Capítulo 1
23:40
descia a rua vestindo suas habituais roupas pretas enquanto se encolhia embaixo do capuz que escondia seu rosto.
Era normal ele não saber para onde ir. Não ter um rumo específico fazia parte de sua vida, mas não era comum que ele se perdesse como tinha acabado de acontecer devido à névoa que encobria toda a cidade naquele momento.
Ele sabia que algo muito ruim estava prestes acontecer. Ele sempre pressentia esse tipo de coisa, mas dessa vez seria pior e o fato do Halloween estar se aproximando era a prova disso.
O garoto de cabelos deixou-se guiar e continuou caminhando por toda a noite. Continuou seguindo em frente ignorando todo seu cansaço e quando seus pés o mandaram parar, ele pode sentir um arrepio percorrer sua espinha.
havia parado em frente a um cemitério. O cemitério onde sua mãe estava enterrada.
Olhando para os dois lados para se certificar de que não tinha sido seguido, ele adentrou os grandes portões de ferro que por ironia do destino, estavam destrancados justamente hoje. Ele deixou que um sorriso brotasse em seus lábios. Ele sabia que algo daria errado. Alguém o tinha guiado até ali de propósito e por esse motivo pegou o punhal que carregava consigo o tempo todo.
Uma risada feminina ecoou pelas árvores do cemitério e ele acompanhou seu som até encontrar a dona daquela voz.
- Você conseguiu me encontrar! - Ela riu mais uma vez com a mesma inocência de uma garotinha feliz de seis anos. A diferença era que ela era uma vadia e bufou guardando o punhal. Ela também não era uma ameaça por mais que devesse ser.
- Vai descer daí logo e falar o que quer de mim ou vai esperar amanhecer? - perguntou ele sem paciência, mas sorriu ao ver a irritação nos olhos da garota. - Desculpe, como eu sou insensível! - falou irônico. - Você não é muito fã do sol, não é mesmo?
- Está se achando muito para quem não passa de um mortal, . - falou ela com desgosto, aparecendo em sua frente com uma velocidade sobre-humana a fim de intimidá-lo. Não obteve resultado, muito pelo contrário. Ele apenas a encarou com desprezo.
- Já terminou?
A loira rosnou mostrando seus dentes pontiagudos antes de avançar contra que rapidamente pegou seu punhal enfiando em sua barriga. Ela rosnou novamente, mas tudo que fez foi olhá-lo com ódio.
- Você sabe que isso não pode me matar.
- Uma pena. - falou ele se sentando sobre algum túmulo para limpar a lâmina na grama. - Vai demorar muito pra falar o que quer?
- Você sabe que tem algo acontecendo. - afirmou ela. - Eu quero saber o que é.
Ele riu.
- Você acha mesmo que eu te diria se soubesse?
- Talvez pudéssemos fazer uma troca...
- Você precisaria ter algo que eu quero para isso. Não tem, então tchau. - ele se levantou dando as costas para ela.
Chloe se aproximou dele por trás pausando a mão por seu ombro o impedindo de ir.
- Eu preciso saber, . Por favor. - ela sussurrou perto de seu ouvido.
- Já disse que não sei Chloe. - respondeu ele revirando os olhos para ela que já deveria ter aprendido que seus truques não funcionavam com ele. Ela era a única que nunca aprendia.
- Mas é o único que pode descobrir se quiser. - continuou ela tentando seduzi-lo.
riu antes de continuar seu caminho.
- Tchau Chloe.
- , volta...
- Tchau Chloe. Você deveria se preocupar em sair logo daqui antes que o Sol nasça... Espera, você não pode. Você tem que ficar aqui hoje.
- Do que é que você está falando? - perguntou confusa, mas quando ele voltou a encará-la com um sorriso malicioso em seus lábios o entendimento caiu sobre ela junto com o medo. - Não. Você não vai fazer isso comigo.
voltou dando dois passos em sua direção.
- Você vai ficar aqui hoje. - Falou ele sério olhando em seus olhos assustados enquanto o seu próprio mudava de cor, brilhando em um tom de prata. - Até eu deixar que você saia.
- Seu desgraçado! - Gritou ela. - Eu não acredito que usou essa merda contra mim. EU VOU TE MATAR!
Não adiantava mais gritar, ele já tinha dado as costas rindo.
Chloe era uma vampira, consequentemente, o sol era o único meio de matá-la, ou pelo menos de causar nela grande dor e não pretendia realmente prendê-la ali.
Ela não sabia disso.
O garoto continuou seu caminho, mas ele sabia que ela não era a única que queria ele naquele local hoje. Tinha algo mais ali, algo ameaçador. Ele só não sabia se isso o estava atraindo consequentemente ou não.
tinha um dom. Ele era sensível ao sobrenatural e podia controlar as criaturas mais inexperientes, sobrenaturais ou não. Por isso acabava sendo guiado por caminhos que ele normalmente não queria seguir. Todos os tipos de criaturas queriam sua ajuda, mas normalmente eram como Chloe já que os maios poderosos tinham outros recursos mais eficientes para conseguirem o que queriam, ou tinham seus próprios métodos de manipulação. O problema atual era que seus sentidos estavam mais aguçados, o véu entre os mundos estava instável e isso nunca era bom, especialmente porque tudo tinha ficado estranhamente quieto durante dias e já se faziam cinco anos em que nada, absolutamente nada acontecia na noite de Halloween.
Todo dia 31 de outubro, certas criaturas, normalmente os fantasmas e demônios, possuíam o poder de dominar e se instalar em corpos humanos fazendo deles qualquer coisa que quisessem, enquanto outras como vampiros e lobisomens ficavam mais poderosas e capazes de fazer qualquer coisa. Era habitual essas criaturas se aproveitavam da data simplesmente para causar o terror, ou criar alguma guerra estúpida para provarem um para o outro quem era o melhor. O Halloween para eles era o dia mais esperado do ano e eles abusavam de tudo e de todos como queriam, por isso a calmaria vinha aterrorizando . Algo ia acontecer e quem estava de fora do plano, como Chloe, vinha atrás dele para se informar.
Ela tinha sido a quarta de sua espécie vindo atrás dele só nesta semana e o mais estranho era que dessa vez ele realmente não sabia de nada.
Ele sempre sabia. Fazia parte dele saber, sentir, mas dessa vez... Nada. Era frustrante para ele ficar as cegas, especialmente quando um plano maior vinha se desenvolvendo.
- Quer saber? Dane-se. - ele falou alto para si mesmo parando seu caminho. Faziam-se dois dias que ele vagava. Precisava de um lugar para descansar e mesmo sem dinheiro no bolso, ele mudou seu caminho seguindo em direção a um hotel caindo aos pedaços que ele sabia que tinha por ali em algum lugar. Era fácil convencer o dono a lhe dar um quarto e se o plano não desse certo, era só bater em alguma porta. Era assim que ele levava a vida. Manipulava uma pessoa aqui e outra ali. Sempre conseguindo o que queria. Era assim desde os 10 anos quando ele fugiu de casa, logo após a morte de sua mãe.
Com as mãos nos bolsos do moletom escuro cruzou a rua, mas logo voltou a parar ouvindo passos apressados correrem em sua direção. Ele pausou a mão sobre o punhal, mas ficou ali, esperando o que estava se aproximando e se surpreendeu ao ver uma garota. Ela estava suja e desesperada, vestindo apenas jeans rasgados e uma fina blusa que um dia fora branca, mesmo no frio que fazia. Ela chorava quando foi passar por ele, mas a segurou.
- Está tudo be...
- Me solta! - ela gritou apavorada entre o choro interrompendo sua pergunta. - Me solta, por favor! Eles estão atrás de mim. Eles vão me pagar! - gritou novamente olhando para trás.
- Se acalma. Não tem nada de seguindo... - foi interrompido novamente por rosnados, e quando ele olhou de volta para direção de onde a garota havia surgido, viu grandes olhos vermelhos se aproximando rapidamente. Três pares de olhos vermelhos. Eram cães infernais. - Droga!
- Você... Você vê eles? - ela perguntou perplexa.
- Vem logo!
Ele segurou a mão da garota a puxando consigo de volta para o cemitério, mas ao invés de entrar nele, ele desviou para uma igreja que tinha ali deixando que no caminho, seu cérebro tentasse entendo o que três cães infernais faziam aqui, ainda mais perseguindo uma garota.
Ele deu a volta na igreja quebrando um dos vitrais. O mais alto deles.
- O que vocês está fazendo? - gritou ela.
- Vem, você vai entrar ali. - ele a puxou para ajudá-la a subir.
- Não! Eles vão entrar também e nós vamos estar presos... Você, quem é você?! - Ela deu vários passos para trás se afastando dele que revirou os olhos.
- Vem logo! Eles não podem te pegar lá. Vai logo.
- Não! Eles querem me matar e....
- Se acalma! - gritou usando seu dom de manipulação e a garota se calou. - Vai ficar tudo bem se você entrar lá dentro, mas estamos sem tempo. Vem aqui. - ele segurou em sua cintura e a ergueu o suficiente para que conseguisse se apoiar para subir.
Ela conseguiu.
- É alto para pular. - reclamou.
- Vai logo! - os rosnados já estavam próximos novamente e o garoto se afastou da janela o suficiente para que, correndo, ele conseguisse impulso para pular e se agarrar na borda.
A garota saltou para dentro e pulou se agarrando no batente da janela, subindo nela no mesmo momento em que os cães o alcançavam e faziam o mesmo conseguindo acertar uma mordida em seu braço. O garoto gritou caindo contra o chão da igreja se contorcendo com a dor da mordida. Era algo maior do que já havia sentido. Ele sentia o local arder em chamas imaginárias que se alastravam por todo seu braço.
- Ai meu Deus! Seu braço... - ela começou dizendo, mas não conseguiu assimilar ou ouvir nada. Ele apenas fechou os olhos perdendo a consciência.
Capítulo 2
03:22
aos poucos foi abrindo os olhos, algo que ele não esperava que fosse acontecer. Mordidas de cães infernais eram letais, mas olhando para seu braço tudo o que ele via era uma marca avermelhada e a dor, apesar de ainda estar lá, já não era nada comparado ao que tinha sentido na hora.
- Alguém vai odiar abrir a geladeira amanhã. Tem mais aqui pra você. - falou a garota sem dar a ele tempo para pensar. - Qual seu nome?
encarou confuso a menina que agora comia um pedaço de pão com geléia. Ela não parecia mais a garota que chorava desesperada horas atrás.
- Que dia é hoje? - foi tudo o que ele perguntou.
- O mesmo ainda. Você dormiu só um pouco... Não, espera. Acho que já é dia 31. Deve ter passado da meia noite. - Ela falou calma ainda se deliciando com o que comia. Não comia a dias. - Quer um pouco? - perguntou estendendo uma tigela com pães dentro. negou com a cabeça ainda confuso e ela deu de ombros. - Meu nome é .
- , por que é que tinha três, TRÊS, cães infernais te seguindo e como eu estou bem depois de ter sido mordido? - a garota deu de ombros novamente mantendo a mesma pose de garotinha fofa e inocente. não acreditou nenhum pouco naquilo. Ela escondia algo e ele tinha certeza que o fato de ter a encontrado naquele momento não tinha sido uma coincidência. - Você sabe por que cães infernais tem esse nome? - perguntou impaciente pela postura dela.
- Não, como é que eu iria saber?
- Como? Cães infernais tem esse nome porque eles VIVEM no inferno. Não era para eles SAIREM DE LÁ. Cães infernais não saem por ai seguindo as pessoas. Aliás, não era para as pessoas verem eles simplesmente!
- Você viu...
- Fala logo o que você está escondendo a menos que queira que eu te jogue pra eles mais uma vez. - ele a interrompeu sério e a garota arregalou os olhos.
- Não faz isso, por favor! Eu não sei! Eu não sei o que eles querem comigo, eu juro, mas... - Ela parou engolindo o choro.
- Mas?
- Tem várias coisas estranhas aparecendo e eu não sei por que eu estou vendo tudo isso. Eu achava que estava ficando louca, mas ai ontem veio esse homem que virou um cachorro gigante e ele me arranhou de verdade...
- Onde? - a interrompeu e ergueu a blusa o suficiente para mostrar as marcas de dentes na barriga.
- E depois esses cachorros apareceram, mas só eu via eles, mais ninguém. - ela começou a chorar e respirou fundo. - Por que você viu eles também? E... Seus olhos. Eles brilharam e mudaram de cor. Depois eu só não conseguia mais ficar nervosa até agora pouco...
- Espera, até agora pouco? Como se o efeito passasse? - ela só concordou com a cabeça o deixando intrigado. As pessoas não podiam simplesmente se livrar do efeito. As coisas não funcionavam assim, especialmente para mortais normais. - E isso? - ele mostrou seu braço que tinha sido mordido. - Como se curou? É impossível sobreviver a uma mordida de cão infernal.
- Ela simplesmente foi se curando sozinha.
O garoto olhou desconfiado para ela. A garota mentia e ele soube disso.
- É o seguinte: Eu não tenho idéia do que você é, mas se estão te perseguindo é porque querem alguma coisa de você. Eu posso te ajudar, mas isso só vai funcionar se você parar de mentir.
- Como você vai me ajudar? - ela perguntou e sendo ignorava. respirou fundo. - Fui eu. Isso começou a acontecer alguns anos atrás...
- Quantos?
- Será que tem como parar de fazer isso? - era ela quem estava irritada agora.
- Isso o que?
- Me interromper! É chato. - ele fez sinal para que ela continuasse. - Foi há cinco anos. Minha irmãzinha se cortou e quando eu fui fazer um curativo ele se curou sozinho. Tudo que eu toco se estiver doente, até uma planta, se cura. - riu sem humor. Tudo estava explicado, era ela que queriam. Ele ainda não tinha idéia do por que exatamente, mas tinha a ver com ela.
- Quantos anos você tem? - perguntou ele.
- Dezoito agora.
- Fez hoje, certo? - perguntou já sabendo a resposta e ela concordou com a cabeça. - Vem, levanta. A gente precisa saber o que querem com você e por que. Ele se levantou do chão notando pela primeira vez como se sentia fraco e como seus ossos doíam. Tentou ignorar a sensação.
- Eu não consegui curar totalmente a mordida. - ela explicou. - Acho que é por ser sobrenatural ou algo do tipo.
Ele concordou com a cabeça.
- Não importa agora. A gente precisa sair daqui antes que te encontrem.
- Eu não vou pra lugar nenhum com você. - falou ela. - Até agora você ainda não respondeu nenhuma das minhas perguntas. E por que "a gente"? Como você sabia que os cachorros não entrariam aqui?
Ele bufou revirando os olhos.
- . Meu nome é . A gente, porque você precisa de ajuda, e eu sei porque eu tenho que saber.
- A única coisa útil que você disse foi seu nome... Na verdade isso nem é tão útil assim. Será que tem como explicar melhor?
- Não.
Foi ela quem revirou os olhos dessa vez.
- Então eu também não vou com você.
- Mais que droga de garota teimosa! Sabe aquelas histórias te terror que você ouvia quando criança? Então, todas são reais. Mas o objetivo era os humanos não verem isso. Eu vejo porque de alguma forma nasci com esse "dom" bizarro. - ele fez aspas com a mão. - E você porque começou a curar as pessoas. Eu sabia sobre os cães porque sou obrigado a saber, convivo com isso e se você convivesse também saberia. Eu preciso ajudar porque tem algo muito errado acontecendo e eu não te encontrei por acaso. Nada acontece por acaso no mundo.
- Viu, não foi tão difícil dar uma resposta útil. - ela respondeu sarcástica e o garoto escondeu a irritação. - Que parte das histórias são reais?
- Todas elas, especialmente as piores e estão vindo atrás de você provavelmente. - Falou ele e fazendo com que ela arregalasse os olhos.
- Por quê?
- Eu não tenho idéia.
- Então como você sabe que sou eu que eles querem?
- Porque fazem exatamente cinco anos que nas noites de Halloween as coisas ao invés de ficarem fora de controle ficam calmas, mas essa semana tudo tem estado diferente. - ele falou encarando o vitral quebrado. - Como se algo fosse acontecer e eu tenho certeza que você tem haver com isso. A gente precisa saber o que.
- Como?
- Perguntando pra pessoa certa.
Capítulo 3
10:57
- Você não está com uma cara muito boa. - falou analisando preocupada. - Na verdade eu acho que você está um pouco mais branco que o normal.
Os dois estavam sentados no banco de um ônibus ignorando os olhares que lançavam a eles, afinal, podia ser bonita, mas estava suja e seus cabelos bagunçados enquanto , mesmo com o calor que começava a fazer ainda se encolhia embaixo do moletom. Estava com frio e com febre. Ele realmente não sentia muito bem.
- Você nunca me viu normal pra saber. - falou sem olhá-la. O mal estar não ajudava a melhorar seu temperamento.
- Não, mas eu estava comparando com as pessoas normais. Nem uma pessoa morta é tão branca.
- Já viu muitas pessoas mortas? - ele rebateu olhando para ela de canto de olho. A garota bufou.
- Você é sempre tão chato assim?
- Você sempre fala tanto?
se calou cruzando os braços em frente ao peito irritada, porem, não aguentou por muito tempo:
- Qual é mesmo o motivo para termos esperado tanto tempo pra sair da igreja?
- Os cães. - ele respondeu sem paciência.
- Haa verdade.
Grande parte das criaturas sobrenaturais só podiam sair a noite. Outros, só eram ameaçadores a noite, como os lobisomens, e alguns, como os vampiros, se machucavam com o sol. Por esse motivo era sempre mais seguro andar durante o dia.
Ela abriu a boca pra fazer outra pergunta, mas a interrompeu:
- Será que tem como ficar quieta? Você é sempre irritante assim, ou é o nervosismo que está fazendo isso?
- Eu só ia perguntar se você estava bem. - murmurou entre dentes. - E sim, eu estou nervosa e você não está ajudando!
bufou, mas estava arrependido. A solidão tinha feito com que ele se esquecesse de como era lidar com as pessoas e o fato de não se sentir bem não estava deixando ele mais disposto a aprender, muito pelo contrário.
por sua vez, ficou quieta encarando suas próprias mãos, disposta a não dizer mais nada, deixando que sua mente vagasse para longe por vários minutos deixando o garoto incomodado com o silêncio pela primeira vez em sua vida. A garota o irritava. Ele detestava ela tagarelando o tempo todo e o aborrecendo com perguntas, mas tinha medo de tê-la magoado.
- No que está pensando?- perguntou.
- Tem certeza que quer que eu fale? - respondeu ela tentando mostrar irritação, porem, estava mais para magoada do que irritada e deixou isso transparecer sem querer.
- Desculpa. Eu só estou cansado e não estou acostumado com companhia.
Ela concordou com a cabeça, mas demorou para voltar a falar:
- Eu pensava na minha casa. Estou com saudades. - ela segurava o pingente de seu colar enquanto dizia.
- Faz quanto tempo que está fora?
- Não muito na verdade. São só quatro dias e eu sei que parece idiota para uma garota de dezoito anos que logo vai para faculdade, mas eu estou com saudades. - disse melancólica. - E você?
- Eu o que? - perguntou fingindo confusão mesmo sabendo do que se tratava.
- Sua família.
- Eu não tenho família. Me viro sozinho. - respondeu seco, mas ela não percebeu e continuou, fazendo ele se arrepender de tentar se redimir e ser simpático.
- Você... Você tem mais ou menos minha idade, não tem? Como consegue?
- Tenho dezenove anos. Aprendi a lidar com isso.
A garota percebeu logo de cara que tinha entrado em um assunto perigoso pela reação dele a isso, mas sua curiosidade sempre falava mais forte, mesmo que ela estivesse com medo de receber outra resposta malcriada dele.
- Eu sei que não é da minha conta... Mas por que você não tem família?
lutou contra a vontade de responder que ela estava certa e que isso não era da sua conta, mas não fez.
- Fugi com 10 anos e antes que você pergunte também, foi porque eu quis. - respondeu de maneira ríspida e ela se limitou em concordar com a cabeça. Não esperava se quer que ele respondesse, então não iria abusar da sorte com outra pergunta. - Levanta, é o próximo ponto.
se levantou para que saíssem, porém, ele utilizou o braço machucado para apoio perdendo o equilíbrio. Ela o segurou antes que caísse.
- Desculpe. - murmurou baixo e sem jeito. riu.
- Não está acostumado a precisar da ajuda dos outros? - perguntou com humor o deixando irritado.
- Se não fosse por você eu não precisaria. - retrucou entre dentes enquanto ela ainda o segurava, mas logo se aproveitou da parada do ônibus para se recompor e sair. - Vai vir logo?
que tinha ficado sem palavras para a resposta arrogante dele voltou a si em tempo de acompanhá-lo para fora.
Sem dizer nada, caminhou até uma grande casa com aparência antiga e portões de ferro, ignorando a dor em seu braço que ficava mais forte e já começara a se espalhar por seu ombro. Ele empurrou o portão entrando em seguida.
- Não vai bater? - perguntou a garota.
- Ela já sabe que estamos aqui. - respondeu sem olhá-la Apenas continuou em frente.
- Como você sabe?
- Se não soubesse não nos deixaria passar.
tinha mais perguntas. Ela sempre tinha, mas sabia o quanto isso o incomodava e preferiu ficar em silêncio. A garota queria saber mais sobre esse mundo, sobre seus mistérios e principalmente queria entender a cabeça de . Entender o que se passava ali ou o que ele escondia por baixo de tanta arrogância. Não conseguia compreender que a vida era o que tinha deixado ele assim. A solidão de um garoto que cresceu sozinho.
- Ela quem?
- Perguntando sobre mim? - Uma mulher falou. Ela era uma negra muito bonita com os cabelos presos com um lenço verde e estampado, combinando com seu vestido longo. - , a que devo a honra?
- Acho que você já sabe. - respondeu pegando na mão um dos vidros na grande prateleira que tinha ali.
- Cuidado com isso, meu querido. - avisou.
- O que é? - perguntou devolvendo o frasco.
- Oh, digamos que seja algo muito ruim pra grande parte das criaturas sobrenaturais, só que em proporções bem maiores que a sua lâmina.
concordou com a cabeça. Emily era uma bruxa. Não era a das mais poderosas, mas era muito respeitada nesse mundo. Havia sido ela quem encantou a lâmina do punhal que carregava consigo para que fosse capaz de ferir qualquer tipo de ser, inclusive mortais comuns. Emily também era uma mulher inteligente, que conhecia a lenda por trás de tudo. Sabia de histórias que ninguém imaginava ser real.
- Então, sabe sobre a garota? - perguntou indicando , que estava parada admirando a sala atrás de , com a cabeça.
- Sim, você sabe que sim, mas também sabe como funciona isso. O que quer saber?
Ele bufou. Emily tinha essa mania irritante de responder apenas e exatamente o que lhe perguntavam.
- Porque logo eu a encontrei?
- Você já sabe. - respondeu despejando algo em seu enorme caldeirão que estava sobre um suporte que o sustentada sobre as chamas.
revirou os olhos a xingando mentalmente. Ela sorriu. Os dois mantinham a muito tempo essa relação de "amor e ódio". se irritava fácil e ela adorava testá-lo. O problema era que agora tinha algo que ela queria mais. de alguma forma já tinha percebido. Só não sabia como avisá-lo.
- Porque eu tenho que ajudar ela e contra o que? Por que querem ela? - tentou mais uma vez.
- Agora sim. - Emily sorriu o encarando. - Existe uma lenda sobre uma criança, filha de um espectro com uma humana que quando morta em uma noite de Halloween, pode realizar qualquer desejo que a criatura que conseguiu fazer isso possa querer. Simples assim. Vocês têm sorte das criaturas preferirem trabalhar cada um por si. Imagina se estivessem em grupo? Vocês com certeza não estariam vivos.
- Sou tipo a lâmpada mágica do gênio? - perguntou ignorando a sensação ruim que sentia na presença da bruxa e o último comentário sobre as criaturas trabalharem separadamente. Preferia não pensar nisso.
Emily sorriu novamente.
- Basicamente isso.
- Mas por que os cinco anos de silêncio? E por que os 18 anos? Só coincidência?
- Oh não. Existe todo um ritual por trás disso, mas as criaturas se aproveitaram dele para se unirem. Resolveram fazer um pedido que fortalecesse a raça. Você sabe como são essas criaturas. - falou ela. - E a garota precisa ter 18 anos no ano em que for morta, por isso fomos atrás dela só agora.
- E porque eu a encontrei... - começou, mas se deu conta do que havia ouvido quando chegou mais perto dele como se sua vida dependesse disso. E dependia. - Fomos?
Emily saiu de trás de seu caldeirão caminhando lentamente na direção dos dois com aquele mesmo sorriso no rosto.
- Eu realmente gosto de você querido, mas como todos eu tenho prioridades na vida.
O garoto puxou para trás de si dando alguns passos lentos para trás enquanto colocava a mão no bolso em busca de seu punhal.
- Isso foi uma péssima idéia. - sussurrou para ele que a ignorou.
- , você sabe, de todas as criaturas, as bruxas são as mais poderosas, podemos fazer qualquer coisa que quisermos. Você não vai conseguir sair daqui com ela e mesmo que saia. Você sabe que já está condenado. - assim que Emily completou a frase foi atingido novamente pela dor da mordida. Dessa vez ainda mais forte do anteriormente e caiu de joelhos segurando seu braço. - Mas eu posso fazer passar. - completou ela se ajoelhando de frente para ele levando a dor consigo.
- Você sabe que não pode. - falou e ela riu.
- É, você está certo, mas ainda posso fazer você ir de vez. - ela avançou para cima de .
- Não hoje. - interrompeu quebrando um dos frascos, sobre o qual Emily tinha alertado , em sua cabeça. Emily gritou em agonia enquanto ele se levantava rapidamente.
- , me ajuda! - gritou arrastando a bruxa que gritava, até seu caldeirão.
- O que você vai fazer? - perguntou apreensiva, porem agitada.
- Os pés dela. Segura os pés dela!
- Não! Me solta! - Gritou Emily fazendo todas as luzes do aposento estourarem e no susto, a soltou, mas antes que ela fizesse algo a mais, ele a empurrou para dentro do caldeirão.
Emily caiu com um grito.
- Frascos ! Trás mais... - Ele tentou avisá-la, mas foi interrompido pela bruxa que agarrou em seu moletom o puxando para dentro com ela. a feriu com o punhal, mas precisou se apoiar no caldeirão para não cair sobre ele e queimou a palma de uma das mãos. - !
Em um último golpe, Emily tentou atingir com a dor da mordida mais uma vez, porem, por mais que as bruxas fossem poderosas e pudessem fazer qualquer coisa que quisessem, como ela mesma tinha dito, elas precisavam de concentração e estar sendo atacada nunca ajudava com isso, tornando o poder uma forma um pouco inútil de defesa e chegou logo garantindo que ela não tivesse tempo o suficiente para atacá-lo, derrubando dentro do caldeirão mais três frascos.
se soltou da bruxa e por mais que quisesse se sentar, se manteve de pé e correu para a estante pegando o mais rápido possível vários outros frascos os colocando nos bolsos antes de correr com o mais longe possível dali.
Capítulo 4
13:20
- Vamos parar em algum lugar . Você precisa descansar. - falou pela milésima vez. - Já estamos longe o suficiente.
- Longe sim, o suficiente não. Além disso, se nos mantivermos andando será mais difícil para encontrarem a gente.
- , por favor. - pediu parando em sua frente. - Vamos parar em algum lugar por meia hora. Você não está bem, eu posso ajudar. A gente precisa comer também, e arrumar uma maneira melhor de carregar tudo isso. - Ela apontou para os frascos.
- A gente só precisa sobreviver por hoje. - lembrou ele embora o motivo de não querer parar estivesse mais relacionado com o orgulho e sua necessidade de mostrar que estava bem, mesmo não estando. Ele estava cansado e com frio proveniente da febre que sentia. Além disso, agora, além do problema com seu braço ele também levava consigo a dor da mão que tinha queimado.
- Tudo bem, eu entendi essa parte, mas eu dependo de você já que não sei me defender direito e você não está bem, . Como pretende proteger nós dois assim? Se eu te ajudar você vai poder continuar. Engole o orgulho, vamos ver isso como uma troca de favores. - falou tentando convencê-lo. Ele suspirou.
- Tem um hotel aqui perto. Vamos.
sorriu contente e precisou se conter para não abraçá-lo. Sabia que ele não iria gostar disso. Aos poucos ela aprendia a lidar com ele que embora tivesse a pose de durão, era na realidade bem previsível.
Chegaram ao hotel quinze minutos depois, onde convenceu a recepcionista a ceder um quarto a eles logo após arranjarem algo para comer por lá. - Tira a jaqueta, deixa eu ver como isso está. - falou assim que entraram no quarto enquanto levava até a cama onde se sentaram.
- Você já não tinha tentado fazer isso uma vez? - perguntou ele sem se mover. Apenas a encarava.
- Sim, eu só não achava que fosse tão sério. Pra mim era só uma mordida de cachorro.
Ele sorriu de lado com sarcasmo.
- Eles pareciam cachorros normais?
- Tira logo isso, ! - ela pediu rindo um pouco, mas o sorriso logo morreu vendo a situação em que ele se encontrava. - Droga, isso está bem pior agora. - o braço esquerdo do garoto estava escuro e inchado. Suas veias até o ombro saltadas e logo abaixo de seu cotovelo, a pele estava dilacerada com a mordida que estava aberta novamente. - Você tinha que ter me avisado! - repreendeu recebendo um olhar irônico dele. - Não me olha assim! Eu podia ter feito alguma coisa, agora vai ser pior seu idiota!
A garota respirou fundo se concentrando e em seguida, pegou a mão dele que estava machucada. Ela instantaneamente se curou enquanto analisava com atenção. Ela subiu para a mordida e fechando seus olhos, uma luz violeta passou a refletir de sua mão. O braço de começou a desinchar enquanto a enfermidade era sugada pela luz percorrendo em seguida o próprio braço de rumo a seu coração. Ela gemeu baixinho e puxou rapidamente seu braço horrorizado com aquilo. A dor que ele sentia era transmitida a ela.
- Você suga isso pra você! - praticamente gritou. - A doença, a dor, tudo!
- Sim, é assim que funciona, mas é só na hora. Depois isso não me afeta mais.
- Não? Como você pode ter certeza? Com quem você compara? Quantas pessoas iguais a você conhece pra saber se isso não afeta seu tempo de vida ou coisa parecida? - perguntou irritado.
- , será que tem como parar de pensar no futuro ou em como isso vai me afetar futuramente? Sério que é por isso que você está irritado? Eu nem sei se vou continuar viva até amanhã e sem você eu com certeza não vou! Se eu não fizer isso você não vai ficar vivo e sem você eu também não vou ficar então me deixa fazer o que tem de ser feito, okay? - ele pareceu ponderar por alguns instantes, mas sem dar a ele muito tempo, puxou seu braço de volta e o empurrou para se deitar na cama. - E não olha o que eu estou fazendo. Fica quieto ai.
A luz voltou a irradiar de sua mão e no mesmo momento, voltou a sentir a dor se esvair de seu corpo. Ele olhava com atenção tentando ler a expressão que ela lutava para manter imparcial enquanto recebia aquilo. Ele tentou pará-la mais uma vez quando ela mordeu os lábios para não gemer com a dor, mas ela não deixou, o segurando com mais firmeza. Em poucos segundos o braço de já estava normal novamente, mas a luz, ao invés de cessar ficou ainda mais forte e ele precisou fechar os olhos. Aos poucos, seu corpo foi sendo atingido por um calor aconchegante e não como o que ele sentia antes quando se braço queimava. Era mais como estar com frio e sair no sol. Era bom e antes que se desse conta, já tinha adormecido.
+++
acordou três horas depois.
O garoto olhou de um lado para outro antes de lembrar onde estava para se dar conta do que acontecia em sua volta. Ainda estava em um quarto de hotel caindo aos pedaços.
não estava a vista, mas por outro lado, ele podia ouvir o barulho do chuveiro ligado.
respirou fundo tentando sentir qualquer ameaça próxima. Ele não deveria ter dormido por mais que precisasse e sabia disso. Qualquer criatura que estivesse atrás deles tinha tido tempo de encontrá-los nesse período e para piorar, ele olhou no relógio que marcava 16:35. De noite a perseguição ficaria pior. Eles precisavam sair rápido dali.
O garoto olhou em volta mais uma vez procurando sua jaqueta para vesti-la, mas não a encontrou.
- ? - chamou. - Você viu minha blusa?
- Sério mesmo que você ainda quer usar aquilo? - respondeu ela desligando o chuveiro. - Está todo sujo e tem uma marca de mordida. Por que você não compra outro ou arranja outro com esse seu olho?
- Primeiro, não é exatamente o olho que faz as coisas, segundo, é minha jaqueta e o problema é meu. Você acha mesmo que eu tenho tempo pra perder indo no shopping?
- Deixa de ser chato. Essa blusa está imunda!
- A sua também está e eu não fico reclamando.
- Eu só tenho essa e você tem a sua camiseta. - falou ela abrindo a porta do banheiro deixando que o vapor saísse com ela. segurava a blusa dele.
- Me devolve isso. - falou se levantando para pegar, mas quando chegou perto levou ela para trás de si.
- Não . Isso aqui já está tão velho que só falta sair andando sozinho!
- E quem liga? Devolve isso logo. - Ele tentou pegar e ela trocou de mão. - Mas que droga hem! Deixa de ser chata e devolve isso!
- Não. - respondeu achando graça.
- ... - ele começou dizendo, mas parou se voltando para a porta tenso. Tinha algo se aproximando. - Vem comigo. - tirou a blusa da mão de que havia ficado assustada com a reação dele a qualquer coisa que estivesse se aproximando.
- O que foi? O que você vai fazer? - perguntou sendo ignorada por ele que a levou até a janela contrária a porta a abrindo e erguendo o suficiente para que se sentasse ali.
- Presta atenção no que eu vou dizer. - alertou. - Tem alguma coisa vindo e eu quero que você corra para o mais longe daqui que você conseguir e se esconda, entendeu? E leva isso com você. - Ele colocou seu punhal na mão dela.
Ela concordou com a cabeça.
- Mas e você?
- Eu vou lidar com isso aqui mesmo. - respondeu e ela abriu a boca para protestar. - , eles querem você e não eu.
- E como você vai me achar depois? Eu quero ficar aqui com você.
- Por isso que você está levando o punhal. Enquanto você estiver com ele eu posso te achar em qualquer lugar então não o perca e só use se for muito necessário. Você teria que chegar muito perto para atingir qualquer coisa com ele. Se precisar atacar, você vai ter isso. - ele a entregou três frascos roubados da bruxa. - Esconde eles.
estava morrendo de medo. Por ela, por , por não saber o que fazer, e por não querer que ele se machucasse novamente por ela e mesmo que não fosse admitir nunca, também estava com medo. Não por ele já que confiava o suficiente em si mesmo para da conta disso, o problema era . O garoto não queria que nada lhe acontecesse e não sabia se era realmente melhor que ela saísse sozinha sem sua proteção.
- Promete que vai atrás de mim, né?
Ele riu e ela amou seu sorriso.
- , isso já está parecendo uma despedida. - falou, mas antes que pudesse dizer que prometia, ela desceu da borda da janela o abraçando com força. deixou o sorriso morrer em seus lábios e a abraçou de volta. - para. A gente vai ficar bem... Eu prometo. - falou e antes que ela o soltasse, ele a colocou novamente na janela. - Agora vai logo.
respirou fundo, concordou com a cabeça e pulou.
queria acompanhá-la pela janela até que desaparecesse de seu campo de visão, porem, tinha outras coisas que precisava fazer antes que o quarto fosse invadido. Ele correu até os frascos restantes os escondendo. Ao total, sem contar com os levados por , eles tinham outros nove que ele escondeu em seus bolsos e assim que fez isso se jogou na cama no mesmo momento em que a porta era bruscamente aberta.
- , oi! - Chloe falou animada entrando no quarto. Ele ficou boquiaberto por ter esquecido dela e por ela estar viva. Chloe riu. - Que foi? Achou que tinha me esquecido lá no cemitério, no sol? Achou que eu tinha morrido?
- O que você está fazendo aqui? - perguntou.
- Sério? Essa é sua pergunta? Não vai ter nenhum: "Como você conseguiu sair?" ou "Como você está viva?" - perguntou ela com deboche se sentando ao lado dele na cama. se levantou dando de ombros.
- Vamos pular as partes desnecessárias. O que você quer aqui?
- Vim atrás da garota, não é óbvio?
- Que garota? Está falando de que? - perguntou sínico fazendo Chloe rir mais uma vez.
- A que saiu pela janela, bobão. - falou e serrou os dentes. - Ops! Acho que eu posso não estar sozinha. - Ela riu mais. - E você vai me pagar por ter sido um menino tão mau comigo.
revirou os olhos pela maneira de falar de Chloe. Ela achava que tinha saído de onde? De um desenho tosco de criança?
- Boa sorte com isso. - ele falou simplesmente. Não tinha tempo pra perder com ela sabendo que tinha um outro alguém atrás de exatamente neste momento.
o mais rápido que pôde, tirou um dos frascos do bolso já o abrindo para em seguida arremessar em Chloe. Ela foi mais rápida e segurou seu braço.
- Vamos ver o que é isso. - falou ela ainda segurando a mão onde o garoto segurava o frasco com o liquido rosa, se aproximando para cheirar o conteúdo. Ele não se surpreendia mais com a burrice dela de se aproximar tanto. Tornou tudo mais fácil pra ele mesmo sem ter a força sobrenatural que ela tinha. a chutou e assim que ela o soltou despejou o liquido sobre a vampira que gritou. Ele correu até uma cadeira que tinha no quarto e a quebrando pegou um de seus pedaços no mesmo momento em que Chloe se recuperava o suficiente para atacá-lo. Ela o derrubou no chão, mas caiu sobre a estaca improvisada gritando mais uma vez.
queria jogar mais uns dois frascos na cara da vadia por pura irritação, mas não tinha certeza se poderia desperdiçar daquela maneira e apenas a empurrou com alguma dificuldade para em seguida apunhalar ela exatamente em seu coração. Chloe segurou sua mão evitando que a estaca terminasse de entrar em seu peito enquanto com a outra mão dava um murro em seu rosto. cuspiu sangue, mas se levantou sem soltar a estaca e pisou sobre ela fazendo com que afundasse.
Com um brilho, Chloe explodiu em cinzas que não ficou para ver. Apenas pegou a estaca improvisada mais uma vez para em seguida correr atrás de .
correu o mais rápido que podia entrando em todas as esquinas e becos que encontrava especialmente se fossem escuros, sem se dar conta de que as criaturas que a perseguiam enxergavam muito melhor no escuro que ela. Ela corria sem parar com medo de ser pega se tentasse se esconder, mas lembrando do que tinha lhe dito parou atrás de várias caixas que encontrou em um dos becos. Ela respirava alto e com dificuldade, mas se controlou ao máximo para não deixar que sua respiração alta a entregasse. A garota abriu um dos frascos e o segurou com firmeza em sua mão. Se algo aparecesse, ela jogaria o liquido rapidamente e passou esse plano várias vezes em sua mente nos minutos que ficou ali parada, porem, quando ouviu passos leves se aproximarem seu coração disparou trazendo junto consigo o nervosismo de errar e apenas desperdiçar o conteúdo do frasco.
- ? - Uma voz a chamou seu nome com humor. Estava vindo de algum lugar de frente para ela, mas um segundo depois, ela se assuntou com a mesma voz vindo de trás dela. - BUUUU! - o homem gritou rindo de maneira sádica, mas logo parou quando ela jogou o liquido em seu rosto para correr. Ele gritou, mas não deu muito tempo para que ela fugisse. Ele logo apareceu novamente em sua frente com fumaça saindo de onde ele tinha sido atingido. Estava bravo agora. - Você - tem - noção - de - como - isso - DOI? - falou pausadamente gritando a última palavra, ao mesmo momento em que atingia um tapa em seu rosto com força o suficiente para jogá-la longe, e ela soltou um grito abafado quando se chocou contra a parede. Ele riu. - Adoro humanos por isso! Um tapinha e eles voam!
- Você vai me matar logo, ou vai continuar falando? - ela perguntou com dificuldade tentando se sentar.
- Matar logo pra que? Adoro brincar com os humanos. Só não decidi ainda se espero ou não aquele seu amiguinho chegar. Ele já deve ter terminado com aquela idiota uma hora dessas e brincar com ele vai ser bem mais divertido.
- Você é o que? - ela perguntou tentando o distrair para abrir outro frasco. Ou será que a punhal seria mais útil? Ela não conseguia decidir.
- Sempre as mesmas perguntas. - respondeu ele se aproximando dela e a levantando bruscamente. se aproveitou disso para jogar o liquido nele mais uma vez. O homem rosnou, mas não a soltou. Muito pelo contrário, ele a ergueu ainda mais, tirando seus pés do chão. - Quer saber? Esquece o que eu disse! - Ele mordeu seu pescoço com agressividade puxando em seguida a carne consigo. Seu pescoço ficou dilacerado e a garota gritou com a dor embora ainda arranjasse tempo para puxar o punhal de e enfiá-lo no ombro do vampiro antes dele mordê-la novamente. Ele a derrubou no chão para retirar o punhal. - Desgraçada! - gritou irritado avançando contra ela mais uma vez, porem, foi obrigado a parar quando uma estaca atravessou suas costas. Ele gritou levando as mãos automaticamente para a estaca a fim de arrancá-la. fez isso primeiro a enfiando novamente no vampiro na intenção de acertar seu coração dessa vez. Ele errou e não teve tempo de tentar novamente, recebendo um chute em seu estômago que o fez parar contra a parece oposta. - EU VOU MATAR VOCÊ! VOU MATAR OS DOIS! - gritou mais uma vez avançando contra ele.
esperou que o vampiro se aproximasse sem sair do lugar e quando estava perto o suficiente, ele pegou a pá que tinha ali acertando em cheio a cabeça da criatura. A pá entortou e o vampiro chacoalhou a cabeça irritado. se aproveitou desse momento para jogar novamente o liquido sobre o vampiro. Era a terceira vez que jogavam aquilo sobre ele e embora parecesse causar apenas dor, tanto nele quando em Chloe, o contado repetido com o produto fez com que o rosto dele começasse a derreter.
O vampiro parou o ataque.
- O que... O que aconteceu...?
percebendo o que acontecia destampou outro jogando contra o rosto dele e enquanto o vampiro passava a mão por sua face, o garoto o apunhalou com a estaca exatamente em seu coração.
Ele explodiu em cinzas como Chloe, e deixou que a estaca caísse no chão.
- ! - gritou correndo até ela. Seu pescoço estava aberto em uma ferida de onde saia muito sangue. se jogou no chão ao seu lado e puxou para seu colo com cuidado. - Ei, fala alguma coisa. - pediu. - Você não pode se curar como fez comigo?
abriu os olhos.
- Eu absorvo a dor dos outros, não tem como fazer isso com a minha própria já que já é minha. - falou se sentindo fraca. - Mas eu me curo rápido. E vou ficar bem.
Ele concordou com a cabeça respirando aliviado um pouco mais aliviado.
- A gente precisa sair daqui agora. Eu vou te levar, okay?
- Eu acho que consigo me levantar, só me ajuda. - pediu e ele o fez, mas assim que tentou parar de pé seu corpo cedeu enquanto ela perdia a consciência.
Capítulo 5
19:15
aos poucos abriu os olhos e ainda sem se mexer, analisou o local a sua volta para se dar conta de onde estava. Ela tinha um curativo improvisado no pescoço e estava deitada nos braços de que a segurava de maneira protetora e com um olhar distante e sombrio no rosto.
Os dois estavam em uma espécie de depósito, um galpão cheio de caixas e estavam perdidos entre elas.
- ? - chamou. O garoto desencostou a cabeça da parede a olhando após um suspiro de alívio. - O que a gente está fazendo aqui? - perguntou ainda um pouco indisposta embora as perguntas que quisesse fazer fossem: "Onde é aqui?", "Que horas são?", "Já acabou a noite de Halloween?"
- Finalmente, ! - ele falou baixo. - Eu não sabia mais se você ia acordar! A gente precisa sair daqui. É o galpão de uma loja de fantasias.
- Por que você está sussurrando? - ela falou no mesmo tom ficando preocupada, e sem se dar conta, se encolheu contra o peito de que ainda a segurava.
- Estão procurando a gente. Eles estão por todo lugar lá fora. Não sei como ainda não nos encontraram aqui, mas são muito. O tempo está acabando pra eles. - ele explicou baixo.
- Acabando? Que horas são?
- Sete e pouco. Faltam cinco horas.
- Não dá pra gente só se esconder aqui até a meia noite? - ela perguntou esperançosa. negou com a cabeça, mas também queria que fosse fácil assim. - A gente não pode abusar da sorte. Se eles nos encontrarem aqui não vamos conseguir fugir.
- Mas lá fora vamos ter que fugir de muito mais e estaríamos expostos. - ela falou.
- A gente pode se dar mal com as duas alternativas. Tanto ficar quando sair pode ser ruim. Escolhe uma.
pensou por um momento.
- O que você faria? - perguntou o analisando e jogou a cabeça para trás novamente a encostando na parede.
- Sairia porque sempre acho melhor me manter em movimento. - ele respondeu. - Mas isso não é o melhor só porque eu acho.
- Eu confio em você. Vamos fazer isso. - se soltou dele e se sentou, embora isso fosse a última coisa que queria fazer. Se sentia segura em seus braços. - Você disse que isso é um depósito de uma loja de fantasias, né? - perguntou e ele concordou com a cabeça.
- Alguma coisa em mente? - ele sorriu entendendo que ela tinha um plano.
- Sim. É noite de Halloween, certo? Tem várias crianças pelas ruas fantasiadas pedindo doces. Sei que o que quer que esteja lá fora não é idiota e que eles vão saber onde estamos, mas a gente pode ficar no meio da multidão onde eles vão ter muito mais trabalho. Poderíamos ser qualquer um ali. - explicou ela o fazendo sorrir novamente.
- Consegue se levantar? Acho que temos algumas caixas pra olhar.
- Você podia aproveitar e ver se encontra uma nova jaqueta pra você. - ela falou enquanto se levantava com ajuda dele.
- Mas qual o seu problema com a minha jaqueta? - perguntou achando graça.
- Não sei. - ela ironizou. - Talvez seja esse buraco que ela tem no lugar da mordida, ou as manchas se sangue, ou a sujeira, ou...
- Já entendi! Já entendi. - falou para que ela parasse e a garota riu abrindo a primeira caixa. - Aqui temos masculinas. O que você acha de ser um... Vampiro?! - perguntou colocando dentes falsos que tinha encontrado. sorriu.
- E que tal o Dumbledore? - Ele tirou um chapéu e uma barba de dentro de outra caixa. Ela riu o fazendo sorrir mais uma vez, mas fechou a cara ao perceber o que fazia. - A gente tem que ir logo. Eles estão chegando mais perto. - alertou pegando da caixa uma capa preta e comprida que tinha em gorro largo sem que visse. se virou de costas para ela que procurava algo bom nas caixas e a vestiu. O gorro era tão grande que escondia praticamente seu rosto inteiro. - Estou pronto. - falou se virando para ela novamente enquanto pegava na caixa a foice do ceifeiro que ele estava tentando simular. riu.
- Sério mesmo ?
Ele deu de ombros.
- Você não vê meu rosto, nem minha jaqueta que você tanto detesta. É uma fantasia.
- Eu não detesto ela tanto assim.
- Shiuuu, eu e ela não queremos falar com você. - levantou a mão a colocando em sua frente como se dissesse: "chega" com o gesto.
Alie riu. Era uma frase simples e um gesto simples, que porem, não condiziam muito com o que ela tinha visto de horas atrás. Na realidade, até mesmo estava se surpreendendo. Entre as pessoas ele sempre foi aquele que estava quieto e excluído em um canto. Ele não gostava das pessoas e não se misturava com elas. Ele sempre foi mais sério e fechado, achava que aquilo fazia parte dele, mas agora se perguntava se aquilo não era apenas consequencia da vida que vivia. O garoto também sempre pensou estar melhor assim, que a maneira com que ele levava as coisas era a melhor, mas agora já não sabia mais. No começo, o irritava, eram tantas perguntas. Ele apenas a ajudava por obrigação. Se alguma criatura conseguisse matá-la e ter um de seus maiores desejos realizados, eles podiam pedir o fim de alguma raça, eles podiam pedir para que a sua raça fosse mais forte que as outras. Coisas que acabariam com o equilíbrio do mundo e transformariam tudo em um caos. Porem agora, ele a ajudava porque não queria que ela morresse. Ele percebia agora que gostava da companhia da garota.
- Está pensando em que? - quis saber ela.
coçou a nuca sem jeito.
- Nada, precisamos ir logo. - a lembrou e concordou voltando novamente atenção para as caixas enquanto a observava sentado no chão. Logo seus pensamentos se voltaram para as energias que ele sentia rodeando a casa. Ele precisava se concentrar nelas para não ser pego desprevenido.
- Ei ! Estou falando com você! - chamava, mas ele não tinha se dado conta até o momento.
- O que?
- Se vira, eu vou me trocar.
- Tem caixas empilhadas por toda a parte, ! Se esconde atrás delas.
- Não são altas o suficiente. - reclamou.
- Se abaixa.
- Custa se virar? - perguntou teimosa, mas nem mesmo isso o irritava mais. deu de ombros para ela.
- Custando ou não eu não me viro. Dá um jeito.
Ela bufou contrariada indo para trás de um monte de caixas. A altura delas batia pouco acima de sua barriga e se fizesse o que tinha dito e se abaixasse, ele não veria nada realmente, mas ela preferiu ficar de costas para ele.
- Pelo menos tenha decência de não olhar! - resmungou. A princípio, a intenção dele era realmente essa, mas assim que a percebeu tirando a blusa não resistiu e deixou que seu olhar caísse sobre as costas nuas da garota, que assim que terminou de passar a blusa pela cabeça, deixou que seus cabelos caíssem como uma cascata por suas costas.
se pegou sorrindo, mas ao perceber desviou o olhar se controlado para não voltar a espiar a garota enquanto se trocava.
Logo saiu de trás das caixas. Ela usava um longo vestido preto que porém, tinha um tecido leve que se mantinha justo ao seu corpo acentuando suas curvas. Seu cabelo estava amarrado de lado e sobre sua cabeça, a garota usava um chapéu pontiagudo, no estilo bruxa, que tinha também um véu na frente preso a ele que caia sobre o rosto dela.
- Podemos ir? - perguntou ele se levantando rapidamente para não ter tempo de analisar melhor a roupa que ela vestia.
- Vamos. - concordou entrelaçando seu braço no de antes de irem para a rua.
Capítulo 6
19:58
Eles vagavam pela rua.
já tinha aprendido a identificar, pelas reações de , os monstros sempre que passavam por um, mas por incrível que parecesse o plano vinha dando certo embora nem por isso ela se soltasse dele.
Os dois caminhavam e rondavam pelos lugares onde tinha maior concentração de pessoas e uma hora ou outra, alguém esbarrava neles os deixando aflitos.
- Desculpa. - uma garota falou ao esbarrar com que teve que se soltar de para evitar cair e levar a garota consigo.
- Tudo bem. - respondeu ela, porem, ao se voltar para percebeu que ele não estava mais lá. - ? - chamou esquecendo-se do fato de que deveriam passar despercebidos e de que as fantasias serviam justamente para isso. - !
...
...
Aliie... A garota começou a ouvir seu nome sendo chamado de maneira cantada. Não era a voz de , era uma mulher e olhou para os dois lados tentando ver de onde aquilo vinha. Não encontrou nada. Nem a voz e nem .
Eu não estou aqui...
A voz cantou mais uma vez a deixando em pânico.
"Eu posso fazer isso", pensou ela. " é humano e consegue enfrentar tudo, então eu também posso". Ela repetiu em sua mente para ter forças. Ela precisa lidar com essa mulher e achá-lo depois.
...
...
Começou novamente e olhando para os lados, voltou a andar como se nada tivesse acontecido embora sua mão ainda estivesse no punhal que tinha deixado com ela no caso disso acontecer.
A garota caminhou calma e como nada aconteceu, começou a imaginar se a dona da voz não tinha feito aquilo para que em desespero, começasse a correr e denunciasse onde estava para assim ela a encontrar, porem, mesmo assim ainda continuou atenta a qualquer movimento suspeito que pudesse vir de trás dela, o que fez com que esbarrasse em uma das várias crianças que tinha ali.
- Desculpa. - falou amigavelmente, mas quando a criança virou não conteve um grito. Todos os dentes da criança eram grandes e pontiagudos e estavam a mostra. Seus olhos eram vermelhos e de tamanhos diferentes. Sua pele era meio esverdeada e ao mesmo tempo meio cinza, como se ela estivesse podre.
assustada, deu vários passos para trás esbarrando com outra criança. Ela se virou rapidamente dando de cara com a mesma cena, mas esta também tinha garras que apontava para ela.
correu sem se importar se estaria denunciando sua posição ou se estava atraindo as atenções para ela. Apenas correu se assustando com o fato de todas as crianças em quem esbarrava se transformarem na mesma criatura assustadora.
Agora mais do que nunca ela queria ter ao seu lado, porem, ignorando o plano de se manter em público, ela saiu da praça onde estava para se afastar de todos os pequenos monstrinhos.
...
A voz voltou a chamar, mas dessa vez ela ria.
Conheça meus animaizinhos, . Eles querem que você venha até mim.
Um rosnado fez com que ela se virasse encontrando ali, os três cães infernais novamente. A garota arregalou os olhos.
Ops!
A voz riu mais uma vez, mas não ficou parada ouvindo. Correu com os cães a seguindo de perto.
"Eles querem que você venha até mim"
As palavras dela voltaram em sua mente. Era isso que ela queria, que corresse, pois os cães a guiariam para o caminho que a levasse diretamente a mulher, isto é, a guiariam até o caminho por onde ela não podia seguir.
A garota desviou o caminho sem pensar direito, pulando sobre um latão de lixo que tinha ali para utilizá-lo como apoio para chegar até uma escada de emergência dos sobrados que tinham no beco onde ela estava. Subindo ali, continuou escalando até a próxima escada e dela até a outra, enquanto os cães ficavam no chão latindo.
pensou em ir até o telhado primeiro, mas como podia saber que isso também não fazia parte do plano na mulher? Imaginando isso, ela escolheu um dos apartamentos que parecia vazio e quebrando a janela, pulou para dentro dele correndo para a porta em seguida. Quando a abriu os cães infernais estavam ali no corredor rosnado para ela. correu para dentro novamente fechando a porta atrás de si. Os cachorros começaram a latir e arranhar a porta e pelo tamanho deles, sabia que a porta não aguentaria por muito tempo. Ela teria que voltar para a escada e subir para o telhado, ou talvez ficar lá pendurada, assim pelo menos eles não teriam como aparecer magicamente a não ser ganhassem mãos e aprendessem a se segurar.
A garota correu para a janela novamente, entretanto, no mesmo momento começou uma briga do lado de fora e no segundo seguinte, os cães choraram. Depois disso tudo ficou em completo silêncio. Ela pensou em .
- , sou eu. Abre. - a voz dele soou e ela correu para fazer o que ele tinha pedido. Parou no caminho. Poderia existir alguma criatura que pudesse imitar a voz dele? Na dúvida ela achou melhor não abrir, mas ainda assim não queria ir embora. E se fosse ele realmente?
Não teve muito tempo para pensar nisso ou analisar suas alternativas. A porta se abriu com um estrondo e para sua surpresa e alívio, era realmente ele.
correu se jogando em seus braços e o garoto a abraçou.
- Vem, a gente precisa sair daqui. - ele pegou sua mão e a puxou com ele.
- Onde, pra onde?
- Eu não faço idéia, mas faltam pouco mais de três horas. A gente tem que dar um jeito! - ele estava nervoso. percebeu isso, mas não entendeu que tinha a ver com medo. Ele sentia todas as criaturas por perto para saber que eram muitas e com o tempo passando, elas estavam desesperadas para encontrá-la. Para piorar, agora só tinham quatro dos frascos da bruxa já que ele tinha sido obrigado a usá-los também nos cães. O problema era que em uma criatura mais forte, como o vampiro que tinham enfrentado, era necessário usar mais de um para que tivesse algum efeito além da dor. Resumindo, se fossem atacados mais uma vez o estoque acabaria.
- A gente vai conseguir, mas não some mais uma vez. - pediu aflita.
- Eu não sei o que aconteceu. Em um segundo eu estava em outro lugar. - explicou sem que parassem de correr.
- Você acha que... - começou parando onde estava fazendo com que ele parasse também. - Acha que pode acontecer mais uma vez?
Ele concordou com a cabeça.
- Mas eles vão precisar separar a gente antes, lembra? - ele ergueu a mão que segurava a dela. - Caso contrário você vem junto.
- Tem super bonder?
Ele sorriu com o comentário dando um longo passo para perto dela.
- Eu não vou te soltar de novo.
- Awwn que bonitinho! - era a dona da voz que tinha atiçado os cães para cima dela e nem ao menos olhou para a mulher a sua frente, apenas puxou de volta pelo corredor. Tinha mais três cachorros do outro lado.
- Mais que merda... - ele xingou.
- Você não achava mesmo que ia matar eles com aquilo, né? - a mulher riu e era simplesmente assustadora fazendo isso. A combinação de tudo nela era horrível. Os cabelos negros e ruins, os dentes podres, sua pele branca demais e flácida, o nariz torto e a roupa florescente que ela usava.
- Vou me lembrar disso na próxima vez. - falou e ela riu novamente. Já parecia uma retardada de tanto que ria.
- Que próxima vez? Não é porque eu quero ela que vou te deixar vivo também, querido. Apesar que... - ela caminhou alguns passos mais para perto. - Você é bem gostosinho, talvez eu possa me divertir antes. - ela riu mais uma vez. Bem mais alto agora, como se tivesse acabado de contar uma piada maravilhosa e fez uma careta enquanto criava uma nota mental de se matar caso não conseguisse vencer essa mulher. - Mas vamos logo com isso que o meu tempo está acabando.
Como tinha todo um ritual para ser feito para que a morte de fosse válida, era óbvio que os cães não a morderiam, mas isso não os impediu de pularem sobre ela a derrubando no chão no mesmo momento em que um segundo atacava .
- Não o mordam também. - a mulher continuou, mas os cães mal conseguiram chegar perto o suficiente de , pois este pulou agarrando a tubulação de gás que passava por cima de suas cabeças e que para a sorte deles, era de ferro, e acertou o focinho do cachorro monstruoso com ele. O cão gigante voou para trás, mas apenas espirrou enquanto chacoalhava a cabeça.
por sua vez, chutou o que estava por cima dela e em seguida, o atingiu com o cano também deixando mulher furiosa. Ela avançou contra o garoto que a acertou também.
- Corre ! - ele gritou pegando em sua mão e correram pelo corredor com os três cães e a mulher logo atrás.
...
...
...
Ela voltou a cantar enquanto ria.
parou onde estava e junto com ela, o garoto parou também.
- , por que ela está rindo? Ela quer que a gente vá por lá! - gritou ela aflita. Ela estava certa e ele percebeu isso a puxando para a porta de um dos apartamentos. a chutou fazendo com que se abrisse. Uma mulher que estava sentada no sofá com duas crianças gritou apavorada enquanto agarrava seus filhos.
- Em que janela está a escada de emergência? - perguntou os ignorando e a dona da casa apontou para uma das janelas. - Obrigada.
- Eles estão perto, !
- Eu sei, vai logo. Você primeiro. - ele falou abrindo a janela para que ela saísse.
- Você está vindo logo atrás, né? - perguntou e ele concordou com a cabeça. sabia que estava mentindo. - , você vem comigo!
- Eu vou. - garantiu. - Só vou afastar eles primeiro.
- Não! Você prometeu que não me soltaria, lembra?
- , a gente não tem tempo pra discutir! - ele olhou nervoso para trás. - Eu vou logo depois de você, só vou dar um jeito nela.
- E se ela der um jeito em você antes?
- vai! - ele gritou quando os cães entraram na casa fazendo com que as crianças no sofá gritassem mais. tinha se esquecido que no Halloween, as pessoas podiam ver todo o tipo de bizarrice e seres sobrenaturais, especialmente se fossem crianças. - Eu prometo que vou te encontrar, agora vai. - fechou e trancou a janela atrás de si, fazendo com que ela fosse obrigada a descer.
- Agora eu estou muito irritada! - A mulher de cabelo ruim falou entrando atrás de seus lindos poobles gigantes. - Esqueçam o que eu disse! Mordam ele, arranquem a cabeça, dilacerem. Façam o que quiser, mas façam!
Tudo que mais queria no momento era ligar o fogão que tinha ao seu lado para deixar que o prédio que cheirava a gás graças a ele, por ter ferrado com o encanamento, explodisse enquanto o garoto se jogava pela janela rezando pra não morrer por isso, mas olhou para as crianças assustadas no sofá. Ele não podia fazer isso com elas. O jeito era simplesmente segurar o pedaço de ferro com firmeza esperando eles chegassem perto o suficiente.
O primeiro cachorro pulou sobre que o arremessou para longe. Fez o mesmo com o segundo, mas o terceiro o derrubou fazendo com que ele tivesse que utilizar a arma improvisada para tentar manter a cabeça do cão, que mordia freneticamente o vento, longe de sua cabeça.
O segundo voltou a atacá-lo e chutando o que estava sobre ele bateu no outro com o ferro novamente, mesmo sabendo que não conseguiria lutar com os três por muito tempo.
"Os frascos!" Lembrou ele. Não os matariam, mas faria com ele eles sumissem, o que no momento já seria uma grande vantagem.
Ele acertou cada cão novamente e o mais rápido possível pegou e destampou o frasco o jogando em um deles que desapareceu no ar. Foi derrubado novamente por outro que arranhou seu rosto, mas não teve tempo de mordê-lo, pois o garoto jogou o resto do mesmo frasco nele que desapareceu.
se levantou cambaleante. Estava cansado, mas para sua sorte, o arranhão não tinha o mesmo efeito que a mordida de um cão infernal embora ele sentisse o sangue escorrer pelo seu rosto e embasar sua visão.
Ele respirou fundo esperando o próximo avançar contra ele, porem, ele não o fez. Ficou apenas ali parado o encarando e fez o mesmo confuso, sem se dar conta de um detalhe importante: A dona dos cachorros havia sumido.
Quando ele percebeu era tarde demais.
Capítulo 7
acordou com um forte gosto de sangue na boca e mal conseguiu abrir os olhos. Tinha sangue por todo o seu rosto. Ele tentou mexer seus braços para limpar o sangue do rosto que latejava no lugar que tinha sido arranhado por um daqueles cães malditos, mas se deu conta de que estava com os braços amarrados por trás da viga em que ele estava encostado.
foi em quem ele pensou. Ele precisava encontrá-la.
Ignorando o sangue que escorria por seus olhos ele levantou a cabeça e abriu os olhos olhando o lugar a sua volta. Estava na cobertura de um prédio, mas seu olhar parou na figura caída inconsciente no chão com sangue ao seu redor.
Ela estava ali. Era .
se sentiu um lixo a vendo ali. Ele tinha esperanças de passar por isso. De que ela continuasse viva, mas na reta final, eles fracassaram.
"Você não tem certeza se ela está morta ainda." Falou uma voz em sua cabeça. Ele precisava se apagar a isso para sair dessa. Não podia desistir ainda. "Mas se ela estiver realmente morta todo seu esforço terá sido em vão." Disse outra voz apenas para que ele se irritasse. Já não bastava ter que lidar com tudo isso, ainda teria que discutir com sua própria a maldita consciência.
- Já disse para ir logo com isso! - a dona dos vira-latas falou longe e automaticamente virou o rosto para a direção da voz. - Temos que fazer isso antes da meia noite!
sorriu de maneira assustadora graças ao sangue em seu rosto. O desespero da mulher só podia indicar uma coisa: O ritual ainda não tinha sido feito e ainda estava viva.
- Olha quem acordou! - a mamãe vira-lata, como tinha decidido a chamar, falou alegre sendo ignorava completamente por ele. Seus olhos estavam no garoto ruivo de óculos atrás dela. Ele o conhecia, era igual a . Seu nome era Matt. Alguns anos atrás, Matt tinha procurado ele com a proposta de que virassem uma equipe. Lógico que recusou.
- O que você está fazendo com ela?! - perguntou irritado.
- Ela vai me ajudar. Vai me dar um dos três pedidos que temos matando a garota.
- Três pedidos? Só existe um pedido, seu idiota! Ela está te enganand... - se calou recebendo um murro mamãe vira -lata.
- Amordace ele. - falou ela para Matt. - Depois de matarmos a garota na frente dele a gente o joga de cima do prédio... Não! Vamos dar de comida para meus cachorros. Vai doer mais.
- Você que vai sentir dor quando eu sair daqui, sua vaca. - falou de maneira ameaçadora e ela riu. Como aquela risada o irritava, ele ia amar acabar com ela. Só precisava descobrir como se soltar, o que ela era e como matá-la. É, são muitas coisas, mas ele conseguia eliminar duas com a sua teoria: Na dúvida, arranque a cabeça do monstro. Poucas espécies sobreviviam a isso.
Nova questão: Como arrancar a cabeça dela.
- Você está amarrado, meu querido. Vai ser meio difícil. - falou voltando sua atenção para o pentagrama no chão... Espera, não era um pentagrama. - SEU IDIOTA! - ela gritou. - ISSO É A ESTRELA DE DAVI!
começou a rir e pode notar que segurou uma risada. Ela estava acordada e abriu os olhos para encará-lo colocando o dedo nos lábios para que ele não denunciasse que ela estava acordada. Ele olhou para a mamãe vira-lata que ainda brigava com Matt e concordou sem olhá-la diretamente.
com cuidado e devagar, tirou o punhal de do bolso o colocando no chão. No mesmo momento ele entendeu o que ela fazia. Concordou com a cabeça mais uma vez e ela deslizou o punhal até ele. Não foi forte o suficiente para que ele pegasse, mas o garoto conseguiu pisar sobre ele em tempo dos dois se virarem.
- Que barulho foi esse? - Matt perguntou.
- Além dos gritos dos dois? - perguntou. - Cara, uma estrela de Davi? Você é muito burro. - ele riu para provocar e Matt o fuzilou com o olhar enquanto ele ria.
- Arruma isso logo! Você tem DEZ minutos e se não estiver pronto nesse tempo vai ser você que vai virar comida de cachorro, seu inútil! - falou irritada saindo do campo de visão.
Matt começou a xingar enquanto apagava o que tinha feito.
- Caso precise de ajuda, o PENTAgrama tem cinco pontas. - provocou ainda rindo e enquanto o repreendia com um olhar que ele ignorou, Matt foi em sua direção e após um murro, rasgou sua camiseta para usar o pano como mordaça. - Ela bate mais forte que você. - debochou novamente recebendo outro murro e riu em seguida em provocação.
- Vamos ver por quanto tempo você vai rir. - falou Matt se voltando para sua estrela.
Concentrado, Matt nem ao menos reparou quando puxou o punhal para ele e muito menos em quando ele começou a cortar a corda.
O garoto cortava o mais rápido que podia. Tinha que fazer em menos de dez minutos e ainda descobrir que criatura era aquela. Uma vampira não seria tão feia. Lobisomem não era tão fraco. Se fosse uma bruxa, ele nunca teria acertado com o cano. Metamorfo escolheria uma forma melhorzinha. Fantasmas não eram fortes o suficiente para controlar cães infernais... Cães infernais! Ela era um demônio! O problema agora era que como demônio, ela estava possuindo o corpo na mulher. não poderia arrancar sua cabeça.
"Enfia uma coisa na cabeça, seu inútil. Você não tem um machado pra arrancar a cabeça dela...", interrompeu seus pensamentos ao encontrar um painel de ferramentas em uma parede oposta onde tinha uma serra elétrica. Ele não conseguiu evitar o sorriso, especialmente por já ter ali perto dela uma extensão gigante ligada na tomada. Controlando uma mulher inocente ou não. Ele teria que fazer isso.
- Já arrumou essa merda? - a mamãe demônio chegou perguntando.
- Sim, você já pode começar.
O coração de disparou. Ele ainda não tinha se soltado e lançou a um olhar significativo para lhe dizer isso. Ela concordou com a cabeça. Teria que dar um jeito de arranjar tempo.
- Me trás a garota. - falou ela fazendo com que e respirassem aliviados. Seria muito mais fácil dar um jeito nele do que nela e torcia para que jogasse ele de cima no prédio.
Matt a levantou com agressividade do chão enquanto ela fingia que ainda dormia, porem, o pegando de surpresa ela o chutou com toda a força onde mais dói e até mesmo se encolheu embora tivesse gostado. Matt se jogou no chão gemendo e antes que ela escapasse, a mamãe vira-lata correu o mais rápido possível em sua direção.
deu um jeito de soltar a mordaça da sua boca o máximo que podia para gritar:
- , as ferramentas!
Ela correu para o painel de ferramentas atrás de si e pegou uma chave de fenda que utilizou para atingir em cheio o rosto do demônio. Ela ficou orgulhosa de si mesma e correu para para ajudá-lo. Ou tentou, pois no caminho Matt puxou seus pés a fazendo cair. bateu a cabeça no chão ficando tonta, mas isso não evitou que ela chutasse antes o rosto de Matt que gemeu.
A garota se levantou cambaleante e continuou seu caminho até . Caiu novamente perto dele quando a mamãe vira-lata se jogou contra ela tendo em mãos, a mesma chave de fenda com que a tinha acertando, tentando fazer o mesmo com ela. segurou sua mão a impedindo.
- Mas o que?! - gritou o demônio. Ela estava boquiaberta e completamente irritada com a inutilidade de seu "ajudante" que aparentemente, não prestava nem para fazer um nó decente.
arrancou a chave de fenda da mão dela e a acertou na cabeça, exatamente como ela pretendia fazer com . Em seguida, ele a chutou para longe e correu para o painel. Matt se jogou contra ele e levou um murro no rosto.
- Isso é pra você não mexer comigo mais uma vez. - ele o esmurrou novamente. - E isso foi porque... - ele seu de ombros. - Porque eu não vou com a sua cara.
- Pega ele! - a mamãe pooble gritou o mais alto que podia e Matt se jogou novamente contra que já tinha voltado a correr em direção ao painel. Os dois caíram. Estavam na beirada do prédio.
- ! - gritou. - Cuidado!
Matt e iniciaram no chão uma luta corpo a corpo e tudo se passou tão rápido que tanto , quando o demônio, não tiveram tempo para fazer qualquer coisa ou reagir. Elas achavam que os dois cairiam, mas no final, arremessou Matt para fora e o som de seu corpo atingindo o chão foi silenciado com o som do relógio da cidade soando 12 badaladas.
Era isso. Tinha acabado.
- DESGRAÇADO! - a mamãe vira-lata gritou furiosa. - VOU TE MATAR!
tentou impedir que ela avançasse contra , mas não adiantou. A fúria da mulher era tão grande que arremessou a garota para longe.
Era hora de descobrir se o seu plano funcionaria.
O mais rápido que podia, ele ligou a serra elétrica na tomada e a pressão no equipamento funcionando fez com que ele levasse um tranco para trás. Se não estivesse praticamente encostado na parede teria caído com aquilo por cima e ele preferia nem pensar no que teria acontecido. Na realidade, não tinha tempo para isso. A mamãe vira-lata avançava tão rapidamente para ele que não teve tempo de parar quando ele ligou a serra e literalmente, se jogou para cima da ferramenta. Tudo que teve de fazer foi posicionar no local certo para decapitar o monstro.
fechou os olhos diante da cena ao mesmo momento em que seu estômago revirava.
Uma nuvem negra saiu de onde deveria existir a cabeça do demônio, porem, logo em seguida o corpo simplesmente desapareceu sozinho deixando tudo em silêncio novamente, exceto pelas crianças que agora voltavam para suas casas falando ao fundo.
respirou aliviado deixando a serra cair desligada no chão se dando conta, pela primeira vez, o quanto estava cansado.
Mais tarde ele se sentiria culpado pela mulher provavelmente inocente que ele tinha acabado de matar para se livrar do demônio. Ele ainda não tinha decidido se sentiria culpa por Matt também, mas era provável que não. Esse tinha merecido.
notando o silêncio se permitiu abrir os olhos e analisar a situação ao seu redor. Ela estava suja e também se sentia cansada, enquanto parecia um maníaco com o rosto ensanguentado, os dentes manchados de vermelho, a roupa rasgada e manchada e uma serra elétrica aos seus pés, porem, por algum motivo ela foi tomada por uma imensa felicidade e começou a rir. sorriu entendendo o motivo da alegria, o que o deixava ainda mais parecido com um maníaco, mas ela ignorou e correu para ele o abraçando.
Os dois caíram no chão quando seu corpo se chocou com o dele e tiveram um ataque de risos.
- Para de rir! - reclamou ela. - Você está assustador rindo todo sujo desse jeito. Precisa de um banho. - tocou sua face curando o ferimento que ele tinha ali.
- Você abraça assim todo mundo que você acha assustador? - perguntou rindo e recebeu em seguida um tapa dela.
- Só os maníacos assustadores que me salvam.
- Donzela em perigo. - falou irônico e rindo enquanto ela o abraçava novamente.
Capítulo 8
09:26
e subiam a rua 12 rindo. Estavam limpos, com roupas novas que ele tinha conseguido por uma "doação" no shopping e que incluía uma nova jaqueta preta como todo o resto que ele usava (embora tivesse perdido bons vinte minutos tentando convencê-lo a pegar pelo menos uma camiseta branca).
- Acho que está entregue. - falou ele sorrindo embora escondesse toda sua melancolia por trás daquilo.
Ele sabia que voltaria para sua casa e sua vida, sempre soube, porem ele tinha se acostumado com a garota falando o tempo todo. não queria admitir, mas sentiria falta dela.
Ela sorriu para ele sem esconder seu próprio desânimo por deixá-lo. o abraçou.
- Vou te ver de novo? - perguntou verdadeiramente triste com a cabeça escondida no peito dele enquanto lutava contra as lágrimas.
O garoto negou com a cabeça.
- Eu vivo por ai.
- Então para de viver por ai e fica em lugar só. - falou ela como se tudo fosse simples.
- Mas não é assim que eu vivo. - mas ele queria. Pela primeira vez na vida ele queria só para não ficar sozinho novamente e tê-la com ele.
Foi nesse momento que se deu conta do por que dele viver sozinho. As pessoas eram assim, iam embora e o deixavam sozinho todas as vezes com o coração quebrado. Exatamente como ela fazia agora.
- Preciso ir, . - falou antes que tudo ficasse ainda mais difícil e ela o abraçou com mais força.
- Obrigada. - o encarou com tristeza e olhos vermelhos.- Obrigada por tudo. Eu nunca vou me esquecer de você.
deu um beijo em seu rosto antes de soltá-la e dar dois passos para trás, ainda encarando a garota. Ele sorriu, virou para frente, colocou o gorro da jaqueta sobre a cabeça e seguiu seu caminho.
Ele também nunca se esqueceria dela. Ele tinha certeza disso.
Fim.
Espero sinceramente que tenham gostado e se sim, por favor, deixem um comentário. A autora agradece. <3
Bjão, meninas! Vou deixar abaixo minhas outras fanfics, para quem tiver interesse.
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03. Somebody To You [The Vamps Ficstape/Finalizada] ● 04. Raining Spell For Love [Super Junior Ficstape/Finalizada]
03. It's You [Zayn Ficstape/Finalizada] ● 05. You Gotta Not [Little Mix Ficstape/Finalizada]
06. Heart Attack [One Direction Ficstape/Finalizada] ● 06. This Is Love [Super Junior Ficstape/Finalizada]
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12. They Don't Know About Us [One Direction Ficstape/Finalizada] ● 12. She Was The One [The Vamps Ficstape/Finalizada]
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