Para ela, verde rouxinol.

طرب (Tarab), que em árabe significa o estado de êxtase ou encantamento induzido pela música.

As portas eram brancas e em alto relevo, detalhes dourados formavam querubins e lírios que revelavam quase que sutilmente o que poderiam esperar aqueles que cruzassem o umbral. Homens trajados com roupas de gala abriram a porta para que ela passasse e assim que estava debaixo do teto abobadado e luxuoso, sentiu-se mais aquecida. Não levou mais de meio segundo para que ele viesse a seu encontro, parecia tê-la esperado ansiosamente próximo a porta, como se ninguém mais naquela festa importasse ou fosse digna de sua atenção além de sua bela e preciosa pérola.
- Você está...tão linda. – Elogiou suspirando orgulhoso.
- Obrigada. – Respondeu num sussurro tímido, encarando o chão tentando concentrar todas suas forças para que a pele de seu rosto não se igualasse ao tom vermelho de seus lábios.

sorriu com a atitude dela, era incontestável o quão cativante e deleitoso era a timidez risonha que sua garota expressava a qualquer mínimo sinal de elogio ou até mesmo quando apenas a observava focado, tentando memorizar cada traço de seu rosto para os momentos em que se sentisse só. Sua era mesmo a criatura mais gentil e doce, e agora a festa estava completa, os universos e dimensões em uma perfeita sintonia agradável demais para ser corrompida por qualquer coisa, porque agora estavam juntos.
ofereceu o braço e observou envaidecido enlaçar-se a si, queria que todos soubessem que a mulher mais bela havia chegado e que estava com ele. sorriu e o sorriso de poderia ser capaz de iluminar todo o salão se este já não estivesse luxuosamente iluminado por lustres pendentes, refletindo o teto com seus afrescos que combinavam de forma precisa e impecável com as paredes lisas de mármore creme. Era preciso o dobro de concentração para descer as escadas que levavam até o salão, o sorriso convencido de em toda sua altura e porte não ajudavam, nem os sapatos um pouco altos demais escolhidos especialmente para aquela ocasião, ou os muitos olhares felizes, orgulhosos, enciumados, ou fosse pela tapeçaria um pouco frouxa, que tornava a escada especialmente perigosa em sua opinião.
Quando atingiram os últimos degraus, moveu-se com elegância, ocupando sua frente, estendendo a mão direita enquanto tocava o peito com a esquerda e inclinava-se sutilmente para frente, propondo a primeira dança. Estava impaciente e almejante, temendo que outro tivesse a ideia primeiro quando visse a beleza genuína e singela de .
- Você já quer dançar? – Questionou segurando a mão de seu acompanhante.
- E por que esperar? – sorriu, conduzindo-a para o centro do salão. – Estou tão ansioso que não consigo respirar direito, e claro, tenho planejado e idealizado cada segundo deste dia na minha mente há algum tempo.

arregalou os olhos e em seguida tentou disfarçar coçando a garganta de modo gracioso e sorriu com os olhos.
- O que foi? Te assusta saber que penso em você o tempo todo? – Zombou de sua reação, tocando suavemente a mão dela com a sua, entrelaçando seus dedos devagar e com a outra mão, tocou suavemente sua cintura. – Eu poderia gritar, mas não sei se você reagiria bem.
- Obrigada por me conhecer. – Ela sorriu, sentindo a firmeza de seus ombros ao toque de sua mão.
- Mas eu poderia. – deu de ombros. - E por mais que ache que no fundo você fosse amar, prefiro dizer isso a única pessoa que realmente me importa. Você.
- Eu não sei o que fiz para merecer isso. – sorriu com o coração.
- Não se trata de merecer...- começou a dizer, mas interrompeu-se para girar sua amada como imaginava que a música lhe pedia. – Se trata de apenas amar. E eu amo você. Amo o tempo todo, todos os dias, horas, minutos e segundos do meu dia.
- Você é sempre tão romântico assim ou só em festas extremamente chiques? – Desconversou.
- Qual é o problema com festas extremamente chiques? Elas são lugares onde posso me exibir com você. Eu amo festas extremamente chiques, fora delas onde eu teria a chance de dançar esse tipo estranho de valsa medieval com você? Ou teria chance de te ver nesse vestido lindo que te deixou resplandecente? Eu amo festas chiques.

apenas sorriu, queria dizer o quando ele era perfeito, lindo, incomparável, mas temia ser fastidiosa, mesmo tendo certeza de que poderia passar o resto de seus dias elogiando sem que usasse todos os adjetivos que o homem merecia.
- Por que está me olhando assim? – Ele indagou arqueando uma sobrancelha e sorrindo aberto.
- Você me elogia e eu não posso nem mesmo te olhar. – devolveu sorrindo.
- E no que está pensando? – Quis saber curioso e ela mordeu a língua. – Não diga que é sobre a música ou o lugar, fugindo do assunto. Quero saber o que realmente está pensando. – Pediu.
- Estou pensando que estou em paz. – Ela sorriu, desarmando-se diante dele. – Inteira. Apaixonada. Abrasadoramente feliz.
- Soube que há um jardim com muitas rosas vermelhas aqui, no centro há uma fonte com um cupido feioso e envelhecido demais para ser romântico. – sorriu ao dizer.
- O que quer fazer? – indagou um pouco apreensiva e curiosa na mesma medida.
- Quero fazer as flores sentirem inveja de você hoje. – Disse ele e em seguida, apertou os dedos entrelaçados aos dela, puxando-a para fora do centro do salão, em direção a outra grande e bela porta dourada, por onde já podiam sentir o cheiro singelo das flores e o zimbro gélido da noite.

Nota da autora: Há algum tempo conheci três mulheres incríveis por intermédio do mundo das fanfics e da Fórmula Um. Nós dividimos felicidades, tristezas, brigas, risos e passamos por várias coisas juntas, cada uma a sua maneira, ensinando e aprendendo.
Percebi que desde então, quase tudo que faço e para elas, então aqui vai mais uma dessas coisas, que no final, acabam sendo também um presente para mim.
Minha açucena, essa é sua.

São quatro textinhos pequenos, esse é o primeiro e o que dá início aos outros, mas ele não termina aqui, você encontra mais detalhes nos próximos.
I.Tarab
II. Wunderbar
III. Yuan bei
IV. Sukha
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