passava em frente ao Paraíso das Patinhas - abrigo de doação e cuidado de animais - todos os dias, era caminho do estúdio em que trabalhava. Algumas vezes ele até parava lá, brincava um pouco com os bichinhos - principalmente em seu horário de almoço ou nas poucas pausas que fazia entre uma produção e outra - e fazia, todo mês, sem pular nenhum, uma doação generosa para que o lugar continuasse a acolher tão bem os bichinhos até que eles fossem adotados de forma responsável. Pensou muito sobre talvez adotar um dos bichinhos, mas estava trabalhando tanto e ficava tantas horas enfiado dentro do estúdio que não conseguia nem cuidar de si próprio, quanto mais de um animal de estimação.
Era frustrante para ele próprio tanto trabalho. se sentia extremamente cansado, não conseguia fazer metade do que queria fazer, e sentia que, embora trabalhasse feito um condenado, não era valorizado. Ainda se sujeitava àquilo, pois tinha um objetivo maior. E naquela manhã, quando vestiu sua camiseta preferida e seus jeans mais confortáveis, saiu para finalmente dar início ao sonho e ao objetivo que almejava.
Passou em frente ao abrigo, como de costume, só que dessa vez foi diferente, alguma coisa dentro dele se acendeu. Dentro do cercadinho costumeiro que ficava em frente ao grande estabelecimento - quando não estava chovendo e nem um sol muito quente, o pessoal do abrigo colocava alguns animais para que chamasse a atenção das pessoas e para que eles olhassem a rua, eles gostavam muito daquilo - havia um novo focinho, conhecia todos os animais, porque passava realmente muito tempo por lá. Fora o novo animalzinho, um novo rosto também marcava presença em toda aquela experiência.

— Como posso ajudar? — A mulher perguntou olhando para ele, que ficou parado por um tempo olhando para aquele animalzinho.
— Ele é novo? — Perguntou, sem tirar os olhos de onde estava.
— Ah sim, chegou ontem de noite da clínica, nosso veterinário cuidou muito bem dele, não foi Ragnar? — Ela disse a última parte direcionando a atenção e afagando os pelos do cachorro.
— E o que aconteceu com ele? — perguntou, estava mesmo intrigado, desde que colocou os olhos no animal!
— Ele foi atropelado e abandonado. — O semblante dela ficou triste instantaneamente. — Ele é dócil e bastante submisso, como ficou muito tempo longe de tratamento depois da fratura, perdeu uma das pernas, mas isso não o atrapalha. O mais difícil de achar um tutor é que ele, fora a deficiência, que os tornam os menos preferidos das pessoas. — Ela torceu o nariz. — ele já tem 5 anos, e é outra característica que as pessoas evitam.
— Isso é muito triste. — Ele constatou.
— Demais, todos os nossos amiguinhos merecem um lar, um lar amoroso e responsável. — A animação tomou conta do rosto dela novamente, ele conseguia sentir o amor que ela sentia por aqueles animais, mesmo sendo a primeira vez que conversavam. — Sabe, a falta de uma das patinhas, não atrapalham suas atividades. Ele consegue fazer todas as suas necessidades sozinho. — Ela continuou explicando para ele sobre o animalzinho. E ele chegou mais perto, afagando os pelos do animal, que ficou extremamente feliz com o contato do homem. — Não dispensa carinho e uma bela caminha para descansar. Está castrado e vacinado.
— Acho que ele gostou de mim. — Ele disse abrindo um sorriso.
— Aposto que você seria um ótimo tutor, não sei, você exala uma energia boa. — Ela começou a brincar com a bolinha, uma outra cachorrinha que estava há tempo demais esperando por um lar, ao contrário de Ragnar, o único "empecilho" que ela tinha para que os tutores preferissem outros animais, era o fato de ser vira-lata. Aliás, aquela era mais uma coisa em Ragnar que o deixava mais longe de ser a primeira opção de muitos.
— Eu não sei se consigo, eu terei mais tempo livre agora que vou sair do estúdio, mas mesmo assim, é uma tremenda responsabilidade…
— Ah, se não tem mais um emprego, é melhor procurarmos outra pessoa. — Ela disse, interrompendo a concentração de .
— Ah não, estou saindo de onde trabalho, porque vou abrir uma coisa minha, inclusive, só passei aqui, porque provavelmente será minha última vez com meus amiguinhos. — Com a outra mão, começou a esfregar os pelos de Jujuba, uma das cadelas mais bonitas e amorosas que ele conheceu na vida.
— Ah, entendi! Mas não fique sem vir, eles vão sentir a sua falta. — Ela disse observando como os animais iam naturalmente com ele, e ficavam animados. Até mesmo Barth, que demorava a pegar confiança e fazer amizades com humanos. Ela trabalhava na clínica com o veterinário responsável, então os conhecia bem, e era uma ótima observadora.
— Eu vou tentar vir com frequência, mas não acho que não todos os dias, meu espaço é em um lugar menos caro que esse bairro. — Ele riu, mas não foi com muito entusiasmo, ele também sentiria falta de ficar com os bichinhos todos os dias.
— Espero que dê tudo certo! — Ela desejou de verdade que ele se encontrasse, ainda parecia meio perdido, talvez o primeiro passo para uma nova vida, fosse mais assustador do que ele imaginava.
— Eu também! Agora eu tenho que ir, nos vemos qualquer dia? — Perguntou, queria saber se ela ficaria ali e ajudaria o pessoal ou voltaria para o consultório.
— Eu vou passar um tempo aqui! Senti saudades dos nossos amiguinhos e eu amo esse contato com o público. — Ela respondeu sorrindo. — Então acho que nos vemos em breve.

Eles se despediram e ele foi até a produtora, durante todo o tempo que esteve lá, resolvendo sua demissão e algumas pendências, não conseguiu tirar da cabeça o Ragnar e a atendente, de quem nem o nome ele perguntou e ficou tão focado no cãozinho que nem lembrou daquele detalhe. Geralmente quando ia embora, pegava a condução do outro lado da rua da empresa, então, não fazia o mesmo caminho na ida e na volta. Mas naquela última volta, resolveu pegar o metrô, que ficava no caminho do abrigo. Mentiu para si mesmo, dando a desculpa que faria aquele caminho porque chegaria mais rápido de metrô. O que ele sabia que era mentira, levava o mesmo tempo, e o metrô ele ainda mais cheio.
Quando passou em frente ao local, Ragnar não estava mais no mesmo lugar, e por um minuto ele se desesperou, mas percebeu que bolinha e Jujuba também não estavam, então talvez eles tivessem trocado os animais um pouco para que todos aproveitassem a vista.

— Você voltou! — A mulher disse, enquanto acompanhava um grupo de pessoas que tinham acabado de adotar alguns dos bichinhos que viviam lá.
— É, parece que eu fiquei um pouco mais interessado do que eu esperava. — Ele disse sorrindo.
— Ragnar ficou tristinho quando você foi embora. — Ela disse entrando e sendo seguida por ele.
— Eu também senti falta dele, não é estranho? Foi a primeira vez que nos vimos. — Realmente achava estranho aquele sentimento, era muito apaixonado por bichinhos, mas nenhum tinha mexido com ele, como naquela ocasião.
— Sabe que quando encontramos nossos melhores amigos é assim mesmo, a gente sabe, a gente sente, é inexplicável mesmo. — Estava no tom de voz dela que ela sabia do que estava falando.
— Quando encontramos o amor é assim mesmo, ou aquele beat perfeito. — Ele tinha que admitir que estava muito ligado ao cachorro e não sabia nem explicar.
— Você já encontrou um beat perfeito, um amor e agora seu melhor amigo! Deve ser legal ser você! — Eles andavam até onde Ragnar estava, quando ela disse aquilo, ela lidava bem com os animais e também com as pessoas, aquilo também era admirável.
— Tirando o amor, acho que você está certa. — já tinha certeza de que teria de adotar Ragnar, porque era mesmo aquela sensação de amor, a mesma que sentia quando produzia uma coisa nova.
— Mentira que um rapaz tão legal e com uma profissão tão badalada como você, não namore! — Ele não estava acostumado com as pessoas falando daquele jeito com ele, mas gostou, ela era diferente, aquele dia todo estava sendo peculiar para ele.
— Não é porque mulheres como você, que é espontânea, extrovertida e apaixonada pelos animais e pelo que trabalha, vive um amor, que todo mundo vive. — Tentou entrar na onda, achou um pouco brega, mas era daquela forma que ele a enxergava.
— Eu não namoro! — Ela respondeu, entregando os papeis para a adoção de Ragnar, sabia que mais cedo ou mais tarde ele pediria, no momento em que viu o homem tão focado no animal, sabia que ele tinha ganhado não só um lar, mas também um tutor que cuidaria muito bem dele. — Então estou disponível para te ajudar com Ragnar, se quiser, eu posso acompanhar alguns dias a adaptação de vocês, sei que é uma situação diferente, mas eu também sei que você vai tirar de letra. — Geralmente não se oferecida assim para ajudar os tutores, mas talvez estivesse apegada ao cachorro, que ajudou a cuidar e tratar, e também um pouco interessada no homem, ela se apaixonou pelos olhos brilhantes dele observando Rag, e queria saber mais sobre ele.
— Nós adoraríamos! — entregou a prancheta com as informações de volta para ela. Estava mesmo um pouco preocupado, seria sua primeira vez como tutor e gostaria da presença dela mais tempo na vida dele, se sentia confortável com ela, e com certeza queria saber mais daquela mulher.
— Vamos, eu vou pegar as coisas necessárias que ele vai precisar essa noite. — Ela voltou para onde ele estava junto de Ragnar, eles estavam lindos juntos, sentado no chão, com o cachorro em seu colo quase dormindo pelos carinhos que recebia.
— E amanhã nos encontraremos para comprar o que falta? — Sorriu também, queria que Ragnar ficasse o mais confortável possível.
— Combinado, mas, acho que estamos esquecendo de alguma coisa. — Ela disse estendendo a mão. — ! Prazer. — Tinha se dado conta que estavam "flertando" um com o outro e nem seus nomes sabiam. Bom, ela sabia o dele, porque teve que cadastrar as informações no sistema para formalizar a doação.
— , mas isso você já deve saber! — Riu, apertando a mão dela e apontando com a cabeça os papéis que ela carrega na outra mão.

O contato deles naquele dia acabou ali, mas não acabaria para sempre. Como prometido acompanhou a adaptação dos dois por algumas semanas e se aproximou mais de , era lindo como ele parecia outra pessoa, a aura pesada dele estava leve, ele sorria mais e até se comunicava melhor, ela sabia que era porque estava com sua produtora própria e com clientes que quiseram permanecer com ele, o que foi bom, porque procurar do zero, seria cansativo e muitas vezes frustrante. Mas também sabia como um companheiro, um animal de estimação mudava a vida das pessoas. Era por isso que ela escolheu a profissão que escolheu, sabia o poder que esse tipo de ligação e relação tinha e como era saudável, tanto para os bichinhos, quanto para os tutores. se sentia da mesma forma que o enxergava. Depois de algumas semanas com seu próprio negócio, onde podia levar Ragnar quando quisesse, tinha tempo para cuidar de si e do seu novo companheiro e ainda conseguiu conhecer melhor aquela mulher, ela tratava seu melhor amigo tão bem, que foi fácil se apaixonar por ela, é, estava com com um problema naquele momento, estava apaixonado por .

Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? AAAA QUE LINDO, eu estou apaixonada no Ragnar e vou precisar mesmo, porque eu quero mais dele, e deles no geral. Espero que goste e não esquece de comentar, ok? .
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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