decisão que tomar leve em consideração os sentimentos dela e a relação entre nossas famílias, não quero desfazer uma amizade sólida que cultivamos a anos. — disse se levantando
— Sim senhor. — se levantou também, o reverenciou e seu pai saiu do escritório.

O rapaz ficou ali mais um tempo pensando no que o pai disse e no que iria fazer, não iria desistir de , mas em contrapartida não queria causar nenhum sofrimento a Hye-kyo e sabia da importância daquela união para ambas famílias. Precisava resolver a situação o mais rapidamente possível e de forma amigável, pois a garota voltaria para seus pais na sexta-feira.





Capítulo 9

Na quinta-feira, como o sol estava alto ainda pela tarde, pediu ao pai para ir mais cedo para casa e convidou a Hye-kyo para um passeio perto do lago para ver o pôr do sol.

— Eu fiquei animada com o convite, principalmente por saber que partiu de você e não foi planejado pelo senhor Kim.
— Sim, eu queria um momento a sós com você, para conversarmos já que irá partir amanhã e eu posso não ter outra oportunidade.
— Eu imagino como se sente a respeito do compromisso que nossos pais combinaram para nós. Eu também fui pega de surpresa, mas devo confessar que gostei de saber que meu pretendente era você e ao conhecê-lo pessoalmente me encantei. — ela falou tímida, mas preferiu entrar logo no assunto, para ter a oportunidade de se expressar e quem sabe fazê-lo mudar seus sentimentos por ela.
— Eu me sinto lisonjeado e honrado por isso. — engolia seco, pois tinha que ter cuidado com as palavras e não estava sendo nada fácil — Eu acredito que poderíamos ser um casal feliz apesar disso, mas creio também que não seria justo você ficar para sempre com alguém que não a ama como merece.
— Eu entendo. Também acredito que poderíamos ser felizes, mas não sei se conseguiria amar sozinha pelos dois. — respirou fundo segurando as lágrimas de frustração — Vocês tem sorte.
— O que disse? Não entendi.
— Você e senhorita , tem sorte de terem um ao outro. — preferiu revelar o que já sabia.
— Eu... — surpreso por ela saber.
— Não precisa se explicar, eu os vi sem querer e não foi difícil perceber o que estava acontecendo. A princípio eu quis que fosse coisa da minha cabeça, mas não adianta lutar contra a realidade. — seu rosto esboçava serenidade.
— Eu sinto muito, por favor me perdoe.
— Não sinta, e não tem porque se desculpar por já amar alguém. Eu cheguei a pensar que se tivesse vindo antes talvez poderia ter tido uma chance. Por acaso eu estou certa?
— Acho que sim. — ele também havia pensado nisto a um tempo.
— Fico feliz pela sinceridade e desejo que possam ficar juntos sem problemas. Eu falarei a meu pai que não o achei bom o suficiente para mim, ele entenderá.
— Obrigado, eu desejo que encontre alguém realmente melhor do que eu. — estava mais aliviado com os esclarecimentos.
— Certamente vou. — disse com um sorriso um pouco forçado e mudou de assunto — O pôr do sol aqui é muito bonito, mas na nossa terra é bem melhor.
— É sim. — sorriu com gentileza, seu coração estava leve — Já está a escurecer é melhor irmos.

estava lendo um livro próximo a janela da sala quando os viu retornando para a casa conversando e sorrindo, e ficou um pouco tensa, pois não sabia ao certo o que havia ocorrido. Mais tarde fizeram um banquete no jantar de despedida para Hye-kyo, que fez até um discurso de agradecimento, depois as crianças foram para cama e os adultos conversaram mais passando um tanto da hora de costume. achou estranho o fato de estar bem mais amigável com Hye-kyo e mal lhe dirigiu a palavra. Em certo momento avistou ele e o pai cochicharem mais afastados, mas não teve como saber o que se passava, então ao mais tardar todos se recolheram. No outro dia, de malas prontas Hye-kyo se despediu de todos agradecendo mais uma vez e foi levada por a estação e de lá iria de trem para o porto de Poole e embarcaria em um navio para Coreia.

O dia passou tranquilamente na casa dos Kim, as crianças e Sungnam voltaram da escola mais cedo e após fazerem suas lições colocou Yo-han e Jung-woo para pintar enquanto o rapaz estudava no piano. Senhor Kim os deixou avisados que não iria para casa almoçar com pois não voltariam a tempo para uma audiência. Chegaram tarde e o jantar já estava posto, explicaram o porquê do atraso a e aos meninos, realmente foi um caso difícil. Depois do jantar senhor Kim se propôs a contar uma estória aos mais novos e Sungnam se juntou a eles no escritório deixando ela e sozinhos na sala.

— Vocês pareciam mais íntimos ontem à tarde. Devo saber o que mudou? — sentada na poltrona ao lado da lareira, disse o olhando serena, mas com tom rígido e olhar avassalador.
— Hye-kyo é especial e eu devia a tratar como tal. — disse sério com tom normal de pé perto da porta.
— É claro, não esperava menos que isso. Ela com certeza será uma boa esposa. — jogou verde.
— Sim será. O homem que a desposar terá muita sorte, assim como eu se quem eu quero me aceitar. — foi se aproximando e se ajoelhou diante dela, pegou em sua mão levemente e com a outra exibiu um anel de ouro com um rubi envolto de pequenos cristais — Esse anel era da minha mãe e ela me fez prometer dá-lo a mulher a quem pertencesse meu coração. Senhorita Kingsley, aceita se casar comigo?
— Eu não seria louca para dar outra resposta que não fosse sim, mas antes quero saber se o que sente por mim é real.
— Como assim? Eu não a entendi.
— Meu pai era psiquiatra e trabalhava em um hospital de Bromley antes de conhecer minha mãe. Ele era um homem extraordinário e tinha o conhecimento de uma técnica chamada hipnose, a qual ele fez questão de me ensinar tudo. Essa técnica pode ser usada para influenciar as pessoas a fazerem algo que as vezes não queiram.
— E você a usou em mim?
— Não voluntariamente.
— Então usou?
— Não sei dizer, mas afirmo com certeza que desde que o vi eu o desejei para mim e não poderia fazê-lo ficar comigo se não sentisse o mesmo por mim de livre e espontânea vontade.
— Agora entendo porque os meninos mudaram tanto. — riu de leve.
— Esse é o meu trabalho.
— Eu senti o mesmo quando a vi pela primeira vez, nada mudou e eu sei porque estava consciente todo o tempo. Eu amo você e não me importo com seus truques ou seja lá o que forem, agora por favor diga que sim para que eu possa te beijar. — fez ela sorrir.
— Sim, para sempre.

Ao ouvi-la, encaixou o anel ao seu dedo e se aproximou mais segurando em seu rosto a beijando carinhosamente. Ao ouvir a voz dos meninos se aproximando, a soltou e ficou de pé e ela também se levantou se posicionando ao lado dele. O pai e os garotos entraram na sala conversando e brincando, como os rostos de e não disfarçavam a alegria interna logo Sungnam reparou e não podia deixar de comentar.

— É impressão minha ou vocês querem dizer alguma coisa?
— É, nós queremos dizer algo sim, na verdade dar uma boa notícia. — segurou a mão dela que sorriu com satisfação.
— Acho que já posso imaginar do que se trata. — senhor Kim já sabia da intenção do filho então não esboçou surpresa.
— Vocês vão se casar? — Jung-woo foi rápido em entender o que estava acontecendo.
— Definitivamente você é muito esperto Jung-woo. — confirmando.
— Isso é incrível, quer dizer que agora finalmente teremos uma irmã. — Yo-han estava contente.
— Pelo que eu vejo vocês não estão surpresos. — admirado.
— Para ser sincero, vocês não eram muito discretos. — Sungnam não contou, mas confirmou suas desconfianças quando os viu na floresta aquele dia.
— Estavam sempre se olhando igual o Sungnam com a Elisabeth. — Jung-woo brincou e riram.
— Tenho que confessar, vocês são muito observadores. — apesar de ser séria não deixou de ver graça e se divertiu com eles, mas ainda estava receosa referente ao senhor Kim que estava só observando e ainda não tinha dado sua opinião.
— E então aboji, diga alguma coisa. — estava ansioso.
— Se a senhorita sente o mesmo que você e aceitou seu pedido, eu só posso dizer que — fez um suspense e continuou — eu estou muito satisfeito e apoiarei vocês. — eles se tranquilizaram.
— Obrigado, isso significa muito para nós.
— Mas peço que esperem um pouco antes de anunciarem as pessoas, até porque Hye-kyo acabou de ir embora e não gostaria que parecesse que vocês já tinham algo enquanto ela estava aqui.
— É claro senhor Kim, podemos aguardar notícias dela primeiro e depois daremos andamento nos preparativos do nosso casamento. — disse com segurança — Eu só espero que meu noivo esteja de acordo.
— Sim, eu acho que devemos fazer isso.
— Eu não tinha dúvidas quanto ao seu bom senso e integridade, e vendo sua atitude agora tenho que concordar com meu filho de que a senhorita foi a escolha certa para ele.
— Agradeço a confiança senhor Kim e não irei desapontado. — conseguiu o que queria e realmente não se incomodaria em esperar um pouco mais para concluir seu desejo.





Capítulo 10

Um tempo depois do fim dos Jogos Olímpicos de Verão, questão de três meses desde a visita de Hye-kyo, receberam duas cartas, uma da família Cho comunicando sobre o compromisso dela com um diplomata na Coreia e que estavam muito felizes por essa grande honra. Já a outra carta era do senhor Mackall informando sobre a venda da casa dos pais de . Ao saberem de ambas notícias, não havia mais porque adiar os preparativos para o casamento de e . O que a família Kim não sabia é que a moça já estava com tudo sobre controle e havia feito todo o planejamento durante aquele período. Usando seus “métodos”, manteve o sigilo e ninguém ficou sabendo de nada até aquele momento, então não demoraria mais que um mês para se casarem, afinal, eles já haviam esperado de mais.

O grande momento chegou, senhor Kim fez questão de pagar todas as despesas da festa, visto que a noiva não tinha os pais presentes e comprou as alianças que por sinal ela já tinha escolhido. Toda a área perto da floresta foi arrumada e decorada em tons de rosa claro e dourado, também foi montado um altar com um arco todo florido sobre ele, onde os noivos ficariam, e ao redor mesas e cadeiras bem adornadas, tudo preparado com exímio capricho. fez a última prova do vestido e os ajustes necessários na noite anterior e como não poderia ser diferente desta vez, estava à frente da organização do evento, no dia mais especial de sua vida tudo tinha que estar impecável. Mas como ela era a protagonista da vez, senhor Kim não deixou que ela ficasse por perto, pois teria que se arrumar e em breve os convidados chegariam.

Preferiu não contrariar o sogro e após um banho com pétalas de rosas e óleos perfumados, foi auxiliada por duas das empregadas da casa e uma cabeleireira, que a maquiou além de lhe fazer um belíssimo penteado. A ajudaram á colocar o vestido, que apesar de simples era deslumbrante, em um tom claro de meia manga e todo bordado com linho fino. A adornaram com o véu e ela colocou o item mais importante da peça, o broche que seus pais lhe deixaram. Estava linda e graciosa. Naquele meio tempo os convidados haviam chegado e já estavam acomodados no jardim, estava no altar à flor da pele, bastante ansioso com a proximidade da hora marcada. Sungnam estava ao seu lado o apoiando e tentando acalmá-lo como os padrinhos fazem, bastante alegre por eles. Senhor Kim foi ao quarto buscar , ficou encantado ao vê-la e se emocionou, pois sentiu como se realmente estivesse levando a própria filha ao altar.

A marcha nupcial começou a tocar e se virou para a entrada, fazendo com que todos se levantassem e também admirassem a noiva sendo conduzida pelo pai do noivo. Senhor Kim a entregou a ele no altar, seus rostos estavam iluminados e não paravam de se olhar. A cerimônia foi simples e seus votos diretos e sinceros, o importante naquele momento era o sim de ambos e foi selado com o beijo de recém casados. Os noivos receberam os cumprimentos e ficaram assentados em uma mesa para a família. Valsaram e em um momento de distração dos convidados ao ouvirem Sungnam ao piano, a levou para seu quarto, que agora seria do casal, e que ele mesmo havia preparado para eles o enfeitando de flores e um perfume suave. sorriu ao ver o quarto e o beijou mostrando o quanto havia gostado da surpresa, sabendo que aquele ação ousada de sair da festa de repente era a pressa de estar a sós com ela, não iria ser cruel.

Se afastou um pouco dele sempre o olhando nos olhos, tirou o véu preso ao cabelo, depois soltou os laços que prendiam o vestido, com poucos e sutis movimentos o tecido foi se soltando até cair totalmente no chão e seu corpo se salientou no espartilho. Ela deu uma leve mordida nos lábios, foi o sinal que precisava para se mover, tirou o paletó indo de encontro a ela já a envolvendo em um beijo quente, intenso e avassalador. Ela o ajudou a se livrar das outras peças mais pesadas e as flores testemunharam a essência do amor se consumando naquele ato envolvente de pura paixão e prazer. A missão de agradecer a presença de todos os convidados e seus presentes aos noivos ficou para senhor Kim e Sungnam, já que eles não apareceriam tão cedo.

Agora era a respeitável senhora Kim, a mulher da casa, e fazia jus a este papel, pois passou a tomar conta de tudo e tinha livre arbítrio para tomar as decisões sobre o que era bom para a família. Sempre consultando ao pai e ao seu marido mostrando toda a consideração e respeito, claro. E quanto aos meninos, preferiu continuar à frente da educação e criação deles. Ao passar do tempo, Sungnam conseguiu entrar para Royal Academy of Music e passou a morar no centro de Londres, para estudar música, seu sonho. Yo-han e Jung-woo se interessavam cada vez mais por pintura e escultura e passaram a ter aulas particulares de arte contemporânea em casa.

confirmou estar grávida do primeiro filho, trazendo uma alegria desmedida a família e completando o sonho de senhor Kim em ser avó.





The End.




Nota da autora:
Olá sou a Prissiton (Pri unnie), estou aqui mais uma vez, espero que gostem e acompanhem esta nova aventura. *-* Fiquem à vontade para aproveitar dessa fic com seus bias/preferidos de outros grupos e para deixar seus comentários!!!

"Obrigada Senhor, por mais uma vez me dar a sua direção e força para concluir mais está história, que também faz parte de uma etapa da minha vida."

*-* By: Prissiton





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*links se encontram na página da autora




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