CAPÍTULOS: [Prólogo] [I] [II] [III] [IV] [V] [Extra] [VI] [VII] [VIII] [IX] [X] [XI] [XII] [XIII] [XIV]



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Finalizada em: 24/01/2017

Prólogo


Passado

- Mamãe? Mamãe o que você está fazendo? – O pequeno garoto perguntava enquanto assistia sua mãe transar com um homem desconhecido por ele.
- Filho! Para, para, ele está olhando. – A mulher falava e saia de baixo do cara.
- Porra, ele é um moleque, tem que se acostumar logo com isso! – O homem respondeu.
- Ele pode contar pro Hector, você não entende? – Justificou nervosa.
- Eu entendo que quero fuder você aqui e agora, e que você também quer. Ó garoto, pega isso aqui e vai comprar bala no mercado. – O homem se dirigiu até o pequeno menino de olhos e entregou algumas moedas. Ele vestia apenas um calção, e a mulher se encontrava nua, cobrindo-se com um lençol.
- Vai filho, obedece ele. – A mais velha disse.
- Mas mamãe, quem é esse homem? Cadê o papai? Eu não posso... – O pequeno tentava falar, enquanto o mais velho o pegava no colo tirando de dentro do quarto.
– Passa moleque! Esse teu filho é muito lento, tinha que ser filho daquele idiota mesmo. – O cara riu fechando a porta e deixando a criança olhando-o sem entender. A pequena criança de pouco mais de três anos foi até a porta do pequeno chalé de madeira que morava junto de sua mãe e seu pai. Era começo de tarde, não fazia muito tempo que seu pai havia saído para o trabalho, aquela deveria ser a mesma rotina de sempre, Hector vai trabalhar, o pequeno dorme e sua mãe, bem sua mãe se diverte. Mas aquele dia foi muito diferente.
Desconfiado da mulher com quem dormia, o conhecido professor de música voltou para casa pouco tempo depois e encontrou seu único filho na porta.
- O que você está fazendo aqui? – Perguntou pro mais novo.
- Foi o tio, ele me mandou comprar bala. – Falou apontando para as moedas que tinha em seu colo.
- Que tio? – O cara perguntou, tirando uma arma de seu cinto.
- O que está com a mamãe no quarto. – Falou inocentemente. Seu pai entrou o deixando sozinho na sala, e daquele dia em diante a vida de mudou completamente.
De filho único, se tornou órfão, viu seu pai matar sua mãe, o amante dela e tirar sua própria vida. Foi testemunha de um crime que deu fim a vida de três pessoas. Sozinho no mundo, prometeu nunca amar e viveu com a certeza de que o amor não existe. Gostava de mulheres? Sim, claro. Muitas, mas nenhuma delas ficaria tempo o suficiente para fazer-lhe sofrer.
Mesmo tão pequeno, jamais esqueceu do rosto de sua mãe, e a culpou pela vida que levou nos anos que se seguiram. Todo amor que sentiu um dia por aquela mulher, se transformou em ódio, assim que entendeu tudo que havia acontecido naquele dia.


Capítulo I


Dias atuais
Por

Passavam das 23 horas e esperávamos ansiosas pelo momento que sonhávamos tanto. Estávamos em uma pequena sala aguardando que chamassem os sortudos vencedores das promoções que davam acesso á um dos camarins mais sonhados do país. O estava completando seu último show da tour e embora parecessem um pouco cansados, sempre atendiam todos os fãs com um belo sorriso no rosto. Olhei para os lados e percebi que havia um pequeno grupo de garotas que não pareciam fãs, suas roupas indicavam que ali tinha um pequeno grupo de groupies. Quando ganhou uma promoção para conhecer os meninos, simplesmente piramos. Mesmo estando um pouco velhas para todo esse fanatismo, o era nossa zona de escape, onde saiamos das responsabilidades da vida de adultas, e nos permitíamos sonhar.
era filha única e morava com os pais, durante nossa infância éramos vizinhas e nossas mães melhores amigas. Crescemos e a amizade cresceu com a gente, acredito que em praticamente todos os bons e maus momentos de nossa vida, estivemos uma ao lado da outra. Mesmo sendo completamente opostos em gostos e comportamento, nada foi capaz de nos afastar.
Quando completei 18 anos sai de casa após uma briga com meus pais. Eles médicos queriam que eu seguisse sua carreira e não aceitaram minha escolha. Mas eu sempre tive pavor de sangue ou coisas do tipo, mesmo parecendo uma moleca quando criança, paralisava assim que via uma gota de sangue. Conclui o pré-universitário e comecei a trabalhar em uma pequena lanchonete, dividia meu tempo entre trabalho e a faculdade que sonhava, Música & Estudos Culturais. Acredito que em minha vida, cada momento eu consiga traduzir em música, comecei a tocar violão muito pequena, mas foi pelo teclado e piano que desenvolvi meu amor maior. Nunca quis ser reconhecida, queria apenas tocar e ensinar isso aos outros, com essa idéia em mente comecei a faculdade e fui literalmente deserdada da família. Meu irmão mais velho e querido por meus pais, cursava faculdade de medicina, ás vezes o encontrava em frente ao campus, mas fingíamos não nos conhecer.
Nos últimos dois anos, minha única família foi . Ela cursava psicologia também na Universidade de Sussex.

O camarim estava lotado e em meio a tanta conversa, eu e nos olhávamos sem falar nada.
A porta se abriu e um dos produtores entrou chamando atenção de todos.
- Prestem atenção! – Falou alto chamando atenção de várias que não paravam de conversar. – Quero que mantenham a calma, nada gritos ou histeria, façam uma fila e vamos liberando a entrada de 4 pessoas por vez, entra, conversa, tira foto e sai. – Disse e depois se dirigiu até onde estávamos.
- O quer conversar com você. - Disse para . – Então deixem eles atenderem as fãs e eu chamo vocês no último horário,
- Ok. – Foi tudo que minha amiga conseguiu responder. Ele sorriu e voltou para seu trabalho, chamando e selecionando os fãs, coordenando o tempo dentro do camarim e contendo algumas meninas um pouco mais alteradas. Os meninos pareciam se divertir a cada grito, como sempre o mais brincalhão, gritava junto, assim que alguma menina não se continha, soltando risos de todos.
Cerca de 50 pessoas foram atendidas e sobraram na sala apenas eu, , e mais algumas 5 meninas, todas com saia extremamente curta, não conhecia nenhuma das redes sociais, o que me dava absoluta certeza de que eram groupies. Me perguntei se eles pensariam o mesmo da gente.
Ryan voltou e disse para o segurança que todas as meninas poderiam entrar, me dirigi junto com até a porta do camarim deles, que mais relaxados nos esperavam.
- Finalmente hein. – disse se aproximando de e dando um beijo demorado em seu rosto, depois veio até mim. – E ae, tudo bem? – Beijou meu rosto mais rapidamente e voltou a abraçar .
- Tudo e você? – Perguntei animada.
- Tudo bem, quem era aquele moleque que tava no teu lado? É seu namorado? – Perguntou pra , mas não consegui ouvir a resposta dela. Pois logo se aproximou.
- Opa, tudo bem? Qual seu nome?
- Tudo e você? – Sorri simpática. – , prazer!
- O prazer é todo meu. – Falou beijando minha mão.
- Mano o parecia um galinho brabo porque a mina que ele curtiu tinha namorado. – disse rindo se aproximando.
- Mas ela não tinha, olha ali, eles tão ficando. – apontou.
- E ae, qual seu nome? – me perguntou se aproximando mais.
- , prazer. – Sorri tímida.
- Cara que mina gostosa. – falou observando uma das meninas.
- A do é gatinha, mas não parece groupie. – observou.
- Ela não é. – Falei chamando atenção deles.
- Como você sabe? – me perguntou.
- Ela é minha amiga...
- Ohh! – Todos falaram juntos e riram.
- Então você vai matar nossa curiosidade né, aquele cara que tava no show com vocês... – perguntou curioso.
- Nós não conhecíamos o menino. Na verdade nem percebi que tinha um cara grudado nela no show. – Falei rindo.
- Mas vocês então são fãs? – perguntou um pouco assustado.
- Hey, o que acontece... – tentou falar mais eu interrompi.
- Eu não conheço vocês e não sei de nada que acontece nesse camarim ou fora dele. – Pisquei, tranquilizando-os e os fazendo rir.
- Espertinha! – disse animado. Então temos que ir aos trabalhos de hoje, qual você vai querer? – Percebi que perguntou para o e senti meu coração doer, não queria ver ele ficando com outra garota, mas se fosse preciso isso pra minha amiga realizar o sonho dela, teria que aguentar e tentar não chorar.
- Depois eu vejo. – Respondeu observando o camarim.
- está muito sério, acho que vou ter que usar meu pinto com ele hoje, o que acha amor? – Respondeu debochado, tentando beijar que se esquivava rindo.
- Enquanto ficamos aqui parados, várias minas loucas pra dar a periquita estão bem na nossa frente. – falou observando as groupies.
- Quero a do cabelo rosa, ela tem uns peitão. – disse e saiu pra falar com a menina.
- Eu já fiquei com aquelas duas, acho que vai rolar uma dupla coroação hoje. – disse debochado e foi conversar nos deixando sozinhos.
- E eu quero... – Meu coração gelou ao ouvir . – Fumar. Caralho pedi pro Ryan me arrumar um pouco de erva e até agora nada.
- Eu ouvi ele falando pra um segurança que precisava te entregar um negócio, mas que só podia depois que atendesse os fãs. – Falei.
- Ué, onde será que ele ta? – Ele disse olhando para os lados.
- Não sei, quer que eu procure por ele? - Perguntei.
- Será que tem muitos fãs ali ainda?
- Vou ver. - Disse indo até a porta, ele me seguiu e depois de olhar pelos corredores e ver que não haviam mais fãs, apenas equipe, voltei com medo do que encontraria ao entrar no camarim. – Não tem ninguém, falei ao perceber que ele me esperava em frente a porta.
- Ah, então vamos achar ele. - Falou me segurando pela mão e saindo pelos corredores, logo achamos Ryan.
- Pow, desculpa, me enrolei aqui, ó consegui isso, mas lá no hotel tem mais. – Falou entregando um pouco de maconha pro .
- Nóiiis! – Disse sorrindo e voltou a me olhar. – Quando a gente chegar no camarim, vai ta todo mundo se pegando. Quer apostar?
- Acho que você ganharia a aposta. Pior que não sei agora se vou pro hotel ou espero a .
- Ah fica comigo, não vou pegar ninguém, eu acho... A não ser que a mina que eu quero, me queira, mas nesse caso você não ficaria sozinha.
- Como assim? – Não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.
- Eu quero isso... – Falou sorrindo e me prensou contra parede dando um beijo apressado, cheio de desejo.
- Eu também quero... Muito. – Respondi em meio a mais beijos.
- Você vai comigo pro hotel hoje. – Disse beijando meu pescoço.
- Tenho escolha? – Mordi seu pescoço provocando também.
- Acho que não. – Ele riu apertando minha bunda.
Continuamos nos beijamos até ouvir um dos meninos perguntar por ele, falando que estava faltando fumaça naquele camarim.
– Vem os meninos estão esperando por isso... – Mostrou a maconha rindo.

Entramos, eles fecharam alguns cigarros e começaram a fumar, sentei no lado de em um sofá de três lugares, voltou depois de ir ao banheiro e pediu para que eu levantasse, fiz o que ele pediu e então roubou meu lugar, me puxando para seu colo. Ele alisava minha coxa e isso me causava arrepios, não conseguia prestar atenção no que conversavam. Percebendo minha situação ele beijou meu pescoço. – Te quero logo – Falou rindo ao notar meu rosto vermelho. Estava quase o chamando para ir pro hotel quando uma das meninas, Saffira, sentou no “braço” do sofá ao lado de e ficou passando sua perna na dele. Minha vontade era quebrar ela e ele, afinal ele sorriu pra ela, invés de mandar se fuder e ainda puxou papo, perguntando qual era o nome dela e tirando as mãos de mim colocando entre sua perna e a perna da garota. Levantei e fui ao banheiro, quando voltei fiquei um tempo conversando com Ryan, enquanto fumava e ria com a outra. Achei melhor não atrapalhar e ir até a van, assim que sentei em um dos bancos, peguei meu celular para atualizar as redes sociais e ouvi alguns risos vindo em direção onde eu estava. Eles decidiram continuar a festa no quarto de um dos meninos. Observei eles entrando e assim que me viu, disse pra tal Saffira que era melhor ela ir com os garotos, porque ele não iria pra festinha.
- Ah, por quê? Queria tanto fazer uma festinha com você. – A loira respondeu.
- Porque estou acompanhado. – Ele sorriu e sentou ao meu lado, não me movi e segui olhando pela janela, senti um beijo ser depositado em meu pescoço, causando arrepios. – Eu to aqui, sabia? – Cochichou em meu ouvido.
- Notei...
- Que foi? – Perguntou tentando me olhar nos olhos.
- Nada. – Respondi olhando pela janela.
- Por que sumiu então?
- Pra não te atrapalhar, você parecia empolgado com aquela menina. – Falei emburrada.
- Hum, ela é legal. – Disse debochado.
- Que bom. – O fuzilei com o olhar.
- Uhum. – Disse me fazendo virar meu rosto de encontro ao seu. – Mas não quero falar de outra menina, quero só isso ó. – Falou depositando vários selinhos e depois aprofundando nosso beijo.
- Esse hotel ta demorando muito. – Ouvi falar enquanto agarrava no banco em frente ao que estávamos.
- Nem me fale. – riu, tentando se controlar.
Chegamos no hotel e os meninos fizeram nosso check-in como acompanhante deles. Para banda estava reservado as principais suítes do hotel, com certeza uma noite lá custava mais que meu salário. Fomos em direção ao elevador, me despedi de e segui , Ryan entrou no mesmo elevador que nós, mas desceu um andar antes.
- Se escutarem muita bagunça, não liguem reclamando. – Ryan disse rindo, saindo do elevador.
- Estaremos fazendo coisas mais importantes. – falou debochado e me apertou mais em seu abraço.
- Se cuidem e usem camisinha. – Ryan falou debochado.
- Eu sei pai. – Respondeu rindo.
- Mentalmente eu podia ser pai de vocês mesmo... Se cuidem. – Falou saindo do elevador.
- Você já transou em um elevador ? – perguntou assim que o mesmo fechou.
- Não e nem vou. – Falei me esquivando dele e rindo.
- Ah, poxa, ainda te convenço um dia. É bem legal. – Falou safado.
- Me poupe dos detalhes. – Respondi brabinha. Com certeza ouvir como foi transar com outra menina em um elevador, não estava na lista de coisas que queria ouvir do .
- Ta o brabinha, chegamos ó. – Indicou saindo do elevador e me puxando com ele, seu quarto ficava em frente, então ele abriu a porta e assim que entrei ouvi o barulho da porta sendo fechada e senti me agarrando. Me desvencilhei dele, observando o quarto.
Era uma das melhores suítes, com uma mega cama de casal, banheiro com banheira de hidromassagem e uma bela vista para praia. Fui até a janela observar a vista e senti um certo arrepio devido a altura que estávamos. Senti me agarrar por trás novamente.

- Finalmente, não aguentava mais esperar. – Disse me beijando e arrancando minha blusa.
- Calma menino. – Sorri tentando não demonstrar receio.
- Sou calmo baby. - Disse me deitando na cama, descendo os beijos entre os seios, barriga e abrindo o short que eu vestia. Ele não era nenhum pouco calmo, abri os olhos observando o homem seminu em minha frente e não conseguia acreditar no que estava vendo, sonhei tantas vezes com aquilo que em nenhum minuto se quer me arrependi de não ter tido um momento assim com outro cara. Por mais que parecesse loucura, eu sabia que algum dia, esse momento chegaria.
sabia exatamente o que estava fazendo, arrancou o short que eu vestia e junto suas peças de roupa. Alcancei no controle de iluminação e deixei o quarto mais escuro, o fazendo rir e beijar meu corpo todo.
– Você é linda, linda. – Repetiu beijando meus seios e acariciando minha intimidade com seus dedos. Ele desceu os beijos pelo meu corpo e o senti depositar um beijo em cima da minha intimidade, ainda vestida com uma pequena calcinha preta.
– Acho que vamos nos livrar disso. – Falou puxando e rasgando a calcinha, então abriu minhas pernas, dando mais espaço para seu rosto e passou a lamber e chupar, me deixando completamente doida. Ele introduziu um dedo em minha vagina, assim que subiu os beijos para meus seios, rasgando o sutiã que os cobria, seus movimentos eram calmos, aumentando o número de dedos que introduzia. Primeiro, um, depois dois e três dedos, mesclando entre movimentos calmos e mais rápidos. Quando sentiu que eu estava completamente úmida, puxou uma toalha e colocou embaixo de mim. Me dando um beijo calmo e demorado.
– Você vai ser minha. – Disse convencido e em seguida introduziu seu membro, me fazendo gemer de dor e prazer, continuei gemendo e sentido-o entrar cada vez mais fundo e rápido.
– Se quiser que eu pare... é só falar. – Pediu entre gemidos, quase suplicando para que eu não fizesse isso.
– Continua. – Foi tudo que consegui dizer, começando a gemer mais, me acostumando e depois esquecendo da dor, dando lugar apenas ao prazer de ter aquele homem, naquele momento.
Nos amamos por algum tempo, na cama, no banheiro e depois na cama novamente, até que adormeci em seu abraço. Acordei com um barulho de pessoas conversando.

- Como assim a garota ainda está ai? Em todos esses anos eu nunca vi... – falava na porta do quarto.
- Cala a boca! – falou com raiva.
- Mas mano, você nunca dorme com uma...
- Eu sei muito bem da minha vida, agora você pode me dar licença, quero me arrumar pra irmos embora, querido. – Falou com raiva.
- Ok, ok, pode ficar tranquilo que vou guardar seu segredo, meu amor. – Debochou e então ouvi a porta bater.
Sentei na cama procurando minhas peças de roupa e me cobrindo com um lençol.
- Acho que você está procurando aquilo... – Ele apontou rindo para cadeira perto da cama, onde minhas peças estavam dobradas.
- É. Acho que sim. – Falei um pouco tímida, o encarando. Ele vestia apenas uma boxer azul escura, e estava com os cabelos molhados, sua cara de sono me excitava. – Fecha os olhos. – Pedi me levantando.
- Por quê? – Perguntou curioso.
- Eu estou nua! – Falei tímida o ouvindo rir.
- Eu sei... Você é linda nua. – Disse indo até mim e me abraçando, não permitindo que eu colocasse a blusa. – Deixa isso ai, fica melhor assim ó. - Falou olhando meu corpo e não permitindo que eu falasse, me beijando e tocando em cima da cama.
Seus beijos percorreram meu corpo me causando arrepios e deixando extasiada. Seu corpo se encaixava ao meu, estávamos em uma conexão diferente, algo que não imaginei existir. Naquele momento eu me permiti sonhar. Então transamos, nos entregamos um ao outro, e ele foi embora, não me prometendo nada, mas deixando uma esperança em meu olhar.


Capítulo II


Por

Não sei quem era aquela menina, mas de fato ela mexeu comigo e com tudo que eu jamais pensei que poderia sentir. O perfume dela era diferente, o sorriso, absolutamente tudo. Se não me conhecesse tão bem, talvez diria que estava completamente apaixonado, mas isso jamais seria possível, pois nunca me permitiria amar. E se o destino estava tentando me pregar alguma peça, ele falharia, pois não deixaria sentimentos me dominarem, sempre disse que seria mais forte que qualquer sentimento e agora não seria diferente. Nunca mais deixaria uma mulher destruir minha vida como aquela um dia conseguiu, se hoje sou considerado um homem forte, duro demais ás vezes, é culpa dela, ela me fez tornar quem sou. E nenhuma menina de sorriso bonito vai me fazer mudar.
Dois meses se passaram desde aquele dia, não vou mentir que esqueci o que aconteceu, porque não, não consegui esquecer, mas consegui seguir minha rotina de composições, festas, entre outras coisas. Como parte da rotina, transei com várias mulheres, algumas ao mesmo momento, mas não deixei que nenhuma passasse a noite comigo, talvez tivesse sido esse o erro que cometi. Aturei o fossa do após descobrir que a namorada o traia e o fim da relação. Sim, ele também traia, mas ficou com o ego ferido, então como uma espécie de irmão mais velho, o levei nos melhores lugares para esquecer os chifres: casas noturnas.
Mas o idiota não gostava muito da vida de solteiro e já estava de papo com uma garota de Brighton, garota essa que ele se recusava a falar o nome.
Quando perdi meus pais, tive que morar com meus avós, que sempre me deram tudo que eu queria, meu avô era apaixonado por música e me transferiu esse amor, então depois de me ensinar um pouco de tudo, partiu, deixando-nos sozinhos. Minha vó acabou falecendo logo que o começou a fazer sucesso, deixando uma fortuna considerável, nesse tempo eu já tinha um estúdio e sonhava viver de música. E desde o começo de nossa carreira ensaiávamos nesse estúdio que eu tinha, claro que ele mudou bastante e hoje era um dos melhores de Londres. Gostava de passar meu tempo lá, gravando não apenas nossa banda, mas também banda de amigos e dividi as responsabilidades com um outro amigo de infância, esse amava produção musical e praticamente comandava tudo na minha ausência.
O ensaio acabou, começaríamos uma tour pela Europa no mês seguinte, mas parecia estar desfocado. Todos saíram e pedi para que ele me esperasse.

- Hey dude, o que está acontecendo? – Perguntei preocupado.
- Cara, preciso contar isso pra alguém, se não eu vou ficar maluco.
- Isso o que? Conta! – Disse terminando de guardar um violão que havia levado para ensaiarmos algumas canções acústicas.
- Então, queria te contar. Lembra que eu fiquei com uma menina, no último show da antiga tour? Ela era fã, você até ficou com a amiga dela.
- Lembro, o que tem? – Falei tentando não lembrar da tal amiga.
- Ela ta grávida e eu sou o pai, eu tenho certeza.
- Como você pode ter certeza?
- Ela era virgem e também, eu sei, sabe quando a gente simplesmente sabe? Eu não me preveni e agora ela ta grávida. – Falou apavorado.
- Caralho! O que você vai fazer? – Disse o encarando.
- Eu não sei, mas não quero que ela sofra sabe, to pensando em chamar ela pra morar comigo.
- Cara isso é loucura! Ela vai tirar tua liberdade e você é novo pra casar. – Falei um tanto desesperado.
- Se eu sou novo imagina ela? O pior que a família dela é aquelas bem tradicionais sabe? E ela tem 18 anos, é muito mais nova e tem várias coisas a perder.
- E abortar?
- Isso nunca! É meu filho, digo, meu e dela e vamos dar um jeito. Sabe a amiga dela, aquela que você ficou?
- Aham, o que tem? – Mal sabe ele que eu sei muito bem e não paro de pensar naquela lá.
- Então, a ta morando com ela, porque os pais a expulsaram de casa, mas a não me falou nada, quem contou foi a .
- A não te cobrou nada?
- Nada, só falou da gravidez mesmo, estava pensando em aproveitar esse final de semana sem shows e ir até lá ver ela. Eu converso com ela pelo telefone e tal, mas percebo que ela me esconde as coisas, a acaba me contando, mas não posso falar pra que ela conta, porque se eu fizer isso, as duas param de falar.
- Seria bom, conversar pela internet é ruim, essas coisas devem ser faladas cara a cara. – Sugeri.
- Pois é, você não quer ir comigo? Vai que alguém descobre que eu sou o pai e queiram cortar meu pinto fora. – Riu debochado
- Claro, daí eu guardo teu pinto ou apanho por ti?
- Não, eu digo que você é o e deixo meu procriador vivo.
- Teu procriador poderia ser menos certeiro. – Ri tocando algo nele, enquanto fumávamos um pouco.
- Então, o que vai fazer no final de semana? – Me perguntou um pouco nervoso. Sempre fui amigo de todos os moleques, mas era como um irmão pra mim, meu irmão mais novo.
- Vou me meter em uma confusão com meu irmão!
- Ah, você sabe que eu te amo, né seu filho da puta! – Falou rindo me abraçando.
- Eu sei, vai ter que chupar meu pau depois dessa. – Respondi rindo também.
- Vai se fuder oh! – Ele disse rindo.
- Só se eu sair por lá né, vai atrapalhar minha foda do findi dude!
- Ué, pega a amiga da .
- Já peguei, ela é legalzinha, mas sem experiência também... – Não podia contar pro meu amigo, que a amiga da menina dele, tinha algum feitiço naquela pepeca.
- Isso que eu curti na , sou único. – Disse convencido.
- Ah cara, eu fui o primeiro.
- Sério? – Perguntou surpreso. - Mas vocês mantiveram contato?
- Não, depois daquele dia nunca mais. Acho que nem salvei o número dela, sabe como são as coisas... Amo as mulheres, mas uma diferente a cada dia.

Rimos e conversamos mais algum tempo, depois deixei em casa e fui para meu apartamento. No final de semana seguinte viajamos para Brighton, ficava a 100 km de Londres.
Não foi difícil achar o prédio que elas moravam, quando chegamos ligou para que logo desceu permitindo que entrássemos.
Deixamos o carro estacionado na vaga que tinha, pude notar que nenhuma delas possuía algum veículo e subimos até o terceiro andar. Era um apartamento pequeno, mas bem organizado, dois quartos, sala, cozinha e um banheiro. Era bem diferente dos padrões que nós tínhamos, principalmente depois da fama, não poderia negar que todos tínhamos bons carros, apartamentos e alguns investimentos fora do .
Após alguns minutos de conversas rotineiras, e foram até o quarto dela, seria algo intimo, eles precisavam de um momento a dois. Liguei a televisão e me perguntei onde estaria, confesso que estava curioso. O relógio marcava 18h30min, assistia a reprise de um jogo até ouvir um barulho na porta. entrou carregando uma pilha de livros, me olhou paralisando por algum tempo. Sorri ao perceber seu desconforto e levantei indo até ela.
- Tudo bem? Perguntei curioso.
- Tudo e você? – Disse tímida, largando a pilha de livros em cima da mesa de centro.
- Tudo bem. Eu vim com o , ele está com a no quarto... – Falei me justificando.
- Hum, ele não me disse que você vinha, mas quando o vi, imaginei que fosse isso.
- Pois é, seria chato viajar sozinho.
- Uhum, bem pode ficar a vontade, eu vou tomar um banho e já volto. Falou indo em direção ao quarto, depois foi até o banheiro e pude ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado.

não demorou muito, logo voltou para sala vestindo um short curto e uma regata banca, estava com os cabelos molhados e escrevia algo em seu celular.
- Quer beber ou comer algo? – Perguntou me olhando novamente.
- Já que você falou... Vi que tem uma sorveteria aqui perto, vamos lá comigo?
- Ah ela é ótima! Tem o melhor sorvete de todos! – Comemorou se levantando em seguida.
- Vamos então. – Levantei também, animado ao ver sua empolgação!
- Só um minuto! – Ela disse indo até o quarto, voltou vestindo um cardigan e pegando sua bolsa.
Descemos em silêncio até a sorveteria, resolvi aceitar a sugestão dela, pedi sorvete de chocolate com flocos e sentei em uma pequena praça que ficava perto do local.
- Que loucura isso que está acontecendo né? – Falei olhando algumas crianças brincarem na praça.
- O que? – Ela me perguntou com a boca cheia.
- O e a , serem pais tão novos.
- Pois é, ele parece mais feliz que ela com a notícia.
- Por que você acha isso? – Perguntei curioso.
- Porque a chora o tempo todo, acho que ele não chora assim.
- Por que ela chora? – Indaguei preocupado.
- Ah, é complicado.
- Me conta .
- Isso é intimo dela , não posso sair falando assim.
- Mas eu sou o melhor amigo dele e se está acontecendo algo com ela, acho que você deveria contar pelo menos pro , afinal ele é o pai.
- Eu entendo, só que acho que quem deveria contar as coisas é ela, mas não a culpo, acho que faria a mesma coisa no lugar dela.
- O que você faria?
- Ué, teria o meu filho, mesmo que tivesse que trabalhar dia e noite pra não faltar nada pra ele.
- Ela esta trabalhando?
- Sim, ela fazia estágio, que era menos puxado sabe, mas agora arrumou um emprego em uma loja e vai trancar a faculdade.
- Ela não pode trancar a faculdade, vai parar a vida dela agora?
- Ela vai ter um filho , e os pais dela... Bem os pais dela expulsaram ela de casa, eles são de igreja sabe, e pra eles, sexo é só depois do casamento... Antiquado né, mas com eles é assim, falaram até que não tinham mais filha.
- E o que ela fez? Que loucura isso, o está sabendo?
- Mais ou menos... Contei só que ela ta morando comigo. Ela veio pro meu apartamento e agora a gente dividi as coisas. Eu dividia apartamento com outra amiga, mas ela se mudou faz pouco tempo e por sorte, quando aconteceu isso tudo, ainda estava procurando uma colega para dividir as despesas.
- O que será que eles vão decidir? – Perguntei preocupado, achava loucura o que o estava fazendo, eu no lugar dele piraria.
- Não sei. – Falou preocupada, tão bonitinha.
- Você está linda sabia? – Sorri segurando a mão dela.
- Acho que tem que aumentar o poder desse óculos, está um pouco ceguinho. – Ela riu mexendo em um óculos que eu usava.
- Não tenho problema de visão, só uso pra ficar ainda mais bonito. – Falei rindo.
- Eu não acredito! – Ela riu. Jurei que você usava lentes de contato e ás vezes os óculos!
- Sua poser, como não sabia disso? – Encarei-a debochando.
- Vai o, pra ser poser tem que se dizer fã, e eu não falei isso sobre você. – Fingiu estar brabinha, cruzando os braços.
- Não falou, mas eu sei! – Qualquer pessoa saberia, e talvez isso me deixava ainda mais culpado, não queria e não podia deixar essa garota se envolver com o cara como eu.
- Sabe é? O que mais você sabe? – Perguntou.
- Sei que você quer muito isso. – Falei me aproximando mais e selando nossos lábios em um beijo calmo com gosto de sorvete. Ela não me respondeu, apenas deu passagem para minha língua e emendou vários beijos, já estávamos quase sem fôlego, quando parei um pouco para respirar e percebi que estava em meu colo e meu corpo excitado com isso.
– Ser mulher tem suas vantagens. – Respondeu beijando meu pescoço, me provocando.
- Você gosta de brincar com fogo, sabia? – Falei apertando a parte interna de sua coxa.
- Você gosta de acender o fogo. – Ela gargalhou me dando um selinho.
- Vamos pra sua casa, porque a minha fica longe! – Brinquei, com os lábios grudados no seu.
- Acho que seu amigo ai precisa de ajuda... Vamos! – Falou se levantando e me pegando pela mão.

Mesmo estando em torno de 25° eu vestia um casaco, agradeci mentalmente por isso e o tirei amarrando na cintura e tentando disfarçar minha animação. Entramos no apartamento e ouvimos um barulho baixo de música vindo do quarto da , obvio que imaginei e sei o que os dois estavam fazendo... Coisas que faria em seguida com a .
- Bem vindo ao meu quarto. – Ela disse sorrindo, me puxando pra dentro do pequeno cômodo e trancando a porta em seguida. Eu estava com um tesão absurdo, a puxei sem nem pensar e a toquei em cima de sua cama, retirei nossas peças de roupa com um pouco de pressa, e até agressividade e então abri suas pernas passando a língua em toda extensão de sua intimidade. puxava meu cabelo e pude perceber que ela fazia um esforço grande para não gritar, ver o que estava causando naquela menina me excitou ainda mais, meu pênis parecia que iria estourar a qualquer momento, mas queria ser forte e levá-la a loucura também. Intensifiquei os movimentos de minha língua, chupando e mordendo seu clitóris, depois comecei a massageá-lo com um dos dedos e penetrei minha língua dentro da garota, ela gemeu alto, e ficou vermelha em seguida, talvez com medo de que alguém ouvisse, sorri ao senti minha boca cheia com seu liquido, posicionei meu membro na entrada de sua vagina, coloquei suas pernas sobre meus ombros e penetrei fundo e lento, depois aumentei o ritmo das estocadas, pulsando dentro dela e vibrando em ver o poder que possuía sobre a menina. Ficamos um tempo nessa posição então troquei ficando por baixo.
– Me ajuda. – Ouvi a pequena pedir e coloquei minhas mãos em sua cintura coordenando os movimentos. subia e descia sobre meu pau, enquanto eu beijava e mordia seus seios e partes que conseguia do seu corpo. Decidi apoiá-la em um criado mudo, fazendo com que ela ficasse de costas pra mim.
– Anal não! – Ela falou rápido me fazendo rir.
– Você quem manda. – Respondi beijando seu pescoço, penetrei novamente sua vagina, comecei a alisar seus seios e clitóris, passando minhas mãos por seu corpo e gemendo em seu ouvido.
– Eu vou... – Ela anunciou.
– Goza vai, goza pra mim. – Falei e senti seu liquido se juntar ao meu, também estava a ponto de explodir, e confesso que me senti aliviado em chegarmos juntos ao melhor momento.

Ela vestiu minha camiseta e logo saiu do quarto me deixando sozinho, me perguntei se tinha feito algo errado, após alguns minutos que pareceram horas, ela voltou. Encarei-a intrigado.
- Fui me limpar.... – Falou tímida se atirando na cama. – Vem! – Sorriu me chamando para deitar ao seu lado, me atirei também e deitei observando o teto enquanto a pequena ao meu lado nos cobria e ficava fazendo pequenos desenhos imaginários em meu peito.
- Já disse que você é linda? – Sorri encarando a garota que ficava vermelha sempre que eu lhe elogiava.
- Já falei que você é cego?
- Acho que sim. – Roubei um beijo dela e tomei a liberdade de ligar a televisão do quarto, ficamos um bom tempo ali, eu assistindo televisão e ela dormindo calmamente, então ouvi um barulho que imaginei vindo da cozinha e levantei. Encontrei meu amigo preparando algo para comer.

- E ae... Como foi a conversa? – Perguntei sentando em um banco em frente a bancada que dividia sala e cozinha do apartamento.
- Te trouxe pra não vir sozinho e você não perde tempo e pega a amiga da minha mulher? – Ele riu debochado
- Sabe como é... Assistir televisão enjoa ás vezes e pelo jeito você se divertiu bastante. – Justifiquei.
- Nos entendemos... Ela ainda está um pouco fechada, mas topou ir morar comigo, no máximo mês que vem estaremos juntos já no apê.
- Já? – Perguntei um pouco assustado.
- E vamos casar! Se prepara porque você vai ser padrinho do casamento também!
- Me ama né! – Ri tocando nele uma laranja que estava na fruteira.
- Amo, sonho com você toda noite! – Ele respondeu rindo e ouvimos reclamar.
- Poxa, devia sonhar comigo, não com esse ai. – Falou abraçando o .
- Aqui o caso é de amor antigo. – Debochei dela e senti me abraçar por trás. Tudo parecia perfeito, exceto pelo fato de eu e parecermos um casal, e toda pessoa que me conhece sabe que não curto romances.

- Acho que deveríamos ir... Tem uma festa legal na hot e to afim de pegar a Emma. – Falei desvencilhando de . Ela não disse nada, apenas me encarou como um ponto de interrogação e foi pro quarto. e me olharam sem entender.
- Que foi? - Perguntei encarando .
- Você precisa se tratar! – Ele respondeu, parecia ter raiva em sua voz.
- Qual é dude, você não quer ir na festa também?
- Pode ir, amanha eu dou um jeito de ir pra casa, vai lá! – Ele falou quase que me expulsando do apartamento. Sei que fiz merda, mas antes isso, do que ver se apegando a mim. Fui até o quarto dela pegar meu casaco e a carteira que havia esquecido lá e encontrei ela sentada na cama encarando a janela, que estava aberta e refletia uma cidade iluminada.
- Só vim pegar minhas coisas. – Expliquei assim que aqueles olhos vermelhos de um possível choro, me encararam. Peguei o casaco que estava jogando no chão e percorri o olho, procurando a carteira.
- Está ali em cima. – Ela apontou pro criado mudo.
- Hum obrigado. – Disse pegando e colocando no bolso.
- Confere.
- O que? – Perguntei intrigado.
- Ué eu sou uma estranha... Confere se está tudo ai, carteira, chave, cartão, dinheiro, sei lá, o que for importante.
- Você não é uma estranha. – Falei por fim.
- Mas você pode esquecer algo, e eu não quero que você tenha que voltar aqui pra pegar.
- Você não quer que eu volte. – Falei um tom mais baixo.
- Não. – Ela respondeu deixando uma lágrima correr no rosto.
- Ok. – Respondi frio e fui embora.


Capítulo III


Por

Já fazem dois meses desde o dia que transei com aquele idiota e até hoje me pergunto como consegue ter um amigo tão babaca! Ele e foram morar juntos uma semana após a visita que fizeram em meu apartamento, para todos pareceu loucura, mas eles estavam felizes e era isso que importava, marcaram a cerimônia de casamento para a primeira data disponível na igreja, e desde então a vida de minha amiga se resume em preparações para o casamento. O grande dia estava chegando, e ouvia ela lamentar que o vestido teria que sofrer mais mudanças, já que sua barriga estava começando a aparecer. Ela estava linda e o sorriso dos dois cativava a todos. Fui até Londres algumas vezes, mas não vi em nenhuma oportunidade, agradeci por isso, não seria bom ver ele, muito menos depois do que ele fez no último dia que ficamos. Mas no último mês algo me fez ter o receio de ter que vê-lo mais vezes. Minha menstruação atrasou, e comecei a sentir muito enjôo, não quis ir ao médico ou fazer algum exame. Até que fui ajudar a provar os últimos doces para o casamento de e...

- Desculpa , mas só de olhar esses doces tenho vontade de vomitar! – Falei triste.
- Estamos na mesma então, só de sentir o cheiro... – Ela respondeu rindo.
- São muito frescas vocês, deveria ter vindo com o provar, certeza que não iria enjoar. – debochou comendo uma pequena porção de doces da demonstração.
- Coisa de grávida amor. – riu, segurando a mão dele.
- Quando ele nascer, vamos fazer uma confirmação de votos do casamento, assim você prova vários doces também amor. Mas o ... – ia falando quando os deixei sozinhos e corri pro banheiro. Voltei um tempo depois, bastante pálida e com medo do que estava por vir.
- Você tem que ir no médico. – disse me olhando.
- Eu estou bem, é só uma virose. – Falei sentando novamente com eles.
- Virose que dura 9 meses? – me perguntou curiosa.
- eu não to... – Tentei falar, mas me interrompeu.
- Você está grávida? – Perguntou perplexo.
- Não, claro que não. – Neguei veementemente.
- Ok... Vamos fazer um teste de farmácia então. – sorriu, aquele sorriso de “te peguei mocinha”.
- Eu já falei que não estou grávida.
- Se você não está, não custa fazer . – disse, percebendo que queria muito.
- Isso mesmo, é desejo de grávida! Quero que a faça um teste de farmácia, confirmando que meu filho aqui, vai ter um primo! – Falou rindo.
- Mas... – Tentei justificar.
- Mas nada, não quero que meu filho nasça com cara de teste de farmácia, né amor? – Perguntou dando selinho em .
- Saindo daqui, passamos em uma farmácia! – Ele sorriu convencido.

Fiquei o restante do dia emburrada, na verdade com medo da resposta que teria. Fomos até a farmácia mais próxima e depois para o apartamento dos dois. Entrei e fui até o banheiro, alguns minutos depois voltei com o teste em mãos e entreguei pra .

- Então? – Ela sorriu curiosa.
- Não tive coragem de olhar.
- Deixa de ser medrosa, deixa eu ver. – Foi a vez de arrancar a bula da minha mão. - Aqui diz que... Que cor ficou ?
- Azul, por que?
- Azul, azul.... – Falou lendo algo. – Parabéns amor, vamos ter um sobrinho, a está grávida! – Comemorou.
- Eu estou? – Perguntei confusa.
- Eles vão nascer perto , como nós sonhávamos! – me abraçou feliz e logo se junto a ela.
- Que cara é essa , gravidez é legal! – disse.
- Quando não se vai ter um filho sozinha, no meio da tua faculdade, talvez seja!
- Hey, a gente te ajuda em tudo. – disse segurando minha mão.
- Obrigado. – Falei um pouco chorosa, talvez pelos hormônios, ficamos conversando mais algum tempo, não conseguia prestar muita atenção, olhei o relógio e agradeci a deixa, para conseguir ficar sozinha. - Acho que tenho que ir, não quero perder o ônibus e preciso chegar cedo em casa. Amanhã tenho prova. – Justifiquei.
- Você tem certeza? – pareceu preocupada.
- Tenho, não precisa se preocupar. – Disse abraçando minha amiga e me despedindo de .

Entrei no ônibus e fiquei observando a paisagem do lugar, queria chegar logo em casa e ir até a praia caminhar um pouco, tentar esquecer ou achar a solução para os problemas que estavam me envolvendo. Conversar com me fazia sentir algo bom, mas naquele momento preferia ficar sozinha. Mesmo sem tocarem no assunto, percebi que e queriam me perguntar de e quando eu contaria pra ele. Não queria ouvir essa pergunta, pois não saberia a resposta.
era amável, querido e atencioso, mas nunca foi assim, e ainda me fez sentir uma vergonha enorme diante dos dois. Sempre fui fechada, reservada e não gostava de me aproximar, talvez por medo de ser rejeitada. Vivi por anos uma paixão platônica pelo cara que hoje eu carregava um filho e sentia-me envergonhada por isso. Não era algo que eu queria sentir, não era um sentimento que eu gostava de ter, mas verdade era que eu amava desde o momento que o vi pela primeira vez em um vídeo no youtube. E agora carregava dentro de mim um ser indefeso e que não tinha culpa de nada. disse que ele era um pouco problemático com garotas, me perguntei o que seria o motivo, pesquisei na internet algumas vezes, mas na mídia contavam poucas coisas, seus pais morreram quando ele era pequeno e foi criado pelos avós. Talvez por ser amigo, tentava justificar o comportamento dele aquele dia, mas era injustificável. Tentei apagar da mente aqueles momentos, mas agora com a criança que carregava, tive a certeza que teria que superar, pois jamais conseguiria esquecer.

Cheguei em casa, tomei um banho demorado e comecei a conversar com , sobre tudo que eu estava sentindo. Ela me aconselhou a contar logo tudo para , pois ficou algumas semanas sem saber o que fazer quando descobriu a gravidez, e todo medo e angústia que agora eu sentia, ela também havia sentindo e só passaram quando ela contou para o pai do bebê. Resolvi que não tinha nada a perder e seria melhor contar logo, antes de tomar qualquer decisão em relação minha vida e meu futuro.
Sem coragem de discar seu número em uma ligação, afinal ele não havia me dado o número e sim , falando que deveríamos conversar, achei melhor enviar uma mensagem.
“Oi , é a (a menina que morava com a namorada do em Brighton), precisava falar com você, mas teria que ser pessoalmente, teria como você vir até aqui, ou marcarmos em algum lugar de Londres? É importante. Xx”

Preferi me descrever como “a menina que morava com a namorada do ”, do que falar o que eu realmente achava que era para ele, uma qualquer que ele transou e se divertiu um pouco, antes de pegar a tal Emma. Sentia uma raiva absurda ao lembrar desse nome, e talvez com os hormônios duplicados todo sentimento parecia duplicar também.
Esperei dois dias, reenviei a mensagem outra vez e nada. Então achei melhor ligar do que esperar ansiosa e agoniada por uma resposta dele.

- Alô? – Atendeu um tempo depois.
- Oi. – Mordi o lábio, sentindo meu estomago revirar.
- Quem ta falando? – Perguntou com voz de sono, olhei para o relógio, já passava das 14 horas.
- É a , amiga da ... – Comecei a explicar e então ele me cortou.
- Ta, sei quem é, o que você quer? – Falou grosso.
- Falar com você, pessoalmente. Tem como?
- Olha , até tem, mas to meio enrolado essa semana, pode ser semana que vem?
- É importante , é bem importante. – Falei com medo, quase chorando.
- Fala então.
- Por telefone é complicado.
- Pessoalmente não vai rolar. Ando ocupado. – Disse com voz de sono.
- Ok. Se você prefere assim... Bem eu to grávida e você é o pai. – Falei com raiva, quem ele pensava que era pra ficar me humilhando. Imediatamente ouvi um barulho de algo caindo e a ligação foi interrompida.

Resolvi largar o telefone e preparar algo para tentar comer, selecionei uma lista de médicos, e comecei a ligar para saber sobre horários e valores. Precisava começar meu acompanhamento, mesmo sendo uma gravidez nenhum pouco planejada, já amava a criança que estava dentro de mim. Algumas horas depois ouvi a campainha tocar e fui atender a porta, era ele.

- O que você acha que está fazendo? Quer brincar de casinha como a tua amiga? Escolhe outro trouxa, porque não to afim de ser pai não!
- Você está doido? – Perguntei enquanto fechava a porta e o deixava entrar.
- Não, não estou. Doida é você achar que eu sou igual o e que vai ganhar na loteria igual tua amiguinha ganhou.
- Do que você está falando? – Perguntei incrédula.
- Do óbvio! Vocês duas armaram pra cima de mim e o idiota aqui caiu! Mas eu não vou ser babaca igual meu amigo. Não sirvo pra ser galinha de ovos de ouro.
- Eu nunca quis nada teu, só contei da gravidez porque achei que era teu direito saber.
- Ah conta outra. Ta muito claro pra eu o teu jogo. Tua amiga tem tudo que quer, grana, casa bonita, carro, marido famoso, e você quer o mesmo. Olha o tamanho desse apartamento, meu quarto é maior que isso! E é isso que você quer né? Conforto!
- Você ta querendo dizer que a deu um golpe no e eu estou querendo fazer o mesmo com você? – Não conseguia acreditar no que ele estava dando ao entender, depois de tudo, ter que passar por aquilo, era demais pra mim.
- Eu não estou querendo dizer isso, eu estou afirmando! É obvio que ela deu um golpe nele e você invejosa tentou fazer o mesmo! É dinheiro que você quer? Ó, eu te dou dinheiro! – Falou tirando várias notas da carteira! – Usa pra tirar essa coisa de dentro de você e sumir da minha frente! Sua vadia golpista! – Ele respondeu gritando e sem pensar duas vezes lhe dei um tapa no rosto.
- Vai embora daqui, desaparece, some! – Falei chorando e tocando nele o dinheiro que havia tocado em mim. Ele sorriu em deboche, pegou mais algumas notas e tocou no chão da minha porta, saindo em seguida.
- Não adianta se fingir ofendida, vamos ser objetivos, você quer dinheiro e eu estou disposto a te dar. E até perdoar esse tapinha. – Riu debochado. – Quanto você quer?
- Eu quero que você vá embora, pode ter certeza que meu filho nunca vai ter um pai como você.
- Ué, mas você não disse que tinha certeza... – Ele ria, parecia debochado e nervoso ao mesmo tempo, os olhos e o bafo indicavam que estava completamente bêbado.
- Prefiro morrer do que ver meu filho ter um pai idiota.
- Se é que existe filho ai dentro né.
- Tem razão, não existe, agora pode ir.
- Eu não sou trouxa e se tiver alguma coisa ai dentro e existir possibilidade de ser minha, é melhor acabar logo com isso, porque se você vier me chantagear ou contar pra imprensa, eu torno tua vida um inferno!
- Pode ficar tranquilo, se depender de mim, você nunca mais vai me ver ou ouvir falar da gente.
- Agora vai se fazer de ofendida, bem teu tipinho mesmo.
- O que você sabe de mim, pra falar assim comigo? Você é um mimado, só não vou falar que é filhinho de papai, porque não tem pai! – Cuspi com raiva. Ele não respondeu, apenas me olhou com ainda mais ódio, largou uma quantia alta de dinheiro no sofá e saiu.
Juntei todo o dinheiro e coloquei em um envelope, pediria para o devolver na primeira oportunidade que tivesse, aos poucos a ficha do que acabara de acontecer começou a cair, e um misto de sentimentos ruins tomaram conta de mim, a única coisa que eu conseguia fazer era chorar, me senti uma completa idiota, me culpei por ter transado, por ter amado ou sentido qualquer coisa boa, aquele homem não merecia, e a única coisa que eu queria dele era distância. Não poderia contar pra as exatas palavras que ele usou, essa história já tinha merdas demais, e uma briga entre a banda não faria bem. Olhei para barriga com a certeza de que daquele dia em diante eu não estaria mais sozinha, teria aquela criança e ela seria apenas minha. Era capaz de amar por mil se fosse preciso, e faria o impossível pelo sorriso do pequeno ser que carregava dentro de mim.



Capítulo IV


POV

Se eu tivesse dúvidas da merda que havia feito na última semana, o olhar que me lançou ao entrar em meu apartamento acabaram com elas. Nunca havia visto ele com tanta raiva no olhar, justo ele que sabia de todos os meus podres e nunca demonstrou me julgar, hoje me encarava com desprezo.
- O que você tem na cabeça? - disse se aproximando.
- Depende, cabelos... Cérebro? – Debochei enquanto terminava de tomar mais uma garrafa do meu velho amigo Dalmore.
- O que você falou pra ela? – Perguntou tirando a garrafa de minhas mãos.
- Ela quem? – Fingi não entender.
- Você sabe quem, o que você falou pra mãe do seu filho, seu idiota! – Falou com raiva.
- Eu não tenho filho, nem pretendo ter, então não posso ter falado com alguém que não existe. – Falei tentando me mostrar indiferente.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso de ti. – Respondeu incrédulo.
- Pois acredite, porque eu não vou ser pai e não quero nada com aquela mulher, se você quer brincar de casinha e é feliz assim ok, eu aceito e respeito, espero que você aceite minha decisão também. – Respondi o encarando. Aquela mulher que não sai da minha cabeça a mais de 4 meses, não merecia sentir nada por mim, e se é que ainda sentia algo, com certeza logo esqueceria e a criança, essa merecia um pai melhor.
- Ela te amava , amava, sabe o que é isso?
- Amor? Não, eu não sei. Por que? Vai me explicar agora? – Ela não podia me amar.
- Você não sabe, porque não se permite e não permite que outra pessoa se aproxime e te faça sentir amado.
- Talvez seja melhor assim, de que adianta ficar com essas viagens de “eu te amo” pra cá e pra lá, se a gente sabe que nada dura pra sempre? Sou muito mais feliz com a vida que eu levo e nenhuma vadia vai me fazer mudar de idéia. – Falei encarando a bebida, eu lá sabia o que realmente era felicidade?
- Ela não é uma vadia, ela sempre gostou de ti, claro que te via como um ídolo também e você não deveria brincar com sentimentos dela, a gente sempre disse que jamais brincaria com sentimentos de fã e você vai e faz uma merda dessas?
- Custa você enxergar que ela quer meu dinheiro, quer ter a vida ganha e sair de onde ela mora? – Respondi pensando que seria tão mais fácil se fosse assim mesmo.
- Se ela fosse tão doida por dinheiro, ela viveria com os pais e não naquele apartamento batalhando para pagar as coisas, talvez você devesse conhecê-la mais antes de julgar. – Falou demonstrando que não aceitaria minhas desculpas, pelo jeito ela havia conquistado a amizade do meu melhor amigo e ele punido pelo seu lado.
- Talvez ela devesse conhecer um pouco mais as pessoas antes de sair dando por ai.
- Quer saber? Eu desisto de você. DESISTO! – Falou irritado.
- Agora vai deixar uma garota como aquela detonar com nossa amizade? Ok, vai lá, seja feliz.
- Você não entende né, eu to preocupado com você , parece que piora a cada dia, não se permite ser feliz de verdade e acha que ficar transando com várias é ser feliz, isso não é felicidade!
- Quer que eu case com alguém que não gosto, porque pra ti sinônimo de felicidade é ter uma perereca esperando em casa?
- Não, mas quero que você pare de fugir e não deixe aquela criança ser criada sem pai, você tinha seu avô quando todas as merdas aconteceram, e ele, tem quem?
- Ele tem ela ué, e tem outra, ela disse que o filho não tem pai, então não deve saber se é meu mesmo.
- Eu tenho certeza que ela sabe.
- Da pra parar de defender aquela lá? – Me irritei.
- Como se meu melhor amigo só faz merda?
Eu fiquei quieto, sabia que ele estava falando a verdade, mas não queria me prender a ninguém.
- Não quero me prender, você sabe, e nada me tira da cabeça que foi proposital.
- Talvez se vocês se conhecerem melhor, você note que não.
- Não vou correr atrás dela.
- Tudo bem, só não torna as coisas mais difíceis do que já estão.
- Não vou dificultar nada, mas não vou ficar puxando saco daquela lá, eu quero distância dela e se você conseguir falar com ela, diz que eu pago o aborto se ela quiser, ou dou alguma grana pra ajudar se ela tiver a criança, mas pensão, só com DNA.
- Tenho certeza que ela não vai querer e espero que você não fale essas coisas amanhã. – Falou se referindo ao seu casamento.
- Hoje será um dia de comemoração, vou levar duas pessoas comigo no casamento, uma loira... E a outra estou em dúvida ainda. – Falei rindo.
- Por que eu ainda tento falar com você? Sinceramente não sei. – Disse me olhando com um ar de pena.
- Odeio quando você me olha assim.
- Para de afastar as coisas boas de ti. – Sentou ao meu lado.
- Ela não é algo bom, eu não vou afastar coisas boas, mas não quero ela. Simples.
- Ok, você quem sabe. – Falou se levantando.
- Onde você vai?
- Me preparar para um casamento. Espero que você não esqueça.
- Eu, eu nunca esqueceria. – Menti.
- Ás 20 horas você deve estar na igreja, e chega disso. – Tirou novamente a garrafa da minha mão e me arrastou até um chuveiro, saindo logo em seguida.

Não me sentia preparado pra ver novamente, tampouco para enfrentar o olhar de ódio da e raiva do . Mas ele era meu irmão e eu deveria ir nesse casamento mesmo achando uma burrada total. Liguei pra Emma e perguntei se ela queria ir comigo, de todas as meninas que eu fico, essa é a que mantenho algo a mais tempo, nada de compromisso ou namoro, apenas diversão e sexo. Ela não me faz perguntas, não vem até minha casa e não liga ou cobra que eu passe a noite junto dela. Se contenta com ganhar e receber prazer. Na hora a menina topou ir e combinamos que a pegaria ás 19h30.
Segui o combinado e fui até o local da cerimônia e festa. Já estava lotado de conhecidos nossos e alguns amigos e familiares de . Parece que os pais perdoaram o que a menina havia feito, quem não perdoaria, era um belo golpe. Cheguei e logo avistei , ela estava com um vestido um pouco solto na região da barriga, muito bonito e delicado. Seu sorriso se desfez assim que seus olhos cruzaram com os meus. Fomos chamados para sair do local e em seguida formamos uma pequena fila com padrinhos e madrinhas, ela era meu par e por mais que quisesse sair dali, segui firme, não queria afastar ainda mais meu melhor amigo.

Parei olhando-a de cima abaixo, ela não demonstrava nada, não falava, apenas encarava o chão.

- Você está bem? – Perguntei, mas ela ignorou.
- Olha, eu não queria estar aqui, só estou pelo , não quero que ele fique brabo comigo então não pense que eu quero estar no teu lado, ou arrependido, porque não estou. – Falei convincente, negando mentalmente.
Ela levantou seu olhar encontrando o meu, seus olhos continham lágrimas e aquilo me fez despedaçar por dentro, como instinto tentei abraçá-la, mas ela negou se afastando. – É recíproco. – Disse por fim.
- O que? Perguntei sem entender, não lembrava o que havia dito, não conseguia lembrar ou me concentrar em nada além da lágrima solitária que caia de um de seus olhos.
- O que você falou, não pense que eu quero estar perto de você, porque eu não quero e espero que depois desse dia não precise mais te ver. – Falou me deixando sem reação, fiquei alguns segundos encarando ela e tentando pensar em alguma resposta, mas a música de entrada nos despertou chamando atenção para a cerimônia.

Entramos e ri observando andar nervoso de um lado ao outro do pequeno altar, ouvimos uma música tomar conta do ambiente, era linda e entrava no local acompanha do pai. Olhei para meu amigo que chorava e dizia repetidas vezes para a noiva: Você está linda.
E ela realmente estava linda. A cerimônia foi emocionante, várias vezes a menina ao meu lado deixou cair algumas lágrimas, mas toda vez que eu tentava me aproximar, nem que fosse oferecendo um lenço, ela se afastava e negava qualquer aproximação. Me perguntei o que ela tinha, afinal não estava acostumado com aquilo, dificilmente uma mulher me falava não. Então me liguei que ela já tinha o que queria e que não havia sentimentos dentro dela, eu era apenas um “cofre”.

Depois da cerimônia fomos para a festa, me sentei junto dos moleques, eles acabaram saindo para dançar e eu preferi ficar bebendo. No outro lado do lugar, pude observar me encarando. Estava em uma mesa rodeada de meninas lindas, provavelmente amigas das duas. Fui até a mesa em que elas estavam e chamei uma das meninas para dançar. me olhou quase em suplica para eu não fazer aquilo, mas como sempre sem pensar muito, chamei a menina e fomos até a pista de dança.
Ela praticamente se atirava pra cima, eu segurava com força sua cintura e encarava e menina sentada perto de nós.

- Você conhece a noiva? – Perguntei cochichando em seu ouvido.
- Sim, estudávamos juntas.
- Hum, aquela lá de azul, é a melhor amiga dela né? – Tentei puxar assunto pra saber mais sobre , vindo de uma desconhecida que não conhecia nossa história.
- É sim, nós não nos damos muito bem, mas temos amigas em comum.
- Hum, por que não? – Perguntei curioso.
- Digamos que o único namoradinho que ela teve foi parar na minha cama, enquanto ela se recusava a fazer o que eu fiz com ele.
- Oh, safada você. – Ri debochado e apertei seu bumbum.
- Tenho certeza que não sou a única. – Ela correspondeu beijando meu pescoço.
- Faz tempo isso? – Perguntei curioso.
- O que?
- Os cifres dela? Ela parece a mais emburrada da festa.
- Ah, faz uns 3 anos.
- É faz tempinho.
- Você é amigo do noivo? – Perguntou me fazendo duvidar sobre seu conhecimento.
- Um pouco, por quê?
- Dizem que ele toca em uma banda, você conhece?
- Conheço, mas não é muito boa, você não perde nada por não conhecer. – Sorri aliviado em saber que ela estava preocupado com meu corpo, não com a fama.
- Hum, e tem uma coisa que eu não conheço, mas acho que deveria...
- O que? – Perguntei curioso.
- Isso! – Ela respondeu me beijando. Correspondi seu beijo, mas não consegui deixar de encarar os olhos cheios de lágrimas que me observavam.
- Melhor não. Vim com uma amiga... Ela pode não gostar. – Falei deixando a garota sozinha em meio a pista de dança e saindo de dentro do lugar indo até o jardim. Peguei um cigarro de maconha e acendi sentando em um banco próximo. Estava frio então poucas pessoas estavam naquela região, a festa estava animada e o barulho da musica era ouvido por uma grande distância, mas foi outro barulho que me chamou atenção.

Por

- Amiga, eu vou com você. – batia o pé enquanto eu tentava me desvencilhar dela.
- Eu to bem, eu juro. – Repeti pela décima vez.
- Você estava chorando! – Ela falou um pouco mais alto.
- É a gravidez amiga, eu fiquei melosa, você sabe. – Menti.
- Eu sei que não é a gravidez , assim como sei que o motivo de você querer ir embora não é enjôo nenhum! Eu vou matar a Hilary, não devia ter chamado ela, mas minha mãe insistiu tanto que devia convidar os parentes...
- Ele é solteiro e ela também, aliás, ela nem deve saber do que rolou.
- Ele é um idiota, mas é amigo do meu marido né... – Falou com um sorriso bobo no rosto ao terminar a frase.
- Teu marido tem um amigo idiota, e você tem uma prima filha da mãe e uma amiga enjoada! – Sorri, secando uma lágrima que insistia em cair.
- Ah meu bebe, mas você tem uma amiga que te ama viu e vocês não estão sozinhos. Eu vou pedir pra alguém te levar.
- Não precisa, eu pego um táxi.
- Você é muito teimosa! – Riu brava.
- Eu sei. – Sorri. – ? Por que ta doendo tanto?
- Porque você ama aquele idiota e ele nunca te deu um motivo pra sorrir.
- Ele me deu sim, por causa dele eu nunca mais vou ficar sozinha. – Sorri colocando a mão em minha barriga.
- E meu filho vai ter um amigo pra jogar bola, ou uma menininha pra paquerar. – Ela riu me abraçando.
Ouvimos um barulho e me deparei com o par de olhos nos encarando.
- O que você quer ? – perguntou.
- É perigoso sair sozinha até pra quem anda de taxi, sabia? – respondeu me encarando.
- Então leva ela pra casa. – Minha amiga respondeu sentindo meu olhar de reprovação.
- Não precisa. Eu vou de taxi, você vai curtir seu marido e você vai curtir qualquer uma que esteja ali. – Respondi apontando para eles.
- Quem eu quero não esta na festa. – Falou se sentindo superior.
- Não sei quem você quer e também não quero saber. – Falei com raiva.
- Mesmo? Então porque você estava chorando?
- Não te interessa. – Respondi com raiva, percebendo que havia nos deixados sozinhos.
- Para de ser teimosa, eu já estou indo embora, te levo sem problemas.
- A diferença é que você está indo para sua casa, e eu vou pra casa da , que fica bem longe da tua e de lá pra minha, que fica a mais de 100km daqui.
- Não estou com pressa.
- O que você quer ?
- Te levar pra casa, não posso?
- Obvio que não.
- Por quê?
- Porque eu quero distância de você.
- Por quê? – Perguntou ainda mais debochado.
- Porque eu te odeio. – Respondi com raiva.
- Aham... Sabia que eu ouvi toda tua conversa com a ? Na verdade ouvi você chorando e quando ia chegar perto a veio e roubou minha frente...
- Não, não sabia, mas saber disso só me faz ter a certeza que você é um metido.
- Uhum, e o que mais? – Ele me abraçou de lado, caminhando como se nada estivesse acontecendo.
- E você é um idiota, e se ta achando que eu vou... – Segui falando então ele me pegou no colo, e seguiu caminhando. – O que você está fazendo? – Gritei tentando descer de seu colo.
- Você está lenta... E quero chegar logo dentro do carro, porque está frio.
- Sonha que eu vou andar com um cara que esta bêbado e que eu odeio. O que você quer , me matar?
- Claro, sou um psicopata.
- Não duvido. – Falei com o pouco de medo.
- Hey, eu sou um idiota, mas não sou um assassino.
- Você me deu dinheiro pra tirar o bebe que ta aqui dentro, será mesmo que não é um assassino? – Perguntei tentando segurar as lágrimas.
- Eu tava chapado. – Tentou justificar.
- Nada justifica. – Falei tentando me esquivar logo que o mesmo colocou o cinto de segurança em mim. Então ele fez a volta, entrou e deu partida no carro. Um Aston Martin.
- Eu falei que não queria, você devia pegar aquela menina que entrou contigo, a tal de Emma né. Ou a Hilary, não uma grávida que te odeia!
- A Emma conhece boa parte da festa, e a outra, que eu não sabia o nome e me atacou... Não faz muito meu tipo.
- Você é escroto, nojento. – Falei com raiva.
- Eu sei, você está certa.
- Estou? – Perguntei confusa.
- Uhum, e esses são só dois dos meus defeitos, acho que tem alguns piores.
- Não quero conhecer os piores, pode me deixar aqui. – Falei em frente uma rua movimentada e conhecida por ser um ponto de prostituição.
- Algo me leva crer que você só transou com um cara na vida e foram poucas vezes... Não vou te deixar aqui.
- Mas esse cara é um idiota e com certeza se alguém me quiser aqui eu sei falar não.
- Hum.
- , eu estou falando com você, para a porra desse caro! – Falei quase gritando.
- Não.
- Você não cansa né? Seu idiota. – Eu tirei o cinto e tentei sem sucesso abrir a porta, já havíamos passado a rua movimentada e estávamos próximos a um matagal.
- Quer se matar?
- Quero. Ta feliz agora?
- Por que eu estaria?
- Ué, dois problemas seus acabam. A golpista e a criança. – Falei com os olhos cheios d’água.
- Ok, você venceu. – Ele disse com raiva socando a direção e em seguida parou o carro em frente uma rua escura, que me causou um arrepio de medo. Abri a porta encarando a estrada, olhei pra ele que me encarava curioso. Fechei a porta com medo e comecei a chorar compulsoriamente.
- Hey, calma, calma. – Disse tirando o cinto de segurança e me puxando paro seu colo. Eu o abracei chorando e fiquei assim por algum tempo, até que o encarei nos olhos e vi seus lábios se aproximarem dos meus. Fechei os olhos a espera do seu toque, queria conseguir ser mais forte, resistir a ele, mas estava impossível naquele momento.
- Eu não posso me apaixonar por você. – Ele disse afastando seu rosto do meu. – Desculpa, mas eu não sei ser legal, eu não seria um bom pai, e pro teu bem e o bem dessa criança, melhor nós nunca mais nos vermos. – Concluiu me colocando novamente no banco do carona e dando partida em seguida.


Capítulo V



A primeira fase de minha gravidez pode ser resumida em enjôo e desejo por brócolis. Agradeci mentalmente por ser algo saudável perto dos desejos de , que até detergente tomou e quase pirou o com isso.
Falando nos dois, eles foram meu porto seguro, fiz meu pré-natal com a mesma médica de , mas me recusei a mudar pra Londres, minha vida estava em Brighton, então preferi me deslocar ás vezes, mas seguir no antigo apartamento. Embora fossem meus amigos, eles não tinham obrigação comigo ou meu filho e tentei ao máximo não incomodá-los.
No segundo trimestre da gestação, meu corpo realmente mudou, a barriga começou a ser notada e descobri que esperava uma menininha. Como sempre fui apaixonada pelo clássico Alice no país das maravilhas, foi esse o nome que escolhi para minha pequena princesa. Foi nessa época que pude pegar no colo o pequeno , sim ele herdou o nome do pai mais coruja do mundo. E não apenas o nome, mas sim todo o resto, era uma cópia menos agitada de , pra sorte de que piraria com dois hiperativos em casa. Fiquei com eles durante o primeiro mês de meu afilhado, ele era lindo e foi fantástico acompanhar de perto tudo, também aprendi melhor a cuidar de bebês, afinal logo Alice estaria em meus braços.
Durante esse mês pude me dedicar a um universo que amo, o da música. Acabei compondo com que se surpreendeu em saber dos meus dotes para o piano, e me convenceu a vender algumas composições minhas para o . só conseguiu me convencer após jurar que não saberia a verdadeira dona das canções.

Falando em , por intermédio de , ele me mandou dinheiro algumas vezes, fiz o mesmo devolver, não queria vê-lo, muito menos aceitar qualquer coisa dele.
A situação não estava muito fácil e precisava de dinheiro, então consegui um emprego extra tocando em um restaurante em Portslade durante as férias da pianista titular.

Minha rotina foi um pouco cansativa, mas com o trabalho extra e o estágio em uma escola de música, estava conseguindo guardar grana e me sustentar sem precisar da ajuda de ninguém. Mudei também de apartamento, aluguei um Kitnet perto de onde fazia estágio e assim economizei com passagem, além de conseguir alugar o meu por quase o dobro que pagava no Kitnet, não podia escolher muito, juntar grana e ter alguma reserva quando Alice nascesse era minha preocupação do momento.
Meus pais descobriram da gravidez quando estava no sétimo mês, vieram até minha casa e ofereceram ajuda, mas em troca queriam que eu voltasse para casa, escondesse Alice da sociedade e virasse um fantoche deles, levando minha filha para ter a vida que sempre odiei. Neguei a ajuda e segui sozinha. Foi nesse período que tranquei minha faculdade, havia terminado mais um semestre e não conseguiria me dedicar a outro com o parto se aproximando.
marcaria o batizado de , perto dos dias que eu completaria 8 meses de gestação, mas como Alice era um pouco ansiosa, tivemos que desmarcar tudo e passar aquelas últimas semanas no hospital tentando prolongar a gravidez. Nesse momento eu me permiti ter medo, éramos apenas nós duas, ela precisava de mim. Não queria que ela atrapalhasse ou fosse criada por alguém, mesmo esse alguém provavelmente sendo minha melhor amiga. E eu precisava ainda mais da minha menina, mesmo sendo criada em uma família considerada tradicional, com Alice eu havia entendido o significado da palavra família e mais que tudo o amor sem medidas.
O nono mês chegou e com ela e ansiedade para chegada da minha pequena. e acompanharam tudo de perto, ela entrou comigo e gravou o parto, notei em uma esperança enquanto via o vídeo, tenho certeza que ele enviou para e que a resposta não foi boa, pois pude notar sua cara de decepção enquanto mexia no celular.
Tive sorte, minha pequena dava pouco trabalho, praticamente só mamava, dormia e enchia as fraldas, depois da primeira semana, onde passei na casa dos meus amigos, voltei para nossa e segui minha rotina com ela. Ter um bebê pequeno em casa não era algo fácil, mas treinei um pouco com e acredito que me saia bem. Via uma ou duas vezes na semana, nos falávamos todos os dias através da internet. Alice já tinha um mês quando finalmente marcaram o batizado de , acabei marcando o da Alice junto, assim faríamos os dois. Eu madrinha de , e e de Alice, contudo essa seria a primeira vez depois de tanto tempo, que veria novamente. Mesmo sendo um completo idiota, ele era o melhor amigo do , e mesmo a contragosto teve que aceitar a escolha do marido, quando o colocou de padrinho.
A cerimônia de batismo estava marcada para ás 10 horas, então cheguei ás 9h 30min em frente á igreja, como havíamos combinado.
, e uma namorada que não conhecia, estavam lá. Logo chegou e . O último paralisou encarando a pequena criança dormindo em meus braços. Segurei forte Alice e cobri seu rosto, em seguida virei de costas conversando com .

- Ele vai acabar vendo ela . – falava um pouco nervoso.
- Não faz diferença pra ele ver ou não, prefiro que não veja. – Falei engolindo a vontade de chorar.
- , ele é turrão, mas ele gosta dela sim.
- Acho que você é o único que ainda se engana.
- Espero não estar enganado. – Respondeu triste.
- Eu espero estar enganada. – Falei por fim e entrei na igreja com minha filha.

Sentamos todos na mesma fileira. sentou ao lado de , que por sua vez sentou ao meu lado. Assim que a missa começou eles trocaram de lugar me deixando de braços atados, sem ter muito o que fazer.
O padre chamou todos nós até a frente, dando inicio a cerimônia de batismo. Depois se dirigiu até nós pedindo para os padrinhos segurarem as crianças. Após a cerimônia de batismo, sentamos novamente, Alice chorava um pouco, pois havia acordado assustada ao sentir a água em sua cabeça e me encarava nervoso.
- Eu posso, ér tentar acalmar ela? – Perguntou nervoso e gaguejando.
- Não precisa. – Respondi fria sem encará-lo. Algum tempo depois ela parou de chorar e ficou olhando e sorrindo para o homem ao meu lado. Ele sorriu de volta levando a mão tremula até seu rostinho, fazendo um carinho e se aproximando mais, talvez com a finalidade de beijar seu rostinho, mas não deixei, troquei Alice de lugar e com o braço tentei fazê-lo ter a menor visão possível dela.
Novamente o padre nos chamou, pedindo que apenas os pais e as crianças fossem até a frente da igreja. Levantei indo em direção ao altar, ele levantou também, mas dessa vez foi quem falou.
- Agora são só os pais , você não precisa ir.
- Mas. – tentou justificar.
- Ele é só o padrinho do , não é pai de nenhuma criança que está sendo batizada. – Ouvi minha amiga falar, tentou mais uma vez defende-lo, então ele resolveu falar, com a voz um pouco rouca.
- Ela tem razão, eu vim aqui para batizar o , só isso.
Nesse momento deixei uma lágrima escorrer, não pelo fato dele ser daquele jeito, mas pelo medo de minha filha sentir na pele sua rejeição. Uma criança linda e alegre que não merecia aquilo.


Por

Sempre achei que não tivesse coração, mas a dor que sentir ao ver segurando sozinha aquela pequena e indefesa criança ao lado de vários pais orgulhosos de seus filhos, me fizeram finalmente enxergar a burrada que eu fazia todos os dias. Olhar pra ela e ver que eu joguei tudo fora, me fez sentir um merda. Alice consegue ser ainda mais bonita do que nas fotos, ela tinha uma luz dentro de si que cativava as pessoas próximas, tão pequena, frágil, queria poder segurá-la, mas ao mesmo tempo sentia medo. sempre foi grandão, forte, e eu convivia bastante com ele, mesmo a contragosto de , que me odiava e nem ao menos tentava esconder isso. Ela me aturava porque eu era amigo de . Já ele era o único que não desistia, e acreditava que eu poderia amar, mesmo com esse jeito torto. O que ele não sabia, é que eu amava aquela pequena a muito tempo e por amá-la quis afastá-la de mim. Todas as pessoas que eu amei um dia, estavam mortas, eu não queria e não suportaria perder aquela menininha tão frágil, então achei melhor seguir afastado e parecendo não ligar pra nada. Mas pensando assim, eu também afastei qualquer felicidade de mim. E vendo as duas sozinhas notei que talvez o que me atraiu em era o fato de termos histórias parecidas.
Minha família estava morta, eu aprendi a ser sozinho e nunca conseguia confiar 100% em alguém. Na banda tinha dois amigos, e um irmão, foi o primeiro e único a ter minha total confiança. Já mesmo tendo família, era considerada morta por eles. Por um motivo tolo, mas quem era eu para julgar motivos tolos? O dono da atitude mais idiota de todas, o cara que abandonou e maltratou uma mulher grávida de um filho dele, o cara que abandonou uma criança linda que não lhe pedia nada, além de amor.
Quis voltar ao passado, quis fazer tudo diferente. E de todas as coisas não mudaria apenas uma: o ato que teve como semente algo tão puro como a pequena de olhos , iguais aos meus.
A cerimônia acabou e saiu apressada em direção ao estacionamento. Ela havia vindo de ônibus, mas iria com até sua casa. Me apressei a fim de alcançá-la, quando finalmente consegui, vi que segurou dando algum, mesmo que curto, tempo para conversarmos.

- Hey, espera. – Falei segurando em seu braço.
- O que você quer? – Ela virou me encarando, Alice dormia em seus braços.
- Conversar. – Na verdade eu nem sabia o que queria.
- Acho que não temos nada pra conversar. Cadê o ?
- Ele pediu pra te levar, por quê...
- Não mente . O não faria isso.
- Ok, é você ta certa. Mas, queria poder falar contigo em outro lugar, com mais calma. – Falei atrapalhado.
- Não temos assunto para conversar. – Disse me olhando com raiva.
- Eu sei que você me odeia e tem todo direito de sentir isso, na verdade se te consola saber, eu mesmo me odeio, e não sei explicar o porque, mas queria poder te ajudar. Se você estiver precisando de alguma coisa, qualquer coisa, eu pago! – Falei atropelando as palavras, queria conseguir me manter mais tempo perto delas.
- Eu só preciso de uma coisa tua . – Ela disse encarando Alice.
- O que? Me fala, eu posso comprar, você sabe, não vai faltar nada pra vocês. – Disse com esperança dela me deixar ajudar.
- Distância. – Ela respondeu e virou as costas indo até .

E ela estava certa, para as duas ficarem bem precisavam de distância, quanto mais longe eu ficasse, mais feliz ela conseguiria ser. Então em silêncio prometi que não tentaria me aproximar, já havia ferido demais aquela menina e ela não merecia nada daquilo. Enviei uma mensagem para explicando que era melhor não ir no almoço que eles haviam preparado e agradecendo a oportunidade de ser padrinho de e acompanhar o batizado da minha filha. Me despedi dos moleques ainda na entrada da igreja e fui pra casa disposto a beber e fumar tudo que encontrasse dentro daquele apartamento.

Por

O era o tipo de pessoa impossível de entender, ele com certeza tinha pelo menos algum distúrbio grave de bipolaridade. sempre tentava defender falando que ficou traumatizado com o passado, mas nunca contava o porque desse trauma. Foi criado pelos avós, ok, mas pelo que eu sabia eles o amavam muito. Diferente de eu que cresci em um lar cheio de ganância e sem amor. E quando tudo parece estar se encaixando, ele vem e simplesmente acaba com meu mundo, minha vontade no exato momento em que virei ás costas, era de estar em casa atirada em minha cama chorando. Mas minha luz estava em meus braços e o fato de tê-la ali comigo me tornava mais forte.
Esperei e , depois fomos até o carro.
- , preciso passar em uma farmácia, as fraldas da Alice estão acabando. – Disse assim que entramos.
- Usa as do , não tem problema . – Ela respondeu.
- Capaz, não precisa, acho que tem uma a caminho né? É rapidinho, se não for atrapalhar vocês.
- Claro que não atrapalha ! Vamos lá, tem uma aqui perto. – Foi quem respondeu, dando partida no carro.
Fomos conversando coisas rotineiras e paramos algumas vezes porque queria comprar o bolo de uma padaria e os doces de outra... Como sempre cheia de mania e fazendo suas vontades. Depois paramos em frente uma farmácia e desci indo comprar o pacote de fraudas, achei o lugar um pouco conhecido, mas só notei estar em frente ao prédio que tem uma cobertura, quando a atendente finalizava minha compra.
Nunca fui lá, mas algumas vezes passamos em frente e sempre falava. Comprei as fraldas e fui em direção a porta, então vi segurando Alice em seu colo, minha pequena chorava enquanto tentava por o bico em sua boca, ele parecia desesperado ao ouvir o chorinho dela, e eu me desesperei em ver que ela estava em seus braços, não olhei para os lados ao atravessar a rua, apenas corri em direção minha filha, não obtendo sucesso em alcançá-la. Um barulho ensurdecedor fez minha cabeça latejar, tentei abrir os olhos, mas não demorou para a imensidão preta tomar conta de minha visão.

Capítulo Extra


Por

caiu desacordada e coberta de sangue, o carro fugiu sem prestar socorro. saiu de seu carro já discando o número da emergência, enquanto eu e corremos até onde a garota estava. Ela parecia sem vida, senti um desespero tomar conta de mim, não sabia o que fazer, não conseguia pensar. Alice chorava, agora amparada por pedia para amiga acordar. Foram 5 minutos de tortura até a ambulância chegar, os cinco e mais longos minutos da minha vida. Eles colocaram na ambulância e dirigiram-se ao hospital mais próximo. Seguimo-nos chegando lá poucos minutos depois.
Foram mais de 12 horas de cirurgia, por culpa do batizado os pais de estavam em Londres e ficaram com Alice e , se negava a sair da sala de espera, não comia ou bebia nada e tinha constantes crises de choro, tentava consolá-la e garantir-lhe que tudo ficaria bem, mas conseguia ver o medo em seu olhar. Eu sentando ao seu lado não sabia o que dizer, queria poder ver bem e mais que isso, poder ver ela junto com nossa filha, sabia que a culpa era minha, jamais deveria ter me aproximado de Alice e como sempre, tudo que eu toco desmorona.

- Por que você ainda está aqui? – me perguntou no meio da noite.
- Porque estou preocupado. – Respondi encarando os olhos vermelhos de tanto chorar.
- Não precisa se preocupar, nós vamos cuidar da Alice enquanto a se recupera. – Ela respondeu fria.
- Eu quero ajudar de alguma maneira. – Respondi baixo, sabia que ela me odiava e ela tinha total razão em ter esse ódio.
- Ajuda não atrapalhando. – Disse com raiva.
- Amor, eu sei que não é um bom momento, mas ele só esta preocupado e é bom ter alguém aqui. – defendeu.
- Ele está se sentindo culpado, ficar aqui ou não, não vai mudar isso.
- Eu sei que não vai mudar, mas ficar em casa sem noticias é ainda mais angustiante, eu prefiro... – Ia falando quando finalmente um médico entrou onde estávamos.
- Bom noite. – Ele disse assim que nos aproximamos.
- Como ela está? – perguntou em seguida.
- A cirurgia foi um sucesso, mas seu estado de saúde segue grave, houve muitas fraturas e uma batida forte na cabeça, manteremos ela em coma induzido por 36 horas.
- Isso significa que ela não vai acordar agora? – perguntou.
- Não, não temos previsão para isso, o que podemos fazer é viver o hoje, vou liberar a visita de um de vocês na UTI, será rápida e depois disso aconselho a irem para casa e descansar, qualquer alteração no quadro nos ligamos.
- Mas ela vai ficar bem? – perguntou quase em súplica.
- Não podemos afirmar nada, infelizmente o quadro é grave. – O médico disse e em seguida se retirou, liberando a entrada de onde estava.
- E agora? – Perguntei para assim que ficamos sozinhos.
- Eu não sei cara, eu nunca imaginei que alguma coisa pudesse acontecer com a , a Alice é tão novinha. – Ele disse e desmoronou em seguida.
- Eu, a culpa foi minha. – Falei abraçando meu amigo.
- Não foi sua culpa, era pra acontecer, não adianta se culpar , as coisas acontecem porque tem que acontecer, agora temos que pensar em como segurar isso tudo, em como apoiar a e principalmente a pequena Alice. Acho que ela vai precisar de um pai.
- Eu não sei se posso... – Tentei falar.
- Você pode, você só precisa se permitir amar e ser amado , aquela menininha é encantadora e eu sei que ela ocupa um lugar ai dentro. – Apontou para meu peito.
- Ela é perfeita, eu não quero fazê-la sofrer. – Respondi sincero.
- Você não vai. – Ele me abraçou novamente. Ficamos um tempo em silêncio, digerindo tudo que aconteceu e depois vimos voltando.
- Ela parece calma, parece dormindo. – Respondeu abraçando .
- Vamos pra casa, você precisa descansar um pouco. – respondeu pra , que concordou com a cabeça e se dirigiu até o carro.

Após me despedir de e entrei em meu apartamento e finalmente me permiti chorar. Tranquei a porta e sentei no chão olhando para minha sala que estava escura sem iluminação. Ali eu via o quanto era sozinho e como sentia falta de ter alguém com quem contar ou me preocupar. Esse alguém já existia, mas eu nunca fui bom o suficiente para poder conviver com ele. Chorei por pensar em todos os momentos que viveu sozinha, chorei por saber que a alguns minutos de onde eu estava uma menininha de um mês se via sozinha, sem sua mãe que era sua única família, chorei pela família que eu não tive, pela felicidade que afastei de mim, pela garota que agora em coma estava lutando pela vida, lutando para que não faltasse amor a sua filha. Chorei por saber que tudo poderia ser evitado, mas que fraco eu não consegui evitar nada. Fui até a janela e encarei o céu sem estrelas, olhei para baixo e senti vontade de me jogar dali, aquela não era a primeira vez que sentia aquilo, minha vida não parecia ter um sentido, e quanto mais eu tentasse me afastar das pessoas que amava, para não feri-las, mais eu errava e machucava todos em minha volta. Pensei se não seria melhor acabar com tudo logo de vez, queria poder fazer uma troca, dar minha saúde para e passar pelo que ela estava passando, eu merecia aquilo, não ela.
Encarei novamente a janela em minha frente e absorvo em pensamentos demorei para ouvir o telefone tocando, quando o alcancei e pensei em atender, a ligação finalizou. Era , resolvi ligar novamente.
- Aconteceu alguma coisa? - Perguntei assim que ele atendeu.
- Não, a dormiu e resolvi te ligar pra saber se estava bem. – Respondeu cansado.
- To bem pai. – Tentei brincar. – Como está a Alice?
- Ela ta bem, ta dormindo agora, depois vem aqui ver ela. – Respondeu deixando notória a ansiedade pela minha resposta.
- Vou sim, amanhã eu vou ai. – Respondi já ansioso.
- Ok, boa noite dude.
- Boa noite. – Falei finalizando a ligação.

Mentiria se falasse que havia tido uma noite de sono, porque a única coisa que fiz foi rolar na cama e pensar em Alice. Pulei da cama por volta das 9 horas da manhã, tomei um banho rápido e fui até a cozinha, Ruby e Ruth estavam sentadas tomando café da manhã, me juntei a elas e contei os últimos acontecimentos. As duas eram verdadeiras mães pra mim, cuidavam da minha casa e viviam me bajulando, não vou mentir, sempre amei ser bajulado por elas. Elas ficaram eufóricas quando contem da Alice, e falaram que fariam terços pedindo pela saúde de .
Depois de mais conversar do que tomar café da manhã, fui até o hospital, lá me informaram que não havia alteração no quadro clínico e me deixaram ver ela pela primeira vez.

Entrei em uma sala bem iluminada, lá estavam vários pacientes entubados, separados por uma cortina verde . Na maca mais próxima a porta estava , ligada a alguns aparelhos. O silêncio do lugar só era interrompido pelo bip constante dos aparelhos ligados a ela.
- Oi . – Falei encarando a menina que parecia dormir. – Acho que não é um bom momento para te pedir desculpas, mas não sei, talvez você me escute e de algum lugar consiga me perdoar. Sabe, ontem fiquei pensando em tudo que fiz e doeu demais perceber o quanto idiota eu fui, eu te fiz sofrer de um jeito que ninguém merece e o pior, afastei de mim aquela coisinha doce que hoje está com saudade e precisando de você. Volta logo , volta pra nossa filha, ela não merece perder alguém tão especial. – Falei sentindo as lágrimas escorrerem em meu rosto.

Ela não esboçou nenhum gesto, conversei com uma enfermeira que estava verificando os aparelhos e ela disse que aquilo era normal, que eu não deveria me preocupar, de alguma forma acho que ela tentou me consolar e me fazer ter esperanças, de fato acabou conseguindo isso, mais esperançoso sai do hospital e dirigi até o apartamento de , que já me esperava com uma Alice acordada e chorando desesperada sem ter um motivo aparente.
- Oi cara, entra. – Ele disse abrindo a porta.
- Eu não sei mais o que fazer, acho que vamos ter que levá-la pro hospital. – apareceu na sala com um ar preocupado, em seu colo estava Alice chorando.
- Posso tentar segurar ela? – Pedi quase em desespero ao ouvir minha pequena chorar.
- Acho melhor não. – Ela respondeu com raiva.
- Amor, ele é o pai, não custa deixar... – pediu calmo.
- Ok, mas é só até eu arrumar uma bolsa e irmos para o hospital. – Falou me entregando Alice.
- Eu não sei pegar direito. – Falei observando nanar o pequeno .
- É fácil dude, olha como eu estou fazendo. – Ele se aproximou mostrando.
O observando tentei imitá-lo, mesmo que desajeitado, e aquilo acabou funcionando. Quando voltou com a bolsa arrumada Alice já se encontrava dormindo em um sono tranqüilo no meu colo. Naquele momento senti algo diferente, era como se minha vida ganhasse um novo sentindo, eu agora sabia o significado de ter uma família e um real motivo para levantar da cama todos os dias. Prometi em silêncio que cuidaria dela e que faria de tudo para ver bem e feliz novamente.






Capítulo VI




Por

Dor! Era tudo que eu sentia e a única palavra que conseguia formular em minha mente, com certa força conseguir abrir meus olhos, a luz branca daquele lugar me cegava em determinados momentos, ouvia um bip insistente e senti algo apertar meu dedo, tentei mover meus braços, mas estava presa. Olhei em volta e percebi que estava em um quarto de hospital, ligada a várias maquinas. Um cano estava em minha boca e demorei um pouco para conseguir me livrar dele podendo assim respirar melhor. Logo ouvi o barulho de uma porta sendo aberta e uma mulher de branco entrar no local.
- Finalmente você acordou, bem pertinho do horário de visitas! – Ela sorriu me encarando e anotando algo.
- O que aconteceu? – Perguntei confusa.
- O médico já vai lhe explicar, acabei de chamar ele. Você só precisa ficar calma e responder algumas perguntas, ok?
Concordei com a cabeça e segui suas orientações. Alguns minutos depois um senhor de meia idade entrou no quarto e se apresentou como médico responsável pelo meu caso. Começou a falar sobre os procedimentos que haviam adotado, e os que teriam que adotar a partir desse momento.
- Dois meses? – Perguntei incrédula, assim que ouvi relatar sobre meu coma.
- Sim querida, ao ser atropelada você acabou batendo a cabeça e isso causou inchaço em seu cérebro, fazendo com que você entrasse em coma. Nós não podíamos afirmar em quanto tempo você acordaria, ou quais sequelas teria. Confesso que ver você assim nos faz acreditar ainda mais em uma força além de nós. A principio não demonstra quadro de paralisia, parece estar consciente, mas ainda é cedo para descartamos qualquer sequela.
Não conseguia digerir bem todas as informações, somente o rostinho de Alice veio em minha mãe, prometi nunca deixá-la sozinha e agora havia ficado dois meses desacordada em um hospital.
- Onde está minha filha? Meus amigos? , , onde eles estão? – Perguntei apavorada sentindo as lágrimas caírem.
- Ela já chegou, antes mesmo de ligarmos para avisar que você acordou, os dois vieram te ver como fazem todos os dias. Está no horário de visitas, eu posso pedir para entrarem? – A enfermeira respondeu, em seguida se dirigiu ao médico perguntando.
- Claro. – Ele respondeu e voltou a me olhar. - Mas procure ficar calma, qualquer alteração nos chame. Eu volto após o horário de visitas para fazer alguns exames.
- Tudo bem, obrigado. – Falei ansiosa, sentindo meu corpo tremer, precisava ver Alice e pedir desculpas pelo que aconteceu.
A enfermeira saiu e deixou a porta aberta, dando espaço para alguém passar.
então entrou no quarto segurando nossa filha em seus braços e uma bolsa maior que ela, que pelo volume que fazia estava lotada de coisas. Alice estava linda, bem maior do que a última vez que a peguei em meus braços, doeu pensar que havia perdido mais de dois meses do seu desenvolvimento, agora com pouco mais de quatro meses ela parecia muito mais esperta, olhando para tudo em sua volta. Ele se aproximou da cama e colocou Alice em meus braços sem falar nada. Não consegui encará-lo, queria olhar para cada pedacinho de minha filha. Alice sorria e segurava meu rosto entre suas mãos, como se quisesse pegar algo, me fazendo derramar ainda mais lágrimas.
- Me perdoa filha, por favor, perdoa a mamãe. – Foi tudo que consegui dizer antes de envolver aquela pequena e doce criança em meus braços.
- Hey, você não teve culpa de nada. – falou, me tirando da bolha que havia criado mentalmente em torno de nós duas.
- Por que você está aqui? Quem está cuidando dela? O que aconteceu? – Perguntei rapidamente, atropelando as palavras.
- Calma, está tudo bem. A Alice ta bem e vinha te ver todos os dias. Ela ficou com a na primeira semana, no começo ela não queria deixar que eu visse a Alice, mas os médicos deram poucas esperanças – falou triste – e então ela permitiu que eu acompanhasse um pouco, depois permitiu que eu trouxesse ela todos os dias pra te ver, e fazem 3 semanas que estou cuidando da nossa pequena em tempo integral, enquanto você se recupera.
- Mas, você...
- Eu sei que eu sou um idiota , e sinceramente eu sei que ao meu lado ela tem mais chances de sofrer, do que ficando longe, mas eu amo ela e vou fazer de tudo para protegê-la. Eu dou minha vida por ela se for preciso e nunca faria nada que a prejudicasse.
- Acho que agora não temos que falar disso. – Falei um pouco confusa. – Mas ainda vamos conversar. – Disse e ele concordou com a cabeça.
- O médico disse que a gente não pode ficar muito, você está se sentindo bem? Quer que eu chame alguém?
- Sim, eu estou bem. – Falei beijando a pequena.
- Ela esta muito esperta, tem que ver, coloca o bico sozinha na boca, tenta segurar a mamadeira e faz manha para pegar ela o tempo todo. – Riu babão.
- Eu quero ir logo pra casa com ela.
- Logo você vai, e eu vou cuidar de vocês. – Disse rapidamente. – Se você quiser, claro. – Falou com um pouco de receio.
- Você consegue perguntar pro medico quando eu vou poder ir embora?
- Sim, depois ele quer me ver, acho que vai perguntar disso, mas não sei se eu vou poder voltar aqui.
- Mesmo tendo ficado dormindo aqui, eu fiquei dois meses nesse lugar e odeio hospital, quero ir logo pra casa.
- Hey, você vai. Olha só, vou te deixar com meu celular, então qualquer coisa, ou volto pra buscar e falar contigo, ou te ligo pra gente conversar.
- Não precisa, você deve precisar. – Falei confusa.
- Hey, sem teimosia. – Disse fofo, e beijou minha testa.
- Eu não sou teimosa. – Falei bocejando, com sono, por causa da medicação.
- Você é. Eu sou, alias, nós três somos. – Falou sorrindo pegando Alice no colo que choramingava. Ele começou a embalar ela. – , descansa, o médico falou que você sentiria muito sono por causa da medicação.
- Mas eu não quero dormir , eu já dormi demais. – Falei quase me entregando ao sono.
- Agora falta pouco, prometo que nunca mais te deixo dormir tanto tempo. – Ele disse carinhoso, parecíamos um casal.
- Obrigado. – Falei adormecendo.
Permanecer acordada seria uma missão impossível, provavelmente por culpa da forte medicação que tomava, me entreguei de vez ao sono quando saiu do quarto levando Alice consigo. Acordei um pouco assustada, sentindo alguém alisar meus cabelos e encontros e abri os olhos encontrando os olhos que um dia me apaixonei, me encarando com receio.
- Desculpa, fiquei com pena de acordar. – Disse tirando as mãos de meus cabelos.
- Tudo bem, podia ter acordado. – Falei sentando na cama e olhando em volta, procurando Alice que dormia no bebe conforto próximo a cama.
- Ela dormiu logo depois que sai pra falar com o médico. – Ele sorriu.
- O que o médico disse?
- Você vai ter que ficar alguns dias aqui, pra fazer exames... E depois vai pra casa, mas não pode ficar sozinha.
- Hum, qualquer coisa eu fico na casa da . – Falei pensativa e me perguntei onde estaria minha amiga.
- Pode ser, mas se você quiser, eu gostaria muito que ficasse com a gente, na minha casa.
- Como assim “a gente”?
- Eu e Alice. Claro que se você for pra outro lugar, vai levar ela contigo. Mas acho que seria melhor pra nós dois, e principalmente pra ela, se ficássemos juntos.
- Quero falar com a . – Falei não demonstrando dar importância para o seu pedido. Na verdade intrigada com aquele , que eu não conhecia.
- Eles estão esperando ali fora, na verdade ela já ta me matando, porque demorei muito tempo aqui. – Falou sorrindo nervoso.
- Hum, deixa eles entrarem então. – Falei séria.
- Ok, eu, ta bom. – Falou atrapalhado e saiu do quarto, logo e entraram.

Pov

Desde que ela acordou a única coisa que eu consigo pensar é em como conseguir ou ser merecedor de seu perdão. Acredito que em dois meses cresci e evolui o que não havia evoluído nesses meus 26 anos de vida. Nunca senti tanto medo de perder alguém, como sentia a cada telefone, principalmente quando vinha do hospital. Foram dois meses em coma, mas dois meses que me tiraram de um coma que durava uma vida.
Quando sofreu o acidente, eu havia encontrado com na porta de meu prédio, Alice estava chorando e então pediu que eu a pegasse no banco de trás, enquanto ela saia do carro. Foi muito rápido, lembro do meu desespero ao ver minha pequenina chorando e do olhar de assim que se deparou com a cena. Ela estava aflita, com o olhar fixo em Alice correu em sua direção. Foi o pior dia da minha vida, sempre soube que era culpado por mais essa tragédia na vida dela e nunca me perdoaria se o pior acontecesse.
Depois do atropelamento o carro fugiu em alta velocidade. Mesmo com a rapidez com que os médicos vieram, ela havia perdido muito sangue e estava desacordada. Foi mantida em coma por algum tempo, depois vivemos a angustia de esperar o cérebro reagi e vê-la acordando novamente.
Foram 63 dias de luta, todos os dias ficávamos algum tempo com ela. Consegui liberação dos médicos, para levar Alice e assim segui minha rotina. Me afastei da banda, pedi para sair, mas os meninos não deixaram, então resolvemos dar um tempo, tirar férias sem previsão de retorno, trabalhando apenas em novas canções, para álbuns futuros.
Aprendi a ser pai, aprendi a trocar fraldas, reconhecer choros, e vontades. Alice sempre foi muito calma, e diferente de , era uma criança fácil de cuidar. Me assustei algumas vezes, por culpa de febre, gripe, coisas normais, segundo e as três pediatras que consultei em dois dias. Precisava ouvir outras opiniões, era de minha filha que estavam falando e se algo acontecesse com ela me matava. Não que eu tivesse medo da morte, mas morrer nas mãos dela não seria legal.
Em todo esse tempo, vivi com a certeza que ela acordaria, e mesmo pensando em mil pedidos de desculpas, quando a vi de olhos abertos não sabia o que falar ou como agir. Só sabia agradecer mentalmente a Deus pela nova chance que estava me dando e jurar pra eu mesmo, e para minha pequena, que não perderia a oportunidade de cuidar e fazer feliz, essas duas mulheres especiais.
É estranho falar disso, na verdade é complicado explicar, mas me apaixonei ainda mais por quando passei a conhecê-la melhor e entender alguns sentimentos dentro de mim.
Seus pais foram até o hospital duas vezes, na primeira queriam liberar que desligassem os aparelhos, falando que assim a filha sofreria menos, contudo, menti que éramos namorados, e não permiti que fosse feito isso. Como no hospital era o responsável por ela, os médicos não poderiam fazer nada sem meu consentimento.
Na segunda vez que foram, acabamos conversando. Descobri que diferente do que ela achava, não era filha biológica dos dois, e sim apenas do homem, que teve alguns relacionamentos fora do casamento, desses foi fruto. Como a mãe morreu, acabaram assumindo a criança e omitindo a identidade da mãe, para todos ela é filha biológica dos dois, acredito que nem mesmo saiba da história. Como eu sei? Ouvi uma discussão dos dois, sem o consentimento de ambos. Talvez isso fez com que eles demonstrassem me odiar ainda mais e nunca mais voltaram a procurar a menina.
Logo que sofreu o acidente, me culpava e não deixava chegar perto de Alice, então e ela conversaram bastante até que passou a aceitar minhas visitas. Todos os dias chegava em sua casa perto das 13 horas e saia de lá quase meia noite. Ficava com Alice em tempo integral, na segunda semana ela começou a ficar menos emburrada com minha visita e me ensinou a trocar fralda, dar mamadeira e todos os cuidados que deveria ter. De todos, o banho foi o mais difícil. Tentei argumentar que ela não precisava tomar banho todos os dias, mas Alice ama a água e ama tomar banho, acho que ela puxou a mãe nisso.
Depois de algumas semanas o médico (acredito que influenciado pelos pais de ) disse que ela teria poucas chances e provavelmente ficaria em estado vegetativo. Foi ai que tive permissão de levar Alice para casa, troquei sua certidão de nascimento assumindo a paternidade e troquei de hospital. Não poderia aceitar isso sem pelo menos tentar outros especialistas. Todos sentíamos medo, acredito que por conta desse medo me permitiu ser pai, jamais vou esquecer de nossa primeira noite sozinhos em casa.

Flashback onn

Fraldas? Ok. Lenço umedecido? Ok. Pomada para assaduras? Cadê a pomada? – Perguntei em voz alta falando comigo mesmo enquanto separava tudo que precisaria usar na troca de fraldas, Alice choramingava no berço me olhando um pouco assustada enquanto procurava a pomada. Por sorte havia comprado outras 10, então abri a gaveta que Poppy havia separado para guardar essas coisas e peguei outra. -Meu Deus Alice! Você puxou pelo papai. – Falei assim que abri a fralda e um cheiro nada agradável espalhou-se pelo cômodo. - Filha, eu não sei o que tua dinda te deu, mas definitivamente, você vai parar de comer o que causou isso. – Disse usando todo o pacote de lenços umedecidos, pelo menos aquilo tinha um cheiro bom. Alice ria, provavelmente da minha cara, enquanto eu fazia algum drama trocando sua fralda. - Tenho uma boa notícia para você, hoje não é sábado e portanto não tomaremos banho! – Comemorei e vi seu sorriso se desfazer, será que ela estava entendendo o que eu havia dito? Pelo jeito sim, pois cerca de 30 minutos após trocar a fralda e tomar quase toda uma mamadeira Alice começou a chorar, olhei para o relógio que marcava 20 horas e lembrei que geralmente dávamos banho nela e em nesse horário. - Você quer tomar banho? – Perguntei embalando-a. - Filha seria tão mais fácil se você soubesse falar. – Sorri a levando para o banheiro de seu quarto. Enchi a banheira na temperatura que havia me ensinado, liguei o aquecedor e depois de sentir o quarto com a temperatura um pouco mais quente, tirei a roupinha que Alice vestia. Ela sorria e algumas vezes até gargalhava, segurou forte meus cabelos fazendo sorrindo e me fazendo rir junto. Ela amava água e se divertia a cada banho, também amava me molhar, aprendeu a bater as mãozinhas na água molhando tudo envolta, principalmente seu papai um pouco desastrado. Depois de algum choro assim que saiu da banheira, sequei e vesti Alice, cuidando para não colocar a fralda virada, passando pomada para assaduras e colocando bastante talco perfumado, minha princesa estava ainda mais cheirosa, como sua mãe costumava ser. Preparei um chá quentinho e sentei com ela olhando algum desenho na televisão. Alice adormeceu em meus braços, me mostrando cada vez mais que agora minha vida tinha algum sentido.

Flashback off


Assim que trocou de hospital começou a demonstrar melhoras, mas seguia em coma. Os médicos não davam muitas esperanças de quando aquele pesadelo acabaria, ou se acabaria sem sequelas, mas eu acreditava que sim. Então em mais um dia de nossa rotina, acordei com Alice mordendo um de meus dedos, dei banho nela, comi algo enquanto dava mamadeira para pequena e fui até o hospital. estava em um quarto todo personalizado, lá além de alguns brinquedos, acabei deixando coisas de nossa filha, como se fosse uma extensão de sua casa. Estranhei ao ver várias pessoas de branco entrando e saindo do quarto, meu coração disparou, ninguém havia me ligado, me perguntei o que poderia estar acontecendo e aproximei com medo do quarto, uma enfermeira pediu que eu aguardasse e entrou me deixando em frente a porta, depois de alguns minutos que pareceram eternos, finalmente uma enfermeira me chamou e contou que estava acordada e esperando me ver.
Sua cara foi no mínimo de espanto quando me viu entrando dentro daquele quarto, contudo no segundo seguinte ela nem ao menos se preocupou com minha presença, voltando atenção apenas a nossa Alice. O dia foi de rotina intensa, fiquei com ela um tempo, até que a mesma dormiu por conta dos remédios. Confesso que senti grande medo ao ver que ela adormecia novamente. Chamei e , pois depois que ela acordou pediu para falar com eles, sabia muito bem o motivo e rezava mentalmente para ser “boazinha” e deixar uma boa impressão minha para ela.

- Feliz? – perguntou assim que saiu do quarto de .
- Não sei definir meus sentimentos. – Falei verdadeiramente.
- Ela acordou cara. Acho que você esta tendo uma nova chance, não?
- Quero conseguir não jogar essa chance pela janela. – Ri nervoso.
- Não vai! você parece outra pessoa desde que tudo aconteceu.
- E eu sou, pode ter certeza disso.
- Fico feliz em ver o cara que você tem se tornado.
- Espero que ela goste também e me perdoe.
- Ela vai! – Ele sorriu. – Vou esperar a para irmos embora, e levar a Alice com a gente, o médico pediu que ficasse alguém no hospital, imagino que você queira ser esse alguém.
- Com certeza quero! Se vocês poderem ficar com Alice hoje eu agradeço muito.
- Hey, nós estamos aqui. A divide com você o posto de acompanhante e nós três dividimos o de babá! Logo ela vai sair daqui, o que o médico te disse?
- Ele falou que não tem previsão, mas se ela seguir bem, talvez possamos ir logo pra casa. Ela não parece ter ficado com nenhuma sequela, mas ainda é cedo pra afirmar.
- Para qual casa ela vai querer ir? – Meu amigo perguntou curioso.
- Não sei, mas quero estar junto com elas, e mesmo que ela não queira, acho que não tem muita escolha.
- Você achou alguém tão complicado quanto você para se apaixonar né? – Falou rindo.
- Acho que o nosso caso foi de congêneres que se atraem.
- Verdade, atraem, transam e procriam né... Depois eu que sou o certeiro.
- Somos certeiros e sabemos fazer filhos lindos. – Sorri convencido.
- ? – Ouvi me chamando e fui até ela.
- Como ela está? – Perguntei preocupado.
- Acho que ela está um pouco confusa, ela dormiu comigo te odiando e acordou dois meses depois, comigo te defendendo. – Sorriu tímida.
- Defen... O que? Fala de novo? – Perguntei fingindo estar incrédulo.
- Aff, viu, não da pra defender! – Ela riu. – Tem uma moça te esperando ali dentro... Vou levar a Alice comigo, vai que né, façam coisas que uma criança menor de 18 anos não pode ver.
- Quem me dera fazer certas coisas com ela. – Ri – Mas a Alice não pode ver, nem ouvir, nem saber que existe isso antes dos 30 anos, no mínimo. – Falei sério, ouvindo e gargalharem.
- Conta isso pro também! – falou convencido.
- Se você curte o pinto do teu filho, melhor deixar ele longe da minha filha, eu corto fora! – Falei rindo me despedindo deles e entrando no quarto. gargalhava olhando para a porta.
- Acho que alguém ouviu minhas ameaças. – Falei me dirigindo a ela depositando um beijo em sua testa.
- Tenho certeza. – Ela sorriu e segurou minha mão.
- Como você está? – Foi ela quem perguntou, enquanto observava cada milímetro do seu rosto.
- Acho que tem sido um dos dias mais felizes da minha vida. – Respondi sincero.
- Por quê? Ganhou na lottoland? – Sorriu fofa.
- Você voltou! – Eu sorri acompanhando seu sorriso tímido.
- A me contou tudo que você fez e eu quero te agradecer.
- Você não precisa agradecer , era o mínimo, você me deu o melhor presente de todos, eu não sei nem como te agradecer. Eu sei que não posso pedir isso, mas não queria me afastar da Alice, será que você... – Tentei falar, mas ela me interrompeu.
- . – Ela disse tímida. – Acho que começamos meio tortos, mas não precisa ser torto o tempo todo, nós temos a Alice, e... Eu tenho muita mágoa de tudo que você fez, mas também tenho uma gratidão eterna pela forma que agiu depois do meu acidente.
- , eu fui um idiota sabe, enquanto estive com a Alice fiquei pensando nessas coisas, acho que se um desgraçado fizesse com ela a metade do que eu fiz com você. Eu matava ele, sem piedade alguma.
- Ainda bem que meu pai não é tão presente então, não queria que minha filha tivesse perdido a oportunidade de ter um pai que até sabe trocar fraldas. – Riu divertida, embora demonstrasse um pouco de tristeza ao falar do pai.
- Eles tiveram aqui algumas vezes, vou avisar que você está bem. – Falei segurando sua mão.
- Senta aqui. – Ela deu espaço para que eu sentasse em sua cama. – Não quero que avise ainda, na verdade não sei se eu quero ver eles.
- Olha, são teus pais, mas eu entendo e acho que você sabe qual melhor decisão tomar.
- Obrigado. – Falou apertando minha mão. – Se eu bem conheço eles, minha mãe quis desligar os aparelhos, ficaram pensando no meu funeral e no que fariam com a Alice. – Disse e eu fugi meu olhar dos seus, mesmo querendo que não fosse verdade, era praticamente isso que havia acontecido. – Seu olhar me diz que eu to certa. – Falou calma.
- Em partes sim, mas não quero que você se preocupe com isso agora. O medico explicou que durante essa semana vai passar por vários exames e fisioterapi, e se teu quadro seguir bem, logo poderá ir pra casa.
- A enfermeira disse que você pediu para fazer fisioterapia enquanto eu estava desacordada.
- Sim, eu li que era importante para recuperação e pra não atrofiar os músculos.
- Pelo jeito foi bem importante. Obrigado.
- por favor, para de agradecer. – Falei um pouco tímido.
- Não , não paro, porque esse é meu sentimento por você hoje.
- Obrigado pequena. – Falei beijando sua testa, sentindo alivio em saber que seu sentimento é de gratidão, mas pedindo para Deus, para que o sentimento de amor voltasse a ser o que ela sentia por mim, pois hoje, mesmo sendo talvez um pouco sem lógica, era o que eu estava sentindo por aquela mulher em minha frente.
- E minhas coisas, o meu apartamento? O que eu aluguei, você sabe de algo?
- Eu cancelei o contrato que você tinha com o apartamento que morava, nós não sabíamos quanto tempo levaria para você voltar, e o outro está com suas coisas, não tem ninguém morando nele, mas os médicos falaram que seria bom você não se mudar daqui, por um tempo.
- Uhum, eu vou alugar ele de novo, pra alugar algo aqui, eu acho. Não sei, to um pouco confusa. E a conta do hospital, não deve estar saindo barata, eu preciso ver o que fazer. Acho melhor vender... – Ela começou a falar sem parar, sobre dinheiro, ou melhor, falta dele, ali percebi que mesmo me perdoando e se sentindo grata, ela não aceitaria muitas coisas minhas.
- Hey, não pensa nisso agora. – Pedi.
- Mas eu preciso pensar , não quero ficar usando você ou tirando coisas de ti, a única coisa que eu sempre quis foi que você fosse presente como pai e não faltasse amor para Alice.
- E é isso que eu faço, eu quero te ver bem , só isso.
- Obri... – Ela ia falando, então a interrompi selando nossos lábios, inesperadamente.
- Desculpa, falei quando interrompemos o beijos.
- Por que você me pediu desculpas?
- Porque não devíamos, você esta se recuperando, e... – Comecei a justificar, então fui surpreendido por outro beijo, partindo dela.
- Você ainda tem medo? – Ela perguntou assim que terminamos de nos beijar, percebendo talvez meu olhar vago.
- Não sei se o nome disso seria medo, mas seja o que for, eu quero superar e ser feliz de verdade. – Falei a abraçando. tinha algo dentro de si que eu não conseguia explicar, como se uma luz a tornasse pura, uma luz que talvez conseguisse dar fim na escuridão que eu me encontrava desde aquele dia .


Capítulo VII



Por

Às noites eram mais demoradas pelo fato de estar sozinha e por ficar ansiosa contando os minutos para ver Alice e seu pai. Depois de duas semanas internada e fazer todos os exames possíveis, os médicos constaram que talvez por milagre, aparentemente eu não teria sequelas. Contudo, eles não me liberaram ficar sozinha, assim precisaria de alguém junto comigo o tempo todo, mesmo depois da alta que receberia no dia seguinte.
Durante a última noite naquele lugar, não consegui dormir, tive insônia pensando no quanto minha vida estava mudando e em tudo que me esperava ao sair dali.
Combinamos que ficaria na casa de por um tempo, até ter alta definitiva, e que poderia ver Alice quando quisesse, mas ela ficaria lá comigo. Em nenhum momento quis atrapalhar ou tirar a liberdade de minha melhor amiga, mas não tinha para onde ir e não queria passar mais tempo longe de Alice. Além do que, tanto ela quanto , insistiram bastante e afirmaram que não atrapalharíamos. foi quem pareceu não gostar muito, queria que fossemos para sua casa, mas não me sentiria bem lá.
Meus pais foram uma única vez no hospital, logo brigamos e pedi que me deixassem sozinha, meu pai pouco falava, minha mãe como sempre me humilhava dizendo coisas que eu jamais falaria para Alice. Depois que os dois saíram de meu quarto, acabou contando o que havia ouvido enquanto eu estava em coma, e daquele dia em diante decidi que não queria mais nenhum contato com eles.
parecia outro homem, era atencioso, cuidadoso e amoroso, tanto comigo quanto com nossa pequena. Mesmo cometendo muitos erros no passado, o olhar dele para Alice tinha um brilho diferente, e algo me fazia sentir que ele só faria bem para nossa pequena. Alice também demonstrava amar o pai, não desgrudando os olhos dele, ás vezes sentia até um pouco de ciúmes, principalmente quando ela dormia em seu colo, após chorar por algum tempo no meu. Dizem que filhas são mais “puxa saco” dos pais, e a minha não estava fugindo da regra.

- Oi mamãe, tomamos banho e estamos cheirosos para te levar para casa. – entrou no quarto sorrindo e segurando Alice nos braços.
- Oi meu amor, hum que cheirosos. – Falei segurando Alice no colo e ganhando um beijo de .
- Viu ó, to todo cheiroso. – Falou bobo, dando o pescoço pra eu cheirar.
- Uhum. – Falei tímida, sentindo meu corpo arrepiar e muita vontade de beijar o pescoço dele.
- Vamos? – Falou animado.
- Claro, não aguento mais esse lugar, disse levantando com Alice em meu colo.
- Melhor eu levar ela, essa gordinha está pesada, .
- Mas você tem que levar as coisas.
- Que coisas? Eu levei tudo ontem, só ficou essa bolsa e eu sou fortão sabia? – Falou convencido.
- Nossa que fortão esse papai. – Disse olhando pra Alice que ria sem motivo.
- Eu me sinto bem, mas ok papai, logo vou roubar essa princesa de você e ficar o tempo todo com ela no colo. - Falei rindo.
- Vou é roubar vocês duas pra mim. – Ele disse me encarando nos olhos enquanto se aproximava colando nossos lábios.
- Melhor a gente ir, a deve estar ansiosa esperando.
- Então... Precisava conversar sobre isso.
- O que? – Falei saindo do hospital, como já havia assinado minha alta, logo chegamos no carro, ele arrumou Alice na cadeirinha e sentei ao lado dela, vendo-o me observar pelo espelho.
- , você disse que precisávamos conversar... – Chamei sua atenção.
- É então, eu assinei que ficaria responsável por você, acho melhor que fique na minha casa né.
- Por quê? Isso não influência em nada.
- Influência sim, a é uma destrambelhada, como vou garantir que ela cuidará bem de vocês?
- Você sabe que o mínimo que vai acontecer, se ela ficar sabendo do que você a chamou, é você levar boas palmadas né? – Disse rindo.
- Sei, sei, mas você não vai contar né ? Por favor.
- Hum, pensarei a respeito. – Falei divertida.
- Por amor ao meu pinto, não conta pra ela que eu falei algumas coisinhas. – Falou gargalhando.
- Não me de ideias. – Ri ainda mais. – Hey, o caminho da casa da não é pra lá? – Perguntei vendo-o pegar direção oposta.
- É, mas a minha fica pra lá. – Ele apontou.
- , por favor.
- Poxa , queria tanto mostrar pra você que eu mudei, me da essa chance.
- Eu sei que você mudou, mas morar contigo é diferente de acreditar ou não nisso, é mudar a rotina de alguém, e...
- Ter você e nossa filha comigo, é tornar minha vida melhor .
- Mas ...
- Mas, mas, mas... Vamos tentar , se você não gostar, muda pra casa da , ou a gente pensa em algo melhor, qualquer coisa deve ser melhor que morar com aquela doida.
- Eu amo morar com minha amiga ta? Para de implicar com ela.
- Ta eu paro, se você aceitar morar comigo.
- Por um tempo, até eu ficar bem e poder morar sozinha.
- Ok moça.
- Lembre de não deixar a tampa do vazo levantada. – Ordenei.
- Pode deixar! – Falou animado, com um sorriso que me fez sorrir junto.

Em minha vida coisas boas não acostumavam acontecer com uma frequência absurda, como estava acontecendo desde que acordei. Senti que algo tinha mudado e tinha medo desses sentimentos bons me fazerem sofrer novamente. Chegamos a casa dele, uma bela cobertura com vista privilegiada de Londres. Ele me mostrou cada lugar da casa, apresentou Ruby e Poppy, suas empregadas. Uma cuidava da limpeza e organização, e a outra ficava responsável pela comida e o ajudava com Alice, enquanto eu estive internada. Eram duas senhoras de meia idade, aparentemente muito bondosas. Elas contaram que cuidavam de desde antes dos seus avós desencarnarem e por ele tinham uma afeição muito grande. Moravam no apartamento do andar de baixo, foi um presente de , tinham por ele um amor fraternal e ele as amava da mesma maneira.
Alice estava acostumada com as duas a ponto de se jogar para o colo de Poppy assim que á viu. então me mostrou o restante do apartamento, o quarto de Alice, que ficava em frente ao dele e era lindo, rosa com alguns ursos e decoração que lembrava um quarto de princesa. O seu quarto, enorme e também muito bonito, e o quarto que eu ficaria, ao lado do de Alice. Todos muito bonitos e organizados. Minhas roupas já estavam no armário, ele havia pensado em tudo, não conhecia o lado perfeccionista dele, mas estava amando.
Voltamos para sala onde dei mamadeira para Alice e comi algumas coisas que Ruby havia preparado. Depois deixei fazer Alice dormir e tomei banho, tirando o cheiro de hospital que estava impregnado em mim.

- Ta cheirosa? – Ele perguntou entrando no quarto, havia deixado a porta aberta e observava a vista que tinha de lá.
- Tirei o cheiro do hospital. – Falei sorrindo e virei pra ele. – Que vista linda você tem.
- A do meu quarto é ainda mais bonita, depois vai lá ver. – Disse se aproximando.
- Uhum, a Alice dormiu?
- Dormiu, ela ama dormir nesse horário, depois preciso sair pra resolver algumas coisas da banda, você se importa?
- Não, claro que não, não quero atrapalhar.
- Você nunca vai atrapalhar , quero que se sinta em casa.
- Obrigado , por tudo.
- Obrigado você por me deixar participar. – Falou acariciando meu rosto e se aproximando.
- , melhor não. – Disse tímida, me afastando.
- Mas... – Ele pareceu não entender, então me encarou nos olhos. - Ok, eu vou ser paciente. – Falou com certa tristeza.
- , nós temos uma filha, mas isso não significa que...
- Eu sei , mas também não impossibilita nada.
- Mas...
- , deixa o tempo mostrar pra gente o que é melhor pra nós e para Alice. – Falou me olhando nos olhos. Deixei não o tempo, mas que meu coração falasse e voltei a me aproximar dele, selando nossos lábios e deixando sua língua invadir minha boca.
Ele me beijou, um beijo tão esperado por nós, um beijo tão sonhado por mim, que significava mais que algo carnal, que selava sentimentos mútuos. Naquele instante eu tive a certeza de que o amava infinitamente e sem saber explicar como, sem saber definir sentimentos, sentia que tudo era correspondido por ele. Aquele beijo tinha algo diferente dos que trocamos no hospital, era algo indescritível.
Fomos interrompidos por um choro dengoso. Sorrimos e logo saiu do quarto indo em direção ao de Alice. Esperei um pouco e fui até ele.
- Oi... – Falei entrando no quarto, estava ao lado do berço com um olhar longe encarando Alice que dormia tranquilamente.
- Ela perdeu o bico. – Falou baixinho me chamando para perto.
- Esse quarto é tão lindo. – Disse me aproximando.
- Eu que decorei. – Disse convencido.
- Sério? – Ri da cara que ele fez.
- Bem... Tudo não fui eu né, mas eu comprei várias coisas. Comprei algumas roupas também, mas daí a Ruby me xingou, que tamanho 4 ficaria grande, mas como eu ia saber que o 4 era de 4 anos e não de 4 meses?
- Ai meu Deus, filha teu pai é doido. – Falei rindo, tentando não fazer muito barulho.
- Eu aprendi ta? – Disse bagunçando meu cabelo. Minha vontade era abraçá-lo, mas me controlei.
- Eu sei que aprendeu, ela está bem e ama você, tenho até ciúmes. – Sorri o sentindo me abraçar.
- E eu amo ela, não precisa ter ciúmes , divido um pouquinho ta?
- Pouquinho?
- É bem pouquinho. – Sorriu divertido.

- Licença , aquela moça loira que vinha aqui ás vezes, quer falar com você. – Poppy falou.
- Qual moça? – Ele disse desvencilhando os braços de meu corpo, encarando Poppy.
- Se eu não me engano, se chama Emma, Emili, Emo, não sei , acho que não sou boa com nomes. – Disse confusa.
- Eu já volto. – Ele disse depositando um beijo em minha testa, apenas concordei com a cabeça e voltei a encarar Alice, que dormia tranquilamente.

Por

Fui até a sala e encontrei Emma apreensiva me esperando. Não era comum ela me procurar e eu não a procurava desde o acidente de , quando só tive tempo e atenção pra Alice.
- Emma! Tudo bem? Não avisou que vinha. – Disse indo encontrá-la.
- Precisava falar com você, atrapalho?
- Não é um bom dia, mas do que se trata?
- É sobre uma coisa , que você não vai gostar muito, eu acho.
- Do que? – Falei curioso.
- É que bem, você não me procurou mais, e...
- Emma, você é uma amiga, mas você deve ter ficado sabendo o que aconteceu, agora eu tenho uma filha e não quero nem posso ter amizades coloridas, como a que a gente tinha.
- Nunca te imaginei pai. – Sorriu tímida.
- Confesso que nem eu, mas foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida.
- Fico feliz que você tenha gostado de ser pai. – Falou me encarando, enquanto mexia as pernas, demonstrando impaciência.
- Eu amei, mas acho que não foi por isso que você veio.
- É, não foi.
- E não foi porque não liguei mais, foi?
- Também não.
- O que aconteceu? – Perguntei intrigado. Sempre fomos do mesmo ciclo social, os pais dela tinham bastante dinheiro, e Emma sempre foi o tipo de menina que curtia a vida sem se preocupar com o futuro, não me parecia alguém que se preocupasse com algo, a não ser vestidos, jóias, perfumes e festas.
- Aconteceu que... – Falou nervosa. – Aconteceu que nós não nos prevenimos na última relação e bem, eu acabei esquecendo de tomar a pílula, achei que não aconteceria nada, mas aconteceu, eu to grávida .
- Como assim grávida, você, tem certeza? – Perguntei nervoso.
- Tenho, eu fiz vários exames e agora fiz uma ecografia, já completei três meses, quase quatro na verdade, tenho certeza da gestação e também que você é o pai.
- Como você pode ter certeza? – Em seus relacionamentos eu não era exclusivo, nunca fomos.
- Porque embora você ache que eu durmo com qualquer um, eu só tive relação com você. – Ela disse me olhando nos olhos.
- Mas você sempre disse que...
- , você se afasta de qualquer mulher que demonstre sentir algo, que não quer só prazer contigo, eu gosto de você desde nossa adolescência, quando nos reuníamos e fazíamos várias festinhas, mas se contasse isso você não ficaria comigo e eu não teria nem uma amizade colorida contigo, então preferi esperar e ver você amadurecer, talvez mudar um pouco a ponto de enxergar as coisas.
- E os caras que você ficava?
- Você ficava com várias meninas na minha frente, eu não podia me deixar abalar.
- Olha Emma, eu sinceramente não sei o que te falar.
- Não precisa falar nada, me liga quando quiser conversar. Eu precisava te contar isso, espero que não fique mais bravo ainda comigo, e não suma, mas não vou ficar te cobrando as coisas. – Disse se levantando.
- Eu não estou brabo, estou confuso, é diferente, de uma hora pra outra você aparece aqui dizendo que sempre gostou de mim e está grávida?
- Eu sei , parece loucura, na verdade é uma loucura, mas é real e o fruto dessa loucura toda ta dentro de mim. Eu não queria aceitar, acabei procurando tarde um médico, mas se quiser fazer o aborto, posso tentar ainda, uma amiga me indicou...
- Hey, não fala isso nem de brincadeira. Eu não quero o abordo, não faz besteira, é um filho Emma, filho que vamos ter, só me deixa digerir melhor essa idéia toda, a acabou de sair do hospital, são muitas mudanças. – Pedi nervoso, estava difícil assimilar tudo.
- Desculpa. – Ela disse com lágrimas nos olhos e se dirigiu até onde eu estava, me abraçando.
- Você não tem culpa. – Abracei-a ternamente e percebi que em muitos momentos ela esteve comigo, mas poucas vezes pude ser o com Emma, estava sempre doido, me sentindo sozinho, ou simplesmente com vontade de transar, quando a chamava para sair. Ela nunca me disse não, ás vezes dizia que tinha um encontro com alguém, mas segundos depois ligava de novo falando para nos encontrarmos. Foram também poucas ás vezes que veio até minha casa. Nunca dormiu em minha cama, pois sabia que eu detestava acordar com alguém junto de mim, Emma sempre soube e respeitou minhas manias e noias, por mais absurdas que pareciam ser, ela demonstrava-se compreensível. Diferente do que senti por , que desde o começo me fez ter vontade de ficar perto e experimentar algo novo, hoje compreendo se chamar amor. Sentia por Emma algo quase fraterno, se não fosse pelo desejo carnal que nos envolvesse e pensando melhor em tudo que ela havia dito, somando as recordações desde nossa adolescência, o fato dela sentir mais que atração e desejo era visível para todos, mas como cego em sentimentos não percebi isso.
Nunca me imaginei pai, mas Alice renovou tudo que de bom existia, não podia cometer com a criança que estava a caminho, os erros que cometi com minha pequena.
- Eu vou pra casa, me liga quando tiver tempo. – Ela disse calma, chamando minha atenção para voltar a realidade.
- Eu vou até lá o quanto antes e qualquer coisa que precisar me liga. – Disse acompanhando ela até a porta.
- Sem pressa , você tem problemas mais urgentes agora.
- Vocês não são um problema, e esta criança é uma responsabilidade minha também. Precisando me liga, eu vou te ver o quanto antes. – Repeti beijando carinhosamente sua testa, a vendo ir embora em seguida. Fechei a porta assim que Emma entrou no elevador encontrei me encarando.
- Você está bem? – Perguntei com medo, percebendo que ela choraria a qualquer momento. Ela apenas concordou com a cabeça. – Ela era...
- A menina que você levou no casamento do , eu sei quem ela é . – Disse séria.
- , ela só veio. – Tentei explicar.
- Contar que está grávida.
- Você escutou? O que você escutou? – Perguntei brabo.
- O suficiente pra saber que ela e o bebê que ela espera não são um problema pra ti, que não te atrapalham e que você quer a criança e jamais iria sugerir coisas como um aborto. – Disse me fazendo lembrar das coisas que lhe falei quando soube da gravidez de Alice. estava diferente, senti mágoa em seu tom de voz e vi as lágrimas invadirem seu rosto. Tentei me aproximar, mas ela não deixou, foi até o quarto de Alice e se trancou lá por algum tempo.

- ? Por favor abre essa porta, vamos conversar! – Pedi mais uma vez, já fazia algumas horas que ouvia apenas seu choro, então ouvi o barulho da chave e a porta sendo aberta. Alice estava em seu colo, havia uma pequena mala em sua mão.
- Onde você vai? – Perguntei sem entender vendo-a entrar no quarto que havia reservado-lhe. – O que você está fazendo? – Perguntei e novamente, mas não obtive resposta. Ela pegou a mala que havia trazido do hospital, e ainda com Alice em seu colo, colocou algumas peças de roupa lá dentro.
- eu estou falando com você! – Falei impaciente, segurando seu braço, sem força.
- Eu vou embora . – Ela falou baixo, segurando o choro.
- Espera, vamos conversar, não tem porque você ir embora.
- Acho que eu tenho motivos suficientes pra querer ir.
- Eu sei que eu errei com você, mas você estava disposta a tentar, e o fato da Emma estar grávida, não muda o que eu sinto, não entendo o porque muda o que você sente por mim.
- Não é o que eu sinto , é como eu vejo e como eu me sinto.
- Como assim? – Perguntei sem entender.
- Você foi um monstro quando contei da gravidez, me deixou sozinha, me humilhou. – Disse sentando na cama e chorando abraçada em Alice, me deixando sem reação. – Você não se preocupou comigo, ou com ela, se fosse eu quem tivesse dito aquelas coisas sobre o aborto, você apoiaria, você pediu para que eu fizesse isso . Me chamou de coisas que eu não gosto nem de lembrar, eu não consigo simplesmente fingir que nada aconteceu, ainda mais vendo como você tratou aquela mulher e como desde o primeiro minuto quis e se importou com o filho que ela espera. A Alice já sofreu a rejeição uma vez, ela é pequena e não entende muito das coisas, não quero que ela sofra de novo, agora você tem um filho com alguém que você gosta, não precisa de nós.
- Eu não acredito que estou ouvindo essas coisas. – Falei incrédulo. – eu amo a Alice e nunca vou trocar ela, ou rejeitá-la! Eu não sou um monstro, não como você pensa. Posso ser confuso, estranho, mas não sou um monstro, não mais. Sei que errei muito com vocês, e me culpo disso todos os dias, mas não precisa ter medo de coisas absurdas, como as que você acabou de falar.
- Por que absurdas ? Por que com ela você quer ter um filho, se importa e eu você chamou de vadia e mandou tirar a criança?
- Eu era imaturo, a Alice me mostrou isso e me mostrou tudo que perdi quando falei aquelas merdas pra ti.
- Será que foi isso, ou o fato de ser alguém que você gosta.
- Eu não amo a Emma, se é isso que você quer saber, ela é uma pessoa especial sim, mas não sinto por ela o que eu sinto pra você.
- Eu sei que não, ela nunca atrapalharia sua vida.
- E você também... – Tentei falar, mas ela me interrompeu.
- eu posso ter ficado 2 meses em um hospital, mas eu não estou louca e sei perfeitamente quando atrapalho ou não em algo, você nunca quis a Alice, mas com o que aconteceu acabou gostando de ser pai e se apegando nela, mas agora você tem um filho com alguém que é especial em sua vida, que não tem mil problemas e que te da o que você quer, alguém oposto do que encontra em mim. Não quero ficar aqui pra ver essa relação de vocês. – Disse com raiva, ainda chorando, fazendo meu coração doer a cada palavra.
- ! Pelo amor de Deus, ouve o que você está falando! Para de ser injusta! Eu vou sim ter outro filho e na verdade ainda não digeri bem o que isso significa, mas não quero falhar mais, nem com essa criança, nem com Alice ou com você, eu quero e preciso começar a acertar. Assumir essa criança, mesmo não sendo algo planejado é um acerto, acredito eu. Para de ser egoísta ou sentir ciúmes de alguém que nem nasceu ainda. – Explodi falando o que estava entalado em minha garganta.
- Eu to sendo egoísta ? Por que comparei tua reação ao descobrir a minha e essa gravidez? Acho que não é egoísmo o nome disso.
- É o que então?
- Eu não sei. – Falou baixo. – Mas é algo que esta me destruindo por dentro e fazendo reviver a todo momentos, suas atitudes antes do acidente. – Disse sem me encarar.
- Me deixa mudar isso então, por nós, pela nossa filha. – Falei tentando me aproximar. Ela então afastou minha mão.
- Não quero que você toque em mim. Eu não sei perdoar e te ver me faz lembrar do passado, agora mais e mais, queria poder voltar no tempo, queria não ser assim, mas eu não consigo. Te ver e lembrar de como você foi, me destrói e eu não preciso de mais destruição, por favor me deixa ir, eu preciso que pare de doer e ficar perto de ti não vai fazer isso.
- Mas.
- Cuida do teu filho, das tuas coisas, você pode ver Alice na casa da , só me da um tempo. – Falou me encarando nos olhos. – Espero que você nunca sinta o que eu estou sentindo agora. – Disse por fim se levantando.
- Eu te levo. – Falei pegando a mala, visto que não adiantaria discutir e tentando seguir o desejo dela.
- Obrigado. – Falou saindo com Alice.

Meu mundo havia desmoronado novamente, não bastasse ter que lidar com uma gravidez não planejada, além de também não saber lidar, não estava disposta a tentar, ela carregava dentro de si uma mágoa enorme, e em nenhum momento eu poderia culpá-la por isso, essa história tinha um único culpado, eu não podia mais agir por impulso, precisava pensar no bem dela, de Alice e dessa criança que ainda estava na barriga de Emma. Fomos em silêncio até a casa de , ao entrar estranhou, mas não disse nada, ela estava arrumando para nos visitar em minha casa, também não falei nada apenas deixei a mala na porta e sai pelo corredor, ouvindo o choro de segundos depois da porta ser fechada.

Capítulo VIII



Por

Ver aquela cena na casa dele me fez lembrar de todas as suas atitudes desde sua primeira rejeição e mais que isso, me fez lembrar de como fui fraca em não resistir as suas investidas. me dominava de uma maneira absurda e eu precisava lutar contra isso.
Cheguei na casa de e desabei chorando, não conseguia explicar o que havia acontecido. Tomei algum tipo de calmante, me acalmei um pouco e então contei tudo para ela e . Eles tiveram calma e resolveram não tocar no assunto durante aquele dia, porém no outro, ambos o defenderam dizendo que havia mudado e por medo de errar novamente, deveria estar assumindo a criança, pois isso era o correto a fazer.
- , se ele fosse querer algo a mais com a Emma já teria tido, eles se conhecem desde sei lá, os 10 anos? E outra, ela é rodada o suficiente para ter ficado com ele e vários outros. – disse.
- Ela disse que não! Sempre gostou dele, mas que respeitava seu jeito de ser, coisa que eu nunca fiz.
- O é apaixonado por você e com certeza ele não quer nada com a Emma. - respondeu em um tom de obviedade. - Isso que você me disse é muito mentira, eu mesmo já vi ela ficando com vários, ainda mais agora que os pais estão falidos.
- Ela disse que ficava, mas... – Acabei contando detalhadamente tudo que ouvi entre a conversa dos dois.
- Ela é uma esperta isso sim, ta querendo prender o porque sabe que ele tem grana e pode comprar tudo que ela pedir.
- Acho que não, mas não quero saber disso, quero é distancia dele. – Falei irredutível.
- Tomara que Alice não seja tão teimosa.
- Eu não sou teimosa, eu só não fico me iludindo com o como você sempre fez.
- , ele tem medo de amar. Pela primeira vez na vida eu vi o falando que ama alguém, ele sempre teve medo de machucar vocês duas.
- Ás pessoas não mudam do nada , e ele não mudaria em tão pouco tempo.
- Foram 2 meses , a vida dele mudou drasticamente e eu acho que ele ta aprendendo a demonstrar sentimentos, por favor, tenha paciência.
- Eu tenho paciência, mas não quero ver ele.
- Então você vai ter que se esconder amiga, o acabou de mandar mensagem avisando que está vindo pra cá. – Foi a vez de falar, meu estomago revirou, meu coração apertou, queria conseguir fugir, mas não poderia me esconder para sempre, pois o veria muito, afinal ele era e estava se fazendo presente, como pai de Alice.

Seguimos conversando mais um tempo até ouvir a campainha tocar, abriu a porta e apenas de um tapinha nas costas de que logo foi em direção Alice.

- Oi... – Falou me olhando, em seguida pegou Alice que sorriu ao ver o pai. – Que saudade meu amor. – Disse dando beijos nela.
- Nós temos que ir no mercado, fiquem a vontade. – disse pegando a bolsa de , enquanto acompanhava o marido levando o pequeno.

Eles saíram nos deixando sozinhos, levantei indo em direção ao quarto, mas se colocou em minha frente, ainda segurando Alice.

- Acho que ninguém aqui é criança e precisamos conversar. – Ele disse sério.
- Acho que eu não tenho nada para falar com você.
- Olha , ontem você estava de cabeça quente, eu sou o tipo de pessoa que faz muita merda de cabeça quente, então resolvi respeitar a sua decisão, mas não vou perder vocês duas e ficar de braços cruzados.
- Primeiro, você não perdeu nós duas, porque nunca nos teve, segundo... – Tentei pensar em mais alguma coisa, mas nada vinha em minha mente.
- Segundo você esta sendo uma cabeça dura, e com ciúmes de uma criança que não interfere em nada nosso relacionamento, muito menos o amor que eu tenho por minha filha. Criança essa que eu nem sei se é minha filha, porque francamente, eu sei muito bem como Emma é, e de santa ela não tem nada.
- Sabe? Então por que pediu pra ela não fazer besteira e ficou todo preocupado.
- Porque eu conheço a Emma bem o suficiente para saber que ela iria ficar lá mais tempo se não ouvisse o que queria.
- Que bom que vocês se conhecem, já podem casar, se conhecem e vão ter um filho. – Disse um pouco mimada.
- Que ótimo ver você tão madura, enquanto eu tenho mil problemas e só queria poder estar com vocês duas.
- E não pode?
- A única culpada de não estarmos na minha casa agora...
- Não vem falar que sou eu, porque o idiota aqui é você, foi você que mandou eu abortar e não me ajudou.
- Mas que porra, você vai me culpar de tudo, sempre! Alias, quer saber? Você tem razão, eu sou o culpado, por minha culpa todo mundo que fica perto de mim se machuca ou morre, então por favor, eu amo demais essa pequena aqui pra ver ela machucada, você eu já machuquei e bem não quero ver ninguém mais morrer. Melhor a gente se afastar logo.
- Do que você esta falando? – Perguntei sem entender.
- Das pessoas que chegam na minha vida e morrem.
- O sempre fala que você passou por traumas na infância, mas nunca diz o que são esses traumas, o que é afinal?
- Acho que se eu nunca contei é porque não quero falar disso.
- Mas eu quero saber.
- Eu queria que você estivesse na minha casa, junto com a nossa filha, mas querer não é poder.
- Você parece ter doze anos falando essa frase ai.
- Que frase?
- Querer não é poder. – Cruzei os braços e sentei, ele fez o mesmo segurando Alice, que olhava para os dois, como se estivesse tentando acompanhar o que falávamos e resmungava algo incompreensível, mas que certamente seria algo parecido com “calem a boca e cresçam” se ela conseguisse falar.
- E eu estou errado?
- Não sei, mas você esta fugindo do assunto.
- Talvez porque eu não queira falar sobre isso.
- Talvez se você falasse eu entenderia um pouco.
- E ia adiantar, você só iria se afastar.
- Do jeito que você fala, parece que matou alguém.
- Quase isso. – Disse triste.
- Para , você esta me assustando. – Retirei a Alice de seus braços, que chorou em seguida e voltou para o colo dele.
- Eu não sou um assassino, eu só, bem, é complicado . Eu prometi que nunca mais amaria mulher alguma, que elas seriam apenas minha diversão, para não acontecer o que aconteceu com meu pai. Também não queria ter filho, com medo dele passar o que eu passei e por isso só me relacionava com mulheres onde o único objetivo era o sexo, Emma era assim, meio ninfomaníaca, nós transávamos, mas era só isso, nunca passei uma noite inteira com ela como passei com você.
- De que adianta passar a noite comigo e depois mandar embora.
- Eu fui um idiota, mas estava achando tudo tão estranho, não quis te mandar embora depois de transarmos e gostei de dormir contigo, sempre tinha muitos pesadelos, mas naquela noite dormi feito pedra.
- Pelo tanto de droga que usou. – Respondi braba.
- Só se a droga fosse teu perfume né, porque a única coisa diferente que fiz foi ficar sentindo teu cheiro a noite toda.
- Idiota. – Disse sem saber o que falar e com medo de ser convencida por ele, sabia que era completamente dominada por aquele homem. – Continua tua história ai...
- Atrevida. – Ele riu mordendo o lábio. – Enfim, depois daquilo, naquela vez que eu fui na tua casa, nós parecíamos namorados e minha vontade foi sair correndo.
- Obrigado, nossa, meu ego foi lá em cima agora, ta vendo ele? Ta mais alto que a tua cobertura. – Falei debochada e magoada ao mesmo tempo.
- Da pra me deixar falar?
- Fala.
- Obrigado, querida. – Disse debochado. – Sai correndo com medo do que eu estava sentindo, porque parecia muito bom. Então eu me convenci que você tinha alguma coisa, alguma mandinga na pepeca, algo assim. – Falou sério enquanto eu cai na gargalhada.
- Eu coei café na minha calcinha e dei pra você tomar.
- Sério? – Perguntou apavorado, me fazendo rir ainda mais.
- Claro que não né, sou irresistível mesmo.
- Não duvido... – Enfim, posso terminar? – Perguntou e eu concordei com a cabeça. – Inventei aquela desculpa besta só pra te machucar e se afastar de mim e fui idiota mais uma vez.
- E conseguiu. – Senti meus olhos lacrimejarem.
- Consegui. – Falou triste. – E consegui ser pior ainda quando descobri da Alice, acho que eu nunca senti tanto medo na minha vida, nem quando vi... – Fez uma pausa. – Quando vi meu pai matar minha mãe. – Disse como se tirasse um peso de dentro de si.
- Você o que? – Falei em choque.
- O que você ouviu . Eu tinha pouco mais de três anos, segundo os psicólogos que me levaram como foi um trauma muito grande, acabei nunca esquecendo disso. Meu pai tinha saído pra trabalhar e ela tinha me colocado pra dormir, então ouvi um barulho vindo do quarto deles e fui ver o que estava acontecendo. Eles pareciam gritar, hoje óbvio entendo que estavam transando. A vadia da minha mãe estava transando com um cara que eu não conhecia. Quando perceberam que eu estava assistindo a cena, me deram algumas moedas pra comprar bala. Só que o mercado ficava longe e eu era pequeno, não poderia ir sozinho. Contudo ela não pensou nisso, pensou só no prazer dela. Meu pai acho que já estava desconfiado, voltou pra casa pouco tempo depois que havia saído, encontrou ela na cama com o cara, eu fui atrás dele e acabei vendo tudo. Ele atirou nela, depois no cara, e depois se ajoelhou até onde eu tava e mandou que fosse chamar um vizinho, eu fui sair correndo pra chamar, mas ouvi outro barulho de tiro e quando voltei pro quarto encontrei ele caído cheio de sangue. Depois disso não lembro de muita coisa, só de uns policiais e de ter ido morar com meus avós paternos. Foi complicado, meus pais eram meus heróis, e meus avós tiveram que lidar com um adolescente rebelde, sem merecerem isso. Acabei encontrando na música uma forma de me distrair, mas prometi que eu nunca mais iria amar mulher nenhuma, não ia me apegar, muito menos ter filhos... Até você aparecer e colocar minha vida de ponta cabeça. Depois dos meus pais e da decepção que eu tive, achava que só amaria meus avós, os dois acabaram morrendo cedo, logo depois que eu fiz 18 anos,minha vó me deixou, parece que ela esperou sabe, eu completar maior idade, pra não precisar ir para nenhum orfanato e me deixou sozinho. Quando eu comecei a gostar de você, pensei que você fosse fazer o que ela fez, desgraçar minha vida. Quando Alice veio ao mundo lembrei dos meus avó e senti um medo absurdo de perder ela, como se tivesse um imã aqui dentro, que atraia coisas ruins. – Ele falava segurando o choro, nunca vi tão serio em toda minha vida, ao mesmo tempo nunca senti ele tão verdadeiro e leve.
- Eu não sei o que falar. – Falei baixinho, percebendo que ele esperava alguma resposta minha.
- Eu fui um idiota , por causa dessas coisas no passado, me afastei de ti, mesmo sem saber que o que eu estava sentindo, era alguma espécie de amor a primeira vista. – Falou fofo, segurando minha mão. – Quando eu vi o vídeo da Alice, acho que foi um dos dias mais emocionantes da minha vida, queria tocar nela, conhecer, dar colo, queria ser pai. Na verdade quis ser pai desde o começo, então pedia pro ajudar você de alguma maneira, porque aquele misto de querer e medo me dominavam. Acho que o querer só foi maior que o medo quando eu conheci ela pessoalmente, estava disposto e ensaiando a maneira de falar com você, tentar te convencer a me deixar vê-la, mas então foi tudo tão rápido, você ficou em coma, não acordava, eu... Fiquei desesperado. – Falou soltando as lágrimas que estava segurando desde o principio.
- Hey, eu, desculpa , eu não imaginava. – Fui tudo que consegui falar antes de abraçar forte e sentir as mãozinhas de Alice tocando as nossas, que estavam entrelaçadas.
- Eu quero parar de ser idiota , quero parar de errar com você, mas é tudo tão difícil.
- Você não é o único culpado , poxa, ás vezes sou meio infantil. – Sorri delicada, selando nossos lábios, surpreendendo-o.
- Queria poder voltar no tempo e ter feito tudo diferente.
- Nós não podemos voltar, mas podemos recomeçar.
- Você quer recomeçar comigo? – Perguntou surpreso.
- Sabe, acho que eu te amo desde o dia que vi uma foto sua em alguma rede social, então sim, eu quero.
Foi a vez dele me beijar, e beijar novamente, até sermos interrompidos por um choro conhecido de alguém que queria atenção.
- Desculpa meu amor, mamãe fica me roubando de ti, briga com ela ó.
- Não to gostando desta preferência ai. Espero que pelo menos na hora de falar, chame meu nome primeiro.
- Com certeza vai ser papai, ó, pa-pai, p-a-p-a-i, papai. – Disse soletrando para Alice que gargalhava sem motivo.
- Convencido! – Falei novamente rindo.
- Já está tudo pronto?
- O que? Perguntei sem entender.
- Ué, aquelas coisas que você colocou na mala? Olha, se não estão é melhor arrumar logo, nossa casa está nos esperando.
- Aquela casa é sua e nada mudou. – Disse séria.
- Mas você disse que estaríamos recomeçando.
- E estamos, isso não significa que em um recomeço eu vou dormir na tua casa no dia seguinte.
- Não é no dia seguinte, é no mesmo dia. – Falou debochado.
- Odeio sua capacidade de persuasão, então por favor, se você gosta mesmo um pouquinho assim ó de nós duas, vamos com calma. Eu fico aqui, vamos nos falando, você me ajuda a encontrar um apartamento pra eu e Alice e sem fazer planos, seguimos...
- Ok, eu já tenho um apartamento, mas se você não quer... Tem um cara no meu prédio que quer alugar o dele, o que acha?
- Que cara?
- Um lá, não é o meu ta? É outro apartamento.
- Sei, por que será que não confio em você?
- Olha, não entendo... – Sorriu roubando um beijo. – Mas amanhã te busco para darmos uma olhada e se der certo a Poppy fica um tempo contigo, assim você não fica sozinha e não precisa morar com a chata da , ou com teu sexy e gostoso namorado.
- Namorado?
- Sim, o que mais seria? Não te pedi em casamento para sermos noivos...
- Nem em namoro para sermos namorados.
- Ah, achei que isso tinha ficado entendido nas entrelinhas.
- Pois não ficou.
- Hum, então , você quer namorar comigo?
- Nossa romântico e imprevisível você.
- Sou mesmo. – Sorriu divertido. – Viu agora somos namorados.
- Não somos não, eu não aceitei.
- Hum, aceite então.
- Só daqui um mês, no lugar especial que você vai me levar para comemorarmos meu aniversário.
- Que lugar? – Perguntou curioso.
- Não sei, mas tem que ser especial e você vai me levar.
- Hum, entendi, pode apostar que vai ser muito especial – Disse me dando mais um beijo.

Ficamos mais um tempo conversando até e voltarem do mercado, e contamos que estávamos nos dando uma chance, para comemoração dos dois. Almoçamos juntos e depois fui com até o prédio que ele mora, para ver o tal apartamento. Era muito bonito, ficava no terceiro andar, tinha dois quartos, sala, cozinha, banheiro... Enfim provavelmente ¼ do de , pois naquele andar, tinham 4 apartamentos. O aluguel não era muito caro, mesmo assim não conseguiria todo o valor alugando o meu, o que me causou receio, porém dizia que era sua obrigação, e insistindo bastante aceitei a ajuda dele, acabamos fechando contrato ainda naquela semana e mudei com Alice pra lá. Como não podia ficar sozinha, Poppy ficou responsável de passar boa parte do tempo comigo, embora não fosse preciso, já que não desgrudava.

O mês literalmente voou, dormia comigo quase todos os dias, ás vezes no sofá, outras no quarto comigo e Alice, que tinha o berço de enfeite, pois pouco usava ele. Voltei a tocar e ganhei um teclado de , sempre que Alice dormia e ele me deixava sozinha, treinava um pouco, pois sentia vergonha de tocar na frente de alguém. Não comentávamos sobre Emma, não queria pensar na existência dela, sentia sim muito ciúmes e lutava contra esse sentimento.
Finalmente meu aniversário chegou, já havia respondido alguns parabéns, foi a primeira, como sempre fazíamos, já passavam das 10 horas da manhã e ainda não tinha aparecido. Pensei em ligar pra ele, mas assim que peguei o celular um número desconhecido apareceu na tela.
Atendi e uma voz desconhecida perguntou se era a mulher de . Meu coração gelou e com voz falha perguntei o que estava acontecendo.



Capítulo IX



A menina me explicou que era de uma floricultura, e que ele havia esquecido o celular lá, fazia em torno de uma hora. Como meu número estava em sua discagem rápida com o nome de “Amor”, tentaram ligar para avisar. Agradeci e disse que avisaria ele assim que o visse, e agradeci mentalmente por não ter sido nada do que imaginei.
Ouvi o barulho das chaves na porta e já sabia quem estava entrando ali.

Pov

Dormi muito pouco durante a noite, mais uma vez me expulsou de sua cama quando estava quase se entregando e deixando de resistir as minhas investidas. Eu estava subindo parede, acho que o homem aranha perdia feio em alguma disputa comigo, mais de três meses na falta, ou quatro, nem recordo direito, tinha até medo de não saber mais transar, mas sexo é igual andar de bicicleta, então eu sou ótimo e nunca vou perder a prática.
Acordei cedo e fui até a floricultura, sabia que ela queria algo diferente, estávamos em Londres, e existem muitos lugares românticos, mas queria algo diferente, fora do clichê, e esse foi o motivo de minhas noites de insônia. Esse e a falta de sexo, claro.
Comprei algumas flores e os ingredientes que faltavam para que Ruby preparasse o que imaginei como “jantar perfeito”, ainda cedo fui até o local que escolhi, já havia deixado quase tudo pronto, então terminei alguns detalhes e para não levantar suspeitas levei as flores para minha menina.
- Parabéns meu amor. – Falei sorrindo entregando as flores para , que sorriu em agradecimento e me beijou. – Me atrasei hoje, acho que dormi demais.
- Você esqueceu seu celular na floricultura... Acho que não dormiu demais. – Riu enquanto eu procurava o celular no bolso. – Ah depois passamos lá para pegar.
- Uhum, que lindas, obrigado.
- Viu, agora já pode...
- Hey, eu falei um lugar diferente, não presente clichê.
- Nossa como é sensível. – Falei rindo e ouvindo Alice gritar tentando chamar atenção.
- Muito! - Ela riu me dando nossa filha e chamando para tomar café da manhã.
- Amor, o e a vão ficar com a Alice hoje, pensei em almoçarmos todos juntos para comemorar teu aniversário e a noite nós dois comemorarmos de outra maneira. – Falei beijando seu pescoço, vendo-a se arrepiar.
- Hum, vamos ver que tipo de comemoração você vai merecer. – Disse fugindo de meus beijos.
- Nem te conto qual eu estou imaginando.
- Você é muito chato sabia?
- Aham, sabia sim, e lindo, gostoso, sexy.
- Atrevido e convencido. – Falou entregando a mamadeira. – Cuida que ela fica mordendo o bico da mamadeira invés de tomar.
- Ok senhora.
- Senhorita, não sou casada.
- Hum, futura senhora.
- Besta. – Disse atendendo o celular.
- Linda.
- perguntou onde você enfiou o celular.
- Num lugar agradável. – Disse pegando o telefone de sua mão e combinando com o que faríamos.
se arrumou e arrumou as coisas que Alice iria precisar durante o dia que passaria com os padrinhos. Aproveitei e fui até a floricultura resgatar meu celular. Depois me encontrei novamente com e fomos para meu apartamento, lá fizemos um almoço em comemoração ao seu aniversário. Junto com , , ... Enfim vários amigos. Após nos despedirmos de todos eles, instrui e organizar algumas coisas que ainda faltavam fazer e não poderia por estar junto dela. Ele enviou uma foto com tudo pronto, e senti um certo frio na barriga.
Provavelmente ela estava esperando algum lugar romântico, contudo, escolhi levar ela em um lugar especial pra mim, mas sem importância para quem o visse.

- Cuida bem da minha filha. – falou pela milésima vez ao se despedir de Alice na casa dos nossos amigos.
- Sou uma ótima madrinha, ok?
- Ok! Mas nunca é ruim reforçar, não deixa o mostrar o pênis para minha filha! – Foi minha vez de recomendar algo e sentir as mãos de me estapeando.
- Não fala isso perto dela!
- Isso o que? – Perguntei sem entender.
- Essa palavra ai! – Ela falou um pouco vermelha. - O que você tem no meio das pernas!
- Ah anaconda! – Disse enquanto ela me puxava, brabinha e ouvindo gargalhar.
- Aproveitem! – disse fechando a porta, após nos despedirmos.

Xx

- Onde vamos? – Ela perguntou assim que entramos no carro.
- Surpresa!
- Aff , eu fico curiosa com surpresas. – Ela disse cuidando as placas, estávamos saindo da cidade.
- Não é aqui?
- É, mas não é algum ponto turístico.
- Você pensou em algo que não clichê? – Perguntou fingindo surpresa.
- Impliquenta... – Cantarolei.
- Muito, mas só com quem eu amo. – Ela disse, me causando surpresa.
- Vou parar o carro no meio da estrada e te atacar depois dessa declaração...
- Não, nem pensar, ta tudo escuro, pode ter fantasmas. – Disse séria me fazendo rir alto.
- Estamos quase chegando.
- Mas não tem nada aqui.
- Tem sim, você já vai ver.
- Hum... – Disse olhando para os lados curiosa. Tínhamos saído da zona urbana da cidade, estávamos em uma estrada que interligava algumas fazendas, entre elas, a fazenda em que passei minha infância ao lado de meus avós. Nunca mais havia ido lá, desde a morte de minha avó, não via sentindo em ir sozinho num lugar tão grande e bonito. Parei o carro e desci abrindo a porteira. Voltei pro carro, não falava nada, apenas observava o lugar. Era muito bonito, com uma casa enorme e algumas flores na entrada. Tudo estava muito bem cuidado, por um casal que morava lá desde minha infância, amigos de meus avós que se tornaram meus amigos, alguns dos poucos que eu gosto e que me querem bem. Sempre mantive contato, porém nunca mais havia ido até lá. Pedi que reformassem o sótão, meu lugar preferido em toda casa, onde compus muitas canções.
Organizei tudo, espalhando almofadas pelo lugar, preparei uma pequena mesa com comida e doces, espalhei velas, descobri um romantismo que nem pensei em ter.
- Que lugar bonito. – Ela disse entrando na casa comigo.
- Depois vou te mostrar melhor, agora quero te levar pro meu lugar preferido. – Disse segurando sua mão e subindo as escadas.
- Onde fica? – Perguntou intrigada.
- No sótão. – Ri um pouco tímido, logo entramos e ela pareceu surpresa.
- Caramba, que lindo. – Ela disse me abraçando e dando um beijo carinhoso.
- Pra você pequena.
- Obrigado. – Falou meiga.
- Feliz aniversário. – Disse sorrindo.
- Você já me disse isso umas dez vezes. – Riu divertida. – Hum, tem chocolate.
- Muito, o chocólatra, deixa pra mim. – Falei sentando com ela.
- Que vista linda. – Disse olhando uma Londres iluminada ao fundo.
- Quando eu era criança, amava vir pra cá e ficar olhando essas luzes.
- Você morava aqui.
- Uhum, quando meus pais... Bem quando aconteceu aquilo, meus avós me trouxeram para morar com eles, no começo eu odiava, depois me adaptei e amava morar aqui, quando mudei para estudar, voltava nos finais de semana, mas parei de vir com a morte da minha vó. Como você disse que queria vir para um lugar especial, resolvi te trazer, queria dividir um lugar que até segundos atrás só eu conhecia, e onde escrevi nossas primeiras músicas. – Falei um pouco tímido.
- Eu amei conhecer esse lugar, amei. – Ela disse me dando vários beijos. – Nós precisamos vir mais vezes, a Alice vai amar correr para todos os lugares. – Falou fazendo planos.
- Fico feliz que você tenha gostado. Espero que, agora sabe... Aceite namorar, casar, ter muitos outros filhos. – Falei distribuindo vários beijos e abrindo uma caixinha com alianças. – Comigo.
- Você é maluco! – Ela sorriu encarando as alianças. – Eu só queria um jantar.
- E não é isso que ganhou?
- Não, eu ganhei a segunda melhor noite da minha vida.
- Segunda? - Perguntei surpreso.
- Nascimento da Alice...
- Não tem como disputar nada com aquele rostinho lindo... – Falei babão.
- Você é o pai mais babão do mundo. – Ela disse me beijando.
- E mais lindo... – Falei não deixando meu ego diminuir.
- O convencido... Coloca logo essa aliança aqui! – Falou mostrando a mão.
- Com toda certeza do mundo. Minha menina. – Falei beijando a aliança, assim que coloquei em seu dedo.
- Minha vez. – Ela disse colocando em meu dedo e beijando em seguida. – Agora todo mundo sabe que o gostoso , pertence a minha pessoa. – Disse me imitando no convencimento.
- Eu te amo. – Falei finalmente, tirando algo que estava preso dentro de mim.
- Eu também te amo. – Falou dando espaço para minha língua em sua boca.
Segurei ela com força e levei até a cama próxima a nós, seu corpo se chocou com várias pétalas que havia espalhado pelo o local e um perfume bom se espalhou no ar. Ela beijava meu pescoço e tirava minha blusa, enquanto me livrava de suas peças de roupa. Logo tirei o vestido que usava, e comecei uma pequena briga com seu sutiã, ouvi gargalhar abrir com grande rapidez a peça vermelha rendada. Comecei a explorar seus seios com beijos e mordidas, dei um leve apertando neles, que pareciam se encaixar em minhas mãos, desci as mãos até chegar em sua calcinha, comecei a alisar sua intimidade, trocando entre um e dois dedos. Ouvi gemer em meu ouvido deixava meu membro ainda mais animado, parecia que estava com uma rocha no meio de minhas pernas. Ela percebeu e começou a me masturbar com os dedos, enquanto gemia e beijava meu pescoço. Minha vontade era tê-la naquele exato momento, mas precisava ter calma. Lembrei que a camisinha estava dentro do bolso de minha calça, calça essa que eu já não vestia fazia algum tempo – A camisinha. – Falei percebendo que ela descia a cueca que eu vestia. – Deixa ela pra lá. – Ela respondeu quase ordenando que não usasse. Respeitei sua vontade, senti sua boca descer até meu membro e como um instinto segurei seus cabelos conduzindo seus movimentos.
Ela lambia toda extensão e gemia baixinho falando meu nome, senti que não aguentaria por muito tempo e avisei que gozaria, mas parecia estar em outro mundo, não ligando para o que eu estava falando, tirei ela, puxando-a pra cima. – O que foi? – Me perguntou sem entender. – Eu não aguento mais. – Respondi, abrindo suas pernas e estocando todo meu membro dentro de sua intimidade. Ela não respondeu nada, apenas riu e começou a gemer, assim que me sentiu entrar dentro dela, arranhando minhas costas e beijando/mordendo meu ombro.
Minhas estocadas estavam cada segundo mais rápidas e precisas, sentia gemer e arranhar com força minhas costas, com certeza teria que repensar andar sem camisa nos dias seguintes, tratei logo de marcá-la com alguns chupões. Estava completamente em transe, quando ouvi falar que não aguentava mais e explodir em um orgasmo. Confesso que também estava no meu limite, e ver ela completamente entregue, sorrindo e tremendo completamente, com a respiração descompensada me fez explodir igualmente, cobrindo ela com meu líquido.
Aquele foi o começo de uma noite inesquecível, guiada por prazer, luxúria e amor.



Capítulo X




Por

- Atende logo esse telefone ! – Falei preguiçosa ouvindo o celular tocar insistentemente.
- Eu não, to com sono. – Falou me abraçando novamente, dando beijinhos em meu pescoço.
- Pode ser importante. E se foi a Alice? – Sentei na cama preocupada pegando o celular dele que estava ao lado. Em sua tela estava escrito “Querida Emma”. Simplesmente toquei o celular nele e levantei me vestindo.
- Hey, que foi? – Falou sentando na cama e olhando para o celular.
- Nada , só vou me arrumar para voltarmos.
- , espera, não é o que você está pensando. – Falou desligando o celular.
- Eu não estou pensando nada , agora atende essa merda e levanta dessa cama que eu quero ir pra casa.
- Claro que você esta pensando, da pra me escutar e agir com calma pelo menos uma vez na vida? – Falou segurando meu braço, para que eu o olhasse.
- Fala então. – Respondi o encarando, terminando de me vestir.
- Eu já devia ter trocado, mas faz tanto tempo que não falo com ela, que esqueci.
- Não tem problema , você pode chamar quem você quiser, como você quiser. – Falei braba, óbvio que tinha problema.
- Claro que tem problema , você esta com ciúmes.
- Por que eu estaria com ciúmes , francamente.
- Porque da pra notar isso, porque eu sentiria ciúmes se estivesse no seu lugar.
- Por que você sentiria ciúmes? Não tem motivo.
- Porque não quero ver o que é meu dando qualquer adjetivo para alguém. Mas o que aconteceu com Emma, é que ela salvou seu número assim em minha agenda, faz muito tempo, nós nem nos conhecíamos ainda.
- Essa garota te conhece há tanto tempo, não entendo por que não ficam juntos logo.
- Porque eu te amo? – Falou se aproximando. – Porque eu não vivo sem você. Porque é você quem eu quero, Porque você é minha namorada. – Falou me dando vários selinhos.
- Para . – Disse tentando ser forte. Vocês vão ter um filho! – Falei me afastando novamente, queria conseguir ficar perto de , mesmo tendo alguma mágoa do que ele havia feito no passado, mas minha maior barreira era em relação a Emma e a criança que ela estava esperando.
- Eu não sei se é meu, se for vou assumir, mas isso não muda o que eu sinto por você e por Alice, você precisa confiar mais em mim, poxa, o que eu preciso... – Ele ia falando, mas decidi interrompe-lo com um beijo.
- Desculpa, eu sei disso, mas, tudo que envolve aquela mulher me irrita.
- Te deixa cega de ciúmes, isso sim. – Disse divertido. – Mas eu entendo, não é sempre que se consegue um gostoso desses para amar. – Falou passando minha mão em seu peitoral.
- Muito gostoso. – Falei tocando ele na cama e indo para cima dele.
gargalhou gostoso, sentindo que eu estava tomando as rédeas da situação. Subi para cima dele colocando as pernas uma em cada lado de seu corpo, ficando em cima de seu membro. Com movimentos de vai e vem tirando o vestido que acabara de colocar, segurei as mãos de , que estavam impacientemente tentando decidir-se entre arrancar minha calcinha ou meu sutiã. – Você só pode me tocar quando eu deixar... Caso contrário, paro tudo e faço greve. – Falei provocando mais um pouco, não era o tipo “experiente”, mas a noite anterior me fez ter mais confiança em relação ao que eu seria boa e capaz de fazer. Ele concordou, sorrindo divertido, com um misto de curiosidade e malícia. Seu membro estava completamente duro e sedento para invadir meu corpo. Troquei de posição, fazendo o famoso 69. Deixando minha intimidade, coberta com uma calcinha de renda, praticamente em cima de sua boca. Enquanto isso, desci sua boxer preta, liberando o seu mascote. Lambi a extensão do membro, e senti algo quente tocar minha intimidade ainda em cima da calcinha, era língua de . Não reclamei, acabei mesmo foi esquecendo do tal joguinho e preocupei-me em dar e receber prazer. Ele logo arrancou a calcinha rendada com um forte puxão, rasgando-a e tocando em algum lugar do quarto. Senti sua língua explorar minha intimidade, lambendo toda extensão, depois de algum tempo ele começou a chupar meu clitóris me levando a loucura. Enquanto isso, lambi a ponta de seu membro e em seguida coloquei a maior parte que pude em minha boca, protegendo com os lábios meus dentes, com cuidado para não machucá-lo, sua língua desceu um pouco, e entrava e saia de dentro de mim, com certa rapidez. Queria gritar de prazer, mas não conseguia, então tratei de intensificar meus movimentos, ficando mais rápida e sentido gemer e apertar minha bunda, ele segurou com força, fazendo com que eu fizesse um movimento vai e vem, e pressionando ainda mais a língua quente contra minha intimidade. Senti que não faltava muito para chegar ao meu ápice, tentei segurar por mais algum tempo, mas logo escorreu por minha garganta um liquido quente, engoli o máximo que pude e fui tomada por um desejo e prazer ainda maior, explodindo em um orgasmo.

Ele logo me puxou para seu peito, atendi seu desejo e deitei o abraçando. – Preciso tomar banho, preciso escovar os dentes. – Disse assim que minha respiração desacelerou um pouco.
- Fresca. – Ele falou rindo e me pegou no colo.
- eu estou... – Comecei a falar e ouvi o som de sua risada.
- Nua e vamos para meu quarto tomar banho. – Completou entrando num quarto muito bonito, com vista para fazenda. Era grande, parecia recém reformado, nesse momento percebi que ainda não conhecia a casa, apenas o sótão e um pequeno banheiro que havia perto. O quarto ficava um pouco mais longe de onde estávamos. Ele me levou no colo até o banheiro e ligou a banheira entrando comigo e observando a água invadir o lugar.
- Cada segundo me encanto mais com esse lugar. – Falei sentada em seu colo observando nossos corpos na água.
- Vou te mostrar cada pedaço dele e depois vamos vir sempre com Alice. – Disse fazendo carinho em minha cabeça.
Tomamos banho e fez questão de mostrar vários lugares, era uma fazenda linda, com certeza Alice amaria aquele lugar, como nunca foi do interesse dele ser fazendeiro, ele alugava parte das terras para plantação, mas ainda tinha uma bela horta, um pomar repleto de árvores, uma pracinha onde brincava quando pequeno, a casa dos caseiros e de alguns outros empregados que mantinham o lugar, piscina, uma área de lazer com quadras de vôlei, futebol e até basquete, enfim era um lugar lindo onde eu amaria passar meus dias. Conhecer aquele pedaço do paraíso foi como conhecer algo que estava escondido em , aquela armadura de homem sem sentimento já havia caído e agora tinha certeza de que ele era a pessoa certa, talvez sempre fora o homem que eu sonhei, mas se escondia atrás de um cara que não ligava para nada.

Voltamos para cidade e fomos direto até a casa de , entre conversas e risadas acabamos voltando tarde para casa, subimos no prédio e apertou os botões que levavam para a cobertura.
- Hey, eu quero ir pra minha casa. – Falei impaciente.
- Estamos indo.
- a gente...
- Mas , você não acha que perdemos tempo demais? Poxa, quero acordar com você todos os dias, e acho que meu apartamento seria nossa melhor opção. Para de ser teimosa um pouco, eu te amo, me deixa te amar e demonstrar isso. – Falou me interrompendo e não deixando argumentos para que falasse não.
- Ok, amanhã buscamos nossas coisas. – Disse beijando a testa de Alice. – Foi a separação mais rápida da história. – Ri divertida, afinal fiquei um mês morando “longe” dele, mas tendo que expulsá-lo da minha cama todas as noites.
- Sim senhora! – Riu divertido, fazendo posição de sentido.
- Senhora? – Perguntei dando um leve tapa em seu braço.
- Senhora . – Falou saindo do elevador e entrando em seu apartamento. – Amor, coloca ela no berço, eu vou fazer alguma coisa pra gente comer. – Disse indo em direção a cozinha.
- Você cozinhar?
- Descongelar algo e colocar no micro. – Piscou mexendo na geladeira.
- Quero lasanha! – Disse rindo indo levar Alice, logo voltei e o abracei por trás.
- Amor, acho que ta bom né?
- Uhum, vamos provar. – Falei me desvencilhando dele, mas em seguida o senti me envolvendo em seu abraço.
- Pedágio.
- Que?
- Pedágio ué, as coisas não caiem do céu, quero um beijo. Beijo ó. – Falou fazendo biquinho.
- Mas eu estou com fome, vou morrer de fome. – Falei rindo.
- Morreremos então minha amada Julieta. – Falou dramático.
- Ta Romeu, ó. – Dei um selinho nele. – Menos drama.
- E mais amor? – Disse apertando minha bunda.
- E mais respeito! – Falei fingindo estar braba. Servimo-nos e sentei ao seu lado comendo e falando sobre coisas do dia-a-dia. Seu telefone tocou e ele rejeitou a ligação em seguida.
- Quem era? – Perguntei encarando o prato de comida.
- Emma. – Falou sem querer prolongar o assunto.
- Atende, pode ser importante. – Ela havia ligado novamente.
- Não , amanhã eu vejo isso.
- Quando eu não estiver por perto? – Perguntei o encarando.
- Não quero brigar com você de novo, ainda mais por um motivo tão besta.
- Eu também não quero que você brigue, eu quero que você divida comigo os problemas, principalmente em relação a Emma, seja o que for, vai ser muito mais fácil se eu descobrir por você, porque se ficar imaginando o que pode estar acontecendo, com certeza vou fantasiar coisas e você sabe que eu não sou uma pessoa muito segura... – Desabafei. Ele apenas concordou com a cabeça e atendeu o telefone falando colocando no viva voz.

- Fala. – Falou autoritário.
- Chegou o resultado do exame de DNA, ele é teu filho mesmo. – Ela disse sem enrolar ou demonstrar alegria.
- Hum, amanhã passo ai e pego o exame. – Ele disse me encarando, tentei não esboçar reação, mas saber que ele “passaria” na casa dela, fez meu peito doer.
- Ok. Por que não me atendeu antes?
- Estava ocupado.
- O que pode ser mais importante que teu filho ? Não foi você que me fez ficar com essa criança na barriga? Espero que de mais atenção ou eu faço um aborto, você sabe.
- Para de falar merda, amanhã vou ai.
- Não estou falando merda. – Disse desligando o telefone.

- Ela está completamente doida. – Ele disse me encarando.
- Por quê?
- Antes só falava em abortar, agora quer dar para adoção, eu não vou deixar. – Disse levantando e levando os pratos para pia.
- E o que você pretende fazer? Se ela não quer a criança, não tem como obrigá-la a ser mãe.
- Eu sei, mas acho que esta fazendo isso para fazer drama sabe? Os pais dela estão sem grana, é obvio que ela quer grana e engravidou de propósito, toda vez que eu vou lá, ela pede grana, e não é pouca. – Disse lavando a louça.
- Então você vai bastante lá? – Perguntei magoada, obvio que ele nunca me contava.
- Não, claro que não. Fui poucas vezes, quando ela ligava e falava merda, mas nessas vezes ela pediu dinheiro e ás vezes liga pedindo também.
- Essa mulher é maluca. – Falei levantando e fui em direção ao quarto de , tirei a roupa que estava usando e vesti uma camiseta qualquer. Alice acabou acordando, levei então ela para cama junto comigo, preparou uma mamadeira e enquanto ele tomava banho, acabamos nós duas pegando no sono.

Por

e Alice dormiam tranquilamente, peguei o celular e fiz uma transferência online para conta de Emma, sabia que era isso que ela queria e não me deixaria em paz enquanto eu não lhe desse algum dinheiro, queria poder ter uma manhã de paz com no dia seguinte.
Acordei com algo molhado em meu nariz, era Alice coçando a gengiva, seus dentinhos estava nascendo e isso provocava muita baba, coceira e a deixava um pouco manhosa. Sorri ao encarar o pequeno pedaço de gente sorrindo arteira.
- Bom dia meu amor. – Falei puxando ela para mais perto de mim, percebi que não estava na cama então peguei Alice em meu colo e mesmo com todo sono, fomos os dois procurar a mamãe mais gostosa que eu conheço.
- Vai por fogo na cozinha? – Provoquei, enquanto ela parecia intrigada tentando fazer panquecas.
- Não me chamo . – Respondeu sem virar pra trás. – Ah que droga, desisto. – Disse rindo e percebendo que havia queimado. Pelo cheiro e a pequena pilha queimada em cima de um prato, acho que como “fazedora de panquecas” sabia preparar mamadeiras como ninguém.
- Hey, queremos atenção. – Falei me aproximando e dando um beijinho em seu pescoço. Preocupada em chamar a atenção da mãe, Alice tratou de segurar com força seus cabelos e travamos uma verdadeira briga com a pequena garotinha serelepe em meu colo, tentando fazer com que ela soltasse.
- Amor da minha vida, isso dói! – disse tirando nossa filha do meu colo e sentando com ela enquanto eu tentava dar um jeito na cozinha.
- Amor a Ruby vai querer nos matar quando ver essa bagunça – Falei rindo servindo algumas torradas para nós.
- Ixi, acho que vou fugir. – Ela respondeu divertida, comendo e cuidando da nossa pequena.

Aquele dia passou rápido, fiquei em casa com minhas garotas, se mostrava maravilhosa, sentia medo de perder ela ou Alice. Durante aquela noite tivemos uma reunião falando sobre a volta da banda, cd novo, single, clipes entre outras novidades. Confirmamos alguns detalhes e em uma semana entraríamos no estúdio, para depois de um mês iniciarmos nossa tour. Queria poder levar comigo, mas provavelmente não seria possível. Aproveitei para passar na casa de Emma depois da reunião, provavelmente já estava dormindo, afinal era 1 hora da madrugada e não brigaria ou desconfiaria que eu tivesse ido lá. Não queria errar com a criança que ainda não tinha nascido, mas também, não queria perder as mulheres da minha vida.

- Isso são horas? Emma perguntou esfregando os olhos, provavelmente havia lhe acordado.
- Desculpa, não consegui vir antes. – Falei sem muitas delongas, entrando no apartamento.
- Sentiu saudades foi? – Ela sorriu me abraçando.
- Emma, por favor, você sabe que eu não viria aqui para fazer qualquer coisa que magoaria a . Só quero pegar o exame de DNA e saber se você verificou a conta bancaria, pois fiz uma transferência ontem e...
- Tentava falar, mas ela me interrompeu colocando uma de suas mãos em minha boca e pegando as minhas, levando até a barriga.
- Ele está chutando. – Ela disse sorrindo, permitindo que eu sentisse.
- Caramba! Isso é... Incrível. – Falei por fim, alisando a barriga daquela mulher, anestesiado com a sensação de sentir meu filho ali dentro.
- É sim, eu estou amando isso. Eu... Preciso te pedir desculpas .
- Pelo que? – Tirei as mãos de sua barriga e voltei a encará-la.
- Por tudo. Eu estava desesperada, apavorada. Fiquei com medo de você me abandonar grávida, como fez com... Com ela. Fiquei com medo de não ter como criar essa criança, agora que meus pais não possuem mais os mesmos recursos.
- Eu fiz muita merda com a , mas descobri que amo ela e não quero que nada prejudique nosso relacionamento. Espero que você aprenda isso.
- Eu sei , de hoje em diante eu só quero ter uma relação saudável com você, por causa do nosso filho. Por isso te peço para me perdoar, ou pelo menos tentar conviver sem ódio. Não vou tentar te agarrar ou algo do tipo, mesmo você sendo o cara que eu mais gosto no mundo, eu quero que você conviva com nosso pequeno, vá comigo nas consultas, seja pai dele, apenas isso.
- Eu vou tentar ser o mais presente possível. Poxa Emma, nós nos conhecemos há tanto tempo, jamais pensar que você faria loucuras como fez, não imaginava aquelas coisas vindas de você.
- Eu errei. Errei muito, nossa. – Ela disse encarando seus pés. – Acho que esses hormônios vão me deixar doida. – Falou secando uma lágrima que insistia em cair.
- Hey, não chora. – Pedi lhe dando um abraço.
- Obrigado , de verdade, muito obrigado! – Ela falou correspondendo o abraço.
- Tenho que ir, qualquer coisa me ligue, fico feliz que você tenha voltado a ser a Emma que eu conhecia.
- Desculpa mais uma vez, pode ter certeza que eu voltei e não vou mais mudar. – Falou me acompanhando até a porta e esperando que a porta do elevador se fechasse para então voltar para dentro do apartamento.

Cheguei em casa e dormia tranquilamente, espiei Alice no outro quarto, ela dormia exatamente como eu costumo dormir, depois de ficar algum tempo babando em minha menina, tomei um banho e me atirei na cama, agarrando a pequena garota encolhida entre as cobertas.
- Você esta gelado . – Ela disse preguiçosa, com os olhos fechados.
- Me esquenta então. – Disse mordendo o lóbulo de sua orelha.
- Liga o aquecedor. – Ela disse se esquivando.
- Ta ligado ó. – Peguei sua mão e levei até meu membro.
- você... – ia falando, mas enquanto conduzia sua mão pela extensão do meu membro o mesmo se enrijeceu e fez com que ela pausasse a fala dando um gemido fraco.
- Shiu. – Falei vitorioso e comecei a beijar seu pescoço. Logo virei ela, fazendo-a ficar de barriga para cima na cama e fui para cima, beijando e tirando a camisola fina que minha pequena vestia, seus seios já estavam descobertos, tratei de brincar com eles, beijando, mordendo, marcando com meu toque. Deslizei as mão por dentro de sua calcinha e comecei a alisar seu clitóris, assim como toda extensão de sua intimidade.
Ela gemia baixo. – por favor... –Falava com medo de gozar antes da hora, sempre tão molhada. Arranquei sua calcinha jogando em algum canto do quarto, e desci meus beijos até sua vagina molhada. Comecei a lamber e chupar o líquido que saia de dentro. agarrou com força meus cabelos, puxando forte. Entrelacei nossas mãos, sentindo-a apertar as minhas com certa força. Com movimento de vai-e-vem penetrei a língua dentro da sua intimidade. – eu não... – Ela tentou formular novamente uma frase.
- Calma pequena. – Falei convencido e subi dando beijos e pequenas mordidas pelo seu corpo. tentava fazer com que lhe penetrasse, mas resolvi brincar mais um pouco, parando o membro na entrada de sua intimidade. Ela gemeu em reprovação, e sem mais delongas entrei por completo dentro dela. Comecei a socar forte meu membro, não aguentando mais segurar o desejo, lhe virei de lado novamente, puxando com uma mão seu rosto ao encontro do meu. Com a outra mão tocava seu clitóris enquanto lhe penetrava. gemia alto, me dando ainda mais prazer. – ... – Ela tentou formular uma frase, provavelmente para falar que não aguentaria por muito mais tempo. – Vai meu amor. – Lhe encorajei e senti seu corpo entrar em transe, em um orgasmo contagiante. Continuei bombando meu membro por mais alguns segundos, até chegar no clímax.
- Eu te amo. – Falei abraçando-a depois.
- Eu também te amo. – Ela respondeu selando nossos lábios e começando um segundo round.


Capítulo XI



Aquela era uma das minhas visões preferidas, dormia tranquilamente abraçada em Alice que igualmente a mãe tinha um sono tranquilo. Tomei um banho rápido, o dia seria lotado e queria poder voltar logo pra casa e ficar com minhas garotas. Incomodei um pouco Ruby, que preparava algo para o almoço e sai apressado rumo ao estúdio. Ao chegar no local os moleques já estavam me esperando e começamos a reunião sobre nossos próximos passos para dominar o mundo.
- Fechamos a tour na America Latina. – disse empolgado.
- Hum, brasileiras, muitas brasileiras e seus belos biquínis. – Foi a vez de comemorar.
- vai pirar, acho que vou ter que levar a ciumenta junto. – disse rindo.
- Ela vai pirar, ou você que não quer ficar sem teu buraco exclusivo? – perguntou rindo.
- Acho que as duas opções. E que buraco,meus amigos... – ia se vangloriando.
- Hey e você , não fala nada? – perguntou intrigado.
- Ah cara, não sei se a vai querer ir, to preocupado na verdade é com a Emma.
- Ué, por quê? – Foi quem perguntou.
- Porque aquela mulher é louca, e se eu ficar muito longe daqui, tenho medo das merdas que ela pode fazer com meu filho.
- Mas vocês não conversaram?
- Conversamos, mas eu não consigo confiar cegamente nela.
- E você e a , estão bem? - indagou.
- Estamos, nossa, aquela mulher me mudou drasticamente. – Ri nervoso. – Aliás, tenho algumas músicas para mostrar pra vocês.
- Todas de homem apaixonado. – debochou.
- Não, tem umas meio descornado também, de quando ela me abandonou, ou quando fiz umas merdas.
- Poxa amor, não fica assim, eu nunca vou te abandonar. - fez uma voz fina, tentando sentar no meu colo.
- Sai porra, vamos trabalhar!- Falei rindo e saindo da sala de reuniões, indo em direção ao nosso estúdio.

O dia passou muito rápido, consegui fazer as prés de uma música e pré-selecionar as que entrariam no novo cd. Tínhamos um prazo curto para concluir a parte de gravação e mixagem, então decidimos trabalhar todos os dias, inclusive nos finais de semana. Nossa agenda estava em hiatos desde o acidente, mas voltaríamos para os shows em menos de dois meses, com todas as novidades.
Liguei para minha noiva informado que levaria ela e Alice para jantar. Por mais que Ruby e Poppy amassem ficar com Alice, sabia que ela não gostaria de deixar nossa pequena, era um grude com a filha e eu entendia, poxa, nossa menina é linda! Estava indo para casa quando recebi uma chamada de Emma, depois de nossa conversa imaginei que pudesse ser importante e atendi.
- , por favor me ajuda. – Emma dizia parecendo aflita.
- O que aconteceu? - Perguntei colocando o telefone no viva voz.
- Eu não sei como, mas cai um tombo, me deu uma tontura e eu cai, agora to com muita dor na barriga.
- Você teve algum sangramento?
- Não, quer dizer, eu não tive coragem de olhar, to com dor e com medo. – Falou parecendo chorar.
- Já estou indo pra ai! – Disse mudando a direção do carro, tentando chegar o mais rápido possível no apartamento dela. Bati na porta um pouco desesperado e logo Emma abriu mostrando que realmente tinha chorado, sua aparência estava péssima, seus olhos vermelhos indicavam o choro e um pouco curvada ela disse que estava sentindo muita dor.
- Ainda bem que você veio. – Fui tudo que ela disse antes de me abraçar e desabar chorando.
- Calma, vai ficar tudo bem, vamos pro hospital. – Falei pegando-a no colo e levando até meu carro, estacionado em frente ao prédio. Senti um medo enorme de perder aquele pequeno pedaço de gente, mesmo não sendo um bebê planejado ou fruto de uma noite de amor, era um pedaço de mim e depois que descobri como era bom ser pai, não poderia deixar nada acontecer com ele.

Chegamos no hospital e logo a equipe médica nos atendeu levando Emma para fazer alguns exames, tentei olhar as horas no celular, mas o mesmo ficou sem bateria, pensei em ligar para , nesse momento o médico me chamou para acompanhar na ecografia.
Sentei ao lado de Emma que imediatamente segurou minha mão, se visse aquela cena, com certeza ficaria enciumada, mas não consegui agir diferente e segurei firme a mão dela, tentando demonstrar que sempre estaria presente, quando o assunto fosse meu filho.
- Vamos ver esse bebê agitado? – A médica sorriu passando o gel na barriga de Emma e começando a examinar. – estamos chegando na 22ª semana, os batimentos estão normais... Tamanho e peso também, está tudo bem, provavelmente essa dor foi porque você ficou nervosa.
- Eu já estou com 24 semanas? Mas, achei que fosse menos. – Emma respondeu.
- Sim, pelo que tudo indica, é normal, ás vezes as primeiras eco apontam uma semana a mais ou a menos.
- Dá pra saber o sexo? – Ela perguntou curiosa.
- Claro, vamos ver se ele quer mostrar para nós. – A doutora voltou a examinar. – Olha só o garotão está com as pernas bem abertas, é um menino! – Disse nos olhando.
- Caramba é mesmo teu filho, gosta de mostrar o pinto! – Emma falou gargalhando.
- Pow, eu nem curto mostrar muito. – Ri encarando o pequeno visor, meus olhos estavam cheios de lágrimas, poderia chorar a qualquer momento, mas tinha que mostrar para meu filho que homens são fortes e não choram.
- Pronto casal, está tudo bem com o bebê, vocês já sabem o nome? - Perguntou limpando a barriga de Emma.
- ! – Emma respondeu sem que eu esperasse.
- ? - Perguntei sem acreditar.
- Sim o nome do cara que a mãe dele mais ama e que com certeza vai ser um exemplo pra ele. – Falou segurando carinhosamente minha mão.
- Emma, nós... – Tentei falar, mas fui interrompido pela médica.
- Estão liberados, você deve passar pelo médico e terminar a medicação antes de ter alta. – Disse voltando-se para Emma. – E parabéns pelo meninão, vocês formam um belo casal.
- Obrigada. – Emma sorriu feliz, não deixando que eu desmentisse o fato de sermos um “casal” e foi comigo até a sala de espera.
Não demorou até o medico prescrever um calmante que ela poderia tomar e também marcar algumas consultas de seu pré-natal, ela me entregou uma cópia para que me programasse e pudesse acompanhar pelo menos todas as ecografias, ver meu bebê era incrível, sentia algo indescritível. Ainda conversaríamos sobre o nome, não sei se se sentiria confortável com essa situação, mas gostei bastante de ver sua vontade em chamar nosso filho pelo meu nome.
Levei Emma até sua casa e fui para minha, chegando em silêncio. Entrei no apartamento e me deparei com dormindo no sofá, ao seu lado estava Alice agarrada na mãe, as duas estavam muito bonitas, o que me fez lembrar do jantar e de ter esquecido de avisar que não conseguiria chegar a tempo. Peguei Alice no colo e levei até sua cama, ela não acordou, dormia tranquila, depois que tirei o vestido que estava vestindo e cobri com seu cobertor preferido fui até a sala buscar , mas ela não estava mais lá. Resolvi ir até o quarto e vi minha mulher tirando o vestido que estava usando, com certa agressividade.
- Obrigado .
- Amor, eu, desculpa.
- Você não estava com os meninos, são 3 horas da manhã, pode me dizer com quem estava que nem ao menos se deu o trabalho de me ligar? – Despejou com raiva.
- Eu... Fiquei sem bateria no celular.
- Pelo que eu saiba, tem um carregador no seu carro.
- Tem, mas eu fiquei nervoso, a Emma passou mal e...
- E você esqueceu que eu existo e foi ajudar ela. – Falou sentando na cama, magoada.
- Não é isso, eu só, precisei ajudá-la, foi muito rápido. Me desculpa, nunca esqueceria que você existe. – Disse tentando me aproximar.
- Então por que não me ligou?
- Já disse o porquê.
- Significa que esqueceu. – Falou emburrada.
- Não, eu só fiquei sem bateria e não tive como ir pegar no carro, porque estávamos no hospital, a Emma passou mal, caiu um tombo e sentiu muita dor, tive que ir levar ela...
- Você estava com ela quando ela caiu?
- Não . – Falei tentando não perder a paciência. – Ela me ligou assim que sentiu a dor, poxa eu sou o pai, tenho que ajudar! – Falei tirando minha roupa.
- Então vai lá ajudar ela . Eu e a minha filha estamos bem.
- Ela e meu filho também estão.
- Que bom. – Falou com raiva, vestindo uma camiseta qualquer minha e se deitando.
- Amor... – Me aproximei tentando abraçá-la, mas fui impedido.
- Não encosta em mim.
- eu errei em não te ligar, mas isso não é motivo...
- Você errou em não me ligar, em me deixar igual uma idiota te esperando com a nossa filha, enquanto você estava preocupado com outra mulher.
- Outra mulher que passou mal e carrega um filho meu em sua barriga. – Disse perdendo um pouco a paciência.
- Mulheres sabem se virar sozinhas quando querem, isso não é motivo! – Falou com raiva, cega de ciúmes.
- Mas você tem que entender que eu não quero deixá-la sozinha, enquanto meu filho ta dentro da barriga dela. É meu filho , poxa, custa entender? – Falei segurando seu braço sem muita força, fazendo-a me encarar. – Hoje a Emma passou muito mal, eu tive que levá-la no hospital, ela podia ter perdido ele e você está mais preocupada com uma ligação, com um jantar, do que com algo que é tão importante pra mim, você nem ao menos perguntou como meu filho está.
- Eu odeio aquela mulher. – Falou emburrada.
- Eu não gosto dela, gosto do que está dentro da barriga dela, meu amor, você é a mulher da minha vida. – Falei roubando um selinho.
- Mas eu...
- Shiu, não briga comigo. – Pedi roubando mais beijo.
- E se fosse o contrário, o que você ia sentir?
- Ciúmes, mas você é melhor do que eu, você tem coração. – Falei abraçando minha pequena e puxando para deitar em cima do meu peito.
- Você também tem um coração .
- Sério? Onde?
- Idiota, bem aqui. – Falei apontando pro meu peito.
- É? E ele é todo seu, sua ciumenta! – Disse lhe roubando um beijo, pela primeira vez correspondido.
- Sai , to com sono, com fome, e sigo querendo arrancar teu pinto fora e dar pras galinha comer.
- Acho melhor eu guardar as facas da cozinha. – Falei me levantando e indo até a cozinha.
- Para de ser bobo . Volta logo pra cama! – Ela disse vindo atrás.
- Você disse que esta com fome...
- Não jantei! – Falou voltando a ficar braba.
- E a Alice, ela...
- Ela jantou, eu dei a sopa dela, e depois ela mamou antes de pegar no sono.
- Hum, então vamos comer alguma coisa, porque eu estou morrendo de fome também. – Falei pegando uma lasanha pré-pronta e colocando no microondas.

A noite passou sem sexo dessa vez, mas ela estava um pouco magoada e com razão. Procurei não falar mais de Emma ou do meu filho, precisava ter cuidado com , ás vezes ela parecia uma incógnita pra mim, me amava, disso não tinha dúvidas, mas não se sentia segura em nosso relacionamento, parecia estar esperando eu lhe magoar a todo momento. O fato de Emma carregar um filho meu, só complicava as coisas, a cada atitude, tentava demonstrar o quanto a amava e como ela e Alice eram importantes em minha vida.

Um mês depois

Por

Esse mês literalmente voou!

ficou ocupado com o novo álbum e algumas entrevistas, a agenda de shows lotou para o próximo semestre e para felicidade dele, dos meninos e de todos que torcíamos pela banda, o novo cd foi lançado, ficando em primeiro lugar em várias lojas e paradas musicais. Várias músicas daquele álbum foram escritas apenas por ele, fazendo-o ganhar ainda mais reconhecimento por isso.
Os meninos estavam eufóricos, como sempre mais reservado, brincava um pouco com Alice, sentado em um dos pufs que estavam espalhados pelo camarim. Era o primeiro show depois de todos os problemas, dos quais muitos eu fui responsável, fiquei feliz em poder participar dessa parte feliz da história da banda, a algum tempo atrás nem no melhor sonho me imaginaria praticamente casada com o cara que eu amava como ídolo, e mais que isso, formando uma família linda com ele. Alice era cópia de , agora com sete meses, fazia manha por tudo, não podia avistar o pai que chorava pedindo colo e atenção. Claro que ele era culpado, pai babão, amava fazer as vontades da filha, o que sobrava pra mim era lidar com um bebê manhoso e lindo!
A banda de abertura já estava terminando sua apresentação e em alguns minutos o subiria ao palco.
- Amor. - falei me aproximando de . – Acho que esta na hora dessa pequena lembrar que tem mãe. – Ri divertida.
- Ciumenta! – Ele riu me entregando Alice. – Ó, quero que você grite muito pro papai, ta bom? – Falou beijando sua testinha. – E você! – Disse sério apontando pra mim. – Não esquece que eu te amo, e que essas músicas foram escritas pensando em ti e em nossa família. – Falou me dando um selinho.
- Bom show meu amor. – Disse lhe dando um beijo rápido.
- Acho que eu estou ansioso. – Falou mexendo nas mãos, meio apreensivo.
- Vai dar tudo certo. – Dei um abraço não muito apertado, afinal estava com Alice nos braços.
- Não desaprendi né? - Ele sorriu, mas ainda demonstrava um pouco de ansiedade.
- Nunca! – Lhe dei mais um selinho e acompanhei com o olhar eles saírem de dentro do camarim em direção ao palco, onde uma platéia eufórica esperava e gritava o nome da banda.

Eu poderia ver mil vezes aquilo e em todas me emocionaria, não apenas por ver aqueles que passei a adolescência admirando e sonhando em conhecer, mas também por sentir a emoção dos fãs que ali estavam. pulava e brincava no palco, várias vezes tentava dar selinhos nele e me olhava piscando e provocando com frases de “perdeu, agora ele é meu”, me fazendo gargalhar! chegou atrasada com no colo, assim que viu os dois sorriu de uma forma diferente, com um brilho no olhar. Aquele dia estava sendo feliz, com toda certeza, um dos mais felizes e aquele estava sendo o melhor show.
Alice parecia uma mocinha acompanhando o pai com o olhar, dos bastidores ela cuidava tudo, especialmente ele. No final do show, senti alguém suado me abraçar por trás.
- Amor, você esta me molhando! – Falei rindo e ouvindo nossa pequena gargalhar.
- Só um pouquinho vida! – Ele riu e tirou a camiseta, se secando com uma toalha.
- Coloca uma camisa, agora! – Falei fingindo estar braba.
- Por quê? – Provocou divertido.
- Porque só eu posso olhar sem camisa. – Fiz careta.
- Poxa, mas... – Ele ia rindo, então o interrompi.
- Mas nada! Ou isso ou greve, você sabe de que, por tempo indeterminado!
- Pronto amor, já estou vestindo. – Gargalhou colocando uma camiseta limpa e roubando Alice de mim.
- Viu meu amor, papai tava lindão? – Saiu convencido conversando e exibindo a filha até um espaço reservado para gravação de vídeos no camarim.
Eles fariam a chamada para os próximos shows, quando viu que Alice participaria, roubou de , queria exibir o filho também.
As chamadas ficaram incríveis, depois de gravarem eles nos devolveram os pequenos e foram atender alguns fãs.

- consegue ficar mais babão a cada dia. – disse sorrindo.
- E o mais parecido com ele... – Falei rindo.
- Verdade, amiga ele não tem nada meu, até as manias são todas iguais as do .
- E você ama isso.
- Com certeza amo! – Ela sorriu. – E vocês? Como estão as coisas com a outra lá?
- Eles se falam, agora ele me avisa sempre que tem que ir no médico com ela e também estão vendo um valor fixo de pensão, porque ela pede dinheiro o tempo todo, falando que os pais estão sem grana.
- É uma interesseira nojenta!
- E linda, esses dias ele disse que sentiu o filho mexer, acho que falou sem notar sabe? Mas eu morri de ciúmes, não quero ele tocando a barriga dela, na verdade, eu... Deixa, me fala mais do .
- Fala , não precisa desconversar.
- É que é errado. – Falei com vergonha.
- E desde quando a gente liga pro que é certo ou errado? Poxa , não precisa ter segredos comigo.
- Eu sei . É só que... No fundo eu queria que o tivesse agido com ela, como agiu comigo.
- Isso é um pouco egoísta, mas perfeitamente normal, acho que eu sentiria a mesma coisa se estivesse no teu lugar.
- Problema é que ele não entende, ele ama aquele filho lá, como não amou a Alice quando eu descobri dela, eu sei que a gente nem se conhecia, mas poxa...
- Ela é um fruto dele e ele foi um idiota.
- Quando lembro disso, me sinto uma idiota de estar com ele.
- Hey, não! Você não é idiota , você ama ele, e também o é praticamente outra pessoa, até eu gosto um pouquinho do que ele se tornou. – Ela riu.
- Vou gravar isso! – Falei rindo.
- Nem pensar, nosso caso vai ser de ódio eterno!
- Estão voltando! – Falei tentando tapar os ouvidos de Alice que dormia tranquilamente no meu colo, mas não adiantou muito.
- Amoooor! Ganhei um ursinho olha! – chegou gritando e mostrando um urso com camiseta do , que havia ganho de alguma fã.
- Mais um... – falou rindo e olhando para a pelúcia.
- Você acordou a Alice e eu vou te matar! – Falei tocando uma almofada que tinha perto.
- Ai, ai! Desculpa pequena. – Ele disse roubando Alice que observava tudo, esfregando os olhinhos com sono.
- Hey, larga minha filha! Ela está muito próxima do teu moleque! – chegou perto, rindo e roubou de . – Que foi amor? Está séria. – Disse me dando um selinho.
- Estava aqui pensando se os pequenos já conseguiram ultrapassar a idade mental de vocês...
- Aiii, essa doeu! – falou chegando na pequena roda que formaram envolta da gente e fazendo todos rirem.
- Mas agora... Estou observando essas manchas de batom na tua bochecha. – Disse me levantando e passando a mão nas marcas.
- A do batom roxo era gatinha! – disse rindo.
- ! Você vai dormir no sofá hoje. – falou pegando a bolsa e ficando ao lado do marido.
- Era um menino amor... – falou virando os olhos, como se fosse algo óbvio.
- Sabe, nós não vimos os fãs que vocês atenderam, então não tinha como... – ia falando até ter uma crise de risos. – Perae! O foi atacado por um fã menino de batom?
- Hey, eu não fui atacado, eu só... – tentou se defender.
- Você foi sim! Eles chegaram, dava pra ver que era menino, mas estava vestido de menina sabe? – falou tentando explicar e rir ao mesmo tempo. – Então eles chegaram e correram pro falando que ele era lindo, que tinha o melhor corpo e levantaram a blusa dele. O segurança teve que pedir para eles se aquietarem um pouco, mas amanhã deve sair as fotos e nelas o ta ganhando beijinho no rosto.
- Poxa amor, não ri! - Ele pediu me abraçando.
- Desculpa amor, só de imaginar a cena... – Falei gargalhando, quando estávamos nos recompondo das risadas, Alice deu uma gargalhada gostosa e a acompanhou, provocando mais risos de todos.

Depois de sermos levados até a casa de , que havia se tornado o ponto de encontro da banda, pegamos o carro de e voltamos pra casa, Alice cansada acabou dormindo novamente, quieta fiquei observando a janela pensativa enquanto ele dirigia.

- Gostou do show? – Ele perguntou colocando a mão em minha coxa, tentando chamar minha atenção.
- Estava ótimo, Alice não parou um minuto! – Sorri lembrando.
- Eu vi, cuidei vocês o tempo todo. – Falou fofo.
- E ela cuidou de você, acho que vai ser mais ciumenta que eu...
- Ih, to ferrado! – Disse rindo.
- Semana que vem temos várias entrevistas e depois um mês na America Latina...
- Vou sentir sua falta. – Disse triste.
- Eu mais ainda, queria vocês comigo.
- Ela é muito pequena ainda, mas quem sabe no próximo ano nós podemos ir.
- Com certeza, vai ser incrível! – Falou mais animada.
- Amor, um mês sem... – Falei insegura.
- Um mês tomando banho frio e pensando em você! – Ele disse rindo e levando a mão para dentro da minha coxa.
- Hey! Nós não estamos em casa e nossa filha esta dormindo ali ó. – Apontei para o bebê conforto no banco de trás.
- Ela está dormindo... A regra é clara, nada de coisas com o bebê acordado... Ela está dormindo. – Ele ia justificando enquanto seus dedos alcançavam minha calcinha.
- , por favor. Você sabe que eu não consigo resistir. – Choraminguei.
- Isso é ótimo! – Ele disse estacionando o carro em uma rua pouco movimentada e tirando o cinto de segurança, me puxando para seu colo. Começamos a nos beijar, aprofundando e intensificando os beijos a cada minuto, meu corpo já pedia pelo seu, quando escutamos um som bastante conhecido.
- Eu te avisei! – Foi tudo que disse antes de sair de onde estava, deixando um bem excitado e ir de encontro a pequena menina de olhos , que parou de chorar assim que a peguei no colo.
- Nós ainda não terminamos! – Ele disse fingindo estar sério e voltou a dirigir.


Capítulo XII



Por

Duas semanas, era esse o tempo que tinha para ficar com e Alice antes de um mês longe das duas, teríamos uma tour foda pela Europa passando por 20 cidades em 30 dias e estávamos felizes e ansiosos com isso, contudo deixar minhas meninas me deixava apreensivo e tentei ao máximo aproveitar todo tempo do mundo perto delas.
Emma seguia ligando e pedindo grana, consultei um advogado para saber quais minhas obrigações com a criança e ele me aconselhou a entrar com um processo legal, fixando um valor da pensão, achei melhor sondar Emma e ver sua reação diante disso.
Já passava das 16 horas, havia marcado com ela em frente ao hospital, para mais uma ecografia do bebê. sabia que eu iria lá, achei melhor não omitir o fato de estar sendo um pai para Noah, sim, meu filho se chamará Noah, foi a única opção que Emma concordou, após muito querer por meu nome nele.
- Desculpa, eu tive um enjôo muito forte ao sair de casa e acabei me atrasando. – Emma disse se aproximando e dando um beijo em minha bochecha.
- Emma, por favor, deve ter paparazzi aqui. – Disse me esquivando do abraço que ela tentava me dar.
- É só um abraço , o que tem demais nisso?
- Um abraço ou qualquer contato físico em local público, pode ter mil versões na visão da impressa, e nenhuma delas é legal, ainda mais para um cara que é casado. – Respondi frio.
- Não vi fotos do seu casamento. – Ela disse irônica, fechando a cara e entrando no hospital comigo.
- Porque ainda não celebramos ele, mas moramos juntos e isso que importa. – Falei indo até a recepcionista confirmar o horário da medica e da ecografia.
- O bebê está bem, obrigado por perguntar. – Ela disse assim que sentei ao seu lado.
- Você não me deu tempo de fazer essa pergunta. – Respondi encarando sua barriga.
- Ele não para quieto. – Ela sorriu e segurou minha mão, guiando até a barriga. Minha primeira reação foi me afastar, contudo, meu filho não parava quieto e era bom senti-lo.
- Vai ser agitado. – Sorri pensando em como seria ter mais um filho.
- Igual o pai. – Ela disse convencida.
- A Alice é mais calminha, acho que puxou a . – Falei longe, não percebendo que estava com Emma.
- Hum. – Ela disse tirando minha mão, encarei-a sem entender, então vi que a médica se aproximava, nos chamando.

A consulta foi como as outras de rotina, ouvimos o coração do bebê, ouvi Emma reclamar de mil coisas da gravidez e por fim pude ver meu pequeno pela tela. Emma estava completando 30 semanas e Noah já media 40 cm, o que indicava que seria um bebê enorme, como eu fui. A expectativa de sua chegada me deixava ansioso, conversava um pouco com sobre isso, visto que era o único a não me julgar por querer ser um bom pai para esse filho.
Falando em decidimos que a festa de natal seria em minha fazenda, para alegria de todos e desespero de , Ruby e Poppy.
Assim que deixei Emma em seu apartamento, lhe entregando um presente de natal, uma pequena corrente com pingente de menino, Emma me agradeceu dizendo que aquele provavelmente seria seu único presente e confesso que senti um pouco de pena por isso, contudo não poderia estragar o natal de minha família para ficar com ela, e logo segui até a fazenda, carregando comigo um dos presentes mais divertidos para aquela noite: uma cama elástica com várias bolinhas coloridas.

Por

- , pelo amor de Deus, você é mais criança que a Alice!
- Amor, ela quer brincar!
- Mas esse pula-pula é pra crianças.
- Você acabou de dizer que eu sou mais criança que a Alice... – Fez bico zoando, enquanto pulava em um pula-pula e espalha bolinhas coloridas pela casa toda.
- , eu estou atrasada, você resolveu fazer a festa de Natal aqui em casa, convidou todo mundo de última hora e ainda faz mais bagunça?! – Disse nervosa ajudando Ruby e Poppy com os preparativos da ceia de Natal.
- Estamos aproveitando um dos presentes que a Alice ganhou. – Ele fez bico, como uma criança arteira proibida de fazer arte.
- Não faz essa cara. – Me aproximei dos dois, Alice gargalhava, enquanto ele pulava com ela.
- Quero ver vocês dois arrumarem essa bagunça, nem adianta dar risada mocinha, você vai ter que ajudar. – Falei pra ela, enquanto encantada observava minha pequena gargalhar junto do pai.
- Amor da minha vida, nós vamos arrumar tudinho, né filha? – Ele debochou e me tocou uma bolinha.
- Ah eu pego você! – Falei correndo atrás dele, que no segundo seguinte já estava com Alice em seus braços, correndo pela casa. Consegui alcançá-los no quarto, quando o mesmo se jogou na cama junto de nossa garotinha, que gargalhava divertindo-se com a cena. Me atirei junto deles, e enchi ela de beijo, ele nos observava e quando o encarei pude ver uma lágrima escorrendo em seu rosto.
- O que foi? – Perguntei intrigada.
- Nada não. – Ele respondeu tímido e me beijou. – Obrigado por fazer meus dias melhores, ter me dado o melhor presente da minha vida e estar tornando esse o melhor natal que já tive. – Disse. Fiquei o encarando por um momento, tentando absorver as palavras ditas por ele, depois o beijei novamente.
- Eu amo você. – Respondi olhando em seus olhos e em seguida ganhando alguns beijos babados da nossa pequena ciumenta.
- Precisamos nos arrumar, Ruby e Poppy deixaram quase tudo pronto, logo todos vão chegar. – Respondi levantando da cama.
- Eu vou dar banho nela, porque me arrumo bem mais rápido que você... – Ele debochou levantando também e roubando Alice de meus braços.
- Já que você insiste. Não molha o banheiro! – Ordenei, ouvindo a risada debochada dele vindo do corredor. Ele ama dar banho em Alice, mas acaba se molhando por completo, acho que minha filha está um pouco mimada.
Fui tomar banho e passou um filme em minha mente. O ano estava chegando ao fim, passaria o natal com minha família, havia sobrevivido a um acidente grave e podia finalmente dizer que me sentia completa e feliz. Claro que na vida sempre temos nossos momentos bons e ruins, ainda estava aprendendo a lidar com e os problemas dele, que agora também eram um pouco meus. Quando engravidei de Alice, apesar de tudo, senti-me feliz e com a certeza que jamais passaria uma data importante sozinha, os natais em família na minha casa eram lotados de pessoas importantes e impessoais, não os conhecia, mas tinha que fingir aparências. Quando cresci, passei a passar o Natal com , no último estávamos GRAVIDAS e hoje nossos pequenos estão quase correndo pela casa, já ensaia os primeiros passos, no próximo mês completará um ano. Alice a cada dia descobre uma parte nova de seu corpo e se encanta com tudo que tem cor ela é minha maior alegria e posso ver nos olhos de seu pai, que o sentimento é igual.
- Você demorou tanto que nossa pequena já dormiu. – disse invadindo o Box do banheiro.
- E você não foi convidado para vir até aqui. – Respondi tentando expulsá-lo.
- Desde quando preciso de convite? – Ele falou já prensando meu corpo contra parede do banheiro.
- Acho que não precisa. – Disse selando nosso lábios em um selinho que logo se tornou beijo.
- Saudade meu amor. – Ele disse dando mais um beijo, alisando minha bunda e prensando seu corpo contra o meu.
- Mas nós... Hoje de manhã. – Respondi sentindo minhas bochechas corarem.
- Sempre vou sentir saudade disso. – Ele mordeu minha bochecha e desceu os beijos pelo meu pescoço, chegando até um de meus seios. Suas mãos já alisavam minha bunda e senti uma delas subir até o outro seio, enquanto ele beijava e dava leves mordidas em um, estimulava o outro com a mão. Seu membro já estava duro e podia senti-lo pulsar entre minhas pernas.
- Você me deixa louco. – Ele respondeu descendo os beijos por minha barriga, chegando até minha intimidade.
- Eu? Olha o que você está fazendo. – Respondi puxando seu cabelo assim que o senti depositar alguns beijos em meu clitóris.
- Quero sentir o seu gosto. – Ele disse lambendo toda extensão de minha vagina e dando leves mordidas na mesma, não consegui responder, apenas soltei um gemido baixo, sentindo sua língua quente adentrar minha intimidade em um movimento de vai e vem. Com as mãos apalpava minha bunda, me puxando ainda mais ao seu encontro, ele parecia sedento por minha intimidade, penetrando a língua, chupando, mordendo, cada parte dela. Não demorei para sentir meu liquido escorrer, para alegria dele que assim que sentiu chupou um pouco e voltou para cima me beijando e colocando seu pênis em minha entrada.
Segurei em suas costas e entrelacei as pernas em sua cintura, assistindo-o brincar com o pênis em minha entrada. Arranhei forte suas costas, o fazendo gemer de dor e prazer e sentindo seu pênis completamente dentro de mim. Ele gemia meu nome, enquanto estocava forte, me deixando com as pernas bambas e sedenta por mais. Ficamos algum tempo naquela posição, até decidir trocar, me fazendo apoiar em um corrimão e empinar o bumbum em sua direção, suas mãos exploravam meu corpo, massageando os seios, enquanto ele penetrava novamente, dessa vez ainda mais fundo, e beijava meu pescoço, em um troca de amor e carinho a todo instante, senti seu gozo chegando e ao mesmo tempo, me permiti ter um orgasmo, me segurou, quando senti minhas pernas falharem e abraçou contra seu peito, sem falar nada, tentando assim como eu, retomar o fôlego que nos faltava.

Xx
- O veio o caminho todo falando em comida. – disse assim que sentei ao seu lado.
- Ele usa a desculpa do para comer antes da hora. – Ri observando a cena. Estavam todos sentados envolta de e Alice, tentando roubar deles umas bolachinhas que Ruby havia dado.
- Quero revelar logo o amigo secreto! – gritou assim que abri a porta para e .
- Eu tirei um gostoso! – gritou e juntando a todos na sala.
- Mano, diz que esse é meu presente, fala que é, fala! – disse encarando a cama elástica e se jogando nela.
- Eles nunca vão crescer? – perguntou encarando a cena.
- Olha quem fala... – Respondi rindo, lembrando de mais cedo.
- Ah amor, foi a Alice quem pediu. – Ele riu debochado me roubando um selinho.
- Vamos revelar o amigo? – disse chamando atenção de todos.
- Claro! – sorriu convencido.
- Eu começo! – respondeu com a boca cheia de doces.
- Come primeiro criança! E deixa que eu revelo! – roubou a frente, indo até a árvore de Natal e pegando um pacote de presente.
- Vai lá amor! – o encorajou!
- Vou. – Ele sorriu convencido. – Eu tirei a mulher mais importante da minha vida. – Sorriu enquanto todos gritaram o nome da . – Ela é muito especial pra mim, me fez ver a vida com outros olhos, me deu meu melhor presente, uma cópia com atributos melhorados. – Sorriu olhando o . – E com os documentos iguais ao meu!
- Tadinho. – debochou enquanto o encarou fingindo ter ficado bravo.
- Eu te amo meu amor! – finalizou entrando o presente para .
- Obrigado vida. – Ela respondeu lhe dando um beijo.
- Hey, não ta na hora de transar ainda! – separou os dois.
- Só porque você não faz isso, eu não posso? – disse brabinho.
- Na frente da minha filha, não pode nem falar no assunto! Continua . – respondeu.
- Bem, o meu amigo secreto... É uma pessoa que ama roubar o meu filho e sair desfilando por ai, dizendo que é dele, só pra atrair mulheres... Nunca entendi essa lógica, mas né, quando o assunto é o garanhão, não existem lógicas.
- Quem é o garanhão daqui? - gritou cantando e indo abraçar .
- Vai lá garanhão, fala logo quem tu pegou que eu quero comer. – debochou bagunçando o cabelo de .
- A questão não é quem eu peguei e sim qual presente eu vou dar. – Ele gargalhou pegando uma caixa enorme que estava deixando todos curiosos.
- Diz que sou eu, pode falar, o teu preferido. – riu curioso.
- É o cara que gosta de doar o corpinho pra mim todas as noites. – disse nos fazendo gargalhar.
- É O ! – gritou.
- Amor você está me traindo? – Perguntei rindo.
- Durante a noite eu sou da , nãos ou eu não... Agora esses dois ai, sozinhos nos quartos de hotel... Sei lá! – respondeu.
- Espero que use com moderação. – riu entregando o presente para , que rasgou o pacote e abraçou em seguida, agradecendo a boneca inflável que havia ganho.
- Vai se chamar Julieta, ela tem cara de Julieta! E eu vou ser o seu Romeu, minha dama! – disse beijando a boneca.
- Minha filha não pode ver essas coisas! – disse tirando a boneca de e levando até um canto da sala.
- Sua filha vai ser freira! – debochou.
- Meu filho não vai deixar isso acontecer. – disse convencido.
- Vou por um cinto de castidade nele também. – falou sério, rindo em seguida.
- Hey , fala logo quem é teu amigo, eu to curiosa. – Chamei atenção deles.
- Meu amigo secreto é um cara que mudou muito esse ano, se tornou pai, até ficou um pouco responsável, é muito ciumento e fez sociedade com uma fábrica de cintos de castidade. Desculpa amor, contei seu segredo. – debochou entregando um presente para .
- Acho que com exceção dos lesados, vocês já sabem quem é meu amigo secreto, mas queria falar um pouco sobre ela. – disse me encarando. – Ela é a pessoa mais especial e importante pra mim, junto com minha pequena, ela me ensinou a amar novamente e mais que isso, me fez ver o quão bom é ser amado e ter uma família. Com ela aprendi a sonhar com futuro, planejar coisas e tentar ser melhor, obrigado por ter me tornado quem eu sou hoje e por me fazer tão feliz. – disse me dando um beijo demorado, enquanto os meninos zoavam batendo palmas, assoviando e cobrindo os olhinhos de Alice e .
- Obrigada meu amor. – Respondi sorrindo e abrindo o presente, um colar com pingente de diamantes, tal como anel com um diamante solitário e brincos com mesmo detalhe.
- É lindo, eu amei. – Disse selando nosso lábios novamente. Junto do presente, estavam entradas para assistir a queima de fogos de artifício na London Eye, durante os últimos anos, eles passaram a cobrar por isso, o que tornou o evento mais organizado e com lugares estipulados, é complicado conseguir comprar, não sei como conseguiu, mas fiquei muito feliz em ver seu empenho.
- Só falta você. – respondeu ansioso.
- É, falta eu. – Sorri o encarando. – Meu amigo secreto se mostrou um irmão durante esse último ano, foi um bom conselheiro, amigo, cumpri seu papel de padrinho babão com a Alice e é alguém que nós amamos muito! Muito obrigado por ter sido que você foi durante esse ano, por ter cuidado tão bem de minha irmã, por ter sido meu ombro amigo, por me fazer sorrir e lutar por meu sorriso. Eu amo você, mas se fizer minha amiga sofrer, corto teu pinto fora. – Sorri lhe abraçando e entregando seu presente.
- Obrigado , você é muito especial pra mim. – Ele sorriu me dando mais um abraço.
- Hey, eu vou comer primeiro. – e saíram correndo em direção a mesa de jantar, disputando quem comeria mais. Logo nos juntamos a eles, rindo e conversando sobre o dia-a-dia, havia comprado ingressos para todos assistirmos a queima de fogos, então passaríamos a virada de ano juntos novamente, para alegria de todos.
Como Alice e não participaram do amigo secreto, eles ganharam vários presentes, de todos o que Alice mais gosto, foi da caixa de uma boneca... Crianças, vai entender.
Alice já dormia tranquilamente, quando nos despedimos de e , os últimos a irem embora. e haviam saído mais cedo, direto para uma festa com muitas mulheres, passamos mais dois dias na fazendo, depois voltamos para Londres, precisava preparar várias coisas para tour e então o acompanhei, a semana literalmente voou, Emma ligou algumas vezes para e em duas delas eu acabei atendendo. A filha da mãe desligava assim que ouvia minha voz. Fiquei irritada com isso, mas sabia que a única coisa que ela queria era provocar alguma briga entre nós, então ignorei o fato e também saber que ela havia ligado, se fosse importante ela falaria, achei melhor não contar para que atendi seu telefone, não por atende-lo, mas para não dar motivos para ele ligar de volta.
Combinamos de encontrar todos as 18 horas no apartamento de , obvio que teríamos atrasos, por isso um horário tão cedo. Ficamos lá até perto das 21 horas, quando todos nos dirigimos até a London Eye, os meninos já estavam alegres, principalmente e , que dessa vez logo se enturmaram com algumas meninas lá presentes.
- O ano vai começar bom pra eles. – riu observando os meninos.
- E pra nós?
- Pra nós vai começar perfeito. – Ele sorriu me beijando.
- Da mama, da. – soltou uns gritinhos apontando para Alice, como se quisesse pega-la. Ela por sua vez respondeu com alguns sons que o apelidou de Alicenes.
- Ela tem dono , só tem olhos pro papai dela. – disse convencido enquanto nossa filha puxava seu cabelo.
- Como é delicada essa minha afilhada. – riu de que tentava sem muito sucesso tirar seus cabelos das mãos da pequena.
- Puxou a mãe. – Ele riu.
- Curte puxar cabelo é ? – debochou.
- Hey, ta chegando a hora. – Logo troquei de assunto.
Assim que o relógio marcou meia noite, a festa de fogos deu inicio, assustando os pequenos. se agarrou em observando o céu, e Alice chorou um pouquinho abraçada em , que logo a acalmou.
- Quero te dar um presente de ano novo. – Ele cochichou em meu ouvido, enquanto assistíamos.
- Aqui não é o lugar. – Maliciei na hora, o ouvindo gargalhar em seguida.
- Não é o que você está pensando, o pervertida! – Ele debochou e então tirou um envelope de dentro de seu casaco.
- Mas isso é... – Falei atônica após abrir o envelope.
- Sim, isso é a data de nosso casamento. Pensei em casar no verão, quero uma lua de mel quente, e bem, você tem alguns meses para organizar tudo, porque eu só marquei a data. – Sorriu me roubando um beijo.
- Você existe mesmo? – Perguntei lhe dando um selinho e sentindo Alice me abraçar, pulando para meu colo, com a finalidade de pegar o envelope que estava em minhas mão.
- Carne, osso, músculos... E feito pra você. – Respondeu convencido.
- Feliz 2017 meu amor! – Disse lhe dando outro beijos.
- Feliz 2017 amores da minha vida. – Ela respondeu abraçando eu e Alice ao mesmo tempo.


Capítulo XIII



Por

Eu não queria passar um mês longe dele, seriam 20 shows em 30 dias. Todos em estádios da Europa. estava eufórico, claro eles queriam matar as saudades dos fãs europeus, eu confesso, sentia um pouco de ciúmes, teria que dividir o meu e em meio a fãs, sempre existiam as groupies, sabia de sua fama, ele sempre foi mulherengo e nessas tours mulheres é o que não faltam, me sentia insegura.
Após o ano novo tentamos aproveitar o máximo possível, passeamos e fomos até a fazenda com Alice, mesmo pequena e sem entender muita coisa, ela demonstra amar aquele lugar assim como o pai sempre amou. Brigamos, duas vezes, uma ontem a noite quando ele saiu para atender um chamado de Emma, e outra também pelo mesmo motivo, além de pedir dinheiro e atenção de ela parece sempre querer provocar, e consegue. Mas ele tem algo que não sei definir bem, que me faz esquecer o motivo de estar braba logo após alguma discussão, e isso é uma merda .

- Que horas são? – Perguntei sentindo um beijo ser depositado em minha testa.
- 7 horas amor, estou atrasado. – Falou com sono.
- Normal. – Disse sonolenta, sentando na cama. – Por que não me acordou?
- Porque iria fazer certas coisas e me atrasaria mais ainda... – Ele sorriu fofo.
- Vou sentir saudade. – Confessei, após ganhar mais um beijo.
- Eu também, muita! – Disse mordendo minha bochecha. – Nós vamos ter poucos dias sem shows, acho que um por semana para descanso, porque tem as entrevistas, mas quero conseguir te ver, pelo menos uma vez.
- Vou tentar ir. Queria poder ir em todos, mas Alice...
- Ela é muito pequena ainda, ano que vem vocês vão poder ver o papai aqui em ação. – Sorriu convencido.
- Amo ver o papai em ação. – Falei com duplo sentido.
- Esse papai, vai ficar de férias por um mês, espero não perder a prática. – Confessou rindo.
- É como andar de bicicleta amor...
- Ou cavalgar!
- Aff, vai, não quero mais você aqui. – Falei rindo.
- Também te amo! – Ele disse me beijando e vindo para cima.
- Hey, você tem um vôo para...
- Não vou mais, não quero, vou ficar aqui! – Ele disse fazendo manha, logo ouvimos o telefone tocando. – Droga, nem drama eu posso fazer mais?
- Acho que não... – Ri negando com a cabeça.
- Vou lá amor. Não esquece que eu amo vocês, e qualquer coisa me liga, ou pra , ou me liga! – Falou nervoso me fazendo rir.
- Vai ficar tudo bem amor, quando chegar lá me telefona.
- Ok, te amo!
- Também te amo! – Disse dando mais um beijo e vendo ele sair. Acompanhei o carro virar a esquina pela janela do quarto de Alice, peguei minha pequena no colo e voltei pra cama, era cedo e sem ele em casa, não tinha muito o que fazer.

Primeiro destino da tour seria Berlim na Alemanha, com aproximadamente 5 horas de vôo, decidi que poderia ser bom para Alice caminhar um pouco, pegar algum sol, então desci com ela e fui até uma praça que havia ali perto, era um lugar calmo, várias mães e babás passeavam com crianças, fiquei imaginando como seria daqui algum tempo com Alice maiorizinha querendo brincar e comer tudo! Com certeza ela puxou ao pai, não ficava muito tempo parada, mesmo tão novinha, já demonstrava que seria bastante agitada e adorava isso. Na volta pra casa cruzei com Emma, ela estava bem próxima ao prédio que moramos, me perguntei se ela não sabia da viagem de , mas logo desfiz esse pensamento, com certeza ela sabia disso, mesmo que ele não tivesse falado muita coisa, nas próximas semanas, todas as fãs sabiam onde os meninos estariam, estava na agenda do site, muitos shows, muitas entrevistas, e pouco tempo para qualquer coisa que não o . Assim que ela me viu, trocou o lado que andava na rua, mas seguiu me encarando até que cheguei em meu destino, voltei pra casa com minha filha e achei melhor não comentar nada com , não queria mais uma briga e sempre que o assunto Emma entrava em uma conversa nossa, o resultado era esse.

Por

De todas as merdas que fiz em relação a e Emma, essa com certeza foi a pior delas e durante esse um mês eu espero não precisar me explicar com , por telefone as coisas são diferentes, não poder abraçá-la se eu ouvir ou notar que o choro se aproxima com certeza vai me matar, uma briga estando km de distancia um do outro, não vai acabar em sexo e sim acabar com nosso relacionamento, que pra mim é algo muito importante. Aprendi com as duas meninas que estão na minha casa agora, o que é o conceito de amor e família, não consigo me imaginar feliz sem elas, as amo de uma maneira que nunca imaginei, mas infelizmente a vida não é sempre como a gente quer, existe Emma e esse filho que ela carrega consigo, como pai tenho obrigação de cuidar do bebê, e de ajudar Emma com tudo, não poderia deixar de ajudar, mas aquele “segredo” estava me matando!
Chegamos em Berlim e após uma passada rápida no hotel fomos até o local do show, para passagem de som, depois de algumas entrevistas ganhamos 2 horas de descanso no hotel, resolvi ir até o quarto de e desabafar um pouco.

- E ae, já falou com tuas garotas? – disse abrindo a porta do quarto e dando espaço para eu passar.
- Falei assim que cheguei, Alice queria roubar o telefone da , e quando ela colocou no viva voz, ficou me procurando.
- É uma pestinha, o estava enjoadinho, acho que por causa da vacina.
- Essas vacinas são uma droga. – Me atirei em um sofá brincando com uma almofada.
- Verdade, a primeira vez que levamos o , acho que nós choramos mais que ele. – Disse rindo.
- Você chorou o “senhor eu sou fortão”? – Falei debochado.
- Sou bem eu o senhor “eu sou foda” né? Dúvido que você não tenha sentido vontade de chorar também.
- Não gosto de ver minha pequena chorando. Ah dude, que saudade dela!
- Não faz nem um dia...
- Serão trinta!
- Pobre do meu amigo! – disse olhando para o pênis.
- Pobre de mim, ter aturar vocês! – Disse tocando almofada nele.
- Ah dude, eu vou ter que me controlar e você também, estamos ferrados!
- Verdade, os moleques estão só pelas festas.
- A é uma boa stalker, eu gosto do meu amigão aqui, então nunca vou dormir tanto quanto nessa tour! – Falou rindo.
- Você se apaixonou logo de cara por ela?
- Sim. – Ele sorriu parecendo lembrar. – Ela foi incrível, eu senti que ela seria a minha garota sabe? E o foi apressado né... Não teria como fugir.
- Queria ter feito isso com a .
- Mas agora vocês estão bem, não estão?
- Estamos, mas tem a Emma...
- Cara, paga pensão, pega a criança nos finais de semana e eras isso.
- Não é tão fácil, a família dela ta na pior, ontem ela me ligou desesperada ás 2h da manhã, que teria só mais um dia no apartamento. Eu não tinha contado da tour, quando ela viu que ficaria tanto tempo longe, me ligou e falou tudo.
- Como assim? Ela foi despejada?
- Seria, no outro dia. Então ela me ligou pedindo ajuda.
- E o que você fez?
- Eu sai sem a ver e fui até o apartamento dela, ajudei ela, e aproveitei que ainda tinha a chave do apartamento que comprei pra , dei pra Emma.
- Pausa. Espera ai, deixa eu ver se eu entendi... Apartamento que você comprou pra : é o apartamento que você disse que estava locando pra ela?
- Sim, ela não ia aceitar e eu não queria esperar, ele queria vender, eu comprei e inventei uma história, mas enfim, a já esta morando comigo, e não precisamos daquele apartamento.
- Mas ele fica no mesmo prédio que o teu.
- Fica, mas eu pedi pra Emma não sair muito, pra evitar cruzar com a , não queria que ela ficasse sabendo, assim que eu voltar, vou comprar algum lugar pra ela e o Noah.
- E você acha que ela vai fazer isso ? Por favor né dude. Nós estamos falando da Emma. – Ele andava de um lado para o outro, me deixando um pouco tonto.
- Ela mudou, você está parecendo a com essa implicância! Ela queria chamar minha atenção, mas viu que não conseguiria, que eu gosto da e não deixaria minha família por ela, então resolveu mudar, pelo bem do filho que vamos ter juntos.
- Só você acredita nisso.
- Não é bem assim...
- Claro que é! E outra coisa. Liga pra e conta o que rolou ontem, ela sabe que você saiu no meio da noite?
- Sabe, nós brigamos. Na verdade ela brigou, eu estava cansado demais pra brigar, falei que não queria brigas, disse da tour, e tal, e acabou “tudo bem”, mas não contei o que eu fiz, se tivesse contado, com certeza eu não estaria inteiro aqui.
- Mas cara, pensa um pouco, é melhor você contar logo, do que ela descobrir e vocês brigarem.
- Tem razão, mas acho que vou esperar para contar quando ela vier me ver, acho que semana que vem, ela e a vão no show de Paris.
- Sim, queria que a fosse em todos, mas né... – se lamentava.

Ficamos mais algum tempo conversando, até nos chamarem para voltar ao estádio que faríamos o show. Praticamente todos os ingressos da tour estavam vendidos, ou seja: casa sempre cheia.
Voltar aos palcos me faz ter a certeza de que esse é o segundo lugar que mais gosto, e também que não poderia ter escolhido melhor profissão. Não me vejo fazendo qualquer outra coisa que não seja música, canções ou letras.
O primeiro show foi incrível, assim como os shows seguintes. Minha rotina se resumia em tocar, ser entrevistado, atender fãs, falar com por todas as redes sociais possíveis e contar os dias para ver minha pequena. Não falei sobre Emma, ela também não tocava no assunto, mas com toda pressão que fazia, acabei me convencendo que seria melhor contar logo para ela, e faria isso enquanto ela me visitava no próximo show da tour.
Acordei ansioso, já estávamos no hotel, após passar a madrugada viajando, esse seria nosso dia de folga e minhas meninas viriam para Paris passar o tempo comigo. Encarei o celular e vi que Poppy havia me enviado um vídeo, assim que carreguei não pude deixar de sorrir, ela com certeza havia gravado escondido, afinal depois do acidente dificilmente tocava, e jamais permitiria ser gravada. Ela tocava meu teclado com Alice em seu colo, nossa menina parecia encantada e sorria a cada nota que sua mãe executava. Estavam lindas, ainda de pijama, me culpei por não estar vendo ao vivo a cena, a saudade chegou a doer, mas logo estaríamos todos juntos.
Emma voltou a me incomodar, sempre pedindo dinheiro, aquela mulher conseguia gastar mais que eu, , Alice e toda banda, e quando dizia que estava dando demais, ameaçava contar para onde estava morando. Realmente todos estavam certos e de boazinha Emma não tinha nada.

Estávamos reunidos no quarto de , quando sorriu se levantando e dizendo que elas haviam chegado, levantei imediatamente, deixando para trás uma partida de videogame e fui com ele até a recepção do hotel.
falava algo com um dos recepcionista e com Alice no colo observava o local. Corri até elas, assim como meu amigo fez e lhe abracei por trás, Alice assim que me viu gargalhou gritando “tatata”, chamando nossa atenção.
- Eu não acredito! Carreguei 9 meses para você chamar esse ai primeiro? – disse sorrindo, emocionada.
- Ela falou? Ela falou mesmo? – Sorri pegando minha pequena.
- Também chamava meu pai assim. – sorriu e me deu um selinho demorado. – Que saudade.
- Nem me fale amor, muita, muita, muita. – Sorri selando mais uma vez nossos lábios e sentindo as mãozinhas de Alice apertarem meu rosto. – Fala de novo meu amor, chama o papai, chama.
- Tatata. TA.TA.TA. – Ela gritou, rindo.
- Dude, ela ta te chamando? – se aproximou com no colo.
- Parece que sim! – Sorri convencido.
- Ele vai se achar a vida toda agora. – debochou.
- Tenho motivos. - Respondi debochado.
- Hey, pode fazer seu check in. – disse pra .
- Amor, faz pra mim? – Ela pediu fofa. Essa mulher sabe me dominar. Foi rápido, e Alice ficariam no mesmo quarto que eu, então logo subimos, passamos no quarto de para que ela desse um oi rapidamente para eles e fomos até o meu.
- É lindo aqui. – Falou encantada, sentando-se na cama.
- Pedi para ter uma vista bonita. – Sorri sentando ao seu lado, com Alice no colo.
- Ela não desgruda de você, acho que estava com saudade. – Sorriu encarando nossa pequena.
- Você não imagina o quanto eu senti falta desse sorriso. – Falei enchendo minha pequena de beijos e ouvindo-a gargalhar.
- Mesmo você sendo um chato, sentimos sua falta. – me beijou com saudade.
- Filha, acho que você está com sono. – Sorri ouvindo gargalhar.
- Sem safadeza ! – Ela riu me beijando.
- Amor, faz tempo...
- É, to subindo parede. – Ela riu confessando.
- Sabia que eu não era o único.
- Você é o safado da relação, mas não é o único que gosta da coisa. – Ela riu.
- Ah garota, como senti sua falta. – Sorri abraçando-a novamente.
- Vou preparar uma mamadeira para Alice, ela deve estar com fome. – Falou levantando-se, enquanto ela preparava a mamadeira, aproveitei para matar mais a saudade da minha pequena. Depois de mamar, Alice logo dormiu, provavelmente estava cansada da viagem, coloquei no berço que ficava próximo a nossa cama e voltei atenção a , que mexia na mala.
- Acho que vou tomar um banho. – Ela disse assim que seus olhos encontraram os meus.
- Eu te ajudo. – Sorri me aproximando.
- Com certeza preciso da sua ajuda. – Respondeu sorrindo. Sem perder tempo a peguei no colo, levando-a até a banheira e não demorando para matar a saudade de torná-la minha.

Algum tempo havia passado, estávamos assistindo algum canal de desenho com Alice, que se preocupava mais em morder o próprio pé do que olhar para televisão. estava sentada entre minhas pernas, encarando a filha e eu tentava achar alguma coragem para ter aquela conversa com ela. Meu telefone começou a tocar, era Emma. olhou imediatamente para tela e me deu espaço, para que atendesse longe dali. Resolvi não atender, não me movi de onde estava e após recusar a chamada enviei uma mensagem perguntando o que ela queria.
estava quieta, com certeza isso a incomodava, mas não iria querer brigar novamente, pelo mesmo motivo.
- Acho que precisamos conversar. – Disse quebrando o silêncio que existia entre nós dois.
- Sobre? – Ela virou me encarando.
- Eu fiz merda. – Confessei.
- O que foi dessa vez ? – Ela encarou meus olhos parecendo triste.
- Bem. Eu omito algumas coisas de você e...
- Você me traiu? – Ela perguntou segurando as lágrimas.
- Não, claro que não. – Falei nervoso. Eu omiti duas coisas e preciso te contar.
- Que coisas?
- Lembra do apartamento que eu disse que alugaria para você?
- Você comprou ele. – Ela riu.
- Como você sabe? – Perguntei nervoso.
- A síndica manda a taxa dele para o nosso, e lá fala o nome do proprietário...
- Desde quando você sabe? Por que não me xingou?
- Faz tempinho, não teria porque te xingar, acho que a gente já briga por umas coisas tão pequenas, não quero brigar com você, embora não ache certo o que fez...
- Desculpa amor. – Sorri lhe roubando um beijo.
- Desculpo. – Ela sorriu segurando Alice.
- Tem mais uma coisa. – Encarei minha pequena, olhar para os olhos dela seria difícil, estava com medo de sua reação.
- Fala... – Ela sorriu achando que era algo pequeno.
- Lembra aquela madrugada antes de começar a tour... Que Emma me ligou e...
- Lembro. Fala logo . – Ela me interrompeu.
- Então, ela estava sendo despejada. Os pais dela pagavam aluguel daquele apartamento e eles atrasaram alguns meses.
- Ela te tira bem mais que o valor de um aluguel por mês e nem se prestar para pagar o lugar ela presta? – Me interrompeu novamente, dessa vez mais braba.
- Eu não estou feliz com isso , mas fico de mãos atadas, não podia deixar ela ser despejada, e como viajaria na manhã seguinte a única solução que achei foi levar ela para o apartamento que havia comprado pra vocês.
- Que fica no MESMO prédio que o teu! – Ela falou com raiva e levantou encarando a vista pela janela. Conseguia sentir sua raiva de longe, e sabia que ela estava certa, não podia ter escondido isso, mas o que eu poderia fazer? Verdade era que tinha medo do que a outra poderia fazer e com isso Emma me tinha nas mãos.
- Amor, eu vou arrumar um outro lugar assim que voltar para Londres.
- Quem sabe chama ela pra morar com você, assim pode acompanhar esses últimos meses da gestação dela e ser o melhor e mais presente pai do mundo. – Disse irônica.
- , eu não quero brigar, por favor, temos menos de 48 horas, quero aproveitar meu tempo com vocês.
- Difícil, quando teu noivo resolve te contar que abrigou a ex no mesmo prédio que você mora, no apartamento que você morou e que resolveu te contar isso depois de quase um mês.
- Na verdade são três semanas. – Corrigi recebendo o olhar de reprovação dela.
- Por que não me contou antes? – Ela ainda encarava a vista.
- Medo da tua reação, não queria brigar novamente.
- Por que não mandou ela para algum hotel, ou qualquer lugar que não o nosso prédio?
- Eu não pensei. Amor, eu queria aproveitar meu tempo com vocês e me livrar o quanto antes daquele problema.
- Essa mulher vai ser sempre um problema na nossa vida?
- Não, claro que não. Depois do meu filho nascer eu vou pegar ele uma vez a cada 15 dias, e pagar pensão, só isso. – Falei firme.
- Eu não consigo confiar em você. – Ela falou baixo.
- Amor, por favor. Não chora. – Pedi me aproximando.
- EU ODEIO AQUELA MULHER. – Gritou ainda chorando.
- Eu sei disso. – Falei embalando Alice que começou a chorar, assustada com o grito da mãe.
- Desculpa meu amor. – Ela disse pegando Alice de meu colo. – Eu não quero brigar, mas também não quero falar com você, não agora. – Falou me encarando novamente.
- Tudo bem. – Falei e voltei a sentar na cama.
Passamos duas horas em total silêncio, Alice ria, gritava “tatata” chamando minha atenção, e aos mesmo tempo tentava chamar atenção dela, que embora tentasse agir normalmente com a filha, não conseguia sorrir. Sabia que havia magoado-a novamente, e queria arrumar alguma forma de me desculpar, mas não pensava em nada.

- Os meninos estão chamando para jantarmos no restaurante aqui do hotel, o que acha? – Falei assim que desliguei o telefone.
- Agora? – Ela disse brincando com Alice em cima da cama.
- Sim, daqui uns 10 minutos eles vão ir.
- Ta bom, só vou arrumar meu cabelo. - Disse levantando e indo em direção ao banheiro.

Arrumei Alice, colocando mais um casaco e assim que ela saiu do banheiro, fomos até o restaurante encontrar os moleques, estavam todos sentados em uma mesa reservada para nós.

- Mano, essas crianças crescem muito rápido. – falou me roubando a pequena.
- Verdade, o já ta quase apresentando as namoradas. – falou convencido.
- E a Alice me chama de tatata. – Respondi ainda mais convencido.
- Vocês dois já podem parar de babar. – riu segurando em seu colo.
Os meninos continuaram empolgados conversando sobre os bebes, sentamos ocupando os últimos dois lugares que restavam na mesa, acabei ficando ao lado de e .
- Ta tudo bem? – me perguntou, percebendo que todos prestavam atenção em alguma besteira que falava.
- Contei pra ela e não estamos conversando... – Respondi baixo.
- Da pra notar o clima.
- Não sei o que fazer.
- Fica quieto e deixa o tempo, logo ela te perdoa, deve estar assimilando as coisas. – Disse, não respondi nada, apenas concordei com a cabeça
Jantamos e ficamos algum tempo conversando, contudo em nenhum momento ela me olhou ou dirigiu alguma palavra. Sabia que ela não faria algum escândalo, ou brigaria na frente dos meninos, sempre foi bem reservada e mantinha as aparências, mesmo querendo me esganar.
Voltamos para o quarto em silêncio, Alice logo pegou no sono, então desliguei a televisão e deitei ao seu lado, percebendo que a mesma mexia em meu celular. Sorri percebendo que aos poucos as coisas voltariam ao normal.
- Hey, acho que você errou de aparelho... – Ri e beijei seu pescoço.
- A pediu aquele vídeo que você fez do , estou enviando pra ela, não to mexendo nas tuas coisas. – Se justificou.
- Pode mexer, eu não me importo.
- Ó, enviei. – Ela me entregou o celular, séria.
- Não quer mesmo mexer?
- Não, já me decepcionei demais por hoje. – Respondeu se cobrindo e virando para o lado oposto do meu.
- Amor, vamos aproveitar, amanhã tem show e depois vocês vão embora. – Falei lhe abraçando e beijando seu pescoço.
- Você acha que existe algum clima para aproveitar ? Francamente.
- Eu já te pedi desculpas, o que mais quer que eu faça? Me ajoelhe? – Falei irritado. – Eu to na falta , você está aqui, por que não aproveitar? Depois vamos ficar um bom tempo longe, porra eu sou homem.
- E daí porque você está na falta eu sou obrigada a transar mesmo sem ter vontade? – Ele virou me encarando.
- Não é isso, eu só acho que você poderia querer também...
- Achou errado, porque eu não quero.
- Eu vou tirar ela de lá assim que chegar em Londres, não tem porque esse drama todo.
- Drama?
- É, não tem porque ficar me ignorando, e de mimimi.
- Cala a boca, por favor.
- Não vou calar a boca, eu respeitei o tempo que você pediu, mas porra, eu to com saudade.
- Nós conversamos todos os dias.
- Mas não transamos. – Interrompi ela.
- E mesmo conversando todos os dias você não me contou.
- Porque eu queria contar pessoalmente, que porra, não deveria ter falado nada.
- Claro, deveria ficar mentindo pra mim, assim nós estávamos matando teu desejo de fuder por esse quarto e tudo ficaria bem. Só sexo importa pra você? – Falou com ainda mais raiva.
- Óbvio que não! Quer saber, você conseguiu, parabéns, perdi a vontade também. – Falei com raiva. – Eu não deveria ter mentido pra ti e não tenho desejo de fuder por esse quarto, e sim de ficar com você, te fazer carinho, receber carinho teu, porque se fosse só sexo, eu poderia fazer com qualquer uma, mas eu te respeito.
- Obrigado por tocar na minha cara que você pode pegar qualquer uma.
- Caralho! Tudo que eu falar, você vai distorcer e arrumar motivo para brigar? O que você quer agora?
- Nada eu não quero nada.
- Então para de implicar, porra! – Falei com raiva segurando seu braço para que me olhasse.
- Solta meu braço. – Pediu e soltei imediatamente.
- Pronto, mais alguma coisa, senhora? – Disse com raiva.
- Distância. – Ela respondeu saiu da cama e indo sentar em um sofá que tinha no quarto.
- Como você quiser. – Falei ainda com raiva, o telefone voltou a tocar, era Emma, atendi imediatamente ainda com raiva e sai do quarto.
Sabia que ao voltar encontraria braba e disposta a arrumar qualquer motivo, mesmo que tolo, para voltar a brigar, resolvi ir até o bar do hotel e pegar alguma bebida para tomar. Não sei por quanto tempo fiquei lá, depois ao voltar para o quarto, que ficava no mesmo andar que os dos moleques, percebi um barulho de videogame vindo do quarto de e resolvi bater lá. Ele, e mais alguns amigos da equipe estavam bebendo e jogando, me juntei a eles, o clima ali estava bem melhor do que no meu quarto, acabei não percebendo a hora passar e já passavam das cinco da manhã quando terminamos a última partida e decidimos voltar cada um para seu quarto.
Entrei em silêncio, tentando não acordar ela ou Alice, mas estava em pé colocando algumas coisas dentro da pequena mala que havia levado.
- O que você está fazendo? – Perguntei assim que encarei ela.
- Onde você estava? – Ela respondeu com outra pergunta.
- Jogando no quarto do . Disse tirando a camisa e deitando na cama.
- Que saudade hein... Me comovo com tua saudade. – Falou irônica.
- Não to afim de discutir. – Disse me cobrindo e percebendo seu silêncio, logo peguei no sono, não esperando que a mesma voltasse para cama.

Acordei no dia seguinte com a luz do sol em meus olhos. Peguei o celular ao lado da minha cama e marcavam 11horas, dormir sem nem ouvir Alice chorar, sentei na cama olhando para um quarto vazio. Levantei e fui até o banheiro passar uma água no rosto, ao voltar para o cômodo, percebi que não havia nada dela ou de Alice ali, peguei o telefone ligando imediatamente para . Ela atendeu na terceira chamada.
- O que você quer? – Respondeu assim que atendeu o telefone.
- Saber onde você está. – Respondi no mesmo tom.
- Chegando em casa.
- Como assim chegando em casa? Quando você... – Ia formulando outras perguntas quando fui interrompido.
- Consegui antecipar meu vôo para as 7h da manhã, você capotou quando chegou no quarto, então achei melhor fazer algo que você gosta tanto e omiti o fato de voltar mais cedo para casa. – Disse irônica.
- Por que você fez isso? Caralho, da pra crescer um pouco? – Falei com raiva e ouvi um silêncio em resposta, ela havia desligado o telefone na minha cara.


Capítulo XIV



Por

Ele definitivamente conseguia passar dos limites, agradeci mentalmente a Deus por ainda ter quase duas semanas de tour, precisava desse tempo para assimilar as últimas novidades e pensar no meu relacionamento com . O amava, fato, mas eram tantos erros, tantas falhas, que minha vontade era que ele sentisse exatamente o que eu estava sentindo, queria conseguir devolver na mesma moeda. Não bastasse ter mentindo pra mim em relação a Emma e ainda se achar no direito de ficar brabo por eu não querer transar, ele ainda tinha que passar a noite fora jogando videogame? Estava com raiva, de cabeça quente e não esperei o dia amanhecer para sair daquele hotel, como seu sono era pesado e Alice não havia acordado, consegui sair em silêncio, sem acordá-lo. Desliguei o telefone em sua cara para evitar mais uma briga, e decidi que não ligaria para ele, apenas acompanharia na internet todas as notícias sobre o e principalmente sobre .
Não seria muito difícil descobrir caso ficasse com alguém, e com certeza seu comportamento após nossa briga, decidiria o rumo de nosso relacionamento.

Dois dias se passaram e ele não tornou a ligar, perguntava para sobre eu e Alice, e contava para , que me contava tudo.
Ele tentou me ligar algumas vezes, então enviei uma mensagem pedindo para que não ligasse, precisava de um tempo para assimilar tudo e falando com ele, talvez não conseguisse isso. Mesmo a contragosto aceitou, mas ainda sim me enviava mensagens contando tudo que estava acontecendo.
Ele não me traiu ou ficou com alguém, pelo contrário, pediu para não atender fãs em um dia, provocando reclamações de várias, justificou no twitter que não estava bem e que sentia muito por não poder atende-las, ao ler que ele estava doente me preocupei e liguei em seguida.
- Alô. – Atendeu na segunda chamada.
- O que você tem? – Perguntei preocupada.
- Não é nada grave, só estava com dor de cabeça e sem paciência, o produtor do show é um mala, acha que somos bonequinhos e temos que fazer tudo que ele quer, então pra não arrumar briga vim pro hotel.
- Hum, mas você tem que pensar nas fãs. – Falei tentando passar calma, era nítido em sua voz que ele estava irritado.
- Eu sei, mas os caras ficaram lá, amanhã vou atender normal. – Falou tendo uma crise de espirros ao final da frase.
- Você não sabe mentir.
- Só omitir?
- É, omitir você sabe, mas me conta logo o que tem?
- Acho que é gripe, não dormi direito, imunidade ta meio baixa, estava com febre lá, mó merda. – Falou manhoso.
- Tadinho. – Sorri e enviei convite para ligar o skype, ele desligou a chamada e aceitou imediatamente.
- Que saudade pequena. – Falou olhando para Alice que estava em meu colo, assim que viu o pai, ela deu um sorriso gostoso e tentou pegar a tela do notbook.
- Acho que é recíproco. – Sorri tentando segurar nossa filha.
- Desculpa pequena, eu fui um idiota. Volta pra cá. – Pediu fofo.
- Não faz essa cara, eu não resisto. – Sorri encarando a tela em minha frente.
- Queria estar pertinho de vocês agora.
- Eu também meu amor. – Sorri e ouvi a campainha tocar. – Já volto. – Disse e peguei Alice indo atender a porta. Já passavam das 23 horas, e estávamos sozinhas.
- O que você quer aqui? – Disse encarando Emma na porta da minha casa.
- Acho que você já sabe que eu moro aqui agora, como não deu nenhum escândalo, achei que pudesse não sentir tanto ódio e me ajudar. – Ela disse ainda parada na porta.
- Ajudar em que? – Falei permitindo que entrasse no apartamento.
- Eu, caramba está doendo muito. – Ela disse se curvando na porta, com as mãos na barriga.
- Você está... – Me apavorei ao observar melhor seu vestido, coberto de sangue na região das pernas.
- Por favor, me ajuda. – Ela pediu entrando no apartamento.
- Senta aqui. – Pedi indicando o sofá e ligando para emergência.
- Eu nunca senti tanta dor na minha vida. – Ela chorava.
- O que aconteceu? – Perguntei assim que desliguei o telefone. Me aproximando dela com Alice em meu colo e discando o número de Ruby.
- Eu, droga! Eu tomei alguns remédios sem querer e quando vi já era tarde demais, começou a doer e sangrar, eu odeio sangue, está doendo muito.
- Calma, já chamei os médicos. – Pedi nervosa. Ruby por sorte logo atendeu o telefone e correram até meu apartamento. Deixei Alice com ela e Poppy e acompanhei Emma até o hospital.

- Confesso que tentei separar você e ele, fiz de tudo, mas ele não gosta de mim, e realmente ama você. – Ela disse dentro da ambulância.
- Shiu, é melhor você ficar quieta, pelo bem do bebê. – Pedi, não precisava ouvir aquelas coisas, já sentia uma raiva infinita daquela mulher, não queria ouvir o que sempre soube e negava.
- Acho que minhas chances são poucas. – Ela falou parecendo mais fraca, ainda perdendo sangue. Os médicos tentavam estabilizar, mas parecia complicado.
- O que está acontecendo? – Perguntei para o médico que nos acompanhava.
- Precisamos chegar ao hospitar para avaliar o caso. – A enferimeira respondeu.
- Salva o meu bebê e por favor, cuida bem dele, não culpa ele pelas merdas que eu fiz, eu sei que você é uma boa mãe, lembra que ele é filho do cara que você ama, por favor, não deixa... – Ela ia falando e então entrou em convulsão.
Foi a pior cena que eu vi na vida, Emma se debatia em cima daquela maca, chegamos ao hospital em seguida e me tiraram de dentro da ambulância, lotando o lugar com mais pessoas da equipe médica, retiraram ela de dentro desacordada e levaram diretamente para o centro cirúrgico, não sabia o que fazer, queria noticias, mesmo odiando aquela mulher, não desejava o mal para ela, queria apenas ter paz junto de e nossa família. Ela já tinha completado 8 meses de gestação, falava pouco, mas notava que ele estava ansioso para conhecer o filho, seria difícil para ele perder a criança, e para criança perder a mãe. Rezei por Emma, pelo bebê e por , pedi a Deus para que tudo desse certo e no final todos fossemos felizes e pudéssemos viver em paz.

Algumas horas se passaram e na pressa de acompanhar Emma acabei esquecendo meu celular em casa. Perguntei se poderia usar o telefone da recepção que prontamente permitiu que fizesse uma ligação, liguei para casa, Ruby atendeu, então falei que havia esquecido o telefone e ela disse que já tinha ligado várias vezes e estava preocupado. Claro, esqueci que estava conversando com ele e nunca mais voltei, não sabia como dar aquela notícia para , mas precisava falar urgentemente com ele. Poppy ficou com Alice, enquanto Ruby pegou um taxi me levando o telefone e minha bolsa até o hospital, ela queria ficar comigo, mas já passavam das 2 horas da manhã e achei melhor elas ficarem em minha casa com Alice.

Assim que Ruby saiu liguei para e contei tudo que havia acontecido desde então.
- Você está no hospital com ela? Vou ligar pros pais dela. – Ele disse nervoso.
- Sim, fica tranquilo, eu não vou sair daqui.
- , eu não queria te fazer passar por isso, mas, por favor, me mantenha informado, eu vou avisar os moleques e estou indo pra Londres no próximo vôo.
- Tudo bem, vai ficar tudo bem.
- Espero que sim. – Confessou.
- O médico está vindo aqui, depois te ligo. – Falei desligando o telefone e indo acompanhar o doutor até sua sala.
- Você é parente da paciente? – Ele perguntou sentando-se em minha frente.
- Não, na verdade, é meio complicado. Ela estava esperando um filho do meu noivo.
- Hum, e você sabia que ela fazia uso de remédio proibidos durante a gestação?
- Não, nós não tínhamos contato, morávamos perto, meu noivo está viajando então ela passou mal e foi até minha casa e eu liguei para ambulância pedindo ajuda.
- Ela era minha paciente, por sorte estava da plantão, mas ela apresentava problemas de depressão e dupla personalidade, já havia conversado com o pai da criança sobre isso, ele parece um bom homem, mas ela nunca quis ajuda, pelo contrário, sua única preocupação era com o corpo. Ela tomou um mix de remédios que provocaram isso, mesmo sendo atendida com rapidez, infelizmente não podíamos mais fazer muita coisa, mas conseguimos salvar o bebê, infelizmente, apenas ele.
- Meu Deus! – Falei em choque. – Ela? A Emma...
- Ela faleceu. Teve duas paradas cardíacas e quase não conseguimos salvar o bebê.
- Mas ele está bem? Eu posso ver ele? – Pedi sem saber o que fazer.
- Pode, preciso que alguém assine os papeis liberando o corpo. Ela tem algum parente na cidade?
- Eu não sei. – Respondi sincera. – Mas meu noivo já está vindo pra cá.
Ele concordou com a cabeça e chamou uma enfermeira, pedindo que me acompanhasse até a UTI, para ver o pequeno .
Encarei o pequeno em uma incubadora, como era a responsável por Emma, me tornei responsável por ele também, assim que entrei no hospital, ao conversar com a enfermeira ela disse que apesar de muito pequeno, parecia bem, ainda fariam alguns exames e que se tudo ocorresse dentro do normal, em menos de dois meses poderíamos levar o pequeno para casa. Ao ver ele senti algo diferente, senti vontade de protegê-lo. Me perguntei como ficariam as coisas e embora não saber como lidar com tudo, decidi que apoiaria em qualquer decisão, era um pedacinho dele, assim como nossa Alice e rezei para que esse pequeno sobrevivesse e nos enchesse de alegria.
As enfermeiras já conheciam Emma, ela não tinha um bom histórico no hospital, não se alimentava, desejava a todo momento tirar a criança alegando que estava deixando seu corpo deformado, não havia comprado nada para o pequeno e só se desesperou e pediu ajuda, por ter sentido dor e visto o sangue.
Não sei quanto tempo se passou, mas quando sai de dentro da UTI neonatal tentei ligar para , mas ele não me atendia, então sentei na sala de espera do hospital, pois sabia que assim que ele chegasse em Londres iria diretamente para lá.
Aproximadamente duas horas depois meu telefone tocou, era ele. Falamo-nos rapidamente e esperei que ele chegasse para falar sobre Emma, apenas disse que o bebê havia nascido e estava na UTI neonatal.

Por

Levei cerca de 20 minutos do Aeroporto de Heathrow até o Queen Charlotte Hospital, onde Emma e meu filho estavam. não quis me falar como Emma estava, mentiu falando que o medico não havia dito nada ainda, ela não sabia mentir, sabia que era por não conseguir falar, não a culpava, mas já esperava pelo pior. Cheguei e encontrei na sala de espera, a abracei e selei nossos lábios em um beijo rápido. Vou tentar falar com o médico, falei em seguida, não a deixando falar e fui em direção a recepção. Poucos minutos depois me indicaram a sala onde o doutor que acompanhava a gestação de Emma me esperava, entrou comigo e rapidamente disse para o doutor que não havia conseguido falar. Ele entendeu o que ela quis dizer e pediu para que tivesse calma, então sentou-se e começou a falar sobre a gestação, gravidez de risco e falta de cuidados de Emma, além dos transtornos psicológicos que ela apresentava. Ele esperava o resultado dos médicos legistas para saber quais substancias ela havia ingerido antes de ter o sangramento e tudo o que aconteceu depois.

- Ela não tinha esse direito. – Falei com raiva. – Eu acompanhei tudo, fiz tudo que ela pediu, coloquei meu casamento em risco, minha felicidade, pra ela tentar matar meu filho? Pra ela se matar? – Respondi transtornado.
- Ela nunca se mostrou feliz com a gravidez, você sabe disso, o que posso falar é que nós tentamos salvá-la, durante o caminho na ambulância ela só pedia para tirar a criança e deixá-la viver, contudo, não foi possível, não tivemos opção de escolha, precisávamos fazer a cesárea para conseguirmos lidar com ela, porém com a grande quantidade de remédios que ela tomou, ela começou a convulsionar e em seguida teve paradas cardíacas, nossa equipe fez o melhor que pode... – Ele ia justificando.
- Eu sei doutor, vocês sempre foram excelentes, foi ela quem cavou tudo isso, lamento pelo meu filho, espero que fique tudo bem com ele.
- Vou pedir para uma enfermeira te mostrar o caminho até a UTI. – Ele respondeu.
- Não precisa, eu sei onde fica. – disse segurando minha mão.
- Ok, depois volte aqui, por favor. – Ele respondeu e concordei com a cabeça saindo de sua sala.
- Eu sinto muito. – Falou nervosa me abraçando.
- Vai ficar tudo bem vida, desculpa te fazer passar por isso. – Disse apertando seu abraço.
- Você não precisa pedir desculpas. – Ela me encarou. – Eu o conheci, é tão pequenininho. – Ela sorriu em meio a lágrimas. – Vem, você tem que conhecer ele. – disse me puxando.
- Espera. – Pedi. – Eu não sei se posso, eu não sei o que fazer.
- Como assim? – Perguntou sem entender.
- Os pais de Emma, eles não querem o neto, vou ligar avisando o que houve, mas pelo que ela me disse, eles não queriam a gravidez, eu não tenho família, eu não sei como cuidar... – Ia falando então me interrompeu.
- Eu prometi que aceitaria sua decisão, pois diz respeito a sua vida e não deveria me meter, mas você tem família sim, eu, Alice, e esse bebê somos a tua família, e eu quero te ajudar em tudo, absolutamente tudo. – Ela disse me olhando nos olhos. Naquele momento senti como se uma força maior me motivasse, peguei em sua mão e junto dela fui conhecer meu pequeno.
- Eu amo você. – Respondi lhe encarando e encontrando seus lábios novamente.
Ao chegar a frente à incubadora que meu pequeno estava, senti algo diferente, mesmo tão pequenininho e cheio de tubos, ele mexia os braços e parecia fazer alguns gestos com a boca.
- Você quer entrar e segura-lo? – A enfermeira perguntou simpática.
- Ele é muito pequeno. – Respondi com medo.
- É sim, mas ele está bem apesar de tudo, já terminamos os exames, agora temos que cuidar desse mocinho para que ganhe peso e logo ele poderá ir para casa com vocês.
- Nós vamos cuidar muito bem dele. – respondeu me abraçando e encorajando a entrar e segurar o novo membro de nossa família.
- Hey garotão. – Disse assim que a enfermeira o arrumou em meu colo. De alguma forma acho que ele entendeu quem estava o segurando e ficou bem quietinho, mas acordado, parecendo prestar atenção no que eu falava. – Finalmente posso te ver e segurar nos braços, você não sabe o quanto o papai esperou por isso, você vai ter que ser forte, mas os homens da nossa família são fortes... Então tenho certeza que vai tirar isso de letra e depois vai pra casa com a gente, ajudar o papai a cuidar da maninha, ela é muito bonita sabia? Vai dar trabalho, mas ó, vamos fazer uma dupla contra namorados. – Sorri beijando sua testinha. – Eu vou tentar ser o melhor pai do mundo pra você, por favor, não me deixa filho, tem uma vida muito feliz esperando por você. – Respondi vendo a enfermeira se aproximar novamente.
- Ele não pode ficar muito tempo, mas vocês podem visitá-lo sempre e logo vão poder levá-lo pra casa. – Ela disse tirando Noah de meu colo e colocando-o de volta a incubadora. Apenas concordei com a cabeça e agradeci, saindo em seguida para encontrar com a .

Ao sair de lá liguei para os moleques avisando tudo que aconteceu, resolvemos adiar os shows da próxima semana, todos voltaram para Londres e me encontraram. Avisei os pais de Emma, que fizeram um cerimonial simples para ela e não pareceram ligar muito, me perguntei que família era aquela que não parecia ter um coração ou qualquer sentimento, vendo as atitudes deles, não me surpreendi com as dela diante de tudo.
Ao entrar no apartamento que havia dado para Emma morar, vi muita sujeira, drogas espalhadas pelos cômodos e nada, absolutamente nada para o bebê, era como se ele não existisse e todo dinheiro que eu dava a ela, fosse gasto com porcarias. Senti-me um tolo, idiota, de não ter percebido isso antes, mas agora era tarde demais para lamentar e teria apenas que cuidar do meu filho e possíveis efeitos colaterais que ele poderia ter.

Passei o resto da semana em casa com e Alice, elas sempre sendo meu porto seguro, visitei meu pequeno todos os dias, sempre acompanhado de . Foi ela quem me apoiou em todos os momentos, comprou tudo que precisaríamos para ter Noah com a gente em casa, me deu carinho, conforto e tudo que e precisei durantes aqueles dias. No final de semana precisei voltar com a banda para a tour, não poderia fazê-los esperar mais, mesmo sabendo que eles não ligariam em cancelar tudo, havia mais pessoas envolvidas, nossa equipe era enorme e todos precisavam trabalhar e receber por isso.

Passamos duas semanas na estrada, fazendo até dois shows por dia, até finalmente voltar pra casa. parecia ansiosa ao telefone, talvez fosse à saudade, mas realmente ela parecia me esconder algo e aquilo estava me intrigando.
Antes de ir para casa, achei melhor passar no hospital, já passava da meia-noite, mas era dia de plantão do médico de Noah, queria ver meu filho e conversar pessoalmente com ele. Por sorte acabei encontrando ele na chegada ao hospital.
- Então, curtindo o filhão em casa? – Ele perguntou se aproximando.
- Em casa? - Perguntei sem entender.
- Sim ele... Você chegou agora da tour? – Perguntou parecendo ter deixado escapar algo que não deveria, com o tempo e falando todos os dias, acabei passando de pai de paciente a amigo.
- Sim, acabei de chegar, vim direto ver ele e saber como estão às coisas...
- Acho que vou ter que estragar a surpresa, seu filho está em casa meu amigo, recebeu alta nessa manhã, a parecia tão feliz em levar o pequeno pra casa, que pensei que você saberia disso.
- Não, ela não disse nada.
- Provavelmente queria fazer uma surpresa. – Ele sorriu.
- Que eu estraguei vindo aqui primeiro. – Sorri com vergonha.
- Quando chegar, finge que não sabe. – Ele respondeu rindo. – Mas já que está aqui, preciso lhe entregar alguns exames, me acompanha até minha sala. – Respondeu indicando o caminho.
- Claro. – Respondi sem perceber o que ele falava, não via a hora de chegar em casa e ver meus pequenos e a mulher da minha vida.
- Esses exames foram entregues pra Emma no dia que aconteceu tudo, como você pediu para que fossem feitas cópias e entregues a você, as suas acabaram ficando no hospital. – Ele entregou dois envepoles, um deles era a contraprova do exame de DNA.
- Obrigado. – Falei segurando o envelope.
- E esse é o resultado da autópsia dela. – Seu semblante se fechou.
- Qual foi à causa? – Perguntei com medo da resposta.
- Ela tomou remédios abortivos. – Disse sincero.
- Sinceramente, eu não me surpreendo. – Falei com tristesa.
- Nós não podemos prever o futuro, mas tem males que ás vezes vem pra bem, melhor não ficar pensando no que poderia ter acontecido e apenas criar o pequeno com bastante amor. – Ele sugeriu.
- Pode ter certeza que nunca vai faltar amor para ele. – Falei e apertei sua mão, saindo de sua sala e seguindo ansiosamente até minha família.

Ao chegar em casa encontrei tudo apagado, já passava das 3 horas da manhã e sem surpresas todos dormiam. Fui até o quarto de Alice, queria sentir o cheirinho da minha pequena, mas ela não estava em sua cama. Resolvi passar pelo quartinho que havíamos decorado para Noah, com tema do pequeno príncipe, ideia de , que além de apaixonada pelo clássico, dizia ser uma decoração que remetia calma. Ela fez um belo trabalho com o quarto, estava lindo, mas seguindo exemplo do de Alice, o berço se encontrava vazio.
Sai do quarto dele indo até o nosso, a porta estava entre aberta e uma luz fraca vinha de dentro dele. Na cama, dormia tranquilamente, ao lado dela estava Alice, dormindo esparramada tal qual eu durmo, e no berço portátil ao lado da cama, Noah dormia tranquilamente. Parei na porta encarando a visão mais linda que já tinha visto, era surreal acreditar que uma felicidade daquele tamanho poderia existir, minha família estava ali, todos bem, com saúde e unidos, eu tinha uma família para chamar de minha, eu conseguia e me permitia amar e ser amado, e finalmente havia superado os traumas de minha infância.
No bolso da calça uma quantia grande de papéis me incomodava. Não pelo tanto de papéis, mas pelo peso que poderia ter dentro deles. Retirei o exame de DNA, e antes de acordar com beijos, fui até o banheiro, picando em mil pedaços aquele exame, sem abrir para saber o resultado, em seguida puxei a descarga do vazo, dando fim aqueles pequenos pedaços. Minha família estava completa, minha felicidade era plena, e nenhuma palavra ou papel mudaria isso. Noah tinha um pai, uma mãe, uma irmã e a missão de proteger essa irmã de qualquer moleque que se aproximasse dela. Eu tinha a missão de fazer das minhas mulheres e de meu moleque pessoas felizes e agradecer todos os dias pelas chances que a vida meu deu, de conhecer a felicidade e o amor incondicional.


FIM.



Nota da autora:
Chegamos ao final de Problem Child e não estou sabendo lidar com isso, tenho certeza que vou sentir muita saudade de cada atualização, de entrar no link da história só para ver se tem algum novo comentário, de responder, rir e me divertir com vocês e todas as suposições que criamos lá no grupo ou no ask da história, queria não me estender nessa n/a, mas só de pensar que é a última, tenho medo de esquecer de algo. Não sei se vocês costumam ler as notas deixadas pelas autoras, mas gostaria de deixar aqui meu muito obrigado para cada leitora que leu, comentou, indicou e votou em PC, ganhamos o título de melhor fanfic de dezembro no site, e FFOSCAR como melhor história com gravidez/bebês, sou imensamente grata a cada uma de vocês. Muitas considero amigas/conselheiras e tenho muita sorte do ciclo que criamos!
Quero dizer que amei escrever PC e amei reler ela, afinal, para quem não sabe, Problem Child foi escrita em praticamente três dias durante as férias de julho de 2016, com ela venci um bloqueio de mais de dois anos sem escrever e depois dela voltei a criar outras histórias e retomar antigos projetos. Problem Child chegou ao final, não penso em uma parte dois, pois acho que eles sofreram tanto para terem o seu “felizes para sempre”, que não seria justo mais drama para essa história, contudo, teremos alguns especiais, tal como o capítulo de Natal (único escrito depois que comecei a postar ela), um desses especiais já está certo para o primeiro semestre aqui no site, será no ficstape do Simple Plan, com obviamente a música Problem Child < 3, nele teremos uma espécie de epílogo da história. Para saber mais e não perder nenhum especial, indico que participem do meu grupo, lá eu posto todas as atualizações e novidades sobre minhas histórias.
Quero convidá-las também para conhecer outras histórias de minha autora, deixarei a listinha aqui embaixo. E por favor, caso encontrem erros ao longo da fic, sendo eles de script, concordância... Enfim, qualquer erro, basta me enviar um email ou avisar no ask.
Todos os meus contatos estão no final dessa página. Muito obrigado por terem acompanhado meu xodó, não esqueçam de comentar o que acharam dela, criticas construtivas sempre serão bem-vindas. Obrigada por tudo! Beijos

Jeh

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