Finalizada

Capítulo Único

sabia que Pedro tinha sido convocado para aquela copa!
Mesmo não morando mais no Brasil, era apaixonada pelo esporte mais popular do país e como boa flamenguista sempre acompanhava seu time do coração nos campeonatos que participava. A copa do mundo era uma coisa estratosférica na vida dela, uma coisa que juntava duas de suas maiores paixões: o futebol e as viagens. Tinha se programado muito para viver mais aquela experiência, começou suas viagens para acompanhar o maior espetáculo mundial do esporte na copa de 2010 na África do Sul, e era sempre uma experiência inenarrável. Aquela em questão, no Catar, era um mix de emoções e sentimentos, a expectativa pelo hexa era gigante, o país era lindo - apesar dos pesares - e ela veria seu ex-colega de classe com a camisa oficial da seleção brasileira. Talvez nem chegasse a jogar, mas só o fato dele ter sido convocado, já era uma felicidade enorme, afinal, era seu sonho e todos que o conheciam minimamente sabia daquilo. quando ainda jogava no time de interclasses, sempre dizia que chegaria a seleção brasileira e ali estava!

Rio de Janeiro, Brasil 2014


estava eufórica com a copa que aconteceria no Brasil aquele ano, tinha assistido sua primeira copa do mundo ao vivo quatro anos antes, quando uma tia a convidou, e sabendo como gostava de futebol, deu aquela experiência para ela, aliás era de família aquela paixão pelo futebol, absolutamente todos eles eram engajadas no assunto, e aquilo ajudava muito com o interesse da mais nova pelo esporte.
Ela não era a única naquela sala que era apaixonada por futebol, Pedro, o cara mais popular do colégio, que por coincidência estudava na mesma sala do que ela, já tinha até jogado em um campeonato sub-15 em 2012, pelo Ceres e era um jovem promissor no esporte, compunha atualmente a categoria de base do Fluminense, que mesmo sendo do time adversário ao do coração dela, tinha que assumir que era um feito e tanto, ainda mais com toda a visualidade que vinha tendo.
Ele era o intocável na escola, nem todo mundo era apaixonado por futebol como , mas nem precisava saber a posição, quantos gols e em que clube estava vinculado para ter um crush no rapaz.
Pedro Guilherme era simplesmente o cara mais legal, simpático, engraçado, focado e atlético de todo aquele lugar. Além daquela vibe de "bom moço" que ia ao culto aos domingos - quando tinha um tempo livre dos estudos e dos treinos. Ele vinha chamando a atenção de muito tempo já, só que chegar até ele, sendo a nerd, que usava grossos óculos para leitura, fazia parte do Grêmio estudantil e era a presidente de classe, não foi uma tarefa fácil, era uma garota um pouco mais reservada, com poucos amigos e extremamente tímida. Então se contentou em só admirá-lo de longe torcer para que ele conquistasse o tão sonhado contrato de titular no Flu e mais, seu contrato como convocado da seleção brasileira.

— Eu vou para o jogo de abertura da Copa em São Paulo. — chegou falando um pouco mais alto do que gostaria para a melhor amiga, que estava com a cara enfiada no livro de matemática, teriam uma prova em alguns dias e a amiga estava cavando seu tão almejado 10, não tinha alcançado a nota máxima na matéria naquele ano ainda.
— Que legal, leva um casaco, é sempre um frio horroroso aquela época do ano em São Paulo! — Rafaela disse, com uma animação morna e sem tirar os olhos do livro. Definitivamente futebol era uma das coisas mais sem graça na visão dela, e deixava aquilo claro para , mas ela não deixava de surtar e conversar com ela sobre aquilo.
— Eu sei, sempre que vou para lá nessa época, fico gripada e pela previs…
— Que setor você vai ficar? — parou o raciocínio quando ouviu a voz de Pedro bem perto dela.
— Que? — Ela se virou para ter certeza que ele estava falando com ela, às vezes era uma conversa paralela e ela confundiu.
— Ouvi você falando que vai para a abertura da copa, queria saber se vamos ficar no mesmo setor, às vezes a gente se esbarra. — Ela achava aquele sorriso dele lindo, mesmo a amiga implicando muito com aquela "paixão"
— Ah é, eu vou sim! — Rafaela achou a cena um pouco patética, mas era a chance da amiga, ela não ia julgar. — na oeste inferior e você? — Os olhos dela brilhavam tanto, estava animada por talvez encontrar o rapaz durante sua viagem.
— O clube conseguiu o camarote para gente, talvez a gente consiga trocar seu ingresso, o que acha? — Ele estava animado com a possibilidade, talvez por ter alguém conhecido com ele, o que saiu logo do pensamento de , porque ele ia com o time todo, não é mesmo? Mas não ficou pensando muito naquilo.
— Ah não, talvez a gente consiga trocar o seu, aposto que minha tia adoraria um ar condicionado no camarote, mas o melhor lugar no mundo na arena neo química é na oeste inferior, eu já fui? Nunca! Mas tenho uma amiga que é corintiana roxa e já foi em todos os setores, me garantiu que é o melhor. — Rafaela percebeu que os olhos do rapaz brilhavam tanto quanto os de , só ouvindo ela falar com tanta paixão sobre seu lugar em um estádio de futebol.
— A gente pode ver, sim! — Ele sorriu novamente.
— Vem Pe, o professor está chegando. — Uma das garotas que viviam grudadas nele o puxou tão rápido que nem sentiu.

Claro que eles não assistiram aos jogos juntos, nunca mais tiveram um momento como aquele. O recesso estava chegando e as provas e trabalhos tomaram conta da vida de e os treinos e campeonatos a de Pedro. O destino não estaria a favor da garota, não naquela época pelo menos.

Lusail, Catar 2022


sentou em seu lugar, na oeste inferior , ao lado das amigas, estavam ansiosas por aquela estréia, se conheciam desde muito novas, mesmo sendo amigas online, desde a copa de 2018, viajavam juntas para os jogos. tinha mudado muito desde o colégio também, era uma geógrafa de sucesso estava atualmente na IUGS (International Union of Geological Sciences), morava e trabalhava em Paris tinha alguns bons anos e não era mais aquela garota tímida e sem autoestima. Os anos foram bons com ela e vendo Pedro, sentado no banco de reservas, vibrando e torcendo com seus companheiros de equipe, viu que foi bom para ele também. Estava feliz que ele atuava em seu time de coração e que estava ali, realizando seu sonho, convocado e parte da seleção na copa do mundo.
Depois daquele jogo, estava imensamente feliz, o Brasil tinha ganhado de 2x0, seus lugares eram realmente incríveis, tinha a visão perfeita, aprendeu com a tia, que tinha aposentado essas viagens de copa, segundo ela, estava cansada demais dessas "aventuras" e entendia, era cansativo mesmo, mas a tia estava tratando uma doença, então, era melhor ver daquela forma mesmo, e tinha recebido uma mensagem de Marquinhos, chamando ela para dar um oi nos vestiários, eles tinham se conhecido em um evento em Paris e virado amigos, mas ele não sabia que ela estaria por ali vendo os jogos, como sabia que a mulher era apaixonada por futebol e eles já tinham conversado algumas vezes sobre as copas do mundo, resolveu que seria legal se ela conhecesse seus companheiros e um pouco dos bastidores de tudo aquilo. Aquela era a primeira vez dela como amiga de um jogador, em uma copa do mundo, e realmente tornou a experiência muito melhor.

!!!! — Carol, esposa de Marquinhos, chamou por ela, ao ver a mulher meio perdida, tentando explicar para os seguranças que tinha combinado com um jogador de ir até lá, dar um oi.
— Carol, Graças à Deus! — disse, quando a amiga chegou mais perto e sorriu.
She is with me! — Carol disse aos seguranças que deram passagem para passar.
— Obrigada! Eu estava quase indo embora! — disse abraçando a amiga.
— Porque você não disse que vinha? tinha ficado lá em casa com a gente! — Carol disse depois que soltou a amiga do abraço.
— Ah não, eu não queria incomodar, vim com umas amigas e…
, é você? — ouviu uma voz familiar falando atrás dela. Se virou, o que pareceu ser em câmera lenta e olhou para ele, estava ainda mais lindo do que na época em que estudavam juntos.
— Vocês já se conhecem? — Carol perguntou olhando para os dois.
— Ahaam! — disse sem tirar os olhos do homem. — Estudamos juntos. — estava mesmo sem reação, ficou tão emocionada em conhecer um pouco dos bastidores, que esqueceu por um momento que podia encontrar com Pedro por lá.
— Ah maravilha, eu vou procurar meu marido e meus filhos, eles vão adorar te ver, estavam perguntando por você esses dias mesmo. — Carol deixou os dois sozinhos e foi para onde não viu, atrás de sua família.
— Uau, você está tão diferente, quase não te reconheci. — Pedro foi o primeiro que disse, depois que eles ficaram um pouquinho em silêncio.
— E você continua o mesmo, quer dizer, com alguns músculos à mais. — Ela riu depois de apertar de leve os braços dele e constatar que ele estava mesmo mais, muito mais, malhado do que na época em que se conheciam.
— As vantagens de ser jogador de futebol. — Ele riu fazendo com que ela risse também. — Mas você sumiu depois da formatura, tentei saber de você por alguns de seus amigos, mas sabe, foi difícil achar algum deles também. — Coçou a cabeça meio sem graça, ela sabia que não era aquilo, talvez ele não soubesse onde procurar ou não lembrasse quem eram seus amigos.
— Ah eu fui estudar em outra cidade depois do colégio e agora eu moro na França, então é, eu meio que sumi do Rio. — Ela deu uma risadinha sem energia, amava o lugar que nasceu e cresceu, mas sabia que tinha de deixar sua cidade maravilhosa para trás, para conquistar tudo o que queria e estava conquistando.
— Isso é incrível, sabia que você se daria bem, era tão ner… — Ele parou a frase, quando percebeu que estava prestes a falar uma besteira.
— É, eu era nerd, pode falar, essa palavra nunca me atingiu, eu sempre tive orgulho de ser inteligente. — Ela sorriu aberto e ele deu um sorrisinho amarelo. — E você, olha onde você chegou! Está realizando o seu sonho. Eu vibrei tanto quando assisti a escalação e ouvi o Tite falando seu nome. — O sorriso dela se abriu mais.
— Você sabia? — Ele parecia surpreso com o comentário da mulher.
— Ora Pedro, quem não sabia desse seu sonho? E você sempre foi um jogador excelente sabe, daí foi para o time certo, eu sempre soube que você combinava com a camisa rubro negra. — era sempre muito animada e feliz quando falava sobre o Flamengo.
— Eu estou surpreso que soubesse, achei que as garotas inteligentes não se interessavam pela vida de nós os "atletas fúteis". — Fez aspas com as mãos. — Você acredita que quando eu assinei meu contrato com o Flamengo, a primeira pessoa que veio a minha mente foi você? Você sempre foi muito flamenguista e eu gostava muito de te ver de longe surtando pelo Flamengo e a sua amiga com a maior cara de tédio. — Ele riu, talvez da lembrança de Rafaela querendo morrer ao ouvir mais uma vez que o Flamengo tinha sido roubado pelo juiz, ou como ele passou por cima do adversário, mas não sabia ao certo.
— E elas não prestam mesmo, mas você não era um atleta fútil, estava empenhado na sua carreira, era dedicado e esforçado e eu sempre tive uma quedinha por você. — As palavras escorregaram da garganta dela sem que pudesse evitar.
— Porque eu nunca soube disso? — Ele perguntou um pouco espantado com aquela confissão.
— Segundo Rafaela, era porque você era um lerdo, mas eu nunca te disse nada, então, ficar te olhando as vezes, como todo mundo fazia, não era uma dica clara, não é mesmo? — Ela achava tudo aquilo engraçado agora, que já tinha superado, se tivesse a mente que tem hoje naquela época, as coisas seriam muito diferentes.
— Eu sempre fui lerdo mesmo, porque eu sempre tive uma quedinha por você também, mas nunca tive tempo ou coragem para chegar em você, você estava sempre estudando, lendo ou escrevendo alguma coisa, nunca sabia se iria te atrapalhar ou não e não éramos do mesmo ciclo de amigos, então era uma aproximação mais difícil mesmo. — Pedro relaxou os ombros, sendo sincero com ela.
— Mentiraaaaa! — começou a rir desesperadamente. — Rafaela tinha que estar aqui, você só pode estar me zuando. — Ela não conseguia parar de rir, era irônico, e muito engraçado que tivessem sentimentos semelhantes, nunca tinha nem cogitado aquela possibilidade.
— E porque estaria, você sempre foi educada, atenciosa, prestativa, linda e ainda por cima gostava de futebol, era a garota perfeita, pelo menos para mim. — Ele não acompanhou ela nas risadas, embora tivesse achado um pouco de graça da coincidência e de como eram idiotas e não viveram um romance naquela época.
— Meu Deus, você está falando sério mesmo? — O tom de choque chegou na fala dela, parecia mesmo uma pegadinha daqueles programas de TV.
— Acho que é tudo no tempo de Deus, não é mesmo? Talvez se tivéssemos nós declarado naquele momento, não estaríamos onde estamos hoje. — Foi uma reflexão boa, pensava mesmo que as coisas aconteciam quando tinham que acontecer.
— Talvez seja tarde agora! — Ela abriu um sorriso quadrado, só para não levar ao chão o clima entre eles.
— Você está namorando? — Pedro perguntou olhando nos olhos dela.
— Não! Mas você deve estar né? — Ficou com o olhar fixo ao dele, não conseguia desviar a atenção.
— Não, eu não estou! — Ele abriu um sorriso.
— Mas a gente nem se conhece mais. — sentiu as pernas fraquejarem quando ele chegou um pouco mais perto dela depois daquelas respostas.
— A gente pode começar de novo, vamos conversando e retomando o contato, o que acha? — Estavam a centímetros de distância, podia sentir a quentura da respiração dele em seu rosto.
— Não vai fazer mal né? O pior que pode acontecer é virarmos amigos. — Ela riu de leve, inebriada com aquele sentimento juvenil que voltou a aflorar, o cheiro que ele emendava e aquela quentura em seu rosto.
— Concordo plenamente!

Pedro disse, enfiando uma das mãos nos cabelos de e a outra na cintura dela, a energia que aquele momento emanava era surreal, eles tinham esquecido que estavam ainda dentro do estádio, que um repórter podia passar por eles, ou que outros jogadores e membros da comissão técnica estavam passando pra lá e pra cá. Só uniram os lábios, em um beijo que carregava com ele muitas emoções e dois adolescentes que esperavam muitos anos para que aquilo realmente acontecesse.

— Pelo amor de Deus! — ouviu a voz de Marquinhos no fundo e separou os lábios do beijo.
— O que foi? — se virou para ele e começou a rir.
— Não se pode mais deixar as crianças sozinhas que elas aprontam. — Ele disse com uma voz cheia de humor.
— Falou o vovozão, três anos mais velho que eu. — riu — Cadê meus sobrinhos, fiquei sabendo que estão com saudades da tia preferida deles e eu também. — Ela disse indo até às crianças que começaram a pular e gritar quando viram ela.

Depois daquele encontro com Pedro, eles trocaram telefones e se encontraram algumas poucas vezes durante aquela copa do mundo, afinal ele precisava se concentrar nos jogos e ela estava ali curtindo com as amigas, mas continuaram conversando e se conhecendo melhor, talvez o destino fosse um pouco menos ranzinza com eles dessa vez.



Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Olha quem voltei com fic de jogador de Futebol? preciso dizer para vocês que Pedro Guilherme ganhou sim um lugarzinho no meu coração e eu precisava escrever alguma coisa com ele (urgenteeeee!) Espero que goste e não esquece de comentar, ok? .
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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