Como nunca fora, ele estava sóbrio demais, frio demais, distante demais. Apesar de estar ali, bem à minha frente, sua presença não era um terço do que costumava. Faltava o brilho que se criava em seus olhos e se distribuía por todo seu ser, aquilo que eu tanto amava e me fazia o admirar com veemência por vê-lo iluminar não só o meu, mas o caminho de todos com que cruzava. Lembro-me da manhã em que o conheci, vendo-o por trás do livro que eu lia, e ele de pé no metrô, dissimulando não me notar. Pude ver seu sorriso enviesado enquanto olhava fixamente para frente, de modo evasivo e até mesmo debochado. Eu sabia que ele me correspondia, sentia seu olhar sobre mim quando voltava ao início do capítulo mais uma vez – cheguei a perder as contas de quantas vezes esqueci ou não entendi os parágrafos devido às pausas. Até que em uma nova espiada, ele me encarou. Eu, paralisada com o flagrante, apenas notei o cintilar das suas íris. Naquela mesma manhã, já havia memorizado sua imagem e forma e trejeitos. Eu já obtinha um feixe de sua luz.
Nos dias seguintes, sua silhueta era frequente. Eu até mesmo sabia em que estação ele embarcava, e aposto que tinha gravado em qual eu desembarcava. Mas certo dia, uma surpresa: ele estava lá, sentando no banco em que eu fingia ler, sua pasta sobre o assento ao lado. Sem graça parar pedir licença e tímida para cumprimentá-lo, procurei outro banco mais ao fundo, desviando o olhar para fingir naturalidade.
“Não vai sentar aqui? Guardei seu lugar”, ele disse, impedindo-me de avançar mais um passo ao ouvi-lo.
Surpresa e lisonjeada, demorei um pouco para reagir. Com uma interjeição tão baixa quanto um sussurro, assenti.
“Obrigada, é muito gentil da sua parte”, agradeci em um fio de voz.
“Acredite, foi um prazer”, respondeu-me. “. E você, quem é?”
“”, já mais à vontade, disse. E o vi sussurrar meu nome como uma sentença, causando cócegas em meus ouvidos.
“Sem querer parecer estranho, sabe horóscopo de jornal?”, perguntou, virado e olhando diretamente na minha direção, fazendo-me sentir-me o centro de sua atenção.
“O que tem eles?”
“Nunca fui de acreditar neles, mas hoje o meu dizia para ser cauteloso”, ele explicou, ainda não fazendo sentido. Emiti um som de compreensão, levando-o a continuar. “Era pra eu já estar no consultório, mas por uma distração acabei pegando o metrô no sentido errado, agora estou atrasado pra minha primeira consulta do dia (marcada por acidente).”
“Acho que você devia acreditar mais na astrologia”, comentei com bom humor.
“Discordo”, disse . “Não fui cauteloso e comecei meu dia melhor que se tivesse sido.”
“Você está atrasado.”
“Mas em ótima companhia”, ele comediu, fazendo-me sorrir. “Se tivesse chegado cedo ao trabalho, não saberia nem mesmo o seu nome. Eu nunca gostei de atender pessoas às sete da manhã, mesmo. Hoje foi uma exceção.”
“Não é mais uma exceção”, desviei o foco do meu nervosismo.
“Graças a você, .” Ele sorriu. “Tenho que retribuir o favor.”
“Não precisa”, alertei rapidamente. “Não quero atrapalhar.”
“Eu insisto”, retorquiu. “Conheço um café duas estações antes da sua, venha comigo, por favor.”
“Ah...”, murmurei baixinho, desanimada. “Se eu for, eu vou me atrasar.”
“Posso te dar um atestado médico”, sugeriu . “Não é a saída mais honesta, mas ainda assim é uma.”
Hesitei, uma vez que mal o conhecia e o “médico” poderia ser, na verdade, um maníaco. Um belo maníaco, diga-se de passagem.
“Então?”, ansioso pela minha resposta, ele perguntou. E sem mais temer as consequências, aceitei. Algo bem no fundo me dizia para arriscar e aproveitar, o que fiz com muito êxito. A partir da manhã em que trocamos as primeiras palavras, para o primeiro encontro bastou algumas horas. Com o agradável café-da-manhã regado a conversas calorosas e olhares furtivos, mas carinhosos, seria difícil negar a ele o que quer que quisesse. Mesmo pouco o conhecendo, sentia meu mundo fazer sentindo, ainda que estivesse do avesso. passou a me completar, preencher as lacunas de tempo na minha agenda.
Eu tinha noção da intensidade dos sentimentos que existiam em mim? Não, não tinha. Nem mesmo desconfiava, apenas os vivia. E, Deus, como era bom viver ao lado de ! Abrir os olhos e ver seu rosto – um pouco amassado, é claro, mas lindo – tão próximo que eu poderia tocar, beijar ou apenas admirar quanto tempo quisesse; tomar café ao som da sua voz – grave ao ponto de me fazer arrepiar, quando deitava minha cabeça sobre seu peito. Observá-lo se trocando pela manhã, pondo as roupas que eu adorava tirar dele no fim do dia; beijá-lo com devoção e ternura antes de sentir o vazio de vê-lo ir para o trabalho. Amá-lo e ser amada, mesmo sem notar que – enfim – eu havia descoberto o que era essa troca.
Não até a noite em que chegou mais cedo, pelo menos. O jantar ainda não estava pronto, pois tive de ir ao mercado comprar os temperos que faltavam – havia me comprometido em preparar as ceias assim que decidimos nos mudar para a primeira aquisição nossa. Da cozinha ouvi o som de chaves na porta, passos estalando no assoalho de madeira. Sem perguntar onde eu estava, ele caminhou até mim e se encostou no balcão da pia, ao meu lado.
“Chegou cedo...”, comentei, atenta à panela no fogo.
“Tivemos uma reunião na clínica, hoje”, disse ele, afrouxando a gravata e desabotoando a camisa. “Vão fazer algumas mudanças no efetivo, tirar alguns médicos, colocar outros...”
“Você foi demitido?” Desviei meu olhar para , assustada, já imaginando os mil problemas financeiros que teríamos, o estresse e as noites sem sono.
“Eu disse isso?”, franzindo o cenho, ele perguntou.
“Não, mas eu pensei que...”
“Relaxe, não fui demitido, ”, tentou me tranquilizar. “Aliás, fui convocado para uma viagem de última hora, e seria importante se você fosse.”
Resmungando e voltando-me para a comida, fiz pouco caso da notícia. Já não era a primeira vez que mandavam para conferências ou palestras por todo canto do país.
“Pra que dia?”, perguntei por educação.
“Depois de amanhã”, respondeu ele. “E vai ser por duas semanas, você vai precisar levar muitas roupas. Principalmente de calor.”
“Estamos no meio do inverno, , lembra?”
“Pra onde vamos é quente”, ele rebateu, dando de ombros.
“Tá, e pra onde vamos?” Usando uma colher de pau, peguei um pouco do caldo e ofereci a ele.
“Nordeste”, disse ele, sem dar muita importância. “Itamaracá.”
“E o que eu vou fazer duas semanas em um lugar que eu nem conheço?”
“Passar nossa lua de mel.”
Desligando o fogão, numa imediata explosão de surpresa e alegria, olhei para ele, vendo-o sorrir de lado, como se prendesse o riso enquanto tirava do pedido o impacto que ele causava. E após eu já ter me chocado e me admirado que suas expressões mudaram, mais abertas e contentes. Inundei-o de beijos, afoguei-o em abraços, ensurdeci-o com todos os “Eu te amo” que lhe disse.
Casamo-nos no mesmo fim de semana. A cerimônia fora realizada na casa dos pais de , mais distante da cidade, por um juiz de paz que havia sido seu paciente. Apenas familiares e amigos mais próximos compareceram, todos eles já até sabiam e haviam ajudado.
Nos votos, em vez do tradicional “Eu, , juro fidelidade e lealdade a você, , (...) até que a morte nos separe...”, fiz questão de dizer “... além da morte, pela eternidade e todo o sempre estarei ao seu lado.” Eu, no entanto, menti. Em frente às pessoas que mais significavam para nós, eu menti. De forma ingênua e sem intenção – uma vez que não sabia do futuro e não tinha controle sobre ele –, e juro pelo amor de que nunca pensei na possibilidade de traí-lo, mesmo que acontecesse naturalmente. Mas havia o feito.
Antes que alguém que possa me julgar, eu mesma faço. Fui o motivo para ele estar agora à minha frente, sem emoções, sem brilho, sem nada além de tristeza e amargura, e somente eu sinto o tanto que fere vê-lo assim. Uma dor sem igual que mal cabe no meu peito, desconhecida e sem nome. Tão grande e tão forte que eu mal sentia outra sensação além dela. Eu era culpada. Eu tinha dito a ele que estaria ao seu lado, mas não estive nos últimos tempos. Não porque não quis, porque como eu quis! Desejei todos os segundos em que estive longe poder voltar ao nosso quarto, à nossa cama; ao meu lado ao seu lado.
Contudo, não podia. Ainda que me perdoasse e me aceitasse, não deveria. Iludi-lo com minha falsa presença seria fazê-lo definhar aos poucos, pois eu sei que não me daria por inteira a ele, faltaria a melhor parte. Faltariam meus dedos tocando em sua pele com o mesmo carinho, meus lábios o beijando com a mesma paixão. Faltaria a possibilidade de eu não pensar mais em como o magoei, em como o deixei. Nada seria como antes, por mais que tentássemos.
Eu não seria a mesma pessoa de antes, porque já não era mais uma pessoa. O olhar vago de me atravessava como se eu nem mesmo estivesse ali, ainda que eu soubesse que estava. Minha mão atravessava a sua quando eu tentava alcançá-la, pois eu já não tinha mais corpo. Ele jazia ao lado de nós dois e tantos outros, dentro do caixão de mogno que recebia flores brancas daqueles mesmos amigos e familiares que viram nosso ápice de felicidade. Eu estava morta, e fora essa a maior traição que já cometera. Depois de tantos sonhos, planos, risos, dias de luta e de paz, eu havia deixado sozinho e nem mesmo poderia desfazer o acontecido.
O que me restava a fazer era somente aproveitar os últimos momentos ao seu lado na tentativa de me redimir. Segurar sua mão pela última vez e dizer alto e em bom som, para que ele ouvisse apenas como um sussurro “Eu te amo, . E é, sim, pela eternidade.”
E então partir, contra minha vontade, vendo-o confuso, mas reconfortado por ouvir minha voz em tal circunstância. Um último segredo entre nós, uma última história remanescente.
Nos dias seguintes, sua silhueta era frequente. Eu até mesmo sabia em que estação ele embarcava, e aposto que tinha gravado em qual eu desembarcava. Mas certo dia, uma surpresa: ele estava lá, sentando no banco em que eu fingia ler, sua pasta sobre o assento ao lado. Sem graça parar pedir licença e tímida para cumprimentá-lo, procurei outro banco mais ao fundo, desviando o olhar para fingir naturalidade.
“Não vai sentar aqui? Guardei seu lugar”, ele disse, impedindo-me de avançar mais um passo ao ouvi-lo.
Surpresa e lisonjeada, demorei um pouco para reagir. Com uma interjeição tão baixa quanto um sussurro, assenti.
“Obrigada, é muito gentil da sua parte”, agradeci em um fio de voz.
“Acredite, foi um prazer”, respondeu-me. “. E você, quem é?”
“”, já mais à vontade, disse. E o vi sussurrar meu nome como uma sentença, causando cócegas em meus ouvidos.
“Sem querer parecer estranho, sabe horóscopo de jornal?”, perguntou, virado e olhando diretamente na minha direção, fazendo-me sentir-me o centro de sua atenção.
“O que tem eles?”
“Nunca fui de acreditar neles, mas hoje o meu dizia para ser cauteloso”, ele explicou, ainda não fazendo sentido. Emiti um som de compreensão, levando-o a continuar. “Era pra eu já estar no consultório, mas por uma distração acabei pegando o metrô no sentido errado, agora estou atrasado pra minha primeira consulta do dia (marcada por acidente).”
“Acho que você devia acreditar mais na astrologia”, comentei com bom humor.
“Discordo”, disse . “Não fui cauteloso e comecei meu dia melhor que se tivesse sido.”
“Você está atrasado.”
“Mas em ótima companhia”, ele comediu, fazendo-me sorrir. “Se tivesse chegado cedo ao trabalho, não saberia nem mesmo o seu nome. Eu nunca gostei de atender pessoas às sete da manhã, mesmo. Hoje foi uma exceção.”
“Não é mais uma exceção”, desviei o foco do meu nervosismo.
“Graças a você, .” Ele sorriu. “Tenho que retribuir o favor.”
“Não precisa”, alertei rapidamente. “Não quero atrapalhar.”
“Eu insisto”, retorquiu. “Conheço um café duas estações antes da sua, venha comigo, por favor.”
“Ah...”, murmurei baixinho, desanimada. “Se eu for, eu vou me atrasar.”
“Posso te dar um atestado médico”, sugeriu . “Não é a saída mais honesta, mas ainda assim é uma.”
Hesitei, uma vez que mal o conhecia e o “médico” poderia ser, na verdade, um maníaco. Um belo maníaco, diga-se de passagem.
“Então?”, ansioso pela minha resposta, ele perguntou. E sem mais temer as consequências, aceitei. Algo bem no fundo me dizia para arriscar e aproveitar, o que fiz com muito êxito. A partir da manhã em que trocamos as primeiras palavras, para o primeiro encontro bastou algumas horas. Com o agradável café-da-manhã regado a conversas calorosas e olhares furtivos, mas carinhosos, seria difícil negar a ele o que quer que quisesse. Mesmo pouco o conhecendo, sentia meu mundo fazer sentindo, ainda que estivesse do avesso. passou a me completar, preencher as lacunas de tempo na minha agenda.
Eu tinha noção da intensidade dos sentimentos que existiam em mim? Não, não tinha. Nem mesmo desconfiava, apenas os vivia. E, Deus, como era bom viver ao lado de ! Abrir os olhos e ver seu rosto – um pouco amassado, é claro, mas lindo – tão próximo que eu poderia tocar, beijar ou apenas admirar quanto tempo quisesse; tomar café ao som da sua voz – grave ao ponto de me fazer arrepiar, quando deitava minha cabeça sobre seu peito. Observá-lo se trocando pela manhã, pondo as roupas que eu adorava tirar dele no fim do dia; beijá-lo com devoção e ternura antes de sentir o vazio de vê-lo ir para o trabalho. Amá-lo e ser amada, mesmo sem notar que – enfim – eu havia descoberto o que era essa troca.
Não até a noite em que chegou mais cedo, pelo menos. O jantar ainda não estava pronto, pois tive de ir ao mercado comprar os temperos que faltavam – havia me comprometido em preparar as ceias assim que decidimos nos mudar para a primeira aquisição nossa. Da cozinha ouvi o som de chaves na porta, passos estalando no assoalho de madeira. Sem perguntar onde eu estava, ele caminhou até mim e se encostou no balcão da pia, ao meu lado.
“Chegou cedo...”, comentei, atenta à panela no fogo.
“Tivemos uma reunião na clínica, hoje”, disse ele, afrouxando a gravata e desabotoando a camisa. “Vão fazer algumas mudanças no efetivo, tirar alguns médicos, colocar outros...”
“Você foi demitido?” Desviei meu olhar para , assustada, já imaginando os mil problemas financeiros que teríamos, o estresse e as noites sem sono.
“Eu disse isso?”, franzindo o cenho, ele perguntou.
“Não, mas eu pensei que...”
“Relaxe, não fui demitido, ”, tentou me tranquilizar. “Aliás, fui convocado para uma viagem de última hora, e seria importante se você fosse.”
Resmungando e voltando-me para a comida, fiz pouco caso da notícia. Já não era a primeira vez que mandavam para conferências ou palestras por todo canto do país.
“Pra que dia?”, perguntei por educação.
“Depois de amanhã”, respondeu ele. “E vai ser por duas semanas, você vai precisar levar muitas roupas. Principalmente de calor.”
“Estamos no meio do inverno, , lembra?”
“Pra onde vamos é quente”, ele rebateu, dando de ombros.
“Tá, e pra onde vamos?” Usando uma colher de pau, peguei um pouco do caldo e ofereci a ele.
“Nordeste”, disse ele, sem dar muita importância. “Itamaracá.”
“E o que eu vou fazer duas semanas em um lugar que eu nem conheço?”
“Passar nossa lua de mel.”
Desligando o fogão, numa imediata explosão de surpresa e alegria, olhei para ele, vendo-o sorrir de lado, como se prendesse o riso enquanto tirava do pedido o impacto que ele causava. E após eu já ter me chocado e me admirado que suas expressões mudaram, mais abertas e contentes. Inundei-o de beijos, afoguei-o em abraços, ensurdeci-o com todos os “Eu te amo” que lhe disse.
Casamo-nos no mesmo fim de semana. A cerimônia fora realizada na casa dos pais de , mais distante da cidade, por um juiz de paz que havia sido seu paciente. Apenas familiares e amigos mais próximos compareceram, todos eles já até sabiam e haviam ajudado.
Nos votos, em vez do tradicional “Eu, , juro fidelidade e lealdade a você, , (...) até que a morte nos separe...”, fiz questão de dizer “... além da morte, pela eternidade e todo o sempre estarei ao seu lado.” Eu, no entanto, menti. Em frente às pessoas que mais significavam para nós, eu menti. De forma ingênua e sem intenção – uma vez que não sabia do futuro e não tinha controle sobre ele –, e juro pelo amor de que nunca pensei na possibilidade de traí-lo, mesmo que acontecesse naturalmente. Mas havia o feito.
Antes que alguém que possa me julgar, eu mesma faço. Fui o motivo para ele estar agora à minha frente, sem emoções, sem brilho, sem nada além de tristeza e amargura, e somente eu sinto o tanto que fere vê-lo assim. Uma dor sem igual que mal cabe no meu peito, desconhecida e sem nome. Tão grande e tão forte que eu mal sentia outra sensação além dela. Eu era culpada. Eu tinha dito a ele que estaria ao seu lado, mas não estive nos últimos tempos. Não porque não quis, porque como eu quis! Desejei todos os segundos em que estive longe poder voltar ao nosso quarto, à nossa cama; ao meu lado ao seu lado.
Contudo, não podia. Ainda que me perdoasse e me aceitasse, não deveria. Iludi-lo com minha falsa presença seria fazê-lo definhar aos poucos, pois eu sei que não me daria por inteira a ele, faltaria a melhor parte. Faltariam meus dedos tocando em sua pele com o mesmo carinho, meus lábios o beijando com a mesma paixão. Faltaria a possibilidade de eu não pensar mais em como o magoei, em como o deixei. Nada seria como antes, por mais que tentássemos.
Eu não seria a mesma pessoa de antes, porque já não era mais uma pessoa. O olhar vago de me atravessava como se eu nem mesmo estivesse ali, ainda que eu soubesse que estava. Minha mão atravessava a sua quando eu tentava alcançá-la, pois eu já não tinha mais corpo. Ele jazia ao lado de nós dois e tantos outros, dentro do caixão de mogno que recebia flores brancas daqueles mesmos amigos e familiares que viram nosso ápice de felicidade. Eu estava morta, e fora essa a maior traição que já cometera. Depois de tantos sonhos, planos, risos, dias de luta e de paz, eu havia deixado sozinho e nem mesmo poderia desfazer o acontecido.
O que me restava a fazer era somente aproveitar os últimos momentos ao seu lado na tentativa de me redimir. Segurar sua mão pela última vez e dizer alto e em bom som, para que ele ouvisse apenas como um sussurro “Eu te amo, . E é, sim, pela eternidade.”
E então partir, contra minha vontade, vendo-o confuso, mas reconfortado por ouvir minha voz em tal circunstância. Um último segredo entre nós, uma última história remanescente.
FIM
Nota da autora: Aaaah, que saudades que eu tava de escrever fanfics assim! Faz realmente muito tempo que não escrevo uma short que realmente gosto, Reminiscences veio pra me tirar da fossa literária (ou me colocar lá, não sei HAUHAU).
Então, né, geralmente eu indico uma música que tenha a ver com a estória, mas dessa não vai ter, desculpe. :T Mesmo assim, se você leu e gostou, comente! É muito importante, pra mim, saber a sua opinião.
xxo Abby
Outras Fanfics:
Longfics:
Theater - McFly / Finalizadas
[/independentes/t/theater.html]
Shortfics/oneshots e Ficstapes:
I L.G.B.T.? - LGBTQ / Em andamento
[/independentes/i/ilgbt.html]
Theater: Three Little Words - Especial All Stars 2014 / Finalizada (Spin-Off de Theater)
[/independentes/t/theaterthreelittlewords.html]
05. I Want it All - Ficstape #001: Arctic Monkeys – AM / Finalizada
[/ficstape/05iwantitall.html]
02. Lola - Ficstape #011: McFly – Memory Lane / Finalizada
[/ficstape/02lola.html]
07. Jealous - Ficstape #020: Beyoncé – Self-Titled / Finalizada
[/ficstape/07jealous.html]
Estado Latente - McFly / Finalizada
[/independentes/e/estadolatente.html]
Mesmerized - Especial Dia do Sexo (The Wanted) / Finalizada
[/independentes/m/mesmerized.html]
Falling Away with You - Restritas - Originais / Finalizada (ATENÇÃO: Conteúdo sensível, suicídio.)
[/independentes/f/fallingawaywitu.htm]
Famous Last Words - LGBTQ / Finalizada (ATENÇÃO: Conteúdo sensível, suicídio. Releitura da fic acima.)
[/independentes/f/famouslastwords.htm]
Fear of Sleep - McFly / Finalizada
[/independentes/f/fearofsleep.htm]
Second Heartbeat - Restritas - Bandas (McFly) / Finalizada
[/independentes/s/secondheartbeat.htm]
He's Got You High - Originais / Finalizada
[/independentes/h/hesgotyouhigh.htm]
She's Got You High - Originais / Finalizada
[/independentes/s/shesgotyouhigh.htm]
Farewell - Especial de Agosto 2013 / Finalizada
[/independentes/f/farewell.html]
Give Me a Reason - Especial FFAwards 2013 / Finalizada (Spin-Off de Give Me Novacaine)
[/independentes/g/givemeareason.html]
Todo e qualquer erro, seja de escrita ou html, deve ser enviado diretamente para mim em awfulhurricano@gmail.com. Não use a caixa de comentários, por favor.
Então, né, geralmente eu indico uma música que tenha a ver com a estória, mas dessa não vai ter, desculpe. :T Mesmo assim, se você leu e gostou, comente! É muito importante, pra mim, saber a sua opinião.
xxo Abby
Outras Fanfics:
Longfics:
Theater - McFly / Finalizadas
[/independentes/t/theater.html]
Shortfics/oneshots e Ficstapes:
I L.G.B.T.? - LGBTQ / Em andamento
[/independentes/i/ilgbt.html]
Theater: Three Little Words - Especial All Stars 2014 / Finalizada (Spin-Off de Theater)
[/independentes/t/theaterthreelittlewords.html]
05. I Want it All - Ficstape #001: Arctic Monkeys – AM / Finalizada
[/ficstape/05iwantitall.html]
02. Lola - Ficstape #011: McFly – Memory Lane / Finalizada
[/ficstape/02lola.html]
07. Jealous - Ficstape #020: Beyoncé – Self-Titled / Finalizada
[/ficstape/07jealous.html]
Estado Latente - McFly / Finalizada
[/independentes/e/estadolatente.html]
Mesmerized - Especial Dia do Sexo (The Wanted) / Finalizada
[/independentes/m/mesmerized.html]
Falling Away with You - Restritas - Originais / Finalizada (ATENÇÃO: Conteúdo sensível, suicídio.)
[/independentes/f/fallingawaywitu.htm]
Famous Last Words - LGBTQ / Finalizada (ATENÇÃO: Conteúdo sensível, suicídio. Releitura da fic acima.)
[/independentes/f/famouslastwords.htm]
Fear of Sleep - McFly / Finalizada
[/independentes/f/fearofsleep.htm]
Second Heartbeat - Restritas - Bandas (McFly) / Finalizada
[/independentes/s/secondheartbeat.htm]
He's Got You High - Originais / Finalizada
[/independentes/h/hesgotyouhigh.htm]
She's Got You High - Originais / Finalizada
[/independentes/s/shesgotyouhigh.htm]
Farewell - Especial de Agosto 2013 / Finalizada
[/independentes/f/farewell.html]
Give Me a Reason - Especial FFAwards 2013 / Finalizada (Spin-Off de Give Me Novacaine)
[/independentes/g/givemeareason.html]