CAPÍTULOS: [Prólogo] [I] [II] [III] [IV] [V] [VI] [VII] [VIII] [IX] [X]









Finalizada em: 27/Janeiro/2017

Prólogo


2016
- Nunca imaginei que te encontraria nesse estado... – A garota se aproximou do garoto que cheirava a bebida e sentou-se ao sei lado.
- Você já me viu bebendo antes. – Ele respondeu mal humorado.
- Mas não assim, não dessa maneira , o que está acontecendo com você?
- Foi o , é culpa dele. – Justificou encarando o chão. - Por onde você esteve esse tempo todo?
- Eu sempre estive aqui .
- Não, você sumiu ! Você desapareceu da nossa vida.
- Eu não desapareci , eu só... Não ia conseguir. – Sua voz ficou falha.
- Eu fui um idiota. – Ele respondeu mexendo nervosamente nos cabelos.
- É, você foi. – suspirou parecendo cansada.
- Será que algum dia você vai conseguir me perdoar?
- Eu desejo isso todos os dias.
- Por quê? – Ele pela primeira vez encarou a garota em sua frente, percebendo então como ela tinha mudado e o quão linda estava.
- Porque meu coração dói toda vez que eu lembro e eu não gosto de conviver com essa dor.

Capítulo I



2011
Morar em Montreal não seria ruim, o problema nunca foi o lugar e sim a companhia, ter que dividir espaço com Phillip e minha mãe, tornava qualquer ambiente insuportável. Contudo de todos os lugares existentes, em Montreal eu tinha algo importante que me foi tirado após o falecimento de meu pai: minha família paterna.
Minha família sempre foi pequena, por parte de mãe não tinha parentes próximos e ela não gostava de falar sobre sua história, soube apenas que meus avos faleceram enquanto ela e meu pai namoravam e logo casaram, após sua gravidez não planejada. Meu pai tinha uma irmã com quem era muito apegado e visitávamos todos os meses, dificilmente na companhia de Emma, pois as duas não mantinham boa convivência. Tia Bethy tinha um filho, chamado , meu primo e até começo de minha adolescência, melhor amigo. Nós éramos inseparáveis, amávamos nos divertir e aprontar várias traquinagens juntos, em todas acabava levando a culpa sozinho, pois segundo ele, esse era o papel do homem: proteger a menina.
Com o falecimento de meu pai, meu contato com eles foi apenas pelo telefone, minha mãe tentou me afastar ao máximo deles, o que não me fazia bem, pois de um dia para o outro, tudo que amava acabou sendo tirado de mim.
Quando mudamos para Montreal a primeira coisa que fiz foi ligar para Tia Bethy e contar a novidade. Ela me passou o endereço, pois fazia tempo que não ia para cidade e não lembrava exatamente como chegar em sua casa e marquei de visitá-la no próximo domingo. Tive que brigar, discutir e me impor para conseguir o aval de minha mãe, que mesmo não ligando para minha felicidade, parecia gostar de me ver sozinha e afastada de qualquer pessoa capaz de me fazer bem.
Ao pesquisar o endereço de Tia Bethy, buscando o melhor caminho de minha casa até a sua, sorri ao perceber que o endereço ficava próximo, poucas quadras me separavam de pessoas que amava muito e sentia saudade de poder ver quase sempre. No domingo após o almoço, organizei a cozinha e me despedi de Emma indo até a casa de meus tios, ela não havia mudado muito tornando fácil achá-la. A cada passo dado, lembrava de algum momento que havia vivido lá e tive que ser forte para segurar a lágrima que insistia em cair assim que alguma lembrança de meu pai tomava conta de minha mente.
Toquei a campainha e fui recepcionada por um sorriso contagiante.
- Você já está uma mocinha, tão linda! – Tia Bethy falou assim que abriu a porta.
- Obrigado. – Sorri tímida abraçando-a.
- Seu pai ficaria tão orgulhoso, que saudade de você minha menina, vem, fiz bolo, espero que ainda goste. – Sorriu me guiando até sua cozinha.
O interior da residência também não havia mudado muito, era um sobrado muito bem decorado e ao mesmo tempo simples, na sala havia alguns quadros com fotos de toda família, inclusive um meu com meu pai e outro onde eu e estávamos cobertos de lama!
- Está uma delicia. – Falei sentando ao seu lado na sala.
- Aproveite e coma antes do sair daquela garagem, ele e os garotos só saem para comer, e comem tudo que vem pela frente. – Ela riu falando do filho.
- Como ele está? – Perguntei curiosa.
- Mulherengo e barulhento. – Respondeu rindo. – Ele e alguns amigos resolveram criar uma banda, ficam enfurnados dentro daquela garagem todos os dias, segundo , aquilo lá é o novo solo sagrado e ninguém sem autorização pode pisar ali.
- Eu falei pra ele não comer bolinha de sinamão* quando era pequeno, mas pelo visto não adiantou. – Falei rindo e fazendo tia Bethy gargalhar.
- Hey, eu ouvi! – apareceu com um prato cheio de pedaços de bolo.
- Aonde você vai com isso menino?! – Minha tia levantou pegando o prato de sua mão.
- Estamos em um momento de inspiração do qual não podemos parar, mas temos que comer, sabe como é, tenho que manter as forças. – falou debochado e se aproximou me dando um abraço. – Bom te ver .
- Bom te ver também. – Falei rindo da careta que minha tia fazia enquanto debochava.
- Vou nessa, amanhã a gente se fala, você vai estudar na mesma escola que eu.
- Ok. – Sorri.
- O vai te ajudar amanhã, se ele não te tratar bem me avise que coloco esse pentelho de castigo. – Tia Bethy disse bagunçando o cabelo do filho.
- Já falei que vou cuidar da , ai meu cabelo! – Ele saiu brabo, tentando arrumar ou desarrumar aquilo que ele tem em cima da cabeça.
Logo tio George apareceu, ele sempre foi muito gentil, mas ocupado ficava pouco em casa, muitas vezes passava os domingos trancando no escritório resolvendo assuntos de trabalho. Aquela tarde literalmente voou, foi uma das tardes mais agradáveis que tive e não queria precisar voltar para casa. Tia Bethy falou muito pouco sobre minha mãe, apenas perguntou cordialmente como ela estava e como era minha relação com meu padrasto. Não menti, mas omiti muitas coisas, falei apenas que tínhamos pouco contato, mas que estava tudo bem. No final do dia ela ligou, garantido que eu havia chegado bem em casa e reforçou o que disse na presença de , que não era para me preocupar, pois ele ficaria comigo e mostraria toda escola.


Xx


Primeiro dia é sempre um tanto constrangedor, nunca gostei do novo e pensar em estudar em uma escola enorme sem praticamente ninguém, pois conhecia , mas provavelmente não o veria, me dava um pouco de recesseio.
Acordei cedo, mesmo sob protestos do meu eu interior e sai da cama vestindo o uniforme que estava dobrado em cima de um criado mudo ao lado da cama, deixava tudo separado na noite anterior buscando aproveitar o máximo possível aquele móvel que considero quase da família minha cama .
Ouvi Emma, se despedir de Phillip e sai do quarto indo em direção a cozinha.
- Você está atrasada! – Ela disse retirando a mesa do café.
- Faltam 20 minutos ainda e chego lá em menos de 10. – Respondi pegando uma maça para comer.
- Mas a escola é nova e você precisa passar na diretoria antes. – Justificou.
- Se não tivéssemos mudado... – Comecei a reclamar, mas logo fui interrompida.
- Não preciso citar as razões de nossa mudança, muito menos o quão bom vai ser morar aqui. – Falou sem paciência.
- É, vai ser ótimo mesmo! Quero passar todos os dias com a tia Bethy. – Provoquei.
- Não quero você sendo influenciada por aquela lá . – Disse com desdém.
- Ela cozinha melhor que você. – Falei fazendo careta ao provar um bolo que tinha na mesa.
- Vai logo para escola e não fique aqui me incomodando, garota. – Falou ainda mais irritada, ela odiava ser comparada a tia Bethy, até porque perdia em todas as comparações.
Não respondi nada e fui para escola rezando mentalmente para achar logo a sala de aula e não pagar nenhum mico.
Fazia pouco mais de três semanas que morávamos em Montreal, Phillip tinha recebido uma promoção no emprego e a mudança se fez necessária, pois ele teria que trabalhar em uma filiar aqui. Minha mãe era uma submissa, tudo que o esposo falava ela mantinha como “o que é certo e deve ser feito”, não retrucava ou discordava de suas ordens. Eu nunca gostei dele, desde o momento em que lhe conheci.

Flashback onn

Março 2007

Chovia forte e meu pai estava atrasado, ele sempre foi pontual, mas justo naquele dia, talvez até mesmo pela forte chuva, ainda não havia aparecido para me buscar na escola. Poucos alunos estavam por ali, todos provavelmente com o mesmo problema. Havia sido um dia daqueles, na educação física a única parte do meu corpo que conseguiu acertar a bola foi minha cabeça, na verdade a bola era quem conseguia me acertar. Minha melhor amiga tinha faltado aula e me deixado sozinha para apresentar o trabalho em dupla, mataria ela na primeira oportunidade, provavelmente 5 minutos após meu pai chegar, pois éramos vizinhas e vivíamos grudadas. Mais alguns alunos foram embora, a chuva estiou e olhei para o relógio constatando o atraso de duas horas, meu coração apertou, resolvi ligar para minha mãe já que o celular dele chamava várias vezes e caia na caixa postal em seguida.
- Filha, onde você está? – Emma perguntou preocupada.
- Na escola, aconteceu alguma coisa? O papai não veio me buscar ainda.
- Estava tentando falar com ele, mas a ligação cai na caixa, vou tentar ligar novamente, já te ligo, não sai da escola. – Respondeu nervosa.
- Ok. – Respondi finalizando a ligação.
Mais duas horas e finalmente alguém apareceu, era minha mãe, seus olhos estavam vermelhos e aquela dor que estava em meu peito aumentou assim que me aproximei dela.
- Aconteceu alguma coisa? – Perguntei indo em sua direção. – Cadê o papai? – Me aproximei olhando para os lados.
- Calma. – Um amigo dos meus pais disse segurando braço de minha mãe.
- Nós temos que ir ao hospital. – Ela respondeu me abraçando.
- O que aconteceu? – Perguntei nervosa, tentando controlar as lágrimas que já insistiam em cair.
- Seu pai sofreu um acidente de carro, estava chovendo muito forte, o estado de saúde dele é grave. – Falou e em seguida desmoronou, deixando cair ás lágrimas que ainda segurava, não consegui me controlar e comecei a chorar abraçada nela, algo me dizia que não veria mais meu pai com vida, queria ser otimista, mas meu coração não deixava.
Chegamos ao hospital que ficava próximo á escola, logo a equipe médica veio conversar conosco. Entramos no consultório médico e com pesar o doutor contou que haviam prestado os primeiros socorros, mas o estado era grave e depois de duas paradas cardíacas, meu pai veio a óbito.
Doeu, nenhuma palavra seria capaz de descrever a dor que sentia naquele momento. Meu coração parecia quebrar, jamais pensei que sentiria uma dor tão grande, jamais pensei suportar algo tão dolorido.
Uma equipe veio nos atender, fazendo com que minha mãe tomasse alguns calmantes e em seguida fomos liberadas. Ao sair da sala médica notei a presença do homem que a acompanhou em minha escola.
- Emma querida, pode ficar tranqüila, cuidarei de tudo. – Phillip dizia abraçando-a, encarei-os e então minha mãe nos apresentou.
- Filha, esse é Phillip, fomos colegas no colegial, ele voltou para cidade faz pouco tempo, estávamos juntos quando soube do acidente.
- Juntos onde? – Perguntei desconfiada, ela não respondeu, alias ela nunca respondeu essa pergunta.

Flashback Off


Um enorme prédio pintando de creme e azul chamou minha atenção, fazendo esquecer os antigos pensamentos. Enviei uma mensagem para , minha melhor amiga que reclamava de estar sozinha em nossa antiga escola e segui caminhando pelos corredores de minha nova escola. Tudo era muito bem organizado e limpo, provavelmente por ser o primeiro dia do ano letivo. Li algumas plaquinhas de sinalização e facilmente achei a diretoria onde recebi um papel com minha grade de horários. Guardei os livros em meu armário e me distrai observando o movimento das pessoas em minha volta, quando uma voz conhecia ecoou em minha cabeça.

- Finalmente te achei! – chegou sorrindo em minha frente.
- Você estava me procurando? – Perguntei tímida lhe dando um abraço.
- Claro né , não ia deixar minha prima sozinha no primeiro dia dela! – Sorriu me guiando ainda abraçado.
- Ah, mas você está no último ano, já tem tua turma, não precisa se...
- Shiu! Só vem comigo, quero te mostrar umas coisas. – Ele disse me puxando pelo braço.
- Eu tenho aula agora! – Falei tentando acompanhar meu primo que andava apressado.
- Eu também, me deixa ver tua grade de períodos. – Falou tirando um pequeno papel que estava em minha mão.
- Ixi, matemática... Boa sorte, você é nerd né?
- Claro que não, mas... Matemática é legal! - Defendi.
- Sempre soube que tinha uma prima louca. – Ele respondeu rindo. – Ó, aqui é sua sala, depois você vai ir por aquele corredor, a de informática fica na porta verde. E no intervalo eu te espero ali. – Apontou para um canto próximo.
- Ok, obrigado. – Falei depositando um beijo em sua bochecha. Quem sabe eu não estaria tão sozinha assim.
Retiro o que eu disse sobre matemática, a professora era uma chata, verdadeira mala que só sabia falar em pontos, avaliações e trabalhos para fazer em casa, aquelas que passam a matéria no quadro, ou mandam você ler tal página de um livro antigo, copiar o que está escrito e aprender, por conta própria. Em informática o professor parecia querer ensinar o “padre a rezar missa”, mas ali percebi que as garotas da minha sala não faziam em nada o tipo de amigas que costumava ter, e achei bem mais interessante ouvir o papo dos meninos sobre futebol, enquanto brincava no photoshop. No final pensei que poderia até ser legal ficar ali mais algum tempo, mas lembrei de e do combinado, então esperei um grupo de lideres de torcida passar e fui até , que estava no local que combinamos, junto dele alguns garotos esperavam conversando animadamente.
- Ai está você tampinha, ó deixa eu te apresentar. – Ele foi falando e me guiando para fora do corredor. – , , e .
- Oi! – Respondi tímida. Na verdade não conseguia parar de olhar para o menino de olhos ao lado de , nunca havia sentido aquilo, só sei que meu coração disparou com o sorriso dele e a única coisa que desejei foi poder estar mais perto.
- Vocês, escutem! – Ele disse parando os garotos. – Essa é minha prima , ela é como uma irmã pra eu e vocês não podem olhar para bunda dela! - Falou sério, escutando muitas risadas dos garotos.
- , por favor! – Falei rindo também, bastante vermelha.
- Prazer . – se aproximou e deu um beijo em meu rosto.
- Pra você é . – respondeu ainda ciumento.
- Para de ser bobo ! – Repreendi ele.
- Ele é ciumento , mas nós vamos cuidar bem de você! – Foi a vez de se pronunciar.
- E não vamos olhar tua bunda... Ta só um pouquinho! – gargalhou provocando meu primo.
- Dude, você nunca disse que tinha uma prima. – falou me abraçando.
- Não é uma coisa que se chega falando, hey sabia que eu tenho uma prima? – falou tirando os braços do garoto de cima dos meus ombros.
- Vamos mostrar a escola para ela? – disse segurando minha mão.
- 10 metros de distância, por favor. – disse tirando os meninos de perto.
- É impressão minha, ou a Hillary está cuidando o ? – falou fazendo os meninos virarem para encarar a loira com short mini em nossa frente.
- Ele é o capitão, ele ta no último ano, as garotas olham, esse é meu garoto. – cantarolou bagunçando o cabelo de .
- Esses meninos só falam merda. – respondeu um pouco incomodado.
- Ali. – apontou. - Você vai comer. Nunca, em hipótese alguma coma massa, é horrível, pior experiência da vida. – Disse fazendo careta me guiando até o refeitório.
Almoçamos e como sempre teimosa, tentei provar a massa que realmente é intragável. Os garotos gargalharam quando perceberam que deixaria no prato. Depois do almoço ainda tínhamos pouco mais de 30 minutos para conhecer o restante da escola.
- , ali se mata aula. – falou apontando para uma espécie de jardim que fica escondido no final da escola. Havia muitas árvores, alguns canteiros com flores, parecia um lugar bem cuidado e pouco movimentado.
- E se pega garotas. – completou a frase.
- E você não irá habitar aquele lugar nunca. – Meu primo ciumento falou, fazendo todos rirem.
- O prêmio de chato do ano vai para... ! - falou e os outros aplaudiram.
Seguimos conhecendo o restante da escola, era enorme e considerada uma das melhores de Montreal, com uma estrutura fantástica. Os meninos conheciam todos, já estavam no último ano, eram até mesmo um pouco populares, principalmente , capitão e artilheiro do time de futebol da escola. Durante o tempo que passamos juntos conhecendo a escola, percebi que não era a única a me encantar por ele, praticamente todas da escola o olhavam de um jeito diferente, e ele seguia indiferente a quase todas, causando mais suspiros ainda.
Naquele momento eu nem sonhava em o quanto aquela amizade mudaria minha vida, foi o momento em que meu primo se tornou meu protetor e junto dele quatro doidos fizeram os meus dias se tornarem mais divertidos. Amava estar na companhia deles, a ponto de não querer voltar para casa. Amava me sentir parte de algo, como sentia enquanto estava com os garotos. Não fiz maiores amizades, apenas algumas colegas de trabalho, mas não precisava de mais, estava muito feliz com os amigos que havia conquistado e mesmo a distancia ter minha melhor amiga sempre presente.





Capítulo II


2012

Minha vida realmente mudou nos últimos meses, ficava pouco tempo em minha casa, preferia a casa de e tia Bethy, lá me sentia da família, havia ganho até mesmo um quarto. O sonho de tia Bethy sempre foi ter uma filha, mas após a gestação complicada do filho mais velho, decidiram não tentar ter outro bebê, ela e tio George me tratavam como filha e amava isso. Em casa nada mudou, Phillip seguiu reclamando de tudo e ignorando minha presença, minha mãe seguiu achando que ele estava certo em tudo, porém parou de implicar com minhas idas até , talvez percebendo que meu comportamento havia mudado, ficando pouco em casa tínhamos pouco tempo para as brigas.

Estávamos reunidos na garagem de , quando lembrou que o natal se aproximava.

- Eu vou passar o natal aqui, se meu pai estiver pela cidade ele deve vir também. – disse olhando um catálogo de loja com tema natalino.
- Nem me fale em natal, estou todo dolorido de ontem ainda. – reclamou se referindo ao tombo que levou enquanto ajudava tia Bethy com a decoração da casa.
- A tia ama esse clima né? – falou sentando ao meu lado.
- Ama, quer todos os amigos e a família reunidos aqui.
- Acho que eu venho para cá também, minha mãe vai viajar. – Falei.
- E você não vai com eles? – perguntou.
- Não, eles querem fazer uma espécie de lua de mel... E também, não quero passar meu natal com Phillip, prefiro ficar aqui.
- Meus pais gostam mais da do que de mim. – fez bico.
- Quem não vai gostar mais de uma menina linda, do que de um marmanjo que não sabe tomar refri sem arrotar depois? – riu tocando uma almofada em e me fazendo ficar corada.
- A ficou vermelha. – disse debochando.
- Não fiquei nada. – Respondi ainda mais vermelha.
- Ficou sim, só porque o te chamou de linda. – Disse sentando ao meu lado e bagunçando meu cabelo.
- Idiota. – Respondi braba tentando arrumar.
- Não é todo dia que o capitão chama uma menina de linda. – disse debochando.
- Não comecem! – falou emburrado. Diferente dos outros meninos, ele odiava quando alguém via vantagem em ser capitão de um time, havia ganho o posto por ser um ótimo jogador, sempre decisivo nos jogos, mas odiava quando alguém ficava puxando saco em relação a isso, também não gostava de passar o intervalo com alguma líder, geralmente ficava com elas e logo dispensava.
- Falando em capitão, por que você não levou a Elle para nossa mesa ontem? - perguntou.
- Porque ela serve pra agradar, vocês sabem como... Mas quando abre a boca pra falar só sai merda. – Falou despreocupado.
Ouvir aquilo foi como receber um soco no estômago, precisava aprender a lidar e me acostumar com isso, não tínhamos nada, éramos apenas amigos e ele nunca me olharia de outra forma.
- Vou ajudar tia Bethy com o café. – Falei levantando e saindo da garagem, enquanto eles começavam uma votação idiota de “qual garota tem a bunda mais bonita”.
Mais tarde me levou para casa.
- Achei que fosse dormir no hoje. – Ele disse assim que deu partida no carro.
- Dormi ontem, minha mãe ficou reclamando, então pra evitar mais brigas...
- Entendo. – Ele sorriu triste.
- Você está estranho, aconteceu alguma coisa?
- Estranho como? – Me olhou sem entender.
- Parece triste.
- Ah, acho que não gosto muito de natal.
- Por quê? – Perguntei curiosa.
- Porque minha mãe amava dar festas em nossa casa e esse ano além dela não estar com a gente, meu pai tem uma namorada e um novo ciclo de amigos, nada vai ser como era antes.
- Mas você tem a gente , pode passar o natal na casa do . – Sorri e fiz um carinho em sua mão.
- Acho que vou fazer isso, melhor do que passar com eles.
- Acho que vai ser bem legal. – Sorri tímida em frente minha casa.
- Vai sim pequena. – Ele sorriu me dando um beijo na bochecha, em seguida sai do carro e fui em direção minha casa.

Tudo estava escuro e silencioso, me perguntei onde Emma e Phillip estavam, mas não cheguei a procurá-los pois logo ouvi alguns gemidos vindo do quarto dos dois. Aquilo era no mínimo nojento, eles falavam palavras de baixo calão, que eu não precisava ouvir. Me dirigi até meu quarto, trancando a porta em seguida e coloquei os fones de ouvido, tentando dormir.

xxx

Aquela semana literalmente voou, precisei comprar os presentes de natal para os meninos, meus tios e minha mãe, ela como presente me permitiu passar duas semanas na casa de , na realidade não pareceu muito preocupada em onde eu estaria, pois precisava organizar as coisas para sua segunda lua de mel com Phillip.

Tia Bethy andava de um lado para o outro, organizando os últimos detalhes da ceia de natal, sentada ao lado de fiquei tonta tentando acompanhar com os olhos o ir e vir de minha tia.
- É sempre assim, ela não para. – Ele riu percebendo o que eu observava.
- Senti falta dos natais em família. – Sorri sendo abraçada por .
- Vai ser sempre assim agora, já imaginou quando tivermos filhos? Você e o correndo atrás dos molequinhos, e eu e meu harem só com mulheres lindas! - Riu debochado.
- Eu o que? – Falei quase engasgando com o pouco de refrigerante que havia colocado na boca.
- Só um cego não nota o jeito que você olha pro , ele ta na fase pegar todas, mas logo sossega, você vai ver.
- Para de beber, você definitivamente não está bem. – Tentei desconversar.
- Aham, só não ache que eu sou cego, porque não sou. – Ele piscou, levantando-se em seguida e indo em direção a porta receber que vinha acompanhado de seu pai.
Não demorou muito para a casa lotar, muitas pessoas eu ainda não conhecia, amigas de tia Bethy, colegas de tio George, mas todos pareceram bem simpáticos.
chegou pouco antes do jantar e ficou ao meu lado, enquanto observávamos dar em cima de uma das filhas do sócio de seu pai.
- Ele não tem jeito mesmo. – disse me abraçando.
- Mas ela esta mais interessada em encarar você, do que prestar atenção nas merdas que o deve estar falando.
- Ela é feia. – disse fazendo careta.
- Você está com problema de visão? – Encarei-o.
- Acho que não, tem algum problema? – Ele me encarou, aproximando o rosto do meu.
- Não sei. – Falei tímida e virei o rosto tentando prestar atenção na conversar de .
- Vem, eles vão servir o jantar, eu to com fome. – Falou me puxando para a mesa de jantar.

- Eu quero casar com uma pessoa que faça no mínimo a metade dos doces que sua mãe sabe fazer. – falava de boca cheia, estávamos todos sentados no quintal de , e chegaram após a ceia de natal, onde passaram com a família.
- Não sabe nem ir ao banheiro sozinho e está pensando em casamento? - debochou.
- Não preciso ir sozinho no banheiro, posso ir acompanhado com quem eu quiser. – respondeu provocando risos dos outros.
- Ui, garanhão, dom Juan. – debochou.
- Quer aulas de como seduzir uma garota? - desafiou.
- Você da? – perguntou cheio de duplo sentido.
- Aulas, sim. – respondeu percebendo o duplo sentido.
- Levanta . – ordenou?
- Que? – Perguntei sem entender.
- Levanta, o vai dar aulas de como conquistar uma garota e você será a cobaia.
- Hey, eu disse uma garota, não a .
- O que tem? Ela é uma garota. – respondeu.
- Linda. – se aproximou de mim.
- Não vou cantar alguém que eu considero minha irmã. – justificou.
- Todos consideramos a nossa irmãzinha, mas queremos ver tuas aulas. – riu.
- Deus me livre ter cinco irmãos chatos assim. – Falei séria.
- Ai, essa doeu. – riu.
- Você não quer ser nossa irmã ? – perguntou.
- Não, eu não quero. – Falei rindo.
- Ela é malvada. – riu me abraçando.
- Malvada e preguiçosa, estou com sono, melhor ir dormir. – Falei levantando.
- Espera, eu não te deu meu presente ainda. – levantou indo em minha direção.
- Vocês compraram aquela cesta, eu amei. – Disse lembrando do presente que todos me deram, enquanto eles trocaram vários CDs de natal, resolveram juntar grana e comprar algo especial, para segundo eles a única garota realmente legal da escola, me deram então uma cesta com chocolates e um urso fofo.
- Mas eu comprei um especial pra você, faz tempinho, só tinha deixado para dar nessa data, porque sei lá... – Disse tímido.
- Hum, ele comprou presente pra e não comprou pra mim. – debochou.
- Ela usa calcinha, não uma cueca freada. – debochou.
- Vem , esses garotos são uns idiotas. – riu me puxando para dentro de casa. Subimos até meu quarto e entrei com ele, fechando a porta em seguida.
- Espero que você goste. – Ele disse estendendo um cordão com pingente da mão de hamsa, dourado.
- Que lindo, eu amei. – Falei segurando seu presente e lhe dando um beijo na bochecha, ele virou fazendo com que beijasse o canto de sua boca.
- Eu, er... – Tentei falar algo, mas senti meu rosto queimar de vergonha.
- Deixa eu colocar em você? – Ele pediu segurando o cordão.
- Claro. – Virei para que ele colocasse.
- Você fica linda com ele. – sorriu fechando o cordão e beijando meu pescoço, causando um arrepio em todo meu corpo.
- Obrigada. – Sorri o encarando.
- Por nada. – Ele sorriu aproximando o rosto do meu.
- ! Seu pai está ligando, você deixou a porra do celular no chão, ele já ligou umas 3 vezes. – gritou abrindo a porta de meu quarto e entrando em seguida.
- Porra! – falou irritado e pegou o celular. – Vou lá, feliz natal . – Ele beijou minha testa e saiu, antes que eu pudesse responder algo.
- Eu vi isso. – disse antes de seguir o amigo.

No dia seguinte teve que viajar para casa de uma avó, passando então o ano novo longe de nós. Ás aulas voltaram, fazendo-nos voltar com nossa rotina: escola – garagem do - casa.
Aquela garagem era nossa segunda casa, amava ficar lá ouvindo os garotos tocarem, dando broncas e falando besteira, lá perdia a noção do tempo entre risadas e brincadeiras. Estávamos sentados esperando os meninos chegarem, quando ouvimos entrar falando alto.
- Vamos tocar no intervalo segunda-feira. – Ele disse invadindo a garagem.
- Você pirou? – respondeu.
- Não cara, o ta chegando ai, ele já te explica. – sentou ao meu lado, esperando os garotos chegarem.
- Por que não esperou? Eu ia te buscar. – disse entrando na garagem e indo em minha direção.
- Dormi aqui na noite passada. – Expliquei.
- Ata. – Ele riu, sentando em um dos pufs espalhados.
- Cadê o ? – perguntou.
- Esta pegando uma garota. – deu de ombros.
- Ele não vai vir pro ensaio? – Perguntei.
- Vai, só vai atrasar um pouco. – Justificou.
- , conta pra eles do show. – falou animado.
- Não é bem um show, são só 4 músicas, quando fui pra coordenação hoje, a orientadora perguntou da banda e pediu para que fizéssemos uma apresentação, como não estava podendo negar algo...- riu.
- Você foi pra coordenação? Eu falto um dia na escola e tudo acontece, o que você fez? – Perguntei curiosa.
- Transou com a Shirley no banheiro. – respondeu rindo.
- Você o que? – Perguntei incrédula. – Aquela garota é horrível.
- Ela até que é gostosinha. – falou emburrado.
- Ela não sabe quanto é um mais dois. – Segui falando.
- Garotos não ligam para inteligência da garota e sim para o corpo dela. – falou me encarando, parecendo brabo com minhas comparações.
- É, esqueci que garotos não sabem pensar. – Disse braba e levantei saindo da garagem, deixando todos atônicos.
Amava ficar perto dos cinco, principalmente por ser a única menina com acesso exclusivo ao solo sagrado daquela garagem, contudo ouvir os papos de como é bom pegar mulher, ou como fulana tem a bunda grande, era no mínimo irritante. Principalmente quando o autor dos comentários era , ele geralmente era quem menos falava, mas o pouco que dizia sobre aquelas garotas insuportáveis, caia como muito para mim.

Na segunda-feira seguinte, eles apresentaram suas canções na escola, fazendo o intervalo praticamente parar para assisti-los e subindo assim a popularidade de todos. Muitos pediram CD, ou as músicas para ouvir no computador, contudo eles não tinham nada gravado. Isso os fez levantar uma nova questão, se queriam viver de música, precisavam levar a banda e tudo que a envolvia, mais a sério. O primeiro passo seria a gravação de um EP, para apresentar e disponibilizar suas canções, a fim de popularizar a banda. Contudo todo processo de gravação era caro, principalmente quando se queria um material de qualidade, sendo assim o assunto grana entrou em questão. tinha dinheiro, de todos era quem mais poderia bancar, mas não seria justo um assumir boa parte da divida, a banda era dos cinco e os cinco deveriam arcar igualmente. tentou justificar, mas os meninos foram irredutíveis quanto a isso. Já passava das 22 horas, liguei para casa avisando que dormiria na casa de , minha mãe definitivamente tinha algum problema, ela parecia não ligar quando me referia a casa de , invés de citar tia Bethy. Estávamos todos jogados pela garagem tentando pensar em algo para conseguir grana, mas nenhuma boa idéia vinha em nossa mente.

- Podíamos vender suco de limão na escola. – sugeriu provocando risos de todos.
- Claro, até porque eles não dão esses sucos na cantina né. – falou brabo.
- ! – Falei chamando não apenas a atenção dele, mas de todos e ignorando a sugestão de .
- Caralho, que susto , eu tava aqui sonhando. – Falou tocando uma almofada.
- Sonhando com os peitos da Sarita? – debochou.
- Shiu , você sabe que aqueles peitos eu não sonho, eu pego mesmo! – Falou convencido.
- Você e metade do time de futebol. – riu debochado.
- E você queria pegar também! – tocou uma almofada em .
- Hey! Eu to aqui e quero falar! – Falei cortando o assunto.
- Fala tampinha! – disse sentando ao meu lado.
- Então, quando teu pai viaja?
- Essa semana, aliás, avisa a tia que eu vou passar 10 dias aqui, ok?
- Como se você não ficasse aqui todos os dias, com teu pai estando ou não em casa. – respondeu “rolando” os olhos.
- Depois não fala que eu não avisei. – Respondeu debochado.
– Mas fala tampinha, por que a pergunta? Quer dormir comigo lá em casa e tal? - Disse tentando fazer uma cara sexy e me fazendo gargalhar, junto com e , enquanto e pareciam ficar brabos.
- Claro que não, você sabe que eu ainda estou esperando meu príncipe encantado.
- Eu não tenho cavalos, mas eu tenho um violão. – Respondeu um pouco galanteador.
- Posso falar, o besta? – Respondi rindo.
- Por favor, o que você esta pensando ? – interrompeu e sentou entre eu e .
- Vocês são bem populares, certo?
- Uhum, todas as garotas me querem. – respondeu convencido.
- Todas menos eu. – O corrigi em seguida.
- Ai meus dedos. – debochou.
- Caralho, é difícil falar aqui! Calem a boca! – Ordenei.
- As garotas mandam... – falou e em seguida todos ficaram quietos.
- Errado, eu mando. – Disse convencida, então continuei. – Quando seu pai ir viajar, vocês podiam dar uma festa, mas cobrar ingresso sabe, dizer que é pra uma galera selecionada e que é uma festa para mostrar a nova música, essa que o tocou hoje, então com essa grana da para tentar gravar alguma coisa do EP.
- Mas será que vai dar público? – foi o primeiro a falar.
- Só vamos saber se tentarmos. – disse parecendo pensativo.
- Já pode fazer os ingressos ! – respondeu parecendo animado.
- Eu?
- Claro, a ideia foi tua e na boa, você poderia trabalhar com essas coisas de designer, manda muito!
- Eu sei que sou foda. – Falei convencida, mas morrendo de medo de fazer uma arte feia.

Capítulo III


Aquela noite realmente voou. Passamos a madrugada organizando detalhes da festa, entre eles o que serviríamos, quem seriam os convidados e qual o número total de pessoas que poderíamos ter dentro da casa, ou melhor, no quintal de . Decidimos quem ficaria responsável por cada parte da festa e aos poucos o plano tomou forma se tornando uma ideia concreta.
Estipulamos 150 ingressos iniciais, o equivalente duas vezes o número de formandos, com isso estipulou que cada formando poderia comprar dois ingressos e quem não estivesse nas últimas turmas teria que torcer para ser convidado. A principio fui contra, mas tinha sentido essa ideia, visto que embora linda, a casa de não era um salão de festas e teríamos que limitar a capacidade de pessoas, sendo assim, tornaríamos a festa algo mais exclusivo e com isso a procura parecia ser maior.
Levamos duas tardes para organizar tudo, desde a criação dos ingressos até alguns cartazes que espalharíamos pela escola e na manhã de segunda-feira decidimos por em ação tudo que planejamos.

chegou animado contando que em três períodos já havia vendido todos os ingressos que tinha consigo.
- Dude, os meus também acabaram! – disse se juntando a nós.
- Provavelmente o vendeu o dele para todas as meninas da sala, ele tava rodeado delas quando o vi no primeiro período. – riu lembrando.
- Falta o e então? - Perguntei comendo um pedaço de chocolate que havia comprado.
- Sim, cadê eles? – perguntou.
- Estão vindo ali com o . – apontou, logo os três se juntaram a nós em uma parte mais afastada da escola.
- Todos os ingressos vendidos. – Falaram juntos sentando ao nosso lado.
- Caralho! – Disse surpresa.
- Hey, você é nossa menina, não pode falar palavrão. – debochou.
- Mas, caralho foi muito rápido. – Repeti o palavrão provocando.
- Mais rápido do que comer esse chocolate. – Ele riu e roubou de mim.
- É meu! – Briguei.
- Tô te ajudando a não ficar gorda. – Ele disse comendo.
- Não me importo com isso. – Falei pegando de volta e comendo o pequeno pedaço que havia sobrado.
- Enquanto eles ficam comendo, nós temos que trabalhar. – disse sério fazendo todos gargalharem.
- Cara, tu tava cuidando a bunda da Daffini até agora. – bagunçou o cabelo dele.
- Pow, acordei cedo pra fazer esse penteado.
- Nossa ele acorda cedo pra arrumar o cabelo. – Ri debochada.
- Como se você não acordasse também.
- Eu não acordo, fico até o último minuto na cama. – Me defendi.
- É verdade, depois sai voando do quarto e querendo me matar se estiver no banheiro. – respondeu.
- Eu sou mulher, tenho prioridades na minha segunda casa.
- Segunda que mais parece primeira né? - disse.
- Bem que podia ser mesmo.
- Vamos voltar ao foco? – chamou nossa atenção.
- Vamos! – disse deitando no meu colo.
- Folgado. – Falei baixo, ele correspondeu meu xingamento com um sorriso fofo.
- Acho que podemos fazer mais 50 ingressos. – disse.
- Também acho, vamos ganhar uma boa grana com isso. – pareceu animado.
- Então fechou, 50 ingressos que só mulheres podem comprar. – sugeriu.
- Hey, pode parando, 50 ingressos que qualquer um pode comprar!
- Ciumenta... – debochou.
- Não sou ciumenta, só é injusto isso, ou 50 pra qualquer um comprar, ou 50 que só homens lindos possam comprar. – Sorri debochada.
- Seremos os únicos lindos da festa. – como sempre convencido.
- Eu não te acho lindo. – finalmente falou algo e parou de encarar um grupo de garotos próximo a nós.
- Coração doeu agora. – fez um biquinho debochado.
- Calma amor, eu te acho lindão. – abraçou provocando risos de todos.
- Vocês ainda vão acabar com a minha reputação. – levantou rindo e foi até o grupo de garotas falar com uma loira que não parava de encará-lo. Logo foi também e ambos saíram acompanhados para outro lugar da escola.
Naquele dia tive aula em turno integral e os meninos saíram mais cedo, estranhei ao ver o carro de estacionado próximo a escola, mas segui o caminho normal que fazia quando não ia para casa com eles.
- Hey, ! – gritou e buzinou em seguida.
- Oi, o que você está fazendo aqui essa hora? – Demonstrei meu estranhamento.
- Ah, eu fiquei com uma menina do primeiro ano, vim trazer ela no horário certo pra ir pra casa, quer carona?
- Não precisa. – Disse séria e voltei a caminhar.
- , eu te deixo em casa, fica a caminho, somos praticamente vizinhos...
- Mas eu vou pra casa do .
- Ela também fica a caminho...
- Hum, tudo bem então. – Falei entrando no carro.
- Você ta bem? – Perguntou dando partida.
- Sim.
- Não ta não, parece braba.
- Você transou com duas meninas diferentes só hoje, vai acabar engravidando alguma. – Falei sem pensar.
- Não transei com as duas, a de hoje de manhã só fez oral e eu sei me prevenir, mãe. – Disse debochado.
- Se eu fosse tua mãe, te colocaria de castigo! – Falei com raiva.
- Ainda bem que não tenho uma então. – Pareceu brabo também, ele nunca havia falado da mãe, era muito fechado e pouco sabíamos de sua família.
- Você lembra dela? – Mudei o tom de voz.
- Eu não gosto de falar sobre.
- Mas... – Tentei formular uma frase, mas ele me interrompeu.
- Eu não gosto de falar sobre isso, . – Ele repetiu a frase.
- Ok, desculpa. – Falei magoada. – Pode parar aqui, por favor? Quero ir ao mercado antes. – Minha intenção não era ir ao mercado, mas sim sair daquele carro e de perto dele.
- Fica na próxima quadra o mercado. – Ele respondeu sem me olhar.
- Mas eu quero descer dessa merda de carro, da para parar? – Falei com raiva. Ele me encarou um pouco intrigado, depois parou o carro sem responder nada. Sai e fui andando para casa enquanto ele seguiu o caminho oposto.
Ás vezes viver em um mundo rodeado de garotos era cansativo, eles simplesmente colecionavam marcas, meninas, beijos, relações, fulana eu já peguei, ciclana é difícil, você não pode olhar para o lado, completamente machistas. Era nítido que eu gostava de , para todos menos para ele, notava quando os meninos me olhavam, principalmente , ele tentava me alegrar quando eu parecia triste e ultimamente isso acontecia com freqüência.
Pensei em me afastar, mas ao mesmo tempo amava a companhia daqueles filhos da mãe, acho que eu estava de TPM e mudando de pensamento a cada segundo.
No outro dia agimos como se nada tivesse acontecido, os ingressos foram vendidos, me buscou e levou para casa depois de um ensaio bem produtivo deles e seguimos organizando as coisas até o grande dia, sem conversas mais íntimas.
- , acorda poxa! – pulava em cima de mim.
- Que horas são? – Perguntei um pouco zonza ainda.
- Não sei, eu não consigo dormir e to com dor de barriga. – Ele disse me fazendo gargalhar. Havia posado na casa dos meus tios como fazia todo final de semana, mas aquele dia não seria apenas um sábado, seria O sábado , músicas novas, o primeiro show oficial do e com direito a sold out!
- , são 8 horas da manhã de um sábado! – Choraminguei cobrindo meu rosto.
- Temos muito trabalho pela frente.
- Hey Dude, tem remédio pra dor de barriga? – também invadiu o quarto acompanhado de que ria do amigo.
- Hey vocês, me deixem dormir! – Gritei embaixo do cobertor.
- Eu to com piriri. – falou.
- Desse jeito vão fazer o show do banheiro. – se juntou ao trio.
- Eu quero privacidade! – Gritei sem sair de onde estava.
- Ela ta de TPM. – falou baixo avisando os outros.
- Ixi, vamos vazar, o mandou mensagem que já esta chegando aqui. – disse.
- Como vocês entraram? – perguntou esfregando os olhos.
- A tia acorda cedo todos os dias... – Vem, vamos pra garagem! – puxou .
- leva a , vamos lá pra minha casa, temos coisas pra organizar. – gritou indo ao encontro dos meninos.
- Você quer ir agora? – sentou na cama tirando o cobertor que cobria meu rosto.
- Eu quero dormir.
- Hum, eu também! – Ele riu.
- Vai pra sua casa dormir então.
- Que humor lindo hein. – Ele debochou e mordeu minha bochecha.
- Sai ! – Toquei o travesseiro nele.
- Meu Deus, , você é muito arrisca. – Ele devolveu o travesseiro e saiu do quarto.
Tentei dormir novamente, mas acabei perdendo o sono e ficando ansiosa então resolvi levantar e após fazer minha higiene sai do quarto e indo até a casa de encontrar com aqueles doidos.
Decoramos a casa e organizamos algumas mesas espalhadas pelo jardim, alguns amigos também ajudariam com trabalho de distribuir bebidas e aos poucos tudo ficou como imaginávamos.

Nos despedimos e combinei com de ir com ele para festa, visto que ele morava a duas casas da minha e morava na rua de baixo, próximo a casa de , todos éramos praticamente vizinhos. Toquei a campainha da casa de , pois o mesmo estava 30 minutos atrasado e isso nunca acontecia. Uma senhora de meia idade atendeu.
- Oi, o está? – Perguntei com vontade de voltar para casa, estava ansiosa talvez isso me fez tomar atitude de ir até lá.
- Me atrasei , desculpa. – Ele disse aparecendo na porta e abraçando a empregada. – Sua gostosa! – Ele brincou com ela, que deu um tapa fraco nele.
- Se comporta menino, toma juízo! – Ela pediu um pouco preocupada.
- Pode deixar! , essa é a Lupi, Lupi essa é a . – Nos apresentou.
- Oi , foi bom te conhecer pessoalmente, você é linda. – Falou fofa.
- Obrigado, foi um prazer conhecer você também. – Disse tímida.
- traz ela pra comer aquele bolo de chocolate. –
- Claro, qualquer dia ela e os moleques vem aqui. – Ele falou me puxando com ele.
- A Lupi foi minha babá, é como se fosse uma mã, acho que a única pessoa que eu gosto dentro daquela casa. – Disse me surpreendendo.
- Ela parece ser legal e eu gosto de bolo de chocolate. – Respondi, tentando não entrar em assuntos dolorosos com ele.
- Você gosta de tudo que contém a palavra chocolate. – Ele riu indo comigo até a casa de .

Chegamos e fui até meu posto, teria que receber todos os convidados e pegar os ingressos com eles, os meninos ajustaram algumas coisas no palco e logo foram ajudar na organização da festa, em pouco tempo a casa de lotou nos deixando animados. pegou o microfone anunciando que em instantes o primeiro show do aconteceria. Minha barriga parecia dar voltas, estava ansiosa demais e queria ver logo meus meninos mostrando do que eram capazes.
Alguns minutos depois eles subiram no palco arrancando aplausos de todos que estavam lá e alguns gritinhos de meninas um pouco (muito) oferecidas.
Ás três primeiras músicas eram animadas e o público já estava acostumado com elas, pois sempre tocavam nos intervalos da escola, na segunda sequencia tocaram uma pouco conhecida e dois covers. Todos aplaudiam a cada sucesso, pegou o microfone e disse que tocaria uma nova música. Ele parecia procurar alguém na platéia e assim que nossos olhos se encontraram, os primeiros acordes foram ouvidos.

Can anybody hear me? | Alguém pode me ouvir?
Or am I talking to myself? | Ou estou falando comigo mesmo?
My mind is running empty | Minha mente se encontra vazia
In this search for someone else | Nessa busca por alguém
Who doesn't look right through me. | Que não olhe através de mim
It's all just static in my head | Tudo está estático na minha cabeça
Can anybody tell me why I'm lonely like a satellite? | Alguém pode me dizer por que eu estou sozinho como um satélite?


Olhei para trás procurando algo que pudesse importar a ele, que não eu, mas não tinha ninguém, sorriu e seguiu cantando aquela canção, que talvez para alguns ali não dizia nada, mas para nós dois fazia muito sentido.

'Cause tonight I'm feeling like an astronaut | Porque esta noite eu estou me sentindo como um astronauta
Sending SOS from this tiny box | Mandando S.O.S desta minúscula caixa
And I lost all signal when I lifted off | E eu perdi todo sinal quando decolei
Now I'm stuck out here and the world forgot | Agora estou preso aqui e o mundo me esqueceu
Can I please come down, cause I'm tired of drifting round and round | Posso, por favor, descer? Porque estou cansado de ser levado para lá e cá
Can I please come down? | Posso, por favor, descer?

[...]

Can I please come down? | Posso, por favor, descer?
'Cause I'm tired of drifting round and round. | Porque estou cansado de ser levado para lá e cá
Can I please come down? | Posso, por favor, descer?


Foi de arrepiar, com certeza o grande momento da festa, todos aplaudiram e vibraram com o primeiro show oficial do .

- Hey, gostou? – me abraçou assim que conseguiu se livrar de alguns bajuladores.
- É linda. – Sorri correspondendo seu abraço e em seguida o encarando. – Você não está sozinho. – Falei sentindo que estávamos cada segundo mais próximos, meus lábios encararam os seus se aproximando até sermos surpreendidos por um eufórico nos abraçando e comemorando o fato de ficar com alguma garota.



Capítulo IV



Não esperávamos que a festa daria tanto lucro, dividimo-nos em duas equipes, uma contaria a quantia exata dos lucros e faria o pagamento de alguns gastos da festa, enquanto a outra iria até alguns estúdios fazer orçamento para o EP. Eu, e ficamos responsáveis pela primeira parte, enquanto , e pela segunda. Em seguida nos encontramos no lugar de sempre: garagem do .
- Cara, pelo que eu pesquisei, com essa grana a gente consegue fazer quatro músicas naquele estúdio ao lado do pub. – disse chegando os papéis com orçamento dos estúdios que haviam na cidade.
- Mas aquele estúdio é bom? – perguntou
- É sim, eu achei que fosse bem mais caro, várias bandas começaram gravando lá. – falou me abraçando por trás e roubando um pedaço do chocolate que eu comia, fiquei com vontade de reclamar, mas aquele abraço estava tão bom, que não tive coragem. – Bom isso. – Ele falou me dando um beijo na bochecha.
- Era meu... – Disse sentando perto de .
- , entre nós tudo se divide. – Ele riu sentando também.
- Nem tudo. – defendeu.
- É, não vou dividir as minas que eu fico. – riu.
- Cara, cada dia elas dão mais mole pra nós, ta ficando sortida a escolha. – comemorou.
- Da para vocês pararem de pensar com a cabeça de baixo e focar no EP? – Interrompi antes que começassem a falar das “gostosas” da escola.
- Claro baixinha, mas antes pede pra minha mãe fazer algo para comermos? Eu to morrendo de fome. – disse me abraçando manhoso.
- Eu não, vai lá você fazer, para de incomodar sua mãe com isso moleque.
- Se eu for fazer algo, teremos que comer bolacha, pois a única coisa que sei fazer é abrir um saco de bolacha para comer. – Disse rindo sendo acompanhado pelos outros.
- Vamos fazer sanduíche, eu te ajudo , ta tarde pra incomodar a tia, e esses ai morrem de fome, mas não fazem algo para comer. – disse me puxando antes mesmo que eu concordasse.

- Deve ser complicado ganhar seis filhos de uma hora pra outra né? – perguntou entrando na cozinha.
- Quem ganhou seis filhos? – Perguntei imaginando alguém próximo grávida de sêxtuplos.
- A tia Bethy. – Ele respondeu rindo.
- Deve ser chato ter um filho com 4 amigos doidos. Só eu me salvo. – Falei rindo pegando os ingredientes para preparar os sanduíches.
- Ah, que nada, você é a mais folgada, tem até um quarto aqui. – Ele disse rindo.
- Sou nada, todos me amam, e pode começar a me ajudar aqui. – Falei apontando para mesa.
- É que eu não sei fazer direito.
- Sério ? Não sabe fazer um sanduíche.
- Você fica mais bonita trabalhando do que falando, sabia?
- E te mandando a merda, eu fico como?
- Linda. – Ele sorriu e se aproximou.
- , sua mãe ligou, disse que você tem que dormir em casa. – apareceu na cozinha, nos surpreendendo.
- Hum, acho que já vou então, ta tarde. – Falei triste, pretendia dormir na minha tia.
- Deixa que eu te levo. – levantou no mesmo instante.
- E minha comida? – perguntou impedindo que saíssemos da cozinha.
- Você usa suas mãos para terminar de fazer e não esquece que o meu é sem queijo. – disse dando um tapa na cabeça de e saindo em seguida.
O acompanhei até o carro, pois sabia que ele não desistiria de me levar, realmente era tarde e como “menininha” deles, eu não poderia ir sozinha pra casa.
- Parece que você está indo para um velório. – Ele disse estacionando o carro em frente a casa.
- Meio que isso, não gosto daqui. – Disse abrindo a porta.
- Quer voltar para a casa do ? – Perguntou segurando minha mão.
- Melhor não, amanhã passo lá bem cedo. – Respondi.
- Tudo bem, qualquer coisa me liga. – Ele depositou um beijo em minha bochecha e esperou que eu entrasse em casa, para sair com o carro.

xx

Entrei em casa e logo ouvi a voz da minha mãe.

- Por que você não se muda logo para casa de sua tia? – Disse com desdém.
- Olha, está nos planos, com certeza lá é melhor do que aqui. – Respondi sem paciência indo em direção ao meu quarto.
- Aproveita que você não fica muito em casa e deixa esse quarto arrumado, amanhã uma sobrinha do Phillip vem nos visitar e ela vai ficar lá, troca a roupa de cama também! – Ordenou.
- A cama é minha, logo ninguém vai dormir nela, ainda mais aquela idiota! – Respondi já com raiva. Conhecia bem a tal sobrinha, ela era filha única e mega mimada, quando Phillip e Emma começaram a namorar eles levavam a garota para os encontros, assim eu não ficaria sozinha e os dois poderiam namorar em paz. Mas paz era tudo que não existia quando estávamos juntas, ela era meu oposto, metida amava me ver levando alguma bronca e sempre fazia artes colocando a culpa em mim.
- Acho que você não entendeu o que sua mãe quis dizer. – Phillip interrompeu Emma, quando a mesma ia me responder.
- Acho que você não notou que eu não estou falando contigo. – Respondi tentando fechar a porta do quarto, mas ele foi mais rápido e não permitiu que eu fizesse isso.
- Quem paga as contas nessa casa sou eu, logo uma garota como você não tem nenhum direito de opinar sobre quem e onde qualquer pessoa que esteja aqui dentro vai dormir. – Falou alterado, conseguia sentir de longe o cheiro de cerveja dele.
- Mas esse é meu quarto, existe um quarto de hospedes, por que aqui? – Tentei falar mantendo a calma.
- Porque eu estou grávida e como a Daffiny ama decoração e moda, está inclusive pensando em cursar designer de interiores seria legal ela me ajudar com o quarto do bebê. – Emma respondeu dando uma entonação maior ao começo da frase.
- Hum, ela que durma na sala então. – Respondi tentando fechar novamente a porta do quarto.
- Você não tem escolha, não para em casa mesmo, ela vai dormir aqui e pronto. – Phillip respondeu. – Não vou por minha sobrinha a dormir na sala por causa dessa mimada mal agradecida. – Continuou olhando para minha mãe que não disse nada, apenas concordou com a cabeça, enquanto eu batia com força a porta do quarto. Como Phillip estava com os dedos entre o marco e a porta, a mesma bateu fazendo-o gritar de dor. Em seguida apenas senti ele me segurando com força e prensando contra a cama.
- Sabe o que falta para você? Uma boa surra é disso que você precisa! - Disse com raiva.
- Me solta! Você não é meu pai e que pena que não quebrou esses dedos. – Falei debochada.
- Vou quebrar a sua cara, isso sim! – Ele respondeu me dando dois bofetões no rosto.
- Amor, calma. – Emma disse se aproximando.
- Ela tem que aprender, você teve muita calma, falar não adianta. – Ele respondeu.
- Mãe, manda ele me soltar! – Pedi sentindo meu rosto e braços doerem.
- Ele tem razão, você precisa aprender. – Ela falou e saiu do quarto nos deixando sozinhos.
Ele não era meu pai, eu o odiava, ele não tinha direito algum, mas mesmo assim me bateu. Phillip era um cara grande, forte, eu tinha 15 anos, faria 16 em breve e tinha o corpo de qualquer adolescente, era pequena, frágil. Não conseguia me defender, apenas tentei proteger o rosto, quando aquele monstro tirou a cinta que vestia e começou a bater em todas as partes do meu corpo. Foram aproximadamente 10 minutos, que pareceram muitos mais.

Xx

Acordei com dor, não tinha vontade de levantar da cama, haviam várias chamadas não atendidas, todas de , enviei uma mensagem falando que não iria a aula e depois me levantei indo até o espelho.
Meu rosto estava um pouco vermelho, mas maquiagem esconderia. Já as pernas e braços demorariam a cicatrizarem, eu estava machucada física e emocionalmente. Olhando para meu reflexo senti uma dor infinita tomar conta do corpo e chorei desejando nunca mais olhar para aquele lugar.
Ouvi duas batidas na porta e em seguida a mesma foi aberta. No final daquele pesadelo, Phillip tirou a chave, me impossibilitando de ficar trancada.
- Filha, você está bem? – Ela disse pausadamente.
- Emma, eu vou embora. – Falei um tempo depois, prometi que nunca mais chamaria aquela mulher de mãe, ela conseguiu destruir qualquer sentimento bom.
- Você não pode ir, é minha filha.
- Eu, odeio, você. – Falei pausadamente. – E se não me deixar ir embora, passando minha responsabilidade legal para tia Bethy, eu vou fazer uma denúncia contra vocês dois.
- Aquela mulher, ela fica te colocando contra mim. – Falou com raiva.
- Será mesmo que ela é a culpada? – Perguntei e então levantei a manga da blusa, tornando meus machucados visíveis.
- Faça o que você achar melhor. – Respondeu com raiva. – Você não faz parte dessa família mesmo, vai ser melhor assim, um ambiente tranqüilo e com amor para esse bebezinho que está a caminho. – Falou acariciando sua barriga e me deixando sozinha.
Organizei minhas coisas em duas malas e fui até a casa de minha tia, ela se surpreendeu ao ver as malas, por sorte tio George havia ficado em casa naquela manhã e estava na escola, então pude falar com os dois. Era um assunto delicado, não queria que os garotos soubessem, pois com certeza falar daquilo me faria chorar e odiava demonstrar qualquer sinal de fraqueza perto de alguém.
Eles ficaram horrorizados, como tio George é advogado, começou a correr com os papeis no mesmo dia, queriam denunciar Phillip, mas já estava com vergonha o bastante não queria expor aquela história para mais ninguém. Naquele dia me mudei definitivamente, ganhei um lar onde bons sentimentos reinavam. ao chegar da escola não demonstrou muita surpresa e comemorou o fato de agora poder se declarar meu irmão oficialmente. Falei para ele que havia apenas brigado mais uma vez, e ele não me fez maiores perguntas.
Estava arrumando minhas coisas no meu novo quarto quando ouvi algumas batidas na porta, era .
- Hey, você se mudou pra cá? – falou entrando no quarto.
- Sim, agora moro oficialmente aqui. – Sorri fechando a porta e sentando ao seu lado na cama.
- Por que , digo, aconteceu alguma coisa? – Ele perguntou curioso.
- Nada não, só gosto mais daqui.
- Acho que eu te conheço bem o suficiente para saber que você não sabe mentir.
- Não tem muito o que falar. – Respondi um pouco desanimada.
- Então me fala. – Ele disse mexendo nas minhas mãos. – Você parece chateada.
- É, acho que estou um pouquinho.
- Quer falar sobre o que aconteceu? – Ele insistiu.
- É difícil. – Senti uma lágrima escorrer. Ele limpou meu rosto com o polegar e levantou indo em direção a porta que estava entre aberta. Logo após trancá-la voltou até a cama me encarando.
– Acho que assim ninguém vai nos interromper, você não precisa ficar quieta diante de tudo , nós somos amigos e eu to aqui para te escutar.
- Obrigado. – Disse o abraçando e deixando as lágrimas finalmente caírem. Algum tempo depois já estava deitada com a cabeça no colo de , contando um pouco do que tinha sido minha vida até aquele momento. – Ele faleceu quando eu tinha 12 anos, mas lembro de todos os detalhes, meu pai era aquele cara que sempre arrumava um tempo pra ficar com a gente, íamos em vários lugares, ele me ensinou a andar de bicicleta, me passou a paixão por livros e estudou muito para saber o nome de várias flores, quando notou meu interesse por elas. Nós fazíamos vários passeios, um dos preferidos com certeza era o Jardim Botânico de Montreal, pelo menos uma vez por mês nós saiamos de Toronto e vínhamos para cá, visitávamos a tia Bethy e íamos até lá, era o nosso passeio já que Emma tem reniti e diz que aquele lugar só faz ela espirrar. – Sorri lembrando. – Mas então ele se foi e passei anos sem vir para Montreal, ela me afastou de toda família dele, inclusive do .
- E você não foi mais lá, digo, depois que veio parar aqui? – Perguntou curioso.
- Acho que eu não conseguiria, me faz lembrar dele e eu iria chorar, não gosto de chorar na frente dos outros. – Confessei e então segui com a história após receber um beijo dele em minha testa. – Logo depois que ele se foi, ela começou a trabalhar em uma empresa, dizendo que o dinheiro que tínhamos não seria suficiente. Ela não me deixava sair de casa, dizia que tinha medo de me perder em algum acidente, como aconteceu com meu pai, essa preocupação durou uns 6 meses, até que ela começou parar de ligar, chegava em casa bem tarde, me deixava sozinha a maior parte do tempo e depois assumiu o namoro com Phillip, que era chefe dela na tal empresa. Eles namoraram por um tempo, ele ficava muito mais em nossa casa do que na dele, até que resolveram se casar. Nunca gostei dele, sabe aquelas pessoas que você olha e sente uma aversão? Isso aconteceu conosco. Ele nunca tentou ser amigável, pelo contrário, fazia questão de demonstrar que eu atrapalhava o relacionamento dos dois.
- E sua mãe não fazia nada? – Ele perguntou surpreso.
- Não, ela concordava com ele. Depois que eles começaram a namorar, ela tirou todos os quadros que tinham fotos do meu pai, substituiu por coisas dos dois e é assim até hoje. Ela parou de trabalhar, porque o salário dele é bem maior e consegue manter a casa com um padrão alto sabe. E estavam tentando engravidar, quando ele recebeu a proposta de mudar pra cá, parece que o salário dele dobrou, não sei bem, mas eles vieram e foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, voltei a falar com , com minha tia e conviver com a família do meu pai. Minha mãe em nenhum momento ligou e depois do que aconteceu ontem, quando falei que viria morar com minha tia, ela gostou, pois eu sempre seria um peso no relacionamento dos dois.
- Vocês brigaram?
- Ele me bateu. – Respondi e sentei na cama, mostrando os braços marcados.
- Meu Deus! – Exclamou surpreso. - Esse desgraçado tem que pagar , ele não pode sair impune. – Falou nervoso.
- Vai ficar tudo bem. – Respondi, tentando acreditar em minhas palavras.
- Isso nunca mais vai acontecer, eu não vou deixar ninguém te machucar. – Falou me abraçando.
- Você está convivendo muito com o . – Brinquei.
- O ganha o título de irmão ciumento, mas para todos nós, você é como uma irmã, todos vamos sempre te proteger. – Disse beijando minha bochecha.
- Por favor, não conta pra eles. – Pedi.
- Esse é um dos nossos segredos. – Ele sorriu e me abraçou mais uma vez, ficamos um tempo assim conversando coisas aleatórias, até ouvirmos algumas batidas na porta e chamando-nos para o ensaio.




Capítulo V



Maio 2012
De fato o já era conhecido por toda escola e também em algumas escolas perto dali, os meninos estavam cada dia mais animados com a proporção que tudo estava tomando, mas eles queriam e mereciam mais. Então tive mais uma daquelas idéias doidas que ninguém sabia se daria certo, mas que se desse, seria bem importante para banda.
- Mano e se nós distribuirmos CDs para todos da escola? – falava empolgado.
- Vai dar a bundinha para conseguirmos dinheiro pra isso? – respondeu mau-humorado.
- Hey, eu sei que não te dei beijinho hoje, mas não precisa ficar com esse humor, vamos ali no banheiro rapidinho. – provocou.
- Dude não estressa.
- Qual é cara, o que ta rolando? – interveio.
- Qual menina não te quis? – se aproximou.
- Acho que ele ta de TPM. – provocou.
- Tu vai ver minha TPM. – levantou.
- Hey, não quero ver teu pinto! – Exclamei fazendo todos rirem.
- Olha que loucura, vai ter show do Backstreet Boys daqui quatro meses e estão fazendo fila pra comprar ingresso. – disse fuçando no computador.
- Isso é perfeito! – Exclamei.
- Quer ir no show ? – perguntou sentando ao meu lado.
- Até quero, mas o perfeito foi a ideia que tive. – Sorri convencida.
- Qual ideia? – Todos perguntaram.
Como Bsb havia confirmado show em Montreal e era a banda de maior sucesso na época, uma legião de fãs estava na fila para garantir a compra dos ingressos, mesmo faltando dois dias para abertura oficial das vendas eram esperados aproximadamente 30 mil pessoas, lotando uma arena de Hockey em Montreal e seria o sonho de qualquer banda abrir aquele show. Seria uma oportunidade única e com toda certeza tentaríamos o impossível para isso acontecer. Foi então que surgiu a idéia de distribuir flyers com os principais contatos da banda e uma mensagem pedindo para que eles fossem escolhidos como banda de abertura daquele show. Fizemos mais de mil flyers, madrugamos e começamos a conversar com as pessoas na fila, pedindo para que na hora que comprassem o ingresso, deixassem o flyer com o responsável no caixa. Para nossa surpresa, ninguém jogou os flyers no chão, lixo ou algo assim, todos sem exceção entregavam e vários reforçavam o pedindo, se dizendo fãs da banda, mesmo sem conhecer uma música sequer.
Foram dois dias sem dormir, conversando e pedindo ajuda para quem estava fila. De todos o mais envergonhado com aquilo era , ele sempre foi um pouco tímido, e não queria pedir ajuda para outras pessoas, foi preciso um pouco de diálogo e persuasão para ele aceitar o plano maluco, mas no final, conseguimos!
Com o grande número de flyers que foi dado para os organizadores do evento, um deles entrou em contato falando que gostaria de ver ao vivo. No mesmo dia, horas antes, a parte de mixagem do EP ficou pronta e tivemos em mãos as primeiras cópias do sonho que se tornava cada dia mais real.
- Nós podemos marcar algo naquele PUB que toca bastante banda alternativa. – disse, tentando dar alguma solução para o problema “onde vamos marcar com o produtor”.
- Será? As bandas que tocam lá tem nome, e... – começou com o pessimismo.
- E o está ficando cada dia mais conhecido, vai dar certo. – Interrompi falando.
- Tampinha, você é nossa fã número 1, nós só estamos conhecidos na escola. Queria ter teu otimismo, mas é difícil. – respondeu.
- O que custa tentar? – Perguntei.
- Não custa nada. Esse horário eles já estão abrindo, são 18 horas, você vai comigo ? – disse se levantando.
- Claro! – Falei ficando ao seu lado.
- Vamos todos? – perguntou ainda um pouco intrigado.
- Não, acho melhor o e a irem, porque a capacidade de persuasão dos dois é maior, e gente demais pode atrapalhar. – justificou.
- Bom, então vamos nós dois, porque eu sou a produtora agora! – Falei convencida, arrancando um sorriso tímido deles. – Fiquem calmos, por favor. Vai dar tudo certo.
- Isso pequena, pensamento positivo. – disse dando um beijo em minha testa.
- Sempre! – Eu sorri e dei a mão para .
Ele era o mais velho entre os meninos, e o único que tinha um carro próprio. Elliot pegava o do pai, já que ele passava mais tempo viajando entre as empresas que administrava do que em casa, e os outros meninos geralmente ficavam de carona.
- Caralho, eu to tremendo. – disse assim que entrou no carro.
- Acho que vou por o cinto de segurança. – Brinquei o acompanhando com o olhar.
- Você acha mesmo que pode dar certo?
- Tenho certeza! Sabe o Lohan, aquele do time de xadrez?
- O que tem ele? Ele tentou te beijar ou segue só beijando o chão que você pisa? Aquele garoto é um babaca, eu não quero você ficando com ele . – Falou de uma só vez, atropelando as palavras.
- Hey, calma! Respira e me deixa falar. – Falei rindo e com esperança daquilo ser mais que um ciúme de irmão.
- Hum, fala.
- Então, ele trabalha lá e comentou que todas as quintas, o dono da espaço para bandas novas se apresentarem, não é um dia de muito movimento, mas é melhor que nada...
- Sério? – Ele me olhou e conseguir sentir um pouco de esperança em seu olhar. Por que você não falou isso antes?
- Porque ele me contou hoje, nós fizemos um trabalho em dupla e acabamos conversando.
- Hum, só conversaram?
- Sim , só conversamos. – Disse pausadamente. – Ó chegamos, depois você continua com esse ciúme ai.
- Primeiro: eu não estou com ciúmes. Segundo: é vamos lá. – Ele falou saindo do carro e me acompanhando para dentro do pub.
A conversa não demorou mais que dez minutos e já estavam agendados para tocar na próxima quinta-feira. Por sorte isso seria daqui 6 dias, e era esse o tempo que os meninos tinham para se prepararem, entrarem em contato com o produtor que estava fazendo o show do BSB e tentar chamar uma galera para lotar o PUB.
Quando contamos que havíamos conseguido, foi uma verdadeira festa e depois sessão de dor de barriga. Pobre banheiro. Após o piriri, passaram o final de semana ensaiando enquanto eu tentava fazer alguns trabalhos meus e dos cinco que definitivamente só tinham talento para música. Na segunda-feira trataram de avisar boa parte da escola. Os nerds ficaram por minha conta, as garotas e , o time de futebol compareceria em apoio ao capitão , e também ao . E a equipe de basquete iria para apoiar seu principal armador: .
Sentia calafrios toda vez que encarava o palco e a grande quantidade de pessoas que lotavam o pub durante uma quinta-feira. O dono do lugar parecia bastante contente com isso, a ponto de preparar alguns agrados para os meninos, colocando bebidas e doces no camarim. Eles andavam de um lado para o outro, não conseguia julgar quem estava mais nervoso, tinha vontade de abraçar todos e falar que tudo ficaria bem, mas talvez estivesse tão nervosa quanto eles, e minha voz dificilmente sairia.
Chegou o grande momento, ás cortinas abriram e eles deram inicio a primeira música, acompanhando do lado do palco meus olhos tentavam encontrar o tal produtor, mas haviam tantas pessoas por ali, tantos jovens, que qualquer um com mais de 20 anos me parecia “suspeito”. Baixinho rezava para tudo dar certo, para que aquela fosse á melhor apresentação deles e que aquele cara visse isso, aprovando meus garotos como banda de abertura.
O show realmente foi um sucesso, eles voltaram para o camarim completamente suados e com um sorriso lindo no rosto.
- Sai , você está suado! – Reclamei assim que senti me abraçar.
- Para de ser fresca! - falou rindo e abraçou também.
- Hey, também quero. – Foi a vez de se juntar a turma.
- Não sem mim. – respondeu se juntando ao grupo.
- Que isso? – perguntou rindo.
- Ela não quer se molhar com nosso suor. – justificou.
- Que dó. – Ele respondeu rindo e se juntou aos garotos, pulando e comemorando que tudo tinha dado certo. Por algum momento esqueceram que não era apenas um show e que estavam sendo avaliados, mas esse momento durou muito pouco.
- Hey, licença , posso falar com você? – Lohan disse entrando no camarim.
- Claro! – Respondi e o acompanhei.
- Então, aquele cara disse que precisa falar com os meninos, achei melhor te chamar. – Lohan justificou, tentei responder algo, mas logo o cara se aproximou.
- Tudo bem? Eu entrei em contato com a banda depois de vários fãs deixarem flyers pedindo eles como abertura do BSB.
- Ah, claro! Eles, eu, só um momento, você pode vir comigo? Eles estão no camarim e... – Falei nervosa, tentando não atropelar as palavras, logo encontrei os olhos de nos encarando.
- Ali está! – O produtor falou e foi até , logo estávamos todos dentro do camarim, apreensivos com a resposta que viria a seguir. Encarávamos uns aos outros até que o silêncio foi interrompido pelo produtor.
- Olha, eu costumo ser bem objetivo, não gosto de ficar enrolando sabe, tive várias reuniões hoje, então cheguei acho que no meio do show, mas não pude deixar de notar aqueles jovens cantando todas as músicas e foi fantástico! A sonoridade é incrível, nós não estávamos pensando em por mais alguma banda de abertura, mas com certeza vocês merecem esse espaço e sim, nossa resposta para vocês não poderia ser outra: se preparem, pois no começo de setembro, o é uma das bandas convidadas como abertura de um show que já tem mais de 20 mil ingressos vendidos.

Capítulo VI



Maio 2012
Aquela notícia espalhou-se de uma maneira absurda, todos naquela escola sabiam quem eram os meninos, cantarolavam suas músicas e compravam o EP recém lançado de forma bem independente. Ser amigo dos garotos era sinônimo de popularidade e todas as meninas, sem exceção, queriam pelo menos um tempo com cada um deles. Fora da escola as coisas não mudavam, eram sempre os cinco enfurnados naquela garagem com planos para dominar o mundo. Sempre que saiam todos juntos, eu ainda fazia companhia, mas na escola as coisas andavam diferentes e também ultimamente os ensaios não iam até muito tarde, porque algum deles tinha um encontro com alguma garota.
que antes já era popular por ser o capitão do time de futebol, agora conquistava o primeiro lugar no quesito “meninos importantes da escola”, e ele sabia aproveitar aquilo muito bem, cada dia com uma garota diferente e insuportável. Eles tentavam me inserir naquele novo mundo, mas nenhum garoto podia olhar para mim, e todos os garotos puxa-sacos da escola respeitavam aquela ordem. Me sentia um “bicho da goiaba”, sempre com os populares, mas sem qualquer assunto. Quando estava próxima aquelas meninas não sentia vontade de abrir a boca, passava os intervalos calada e só ia para o encontro deles porque todos os dias um ia me encontrar no lugar de sempre para então nos juntarmos com a turma. Até que em um daqueles dias ninguém apareceu. Sabia que seria o dia de , mas com tantas ocupações imaginei que algum dia acabaria esquecendo, me senti grata por isso, não precisaria inventar desculpas e poderia almoçar em paz. Pois mesmo estando com os garotos, a turma deles agora era muito maior e me sentia sozinha em meio a muitas pessoas.
Almocei sozinha e segui minha rotina até o final da aula, estava conversando com Lohan quando avistei os garotos, me despedi do meu talvez único amigo e fui até eles.
- Hey! Onde você estava? – Senti segurar o meu braço fazendo olhá-lo. Estávamos na saída da escola, como todos moravam muito perto, geralmente íamos e voltávamos juntos no carro de .
- Na escola? – Respondi sem entender aquela pergunta.
- Eu sei né, mas na hora do intervalo eu não te vi.
- Eu esperei no lugar de sempre, ninguém apareceu, então peguei meu almoço e fui para o jardim. – Disse demonstrando indiferença.
- Caralho, era a vez do esperar! Por que você não esperou a ? Aliás, achei que vocês tinham passado o intervalo juntos, porque você também não apareceu na nossa mesa.
- Desculpa, esqueci. – Foi tudo que ele respondeu entrando no carro.
- Esqueceu? Ela ficou sozinha. – Foi à vez de falar, parecendo um tanto irritado.
- Eu tava com a Hillary ta legal? A gente já ficou várias vezes, mas hoje ela queria algo a mais, então...
- Eu não acredito! Você comeu a Hillary, aquela gostosa! – exclamou se ajeitando no banco de carona.
- No exato lugar que você está sentado agora. – respondeu convencido.
Depois de ouvir vários gritos em sinal de comemoração pelo feito de e segurar o choro, pareceu voltar para realidade.
- Da próxima vez pelo menos avisa ela, passar o intervalo sozinho é ruim. – Ele falou me encarando, provavelmente notando que estava triste.
- Desculpa . – disse. – Mas eu não podia perder a oportunidade, e também você poderia ter ido até a mesa dos garotos, não é preciso pensar muito pra saber onde nós sempre estamos agora.
- Tudo bem. – Respondi encarando a janela.
- Além do que, você tem que fazer novos amigos né, ano que vem nós não estaremos aqui, seria bom você sair com pessoas da tua idade. Você anda com os populares e tal, mas não é como aquelas garotas, devia arranjar alguma amiga nerd, sei lá.
- Hey, a é nossa irmã, tem que andar conosco. – disse.
- Eu sei, todo mundo gosta dela, mas ela é mais nova, pega mal nós deixarmos de ficar com alguma garota pra ir buscar a no ponto de encontro. – continuou.
- Só se for pra você. – disse parecendo brabo.
- Tá tudo bem! Já passou e vamos logo que eu estou com fome. – Disse cortando o assunto. Óbvio que não estava tudo bem.
Assim que o carro encostou em frente a casa de desci e fui direto para o meu quarto, agradeci a Deus por ter um quarto, um lugar meu onde poderia chorar sem que ninguém visse. Tranquei a porta e me atirei na cama sentindo ás lágrimas saírem. Não conseguia explicar o que estava sentindo naquele momento, era uma dor enorme, a dor da rejeição, de estar perdendo tudo que sempre sonhei, de ver o cara que me fazia sentir as tais borboletas no estômago, quebrar meu coração provocando uma dor quase que insuportável e decidi que não escutaria mais nada vindo dele, se eu o atrapalhava, seria melhor me afastar, até porque ele nunca me olharia de maneira diferente.
Durante aquele dia não sai do quarto, falei para minha tia que estava com cólica e ela pareceu acreditar, permitindo que jantasse lá e não no meio dos garotos como sempre fazíamos. No outro dia dei uma desculpa qualquer e fui mais cedo para escola, também inventei que teria algumas coisas para fazer e chegaria mais tarde. Usei as mesmas desculpas nos outros dias, sendo perceptível meu afastamento. Inventei pro que passaria o intervalo com uma amiga, ele pareceu acreditar, nunca foi muito detalhista e se mostrou feliz em ver que eu realmente estava fazendo amizades. Mas na verdade passava o intervalo escorada em alguma árvore no jardim 2, que era um lugar mais freqüentado pelos nerds e poucas pessoas do convívio dos meninos andavam por lá. Eu conhecia aquele sentimento, era a dor da perda, já havia passado por aquilo duas vezes. Quando meu pai faleceu e quando minha mãe se casou, agora novamente me sentia sozinha. Os meninos me tratavam igual, nunca foram muito observadores e com certeza havia dito que estava com amizades femininas agora.
Escutava alguma música no volume máximo e com os olhos fechados sentia apenas um vento leve tocar meu rosto. Por ser um lugar mais afastado dentro da escola, conseguia sentir uma certa calma ali, além de estar próxima á natureza e tudo que mais amo. Senti alguém sentar-se ao meu lado e imediatamente abri os olhos, me sentando e encarando-o.
- O que você está fazendo aqui? – Foi ele quem falou primeiro.
- Nada, eu só... – Tentei formular uma frase.
- Você mentiu. – Ele disse me encarando.
- Do que você está falando ? – Perguntei sem entender.
- Não existe amiga nenhuma, não existe trabalho nenhum, não existe porra de curso depois da aula, você mentiu ! – Ele falou parecendo irritado.
- Eu quero ficar sozinha.
- Por quê?
- Porque eu quero ficar sozinha.
- Você está magoada comigo desde aquele dia?
- Não , você estava certo e eu não fiquei magoada, eu só... Quero ficar sozinha. – Disse limpando uma lágrima que insistia em cair.
- , não chora, por favor! Eu não quis te magoar, só estava um pouco deslumbrado com tudo, sabe, eu, os garotos, poxa tem muita novidade acontecendo e.
- E na vida de vocês não existe mais espaço para uma criança como eu. – Interrompi-o.
- Claro que não, você não é uma criança, você só.
- , vocês estão no último ano, tem todas as meninas nos pés, todos os garotos querem ser como vocês, são os exemplos da escola, a diretora e todos os professores só sabem elogiar o , ano que vem estarão em uma turnê e eu? Sou só a garota que está no penúltimo ano da escola, mora com a tia porque nem a mãe quis ter convivência e não agrega em nada na vida de vocês.
- Isso não é verdade , você é muito importante pra mim, pra nós! Eu errei ta bom, errei de querer ir dar uns beijos na Hillary e ter esquecido, errei mais ainda pelas coisas que eu disse, mas por favor, nunca dúvida da tua importância na nossa vida, porque você é a garota mais especial que eu conheço e não quero perder nunca tua amizade.
- Beijar é tão bom assim? – Falei com um pouco de raiva. – Vocês não ficaram só nos beijos, mas né.
- Você nunca beijou? – Ele perguntou incrédulo.
- Não, por quê? – O encarei.
- Eu pensei que você e o Lohan, bem vocês...
- Por favor né , o Lohan é só um... – Ia justificando, então senti seus lábios encontrarem os meus, fechei os olhos e deixei que ele conduzisse, logo meus lábios foram abertos dando espaço para . Ele me beijava com calma e ao mesmo tempo desejo, suas mãos deslizavam pelas minhas costas, me puxando para mais próximo dele, assim que acabamos com qualquer distância entre nós, concluiu o beijo me dando um selinho e iniciando outro em seguida.
Nós não voltamos para sala de aula durante aquela tarde, também não falamos muitas coisas, deixamos apenas nossos corpos falarem, darem voz aos sentimentos que ambos escondiam dentro de si.

Capítulo VII


Junho 2012

Olhar para e não ter vontade de beijá-lo era praticamente impossível. Nunca havia beijado antes dele, mesmo já tento 16 anos, não ligava muito para meus colegas de turma, quando morava em Toronto, achava todos crianças demais. E não me sentia bonita o suficiente para que qualquer um pudesse me olhar, pensava que qualquer garoto seria impossível pra mim, também tinha medo de fazer tudo errado, então por insegurança nunca deixei nenhum menino se aproximar, até ele aparecer e fazer com que o desejo fosse maior que o medo. Mesmo sem experiência com outros meninos, sabia que o beijo de era especial, porque não era apenas um beijo pra mim e sim um sonho, desejo impossível que havia se tornado realidade.
Depois daquela conversa, nós voltamos ao normal, passava os intervalos com eles, assim como íamos e voltávamos da escola, eu acompanhava os ensaios da banda e sempre que ficávamos sozinhos trocávamos alguns beijos e mãos em lugares impróprios. Não assumimos nada, ele seguia ficando com outras garotas, mas nunca na minha frente, acabava sabendo quando ouvia a conversa dos garotos e aos poucos todos perceberam que ele não queria contar, não enquanto eu estivesse por perto.
Até que o baile se aproximou, chamou a capitã das lideres de torcida para ser seu par, nada mais clichê. O capitão do time de futebol, a capitã das lideres e um bando de baba ovo filho da puta achando lindo. Eu podia ser filha da puta, mas baba ovo com certeza não era, minha vontade era socar a cara dele, mandar ir se fuder, alias, fuder ela e pegar uma bela doença. Durante aquele dia eu não chorei, só senti raiva. Fui em direção ao estacionamento conversando com Lohan, ele também estava no último ano, mas fazíamos algumas matérias alternativas juntos.

- Vamos ? – chamou ficando mais próximo de onde eu estava.
- Eu vou com o Lohan hoje. – Menti, estávamos apenas conversando e ele não tinha me convidado para ir á lugar algum.
- Por quê? – Ele perguntou parecendo surpreso e ignorando a presença do garoto.
- Porque eu tenho folga e convidei a para ir no cinema comigo, algum problema? – Lohan perguntou sem que eu conseguisse falar algo.
- Não, tudo bem. Se divirta. – Ele respondeu um pouco irritado e voltou para o carro onde os garotos o esperavam.
- Hey, eu. Desculpa. – Virei falando com Lohan.
- Pelo que ?
- Ter mentido que iria com você, eu só não estava afim de ir com os garotos hoje.
- Ah, tudo bem, eu também menti... Não cheguei a te convidar para ir ao cinema e disse que você havia aceitado o convite. – Ele sorriu.
- Você só me ajudou. – Sorri. – Obrigado. – Falei dando um beijo em seu rosto.
- Hey, vamos? – Ele disse abrindo a porta do carro.
- Onde? – Perguntei sem entender.
- Ué, no cinema, assim nenhum dos dois vai ser um mentiroso. – Ele piscou me fazendo rir.
- Hum, ok. – Sorri e o acompanhei.
Era óbvio que em nenhum momento a intenção dele seria ver o filme, acabamos conversando um pouco até que Lohan me roubou um beijo, em seguida outro e assim aproveitamos a sessão entre beijos e risos. Saí da sala de cinema me sentindo vingada, mas ao mesmo tempo sabendo que não seria certo ter algo com Lohan desejando outra pessoa o tempo todo, mas eu só tinha 16 e achei melhor deixar rolar, sentir que alguém gostava de você era muito bom e pela primeira vez alguém fazia isso sem se importar com as pessoas envolta.
- Queria te fazer um convite. – Ele disse assim que estacionou em frente à casa de meus tios.
- Hum, pode fazer. – Falei um pouco curiosa.
- Você já tem companhia pro baile?
- Não, eu...
- Então aceita ir comigo? – Me interrompeu falando.
- Não estava esperando ir ao baile, mas é claro que aceito, você com certeza vai ser uma ótima companhia. – Falei sorrindo e deixando que Lohan me beijasse mais uma vez.

Entrei em casa e ouvi o barulho dos meninos na garagem, foi até a sala perguntou por que eu havia demorado tanto, então justifiquei que tinha ido ao cinema e minha tia mandou ele parar de implicar. Acabei apenas acenando para os meninos e subi até meu quarto, tinha alguns deveres para fazer e queria pensar em tudo que havia acontecido na última tarde.
- Licença? – disse após dar duas batidas leves na porta.
- Pode entrar. – Respondi encarando o computador.
- O que você está fazendo? – Perguntou sentando-se ao meu lado.
- Lendo. – Falei ainda sem encará-lo.
- Hum. Posso te fazer uma pergunta?
- Você já esta fazendo.
- É, eu estou... Mas queria saber se você saiu com o Lohan só pra me fazer ciúmes.
- Não, claro que não, eu saí com ele porque ele é legal, me faz bem.
- E eu não faço?
- Faz, mas não é comigo que você quer estar, eu tenho que estar com quem quer ficar perto de mim.
- Alguma vez eu disse que não queria ficar perto de você?
- Demonstra praticamente todos os dias. – Falei ainda sem encará-lo.
- Isso tudo é por eu não ter te chamado para o baile? – Perguntou parecendo brabo.
- Não, eu não preciso de você parar ir ao baile.
- Só entra os convidados dos formandos lá, sabe disso não?
- Sim e eu sou convidada.
- De quem? – Perguntou curioso.
- Do Lohan. – Respondi o encarando.
- Você sabe que esses garotos convidam pro baile quem eles querem transar, né?
- Então você quer transar com a aquela lá?
- Sabia que você estava com ciúmes. – Sorriu convencido.
- Eu não estou com ciúmes , apenas te fiz uma pergunta. – Virei o encarando.
- Óbvio que está e é obvio que eu quero transar com ela, todos os garotos querem. – Respondeu como se fosse óbvio.
- E o Lohan quer transar comigo. – Falei o encarando.
- Eu vou matar aquele desgraçado! O que ele disse pra ti?
- Nada, só me convidou pro baile, mas se for seguir a tua lógica, melhor eu comprar uma lingerie bonita.
- Você não vai comprar porra nenhuma e não vai nessa merda! Você é minha e aquele garoto não vai chegar perto de ti. – Falou com raiva me encarando.
- Eu não sou tua, você fica com todas as garotas da escola, acabou de confirmar que quer transar com a Hillary, e acha que tem direito de opinar em relação a algo na minha vida?
- Desculpa! Que droga! Desculpa, mas, por favor , não vai nesse baile, não transa com esse garoto.
- Por que eu faria o que você me pede?
- Por que eu me preocupo com você e até pouco tempo atrás, nem beijar na boca você tinha beijado, primeira vez deveria ser algo especial.
- Deveria ser com você?
- O que? – Ele disse levantando da cama, sentando no segundo seguinte, demonstrando um certo desconforto.
- Minha primeira vez, seria perfeita se fosse com você. - Falei o encarando.
- É você quem está dizendo isso. – Ele sorriu safado.
- Mas você não está negando.
- Eu nunca negaria, é claro que gostaria de ser o garoto da sua primeira vez.
- Então não vai com ela, ou... Me leva no baile com você.
- Eu não posso pequena. – Ele disse me roubando um selinho.
- Por quê?
- Porque eu já convidei e ela aceitou.
- Todos os garotos querem ir com ela, só você desconvidar. – Falei como se fosse óbvio.
- Todos os garotos querem, mas ela me escolheu, eu não posso deixar de ir com ela, para ir com você.
- Você tem vergonha de mim?
- Claro que não.
- Então você pode ir comigo e não com ela.
- Eu já expliquei que não tem como.
- Porque você não quer deixar de ir com o par perfeito, a líder de torcida mais popular, para ir com uma sem graça do segundo ano.
- Você não é sem graça, mas nas outras conclusões talvez esteja certa. – Ele disse sem parecer se importar muito.
- Você não tem sentimentos .
- Que sentimentos?
- Sentimentos , se importar, notar quando uma palavra fere a outra pessoa. Você não liga, eu sou só a garotinha que você da uns beijos escondido, porque não teria coragem de beijar na frente da escola, sou só a menininha que não sabe falar não para ti e aceita te esperar enquanto você está com outras garotas.
- Não é assim , mas o me mataria, você sabe, a gente não pode assumir nada por enquanto, e eu não posso parar de pegar todas, ele iria desconfiar.
- , eu posso ser mais nova que você, mas não nasci ontem, sinceramente? Eu vou nessa merda de baile com o Lohan sim, nós ficamos hoje e o beijo dele é melhor que o teu!
- Você fez o que? Você beijou ele? – Ele gaguejava.
- Beijei, e foi muito bom, senti até aquelas borboletas no estomago. Ele é muito melhor que você! – Menti.
- Você só pode estar de brincadeira! – Ele disse se aproximando mais.
- Não estou. – Cruzei os braços o encarando.
- Seu ciúmes só atinge a você mesma, porque eu não sinto nada de te ver com outra pessoa, então não precisa ficar com o Lohan pra fazer ciúmes, você é só mais uma que eu dou uns beijos e ainda não tem tanta graça, porque o principal você não faz. Se acha ele melhor que eu beleza, fica com ele, transa com ele, faz o que bem entender, existem várias melhores do que você também. – Ele falou e em seguida saiu do quarto, me deixando sozinha com meus pensamentos, tentando assimilar tudo que havia acabado de ouvir.



Capítulo VIII



Baile dos Formandos – Julho 2012

Meu coração estava quebrado, nunca imaginei que escutaria algo assim de , ele conseguiu me ferir de um jeito dolorido, que o tempo não parecia curar. Não conseguia encará-lo sem sentir vontade de chorar e jurei para mim mesma que nunca mais deixaria alguém fazer o que fez comigo, ele me tratou como um nada e agora estava disposta a agir da mesma maneira. Parei de andar com os meninos e me aproximei ainda mais de Lohan, sentia um pouco de ciúmes, e também conversaram algumas vezes, perguntando se estava tudo bem, jamais contaria para eles o que realmente tinha acontecido, então respondi que sim, mas que gostaria de ficar um pouco com Lohan, afinal estávamos nos conhecendo melhor.
E realmente estávamos nos conhecendo, ele era um garoto incrível e me respeitava. Nunca forçava nada, segundo ele, tínhamos todo tempo do mundo e ele se contentava em por enquanto ganhar apenas beijos meus. Eu era bobinha, achava que ele seria meu “príncipe encantado”, nossa relação poderia ser perfeita se não fossem ás ditas borboletas que nunca apareciam no meu estomago enquanto o beijava. Era estranho, mas não sentia absolutamente nada, beijava porque estávamos ficando e achava que isso seria tipo uma obrigação minha, mas não sentia vontade e se não fosse por Lohan, nós poderíamos ficar horas sem trocar qualquer contato físico.
Depois de duas semanas, recebeu algumas cartas de faculdades na qual havia se inscrito, ele e os meninos decidiram estudar música e todos fariam o curso na mesma universidade. Durante a manhã fomos até a cerimônia de formatura, ficou responsável pelo discurso, nunca imaginei que aquela torneirinha de asneiras conseguiria emocionar tanto com as palavras, mais tarde descobri que ele teve ajuda dos meninos e até mesmo de tia Bethy.
- Parabéns priminho. – Falei abraçando após a entrega dos canudos.
- Valeu maninha, ano que vem é você. – Sorriu bagunçando meu cabelo.
- Espero que passe rápido. – Disse ainda abraçada nele.
- E ae tampinha! Nos trocou pelo Lohan, mas tudo bem, eu te perdôo se me der um abraço e falar que eu sou mais gostoso. – disse já me abraçando.
- Você é muito mais gostoso. – Ri beijando sua bochecha.
- Falei bonito ? Pode falar, sou foda, diz ai, confesse. – chegou praticamente me intimando.
- Nunca imaginei que você falaria tão bem, parabéns! – Falei indo abraçá-lo.
- Hey, não esquece de mim. – me abraçou por trás sorrindo.
encarava toda comemoração calado, então se aproximou. Não queria ter que me aproximar, mas também não queria levantar suspeitas, desvencilhei de e , indo até ele.
- Parabéns , foi uma formatura muito bonita. – Falei sentindo seus braços me envolverem.
- Obrigado. – Ele falou baixinho, como se tivesse vergonha de algo. – Obrigado por tudo viu. – Falou me encarando, apenas concordei com a cabeça e me afastei.
- Vou falar com o Lohan. – Disse voltando a atenção de e em seguida fui até meu amigo colorido .
Combinamos que ele passaria para me buscar ás 22horas, mesmo horário que os meninos sairiam, queria que eu e Lohan fossemos junto com ele, que agora havia ganho um carro de meu tio e só sabia ficar dentro daquele negócio de quatro rodas, mas Lohan também havia ganho um como prêmio por ser aceito na Universidade de Montreal. Ele estudaria em uma das melhores universidades do mundo e ficaria perto, estava feliz com sua conquista e de saber que não ficaria longe dele.

Xxx

- Você está linda. – Tia Bethy disse assim que desci as escadas.
- É meu primeiro baile, será que ele vai gostar? – Perguntei para ela, um pouco tímida.
- Se ele não te achar a mais perfeita de lá, eu dou uns murros na cara dele. – disse entrando na sala. – Você está linda . –Disse me fazendo dar uma volta.
- Para! Eu estou com vergonha! – Falei tentando me esquivar do primo doido que tenho.
- Qualquer coisa me liga que eu te busco, toma cuidado, não quero que chegue em casa muito tarde ta? - Tio George me encheu de recomendações, enquanto que para o filho disse apenas para não beber muito e aproveitar.
Assim que saiu para buscar a sua companhia, Lohan chegou. Me despedi dos meus tios e fui com ele até o carro.
- Você está linda! – Ele disse me dando um longo selinho em seguida. – E seu tio está espiando na porta... Então melhor irmos. – Sorriu divertido, me fazendo rir também.
- Está bem. – Sorri o encarando.
- Sabe, queria entrar na festa de um jeito diferente, sendo mais do que nós somos. – Ele respondeu assim que estacionou o carro em frente a festa.
- Como assim?
- Ah , você entendeu... Quero falar pra todos que você é minha namorada. O que acha?
- Acho que eu vou amar ser sua namorada. – Sorri lhe beijando.

Com o tema em tons de azul, a decoração do ambiente refletia calma, logo na entrada éramos recepcionados por dois ambientes com sofás e pufs bem aconchegantes. Assim que entramos a música já contagiava as pessoas lá dentro, praticamente todos os alunos daquela escola já estavam ali. O se apresentaria em alguns minutos e quis correr para desejar boa sorte, mas o título de garota deles já não me pertencia, então fui junto de Lohan até o bar pegar algumas bebidas e tentar esquecer meu problema, que minutos depois já estava em cima do palco arrancando suspiros de várias meninas ali presentes.

- Você tem sorte. – Ouvi uma das amigas de Hillary falar para ela.
- É, ele é lindo.
- Lindo? Ele é o cara mais bonito da escola, olha vai ser difícil achar um substituto no próximo trimestre.
- Concordo. – A loira respondeu entre risos. - Não vejo á hora de sair daqui e ficarmos sozinhos.
- Hum, vai ser foda. – Amiguinha puxa-saco respondeu.
- Literalmente. – Foi a vez da loira falar e em seguida as duas deram gargalhadas altas.

Elas em nenhum momento prestaram atenção no show, mas assim que acabou correu até a loira que disse fingindo empolgação que havia amado.

- Toquei pensando em você. – Ele respondeu me encarando, como se quisesse que eu lesse seus lábios, infelizmente se era isso que o desgraçado queria, conseguiu.

Abracei Lohan e segui bebendo e dançando com ele, depois de um tempo os meninos se aproximaram, junto com suas garotas e ficamos todos juntos bebendo e dançando. No momento que se aproximou, virei de costas encarando minha “dupla”.
- Amor, vamos um pouco lá na rua? – Pedi querendo me afastar.
- Claro vida. – Ele respondeu me dando um selinho.
- Amor? – nos interrompeu.
- É, bem... Acho que já podemos assumir né? Eu e a estamos namorando. – Lohan respondeu com um pouco de medo.
- Namorando? Desde quando? – o cortou.
- Desde quando ele me pediu em namoro. – Respondi e então fui até . – Depois te conto tudo, ele pediu agora pouco.
- Ok, mas qualquer coisa você sabe que eu estou aqui. – respondeu um pouco embriagado, apenas concordei com a cabeça e sai com Lohan.
- Sabia que eu sempre gostei de você, quer dizer, desde o primeiro dia que te vi, senti que queria ser mais que teu amigo? – Lohan falando brincando com meus dedos, estávamos sentados em um dos bancos espalhados pelo jardim, encarando o céu estrelado.
- Não, mas gostei de saber disso. – Respondi ainda sem encará-lo.
- Eu quero que hoje seja um dia especial para você. – Ele falou beijando meu pescoço.
- Já esta sendo. – Sorri e lhe dei um beijo.
- Mas vai ficar ainda mais. – Ele sorriu malicioso e senti um frio correr pelo meu corpo.
- Você me pediu em namoro, agora eu tenho um namorado, não vou mais ficar pra titia. – Brinquei, tentando fugir do assunto inicial.
- Para , você é nova, nunca ficaria para titia.
- Não me chama de criança. – Falei séria, parecendo braba.
- O brabinha, eu não estou te chamando de criança, até porque não namoraria uma criança né. – Respondeu me fazendo cócegas.
O abracei rindo e ficamos conversando, até que ouvimos uma conversa vindo de perto de algumas árvores, com a escuridão não dava para saber quem era, mas logo reconheci a voz.
- Você vai me deixar louco de tesão. – disse parecendo gemer.
- É só o começo meu amor. – A loira respondeu.
- Melhor irmos pro carro.
- Não, assim proibido fica melhor. – Ela respondeu e em seguida o garoto soltou mais um gemido.
- Acho que o está transando com a Hillary atrás daquelas árvores. – Lohan falou baixinho, parecendo se divertir.
- Acho que eu não preciso ficar ouvindo o transar. – Respondi friamente.
- Vamos para outro lugar? – Ele disse levantando e me pegando pela mão. Concordei com a cabeça e o segui até seu carro.
- Onde nós estamos indo? Perguntei assim que notei o caminho inverso a minha casa, ou até mesmo a dele, já que morávamos próximos.
- Reservei um lugar para gente essa noite.
- Eu não quero transar Lohan. – Fui direta.
- Calma, a gente não precisa transar, só quero ficar com você sem ninguém por perto.
- Mas... Melhor me levar pra casa, já são 3 horas da manhã, meu tio pediu para que voltasse cedo.
- , é seu primeiro baile, cedo seria antes do meio dia. – Sorriu divertido. – E eu nunca avançaria o sinal, você sabe. Alguma vez fiz algo que você não queria?
- Não, claro que não. Vamos. – Concordei observando as ruas vazias.
- Ok. – Ele sorriu e colocou a mão em cima da minha coxa, acariciando.
- Se comporta. – Pedi e segurei sua mão. Depositando um beijo em sua bochecha. Ele apenas sorriu e seguiu com o carro.
- Chegamos. – Ele apontou para um motel conhecido, vários carros de formandos estavam ali, provavelmente pelo mesmo motivo, entre a fila de carros reconheci o Toyota SW4 Preto. Eles entraram um pouco antes de nós, mais dois carros estavam em nossa frente e minha vontade foi correr.
- Hey, eu reservei um dos melhores quartos, tem comida, chocolate... Você não precisa se preocupar, não vamos fazer nada. – Lohan chamou minha atenção, talvez lendo meus pensamentos.
Apenas concordei com a cabeça e segui com ele.
Era um lugar amplo, todos os quartos tinham uma garagem reservada e mantinham descrição. Eram divididos por setores, provavelmente cada cor indicava a qualidade do quarto. Divididos nas cores verde, amarelo, azul, vermelho e roxo.
Os quartos de cor roxa, eram os maiores e foi em um deles que Lohan estacionou seu carro, passamos por um pequeno corredor que interligava a garagem exclusiva ao quarto entramos no cômodo.
Era grande e espaçoso. Tinha uma cama king size enorme, coberta por almofadas vermelhas. Por todo quarto havia pétalas de rosas espalhadas. Próximo a cama, pude observar um enorme espelho no teto, e uma pequena salinha, com pufs brancos e uma mesa de centro recheada de chocolate, fondue, frutas e bebidas. O quarto ainda tinha dois ambientes, uma banheira de hidromassagem, que era dividida por um vidro simples e o banheiro, com outra banheira.
Sentamos próximo ao fondue, Lohan pegou um pedaço de morango e passou no chocolate, me dando para comer.
- Isso é ótimo. – Respondi muito tímida, aquele ambiente seria perfeito para uma primeira vez, mas o menino que estava ali comigo, embora fosse muito especial, não me fazia sentir a vontade para dar um passo tão importante.
- É muito bom amor. – Ele falou pegando um pouco de vodka.
Seguimos conversando e rindo de coisas rotineiras enquanto bebíamos.
- Pega mais um pouco amor. – Lohan tentou me empurrar mais um copo de vodka.
- Não, obrigada, acho que estou um pouco tonta. – Respondi o observando.
- Isso é bom. – Ele disse me beijando e colocando as mãos em minha coxa.
Suas mãos começaram a explorar meu corpo, minha sensibilidade não estava muito boa, e só senti e me dei conta do que ele estava fazendo, quando sua mão guiou a minha até seu pênis.
-Lohan, não! – Falei o afastando imediatamente.
- Qual é , nós estamos namorando, namorados transam sabia? – Ele respondeu pegando minha mão e massageando seu membro com ela.
- Mas eu não quero. Para. – Pedi mais uma vez, afastando a mão.
- Você quer sim, claro que você quer. – Com uma mão ele segurou meus braços enquanto a outra explorava meu corpo.
- Lohan, por favor. – Pedi sentindo as lágrimas escorrerem.
- Shiu, você vai gostar. – Ele puxou meu vestido, rasgando uma parte, em seguida colocou minha calcinha para o lado, forçando seus dedos contra minha intimidade. Nesse momento senti o desespero tomar conta, me levantei, mesmo estando bastante tonta e o empurrei contra a mesa cheia de bebidas.
- Você está maluca? – Ele tentou levantar, mas como havia bebido bastante, parecia tonto. – Eu não paguei caro por isso aqui, para ficar sem sexo! Você é minha namorada , não pode fugir.
Foi à última coisa que ouvi antes de sair correndo dali.
Corri sem olhar para trás, comecei a andar em ruas paralelas, até achar um parque rodeado de árvores. Não sabia o que poderia acontecer se entrasse ali, mas talvez pudesse me esconder e esperar o dia clarear para assim conseguir me localizar e voltar para casa. Lembrei de então pensei em pedir socorro para ele, mas procurei por meu celular percebendo então que estava sem minha bolsa, havia deixado tudo no tal motel, até mesmo meus sapatos. Olhei envolta e não havia movimento de carros ou pessoas, mesmo estando naquelas condições me senti aliviada, não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. No final estava certo, eu nunca gostei de Lohan, ele era apenas uma distração com objetivo de tentar esquecê-lo ou até mesmo fazê-lo sentir ciúmes, aquilo não era certo e acabei pagando da pior maneira, vivendo mais um pesadelo.



Capítulo IX



Julho 2012

O dia já estava amanhecendo quando resolvi sair do meu esconderijo. Provavelmente Lohan já havia ido embora e esperava nunca mais vê-lo em minha frente. Ainda não sabia o que responderia para meus tios, tinha recebido a recomendação de chegar cedo em casa, ao contrário do que eles pediram, eram provavelmente 6 horas da manhã, meu vestido estava rasgado, minha maquiagem e cabelo não estavam em condições melhores, havia perdido minha bolsa com celular e meus sapatos.
Comecei a chorar, queria tanto ter meu pai comigo, queria poder ter seu colo naquele momento, ele seria o único homem a nunca me magoar? Talvez se hoje ainda estivesse com a gente, eu moraria com minha mãe, ainda seriamos uma família, moraríamos longe de Montreal, nunca teria conhecido , Lohan, as malditas lideres de torcida, e seguiria minha vida com poucos amigos, mas envolvida com sentimentos verdadeiros. Não queria ser ingrata ou algo do tipo, mas não conseguia pensar em nenhum bom momento que conseguisse apagar tudo que já havia me feito chorar depois que mudei para aquela cidade.
Ouvi um carro parar muito próximo, senti medo de olhar para o lado e encontrar com Lohan, então comecei a correr sem olhar para trás ou falar algo, apenas corri e senti as lágrimas cada vez mais intensas, até que duas mãos me seguraram com força e uma voz conhecida se fez presente.
- Calma! Eu estou aqui, vai ficar tudo bem, calma. Sou eu! – falou me segurando com força entre seus braços.
Parei de lutar contra ele, me virando e o abraçando forte sem falar nada, apenas chorando desesperadamente.
- Vai ficar tudo bem. – Ele repetiu me guiando até seu carro. Entramos e ele imediatamente pegou o celular.
- Por favor, não chama ninguém, não conta para nin... – Eu o interrompi, tentando fazê-lo largar o celular.
- Hey, calma. – Ele pediu mais uma vez e discou alguns números. – Oi tia, é o , eu to ligando para avisar que a está bem, nós viemos aqui pra casa depois do baile e acabamos dormindo, como ela ta dormindo tão bonitinha, estou com pena de acordá-la. – Ouvi ele falar ao telefone assim que minha tia atendeu. – Não, ela não bebeu. Claro que a gente se comportou. – Ele sorriu. – Ok, quando ela acordar eu a levo para casa. – É acho que só depois do meio dia, essa dorminhoca. – Sorriu mais uma vez falando com minha tia, por mais que eu tentasse, não conseguia ouvir a resposta dela. Ok, boa noite. – Falou por fim, encerrando a ligação. – Pronto, agora a gente não precisa se preocupar com horário. – Ele voltou sua atenção, segurando minha mão.
– Quer falar o que aconteceu?
- Acho que... – Tentei formular uma frase, mas senti as palavras falharem e então voltei a chorar.
- Eu vou matar aquele desgraçado. – Ele disse baixinho para si mesmo. – Vamos pra minha casa, você precisa de um banho. – Falou observando como eu estava. Apenas concordei com a cabeça e em silêncio fomos até sua casa.
- Ainda não conhecia aqui. – Disse assim que entrei no apartamento de , que ganhou um flat de presente de formatura, filho único, mimos assim não eram novidades na vida dele.
- É legal, os dudes só não trocam a garagem do , porque aqui não podemos fazer barulho. – Ele sorriu me guiando para dentro.
- Ó, pode tomar banho ali, vou pegar alguma camiseta minha para você vestir, acho que vai ficar parecendo um vestido. – Sorriu me entregando uma toalha. Fui até o banheiro e deixei a água escorrer, limpando não apenas o corpo, mas também as feridas que ninguém via, mas estariam presentes por um bom tempo.
Não sei quanto tempo se passou, sai do chuveiro e após me secar abri a porta percebendo que havia deixado uma camiseta e uma boxer branca, pra que eu vestisse. Peguei as peças voltando para o banheiro e vestindo-as, sai novamente encontrando atirado no sofá.
- Hey, vem cá. – Falou segurando minha mão e puxando para sentar ao seu lado.
- Obrigado. – Disse recebendo um abraço dele.
- Amigos são para essas coisas né? – Ele falou fofo.
- Você estava certo.
- Com o que ? – Perguntou preocupado.
- Tentando te machucar eu machucaria apenas eu mesma.
- Não pensa nisso agora. – Falou segurando forte minha mão.
- Não consigo parar de pensar nisso.
- Eu te machuquei muito, fui um idiota , isso também é culpa minha.
- Claro que não , você fez o que tinha vontade, eu não posso obrigar alguém a gostar de mim, mas não precisava fingir gostar de outra pessoa.
- Você não me obriga a gostar de ti, eu gosto, porque você é você. – Falou sem jeito.
- Você não gosta de mim .
- , eu amo você, mas sou meio idiota.
- Meio?
- Muito. – Ele sorriu. – Poxa, eu me deslumbrei e depois aquele lá te atacando, você disse que o beijo dele era melhor que o meu! Por favor né, ele é um geek chato. – Disse convencido.
- O beijo dele nunca vai ser melhor que o teu. Embora existam várias garotas melhores que...
- Hey! – Ele me interrompeu. – Eu estava com o ego ferido. – Confessou. – Mas você é única e muito melhor do que as garotas daquela escola.
- E você sabe disso porque pegou todas elas? – Olhei com raiva.
- Eu sei disso porque eu simplesmente sei, poxa, não vamos brigar. A escola acabou pra mim, aquelas garotas ficaram no passado e você é meu presente.
- Teu presente?
- E futuro. – Ele sorriu. – Por favor, me perdoa.
- Acho que eu já te perdoei. – Confessei o abraçando.
- Garota, você me deixa maluco. – Ele sorriu e me beijou.
Seus beijos foram ficando mais intensos, sentia suas mãos explorarem meu corpo e uma excitação diferente. Tateei seu corpo puxando sua camiseta para cima, logo retirou deixando a mostra seu peitoral. Eu amo você. – Falei entre os beijos.
- Você é minha! - Ele disse explorando meu pescoço com sua boca, dando leves mordidas. Suas mãos já estavam por dentro da camiseta que eu vestia e logo senti uma delas tocar meu seio. – Você vai me deixar louco. – Ele disse enquanto eu dava leves mordidas e beijos eu seu pescoço, alisando suas costas.
- Você me deixa doida todos os dias. – Ri divertida lhe dando mais um beijo.
- , eu... Melhor a gente parar. – Ele falou saindo de cima de mim.
- Por que parar se eu quero você? – Respondi o puxando de volta.
- Você e o, aquele lá, fizeram algo? – Ele perguntou curioso.
- Não e eu não quero falar dele, pelo menos não agora. – Respondi recebendo alguns beijos pelo pescoço. Fechei os olhos, sentido sua respiração já ofegante e seu corpo colar ainda mais no meu.
Suas mãos eram ágeis e logo ele se livrou tanto da minha camiseta, quanto da bermuda que vestia, começando a beijar meu corpo até chegar nos seios, explorando cada detalhe dos mesmos. Sentia meu corpo vibrar e pedir por ele, me arrepiava a cada segundo e soltei um gemido baixo, assim que sua mão tocou minha intimidade, em cima da cueca que estava usando. – Você fica linda até vestindo uma cueca minha! – Ele riu divertido. – Mas vamos nos livrar disso. – Falou dando um leve chupão no meio seio e em seguida retirando a boxe, descendo os beijos até minha intimidade. Eu já estava completamente úmida e pedindo para tê-lo ainda mais próximo. entendeu isso e depois de alguns minutos fazendo sexo oral, explorando com a língua toda minha intimidade, parou e subiu os beijos me olhando nos olhos, concordei com a cabeça, respondendo uma pergunta que ele não havia feito, mas que com seu olhar pude notar, então senti seu membro entrar dentro de mim, depois de três estocadas, minha virgindade não existia mais, a ardência já estava dando lugar ao prazer, gemi alto e arranhei suas coisas, essa foi a deixa para intensificar seus movimentos, me dando e sentindo prazer.
Xx
- Como eu vim parar aqui? – perguntei ao notar que estava em sua cama, ele encarava o teto e eu fazia seu peito de travesseiro.
- Você capotou. – Ele sorriu e seguiu fazendo cafuné em meus cabelos.
- Que horas são? – Sentei na cama, percebendo então que estava nua, corei e voltei a me deitar, cobrindo meu corpo e escutando sua risada.
- Love eu já vi tudo isso ai... – Ele riu e me abraçou apertado.
- Você também está pelado? - Perguntei descendo a mão pelo seu peito.
- Não, mas posso ficar e só de sentir sua mão, sabe como é... Estou ficando animado. – Ele gargalhou me roubando um beijo.
- Preciso escovar os dentes. Eu estava dormindo . – Falei com vergonha, tentando fugir dele, sem sair da cama.
- Claro, teu hálito está horrível. – Fez careta rindo em seguida e voltou a me beijar. Seus beijos estavam ficando mais intensos quando ouvimos o barulho da campainha.
- Droga! – Ele disse se afastando. – Deve ser o , ele disse que viria te buscar e iria trazer roupas também.
- Hum, isso é bom. – Respondi preguiçosa.
- Se ele tivesse chegado depois né... Esse teu primo só atrapalha. – Falou rindo. – JÁ VAI CARALHO! – Gritou, já que o não parava de tocar aquela campainha.
- Cara, você podia ter colocado uma roupa e fingido que dormiu no sofá, não com a provavelmente nua. – Ouvi falar divertido entrando no apartamento, naquele momento agradeci o fato do quarto ser separado do restante do lugar, seria bem constrangedor ver meu primo nos trajes que eu vestia, ou melhor, na falta deles.
- Cala a boca ! Ela não está nua e nós somos apenas amigos. – respondeu em seguida.
- Então eu posso entrar no quarto? – Ele respondeu se aproximando, pois o tom de sua voz parecia mais alto.
- Não, deixa ela dormir que merda. – respondeu em seguida.
- Ok, então você quem vai entregar as roupas pra ela? – perguntou.
- Claro, ela ta usando uma roupa minha, sem malícias, por favor. – respondeu e em seguida entrou no quarto, trancando a porta. – Pronto pequena. – Disse me entregando uma sacola com roupas.
- Obrigado. – Sorri lhe dando um selinho, em seguida sai da cama pegando a sacola e vestindo a lingerie e um vestido que havia ali dentro. esperou que me trocasse, me deu um selinho demorado e saiu do quarto junto comigo.
- Hey, você estava vendo minha prima trocar de roupa? – perguntou encarando .
- Não, ele estava olhando para parede. – Respondi sentando no sofá.
- Uma bela parede. – disse debochado sentando ao meu lado.
- Cadê a vela? – perguntou, empurrando pro canto e ficando entre nós dois.
- Cara chama o , ele com certeza vai amar segurar vela com você.
- Ele curte segurar na minha vela mesmo. – respondeu.
- Hey! – Falei dando um tapa em seu ombro.
- Temos uma dama na sala. – respondeu rindo.
- Moça, pura, virgem e de família. – falou encarando e provocando risos na gente. – Vou no banheiro verificar se existem camisinhas no lixo. – Ele se levantou indo em direção ao banheiro, nesse momento me abraçou e quando senti que seu lábio se aproximava do meu, fomos interrompidos.
- EU SABIA! – gritou nos encarando.
- Você não estava no banheiro? - respondeu.
- E vocês estão com os hormônios tão aflorados que não esperaram nem ouvir um barulho de porta sendo fechada. Cara eu vou te matar. Ela é minha prima! – falava parecendo brabo, encarei um pouco assustada e então ouvi gargalhadas dos dois.
- Vão falar o que ta rolando? Porque da pra notar que vocês estão se pegando e eu quero saber o que o Lohan fez também.
- Eu não quero falar disso. – Respondi sentindo minha voz falhar.
- Está tudo bem, você não precisa falar. – falou me abraçando, logo ouvimos a campainha tocar novamente, foi atender.
- Ainda bem que vocês atendem a porra do celular. – entrou reclamando, acompanhado de e .
- Já curaram da ressaca? – falou se jogando no sofá.
- Oi . – Eles falaram sem parecerem surpresos ao me ver abraçada em .
- Finalmente assumiram. – brincou e se jogou em um puf.
- Nós não assumimos nada, estamos apenas... Nos conhecendo. – disse não me agradando muito com sua resposta.
- O gosta de conhecer pessoas. – Respondi e levantei indo até a pequena cozinha.
- Ih, fudeu! – Falaram simultaneamente. levantou e foi atrás de mim.
- Você entendeu errado. – Ele disse me encarando enquanto tomava um pouco de água.
- Eu quero ir para casa. – Respondi ignorando e vendo-o rolar os olhos em desaprovação.
- Eu gosto sim de conhecer pessoas e não pretendo estar com ninguém enquanto estou com você, estamos nos conhecendo porque é cedo para assumirmos um relacionamento, mas isso não significa que temos que ficar com outras pessoas.
- Não pretende, mas pode acontecer.
- Não vai acontecer, porque eu não quero. – Respondeu retirando o copo de minha mão e me dando um beijo.
- O casal, nós temos uma notícia importante. – gritou da sala.
- Voltamos! – sorriu convencido e sentou com os amigos.
- Nós fomos aprovados na Western University, correto?
- Sim. – Os outros responderam.
- Esse nosso tempo em Montreal está acabando, precisamos comemorar e ensaiar muito, pois aquele produtor gostou do EP, e me ligou hoje de manhã para falar que quer novas composições para uma possível assinatura com a gravadora. – Riu divertido.
- Cara, vocês tem noção que nossa vida pode mudar MUITO. – falou.
- Só fico imaginando as mulheres e a grana caindo. – falou rindo.
- Pra isso acontecer, temos que começar o ensaio e já são 18 horas, provavelmente esses dois não comeram nada ainda, ou seja estamos atrasados. – disse.
- Mas hoje é domingo! – respondeu.
- E nós vamos abrir um show para 30 mil pessoas, foda-se o dia da semana. – justificou.
- Ele está certo. – Falei pela primeira vez. – Eu não comi nada e estou morrendo de fome. – Os meninos gargalharam, tentou segurar a risada, mas logo o pegou no colo mandando não ficar com ciúmes e fazendo-nos rir novamente.



Capítulo X


Agosto 2012


- Vocês tem noção que fazem 30 dias que não saímos daqui de dentro? – disse parecendo desanimado.
- O lugar mais longe que eu vou é até minha casa. – concordou.
- Mas eles querem novas músicas, é nosso futuro. – respondeu.
- Mas nós temos que viver caralho! Eu não comi ninguém essa semana. – disse.
- O único que pegou alguém foi o . – riu e fez bufar.
- Sem detalhes. – respondeu, fazendo todos rirem.
- Acho que já temos boas canções, ficar em cima dos instrumentos o tempo todo não vai fazer bem pra ninguém, poderíamos tirar um final de semana de férias. – cortou o assunto inicial, talvez por medo de apanhar de e finalmente deu uma solução para o problema “hormônios acumulados”.
- Voto em praia! – pulou do sofá.
- Meu pai tem uma casa em Woodbine, podemos ir para lá. – sugeriu.
- O que acha? – me encarou.
- Por mim está ótimo. – Falei feliz.
- Isso fica a quanto tempo daqui? – perguntou.
- Pensa nas meninas de biquíni. – sugeriu rindo.
- Cara, são quase 7 horas de viagem, mas podemos ir hoje a noite e ficamos uma semana lá. – sugeriu.
- E vamos como? – sentiu próximo ao amigo.
- Com o carro do , óbvio. – respondeu.
- Sempre sobra pra mim. – disse rindo.
- Ou a não vai junto, assim pode ser um dos nossos. – disse.
- Claro que ela vai! – falou parecendo brabo.
- Calma, só queria ver tua reação. – debochou.
- Vocês são idiotas. – respondeu sério, enquanto os outros riam.

Minha mala foi a maior, tive que pensar por seis, afinal eles estavam preocupando-se apenas com as bebidas e eu precisava de mais coisas. O carro de é bem espaçoso, mas conseguimos lotar ele com mil tralhas. Os garotos combinaram ir revezando na direção, enquanto eu ia atrás apenas observando a vista. Depois de mais de 6 horas de viagem, chegamos ao destino escolhido! Era uma casa enorme em frente ao mar, muito bonita e bem decorada, levamos algum tempo conhecendo a mesma antes de irmos para escolha dos quartos.


- você fica aqui, ali, no quarto da frente do , do lado do meu, esse é meu quarto. – ia apontando e mostrando onde cada um se instalaria.
- E a ? – perguntou.
- Meio óbvio onde ela vai ficar. – riu debochado.
- Comigo que sou quase um irmão. – sorriu.
- Sonha! - voltou a falar.
- Com você que ela não vai! – respondeu emburrado.
- Prefere que eu fique sozinho no meu quarto e você não tenha como trazer uma garota para seu quarto enquanto estivermos por aqui? – respondeu.
- Hey, eu sou a única garota desta casa. – Respondi ciumenta.
- Claro, claro. Agora já pode ir para o NOSSO quarto. – disse debochado me dando um selinho.
- , você vai trocar teu primo gostoso por essa coisa magrela ai? – falou se aproximando e me fazendo rir.
- Você é meu primo preferido, mas... Poxa, essa coisa magrela tem coisas que eu gosto. – Ri abraçando .
- Sem detalhes, por favor. – Pediu fazendo todos gargalharem.
- São sete horas da manhã, então... Boa noite. – foi o primeiro a falar se dirigindo ao quarto, em seguida todos foram para seus quartos e eu acompanhei .

Xx

- Dormiu a viagem toda e ainda tem sono? – falou se atirando na cama ao meu lado. - Só um pouquinho. – Respondi lhe abraçando.
- Vai ser bom poder passar esse tempo contigo. – Ele sorriu e me roubou um beijo, em seguida senti suas mãos em minha bunda, tentando se livrarem de minha calcinha.
- Seu safado! – Eu ri e arranhei de leve sua barriga.
- Sou doido por você, sabe disso né?
- Eu te amo. – Falei e em seguida recebi um beijo seu, mas sem resposta, logo senti seus beijos se espalharem para meu corpo e por algum tempo esqueci daquilo, me entregada para aquele momento que estávamos vivendo.

Acordei na manhã seguinte com completamente em cima de mim, ele dormia tranquilamente e a casa estava silenciosa indicando que todos ainda dormiam. Fiquei o observando e perguntei-me como viveria sem aquilo, sem os meninos o tempo todo, sem ter ele comigo, sem ter seus beijos ou receber seu carinho, não sabia o que esperar do próximo ano, mas com certeza seria um ano difícil e mais solitário. Por sorte teria minha tia, mas pensar em não ver os meninos todos os dias, me fazia ter vontade de chorar.
- O que foi? – perguntou sonolento, limpando uma lágrima que caia sem que eu percebesse.
- Nada, só estava pensando. – Sorri triste.
- Em que? – Ele me encarou.
- Em como vai ser sem ter vocês comigo no próximo ano.
- Podemos nos falar pela internet, você sabe que o não ficaria longe de ti muito tempo. – Ele sorriu.
- Só o vai sentir saudade? – O encarei.
- Claro que não, todos vamos. – Ele deu de ombros e levantou. – Vem tomar banho comigo? – Pediu manhoso.
- Depois eu vou. – Respondi e virei para o lado oposto ao dele, tentando dormir novamente.

Acabei sendo acordada por após o banho, ele estava molhado e pulou na cama me molhando de propósito. Desisti de dormir e após acordar os meninos, fomos todos passar o dia na praia. Seguimos o mesmo exemplo no outro dia, passando o dia na beira da praia e durantes as noites indo em algumas festas na região.
No terceiro dia por lá fomos até um luau, várias meninas davam em cima de , ele com o violão tocava algumas músicas e distribuía sorrisos, me deixando irritada.

- , eu quero ir pra casa. – Disse sentando ao seu lado.
- Ta cedo . – Respondeu rindo e pegando alguma bebida, antes de voltar a tocar.
- Tô com cólica. – Justifiquei.
- Ixi. – Ele riu. – Ainda bem que não tenho nojo. – Gargalhou.
- Eka! – Fiz careta e acabei rindo também.
- Você canta muito bem. – Uma loira sentou ao lado dele, vestia um biquíni pequeno e encarava os músculos que exibia.
- Obrigado. – Respondeu feliz.
- De nada... Soube que estão a passeio por aqui, seria legal conhecer mais da cidade, se precisar de uma guia... – Ela ia dando em cima dele, quando senti muita raiva e segurei sua mão, ele desvencilhou a mão da minha, tentando justificar que tocaria outra música, mas seguiu encarando a loira.
- Claro, depois me passa seu telefone, sorriu.
- Eu vou pra casa. – Falei com raiva me levantando.
- Ok. – Falou um pouco bravo, mas me seguindo no segundo seguinte.
- Espera! – Disse segurando meu braço.
- Fica ali com a guia. – Falei com raiva.
- Que ciúmes bobo. – Disse me roubando um beijo.
- Não estou com ciúmes!
- É meio óbvio que está, poxa , o mês está acabando, vamos aproveitar.
- Falei que você não precisava aproveitar? Eu estou indo para casa, se você quiser ficar...
- Ok, eu vou ficar então. – Disse com raiva e voltou a sentar onde estava. Segundos depois a menina voltou a conversar com ele, enquanto o filho da mãe sorria me encarando. Não esperei muito, voltei para casa com raiva, juntei minhas coisas refazendo a mala, peguei um cobertor, travesseiro e fui dormir no sofá.
Assim que fechei os olhos, a porta foi aberta.
- Você ficou com aquela loira lá? – falava muito bêbado.
- Claro que não, eu ia atrás da , mas você tinha que arrumar confusão.
- Desculpa cara.
- Desculpo, agora vai logo dormir. – falava irritado, guiando pela escada.
- O que aconteceu? – Perguntei sonolenta.
- Depois que você saiu esse jumento começou a brigar com um cara duas vezes maior que ele, tive que separar e ainda levar no hospital, pra fazer ponto!
- Ponto onde? – Levantei indo até eles.
- Aquele idiota me tocou uma garrafa, eu não apanharia se fosse no mano a mano. – justificou, ainda bêbado.
- Ele ficou uma hora fazendo a porra do curativo e não curou da bebida ainda. – disse irritado, enquanto eu observava o curativo na testa de .
- Melhor você colocar ele na cama. – Falei seguindo os dois.
- Hey, eu to bem! – tentou caminhar sozinho e quase caiu. Com raiva pegou ele e guiou até o quarto, no segundo seguinte, se atirou na cama e capotou.
- Preciso de um banho. – Disse indo em minha direção tentando dar um selinho, mas virei o rosto. Ele não falou nada, apenas negou com a cabeça e foi até o banheiro.
Voltei para o sofá tentando dormir novamente, mas logo sentou ao meu lado me encarando.
- Onde você pensa que vai?
- Voltar para casa amanhã. – Disse braba.
- Combinamos de voltar na sexta, não amanhã.
- Não quero voltar com vocês, vou voltar sozinha.
- Não to com saco pra brigar hoje. – Falou levantando.
- Idem. – Falei mais alto.
- Então, por que quer voltar amanhã?
- Pra não ficar sozinha! Igual hoje.
- Eu não deveria, mas estava voltando pra casa assim que você saiu, só que aconteceu os rolos com o e fui ajudar.
- Você estava voltando?
- Estava, embora quisesse aproveitar mais, não ia conseguir ficar lá sem você, garota.
- Por quê?
- Por que o que?
- Por que não conseguiria ficar sem mim?
- Por que, mesmo você muitas vezes estar sendo bem infantil, eu vim pra cá contigo e não pretendo te deixar para ficar com outra garota.
- Então por que não assume logo nosso namoro?
- Acho que agora não é uma boa hora para falar sobre isso.
- E quando vai ser uma boa hora?
- Quando nós voltarmos dessa viagem, vamos aproveitar, por favor. – Ele disse me pegando no colo e levando para seu quarto.
Tentei, mas não consegui resistir aos seus beijos e logo nos tornamos um só. Decidi viver aqueles dias como se fossem os últimos, ás férias estavam acabando, o show se aproximava e junto com tudo isso a mudança para Vancouver. Não tocamos no assunto namoro durante o resto da viagem, também não brigamos tanto, visto que ficava comigo praticamente o tempo todo.

Chegamos cansados e fomos cada um para sua casa, mesmo com ele insistindo para que fosse até seu apartamento, resolvi seguir e matar a saudade de meus tios, que mais pareciam meus pais.
- Acorda preguicinha. – falava beijando meu pescoço.
- Hey, quem deixou? – Respondi preguiçosa.
- Acordei, fiquei com saudade e vim te ver. Acho que a Bethy achou que estava subindo para o quarto do , riu divertido.
- Ela sabe de nós. – Falei preguiçosa.
- Você contou? – Perguntou em choque.
- Sim, ela é a única amiga mulher que eu tenho e também única em que confio. – Disse sentando na cama.
- Mas deveria ter me perguntado o que eu acho disso tudo, não?
- Por quê? Eu apenas falei que estávamos ficando.
- Hum, ficando... E o que ela disse?
- Que não era para eu me apaixonar, mas acho que o conselho veio um pouco tarde. – Sorri roubando-lhe um beijo.
- Em duas semanas nós vamos mudar para Ontario. – Ele advertiu.
- Vou sentir saudade. – Falei abraçando ele.
- Eu também pequena, mas podemos nos ver nos feriados.
- Sim, em todos. – Sorri.
- Todos acho que fica complicado.
- Mas e nós? E nosso...
- Foi por isso que sempre lhe disse para não assumirmos nada, acho melhor a gente ficar esse ano assim, sem assumir sabe, é complicado, namoro a distancia acaba distanciando as pessoas, eu gosto de você, amo ficar junto contigo e vou morrer de saudade, mas acho melhor não assumirmos.
- Você não quer se sentir culpado por ficar com outras garotas, enquanto eu achando que te namoro, não fico com ninguém. – Falei o afastando.
- Não é isso , eu só acho que nós somos novos e temos muito tempo pela frente.
- Eu não quero te ver com outras.
- Você não vai me ver com outras! Eu fiquei com alguma outra garota depois que começamos a ficar sério?
- Não, mas achei que você assumiria.
- Nossos amigos sabem e por enquanto é isso que importa.
- Você nunca vai deixar de ter vergonha de mim. – Falei com raiva.
- Eu não tenho vergonha de você, caralho, para de frescura! – Disse com raiva.
- Não é frescura, é o que eu sinto. – Falei sentindo as lágrimas. – E sinceramente, se eu fosse você faria o mesmo ou até pior, poxa, você é lindo, logo vai ficar mega famoso, ter a garota que quiser, aquelas modelos lindas, pra que perder tempo com alguém como eu?
- Por que você é linda!
- E você mentiroso, caralho , acha que eu nasci ontem? É óbvio que não quer assumir nada, por poder ter alguém muito melhor.
- , pelo amor de Deus cresce um pouco, eu gosto muito de ficar com você, mas tem horas que não tem como querer algo a mais, porque você se torna muito infantil.
- Se eu sou infantil, você é um medroso! Cagão! – Falei mais alto.
- Shiu, quer chamar a atenção da sua tia? – Falou tapando minha boca.
- Quero que você suma daqui! – Disse me afastando dele.
- Tenho certeza que você quer outra coisa. – Disse me roubando um beijo.
- Hey, vocês deveriam escovar os dentes antes disso. – invadiu o quarto nos interrompendo.
- Isso se chama ciúmes, vem aqui que te dou um beijo também. – riu e foi atrás de que saiu correndo em direção o andar de baixo.

Setembro 2012

Passamos ás duas últimas semanas trancados em minha casa, mais precisamente na garagem onde os meninos ensaiavam. Com o início das aulas voltei a acordar cedo e não consegui acompanhar as madrugadas em claro dos garotos. Durante essa última semana eles tiveram algumas reuniões para assinatura de um contrato com uma gravadora local, eles pareciam animados, felizes com aquilo, mas algo em me intrigava. Nosso relacionamento continuou igual, parei de cobrar alguma atitude dele e após uma conversa com , chegamos a conclusão que ele tinha medo de assumir algo, mas gostava de mim. Claro que ouvi-lo falar que estávamos apenas “ficando sem compromisso” me incomodava bastante, contudo cobrar não mudaria nada, apenas causaria algumas horas de aborrecimento, que com um beijo me faria esquecer, ele tinha um poder de persuasão enorme e talvez isso fosse o que mais odiava naquele garoto.
Durante esse tempo, minha mãe teve o bebê, soube que era um menino, mas não quis ir ver, não era ciúmes, apenas não sentia nada por aquela mulher e desejava que o bebê tivesse mais sorte que eu.
O dia mais esperado dos últimos meses chegou, queria poder acompanhar todos os passos dos meninos, estranhei o fato de não ter me enviado nenhuma mensagem, faziam dois dias que não nos falávamos e parecia estranho também. Como e a vaca da professora de química (perdoe-me vaquinhas, não tenho nada contra vocês) passou uma prova para o último período, não consegui ir com os meninos até a arena, cheguei no momento que subiu ao palco, graças minha credencial de “produtora” consegui acompanhar todos os momentos do show nos bastidores, vibrando a cada música e aplausos da platéia. Abrir o show de uma banda grande é complicado, o fã geralmente passa horas, até mesmo dias na fila e está ali para ver seus ídolos, não alguns garotos “desconhecidos” cantarem suas canções, mas por merecimento, eles foram muito bem recepcionados e muitos que estavam na fila para compra de ingressos se surpreenderam e aplaudiram a cada música que meus garotos tocavam.
Fui até o camarim e assim que eles trocaram de roupa liberaram entrada. Algumas meninas aguardavam ansiosas, entre elas reconheci à nova peguete do . “Eles estão realmente famosos, até as groupies já estão esperando” - pensei pouco antes de entrar e abraçar cada um deles.
- Vocês foram incríveis! – Disse abraçando e e que estavam bem na entrada. ainda trocava a camiseta, então fui até . – Você estava perfeito. – Falei o abraçando e indo lhe dar um beijo, mas senti o mesmo se afastar.
- Obrigado. – Ele sorriu parecendo um pouco constrangido e então beijou minha testa. Olhei para trás procurando o motivo pelo “não beijo”, pois os meninos já estavam acostumados a nos verem juntos.
Então o produtor entrou perguntando se poderia liberar as meninas e nesse momento saiu de dentro do pequeno banheiro me olhando com uma certa tristeza. Consegui traduzir um “desculpa” sem som saindo de sua boca e no segundo seguinte as cinco meninas entraram no camarim, se agarrando cada uma em um deles.
deu um beijo demorado na loira, que parecia ter uns 18 anos, seios com silicone e fazia o tipo “gostosa”, encarei ele incrédula, mas o mesmo fingiu não notar e seguiu beijando a garota. Sem saber o que fazer esperei que a boca dos dois desgrudasse e o puxei para um canto, deixando a menina perplexa.
- Hey! – Ela tentou exclamar, mas ele fez sinal para ela ficar quieta.
- Posso saber o que você está fazendo? Por que isso? – Perguntei sem entender.
- Desculpa , eu tentei te ligar, mas você não atendeu, amanhã podemos conversar melhor se quiser, mas hoje não posso falar muito. O nosso novo produtor, dono da gravadora que assinamos o contrato já está vindo aqui, ele é pai da Alicia, conheci ela na agencia e bem... Estamos ficando. Sei que você pode ficar braba comigo, mas nós nunca assumimos nada, então eu não teria o que terminar, eu só... Seria ruim para minha imagem namorar alguém menor de idade. Você é muito nova para mim. E também... – Ele tentava formular alguma frase, mas não conseguia, parecia nervoso, minha raiva aumentava a cada segundo, não conseguia acreditar no que estava ouvindo, queria sumir, queria apagar ele da minha vida e do meu coração. Não esperei mais respostas, apenas virei indo em direção a porta do camarim e deixando as lágrimas tomarem conta de mim.


2016

A vida realmente é uma caixinha de surpresas, depois de tanto tempo jamais esperava voltar a esse lugar, foi aqui a última vez que vi e também o dia da minha maior decepção. Desde então cresci, me tornei mulher e mudei o foco de minha vida e de minhas responsabilidades. Não queria vir, mas foi um pedido de que sempre me ajudou tanto, principalmente depois do acidente de minha mãe e de Joaquim ter entrado para minha vida, que negar esse pedido não poderia ser uma opção.
Como sempre cheguei atrasada, por sorte o show ainda não havia começado. Estava em um camarote reservado a família do , seria o último show da tour DVD e em um mês eles se trancariam novamente em estúdio para a gravação do novo álbum. Agora como sucesso de mídia, crítica e público, eles não abriam shows para grandes bandas e sim eram a atração principal desses eventos. Com a tour do primeiro CD que originou o DVD, conheceram todos os continentes.
Após o que aconteceu, há quase quatro anos atrás, me enviou algumas mensagens, mas não respondi e bloqueei ele de minhas redes sociais. Eram poucas, raramente postava algo, não tinha tempo para essas coisas. Pedi também pra não falar sobre minha vida com ele, ou com os outros meninos, dos quais conversava por email e telefone. Eram raras as vezes que estavam na cidade e depois que sai da casa de tia Bethy, foram ainda mais raros os momentos que encontrei com eles. Eles nem ao menos conheciam Joaquim e achei que seria melhor assim.
Cumprimentei alguns conhecidos que ali estavam e parei observando o público que lotava o local. Muitas fãteens gritavam enlouquecidas e tinham cartazes com nomes e frases para os meninos. Uma certa nostalgia tomou conta de mim assim que a cortina foi aberta e o show começou.
Foram 15 músicas em pouco mais de 90 minutos, 15 canções que traduziam sentimentos, que me faziam lembrar de um passado que eu queria esquecer, mas também de momentos em que eu pude sorrir. A vida nem sempre é como nós queremos, existem pedras, pedreiras no caminho, mas me sentia orgulhosa em tudo que já havia passado e de todas as minhas conquistas nesses 20 anos de vida.
Eu não tinha fãs, tinha uma melhor amiga, um primo que amava como irmão e um casal de tios maravilhosos, além do amor da minha vida e me sentia completa e grata.
Sai do local do show e fui até minha casa que por sorte não ficava muito longe dali, trocando de roupa e indo até o apartamento de que faria uma social comemorando seu aniversário. O taxi em que estava acabou se envolvendo em um acidente, nada grave, apenas bati o braço deixando um roxo próximo ao cotovelo, mas fui obrigada a ir até o hospital local fazer alguns exames. Depois de ser liberada e atender mais de 10 ligações de , consegui chegar ao apê encontrando vários amigos já bem alterados devido drogas e bebidas. Sabia que correria o risco de encontrar e também alguma namorada, nunca conseguiria acompanhar sua lista, pois mudava toda semana, mas havia prometido para que fez um drama falando que sentia saudade do mascote deles... E acabei aceitando.
- Parabéns seu bêbado! – Falei encontrando que virava uma garrafa de tequila, não queria estar próxima a ele no dia seguinte.
Logo e vieram me abraçar e apresentaram alguns novos amigos. estava mais afastado em uma sacada junto com que parecia estar bem bêbado reclamando de algo.
- Ah chegou! – disse e veio em minha direção.
- Quanto tempo, que saudade. – Falei o abraçando.
- Muita saudade , o fala tão pouco de ti, deveria aparecer mais!
- Minha vida anda um pouco corrida, mas vou tentar. – Sorri.
- Tem uma pessoa que não parou de beber desde que soube que você viria para a festa... – Ele apontou para a sacada.
- Não quero falar com ele. – Falei olhando o chão.
- Faz tanto tempo, vocês nunca mais...
- Não, eu não quero ouvir a voz de . – Disse sentando em um sofá próximo.
- Ok. – falou e saiu indo até o amigo que agora já me encarava.
Eles trocaram algumas palavras e voltou.
- , eu sei que você não quer, mas pelo menos escuta o que aquele bunda mole quer te falar, se é que vai conseguir falar algo, ele disse que para de beber depois que falar com você...
- Eu já disse que não tenho... – Ia falando, então começou a tocar algumas garrafa vazias no chão, quebrando-as e gargalhando em seguida.
- Ele não ta muito legal. – disse, concordei com a cabeça e decidi ir até ele.
- Nunca imaginei que te encontraria nesse estado... – Falei me aproximando, sentindo o cheiro forte de álcool.
- Você já me viu bebendo antes. – Respondeu mal humorado.
- Mas não assim, não dessa maneira , o que está acontecendo com você?
- Foi o , é culpa dele. – Justificou encarando o chão. - Por onde você esteve esse tempo todo?
- Eu sempre estive aqui .
- Não, você sumiu ! Você desapareceu da nossa vida.
- Eu não desapareci , eu só... Não ia conseguir. – Falei com voz falha.
- Eu fui um idiota. – Respondeu mexendo nervosamente nos cabelos.
- É, você foi. – Disse tentando controlar o choro.
- Será que algum dia você vai conseguir me perdoar?
- Eu desejo isso todos os dias.
- Por quê? – Ele pela primeira vez me encarou.
- Porque meu coração dói toda vez que eu lembro e eu não gosto de conviver com essa dor. – Falei sincera.
- Eu estou solteiro, nós vamos ficar algum tempo aqui em Montreal, poderíamos nos ver, conversar, não sei.
- Melhor não. – Disse olhando o céu.
- Por quê?
- Porque não temos nada em comum, não teria motivos para conversarmos.
- Eu gostava de você. – Falou tentando segurar minha mão, o afastei em seguida. – Queria poder voltar no tempo.
- Não faria diferença alguma.
- Você acha?
- Tenho certeza.
- Por que não faria diferença?
- Porque nós apenas ficávamos, nunca teríamos algo mais sério, você é mais velho que eu, não daria certo, eu preciso e gosto de ficar com garotos da minha idade. – Tentei repetir suas palavras durante aquele dia.
- Você está magoada, eu sei que... – Ele tentou formular algo encarando o chão, mas meu celular tocou, era a babá de Joaquim falando que ele havia acordado e não parava de chamar por mim.
- Tenho que ir, foi bem te rever, espero que você pare com isso. – Apontei o chão. – E consiga firmar um relacionamento que não seja ruim para sua imagem. – Conclui o deixando sozinha, me despedindo dos meninos, que reclamaram por ter ficado tão pouco tempo lá e indo em direção minha casa.


Fim.



Nota da autora:
Explicando!
Sei que nesse exato momento vocês devem estar querendo me matar e se fosse leitora dessa história estaria sim querendo matar a autora também haha, mas quando pensei em Perfectly Perfect tinha em mente duas shortfics, contudo já nos primeiros capítulos passei o máximo de páginas para uma short e assim transformei ela em long, fiquei em dúvida se transformaria as duas shorts em uma única long, ou em duas longs, cheguei a conclusão que duas ficaria melhor, assim não me afastaria da ideia original, apenas aumentaria ela. Então, sim teremos uma parte dois, já sendo escrita! Pretendo manter o ritmo de atualizações seguindo o exemplo da parte um, pelo menos uma vez por mês e espero que gostem dessa segunda parte. Me surpreendi positivamente com o número de comentários nessa reta final, espero não decepcioná-las! Obrigado por todo apoio, caso queiram saber mais sobre minhas histórias segue o link das minhas redes sociais, grupo no facebook (onde posto spoiler e falo sobre as atualizações) e de todas as histórias postadas aqui no FFOBS até agora!

Lista de Longfics:
Relatos de uma vida
Perfectly Perfect
Perfectly Perfect 2
Bound By Power
Problem Child

Lista de ShortFics:
Story of a man
Se algum dia eu não acordar
Mais uma história de verão
11. Father 13. Problem Child
14. Perfect
Redención
Sexe dans l’ascenseur
Na cama com Ian Somerhalder
Lembranças de Maio
Entre nos dois
A new beginning

Série É no pecado que eu Sinto Prazer
É no pecado que eu sinto prazer #shortfic
É no pecado que eu sinto prazer 2 #shortfic
É no pecado que eu sinto prazer 3 #shortfic
É no pecado que eu sinto prazer 4 #shortfic
É no pecado que eu sinto prazer 5 #longfic


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