Finalizada

Capítulo Único

O Coachella é um festival de música que acontece anualmente no Empire Polo Club, na cidade de Indio, na Califórnia. Indio fica a cerca de 200 km de Los Angeles, e lá também foi o lugar da maior aventura da vida das duas amigas brasileiras, que atualmente moravam em LA, e como um sonho de todo fã de música pop e festivais foram juntas para o Coachella viver aquela experiência, com direito a barraca no acampamento e tudo mais.
As expectativas eram grandes, mas o que começou parecendo uma maré muito grande de azar, começando pelo trânsito que pegaram até o local, até um doido que tentou invadir a barraca delas no meio da noite, terminou da maneira mais surpreende possível.

Porque é tão difícil arrumar um cigarro por aqui?, que estava à beira de um ataque de nervos, disse a si mesma em voz alta.

Alguém tinha tentado invadir a barraca delas, e o maço de cigarros que tinha levado acabou dentro de uma poça de água que ela nem sabia de onde tinha vindo, quando empurrava o marmanjo sem noção que estava querendo graça com elas, só porque elas estavam acampadas sozinhas.
Sabia que seria difícil arrumar outro maço ali naquele lugar, mas precisava inalar alguma nicotina, mesmo que fosse uma pequena quantidade, um trago, para ver se conseguia acalmar seus nervos.
Saiu da área do camping, com o homem já detido pelos seguranças e a amiga dormindo, e foi caminhar pelo grande lugar, rezando para achar algum maço perdido pelo chão ou em algum outro lugar. Ficou impressiona como conseguia transitar por todas as áreas daquele grande lugar sem que ninguém dissesse nada, conseguiu até mesmo ir a parte em que os artistas costumavam ficar para se prepararem para os show, e sem saber como se meteu no meio de uns trailers que estavam estacionados logo atrás do palco principal. Na verdade, ela não sabia que alguns artistas preferiam ficar ali, a um quarto de Hotel, porque tinha show e/ou queriam assistir o Festival ou pelo trânsito mesmo e essas coisas, enfim, não sabia o real motivo e nem que ali era a área mais "restrita" do lugar, ninguém impediu de chegar até ali e nem viu alguma placa, provavelmente tinha, mas ela estava estressada demais para prestar a atenção em qualquer coisas. Quando deu em si, já estava lá perto dos enormes veículos, com o celular estendido para o céu, tentando encontrar um sinal para pedir que um delivery comprasse o bendito do cigarro para ela e folgasse pelo muro, ou sei lá, talvez um milagre, alguma coisa ela queria procurando sinal de alguma torre de internet no lugar.

Eu só queria um cigarro, eu sei que faz mal, mas eu vou enlouquecer, por favor Deus, me ajuda! — Ela dizia a si mesmo enquanto ficava nas pontas dos pés, esticando mais para cima o corpo.
— Você não devia pedir esse tipo de coisa para Deus, você não acha que ele tem mais o que fazer, salvar pessoas da guerra, ou de alguma doença terminal, sei lá, acabar com a fome? — Escutou uma voz masculina perto de si e acabou desequilibrando, caindo de bunda no chão e vendo o telefone escorregar para longe, isso, era só isso que faltava, uma queda, com uma testemunha da humilhação.
— Isso só pode ser brincadeira. Que ódio. — Ela deitou o corpo no chão de barriga para cima e simplesmente desistiu de qualquer coisa. Queria ficar ali até o sol nascer ou que a terra absorvesse seu corpo como adubo.
— Moça, tá tudo bem? — Viu o dono da voz de antes em pé olhando para a cara dela e estendendo o aparelho celular que ela não teve nem energia de pensar onde estava e o que tinha acontecido com ele.
— Eu pareço bem pra você? — Ela pegou o celular da mão dele e continuou no mesmo lugar.
— Na verdade não, mas você pode se levantar do chão? As pessoas mijam em qualquer lugar nesses festivais, acho que você não deveria deitar assim. — Tinha um tom de preocupação e nojo nas palavras dele. E tudo que precisava naquele momento para completar sua tabela de azar, era ficar cheia de xixi alheio.
— Tudo bem também, o que é um xixizinho pra quem já tá na merda? — Ela sabia que devia se levantar, mas tinha mesmo perdido todas as suas energias daquela noite.
— Você quer fumar um cigarro enquanto me conta o que aconteceu? — Ele estendeu a mão para ajudar a moça a se levantar.
— Eu estava pedindo um cigarro para Deus, você acha mesmo que eu tenho algum para dividir com você? — estava cansada dos homens daquele lugar, nem toda a beleza do mundo compensava a falta de noção deles.
— Eu não te pedi um cigarro, moça do mijo, eu estou te oferecendo um e eu fiquei curioso com o que de tão pior do que se deitar nas necessidades fisiológicas dos outros, aconteceu com você. — A mão dele continuava estendida.
— Você vai me dar cigarro? — Ela se levantou tão rápido que o homem quase ficou tonto.
— Moça, você é uma viciada em drogas e está em abstinência? Eu não vou te julgar, porque eu também fumo um cigarrinho, mas acho que você devia procurar uma ajuda profissional!
Era esquisito para , um homem com os cabelos arrepiados e pintados em um amarelo quase um cosplay de super Sayajin, com um Rayban no meio da cara de noite e uma roupa que parecia que um alienígena tinha vomitado nele, estar falando sobre procurar ajuda profissional, ela sabia que as pessoas se vestiam de forma esquisitas naqueles lugares, mas a fala dele não condizia com a sua imagem, não ornava.
— Eu não sou viciada em drogas, eu só preciso fumar um cigarro para ver se o meu estresse vai embora, o babaca que tentou invadir minha barraca fez eu derrubar meu maço em uma poça de água ou sei lá o que era aquilo e como eu não pude matar aquele desgraçado, só queria ver se a nicotina acalma meus nervos, eu paguei muito cara para estar aqui, não vou deixar que um otário me tire esse prazer. — Se sentia mais leve desabafando com aquele estranho, aquilo estava consumindo demais a mente dela.
— ah, entendi, entendi. Toma. — Estendeu o maço de cigarros para ela, depois de pegar um para ele.
— Obrigada, você me salvou de um ataque de nervos. — entregou os cigarros para ele e pendurou o que pegou nos lábios, esperando que ele emprestasse também o isqueiro.
— Pera, isso que eu vi acontecendo com você é o seu dia a dia normal? — Ele riu e quase fez ela se engasgar com a fumaça que tinha acabado de tragar. — Achei que você já estava tendo um ataque de nervos quando decidiu se deitar nesse chão imundo. — Estava realmente achando graça de todo aquele papo.
— Ah não, aquele era meu normal mesmo, eu vivo a beira de desistir de viver e só existir deitada em algum lugar insalubre. — Ela riu da própria piada.
Ele riu também, era engraçado como ela lidava com aquela situação estressante, poucas vezes viu alguém perdendo o brilho tão intensamente por um cigarro, quanto aquela mulher.
— Você disse que alguém tentou invadir sua barraca, quer conversar sobre isso? — Puxou assunto, não que eles tinham ficado em um silêncio absoluto por muito tempo, mas não tirariam mais nada do outro e ele estava preocupado, talvez ela estivesse sozinha ali.
— Moço, quem é você? — Ela ficou curiosa, por ele estar tão curioso.
— Moço? Eu acho que sou mais velho que você, mas eu gostei de moço. — Ele riu. — As pessoas me prometeram que todos iriam me reconhecer quando eu chegasse aos palcos dos grandes festivais como esse, mas acho que estavam enganadas. — Chutou uma pedrinha para longe, tragando seu cigarro.
— Desculpa, eu achei que você fosse alguém tipo voluntário da segurança emocional ou sei lá o que, porque está preocupado comigo. — Ela riu, batendo a cinza do cigarro no chão.
— Eu acho que essa ocupação nem existe, moça do mijo. — Dava para perceber que ela não estava em seu juízo perfeito.
— Meu nome é , e o seu? — Odiou aquele apelido desde a primeira vez que ele a chamou.
, , mas você deve ter visto meu nome no pôster promocional como . — Ele estendeu a mão para um aperto.
— Caramba, minha amiga adora uma música sua, eu vou ficar te devendo qual, desculpa! — já tinha ouvido alguma coisa dele, mas nunca tinha ido atrás para saber o rosto, por aquele nome, nunca chutaria que ele era um cantor de hip-hop coreano.
— Acontece, nosso gênero está tomando espaço global agora, e é legal conversar com alguém que não queira puxar meu saco para que eu apresente para um dos BTS ou algo assim, você conhece o BTS, né? Eu também, mas eu não vou apresentar eles para você, já tocando nesse assunto. — Ele deu mais uma tragada e abriu um sorriso lindo, a risada dele era gostosa e o sorriso extremamente lindo.
— É, K-pop tá na moda agora, né? Embora, graças a , eu saiba que não, você não canta K-pop. — Ela riu. — Droga, achei que todos os asiáticos eram melhores amigos e que só de olhar para a minha cara você passaria o número do Jungkook para mim. — tirou um barato da cara dele, rindo mais ainda, óbvio que ela conhecia o BTS, até quem não queria conhecer conhecia, mas ela só queria fumar um cigarro, nem sequer pensou em ser apresentava para ninguém.
— Muito engraçadinha você! — A risada dela era contagiante, preferia muito mais aquela vibe debochada dela do que a que desistiu de tudo e rolou no chão sujo. — Mas me fala, onde seu namorado estava quando alguém tentou invadir a barraca de vocês? — Aquilo não saia mesmo da cabeça dele, não sabia como era a segurança do lugar, ora, ali estava uma pessoa aleatória e não autorizada na área reservada aos artistas, em alguma coisa eles estavam falhando.
— Se você souber do meu namorado, me fala, porque eu mesma não sei. — Deu uma última tragada no cigarro e olhou em volta para achar um lugar para jogar a bituca.
— Como assim? — Ele foi atrás dela que saiu aleatória ainda procurando um local de descarte.
— Como assim, o que? Eu não tenho um namorado, logo não faço a mínima ideia de onde ele está. — Finalmente tinha encontrado um local para jogar fora e ficaram parados ali esperando ele terminar o dele.
— Então você acampou sozinha? Não sabe que é perigoso? — Ele também descartou a bituca e eles voltaram a caminhar.
, você é uma pessoa muito preocupada com a vida dos outros ou é só fofoqueiro mesmo? Às vezes parece minha vó falando, você deve ter a minha idade, porque parece uma velha de 87 anos? — Era engraçado como desde o início ele pareceu preocupado e interessado na vida dela.
— Olha, já me disseram que eu pareço uma velha preocupada mesmo, mas eu vou te confessar que eu sou bastante fofoqueiro sabe, e você é uma pessoa peculiar, estava pedindo para Deus te dar um cigarro, deitou no chão sujo e ainda caiu igual jaca podre no chão, vamos combinar, não é sempre que temos uma experiência como esta. — E era exatamente por ele ser tão sincero e preocupado que ela se sentia confortável durante todo aquele tempo que estava com ele.
— Você é doido! — Estava cansada de ficar em pé, então encontrou uma escada que dava acesso ao palco e se sentou ali, sendo seguida por ele que se sentou também. — Eu estou acampada com a minha amiga, a que escuta você, daí mais cedo um cara ficou enchendo o nosso saco um tempão durante um dos show e o maldito estava acampado perto da gente e sabe, caras quando descobrem que mulheres estão sozinhas acham que podem qualquer coisas, o que ele não sabe é que eu sei defesa pessoal e chuto um saco como ninguém. — Ela deu uma risadinha, mas ele sabia que ela não estava com humor naquelas palavras, ele imaginava o quanto deveria ser cansativo ser mulher e ter que aguentar esse tipo de coisa.
— Isso é muito grave, você denunciou para os seguranças? — Olhou para ela alarmado, estava prestes a se levantar e mandar os próprios seguranças resolverem o problema.
— Ah sim, uns caras nos ajudaram depois e imobilizaram até que os seguranças chegaram e ele foi convidado a se retirar. — Ela colocou a mão no braço dele para que ele ficasse mais tranquilo.
— Que bom! — Ele estava mais relaxado.
— Sua namorada deve ser muito sortuda. — disse sorrindo, vendo que a expressão dele estava menos tensa.
— Ela só não teve a sorte de me encontrar ainda, então. — Foi a vez dele soltar aquela piadinha.
— Dois perdedores, acho que é o destino! — Ela disse um pouco baixo, parecia que um pensamento escapou por seus lábios.
— Hey, eu não sou um perdedor, a única coisa estranha que aconteceu comigo hoje foi te encontrar. — Seu tom parecia magoado, mas ela não sabia se era verdade ou não, não o conhecia direito.
— Não temos namorados, somos perdedores sim! — Ela retrucou, fazendo beicinho.
— Eu não acho perdemos alguma coisa por não namorar, eu não tenho muito tempo para isso. — Foi honesto mais uma vez.
— Pois eu acho, agora mesmo eu poderia estar dando uns beijinhos, ao invés de passar raiva ou me humilhar por mais um cigarrinho, para um homem que eu acabei de conhecer. — Queria muito que ele tivesse entendido que aquele era sim um pedido de cigarro.
— Estar namorando ou não, não te impede de dar uns beijinhos, ué! — Ele virou totalmente o corpo e o rosto em direção a ela.
— Se eu tivesse um namorado, não teria que flertar com homens estranhos. — Ela bufou, cansada.
— Você está flertando comigo? — parecia confuso e um pouco ofendido.
— O que? Não! — Abanou as mãos em sinal negativo.
— Porque não? Eu sou estranho demais para você?
— Meu Deus! — Ela começou a rir, uma risada forte e longa. — Eu não estava falando de você, embora seja um pouco estranho esses óculos escuros essa hora da noite, mas eu não estava falando de você.
— Então a gente não estava flertando, você não quer me beijar e eu sou estranho? — Disse como quem declamava uma lista de tarefas.
— Duas verdades e uma mentira. — Riu alto. — E a única mentira é a que eu não quero te beijar, porque você é um gatinho e tudo mais, mas…
Foi surpreendida com a boca dele na sua e eles se beijaram ali, sentados nas escadas que davam acesso aos palcos, sem se importar se as pessoas iriam ver.
— Mas? — perguntou quando os lábios se separaram a procura de ar.
— Nada! — respondeu já com a mão na nuca do homem, puxando seu rosto para um segundo round.

E eles deram mais alguns beijinhos enquanto estavam naquele festival, as amigas tinham comprado os três dias do final de semana e ele iria se apresentar só no domingo mesmo, conseguiram curtir um pouco mais a presença um do outro, com ele compartilhando alguns cigarros com ela, até que tivessem que retornar para as suas vidas.



Fim



Nota da autora: Olá Jiniers, como estamos? Sim, sou eu de novo, mais uma fic, mais um projeto do site e mais um boyzinho para a lista extensa de boyzinhos com quem eu tenho coisa escrita! Ai ai esse Dabin, que esfregou uma foto dele fumando nos bastidores do Coachella na minja cara no instaram e aqui estamos, com uma pp doidinha, um cigarro pedido a Deus e um lovezinho de leve hahahha. Espero que goste e não esquece de comentar, ok? .
ps: Se quiser conhecer mais fanfics minhas vou deixar aqui embaixo minha página de autora no site e as minhas redes sociais, estou sempre interagindo por lá e você também consegue acesso a toda a minha lista de histórias atualizada clicando AQUI.
AH NÃO DEIXEM DE COMENTAR, ISSO É MUITO IMPORTANTE PARA SABERMOS SE ESTAMOS INDO PELO CAMINHO CERTO NESSA ESTRADA, AFINAL O PÚBLICO É NOSSO MAIOR INCENTIVO. MAIS UMA VEZ OBRIGADA POR LEREM, EU AMO VOCÊS. BEIJOS DA TIA JINIE.   



 

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