Última atualização: 20/03/2020
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Capítulo 30

's POV
Acho que todo mundo pensa que o amor é a única ou principal coisa que pode quebrar seu coração, iluminar sua vida ou deixá-la de cabeça pra baixo. E aí você se torna mãe.
Eu não conseguia parar de chorar, a doutora Amy já tinha me liberado mas eu não conseguia nem dar um passo pra fora do consultório.
- , tá tudo bem! Voight e Holt já estão no fim da cirurgia e eles estão bem, nenhum dos tiros atingiu algum lugar sério e eles vão se recuperar rápido! - já estava quase subindo pelas paredes de tão desesperado e incerto do que fazer em relação ao meu choro completamente descontrolado - É porque eu acabei falando sem querer lá fora da gravidez? Desculpa, mas é que eu levei um susto do caralho quando você desmaiou e eu tive que falar logo pra te atenderem o mais rápido possível! - ele parou na minha frente com o olhar lotado de aflição e eu limpei as lágrimas que caíam rápido. A gente se encarou por um tempão até ser completamente dominado por uma expressão duvidosa - Você ao menos vai querer ter esse bebê? A gente não conversou sobre isso e...
- Você pode ser um milagre e um erro ao mesmo tempo? - disparei chorosa, o encarando intensamente, fazendo uma confusão absoluta e até certa braveza tomar conta da expressão do meu namorado.
- Você tá falando do nosso filho?
- Não, estou falando de mim.
- ...
- Eu quero esse bebê e eu soube disso enquanto estávamos juntos assistindo o show da e do Glenn. Eu quero, , eu juro que quero, mesmo tendo a certeza de que eu sou uma bagunça. Eu estou pensando em tanta coisa... Eu não quero que essa criança tape algum buraco ou que ela seja a salvadora de tudo porque eu não acho justo, sabe? Eu quero que essa criança venha leve e sem nenhuma bagagem pesada junto, mas ao mesmo tempo eu acho que algo já foi salvo. Você lembra como foi que a gente se conheceu? Foi pelo Keith. É engraçado até e irônico também e talvez esse seja mesmo o nosso destino, mas eu não quero ficar fingindo só porque estou grávida. Eu vou amar esse bebê, tenho certeza disso, mas eu ainda não me sinto salva, você consegue me entender? Eu ainda me sinto um lixo carregando tantas coisas comigo e eu ainda não sei lidar e eu não quero imaginar que isso vá mesmo ficar comigo pra sempre porque eu tenho medo disso me consumir e me tornar uma péssima mãe. - funguei ainda chorosa - Eu sei que isso também está sendo difícil pra você, sua vida também vai mudar e eu quero que você seja honesto comigo também do mesmo jeito que estou sendo com você. Quero que a gente converse sobre isso.
estava chorando. Não tanto quanto eu, mas ele estava chorando. Talvez de emoção, de angústia, de medo, ou talvez de tudo junto. Ele se aproximou ainda mais e segurou nas minhas duas mãos com carinho, beijando as duas rapidamente.
- A gente vai se cuidar. Você vai pra terapia, eu também e vamos nos preparar pra tudo isso. - mais uma lágrima caiu dos seus olhos e meu queixo até tremeu e uma onda de emoção mais intensa ainda tomou conta de mim, trazendo mais lágrimas e sensações que eu jamais conseguiria explicar.
- Você não precisa ir se não quiser ou se ainda não se sentir confortável. Você já disse que... - fui rápida em tentar consertar um possível erro que só existia na minha cabeça. Eu não queria que se sentisse pressionado ou obrigado a isso, mas ele me interrompeu.
- E agora estou dizendo que eu vou, babe. A gente vai ficar bem, eu prometo! - ele disse de maneira tão doce que foi impossível meu coração não acelerar ainda mais de tanta emoção.
- Tá tudo uma bagunça! - sussurrei ainda tomada pela emoção e ele riu fraco, encostando nossos narizes.
- Eu sei! - ele deu um longo suspiro e me abraçou forte. Um abraço cheio de companheirismo, amor e carinho.
A gente se soltou e o olhar acolhedor de me deu a força que eu precisava pra passar por aquele momento que parecia nunca ter fim. Ele entrelaçou nossas mãos e saímos do consultório juntos e eu logo dei um passo para trás de susto quando vi todos - exceto Leon - ali na frente com expressões apreensivas. Olhei pra com um olhar óbvio, afinal, todos já sabiam.
- Eu tô bem e o bebê também. Surpresa! - balancei as mãos no ar numa falsa comemoração e um humor fraco. Todos ainda me encaravam chocados, menos , que estava com os olhos levemente arregalados com a reação do restante e eu soltei uma risada fraca sem nem me importar que provavelmente estivesse óbvio que eu havia chorado.
- Eu vou ter um neto? - Yaser nos encarou completamente chocado e sem reação.
rolou os olhos mas eu sabia que no fundo aquilo era o suficiente pra mexer com todos os seus pensamentos. Yaser esperava uma resposta com os olhos atentos e brilhantes, como se fosse a notícia mais incrível de toda a sua vida.
- Yaser, vamos logo! - Leon apareceu no fim corredor claramente com pressa, como se já estivesse esperando por Yaser há algum tempo.
- Onde vocês vão? - questionou rápido, evitando completamente a pergunta do pai.
- A gente precisa achar Paul antes que ele tente algo pior e... - Yaser olhou pra trás rapidamente, vendo que Leon estava ali firme e forte o esperando e algo nele parecia ter se incomodado por isso, mas foi obrigado a engolir - Eu vou mesmo ser avô? - ele perguntou novamente ainda mais esperançoso e o falso olhar de dureza de permanecia em seu rosto.
- Boa sorte pra achar o Paul. - disse rápido, esperando que aquilo soasse rude ou algo do tipo, mas pelo olhar de Yaser, ele tinha entendido tudo. ainda não estava preparado pra nenhum tipo de conversa ou contato.
Yaser se foi, estava profundamente magoado e no fundo estava morrendo de preocupação com o pai também. Todos continuavam com expressões confusas e chocadas e numa onda bizarra de distração onde nos esquecemos que estávamos ali por Voight e Holt, eu contei sobre a gravidez com mais detalhes. Tia Ellie quase botou um ovo de tão chocada e todas as perguntas e preocupações quase fizeram minha cabeça explodir. Contamos que nenhuma de nossas mães sabiam ainda e ficaram mais chocados ainda, mas a gente até riu. Todas as brincadeiras e palhaçadas me levaram pra outro universo.
É disso que as pessoas falam quando na vida tem altos e baixos? Porque eu me sinto numa montanha russa de sentimentos que parece nunca parar.

Abri os olhos assustada. Todos estavam ali dormindo menos . Todas as poltronas da recepção foram ocupadas por nós e não pude deixar de observar o jeitinho que dormia todo acolhido em si mesmo na poltrona do meu lado. Olhei meu celular e mais de uma hora e meia tinham se passado desde a última atualização dos médicos. Holt e Voight estavam sendo monitorados e assim que acordassem, os médicos liberariam visitas.
Me levantei com cuidado, dobrando o primeiro corredor e vendo rosnando de raiva ao derrubar um dos milhares de salgadinhos e doces que estavam em suas mãos.
- Pra que tudo isso? - apertei o passo e tirei algumas coisas das suas mãos e observei rapidamente - Você nem gosta desse salgadinho de queijo, !
- Eu peguei pra o pessoal. Eu sei que tá todo mundo dormindo, mas vão acordar com fome e eu não sei se todos vão querer ir embora de uma vez com tudo o que tá acontecendo.
- Paul fez alguma coisa? - questionei rápido e com medo.
- Não. Eu perguntei pro Wes e ele disse que não tentaram nada até agora, mas nunca se sabe, não é? Paul é imprevisível.
- E ainda assim você está aqui pegando salgadinhos e doces pra todo mundo. Isso é muito gentil, .
- É o mínimo. - ela deu os ombros junto com um olhar completamente triste, se sentando em uma das cadeiras que tinha no corredor e eu fiz o mesmo, organizando os salgadinhos no meu colo.
- Você é incrível! - olhei bem no fundo dos seus olhos, falando lentamente o que ela merecia ouvir todos os dias. me deu um sorriso de canto fraco, abaixando a cabeça e apertando os olhos por alguns segundos e revelando lágrimas em seus olhos assim que ela os abriu e me olhou novamente.
- Grant me mandou uma mensagem. Ele está se cuidando de verdade agora, até me mandou uma foto com o grupo de apoio e com o pessoal da clínica de reabilitação. - ela até tentou segurar, mas caiu no choro.
- Você fez isso por ele, ! Ele está melhor por sua causa, porque você o ajudou! - me manifestei rápido, fazendo questão de lembrar que apesar de tudo, algo bom estava acontecendo. Ela tinha feito algo bom acontecer.
- Por que eu não sinto isso? - ela questionou triste com a voz raspando na garganta.
- Porque é difícil, a gente nunca aceita o crédito por algo bom que fazemos e não me pergunte o por que, eu também não sei, mas sei que você fez algo incrível e estou orgulhosa de você.
- Estou orgulhosa de você também, . Você vai ser uma mãe incrível. - ela murmurou ainda chorando e quase me fazendo chorar de novo.
- No final do dia, você sempre vai ter feito algo certo, , nem que seja uma coisa só.

's POV
"Seja homem"
Eu ouvi isso a minha vida toda e as pessoas continuam dizendo isso o tempo todo. No começo eu não entendia o que isso queria dizer, se era sobre força, sobre se provar, sobre ser melhor ou sobre vencer, até que meu pai foi me ensinando que nada disso importa e que na verdade, ser homem, é muito mais do que força ou vencer, é simplesmente apenas ser humano. E porra, se alguns homens que me falaram durante a vida "Seja homem" me vissem assim, com certeza estariam me zoando de maneira ridícula como se chorar fosse algo vergonhoso.
E as minhas lágrimas continuavam caindo enquanto eu repassava momentos na minha cabeça. Assim que os médicos liberaram as visitas para Voight e Holt, foi marcante. Ver o quanto estava emocionada me deixou emocionado também. Ninguém pôde ficar como acompanhante com nenhum dos dois e o horário de visitas seria aberto em poucas horas, mas todos decidiram voltar pra descansar um pouco. Ellie e insistiram pra Shyla e Landon dormirem lá, enquanto Voight, mesmo de cama e recém operado insistiu para que eu e fôssemos pra sua casa e ficássemos por lá até a poeira baixar e terem certeza de que Paul não faria nada na região dos trailers. Cohen e Scott voltaram pra lá, completamente raivosos e destemidos com o que poderia acontecer.
O sol fraco estava presente e eu fechei cada buraquinho possível do quarto para que pudesse dormir em paz. Olhei pra ela e sorri de canto antes de sair do quarto e descer pra sala, limpando os restos das lágrimas que estavam no meu rosto. A casa de Voight não tinha muita coisa e é totalmente compreensível, já que ele quase não fica em casa. Me sentei no sofá completamente exausto e elétrico ao mesmo tempo. Oito da manhã.

Meu pai está por aí?

Digitei rápido e enviei sem pensar, encarando a tela e pedindo mentalmente para que Cohen respondesse logo.

Acabou de ir embora. Ele não quer atrair Paul pra cá.

A resposta me secou a garganta. Apertei no contato da minha mãe e no segundo toque ela atendeu.
- Oi filho!
- Mãe! - acho que nunca tinha dito essa palavra de forma tão emocionada - Como você está? - ela provavelmente não tinha ideia do que estava acontecendo aqui e eu queria alguns segundos de paz e uma boa conversa.
- Por aqui está tudo bem, as meninas estão bem também. Quer dizer, tem sido difícil e você sabe como é, afinal, está sendo difícil pra você também... Aliás, você não quer voltar pra cá? Aqui é mais seguro, filho! De uma forma ou de outra, seu pai vai resolver isso tudo, pelo menos foi o que ele disse! - ela começou a tagarelar energizada.
E lá se foi a minha paz. Talvez fosse o tal instinto de mãe que sabia que algo estava acontecendo por aqui.
- Você conversou com ele? - perguntei desconfiado.
- O mínimo. Eu não acho que ninguém está pronto pra perdoar ele mas também não quero ser cruel e fazer ele se sentir um lixo de homem. Ele é o meu marido, pai dos meus filhos e um homem incrível, eu não quero deixar esses erros dele ficarem em cima de tudo de bom que ele já fez, mas também sei que é impossível perdoá-lo assim tão rápido. Eu não quero que nada de grave aconteça com ele, mas eu simplesmente não tenho controle de nada. Ele disse que vai resolver isso e eu sei que não vai ser conversando com esse tal de Paul. Eu só... quero que tudo fique bem. Eu queria pelo menos uma coisa pra me animar ou pra me distrair, sabe?
- Talvez eu tenha algo. - assim que terminei de proferir tais palavras eu conseguia visualizar perfeitamente o olhar desconfiado da minha mãe. Bom, uma hora ou outra eu tinha que contar.
- Como assim?
- tá grávida.
- O QUE???
- É isso mesmo!
- Meu Deus! , como assim? Ela... Meu Deus, eu vou ser avó? - ela soltou um gritinho, extremamente animada e eu respirei aliviado. Muito aliviado.
- Eu tenho certeza que você sabe como aconteceu. - eu gargalhei alto e ela também - Mas aconteceu. Não foi planejado e foram dias difíceis desde quando descobrimos, mas agora está tudo bem, pelo menos um pouco. Foi um puta choque.
- Meu Deus! - ela exclamou claramente ainda chocada com a notícia.
- Você tá feliz ou o que?
- É claro que eu estou! Eu sei que você tem planos e também, mas vocês vão se ajustar, pode ter certeza! - foi a vez dela de respirar bem fundo - Eu vou ser avó! - ela disse ainda levemente desacreditada porém animada e feliz.
- Você vai!
- Seu pai já sabe disso? - ela questionou cuidadosa e eu cocei a cabeça e fiz uma careta. Porra, tava indo tudo tão bem!
Mas eu contei. Contei que ele já sabia e foram poucas horas de diferença até ela saber também, e óbvio, eu tive que explicar toda a história do porque estávamos num hospital, porque desmaiou e como meu pai ficou sabendo. E minha mãe surtou. Óbvio que surtaria e eu entendo.
E se foram quase quarenta minutos conversando sobre coisas que não poderíamos consertar e uma oscilação absurda de humor vindo dela. Ela estava com raiva do meu pai e ao mesmo tempo completamente preocupada. Estava feliz pelo bebê e ao mesmo tempo baixou o espírito mandona e ela teve a brilhante ideia de me chamar pra morar com ela novamente e levar junto. Foi engraçado e tocante. No meio disso tudo ela disse: "Se você fez isso com amor, você fez bem" se referindo ao bebê.
Quando dizem que já estamos no inferno, não acho que seja mentira, mas também acho que estamos no paraíso.

——


Três dias se passaram e tudo estava tenso, mas ninguém queria admitir então estavam todos tentando agir como se nada estivesse acontecendo. Cohen e Scott não perdiam a oportunidade de comentar sobre o fato de que eu seria pai, mas num bom sentido. Landon pediu desculpas pelo dia da bebedeira em que me deu uma cabeçada, e Shyla estava um pouco mais próxima de e eu sabia que as duas fofocavam por horas sobre como Cohen estava sendo estranhamente lerdo. Porra, Shyla já tinha deixado mais claro do que água que estava afim dele e ele simplesmente não estava dando importância.
Dormimos na casa de Voight todos esses dias e ele finalmente tinha saído do hospital e não, ele não quis descansar. Todo mundo aplaudiu quando ele e Holt apareceram de volta e Leon não teve nem expressão. Algumas pessoas disseram que Paul tinha sido baleado naquela noite também e por isso não tinha feito nenhum ataque, embora isso deveria servir como motivação pra ele fazer algo absurdo, mas não fez e por isso estavam todos completamente desconfiados.
, e Ellie passaram do portão com Holt e Voight. As três estavam se certificando de perto de que eles estavam se cuidado e não fazendo tanto esforço físico, e pela cara dos dois, estava sendo uma tortura. Não era o primeiro tiro que eles já tinham levado e disso todo mundo sabia, mas óbvio, a família sempre se preocupa. e vieram na direção em que eu estava e se sentaram comigo, com os rapazes e Shyla, enquanto Ellie, Voight e Holt foram até o escritório, e até aí tudo bem, até meu pai passar pelo portão como um furacão, sem nem mesmo olhar para os lados, indo diretamente para o escritório também e eu me levantei no mesmo segundo.
- ! - encostou rapidamente no meu ombro e me encarou como se quisesse adivinhar o que eu faria.
Eu me levantei às pressas e praticamente corri até o escritório, ouvindo os passos e vendo as sombras de todos atrás de mim. A porta estava aberta e não tive vergonha em entrar, fazendo Leon rolar os olhos enquanto meu pai me cumprimentava com o olhar.
- Que merda você e o resto querem aqui? - Leon me encarou feio e impaciente quanto notou todos ali atrás de mim.
- Ué, isso aqui não é uma reunião? A gente só quer participar. - se espremeu um pouco e entrou dentro do escritório junto a um sorrisinho irônico e em seguida colocou as mãos na cintura, cobrando uma resposta de Leon. Ellie chamou sua atenção baixo e com a voz arrastada, mas dava pra ver que no fundo, ela estava gostando do que a filha estava fazendo.
- Que seja! - Leon deu os ombros e passou a ignorar nossa presença ali - Eu consegui achar as armas do Paul e ele com certeza tá puto e obviamente que ele tá planejando algo, ou seja, vocês se preparem. - ele jogou os papéis que estavam em suas mãos com força na mesa, passando a encarar meu pai, Voight e Holt com seriedade e intimidação.
- E você não vai ajudar? - questionou, também entrando no escritório de uma vez.
- Se tivessem feito tudo como eu disse, nada disso teria acontecido. Vocês estão arrastando essa merda dessa guerra há meses e não resolveram nada. Vocês sabem que Paul gosta desses joguinhos, ainda mais com vocês, e ao invés de vocês simplesmente meterem uma bala na cabeça daquele filho da puta, vocês esperam ele atacar e ganhar espaço. Tinha gente dele vendendo droga no meu bairro e tinham até prostitutas. Vocês são loucos, caralho? Olha a que ponto essa idiotice chegou! - Leon berrava na cara dos três com uma raiva tremenda.
- Eu já entendi porra, pode ficar tranquilo que da próxima vez eu vou explodir a cabeça dele e fazer um churrasco com o resto do corpo pra você comer. Tá bom assim ou quer mais alguma coisa? - Holt retrucou tão nervoso quanto ele.
- Vocês dois querem sair da gangue então ao menos saiam de cabeça erguida e terminem essa porra de uma vez por todas. Vocês sabem que só tem um jeito de sair, então saiam com um último trabalho bem feito. E você, Yaser, chega de se esconder, né? Você tem que resolver isso tanto quanto eles. - Leon encarou meu pai junto com um tom de advertência, fazendo meu sangue ferver de ódio. Meus punhos já estavam se fechando aos poucos a cada palavra que saía da sua boca ignorante.
- O que? - interrompeu perturbada e só aí que eu me toquei do que realmente tinha sido dito.
- Sim? - Leon perguntou abusado e debochado, dando um passo longo e ficando um pouco mais perto da minha namorada.
- Só tem um jeito de sair. Você vai mesmo fazer isso? - perguntou apavorada e rapidamente uma guerra na minha cabeça começou entre tirar ela dali pra evitar todo o nervoso ou simplesmente deixar tudo acontecer, afinal, não gostava de ficar pra trás, ela gostava de saber da verdade, sendo ela horrível do jeito que fosse.
- Sim, porque é o único jeito. - Leon respondeu tranquilo e meus punhos se fecharam de uma vez.
- Você vai mesmo dar um tiro nos dois homens que cuidaram da sua gangue enquanto você estava preso?
- É assim que funciona, você sabe, .
- VOCÊ É DOENTE! - em um segundo, já estava com a mão fechada e levantada pra meter na cara de Leon, mas Voight a segurou no mesmo segundo e me encarou como se pedisse ajuda.
Segurei por trás enquanto se recusava em ouvir Ellie, que pedia pra gente sair dali antes que as coisas piorassem. Voight e Holt nem mesmo tentavam pedir pra gente sair dali porque no fundo eles sabiam que não adiantaria, ninguém sairia, mas não por questão de birra ou algo do tipo, e sim porque todos ali mereciam ouvir sobre o que realmente estava acontecendo. Meu pai permanecia calado mas com uma das expressões mais furiosas que eu já tinha visto em toda a minha vida.
- Eu não acredito que vou ter que deixar isso tudo nas mãos de um cara que vai foder tudo o que eu fiz. - Voight passou as mãos pelos cabelos e passou a andar de um lado pro outro soltando risadas fracas e sem um pingo de humor.
- Bom, deve ser um inferno ter que escolher entre coisas insubstituíveis, não é? Mas você tem que escolher. Vocês dois. Sabe o que tem mais consequências que decisões? As indecisões, então...
- Você estragou a vida do Yaser e agora acha certo o que tá fazendo com as duas pessoas que cuidaram de absolutamente tudo aqui e no bairro todo? Você é louco, Leon! - interrompeu aquele começo de discurso medíocre com ódio. Não tinha uma pessoa sequer no escritório que estivesse calma.
- Eu não estraguei nada, quem quis mentir pra família foi ele, não eu!
- Porra Leon, cala a bosta dessa boca um segundo! - meu pai se manifestou sem nem disfarçar toda a raiva que estava sentindo também e seu tom de voz bruto deixou bem claro.
- O problema de vocês é achar que isso aqui é fácil. Eu sempre deixei claro as minhas ideias aqui e vocês passaram por cima disso mesmo sabendo que um dia eu voltaria e mudaria tudo. Não adianta chorar, espernear ou reclamar, quando alguém quer sair da gangue ou leva um tiro e sai se sobreviver, apanha pra caralho ou os dois juntos. Todos vocês sabem disso. E vocês duas - ele apontou com dois dedos para e , que até arrumaram a postura e uma expressão debochada e irritada tomou conta dos seus rostos - Vocês sabem como funciona as coisas na porra dos Ghosts? As mulheres são violentadas pra entrar naquela merda de gangue. É ótimo vocês estarem aqui sendo que nunca nem precisaram, já que o pai das duas era o "dono da gangue" e vocês nunca se esforçaram pra entender como as coisas realmente funcionam aqui. - ele fez aspas com as mãos - E o julgamento de vocês não me atinge em merda nenhuma porque no fim, eu...
Ellie acertou um tapa forte em seu rosto.
- Você NUNCA mais usa essa bosta como exemplo pra fazer essas meninas sairem como menininhas mimadas e egoístas da história. Você está usando algo sério e sujo pra fazer elas se sentirem mal. Os Ghosts fazem coisas horríveis com mulheres e Voight, Holt e Yaser vão parar ele, mas você não ouse nunca mais falar assim com a minha filha e com a minha sobrinha desse jeito pra você se crescer. Você ficou anos preso e acabou de chegar aqui. Você pode não gostar de como eles levaram a gangue pra frente, mas deu certo e você tem que aceitar! Nem tudo é guerra ou vencer. Vidas estão em jogo, educação, segurança e ironicamente caráter. - Ellie deixou que a tristeza e revolta transparecesse em sua voz sem medo ou vergonha, enquanto Leon a encarava completamente sem reação.

Aqui a gente se aprofundou no que já sabíamos. Aprendemos ainda mais sobre os barões. Tem deputado, senador, tem general, tem todo mundo do ramo político nas paradas de drogas e armas. E também aprendemos a entender que não, provavelmente isso nunca vai parar. Deu pra ver de perto que tem gente se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias e isso, de alguma maneira, até é bom. Na verdade, é necessário. Algumas pessoas literalmente deram o seu jeito de se ajustar pelo menos um pouco nesse mundo, mas aqui também dá pra ver de perto que nem sempre essas maneiras desesperadas de ajuste são pra algo bom. Aqui eu vi de perto a diferença entre The Lions e Ghosts. Voight e Holt não são os melhores homens do mundo, estão longe de ser, mas eu juro, existe uma preocupação genuína e uma vontade gigante de mudar as coisas e eu nunca teria a coragem de negar ou esconder isso. Os Ghosts são os Ghosts e só, não tem conteúdo ali que não seja violência, interesse por dinheiro, coisas materiais e poder na cidade e até fora dela.
E nessas horas eu acredito fielmente de que estamos todos no inferno mesmo e que não há solução porque ninguém se esforça em conhecer o problema.
- ? - a voz de surgiu e eu virei pra trás no mesmo segundo, largando a lata de spray no chão assim que bati o olho no prato com pizza que estava nas mãos dela - Eu estava com saudade de ver você fazendo isso. - ela olhou encantada pra parede grafitada, com os olhos brilhando e tudo.
- Sério? - ela me entregou o prato e se sentou em uma das espreguiçadeiras de madeira maciça que tinha ali e eu fiz o mesmo. Às vezes realmente se tornava engraçado a porrada de coisa aleatória que tinha espalhada por todo o lugar. As espreguiçadeiras estavam no galpão há tempos e eu, Cohen e Scott as trouxemos pro fundo. Era o nosso canto e tinha se tornado confortável.
- Sério! - ela sorriu de canto mas o sorriso logo desapareceu e uma certa aflição atingiu seu rosto, o que a fez apertar os olhos rapidamente, voltando a me olhar um pouco sem graça - Eu sei que o dia foi estressante e...
- Eu juro que a próxima vez que Leon abrir a boca, eu vou socar a cara dele inteirinha! - toda a raiva reapareceu como um raio. Só de lembrar do tanto de merda que tinha saído da boca daquele homem já me subia um ódio mortal.
- Essa é a minha vontade também! - concordou num tom forte e óbvio, com o olhar levemente cansado e indignado também.
- Eu sei! Deveríamos fazer isso! - disparei bem humorado, dando um riso de canto e dando uma mordida grande em um dos pedaços de pizza.
- E aí vamos ser expulsos daqui pra sempre e ele vai chutar o nosso cu pro Paul só de raiva. - a gente gargalhou alto e com vontade mesmo. O jeito como nosso humor se conectava e completava ainda me deixava abismado pra caralho. Mas em seguida um ar sério tomou conta de nós, como se realmente fosse o momento certo pra conversarmos sobre certas coisas.
- Dá pra acreditar que quando alguém quer sair dos Ghosts, eles batem na pessoa por 6 segundos seguidos, aí param e depois por 12 segundos seguidos, param de novo, e depois 18, e aí rola até a hora que eles quiserem? Eles não matam, mas quase. Eles também tem o lance do tiro, mas esse negócio dos segundos específicos me chamou atenção porque Paul simplesmente gosta de ter o controle de tudo, entende? Ele é realmente doente, ! - eu precisava tornar aquilo nossa pauta pelo menos por um segundo. Pensar naquilo fez minha cabeça dar um giro e eu precisava conversar.
- Você acha que é possível um dia ele melhorar? - ela simplesmente perguntou, quase me desconcertando de tanta surpresa.
- O que?
- Eu vim falar disso. Eu e pesquisamos e ela recebeu algumas recomendações e... tem esse lugar, é um basicamente um centro onde tem varios profissionais e você escolhe e marca com um deles. Eu não quero esperar muito, não quero deixar a ideia de voltar a frequentar um psicólogo de lado porque eu sei que é importante, ainda mais agora com tudo acontecendo, principalmente o bebê. Tipo, você é meu melhor amigo, , de verdade, mas uma ajuda profissional eu acredito que me traria um certo tipo de clareza diferente, sabe? E eu sei que é até loucura pensar nisso, mas você acha que Paul mudaria por algo? - eu sabia que apenas conversar sobre aquilo já era um esforço enorme pra , mas chegar a se questionar se Paul seria capaz de mudar? É literalmente demais e até um absurdo, mas não porque é ingênua em pensar sobre isso, e sim porque esse tipo de pensamento consome ela de uma maneira absurda e essa é a última coisa que eu quero. Paul não tinha o direito de tirar mais nada da minha namorada.
- Eu não sei porque não conheço ele e estou feliz em não conhecer. Eu sei que você tem um coração gigante e pensa que talvez todo mundo tenha jeito e que possam mudar, mas antes disso, você precisa saber se a pessoa quer mudar, e sinceramente, não acho que Paul pense em mudar algo na vida dele pelo simples fato dele ser literalmente louco e achar que suas atitudes e ideais são certos.
- Isso é tão difícil. - ela suspirou beirando a decepção.
- É mesmo, mas não é algo que cabe a você consertar, meu amor. - ela estava literalmente sentada na cadeira que estava há dois palmos de mim, então coloquei o prato no chão e peguei em sua mão e a puxei de leve, trazendo ela pro meu colo. O cheiro do creme que ela usava ainda estava fresco e eu fiz questão de dar um cheiro no seu pescoço, fazendo ela soltar uma risadinha e colocar os braços ao redor do meu pescoço.
Ela estava linda como nunca. O cabelo ainda estava molhado, nenhuma maquiagem em seu rosto e ela estava usando um vestido cinza de manga longa e um pouco largo em seu corpo. Eu não conseguia lembrar se um dia já vi uma mulher mais bonita que essa, e se já vi, esqueci completamente.
- Eu sei, é só que... - ela bufou - Deixa pra lá! Eu vou ligar nesse lugar amanhã e marcar uma consulta. - ela disse determinada.
- Bom, eu também.
- Você vai mesmo fazer isso? - ela jogou o rostinho pro lado, com uma expressão adorável feito uma criancinha.
- Sorte sua que seu namorado sabe reconhecer quando as coisas estão difíceis e aceita a ideia de ter que buscar ajuda também, não é?
- Bom, não foi tão fácil assim, né? - ela semicerrou os olhos um pouco numa falsa desconfiança e eu soltei uma risada alta falsa.
- Ha Ha Ha, o que você quer dizer com isso, mocinha? - fingi braveza e óbvio, ela riu, dando um longo suspiro em seguida.
- Eu sei que tá tudo uma bagunça e a gente tem muita coisa pra fazer, mas eu estou feliz por nós. - passava um polegar pela minha bochecha, me deixando soltinho e suave pelo carinho que estava recebendo.
- Eu também. E dá pra acreditar que daqui há alguns meses vamos ter um bebê? Um bebê de verdade? Puta merda! - eu nem acreditava nas palavras que saíam da minha própria boca mas era real mesmo. Tem mesmo um bebê e eu vou mesmo ser pai. Porra!
- Eu estou feliz que sua mãe reagiu bem à notícia. - comentou aliviada.
- E agora precisamos contar pra sua.
- Eu sei. Meu Deus, ela vai pirar!
- Talvez pire mesmo, mas eles se acostumam com a ideia, não é? Eles vão morrer de amores quando esse neném chegar, tenho certeza. - quer dizer... É o que acontece quase sempre, não é?
- Você acha que é o que? - passeava com os olhos pelo local em que estávamos e era óbvio que ela estava se referindo ao sexo do bebê, mas resolvi fazer graça.
- É um humano!
- Idiota! - ela riu alto e me deu um tapa fraco no braço - Estou falando sério!
- Eu não sei ainda, mas eu juro que vou ficar feliz com o que vier.
- Acho que a maioria dos pais sempre querem um menino e alguns ficam bravos quando não vem um menino. Eu acho isso tão ridículo! - a voz estava carregada de indignação e por um segundo eu me surpreendi com ela realmente falando desse assunto e já até tendo críticas.
- Eu vou ficar feliz se for um menino do mesmo jeito que vou ficar feliz se for uma menina. Eu cresci com três irmãs, então eu sei como lidar com mulheres.
- Eu não quero escolher, também vou ficar feliz com o que vier, mas... Imagina se for um menininho? Meu Deus, eu não vou aguentar de tanta fofura! Mas também seria legal ter uma menina... Ai, pelo amor de Deus! - ela realmente estava falando sobre o assunto, e melhor: ela estava animada.
Não foi fácil e provavelmente não vai ser pelos próximos 18 anos e o resto da vida também. Eu sempre quis uma família e veio do jeito que eu nunca imaginei que viria. Eu arranjei a mulher da minha vida no meio de uma gangue e ela está grávida enquanto tem literalmente uma guerra rolando na frente dos nossos olhos. Não poderia ser mais bizarro, surpreendente e estranhamento bonito. Óbvio que não estava nos planos de nenhum dos dois e óbvio que eu queria curtir sozinha por mais alguns anos, mas a criança veio, e junto veio o medo, o susto, o nervoso e com certeza veio o sentimento mais forte também, algo que eu não conhecia até então. É estranho pensar nisso porque nosso bebê é menor que um dedo mindinho e eu ainda não sei direito o que significam todos esses sentimentos, mas eu sei que vou amar meu filho de maneira absurda e que vamos dar um jeito de ajeitar nossas vidas pra criar essa criança de maneira digna e decente.
- , você definitivamente é o meu "valeu a pena" da vida. - eu puxei minha namorada pela cintura, encostando o corpo dela ainda mais no meu, colocando uma mão no seu pescoço e lascando logo um beijo na sua boca.
Puta que pariu, Por que eu demorei tanto tempo pra achar ela?
se ajeitou no meu colo, se ajeitou bem mesmo, abrindo as pernas e se encaixando ali de maneira que nossas se intimidades se encostassem, mas o único problema eram todas as nossas roupas. Ela distribuiu beijos abusados pelo meu pescoço e eu apertei sua cintura de leve, fazendo ela erguer um pouco o corpo e resolvi ser um pouco mais abusado pra balancear as coisas. Levantei um pouco seu vestido, o suficiente pra ir de encontro com uma banda da sua bunda, apertando a mesma e arrancando um gemidinho fraco dela.
- Ei! - ela chamou minha atenção numa falsa seriedade, me encarando profundamente e descendo uma de suas mãos e apertando meu pau por cima da calça mesmo sem vergonha nenhuma.
Porra!
Puxei de leve seus cabelos antes de beijá-la com vontade e sentir ela rebolando de leve em mim, fazendo meu pau latejar. Puta que pariu.
- Vamos logo pro meu trailer antes que eu te foda aqui mesmo pra qualquer um ver. - eu falei desesperado entre o beijo.

——


Eu saí do banheiro e vi de longe Shyla e Landon comendo juntos e estava tudo ficando cada vez melhor entre os dois dia após dia. Cohen e Scott passaram pelo portão e vieram na minha direção, jogando um saco de papel no ar para que eu pegasse e era, mais uma vez, lanche de fast food.
- Cara, sério, a gente precisa parar de comer tanta porcaria. - Scott comentou numa preocupação verdadeira mas que nunca durava mais que três dias. O cara definitivamente ia morrer de tanto comer tranqueira e a gente ia junto por sempre comer com ele.
Nos sentamos em uma das mesas dali, que era um pouco afastada da mesa em que Landon e Shyla estavam sentados.
- Melhor chamar eles? - perguntei por alto enquanto tirava meu lanche do pacote.
- Não. - Cohen respondeu de imediato, mas não foi um simples "não", foi uma resposta certeira dita pelo desespero. Pela primeira vez em semanas ele dava um indício explícito de que talvez fosse algo causado por Shyla, porque simplesmente não é possível ele não ter percebido nada até então, simplesmente impossível.
- Por que não, bro? - Scott claramente estava pensando o mesmo que eu e se fez de desentendido, mas porra, não dava, a gente se conhecia bem demais.
- Vai tomar no cu vocês dois, eu sei que vocês estão esperando há um tempão eu falar sobre isso! - Cohen mostrou o dedo do meio pra gente com um riso frouxo nos lábios e a gente caiu na risada.
- Esperando o que, doido?
- Ah, vão se foder. - Cohen ria sem parar e a gente também.
- Tá bom, agora é sério. Qual o seu problema com a Shyla? A gente tá há dias te falando sobre ela e você se fingindo de demente sendo que a gente sabe que você sabe, a menos que você seja completamente burro a esse ponto de não ter enxergado isso até agora. - Scott se manifestou trazendo exatamente o que eu pensava.
- Velho, eu sei! Eu sei de tudo e isso vai ser completamente ridículo, mas eu travei. Desde o dia que essa garota pisou aqui eu me sinto um pré adolescente indo atrás da primeira garota. - Cohen se rendeu de uma vez, explicando sério e me deixando mais confuso que nunca.
- Cara, que merda você tá falando? Você tá, sei lá, intimidado por ela? - questionei confuso com a testa franzida.
- Eu tô tudo! Olha essa mulher! Ela é um puta mulherão, lotada de tatuagem e de longe da pra ver que ela tem uma personalidade forte, mas aí eu vejo ela de perto e porra, ela é mesmo um mulherão. Sério, sei lá, mas eu fiquei tão encantado por ela que não consegui fazer porra nenhuma até hoje, eu simplesmente travei igual um zé ruela!
E era disso que a gente precisava. Rimos demais mas não da sensibilidade de Cohen e sim do tanto que a gente achou que ele tava com algum problema por não conseguir enxergar o óbvio. E Shyla, meu Deus, a coitada preocupada com a situação, dizendo que Cohen provavelmente não queria nada com ela, e no final... isso. É de foder.

Eu passei pelo portão com as sacolas do mercado nas mãos e estava até ansioso pra preparar um jantar especial pra . Não por ser uma data especial, mas sim porque ela precisa mesmo comer melhor agora que está grávida.
- Filho? - eu virei pra trás no mesmo instante.
- Você tá fazendo o que aqui? - olhei pro meu pai desconfiado.
- Digamos que eu basicamente vou morar aqui também. Não dá mais pra ficar me escondendo e eu vou enfrentar Paul de uma vez por todas. A gente vai parar esse cara, eu prometo! - óbvio que ele queria provar algo não só pra mim mas como pro resto da nossa família. Ele queria nos dar orgulho no meio de toda essa podridão.
- Olha, eu sei que as coisas estão horríveis agora e não dá pra resolver nada no momento, mas mesmo você escondendo toda essa parte do seu passado não apaga o fato de que você ainda tem uma família. Eu te garanto que a gente não quer nenhum sacrifício heróico, então sei lá... Toma cuidado, tá bom?
- Eu te amo, filho, e eu sei que errei e...
- Pai, por favor, não faz isso! Eu também te amo, mas isso não serve como desculpa. Não justifica as coisas ruins e prejudiciais que você fez.
- Eu vou consertar isso.
- Você tem como consertar isso? Vai fazer o que, dar um tiro na cabeça do Paul?
- Alguns homens são melhores mortos. - ele disse firme.
- Você não precisa se sujar a esse ponto, pai.
- Eu já perdi as coisas mais importantes da minha vida, , não vou permitir que Paul continue.
- Eu também estou aqui! - eu queria lembrá-lo de que sim, apesar de tudo, eu ainda estava ali. Meu corpo, meus sentimentos, tudo. Paul também me tirou muito e minha vontade era de acabar com a sua raça no soco mesmo, mas eu tinha coisas maiores pra pensar e meu pai também e ele precisava lembrar disso.
- E quero que você fique longe de qualquer confusão. Você, sua mãe e suas irmãs já sofreram demais. Eu vou acabar com isso!
- Você não precisa se sujar desse jeito! - falei novamente só que irritado porque ele não tava ouvindo porra nenhuma do que eu estava falando.
- Eu vou fazer o que tiver que fazer!

's POV
DIA SEGUINTE.
- Então ele gostou tanto dela que ficou intimidado e inseguro? - franzi a testa loucamente enquanto ouvia contando sobre a revelação de Cohen.
- Isso mesmo! Sério, eu nem acreditei quando ele falou. - gargalhou e abriu a porta, me dando espaço pra sair primeiro e saiu em seguida - Mas acho que agora ele tá de boa e vai tentar algo com ela.
- Meu Deus, esse lugar é o tinder só que já é pessoalmente!
Sair era a última coisa que estávamos fazendo, então nosso plano era apenas ir pra os fundos, grafitar coisas aleatórias no muro dos fundos junto com o pessoal e conversar, mas só deu tempo de dar pequenos passos. Yaser passou como um furacão pelo portão e Holt tentava o acompanhar. olhou atento e em alerta àquilo e sem pensar muito já começou a andar em direção ao escritório, que era pra onde Yaser tinha ido.
- Seu filho da puta, olha o que você fez! Tudo isso porque eu decidi ajudar você nessa merda! E agora, porra? Minha família inteira tá em perigo, caralho! - Yaser gritava tanto na cara de Leon que era capaz de fazer o bairro inteiro acordar.
entrou no escritório com tudo, gritando desesperado e perguntando pro pai o que tinha acontecido. Voight chegou em seguida suando e tentando acalmar a situação, mas não tinha jeito. Paul havia mandado alguns homens atirar na casa da mãe do . Literalmente atirar na casa todinha, não poupando nem uma janela sequer. Ela estava bem e as meninas também, apenas Safaa estava em casa com ela e as duas não foram atingidas. Foi tudo tão rápido e uma gritaria tão alta que eu já não conseguia diferenciar a voz de ninguém.
- O QUE VOCÊS ESPERAVAM? - Leon berrou completamente tomado pela raiva - A gente atacou Paul e óbvio que ele ia responder. Ele é perigoso porque já se recuperou mais de uma vez! Eu sinto muito que isso tenha...
- VOCÊ NÃO SENTE NADA! - Yaser gritou - Você não está fazendo merda nenhuma pra nos ajudar, caralho!
- Eu estou tentando arrumar coisas que vocês não conseguiram arrumar até hoje, caralho! Eu estou...
E ele não terminou. deu um soco na cara dele com muita força. Muita mesmo. O soco que ele estava doido pra dar há tempos.
Voight segurou e Leon por um segundo ficou incrédulo e completamente sem reação. Holt agarrou pelo braço e começou a puxá-lo pra fora, mas ele não estava colaborando.
- Se alguma coisa acontecer com a minha família, eu te mato! - Yaser berrava num ódio descomunal.

levou a madrugada inteira pra buscar Trisha e suas irmãs e trazê-las pra cá. Eu queria ir pra não deixá-lo sozinho mas Voight e o próprio preferiram que eu ficasse por questões de segurança. Todos nós dormimos - ou tentamos - na casa da Voight. As irmãs de estavam realmente confusas e em choque e talvez por isso tenham dormido tão rápido, mas Trisha levou mais algumas horas. Talvez ver Yaser depois de todo esse tempo tenha mexido com todas as suas estribeiras também.
Yaser e estavam mais nervosos que nunca e com motivo. Paul mais uma vez estava montando guerra em cima de guerra e ninguém estava disposto a deixar isso barato.
- Elas acordaram? - subiu o último degrau com a preocupação estampada no rosto e eu morri de dó.
- Doniya acabou de acordar e tá puta da vida. Ela ligou pro chefe dela e disse que não foi trabalhar hoje porque está doente mas acho que ele não acreditou muito. - fiz uma careta.
Voight fez questão de entregar a casa pra família de se acomodar. Embora só Safaa estivesse com Trisha na hora do ocorrido, , Yaser e Trisha acharam melhor todas virem junto. Doniya e Waliyha estavam deixando seus empregos pra trás por tempo indeterminado, e Safaa, o colégio. Mais uma vez, coisas estavam sendo tiradas de mais pessoas e tudo parecia fora do controle cada vez mais.
- Eu não estou aguentando ficar no mesmo lugar que minha mãe e meu pai, sério. Eles estão se tratando de maneira tão bizarra que... Meu Deus, eu só quero que isso acabe! - bufou chateado e eu o abracei forte, depositando um selinho cheio de amor em seus lábios.
- Vai acabar, eu prometo! Nessa altura já não tem muito o que fazer. Paul basicamente já cercou os The Lions e provavelmente algo deve acontecer em breve pra acabar com isso tudo de vez mas não quero imaginar o que pode ser. Eu só quero que você esteja seguro e longe de qualquer confusão, ok? Eu preciso de você. A gente precisa! - dei uma olhada significativa na minha barriga e sorri de canto, novamente depositando inúmeros selinhos na boca do meu namorado.
O meu nome foi dito em voz alta no andar debaixo e eu quase dei um pulo de tanto susto. franziu a testa e arregalou os olhos no mesmo instante, junto comigo. Tivemos a mesma reação: descemos correndo escada abaixo pra confirmar e lá estava ela. Minha mãe estava ali, parada na minha frente em carne e osso.

Capítulo 31

's POV
Eu nunca senti tanto. Naquele abraço tinha tanta coisa. No fundo, acho que todo filho sabe que não existe algo tão puro e genuíno dentro das condições normais da vida que se compare ao amor de uma mãe com o seu filho e vice versa. Eu sei que existem casos e casos, mas me refiro ao amor que realmente se conecta. O amor que realmente surge, o amor que dá certo. Por mais de um ano eu senti falta do quão chata minha mãe era, do quanto ela pegava no meu pé e até me fazia pagar inúmeros micos. Eu acho que entendo tudo um pouco melhor agora. Todas as aflições, vibrações e medos que eu sinto no momento, minha mãe também sentiu um dia. Mas talvez essa também seja uma gracinha do destino e talvez também bondade da vida: me dar a oportunidade de reconhecer minha mãe, enfrentando os mesmos desafios que ela enfrentou.
Estávamos sozinhas no quarto e já era o nosso milésimo abraço e eu não me cansava. O seu cheiro, seu abraço, a segurança... Não tem nada no mundo como isso.
- Meu Deus, como eu senti sua falta assim pertinho de mim sem ninguém pra nos atrapalhar! - minha mãe ainda se encontrava em um estado completamente emocionado, segurando firme em minhas mãos, provavelmente com medo de que algo me tirasse de perto dela de novo, mas não, eu nunca mais deixaria isso acontecer - Mas me conta, como você está? Eu sei que está tudo uma bagunça e...
- Eu tô grávida. - eu falei de uma vez, tão rápido que ela precisou de breves segundos pra compreender o que tinha acabado de ouvir. Seu rosto fez uma tour por todas as expressões existentes e ela soltou minhas mãos, se sentando na cama de uma vez, como se tivesse perdido a força nas pernas e eu continuei ali em pé em sua frente, imóvel.
- O que você falou?
Eu nunca fiquei tão nervosa em toda a minha vida, e olha que eu já passei muito nervoso, principalmente nos últimos meses, mas nada se compara à isso.
Literalmente só saiu e por um segundo me senti aliviada. Ela saberia de um jeito ou de outro, mas sua expressão estava longe de ser das melhores.
- Eu sei, eu sou muito nova e eu não tenho nada e...
- Exatamente! Você é muito jovem, você mal começou a viver e também mal começou a namorar! , o que aconteceu? Eu fico presa e você simplesmente engravida?
- Por que você tá falando assim? Você me teve super nova também! Eu quero ficar comparando ou te julgando, mas...
- E olha o que aconteceu! Olha como você cresceu! - ela seguiu me interrompendo e já sem paciência, mas de maneira completamente decepcionada, mas não diretamente comigo.
- Eu não vou criar meu filho no meio de uma gangue como você fez, mãe! E por que você está revirando esse assunto de novo? Você engravidou, meu pai era um merda e você ficou no único lugar que dava pra ficar. Você me criou bem, você fez o que pôde! - eu ressaltei o que já tinha dito inúmeras vezes e de maneira quase que desconfiada. O que diabos ela estava pensando? Por que estava fazendo isso pra conversa?
- EU NÃO FIZ! - ela berrou com lágrimas nos olhos. Eu entendi tudo. Ou quase. Meus olhos arregalados observavam bem o quão descompassada sua respiração estava de tanto nervosismo. Minha mãe estava mal por mim, pela minha vida, por como eu cresci. Ela estava claramente se massacrando em culpa. Uma culpa que não deveria existir.
- Eu vou descer. Desculpa se... sei lá, se eu estraguei o seu dia com a notícia ou se... Meu Deus, eu nem sei. Depois a gente conversa. Eu acho.

DOIS DIAS DEPOIS.
Safaa era de longe a pessoa com o melhor senso de humor da família. Ela sabia que as irmãs estavam completamente estressadas e que a mãe estava a um fio de surtar de vez com Yaser, mas ela ainda tentava manter tudo num clima menos horroroso, mas embora ela fosse a única se esforçando de verdade pra isso, eu sabia que tudo também tinha a deixado muito abalada. Ela não conseguia nem olhar pro próprio pai e não era de raiva, e sim porque ela não conseguia entender o que estava sentindo ou o que estava pensando direito, então juntamos nossas frustrações e nos entupimos de donuts recheados de chocolate. Ela também era a mais animada com a história de ter um sobrinho ou sobrinha e já estava até sugerindo nomes. Não que Waliyha e Doniya fossem pessoas horríveis, mas elas estavam completamente tomadas pela onda de estresse e eu entendia, eu quase estaria também se não fosse por Safaa, , e o resto dos meus amigos. Era um momento tão delicado e estavam todos se apoiando e literalmente era a coisa mais linda da vida. Embora minha mãe estivesse conversando comigo quase que normal, ela não tinha mais tocado no assunto da minha gravidez. Ela simplesmente fugia do assunto completamente e isso estava quase me afogando em agonia, então eu decidi me afogar no doce e foi isso o que fiz.
Ah, e nos últimos dois dias uma cólica filha da puta chegou pra me foder. Tia Ellie disse que é completamente normal no começo da gravidez.
- Babe? - abriu a porta bem devagar, fechando a mesma e se sentando ao meu lado da cama.
- Eu juro que não aguento mais ficar sem fazer nada! , pelo amor de Deus! Eu sei que é muito arriscado e Voight não vai me deixar voltar a trabalhar nem a pau, mas eu preciso fazer algo! A gente precisa decidir uma porrada de coisa do nosso bebê, precisamos comprar berço, fralda, roupa, tudo! E precisamos de um lugar também! Meu Deus, a gente não pode criar nosso filho dentro de um trailer, ! Fora que... - ele me deu um selinho longo, longo mesmo, dando certo impulso até eu deitar na cama e desabar no riso.
- Calma matraca, respira! - ele mesmo respirou fundo numa atuação impecável de como eu deveria... respirar. E foi impagável de tão engraçado - Eu te conheço, amor da minha vida, você tá é começando a pirar por causa da sua mãe, não é?
- Como você sabe? - eu fingi surpresa e ele riu comigo até eu recuperar minha seriedade pra responder - Eu não pensei em contar, só saiu, de verdade! Eu não imaginei que ela fosse ficar tão mexida com a notícia, . Eu sei que a prisão não foi nada fácil e é uma experiência completamente dela e que ninguém nunca vai entender completamente porque ninguém estava lá com ela e eu também quero dar esse espaço e mostrar que ela pode ficar chateada com tudo, sabe? Eu sei que vai ser um processo longo, ela ficou mais de um ano presa e ela nunca vai recuperar esse tempo de volta, mas eu não quero que ela se sinta culpada por minha causa. Ela me criou do jeito que deu e não é culpa dela eu ter ficado tão sequelada assim. Ela foi uma mãe incrível!
- E você é uma mulher incrível, sabia? - ele sorriu todo bobo, jogando o corpo pro lado e deitando ao meu lado.
- Ela é a minha mãe! - reclamei manhosa e triste.
- E você queria o apoio dela, eu sei, eu juro que sei, mas talvez ela esteja se recuperando ou procurando as palavras certas pra uma próxima conversa.

——


estava completamente comprometida com seu trabalho. Glenn continuava viajando muito mas sempre que podia, voltava pra Londres pra ajudar de perto. Estava tudo indo muito bem pra ela e estávamos todos felizes de verdade. Lydia quase surtou quando contei sobre a gravidez. No bom sentido. Keith teria um amiguinho ou amiguinha pra crescer com ele e isso fez meu coração queimar de... não sei. Ansiedade? Carinho? Felicidade?
Ainda é tudo muito novo.
Eu e estávamos intercalando entre dormir nos trailers e dormir na casa de Voight. Por sorte, minha mãe e Trisha estavam se dando muito bem e as irmãs de continuavam desconfortáveis com a situação toda mas nada que as fizesse causar algum escândalo ou discussão. Elas também sabiam que só estavam ali por questão de segurança.
- ? - Shyla deu passos rápidos e gritinhos animados já estavam saindo conforme ela se aproximava completamente elétrica.
- O que aconteceu? - eu parei de andar no mesmo segundo mesmo já estando bem na porta do meu trailer, só pra analisar bem seu olhar e tentar adivinhar, e sinceramente, não podia ser outra coisa - Meu Deus, o Cohen fez algo, não foi? O que foi, rolou alguma coisa? Me conta tudo!!! - eu quase atropelei as palavras e Shyla riu alto.
- Ele me chamou pra sair! Ele finalmente chamou! E o mais engraçado é que eu estava pronta pra chamar, mas ele acabou chamando primeiro e... Sério, ele é tão engraçado! - ela continuava rindo completamente radiante de alegria e eu ria junto.
- Esse lugar realmente está melhor do que qualquer aplicativo ou site de relacionamento! - eu reforcei em voz alta o que eu já pensava há tempos e ela riu mais ainda.
- Ainda bem! - ela sorria feliz.

Nós passamos a tarde juntas e depois nos juntamos com no estúdio e Lydia também foi. Tivemos horas de diversão e conversas sobre inúmeros assuntos e tudo pareceu bem e certo. Embora tudo ainda estivesse numa fase delicada, deixamos o medo de lado e nos divertimos e curtimos a companhia uma da outra. E talvez essa tenha sido uma das melhores coisas que eu havia feito por mim mesma nas últimas semanas.
Ironicamente, quando Lydia já tinha ido embora e depois de deixarmos Shyla em casa e já estar pronta pra seguir caminho pra sua própria casa, recebemos mensagens de nossas mães dizendo para irmos pra casa de Voight. E fomos. E todo mundo estava lá. Minha mãe, tia Ellie, Leon, Yaser, e o resto da sua família.
Voight e Holt estavam com Leon e Yaser na cozinha e não demorou para virem todos pra sala, onde todo mundo estava reunido.
- Ok, quem morreu? - perguntou sem paciência e tia Ellie segurou o riso no mesmo segundo.
- Que? - Holt questionou confuso e acabou rindo - Ninguém morreu, filha. Isso é só...
- Uma reunião. A vida de todo mundo aqui foi diretamente afetada com toda essa história do Paul e estamos aqui pra dizer algumas coisas, afinal, vocês crianças já encheram tanto a porra do meu saco nas últimas semanas que eu pensei que realmente é melhor fazer logo isso aqui e deixar tudo esclarecido de uma vez por todas. - Leon completou a fala de Holt e por incrível que pareça, seu bom humor era algo novo a se notar e apreciar.
- Vocês estão numa boa com isso? - perguntei diretamente pra Safaa, Doniya e Waliyha, que estavam sentadas juntas em um sofá e com expressões claramente perdidas.
- Sim. Independente do que seja, melhor a gente já ouvir tudo de uma vez e depois fingir que serviu pra algo. Já sabemos que nada vai voltar a ser como antes porque meu pai ferrou tudo e...
- SAFAA! - Trisha repreendeu a filha alto.
- Deixa ela falar, ela tem o direito de ficar brava comigo! - Yaser se intrometeu claramente sentido com as palavras da filha, mas ele também queria que ela fosse ouvida. Ele queria que dessem atenção pra raiva dela. E eu juro, eu sentia que era algo realmente genuíno e não pra o deixar numa posição de coitadinho ou de vítima, ele realmente queria que a voz dela fosse ouvida.
- Bom... - Leon voltou a falar um pouco sem graça e Safaa deu os ombros, claramente desistindo de terminar sua fala - Paul está fora do jogo por um tempo.
Um "O que?" foi questionado em coro. Leon foi paciente em explicar que os negócios de Paul estavam sendo feitos diretamente com um policial corrupto chamado Austin, que era o líder pra passar drogas e armas. Leon ameaçou Austin e embora todo aquele falso império que ele achava que tinha pudesse acabar da noite pro dia, Austin ainda lutou contra Leon por dias e dias. Leon estava tentando aquilo há semanas. Ele estava tentando resolver as coisas! E bem... Deu certo. Austin só tinha contatos e fácil acesso à drogas e armas por ser da polícia, e caso descobrissem, ele teria um fim pior que a morte, mas não por ser um policial corrupto, mas sim porque outros policiais corruptos fariam de tudo pra acabar com Austin de uma vez pra ficar no lugar dele.
Leon pressionou Austin a encerrar negócios com Paul e um trato foi feito, mas não só isso: Leon agora seria cliente de Austin e ele também ajudaria a mandar Paul ir pra longe. Como? Fazendo o mesmo que Leon tentou fazer. Austin tinha ameaçado Paul a armar algo grande pra fazer parecer que ele foi um traidor com os Ghosts, e sinceramente, não tem anos de cadeia que seja pior do que ser um traidor. O que fazem com um traidor é uma das piores coisas que se podem fazer com o ser humano e pra ser sincera, eu não acreditei de primeira que Paul não tinha uma carta na manga pra lutar de volta no mesmo instante, mas ele não tinha mesmo, não no momento. Os Ghosts não estavam em guerra só com os The Lions e Austin tinha como tramar algo realmente grande e quase verdadeiro. Paul não podia mais ficar, no mínimo, em Londres.
- Então estamos... Livres? - questionou surpreso e já dando sinais de felicidade em seu rostinho.
- Basicamente sim. Austin garantiu quatro meses de proteção pra os The Lions. Paul vai embora mas com certeza não vai dizer a verdade pra ninguém dos Ghosts e com certeza ele vai controlar tudo de longe mesmo e vai tentar voltar ainda mais forte. Temos quatro meses pra tirar todas as fontes dos Ghosts, fazer a gangue morrer de vez e ficar de olho em Paul, porque ele vai tentar fazer algum negócio grande em algum lugar, e assim que ele achar que conseguiu, eu mesmo vou atrás dele e mato esse filho da puta. Ele vai se desdobrar pra nada! - Leon explicou animado. De longe, qualquer coisa que envolvesse acabar com os Ghosts ou qualquer outra gangue o deixava completamente entregue à felicidade.
- Calma! Ele vai ficar solto? Eu sei que você acha que tem o controle de tudo agora, mas ele realmente pode conseguir voltar mais forte contra nós. Eu não quero ter quatro meses de paz pra tudo desmoronar de novo em seguida! - questionou desconfiada e levemente brava também.
- Você está fazendo o mesmo que ele! Dando tempo só pra poder jogar mais. Isso tudo deve encher muito o seu ego, não é? - expus minha opinião com certa braveza também. Sabíamos bem qual caminho era aquele e não era o caminho que levava tudo ao seu grande fim, muito pelo contrário.
- Gente, calma! A gente literalmente não vai deixar nada disso acontecer! Tem quatro de nós aqui, e caso ele tente voltar mais cedo que o esperado, vamos fazer algo! A gente só precisa esperar pra saber quais são os próximos movimentos dele pra derrubarmos essas pessoas também, entendem? Não é só pelo Paul! - Holt se manifestou.
- Uau... Se alguém acha que membros de gangues são perigosos então ainda não experimentaram policiais, certo? - Safaa arqueou as sobrancelhas e deu um sorrisinho debochado.
E ela não estava errada.
Eu ainda não conseguia discernir o que estava sentimento exatamente. Pensar nos The Lions e Ghosts sempre me deixou maluca. Nossa gangue não é um mar de rosas, mas eu juro que ela é melhor porque Voight e Holt são melhores. Eu sei que os Ghosts sempre foram ajudados mais pelo ódio do que pelo amor e companheirismo. Eles são odiados porém respeitados. Os The Lions é algo mais acolhedor e ok, eu adoro isso, mas eu não quero que dessa vez esqueçam de tudo o que vem acontecendo só porque o surto de violência vai passar por alguns meses. E não, eu não quero ensinar ninguém a trabalhar ou como tocar uma gangue inteira, mas eu sei e talvez todo mundo saiba que isso não vai simplesmente acabar assim.

——


dormiu no meio do filme. Todo mundo já estava dormindo, exceto pela minha mãe e por Voight. Depois de toda aquela conversa de esclarecimento, jantamos todos juntos e foi bizarro porque foi legal, mas logo em seguida eles saíram. O relógio marcava duas e quinze da manhã e eu levantei de fininho do sofá e fui até a cozinha pra fazer um lanche rápido. Fiquei observando de longe como era adorável dormindo e no meio desse momento suficiente pra derreter meu coração todo, a maçaneta foi virada e Voight e minha mãe entraram rindo, mas logo se calaram quando perceberam que estava ali no sofá dormindo tranquilamente.
- Ainda bem que você está acordada! - minha mãe veio sussurrando e com um sorriso largo nos lábios, me puxando pela mão até o jardim dos fundos que por sinal estava completamente sem vida.
Pelo menos o lanche de queijo foi comigo e não demorou pra minha mãe me fazer sentar no banco de madeira que tinha ali, completamente inquieta, elétrica e quase dando piruetas de tão energizada. Voight conseguiu fazê-la se sentar ao meu lado em meio aos risos e ele se sentou do outro lado e pelo amor de Deus... eu quis chorar. De alegria. Eu tinha os dois ali comigo!
- Ok, o que é isso? São duas da manhã! - perguntei um pouco confusa porém sorrindo junto de tanto que minha mãe sorria e Voight não ficava pra trás.
Por Deus, talvez eles tivessem colocado o sexo em dia mas... Ugh, isso não deveria ser compartilhado comigo, certo?
- Primeiro de tudo - minha mãe ficou completamente séria em questão de literalmente segundos, mas não uma seriedade fria, ignorante e coisas similares, e sim uma seriedade delicada - Eu preciso te pedir desculpa. Eu fui grossa com você logo no nosso primeiro dia juntas depois de mais de um ano porque...
- Você estava presa. - interrompi desesperada logo no primeiro minuto. Eu não ia permitir que ela se culpasse e eu queria que ela soubesse que estava tudo bem. Ou quase. Mais de um ano na cadeia deve mexer com a cabeça e com os sentimentos de qualquer um.
- Sim, e isso me tirou tanto, , você não faz ideia! Eu senti que te abandonei e eu não estive aqui pra te ajudar desde o primeiro dia que você descobriu essa gravidez. Eu estive longe e eu acho que nunca vou conseguir superar essa fase e eu quero que você saiba que às vezes eu sinto também que meu coração não vai conseguir aguentar o peso das decisões que eu tomei nessa vida, mas eu prometo que vou fazer tudo valer a pena e ser melhor agora. Eu quero estar aqui pra você, pro meu neto, pra o nosso bairro! - o calor de suas palavras vieram carregados de uma emoção que eu não sentia há tempos.
- Por que você tá fazendo isso comigo às duas da manhã? - uma lágrima escorreu do meu olho e eu me virei pra Voight - E por que você está deixando ela fazer isso comigo às duas da manhã?
E a gente riu. A gente teve o nosso momento. Uma filha e seus pais.
- Bom, a gente queria mesmo que você fosse a primeira a saber e por coincidência você ainda estava acordada, então... - Voight deu os ombros e deu um sorriso maroto de canto.
- Então o que? - eu olhei confusa para os dois, completamente perdida e tentando achar a explicação em seus olhares, mas a explicação estava em outro lugar.
Minha mãe levantou a mão esquerda com o maior sorriso da vida. Havia um anel ali no seu dedo anelar esquerdo. Um anel de noivado.
- COMO ASSIM? MEU DEUS! VOCÊS VÃO CASAR?
Não tivemos só um momento, tivemos O momento. Tivemos nossas almas conectadas por uma felicidade tão genuína em tantos sentidos que eu nem mesmo me dou o trabalho de tentar explicar.

- Eles estão noivos? - franziu a testa e rolou os olhos de maneira engraçada.
- Sim! Meu Deus, eu vou ajudar minha mãe a planejar um casamento!
- Só um? - ele arqueou as sobrancelhas com um olhar significativo.
ajoelhou.
- O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?
E levou as mãos até seu tênis. Até seu cadarço, pra ser mais exata. Eu sentia meu coração na boca e minha respiração descompassada e ele riu. Caramba, como ele riu, e óbvio, eu também.
- Porra amor, sua cara foi demais! - ele disparou ainda rindo.
- Você não pode me assustar assim!
- Achou mesmo que eu te pediria em casamento desse jeito?
- Na verdade eu nem achei que você quisesse casar comigo. - dei os ombros e mordi de leve meu lado inferior, observando a expressão confusa que tomou conta do rosto do meu namorado de forma imediata.
- O que? ... É claro que... É claro que eu quero!
- Então você quer casar comigo? - foi a minha vez de ficar confusa.
- Quero, óbvio!
- Espera... Isso é tipo um pedido? - apertei os olhos, duas vezes mais confusa.
- Que? - ele tombou a cabeça pra trás começou a rir novamente - Olha, eu quero casar com você, óbvio, mas eu não te pediria em casamento aqui nesse quarto! Você merece algo melhor e maior. - explicou como se fosse óbvio e aquilo me atingiu como uma paulada no coração de verdade.
- Meu Deus, você pensa mesmo em casar comigo? - eu estava, de fato, chocada.
- Você não pensa?
- É só que... Não sei. Basicamente teremos uma vida de um casal casado, não é? Uma casa, um bebê...
- Sim, mas a ideia do casamento é algo importante. Quero dizer, mesmo se a gente não casar eu ainda vou te tratar como minha mulher, mas eu acho legal a ideia, entende? Eu quero isso pra gente um dia, você não quer?
- Eu quero qualquer coisa com você, meu amor. - sorri boba e apaixonada, abraçando meu namorado e dando um beijo cheio de amor nele.
E eu juro... Às vezes parece que tem tanta beleza, tanto amor, tanta felicidade e tanta emoção no mundo, que eu não sei como reagir e parece que meu coração vai sucumbir.

's POV
2 MESES E 2 SEMANAS DEPOIS.

Depois das umas cólicas horríveis que teve no começo e só faltou arrancar a minha cabeça fora como se me matar fosse resolver algo e uma fome louca que na maioria das vezes depois de 2 colheradas de comida a fome passava, estavamos indo bem. A barriga já aparecia um pouco e estávamos estranhamente felizes. Estranho porque isso pareceu tão distante meses atrás e agora estamos... Aqui.
Tínhamos ido no show do Khalid e foi foda.
Minha mãe e minhas irmãs foram embora semanas atrás já que o risco de Paul tentar algo tinha diminuído pra caralho. Óbvio que nenhuma delas estava segura em viver normalmente mas estavam tentando e se apoiando de perto. Safaa até brincou dizendo que estava ótimo ficar sem ir pra escola.
Voight e Leon arrumaram um emprego para Landon cerca de um mês e meio atrás e estava indo tudo bem, inclusive rolaria um jantar de despedida. Ele deixaria de morar nos trailers e estava pronto pra alugar seu próprio apartamento. É, o homem estava mesmo se dando bem e levando sua luta contra seus vícios a sério mesmo e felizmente estava conseguindo.
Agora Shyla e Cohen... Meu Deus, que demora do caralho que foi pra sair o primeiro beijo, mas saiu. Os dois ainda estavam dando pequenos passos mas estava óbvio que daria certo.
- Oi oi! - abriu a porta do meu trailer e foi entrando de uma vez, com algumas frutas em algumas sacolas - Sério, você não vai acreditar! Eu vi um cachorro na rua hoje e eu juro que quase trouxe ele comigo, quase mesmo, até que o dono dele apareceu desesperado e disse que estava procurando por ele há quase meia hora, ele já tinha dado a volta em inúmeras ruas! - ela explicava com tanto entusiasmo e emoção que era impossível não sorrir feito idiota.
E a propósito, ela estava voltando da consulta com a psicóloga. Ela estava indo. Eu também. Dias diferentes, horários diferentes e tínhamos combinado de que não seria completamente necessário falar tudo o que acontecia em nossas consultas ou sobre o que tínhamos falado. Confiamos um no outro, óbvio, mas nossa melhora, evolução, desabafos e lutas contra nossos demônios precisam ser individuais também.
- Eu sei que você quer muito ter um cachorro, mas já vamos ter um bebê, então acho que precisamos focar nisso primeiro e daqui uns anos podemos adotar um cachorro.
- Ou podemos adotar um antes do bebê nascer pra eles crescerem juntos?
- ...
- Ok, já entendi.
- E já está quase tudo certo pra vender a moto de vez, também tô tentando me organizar e ver quando vou conseguir voltar pra faculdade e eu tô doido por aquele apartamento que te mostrei! Sério amor, eu vou fazer de tudo pra gente se mudar pra lá! - mudei de assunto cheio de energia.
- Você gosta tanto da moto... - ela finalizou com um biquinho triste.
- Eu gosto, mas não dá pra sair com você e com o bebê nela, então ela que vá com Deus. - dei os ombros fingindo não estar ligando muito, mas aquela moto tinha me dado boas lembranças e eu não queria me desfazer dela tão cedo mas necessidades maiores tinham surgido.
- Eu te amo, sabia?
- Eu também te amo e quero te pedir uma coisa. - ela me encarou atenciosa - Eu sei que a gente já combinou de não fazer essa besteirada de chá revelação pra família inteira, mas eu queria poder fazer isso com você. Hoje se tudo der certo a gente vai poder ver o sexo do bebê e eu queria...
- Você vai me fazer um chá revelação exclusivo? - ela me interrompeu rindo e eu assenti um pouco sem jeito - Eu adorei a ideia, babe, mas por favor, você consegue me contar ainda hoje? Eu não vou aguentar de curiosidade!
- Eu já tenho uma ideia e temos pouco mais de uma hora até a consulta pra fazer a ultrassom, então eu vou sair, organizar a ideia que eu tenho em mente e volto aqui pra te buscar mais tarde.

——


Minhas pernas estavam bambas. Eu precisei de alguns minutos a mais dentro do consultório com o doutor pra tentar processar um pouco da informação. Era sempre estranha e animadora a sensação de ver o bebê pela ultrassom, ouvir o coraçãozinho, agora saber o sexo... Eu preciso de uma vida pra processar.
Peguei meu celular e liguei pra quem tinha que ligar. Seria algo simples mas algo que eu já tinha em mente há dias caso topasse a ideia de ser surpresa com o sexo do bebê. Do nosso bebê.

's POV
- Meu Deus, a gente fez esse bebê!!! - eu apontei animada para as pequenas fotos que pegamos da ultrassom enquanto andávamos pelo estacionamento até o carro que Voight tinha emprestado - Você acha que o bebê vai ter o meu nariz ou o seu? - eu parei de andar no mesmo segundo completamente em choque, como se fosse realmente um questionamento bombástico e importante. E era. Pelo menos pra mim. Um pouquinho, vai.
- Acho que o bebê vai ter o nariz dele mesmo. Eu não vou dar o meu nariz nem fodendo! - deu os ombros e um sorriso filho da mãe já estava em seus lábios e eu gargalhei alto imediatamente.
Entramos no carro e o caminho não era desconhecido e eu fui abrindo cada vez mais o meu sorriso quando percebia que estávamos perto do abrigo de cachorros que já tínhamos ido.
- Você vai me fazer uma surpresa envolvendo os cachorrinhos daqui?
- Isso mesmo. É uma coisa totalmente simples mas foi o que deu pra planejar em uma hora. - eu podia notar a insegurança na voz de e eu o abracei rápido ali mesmo dentro do carro. Ele não era menos que o melhor homem do mundo.
- Eu tenho certeza que vai ser perfeito.
Meu coração estava prestes a sair pela boca de verdade. Saímos do carro e entrelaçou nossas mãos, entrando ali com pressa e ansiedade. conversou rapidamente com duas mulheres da recepção e elas estavam tão animadas quanto nós, nos enchendo de abraços e frases lindas sobre como estavam felizes em participar desse momento. Elas até disseram que era algo totalmente novo, ninguém nunca tinha ligado e pedido ajuda pra fazer revelação de sexo de um bebê e nós rimos. Não existia ninguém no mundo como .
Eu conseguia ouvir os latidos animados só de passarmos por um longo corredor e eu queria parar pra fazer carinho em todos, mas seguimos até o fim, onde dava numa área livre e mais aberta, onde os cachorrinhos ficam soltos para brincar e interagir. E meu Deus, o dia também estava impecavelmente bonito.
- Ok, vou contar até três e vou abrir aquela porta e os cachorrinhos vão te trazer a tão esperada revelação, ok? - Gio, uma das funcionárias, disse animada enquanto andava até a tal porta, que dava acesso a outro tipo de corredor com outros cachorros.
- Quer falar algo antes? Quer tentar dar um palpite, amor? - perguntou ansioso e sorridente.
- Eu tô feliz e eu to apavorada ao mesmo tempo porque eu literalmente vou ser mãe de um bebê que está na minha barriga e... Meu Deus, eu nem sei o que dizer... E eu acho que vai ser uma menina. Caramba, todo mundo diz que mães têm essa intuição, não é? Eu acho que vai ser uma menina!
1, 2, 3.
Os cachorrinhos vieram com lacinhos na cabeça e lencinhos no pescoço.
Lacinhos e lencinhos cor de rosa.

——


Estavam todos animados e rindo alto quando chegamos. Depois de passarmos a tarde juntinhos e curtindo a notícia só nós dois por algumas horas, estávamos na casa de Holt. Era o jantar de despedida de Landon e estava tudo incrível.
- Beleza crianças, agora temos uma notícia pra vocês! - Holt disse alto, chamando a atenção de todos nós.
Tia Ellie estava encostada em um dos sofás e se reergueu sorridente. Minha mãe estava ao seu lado e sorriu cúmplice e no mesmo segundo eu olhei pra , que já estava olhando pra mim de um jeitinho desconfiado e engraçado.
- É o que eu tô pensando? - questionou completamente risonha.
Ellie ergueu a mão esquerda e tinha um anel ali no seu anelar.
- Meu Deus, nós duas nunca fomos em um casamento na vida e agora temos dois pra ajudar a planejar! - eu e estávamos de mãos dadas dando pulinhos animados e gritinhos frenéticos.
E todos estavam sorrindo, gargalhando, parabenizando os novos noivos e isso veio com uma onda confortável de abraços e mais abraços. Estávamos genuinamente felizes. Landon propôs um brinde aos noivos e chegou a chorar enquanto agradecia por toda a ajuda, amizade, paciência e companheirismo. Landon não era menos que um verdadeiro guerreiro. Boa parte da sua vida ele ouviu que era um fraco, mas ele é completamente o contrário. Teve suas dificuldades, suas recaídas e eu sei que ele sempre vai lutar contra esses demônios e que sempre vai se recuperar porque é isso o que ele faz toda vez.
- Ok, também temos uma notícia. - chamou a atenção de todos também, se colocando ao meu lado com pressa e animação. Sua mão fez um carinho fofo na minha barriga e nós rimos um pro outro enquanto todos nos olhavam.
- Que você tá grávida a gente já sabe. - Cohen rolou os olhos e logo riu num falso deboche e e eu demos o dedo do meio pra ele.
- Mas o que vocês não sabem é que... - eu pausei, olhando de novo pra o meu namorado, que pela sua expressão, estava prestes a explodir de tanta ansiedade e animação. Tombei um pouco a cabeça pro lado e ele sacou o que eu quis dizer - VAMOS TER UMA MENINA!!!
É bizarro dizer e é bizarro ouvir, mas vamos lá: Vai ficar tudo bem.
Não quero dizer que as coisas vão sair exatamente como você quer, dificuldades e obstáculos fazem parte da vida, mas eu juro, eu juro mesmo, no meio disso tudo, você vai saber se virar e sobreviverá. Claro, vai doer. Meu Deus, como vai doer, como vai ser sofrido e como você vai sentir a ansiedade te comendo viva pela pressa de tudo ficar bem logo, mas sério... Você vai fazer ficar tudo bem.
Eu sei disso porque estou aprendendo e colocando isso em prática. Não está tudo perfeito, não está tudo confortável e aconchegante, mas está tudo bem. Eu tenho uma família que me ama, amigos incríveis e prestes a construir uma família. Repito: uma família.
E cada um pode ser feliz com o que quiser: família, viagens, apenas amigos, comidas, danças, músicas...Você é o que você ama.

Capítulo 32

’s POV
- Ok, então lá vai... Eu lembro disso como se fosse hoje. Eu tinha 14 anos, e eu fomos pra casa de uma amiguinha nossa e na casa dessa amiguinha tinha uma piscina. Estávamos brincando e correndo na beira da piscina e eu caí. Eu caí feio de verdade. Eu fiquei um minuto inteiro deitada no chão sem conseguir me mexer ou falar, a única coisa que aconteceu foi uma única lágrima cair do meu olho e passear pela metade da minha bochecha. Tinha tanta gente ao meu redor e eu só... Sei lá. estava lá, ela ficou me chamando desesperada e eu não conseguia falar ou me mexer.
- O que você sentiu? - Leya, minha psicóloga, perguntou calma enquanto ajeitava seu óculos com a pontinha do dedo, mas não desviando o olhar de mim nem por um segundo.
- Tinha muita gente lá e quando eu consegui reagir, me ajudaram a levantar, me deram gelo pra colocar na minha cabeça, ligaram pra minha mãe e continuaram brincando na piscina. - fui rápida em responder, sentindo meu corpo passear entre um calor infernal e um frio de rachar, ou seja, estava nervosa pra caralho.
- Não foi isso que eu perguntei. - Leya sorriu com os olhos e eu acabei sorrindo também. Não era um interrogatório, era só... uma conversa. Uma longa conversa que me fazia relembrar certas coisas que ainda pareciam memórias fresquinhas.
- Eu me senti sozinha. Tinha tanta gente e ainda assim eu me senti sozinha. Foi só um tombo e óbvio que as pessoas se preocuparam, mas eu estava viva e então todos foram curtir o resto do dia na piscina. - eu pensei pouco pra responder, só saiu. Uma parte de mim ainda parecia viver naquele dia, naquele momento, naquele nervoso.
- Mas você se sentiu sozinha. - ela reafirmou o que eu mesma tinha dito - E depois?
- Minha mãe me buscou e tia Ellie buscou . Eu meio que menti, eu disse que foi só um tombo besta e que nada tinha machucado, mas minha cabeça tinha um galo gigante e meu pescoço começou a doer pra caramba no dia seguinte e eu fui obrigada a contar pra minha mãe e ela correu comigo pro hospital. O médico disse que estava tudo bem, mas quando chegamos em casa todo mundo estava lá. Tia Ellie, , Voight... E eles simplesmente não iam embora. Parecia que algo iria me acontecer se eles se afastassem e não me deixaram sozinha por um segundo sequer naquele dia. E eu gostava tanto de ficar sozinha, sempre achava que fosse boa em ficar sozinha.
- E o que aconteceu depois?
- No fim do dia, bem no fim do dia mesmo, todos foram embora, minha mãe dormiu e eu não conseguia dormir porque o galo na minha cabeça e a dor no pescoço estavam dificultando tudo e então... Eu tinha me tocado que, nossa, eu estava sozinha. Eles me deixaram sozinha. Eu tinha passado o dia todo desejando estar sozinha e quando fiquei, me senti mal. E eu achava que era boa em ficar sozinha. - meu Deus, como isso me atingiu. Dizer isso em voz alta me pegou de um jeito tão profundo e insano que as lágrimas foram descendo conforme eu falava cada palavrinha.
- De volta ao dia que você caiu... Por acaso você se sentiu envergonhada, exposta ou desprotegida?
- Sim.
- Por que?
- Porque eu sempre quis ser autossuficiente pra mim mesma. Eu sempre achava que podia fazer tudo sozinha e que eu podia me virar e com um simples tombo... Eu senti tanta coisa.
- Pelo jeito que você foi criada, achou que o melhor a se fazer era criar uma barreira e semeando essa vontade desesperada em ser independente e autossuficiente, mas , estavam todos lá.
- E o que isso significa? - eu ri fraco, passando a manga da blusa no rosto pra limpar as lágrimas - Leya, eu cheguei aqui me sentindo ótima e agora eu não me sinto tão ótima assim. - brinquei entre o riso e o choro manso.
- É porque você teve que pensar e trazer algo doloroso que está te fazendo enxergar coisas significantes pra você sobre a sua vida. - ela disse o óbvio mas eu ainda fui incapaz de realmente receber sua mensagem, o que ela queria mesmo dizer com tudo isso.
- Tá bom, mas o que isso significa? Eu ainda não sei quem eu sou e o que eu quero.
- Eu acho que você está indo muito bem. Você consegue enxergar as evoluções que tivemos a cada semana? Você nunca vai saber completamente quem é porque todo dia você vai aprender algo novo sobre si mesma, e eu tenho certeza que você quer muita coisa, que chega até impossível listar ou falar tudo, e a verdade é que você pode fazer o que quiser. Você aprendeu direitinho a ser uma pessoa sozinha, mas uma coisa ruim aconteceu com você. Precisou de um tombo pra você se sentir sozinha e desamparada mesmo tendo pessoas ao seu redor e depois você se sentiu incomodada quando todo mundo foi embora da sua casa. Eu acho que você ainda consegue ser essa pessoa sozinha que você mesma se construiu pra ser, mas acho que você simplesmente não quer mais. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas você sabe que no fim, vai dar em tudo o que você tem agora: seus amigos, família e sua filha. Você está viva e está tendo uma vida possível, cheia de mudanças e possibilidades.

’s POV
Você vai foder tudo, vai cometer erros e isso irá machucar pessoas e você também vai se machucar nisso tudo. É a vida, não importa se são boas as suas intenções... Mas quando é algo tão grande assim e quando é o seu próprio pai que se mete na confusão... Porra, como é difícil lembrar que todo mundo fode tudo no mínimo mil vezes nessa vida.
- Mas você achou mesmo que elas iriam te aceitar de volta numa boa? - franzi a testa confuso e até chocado com tamanha ingenuidade e imbecilidade. Ok, é meu pai, mas ele achou mesmo que seria fácil assim?
- Já se passaram quase três meses, . Eu não achei que elas fossem me aceitar numa boa, muito pelo contrário, mas elas não estão me dando muito espaço pra eu mostrar que mereço uma chance.
- Pai...
- Eu tive uma vida difícil e abençoada. Eu passei muito tempo achando que não iria conseguir algo bom e então eu encontrei sua mãe. Ela me deu tudo o que eu sempre quis: uma família. Não quero me entenda mal, você, suas irmãs e sua mãe são tudo pra mim, mas nesses últimos meses, toda vez que eu deito, eu penso: "isso é tudo?" - e uma onda violenta de tristeza me atingiu, enquanto ele provavelmente já estava se afogando. Inferno.
- Eu não acho que seu problema seja só a sua própria família estar te evitando, rejeitando, ou seja lá como você está nomeando isso... Seu problema é com você mesmo. Eu sei que você está se esforçando e fazendo de tudo pra tentar ter nossa família de volta, mas você precisa assumir seus erros e consertá-los pra você viver em paz consigo mesmo, não só porque precisa que te perdoem. Você mesmo me ensinou isso, não foi? - pode ter soado irritante, com certeza clichê e até brega, mas foi toda a verdade que eu conhecia em um conselho pro meu próprio pai. Ele abriu um sorriso sem jeito porém agradecido. Ainda tinha muita coisa pra correr atrás.

——


- E aí a gente sempre acha que tem só uma pessoa no mundo que podemos amar até conhecermos outra. Parece loucura. Olha pra mim, estou noivo! - Voight ria alto e eu também, mas rindo dele mesmo e de todas as coisas aleatórias que ele estava falando depois de beber.
Foi um jantar simples, só eu, , Leah e Voight, e pela primeira vez eu vi ele se permitindo de verdade em apenas curtir e beber. E beber até demais. Eu tava achando engraçado pra caralho.
- Você bêbado é o cara que fala de amor? Porra, Voight! - não perdi a oportunidade de tirar onda com a cara dele.
- Quem disse que eu estou bêbado, pivete? - ele gargalhou claramente alterado - Você sabe, existem almas gêmeas e elas são feitas. As pessoas se encontram e tem uma boa sintonia e depois começam a construir uma relação. Cara, é bizarro. E eu vou ser avô porque a minha filha achou a alma gêmea dela e agora vão construir uma família. Eu ainda vou beber muito.
Eu estava literalmente quase chorando de rir com os comentários sobre amor e outras coisas que saiam da boca de Voight, e até mesmo Leah e aproveitaram pra rir do homem, que foi levado pouco tempo depois pra deitar. ainda ria enquanto sentava no meu colo, entrelaçando os braços ao redor do meu pescoço.
- Voight ficou mesmo bêbado sozinho e do nada ou foi só alucinação minha? - minha namorada riu.
- Ou ele está muito preocupado com algo ou ele simplesmente está vivendo a melhor fase da sua vida. Acho que voto na segunda opção. Ele tem a mulher e noiva perto de novo, uma filha incrível e uma neta a caminho. Acho que ele se embebedou de felicidade.
- E você? - ela questionou toda engraçadinha.
- Eu o que? Quer que eu me embebede de felicidade também? - brinquei.
- Idiota. - riu. A risada mais gostosa do mundo inteiro. Segurei em seu rosto e observei por alguns segundos antes de dar um beijo profundo e desesperado em sua boca. Porra, eu realmente tinha sorte demais.

’s POV
Íamos de duas crianças brincalhonas pra dois animais selvagens. Nossa brincadeira começou no andar debaixo mas sabíamos que se não saíssemos de lá a tempo, transaríamos lá mesmo. Voight e minha mãe já tinham aparentemente pego no sono mas ainda assim tivemos cuidado enquanto subíamos para o nosso quarto, já nos despedindo de nossas roupas. Ao entrar no quarto arrancamos tudo de uma vez, não tínhamos tempo a perder.
me deitou na cama sem muita delicadeza e sorriu. O sorriso safado que me tirava da razão.
- Pra que fazer tanto charme, ? Pra que tanta provocação? - uma mistura de manha com o tom mais abusado que eu tinha foi usado.
- Eu sei que você gosta. - ele sussurrou enquanto roçava seu membro duro na minha virilha.
Era incrível como nossos corpos se conectavam. Me arrepiei por inteiro como se tivesse tomado um choque com os seus pequenos toques pelos meus seios.
- E você sabe do que mais eu gosto? - fechei os olhos e aproveitei cada segundo da sensação gostosa e de todo o tesão que estava se apoderando do meu corpo. Os dedos sapecas dele raspavam nos bicos dos meus seios e meu corpo se arqueou no mesmo segundo.
- Eu sei que você gosta disso aqui. - tirou a mão do meu seio esquerdo e puxou uma das minhas mãos, descendo com ela até chegarmos em seu pênis.
Céus…
- Gosto mais quando está dentro de mim.
Ele riu. A gente amava despejar a vulgaridade. Girei meu namorado na cama, ligeiramente ficando por cima e devolvendo o sorriso safado, e o jeitinho que ele irradiava um tesão contagiante e gigante... Não tinha como me aguentar. Prendi meu cabelo num coque rápido e dei inúmeros selinhos em seus lábios, descendo com eles até seu peitoral. arfou. Uma das suas mãos agarraram a parte de trás do meu cabelo, agarrando meus fios e os embrulhando em seus dedos e me forçando a encara-lo por alguns segundos antes de soltar. Eu desci com a minha boca em desespero até seu pênis e comecei chupando a cabecinha com delicadeza e acariciando sua extensão com animação. Algo em mim estava completamente diferente. Conforme eu chupava meu namorado, algo terrivelmente animalesco se despertou em mim. Um fogo, uma sensação tão gigante que ultrapassava o tesão.
Eu o engolia o quanto podia, o forçando com vontade na minha boca e roçando os dentes bem de leve pra o provocar.
- Caralho, ! - ele soltou um gemido que foi sumindo, completamente sem forças em falar mais alto.
Eu estava desesperada. Eu queria tudo e eu queria rápido.
- , eu juro, eu amo seu pau, eu amo você, mas eu realmente preciso que você meta em mim e agora! Não estou em condições de esperar. - eu permanecia com a mão em seu pau duro e meu namorado cerrou os olhos e gargalhou fraco.
- É assim que uma mulher grávida fica? Bom saber! - foi a vez dele de me virar pela cama, ficando por cima de mim, me dando um beijo delicioso que só me fazia o querer mais ainda. Sua mão arteira foi direto na minha intimidade, fazendo ele arquear as sobrancelhas todo alegre e satisfeito - Já tá escorrendo, ? Porra.
- Já se olhou no espelho? Eu já estou quase pingando, meu amor. – eu atropelei as palavras assim que senti seus dedos brincando com o meu clitóris completamente sensível e pulsante - Não seja cruel, . - resmunguei manhosa e a um toque de explodir de tanto desejo.
- Cruel? Puts, vou te mostrar como sou bonzinho.
Meu tronco se ergueu com o primeiro beijo que depositou na minha barriga, me causando um arrepio geral. Os dedos dele continuavam ali, numa brincadeira perigosa e lenta, onde ele se satisfazia comigo gemendo feito uma cadelinha, implorando pelos seus toques. E então ele meteu a língua na minha intimidade e provavelmente quase se afogou no primeiro segundo. Porra, eu estava quase subindo pelas paredes. Eu passei a gemer mais intensamente e forçava movimentos com o quadril, praticamente dançando na boca do meu namorado. Ele parou bem no meu clitóris e seus dedos abusados desceram sem dificuldade nenhuma até minha entrada, me preenchendo de uma maneira tão gostosa que foi impossível não gemer mais e mais. forçava seus dedos dentro de mim enquanto da forma mais cafajeste e filha da puta, mordiscava meu clitóris com cuidado mas com a intenção de me matar de vez. De tanto tesão, óbvio. Ele enfiou mais um dedo dentro de mim e passou a me sugar com determinação.
- Seu filho... da mãe! - eu levei minhas mãos até seu cabelo, onde as entrelacei de maneira bagunçada enquanto arqueava meu tronco pela milésima vez e gemia de maneira rouca, sem força nenhuma.
Até que eu explodi. O ápice do tesão se desmanchou na boca do meu namorado, que me sugava com tanta vontade que me deixou desconexa. Eu respirava de maneira completamente descompassada, mas conforme meu corpo foi se acalmando e meus olhos se abriram de novo e vi bem de pertinho o olhar sapeca de , mesmo desengonçada, me sentei na cama e ele fez o mesmo e um beijo ardente se iniciou. Nesses momentos não existia beijo harmonioso.
- ... - murmurou entre o beijo, puxando uma das minhas mãos novamente até seu pau duro.
Finalizei nosso beijo com um selinho demorado e fiquei de quatro rapidamente.
- Eu sei que é assim que você gosta, babe. - sorri convidativa enquanto passava a mão na minha própria bunda.
não perdeu tempo. Selvagem e pesado. Estávamos assim. Ele roçou seu membro na minha intimidade e por Deus, não importava quantos orgasmos ele me desse, eu sempre estaria pronta pra mais, desejando mais e sentindo mais.
- Pode começar com o serviço, babe. - sussurrou num tom leve de ironia, apertando forte uma das minhas nádegas.
Meu olhar se virou lentamente pra trás com um sorriso tão filho da puta quanto ele. Resolvi agir, meu homem merecia. Eu mesma encaixei seu pau na minha entrada, indo pra trás de vez e sentindo todo o seu caralho dentro de mim de uma vez só. Comecei com uma movimentação lenta e nossos gemidos se encontravam. E como sempre, de maneira completamente previsível, me puxou pelo quadril, não aguentando minha lentidão. Ele penetrava violentamente da maneira mais prazerosa, se colocando inteiro dentro de mim.
- PORRA!
- Quietinha, . Não estamos sozinhos nessa casa, lembra? - e pra me provocar mais ainda, ele colocou o corpo pra frente, levando uma de suas mãos até meu clitóris, o pressionando sem um pingo de dó.
Eu não iria aguentar mais, estava me fodendo até o limite. Entre gemidos insanos e abafados e grunhidos perturbadores, eu gozei pela segunda vez e não demorou quase nada pra gozar também.
Nós caímos cada um pra um lado da cama enquanto nossas respirações se ajustavam. Não tinha como explicar o jeito que me fodeu, me estocou, me comeu, me meteu. Foi... surreal.
- Meu Deus! - eu disse pausadamente e com os olhos arregalados, me deitando de lado e olhando o meu namorado ainda deitado de barriga pra cima, completamente destruído. Eu ri fraco, me erguendo de leve e observando toda a nossa bagunça rapidamente e depositei um selinho molhado nos lábios dele.
Estávamos gozados e muito felizes, sem sombra de dúvidas.
- Quer saber de uma coisa? Você não é a garota que eu sempre esperei pra mim a vida toda. Você é melhor. Puta que pariu, , você é a melhor do mundo, caralho! - sorria e surpreendentemente teve a força pra se virar também, me puxando com força, grudando nossos corpos e me dando um beijo - agora - calmo.

——


- E o bebê da tia, como está? - fazia carinho na minha barriga com a voz fina e fofa.
- Está tudo ótimo.
- Você já conseguiu decidir o nome? - perguntou animada.
- Não e acho que não vou conseguir tão cedo. Eu converso com sobre isso todo dia mas nunca conseguimos chegar em um nome só. Ainda temos alguns meses pra quebrarmos nossa cabeça com isso.
- Olha só pra você, vai mesmo ser mãe! Meu Deus, eu ainda nem acredito. - ela jogou a cabeça pra trás enquanto ria realmente desacreditada. Era realmente um choque que levávamos todo dia ao lembrar que, ei, vou ter um bebê!
- Nem eu.
- Você sabe, crescemos tão ferradinhas. Todos os problemas com pais, ou melhor, sem eles... Nossas mães sendo meio malucas, a gente sempre perdida aqui e ali, e agora simplesmente você vai ser mãe e minha carreira está indo por um caminho tão bom. - ela deu um longo suspiro antes de soltar uma risadinha maligna bem fingida - Essa é mesmo a que sempre se maltrata, se xinga, se critica e aceita o erro dos outros mas nunca o próprio? A que acolhe os outros mas nunca a si mesma?
- E essa é mesmo a que nunca deixava a peteca cair porque estava ocupada demais escondendo tudo debaixo do próprio bom humor em relação à absolutamente tudo? A que fazia graça com qualquer coisinha só pra não mostrar alguma falha ou fraqueza? - devolvi no mesmo tom e caímos na gargalhada juntas. O tanto que a gente se conhecia, se entendia, se ouvia e o quanto estamos melhorando agora me deixa flutuando em diversas sensações e emoções.
- E depois a gente se questiona porque a vida é tão dura com a gente. - riu de perder o ar - No meio de tiros, sequestros, brigas, gangues e guerras, a gente cresceu tanto. A gente precisa se admirar muito por ainda estarmos aqui mesmo depois de tudo o que passamos e pela quantidade de vezes que pensamos em desistir mas ficamos fortes. Eu me orgulho por ter chegado até aqui, principalmente porque cheguei aqui com você. - eu não precisava me esforçar pra encontrar rastros de verdade e emoção no que dizia porque estavam óbvios. Uma afirma desceu pela sua bochecha e logo eu desaguei junto.
- Você não pode fazer isso com uma grávida! - Meu Deus, são os hormônios!
- Claro que eu posso, e inclusive, quero te mostrar algo. - ela levantou animada e pegou o violão.

Thank you for watching me walk across the stage
(Obrigada por me observar andar através do palco)

For walking me through my heart-breaks
(Por andar comigo através dos meus corações quebrados)

Thanks for the love every step of the way
(Obrigada pelo amor a cada passo do caminho)

With no support, this wouldn't be as great
(Sem apoio isso não seria tão bom)

Thank you for making me stronger than most
(Obrigada por me fazer mais forte do que a maioria)

For taking it beyond my coast
(Por levar além da minha costa)

Thank you for raising your glass when I toast
(Obrigada por levantar um copo quando eu brindo)

All I gotta say is I thank you
(Tudo o que eu estou tentando dizer é obrigada)

- ... O que é isso? - eu estava em choque por diversos motivos. O pouco que ela cantou foi com o coração, trazendo tanta emoção que mais uma vez me arrancou algumas lágrimas. estava com os olhinhos brilhando.
- Eu escrevi pra você, pra minha mãe, pra Holt, e pra todo mundo que eu amo e me apoia. Meu Deus, eu me sinto tão sortuda mesmo no meio de toda essa confusão, !
E se tem alguém mais pura, mais profunda e mais incrível que nessa vida, eu desconheço.

convidou todo mundo e todos compareceram, todos mesmo. Eu desaguei agarradinha com o meu namorado enquanto ela cantava Thank You. Tia Ellie também chorou orgulhosa da filha e todos nós aplaudimos e gritamos durante o show inteiro. Parecia, de verdade, uma realidade paralela. Voight e Holt estavam bebendo com os meninos como se simplesmente a vida fosse... simples.
E estava tudo bem. Danças, risadas, bebidas, mais risadas, conforto por estarmos rodeados de pessoas que realmente se amam e... Meu Deus, eu já falei que tá tudo bem? Não é uma loucura? O tempo parece ter parado só pra eu ter esse momento. Essa paz. Essa satisfação.
- Dá pra acreditar nisso? - eu questionei em êxtase no ouvido de , que sorriu largo.
- Eu sei, é incrível.
- Eu queria que sua mãe morasse mais perto e as meninas também. E claro, seu pai poderia ter vindo hoje também.
- Eu não consegui chamá-lo. pediu, mas não consegui. - estreitou o olhar, claramente tentando decifrar onde eu queria chegar com o assunto.
- Você precisa de um tempo e eu entendo e tenho certeza que ele entende também, mas ele...
- É meu pai. - ele completou frustrado e triste - Ele errou demais, babe, mas eu juro que estou muito perto de perdoar ele e tentar ajeitar as coisas, ou pelo menos tentar.
- Ok, você pode tentar o que quiser depois de dançar comigo.
Physical da Dua Lipa tocava e a gente dançava pra valer. O tanto que fazia graça enquanto dançava me fazia morrer de rir. Em seguida as músicas de Glenn tocaram sem parar e nós dançávamos ainda mais. E mais uma vez eu senti o momento parar e eu podia enxergar tudo como num grande filme clichê: as luzes e as pessoas se movimentando em câmera lenta, a vibração e a energia alegre que pairava no lugar me fazia respirar fundo o tempo todo na esperança de poder guardar a sensação dentro de mim. Coloquei as mãos na barriga enquanto dançava e sorri sem parar porque minha filha viria pra um lugar rodeado de pessoas incríveis.

——


DIA SEGUINTE.
- Daqui a pouco faz um mês que vocês estão comemorando esses noivados. - Leon comentou numa falsa indignação e se sentou na cadeira do escritório enquanto Voight pegava algo dentro do pequeno armário que tinha ali.
- Velho frustrado da porra! - minha mãe resmungou alto, fazendo todo mundo rir. Sério, parece mesmo uma realidade paralela. Quando foi que estava tudo bem a ponto de brincarmos até com Leon?
- Você tem alguma novidade sobre Paul? - perguntou numa falsa despreocupação que poderia enganar qualquer outra pessoa, mas não a mim. No fundo ele ainda estava pensando demais nisso tudo mas não queria parecer obcecado.
- Nada grandioso. Antes de sair de Londres ele deu 300 mil pra dois irmãos dos Ghosts abrirem um restaurante por aqui mesmo. Tudo legítimo. - Leon respondeu sem rodeios.
- Também é ótimo pra lavar dinheiro. - comentou por cima, dando os ombros. Aquele escritório estava mais parecendo a sala da casa de Voight, onde conversávamos por horas e sobre diversos assuntos, mas estávamos só... conversando. iria pro estúdio, eu sairia com e os casais de pombinhos iriam sair pra jantar e conversar sobre - pasmem - os casamentos.
- Não, é mais que isso. Mesmo longe ele ainda quer mudar as coisas. Talvez esteja com essa falsa ideia de educar os jovens de maneira errada pra pensar e agir como um dos Ghosts. - Leon respondeu.
- Ele está usando esse negócio pra lavar dinheiro. - continuou.
- Não acredita que ele seja um bom homem? Leon ironizou e rolou os olhos.
- Existe alguém que acredita nesse papo caridoso?
- O importante é que ele ainda não está envolvido com nada grandioso e mesmo se estivesse eu já teria feito ele enfiar aquele restaurante inteiro no cu. Ele não vai mais atormentar a gente.
- E se ele estivesse? Você viria com o papo cafona de "Não nos submetemos ao terror, nós somos o terror"? - foi a vez de ironizar e Leon rolar os olhos, fazendo novamente todo mundo rir.
- Ô pirralhada do caralho, viu! - Leon reclamou em meio aos risos.
- Onde vocês vão? - Holt adentrou o escritório todo arrumadinho e apressado, claramente questionando a mim, e .
- Achamos um lugar bacana que vende roupinhas de bebê. Vamos lá agora. - respondeu animado enquanto me olhava ansioso. Simplesmente o homem da minha vida.

fazia gracinhas enquanto pegávamos cada pecinha de roupa.
- Beleza, mas falando sério, eu sei que é um assunto delicado, mas... - ele fez uma pausa dramática - Eu acho que ela deveria se chamar Claire. - e riu.
- Pelo visto ela vai se chamar Amelia Joy Quinn Evie Claire Maya -. - franzi a testa e ri também sem seguida.
- Bom... Isso sim vai ser bem único.
Ele sorria e comentava com animação sobre as roupas, nomes e sempre com bom humor no meio. Eu me peguei parando e o observando diversas vezes. O amor é tão único. O jeito que eu me sinto iluminada, sortuda, completa e com a sensação de que vou explodir a qualquer momento é impagável. Ninguém no mundo pode ser capaz de me fazer sentir assim.
- , estar com você é como ganhar na loteria todos os dias, sabia? É desse jeitinho que eu me sinto quando estou com você. - eu disse em meio a um sorriso sincero e ele parou no mesmo segundo, segurando o meu rosto delicadamente.
- É, a história do nome te deixou abalada mesmo, está até se declarado sem mais nem menos. - ele gargalhou antes de me dar um selinho cheio de amor.
A gente se divertiu, conversamos sobre o futuro, compramos algumas roupinhas pra nossa filha ainda sem nome e andamos na moto pela última vez. Ela estava prestes a ser oficialmente vendida.
Algumas batidas foram dadas na porta do meu trailer e em seguida a porta foi aberta.
- , por acaso o... - Shyla se calou assim que observou que só tinha ali - Onde ele se meteu?
- Cohen? - perguntei.
- Sim, ele... Sumiu. Ele saiu no começo da tarde e não chegou. Ele não está atendendo o celular mas é normal, o celular dele vive sem bateria, mas a gente precisa trabalhar e ele simplesmente não chegou ainda.
Parece piada lembrar da frase "vai ficar tudo bem" nessas horas. Corremos pra avisar pra Holt, Voight e Leon, que acharam estranho o sumiço, já que ele tinha saído a mando de Leon pra fazer uma entrega e em seguida pegar um certo pagamento com um homem chamado Frankie. A essa altura várias pessoas já tinham se prontificado a ir procurar Cohen e Voight e Holt foram junto com mais dois rapazes.
E porra... O tempo não passa quando você está maluca atrás de uma notícia, um aviso, uma ligação.
- Ele por acaso voltou? - Shyla estava claramente se referindo à Paul.
- Não. - Leon respondeu seco.
- Tem certeza?
- Pelo amor de Deus, eu tenho cara de novato por acaso? Porra, eu sei o que eu faço! - ele foi tão grosso que Shyla se encolheu no próprio abraço e eu lancei um olhar bravo pro homem, me levantando no mesmo segundo e ficando ao lado dela.
- Eu sei, é que...
O celular de Leon tocou e Shyla se calou. Depois disso foi um grande borrão. O desespero tomou conta.

Yaser foi o último a chegar no hospital, completamente elétrico e preocupado. Eu já não aguentava mais o som do choro de Shyla. Estava literalmente doendo na minha alma. Me levantei e comecei a andar em direção ao elevador.
- Aonde você pensa que vai? - minha mãe me seguiu às pressas.
- Vou na capela. Eu sei que sou sortuda, abençoada e bla bla bla mas no momento eu não sinto que sou nada disso e acredito que ninguém daqui também se sinta. Eu sei que os médicos estão fazendo tudo o que podem mas... Eu só preciso reclamar e implorar pra Deus, pro universo ou sei lá, pra que não deixem que Cohen morra.
- Ele não vai morrer!
- Você não sabe, mãe! Ninguém nem sabe o que aconteceu com ele, Cohen simplesmente foi encontrado todo machucado e com um tiro perto do peito! - falar algo triste em voz alta faz tudo ficar pior. Muito pior.
- Quando eles acharam Cohen, ele ainda estava levemente consciente, foi um resgate rápido, filha! Vai tudo dar certo, você vai ver!
- Você acha que foi Paul? - perguntei com os olhos apertados, com medo da resposta.
- Eu não sei o que eu acho.
- O homem faz planos e Deus ri.
Ela me abraçou de lado e me levou novamente pra sala de espera.
- Quem quer que tenha feito isso, simplesmente não é humano, é um monstro! - Shyla fungou, e pela primeira vez em horas vi ela demonstrando uma reação diferente. Ela estava brava. Muito brava.
- Todo monstro é humano! - Yaser comentou firme.
- Foda-se! Se tiver mesmo sido Paul, eu mesma vou acabar com ele, eu juro!

——


Passei os últimos três dias tentando fazer as coisas se conectarem e fazer sentido na minha cabeça. Tentei até pensar um pouco mais como Leon; "Não há sorte nas ruas, apenas escolhas", mas não adiantou muita coisa.
Cohen havia acordado mas estava completamente exausto em todos os sentidos e os médicos limitaram as visitas.
Estávamos jantando quando vimos Shyla entrando feito um furacão e indo direto para o escritório. Um olhou pra cara do outro e levantamos todos no mesmo instante.
- Ele me disse! Ele acabou de me dizer! - Shyla gritava enquanto andava pra lá e pra cá, sem nem se importar com a nossa presença na porta do escritório.
- O que? - Leon se levantou imediatamente, completamente confuso.
- Foi o Frankie! Foi ele que atirou no Cohen, ele lembrou, ele me disse!
- E o que mais? - Leon foi de confuso pra extremamente confuso e curioso de maneira inacreditável.
- Ele disse que tinha outra pessoa lá mas não conseguiu ver o rosto. Você acha que...
- Shyla, o Frankie é um parceiro de negócio há anos! - Holt comentou completamente desacreditado e chocado.
- E ele atirou no Cohen e tinha outra pessoa lá! Frankie deve estar trabalhando com Paul e pior, ele está por perto! - Shyla respondeu alto e firme, e qualquer um consideraria como grosseria, mas era puro desespero.
- Não, ele não está! - Leon reforçou o que ele vinha falando há dias.
- Frankie não atiraria em Cohen do nada! Vocês trabalham com ele e ainda assim ele atirou nele e tinha outra pessoa com ele, mesmo se não for Paul... - Shyla levantou as mãos como se estivesse se rendendo, mas aquilo fez todo mundo começar a pensar no mesmo segundo.
- Filho de uma puta! Que porra tá acontecendo por aqui? - Voight se manifestou completamente nervoso.
- Mais um traidor. - Holt concluiu.

——


- Cohen levou um tiro só porque viu a cara dele. - repeti a mesma frase pela milésima vez. Aquilo realmente estava na minha cabeça e na de todo mundo.
- Se for mesmo Paul, ele sabia que Cohen estaria lá naquele horário. Talvez ele quisesse mesmo que Cohen o visse antes de... atirar. Aquele cara é doente. - ) balançou a cabeça em negação, levemente alterada em raiva.
- Eu não aguento mais ver a Shyla tão esbagaçada. Tem quatro dias que ela tá praticamente morando naquele hospital.
- Você promete que...
Meu celular começou a tocar, interrompendo minha melhor amiga. Era a minha mãe.
- Mãe?
- ONDE VOCÊ ESTÁ?
- Estou no estúdio com a , e Scott. O que aconteceu??? - perguntei com os olhos arregalados e o coração acelerado a milhão. Por Deus, alguém ainda vai me matar de susto com esses telefonemas.
- Pelo amor de Deus, não saia daí, não faz nada! Vou mandar alguém pra buscar vocês e levar para...
- MÃE! - berrei - O que está acontecendo? - todo mundo se levantou pelo susto. Os olhares também arregalados e assustados me trouxe ainda mais medo. Coloquei a ligação no viva voz pra que todos pudessem ouvir de uma vez.
- Shelby me ligou e disse que Paul está perto. Ele se aliou com outra gangue e está perto. Muito perto. Ele vai tentar fazer algo, tenho certeza, e preciso me certificar que vocês vão estar em algum lugar seguro! Por favor, fiquem em algum hotel ou algo do tipo, pelo amor de Deus!
- Quem diabos é Shelby?
- Minha amiga. Conheci ela na prisão e lá as notícias correm completamente rápido e ela é esposa de uma pessoa importante que deu certeza de que Paul está tramando algo grande.
- Estaremos seguros. - quem respondeu, me lançando um olhar completamente angustiado.

Foi a noite mais longa da nossa vida. Por mais confortável que fosse o quarto de hotel que conseguimos, não era o suficiente pra nos acalmar. Passava das oito da manhã e eu já não estava conseguindo me segurar de ansiedade. Apertei pra iniciar a ligação que não demorou pra ser atendida.
- Mãe, e aí? Aconteceu alguma coisa? Alguma notícia? - eu apertei os olhos e torci mentalmente pra que a resposta fosse não e que já estava tudo certo, que Paul não estava por perto e que tudo tinha sido um pesadelo ou um surto coletivo, mas não.
- Aconteceu. Austin foi encontrado morto. - ela respondeu baixo, em total tom de derrota. - Acabamos de descobrir.
- COMO? Austin era responsável pela nossa segurança e simplesmente morreu? Ele não estava nem protegendo a si mesmo então?
- E o pior é que está mais que confirmado que isso tudo é coisa do Paul. Ele pagou pra uma pessoa assumir a culpa. Acham que Austin foi morto por vingança.
Meu enjoo matinal nunca esteve tão forte.
- Paul é completamente imundo! Mas então ele passou esse tempo todo planejando tudo isso e a essa altura ele já deve ter roubado tudo o que era do Austin, não é?
- Talvez sim, talvez não. Paul é imprevisível. - eu podia visualizar sua expressão tensa e as sobrancelhas pra baixo em agonia.
Eu estava do mesmo jeito.

- NARRAÇÃO EM TERCEIRA PESSOA -


Leah foi dos berros ao cochicho, completamente desesperada, assustada e amedrontada.
- Pelo amor de Deus, vão logo!!! - ela estava com o próprio braço no espaço restante que seu corpo não cobria do pequeno portão que tinha no fundo do terreno onde ficavam os trailers e mesmo com Scott puxando pra trás, ainda assim ele tentava se soltar pra passar, enquanto chorava sem parar.
- Você precisa vir junto! - falava baixo e mesmo sendo impossível ouvirem elas em meio a todos os tiros, elas falavam baixo por puro medo.
- Eu vou daqui a pouco, eu juro! E , pelo amor de Deus, entra logo nesse carro! - Leah implorou com os olhos marejados e as pernas fracas.
- ELE TÁ COM O MEU PAI! - berrou. Gritou tão alto que por um segundo pareceu que os tiros pararam só pelo seu grito.
E de fato, pararam. Mas óbvio, não pelo seu grito. Eles conseguiam ouvir minimamente algumas palavras de Paul, que carregava Yaser como um escudo enquanto apontava a arma pra sua cabeça.
- Vocês sabem o que vai acontecer agora? O que eu quiser. Vocês pensaram mesmo que poderiam me derrotar? Precisaria de um exército pra isso! - Paul gargalhava debochado enquanto dava mais um tiro pro alto.
E o começo do fim havia chegado.

Capítulo 33

’s POV
Eu não queria precisar entender mas estava tentando há horas. Minha mão não saía da minha barriga, querendo a todo custo proteger minha filha de toda essa loucura.
Paul é um psicopata, sabe disso e gosta de ser assim. Ele acha que nós que somos pessoas erradas e sentimentais demais. Ele sempre foi muito bem sucedido porque não tem escrúpulos. Ele não se arrepende do que faz, ele não precisa pedir desculpas por nada porque ele simplesmente não se importa. Realmente é difícil lutar contra uma pessoa assim.
Em todos esses anos eu nunca vi a gangue se movimentar e trabalhar tanto. Depois de mais uma madrugada em claro, Voight, Holt e Leon montaram grupos pra ficarem em lugares específicos que provavelmente seriam focos de ataque de Paul.
Depois de sairmos do hotel no dia anterior, me prometeu em meio à raiva, nervoso, insegurança e medo que arranjaria um lugar seguro pra morarmos o mais rápido possível e ironicamente minha mãe e Voight disseram pra tirarmos nossas coisas dos nossos trailers e ficarmos de vez na casa de Voight, principalmente agora que Paul voltou.
E falando nele novamente… Leon fez de tudo pra montar uma história em que Paul saísse como traidor dos Ghosts e a história estava rolando. Ele não quis contato com ninguém da polícia pra esclarecer a morte de Austin porque iriam se meter nessa guerra com Paul e ele não queria. Leon, Voight, Holt e principalmente Yaser estavam prontos pra lutar contra Paul de vez.
- Ei, ei, ei, vocês dois - Yaser chegou apontando pra mim e para em alerta - Estão fazendo o que aqui ainda? Pelo amor de Deus, esse lugar tá perigoso, Paul pode tentar nos atacar aqui a qualquer momento!
- A gente sabe! - retrucou confuso com toda a algazarra do pai, porém era algo completamente compreensível.
- Eu nunca sei se é melhor estar perto de vocês ou longe. - falei baixo, quase inaudível.
- No momento, é melhor ficar longe. Paul vai fazer de tudo pra fazer nossa cabeça rolar e vocês não podem estar perto. Precisamos proteger vocês! - Yaser disse firme, quase que destemido, mas no fundo, ele e todo o resto estava morrendo de medo.
E com razão.
- Ele é imprevisível. - comentou.
- Mas não é burro. Ele vai tentar tirar tudo o que é nosso primeiro pra depois nos atacar. - Yaser afirmou sério e cheio de razão, como se soubesse de verdade como tudo aconteceria.
- Tá, mas o que você pretende fazer? Qual o plano? Você vai esperar Paul fazer algo, vai enfrentar ele quando encontrá-lo ou simplesmente vai…
- , eu sei o que eu estou fazendo!
- Eu só quero entender! Você não pode ir pra cima dele, você precisa pensar na sua família, que tal?
- E quem disse que eu não estou pensando? Eu te coloquei numa situação horrível, sua mãe e suas irmãs. Todo mundo foi afetado por isso! Eu não vou deixar que ele chegue perto de nenhum de vocês dois. Caramba, está grávida, eu vou ter um neto! Eu não vou deixar que isso se estenda mais ainda.
Eu estava parada feito pedra ali, apenas acompanhando a conversa dos dois sem silêncio.
- Você tem um bom plano? Você dá conta dele? Eu juro, eu não vou deixar que algo te aconteça também. Eu não quero me envolver, eu tenho que pensar na minha família agora, mas eu juro, se algo acontecer com você, eu…
- Filho! - ele disse alto, calando no mesmo segundo - A pergunta é: ele dá conta de mim?

——


nunca dirigiu com tanto cuidado e atenção. Deixamos no estúdio, onde ela estava praticamente morando, já que sair pra lugares mais distantes estava fora de cogitação. Faltavam pouquíssimas coisas pra levar pra casa de Voight e nos mudarmos de vez. colocou o braço da minha cintura conforme andávamos.
- Ele ainda não passou por nenhum lugar que achávamos que ele passaria… Ele está planejando algo maior. - eu pude ouvir a voz da minha mãe de longe, que assim que notou nossa presença fez cara feia - O que vocês dois estão fazendo aqui? Isso aqui é uma área de risco!
- Calma, calminha, a gente já sabe, só viemos buscar o resto das nossas coisas. E afinal, se Paul quiser atacar, ele pode atacar aqui, a casa de Voight, da tia Ellie… Ele é imprevisível, vocês sabem, todo mundo sabe. - retruquei resmungona.
- Ele tá tendo o apoio de uma gangue chamada WEX, você sabe o que isso significa? Que esse filho da puta tá mais forte do que nunca. - minha mãe me lançou um olhar irritado, mas não comigo, e sim com a situação. Ela estava furiosa.
- Espera, como ele conseguiu isso? Eles são… gigantes! - minha boca se abriu minimamente e meus olhos estavam arregalados.
- É um acordo temporário pelo o que sabemos. Não sei como isso foi feito, mas é sujo e grande. Se fosse pra ter um acordo, os WEX acabariam com tudo o que a gente tem e ainda ficaríamos devendo, mas Paul não quer isso, ele quer desespero, guerra, combate… Disso eu tenho certeza.
- E qual é o plano? Sentar e esperar ele atacar? - foi a vez de questionar.
- Yaser ainda conhece algumas pessoas. Primeiro ele foi até os Ghosts e embora a história fosse apenas pra queimar Paul de início, realmente é verdade, ele é um traidor e isso nenhuma gangue perdoa. - minha mãe deu os ombros, pouco se importando com o final que Paul poderia ter por isso. Nenhum traidor sai impune.
- Espera aí, não vai me dizer que The Lions e Ghosts vão se unir, né? - semicerrou os olhos com um riso fraco acompanhando.
- Não, foi só pra esclarecer algumas coisas. Do mesmo jeito que a polícia não está envolvida, nenhuma outra gangue vai envolver nisso. É definitivamente um contra um agora. - minha mãe observava cada canto com cuidado, claramente com medo. Meu coração se apertou tanto, mas tanto.
- Mas e se…
- ELE TÁ COM O YASER! ELE TÁ VINDO, PORRA! - Holt berrou enquanto corria em alerta pra todos.
- VOCÊS DOIS - Voight correu em minha direção, pegando minha mão com força e encarando tão sério, firme, amedrontado e nervoso que meu namorado apenas foi seguindo os meus passos também - SAIAM DAQUI PELOS FUNDOS AGORA! TEM DOIS CARROS LÁ, VOU PEDIR PRA ALGUÉM LEVAR VOCÊS PRA UM LUGAR SEGURO! - ele berrava sem limite enquanto tirava a arma da cintura e gritava Scott pelo nome e explicava rapidamente o que devia ser feito.
Não tinha palavras. Na verdade, elas fugiram e eu fiquei entretida por um segundo enquanto me engasgava com a minha própria saliva de tanto susto. Os barulhos altos de tiros foram ficando ainda mais próximos.
- O MEU PAI! - parou no mesmo instante e arregalou os olhos, e antes mesmo de tentar correr, Scott o puxou pelo braço e minha mãe fez o mesmo. A figura do meu pai sumiu em questão de milésimos.
Scott puxou até colocá-lo pra fora, passando do portão e ficando na calçada, e minha mãe fez o mesmo comigo.
- Pelo amor de Deus, vão logo!!! - minha mãe colocou o próprio braço no espaço restante que seu corpo não cobria do pequeno portão. Minha atenção se dividia entre a agonia em ver o desespero do meu namorado e o medo por não ver minha mãe dando um passo pra frente sequer pra passar do portão também. As lágrimas imediatamente invadiram meus olhos.
- Você precisa vir junto! - eu praticamente demandei bem baixinho, mesmo não tendo sentido nenhum falar tão baixo em meio a tanto barulho.
- Eu vou daqui a pouco, eu juro! E , pelo amor de Deus, entra logo nesse carro! - minha mãe implorou com os olhos marejados e cheios de medo. Medo de verdade, o medo que se transmite e que te faz sentir na pele também.
- ELE TÁ COM O MEU PAI! - berrou novamente, completamente alterado. Seu grito foi tão alto que todo o barulho restante pareceu parar só por isso.
Até mesmo parou. Os tiros pararam. Tudo parou, e conseguimos ouvir de longe a voz dele. A voz de Paul.
- Vocês sabem o que vai acontecer agora? O que eu quiser. Vocês pensaram mesmo que poderiam me derrotar? Precisaria de um exército pra isso! - Paul gargalhou debochado, me fazendo pular de susto quando mais um tiro foi dado. Um tiro único que não arrancou gritos de ninguém, e automaticamente, em um único segundo de clareza, deduzi que o tiro não tinha sido em Yaser.
- Vão logo! Encontro vocês daqui a pouco! - minha mãe implorou mais uma vez.

——


Eu sentia meu corpo inteiro quente como o inferno. As mãos não paravam de tremer e eu estava prestes a sair pela porta a qualquer segundo. Eu sentia tanto ódio que simplesmente nada mais importava. Não tinha explicação pra desumanidade de Paul. E dane-se, ele ainda não percebeu que é vilão e não precisa mais, porque chegamos num ponto onde todos somos. A visão torta e nojenta de moral e justiça extremamente rígida de Paul literalmente me faz virar o estômago. Ele realmente acredita que está livre de erros e não permite visões alternativas: ele se acha o certo, o único, o centro, o homem que manda e desmanda.
Paul levou Yaser e . No meio do caos, ele levou minha melhor amiga junto.
- Não faz sentido, vocês deixaram pessoas em lugares específicos, lugares que ele podia atacar. Tinham dois homens na rua do estúdio, não tinha? Cadê eles? O que aconteceu? - tia Ellie respirava fundo a cada cinco palavras. Ela estava tentando manter o controle pra não surtar de vez e eu não fazia ideia de como ela estava conseguindo. Eu estava, literalmente, a um segundo de gritar até o mundo cair.
- Eles não estão lá. Só o carro que ficou, mas eles não estão lá. - Leon respondeu apreensivo.
- Paul simplesmente levou eles junto ou eles são traidores também que o ajudaram a levar a minha filha? - ela apertou os olhos assim como apertou seus punhos - Se acontecer algo com ela, eu juro, Paul vai se arrepender de ter vivido nesta terra.
E toda a busca começou. O trabalho duro. O desespero, o medo e a angústia de quem estava fisicamente envolvido nisso tudo tiveram que ser esmagados no fundo do coração para poderem trabalhar. Paul não tinha dado nenhum sinal por horas. Nenhum ataque em algum lugar suspeito, nenhum movimento estranho… Ele simplesmente estava esperando.
- Querem saber? Eu vou fazer o que deveria ter feito há muito tempo! - minha mãe se levantou do sofá velho com brutalidade, não dando tempo nem espaço pra questionar.
estava quase arrancando os próprios cabelos e já tinha brigado com todo mundo. Ele queria estar nas ruas ou em qualquer buraco que fosse pra encontrar seu pai. Não tinha abraço ou palavra de conforto que pudesse ajudar. Estávamos uma pilha de nervos.
- Ele vai matar meu pai, eu sei, eu tenho certeza. - praticamente sussurrou enquanto andava de um lado para o outro, completamente desnorteado da vida - Eu juro que eu mato se eu ver esse filho da puta na minha frente, eu juro, !
- Eu juro que tem uma parte de mim que está doida pra passar por aquela porta e fazer qualquer coisa que seja possível pra encontrar eles dois. Nós dois não somos nada, a gente não faz parte disso, mas eu juro, eu pegaria a arma que fosse e atiraria em qualquer pessoa pra salvar seu pai e a . - um nó gigante se formou na minha garganta. Eu me obriguei a engolir o choro porque afinal, eu jamais conseguiria parar enquanto e Yaser estivessem em perigo - Mas eu tenho um bebê comigo e eu não quero me sentir assim, mas eu já estou me sentindo egoísta por estar aqui sem fazer nada, mas eu também penso na nossa filha e… Meu Deus, , isso precisa acabar!
Meu namorado estava com a boca aberta e o olhar misto entre angústia e carinho, mas não conseguiu dizer uma palavra sequer. Voight entrou pela porta feito um furacão.
- CADÊ A SUA MÃE?
- Ela… saiu. Eu não sei pra onde, ela não disse.
Algo estava acontecendo. Parecia até algo impregnado ou no sangue de cada um de nós, mas estava nítido que a falta de comunicação estava causando problemas.
- O que está acontecendo? - perguntei medrosa - Todo mundo saiu, todo mundo está fazendo uma busca individual. O que está acontecendo, pai?
- Nada. Não saiam daqui, entenderam? - ele estava pronto pra bater a porta de novo e sumir por mais algumas horas, mas foi mais rápido dessa vez.
- A gente não pode ficar aqui o dia inteiro sem fazer porra nenhuma! Meu pai foi sequestrado e também! Não é possível que não tenha nenhum movimento de emergência inteligente pra lidar com isso, Voight! Não é possível, cara! - gritou bravo e eu prendi a respiração de tão nervoso.
- Já fizeram um movimento e não foi nada inteligente. Leah acabou de fazer.
- O QUE ELA FEZ? - foi a minha vez de gritar e me exaltar completamente.
- Se for o que eu realmente estou pensando, ela foi até Bret, o homem que está sendo responsável pelos Ghosts. Ela foi atrás de alguma informação sobre Paul, sobre sua localização, mas não pra trazer por nós, e sim pra fazer alguma troca. Provavelmente ela vai pedir pra ele liberar e ficar com ela.
- Por que ela faria isso com a porra de um psicopata? Ele não vai fazer troca nenhuma, ele vai matar elas duas e o Yaser! - franzi o cenho completamente perdida e sem chão. Como é possível alguém se arriscar tanto assim com uma pessoa tão desequilibrada como Paul?
- A gente precisa fazer algo, Voight, e agora! - implorou.
- Eu vou fazer algo e vocês vão ficar aqui! Não vou colocar mais pessoas em risco! Vocês sabem o que me mantém acordado a noite? Absolutamente nada! Eu faço isso porque eu consigo, porque desliguei algo em mim há muito tempo atrás. Eu não vou mais correr nenhum risco!

’s POV
No final, a decisão é sua. Você pode ouvir conselhos, sugestões e até ordens, mas no fim, você que escolhe. Estava na hora de agir. A única voz que importa no momento é a voz da minha cabeça que me diz o que eu já sei faz tempo.
- Paul fez contato. Leah conseguiu encontrá-lo e ele pediu exclusivamente pra Voight e Holt irem lá e eles estão indo sozinhos. Quer dizer, ele está indo na frente e o resto vai atrás com muita cautela. Leon e outras pessoas no caso. - o tom cheio de desconfiança e aflição de Scott através do telefone era inconfundível e eu podia visualizar perfeitamente ele andando de um lado pro outro, sem aguentar ficar sentado ou parado de tão inquieto que estava. Todos estávamos, pra ser honesto.
- Espera, minha mãe achou ele? Paul vai mesmo fazer a troca ou o que? - questionou aflita e com a testa franzida.
- Eu não sei, ele só disse pra Voight e Holt irem. - Scott respondeu decepcionado por não ter mais informações.
A conversa não demorou muito e Scott desligou e me encarou confusa. Estávamos quase 100% decididos a fazer algo, mas não sabíamos exatamente o que. Quer dizer, eu queria fazer algo e ela também, mas eu não queria que ela fosse por conta da nossa filha e ela não queria que eu fosse justamente pela nossa filha também. Os três estariam em risco, mas simplesmente parecia impossível ficar com o cu sentado em um sofá velho numa casa mais velha ainda - que Voight nem mesmo tinha explicado de quem era. Meia hora tinha se passado e não tínhamos chegado num consenso e não chegaríamos tão cedo. Scott tinha nos informado que ainda havia pessoas em lugares que Paul ainda não tinha atacado e isso nos levou a conclusão que ele não queria roubar alguma mercadoria ou qualquer coisa do tipo, ele simplesmente queria acabar com tudo. Com nós. Com a nossa vida.
Alguém começou a forçar a maçaneta. Não pensei duas vezes em pegar a arma que Voight havia deixado no único móvel de madeira que tinha do lado do sofá. Nem fodendo que eu deixaria algo acontecer.
- ? ? Eu sei que vocês estão aí. Eu vim buscar vocês, temos trabalho a fazer! - uma voz feminina invadiu nossos ouvidos e nossas testas se franziram ao mesmo tempo enquanto andávamos em passos pequenos e silenciosos até a entrada da cozinha abandonada, ficando distante da porta.
Meu celular vibrou e se acendeu com uma mensagem de Scott.

“Patty foi buscar vocês. Confiem nela, é tudo parte de um plano.”


Eu mostrei a mensagem pra com cuidado e em silêncio, como se qualquer movimento brusco pudesse desencadear mais alguma tragédia.
- Patty? - questionei em voz alta.
- Eu mesma! Precisamos ir logo, Leah, Voight, e… Esqueci o nome do outro rapaz, mas eles precisam de vocês!
Acho que nunca abri uma porta tão rápido na minha vida.
- Yaser! Você esqueceu o nome do meu pai! - minha respiração já estava descompassada pra caralho de tanto nervoso.
- Uhhh, desculpa, sou horrível com nomes e… Ai, puta que pariu, é uma grávida! - a tal Patty pareceu ter tido uma queda de pressão assim que viu a barriguinha de , que caminhava completamente insegura em nossa direção.
- O que é isso? - ela perguntou sussurrando, completamente insegura.
- Eu odeio que mexam com grávidas, porra! Aquele filho da puta vai pagar por tudo hoje mesmo! - Patty coçou o cabelo com raiva, respirando bem fundo em seguida.
- Espera, você é a Patty… Patty Holden! Ghosts, você faz parte dos Ghosts!!! - todos os passos que havia dado em nossa direção foram desfeitos no mesmo instante e ela até mesmo tentou me puxar pela camiseta, mas não conseguiu.
- Faço. Ou fazia. Vamos descobrir daqui a pouco. - Patty rolou os olhos com desdém e olhou pra trás rapidamente, dando um sinal pra um homem que estava dentro de um carro cinza esperar.
- Espera aí, mas que porra! Será que dá pra simplesmente explicar antes o que está acontecendo? - encarei a mulher incrédulo, tentando encontrar algum sentido na ajuda que ela estava oferecendo.
- Uma guerra. - ela abriu um sorriso tão simpático que ficou bizarro - Eu sou mulher do Bret. Paul sumiu dos Ghosts sem muita explicação mas jurando que voltaria em breve. Bret sempre foi uma espécie de braço de direito do Paul e consequentemente eu também. Óbvio, sabíamos de toda essa guerra com os The Lions e bla bla bla, até que horas atrás sua mãe, , apareceu com a maior coragem do mundo pra conversar com Bret. Nós já sabíamos que Paul havia voltado e que ele simplesmente se juntou numa gangue nova e estávamos planejando algo grande contra ele porque quando ele sumiu, ele levou toda a grana, mas acreditamos que ele voltaria, mas não voltou, pelo menos não pra nós. Sua mãe queria saber a localização dele é isso a gente sabia, mas queríamos deixar essa guerra com Voight, Holt e Leon acabar, mas sua mãe apareceu e tudo mudou. Encontramos uma oportunidade perfeita que vai beneficiar a todos nós.
- Você por acaso tá brincando? - pareceu perder toda aquela força que sempre acreditou que tinha com sua pergunta.
- Sua mãe foi muito corajosa, . Ela só queria a localização dele pra tentar fazer uma troca, mas decidimos que poderia ser algo maior.
- Mas Paul tem um puta time com ele! Os WEX estão do lado dele! - se lamentou chorosa e eu ergui a mão, a puxando de leve pra perto novamente.
- Não estão não. - e mais uma vez ela sorriu, mas sorriu com muita vontade, um sorriso completamente satisfeito - Sabe onde Paul está agora? Na merda de um galpão com uma única saída de emergência. Eu nunca pensei que diria isso mas ele se provou um burro sem tamanho. Tem um time com 5 homens lá dentro desse galpão e 5 fora, e você provavelmente sabe, mas os WEX são conhecidos mundialmente. E sabe por que? Eles realmente sabem brigar, é melhor ainda: eles sabem conhecer cada inimigo.
- Patty! - eu apressei ela com um quase grito, passando a mão pelo rosto de tanta impaciência. Patty jogou as mãos pro ar se rendendo.
- Fizemos contato com os WEX. Não foi difícil e a conversa não precisou ser longa. Parece maluquice mas já tínhamos ouvido Paul com um papo furado de tentar uma união com os WEX meses atrás e agora isso. O filho da puta já tinha isso planejado e.. Ok, continuando… Ele fez Leah dizer a localização de vocês e acha que vieram buscar vocês a força, assim como a… Meu Deus, esqueci o nome dela… Ellie, eu acho. Ele quer um show completo. Ele acha que está no controle!
- NÃO! - eu disse alto - Ninguém vai enfiar minha namorada grávida lá dentro só pra Paul acreditar que esse plano está dando certo. Por que simplesmente não acabam com isso logo? Todo mundo que está lá, está contra Paul!
- Eu sei, mas… - o celular de Patty tocou e ela rolou os olhos, tirando o aparelho do bolso e atendendo - O QUE?
E mais uma vez, uma correria da porra. O humor de Patty se transformou e ela nos apressou sem dar informação nenhuma, mesmo a gente insistindo muito. O galpão não era tão longe e na frente dele tinha um prédio de no máximo cinco andares completamente abandonado, e foi lá que Patty entrou com outras pessoas sem dar explicações. Um homem bizarro de alto veio em nossa direção e um carro chegou a milhão em seguida, e a figura de Ellie saiu do mesmo em puro desespero. Estava sendo tudo tão rápido, tão fodido, tão confuso.
- Vocês vão entrar comigo agora mas vão ficar juntinhos e atrás de mim, estão me ouvindo bem? Isso vai ser rápido. - o homem estava segurando uma arma como se não fosse grande coisa, como se fosse um simples acessório e começou a andar rápido, mas travou e me encarou apavorada com um sussurro embargado dizendo que não conseguiria ir.
- Mas que porra, vão mesmo fazer uma mulher grávida entrar lá e correr esse risco à toa? Apenas entrem e matem logo esse filho da puta! - eu reclamei alto pra caralho e a ponto de explodir de tanto ódio com o que estavam fazendo com .
- Ei! - o homem até então me ouviu com atenção e com nenhuma expressão presente em seu rosto e depois de demorar longos segundos pra dizer algo, franziu a testa nada agradável - Você é o , não é? - eu assenti - Paul atirou no seu pai não tem muito tempo só porque vocês estavam demorando demais pra chegar. Ele não está blefando, ele não está sendo bonzinho e está com uma arma apontada pra garota que está lá dentro enquanto dá mil e um motivos pra Leah atirar no próprio noivo porque ele simplesmente quer ver essa cena. A menos que vocês queiram que mais alguém lá dentro sofra, vocês vão calar a boca e entrar comigo agora e vamos resolver isso em um minuto, ok?
Entramos.
Tudo pareceu fazer sentido e pareceu estar completamente desconectado ao mesmo tempo. Eu nunca fiquei tão aflito e com tanto medo em toda a minha vida. Estava tudo em jogo. Todos os dias de insegurança que ainda assim eu passei por cima delas com incríveis doses de amor e diversão com os meus amigos nas apresentações de enquanto provavelmente meu pai estava em algum lugar se culpando, remoendo e tentando descobrir uma solução pra isso tudo.
E meu coração parou quando eu vi ele no chão, com um tiro na perna, gemendo de dor. Eu quis correr, quis mesmo, mas eu não estava conseguindo respirar. Eu literalmente não conseguia.
- VOCÊS CHEGARAM! - Paul gracejou verdadeiramente animado com a nossa presença.
- Seu filho da puta! - Ellie tentou correr até ele mas o homem alto e forte que estava com a gente impediu, a segurando pela cintura com força e a gente observou de perto o que rolou em poucos segundos. Ellie tinha uma arma na cintura e o homem a repreendeu com o olhar, completamente enfurecido.
- Vou ser breve e espero que esse desgraçado não esteja nos atrapalhando - Paul claramente estava se referindo ao meu pai, ele o olhava com desdém e nojo e meu sangue ferveu como nunca na vida - Eu queria todos vocês aqui pra assistirem em primeira mão o fim de cada um. Não, não vai sair ninguém vivo dessa, o que é uma pena, mas essa briga já está velha demais e…
- Você mandou alguém atirar em Cohen e eu sei o motivo! Você é o tipo de monstro que manda matar alguém só porque viram o seu rosto, e agora você está aqui, brincando com a gente como se fosse um circo! - ) esbravejou de uma vez e eu estremeci, com meu corpo gelado de pavor.
- , pelo amor de Deus! - eu pedi com os olhos fechados, puxando seu corpo pra ficar atrás do meu.
- Mandar atirar em Cohen foi só uma prevenção, . Eu não estava pronto pra aparecer de novo, mas aqui estamos nós. - Paul sorriu.
E então ele atirou.
Ele atirou de raspão no braço de .
correu por um segundo e eu a segurei, mas não teve como segurar Ellie.
O homem que estava conosco saiu de perto de nós rindo. Nem mesmo sabíamos seu nome. Me coloquei na frente de novamente e nossas mãos se apertavam de tanta tensão. Ele olhou pra trás, nos dando um olhar diabólico e aquilo me trouxe uma sensação imensa de que, caralho, foi tudo provavelmente mais uma armação. Não tinha união entre Ghosts e WEX pra acabar com Paul.
- Paul, isso que é um acerto de contas! - o homem o elogiou gargalhando tranquilo, se colocando ao lado dele e observando toda a cena.
Voight e Holt estavam sentados cadeiras com um homem armado do lado de cada um. Meu pai estava gemendo de dor no chão. chorava sem parar enquanto Ellie a abraçava e Leah mal conseguia ficar com os olhos abertos de tanto chorar.
- E vocês sabem, eu não me importo com a diferença entre o trabalho sujo e necessário. No fim, vocês sempre serão superiores, e depois de mortos, ninguém vai se lembrar dessa porra de gangue que mais parecia uma casinha de boneca! - Paul se transformou. Não tinha mais deboche, seu falso mau humor ou sorrisos bizarros. Ele era aquilo: frio, calculista, vingativo. Um filho da puta profissional.
- Paul! - o homem agora gargalhava alto e Paul foi no embalo, rindo também.
E então o homem o acertou com o cotovelo e rapidamente no estômago. A arma que estava na mão de Paul caiu e foi chutava pra longe enquanto ele era, de vez, derrubado e rendido.
- QUE PORRA É ESSA, MARCEL?
Marcel. Esse era o seu nome.
Marcel pisou no peito de Paul com força enquanto apontava uma arma no meio da sua cara. E Paul gargalhou. Completamente cínico, destemido e ainda parecia invencível.
- Seu idiota, nenhum homem pode me matar!
Ellie empurrou a arma que estava em sua cintura para Leah pelo chão, e rapidamente ela pegou e mirou em Paul.
- Adivinha só? Eu não sou um homem! - Leah limpou as lágrimas rapidamente e sorriu. O sorriso mais satisfatório que alguém poderia dar na vida.
A merda toda ficou mais séria do que nunca, mas não de um jeito desconfortável ou pavoroso. Todos respiraram fundo e eu puxei comigo com cuidado até chegarmos no corpo caído do meu pai.
E o tiro foi dado. Um tiro no braço de Paul.
Os cinco homens que estavam no galpão se dividiram entre meu pai e e em questão de segundos, a porta dos fundos, a única que tinha ali, se abriu, revelando Patty e mais algumas pessoas que entraram com pressa.
- E mesmo no final, você continua sendo esse lixo traidor mesmo. Achou mesmo que deixaria a gente pra trás, Paul? Achou mesmo que era só se enfiar numa gangue maior que tudo se resolveria? Esse foi o seu fim, seu animal. - Patty sorria debochada e quase saltitante. Leah se afastou de imediato, correndo até .
- Eu fiz vocês, eu fiz os Ghosts, eu fiz tudo! Se vocês são conhecidos e serão lembrados, é por mim! - Paul gritou raivoso.
- Sabe o que vai acontecer com os Ghosts? Sumir, seu verme! Agora somos parte dos WEX também. - Patty retrucou com um bom humor inabalável.
- Filhos da puta!
- Que a propósito, é um nome muito melhor que Ghosts. Agora vai pro inferno, seu traidor do caralho!
E mais um tiro foi dado.
E outro.
E mais outro.
Patty, Marcel e aparentemente Bret rolavam os olhos enquanto guardavam suas armas em suas cinturas.

Capítulo 34

’s POV

UMA SEMANA DEPOIS.
- Não é que falte amor, não falta, mas não dá pra se alimentar só de amor. - minha mãe falava com calma, sentada numa postura firme no sofá da frente e meu pai estava mais largado, com a cabeça encostada, aparentemente sem ligar muito pra conversa.
- Pelo amor de Deus, eu não vou aguentar essa conversa. - Doniya se levantou fazendo uma careta, passando feito um furacão em direção à cozinha, e deu pra ouvir perfeitamente ela abrindo a geladeira.
- Eu sei que é difícil. - minha mãe se lamentou, levantando também, mas não deu um passo sequer.
Olhei pro lado e Safaa e Waliyha estavam segurando o riso.
- Não, não é difícil! Não somos crianças, mãe, a gente sabe o que aconteceu! Meu pai mentiu, foi pra longe, ferrou todo mundo, foi sequestrado, levou tiro, mas eu entendo e todo mundo aqui entende que simplesmente não dá pra tudo voltar a ser como era. A gente entende que nem sempre o amor vai sustentar tudo. Vocês precisam de tempo pra se recuperarem disso e se vocês voltarem, ok, incrível, mas se não voltarem, ok também! Pelo amor de Deus, vocês ensinaram isso pra gente! - Doniya falava alto enquanto mexia uma colherzinha na xícara de café que estava segurando, dando passos lentos até o sofá novamente.
- É, a gente já sabe. Pra vocês passarem por isso vai precisar de muito diálogo, compreensão e muitas outras coisas. - Safaa falou baixinho, e pela primeira vez ela realmente pareceu levar esse assunto a sério - A gente ficou muito chateada e óbvio que também ficou, ele foi o mais afetado. Tipo… Tudo mudou. Mas a gente sempre vai ser uma família e você… - ela direcionou o olhar exclusivamente pro nosso pai, que tratou de se endireitar no sofá no mesmo segundo - Sempre vai ser meu pai. Eu fui muito dura, eu sei, mas cada um de nós reagimos de maneiras diferentes. Você poderia ter morrido no meio disso tudo e eu estou feliz que isso não aconteceu. Eu não aguentaria viver sem você.
- Você ferrou tudo, mas isso não anula o pai incrível que você sempre foi. - foi a vez de Waliyha falar, com um sorrisinho tímido, sem mostrar os dentes.
As três foram até ele e o abraçaram. Minha mãe estava com os olhos marejados e veio até minha direção, me abraçando gostoso, aquele abraço confortável que só mãe tem. A gente também se encarou por alguns segundos e nada precisou ser dito, a gente já sabia de tudo.
Eles iriam tirar um tempo pra superar isso tudo e estava tudo bem. Foi a melhor maneira que eles encontraram e só nos restou apoiar. Eu não me sentia quebrado ou prejudicado. Meus pais foram fortes por nós a vida inteira e agora seríamos fortes por eles. Em meio à guerras entre gangues, coisas que meu pai jurou que estavam enterradas e apareceram pra nos assombrar, agora que acabou, eu posso dizer que tudo está bem. Aconteceu tudo o que tinha que acontecer. Fomos testados e provados. A vida não é só conforto. Com calma que as coisas se ajeitam, um dia melhora aqui, no outro melhora ali, não se encaixa tudo de uma vez.
Finalmente eu aprendi isso.

——


nem mesmo notou minha presença. Eu estava encostado no batente da porta, observando ela arrumando algumas gavetas da cômoda ao lado da cama. Todas as portas do guarda roupa também estavam abertas e um monte de coisa estava no chão, enquanto em pequenos cabides, macacões coloridos foram tomando conta do espaço que antes era dela.
- Mas já? - cruzei os braços, rindo fraco, vendo ela dar um pulinho de susto.
- Ai, filho da mãe! - ela gargalhou, enrolando uma camiseta e jogando na minha direção, acertando meu peito - E é claro que já! Tenho certeza que esses meses vão passar voando. - minha namorada suspirou - Sabe, eu não estava animada ou com cabeça pra tudo isso, sabe? Eu sempre tinha essa sensação constante de alerta, como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer, e de fato aconteceu, mas acabou… E eu finalmente consigo sentir prazer em arrumar essas roupinhas minúsculas no guarda roupa que já não é mais meu e nem seu.
- Vamos dar um jeitinho em tudo, . Vamos arranjar um canto, quantos guarda roupas forem necessários e muitos brinquedos pra nossa filha, tantos que a gente vai pisar neles enquanto a gente corre de manhã pra viver nossa vida com empregos novos e uma vida nova. - verbalizei o sonho que eu tinha em mente há certo tempo. Eu estava disposto a trabalhar muito pra dar tudo o que prometia pra .
- Vamos ter um bebê! - ela sussurrou num tom desacreditado, desesperado mas também ansioso de alegria.
- Eu vou dar o meu melhor, eu juro.
- Eu sei que você vai, .
- Meus pais terminaram. - disparei de uma vez, fazendo minha namorada abrir a boca em surpresa - Na verdade eles estão dando um tempo. Eles precisam disso, afinal, foi muito pra descobrir e assimilar de uma vez, mas tudo bem. Eu não estou arrasado, mas isso me deixou pensando tanto e eu não quero jamais que a gente passe por algo parecido. Eu sei que a gente tá na melhor fase do amor e bla bla bla, mas eu juro, eu não consigo imaginar um vida te amando menos do que eu te amo agora, .
- Eu tô grávida. Você não pode fazer isso! Você quer me ver chorar, não é? - ela disse com a voz manhosa, já com os olhos cheios.
Ela ria e chorava ao mesmo tempo e por um segundo eu quis chorar também, mas eu só ri. Ri lembrando de como meses atrás tudo parecia distante e foda pra caralho. Uma fase que parecia não passar. O vazio no peito que chegou a um tão estado crítico que me deixou fodido e desnorteado, e eu demorei pra entender que não posso fazer qualquer busca em outra pessoa, que o que eu tenho que achar está em mim. E definitivamente está. nem mesmo imagina como me ajudou nesse processo.
E agora literalmente um pouquinho de mim está dentro dela.

’s POV
- Ah, mas vai tomar no cu, né? O cara furou todo mundo! - Cohen resmungava numa indignação hilária, apontando pra perna de Voight, o braço de e pra o próprio peito com um humor inigualável.
Ninguém estava se aguentando de tanto rir com todas as piadinhas que Cohen, Yaser e estavam fazendo sobre os tiros que levaram. Literalmente rindo da própria desgraça. Voight tinha organizado um churrasco de última hora que nem se a gente tivesse combinado seria tão bom. Cada um foi chegando e estávamos completos, inclusive Landon também estava conosco, cheio de novidades e histórias engraçadas sobre o emprego.
- Mas parando pra pensar bem mesmo, Paul foi tão, mas tão burro! Como um homem que conseguiu fazer tudo o que fez, morreu daquela maneira? - questionou energizada.
- Ele fez muito até que se perdeu em si mesmo. Ele traiu tantas pessoas e no final morreu pagando na mesma moeda. Tenho certeza que ele está se debatendo de ódio no quinto dos infernos por ver que os Ghosts simplesmente não existem mais. Tanto trabalho pra nada. - Leon gargalhou, levando a garrafa de cerveja até a boca e dando um grande gole - Mas acabou, e agora estamos aqui fazendo piadas sobre acontecimentos horríveis, o que me leva a concluir que sempre há pessoas que querem que você desista, que querem te derrubar e te massacrar, mas não facilite o trabalho delas, mesmo que isso envolva sequestros, tiroteios, gangues e traições.
Eu aprendi de verdade. Não dá pra perder tempo salvando gente que não quer ser salva. Paul não tinha salvação. Mas mesmo em meio a sequestros, ameaças, tiroteios e uma guerra que parecia não ter fim, nós é que fomos salvos. Em todos esses meses, dia após dia, a gente se ajudou a se salvar. E pra ser honesta… Eu participaria de mil guerras se fosse ao lado de todas essas pessoas. Em todos os dias que me senti tão sensível e insignificante, menor que um grão de areia, eu não poderia ter uma recompensa melhor do que a minha família unida, meus amigos vivos e bem, e minha filha crescendo dentro de mim e meu namorado mais parceiro do que nunca.
Quer saber? Tá tudo bem. E mesmo se ainda não estivesse, iria ficar, daríamos um jeito.
- Vou ser honesta, eu até achei que demorou pra eu levar um tiro! - se sentou ao meu lado com um prato cheio, falando aquilo como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Garota?
- Qual é, ! Somos filhas dos chefes, deveríamos ter sido os alvos desde sempre, não é? Pelo menos é assim nos filmes. - ela deu os ombros como se aquilo fosse óbvio demais e eu que estava sendo a estranha por não pensar do mesmo jeito bizarro que ela, mas aquilo não passava de mais uma das suas palhaçadas.
- Meu Deus, você por acaso se ouve às vezes? - eu comecei a gargalhar tanto que por alguns segundos fiquei sem ar de verdade - Com certeza vai escrever uma música sobre isso, se já não tiver escrito, não é?
- Você me conhece tão bem! - ela encostou a cabecinha no meu ombro, sorrindo largo feito uma criancinha.
E esse jeitinho dela… Esse jeitinho bem singular de cada um… Sério, agora eu entendo. Eu sei que os The Lions sempre vão ter uma briga rolando aqui e ali, mas termos passado por uma guerra dessas juntos e vivos realmente é inacreditável e impagável. O sentimento mais bizarro da minha vida e a reflexão mais maluca. De fato, agora eu acho que se você quiser proteger seu coração, vai evitar muita dor, mas também vai viver uma vida pela metade.

——


MESES DEPOIS…

Eu sabia o que era aquela dorzinha que já estava me acompanhando desde a madrugada. Quer dizer, era algo novo, eu nunca estive com contrações antes, mas eu sabia que as 39 semanas me trariam isso mais cedo ou mais tarde. Por incrível que pareça eu nem me desesperei. sabia, minha equipe já sabia e ainda não era preciso tanto desespero.
- Devo admitir, agora eu realmente tenho paz sem você e a pirralhada toda enchendo o meu saco toda hora. - Leon estava de costas, mas ainda assim notou minha presença ali no batente da porta. Eu o repreendi com o olhar numa falsa bronca, mas ele deu um passo animado em minha direção, me abraçando de lado.
- Para de mentir, você está morrendo de saudade de nós morando aqui!
- Não é saudade, mas é… estranho. Esse negócio sentimental e familiar que Voight e Holt instalaram por aqui realmente pega, viu?!
- Somos uma família, Leon. Todos nós. - me deixei emocionar pelas lembranças que vieram com tudo na minha mente, o fato de Leon ter sido um porre em muitos momentos e agora ser, de fato, parte da família.
- Família realmente é uma coisa forte. Voight e Holt saíram daqui justamente por isso.
- Mas você sabe, eles nunca vão sair completamente. Eles ainda passam por aqui quase que semanalmente. É que… Bem, algumas coisinhas mudaram, né? Minha mãe e tia Ellie abriram um café, Voight e Holt como sempre estão trabalhando juntos e tudo está… Estranho. Mas num bom sentido. Ninguém nunca vai conseguir sair daqui de vez.
- Pois é, já deu pra perceber! - Leon me lançou um olhar significativo e eu joguei a cabeça pra trás ao rir. Ele estava falando sobre mim.
- Em minha defesa, eu só vim visitar minha amiga chamada Shyla. Só isso.
- Engraçadinha! - Leon forçou uma risada e mostrou a língua, mas recompondo a pose de homem sério e mau humorado de sempre em questão de segundos - Eu tenho uma coisinha pra você. Quer dizer, pra menina. - ele apontou pra minha barriga com o olhar, rindo fraco em seguida.
- Está quase na hora, eu e desistimos de dar um nome agora, vamos esperar ela nascer mesmo. Mas então, o que você tem pra menina? - frisei bem a última palavra, me lembrando bem de todas as conversas engraçadas nos últimos meses por conta da nossa indecisão com um nome e ficamos apenas chamando minha filha de menina todo esse tempo.
Leon sorriu feito um mocinho traiçoeiro e eu juro que não lembrava de nenhum rastro de raiva que esse homem já me fez passar meses atrás. Ele foi até o armário do escritório e tirou de lá uma caixinha rosa com um laço amarelo. Ele me entregou com animação e eu abri voando.
Meus olhos se encheram.
Pelo amor de Deus, ninguém me poupou de chorar durante esses nove meses.
Era um body cinza com a frase “Little Lion Girl” em rosa claro.
- Você gostou? - ele perguntou entre incerto e animado.
- É óbvio que eu gostei, eu… AI! - gemi de dor, imediatamente colocando a roupinha de volta na caixa e colocando a mão na barriga.
- O que foi?
- É que eu estou desde a madrugada sentindo isso e… AI!
- Pelo amor de Deus, você não vai parir agora, né? Vem, vamos pra um hospital, eu não sei fazer parto, eu sou chefe de uma gangue. Essa menina não pode nascer aqui e assim.
- Leon, calma!!! - eu comecei a rir, sentindo uma onda de dor novamente - Eu vou ter ela em casa. Vai ser um parto natural em casa, onde eu me sinto confortável.
E de repente eu quis chorar. Eu senti meu coração se apertar e minha garganta dar um nó gigante. Eu odeio o jeito que ela brinca com as minhas costelas mas vou sentir saudades. O jeitinho que ela faz minha bexiga de pula-pula e me faz levantar no meio da noite inúmeras vezes e consequentemente acordando também. Ela é tão baladeira e esses meses passaram super rápido mas as últimas semanas passaram tão devagar e… Meu Deus, eu tive tanta azia… E a minha memória! Porra, meses e meses sem lembrar de nada e repetindo as mesmas histórias, alertas e novidades porque não me lembrava que já tinha contado… O quanto eu chorei com coisas inúteis e pequenas… E agora vai acabar.
E vai começar outro ciclo.

13 HORAS DEPOIS…

Depois de dançar “Baby Mama” com pra ajudar na dilatação, comer gelo, rir de tanta dor e chorar também, eu já estava no limite do limite. Ao mesmo tempo que queria esganar todo mundo, queria abraçar. fazia massagem nas minhas costas mas nada, absolutamente nada, me deixava menos nervosa.
- Eu não aguento mais! - eu pingava de tanto suor. Eu já não sabia nem se estava chorando, já não sentia mais nada no resto do meu corpo, apenas as contrações avassaladoras.
Estávamos só nós dois e a pequena equipe. Estava tão perto de sermos três. Era o momento da nossa vida.
- , você precisa empurrar agora, chegou a hora! - a Doutura Felicity pediu com a voz serena, passando as mãos de leve no meu rosto.
Eu olhei pra piscina do meu lado e comecei a chorar mais ainda.
- … Calma… Você só precisa… - estava tão desnorteado como eu e dava pra perceber. Ele estava nervoso, mas ainda assim continuava a sustentar as frases de apoio que já estava repetindo há horas sem parar.
- Você tem noção que… Ai… Porra, eu não vou parir na piscina! Eu achava tão legal e… Puta que pariu! - eu gemi de dor, uma dor que estava quase me engolindo por inteiro.
Ficar dentro da piscina me deixou irritada nos últimos minutos e eu saí da mesma tão estressada que pensei que iria parir de pé, mas tudo foi ajustado num colchão no chão da sala mesmo, e todo mundo fez de tudo pra deixar o mais confortável possível para nós. Era uma equipe linda e dedicada de verdade, que provavelmente estava torcendo mais do que eu mesma pra minha filha sair logo porque, sinceramente, nem eu mesma estava me aguentando.
- Foi você quem escolheu sair de lá, ! - me lançou um sorriso apaixonado, olhando fundo nos meus olhos, onde pude observar bem que já tinham lágrimas danadas querendo sair dos dele.
- EU SEI! - eu berrei chorosa, apertando a mão de tão forte que seria capaz de quebrar - Eu vou empurrar, . Ela vai sair. Ela simplesmente vai voar pra fora de mim e… Vamos ter um bebê…
- Você está pronta? - Felicity me olhou sorridente e por um segundo eu quis dar um soco nela. Meu Deus, são literalmente tantas emoções que… É bizarro!
colocou meu cabelo pra trás, se colocando ao meu lado de maneira mais firme e confortável, segurando nas minhas mãos com força e um olhar tão profundo e cheio de amor que eu poderia chorar o resto do ano só pelo seu olhar.
- Eu amo você! - sussurrei baixinho pro meu namorado, meu parceiro, o amor da minha vida.
Respirei fundo, o mais fundo que pude de verdade, finalmente tendo força o suficiente pra empurrar. Foi o meu momento de dor e força. O maior esforço da minha existência. Me senti desamparada e vulnerável, mas ao mesmo tempo também me senti determinada e forte o suficiente pra encarar a intensidade do momento que me preparei por meses. Eu estava sentindo tudo.
Cruel, doloroso, bizarro, maluco, bonito, incrível, humano e indescritível.
Eu gritei enquanto chorava de dor e três empurrões depois as mãos do próprio me ajudaram a literalmente puxar nossa filha pra fora de mim.
Indescritível.
Por um segundo, senti que perdi a consciência enquanto colocava minha filha no meu peito. Eu senti tanto. Me levou mais um segundo pra, de fato, voltar à realidade e ser tomada totalmente pelo som do seu choro.
- Ela tá aqui! Ela tá bem… Meu Deus, você fez isso, babe, você conseguiu! Meu Deus… Ela tá aqui! - não conseguia conter sua alegria, e foi o momento que eu mais me senti admirada e celebrada.
chorava e sem perceber, eu também. Os três choravam. Estávamos completos. O amor da minha vida me ajudou a trazer o amor da nossa vida pro mundo.
- Bem vinda ao mundo, Alaia! - as lágrimas desciam com pressa e mesmo com a visão levemente embaçada, eu observava cada pedacinho da minha filha, segurando em sua pequena mãozinha e depositando um beijo cheio de amor em sua testa.
- Eu sabia que você ia escolher esse nome! - passou a mão nos olhos, limpando as lágrimas que caíam desenfreadamente - Bem vinda, Alaia. - ele depositou um selinho longo em meus lábios e logo em seguida colocou o dedo indicador na outra mãozinha de Alaia, que agarrou o dedo do pai com força.
Alaia nasceu e nós também.

——


DUAS SEMANAS DEPOIS.
- Tem como você ser mais específica? - eu coloquei as mãos na cintura levemente indignada, com a testa franzida e tudo enquanto olhava Alaia berrando de chorar no berço. Me permiti respirar fundo mais uma vez, pegando ela no colo, me sentando na cama e me fazendo confortável na mesma e já tirando o peito pra fora - Você quer… - assim que a encostei, Alaia grudou de imediato e começou a me sugar - Pelo amor de Deus, você acabou de mamar, bezerrinha!
Eu comecei a rir sozinha. Metade do quarto estava uma bagunça porque fui solicitada pra um trabalho maior do que arrumar as roupinhas na cômoda e no guarda roupa, fora separar as inúmeras peças de roupa que eu estava pronta pra me desfazer e mandar pra doação. Encarei minha filha mamando e sorri. Não tinha como não sorrir e não pensar em tanto… É uma loucura de verdade, eu realmente queria que bebês fossem mais específicos às vezes, mas se for pra comparar, eles são fáceis de decifrar. Os choros basicamente são resumidos em fome, mas aí quando a gente vira adulto… Por que a gente faz isso mesmo? A gente engole o choro, tem vergonha, erguemos muros e barreiras e começamos a esconder os nossos sentimentos.
“Como era a vida antes de você?” Era uma das coisas que eu mais pensava quando olhava pra minha filha, mas com isso sempre vinha um turbilhão de pensamentos e questionamentos. Definitivamente não tem como devolver pra minha mãe e pro meu pai o que eles fizeram por mim, mas agora eu entendo, agora eu sei o peso que esse pensamento ganha agora que sou mãe. Antes era só uma vaga ideia do que pudesse ser esse amor incondicional que tanto falam, mas agora eu entendo de verdade. E tudo o que dizem é verdade. É tudo muito novo, a rotina muda completamente e você sente que vai, literalmente, enlouquecer. Mas agora aqui, olhando pra Alaia mamando com a mãozinha encostada no meu peito esquerdo como se quisesse dizer “isso é meu”, me mantém com os pés no chão. Eu ainda nem acredito que consegui. Que na verdade, todos nós conseguimos. Me tornei uma mãezona!
- Babe? - bateu de leve na porta antes de entrar - Ela dormiu?
- Não, tá ocupada demais sugando absolutamente tudo o que tem dentro de mim. - eu ri fraco, fazendo uma careta rápida ao sentir uma dorzinha incômoda pelo tanto que Alaia sugava.
- Enquanto isso, vou te contar uma novidade que na verdade nem é novidade. - tombou o rosto de leve com um risinho maroto nos lábios e um olhar engraçado. Minha boca se abriu e os olhos se arregalaram.
- Seus pais voltaram mesmo? Nossa, tava muito óbvio! Ontem no jantar, aqueles olhares, eles brincando juntos e… Eu sabia!!!
- Isso mesmo! - ele riu, se sentando um pouco mais perto de mim e levando a mão até a cabeça da nossa filha, fazendo um carinho manso ali, bagunçando de leve toda a cabeleira que ela tinha - Eu quero que tudo fique assim pra sempre. Quero vocês duas seguras e confortáveis desse jeito pro resto da vida e estou pensando seriamente em envolver vocês duas em plástico bolha.
- Não me faz rir! - eu disse isso enquanto morria de rir.
Alaia soltou o peito e me encarou com os seus olhinhos por alguns segundos antes de encarar o pai. Entreguei ela com o maior cuidado do mundo pra , que a colocou de pé encostadinha no seu ombro pra arrotar.
- Você acha que agora dá pra explicar um pouco o que você tá sentindo? - perguntou num sussurro, abrindo um sorriso encantador.
Na primeira semana eu chorei sem parar o tempo todo, completamente confusa e fora de mim por não saber explicar nada do que estava sentindo. foi tão companheiro, amigo, carinhoso. Todos os dias ele me lembra que tudo bem, meu corpo e minha mente passaram pela maior mudança da vida e que eu poderia chorar as vinte e quatro horas do dia se quisesse. Eu não canso de todas as vezes que a vida faz questão de esfregar na minha cara mais e mais de que sim, é a pessoa da minha vida e ninguém nesse mundo é melhor pra mim do que ele. Ninguém no mundo conseguiria ser um pai tão incrível assim pra nossa pequena.
- Eu to meio… Bem… Parece um borrão. Eu sou tudo agora. Mãe, namorada, amiga, filha. E eu não paro de me perguntar ⁣cadê a que estava aqui há duas semanas atrás, sabe? Durante a gravidez eu senti tudo mudando, óbvio, mas agora que Alaia está aqui fora, tudo ficou mais real do que já era. Eu sei que você também mudou, , nós mudamos. Acho que às vezes a gente procura a e o de duas semanas atrás mas não temos sucesso com isso porque eles foram embora pra sempre. Mas… É louco, não é? As treze horas em trabalho de parto não parecem nada comparado ao que eu sinto agora. Eu pari Alaia e aí eu nasci também. Meu Deus, isso parecia muito clichê antes mas é tão verdade! Tipo, ela nasceu e foi foda demais, só que eu também nasci e essa é a treta maior, porque a Alaia só mama, caga e dorme por enquanto, e eu estou lidando com bilhões de emoções e sentimentos.
por segundos ficou incrédulo. Ele deu um longo suspiro e seu olhar se acendeu. Ele se aproximou de leve, encostando sua testa na minha, me dando um selinho apaixonado que me tirou a respiração. No fim, realmente é o meu melhor amigo e eu fico feliz em saber que compartilhar como eu me sinto mexe com ele. Somos dois melhores amigos passando pela mudança mais louca e linda juntinhos.
- Eu te amo tanto, . Você é foda demais. - ele abriu mais uma vez um dos seus sorrisos que poderia me quebrar no meio.

’s POV

DUAS SEMANAS DEPOIS.
Nasceu. Pronto, tá aqui. Ela chegou cabeluda, linda igual ao pai e saudável.
Nossa filha!⁣
O mês mais maluco de toda a minha vida.
Bom, resumidamente eu to fodido. Eu não consigo voltar ao eixo e toda a minha identidade parece ter ficado em algum lugar que não consigo mais achar. Deve ter ido embora com a placenta.
Todas as frases, conselhos e palpites que ouvimos nos últimos meses foram em vão. Estávamos um caco, e ao invés de dormimos enquanto Alaia dorme, a gente se desespera achando que ela está dormindo demais e depois se desespera por ela não dormir de jeito nenhum. Uma trapalhada sem fim. Fora as várias e várias vezes que me senti perdido com Alaia no colo. Literalmente uma vidinha dependendo de mim e de . Eu sei que a crise dela é bem maior, afinal, ela teve e ainda tem um trabalho e um papel completamente diferente do meu, mas já estávamos conseguindo conversar melhor sobre nossos sentimentos e nossas mudanças.
E justamente quando eu me sentia forte, capaz e maduro, tive uma crise de insuficiência bizarra. Talvez todo pai tenha isso, não é? O negócio é que eu me sinto tão cheio de amor que às vezes parece se tornar algo tão grande e tão cheio que eu explodo sentindo outras coisas. Como foi que eu vivi todos esses anos sem esse cheirinho único e inesquecível? As manhas, as mãozinhas pequenas que abraçam os meus dedos quando estou com ela no colo… Sério, essa é a definição de mudança avassaladora. E sei lá, todas as vezes que eu ouvi na vida algumas pessoas dizendo que seus bebês são "bonzinhos", me parece loucura e até falso. Porra, bebê demanda e muito. Eu vejo e é uma parada complicada ver ela ficar sentada no sofá, na cama ou em qualquer outro lugar amamentando por tempo indefinido e com vontade de fazer xixi, de comer, de tomar banho, de tudo.
E meu Deus, parece piada mas não é, Alaia parece ficar limpinha por 2 minutos e pronto. É cada golfadão que suja até nossas almas, fora os choros escandalosos e que parecem nunca ter fim. Essa parte do choro é engraçada porque nada adianta. A cadeirinha que balança ainda não agradou Alaia, nem o brinquedinho que toca música que fica no berço. Na verdade, tudo o que ela precisa é de nós. Alaia ama ficar grudadinha com a gente, ama deitar no nosso peito e golfar em nós. Tudo bem, de verdade mesmo.
- Ok, vamos lá… Eu só preciso terminar de ajustar essa gravata, filha. - eu falei manso, colocando ela na cadeirinha que balança com o maior cuidado do universo, fechando os olhos por um segundo, esperando um choro que não veio. Minha filha me encarava sonolenta, mas soltou um sorrisinho rápido que quase me quebrou no meio - Ô minha filha, faz isso comigo não! - eu ri feito bobo, dando um cheirinho gostoso de leve no seu pescoço.
Alaia não estava chorando por milagre do universo que provavelmente teve dó de mim. estava na sala com terminando de ajeitar a maquiagem e cabelo junto com Lydia e Shyla. O grande dia tinha chegado. Leah se casaria com Voight e Ellie com Holt. Sim, cerimônia dupla pra estourar a boca do balão de vez.
Arrumei a gravata com rapidez, respirando fundo e quase babando enquanto Alaia dormia tranquilamente. Meu celular começou a tocar e eu quase voei pra atender o mesmo. Minha filha se mexeu de leve mas não acordou.
- Alo? - atendi sem nem me dar o trabalho de olhar quem era.
- ? - aquela voz fez todos os meus órgãos e músculos congelarem.
- Sienna?
- Meu Deus… Oi! Eu sei que é estranho e… Nossa, espero não estar atrapalhando. - ela riu sem graça e mesmo não querendo lembrar, acabei lembrando do jeitinho que ela mordia o canto da boca quando ficava sem jeito.
- Não está. - respondi firme.
- É… Eu só liguei pra te dar os parabéns. Queria ter feito isso antes mas me levou um mês pra criar coragem e ligar. Estou feliz por você de coração. Vi fotos da sua filha na internet e meu Deus, , ela é linda! - a animação em sua voz realmente parecia sincera e eu não me aguentei, um sorriso brotou no meu rosto.
- Vou ser obrigado a concordar.
- Eu juro, estou feliz de verdade por você. Torci muito por você. - ela disse séria porém num tom completamente meigo e amigável, e tal frase me trouxe um peso que nem eu entendia. Talvez era só a emoção de que puts, é justo a Sienna que está aqui me parabenizando. Eu nunca imaginei ou esperei que isso pudesse acontecer, mas uma sensação bizarra me atingiu. A sensação de algo bom, de algo diferente, de algo que vale a pena ser comemorado.
- Olha Sienna, eu agradeço de verdade suas palavras. Eu passei muito tempo pensando no que te falar caso tivéssemos contato de novo e a verdade é que eu esqueci de tudo, provavelmente era algo raivoso misturado com arrependimento, mas hoje eu tenho uma visão diferente de tudo o que aconteceu. Eu passei muito tempo esperando pelo dia em que você fosse deixar de ser minha única visão de destino e me perguntando se você se perdeu ou se encontrou sem mim, mas hoje eu entendo que é muito legítimo você procurar alguém pra querer te acompanhar nessa vida, só que no meio disso tinha uma busca que deveria ter sido feita por mim e um caminho que eu deveria ter percorrido sozinho pra aprender a viver. Foi foda, e… Valeu a pena, Sienna. Eu aprendi muito. Hoje eu tenho tudo.
- Você merece, . Te falo isso agora por telefone, mas se um dia a gente se encontrar novamente, eu vou ter o prazer de dizer isso cara a cara também. Você merece felicidade, você merece essa vida.
- Obrigado, Sienna. - o chorinho de Alaia invadiu meus ouvidos e eu corri até a cadeirinha - Agora preciso desligar, tenho uma criança provavelmente cagada pra trocar.
- Tchau, . - eu pude ouvir o som da sua gargalhada fraca antes da ligação ter terminado.
Completamente balançado com a ligação mas de modo estranhamente gratificante. Peguei Alaia no colo e a segurei bem pertinho do meu rosto, depositando um beijinho rápido em sua cabeça antes de deitá-la na cama. Eu já estava craque em trocar fraldas. Mas caramba… Nunca pensei que trocar fraldas fosse me fazer tão feliz. Hoje eu finalmente sei que tudo está no seu devido lugar e consigo me perdoar pelos erros antigos, respeito meus defeitos e tenho certeza que vou me reerguer depois de cada tropeço. Nenhuma ligação de Sienna poderia mexer comigo a ponto de colocar qualquer coisa da minha vida atual em questionamento.
- Alaia, o que você acha disso? - depois de trocar a fralda e arrumar toda sua roupinha de volta, tirei a caixinha que eu estava guardando há tantas semanas em lugares aleatórios e abri, vendo a atenção da minha filha se fixar no anel que tinha ali dentro - Você acha que a mamãe vai gostar? Ainda não sei como pedir mas eu quero muito, sabia?
Caralho, e como eu quero…
- ? - a voz da minha mãe veio junto com batidas na porta, me fazendo levar um puta susto. Guardei a caixinha no bolso dentro do smoking e me endireitei na cama.
E entrou todo mundo. Meu pai, minha mãe e minhas irmãs.
- Cadê a boneca da tia? - Doniya foi a primeira a se aproximar da cama, pegando Alaia com cuidado e dando um cheirinho na sua cabecinha.
Meus pais estavam de sussurros no ouvido um do outro e Safaa rolou os olhos enquanto Waliyha ria.
- Todo mundo sabia que eles iriam voltar, mas não sabíamos que eles ficariam… Assim. - Safaa olhou pra eles com uma carinha de nojo, arrancando um riso alto, alegre e sincero dos nossos pais.
- Estamos apaixonados, minha filha. - meu pai deu os ombros e riu provocativo, puxando Safaa pra um abraço forte.
- Meu Deus, que palhaçada. - Waliyha gargalhava enquanto balançava a cabeça negativamente, se recusando a acreditar em como tudo estava meloso, romântico e irritante de tão adorável.
- Esse foi o ponto do nosso tempo separados, crianças, e esse tempo foi crucial pra nós dois. Eu tinha muito medo de perder o pai de vocês e em vários momentos eu perdi, mas isso até perceber o maior problema disso tudo. Tínhamos que nos resolver, e por mais que ainda tivesse muito amor, ainda estávamos em conflito. - minha mãe começou com o discurso e todos nós rolamos os olhos, fazendo ela nos olhar feio, mas sabíamos que tudo não passava de teatro.
- Mãe, a gente já sabe… - Doniya disse numa falsa exaustão e rimos todos juntos.
- Eu sei que vocês sabem.
- Que saco, eu finalmente vou ter que ser honesta de verdade e dizer que poxa, eu só fico zoando e tentando te interromper pra na verdade não morrer de chorar ou morrer de amores por vocês. Sério mãe, eu to feliz que antes de voltar com o pai você se lotou de amor próprio antes de mergulhar no amor de vocês de volta. Sério… olhem bem pra essa família. A gente conseguiu tudo, a gente tem tudo! Até mesmo o conseguiu se dar bem, gente! - e como sempre, Safaa não perdeu a oportunidade de tirar onda com a minha cara.
- Se manca, pirralha.
- Vou levar Alaia lá pra baixo, ok? - minha mãe anunciou alegre, pegando a neta no colo.
Elas desceram e meu pai foi o único que ficou no quarto comigo. Eu já conhecia aquele olhar, o olhar de quem estava genuinamente feliz e satisfeito, do mesmo jeito que eu estava.
- Você agora tem sua família e eu tenho a nossa de volta. Depois de tudo o que aconteceu, posso dizer que tudo está melhor agora. Eu queria que as coisas voltassem a ser como eram, mas eu estou muito mais feliz com tudo como está nesse momento. - ele ergueu o olhar, sorrindo minimamente e logo observando o berço de Alaia - Todas as vezes que eu me perguntei o que a vida tinha pra mim e eu não fazia ideia e ainda não faço muito bem… Eu só sei que tudo está melhor do que eu podia sequer imaginar, e claro, eu estou orgulhoso de você, filho.
- Eu estou feliz por nós, pai. Estou feliz que você e minha mãe voltaram.
- Bem… Foi foda, mas a gente se ama muito. Meu coração ainda acelera com ela. Não do mesmo jeito, mas... - ele riu fraco e eu quase caí pra trás ao notar sua voz se embargando - Se não se importa, preciso descer e voltar pra aquela mulher. - ele gargalhou alto, limpando a lágrima que caiu. Meu pai se virou e começou a andar em direção a porta.
- Pai? - o chamei com o peito cheio de emoção, tirando a caixinha do bolso do smoking cinza - Eu vou pedir em casamento.
Ele abriu o maior dos sorrisos e veio voando em minha direção, me abraçando forte. Nada mais precisava ser dito. De fato, tudo fica bem, e mesmo quando não está, vai ficar. A vida não para, é cheia de vai e vem. Depois de uma das piores dores que pude sentir com o coração partido e sem esperança nenhuma de melhora, depois de ter minha vida virada do avesso, eu nem mesmo me lembro de ter estado nessas posições ruins.
Acho que nunca senti isso antes, sinto que estou exatamente onde sempre quis estar.
Descemos juntos pra sala, onde as garotas estavam enlouquecendo. já estava sentada no sofá amamentando Alaia enquanto ajeitava um lado do seu cabelo.
- Eu acho que já vou, preciso checar se está tudo funcionando direitinho por lá. - Glenn saiu da cozinha com um copo na mão, dando uma bebericada e o entregando pra que fez o mesmo e colocou no móvel ao lado do sofá.
Glenn e estavam mais próximos do que nunca, mas não só de um jeito romântico, eles realmente agiam como melhores amigos e Glenn topou cantar na cerimônia, enquanto cantaria com ele na festa.
estava mais que deslumbrante. O vestido azul sereno tinha ficado incrível nela. Ela e eram madrinhas de casamento junto com outras amigas de Leah e Ellie, mas eu juro, ninguém nesse casamento seria capaz de ficar mais linda do que a minha namorada, mãe da minha filha e, se tudo der certo, noiva.
Eu nunca estive tão apaixonado.

’s POV
Minha barriga doía de tanto rir. e Scott zoavam sem parar o fato de ser um casamento duplo. Tudo bem, por um lado realmente era um pouco cafona, mas estava tudo lindo. Alaia estava no colo da vovó Trisha quietinha, apenas observando o local com curiosidade. Meu pai e Holt estavam nervosos e não paravam de cochichar e procurar desesperados suas noivas com o olhar.
Glenn se sentou em frente ao piano e deu o sinal para os violonistas. Sim, tinha tudo. Era uma cafonagem bem bonita.

Someone told me
Love was only
In the movies
It don't exist in real life these days now
But you showed me
If I only just find the faith I need to believe

Meus olhos se encheram no mesmo segundo. Minha mãe e tia Ellie entraram juntas, uma do ladinho da outra como sempre foi.

Anything is possible
If you want it bad enough
Know the sky ain't too high
Test your limits
You can feel unstoppable
Incredible
Almost there, I can see I'm so ready

Voight e Holt tentaram segurar o choro mas não deu. Elas andavam de maneira graciosa, trazendo junto uma luz, uma leveza e uma felicidade contagiante.

Oh this has gotta be the night that dreams come true
Everything feels just right
Girl when I'm with you, you know, girl i'll be holdin' on
Said you feel my love
Did you feel my love

Elas finalmente chegaram até os noivos, onde foram recebidas com um beijo cheio de carinho na testa. Meu coração estava a um fio, prestes a despencar de tanto amor e felicidade que eu estava sentindo.
- Eu quero que Glenn cante essa música no nosso casamento também. Claro, se um dia a gente casar mesmo. - eu estava abraçada no braço do meu namorado, que me encarou assustado por um segundo mas logo abriu o sorriso mais lindo da vida, o sorriso que era capaz de me salvar de qualquer dificuldade.
- É claro que a gente vai casar, babe. - ele deu uma piscadela.
A cerimônia de fato começou. Estava tudo lindo e por ser num lugar ao ar livre tinha ficado uma coisa muito mais leve e confortável. Eu estava encantada com cada detalhe. Óbvio que eu estava quase desaguando a cada palavra, principalmente durante os votos de casamento dos quatro. Amor é realmente uma coisa louca. Misterioso, sagrado, e mais um monte de coisa impossível de citar de uma vez só. Tão perto, tão presente e pertence a todos nós.
Minha mãe e meu pai estavam oficialmente casados.

——


- Ela acabou de cagar mais do que eu já caguei na minha vida inteira, pai! - meus olhos estavam arregalados mas logo em seguida caímos na risada juntos.
Estávamos atentos observando trocar a fralda de Alaia no quartinho onde minha mãe e tia Ellie tinham se arrumado. Estávamos dançando até puft, Alaia fazer uma lambança e meu pai correr e entregar ela pra , e como se nunca tivéssemos visto ou até mesmo trocado fraldas dela, viemos junto com .
- Eu amo quando você me chama de pai, já te disse isso? - Voight virou o rosto, me olhando encantado e um pouco sem jeito.
- Já, pai. - eu soltei uma gargalhada sapeca, abraçando meu pai de lado.
- Pronto, limpinha de novo! - ergueu Alaia pra cima de leve, rindo cheio de humor.
A festa já estava rolando há horas e realmente me fez voltar à vida poder dançar com todos os meus amigos. Shyla e Cohen estavam muito bem juntos, e Glenn estavam indo devagar, mas estava mais do que óbvio onde aquilo ia parar. Eu amo o fato de nunca se envergonhar do amor que ela dá para as pessoas e mesmo quebrando a cara, ela não se fecha pra o amor. Landon estava bem, e assim como Scott, solteiro. E não, eles não estavam tristes por isso.
Voltamos pra fora novamente, onde me puxou com animação pra continuarmos dançando. Alaia finalmente tinha dormido no colo de uma das suas tias. e Glenn subiram no pequeno palco que tinha ali.
- Essa música a gente dedica obviamente aos noivos. - lançou um sorriso bobo para Glenn antes de voltar sua atenção para nós na pista de dança - Eu estou feliz em estar aqui, fazer parte disso e poder aproveitar essa noite. Todo mundo que eu amo está aqui e… Sério, isso é foda demais. Minha mãe tá casada, gente!!!
Todos nós rimos, inclusive tinha Ellie.

I don't need nothing else if I got you
You stole my heart away with the things that you do
And lately you drive me crazy, baby
Maybe that's why

I ain't escaping your love
There's no place that I'd run
I never wanna leave from here
Never wanna leave from here
Not a thing near and far that's as perfect as you in my arms
I never wanna leave from here
I never wanna leave from here

Voight me puxou pra dançar com uma mão enquanto puxava minha mãe com a outra, nos dando um abração desengonçado e apertado.
- Eu amo vocês demais. Mulheres da minha vida pra sempre!
Eu estava presa no momento e na sensação. Dá pra acreditar que antes disso tudo eu era alguém que se machucava o tempo todo ao se culpar por coisas maiores do que eu e questionamentos que só me traziam dor? Agora estou aqui, no abraço dos meus pais, no casamento mais lindo da vida. Eu tenho um namorado incrível e uma filha que me força a usar vozes bobas e fofinhas quando falo com ela porque acho que assim ela entende melhor.
A vida melhora. Se certifique que você estará lá para vê-la melhorando.
e Glenn finalizaram a música e foram aplaudidos com força. correu em minha direção, trazendo a mãe e o pai junto.
- Eu não acredito que essa breguice de casamento duplo tá acontecendo mesmo! Sério, foi a melhor coisa que vocês poderiam ter feito! - ria ao falar cada palavra, levemente bêbada e ainda por cima terminando de beber o resto que tinha em seu copo.
- ? - a voz suave de Safaa e o chorinho desesperado de Alaia chegaram com força no meu ouvido. Virei pra trás e lá estava a minha cunhada com uma careta engraçada enquanto balançava a sobrinha pra tentar amenizar o choro, mas sem sucesso.
- Tá bom, tudo bem, mamãe tá aqui! - Safaa me entregou a pequena com cuidado e eu a coloquei de pé no meu colo enquanto andava e entrava na pequena casa que tinha ali.
Embora tivesse vários quartos, fiquei no lugar onde minha mãe e tia Ellie se arrumaram e trocou a fralda de Alaia. Estava uma bagunça, mas tinha um sofá confortável onde eu pude me ajeitar pra amamentar minha filha de maneira confortável. Abaixei a alça do vestido e soltei o sutiã, encostando a barriguinha de Alaia com a minha e sua boca procurou meu peito desesperadamente.
Ela é uma misturinha. Se parece comigo o tanto que se parece com . E bem… as treze horas em trabalho de parto foram absurdas, mas eu juro, eu preciso de no mínimo mais cinco filhos. Como e quando eu fui tão sortuda assim?
- E o bezerro ataca novamente!
Eu nem mesmo tinha notado a presença de ali de tão concentrada em babar na beleza da minha filha que eu estava.
- Sabe de uma coisa? Ela me lembra você. Vocês dois são muito fãs dos meus peitos! - arqueei as sobrancelhas junto com um sorriso malicioso.
- Ah mamãe, isso você tem razão! - ele gargalhou gostoso, andando calmo em minha direção, se abaixando e me dando um selinho demorado.
- Você pode pegar água pra mim? Sei que vou me arrepender porque vai me dar vontade de fazer xixi e Alaia ainda vai estar aqui no meu colo e eu não vou poder me mexer, mas estou acostumada com a ideia e morrendo de sede.
- Claro, babe. - ele se levantou todo lindo, estiloso e… Sério, eu sou mesmo muito sortuda. Passei longos segundos babando no homem da minha vida e franzi a testa no mesmo segundo que ele parou de andar e se virou novamente, me encarando sério como se tivesse travado.
- O que foi?
- Quer casar comigo?
Eu tive um mix de reações que nem mesmo Jesus poderia descrever todas. Minha boca estava aberta e logo soltei uma risada quase escandalosa.
- , você tá doido?
- Eu tô falando sério, mulher! - ele refez seus passos de volta pra mim, parando na minha frente e se ajoelhando, tirando uma caixinha vermelha de dentro do smoking cinza que tinha o deixado lindo de morrer - ), eu tô há semanas querendo te pedir em casamento mas a gente anda ocupado demais tentando sobreviver à falta de descanso e no meio de tantas trocas de fraldas eu já até esqueci algumas vezes onde tinha guardado o anel, mas… - ele abriu a caixinha e eu quase morri, vendo o anel mais lindo que já tinha visto em toda a minha vida - Agora acho que finalmente achei o momento certo. Acho que não daria pra ser mais perfeito que isso. Eu, você e o nosso pacotinho. É só disso que eu preciso, , de verdade mesmo, e eu vou ficar muito feliz se você disser sim, porque meu joelho tá até doendo um pouco porque eu nunca pedi ninguém em casamento antes e acho que eu deveria só ter perguntado se você quer casar comigo, mas eu quis fazer um puta discurso e…
- SIM!!! - meus olhos se encheram - É claro que eu aceito! Agora senta aqui do meu lado e me dá um beijo, porque se eu mexer Alaia um centímetro eu sei que ela vai se irritar e vai sugar minha alma inteira!
foi ligeiro em fazer o que eu falei, me dando um beijo tão calmo e suave que eu me senti, literalmente, nas nuvens. Ele me olhou completamente emocionado e tirou o anel da caixinha, o colocando com cuidado no meu anelar esquerdo.
Meu coração estava batendo tão forte que… Pelo amor de Deus, eu estou noiva!
- Eu te amo, , eu te amo mais que tudo. Acho que desde a primeira vez que eu vi esse seu sorriso… - automaticamente eu abri um sorriso frouxo e bobo, completamente encantada por ele - Esse sorriso mesmo... No fundo, meu coração já sabia que queria passar o resto da vida com você.
- Você acabou de me pedir em casamento enquanto um bebê suga leite do meu peito. Eu sei que você me ama, , e eu te amo do mesmo jeitinho! Você é… - minha voz se embargou - Tudo! Você é o homem da minha vida! Eu quero casar com você quantas vezes forem possíveis!
Nunca foi tão confortável morar na minha própria pele. Eu sou muito sortuda e eu tenho tudo. Tudo mesmo.


FIM.



Nota da autora: Palavras não descrevem o quão grata e realizada estou. Prelude é uma parte de mim e fico feliz por vocês terem embarcado comigo nessa aventura. Obrigada de coração. Vejo vocês em INTERLUDE - A segunda temporada da fic. Caso queiram entrar no grupo do whatsapp, entra por esse link aqui. Pra entrar no grupo do facebook, só clicar no ícone aqui embaixo! Espero vocês, e obrigada por tanto ao longo desse um ano de Prelude.





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