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Última atualização: 24/02/2022

Prólogo

respirou fundo dentro do carro ao ver o veículo parar próximo à entrada do tapete azul. A jovem gostava de pensar no bem do próximo e fazer de tudo para ajudá-lo, mas não entendia a necessidade de precisar mostrar a todos de que era uma boa pessoa, sabia que tudo aquilo era apenas para atrair boa atenção. Preferia fazer suas doações e prestar seus serviços de modo anônimo, não via indispensabilidade para que aquilo fosse televisionado aos quatro ventos.
Saiu de seus pensamentos ao ver a porta do carro ser aberta e Josie, uma das organizadoras do GCFCT, parada apoiando a porta e mantendo-a aberta. A mulher apenas meneou com a cabeça — em um singelo gesto direcionando o rosto na direção do enorme tapete — conforme continuava a ditar ordens pelo microfone preso próximo a sua boca.
— Está linda, senhorita . — Josie falou de modo formal e a mais nova resmungou.
A cantora já tinha perdido as contas de quantas vezes pediu para que a mulher lhe chamasse pelo primeiro nome. Se conheciam há alguns anos, já que participava daquela instituição desde que começara sua carreira, e possuíam um elevado grau de intimidade. Mas sempre que ocorria um evento, Joseph a tratava com deveras formalidade, como com qualquer outro famoso.
— Kane vai lhe acompanhar até o tapete, já estão lhe esperando para as fotos. — a organizadora falou com um sorriso nos lábios ao fixar o olhar na amiga. — Está linda como sempre, .
sorriu abertamente e manteve o sorriso sincero no rosto, por mais que não estivesse realmente feliz com sua presença ali. Amava todos os projetos que fazia e era apaixonada pelo tempo que passava com aquelas crianças e adolescentes, mas odiava toda aquela exposição que eram obrigados a passar.
Respirou fundo novamente, sentindo o ar preenchendo seus pulmões e lhe dando a coragem necessária para que se levantasse do estofado. Aceitou a mão que Josie lhe estendia para que saísse do carro e apoiou-se suavemente na amiga conforme saía do carro de forma graciosa.
Sentiu os flashes cegarem sua visão por poucos segundos — aquilo era algo que ela nunca iria se acostumar — e piscou um olho na direção de Josie antes de se separar da amiga e seguir pelo caminho que lhe era conhecido. Concentrava-se completamente no caminho a sua frente, olhando apenas vez ou outra na direção dos fotógrafos que a chamavam, mas sua atenção estava inteiramente focada em não tropeçar nos próprios pés — devido aos enormes saltos que usava — e passar uma enorme vergonha.
Sorriu na direção de Kane e trocaram um abraço sincero e apertado. conhecia o homem desde a sua adolescência — já que o mesmo era um amigo de longa data de seu pai — e graças a ele teve a chance de conhecer a iniciativa maravilhosa da GCFCT. Enlaçou seu braço no do organizador e seguiram juntos até o tapete azul. Posaram juntos para algumas fotos e logo se afastaram, já que a cantora teria um tempo maior para as fotos.
já tinha perdido a conta de quantos flashes tinham sido disparados em sua direção e sentia as maçãs de seu rosto arderem devido ao tempo que estava mantendo aquele sorriso forçado em seus lábios. Suspirou baixo ao encarar o responsável pelas fotos a chamando com um singelo gesto de mão e sorriu — verdadeiramente — para a última foto.

bufou mais uma vez, poderia criar ali mesmo uma lista com diversos motivos e explicações pelas quais ele odiava qualquer tipo de evento, principalmente os que eram realizados apenas para que pessoas ricas agissem como se fossem benfeitores que se importavam com outras pessoas além de seus próprios umbigos. Mas ali estava ele, trajando um terno rosa claro que lhe incomodava e com o cabelo perfeitamente alinhado em um topete.
Estava sentado na mesa que lhe foi destinado e não conhecia nenhum dos outros rostos presentes naquele espaço redondo. Encarou a taça vazia e suspirou fundo. Precisava beber para continuar aguentando aquilo, mesmo que sua única opção fosse o champanhe que lhe era servido.
Segurou a taça e avisou que se retiraria por alguns segundos. Estava odiando os assuntos que aqueles homens conversavam, parecia mais um grande jogo onde disputavam quem tinha gasto mais dinheiro no semestre passado ajudando os pobres e desafortunados.
Iria até o bar ver se não possuíam algo melhor para que ele continuasse aguentando ouvir aquela conversa sem que mandasse todos os homens tomarem no cu. Sabia que o champanhe não seria forte o suficiente para lhe fazer abstrair de todas aquelas idiotices que falavam. Rolou os olhos — sem se importar se alguém estava o encarando — e seguiu até o bar vazio.
Sabia a importância daquele evento ser televisionado e a necessidade de que tantas pessoas endinheiradas comparecessem, aquilo era de extrema importância para que conseguissem ajudar todas as crianças e adolescentes que apareciam semanalmente — às vezes até mesmo diariamente — que estavam em situações complicadas.
Sentou-se na banqueta de frente para o bar e pediu a bebida mais forte, sem se importar em perguntar o que seria. Agradeceu ao receber a bebida e depositou a taça no balcão, passando a segurar o copo com a bebida desconhecida. Girou suavemente no banco — de modo que conseguisse encarar aquela enorme sala lotada de rostos desconhecidos — e deu um gole em sua bebida.
Franziu o cenho e pousou o copo em sua coxa — ainda segurando-o —, não conseguiu reconhecer a bebida, mas seu cenho franzido estava relacionado a outra coisa. Ou melhor, a alguém.
Notou um rosto vagamente familiar e permaneceu com o cenho franzido, mantendo o olhar fixo que lhe era direcionado. Sabia que a mulher que lhe encarava era alguém que estava fazendo sucesso entre os adolescentes, lembrava-se disto devido ao último encontro familiar onde suas primas mais novas o questionaram se ele conhecia ela. Sorriu abertamente — não poderia negar a beleza da mulher –, e aliviou a expressão.
A única coisa que não compreendia, era o motivo pelo qual o encarava do outro lado da sala com um olhar curioso.


Capítulo Um

levantou o olhar para o céu, encarando a imensidão azul e observando as estrelas espalhadas pelo céu límpido. A visão que a construção lhe proporcionava era magnífica, não poderia negar isso nem se quisesse, porém odiava a exposição que aqueles eventos lhe traziam.
Odiava o quão tóxica a indústria da fama podia ser na maioria dos momentos.
Pegou o cigarro aceso e trouxe para perto de seus lábios, tragando a nicotina e sentindo seu corpo relaxar modestamente, como se aquele fino bastão entre seus dedos realmente pudesse lhe trazer a calmaria que ansiava. Não era aquele que ele desejava estar fumando, porém não poderia arriscar–se por tão pouco.
Não negaria que se pudesse, trocaria facilmente o simples cigarro de nicotina por um baseado.
Interrompeu suas divagações ao notar uma movimentação na área para fumantes –– até então vazia –– e direcionou seu olhar para a figurinha feminina parada próxima a si, com os braços repousados na grade e o olhar fixo na noite inglesa a sua frente.
Era a mesma mulher que o encarava no início da noite.
–– Você tem outro? –– a voz suave quebrou o silêncio no exato momento em que a cantora virava na direção de , revezando o olhar entre o rosto do cantor e o cigarro aceso entre seus dedos.
piscou algumas vezes, demorando mais tempo do que desejava para finalmente responder com um:
–– Sim. –– pausou brevemente, procurando pelo maço em seus bolsos. –– Quer um?
A mulher contentou–se em responder com um aceno positivo de cabeça, aceitando o cigarro que lhe foi entregue segundos após sua afirmação. Levou o cigarro até os lábios, prendendo–o ali e esperou que o cantor lhe oferecesse o isqueiro, mas não foi o que aconteceu.
aproximou–se da mulher, mantendo seu próprio cigarro preso entre os lábios e apoiando–os suavemente com o dedo, levando–os na direção do cigarro que pendia entre os lábios coloridos de carmim, acendendo–o rapidamente e se afastando na mesma agilidade com a qual se aproximou.
–– . –– o cantor falou simplesmente ao retornar para o lugar que ocupava anteriormente.
Sabia que em seu caso era dispensável as apresentações, todos o conheciam em qualquer lugar que ele fosse, mas ainda assim gostava de apresentar–se, como faria antes da fama.
Gostava de acreditar que ainda precisava se apresentar, sem contar com toda a questão de educação que sua mãe lhe ensinou muito bem.
–– , mas prefiro que me chamem de Ave. –– soltou a fumaça do cigarro para o horizonte, virando o rosto em direção ao do cantor e abrindo um sorriso amigável em seus lábios.
–– Nunca nos encontramos antes, certo? –– questionou, mantendo um olhar interessado na cantora e retomando com o cigarro para os lábios.
não se preocupou em diminuir o sorriso que teimava em aumentar. A visão do homem à sua frente encarando–a com pleno interesse enquanto um cigarro pendia por entre seus lábios era completamente bela e excitante.
Principalmente pelo fato do homem em questão se tratar de .
–– Primeira vez que estamos no mesmo evento.
pescou o cigarro com seus dedos, depositando–o no cinzeiro e abrindo um sorriso, fixando o olhar em .
— Posso até mesmo admitir que estou um pouco surpresa por encontrá–lo neste evento. — confidenciou sem quebrar o contato visual, nem mesmo quando arqueou a sobrancelha e lhe dirigiu um sorriso irônico.
— Não gosto desses eventos onde as pessoas querem se mostrar benfeitoras, quando no final das contas elas não dão a mínima para os verdadeiros necessitados. — mesmo com o peso e a sinceridade em suas palavras, não sentiu se sentiu afetada pelas palavras de , pois afinal de contas, ela concordava com ele.
sacou outro cigarro do maço, e ao notar que o de também já tinha acabado, ofereceu–a outro, que lhe foi aceito de primeira. acendeu os dois, entregando o primeiro para e permanecendo com o seu entre os dedos.
— Não imaginava que a princesinha do pop fumava. — falou após soltar a fumaça.
Desta vez, foi quem abriu um sorriso levemente irônico.
— Então me conhece pelo título da indústria musical? — o tom de voz mesclava entre o brincalhão e o interessado.
retribuiu com um sorriso sincero e um aceno de cabeça em sinal de concordância.
— Minhas primas adoram as suas músicas. — respondeu.
não impediu que seu sorriso se alargasse ainda mais. De um modo ou de outro, a conhecia nem que fosse minimamente e de forma midiática, mas isso já era mais do que o suficiente para que a cantora se encontrasse satisfeita.
Era de que estávamos falando, curtia o cantor desde antes mesmo dela sequer entrar no ramo musical.
— Mas retornando para a sua pergunta, tem muita coisa que você não sabe sobre mim, e a mídia muito menos. — deu uma piscadela tragando o cigarro, e pela primeira vez desde que encontrou com o cantor, permitiu–se quebrar o contato visual ao virar para frente e soltar a fumaça.
— Adorarei conhecer, se você me permitir.
traga o cigarro mais uma vez, seus olhos continuam presos na vida noturna londrina andares abaixo, mesmo com o olhar de ainda fixo em si e queimando–a intensamente.
— Claro! — fala suavemente, mesmo que a frase de não tenha sido de fato uma pergunta.
sorri abertamente, tombando a cabeça para trás e encarando o céu estrelado por alguns segundos.
— Quer ir para um outro lugar então? — o cantor volta a olhar para a mulher no exato momento em que ela também retorna seu olhar a ele.
A troca de olhares já deixa explícita a resposta, mas mesmo assim deixa que uma singela frase saia de seus lábios:
— Eu adoraria.
Sacou o celular da pequena bolsa que carregava e avisou apenas a Kane que já estava indo embora, pedindo–o para repassar a informação no caso de Josie procurar pela amiga. Não esperou por um retorno do amigo, já guardando o celular novamente e voltando a encarar .
— Para onde vamos? — questionou curiosa e meneou com um balançar negativo de cabeça.
— Você vai ver assim que chegar lá. — piscou marotamente e estendeu a mão na direção de , que segurou–a sem pensar duas vezes. — Só posso adiantar que estamos arrumados demais.

não conteve a expressão confusa ao observar o carro parar na frente de uma loja de conveniência, com grandes letras garrafais em neon escrito Unterirdische Eingang. Ela sabia que aquilo era alemão, mas não conseguia sequer imaginar como pronunciar aquele nome.
— Certo, de fato estamos bem vestidos para estar aqui. — a cantora murmura e não contém a gargalhada.
— Vamos, você vai entender melhor quando entrarmos. — sai do carro, mantendo a porta aberta e a mão estendida para auxiliar .
Com os dois de pé parados à frente da loja, lhe dá uma última olhada antes de começar a caminhar até a porta, fazendo com o que o acompanhasse já que suas mãos ainda se encontravam entrelaçadas.
E dependendo dos dois, continuariam assim.
Adentraram a loja, com o tintilar do sino anunciando suas presenças assim que passaram pela porta, atraindo o olhar tedioso do balconista. Seguiram até lá, com guiando–os pelo caminho e ainda confusa.
Questionava–se mentalmente se iriam comprar alguma coisa ali e só então iriam de fato para um outro lugar, aquilo era a única alternativa que fazia sentido para si.
— Gostaria do especial da casa. — murmurou assim que ficou de frente para o balconista.
O homem encarou os dois, analisando–os dos pés a cabeça, e então rolou os olhos rapidamente por toda a loja, avaliando se estavam de fato sozinhos ali. Concordou com um aceno de cabeça e pegou uma chave de seu bolso, pondo–se a andar. já conhecia o procedimento, apenas encarou rapidamente e voltou a caminhar, dessa vez seguindo o homem.
O balconista parou na frente de uma porta laranja com a placa ”Permitida a entrada somente de funcionários” e destrancou–a, relevando uma escada longa e mal iluminada que não consegui ver — e sequer imaginar — o que teria no fim dela.
— Confia em mim. — falou ao notar a expressão duvidosa explícita na face de .
A cantora respirou fundo.
Daria esse voto de confiança ao cantor, afinal não podia negar a curiosidade que corria por seu corpo questionando–se onde tinha a levado. Nenhum barulho sequer subia pelas escadas, mas estava disposta a conhecer o desconhecido.
balançou levemente a cabeça para cima e para baixo, em um sinal de confirmação que fez com que um sorriso ladino aparecesse nos lábios do cantor.
pôs–se a descer as escadas, sendo seguido por . A iluminação do local era baixa, mas iluminava o suficiente para que não pisassem em falso. Ao terminarem de descer a escada, seguiram por um curto corredor e pararam de frente para uma porta preta, bem similar as grandes portas de um cofre.
estava pronta para questionar onde estavam e o que seria aquilo, mas assim que abriu a boca, as palavras não chegaram a sair, pois no mesmo momento, a porta começava a abrir. O som alto de uma música eletrônica logo preencheu o local, a leve escuridão e o vazio deram espaço para um centena de pessoas e luzes.
— Bem–vinda ao Pesadelo. — a voz de soou próxima a , sobressaindo–se sobre a música e a cantora não conteve o arrepio involuntário que correu por todo o seu corpo.
— E aí cara, quanto tempo! — a grossa voz masculina atraiu a atenção dos dois, mesmo que estivesse se dirigindo diretamente a .
— A vida é corrida, cara, estava querendo voltar aqui e nunca tinha tempo sobrando. — justificou–se para o amigo. — Mas consegui vir hoje e ainda trouxe uma convidada.
meneou levemente com a cabeça na direção de , por mais que não fosse necessário, o outro já tinha notado na figura feminina que acompanhava o amigo naquela noite. Sabia que ela era famosa, mesmo não sabendo de fato qual era o nome, mas já tinha visto diversas notícias sobre a cantora. Além de que a beleza da mulher não era capaz de se passar despercebida, na qual parecia estar ainda mais destacada naquele vestido longo e formal.
— Prazer, sou Marc, um dos principais responsáveis por isso aqui. — a fala foi acompanhada de um sorriso aberto e uma piscadela, que só fez com o que arqueasse as sobrancelhas na direção do amigo.
Os dois cantores adentraram ao local, deixando Marc encarregado de fechar a porta atrás deles. A música soou ainda mais alta e só ali dentro, pôde observar o quão grande era aquele local. Não tinham janelas — pelo menos não que ela pudesse ver —, mas acreditava estar em uma espécie de porão, bem similar a um enorme galpão, por mais que a aparência mais a lembrasse de um container.
observava o modo que analisava o local. Acreditava que a cantora nunca tinha frequentado aqueles tipos de lugares, mas esperava que ela gostasse.
Já tinha se interessado nela, isso era inegável, e este era o motivo para tê–la convidado — em poucos minutos de conversa — para ir especial para o seu lugar preferido. Queria conhecê–la e na opinião, nenhum lugar era melhor do que o qual se encontravam naquele exato momento.
— Então, aqui é o lugar onde tudo é permitido. — falou ao passarem próximos a uma mesa, onde algumas carreiras de cocaína estavam sobre o vidro.
— Aproveite sua viagem no País das Maravilhas. — Marc abriu um sorriso sacana e se afastou dos dois, mas não sem antes lançar uma piscadela na direção de .
— Tudo é permitido? — um brilho que não conseguia decifrar apareceu nos olhos de ao questioná–lo.
— Bem, na medida do que não é considerado crime. — murmurou simplesmente.
sentou–se no sofá que sempre costumava ficar, sendo acompanhado por , que ainda encarava atentamente cada informação que aparecia em seu campo de visão. Conseguia observar diversas pessoas fumando, mas estranhamente, o cheiro de nicotina — e até mesmo de maconha — não estava presente no local.
— Costumo vir aqui apenas para ficar bebendo e fumando, ninguém aqui invade o meu espaço e eu sou livre para fazer o que eu quiser, sem que exploda na mídia. — a voz de soou alta para que pudesse o escutar perfeitamente. — Não sou de dançar, então geralmente venho aqui só para gastar meu tempo livre aqui.
— Você vem para um lugar como esse tecnicamente para relaxar? — não conteve o tom levemente irônico.
Era difícil imaginar qualquer pessoa indo para um lugar — que ela descreveria facilmente como uma rave subterrânea — para relaxar.
— Acho que os outros pontos se tornam tão positivos, que a música nem chega a me incomodar. — respondeu sincero.
O cantor adorava a vida que tinha, tudo o que tinha conquistado, mas não poderia negar que odiava o lado negativo da fama, a falta e invasão de privacidade. Em alguns momentos, até mesmo cogitava afastar–se do ramo musical, nunca conseguindo devido ao seu verdadeiro amor pela música.
— O de sempre. — Marc reapareceu, segurando uma garrafa de vinho Domaine Leflaive Chevalier-Montrachet Grand Cru e duas taças.
Depositou as taças na mesa e abriu o vinho, enchendo as taças e encarou rapidamente, em uma fala muda de que o amigo já podia pegar. Colocou a garrafa de vinho próxima ao amigo e sacou três baseados do bolso da calça que usava, entregando–os para . Tão rápido quanto apareceu, Marc sumiu novamente entre a multidão que dançava freneticamente na pista.
estendeu um na direção da cantora que contentou–se em negar com um balançar de cabeça, pegando a taça posta a sua frente.
— Se incomoda se eu fumar? — questionou com o baseado apagado preso aos lábios.
— Não, fique a vontade. — sorriu verdadeiramente, observando o cantor acender o baseado e tragar com um leve sorriso nos lábios, demonstrando a satisfação que estava sentindo. — Mas eu adoraria outro cigarro.
Deu um gole no vinho — caro, diga–se de passagem — de sua taça e tornou a depositá–la na mesinha à sua frente. Pegou o cigarro apagado que lhe entregava, prendendo–o nos lábios e manteve o olhar fixo ao do cantor. Observou atentamente o rosto do cantor que vinha em sua direção, parando apenas quando só sobrou a distância de seus cigarros entre si. sacou o isqueiro, aproximando–o de e acendendo seu cigarro.
Afastou-se minimamente — para que pudesse tirar o baseado de seus lábios e soltar a fumaça tragada —, mas manteve–se próximo a cantora, inclinado em sua direção e intensificando ainda mais a troca de olhares.
— Gostando do Pesadelo? — questionou com um tom um pouco mais rouco.
não saberia dizer se foi proposital ou não, mas de qualquer jeito, tinha lhe afetado.
— Sim, gostando tanto ao ponto de que nem sequer parece um pesadelo. — murmurou com um trocadilho, tirando um sorriso sincero do cantor.
pegou sua taça pela primeira vez, dando apenas um gole, mas permanecendo com ela em mãos.
— Para mim é um pesadelo ver você tão perto sem nem ao menos poder te beijar. — soprou, livrando–se da ponta do baseado no cinzeiro, aproveitando para aproximar–se um pouco mais da cantora.
afetou–se por alguns segundos, sem saber ao certo como reagir.
Deixou que um sorriso ladino tomasse conta de seus lábios, pousou seu cigarro no cinzeiro e tombou levemente a cabeça para o lado, umedecendo seus lábios com a ponta da língua e com olhar malicioso preso no cantor.
— E quem disse que você não pode me beijar? — questionou maliciosamente, observando um sorriso ainda maior abrir nos lábios do cantor que começavam a aproximar–se dos seus.
segurou o rosto feminimo delicadamente com seus dedos, levantando–o sutilmente de modo que ficassem na mesma altura. Fecharam os olhos basicamente no mesmo momento — quando seus lábios se tocaram pela primeira vez —, e para os dois, o beijo que tinham esperado a noite inteira, estava valendo muito a pena.
O beijo era calmo, naquele momento nenhum dos dois tinham pressa, e aproveitavam–se disso para desfrutar das sensações que lhe eram causadas. Queriam aproveitar aquele beijo, tinham passado a noite inteira — tinha passado boa parte da adolescência também.
embrenhou os dedos no cabelo escuro de , que apertava — sutilmente — sua cintura por cima do vestido. A sintonia era única e até mesmo o som alto da música eletrônica soava como um ruído abafado ao fundo.
Um barulho abafado sobressaiu sobre a música, e demorou alguns segundos para perceber que era o seu próprio celular tocando. A cantora afastou–se desgostosa, não queria romper o beijo naquele momento, ela poderia continuar beijando–o por mais longos minutos naquela noite.
— É minha agente, preciso atender. — murmurou ao olhar o visor do celular e ver o nome de Lina piscando na tela.
— Vem, vamos para um local mais calmo. — levantou–se do sofá e segurou a mãe de outra vez, ajudando–a levantar e guiando–a mais uma vez pelo local que ele conhecia tão bem.
abria caminho entre as pessoas, que os encaravam rapidamente — provavelmente perguntando–se se os conheciam — mas logo voltavam a dançar ou a fazer o que faziam antes. Parou de frente para uma porta de madeira que no lugar da fechadura digital, encontrava–se uma digital. digitou rapidamente os números e uma luz verde acendeu por questões de segundos, sumindo no momento em que a porta abriu–se por alguns milímetros.
— Aqui é o escritório do Marc, você vai poder conversar com a sua agente sem problemas. — fechou a porta atrás de si, seguindo para a mesa e apoiando o corpo ali.
— Obrigada. — murmurou simplesmente enquanto buscava o celular na bolsa.
retornou a chamada, que tocou por alguns segundos antes de ser atendida.
— Lina, tudo bem? — a cantora perguntou assim que a agente atendeu.
— A reunião do final de semana foi transferida para amanhã às oito da manhã. — a voz do outro lado soou levemente apreensiva.
— Como assim, Lina? — não conteve o susto, atraindo a atenção de que lhe direcionou um olhar preocupado. — Eu estou em Londres, você sabe, mesmo se eu voar hoje para Nova Iorque eu não consigo resolver tudo.
— Isso foi conversado, eles aceitaram fazer uma reunião virtual. Já aumentei sua estadia por mais uma semana, não se preocupe, nos falaremos amanhã. — Lina finalizou a ligação junto com a sua frase, sem deixar com o que retrucasse.
— Aconteceu algo? — questionou ao observar a cantora guardar o celular, caminhando em sua direção.
— Marcaram uma reunião minha para amanhã de manhã, precisarei ir embora. — murmurou e deixou com que o bico sutil aparecesse em seus lábios. — O lado bom, é que minha estadia em Londres foi extendida.
— Então não vai embora nem tão cedo? — perguntou interessado, com um sorriso nos lábios.
— Tenho mais uma semana na terra da rainha. — respondeu com o mesmo sorriso nos lábios. abraçou–a pela cintura, colando seus corpos mantendo suas bocas separadas por poucos milímetros.
— Fico feliz em saber. — murmurou sincero, dando um selinho nos lábios de . — Vamos, eu te levo para casa.


Continua...



Nota da autora: Reapareci por aqui trazendo as primeiras interações desse casal, que eu já adoro. Passei por um loooongo bloqueio criativo e agora finalmente estou conseguindo voltar para o mundinho da escrita, então não esqueça de deixar um comentário para motivar essa autora!



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