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Envio: 06/03/22

Ottawa's Night Secrets

Para uma experiência completa, ouça a playlist da festa. Você pode acessá-la clicando aqui.


O edifício não era tão grande quanto os outros espalhados por Ottawa, no Canadá, ao contrário, era de menores proporções, com apenas dois andares baixos. A fachada era alinhada e alisada, sem colunas, frontões ou esculturas, mas com balaustradas brancas que faziam diferença ao tom rosa das paredes, das cornijas e entablamentos curvos em cada canto. As portas e janelas eram grandes e estavam envoltas por arcos de volta-perfeita, e era nisso que se concentrava a decoração exterior, e nas mísulas, e nas grades de ferro forjado ao redor do jardim e varanda.
Os jardins coloriam a propriedade, os grandes relvados de diferentes tons de verde, molhados pela neblina de uma noite estrelada e fria que denunciava o fim do outono. O arvoredo, que nos dias quentes e de sol ofereciam sombra fresca, agora quase completamente desfolhados transmitiam uma sinistra melancolia, que alcançava também as esculturas romanas, gregas e italianas espalhadas pelo jardim, algumas já cobertas por musgo e trepadeiras. Tudo margeava um profundo e cerúleo lago de águas mansas e frias, com uma estreita passarela para um belo e antigo quiosque turco em seu centro.
Parte da festa se estendia por ali, haviam pessoas de máscaras por todo lado, garçons com suas casacas impecáveis equilibrando bandejas cheias de taças de champanhe de um lado para o outro, como se fosse uma tarefa fácil. Mulheres vestindo seus mais esplêndidos e suntuosos vestidos, de diferentes cores, cortes e assinaturas, cobertas por joias vindas das américas sulistas e África, elas as exibiam com orgulho, como um caçador que ostenta a pele de sua caça abatida. As mulheres tiravam fotos e riam de modo contido de piadas feitas por homens muito velhos e muito ricos para não serem agradados.
Outra parte dos convidados estava dentro do salão principal, o centro das dependências do imponente imóvel. O acesso se dava por uma escadaria larga e grande, de mármore, coberta por um tapete vindo da Pérsia. O salão era iluminado pelas portas-janelas, pelos vários espelhos e pelos candeeiros e lustres espalhados pelas paredes e teto. A decoração era feita com diferentes tipos de móveis: cômodas, grandes relógios de pêndulo, poltronas, e em cima deles, bibelôs de prata e porcelana, vasos de cristal com rosas e outras flores raras e exóticas. As paredes eram cobertas de decoração com cores claras, misturando-se com dourado e prateado das molduras das telas, tapeçarias, afrescos e relevos.
Os inúmeros lustres pendiam como chuvas de vidro cintilante e prateado, refletindo seu brilho furta-cor no teto. O salão antigo, construído no século XVIII aos moldes franceses, era tão esplendoroso quanto os salões de Paris. E tal qual os salões franceses, aquele salão em especial era frequentado por todo tipo de gente: filósofos, artistas, escritores, políticos, diplomatas, empresários, em reuniões inesgotáveis com conversas de toda espécie, mas temperadas sempre pelo senso apurado do bom tom e das conveniências.
Entre aquelas paredes estava Spencer Watson, herdeiro e filho do prefeito de Ottawa. Spencer era um jovem de pouco mais de vinte e cinco anos, cabelos escuros, e cintilantes e sedutores olhos verdes, sorriso alinhado e pele perfeita. Era um recém-formado advogado, primário no mundo político no qual o pai pertencia há tantos anos. Um jovem homem com grandes aspirações, sedento para provar tudo o que a vida lhe oferecia, com sede de vênus, Baco e tabaco, e pouquíssima consciência social.
Spencer aproveitava seu champanhe borbulhante e nevado, sorrindo lascivamente com o canto dos lábios, enquanto um dos amigos lhe contava uma piada sórdida sobre suas aventuras na Europa. Junto ao jovem de futuro auspicioso, estava um de seus mais novos amigos, um ator inglês que despontava no horizonte como futuro do cinema e estrela mundial. bebia seu champanhe, ora divertindo-se, ora se chocando com as piadas dos conhecidos de seu camarada. Era bom para o ator ter ligações com homens como Spencer Watson, tal amizade lhe renderia favores, portas abertas, facilidades nunca imaginadas por pessoas comuns, mesmo as bem favorecidas economicamente. Para Spencer, ter sua imagem vinculada com a de alguém em evidência, bem visto socialmente e querido pelo povo, significava um montante de votos e apoio importantes no futuro, caso lhe fosse preciso.
O clima indicava que aquele seria apenas mais um dos fastidiosos eventos sociais oferecidos pela pseudo-aristocracia canadense, até que ela surgiu.
O senhor Watson estava de costas para a escada, ainda distraído com piadas e provocações dos amigos, mas ao perceber a mudança nas feições deles, que tinham plena visão para as entradas do salão, girou o corpo, buscando também contemplar a visão tão deleitante que lhe tomara a atenção de seus comparsas. , alheio ao assunto, pescava outra taça de champanhe quando notou a mudança no semblante dos homens e também escaneou o lugar com os olhos, até encontrar a figura aos pés da escada.
Ela se movia como uma fera à espreita da caça, os membros carregavam toda a imponência de leoas em busca de sua presa, sustentando movimentos ordenados, calculados e precisos. O corpo enrolado a um vestido negro justo ao tronco, que caía em suave cascata abaixo de sua cintura, era coberto por milimétricos pontos de luz da mesma cor do tecido, que acendiam como estrelas no firmamento. Os cabelos emolduravam o rosto, mas não o cobriam, estavam espalhados em ordem em suas costas, em ondas sutis e elegantes. Brincos em fios de brilhantes davam a ela o rosto mais alongado, enaltecendo a pele alva de seu pescoço. Em seu rosto, assim como em todos os outros convidados, uma máscara, porém nada espalhafatoso ou com exageros, uma máscara discreta e bonita.
À medida com que a mulher, felinamente, se aproximava, era possível perceber seus traços com mais precisão. À primeira vista, era diferente, não possuía uma beleza óbvia e comum, mas o conjunto de seus traços seriam capazes de provocar ira à Afrodite. Os lábios pintados de carmim pareciam, à distância, macios e suculentos, confortáveis e quentes, eram fartos e de formato arredondado, dando à sua boca luxuriosa ar de inocência. Os olhos pequenos e arredondados se mostravam por trás da máscara, seu olhar oblíquo denunciava sua caçada, assim como o quase inocente sorriso que se formava em seus lábios à medida com que se aproximava do primogênito do prefeito.

. – O senhor Watson perdeu o ar com a aproximação de sua convidada, abrindo um sorriso satisfeito, enquanto os amigos assistiam a cena como se fossem eles no lugar de Spencer.
– Senhor Watson. – A mulher sorriu e sua voz melodiosa e açucarada invadiu os tímpanos dos homens, fazendo-os sorrir involuntariamente.
– Por favor, não precisamos de formalidades. Não esta noite, sim? – Spencer ergueu uma sobrancelha, hipnotizado pela postura dócil e pura dela. – Está perfeita, encantadora.
– Obrigada, Spencer. – Ela agradeceu, sorrindo e aprumando os ombros com suavidade, e se demorando propositalmente ao pronunciar o nome do rapaz, certificando-se que tinha a atenção dele em seus lábios.

Spencer Watson sorriu abobalhado, salivando e sentindo o ritmo de seu coração se alterar e a respiração ficar mais curta. Os amigos ainda assistiam absortos no pequeno diálogo, presos ao movimento dos lábios da mulher e em como tudo nela parecia celestial, incomum e extraordinário.

– Me faria um homem feliz essa noite, me concedendo a primeira dança? – Spencer esticou sua mão direita, inclinando respeitosamente o corpo em direção a , que elevou o canto dos lábios em um sorriso.
– Será um prazer. – Concordou, oferecendo a mão de pele fina e ele, que sorriu prazeroso.

Mas antes que pudesse conduzi-la para onde alguns já dançavam, foi surpreendido pelo toque firme de seu pai em seus ombros, tirando-o de seu mundo de sonhos.

– Spencer, venha comigo. – Pediu o mais velho, ostentando um sorriso orgulhoso.
– Papai, esta é a senhorita . – Apresentou o Watson mais jovem, inflado.
– É uma honra enfim a conhecer pessoalmente, senhorita . – O prefeito sorriu com cortesia.
– Estávamos prestes a ter nossa primeira dança. – Spencer avisou, impaciente.
– Terão muito tempo para isso, não se preocupe. Agora preciso que venha comigo, tem que conhecer algumas pessoas. – O prefeito não deu sinal de que cederia.
– É deselegante deixar uma dama desta maneira, papai. – Spencer ensaiou uma revirada de olhos, mas não se atreveu.
– Não será por isso. – O pai sorriu com simplicidade. – Aposto que será um enorme prazer, e que não se importará de conduzir a senhorita .
– Eu? – ergueu as sobrancelhas, surpreso com a mudança de rumo da conversa.
– Ele? – Spencer apertou os olhos, contrariado. – Não, papai, eu…
– Senhorita . – O prefeito cumprimentou a jovem com um aceno de cabeça.
– Compreendo perfeitamente. – Ela piscou uma vez, sorrindo polida e acenando com a cabeça.
– Viu só? – Tornou a falar o mais velho. – te representará, temporariamente. – Falou, olhando sugestivamente para o jovem ator, que depois de engolir em seco, aproximou-se timidamente da mulher, oferecendo a ela sua mão. – Se nos dão licença.

O prefeito se foi, arrastado consigo Spencer, que por nenhum segundo deixou de olhar para trás. Enquanto isso, os outros amigos do jovem Watson torciam o rosto, invejando o ator por conseguir, despropositadamente, aquele feito. , de modo desconcertado, guiou até onde outros casais dançavam uma música lenta. De perto, os traços de , embora sensuais, combinados a seu rosto arredondado lhe transmitiam inocência, como um anjo puro e sedutor, casto e devasso. Era como se não pudesse prestar atenção em mais nada além da pele macia e lisa dos ombros dela, ou o cheiro floral sutil e doce de seu perfume, o toque aveludado de sua mão junto a mão bruta do ator, ou o modo como sua mão parecia se encaixar perfeitamente às curvas das costas dela.

– E então. – o olhou no fundo dos olhos, como se pudesse vislumbrar sua alma, pegando-o desprevenido.
– E então? – titubeou, como uma criança tímida.
– Com quem estou dançando esta noite? – Ela perguntou com um sorriso suave nos lábios, trazendo ao seu ritmo, balançando-se de acordo com a música. Enquanto aguardava a resposta dele, olhou rapidamente para os lábios rosados do ator e o viu prender a respiração. – Eu sou , eu… – Começou a falar, mas ela riu, inclinando a cabeça para trás. O riso de era contagiante, e ele sentia vontade de rir também, mesmo que não soubesse porquê.
– Não, não é o que quero saber, . – Explicou, acariciando sutilmente o ombro dele, na região onde sua mão estava apoiada, prendeu a respiração outra vez. – Sei o seu nome, você é um ser humano…– hesitou, umedecendo os lábios com a ponta da língua, devagar. – Um ser humano notável, sem sombra de dúvidas.
– Me conhece? – estreitou o olhar, surpreso.
– Parece surpreso, senhor . – Ela inclinou a cabeça sobre um dos ombros e arqueou uma sobrancelha, mantendo um sorriso nos lábios. – Adorável, vindo de alguém como o senhor.
– Não é tão comum quanto imagina. – ergueu as sobrancelhas e desviou o olhar.
– A fama é uma sobremesa amarga demais, e nem sempre saborosa. – Disse ela. – Ao menos não para a maioria. – o olhou nos olhos, sugestivamente e riu abafado, desviando o olhar outra vez.
– Não é para mim. – Ele sorriu com certo deboche.
– Então devia se orgulhar por tê-lo reconhecido, não se surpreender. – Ela soprou, perto demais de seu rosto para que ele não sentisse o sabor de seu hálito.
– Eu não…– começou a dizer, mas desistiu quando os olhos dela o tocaram outra vez. – Por que perguntou quem eu era se já me conhecia?
– Jim Watson me ofereceu a você, mesmo com outros cinco homens tão influentes quanto o próprio Jim como opção. Quis saber o que há de especial em você? – olhava para os olhos de e depois para seus lábios sempre que falava.
– Talvez tenha sido o que menos o ameace. – Respondeu com simplicidade e honestidade, e riu.
– Então devo pensar que não sou, de certo modo, tão valiosa ao prefeito e sua família. – Ela apertou o lábio inferior entre os dentes e arqueou uma sobrancelha, mirando-o com olhos estreitos e irônicos.

não respondeu.
Não sabia o que dizer, nem mesmo tinha certeza se havia entendido corretamente o que dissera a mulher. E mesmo se quisesse, não sabia se poderia, não se sentia capaz de responde-la, as pernas estavam moles e o coração acelerado. Estava enfeitiçado pelos sorrisos contidos, a sensualidade e feminilidade que exalavam do corpo que estava entre seus braços.
A música chegou ao fim, e com toda graciosidade que tinha, inclinou a cabeça, como em um agradecimento e fez menção a se afastar. não estava pronto para aquela separação, queria continuar sentindo seu perfume, ouvindo sua voz melodiosa enfeitiçar seus sentidos e amolece-lo por dentro, do cérebro até os ossos.

– Por favor. – Pediu com olhar quase suplicante, segurando a mão da mulher, que o olhou com curiosidade. – Mais uma música. – assentiu com um movimento sutil de cabeça.
– O que te traz aqui esta noite, senhor ? – Perguntou ela quando os dois reiniciaram a dança melodiosa.
– Sou convidado do Spencer Watson. – Ele respondeu sem rodeios, aproveitando para memorizar a sensação de sua mão envolta a cintura dela.
– E está aproveitando a noite? – arqueou uma sobrancelha, enquanto relaxava a mão sobre os ombros dele, tocando mais de seu corpo, sentindo o calor que ele emanava, mesmo sob toda aquela roupa.
– Na medida do possível, não é o meu tipo de festa. – maneou a cabeça, sem muito interesse naquele assunto, não queria continuar, preferia quando era ela a falar, mas o incentivou com o olhar, inclinando a cabeça e o olhando nos olhos. – É um compromisso político, não uma festa.
– Tudo é um compromisso político, senhor . – riu outra vez, graciosa, tentadora e hipnotizante. – Só precisa olhar com a lente certa.
– Não, não é. – negou, sorrindo e baixando a cabeça. – Aqui tudo é sobre conhecer pessoas influentes, fazer amizades importantes. Nunca é sobre aproveitar a noite.
– E não é irônico? – Ela perguntou, sustentando seu olhar oblíquo e sorriso ácido.
– Não entendi. – a fitou, inclinando a cabeça para trás e com uma sutil e adorável ruga entre as sobrancelhas.
– Não é irônico que esteja aqui, entre os que buscam conhecer pessoas influentes e fazer amizades importantes? – O ator deu um sorriso fechado e fechou os olhos, baixando a cabeça.
– É por isso que está aqui? – Devolveu ele. – Com o Spencer?
– O que te faz pensar que eu esteja aqui com o senhor Watson? – mordeu o lábio inferior outra vez, divertindo-se com a expressão ranzinza que o homem adotou.
– Veio até ele quando chegou. Diretamente. – não conseguiu evitar que a inveja que mal sabia ter se denunciasse em sua voz.
– Assim como todos os convidados, uma vez que o senhor Watson é o anfitrião. – aproximou-se mais de para dizer, já não podiam se olhar nos olhos, os rostos estavam lado a lado e os corpos numa distância alarmante. sentiu o rosto esquentar pela proximidade. – Costuma deixar seu sexismo afetar seu julgamento assim, senhor ? – Questionou ela.
– Não me chame de senhor , só está bom. – Pediu nervoso com o contato que estavam tendo. – Não sou sexista. Foi a constatação mais óbvia, e ele parecia te esperar.
– Outra vez, eu imagino que sim, afinal, sou sua convidada, assim como o senhor. – riu baixo, rouca e o ator estremeceu. – Pelo que vejo dos meus crimes, estaríamos na mesma cela. Você e eu. – Girando o rosto para que voltasse a ver os olhos dele, ela falou, tão baixo que duvidou se não era apenas sua mente lhe pregando uma peça.
– Não, não estamos aqui pela mesma razão. – negou, afastando o olhar, inquieto.
– E por qual razão acha que estou aqui esta noite? – umedeceu os lábios, garantindo ter capturado a atenção dele, e foram necessários alguns instantes até que pudesse voltar a si e responder sua pergunta.
– Já falamos disso, amizades influentes, pessoas importantes. – Ele deu de ombros, encarando o casal que dançava atrás dela, não conseguiria sustentar qualquer argumento se continuasse com os olhos sobre aquela beleza. – Todos em busca de algo, dinheiro, influência, poder.
– É um caminho perigoso, senhor . – Enquanto se balançavam ao ritmo da música, devido à proximidade, seus corpos se encontravam em muitos momentos, pressionando-se um contra o outro, trocando calor. – Nem tudo é o que parece.
– Não? – sorriu com escárnio. – Não estamos todos aqui pela mesma razão, todos, inclusive eu e você?
– Estou? – Ela o provocou, sem se deixar abalar com seu tom.
– Você disse. É a festa de aniversário de Spencer Watson, e tudo é um evento político. – Ele desdenhou.
– Para alguém do seu tamanho, o senhor consegue ter uma inocência adorável. – sorriu, como se não a tivesse atacado segundos antes. – Suas reações…– A mulher desenhou alguns círculos invisíveis com a ponta do dedo indicador nos ombros dele. – São tão singulares e originais…
– Está me analisando? – Ele franziu o cenho, maneando a cabeça.
– E você também está.
– Desculpe. – piscou, sorrindo um pouco. – Eu não pude evitar. Foi magnético.
– Fico lisonjeada. – ergueu as sobrancelhas. – Não é tão interessante ser apenas notada, ser analisada…é diferente. Requer certo esforço.

sorriu, tímido, inclinando a cabeça.

– Suponho que chegou a algum lugar, senhor . Estou enganada?
– Sem o senhor, por favor. – Ele pediu outra vez. – Não sei se cheguei ao lugar certo.
– Estar errado não te impediu de falar antes. – umedeceu os lábios, enquanto triangulava o olhar, dos lábios para os olhos dele e depois para os olhos outra vez.
– Cometer o mesmo erro duas vezes não é burrice?
– É o que separa os que vivem, dos que apenas existem. – Piscou .
– Já que insiste. – lhe lançou um sorriso infantil, sentindo-se mais confortável ao segurar sua mão, e mais confortável sobre o contato com seu corpo. – Parece alguém inteligente, esperta, intensa, prática, talvez ávida. E bonita, muito bonita.
– É um fardo que preciso carregar. – projetou o lábio inferior numa feição infantil e pensou que talvez fosse um bom momento para beijá-la.
– Não me parece ser muito pesado. – O ator soprou e em seguida, seus corpos se afastaram rapidamente, para um rodopio, mas no instante seguinte já estavam juntos outra vez.
– Não tanto quanto imagina. – aproximou-se mais, e de acordo com que falava, seus lábios tocavam a pele lisa do rosto dele. – Mas é um ótimo disfarce. Todos ficam tão enfeitiçados, que posso direcionar suas atenções para onde quero ou preciso. – não respondeu, tinha os olhos fechados, aproveitando a sensação do toque macio e quente dos lábios de . – Como você. – Falou e uniu as sobrancelhas, ainda com sua respiração entrecortada. – Estava tão cego sobre meus interesses em estar aqui, que se esqueceu dos interesses de todos sobre eu estar aqui. Não vim aqui usar minha beleza, inteligência, esperteza, avidez e intensidade para fazer amizades influentes e conhecer pessoas importantes. – respirou, aproveitando o cheiro do ator enquanto se deliciava com a ansiedade que lhe causava. – Vim aqui porque eu sou a amizade influente, eu sou a pessoa importante.

Ao dizer aquelas palavras, se afastou devagar, sorrindo maliciosamente, soltando-se de devagar, como que se descolando do corpo que aos poucos já se acostumava com sua proximidade.

– Senhorita. – Spencer Watson surgiu no meio deles, sedento para enfim receber sua dança, e o ofereceu a mão.
– Foi um prazer, senhor . – Sorriu astuciosa, deixando-o abismado, impressionado e enfeitiçado à mesma medida.





Fim?



Nota da autora:Oi, pessoal.
Essa história curtinha e cheia de significado surgiu através de uma música, e ganhou vida como presente para uma pessoa muito especial. Espero que se divirtam lendo e que essa história cause em vocês as mesmas sensações que causa em mim.

Não deixem de ouvir a playlist da festa, ela vai foi pensada com muito cuidado e carinho e vai transformar sua experiência durante a leitura. Você pode acessá-la clicando aqui.

Um abraço,
Carmen.


O Disqus tem estado um pouco instável, então caso você queira aquecer o coração da autora, pode deixar um comentário clicando aqui.



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